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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL


FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

MARCELO CRISPIM DA FONTOURA

MICROFINANCIAMENTO DE NOTÍCIAS:
UMA ANÁLISE DO WEBSITE SPOT.US

Porto Alegre
2010
1

MARCELO CRISPIM DA FONTOURA

MICROFINANCIAMENTO DE NOTÍCIAS:
UMA ANÁLISE DO WEBSITE SPOT.US

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Jornalismo.

Orientador: Prof. Me. Marcelo Ruschel Träsel

Porto Alegre
2010
2

MARCELO CRISPIM DA FONTOURA

MICROFINANCIAMENTO DE NOTÍCIAS:
UMA ANÁLISE DO WEBSITE SPOT.US

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Jornalismo.

Aprovada em ____ de __________________________________ de ________.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Me. Marcelo Ruschel Träsel – PUCRS

_____________________________________

Prof. Dr. André Fagundes Pase – PUCRS

_____________________________________

Profa. Dra. Mágda Rodrigues da Cunha – PUCRS

_____________________________________
3

Dedico esta monografia à vida de meus pais, de


minha irmã e de minha namorada. Pessoas
especiais que iluminam minha vida e abrem
espaço para minhas conquistas.
4

AGRADECIMENTO

Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, à minha família. O apoio de meus pais, Luiz
Fernando e Marli, e de minha irmã, Júlia, não só nesta etapa da minha vida, mas em todas as
anteriores, foi fundamental para esta e muitas outras conquistas. Eles sabem como eu os
valorizo.
Gostaria de agradecer também, e especialmente, à minha namorada, Ana Cecília, que
soube entender meus desafios e dificuldades, e dar todo o suporte necessário, tanto afetivo
quanto reflexivo. Ela tem sido especial em muitos momentos da minha vida, e eu não sei
como agradecer. Não poderia deixar de incluir também Neidi, Carlos Eduardo e Lívia,
pessoas que conheço há pouco tempo, mas cujo convívio e carinho me são valiosos. Muito
obrigado.
Gostaria de agradecer também aos meus amigos, pessoas maravilhosas que estão ao
meu lado há muito tempo e sempre souberam me ouvir e apoiar. Eles souberam entender
minhas ausências e me mostram como a vida pode ser mais divertida. Eu os amo muito.
Este trabalho não seria possível sem a dedicação e a paixão pelo ofício de ensinar que
tiveram inúmeros professores pelos quais passei nestes anos de aprendizado, tanto da época
do Colégio Americano quanto da Famecos. Não os cito aqui, pois correria o risco de deixar,
imperdoavelmente, algum nome de fora, mas eles sabem quem são e a importância que
sempre terão. Muito obrigado por saberem despertar e guiar a curiosidade que sempre tive.
Nunca se sabe até onde vai a influência de um professor. Espero que meus esforços estejam,
agora e sempre, à altura da dedicação que tiveram para comigo.
5

Talvez a velhice e o medo me


enganem, mas suspeito que a espécie
humana – a única – está em vias de
extinção e que a Biblioteca perdurará:
iluminada, solitária, infinita, perfeitamente
imóvel, armada de volumes preciosos,
inútil, incorruptível, secreta.

Jorge Luis Borges,


A biblioteca de Babel
6

RESUMO

A crescente participação dos leitores nas notícias é um fenômeno intrigante e


merecedor de pesquisa. Em uma sociedade que utiliza cada vez mais a internet como
ferramenta comunicacional, o jornalismo se vê obrigado a refletir sobre seu papel, sobre as
notícias e sobre sua relação com o público. Ao mesmo tempo, há uma forte queda na
circulação de jornais, havendo, inclusive, descrença sobre os modelos de negócio e valores
centrais no jornalismo. Neste cenário, o website norte-americano Spot.Us desponta com um
pioneiro modelo de financiamento de notícias. As pautas são sugeridas pelos leitores do site,
bem como financiadas individual e diretamente por eles. Quando o montante necessário de
dinheiro é doado, a pauta é apurada e publicada. Este estudo tem por objetivo investigar a
produção deste site para verificar quais são as editorias mais privilegiadas nas escolhas do
público e que consequências ao jornalismo este modelo de negócios traz. Para tais inquirições,
foi utilizada a técnica da análise de conteúdo. Baseamos-nos nas conceituações sobre o que é
e como funciona o trabalho jornalístico tradicional. Investigamos também as consequências
das redes de computadores na atividade e o fenômeno do webjornalismo participativo, ambos
fundamentais para a compreensão de nosso objeto de estudo. Foi verificado que as
reportagens e sugestões de pauta da editoria de Sustentabilidade/Meio ambiente se
sobressaem às outras em frequência de propostas e de publicações. Isto demonstra curiosidade
do público do site por materiais aprofundados desta área. Também foi constatada a
importância do trabalho jornalístico de qualidade na sociedade, mesmo frente às preferências
do público.

Palavras-chave: Jornalismo Online. Webjornalismo Participativo. Microfinanciamento.


Spot.Us. San Francisco.
7

ABSTRACT

The increasing collaboration of the audience in the news is an intriguing phenomenon


and it is worth of research. In a society which utilizes each time more the Internet as a
communicational tool, journalism has to meditate about its function, about the news and about
its relationship with the public. Meanwhile, there is a drop in the circulation of newspapers,
with disbelief upon the business model and some core values in journalism. In this
background, the american website Spot.Us rises with a pioneer model of news funding. The
stories are suggested by the readership of the website, as well as funded individually and
directly by them. When the necessary amount of money is reached, the story is investigated
and published. This study has the objective of analyze the production of this website, in order
to verify which news subjects are the most common in the public’s choice, and what
consequences to journalism this business model brings. To this questions, there was utilized
the technique of the content analysis. We were based in the ideas about what traditional
journalism is like e how does it work. We studied too the consequences of the computer
networks in the job, and the phenomenon of the participatory webjournalism, both very
important to understand Spot.Us. We have verified that the stories and suggestions about
sustainability/environment are the most common, in both propositions and publications. This
pattern demonstrates the curiosity of the website’s public of in-depth reporting at this subject.
There was also verified the importance of qualified journalistic work in society, even with the
preferences of the public.

Key-words: Online journalism. participatory journalism. Spot.Us. San Francisco.


8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Reprodução de página exemplo de tip.....................................................................60


Figura 2 – Reprodução de página exemplo de pitch.................................................................61
Figura 3 – Reprodução da página principal do Spot.Us...........................................................62
Gráfico 1 – Presença das editorias nas sugestões de reportagem.............................................73
Gráfico 2 – Presença das editorias nas reportagens publicadas................................................74
Gráfico 3 – Presença das editorias nas reportagens publicadas e nas sugestões de
reportagem................................................................................................................................76
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10

2 DO JORNALISMO, SUAS CARACTERÍSTICAS E IMPLICAÇÕES........................13


2.1. O QUE É O JORNALISMO?................. ..........................................................................13
2.2. QUESTÕES CENTRAIS NO JORNALISMO..................................................................18
2.3 O JORNALISMO COMO PROFISSÃO............................................................................21
2.4 A TRIBO JORNALÍSTICA E OS VALORES-NOTÍCIA.................................................24
2.5 A TEORIA DO NEWSMAKING.........................................................................................33
2.6 A TEORIA DO GATEKEEPER.........................................................................................35

3 O DESENVOLVIMENTO DO JORNALISMO ONLINE E A PARTICIPAÇÃO DO


USUÁRIO................................................................................................................................38
3.1 O SURGIMENTO DA INTERNET...................................................................................38
3.2 O INÍCIO DO JORNALISMO NA WORLD WIDE WEB...............................................40
3.3 ESPECIFICIDADES E CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO ONLINE.................42
3.4 O WEBJORNALISMO PARTICIPATIVO.......................................................................45
3.5 O WEBJORNALISMO PARTICIPATIVO COMO DISCURSO ALTERNATIVO........54

4 O JORNALISMO MICROFINANCIADO PRESENTE NO SPOT.US.........................59


4.1 O SITE SPOT.US: DESCRIÇÃO E FUNCIONAMENTO...............................................59
4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................................64
4.3 ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................................73
4.3.1 Outros detalhamentos – Reportagens publicadas.......................................................79
4.3.2 Outros detalhamentos – Sugestões de reportagem.....................................................82
4.3.3 Síntese..............................................................................................................................84

5 CONCLUSÕES....................................................................................................................89

REFERÊNCIAS......................................................................................................................92

APÊNDICE A – Planilha das sugestões de reportagem..........................................................98


APÊNDICE B – Planilha das reportagens publicadas...........................................................109
10

1 INTRODUÇÃO

Este é, acima de tudo, um trabalho sobre jornalismo. Os novos questionamentos e


possibilidades, visíveis com a emergência do ciberespaço, são sedutores, mas devem ser
colocados sempre à luz da atividade jornalística.
O presente estudo encontra motor na relação entre o jornalismo e o público, os
leitores. Cada vez mais tem havido interação entre o trabalho dos jornalistas e a atuação de
sua audiência, principalmente no âmbito do webjornalismo. Relatos em vídeo e fotos feitos
por cidadãos comuns são habituais em grandes portais noticiosos. Existem webjornais
conduzidos principalmente por conteúdo gerado por amadores, das mais variadas formas. Não
se propõe aqui que o futuro do jornalismo é deixar os leitores responsáveis pelo produto
noticioso de uma sociedade, por mais democrático que isso possa parecer. A participação
mais ativa do público nas notícias é uma realidade, que merece estudo e compreensão. Ao
mesmo tempo, a atividade jornalística, estabelecida através de séculos de desenvolvimento
(MARCONDES FILHO, 2000; TRAQUINA, 2005a) tem valores, especificidades e
implicâncias fundamentais, que devem ser lembradas ao observarmos o jornalismo digital e
seus novos modelos.
É sob a perspectiva de uma maior interação com o usuário que surge nosso objeto de
estudo, o site norte-americano de notícias Spot.Us. Com atuação principalmente na região da
cidade de San Francisco, na costa-oeste dos Estados Unidos, o site propõe um modelo de
financiamento diferente para suas reportagens.
A empresa funciona através do microfinanciamento de notícias: qualquer um com
acesso à Internet pode sugerir ideias de reportagens no site, apenas através de um cadastro. A
seguir, um repórter freelancer cadastrado no site constrói uma sugestão de abordagem mais
elaborada. Assim, as ideias são mostradas ao público do site, que decide quais quer apoiar
financeiramente, individualmente. Se a quantidade mínima de verba for atingida, a pauta é
realizada pelo repórter que se propôs a fazê-la e posteriormente publicada.
Este modelo questiona aspectos importantes do jornalismo, como veremos mais
adiante. É objetivo deste estudo detalhar como acontece este financiamento das matérias,para
identificar quais as editorias jornalísticas mais privilegiadas nas escolhas que o público faz
das reportagens que quer ver publicadas. Objetiva-se também, através desta análise,
identificar que características em geral podem ser observadas na produção do website, além
11

de estabelecer relações desta produção com o jornalismo de modelo de negócios “tradicional”


e investigar a aplicação do modelo de financiamento utilizado.
Para este estudo, adotou-se o método da análise de conteúdo. O procedimento é
adequado à pesquisa pela possibilidade de trabalhar de forma associada os fatores
quantitativos e qualitativos da amostra. De fato, a análise de conteúdo promove

uma integração entre as duas visões [quantitativa e qualitativa] 1 de forma que os


conteúdos manifesto (visível) e latente (oculto, subentendido), sejam incluídos em
um mesmo estudo para que se compreenda não somente o significado aparente de
um texto, mas também o significado implícito, o contexto onde ele ocorre [...].
(HERSCOVITZ, 2008, p. 126).

Esta análise de duas faces nos é interessante para verificar não só os padrões contáveis
da produção do site, como, por exemplo, as editorias mais encontradas, mas também
conjunturas mais gerais, como quais consequências o site traz para o campo jornalístico.
Assim, é possível contemplar as duas perspectivas.
É necessário dar atenção à conjuntura em que se encontra a indústria jornalística
impressa neste momento, especialmente a norte-americana (local de nosso objeto de estudo).
O ramo enfrenta um período conturbado, como demonstram os dados colocados por Doctor
(2010): nos últimos dois anos, os jornais norte-americanos cortaram no total oito mil cargos
de jornalistas; em 2009, a arrecadação de anúncios em jornais foi de US$ 28 bilhões, em
comparação com US$ 49 bilhões no ano 2000; a última vez que a circulação dos jornais dos
Estados Unidos aumentou foi em 1984, sendo hoje cerca de 32% mais baixa do que naquele
ano; em 2009, trinta e dois jornais norte-americanos mantinham escritórios em Washington
D.C., metade do montante da década de 80. Estes números evidenciam um cenário de
mudanças rigorosas e necessidade de adaptação no campo do jornalismo. Ao discutir um novo
modelo de negócios dentro do jornalismo, pretendemos contribuir para a discussão sobre as
feições da atividade, em um universo em que o público é mais ativo na relação
comunicacional (GILLMOR, 2006) e a Internet é um meio que apresenta diversas
possibilidades e perspectivas e dinamiza o jornalismo (HALL, 2001).
Não pretendemos creditar as crescentes manifestações das audiências apenas ao
desenvolvimento tecnológico e à popularização de suportes adequados na Internet. De fato, a
nova perspectiva colaborativa e participativa do público pode ser relacionada à atuação de
diversos agentes, não possuindo um único e principal responsável:

1
Nota dos autores.
12

É neste contexto (a emergência de um novo tipo de cidadão profundamente


globalizado e crítico que está muito interessado sobre os ideais democráticos mas
perdendo confiança em sua prática nacional) 2 que nós podemos observar a
manifestação do jornalista participativo, assim como com a contínua deterioração
da ideia de comunidade tradicional, o aumento do cinismo com relação às
instituições sociais (o jornalismo aí incluso), e a decrescente audiência do
jornalismo dominante. (DEUZE, 2009, p. 257, tradução nossa).

Nos veículos profissionais, a procura de novas formas de se conectar com o público


tem aumentado, mesmo na base da tentativa e erro. Com o presente estudo, investigando o
produto de um site jornalístico inovador, pretendemos colaborar para este novo
questionamento da comunicação: como o jornalismo pode lidar com a crescente participação
do leitor, que muitas vezes borra as fronteiras entre público e profissional (BRUNS, 2009),
sem deixar de lado sua própria atividade.
É importante salientar nosso interesse nas áreas de novas tecnologias e jornalismo
online, fundamentais nesta pesquisa. Conjuntamente com uma bolsa de iniciação científica na
área, nossa experiência, tanto em veículos de comunicação profissionais quanto em
laboratórios da faculdade, nos chamou a atenção para como o público é tratado nos dois
âmbitos. Além disso, nosso interesse é verificar como o jornalista sustenta sua importância no
oceano de informações disponíveis contemporaneamente, ao mesmo tempo em que se vê
obrigado a repensar o seu papel junto a um público que demonstra suas preferências de uma
maneira mais direta.
É algo imprescindível, mas complexo, saber lidar com esta nova forma de trabalho. De
acordo com Gillmor (2006), é uma nova forma de pensar o jornalismo, que passa de palestra a
seminário. Também é imperativo refletir sobre a função social do jornalismo através dos anos
e atualmente, face este cenário comunicacional dinâmico, ágil e instigante.
Esperamos que o presente estudo possa contribuir para a construção deste
conhecimento. Em tempos de questionamentos quanto aos modelos de negócios para o
jornalismo, principalmente na Internet, é muito importante a formação de uma mídia séria e
qualificada, mas atualizada e que pense em rede. Pretendemos colaborar não apenas com a
situação do mercado, mas também, e não menos importante, com a reflexão acadêmica sobre
o papel do jornalismo e sua interação com o público que ele procura informar.

2
Nota dos autores.
13

2 DO JORNALISMO, SUAS CARACTERÍSTICAS E IMPLICAÇÕES

O que envolve o jornalismo? Profissão necessária em uma sociedade democrática, nos


é indispensável estabelecer os padrões do que se considera jornalismo, o que a profissão
jornalística supõe referente a si, e quais as bases que guiam, ou que deveriam guiar, o trabalho
de um profissional de imprensa, seja qual for a plataforma em que ele atua. Além disso, o
jornalismo como campo e como profissão traz questionamentos teóricos e práticos
importantes, que merecem ser entendidos para que possamos observar melhor a atividade, de
forma prática, bem como situar a proposta de nosso objeto de estudo.

2.1 O QUE É O JORNALISMO?

Não se pode dizer que aqui se pretende atingir uma definição global, total e perfeita de
“jornalismo”. Trabalharemos a ideia, de modo a facilitar uma compreensão das suas várias
implicâncias. Como ressalta Traquina (2005a, p. 19), o jornalismo se constitui expressão de
praticamente tudo o que vivenciamos na sociedade:

É a vida em todas as suas dimensões, como uma enciclopédia. […] Um exame da


maioria dos livros e manuais sobre o jornalismo define as notícias em última análise
como tudo o que é importante e/ou interessante. Isto inclui praticamente a vida, o
mundo e o outer limits.

A definição de jornalista, apesar de vaga, auxilia a delimitar melhor a área da


atividade. O jornalismo faz parte da comunicação, mas sua síntese é mais específica do que a
de comunicador, conforme Kunczik (2001), que defende que comunicador é qualquer
integrante de todo o processo de comunicação. De acordo com o autor (2001, p. 17), são
jornalistas “todos os trabalhadores em tempo integral ou parcial dos meios de comunicação
que participam da reunião, do processamento, da revisão e do comentário das notícias e/ou
entretenimentos”. Mas o espírito do que o jornalismo envolve é mais do que a simples
prospecção de notícias.
Partindo do raciocínio de Pena (2005), o jornalismo é resultado da necessidade
humana de vencer o medo do desconhecido, a vontade de conhecer seu entorno. Em suma,
14

não bastaria à humanidade explorar as diferentes áreas do conhecimento e da sociedade, mas


sim produzir relatos disso e fazê-los chegar à ciência de todos. Estaria aí o cerne do
jornalismo, desde épocas onde o único tipo de mídia existente eram os relatos orais. De fato, a
mídia, inclusa aí a imprensa, “assumiu a privilegiada condição de palco contemporâneo do
debate público” (PENA, 2005, p. 29), ou seja, o noticiário é onde tomam lugar as
representações de nossa realidade.
Observa-se no meio um acordo implícito entre o profissional e a audiência de que
aquilo que será visto em um produto jornalístico é verdadeiro, ou seja, não envolve ficção,
obtendo-se neste ponto uma divisão básica no jornalismo. Sendo o jornalismo uma profissão
de comunicação (KUNCZIK, 2001), nos deparamos então com a ideia de que o jornalismo é
“aquilo que aconteceu”, na tradição humana de contar histórias (TRAQUINA, 2005a). Ao
mesmo tempo, o jornalismo tem uma “relação simbiótica” com a democracia (TRAQUINA,
2005a), sendo possível observar sua importância em regimes democráticos, com a conquista
da liberdade como valor caro e sempre festejado pelos jornalistas.
De uma forma mais profunda, Traquina (2005a) prefere entender a existência de um
campo jornalístico, do que do “jornalismo” assim simplesmente. Para constituir-se um campo,
é necessário, conforme o autor, preencher três características: primeiramente, um número
ilimitado de agentes dentro do campo, que utilizarão e moldarão o jornalismo de forma
estratégica, visando seus próprios objetivos; o prêmio que estes agentes buscam, que no caso
são as próprias notícias, o produto jornalístico; por fim, um grupo de profissionais
especializados do campo, que possuem conhecimentos e saberes especializados e reivindicam
seu monopólio. O firmamento deste campo está ligado ao desenvolvimento de um cenário
econômico propício, bem como de outros fatores de base:

O “campo jornalístico” começou a ganhar forma nas sociedades ocidentais, durante


o séc. XIX, com o desenvolvimento do capitalismo e, concomitantemente, de outros
processos que incluem a industrialização, a urbanização, a educação em massa, o
progresso tecnológico e a emergência da imprensa como “mass media”. As notícias
tornaram-se simultaneamente um gênero e um serviço; o jornalismo tornou-se um
negócio e um elo vital na teoria democrática; e os jornalistas ficaram empenhados
num processo de profissionalização que procurava maior autonomia e estatuto
social. (TRAQUINA, 2005b, p. 20).

Observa-se a importância que a atividade assume na sociedade, assim como a visão de


negócio que começa a pairar sobre as empresas jornalísticas. O jornalismo e as notícias
passam a ser mercantilizados. Bourdieu (1997) destaca o início e o desenvolvimento do
campo jornalístico no mesmo século. Conforme o autor, as noções do campo surgiram da
15

oposição entre dois tipos de jornais, aqueles preferencialmente sensacionalistas, ou seja, com
notícias espetaculares, e aqueles mais voltados para análises e comentários, que já mostravam
compromisso com o conceito de objetividade.
Seguindo na conceituação de Traquina (2005a), se pensarmos no campo jornalístico
como um todo, pode-se admitir a existência de dois pólos neste campo, como dois extremos.
O primeiro deles (chamado pólo positivo, em referência ao magnetismo) é o pólo ideológico,
que envolve a ideologia da profissão, o pensamento de que a profissão é “um serviço público
que fornece cidadãos com a informação de que precisam para votar e participar na democracia
e age como guardião que defende os cidadãos dos eventuais abusos de poder” (TRAQUINA,
2005a, p. 27). Vê-se neste pólo a caracterização da atividade como modo de fiscalização e
observação dos poderes públicos. Além disso, também se divisa a função de informar para
poder melhor aproveitar o poder de voto, constituindo conexão forte com o regime
democrático, sendo, logo, uma ferramenta indispensável neste tipo de sociedade.
O outro pólo que o autor aborda é o pólo econômico. Nele, o jornalismo é encarado
como um produto, algo que deve gerar lucro: “associa o jornalismo ao cheiro do dinheiro e a
práticas como o sensacionalismo, em que o principal intuito é vender o jornal/telejornal como
um produto que agarra os leitores/os ouvintes/ à audiência” (TRAQUINA, 2005a, p. 27 e 28).
Este pólo é ponto oposto ao primeiro. É o caráter mercadológico da informação, em contraste
com o que os jornalistas procuram, ou deveriam idealmente procurar, exercer. O campo
jornalístico é tomado pela tensão entre os dois pólos, assim como da relação entre os
“jogadores” com os jornalistas. Os profissionais interagem com os agentes e buscam atingir
seus objetivos diários de notícias e acontecimentos.
Dentro deste campo jornalístico o autor (TRAQUINA, 2005a) definiu as interações
que os jornalistas experimentam em três níveis. Esses níveis são relações que ajudam a formar
o produto jornalístico, as notícias, que existem atualmente. Em um primeiro nível, a interação
acontece entre os próprios jornalistas, detentores do conhecimento técnico especializado, e
entre as fontes. A maioria delas age com intenção de promover acontecimentos, utilizar as
notícias de forma estratégica, o que causa tensão com os jornalistas, neste degrau do campo.
O segundo nível é a interação entre os próprios jornalistas, “como membros de uma
comunidade que partilha uma identidade profissional, valores e cultura comuns”
(TRAQUINA, 2005a, p.29). Eles têm um objetivo (colocar o jornal nas ruas, transmitir o
telejornal, publicar a notícia em um site, etc), e conhecimentos também em comum. Esta
relação entre os profissionais acontece ininterruptamente. Existe ainda o terceiro nível de
interação no campo jornalístico, que acontece de uma forma mais implícita, é a interação
16

entre os jornalistas e a sociedade e seus valores. Como são membros inseparáveis da


sociedade onde se encontram, e as notícias refletem inegavelmente os valores e características
desta sociedade, os jornalistas interagem com este meio social, por meio das definições do
que é ilegal, legal, imoral, correto, honesto desonesto, em suma, o que se aceita ou não. Como
define Traquina (2005a), é uma interação silenciosa, mas profunda.
Dentro do campo, as lógicas que valorizam e legitimam a atuação dos profissionais
são basicamente duas (BOURDIEU, 1997). A primeira diz respeito à valorização perante os
pares, os próprios jornalistas, que conhecem os códigos, valores e princípios internos. A outra
é a legitimação pela maioria, ou seja, pelo público, na forma de receitas de publicidade,
assinaturas, lucro de vendas, etc. Assim, na aprovação do trabalho jornalístico, é inescapável
que exista a aprovação do mercado, mesmo que o trabalho seja legítimo perante os próprios
profissionais.
O campo jornalístico e suas interações dão origem a comportamentos que podem ser
perfeitamente divisados. Um dos fatores centrais do jornalismo, a atualidade (como veremos
mais adiante), é um exemplo destas relações fortes com as características específicas do
campo. Ela dá origem a um tipo de concorrência típico:

Na lógica específica de um campo orientado para a produção desse bem altamente


perecível que são as notícias, a concorrência pela clientela tende a tomar a forma de
uma concorrência pela prioridade, isto é, pelas notícias mais novas (o furo) – e isso
tanto mais, evidentemente, quanto se está mais próximo do pólo comercial.
(BORDIEU, 1997, p. 106 e 107, grifo do autor).

Efetivamente, este tipo de competição interna no campo é comum, causando uma


situação de vigia constante entre os diferentes veículos de comunicação, um tentando publicar
as notícias e informações na frente do outro, mas não percebendo que os profissionais são os
únicos que olham o conjunto dos jornais e podem visualizar a diferença entre o que foi
publicado num e noutro (BORDIEU, 1997).
Marcondes Filho (2000) divide a história do jornalismo em cinco períodos, o que nos
ajuda a entender mudanças básicas na trajetória da atividade, bem como a conjuntura da
profissão atualmente. De 1631 a 1789 constitui-se a Pré-história do jornalismo, onde os
jornais tinham poucas páginas, ainda se assemelhavam a livros e abordavam aquilo que era
diferente, espetacular. Após, de 1789 a 1830, teve lugar o Primeiro Jornalismo, quando
emergiram a profissionalização e uma organização maior da atividade, já com a existência de
um ambiente de redação. Envolvia muita crítica política e contra as autoridades. Já formas
tradicionais até hoje, como reportagem, manchete e entrevista vieram com o Segundo
17

Jornalismo, de 1830 até por volta de 1930. Surge a ideia da imprensa de massa, e, além disso,
é a partir deste ponto que o jornal é visto como uma empresa, e precisa dar lucros. De certa
forma, é onde se começa a observar uma mercantilização da atividade jornalística. Atualidade
e neutralidade são valores que começam neste período. O Terceiro Jornalismo, de 1900 a
1960 (ambos aproximadamente) trouxe a presença de grupos monopolistas na imprensa. É
uma fortificação e extensão da época anterior, com o aumento da influência de publicitários e
relações públicas nas relações com as notícias. Por último, após o início da década de 70 até o
presente é o período do Quarto Jornalismo, que encontra na Internet e nas redes eletrônicas
um grande agente. A velocidade na publicação, bem como os impactos visuais, são questões
importantes. O jornalista tem suas funções alteradas e começa a ver a sociedade também
como produtora de informação, como se investigará mais detalhadamente no capítulo
seguinte. É neste período também que se desenha uma crise da imprensa escrita.
Ao lidar com a imagem e o conceito de jornalismo na sociedade, é inescapável passar
pela ideia de realidade, que nesta reflexão pode assumir diversas implicações. Traquina
(2005a) afirma que há a ideia de que o jornalismo é a realidade, principalmente entre os
próprios profissionais. Moraes (2001, p. 36 e 37) evidencia que, primeiramente, o jornalismo
envolve fatores técnicos (princípios, rotinas, práticas usuais) e teóricos (no que diz respeito a
teorias de comunicação e interpretação, sobre as características do produto jornalístico), e que
“os meios de comunicação (e aqui especificamente o jornal) constroem a realidade ou, pelo
menos, uma realidade que é aquela priorizada para ser noticiada em meio a tantas outras
opções”. Traquina (2005a) segue na mesma linha, evidenciando que também as decisões
individuais dos jornalistas ao fazerem uma reportagem, decidirem um entrevistado ou
planejarem um programa são fatores decisivos no produto jornalístico final. Ou seja, “os
jornalistas são participantes ativos na definição e na construção das notícias, e, por
consequência, na construção da realidade” (TRAQUINA, 2005a, p. 26). Daí a importância do
trabalho jornalístico organizado na sociedade democrática atual.
A ideia do jornalismo presente no espaço público de uma sociedade começou a se
desenvolver mais fortemente a partir do desenvolvimento pioneiro da imprensa no ocidente,
por Gutenberg, por volta de 1450, não levando em conta experiências na China, na Coréia e
no Japão em séculos anteriores (BRIGGS e BURKE, 2006). De fato, “apesar da razoável
difusão quantitativa das notícias manuscritas, a impressão é realmente a verdadeira revolução
da história do jornalismo” (PENA, 2005, p. 28), com a imprensa assumindo este espaço de
mediador no espaço público, e na construção da realidade. Como veremos também no
capítulo dois, não se trata de creditar todas as mudanças do jornalismo e da mídia em geral a
18

inovações tecnológicas, à mudança de suporte. “Temos aqui essencialmente uma história


social e cultural que inclui política, economia e – também – tecnologia.” (BRIGGS e BURKE,
2006, p. 15). A tecnologia é mais um dos fatores que afetam e atingem o desenvolvimento
midiático e jornalístico, mas não o único, nem determinante por si só.
O jornalismo envolve então a atuação em meios de comunicação, com as funções de
reunião, processamento, prospecção e comentário das notícias que alimentarão o público com
o que acontece em sua sociedade, em uma visão mais técnica. Explorando mais esta ideia, vê-
se a existência de um campo jornalístico, com seus profissionais especializados e agentes
interessados, onde existem relações e tensões. Estas tensões se dão principalmente entre os
dois pólos opostos do campo, o ideológico e o econômico, ou político. É tendo em vista todas
estas relações que o jornalismo informa, mas, mais do que isto, constrói a realidade ao seu
redor. Na sua inescapável interação com a sociedade, há um compartilhamento de valores,
que guia e baliza o jornalismo.

2.2 QUESTÕES CENTRAIS NO JORNALISMO

Após a superação de fases mais iniciais com uma imprensa apenas política, com usos
políticos e essencialmente opinativos, como demonstra Marcondes Filho (2000), o conceito
de notícia começou a mudar. Os acontecimentos passaram a tomar espaço maior nos jornais,
ao invés de apenas opiniões. Deixando o paradigma da penny press, os jornais
sensacionalistas das décadas de 1830 e 1840, houve maior interesse em aproveitar o espaço
limitado dos jornais para notícias que pudessem agradar a um número maior de leitores
(TRAQUINA, 2005a). O aparecimento da figura do repórter, o profissional que deve sair em
busca de notícias e informações, para alimentar o veículo, data do século XIX, e foi com a
Guerra Civil norte-americana, em meados do mesmo século, que se configurou a atuação do
correspondente, repórter destacado e deslocado para cobrir algum evento de grande porte em
especial. A guerra da secessão foi um dos primeiros conflitos bélicos a ter uma cobertura
jornalística extensiva (TRAQUINA, 2005a).
Com esta modernização da prática jornalística, alternativa à publicação irrestrita de
opiniões, certos valores começaram a ser ligados intrinsecamente ao jornalismo profissional.
Pena (2005) estabelece quatro pontos principais que caracterizam o jornalismo atualmente.
São eles a periodicidade, a atualidade, a publicidade e a universalidade de assuntos.
19

Efetivamente, a periodicidade é fator importante desde o cerne da atividade, pois “a


experiência da temporalidade está diretamente ligada à evolução histórica e tecnológica,
influenciando diretamente a transformação da imprensa até seu estabelecimento como veículo
diário” (PENA, 2005, p. 37). Deve-se ressaltar que para haver a ideia de jornalismo, há que
existir juntamente com a periodicidade a atualidade, ou publicações como enciclopédias e
almanaques também teriam cunho jornalístico. Ao conceituar a atualidade e o seu papel no
jornalismo, importante deixar claro sua relação com a questão da novidade, ambas
apresentadas juntas pela ligação que possuem entre si. Muitas vezes, conforme o autor, os
dois termos são confundidos, não obstante possuírem caracteres diferentes. A atualidade diz
respeito ao tempo de transmissão, publicação de um fato. O fato em si pode ser velho, mas, se
for desconhecido, quando do momento de sua publicação, ele será atual. Assuntos que
tiveram lugar há anos, mas que ainda repercutem, ainda são atuais. Já o conceito de novidade
diz respeito ao fator “primeira-mão”. Quando se passa a conhecer algo que não se sabia
anteriormente, esse algo é uma novidade, que não necessariamente é atual, e que pode não ser
novidade para outras pessoas. Assim (PENA, 2005), são as propriedades de periodicidade,
publicidade, atualidade e a característica de abordar diversos assuntos (os mais diversos
possível, como observado na ideia de Traquina [2005a] de que o jornalismo é a vida em todas
as suas dimensões), que configuram os jornais modernos.
Conceito dos mais fundamentais no jornalismo, talvez até mais do que as
características descritas anteriormente, é a questão da objetividade. É inescapável abordar a
objetividade dentro dos valores jornalísticos. Provavelmente, a importância da objetividade na
mentalidade de profissionais, estudantes e do próprio público encontra-se no caráter
jornalístico de mediador de informações:

Objetividade – entendida aqui como a relação entre realidade social e realidade


midiática – é uma condição sine qua non para a mediação de informações. Se não é
possível estabelecer uma relação entre ambas as realidades, não é possível transmitir
informações. (SPONHOLZ, 2003, p. 110 e 111).

A discrepância entre as realidades pode levar à desconfiança e perda de credibilidade e


autoridade. Pode-se julgar a objetividade como um modo de observar e reunir os fatos, de
forma a poder desvendá-los melhor e de forma mais equilibrada:

Seu verdadeiro significado está ligado à ideia de que os fatos são construídos de
forma tão complexa que não se pode cultuá-los como a expressão absoluta da
realidade. Pelo contrário, é preciso desconfiar desses fatos e criar um método que
assegure algum rigor científico ao reportá-los. (PENA, 2005, p. 50).
20

O conceito não se constitui simplesmente como oposição à subjetividade, mas como


prática necessária tendo em vista que a subjetividade do que acontece no entorno social é
inevitável.
Sponholz (2003) divide a questão em três pilares. Primeiramente, a objetividade
jornalística toma lugar na hora de apuração dos fatos e acontecimentos, quando o jornalista
coleta informações. Já a objetividade textual diz respeito ao produto jornalístico e sua relação
com a realidade, como ele a transpõe, com que signos foi codificada. Após, a credibilidade é o
que resulta (ou não) da percepção do público sobre a relação feita entre realidade e texto,
entre realidade social e midiática. A autora ainda estabelece mais duas diferenciações
importantes. A objetividade em jornalismo é a relação entre as duas realidades, social e
midiática, sendo a atividade um meio para buscar e representar a realidade social. A
objetividade jornalística, por sua vez, envolve as normas e regras às quais se deve atentar para
representar a realidade.
O compromisso de agir objetivamente acaba se tornando uma espécie de escudo para o
jornalista. É uma forma de ele se defender, mostrar que é isento (e, logo, confiável), através
de alguns posicionamentos-padrão. De mesmo modo, essa necessidade da objetividade como
estratégia também se estende às empresas jornalísticas, que precisam mostrar de um modo
geral que mediam objetivamente a realidade.

Devido às diversas pressões a que o jornalista está sujeito, ele sente que tem de ser
capaz de se proteger para o afirmar 'eu sou um profissional objectivo.' Ele tem de
desenvolver estratégias que lhe permitam afirmar: 'isto é uma notícia objectiva',
impessoal, imparcial.' De igual modo, os editores e a administração do jornal sentem
que têm de ser capazes de afirmar que o conteúdo do jornal é 'objectivo' e que a
política informativa e a política editorial são distintas uma da outra. (TUCHMAN,
1999, p. 88).

Em razão justamente da necessidade de ser objetivo, imparcial, os jornalistas acabam


simbiotizando opiniões com notícias (PENA, 2005). O objetivo de ser objetivo faz com que
os profissionais deem bastante lugar a declarações e julgamentos de todos os lados da história.
“Os jornais valorizam mais as declarações do que os próprios fatos” (PENA, 2005, p. 51), e
os acontecimentos acabam ficando em segundo plano, com relação às repercussões. Pena
(2005) ainda alerta para a tão comum separação entre conteúdo editorial e conteúdo opinativo
(em um jornal impresso, reportagens e colunas ou editoriais, respectivamente, por exemplo).
Por ser tão clara e definida, ela pode confundir o público, tirando sua desconfiança de
conteúdo que não é completamente objetivo.
21

Entre os recursos que os jornalistas utilizam para incorporar a objetividade aos


produtos jornalísticos estão dar voz à versões diferentes sobre o mesmo tema, apresentar
provas suplementares para demonstrar algo, utilização de aspas, apresentação dos fatos mais
importantes primeiro (na lógica da pirâmide invertida, estrutura jornalística básica) e
diferenciação das notícias e análises e opiniões (TUCHMAN, 1999). No entanto, apesar dos
esforços de se imiscuir e evitar a subjetividade por meio de estratégias como estas, esta
separação acaba não sendo eficaz na maior parte das vezes.

Embora esses procedimentos possam fornecer provas demonstráveis de uma


tentativa de atingir a objectividade, não se pode dizer que a consigam alcançar. […]
Em suma, existe uma clara discrepância entre os objetivos procurados e os
alcançados. (TUCHMAN, 1999, p. 89).

Então, a objetividade não procura negar a subjetividade, mas contorná-la, o que é


verdadeiro, principalmente se pensarmos no jornalismo. A mediação da realidade social é
uma atividade que necessita de uma ideia de objetividade, apesar da impossibilidade de
alcançá-la plena. E é essa ideia que os jornalistas utilizam para cercar seu trabalho,
“blindando-o” contra as constantes pressões que sofrem.

2.3 O JORNALISMO COMO PROFISSÃO

Como mostra Marcondes Filho (2000), a atividade jornalística passou a ser


majoritariamente profissional a partir do período do Segundo Jornalismo, de 1830 a
aproximadamente 1900. É nesta época que muitos recursos presentes até hoje começam a ser
utilizados, sejam relativos à forma ou ao conteúdo. Percebe-se também que,
concomitantemente com a profissionalização do jornalista, e provavelmente como fator de
causa disto, aparece a ideia do jornal como empresa, como empreendimento que deve gerar
lucro. Até aquele momento, na maior parte das vezes os jornais eram utilizados como veículos
de crítica política, e eram geridos por interessados, sem uma visão de negócios. É importante
notar que mesmo o jornalismo tendo uma importância e um poder significativos e
reconhecidos, historicamente não é uma profissão prestigiada (KUNCZIK, 2001). Este
sintoma é verificado desde o surgimento do jornalismo como profissão, na Inglaterra, na
França e nos Estados Unidos (TRAQUINA, 2005a).
22

Este movimento de profissionalização teve apoio na criação de clubes e associações de


jornalistas, a partir da segunda metade do século XIX, principalmente nos Estados Unidos e
na Inglaterra, mas também na França e em Portugal. Entre os objetivos visados, estavam
conseguir direitos e melhores condições de trabalho para os profissionais, bem como exigir
aumentos de salários (TRAQUINA, 2005a). Além da união por meio destas associações de
representação, outro fator que contribuiu para um ambiente mais profissional na área foi o
início do ensino universitário de jornalismo, que começou mais cedo nos Estados Unidos e na
França. Na segunda metade do século XIX, na Inglaterra, não se acreditava necessária alguma
espécie de formação específica para jornalistas; a mentalidade era a de que os conhecimentos
necessários viriam com a experiência prática. Pensamento semelhante existia nos Estados
Unidos, mas lá existiam bolsas de estudos para jornalismo, e havia a expectativa de que a
profissão pudesse fortalecer a sociedade após o período da Guerra Civil. A primeira escola de
jornalismo dirigida por um decano teve lugar no estado americano de Missouri, em 1908, e,
nas décadas subsequentes, o número de cursos disponíveis e de estudantes cresceu
exponencialmente (TRAQUINA, 2005a; BRIGGS e BURKE, 2006). Com a crescente
profissionalização, começa também a emergência de códigos de conduta pra os jornalistas, o
que acontece no final do século XIX e principalmente na primeira metade do século XX
(TRAQUINA, 2005a). É mais um sinal da especialização e da afirmação da categoria.
Kunczik (2001) vê fatores positivos e negativos na crescente profissionalização, no
sentido de aumento da capacitação, da área. Por um lado, a tendência traz maior preparo aos
jornalistas, que podem, assim, atuar de forma mais autônoma contra os interesses que atingem
o campo jornalístico. Ao mesmo tempo, esta profissionalização diminuiria a gama de pontos
de vista diferentes, em uma homogeneização dos profissionais, uma vez que possuem mesma
origem e treinamento, de um modo geral. Soloski (1999) argumenta que o profissionalismo e
as condutas e códigos que dele derivam podem servir como um escudo contra as pressões
vindas da organização jornalística, bem como contra outros tipos de coação vindos de outros
agentes, mas de uma forma que não haja, devido a esta resistência, até certo ponto, prejuízos
ao profissional, uma vez que estas condutas são aquelas que supostamente deveriam ser
seguidas por ele.
O processo de profissionalização do jornalismo tem um relação importante com uma
estrutura de construção narrativa comum. Deve-se notar como elemento indicativo do início
de um “espírito” profissional a utilização dos formatos do lead e da “pirâmide invertida” nas
notícias, por volta de 1900 (TRAQUINA, 2005a). Foi a partir do emprego destas estruturas
23

que os jornalistas passaram reivindicar para si um conhecimento específico sobre a mensagem


e como trazê-la ao público.

Com a pirâmide invertida, os jornalistas, cada vez mais, tomaram como


prerrogativa afirmar algo sobre o mais vasto sentido político da mensagem. Toma-
se como certo o direito e a obrigação do jornalista de mediar e simplificar,
cristalizar e identificar os elementos políticos no acontecimento noticioso.
(TRAQUINA, 2005a, p. 89).

Esse conhecimento de saberes específicos por um grupo de profissionais, que, no caso, tem
ciência de como informar melhor o público, indica a formação de uma profissão.
Esta ideia de profissionalismo na área traz como consequência direta grandes questões
práticas na atividade. De acordo com Soloski (1999), existe um controle sobre o trabalho do
jornalista através do profissionalismo. Isto acontece de duas formas. A primeira é
estabelecendo normas e condutas para trabalho e atuação, e a outra é determinando o sistema
de recompensas ao jornalista. O profissionalismo se torna, então, elemento que ajuda a
compreender o espírito das notícias que vemos na mídia: “A natureza organizacional das
notícias é determinada pela interacção entre o mecanismo de controlo transorganizacional
representado pelo profissionalismo jornalístico e os mecanismos de controlo representados
pela política editorial” (SOLOSKI, 1999, p.100). Esta estrutura de interação permite espaço
para o profissional inovar e utilizar recursos diferentes em sua produção, mas ainda é muito
fechada, de modo que ele ainda age de acordo com os interesses da organização jornalística
(SOLOSKI, 1999).
No entanto, apesar do fato de os jornalistas passarem a trabalhar profissionalmente,
ainda existe o questionamento se o jornalismo é ou não uma profissão. Kunczik (2001, p. 38)
vê motivos para responder negativamente:

[...] não se pode definir claramente o jornalismo como profissão, porque não existe,
por exemplo, uma definição clara da clientela (o público) e há jornalistas (por
exemplo, de entretenimento) que só se interessam especificamente por sua ambição
pessoal e consideram e tratam o público como crédulos simplistas.

O próprio autor, no entanto, reconhece que a importância do trabalho jornalístico se


mantém, não obstante a definição de profissão ou não:

Mas, ainda que se conclua, depois de se aplicarem os critérios formais, que o


jornalismo não é uma profissão, continuaria sendo indiscutível que, devido ao
grande impacto dos meios de comunicação, os jornalistas têm uma responsabilidade
profissional para com o público a que estão servindo. (KUNCZIK, 2001, p. 37).
24

Com base na sociologia das profissões, Traquina (2005a, p. 122) defende que a
pergunta está mal formulada. A questão correta seria “se o jornalismo tem estado envolvido
num processo de profissionalização que visa a sua deslocação na direção do pólo representado
pelas profissões liberais, como os médicos e os advogados”. O autor leva em conta
principalmente as experiências nos Estados Unidos, Inglaterra e França para responder que,
indubitavelmente, o jornalismo, mesmo que possa gerar dúvidas se é ou não profissão, está
neste caminho: “Na linha contínua das profissões, o jornalismo afasta-se do pólo identificado
com um simples 'trabalhador por conta de outrem' e aproxima-se do pólo identificado com as
chamadas profissões liberais” (TRAQUINA, 2005a, p. 122 e 123). Com os seus
conhecimentos específicos, seus códigos de conduta, sua função específica e seu sentimento
de autoridade profissional, o jornalismo caminha para o âmbito das profissões liberais.

2.4 A TRIBO JORNALÍSTICA E OS VALORES-NOTÍCIA

O desenvolvimento da atividade jornalística e, mais do que isto, do jornalismo como


profissão, enseja a emergência de uma “tribo jornalística”, como define Traquina (2005b). O
autor defende que, para uma boa compreensão das notícias, deve-se dar atenção à cultura
desta tribo. Um olhar atento a ela ajudará a entender características e padrões nos diferentes
produtos jornalísticos, que, mesmo aparentando distância, podem ser semelhantes: “o
argumento consiste no fato das notícias serem marcadas em diferentes sociedades
democráticas por similitudes significativas devido aos valores-notícias partilhados que são
uma parte importante da cultura jornalística” (TRAQUINA, 2005b, p. 25 e 26).
Os jornalistas estão frequentemente observando o trabalho uns dos outros. Bourdieu
(1997) já havia ressaltado tal fato, demonstrando através dele a concorrência acirrada em que
vivem os veículos de comunicação. Inclusive, não se deve esquecer que, conforme o autor,
um dos fatores de legitimação dentro do campo jornalístico é a afirmação pelos próprios
pares. Eles, é necessário dizer, confiam no trabalho uns dos outros, inclusive “como prática
institucionalizada, para ideias de histórias e confirmação dos seus critérios noticiosos”
(TRAQUINA, 2005b, p. 27). Após investigação sobre a cobertura jornalística da AIDS e do
vírus HIV na primeira metade da década de 90, o autor (2005b) percebe valores intrínsecos na
atividade jornalística de veículos distintos de lugares distantes. Este padrão reforça a ideia de
25

partilha de valores dos profissionais do campo jornalístico, e autor se refere aos jornalistas
como integrantes de uma comunidade interpretativa transnacional.
Conceito indispensável na ideia de comunidade dos jornalistas é o de valor-notícia.
Ele nos é importante para interpretarmos a cultura que os membros da comunidade carregam
em comum e, por conseguinte, os próprios produtos jornalísticos. “Ingrediente indispensável
da cultura jornalística é todo um sistema de valores que esboçam um retrato bem claro da
identidade profissional dos membros da tribo e todo um conjunto de critérios de
noticiabilidade que formam toda uma cultura noticiosa” (TRAQUINA, 2005b, p. 189).
A ideia de valores comuns no campo jornalístico é vista de forma crítica por Bourdieu
(1997), que afirma que esta função de filtro por parte dos profissionais acaba ignorando
expressões culturais e intelectuais que mereceriam conhecimento do público e espaço perante
ele.

[...] o campo jornalístico, como os outros campos, baseia-se em um conjunto de


pressupostos e de crenças partilhadas (para além das diferenças de posição e de
opinião). Esses pressupostos [...] estão no princípio da seleção que os jornalistas
operam na realidade social, e também no conjunto das produções simbólicas. Não há
discurso [...] nem ação [...] que, para ter acesso ao debate público, não deva
submeter-se a essa prova da seleção jornalística, isto é, a essa formidável censura
que os jornalistas exercem, sem sequer saber disso, ao reter apenas o que é capaz de
lhes interessar, de ‘prender sua atenção’, isto é, de entrar em suas categorias, em sua
grade, e ao relegar à insignificância ou à indiferença expressões simbólicas que
mereceriam atingir o conjunto dos cidadãos. (BORDIEU, 1997, p. 67, grifo do
autor).

O autor retrata esse conjunto de pressupostos e crenças partilhadas como inevitável,


assim como subordinado aos conhecimentos e raciocínios dos jornalistas.
Com esta preocupação, Traquina (2005b, p. 63) afirma a existência do conceito de
noticiabilidade, que define como “o conjunto de critérios e operações que fornecem a aptidão
de merecer um tratamento jornalístico, isto é, possuir valor como notícia”. Logo, são estes
critérios que determinam se um fato possui valor-notícia, merece ser transformado em notícia,
ser publicado e entrar para o debate público. Wolf (2005) demonstra que os critérios de
noticiabilidade utilizados pelos jornalistas representam não só elementos da cultura
profissional, mas também um meio de facilitar um trabalho que, sem este recurso, demandaria
muito mais esforço na decisão e captação das notícias:

Obviamente, os jornalistas não podem decidir a cada vez, desde o princípio, como
selecionar os fatos que aparecerão sob vestes de notícia: isso tornaria o seu trabalho
impraticável. A exigência primária é, portanto, a de fazer dessa incumbência uma
26

rotina, a fim de torná-la passível de ser cumprida e administrada. (WOOLF, 2005, p.


203).

Silva (2005, p. 96) defende a noticiabilidade como fruto da interação entre diversos
fatores:

[...] todo e qualquer fator potencialmente capaz de agir no processo da produção da


notícia, desde características do fato, julgamentos pessoais do jornalista, cultura
profissional da categoria, condições favorecedoras ou limitantes da empresa de
mídia, qualidade do material (imagem e texto), relação com as fontes e com o
público, fatores éticos e ainda circunstâncias históricas, políticas, econômicas e
sociais.

A autora (SILVA, 2005) aponta ainda uma diferenciação pertinente entre diferentes
instâncias dos referidos critérios. A primeira é a origem dos fatos, quando eles acontecem. O
jornalista tem poder de seleção sobre eles, baseado em critérios próprios ou características
habituais. Após o acontecimento dos fatos e a tomada de conhecimento deles por parte do
jornalista existe a instância do tratamento dos fatos. Além dos critérios de noticiabilidade em
si, entram em questão também fatores como a qualidade da apuração, qual o tipo de material
foi obtido, prazo de fechamento em vista, etc. O terceiro nível envolve conceitos que acabam
influenciando os outros dois níveis, pois são fundamentos éticos e filosóficos, que englobam
“conceitos de verdade, objetividade, interesse público, imparcialidade” (SILVA, 2005, p. 96).
Deve-se notar que estes níveis de noticiabilidade não são estáticos, e não vem um após o
outro, de forma ordenada. Diversas vezes eles aparecem concomitantemente.
Wolf (2005) admite os critérios de noticiabilidade como advindos da cultura
profissional do jornalista, mas acrescenta como fator determinante perante o produto
jornalístico a estrutura do trabalho disponível nas organizações midiáticas. Assim, a notícia
vira notícia não só pela cultura da comunidade jornalística, mas também pelas restrições
impostas pela organização do trabalho, como será visto também mais adiante, na teoria do
newsmaking.
Traquina (2005b) proporciona um resgate histórico através do qual pode-se analisar
três épocas específicas da humanidade para comparar a que critérios as notícias respondiam.
Assim, é possível entender melhor o papel destas estruturas no jornalismo ao longo dos anos.
Inicialmente, analisa-se a produção do ano de 1616. Naquela época não existiam
jornais propriamente ditos, mas uma forma primitiva deles, as folhas volantes. Eram
impressos menores, com duas diferenças básicas dos jornais: eram geralmente dedicadas a um
só tema, e não possuíam periodicidade fixa. Normalmente, possuíam avisos morais ou
27

religiosos. O autor divisa principalmente dois valores-notícia constantes na produção da


época. O primeiro diz respeito ao insólito. Acontecimentos extraordinários, sensacionais,
eram vistos com espanto. Juntamente com o insólito, encontravam-se “notícias” bizarras,
como aquelas que detalhavam o nascimento de monstros (bebês ou animais deformados, por
exemplo), o aparecimento de bestas, bruxarias etc. O outro valor-notícia frequente era relativo
à noticiabilidade do ator principal do relato. Por exemplo, atos ou discursos do rei (ou da
rainha) e da nobreza tinham lugar nas folhas volantes e eram considerados “notícia”. Além
desses, eram comuns também relatos de assassinatos, enforcamento de criminosos, etc. De
fato, um terço das folhas volantes de 1616 se referia a assassinatos (TRAQUINA, 2005b).
A próxima época analisada pelo autor são as décadas de 30 e 40 do século XIX. É
destes anos que data o início da penny press, que modificou os conceitos usuais do que era
notícia naquele momento. Os dois principais veículos do início do fenômeno foram o New
York Sun, nos Estados Unidos, e o La Presse, na França. No New York Sun as notícias
giravam em torno de fatos surpreendentes, e havia a publicação de reportagens sensacionais.
Histórias de crimes, assassinatos e tragédias também estavam presentes. Assuntos políticos e
econômicos, como cotações da Bolsa de valores e discursos parlamentares também eram
publicados, mas de forma mais simplificada.
Por fim, o terceiro período em questão é a década de 70 do século XX. Traquina
(2005b) leva em consideração o estudo de Gans (2004) sobre o cenário midiático nos Estados
Unidos para definir os critérios de noticiabilidade desta época. Assim, levando em conta dois
telejornais e duas revistas semanais, todos com cobertura nacional, cerca de 50% das notícias
de âmbito nacional tem como protagonistas pessoas notórias, conhecidas. Desconhecidos só
representam notícia quando em situações específicas, como manifestações ou greves. Além
disso, atos do governo são notícia constantemente. Cerca de 50% da amostra analisada está no
âmbito governamental. Fora isso, mais três categorias figuram nos noticiários: protestos,
desastres e o insólito (TRAQUINA, 2005b).
Se olharmos comparativamente para estes três períodos históricos distintos, os valores-
notícias dos três, mesmo aparentando distância, se assemelham. Nos três há a ideia do
diferente, do não usual, daquilo que quebra a monotonia diária. Quando falam de desastres e
de assassinatos, os jornalistas optam por iluminar mais a morte e a tragédia do que o bem-
estar e a normalidade. Em pelo menos duas das épocas há a ideia também de notoriedade dos
protagonistas. Quando o assunto é referente a pessoas conhecidas, tende a se tornar notícia, da
mesma forma de quando se refere ao governo.
28

Daremos atenção agora aos valores-notícia estabelecidos por Traquina (2005b),


objetivando interpretar melhor de que tratam as notícias. Antes, no entanto, é necessário
termos em mente os questionamentos de Wolf (2005), que, a exemplo de Silva (2005), não
considera os valores-notícia como um grupo fechado e estanque. Ao contrário, o autor os
pensa como fazendo parte principalmente de dois grupos. Primeiro, os valores-notícia que se
dão quando do momento de seleção dos fatos, e, após, os valores-notícia que atuam no
momento da construção, da elaboração da notícia.
Traquina (2005b), seguindo na mesma linha, divide os valores-notícia em valores de
seleção, que são levados em conta na hora de selecionar que fatos serão alçados à notícia, e os
valores de construção, que, no momento de transformação de um acontecimento em notícia,
guiam o que deve ser realçado, quais as ênfases a serem dadas. O primeiro tipo é dividido
ainda em duas subcategorias, que serão detalhadas a seguir.
A primeira categoria dos valores de seleção é a dos critérios substantivos, que nada
mais são do que a “avaliação direta do acontecimento em termos da sua importância ou
interesse como notícia” (2005b, p. 78). Eles somam onze. Assim, o primeiro valor-notícia
fundamental para a comunidade interpretativa em questão segundo Traquina é a morte.
“Onde há morte, há jornalistas” (TRAQUINA, 2005b, p. 79). Este valor ajuda a explicar o
pessimismo que se encontra por vezes nos jornais e telejornais, não importa onde.
O segundo valor-notícia fundamental, conforme Traquina (2005b), é a notoriedade,
que, como vimos, pode ser encontrado inclusive nas folhas volantes do século XVII, bem
como nas análises de Gans (2004) da imprensa norte-americana. Aqueles que são vistos como
importantes dentro de uma sociedade acabam sendo cobertos pela imprensa, e tendo seus atos
cobertos também.
O próximo valor é a proximidade, seja ela na questão geográfica ou na questão
cultural. Quanto mais próximo for o acontecimento, mais ele interessará aos jornalistas.
Traquina (2005b p. 80) faz uma ilustração: “um acidente de viação com duas vítimas mortais
em Cascais poderá ser notícia num jornal de Lisboa, e possivelmente, mas com maior
dificuldade, num jornal do Porto, mas dificilmente num país estrangeiro”. Não só a distância
geográfica está em questão, entre o ponto da colisão e o local dos jornais, como também a
distância cultural entre a cidade da colisão e, hipoteticamente, uma cidade em um país
vizinho, que pode ser mais próxima a ela do que outra dentro do próprio país.
O valor da relevância define que um acontecimento é mais noticiável quanto mais ele
causar impacto direto na vida das pessoas, ou do país. Por exemplo, uma parada no
abastecimento de água em uma cidade tem lugar garantido nos jornais, pois afeta diretamente
29

a vida de muitas pessoas. Por conseguinte, o que afeta menos a vida na sociedade merece
menos destaque.
Como inclusive já abordado por Pena (2005), a novidade é outro valor muito
importante no jornalismo. Ao abordar um assunto, deve haver algo de novo naquilo, que vai
tornar o trabalho pertinente. Se algum fato já for de conhecimento geral, não merece ser
noticiado, a não ser que haja algo que traga novidade.
O valor tempo é fundamental, e de formas diferentes. Primeiramente, se levarmos em
conta a questão da atualidade, um acontecimento atual, que já é notícia, pode transformar em
notícia outro fato ligado a ele. O primeiro fato faz as vezes de “gancho” para o outro. Outra
forma que o tempo possui de valor-notícia é justificando a noticiabilidade de fatos antigos por
meio de aniversários. A cada ano, o aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001 vira
notícia, mesmo sem haver fato novo. Um terceiro entendimento do tempo como valor-notícia
é quando um acontecimento vira notícia e acaba obtendo valor-notícia por bastante tempo
após os acontecimentos iniciais. Por exemplo, no caso da epidemia mundial de gripe A o
assunto virou notícia por um tempo grande, e, após isso, continuou sendo notícia, em razão do
tempo que ficou exposto.
O valor-notícia da notabilidade demonstra um padrão constante no jornalismo. Possui
mais noticiabilidade aquilo que for mais tangível, visível aos olhos dos jornalistas. Ao
contrário, o que for menos visível, mais abstrato, tem mais dificuldade de ocupar espaço nas
notícias. Isto demonstra uma dificuldade no campo jornalístico: “O valor notícia da
notabilidade alerta-nos para a forma como o campo jornalístico está mais virado para a
cobertura de acontecimentos e não problemáticas” (TRAQUINA, 2005b, p. 82).
Outro valor-notícia descrito por Traquina é o inesperado. Ele representa aquele fato
que não é nada habitual e surpreende os jornalistas, sendo então alçado à qualidade de notícia.
É o diferente.
Há também o valor-notícia do conflito, ou da controvérsia. Quando há um conflito
com violência, principalmente na área da política, esse fato vira notícia. A violência pode ser
física ou simbólica, apesar de a física agregar mais noticiabilidade, uma vez que é mais
diferente da normalidade.
Esse valor está ligado ao próximo, o da infração. Em outras palavras, a quebra ou
transgressão das regras. Apesar de os crimes como um todo serem tratados muitas vezes
dentro da normalidade, pois acabam sendo comuns, se se agregarem outros valores-notícia a
um fato, ele pode se tornar mais noticiável. Por exemplo, uma infração com violência ocupará
mais espaço como notícia.
30

Por fim, um último tipo de valor-notícia é o do escândalo. Ele diz respeito a um dos
papeis fundamentais do jornalismo, o de vigiar o poder político (TRAQUINA, 2005a), e se
relaciona com o valor da infração. Escândalos, principalmente os relativos à corrupção, em
governos, ou no poder em geral, são largamente noticiados.
Mesmo com a categorização destes valores, a seleção das notícias não deve ser
pensada como algo automático, sem mudanças. Os critérios são complementares, dialogam
entre si e, como vimos em alguns casos, um valor-notícia pode tornar o outro mais ou menos
forte, em determinada situação.

Por conseguinte, é falacioso representar o processo de seleção como uma escolha


rígida, sem margens, preordenada, vinculada a critérios fixos. Estes últimos
certamente encontram-se presentes […], mas a sua relevância é sempre
complementar a uma avaliação complexa, que busca definir um ponto de equilíbrio
entre múltiplos fatores. (WOLF, 2005, p. 205).

Quanto a estes valores, Traquina demonstra a importância deles enquanto fatores para
gerar consenso na sociedade. Através destes critérios, os jornalistas estabelecem o que é
consenso, e, mais do que isto, o que é consensualmente marginal à sociedade.

Esta visão nega quaisquer discrepâncias estruturais mais importantes entre grupos
diferentes, ou entre os próprios mapas diferentes do significado numa sociedade , e
ganha assim significado político. Grupos fora do consenso são vistos como
dissidentes e marginais, sejam eles ‘skinheads’ ou ‘pedófilos’. [...] O crime envolve
o lado negativo do consenso, visto que a lei define o que a sociedade pensa serem
tipos ilegítimos de ação. (TRAQUINA, 2005b, p. 86).

Ainda dentro dos valores-notícia de seleção segundo Traquina (2005b), existem os


critérios contextuais, que somam cinco e serão abordados agora. São aqueles que dizem
respeito não à própria noticiabilidade do fato, mas ao contexto em si da produção da notícia.
O primeiro valor abordado pelo autor é a disponibilidade. Significa o quão o fato em
questão é acessível para a cobertura jornalística. Envolve o cálculo entre os recursos que é
necessário disponibilizar, e se a escolha se justificará, pois não é possível cobrir tudo o que
acontece.
Outro valor-notícia é o do equilíbrio. Se recentemente houve muitas notícias sobre
determinado fato, pode-se optar por não publicar mais notícias relativas a ele. A escolha visa
manter o equilíbrio, não noticiar demais um fato.
Já o valor da visualidade diz respeito à boa qualidade fotogênica no que será coberto.
A existência de belas e diferentes imagens em um acontecimento o torna mais noticiável.
31

O próximo valor-notícia é muito característico do campo jornalístico, se trata da


concorrência. Um dos maiores objetivos diários de um veículo de comunicação é dar um
“furo”, a notícia exclusiva. Logo, se um acontecimento não foi noticiado ainda pelos veículos
concorrentes, podendo se tornar um furo, ele certamente ganha mais noticiabilidade. Por outro
lado, é objetivo diário também “não levar furos”, ou seja, não deixar outro veículo noticiar
algo de forma exclusiva. Assim, os jornalistas estão sempre uns atrás dos outros, procurando
notícias exclusivas, mas também em busca daquelas que seus pares tem, para que não seja
exclusividade deles.

É assim que [...] a concorrência, longe de ser automaticamente geradora de


originalidade e de diversidade, tende muitas vezes a favorecer a uniformidade da
oferta, da qual podemos facilmente nos convencer comparando os conteúdos dos
grandes semanários ou das emissoras de rádio ou de televisão com vasta audiência.
(BOURDIEU, 1997, p. 108, grifo do autor).

Quando todos se movem em grupo, atrás dos mesmos acontecimentos, toma lugar o efeito da
homogeneidade no campo jornalístico. É a concorrência como fator de equiparação.
O último valor-notícia de seleção, de acordo com os critérios contextuais, é o do dia
noticioso. Dependendo da quantidade e da importância dos outros acontecimentos em um dia,
determinado acontecimento tem mais ou menos chance de se tornar notícia, e, em se tornando,
mais ou menos destaque. Em épocas do ano nas quais menos acontecimentos tomam lugar,
fatos de menor expressão são alçados à notícia, sendo o oposto também verdadeiro.
Findos os valores-notícia de seleção, que, como vimos, dão conta da eleição e rejeição
dos fatos que virão a se tornar notícias, daremos atenção agora aos seis valores-notícia de
construção. Estes valores determinam, dentro do processo de elaboração das notícias, que
elementos terão ênfase, de que forma serão trabalhados, e também que pontos terão menos
destaque.
O primeiro destes valores é a simplificação. O trabalho dos jornalistas muitas vezes é
simplificar um fato, retirar seus fatores complexos e informá-lo de uma forma mais facilmente
digerível. Quanto mais simples for e menos elementos ambíguos e emaranhados houver, mais
fácil será a recepção da notícia.
O próximo valor-notícia é o da amplificação. Se um fato for amplificado, ele será
mais notado pelo público, fazendo com que mais pessoas se identifiquem com a notícia e se
sintam sujeitos dela.
32

Outro valor-notícia de construção é o da relevância. Aqui, fica evidente o dever do


jornalista de demonstrar a importância, ou a relevância, de um fato ao noticiá-lo. Deve
mostrar por que o cidadão deve se preocupar com o assunto, por que merece sua atenção.
A seguir, há o valor-notícia de personalização. Este valor é muito utilizado no
discurso jornalístico, para gerar aproximação com o público. Em um acontecimento, se
valoriza as pessoas humanas que o protagonizam, para causar identificação. Para fins de
exemplo, ao fazer uma notícia sobre a superlotação de hospitais, pode-se, além de coletar
dados e simplesmente descrever a situação de uma sala de emergência lotada, contar a história
de alguma pessoa que esteja aguardando há muito tempo pelo tratamento.
Outro valor é o da dramatização. Ele consiste em acentuar os aspectos humanos e
dramáticos em um acontecimento, iluminar o seu lado emocional. Este valor pode ser
relacionado com o da personalização. No referido exemplo da superlotação de hospitais e da
paciente que aguarda tratamento, pode-se mostrar como ela é necessitada e luta há anos contra
uma doença grave, sem dinheiro para se sustentar etc. O problema estrutural da saúde pública
é deixado de lado para se escutar uma história emocional.
Por último, há o valor-notícia da consonância. Ele implica a construção de uma
notícia de modo que ela seja inserida em um contexto já conhecido. O objetivo é facilitar a
compreensão do receptor, tendo em vista que uma notícia em um plano de fundo já visto é
mais facilmente notada, e já está dentro das expectativas dele.
Traquina (2005b) acrescenta ainda neste sentido que a seleção noticiosa dentro de um
veículo de comunicação pode ser afetada também pela própria organização jornalística. Por
questões editoriais, determinado assunto pode ter mais visibilidade que outro, inclusive com
espaços regulares nas notícias.
A estrutura dos valores-notícia é fundamental para entendermos “do que falam” os
jornalistas, o que abordam e por que motivo. Como já foi afirmado anteriormente, os valores-
notícia não são estáticos, e não têm este objetivo. Surgiram naturalmente, de forma a otimizar,
guiar e facilitar o trabalho jornalístico (WOLF, 2005). De fato, diversos fatores externos
influenciam na seleção jornalística do que e de que forma será publicado, como é visto dentro
dos próprios valores (vide critérios disponibilidade, concorrência e dia noticioso, a título de
exemplo), assim como não se pode ignorar a sua complementaridade. A questão dos
valores-notícia é conceito fundamental dentro da teoria do newsmaking, como veremos a
seguir.
33

2.5 A TEORIA DO NEWSMAKING

Os valores-notícia abordados anteriormente são fatores que fazem parte de um


contexto maior: a teoria do newsmaking. Esta hipótese é uma das teorias interpretativas acerca
da produção jornalística e busca iluminar a questão do cerne das notícias. O que são as
notícias? De que tratam e porque são desta forma? Em suma, visa questionar as razões de ser
do produto jornalístico, e encontra fundamentos para seus questionamentos em dois pontos
principais: na cultura profissional do jornalista e na organização de seu trabalho, como
demonstram Traquina (2005a; 2005b) e Wolf (2005). Pereira Jr. (2005, p. 80) segue na
conceituação e afirma que a

[...] abordagem se dá dentro do contexto da cultura profissional dos jornalistas e a


organização do trabalho e os processos produtivos. As diversas conexões e relações
existentes entre esses dois aspectos são a preocupação central da pesquisa da
produção da notícia.

Sua ocupação central são os mecanismos que os jornalistas e as empresas jornalísticas


criam para definir o que é notícia e construir uma rotina para o trabalho jornalístico da forma
mais prática o possível. De fato, tudo parte da complexidade da realidade em que vivemos,
com muitas opções de acontecimentos e assuntos para noticiar e indisponibilidade de dar
vazão a tudo dentro do campo jornalístico.

Diante da imprevisibilidade dos acontecimentos, as empresas jornalísticas precisam


colocar ordem no tempo e no espaço. Para isso, estabelecem determinadas práticas
unificadas na produção de notícias. É dessas práticas que se ocupa a teoria do
newsmaking. (PENA, 2005, p. 130).

Estas práticas e rotinas facilitam e automatizam o trabalho do jornalista. Dominá-las é


uma forma do profissional controlar a imprevisibilidade, não estando tão à mercê dos fatos.
A noticiabilidade é o conjunto das práticas que ajuda a interpretar e classificar o
universo de acontecimentos que toma lugar cotidianamente, e que deve tomar lugar também
nas notícias. Insistimos na conceituação de Wolf (2005, p. 195) sobre as interações que
produzem a noticiabilidade e, com isso, ajudam a construir a natureza das notícias:

A noticiabilidade é constituída pelo complexo de requisitos que se exigem para os


eventos – do ponto de vista da estrutura do trabalho nos aparatos informativos e do
ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas –, para adquirir a existência
pública de notícia. [...] Pode-se dizer também que a noticiabilidade corresponde ao
34

conjunto de critérios, operações e instrumentos com os quais os aparatos de


informação enfrentam a tarefa de escolher cotidianamente, de um número
imprevisível e indefinido de acontecimentos, uma quantidade finita e
tendencialmente estável de notícias.

Quanto aos valores-notícia sistematizados pelo autor, estão sob o mesmo paradigma
daqueles abordados por Traquina (2005b), e são divididos em cinco categorias. São eles: os
critérios substantivos, aqueles relativos diretamente ao assunto dos acontecimentos em
questão; os critérios relativos ao produto, que dizem respeito às características do produto
jornalístico, bem como aos procedimentos de produção das notícias; os critérios relativos ao
meio, referentes às características, necessidades e deficiências do próprio meio de
comunicação, seja ele impresso, audiovisual, etc.; os critérios relativos ao público, que dizem
respeito à imagem que os jornalistas têm de seu público, o que eles definem que sua audiência
quer e precisa; por fim, os critérios relativos à concorrência, pois, como já foi abordado
(Bourdieu, 1997; Traquina, 2005b), os jornalistas formam uma tribo que luta pelo mesmo
objetivo, as notícias, e não cessa de competir e vigiar o trabalho concorrente, o que pode ser
determinante no momento de seleção dos fatos que se tornarão notícia.
Atenta-se, ainda, para a existência de uma distorção involuntária no processo de
construção das notícias. Esta seleção não é um processo cristalino, e reflete uma construção
social das notícias, ao contrário da ideia de apenas um espelho da realidade. O discurso
jornalístico tem base na realidade e ajuda a construí-la (PENA, 2005). Wolf (2005, p. 189) se
refere à inescapabilidade desta distorção, visto seu grau de vinculação ao trabalho do
jornalista:

A partir desse ponto de vista, autonomia profissional e distorção na informação


surgem como dois lados da mesma moeda: a perspectiva é muito mais radical do que
a que […] impede a apreensão do funcionamento da 'distorção inconsciente', ligada
às práticas profissionais, às rotinas de produção normais, aos valores compartilhados
e interiorizados sobre as modalidades de desempenhar o ofício de informar.

Da mesma forma que tem o poder de salientar certos aspectos e tipos de conteúdo,
estas práticas e tendências também escondem e não mostram outros aspectos que também
podem ter importância. Tão intrincada como a forma de construir a realidade está a distorção
que ela própria causa. Pereira Jr (2005, p. 82) aborda a noticiabilidade como fator desta
distorção no produto jornalístico:

O conjunto de fatores que determina a noticiabilidade dos acontecimentos, por


exemplo, os rígidos limites de duração dos telejornais, asseguram a cobertura
35

jornalística diariamente, mas torna difícil o aprofundamento de muitos aspectos


importantes dos fatos que viram notícia, que são deixados de lado.

É a crítica que Bourdieu (1997) faz ao campo jornalístico. Ele representa o caminho
necessário a trilhar para se ter acesso ao debate público, mas não mostra muitas expressões
que seriam bem-vindas nesse debate.
As rotinas e estruturas de produção, assim como as exigências e características de cada
meio, influenciam o produto jornalístico desde o seu início até a sua apresentação, gerando até
mesmo critérios aplicados inconscientemente pelo público. As notícias têm graus de
semelhança entre si mesmo em lugares distantes, pois a representação da realidade social se
guia nestas estruturas.
Assim, o newsmaking tem uma lógica própria de atribuição de sentido ao produto
jornalístico. A natureza das notícias não se deve, sob esta perspectiva, apenas à decisão
pessoal do jornalista, mas muito mais ao contexto onde ele está inserido, e ao chamado “senso
comum” das redações, de que fala Pereira Jr. (2005, p. 83). É um paradigma que admite o
objeto como produção social, e dá atenção a este fator para investigá-lo.

2.6 A TEORIA DO GATEKEEPER

Outra das teorias que se ocupa da descrição da natureza das notícias é a teoria do
gatekeeper. Ao contrário da teoria do newsmaking, aqui o crédito da seleção das notícias, e
seus consequentes padrões, são dados ao jornalista, de uma forma mais individual. Quando
naquela teoria a escolha e a natureza das notícias se devem à estrutura organizacional e do
trabalho, bem como à cultura profissional do jornalista, aqui o profissional é considerado um
“filtro”, que tem o poder de selecionar e decidir o que se tornará notícia (PENA, 2005). O
jornalista tem o controle dos “portões” por onde passa a notícia (de onde se origina a
expressão em inglês), e suas impressões e preferências pessoais seriam critérios fortes nesta
escolha (PENA, 2005). Traquina (2005a, p. 150, grifo do autor) resume como se dá esta
avaliação, de acordo com o gatekeeping:

Nesta teoria, o processo de produção da informação é concebido como uma série de


escolhas onde o fluxo de notícias tem de passar por diversos gates, isto é, “portões”
que não são mais do que áreas de decisão em relação as quais o jornalista, isto é, o
gatekeeper, tem de decidir se vai escolher essa notícia ou não.
36

Passando do percurso da informação, a notícia pode ser publicada, se atingiu os critérios


estabelecidos pelo jornalista, ou não, se não atingiu, quando é, então, descartada.
O conceito foi utilizado pela primeira vez em 1947, em um estudo ligado aos hábitos
alimentares (WOLF, 2005). Já com relação aos estudos de comunicação, o primeiro uso do
conceito foi em 1950, em uma pesquisa que analisou o trabalho de um jornalista em uma
cidade de 100 mil habitantes nos Estados Unidos. Foi investigada a tarefa de seleção desse
profissional dos relatos de agências de notícias que chegavam ao jornal dele (TRAQUINA,
2005a).
A ideia de gatekeeping pertencendo a um contexto de escolha individual foi evoluída,
levando em conta o contexto de produção, como evidenciado pela teoria do newsmaking,
além da questão dos valores-notícia. As preferências pessoais na escolha passam a ser menos
valorizadas. “Em outras palavras, supera-se o caráter individualista da atividade do
gatekeeper, acentuando, em particular, a ideia da seleção como processo ordenado
hierarquicamente e ligado a uma rede complexa de feedback” (WOLF, 2005, p. 186, grifo do
autor).
Por se centrar apenas no nível do jornalista, ignorando outros âmbitos importantes no
processo de construção da notícia, a teoria é relativizada:

Assim, é uma teoria que privilegia apenas uma abordagem micro-sociológica, ao


nível do indivíduo, ignorando por completo quaisquer fatores macro-sociológicos,
ou mesmo, micro-sociológicos como a organização jornalística. É, assim, uma teoria
que se situa ao nível da pessoa jornalista, individualizando uma função que tem uma
dimensão burocrática inserida numa organização. (TRAQUINA, 2005a, p.151).

Ao mesmo tempo, ao tentar descrever as notícias, a teoria leva em conta apenas o


processo estanque de seleção, em uma visão estreita da atividade. Não é dada atenção a outras
etapas do processo de construção da notícia (TRAQUINA, 2005a).
Fica demonstrado, através de perspectivas posteriores, que as referências utilizadas
pelos jornalistas para selecionar e construir as notícias tem lugar, implicitamente, muito mais
na rede de colegas do que na imagem que se possui do público (WOLF, 2005)
Um das teorias que expandiu a questão colocada pela hipótese do gatekeeping foi a
teoria organizacional. Ela dá ênfase na estrutura organizacional, profissional e comercial com
a qual o jornalista tem que lidar e na qual deve estar inserido (PENA, 2005; WOLF, 2005), ao
invés de simplesmente em posições individuais. Aqui, são considerados importantes os
constrangimentos organizacionais causados ao jornalista, que acaba seguindo as políticas
37

editoriais da empresa, assim como a influência dos fatores econômicos sobre a empresa em si
(PEREIRA JR., 2005; PENA, 2005; TRAQUINA, 2005a).
Tanto a teoria do gatekeeper quanto a do newsmaking nos ajudam a compreender
melhor o campo jornalístico e seu principal produto, ou objetivo, para utilizar a expressão de
Bourdieu (1997), as notícias. A conceituação sobre as implicações do jornalismo de um modo
geral nos é de grande valia, para melhor compreendermos suas bases e pressupostos. O
jornalismo é uma atividade fundamental dentro de uma sociedade democrática, e tem sua
prática vinculada a ela. Sua crescente profissionalização, embora haja controvérsia se a
atividade constitui profissão ou não, gerou uma cultura profissional, de onde emergiu até
mesmo uma tribo (TRAQUINA, 2005b), que partilha valores e crenças. Assim, os valores e
as características da atividade e da tribo serão pertinentes para as considerações acerca dos
questionamentos trazidos pelo meio digital, que terão lugar no próximo capítulo. As
propriedades da Internet levam os jornalistas a novos paradigmas sobre seu trabalho, não sob
a forma de um determinismo tecnológico, mas constituindo recursos novos que devem ser
observados e sobre os quais se deve refletir. A objetividade, fator considerado caro pelos
jornalistas, é contraposta à perspectiva do conteúdo gerado pelo usuário, que, muitas vezes,
não possui compromisso com condutas básicas como esta, causando novos padrões sobre os
quais deve-se ponderar. Não se trata de encarar toda e qualquer manifestação do público como
solução ou futuro para o jornalismo, mas de admitir a realidade e pensar nas perspectivas
geradas por um público muitas vezes inquieto. Da mesma forma, os valores-notícia, frutos da
cultura jornalística, servirão para contraposição quando da investigação de nosso objeto de
estudo e os assuntos abordados nele, financiados pelos usuários.
38

3 O DESENVOLVIMENTO DO JORNALISMO ONLINE E A PARTICIPAÇÃO DO


USUÁRIO

Tendo já explorado o jornalismo e suas principais características como profissão e


campo, para compreender e embasar o papel e o funcionamento do objeto de nosso estudo, é
necessário entendermos de uma forma global o jornalismo no meio online. Iniciaremos com
uma reconstrução do desenvolvimento da Internet no mundo, tanto como ferramenta quanto
como meio de comunicação, para, após, discutirmos a atuação e as especificidades do
jornalismo online. A seguir, será investigado o papel do webjornalismo participativo, conceito
importante na Web e de extremo interesse para este estudo.

3.1 O SURGIMENTO DA INTERNET

O começo da Internet remonta a finalidades militares, nos Estados Unidos em tempos


de Guerra Fria. O sistema que é considerado o “predecessor” da rede, a Arpanet, foi criado em
1969 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, por meio de sua Agência de Pesquisa
e Projetos Avançados (Arpa, na sigla em inglês) em conjunto com especialistas em tecnologia
(FERRARI, 2003). No começo, era construída para uso interno, e levava em conta fatores
importantes para os militares, como capacidade de sobrevivência em caso de ataques,
flexibilidade e alta performance (ABBATE, 1999). Entre seus objetivos iniciais estavam
funções como permitir que cientistas controlassem programas e computadores à distância,
bem como garantir comunicação, em caso de um ataque da União Soviética. Além dos usos
majoritariamente militares, ao longo dos anos cientistas e organizações científicas utilizaram a
Internet para comunicação e distribuição de arquivos extensos (FERRARI, 2003). Importante
notar ainda que os pesquisadores que participaram da criação da Arpanet optaram por agregar
ao sistema logo em seu início valores considerados centrais até hoje na rede, como
descentralização de autoridade e livre troca de informações (ABBATE, 1999). Assim, pode-se
verificar um caráter colaborativo da rede desde o seu começo.
39

Em 1989, o inglês Tim Berners-Lee 3 propôs a World Wide Web (WWW), uma rede
mundial de informações acessível via Internet, de uso simplificado e modificável. Tendo em
vista que, por vezes, os conceitos de World Wide Web e Internet são confundidos, Gillies e
Cailliau (2000, p. 1, tradução nossa) apontam suas diferenças:

A Internet é como uma rede de estradas eletrônicas cruzando o planeta - a mais


utilizada super rodovia de informação. A Web é apenas um dos vários serviços que
utilizam esta rede, assim como diferentes tipos de veículos utilizam as estradas. Na
Internet, a Web é o serviço mais popular.

O desenvolvimento da Arpanet e os progressos na área serviram de base para outros


dois avanços que ocorreram no início da década de 90, e alavancaram em muito o crescimento
e a popularização das redes de computador. O primeiro foi o aparecimento do hipertexto,
linguagem básica do texto digital, também criado por Berners-Lee. Ele também foi o
responsável pela linguagem HTML 4 , formato básico que tornou mais fácil e acessível a
publicação de documentos na Web, assim como transitar entre páginas diferentes. A outra
inovação foi o primeiro programa de navegação na rede a utilizar interface gráfica,
denominado Mosaic 5 , “descrito na seção de negócios do New York Times de dezembro de
1993 como ‘a primeira janela para o ciberespaço’, tornou possível atrair usuários [...] e
provedores”. (BRIGGS e BURKE, 2006, p. 300).
Ao planejar inovações como a WWW, e a linguagem HTML, Berners-Lee procurava
tornar o crescimento da rede um “meio de ampliar oportunidades. Ele desejava conservar a
Web sem proprietários, aberta e livre” (BRIGGS e BURKE, 2006, p. 302). A partir daí, o
crescimento da Web foi veloz. Com a chegada de programas de navegação comerciais (como
o Internet Explorer, da Microsoft) e outros itens como novas linguagens de programação e
recursos comerciais,

em meados da década de 1990, a Internet estava privatizada e dotada de uma


arquitetura técnica aberta, que permitia a interconexão de todas as redes de
computadores em qualquer lugar do mundo; a WWW podia então funcionar com
software adequado, e vários navegadores de uso fácil estavam à disposição do
público. (CASTELLS, 2003, p. 19).

O crescimento e a consequente aproximação da rede com o público causaram o


interesse das empresas de mídia no meio. Ela poderia trazer respostas à algumas dúvidas

3
Pesquisador do CERN, instituto europeu de pesquisas de física de partículas (BRIGGS e BURKE, 2006).
4
Hypertext Markup Language, na sigla em inglês.
5
Foi desenvolvido pelo NCSA (National Center for Supercomputing Applications), na Universidade de Illinois,
Estados Unidos.
40

mercadológicas que o setor jornalístico tinha na década de 80 (que serão tratadas a seguir),
mas acabou por transformar o mercado de forma mais profunda.

3.2 O INÍCIO DO JORNALISMO NA WORLD WIDE WEB

É importante ressaltar que o significado de jornalismo online com o qual trabalhamos


é o de uma área do jornalismo (cujas outras são rádio, televisão e meio impresso) que envolve
a reunião, prospecção, produção, reportagem e publicação de conteúdo noticioso original na
Internet, seguindo a definição de Bardoel e Deuze (2001). O primeiro jornal online, conforme
Moraes (2001), foi o The New York Times, em 1970, que disponibilizava resumos de notícias
para assinantes que possuíssem pequenos computadores. No entanto, o marco inaugural da
relação entre o jornalismo e a World Wide Web começou em 1993 (FERREIRA, 2003),
quando do lançamento da versão online do jornal californiano San Jose Mercury News,
primeiro jornal a oferecer edição na Web. A ideia de alternativas à produção impressa de
conteúdo, no entanto, remonta à década anterior.
Boczkowski (2005) chama atenção para o fato de que os jornais americanos já vinham
tentando desenvolver recursos alternativos e mais modernos para publicações não-impressas
durante a década de 80. Foi um período de experimentação. Na verdade,

eles [a indústria de jornais americana] 6 adquiriram iniciativas que envolveram


diversas tecnologias, como videotex, teletexto, audiotex, e fax, e vários outros tipos
de conteúdo, de notícias à material de negócios. Interessados na viabilidade
comercial destas alternativas, eles puseram o olho na praticidade a curto-prazo
assim como no que estas alternativas significavam para o negócio de jornais
impressos. (BOCZKOWSKI, 2005, p. 20, tradução nossa).

Após esta época de experiências, com o amadurecimento da Internet e a popularização


da Web a ideia da digitalização das notícias por meio da WWW acabou se apresentando
muito adequada para a situação não promissora que a imprensa norte-americana vivia naquele
momento. Esta popularização já vinha atingindo números impressionantes, visto que “em
1996, já existiam 56 milhões de usuários no mundo. [...] o número de computadores
conectados ao redor do mundo pulou de 1,7 milhão em 1993 para vinte milhões em 1997”
(FERRARI, 2003, p. 17). Por volta de 1999, havia uma visível queda nos números da

6
Nota dos autores.
41

circulação de jornais (BOCZKOWSKI, 2005). Além disso, a fatia de verba advinda da


publicidade para eles, não obstante ainda ser a maior dentre os meios, estava em declínio se
comparada às décadas anteriores. Para completar o cenário, o maior público leitor dos jornais
norte-americanos era composto por pessoas entre 35 e 64 anos, causando expectativas de que
a queda nas vendas só viria a aumentar com o passar dos anos e o envelhecimento dos
leitores. Assim:

foi a popularização da World Wide Web na metade da década de 90 que abasteceu


os jornais impressos com um ambiente informacional adequado pra criar a primeira
alternativa para publicação tradicional que alcançasse desenvolvimento e uso
significantes. (BOCZKOWSKI, 2005, p.7, tradução nossa).

Após o ano de 1995, o número de sites de jornais americanos triplicou. A indústria de


impressos do país havia encontrado um meio adequado para digitalizar seu conteúdo. Foi
neste ano também que o primeiro jornal brasileiro passou a estar disponível na Internet, o
Jornal do Brasil (MORAES, 2001). O meio jornalístico foi o terceiro setor no mundo a estar
conectado à Web, depois da indústria militar e da área de pesquisas acadêmicas (HALL,
2001).
O início da veiculação mais ostensiva de notícias na Web também está ligado ao
desenvolvimento dos portais. Eles emergiram na segunda metade da década de 90. Segundo a
definição de Ferrari (2003), os portais são considerados páginas que agrupam diversos tipos
de conteúdo, de campos e objetivos diferentes. Entre os recursos que se encontram
normalmente neles estão serviços de email, ferramentas de busca, comunidades, jogos,
entretenimento, esportes, além de, naturalmente, notícias. Seu objetivo é manter o internauta
em uma página por uma quantidade maior de tempo, fazendo-o acessar diversos conteúdos.
Ainda conforme a autora, “o conteúdo jornalístico tem sido o principal chamariz dos portais.
Pela possibilidade de reunir milhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo, os sites do
gênero assumiram o comportamento de mídia de massa” (FERRARI, 2003, p. 30).
Cabe notar que, de forma mais rápida que outros meios, o ponto de estabilização da
Internet como meio de massa é apontado como sendo em cerca de uma década após ter seu
uso comercial difundido, quando dos atentados de 11 de setembro de 2001. Na ocasião, “a
rede mundial de computadores se firmou como um recurso de suporte, pesquisa, difusão de
notícias e arquivamento de informações após o atentado às torres do World Trade Center”
(FERREIRA, 2003, p. 70). Foi o momento em que o mundo se voltou para a Web em busca
de informações, não utilizando apenas a televisão ou o rádio, e fazendo com que a Internet
42

deixasse de ser coadjuvante no cenário da comunicação de massa. Isto se percebe


principalmente se observarmos os dados de fluxo do Google da manhã do dia dos atentados
(já na época o principal buscador de páginas da Web). O número de buscas relacionadas a
notícias foi 60 vezes maior do que o do dia anterior. Da mesma forma, a procura por “CNN”
no momento dos ataques atingiu a marca de seis mil por minuto, baixando a menos de mil no
resto do dia 7 .
Com esta nova personagem na mídia de massa, há mudanças em todas as formas de
consumir conteúdo em todos os meios. O uso da Web para o jornalismo enceta novas
tendências no mercado, que vão muito além da simples ausência de limite de tamanho nas
notícias ou de deadline para entregá-las. Ferrari (2003, p. 37) evidencia indícios destas
modificações na comunicação: “graças à Internet, tudo indica que a mídia de massa do século
XXI será muito diferente da atual – seja pela personalização do conteúdo, pela interatividade
ou pelo dinamismo do noticiário”.
Da mesma forma, é um momento de a mídia jornalística se reinventar como um todo.

Jornalismo online é tudo isso e mais. É também a indústria que está tendo
experiências com o total e desmediado impacto de formatos convergentes de mídia.
[...] Muitos dos acréscimos obsoletos da cultura tradicional das notícias estão sendo
rapidamente descartados de modo a criar novos formatos radicais para o século
XXI. Estas novas formas da informação afetarão cada aspecto de nossas vidas.
(HALL, 2001, p. 6, tradução nossa).

Logo, ler as notícias se configura mais ainda como um processo não-estático, em uma
sociedade mediada pela informação e pela Internet nos mais diversos âmbitos. Não só o
jornalismo online (e o meio digital como um todo) afeta as outras áreas da profissão
jornalística, como possui peculiaridades que devem receber atenção.

3.3 ESPECIFICIDADES E CARACTERÍSTICAS DO JORNALISMO ONLINE

O jornalismo produzido para a Web é afetado invariavelmente e desde seu surgimento


pelo meio onde se encontra. É essencial abordarmos mais detalhadamente alguns aspectos
basilares que são observados no jornalismo online e que determinam mudanças importantes

7
GOOGLE. Google Search Statistics from 9/11/01. Mountain View, [entre 2001 e 2010]. Disponível em:
<http://images.google.com/press/zeitgeist/9-11-search.html>. Acesso em: 30 ago. 2010.
43

tanto no fazer jornalístico quanto na forma como o público se informa pelas notícias.
Conforme Sousa ([2003]), os níveis onde o jornalismo é impactado são dois:

em primeiro lugar, nas rotinas jornalísticas de produção de informação; e em


segundo lugar, nas formas e formatos de difusão de informação, ou seja, no produto
jornalístico. O jornalismo on-line não exterminou o jornalismo noutros media, mas
modificou-o, obrigando-o a uma adaptação constante.

Seguindo as conceituações de Bardoel e Deuze (2001), existem quatro características


capitais do jornalismo praticado na Web: interatividade, customização do conteúdo,
hipertextualidade e multimidialidade. Já Palacios et al. (2002) tratam de cinco características
principais, que consistem em: multimidialidade/convergência, interatividade,
hipertextualidade, personalização e memória. Partindo das definições destes autores, vamos
discriminar as implicâncias de cada peculiaridade no âmbito jornalístico. Cabe ressaltar, no
entanto, que embora estas características e possibilidades estejam disponíveis na maioria das
vezes, elas podem ou não ser aproveitadas pelos veículos jornalísticos online, devido a
motivos de ordem econômica, técnica, mercadológicas ou por conveniência (BARDOEL e
DEUZE, 2001).
A interatividade pode ser encontrada em outros meios, mas é um fator diferenciador
do jornalismo online. A capacidade de interagir no produto noticioso está relacionada ao fato
de tentar “fazer o público leitor parte do processo noticioso” (BARDOEL e DEUZE, 2001, p.
95, tradução nossa), o que pode acontecer através de diversos recursos, como email,
comentários, fóruns, chats. A interatividade também envolve a navegação pelo próprio
hipertexto, dentro da notícia, assim como a interação com outras máquinas, outros usuários, e
o próprio autor, concluindo assim que existe não apenas uma interatividade, mas uma série de
processos interativos interligados no jornalismo online (PALACIOS et al., 2002;
MIELNICZUK, 2001).
O próximo aspecto abordado pelos autores é a hipertextualidade. A possibilidade de
adicionar hiperlinks dentro do hipertexto é algo fundamental dentro da World Wide Web. A
uma notícia publicada no meio online pode-se, assim, conectar releases de imprensa, artigos
interpretativos, materiais periféricos, vídeos, etc., dando mais contexto à reportagem original.

Para o usuário, isto significa que ele ou ela pode optar por uma reportagem concisa
ou em profundidade e, assim, minar a diferença tradicional entre tipos de notícias
(tele ou radiodifusão) e gêneros jornalísticos (reportagem e comentário).
(BARDOEL e DEUZE, 2001, p. 97, tradução nossa).
44

A customização do conteúdo evidencia a possibilidade de o leitor/usuário poder


moldar os assuntos, forma e hierarquia de acordo com suas vontades e necessidades
(PALACIOS et al., 2002). Existem sites jornalísticos onde é possível criar perfis e selecionar
diferentes editorias que constarão na capa, bem como notícias geolocalizadas, quando o
usuário acessar o endereço, deixando de lado assim a informação que não é procurada e
evidenciando aquela que é mais importante, para cada usuário. Demonstra-se, assim, uma
característica-chave e diferenciadora do jornalismo online (BARDOEL e DEUZE, 2001).
A multimidialidade, aqui, é a convergência de diversas mídias dentro do material
jornalístico, como texto, vídeo, áudio, fotografia. Possibilita formas diferentes de narração das
reportagens, evidenciando que cada notícia pode ter um ângulo distinto, uma outra maneira de
colocar o conteúdo (BARDOEL e DEUZE, 2001). Conforme Palacios et al. (2002), a
digitalização da informação origina esta convergência na plataforma online, causando um
cenário de agregação e complementaridade entre estas mídias.
Finalmente, Palacios et al. (2002) acrescentam às características propostas por Bardoel
e Deuze (2001) a memória. Devido a facilidades técnicas inerentes, o jornalismo online
permite tanto o resgate de informações anteriores de forma muito mais fácil e ágil, quanto
espaço ilimitado para o tamanho das próprias notícias.

Sem as limitações anteriores de tempo e espaço, o jornalismo tem a sua primeira


forma de memória múltipla, instantânea e cumulativa. Diferentemente do que
sucedia em suportes midiáticos anteriores (impresso, rádio, TV, CD-ROM), a Web
possibilita a utilização de um espaço praticamente ilimitado para o material
noticioso bem como permite a disponibilização imediata de informação
anteriormente produzida e armazenada, através de material de arquivo.
(PALACIOS et al., 2002, p. 160).

Esta disponibilidade de informações é possível tanto para o produtor das notícias quanto para
o próprio usuário.
Observa-se então que o jornalismo online é um terreno muito singular, se comparado
às outras áreas da profissão. Envolve, de forma inerente, a interatividade, seja no que
concerne à relação usuário-autor, quanto à possibilidade de interação usuário-usuário e
usuário máquina. A interatividade está presente também no hipertexto, estrutura básica do
texto na Web, que permite a existência de conexões com materiais e sites diversos em uma
reportagem, demonstrando o caráter de rede do meio, como ressaltam as próprias expressões
estrangeiras “World Wide Web” e “Internet”. É o próprio hipertexto que permite, logo, que o
jornalismo online informe de maneira mais global, levada em conta a multiplicidade de
mídias possível em qualquer site. Além disso, a ausência de limite de espaço e tempo permite
45

o desenvolvimento de material de tamanho indefinido, bem como de arquivos e repositórios


de informações com diversas utilidades para público e jornalista. Conforme Moura (2002), o
jornalismo online caminha para se definir melhor, e encontrar em outros meios não um
modelo, mas uma fonte de inspiração, podendo assim explorar melhor suas próprias
potencialidades.

3.4 O WEBJORNALISMO PARTICIPATIVO

O webjornalismo participativo representa um degrau fundamental na participação do


público no processo jornalístico. Fenômeno que modifica o cenário midiático, seu conceito é
muito importante para estabelecermos as bases e contextualizarmos o surgimento e o
funcionamento de nosso objeto de estudo.
Bowman e Willis (2003, p. 9, tradução nossa) definem o jornalismo participativo em
geral como:

O ato de um cidadão, ou grupo de cidadãos, cumprindo um papel ativo no processo


de coletar, reportar, analisar e disseminar notícias e informações. O objetivo desta
participação é proporcionar informações independentes, confiáveis, precisas,
amplas e relevantes das quais uma democracia necessita.

Utilizamos neste estudo o conceito de que aqueles webjornais onde existe intervenção
do público no conteúdo, seja gerando conteúdo editorial (através de vídeos, fotos ou mesmo
reportagens) ou por meio de comentários e discussões, são webjornais participativos, seja o
veículo em questão gerenciado por profissionais ou não (TRÄSEL, 2007). Da mesma forma,
Primo e Träsel (2006, p. 10) definem o webjornalismo participativo como “práticas
desenvolvidas em seções ou na totalidade de um periódico noticioso na Web, onde a fronteira
entre produção e leitura de notícias não pode ser claramente demarcada ou não existe”. Nota-
se que Bruns (2009, p. 28, tradução nossa), com a mesma preocupação, utiliza conceito
semelhante, relacionado à participação do público: são websites noticiosos colaborativos
aqueles que “utilizam em larga escala seus usuários como coletores de informação, editores
ou comentadores”. Observa-se que os comentários, mesmo não sendo a informação “central”
em um produto jornalístico, podem ser vistos como fruto de jornalismo participativo.
Enxerga-se aí, logo, sua importância do ponto de vista comunicativo.
46

O meio online é um terreno fértil e adequado para este tipo de manifestação, razão
pela qual falamos em webjornalismo participativo, visto que muitas vezes ele é feito com este
meio em mente. Procura-se deixar de lado um raciocínio que envolva um determinismo
tecnológico, que daria às ferramentas e tecnologias disponíveis o único crédito pelo
aparecimento do webjornalismo participativo. Nas palavras de Lévy (1999, p. 25),

A emergência do ciberespaço acompanha, traduz e favorece uma evolução geral da


civilização. Uma técnica é produzida dentro de uma cultura, e uma sociedade
encontra-se condicionada por suas técnicas. E digo condicionada, não determinada.
[…] Dizer que a técnica condiciona significa dizer que abre algumas possibilidades,
que algumas opções culturais ou sociais não poderiam ser pensadas a sério sem sua
presença. Mas muitas possibilidades são abertas, e nem todas serão aproveitadas.

Com isto em mente, se reconhece que a facilidade e a própria estrutura adequada da


Web favoreceram a manifestação desta cultura de colaboração e participação das audiências,
como ressaltam Fonseca e Lindemann (2007, p. 88):

Há que se considerar que a Internet rompe com o processo comunicacional vertical,


de formato um-todos, até então vigente no jornalismo convencional. As novas
tecnologias de comunicação, ao contrário, permitem a relação horizontal todos-
todos, de domínio público e caráter colaborativo. [...] Tal liberdade favorece o
aparecimento de novas formas de interação entre os indivíduos e de novas práticas
sociais. A técnica é, portanto, uma invenção humana que se insere no mundo social,
em suas relações políticas, econômicas e culturais, transformando o homem, a
cultura e a sociedade.

Esta colaboração, alavancada por um ambiente tecnicamente propício, tem diversas


formas. Um dos formatos que deu vazão a esta interatividade são os blogs, ou Weblogs, como
conhecidos em seu surgimento. Já bastante difundidos, começaram como formato alternativo
à grande mídia, hoje tendo sido assimilados pelas empresas jornalísticas. De fato, “estes
sistemas de publicação pessoal deram início a um fenômeno que mostra as marcas de uma
revolução – dando a qualquer um com talento e disposição a habilidade de ser ouvido alto e
forte na Web” (BOWMAN e WILLIS, p. 8, tradução nossa). A partir desta conceituação,
podemos expandir o significado e a importância do webjornalismo participativo.
A imagem e a expansão da participação ativa de usuários em publicações na Web
estão intimamente ligados ao conceito de gatewatching, cunhado por Bruns (2009). A ideia de
gatewatching passa pelo conceito de gatekeeping, vista no capítulo anterior. Como demonstra
o autor (2009), o gatekeeping é a interpretação do trabalho do jornalista como “filtro” de
conteúdos em um veículo de comunicação. Ele é quem decide o que será publicado, seja por
47

motivos pessoais, organizacionais, ou outros. Em uma tradução livre, é o jornalista como


“guardião dos portões” das inúmeras informações que chegam a uma redação todos os dias.
Como já evidenciado, não existe a limitação de espaço na Web. Finda a escassez de
espaço para publicação, não existe necessidade de um filtro tão severo do material
jornalístico, uma vez que a possibilidade de levar ao público mais informações é visível.
Além do que, “a própria fonte da informação pode publicá-la na Web, sem nem mesmo entrar
no processo jornalístico” (TRÄSEL, 2007, p. 86). Os comentários e contribuições em geral do
público também podem ser publicados e tratados de forma muito melhor, o que não
aconteceria em outros meios. Sem estas restrições, se dá lugar a um novo tipo de colaboração.
Bruns (2009, p. 17, tradução nossa) coloca então o gatewatching como “a observação dos
portões de saída de publicações jornalísticas, bem como outras fontes, com o objetivo de
identificar materiais importantes quando da sua disponibilização”. Quem desempenha este
papel são os próprios usuários, interessados em determinado assunto ou ligados à determinada
comunidade, que agem como “bibliotecários” da Web e reúnem material que será utilizado
em webjornais participativos (BRUNS, 2009). Os usuários podem pesquisar diversas
informações sobre temas noticiosos diretamente nas fontes ou em releases, páginas pessoais,
sites de referência etc. Como engloba a definição, fontes de outros meios também podem ser
consultadas. Esta transposição de conteúdo, muitas vezes da mídia tradicional, para
webjornais participativo resulta em crítica ao webjornalismo participativo, que estaria apenas
reformulando um conteúdo feito por outrem e utilizando-o, como veremos mais adiante.
O conceito de gatewatching é necessário para melhor interpretarmos o produto e o
modelo de negócios do Spot.Us. As etapas do processo produtivo jornalístico, para Bruns
(2009), são três. A primeira é a de entrada, quando os jornalistas reúnem os fatos e
acontecimentos que se tornarão notícias, que entraram no processo. A segunda é a fase de
saída, quando se define quais fatos são mais importantes que outros, quais acabaram realçados
e quais ignorados, e quais acabaram inclusive não sendo publicados (pode-se observar aqui
uma forte relação com a estrutura dos critérios de noticiabilidade estabelecidos por Traquina e
vistos no Capítulo I). Após, há a fase de resposta, que envolve a seleção do material
opinativo, críticas e sugestões vindas do público que serão tornadas públicas pelo veículo
jornalístico. O autor faz analogia entre os atuais usuários de webjornais participativos e os
bibliotecários, funcionários responsáveis pela organização do extenso material de uma
biblioteca.
48

Os 'bibliotecários' da Internet aqui discutidos dependem também de seus usuários


para ajudar na avaliação e no encontro de informações noticiáveis disponíveis. No
ambiente massivamente multicanalizado da World Wide Web, nenhum
bibliotecário ou grupo de bibliotecários pode ter expectativa de encontrar todo o
material relevante, então […] eles recrutam sua comunidade inteira de usuários
como co-bibliotecários. (BRUNS, 2009, p. 17, tradução nossa).

O gatewatching presente no Spot.Us acontece na fase de entrada, como veremos mais


detalhadamente no capítulo a seguir.
Deuze (2009) aborda três perspectivas principais para o jornalismo participativo como
um todo. Primeiramente, através de uma visão estritamente de mercado, sendo a participação
ativa do público um fenômeno capaz de trazer às empresas de comunicação trabalho com
despesas menores. Reportagens e material jornalístico vindo de voluntários poderiam ser
obtidos gratuitamente ou a baixo custo, visto que não há necessidade de sustentar, desta
forma, uma categoria profissional. A segunda perspectiva é a do próprio público. Levando em
conta as contribuições mais pessoais e particulares dos internautas, a participação destes
usuários no jornalismo seria interpretada como um envolvimento extremamente
individualizado para a sociedade, admitindo o fenômeno, então, como resultado da fala dos
mais radicais e engajados da sociedade. Finalmente, a terceira perspectiva, envolve uma
cultura participativa na mídia e uma emancipação do público nesse sentido. É uma visão
otimista, que defende assim esforços para que as organizações de comunicação profissionais
colaborem, e mais adiante invistam, em seu público. Ou seja, o autor pensa o jornalismo
participativo como uma forma de expressão vinda da sociedade, que contribui para, e não
substitui, o jornalismo profissional estabelecido, desde que este tenha uma mudança em seus
paradigmas.
Com esta transposição de papéis, e este novo posicionamento do público no cenário da
comunicação, observa-se que a relação entre jornalista e leitor, entre produtor e usuário,
borra-se. Os limites entre um e outro já não são mais estáticos. Com esta preocupação,
inclusive, Bruns (2009), usa o conceito de “produser”, unificando os termos “producer” e
“user” (“produtor” e “usuário”, em inglês). Os produsers, conforme o autor, são aqueles
usuários de websites noticiosos “que se engajam nestes sites alternadamente de forma
produtiva e consumidora (e frequentemente nas duas formas ao mesmo tempo)” (2009, p. 23,
tradução nossa). A ocorrência de produsers nos webjornais hoje em dia é cada vez mais
habitual, uma vez que as ferramentas necessárias para sua existência são muito simples e cada
vez mais comuns, e práticas acessíveis (como a postagem de comentários, por exemplo), são
consideradas conteúdo importante.
49

A ideia de um jornalismo que apresente uma alternativa ao modelo tradicional de


cobertura homogênea da “grande mídia” já aparece há algum tempo. Gans (2004, p. 314) trata
do conceito de “multiperspectivalidade nas notícias” 8 , defendendo a importância de olhares
diferentes para as mesmas notícias, visto a singularidade dos diferentes grupos existentes na
sociedade, cada um com suas intenções e necessidades, e a impossibilidade de contemplar
todas as realidades em um mesmo olhar, ou seja, em uma mesma mídia. Bruns (2009) vê
alguns dos princípios que Gans defende para esse tipo de jornalismo (como notícias mais
representativas, cobertura de conseqüências de políticas públicas, mais do que em seus
lançamentos etc.) no que atualmente é feito em sites com conteúdo gerado por usuários. Em
outras palavras, ele demonstra que a mídia colaborativa é uma forma de gerar
multiperspectivalidade e aproximação com o público, em uma sociedade onde esse público
não é estático nem homogêneo, e a mídia tradicional parece não suprir estas necessidades.
Bruns (2009, p. 27, grifo do autor, tradução nossa), não obstante esse potencial, faz uma
ressalva:

E mesmo onde o jornalismo permanece participativo, não existe garantia que isso
levará a uma cobertura das notícias sob múltiplas perspectivas: essa cobertura
depende não só do fato que os usuários participam, como também na questão de
quais usuários fazem parte do processo – em outras palavras,
multiperspectivalidade acontece sob a condição de que os usuários participantes
representem variadas perspectivas.

Daí a importância da mediação do conteúdo de usuários, que pode existir ou não


nestes sites. Para haver efetiva participação e multiplicidade de pontos de vista é necessário
um ambiente propício. Bowman e Willis (2003) definiram quatro modelos de intervenção
para estes websites. O primeiro são aqueles abertos e comunitários, ou seja, existe um “chefe”
do servidor, mas quase todas as atividades como filtragem, edição e conteúdo são
administradas pelos usuários – é o tipo mais aberto. Após, existe o sistema aberto exclusivo,
que consiste em um grupo de membros privilegiados que dão origem ao conteúdo, ficando a
cargo da audiência uma parte mais secundária de modificação do conteúdo, como em
comentários (este é o modelo comum dos blogs). Após, existe o modelo fechado, onde apenas
um grupo limitado de pessoas pode ler, criar, editar e comentar conteúdo. Este sistema é
restrito a sistemas de Web privados, como o sistema interno de uma empresa. Por fim, há o
parcialmente fechado, onde uma parte do conteúdo criado por um grupo fechado é exposta ao
público.

8
“Multiperspectival news” (tradução nossa).
50

Ao estudar o webjornal participativo Slashdot (sobre o qual falaremos um pouco mais


a seguir), Bruns (2009) relata que, de acordo com os editores do site, que conta com milhares
de colaborações e comentários por dia, sempre se procurou exercer certo controle sobre a
atuação do público. Eles admitem que deixar todo o conteúdo e sua gestão (seja no que diz
respeito a comentários, ou filtragem, ou edição, ou avaliação) para os usuários causaria
transtorno e poderia desviar seu foco inicial.
É necessário, assim, ter em mente de que formas o público pode colaborar, quais são
as categorias desta participação que podem ser contempladas dentro do webjornalismo
participativo. Neste sentido, Lasica (2003) listou seis formas mais comuns de o público
participar no conteúdo midiático e mostrar sua voz. A primeira é justamente a participação da
audiência em veículos da mídia tradicional. Aí estão inclusos comentários em blogs dos
jornalistas ou blogs mantidos pela redação, artigos enviados pelos leitores, material em geral
vindo do público, como relatos, fotos e vídeos (prática cada vez mais comum), ou outras
formas de contribuição, como análises e reviews de praticamente tudo. O segundo tipo de
participação são websites jornalísticos e de informação independentes. Existem diversos
exemplos, podem ser desde blogs sobre tecnologia até observatórios da própria mídia,
passando por webjornais locais. Podem ser de nicho ou gerais, e em alguns casos possuem
conteúdo gerado por outros amadores. O terceiro tipo é a categoria dos próprios webjornais
participativos, onde os repórteres amadores são a grande fonte de notícias e reportagens. São
mais parecidos com um veículo tradicional, com a diferença da origem do material editorial.
O próximo exemplo de participação são os sites colaborativos e contributivos. Neles, os
usuários produzem conteúdo editorial, mas também comentam, avaliam comentários e artigos
e fazem links para outros artigos e assuntos, inclusive fora do site. A página se administra
sozinha, nestes pontos. A penúltima categoria é do mesmo gênero e envolve outros tipos de
mídia alternativa, como listas de emails, newsletters etc. Finalmente, o sexto tipo de
participação do público são os sites pessoais de transmissão de vídeo e áudio, que também
podem abordar diversos assuntos.
Da mesma forma, Bowman e Willis (2003) esquematizam as funções da audiência, de
acordo com a participação. Eles chegam a nove tipos, sendo eles: comentários (em blogs e
outros tipos de sites, como fóruns), filtragem e edição, checagem de fatos, reportagem
(podendo ser tanto envio de material fotográfico ou audiovisual quando relatos ou
informações de nicho), “reportagem de notas” 9 (ou seja, suplementar notícias com

9
“Annotative reporting” (tradução nossa).
51

informações periféricas, adicionando outros ângulos e pontos de vista, que porventura possam
estar faltando), reportagem open-source e peer review (quando se permite aos leitores
avaliarem um artigo antes de sua publicação, podendo expandi-lo ou modificá-lo, em uma
prática colaborativa), transmissão de áudio e vídeo, compras, vendas e anúncios (se levarmos
em conta as comunidades criadas em torno ambientes comerciais, com fenômenos como
comentários e checagem de fatos de produtos) e, por fim, administração de conhecimento (a
utilização de blogs, ou de comunidades blogueiras, para reunir e compartilhar conhecimentos
e ideias, seja em um ambiente fechado, como uma corporação, ou não).
Uma outra forma de participação que os leitores podem ter é a de financiamento direto
das notícias, de forma parecida com a que acontece no Spot.Us, objeto deste estudo. Uma
experiência de arrecadação de fundos junto à audiência foi realizada pelo jornalista
Christopher Allbritton em dois weblogs. O primeiro, chamado Back To Iraq (“De volta ao
Iraque”, em tradução livre), foi criado em 2002. O jornalista norte-americano, com 20 anos de
experiência em veículos de comunicação, era totalmente financiado por seus leitores, e
utilizava o dinheiro arrecadado para se manter no Iraque e reportar de forma independente a
situação da guerra contra os Estados Unidos 10 . Estas seriam enviadas em primeira mão aos
doadores e mais tarde publicadas no blog. Atualmente o Back to Iraq já não recebe mais
atualizações, mas Allbritton possui outro projeto. De nome Insurgency Watch (algo como
“observatório de revoltas”, em tradução livre), a iniciativa tem como objetivo reportar
conflitos em países como Paquistão e Afeganistão, também financiado somente por doações
de leitores, além de anúncios no website 11 . É interessante notar que a proposta do jornalista,
não obstante uma infinidade de conteúdo disponível na mídia em geral sobre conflitos no
Oriente Médio, conseguiu se manter por vários anos, dando ensejo inclusive a uma segunda
ideia na mesma linha.
Observadas categorias descritas acima, podemos olhar alguns exemplos disponíveis de
webjornalismo participativo. Dentro da categoria dos sites onde o conteúdo é gerado quase
em sua totalidade por usuários existe o sul-coreano OhmyNews
(http://english.ohmynews.com/, versão em inglês), um dos maiores modelos internacionais de
jornalismo colaborativo. Com o lema “cada cidadão é um repórter”, o site funciona como uma
agência de notícias, mas que utiliza material comprado de repórteres amadores espalhados por

10
ALLBRITTON, Christopher. Back to Iraq!. Back to Iraq, [S.l.], 2 out. 2002. Disponível em:
<http://www.back-to-iraq.com/2002/10/back-to-iraq.php>. Acesso em: 9 out. 2002.
11
ALLBRITTON, Christopher. Welcome to InsurgencyWatch.com. Insurgency Watch, [S.l.], 26 fev. 2009.
Disponível em: <http://www.insurgencywatch.com/2009/02/26/welcome-to-jihadistan/>. Acesso em: 9 out.
2002.
52

todo o mundo. Cada reportagem enviada é remunerada com US$ 20, e a gama de assuntos
abordados é imensa.
O Independent Media Center, ou simplesmente Indymedia
(http://www.indymedia.org) é outro exemplo bem conhecido. Criado em 1999 para a
cobertura colaborativa e independente de manifestações contra a Associação Mundial do
Comércio em Seattle, é uma rede de veículos que busca trabalhar como alternativa à grande
mídia. Hoje existe em dezena de países e é publicado em oito línguas12 .
Ainda outro modelo é o Slashdot (http://slashdot.org), site voltado para tecnologia,
software livre e informática em geral. Todo o conteúdo de seus artigos é gerado por seus
usuários, que também realizam a checagem dos fatos e avaliação dos comentários (BRUNS,
2009). Existe, no entanto, um controle editorial de quais artigos vão para a capa do site. Com
o passar dos anos, se criou uma verdadeira comunidade em torno dele, que possui mais de 600
mil membros registrados (BRUNS, 2009).
Quanto aos veículos tradicionais que se utilizam do webjornalismo participativo em
seções distintas, existem vários. A CNN possui o CNN iReport (http://ireport.cnn.com/), uma
seção bem desenvolvida em seu website direcionada para captar as contribuições de
repórteres amadores ao redor do mundo, com presença inclusive em aplicativo para celular.
Alguns exemplos brasileiros são o VC Repórter 13 , do portal Terra, o VC no G1, do G1, portal
jornalístico da Rede Globo de Comunicação, e o Leitor-Repórter, de Zerohora.com, veículo
do Grupo RBS. Os quatro funcionam basicamente da mesma forma: convidam o internauta a
enviar fotos, vídeos áudios ou textos sobre algum fato que o leitor tenha presenciado. As
contribuições não são remuneradas e são publicadas com os devidos créditos na página
específica de cada projeto. Este tipo de iniciativa permite principalmente dois fatos: uma
aproximação por parte do veículo com a comunidade, e a transposição da voz dos sujeitos da
comunidade para a mídia, podendo assim revelar problemas e necessidades.
Por ser um elemento novo e que se desenvolve rapidamente, o webjornalismo
participativo suscita críticas, tanto do meio acadêmico quanto do próprio mercado. Sem
dúvida, os questionamentos mais habituais dão conta da questão ética em utilizar
contribuições de cidadãos que não possuem compromisso com nenhuma técnica jornalística
nem com nenhuma instituição. De fato, “duvida-se da postura ética dos ‘cidadãos-repórter’

12
INDYMEDIA. About Indymedia. Seattle, [1999?]. Disponível em:
<http://www.indymedia.org/pt/static/about.shtml>. Acesso em: 27 ago. 2010.
13
Respectivamente: http://noticias.terra.com.br/vcreporter, http://g1.globo.com/vc-no-g1/ e
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/home.jsp?localizador=Zero+Hora/Zero+Hora/Leitor-
Reporter&secao=lista&section=Leitor-Rep%F3rter
53

sem conhecimento formal em jornalismo ou que não contem com o respaldo de uma
reconhecida instituição jornalística” (PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 6). Assim, por estarem
“soltos”, “agindo por conta própria”, de certa forma, é comum sua atuação não ser levada a
sério. Existe também a preocupação com a publicação excessiva de opiniões neste tipo de
comunicação, onde pode haver condutas mal-intencionadas em um ambiente tão desmediado.
Fonseca e Lindemann (2007, p. 92) falam de um retorno ao jornalismo essencialmente
opinativo do século XV:

com o webjornalismo participativo, parece estar- se vivenciando um retorno ao


jornalismo opinativo, uma vez que qualquer pessoa com acesso à Internet tem a
possibilidade de exercer o papel de jornalista, articulista, analista dos fatos do dia.
Com isso, também podem ser difundidas inverdades ou matérias comprometidas
por interesses políticos, pessoais, econômicos etc.

O grande erro seria tentar equiparar diretamente os produtos do jornalismo tradicional


com os do webjornalismo participativo, quando, na verdade, há propostas e funções
diferentes, embora ambos tenham que se relacionar e trabalhar juntos:

E quanto a valores como imparcialidade e objetividade, que são ainda defendidos


no contexto massivo e nas escolas que formam profissionais para o jornalismo
tradicional? Ora, o pequeno número de periódicos impressos ou emissoras de rádio
e televisão parecem justificá-los. Já na Internet, com tamanha oferta informacional
e com o espaço de publicação praticamente infinito, cresce a demanda por materiais
que vão além do mero relato. Nesse sentido, mais uma vez insiste-se que o
webjornalismo participativo não é uma ameaça ao jornalismo tradicional ou ao
próprio webjornalismo e sim mais uma opção na oferta de notícias, e que cria novo
relacionamento dos sujeitos com o noticiário. (PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 16).

Mas a dúvida permanece: como lidar com informações irresponsáveis e errôneas, sem
treinamento específico para a função, e sem corporações dando apoio e suporte? Brambilla
(2005) e Primo e Träsel (2006) ressaltam que, afinal, não é o jornalismo tradicional que está
livre de erros. Existem casos históricos de falhas, desinformações e imparcialidades que
acometeram grandes e bem estabelecidos veículos de comunicação. Uma diferença básica, e
bem-vinda, é uma maior facilidade de correção na mídia participativa:

quando um veículo da mídia de massa como um jornal impresso veicula uma


informação falsa, tão improvável será sua correção. Essa dificuldade de “resolução
de bugs” no Jornalismo tradicional não acontece pela falta de exposição ao público,
ao contrário. Jornais são muito mais populares do que noticiários online. Se
identificarem uma informação equivocada, porém, os leitores de jornais
dificilmente conseguirão estabelecer um canal ativo com a redação e, mesmo que
consigam, o alerta será submetido à avaliação editorial podendo, inclusive, ser
ignorado. (BRAMBILLA, 2005, p. 11).
54

Isto ocorre em consequência a uma maior liberdade de acesso às ferramentas de


publicação e correção, bem como à maior interação e atenção às necessidades do público.
Fonseca e Lindemann se mostram cautelosas com relação a estas novas práticas, questionando
onde os valores centrais no jornalismo podem tomar lugar no webjornalismo participativo:

Por mais que haja jornalistas atuando como moderadores, o trabalho é limitado à
revisão e edição do material que lhes é enviado, deixando de lado as tarefas
corriqueiras que envolvem a cultura profissional e enriquecem a produção
jornalística. Além disso, pode-se questionar: onde fica a relevância de critérios
como interesse público, veracidade, objetividade, clareza, exatidão, linguagem
adequada? Tem-se uma situação em que todos esses pressupostos parecem diluir-se
de tal forma que o jornalismo torna-se, pelo menos numa análise preliminar,
simplista, superficial, pouco sério. (FONSECA e LINDEMANN, 2007, p. 91).

Outra censura frequente ao webjornalismo participativo é a constante reprodução sem


modificações de conteúdo advindo da mídia tradicional (TRÄSEL, 2007), muitas vezes no
que se considera “gatewatching”, como visto anteriormente. Esta prática, denominada
“shovelware” 14 (PATERSON e DOMINGO, 2008), consiste em simples reformatação de
conteúdo em geral de um meio para o outro, e foi muito comum no início do jornalismo
online, com material que vinha dos jornais impressos.

3.5 O WEBJORNALISMO PARTICIPATIVO COMO DISCURSO ALTERNATIVO

Uma grande perspectiva para o webjornalismo participativo é o seu potencial como


alternativa de discurso à mídia tradicional. Como já observado, as tecnologias mais acessíveis
de publicação facilitaram o desenvolvimento de diferentes manifestações vindas do público,
muitas vezes subvertendo a comunicação à qual estamos acostumados. Bruns (2009, p. 307,
tradução nossa) defende que não se pode depositar todos os méritos destas novas
possibilidades apenas na tecnologia que as torna possíveis.

De fato, o motivador fundamental das mudanças no jornalismo, bem como de


outras mudanças mais amplas na sociedade, é uma ideia de acesso e participação
para a qual a Internet e as suas tecnologias associadas podem ser vistas como
exemplos emblemáticos mais do que como componentes determinantes. […] Em
muitas democracias ocidentais, a percepção popular de opções tão limitadas de

14
“Gênero de pá” (tradução livre).
55

informação e participação levou eventualmente à emergência de novos


movimentos de extrema-esquerda e extrema-direita, mas principalmente à um
crescente grau de decepção com o processo político e social, sobretudo.

Ou seja, a participação do público e as alternativas que dão voz a ele de forma mais
global devem ser encaradas não só como frutos de uma nova sessão de publicação nos
webjornais, ou como novidades que interessam apenas a programadores, mas como
necessidades que acabaram encontrando vazão nos diversos recursos encontrados na Web.
Não só servir a este papel de voz alternativa, mas os exemplos encontrados de
colaboração do público também podem ser vistos como forma de ajudar a guiar o público no
meio da abundância de informações que existe hoje.

Comunidades da Web e mesmo mecanismos de busca estão se tornando valiosas


fontes de notícias, que guiam e direcionam seus leitores a informações de
interesse. [...] O papel destes sites (como filtros, simplificadores e esclarecedores
de notícias) adiciona uma nova camada de intermediação. (BOWMAN e WILLIS,
2003, p. 48, tradução nossa).

A natureza aberta e transparente de colaboração e adesão destes sites faz com que eles
“cativem” os usuários de forma rápida. Para atingir os mesmos níveis de “intimidade” e
relação com sua audiência, os canais de mídia tradicionais, como canais de televisão e jornais,
levaram vários anos, e o webjornalismo participativo, por possuir um caráter diferente, com
mais aproximação, fez em bem menos tempo (BOWMAN e WILLIS, 2003).
Outro ponto onde o fenômeno suscitou questionamentos é na questão da objetividade.
Como já visto no capítulo anterior, as ideias de objetividade e imparcialidade são fatores
presentes há tempo no jornalismo ocidental, e procuram propor alternativas à subjetividade
encontrada na doxa. São balizas que, supostamente, devem guiar a atuação tanto de um
veículo jornalístico quanto de um profissional em seu trabalho, e que os próprios profissionais
utilizam a seu favor para proteger seu trabalho das constantes pressões que sofrem. Por lidar
com membros da audiência sem qualquer formação técnica e que não possuem intenção de
responder aos pilares do jornalismo profissional, o webjornalismo participativo dá prioridade
a outros valores nas informações que publica, criando assim um novo padrão:

Os usuários que compõem esta audiência [o público ativo] 15 acabou com alguns
dos ideais mais mal-utilizados da profissão jornalística – ‘verdade’, ‘objetividade’,
‘ausência de interesse’ – e os substituiu por suas próprias alternativas: deliberação,
multiplicidade de perspectivas e paixão. (BRUNS, 2009, p. 316).

15
Nota dos autores.
56

Observa-se assim uma tendência que significaria que a realidade exposta nas notícias
precisa estar aberta à discussão, pois ela não está terminada, pronta (BRUNS, 2009).
Novamente, é uma alternativa ao jornalismo estabelecido. Neste novo fenômeno, o público
encontra (e ajuda a construir ele mesmo) alternativa à mídia que oferece um pacote pronto de
notícia onde não há debate nem um maior envolvimento com as notícias de interesse do
próprio usuário.
Um dos empregos frequentes e que ajuda o webjornalismo participativo a definir sua
identidade e crescer é a reportagem de crises. Em momentos de conflitos e catástrofes, a
atuação de repórteres amadores se faz perceber, e constitui uma grande alternativa aos
veículos de comunicação. Três grandes eventos nos quais isto ocorreu foram o tsunami que
atingiu o sul asiático em 2004, as explosões no metrô de Londres em 2005 e o furacão
Katrina, no mesmo ano (ALLAN, 2009). Em todas as situações, pessoas comuns envolvidas
diretamente nos fatos começaram a capturar imagens com celulares, câmeras digitais e
qualquer outro tipo de dispositivo móvel à mão. Todas estas imagens e relatos foram
publicados na Web, de forma muito rápida e de locais de difícil acesso. Nestes casos de
emergências, quando cidadãos comuns passam a dar seus relatos e contar o que vêem, cria-se
uma sensação de coletividade, uma maneira de um grupo reportar o que vê e sente para os
outros, ao invés de ter isso vindo de alguém de fora, distante (ALLAN, 2009).
Frente a este novo cenário para jornalistas e empresas jornalísticas, muitos são aqueles
que dizem que é o começo do fim do jornalismo. A organização de veículos de comunicação
como conhecemos estaria fadada a se extinguir e dar lugar ao trabalho exercido pelo público,
de forma mais barata, mas também menos especializada e compromissada. Um olhar mais
atento, entretanto, demonstra que ambos devem se relacionar, e que uma análise excludente
não é a correta. Gillmor (2006) reconhece a necessidade do trabalho jornalístico profissional e
dedicado. Sem este tipo de trabalho, quem daria continuidade, por exemplo, às reportagens
investigativas e coberturas de guerra, que demandam grande investimento, dedicação,
respaldo institucional e apuro técnico?

Um mundo de anarquia nas notícias seria um mundo onde as grandes e críveis


vozes de hoje seriam encobertas por uma combinação de forças, incluindo as do
mundo financeiro [...]. Não haveria modelo de negócios para suportar o jornalismo
que vem de instituições, que, mesmo com seus problemas, exerce uma função
pública. Credibilidade importa. As pessoas precisam, e querem, fontes confiáveis –
e essas fontes têm sido, na maior parte do tempo, jornalistas sérios. (GILLMOR,
2006, p. XVI, tradução nossa).
57

Uma prova da importância do jornalismo tradicional é que mesmo os webjornais


participativos utilizam veículos tradicionais como fonte diversas vezes. É sinal de que eles
também se interessam pelos fatos cobertos pela mídia tradicional (BRUNS, 2009), bem como
pela sua credibilidade. Primo e Träsel (2006) destacam a possibilidade bem-vinda de contar
com uma audiência que não só presta atenção ao material jornalístico, mas também a erros e
manipulações, estando pronta para informá-los em pouco tempo. É um tipo de intervenção
que acrescenta muito ao trabalho do jornalista, e com a qual o profissional pode contar.
Desta forma, veículos de comunicação tradicionais devem se adequar às novas
necessidades e tendências do público, ao invés de ignorá-las. Bowman e Willis (2003, p. 53,
tradução nossa) sugerem que se crie um ambiente de debate e interação em torno das notícias:

Se as companhias de mídia vão colaborar com sua audiência online, eles precisam
começar a considerar um website de notícias e informações como uma plataforma
que suporte interação social ao redor das notícias que publica. Estas interações são
tão ou mais importantes que a narrativa, por que são criadas por e pertencem à
audiência.

É mais do que apenas publicar notícias, ou simplesmente liberar uma área para
comentários, sem lhes dar atenção. Envolve tratar a relação com a audiência de outra forma. É
um raciocínio na mesma linha do de Gillmor (2006), quando este diz que o jornalismo deve
passar de palestra para conversa. Deuze (2009) coloca que a participação do usuário é uma
realidade que bate à porta, e que não há perspectivas de que isto cesse ou diminua. Todas as
comunidades de blogueiros, de pessoas com equipamentos caseiros que transmitem seus
relatos, de interessados nos mais diversos assuntos que debatem e fazem conteúdo
incansavelmente não parecem ver motivo para parar. Ao mesmo tempo, o jornalismo é um
campo profissional e tem sua função social bem definida. O autor traz bons questionamentos:

[..] parece claro que o jornalismo deve se engajar permanentemente com esta massa
de indivíduos de uma forma que faça sentido para suas identidades profissionais já
entranhadas e para a ideologia profissional de seus trabalhadores. Ainda assim, este
engajamento deve, além disso, fazer sentido para os seus marqueteiros e
anunciantes – para a indústria de notícias como um negócio. De forma similar, a
mercantilização de notícias não mostra sinais de recuo. Logo, por razões
comerciais, culturais e tecnológicas, é de interesse (da maior parte) do jornalismo se
tornar mais uma parte da comunidade à qual ele exige servir. (DEUZE, 2009, p.
263, tradução nossa).

Ou seja, o cenário do jornalismo deve não apenas mudar seu modo de ser, como esta
conduta deve corresponder ao que se espera da profissão e dos profissionais, bem como fazer
sentido do ponto de vista de negócio. Deuze (2009 p. 263, tradução nossa) propõe duas
58

consequências alternativas às tendências do webjornalismo participativo: por um lado, “a


agregação dos ideais do jornalismo e da democracia em uma forma de independentizar a
sociedade”, e, pelo outro, “aumentar a fragmentação da sociedade em inúmeras esferas
públicas”.
As empresas de comunicação devem pensar em seu público não como uma massa
uniformizada, mas como sujeitos individualizados e ativos (BRUNS, 2009), que não terão
medo de reclamar caso estejam insatisfeitos com a cobertura jornalística. A abordagem com
relação a este público também não deve ser a tradicional (BRUNS, 2009), direcionada de um
para muitos, mas pensada em rede, tendo em mente as implicações de descentralização e
desintermediação da Internet já evidenciadas aqui. É verdade que existe uma disposição de
pensar o trabalho jornalístico como assumindo “um papel mais passivo e acomodado no
processo” (FONSECA e LINDEMANN, 2007, p. 92), tendo em vista as cada vez mais
constantes práticas de edição e seleção de material de usuários. Trata-se, porém, de um
envolvimento profundo com o público e as notícias em geral, onde o jornalismo ainda
conserva seu papel dentro do debate público, facilitando a comunicação entre diferentes
comunidades e trazendo informações. Doravante, a questão norteadora talvez seja que ele não
possa puxar para si o papel de guia absoluto desta discussão (BRUNS, 2009). Vê-se aí o
jornalismo como participante das discussões referentes à esfera pública, mas não como única
fonte, e nem sempre a mais abalizada de todas para falar. É uma posição de integração com
seu público que não descarta as características basilares jornalísticas, e reconhece na
audiência mais do que alguém que só recebe informação e não contribui no processo
comunicacional.
Assim, pode-se observar o caráter de rede da Internet e da Web e como ambas
modificam o jornalismo como um todo. O jornalismo online envolve fatores que podem não
ter surgido com ele, mas os eleva a outro patamar e traz novas possibilidades e
questionamentos ao profissional, assim como ao público. Extensão disso é o papel do público
no jornalismo e na Internet, que é modificado, como vê-se no webjornalismo participativo. É
fundamental compreender como se dá e o que visa este processo de participação do público,
como isto emergiu e que cenários se desenham para o futuro, para melhor situar o papel de
nosso objeto de estudo e as importantes questões que ele traz à atividade jornalística como um
todo.
59

4 O JORNALISMO MICROFINANCIADO PRESENTE NO SPOT.US

Até o presente momento, pudemos reconstruir e ponderar sobre o significado e as


características do trabalho jornalístico em uma sociedade democrática. Da mesma forma, foi
possível verificar como ficam as bases deste jornalismo quando ocorre a transposição do
trabalho do jornalista para a Internet. Mais do que apenas uma transição de meios, mudanças
fundamentais ocorrem, como o aumento da participação dos usuários, por exemplo. Bruns
(2009) mostra que esta maior atividade do público não deve ser creditada apenas à
emergência do meio online, o que seria simplificar a miríade de fatores que influenciam um
campo complexo como o midiático. O papel dos usuários na comunicação jornalística é um
fenômeno que merece investigação. E é por meio da apreciação do material jornalístico
presente no site Spot.Us que segue neste capítulo que pretendemos contribuir para esta
discussão.

4.1 O SITE SPOT.US: DESCRIÇÃO E FUNCIONAMENTO

O site Spot.Us foi criado em outubro de 2008, e é uma iniciativa do Center For Media
Change, uma organização sem fins lucrativos de Palo Alto, no estado norte-americano da
Califórnia, dedicada à novas experiências jornalísticas. De fato, o Center for Media Change se
define como uma organização

[...] que enriquece nossa cultura e fortalece nossa democracia ao facilitar a criação,
o desenvolvimento e o uso de novos modelos de negócio baseados na Internet para
preservar a viabilidade econômica e profissional do jornalismo. 16

Seu criador e hoje diretor é o jornalista David Cohn, membro da instituição. A


iniciativa também recebeu e recebe apoio de outras fundações para fomento e pesquisa da
atividade jornalística. O espírito aberto da iniciativa fica exposto na fala de David Cohn:

Nós temos algumas filosofias-guia, eu diria. Uma delas é a de que jornalismo é um


processo, não um produto. Isso significa que jornais são um produto, que é de onde

16
CENTER FOR MEDIA CHANGE. About Center for Media Change. Palo Alto, 16 jun. 2009. Disponível
em: <http://centerformediachange.com/>. Acesso em: 29 maio 2010. (tradução nossa).
60

nós normalmente obtemos jornalismo. Mas é possível obter jornalismo sem jornais.
É possível obter jornalismo sem notícias da TV a cabo. Jornalismo é um processo,
uma série de atos. E outro aspecto como uma filosofia para nós é que jornalismo
deve ser participativo. É algo em que o público deve se engajar. 17

Em razão de seu potencial inovador, o webjornal foi eleito pelo Mashable, um


webjornal norte-americano que trata de mídia social e digital, como um dos cinco websites
inovadores que podem reformular as notícias 18 .
O Spot.Us é um site de notícias que propõe uma forma diferente de financiamento, e
prospecção. O financiamento para cada reportagem publicada vem diretamente dos usuários,
de forma individual, bem como as
sugestões de pauta. A iniciativa se
define como “um pioneiro projeto de
código-aberto de ‘reportagem movida
pela comunidade’” (tradução nossa).
O funcionamento acontece da
seguinte forma (conforme observação
dos autores e explanações do próprio
site 19 ): qualquer internauta pode

Figura 1 – Página exemplo de tip


realizar cadastro gratuito e, assim,
Fonte: <http://spot.us/tips/254-1-800-how-s-my-driving-1- sugerir pautas. Hoje, existem cerca de
800-fraud>. Acesso em: 05 out. 2010.
6 mil colaboradores cadastrados no
Spot.Us 20 . Não há restrição de temas, e estas sugestões são chamadas “tips” (“dicas”), a forma
mais básica de ideia de pauta. Nela, é descrita alguma questão que o usuário-autor considere
pertinente para ser investigada. É possível nestas sugestões “prometer” dinheiro para a pauta,
caso ela venha a ser oficializada. Nenhum dinheiro é pago, é apenas uma maneira de
demonstrar interesse naquele embrião de ideia. Estas “promessas” de financiamento são
discriminadas na página da tip, inclusive com autoria.

17
SPOT.US. What is Spot.Us About?. San Francisco, [2008?]. Disponível em:
<http://www.spot.us/pages/about>. Acesso em: 05 out. 2010. Tradução nossa.
18
5 Innovative Websites That Could Reshape the News. Mashable, San Francisco, [2010?]. Disponível em:
<http://mashable.com/2010/05/18/innovative-news-websites/>. Acesso em: 20 out. 2010.
19
SPOT.US. What is Spot.Us About?. San Francisco, [2008?]. Disponível em:
<http://www.spot.us/pages/about>. Acesso em: 05 out. 2010.
20
COHN, David. Doubt [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <fontoura_marcelo@hotmail.com> em 7
out. 2010.
61

Estas sugestões ficam expostas no site, em uma seção determinada 21 . Cabe, então, aos
repórteres cadastrados no Spot.Us construírem propostas mais específicas de reportagem
sobre estas ideias. Quando isto é feito, a tip original é substituída por uma “pitch”
(“proposta”). Este novo tipo de proposta já tem um repórter vinculado a ela. De fato, o
repórter específico encarregado de cumprir a pauta caso ela venha a ser totalmente financiada.
O jornalista que tomar para si a
responsabilidade de transformar
a dica numa proposta de pauta
deve dar mais detalhes de como
será sua atuação, que objetivos
pretende atingir, como sua
reportagem ajudará a sociedade
no que concerne ao assunto em
questão. Existe na página
Figura 2 – Página exemplo de pitch também uma breve descrição
Fonte: <http://spot.us/pitches/463-on-the-move-how-do-young-
people-experience-migration>. Acesso em: 05 out. 2010. das qualificações do repórter e
seu trabalho em geral. Neste
estágio as contribuições feitas pelos usuários são efetivamente recolhidas e discriminadas na
página. Consta na mesma área também uma barra que informa quanto dinheiro já foi
levantado e quanto ainda falta para atingir o nível necessário.
Finalmente, quando a quantia necessária é reunida, o jornalista cumpre a pauta. O
tempo destacado para que o repórter realize a pauta varia de duas semanas a dois meses,
dependendo da complexidade envolvida. A reportagem produzida neste processo é publicada
no Spot.Us, em uma seção específica. Em poucas palavras, e utilizando o jargão jornalístico, o
processo construído no Spot.Us envolve, primeiramente, uma sugestão de pauta, após, uma
pauta, culminando finalmente em uma reportagem. O conteúdo publicado é registrado sob
uma licença livre, que permite a qualquer pessoa possa republicá-lo, desde que seus autores e
o site Spot.Us sejam devidamente creditados. De outro modo, é possível que seja feita uma
parceria com alguma empresa jornalística. Assim, a empresa pode financiar 50% do valor da
produção da notícia, e, em troca, tem o direito de publicá-la em primeira-mão. Quando isto
acontece, o valor financiado pela comunidade volta a cada um dos indivíduos na forma de
créditos, que eles podem direcionar para outras pautas, se assim desejarem. Entre as

21
http://www.spot.us/stories/suggested.
62

organizações jornalísticas que trabalham com o Spot.Us estão os jornais The New York
Times, Oakland Tribune e Oakland Local, a emissora de rádio KALW etc.
Os repórteres cadastrados no website são jornalistas que trabalham de forma
freelancer, ou seja, sem um contrato pré-determinado com o Spot.Us. Suas qualificações
variam bastante, e os profissionais podem ser tanto iniciantes quanto já experientes, bastando
que utilizem sua verdadeira identidade e provem ser competentes o suficiente.
Existe outro tipo de interação com o usuário que o Spot.Us permite, e que reforça seu
caráter de colaboração (embora haja tarefas nas quais a colaboração não aparece). É a função
de “assignment”. O repórter encarregado de determinada pauta pode pedir durante sua
realização, se julgar necessário, que algum usuário do site ajude em determinado ponto da
reportagem. Esta ajuda pode ser tirar fotografias, explorar algum documento, conduzir
entrevistas, e pode envolver uma ou mais pessoas, tudo subordinado à vontade e à
necessidade do repórter. Os usuários então se candidatam para o assignment e o jornalista
aceita aquele que considerar mais adequado.
Quanto ao seu âmbito, a cobertura do site engloba o estado da Califórnia, na costa
oeste dos Estados Unidos, principalmente nas cidades de San Francisco, Oakland e Los
Angeles. Como verificaremos mais detalhadamente adiante, o fator local é fundamental nas
notícias e sugestões veiculadas.
Quando se entra no website, observa-se em destaque quatro ícones no topo da página.
Eles realçam os passos da
construção do produto jornalístico
no website. O primeiro, “start a
story” 22 , chama o público a se
cadastrar e dar sugestões de
pautas, dar início a alguma
reportagem. Ao lado, há o ícone
“fund a story”, que mostra as
pautas expostas à avaliação do
público, aguardando para serem
financiadas. Após, há o ícone
Figura 3 – Página principal do Spot.Us “read a story”, que é caminho
Fonte: <http://spot.us/>. Acesso em: 05 out. 2010.
para as reportagens já totalmente

22
Respectivamente, “comece uma reportagem”, “financie uma reportagem”, “leia uma reportagem” e “acumule
crédito” (traduções livres).
63

financiadas e publicadas no site. Por fim, o ícone “earn spot” apresenta uma pesquisa
desenvolvida por uma organização jornalística que, ao ser respondida por qualquer usuário,
permite o acúmulo de dólares em crédito para investir em qualquer sugestão de reportagem.
Mais abaixo, existem hiperlinks para reportagens em destaque que passam pelo processo de
financiamento pelo público, bem como para reportagens publicadas recentemente.
Tendo em vista as reflexões de Bruns (2009) explanadas no capítulo anterior, o tipo de
gatewatching presente no Spot.Us é o de entrada. Ou seja, é aquele presente na fase de
entrada de um veículo noticioso, acontece a reunião dos fatos que podem se tornar notícia.
Quando decidem quais assuntos devem virar reportagens, através das propostas iniciais, os
usuários desempenham a função de decidir o que é importante e o que deve constar na pauta
do Spot.Us. Muitas vezes, esta decisão acontece baseada em materiais publicados na mídia
tradicional. Notícias em geral, algum tema que não foi bem abordado, acabam despertando a
curiosidade e o senso de importância, e o assunto é sugerido. Algumas vezes, entretanto,
acontece o contrário: um tema não possui nenhum destaque na mídia tradicional, por
quaisquer razões, e o público quer se informar mais sobre ele. O gatewatching de entrada no
Spot.Us acontece novamente quando o público escolhe o que é mais relevante para ser
financiado e consequentemente publicado. No final das contas, é a sua escolha que determina
o que irá receber financiamento, não importa o quão detalhada for a proposta do repórter e o
quão boas sejam as qualificações dele, embora ambas as coisas tenham grande influência na
decisão.
Não é possível dizer que acontece gatewatching na etapa de saída do Spot.Us. Mesmo
com a efetiva escolha inicial de pautas por parte do público, quem parte para a coleta de
informações e as hierarquiza no produto jornalístico é um jornalista. Embora ele talvez não
possua um diploma universitário em jornalismo (esta não é uma exigência obrigatória nos
Estados Unidos) ele deve demonstrar experiência para trabalhar junto ao site. Assim, quem
dará forma e terá o poder de realçar ou não determinados pontos do assunto é um jornalista.
Se relembrarmos os critérios de noticiabilidade estabelecidos por Traquina (2005b) veremos
que os critérios de seleção (mais especificamente os substantivos) ficam a cargo do público,
enquanto os de construção, presentes já na fase de elaboração da notícia, são oriundos dos
jornalistas. É preciso ressaltar que o jornalista possui, sim, espaço para utilizar os critérios de
seleção dentro da sua proposta de reportagem, que fica exposta ao público. No entanto, a
proposta passa pela decisão dos usuários de apoiarem ou não aquela proposição. Além disso,
a proposição (pitch) acaba não sendo distante do que foi colocado anteriormente através da
proposta inicial por um usuário.
64

Cabe salientar ainda que a ideia de processo jornalístico defendida pelo fundador do
Spot.Us, David Cohn, também é partilhada por Traquina (2005b) e Wolf (2005), quando estes
falam do trabalho jornalístico surgido através de um processo, que envolve seleção,
elaboração e publicação da notícia, com vários membros e critérios envolvidos, ao invés de
apenas uma decisão estanque. É com este processo em mente que defendemos a definição de
nosso objeto como um webjornal participativo, uma vez que ele depende decisiva e
sistematicamente da atuação de seus usuários no nível de entrada dos temas que aborda.
Seguimos assim no mesmo raciocínio que Bruns (2009) utiliza para definir este tipo de
veículo jornalístico, também abordada no capítulo anterior. Sem os usuários, o processo não
se configura.

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A técnica escolhida para melhor executar este estudo foi a análise de conteúdo. O
método é o mais adequado para interpretarmos e lidarmos com os dados coletados na análise
de nosso objeto de estudo, as reportagens e propostas do webjornal Spot.Us. Na conceituação
de Bardin, a análise de conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por


procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
(BARDIN, 1977, p. 42).

Neste estudo não serão levadas em conta as condições de recepção por parte do
público do material investigado, mas sim as suas condições de produção. A organização e a
sistematização dos dados servirão para este objetivo, a melhor observação de padrões e
lógicas, facilitando interpretações e deduções. Ou seja, observar o conteúdo, mas não
enxergar apenas ele, mas também sentidos e significados escondidos ou não realçados
(BARDIN, 1977). É desta forma que pretendemos dar atenção aos fenômenos e padrões vistos
no material jornalístico produzido pelo site Spot.Us.
Primeiramente, foi definido qual seria o corpus a ser analisado no estudo. Como já
descrito anteriormente, o Spot.Us possui três categorias de reportagens/propostas publicadas,
cada uma delas em seções diferentes e definidas. A sugestão mais primária, feita por qualquer
65

usuário, é a tip. Após, vem a pitch, evolução da tip, proposta por um repórter e disponível
para ser financiada ou não pelo público. Há ainda as reportagens publicadas, que foram
totalmente financiadas e, após, feitas pelos repórteres. Para esta análise, que leva em conta
principalmente as editorias privilegiadas pelo público em sua escolha, foram eleitas duas
categorias de material para estudo: as tips e as reportagens já publicadas, ignorando as
pitches. Isto foi determinado tendo em vista que as tips representam diretamente o que os
usuários sugerem individualmente e querem ver nas páginas do site. No entanto, elas não
foram levadas adiante, seguiram apenas como propostas iniciais, seja por que não houve
repórter interessado em cumprir a pauta, seja por que não houve interesse de outros membros
em “prometer” fundos (é mais vantajoso para um repórter se inscrever em uma proposta com
mais usuários interessados e, logo, com mais possibilidade de ser totalmente financiada). Uma
vez que uma tip é transformada em uma pitch por um repórter, sendo exposta para
arrecadação junto ao público, a tip original é extinta, não se tem mais acesso a ela. Assim, é
por este motivo que se infere que todo o material deste grupo que foi analisado acabou não
passando ao estágio posterior. Com exceção das tips mais recentes, que são mais visíveis e
relativas a temas atuais, é difícil que as propostas mais antigas evoluam deste estágio e se
tornem propostas feitas por repórteres.
As reportagens publicadas também são merecedoras de análise, pois representam as
preferências de financiamento do público. Não são todas as propostas que recebem toda a
ajuda necessária, e investigar quais receberam é de grande valia. Sendo assim, escolhemos
estas duas categorias, e optamos por não analisar as pitches (propostas expostas para
financiamento do público), pois consideramos que são inconclusivas. É possível que, no
momento da coleta, uma determinada pitch X tivesse um quarto do financiamento necessário
para ser publicada, mas, no dia seguinte, já tivesse a quantia quase toda arrecadada. Por esta
inconstância, optamos por deixá-las de lado.
Desta forma, a fim de obtermos um estudo mais sólido, escolhemos levar em conta
como amostra de análise todas as tips e stories disponíveis nos arquivos do Spot.Us. As
reportagens publicadas e todas as tips sugeridas por usuários. Assim, os resultados da análise
seriam mais relevantes e pertinentes. No total, foram coletadas para a análise, formando assim
a amostra de pesquisa, 141 sugestões de reportagem e 81 reportagens publicadas, somando
222 produções.
Partimos então para a coleta do material. A primeira categoria foi a das propostas de
pautas, a das tips. Elas foram copiadas das páginas do website, uma a uma, e dispostas em
arquivos de texto no computador, uma por página, com as seguintes informações:
66

 Título da proposta;
 Data de publicação no website;
 Texto explicativo;
 Quantia de dinheiro que já havia sido “prometida” pelos usuários e por quantos deles;
 Quanto dessa quantia havia sido prometida pelo próprio autor, ou por alguma
organização, ou pelo próprio site Spot.Us.

A diferenciação na última informação foi feita por ser possível que, por exemplo, de US$
100 prometidos por três pessoas em uma pauta, US$ 50 sejam oriundos do próprio autor e
US$ 25 de uma organização, fazendo com que apenas os US$ 25 dólares restantes venham de
um usuário comum do site. Ressaltamos que quando o fundador do site, David Cohn, fez
promessas de financiamento a sugestões com seu próprio perfil não se tomou nenhum cuidado
específico, visto que utilizava seu perfil pessoal, e não do Spot.Us. Também foi anotado se as
sugestões possuíam algum outro tipo de mídia, como vídeo ou áudio, embora este dado não
tenha sido utilizado mais tarde. Esta separação das sugestões foi realizada integralmente no
dia 21 de agosto de 2010, das 14 às 19 horas, de modo que entraram na amostra todas as tips
publicadas desde o início do site até este horário. Optou-se por realizar esta tarefa no intervalo
de um dia, da forma mais rápida possível, tendo em vista que estas propostas são dinâmicas, e
a qualquer momento podem receber mais apoio de usuários ou ser extintas, dando lugar a uma
proposta de repórter. Destaca-se também que há certa desorganização quanto à alocação de
tips, pitches e reportagens publicadas no site. As tips (ou sugestões) foram obtidas no
endereço eletrônico <http://spot.us/stories/suggested> 23 .
Após, foi aplicada a mesma coleta, sobre as reportagens publicadas, nossa outra
categoria a ser investigada. Elas também foram coletadas do site uma a uma e dispostas em
arquivo de texto em computador. As informações coletadas foram:

 Título da reportagem;
 Data da publicação no site;
 Texto integral da reportagem incluindo fotos e hiperlinks;

23
SPOT.US. Suggested Stories. San Francisco, [2008?]. Disponível em:
<http://www.spot.us/stories/suggested>. Acesso em: 21 ago. 2010.
67

 Informação sobre quanto dinheiro foi necessário no total para financiar a pauta, e
doado por quantas pessoas;
 Quantas e quais organizações haviam doado dinheiro para a pauta, e qual foi esta
quantia;
 Quantos e quais grupos haviam doado dinheiro para a pauta, e qual foi esta quantia;
 Lista de quais mídias o repórter utilizou para realizar a reportagem (se havia hiperlinks
para arquivos externos estes também eram contabilizados);
 Se o repórter utilizou assignments (recrutamento do público para auxiliar na
reportagem).

Os “Grupos” referidos são entidades sem fins lucrativos que podem fazer doações, que
são contabilizadas fora do montante da pauta. As reportagens publicadas foram recolhidas
entre os dias 21 e 22 de agosto de 2010, no endereço eletrônico
24
<http://www.spot.us/stories/published> . Todas as reportagens publicadas no site até o final
deste dia entraram na amostra de análise. No momento da separação do material para os
arquivos de computador o tamanho das fotos e da fonte do texto foi modificado algumas
vezes, por motivos de praticidade no arquivo.
É necessário dar lugar a algumas decisões metodológicas feitas durante o processo de
coleta. Algumas reportagens publicadas não foram consideradas na amostra, por não
possuírem informações quanto à arrecadação de fundos junto aos usuários. De acordo com o
fundador, David Cohn, esta ausência se deve ao fato de que estas reportagens são anteriores
ao lançamento do site 25 , e o sistema funcionava em outro site, de uma forma mais simplória.
Para tornar a amostra mais pura, optamos por não contar este material. São elas: “Ethanol
Could be a Weak Link in State's Energy Network”, “SF Election Truthiness Campaign”, “Bay
Area Cement Plants and Global Warming”, “Agriculture poisons water for 1.3 million San
Joaquin Valley residents”, “The Impact of Violence On the Youth in Oakland” e “Sixth and
Market - Under the Microscope”.
Quando da separação entre financiamento do público e das organizações, foi seguida a
divisão do próprio site, que lista em uma parte o apoio público, de usuários, e em outra, à
parte, o apoio organizacional. Por vezes, foi observada a presença de perfis com nomes de
pessoas físicas na área de suporte organizacional, e perfis com nomes de organizações na área
24
SPOT.US. Published Stories. San Francisco, [2008?]. Disponível em: <http://www.spot.us/stories/published>.
Acesso em: 21 ago. 2010.
25
COHN, David. Doubt [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <fontoura_marcelo@hotmail.com> em
19 ago. 2010
68

de suporte geral, mas mesmo assim foi seguida a divisão do próprio site. Cabe lembrar que a
quantia de dinheiro do suporte organizacional está inclusa no montante geral da pauta. Em
outras palavras, em uma reportagem que precisou de U$ 700 para ser feita e há US$ 200
advindos de organizações, isto significa que US$ 500 vieram do público em geral e US$ 200
de organizações. Esta não é a mesma lógica do suporte advindo de grupos, que é contado fora
do montante geral da reportagem.
Algumas reportagens são feitas em série, com várias partes abordando cada uma um
aspecto de algum fato, assunto. Neste caso, a data preenchida foi a geral da publicação do
artigo, e não de alguma parte específica da série.
Na listagem de quais mídias foram utilizadas pelos repórteres, alguns cuidados foram
tomados. Quando existiam recursos de outra linguagem publicados fora do site, em um site
noticioso (geralmente, por este ter financiado 50% da reportagem), eles não foram
contabilizados. Entraram na lista apenas aqueles que eram publicados em sites de
armazenamento de áudios ou vídeos, mas não em outros veículos de comunicação, para levar
em conta apenas os recursos presentes no Spot.Us. A exceção é quando a maior ou grande
parte do texto da matéria estava publicada apenas em outro webjornal. Ainda na lista das
mídias, foram desconsideradas as fotos pequenas publicadas no início de cada matéria, no alto
da página. O motivo da decisão é o fato de que esta foto está presente em todas as
reportagens, e na maior parte das vezes é apenas ilustrativa, não traz nada de novo ao registro.
Quanto aos hiperlinks, também eram considerados como mídia, pois constituem “janelas”
para dar fundo e novos caminhos a uma reportagem. Todavia, estes eram contabilizados
apenas quando eram destinados a outros materiais, outros dados, não quando apontavam para
outro local onde a matéria havia sido publicada etc. Finalmente, quanto aos assignments, eram
computados apenas quando condiziam com o propósito do recurso. Alguns deles (como na
reportagem “Independent Coverage of the Johannes Mehserle Trial”) não entraram na
contagem pois recrutam usuários para serem revisores da reportagem, uma função constante
que não necessita de recrutamento. Os assignments foram levados em conta quando tentavam
angariar usuários para ajudar de forma mais efetiva.
Após a sistematização e separação da amostra das duas categorias foi iniciada a
organização do material em planilhas, para melhor identificação dos dados. Nesta planilha
foram também interpretados os materiais coletados, no que diz respeito aos temas valorizados
pelas reportagens e sugestões, como veremos mais detalhadamente a seguir.
De início, foi feito um estudo piloto, para identificar possíveis problemas na estrutura
de análise. Este piloto consistiu em preenchimento em tabela dos dados de 10% da amostra,
69

em ambas as categorias investigadas. Assim, foram usadas 14 sugestões de reportagens


(arredondamento de 14,1, 10% de 141) e oito reportagens publicadas (arredondamento de 8,1,
10% de 81). O material que fez parte do piloto eram reportagens subsequentes, mas coletadas
em período aleatório. Inicialmente, então, para as sugestões de reportagens (tips) foi feita uma
tabela a ser preenchida com as seguintes categorias:

a) Título da proposta
b) Editoria
c) Assunto básico
d) Quanto dinheiro já foi "prometido"?
e) Doado por quantas pessoas?
f) Data da publicação
g) Quanto do dinheiro vem do próprio autor?
h) Tiveram apoio organizacional e/ou do Spot.Us?
i) Se sim, de quanto?
j) Por quantas empresas?

Da mesma forma, para as reportagens publicadas foi feita uma tabela com estas
categorias:

a) Título da reportagem
b) Data de publicação
c) Editoria
d) Assunto básico
e) Dinheiro necessário
f) Doado por quantas pessoas
g) Houve apoio organizacional?
h) Se sim, de quanto dinheiro?
i) Por quantas organizações?
j) Houve apoio de grupos?
k) Se sim, de quanto dinheiro?
l) Por quantos grupos?
m) A matéria teve assignments?
n) Que mídia o reporter utilizou?
70

Após preenchimento do estudo piloto, foram identificadas necessidades nas duas


tabelas. Na tabela das sugestões de reportagens foram acrescentadas três categorias: “Link”,
que deve conter a URL direta da sugestão, visando maior facilidade de acesso ao material
original; “Autor da proposta”, objetivando identificar se os usuários que sugerem pautas
acabam sendo sempre os mesmos ou se há pluralidade; e, por fim, “Autor é repórter, usuário
ou organização?”, com a intenção de identificar se a maioria dos usuários que sugerem pautas
são usuários normais, são repórteres cadastrados no site ou ainda se são organizações
cadastradas. Estas informações foram obtidas nas relações de repórteres e organizações do
site. Nomes de organizações que constassem no cadastro de repórteres foram considerados
como tal. Usuários que não constassem em nenhuma foram considerados usuários habituais.
A tabela definitiva da análise das sugestões de reportagem após estes acréscimos tomou,
então, esta forma:

a) Link
b) Título da proposta
c) Autor da proposta
d) Autor é repórter, usuário ou organização?
e) Editoria
f) Assunto Básico
g) Quanto dinheiro já foi "prometido"?
h) Doado por quantas pessoas?
i) Data da publicação
j) Quanto do dinheiro vem do próprio autor?
k) Tiveram apoio organizacional e/ou do Spot.Us?
l) Se sim, de quanto?
m) Por quantas empresas?

Na tabela das reportagens publicadas foram verificadas duas ausências: os campos


“Link” e “Repórter”, da mesma forma e pelos mesmos motivos que na tabela das sugestões.
Assim, após a inclusão, a tabela de análise definitiva das reportagens publicadas ficou
configurada da seguinte forma:

a) Link
71

b) Título da reportagem
c) Data de publicação
d) Repórter
e) Editoria
f) Assunto básico
g) Dinheiro necessário
h) Doado por quantas pessoas
i) Houve apoio organizacional?
j) Se sim, de quanto dinheiro?
k) Por quantas organizações?
l) Houve apoio de grupos?
m) Se sim, de quanto dinheiro?
n) Por quantos grupos?
o) A matéria teve assignments?
p) Que mídia o repórter utilizou?

As categorias de análise escolhidas explicitadas anteriormente foram escolhidas na


intenção de avaliar não só as questões temáticas do material, como também as da origem do
financiamento. Como cada material tem inúmeros dados a serem cruzados, que possibilitam
interpretações diversas do conteúdo, preferimos colocar o máximo de categorias que julgamos
importantes nas planilhas.
Definidas as tabelas, deu-se início à codificação de todo o material coletado nelas.
Quanto aos campos “Assunto básico” e “Editoria”, merecem algumas considerações. O
primeiro se refere a um pequeno resumo da sugestão ou da reportagem, feito em duas a três
frases. Demonstra brevemente de que trata o material, quais suas principais características
temáticas. Já o campo “Editoria” se refere ao tipo de editoria jornalística em que poderia ser
encaixada a sugestão ou reportagem. Foram estabelecidas pelos autores as seguintes editorias,
englobando os seguintes temas, para categorizar o material coletado:

 Crimes / Segurança pública – Assuntos relativos a crimes, medidas policiais,


investigações policiais, situação do sistema carcerário ou policial.
 Cultura – Assuntos referentes às várias áreas da cultura, como dança, teatro, música,
cinema, pintura, além de entretenimento e traços culturais e marcantes de uma
sociedade.
72

 Economia – Engloba material relativo à situação e ao sistema econômico federal,


regional ou local, situação de mercados, crise econômica, sistema tributário.
 Educação – Assuntos que dizem respeito ao sistema educacional, à estrutura de aulas,
problemas ou acontecimentos em escolas, com professores ou com alunos.
 Emprego – Material relativo ao desemprego (seja seu aumento ou diminuição), à
abertura de novas vagas.
 Esporte – Jornalismo esportivo de um modo geral; material relativo a qualquer
esporte, a esportistas, a situação e importância do esporte na sociedade.
 Infraestrutura – Engloba os assuntos referentes à infraestrutura de vida, seja em âmbito
local, regional ou federal. Problemas de trânsito, de serviços básicos que devem ser
oferecidos, obras governamentais. Basicamente, é relativa à infraestrutura que deve ser
oferecida pelo governo.
 Mídia – Material relativo aos veículos de comunicação e ao ramo midiático de um
modo geral.
 Política / Eleições – Assuntos referentes aos problemas e às discussões políticas, seja
em que âmbito for. Também propostas e votações dentro da estrutura e do trabalho
político, além de material referente a eleições e corrida eleitoral.
 Questões sociais – Engloba questões relativas à pobreza, desigualdade social, e
subdesenvolvimento, além de questões étnicas e raciais.
 Saúde / Ciência – Assuntos que envolvem atuação médica, hospitalar e na área da
saúde em geral, além de avanços, descobertas e pesquisas científicas.
 Sustentabilidade/Meio ambiente – Tudo relativo a modos de vida sustentáveis, à
sustentabilidade social, a gestões comunitárias de recursos, bem como não agressão e
preservação do meio ambiente, ecologia e utilização dos recursos naturais.
 Tecnologia/Informática – Avanços da tecnologia, influência da tecnologia na
sociedade, bem como efeitos e usos da informática, assim como sua evolução e seus
respectivos mercados.
 Outros – Produções que não se encaixem em nenhuma das editorias descritas
anteriormente.

Dez assuntos aparecem juntos em pares (por exemplo, “crimes” e “segurança


pública”). Na hora do preenchimento da tabela eles foram tratados como editorias separadas,
de forma habitual, mas no momento da contagem e do agrupamento de dados as editorias
73

foram unificadas da forma demonstrada acima, por afinidade temática e maior organização na
reunião e análise dos dados.
É importante ressaltar ainda que, durante a metade da coleta de dados do objeto, foi
disponibilizada no site uma divisão temática das reportagens, de forma parecida com a que se
faz neste estudo. No site, as reportagens publicadas podem ser visualizadas nas seguintes
categorias: Gov't + Politics, Local Science & Business, Race & Demographics, Education,
Consumer Protection, Employment Issues, Media Accountability, Criminal Justice, Wealth &
Poverty, Cultural Diversity, Public Health, Environment, City Infrastructure 26 , Los Angeles,
LA Vitamin Report (seção especial de propostas sobre qualidade de vida na cidade de Los
Angeles). Como a divisão pareceu confusa, pois as reportagens estavam incluídas em mais de
uma editoria, e a análise de dados já estava em andamento, optou-se por ignorar esta divisão.

4.3 ANÁLISE DOS DADOS

Os primeiros dados a serem visualizados e investigados mediante a análise de


conteúdo foram aqueles relativos às editorias encontradas nas sugestões de pauta e
reportagens. Se for observada a tabela das sugestões de reportagem (na qual nenhuma delas se
tornou efetivamente reportagem), nota-se visivelmente a preponderância de quatro temas
principais: Infraestrutura, Sustentabilidade/Meio ambiente e Economia, os três com 23
sugestões, e Questões sociais, com 19 sugestões, sendo o total 141 sugestões (vide gráfico 1).

Gráfico 1: Editorias nas


sugestões de reportagem
Fonte: os autores (2010)

26
Governo e política, Ciência e negócios locais, Assuntos raciais e demográficos, Educação, Proteção ao
consumidor, Assuntos de emprego, Mídia, Crimes e justiça, Riqueza e pobreza, Diversidade cultural, Saúde
pública, Meio ambiente e Infraestrutura da cidade (tradução livre).
74

Quando se visualiza, porém, a tabela das reportagens efetivamente financiadas e


publicadas, o quadro muda. Das 81 reportagens publicadas, 19 pertencem à editoria de
Sustentabilidade/Meio ambiente e 13 a Questões Sociais. Ou seja, a primeira é de longe a
mais presente, e a outra aparece isolada em segundo lugar. Já Economia e Infraestrutura, que
eram mais presentes como tips, não seguem a mesma proporção ao se converterem em
reportagens (vide Gráfico 2).

Gráfico 2: Editorias nas reportagens publicadas


Fonte: os autores (2010)

Em outras palavras, o que pode ser inferido é que os usuários do site propõem com
frequência pautas relativas à Infraestrutura, Economia, Sustentabilidade/Meio ambiente e
Questões Sociais, mas as que acabam se tornando proposta de repórter e posterior
financiamento são, mais comumente, as duas últimas. De fato, Sustentabilidade/Meio
ambiente engloba quase um quarto de toda a produção noticiosa do site no período estudado.
Observa-se que em toda a produção do Spot.Us, mas principalmente nestas quatro
esferas temáticas, há um apelo prático e próximo junto à comunidade. Assim, se nos
lembrarmos dos critérios de noticiabilidade conforme Traquina (2005b), o critério mais
verificado no objeto é o da proximidade. De acordo com ele, mais interessa, jornalisticamente,
aquilo que for mais próximo geográfica e culturalmente do público. Outro critério de
Traquina (2005b) muito presente é o da relevância, segundo o qual um acontecimento tem
75

mais noticiabilidade quanto maior impacto direto tiver na vida do público. Pode-se identificar
ambos os critérios na produção do Spot.Us.
A produção relativa à área da sustentabilidade e do meio ambiente também é exemplo
deste cunho de proximidade e acessibilidade, como visto nas propostas “Hyperlocal
Gardening - where to start?” 27 e “The Green Life at San Quentin” 28 , ou nas reportagens
“Festival of Grassroots Economics asks: Where’s That New Economy? Offers powerful
answers”, “A Day in the Life of a Turd: Sludge and the Life-Cycle of Human Waste”. Os
temas giram em torno de medidas para tornar a economia mais comunitária, quais são os
prejuízos ao ambiente que o homem urbano causa diariamente sem perceber, transformação
de áreas da cidade em locais não prejudiciais ao meio ambiente, e melhor utilização dos
recursos naturais da cidade. Há um apelo local e prático tanto nas propostas quanto nas
reportagens publicadas.
Tais fatores podem ser verificados também na editoria de Questões Sociais. Uma das
áreas onde o Spot.Us possui mais usuários registrados é uma cidade vizinha de San Francisco,
chamada Oakland. É uma cidade com altos níveis de pobreza, desnutrição, violência e baixa
instrução. A cidade é constantemente tema de pautas, e seus baixos níveis de desenvolvimento
são motivo de investigações e busca por alternativas. Todos estes questionamentos figuram na
editoria de Questões Sociais. Ao mesmo tempo, todos os problemas estruturais da cidade,
como os buracos de rua, as obras de uma ponte que já excederam o prazo há tempo e
problemas em call centers do governo são altamente determinantes na vida dos cidadãos, e
são componentes da editoria de Infraestrutura.
Já quanto à Economia, muitas sugestões propõem analisar como a crise econômica de
2008 atinge determinado setor da sociedade (vide reportagens “How is the recession going to
effect local charities?”, “Californa Prisons and the Economic Downturn”, “High Fuel Prices
triggered the World Banking Meltdown”, e “Union Woes during the Economic Downturn”,
por exemplo). Também é visível a preocupação com o sistema tributário (são exemplos as tips
“Bush Tax Cuts Destroy Social Security”, “Community Benefit Districts; RoboCop or
Scam?”, “Where Development Funds Go” e “Reform Criminal Justice, Help Fix the State
Budget, and Save the Safety Net”). As sugestões da editoria de Economia trazem outra
questão, no entanto. Elas muitas vezes têm um caráter mais temporal. Justamente por

27
Respectivamente, <http://spot.us/tips/100-hyperlocal-gardening-where-to-start>, <http://spot.us/tips/256-the-
green-life-at-san-quentin>, <http://spot.us/stories/279-festival-of-grassroots-economics-asks-wheres-that-new-
economy-offers-powerful-answers> e <http://spot.us/stories/58-a-day-in-the-life-of-a-turd-sludge-and-the-life-
cycle-of-human-waste>.
76

objetivarem tratar dos efeitos da crise econômica, uma vez passado o impacto inicial da crise
elas não geram mais tanto apelo nem aos repórteres do site, que precisam transformar a
sugestão em pauta, nem ao público, que não demonstra interesse. Da mesma forma, a crise
econômica foi um assunto muito em pauta nos veículos tradicionais, o que diminui a
necessidade de financiar especialmente uma reportagem sobre ela.
A editoria de Cultura aparece em quinto lugar nas sugestões, com 8,51% na primeira
tabela. Mas entre as reportagens sua participação cai a 1,23%. Mesmo com muitas sugestões,
cultura não é um assunto que realmente chame a atenção dos usuários. A sugestão “Ethnic
Dance Festival” propõe análises de um festival de dança que acontece durante quatro finais de
semana em San Francisco. É improvável que o festival não recebesse atenção da mídia da
cidade, sendo assim desnecessário para o usuário realizar um financiamento específico para
mais uma cobertura. Além disso, o festival já havia começado quando da publicação desta
sugestão.
Quando unificados os dados relativos às reportagens publicadas e às sugestões, obtém-
se o Gráfico 3:

Gráfico 3: Editorias nas reportagens publicadas e nas sugestões


Fonte: os autores (2010)

Este gráfico nos permite visualizar, de um modo geral, o que é abordado no site, em
ambas as categorias de conteúdo. Comprova-se que Sustentabilidade/Meio ambiente são
77

preferência majoritária, com quase um quinto do material coletado. Após, Infraestrutura,


Economia e Questões Sociais, em um segundo patamar.
Mas as editorias mais verificadas no site não são as únicas que possuem apelo de
proximidade e influência prática na sociedade. As editorias de Emprego, Educação e Crimes /
Segurança Pública também possuem impacto direto para os cidadãos, mas tem ocorrência
menor. Uma possível interpretação deste padrão é que os usuários do site procuram contribuir
para algo que normalmente não tenha espaço na mídia tradicional. Um dos maiores jornais de
San Francisco, o San Francisco Chronicle, custa US$ 1 29 , e sua edição de domingo custa US$
2. Não há valor mínimo para as contribuições realizadas no Spot.Us, mas, de acordo com o
observado, geralmente as menores doações giram em torno de US$ 5, o que já é um valor
elevado para se pagar por apenas uma reportagem (por mais completa que seja), visto que um
jornal, um pacote cheio de reportagens sobre diversos assuntos, custa muito menos. Isso sem
falar em webjornais, e emissoras de rádio ou televisão, onde as notícias são disponibilizadas
sem nenhum custo (excetuando-se o custo evidente de adquirir os aparelhos adequados e uma
conexão de Internet). Admite-se aí um desejo forte do usuário de ter acesso a material
noticioso completo destas áreas temáticas.
San Francisco, juntamente com toda a área da baía na região da cidade, é uma cidade
de grande porte e desenvolvida. Segundo estimativa do governo dos Estados Unidos 30 , a
população somada de San Francisco, Oakland e Fremont (cidade vizinha) é de 4 milhões e
200 mil habitantes. Como tal, possui problemas condizentes. Os dados visualizados nos
gráficos permitem a interpretação de que a comunidade de usuários do Spot.Us almeja ter
acesso a mais informações sobre a) como ter um modo de vida mais sustentável com relação
ao meio ambiente; b) como a sociedade em que eles vivem atinge o meio ambiente, tanto a
nível estrutural quanto a nível individual, e como melhorar isto.
Benson et al. (2010) realizaram análise comparativa das capas das versões online e
impressa de veículos jornalísticos tradicionais dos Estados Unidos. Entraram na amostra os
diários The New York Times, Washington Post e Los Angeles Times. No que diz respeito aos
tópicos apresentados nas notícias, é possível verificar nos dados a ausência do tema
sustentabilidade ou meio ambiente. Há maior presença, nesta ordem, de notícias relativas a
governo (nacional e local), notícias “leves” (lazer, esportes, clima, saúde e medicina, artes e

29
S.F. Chronicle to raise news stand price to $1. San Francisco Business Times, San Francisco, 15 jul. 2009.
Disponível em: <http://sanfrancisco.bizjournals.com/sanfrancisco/stories/2009/07/13/daily48.html>. Acesso em:
12 out. 2010.
30
ANNUAL Estimates of the Population of Metropolitan and Micropolitan Statistical Areas: April 1, 2000 to
July 1, 2007. U.S. Census Bureau, Population Division. Disponível em:
<http://www.census.gov/popest/metro/tables/2007/CBSA-EST2007-01.xls>. Acesso em: 12 out. 2010.
78

cultura), notícias internacionais e, por último, crimes e desastres. O mesmo padrão é visível
nas versões impressa e online dos veículos, embora as proporções se alterem.
As duas maiores ocorrências de editorias nas reportagens publicadas no Spot.Us não
são verificadas, conforme o estudo, em três dos maiores jornais do país (um inclusive da área
de atuação do site, Los Angeles): Sustentabilidade/Meio ambiente e Questões Sociais. São
temas sobre os quais os usuários querem se informar, e, portanto, acabam recorrendo a
alternativas aos veículos tradicionais. A reportagem “Proposition 13’s Country Club
Connection” constitui exemplo de trabalho de denúncia e investigação que dificilmente é
encontrado na mídia tradicional. Ela relata que os encargos tributários de country clubs em
Los Angeles são baixíssimos, fora de qualquer tabela. Aborda também um proposta que tenta
modificar a situação. Por perturbar a política e os lobbies, é uma reportagem que talvez não
fosse ser encontrada em veículos tradicionais, que têm nos frequentadores de country clubs
seus anunciantes e executivos.
Na mesma linha, ao analisar as tabelas, nota-se que a editoria de Esportes não tem
participação significativa. De fato, com apenas uma reportagem publicada e nenhuma nas
sugeridas, é das menores ocorrências de todas. Esporte é, tradicionalmente, uma editoria que
costuma ocupar bastante espaço na mídia.

Sem dúvida, uma das grandes paixões do século XX tem sido o esporte. [...] De
qualquer maneira, a história do esporte tem sido também em grande medida
dominada e documentada pela mídia de massa. Jornais, cinema, rádio e teledifusão
tiveram todos um efeito profundo na formação da cultura popular e política deste
século. […] Ele [o esporte] 31 tem se entrelaçado cada vez mais com os vários
agentes midiáticos e com a televisão em particular. (BOYLE e HAYNES, 2009, p.1,
tradução nossa).

Além disso, é um tema onde dificilmente se encontrará um ponto de vista inovador,


diferenciado, ou mesmo um ângulo diferente a explorar. Assim, sua presença não foi muito
verificada em nossa análise.
As notícias mais presentes no estudo de Benson et al. (2010) são relativas ao governo,
seja local ou regional. Não há produção extensa relativa especificamente ao governo em nosso
objeto de estudo. A porcentagem de reportagens publicadas relativas a Política / Eleições é de
7,41%, abaixo de outras áreas temáticas. Quando há manifestações relativas ao governo, elas
são de ordem mais prática, muitas vezes referentes a ações ou temas específicos. Ou ainda são
reportagens de cunho completo, como guias, do que a reportagem “City Budget Watchdog:
Reporting on San Francisco's half-billion-dollar hole” é exemplo. É uma série extensa de
31
Nota do autor.
79

materiais sobre a crise de orçamento em San Francisco. Ao todo, há 35 postagens diferentes


com fatos e ângulos novos. Esta pitch também recebeu alto número de doações, 73.
A reportagem “Treasure Island: Can San Francisco realize its ecotopian dream?” é
outro exemplo. Utiliza diversos recursos para contar a transformação de uma ilha em San
Francisco em uma mini-cidade ecologicamente correta. Aborda desde os efeitos do
aquecimento global na área da ilha até a necessária retirada dos moradores do local. A pauta
recebeu 114 contribuições, um número também alto. Inclusive, quanto mais tempo de
pesquisa e coleta de dados a pauta exigir, maior será a remuneração do jornalista 32 .
Assim, os dados verificados na análise demonstram a preferência dos usuários por
determinado tópico de notícias. Este padrão pode ser ligado com a possível ausência destes
assuntos na mídia tradicional, ou a sua superficialidade. Para melhor compreensão da
produção do site, é necessário ainda avaliar outras informações.

4.3.1 Outros detalhamentos – Reportagens publicadas

No que diz respeito ao financiamento das reportagens publicadas, alguns padrões


foram verificados. As reportagens foram classificadas em cinco grupos de acordo com os
valores de financiamento que receberam. São eles: de US$ 1 a 499, de US$ 500 a 999, de US$
1000 a 1999, de US$ 2000 a 4999 e de US$ 5000 para cima. A amostra ficou dividida então
da seguinte forma:

 De US$ 5000 para cima – 3,70% (três reportagens)


 De US$ 2000 a 4999 – 6,17% (cinco reportagens)
 De US$ 1000 a 1999 – 7,41% (seis reportagens)
 De US$ 500 a 999 – 35,80% (29 reportagens)
 De US$ 1 a 499 – 46,91% (38 reportagens)

A maior parte das reportagens é financiada, portanto, com valores entre US$ 1 e US$
499. A média aritmética entre os valores de todas as reportagens é de US$ 874,44 em cada

32
SPOT.US. Mandatory Reading for All Reporters. San Francisco, [2008?]. Disponível em:
<http://www.spot.us/pages/reporter_agreement>. Acesso em: 12 out. 2010.
80

uma. As editorias destas reportagens não revelam padrão, inclusive porque quem fixa a
remuneração é o próprio jornalista, conjuntamente com o Spot.Us.
Das 81 reportagens publicadas, 31 (ou 38,27%) não receberam apoio financeiro de
organizações, apenas de usuários habituais (para divisão seguida entre usuários habituais e
organizações, vide metodologia), e as outras 50 (ou 61,73%), receberam. Dessas 50, 19 (ou
38%) receberam auxílio de metade ou mais da metade do montante, o que é indício de que
receberam os direitos para publicar as matérias apoiadas em primeira mão. Há apenas um caso
em que todo o financiamento veio de apenas uma empresa, na reportagem “Earth-Saving
Lessons from an Ecological Success Story”, que necessitava de US$ 20 para ser realizada.
As reportagens foram classificadas também em grupos de acordo com a quantidade de
usuários que ajudou a financiá-las. A divisão ocorreu da seguinte maneira:

 De 1 a 5 usuários – 11,11% (nove reportagens)


 De 6 a 12 usuários – 32,10% (26 reportagens)
 De 13 a 25 usuários – 29,63% (24 reportagens)
 De 26 a 50 usuários – 16,05% (13 reportagens)
 De 51 a 90 usuários – 4,94% (quatro reportagens)
 De 91 usuários para cima – 6,17% (cinco reportagens)

Das cinco reportagens que receberam fundos de mais de 91 pessoas três pertencem à
editoria Sustentabilidade/Meio ambiente (sustentando o padrão de preferência verificado
anteriormente), uma à de Infraestrutura e uma à de Crimes.
Quanto ao apoio de Grupos (entidades sem fins lucrativos cujo financiamento é
contabilizado fora do montante necessário para a pauta), foi verificado em sete reportagens.
Os valores não foram representativos se comparados com todo o financiamento da pauta.
Em duas das 81 reportagens foram verificados assignments (recrutamento de usuários
para auxiliar na reportagem). Em “Count Yourself In California”, o público era convidado a
contribuir com histórias relativas ao censo, para enriquecer a reportagem. Em “Treasure
Island: Can San Francisco realize its ecotopian dream?”, cinco jornalistas são incluídos para
ajudar a atualizar a reportagem. No caso da primeira reportagem, não há modo de verificar se
houve candidatos.
81

Também se verificou que não há demasiada repetição de repórteres que realizam as


pautas. O repórter Matt Baume é o que mais aparece, tendo feito cinco reportagens, mas de
resto há diversos repórteres, não sendo sempre os mesmos que cumprem as pautas.
Quanto aos conteúdos multimídia empregados pelos repórteres ao fazer as
reportagens, a maioria utilizou texto, hiperlinks e fotos. A ordem das linguagens mais
verificadas constituiu-se assim:

 Texto – 96,30% (78 33 )


 Hiperlinks – 76,54% (62)
 Fotografias – 61,73% (50)
 Vídeo – 19,75% (16)
 Áudio – 14,81% (12)
 Gráficos – 11,11% (9)
 Tabelas – 4,94% (4)
 Mapa – 2,47% (2)

Não obstante ser o recurso multimídia mais utilizado, os hiperlinks não estiveram
presentes em aproximadamente 25% dos casos, o que é interessante se tivermos em mente que
a hipertextualidade é uma das características básicas da World Wide Web (BARDOEL e
DEUZE, 2001). Os hiperlinks são uma forma de aprofundar a notícia e propor novos
caminhos para o leitor, que agrega outras informações à original. Juntamente com texto
escrito e fotografias, foram os recursos mais utilizados. A multimidialidade também se fez
presente com o uso de relatos em áudio, vídeo e gráficos, embora com menor frequência.
Ressalta-se ainda na área das reportagens publicadas a presença de materiais
diferenciados da proposta inicial do Spot.Us. A reportagem “48 Hour Magazine: Issue 0 - The
Hustle”, por exemplo, propõe a edição de uma revista em 48 horas. As primeiras 24 horas são
dedicadas à reunião de material sobre um determinado tema, e as 24 horas seguintes à edição
e distribuição da revista. O Spot.Us foi utilizado apenas como suporte para dar transparência
ao sistema financeiro do projeto 34 .

33
Número de reportagens em que apareceu. Cabe lembrar que as mídias não são excludentes, os repórteres
utilizavam quase sempre mais de uma em suas produções.
34
LONGSHOT MAGAZINE. WYSIWIG Accounting through Spot.Us. San Francisco, 4 mai. 2010.
Disponível em: <http://48hrmag.com/blog/20-wysiwig-accounting-through-spotus>. Acesso em: 17 out. 2010.
82

Já a reportagem “The Stories Behind Empty Storefronts in the Mission” é uma


iniciativa essencialmente colaborativa. Por meio da contribuição dos usuários foi criado um
mapa com dados de locais desocupados em uma região de San Francisco. Nele há
informações sobre tipos de negócio que a comunidade quer e precisa, como um serviço às
pessoas e a quem procura um local para um estabelecimento. Esta é outra maneira de o
Spot.Us gerar contribuição entre seus usuários, fora de um âmbito mais tradicional de
jornalismo, mas ainda assim informando a comunidade sobre algo que é de seu interesse.

4.3.2 Outros detalhamentos – Sugestões de reportagem

Nas sugestões de reportagem não há financiamento direto do público, mas há a


“promessa” de dinheiro que pode ser feita (vide descrição do objeto). Com relação a este
critério, elas ficaram divididas da seguinte forma:

a) De US$ 0 a 15 – 23,40% (33 sugestões, sendo 21 de US$ 0)


b) De US$ 16 a 40 – 32,62% (46 sugestões)
c) De US$ 41 a 80 – 25,53% (36 sugestões)
d) De US$ 81 a 150 – 14,18% (20 sugestões)
e) De US$ 151 para cima – 4,26% (seis sugestões)

No entanto, da mesma forma que nas publicadas, é importante identificar quantas


pessoas contribuíram. Assim, verificou-se que em 36,17% dos casos (51 sugestões) o
financiamento veio de uma pessoa. Em 31,20% dos casos veio de duas pessoas (44
sugestões), em 12,76% de três pessoas (18 sugestões), em 3,55% de quatro pessoas (cinco
sugestões) e em 2,13% de cinco e de seis pessoas (três sugestões cada). Em 12,06% não
houve promessa de financiamento. Cabe salientar que há quatro casos em que não houve
dinheiro prometido, mas havia a listagem de uma pessoa que havia contribuído. Em outras
palavras, havia o equivalente à frase “zero dólares prometidos por uma pessoa”. Nestes quatro
casos foi seguido o critério do Spot.Us, e as sugestões foram classificadas como não tendo
financiamento, mas com o apoio de uma pessoa.
Em 61,70% das sugestões (87) há promessas de financiamento advindas do próprio
autor, nos mais variados valores. Houve apoio do próprio Spot.Us em 39,01% dos casos (55
83

sugestões), sempre de US$ 20 ou US$ 25, sem se fixar em alguma editoria específica. Sendo
assim, é habitual que as promessas de financiamento das sugestões sejam advindas de seus
próprios autores, muitas vezes sendo integralmente vinculadas a eles. Desta forma, estas
promessas não representam, muitas vezes, bom indicador da preferência do público, até
porque as sugestões de reportagem têm um caráter de recusa, por não terem se tornado pitches
ou sido publicadas.
Há sugestões que parecem não ter compreendido a proposta do site, pelo tipo de apelo
que fazem ao usuário. É exemplo disso a reportagem “Sponsor Talented Students”. Ela trata
de um projeto que patrocina jovens sem recursos a estudar, e convida os leitores a
participarem do projeto, sem falar em momento algum da realização de reportagem ou algo do
gênero.
Com relação a quem propõe as sugestões de pauta, foi apurado que a maioria é de
usuários com cadastro normal no Spot.Us. Ou seja, não possuem cadastro de repórter nem de
organização. Das 141 sugestões, 132 (ou 93,62%) foram postadas por usuários comuns. Em
seis casos (4,25%) as sugestões vieram de perfis de repórteres e em três casos (2,13%) de
perfis de organizações. Este dado é importante para verificarmos que, mesmo que muitas
vezes as organizações acabem financiando grande parte das reportagens, quem as propõe são
mesmo leitores do site. A presença de repórteres cadastrados também é pequena, tornando as
sugestões ainda mais próprias dos usuários habituais. Cabe ressaltar novamente que o critério
utilizado para verificar se o perfil era de repórter era o cadastro do próprio site. Muitos dos
usuários são jornalistas, ou mesmo editores de veículos, mas se possuíam perfis pessoais não
cadastrados como repórteres foram considerados usuários habituais. Destaca-se também que
existem diversos perfis falsos cadastrados. Um deles, por exemplo, se denomina “Parking
Avenger” 35 , e propôs reportagem sobre denúncia de que oficiais do Corpo de Bombeiros
estariam estacionando seus carros em áreas de parquímetros sem pagar, o que seria ilegal.
Provavelmente são utilizados perfis falsos para evitar represálias ao tentar reportar denúncias.
Com relação à repetição de usuários que propõem sugestões, ela não acontece em
demasia. As planilhas mostram que há na amostra muitas sugestões vindas de autores
diferentes. A exceção é por conta de uma usuária que propôs, sozinha, 17 pautas. Tal fato, no
entanto, não parece ferir a pluralidade da cobertura do Spot.Us.

35
“Vingador do estacionamento” (em tradução livre).
84

4.3.3 Síntese

Os dados obtidos junto à análise das tabelas dão margem a diversas interpretações. A
mais clara é a de que há tópicos e abordagens que estão ausentes da mídia tradicional, que o
usuário tende a buscar em outras fontes.
Em primeiro lugar, verifica-se que os usuário do site tem uma preferência definida por
assuntos ligados à editoria de Sustentabilidade/Meio ambiente. Entre os temas mais pautados
estão informações sobre como viver de uma forma mais sustentável, comunitária, como
causar menos impacto ao meio ambiente, mesmo em uma cidade de grande porte. Além disso,
muitas matérias procuram evidenciar quais os efeitos que a estrutura urbana gera no
ecossistema, muitas vezes involuntariamente. Tendo em vista que fazer contribuições para
uma pauta no Spot.Us gera mais trabalho e custo do que simplesmente obter notícias de um
meio tradicional, esta é uma escolha importante dos usuários. É sinal de ausência ou
superficialidade na abordagem do tema na mídia a que eles tem acesso. Também pode-se
enxergar aí uma resposta à ideia de que é possível encontrar tudo na Internet. O tipo de
material que foi financiado no Spot.Us não se encontrava na Web, de tal modo que os
membros do site se dispuseram a financiá-lo. Pode-se inferir que ainda há produção
jornalística qualificada cuja importância faz com que o público pague para ter acesso a, sem a
intenção de obter tudo gratuitamente.
A segunda editoria mais frequente no conteúdo reportado é a referente a Questões
Sociais, ou seja, reportagens relativas à pobreza, subdesenvolvimento, questões étnicas e
raciais etc. Através do material, pode-se observar um desejo de ter acesso a um conteúdo que
faça “radiografia” da situação dos moradores de rua, de uma comunidade pobre, dos
problemas raciais em uma região. É intenção obter na notícia não apenas a situação em si,
mas seus desdobramentos, suas origens, medidas para contorná-la. Ao mesmo tempo, são
valorizadas reportagens do entorno dos usuários, como, por exemplo, da cidade de Oakland,
que possui baixos níveis de desenvolvimento social.
O padrão de preferência nas escolhas do público se repete quando é dada atenção ao
número de usuários que contribuiu às reportagens. A quantidade de pessoas que financiam
uma pauta normalmente é entre seis e 25 (61,73% dos casos). Há cinco reportagens (6,17%)
que receberam apoio de mais de 91 pessoas, sendo três pertencentes à editoria de
Sustentabilidade/Meio ambiente. Quando mais pessoas do público se engajam para financiar
uma pauta, é sinal de que ela possui relevância no julgamento delas. Indica também que,
85

mesmo com a existência de muitos conteúdos disponibilizados gratuitamente, existem aqueles


pelos quais eles estão dispostos a pagar.
Outros dados obtidos através da análise demonstram que a maior parte das matérias é
financiada com valores entre US$ 1 e US$ 499, e a frequência de apoio financeiro advindo de
organizações é alta (61,73%). Financiamento este que, quando presente, em 38% das vezes
representa metade ou mais do valor necessário para publicação, dando à organização direito
de publicar em primeira mão o material do repórter. A boa participação das organizações
evidencia que este é um modelo que apresenta bons resultados para elas, pois é possível obter
em seus veículos material vindo diretamente da preferência do público. Com isso, há uma
espécie de garantia, pois de certa forma o público já aprovou aquilo que será publicado.
Como já foi abordado anteriormente, verifica-se que os usuários do Spot.Us tem a
tendência de dar prioridade àqueles assuntos que o impactam diariamente ou constantemente
em sua vida. O cunho em geral das reportagens é prático, embora muitas vezes seja analítico.
A editoria de Cultura é de categoria com apelo pouco prático ou direto. Quando se compara o
número de sugestões de pauta feitas com o de reportagens publicadas, há uma queda de quase
sete vezes na presença da editoria. Seguindo os critérios de noticiabilidade de Traquina
(2005b), há uma predileção e uma identificação do público do site, então, com os critérios de
seleção substantivos de proximidade e de relevância. É compreensível que o usuário, ao
escolher que pauta ajudará a financiar, dê preferência àquela que apresente informações e
dados mais impactantes em sua vida, e, na mesma linha, mais próximos geográfica e
culturalmente.
A questão da proximidade verificada na produção do website é interessante, se
colocada à luz das características da Internet. A Internet é, por definição, global. Através do
sistema do Spot.Us, seria possível financiar reportagens ao redor do globo. No entanto, ele
mantém seu foco no âmbito comunitário, principalmente na região de San Francisco. Isto
pode ser constatado inclusive pelo slogan presente na abertura do site: “comunity funded
reporting” (“reportagem movida pela comunidade”, em tradução livre). Castells (2003, p. 47)
evidencia que a região de San Francisco já teve experiências anteriores com comunidades
mediadas por computador:

As comunidades on-line tiveram origens muito semelhantes às dos movimentos


contraculturais e dos modos de vida alternativos que despontaram na esteira da
década de 1960. A área da Baía de San Francisco abrigou na década de 1970 o
desenvolvimento de várias comunidades on-line que faziam experimentos com
comunicação por computadores.
86

O jornalismo na Internet pode funcionar como um fator de cimento social em


comunidades afastadas geograficamente, ou pode fortalecer laços comunitários já existentes.

Notícias e informações, instantâneas e aparentemente desmediadas na web, […] são


um poderoso disseminador dos sistemas de crença e ideologias que permitem às
comunidades se reunirem para mais do que associações provisórias construídas em
torno de necessidades do passado. (HALL, 2001, p. 211, tradução nossa).

O Spot.Us exerce esta função de fortalecer a comunidade em que atua. O fato de os


usuários terem que se envolver na escolha de reportagens para apoiar financeiramente
(mesmo que façam esta escolha individualmente) e proporem pautas sobre aquilo que veem
todos os dias e gostariam de ver explorado na mídia é um fator socializante forte, que cria
senso de comunidade. O âmbito mais local das reportagens é, assim, inevitável.
O modelo de financiamento do objeto de estudo, vindo individual, espontânea e
diretamente da audiência, traz questionamentos à importância e ao papel do jornalista
atualmente. Ao inverter a lógica de quem propõe o que será notícia, algo que diz respeito
tradicionalmente ao profissional jornalístico e é um de seus deveres, ele troca as funções de
público e profissional jornalístico. Kovach e Rosenstiel (2003, p. 31) afirmam que a função
do jornalismo tem sido a mesma com o passar dos anos, não obstante mudanças formais e de
suporte:

[...] apesar de todas as mudanças na velocidade, técnicas, e a natureza da difusão das notícias,
sempre existiram uma teoria e uma filosofia claras do jornalismo, que fluem da própria função
das notícias. A principal finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que
necessitam para serem livres e se autogovernar.

Tal conceituação vem ao encontro da ideia defendida por Traquina (2005a) quando da
explanação sobre o campo jornalístico. Estes deveres, de fornecer informações necessárias ao
cidadão dentro da democracia, pertencem ao pólo positivo do campo.
Admite-se, logo, que o jornalista deve encampar e utilizar este conhecimento. O
jornalista é o profissional encarregado de ter em mente quais informações são relevantes para
uma sociedade democrática, devendo coletá-las, hierarquizá-las e publicá-las da forma mais
adequada possível. Ora, se o público passa a exercer a função de decidir quais são as
informações que ele deve receber das notícias há uma mudança basilar nas implicâncias da
atividade. Para esta colocação, de importância indiscutível, é muito importante um
profissional com conhecimentos de base que subsidiarão escolhas responsáveis (pelo menos
em princípio) sobre quais são ou não as informações necessárias para viver dignamente em
87

uma sociedade democrática. Naturalmente, deve-se acrescentar que não é de hoje o costume
de dar atenção às sugestões da audiência sobre o que deve ser noticiado em um veículo
jornalístico, como um jornal ou radiojornal, ou em qualquer outro meio. Por vezes, este tipo
de manifestação é endossado e atendido. Mas o que se observa no objeto de estudo é um tipo
de interação mais profundo e prático. Não se pode exigir ou admitir também que os jornalistas
saibam e percebam tudo o que é necessário para a sociedade. Eles possuem discernimento
sobre a questão, mas, como coloca Bourdieu (1997), impõe também uma determinada censura
sobre questões que não são de seu interesse, mas seriam benéficas à sociedade.
Ao mesmo tempo, a crise para a indústria jornalística impressa dá ensejo a buscas por
alternativas. O Spot.Us foi criado em outubro de 2008, em uma conjuntura de forte crise
econômica nos Estados Unidos. Houve queda de 4,6% na circulação de jornais e declínio de
18% na renda de venda de anúncios 36 , causando restrições e prejuízos fortes para o meio
jornalístico impresso, sobretudo o norte-americano. A questão é, inclusive, tema de uma das
reportagens presentes na amostra de pesquisa, “The future of Bay Area newspapers in a
digital age and changing economy”. É indefinido o que deste período foi decorrência da crise
e o que adveio da concorrência com a Internet e da consequente dificuldade de adaptação de
muitos jornais, mas é em períodos como este em que o meio procura outras formas de se
sustentar, outras formas de ver seu negócio. Não podemos encarar nosso objeto de estudo
simplesmente como uma tentativa pragmática das organizações jornalísticas de voltar a lucrar
como em períodos anteriores, mas ele se enquadra neste espírito de inquietação e mudança
quanto ao modo de fazer e vender o produto jornalístico. A mesma tendência pôde ser
visualizada na segunda metade da década de 80, quando a viabilidade do jornal impresso foi
questionada pela diminuição de leitores, pelo aumento dos custos e pela mudança dos hábitos
de leitura da população, fazendo com que a indústria procurasse soluções em uma investida
rumo à digitalização de seu conteúdo (BOCZKOWSKI, 2005).
O modelo proposto pelo Spot.Us envolve mudanças mercadológicas válidas a nível de
experimentação. Ouvir os interesses do público de maneira clara permite visualizar muitas
preferências e padrões que devem ser digeridos. Há carências e preferências que o jornalista
deve estar atento a atender, mas, apesar disso, ele não pode se tornar refém destas escolhas do
público.

36
PEW PROJECT FOR EXCELENCE IN JOURNALISM. The State of the News Media. Overview.
Washington D.C., 2009. Disponível em:
<http://www.stateofthemedia.org/2009/narrative_newspapers_intro.php>. Acesso em: 19 out. 2010.
88

Pelo observado, entretanto, ele não se destina a ser a fonte primária ou mais usual de
notícias do leitor comum. Por possuir um sistema no mínimo diferenciado (e mais
dispendioso, como observado no capítulo anterior), ele se enquadra como uma fonte noticiosa
auxiliar, complementar às informações jornalísticas que um cidadão recebe cotidianamente.
No Spot.Us não há lugar para hard news (as informações ágeis e diretas do dia-a-dia), até pelo
tempo mais dilatado de financiamento. Neste sentido, não se julga que ele procure substituir
os veículos jornalísticos tradicionais. Mais sentido faz a sua posição como suporte
complementar de notícias, que traz ao público informações mais completas, analíticas e por
vezes reflexivas sobre determinado tema.
Ao mesmo tempo, o que a compreensão do site também demonstra é a importância e
necessidade da atividade jornalística. Deve observar-se que mesmo o usuário do Spot.Us
tendo nas mãos o poder de sugerir pautas e decidir quais devem efetivamente ser realizadas, a
tarefa de fazê-lo é de um jornalista. Não apenas um jornalista, mas aquele que prove que tem
a capacidade e a bagagem necessárias para atuar junto ao site. Desta forma, ele ratifica a
importância do trabalho jornalístico qualificado, mesmo em meio a diversas possibilidades de
conteúdo gerado pelos usuários, que são evidenciadas no segundo capítulo. Wolton (2010, p.
71, grifo do autor) reconhece a importância da legitimação do jornalista, ainda mais dentro da
atual conjuntura:

Quanto mais houver informação acessível, mais ou menos gratuitamente, não


importando a origem, e quanto mais cada um puder fazer o que quiser, mais haverá
necessidade de jornalistas para selecionar, hierarquizar, verificar, comentar,
legitimar, eliminar e criticar. […] é preciso não esquecer que ela [a informação] 37 é
sempre uma construção validada por um profissional, o jornalista, seja qual for o
suporte. Não é o suporte que dá sentido à informação, nem o receptor, mas o
jornalista.

No caso do objeto de estudo, mesmo a população realizando as escolhas como um


“gatekeeper” das pautas, ainda há a legitimação pelo trabalho do jornalista. Como foi
abordado no capítulo anterior, os valores notícia de seleção, principalmente os critérios
substantivos, ficam a cargo do público, enquanto os valores notícia de construção são
contemplados pelo trabalho do jornalista.

37
Nota dos autores.
89

5 CONCLUSÕES

Em tempos de discussão sobre a profissão jornalística e seus modelos de


funcionamento, os dados obtidos através de nossa análise adquirem relevância. O fato de os
usuários de um site passarem a assumir o papel de “gatekeeper” e apontarem diretamente para
os temas que preferem em suas notícias faz necessária uma reflexão.
Não se trata simplesmente de admitir o fim do jornalismo ou de eleger as participações
do público em geral como o modelo salvador da atividade jornalística.
A importância do jornalista na sociedade está refletida e respaldada pelo Spot.Us. Para
se tornar um dos repórteres cadastrados é necessário demonstrar capacidade. Esta atitude
confirma a relevância que o jornalista ainda tem, mesmo em uma época de uma
desintermediação causada pelas redes de computador. Cada vez mais, o cidadão comum tem
acesso direto a diversas informações sem ter de passar, pelo menos em parte, pelo prisma do
jornalismo. No entanto, a importância da atividade segue existindo. Em síntese, ela envolve a
organização das informações, do desconhecido, de forma a aproximá-lo, traduzi-lo, torná-lo
mais palpável. Esta desintermediação pode trazer vantagens, como agilidade e transparência
em um cenário com menos filtros para a informação, mas também cria a necessidade de um
profissional para organizar a gama de informações disponíveis a todos. Historicamente, quem
realiza esta organização tem sido a imprensa, mesmo que de forma diversa à que se observa
hoje.
Um dos maiores aprendizados do jornalismo com o meio digital é justamente a
questão de conviver com a colaboração do público. Antes relegada à publicação de cartas em
meia página ou a sugestões de reportagens de telespectadores ou ouvintes, a colaboração dos
usuários não deve e não pode ser tratada da mesma forma. O desenvolvimento tecnológico
não determina, mas sim condiciona, questões como a colaboração mais constante dos leitores,
mas, independente disso, este é um fenômeno relevante, que muda a forma com que o
jornalista trata as notícias, o público e a profissão como um todo. Esta forma de trabalho, mais
integrada com o usuário, é complexa, pois o jornalismo não pode esquecer-se de seus papéis
junto à sociedade, embora deva, sim, adequar-se a uma realidade mais integrada com seus
leitores.
Com a acessibilidade da Internet e da Web, a publicação de conteúdos tem sido muito
facilitada, assim como o processo de chegar até estes conteúdos tem sido mais simples.
Concomitantemente à desintermediação, a busca por material que não só possua credibilidade,
90

mas que seja pertinente e útil à vida em democracia, é constante e necessária, além do auxílio
à interpretação de tantas informações.
Dentre as funções do jornalista está a de dar ao seu leitor não apenas o produto
noticioso que o interessa ativamente, mas também aquilo que lhe é importante. Existem tipos
de informações, ou temas, que, por mais que possam possuir valor e sejam até determinantes
na vida em sociedade, não são tão valorizados, sendo deixados em segundo plano pelo
público. Ora, tendo em vista o pólo econômico do campo jornalístico, seu caráter comercial,
muitas vezes se opta por dar ao público o que ele prefere, e assim assegurar índices de
audiência altos. Mas este não é o papel do jornalismo.
O Spot.Us é um “espelho” do que seus leitores escolhem. Eles propõem as pautas e
decidem quais se tornarão reportagens. De um modo geral, o material do Spot.Us é pertinente
e de boa qualidade jornalística, mas também é importante mostrar ao público temas e ângulos
que ele não escolheria normalmente. No fundo, está o debate entre informar o que é de
interesse público e o que é de interesse do público. No entanto, o site não parece ser a fonte
principal de notícias dos leitores, mas algo complementar às notícias que eles recebem
normalmente. Assim, não se pode dizer que este público só receba aquilo por aquilo que opta
em suas notícias.
O jornalismo também deve carregar a função de evitar as “câmaras de eco”, ou seja, o
padrão em que o público tende a procurar apenas as notícias de um ponto de vista que o
interesse, de forma unilateral. É função da atividade também gerar pluralidade e
multiplicidade de perspectivas, não apenas replicar pontos de vista. No entanto, não há razão
para este tipo de jornalismo não adotar também uma postura tolerante e agregadora do que o
público tem a dizer.
A experiência do Spot.Us também denota a importância do trabalho jornalístico
aprofundado e de qualidade. Existe material noticioso pelo qual o público está disposto a
pagar. A lógica das redações de redução de custos e prazos cada vez menores acaba tirando
espaço da reflexão e do aprofundamento nas notícias. A superficialidade é um inimigo que
bate à porta do jornalismo. Mostrar trabalho profundo, com um conteúdo elaborado, ainda é a
melhor forma de criar apelo junto ao público. Não ignoramos o fato de que os leitores do
Spot.Us são norte-americanos e possuem características socioculturais bem distintas das do
Brasil, inclusive no que diz respeito a uma maior propensão a desembolsar dinheiro para
contribuir com projetos como o Spot.Us. Mesmo assim, o que foi observado em nosso estudo
é relevante no cenário comunicacional como um todo. O conteúdo noticioso local e denso foi
bem avaliado e financiado pelo público.
91

O website Spot.Us é uma iniciativa que merece atenção acadêmica e reflexiva. Foi o
que procuramos proporcionar ao longo deste trabalho. Após um olhar atento e aproximado,
fica a confiança no trabalho jornalístico bem elaborado e competente. As crises de ordem
mercadológica trazem prejuízos e, logo, incertezas ao campo jornalístico. É momento, no
entanto, de experimentar e, acima de tudo, colocar sempre no centro as questões: qual é a
importância do jornalismo? O que a atividade jornalística procura trazer em sua formatação
atual, e qual o valor disso para a sociedade? Ao ter em mente estas perguntas, é possível
visualizar mais facilmente as implicâncias do jornalismo mesmo em meio a uma miríade de
afirmativas, proposições e ditas alternativas ao trabalho jornalístico qualificado e
estabelecido. Ao mesmo tempo, se o modelo de negócios atual do campo jornalístico está
desgastado, outro que o substitua não aparecerá automaticamente, e nada indica que este novo
“modelo” a ser seguido será um só e incontestável. A experimentação é valiosa, com
oportunidades muito relevantes dentro das redes de computador.
A Internet, e as possibilidades que ela traz, não devem ser ignoradas. Se é possível
ouvir com mais clareza que o público tem algo a dizer, e o que é esse algo, que assim se faça.
O jornalismo envolve uma relação com a audiência, e os usuários podem ter algo a contribuir
no trabalho jornalístico, que assim se qualifica e se aproxima daqueles a quem ele procura
informar. O jornalismo suaviza o ar definitivo e contundente de palestra e admite posições
onde o diálogo pode ser mais benéfico. É uma adequação constante, mas valiosa.
Acima de questões mercadológicas, embora elas sejam inevitavelmente importantes no
campo, o jornalismo ainda ostenta suas merecidas faculdades e deveres de legitimação e
construção da realidade. No fundo, a atividade ainda envolve, em síntese, praticamente tudo o
que está à volta, procurando transpor o medo do desconhecido, e é este papel que ele deve
carregar, mesmo que de uma forma mais colaborativa.
92

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WOLTON, Dominique. Informar não é comunicar. Porto Alegre: Sulina, 2010, 963 p.
98

APÊNDICE A – Planilha das sugestões de reportagem


Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
http://www.spot.us/tips/9- What can San Francisco O problema dos moradores de
what-can-san-francisco-do- do about the homeless rua. Como surgiu? O que
about-the-homeless-problem problem? Digidave Cohn Usuário Questões sociais fazer para solucionar isto? 175 dólares 3 15 de out. de 2008 25 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/16- Problemas na frequência e no
why-aren-t-there-more-muni- Why aren't there more horário de linhas expressas de
express-buses MUNI express Buses Jeremy Toeman Usuário Infraestrutura ônibus 50 dólares 2 19 de out. de 2008 25 dólares Não - -
Os abrigos para moradores de
http://www.spot.us/tips/18- How effective are the rua surtem efeito? Quais são
how-effective-are-the- homeless shelter seus problemas e condições e
homeless-shelter-resources resources? Jeremy Toeman Usuário Questões sociais como podem ser melhorados. 120 dólares 6 19 de out. de 2008 10 dólares Não - -
Investigar diversas questões
relativas à educação, como
http://www.spot.us/tips/23- igualdade da educação,
reporting-on-the-education- Reporting on the sistemas universitários,
issues Education Issues Digidave Cohn Usuário Educação frequência escolar, etc. 85 dólares 4 1 de nov. de 2008 25 dólares Não - -
Investigar abusos aos
http://spot.us/tips/24- trabalhadores com relação a
overtime-abuse-costing- Overtime abuse costing leis de hora-extra e jornada de
workers workers SF Public Press Organização Questões sociais trabalho 200 dólares 3 2 de nov. de 2008 150 dólares Sim Próprio autor -
http://spot.us/tips/28-why-are- Why are San Francisco Ruas de San Francisco em
san-francisco-city-streets-in- city streets in such poor péssimas condiçoes de 10 de nov. de
such-poor-condition condition? Jeremy Toeman Usuário Infraestrutura trafegabilidade 50 dólares 2 2008 25 dólares Não - -
http://spot.us/tips/29-
breakthrough-public-health- Breakthrough Public Diversas reportagens sobre a 10 de nov. de
reporting Health Reporting Newsdesk.org Organização Infraestrutura saúde pública de Bay Area 105 dólares 4 2008 50 dólares Sim Próprio autor -
http://spot.us/tips/33-the-
future-of-bay-area- The future of Bay Area Com as mudanças
newspapers-given-the- newspapers given the econômicas, qual será o futuro 11 de nov. de
changing-economy changing economy. Liza Pike Usuário Mídia dos jornais de Bay Area 145 dólares 6 2008 50 dólares Não - -
http://spot.us/tips/36-late-
night-and-stranded-why-sf- Late Night and Stranded: Falta de táxis em San 12 de nov. de
lacks-cabs Why SF Lacks Cabs. Emily Joffrion Usuário Infraestrutura Francisco 25 dólares 1 2008 25 dólares Não - -
Sistema educacional de San
Francisco tem matrículas com
muitos erros. Acontecerá
reforma em 2010, mas quais
serão as medidas para
http://spot.us/tips/40-sfusd- SFUSD Lottery System: melhorar as matrículas em 16 de nov. de
lottery-system-who-wins Who Wins? Monica Jensen Usuário Educação 2009? 10 dólares 1 2008 10 dólares Não - -
Por que cidadãos votaram
http://spot.us/tips/41-why- Why can't SF get a public contra ter poder de escolha 17 de nov. de
can-t-sf-get-a-public-utility utility? (TEM VÍDEO) Jay Dedman Usuário Sustentabilidade sobre a origem de sua energia 25 dólares 1 2008 25 dólares Não - -
http://spot.us/tips/42-can- Can technology increase Como seria colocar câmeras
technology-increase-teacher- teacher accountability and de segurança em escolas,
accountability-and-create- create better learning visando melhorar questões de 17 de nov. de
better-learning-environments environments? Amy Kniss Usuário Segurança pública segurança 115 dólares 1 2008 115 dólares Não - -
http://spot.us/tips/46-don-t- Problemas em ligações para
bother-calling-911-from-a- Don't bother calling 911 números de emergência feitas 21 de nov. de
cell-phone from a cell phone! Joe Naujokas Usuário Infraestrutura por celular 30 dólares 2 2008 5 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Como está a situação da Bay
http://spot.us/tips/49-what-is- What is happening with Bridge e da Highway 80, em
happening-with-bridge- Bridge/Highway construção há tempo e sem 24 de nov. de
highway-construction construction? Spot.Us Organização Infraestrutura perspectiva de terminar 25 dólares 1 2008 25 dólares - - -
Construção do novo Teatro da
Fox, como irá alterar a vida do
http://spot.us/tips/55-new-fox- bairro, a história do teatro e
theater New Fox Theater Mary Fuller Usuário Cultura sua futura programação 35 dólares 2 4 de dez. de 2008 10 dólares Não - -
Como a crise econômica afeta
http://spot.us/tips/56-how-is- o terceiro setor, as ongs que
the-recession-going-to-effect- How is the recession going precisam de dinheiro e as
local-charities to effect local charities? Mary Fuller Usuário Economia pessoas que delas dependem 35 dólares 2 4 de dez. de 2008 10 dólares Não - -
Como celulares obtidos
http://spot.us/tips/61-what-do- através de uma campanha
homeless-people-do-with- What do homeless people estão melhorando o bem-estar
cell-phones do with cell phones? ariel raz Usuário Questões sociais de sem-tetos de SF 80 dólares 4 8 de dez. de 2008 25 dólares Não - -
http://spot.us/tips/64-are-sf-
bay-area-residents-ready-to- Are SF Bay area residents Alternativas ao uso de 10 de dez. de
eat-ge-crops ready to eat GE crops? Pamela Ronald Usuário Sustentabilidade pesticidas na agricultura 75 dólares 2 2008 50 dólares Não - -
Como a crise afeta o setor
http://www.spot.us/tips/67- penitenciário da Califórnia,
california-prisons-and-the- Californa Prisons and the vida dos prisioneiros, guardas, 13 de dez. de
economic-downturn Economic Downturn Pete Brook Usuário Economia medidas, projetos na área, etc. 45 dólares 2 2008 20 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Disparidade de salários de
servidores públicos. O
procurador-geral do país
http://www.spot.us/tips/77- ganha menos do que o
outrageous-salaries-in-public- Outrageous salaries in administrador de uma cidade 17 de dez. de
service public service GA CONFERIR Política pequena. 30 dólares 2 2008 5 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/79- A situação da pobreza em
why-does-half-of-west- Why dows half of West West Oakland. Crianças
oakland-live-below-the- Oakland live below the desnutridas, que acabam se 19 de dez. de
federal-poverty-line federal poverty line. Ken Ott Usuário Questões sociais voltando para o crime, etc. 35 dólares 2 2008 10 dólares Não - -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
Imposto CBD, pago por
diversas pessoas, beneficia na
maior parte das vezes
http://www.spot.us/tips/81- Community Benefit empresas, que são quem tem
community-benefit-districts- Districts; RoboCop or maioria de voto no destino da 22 de dez. de
robocop-or-scam Scam? David Kirk Usuário Economia taxa 50 dólares 2 2008 25 dólares Não - -
Obama escolheu políticos de
novas tendências para compor
http://www.spot.us/tips/95- seu governo ou apenas gente
has-obama-chosen-any-anti- Has Obama chosen any da mesma mentalidade de
free-trade-aka-pro-fair-trade- anti-"free trade" (aka pro- terceirização, corte de
staff-for-his-new- "fair trade") staff for his empregos e corporativimo dos
administration new administration? Ken Ott Usuário Política governos Bush/Clinton? 10 dólares 1 7 de jan. de 2009 10 dólares Não - -
Espera-se que o setor artístico
seja renovado e ganhe mais
http://www.spot.us/tips/97-sf- recursos com a administração
bay-area-artists-look-to- SF Bay Area Artists Look Obama, foi "esquecido"
obama-white-house-arts- To Obama White House financeira e ideologicamente
revival Arts Revival Michael Moon Usuário Cultura na administração Bush. 45 dólares 2 8 de jan. de 2009 20 dólares Não - -
A possível venda do aterro
http://www.spot.us/tips/98- Sonoma County Board of sanitário de Sonoma
sonoma-county-board-of- Supervisors engaging in dificilmente pode manter o
supervisors-engaging-in- secret meetings with local ambientalmente seguro e
secret-meetings-with-county- County Garbage a longo prazo, como o faria o
garbage-contractors contractors empirereport.com Organização Sustentabilidade governo. 65 dólares 2 8 de jan. de 2009 40 dólares Sim Próprio autor -
http://www.spot.us/tips/99- City of Santa Rosa Trazer à luz discussões sobre
city-of-santa-rosa-attorneys- attorneys in negotiations a construção de uma via para
in-negotiations-with-private- with private "Wild Oak" pedestres e ciclistas em um
wild-oak-neighborhood-over- neighborhood over right- local supostamente público,
right-of-way-bike-pedestrian- of-way bike & pedestrian mas que os moradores da
trail trail. Perry Westwood Usuário Infraestrutura cidade não encaram como tal. 45 dólares 2 8 de jan. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Reportagem detalhada sobre
http://www.spot.us/tips/100- hortas caseiras comunitárias:
hyperlocal-gardening-where- Hyperlocal Gardening - como fazer, materiais
to-start where to start? Empirereport.com Organização Sustentabilidade necessários, etc. 20 dólares 1 12 de jan. de 2009 20 dólares Sim Próprio autor -
Qual é a história de um
http://www.spot.us/tips/102- acordeonista folclórico da
whats-the-deal-with- What's the deal with cidade, que toca nas ruas há
accordion-guy Accordion Guy? David Gross Usuário Cultura anos. 40 dólares 2 16 de jan. de 2009 15 dólares Não - -
As primeiras pesquisa com
células-tronco em humanos
http://www.spot.us/tips/105- começariam em Menlo Park.
human-stem-cell-trials-in- Human Stem Cell Trials in Como acontecerão? De onde
menlo-park Mento Park Digidave Cohn Usuário Ciência vieram os recursos, etc. 50 dólares 2 24 de jan. de 2009 25 dólares Não - -
Como os químicos com os
quais entramos em contato
hoje aumentam a incidência de
http://www.spot.us/tips/109- câncer de mama? Por que Bay
environmental-causes-of- Environmental Causes of Area tem dois dos locais com
cancer Cancer Dana Oshiro Usuário Saúde maior concentração de casos? 25 dólares 2 1/27/2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Investiga relações entre raça e
http://www.spot.us/tips/110- pobreza no desenvolvimento
race-poverty-and-the- Race, Poverty and the Race, Poverty and urbano, da perspectiva de
environment Environment the Environment Organização Questões sociais comunidades negras pobres 150 dólares 3 28 de jan. de 2009 100 dólares Sim Próprio autor -
Projeto para fazer missões
médicas em países em
desenvolvimento. Cita exemplo
de escola que ajudou a
http://www.spot.us/tips/111-it- construir em uma comunidade
s-hard-but-i-will-help It's hard but I will help! Nathalie Fiset Usuário Questões sociais mexicana isolada 10 dólares 1 30 de jan. de 2009 10 dólares Não - -
Os cortes de impostos do
governo Bush destruiram
medidas tomadas por Reagan
http://www.spot.us/tips/112- e, logo, a segurança social que
bush-tax-cuts-destroy-social- Bush Tax Cuts Destroy beneficiaria a geração do Baby
security Social Security Paul Voss Usuário Economia Boom 200 dólares 1 31 de jan. de 2009 200 dólares Não - -
Cortes de água na California
reduzem a produção agrícola e
http://www.spot.us/tips/113- California Water aumentam dezemprego e
california-water-shortages- Shortages Lead to crimes. Geral sobre
lead-to-unemployment Unemployment Neal Gorenflo Usuário Infraestrutura fornecimento de água 25 dólares 2 1 de fev. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Como funciona e é dirigido o
sistema de transporte rápido
http://www.spot.us/tips/114- What are BART's issues de São Francisco, e como
what-are-bart-s-issues-and- and how can BART poderia melhorar? Como será
how-can-bart-improve improve? Ken Ott Usuário Infraestrutura o futuro, haverá que medidas? 45 dólares 2 4 de fev. de 2009 20 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Necessidade de examinar
detalhadamente a origem e
fluxo do dinheiro da empresa
http://www.spot.us/tips/117- de loteria da California, algo
california-lotto California LOTTO Hal Fultz Usuário Economia que nunca teria sido feito 50 dólares 3 8 de fev. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
Os administradores de centros
de ajuda aos deficientes
http://www.spot.us/tips/118- Directors of Centers for ganham muito dinheiro,
directors-of-centers-for-the- the Developmental enquanto o orçamento dos
developmental-disabled- Disabled making too much centros é curto e o
making-too-much-money money Dr. Phil Weise Usuário Questões sociais atendimento sofre. 25 dólares 2 8 de fev. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
As lixeiras de reciclagem
desapareceram de Beverly
Hills, e agora o recolhimento
de lixo seria unificado. O que
http://www.spot.us/tips/121- está acontecendo com o lixo,
city-of-beverly-hills-giving-up- City of Beverly Hills giving por que a separação de lixo
it-s-recycling-program up it's recycling program? Jonathan Ruiz Usuário Infraestrutura não retorna? 25 dólares 2 09 de fev. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Investigar o sistema de
seleção da Academia para o
Oscar, que seria totalmente
http://www.spot.us/tips/123- político e baseado em
awarded-by-whom Awarded by Whom? Rooted Eleven CONFERIR Cultura indicações. 25 dólares 2 11 de fev. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Foi proposto toque de recolher
para adolescentes de Oakland.
http://www.spot.us/tips/124- Isto acontece em outras
why-should-oakland-teens- Why Should Oakland cidades? como funciona, qual
have-curfews Teens Have Curfews? Kara Andrade Usuário Segurança pública a eficácia? 25 dólares 2 12 de fev. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
http://www.spot.us/tips/125-
wamu-fails-to-simply- WAMU fails to Simply Problemas nos bancos em
communicate-let-alone- Communicate let alone lidar com clientes e
modify-a-loan modify a loan Nina Sugamori Usuário Economia empréstimos 0 dólares 1 13 de fev. de 2009 - Não - -
http://www.spot.us/tips/126-
the-california-budget-in-your- The California Budget in O orçamento do estado está
neighborhood-how-will-it- your Neighborhood: How caindo. Como isto afetará as
affect-you will it affect you? Liza Pike Usuário Economia vidas dos cidadãos? 50 dólares 2 13 de fev. de 2009 25 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
http://www.spot.us/tips/129-a-
tale-of-two-towns-is-a-liberal- A tale of two towns: Is a Qual é a diferença entre viver
or-a-conservative-strategy- liberal or a conservative em uma cidade administrada
more-effective-in-governing- strategy more effective in por liberais ou conservadores,
a-small-to-medium-sized- governing a small to no que isto afeta as vidas das
town medium-sized town? Sierra Jenkins Usuário Política pessoas e a qualidade de vida. 75 dólares 3 17 de fev. de 2009 25 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Investigar as fábricas de
Oakland que utilisam trabalho
http://www.spot.us/tips/131- semi-escravo de imigrantes,
sweatshops-and-human- Sweatshops and Human bem como a situação do tráfico
trafficking-in-oakland Trafficking in Oakland Ian Elwood Usuário Questões sociais sexual na cidade 50 dólares 2 19 de fev. de 2009 25 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Investigar violência doméstica
na comunidade homossexual.
http://www.spot.us/tips/133- O que está sendo feito sobre
battery-action Battery Action Rooted Eleven CONFERIR Questões sociais isso? 25 dólares 2 25 de fev. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
O que aconteceu com as
reservas de ouro do governo
alemão, que estariam
guardadas no New York Fed?
Auditorias independentes não
http://www.spot.us/tips/136- What Happened To são autorizadas, e não se sabe
what-happened-to-germany- Germany's Gold se as tonladas de ouro ainda 01 de mar. de
s-gold-reserves Reserves? C Marloh Usuário Economia estão lá. 100 dólares 1 2009 100 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/146-8-
unemployment-how-about- 8% Unemployment?? How
all-the-independent- about all the independent Governo não estaria
contractors-who-don-t- contractors who don't divulgando a real taxa de
qualify-for-ui-insurance-what- qualify for UI insurance? desemprego. Trabalhadores
s-the-real-unemployment- What's the REAL independentes não estariam
rate-and-where-do-they-get- unemployment rate and nos dados, e onde eles
help where do THEY get help? Dave Shefferman Usuário Emprego procurariam ajuda? 50 dólares 2 6 de mar. de 2009 25 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Convenção do partido
democrata tem apenas um
candidato, que está envolvido
http://www.spot.us/tips/148- California Democrats are em uma denúncia de abuso
california-democrats-are- being railroaded in their sexual e que intimidou
being-railroaded-in-their- election for state party concorrentes a desistirem do
election-for-state-party-chair chair Jay Davis Usuário Eleições pleito. 50 dólares 2 7 de mar. de 2009 25 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
http://www.spot.us/tips/149-
may-19-proposal-1a-will-add- May 19 Proposal 1A will Proposta 1A aumentaria os
16-billon-in-taxes-for-two- add $16 billon in taxes for impostos nos próximos anos,
additional-years two additional years. Allen Davis Usuário Política sem que ninguém soubesse. 25 dólares 2 9 de mar. de 2009 - Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Votação de comissão pode
http://www.spot.us/tips/151- Oakland Coalition for melhorar as questões
oakland-coalition-for-clean- Clean and Safe Ports ambientais, trabalhistas,
and-safe-ports-eagerly- eagerly awaits crucial May sanitárias e sociais com
awaits-crucial-may-2009-vote 2009 vote. Maudie Shah Usuário Infraestrutura relação ao porto de Oakland 50 dólares 2 9 de mar. de 2009 25 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Instituições em San Francisco
http://www.spot.us/tips/152- que ajudam crianças 11 de mar. de
all-our-children All Our Children Mireya Manigault Usuário Questões sociais moradoras de rua. 225 dólares 2 2009 200 dólares Sim (Spot.Us) 25 dólares -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
AT&T tem monopólio de
serviços de um complexo de
apartamentos em San
Francisco. Moradores não
podem optar por outras
operadores e não ganham
http://www.spot.us/tips/155- descontos, pois não há
at-t-and-subsidized-housing- AT&T and subsidized concorrência. Como isso 14 de mar. de
in-san-francisco housing in San Francisco Stu Smith Usuário Economia aconteceu? 100 dólares 1 2009 100 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/160- Teatro de San Francisco está
oakland-s-parkway- Oakland's Parkway fechando. Quais são os
speakeasy-theater-is-closing- Speakeasy Theater Is motivos, existe alguma forma 20 de mar. de
its-doors Closing Its Doors Kjerstin Erickson Usuário Cultura de reverter isto? 25 dólares 2 2009 5 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
http://www.spot.us/tips/161- Situação de crianças com os
young-people-with- Young People with pais presos. Como são suas 20 de mar. de
incarcerated-parents Incarcerated Parents Kara Andrade Usuário Questões sociais vidas, como encaram isto, etc. 70 dólares 3 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
http://www.spot.us/tips/164-
climate-activist-in-sf-in-self- Climate activist in SF in
immolation-pr-action-stunt-to- self-immolation PR action Ativista dublê atea fogo em si
raise-awareness-about- stunt to raise awareness mesmo em evento de
global-warming-do-not-try- about global warming: Do conscientização sobre 23 de mar. de
this-at-home not try this at home Danny Bloom Usuário Meio ambiente aquecimento global. 55 dólares 1 2009 55 dólares Não - -
Aumento de preços de
combustível ajudou a piorar a
crise econômica, fazendo com
http://www.spot.us/tips/167- High Fuel Prices triggered que donos de casa individados
high-fuel-prices-triggered-the- the World Banking abastecessem o tanque ao 24 de mar. de
world-banking-meltdown Meltdown Bruce Lyon Usuário Economia inves de pagar prestações. 0 dólares 1 2009 - Não - -
Veterinária que teve a morte
http://www.spot.us/tips/168- de um cachorro em Nova York
vet-dr-barbara-levine- Vet Dr. Barbara Levine teve que fechar sua clínica e
golstien-flees-new-york- Golstien Flees New York estaria reabrindo em San 24 de mar. de
troubles-to-bay-area Troubles to Bay Area Billie R. Janis Usuário Outros Francisco 15 dólares 1 2009 15 dólares Não - -
Fundação trabalha tentando
http://www.spot.us/tips/171- facilitar a adoção de órfãos.
orphan-crisis-reaches- Orphan Crisis Reaches Números de órfãos no mundo 25 de mar. de
epidemic-proportions Epidemic Proportions Joe DiDonato Usuário Questões sociais crescem vertiginosamente 2 dólares 1 2009 2 dólares Não - -
Papel das comunidades
religiosas nas comunidades
http://www.spot.us/tips/173- Faith in the Face of negras americanas que veem 28 de mar. de
faith-in-the-face-of-turbulence Turbulence Kara Andrade Usuário Questões sociais aumentar a violência. 20 dólares 2 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Investigar funcionamento e
papel de Uhuru na
comunidade de Oakland, uma
organização que luta pelo
direito dos negros e teria dado
http://www.spot.us/tips/174- apoio a um suposto assassino
uhuru-supports-cop-killer-in- Uhuru Supports Cop Killer foragido que matou quatro 28 de mar. de
oakland in Oakland Kara Andrade Usuário Questões sociais policiais. 80 dólares 5 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Como a recessão está
http://www.spot.us/tips/175- afetando as organizações sem
how-are-the-bay-area-non- How are the Bay Area fins lucrativos na Bay Area?
profits-affected-by-the- non-profits affected by the Investigar o cenário destas 28 de mar. de
recession recession? Zuzana Fedorkova Usuário Economia organizações na cidade. 70 dólares 3 2009 30 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Orçamento para marketing da
indústria farmacêutica junto
http://www.spot.us/tips/177- aos médicos é gigantesco e
pharma-industry-and-doctors- Pharma industry and afeta a ética dos médicos na
lack-of-ethics doctors lack of ethics Kristen Ingle Usuário Saúde hora de tratar pacientes 0 dólares 1 6 de abril de 2009 - Não - -
O que acontece antes de
alguém ser demitido, o que
http://www.spot.us/tips/179- passa pela cabeça dos
what-happens-before-you- What Happens Before You administradores, quais são
get-fired Get Fired John Wallac Usuário Emprego seus raciocínios? 60 dólares 4 6 de abril de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Como a crise de água afeta a
http://www.spot.us/tips/185- California e San Francisco? O
water-justice-in-the-sf-bay- Water Justice in the SF que fazem e sugerem 14 de abril de
area Bay Area Kara Andrade Usuário Meio ambiente especialistas? 10 dólares 1 2009 10 dólares Não - -
Os mercados de pulga e de
fazendeiros são marca
tradicional de Oakland. Qual a
http://www.spot.us/tips/186- Farmer's Markets A Vital história desses mercados e
farmer-s-markets-a-vital-part- Part of Oakland como eles servem de cimento 14 de abril de
of-oakland-community Community Kara Andrade Usuário Economia social para a comunidade. 10 dólares 1 2009 10 dólares Não - -
Piedmont é uma cidade
branca, rica e com alta
instrução, e fica ao lado de
http://www.spot.us/tips/187- Oakland, negra, pobre, com
what-is-a-community-like- What is a community like crimes e sem instrução. Por
piedmont-doing-in-the- Piedmont doing in the que as duas cresceram assim, 14 de abril de
middle-of-oakland middle of Oakland? Kara Andrade Usuário Questões sociais qual a relação entre elas? 10 dólares 1 2009 10 dólares Não - -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
Oakland está com dívida
pública de milhões e propondo
http://www.spot.us/tips/188- reuniões com a comunidade
oakland-is-broke-so-now- Oakland Is Broke, So Now para encontrar soluções para o 14 de abril de
what What? Kara Andrade Usuário Economia orçamento. O que fazer? 10 dólares 1 2009 10 dólares Não - -
Reunião avaliará que uso a
comunidade quer fazer do
http://www.spot.us/tips/189- estuário de Oakland, levando
the-not-so-common-vision- The Not So Common em conta visões diferentes
for-the-oakland-central- Vision for the Oakland sobre interesses ambientais e 15 de abril de
estuary Central Estuary Kara Andrade Usuário Sustentabilidade exploratórios. 10 dólares 1 2009 10 dólares Não - -
Com a recessão, as empresas
são obrigadas a fazer acordo e
renegociar contratos. Como os
trabalhadores estão lidadndo
http://www.spot.us/tips/192- com isso, como será o futuro,
union-woes-during-the- Union Woes during the quais são os pontos principais 24 de abril de
economic-downturn Economic Downturn Ian McDonald Usuário Economia das negociações? 0 dólares 1 2009 - Não - -
Uma pesquisa demográfica
sobre os moradores de rua de
http://www.spot.us/tips/193- Bay Area. Poderiam ser
understanding- Understanding vistosa padrões, como
homelessness-in-the-bay- Homelessness in the Bay chegaram a este nível, como 24 de abril de
area Area Rahmin Sarabi Usuário Questões sociais melhorar a situação. 20 dólares 1 2009 20 dólares Não - -
Estagiários estão não estão
sendo pagos. Muitas vezes,
fazem trabalhos ilegais ou não
registrados e os empregadores
não precisam pagar impostos
http://www.spot.us/tips/195- Getting Pay Back: Unpaid pelo seu trabalho. O
getting-pay-back-unpaid- Internships in the Bay desemprego atinge níveis 27 de abril de
internships-in-the-bay-area Area Ian Elwood Usuário Emprego muito altos. 65 dólares 3 2009 25 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Altos investimentos foram
feitos em uma loja de comida
que nunca foi aberta. Onde foi
http://www.spot.us/tips/197- este dinheiro, o que 29 de abril de
mandela-food-coop Mandela Food Coop Joanna Adler Usuário Economia aconteceu? 40 dólares 3 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Onde vão os impostos pagos
quando da construção de
prédios? Esperava-se que eles
fossem para os próprios
bairros, para melhora da sua
http://www.spot.us/tips/198- Where Development estrutura, mas não se sabe ao 29 de abril de
where-development-funds-go Funds Go Joanna Adler Usuário Economia certo para onde vai o dinheiro 40 dólares 3 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
http://www.spot.us/tips/201- Epidemic of Celebrity Atores de Hollywood utilizam
epidemic-of-celebrity-clients- Clients Stiffing Personal dispositivo para não precisar
stiffing-personal-managers- Managers on pagar comissão para seus
on-commissions Commissions Holly Lebed Usuário Cultura agentes. Como funciona isso? 100 dólares 1 5 de maio de 2009 100 dólares Não - -
Dados de estudantes de uma
universidade californiana foram
violados. Junto, foram
descobertos dados de
estudantes de outra
http://www.spot.us/tips/204- universidade. Por que dados
why-were-mills-college- Why were Mills College de estudantes de ambas
student-records-stored-in-a- student records stored in a estavam juntos? É prática
uc-berkeley-database- UC Berkeley database, comum, e que fazer para evitar
anyways anyways? James Levy Usuário Tecnologia vazamentos? 20 dólares 2 9 de maio de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Como funcionam as fazendas
urbanas, como estão entrando
http://www.spot.us/tips/206- em Bay Area, qual seu impacto 17 de maio de
down-on-this-urban-farm Down on This Urban Farm Kara Andrade Usuário Sustentabilidade na revolução verde? 40 dólares 2 2009 20 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Quais são as iniciativas para
encorajar empreendimentos
californianos e em Bay Area a
serem sustentáveis? Mapear
http://www.spot.us/tips/210- estas iniciativas e ter 20 de maio de
go-green-face-book Go Green "Face"Book Kara Andrade Usuário Sustentabilidade comentários dos usuários. 20 dólares 1 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Poluição em Bay Area.
Percentual de pessoas que
moram perto de indústrias é
http://www.spot.us/tips/211- alto, crianças de West Oakland
west-oakland-toxic-woes- West Oakland Toxic Woes tem sete vezes mais chance 26 de maio de
house-party House Party! Kara Andrade Usuário Meio ambiente de ser hospitalizada por asma. 125 dólares 6 2009 20 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Zeladores demitidos por
empresa fazem manifestação
http://www.spot.us/tips/212- The Janitors at Cisco and na organização. O que se
the-janitors-at-cisco-and- their Ongoing Labor pode fazer, o que cada parte 27 de maio de
their-ongoing-labor-struggle Struggle Spot.Us Organização Emprego pode aprender. 50 dólares 1 2009 50 dólares Sim Próprio autor -
Professores de Millbrae
estariam mal-tratando alunos.
http://www.spot.us/tips/213- Propõe descobrir mais
salute-to-teachers-and-what- Salute to Teachers - and detalhes sobre isso e reverter 29 de maio de
should-be-reported What Should Be Reported Fionnola Villamejor Usuário Educação a situação 20 dólares 1 2009 20 dólares Não - -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
Governo anuncia que eliminará
repasses para parques da
Califórnia, o que fechará mais
de200 parques. Qual o
http://www.spot.us/tips/214-i- impacto desta medida, como 30 de maio de
heart-california-parks I Heart California Parks Kara Andrade Usuário Meio ambiente pode ser revertida? 60 dólares 3 2009 20 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Documentário sobre
estudantes que não podem
seguir seus estudos pois são
http://www.spot.us/tips/215- ilegais no país e não
an-unfinished-dream- An Unfinished DREAM conseguem mais ter
documentary documentary Margarita Reyes Repórter Educação documentos legais. 120 dólares 2 1 de jun.de 2009 - Não - -
Como West Oakland está
tentando se tornar sustentável
mesmo sendo uma
http://www.spot.us/tips/218- West Oakland's Green comunidade pobre, o que
west-oakland-s-green-scene Scene Kara Andrade Usuário Sustentabilidade significam estes esforços. 20 dólares 1 9 de jun. de 2009 20 dólares Não - -
Propõe reviews sobre o
Festival de Dança Étnica que
acontece em Bay Area em
http://www.spot.us/tips/219- quatro fins de semana, para
ethnic-dance-festival Ethnic Dance Festival Lori Smith Usuário Cultura melhor informar a população. 40 dólares 2 11 de jun. de 2009 20 dólares Não - -
Sistema de acordo entre
http://www.spot.us/tips/220- How the MLS is imobiliárias é manipulado para
how-the-mls-is-manipulated- manipulated to make sales dar melhores dados às vendas
to-make-sales-look-better- look better than they really de imóveis. Não há verificação
than-they-really-are are. Patrick Killelea Usuário Economia independente nelas. 0 dólares - 17 de jun. de 2009 0 dólares Não - -
O que aconteceu com as
http://www.spot.us/tips/224- empresas sem fins lucrativos .
what-happened-to-the-dot- What happened to the dot com? Onde elas estão, o que
com-nonprofits com nonprofits? Jan Masaoka Usuário Economia fazem e fizeram. 312 dólares 5 20 de jun. de 2009 250 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
http://www.spot.us/tips/226-
the-long-road-of-zoning- The long road of zoning:
economic-development- economic development Novo plano-diretor para bairro
plans-should-include- plans should include de Oakland tem pontos
preservation preservation. David Likuski Usuário Infraestrutura polêmicos 50 dólares 3 23 de jun. de 2009 10 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Quem administra a água em
East Bay e toma decisões
http://www.spot.us/tips/227- sobre o futuro do assunto? O
east-bay-the-future-of-our- East Bay: the Future of our que está por trás dos
water Water Chris Naff Usuário Infraestrutura constantes avisos de seca? 40 dólares 2 23 de jun. de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
A Chevron tem as patentes
sobre baterias necessárias
para o desenvolvimento de
http://www.spot.us/tips/228- Who Did Kill the Electric automóveis elétricos, que
who-did-kill-the-electric-car- Car? Chevron and the prejudicariam a indústria de
chevron-and-the-nimh- NiMH Electric Car Battery carros. Quais são seus
electric-car-battery-patent Patent Ruedigar Matthes Usuário Tecnologia objetivos? 60 dólares 3 23 de jun. de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Organizações disputam a
utilização de áreas de Bay
Area. Enquanto algumas
querem desenvolver a região
http://www.spot.us/tips/229- Battle of the de forma sustentável, outras
battle-of-the- Environmentalists by the querem mantê-las áreas
environmentalists-by-the-bay Bay David Amann Usuário Meio ambiente protegidas. 180 dólares 5 24 de jun. de 2009 100 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Qual o caminho que a carne
faz das fazendas até sua
mesa. Condições em que os
animais são criados e
abatidos, bem como transporte
e armazenamento. Muitos tem
um orçamento curto para
http://www.spot.us/tips/230- comer carne, e é preciso ver
follow-the-meat Follow the Meat Brian LeBow Usuário Sustentabilidade as condições desta carne. 60 dólares 3 24 de jun. de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Medida tomada em 2008
aumentaria em 440 vezes os
http://www.spot.us/tips/231- impostos pagos por refinaria.
what-happened-to-measure- What Happened to O que foi feito desde então?
t-chevron-and-the-city-of- Measure T, Chevron and Isto aconteceu, quais as
richmond the city of Richmond? Tracy Rosenberg Usuário Economia consequências? 0 dólares - 24 de jun. de 2009 - Não - -
Muitas cidades estão sobre
enormes quantidades de
cabos de fibra-ótica, mas não
http://www.spot.us/tips/232- há informação sobre isto. Os
dark-fiber-and-the-search-for- "Dark Fiber" and the cabos ajudariam em planos de
light Search for Light Tracy Rosenberg Usuário Tecnologia expansão de banda-larga 0 dólares - 24 de jun. de 2009 - Não - -
Dois canais de TV brigam para
assumir o controle um do
http://www.spot.us/tips/233- outro, por atos prejudiciais dos
kaxt-vs-ktvu KAXT vs. KTVU Tracy Rosenberg Usuário Mídia dois lados. 0 dólares - 24 de jun. de 2009 - Não - -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
Empregadores estariam
utilizando o departamento de
http://www.spot.us/tips/234- imigração do governo para
investigating-the-east-bay- Investigating the East Bay "resolver" negociações de
ice-raids ICE-Raids Tracy Rosenberg Usuário Emprego trabalho 20 dólares 1 25 de jun. de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Reunião discutirá mudança
nos impostos proposta pelo
http://www.spot.us/tips/244- governo. Proporá mudanças
reform-criminal-justice-help- Reform Criminal Justice, no sistema de Justiça para dar
fix-the-state-budget-and- Help Fix the State Budget, mais segurança e investir
save-the-safety-net and Save the Safety Net. Bonnie Richman Usuário Economia melhor os recursos. 20 dólares 1 17 de jul. de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
http://www.spot.us/tips/245-
local-hospital-breaking-the- Local Hospital breaking
mold-of-healthcare-and- the mold of healthcare and
building-healthy- building healthy Comunidade cria liga para
communities-from-the-inside- communities from the cuidar e conscientizar pessoas
out inside out! Maxim Williams Usuário Saúde sobre saúde e estilo de vida. 0 dólares - 19 de jul. de 2009 - Não - -
Planos tentam estimular a
compra de coletes à prova de
balas para os cães policiais da
http://www.spot.us/tips/247- Califórnia. Vários deles
stimulus-plan-for-bay-area- Stimulus Plan for Bay Area trabalham sem proteção,
oakland-police-dogs Oakland Police Dogs Kara Andrade Usuário Segurança pública protegendo a comunidade. 0 - 21 de jul. de 2009 - Não - -
Dados de trabalhadores
hispânicos que morreram
durante o trabalho
aumentaram 76%. Propõe
http://www.spot.us/tips/248- Hispanic workers who die investigar o quanto disso vem
hispanic-workers-who-die-on- on the job has risen 76 de Bay Area e apresentar
the-job-has-risen-76-percent percent Kara Andrade Usuário Emprego soluções locais. 0 dólares - 21 de jul. de 2009 - Não - -
Dono de empresa de
http://www.spot.us/tips/253- construção recebe dinheiro de
home-buiilder-s-fraud-goes- Home Buiilder's Fraud compradores mas foge e não
unpunished goes unpunished Marjorie Williams Usuário Crimes constrói as casas. 0 dólares - 29 de jul. de 2009 - Não - -
Telefones de denúncia no
trânsito e em empresas são
http://www.spot.us/tips/254-1- muito longos e complicados de
800-how-s-my-driving-1-800- 1-800-How's my driving? usar. Algum deles faria alguma 4 de agosto de
fraud 1-800-fraud? James Lamb Usuário Infraestrutura diferença? 22 dólares 2 2009 2 dólares Não - -
Universidade ganhou prêmio
de honra por medidas
http://www.spot.us/tips/255- ambientais no Campus. Que
uc-berkeley-s-green-honor- UC Berkeley's Green medidas seriam estas, quais
roll Honor Roll Kara Andrade Usuário Sustentabilidade seus detalhes? 0 dólares - 5 de ago. de 2009 - Não - -
Programa conscientizará
comunidade sobre
sustentabilidade, falando de
http://www.spot.us/tips/256- The Green Life at San trabalhos "verdes", entre
the-green-life-at-san-quentin Quentin Angela Sevin Usuário Sustentabilidade outros temas. 70 dólares 2 6 de ago. de 2009 50 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Propõe pequenos perfis sobre
trabalhadores da indústria do
http://www.spot.us/tips/269-a- sexo, como um ator pornô,
series-of-short-profiles-of- A series of short profiles of uma stripper, um cirurgião de
sex-industry-insiders sex industry insiders. Sexis Magazine Organização Cultura troca de sexo, etc. 150 dólares 1 6 de set. de 2009 150 dólares Sim Próprio autor -
Denuncia fraudes no sistema
http://www.spot.us/tips/270- de hipotecas e venda de
mortgage-fraud Mortgage Fraud Scott Hardie Usário Economia imóveis. 20 dólares 1 8 de set. de 2009 20 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/280-
regulators-assist-private- Regulators Assist Private
industry-in-subverting-the- Industry In Subverting The Denuncia caso de confusão na
public-interest Public Interest Richard Strickland Usuário Economia justiça após compra de imóvel 0 dólares - 26 de set. de 2009 - Não - -
http://www.spot.us/tips/284- Governador Scwarzenegger
gov-schwarzenegger-to- Gov. Schwarzenegger to propõe projeto de reforma para
propose-funding-for-wind- propose funding for wind utilizar energia eólica na
energy energy Mark Watson Usuário Sustentabilidade Califórnia 20 dólares 1 1 de out. de 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Quão efetivas são as barreiras
de trânsito feitas pela polícia
de LA? Quanto a tecnologia,
como aplicativos de iPhone,
http://www.spot.us/tips/286- estão afetando-as e sendo
the-futility-of-the-sobriety- The Futility of the Sobriety aproveitadas para evitar
checkpoint Checkpoint? Alex Schmidt Repórter Infraestrutura prisões de motoristas bêbados 40 dólares 2 7 de out. de 2009 20 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Oficiais dos bombeiros estão
estacionando seus carros em
áreas de parquímetros sem
pagar, o que é ilegal. Apenas
http://www.spot.us/tips/295- The SFFD Free Parking veículos oficiais dos bombeiros
the-sffd-free-parking-scam Scam Parking Avenger Usuário Infraestrutura são isentos de parquímetros. 20 dólares 1 20 de out. de 2009 20 dólares Não - -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
Movimento tenta tornar o
receimento de listas
telefônicas voluntário, tendo
http://www.spot.us/tips/297-a- em vista motivos ambientais e
blossoming-bay-area- A Blossoming Bay Area o desperdício de dinheiro com
movement-sees-phone- Movement Sees Phone algo que as pessoas não
books-as-junk-mail Books as Junk Mail Ale Jochum Usuário Sustentabilidade usam. 120 dólares 2 21 de out. de 2009 100 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
http://www.spot.us/tips/298- Why COSTCO, South of
why-costco-south-of-market- Market, is responsible for
is-responsible-for-slower- slower response times by
response-times-by-some- some San Francisco Fire
san-francisco-fire- Department Emergency
department-emergency- Vehicles. When it comes
vehicles-when-it-comes-to- to the SFFD getting the Caminhões de bombeiros
the-sffd-getting-the-cheapest- cheapest groceries and saem da área prevista para
groceries-and-meat-neither- meat, neither Chief fazer compras e acabam
chief-officers-or-company- Officers or Company atrasando atendimentos de
officers-give-a-tinker-s Officers give a tinker's Jim Corrigan Usuário Infraestrutura emergência. 20 dólares 1 21 de out. de 2009 20 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/300- Por que bombeiros e outros
why-do-s-f-taxpayers-have- Why do S.F. taxpayers funcionários públicos podem
to-feed-meters-and-pay- have to feed meters and ou acabam estacionando em
tickets-and-city-employees- pay tickets and City lugares pagos ou proibidos
do-not Employees do not? Jim Corrigan Usuário Infraestrutura sem pagar nada? 0 dólares - 26 de out. de 2009 - Não - -
Patrocinar jovens talentos sem
recursos pode ser uma forma
de mostrar ao mundo artistas
http://www.spot.us/tips/307- Sponsor Talented que não seriam revelados.
sponsor-talented-students Students Sherry Browning Usuário Cultura Instituição faz isso. 0 dólares - 9 de nov. de 2009 - Não - -
Investigar como acontece a
contagem dos votos nas
eleições, delegada a empresas
http://www.spot.us/tips/310- privadas sem transparência.
what-s-really-going-on-with- What's really going on with Investigar os sistemas de 11 de nov. de
our-vote-counting-system our vote counting system? Tom Munnecke Usuário Eleições contagem eletrônicos 120 dólares 2 2009 100 dólares Não - -
Ao contrário do que repórter do
Spot.Us teria dito, existem
depósitos de lixo também no
http://www.spot.us/tips/317- oceano atlântico, acres e 16 de nov. de
the-missing-atlantic-gyre The missing Atlantic gyre Victoria Goldstein Usuário Meio ambiente acres. 0 dólares - 2009 - Não - -
Pobreza de East Palo Alto
causa nutrição muito ruim.
http://www.spot.us/tips/320- Investigar a situação para
the-food-system-and- The Food System and trazer informações sobre
population-health-in-east- Population Health in East Collective Roots alimentação saudável e saúde 20 de nov. de
palo-alto Palo Alto. (empresa) Organização Questões sociais para a comunidade. 20 dólares 1 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Governo ameaça fechar escola
bilíngue bem-sucedida para
comunidade américo-mexicana
que carece de maior
http://www.spot.us/tips/321- representação e estudos.
dual-immersion-bilingual- Dual-Immersion Bilingual Propõe analisar o possível
charter-school-faces-threat- Charter School, Faces fechamento sob a lente dos 22 de nov. de
of-closure Threat of Closure Lauren Macioce Usuário Educação direitos civis. 20 dólares 1 2009 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
A amazônia tem inúmeros
recursos naturais e minerais,
http://www.spot.us/tips/322- RICHES OF THE David que podem trazer vários 22 de nov. de
riches-of-the-amazon AMAZON Chateaubriand Usuário Meio ambiente benefícios ao homem. 10 dólares 1 2009 10 dólares Não - -
Empresa afirma ter criado
http://www.spot.us/tips/323-a- sorvete mais saudável e
nutritionally-superior-ice- A Nutritionally Superior Ice nutritivo, sem gorduras nocivas 23 de nov. de
cream Cream? Neill Kramer Usuário Saúde ao homem. 150 dólares 1 2009 150 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/328- Faz dois anos um homem é
how-wrongful-convictions- How wrongful convictions acusado injustamente de
happen happen Lisa Smith Usuário Crimes assassinato. 20 dólares 1 3 de dez. de 2009 20 dólares Não - -
Rumores e comportamento
http://www.spot.us/tips/329- Does Oakland's Mayor estranho evidenciam que o
does-oakland-s-mayor-ron- Ron Dellums Have prefeito de Oakland tenha
dellums-have-dementia Dementia? Marleen Sacks Usuário Política demência 20 dólares 1 4 de dez. de 2009 - Sim (Spot.Us) - -
Organização recolhe material
não utilizado e válido de
hospitais californianos e
http://www.spot.us/tips/332- Recycling Medical entrega para países hospitais
recycling-medical-supplies- Supplies to the Third necessitados em países em 11 de dez. de
to-the-third-world World Holly Frew Usuário Saúde desenvolvimento 0 dólares - 2009 - Não - -
Propõe comparação entre
http://www.spot.us/tips/342- programa no estilo American
another-american-idol- Another American Idol Diversity News Idol e o original, evidenciando
singing-competition Singing Competition. Publications Organização Cultura talentos de Los Angeles. 25 dólares 1 11 de jan. de 2010 25 dólares Sim Próprio autor -
Quais são os reais impactos
http://www.spot.us/tips/346- econômicos dos imigrantes na
undocumented-economic- Undocumented Economic Califórnia? Existem
contributions-vs-immigration- Contributions Vs. contribuições? Uma reforma
status Immigration Status Patricio Espinoza Usuário Economia beneficiaria o Estado? 140 dólares 3 19 de jan. de 2010 100 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
Qual o caminho que a comida
faz até ser vendida em
armazéns locais e armazéns
http://www.spot.us/tips/354- étnicos, quasi as suas
do-you-know-where-your- Do you know where your características. Qual realmente
food-comes-from-in-the-local- food comes from in the a diferença entre o que é
grocer-stores local grocer stores? Kamla Bhatt Usuário Sustentabilidade vendido em cada um. 20 dólares 1 8 de fev. de 2010 - Não - -
http://www.spot.us/tips/357- Novo código de construção faz
1953ab-building-code- 1953AB - building code mudanças nas exigências de
change change Oren Leinman Usuário Infraestrutura partes do encanamento. 50 dólares 1 11 de fev. de 2010 50 dólares Não - -
Iniciativas populares feitas por
votação são desvirtuadas por
empresas, que utilizam
pessoas pagas, de forma
velada, para pegar assinaturas
e apoiar projetos pró-
http://www.spot.us/tips/358- empresas, e não pró-
taking-the-initiative Taking the Initiative Mike Ho Usuário Política comunidade 20 dólares 1 13 de fev. de 2010 - Não - -
Demonstrações da
Aeronáutica seriam uma ode
ao desperdício de recursos,
combustíveis, emissão de
http://www.spot.us/tips/379- Are the Blue Angels just gases, além de fazer bastante
are-the-blue-angels-just-an- an amazingly wasteful barulho. Vale a pena continuar 16 de mar. de
amazingly-wasteful-event event? Jeremy Toeman Usuário Sustentabilidade a fazê-las? 65 dólares 3 2010 25 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Músicos paquistaneses estão
vendo seu estilo desaparecer,
não tocam mais em festas, não
http://www.spot.us/tips/384- constróem mais instrumentos,
music-is-moving-away-from- Music is moving away e um importante legado 19 de mar. de
tribal-society from tribal society Mudassar Shah Usuário Cultura cultural está sumindo. 20 dólares 1 2010 - Não - -
Locais onde são colocados
câmeras de semáforos
diminuem a duranção do sinal
amaerlo, tornando o
http://www.spot.us/tips/407- cruzamento menos seguro
red-light-cameras-might-be- Red Light Cameras Might mas mais propício a gerar
dangerous Be Dangerous Derrick Burke Usuário Infraestrutura multas. 80 dólares 4 14 de abr. de 2010 - Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Listar locais onde
organizadores podem
conseguir locais de graça para
http://www.spot.us/tips/419- eventos. Colocar
greatest-spaces-in-san- Greatest spaces in San características, experiências
francisco-to-host-your-event- Francisco to host your anteriores, detalhes em geral,
for-free event for free. Yuri Lifshits Usuário Infraestrutura restrições, etc. 70 dólares 3 19 de abr. de 2010 30 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Governo toma fortes medidas
para evitar fraudes na
tributação de programa de
http://www.spot.us/tips/443- cuidadores de idosos. Mas se
the-criminalization-of-seniors- The Criminalization of gastou muito dinheiro nisso e
the-disabled-and-those-who- Seniors, the Disabled, and nunca houve indício de fraude 13 de maio de
care-for-them those who Care for Them. Steve Mehlman Usuário Infraestrutura nesta área. 60 dólares 3 2010 20 dólares Não - -
Trens rápidos para a periferia
em Bay Area terminam a meia-
noite, o que faz com que
jovens voltem dirigindo
bêbados de bares. Qual a
http://www.spot.us/tips/450- Why cant BART run all solução para fazer os trens 19 de maio de
why-cant-bart-run-all-night night? CS Usuário Infraestrutura irem até mais tarde? 100 dólares 1 2010 - Não - -
http://www.spot.us/tips/451-
renowned-artist-kaucyila- Renowned Artist Kaucyila Artista de Los Angeles teve
brooke-has-been-censored- Brooke has been censored seu trabalho removido em
at-the-bucharest-biennale- at the Bucharest Biennale Bienal em Bucareste por ser 19 de maio de
2010 2010 Tracey Paleo Usuário Cultura considerado pornográfico. 70 dólares 2 2010 50 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Universidade dita como
http://www.spot.us/tips/454- universidade pública mais
unethical-student- Unethical student popular teria sido antiética ao 24 de maio de
termination-at-ucla termination at UCLA Tom Wilde Usuário Educação expulsar aluno. 120 dólares 2 2010 100 dólares Sim (Spot.Us) 20 dólares -
Investigar detalhes sobre a
comunidade nigeriana em
Oakland. É a terceira maior
comunidade de nigerianos.
Quantos há, o que fazem,
http://www.spot.us/tips/474- como eles beneficiam a
where-are-the-nigerians-in- Where Are the Nigerians Michael Chima cidade, por que deixaram seu
oakland-california in Oakland, California? Ekenyerengozi Usuário Questões sociais país natal? 0 dólares - 17 de jun. de 2010 - Não - -
Bombeiros que teriam morrido
no cumprimento do trabalho
teriam morrido de cãncer ou
http://www.spot.us/tips/483- infarte. As famílias estariam
firefighters-defraud-union-to- Firefighters Defraud Union ganhando seguro por mortes
get-more-money-for-fallen- to Get More Money for que não foram causadas pelo
comrades Fallen Comrades Kerri Knox Usuário Crimes trabalho. 0 dólares - 1 de jul. de 2010 - Não - -
Autor é repórter, Quanto do dinheiro Tiveram apoio
usuário ou Quanto dinheiro já Doado por quantas Data da vem do próprio organizacional Se sim, de Por quantas
Timestamp Link Nome da proposta Autor da proposta organização? Editoria Assunto básico foi "prometido"? pessoas? publicação autor? e/ou do Spot.Us? quanto? empresas?
http://www.spot.us/tips/497- Town Board Chairman
town-board-chairman- acused by IRS of involving
acused-by-irs-of-involving-88- 88 year old mother in
year-old-mother-in-mortgage- mortgage fraud and Político da prefeitura envolvido
fraud-and-money-laundering- money laundering also em denúncias de corrupção
also-accepted-gifts-to-allow- accepted "gifts" to allow a teria aceitado presentes para
a-prohibited-land-use-see-it- prohibited land use -- see permitir uso de terrenos
on-video it on video. Nancy Stoddard Usuário Política interditados. 0 dólares - 12 de jul. de 2010 - Não - -
Evento em NY traz atividades
de entretenimento educação
para conscientizar a população
sobre a importância da água e
dos recursos hídricos.
http://www.spot.us/tips/501- Organizadora promove
city-of-water-day City of Water Day Lorraine Kim Usuário Meio ambiente revitalização do porto. 100 dólares 1 13 de jul. de 2010 100 dólares Não - -
http://www.spot.us/tips/520- Loja de departamentos doou
target-5-donations-how- Target 5% donations, how dinheiro para candidato
much-is-spent-on-self- much is spent on self politico. Muitos tem medo de
promotion promotion? Laura Hedlund Usuário Política criticar a cadeia de lojas. 10 dólares 1 26 de jul. de 2010 10 dólares Não - -
Hepatite C atinge mais
pessoas no mundo do que a
AIDS. Propõe explicar o
problema da doença, como
conhecer os sintomas e evitar
a contaminação, que acontece
http://www.spot.us/tips/533- rapida e silenciosamente, e
the-next-pandemic The Next Pandemic Jeffrey Fried Usuário Saúde cujo tratamento é caro. 100 dólares 1 2 de ago. de 2010 100 dólares Não - -
109

APÊNDICE B – Planilha das reportagens publicadas


Dinheiro Doado por quantas Houve apoio Se sim, de quanto Por quantas Houve apoio de Se sim, de quanto Por quantos A matéria teve Que mídia o
Timestamp Link Título da reportagem Data de publicação Repórter Editoria Assunto básico necessário pessoas organizacional? dinheiro? organizações? grupos? dinheiro? grupos? assignments? reporter utilizou?
Situação dos moradores de rua em
http://www.spot.us/stories/44-the-return- The Return of the Hooverville: Hooverville. Números estão crescendo, e
of-the-hooverville-car-and-tent-cities-on- Car and Tent Cities on the Rise muitos moram em carros ou em abrigos Texto, fotos,
the-rise-in-san-francisco in San Francisco 20 de nov. 2008 Thea Chroman Questões Sociais enquanto esperam uma saída. 550 dólares 13 Sim 175 dólares 3 Não - - Não hiperlinks e áudios
Com a expectativa de vida crescendo,
http://www.spot.us/stories/47-when-the- "When The Longevity mudanças na cidade são necessárias Texto, fotos,
longevity-revolution-hits-your-town-a- Revolution Hits Your Town." A para a terceira idade. Estimula trabalho hiperlinks e uma
three-part-series three-part series 21 de nov. 2008 Cecily O'Connor Questões Sociais voluntário também. 320 dólares 14 Não - - Não - - Não tabela
Qual o caminho que o esgoto faz depois
http://www.spot.us/stories/58-a-day-in- A Day in the Life of a Turd: das casas, pra onde ele vai. Além disso,
the-life-of-a-turd-sludge-and-the-life- Sludge and the Life-Cycle of investiga se é seguro utilizar o esgoto na
cycle-of-human-waste Human Waste 5 de dez. 2008 Chris Hoff Sustentabilidade agricultura. 400 dólares 13 Sim 175 dólares 2 Não - - Não Áudios
Como está a situação da costa de San
http://www.spot.us/stories/63-how-safe- Francisco um ano após um grande
are-san-francisco-bay-beaches-and- How safe are San Francisco vazamento de óleo na região. Como está
water-a-year-after-the-cosco-busan-oil- Bay beaches and water a year o ambiente e que soluções foram Texto, fotos e
spill after the Cosco Busan oil spill? 10 de dez. 2008 Aaron Crowe Meio ambiente tomadas. 560 dólares 20 Não - - Não - - Não hiperlinks
Investiga os motivos de não existirem
http://www.spot.us/stories/76-in-spite-of- In spite of budget gloom, Muni mais ônibus expressos para a periferia em Texto, fotos,
budget-gloom-muni-expects-to-improve- expects to improve commuter San Francisco. Faz também raio X do hiperlinks e um
commuter-service service 15 de dez. 2008 Tom Prete Infraestrutura transporte público da cidade. 250 dólares 14 Não - - Não - - Não mapa.
Estrutura interna da polícia de Oakland.
Mudanças com o novo chefe de polícia,
http://www.spot.us/stories/82-oakland- medidas da polícia com a comunidade,
police-blues-and-hope Oakland Police Blues and Hope 24 de dez. 2008 Alex Gronke Segurança pública dados, etc. 1000 dólares 38 Sim 25 dólares 1 Não - - Não Texto e hiperlinks
Como os negócios pequenos estão
trabalhando, mesmo com a crise
http://www.spot.us/stories/106-how-does- How Does the Economic econômica. Pequenos perfis de empresas.
the-economic-downturn-affect-small-san- Downturn Affect Small San Aborda também como o setor de bares
francisco-businesses Francisco Businesses? 25 de jan. 2009 Kieran Farr Economia está vivendo. 145 dólares 8 Sim 25 dólares 1 Não - - Não Vídeos e hiperlinks
Custo de painéis solares residenciais em
http://www.spot.us/stories/108-solar- Solar power: When will it be San Francisco ainda é elevado. Mostra
power-when-will-it-be-affordable-for-bay- affordable for Bay Area situação do mercado, casos pessoais e Texto, fotos e
area-homeowners homeowners? 27 de jan. 2009 Aaron Crowe Sustentabilidade medidas para diminuir o preço. 765 dólares 29 Não - - Não - - Não hiperlinks
Como a indústria do sexo enfrenta a crise
http://www.spot.us/stories/116-hard- Hard Times: How is the econômica. Desde sex-shops e indústria
times-how-is-the-recession-hitting-the-sf- recession hitting the SF sex pornográfica até serviços de Texto, fotos e
sex-industry industry? 6 de fev. 2009 Bonnie Ruberg Economia agenciamento e bordéis. 500 dólares 18 Não - - Não - - Não hiperlinks
Situação dos jornais em Bay Area com a
crise econômica e o aumento dos acessos
http://www.spot.us/stories/134-the-future- The future of Bay Area online. Como os jornais estão se
of-bay-area-newspapers-in-a-digital-age- newspapers in a digital age and transformando com a Internet, que saídas Texto, fotos e
and-changing-economy changing economy 25 de fev. de 2009 Aaron Crowe Mídia estão usando. 705 dólares 21 Sim 55 dólares 2 Não - - Não hiperlinks
Sam Chapman, Livraria pequena e tradicional da cidade
http://www.spot.us/stories/141-staceys- Stacey’s Bookstore writes final em nome de SF fecha por não poder competir com os
bookstore-writes-final-chapter chapter 4 de mar. de 2009 Public Press ~ Economia preços da concorrência online. 100 dólares 7 Não - - Não - - Não Texto e fotos.
Analisa como está a situação do dinheiro
e da estrutura para financiar obras de um
http://www.spot.us/stories/150-high- High-Speed Rail’s Funding trem-bala em San Francisco, que ainda
speed-rails-funding-puzzle Puzzle 9 de mar. de 2009 Deirdre Newman Infraestrutura não começaram. 350 dólares 7 Sim 225 dólares 2 Não - - Não Texto.
Região de San Francisco tem índices
altíssimos de pobreza, violência e
http://www.spot.us/stories/153-tales-of- consumo de drogas, e fica próxima a
two-zip-codes-san-francisco-rich-and- Tales of Two Zip Codes: San bolsões de riqueza da cidade. Descreve o
poor Francisco, Rich and Poor 13 de mar. 2009 Christopher Cook Questões Sociais local, seus problemas e perspectivas. 900 dólares 22 Sim 410 dólares 2 Não - - Não Texto e fotos.
Texto e fotos
Importante escola da região de Oakland (reportagem em
está sendo gradualmente fechada. A áudio transmitida
http://www.spot.us/stories/165- Disappearing Behind Them: medida já aconteceu com outras escolas, por emissora, mas
disappearing-behind-them-phasing-out- Phasing Out Failing Small e a população reclama do fechamento das não está mais
failing-small-schools Schools 23 de mar. 2009 Jennifer Ward Educação escolas. 435 dólares 10 Sim 180 dólares 1 Não - - Não disponível).
Administradora de Alameda não tomou as
http://www.spot.us/stories/176-departed- devidas medidas e um grande corte no
city-manager-leaves-big-mess-in- Departed City Manager Leaves orçamento terá de ser feito. Gira em torno
alameda Big Mess in Alameda 1 de abr. 2009 John Geluardi Política do que ela fez e das consequências. 200 dólares 11 Não - - Não - - Não Texto e hiperlinks.
Situação do mercado imobiliário de Bay
Area. Algumas casas não tiveram quedas
de preços com a crise, outras podem
http://www.spot.us/stories/180-what- baixar ainda mais, e dá conselhos sobre Texto, hiperlinks,
housing-downturn What Housing Downturn? 9 de abr. 2009 Alice Chen Economia se é uma boa hora para isso. 158 dólares 7 Não - - Não - - Não tabela e gráfico.
http://www.spot.us/stories/196-cost-of- Situação precária das ruas e estradas de
potholes-in-oakland-soars-as-funding- Cost of potholes in Oakland Oakland. Prejuízos, medidas para
erodes soars as funding erodes 28 de abr. 2009 Sean Maher Infraestrutura consertos, orçamentos, etc. 600 dólares 19 Sim 300 dólares 1 Não - - Não Texto.
O caminho trilhado pelos produtos postos
para reciclagem em San Francisco. Muito
desse lixo é exportado para a China,
http://www.spot.us/stories/200-follow-the- Follow the Trash: What inclusive uma parte que não pode ser
trash-what-happens-to-your-recyclables happens to your recyclables? 3 de mai. 2009 Spot Us Sustentabilidade reciclada. 400 dólares 19 Não - - Não - - Não Texto.
Perfil de Paul Erlich, ambientalista que
escreveu um livro de sucesso na década
de 60. Mostra sua vida, sua história, seus
http://www.spot.us/stories/199-paul- Paul Ehrlich, the Vindication of esforços por um ambiente melhor e um Texto, fotos e
ehrlich-the-vindication-of-a-public-scholar a Public Scholar. 3 de mai. 2009 Tom Turner Meio ambiente mundo sem superpopulação. 800 dólares 16 Sim 400 dólares 1 Sim 100 dólares 1 Não hiperlinks
Jackson West, em
http://spot.us/stories/205-costs-and- Costs and benefits of using nome de SF Como o Twitter é utilizado na política, seja Texto, fotos,
benefits-of-using-twitter-for-public-service Twitter for public service. 14 de maio 2009 Appeal Política com a imprensa ou não. 375 dólares 18 Sim 25 dólares 2 Sim 20 dólares 1 Não hiperlinks e vídeo
http://spot.us/stories/216-rights-to-a- Rights to a Clean Environment West Oakland tem níveis de poluição e Texto, hiperlinks e
clean-environment-for-all for All 3 de jun. 2009 Kirill Volchinskiy Sustentabilidade sujeira muito piores que cidades vizinhas. 750 dólares 19 Sim 400 dólares 1 Não - - Não três vídeos
Texto, hiperlinks e
Deia de Brito, em Os benefícios de se utilizar água já entrevista em
http://spot.us/stories/217-the-goods-on- nome de Bay Area utilizada mas não poluída para outras áudio com a
graywater The Goods on Graywater 4 de jun. 2009 Monitor (editor) Sustentabilidade atividades domésticas. 400 dólares 12 Sim 200 dólares 1 Não - - Não autora.
http://spot.us/stories/237-for-the-disabled- How are Bay Area medicinal Texto, fotos,
brain-the-best-medicine-may-be-low-tech- units using music therapy to Andrew Como a música ajuda a tratar doenças hiperlink e áudios
and-musical treat neurological diseases? 7 de jul. 2009 Rosenblum Saúde neurológicas, como autismo, na Bay Area. 800 dólares 11 Sim 550 dólares 1 Não - - Não das músicas.
http://spot.us/stories/241-breaking-the- Civilian Oversight of Police in Criação e melhoramento de departamento
wall-of-silence-civilian-oversight-of-police- Oakland — Breaking the Wall of para conter abusos de policiais em Texto, foto e
in-oakland Silence 14 de jul. 2009 Andrew Stelzer Segurança Pública Oakland. 1000 dólares 31 Sim 375 dólares 2 Não - - Não hiperlinks.
Texto, hiperlinks,
http://spot.us/stories/252-dissecting-the- Dissecting the Great Pacific Grandes depósitos de lixo no oceano fotos e vídeo de
great-pacific-garbage-patch Garbage Patch 29 de jul. 2009 Lindsey Hoshaw Meio ambiente pacífico. 6000 dólares 109 Sim 45 dólares 2 Sim 410 dólares 2 Não agradecimento.
Serena Renner, Lanche das crianças nas escolas é
http://spot.us/stories/259-sustainable- Sustainable School: What's for em nome de Spot. industrializado para economizar dinheiro.
school-what-s-for-lunch lunch? 7 de ago. 2009 Us Infraestrutura Descreve o cenário da situação 500 dólares 9 Sim 366,50 dólares 2 Não - - Não Texto.
http://spot.us/stories/262-oscar-grant- Forthcoming Oscar Grant O trabalho desconhecido (e que agora
shooting-report-lifts-veil-on-transit-police- Shooting Report Will Lift Veil on deve receber mais condições) da polícia Texto, hiperlinks e
work Transit Police Work 14 de ago. 2009 Jennifer Ward Segurança pública do distrito de trânsito rápido de Bay Area 350 dólares 11 Não - - Não - - Não vídeo.
Dinheiro Doado por quantas Houve apoio Se sim, de quanto Por quantas Houve apoio de Se sim, de quanto Por quantos A matéria teve Que mídia o
Timestamp Link Título da reportagem Data de publicação Repórter Editoria Assunto básico necessário pessoas organizacional? dinheiro? organizações? grupos? dinheiro? grupos? assignments? reporter utilizou?
Novas medidas ambientais para as
empresas que fazem travessia náutica em Texto, hiperlinks,
http://www.spot.us/stories/263-lost-in-the- Lost in the Wake: Greening San Francisco são caras e ameaçam fotos, vídeo e ficha
wake-greening-harbor-transit-puts-small- Harbor Transit Puts Small micro-empresas e famílias tradicionais do informativa do
operators-in-the-red Operators in the Red 28 de ago. 2009 Katie Jewett Economia ramo. 100 dólares 4 Não - - Não - - Não governo.
J.R. Vallery, en Analisa a implantação de fazendas
http://www.spot.us/stories/267-the-green- nome de The comunitárias em Oakland, comunidade
movement-comes-to-inner-city-west- The Green Movement comes to Minister of pobre e violenta. A medida é Áudio, texto,
oakland inner-city West Oakland 2 de set. 2009 Information JR Questões Sociais ecologicamente correta e cria empregos. 500 dólares 5 Sim 260 dólares 2 Sim 20 dólares 1 Não hiperlinks e foto
Por meio de colaboração dos usuários foi
criado um mapa com informações de
http://www.spot.us/stories/268-the- Nancy Lopez, em locais desocupados em uma região, e
stories-behind-empty-storefronts-in-the- The Stories Behind Empty nome de Mission com informações sobre tipos de negócio Texto, hiperlinks,
mission Storefronts in the Mission 4 de set. 2009 Loc@l Economia que a comunidade quer e precisa. 1500 dólares 22 Sim 540 dólares 3 Não - - Não foto, mapas
Série de reportagens faz fiscalização da
crise de orçamento em San Francisco
http://www.spot.us/stories/274-city- City Budget Watchdog: através da Câmara da cidade. Dados, Texto, hiperlinks,
budget-watchdog-reporting-on-san- Reporting on San Francisco's cobertura de acontecimentos pontuais, fotos, gráficos e
francisco-s-half-billion-dollar-hole half-billion-dollar hole 22 de set. 2009 SF Public Press ~ Política investigação do destino do orçamento. 5000 dólares 73 Sim 1050 dólares 2 Sim 60 dólares 2 Não vídeos.
Série de reportagens sobre o
acompanhamento diário das reuniões do Texto, hiperlinks,
Chris Roberts, em corpo legislativo de San Francisco. fotos, entrevista
http://www.spot.us/stories/277- nome de SP Aborda diversos temas, a maioria relativos em áudio com o
independent-city-hall-reporting Independent City Hall Reporting 22 de set. 2009 Appeal Infraestrutura à infraestrutura da cidade. 224 dólares 8 Não - - Não - - Não repórter.
Festival of Grassroots Evento discute nova economia sustentável
http://www.spot.us/stories/279-festival-of- Economics asks: Where’s That em Bay Area. Alimentação orgânica,
grassroots-economics-asks-wheres-that- New Economy? Offers powerful fazendas e trabalho comunitário, diversas
new-economy-offers-powerful-answers answers 25 de set. 2009 Ryan Van Lenning Sustentabilidade medidas são abordadas. 250 dólares 7 Sim 100 dólares 1 Não - - Não Texto e hiperlinks.
Série de reportagens sobre a emissão de
gáses tóxicos em Oakland, que
Kwan Booth e Kim ocasionam altos índices de doenças
Komenich, em respiratórias na região. Negociações, Texto, hiperlinks,
http://www.spot.us/stories/283-bay-area- Bay Area Toxic Tour - West nome de medidas, protestos, tudo em volta deste fotos, áudios e
toxic-tour-west-oakland Oakland 30 de set. 2009 Newsdesk.org Sustentabilidade tema. 1790 dólares 69 Sim 110 dólares 3 Sim 30 dólares 2 Não vídeo.
Los Angeles tem altos níveis de gravidez
na adolescência entre a população pobre,
e estas mães não recebem o tratamento
Deborah Stokol, adequado. A reportagem busca motivos
http://www.spot.us/stories/287-expecting- em nome de dos altos níveis de doenças nestas Texto, hiperlinks,
poor-outcome Expecting Poor Outcome 9 de out. 2009 BloggersUnite.org Saúde gravidezes, e mostra soluções. 700 dólares 8 Não - - Não - - Não fotos e gráficos.
Cobertura de um evento para
programadores e interessados em
http://www.spot.us/stories/290-california- California Data Camp: Exploring tecnologia com resultados voltados para a
data-camp-exploring-state-data-and- State Data and DataSF App California Watch comunidade. Mostra os aplicativos para Texto, vídeos,
datasf-app-contest Contest 13 de out. 2009 and Spot.Us Tecnologia celulares feito pelos participantes. 2700 dólares 12 Sim 500 dólares 1 Não - - Não links e gráfico.
Cruzamentos de dados e pesquisa
mostram em gráficos quem são os
Kyle Stone and principais executivos e dirigentes de Bay
Kevin Connor, em Area. Quem são, onde trabalham, qual
http://www.spot.us/stories/291-who-s- Who's Behind the Bay Area’s nome de LittleSis sua trajetória, qual a relação entre eles, Texto, hiperlinks e
behind-the-bay-areas-top-ten-companies Top Ten Companies? 15 de out. de 2009 Team Economia etc. 740 dólares 29 Não - - Sim 10 dólares 1 Não gráficos.
Existe um movimento de mudança na
merenda escolar em Bay Area, de pré-
http://www.spot.us/stories/303-parent- Parent, community groups fight pronta e gordurosa para natural e
community-groups-fight-uphill-battle-to- uphill battle to reform public saudável. Aborda também o curto Texto, hiperlinks e
reform-public-school-food school food 29 de out. 2009 Sierra Filucci Educação orçamento de que o setor dispõe. 300 dólares 10 Sim 50 dólares 1 Não - - Não fotos.
Indústria de vestimentos em Los Angeles
demitiu centenas de trabalhadores
imigrantes em razão de medidas
http://www.spot.us/stories/308- Immigration Reforms: How a Patrick Burke, em implementadas pelo governo Obama.
immigration-reforms-how-a-broken- Broken System Breaks nome de Making Consequências desta demissão em Vídeo, texto,
system-breaks-communities Communities 10 de nov. 2009 Contact Questões Sociais massa, situação da comunidade atingida. 500 dólares 9 Sim 250 dólares 1 Não - - Não hiperlink e foto.
Encargos tributários de country clubs em
Benjamin Mark Los Angeles são baixíssimos, totalmente
http://www.spot.us/stories/334- Proposition 13’s Country Club Cole, in the name fora de qualquer tabela. Uma proposta Texto, hiperlinks e
proposition-13s-country-club-connection Connection 18 de dez. 2009 of LA Beez Política tenta mudar esta situação. 802 dólares 27 Não - - Não - - Não fotos.
Depois de anos de tentativas, houve
consenso entre índios e fazendeiros e
quatro barragens serão removidas em um
http://www.spot.us/stories/335-the-story- The Story Behind the World's Jacques Leslie, rio do Oregon. Conta como foi o processo
behind-the-world-s-biggest-dam-removal- Biggest Dam Removal - Rough em nome de Earth de negociação da maior retirada de Texto, hiperlinks e
rough-water Water 18 de dez. 2009 Island Institute Questões Sociais barragens da História. 800 dólares 12 Sim 400 dólares 1 Não - - Não fotos.
Notícias, entrevistas, análises e
comentários sobre a situação carcerária
http://www.spot.us/stories/336-prison- Prison Health and our na Califórnia. Má-alocação, superlotação,
health-and-our-community-a-public- community: A Public Health problemas em geral, medidas, etc. Feita
health-investigation Investigation 28 de dez. 2009 Bernice Yeung Segurança Pública através de diversos posts de blog. 559 dólares 20 Sim 50 dólares 2 Não - - Não Texto e hiperlinks.
A crescente fome em Oakland. Os
números aumentam cada vez mais, junto
com o desemprego. Os restaurantes
populares estão cheios. A reportagem
http://www.spot.us/stories/341-more-than- More Than Ever, Oakland is apresenta um mapa com locais onde os Texto, hiperlinks e
ever-oakland-is-hungry Hungry 10 de jan. de 2010 Sierra Filucci Questões Sociais necessitados podem comer. 600 dólares 14 Sim 245 dólares 2 Não - - Não vídeos.
McSweeney’s San Série de reportagens sobre a expansão da
Francisco ponte da baía de San Francisco. Inclui
http://www.spot.us/stories/344-the-bay- Panorama comparações, acompanhamento das Texto, hiperlinks,
bridge-explained The Bay Bridge Explained 16 de jan. 2010 Newspaper Project Infraestrutura obras, fatores econômicos, etc. 7960 dólares 146 Sim 5000 dólares 1 Não - - Não fotos.
Coberura em série da área de segurança
pública. Novas medidas de soltura de
detentos para diminuição da superlotação
de presídios são abordadas, além de
cobertura de julgamentos na Côrte da
http://www.spot.us/stories/350-crimes- Crimes, Courts and KALW cidade, para mostrar o funcionamento do
courts-and-communities-in-the-bay-area Communities in the Bay Area 2 de fev. 2010 CrossCurrents Segurança Pública local. 2000 dólares 29 Sim 1170 dólares 4 Não - - Não Áudios e links.
Time de futebol tradicional e muito
apoiado pelos fãs tem dúvidas sobre
como será seu futuro, se o novo técnico
http://www.spot.us/stories/351-trouble-in- trará vitórias, se os próximos anos serão
trojanland Trouble in Trojanland 2 de fev. 2010 Jami Farkas Esporte bons como os últimos. 190 dólares 4 Não - - Não - - Não Texto.
A digitalização promovida pelo Google
Books é uma forma de invadir a
privacidade dos internautas, sabendo o
que eles lêem e gostam. O Google tem
http://www.spot.us/stories/356-questions- Questions of Privacy Around muitas informações sobre as pessoas Áudio e texto
of-privacy-around-google-book-search Google Book Search. 11 de fev. 2010 Eric Klein Tecnologia atualmente, o que pode ser perigoso. 210 dólares 7 Não - - Não - - Não (transcrição)
Taxas de desemprego tem aumentado em
Los Angeles, ser empregado está cada
http://www.spot.us/stories/360-education- vez mais difícil. Faz perfis de
and-skills-are-no-refuge-for-jobless- Education and Skills Are No Christopher desempregados e mostra bastantes
angelenos Refuge for Jobless Angelenos 17 de fev. 2010 Davidson Emprego números. 140 dólares 2 Não - - Não - - Não Texto e gráfico.
Dinheiro Doado por quantas Houve apoio Se sim, de quanto Por quantas Houve apoio de Se sim, de quanto Por quantos A matéria teve Que mídia o
Timestamp Link Título da reportagem Data de publicação Repórter Editoria Assunto básico necessário pessoas organizacional? dinheiro? organizações? grupos? dinheiro? grupos? assignments? reporter utilizou?
Demissões e cortes em pensões e
salários causam protestos e temor em
http://www.spot.us/stories/367-embattled- San Francisco. O setor afetado é o
union-seeks-to-blunt-second-year-of-city- Embattled union seeks to blunt público. Conta histórias dos afetados e
cuts second year of city cuts 24 de fev. 2010 Kevin Stark Emprego traz dados e perspectivas. 272.50 dólares 12 Não - - Não - - Não Texto e fotos.
http://www.spot.us/stories/370- Série de postagens em blog sobre o
independent-coverage-of-the-johannes- Independent Coverage of the Thandisizwe julgamento de um policial que matou, em Texto, hiperlink e
mehserle-trial Johannes Mehserle Trial 5 de mar. 2010 Chimurenga Crimes serviço, um homem indefeso. 3805 dólares 98 Sim 2560 dólares 7 Não - - Não fotos.
Uma da prinicipais avenidas de San
Francisco é também uma das que
apresenta mais pobreza, violência e
prostituição. Qual é exatamente a
http://www.spot.us/stories/372-the-gap- The Gap-Toothed Face of Mid- situação, qual sua origem, que medidas Texto, vídeo, fotos
toothed-face-of-mid-market Market 10 de mar. 2010 Susie Cagle Questões Sociais podem ser tomadas? 700 dólares 19 Não - - Não - - Não e gráfico.
Reportagem em três partes sobre o censo
californiano. Comunidades étnicas Sim - recruta
fechadas difíceis de contar, as várias pessoas para
http://www.spot.us/stories/382-count- etnias a serem contempladas no censo, agregar histórias
yourself-in-california Count Yourself In California 18 de mar. 2010 Denise L. Poon Questões Sociais etc. 765 dólares 6 Sim 200 dólares 1 Não - - relativas ao censo. Texto e fotos.
Os transtornos com o uso do DNA como
prova. Os custos de manutenção são
altos, mesmo com formas mais baratas de
estocagem, muitos kits são guardados
mesmo após o prazo legal, existe
http://www.spot.us/stories/387-the-cost- confusão com o número correto de kits
of-the-dna-backlog The cost of the DNA backlog 23 de mar. 2010 Justin McLachlan Política testados e não testados. 718 dólares 26 Sim 25 dólares 1 Não - - Não Texto e hiperlinks
Série de reportagens sobre a economia
por trás da venda legal de maconha em
Oakland. Universidade que cresceu em
torno disso, gangues que trabalham
http://www.spot.us/stories/390- Underground Economies: The legalmente, as cifras por trás do negócio, Texto, hiperlinks e
underground-economies-the-pot-biz Pot Biz 27 de mar. 2010 Ryan Van Lenning Economia etc. 450 dólares 17 Sim 100 dólares 2 Não - - Não fotos.
Andrew Khouri e Chanceller de faculdade deixa o cargo
http://www.spot.us/stories/391-sounds-of- Sounds of Silence on John Guenther, sem dar razões e ganha ainda 430 mil
silence-on-separation-agreement-for- ‘Separation Agreement’ for em nome de LA dólares. Investiga as causas e Texto, fotos e
community-college-chancellor Community College Chancellor 28 de mar. 2010 Beez Educação circunstâncias da saída. 420 dólares 11 Não - - Não - - Não hiperlinks
Programas em escolas incentivam o
http://www.spot.us/stories/393-food- consumo de comida natural e orgânica, ao
justice-in-oakland-the-farms-to-schools- Food Justice in Oakland: The contrário de comida processada e não
network Farms to Schools Network 31 de mar. 2010 Imogene Tondre Sustentabilidade nutritiva, largamente consumida. 100 dólares 2 Sim 50 dólares 1 Não - - Não Áudio e texto.
Narra briga judicial entre duas entidades Texto, hiperlinks,
trabalhistas. Ambas competem por fotos, entrevista
http://www.spot.us/stories/406-labor-s- Labor's Tough Day in Court - An afiliados e trocam acusações sobre uso de em áudio com o
tough-day-in-court-an-inconvenient-war Inconvenient War 14 de abr. 2010 Christopher Cook Questões Sociais verba. 490 dólares 6 Sim 200 dólares 1 Não - - Não repórter.
Reportagem em duas partes sobre
moradores de rua. Como acabar com o
http://www.spot.us/stories/416-ending- Ending homelessness: problema que aumenta, dados e medidas
homelessness-expensive-goal-but- Expensive goal, but leaders say a curto e longo-prazo para contornar a Texto, hiperlinks,
leaders-say-it-s-close it's close 17 de abr. 2010 Eric Ruthford Questões Sociais situação. 500 dólares 12 Sim 10 dólares 1 Não - - Não fotos e tabela.
Região fluvial paradisíaca de San
http://www.spot.us/stories/428-after- Francisco foi muito poluída com o passar
decades-of-disappearing-can-sf-s-creeks- After Decades of Disappearing, do tempo e hoje passa por projeto de Texto, hiperlinks e
be-saved Can SF's Creeks be Saved? 27 de abr. 2010 Matt Baume Meio ambiente despoluição e recuperação. 1000 dólares 9 Sim 750 dólares 3 Não - - Não fotos.
Aborda diversas medidas voluntárias
comunitárias que estão sendo feitas em
escolas da região de Los Angeles para
http://www.spot.us/stories/429-in-times- In times of trouble, the Christopher melhorar a educação, mesmo com o
of-trouble-the-community-steps-in community steps in. 29 de abr. 2010 Davidson Educação orçamento curto do governo. 211 dólares 4 Não - - Não - - Não Texto e fotos.
O número de corpos não identificados
nem reclamados pela família no necrotério
de Los Angeles aumenta cada vez mais, e
famílias têm tido dificuldade de encontrar
http://www.spot.us/stories/430-unclaimed- Unclaimed Kin in Los Angeles os corpos de seus entes falecidos. Alguns
kin-in-los-angeles-piling-up Piling Up 30 de abr. 2010 Liana Aghajanian Questões Sociais sites estão ajudando neste tipo de busca. 450 dólares 16 Sim 20 dólares 1 Não - - Não Texto e fotos.
Série de reportagens que analisa o
http://www.spot.us/stories/439-student- Student suspensions, low desempenho de escolas da região bem
suspensions-low-performance-struggles- performance, struggles within como a situação em geral da educação e Texto, fotos e
within-centinela-valley-school-district Centinela Valley School District 10 de mai. 2010 John Sakata Educação a implantação de medidas alternativas. 739 dólares 88 Não - - Não - - Não hiperlinks.
Série de postagens sobre a imagem que
seriados, filmes e programas de TV
mostram da cidade de San Francisco.
http://www.spot.us/stories/441-how-is- How is San Francisco Portrayed Analisa como a cidade é representada na
san-francisco-portrayed-through- through Mainstream cultura pop, principalmente em
mainstream-entertainment-and-popular- Entertainment and Popular lançamentos, e que impressões podem Texto, hiperlinks,
culture Culture? 11 de mai. 2010 Andrew Dalton Cultura surgir daí. 75 dólares 10 Não - - Não - - Não fotos e vídeos.
Reportagem em três partes que analisa o
aumento da violência contra
homossexuais, unindo o fato de que os
crimes não são reportados. Dá conselhos
http://www.spot.us/stories/455-how- How Many Crimes Against a potenciais vítimas e analisa o trabalho
many-crimes-against-lgbts-go-unreported LGBTs go Unreported? 25 de mai. 2010 Matt Baume Segurança Pública policial. 400 dólares 35 Não - - Não - - Não Texto e hiperlinks.
Erin Leach-
Kemon, em nome
http://www.spot.us/stories/458-post- Post-Secondary Education After de Fostering Medidas do governo planejam aumentar o
secondary-education-after-foster-care- Foster Care: How Washington Media nível educacional e a presença, baixa, de
how-washington-state-is-affecting-change State Is Affecting Change 28 de mai. 2010 Connections Educação órfãos em Universidades. 165 dólares 9 Sim 100 dólares 1 Não - - Não Texto e fotos.
Documentário que aborda a vida de
estudantes de origem estrangeira que não
conseguem seguir suas vidas pelos
problemas com a imigração. Têm pais
deportados e não podem seguir suas
http://www.spot.us/stories/462-an- carreiras. Fala sobre o Dream Act, medida Vídeo, texto e
unfinished-dream An Unfinished DREAM 3 de jun. 2010 Margarita Reyes Questões Sociais para acolher estes estudantes. 576 dólares 26 Não - - Não - - Não hiperlinks.
Parque tem áreas e trilhas revitalizadas,
http://www.spot.us/stories/465-earth- com vasta fauna e flora em crescimento.
saving-lessons-from-an-ecological- Earth-Saving Lessons from an Antes uma zona militar, hoje é um paraíso
success-story Ecological Success Story 7 de jun. 2010 Matt Baume Meio ambiente ecológico. 20 dólares 1 Sim 20 dólares 1 Não - - Não Texto e hiperlink.
Guia para indicar como as pessoas devem
votar nas proposições em São Francisco.
Entrevistou políticos e movimentos
http://www.spot.us/stories/466-the-mega- The Mega-Guide to Everyone's poíticos para fazer gráficos contendo a
guide-to-everyone-s-june-2010-election- June 2010 Election orientação de cada um deles para seus Texto, gráficos e
endorsements Endorsements 7 de jun. 2010 Matt Baume Política afiliados. 60 dólares 5 Não - - Não - - Não hiperlinks
Dinheiro Doado por quantas Houve apoio Se sim, de quanto Por quantas Houve apoio de Se sim, de quanto Por quantos A matéria teve Que mídia o
Timestamp Link Título da reportagem Data de publicação Repórter Editoria Assunto básico necessário pessoas organizacional? dinheiro? organizações? grupos? dinheiro? grupos? assignments? reporter utilizou?
Projeto propõe nova forma de fazer
revista: propõe um tema e em 24 horas
material jornalístico condizente deve ser
enviado. Em mais 24 horas a revista é
impressa e enviada, fazendo assim uma
revista em 48 horas. Não esperam
http://www.spot.us/stories/467-48-hour- 48 Hour Magazine: Issue 0 - arrecadar doações pelo Spot.Us, apenas Texto, hiperlinks e
magazine-issue-0-the-hustle The Hustle 7 de jun. 2010 48 Hour Magazine Outros utilizar o sistema financeiro. 3434 dólares 3 Sim 1914 dólares 1 Não - - Não fotos.
Cientistas tentam viabilizar captação de
energia solar na órbita da Terra e seu
envio para uso de energia elétrica.
Opositores argumentam que o processo é
muito caro e complexo, mas empresas
acreditam que consigam colocar o
http://www.spot.us/stories/475-is-solar- Is Solar Power from Space the processo no mercado em 2016. A
power-from-space-the-next-big-thing-in- Next Big Thing in Green Christopher tecnologia seria altamente sustentável e
green-energy Energy? 21 de jun. 2010 Davidson Sustentabilidade não traria malefícios ao meio ambiente. 208 dólares 15 Não - - Não - - Não Texto e foto.
O trabalho das organizações que cuidam
http://www.spot.us/stories/476-man-s- Man's Best Friend: Lost in de animais de rua e abandonados. Texto, hiperlinks,
best-friend-lost-in-downtown Downtown 24 de jun. 2010 Jordi Matsumoto Outros Poucos acabam sendo adotados. 450 dólares 16 Não - - Não - - Não fotos e vídeos.
Série de reportagens sobre a
transformação de uma ilha em San Sim - recrutou
http://www.spot.us/stories/505-treasure- Treasure Island: Can San Francisco em uma mini-cidade cinco jornalistas Texto, hiperlinks,
island-can-san-francisco-realize-its- Francisco realize its ecotopian ecologicamente correta. Problemas, para ajudar a fotos, gráficos,
ecotopian-dream dream? 14 de jul. 2010 SF Public Press Sustentabilidade orçamento, previsões, infraestrutura, etc. 2768 dólares 114 Sim 1190 dólares 4 Não - - atualizar a matéria. vídeos, áudio.
Série de reportagens sobre a polícia de
Oakland. Análise de medidas,
acompanhamento do trabalho do novo
http://www.spot.us/stories/510-one-year- One Year Later: OPD Chief chefe de polícia e da segurança pública
later-opd-chief-reflects-on-past-future reflects on past, future 20 de jul. 2010 Jennifer Ward Segurança Pública em geral na cidade. 522 dólares 25 Sim 180 dólares 1 Não - - Não Texto e hiperlinks.
Três reportagens sobre o massacre
indígena feito em Minnesota em 1862.
Como foi o evento, como são suas
representações na educação e na cultura
hoje, como se dá a disputa por trás
dessas representações e pelas terra e
http://www.spot.us/stories/511-indian- história dos índios, pois em dois anos será Texto, hiperlinks e
wars-in-minnesota Indian Wars in Minnesota 21 de jul. 2010 Sheila Regan Outros aniversário de 150 anos do massacre. 500 dólares 48 Sim 222 dólares 4 Não - - Não fotos.
Pessoas que não falam inglês como
língua mãe têm dificuldade de ser
atendidas em emergências médicas. Falta
http://www.spot.us/stories/512-disaster- Disaster aid for all: emergency de orçamento não permite contratação de
aid-for-all-emergency-services-hindered- services hindered by language profissionais para lidar com este tipo de
by-language-barriers barriers 21 de jul. 2010 Kristy Pyke Infraestrutura comunidade, gerando muitos problemas. 171 dólares 18 Não - - Não - - Não Texto e hiperlinks.
Os problemas com a reciclagem de lixo
em condado de Illinois. As medidas já
tomadas, a influência das empresas do
http://www.spot.us/stories/531-is-your- Is your (Champaign-Urbana) Brenda Koenig, ramo, os dejetos que são descartados
champaign-urbana-recycling-being- recycling being dumped in a em nome de Smile corretamente mas acabam indo para Texto, hiperlinks e
dumped-in-a-landfill landfill? 30 de jul. 2010 Politely Sustentabilidade aterros, etc. 250 dólares 38 Sim 17 dólares 2 Não - - Não fotos.
Busca mostrar novas formas de conduzir
e gerir San Francisco, novos paradigmas.
Uma cidade mais sustentável, menos
afetada pela crise econômica, e mais
http://www.spot.us/stories/535- Reinventing San Francisco: A comunitária, com maior preocupação
reinventing-san-francisco-a-bold-vision- Bold Vision for a New City of social. Propõe maior atuação também de
for-a-new-city-of-hope Hope 6 de ago. 2010 Christopher Cook Sustentabilidade um Congresso Comunitário. 478 dólares 34 Sim 205 dólares 2 Não - - Não Texto e hiperlink.
Os painéis solares tem componentes
altamente poluentes, que podem
prejudicar pessoas e meio ambiente.
Como acontece a reciclagem deste
material? A reciclagem é comum, a
http://www.spot.us/stories/536-solar- Solar waste recycling industry quantidade de painéis está aumentando? Texto, hiperlinks e
waste-recycling-industry-starts-up starts up 9 de ago. 2010 Erica Gies Sustentabilidade Quem faz este trabalho? 727 dólares 54 Sim 22 dólares 4 Não - - Não fotos.
Pesquisa pioneira mostra como
relacionamento entre homossexuais tem
as mesmas características
comportamentais que aqueles entre
heterossexuais, sendo, segundo
http://www.spot.us/stories/541- Trailblazing Research especialistas, extremamente similares.
trailblazing-research-compares-healthy- Compares Healthy Straight & Mostra o impacto e as consequências Texto, hiperlinks e
straight-gay-couples Gay Couples 13 de ago. 2010 Matt Baume Ciência desta pesquisa. 500 dólares 22 Sim 250 dólares 1 Não - - Não fotos.
Tiroteios em automóveis aumentaram 7%
com relação ao mesmo período do ano
http://www.spot.us/stories/542-rise-in-los- Rise in Los Angeles Drive-By passado. Trata da situação da violência
angeles-drive-by-shootings-what-locals- Shootings: What Locals and entre gangues e como contorná-la, que
and-officials-say Officials Say 14 de ago. 2010 Kristy Pyke Segurança Pública medidas tomar e quais são as posições. 200 dólares 33 Não - - Não - - Não Texto e hiperlinks.
Cruzeiros marítimos são responsáveis por
grande descarte de dejetos no mar. Há
http://www.spot.us/stories/543-cruise- Cruise lines dodge states' Lee van der Voo, muito desperdício de recursos, bem como
lines-dodge-states-tougher-rules-by- tougher rules by dumping in em nome de lixo que acaba sendo jogado. Analisa Texto, hiperlink,
dumping-in-canadian-waters Canadian waters 16 de ago. 2010 InvestigateWest Sustentabilidade alternativas e a legislação referente. 1827 dólares 121 Sim 452 dólares 7 Não - - Não foto e tabela.

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