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ENGENHARIA CIVIL
MATEUS HENRIQUE MEDEIROS
Varginha – MG
2018
MATEUS HENRIQUE MEDEIROS
Varginha – MG
2018
MATEUS HENRIQUE MEDEIROS
Aprovado em / /
Prof.
Prof.
OBS:
Dedico este trabalho ao Pai Celestial, por todas
as oportunidades que me foram concedidas; à
minha família, pelo incessante apoio e
incentivo ao longo da vida e aos amigos de
curso, cujos momentos compartilhados ficarão
eternizados na memória.
“Aprender é a única coisa de que a mente nunca
se cansa, nunca tem medo e nunca se
arrepende.”
Leonardo da Vinci
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
The present work deals with the necessary safety analyzes in a gabion gravity
containment structure. The objective of this work is to characterize the main types of wall, to
discuss the soil parameters necessary for the design (angle of internal friction, cohesion and
specific weight), as well as the tests and correlations to obtain such values in the absence of
specific tests, besides presenting the classical equations for the calculation of the efforts. Some
geotechnical concepts are also discussed, such as the tension-deformation behavior of soils and
the methods of slope rupture. Regarding the problem directly, the necessary stability checks on
this type of structure are provided, providing security against: base slippage, wall tipping,
foundation rupture, internal rupture between stone blocks and, for last, the global rupture of
the land mass. The case study is set in the Pedreira Santo Antonio in Varginha - MG where,
due to the productive processes, it is necessary to safely adapt a slope with a 13 meter slope.
The data obtained (SPT tests and geometric characteristics of the site) led to the elaboration of
stability analysis of a possible slope, recommended as a primary alternative to problems with
this characteristic. By comparing the result obtained with the minimum values required by
standard, the other options for solution are presented, including the containment structures.
The choice for sizing through gabions was due to the abundance and possibility of production
of the main feature of this type of structure (crushed stone) by the company, already mentioned,
interested in its construction. In addition to the calculation results obtained and the relevant
discussions, a comparative material analysis is presented in relation to the executive design of
the existing concrete structure.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
1.1 Justificativa ....................................................................................................................... 13
1.2 Objetivos ............................................................................................................................ 14
1.2.1. Gerais .............................................................................................................................. 14
1.2.2 Específicos ....................................................................................................................... 14
1.3 Metodologia ....................................................................................................................... 14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
tipo de estrutura para estudo devido a produção da matéria-prima neste tipo de estrutura (pedra
britada) no local onde o mesmo está instalado, Pedreira Santo Antonio.
1.2 Objetivos
1.2.1. Gerais
1.2.2 Específicos
1.3 Metodologia
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conceituação
De acordo com Barros (2014), estruturas de contenção ou de arrimo são obras civis
construídas com a finalidade de prover estabilidade contra a ruptura de maciços de terra ou
rocha. São estruturas que fornecem suporte a estes maciços e evitam o escorregamento causado
pelo seu peso próprio ou por carregamentos externos.
Para Moliterno (1994), muro de arrimo nada mais é do que um detalhe localizado, nas
obras de estabilização de encostas nas regiões montanhosas, junto às edificações, estradas ou
ruas.
Gerscovich (2010) relata que muros são estruturas corridas de contenção de parede
vertical ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda. Podem ser construídos
em alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou ainda, de elementos
especiais. A autora ainda ilustra a terminologia conforme a Figura 1.
Marangon (2004) ressalta que a escolha adequada do tipo de obra implica uma correta
avaliação das características do meio físico (tipos e características dos materiais, inclinação da
encosta, condições hidrogeológicas, etc.) e dos processos de instabilização envolvidos, pois cada
obra tem eficiência restrita para certas condições e faixas de solicitação.
Moliterno (1994) destaca que a construção de um muro de arrimo, representa sempre
um elevado ônus no orçamento total da estrutura de uma obra. O autor complementa
16
mencionando que há inúmeros casos, em que esta etapa teve seu custo superior ao da própria
edificação.
Diante disso, é importante a realização de uma análise detalhada de qual tipo de
contenção atende do ponto de vista técnico, além de satisfazer também quanto ao aspecto
econômico.
Muros de peso: alvenaria de pedras, concreto gravidade, gabiões, solo-pneus, solo reforçado
e sacos de solo-cimento;
Muros de concreto armado: seção em L, com contrafortes e chumbado, cortina atirantada;
Muros em forma de cortina: perfis metálicos com painéis pré-moldados, estacas pranchas.
As contenções tipo parede diafragma e parede de estacas justapostas tem propiciado aos
engenheiros geotécnicos dimensionar e executar escavações próximas a estruturas existentes
com rapidez, segurança e economia. (MAGNUS, 2013)
Segundo Hachich (1998), estacas prancha são perfis de aço laminado com seções planas
ou em forma de “U” ou “Z”, com encaixes longitudinais, ou de concreto armado, com encaixes
do tipo "macho-fêmea". Permitem construir paredes contínuas pela justaposição das peças que
vão sendo encaixadas e cravadas sucessivamente. Conforme ilustrado na Figura 3, formam
paredes com estanqueidade limitada pela permeabilidade das próprias juntas.
Conforme Gerscovich (2010), muros de flexão são estruturas mais esbeltas com seção
transversal em forma de “L” (Figura 4) que resistem aos empuxos por flexão, utilizando parte
do peso próprio do maciço, que se apoia sobre a base do “L”, para manter-se em equilíbrio.
Hachich (1998) indica que tais estruturas se destinam a conter terraplenos que devem
ser compactados adequadamente sobre a sapata ou bloco de fundação. Exigem espaço para
execução das fundações cuja largura, no caso de se tratar de sapata corrida é, em média, da
ordem de 40% da altura a ser arrimada.
18
Conforme Gerscovich (2010), o muro com blocos de pedra (Figura 6) apresenta como
vantagens a simplicidade de construção e a dispensa de dispositivos de drenagem, pois o
material do muro é drenante. Outra vantagem é o custo reduzido, especialmente quando os
blocos de pedras são disponíveis no local. No entanto, a estabilidade interna do muro requer
que os blocos tenham dimensões aproximadamente regulares, o que causa um valor menor do
atrito entre as pedras.
Ainda segundo Gerscovich (2010), os muros que não possuem utilização de argamassa
são recomendados unicamente para a contenção de taludes com alturas de até 2 m, enquanto os
que possuem a mistura de cimento e areia para preencher os vazios podem chegar a taludes com
cerca de 3 m de altura.
2.2.3.2 Gabião
Os muros de gabiões (Figura 7) são constituídos por gaiolas metálicas preenchidas com
pedras, arrumadas manualmente e construídas com fios de aço galvanizado em malha
hexagonal com dupla torção. (GERSCOVICH, 2010)
A montagem e o enchimento destes elementos podem ser realizados manualmente ou
com equipamentos mecânicos comuns. (BARROS, 2014)
Segundo Domingues (1997), sua principal vantagem é a elevada permeabilidade e
grande flexibilidade, dando origem a estruturas monolíticas altamente drenantes e capazes de
sofrerem deslocamentos e deformações sem se romperem. De acordo com o autor, os gabiões
são utilizados para proteção de margens de cursos d’água, controle de erosão e obras de
emergência.
Onde:
b0 = 0,14 x h
b = b0 + h/3
Conforme Caputo (1996), a propriedade dos solos em suportar cargas e conservar sua
estabilidade, depende da resistência ao cisalhamento do solo; toda massa de solo se rompe
quando esta resistência é excedida.
A lei que determina a resistência ao cisalhamento do solo é o critério de ruptura ou de
plastificação do material. Trata-se de um modelo matemático aproximado que relaciona a
resistência ao estado de tensão atuante. No caso dos solos, o critério mais amplamente utilizado
é o critério de Mohr-Coulomb, que estabelece uma relação entre a resistência ao cisalhamento
e a tensão normal. (BARROS, 2014)
No entanto, antes do aprofundamento no estudo de resistência do solo deve-se entender
com clareza dois fenômenos característicos fundamentais para o dimensionamento: atrito e a
coesão.
Cabe salientar que atrito e coesão, segundo Barros (2014), não são parâmetros
intrínsecos do solo, mas parâmetros do modelo adotado como critério de ruptura. Além disso,
o valor desses parâmetros depende de outros fatores, como teor de umidade, velocidade, forma
de carregamento e condições de drenagem.
2.3.1. Atrito
𝑇 = 𝑁 ∙ 𝑡𝑔 𝜑 (1)
Onde:
T – Resistência ao deslizamento;
N – Força normal;
φ – Ângulo de atrito.
O ângulo de atrito (φ) define-se como a resultante das duas forças com a normal (N) e
também pode ser entendido como o ângulo entre a força (F) aplicada no corpo e a normal,
conforme Figura 9b. A inclinação em que o corpo se encontra em relação ao plano, ilustrada
pela Figura 9c, também é um fator a ser considerado no que diz respeito ao deslizamento.
Segundo Pinto (2006), o fenômeno de atrito nos solos diferencia-se do fenômeno de
atrito entre dois corpos, porque o deslocamento envolve um grande número de grãos, que
podem deslizar entre si ou rolar uns sobre os outros, acomodando-se em vazios que encontram
no percurso.
Sob a denominação de genérica de atrito interno de um solo, inclui-se não só o “atrito
físico” entre suas partículas, como o “atrito fictício” proveniente do entrosamento de suas
partículas; nos solos não existe uma superfície nítida de contato, ao contrário, há uma infinidade
de contatos pontuais. (CAPUTO, 1996)
2.3.2. Coesão
(a) (b)
Fonte: Pinto, 2006.
De acordo com Pinto (2006), critérios de ruptura são formulações que procuram refletir
as condições em que ocorre a ruptura dos materiais. Existem critérios que estabelecem máximas
tensões de compressão, de tração ou de cisalhamento. Outros se referem a máximas
deformações. Outros, ainda, consideram a energia de deformação.
O critério de Mohr é graficamente representado pela curva intrínseca de ruptura AB,
assim denominada por Caquot (Figura 11a), obtida traçando-se a envoltória dos círculos de
Mohr correspondentes a pares de tensões principais, σ1 e σ3 (Figura 11b), causadoras da ruptura
do material. (CAPUTO, 1996)
25
(a) (b)
Fonte: Caputo, 1996 (adaptado).
Segundo Hachich (1998), o critério de Mohr pode ser expresso como: não há ruptura
enquanto o círculo representativo do estado de tensões se encontrar no interior de uma curva,
que é a envoltória dos círculos relativos a estados de ruptura, observados experimentalmente
para o material.
Para Caputo (1996), a equação de Coulomb em relação a resistência ao cisalhamento de
um solo é dada pela equação (2), sendo representada graficamente por uma reta de acordo com
a Figura 12.
𝜏 = 𝜏𝑅 = 𝑐 + 𝜎 𝑡𝑔 𝜑 (2)
Onde:
τ – Resistência ao cisalhamento;
σ – Tensão normal ao plano de cisalhamento;
c – Coesão do solo;
φ – Ângulo de atrito interno do solo.
𝜎 ′ = (𝜎 − 𝑢) (3)
𝜏 = 𝑐 + 𝜎 ′ ∙ 𝑡𝑔 𝜑 = 𝑐 + (𝜎 − 𝑢) ∙ 𝑡𝑔 𝜑 (4)
Onde:
c – Coesão;
φ – Ângulo de atrito;
27
Hachich (1998) relata que o comportamento dos solos pode ser expresso por parâmetros
de deformação (módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson) e por parâmetros de resistência
(coesão e ângulo de atrito interno).
No presente trabalho se faz necessário a determinação dos parâmetros de resistência do
solo para posterior cálculo da resistência ao cisalhamento.
Esta determinação pode ser feita por ensaios de laboratório, como o ensaio de
cisalhamento direto e o ensaio de compressão triaxial. Podem também ser estimados a partir de
ensaios de campo, ou mesmo a partir de outras características do material. (Barros, 2014)
O ensaio de compressão triaxial destaca-se por ser o mais completo e possuir maior
consistência dos resultados. Em função disso, haverá uma breve abordagem acerca do processo
no tópico a seguir.
Segundo Marangon (2006), esse ensaio é o mais recomendado na atualidade por suas
condições de aparelhagem mais refinadas, capazes de garantir uma impermeabilização total da
amostra, controle absoluto da drenagem e medida do valor da pressão neutra.
Os ensaios triaxiais são realizados em aparelhos, como esquematizados na Figura 14,
constituídos por uma câmara cilíndrica, de parede transparente, no interior da qual se coloca a
amostra, envolvida por uma membrana de borracha muito delgada. A base superior do cilindro
é atravessada por um pistão, que por intermédio de uma placa rígida, aplica uma pressão à
amostra. A câmara cilíndrica é cheia de um líquido, geralmente água, que se pode submeter a
uma pressão σ3, que evidentemente atua também sobre a base da amostra. O autor completa
mencionando que a tensão causada pela carga axial, diferença entre as tensões principais σ1 e
28
σ3, é comumente chamada de deviator stress. Há autores (como N. J. Newmark) que discordam
do termo “desvio” (deviator), preferindo “diferença de pressões principais”. (CAPUTO, 1996)
Caputo (1996) explica que, determinando-se pares de tensões (σ1 e σ3) correspondentes
à ruptura das diversas amostras ensaiadas, traçam-se os respectivos círculos de Mohr. Em
seguida, assimilando-se a envoltória desses círculos à reta de Coulomb, obtêm-se os valores de
c e φ, conforme ilustrado na Figura 15.
Ainda conforme Aoki (2013), em cada metro de sondagem, exceto no primeiro, obtém-
se três valores de número de golpes penetrométrico (N1, N2 e N3). Desconsiderando N1, por ser
um número afetado pela etapa de perfuração, define-se o índice de resistência a penetração
30
Aoki (2013) explica que, no Brasil, o ensaio mais utilizado (e muitas vezes o único) para
o projeto de fundações é o SPT, comumente designado como sondagem. O autor complementa,
destacando que, se não houver ensaios de laboratório, pode-se adotar o ângulo de atrito, coesão
e peso específico efetivo dos solos em função do índice de resistência à penetração (NSPT).
Conforme Marangon (2006), a Tabela 1 apresenta o ângulo de atrito e a nomenclatura
dos solos arenosos (sem coesão), obtidos através do ensaio SPT.
Ainda segundo Marangon (2006), esses valores devem ser tomados com toda reserva
uma vez que os parâmetros dependem da condição de utilização, portanto, as tabelas implicam
em sugerir uma faixa de valores.
31
Para Teixeira (1996 apud AOKI, 2013), o ângulo de atrito pode ser obtido de acordo
com a equação (6).
Enquanto Godoy (1983 apud AOKI, 2013) menciona uma correlação empírica exposta
na equação (7):
O peso específico dos solos é outra característica imprescindível para os cálculos. Godoy
(1972 apud AOKI, 2013), expressa tais valores para os solos argilosos de acordo com a Tabela 3.
A Tabela 4 traz os valores do peso específico, propostos por Godoy (1972), em relação
aos solos arenosos.
No que diz respeito à coesão, também é possível ser feita uma correlação com o índice de
resistência à penetração, a partir dos resultados deste ensaio. Teixeira & Godoy (1996 apud AOKI,
2013) sugerem uma formulação, de acordo com a equação (8), onde a coesão é obtida em
kilopascal (kPa).
32
𝐶 = 10 ∙ 𝑁𝑆𝑃𝑇 (8)
Essa correlação apresenta resultados com elevadas magnitudes, haja visto que para a
obtenção de uma análise mais precisa deve-se realizar ensaios laboratoriais mais completos, como
o ensaio triaxial.
Em sua obra, Das (2012) demonstrou a existência de três casos possíveis de empuxo:
repouso, ativo e passivo. Para o entendimento de cada um deles, deve-se considerar uma massa
de solo junto a um muro de arrimo de altura AB (Figura 17). O material, a uma determinada
profundidade z, é submetido a uma pressão efetiva vertical (𝜎’0 ) e a uma pressão efetiva
horizontal (𝜎’ℎ ), sem a existência de tensões de cisalhamento em ambos os planos (vertical e
horizontal). Com isso, é possível definir uma relação entre as pressões efetivas, como uma
quantidade adimensional K, de acordo com a equação (9).
𝜎’ℎ
𝐾= (9)
𝜎’0
Onde:
K – Coeficiente de empuxo;
σ’h – Pressão efetiva horizontal;
σ’0 – Pressão efetiva vertical.
33
1º caso:
Se o muro AB for estático, ou seja, sem a existência de movimento nem para a direita
nem para a esquerda de sua posição inicial, a massa do solo estará no estado de equilíbrio
estático. Nesse caso, σ’h é denominada pressão de terra em repouso. Com isso, tem-se um
coeficiente de empuxo em repouso K0, de acordo com a equação (10). O esquema é ilustrado
conforme a Figura 17.
𝜎’ℎ
𝐾 = 𝐾0 = (10)
𝜎’0
Onde:
K0 – Coeficiente de empuxo em repouso;
σ’h – Pressão em repouso;
σ’0 – Pressão efetiva vertical.
2º caso:
Se o muro AB girar de modo suficiente em torno da sua base, para mudar sua posição
original para A’B (Figura 18), uma massa de solo triangular ABC’ anexo ao muro, atingirá um
estado de equilíbrio plástico e se romperá deslizando para baixo sobre o plano BC’. Nesse
34
instante, a tensão horizontal efetiva (σ’h ) será chamada de pressão ativa (σ’a ), assumindo-se
assim um coeficiente K de acordo com a equação (11).
𝜎’ℎ 𝜎’𝑎
𝐾 = 𝐾𝑎 = = (11)
𝜎’0 𝜎’0
Onde:
Ka – Coeficiente de empuxo ativo;
σ’a – Pressão ativa;
σ’0 – Pressão efetiva vertical.
3º caso:
Se o muro sem atrito rotacionar sobre a fundação para uma posição A’’B (Figura 19),
uma massa de solo triangular ABC’ atingirá um estado de equilíbrio plástico e se romperá
deslizando para cima do plano BC’’. A tensão efetiva horizontal (σ’h ) neste momento será
chamada de pressão passiva (σ’p ), assumindo-se assim um coeficiente K de acordo com a
equação (12).
𝜎’ℎ 𝜎’𝑝
𝐾 = 𝐾𝑝 = = (12)
𝜎’0 𝜎’0
35
Onde:
Kp – Coeficiente de empuxo passivo;
σ’p – Pressão passiva;
σ’0 – Pressão efetiva vertical.
Segundo Moliterno (1994), as primeiras teorias para o cálculo do empuxo de terra foram
formuladas por Coulomb em 1773, Poncelet em 1840 e Rankine em 1856, conhecidas como
Teorias Antigas, e que ainda tem dado resultados satisfatórios para o caso de muros de peso,
construídos de alvenaria ou concreto ciclópico.
Ainda conforme Moliterno (1994), para muros elásticos construídos em concreto
armado, temos as chamadas Teorias Modernas, entre elas as de Resal, Caquot, Boussinesque,
Müller Breslau, sendo que, nos últimos 30 anos, as recomendações de Terzaghi e seus adeptos
apresentaram resultados práticos.
Conforme Jaber (2011), Rankine considerou o estado plástico do solo usando a equação
de ruptura de Mohr. Admitiu então a necessidade de pequenas deformações para mobilizar o
empuxo ativo e passivo. Além disso, considerou os solos sem coesão e propôs distribuição das
pressões. O autor ainda complementa destacando que Rankine não considerou o atrito solo-
muro e também não propôs uma solução para o caso de cargas concentradas.
Marchetti (2007) ilustra a teoria de Rankine de acordo com a Figura 20.
O empuxo é dado pela integral da pressão lateral. O resultado para os casos ativo e
passivo são apresentados pelas equações (17) e (18), respectivamente.
𝐾𝑎 ∙ 𝛾 ∙ (𝐻 2 − 𝑍0 2 )
𝐸𝑎 = − 2 ∙ 𝑐 ∙ √𝐾𝑎 ∙ (𝐻 − 𝑍0 ) (17)
2
𝐾𝑝 ∙ 𝛾 ∙ 𝐻 2
𝐸𝑝 = + 2 ∙ 𝑐 ∙ 𝐻 ∙ √𝐾𝑝 (18)
2
Figura 21: Diagrama de pressões laterais em solos coesivos pela Teoria de Rankine.
Segundo Barros (2014), solos coesivos ficam sujeitos a tensões de tração na sua porção
superior no estado ativo (Figura 21). Estas tensões de tração se prolongam até uma
profundidade “Z0” dada pela equação (19).
2∙𝑐
𝑍0 = (19)
𝛾 ∙ √𝐾𝑎
38
Outro valor de interesse é a profundidade teórica que uma escavação pode suportar sem
escoramentos laterais, sendo conhecida também como “altura crítica de escavação”. Esta altura
é definida pela equação (20). (RIBEIRO, 2013)
4∙𝑐
𝑍𝐶 = (20)
𝛾 ∙ √𝐾𝑎
De acordo com Jaber (2011), Coulomb propôs outra maneira de se quantificar o empuxo
ativo e o passivo sobre uma estrutura de arrimo. Admite-se que no instante da mobilização total
da resistência do solo formam-se superfícies de deslizamento ou de ruptura no interior do
maciço.
Domingues (1997) explica que esse deslizamento ocorre quando uma superfície de
curvatura em forma de espiral logarítmica, que é substituída, por motivos práticos, por uma
superfície plana que passa a ser denominado “plano de ruptura” (Figura 22).
Segundo Gerscovich (2010), são consideradas as seguintes hipóteses nesta teoria: solo
homogêneo e isotrópico; a ruptura ocorre sob o estado plano de deformação; pode existir atrito
solo-muro (𝛿).
39
Conforme Barros (2014), a Teoria de Coulomb possui uma vantagem pelo fato de que
se pode considerar a ocorrência de atrito entre a estrutura e o solo, além de possibilitar a análise
de estrutura com o paramento não vertical.
Marchetti (2007) ilustra a teoria de Coulomb de acordo com a Figura 23. O autor
também apresenta os valores dos coeficientes de empuxo através das as equações (21) e (22),
indicando que é comum o uso de 1/3 ϕ < 𝛿 < 2/3 ϕ para a interface solo-muro (𝛿). As pressões
laterais na parede do muro são as mesmas das apresentadas previamente, conforme as
expressões (15) e (16).
sen2 (𝛼 + 𝜙)
𝐾𝑎 = 2
sen(𝜙 + 𝛿) ∙ sen(𝜙 − 𝛽) (21)
sen2 𝛼 ∙ sen(𝛼 − 𝛿) ∙ [1 + √ ]
sen(𝛼 − 𝛿) ∙ sen(𝛼 + 𝛽)
sen2 (𝛼 − 𝜙)
𝐾𝑝 = 2
sen(𝜙 + 𝛿) ∙ sen(𝜙 + 𝛽) (22)
sen2 𝛼 ∙ sen(𝛼 + 𝛿) ∙ [1 − √ ]
sen(𝛼 + 𝛿) ∙ sen(𝛼 + 𝛽)
Os empuxos ativo e passivo são obtidos pelas equações (23) e (24), respectivamente.
𝐾𝑎 ∙ 𝛾 ∙ 𝐻 2
𝐸𝑎 = (23)
2
40
𝐾𝑝 ∙ 𝛾 ∙ 𝐻 2
𝐸𝑝 = (24)
2
Segundo Barros (2014), caso haja uma sobrecarga uniforme distribuída sobre o maciço,
esta provocará um aumento no empuxo. Este aumento pode ser determinado considerando a
parte da sobrecarga que ocorre sobre a cunha de solo delimitada pela superfície de ruptura.
Conforme Silva (2012), o empuxo é função, entre outras grandezas, do quadrado da
altura do muro. Já as sobrecargas distribuídas (q) sobre o terrapleno causam um empuxo ativo,
por unidade de comprimento, de distribuição uniforme.
Com isso, deve-se acrescer ao empuxo ativo das equações (17) ou (23), uma parcela
referente a sobrecarga no maciço, caso esta exista. O valor é obtido de acordo com a equação
(25). A altura do ponto de aplicação (HEa) é calculada em função das alturas, conforme a
equação (26).
sen 𝛼
𝐸𝑎,𝑠𝑜𝑏𝑟 = 𝑞 ∙ 𝐻 ∙ 𝐾𝑎 ∙ (25)
sen(𝛼 + 𝛽)
γ ∙ 𝐻² + 3 ∙ 𝑞 ∙ 𝐻
𝐻𝐸𝑎 = (26)
3∙γ∙𝐻+6∙𝑞
Onde:
K a – Coeficiente de empuxo ativo;
q – Sobrecarga;
γ – Peso específico;
H – Altura total.
Uma sobrecarga de 0,5 tf/m² é usualmente considerada para levar em conta uma eventual
ocupação do terrapleno;
Sobrecargas da ordem de 1,0 a 1,5 tf/m² correspondem a veículos de 20 a 30 tf;
Sobrecargas maiores, de 2 a 3 tf/m², só devem ser consideradas em muros de altura menor
que 10 m;
Para muros muito pequenos, com altura menor que 2 m, a influência das sobrecargas não
deve ser desprezada; elas podem até ser responsáveis pelos maiores efeitos sobre o muro;
Em muros muito grandes, acima de 15 de altura, é possível desprezar completamente o
efeito das sobrecargas, mesmo aquelas extremamente importantes.
Conforme Reis (2000), um corpo ao ser solicitado sofre deformações que dependem da
natureza do material do qual é constituído e da magnitude desta solicitação. Estabelecer relação
tensão-deformação é uma tarefa que, na maioria das vezes, incorpora vários erros devido à
complexidade do comportamento do material e a variabilidade da solicitação.
De acordo com Rohlfes Jr. (1996), o solo é um material granular desagregado trifásico
(ou quadrifásico se considerarmos a água absorvida como outro material) cujo comportamento
macroscópico depende da natureza do contato entre as partículas e dos movimentos e
43
deformações dos grãos nestes contatos, ao contrário de outros materiais, como o concreto e o
aço, que podem ser facilmente representados como meios contínuos.
Segundo Porto (2010), é significativamente importante para o projetista saber o
comportamento mecânico do material em análise. Neste sentido, as Teorias da Elasticidade e
da Plasticidade apresentam alguns modelos de idealização do comportamento tensão-
deformação. O autor ainda completa dizendo que, esses modelos devem sempre ser
representados por uma relação entre a tensão, deformação e o tempo.
Os modelos a serem descritos são: elástico (linear e não-linear), plástico e viscoso.
No modelo elástico, um corpo ao ser solicitado por uma carga externa sofrerá
deformações imediatas, que permanecem constantes enquanto durar o carregamento. Sendo
totalmente reversíveis no descarregamento. (REIS, 2000)
𝜎 =𝐸∙𝜀 (27)
44
Segundo Porto (2010), na elasticidade não linear (Figura 25b), não há essa
proporcionalidade; existe, porém, uma função que dá, univocamente, o valor da tensão para
cada valor de deformação específica.
Nesse modelo, ao se aplicar uma ação externa em um corpo, este sofrerá deformações
que variam ao longo do tempo, sendo essas deformações irreversíveis, quando o corpo for
descarregado. (PORTO, 2010)
A Figura 27 ilustra graficamente o modelo viscoso.
45
Reis (2000) explica que, analiticamente equação (28) a tensão é proporcional à taxa de
variação da deformação com o tempo dε/dt, de modo que no instante de aplicação da tensão a
deformação é nula.
𝑑𝜀
𝜎=𝜂∙ (28)
𝑑𝑡
Onde:
𝜂 – Coeficiente de viscosidade do material.
Segundo Reis (2000), para reproduzir o comportamento dos diversos materiais, naturais
ou não, é possível combinar os três modelos básicos vistos anteriormente. Estas combinações
estão agrupadas em quatro grandes categorias: elasto-plástica, visco-elástica, visco-plástica e
elasto-visco-plástica.
Os modelos elasto-plásticos consideram tanto o comportamento elástico quanto o
plástico, ou seja, estes modelos resguardam o comportamento não-linear e inelástico dos solos.
(PORTO, 2010)
É sugerido inicialmente, conforme Borges (2016), que seja realizada uma análise linear-
elástica, para facilitar a avaliação da modelagem quanto etapas construtivas, parâmetros
geotécnicos e condições de contorno, sem preocupação com limites de convergência. Depois
46
Para o Coeficiente de Poisson dos solos, Teixeira e Godoy (1996 apud AOKI, 2013)
apresentam valores típicos, exibidos na Tabela 5.
2.6 Taludes
Entende-se por talude qualquer superfície inclinada em relação a horizontal que delimita
uma massa de solo, rocha ou outro material qualquer (minério, escória, lixo etc.). Como
ilustrado pela Figura 29, podem ser naturais (encostas) ou construídos pelo homem (cortes ou
aterros).
De acordo com DNIT (2010), o talude é expresso por uma relação entre a altura e a base
de um triângulo retângulo, que tem um segmento da rampa por hipotenusa, como exemplificado
na Figura 30. Toma-se a vertical (V) como referência e não a horizontal (H), porque os
dispositivos usados para medir os taludes são de gravidade.
É aconselhável, ainda conforme DNIT (2010), para os cortes, um talude máximo de 1:1
(V:H) e, para os aterros compactados, a inclinação máxima de 2:3 (V:H).
No entanto, não basta seguir tais diretrizes para o dimensionamento de taludes. Deve-se
também, fazer a análise da estabilidade do elemento. Os métodos existentes para o cálculo e o
modelo mais usual serão abordados no tópico seguinte.
48
Segundo Silva (2016) a Teoria de Equilíbrio Limite, pode ser aplicada a análise de
estabilidades, onde se realiza a aplicação de um dos três métodos:
Método geral: É aplicada a toda massa de solo (instável) as condições de equilíbrio, onde o
comportamento da massa de solo é de um corpo rígido;
Método das fatias: A massa de solo (instável) é dividida em fatias (verticais, geralmente),
e as condições de equilíbrio são aplicadas a cada fatia separadamente;
Método das cunhas: A massa de solo (instável) é dividida em cunhas, sendo aplicadas as
condições de equilíbrio separadamente.
Para o presente trabalho interessa apenas uma breve explanação acerca do Método das
Fatias, pois conforme Souza Júnior (2013), dentre os métodos que utilizam a hipótese do
equilíbrio limite, este é o mais utilizado. O cálculo é realizado dividindo o solo acima da linha
de rotura em fatias de faces verticais (Figura 32) e analisando o equilíbrio das mesmas.
De acordo com Silva (2011), em 1936, Fellenius introduziu o primeiro método para uma
superfície de deslizamento circular, também conhecido por Método Sueco. Outros lhe
sucederam, como por exemplo, Janbu (1954), Bishop (1955), Morgenstern e Price (1965),
Spencer (1967) e Correia (1988), entre outros.
Da mesma forma, a explanação detalhada de cada um extrapola o âmbito deste trabalho.
No entanto, será feita uma breve explicação do modelo proposto por Morgenstern e Price.
De acordo com Gerscovich (2016), o método mais geral de equilíbrio limite para
superfície qualquer foi desenvolvido por Morgenstern e Price (1965). A autora complementa
dizendo que, este método é um dos mais completos, pois satisfaz as três equações de equilíbrio
50
da estática. Por conta de sua elevada complexidade é indispensável o uso de computadores para
sua aplicação.
O fator de segurança que esse método determina é gerado por meio da soma das forças
tangenciais e normais atuantes na base da fatia, e o somatório dos momentos em torno do centro
da base da fatia, e sucessivamente as equações formuladas para fatias de largura infinitesimal.
Para se obter o fator de segurança é necessária uma modificação da técnica numérica de
Newton-Raphson e as equações de forças e momentos são combinadas e atendidas em questões
de equilíbrio. A solução é baseada na adoção arbitrária da direção da resultante das forças inter-
fatias (SILVA, 2011).
Esse método foi desenvolvido tendo por base o talude ilustrado na Figura 33, com base
nas condições de equilíbrio da massa de solo, delimitada pela superfície do terreno – descrita
pela equação y = Z(x) – e pela superfície de ruptura curva adotada – expressa pela relação y =
y(x). Duas linhas complementares na figura expressam as condições iniciais do problema não
conhecidas, a princípio: lei de variação das tensões efetivas – expressa pela relação y = y’t (x)
e a lei de variação das pressões intersticiais – expressa pela relação y = ℎ (x). Essa função
determina a inclinação das forças entre fatias.
Para a formulação do método, as forças de interação são, neste caso, controladas por
uma função 𝑓(𝑥) multiplicada por um fator λ, que deve ser especificado previamente, de acordo
com a equação (29) .
𝑋 = 𝐸 ∙ 𝜆 ∙ 𝑓(𝑥) (29)
Onde:
𝑓(𝑥) – Função;
λ – Porcentagem da função usada;
E – Força normal de interação entre as fatias;
X – Força tangencial de interação entre as fatias.
metodologia realiza o cálculo com base nas relações tensão deformação dos materiais,
possibilitando, para além disso, a especificação da lei de comportamento dos mesmos (linear
elástica, não linear, elasto-plástica, entre outras). Apesar de os resultados serem mais rigorosos,
este tipo de análise exige um maior esforço computacional e a introdução de uma maior
quantidade de dados, obrigando o utilizador à recolha de mais informação, muitas vezes
inexistente ou difícil de obter.
Conforme Gerscovich (2016) os resultados fornecidos em termos de tensões e
deformações permitem:
Segundo Hachich (1998), após a fase de concepção, a primeira providência para poder
projetar uma estrutura econômica e, ao mesmo tempo, garantir a sua segurança é a previsão do
seu comportamento sob as ações a que ela estará sujeita na sua vida útil. É a fase do projeto
denominada análise (ou "cálculo"), na qual é quantificado o comportamento das estruturas.
Conforme Cavalcante (2006), na verificação da estabilidade de um muro de arrimo há
que se atentar para a possibilidade de deslizamento e tombamento. Além disso, deve-se
considerar a possibilidade de ruptura do talude formado (análise de estabilidade global), bem
como verificar as tensões aplicadas ao solo de fundação e os recalques (segurança a ruptura do
solo de fundação). Para alguns tipos de estruturas de contenção devem ser feitas verificações
de sua estabilidade interna (gabiões, contenções em terra armada, solo envelopado, etc). A
Figura 35 ilustra os tipos de ruptura descritos.
Aoki (2013) explica que, de modo geral, o comportamento de uma estrutura sob ação
das cargas funcionais e ambientais é considerado satisfatório, quando: a) no estado limite último
ou de ruína, o sistema oferece uma segurança satisfatória contra a ruptura; b) no estado limite
54
Onde:
𝑃 – Peso do muro;
𝑆 – Área da seção transversal;
55
1 2 1
∙ 𝑎 ∙ ℎ + 6 ∙ ℎ (𝐵 2 + 𝑎 ∙ 𝐵 − 2 ∙ 𝑎2 )
𝑥 ′𝑔 = 2 (31)
𝑆
1 2 1
∙ 𝑎 ∙ ℎ + 6 ∙ ℎ2 (𝐵 − 𝑎)
𝑦 ′𝑔 = 2 (32)
𝑆
Onde:
𝛽 – Ângulo formado entre a face externa do muro e o plano vertical.
2.7.2. Deslizamento
Atuam na estrutura as forças N e T fazendo com que o muro tenda a escorregar. Ambas
podem ser obtidas de acordo com as equações (35) e (36), respectivamente, que foram
resumidas devido ao fato de se desprezar o empuxo passivo atuante na frente do muro.
57
Onde:
𝑁 – Força normal atuante na base;
𝑇 – Força tangencial atuante na base;
𝑃 – Peso do muro;
𝛽 – Ângulo formado entre a face externa do muro e o plano vertical;
𝐸𝑎 – Empuxo ativo;
𝛼 – Ângulo formado entre o plano de aplicação do empuxo ativo e a horizontal;
𝛿 – Ângulo de atrito entre o solo e o muro.
A força de atrito disponível ao longo da base para conter o efeito do deslizamento é dada
pela equação (37).
𝑇𝑑 = 𝑁 ∙ tan 𝛿 ∗ + 𝑎′ ∙ 𝐵 (37)
Onde:
𝑇𝑑 – Força de atrito disponível ao longo da base;
𝑁 – Força normal atuante na base;
𝛿 ∗ – Ângulo de atrito entre o solo da fundação e a base do muro;
𝑎′ – Adesão;
𝐵 – Comprimento da base do muro.
Barros (2014) explica que o ângulo de atrito entre o solo da fundação e a base do muro
pode ser tomado como o mesmo do ângulo de atrito interno do solo, a menos que se instale um
filtro geotêxtil sob a base da estrutura. Neste caso, deve-se reduzir em 10% seu valor original.
O mesmo pode ser adotado para o solo arrimado. Quanto a adesão, recomenda-se adotar metade
do valor da coesão do solo de fundação.
O fator de segurança contra o deslizamento é dado pela equação (38).
𝑇𝑑
𝐹𝑆𝐷𝐸𝑆𝐿𝐼𝑍. = ≥ 1,5 (38)
𝐸𝑎 ∙ sen(𝛼 − 𝛿 − 𝛽) − 𝑃 ∙ sen 𝛽
58
Onde:
𝐹𝑆𝐷𝐸𝑆𝐿𝐼𝑍. – Fator de segurança contra o deslizamento;
𝑇𝑑 – Força de atrito disponível ao longo da base;
𝐸𝑎 – Empuxo ativo;
𝛼 – Ângulo formado entre o plano de aplicação do empuxo ativo e a horizontal;
𝛿 – Ângulo de atrito interno entre o solo e o muro;
𝛽 – Ângulo formado entre a face externa do muro e o plano vertical;
𝑃 – Peso do muro.
Segundo Gerscovich (2010), o deslizamento pela base é, em grande parte dos casos, o
fator condicionante. As alternativas ilustradas na Figura 38 permitem obter aumentos
significativos no fator de segurança:
a) base do muro é construída com uma determinada inclinação, de modo a reduzir a grandeza
da projeção do empuxo sobre o plano que a contém;
b) muro prolongado para o interior da fundação por meio de um “dente”; dessa forma, pode-se
considerar a contribuição do empuxo passivo.
2.7.3. Tombamento
De acordo com Gerscovich (2010), para que o muro não tombe em torno da extremidade
inferior esquerda (Figura 39), também chamada de fulcro de tombamento, a soma dos
momentos resistentes deve ser maior do que o momento solicitante.
59
Onde:
𝑀𝐸𝑎ℎ – Momento solicitante;
𝐸𝑎ℎ – Componente horizontal do empuxo ativo;
𝑌𝐸𝑎 – Distância vertical de aplicação do empuxo em relação ao fulcro;
𝐸𝑎 – Empuxo ativo;
𝛼 – Ângulo formado entre o plano de aplicação do empuxo ativo e a horizontal;
𝛿 – Ângulo de atrito entre o solo e o muro;
𝐻𝐸𝑎 – Altura de aplicação do empuxo ativo;
𝐵 – Comprimento base do muro;
𝛽 – Ângulo formado entre a face externa do muro e o plano vertical.
Em contrapartida, o momento resistente pode ser obtido pela soma de duas parcelas: o
momento oriundo do peso da estrutura e o momento da componente vertical do empuxo ativo.
60
A primeira parcela é dada pela multiplicação do peso próprio da estrutura pela distância
horizontal do centro de gravidade da mesma até o fulcro, conforme a equação (40).
𝑀𝑃 = 𝑃 ∙ 𝑋𝑔 (40)
Onde:
𝑀𝑃 – Momento oriundo do peso próprio da estrutura;
𝑃 – Peso da estrutra;
𝑋𝑔 – Distância horizontal do centro de gravidade até o fulcro de tombamento.
𝑀𝐸𝑎𝑣 = 𝐸𝑎𝑣 ∙ 𝑋𝐸𝑎 = [𝐸𝑎 ∙ cos(𝛼 − 𝛿)] ∙ [𝐵 ∙ cos 𝛽 − 𝐻𝐸𝑎 ∙ tan(90° − 𝛼)] (41)
Onde:
𝑀𝐸𝑎𝑣 – Momento da componente vertical do empuxo ativo;
𝐸𝑎𝑣 – Componente vertical do empuxo ativo;
𝑋𝐸𝑎 – Distância horizontal de aplicação do empuxo em relação ao fulcro;
𝐸𝑎 – Empuxo ativo;
𝛼 – Ângulo formado entre o plano de aplicação do empuxo ativo e a horizontal;
𝛿 – Ângulo de atrito entre o solo e o muro;
𝐵 – Comprimento da base do muro;
𝛽 – Ângulo formado entre a face externa do muro e o plano vertical;
𝐻𝐸𝑎 – Altura de aplicação do empuxo ativo.
𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑀𝑃 + 𝑀𝐸𝑎𝑣
𝐹𝑆𝑇𝑂𝑀𝐵. = = ≥ 1,5 (42)
𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑀𝐸𝑎ℎ
Onde:
𝐹𝑆𝑇𝑂𝑀𝐵. – Fator de segurança contra o tombamento;
61
Para a distribuição das pressões aplicadas pelo muro de contenção no solo de fundação,
determina-se primeiramente a distância entre o ponto de aplicação da força normal ao fulcro de
tombamento, conforme a Figura 40 e equação (43).
𝑀𝑃 + 𝑀𝐸𝑎𝑣 − 𝑀𝐸𝑎ℎ
𝑑= (43)
𝑁
62
Onde:
𝑑 – Distância entre o ponto de aplicação da força normal ao fulcro de tombamento;
𝑀𝑃 – Momento oriundo do peso próprio;
𝑀𝐸𝑎𝑣 – Momento da componente vertical do empuxo ativo;
𝑀𝐸𝑎ℎ – Momento da componente horizontal do empuxo ativo;
𝑁 – Força normal atuante na base.
𝐵
𝑒= −𝑑 (44)
2
Onde:
𝑒 – Excentricidade;
𝐵 – Comprimento da base do muro;
𝑑 – Distância entre o ponto de aplicação da força normal ao fulcro de tombamento.
Das (2016) explica que a questão da excentricidade deve ser observada, podendo ser
dividida em três casos possíveis, cujas variações proporcionam diferentes diagramas de
pressões na base do muro, conforme ilustrado na Figura 41.
Se |𝑒| ≤ 𝐵/6, a distribuição das pressões segue o diagrama da Figura 41a e as tensões
máximas e mínimas para este caso são dadas pelas equações (45) e (46), respectivamente.
𝑁 |𝑒|
𝜎𝑚á𝑥 = (1 + 6 ∙ ) (45)
𝐵 𝐵
𝑁 |𝑒|
𝜎𝑚í𝑛 = (1 − 6 ∙ ) (46)
𝐵 𝐵
Onde:
𝜎𝑚á𝑥 – Tensão máxima atuante na base do muro;
𝜎𝑚í𝑛 – Tensão mínima atuante na base do muro;
𝑁 – Força normal atuante na base;
𝐵 – Comprimento da base do muro;
𝑒 – Excentricidade.
Caso |𝑒| > 𝐵/6, a distribuição das pressões segue o diagrama da Figura 41b e a tensão
máxima é dada pela equação (47). Deve-se evitar esta condição devido à concentração de
tensões que ocorre.
2∙𝑁
𝜎𝑚á𝑥 = (47)
3∙𝑑
Onde:
𝜎𝑚á𝑥 – Tensão máxima atuante na base do muro;
𝑁 – Força normal atuante na base;
𝑑 – Distância entre o ponto de aplicação da força normal ao fulcro de tombamento.
𝛾 ∙ 𝐵 ∙ 𝑁𝛾 ∙ 𝑑𝛾 ∙ 𝑖𝛾
𝜎𝑙𝑖𝑚 = (𝑐 ∙ 𝑁𝑐 ∙ 𝑑𝑐 ) + (𝑞 ∙ 𝑁𝑞 ∙ 𝑑𝑞 ∙ 𝑖𝑞 ) + ( ) (48)
2
Onde:
𝜎𝑙𝑖𝑚 – Tensão limite da fundação;
𝑐 – Coesão;
𝑞 – Sobrecarga do solo acima do ponto de análise;
𝛾 – Peso específico do solo de fundação;
𝐵 – Comprimento da base do muro;
𝑁𝑐 , 𝑁𝑞 , 𝑁𝛾 – Fatores de capacidade de carga;
𝑑𝑐 , 𝑑𝑞 , 𝑑𝛾 – Fatores de profundidade;
𝑖𝑞 , 𝑖𝛾 – Fatores de inclinação da carga.
𝑞 =𝛾∙𝑦 (49)
𝑇
𝑖𝑞 = 1 − (50)
2∙𝑁
𝑖𝛾 = 𝑖𝑞 2 (51)
𝑦
𝑑𝑐 = 𝑑𝑞 = 1 + 0,35 ∙ (52)
𝐵
𝑑𝛾 = 1 (53)
𝜋 ∅
𝑁𝑞 = e𝜋 ∙ tan ∅ . tan2 ( + ) (54)
4 2
Onde:
𝑞 – Sobrecarga de solo acima do ponto de análise;
65
A tensão admissível da fundação, expressa pela equação (56), pode ser descrita como a
razão entre a tensão limite no solo em estudo e o fator de segurança mínimo exigido pela norma
ABNT NBR 6122 (2010) para modelos de cálculo semi-empíricos e analíticos sem a realização
de provas de carga, corresponde a 3.
𝜎𝑙𝑖𝑚
𝜎𝑎𝑑𝑚 = (56)
3
Onde:
𝜎𝑎𝑑𝑚 – Tensão admissível da fundação;
𝜎𝑙𝑖𝑚 – Tensão limite da fundação.
Barros (2014) explica que, caso haja camadas de solos menos resistentes abaixo da
fundação, a carga máxima admissível deve ainda ser verificada para estas camadas. Neste caso
deve-se também levar em conta o “espraiamento” das pressões verticais aplicadas pela estrutura
de arrimo até a camada analisada.
Segundo Cintra (2011), a propagação de tensões ocorre de uma forma simplificada,
mediante inclinação 1:2 (que corresponde a aproximadamente 27° com a vertical), conforme
ilustrado pela Figura 42, em que “z” é a distância da base da sapata ao topo da camada.
A tensão atuante a ser considerada na camada analisada é dada pela variação da tensão
máxima calculada na base da estrutura, sendo distribuída ao longo de “z”, conforme expresso
pela equação (57). Deve-se ressaltar que a profundidade máxima a ser considera equivale a duas
vezes o comprimento da base.
𝜎𝑚á𝑥 ∙ 𝐵 ∙ 𝐿
∆𝜎 ≅ (57)
(𝐵 + 𝑧) ∙ (𝐿 + 𝑧)
Onde:
∆𝜎 – Variação da tensão máxima;
𝜎𝑚á𝑥 – Tensão máxima atuante na base da estrutura;
𝐵 – Comprimento da base do muro;
𝐿 – Largura da fundação, no caso a ser estudado 𝐿 = 1,00 𝑚;
𝑧 – Profundidade até a camada a ser analisada.
A força tangencial máxima admissível, dada pela equação (59), varia de acordo com o
ângulo de atrito e com coesão entre os gabiões, conforme expresso pelas equações (60) e (61),
respectivamente.
∅∗ = 25 ∙ 𝛾𝑔 − 10° (60)
𝑐𝑔 = 3 ∙ 𝑝𝑢 − 5 (61)
Onde:
𝑇𝑎𝑑𝑚 – Força tangencial admissível na seção;
𝑁 – Força normal atuante na seção;
∅∗ – Ângulo de atrito interno entre os gabiões;
𝑐𝑔 – Coesão entre os gabiões, expresso em kPa;
𝐵 – Comprimento da base na seção;
𝛾𝑔 – Peso específico do gabião;
𝑝𝑢 – Peso da rede metálica, expresso em kgf/m³.
Para a obtenção do peso da rede metálica, Barros (2014) recomenda os valores expressos
na Tabela 7 que variam de acordo com a malha a ser utilizada, o tamanho da caixa de gabião e
o diâmetro do fio.
Além disso, também é necessária a verificação quanto à tensão normal entre os blocos.
Para o cálculo da tensão máxima, conforme a equação (62), admite-se que a força normal se
distribui uniformemente em torno do seu ponto de aplicação até uma distância, que compreende
o local de aplicação e a borda da camada de gabiões. Esta pode ser obtida da mesma forma que
anteriormente, expressa pela equação (43), através da relação dos momentos existentes no muro
e a força normal atuante.
𝑁
𝜎𝑚á𝑥 = (62)
2∙𝑑
Onde:
𝜎𝑚á𝑥 – Tensão máxima atuante na seção;
𝑁 – Força normal atuante na seção;
𝑑 – Distância entre o ponto de aplicação da força normal a borda da camada de gabiões.
A tensão admissível entre as camadas é dada pela equação (63) e deve ser maior que a
tensão máxima atuante para que se verifique a segurança da estrutura na seção analisada.
Onde:
𝜎𝑎𝑑𝑚 – Tensão máxima admissível na seção;
𝛾𝑔 – Peso específico do gabião.
∑ 𝑀𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝐹𝑆𝐺𝐿𝑂𝐵. = > 1,5 (64)
∑ 𝑀𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠
As estruturas em gabião são estruturas antigas, que teve seu pioneirismo na Itália e a
partir de 1970 passou a ser aplicada no Brasil. Têm constituição formada por telas metálicas de
malha hexagonal de dupla torção. O seu preenchimento utiliza pedras com dimensões
superiores às dimensões da malha. Essa técnica que funciona à gravidade, é vista como
vantajosa tecnicamente e economicamente. Os gabiões formam estruturas destinadas para
solução de problemas geotécnicos e de controle da erosão. (BARROS, 2014)
As unidades de gabião são unidas por costuras de arames qualificando as estruturas
como monolítica. A ocorrência disso depende de algumas características da malha como:
elevada resistência mecânica, elevada resistência à corrosão e boa flexibilidade.
70
As estruturas de gabião, no que diz respeito às telas metálicas para o preenchimento das
pedras, podem ser classificadas de três maneiras: gabião do tipo caixa, gabião do tipo saco e
gabião do tipo colchão reno. Cada uma delas terão suas características abordadas no item a
seguir com as devidas ilustrações.
As dimensões para a montagem das caixas podem variar de 1,00 a 4,00 metros para o
comprimento e de 0,50 a 1,00 metro para a largura.
Usualmente conhecidos pela forma cilíndrica, os gabiões do tipo saco também são
constituídos por um pano de malha hexagonal com dupla torção, porém após preenchido in loco
com material de pedra, suas bordas livres são amarradas com um arame especial, conforme
ilustrado pela Figura 45. Eles são utilizados como apoio para obras de contenção com presença
de água e com solos de fundação sem capacidade de suporte.
72
As dimensões do gabião tipo saco variam de 1,00 a 6,00 metros para o comprimento,
sendo o diâmetro fixo de 0,65 metros.
Este modelo se assemelha ao tipo caixa, porém apresenta pequena altura e grande área.
Sua principal atuação é como revestimento flexível de margens e fundo de cursos d’água como
pode ser visto na Figura 46.
As dimensões do gabião tipo colchão reno variam de 3,00 a 6,00 metros para o
comprimento, tendo largura fixa de 2,00 metros. Sua espessura pode variar entre 0,17 m, 0,23
m e 0,30 m.
73
3 METODOLOGIA
DESNÍVEL
NECESSÁRIO
TRANSPORTADORAS
DE CARGA
BRITADOR
A primeira etapa, pode ser tratada com mais facilidade atualmente. Isso ocorre, pois o
projetista tem auxílio de inúmeras ferramentas computacionais, como a elaboração de planilhas
automatizadas. Tal fato além de reduzir o processo de cálculos, possibilita modificações
posteriores, caso necessário. Em seguida, parte-se para as verificações de estabilidade através
dos fatores de segurança, que podem afetar diretamente as dimensões da estrutura até que a
estabilidade seja garantida.
Para análise do estudo de caso foram elaboradas as seguintes etapas:
responsável pelo ensaio SPT, foi adotado as características do solo 2 para estudo na faixa
correspondente. O resultado dos cálculos, obtidos através do método de Morgenstern-Price, é
apresentado na Figura 50.
20 kPa
Nota-se que o fator de segurança obtido corresponde a 0,407, ou seja, abaixo do valor
mínimo de 1,5 adotado no presente trabalho, conforme NBR 11682 (2009). Portanto, é
necessária a solução a partir de outros métodos.
De acordo com Carvalho (1991, apud FILHO e VIRGILI, 1998), são com base no
conhecimento das causas dos processos de instabilização de taludes de cortes, aterros e encostas
78
naturais que devem ser definidas e construídas as obras de estabilização. Este embasamento
faz-se necessário para garantir a eficácia e a eficiência das obras do ponto de vista técnico e
econômico, evitando a execução de obras desnecessárias e a alocação de recursos financeiros
excessivamente elevados para a sua função.
Carvalho (1991, apud FILHO e VIRGILI, 1998) propõe um fluxograma (Figura 51)
para utilização de diferentes grupos de obras como alternativas, levando-se em conta
instabilizações em aterros e taludes de cortes e o princípio do emprego das soluções mais
simples para as mais complexas.
O método que mais se adequa a situação, sendo o tema do presente trabalho, é o de obras
de contenção, mais especificamente um muro de gravidade de gabião. Tendo em vista as
análises de viabilidade e de comparação com a estrutura existente em concreto ciclópico, a
escolha deste tipo de muro foi impactada, no caso particular, pela abundância e possibilidade
de produção do recurso principal neste tipo de estrutura (pedra britada) por parte da empresa
interessada em sua construção, a Pedreira Santo Antônio.
79
As características geométricas definidas podem ser vistas de acordo com a Figura 52,
onde se destacam as restrições da altura a ser vencida e a inclinação máxima do muro,
correspondentes a 13,00 metros e 8,00º, respectivamente.
Os valores dos parâmetros de solo de fundação como camada a ser analisada, número
de golpes obtidos no ensaio SPT, peso específico do solo, ângulo de atrito interno e coesão
encontram-se disponíveis na Tabela 11, respectivamente.
A análise da ruptura da fundação será realizada até o Solo 7, pois este representa o menor
valor Nspt obtido em ensaio, sendo consequentemente a menor resistência dada a semelhança
do solo entre as camadas.
82
5.1 Deslizamento
5.2 Tombamento
Para a análise das tensões admissíveis em cada camada foram utilizados os conceitos
abordados no item 2.7.4.2. A Tabela 16 apresenta os valores de cálculo da tensão admissível na
junção dos Solos 1, 2, 3, 4 e 5.
Por fim, o mesmo acontece para a camada crítica, representada pelo Solo 7. Os
resultados obtidos estão dispostos na Tabela 18.
Para a análise da ruptura global do muro de gabião foi utilizado, bem como para o talude
hipotético, o software GeoStudio SLOPE/W. No entanto, desta vez a modelagem seguiu os
parâmetros propostos anteriormente pela Tabela 11, visando uma uniformidade entre os solos,
além da simplificação no cálculo.
A Figura 54 ilustra o resultado obtido, demonstrando as camadas já mencionadas, o
muro em questão, a cunha de ruptura gerada e o respectivo fator de segurança do problema.
89
20 kPa
MURO
SOLO 1, 2, 3, 4, E 5
SOLO 6
SOLO 7
SOLO 8
SOLO 9
CONCLUSÃO
Os estudos realizados através das teorias para o cálculo das estabilidades de muros de
gabião mostraram-se satisfatórios em todos os aspectos pertinentes, conforme explicado na
discussão dos resultados. Isto se deu devido a adaptação da geometria frente a magnitude dos
esforços, haja visto que os parâmetros de solo obtidos através de correlações com o ensaio SPT
limitavam o problema. Porém, o simples reconhecimento dos materiais dispostos no problema
é, de certo modo, agradável tendo em vista que em muitos dimensionamentos os projetistas são
obrigados a trabalharem às cegas.
As verificações que apresentaram maior dificuldade durante os cálculos foram quanto a
análise de tombamento da estrutura e a ruptura do solo da fundação, sobretudo a camada
unificada que compreende os Solos 1, 2, 3, 4 e 5. Em razão disso, para absorção dos grandes
momentos atuantes, bem como a dissipação da tensão atuante na base, se deu a necessidade da
seção transversal um tanto quanto robusta, compreendendo a área total de 60,00 m², o que eleva
o consumo de materiais. O comprimento da base, aliado do ângulo de inclinação necessário a
segurança da estrutura, ocasionam o assentamento do muro a uma profundidade de
aproximadamente 2,70 m, impondo uma escavação prévia para a execução da mesma. No
entanto, ao relacionar tais fatores com a facilidade dos meios necessários para a execução no
local de interesse (Pedreira Santo Antonio), como maquinário e matéria-prima básica, tem-se
um olhar benéfico para a solução.
A análise comparativa envolta da estrutura executada em concreto ciclópico se deu
apenas quanto aos materiais principais, além dos modelos construtivos. Mesmo que de maneira
simplória, é possível se ter uma noção inicial quanto a análise da viabilidade de ambas
estruturas. Uma visão mais sistêmica e aprofundada do assunto, extrapolaria o âmbito do
presente trabalho, mas serve de sugestão para monografias futuras, aplicando conceitos de
planejamento e orçamentação de obras. Porém, é seguro dizer que a execução de uma estrutura
de gabião (independente do quantitativo de material necessário) sob os fatores benéficos já
mencionados, sairia a preço de custo para a Pedreira Santo Antonio.
Por fim, destacam-se o cumprimento dos conceitos normativos obtidos durante o
dimensionamento do muro de gabião, verificando assim a segurança do problema que foge as
ordens grandezas comumente trabalhadas neste tipo de estrutura.
93
REFERÊNCIAS
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2013. 144 p.
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Textos, 2011. 140 p.
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Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, 1998.
94
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MARCHETTI, O. Muros de Arrimo. 1. ed. São Paulo/SP: Edgar Blucher, 2007. 152 p.
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SILVA, João Paulo Moreira. Os métodos de equilíbrio limite e dos elementos finitos na
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Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,
Porto, Portugal 2011.