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Mayra Cristina Silva Faro

Despertando a Deusa
27 dias de Sagrado Feminino

Belém
2019

Edição do Autor

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Esta é uma versão compacta do
livro original, autorizada e
editada pela autora.

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Agradecimentos

Agradeço a Divina Mãe, Mãe Terra, Força Primordial, que me


inspira, guia e abençoa a cada dia de minha vida.
Agradeço ao Grande Mistério que me conduz e rege a
Existência.
Agradeço a minha mãe e minha família pelo carinho, apoio e
amor.
Agradeço a todas aquelas que vieram antes de mim, mulheres
sagradas, sábias, amadas guardiãs, que abriram o caminho para
que eu estivesse aqui.
Agradeço a todas as pessoas que leram os textos do projeto “27
Dias de Sagrado Feminino” em sua primeira edição, as pessoas
que acompanham meu trabalho e meus escritos nas redes
sociais, e que incentivaram de alguma forma a publicação desse
livro.
Agradeço a Comunidade Mãe Divina Tonantzin e a toda
irmandade de mulheres e homens sagrados.
Agradeço a Luiza Guedes pela criação da arte na capa.
Agradeço a Amanda Mello, pelas fotos que ilustram o interior
do livro, com os registros de uma roda de Sagrado Feminino que
facilitei em 2017 em Belém/PA.
Agradeço a Natureza por sua infinita beleza, sabedoria e cura.
Agradeço a mim, por seguir nessa caminhada.

Sou grata a todos!

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SUMÁRIO

Apresentação 9

Parte I: 27 Dias de Sagrado Feminino 13

Dia 1: Ame-se 15
Dia 2: Silencie 17
Dia 3: Sororidade 19
Dia 4: Mantenha a Esperança 22
Dia 5: Conecte-se à Natureza 24
Dia 6: Seja gentil 27
Dia 7: Cure suas dores do passado 29
Dia 8: Cante e Dance 32
Dia 9: Honre a “Bruxa” que há em você! 34
Dia 10: Confie em sua Intuição 36
Dia 11: Honre suas Ancestrais 38
Dia 12: Flua no seu ritmo 41
Dia 13: Tenha um Diário da Lua 43
Dia 14: Descubra seu Dom e compartilhe com o mundo 45
Dia 15: Quietude 48
Dia 16: Honre seu sangue... Abençoe seu ventre 50
Dia 17: Emocione-se 54
Dia 18: Copinho da Lua 56
Dia 19: Plante sua Lua 58
Dia 20: O Rio que flui adentro (Menopausa) 60
Dia 21: Sonhos 62
Dia 22: A Mulher Selvagem 65
Dia 23: Círculo de Mulheres 68
Dia 24: Gratidão 70

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Dia 25: Faça as pazes com o Masculino 72
Dia 26: Sexualidade Feminina 76
Dia 27: Recomece 80

Parte II: Rituais para reencantar a vida (disponível na versão


completa do livro)

Considerações 83

Sugestão de bibliografia

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Apresentação

Meu caminho pela Espiritualidade da Terra e da Deusa


começou há mais de 16 anos, e desde então venho me
aprofundando, aprendendo e compartilhando...
Em 2010 concluí minha graduação em Ciências da
Religião (UEPA) e em 2012 o mestrado na mesma área, onde
pesquisei sobre mulheres curadoras e a Encantaria na Amazônia.
Paralelo a isso, realizava meus estudos pessoais dentro da
espiritualidade feminina e céltica, a qual sinto profunda
afinidade. As Danças Circulares e Sagradas representam para
mim um caminho de autoconhecimento e celebração
maravilhoso, com o qual venho trabalhando desde 2012.
Recentemente concluí uma pós-graduação latu sensu em
Psicologia Junguiana e venho descobrindo uma paixão por essa
área. Os mitos, símbolos, arquétipos do Feminino Ancestral
sempre me chamaram muito. E é difícil não encontrar uma
mulher (e porque não, homens também) que não sinta a alma
chamada por esses mistérios.
Em meados de 2015, comecei a participar de um Círculo
Sagrado de Mulheres em Belém, cidade onde nasci e resido
atualmente, e de uma Comunidade Espiritual ligada à tradição
da natureza e da sagrada medicina da floresta. Nesse percurso,
venho vivendo um processo intenso e maravilhoso de cura,
autoconhecimento e despertar. E é firmado em tudo isso que
esse livro nasce.
No início de 2017 iniciei um projeto autoral chamado “27
Dias de Sagrado Feminino” (27DSF) na minha página pessoal
do Facebook, tendo início na primeira Lua Nova desse referido
ano e terminando na segunda Lua Nova. Consistia em escrever e
publicar na minha página virtual 27 textos, um a cada dia, sobre

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o Sagrado Feminino. Os temas não eram definidos previamente,
na verdade, eles surgiam de forma intuitiva a cada dia. O
número 27 tem uma razão. É o tempo médio de uma lunação
(ciclo de uma lua a outra) e também do ciclo menstrual na
mulher.
O propósito do projeto, bem como do livro, é compartilhar
ideias e conhecimentos sobre a Espiritualidade Feminina de
forma simples, mas ao mesmo tempo profunda. O Princípio
Feminino, ligado à sensibilidade, sabedoria, intuição,
criatividade, é algo presente em todos nós, mulheres e homens.
E o tempo é de redespertar esse princípio na humanidade para
que os laços entre nós sejam curados. Para que a Terra e o
Feminino sejam novamente honrados e ressacralizados.

Esse livro foi escrito especialmente para as mulheres, que


estão iniciando ou não na jornada do Sagrado Feminino. Mas
outras pessoas que quiserem conhecer um pouco sobre esse
Caminho também podem ler e sentirem essas palavras tocarem
de alguma forma seu coração.
Nesse livro você encontrará, além dos textos revisados e
atualizados dos “27 Dias de Sagrado Feminino”, muitos
exercícios, práticas, visualização criativa e rituais para você
realizar em sua casa, sozinha ou com seu Círculo de Mulheres.
A proposta é ler um texto a cada dia, conectando-se com
aquele tema e fazendo o exercício sugerido. Você pode reler
sempre que quiser, pode também mudar a ordem de leitura dos
Dias, ler ao acaso e ver que “Dia” vem para você, como um
“oráculo” trazendo uma mensagem especial para o seu
momento.
Esse livro é um lindo presente para você dar a si mesma
ou a uma amiga. Que sua jornada seja cheia de aprendizados e
novas descobertas, cura e alegria.

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Vem irmã, segura minha mão... Estamos juntas nessa
sagrada Dança da Vida!
É tempo de acordar. Curar as feridas ancestrais, restaurar,
recriar um novo mundo. E isso só é possível pelo Amor.
Ouvindo o coração, despertando nossa consciência para a
verdade que une todos os seres.
Mulheres, há uma força pulsando dentro de nós. Uma
força ancestral, poderosa, curadora... Há uma Deusa em cada
uma de nós, aguardando esse Despertar! Se é que ela já não
despertou em você, e basta apenas você perceber e permitir que
essa força te guie. Não há o que temer... Ela é você!

Mayra Faro.
Belém-Pará-Amazônia-Brasil. Maio de 2019. Lua Cheia.

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Parte I

27 Dias de Sagrado Feminino

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DIA 1: Ame-se

Hoje eu te convido, minha irmã, a fazer algo muito


simples, e por isso mesmo muito difícil... AME-SE!
Ame-se de verdade. Reconheça sua beleza, e não estou
falando simplesmente de beleza física, mas antes de tudo da
beleza interior, da sua Alma. Isso pode até parecer clichê, mas
há uma verdade nisso. Nossa aparência, nossos
comportamentos, ações, jeito de vestir, enfim... refletem apenas
aquilo que trazemos dentro de nós. "Aquilo que está fora, reflete
o que está dentro".
A partir de hoje, não espere que outras pessoas te deem o
Amor (e o valor) que você deve dar a si mesma antes de tudo.
Não é ser egoísta, é ter autoestima, autoamor. É reconhecer
quem você é, com toda sua luz e sombra. Mas saiba focar na sua
luz... Não ignore suas sombras, encare-as, cure-as e transforme-
se!
Mulher, você é muito mais do que imagina ser! Não se
menospreze! És linda, és guerreira, és Divina, tens em ti a força
da Mãe Natureza! Olhe-se no espelho e reconheça a pessoa que
você é. O que você vê é resultado de suas próprias escolhas. Se
há algo errado, mude. Se sente um vazio dentro de ti, escute...
Busque o autoconhecimento. Não espere que alguém de fora
preencha esse vazio, somente Você pode preencher, e caso não
saiba com o quê preenchê-lo, eu te digo: AMOR.
Ame-se... Você é uma pessoa única, jamais se esqueça
disso.
Feche seus olhos, respire fundo algumas vezes, coloque
suas mãos no centro do peito e diga para você mesma, para o seu
próprio coração: "Sinto muito... Me perdoe... Gratidão... Eu te
amo!".

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Abra os olhos, e dê boas-vindas à nova mulher que nasce
em você!

Exercício 1:

Todos os dias, ou sempre que você estiver se sentindo triste, com


baixa estima, coloque-se diante do espelho, olhe nos seus olhos e
diga:

“Eu me perdoo, eu me aceito, eu me amo incondicionalmente. Eu


me liberto de tudo o que aprisiona ou limita. Eu me liberto aqui e
agora para sempre. Eu sou Amor. Eu sou Amor. Eu sou Amor”.

Abrace a você mesma e respire bem fundo...


Você pode alterar algumas palavras a cada dia, deixe sua intuição
guiar.

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DIA 2: Silencie

Hoje te convido a Silenciar... Parece fácil, mas não é não.


O mundo e as pessoas a nossa volta estão sempre falando,
fazendo barulho, nos chamando a atenção e distraindo nossa
mente (essa por si só já é bem barulhenta).
Então, hoje (mas não só hoje) procure ficar mais em
silêncio. Reserve suas palavras, pense antes de dizer algo e
observe o que entra em seus ouvidos e o que sai de sua boca, ou
seja, que palavras, sons, músicas etc. rodeiam você? E como
você (re)age em relação a isso?
Nossas palavras são manifestações de nossos pensamentos
e sentimentos, e tudo isso cria nossa realidade. Se pensamos,
sentimos e falamos com frequência coisas harmoniosas,
equilibradas, que carregam alegria, serenidade, amor, a nossa
vida será o reflexo disso. E se pensamos, sentimos ou falamos
coisas desequilibradas, que carregam raiva, tristeza, frustração,
nossa vida também refletirá isso. Observe como está sua vida e
como você tem se sentido nos últimos tempos, e veja que uma
coisa está relacionada à outra.
Podemos criar nossa própria realidade, nossas palavras,
sentimentos e ações são as ferramentas que a constroem. A vida
é uma teia e estamos todos interligados. Nossas palavras podem
afetar positivamente ou negativamente a nós mesmos e outras
pessoas ao redor. Suas palavras têm promovido cura e benção,
ou tem provocado tristeza e males? Que palavras as pessoas
dirigem a você? Não será reflexo de suas próprias atitudes
(mesmo que inconscientes)?
Seja consciente do Poder que suas palavras possuem!
Quando nos deparamos com coisas erradas sentimos uma
vontade quase que automática de reclamar ou até desanimar.

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Evite fazer isso. Busque soluções, eleve sua energia, foque no
que há de bom em você e no mundo, e faça sua parte. As
pessoas costumam aprender mais com exemplos do que com
discursos.
Olhe para dentro de si. Evite apontar o dedo para os
outros. Olhe para si, o que tem feito de errado, o que tem feito
de bom, o que precisa mudar, o que é legal manter... Medite.
Uma meditação diária nos ajuda a ficar mais concentrados e
sábios. Escute seu coração. Há quanto tempo você não escuta a
voz da sua intuição? A voz da sua alma te chama o tempo todo,
de forma silenciosa e serena. Você só precisa parar um pouco,
fechar os olhos, respirar bem fundo e ouvir. E você saberá que
caminho seguir. Tudo o que você precisa saber ou compreender
já está dentro de ti.

Exercício 2:

Sente-se por 10 ou 20 minutos, em silêncio e foque em sua


respiração. Pode ouvir uma música calma ou um mantra para ajudar
a se concentrar. Com os olhos fechados, inspire profundamente e
expire lentamente. Enquanto inspira veja o ar entrando pelas narinas
com uma luz branca, iluminando todo seu corpo. Ao expirar, veja o
ar liberando toda tensão, tristeza e outros sentimentos negativos que
possam estar no seu sistema. Caso você se distraia com algum
pensamento, retorne para a respiração e continue a visualização.
Lembre-se, tempo gasto com meditação é investimento em nossa paz
interior.

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DIA 3: Sororidade

Sororidade é uma palavra que vem sendo muito usada


dentro dos movimentos feminista e de Espiritualidade Feminina,
e significa o sentimento de irmandade entre as mulheres,
semelhante ao conceito de fraternidade, 'amor entre irmãos', a
sororidade é 'amor entre irmãs'. Isso quer dizer que devemos
olhar as outras mulheres como nossas irmãs, e não como
inimigas ou alguém que deveríamos competir.
O patriarcado e o machismo trouxeram muitos danos tanto
para mulheres quanto para homens, mas sabemos que nas
mulheres as feridas foram mais profundas. Uma delas foi criar
uma separação e até mesmo inimizade entre as mulheres. Isso
nos enfraquece... Pois na Espiritualidade Feminina percebemos
que unidas somos fortes.
Eu me fortaleço quando fortaleço outra mulher, eu me
curo quando outra mulher se cura. E quando uma mulher sofre
violência (verbal ou física) todas as outras também sofrem...
Há um elo sagrado que liga e conecta todas as mulheres, e
esse elo é representado por nosso ventre, nosso útero sagrado...
Todas as mulheres menstruam (ou já menstruaram), todas
as mulheres já sentiram cólica, já choraram até doer o peito, já
riram até ficar sem ar, já amaram mais do que a si próprias, já se
decepcionaram, já tiveram o coração estraçalhado e ainda assim
tiveram forças pra enxugar as lágrimas, juntar os pedaços de si
mesma e recomeçar, por elas mesmas ou por um filho...
Enfim, conhecemos alguma mulher que já viveu tudo isso,
ou nós mesmas já passamos por algo muito próximo... Então,
não há razão mais para sermos "inimigas", não há porque
competir entre nós. Somos irmãs, somos amigas, somos todas
filhas da Mãe Natureza!

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Compartilhamos em nosso ventre os mistérios da lua...
Carregamos em nosso peito a chama da vida... Nossas palavras
são curadoras... Já fomos queimadas na fogueira, já fomos
condenadas, chamadas de "putas" ou "loucas", agora já chega!
Agora é tempo de nosso Despertar! É tempo de curar
nossas feridas, lamber as cicatrizes como verdadeiras Lobas,
abandonar a velha pele como a sagrada Serpente, sair do casulo
e voar como divinas Borboletas!
É hora de recordar a memória antiga que habita em nosso
coração e deixar nossa alma flor-e-ser!
A partir de hoje quebre o ciclo de ódio ou competição
entre as mulheres. Ao olhar outra mulher veja além... Olhe em
seus olhos e reconheça sua alma na dela. Não julgue outra
mulher por usar esse ou aquele tipo de roupa, ou por gostar de
batom vermelho, ou por qualquer outra coisa. Não a julgue. Não
se julgue. Não repita nunca mais discursos ou piadas machistas.
Muitas vezes nem percebemos que reproduzimos essas
ideias, pois estão tão arraigadas na nossa cultura. Por isso é
importante refletir, conhecer e transformar essas ações, primeiro
em nós mesmas, depois inspirar os outros a fazer o mesmo.
Ao ver uma mulher, amiga ou parente sofrendo por
alguma razão, escute-a e seja o apoio que ela precisa. Muitas
vezes só precisamos de alguém que nos compreenda e segure em
nossa mão dizendo "Está tudo bem... você é forte... e não estás
sozinha". Porque nós não estamos sozinhas...
Dentro de cada uma de nós há uma linhagem de
ancestrais, e essa linhagem se liga à outras linhagens, e à
outras... e à outras... Como uma grande teia, ou como galhos de
uma grande árvore.
Se houver um momento em que você se sinta
desamparada, coloque suas mãos suavemente sobre seu ventre, e
lembre-se de onde você veio. Lembre-se da força que pulsa

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dentro de ti... E diga para si mesma: "Está tudo bem... Você é
forte... não estás sozinha".
Quando uma amiga ou irmã se sentir desamparada, ajude-
a se lembrar de quem ela é, de onde veio e da força que pulsa
dentro dela. É a mesma força que pulsa dentro de todas nós.

Exercício 3:

Ligue para uma ou mais amigas e marque de encontrar com elas.


Envie uma mensagem ou diga pessoalmente o quanto ela é
importante pra você, ou as coisas que você admira nela. Marque de
conversar com elas, chorem, dancem, riam... Mulheres juntas se
fortalecem juntas.

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DIA 4: Mantenha a Esperança

Taí um desafio para uma Capricorniana de sol e lua como


eu... Mas graças ao equilíbrio de Libra no ascendente, o lado
pessimista dá uma suavizada e meus dois pés no mundo da arte
e espiritualidade ajudam muito também rsrs! Não que às vezes
eu não desanime... Mas com o tempo vamos aprendendo a
manter o foco e a olhar a vida de outra forma.
Manter a esperança quando muita coisa ao redor parece
ruir é coisa de gente forte, não de louca (como o mundo quer
que a gente pense). Manter a esperança não é se acomodar e
aceitar tudo como está. Pelo contrário, é ver o que não está bem
e também o que está. É ter consciência dos problemas, mas não
se deixar afundar neles. É buscar ver além dos problemas, as
soluções. É compreender que por trás de toda experiência ruim
sempre tem um aprendizado.
Esperança é associada com a cor verde, e verde é
associada com a natureza. E isso tem uma razão, uma linda
razão... Você já viu uma árvore que foi bastante podada ou
cortada praticamente até o toco, e aí quando você menos espera
no lugar onde havia sido cortada nascem novos e verdinhos
galhos?!! Pois é. A vida renasce, persiste, insiste... Porque a
Vida é uma senhora cheia de esperança.
Não sei como foi seu dia hoje, ou como está sendo sua
vida nos últimos tempos... Mas sei que algumas pessoas têm
vivido momentos bem difíceis. E eu quero lhes dizer do fundo
do coração... Mantenha a esperança.
Lembre de olhar as coisas boas ao seu redor. Seja forte
para vencer o desafio que surgir em sua vida. Tudo o que
vivemos é aprendizado... Não se vitimize mais. Não se submeta
mais ao sofrimento. Tome a vida em suas mãos e diga: "Eu

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escolho ser feliz!". E mude imediatamente o que tem que mudar.
Renasça! Permita que a vida brote em você de novo! Há tanta
coisa para viver ainda, tanto a aprender e conhecer... Não
desista. Vá em frente! Acredite em você mesma(o)! Porque se
você está aqui nessa vida, minha irmã, é porque tu és uma
dádiva! És única e sagrada! Tens um propósito de vida,
encontre-o e realize. Tens um universo dentro de ti, e confia...
Porque o Universo está contigo.
Respira fundo... Calma... Amanhã o Sol nascerá de novo, e
enquanto ele não nasce, contempla as estrelas no céu noturno.

Exercício 4:

Pegue um caderno, que você o nomeará como caderno da


Gratidão, e toda noite antes de dormir escreva 10 coisas que lhe
aconteceram no dia pelas quais você se sente grata. Pode ser
coisas simples, como agradecer pelo sol que nasce, pela chuva,
pelo filme divertido que assistiu... Ou coisas maiores, como
recebeu uma notícia maravilhosa, encontrou uma pessoa querida,
enfim... No fundo, vamos perceber que a felicidade mesmo está
na simplicidade e nas coisas mais essenciais da vida.
A gratidão é um sentimento que nos conecta ao fluxo de
harmonia e paz, e é algo a ser exercitado. Nossa sociedade
basicamente nos ensina a ser pessimistas. Só olhar os jornais...
Precisamos reaprender a olhar a vida de forma mais positiva e
amorosa. Agradecer é o primeiro e grande passo.

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DIA 5: Conecte-se à Natureza

A Natureza é nossa maior mestra, é fonte de cura,


felicidade e sabedoria. A forma como temos tratado a natureza, a
Terra, é um reflexo de como temos nos tratado. É um sintoma de
nosso distanciamento da Grande Mãe, do Feminino Primordial.
Para hoje (e todos os dias) te convido a estabelecer e
fortalecer uma relação com a natureza. Contemple o céu mais
vezes... Tome banho de chuva... Pise na terra com carinho. Ande
de pés descalços algumas vezes. Cultive plantas em sua casa.
Cuide de um animal abandonado, adote ou ajude ONGs de
proteção aos animais em sua cidade. Tenha uma alimentação
mais saudável e consciente. Seu corpo é seu templo, ame-o.
Plante árvores ou flores nos canteiros de seu bairro. Recicle seu
lixo... Enfim, há tantas formas de fazer isso!
Tenha uma vida mais conectada com a natureza. Estudos
recentes têm mostrado que pessoas que vivem ou frequentam
lugares verdes e de natureza são mais saudáveis e felizes do que
aquelas que não. Experimente, pelo menos uma vez na semana
estar em mais contato com a natureza, embora a gente nunca
esteja separado de fato dela (pois nós somos natureza!), mas
esquecemos disso.
Existe um ensinamento nas tradições xamânicas de todo o
mundo que diz que nosso corpo é a própria terra, nosso sangue
são as águas, nossa respiração é o vento, e nosso espírito é o
fogo. Na Espiritualidade Celta isso é ainda mais específico...
Nosso corpo é a terra, nossos ossos são as pedras da Terra,
nossos cabelos são as plantas, nosso sangue e lágrimas são as
águas, a respiração é o vento, a imaginação é a lua, nosso
cérebro e pensamentos são as nuvens, a cabeça é o sol e nosso
espírito, o céu infinito.

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Esse ensinamento nos dá uma ideia de que somos unos
com a natureza e o universo. Ao harmonizamos a nossa natureza
interior com a exterior, despertamos o sentimento de plenitude e
conexão sagrada. Busque essa conexão... Acredite, é bem mais
profunda e melhor que wi-fi.
A Terra tem um poder grande de firmeza e transmutação.
Quando precisar de uma cura ou se sentir mais forte, deite-se ou
sente-se perto de uma árvore, ou apenas um gramado... Feche
seus olhos, sinta o cheiro da terra, respire fundo, e entrega toda a

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dor, a tristeza ou sentimento que queres transmutar. Entrega para
a Terra, entrega para a Mãe e pede para transmutar. Sinta-se
acolhida e amada, porque és. Ao terminar esse pequeno rito,
agradeça, deixe tudo isso para trás e renove-se!

Exercício 5:

Deite na terra, no gramado ou sente na raiz de uma árvore. Feche


os olhos e fique em silêncio por alguns minutos, percebendo a
sensação de estar no colo da Mãe Terra. Converse de coração
para coração com Ela e entregue tudo o que você precisa. Sua
alegria e sua dor, sua paz e sua angústia... Peça para a dor ser
transmutada em amor, para você e para a Terra. Veja uma
energia saindo de seu corpo e indo para o centro da Terra, onde
será transformada em bênçãos. Agradeça e antes de ir embora,
deixe uma fruta para algum passarinho se alimentar.

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DIA 6: Seja Gentil

Para hoje (e todos os dias também) eu te convido a


praticar a Gentileza... E gentileza não necessariamente equivale
a ideia de educação ou ser educado, embora esteja relacionado,
mas trata-se de algo mais profundo. Às vezes as pessoas
associam o “ser educado” com obrigação... Agir dessa ou
daquela forma porque é o certo, ou porque meus pais me
ensinaram que assim tem que ser. Além de que geralmente
refere-se à relação entre seres humanos. Ser gentil vai muito
além...
É tratar o outro, seja gente, bicho ou planta, como você
gostaria de ser tratado. É sentir compaixão por aquela vida que
está diante de você. Ser gentil é compreender que a gente não
sabe das lutas que cada um passou ou está passando, e por isso
não julgar ou criticar só por criticar, sem pensar ou conhecer a
situação e as pessoas a fundo.
Quando digo para sermos gentis não significa ser
compassivo ou "baixar a cabeça" para tudo. Se alguém lhe tratou
mal, apenas não reaja da mesma maneira, não alimente a
violência ou agressão com mais violência e agressão. Se
pergunte, "Para quê isso? Vai adiantar alguma coisa eu agir
dessa forma? Vou me sentir bem agindo desse jeito?". Se o amor
não estiver sendo servido na mesa, apenas levante-se e saia. Não
precisa quebrar a mesa e a louça...
Ser gentil não é sair dizendo "Gratiluz" pra tudo e todos, e
por dentro rogar pragas pro vizinho e até pro cachorro que
espalhou o lixo na rua. Se o vizinho incomoda com a música
alta, peça gentilmente que abaixe o volume (se ele recusar, em
último caso ligue gentilmente para a polícia rsrs). Deixa um

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pouco de comida e água pro cachorro, o bichinho não tem culpa
de não ter um lar.
Seja gentil com as pessoas e todos os seres à medida que
você gostaria que fossem com você. Já pensou o quanto o
mundo seria bom só se praticássemos isso? E não é difícil...
Basta um pouco de consciência. Não permita que a ignorância
do outro embruteça seu coração. Não há coisa mais triste do que
um coração embrutecido e uma alma sem esperança.
Gentileza é a delicadeza da alma. E como são fortes
aqueles que cultivam essa pequena e grandiosa flor.

Exercício 6:

Seja gentil com você mesma. Ria de seus erros e aprenda com
eles. Não se julgue demais, somos todos aprendizes. Seja gentil
com você, com seu corpo, mente e espírito. Dê-se um tempo de
descanso... Assista aquele filme ou série que gosta, escute a
música que adora ouvir, faz aquele bolo ou comida deliciosa e
saboreie cada pedaço! Durma, sonhe, brinque com o gato... Enfim,
trate a si mesma com todo o amor, gentileza e carinho que você
merece. Porque você merece.
Quando perceber que você está julgando ou criticando a si
mesma, pare e pense: “Tudo bem... Eu estou aprendendo.
Estou fazendo o melhor que posso nesse momento”. Isso irá
refletir na forma como você trata os outros também.

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DIA 7: Cure suas dores do passado

Esse é um desafio difícil, talvez o maior de nossas vidas e


que leva tempo...
Todos nós temos feridas na alma, resultado de traumas do
passado ou situações difíceis que vivemos e que não tiveram
uma conclusão eficiente, e por isso ficam se repetindo em certos
padrões na nossa vida... Ignorar ou fingir que eles não existem é
pior, pois se tornam nossa sombra ou um aspecto, ferido e
magoado de nossa personalidade, e que muitas vezes se projeta
nas pessoas ao redor.
Curar as feridas da alma é algo difícil, mas extremamente
necessário. É praticamente um rito de passagem, uma iniciação,
em que temos que deixar morrer aquilo que nos aprisiona e
renascer para um novo Eu. Pode levar anos, uma vida ou muitas
para que curemos essas feridas... E mesmo que elas não sumam
totalmente, as cicatrizes irão nos lembrar das batalhas vencidas,
das lições aprendidas e de que no final das contas somos fortes,
sábias e sabemos perdoar, amar e recomeçar! Pois no fundo, no
fundo, nós também erramos... Não somos perfeitas(os).
O processo de cura é longo e profundo, e para cada pessoa
é um caminho diferente. Algumas encontram a cura na
psicoterapia, no autoconhecimento, em um caminho espiritual,
com a própria vida, com as experiências... O importante não é o
caminho que você escolhe, e sim despertar a consciência interior
de que, primeiro, há coisas dentro de nós que precisam de
atenção... Emoções não compreendidas, ressentimentos, mágoas
(más-águas), muitas vezes que trazemos da infância ou de nossa
relação com nossos criadores, do lado masculino e/ou feminino.
Segundo, olhar e encarar esse lado sombrio, aceitá-lo, acolhê-lo,
como se acolhe uma criança que caiu e machucou o joelho.

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Pegá-la no colo e levar para passear numa tarde de sol, enquanto
se diz "Tá tudo bem... essas coisas acontecem infelizmente. Bora
limpar essas lágrimas, esse machucado e seguir em frente, que
tem muita coisa legal pra você conhecer ainda". E terceiro, saber
perdoar, deixar ir toda a dor que não vale mais a pena manter.
Entender que hoje você não é mais a mesma(o) de antes, nem
aqueles que um dia te magoaram... Eles estão em outro
momento, aprenderam muitas coisas, caso não, deixe estar que a
Vida ensina... Agora, sobre os outros não podemos fazer muito,
não temos o poder de mudar o outro, mas podemos e devemos
mudar a nós mesmos. E quando mudamos nosso interior, o
exterior também muda.

A partir de hoje, olhe sua sombra com outros olhos. Não


tenha medo dela. Não alimente mais medo nenhum... Medo do
abandono, da traição, da mentira, da morte. Descubra qual a
origem desse medo. Ele esconde algum trauma que precisa ser
curado. Não se vitimize mais, nem procure por vilões, e muito
menos se culpe. Somos responsáveis por nossa vida, nossas
alegrias e dores, mas por favor não se culpe. Perdoe-se, do fundo
do coração, perdoe-se... Não espere que outra pessoa vá curar a
sua alma ou preencher o vazio que você sente. Elas podem nos
auxiliar nesse processo, mas somente nós podemos curar essas
feridas. Assim como somente elas podem curar as próprias
feridas, por mais que estejamos ao lado para auxiliar.
Por fim, você perceberá que só encarando esses medos é
que poderemos nos sentir mais plenas e felizes. Que por trás do
sentimento de fraqueza, você encontrou a Força. Que por trás da
raiva, encontrou o Perdão. E por trás da tristeza e abandono,
você encontrou a firmeza em si mesma, a sua própria Soberania!
Transforme suas dores em flores...!

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Levante-se Sábia Guerreira! Honre suas cicatrizes, elas te
tornaram mais sábia e forte, elas contam a sua história...
Inspire o seu caminho e o das pessoas ao seu redor com o
sagrado perfume das Flores que um dia foram dores...

Eu te amo, minha irmã! E reconheço a Força, a Beleza e a


Luz que há em ti!

Exercício 7:

Conecte-se com a energia do Beija-Flor. Dentro da


Espiritualidade, o Beija-flor é um ser divino, animal sagrado
curador do coração e que nos ajuda a despertar o Amor
Incondicional em nós. Sente-se em meditação por alguns minutos,
respire bem fundo e devagar. Visualize um Beija-Flor voando até
você e vindo “beijar” o centro do seu coração, onde uma flor linda
e perfumosa começa a se abrir lentamente... Sinta que todas as
mágoas, tristezas se desfizeram completamente. Só o que há é
esse Beija-Flor e essa Flor divina que é seu Ser. Agradeça e
aguarde, uma benção está vindo.

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DIA 8: Cante e Dance!

Há uma pequena história dos indígenas americanos que


diz que quando uma pessoa se encontra com o corpo ou a alma
doente procura o(a) Xamã da tribo, e este lhe pergunta: "Quando
foi a última vez que você riu? Quando foi a última vez que você
cantou? Quando foi a última vez que você dançou? Quando foi a
última vez que você foi você mesmo?".
Na Pajelança indígena e cabocla do Brasil o canto e a
dança são medicinas... São elementos essenciais para o processo
de cura. Em muitas tradições indígenas brasileiras, o(a) Pajé
canta e dança junto com a pessoa que precisa ser curada, e caso
ela não tenha forças para dançar por si própria, o pajé a coloca
em suas costas e dança por ela.
O povo Yanomami acredita que são suas canções e rezas
sagradas que mantêm o Céu e a Terra em harmonia. Se um dia
eles deixarem de existir ou pararem de cantar, será o fim do
mundo que conhecemos.
A tradição Hindu conta que o universo foi criado a partir
de um Grande Som universal, OM.
A tradição judaica-cristã fala que Deus se fez em Verbo
(ou Som) e criou o mundo.
A tradição Celta, especialmente a gaélica da Irlanda,
entende a Divindade criadora como uma Grande Canção (Oran
Mór), e tudo na natureza e no universo ressoa esta Canção
divina. Quando adoecemos ou ficamos tristes é porque estamos
apenas em desarmonia com essa Canção, e basta afinar nossa
alma e coração para nos sentir saudável e feliz de novo.
Nosso coração é um pequeno tambor, somos "sons
andantes", como acreditam os Guaranis. Qual é o seu som? Qual
é a canção que ressoa em sua alma? A vida nada mais é que o

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processo de descobrir essa canção e então expressá-la no mundo.
Cada pessoa é uma canção diferente e única no universo, somos
notas que compõem a Grande Canção.
Cante... Dance... Expresse o divino que há em você...!

Exercício 8:

Coloque uma música que gosta, e dance! Sem se preocupar com


nada nem ninguém. Feche os olhos e sinta a música guiar você...
Deixe seu corpo se movimentar livremente. Se nossa alma é o som,
nosso corpo é o instrumento. Dance suas alegrias, dance suas dores,
dance sua Vida! Seja grata por tudo! Faça da Dança um rito de
transformação, tal como Shiva/Shakti dança para criar, destruir e
recriar o mundo.

Quando se sentir alegre cante, dance... E quando se sentir triste,


também.

Dance sobre seus demônios, como Kali.


Dance para recriar sua vida, como Shakti.
Dance para louvar a si mesma, como Durga.
Faça da sua existência uma grande celebração. Porque assim é. A
Vida é para ser celebrada!

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DIA 9: Honre a "Bruxa" que há em você

Fomos chamadas de Bruxas ou Feiticeiras por muitos anos


(e em alguns lugares ainda somos)... Apenas por conhecer o
poder das ervas, por ouvir nossa intuição e instinto, por
"despertar" desejo ou medo nos homens, ou apenas por não
concordar com certas coisas, por questionar a injustiça e
desigualdade.
A mulher e o feminino sempre despertaram um mistério
sobre os homens, e em certo sentido até sobre nós mesmas. O
fato de sangrar todo mês, de gerar uma vida e alimentá-la com o
nosso corpo, e como tudo isso influencia nosso emocional e
psicológico ainda é algo misterioso e fascinante!

Nosso útero é um Caldeirão da Transformação... Nele


morremos e renascemos todo mês, a cada ciclo da Lua, junto
com a Lua... Nosso corpo é sagrado!
Escute a Bruxa, a Fada ou a Deusa sussurrar em seu
coração...
Faça Magia! Mexa o caldeirão! Varra para fora todas as
impurezas de sua vida!
Transmute tudo o que precisa ser transmutado! Há Magia
dentro e ao redor de você.
A magia não é algo sobrenatural ou "demoníaco"... Nada
disso! A Magia é a Vida pulsante... É o Sol nascendo, a chuva
caindo, a semente brotando... Magia é uma mulher parindo, uma
criança sorrindo, um homem se apaixonando, e um doente
terminal encontrando a paz nos braços da Sábia Morte...
Fazer Magia é fluir com a Vida... É compreender a Teia
que conecta tudo e todos. É saber que cada palavra e cada ato

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produz um resultado em nós e nos outros. Que o que fazemos
aqui ecoa em todo lugar.
Mais do que bruxas, somos Sacerdotisas, Filhas da Mãe
Natureza... Honre a Sacerdotisa, a Mulher Sábia, a Fada, que há
em você.

Flua como a Água...


Eleve-se como o Ar...
Firme-se como a Terra...
E ilumine como o Fogo!

Exercício 9:

Você já conheceu uma benzedeira, pajé ou curandeira? Uma vizinha


ou até mesmo uma avó nossa possa ter sido uma sábia das ervas,
mulher-medicina... Que em outros tempos seria conhecida como
Bruxa.
Então, vamos honrar e relembrar essa arte de cura, que está na nossa
memória ancestral. Escolha um ramo de ervas medicinais (exemplo:
hortelã, mastruz, manjericão, arruda ou outra que você sente mais
adequada para o momento, é importante conhecer as propriedades
medicinais de cada planta ok?). Lave o ramo e segure em suas mãos,
concentre-se e conecte-se com a alma dessa planta. Peça seu auxílio
para que você receba a cura e harmonia que deseja. Se quiser fazer
uma prece, sinta-se a vontade. Comece então a passar o ramo pelo
seu corpo, iniciando pela sua cabeça até os pés, limpando toda a
energia de seu sistema. Faça isso até sentir que está harmonizada
(você vai sentir, acredite. O cheiro da planta ou a cor dela vai se
alterar). Agradeça a erva por sua medicina, agradeça a Terra e
entregue para a natureza (enterrando num vaso de planta ou próximo
de uma árvore).

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DIA 10: Confie em sua Intuição

Nossa intuição é a voz da nossa Consciência, a voz da


nossa Alma...
Sempre falando com a gente, embora muitas vezes a gente
não a escute de verdade (e quando isso acontece normalmente
nos arrependemos depois).
Quanto mais damos atenção a nossa intuição, mais a
alimentamos e mais nos tornamos atentas ao que o nosso
coração aponta...
E o nosso coração é como um luzeiro, uma bússola,
guiando-nos pela jornada da vida.
Busque a prática de meditação, Yoga ou caminhos de
autoconhecimento, pois nos ajudam, entre outras coisas, a
fortalecer a intuição.
Quando ficamos mais introspectivas, quando olhamos
mais para dentro, desenvolvemos mais clareza e compreensão
sobre os aspectos de nosso Ser e de nossa vida...
Uma Mulher Desperta escuta sua intuição, seu coração,
com sabedoria, e segue seu caminho com mais firmeza e
serenidade. Ela enxerga além das aparências, sabe qual a melhor
atitude tomar, que caminho seguir, em quem confiar... Apesar de
alguns duvidarem, ela apenas sabe. Mais do que isso, ela sente
em seus ossos, em seu âmago.
Não podemos confundir intuição com paranoia ou algo
assim. A intuição é a Sabedoria interior.
Alimente sua intuição, e ela te alimentará.
Escute-a, e ela guiará teus passos.
Teu coração sabe o caminho...
Quando sentir tua alma vibrar, escuta... Atenta... É por aí
que deves ir.

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Exercício 10:

Reserve um horário de tranquilidade para si. Acenda uma vela e


coloque-a em um pires ou outro suporte. Respire fundo e
concentre-se. Feche os olhos, toque o meio de sua testa e diga:

"Que a Luz divina ilumine minha mente"; toque o meio de seu


peito e diga "Que o Amor maior desperte em meu coração";
toque o seu ventre e diga "Que a Vida floresça dentro e ao redor
de mim... Que assim seja e que seja assim!".

Continue respirando de olhos fechados e visualize no centro de


sua testa um ponto luminoso na cor índigo. Respire calma e
lentamente, enquanto visualiza esse ponto luminoso se
expandindo e ficando cada vez mais forte. Faça essa meditação
por cerca de 15 minutos, por pelo menos sete dias.

Abra os olhos... E seja bem-vinda!

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DIA 11: Honre suas Ancestrais

Esse é um dos principais pilares da Espiritualidade


Feminina, e de certa maneira de todas as tradições espirituais
antigas.
Honrar nossas Ancestrais significa valorizar e reconhecer,
antes de tudo, nossas origens, de onde nós viemos...
Honrar nossa mãe, nossas avós, bisavós e todas as nossas
antepassadas... Conhecidas e desconhecidas. E também honrar
nosso pai, avôs, bisavôs... Conhecidos e desconhecidos... (mas
sobre os ancestrais masculinos falaremos em outro dia).
Mesmo que não tenhamos tido uma boa relação com nossa
mãe, pai ou aqueles que nos criaram, é importante saber honrar
aquelas pessoas que, querendo ou não, contribuíram para que
estivéssemos aqui e agora. E ainda que a gente não entenda
certos caminhos da Vida, tudo o que passamos é para o nosso
crescimento e aprendizado...
Descubra a história de suas ancestrais... De onde vieram, o
que viveram, o que fizeram. Escute as histórias de sua mãe e
avós quando elas eram crianças, adolescentes, adultas...
Só de ouvirmos essas histórias é possível, muitas vezes,
compreender o porquê dessa ou daquela pessoa agir assim hoje,
ou o porquê você age assim ou assado hoje... E com essa
consciência podemos honrar alguns laços do passado de nossa
família, ou quebrá-los, caso eles sejam prejudiciais e estejam
nos afetando no presente. Por exemplo, ao descobrir que uma
bisavó sua era benzedeira ou parteira, você pode hoje buscar
conhecer esse ofício e quem sabe se tornar uma benzedeira,
parteira ou doula, bruxa ou sacerdotisa. Ou apenas sentir-se
honrada de ter tido na família uma mulher com tanta
sabedoria...!

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Por outro lado, ao descobrir ou ouvir histórias de que sua
avó, mãe ou outra antepassada sofreu algum tipo de violência ou
abuso, você pode curar essas memórias, mesmo hoje, enviando
às suas ancestrais seu amor, liberando toda energia e raiva que
possa ainda estar circulando na sua linhagem.
Muitas vezes carregamos fados, comportamentos ou
sentimentos que não são nossos, e sim de nossos antepassados.
Memórias boas ou ruins que se tornaram nosso legado. Assim
como nossa vida será um legado para aqueles que vierem depois
de nós, nossas(os) filhas(os), netas(os) ou sobrinhas(os)... Cabe
a nós romper com as memórias e sentimentos que nos
aprisionam, e fortalecer aquelas que nos nutrem.
O que precisamos fazer é olhar para o nosso passado, para
compreender o presente e (re)criar o futuro.
Honre suas ancestrais... Suas avós... Suas tias... Sua mãe...
Honre a si mesma! Honre e ame aquela que é Ancestral de todas
e todos nós: a Terra, Mãe-Terra.

Honre o chão por onde caminha, a comida que te alimenta,


a água que te nutre, o vento que te anima...
Mulher, honra o Ventre de onde viestes, o Ventre que há
em ti, e o Ventre em que estás.
Quando curamos a nós mesmas, curamos todas aquelas
que vieram antes de nós e aquelas que ainda virão...
Tudo está interligado.
Minhas ancestrais vivem em mim, e eu vivo nelas. Assim
como meus ancestrais. Quando obtemos esse conhecimento,
sentimos uma força que vai além do espaço e do tempo, e nunca
estaremos sozinhas.
Assim é.

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Exercício 11:
Pegue fotos de suas antepassadas, mãe, avós e tataravós. Se não
encontrar fotos, pode anotar os nomes delas em um papel. Coloque
em uma mesa ou altar pessoal, acenda uma vela com a intenção de
iluminar todas as suas relações. Olhe a para as fotos ou nomes, e
busque as memórias de alegria ou tristeza que você possa ter em
relação a suas antepassadas. Se sentir vontade de chorar, chore.
Deixe qualquer emoção surgir, e partir... Concentre-se na chama da
vela e diga:

“A todas as minhas ancestrais, sinto muito, me perdoe, eu perdoo,


sou grata, eu te amo. Libero toda e qualquer memória negativa e
transformo-as em amor e sabedoria. Sinto muito, me perdoe, eu
perdoo, sou grata, eu te amo.”

Repita essas palavras até internalizar, até você sentir que


algum nó dentro de você se desfez (você sentirá, mesmo que
seja um nó emocional inconsciente). Agradeça e deixe a vela
queimar até o fim.

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DIA 12: Flua no seu ritmo

Descubra seu ritmo... E flua com ele.


Se estás cansada, descanse. Se estás inspirada, crie,
produza.
Se estás introvertida, escute mais seu interior. Se estás
extrovertida, saia, converse, se expresse.
Há dias em que estamos mesmo mais pra "lua nova"
(introvertida) e outros pra "lua cheia" (extrovertida)... E há dias
em que estamos entre uma e outra... É assim mesmo! Somos
cíclicas! Assim como tudo na Natureza... Como a maré, as
estações, a lua e o sol.
Quando aprendemos a fluir de acordo com o nosso ritmo,
e não contra ele, nos tornamos mais inspiradas, criativas e
saudáveis. Não force os passos de uma dança que não seja a
sua... Não tente seguir o ritmo de outras pessoas... Siga o seu
ritmo, dance a Sua dança. Nada melhor do que viver e ser quem
se é.
A sociedade quer que todos sejam iguais... Que tenham
esse tipo de cabelo, que gostem desse tipo de música, que se
vistam com esse estilo de roupa... Aqueles que diferem um
pouco logo são taxados de loucos, anormais ou algo do tipo.
Ninguém é igual a ninguém. Cada pessoa é única. Cada pessoa
tem um dom, uma habilidade, um jeito de ser e ver o mundo. E
isso é maravilhoso!
Descubra qual o seu ritmo...
Dance a sua dança...
Flua como a Lua...
Cresça na lua crescente, expanda na cheia, recolha-se na
minguante, cure-se na lua escura e recomece na nova!

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Reconheça e respeite seu próprio ritmo, assim como o das
outras pessoas, e também o da natureza ao seu redor.
Há tempo de chuva e tempo de sol. Tempo de frio e de
calor. Há tempo de luz e de escuridão, de morrer e (re)nascer, de
rir e de chorar, de dormir e acordar...
Há tempo para tudo.
E sempre, sempre é tempo de Amar.

Exercício 12:

Perceba como você está se sentindo hoje e associe a uma fase da


lua. E vá anotando em um papel, para ficar mais claro pra você em
que momento você está.

Se sente que está introspectiva, “mais na sua”, recolhida... Então,


associe a lua minguante ou nova. Se sente que está impulsiva, com
libido alta, vontade de sair, namorar... Associe à lua crescente.
Sentimento de expansão, alegria e amor, à lua cheia. Tristeza, dor,
vontade de entrar na sua caverna, lua escura.

Ao lado desses aspectos, sentimentos e a fase da Lua, anote se você


está se sentindo bem ou não, o que acha que precisa fazer para
equilibrar essa energia (por exemplo: sinto que estou precisando
dançar, chorar, escrever, ou conversar...). Enfim, deixe que sua
intuição guie seus escritos. Essa é uma maneira muito interessante
para desenvolver o autoconhecimento e autocura. Lembre-se que
você tem as chaves que abrem todas as portas da sua vida

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DIA 13: Tenha um Diário da Lua

O Diário da Lua, também chamado de Caderno lunar ou


Diário da lua vermelha, é um caderno onde você anota suas
impressões, sensações, sentimentos, sonhos e outras coisas que
achar interessante durante todo o seu ciclo menstrual (e não só
durante a menstruação). Ele é uma ferramenta de
autoconhecimento, que nos ajuda a ir tomando consciência sobre
os ciclos de nosso corpo e suas influências no campo emocional,
físico, mental e espiritual.
As culturas patriarcais contribuíram para que as mulheres
se distanciassem de si mesmas e se esquecessem do poder que
reside em seu próprio corpo, da força que pulsa em seu útero...
Precisamos retomar esse conhecimento e voltar a valorizar,
honrar o simples fato de sermos Mulheres, entendendo que isso
é uma benção, e nunca, jamais uma maldição.
Pegue um caderno ou agenda, decore-o como quiser, faça
uma capa bonita... E use sua criatividade! Nele escreva a cada
dia ou sempre que sentir necessidade de expressar um
sentimento, intuição, pensamento, sonho etc. É importante
escrever, além da data, a lua que está no céu (lua cheia,
minguante, nova ou crescente; lembrando que cada fase lunar
dura em torno de 7 dias). Só essa prática já nos ajuda a
simplesmente observar mais a Lua e suas fases, e aos poucos ir
compreendendo como cada fase lunar pode nos influenciar.
Perceba como se sente na lua cheia? E como se sente na
lua escura (quando ela está totalmente na sombra)? Em que fase
você costuma ter mais sonhos? E em qual se sente mais irritada
ou cansada? Perceba em que lua você se sente mais sensual ou
tem desejos mais fortes? E em qual lua você não tá com vontade
de nem se olhar no espelho? Anote tudo isso... Perceba-se. E ao

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mesmo tempo faça a relação da fase da lua com a fase de seu
ciclo menstrual.
Geralmente o momento em que nos sentimos mais
sensuais ou com desejos sexuais é quando estamos no nosso
período fértil, e quando não queremos nem olhar no espelho ou
nos sentimos mais cansadas ou irritadas, é o nosso período não-
fértil ou poucos dias antes de descer a menstruação (nossa "Lua
Vermelha").
Essa simples prática de autoconhecimento com o Diário
Lunar já ajuda muitas mulheres que sofrem com a chamada
"TPM", que vai além de um problema ou questão biológica ou
hormonal, pois envolve, sobretudo, os aspectos emocionais,
psicológicos e espirituais da mulher.
Quando nos tornamos mais conscientes de nossos Ciclos,
nós fluímos melhor e nos sentimos mais saudáveis, plenas e
criativas (isso tem a ver com o que falamos no Dia 12, lembra?).
Gosto de entender a TPM como "Tempo para Mim",
"Tempo para Meditar", ou "Tempo para Mergulhar"... É o
momento em que nosso útero se prepara para liberar o óvulo não
fecundado, e em termos simbólicos, é quando nos preparamos
para morrer... E logo depois renascer. É importante ouvir o que
nosso corpo nos diz, ele tem uma sabedoria que precisamos
honrar...
Vamos lá! Pegue seu Caderno Lunar, escreva, anote tudo
o que seu coração sentir vontade... Seus medos, sonhos, anseios,
intuições... Observe a Lua. Sinta a Lua, tanto no céu como no
seu ventre. Você é cíclica... É fluida... É divina!

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DIA 14: Descubra seu Dom e
compartilhe com o Mundo

Todos nós viemos ao mundo com um Dom, um propósito,


um chamado da Alma. E cabe a nós descobrir qual é o nosso
Dom e como podemos compartilha-lo com o mundo, para torná-
lo um lugar melhor, para sermos plenas(os), felizes e
realizadas(os).
Você não está aqui para acordar, trabalhar, ganhar
dinheiro, pagar contas e buscar distrações de fim de semana, e
depois repetir tudo de novo... Seguindo um ciclo vicioso, sem
ânimo, sem propósito, sem rumo... Isso não é viver. Viver é Ser
quem você é, seguindo seu caminho, construindo seus sonhos,
realizando e expressando seu Dom!

Qual é o seu dom? O que você faz com naturalidade e


excelência? O que você AMA fazer? O que faz seu coração
pulsar e sua pele arrepiar? O que faz seus olhos sorrirem? Você

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é uma/um contadora de histórias? Escreve poemas e textos
maravilhosamente bem? Faz desenhos incríveis? Dança com
toda a sua alma? Sabe falar bem em público e motivar as
pessoas? Consegue compreender o que se passa na mente das
pessoas e ajudá-las em seus processos de vida? É boa em
cálculos e raciocínio lógico? Tem dom para cuidar de animais?
Gosta de tudo que é ligado à aviação? Ou à medicina? Ou à
arte?...
Há tantos dons...! E cada pessoa traz o seu incrustado na
alma. E não estou falando de profissão... É algo maior e mais
profundo. Mesmo que você tente fugir ou esconder, seu Dom
uma hora vai chamar ou se expressar naturalmente.
Não compare seu dom com o de ninguém... Cada pessoa é
única e expressa-o de forma singular e especial.
Descubra seu Dom... E quando descobrir compartilhe com
o mundo, com sua comunidade, com as pessoas ao redor...
Apenas compartilhe.
Vejo muitas pessoas na rua, no ônibus, andando com um
semblante tão triste... Estão perdidas, sem ânimo, sem vida, sem
propósito. Algumas vezes já me vi assim também... E me
prometi que não quero seguir um caminho que não seja o meu.
Quero viver o meu propósito, ser quem eu sou, expressando o
que há de melhor em mim, curando e transformando a mim
mesma, e então o que me cerca. É incrível quando nos damos
conta de que tudo ao redor reflete nosso estado interior de ser...
Nossa sociedade é uma criadora de zumbis... Mas, quem
cria a sociedade? Já vi também muitas pessoas que saíram desse
estado de zumbi, despertaram para si mesmas e hoje caminham
seus próprios caminhos... Expressando seus dons e talentos,
vivendo o propósito de sua alma... É inspirador! Tudo ao redor
delas se ilumina!

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Minha irmã (ou irmão que me lê)... Tens um Sol dentro de
ti, uma Chama Sagrada que queima e ilumina. Alimenta essa
chama e deixa sua luz guiar o caminho.
A Vida é uma dádiva. A Vida é muito mais do que você
imagina... Olha pro céu...! Olha quantas infinitas estrelas
brilham no céu! Não se limite, nem se menospreze, nem se
prenda a pequenas coisas. Abra teu coração, escute-o e ele te
mostrará tudo o que precisas saber.
Deixa teu Sol brilhar... Deixa a vida florescer dentro de
você.

Exercício 14:

Pegue um papel e anote 5 coisas que você ama fazer. Em


seguida, relacione com áreas de interesse. Por exemplo:

1. Adoro escrever (área de interesse: literatura, escrita...)


2. Adoro dançar e realizar danças circulares (dança,
arte, saúde)
3. Adoro estar na natureza (ecologia, espiritualidade)
4. ...
5. ...

Depois, converse pessoalmente ou por mensagem com


três pessoas de sua confiança e que conhecem bem você.
Peça a elas que lhe digam 5 coisas que elas veem que
você faz bem ou que sintam que é algo especial que você
tem.
E seguida, faça um alinhamento daquilo que você
escreveu e o que as pessoas disseram sobre você. E veja
como você pode juntar tudo isso ou encontrar um
caminho que una esses pontos. O seu Dom está aí... Siga
os sinais.

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DIA 15: Quietude

Os textos que escrevi para os "27 Dias de Sagrado


Feminino" saíram a cada dia de forma espontânea, ou seja, eu
acordava, depois de tomar um café meditava um pouco sobre o
que escrever, e assim que tinha um tempo tranquilo, sentava na
frente do notebook e tratava de escrever. As palavras e ideias
simplesmente iam surgindo na cabeça e no coração, e então
escrevia... Normalmente é assim que acontece. Mas o texto de
hoje... Não rolou. As palavras simplesmente não vieram... Sentei
na frente do meu notebook, mas nada saiu... Talvez, seja para ser
assim hoje mesmo. Um dia de quietude, que foi a única palavra
que me veio.
Dia inteiro de chuva na minha cidade, clima friozinho e
gostoso, e pra completar minha “Lua vermelha” veio, junto com
a lua minguante no céu...
Hoje, sentindo o clima lá fora e aqui dentro, tudo o que
busco e desejo, para mim e os outros, é quietude.
Assim como o texto para o dia 15 não saiu como pensava,
muitas vezes as coisas na nossa vida não saem como pensamos
ou desejamos... Simplesmente tem dias que as coisas não
acontecem (não do jeito que imaginávamos)... E então, o que
fazer? Se desesperar? Chorar? Gritar?
Respirar...
Respirar fundo... Aquietar... Curtir o que der para curtir do
momento, buscar o aprendizado por trás de tudo, e quando sentir
que é hora de voltar a agir, retomar o rumo das coisas ou dar
outro rumo, se for o caso.
E às vezes é bom se aquietar... Parar para se ouvir...
Cuidar de si... Ah relaxa...! A vida é feita de pausas também.

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Contempla essa chuva gostosa caindo... Ou essa noite
tranquila... Escuta tua música, assiste tua série ou filme, toma
um café quentinho ou um vinho...
Respira, suspira, sonha... Que a Vida segue. Sempre.
Mesmo quando tudo parece quieto.

Exercício 15:

Aquiete sua mente...

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DIA 16: Honre seu Sangue... Abençoe
seu Ventre

"Lua Vermelha... Lua de Sangue... Tempo da Lua... Rubra


Lua".
Nomes sagrados que damos para a Menstruação, ainda
hoje tão incompreendida e odiada por algumas mulheres (e
homens), mas que em tempos antigos era símbolo de mistério,
força e renovação.
Assim como a Lua morre e renasce todo mês, a mulher
também vivencia internamente esse ciclo de vida-morte-vida.
No limiar entre os mundos, entre a vida e a morte, a mulher
menstruada fica mais sensível... Intuição, sonhos, sentidos mais
aguçados... Sem saber, ela pode absorver mais energia do
ambiente e de pessoas ao redor, e por isso acaba se sentindo
mais cansada ou irritada nesses dias.
A dor no ventre, a cólica, é um chamado do útero, do
corpo e da alma feminina pedindo... "Pare um pouco, me escute,
se escute...", e quando não atendemos esse pedido quase sempre
a dor ou a irritação aumenta. Mas a sociedade e o mercado de
trabalho não entendem nada de nossos ciclos... Se esqueceram e
nos fizeram esquecer do Sagrado que nos habita. E isso foi a
nossa ruína... Todos sofremos quando deixamos de ouvir o
Feminino (dentro e fora de nós).
Religiões patriarcais nos demonizaram, piadas nos
ridicularizam... Ensinaram-nos a competir entre nós, ao invés de
nos unirmos e apoiarmos umas as outras. Esquecemo-nos da
Força que pulsa em nosso coração e ventre...
Mas ela persiste, imortal, ancestral e divina... Força
Feminina.

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Como uma Mãe cantando e chamando suas Filhas e Filhos
para recordarem.
Como o som de um Tambor tocando uma melodia doce e
selvagem, que ressoa nas profundezas da alma.
Mulher, honra teu sangue! Ele é sagrado! É a cor da Vida.
O sangue que flui em teu útero é Cura, Força, Poder.
Mulher, abençoa teu ventre, teu útero e tua Yoni (vagina),
a sagrada flor...!
Como o mítico Graal, nas antigas lendas de Arthur e
Avalon, ele contém e distribui bênçãos, cura, regeneração...
Homem, honra e abençoa o sangue e ventre da tua Mãe,
Avós, Irmãs e Companheira, e todas aquelas que te rodeiam! É a
tua origem que honras, o teu berço e também o teu túmulo.
Somente quando a humanidade voltar a honrar e respeitar
profundamente o Feminino é que o mundo será curado e
transformado. Tal como no mito da busca do Santo Graal pelos
cavaleiros do rei Arthur.
Disseram que nosso sangue é sujo, impuro, nojento, mas
desde as sociedades ancestrais ele é Sagrado.
Quando a Lua vinha nos visitar, nos reuníamos na Tenda
da Lua ou Tenda Vermelha. As mais velhas é quem conduziam
com suas histórias, cantigas, magias... E juntas chorávamos,
ríamos, sonhávamos, curávamos e dançávamos... Saíamos de lá
com a alma renovada, e novos conselhos e visões para
compartilhar com o clã e a tribo, onde éramos ouvidas.
Essa tradição ancestral vem renascendo em vários lugares
do mundo... Pequenas e grandes Tendas da Lua estão sendo
reerguidas.
Essa vontade que sentimos quando estamos menstruadas
de querer se recolher, de ficar mais "na nossa", deitada,
dormindo ou algo assim, é essa memória que ecoa em nós... É a
vontade de estar na Tenda da Lua, ao lado de nossas irmãs e

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avós. Se você não puder estar presencialmente ou fisicamente
em uma Tenda Vermelha, faça a sua. Recolha-se, medite,
analise tudo o que esse mês ou ciclo tem trazido para você. Os
aprendizados, as perdas, as vitórias... E deixe que morra tudo o
que precisa morrer... Deixa ir.
É o momento de encarar suas sombras, de ter consciência
de tudo o que estava escondido ou ignorado até então... As
dores, as mágoas, feridas, medos, inseguranças, comportamentos
negativos ou de auto-sabotagem... Tudo isso vem à tona na
nossa Lua Vermelha. E isso é algo ruim? Não! É maravilhoso,
pois é uma oportunidade de se autoconhecer, se curar e iluminar
tudo o que precisa ser iluminado.
Muitos homens não entendem isso e veem as mulheres
como “loucas, dramáticas ou emotivas”. Se eles pudessem ser
mais compreensivos e sábios o bastante para ouvir e perceber a
profundidade desse processo (não só para a mulher mas também
para eles), tenho certeza que teriam uma outra visão e sabedoria
sobre suas relações consigo mesmo e os outros. Os homens
também vivenciam seus processos internos, seus ciclos
sagrados, e é importante que eles também conheçam e
compreendam isso.
A partir de hoje, minha irmã, quando a Lua te visitar (ou
em termos comuns quando você menstruar) receba sua “lua”
como se uma velha e amada amiga te visitasse.
Jamais maldiga de novo sua menstruação... Ela é uma
benção, assim como ser mulher também é.
Abrace sua sombra, abrace sua dor, ouça o que o seu
sagrado útero tem a lhe dizer... Nele ressoa as vozes de todas as
suas ancestrais... Ele te conecta com aquelas que foram antes de
ti e também com aquelas que ainda virão.

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Se você fechar os olhos e ouvir bem, ainda poderá escutar
antigas canções e histórias que eram (e para sempre serão)
contadas na Tenda da Lua...!

Exercício 16:

Coloque suas mãos em seu ventre, com olhos fechados, respire


fundo nove vezes. Diga em voz suave e forte:

“Abençoado é o meu útero, fonte da vida, fonte da criação.


Abençoado é meu sangue. Sangue sagrado da transmutação.
Abençoado é meu corpo, templo da divina essência.
Eu sou sagrada. Eu sou a força da Natureza manifestada”.

Agradeça, abra os olhos. Bem-vinda abençoada Filha da


Grande Deusa!

53
DIA 17: Emocione-se

A gente anda na rua e vê as pessoas tão frias, sérias, tão


escondidas atrás de máscaras... Com isso devem achar que
aparentam ser mais fortes, mas na realidade isso é sinal de
medo.
Medo de que vejam que dentro delas também há
sentimento, inseguranças, dúvidas, sonhos, alegrias, esperança,
amor... Acham (ou as ensinaram a achar) que isso as torna
fracas, quando são as emoções que nos tornam fortes. A gente
tem medo de chorar na frente dos outros, tem medo de dizer "eu
te amo", medo de soltar aquela risada no meio da rua, de sorrir
para a chuva, de brincar com o cachorro na rua, medo de errar
ou de parecer ridícula(o), medo de ser quem a gente é... Mas
deixa eu lhe dizer, somos ridículas(os) quando tentamos ser
quem a gente não é. Sabe como quando a criança tenta vestir a
roupa da mãe ou pai e nada cabe?
Emocione-se! Chore quando assistir um filme bonito,
brinque na chuva, ria até doer a barriga, sinta raiva quando ver
uma injustiça, peça perdão, perdoe, libere a dor que prende há
tanto tempo no peito, ame profundamente e não tema expressar
esse amor. Não negue suas emoções, não as ignore. Acolha sua
raiva, sua alegria, sua paz... E aprenda a ouvir o que elas querem
dizer, o que elas revelam sobre você.
Permita sentir suas emoções, sensações... É o que nos faz
sentir vivos! Como se estivesse nadando em um rio, sinta as
águas envolverem você, mas não se deixe afogar nelas.
Nossas emoções podem nos libertar, mas também podem
nos aprisionar, quando nos apegamos à elas, sobretudo aquelas
que nos fazem algum mal.

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Emocione-se! Desmanche essa cara séria que mantêm o
tempo todo, relaxa esses ombros. Calma... Você não é zumbi
nem robô. Apenas seja quem você é. E deixe os outros serem
quem são.
O caminho do Sagrado Feminino é o caminho do Coração.
É pelas emoções, pelo sentir - o sagrado sentir - que alcançamos
a plenitude.
E percebemos quão divino é ser humano... E quão humano
é ser divino.
Por fim, eu te peço minha irmã, liberta tua dor, liberta teu
riso, liberta teu rezo, liberta teu coração...! E dança com cada
emoção que vier à ti...
És a dançarina do espetáculo da tua própria vida.
Teu riso é tua cura.
Teu coração é teu luzeiro.
E teu caminho é teu destino.

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DIA 18: Copinho da Lua

As mulheres atuais usam, na grande maioria absorventes


descartáveis, que além de poluir a natureza, não proporcionam
conforto algum e ao contrário do que muitos pensam não são tão
higiênicos como dizem ser.
O absorvente descartável abafa, esquenta, criando um
ambiente propício para o surgimento de fungo e bactéria. Não é
a toa que mulheres que usam absorventes (internos ou externos)
têm mais problemas de candidíase, corrimento etc., do que
aquelas que não usam.
"Tá, mas o que vou usar então?".
Cada vez mais mulheres estão recorrendo ao uso de
absorventes ecológicos ou bioabsorventes (de pano) ou aos
coletores menstruais (que gosto de chamar de "Copinho da
Lua"). No Brasil já é possível encontrar revendedoras de várias
marcas, tanto do absorvente ecológico como do coletor
menstrual, sendo este último mais utilizado que o primeiro (e
por experiência própria, Copinho da Lua é maravilhoso!).
Você pode fazer uma busca na internet e também nas
redes sociais, e conhecer mais sobre as opções. Não espere
encontrar esses produtos em farmácias comuns... Talvez daqui
uns anos isso seja possível, mas por enquanto não é do interesse
das empresas que produzem e vendem milhões de absorventes
descartáveis por ano.
Quando usamos um absorvente descartável, jogamos no
lixo e com ele vai nosso sangue... Estamos jogando fora nosso
sangue sagrado, sem nenhuma consciência.
Quando passamos a usar um coletor menstrual mudamos
completamente nossa relação com nosso sangue, nossa Yoni
(vagina) e nosso próprio corpo! O uso do coletor nos incentiva a

56
conhecer mais nosso corpo e nos dá um outro contato com o
sangue menstrual, nossa Lua Vermelha. Você percebe que seu
fluxo não é tão grande ou intenso como parecia quando usava
absorvente (pois acredite, absorventes descartáveis estimulam o
sangue a descer mais, e assim você usa mais absorvente
também). Percebe também que seu sangue não fede... Ele fedia,
pois ao cair no absorvente entrava em contato com o ar, e dessa
forma é mais fácil proliferar bactérias. Aí imagina, usar
absorvente já era desconfortável, vaza sangue de vez em quando
e ainda ficava fedendo... Como ter uma experiência boa com a
sua menstruação com essas coisas no mínimo incômodas?
Por isso recomendo muito que as irmãs usem o
Bioabsorventes ou Copinho da Lua. Pode ter certeza que sua
visão e experiência sobre seu corpo e sua Lua Vermelha
mudarão. E nada de ficar com nojo de pegar no sangue ou
mesmo se tocar, heim?!
Mulher, esse é teu corpo! Lembra... Teu corpo é sagrado,
teu sangue é sagrado... Repete essas palavras como um mantra
até internalizar essa verdade.
Os benefícios práticos de usar o coletor (que posso falar a
partir de minha própria experiência) são vários: ele é mais
confortável, não vaza (só se estiver mal colocado, e ainda assim
vaza bem pouco), não dá alergia nem inflamação nem nada (pois
é feito de silicone cirúrgico, basta mantê-lo limpo sempre que
for usar), é mais higiênico (pois não abafa a vagina, e com isso é
mais difícil o surgimento de fungo ou bactéria; você só precisa
tirar e limpar a cada 8 horas e tá tudo certo), é econômico (o
preço dele varia entre 70 e 80 reais, e você pode usa-lo por um
período de 5 a 10 anos), e é ecológico, claro.
Como disse, Copinho da Lua é só amor! A sensação ao
usar o Copinho é de liberdade! Experimenta, não custa nada. E
se não gostar, dá pra uma amiga de presente.

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DIA 19: Plante sua Lua

Existe uma profecia dentro da Espiritualidade Feminina


que diz que quando todas as mulheres do mundo oferecerem à
Terra seu sagrado sangue, não haverá mais guerras nem mortes
desnecessárias, pois o sangue que alimentará a Terra será sem
dor e sem tristeza, será o sangue que verte vida e transformação.
"Plantar a lua" é esse rito simbólico e sagrado de oferecer
à Terra seu sangue menstrual, como um ato de amor e gratidão
pela Vida que pulsa em seu útero, em seu ser. É uma forma de
agradecer à Mãe Terra pelo dom que há em nós e também de
honrar todas as nossas ancestrais, todas as que vieram antes de
nós...
A Terra tem o poder de transformação e cura, qualquer
coisa que você depositar na terra será transformado em
nutrientes, em adubo, em fertilidade. Quando menstruamos todo
o nosso organismo passa por uma limpeza, nosso sangue se
renova e também nossa própria energia. O sangue leva tudo o
que já não faz mais sentido em nossas vidas, tudo o que precisa
morrer ou ser transformado.
Plantar a Lua é fazer parte do movimento de (re)despertar
do Feminino...
É celebrar e reconhecer o poder que existe dentro de nós...
É relembrar que nosso sangue é sagrado. Que somos
sagradas.

Quando estiver em sua Lua vermelha (menstruada)


"colha" seu sangue. Se você usa coletor menstrual ou copinho da
lua é mais fácil de fazer isso, basta derramar sua lua em um
recipiente com um pouco de água e depois derramar na terra, aos
pés de uma árvore ou em um vaso de plantas. Se você usa

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absorvente, molhe-o e esprema-o bem em um recipiente ou
copo, e depois derrame na terra. Antes de fazer esse rito, esse
ato simbólico, segure o recipiente com sua Lua Vermelha, feche
seus olhos e respire fundo. Sinta amor, gratidão, busque a
conexão com a Mãe Divina, e diga (mentalmente ou
sussurrando):

"Mãe Terra, eu te ofereço meu sangue sagrado como sinal de


meu amor e gratidão. E te peço que transforme toda a dor em
flor, que encha meu coração de amor e meu caminho de paz,
sabedoria e felicidade".

Cave um pequeno buraco na terra, derrame sua lua e cubra


com terra novamente. Você pode dizer essas ou outras palavras
que seu coração sentir vontade, ou pode apenas fechar os olhos e
deixar a emoção vir à tona. Sinta-se livre para fazer esse
pequeno rito da forma que quiser, mas faça... Não jogue seu
sangue no lixo ou despreze a sacralidade que ele representa.
Não importa qual seja sua religião ou se você segue um
caminho espiritual ou não, o Sagrado Feminino transcende esses
conceitos religiosos e os limites que as instituições costumam
estabelecer.
A Mãe Divina nos fala ao coração, e todos nós somos seus
filhos e filhas.

Exercício 19:

Plante sua Lua, ofereça amor a Terra, abençoe seu útero e veja
seu caminho se encher de flor e amor!

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DIA 20: O Rio que flui adentro
(Menopausa)

Ontem falamos sobre o ato simbólico e ritual de Plantar a


Lua, ou seja, oferecer à Mãe-Terra nosso sangue menstrual.
Mas, e aquelas mulheres que não menstruam mais? Ou que por
alguma razão não possuem mais útero? Como elas podem
também realizar esse rito?
Bem, todas temos a Lua dentro de nós, independente se
ainda menstruamos ou não, pois a Lua nos influencia de maneira
psicológica, emocional, biológica e espiritual.
Dizemos sobre as mulheres que menstruam que seu "rio
flui para fora", e sobre as mulheres que não menstruam mais ou
que passaram pela menopausa, que seu "rio flui adentro". É uma
expressão simbólica e fala acerca do fluxo de fertilidade (em
todos os sentidos, e não apenas no aspecto de gerar filhos).
Quando uma mulher pára de menstruar, sua Lua Vermelha
não flui de seu ventre para fora de seu corpo, e sim para dentro.
As ondas de calor ou frio, sonhos intensos, emoções afloradas
etc., que a mulher costuma experimentar durante e/ou após a
menopausa refletem não só a mudança hormonal, mas também
energética que seu corpo está passando. A força da Lua
Vermelha agora passa a circular dentro de seu corpo, e para
algumas mulheres é um processo intenso. É como um rio que
tem o seu curso modificado...
Mulheres cujo "rio flui adentro" podem e devem continuar
seus ritos de Lua Vermelha, só que agora com outra perspectiva.
Entre a lua minguante e a lua nova, a mulher pode continuar
realizando o ato de "plantar a sua lua" oferecendo, ao invés de
seu sangue menstrual, água ou vinho na Terra, junto com seu

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rezo ou orações. Ela pode também ensinar e auxiliar suas filhas
ou netas a "plantarem sua lua". Todas as experiências de vida
acumuladas dessa mulher podem ser transformadas em
sabedoria e compartilhadas com as demais pessoas ao redor. Ela
se torna então uma matriarca, guiando o caminho daquelas que
vem depois.
Uma mulher madura não é aquela que tem certa idade e
que já viveu a menopausa, mas sim aquela que aprendeu, e
segue aprendendo, com todas as experiências de sua vida, que
sabe de si e respeita sua própria trajetória, que reconhece suas
cicatrizes, rugas, curvas e linhas de expressão, e não se
envergonha delas, pelo contrário, honra cada uma, pois elas
contam sua história.
Uma mulher madura é uma mulher sábia, é aquela que
mantêm acesa a chama da vida em seu coração, que mesmo com
muita idade e muita coisa vivida, em seu olhar ainda brilham os
olhos de menina, a pureza de espírito e a vontade sincera de
viver bem o tempo que ainda tem, pois sabe que o tempo é
precioso, e o presente é uma dádiva!
Que sejam honradas todas as mulheres cujo "rio flui
adentro"!
Abençoadas sejam nossas mães e avós. Mulheres que
tanto já viveram e tanto tem a nos ensinar!

Exercício 20:

. Identifique 3 mulheres sábias, matriarcas, que passaram por sua


vida e lhe ensinaram, ou ainda ensinam, muito. Não precisa ser de
seu meio familiar. Anote o nome delas no papel e embaixo de cada
nome liste 9 coisas que elas lhe ensinaram ou pelas quais você é
muito grata. Ao honrarmos aquelas que vieram antes de nós, as
matriarcas do caminho sagrado, abençoamos o nosso caminho e o
delas também.

61
DIA 21: Sonhos

Você costuma prestar atenção aos seus sonhos? Percebe


em que períodos de sua vida eles se tornam intensos ou mais
vívidos? Alguma imagem, símbolo ou situação tem sido
recorrente em seus sonhos ultimamente? Já acordou de um
sonho muito bom e passou o resto do dia maravilhosamente
bem? Ou já teve um sonho ruim e ficou se sentindo mal ou triste
ao longo do dia?
Essas reflexões são importantes, pois nossa cultura
desaprendeu a dar a devida atenção aos sonhos e ao sono.
Acordamos geralmente com um despertador mecânico ou
um celular tocando, o que nos tira subitamente do estado de
sono para o de vigília, e esse processo nos faz esquecer quase
sempre do que sonhamos... E nos sonhos estão as chaves para
muitas compreensões e até mesmo curas para certas situações
que estamos vivendo.
Em todas as tradições antigas o sonho tem suma
importância, pois é por meio dele que muitas vezes nos
comunicamos com o mundo espiritual. Nossa alma ou essência
divina nos fala constantemente através dos sonhos.
Na cultura do povo Yawanawá (Acre), os sonhos são
mensagens importantíssimas do mundo espiritual, sobretudo
para aqueles que estão durante a iniciação para se tornarem
pajés, mulheres ou homens de medicina. É por meio dos sonhos
que os espíritos e ancestrais falam com eles e os ensinam cantos,
rezos e mistérios que precisam conhecer.
Os sonhos, os mitos, a poesia, a arte e tudo o que é Divino
e Sagrado falam a mesma linguagem: a linguagem simbólica. E
para compreendermos essa linguagem precisamos deixar um

62
pouco de lado a mente lógica ou objetiva, e permitir que nossa
mente intuitiva ou subjetiva conduzam.
Ler os estudos de Carl G. Jung, Joseph Campbell e Mircea
Eliade também nos ajuda a conhecer mais sobre os símbolos, e
assim entender melhor o que nossos sonhos querem nos dizer.
Conversar com uma pessoa sábia ou experiente sobre o
que você vivenciou nos sonhos também pode ajudar, mas
somente você pode compreender a fundo o que eles querem
dizer... Pois eles fazem parte de seu próprio mundo interno, eles
são fruto de suas emoções, espiritualidade e experiências. Por
mais que haja símbolos e arquétipos universais, há coisas que
são do seu próprio universo. E cada pessoa é um universo.
Atente-se aos seus sonhos. Anote sempre que tiver um
sonho significativo. Durma bem. E acorde bem...
Evite acordar com barulhos estridentes ou irritantes. Não
acorde subitamente uma pessoa, pois ela pode estar no meio de
um sonho importante, além de que isso faz mal para saúde
(estudos científicos comprovam isso). Da mesma forma, peça às
pessoas que vivem com você que não lhe acordem de forma
súbita.
Antes de dormir escute músicas tranquilas (mantras,
músicas devocionais da tradição oriental, são maravilhosos),
evite assistir filmes de terror ou ver cenas de tragédia... Se
possível, nem tenha TV no quarto. Tudo o que fazemos, vemos
e sentimos também se refletem nos nossos sonhos.
Outra dica importante é meditar ou fazer uma prece antes
de dormir, pois isso nos conecta com nossa espiritualidade e
deixa nossa mente mais calma e aberta para as mensagens da
alma. Coloque alguns cristais ao lado da cama ou ramos de
lavanda perto do travesseiro (o óleo essencial desta planta
também serve).

63
Bem, essas são algumas dicas que compartilho com vocês
para aproveitarem melhor esse momento tão sagrado que é o
Sono.
Que a Senhora da Noite e da Magia guie nossos sonhos
por caminhos de paz, amor e sabedoria...

Exercício 21:

O texto acima já vem com várias dicas de práticas para você


realizar. E aqui vai mais uma. Antes de dormir, sente-se na cama e
relembre dos principais momentos de seu dia, bons ou ruins.
Respirando bem fundo, de olhos fechados e com as mãos no
coração, diga:

“Agradeço pelo dia de hoje e por cada aprendizado alcançado.


Fiz meu melhor e agora me entrego com paz e gratidão a Grande
Mãe das Estrelas, para me guiar no mundo dos sonhos com sua
luz e amor”.

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DIA 22: A Mulher Selvagem
O conceito de "Mulher Selvagem" foi desenvolvido pela
grande escritora do Sagrado Feminino e contadora de histórias
Clarissa Pinkola Estés, para expressar um arquétipo que pulsa
no âmago de todas as mulheres... Em suas próprias palavras:

"O termo selvagem, neste contexto, não é usado em seu


atual sentido pejorativo, de algo fora do controle, mas
em seu sentido original, de viver uma vida natural, uma
vida em que a criatura tenha uma integridade inata e
limites saudáveis. Essas palavras, MULHER e
SELVAGEM, fazem com que as mulheres lembrem de
quem são e do que representam. Elas criam uma
imagem para descrever a força que sustenta todas as
fêmeas. Elas encarnam uma força sem a qual as
mulheres não podem viver. (...) Quando as mulheres
ouvem estas palavras, 'Mulher' e 'Selvagem', uma
lembrança muito antiga é acionada, voltando a ter vida.
Trata-se da lembrança do nosso parentesco absoluto,
inegável e irrevogável com o Feminino Selvagem, um
relacionamento que pode ter se tornado espectral pela
negligência, que pode ter sido soterrado pelo excesso de
domesticação, proscrito pela cultura que nos cerca ou
simplesmente não ser mais compreendido. Podemos ter-
nos esquecido do seu nome, podemos não atender
quando ela chama o nosso; mas, na nossa medula nós a
conhecemos e sentimos sua falta. Sabemos que ela nos
pertence, bem como nós a ela" (ESTÉS, “Mulheres que
correm com os Lobos”, 1997).

Mulher Selvagem, Mulher Sábia, La Loba, Rio que flui


abaixo do rio... São expressões que Clarissa Estés utiliza para
explicar esse arquétipo, a partir de seus estudos nas histórias e
mitologia de várias culturas e na espiritualidade feminina em si.
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A Mulher Selvagem é a voz da nossa intuição, é a nossa
dança da vida e da morte, é o nosso riso mais sincero e nossa
lágrima de dor.
Ela pode ser vista e sentida quando fazemos algo que
realmente gostamos, quando nosso coração palpita, nossa pele
arrepia, quando nos encantamos com o sol se pondo ou com a
lua nascendo, quando pisamos na terra, quando parimos,
amamentamos, menstruamos ou gozamos. A Mulher Selvagem é
a própria vida que nos anima, e se expressa de forma única e
especial em cada mulher.
Quanto mais alimentamos e nutrimos a Mulher Selvagem
dentro de nós, mais nos tornamos saudáveis, plenas,
empoderadas e sábias. Encontre seu próprio caminho, realize o
propósito de sua alma, seja você mesma, honre-se, ame-se,
perdoe-se, recomece...
A Mulher Selvagem canta dentro de ti e em toda a
natureza, e mesmo que às vezes você sinta que se perdeu dela,
ela te guiará de volta, deixando pedacinhos de pão pelo
labirinto... Deixando pistas de sua própria alma por todo o
caminho até o centro de seu coração.
E quando a reencontrar, reconhecerás a ti mesma nos
olhos Dela...
Canta, dança, ri, celebra... E uiva!

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Exercício 22:

Quando puder estar só em sua casa ou em um lugar na natureza,


feche seus olhos e concentre-se um momento.

Sinta o cheiro do ambiente em que está, escute os sons ao redor,


sinta seu corpo, sua respiração, e escute a batida de seu coração...
“Tumtum... Tumtum...”.

Continue respirando calma e profundamente. Erga seu peito e eleve


seu pescoço, como uma Loba... E uive! Alto! Não tenha vergonha!
Ria de si e brinque com isso. Uive mais uma vez...! Quantas vezes
quiser. Percebe como seus olhos estão brilhando mais agora? E
sente como seu coração está pulsando mais forte? É Ela, sua Alma
Selvagem, Divina e Poderosa. Você é Ela.

(Quando puder, repita esse exercício em um Círculo de Mulheres e


sentirá a força de uma “alcateia feminina”).

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DIA 23: Círculos de Mulheres

Participar de um Círculo ou Roda de Mulheres inspira


força e conexão entre nós. É extremamente saudável que as
mulheres mantenham amizades verdadeiras entre si. Precisamos
apoiar umas as outras... Somos irmãs e juntas nos sentimos mais
fortes.
Existem vários Círculos de Mulheres hoje e cada vez
nascem mais em diversas cidades e lugares. Alguns seguem uma
tradição espiritual, outros trabalham mais com uma abordagem
feminista, outros seguem uma abordagem xamânica, muitos
realizam vivências conjuntas, danças sagradas, meditação...
Enfim, cada Círculo é único e o importante é você se sentir à
vontade e acolhida.
Há mulheres que frequentam sempre o mesmo círculo, há
outras que participam de vez em quando, há aquelas que vão

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uma única vez para uma roda de mulheres e saem renovadas
(mesmo que nunca mais voltem à ela).
Seu Círculo de Mulheres pode ser até mesmo um grupo de
amigas de infância, da faculdade ou as suas irmãs, mãe ou
avós... Não importa muito o "formato" do círculo, importa se
você se identifica com ele, se você sente que nele encontrou a
sua Tribo, sua Alcateia. E cada mana que faz parte dessa Tribo é
especial, nenhuma é superior ou inferior a outra. Todas têm
sempre algo a ensinar e algo a aprender.
Participe ao menos uma vez por mês de um Círculo de
Mulheres, ou sempre que for possível. Participe para
compartilhar energia de cura e amor, participe quando estiver se
sentindo feliz e também quando estiver triste. Participe para
dançar com a sua alma, para rir, brincar, chorar...
Quando estamos em uma Roda de Mulheres podemos
curar a nós mesmas e auxiliar na cura de nossas irmãs.
Quando estamos em círculo, em plena irmandade e amor,
relembramos nossa essência e firmamos a força que há em nós.

Exercício 23:

Veja se em sua cidade já existe um Círculo de mulheres e


participe. Se não existe ainda, busque conhecimento e crie um.
Reúna amigas e outras mulheres que tem o mesmo interesse em
seguir e se fortalecer nesse caminho. Há muitos livros, sites e
até cursos atualmente que oferecem um suporte para mulheres
que querem iniciar nesse conhecimento. Mas lembre-se que o
conhecimento profundo vem com o Sentir... É pela experiência,
pela prática, pela vivência.

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DIA 24: Gratidão

Os maiores sinais de sabedoria em uma pessoa são a


humildade e a gratidão. Humildade é saber que não há pessoa
melhor ou pior que a outra, que o meu conhecimento não anula
o conhecimento do outro, que meu caminho (minhas crenças,
religião, tradição, gosto etc.) não é superior ao de ninguém, pois
cada pessoa tem seu próprio caminho, cada pessoa ou ser vivo é
um universo em si.
A Gratidão é o rezo universal, é o sentimento simples e
profundo de agradecer por cada benção e até mesmo cada dor
vivida, pois tudo traz um ensinamento pra nossa vida.
Agradecer... É fazer “a Graça descer". Trazer à Terra a
Graça, a Beleza, a Harmonia.
Quando sentimos gratidão nos sentimos conectados com
tudo na natureza, sentimos que somos parte de tudo e que tudo
faz parte de nós. É saber fluir no ritmo da vida, com todos os
seus ciclos de início, fim e reinícios, agradecendo por viver cada
ciclo e sair deles mais fortalecida.
Ser grata(o) é reconhecer, aceitar e receber a abundância
do universo em nossa vida. Quando somos pessoas gratas
ficamos mais próximas da Divindade, ou melhor, sentimos a
Divindade dentro de nós.
Uma pessoa grata emana alegria, sabedoria, força e
equilíbrio. Emana e atrai. Ao contrário de uma pessoa ingrata,
que emana tristeza, insatisfação, reclamação e desequilíbrio.
Provavelmente já nos vimos em ambos momentos em nossa
vida... E sinceramente responda para si mesma, em qual situação
você se sentiu ou sente mais feliz? Sendo grata ou ingrata?
Agradecendo ou reclamando?

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Não estou dizendo que devemos fechar os olhos para os
problemas, mas não foque apenas neles. Não foque no
problema, e sim na solução. E agradeça por tudo o que já viveu
e aprendeu até aqui. Agradeça por tudo o que tens e o que és.
Agradeça por todas as coisas boas que ainda viverás e pela
pessoa que se tornarás. Acredite em si mesma. Dentro de você
há um Universo inteiro!
Tens o potencial para realizar tudo o que queres. A
semente do teu sonho já existe dentro de você. Apenas regue-a,
nutra-a com amor e gratidão. O universo responde... Em
pequenas-grandes coisas.
Sentir-se grata às vezes é difícil. É um exercício sim,
constante. Mas se esforce, faça o seu melhor. Cultive o
sentimento de gratidão todos os dias. Antes de dormir, relembre
ao menos três coisas que aconteceram no seu dia a qual você se
sinta grato (lembra do Exercício do dia 4? A ideia é fazer todo
dia, ok?). Reencontrou um amigo querido... Assistiu a um filme
legal... Foi à praia... Almoçou uma comida maravilhosa... Viu
um lindo pôr-do-sol... Sentiu-se amada... Riu bastante... Dançou
até cansar... Teve um dia tranquilo... ? Agradeça! Faça a graça
descer!
É nas pequenas e simples coisas que encontramos a
grandiosidade da vida. Seja mais atenta a isso e veja uma nova
vida florescer em você.
Seja mais grata. Seja feliz.
Gratidão! Gratidão! Gratidão!

Exercício 24:

Reforce o exercício do dia 4.

71
DIA 25: Faça as pazes com o Masculino

Um dos pontos mais difíceis, e profundos, do processo de


cura do Feminino é fazer as pazes com o Masculino. Requer
tempo, paciência, desapego, sabedoria e muito amor.
Muitas vezes nossos problemas nos relacionamentos (com
homens ou mulheres) são reflexos de traumas emocionais de
nossa infância... Um pai ou mãe ausente, um abuso sexual, um
sentimento de abandono ou carência... Enfim, tudo isso marca
nossa psique, nossa mente, emoções e comportamentos. E nossa
relação com o outro e com nós mesmas é um reflexo disso.
A partir desse conhecimento é que podemos iniciar o
processo de cura e transformação, começando por dentro, por
nosso interior, e se expandindo para fora, para nossas relações. É
um grande desafio fazer essa jornada sozinha(o), muitas vezes
precisamos do auxílio de um terapeuta, mestre ou mestra
espiritual de confiança, e um caminho firme de
autoconhecimento e espiritualidade que nos ajude a olhar para
nossa alma e reconhecer seus aspectos de luz e sombra. Nossas
relações são, além de outras coisas, verdadeiras oportunidades
de crescimento e autoconhecimento.
Se estamos em uma relação (de amor ou amizade) com
aquela pessoa, sem dúvida é porque nossas almas se atraíram, e
temos algo a ensinar para ela, assim como temos algo a aprender
também, sobretudo sobre nós mesmas.
Nossas sombras ou feridas se refletirão em algum
momento naquela pessoa, e é aí que precisamos estar
conscientes para curar o que precisamos dentro de nós.
Por que tal comportamento te irrita naquela pessoa? Por
que sentes tanta insegurança? Por que tem tanto medo de ser
traída ou abandonada? Por que mentes, ou ficas com outras

72
pessoas, ou busca motivos para brigar quando tudo está indo
bem na relação? Por que estar com essa pessoa mesmo que ela te
trate tão mal? O que se busca nessa relação? E o que se oferece?
Quem é você? Quem você quer ser? ...
Essas são reflexões que devemos fazer quando nos
deparamos com um momento de "crise" ou de transformação em
uma relação. Enquanto não buscarmos essas respostas ou a
solução para essas questões, os problemas retornarão... Como
em ciclos, se repetindo às vezes por gerações ou vidas até que
sejam quebrados e finalmente curados.
Algumas mulheres buscam nos homens ou em suas
parcerias o "príncipe encantado" ou a "pessoa perfeita". Quando
não, veem todos como "sapos" ou "não confiáveis", "todos
iguais".
Nada mais que reflexos... Espelhos quebrados, de uma
alma quebrada, que precisa urgentemente se recompor, se
regenerar. Não existem pessoas perfeitas, príncipes nem
princesas, tampouco apenas sapos ou dragões. Temos todos um
pouco dos dois. A diferença é se temos consciência disso, e o
que estamos fazendo para melhorar...
O que estamos fazendo para curar a nós mesmos e as
nossas relações? Não espere que alguém de fora, uma paixão,
um amor ou que seja, preencha o vazio que habita em ti, ou que
cure suas feridas mais profundas. Elas podem te ajudar, ser uma
companhia na longa caminhada, mas só você pode preencher seu
vazio. Apenas você pode curar suas feridas. Não podemos
mudar ninguém, a não ser nós mesmas(os).
Então, perdoe e se perdoe, liberta e se liberte.
Deixa ir embora tudo o que precisa ir.
Deixa o rio correr, a vida fluir...
Se permita ser feliz, amar e ser amada. Ame-se! Descubra
sua força interior.

73
Você é forte, mais do que imagina. Como disse antes, esse
processo requer tempo, paciência, sabedoria... É difícil, sim.
Mas é necessário.
Por fim, faça uma prece por todos os seus ancestrais
masculinos, conhecidos e desconhecidos. Pai, tios, avôs,
bisavôs... Abençoe-os, perdoe-os, reconheça o caminho que eles
fizeram e que te trouxe até aqui.
Eles erraram sim, mas eles também acertaram... Assim
como todo mundo um dia. Somos todos aprendizes nessa vida e
não nos cabe julgar ou maldizer ninguém. Cabe a nós seguir
nosso caminho, expressando nossa essência, semeando amor o
máximo que pudermos, honrando nossas lágrimas de alegria e
tristeza, honrando o Sagrado feminino e masculino (dentro e
fora de nós), curando a nós mesmas e todas as nossas relações...
Esse é o Caminho. Vai ser um pouco estreito às vezes,
mas logo adiante uma paisagem linda vem se abrir diante de
você. Confia. Não estás sozinha.

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Exercício 25:

Escreva uma carta para um ou mais homem, da família ou não (mas


não escreva mais de uma carta no mesmo dia), que você sinta que é
alguém que ainda guarda alguma coisa não resolvida. Escreva todos
os sentimentos que você guarda sobre essa pessoa ou alguma situação
relacionada a ela. Tudo o que você ainda tinha guardado dentro de
você, como mágoa, amor, tristeza ou raiva, coloque em palavras e
escreva. Você não irá entregar essa carta para ninguém, não é o
momento para isso. Mas saiba que colocando no papel esses
sentimentos muita cura vai se desenvolver para você e essa relação.
Depois de escrever seus sentimentos reprimidos ou guardados,
respire fundo algumas vezes, e escreva agora na mesma carta
palavras de perdão ou de libertação dessa memória. Por exemplo:

“Fulano (nome da pessoa), mesmo com tudo isso que senti sobre
você ou o que vivi, eu te perdoo e me liberto de toda mágoa. Não sou
mais a mesma de antes, nem você. Por isso eu estou libertando a mim
e a você de qualquer sentimento negativo. Libero, solto e permito que
o Amor Divino cure e ilumine essa situação em mim e em nós.
Abençoo todas as minhas relações. Assim é”.

Você pode alterar algumas palavras de acordo com a sua intuição,


mas mantenha a intenção de libertação e perdão. Mesmo que seja
difícil no começo, mesmo que você precise repetir esse exercício
mais de uma vez. Ao finalizar a escrita, leia em voz alta sentindo que
a pessoa está recebendo a mensagem (e ela está). Então, queime a
carta e sopre as cinzas ao vento.

Algumas mágoas são antigas, provindas de comportamentos


inconscientes ou até repassados de geração em geração, até que
finalmente são trazidas à luz da consciência e transmutadas por
alguém. Seja esse alguém que ilumina, e quebre todo ciclo de dor .
Que só o Amor fique, pois é só o Amor que existe.

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DIA 26: Sexualidade Feminina

Tanto se fala sobre sexo em nossa sociedade e tão pouco


se conhece sobre ele de verdade, ainda mais sobre a sexualidade
feminina. O corpo feminino é mostrado e vendido na TV, em
revistas, novelas, prostíbulo... A grande parte da sociedade não
conhece nem respeita esse corpo.
Ora símbolo de pecado, ora de santidade. Ora somos Eva,
ora Maria. Ora putas, ora damas. Não tem um meio termo (ou
vários termos) numa sociedade patriarcal e dominada por
religiões de um Deus masculino como a que vivemos.
As mulheres não conhecem o próprio corpo, nem os
homens conhecem o corpo feminino. O que sabem vem de
conversas de bar entre amigos, de filmes ou revistas pornôs ou
matérias rasas de revistas ou sites leigos.
Até alguns anos atrás a própria medicina não conhecia ao
certo a sexualidade feminina, em especial o clitóris e o prazer
feminino. Da Idade Média até meados do século XIX o prazer
da mulher era proibido, apenas homens tinham esse "direito" de
sentir prazer ou orgasmo. A mulher era apenas um corpo-objeto
para o uso do homem (e essa mentalidade ainda existe hoje em
muitos lugares). Algumas tribos na África tem o costume a
mutilação genital nas meninas assim que entram na puberdade,
ou seja, seu clitóris (órgão essencial para o prazer e a saúde
feminina) é cortado ou mutilado.
A masturbação feminina ainda é um tabu, a menstruação
também, assim como amamentar em ambiente público. Tudo o
que se refere ao corpo da mulher é alvo de tabus, restrições
sociais e religiosas em muitas sociedades ainda nos dias de hoje.
Tais tabus surgiram na mudança de paradigma de uma
mentalidade que focava e honrava o Feminino, para outra que

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focava e supervalorizava o Masculino. O Feminino, princípio da
criação, foi desvalorizado, dessacralizado, abafado pelas
culturas patriarcais durante séculos... Agora já chega! Isso só
nos trouxe violência, exploração da natureza e dor para todos
nós.
É tempo de Redespertar o Feminino. É tempo de Recriar
um novo Masculino. A Espiritualidade Feminina não busca
sobrepor o sagrado feminino ao sagrado masculino. Queremos
caminhar lado a lado em amor, respeito e plenitude. Queremos
que nossos corpos sejam respeitados, que nossa voz seja ouvida,
que nossas vidas sejam honradas!

Homens, respeitem o corpo feminino...! Parem de


reproduzir conceitos e ideias patriarcais. Reflitam, mudem,
sejam diferentes, sejam homens íntegros e honrados. Ouçam,
compreendam e busquem conhecer sobre a sexualidade feminina
com respeito e integridade. Entendam que ela é mais complexa
do que parece, e por isso mesmo mais interessante...
O sexo não é só penetração... É carinho, cumplicidade,
olhar, escuta, sensações, confiança, entrega... Benditos os
homens que prezam o prazer de sua companheira (não só no ato,
mas na relação como um todo).

Mulheres, irmãs, cuidem e amem seus corpos! Ele é


sagrado, você é sagrada. Não importa se você é baixa, alta, pesa
isso ou aquilo, tem estria na coxa ou no bumbum...
Cada corpo é um templo, e existem milhares de templos
diferentes, e em cada um habita uma Deusa. Conheça seu corpo,
permita-se sentir prazer, desprenda-se de todo o tabu, de toda
corrente que te aprisiona... Isso é um processo também, não
tenha pressa, siga no seu ritmo, se entregue... Às vezes
carregamos fados de nossas antepassadas, dores ou traumas que

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acompanham gerações naquela linhagem. Quebre o ciclo de dor,
liberte a ti mesma e tuas ancestrais das amarras que viveram (ou
ainda vivemos) durante séculos. Sejamos livres! Nós somos
livres!
O sexo é sagrado, é troca de energia... Então, cuidado com
quem você troca sua energia, ela é preciosa. Seja responsável
com seu corpo e com o corpo do outro. Que o sexo seja um
momento de prazer, e também de espiritualidade, de amor e
comunhão ("comum união") entre as pessoas e a Divindade.
Trazemos em nosso corpo a dádiva e o mistério da Vida, e
não o pecado como nos fizeram acreditar. Afaste-se de toda
crença ou cultura que te subjuga.
Nosso sangue é sagrado, nosso corpo é divino e nosso
prazer é uma benção!

Exercício 26.1:

Coloque-se diante de um espelho grande sem roupas. Olhe-se


com um olhar profundamente amoroso para si, como se
estivesse vendo uma Divindade (porque assim é). Cada marca
de seu corpo conta uma história... Com uma rosa (ou pode ser
outra flor) nas mãos, vá acariciando seu corpo, abençoando
cada parte dele. Diga:

“Eu me abençoo com todo o amor. Eu me permito sentir


prazer. Eu me liberto de todo trauma consciente ou
inconsciente, na minha vida ou de minhas antepassadas. Meu
corpo é sagrado. Meu prazer é sagrado. Eu sou
sagrada!”.

Repita três vezes essa afirmação. Se sentir vontade de chorar,


chore. É algo que está sendo liberado...

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Exercício 26.2:

Reserve um dia para fazer esse outro exercício.


Saboreie a vida, despertando seus sentidos.
Coma uma comida muito gostosa e aprecie-a de verdade.
Contemple as cores desse alimento, o cheiro e o gosto. Se
puder prepara-lo você mesma, melhor ainda.
Sinta o perfume de uma flor, contemple suas cores, sua
forma, sua textura. Ao tomar banho, no chuveiro ou na
cachoeira, sinta a água tocando seu corpo, limpando,
abençoando, sinta tudo o que puder sentir...!
A energia sexual é em essência a energia que conecta toda a
criação. É possível ter uma conexão profunda com o Divino
por meio da sexualidade, e isso quer dizer estar em conexão
igualmente profunda consigo mesma. Esse é um dos
Mistérios do Sagrado Feminino, e só pode ser acessado pelo
sentir...
Sempre que você fizer amor com alguém (ou com você
mesma), faça desse momento algo especial.

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DIA 27: Recomece...

Recomece... Renasça... Renove-se... A vida é feita de


ciclos de início, fim e reinícios. Nascer, morrer, renascer.
Primavera, verão, outono, inverno... E Primavera de novo.
Alguns fins são mais difíceis do que outros. Alguns invernos são
mais duros do que outros. Mas sempre temos a chance de
recomeçar. Sempre temos um novo dia nascendo. Um novo sol
brilhando. Uma nova semente germinando. Uma nova flor
brotando. Basta permitirmos e nos abrirmos para perceber e
receber...
Você é um Ser infinito. Não se prenda ao que passou, ao
que aconteceu. Olhe com amor a cada experiência vivida, pois
ela lhe ensinou algo. E agradeça. Então, recomece.
Não tenha medo de errar, está tudo bem. Recomece.
Finalize ciclos, perdoe, solte, libere. E recomece.
Você é uma Alma antiga experimentando uma nova vida.
Eterna aprendiz de si. Quão maravilhoso isso é!
Dias de chuva fazem parte. Dias de tristeza também. Seja
paciente com você. Seja paciente com a Vida. Tudo isso está
dosando uma incrível alquimia dentro de você. Mas não se
acomode, continue em movimento, fluindo, curando,
caminhando, despertando... E encontrarás muitas joias e pérolas
nas profundezas de seu Mar. Maravilha de (A)Mar...!

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Exercício 27:

Faça algo novo, por mínimo que seja, todos os dias.


Use um novo brinco, uma nova roupa, siga um caminho diferente, vá a
uma nova livraria, inicie um curso, uma nova leitura...
Amanhecemos uma nova pessoa a cada dia. Torne-se consciente disso e a
vida ganhará um novo brilho.
Desfaça-se do que não usa mais, das coisas velhas e sem utilidade. Doe
ou jogue fora.
O novo só pode entrar quando o velho se vai. Renove os sentimentos
bons, renove a esperança, a alegria, a fé na vida e em você. Há tanta coisa
para viver e conhecer. Recomece!
Você não está só. O Universo inteiro está contigo.

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Considerações

Chegamos ao fim desse livro, mas não ao fim da Jornada!


Agradeço sua companhia nessa caminhada! Que ela tenha sido
cheia de descobertas e alegrias para você, assim como foi para
mim. Desejo que todos os textos e rituais que trouxe aqui
tenham lhe ajudado a despertar sua força interior, a sua Deusa!
Se sentir vontade de recomeçar a leitura daqui há um
tempo, faça. Você verá que novos aprendizados irão surgir
dentro de você, mesmo já tendo lido o livro. Muitas vezes, um
velho caminho nos ensina muita coisa nova. Falo por
experiência própria. Revisar os textos que escrevi nesse projeto
há cerca de dois anos foi relembrar de mim e descobrir novas
coisas em meu Ser.
Agradeço mais uma vez a todas as pessoas que deram
força para que esse livro se tornasse realidade. Agradeço a você
mais uma vez por apoiar esse trabalho. Sinto-me muito feliz de
poder compartilhar o que venho aprendendo. Honro esse
Caminho e sigo com muita gratidão e alegria!
Caso queira compartilhar sua experiência ou sentimentos
sobre sua jornada de Despertar da Deusa, pode me escrever uma
mensagem enviando para o e-mail mayrafaro@yahoo.com.br,

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ou na página no Facebook Ciranda das Deusas. Ficarei feliz em
saber como foi ou está sendo essa caminhada para você.
Que haja sempre Amor, Paz, Alegria e Força em nossos
caminhos! Que seja florido e iluminado!
Estamos juntas e conectadas pelos laços sagrados que nos
unem. Curando a nós mesmas, curamos nossas irmãs e irmãos
ao redor, curamos a Terra e todas as nossas relações. Assim é!
Gratidão!

Mayra Faro.

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Sugestão de bibliografia

BARROS, Maria Nazareth Alvim de. Uma Luz sobre Avallon.


São Paulo: Mercuryo, 1994.

CARR-GOMM, Philip. Elementos da Tradição Druida.


Ediouro, s.d.

CLANN BHRÍDE. O Livro das Horas: para práticas diárias e


sazonais. 2013. Publicação independente. Tradução de Marcelo
Paschoalin e Rowena Seneween. Disponível em
<http://caminhodotarot.com.br/wp-
content/uploads/2017/05/Livro-das-Horas-1.pdf>. Acesso em
20/03/19.

CUNNINGHAM, Scott. Magia Natural: rituais e


encantamentos da tradição mágica. São Paulo: Gaia, 2002.

ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos:


mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. Rio de
Janeiro: Rocco, 1997.

_______. A Ciranda das Mulheres Sábias. Rio de Janeiro:


Rocco, 2006.

KOSS, Monika von. Rubra Força: Fluxos do poder feminino.


Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 2004.

______. Soberania, a Grande Deusa Celta. 2011. Artigo


disponível em https://medium.com/@koss.monika/soberania-a-
grande-deusa-celta-a95e2e71ec96. Acesso em 25/03/19.

85
MARKALE, Jean. A Grande Deusa: mitos e santuários, da
Vênus de Lespugue à Nossa Senhora de Lourdes. Instituto
Piaget: 1997.

NOGUEIRA, Carlos. Bruxaria e História: as práticas mágicas


no Ocidente cristão. EDUSC, 2004.

PENNA, Lucy. Dance e Recrie o Mundo: a força criativa do


ventre. São Paulo: Summus, 1993.

SANTO, Maria Inez do Espírito. Vasos Sagrados: mitos


indígenas brasileiros e o encontro com o feminino. Rio de
Janeiro: Rocco, 2010.

TEDLOCK, Barbara. A Mulher no corpo de xamã: o feminino


na religião e na medicina. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

WITCOMBE, Christopher L. C. E. Women in Prehistory: The


Venus of Willendorf, 2005. Disponível em:
http://witcombe.sbc.edu/willendorf/. Acesso em 30/05/2018.

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Contatos:
Facebook: Ciranda das Deusas
Instagram: @mayra.faro
Email: mayrafaro@yahoo.com.br

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