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17/fevereiro
A RECONSTRUÇÃO DO PÓS-GUERRA
A DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIA
Com o fim da Segunda Guerra Mundial a Alemanha e o Japão, que sonhavam
com grandes domínios territoriais, saíram da guerra totalmente vencidos e humilhados.
O Reino Unido e a Franca, embora vencedores, estavam empobrecidos e
dependentes da ajuda externa.
Perante a ruína do pós-guerra só duas potências permaneciam fortes:
- URSS: escudada na força do Exército Vermelho e na sua imensa extensão
geográfica;
-EUA: indiscutivelmente a primeira potência mundial.
Conferência de Ialta:
- Definiram-se as fronteiras da Polónia, ponto de discórdia entre os ocidentais –
que não esqueciam ter sido a violação das fronteiras polacas a causa imediata da guerra
– e os soviéticos – que não desistiam de ocupar a parte oriental do país;
- Estabeleceu-se a divisão provisória da Alemanha em quatro áreas de ocupação,
geridas pelas três potências conferencistas e pela França, sob a coordenação de um
Conselho Aliado;
- Marcação da reunião da conferência preparatória da ONU;
- Supervisão dos três grandes na futura constituição dos países de Leste,
ocupadas pelo eixo;
- Estabelecimento de 20.000 milhões de dólares como base das reparações da
guerra devidas pela Alemanha.
Conferência de Potsdam:
- Perda provisória da soberania alemã e sua divisão em quatro zonas de
influências;
- Administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em quatro
zonas de ocupação;
- Montante e tipo de indemnizações a pagar pela Alemanha;
- Julgamento dos criminosos de guerra nazis, através da criação do Tribunal
Internacional de Nuremberga;
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História A 12º Ano
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- Divisão, ocupação e desnazificação da Áustria, em moldes semelhantes aos
estabelecidos para a Alemanha.
* Órgãos de funcionamento
A Carta das Nações Unidades definiu também os órgãos básicos do
funcionamento da instituição:
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Expressão utilizada para a divisão em dois da Europa: Europa Ocidental e
Europa Oriental.
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- Assembleia Geral: formada pela generalidade dos Estados-membros, funciona
como um parlamento;
- Conselho de Segurança: formado por 15 membros (cinco dos quais
permanentes – EUA, URSS, Reino Unido, França e República Popular da China) e 10
flutuantes eleitos pela Assembleia-Geral por dois anos. É o órgão diretamente
responsável pela manutenção da paz e da segurança: atua como mediador, decreta
sanções económicas e em último caso decide a intervenção das forças militares;
- Secretariado-Geral: representa a ONU e, com ela, praticamente todos os povos
do mundo;
- Conselho Económico-Social: encarregado de promover a cooperação a nível
económico, social e cultural entre as nações. Atua através de instituições especializadas
e outros órgãos específicos que se encontram sob a sua tutela: BIRD, FAO, OIT, OMS.
É um dos órgãos mais ativos e importantes da ONU.
- Tribunal Internacional da Justiça: é o órgão máximo da justiça internacional;
- Conselho de Tutela: órgão criado com o fim principal de administrar os
territórios que outrora se encontravam sob a alçada da SDN;
A ONU tem sede em Nova Iorque desde 1952, contando com 192 países.
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A PRIMEIRA VAGA DE DESCOLONIZAÇÃO
* Uma conjuntura favorável à descolonização
A primeira vaga de descolonização deu-se logo a seguir à Segunda Guerra
Mundial, iniciando-se no continente asiático e no Médio Oriente e percorrendo ao Norte
de África.
A guerra tivera exigido pesados sacrifícios às colónias, sendo que esta também
tivera posto em evidência as fragilidades da Europa. Até aí, vistos como invencíveis, os
estados europeus mostraram-se incapazes de defender os seus territórios da invasão
estrangeira, tal como a Ásia.
Aos efeitos demolidores da guerra juntaram-se as pressões exercidas pelas duas
superpotências, que apoiam os esforços de libertação dos povos colonizados.
Os EUA em lembrança do seu próprio passado e em defesa dos seus interesses
económicos sempre se mostraram adversos à manutenção do sistema colonial.
A URSS atua em nome da ideologia marxista – que prevê a revolta dos
oprimidos pelos interesses económicos capitalistas e não desperdiça a possibilidade de
estender, nos países recém-formados, o modelo soviético.
A ONU, por sua vez, defendia a descolonização, pois segundo a Carta os países
tinham direito à autodeterminação.
* A descolonização asiática
No Médio Oriente tornam-se independentes a Síria, Líbano, Jordânia e Palestina
onde em 1948 nasce Israel.
Na Índia, no decorrer da guerra, o partido do congresso liderado por Gandhi
obtivera através de Churchill a promessa da retirada inglesa. No entanto, devido ao
antagonismo entre as comunidades hindu e muçulmana os britânicos atrasaram o
processo que só em 1947 se concretiza ficando a Índia dividida em dois estados: União
indiana (hindu) e o Paquistão (muçulmano).
Ceilão, Birmânia e Malásia também reclamaram a sua independência. Com
exceção da Malásia, cuja posição estratégica dificultou a cedência britânica os ingleses
aceitaram a descolonização.
Também Holandeses e Franceses são obrigados a abrir mão das suas colónias.
Em 1945, o dirigente nacionalista Sukarno proclama a República da Indonésia.
Pouco dispostos a abdicar do território, os Holandeses recorrem à força das armas, mas
pressionados pela ONU acabam por reconhecer, em 1949, a independência do novo
país.
O processo de descolonização da Indonésia mostrou-se mais violento e
sangrento pois a ocupação japonesa fomentara fortes sentimentos antifranceses. A
guerra da Indochina acaba por adquirir um cariz ideológico visto como uma tentativa de
extensão do comunismo na Ásia, já que o líder Ho Chi Minh era comunista. Só em
1945, os franceses vencidos se retiram reconhecendo o nascimento de novas nações:
Vietname, Laos e Cambodja.
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eficiente, criou-se, em 1947, o Kominform (Secretariado de Informação Comunista) que
se tornou um importante organismo de controlo por parte da URSS.
Um ano passado sobre o alerta de Churchill, os EUA assumem a liderança da
oposição aos avanços do socialismo2.
É neste contexto que o presidente Truman alarga a divisão europeia ao mundo
que está dividido em dois sistemas antagónicos: um baseado na liberdade e outro na
opressão. Aos americanos cabe a liderança do undo livre na contenção do comunismo.
À doutrina Truman opõe-se a doutrina Jdanov, que segundo o dirigente soviético
afirma que o mundo se divide, de facto, em dois sistemas contrários: um, imperialista e
antidemocrático – liderado pelos EUA – e outro em que reina a democracia e a
fraternidade entre os povos, correspondente ao mundo socialista – liderado pela URSS.
Para além de formalizar a divisão do mundo em duas forças opostas, a doutrina
Truman deixava também clara a necessidade de ajudar a Europa a reerguer-se
economicamente.
As perdas humanas e materiais tinham sido pesadíssimas e os EUA tiveram
ajudado a Europa.
É neste contexto que o secretário de Estado americano Marshall anuncia, em
junho de 1947, um plano de ajuda económica à Europa.
Este plano foi oferecido a toda a Europa, incluindo os países que se encontravam
já sob influência soviética, mas esta ténue tentativa de aproximação não teve êxito.
Moscovo classifica a ajuda americana de “manobra imperialista” e impede os países sob
sua influência de a aceitaram.
Em janeiro de 1959, Moscovo lança o plano Molotov, que estabelece as
estruturas de cooperação económica da Europa Oriental.
Foi no âmbito deste plano que se criou o COMECON (Conselho de Assistência
Económica Mútua), instituição destinada a promover o desenvolvimento integrado dos
países comunistas, sob proteção da União Soviética.
Os países abrangidos pelo Plano Marshall e os países do COMECON
funcionaram como áreas transnacionais, coesas e distintas uma da outra.
A divisão do mundo em dois blocos antagónicos consolidou-se, tal como a
liderança das duas superpotências.
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Esta posição inverte a tradicional postura de isolamentos dos EUA que
olharam sempre com relutância a interferência direta na política internacional.
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Esta divisão fez com que houvessem discórdias quanto a Berlim, uma vez que
ainda lá estavam as forças militares das três potências ocidentais.
Numa tentativa de forçar a retirada dessas forças, Estaline bloqueia aos três
aliados todos os acessos terrestres à cidade.
O Bloqueio de Berlim, que se prolongou de junho de 1948 a maio de 1949, foi o
primeiro medir de forças entre as duas superpotências.
Assim, três anos passados sobre o fim da Segunda Guerra, os antigos aliados
tinham-se tornado rivais e a sua rivalidade dividia o mundo, pondo em risco os esforços
da paz.
Nas décadas que se seguiram, as relações internacionais refletiram esta
instabilidade e impregnaram-se de um clima de forte tensão: foi o tempo da Guerra Fria.
* A Guerra Fria
O afrontamento entre as duas superpotências e os seus aliados prolongou-se até
meados dos anos 80, altura em que o bloco soviético mostrou os primeiros sinais de
fraqueza.
Durante este longo período, os EUA e a URSS intimidaram-se mutuamente
gerando um clima de hostilidade e insegurança que deixou o mundo num permanente
sobressalto. É este clima de tensão internacional que se designa por Guerra Fria.
A Guerra fria caracterizou-se por cada bloco se procurar superiorizar ao outro,
quer em armamento como na ampliação das suas áreas de influência. Enquanto isso, a
propaganda incutia nas populações a ideia da superioridade do seu sistema e a rejeição e
o temor do lado contrário, ao qual se atribuíam as intenções mais sinistras e os planos
mais diabólicos.
As duas superpotências defendiam conceções opostas de organização política,
vida económica e estruturação social: de um lado, o liberalismo assente sobre o
princípio da liberdade individual; do outro, o marxismo, que subordina o indivíduo ao
interesse da coletividade.
O MUNDO CAPITALISTA
* A política de alianças dos EUA
Uma vez enunciada a doutrina Truman, os EUA empenharam-se por todos os
meios na contenção do comunismo. O Plano Marshall foi o primeiro passo nesse
sentido, pois permitiu a reconstrução da economia europeia em moldes capitalistas mas
também estreitou os laços entre a Europa Ocidental e os seus “benfeitores” americanos.
Em termos político-militares, a aliança entre os ocidentais não tardou a
oficializar-se. A tensão provocada pelo bloqueio de Berlim acelerou as negociações que
conduziram, em 1949, ao Tratado do Atlântico Norte, entre os EUA, Canadá e dez
nações europeias. A operacionalização deste tratado deu origem à Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN)3.
Esta aliança apresentava-se como uma organização puramente defensiva,
empenhada em resistir a um inimigo: a URSS.
Esta sensação de ameaça e vontade de consolidar a sua área de influência
levaram os EUA a constituir várias alianças, um pouco por todo o mundo. Para além da
OTAN, firmaram-se alianças multilaterais:
- América, 1948 a OEA (Organização dos Estados Americanos);
- Oceânia, 1951 a ANZUS (Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos);
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À OTAN opor-se-á o Pacto de Varsóvia, aliança militar liderada pelos
soviéticos.
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- Sudoeste Asiático, 1954 a OTASE (Organização do Tratado da Ásia de
Sudoeste);
- Médio Oriente, 1955 Pacto de Bagdade e 1957 CENTO (Organização do
Tratado Central).
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Estas medidas modificaram a conceção liberal do Estado dando origem ao
Estado-Providência.
* A afirmação do Estado-Providência
O Reino Unidade foi o primeiro país com o Estado do bem-estar, onde cada
cidadão tem asseguradas as suas necessidades básicas.
Beveridge confiava que um sistema social alargado teria como efeito a
eliminação dos “cinco grandes males sociais”: carência, doença, miséria, ignorância e
ociosidade.
A abrangência das medidas adotadas em Inglaterra e, sobretudo, a ousadia do
estabelecimento de um sistema nacional de Saúde assente na gratuidade total dos
serviços médicos e extensivos a todos os cidadãos, serviram de modelo à maioria dos
países europeus.
A estruturação do Estado-Providência na Europa do pós-guerra fez-se
rapidamente. O sistema de proteção social generaliza-se a toda a população passando a
acautelar as situações de desemprego, acidente, velhice e doença; estabelecem-se
prestações de ajuda familiar (abono) e outros subsídios aos mais pobres.
Complementarmente, ampliam-se as responsabilidades do Estado no que pertence à
habitação, ao ensino e à assistência médica.
Este conjunto de medidas visa um duplo objetivo:
- Reduz a miséria e o mal-estar social contribuindo para uma repartição mais
equitativa da riqueza;
- Assegura uma certa estabilidade à economia, já que evita descidas drásticas da
procura como a que ocorreu durante a crise dos anos 30.
* A prosperidade económica
O crescimento económico do pós-guerra estruturou-se em bases sólidas.
Os governos não só assumiram grandes responsabilidades económicas, como
delinearam planos de desenvolvimento coerentes, que permitiram estabelecer
prioridades, rentabilizar a ajuda Marshall e definir diretrizes futuras.
Externamente, os acordos de Bretton Woods4 e a criação de espaços económicos
alargados (como a CEE) tiveram um papel semelhante, harmonizando e fomentando as
relações económicas internacionais.
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O dólar era a moeda-padrão e as restantes moedas tiveram sido
convertidas em ouro ou dólar.
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A expansão económica dos “Trinta Gloriosos” conjuga o desenvolvimento de
processos já iniciados com aspetos completamente novos. Entre os seus traços
característicos podemos destacar:
- Aceleração do progresso tecnológico, que atingiu todos os setores desde as
fibras sintéticas, aos plásticos, medicina, aeronáutica, eletrónica, entre muitos outros.
Rapidamente produzidas em série, as inovações tecnológicas revolucionaram a vida
quotidiana e os processos de produção;
- Recurso ao petróleo como matéria energética por excelência, em detrimento do
carvão. A extração do “ouro negro” coubera até à Segunda Guerra Mundial aos EUA e a
partir dos anos 60 deslocara-se para os países do Médio Oriente, que se tornam os seus
principais fornecedores. A abundância e o baixo preço do petróleo alimentaram a
prosperidade económica, permitindo uma autêntica revolução nos transportes, para além
de uma enorme gama de novos produtos industriais;
- Aumento da concentração industrial e do número de multinacionais,
verdadeiros gigantes económicos que fabricam e comercializam os seus produtos nos
quatro cantos do Mundo. Presentes em praticamente todos os setores (matérias-primas,
transportes, comunicações, siderurgia, eletrónica, alimentação…) estas empresas
investem grandes somas na investigação científica, contribuindo para a aceleração do
progresso técnico a que nos referimos;
- Aumento significativo da população ativa proporcionado pelo reforço de mão
de obra feminina no mercado de trabalho, o baby-boom5 dos anos 40-60 e a imigração
de trabalhadores oriundos de países menos desenvolvidos. Para além disto, a mão de
obra tornou-se mais qualificada, em virtude do prolongamento da escolaridade, sendo
somente os imigrantes a desempenhar os trabalhos que não requeriam um alto nível de
formação profissional, e sendo por isso, mal remunerados;
- Modernização da agricultura, setor onde a produtividade aumenta, de tal como
que permite aos países desenvolvidos passarem de importares a exportadores de
produtos alimentares. Renovada por grandes investimentos, novas tecnologias e uma
mentalidade verdadeiramente empresarial, a agricultura libera, em pouco tempo,
grandes quantidades de mão de obra, que migra para os núcleos urbanos. Este êxodo
rural contribuiu para alterar a relação entre os três setores de atividade;
- Crescimento do setor terciário, que tende a absorver a maior percentagem de
trabalhadores. O surto espetacular das trocas comerciais, a aposta no ensino, os serviços
sociais prestados pelo Estado e a complexidade crescente da administração das
empresas multiplicaram o número de postos de trabalho neste setor. Assim, as classes
médias alargam-se, o que contribuiu para a subida do nível de vida e para o equilíbrio
social.
* A sociedade de consumo
O efeito mais evidente dos “Trinta Gloriosos” foi a generalização do conforto
material. O pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços
acessíveis conduziram à sociedade de consumo, que transformou os lares e o estilo de
vida da maioria da população dos países capitalistas.
Quando os gastos na alimentação e em outros bens essenciais deixaram de
absorver a quase totalidade dos orçamentos familiares, as casas tornaram-se cómodas e
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Os efeitos do baby-boom fizeram-se sentir na década de 60, embora os
seus reflexos na economia sejam muito anteriores, já que o aumento do número de
jovens, para além de alargar o mercado consumidor, obriga à construção de
equipamentos importantes (hospitais, creches, escolas, etc.), criando numerosos
postos de trabalho.
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bem equipadas. Os aparelhos de aquecimento, o telefone, a televisão e toda uma vasta
gama de eletrodomésticos multiplicaram-se rapidamente e o automóvel tomou o seu
lugar nas garagens e nas ruas, proporcionando longos passeios de lazer. As férias pagas,
privilégio que se alargou nos anos 60, vieram acentuar a ideia de que a vida merece ser
desfrutada e o dinheiro existe para se gastar. O cidadão comum é permanentemente
estimulado a despender mais do que o necessário. Multiplicam-se os grandes espaços
comerciais. Uma publicidade bem orquestrada lembra as maravilhas a que todos “têm
direito” e que as vendas a crédito permitem adquirir.
A oferta e a pressão publicitária são de tal ordem que os bens rapidamente
perdem valor, “passam de moda” e se substituem por outros mais atualizados.
O MUNDO COMUNISTA
Em 1945, quando o segundo conflito mundial terminou, existiam no mundo
apenas dois países comunistas: a URSS e a Mongólia. Entre 1945 e 1949, o comunismo
implanta-se na Europa Oriental, na Coreia do Norte e na China. Nos anos 50 e 60
continua o seu progresso na Ásia e em Cuba. Na década de 70, difunde-se na África
Negra.
* O expansionismo soviético
A expansão do mundo comunista fez-se, em grande parte, pela URSS. Após a
Segunda Guerra Mundial, o reforço da posição militar soviética e o desencadear do
processo de descolonização criaram condições favoráveis quer à extensão do
comunismo, quer ao estreitamento dos laços de amizade e cooperação entre Moscovo e
os países recentemente emancipados. A URSS saiu, assim, do isolamento a que estivera
votada desde a Revolução de outubro, alargando a sua influência nos quatro continentes.
Europa:
A primeira vaga de extensão do comunismo atingiu a Europa Oriental e, com
exceção da Jugoslávia, fez-se sobre a pressão direta da URSS. Em meados de 1948, os
partidos comunistas dos países de Leste tinham-se já assumido como partidos únicos e,
em pouco tempo, a vida política, económica e social destas regiões foi reorganizada em
moldes semelhantes aos da União Soviética.
Os novos países socialistas receberam a designação de democracias populares.
Por oposição às democracias liberais, julgadas incapazes de garantir a verdadeira
igualdade devido à persistência dos privilégios de classe, as democracias liberais
defendem que a gestão do Estado pertence, somente, às classes trabalhadoras. Estas
constituem a maior, exercem o poder através do Partido Comunista que, supostamente,
representa os seus interesses.
Em 1955, os laços entre as democracias populares foram reforçadas com a
constituição do Pacto de Varsóvia, aliança militar que previa a resposta conjunta a
qualquer eventual agressão.
Considerando-se a “pátria do socialismo”, a União Soviética impôs um modelo
único e rígido, do qual não admitiu desvios. É assim que, quando estalaram protestos e
rebeliões contra o seu excessivo domínio, Moscovo não hesitou em utilizar a força para
manter a coesão do seu bloco. Os dois casos mais graves ocorreram na Hungria, em
1956, e na Checoslováquia, em 1968. As ruas de Budapeste e de Praga viram-se, então,
ocupadas pelos tanques soviéticos. Este desejo de manter intocada a hegemonia
comunista na Europa Oriental conduziu também, em 1961, à construção do célebre
muro de Berlim, que rapidamente se tornou no símbolo da Guerra Fria na Europa e no
Mundo.
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Ásia:
Fora da Europa, o único país em que a implantação do regime comunista que
ficou a dever à intervenção direta da URSS foi a Coreia.
Ocupada pelos Japoneses, a Coreia foi, no fim da Segunda Guerra Mundial,
libertada pela ação conjunta dos exércitos soviético e americano, que, naturalmente, não
se entenderam quanto ao futuro regime político do país. A Coreia foi, por isso, dividida
em dois estados: a norte, a República Popular da Coreia, comunista, apoiada pela
URSS; a sul, a República Democrática da Coreia, conservadora, sustentada pelos
Estados Unidos. A posterior invasão da Coreia do Sul pela República Popular do norte,
com vista á reunificação do território sob a égide do socialismo, desencadeou uma
violenta guerra (1950-1953). Por fim, repôs-se a separação entre as duas Coreias, que se
mantêm estados rivais ainda hoje.
A China, onde, em outubro de 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a instauração de
uma República Popular. A tomada do poder pelos comunistas chineses foi uma longa
luta, que se iniciara nos anos 20 e se reacendera após a Segunda Guerra Mundial.
Embora o apoio de Moscovo aos revolucionários não possa considerar-se decisivo para
a vitória alcançada, poucos meses decorridos desde a formação do novo Governo, Mao
Tsé-Tung e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Chou En Lai, assinam, em Moscovo,
um Tratado de Amizade, Aliança e Assistência Mútua, que coloca a China na esfera
soviética.
Apesar de se ter afastado da URSS, a China seguiu o modelo político e
económico do socialismo russo. A China Popular assumiu, ao lado da URSS, as suas
obrigações na difusão do comunismo.
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a indústria pesada. Imensos complexos siderúrgicos e centrais hidroelétricas fazem da
União Soviética a segunda potência industrial do Mundo e garantem-lhe o poder militar
necessário ao afrontamento dos tempos da Guerra Fria.
Nos países de Leste, a proclamação das Repúblicas Populares implanta também
o modelo económico soviético. Os meios de produção são coletivizados e reorganizados
em moldes idênticos aos da URSS, sendo a prioridade absoluta a industrialização,
baseada na indústria pesada.
Os novos países socialistas europeus, com exceção da Checoslováquia e da
RDA, eram essencialmente agrícolas, industrializaram-se rapidamente.
Os bloqueios económicos
Passado o primeiro impulso industrializador, as economias planificadas
começam a mostrar, de forma mais evidente, as suas debilidades:
- As empresas não gozam de autonomia na seleção das produções,
equipamentos, trabalhadores, fixação de salários e preços ou na escola de fornecedores e
clientes;
- Gestão burocrática que se limita a cumprir as quantidades previstas no plano,
sem olhar à qualidade ou rentabilidade dos equipamentos e da mão de obra;
- Bens de consumo escassos;
- Poucos produtos agrícolas, dado que a agricultura não é prioridade;
- Habitações caras, optando a população por viver na periferia sem condições.
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sobretudo, as faltas do sistema, que se foram agravando ao longo das décadas.
Inultrapassáveis, estes bloqueios económicos conduzirão à falência dos regimes
comunistas europeus, no fim dos anos 80.
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