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AFINAL, A CURVA ACHATA OU É CHATA?

Pois é, o COVID-19 chegou ao Brasil! Apesar dos inúmeros prejuízos sociais que estão sendo (e ainda
serão) causados pela epidemia, gosto de pensar – sem querer soar clichê – que existe um lado positivo nisso
tudo. Veja, por exemplo, o interesse da população em entender os mecanismos de transmissão do vírus,
inclusive do ponto de vista matemático. Quando eu, que sou professor de matemática e leciono há mais de
10 anos numa universidade federal, poderia imaginar que um dia veria a população discutindo sobre o
“achatamento da curva”? Ou, que teríamos professores explicando os gráficos dos modelos matemáticos no
horário nobre da TV, em pleno Fantástico? De fato, é necessário registrar que um pouco de medo, em doses
terapêuticas, pode gerar um ótimo efeito didático.

Existe um ramo da matemática chamado Cálculo Diferencial e Integral, que normalmente não figura
nos currículos do ensino médio. Contudo, se você já fez algum curso superior da área de exatas,
provavelmente já ouviu falar dele. Pois é, lá aprendemos as temidas derivadas e integrais, mas... deixa isso
pra lá. Poderíamos dizer, de modo simplista, que o cálculo é o ramo da matemática que lida com as taxas de
variação. Eu explico: imagine que você aplicou 1000 reais num investimento, e teve que deixar esse valor
rendendo por um ano. Ao final do período você resgata, por exemplo, 1200 reais. As pessoas em geral estão
mais focadas no lucro, isto é, nesses 200 reais a mais no valor original. Porém, no Cálculo, vamos além.
Estamos interessados em entender os fenômenos que levaram à variação desse dinheiro durante o ano. O
que gerou esses 200 reais de lucro? Como esse valor cresceu? Ele atingiu picos? Em algum momento cresceu
mais rapidamente que em outros? Mesmo que ele tenha decaído em algum momento, como ele se
recuperou? Perceba que não é só o valor final que importa, mas o fenômeno variacional como um todo.

Mas o que isso tem a ver com o Corona vírus? A doença não se espalhará de qualquer jeito? As
pessoas não vão ficar doentes, e alguns até mesmo morrer? Sim, por um lado isso é verdade. Contudo, mais
importante do que a quantidade total, é entender como as pessoas ficarão doentes. Ou melhor, com que
velocidade o vírus irá se proliferar e como será o crescimento do número de infectados. Imagine que, findada
a epidemia, os dados do Ministério da Saúde indiquem que foram notificados 50.000 casos de COVID-19 no
Brasil em 2020. Agora, pense em duas situações: isso ocorreu num período de 2 meses ou, ocorreu num
período de 6 meses. Em qual cenário você acha que teríamos mais mortes? Em qual situação haveria
superlotação dos leitos de UTI? Deu pra entender? Essa é a ideia principal por trás da história de “achatar a
curva”.

Portanto, o que se pretende em primeiro lugar com as medidas de contenção, como a quarentena
voluntária, a utilização de álcool gel, diminuição das aglomerações etc. não é a queda do número absoluto
de doentes, mas sim, que esse número se distribua no maior período de tempo possível. Claro que, se a
população colaborar, o número total de infectados poderá diminuir, mas isso não é o primordial. O mais
relevante é que a velocidade do crescimento do número de infectados seja a menor possível. Graficamente,
queremos uma curva com formato de morro, mas que não seja tão íngreme e tenha a base maior. Desse
modo, pode-se evitar sobrecargas nos atendimentos dos serviços de saúde, diminuição dos casos mais graves
e, consequentemente, haverá queda no número de mortes.
FONTE DA IMAGEM: diariodasaude.com.br
Passada a tempestade, não nos esqueçamos do tal “achatamento da curva”. Vamos entender a lição,
de que a matemática é uma ciência fundamental no nosso entendimento do mundo, com ramificações em
todas as áreas. A matemática é uma linguagem, pautada na lógica e na razão, que nos permite compreender
melhor todos os fenômenos da natureza. E isso tem grande potencial para ajudar nas nossas vidas. Em
verdade, a matemática, a função, a curva, e todos os seus outros personagens não são tão chatos. Mas, às
vezes, se achatam!

JOÃO PAULO BRESSAN é doutor em Matemática Aplicada pela UNICAMP e professor da UFMS – Campus
de Três Lagoas.

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