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2 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
A história das interpretações do pensamento de Nicolau de Cusa já está bastante documentada 2 e essa
história, de certa forma e em certos aspectos, confunde-se com a história da redescoberta de um autor
esquecido3. Depois de pelo menos quatro séculos de esquecimento pode-se falar de uma verdadeira
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A ideia de uma “filosofia do diálogo” a encontramos em ANDRÉ, João Maria. Diálogo intercultural, utopia e mestiçagens em tempos de
globalização. Coimbra/Portugal: Ariadne editora, 2005. Coleção Éthos, nº 3.
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André (1997, p. 21) aponta “como balanços críticos mais importantes das interpretações de Nicolau de Cusa” os seguintes trabalhos: J. RITTER,
“Die Stellung des Nicolaus Von Cues in der Philosophiegeschichte. Grundsätzliche Probleme der neueren Cusanus-Forschung”, Blätter für
Deutsche Philosophie, XIII (1939), 111-155; K. JAKOBI , Die Methode der cusanischen Philosophie, München, Karl Alber, 1960, 35-129. Por
outro lado, o texto mais importante que recolhe o repertório bibliográfico do que havia sido publicado até a segunda década do século XX é sem
dúvida o trabalho de Vansteenberghe (Paris, 1920/ Frankfurt Am Maim, Minerva, 1963); considere-se de modo especial e essencial as diversas
publicações do Cusanus-Bibliographie nos Mitteilungen und Forschungsbeiträge der Cusanus-Gesellschaft: H. KLEIN. e R. DANZER. “Cusanus-
Bilbiographie (1920-1961)”, Mitteilungen und Forschungsbeiträge der Cusanus-Gesellschaft, 1 (1961), p. 95-126; R. DANZER. “Cusanus-
Bilbiographie, Fortsetzung (1961-1964) und Nachträge”, Mitteilungen und Forschungsbeiträge der Cusanus-Gesellschaft, 3 (1963), p. 223-237;
W. TRAUT. e M. ZACHER. “Cusanus-Bilbiographie, 2. Fortsetzung (1964-1967) und Nachträge”, Mitteilungen und Forschungsbeiträge der
Cusanus-Gesellschaft, 6 (1967), p. 178-202; M. VASQUEZ. “Cusanus-Bilbiographie, 3. Fortsetzung (1967-1963) mit Ergänzungen”, Mitteilungen
und Forschungsbeiträge der Cusanus-Gesellschaft, 10 (1973), p. 207-234; A. KAISER. “Cusanus-Bilbiographie, 4. Fortsetzung (1972-1982) mit
Ergänzungen”, Mitteilungen und Forschungsbeiträge der Cusanus-Gesellschaft, 15 1982), p. 121-147. Não podemos esquecer os repertórios
bibliográficos disponíveis em diversos sítios. Entre os principais destacamos: “Cusanus-Bibliographie” disponível na página http://urts173.uni-
trier.de/~leicht/bib/; e o “Supplementary Cusanus-Bibliography” disponívle em: http://jasper-hopkins.info/cusabibliography.pdf.
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A história da interpretação do pensamento de Nicolau de Cusa é articulada por André (1997, p. 22-44) em dois momentos: 1. O esquecimento de
um pensador; 2. A recuperação de um pensador. No que se refere especificamente ao segundo momento o autor falará de quatro etapas: “A
primeira etapa, [...], corresponde à redescoberta deste autor e à renovação do interesse pelos estudos cusanos a partir do movimento neotomista
do século passado [leia-se século XIX]” (1997, p. 31); “A segunda etapa tem início com a descoberta de Nicolau de Cusa pelos neokantianos no
princípio deste século [leia-se século XX]. Referimo-nos nomeadamente às interpretações de E. Cassirer e do seu discípulo J. Ritter. A eles se
deve, por um lado, o mérito de resgatar o pensamento de Nicolau de Cusa da polêmica teísmo-panteísmo e transcendência-imanência divinas e,
por outro lado, a abertura do seu pensamento para a filosofia moderna, com o intuito de nele detectar traços prefiguradores dessa mesma filosofia”
(1997, p. 34-35); a terceira etapa é “o início da publicação da edição crítica das suas [de Nicolau de Cusa] obras no âmbito da Academia de
Heidelberg, em 1932, com a apresentação do De docta ignorantia sob o cuidado de E. Hoffmann e R. Klibansky” (1997, p. 36); a quarta etapa “[...]
é marcada por dois acontecimentos extremamente decisivos para a investigação da sua obra. O primeiro foi a fundação da ‘Gesellschaft für
Cusanusforschung’ em agosto de 1960 [...]. Complemento importante da fundação desta sociedade foi a criação do ‘Institut für Cusanusforschung’,
no primeiro ano da sua existência, na Universidade de Mainz, posteriormente transferido para Trier, onde ainda hoje funciona em ligação com a
Faculdade de Teologia Católica. O segundo acontecimento foi a comemoração do quinto centenário da morte do Cardeal, em 1964, com dois
momentos altamente significativos: os congressos realizados nesse mesmo ano, o primeiro em Bernkastel-Kues, de 8 a 12 de Agosto, e o segundo
em Bressanone, de 6 a 10 de Setembro” (1997, p. 40).
3 OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
Justificar a ideia de uma “filosofia do diálogo” no pensamento de Nicolau de Cusa a partir das obras De visione dei
e De pace fidei.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
a) Determinar o contexto histórico-filosófico do pensamento de Nicolau de Cusa a partir da relação com a
tradição que o precede e a qual ele se filia;
b) Identificar os conceitos centrais no De visione dei que justifiquem falar de uma “filosofia do diálogo” no
pensamento cusano;
c) Identificar os conceitos centrais no De pace fidei e sublinhar a dimensão prática de uma “filosofia do
diálogo” no pensamento cusano;
d) Verificar se os conceitos elaborados por Nicolau de Cusa poderiam ajudar na compreensão de problemas
atuais.
3 METODOLOGIA
Trata-se essencialmente de uma pesquisa bibliográfica cujo principal instrumento é a leitura e análise de textos tanto da obra de
Nicolau de Cusa (De visione dei; De pace fidei) quanto de textos especializados (referências bibliográficas). Para isso será necessário
o encontro semanal do grupo, mas também a leitura individual de cada membro. Serão produzidos portfólios com “fichamentos” e
relatórios parciais. Pretende-se elaborar relatórios parciais e ao final do projeto será elaborado o relatório final.
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Scintilla. Revista de Filosofia e mística medieval. Vol. 4 – nº1 – jan./jun. 2007; p. 11-21.
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
2013 2014
Atividades (descreva as atividades) se ma
ago out nov dez jan Fev abr mai jun jul
t r
Apresentação do projeto. X
Introdução: vida, obras e pensamento de Nicolau de X
Cusa
Leitura, discussão e fichamento do De visione dei X X X X X
Elaboração de Relatório parcial X X
Entrega de Relatório parcial X
Leitura, discussão e fichamento do De pace fidei. X X X X
Elaboração do relatório final X
Apresentação, discussão e avaliação dos relatórios X X
finais.
Participação no X Salão de Iniciação Científica X
7.1 PLANO DE TRABALHO 1 (Este plano é individual. Caso a pesquisa necessite de mais de um(a) orientado(a) preencher um plano para cada
aluno(a)).
Declaro, para fins de direito, conhecer e aceitar as normas fixadas pelo edital 002/2013–DP/PROPEG/UERN e pela RN-017/2006 do CNPq, para a concessão de
Bolsas de Iniciação Científica, comprometendo-me a desenvolver o presente projeto de acordo com as atividades propostas e com a resolução vigente da UERN.