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O presidente Jair Bolsonaro sancionou com cinco vetos o texto resultante da medida provisória que autoriza a renegociação de dívidas
dos produtores rurais, também chamada de MP do Agro (MP 897/2019). A lei 13.986 foi publicada na terça-feira (8) em edição extra
do Diário Oficial da União.
Para o presidente da comissão mista que analisou a MP, senador Luís Carlos Heinze (PP-RS), no geral o texto é positivo para o
agronegócio.
— O texto traz significativos avanços para o setor agropecuário, como a criação do Fundo de Aval Fraterno (FAF), que fixa uma nova
modalidade de garantia para o crédito rural. Também traz o patrimônio de afetação, que autoriza o desmembramento de matrículas
para assegurar financiamentos, além da emissão das Cédulas do Produto Rural (CPR) em moeda estrangeira — destacou.
Mas o senador, que também é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), afirmou nesta quarta-feira (8) que
articulará no Congresso a derrubada dos vetos.
— Já deixei claro ao governo que vamos trabalhar para derrubar alguns vetos que atingem diretamente algumas daquelas que seriam
grandes conquistas para o agro, principalmente a emenda da dívida ativa, que permitiria que milhares de famílias, especialmente de
pequenos produtores, pudessem pagar suas dívidas e continuarem produzindo alimentos, gerando riquezas pro nosso país — disse o
senador à Agência Senado.
Heinze afirmou que também tentará derrubar o veto à redução dos custos com cartórios (emolumentos) no registro de operações de
crédito. O governo argumenta que o artigo invade competência estadual, mas o senador discorda. Outro veto questionado é sobre um
artigo que reduzia tributos para as cooperativas.
Outros vetos
Também foram vetados artigos tratando do alongamento de prazos no pagamento de dívidas de produtores nordestinos, artigos à Lei
do Renovabio, fixando alíquota de 15% no imposto sobre a receita dos Créditos de Descarbonização (CBIOs) e descontos nas alíquotas
de PIS/Pasep e Cofins, concedidas a quem tem o Selo Combustível Social (dos produtores de biocombustíveis) para usinas que
comprem matérias-primas de outros arranjos de comercialização.
O governo ainda alega que os cinco artigos vetados levam à perda de receitas, sem que se aponte cancelamento de despesa
equivalente e sem as estimativas gerais de impactos orçamentários e financeiros.
Igual percentual incidirá para os credores. Caso exista um garantidor da dívida (um banco, por exemplo), sua contribuição será de 2%
do saldo devedor. Desde que se mantenha a proporção das cotas entre as categorias de devedor, credor e garantidor, os porcentuais
poderão ser aumentados.
Bancos privados
Agora poderá haver subvenção federal para bancos privados que oferecem descontos a quem quita ou paga prestações em dia. Antes,
apenas bancos públicos realizavam a operação.
O mecanismo é conhecido como regime de afetação — quando o terreno e as benfeitorias a serem objeto do financiamento ficam
separados do patrimônio disponível. Poderão ser afetados o terreno e as benfeitorias existentes nele, exceto as lavouras, os bens
móveis e o gado. O patrimônio de afetação poderá garantir qualquer operação financeira contratada por meio de Cédula Imobiliária
Rural (CIR) ou Cédula de Produto Rural (CPR).
Mas há proibições. Não poderão sofrer a afetação o imóvel já hipotecado, a pequena propriedade rural de até 4 módulos fiscais, área
de imóvel inferior a 1 módulo fiscal e o único bem de família. Enquanto o produtor rural tiver a dívida, a propriedade não poderá ser
vendida, mesmo que apenas parte dela seja submetida à afetação. O imóvel também não poderá ser oferecido como garantia em
outras transações. Além disso, a Justiça não poderá retê-lo para o pagamento de outras obrigações, além de não poder fazer parte da
massa falida no caso de falência.
Enquanto estiver no mecanismo de afetação, caberá ao proprietário manter e preservar o patrimônio, além de honrar obrigações
tributárias, previdenciárias e trabalhistas.
BNDES
A nova lei autoriza o governo, por meio do BNDES, a conceder até R$ 20 milhões por ano em subsídios para diminuir a taxa de juros
no financiamento da construção de silos.
As taxas subsidiadas poderão ser concedidas até 30 de junho de 2021. O dinheiro poderá ser usado em obras, na compra de
máquinas e equipamentos para a construção de armazéns e na expansão dos já existentes.
Estrangeiros
O texto também autoriza pessoas jurídicas com participação de capital estrangeiro a receberem imóvel rural em garantia de suas
operações.