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Artigos compilados:

D´Alcântara Berdinardinel Costa, Ph.D.

Pós-graduado Psicologia Jurídica

Msc in Inteligencia Criminal

Ph.D. in Criminalsitics e Ciência Forense

Pos Doct em Direito Penal

VISÃO PANORÂMICA DA PSICOLOGIA JURÍDICA


DIVISÕES E MARCO TEÓRICO
1. - PSICOLOGIA CRIMINAL
2. - PSICOLOGIA FORENSE
3. - PSICOLOGIA PENITENCIÁRIA
4. PSICOLOGIA INVESTIGATIVA
5. PSICOLOGIA DOS DIREITOS HUMANOS

1 - Introdução
O presente artigo coletou itens das distintas abordagens psicologicas que apresentam vínculo
inseparável com a área de Direito. Para tanto, analisa-se o conceito de psicologia jurídica, entendem-
se os aspectos psicológicos presentes na instituição prisional, bem como discutem-se as formas em
que as ciências psicologicas contribuem no sistema judicial. Para articulação do tema, foi utilizada
pesquisa bibliográfica, com base em livros e artigos científicos especializados em Psicologia Jurídica
e Direito.

Para o desenvolvimento da primeira parte desse trabalho foi realizado um estudo acerca da
interface entre direito e psicologia para a melhor compreensão do seu histórico, do conceito, bem
como das possíveis áreas de atuação. A psicologia jurídica é uma ramificação da psicologia que
nasceu da interface com o direito e seu saber é reconhecido como de suma importância no âmbito da
justiça. As atuações do psicólogo dentro do sistema judicial que na maioria das vezes se limitava em
elaborações de laudos e pareceres, hoje são bastante abrangentes, podendo assim ser colocada como
presente e necessária em quase todo âmbito do mundo jurídico.

Apresenta-se também um histórico das formas punitivas que eram realizadas desde antes da
introdução do Estado na chamada civilização. Analisa-se a passagem dos tipos de punições aplicadas
no século XVIII e as formas que eram executadas, fazendo uma comparação com as penas dos dias
atuais, com enfoque na pena privativa de liberdade. Após ser discutido como surgiram as referidas
penas e o denominado sistema prisional, o presente trabalho aborda as questões subjetivas dos
indivíduos que cumprem pena privativa de liberdade, como também os fatores que podem ser
desencadeantes para o acto ilegal. Assim, é possível que seja analisada a melhor forma de se intervir,

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a fim de se chegar ao resultado mais positivo, visando a prevenção e não esquecendo da importância
de atuar de maneira a garantir os Direitos Humanos.

Diante do item terceiro desse trabalho podem ser analisadas as diversas formas de atuação
dentro do sistema prisional, área em que o trabalho do psicólogo está a ser cada dia valorizado tendo
em vista os resultados positivos que vêm sendo apresentados. Os trabalhos realizados dentro do
sistema prisional são vistos como um todo, são analisadas as demandas existentes e as melhores
formas de intervenções, podendo ser realizados de forma individual, grupal e dentro das Comissões
Técnicas de Classificação (CTCs). Além dos trabalhos junto aos indivíduos que cumprem pena
privativa de liberdade, os psicólogos podem também realizar trabalhos com os familiares dos
mesmos, com a finalidade de amenizar o sofrimento de ver seu parente dentro de uma prisão como
também para ajudar a recebê-los quando os mesmos voltarem ao convívio social. Cabe ao psicólogo
também trabalhar junto aos funcionários do sistema prisional, tendo em vista a precariedade das
condições de trabalho dentro das instituições como também a forma que os agentes lidam com as
pessoas que estão a cumprir pena privativa de liberdade. Neste item, destacar a intervenção do
psicologo juridico nos campos de concessão de liberdade condicional (periculosidade criminal do
recluso), regressão e progressão da pena, adaptação a prisão, ressocialização e na reinserção
(laboral/familiar/social) do ex-recluso.

2 - Psicologia Jurídica
A psicologia jurídica é uma especialidade da ciência psicológica que aplica os seus saberes nas
várias áreas da justiça (comportamento criminoso, motivação para o crime, resarcimento de danos a
vitima, violencia doméstica, abusos e agressões em crianças/idosos, adopção, tutelas, divorcio,
casamento, sucessões e herenças, conflitos testamentários, etc), essa especialidade está em total
desenvolvimento e se expande cada vez mais. A necessidade do trabalho do psicólogo dentro do
mundo jurídico já tem estado a ser questionado há séculos e é visto como sendo de suma
importância.

2.1 História da Psicologia Jurídica

Para além dos grandes trabalhos por Wundt, Cattle, Benit, Munsterberg, Hans, Locard,
Lombroso e outros perfilam ainda alguns inovadores cientistas que trouxeram
contributos valiosos ao surgimento da Psicologia Jurídica.Assim, de acordo com Jesus
(2001), foi no século XVIII que surgiram os primeiros sinais da psicologia jurídica. Ele afirma que o
tema que estabeleceu a relação entre a psicologia e o direito foi “...o sentimento jurídico do
estabelecimento de normas para o convívio comum conforme as regras e normas de conduta”
(JESUS, 2001:27). É complexo delimitar o seu início, pois não existe um único marco histórico que
define esse momento (LAGO, 2009). Para Leal (2008), foi em 1868, que a psicologia surgiu
auxiliando a justiça com a publicação do livro “Psychologie Naturelle” de autoria do médico francês
Prosper Despine, onde o mesmo apresentou estudos de casos dos grandes criminosos daquela época.
Despine dividiu os casos em grupos de acordo com o motivo desencadeador do crime e investigou
cada membro, visando suas particularidades psicológicas.

O saber que viria dar conta do estudo da relação crime/criminoso surge no cenário das
ciências humanas em 1875, fundada por Despine, a chamada Psicologia Criminal “denominação
dada naquela época às práticas psicológicas voltadas para o estudo dos aspectos psicológicos do
criminoso” (LEAL, 2008:173). Esta área da psicologia fica sendo um referencial importante para
todos os profissionais de Direito Penal.

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Bonger (1943 apud LEAL, 2008) cita alguns autores que fazem parte da pré-história da
Psicologia Criminal: Pitaval, na França em 1734; Richer em 1772; Schaumann, na Alémanha em
1792, entre outros. Para ele, os autores citados acima pecaram em não terem se preocupado em
construir uma teoria sobre os dados encontrados como também não usaram métodos rigorosos nas
escolhas dos casos.

O desenvolvimento da psicologia criminal se deu quando os psicólogos clínicos começaram a


colaborar nos exames psicológicos legais e em distintos aspectos com os sistemas de justiça juvenil,
nos laudos psicológicos (JESUS, 2001). É através da área criminal, da importância dada a avaliação
psicológica e a preocupação com a conduta humana que se deu a aproximação do Direito com a
Psicologia (LAGO, 2009).

A obra de Rossi, “Psicologia Coletiva”, mostra a idéia de que o direito surgiu a partir da
consciência coletiva dos povos, expandindo a discussão pelo século XIX. No final do mesmo século,
surgiram algumas reflexões sobre o Direito e sua função na vida social, tendo como partida a
psicologia e as ciências próximas a ela, sendo exemplos a obra de Fichte (1796), “Fundamentos do
Direito Natural segundo os princípios da doutrina da ciência“, em que formula as relações do Direito
com o Estado; em 1893, Émile Durkheim lança o conceito de anomia e Mead publica em 1917, “The
psychology of punitive justice”. Mas as grandes quantidades de trabalhos literários relacionando o
Estado, a Sociedade e a Legislação surgiram no século XX (JESUS, 2001).

A preocupação da necessidade de conhecimentos psicológicos na Justiça vem antes do século


XX, os próprios juristas contestavam essa necessidade e já havia publicações a respeito como a de
Eckardts Hausen, “A necessidade de conhecimento psicológico para julgar os delitos” no ano de
1792. Também no ano de 1792, J. Schaumann escreveu sobre “A idéia de uma psicologia criminal”,
Munch, em 1799, pública “influência da psicologia criminal sobre um sistema de direito penal”
(GARZON apud JESUS, 2001).

Em 1835, foi que pela primeira vez apareceu o termo Psicologia Judicial, através da publicação
do “Manual Sistemático de Psicologia Judicial”. Nessa obra o autor destacava a importância da
Antropologia e da Psicologia auxiliando a atividade judicial corretamente. Para Jesus (2001), a
necessidade de o juiz compreender os conceitos psicológicos fica totalmente evidenciada com a
publicação da obra: “o erro e a relação jurídica: uma investigação jurídica- psicológica” do autor
Zitelman.

Jesus (2001) cita várias publicações feitas no final do século XIX sobre o Direito e a sua função
na vida social a partir de ciências próximas da Psicologia, mencionando o surgimento da real
necessidade da aplicação da Psicologia no Direito nesse século; cita obras como “A psicologia em
suas principais aplicações à administração da justiça” de Hoffbauer em 1808, dentre outras.

Além das várias obras publicadas sobre a importância da psicologia no âmbito da justiça, vários
fatores estabeleceram a definitiva relação da Psicologia com o Direito, Psicologia Jurídica, entre elas
a aproximação das ciências médicas com a psicologia e a fisiologia, tornando a psicopatologia o
tema central. Assim a psicologia criminal se destaca como uma ciência de suma importância para
a contribuição da compreensão da conduta e da personalidade do criminoso e o crime começa a
ser visto como um problema “do Juiz, do advogado, do psiquiatra, do psicólogo, do sociólogo,”
não apenas do criminoso (DOURADO, 1965 apud LEAL, 2008:173).

De acordo com Vilela (2000), foi a partir do estudo experimental dos processos psicológicos
que a psicologia inicia sua trajetória cientifica, sendo as técnicas dos testes psicológicos
instrumentos importantes que aproximaram a Psicologia do Direito. A autora ressalta a importância,

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por exemplo, da veracidade de um testemunho “[...] questão para a qual é importante o
conhecimento da percepção, da motivação e emoção, do funcionamento da memória, do mecanismo
de aquisição de hábitos, do papel da repressão” (VILELA, 2000:16).

Segundo Jesus (2001), no início do século XX, trabalhos empíricos-experimentais foram


realizados por psicólogos alemães e franceses, sobre o testemunho e sua participação nos processos
judiciais. J. M. Catttel (1895) desenvolveu vários trabalhos sobre memória e testemunho, seus
estudos foram considerados por alguns psicólogos como ponto de partida da psicologia no campo
jurídico, pois os mesmos indicavam a importância que a psicologia possui no campo legal. A
publicação do livro de Hugo Munsternberg “on the witness stand” 1907, “... que lançou a idéia da
utilização de um teste de associação de palavras para ajudar a estabelecer a culpabilidade ou a
inocência de acusados, tendo sido atacado duramente pelos juristas da época” (JESUS, 2001:30),
também teve um papel relevante.

A psicologia abriu ainda mais os aspectos de investigação, sendo eles o “sistema de


interrogatório, os tipos de fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as amnésias
simuladas, os testemunhos de criança, as rodas de investigação etc” (GARRIDO,1994 apud
JESUS, 2001.31), desenvolvendo assim a psicologia do testemunho.

Em 1955, o psicólogo Clark participou como perito judicial em uma audiência, onde
apresentou dados empíricos e psicológicos que foram aceitos pelo tribunal Supremo dos Estados
Unidos da América, afirmando assim a necessidade de fundamentação psicológica não somente
no direito, mas na prática jurista (JESUS, 2001).

De acordo com parágrafo anterior algumas publicações podem ser citadas como The American
Jury, 1966, de Kalven (jurista) e Zeisel (sociólogo) que escreveram um projeto de análise do
comportamento dos juristas. Em 1975, Thimbaut e Walker, terminaram o programa de investigação
psicológica experimental, obra que deu impulso ao surgimento de outra muito importante, The
Social Psychology of Procedural Justice, publicada por Lindy-Tyler em 1988 (JESUS, 2001).

Os anos seguintes são o resultado de um notável desenvolvimento da Psicologia Jurídica, especialmente


nos paises de língua anglo-saxônica. Nos paises de língua latina, partiu da Espanha, onde o crescimento
e a aplicação foram notáveis, até os paises da América Latina, que estão iniciando a regulamentação e
aplicação da Psicologia na Justiça (JESUS, 2001:32).

Essa especialidade da Psicologia é a que mais está crescendo nos últimos anos e é um campo de
um futuro promissor, mas falta profissional especializado nessa área (LEAL, 2009).

2.2 - Conceitos da Psicologia Jurídica

A psicologia jurídica é uma prática interdisciplinar, que surgiu de acordo com as demandas que
foram aparecendo nas áreas destinadas às práticas jurídicas, porém a psicologia, de acordo com
Arantes (2004) ainda não se movimenta sozinha em função das exigências específicas ditadas pelo
Direito, logo, a demanda psicológica é indicada pelo Direito.

A relação da psicologia com o direito é uma relação que já estava prevista, pois as duas
ciências estão diretamente ligadas ao comportamento humano. A Psicologia busca a compreensão do
comportamento humano e o direito com as regras de condutas “certas” para que esse comportamento
se enquadre no contrato social para se viver em comunidade. O Direito também age para solucionar
conflitos que surgem para a mesma finalidade acima (TRINDADE, 2009).

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Jesus (2001), também destaca a certeza de que essa relação Psicologia e Direito teria que
acontecer pela mesma razão colocada por Trindade (2009), tendo em vista o complemento que a
psicologia fornece ao direito, e a importância de não querer ir além do que lhe compete:

A Psicologia, por um lado, procurando compreender e explicar o comportamento humano, e o Direito,


por outro, possuindo um conjunto de preocupações sobre como regular e prever determinados tipos de
comportamento, com o objetivo de estabelecer um contrato social de convivência comunitária (JESUS,
2001:34).

De acordo com Jesus (2001), a Psicologia Jurídica tem como finalidade estudar o
comportamento dos atores que formam o jurídico se constituindo de uma investigação
especializada da psicologia. Também é conhecida como Psicologia Forense, mas o mais adequado é
a primeira denominação que abrange atividades além das realizadas no foro.

França (2004:74) também a denomina como uma especialização que se relaciona com o
sistema de justiça, ressaltando a diferença da Psicologia Jurídica e da Psicologia Forense. A
primeira está relacionada ao direito como um todo, sendo que “a palavra jurídico é concernente ao
Direito, conforme as ciências do Direito e aos seus preceitos”. Já a Psicologia Forense esta
relacionada ao Foro Judicial, sendo que “o termo forense é relativo ao foro judicial. Relativo aos
tribunais”. Então, quando se fala de Psicologia Jurídica estamos nos referindo a todos os
procedimentos realizados no âmbito da justiça, dentro e fora dos foros judiciais.

Para qualificar e delimitar a psicologia como jurídica, Popolo (1996 apud FRANÇA, 2004), diz
ser os comportamentos complexos (conductas complejas) o objeto de estudo da Psicologia Jurídica.
Esses comportamentos ocorrem ou podem vir a ocorrer e devem ser de interesse do jurídico.

Apesar de todas essas afirmativas sobre a relação da psicologia e do direito, há profissionais da


área do Direito que acham impossível tal relação, de modo que as duas ciências pertencem a mundos
diferentes. A Psicologia pertencente ao mundo do ser e relacionada a causalidade e o Direito
pertencente ao mundo do dever-ser e relacionado a finalidade. Porém Trindade (2009) critica essa
linha de pensamento ao dizer que o homem como um todo pertence aos dois mundos: o ser e dever-
ser. “Essa linha de pensamento, por vezes referenciada à distinção entre ciências naturais e as
ciências do espírito, esquece que o homem, na verdade, é cidadão de dois mundos e pertence,
simultaneamente, ao reino do ser e do dever-ser” (TRINDADE, 2009:23).

De acordo com Altoé (2001 apud LEAL, 2008) todas as coisas relacionadas ao mundo do
Direito, principalmente as questões humanas, são complexas. Não são apenas burocráticas ou
processuais, por trás estão situações delicadas recheadas de sentimentos dolorosos. A autora cita
alguns exemplos como, por exemplo, pais que disputam à guarda dos filhos; maus tratos e violência
sexual contra criança; jovens que se envolvem com trafico; entre outros.

Silva (2007 apud LEAL, 2008) diz ser nesse contexto que a psicologia entra, colocando seus
conhecimentos e assessorando determinadas ações, tratando de uma profunda análise dos aspectos
tanto conscientes como inconscientes, do falado e não falado, entre outros tão importantes,
ultrapassando as colocações dos fatos.

Tamaso (2000) afirma que nos dias atuais, houve uma grande mudança no que diz respeito às
relações familiares, sociais e também na área tecnológica que a ciência do Direito não acompanhou,
apontando assim, a total relevância do trabalho do psicólogo nesse âmbito. “Imprescindível é
colocarmos em cada campo o que lhe é devido. Problema psicológico deve ser resolvido no âmbito
de inúmeras formas de psicoterapia, não no âmbito jurídico” (TAMASO, 2000:101).

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Hoje em dia é necessário o trabalho interdisciplinar, pois o mundo moderno está marcado pela
complexidade. Trindade (2008) afirma que a crise da ciência é uma pós disciplinar, pois as ciências
isoladas já não têm mais lugar no mundo moderno. O objetivo final de cada ciência é diminuir de
alguma forma o sofrimento humano.

De acordo com Bedim (2000), a Organizaçao Mundial de Saúde (OMS), tem propostas de
formar equipes Inter e Multiprofissionais, mas sabe-se que na teoria o trabalho é de suma
importância, porém na prática não é tarefa fácil.

A mesma autora coloca como seria enriquecedor juntarmos os vários saberes, atuando em um
mesmo objeto: o ser humano. Essa interação das várias ciências confirma a “[...] idéia de que não há
verdades absolutas nem universos acabados”. (BEDIM, 2000:204). A interdisciplinaridade mostra
que nada está isolado, nenhum fato ou nenhuma solução, e sim relacionados com vários fatores, não
podendo ser visto de uma só maneira. Enfim, a aproximação do pensamento da psicologia com o
jurídico, é de suma importância para que as duas ciências trabalhem juntas “harmonizando as
perspectivas entre as especialidades, bem como seu próprio objeto de estudo” o ser humano.

“Ademais, os psicólogos judiciários têm um trabalho árduo e fundamental na participação da


construção da interdisciplinaridade, apresentando para os novos profissionais da área a Psicologia
aplicada à área do Direito” (TAMASO, 2000:101).

2.3 Áreas de Atuação do Psicólogo Jurídico

A psicologia jurídica iniciou sua trajetória quase exclusivamente na elaboração de pareceres


psicológicos, baseados no psicodiagnóstico, nas realizações de perícia e exames criminológicos.
Porém nos dias atuais o trabalho do psicólogo jurídico está cada vez mais amplo, não se limitando
apenas em um trabalho de caráter avaliativo, na elaboração de relatórios, pareceres ou laudos
(LAGO, 2009). Existe uma grande demanda psicológica no que se refere à Justiça como um todo.
Toda prática do saber psicológico relacionado “às práticas jurídicas podem ser nomeadas Psicologia
Jurídica” (LEAL, 2008:180).

Dentro da psicologia jurídica está a psicologia forense, que se refere aos procedimentos
psicológicos realizados dentro do Foro. É mais abrangente do ponto de vista de sua actuação e
acontecem com maior frequencia na fase judicial, quer dizer são atuações que sempre estarão a ser
avaliadas judicialmente. As actividades realizadas pelo psicólogo criminal, psicólogo judiciário,
como também pelo psicólogo assistente técnico estão incluídas dentro desses procedimentos, logo
podemos dizer que são um subconjunto da psicologia forense.

A psicologia criminal segundo Bruno (1967 apud LEAL, 2008) estuda o aspecto psicológico do
criminoso e o que o leva a ação. Nesse campo de atuação está inserida a psicologia do delinquente,
a psicologia do delito e a psicologia das testemunhas. Já a psicologia judiciária corresponde às
práticas que são exercidas a mando e a serviço da justiça e é nessa prática que são realizados os
trabalhos periciais. Popolo (1996 apud FRANÇA, 2004) ressalta a importância do psicólogo perito
saber até onde pode ir, tendo em vista o limite da sua atuação, sendo necessário estar sempre atento
aos instrumentos e modelos a serem utilizados para que haja uma boa fundamentação no parecer
final.

França (2004), baseando-se em trabalhos de Mira y Lopes, fundamentou-se na classificação do


Colégio Oficial de Psicólogos de España, executando algumas modificações no que diz respeito aos
termos, para mostrar as subdivisões da Psicologia Jurídica. São elas: Psicologia jurídica e o menor.
No Brasil por exemplo por causa do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) essa área de atuação é

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denominada Psicologia Jurídica e as questões da Infância e Juventude; No direito de família, o
psicólogo pode intervir nos casos de separação, disputa de guarda dos filhos, na regulamentação de
visitas como também da destituição do pátrio poder; No Direito Civil, o psicólogo atua nos casos de
interdição, indenizações ou qualquer outra ocorrência cível; Na área da Justiça Trabalhista, no
caso de algum acidente de trabalho; No contexto Direito Penal, o psicólogo opera em alguns
procedimentos que estão em fase processual; Psicologia Judicial ou do testemunho, Jurado, em
que o trabalho psicológico está voltado para o estudo dos testemunhos; Psicologia penitenciária, o
trabalho nessa área está ligado à execução das penas restritivas de liberdade; Psicologia Policial e
das Forças Armadas, o psicólogo faz um trabalho de seleção e formação dos profissionais dessa
área; Vitimologia, nesse caso o psicólogo opera no atendimento a vítima; Mediação, o psicólogo
atua de forma imparcial, apenas conduz, as partes são responsáveis pela solução do conflito; fora
todas essas áreas citadas acima a autora também menciona a formação e atendimento aos juizes
promotores como sendo um trabalho realizado por psicólogos que está incluído nessa subdivisão da
psicologia, a Psicologia Jurídica.

Lago (2009) cita o Direito da Família, Direito da Criança e do Adolescente, Direito Civil,
Direito Penal e Direito do Trabalho como sendo os principais campos de atuação do Psicólogo
Jurídico, afirmando serem esses “[...] os ramos do Direito que frequentemente demandam a
participação do psicólogo” (LAGO, 2009:3).

Para Jesus (2001) a Psicologia dos Juízes, Psicologia dos Jurados, Psicopatologia Forense,
Psicologia Penitenciária e a Psicologia Policial são importantes campos de atuação do psicólogo
jurídico.

Tendo em vista nessa primeira parte a história e o conceito da Psicologia Jurídica como
também suas áreas de atuação, vejo a importância de se falar no próximo item sobre o sistema
prisional para que possamos perceber as demandas existentes dentro dessa instituição.

3 - Sistema Prisional
De acordo com Kolker (2004), a instituição denominada prisão surge junto ao capitalismo.
Essa instituição nasce para que se tenha o controlo das pessoas que de alguma forma eram
consideradas perigosas. No século XIV as prisões eram lugares onde os criminosos aguardavam o
seu julgamento, e para que pudessem aplicar penas como a de trabalho forçado.

“O banimento e a deportação estiveram associados ao processo de exploração colonial e a


prisão com ou sem trabalho forçado esteve intimamente ligada à emergência ao desenvolvimento do
modo de produção capitalista” (KOLKER, 2004:159).

Segundo Michel Foucault (2004), a formação do sistema carcerário teve início em de 22 de


janeiro de 1840. O então denominado processo punitivo, ligado à ideia de castigo, transformou-se ao
longo do tempo com a introdução e evolução do sistema carcerário em técnica penitenciária, agora
direcionada à idéia de adestramento, ligado a idéia de punir e à de educar.

Na origem da pena prevalecia a lei do mais forte, o suplício incidia diretamente sobre o
condenado, com castigos, torturas, fogueiras, guilhotina e até mesmo a forca. Foucault (2004) chama
atenção ao fato de que a instituição prisional está desde sua origem, ligada a um projeto de
transformação dos indivíduos, mas não há uma transformação visando tornar os criminosos em
pessoas sociáveis, mas sim em profissionais do crime.

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Em meados do século XIX, a punição física, deixou de ser um espetáculo público. É nesse
período que se dá a passagem a uma penalidade de detenção. A prisão, peça essencial no conjunto
das punições marca certamente um momento importante na história da justiça penal, ligada ao
funcionamento da sociedade que desprezou todas as outras formas de punição. O que fez surgir o
encarceramento foi o progresso das idéias e a educação dos costumes (MAMELUQUE, 2006).

Os diferentes estabelecimentos carcerários, presídios, penitenciárias, cadeias públicas, casas de


detenção e delegacias policiais recebem a população carcerária. Segundo a LEP estes
estabelecimentos deveriam receber tipos específicos de presos, conforme sua classificação, o qual
seria um dos objetivos da individualização da pena. Os presos condenados poderiam ir para
estabelecimentos fechados, presídios; semiaberto, que incluem colônias agrícolas e industriais e
albergues. O preso deveria ser transferido para um desses locais dependendo do tipo de crime, do
momento da pena (de um estabelecimento mais restritivo ao com maior liberdade), da periculosidade
avaliada, etc. Porém, na prática, isto não acontece, pois a realidade prisional brasileira é muito
heterogênea.

As tensões no sistema prisional através de motins, fugas, etc... mostram que este campo
necessita de atenção. A passagem da liberdade para o enclausuramento gera uma situação de
isolamento, medo, miséria, doenças; realidade de milhares de presos espalhados nas penitenciárias
do país. Estar nesta condição promove uma transformação de novos sujeitos coletivos.

Atualmente o legislador, ao criminalizar certa conduta, valora e quantifica por meio de uma
pena cada delito. A sua graduação leva em conta o crime praticado, suas circunstâncias e as
características do autor (MIRABETE, J. F. 2002).

Muitas Leis de Execução Penal (Portugal, Brasil) vigentes definem os estabelecimentos


penitenciários como cadeia pública ou presídio, destinado à custódia dos presos à disposição do juiz
processante; as penitenciárias, para o sentenciado em regime fechado; a Colônia agrícola industrial
ou similar, para o sentenciado em regime aberto; a Casa do albergado, para o sentenciado em regime
aberto; o Centro de reeducação do jovem adulto; o Centro de observação para realização de exame
criminológico; o Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, para inimputáveis e semi-
imputáveis.

Os seus Códigos Penais prevêm pena de reclusão a ser cumprida em regime fechado,
semiaberto ou aberto, e a de detenção, em regime semiaberto ou aberto (CÓDIGO PENAL, 1940).

Segundo Goffman (1992), nas penitenciárias, os altos muros limitam dois mundos opostos, o
da liberdade e o do confinamento. As portas fechadas, as proibições e a impossibilidade do recluso
em conviver com o ambiente social externo ao cárcere são alguns dos aspectos que definem o
presídio como uma instituição total. No presídio o cotidiano do indivíduo é regulamentado, pois
todos os aspectos da vida do interno são realizados em um mesmo local e sob uma mesma
autoridade, onde as refeições, os dias de visita e o horário de entrada e saída nas celas são
programados e as regras são estabelecidas hierarquicamente, tendo como objetivo manter a atividade
produtiva da instituição.

Os direitos individuais garantidos pela Constituição visam resguardar a dignidade do indivíduo.


Muitas prisões não têm mais a oferecer aos seus detentos do que condições sub-humanas, o que
constitui uma violação aos Direitos Humanos. A realidade é que os presidiários são maltratados e
desrespeitados em sua dignidade, contribuindo para que a esperança de melhor retorno à sociedade
desapareça justamente por causa do ambiente hostil que lhe é apresentado quando cruzam os portões
da penitenciária (SALLA, 2006).

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Ao tomarmos como foco de atenção às pessoas que vivem nas instituições carcerárias, observa-
se um aspecto importante desse sistema inserido na sociedade, e que concretiza, de forma dura, a
violência do sistema socioeconômico contra a maioria da população de um País, ou seja,
superlotando as prisões e produzindo o estereótipo de criminoso. O Direito, assim como qualquer
outro mecanismo de controle social, é governado por preconceitos e estereótipos socialmente
condicionados. Portanto, há uma seleção daqueles sobre os quais recairá a aplicação do Direito
Penal, não constituindo a população carcerária uma amostra representativa do conjunto total de
infratores (TAVARES, MENANDRO, 2004).

O funcionamento das estruturas presidiárias, no modelo atual, não fornece recursos adequados
aos internos e os direitos básicos, relacionados à dignidade humana, são desrespeitados. A
superlotação das prisões, as condições de vida e a violência existente no interior do cárcere tornam
aversivo o ambiente do recluso. A sensação de vigilância, o poder disciplinar diante de qualquer ato
intempestivo são fatores que oprimem e acabam por modelar uma identidade, de tal forma que o
interno permaneça passivo (FOUCAULT, 2004).

A carência de um sentimento de coletividade, as injustiças sociais, a ineficiência e a perversão


dos aparelhos de controle social, na sociedade brasileira, impossibilitam a conquista de padrões
mínimos de paz social e, porque não, a consolidação dos direitos humanos (TAVARES,
MENANDRO, 2004).

As penitenciárias têm sido constantemente discutidas nos últimos anos, sobretudo no tocante à
superpopulação e à ineficiência, onde a violência nos presídios é percebida como problema social
(TAVARES, MENANDRO, 2004).

O aumento da violência social vem contribuindo para uma superpopulação nos


estabelecimentos prisionais. Este fenômeno tem se caracterizado, sobretudo pelo aumento da
periculosidade dos encarcerados e a conseqüente problemática estrutural das ações preventivas e de
reabilitação do comportamento criminoso (RIGONATTI, SERAFIM, BARROS, 2003).

A prisão traz o estigma, mesmo o cidadão estando em liberdade, após cumprir a sua pena, pois
é visto pela sociedade como inadequado, delinquente e marginal. Portanto, a psicologia depara-se
com as diferentes formas de sofrimento que ferem a dinâmica psíquica do indivíduo e dos membros
familiares (PIO, 2006).

A exclusão quando vivenciada por um indivíduo, torna o mesmo um infrator típico, sendo que
as condições excludentes continuam intangíveis na sociedade. O sofrimento de qualquer presidiário
mantem suas condições excludentes irremovíveis, pois o encarceramento nas condições
socioeconômicas ou prisionais até pode modificar alguma coisa no individuo que nela vive, mas não
altera a perspectiva com a qual o reeducando convive, tendo em vista que as condições sociais do
seu passado estarão presentes no seu futuro (TAVARES, MENANDRO, 2004).

Ao sair da prisão o ex-condenado crê não ser mais um preso, mas as pessoas não vêem desta
maneira, na qual a sociedade indissoluvelmente associa cada pessoa ao seu passado, mas o que se
observa, pelos dados disponíveis ou que circulam pela sociedade, é que o presídio induz maior
violência (CARNELUTTI, 2002).

Uma das principais vias, para instigar os apenados à estimulação do trabalho passa pela
percepção do indivíduo na sua totalidade, ou seja, de reconhecer o apenado como um ser psíquico,
social e único capaz de se tornar o protagonista de sua própria história (LEMOS, MAZZILLI,
KLERING, 1998).

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O trabalho prisional para que realmente constitua uma estratégia de ressocialização deve se
basear em ações concretas, onde deve levar em conta, os aspectos referentes ao desenvolvimento
individual dos apenados, utilizando e aperfeiçoando suas habilidades e sua capacidade de percepção,
bem como para a resolução de problemas, procurando estimular sua criatividade para tornarem-se
inovadores dentro de um processo real de trabalho (LEMOS, MAZZILLI, KLERING, 1998).

As prisões de uma forma geral, funcionam como um mecanismo de exclusão social, esta é uma
das manifestações mais violentas contra o indivíduo, provocando a falta de perspectiva de vida
destas pessoas. Porém, não devemos só considerar a precariedade das prisões, mas também devemos
considerar o estado de precariedade em que se encontram os indivíduos antes do encarceramento,
onde em sua grande maioria são pessoas provenientes de grupos marcados pela exclusão
(TAVARES, MENANDRO, 2004).

A Política Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário tem por objetivo:

“organizar o acesso da população penitenciária às ações e serviços de saúde do Sistema Único de


Saúde, com a implantação de unidades de saúde de atenção básica nas unidades prisionais e
organização das referências para os serviços ambulatoriais especializados e hospitalares Tem como
público-alvo 100% da população penitenciária, recolhida em unidades masculinas, femininas e
psiquiátricas. As ações de atenção básica são desenvolvidas por equipes multiprofissionais (médico,
enfermeiro, odontólogo, psicólogo, assistente social, auxiliar ou técnico de enfermagem e auxiliar de
consultório odontológico), articuladas as redes assistenciais de Saúde. As equipes têm como atribuições
fundamentais: planeamento das ações de saúde; promoção e vigilância; trabalho interdisciplinar em
equipe”.

São estas algumas portarias interministeriais, fruto de muitas discussões e parceria de diferentes
Conselhos e Ministérios, inclui, principalmente, os profissionais da Segurança, Justiça e Saúde,
ainda não está totalmente implementada assim como a Lei de Execução Penal e, diante da aversão
social com relação aos delinquentes de maneira geral, a discussão sobre o aperfeiçoamento da última
corre o risco de não se modificar. Em lados antagônicos encontram-se os defensores dos direitos
humanos do indivíduo preso e àqueles que defendem o recrudescimento do tratamento oferecido ao
indivíduo custodiado pelo Estado.

Portanto, a psicologia tem um papel importante no trato com os reeducandos, pois procura, com
sua intervenção, sensibilizar esse indivíduo sobre o seu contexto social, familiar, cultural e
psicológico, na busca do fortalecimento e da melhoria dessas relações. Através deste processo o
indivíduo poderá embasar seus projetos de vida e realizar suas escolhas considerando a situação em
que se encontra e o que encontrará fora da instituição (CARVALHO& MIRANDA, 2008).

A Lei nº. 7.210, Lei de Execução Penal Portuguesa, de 17 de julho de 1984, (alterada pela Lei
10.792 de dezembro de 2003, quanto aos procedimentos de avaliação do preso para troca de regime),
prevê para seu sistema penal (em sintonia como o penal brasileiro):

Da Classificação

Art. 5º, os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar
a individualização da execução penal.

Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa
individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo
diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1
(um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.

10
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por
fiscais do serviço social.

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido
a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com
vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento
da pena privativa de liberdade em regime semiaberto.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando a


ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:

I - entrevistar pessoas

II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do


condenado;

III - realizar outras diligências e exames necessários.

A Lei de Execução Penal tem como foco a ressocialização das pessoas condenadas e
reconhece o respeito aos direitos humanos dos presos; contém várias provisões ordenando
tratamento individualizado protegendo os seus direitos, garantindo assistência médica,
jurídica, educacional, social, religiosa e outros (PIO, 2006).

Com a promulgação da referida lei o psicólogo passa a ser reconhecido legalmente pela
instituição penitenciária e os instrumentos de avaliação passaram a ser legalmente previstos: o
exame criminológico, o exame de personalidade e o parecer das comissões técnicas de classificação.

A Lei prevê a realização de exames criminológicos, elaborados por uma Equipe Técnica de
Classificação, cuja intenção é classificar os apenados de acordo com suas características pessoais e
necessidades individuais. Busca, ainda, planejar a individualização da pena, com vistas à
implantação de programas de tratamento penal que melhor respeitem as características de cada
sujeito (FRANÇA, 2007).

Para Rigonatti, Serafim e Barros (2003) com o processo de classificação causal do


comportamento criminoso, o sistema penitenciário teria respaldo quanto às intervenções adequadas
para cada indivíduo autor de um crime, diferenciando o criminoso ocasional do habitual. O
criminoso ocasional é entendido como aqueles indivíduos de baixa periculosidade e de elevado
índice de reabilitação, já o criminoso habitual, tem comportamento criminoso reincidente e assume o
crime como seu meio de vida, se especializando em um determinado crime ou em vários, visando
auferir vantagens e fazendo deste uma atividade profissional. Com esta classificação, a equipe
multiprofissional (assistentes, psicólogos, psiquiatras e outros) atuaria de maneira específica para
cada caso e conseqüentemente teria uma melhoria na qualidade das intervenções (psicoterapia
forense, programa educacional, programa profissionalizante), o que reduziria possivelmente o grau
de periculosidade dos encarcerados.

A conduta criminosa tende a ser compreendida como conduta anormal e desviada como uma
possível anomalia física ou psíquica. A Criminologia Clínica e a Psicologia Criminal focalizam a
individualização da pena, a minimização dos efeitos negativos do cárcere, a promoção da saúde
mental do encarcerado e o preparo para o retorno à sociedade acaba por ocupar-se na investigação da
dinâmica da conduta criminosa (diagnóstico), nas perspectivas do futuro (prognose) e por estratégias
de intervenção visando evitar a reincidência.

11
Defensores da Criminologia Crítica alegam que o Direito é desigual por excelência, abordando
que o cárcere é um momento elevado de mecanismos de criminalização, sendo inútil para a
reeducação do apenado, pois a educação deve promover a liberdade e o autorespeito; o cárcere
produz degradação, despersonalização; portanto, se a pena não pode transformar homens violentos
em indivíduos sociáveis, institutos penais não podem ser institutos de educação (DEPEN, 2007).

Para Pio (2006) a reabilitação é uma forma de reparação que a comunidade tem o direito de
exigir, porém o retorno do sujeito preso não interessa para a mesma e os presos sabem disso, por isso
a grande dificuldade de inclusão.

Na Comissão Técnica de Classificação, as atividades que cabem ao psicólogo podem variar de


acordo com: grupo de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, grupos de prevenção às
drogas, atendimento a familiares, acompanhamento dos presos que se encontram em trabalho
externo, visitas domiciliares e outros. São realizadas entrevistas de avaliação, na qual o objetivo é
avaliar as condições do indivíduo para a progressão ou a regressão de regime. Alguns psicólogos
para complementar as entrevistas utilizam testes projetivos (FERNANDES, 1997).

O psicólogo do Sistema Penitenciário também faz assessoria e consultoria ao juiz e ao


promotor da Vara de Execução Criminal (VEC), trabalha com o conselho da comunidade,
objetivando a sua integração junto ao presídio, a socialização para um atendimento cada vez mais
individualizado, captação de vagas de trabalho e ou cursos, promovendo ações comunitárias e
integração entre a sociedade e o presídio (FERNANDES, 1997).

A inserção do psicólogo no sistema penitenciário, além de ser um fato legislado, tornou-se


necessário como parte integrante da dinâmica diária da instituição. Portanto, o trabalho do psicólogo
nessa área está ligado à possibilidade do indivíduo preso de se relacionar integralmente com o
mundo (RIGONATTI, SERAFIM & BARROS, 2003).

3.1 Evolução das Penas

Antes de falar de sistema prisional, é importante fazer uma passagem sobre penas e as formas
de execução, pois são a partir delas que se faz o surgimento do denominado sistema prisional.

De acordo com Bessa (2007) a vida em sociedade naturalmente nos leva a colocar as regras de
convívio, sendo condutas aceitáveis e não aceitáveis. Com o surgimento do Estado o mesmo fica
responsável por observar a sociedade como um todo, punindo os que se enquadram nas condutas não
aceitáveis. Bem no início do que chamamos de civilização, antes da formação do Estado como
citado acima, a religião impunha suas regras, sendo a ordem política confundida com a ordem
religiosa, logo esta a causa de algumas penas aplicadas. A pena nessa época tinha um caráter
vingativo, a vingança era quase sempre maior do que o ato de infração cometido, e por esta razão
não existia limites na aplicação da pena. Essa fase é citada como “[...] fase da vingança privada”
(BESSA, 2007 p. 17). A sociedade foi evoluindo e consequentemente as formas de punição também,
surgindo assim a Lei de Talião conhecido como Olho no olho dente por dente abandonando um
pouco a desproporcional vingança privada. A composição também é mencionada, como uma forma
de punição mais branda, em que o ofensor fica livre das punições, uma vez que tenha como pagar
por meio de armas, gados, entre outros, o ofendido. Surgindo daí a lei das doze tábuas em que está
escrito na tabua VII: se alguém fere alguém, que sofra a lei de talião, salve se houver composição.

Já na idade antiga, as punições estavam totalmente voltadas para a religiosidade, assim as


punições eram aplicadas pelos sacerdotes, na crença de que eram deuses quem estavam ali

12
punindo. As punições eram muito duras chegando a ser totalmente desumanas, a fim de purificar a
alma do criminoso.

Como se pode perceber as formas de punição mudam de acordo com as mudanças da sociedade
em geral Kolker (2004) e Silva (2007) confirmam essa colocação quando falam do surgimento da
nova forma de punir denominada por Foucault de disciplina, que se caracteriza por uma forma de
punição onde o foco é a vigilância individual, perpétua e ininterrupta. Essa nova aplicação de pena
surgiu logo após o chamado suplício em decorrência da sociedade que deixou de feudal
monárquica e passou a ser considerada como sociedade capitalista. De acordo com Foucault (apud
KOLKER, 2004:166) “[...] mais eficaz e mais rentável vigiar que punir”.

Surgindo assim a nova ordem jurídico administrativa, em que a justiça deixa de funcionar
através de tribunais arbitrários e passa a ser administrada pelo Estado. A partir dos princípios dessa
nova forma de justiça, todos deveriam ser tratados de forma igual perante a lei, ao contrario do que
era visto no período feudal, quando não havia leis e sim castigos definidos pelo soberano. A partir
daí surge a noção de infração, que pode ser considerada como um ato que descumpre as ordens do
Estado, sendo o infrator alguém que rompeu o pacto social (KOLKER, 2004).

Para Foucault (apud KOLKER, 2004) a sociedade tem a liberdade como sendo seu bem maior,
assim a pena passa a ser a privação da mesma onde sua medida principal é o tempo de sua
suspensão. “A pena passa a representar uma represália da própria sociedade aquele que violou o
pacto social” (BESSA, 2007, p. 23), sendo assim até os dias de hoje. Porém, com o passar do tempo,
surgiu a humanização das penas, uma vez que o século XIX teve essa característica de penas mais
brandas e de respeito aos direitos humanos (SILVA, 2007).

De acordo com Bessa (2007) Cesare de Beccaria com sua obra Dos Delitos e das Penas
1764, John Howard 1777 que escreveu The State of Prisions in England and Wales e Jeremy
Bentham autor de Teoria das Penas e das Recompensas do ano de 1811, foram importantes
pensadores nesse período de humanização das penas.

No período (1808 - 1841), as prisões não eram realizadas em presídios ou cadeias, os


aprisionamentos eram realizados em diversos locais, como as masmorras, torres, castelos, enfim,
qualquer lugar que servisse para essa finalidade.

De acordo com Silva (2007) e Bessa (2007), um sofisticado modelo de prisão foi criado por
Jeremy Bentham, já citado acima como figura importante na fase de humanização das penas, o
chamado Panóptico que se caracterizava por ser uma construção circular onde no centro situa uma
torre com visibilidade total das pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade ali
encarceradas. Assim, as mesmas se sentiam vigiados o tempo todo, sendo esse o objetivo descrito
por Foucault (apud SILVA, 2007:19).

Induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento


automático do poder, fazer com que a vigilância seja permanente em seus efeitos mesmo se é descontínua
em sua ação, que a perfeição do poder tenda a tornar inútil a atualidade de seu exercício, que esse
aparelho arquitetural seja uma maquina de criar e sustentar uma relação de poder independente daquele
que o exerce, enfim, que os detentos se encontrem pessoas em cumprimento de pena privativa de
liberdade numa situação de poder de que eles mesmos são os portadores.

13
Porém, esse modelo criado por Bentham não surtiu o efeito esperado, pois não se obteve a
recuperação das pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade, facto previsto já naquela
época e esperado até os dias atuais (SILVA, 2007).

Foucault, (apud Silva 2007) afirma que a prisão de alguma forma cola um rótulo naqueles que
ali passam, surgindo uma “[...] patologização do sujeito, apresentando à sociedade como portador de
um vírus imbatível, o vírus da delinqüência” (SILVA, 2007:19).

3.2 - Subjetividade e Fatores Desencadeantes para o Acto Delituoso

O comportamento criminoso está em crescente vigência no que se refere à violação das leis, da
moral e da ética necessária no convívio social, os indivíduos que cometem actos delituosos estão
cada vez mais ousados fazendo com que cada vez mais desperte a curiosidade dos estudiosos em
pesquisas sobre esse comportamento anti-social.

De acordo com Fiorelli (2010) desde a antiguidade se busca resposta para o que vem a ser o
fenômeno delitivo. O delinquente na Grécia antiga era expulso do clã, sendo considerado um ser
anormal. No século III, segundo o mesmo autor as pessoas que não cumpriam as regras sociais
tinham esse comportamento por estarem sendo influenciados pelo demônio. Somente depois passam
a ver o homem “[...] como dono de seu próprio destino e reconduzido à sua condição humana...”
(FIORELI, 2010:322). É nessa fase que começa a busca da humanização da pena como citado no
tópico anterior.

Alguns autores se destacaram pelos estudos realizados sobre a pessoa que infringe as leis de
convívio social. De acordo com Kolker (2007) o primeiro foi Morel que no ano de 1857 apresentou
sua tese sobre degeneração, em que mencionou que “[...] esta condição engendrava verdadeiros tipos
antropológicos desviantes, hereditariamente destinados a uma vida imoral, à alienação e ao crime”
(KOLKER, 2007:176).

Já para Serafim (2003), foi Prichard o primeiro a estudar sobre as condutas antissociais no ano
de 1835, colocando a insanidade moral em destaque. Em seguida no ano de 1838 é Esquirol quem
estuda os indivíduos com a visão das monomanias, já em 1858 Boudert denominou de enfermidade
do caráter. Só então o autor cita Morel, no ano de 1853 descrevendo os indivíduos de
comportamentos antissociais como degenerados. No ano de 1887 surge Lombroso, referido como pai
da criminologia e criador da antropologia criminal (LEAL, 2008).

Na teoria de Lombroso, o indivíduo já nascia criminoso, posto que o crime era um fenômeno
hereditário, como também suas características físicas e psicológicas serviam para identificá-los, além
da reincidência ser uma regra entre eles (KOLKER, 2004).

De acordo com Leal (2008) o fundador da psicologia criminal foi Despine, que estudou os
aspectos psicológicos das pessoas que cometiam algum crime. Em sua opinião o delinquente não
tem interesse em si próprio, possuindo assim uma deficiência no que diz respeito à empatia ao
próximo, a consciência moral, e a sentimento de dever e o indivíduo também não se arrepende de
seus atos.

No que diz respeito às pesquisas mais actuais, o ato criminoso está relacionado a vários
aspectos. Para Serafim (2003) os parâmetros biológicos contemporâneos estão divididos em fatores
genéticos, bioquímicos, neurológicos e psicofisiológicos. O autor ressalta a importância de se
analisar também os parâmetros psicológicos e sociais do indivíduo antissocial.

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De acordo com Fiorelli (2010) a delinquência pode surgir em decorrência de vários fatores. O
autor afirma que pessoas que sentem prazer em ver o outro sentir dor, pode se caracterizar como uma
pessoa de personalidade antissocial onde “[...] o indivíduo agride a sociedade, representada pelo
objeto da raiva; o agredido não passa de coisa; o prazer de agredir contrabalança a frustração de não
poder destruir; eventualmente, chega à fatalidade” (FIORELLI, 2010:223). Mencionando também a
importância de se observar dois tipos de fenômenos: o condicionamento e a observação de modelos,
sendo o primeiro relacionado ao reforço positivo, em que o indivíduo que está exposto sempre à
mesma situação acaba aprendendo e colocando-a em prátican (filmes e programas em TV). Já o
segundo diz respeito às formas observadas aos comportamentos agressivos e repeti-los mais tarde. O
autor diz ser na infância que esses fatores são adquiridos.

Davoglio (2010) coloca a dificuldade de se avaliar os aspectos de personalidade principalmente


no que diz respeito a implicação legal, pois geralmente os indivíduos que obtém um desvio de
conduta, como um transtorno de personalidade antissocial (TPAs) e ou traços psicopatas tendem a
negar ou minimizar esses desvios. E ressalta a importância de não confundir o indivíduo com TPAs
com psicopatas, pois geralmente os dois estão associados, contudo o psicopata geralmente apresenta
tal transtorno mas os indivíduos que os possuem nem sempre podem ser comparados a um psicopata.

Partindo desses contextos de que é preciso verificar toda a história do indivíduo, passando
pelos aspectos biológicos, psicológicos e sociais para se chegar a uma conclusão referente ao ato
criminoso, além de ser interessante colocar a questão da imputabilidade e inimputabilidade.

De acordo com Trindade (2010) imputável diz respeito àquela pessoa que cometeu o fato
delituoso e é capaz de entender sua conduta. Nas palavras de Davoglio (2010), a pessoa considerada
imputável é aquela capaz de responsabilizar-se por suas condutas. Quando o indivíduo não é
legalmente responsável por seus atos, ou quando “o delito envolve a capacidade de julgamento do
indivíduo ou o controle do próprio comportamento“ (DAVOGLIO, 2010, p. 113) são considerados
inimputáveis. Existem também os casos de semi-imputabilidade, neste caso a culpabilidade é
diminuída no caso do indivíduo apresentar transtorno de intensidades leves (TRINDADE, 2010)

A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação da saúde mental ou
por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

A psicologia no que diz respeito aos atos antissociais necessita investigar todos os fenômenos
ligados ao comportamento do indivíduo que transgride a lei. É importante a verificação do que levou
o indivíduo cometer o ato, quais as circunstâncias em que ele cometeu e seu histórico, como já
mencionado, para que se possa fazer uma elaboração de planos de intervenção, sendo assim, o
processo de reabilitação fica mais fácil de ser atingido e trabalhos preventivos podem ser realizados
de forma mais positiva (SERAFIM, 2003).

Porém, é difícil na prática a realização desse trabalho de análise do indivíduo infrator


mencionada como de grande importância, pois de acordo com Fernandes (2000) o número de
profissionais é bem reduzido em relação à demanda existente.

Nos deparamos com pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade com diagnóstico de
Alcoolismo, Pedofilia, transtorno Psicótico e Transtorno Anti-Social de Personalidade dentre outros,
assim como pessoas que cometeram crime e não apresentam transtornos de Personalidade algum, e não
conseguimos individualizar a pena, o que interfere de forma a agravar seus sintomas (FERNANDES,
2000: 221).

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Enfim, os sujeitos que cometem acto ilegal existem desde o início da sociedade, porém a forma
de lidar e enxergar esses indivíduos não mudou quase nada. Fiorelli (2010) afirma que devemos nos
alertar da mesma forma que Foucault disse no final do século XVIII, que vivemos em uma crise de
ilegalidade popular, onde “[...] o preconceito se encarrega de colocar um rótulo geográfico nos
acontecimentos” (FIORELLI, 2010:245).

Foucault (1987 apud FIORELLI, 2010) já apontava o desequilíbrio das penas para as diferentes
formas de infração, sendo a justiça mais eficaz no que se refere às penas das pessoas menos
desfavorecidas. Furto e roubo são associados ao moreno pobre enquanto fraude está ligada ao branco
rico e respeitado.

3.3 - Os Direitos Humanos

Os direitos das pessoas foram surgindo na sociedade de acordo com as necessidades de cada
época, assim as pessoas lutam pela efetivação dos seus direitos conforme a demanda social. Os
primeiros registros de documentos que garantiam direitos às pessoas é o código de Hamurabi, do ano
de 1694, e a partir desse ano os direitos foram sendo adquiridos lentamente de acordo com a
evolução da sociedade, no que se refere à política, economia e tecnologia (FIORELLI, 2010).

As leis e normas de uma sociedade servem para disciplinar as relações de identidade, cidadania
e o respeito às diversidades existentes. O código penal e o código civil são normas constantes, e há
também as normas gerais das convenções de direitos que são relativas aos direitos humanos e
possuem características como a imprescritibilidade, inalienabilidade, irrenunciabilidade,
inviolabilidade, interdependência, universalidade, efetividade e complementaridade (FIORELLI,
2010).

As Organizações das Nações Unidas (ONU), aprovou em 10 de dezembro de 1948 a


Declaração dos Direitos Humanos. Os direitos humanos constituem em direitos básicos e liberdades
fundamentais que pertence a todos os seres humanos. A declaração é formada por 30 artigos
classificados por cinco categorias de direito: civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.

Fiorelli (2010) ressalta a importância de destacar que a discriminação racial, discriminação


contra a mulher, os direitos das crianças e dos adolescentes e estatuto dos refugiados foram itens dos
anos posteriores a data acima.

Os direitos humanos surgiram para valorizar as pessoas e para que haja uma igualdade entre as
mesmas, visando uma melhoria referente às relações sociais promovendo assim o progresso e a
melhoria na qualidade de vida.

A Lei de Execução Penal de 1984 (LEP), além de prever a individualização da pena dos
indivíduos que estão a cumprir pena privativa de liberdade e a readaptação dos mesmos à sociedade,
reconhece os direitos humanos garantindo assistência médica, jurídica educacional, social, religiosa
e material. Em seu terceiro artigo, no parágrafo único, ressalta que não poderá haver qualquer
distinção de natureza racial, social, religiosa ou política no que se refere à aplicação das penas
(Port. 2001).

Porém não é isso que vemos em Angolal, pois há relatos encontrados em que a Lei é
descumprida nos estabelecimentos prisionais, ao contrário do que prevê a LEP. Até certo ponto,
“Nossas prisões são muito diferentes do que estabelece a lei”.

16
Segundo Machado (2009), as prisões são lugares impróprios para se conseguir algum
efeito benéfico em respeito ao desenvolvimento e a ressocialização da pessoa encarcerada, pois
enquanto está cumprindo sua pena é influenciado pelas leis internas que predominam no
sistema carcerário não sendo permitida a ele uma fuga nem dos comportamentos ali exigidos.

Foucault (apud ARANTES, 2004) em Vigiar e Punir relata bem a ineficiência das prisões,
sendo a mesma inútil no que se refere a qualquer mudança positiva da pessoa que ali cumpre
sua pena. O mesmo autor em seus estudos sobre a prisão concluiu que a mesma “destina-se a
realizar um ideal de exclusão por inclusão”. (FOUCAULT apud ROCHA, 2000:205).

ROCHA (2000:207) também coloca sua opinião a respeito do sistema penal:

A proposta principal do Sistema Penal sustentada pelo tripé ‘ressocializar/reintegrar, punir e intimidar’,
apresenta-se a nosso ver, principalmente em relação as duas primeiras, como uma alternativa que se
destina ao fracasso, especialmente pela forma incongruente em que se executam as normas da legislação
e as condições que existem para que estas sejam cumpridas.

Os principais problemas, no que tange à instituição prisional, são: as superlotações


carcerárias, a violências exercidas entre os próprios detentos, os abusos de autoridades que
estão relacionados aos maus tratos e as torturas, não havendo a existência da garantia aos
direitos humanos dentro do cárcer, conclusoes do cológuo internacional sobre sistemas
prisionais (Espanha, 2005).

De acordo com postulados apresentados pelo conselho de psicologia do Brasil e da Africa do


Sul ao evento, além de todos esses fatores, a lei também não se faz cumprir quando as estatísticas
mostram que o perfil dos indivíduos apenados é na maioria pobre, com baixa escolaridade e do sexo
masculino, sugerindo a veracidade do dito popular: “quem tem dinheiro não fica preso”.

Nas palavras de Zaluar (apud Guedes 2006:563)

Os sujeitos pertencentes às classes de baixa renda tendem a sofrer maior ação da justiça através do
aparato judiciário policial. Assim, as prisões ficam cheias de pobres e se reproduz um estereótipo de
criminoso como aquele proveniente de bolsões de pobreza, não sendo a população carcerária uma
amostra fidedigna do conjunto total de infratores.

O TERMO PENITENCIÁRIA se define como lugar destinado aos indivíduos que já


teriam conhecimento de sua pena e essa seria caracterizada pela reclusão de regime fechado por um
determinado tempo, sendo que este local por lei deveria ter condições essenciais para abrigar o
apenado, determinando condições que não afetam a saúde do mesmo e alojando-os em celas
individuais. Para as mulheres, prevê a inclusão de uma seção para gestantes e uma creche para o
abrigo e assistência aos filhos das mesmas (SAFFI, 2003).

Entretanto, a situação real das penitenciárias em 96% dos países não está de acordo com o
citado acima, pois “[...] as penitenciárias nos países veêm se tornando cruéis masmorras, onde se
encontram pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade provisórios misturados com
condenados, empilhados num espaço físico mínimo, prevalecendo o mais absoluto caos” (realidade
angolana).

Apesar de todas essas colocações a respeito do sistema prisional, quer em Angola quanto nos
outros países, existe algum interesse por parte dos Estados de uma política com o foco na
ressocialização, resgatando o direito de cidadão dos indivíduos apenados, tentando assim colocar a
LEP em prática. O trabalho do psicólogo está totalmente voltado para o compromisso social e a

17
práticas que possam contribuir para que se façam cumprir essas Leis a partir de intervenções
baseadas na prevenção, educação, justiça e responsabilização dos sujeitos e da sociedade.

Para Azevedo (2000) o trabalho do psicólogo na área dos Direitos Humanos tem como objetivo
defender os mesmos, combatendo as várias formas de exclusões existentes na sociedade,
contribuindo para a cidadania e fazendo com que a sociedade reflita sobre a violação desses direitos.

Assim, a comissão dos direitos humanos dos vários países, em vesperas do aniversárs da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, tem estado a reforçar a intervenção do trabalho dos
piscologos como base no Código de Ética do Psicólogo seguindo assim os seus princípios
fundamentais.

Analisando esse capítulo fica evidente a importância do trabalho do psicólogo dentro do


sistema prisional, visando não apenas a subjetividade do indivíduo como também o combate à
violação dos Direitos Humanos. Assim a psicologia tem um trabalho amplo dentro da instituição
carcerária, o qual será descrito a seguir.

Quanto ao conceito Psicologia Investigativa, serão importantes elementos como a produção de


laudos partindo de uma investigação ao acusado (observação e entrevista), analisando todos os dados
fornecidos por este e seus contíguos e, continuando em alguns casos com a elaboração dos perfis de
acusados ou criminosos que não tenham sido ainda identifcados. Nesta conformidade, o cenario do
crime costume ser o fulcro para a elaboração de perfis.

4 - Atuação do Psicólogo no Sistema Prisional


A intervenção realizada pelo psicólogo dentro do sistema prisional está ligada a uma atuação
em que se procura promover mudanças satisfatórias não só em relação às pessoas em cumprimento
de pena privativa de liberdade, mas também de todo sistema. “A intervenção em sistemas
penitenciários implica em uma atuação planificada e dirigida a promover a mudança das prisões para
torná-las mais eficientes e eficazes na resolução de seus problemas” (JESUS, 2001:68).

De acordo com as resoluções e acordos entre os Estados e os conselhos dos psicologos, em


todas as práticas realizadas dentro do âmbito do sistema prisional o psicólogo deverá visar fielmente
os direitos humanos dos sujeitos em cumprimento de pena privativa de liberdade, procurando
construir a cidadania por meio de projetos para a sua reinserção na vida social.

Para Silva (2007:104) é importante seguir essa colocação quando menciona que:

A psicologia deve ocupar espaço de atuação na transdisciplinaridade, o que destacará a sua importância
no processo de construção da cidadania, que deve ser objetivo permanente dos profissionais, em
contraposição à cultura de primazia da segurança, de vingança social e de disciplinarização do
indivíduo.

A atuação do psicólogo dentro do sistema prisional é bastante abrangente, pois as demandas


são muitas. Além de participar das Comissões Técnicas de Classificação, o psicólogo pode trabalhar
junto aos sujeitos que estão cumprindo pena privativa de liberdade, familiares e comunidade como
também dos próprios profissionais que atuam dentro da instituição.

Se o preso é analfabeto, encaminha-se para alfabetização; se não tem profissão, para curso
profissionalizante; se tem hipótese de transtorno mental, encaminha-se para avaliação psiquiátrica pelo
SUS; se tem alguma doença, passará por avaliação médica detalhada; se tem histórico de abuso de
drogas, poderá participar de grupos específicos com a Psicologia, e assim por diante.

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De acordo com Kolker (2004), uma das atribuições da CTCs é aprimorar a execução penal
estudando e propondo medidas para que isso aconteça, reduzindo os prejuízos de convivência e
ajudando na capacitação das pessoas que estão em cumprimento de pena restritiva de liberdade para
o convívio social. Porém esse tipo de tratamento individualizado previsto em lei é difícil de ser
atingido nos presídios brasileiros pela superpopulação existente nos mesmos, sendo tarefa difícil
proporcionar um tratamento penal individualizado para esses indivíduos.

Chaves (2010) também ressalta a dificuldade existente de uma atuação eficiente com os
indivíduos que cumprem pena privativa de liberdade, pois as atividades citadas acima como
importantes do desenvolvimento da individualização das penas nem sempre estão disponíveis para
os que necessitam.

De acordo com Ibrahim (2000) é de suma importância acompanhar a pessoa que está
cumprindo pena privativa de liberdade durante toda a execução da pena, desde sua chegada na
instituição onde passaria pela CTC até sua reinserção na sociedade conforme prevê a Lei de
Execução Penal de 1984.

Para Silva (2007:106) no que se refere à CTC, o psicólogo deve prestar atenção nas práticas
realizadas dentro da mesma, opinando nas pautas debatidas sempre de acordo com o Código de Ética
Profissional, evidenciando os instrumentos nacionais e internacionais de direitos humanos,
incentivando debates sobre “saúde, educação e programas de reintegração social”.

4.1 - Atenção Individualizada à Pessoa em Cumprimento de Pena

A atenção individualizada à pessoa em cumprimento de pena diz respeito a todo atendimento


“psicológico, psicoterapêutico, diálogo, acolhimento, acompanhamento, orientação, psicoterapia
breve, psicoterapia de apoio, atendimento ambulatorial entre outros” que podem ser realizados pelos
psicólogos junto aos sentenciados que cumprem pena privativa de liberdade. De acordo com os
regulamentos, os atendimentos individuais podem ser solicitados não só pelo próprio apenado como
também pelos funcionários da instituição prisional ou até mesmo pelos familiares. Este tem como
objetivo compreender as pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade, avaliar sua saúde
mental, dar acolhimento, escutar suas demandas, promover saúde e defender os direitos humanos.

Segundo Fernandes (2000), o atendimento individual é composto por várias entrevistas.


Quando há uma demanda de emergência o autor denomina de entrevista de adaptação ou
emergência, que são realizadas no caso de crise do preso, tendo como objetivo ajudar o mesmo a
encontrar soluções para que não acarrete em indisciplinas ou em algum tipo de comportamento que o
prejudique dentro do sistema prisional. Outro tipo é colocado pelo autor como entrevista de
acompanhamento que se caracteriza por um atendimento breve ou limitado e pode ser determinado
pelo Juiz, encaminhado por professores e administradores ou a pedido do próprio preso.

Nascimento (2000) nomeia como entrevista de orientação o acompanhamento do preso pelo


psicólogo durante a execução da pena. O apenado encaminha um bilhete ao psicólogo solicitando a
entrevista na busca de orientação sobre saúde, família, situação jurídica, sobre dificuldades a respeito
do convívio com as outras pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade, como também
dificuldades pessoais. É a partir dessa entrevista que se observa a demanda e a vontade do indivíduo
para o trabalho de orientação psicológica. Esse procedimento atende melhor as solicitações do
sujeito quando o mesmo está disposto a aceitar a intervenção, pois tem uma função mais terapêutica.
A autora sugere esse acompanhamento em:

19
Casos de soropositividade para HIV, síndrome de abstinência, na fase que chamamos de saturação, que
se refere aquelas pessoas que tem diversas passagens pelo sistema e que procuram compreender o
porque isso acontece (porque não conseguem viver ‘lá fora’), e aqueles que estão prestes a sair e se
angustiam com a expectativa e com o medo do retorno, manifestando sentimentos ambivalentes: alegria e
medo, insegurança. (NASCIMENTO, 2000, p.105).

Podem também ser realizados plantões psicológicos. Esse tipo de intervenção é realizado de
forma individual visando um atendimento de emergência e tem como objetivo o acolhimento ao
indivíduo que está cumprindo pena restritiva de liberdade fornecendo assim uma atenção
psicossocial aos mesmos. “Esse sistema pede uma disponibilidade para se defrontar com o não
planejado e com a possibilidade de que o encontro seja único” (MAHFOUND, apud GUEDES,
2006:562).

Para Silva (2000:378) é responsabilidade do psicólogo que trabalha dentro do sistema prisional
abranger sua prática para além da tarefa de classificação do apenado, oferecendo possibilidades
“terapêuticas” a esses indivíduos excluídos pela sociedade. “Longe de se revelar como uma proposta
utópica, o que a experiência tem demonstrado é que para além da miséria social e moral, o acesso à
própria verdade é o que possibilita ao ser humano seu próprio crescimento”.

O atendimento psicológico é valorizado pelas pessoas que cumprem pena privativa de


liberdade, quando os mesmos passam a enxergar que ali é um espaço que oferece a eles uma reflexão
sobre sua atuação como indivíduo social que fica escondido enquanto pessoas encarceradas, como
também um momento de privacidade, o qual é praticamente impossível de acontecer no âmbito do
cárcere (GUEDES, 2006).

4.2 - Atenção Grupal Realizada pelo Psicólogo

Os trabalhos realizados em grupo são na maioria das vezes uma oportunidade de oferecer aos
sentenciados algum tipo de intervenção, pelo grande número de pessoas e de poucos profissionais da
área sendo também um espaço único de convivência, podendo o preso se relacionar e trocar
experiências. Esses grupos podem surtir efeitos internos em seus participantes e com isso pode ser
mudada a forma como eles se relacionam com a sociedade como um todo (CHAVES, 2010). A
dinâmica do grupo dentro das prisões é a mesma realizada fora delas se baseando na maioria das
vezes nas características dos indivíduos que compõem o grupo.

Os grupos dentro das instituições prisionais podem servir para várias finalidades, dependendo
das demandas apresentadas pelas pessoas que estão em cumprimento de pena privativa de liberdade,
podendo também ser usadas técnicas de diferentes tipos como oficinas terapêuticas, grupos de
reflexão e conscientização, grupo operativo, psicoterapia de grupo entre outros.

De acordo com Nascimento (2000:105) o trabalho em grupo tem como objetivo a interação
entre os indivíduos em cumprimento de pena privativa de liberdade e também possibilitar reflexões
“sobre aspectos referentes à dignidade, ética, autoestima, respeito por si e pelo outro, cidadania,
participação política, favorecendo a vida em sociedade”.

Para Azevedo (2000) os grupos podem ser formados com o intuito de trabalhar situações da
vida prisional, como as penas, conhecimento da história do sistema em que ele está inserido, as
drogas, questões de saúde (DST/AIDS), conflitos que surgem no cotidiano dos apenados, relações
interpessoais, bem como seus direitos e deveres.

É muito importante esse trabalho grupal com os indivíduos que cumprem pena privativa de
liberdade, pois:

20
Se eles ficam presos, escutam muitas vezes vozes contaminadas de possíveis companheiros de cela,
comprometidos com a cultura do crime. Os grupos são possibilidades de resgatá-los para a sociedade da
qual de fato fazem parte e que, em alguns casos, por um momento (ou uma vida), negou sua existência
(CHAVES, 2010:17).

De acordo com Chaves (2010), Conselho Federal de Psicologia (2009) e Fernandes (2000), o
trabalho grupal dentro do sistema prisional é muitas vezes visto como um trabalho arriscado, nem
sempre possível de ser realizado diante das regras de segurança de algumas unidades. Sendo assim, é
necessário tomar medidas de segurança, como informações do clima da instituição no dia da
realização do trabalho, entre outras.

Grupos com preso em regime fechado têm a finalidade de preparar o indivíduo que está
encarcerado para a progressão da sua pena, visando a diminuição da ansiedade causada pelo cárcere,
para dar possibilidade de condutas positivas e saídas mais saudáveis, sendo empregadas várias
técnicas, como dramatização, filmes e debates, temas livres, entre outras (FERNANDES, 2000).

Nos grupos de dependentes químicos, o objetivo é tratar os detentos dependentes de


substâncias psicoativas dos variados tipos, maconha, cocaína, álcool entre outras (FERNANDES,
2000).

Nos grupos de prevenção a DST/AIDS, o objetivo é orientar e esclarecer a respeito das doenças
sexualmente transmissíveis, visando mudanças na conduta do preso com base na conscientização do
comportamento que pode ser de risco (FERNANDES, 2000).

Grupo de orientação para liberdade, o objetivo principal é fornecer ao sujeito em cumprimento


de pena restritiva de liberdade um espaço de diálogo, orientando e informando a respeito da vida em
sociedade (CHAVES, 2009).

Nos grupos psicoterapêuticos, em cada encontro é debatido um tema específico, como família,
sociedade, crime, futuro. E são utilizadas dinâmicas como forma de trabalho. Porém, segundo
Chaves (2009), é uma prática limitada, pois dentro do sistema prisional não há muito espaço e não se
pode tocar um no outro por motivos de segurança e preservação dos membros.

O Grupo resgatando memórias faz com que a pessoas que se encontra encarcerada tente
resgatar aspectos referentes à sua história de vida, sendo uma oportunidade de “[...] reorganizar sua
história e pensar no legado da família e na sua identidade” (CHAVES, 2009:24).

O grupo resgate da responsabilidade social surgiu do interesse das próprias pessoas em


cumprimento de pena privativa de liberdade em resgatar a sua cidadania, mostrando a sociedade
“[...] algo de sua vivência criminal“ (CHAVES, 2010:24). Como exemplo a autora menciona que em
parceria com o Centro Integrado de atendimento ao Adolescente Infrator, um dos integrantes do
grupo citado acima foi relatar os prejuízos que obteve em sua vida através do crime.

Já os Grupos de Apoio ao Dependente Químico, têm como objectivo proporcionar reflexões e


apoio diante do problema da drogadição tão presente dentro da instituição carcerária (CHAVES,
2010).

Nos grupos de Dança de Salão, além de se proporcionar autoestima, autoimagem e


autoconceito para aqueles que estão cumprindo pena privativa de liberdade, o objetivo é melhorar a

21
relação conjugal, pois o grupo é dirigido aos casados que recebem com frequência a visita de sua
esposa (CHAVES, 2009).

No grupo Re-parar para Re-construir, o foco é o sujeito em cumprimento de pena privativa de


liberdade reincidente, e o objetivo é intervir de forma que possibilite ao indivíduo reflexão sobre a
sua vida colocando em evidência os projetos de vida (CHAVES, 2009).

Por fim, a autora descreve os grupos Agente Multiplicadores de Saúde e Oficina de Sexo
Seguro, que ajudam os sujeitos que se encontram encarcerados a terem mais informações a respeito
das doenças focalizando a prevenção das mesmas (CHAVES, 2009).

4.3 - Atendimento aos Familiares

Os psicólogos que trabalham dentro do sistema prisional podem também atuar juntamente aos
familiares dos indivíduos que estão cumprindo pena dentro do sistema prisional. Essa intervenção
pode ser realizada através de entrevistas que geralmente tem objectivo de se obter uma melhor
compreensão do caso de cada indivíduo que cumpre pena privativa de liberdade. Orientações a
respeito de como receber o familiar que se encontra preso de volta ao lar. Acolhimento e escuta, pois
muitas vezes os familiares não aceitam a situação na qual se encontram, como também podem ser
realizados atendimentos para compartilhar informações sobre o preso, as condições de saúde e o
acompanhamento do caso.

O atendimento familiar é muito importante, pois além de esclarecer as dúvidas sobre o sistema
carcerário e sobre a situação do preso para a família, tem objetivo de resgatar e manter esse vínculo
familiar (NASCIMENTO 2000).

Para Fichtner (apud HASSON, 2003), a família é essencial para o ser humano podendo a
mesma interferir na vida do indivíduo de forma positiva ou negativa dependendo da sua estrutura.

A família é a matriz mais importante do desenvolvimento humano e também principal fonte de saúde.
Entretanto, quando não se constitui uma unidade de experiência, de aprendizagem e de criatividade,
poderá se tornar um fator de doença (FICHTNER apud HASSON, 2003: 81).

De acordo com Guedes (2006) muitos são os indivíduos que cumprem pena privativa de
liberdade que depois de serem presos dizem valorizar mais a estrutura e o convívio familiar. Os
familiares que são presentes na vida da pessoa que se encontra encarcerada acabam sendo uma ponte
de ligação do mundo dentro do sistema carcerário e o mundo fora dele, a sociedade (BASTOS apud
GUEDES, 2006).

É importante o trabalho com a família do indivíduo que está encarcerado, visto que quando a
mesma está preparada para receber a pessoa que estava presa como integrante do núcleo familiar
auxilia na sua readaptação na sociedade.

Muitos familiares justificam a ausência nas visitas pela dificuldade de se deslocar da sua
residência até a prisão, por não terem condições financeiras para isso, pela tristeza de ver seu
familiar preso e também pelo constrangimento de passar pela revista íntima obrigatória para entrar
na prisão. A revista íntima de acordo com Soares e Ilgenfritz é apontada “como um procedimento
constrangedor, humilhante e ineficiente, já que nem sempre consegue impedir a entrada de drogas,
celulares e outros objectos ilícitos dentro do cárcere” (SOARES; ILGENFRITZ apud GUEDES,
2006,567).

22
4.4 - O Trabalho Junto aos Egressos do Sistema Prisional

Tomando a experiência de Espanha, Brasil e Argentina sobre essa materia, As Leis de Execução
Penal destes países, prevêm a assistência aos egressos do sistema prisional orientando e apoiando na
reintegração a vida social, se necessário disponibilizando abrigo e alimentação durante dois meses,
prazo esse para que o egresso busque emprego e condições de moradia. Caso seja comprovada a
necessidade, pode ocorrer uma prorrogação desse período. É dever dos profissionais capacitados
colaborarem para a que o egresso consiga trabalho. São considerados egressos todos os indivíduos
liberados do sistema prisional até um ano após esse facto, e os que são liberados condicionais e estão
no período de prova. Os Conselhos de Psicologia destes países são críticos e defendem não haver
cumprimento destas leis, uma vez que muitos egressos não possuem nem a passagem dos transportes
públicos quando retornam à sociedade. Portanto, é necessário e urgente que os “Estados viabilizem a
construção de programas nacionais de apoio aos egressos, envolvendo – entre outras medidas - a
atenção psicossocial”.

O objetivo destes programas para atender a população egressa não devem se focar na
diminuição de casos reincidentes e sim na promoção da reintegração do egresso na sociedade, pois
assim consequentemente o índice de reincidência diminui naturalmente. A forma mais eficaz de isso
acontecer é colaborar para que o egresso gere sua própria renda de forma legal, pois esta é uma
forma do indivíduo ser visto não só pelos familiares, mas pela sociedade como um integrante da
mesma facilitando a reintegração dentro do contexto família sociedade.

Para um bom funcionamento do programa é importante que haja uma equipe multiprofissional
atuando junto aos egressos. De acordo, os assistentes sociais, os psicólogos e advogados são
profissionais indispensáveis na equipe dando ênfase ao trabalho psicólogo, sendo colocado como o
mais importante, tendo em vista o grau de vulnerabilidade em que se encontram os indivíduos
quando saem de dentro do sistema prisional.

De acordo com Assis (2009), O Programas visam também trabalhar junto aos egressos do
sistema prisional os direitos humanos, seus deveres e direitos, discutir questões como a
vulnerabilidade social, as causas e consequências do seu ingresso no crime, a família, a afetividade,
além de promover formas de crescimento e inclusão através da educação, profissão e sociedade
executando projetos em prol disso (ASSIS, 2009). Quando os indivíduos saem do sistema prisional,
os mesmos são informados do programa e da obrigatoriedade da presença para atendimento. Esse
programa tem o objetivo de:

Promover a reintegração social do egresso do sistema prisional, mediante políticas públicas e sociais
que possam garantir e ampliar os direitos que estão dispostos na Lei de Execuções Penais (LEP), que
visa criar perspectivas favoráveis para o rompimento do ciclo de violência em que os egressos se
encontram, em sua maioria, inseridos, diminuindo assim a reincidência criminal (ASSIS, 2009:9).

Diante desse contexto, oficinas são realizadas com o intuito de trabalhar temas como cidadania,
afetividade, violência doméstica, questões de gênero e racial, atividade cultural, que ajudariam em
uma nova interpretação de suas vidas para que tenham novas perspectivas do futuro. Os temas
variam de acordo com as necessidades apresentadas pelos egressos.

No que se refere aos cursos profissionalizantes, Assis (2009) menciona a dificuldade da


realização do mesmo para a qualificação dos indivíduos no sentido de ajudá-los a ter mais chances
no concorrido mundo dos trabalhos.

23
São muitas as dificuldades para realizar cursos profissionalizantes, devido a falta de uma rede mais
organizada e por se tratar de um público que em sua maioria não tem documentação, tem baixa
escolaridade e não tem recursos financeiros para o transporte (ASSIS, 2009: 19).

Em relação à obtenção de renda e oportunidades de emprego por parte dos egressos é


importante destacar o paradoxo existente, pois o Estado promove a reinserção do indivíduo no
campo de trabalho referente à iniciativa privada, porém não aceita o egresso para cargos públicos.
Proibição do egresso a cargos públicos deveria ser revista:

Tomar a condenação criminal como sinônimo de inidoneidade moral importa a equivalência, a priori,
entre violação de regra jurídica (crime) e violação de regra moral; tal equivalência pressupõe a
fundamentação moral de todo e qualquer crime, algo que contesta desde a laicização do Estado (que
muitos países deram-se o luxo de coparticipar). E por fim, a incapacidade eterna de exercício de cargo
público terminaria por perpetuar um dos efeitos da sentença penal condenatória (Código Penal), e a
CRA proíbe, em absoluto, as penas de caráter perpétuo).

Portanto é essencial que os programas de atendimento aos egressos ofereçam primeiramente


orientações para a obtenção de documentos pessoais, pois é também uma forma do egresso se sentir
cidadão, aumentando o sentimento de integração social, além de a documentação ser necessária para
“[...] o exercício de muitas atividades inerentes ao status de cidadão: desde o direito de voto [...] até a
possibilidade de abrir um crédito em uma loja”.

É importante também que seja determinado um tempo específico para o atendimento ao egresso
para que diminua a possibilidade de se criar um vínculo de dependência entre os programas e os
atendidos, já que os mesmos saberão que as atividades que eles realizam têm data certa para acabar.
“O importante é que, seja qual for a actividade a se desempenhar, haja sempre um prazo máximo de
duração para cada uma delas, e que esse prazo seja pré-estabelecido e informado ao egresso desde o
inicio do tratamento“.

Muitos são os caminhos a serem desenvolvidos para lidar com esse desafio da reintegração dos
egressos na sociedade, onde primeiramente devem ser resolvidos as lacunas inerentes a baixa
escolaridade e, como citado acima, a falta de documentação, conscientizar e responsabilizar a
comunidade como um todo para a ressocialização dos egressos.

Porém não há fundamentação teórica sobre essa colocação, conforme pode ser evidenciado em
pesquisas realizadas sobre a reabilitação das pessoas em cumprimento de pena privativa de
liberdade. Nas quais mostram de forma positiva o resultado dos trabalhos com os egressos do
sistema prisional, que apontam uma diminuição no que se refere à reincidência criminal. Vale
ressaltar que não importa o tipo de abordagem que é usada nos programas, o importante é que os
“[...] programas de reabilitação com detentos ou egressos do sistema penitenciário devem ser
implementados de forma correta” (GENDREAU apud CFP, 2008:35) para que se tenha um resultado
positivo.

4.5 - Trabalho Junto aos Agentes Penitenciários

A profissão agente penitenciário é bastante antiga. Foram várias as denominações já existentes


no decorrer dos anos, como carrascos, carcereiros, guarda de presídio, entre outras. De acordo com
Lopes (2000), independente da fase histórica os agente penitenciários estão sempre ligados a
situações de “exclusão, vigilância, fiscalização, humilhação, agressão, e tortura [...] utilizados
regularmente com a finalidade de aplicar o castigo considerado justo, punir o desvio, promover a
adequação e manter uma determinada ordem social” (LOPES, 2000:330).

24
Segundo Lopes (2000) as prisões são vistas pelos agentes penitenciários como sendo
pertencentes a um outro mundo, caracterizado por ser um lugar pesado, cheio de ameaças, em que as
pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade são o perigo maior. Eles denominam os
indivíduos encarcerados como “[...] seres de outra espécie dotados apenas de qualidades negativas”
(LOPES, 2000:330). Para solucionar problemas gerados dentro do sistema pelas pessoas em
cumprimento de pena privativa de liberdade, os agentes usam de humilhação verbal até tortura,
guiados pela precipitação, pelo preconceito, por falta de orientação e até mesmo por pura vingança.

O mesmo autor cita que de acordo com o ambiente de trabalho que se encontra a instituição
prisional fica difícil a atuação do agente de forma saudável, não havendo condições de
desenvolvimento para isso.

Se considerarmos que o ambiente de trabalho e a relação que o trabalhador mantém com ele é parte da
identidade do equilíbrio psíquico daqueles que trabalham, é possível imaginar qual a realidade de saúde
dos agentes de segurança em ambientes como prisões (LOPES, 2000:331).

Podemos então colocar o trabalho do agente penitenciário como árduo, difícil, gerador de
stress. Segundo dados de uma pesquisa realizada por Rocha (2000) a maioria dos agentes
penitenciários apresentam grau elevado de stress, onde os sintomas principais são irritação, estado de
tensão, sugerindo em parte a causa dos atos violentos realizados dentro do sistema prisional. Porém
nada justifica tal violência.

Lopes (2000:331) também concorda quando coloca que a dinâmica do trabalho dentro do
sistema prisional “agentes/sentenciados/prisões” acaba resultando em muito stress e se manifestando
na maioria das vezes por meio da violência. “Parecem ter a função de baixar os níveis de tensão na
prática cotidiana”. E quando a violência não está direcionada as pessoas em cumprimento de pena
privativa de liberdade, está voltada para o próprio agente, que acaba adoecendo e tendo que se
afastar do trabalho.

Portanto, é visível a necessidade de um trabalho dos psicólogos junto aos agentes


penitenciários. Segundo Lopes (2000:332) os próprios agentes reclamam da falta de atendimento
referentes a eles. “Os agentes se sentem menosprezados em relação aos sentenciados, no
entendimento deles seria o mesmo que dizer que aqueles que cometem crimes merecem mais
respeito do que aqueles que trabalham na prisão”.

Em algumas penitenciárias ocorre que, os psicólogos que atuam dentro do sistema prisional
oferecem aos funcionários do presídio atenção psicológica, realizando orientações, avaliações,
entrevistas e se necessário fazem o encaminhamento aos serviços especializados. Além dos
atendimentos individuais, podem ser realizados trabalhos em grupo, com palestras, debates entre
outros. Como todo trabalho em grupo, os temas trabalhados podem ser diversos e a escolha do
mesmo surge de acordo com as demandas dos participantes.

“Foi apontado como tarefa do (a) profissional psicólogo (a), o compromisso de melhorar as
condições de vida do presídio, bem como transformar a cultura institucional e garantir os direitos das
pessoas presas”.

De acordo com Jesus (2001) a Psicologia é totalmente capaz de realizar um ótimo trabalho
dentro do sistema prisional, seu saber é de suma importância e visivelmente necessário para atender
as diversas demandas existentes dentro do sistema prisional.

25
5 - Conclusão
O trabalho do psicólogo dentro do sistema prisional está a cada dia sendo mais valorizado,
pelos resultados positivos apresentados pelos profissionais atuantes dentro dessas instituições.
Entretanto, percebe-se que é visível o preconceito existente nessa área por diversas partes, como:
comunidades, familiares, alguns funcionários que trabalham dentro do sistema prisional e até mesmo
de certas pessoas que cumprem pena. A violência está tão banalizada que a maioria das pessoas não
vêem soluções para amenizar esse caos, sendo assim, falar de readaptação, ressocialização em
relação aos indivíduos que estão a cumprir pena em regime fechado é uma ilusão para muitos.

Diante disso, podemos dizer que o trabalho do psicólogo é de suma importância para que se
possa mudar essa maneira de enxergar esse problema, devendo assim atuar junto aos que estão a
cumprir pena privativa de liberdade, aos familiares dos mesmos, à comunidade, aos egressos e até
mesmo realizar trabalhos com os funcionários do sistema prisional.

O trabalho do psicólogo junto às pessoas que estão em cumprimento de pena privativa de


liberdade ajuda os mesmos a perceber o seu papel como cidadão na sociedade, resgatando neles
vários interesses que na maioria das vezes ficaram latentes por muito tempo. Diante disso, faz com
que surja uma possibilidade de mudança em sua vida para que sejam inseridos na sociedade, posto
que muitos dos que estão a cumprir pena dentro da instituição carcerária já eram excluídos da
sociedade de alguma forma e nunca tiveram oportunidade de fazer valer seu papel como cidadão.

A família ocupa na maioria das vezes um lugar muito importante na vida dos sujeitos, portanto
é essencial trabalhar junto aos familiares esse contexto, para que possam receber seu parente que
estava encarcerado. O egresso do sistema prisional que se sente parte do núcleo familiar tem mais
facilidade para se readaptar na vida social. Porém não adianta só a família dar apoio, a comunidade
precisa também acolher os egressos, visto que, excluindo o individuo, o mesmo não terá chance de
mudança, tendo assim maior probabilidade de reincidir no acto ilegal.

A precariedade dos sistemas prisionais no mundo é mais do que notória, os modelos devem ser
repensados. Portanto, o trabalho do psicólogo dentro do sistema prisional é indispensável tendo em
vista que sua atuação é totalmente voltada para a garantia dos direitos humanos, procurando fazer
com que as leis de execusão penal sejam efetuadas de facto para que se possa ter um resultado
satisfatório.

Para o psicólogo, trabalhar com as pessoas que estão a cumprir pena privativa de liberdade não
é o mesmo que "enxugar gelo" como muitos dizem, é um trabalho que visa não só o bem-estar
dessas pessoas que se encontram encarceradas, mas o bem-estar da sociedade como um todo. O
trabalho realizado por uma equipe multiprofissional na qual o psicólogo está inserido, é de
suma importância no que se refere a tentativa de mudar os conceitos e preconceitos existentes
dentro e fora do sistema prisional, dando ênfase no trabalho de readaptação das pessoas que
cumprem pena privativa de liberdade. Muitas pessoas, que acham que segregar e excluir esses
indivíduos que cometem actos ilegais é a melhor solução, esquecem que um dia esses mesmos
indivíduos irão voltar a fazer parte do convívio social que a elas pertencem.

26
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