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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Fundamentos da Educação Musical – Psicologia da Educação


Profª Drª Luciana Hamond

Flow Theory, Percussão e Cultura Popular na sala de aula


Israel Andrade
Resumo

Este artigo foi elaborado como trabalho final da disciplina de Psicologia da


Educação musical. O mesmo pretende trazer alguns elementos sobre a abordagem
da música na sala de aula da educação básica utilizando como ferramentas da
educação musical a percussão e os ritmos da cultura popular afro-brasileira a luz da
Flow Theory.
Na primeira parte é feita uma discussão sobre a escolha dos conteúdos
abordados pela disciplina de artes/música na educação básica e suas implicações.
Em seguida faço um resumo da Flow Theory com base no capítulo 2 da tese de
Cunha. Por fim abordo a questão da inserção dos ritmos da cultura popular afro-
brasileira na educação básica - que ganharam maior espaço com a aprovação da lei
10.639/03 - e também a questão sobre o uso da percussão como ferramenta para
educação musical.

Palavras Chave: Percussão, Cultura Popular Afro-Brasileira, Flow Theory

A escola e as aulas de música

Adolescentes dedicam muito de seu tempo à escuta musical e na maior parte


das vezes estão envolvidos com a música que está circulando nos meios de
comunicação. Tanto nas tarefas escolares quanto em atividades de lazer ou mesmo
na realização de tarefas domésticas, os jovens normalmente escutam música
durante muitas horas por dia (VALDÍVIA, 1999 apud SOUZA, 2009, p. 41). É preciso
aqui dizer que em 1999 a pesquisa da autora já revelava estes dados e que, de lá
até os dias atuais vivemos a popularização dos iphones e celulares com grande
capacidade de armazenamento de arquivos de áudio e uso de aplicativos de música.
Este fato sem dúvida contribuiu para que adolescentes escutem ainda mais música
atualmente do que na época da pesquisa.
A música enquanto linguagem socialmente construída - cuja especificidade é
possuir o som como matéria prima – é uma realidade em praticamente todas as
culturas. A sensibilidade a música é deste modo algo que independe de vontade
individual ou dom inato. Também não é uma questão mística, de empatia ou de uma
sensibilidade dada, mas sim construída num processo onde a capacidade auditiva, a
emotividade, etc..., são educadas para reagir ao estímulo musical (PENNA, 2015).
Musicalizar é, segundo GAINZA (1988), tornar o sujeito sensível a música,
desenvolver no mesmo, instrumentos de percepção para que ele atribua significado
ao material sonoro/musical que recebe. “Pois nada é significativo no vazio, mas
apenas quando relacionado e articulado ao quadro das experiências acumuladas,
quando compatível com os esquemas de percepção desenvolvidos” (PENNA, 2015,
p.33). Se desconsiderarmos essa ideia em nome de uma música abstrata – “a
música pela música” -, estaremos deslocando-a do contexto em que a mesma é
produzida, dos homens e mulheres responsáveis por fazê-la, estaríamos em suma,
colocando-a acima da sociedade.
A música só existe concretamente sob a forma de expressões culturais. As
mais variadas manifestações musicais refletem maneiras de se relacionar com a
vida e o mundo. Desta forma, ao trabalharmos com música e mais especificamente
ao pensarmos em educação musical, precisamos entender que a música em nome
da qual agimos é somente uma das expressões. Ela foi tornada padrão e valorizada
por mecanismos históricos-sociais. “Assim, quando musicalizamos em nome dela ou
para ela, estamos transmitindo ou mesmo impondo um padrão cultural” (PENNA,
2015, p. 34).
Segundo Bourdieu e Darbel (2003, apud PENNA) a escola sempre legitima, a
partir da seleção de conteúdos, aqueles que possuem status, os que são “dignos de
serem admirados”, para com isso estabelecer uma hierarquia que definirá os bens
culturais válidos em determinada sociedade. Poderíamos então dizer que a escola
existe tanto para legitimar o status quo (BOURDIEAU; DARBEL, 2003), quanto para
fornecer elementos que possam propor o acesso de todos ao conhecimento
acumulado pela humanidade (MASCHELLEIN; SIMONS, 2015).
De minha parte tomo por fundamento as contribuições do multiculturalismo e
ressalto o compromisso deste com “o papel da educação e do currículo na formação
de futuras gerações nos valores de apreciação à diversidade cultural e desafio a
preconceitos a ela relacionados” (CANEN, 2002, p. 175 In PENNA, p.82). Entendo
que a educação e mais especificamente a educação musical deva buscar respostas
que incorporem a diversidade cultural. Deste modo busco propostas que possam
acolher a diversidade, contribuindo para a formação de cidadãos mais tolerantes e
democráticos e que ao mesmo tempo proponha-se a trazer um significativo
aprendizado no campo das artes/música na educação básica.
Penna (2015, p.46) irá destacar que o aluno se encontra num gueto musical,
mas que é possível construir pontes capazes de tirá-lo de lá. Essas deverão estar
“[...] apoiadas sobre a sua vivência real cotidiana – que deve ser considerada não
apenas sob o aspecto musical -, ou lhe faltarão os meios para alcançá-las e
caminhar sobre elas” (PENNA, 2015, p. 46).
Penso que a prática docente é o elemento chave que irá construir a ‘ponte’
para atingir o aluno em seu gueto e além do mais é o terreno onde atuo. Zeichner
(1993, p.55) irá escrever que o processo de compreensão e aperfeiçoamento da
didática de cada um inicia-se pela “reflexão sobre a sua própria experiência” e ainda
que qualquer tipo de saber oriundo de experiências alheias é “na melhor das
hipóteses pobre e, na pior, ilusória”. Também Freire coloca que “toda docência
implica pesquisa e toda pesquisa implica docência” (1992, p.192).
Diante do exposto proponho uma docência que utiliza-se de percussão e
ritmos afro-brasileiros não como um fim em si, mas sim para ensinar música e para,
construir uma ponte entre as vivências musicais/culturais dos estudantes e a cultura
musical afro-brasileira, tudo isso tentando estimular ‘experiências ótimas/estados de
fluxo’.

Experiências ótimas/estados de fluxo: síntese de Flow Theory segundo Cunha.

A Flow Theory surgiu por volta da década de 1990, integrando aquilo que
ficou conhecido como Psicologia Positiva. Por Psicologia Positiva entende-se o
conjunto de elaborações referentes a psicologia que surgiram tentando incluir
aspectos positivos da vida humana, sua qualidade e sentido. O conjunto de teorias
da Psicologia Positiva irá debruçar-se em estudar áreas temáticas como a felicidade,
a criatividade, o fluxo, o otimismo, o humor, a inteligência emocional e a motivação.
Csikszentmihaly foi quem elaborou a Flow Theory a partir de pilares como
satisfação, alegria, sucesso, bem estar, prazer e desfrute. Todas estas emoções
possuem como característica comum o fato de nos permitir processos de total
envolvimento com a vida e deste modo, estas emoções positivas teriam uma
importante relação com a otimização do desenvolvimento humano. O autor irá dizer
que o envolvimento com alguma atividade onde o estado de presença em tal
atividade é tão grande que todo o resto “desaparece” pode ser chamado de
‘experiências ótimas ou estado de fluxo’. Nestes a “[...] própria experiência é tão
agradável que as pessoas a realizam pela simples razão de a realizar”
(Csikszentmihaly, 2002:20 apud CUNHA, p.51). Estas experiências, segundo Cunha
(2013) trazem uma ampliação da sensação de participação e podem determinar o
conteúdo e sentido da própria vida. Algumas condições como controle, atenção,
curiosidade e interesse intrínseco foram identificadas quando um indivíduo passa
por uma experiência de sentir e agir com total envolvimento. Cunha (2013, p. 35) ira
descrevê-las da seguinte maneira:

Componente (1) controlo, o autor considera ser necessário ter a sensação


de controlo das interações nas quais se está envolvido. A atenção (2)
necessária às ‘experiências ótimas/estados de fluxo’ tem que ver com a
focalização única e constante na atividade a desenvolver. A curiosidade (3)
é despertada através de novos e variados estímulos, sendo o interesse
intrínseco (4) sinônimo de prazer proporcionado pela atividade.

A ‘experiência de fluxo’ pode ser entendida como uma experiência holística.


Csikzentmihaly fala ainda da importância dos desafios para a ocorrência de
‘experiências ótimas/estados de fluxo’, onde aponta que a harmonia entre desafios e
capacidades/conhecimentos é fundamental. Isso significa que o estado de fluxo
tange um estado de tédio e um estado de ansiedade mantendo estes em um
equilíbrio baseado em capacidades e desafios. Neste caso o indivíduo desenvolve
competências a partir da superação de desafios e com isso obtém crescimento
pessoal. A questão da harmonia entre desafio e capacidade é expressa por Cunha
(2013) da seguinte maneira: desafios além das capacidades produzem ansiedade e
frustração, já desafios aquém das capacidades produzem desinteresse e tédio.
O indivíduo em ‘estado de fluxo’ tem a sua energia concentrada na atividade a
executar. Nele não haverá espaço para outros sentimentos ou pensamentos. Neste
estado – de fluxo - a “harmonia entre energia física e psíquica é perfeita, a emoção,
as metas e as operações mentais (operações cognitivas) são, conteúdos da
experiência” (CUNHA, 2013, p. 56). Csikzentmihaly (apud CUNHA, 2013) afirma que
a sensação resultante do prazer da satisfação de necessidades biológicas e/ou
sociais põe em ordem a consciência. O estado de fluxo tem então um aspecto
terapêutico a medida que organiza a energia psíquica. É importante destacar que a
sensação obtida quando da satisfação de alguma expectativa ou necessidade é a
mesma de quando ultrapassamos desafios inesperados, ou seja, quando temos a
percepção de novidade e/ou de avanço/desenvolvimento de novas habilidades.

A fenomenologia do fluxo sugere que a razão pela qual gostamos de


determinada atividade não se prende com um prazer que tenha sido
previamente programado no nosso sistema nervoso, mas sim pela
existência de descoberta(s) resultante(s) de uma interação.
(CSIKZENTMIHALYI, 1990:189 apud CUNHA, p.56)

Ocorre ainda que um indivíduo que tenha conseguido direcionar sua atenção
para uma atividade, conjugando conhecimento com oportunidade terá como
conseqüência disso a conversão de seu ser num ser mais complexo. De qualquer
modo podemos aplicar a Flow Theory nas diversas áreas de conhecimento, em
questões práticas relacionadas a estas áreas e também na melhoria da qualidade de
vida.

Flow em música / Educação musical

A experiência de estar em ‘estado de fluxo’ está relacionada com


desempenhos elevados e expressivos em variados campos do conhecimento
humano, entre eles nos domínios artísticos e científicos. Atualmente algumas
pesquisas são desenvolvidas para avaliar estes aspectos, mas antes disso já se
tinha um referencial empírico no campo da cognição, aprendizagem, criatividade e
performance musical.
Custodero (1998) foi quem primeiro se propôs a adaptar a Flow Theory ao
contexto específico da Educação Musical. O que ela fez foi “desenvolver uma
ferramenta de medição confiável e válida e um protocolo de pesquisa para registrar
experiências de fluxo na aprendizagem musical de crianças” (Custodero, 2003; 2005
apud CUNHA, 2013, p.62). Os estudos realizados por ela permitiram a “observação
de ‘indicadores de fluxo’ e a suas variações em contexto específico de Educação
Musical” (CUNHA, p.62). Custodero (2005 apud CUNHA, 2013) destaca que a
capacidade de um professor reconhecer indicadores de fluxo em seus alunos
permitirá uma melhor eficácia em suas aulas. Para isso a autora sugere três
princípios para a condução de atividades musicais:

(1) reconhecimento da autonomia dos alunos; (2) cuidado no


estabelecimento de desafios apropriados e a manutenção dos mesmos e (3)
envolvimento das crianças em atividades próprias da cultura da infância
vinculadas à natureza socializadora das atividades musicais.
(CUSTODERO, 2005 apud CUNHA, 2013, p.62)

Estes princípios descritos e os indicadores de estado de fluxo são desta


maneira, importantes ferramentas que podem ser utilizadas com a finalidade de
melhorar as práticas pedagógico-musicais dos professores. Outros estudos
confirmaram alguns aspectos já descritos pela Flow Theory, por exemplo, Custodero
& Stamou (2006 apud CUNHA, 2013, p.64) afirmaram que através da superação de
desafios, os estudantes se sentem qualificados e com isso teremos ‘experiências
ótimas/estados de fluxo’, o que irá conduzir a vivência de emoções positivas, prazer,
desfrute, que resultarão em crescimento musical e produtos criativos. Já Araújo &
Pickler (2008 apud CUNHA, 2013, p.64) destacam a existência de uma forte relação
entre fluxo e perseverança na aprendizagem/desenvolvimento musical.
MacDonald et al. (2006, 301 apud CUNHA, 2013,
p.65) irão escrever que “níveis elevados de fluxo estão relacionados com níveis mais
elevados de criatividade musical e de qualidade composicional”. Com isso, podemos
afirmar que a Flow Theory, só tem a acrescentar quando se relaciona com a área da
educação musical. A música e seu estudo parecem conduzir com extrema facilidade
os participantes para estados de fluxo. O próprio formulador da Flow Theory,
Csikszentmihalyi (1990), já afirmava que “[...] música, em geral, e a sua
aprendizagem, em particular, potenciam a vivência de ‘experiências ótimas/estados
de fluxo’ e promovem a organização mental” (apud CUNHA, p. 65).
A música é uma atividade excelente para a organização da atenção e com
isso a disposição para a ocorrência de ‘experiências ótimas/estados de fluxo’. O
fluxo é vivenciado pelo indivíduo através do envolvimento com a atividade musical
onde emoções, metas e atenção/concentração se relacionam. Cabe destacar que,
as experiências musicais devem ser significativas, para obter altos níveis de
envolvimento e ‘experiências ótimas/estados de fluxo’
Ritmos da cultura popular na educação básica

Nas culturas tradicionais, o ritmo coletivo é muito presente e naturalizado no


dia-a-dia das comunidades. Com isso cria-se um processo de ensino e
aprendizagem informal, que respeita e incentiva o desenvolvimento do sentido
rítmico não somente coletivo, mas por consequência, também individual e um senso
apurado para a percussão. Estas culturas populares, em especial as oriundas das
matrizes afro ou indígenas - pelo próprio processo histórico de aviltamento destes
povos - até pouco tempo atrás, estavam completamente ausentes das salas de aula.
Por cultura popular entende-se aqui:

[...] o saber do fazer e o saber do pensar popular. É a cultura ingênua, não


oficial, não-dominante, que mesmo quando resultante de expropriações e
imposições no passado, resiste como modo de pensar sentir e fazer do
povo. [...] Consiste num conjunto de práticas ambíguas e contraditórias, que
se realizam nos interstícios da cultura dominante, recusando-a, aceitando-a
ou confortando-se a ela [...] espaço de disputa, no qual se reproduzem
simbolicamente as relações de forças sociais e de poder vigentes na
sociedade – a cultura popular é percebida sempre do ponto de vista de suas
relações de forças sociais. (DOMINGUES, 2011, p. 416)

A inserção de ritmos da cultura popular afro-brasileira na escola, objetivam


propiciar aos estudantes uma aproximação com esta, por meio da percussão e de
ritmos característicos como expressão cultural, pretendendo com isso a formação
musical e a valorização da cultura afro-brasileira. (MORAES, 2016)
A partir de minha prática como professor na educação básica e entendendo a
necessidade da implementação da lei 10.639/03 – que versa sobre o ensino de
história e cultura afro-brasileiras e africana – em todos os espaços educativos, optei
por uma didática que faz uso da percussão, centrada em ritmos da cultural popular
afro brasileira. Os ritmos escolhidos, extrapolaram a esfera dos lugares onde se
originaram (tornando-se portanto característicos da cultura brasileira e não somente
regional) e por vezes conquistaram espaço em veículos de comunicação de massa,
apesar de não serem hegemônicos, a saber: a ciranda, o jongo, o côco e o ijexá.
Não pretendo aqui criar uma polarização que seja entre a cultura popular,
como se esta fosse algo intocável/sagrado - algo a ser endeuzado - e a cultura de
massa - proveniente da indústria cultural – como algo menor. Não é o foco deste
artigo hierarquizar conteúdos, mas sim valorizar e dar visibilidade aquela cultura
entendida pelos jovens como folclórica, distante do último lançamento da indústria
cultural. Por princípio nos afastamos de uma perspectiva folclorista de educação.
Entendendo isto a luz do multiculturalismo, como um “congelamento e fixação das
práticas culturais, na medida em que trabalha com a ideia do ‘típico’, que nega o
dinamismo da cultura e muitas vezes cai em estereótipos” (PENNA, 2015, p.98). A
educação deve ser um campo da vivência dos estudantes, que expanda suas
experiências culturais e artísticas.

Percussão na educação básica

Segundo Oliveira e Oliveira (2014), em muitas das manifestações populares


brasileiras, os instrumentos de percussão estão presentes e inclusive, exercem
papel fundamental. Já Melo (2015, p.8) irá nos afirmar sobre a presença da
percussão no Brasil que ocorre “[...] em sua maioria, de forma coletiva: nas escolas
de samba, nações de maracatus, grupos de afoxés, terreiros de umbanda e
candomblés, ternos de congo, moçambiques, entre outros”. Estas características, de
estar muito presente na cultura brasileira e de ser majoritariamente coletiva, são
importantes fatores que conectam o mundo da percussão a sala de aula. Paiva
(2005, p. 1190) destaca que “através do coletivo, os estudantes trocam suas
experiências e vivências musicais, adquirindo e construindo o conhecimento tanto a
nível individual quanto de grupo”. As práticas percussivas possuem esse caráter de
socialização, levando em consideração a diversidade de instrumentos e a
contribuição para as práticas coletivas. Mateiro e Schimidt (2016) ao citar Small
(1989, p.218) acrescentam que fazer música, através da percussão ou de práticas
coletivas, faz com que os indivíduos envolvidos na performance, desenvolvam seu
aspecto comunitário em música. Parafraseando Penna (2005), levar estas
experiências para dentro de sala de aula, promove a troca e ampliação do universo
cultural dos estudantes. De minha parte, pretendo por meio das aulas de música na
educação básica levar uma vivência de percussão e dos ritmos da cultura popular
afro-brasileira, fornecendo aos alunos um estudo da cultura brasileira e esperando
que, possam com isso ter ‘experiências ótimas/estados de fluxo’.

Considerações Finais
A música é uma linguagem socialmente construída e portanto deve ser
transmitida através da educação formal. Nas escolas da educação básica o
conteúdo ensinado, precisa estar alinhado a uma proposta de currículo
fundamentada na multiculturalidade, pois para ser significativo, um conhecimento
deve estar relacionado a expansão das experiências dos estudantes. A música, em
nome da qual trabalhamos, deveria contribuir para o desenvolvimento individual e
social, assim, os valores transmitidos por ela, precisariam estar alinhados com a
diversidade cultural existente.
Para nos auxiliar neste caminho, temos a Flow Theory, que enquanto
ferramenta, estimula a participação e a ampliação de processos de total
envolvimento com a vida. Ela aponta que onde há um equilíbrio entre desafios e
capacidades, o indivíduo desenvolve competências de superação, e por
consequência de desenvolvimento pessoal. O indivíduo em ‘estado de fluxo’,
concentra-se numa atividade e o prazer obtido pela realização organiza sua
consciência, portanto, o estado de fluxo tem um aspecto terapêutico. Cabe destacar
que a Flow Theory, pode ser aplicada em diversas áreas de conhecimento, entre
eles na educação musical, onde possui destaque.
Sobre percussão é preciso dizer que, a mesma apresenta-se promissora na
educação musical, por possuir um caráter de socialização, desenvolver o aspecto
comunitário em música, além de que no Brasil, possuímos uma grande variedade de
ritmos que podem ser trabalhados. Alguns destes são manipulados nesta pesquisa,
por serem oriundos da cultura popular afro-brasileira e portanto, a partir deles
pretendo construir um diálogo sobre cultura, na perspectiva do estímulo e
visibilidade da diversidade cultural. Através disto, é possível valorizar e dar
visibilidade para aquela cultura entendida pelos jovens como folclórica, ampliando o
repertório dos mesmos, sem prejuízo tanto dos aspectos técnicos - previstos no
aprendizado musical - quanto dos estados de fluxo.

Referências

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