Sunteți pe pagina 1din 157

Teoria Geral de Surfaçagem

Surfaçagem de Lentes Oftálmicas


Teoria Geral de Montagem
Montagem de Lentes Oftálmicas

SISTEMA FILADÉLFIA DE ENSINO


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 2


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Teoria Geral de Surfaçagem


Surfaçagem de Lentes Oftálmicas
Teoria Geral de Montagem
Montagem de Lentes Oftálmicas
Osias Ferreira dos Santos

Instituto Filadélfia
Rua Silva, 600 - Centro
Itajaí-SC CEP 88301-310
3249-6100 (47)
www.fafil.com.br
ead@filadelfia.com.br

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 3


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SANTOS, Osias Ferreira dos.


Teoria Geral de Surfaçagem - Surfaçagem de Lentes Oftálmicas -
Teoria Geral de Montagem - Montagem de Lentes Oftálmicas.
Itajaí: Instituto Filadélfia, 2015. 155 p.

2015 – 155 páginas

Índices para catálogo sistemático: Surfaçagem lentes oftálmicas,


montagem lentes oftálmicas; Educação a Distância – EAD; Instituto
Filadélfia;

CDD: 611
CDU: 611

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou


parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de
autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código
Penal.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 4


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

1. LENTES
1.1. Introdução às lentes oftálmicas
1.2. Lentes
1.2.1. Definição
1.2.2. Dioptria
1.2.3. Centro óptico
1.2.4. Como se obtém a dioptria
1.2.5. Índice de refração
1.2.5.1. Definição
1.2.5.2. Índices de refração de alguns meios
1.2.5.3. Principais índices de refração em lentes oftálmicas
1.2.6. Materiais das lentes
1.3. Prismas
1.3.1. Definição
1.3.2. Medida do prisma
1.3.3. Aplicações dos prismas em óptica oftálmica
1.4. Lentes bifocais
1.5. Lentes multifocais
2. ARMAÇÕES OFTÁLMICAS
2.1. Definição
2.2. Escolha adequada da armação em relação à ametropia
3. SURFAÇAGEM
3.1. Definição
3.2. Principais equipamentos e ferramentas do laboratório de surfaçagem
3.3. Principais insumos usados no laboratório de surfaçagem
3.4. Operação de equipamentos e ferramentas utilizados no laboratório de surfa-
çagem
3.5. Execução e fabricação de lentes oftálmicas adequando o processo de produ-
ção à tecnologia moderna
3.6. Cálculos
3.6.1. Cálculos de transposição
3.6.2. Execução de cálculos de adição e processo de transposição para pro-
dução de lentes bifocais
3.6.3. Execução de cálculos de adição e processo de transposição para pro-
dução de lentes multifocais
3.6.4. Cálculos de construção de lentes oftálmicas

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 5


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

3.6.5. Projeto e cálculo de superfície, raio de curvatura e valor sagital das len-
tes esféricas
3.6.6. Cálculo de superfície de lentes esféricas
3.6.7. Cálculo de superfície de lentes cilíndricas
3.6.8. Cálculo de superfície de lentes de índices de refração variados
3.6.9. Cálculo de superfície de lentes bifocais e multifocais
3.6.10. Cálculo de raio de curvatura
3.6.11. Cálculo de lentes com dioptria prismática
3.6.12. Lentes oftálmicas de médio e alto índice de refração

4. LENSOMETRIA
4.1. Definição
4.2. Lensômetro ocular (mecânico/analógico): principais partes
4.3. Operação correta do lensômetro
4.4. Conferências das lentes esféricas centradas e descentradas
4.5. Conferência de lentes oftálmicas cilíndricas centradas e descentradas
4.6. Conferência de lentes bifocais
4.7. Conferência de lentes multifocais
5. MONTAGEM
5.1. Definição
5.2. Principais equipamentos e ferramentas do laboratório de montagem
5.3. Principais insumos usados no laboratório de montagem
5.4. Tipos de armações oftálmicas
5.5. Componentes das armações
5.6. Materiais das armações
5.7. Medidas das armações
5.8. Medidas ópticas
5.8.1. Distância pupilar
5.8.2. Distância naso-pupilar
5.8.3. Altura da película
5.8.4. Altura pupilar
5.9. Prática de tomada de medidas ópticas
5.9.1. Tomada de medidas manualmente e com equipamentos
5.9.2. Distância pupilar
5.9.3. Distância naso-pupilar
5.9.4. Altura da película
5.9.5. Altura pupilar
5.9.6. Tomada de medidas manualmente e com equipamentos
5.10. Escolha da armação
5.10.1. Formato da armação e formato do rosto
5.11. Confecção de moldes para montagem manual
5.12. Marcações feitas nas lentes para montagem
5.13. Montagem de lentes esféricas
5.14. Montagem de lentes cilíndricas

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 6


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

5.15. Montagem de lentes multifocais.


5.16. Ajustes finais
5.17. Conferência da montagem
6. BIBLIOGRAFIA

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 7


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

LENTES

1.1. Introdução às lentes oftálmicas


Os primeiros relatos sobre as lentes são datadas de 500 anos a.C. e encontram-
se em documentos do filósofo chinês Confúcio. Contudo, estas lentes não tinham
potência, serviam apenas como adereço pessoal e muitas eram deixadas como
herança.
Durante a idade média eram os cristais de quartzo ou pedras semipreciosas fati-
adas e polidas que produziam um aumento (graduação). Nesta época, os monges
passaram a utilizá-las para seus trabalhos de leituras em bibliotecas confeccionados
em aros de ferro. Os primeiros óculos tiveram a sua origem na Itália por volta de
1280 e a partir desta se tornaram conhecidos e populares.
Equipamentos do laboratório de Óptica Oftálmica começam a surgir: as lentes
para correção da visão de longe (miopia) no século XV. No século XVIII surgem as
lentes bifocais (visão de perto e visão de longe) e no século XIX surgiram, na Ingla-
terra, as primeiras lentes para astigmatismo.
Anteriormente como a variedade de produtos era pequena e a tecnologia utiliza-
da era menos desenvolvida, grande parte das óticas tinha seus próprios laboratórios
e por sua vez, não fazia ligação direta com a indústria, pois negociava somente com
o distribuidor, contudo com a informatização e com a abertura do comercio mundial,
muitas tecnologias e se renovou em questão de materiais e mesmo do processo de
fabricação.

1.2. Lentes

1.2.1. Definição
Lente é um corpo transparente limitado por duas superfícies polidas capaz de
desviar os raios luminosos para um ponto chamado foco. As lentes podem ser
“prontas”, ou seja, já vêm da fábrica com as suas características finais, ou podem
ser fabricadas partindo de blocos brutos - lentes em seu estado inicial, antes de
serem beneficiadas.

1.2.2. Dioptria
A dioptria é a unidade de medida da potência das lentes.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 8


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

1.2.3. Centro óptico


É o único ponto em uma lente onde um raio luminoso que incida perpendicu-
larmente a ela, não sofrerá desvio algum.

1.2.4. Como se obtém a dioptria


Simplificadamente, a dioptria é obtida através da soma algébrica das curvas
da lente (usa-se regra de sinais). Grosso modo, se fabricarmos uma lente com curva
convexa (curva externa) +6,00 e curva côncava (curva interna) -5,00, obteremos
uma lente com dioptria +1,00, pois +6,00-5,00 = +1,00. Caso seja uma lente com
curvas +3,00 (convexa) e –5,00 (côncava), teremos uma lente com dioptria –2,00,
pois +3,00-5,00 = -2,00.

1.2.5. Índice de refração


1.2.5.1. Definição
É a relação entre a velocidade da luz no ar e a velocidade da luz no outro
meio. Assim sendo, para se calcular o “índice de refração” de um meio refringente,
aplica-se a seguinte fórmula:

n = C / Vm
Sendo:
n: índice de refração
C: velocidade da luz no ar
Vm: velocidade da luz no meio

1.2.5.2. Índices de refração de alguns meios


ÍNDICE NOME DO MEIO/MATERIAL
1,000 Vácuo
1,0003 Ar
1,333 Água pura
1,336 Humor aquoso e humor vítreo
1,376 Córnea
1,386
a Cristalino
1,406
2,420 Diamante
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 9

n = C / Vm
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

1.2.5.3. Principais índices de refração em lentes oftálmicas


ÍNDICE NOME DO MATERIAL

1,498
Resina orgânica baixo índice. Genericamente
a esse grupo de índices é tratado por CR-39 ou

1,502 como índice 1,499

1,518 Resina orgânica baixo índice

1,520 Resina orgânica baixo índice

1,523 Cristal crown

1,530 Trivex e algumas lentes orgânicas baixo índice

1,537 Spectralite (médio índice)

1,538 Resina médio índice

1,546 Resina médio índice

1,550 Resina médio índice

1,560 Resina médio índice

1,586 Policarbonato (alto índice)

1,597 Resina alto índice

1,600 Resina alto índice e cristal alto índice (high-lite)

1,601 Resina alto índice

1,651 Resina alto índice

1,660 Resina alto índice

1,661 Resina alto índice

1,665 Resina alto índice

1,668 Resina alto índice

1,700 Cristal alto índice (high-lite)

1,740 Resina alto índice

1,800 Cristal alto índice (high-lite)

1,900 Cristal alto índice (high-lite)

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 10


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

1.2.6. Materiais das lentes


Os materiais mais utilizados na produção de lentes oftálmicas são:
Orgânica/CR-39 (plástico): este é o nome comercial com que ficou registrada
esta resina inventada pelos Laboratórios Columbia em Ohio, nos EUA. A sua fórmula
é de um di-carbonato dialilado etileno glicol, o que o coloca na categoria dos políme -
ros termofixos.
Mineral (vidro): é um material em desuso pelos problemas de segurança,
peso e pela estética.
Policarbonato: é um polímero termoplástico da família dos poliésteres aro-
máticos. Este polímero da engenharia, com elevadas capacidades técnicas, possui
várias aplicações.
Trivex: é um material relativamente recente que entra na categoria dos poliu-
retanos, desenvolvido especialmente para a indústria de lentes oftálmicas. Por ser
um pré-polímero de base uretana, combina as melhores características do policarbo-
nato com as do CR-39. Seus benefícios mais importantes são a resistência, a leve-
za, qualidade óptica (menos aberrações que o policarbonato) e o bloqueio dos raios
UV.

1.3. Prismas
1.3.1. Definição
Prismas são meios refringentes com índice de refração diferente do meio
onde estiverem submersos. São limitados por duas superfícies não paralelas que
mudam a direção da luz.
As duas superfícies do prisma formam um ângulo entre si e podem ser curvas
ou planas, como veremos nas lentes oftálmicas. Como suas faces nunca estão
paralelas, todo feixe de luz que as atravessa sofre um ângulo de refração, seja qual
for o ângulo de incidência.

O vértice é o ponto onde se unem as duas faces. A base é a parte mais


grossa, perpendicularmente oposta ao vértice. O eixo é uma linha imaginária que
une o vértice ao centro da base.
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 11
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

1.3.2. Medida do prisma


O poder dióptrico de um prisma varia em função de dois fatores:
 Índice de refração do material de que é feito o prisma;
 Ângulo de refringência formado por suas duas superfícies.
A forma de medir o poder de um prisma, inventada por Charles F. Prentice,
consiste em medir o desvio produzido pelo prisma a uma distância dada.

Um prisma de 1,00D desloca a imagem em 1 cm para cada metro de


distância. Se ele estiver colocado a 2 m de distância, o deslocamento será de 2 cm,
se estiver a 4 m de distância, o deslocamento será de 4 cm, etc.
Um prisma simples, quando deslocado diante do olho no sentido vértice-base,
mantém constante o deslocamento aparente da imagem.

1.3.3. Aplicações dos prismas em óptica oftálmica


 Medir o desvio ocular pelo deslocamento da imagem;
 Medir o ângulo de desvio no estrabismo;
 Exercícios ortópticos para estimular ou inibir a convergência;
 Para evitar diplopia em casos de paresia ou paralisia;
 Para compensar a anisoforia;
 Para certos casos de anisometropia.
No caso de uma receita ter prescrição de prismas, é necessária a informação
da quantidade de prismas e da posição da base:
BI = Base inferior
BN= base nasal
BT = base temporal
BS = base superior
1.4. Lentes bifocais
Constituem-se de lentes com dois campos de visão, e por consequência, com
distâncias focais ou eixos focais diferentes. São como duas lentes unidas em um só
bloco, onde há um campo de visão para longe, chamado de campo principal, e
outro, para visão de perto, chamado de campo de segmento ou simplesmente
segmento.
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 12
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

1.5. Lentes multifocais


Conhecidas também como lentes progressivas, constituem-se de vários
campos de visão com distâncias focais diferentes.

São denominadas lentes multifocais todas as lentes que sejam constituídas


de vários campos de visão com focos diferentes, ou seja, que tenham uma infinidade
de focos na região de progressão da lente. Isto independentemente do tipo de
matéria prima utilizada na sua confecção. Têm como objetivo corrigir a ametropia de
presbiopia combinada, ou não, de outra ametropia (miopia, hipermetropia e
astigmatismo). Todas as lentes que geram várias potências dióptricas no mesmo
meridiano, são consideradas multifocais (muitos focos), entre elas temos o multifocal
progressivo e regressivo.
A lente progressiva é uma lente que muda continuamente o seu poder
dióptrico. Inicia aproximadamente no seu centro geométrico, fazendo com que,
discretamente, o seu valor dióptrico vá progredindo e proporcionando correções em
diversos campos visuais relativos às diversas distâncias de leitura ou identificação

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 13


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

de objetos pequenos, até alcançar o campo visual de perto, onde ela tem o seu
apogeu dióptrico mais positivo. Apresenta uma mudança de poder dióptrico gradual
e progressivo, que ocorre dentro de um corredor, opticamente “puro”. Quando se diz
“puro” significa que não tem aberrações astigmáticas, como ocorre nas zonas
laterais, na metade inferior da lente. Este corredor se inicia aproximadamente na
metade da lente e vai progredindo até o ponto inferior dela. O corredor progressivo
se inicia em uma das superfícies da lente, mais precisamente na sua superfície
convexa (a de fora) e vai progredindo e se alargando levemente até 16 mm abaixo
do ponto de visão de longe, onde fica situada a zona de visão para perto.
Nas zonas das laterais, na metade inferior da lente, ao lado do corredor
opticamente puro, estão as zonas de aberrações astigmáticas, por onde a visão não
é completamente nítida. A progressão é obtida por meio de uma complexa superfície
de forma asférica.

Além disso, as lentes multifocais progressivas têm como princípio básico


gerar acuidade e conforto. Este produto é responsável pelo avanço das mais altas
tecnologias geradas nos últimos anos pelo setor ótico. No seu conceito persiste o
benefício do uso da correção constante para longe, intermediário e perto.
A adaptação é mais fácil do que a de bifocais e trifocais, e o resultado
estético, muito melhor (por não haver linhas divisórias e saltos de imagem). É
desenvolvida por meio de curvatura contínua e progressivamente com focos

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 14


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

calculados da zona de visão de longe para perto, oferecendo a visão perfeita para os
présbitas.

Como se trata de uma lente que muda continuamente o seu poder dióptrico,
com início próximo ao seu centro geométrico e de forma calculada, ela vai
aumentando de potência conforme o avanço dos olhos na convergência para o foco
de perto. Toda lente progressiva necessita de um corredor para estabilizar o poder
dióptrico intermediário, caso contrário ocorre o efeito de potência incontrolável.

Pontos de referência das lentes progressivas


Estas marcas são feitas especialmente para facilitar a localização de pontos
importantes no que diz respeito ao posicionamento das lentes nas armações em
função da pupila, assim como a respectiva verificação da exatidão dos óculos. Estas
marcas são essenciais na montagem e principalmente na marcação para o processo
de surfaçagem.

 Cruz central de progressão (1): é o principal ponto de referência de uma lente


progressiva, pois ela deve ser montada na armação, coincidentemente com o
centro da pupila do usuário. Para que usuário possa desfrutar das vantagens
deste tipo de lente, faz-se necessário que a cruz de progressão seja

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 15


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

posicionada exatamente sobre o centro da pupila, com o cliente olhando para


o horizonte, com a cabeça ereta, em posição normal.

 Linha de montagem (2): algumas lentes têm apenas dois pequenos círculos,
outros uma linha representando a horizontalidade da lente. Qualquer falha na
horizontalidade acarretará problemas de visão ao usuário, no campo de visão
de perto ou no corredor progressivo (visão intermediária).

 Campo de perto (3): a largura do campo de perto é mais ampla do que a


intermediária, mas ambas variam de acordo com a adição (quanto maior a
adição menor a largura do campo intermediário).

 Altura do progressivo (4): é a distância entre a cruz de progressão e o apogeu


da visão de perto. As fabricantes orientam quanto à altura de cada tipo de
lente e é importante segui-las para que haja uma boa adaptação e o campo
de perto não seja comprometido. Em alguns casos vendem-se com alturas
menores do que os especificados. Isto causa problemas de adaptação devido
à perda do campo de perto (cortando fora).

 Campo de longe (5): é o ponto onde são medidas as dioptrias de longe. Fica
localizado logo acima da cruz central. Pode parecer contrassenso, mas não
se podem fazer as medições dióptricas de longe exatamente onde o usuário
tem o ponto de visão principal de longe, ou seja, através da cruz central.
Devem ser feitas no centro do círculo superior. Esta é uma característica
própria dos progressivos.

Existem diversos modelos de multifocais sendo fabricado pelo mundo, o que


vai diferenciar um do outro é a tecnologia empregada na fabricação, a largura do seu
corredor progressivo, a distância entre os campos de visão (longe e perto), o
material, a topografia e desenho. Hoje, já existem multifocais exclusivos, isto é,
fabricados sob as medidas tiradas do usuário, sendo possível fazer lentes com
mínimas distorções periféricas.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 16


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

2. ARMAÇÕES OFTÁLMICAS
2.1. Definição
Armação é o aparato que serve para comportar as lentes, que por sua vez se
destinarão à correção de alguma deficiência da visão. Podemos dizer ainda que o
objetivo primário da armação seja dar apoio confortável e preciso à posição das
lentes na frente dos olhos.
2.2. Escolha adequada da armação em relação à ametropia
Os blocos oftálmicos são fabricados com curvas variadas, como 2, 4, 5, 6, 7,
10, dependendo do fabricante. A escolha da curvatura, dependendo da dioptria e da
armação, é definida, normalmente, pelo laboratório. Mas é importante o vendedor ter
noções para que não venda produtos cuja qualidade seja impossível garantir.
É importante ter em mente as seguintes regras básicas:
 Para casos de miopia ou armações menos curvadas, é possível a fabricação
de lentes com curvatura mais baixa.
 Para casos de hipermetropia ou armações mais curvadas, é possível a
fabricação de lentes com curvatura mais alta.
 Não é indicado vender para casos de miopia armações de curvatura alta, pois
não será possível, independentemente da curvatura, montar a lente com
qualidade. Da mesma forma, para hipermetropias altas, geralmente acima de
4,00 dioptrias, não se deve escolher armações muito retas.

O quadro abaixo também dá uma boa dica de como escolher a forma


geométrica da armação de acordo com a dioptria cilíndrica e direção do eixo:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 17


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

3. SURFAÇAGEM
3.1. Definição
Surfaçagem é o nome dado ao processo de fabricação de lentes. A palavra surfa -
çagem vem do inglês “surface”, que significa “superfície”. Já vimos que as lentes são
elementos que dependem das curvas de suas superfícies para que seu propósito
seja alcançado, então, surfaçagem é o ato de usinar as superfícies de um material
com propriedades ópticas para que ele obtenha as características de uma lente.
3.2. Principais equipamentos e ferramentas do laboratório de surfaçagem

Esférica manual

Polidora automática

Cilíndrica

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 18


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Moldes com encaixe cônico

Software de cálculos

Fitadeira

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 19


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Porta bloco

Blocadora

Gerador de curvas manual

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 20


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Gerador de curvas CNC

Moldes

Surfaçadoras (“cilíndricas” - lixadeira e polidora)

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 21


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Desblocadora

Esferômetro

Espessímetro

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 22


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Sagômetro
3.3. Principais insumos usados no laboratório de surfaçagem

Esmeril (carbureto de silício e óxido de alumínio)

Polidor (zirconita e óxido de cério)

Feltros para polimento

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 23


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Lacre

Fita de proteção

Alloy

Lixa

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 24


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Veludo

Polidor

3.4. Operação de equipamentos e ferramentas utilizados no laboratório de


surfaçagem
SOFTWARE DE CÁLCULO DE CURVAS E ESPESSURAS
Através de um programa de computador específico são determinados o diâmetro,
as espessuras e curvas finais da lente. Este programa também emitirá uma ordem
de fabricação onde constarão todas as informações necessárias ao processo de
surfaçagem.

PROTEÇÃO DA SUPERFÍCIE DO BLOCO


Após os cálculos necessários para a confecção das lentes, os blocos terão sua
superfície anterior (base) recobertos com uma fita plástica que traz adesivo em uma
das suas faces. Sua função é proteger a superfície do bloco das agressões durante
a surfaçagem e proporcionar perfeita aderência do alloy ao ser feita a blocagem.
BLOCAGEM
É o ato de unir o bloco bruto ao porta-bloco com alloy ou cera, utilizando para
isso a máquina chamada blocadora de alloy.

GERAÇÃO DE CURVAS

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 25


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Com o uso da máquina CNC chamada “gerador de curva”, os blocos são


“cortados” de maneira que cheguem ao diâmetro, espessuras e curvas projetadas
pelo programa de cálculos, que é interligado com essas máquinas.

SELEÇÃO DO MOLDE
Depois que as lentes são “geradas”, é juntado a elas os moldes nos quais serão
lixadas e polidas. Esses moldes deverão ter as mesmas curvas que foram geradas
nas lentes e estão informados na ordem de fabricação.

LIXAMENTO
Para essa etapa são coladas na superfície dos moldes lixas autoadesivas que
são selecionadas conforme o material de que é feita a lente. O lixamento poderá ser
feito em passo único, ou seja, com o uso de uma lixa apenas e em seguida seguir
para o polimento, ou em dois passos, quando a lente será primeiramente lixada em
lixa de uma grana maior para retirar as imperfeições resultantes do corte no gerador
e em seguida passará por uma lixa de grana menor para obtermos um pré-
polimento. Para evitar o superaquecimento pelo atrito entre a lixa e a lente, é usada
água resfriada a mais ou menos 15ºC que verte sobre a lente e o molde durante
todo o tempo de lixamento. Atualmente usamos o sistema de lixamento em dois
passos em nosso laboratório.

POLIMENTO
O polimento é a etapa onde a superfície da lente passa do estado fosco ao
estado de brilhância e transparência. O polimento é feito usando-se um veludo
especial que é colado sobre o molde ou sobreposto à lixa que foi usada para o
primeiro passo do lixamento, combinado com o líquido polidor resfriado à
temperatura que pode variar de 10ºC a 13ºC.
3.5. Execução e fabricação de lentes oftálmicas adequando o processo de
produção à tecnologia moderna.
A surfaçagem de lentes pode ser analisada em quatro fases nos últimos tem-
pos.
Haviam os equipamentos que eram totalmente manuais; depois esses equipa-
mentos sofreram uma evolução para semiautomáticos, principalmente nas máquinas
de geração de curvas em superfícies. Com o aumento da tecnologia, surgiram as

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 26


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

máquinas CNC, mesmo assim mantendo a forma tradicional de surfaçagem, mas


agora, em uma quarta fase, já existem as máquinas freeform, que dão um ignificado
totalmente novo ao desenvolvimento de lentes.
Nos equipamentos manuais, geralmente utilizados para a surfaçagem de len-
tes em cristal, o bloco bruto é colado ao porta-blocos através de uma liga conhecida
por “lacre”, composta, basicamente, por breu, gesso, goma laca, piche e corante.

O lacre é derretido com o uso de um maçarico e o próximo passo é passar


pela rebaixadora, uma máquina onde o bloco será afinado até atingir uma espessura
que se aproxime da espessura final desejada. A máquina começa a girar o molde e o
surfaçagista vai adicionando os abrasivos.

Nesses equipamentos há sempre braços para acionar o equipamento para


trabalhar. São providas de uma alavanca que é acionada pelo joelho, a qual liga,
desliga e freia o movimento rotatório da máquina. A colocação do material de des-
baste (esmeril) é feita de maneira manual, ou seja de acordo com a necessidade co-
loca-se o material entre o bloco e o molde. Atualmente se tornaram obsoletas em la-

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 27


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

boratórios de alta produção. Para conferir a espessura da lente durante o processo


de afinamento utiliza-se o espessímetro.
Juntamente com esse tipo de equipamentos, que também podem ser usados
para o acabamento das lentes, surgiu o gerador de curvas semiautomático, com
uma espécie de “copo” diamantado que faz o desbaste do bloco bruto e imprime as
curvas necessárias na superfície que está sendo usinada. Em seguida o processo
de acabamento é feito nas máquinas manuais.
Em seguida vieram as máquinas CNC, controladas por computador, o que fez
com que a curva de aprendizado dos profissionais fosse bastante reduzida. Essa
evolução vai desde softwares de cálculos até polidoras onde a intervenção do opera-
dor é mínima, requerendo apenas o conhecimento de operação e algum treino para
analisar as superfícies das lentes.
Finalmente, temos as máquinas com tecnologia para fabricação de lentes di-
gitais. A surfaçagem digital não é mais novidade atualmente. Sabemos que surfaça-
gem é o nome dado ao processo de fabricação de lentes. A palavra surfaçagem vem
do inglês “surface”, que significa “superfície”, ou seja, surfaçagem é o ato de usinar
as superfícies de um material com propriedades ópticas.
A surfaçagem tradicional de uma lente utiliza um bloco semiacabado, isso é, o
bloco é pronto na curva externa, sendo necessário que a curva interna seja obtida
com o uso do ferramental específico.
Já a surfaçagem digital combina uma máquina especial geradora de superfíci-
es e um software de computador específico. Juntos, traçam curvas complexas nas
duas faces do bloco produzindo lentes de alta qualidade, especialmente progressi-
vas, pois o desenho da lente é adaptado aos parâmetros visuais do usuário. A pri-
meira grande diferença entre a tecnologia freeform e a tradicional é que os equipa-
mentos de freeform não usam moldes. Todo trabalho do gerador e parte do que é fei-
ta com as lixas nas máquinas auxiliares foi substituído pelo gerador freeform. Esta
tecnologia permite assim, reduzir em 30% as distorções das lentes, aumentar 20%
os campos visuais e garantir uma precisão de 0,01 dioptrias em qualquer ponto da
lente.
Depois que o gerador cortou a lente é preciso polir a superfície e esta é feita
com um “pad” e não mais com molde coberto de feltro.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 28


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

3.6. Cálculos
3.6.1. Cálculos de transposição
Transposição é um expediente utilizado em óptica para alterar os valores de
leitura das dioptrias de uma lente cilíndrica, sem, contudo, alterar a sua força dióptri-
ca. Com a transposição podemos obter duas “receitas” equivalentes, porém com di-
optrias de sinais opostos.
Usamos três regras para a transposição:

1. Toma-se para esférico a soma algébrica da dioptria esférica com a cilíndrica;

2. O valor da dioptria cilíndrica não sofre alteração, mas o sinal será invertido (se
for negativo, ficará positivo e vice-versa);

3. Se o eixo for maior que 90º será subtraído de 90º; se for menor ou igual a 90º
será acrescido de 90º.
Exemplos:
+4,00 +0,50 a 130º = +4,50 -0,50 a 40º

-2,75 -0,25 a 20º = -3,00 +0,25 a 110º

+1,50 -1,00 a 160º = +0,50 +1,00 a 70º

-1,00 +3,00 a 90º = +2,00 -3,00 a 180º


3.6.2. Execução de cálculos de adição e processo de transposição para
produção de lentes bifocais
Adição é a “distância” entre a força dióptrica para visão de longe e a força di-
óptrica para visão de perto.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 29


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Exemplos:
Dioptria para longe = +1,00
Dioptria para perto = +3,00

Distância entre +3,00 e +1,00 = 2.00

Nesse caso a adição é 2,00 (o valor da adição é sempre positivo)


Dioptria para longe = +1,00
Adição +3,00

Soma de +1,00+3,00 = +4,00

Nesse caso a dioptria para visão de perto é +4,00.

Quando temos na receita apenas a dioptria para longe e perto, para sabermos
qual é a adição usamos as seguintes regras:

1. Usam-se apenas as dioptrias esféricas para o cálculo, mantendo os cilíndricos e


os eixos. Assim, sempre que houver cilíndricos, os sinais e eixos devem ser iguais
na dioptria para longe e para perto. Caso haja diferença (na dioptria para longe o si -
nal do cilíndrico esteja negativo e na dioptria para perto o sinal do cilíndrico esteja
positivo), deverá ser feita a transposição em uma das dioptrias para que não haja
erro;

2. Para dioptrias com sinais iguais, subtrai-se o valor menor do valor maior, levando
em consideração apenas os valores absolutos, sem os sinais;

3. Para dioptrias com sinais diferentes somam-se os valores absolutos, não conside -
rando os sinais.
O processo de transposição não é diferente, pois é imutável; da mesma forma
que se transpõe dioptrias cilíndricas para lentes monofocais, se faz para lentes bifo-
cais.

3.6.3. Execução de cálculos de adição e processo de transposição para


produção de lentes multifocais
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 30
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

O cálculo de adição para lentes multifocais segue as mesmas regras do cál-


culo para lentes bifocais.
O processo de transposição não é diferente, pois é imutável; da mesma forma
que se transpõe dioptrias cilíndricas para lentes monofocais, se faz para lentes multi-
focais.

3.6.4. Cálculos de construção de lentes oftálmicas


Os cálculos são necessários para a fabricação com precisão das lentes of-
tálmicas. É preciso ter noção de geometria, matemática, materiais e equipamentos
empregados, pois é através do uso desses recursos que se obtém a dioptria exata.

3.6.5. Projeto e cálculo de superfície, raio de curvatura e valor sagital


das lentes esféricas
Para a surfaçagem de lentes esféricas são utilizados os seguintes cálculos:
superfície, sagital, espessura sagital, espessura mínima, descentração de
montagem, descentração de surfaçagem, prisma, diferença de bordas, espessura do
bloco.

3.6.6. Cálculo de superfície de lentes esféricas


Cálculo de superfície é o recurso usado para determinar o valor da curva dióp-
trica dos moldes oftálmicos onde as superfícies das lentes serão trabalhadas.
A soma algébrica da dioptria das duas superfícies dá o valor dióptrico da
lente (para lente infinitamente fina). Para o cálculo, é interessante manter uma média
de 6,00D (valor absoluto) entre as superfícies sempre que possível.

Estrutura de cálculo para as lentes esféricas


Denominaremos base (B) a superfície de menor valor dióptrico absoluto e
curva dióptrica (CD) a superfície das lentes esféricas de maior valor dióptrico
absoluto. O sinal da base das lentes esféricas é o contrário do sinal da potência da
lente, ou seja, nas lentes de dioptrias positivas, a base é negativa e nas lentes de
dioptrias negativas, a base é positiva.

Para lentes positivas, temos a seguinte estrutura de cálculo:

+DE = +CD  (-B) + CD = +DE  CD = -B +DE

-B
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 31
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Para lentes negativas, temos a seguinte estrutura de cálculo:

-DE = +B  +B + (-CD) = -DE  CD = -B +(-DE)

-CD

Equações

Para manter a média modular de 6,00D, estabelecem-se duas equações para


a determinação da base (B). Como vimos na estrutura de cálculo de superfície,
temos +B para lentes negativas e –B para lentes positivas.

Para lentes esféricas positivas

+CD ou |B| + |CD| = 6 ou |B| + |CD| = 6 . 2

-B 2

Extraindo-se o módulo pela estrutura, temos:

-B + CD = 12

Substituindo CD, temos:

-B + (-B + DE) = 12

-B –B + DE = 12

-2B + DE = 12

2B – DE = -12

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 32


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

2B = DE – 12

B = DE – 12 pode ser simplificado ainda para B = DE -6

2 2

Exemplo para uma receita de +2,00 DE:

B = DE – 12  B = +2,00 – 12  B = -10  B = -5,00D

2 2 2

Para lentes esféricas negativas

+B ou |B| + |CD| = 6 ou |B| + |CD| = 6.2

-CD 2

Extraindo-se o módulo pela estrutura, temos:

B – CD = 12

Substituindo CD, temos:

B – (-B +DE) = 12

B + B –DE = 12

2B –DE = 12

2B = DE +12

B = DE + 12 pode ser simplificado ainda para B = DE + 6

2 2

Exemplo para uma receita de –3,00DE:

B = DE +12  B = -3,00 +12  +9  B = +4,50D


SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 33
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

2 2 2

Aproximação da curva da base

Em potência dióptrica positiva ou negativa maior que 12,00, aproxima-se para


0,00D (plana).

Exemplo: receita de –1,400 DE - base 0,00D

Quando o valor tem um resultado diferente de 1/4D, aproxima-se para o 1/4


abaixo.

Exemplo: receita de +3,25 DE

B = DE –12  B = 3,25 – 12  B = -8,75  B = -4,37D

2 2 2

Aproximando: B = -4,25D

CÁLCULO DA CURVA DIÓPTRICA (CD)

Para calcular a CD, utiliza-se uma transformação da própria definição do


cálculo de superfícies de lentes esféricas, segundo a qual:

B + CD = DE CD = -B + DE

Esta equação determina o poder de CD para lentes positivas e negativas.

1º exemplo: calcular base (B) e curva dióptrica (CD) para uma receita de +3,00DE

B = DE – 12  B = +3,00 – 12  B = -9,00  B = -4,50D

2 2 2

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 34


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CD = -B + DE  CD = -(-4,50) + (+3,00)  CD = +7,50D

Estruturando:

2º exemplo: calcular base (B) e curva dióptrica (D) para uma receita de +5,75 DE.

B = DE – 12  B = 5,75 – 12  B = -6,25  B = -3,12D

2 2 2

CD = -B +DE  CD = -(-3,00) + (+5,75)  CD = +8,75D

3º exemplo: calcular base (B) e curva dióptrica (CD) para uma receita de –4,00DE.

B = DE + 12  -4,00 + 12 B = +8,00  B = +4,00D

2 2 2
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 35
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CD = -B + DE  CD = - (+4,00) + (-4,00)  CD = -8,00D

4º exemplo: calcular a base (B) e a curva dióptrica (CD) para uma receita de –
0,75DE.

B = DE + 12  B = -0,75 + 12  B = 11,25  B = +5,62D

2 2 2

Aproximando para 1/4D abaixo: B = +5,50D.

CD = -B + DE  CD = -(+5,50) + (0,75)  CD = -6,25D

CÁLCULO SAGITAL

É o cálculo da ságita, que consiste no espaço físico ocupado pela lente. Para
calcular esse espaço, é necessário estudar a esfera, que é o elemento básico na
estruturação da lente.

A fórmula do valor sagital (profundidade do vértice de uma curva) é


basicamente a mesma fórmula da flecha da geometria.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 36


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

De acordo com Pitágoras,

BC² + AB² = AC²

Sendo BC = r – s

AB = Ø (diâmetro / 2)

AC = r

リ リ
(r-s)² + 2 ² = r² (r – s)² = r² - 2 ²

Onde r representa o raio de curvatura da superfície e Ø representa o diâmetro


da superfície.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 37


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Sendo r = n-1 , substituindo r na fórmula teremos:

Essa igualdade relaciona medidas lineares com força dióptrica cuja unidade
está relacionada com a distância focal de 1 m. Por isso as medidas devem ser
empregadas sempre em metros. O resultado final pode ser facilmente convertido em
milímetros.

Exemplo: determinar o valor sagital de uma curvatura de 5,00D elaborada


com um material de índice de refração de 1,530 e 60 mm de diâmetro.

CÁLCULO DE SÁGITA PURA

A lente, como sabemos, constitui-se sempre de duas superfícies. Assim, a


ságita pura da lente é obtida pela diferença entre a maior profundidade de vértice e a
menor, considerando-se para tanto a lente centrada, ou como se centrada fosse pelo
prolongamento de seu diâmetro. Isso significa que a espessura sagital é a maior
espessura encontrada na lente, considerando-se que esta tem seu ponto de menor

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 38


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

espessura igual a zero. Portanto a ságita pura é o valor da dioptria da lente em


milímetros.

SP = S1 – S2

Exemplo: Fazer cálculo de superfície e determinar a ságita pura de uma


lente com +2,00 DE, elaborada em material de índice de refração 1,530
e com 60 mm de diâmetro.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 39


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Índice sagital (IS)

É o valor sagital da superfície que possui 1,00D para determinado diâmetro


de bloco e um determinado índice de refração.

Para facilitar os cálculos de ságita pura em casos de lentes de baixa potência


(já que existe uma pequena margem de erro), pode-se multiplicar a dioptria da
receita para o índice sagital do bloco escolhido.

A seguir temos uma tabela com o índice sagital (IS) para os principais
diâmetros em n = 1,530 e as abreviaturas envolvidas no cálculo sagital.

Ø IS (em mm)

60 0,85

65 1,00

70 1,16

Ø = diâmetro SP = ságita pura IS = índice sagital D = dioptria SP = IS x D

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 40


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Através da fórmula da ságita pura foi elaborada uma tabela onde se encontra,
em décimos de milímetro, a ságita pura da curvatura de cada superfície da lente,
num índice de refração de 1,530, sabendo-se sua força dióptrica e seu diâmetro.

Exemplo: determinar a ságita pura de +1,50D em diâmetro de 60 mm e índice


de refração de 1,530.

Ságita pura = IS . D

Ságita pura = 0,85 . 1,50

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 41


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Ságita pura = 1,27 mm

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 42


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

ESPESSURA MÍNIMA

Entende-se como espessura mínima de uma lente aquela existente entre


suas duas superfícies ou suas duas profundidades de vértice, apenas para dar-lhe a
segurança necessária. Esse elemento existe em todas as lentes, e em um ou mais
pontos deverá aparecer como elemento único. É importante lembrar que em nenhum
ponto a lente poderá ter menos que a espessura mínima.

Nas lentes convergentes, a espessura mínima encontra-se nos bordos e, nas


lentes divergentes, no centro. Ela varia em proporção inversa à grandeza de sua
força dióptrica.

Na tabela a seguir encontramos o padrão da melhor espessura mínima em


relação à força dióptrica da lente.

D EM/mm

0,00 2,0

0,25 1,9

0,50 1,8

0,75 1,7

1,00 1,6

1,25 a 2,00 1,5

2,25 a 3,00 1,4

3,25 a 4,00 1,3

4,25 a 6,00 1,2

6,25 a 7,00 1,1

7,25 a 8,00 1,0

9,25 a 9,00 0,9

Acima de 9,00 0,8

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 43


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CÁLCULO DE DESCENTRAÇÃO DE MONTAGEM

Medida do tamanho da armação

Para montar corretamente os óculos, seja ele com lente esférica ou cilíndrica,
é necessário, antes de mais nada, programar onde se situará, com relação ao aro, o
centro óptico da lente. Para isso, considera-se como o tamanho de uma armação a
distância entre os centros geométricos de cada aro.

Como essa distância é de difícil mensuração, costuma-se aferi-la


desde a parte interna mais temporal de um aro, até a parte interna nasal
do outro.

No trabalho de laboratório a medida técnica do tamanho da armação é


usada para descentralização do centro óptico em relação à distância naso-pupilar.

Medida do aro (diâmetro do aro na horizontal – Ø aro H)

A medida do aro é a distância da parte interna mais nasal do aro até a parte
interna mais temporal do mesmo aro.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 44


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Medida do maior diâmetro do aro (Ø maior de aro)

É o diâmetro efetivo do aro.

Medida da ponte

A medida da ponte é a medida da extremidade interna mais nasal do aro até a


mesma extremidade oposta do outro aro. A soma das medidas do aro e da ponte
deverá ser igual à medida técnica da armação.

A descentração de montagem é obtida pela seguinte fórmula:

Desc. Mont. = Aro (H) + Ponte – DP

Feito isso, saberemos posicionar o centro óptico da lente em relação ao


centro geométrico de cada aro da armação. Caso o resultado seja nulo, o centro
óptico deverá coincidir com o centro geométrico do aro; se for positivo, deverá ser
deslocado no sentido nasal; e, se for negativo, deverá ser deslocado no sentido
temporal.

CÁLCULO DE DESCENTRAÇÃO DE SURFAÇAGEM

Devemos conhecer a medida do aro da armação

e escolher o diâmetro do bloco disponível no mercado conforme seu material.

O quadro a seguir apresenta os diâmetros de alguns tipos de lente:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 45


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Mineral Orgânico

Ø 60 mm Ø 58 – 62 mm

Ø 65 mm Ø 68 – 71 mm

Ø 70 mm Ø 76 mm

Ø 80 mm

Depois de feita a escolha, deve-se calcular a sobra no bloco que será usado
por meio da fórmula.

SB = Ø bloco – Ø maior do Aro

Obs.: O resultado desta equação não pode apresentar valor negativo. Subtrai-
se da descentralização de montagem a sobra de bloco. Se o resultado for positivo,
haverá necessidade de descentração (na surfaçagem). Sendo o resultado nulo ou
negativo, não há necessidade de descentrar a lente na surfaçagem.

Tomemos o seguinte exemplo:

Aro (H) = 56 mm Ponte = 20 mm DP = 60 mm

Desc. Mont. = Ponte + Aro – DP

ds positivo – É preciso descentrar

Desc. Mont. = 20 + 56 –60 ds negativo – A lente está


grande.

2
Não é preciso descentrar.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 46


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Ø maior do aro = 58 mm Desc. Mont. = 8 mm ds = 0 – A lente está no


tamanho exato. Não é
preciso descentrar.

Ø bl. = 65 mm  SB = Ø bl. – Ø maior do aro  SB = 65-56  SB = 3,5 mm

2 2

Desc. Surf. = Desc. Mont. – SB  Desc. Surf. = 8 – 3,5  Desc. Surf. = 4,5 mm

Onde: dm = descentração de montagem

ds = descentração de surfaçagem

SB = sobra de bloco

3.6.7. Cálculo de superfície de lentes cilíndricas


É possível preparar de várias maneiras as superfícies de uma lente que tenha
dioptrias distintas nos meridianos (lentes cilíndricas).

A figura abaixo representa uma lente astigmática, que geralmente se


caracteriza por uma superfície tórica cujos meridianos principais DV (dioptria
vertical) e DH (dioptria horizontal) estão em um mesmo plano. O vértice da
superfície anterior é o ponto V1, onde se cruzam os dois meridianos DV e DH
(representados por r1 e M1).

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 47


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

A superfície posterior é representada por linhas tracejadas cujo vértice é V 2.


Na figura, a superfície posterior possui o mesmo raio em todos os meridianos.

A convergência do primeiro meridiano pode ser calculada somando-se as


superfícies r1 e r2:

O mesmo se aplica ao meridiano perpendicular:

Exemplificando:

Se DH = 6,00D e DV = 8,00D, então o astigmatismo é 2,00D.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 48


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CÁLCULO DE SUPERFÍCIE
É um meio matemático para a determinação das curvas com as quais um
bloco oftálmico será trabalhado no sentido de transformá-lo em lente cilíndrica com
certo valor dióptrico.

Para que as lentes cilíndricas tenham melhor qualidade de imagens, quando


possível, devemos manter a média modular 6,00D como no caso das lentes
esféricas, somando-se as curvas externa e interna de seus dois meridianos
principais.

Como vimos, o que determina a força dióptrica das lentes é a diferença de


curvaturas de superfícies opostas. As lentes esférico-cilíndricas são constituídas de
duas diferentes forças esféricas dispostas em meridianos perpendiculares, e a
diferença entre essas duas forças resulta no cilíndrico.

Toda lente cilíndrica tem duas designações: uma com cilíndrico positivo e
outra com cilíndrico negativo. Quando mudamos de uma designação para outra,
empregamos um recurso físico matemático que é a transposição.

Saiba que:
 Se a força cilíndrica for elaborada na superfície externa, seu valor será positivo;
 Se a força cilíndrica for elaborada na superfície interna, seu valor será negativo;
 Na superfície em que for elaborado o cilíndrico, a curva de maior raio será a
base (linha cheia) e a curva de menor raio será chamada de contrabase (linha
tracejada), e a diferença entre base e contrabase é sempre igual ao valor do
cilíndrico;
 Uma das superfícies da lente esférico-cilíndrica é esférica e a ela damos o nome
de curva dióptrica, e seu cálculo será feito com a mesma equação usada para o
cálculo da superfície das lentes esféricas.

Estrutura de cálculo de superfície para lentes esférico-cilíndricas

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 49


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Onde temos que:

B = base

CB = contrabase

CD = curva dióptrica

DC = dioptria cilíndrica

Equação para cálculo de base das lentes esférico-cilíndricas

Quando o cilíndrico for elaborado na superfície externa, utilizaremos a


seguinte estrutura:

Sabe-se que:

CB = B + DC

CD = -B + DE

Para calcular, por exemplo, lentes esférico-cilíndricas com média modular


6,00D, devemos considerar que elas tenham duas curvas dióptricas:

|B| + |CB| + |CD| = 24

+B + CB – CD – CD = 24

+B +(B+DC) – (-B + DE) – (-B + DE) = 24


SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 50
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

+B +B +DC + B – DE + B – DE = 24

4B + DC – 2DE = 24

B = 24 + 2DE – DC

Simplificando:

Quando o cilíndrico for elaborado na superfície interna, utilizaremos a


seguinte estrutura:

Sabe-se que:

CB = B + DC

CD = -B + DE

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 51


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Fazendo cálculos análogos aos feitos para as lentes cilíndricas externas,


teremos as para lentes cilíndricas internas:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 52


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Estrutura de cálculo:

Para a execução do cálculo de superfície é necessário saber que alguns


elementos físicos estão embutidos nesse processo. Por exemplo:

 Índice de refração do material;


 Índice de refração para o qual a ferramenta foi projetada;
 Unidade dióptrica;
 Raio de curvatura.

Esses elementos estão embutidos no processo e precisam ser conhecidos,


embora não sejam determinantes no resultado dos cálculos.
Obs. Os cálculos apresentados são para superfícies de lentes delgadas.
Portanto não foi considerada a espessura das lentes.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 53


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

REGRAS SUBJETIVAS PARA O CÁLCULO


 Para melhor acomodação e estética, recomenda-se que cilíndrico seja
trabalhado na face interna sempre que possível.
 Pode-se fugir a essa regra se o antigo usuário já usa lentes com cilíndrico
externo.
 Evitar bases acima de 8,00D, mesmo que o cilíndrico seja alto.

APROXIMAÇÕES PARA CRISTAL CROWN

 Quando o valor da base dá um resultado diferente de 1/4D, aproxima-se para ¼


abaixo (por exemplo: B = 4,12D  B = 4,00D), aproxima-se as outras curvas.
 No caso de cálculos em que o resultado dor com curvas biconvexas ou
biconvexas ou bicôncavas aproximar para 0,00D a curva mais próxima e
recalcular as outras duas.
DIAGRAMAÇÃO
A inclinação das lentes cilíndricas expressa-se sempre no eixo do cilíndrico. É
necessário que concebamos as lentes como vistas de frente para observador. Então:

 Olho direito representado à esquerda


 Olho esquerdo representado à direita

TRANSPOSIÇÃO DE LENTES CILÍNDRICAS


É uma modificação na forma das lentes sem mudar sua potência dióptrica.
Normalmente se entende por transposição a conversão de prescrição em outra
equivalente em especial, mudando o sinal do cilíndrico.

REGRAS PARA TRANSPOSIÇÃO


 Para o esférico: somam-se algebricamente as duas forças dióptricas da
prescrição.
 Para o cilíndrico: muda-se o sinal, repetindo-se seu valor numérico.
 Para o eixo: giram-se 90º. Exemplo:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 54


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CÁLCULO SAGITAL
No cálculo sagital de lentes cilíndricas, utilizamos a mesma fórmula
empregada para o de lentes esféricas.

Como vimos anteriormente, com essa fórmula podemos calcular a ságita das
lentes cilíndricas para todos os diâmetros, em qualquer índice.

Para simplificar, em casos de dioptrias baixas podemos calcular a ságita pura


(SP) dos valores dióptricos da lente, multiplicando o índice sagital (IS) pela dioptria
do meridiano desejado.

CÁLCULO DA DIOPTRIA HORIZONTAL E VERTICAL


Força meridional, horizontal e vertical
Tratemos da determinação da força dióptrica que atua em qualquer meridiano
ou ângulo das lentes plano-cilíndricas ou esférico-cilíndricas.

A lente plano-cilíndrica tem 0% de força dióptrica no meridiano de 180º (base)


e 100% no meridiano de 90º (contrabase).

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 55


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

As lentes esférico-cilíndricas têm somente o poder dióptrico esférico no


meridiano de 180º, ou seja:

D ≮ 180º = DE

No meridiano contrabase (90º) possui 100% do valor cilíndrico mais o valor da


dioptria esférica, ou seja:

D ≮ 90º = DC + DE

Para determinar o valor dióptrico de qualquer meridiano de uma lente


cilíndrica é utilizada a função matemática que mais se aproxima da variação da
curvatura provocada pela espessura periférica de uma lente cilíndrica redonda: a
senóide retificada.

Para determinar o valor dióptrico de qualquer meridiano de uma lente


cilíndrica é utilizada a função matemática que mais se aproxima da variação da
curvatura provocada pela espessura periférica de uma lente cilíndrica redonda: a
senóide retificada.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 56


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Exemplo: Seja uma lente cilíndrica de valor dióptrico DE combinada com uma

potência dióptrica DC formando um ângulo ≮ com um meridiano m.

Multiplica-se a potência dióptrica do cilíndrico pelo valor do seno² (ver tabela).


O resultado soma-se algebricamente ao valor dióptrico do esférico.

Dm = (sen² ≮ . DC) + DE

Sen  = cateto oposto

hipotenusa

Cos  = cateto adjacente

hipotenusa

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 57


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Conhecimentos (seno e cosseno)

Medida do arco trigonométrico AM

Se M = A, sen  = 0

Se M = B, sen  = 1

Se M = B, sen  = 0

Se M = A, cos  = 1

sen² + cos² = 1

Se construirmos um ângulo  a 150°, notaremos que é igual, por construção,


ao  de 30°, donde podemos concluir que a porcentagem é igual para ambos os
casos.

Sejam P e Q as projeções ortogonais de M, segundo o eixo dos cossenos e


dos senos, respectivamente. Assim:

O valor do sen² de  representa a porcentagem do cilíndrico atuante nesse


meridiano, em relação direta com o meridiano horizontal (0-180°).

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 58


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Para determinar o poder dióptrico atuante no meridiano horizontal, devemos


posicionar a base da lente no transferidor correspondente ao eixo pedido.

A base sempre acompanha o eixo da RX.

Para calcular a dioptria horizontal, usaremos a seguinte função matemática:

DH = (sen² ≮ . DC) + DE

Para cálculo de dioptria vertical utilizaremos:

DV = cos² ≮ . DC + DE

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 59


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Exemplo: o ângulo de 60° cujo seno é 3/2, que, retificado (elevado ao


quadrado), é igual a ¾ ou 0,75, o que corresponde a 75% da força cilíndrica atuante
nesse meridiano.

DH = (sen² 60°. DC) + DE

DH = (0,75 +2,00) +3,00

DH = +1,50 +3,00 = +4,50D

DV = cos² 60° . DC + DE

DV = (0,25 . 2,00) +3,00

DV = 0,50 +3,00

DV = +3,50D

CÁLCULO DE ESPESSURA

Para o cálculo de espessura das lentes cilíndricas devemos construir sua


configuração redonda, determinar o poder dióptrico de base, contrabase, horizontal
e vertical, e calcular cada um deles como se fossem lentes distintas.

Deve-se determinar a localização e o valor da espessura mínima pela


potência dióptrica, sendo que, se todos os meridianos da lente forem negativos
(lentes divergentes), a espessura mínima estará no centro. Se a lente tiver um, dois
ou todos os meridianos positivos (lentes convergentes e mistas), a espessura
mínima estará naquele que tiver o maior valor dióptrico relativo.

Saiba que:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 60


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

 As bordas das lentes trabalhadas com cilíndricos positivos, independentemente


de possuírem ou não valores esféricos, são mais espessas na base do que na
contrabase;
 As bordas das lentes trabalhadas com cilíndricos negativos são mais espessas
na contrabase do que na base;
 A diferença entre os dois tipos de bordas está no valor sagital do cilíndrico.

Exemplo de configuração redonda com eixo reto:

Exemplo de configuração redonda com eixo na perpendicular:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 61


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Para calcularmos a espessura da força dióptrica da base, contrabase,


horizontal e vertical de uma lente cilíndrica, devemos posicioná-la com sua base no
meridiano do transferidor corresponde ao que consta na prescrição da receita e
estabelecer na lente as posições de base e contrabase, horizontal e vertical.

Elementos configuráveis

Para facilitar os cálculos matemáticos de espessuras, representaremos:

 O valor dióptrico de cada meridiano da lente cilíndrica como se elas fossem


plano-convexas, para as convergentes, e plano-côncavas, para as divergentes;
 A espessura mínima, 50% da diferença de bordas e algumas ságitas
complementares – em figura de retângulo;
 A diferença de bordas – em figura de triângulo.
Vejamos, a seguir, alguns exemplos:

Exemplo 1:

Consideremos uma lente cilíndrica convergente com eixo a 90°:

Obs.: A base da lente deverá estar posicionada a 90° no transferidor.

Exemplo 2:

Consideremos uma lente cilíndrica divergente com eixo a 180°:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 62


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Exemplo 3:

Consideremos uma lente cilíndrica convergente com eixo a 60°:

Demonstração de cálculo de espessura de convergente centrada


Elementos configuráveis

SPH = ságita pura horizontal

SPC = ságita pura do cilíndrico

SPB = ságita pura da base

SPCB = ságita pura da contrabase

EBB = espessura das bordas da base

EBCB = espessura das bordas da contrabase

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 63


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SPV = ságita pura vertical

EC = espessura central

DB = diferença de bordas

BF = borda fina

BG = borda grossa

Elementos não-configuráveis para a escolha da espessura do bloco


PV = profundidade de vértice (maior espessura da lente)

ID = índice de desbaste (margem de segurança = 0,4mm para cada superfície)

SC = ságita composta (PV + ID)

Espessura do bloco
Exemplo

EM = 1,6mm

Ø = 65mm

IS = 1,0mm

n = 1,530

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 64


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SPH = DH . IS  2,00 . 1,0 = 2,0mm

SPV = DV . IS  1,00 . 1,0 = 1,0mm

SPB = SPV  1,0mm

SPCB = SPH  2,0mm

SPC = DC . IS  1,00 .1,0 = 1,0mm

EBH = EBCB = EM = 1,6mm

EBV = EBB = 2,6mm

EC = SPV + EM + SPC = 1,00 + 1,6 + 1 = 3,6mm ou

EC = SPH + EM = 2,0 + 1,6 = 3,6mm

Demonstração de cálculo de espessura de divergente descentrada

Exemplo:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 65


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

EM = 1,6mm

Ø = 65

IS = 1,0mm

Desc. = 4 mm

n = 1,530

SPH = DH . IS = 2,00 .1,0 = 2,0mm

SPV = DV . IS = 4,00 . 1,0 = 4,0mm

SPB = DB . IS = 2,00 . 1,0 = 2,0mm

SPCB = DCB . IS = 4,00 .1,0 = 4,0mm

SPC = DC . IS = 2,00 .1,0 = 2,0mm

Δ = DH . ds = 2,00 . 4  Δ = 0,8 Δ

10 10

DB = Δ . Ø . 0,019  0,8 . 65 . 0,019 = 0,98mm

DB = 0,49
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 66
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

BF = SPH + EM – DB  2,0 + 1,6 + 0,49 = 3,11mm

BG = SPH + EM + DB  2,0 + 1,6 + 0,49 = 4,09mm

EBV = SPV + EM = 4,0 + 1,6 = 5,6mm

EC = EM = 1,6mm

Elementos configuráveis não conhecidos

Demonstração de cálculo de espessura de convergente centrada de eixo


oblíquo em quatro meridianos (B, CB, H e V)

Exemplo:

EM = 1,8mm

Ø = 65
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 67
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

IS = 1,0mm

N = 1,530

DH = (sen²30° . DC) + DE  DH = (0,25 +2,00 +1,50)  DH = +2,00D

DV = (cos²30° . DC) + DE  DV = (0,75 . 2,00 +1,50)  DV = +3,00D

SPH = DH . IS = 2,00 . 1,0 = 2,0mm

SPV = DV . IS = 3,00 . 1,0 = 3,0mm

SPB = DB . IS = 1,50 . 1,0 = 1,5mm

SPCB = DCB . IS = 3,50 .1,0 = 3,5mm

SPC = DC . 15 =2,00 . 1,0 = 2,0mm

EBB = EM + SPC = 1,8 + 2,0 = 3,8mm

EBCB = EM = 1,8mm

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 68


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

EC = SPCB + EM = 3,5 + 1,8 = 5,3mm

PV = EC = 5,3mm

SC = PV + ID = 5,3 + 0,8 = 6,1mm

Bloco = 65 x 8

Demonstração de cálculo de espessura de negativa descentrada com eixo


oblíquo

Exemplo

EM = 2,0mm

Ø = 65

IS = 1,2 mm desc.: 5,0mm

n = 1,530

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 69


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

DH = (sen² 120 . DC) + DE  (0,75 . 4,00) + (-2,50)  DH = -5,50

DV = (sen² 30° . DC) + DE  (0,25 . 4,00) + (-2,50)  DV = -3,50

SPB = DB . IS  2,50 . 1  2,5mm

SPCB = DCB . IS  6,50 . 1  6,5mm

SPH = DH . IS  5,50 . 1  5,5mm

SPV = DV . IS  3,50 . 1 = 3,5mm

Δ = D . d  5,5 . 5 

10 10

Δ = 2,75Δ

DB = Δ.Ø 0,019 = 2,75 . 65 . 0,019 = 3,396mm

DB = 1,698mm

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 70


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Análise:

FG = 100% da DB = 1,0 DB = FG = 3,396mm

NF ou NG = 50% DB = 0,5 DB = NF ou NG = 1,698mm

NA ou ND = CB 30º . 0,5  0,866 . 0,5 = 0,43 DB  0,43 . 3,396 = 1,460 mm

NB ou NNC = CB 60º . 0,5  0,5 . 0,5 = 0,25 DB  0,25 . 3,396 = 0,849mm

EBFH = SPH + EM – DB = 5,5 + 2,0 + 1,698 = 5,802mm

EEBGH = SPH + EM + DB = 5,5 + 2,0 + 1,698 = 9,198mm

EBV = SPV + EM = 5,5 mm

EBFB = SPB + EM – NB = 2,5 + 2,0 – 0,849 = 3,651mm

EBGB = SPB + EM + NC = 2,50 + 2,0 + 0,849 = 5,349mm

EBFCB = SPCB + EM – NA = 6,5 + 2,0 – 1,460 = 7,04 mm

EBGCB = SPCB + EM + ND = 6,5 + 2,0 + 1,460 = 9,96mm

EC = EM = 2,0 mm

PV = EBGCB = 9,96mm

SC = PV + ID = 9,96 + 0,8 = 10,76mm

Bloco = 65 . 12mm

Deste modo, usando a porcentagem da diferença de bordas com o cilindro


atuante, pode-se calcular a espessura em qualquer meridiano. Todavia, a
complexidade destes cálculos deixa impraticáveis, na hora de medir a lente na
surfaçagem, por esse motivo é preferível usar apenas dois meridianos horizontal e
vertical, ou base e contrabase, que neste caso aplicando dois prismas cruzados.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 71


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Demonstração de cálculo de espessura de negativa descentrada com eixo


oblíquo, usando meridiano horizontal e vertical

OD – 1,00 DE –3,00 DC x 60º

Ø = 65 mm

EM = 1,6 mm

n = 1,530

ds = 6,00mm

DH = (sen²60º . DC) + DE

DH = (0,75. –3,00) + (-1,00)

DH = (-2,25) + (-1,00)

DH = 3,25D

Δ = ds - |DH| = 6,325 = 1,95Δ

10 10

DB = Δ . 0,019 . bl

DB = 1,95 . 0,019 . 65

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 72


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

DB = 2,40mm

DB = 1,2mm

BF = SPH + EM – DB

BF = 3,25 + 1,6 –1,2

BF = 3,65 mm

BG = 6,05 mm

SPH = IS . DH

DV = (cos²60º - DC) + DE

DV = (0,25 . –3,00) + (-1,00)

DV = (-0,75) + (-1,00)

DV = 1,75D

SPV = 1,75mm

SPH = 1,0 . 3,25

SPH = 3,25 mm

SPV = IS . DV

SPV = 1,0 . 1,75

EBV = SPV + EM

EBV = 1,75 + 1,6

EBV = 3,35mm

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 73


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CONFIGURAÇÕES DE LENTES CILÍNDRICAS CENTRADAS COM EIXO RETO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 74


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 75


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 76


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CONFIGURAÇÕES DE LENTES CILÍNDRICAS DESCENTRADAS COM EIXO


RETO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 77


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 78


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

6) Compensação de espessura

É feita quando a borda fina resulta um valor menor do que a espessura


mínima dada. É mais frequente em lentes convergentes em que a dioptria horizontal
é menor que a vertical e em que a DB/2 é maior que a SPC.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 79


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CONFIGURAÇÕES DE LENTES CILÍNDRICAS CENTRADAS COM EIXO IN-


CLINADO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 80


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 81


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 82


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CONFIGURAÇÕES DE LENTES CILÍNDRICAS DESCENTRADAS DE EIXO


OBLÍQUO EM DOIS MERIDIANOS

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 83


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CONFIGURAÇÃO DE UMA LENTE CONVERGENTE DESCENTRADA

LENTES BICILÍNDRICAS

As lentes que possuem uma superfície cilíndrica combinada com outra


superfície cilíndrica são as denominadas lentes bi cilíndricas. Elas podem ser
consideradas um conjunto de duas superfícies cilíndricas unidas entre si pela
mesma superfície plana.

Quando a combinação é feita por duas superfícies tóricas, elas são chamadas
lentes bi tóricas.

Parece oportuno insistir em que as lentes de duas superfícies astigmáticas,


sejam elas curvadas em forma de menisco ou não, devem ser consideradas iguais
para efeito de cálculos matemáticos.

Quanto às superfícies, elas podem ser bicôncavas, biconvexas ou constituir


uma combinação de côncava e convexa.

Seu efeito é astigmático, exceto quando elas possuem o mesmo eixo e o


mesmo valor do cilíndrico. Quanto às posições dos eixos dos cilíndricos
componentes, eles podem ser cruzados, paralelos e oblíquos.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 84


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Eixos cruzados
Possuem a associação de duas curvas cilíndricas com as bases
perpendiculares entre si. São muito usados nos casos de lentes monofocais em que
o valor do cilíndrico ultrapassa 4,00D.

Esse tipo de eixo ajuda em termos estéticos e principalmente na distribuição


de suas curvas, melhorando a correção das aberrações marginais. Para isso é
interessante manter uma medida modular de 6,00D em que haja uma distribuição de
metade do cilíndrico para cada superfície. Para encontrar seus valores esférico-
cilíndricos, deve-se somar algebricamente os valores dióptricos, primeiro igualando
as posições dos eixos, fazendo necessariamente a transposição de uma das
superfícies e conservando a outra.

Exemplo: Curva externa = 6,00D x 8,00D a 90º

Curva interna = 5,00D x 7,00D a 180º

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 85


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Cálculo de superfície

1. Fazer o conhecimento das potências dióptricas esféricas dos meridianos


principais.
2. Calcular as curvas externa e interna destes meridianos, usando os mesmos
cálculos de superfície das lentes esféricas.
3. Considerar como base o valor dióptrico de menor valor que compõe cada
superfície.
4. Considerar como contrabase o valor dióptrico de maior valor que compõe a
superfície.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 86


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Fazendo o cálculo, encontraremos:

1:

CE = +5,00D

CI = -7,00D

2:

CE = +2,75D

CI = -9,25D

Portanto:

+B = +2,75D

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 87


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

+CB = +5,00D

-B = -7,00D

-CB = -9,25D

Eixos paralelos

Possuem a associação de duas curvas cilíndricas com as bases coincidindo


com o mesmo eixo. Neste caso, os valores dióptricos esférico-cilíndricos resultantes
são obtidos com a soma algébrica das duas superfícies, conservando o mesmo eixo,
como foi demonstrado anteriormente.

Eixos oblíquos

Esta associação não é empregada, mas eventualmente pode ocorrer. A


melhor maneira de encontrar os valores esférico-cilíndricos é a esferometria de suas
superfícies, com a direção dos respectivos eixos, e depois somá-los algebricamente.
Esta prática evita os cálculos, pois estes são muito complexos.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 88


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

3.6.8. Cálculo de superfície de lentes de índices de refração variados


Podemos estabelecer uma fórmula em que a dioptria sofre variações se
trabalharmos com a ferramenta projetada para o índice n = 1,530 e trocarmos
apenas o índice do material utilizado. Deve-se observar que a nova dioptria é
diferente da apresentada na receita, sendo que ela será utilizada para efeito de
cálculo de curvatura do molde e também para todos os cálculos posteriores (ságita,
prisma, diferença de bordas) a serem feitos na surfaçagem.

Como já vimos, aos moldes oftálmicos são elaborados para n = 1,530.


Portanto, o raio de curvatura, que está calculado para 1,00D, é igual a 0,530 m. Para
fabricar uma lente de índice de refração diferente deste, é evidente que será
necessária uma conversão, bastando usar uma simples regra de três.

Cálculo de conversão para 1,00D:

n(MU) --- n (Ar) 1,00

n(F) --- n(Ar)  x

1.530 --- 1  x

x = 0,530 . 1,00

n(MU)

x = 0,530

n(MU)

onde:

n(F) – índice de refração para os quais foram projetados os moldes;

n(MU) – índice de refração do material usado;

x – valor dióptrico da conversão para 1,00D.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 89


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Como este valor foi calculado para 1,00D, podemos considera-lo fator de
conversão, bastando multiplicá-lo por qualquer outra dioptria. Por exemplo:

Fator de conversão para o cristal Crown para 1,00D

1,523 --- 1  1,00

1,530 --- 1 x

x = 0,530

0,523

x = 1,013

Fatores de conversão de algumas lentes minerais para n = 1,530

Cristal Crown = 1,013

Hi-Crown = 0,883

High Index (titânio) = 0,757

Alto Índice (lantânio) = 0,662

Exemplo 1 – Qual é a nova dioptria (D. calculável) para –4,00DE em n = 1,700?

Dados: -4,00DE

n = 1,700

D. calculável = DRx . 0,757

D. calculável = -4,00 . 0,757

D. calculável = -3,02DE

≈ -3,00 DE

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 90


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Exemplo 2 – Quais são as curvas de uma lente –8,00DE elaborada em índice de


refração 1,800?

D. calculável = DRX . 0,662

D . calculável = -8,00 . 0,662

D . calculável = -5,29 DE

Aproximando

D . calculável = -5,25 DE

Cálculo de superfícies:

B = DE (calc.) + 12

B = -5,25 + 12

B = +6,75

B = +3,37D

Aproximando a base para 1/4D:

B = +3,25D

CD = -B + DE (calc)

CD = -(+3,25) + -5,25

CD = -8,50D
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 91
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Estruturando:

Exemplo 3 – Quais as curvas e espessuras –5,50 DE + 2,00 DC x 0º elaboradas em


índice de refração 1,700 de 65 mm de diâmetro com descentração de 6,0 mm?

D. calc. = DRX . 0,757

D. calc. = (-5,00 + 2,00) . 0,757

D. calc. = -4,12DE + 1,50 DC x 0º

B = +12 + DE – DC

2___

B = +12 – 4,12 – (1,50)

B = 3,56D

Aproximando:

B = 3,50D

CB = B + DC

CB = 3,50 + 1,50

CB = +5,00D

CD = -B + DE

CD = -(+3,50) + (4,12)

CD = 7,87
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 92
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Estruturando:

SPH = IS . DH

SPH = 1,0 . 4,12 = 4,12mm

SPV = IS . |DV|

SPV = 1,0 . 6,62 = 6,62mm

Δ = ds . DH = 6,412 = 2,47 Δ

10 10

DB = Δ . 0,019 . Ø

DB = 2,47 . 0,019 . 65 = 3,05mm

DB = 1,52mm

EM = 1,0mm

BF = 3,6mm

EC = 1,0mm

BG = 6,65mm

EBV = 7,62mm

3.6.9. Cálculo de superfície de lentes bifocais e multifocais


BIFOCAIS

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 93


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Exceto alguns Kriptok em cristal que ainda são encontrados no mercado em


blocos brutos, para terem seus preços um pouco mais reduzidos, todos os outros
bifocais em cristal já vêm de fábrica com uma das suas superfícies trabalhada. Uma
de suas curvas, a chamada base dos bifocais, é definida no processo de fabricação.
Portanto, a base do bifocal não será necessariamente a curvatura de maior raio,
como acontece com as lentes monofocais. Isso facilita o cálculo de superfície, pois
só será necessário calcular uma das curvas.

Exemplo 1: Qual o molde usado para a Rx abaixo?

Rx = + 1,00 DE Bifocal Kriptok Mineral

Adição = 2,00

Base = +6,00D

Curva do Molde = -B + DERx

M = -6,00 +1,00

M = -5,00D

Para bifocais esféricas:

M = B + DE(RX)

Para bifocais cilíndricas:

B(M) = -B + DE(RX)

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 94


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CB(M) = B(M) + DC

Onde:

M = curva do molde

B = curva base do bifocal

DE(Rx) = dioptria esférica da Rx

B(M) = base do molde

CB (M) = contrabase do molde

CS = curva do segmento

DC = dioptria cilíndrica

Exemplo 2: Qual o molde cilíndrico usado para a RX abaixo?

Bifocal Kriptok Mineral

Base = 4,25D

B(M) = -B + DE (RX)

B(M) = -(+4,25) +(-2,00)

B(M) = 4,25D

B(M) = -B +DE(RX)

B(M) = -(+4,25) +(-2,00)

B(M) = -6,25

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 95


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

CB(M) = B(M) + DC

CB(M) = -6,25 +(-3,00)

CB (M) = -9,25D

Estruturando:

Exemplo 3: Calculando as superfícies

RX = +3,25DE (Ad = 1,75D)


Bifocal Executive Mineral B = 6,50D

M = -B + DE(RX)

M = -6,50 +3,25

M = -3,25D

CS = B + Ad

CS = +6,50 + 1,75

CS = +8,25D

Onde:

CS = curva do segmento
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 96
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Estruturando:

Exemplo 4: Calculando as superfícies:

Bifocal Balux Mineral B = 4,00D

B(M) = -B + DE(RX)

B(M) = -(-4,00) +2,50

B(M) = +6,50D

CB(M) = B(M) + DC

CB(M) = +6,50 +1,00

CB(M) = +7,50D

CS = B = Ad

CS = -4,00 +2,50

CS = -1,50D

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 97


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Cálculo de espessura

As configurações dos bifocais Kriptok e Flat Top são as mesmas de uma lente
de visão simples e o mesmo ocorre com suas espessuras. Todavia, a espessura
mínima escolhida deve ter seu valor aumentado nos casos de lentes divergentes
que possuam adições altas, caso contrário a ságita pura pode invadir o segmento e
furá-lo.

Kriptok

Exemplo: OD = -2,75DE para longe

Ad = 2,50

Ø bloco = 65mm

EM = 2,0mm

ds = 0

SP = 2,75mm

EC = EM = 2,0 mm

EB = 4,75 mm

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 98


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Flat Top

Exemplo: OD = -1,50DE para longe

Ad = 3,00D

Ø bloco = 65mm

EM = 2,0mm

ds = 4,0mm

Δ = 4 . 1,50  0,6 Δ

10

DB = 0,6 . 0,013 . 65

DB = 0,74mm

BF = 3,13mm

EBV = 3,87mm

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 99


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Como o bifocal é constituído de duas regiões de diferentes curvaturas, deve-


se, para efeito de cálculo de espessuras, utilizar o valor do segmento, que será a
região mais fina de lente e servirá como referência. Neste bifocal não deve haver
descentração horizontal e, para que o centro óptico fique situado na posição ideal
em um Executive, a diferença de bordas vertical deve ser calculada neste caso
multiplicando-se a adição por 0,8mm.

Balux mineral
DB(V) = diferença de bordas vertical

BF(V) = borda fina vertical

BG(V) = borda grossa vertical

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 100


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Para que a posição do centro óptico fique em uma posição tecnicamente


perfeita, os cálculos de espessuras devem ser feitos de acordo com seus tamanhos,
que nem sempre são iguais.

No cálculo de espessuras de bordas verticais deve-se observar o valor da


curva do segmento que influenciará nos resultados, obrigando a aplicar uma
diferença de bordas, uma vez que uma das medições deve ser feita sempre em cima
da parte inferior do segmento. Como o índice sagital do segmento é
aproximadamente 0,4mm (constante), basta então multiplicar este valor pela adição.

DB(V) = 0,4mm . Ad

Exemplo: longe = +2,00DE

perto = +5,00DE

Tamanho do bifocal = 70mm

EBH = EM = 1,4mm

EC = SP + EM

EC = 2,32 + 1,4

EC = 3,72mm

DB(V) = 0,4 . Ad

DB(V) = 0,4 . 3,00

DB(V) = 1,2mm

DB(V) = 0,8 . Ad

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 101


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Exemplo: Qual é a diferença de bordas vertical?

Bifocal Executive

Rx = -2,50DE para longe

Ad = 3,00

DB(V) = 0,8 . Ad

0,8 . 3,00 = 2,4mm

BG = x

BF = x – 2,4mm

MULTIFOCAIS
A configuração básica da superfície externa permite a um présbita ter visão
para todas as distâncias.

Estas lentes possuem uma potência óptica progressiva. A progressividade se


dá pela configuração da superfície posterior, cuja curvatura não é idêntica em todos
os pontos, e por uma curva esférica ou tórica na superfície anterior.

Em algumas progressivas, a região superior da lente possui uma curvatura


esférica ou asférica e a inferior, uma curvatura parabólica, cujo raio vai diminuindo
paulatinamente até a região de visão próxima. Entre essas duas regiões existe um
canal de progressão de medidas suficiente para que se possam ver os objetos mais
próximos. O canal será tanto mais estreito quanto maior for sua adição. O aspecto
das progressivas é semelhante ao das lentes mais simples. As vantagens deste tipo

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 102


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

de lente são: a visão nítida a todas as distâncias; a inexistência de traço divisório,


bem como a de não ter salto de imagem.

Processo de surfaçagem

1. Seleciona-se a curva básica específica de acordo com a tabela de disponibilidade


dos fabricantes.

2. Faz-se então, uma previsão de espessura central, prisma e espessura de bordas.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 103


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

3. Com o transferidor, faz-se o alinhamento e a marcação da posição para a


colagem.

4. A centralização da lente é fundamental, sobretudo no sentido horizontal, para que


não haja desequilíbrio prismático.

Em várias lentes multifocais, a posição que vai coincidir com o centro da


pupila vem descentrada de fábrica 2,5mm para o nasal, obrigando a uma aplicação
da diferença de bordas.

As espessuras de bordas verticais podem ser obtidas de duas maneiras:


regular e irregular.

- Regular: aplicação de uma diferença de bordas. (Exemplo: diâmetro de


70mm = 0,8mm . adição). Borda superior mais grossa que a inferior,
fazendo com que o centro óptico coincida com o centro geométrico da
lente.
- Irregular: recomendada por vários fabricantes, não tem uma preocupação
em relação à altura em que irá ficar o centro óptico, aplicando uma
redução de espessura (afinamento prismático) borda superior igual à
inferior, otimizando a lente deixando-a delgada.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 104


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

3.6.10. Cálculo de raio de curvatura


Qualquer valor da curva de uma determinada superfície está sempre
relacionado com o índice de refração do material de que é feita essa curvatura.
O valor da curva dióptrica de 1,00D, seja qual for o índice de refração, é
sempre igual à uma curvatura de raio, cujo valor é o mesmo do índice de refração do
material menos 1,00 (índice de refração do ar) dado em metros.
Essa relação pode ser demonstrada através da seguinte equação:
1 = (n-1) (potência da superfície no ar)
f r

Sendo 1 igual à curva dióptrica, temos:


f
D = (n-1)
r
Colocando-se r em evidência, teremos:
r = (n-1)
D
Para saber o comprimento do raio de uma curva de força dióptrica de 1,00D,
seja qual for o índice de refração, basta aplicar a fórmula acima.
Exemplo: qual o raio de curvatura de 1,00D que foi trabalhada em cristal de
índice de refração igual a 1,523?

Toda lente de óculos possui dois valores dióptricos, ou seja, a face externa tem valor
D1 e a face interna tem valor D2. Além disso, cada face tem sua própria curva
dióptrica e seu próprio raio de curvatura.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 105


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

A força dióptrica da lente aumenta proporcionalmente à diferença do


comprimento de raio entre as duas superfícies e seu índice de refração. Assim, o
valor dióptrico de uma lente com o mesmo raio de curvatura pode aumentar ou
diminuir se alterarmos o índice de refração do material, ou seja: quanto maior o
índice, maior a dioptria; quanto menor o índice, menor a dioptria.

Lembrete:
Os índices de refração variam de meio para meio. Exemplos:
 Cristal Crown = 1,523
 Hi-Crown = 1,600
 Molde oftálmico = 1,530
 Hi Index = 1,700
 Vidro comum = 1,530
 Resina orgânica (CR39) = 1,499

Obs.: Os moldes são projetados para trabalhar materiais com n = 1,530. Portanto,
temos 0,530m de raio para 1,00D. Em trabalhos com outros materiais, isto é, com n
diferentes de 1,530, é preciso a conversão de índice de refração. Podemos projetar
moldes para trabalhar materiais com qualquer índice de refração.

Tomemos como exemplo uma lente que foi trabalhada esfericamente em


material cristal de índice de refração 1,530, com um raio de curvatura de 0,08833m
em sua superfície externa e um raio de 0,106m em sua superfície interna. O
resultado corresponde ao valor dióptrico total da lente, tendo cada superfície seu
próprio valor dióptrico.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 106


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Superfície externa (+)


D = n-1  D = 1,530-1  D = 0,530  D = +6,00
R 0,08833 0,08833

Superfície interna (-)


D = n-1  D = 1,530-1  D = 0,530  D = -5,00
r 0,106 0,106

3.6.11. Cálculo de lentes com dioptria prismática


CÁLCULO DE PRISMA

A dioptria prismática é representada por um delta (△).

Segundo Prentice, uma dioptria é a força capaz de desviar um raio luminoso 1


cm à distância de 1 m.

Para se saber o valor prismático a ser aplicado às lentes, utiliza-se a fórmula


de Prentice:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 107


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

△ = |D| . ds

10

△ = prisma

D = dioptria

ds = descentração de surfaçagem

Dioptria prismática em comparação com os ângulos de refringência para


índice de refração 1,523:

△ △

1,0 = 1º 5´ 43” 6,0 = 6º 30´ 39”

△ △

2,0 = 2º 1´ 20” 10,0 = 10º 40´ 24”

△ △

4,0 = 4º 21´ 49” 20,0 = 19º 52´39”

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 108


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

As lentes descentradas atuam de forma completamente análoga aos prismas.


Assim, olhando de C através de uma lente de óculos na direção paralela ao eixo
óptico, o raio principal CA, paralelo ao eixo, deve passar pelo foco da lente em
virtude da refração.

Esse desvio pode ser calculado da seguinte forma:

CÁLCULO DE DIFERENÇA DE BORDAS (DB)

Chamamos de DB a diferença de bordas necessária para provocar o


deslocamento do centro óptico (CO) do centro geométrico (CG). Para isso podemos,
em primeiro lugar, calcular o efeito prismático que a ds causará, usando a fórmula
de Prentice:

△ = ds . |D|

10

A DB é conseguida usando a fórmula:

DB = △ . Ø bloco . 0,019

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 109


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Onde: Ø bloco = diâmetro do bloco usado

0,019 = constante para n = 1,530

A constante 0,019 é usada para cálculo do ângulo de refringência formado


pelas duas superfícies. Cada dioptria prismática provoca um aumento de 0,019 mm
para cada milímetro de distância do vértice até a outra borda, para índice de
refração 1,530.

Na aplicação de uma DB nas lentes convergentes, a base correspondente


move-se no sentido em que se descentra; nas lentes divergentes ela se move em
sentido inverso.

A DB é aplicada de maneira distinta nas lentes positivas e negativas, para que


não se altere a espessura mínima (EM).

Nas lentes positivas:

- 0% na borda horizontal, onde representa a borda fina, igual à EM;


- 50% no centro geométrico da lente;
- 100% na borda horizontal onde representa a borda grossa.
Exemplo:

Nas lentes negativas:

- o centro não pode sofrer influência da DB, sendo que, nestas lentes, ele só
possui a EM;
- a borda horizontal onde representa a borda fina, terá uma redução de 50% da
DB, e a borda horizontal onde representa a borda grossa terá um acréscimo de
50% da DB,
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 110
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

totalizando, assim, 100% de DB entre a fina e a grossa.

Exemplo:

Elementos configuráveis para as lentes esféricas:

EM = espessura mínima

SP = ságita pura

EB = espessura de bordas

EC = espessura de centro

BF = borda fina

BG = borda grossa

Elementos não-configuráveis usados para escolha de espessura do bloco:

PV = profundidade de vértice (maior espessura da lente)

ID = índice de desbaste (margem de segurança = 0,4 mm para cada superfície)

SC = ságita composta (PV + ID)

Obs.: A espessura do bloco tem de ser igual ou um pouco maior que a SC.

3.6.12. Lentes oftálmicas de médio e alto índice de refração


Cristal: são cristais de refringências superiores, que permitem produzir lentes
esteticamente melhores e atender a altas dioptrias, principalmente as destinadas às
miopias. Os de médio e alto índice foram desenvolvidos com materiais como bário,
titânio e lantânio, que permitem redução substancial na espessura das lentes.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 111


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Essas lentes são encontradas hoje com índices de refração que variam de n =
1,600 a n = 1,800, em cristal, sendo que cada índice permite uma melhor indicação
para cada tipo de correção visual.
Esses materiais apresentam menor resistência à abrasão, facilitando o des-
baste de suas superfícies em laboratório, seja por processo manual ou com equipa-
mentos automáticos.
Assim como as lentes cristal Crown, estas podem ser coloridas por processo
de metalização ou ainda passar por tratamento superficial antirreflexo.

Cada índice de refração destes materiais tem sua aplicabilidade mais indicada
conforme a ametropia a que se destinarem, isto é, quanto maior a ametropia, maior
deve ser o índice de refração. Temos, para esses materiais, o n = 1,600 (Médium
Index), o n = 1,700 (High Lite) e o n = 1,800 (High Index), abordados em seguida em
termos de aplicações.

Índice n = 1,600 (Médium Index)


O material de índice n:1.6 (Médium Index) é indicado para baixas e médias
ametropias. Com ele é possível produzir lentes esteticamente favoráveis, sobretudo
em aros de diâmetros grandes, que permitem fabricá-las mais planas e mais finas,
com o mesmo peso do Cristal Crown.
As cores disponíveis do Médium Index são: branco, rosa e também o cristal
Photo, que combina o fotocromatismo com o alto índice e é especialmente recomen-
dado para lentes progressivas.

Índice n = 1,700 (High Lite)


Este material é indicado para médias e altas correções, principalmente de mi-
opias. Com ele, há grande redução de espessura nas bordas das lentes, o que ofe-
rece uma melhora fundamental na aparência e no conforto.
É recomendável que estas lentes sofram um tratamento anti-reflexivo.
Essas lentes são encontradas em incolor e rosa.

Resinas de médio índice: Quando um material tem o índice de refração supe-


rior a 1,530, costuma-se dizer que é um material de alto índice, mas podemos clas -
sificar como de médio índice os materiais que estão na faixa entre 1,537 e 1,560. As

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 112


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

lentes de médio índice nos dão a possibilidade de obtermos lentes mais finas do que
as confeccionadas em material de baixo índice, desde que usemos para compara-
ção, lentes que tenham a mesma força dióptrica. Também são denominadas de
plásticos de consolidação a quente.

• Resinas de alto índice: Se podemos classificar como de médio índice os ma-


teriais que tenham índice de refração entre 1,537 e 1,560, os materiais que têm seus
índices de refração acima desse valor são considerados como de alto índice. Os ma-
teriais de alto índice resultam em lentes mais finas em relação àquelas feitas em ma -
terial de baixo e médio índice de maneira diretamente proporcional ao valor do índi-
ce, ou seja, quanto maior for o índice de refração, mais fina será a lente em compa -
ração com outra lente de mesma força dióptrica confeccionada em material de índice
de menor valor. Também podem ser obtidas de plásticos de consolidação a quente.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 113


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

4. LENSOMETRIA
4.1. Definição
Lensometria é o conjunto de procedimentos para aferição do poder dióptrico
de uma lente. Também é através dela que se localiza e marca a posição do centro
óptico da lente, bem como a direção do eixo do cilíndrico.
Podemos destacar três métodos para a medição da potência de lentes:
focometria, esferometria e neutralização.

FOCOMETRIA
Consiste no processo de leitura da lente mediante um lensômetro (vertômetro,
focômetro, lentômetro), instrumento que determina o poder dióptrico, o centro óptico,
a posição dos eixos e as forças prismáticas, sem reconhecer o índice de refração, as
curvaturas e as espessuras empregadas. Este processo permite também a
determinação da potência dióptrica de uma combinação de lentes.

4.2. Lensômetro ocular (mecânico/analógico): principais partes


Ocular
Lente regulável à acuidade visual do observador, ela é girada com a escala
dióptrica em 0,00D até que a imagem projetada fique perfeitamente nítida.

Retículo
Diagrama observado através da ocular, o retículo é formado por uma série de
círculos concêntricos, com valores correspondentes à dioptria prismática e por dois
traços perpendiculares entre si, cujo ponto de cruzamento marca o eixo da lente.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 114


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Tambor graduado
Trata-se de uma peça que faz retroceder ou avançar o colimador, ajustando a
figura-teste para que sua imagem formada no retículo se torne nítida. Sua
graduação pode ser encontrada de –24,00 a +24,00 e em divisões de 1/4 D. Em
alguns tipos as divisões podem ser mais precisas, dividindo-se em 1/8 D até 3,00 D.

Escala de eixos
A escala de eixos pode ser encontrada em uma polia externa ou no próprio
retículo. Ela é orientada no sentido anti-horário, dividida de cinco em cinco graus, de
0 a 180º.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 115


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Fixador
Peça que tem por função fazer a fixação da lente no lensômetro.

Centralizador
É um dispositivo para marcar com tinta sobre a lente a posição do centro
óptico ou do eixo, quando a lente é cilíndrica.

Mesa
A mesa do lensômetro é uma peça em que, posicionando-se a armação com
as lentes já montadas, se faz a aferição da altura do centro óptico, bem como da
posição dos meridianos principais das lentes cilíndricas.
Apresenta mobilidade no sentido vertical e é alinhada na posição horizontal
(linha de montagem).

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 116


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Figura-teste
Os tipos de figuras-teste variam de acordo com o fabricante, podendo ser em
forma de cruz, círculo ou ponto.

Fonte de luz
Consiste em uma lâmpada cuja função é iluminar a figura-teste.

Lensômetro de projeção
É um tipo de aparelho no qual a imagem é projetada em uma tela. As
vantagens deste tipo de lensômetro sobre os clássicos oculares são a leitura mais
precisa e o fato de que a imagem projetada na tela não depende de focagem da
ocular.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 117


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Autolensômetro
Este tipo de lensômetro é bem diferente dos outros: não existe nenhuma
figura para focalização e o resultado é obtido por meio de computador em que os
valores aparecem em números digitais em uma tela.

ESFEROMETRIA
É a determinação do poder dióptrico de uma superfície usando o esferômetro,
pequeno instrumento que determina as curvas da lente e também a posição do eixo
(em caso de lentes cilíndricas) e a potência dióptrica das lentes.

Esferômetro

É um aparelho formado por uma caixa redonda da qual sobressaem três


pinos: dois laterais, fixos, e um central, móvel. Esse pino central tem uma altura
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 118
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

variável e está ligado a uma agulha que gira ao redor de seu eixo, percorrendo uma
escala em espaços de quartos de dioptria, de 0,00 a 17,00D, e em índice de
refração determinado (em geral 1,530).
Para se fazerem as medições, deve-se colocar o esferômetro com os pinos
em posição perpendicular à superfície. Quando a superfície é plana, os três pinos
ficam com a mesma altura e a agulha marca 0 (zero); quando a superfície é
côncava, o pino central fica mais alto que os outros; quando a superfície é convexa,
o pino central fica mais baixo.
Para medir as forças dióptricas de uma lente basta efetuar a soma algébrica
dos valores encontrados nas superfícies:
D = D1 + D2
Neste caso, o resultado é aproximado, pois a espessura da lente não é
considerada.
Quando a superfície é cilíndrica, gira-se o aparelho sucessivamente em
sentido horário e anti-horário sobre a superfície da lente. São observadas duas
medidas de curvas na mesma face. A menor curva dióptrica é chamada de base e a
maior curva dióptrica é chamada de contra base. A diferença entre base e contra
base é a dioptria cilíndrica.

NEUTRALIZAÇÃO
Trata-se da combinação de uma lente de potência dióptrica conhecida de
sinal contrário ao de outra que se quer conhecer. Para que exista neutralização, o
resultado da combinação tem de ser 0 (zero).

Lente (1) + Lente (2) = 0

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 119


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

RECONHECIMENTO DE UMA LENTE SEM USO DE APARELHOS


O reconhecimento dos diversos tipos de lente sem uso de aparelhos é feito
tendo em vista algumas de suas propriedades ópticas, que serão listadas a seguir:
LENTES CONVERGENTES
Centro mais grosso do que as bordas;
Aumentam o tamanho dos objetos;
A imagem movimenta-se no sentido inverso do objeto;
A curvatura é mais acentuada na superfície anterior;
Possuem foco real.

LENTES DIVERGENTES
Centro mais fino do que as bordas;
Diminuem o tamanho dos objetos;
A imagem acompanha o movimento dos objetos;
A curvatura é mais acentuada na superfície posterior;
Possuem foco virtual.

LENTES CILÍNDRICAS
Imagem elíptica de um objeto circular;
Imagem deformada ao girar a lente;
Se for cilíndrica positiva, a imagem desloca-se no sentido contrário ao do
movimento da lente;
Se for cilíndrica negativa, a imagem desloca-se no mesmo sentido do
movimento da lente.

LENTES PRISMÁTICAS
Olhando um objeto (por exemplo, uma cruz), a imagem desloca-se na posição
do vértice do prisma, oposto à base.

4.3. Operação correta do lensômetro


O lensômetro é composto de um colimador e de um telescópio astronômico
enfocado para o infinito. O colimador é montado no tubo do aparelho, de modo que
seu foco-imagem se situe exatamente no suporte, coincidindo com o vértice da
superfície posterior da lente durante a medição.
No outro ponto focal do colimador está o objeto-teste (figura-teste) iluminado
por uma fonte de luz interna. Quando a figura-teste está sobre o ponto focal-objeto
do colimador, a escala do lensômetro indica zero dioptria (0,00D).
Colocando-se uma lente no suporte, a imagem da figura-teste desloca-se de
modo que o observador não possa mais vê-la. Porém, ajustando-se a posição da
figura por um tambor serrilhado até que ela coincida com o ponto focal-imagem da
lente, temos novamente imagem nítida e podemos então efetuar a medição.

Ajustando a Ocular:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 120


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Independente do tipo de equipamento, marca, modelo, tipo de leitura, etc.,


desde que o mesmo seja mecânico, é imprescindível um ajuste na mira para a sua
ocular.
Procedimento de ajuste:
Existem algumas formas de ser feito o ajuste. Vejamos uma delas:
 Colocar um pedaço de papel branco em frente ao apoio nasal com o
equipamento desligado, com o objetivo de clarear o retículo deixando-o
o mais brilhante possível;

 Gire a ocular sem forçá-la, olhando dentro da mesma, e volte a girar


novamente até que o retículo esteja bem nítido;

 Ligue o equipamento, gire o tambor de identificação de potência para o


zero e verifique se imagem luminosa de identificação da dioptria
esférica (uma cruz formada por linhas) está nítida;

Colocando a lente ou a armação em posição:


Lente:
 Gire a alavanca da mesa de apoio de forma que a mesma desça e
apoie sobre o equipamento;
 Posicione a lente com o lado convexo voltado para você e o lado
côncavo apoiado sobre o apoio nasal do equipamento;
 No caso de lentes visão simples, com o fixador levantado, mova-a até
conseguir uma centralização de seu centro geométrico com o apoio
nasal do equipamento;
 No caso de lentes progressivas, seguir a orientação do fabricante
quanto aos pontos de conferências;
 No caso de bifocais, conferir primeiro o campo de longe e depois o de
perto.

Armação:
 Gire a alavanca da mesa de apoio de forma que a mesma suba a uma
altura necessária, nivelada com a linha mediana da armação;
 Coloque a armação com os dois olhos apoiados sobre a mesa com a
parte convexa voltada para você. De forma alguma aceitar inclinação:
os óculos devem estar na horizontal;

4.4. Conferências das lentes esféricas centradas e descentradas


Visão simples e sem indicação de prisma na Rx:
 Centralizar a imagem no retículo;

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 121


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Lentes visão simples com indicação de prisma na Rx:


 Procurar o valor do prisma e sua posição na Rx, e centralizar a lente
respeitando a orientação da Rx.
 Centralize a lente movendo-a com o seu pressionador levantado;
 Focalize o alvo girando o tambor de identificação de potência até a
imagem ficar nítida no retículo;
 Identifique se todas as linhas da cruz e do círculo estão nítidas e com
foco ao mesmo tempo;
 Com o foco definido centralize a lente exatamente no centro da mira;
 Com a alavanca de marcação marque o centro óptico da lente;
 Identifique a potência da lente dentro da janela de potência da ocular
ou no tambor externo, dependendo do tipo do equipamento;
 A potência da lente será igual ao valor identificado no tambor,
respeitando a escala de negativo e positivo.
Obs.: Caso não tenha sido possível identificar as linhas e o círculo nítidos ao mesmo
tempo, em uma única operação, trata-se de uma lente cilíndrica.

4.5. Conferência de lentes oftálmicas cilíndricas centradas e descentradas:


Visão simples e sem indicação de prisma na Rx:
 Mova a lente centralizando-a no retículo;
 Dependendo da posição em que se encontrar o tambor de identificação
da potência, não aparecerá nenhuma imagem definida;
 Gire o tambor de identificação de potência até identificar uma luz mais
forte;
 Gire o anel do eixo até formar uma imagem nítida de uma das figuras
(partes da cruz) formadas pelas linhas;
 Trabalhe em conjunto com o tambor de identificação da potência e o
anel do eixo até definir bem uma das figuras;
 Defina como poder esférico a imagem formada pelas linhas e anote o
valor encontrado no tambor da potência, bem como o valor do
indicador do eixo em um papel;
 Gire apenas o tambor de identificação da potência até encontrar a
imagem formada pelas linhas maiores (conjunto onde a linha do meio é
maior);

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 122


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

 Anote o valor encontrado no tambor da potência;


 A diferença entre os dois valores será o valor do cilíndrico e o mesmo
será negativo quando o segundo valor for menor do que o primeiro, e
positivo quando o segundo valor for maior do que o primeiro.
Ex.:
Primeiro valor +3,25
Segundo valor +2,50
O cilíndrico será de 0,75 e será negativo, pois 2,50 é menor do que
3,25. A dioptria da lente será: +3,25 -0,75, com o eixo identificado no indicador do
eixo.

4.6. Conferência de lentes bifocais


 Centralizar a parte do campo de longe como se fosse uma lente visão
simples e anotar os dados encontrados;
 Centralizar a parte do campo de perto como se fosse uma lente visão
simples e anotar os dados encontrados;
 A diferença entre os dois valores esféricos encontrados é a adição

4.7. Conferência de lentes multifocais


 Verificar se as lentes foram remarcadas no gabarito de sua referência;
 Orientar-se pelos pontos indicados pelo fabricante para a conferência
da dioptria de longe, prisma de equilíbrio e adição;
 Executar os procedimentos para dioptrias esféricas ou cilíndricas.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 123


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

5. MONTAGEM

5.1. Definição
Em laboratório óptico é dado o nome de montagem ao processo onde as
lentes são recortadas conforme o modelo do aro da armação e encaixadas nos
mesmos através de procedimentos específicos para esse fim.
A montagem consiste na marcação, desenho do gabarito, riscação, trituração
e lapidação da lente, baseado no tipo de montagem (visão simples, bifocal ou
multifocal), ou seja, cada lente possui alguns passos específicos que precisam ser
respeitados.

5.2. Principais equipamentos e ferramentas do laboratório de montagem

Lixadeiras manuais

Facetadoras

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 124


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Furadeiras

Ranhuradeira

Aquecedores de armações

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 125


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Alicates para posicionar eixos

Alicates diversos

Chaves para parafusos

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 126


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Lensômetros
5.3. Principais insumos usados no laboratório de montagem

Ventosa

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 127


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Blocking pads

Gabaritos

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 128


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Lixas correia

5.4. Tipos de armações oftálmicas


De modo bem genérico, as armações são classificadas em quatro tipos:
metal, zilo, nylon e parafusadas.
 Metal é aquela armação que possui seus aros confeccionados totalmente em
um material metálico.

 Zilo é aquela armação que tem seus aros totalmente confeccionados em um


material semelhante ao plástico.

 Nylon é aquela armação onde a principal sustentação das lentes é feita


através de um fio de nylon. Pode ser de metal com nylon ou zilo com nylon.

 Parafusadas são as armações que não possuem aros para fixação das
lentes, sendo que a ponte e as hastes são parafusadas/fixadas diretamente
nas lentes.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 129


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

5.5. Componentes das armações


As principais partes de uma armação são as seguintes:

 Aro: é a parte onde está inserida a lente.


 Ponte: fisicamente é a peça que une um aro ao outro. Em se tratando da
medida chamada ponte, é a menor distância entre as duas lentes no
lado nasal.
 Plaqueta: é a parte situada na extremidade nasal de cada aro, que apóia
a armação sobre o nariz.
 Haste: é a parte que liga a armação à orelha, dando fixação à mesma.
 Ponteira: parte plástica encaixada na extremidade da haste.
 Charneira: é o elemento mecânico que também une aro e haste, permi-
tindo articulação.

5.6. Materiais das armações


Principais materiais usados na fabricação e especificações
ORGÂNICAS
Acetato de celulose
É conhecido popularmente como "zilo" e ocupa a maior parte das vendas do
mercado de armações. Sua variedade de cores, padrões e estilo ainda prevalecerão
para mantê-lo na liderança das vendas por muito tempo. O acetato é mais resistente
do que o proprionato, durante o aquecimento, porém não se iguala à resistência do
Optyl. O A.C. (zilo) pode ser vergado ou adaptado com relativa facilidade, mas tem
tendência para se abrir (as hastes), necessitando ajustes periódicos. A acetato de

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 130


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

celulose é fabricado, partindo-se de grãos, que são aquecidos e laminados ou ainda


injetados diretamente nas matrizes de modelos finais. Na maioria das vezes é
primeiramente laminado, cortado e acabado na formação do modelo final. Este
material pode ser aquecido, pode vergar-se ou curvar-se sem problemas. Todavia,
quando você tenta vergá-lo a frio, tenderá a fissurar-se, com o uso seguido.
Proprionato
É um dos mais novos materiais de armações, usados hoje em dia. Quando foi
introduzido no mercado, o seu objetivo era igualar-se ao optyl. Caso o leitor o
coloque num aquecedor de areia, sua decepção será total e o resultado poderá ser
uma massa queimada, diferente, portanto do optyl. O proprionato é o oposto do
optyl, sendo que você somente poderá aquecê-lo, por um mínimo tempo, do
contrário o danificará. A única coisa que os dois materiais têm em comum é o brilho
e a durabilidade.
Optyl
O optyl é considerado a terceira geração de materiais até então
experimentados e que parece ter resolvido a maioria dos problemas até então
conhecidos. Este material é mais leve do que o acetato de celulose e suas cores são
translúcidos. O Optyl é facilmente ajustado e se adapta muito bem. Alguns usuários
chegam a usar estas armações por quatro anos e elas continuam perfeitamente
adaptadas na forma inicial.
Duas características surpreendentes deste material devem ser levadas em
conta: o difícil aquecimento e sua memória. Ele deve ser aquecido inteira e
completamente, muito cuidadosamente, antes de qualquer tentativa para vergá-lo,
do contrário, o resultado será sua irremediável quebra. Também, caso os óculos
caiam sobre uma superfície dura e áspera, o ponto de impacto poderá provocar a
quebra, fragmentando-se.
Nylon
O nylon é o material que nunca conseguiu (ele somente) uma aceitação
considerável, até o advento das armações esportivas. Ele é durável e resistente,
mas não tem tido uma boa aceitação, devido às cores, que tendem a escurecer e
turvar-se. O preto não é uma cor que permanentemente está em moda. É instável e
entra e sai de moda. Outra dificuldade do nylon é sua tendência a voltar à forma
anterior.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 131


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Fibra de carbono
O assim chamado "fibra de carbono" nada mais é do que uma mistura de
nylon (70%) com fibra de carbono (30%). O nome "fibra de carbono" pegou com
incrível facilidade. O mercado está ávido de novidades e o nome, associado à
construção dos carros de "fórmula um", usados nas corridas de automóveis, pegou
com muita facilidade e, além disso, é mais fácil de caracterizá-lo.
As fibras de carbono não aceitam cores na sua composição e por isso foram
pintadas em diversos tons (escuros) e com uma razoável variação de desenhos
atraentes. Não foi muito difícil encontrar a solução da pintura, em virtude do alto
desenvolvimento das tintas, especialmente com bases em epoxy.
Como se compõe de, basicamente, nylon, possui as mesmas características
daquele material, sendo difícil sua dilatação (para entrada das lentes) assim como
vergá-lo. A durabilidade da "fibra de carbono" está principalmente na resistência da
tinta com que é preparada. Sua resistência, entretanto é surpreendente, desde que
devidamente misturadas com o nylon. Em caso de má composição, quebra-se
facilmente.
Fibra de vidro
Igualmente à fibra de carbono, sua composição é bastante semelhante à
anterior, sendo misturada também ao nylon. A proporção é bastante similar (30%
contra 70% de nylon). Igualmente é pintada devido aos mesmos problemas do
carbono, mas suas características são bastante iguais, sendo que a "fibra de vidro" é
ligeiramente mais elástica, se dilatando um pouquinho mais. Neste ponto reside a
principal deficiência das fibras. Os montadores sofrem devido a pouca dilatação, e
as lentes, para serem inseridas nos aros, o são pela força mecânica dos dedos e
neste ponto reside uma grande dificuldade. Muitas vezes as lentes são introduzidas
nos aros, com tamanhos menores que o devido, provocando assim problemas, como
saídas dos aros, o que causa uma grande contrariedade por parte do cliente e da
ótica. As lentes de resina, por vergarem-se, são a melhor opção para este tipo de
material.

METÁLICAS
Alumínio

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 132


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

É excelente na resistência ao calor e fraco na versatilidade de ajustes e na


durabilidade do brilho.
Monel
Material de boa resistência à oxidação, podendo produzir armações em
diversas cores. Excelente na aplicação de partes das armações que exigem maior
resistência. Não tem muita flexibilidade o que dificulta sua aplicação em aros que
exigem mais recursos. Tem boa resistência ao calor. Aceita bem o banho de ouro e
ródio.
Metal memória
Esse é um material à base de níquel titânio. As peças feitas com esse
material ganham versatilidade de ajustes e modificações, além da resistência ao
calor.
Titânio
Material nobre e de alto custo, antialérgico, antioxidante, resistente e leve,
mas com poucas opções de cores. Modificações e ajustes devem ser feitos com
cuidado para evitar tensões nos pontos de solda.
Aço inoxidável
Material composto de ferro e cobre que tem como características principais a
resistência à quebra, flexibilidade e durabilidade. É usado na fabricação de peças
finas e estilizadas.

5.7. Medidas das armações

1 – ARO
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 133
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Também chamada de LARGURA DO ARO ou DH (diâmetro horizontal do


aro), é a medida interna do lado mais temporal até o lado mais nasal do aro;
2 – ALTURA
É a medida da altura vertical do aro, da parte mais superior interna até a mais
inferior interna. Também é chamada de DV (diâmetro vertical do aro);

3 – MAIOR DIÂMETRO DO ARO


Erroneamente chamada de “maior diagonal”, essa medida compreende a
maior distância ente as bordas internas do aro, o que nem sempre será em diagonal.
Também é chamada de DM (diâmetro maior do aro);

4 – PONTE
Ponte é a medida da menor distância entre as lentes.

5.8. Medidas ópticas


Essas medidas serão utilizadas em vários momentos: no ato da venda, ao
sugerir a melhor armação ao cliente, de acordo com sua ametropia, DP e altura; nas
etapas da produção dos óculos: surfaçagem e montagem; e principalmente na
conferência pós-montagem, já no balcão, quando irá conferir a qualidade e precisão
dos valores relacionados aos óculos.
É de fundamental importância ressaltar o seguinte: a tirada de medidas deve
ser feita depois do procedimento de ajuste da armação no rosto do cliente. Se o
ajuste não for feito antes, corre-se o risco de deixar as lentes fora de posição e fora
das medidas. Somente quando for feito o ajuste final é que se perceberá esta falha.
Daí a importância daquilo que foi ressaltado acima. Procedendo-se dessa maneira, o
óptico evitará mal estar e as consequentes reclamações da parte do cliente.
5.8.1. Distância pupilar
Distância pupilar é a distância entre uma pupila e outra, ou seja, a medida
entre a pupila do olho esquerdo e a do olho direito. Deve-se lembrar que essas
medidas podem sofrer diferenças de um olho para outro, devido à assimetria facial
que o cliente poderá apresentar, ou mesmo no caso de um estrabismo. Nesse caso,
as diferenças de medidas não são levadas em conta.
5.8.2. Distância naso-pupilar

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 134


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Distância Naso-Pupilar é a distância entre a pupila de cada olho em relação


ao centro do nariz.
A DNP é considerada pelos ópticos a medida mais completa para a confecção
de lentes oftálmicas e montagem de óculos corretivos, pois ela permite posicionar
corretamente a pupila no centro ótico da lente. Diferentemente da DP, que mede
apenas a distância entre uma pupila e outra, a DNP é tomada por cada olho, e isso
oferece uma maior exatidão, pois as medidas entre as DNP monoculares entre olho
direito e olho esquerdo nem sempre são iguais.
5.8.3. Altura da película
Altura do segmento (ou altura da película, da adição, da lentilha) é uma
medida usada na montagem de lentes bifocais. Essa medição é feita da parte
inferior interna do aro até a borda inferior da íris. A esse ponto deverá coincidir a
parte superior do segmento do bifocal
5.8.4. Altura pupilar
Além da DNP, que é uma medida horizontal, outra medida óptica de igual
importância é a da altura pupilar. A altura pupilar é uma medida vertical que
evidencia qual a distância da parte interna mais inferior da armação ao centro do
olho, ou seja, a pupila.
Essa medida é tomada, na maioria dos casos, com uma pequena régua
utilizada na óptica, conhecida como escala milimetrada, da borda interna inferior da
armação ao centro da pupila.
5.9. Prática de tomada de medidas ópticas
5.9.1. Tomada de medidas manualmente e com equipamentos
A utilização do pupilômetro, ou outro equipamento equivalente, tornou-se
muito importante, tanto para as lentes progressivas como para as lentes monofocais,
principalmente em se tratando de lentes asféricas.
Atualmente, existem diversos aparelhos para a tomada de medidas, entre
eles os mais comuns e tradicionais, como é o caso de escalas (régua) e pupilômetro
de reflexo corneano:
O pupilômetro de reflexo corneano é um aparelho que fornece ao óptico, de
forma rápida e com muita precisão, as distâncias inter pupilares (DP) e também as
distâncias naso-pupilares (DNP) para longe e para perto.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 135


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

O funcionamento do equipamento consiste em enviar ao olho um foco de luz,


que é refletido pela córnea. Assim, identifica-se facilmente a captação da luz pelo
olho. Há o pupilômetro digital de reflexo corneano que facilita a vida do óptico, pois é
de fácil manuseio, leve, prático e portátil. Com esse tipo de pupilômetro é possível
medir a DNP para longe e para perto. Basta posicionar no rosto do cliente, escolher
a distância (longe ou perto) e fazer a medição.
Para fazer a medição da altura é mais comum usar uma régua (escala
milimétrica). Entretanto, existem aparelhos que podem auxiliar nesse procedimento,
como é o caso desse aparelho de medição da distância vertical (altura).

Existem também aparelhos que envolvem muita tecnologia, para aferir tais
medições, como é o caso dos aparelhos CNC.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 136


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Esses aparelhos simulam imagens a varias distâncias para a coleta de


parâmetros essenciais como medida da DNP, altura, distância vértice, inclinação
pantoscópica e dados específicos de montagem referentes às dimensões do aro da
armação. Assim, devido a medição digital e precisa, elimina-se a possibilidade de
erros muito comuns nos aparelhos convencionais hoje disponíveis no mercado. Além
dos parâmetros essenciais necessários para a confecção de quaisquer óculos,
esses aparelhos fornecem todas as possibilidades de demonstração e de
atendimento, pois combinam funções de consulta individual com informações
detalhadas para cada usuário, como o tipo de comportamento visual, a prescrição e
o tipo de armação escolhida. Oferecerem, ainda, sistemas de consulta e de
comparação de produtos: cálculo de espessura de lentes e seleção virtual de
armações. Tudo isso mostrado através de um terminal interativo com múltiplas
informações para o cliente.
Os tipos de aparelho de CNC e algumas funções variam de acordo com o
fabricante e o tipo de lente a ser prescrita. Alguns deles podem medir todos os

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 137


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

parâmetros descritos anteriormente e podem ser utilizados para qualquer tipo de


lente. Já outros aparelhos são adaptados para um específico tipo de lente
progressiva e não tem utilidade com produtos de outros fabricantes.
Os aparelhos são projetados para captar a imagem do cliente. Para isso, ele
é posicionado em frente ao aparelho, que é ajustado para a altura correta por meio
de um sistema de espelhos e uma câmera integrada. O aparelho captura a imagem
digital do cliente. Automaticamente, realiza as medições e cálculos para determinar
com precisão os vários parâmetros de ajuste. Os dados são exibidos em uma tela
digital e podem ser exportados ou impressos, quando necessário.
Esses aparelhos de CNC têm evoluído nos últimos anos para permitir uma
medição mais fácil, rápida e precisa, com redução do tempo de montagem e de
erros de ajuste. Eles também transformaram a maneira como as armações e as
opções de lentes podem ser demonstradas ao cliente, pois permitem que este as
experimente antes de comprá-las.

5.9.2. Distância pupilar


Felizmente, são raros os vendedores que medem somente a DP e que fazem
a divisão por dois para obter a DNP. Este procedimento não é recomendado, pois
em 80% dos casos surgem diferentes DNP para cada olho.
A DP mede apenas a distância linear de uma pupila a outra, sem levar em
consideração as assimetrias. E por desconsiderá-las, isto pode ocasionar problemas
de centralização.

Por isso, é recomendado utilizar a DP apenas no momento da venda, para


que o óptico possa se orientar em relação à escolha do tamanho da armação mais
adequada. Resulta em fácil adaptação e em efeito estético para as lentes quando o
óptico deixa o centro da lente posicionado próximo do centro do aro da armação, e
quando o faz coincidir com o centro da pupila.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 138


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Uma das principais dificuldades na escolha das armações é a distância entre


os centros geométricos. O ideal é fazer o centro geométrico do aro da armação
coincidir com o DP do cliente. Se as distâncias forem maiores ou menores do que a
DP, haverá descentralizações que ocasionam aberrações periféricas. Podem,
também, em casos de dioptrias médias e altas, tornar os óculos pesados,
proporcionar visão de pouca qualidade e comprometer a estética do rosto.

5.9.3. Distância naso-pupilar


A medida DNP pode ser verificada de várias formas. O ideal é fazer uso de
um equipamento chamado pupilômetro de reflexo corneano, que facilita o processo
de medidas e aumenta o índice de precisão. É vantajoso contar com esse aparelho,
porque as medidas são precisas e realizadas para visão de perto ou longe e também
em várias outras distâncias.
Para medir com o pupilômetro:

1. O aparelho deve ser ajustado para a distância em que será feita a medida
(perto ou longe):
Para longe, deve ser regulado para a medida ser tirada a mais de cinco
metros e meio. A essa distância os olhos estão na sua plenitude de relaxamento e
SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 139
SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

não apresentarão convergência. Essa distância é equivalente ao infinito e em alguns


aparelhos vem representada pelo símbolo ∞;
Para perto, o pupilômetro pode ser regulado para distâncias que variam entre
33 cm e 40 cm. A distância irá variar conforme o tipo de atividade em que o cliente
usará sua visão de perto. Ex: apenas para leitor, arquiteto, músico, relojoeiro, entre
outros.
2. Deve-se conferir se ele se encontra em posição de DNP, e não DP.
3. Deve-se acomodar o suporte que se adapta ao nariz do usuário e verificar
se este apoio está na mesma posição em que os óculos ficariam.
4. O cliente deve segurar o equipamento de forma bem confortável e utilizá-lo
como se fosse um binóculo.

5. O profissional deve nivelar a sua altura com a altura do cliente, fazendo


com que o equipamento fique perfeitamente na horizontal, e solicitar-lhe que olhe
fixamente para o ponto luminoso dentro do círculo verde que aparece no interior do
equipamento.

Ao olhar dentro do aparelho, o óptico notará um brilho na forma de um ponto


localizado no centro da córnea do cliente. Em seguida, ele deve posicionar a linha
que é mostrada dentro do pupilômetro em cima desse ponto.
7. A DNP do olho direito deve ser marcada, e em seguida a do esquerdo.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 140


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

5.9.4. Altura da película


No caso dos bifocais, deve-se medir a DNP de longe e de perto e a altura
deve ser tomada levando-se em conta a película do bifocal. Como em todas as
tomadas de medidas, deve-se ajustar a armação no rosto do cliente para, em
seguida, marcar um ponto baseando-se na pálpebra inferior. Em seguida, deve-se
medir a distância do ponto até a parte inferior da lente.

5.9.5. Altura pupilar


Como fazer a medida da altura:

1. Assegurar-se de que a armação está bem ajustada. Verificar o equilíbrio,


observando se as plaquetas estão bem apoiadas no nariz e as hastes bem
posicionadas nas orelhas;
2. A medida de altura é também monocular, uma diferença entre as alturas
direita e esquerda acontece em 20% dos casos;
3. Com o cliente em posição natural e olhando em visão de longe, deve-se
marcar o centro da pupila em cada lente, com uma caneta de tinta visível. É
indispensável respeitar a posição natural da cabeça do cliente, colocando-se na
altura dos olhos dele. Caso contrário, é provável que ocorra um erro de paralaxe,
que é o incorreto alinhamento dos olhos dele em relação aos seus – do vendedor;

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 141


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

4. Deve-se traçar uma linha horizontal em cada lente e fazer dupla


verificação para se certificar de que as elas cruzam com o centro de cada pupila;
5. Deve-se medir a altura do lado interno inferior do aro até o centro da
pupila;

5.10. Escolha da armação


5.10.1. Formato da armação e formato do rosto
Existem sete formatos de rosto: o quadrado, o triangular (em pé e invertido), o
oval, o redondo, o losango, o retangular.
Em seguida, algumas recomendações estéticas em função dos formatos de
rostos:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 142


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

5.11. Confecção de moldes para montagem manual


Para riscar o molde de papelão é aconselhável usar um lápis ou caneta de
ponta bem fina ou lapiseira, para facilitar o processo.
Ao escolher o papelão para fazer o molde, devemos preferir o que não tenha
nenhuma dobra ou amassado na parte que será usada e preferencialmente o que
não tenha a superfície muito lisa, tipo plastificada.
Para qualquer tipo de armação - zilo, metal, fio de nylon, três peças
(“parafusada”), é imprescindível que o risco seja bem regular, ou seja, se em um
determinado ponto desse desenho fizermos o risco a 0,2 mm (dois décimos de
milímetro) da borda do aro, essa distância deverá ser a mesma em todos os pontos.
Figura 1

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 143


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Figura 2

Para conseguir isso devemos cuidar para que a lapiseira esteja inclinada de
maneira que a ponta, que manterá contato com o papelão, deslize sempre
encostada no aro, e, é claro, mantendo-a sempre com a mesma inclinação em
relação ao papelão.

Armações de Acetato (Fechadas)


Colocar a parte frontal da armação sobre o papelão, sendo que este último
deverá estar apoiado com os dedos. Não é conveniente que o papelão esteja sem o
apoio dos dedos, como, por exemplo, sobre a superfície plana de uma mesa, pois
ela não proporcionará necessariamente a mesma curva da armação e não haverá
um contato total do papelão com o aro (toda a área do aro), prejudicando a
fidelidade do desenho feito no papelão em relação ao real modelo da armação.
Figura 3
parte frontal sobre o papelão

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 144


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Figura 4
apoio dos dedos por baixo

Figura 5
apoio dos dedos por baixo e por cima

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 145


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Armações de Metal (Fechadas)


Inversamente ao procedimento para riscar o molde para armações de acetato,
em armações de metal colocaremos o papelão no lado anterior (interno) da
armação, apoiando-o com os dedos para que ele se amolde à curvatura do aro.
Figura 6
apoio do dedo por cima

Figura 7
apoio dos dedos por baixo

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 146


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Frequentemente teremos certa dificuldade para o perfeito encaixe do papelão


no aro, devido estar a haste da plaqueta em posição desfavorável a esse
procedimento. Podemos minimizar esse problema cortando um lado do papelão em
diagonal e encaixando-o no aro com esse lado do corte em diagonal bem rente à
haste da plaqueta, conforme podemos observar nas figuras.
Figura 8

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 147


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Figura 9

Armações de Fio de Nylon e Três Peças (“parafusadas”)


Para esses tipos de armações, quando novas, o trabalho se torna muito mais
simples, pois todas já vêm da fábrica com o modelo da lente pronto (lente de
apresentação). Se a armação já for usada, ainda temos a lente do uso para ser
usada como modelo. Portanto, só nos resta retirá-lo da armação e usá-lo da maneira
que for necessário, isto é, fazer no modelo já existente todas as marcações para
fazermos a montagem (usar a lente existente no lugar do molde de papelão). Ë claro
que também podemos usar esse modelo (lente de apresentação) para riscar um
molde no papelão - depende da preferência de cada um.
Em casos onde não tivermos uma dessas opções de modelo (nem a lente de
apresentação, nem a lente usada), teremos que criar um molde em papelão
conforme nos tenha sido solicitado e/ou que seja possível pelo desenho provável
que a parte rígida do aro (metal ou acetato) nos sugerir.
Figura 10

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 148


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

IMPORTANTE

Seguidos os procedimentos descritos, antes de cortar o molde com uma


tesoura, vamos analisar a profundidade da canaleta (friso) do aro para que essa
medida (medida da profundidade) seja a distância aproximada entre o risco no
papelão e onde efetivamente faremos o corte - só no caso das armações fechadas
de acetato e metal; nas demais cortaremos exatamente sobre o risco.

Figura 11

5.12. Marcações feitas nas lentes para montagem


Marcando lentes para montagem

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 149


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Lentes esféricas:
Colocar a lente no equipamento centralizando a mesma;
Girar o tambor de identificação de potência até encontrar a imagem das linhas
e do círculo totalmente nítida;
Centralizar a imagem dentro do círculo da mira;
Verificar no tambor de identificação de potência o valor dióptrico;
Com a alavanca de marcação, dar pontos na lente que identifique o centro
óptico;

5.13. Montagem de lentes esféricas


Faz-se o modelo do desenho da armação, marcando no modelo a posição do
centro óptico e a altura. Em seguida coloca-se o modelo feito com papelão na parte
interna da lente centralizando as marcações do modelo com as da lente.
Risca-se a lente na parte interna utilizando o riscador centralizando as
marcações referentes às medidas. Após, tritura-se a lente de acordo com o risco
feito na extremidade e realiza a lapidação em lixadeira manual utilizando o modelo
junto com a lente para dar a forma desejada.
Quando a lente estiver pronta, na forma desejada, é realizado o acabamento
e encaixada a lente na armação. Pronta, segue-se para a conferência no
lensômetro: dioptrias e eixo cuidando para que a lente coincida com as medidas
solicitadas.

5.14. Montagem de lentes cilíndricas


Verificar na receita o valor do eixo.
Faz-se o modelo do desenho da armação, marcando no modelo a posição do
centro óptico e a altura. Em seguida coloca-se o modelo feito com papelão na parte
interna da lente centralizando as marcações do modelo com as da lente.
Risca-se a lente na parte interna utilizando o riscador centralizando as
marcações referentes às medidas. Após, tritura-se a lente de acordo com o risco
feito na extremidade e realiza a lapidação em lixadeira manual utilizando o modelo
junto com a lente para dar a forma desejada.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 150


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Quando a lente estiver pronta, na forma desejada, é realizado o acabamento


e encaixada a lente na armação.
Pronta, segue-se para a conferência no lensômetro: dioptrias e eixo cuidando
para que a lente coincida com as medidas solicitadas.

5.15. Montagem de lentes multifocais


Como as lentes bifocais, as lentes multifocais possuem certas regras que
precisam ser seguidas. Nas lentes bifocais tem-se um centro óptico para longe e
para perto, já nas lentes progressivas temos um único centro óptico. A montagem
parte das medidas da DNP e altura do centro da pupila até a parte interna da
armação.
Como as lentes multifocais já possuem gravadas na parte externa a cruz
central, o ponto de referência mais importante da lente progressiva, a montagem fica
mais fácil. Depois de surfaçadas deve-se verificar a precisão do eixo. Caso não
verificado a coincidência na horizontalidade da lente progressiva com a linha
horizontal de montagem, um dos dois pode ficar prejudicado.
Faz-se o modelo do desenho da armação, marcando no modelo a posição do
centro óptico e a altura. Em seguida coloca-se o modelo feito com papelão na parte
interna da lente centralizando as marcações do modelo com as da lente.
Risca-se a lente na parte interna utilizando o riscador centralizando as
marcações referentes às medidas. Após, tritura-se a lente de acordo com o risco
feito na extremidade e realiza a lapidação em lixadeira manual utilizando o modelo
junto com a lente para dar a forma desejada.
Quando a lente estiver pronta, na forma desejada, é realizado o acabamento
e encaixada a lente na armação. Pronta, segue-se para a conferência no
lensômetro: dioptrias e eixo cuidando para que a lente coincida com as medidas
solicitadas.

5.16. Ajustes finais


O ideal é que os óculos sejam pré-ajustados, na óptica e pelo óptico, assim
que a armação for escolhida e antes que sejam encaminhados ao laboratório para a
montagem das lentes. Depois de prontos, devem ser feitos os ajustes finais. Toda
lente oftálmica possui uma curva base para que à distância vértice seja

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 151


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

aproximadamente a mesma em qualquer direção que o olho vire. Os ajustes dos


óculos devem ser feitos em função disto.

Então, os óculos precisam ter os seguintes ajustes:

A curvatura da armação deve seguir a curvatura facial no sentido horizontal;


Na vertical a armação deve ter uma inclinação de aproximadamente 12 graus,
chamada Inclinação pantoscópica, ou seja, as bordas inferiores da armação ficam
mais próximas do rosto do que as superiores;
Quando a armação possuir plaquetas, estas devem ser ajustadas de modo
que fiquem totalmente apoiadas sobre o septo nasal, levando em conta a altura da
armação em relação ao centro da pupila;
As hastes devem ter uma abertura perfeita de maneira que não apertem as
frontes e nem fiquem largas, causando a sensação de que os óculos estão largos;
Finalmente, as ponteiras devem ser ajustadas acompanhando a curva atrás
das orelhas, com uma curva de +/- 45º, de maneira que a armação fique presa ao
rosto, sem fazer pressão, para que os óculos não escorreguem sobre o nariz,
aumentando a distância vértice e tirando o centro óptico das lentes do centro da
pupila.
Para os óculos multifocais, os pré-ajustes devem ser bem rigorosos.

Ajustes da Armação

Geralmente a armação não vem de fábrica completamente ajustada para


adaptação no cliente. Sendo assim, o vendedor deve proceder ao ajuste antes de
experimentá-la no cliente. Devemos proceder aos seguintes acertos:

Empeno: o empeno é quando a armação apoiada com as ponteiras voltadas


para cima apresenta desnível. Em seguida alinha-se com as ponteiras voltadas para
baixo. Importante é este ajuste devido à necessidade de melhor precisão nas medi-
das de alturas dos progressivos.
O empeno faz a armação ficar torta no rosto do cliente, com um aro mais alto
que o outro. Acontece quando as hastes não tocam igualmente numa mesa bem
plana, com suas ponteiras viradas para cima.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 152


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

O acerto nas de acetato, é feito com a armação aquecida, escolhendo a haste


que melhor condição ofereça ao ajuste da inclinação pantoscópica. Já as metálicas
o ajuste é feito com alicates apropriados.
Alguns clientes apresentam uma orelha mais alta que a outra. Este fato não
deve ser comentado pelo consultor e apenas faz-se o ajuste para que os dois aros fi -
quem centrados verticalmente no cliente.

Abertura: a abertura desigual faz com que um dos aros da armação fique
mais distante de um dos olhos. Quando uma haste está mais aberta que a outra ou
quando uma está mais fechada que a outra, o acerto das de acetato é feito com ca -
lor ou com lima no ângulo da haste, dependendo do caso. Basicamente devem ficar
com acerto de 90 graus, em ambos os olhos.

Nos clientes de rosto acentuadamente redondo nas laterais, deve-se proceder


a curvatura das hastes de modo que não toquem na pele. O toque na pele irá pro -
porcionar a oxidação do material, especialmente em clientes propensos a essa situa-
ção.

Inclinação: a parte inferior do aro deve estar mais próxima da face que a parte
superior de 6 a 9 graus. Isto porque 50% do nosso uso é para longe e 50% para per-
to. Nos progressivos a inclinação deve ser um pouco maior devido à necessidade do
uso total do campo nítido para perto.

Cruzamento: as hastes, quando dobradas, devem manter um paralelismo, ou


quando o modelo não permite uma igualdade de posicionamento. Trata-se de uma
questão de estética e apresentação do produto vendido. O cliente fica mal impressi-
onado quando o cruzamento não é alinhado.

5.17. Conferência da montagem


Conferindo lentes montadas:
Colocar a armação na posição adequada como citada anteriormente;
Seguir as orientações de como medir a potência das lentes
Lentes esféricas:
Focalize o alvo girando o tambor de identificação de potência até a imagem
ficar nítida no retículo;

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 153


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Identifique se todas as linhas da cruz e do círculo estão nítidas e com foco ao


mesmo tempo;
Com o foco definido centralize a lente exatamente no centro da mira (ajuste
fino);
Com a alavanca de marcação marque o centro óptico da lente;
Identifique a potência da lente dentro da janela de potência da ocular ou no
tambor externo, dependendo do tipo do equipamento;
A potência da lente será igual ao valor identificado no tambor, respeitando a
escala de negativo e positivo.
Obs.: Caso não tenha sido possível identificar as linhas e o círculo nítidos ao
mesmo tempo, em uma única operação, trata-se de uma lente cilíndrica.
Lentes cilíndricas:
Dependendo da posição em que se encontrar o tambor de identificação da
potência, não aparecerá nenhuma imagem definida;
Gire o tambor de identificação de potência até identificar uma luz mais forte;
Gire o anel do eixo até formar uma imagem nítida de uma das figuras (partes
da cruz) formadas pelas linhas;
Trabalhe em conjunto com o tambor de identificação da potência eo anel do
eixo até definir bem uma das figuras;
Defina como poder esférico a imagem formada pelas linhas menores
(conjunto ondes as mesmas terminam juntas) e anote o valor encontrado no tambor
da potência, bem como o valor do indicador do eixo em um papel;
Gire apenas o tambor de identificação da potência até encontrar a imagem
formada pelas linhas maiores (conjunto onde a linha do meio é maior), designada
como cilíndrica;
Anote o valor encontrado no tambor da potência;
A diferença entre os dois valores será o valor do cilíndrico e o mesmo será
negativo quando o segundo valor for menor do que o primeiro e positivo quando o
segundo valor for maior do que o primeiro.

Lentes Progressivas:
Verificar se a lente está remarcada com identificação dos pontos de
conferência ou se ainda consiste o carimbo;

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 154


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Posicionar os óculos de forma que os micro círculos fiquem alinhados na


horizontal;
Seguir os mesmo procedimentos para conferência de uma lente esférica ou
cilíndrica;
Caso a imagem esteja deslocada muito para baixo ou para cima, utilizar o
compensador prismático do equipamento para centralizar a mesma dentro do
retículo.
Porque a imagem é descentralizada?
A geometria da uma lente progressiva, sempre a deixará mais fina na parte
inferior, o que provocaria uma diferença de espessura vertical nos óculos após a
montagem.
Para compensar isto, durante a surfaçagem é aplicado um prisma de base
inferior, também chamado de prisma de afinamento, popularmente conhecido como
bordo superior fino, que faz com a lente tenha as espessuras verticais mais
próximas melhorando a estética. Porém, isto induz um prisma que desloca a imagem
para baixo no caso da lente de poder positivo e um deslocamento para cima no caso
da lente negativa.

Conferindo o prisma:
Posicionar os óculos apoiado na mesa do lensômetro com as duas lentes em
paralelo;
A mesa deve estar com uma altura que nivele os óculos pela altura dos
centros ópticos;
A imagem que encontraremos dentro do retículo será desfocada; devemos
procurar o melhor foco possível
Verificar na linha vertical, o valor do prisma, que deve ser dividido de 0,25 em
0,25, sendo que cada círculo equivale a uma dioptria prismática.
Obs.: O compensador prismático só pode ser utilizado para centralizar a
imagem movimentando no sentido vertical

Medindo o valor e a direção do prisma:


A direção do prisma é definida pela posição na qual será montada a base
(borda mais grossa da lente). Normalmente surgem pedidos de prismas com os
seguintes direcionamentos:

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 155


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

Prismas de base inferior;


Prismas de base superior;
Prismas de base nasal;
Prismas de base temporal;
Prismas com a base direcionada em eixos de 0° a 360°, de forma rara.

Quando é pedido prisma de base nasal ou temporal temos que ter o cuidado
de levar em consideração que a lente está com a parte externa voltada para nós, o
que significa que se o pedido está sendo para temporal a marcação no lensômetro
deverá ser com a imagem deslocada para a nasal e vice-versa.
Utilizando apenas o retículo do aparelho, conseguimos medir um prisma de
até 5,00 dioptrias, sendo cada círculo 1,00 dioptria prismática. Se a imagem estiver
focada e nítida no primeiro círculo, teremos um prisma de 1,00 dioptria, e este
prisma será:
Superior se estiver na linha vertical superior;
Inferior se estiver na linha vertical inferior;
Nasal se estiver na linha horizontal deslocado para temporal do retículo;
Temporal se estiver na linha horizontal deslocado para nasal do retículo;
Oblíquo em qualquer posição de 1° a 359 ° do transferidor interno do
equipamento, ressaltando a lembrança da lente estar voltada com a parte externa
para quem estiver conferindo-a.

Uma lente pode apresentar potência dióptrica e prismática ao mesmo tempo.


Para conferir ou marcar dioptrias prismáticas acima de 5,00 dioptrias devemos
utilizar o compensador prismático, passando a ter um recurso de medir valores
prismáticos de até 20,00 dioptrias prismáticas. O compensador prismático deve ser
usado também para conferir dioptrias médias /fortes em lentes progressivas,
principalmente as positivas, quando usado na surfaçagem um prisma de afinamento
superior.

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 156


SISTEMA FILADELFIA DE ENSINO

6. BIBLIOGRAFIA
DIAS, A - Introdução aos cálculos de óptica oftálmica. 1. ed.., São Paulo: Senac, 2005.
https://sites.google.com/site/neydiasopticaoftalmica/system/app/pages/search?scope=search-
site&q=CALCULOS+SAGITAL
DOWALIBY, M - Pratical aspects of ophthalmic optic. 4. ed.., Philadelphia: Butterworth-
Heineman, 2001.
PRADO, D - Estudos complementares da ótica oftálmica: noções de óptica. v.1, São Paulo:
Revistas Técnicas, 1986.
PRADO, D - Estudos complementares da ótica oftálmica: noções de óptica. v.2, São Paulo:
Revistas Técnicas, 1986.
TROTTER, J - Estudos superiores da ótica oftálmica: olho. v.1. 1. ed., São Paulo: Revistas
Técnicas, 1985.
TROTTER, J - Estudos superiores da ótica oftálmica: olho. v.2. 2. ed., São Paulo: Revistas Técnicas, 1987.
DIAS, A Introdução aos cálculos de óptica oftálmica. 1.ed. São Paulo: Senac, 2005.
DOWALIBY, M Pratical aspects of ophthalmic optic. 4.ed. Philadelphia: Butterworth-Heine-
man, 2001.
PRADO, D Estudos complementares da ótica oftálmica: noções de óptica. v.1, São Paulo:
Revistas Técnicas, 1986.
PRADO, D Estudos complementares da ótica oftálmica: noções de óptica. v.2, São Paulo:
Revistas Técnicas, 1986

https://pt.scribd.com/doc/55550702/41/

https://books.google.com.br/books?id=-ILHwrSpZUsC&pg=RA1-PA98&dq=SURFA
%C3%87AGEM&hl=pt-
BR&sa=X&ei=5h6tVP6QKurasASwtIDABA&ved=0CCEQ6AEwAQ#v=onepage&q=SURFA
%C3%87AGEM&f=false

https://books.google.com.br/books?id=tEcXICqCztoC&pg=PA17&dq=SURFA
%C3%87AGEM&hl=pt-
BR&sa=X&ei=5h6tVP6QKurasASwtIDABA&ved=0CBwQ6AEwAA#v=onepage&q=SURFA
%C3%87AGEM&f=false

https://books.google.com.br/books?id=tEcXICqCztoC&pg=PA17&dq=SURFA
%C3%87AGEM&hl=pt-
BR&sa=X&ei=5h6tVP6QKurasASwtIDABA&ved=0CBwQ6AEwAA#v=onepage&q=SURFA
%C3%87AGEM&f=false

http://www.capaz.tv/midias/capaz4.0/c_b_04.01.pdf

SURFAÇAGEM E MONTAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS 157

S-ar putea să vă placă și