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PRIMEIRA QUESTÃO
SEGUNDA QUESTÃO
Não foram poucos, porém, aqueles que dispensaram até mesmo essa comprovação
racional da fé. Foi o caso de religiosos que desprezavam a filosofia grega. Mas houve
também aqueles que defenderam o conhecimento da filosofia grega, percebendo a
possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. Conciliando com
a fé cristã, esse estudo permitiria à Igreja enfrentar os descrentes e derrotar os
hereges,
empregando as armas da argumentação lógica.
A) Disserte sobre os motivos que levaram à rejeição da filosofia grega por parte dos
primeiros
cristãos.
B) Cite e explique, pelo menos, um conceito filosófico grego que foi apropriado e
reelaborado por Santo Agostinho.
TERCEIRA QUESTÃO
Se separar-se, pois, do pacto social aquilo que não pertence à sua essência, ver-se-á
que ele se reduz aos seguintes termos: ‘Cada um de nós põe em comum sua pessoa
e todo o seu poder sob a direção suprema da vontade geral, e recebemos, enquanto
corpo, cada membro como parte indivisível do todo. [...] essa pessoa pública, que se
forma desse modo, pela união de todas as outras, tomava antigamente o nome de
cidade e, hoje, o de república ou de corpo político o qual é chamado por seus
membros de Estado quando passivo, soberano, quando ativo, e potência, quando
comparado aos seus semelhantes. Quanto aos associados, recebem eles,
coletivamente, o nome de povo e se chama, em particular, cidadãos enquanto
partícipes da autoridade soberana e súditos enquanto submetidos à autoridade do
Estado. Estes termos, no entanto, confundem-se frequentemente e são usados,
indistintamente; basta saber distingui-los
quando são empregados com inteira precisão.’
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Coleção Os Pensadores.
Tradução: Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 39.
(Adaptado)
A) Explique por que a expressão “Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo
o seu poder
sob a direção suprema da vontade geral” não conduz a um regime autoritário.
B) Disserte, a partir do excerto acima, sobre a diferença entre cidadãos e súditos na
teoria do
Contrato Social de Jean-Jacques Rousseau.
QUARTA QUESTÃO
A) o conceito de existência.
B) o conceito de responsabilidade
A) (10 PONTOS)
O surgimento da polis possibilitou ao homem uma nova forma de pensamento,
pautada na racionalidade, ao perceberem que as explicações mitológicas não eram
suficientes para a explicar a realidade última do mundo (arché). Assim, surge na polis
um tipo de discurso, pautado na racionalidade, na lógica e na argumentação crítica,
classificado como logos (filosofia). Os filósofos, fazendo uso do logos, se dedicavam
ao debate político, ético e social, aos quais se apresentavam como problemas típicos
da polis. Por fim, a polis representa um espaço público para o cidadão (demos),
possuidor do oikos (homem adulto, proprietário de terras e de escravos, livre e natural
da cidade) – tempo livre para direcionar seu pensamento para questões filosóficas
ligadas aos problemas da cidade, exercendo, assim, o pensamento filosófico.
B) (10 PONTOS)
A filosofia de Sócrates tem como base o método dialético, no qual o debate entre os
interlocutores é fundamental. A ágora representa um espaço para o exercício da
democracia plena, na qual, não só o voto do cidadão era considerado, mas também o
seu direito à palavra e ao discurso. Pelo fato da filosofia de Sócrates ser plenamente
fundamentada na oralidade, a ágora se torna o espaço em que a dialética socrática
era exercida. No diálogo, o objetivo da filosofia de Sócrates era levar seu interlocutor à
maiêutica (parto de ideias), que era precedida pela exortação, na qual Sócrates
instigava seu interlocutor a uma definição sobre determinado assunto, e pela ironia e
refutação, em que eram reveladas as carências e contradições da definição
apresentada pelo interlocutor, levando ao reconhecimento de sua própria ignorância.
QUESTÃO 2
A) (10 PONTOS)
Não foram poucos os motivos que levaram parte dos primeiros cristãos a rejeitaram a filosofia
grega. Entre os quais, destacam-se: a afirmação da suficiência da Fé Cristã para bem conduzir a
vida humana, que fazia com que o modo de pensamento grego, considerado pagão, fosse uma
ameaça para essa mesma Fé, pois poderia induzir ao pecado, à dúvida e às heresias. Além
disso, um dos fundamentos do pensamento Cristão é a afirmação de que a Fé é superior à
razão, o que fez com que alguns dos primeiros padres chegassem mesmo a descartar quase
que por completo a razão. Nesse caso, Deus fornece, pela Fé, um caminho direto para a
salvação, podendo a filosofia representar a ocasião para o desvio. E, finalmente, não caberia
ao filósofo, ou à filosofia, buscar a verdade, uma vez que ela já havia sido revelada, mas, tão
somente, demonstrar racionalmente as verdades da fé, que não podem ser contraditas pela
razão.
B) (10 PONTOS)
Um dos exemplos é a “Teoria da Reminiscência” de Platão. Santo Agostinho se
aproxima completamente da filosofia de Platão e nela se inspira, para elaborar a sua
“Teoria da Iluminação Divina”. Para Platão, o conhecimento é possível por um
processo de reminiscência, pois todo o conhecimento jaz no interior de cada indivíduo,
sendo o aprendizado nada mais do que a ocasião do reencontro da mente pensante
com o conhecimento latente, que pode ser contemplado como verdade, no mundo das
ideias. Desta forma, partindo dos pressupostos estabelecidos por Platão, Agostinho
elabora a Teoria da Iluminação Divina, na qual o indivíduo deve se converter à fé cristã
para ter acesso ao conhecimento, procedimento que foi considerado como uma
cristianização do platonismo e que influenciou decisivamente o desenvolvimento do
Cristianismo. Outro exemplo é a distinção feita por Platão, entre a realidade sensível e
a realidade inteligível, ou mundo das ideias, sendo esta última a fonte verdadeira dos
elementos da primeira, que não passam de cópias. Santo Agostinho se inspirou nessa
distinção, feita por Platão, para propor a sua Cidade de Deus (céu), que representa e
fornece a verdade que o mundo [Cidade dos Homens] não pode oferecer.
QUESTÃO 3
A) (10 PONTOS)
Com a expressão “Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu poder
sob a direção suprema da vontade geral”, Rousseau explica a formação da soberania
e da autoridade do Estado por meio do contrato social. Para Rousseau, a soberania é
a vontade geral do povo, que prevalece sobre as vontades individuais. Pelo contrato
social os indivíduos tornam-se o povo, um todo indivisível, um corpo político, para o
qual transferem os seus direitos naturais transformado-os assim em direitos civis.
Assim sendo, a autoridade do Estado e o governante não são o soberano, mas os
representantes da soberania popular, e por isso jamais originarão um regime
autoritário.
B) (10 PONTOS)
Para a teoria do contrato social de Rousseau, os indivíduos associados coletivamente
se comportam de dois diferentes modos enquanto corpo político. Quando na condição
ativa de partícipes da soberania e nela se fazem representar são cidadãos, por outro
lado, enquanto se submetem às leis e à autoridade do governante que os representa,
de modo passivo, chamam-se súditos. Neste sentido, são cidadãos do Estado e súdito
das leis.
QUESTÃO 4
A) (10 PONTOS)
Para Sartre, a existência do homem precede a essência. Quer dizer que, no homem,
não há uma essência prévia de homem que defina e que determine o homem a ser.
Ele mesmo é que faz a si próprio na medida em que se projeta no mundo. O homem
existe primeiro e só depois se escolhe, se projeta, não há uma natureza humana dada
a priori. Com isso, Sartre rejeita a concepção de que há um determinismo na
consciência e afirma que o homem é absolutamente livre. Para Sartre, essa liberdade
é negativa, pois, como não há uma essência humana prévia, o homem está
condenado a ser livre e, nessa condição, ele acha-se obrigado a buscar, através de
suas decisões e escolhas, um sentido para sua existência. Sartre assinala que a
liberdade da consciência é um nada de ser, é um vazio. O filósofo tira essa concepção
do princípio de intencionalidade de Husserl: toda consciência é consciência de alguma
coisa. Esse princípio designa dois fatos: de que a consciência é uma abertura para o
mundo, de que sua existência consiste em revelar o mundo para si, e que não há
consciência que não seja consciência de algum objeto. Mas Sartre salienta que a
consciência não pode ser objeto para si mesma, pois todo objeto está fora dela, é um
transcendente. No ensaio A Transcendência do Ego, Sartre afirma que o próprio “eu” é
um objeto para a consciência, ele, portanto, não é um habitante da consciência, mas
está fora dela, no mundo, é um ente do mundo como o “eu” do outro. A consciência é
chamada por Sartre de Para-si, quer dizer, todo o mundo é dado para a consciência.
B) (10 PONTOS)
A liberdade da consciência, por um lado, significa que sua existência não tem um fundamento,
uma razão, e que o homem simplesmente existe no mundo sem uma justificação para o fato
de ele existir. A sua existência é gratuita. Por outro lado, como a consciência é livre, ela é
inteiramente responsável por si mesma, quer dizer, é ela mesma que responde por suas
decisões e escolhas. O homem tem a total responsabilidade por si próprio. Mas essa
responsabilidade também implica que o homem é responsável por todos os outros. O homem,
ao escolher a si mesmo, escolhe todos os homens. Com efeito, não há um só dos nossos atos
que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem
como julgamos que ele deve ser, escolher ser isto ou aquilo, é afirmar ao mesmo tempo o
valor do que escolhemos. É o homem que livremente confere sentido e valor às coisas, sendo
responsável por tal valor e sentido. A tarefa do existencialismo, como humanismo, é mostrar
ao homem a sua condição de livre e responsável, porque o homem tem sempre a tendência de
estar de má-fé, mascarando sua liberdade e responsabilidade colocando a culpa nos outros, no
determinismo, etc. E que a sua conversão ética é assumir sua liberdade e responsabilidade.
FILOSOFIA 2018
PRIMEIRA QUESTÃO
SEGUNDA QUESTÃO
Considere o trecho abaixo, extraído da Suma de Teologia de Tomás de Aquino (1224-
1274),
texto em que ele apresenta uma das célebres cinco vias pelas quais se pode provar a
existência de
Deus.
“A quinta via é assumida a partir do governo das coisas. Vemos, com efeito, que aquilo
que
carece de inteligência, ou seja, os corpos naturais, opera em vista de um fim, o que se
percebe pelo
fato de sempre ou frequentemente operarem do mesmo modo a fim de atingir o que é
o melhor. Daí
fica claro que não é por acaso, e sim intencionalmente que atingem este fim. Mas o
que não tem
inteligência não tende a um fim se não for dirigido por algo cognoscente e inteligente,
assim como
a flecha pelo arqueiro. Portanto, há algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais
são
ordenadas a seu fim, e este dizemos que é Deus.”
AQUINO, Tomás de. Suma de Teologia, questão 2, artigo 3.
TERCEIRA QUESTÃO
Por meio da genealogia da moral, um método de investigação sobre a origem dos
valores morais, Nietzsche (1844-1900) mostra que a cultura ocidental adotou um
sistema de moralidade denominada por ele de “moral de escravos”.
QUARTA QUESTÃO
De acordo com Kant, filósofo alemão que viveu entre 1724 e 1804,
“Nenhum conhecimento em nós precede a experiência e todo conhecimento começa
com
ela. Mas, embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por
isso todo ele se
origina da experiência. Pois, poderia bem acontecer que, mesmo o nosso
conhecimento de
experiência seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo que
nossa própria
faculdade de conhecimento fornece de si mesma. (...) Tais conhecimentos
denominam-se a priori e
distinguem-se dos empíricos, que possuem suas fontes a posteriori, ou seja, na
experiência.”
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Introdução, São Paulo, Abril Cultural, 1980,
coleção Os Pensadores (adaptado).
Já Hume, filósofo escocês que viveu entre 1713 e 1784, cuja obra despertara o maior
interesse em Kant, por sua vez escrevera
“O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princípio único que faz com
que
nossa experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro, uma sequência de
acontecimentos
semelhantes aos que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ignoraríamos
completamente toda questão de fato além do que está imediatamente presente à
memória ou aos
sentidos”
HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano, Seção IV, Parte II, 36. São Paulo, Abril
Cultural, coleção Os Pensadores.
FILOSOFIA 2017
PRIMEIRA QUESTÃO
A) As afirmações “do que é belo aqui” e “em vista daquele belo” designam o quê,
respectivamente?
B) Que ciência é esta que se encarrega “daquele próprio belo”, e conhece “enfim o que é em si
belo”?
SEGUNDA QUESTÃO
Nas Meditações sobre a filosofia primeira, Descartes escreveu:
Mesmo que dormisse sempre, mesmo que também aquele que me criou me enganasse com
todas as suas forças, o que há nisto que não seja tão verdadeiro como eu existir?
DESCARTES, R. Meditações sobre a filosofia primeira. Tradução de Gustavo de Fraga. Coimbra: Livraria Almedina,
1988, p. 125.
A) A afirmação “mesmo que também aquele que me criou me enganasse com todas as suas
forças” diz respeito a qual argumento empregado por Descartes para levar a sua dúvida ao
extremo?
B) Considerando a possibilidade do engano, a partir das forças mencionadas no fragmento, o
que tal engano e tais forças não seriam capazes de negar?
TERCEIRA QUESTÃO
Responda:
A) O que é Virtú na obra O Príncipe, de Maquiavel?
B) Com base na mesma obra, e na citação, descreva como deve ser a relação do novo príncipe
com o povo.
QUARTA QUESTÃO
Responda:
A) Quando Marx afirma que “o homem não é um ser abstrato”, ele aponta para a condição
efetiva da existência humana e para a sua historicidade. Então, quais relações são
responsáveis pela vida concreta do homem?
B) Explique o que é a “consciência invertida do mundo”, segundo Marx.
Questão 2
A) Valor: 10 pontos.
A afirmação diz respeito ao argumento de Descartes sobre o Deus enganador, que se
desdobra, no curso da dúvida metódica, naquele do gênio maligno. Descartes pretendia
com essas hipóteses exacerbar o exercício da dúvida, tornando-a hiperbólica, isto é,
levando-a até aquelas ideias certas, como as da matemática, cuja clareza e distinção ainda
careciam de um fundamento sólido.
B) Valor: 10 pontos.
O próprio pensamento e, portanto, a existência daquele que pensa. A dúvida acerca da
existência do mundo e, mesmo quando levada ao extremo, das representações científicas,
revelam que o “eu” que duvida, na medida em que duvida, não pode não existir. Deste
modo, Descartes alcança em suas meditações metafísicas a evidência do cogito.
Questão 3
A) Valor: 12 pontos.
Para Maquiavel, na obra O príncipe, a virtú remete às qualidades do príncipe astuto, capaz
de dominar as circunstâncias e o momento preciso de agir, seduzindo a fortuna,
conquistando e mantendo o poder político
B) Valor: 8 pontos.
Uma vez conquistado o poder, ao Príncipe cabe mantê-lo, devendo, para tanto, segundo
Maquiavel, ser temido e respeitado pelos seus súditos, não precisando ser amado nem
tampouco odiado. Com isso, Maquiavel dava início ao pensamento político moderno,
concebendo o poder a partir da astúcia e virtù do Príncipe e não na tradição.
Questão 4
A) Valor: 12 pontos.
Segundo Karl Marx, o homem não é um ser abstrato. Assim sendo, as relações que são
responsáveis pela vida concreta do homem são as relações materiais de produção da vida e
da sociedade, entre as quais se destacam as relações de trabalho, a luta de classes e todas as
relações sociais que caracterizam o ser humano com um ser de práxis.
B) Valor: 8 pontos.
Para Karl Marx a “consciência invertida do mundo” consiste na falsa consciência que é
produzida pela ideologia burguesa, que pretende dar um fundamento atemporal e
abstrato para o Estado, isto é, a superestrutura da sociedade determinaria a base material
sem que nada a determinasse, nem mesmo as relações materiais de produção. Desta
forma, a “consciência invertida do mundo” é a expressão da alienação produzida pela
ideologia burguesa.
FILOSOFIA 2016
PRIMEIRA QUESTÃO
SEGUNDA QUESTÃO
O cristianismo é uma religião; empregando por vezes termos filosóficos para exprimir
sua fé, os escritores sacros cediam a uma necessidade humana, mas substituíam o
sentido filosófico antigo desses termos por um sentido religioso novo. É esse sentido
que lhes devemos atribuir, quando os encontramos nos livros cristãos.
GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1998,
p. XV.
TERCEIRA QUESTÃO
Rousseau escreveu: “Os compromissos que nos ligam ao corpo social são obrigatórios
por serem mútuos, e tal é sua natureza, que, ao cumpri-los, não se pode trabalhar por
outrem sem também trabalhar por si mesmo”.
ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. Tradução de Lourdes Santos Machado. In: ______. Jean-Jacques
Rousseau. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 15-145. p. 49.
QUARTA QUESTÃO
O homem faz-se; ele não está pronto logo de início; ele se constrói escolhendo a sua
moral; e a pressão das circunstâncias é tal que ele não pode deixar de escolher uma
moral.
SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. Tradução de Ria Correia Guedes. In: ______. Sartre.
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 1-32. p. 18.
Questão 2
A) Valor: 10 pontos.
Para Agostinho a fé é superior à razão, ela é o guia que conduz a razão no caminho do
conhecimento reto e verdadeiro. A despeito disso, fé e razão estão numa relação de
complementariedade, sendo ambas necessárias para o conhecimento que o ser
humano produz. A fé não substitui e nem elimina a razão. Pelo contrário, a fé estimula
a razão e esta fortalece a fé.
B) Valor: 10 pontos.
Segundo Platão, o conhecimento deve rememorar, pela alma racional, as verdades
contempladas no mundo inteligível. Inspirado por Platão, Agostinho defende que o
conhecimento deve ser buscado intelectualmente no mundo das ideias, via
interiorização do pensamento. Para ele é Deus a luz que ilumina o nosso intelecto de
forma a tornar possível o conhecimento das verdades imutáveis ou eternas.
Questão 3
A) Valor: 10 pontos.
Para Rousseau, quando os homens reunidos se consideram um corpo único, sua
vontade também é única e se relaciona com a comum conservação e com o bem estar
geral. A essa vontade, Rousseau denomina vontade geral, à qual cada um põe em
comum sua pessoa e toda a sua autoridade, recebendo cada qual sua pessoa e toda a
sua autoridade. Esse ato de associação produz um corpo moral e coletivo, que é o
soberano, e cada indivíduo contratante se acha obrigado sob uma dupla relação: como
membro do soberano para com os particulares, e como membro do Estado para com o
soberano. De acordo com Rousseau, a soberania é inalienável, pois ela é o exercício da
vontade geral, que jamais se pode alienar, e o soberano, que nada mais é senão um
ser
coletivo, não pode ser representado a não ser por si mesmo. Assim, para Rousseau, é
possível transmitir o poder, mas não a soberania, o que a torna, portanto, inalienável.
B) Valor: 10 pontos.
De acordo com Rousseau, somente a vontade geral pode dirigir as forças do Estado em
direção à finalidade de sua instituição. A vontade geral, que detém a soberania, deve
partir de todos, para ser aplicada a todos, pois, quando cada qual se entrega por
completo e sendo esta condição igual para todos, a ninguém interessa torná-la
onerosa para os outros. Desta forma, a finalidade do exercício da soberania é a
garantia da realização do bem comum, possibilitando aos contratantes a manutenção
dos direitos fundamentais, que se constituem em ter a sua vida e os seus direitos civis
preservados, bem como a garantia da liberdade civil, que é limitada pela vontade
geral, destinando o homem a ser livre, em sociedade.
Questão 4
A) Valor: 10 pontos.
O único critério para a escolha moral, segundo Sartre, é o da responsabilidade. Para
Sartre, o ser humano é, antes de tudo, livre: “ele está condenado a ser livre”. Isto quer
dizer que se encontra totalmente em seu poder a escolha de agir ou deixar de agir, e
ele não pode, por isso mesmo, não se responsabilizar pelas escolhas que faz. Logo, o
ser humano é o responsável por suas ações e também por suas omissões, o que
naturalmente lhe angustia, não sendo possível transferir as consequências de seus
atos a circunstâncias externas a ele, ao destino, a Deus, etc. Se assim o fizer – concluía
Sartre – ele renunciará a sua liberdade fundamental agindo de má-fé. Sartre não
estava, com isso, defendendo um individualismo: dizer que o homem é responsável
não é dizer simplesmente que ele é responsável pela sua restrita individualidade, mas
que é responsável por todos os homens, pela humanidade toda.
B) Valor: 10 pontos.
A negativa sartriana de que “o homem não está pronto de início” vem refutar a
metafísica tradicional que pressupunha uma essência determinando a existência
humana. Para esse filósofo, ao contrário, não existe qualquer determinismo, essência
ou natureza humana, ao invés disso, “a existência precede a essência”. Sartre tornou o
ser humano um projeto aberto às possibilidades da existência e realizado a partir das
escolhas dos indivíduos.
FILOSOFIA 2015
PRIMEIRA QUESTÃO
A respeito da fortuna, Maquiavel escreveu:
[...] penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra de metade de nossas ações,
mas que, ainda assim, ela nos deixe governar quase a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção “Os
Pensadores”. p. 103.
SEGUNDA QUESTÃO
Tal é o eterno equivoco da liberdade, o de conhecer apenas o sentimento formal,
subjetivo, abstraído dos objetos e fins que lhe são essenciais. Desse modo, a limitação
dos instintos, da cobiça e da paixão, que só pertence ao indivíduo, é tida como uma
limitação da liberdade. Mas antes de mais nada, tal limitação é pura e simplesmente a
condição da qual surge a libertação, sendo a sociedade e o Estado as condições nas
quais a liberdade se realiza.
HEGEL, G. W. F. Filosofia da história. 2. ed. Tradução de Maria Rodrigues e Hans Harden. Brasília/DF:
Editora da UnB, 1998. p. 41.
TERCEIRA QUESTÃO
Há um abismo imenso que separa esta escala de valores que Sócrates proclama com
tanta evidência e a escala popular vigente entre os gregos e expressa na famosa
canção báquica antiga:
O bem supremo do mortal é a saúde;
O segundo, a formosura do corpo;
O terceiro, uma fortuna adquirida sem mácula;
O quarto, desfrutar entre amigos o esplendor da juventude.
JAEGER, W. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 1995, pp. 528-529.
Responda:
QUARTA QUESTÃO
No livro de 1872, O nascimento da tragédia, Nietzsche dizia a respeito de Sócrates e
Platão:
Aqui o pensamento filosófico sobrepassa a arte e a constrange a agarrar-se
estreitamente ao tronco da dialética. No esquematismo lógico crisalidou-se a
tendência apolínia: como em Eurípides, cumpre notar algo de correspondente e, fora
disso, uma transposição do dionisíaco em afetos naturalistas.
NIETZSCHE, O nascimento da tragédia, helenismo e pessimismo. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005, p. 89 – grifos do autor.
Considerando o comentário de Nietzsche,
Questão 3
A) Valor: 10 pontos
O homem não deve ser caracterizado por seus atributos exteriores (saúde, corpo,
riqueza
ou vigor), mas sim pela sua parte interna, a saber, sua alma (psyqué), na medida em
que é
precisamente sua alma que o distingue especificamente de qualquer outra coisa. O
homem vivo é a sua alma, o corpo é somente o conjunto de instrumentos ou
ferramentas
das quais a alma se serve na vida. A vida só pode ser bem vivida se a alma estiver no
controle do corpo. Isso significa pura e simplesmente que em uma vida perfeitamente
ordenada a alma ou inteligência tem o completo controle dos sentidos e das emoções.
B) Valor: 10 pontos
Sócrates consegue que Alcibíades esteja de acordo em que para ter êxito na vida seja
necessário cuidar de si mesmo, e chega a demonstrar que não se pode melhorar e
cuidar
de uma coisa a menos que se conheça a sua natureza. Nesse sentido, uma vida sem
reflexão não vale a pena ser vivida. Mas essa reflexão deve ser uma aplicação do logos
–
exercício racional – sobre as próprias virtudes que definem o ser humano em sua
conduta
e em sua relação dialógica com as outras pessoas. O conhecimento do “eu” possibilita
e
instaura o conhecimento do “outro”. Assim, na vida, não podemos conseguir um
aprimoramento de nós mesmos a menos que primeiro possamos compreender o que
somos. Nosso primeiro dever é obedecer à ordem délfica “conhece-te a ti mesmo”,
“pois
uma vez que nos conheçamos, podemos aprender a cuidar de nós” (Alcibíades, 128b-
129a).
Questão 4
A) Valor: 12 pontos
Para Nietzsche, o apolínio e o dionisíaco são duas forças vitais que caracterizam a arte
trágica na Grécia clássica. Para ele, Dioniso é a força noturna que representa a
desmedida, a embriaguez, os sentimentos, os instintos, a fertilidade e as ações e
emoções. Por outro lado, Apolo é a força diurna que representa a ordem, a medida, o
equilíbrio, a harmonia e a razão. Segundo Nietzsche, são forças antagônicas, as quais,
porém, não subsistem uma sem a outra, complementando-se numa relação de tensão
mútua.
B) Valor: 8 pontos
Para Nietzsche, o pensamento filosófico está relacionado à razão, ao pensamento
lógico e
sistemático, representado pela figura apolínia; enquanto a atividade artística está
relacionada ao criativo, aos sentimentos e emoções, contemplando o equilíbrio entre
Apolo e Dioniso.
FILOSOFIA 2013
PRIMEIRA QUESTÃO
Existe uma só sabedoria: reconhecer a inteligência que governa todas as coisas por
meio de todas as coisas.
Heráclito, Diels-Kranz, Frag. 41.
Por isso é necessário seguir o que é igual para todos, ou seja, o que é comum. De
fato, o que é igual para todos coincide com o que é comum. Mas ainda que o logos
seja igual para todos, a maior parte dos homens vive como se possuísse dele um
conhecimento próprio.
Heráclito, Diels-Kranz, Frag. 2.
Com base nos textos acima e em seus conhecimentos sobre a filosofia heraclitiana,
responda:
SEGUNDA QUESTÃO
TERCEIRA QUESTÃO
Suporei, portanto, que há não um Deus ótimo, fonte soberana da verdade, mas algum
gênio maligno, e ao mesmo tempo, sumamente poderoso e manhoso, que põe toda a
sua indústria em que me engane: pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as
figuras, os sons e todas as coisas externas nada mais são do que ludíbrios dos
sonhos, ciladas que ele estende à minha credulidade.
DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia Primeira. Primeira Meditação /12/, Tradução de Fausto
Castilho. Campinas: IFCH-Unicamp, 1999, p. 25
A) Qual é, para Descartes, a relação existente entre o gênio maligno e a coisa
pensante (Res cogitans)?
QUARTA QUESTÃO
FILOSOFIA 2012
B) O filósofo se refere a uma realidade à qual se chega apenas pela inteligência. Que
realidade é essa? Cite ao menos três características compositivas desta realidade, de
acordo com a filosofia de Platão.
SEGUNDA QUESTÃO
Segundo Agostinho de Hipona (354-430), as ideias ou formas originárias de todas as
coisas, razões estáveis e imutáveis das coisas de nosso mundo, estão contidas na
mente divina e não nascem nem morrem, e tudo o que, em nosso mundo, nasce e
morre é formado a partir delas. Essas ideias eternas não são criaturas, antes,
participam da Sabedoria eterna, mediante a qual Deus criou todas as coisas e são
idênticas a Ele. Assim, conhecemos verdadeiramente quando nos voltamos para tais
ideias; sendo o fundamento da natureza das coisas são também o fundamento para o
conhecimento dessas mesmas coisas; assim, por meio delas podemos formar juízos
verdadeiros sobre elas.
INÁCIO, Inês. C. & LUCA, Tânia R. de. O Pensamento Medieval. São Paulo, São Paulo: Ática, 1988, p.
26.
Levando em consideração o texto acima e a teoria da iluminação de Agostinho,
responda:
O que são as ideias eternas? Qual o seu papel ou função em nosso conhecimento do
mundo?
TERCEIRA QUESTÃO
Considere o modo como Maquiavel descreve a constituição do principado civil:
O principado é estabelecido pelo povo ou pelos grandes, segundo a oportunidade que
tiver uma dessas partes; percebendo os grandes que não podem resistir ao povo,
começam a dar reputação a um dos seus elementos e o fazem príncipe, para poder,
sobre sua sombra, satisfazer seus apetites. O povo também, vendo que não pode
resistir aos grandes, dá reputação a um cidadão e o elege príncipe para estar
defendido com sua autoridade.
MAQUIAVEL. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
Com base em seus conhecimentos sobre Maquiavel e, a partir da leitura do trecho
acima, responda:
QUARTA QUESTÃO
Leia os excertos abaixo.
[I] O levante dos escravos na moral começa quando o ressentimento mesmo se torna
criador e pare valores. [...] a moral de escravos precisa sempre, para surgir, de um
mundo oposto e exterior [...] – sua ação é, desde o fundamento, por reação. [...] o
homem do ressentimento não é franco nem ingênuo, nem mesmo honesto e direto
consigo mesmo. Sua alma se enviesa: [...] tudo o que é escondido lhe apraz como seu
mundo, sua segurança, seu refrigério; ele entende de calar, de não esquecer, de
esperar, de provisoriamente apequenar-se, humilhar-se.
[II] O inverso é o caso da maneira nobre de valoração: ela age e cresce espontânea,
procura por seu oposto somente para, ainda com mais gratidão, ainda com mais júbilo
dizer sim a si própria. [...] como homens plenos, sobrecarregados de força e, em
consequência, necessariamente ativos, não sabiam separar da felicidade o agir – o
estar em atividade é por eles incluído e computado, com necessidade, na felicidade.
B) Quais as características de cada uma dessas morais, segundo Nietzsche? Cite pelo
menos 3 características de cada uma delas.
a) O método em questão é a dialética. É por meio dela, afirma Platão, que o filósofo
pode atingir a realidade inteligível, para além dos aspectos particulares do mundo
visível. Vale dizer que, com frequência, Platão se refere ao filósofo como “dialético”,
isto é, como aquele que detém a arte (ou domina o método) que leva das aparências à
essência.
Com relação ao conceito de ideias eternas na filosofia de Agostinho, podemos dizer que as
ideias eternas são os modelos ou formas originárias a partir das quais Deus cria todas as
coisas; elas mesmas, porém, não são criadas por Deus nem têm uma existência
independente dEle, mas são coeternas com Ele, estão na mente divina.
Com relação à função dessas ideias em nosso conhecimento, podemos afirmar que, sendo os
modelos para a criação das coisas, as ideias eternas também são os modelos para o nosso
conhecimento; assim, nós conhecemos as coisas voltando-nos para essas ideias, que
contemplamos em nós por causa da iluminação divina.
A)
Os dois desejos que dividem as cidades são: o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o
desejo do povo de não ser oprimido e comandado.
B)
O papel político do Príncipe é o de constituir um poder superior capaz de unificar aqueles
desejos opostos e dar identidade às cidades. O Príncipe também tem por tarefa cuidar da
manutenção e conservação desse poder superior. Conforme Maquiavel, o Príncipe pode se
utilizar de todos os meios disponíveis para a consecução de seus objetivos. Desde que as
circunstâncias assim o exijam, o Príncipe poderá se utilizar inclusive da mentira, da
violência e da força, porém, deve ser astuto, evitando ser odiado pelos súditos.
A) O excerto [I] caracteriza a Moral do escravo ou do fraco.
O excerto [II] caracteriza a Moral dos nobres ou Moral do senhor ou moral dos fortes.
B) Características da Moral do escravo: ressentimento, ação como reação a partir de um
mundo exterior, negação de tudo o que é diferente de si (do não-eu), passividade, vingança,
dissimulação, ausência de franqueza, ausência de honestidade, pequenez, auto-humilhação,
fraqueza, ascetismo, niilismo, comodidade, má-consciência, inversão dos valores nobres,
decadência.
Características da Moral dos nobres ou Moral do senhor: esquecimento, autêntica afirmação
de si, não separa a felicidade da ação, força (potência), atividade, franqueza, lealdade,
ingenuidade, alegria, criação de valores a partir de si mesmo, saúde.
FILOSOFIA 2011
PRIMEIRA QUESTÃO
FIGURA DA MORTE
SEGUNDA QUESTÃO
TERCEIRA QUESTÃO
Com base nos textos acima e nos seus conhecimentos sobre o pensamento
de Nietzsche, responda.
QUARTA QUESTÃO
Em 27 de agosto de 2009, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional
de Saúde do Homem, pois, segundo os
dados estatísticos, os homens morrem mais cedo que as mulheres em média
7,6 anos, pelas razões apontadas no texto
abaixo:
As ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
buscam romper os
obstáculos que impedem os homens de frequentar os consultórios médicos.
Divulgado em
2008, o levantamento ouviu cerca de 250 especialistas e mostrou que a
população masculina
não procura o médico por conta de barreiras culturais, entre outras. Na
maioria das vezes, os
homens recorrem aos serviços de saúde apenas quando a doença está mais
avançada. Assim,
em vez de serem atendidos no posto de saúde, perto de sua casa, eles
precisam procurar um
especialista, o que gera maior custo para o SUS e, sobretudo, sofrimento
físico e emocional do
paciente e de sua família.
Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/
default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=10490>.
Podemos entender, dessa forma, que cuidar da própria saúde é uma questão
de opção. Por um lado temos a
liberdade de escolher ir ou não ir a um posto de saúde para fazer exames,
por outro, temos de assumir as responsabilidades
de tratar uma doença em estado avançado quando poderia ter sido tratada
em estado inicial. Segundo Sartre, em sua obra
O ser e o nada:
Para a realidade humana, ser equivale a escolher-se; nada lhe vem do
exterior, tampouco do
interior que ele possa receber ou aceitar. [...] Deste modo a liberdade não é
um ser; ela é o ser
do homem, ou seja, o seu nada de ser. [...] Inserido num mundo no qual sou
inteiramente
responsável, sem poder, faça o que fizer, separar-me, nem que seja por um
instante, desta
responsabilidade, pois sou responsável até pelo meu desejo de fugir das
responsabilidades.
SARTRE. J P. O ser e o nada. Apud CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p.
381 – 382.
SEGUNDA QUESTÃO
A) O imperativo categórico é a forma da lei universal racional do dever, ou seja, deve ser uma
máxima que tenha valor para qualquer ser racional independentemente das questões
religiosas ou circunstanciais.
B) Possibilidade primeira: roubar o remédio para salvar uma vida é correto. Se o imperativo
categórico kantiano afirma que devemos agir de tal modo que a máxima da nossa ação
possa valer como princípio universal de conduta isto significa que salvar uma vida é um
valor maior do que o preservar um patrimônio privado ou público. Devido a esta
concepção, o Estado brasileiro acabou adotando políticas de distribuição de remédio
gratuito para quem não pode adquirir medicamentos caros nas farmácias.
Segunda possibilidade: roubar, mesmo que para salvar uma vida, é errado, pois se esta
máxima se consolidar, em nome da necessidade de se salvar vidas todos se sentirão no
direito de roubar, por exemplo, roubar dinheiro para pagar um tratamento médico. [Em
Kant, os fins não justificam os meios. Não se deve mentir “por amor à humanidade”, etc.]
TERCEIRA QUESTÃO
1) Para Nietzsche, a cultura helênica foi marcada pelo equilíbrio entre o dionisíaco (força vital
e do instinto) e o apolíneo (racionalidade). O espírito dionisíaco se traduz na imagem da
força instintiva e da saúde. Está na embriaguez criativa e na paixão sensual, símbolo de
uma humanidade em harmonia com a natureza.
2) A moral do senhor é definida como aquela que é afirmação da potência, que impulsiona
para a vida, à criatividade que leva à superação do próprio homem. Nesta moral, os
mais fortes devem dominar os mais fracos e isso não é visto como algo imoral. São
exemplos desta moral a Grécia no período homérico e os povos nórdicos, antes da
dominação cristã. O trecho que define esta moral é: “a força vital se manifesta como
saúde do corpo e da alma, como força da imaginação criadora. Por isso, os fortes
desconhecem a angústia, medo, remorso, humildade, inveja”.
3) A moral do escravo é definida como a moral dos ressentidos que, fingindo um
desprendimento ascético de todas as coisas do mundo, tratam de enfraquecer a
potência. Para a moral do escravo, o mais forte vai sendo enfraquecido, pois os
instintos vitais (saúde, criatividade, força) são dominados e submetidos pelos valores
da moral cristã e da razão. A filosofia socrático-platônica e o cristianismo são os
principais propagadores desta moral. O trecho que a exemplifica é: “A moral dos
fracos, porém, é atitude preconceituosa e covarde dos que temem a saúde e a vida,
invejam os fortes e procuram, pela mortificação do corpo e pelo sacrifício do espírito,
vingar-se da força vital”.
QUARTA QUESTÃO
A) Esta ação nos remete à questão da liberdade na medida em que podemos pensar o
seguinte: todos os indivíduos – neste caso, especificamente os homens, - têm a
liberdade de escolher ir ou não ao médico para fazer exames preventivos; uma vez não
indo, devem assumir a responsabilidade de seus próprios atos: muitas vezes, as
doenças poderiam ser diagnosticadas e tratadas quando ainda estavam em fase inicial.
Para Sartre os homens estão condenados à liberdade, não há desculpas para nossas
escolhas. Uma vez que somos livres para escolher, também é de nossa
responsabilidade as conseqüências das nossas escolhas. [A recusa em ir ao médico é
uma escolha que torna o indivíduo responsável pelas suas consequências. A recusa
devido a questões culturais indica má-fé do indivíduo...] O não querer escolher já é uma
escolha.
B) O trecho solicitado é o seguinte: Assim, em vez de serem atendidos no posto de saúde,
perto de sua casa, eles precisam procurar um especialista, o que gera maior custo para
o SUS. Há, portanto, a questão da responsabilidade social, pois, ao evitar tratamentos
de doenças em fase precoce, reduz os gastos sociais com saúde uma vez que o
tratamento de doenças em estado avançado nos hospitais é mais caro do que o
tratamento preventivo nos postos de saúde.
Outrossim, podemos aceitar como resposta a este item a continuação da frase acima
destacada: “[...] e, sobretudo, sofrimento físico e emocional do paciente e de sua
família.”, pois alguns candidatos podem considerar que uma consequência social mais
significativa deste tipo de acontecimento possa ser também o sofrimento causado à
família e ao próprio paciente
FILOSOFIA 2010
PRIMEIRA QUESTÃO
Uma parte importante da doutrina de Aristóteles sobre a ética foi registrada em seu livro Ética
Nicomaquéia. Nele,
encontra-se o seguinte trecho:
Com relação ao temor, ao ardor, ao desejo, à ira, à piedade e, em geral, ao gozo e à dor, há
um
excesso e uma falta, e ambos não são bons; mas se experimentamos aquelas paixões [...]
com a finalidade e do modo como se deve, então estaremos no meio e na excelência, que são
próprios da virtude [...]. Portanto, a virtude é certa mediania, que tem por escopo o justo meio.
Aristóteles, Ética Nicomaquéia, B 6, 1106 b. p. 18-28.
SEGUNDA QUESTÃO
Segundo Agostinho de Hipona (354-430), “não aprendemos pelas palavras que repercutem
exteriormente, mas pela
verdade que ensina interiormente”. Tal pensamento ficou conhecido como a doutrina do mestre
interior. Leia a história em
quadrinhos e o texto abaixo e responda o que se pede
Para Agostinho, a utilidade da linguagem não é pequena, certamente; mas nos enganamos
quanto ao seu verdadeiro papel. Damos a alguns homens o nome de “mestres” porque eles
falam e geralmente transcorre um tempo imperceptível ou nulo entre o momento em que eles
falam e o momento em que nós os compreendemos. Aprendemos interiormente tão logo suas
palavras tenham sido pronunciadas exteriormente; por isso concluímos que esses mestres
tenham nos instruído. [...] Na realidade, os mestres apenas expõem, com a ajuda de palavras,
as disciplinas que eles professam ensinar; em seguida, aqueles que se nomeiam “alunos”
examinam em si mesmos se o que os professores dizem é verdade. O mestre verdadeiro é a
Verdade, e é como origem da concórdia entre os espíritos que Deus recebe o título de “mestre
interior”. Para tudo o que aprendemos temos apenas um mestre: a verdade interior que reside
na alma, ou seja, Cristo, virtude imutável e sabedoria eterna de Deus.
GILSON, E. Introdução ao estudo de Santo Agostinho. São
Paulo: Paulus, 2008, p. 153-154.
2) Relacione o mal-entendido entre Mafalda e Filipe (no quadrinho acima) com o pensamento
agostiniano sobre a
relação mestre/aluno.
TERCEIRA QUESTÃO
John Locke (1632 – 1704) elaborou algumas teorias sobre filosofia política que permitem
colocá-lo entre o grupo dos
“contratualistas”, ainda que esta definição não seja suficiente para classificar corretamente
estes filósofos. Leia o texto
abaixo e, com base nele e em seus conhecimentos sobre a filosofia de John Locke, responda
as questões que se
seguem.
A única maneira pela qual uma pessoa qualquer pode abdicar de sua liberdade natural e
revestirse
dos elos da sociedade civil é concordando com outros homens em juntar-se e unir-se em
uma comunidade, para viverem confortável, segura e pacificamente uns com outros, num gozo
seguro de suas propriedades e com maior segurança contra aqueles que dela não fazem parte.
Locke, Dois tratados sobre o governo. Tradução Julio Fischer. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 468.
1) Qual é o instrumento que opera a passagem desse estado de natureza para o estado civil?
Explique sua característica
principal.
2) A) Essa passagem para o estado civil ocorre pela vontade dos mais fortes que obrigam os
mais fracos, ou por livre
consentimento de cada um para formar o corpo político?
B) Qual trecho do texto citado pode fundamentar sua resposta?
QUARTA QUESTÃO
Leia o texto abaixo e responda as questões que se seguem.
- “Jessica Lovejoy: Você é mau, Bart Simpson.
- Bart Simpson: Não, não sou! Na verdade...
- Jessica Lovejoy: É sim. Você é mau... e eu gosto disso.
- Bart Simpson: Sou mau até os ossos, gatinha!”
Será que, do ponto de vista nietzschiano, não estamos admirando o personagem errado? Será
que Lisa Simpson é parte do que Nietzsche chama de cansaço do mundo, decadência,
moralidade
do escravo, ressentimento? Claro, é divertido ser mau, mas pode haver algo de saudável e
vital,
ou filosoficamente importante nisso? Seria Bart Simpson, afinal de contas, o ideal
nietzschiano?
CONARD, M.; IRWIN, W. e SOBLE, A. Os Simpsons e a Filosofia. Apud CHALITA, G.
Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p. 335.
Com base no texto acima, responda as perguntas que se seguem: