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Psicologia Geral

ENSINO À DISTÂNCIA

[Universidade Pedagógica]
[ Rua Comandante Augusto Cardoso n.º 135]
[ Tel: 21 32 08 60/2]
[ Fax: 21 32 21 13]
Agradecimentos
Universidade Pedagógica, Centro de Educação Aberta e à Distância gostaria de agradecer a
colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste módulo:

À COOL pela disponoblização do Template usado na produção dos Módulos.

À CINED pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio


prestado em todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: - Jaime da Costa Alípio

- Manuel Magiricão Vale

Desenho Instrucional: Teresa Miguel Enós Jamal-Dine

Ilustração: Eugénio David Langa

Revisão Linguistica: Ernesto Junior

Maquetizador: Eugénio David Langa

Edition: Anilda Ibrahimo Khan


Psicologia Geral: Ensino à Distância i

Índice
Visão geral 1

Benvindo ao módulo de Psicologia Geral. ...............................................................................................1


Considerações Gerais. .............................................................................................................................1
Objectivos do curso ..................................................................................................................................2
Quem deveria estudar este módulo .........................................................................................................3
Como está estruturado este modulo? ......................................................................................................3
Ícones de actividade.................................................................................................................................4
Precisa de apoio?.....................................................................................................................................4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação). ......................................................................................................5
Avaliação ..................................................................................................................................................6

Unidade 1 7

Surgimento da psicologia como ciência ...................................................................................................7


Introdução.................................................................................................................................................7
Porque é que é importante estudar este tema? .......................................................................................7
Conceito, Objecto, Objectivos e Métodos da Psicologia..........................................................................9
Lição 1 ......................................................................................................................................................9
Conceito de Psicologia .............................................................................................................................9
Lição 2 ....................................................................................................................................................12
Objecto e Objectivos da Psicologia........................................................................................................12
Actividade: ..............................................................................................................................................14
Psicologia como ciência da alma ...........................................................................................................14
Psicologia como ciência da actividade mental ou da consciência .........................................................15
Psicologia como ciência do comportamento ..........................................................................................16
Lição 3 ....................................................................................................................................................22
Métodos da Psicologia ...........................................................................................................................22
Exercício .................................................................................................................................................24
Exercício .................................................................................................................................................26
Sumário ..................................................................................................................................................27
Exercícios ...............................................................................................................................................28

Unidade II 29

Psicofisiologia .........................................................................................................................................29
Introdução...............................................................................................................................................29
ii Índice

Lição 1 ....................................................................................................................................................31
A Evolução Filogenética do Psiquismo ..................................................................................................31
Experiência .............................................................................................................................................33
Lição 2 ....................................................................................................................................................35
As bases Anatómicas e Fisiológicas da Conduta ..................................................................................35
Bases anatómicas e fisiológicas da conduta..........................................................................................39
Lição .......................................................................................................................................................41
Ligação entre o neurónio e o sistema nervoso. .....................................................................................41
Sistema nervoso humano, suas partes fundamentais e funções...........................................................42
Sumário ..................................................................................................................................................45
Exercícios ...............................................................................................................................................47

Unidade III 48

Psicologia evolutiva e de desenvolvimento............................................................................................49


Introdução...............................................................................................................................................49
Lição 1 ....................................................................................................................................................51
Desenvolvimento humano. .....................................................................................................................51
Desenvolvimento no período pré-natal ..................................................................................................53
Qual é a influência dos factores ambientais sobre o desenvolvimento pré-natal? ................................55
Lição 2 ....................................................................................................................................................56
O Desenvolvimento motor da criança ....................................................................................................56
Desenvolvimento emocional...................................................................................................................58
O desenvolvimento moral.......................................................................................................................58
Lição 3 ....................................................................................................................................................60
O desenvolvimento na Adolescência .....................................................................................................60
Exercícios ...............................................................................................................................................62

Unidade IV 67

Peocessos psíquicos cognitivos.............................................................................................................67


Introdução...............................................................................................................................................67
Porque é que é importante estudar este tema? .....................................................................................67
Lição 1 ....................................................................................................................................................70
As sensações .........................................................................................................................................70
Classificação das sensações .................................................................................................................72
Leis gerais das sensações .....................................................................................................................73
Lição 2 ....................................................................................................................................................74
Memória..................................................................................................................................................74
Como decorre o armazenamento da informação?.................................................................................75
Psicologia Geral: Ensino à Distância iii

Mediadas da memória ............................................................................................................................77


Reconhecimento.....................................................................................................................................78
Lição 3 ....................................................................................................................................................79
Perturbações da memória ......................................................................................................................79
Amnésias ................................................................................................................................................80
Tipos de Amnésias .................................................................................................................................80

Amnésia de Fixação ou Memorização 80

Exercícios ...............................................................................................................................................81
Lição 4 ....................................................................................................................................................83
A atenção e percepção...........................................................................................................................83
Quais seriam as funções fundamentais da atenção e o que a determina? ...........................................84
O que é a percepção ..............................................................................................................................86
Lição 5 ....................................................................................................................................................89
Tipos de percepção ................................................................................................................................89
Factores da percepção...........................................................................................................................90
Exercício .................................................................................................................................................90
Comentários ...........................................................................................................................................91
A relação atenção e percepção..............................................................................................................91
O processo da atenção e sua influência na percepção .........................................................................91
Experiência .............................................................................................................................................92
Sumário ..................................................................................................................................................93
Exercícios ...............................................................................................................................................94
Lição 6 ....................................................................................................................................................95
A relação entre a percepção e a sensação............................................................................................95
O fundamento fisiológico da percepção .................................................................................................95
Os sistemas sensoriais e sua influencia na percepção .........................................................................97
Experiência .............................................................................................................................................98
Lição 7 ....................................................................................................................................................99
Como as informações sobre o meio são processadas? ........................................................................99
Constituição anatómica do olho .............................................................................................................99
Os movimentos do olho na altura da percepção e o processamento da informação. .........................102
Experiência ...........................................................................................................................................103
Lição 8 ..................................................................................................................................................105
O processo da informação no cérebro .................................................................................................105
Organizacao da percepcao visual ........................................................................................................107
A Percepçao dos objectos....................................................................................................................108
Experiência 1 ........................................................................................................................................108
iv Índice

Percepção de Profundidade e distância...............................................................................................111


Exercícios .............................................................................................................................................112
Teste a sua própria visão .....................................................................................................................114
Pensamento e linguagem.....................................................................................................................115
Introdução.............................................................................................................................................115

UNIDADE V 116

Pensamento e linguagem.....................................................................................................................117

Terminologia 117

Lição 1 ..................................................................................................................................................119
Conceito de pensamento......................................................................................................................119
Pensamento .........................................................................................................................................119
Elementos do pensamento...................................................................................................................122
Lição 2 ..................................................................................................................................................124
Tipos de pensamento ...........................................................................................................................124
Pensamento Abstracto .........................................................................................................................125
Pensamento Criador.............................................................................................................................125
Raciocínio .............................................................................................................................................125
Problema ..............................................................................................................................................126
Lição 3 ..................................................................................................................................................128
Linguagem ............................................................................................................................................128
Propriedades da linguagem..................................................................................................................129
Interacção pensamento e linguagem ...................................................................................................130
Sumário ................................................................................................................................................132
Exercícios .............................................................................................................................................133
Guião de Correcção do questionário....................................................................................................135
Sumário ................................................................................................................................................135
Exercícios .............................................................................................................................................136

Unidade V 137

Personalidade.......................................................................................................................................137
Introdução.............................................................................................................................................137
Lição 1 ..................................................................................................................................................139
O conceito de personalidade................................................................................................................139
Exercícios .............................................................................................................................................143
Lição 2 ..................................................................................................................................................144
Psicologia Geral: Ensino à Distância v

Teorias da Personalidade.....................................................................................................................144
Teorias Psicodinâmicas da Personalidade ..........................................................................................144
A teoria psicanalítica de Sigmund Freud..............................................................................................145
Freud e desenvolvimento da personalidade ........................................................................................146
Exercícios .............................................................................................................................................148
Lição 3 ..................................................................................................................................................149
Teorias neofreudianas..........................................................................................................................149
Carl Gustav Jung..................................................................................................................................149
Alfred Adler ...........................................................................................................................................149
Karen Horney .......................................................................................................................................150
Hurry Stack Sullivan .............................................................................................................................150
Erik Erikson ..........................................................................................................................................150
Exercícios .............................................................................................................................................152
Teorias Fenomenológicas da personalidade .......................................................................................152
A teoria do “Eu” de Carl Rogers ...........................................................................................................153
Exercícios .............................................................................................................................................153
Lição 4 ..................................................................................................................................................154
Teorias disposicionais ou de traços da Personalidade ........................................................................154
A teoria dos traços de Raymond Cattell...............................................................................................155
A Teoria dos Tipos de William Sheldon (1898 e 1977) ........................................................................155
A tipologia de Kretschmer ....................................................................................................................157
Lição 5 ..................................................................................................................................................158
Teorias behavioristas da Personalidade ..............................................................................................158
O Behaviorismo de B. F. Skinner .........................................................................................................158
Lição 6 ..................................................................................................................................................161
Factores que influenciam o desenvolvimento da personalidade .........................................................161
Exercícios .............................................................................................................................................165
Lição 7 ..................................................................................................................................................166
Formas instrumentos utilizados na mensuração da personalidade .....................................................166
Entrevistas ............................................................................................................................................166
Observações participantes e experiências controladas.......................................................................167
Os testes de personalidade..................................................................................................................167
Os testes projectivos ............................................................................................................................170
Sumário ................................................................................................................................................172
Exercícios .............................................................................................................................................173

Unidade VI 174
vi Índice
Psicologia Geral: Ensino à Distância 1

Visão geral

Benvindo ao módulo de
Psicologia Geral.
Considerações Gerais.
Este módulo é constituído por cinco unidades nomeadamente:
• Unidade I que se debruça fundamentalmente do surgimento da
Psicologia como ciência partindo das idéias dos grandes filósofos
da Grécia antiga que deram o seu contributo para que esta se
tornasse de facto ciência do comportamento e das actividades
mentais;

• Unidade II, que trata dos aspectos relacionados com o


desenvolvimento do psiquismo e da consciência humana,
explorando as bases biológicas do comportamento e aproximando
a Psicologia da Fisiologia humana e da Genética;

• Unidade III, a qual foca a sua atenção sobre os processos


cognitivos nomeadamente a sensação, percepção, memória,
pensamento e linguagem e imaginação. Estes processos permitem
conhecer o mundo que nos rodeia através dos órgãos dos sentidos
e reflexão sobre os fenômenos e objectos;

• Unidade IV, que descreve as bases do desenvolvimento humano


tendo em conta os diversos factores que o influenciam
discutindo-os com base nas teorias dos diversos psicólogos que
se debruçaram sobre esta matéria e, finalmente;

• Unidade V, que descreve aspectos fundamentais da personalidade


e seu desenvolvimento baseando nas teorias de eminentes
psicólogos que discutiram esta matéria;

• Uniddae VI, apresentamos a bibliografia que foi usada neste


trabalho.

• Tempo total de estudo: 20.h 00 min. (aproxim.)


2 Visão geral

Cada uma destas unidades apresenta uma introdução na qual se destacam:

• visão geral da unidade;

• objectivos;

• conteúdos principais a serem tratados nesta mesma unidade;

• tarefas a serem executadas por pelo formando ;

• recursos de apoio para estudar a unidade;

• duração em termos de tempo que irá necessitar para estudar a


unidade;

• referencia do material que irá necessitar para aprofundar os


conhecimentos e;

• metodologia de estudo de cada unidade.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo deste módulo- Psicologia Geral será capaz de:

• Definir os principais conceitos em psicologia

• Compreender a importância da psicologia no processo de ensino-


aprendizagem;
Objectivos
• Reconhecer as relações existentes entre a psicologia e outras
disciplinas;

• Identificar e caracterizar os processos psíquicos;

• Relacionar os diversos saberes adquiridos em cada unidade;

• Explicar as diversas teorias dos fenómenos psicológicos.


Psicologia Geral: Ensino à Distância 3

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que tendo formação psico-
pedagógica necessitam de elevar os seus conhecimentos a um nível
superior. Também se destina para aqueles que não tendo formação psico-
pedagogica necessitem de o fazer. Portanto, são elegíveis para este
modulo todos os professores em exercício das suas funções nas escolas
publicas, comunitárias religiosas ou privadas. Também é extensivo para
os estudantes dos cursos de ensino superior. Esperamos deste modo que
este material contribua de certa forma para o melhoramento da sua
actividade lectiva e do entendiemento do comportamento humano.

Como está estruturado este


modulo?
Todos os módulos dos cursos produzidos por UNIVERSIDADE
PEDAGÓGICA encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / modulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade ncluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
4 Visão geral

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Precisa de apoio?
Para estudar esta disciplina deve obedecer as seguintes recomendações:

• Aprofundar os conhecimentos das unidades consultando o seu tutor


(através de mecanismos estabelecidos), colegas, bibliografia
recomendada disponível e sites especializados na Internet;

• Estudar a disciplina obedecendo a sequência das unidades;

• Realizar as tarefas ou atividades recomendas;

• Só poderá passar para unidade seguinte depois de certificar se


compreendeu a unidade em estudo mediante uma avaliação;
Psicologia Geral: Ensino à Distância 5

• Observar o tempo alocado para cada unidade e exercícios;

• Conservar os materiais à disposição.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação).
No final de cada unidade, encontrará testes de auto-avaliação os quais
deverá responder cuidadosamente e comparar as suas respostas com
guião de correcção que se encontra no fim do modulo. Os testes são de
autoria dos autores deste módulo porém no caso de testes adaptados
indicar-se-á a fonte dos mesmos. Deverá ter cuidado na utilização de
ideias ou conceitos de outros autores. Neste caso deve se preocupar em
primeiro lugar de mencionar a fonte destas mesmas ideias.

As tarefas de auto avalição serão as seguintes:

1 Exercícios de auto-avalição;
O formando deverá realizar no fim de cada unidade um teste que encontra
em anexo.

2 Pequenas experiências;
Ver as recomendações necessárias, reunir os materiais recomendados e
realizar as experiências.

3 Estudo em grupo e individual;


Deve priorizar sempre que necessário a discussão com os colegas e
aprofundar a matéria individualmente.

4 Apresentação de duvidas ao tutor;


Sempre que tiver duvida consultar o tutor

5 Apresentação e discussão de casos específicos;


No estudo em grupo o formando apresenta os casos específicos para a
discussão.
6 Visão geral

Avaliação
Ao realizar as actividades você não precisa correr ou ter pressa para terminar. É
importante sim realizar cabalmente todas as actividades que são propostas
em todas as secções dentro do tempo recomendado, pois só assim é que
poderá compreender e consolidar melhor a matéria. Siga todos os passos
recomendados para cada actividade. Se tiver alguma dúvida consulte o
seu tutor ou tente discutir com um dos seus colegas.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 7

Unidade 1

Surgimento da psicologia como


ciência
Introdução
Seja bem vindo a primeira unidade do módulo de Psicologia Geral. Para o
estudo desta unidade precisará de 9 horas. Esta unidade está subdividida
em 3 (três) lições de duas horas de estudo para cada.

Nesta unidade, falaremos essencialmente sobre:

1. Conceito e significado da Psicologia;

2. Objecto, objectivos e princípios da psicologia;

3. Métodos e técnicas em psicologia;

4. pensamento psicológico e as principais correntes da psicologia.

Porque é que é importante estudar este tema?


Todos nós sabemos ou ouvimos falar de psicologia e usamos
freqüentemente esta palavra no nosso dia a dia. O capitulo que vamos
iniciar ajudar-nos-á a perceber como e quando surgiu esta palavra e como
os eruditos a vêem e a discutem ao longo do tempo. Conheceremos
também os caminhos por que esta passou até se transformar em ciência.
Este facto ajudar-nos-á a perceber as diferentes abordagens assumidas
pelos estudiosos do campo da psicologia.

Ao completar esta unidade, você será capaz de

• Definir o conceito de psicologia;

Objectivos • Estabelecer e explicar com palavras suas as diferentes correntes


psicológicas;
8 Unidade 1

• Descrever os principais métodos usados na psicologia;

• Identificar as diferenças entre as principais correntes psicológicas.

Para lhe ajudar a alcançar estes objectivos preparamos uma série de


actividades parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o
processo do surgimento da psicologia.

Os principais conceitos a serem abordados nesta unidade são:

Psicologia, psíquico, consciência, empirismo, Behaviorismo,


psicanálise.
Terminologia
Conhecimentos prévios
Para o estudo desta unidade você vai precisar de recordar ou mesmo ter
acesso à Filosofia, História da Grécia , conteúdos ou disciplinas do ensino
secundário do SNE.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 9

Conceito, Objecto, Objectivos e


Métodos da Psicologia
Lição 1
Duração: 2 (duas) horas

• Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Definir o conceito de psicologia;

• Comparar os diversos conceitos de psicologia;

Conceitos chaves: psique, alma, mente

Conceito de Psicologia
Cada ciência diferencia-se da outra pelas particularidades do objecto de
estudo. Assim, por exemplo, a biologia tem por objecto de estudo os seres
vivos (plantas, animais incluindo o próprio homem), a geografia estuda a
terra.

No caso da psicologia, a questão da definição do seu objecto de estudo


torna-se muito difícil quando comparado com outras ciências e a
compreensão do seu objecto de estudo depende da forma como as pessoas
que estão ocupadas com esta ciência concebem o mundo. A dificuldade
na delimitação do objecto de estudo da psicologia reside no facto de que
desde há muito tempo os fenómenos que se relacionam com a inteligência
humana sempre foram considerados fenómenos particulares.

É, de facto, evidente que a percepção, por exemplo, que você tem de uma
esferográfica poderá ser diferente da do seu colega ou uma outra pessoa
qualquer. É certo também, que a percepção que nós temos sobre um
objecto muita das vezes não tem nada a ver com o próprio objecto.

Por exemplo, o desejo que você tem de ir ao futebol não possui nenhuma
ligação com o próprio jogo de futebol. Por vezes, podemos desejar ir ao
futebol para ver a nossa equipa a ganhar e acontecer exactamente o
10 Unidade 1

contrário. A pouco e pouco com a nossa experiência vão se formando as


noções sobre as diferentes classes de fenómenos.

Esses fenómenos geralmente relaciona-se com o nosso estado psíquico ou


descrevem propriedades de um processo. O desejo de ir ao futebol, por
exemplo, é manifestação de um estado. A particularidade destes estados
ou processos está em que eles se relacionam com o mundo interior do
indivíduo e são diferentes dos objectos que o rodeiam (mundo exterior) e
estão ligados ao campo da vida espiritual ao contrário dos objectos e
fenómenos reais.

Estes fenómenos agrupados pela denominação de pensamento, vontade,


memória, sentimento, percepção, etc., formam aquilo que nós designamos
por “psique”, o mundo interior do indivíduo, a sua vida espiritual.

Do ponto de vista etimológico, isto é, do surgimento da palavra


“psicologia”, ela vem do grego “psyche” que significa alma, sopro ou
espírito e da palavra “logo”s que significa razão, conhecimento, ou
estudo. Estas duas palavras deram origem àquilo que nós designamos de
psicologia.

Portanto, a palavra psicologia significava estudo ou conhecimento da


alma. Ao longo do tempo, a palavra psicologia foi tendo vários
significados de acordo com o período e concepções doutrinarias da época.
Assim sendo, as definições da psicologia foram várias, algumas das quais
tinham um carácter eminentemente subjectivo. Por exemplo, alguns
entendidos definiam a psicologia como sendo ciência da mente, da
consciência, e da experiência consciente.

Actualmente, a psicologia é definida como sendo ciência do


comportamento e da actividade mental. Esta definição encerra em si a
dualidade de objecto da psicologia, ou seja, o estudo do comportamento e
da actividade mental, ponto de vista que é até hoje assumido por grande
maioria de psicólogos e que nos parece mais racional.

Por comportamento se entende aqui como sendo todos os actos


observáveis no indivíduo ou no animal incluindo a linguagem e por
actividade mental entende-se todo o desencadeamento de processos
mentais tais como: a atenção, a percepção, a memória, o pensamento e
outros.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 11

Estes dois aspectos (comportamento e actividade mental) fornecem bases


para uma psicologia cientifica.

Marque com x as afirmações que julgar correctas:

A psicologia é uma ciência que estuda a alma e o espírito. 


Avaliação
A psicologia estuda o comportamento. 

A psicologia estuda o comportamento e a actividade da mente. 

A psicologia estuda o comportamento dos animais e do homem. 

A psicologia é uma ciência filosófica. 


12 Unidade 1

Lição 2
Duração: 2 (duas) horas

• Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Definir o objecto de estudo da psicologia

• Comparar as ideias dos diferentes filósofos em relação ao objecto


da psicologia

Conceitos fundamentais; empirismo, consciência, actividade mental

Objecto e Objectivos da
Psicologia
Ao analisarmos o objecto de estudo da psicologia podemos tomar três
atitudes fundamentais: a atitude ingénua, a atitude artística, ou atitude
cientifica conforme ilustra a tabela abaixo.

Estas três atitudes são tomadas com relação a natureza da própria mente
ou seja como a psique é vista e quanto à sua actividade.

A atitude ingénua baseia-se nas opiniões e crenças para compreender os


fenómenos. Por exemplo a crença de que a vida das pessoas é governada
pelos espíritos dos nossos antepassados. Essa crença faz com que as
pessoas acreditem por exemplo que as almas dos mortos vagueiam por
entre os lugares escuros ou suspeitos e aparecem perante os nossos olhos
em forma de fogo, vento, vozes, etc., atormentando os vivos. Para
acalmar os ânimos desses espíritos deve-se praticar rituais próprios como
por exemplo uma missa onde são evocados todos os espíritos dos mortos.

Nesses rituais também se sacrificam animais e se derramam bebidas e


realizam-se preces pedindo tudo que é de bom para a vida e afastando o
mal. A nossa cultura em geral está carregada de crenças deste tipo. Esta
forma de estar permite o indivíduo relacionar-se com o mundo e com os
fenómenos da natureza construindo a sua percepção sentimentos etc., em
relação a eles. Neste sentido o objecto da psicologia é o conhecimento
Psicologia Geral: Ensino à Distância 13

intuitivo das pessoas. As vezes dizemos aquela pessoa foi apossado por
espíritos. Ela comporta-se assim porque tem espíritos.

A outra atitude que se pode tomar em relação ao objecto de estudo da


psicologia é a atitude artística. A atitude artística baseia-se na intuição e
na representação. Os objectos da natureza são vistos como tendo vida. O
artista Maconde que esculpe uma madeira da vida ao seu objecto. O
pintor que pinta um quadro também dá vida ao seu quadro. Fala com ele
atribui acções a esse mesmo quadro. Aqui a psicologia tem como objecto
analisar como as pessoas interpretam os fenómenos da natureza tomando
como base o facto de que os diversos objectos que circundam o homem
podem se lhes atribuir um sentido próprio.

A atitude científica baseia-se na reflexão e na investigação duma forma


objectiva dos fenómenos psicológicos usando a experimentação para
colectar dados a serem analisados posteriormente. No nosso caso
devemos tomar uma atitude cientifica para compreender os fenómenos
psicológicos

Natureza essencial da Atividade da mente


mente (metafísica) (empirismo)

Avaliação Ingênua (opiniões e Compreensão Conhecimento


crenças) mitológica e religiosa intuitivo das pessoas

Artística (intuição e Animação artística do Interpretação artística


representação) mundo e dos objetos e representação da
mente

Cientifica Psicologia Filosófica Psicologia como


(investigação e ciência empírica
reflexão)
14 Unidade 1

Actividade:
Vai à feira de artesanato, ou procure uma escultura, uma pintura e tente
descrever o seu significado. Peça ao seu colega também para fazer a
mesma descrição em separado. Escreva a sua descrição e compare-a com
a do seu colega. Em que é que coincide? Quais sãos os aspectos
diferentes das vossas descrições. Escreva no papel analise-os e discuta
como seu tutor

Psicologia como ciência da alma


A premissa de que a psicologia era o estudo da alma dominou todo o
período que antecede o estabelecimento da psicologia como ciência.
Estamos a falar concrectamente do período que vai até meados do século
XIX.

A convicção de que o objecto da psicologia era a alma relaciona-se com a


visão dos povos primitivos na qual havia falta de distinção clara entre o
corpo e a alma. Esta visão baseou-se fundamentalmente na interpretação
materialista primitiva (diferente do materialismo cientifico) dos
fenómenos da vida consciente tais como o sono, a morte e o desmaio. Os
sonhos eram tidos como impressões da alma que deixavam o corpo
durante o sono. A alma era vista portanto como “sósia” do homem quer
dizer, as necessidades de sobrevivência desta eram as mesmas que as do
homem.

Por isso, considerava-se que as almas dos mortos constituíam as mesmas


comunidades que as dos vivos.

Alguns materialistas primitivos defensores deste ponto de vista foram


Tales (VII-VI, a.c.), Anaxímenes (V a.c ), Heráclito ( VI-V a c ). Estes
materialistas primitivos, comparavam a alma com as três formas
primitivas do mundo (água, ar e fogo). Desta forma, a alma era vista
como um órgão material que dá vida ao corpo e, por isso, guiado por um
principio material.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 15

No período seguinte, observou-se uma abordagem baseada no principio


da alma dando ênfase à sua essência, estrutura e sua relação com o corpo.

Dos que mais se evidenciaram nestas concepções se destacam Platão


(428/427-347 a.c), com a sua divisão da alma em três partes (alma
intelecto, alma coragem, e alma sensual ou concupiscência), Aristóteles
(384-322 a.c.) que apoiando-se nas ideias de Platão seu mestre introduz a
ideia do estudo da alma usando métodos experimentais (observação) para
descrever as manifestações da alma.

As descobertas na medicina feitas por Herofilo Eresistatus (III ac)


trouxeram novas abordagens em torno do objecto de estudo da psicologia.
Com a descoberta dos nervos e a distinção destes dos ligamentos e dos
tendões permitiu o conhecimento entre as funções psíquicas (sensações e
movimentos) e o cérebro.

Psicologia como ciência da


actividade mental ou da
consciência
No século XVIII, surge uma nova época do desenvolvimento marcada
pelo crescimento dos estudos biológicos e psicológicos. Com estes
desenvolvimentos a ideia da união entre corpo e alma entrou em colapso
dando lugar a ideia de que o corpo era uma máquina que se organiza de
acordo com os princípios da técnica e que para o seu funcionamento não
precisava da alma.

Com o estabelecimento do primeiro laboratório de Psicologia


Experimental por Wundt em 1879, o objecto da psicologia passa a ser o
do estudo da actividade mental ou consciência.

Com o desenvolvimento da física, a psicologia encontra um suporte para


o seu objecto de estudo. Foi a partir da física (Weber e Fechner) que
nasceu a psicologia como ciência. Os investigadores que utilizam o
método científico fizeram com que a experimentação se estendesse dos
fenómenos exteriores aos processos mentais, de modo a que estes fossem
16 Unidade 1

entendidos não como magia ou especulação intelectual, mas sim como


acontecimentos susceptíveis de serem medidos e avaliados.

A psicologia ganha cada vez mais corpo como ciência e não poderá
nunca mais voltar à psicologia introspectiva e à abstracção.

Os avanços da investigação em neurociências e a melhor articulação e


comunicação entre os diversos investigadores permitiu que fosse possível
ultrapassar o risco de fragmentação, susceptível de acontecer dada a
complexidade do objecto da psicologia.

A partir dos livros disponíveis na biblioteca da sua escola ou centro de


consulta identifique os filósofos que contribuíram no estabelecimento das
premissas da psicologia como ciência. Descreva e compare as ideias
Objectivos fundamentais desses filósofos.

Psicologia como ciência do


comportamento
A Psicologia como ciência tem sua origem na primeira metade do século
XIX, a partir dos trabalhos dos grandes cientistas como o anatomista
Ernest Weber, o fisiólogo Herman von Helmholtz, os psicólogos
Wilhelm Wundt, John Watson , Jean Piaget e psicofisiologista I. Pavlov
outros.

As pesquisas do século XIX procuraram formular teorias para explicar


como os órgãos dos sentidos captam as informações (cores, luzes, sons
etc.) descobrindo também a determinação exacta da quantidade de
diferença que um ser humano é capaz de distinguir quando lhe pedem
para fazer a distinção entre dois pesos diferentes.

Foi precisamente John Watson que revolucionou o objecto de estudo da


Psicologia. Ele advogou a utilização de métodos objectivos como a
observação, método experimental e testes para o estudo do
comportamento. Quanto ao objecto Watson defendia que a psicologia
Psicologia Geral: Ensino à Distância 17

estudasse apenas os comportamentos observáveis como respostas a


estímulos externos e não o aspecto interior subjectivo.

Quanto a objectivo fundamental da psicologia ela descreve e explica os


factores que condicionam e determinam o comportamento do homem e
do animal.

Veja a seguir o quadro de resumo sobre as mudanças que ocorreram em


volta do objecto e métodos da psicologia.

O objecto de estudo da psicologia, como você viu, evoluiu ao longo do


tempo, começando com a alma; consciência; comportamento e leis do
psiquismo. A seguir, vamos mostrar o percurso e as principais mudanças
em relação ao objecto, métodos e a finalidade da Psicologia antes e
depois de 1879.

Quanto a objectivo fundamental da psicologia ela descreve e explica os


factores que condicionam e determinam o comportamento do homem e
do animal.

Veja a seguir o quadro de resumo sobre as mudanças que ocorreram em


volta do objecto e métodos da psicologia.

O objecto de estudo da psicologia, como você viu, evoluiu ao longo do


tempo, começando com a alma; consciência; comportamento e leis do
psiquismo. A seguir, vamos mostrar o percurso e as principais mudanças
em relação ao objecto, métodos e a finalidade da Psicologia antes e
depois de 1879.
18 Unidade 1

Níveis Objecto, Métodos, Finalidade

4. Leis e Objecto: fenómenos psicológicos (processos que


mecanismos do acontecem em nosso mundo interno e que são
psiquismo construídos durante a nossa vida. São processos
contínuos, que nos permitem pensar e sentir o
mundo, nos comportar das mais diferentes formas,
nos adaptar à realidade e transformá-la.
Constituem a nossa subjectividade. Também
podem ser objecto da psicologia o inconsciente, a
personalidade e a aprendizagem.

Finalidade: descrever, explicar, prever, controlar


e compreender fenómenos psicológicos.

Métodos objectivos e modernos: observação,


experimental, testes etc.

Interdisciplinaridade e surgimento de novas áreas


de conhecimento implica a existência de novos
objectos e métodos.

3.Comportamento Objecto: Estuda os fenómenos ou factos que não


e Processos são exteriormente observáveis tais como o
Mentais pensamento, o raciocínio, o sonho, o sono, a
percepção, sensações, as atitudes, compreensão,
memorização, etc. são denominados de processos
mentais.

Finalidade: consiste em descrever, explicar, prever


e controlar os fenómenos psíquicos; compreender
o que fazemos, como pensamos, sentimos,
respondemos a problemas e crises, como
aprendemos e nos desenvolvemos intelectual e
moralmente, como interagimos com os nossos
semelhantes.

Comportamento é um conjunto de actos


Psicologia Geral: Ensino à Distância 19

directamente observáveis tais como falar alto,


correr, sorrir, chorar, beijar, agredir, dormir.

Métodos objectivos: observação, experimental,


testes etc.

Principais teorias- (1) Behaviorismo de Watson,


Skinner; (2) Reflexiologia de Pavlov

Consciência (A Estrutura da consciência (análise dos factos da


partir de 1879) consciência, a descrição dos seus elementos mais
Início do período simples, como seja as sensações e as imagens, o
experimental e estudo das experiências, emoções e percepções
científico. nos seus componentes mais simples). Fundado o
primeiro laboratório de Psicologia em 1879
(Wilhelm Wundt).

Objectivos: reduzir os processos conscientes nos


seus componentes mais simples; determinar as leis
mediante as quais esses elementos se associam;
conectar esses elementos às suas condições
fisiológicas.

Os objectivos da psicologia devem coincidir com


os das ciências naturais.

Objecto de estudo é a experiência pessoal como é


vivenciada pelo indivíduo.

Método usado é introspecção (o sujeito descreve o


que sente quando submetido a pequenas sensações
de som e luz. Surge a primeira tentativa de separar
os estados da consciência e as observações sobre
estes.

Críticas: (1) o observador tem dificuldade em


observar-se a si mesmo, visto que os fenómenos
psíquicos possuem uma enorme mobilidade e não
coincidem no tempo com a sua observação.
Enquanto estão a ocorrer (dores, emoções), a
rapidez e a sucessão destes fenómenos impedem,
20 Unidade 1

por vezes, que o observador tenha tempo de os


analisar, de elaborar uma explicação, dado que os
fenómenos não estão a espera de serem
observados ou estudados enquanto ocorrem; (2) a
tomada da consciência de um fenómeno pode
modificar esse mesmo fenómeno; (3) o psicólogo
não consegue observar ou estudar estados de
espírito ou de consciência.

O sujeito está a descrever o que se passa nele,


sendo difícil a objectividade. Além disso, há
factos que ocorrem no psiquismo e que escapam à
área da consciência; (4) um doente mental, uma
criança, um animal não dispõem de capacidades
verbais e outras que lhes permitem analisar de
consciência.

Alma/Espírito Parte imaterial e imortal do ser humano, inclui o


(Antes de 1879) pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a
irracionalidade, o desejo, a sensação e percepção.
Período pré-
Preocupação principal é saber o que separa o
científico.
homem dos animais, segundo Sócrates é a razão
cujo lugar ao nível do corpo é a cabeça e a medula
seria o elemento de ligação da alma e o corpo.
Depois da morte o corpo desaparece e alma fica
livre para ocupar outro corpo. É princípio da vida.
Existe em todos seres vivos (animais-sensitiva;
plantas-vegetativa; e homem-racional).Dois
momentos fundamentais: (1) era platónica – alma
é imortal separada do corpo; (2) era aristotélica –
a alma é mortal e seu pertencimento ao corpo.

Tabela 2. 1. Evolução do objecto, métodos de Psicologia.

A diferenciação dos objectos de estudo da psicologia foram em grande


medida influenciada:

• Pelo uso da introspecção como primeiro método científico;


Psicologia Geral: Ensino à Distância 21

• Pela separação recente da psicologia da filosofia;

Pela Diversidade de fenómenos psicológicos que não podem ser


acessíveis e estudos ao mesmo nível de observação e, portanto, não
podem ser sujeitos aos mesmos padrões de descrição, medida, controle e
interpretação.

1. Indique as principais ideias de Anximenes e Anaximandro em relação


ao objecto de estudo da psicologia

Avaliação 2. Compare as ideias de Platão com as de Anaximenes e Anaximandro e


demarque a sua diferença

3. Indique a abordagem filosófica essencial nas seguintes expressões:

Filósofo Principio

O sono é manifestação específica


da alma

A alma é guiado pelo principio


material

A alma, o fogo, a água e o ar, são


matérias

A alma manifesta-se em aptidões

A alma intelecto manifesta-se


apenas nos reis aristocratas e
filósofos

Assinale com X o que julgar correcto no conjunto das afirmações abaixo


indicadas.

• A psicologia como ciência surgiu no século XI 


• A psicologia só se tornou ciência graças aos trabalhos de Wilhelm
Wundt, John Watson , Jean Piaget e psicofisiologista I. Pavlov 
• A psicologia só se tornou ciência apôs a sua emancipação da
filosofia 
22 Unidade 1

Lição 3
Duração: 2 (duas) horas

• Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Definir o conceito de método em psicologia ;

• Descrever os principais métodos usados na psicologia

Conceitos fundamentais; método, introspecção, extrospecção

Métodos da Psicologia
Método é tido como uma regra ou preceito estabelecido como apropriado
para atingir um certo objetivo. Metodologia seria conjunto de regras ou
procedimentos estruturados e coerentes que visam alcança um fim ou
objectivo. Como qualquer outra ciência a Psicologia usa métodos para
descrever e compreender os processos e fenómenos psicológicos.

Método introspectivo

Os métodos da psicologia evoluíram e se diferenciaram à medida que esta


ia abarcando diversos campos de saber. Contudo aqui destacaremos os
principais, isto é, aqueles que mais se destacam no estudo dos fenómenos
e processos psicológicos. O quadro 5 apresenta alguns dos métodos mais
usados em psicologia e suas ramificações. De entre os métodos mais
conhecidos se destacam o método da Introspecção também conhecido por
método subjectivo ou método de observação interior.

Por subjectivo pretende se referir aos factos psicológicos que ocorrem no


interior do indivíduo e que não são possíveis de serem exteriorizados. Por
exemplo, ao pensar sobre alguma coisa ninguém poderá saber como tu o
fazes, a não ser que exteriorizes este facto através de acções que indicam
movimento ou através de palavras. Como exteriorizarias a dor provocada
por uma febre se não disseres que estás com febre? Ou como alguém
perceberia que estás aborrecido com um dos teus alunos se não o dizes
com palavras? O subjectivo é portanto aquilo que não pode ser
observável. Há muitos factos e fenómenos e factos que não podem ser
Psicologia Geral: Ensino à Distância 23

observados no indivíduo sobretudo os psicológicos mas que ele os sente e


experiencia-os.

O método de introspecção tenta buscar e compreender o que está no


interior do indivíduo, os seus sentimentos emoções, etc., para explicar o
comportamento deste. Este método baseia-se fundamentalmente na
exploração da consciência do indivíduo, quer dizer em tentar saber o que
existe no interior deste que possa determinar o seu comportamento, quer
através da lembrança de eventos passados contados pelos próprios
indivíduos, quer através da observação do conjunto de acções realizadas
por este. Você já tentou dar significado aos teus sonhos? Interessa pelo
seu conteúdo? A analise de significação dos sonhos é um dos exemplos
da aplicação do método introspectivo. A designação de introspecção veio
da psicanálise de Freud. Freud, para descobrir as causas dos distúrbios
psicológicos dos seus pacientes pedia que eles contassem o que tinham
sonhado na noite anterior e, a partir da analise do conteúdo do sonho
descrevia as possíveis perturbações psíquicas dos seus pacientes. Este
método apesar de ainda ser usado possui a desvantagem de não poder ser
aplicado em crianças devido ao facto de que elas não seriam capazes de
descrever o que lhes ocorrem no seu interior apesar de se admitir que eles
têm percepção dos factos psicológicos. Por outro lado este método não
seria aplicável em animais uma vez que eles não seriam capazes de
descrever os seus sentimentos. Sabe-se que no estudo dos processos
usam-se animais como cobaias e os resultados obtidos são depois
generalizados e aplicados ao homem.

Método clínico:

O método clínico é conjunto de procedimentos usados para diagnosticar e


tratar pessoas que sofrem de problemas comportamentais e/ou
emocionais

Este método não é, na sua essência, um método de pesquisa excepto


método clínico-crítico de Piaget.

Os procedimentos clínicos não se destinam a descobrir tendências gerais


ou leis do comportamento. Ocupam-se geralmente de um único indivíduo
que precisa ou procura uma ajuda. O ponto de partida do estudo clínico
centra-se fundamentalmente em como responder aos problemas
comportamentais que uma pessoa apresenta.
24 Unidade 1

Os procedimentos científicos do método clínico são como se seguem.

Normalmente começa-se por se estudar a natureza do pedido e observar o


comportamento do paciente;

• Formula-se de pois as hipóteses ou influências sobre o que estaria a


causar o sofrimento do paciente;

• Passa-se depois à recolha de dados (onde se pode incluir a história


passada do sujeito, aplicação de testes, entrevistas com pacientes e
/ou pessoas próximas);

• Confirmam –se ou refutam-se as hipóteses colocadas

• Deduz-se depois qual o tratamento provável em função da


confirmação ou não da hipótese.

Exercício
Você reparou que o seu colega está amuado, triste e com falta de
dinamismo. Como procederias para conhecer o seu estado psicológico.
Descreva o processo numa folha de papel.

O método extrospectivo

O método extrospectivo ou de observação exterior é assim designado


pelo facto de apresentar duma forma objectiva (que todos possam ver), os
factos psicológicos. Contrariamente ao método introspectivo, este método
descreve e analisa os factos reais que possam ser observados por qualquer
um. Por exemplo, você está interessado em determinar o nível de leitura
dos seus alunos. Que faria? Nesse sentido seria ideal pegar num livro de
português convidar um aluno para ler uma lição e à medida que o aluno
vai lendo você vai anotando os erros e falhas de leitura cometidos por
este. Neste sentido estaria a testar a capacidade verbal do aluno que é
afinal uma das formas da inteligência. Se, por exemplo, você pretende
saber como os seus alunos brincam no intervalo, se utilizam objectos
perigosos ou não como procederia? É óbvio que terias que observar o seu
comportamento durante o intervalo, ver as acções destes como brincam.
A observação é portanto uma das formas do método extrospetivo. Na
Psicologia Geral: Ensino à Distância 25

observação o pesquisador através dos seus órgãos dos sentidos ele


observa e acompanha o decorrer de um processo.

Como saberias se todos os alunos estão empenhados na resolução de


problemas matemáticos na sala de aulas? Obviamente que você marca o
exercício escrevendo-o no quadro, e pede que eles o resolvam. À mediada
que eles vão executando a tarefa, você vai medindo as suas reacções e
nota que os seus alunos quando resolvem problemas matemáticos
consultam outros livros, ou falam entre si ou pedem ajuda ao professor.
Estas reacções perante um exercício matemático são perceptíveis através
da observação contínua dos sujeitos.

Método Essência Vantagens Desvantagem

Observação da Aplicado no Não aplicável em


consciência estudo das crianças e
sensações animais
Introspeção agradáveis e

subjetivo, observação desagradáveis


interior
Retrospectivo Lembrança dos
eventos do
passado

Observação Apresentação in Estudo objetivo Importante para


loco dos factos dos factos psicologia
psíquicos psíquicos animal e da
criança
Extrospectivo
Experimental Fenômenos
modificados  
artificialmente

No método Extrospectivo é comum muita das vezes trabalhar-se com


pequeno grupo de indivíduos especialmente quando por exemplo se
pretende testar a eficácia de um método de ensino. Neste caso o
pesquisador poderá escolher um grupo restrito de indivíduos os quais vão
participar na pesquisa. Estes indivíduos são submetidos à tarefas em
26 Unidade 1

condições restritas e muito especiais. Isto pode ser realizado em lugares


apropriados chamados de laboratório. Um laboratório como é já do seu
conhecimento é um lugar onde se realiza uma simulação de factos que
ocorrem em condições gerais. O método experimental é uma das
componentes do método Extrospectivo que estuda os factos e fenómenos
psicológicos sob condições estritamente controladas. Os cientistas que
trabalham com os animais estudando o seu comportamento usam
freqüentemente este método, o experimental, portanto.

Você pode realizar o método experimental usando os seus alunos. Mas


cuidado! Deve observar as condições éticas na realização da sua
experiência. Suponhamos que você quer testar o efeito da voz do
professor na melhoria da capacidade ortográfica dos seus alunos. Você
pode escolher aleatoriamente duas turmas. O exercício a realizar seria um
ditado. Ora se é para testar o efeito da voz na compreensão clara das
palavras então uma das vozes seria de um indivíduo que não seria
professor. Os dois trabalham (o professor e o não professor) nas duas
turmas escolhidas cada um ditando aos alunos uma lição previamente
escolhida. Feito o trabalho recolhem-se os testes e corrigem-se. Se os
resultados mostrarem que os alunos da turma do professor obtiveram
melhores resultados, significa que a voz do professor tem efeitos na
compreensão fonética das palavras. O método Extrospectivo tem a
vantagem portanto de se poder através dele estudar-se objetivamente os
factos e fenómenos psíquicos. Contudo, ele só pode ser empregue em
animais e crianças

Exercício
Faça uma experiência semelhante ao que foi descrito acima e descreva os
resultados.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 27

Sumário
Dum modo geral pode-se dizer que a psicologia passou por diversas fases até se
tornar ciência. Graças ao avanço de outras ciências esta ganhou ímpeto e se
destacou como ciência autónoma com o seu objecto de estudo próprio,
objectivos e métodos.

Contudo é necessário destacar que o estudo do comportamento humano é algo


complexo envolvendo factores internos e externos. Para o conhecimento dos
fenómenos psicólogos não nos devemos cingir apenas num único método,
devemos combinar vários métodos. Porém, é preciso reconhecer que não
existem métodos universais para o estudo dos fenómenos psicológicos. O
método é escolhido consoante a natureza de estudo que pretendemos realizar.
28

Exercícios

1. Caracterize os métodos estudados (introspecção, observação,


experimental, clínico, psicanalítico, testes) destacando os aspectos
negativos e positivos.
Auto-avaliação
2. Destaque o objecto, objectivos, conceitos mais usados e métodos dos
movimentos ou correntes seguintes: Funcionalismo, Estruturalismo,
Behaviorismo, Psicánalise e Gestalt.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 29

Unidade II

PSICOFISIOLOGIA
Introdução
Assim que terminou o estudo da primeira unidade com sucesso, está nas
suas mãos a segunda unidade. O objectivo fundamental nesta unidade
(psicofisiologia) é esclarecer os fundamentos biológicos do
comportamento. Ela não deve ser vista como um ramo da psicologia, mas
como um conjunto de conhecimentos interdisciplinares que englobam,
para além dos saberes psicológicos, um conjunto de dados científicos da
medicina, da biologia e da genética.

O tempo total de estudo desta unidade é de 12 horas encontra-se


subdividido em quatro lições. Nesta unidade falaremos essencialmente
de:

1. Bases anatómicas e fisiológicas da conduta;

2. Ligação entre o neurónio e o sistema nervoso;

3. Sistema nervoso humano, suas partes fundamentais e funções;

4. Sumário;

5. Exercícios.

Vários cientistas têm desenvolvido importantes pesquisas sobre as


artérias cerebrais, e sobretudo com ajuda das intervenções psico-
cirurgicas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

• Exclarecer as bases biológicas do comportamento para além de


outros aspectos como a genética, meio social e sistema endócrino e
hormonal;
Objectivos
• Demonstar que o comportamento humano é resultado da
complexidade do funcionamento do sistema nervosa;
30 Unidade II

• Distinguir as diferentes funções do sistema nervosa.

Para melhor compreender esta unidade sugerimos que defina os seguintes


conceitos:

Axónio, Neurónio, Sinapse, Dendrites e Bainha de mielina.


Terminologia
Conhecimentos prévios
Como deve saber o estudo do comportamento do homem começa com o
conhecimento do funcionamento geral do organismo, assuntos tratados no
ensino secundário.

Por isso, no estudo deste capitulo deverá recorrer aos conhecimentos da


biologia da 8ª, 9ª e 10ª classes sobretudo no que diz respeito ao sistema
nervoso, a genética e o sistema hormonal ou endócrino.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 31

Lição 1
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Conhecer as diferentes fases da evolução do psiquismo

• Descrever as diferentes partes da formação do sistema nervoso

Conceitos fundamentais; Sistema nervoso reticulado, sistema nervos


ganglionar, sistema nervosos central

A Evolução Filogenética do
Psiquismo
A vida vegetativa

Uma das condições fundamentais do surgimento da vida está ligada ao


surgimento de pequenas mas complexas moléculas albuminosas. Estas
moléculas interagem com o meio ambiente buscando nutrientes para a
sua sobrevivência, segregando aquelas que não são necessárias ao seu
organismo. Estes dois processos – assimilação e desassimilação -
constituem parte integrante do processo do metabolismo destas células
albuminosas. As células albuminosas são organismos que possuem a
capacidade de reagir positivamente aos estímulos de luz e de calor por
estes serem o principal mecanismo para desencadear o processo do
metabolismo. Isto significa que, estes organismos só reagem
positivamente aos estímulos de luz e calor porque é a partir destes
estímulos que eles se alimentam.

Por outro lado, estímulos super-fortes tais como sons e efeitos químicos
não contribuem para o processo do metabolismo para estes organismo.
Portanto, há uma reacção negativa perante sua presença. Isto significa
que os coacervatos ou células albuminosas se orientam no meio ambiente
através do processo de excitabilidade ou de irritabilidade que é a
capacidade de reagir só aos estímulos que provocam o processo do
metabolismo e não reagem àqueles que não provocam esse processo.
Fazem parte deste grupo as plantas e as algas marinhas (vida vegetativa).
32 Unidade II

Estes organismos, por exemplo, se alimenta da luz solar, isto é a luz do


sol é a fonte principal para o desencadeamento do processo do
metabolismo. Pense portanto na planta que está em sua casa. Para ela
sobreviver deve coloca-la em direcção à luz solar, caso contrário ela
morre, mesmo que a fonte de luz esteja muito próximo. Estes organismos
têm por outro lado a capacidade de conservar e transmitir este elementos
de uma geração para outra o que deixa antever que eles possuem uma
espécie de memória primitiva. Neste nível de desenvolvimento dos
organismos não se pode falar de existência do psiquismo.

Estagio de vida animal

Na vida animal começando mesmo pelos protozoários os organismos


reagem não só às substancias que integram o processo imediato de
metabolismo mas também com todos os estímulos que anunciam esse
processo. O que quer dizer que na vida animal existe um processo de
procura. Os organismos podem se deslocar à procura de alimentos para a
sua sobrevivência. Esta capacidade observa-se em organismos mais
minúsculos da vida animal como é o caso dos protozoários. Sabe-se que
o que desencadeia o processo de metabolismo nos protozoários é o calor.
Foi confirmado que estes organismos em circunstâncias onde existe a luz
e sabendo-se que a luz é também fonte de calor, elas podem se deslocar e
concentrarem-se no ponto de incidência de luz esperando-se que se
produza um calor suficiente que desencadeie o processo de metabolismo.
Este nível de desenvolvimento é chamado de sensibilidade – a capacidade
que os organismos tem de reagir aos estímulos que dão sinal para o
surgimento de substâncias que integram o processo de metabolismo.
Neste nível de desenvolvimento já se pode falar do indício biológico e
objectivo do surgimento do psiquismo diferentemente do estagio da vida
vegetal. O que diferencia os dois níveis é que no estágio animal
desencadeia-se o processo de resposta aos estímulos que sinalizam o
aparecimento de substancias que integram o metabolismo, enquanto que
no estágio vegetal a planta pode morrer tento por perto uma bacia de
água.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 33

Origem do sistema nervoso e suas formas mais simples

O sistema nervoso começa com a transição dos organismos unicelulares –


que tem uma célula (os protozoários por exemplo) para os pluricelulares
( que tem mais que uma célula). Estes organismos pluricelulares orienta-
se activamente pelo meio à procura de comida. Para tal estes organismos
devem estar dotados de mecanismos para executar movimentos especiais
que lhes facultam a obtenção do alimento desejado. Isto significa que a
estrutura do seu corpo deve ser mais complexa para se adaptar às
condições do meio. Pertencem a esta classe a medusas, anêmona-do-mar,
estrela-do-mar que possuem já o indício do sistema nervoso que ainda
não é centralizado. Contudo o seu sistema nervoso é descrito como
sistema nervoso reticulado ou difuso (em forma de rede) e não possui
uma extremidade. Cada ponto que se lhe toca transforma-se no principal
centro de excitação.

O sistema nervoso ganglionar

A fase seguinte de desenvolvimento do sistema nervoso esta relacionado


com o desenvolvimento de gânglios frontais em alguns organismos da
vida animal. Se reparar para minhoca notará que possui um glânglio
frontal na sua extremidade composto por antenas hidroreceptores que lhe
permitem identificar a humidade. A actividade de procura obedece essas
características, isto é, ele se desloca em direcção à humidade onde vai
encontrar os seus alimentos. É nas minhocas onde começa a surgir o
principio de centralidade do sistema nervoso. A extremidade nervosa da
minhoca se localiza no gânglio frontal desta. Aí que constitui o centro da
actividade nervosa, o sistema nervoso centralizado.

Experiência
Se estiver perto do mar, procure encontrar uma medusa ou uma estrela-do-mar.
Analise e descreva as suas formas de comportamento. Se estiveres perto de um
rio, lagoa ou pântano, procure uma minhoca e identifique o seu gânlglio frontal e
as antenas hidroreceptores de humidade.
34 Unidade II

O surgimento de formas complexas de comportamento (o comportamento


instintivo)

Se você olhar para um insecto (mosca, abelha, vespa, etc.), notará uma
diferença em relação aos outros organismos já estudados. Notará que na
extremidade frontal da mosca aparece um aparelho de recepção da luz (o olho).
Este aparelho permite assimilar a informação altamente especializada que
provem do mundo exterior. Para além do receptor de luz os insectos possuem
vários outros receptores altamente especializados. Eles possuem também
receptores químico-tácteis especializados que se situam nas antenas, os
receptores de sabor localizados na cavidade bucal e nas patas, e os receptores
de vibração que se localizam nos tímpanos das pernas que permitem receber
vibrações ultra-sónicas de mais de 600.000 vibrações por segundo. Esses
aparelhos receptores permitem transmitir estímulos até ao gânglio frontal para a
sua descodificação. O insecto reage posteriormente. O comportamento dos
insectos permitiu especular que fosse um comportamento racional, contudo
conclui-se que este tipo de comportamento é apenas instintivo e não racional. O
que acontece é que estes organismos estão dotados de programas congénitos
(hereditários) que lhes permitem executar movimentos complexos que se
confundem com actos inteligentes.

O comportamento individualmente variável dos animais vertebrados e o


aparecimento do sistema nervoso central

A vida dos vertebrados é totalmente diferente da dos invertebrados tanto nas


formas de comportamento como na sua constituição. As condições de
alimentação são mais complexas. O alimento deve ser preparado antes de ser
consumido. Tudo isto eleva a actividade mental destes seres bem como a
estrutura do sistema nervoso. Nos vertebrados os estímulos são captados pelos
órgãos nervosos e transportado para o cérebro onde são analisados e
estabelecidos novas conexões. Isto equivale dizer que a informação recebida
não é consumida tal como está mas senão analisada e estabelecidas novas
ligações apropriadas para cada animal. Isso permite a que cada um reaja de
acordo com as suas necessidades. O órgão especializado que se encarrega em
fazer estas analises ó cérebro. As respostas aos estímulos do exterior são
diversificadas dependendo do tipo de vertebrado. Mas importa dizer que a
diferença parte mesmo dos invertebrados inferiores até aos superiores incluindo
o homem.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 35

Lição 2
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Conhecer as diferentes partes que constituem o cérebro

• Descrever as diferentes partes que constituem o cérebro e o


neurónio

Conceitos fundamentais; Cérebro, neurónio

As bases Anatómicas e
Fisiológicas da Conduta
Como dissemos anteriormente este capítulo requer que se recorde dos aspectos
básicos que aprendeu no ensino secundário em matéria de biologia
especialmente no estudo da célula, apesar de neste estudarmos apenas a célula
nervoso nos homens.

Antes de fazermos uma abordagem profunda sobre os temas propostos iremos


fazer referencia a um historial das descobertas realizadas por diversos cientistas
no estudo da célula.

Em 1667, o físico inglês Robert Hooke, experimentando o seu microscópio


composto verificou que a cortiça não é homogénea como o vidro, ou qualquer
metal, mas que nela existiam numerosas cavidades, semelhantes aos alvéolos
de um favo de abelhas. A essas cavidades deu o nome de células (pequenas
celas).

Em 1671, o sábio italiano Malpighi confirmou a observação de Hooke, e verificou


também que vários vegetais são constituídos por pequenas cavidades muitas
das quais, ao contrário das da cortiça, são cheias de líquido.

Em 1831 o botânico inglês Robert Brown, examinando a epiderme de várias


plantas descobriu que cada célula tem no seu interior, um suco em movimento
constante, e um corpúsculo arredondado e refringentes a que deu o nome de
núcleo.
36 Unidade II

Em 1838 o botânico alemão Schleiden demonstra que todas as plantas são


formadas por unidades independentes, com a sua vida própria e que a vida da
planta inteira é a soma da actividade vital de todos os seus elementos. O
Schleiden é assim considerado o fundador da teoria celular.

Em 1839 o zoólogo Schwann demonstrou haver o mesmo processo nos seres


animais. Assim, hoje todos os seres vivos são constituídos por uma célula ou por
um conjunto de células.

O conjunto de células forma o tecido, o conjunto de tecidos forma o


órgão e o conjunto de órgãos desempenhando a mesma função forma o
sistema.

canal Central

subst‰ncia
raiz sensitiva
cinzenta

subst‰ncia raiz motora


branca nervo raquidiano
(misto)

www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/medula_espinhal/med_es
pinhal.html

O cérebro

O cérebro tem a função de coordenar todas as acções consciente (voluntárias) s


e inconscientes (involuntárias) desenvolvidas pelo indivíduo. Divide-se em duas
partes ou hemisférios: hemisfério esquerdo e hemisfério direito. Os dois
hemisférios, têm no entanto, funções diferentes. O hemisfério esquerdo é o
hemisfério da linguagem, sendo responsável pelas representações lógicas e
analíticas que desenvolvemos da realidade que nos rodeia.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 37

O hemisfério direito parece ser especializado na compreensão holística dessa


realidade, na construção de conceitos abstratos e reconhecimento de padrões.
Os hemisférios cerebrais encontram-se envolvidos por uma camada muito fina
designada de córtex cerebral.

Nesta camada normalmente, distingue-se duas áreas fundamentais entre elas: a


de projeção e a de associação.

Nas áreas de projeção motoras, ou sensoriais, encontra-se “projetadas” ou


representadas as informações referentes aos movimentos ou às sensações. As
áreas de associação estão provavelmente implicadas nos processos mentais
superiores

O cerebelo é uma outra componente do sistema nervoso cuja responsabilidade é


coordenar os movimentos e intervir no equilíbrio do corpo e na orientação.

Esta componente desempenha ainda duas funções fundamentais: a)


coordenação da actividade motora e; b) manutenção da harmonia dos
movimentos do nosso corpo isto é, mantém a posição do equilíbrio do corpo.

O bulbo raquidiano controla as funções ou respostas orgânicas somáticas


como por exemplo o ritmo respiratório, e circulação sanguínea. Também controla
actividades reflexas vitais como engolir, tossir, vomitar e espirrar. As drogas tais
como a cocaína, heroína e anfetaminas danificam o bulbo raquidiano
impossibilitando o controle dessas acções reflexas.

(www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/cerebelo/cerebelo.html)

O Tronco cerebral recebe informações da pela e dos músculos da cabeça e


também grande parte da informação dos sentidos especiais como a audição o
equilíbrio e o gosto. Controla também a saída motora dos músculos da face,
pescoço e olhos e determina os níveis de vigília de alerta.
38 Unidade II

Figura 5. As partes do sistema nervoso

cˇrebro

cerebelo ponte
bulbo

medula

www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/encefalo/encefalo.html
Psicologia Geral: Ensino à Distância 39

Bases anatómicas e fisiológicas da conduta


Para se estudar e compreender-se o comportamento humano importa
compreender também a constituição do organismo, isto é, o seu
funcionamento do ponto de vista fisiológico. Dos diferentes sistemas que
constituem o organismo humano destaca-se o sistema nervoso capitulo
que estamos agora a tratar. O sistema Nervoso compreende o conjunto de
órgãos que transmitem a todo o organismo os impulsos necessários aos
movimentos e às diversas funções, e recebem do próprio organismo e do
mundo externo as sensações.

A figura 1 representa as partes constituintes do sistema nervoso central


sendo a destacar 1. O cérebro, o cerebelo e a medula espinal.

Figura 1. Constituição do sistema nervoso central. Fonte


(http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso)

O sistema nervoso constitui portanto, o centro da actividade


comportamental do ser humano. Ele é constituído por uma rede complexa
de células nervosas cuja função é regular as reacções ou respostas dos
estímulos do mundo externo.

Pode-se dizer que tudo o que o homem faz o que lhe acontece é
coordenado e processado por este sistema.

O sistema nervoso como um todo é constituído por células nervosas


chamadas neurónios. Estas células são responsáveis pela condução de
impulsos nervosos de e para o sistema nervoso.

Cada neurónio funciona como um gerador de impulsos. Isto é, em cada


instante cada neurónio “decide” emitir ou não um impulso nervoso em
função das informações fornecidas por outros neurónios.
40 Unidade II

Faça uma breve pausa na sua leitura e olhe atentamente para a figura 2.
Repare nas ligações complexas estabelecidas entre os neurónios. Pense.
Quantas ligações destas estão no nosso cérebro?

Depois dessa reflexão já podemos continuar.

A noção da actividade reflexa tinha sido já antecipada por Descartes há


cerca de 300 anos.

Lembre-se que o neurónio é a unidade básica funcional dos sistemas


nervosos central e periférico.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 41

Lição
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

Conhecer as diferentes partes que constituem o Sistema Nervoso Central

Descrever as relações entre o cérebro e o Sistema Nervoso e as diferentes


partes que constituem o Sistema Nervoso Central

Conceitos fundamentais; Sistema nervoso Central, Sistema Nervoso


Periférico

Ligação entre o neurónio e o


sistema nervoso.
O sistema nervoso como referimos anteriormente é um sistema altamente
organização que advém da combinação de células especializadas
chamadas de neurónios (nervos) motores, neurónios sensoriais e de
conexão. Certa literatura designa os neurónios de conexão como sendo de
associação ou mistos.

Os neurónios motores conhecidos também por eferentes têm a função de


transportar mensagens do sistema nervoso central para os músculos nos
quais se produz a resposta em forma de movimento ou contracção. Pense
por exemplo numa tomada eléctrica a partir do qual se pode ligar uma
ficha e fazer funcionar a máquina. Atenção, não estamos a tentar
comparar o funcionamento do organismo com uma máquina. Estamos
apenas a dar exemplos ilustrativos do mecanismo de funcionamento
deste.

Os neurónios sensoriais também designados de aferentes têm a função de


conduzir os impulsos captados pelos receptores dos órgãos sensoriais
para o sistema nervoso central.

Os neurónios de conexão estão ligados ao processamento de informações


mais complexas e estabelecem a mediação entre os neurónios sensoriais e
42 Unidade II

motores. Portanto parece que tudo funciona num sistema de circuito


fechado matéria que aprendeste na física no ensino secundário.

Sistema nervoso humano, suas


partes fundamentais e funções.

Quadro 1. As partes constituintes do sistema nervoso

SISTEMA NERVOSO

SISTEMA NERVOSO SISTEMA NERVOSO


CENTRAL PERIFÉRICO

ENCÉFALO SISTEMA NERVOSO SISTEMA NERVOSO


SOMÁTICO AUTÓNOMO

ESPINAL MEDULA SISTEMA NERVOSO


SIMPÁTICO

SISTEMA NERVOSO
PARASSIPAMTICO

Do ponto de vista anatómo-funcional o sistema nervoso divide-se em:

Sistema nervoso central que regula todas as interacções entre o


organismo e o meio externo, isto é, recebe e processa a informação
proveniente do meio exterior e comanda a resposta. O sistema nervoso
central é constituído por encéfalo e espinal medula.

A função de espinal medula é de conduzir impulsos de e para o encéfalo e


coordenar actividades reflexas que se resume em transmitir sinais entre o
corpo e o encéfalo; dos órgãos dos sentidos e dos músculos para o
cérebro; envia para o cérebro informações referentes a estimulação táctil.

Permite a execução de respostas motoras rápidas, instantâneas,


autónomas que antecedem à consciência de um estímulo.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 43

Uma lesão nesta região pode originar a incapacidade em controlar as


pernas, os braços, os intestinos ou a bexiga uma situação de paraplégica.

Figura 4. As partes que compõe a espinal medula.

Dentritos Subst‰ncia de Nissl


N cleo
Ax™nio
Talodentro

Corpo
Celular Bainha de Mielina N—dulo de Ranvier

Impulso Nervoso

(www.ficharionline.com/biologia/pagina_exibe.php?pagina=010872)

O sistema Nervoso Periférico

O Sistema Nervoso Periférico é uma das partes do sistema nervoso que é


constituído por todos os nervos que se encontram fora do cérebro e da
medula espinal e estende-de por todo corpo (ver figura 3.8 do livro
introdução a psicologia de Weyten pagina 71). Ele é constituído pelo
Sistema Nervoso Somático e Sistema Nervoso autónomo.

O Sistema Nervoso Somático

Pense por exemplo num sistema eléctrico da sua casa, da sua escola ou do
seu vizinho. Os cabos que se conectam às lâmpadas ou que derivam a
energia para as tomadas estão ligados ao quadro central. Estes cabos
extraem energia do quadro central para acender a lâmpada e ao mesmo
tempo mandam sinais da lâmpada ao quadro central. Da mesma forma, o
Sistema Nervoso Somatico é constituído de nervos que se ligam
directamente aos músculos e aos receptores voluntários. Estes receptores
assemelham-se aos cabos que carregam a informação dos receptores da
pele e dos músculos e levam-na ao sistema nervoso central e este por sua
44 Unidade II

vez emite ordens aos músculos. Por exemplo, se se toca no olho, ele
começa a lacrimejar. Mas antes deste processo, o estimulo foi conduzido
ao sistema nervoso central de receptores para o sistema nervoso central
para reconhecido e só depois se manda a resposta adequada. Os
receptores da informação são constituídos por dois tipos de fibras
nervosas:

• fibras aferentes que são os axônios que levam a informação


directamente para o sistema nervoso central a partir da periferia
do corpo e;

• as fibras eferentes, que são os axônios que devolve a informação


do sistema nervoso central para a periferia do corpo.

Cada nervo do corpo é constituído por vários axônios de cada um destes


dois tipos mencionados acima. Pode-se dizer que os nervos somáticos são
como um sistema eléctrico que é constituído por dois fios, um negativo e
um positivo. O sistema nervoso somático permite-nos o contacto com o
mundo exterior.

O Sistema Nervoso autónomo

Este tipo de sistema nervoso é constituído por nervos que se ligam ao


coração, aos vasos sanguíneos, aos músculos lisos e às glândulas. Embora
seja controlado pelo sistema nervoso central o Sistema Nervoso autónomo
ele funciona separadamente. Como o próprio nome indica ele é
autónomo. Ele controla as funções automáticas, involuntárias e das
vísceras do nosso corpo. Imagine por exemplo o funcionamento do
coração, dos rins, pulmões, etc., não dependem da nossa vontade. O
Sistema Nervoso autónomo ele é o mediador das funções fisiológicas que
acontecem quando uma pessoa experimenta emoções. Pense por exemplo
que você às vezes tem uma discussão desagradável com uma outra
pessoa. Se você se aborrece-se com isso, o seu ritmo cardíaco, quer dizer
as batidas do teu coração aumentam de intensidade e isso pode aumentar
a sua pressão sanguínea que pode algumas vezes se transformar em
arrepios ou transpirações.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 45

O Sistema Nervoso autónomo subdivide-se ainda em sistema nervoso


simpático e sistema nervoso parassimpatico.

O sistema nervoso simpático é o responsável pelo transporte do sangue e


do oxigénio para todas as partes do corpo preparando o corpo para a
acção, enquanto que o parassimpático diminuem a acção energética do
corpo. Este tipo de sistema nervoso é que é responsável pela diminuição
do ritmo cardíaco quando o nosso coração se acelera e promove a
redução da pressão sanguínea e da digestão. Isto significa que depois de
uma pessoa se emocionar muito para voltar para o seu estado normal
precisa que o sistema nervoso parassimpático actue.

Imagem: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002. Fonte
www.afh.bio.br/nervoso/nervoso4.asp

O sistema Nervoso Parassimpático (SNP) como se referiu anteriormente


funciona como refreado do Sistema Nervoso Simpático. O SNP actua
sobre os órgãos tais como o coração, os brônquios, os intestinos, a bexiga
e outras glândulas secretórias estabelecendo as suas funções normais.

Sumário
Neste capitulo abordamos questões fundamentais relacionadas com a
constituição e funcionamento do sistema nervoso.

Reafirmo-nos ao facto de que o sistema nervoso era constituído por


diversas partes entre as quais o sistema nervoso central e suas
46 Unidade II

ramificações bem como o sistema nervoso periférico com as respectivas


divisões.

Na abordagem desta matéria é essencial compreender que o


funcionamento do sistema nervoso está intimamente ligado à
compreensão da estrutura e função da célula básica do sistema nervoso
que o neurônio.

Um dado estímulo presente no meio vai excitar os receptores (células que


transformam os estímulos em impulsos nervoso). Em seguida a excitação
ou impulso nervoso é conduzido através de feixes de nervos (células
nervosas – os neurônios) até ao cérebro ou espinal medula.

O cérebro, e no caso das respostas reflexas, a espinal medula vão


funcionar como centros de decisão e enviar uma resposta ao músculo ou
órgão excitado. Assim, partem do cérebro impulsos nervosos que se
dirigem aos músculos e glândulas, que constituem os chamados efectores
ou órgãos de acção dos organismos que em conexão com os nervos
eferentes e mistos desencadeiam o conjunto de mecanismos necessários
para a produção de uma resposta.

O nosso sistema nervoso portanto, é composto por vários biliões de


neurónios que estabelecem entre si cerca de 10 trilhões de sinapses que é
uma pequena abertura que permite a passagem do impulso de um
neurónio para o outro.

O sistema nervoso como um todo é portanto constituído por: espinal


medula que é um longo tubo de fibras nervosas responsável pela
condução de impulsos nervoso para o encéfalo e pela atividade reflexa; o
encéfalo constituído, na região posterior, pelo bolbo raquidiano, que se
liga à espinal medula cuja responsabilidade é controlar as funções vitais
tais como a respiração e o ritmo cardíaco. O cérebro, outra componente
do encéfalo toma conta do equilíbrio e coordenação muscular.

Os hemisférios esquerdo e direito constituem parte integrante do encéfalo


e encontram-se envolvidos por uma camada fina chamada de córtex
cerebral com duas áreas fundamentais: a projeção e de associação
responsáveis respectivamente pelos movimentos ou sensações e pelos
processos mentais superiores.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 47

O sistema nervoso é ainda constituindo pelo sistema nervoso periférico


cuja a função é manutenção do equilíbrio do meio interno e
funcionamento dos órgãos viscerais.

Exercícios

Para realizar os exercícios propomos os seguintes materiais: folha A4,


caneta ou lápis, borracha. Para o aprofundamento da matéria poderá
consultar os sites propostos na bibliografia recomendada:
Auto-avaliação
1. Organize um dossier com artigos de jornais e revistas sobre as
mais recentes pesquisas e descobertas relativas ao funcionamento
do sistema nervosa.

2. Explique com as suas próprias palavras como podem ser


transmitidas as mensagens entre as células nervosas que não
estão em contacto uma com a outra.

a) 3. Escreva e explique a estrutura do sistema nervosa e suas


componentes.
48 Unidade III
Psicologia Geral: Ensino à Distância 49

Unidade III

PSICOLOGIA EVOLUTIVA E DE
DESENVOLVIMENTO
Introdução
O desenvolvimento não termina quando a pessoa atinge a sua maturidade
física, antes continua pela vida fora, nos diversos contextos da vida do
indivíduo. Muitos autores que estudam o desenvolvimento físico,
preceptivo, cognitivo, social e da personalidade conceptualizam a vida
humana como uma sucessão de fases ou etapas do desenvolvimento, que
embora com perspectivas diferentes, caracterizam as fases do
desenvolvimento físico e mental do indivíduo.

A puberdade e adolescência constituem momentos muito significativos


no desenvolvimento humano que se caracterizam pelas mudanças
qualitativas e quantitativas do comportamento.

Conhecer as características fisiológicas e principalmente psicológicas dos


indivíduos nestas fases é um dos grandes objectivos esta unidade
porquanto permitir planificar o processo de ensino e aprendizagem. Para
os professores e o público em geral estes conhecimentos são de grande
importância, vão permitir compreender melhor os alunos e suas
capacidades mentais tendo em conta a sua idade.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:


50 Unidade III

Conhecer as características comuns de desenvolvimento nas diferentes


faixas etárias (infância, adolescência e adulta)

Objectivos  Compreender os factores significativos que determinam o


desenvolvimento humano;

 Reconhecer as implicações pedagógicas das concepções teóricas


sobre o desenvolvimento;

 Caracterizar os estádios de desenvolvimento segundo J. Piaget, S.


Freud e E. Erikson;

Explicar os diferentes factores e sua influência no desenvolvimento


humano;

Para a compreensão desta unidade você precisará de saber os seguintes


conceitos:

Desenvolvimento, maturação, crescimento, estádios de


Terminologia
desenvolvimento e personalidade.

Conhecimentos prévios
Por isso, no estudo deste capitulo deverá recorrer aos conhecimentos da
biologia da 8ª, 9ª e 10ª classes sobretudo no que diz respeito ao sistema
reprodutor, genética e desenvolvimento embrionário.

Ao iniciar o estudo deste capítulo deverá antes de tudo tentar examinar a


lista dos conteúdos e focalizar o seu estudo nos aspectos mais
importantes. No início desta unidade você encontrará uma introdução e
um conjunto de actividades de aprendizagem, o que facilita uma
apreciação rápida do valor que a unidade tem para si.

Os principais conteúdos temáticos desta unidade são:

• Desenvolvimento humano;

• Conceitos de desenvolvimento, maturação, crescimento e estádio


de desenvolvimento;

• Concepções sobre o desenvolvimento;

• Desenvolvimento e socialização.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 51

Lição 1
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Conhecer as diferentes fases do desenvolvimento humano

• Descrever as fases de desenvolvimento humano

• Indicar as diferenças existentes entre uma fase e outra

Conceitos fundamentais; desenvolvimento, crescimento e maturação

Desenvolvimento humano.
No decorrer da vida do indivíduo ocorrem modificações tanto no plano
físico, psicológico, ou emocional. A criança que nasceu com um peso de
setecentas gramas rapidamente se devolve adquirindo um peso maior. Os
seus membros crescem com uma certa velocidade. Passados alguns anos
caminha por si sem precisar de ajuda dos mais velhos. Dizemos então que
houve um crescimento físico que se caracterizou por um aumento da
massa do corpo. Por outro lado, esta mesma criança que nascera sem pelo
menos saber pronunciar certas palavras aos três anos ou mesmo antes
disso, ela já fala com uma certa fluência, lê imagens, identifica conceitos
e até escreve certos rabiscos sobre uma folha de papel.

O que ocorreu?

Dizemos pois que houve desenvolvimento. Que a criança cresceu, se


desenvolveu. A mesma criança que ao nascer só sabia chorar passado
algum tempo pode dizer com palavras o que gosta e o que não gosta, o
que quer ser quando adulto, de quem mais gosta etc. Os exemplos citados
aqui mostram que o indivíduo antes de ser adulto passa por muitas fases
de transformações quer no plano físico (andar, corre, aumento do peso),
no plano psíquico (descreve as características do objecto, desenvolve a
noção de conceitos) como no plano emocional (manifesta os seus
52 Unidade III

interesses íntimos). O desenvolvimento é, pois a sequência das


modificações quer no plano físico, psicológico ou emocional que ocorrem
dentro de um indivíduo desde o seu nascimento até a morte. Esta
definição deixa antever porem que o desenvolvimento humano não
termina quando o indíviduo atinge a fase adulta. Ele prolonga-se até a
morte. A pergunta que se colocaria neste caso seria: será a morte uma
das fases de desenvolvimento? Se considerarmos que o percurso deste
indivíduo teve um principio esperamos que tenha portanto um fim, o
desaparecimento do indivíduo.

O desenvolvimento psicológico engloba as alterações comportamentais


do indivíduo enquanto que o físico tem a ver com as mudanças biológicas
decorrentes do envelhecimento. No entanto é necessário distinguir o
crescimento do desenvolvimento. O crescimento são alterações
quantitativas quer ocorrem tanto no plano físico psicológico ou
emocional do indivíduo enquanto que o desenvolvimento refere-se as
mudanças de ordem qualitativa. O bebé que outrora não se movia, agora
consegue agarrar objectos, dominar a gramática gradualmente, o jovem
que pensa no que vai ser no futuro. Referimo-nos a este aspecto como
sendo desenvolvimento. Mas imagine que aos três anos a criança calçava
um determinado número de calçado, agora calça um número maior,
dizemos que o seu pé cresceu. Contudo o crescimento acompanha sempre
o desenvolvimento e vice-versa.

Agora pare de ler e pense!


O seu filho, o filho do seu irmão, ou vizinho, quantos anos tem?

Descreva as fases mais marcantes e que você presenciou do


crescimento e desenvolvimento desta criança.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 53

Desenvolvimento no período pré-natal


Ao contrario do que muita gente pensa, o desenvolvimento não inicia
com o nascimento do bebé. O nascimento constitui uma das fases do
desenvolvimento da criança. O desenvolvimento pré-natal começa pois
logo no período em que a mãe concebe até ao nascimento do bebé. Quer
dizer, podemos considerar a entrada do espermatozóide no óvulo da
mulher (formação do zigoto) como o início do desenvolvimento do
indivíduo. A partir desta célula todas as outras células começam a
desenvolver-se. Cada uma dessas células transportam consigo os
cromossomas no seu núcleo e que contem mensagens dos progenitores.
Cada cromossoma é constituído por muitos genes. Os genes contem toda
a informação hereditária que depois se transmite ao indivíduo e que
depois se revela ao longo da sua vida. O período de desenvolvimento pré-
natal estende-se por um período de nove meses e ocorre a uma velocidade
grande.

No desenvolvimento pré-natal observam-se três estágios fundamentais


designados por estágio germinal, estágio embrionário e estágio fetal

O estagio germinal tem início nas primeiras duas semanas depois da


mulher conceber. Neste período, há portanto a formação do zigoto que
ocorre através da fertilização. Trinta e seis horas depois o zigoto
subdivide-se em células permitindo a que este se transforme numa massa
de células muito pequenas visíveis ao microscópio e que se multiplicam
entre si. Este grupo de células, desloca-se depois para a cavidade uterina
através da Trompa de Falópio onde sete dias depois esta massa celular se
fixa nas paredes do útero da mãe. Durante este percurso que demora sete
dias muitos zigotos podem ser rejeitados. Na altura em que há esta
fixação nas paredes uterinas do grupo de células se forma a planceta que
é uma estrutura a partir da qual o oxigênio e os nutrientes da corrente
sanguínea passam da mãe para o feto e o dejetos corporais do feto passam
para a mãe. Este momento de formação do feto é extremamente crucial.
54 Unidade III

O estágio embrionário começa de duas semanas após o estágio germinal


e termina dois meses depois. Neste período observa-se a formação da
maioria dos órgãos vitais do bebé o que passa a chamar-se de embrião. É
pois nesta fase que os órgãos tais como o coração, a coluna vertebral e o
cérebro se formam gradualmente. Neste período o embrião começa a ter
o formato humano com o a formação dos principais membros (braços,
pernas, mãos, dedos e pés) e órgãos do sistema visual e auditivo tais
como olhos e orelhas. O período embrionário é um período muito
sensível devido ao facto de que é nele onde se começa a formam os
órgãos vitais do indivíduo. Qualquer interferência anormal neste período
pode ter um efeito devastador para o indivíduo. Grande parte de abortos e
deficiências estruturais que se relacionam com o nascimento ocorre no
período embrionário. Repara na figura as fases do desenvolvimento do
embrião.

O estágio fetal começa dos dois meses até ao nascimento do bebé. Neste
período observa-se um rápido crescimento nos dois primeiros meses que
ocorre com o início da formação dos músculos e ossos. Neste período de
desenvolvimento o feto é capaz de emitir movimentos físicos que advém
do fortalecimento das estruturas esqueléticas. Os órgãos tais como o
coração, Cérbero e outros desenvolvem-se com rapidez e começam
gradualmente a funcionar. Há também neste período o início do
desenvolvimento dos órgãos sexuais que começa ao terceiro mês. Nos
últimos três meses observa-se a multiplicação acelerada das células
cerebrais, o amadurecimento do sistema respiratório e do digestivo
preparando o bebé para enfrentar as duras condições do meio ambiente
externo. Entre 22 e 26 semanas atinge-se aquilo que é conhecido por
idade da viabilidade. Nesta idade o bebé poderá sobreviver no caso de ela
nascer prematuramente.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 55

Qual é a influência dos factores ambientais sobre o


desenvolvimento pré-natal?
Os factores ambientais podem ter um grande efeito negativo no
desenvolvimento do bebé durante a fase pré-natal apesar do aconchego de
protecção proporcionado pela mãe no interior do útero. Como vimos
anteriormente as estruturas físicas do bebé se formam no período pré-
natal e é neste período que várias dessas estruturas são vulneráveis a
danos. A mãe, precisa de observar todos os cuidados nutritivos para que
não ponha em risco o bebé e possa evitar nascimentos prematuros ou
nados mortos. As drogas tais como o tabaco, o álcool e outras podem ter
efeitos devastadores na saúde do bebé e provocar neste o síndroma e
morte súbita. Os problemas que advêm do consumo do álcool podem
provocar directamente no bebé microcefalia (cabeça pequena),
irritabilidade, hiperactividade, deficiências cardíacas, retardamento no
desenvolvimento motor, etc. Portanto, há todo uma série de cuidados que
a mulher deve observar quando estiver no estado de gravidez para não
prejudicar o desenvolvimento do feto. Alguns desses cuidados consistem
em acatar as orientações dos profissionais de saúde, procurar serviços
médicos de boa qualidade no início da gravidez. Mas sabe-se que devido
a pobreza nem sempre é possível usufruir de tais condições.
56 Unidade III

Lição 2
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Conhecer as diferentes partes do desenvolvimento da criança que


constituem o Sistema Nervoso Central

• Descrever o desenvolvimento da criança nas suas diferentes fases

• Estabelecer a relação entre as diferentes fases do


desenvolvimento da criança

Conceitos fundamentais; Desenvolvimento motor, desenvolvimento


emocional, desenvolvimento moral

O Desenvolvimento motor da
criança
Depois do nascimento a criança está sujeito a vários estímulos da
natureza dos quais deve responder com as suas habilidades motoras. O
desenvolvimento motor tem a ver com a forma progressiva da
coordenação muscular que se exige para uma actividade física. Nas
actividades motoras básicas a criança agarra, manipula e lança objectos.
Realiza movimentos de sentar, de gatinham de correr e de andar. Segundo
Piaget citado por Weiten (2002) este constitui o primeiro estagio de
desenvolvimento da criança o desenvolvimento sensório motor. Neste
período as crianças aprendem a coordenar as suas acções motoras em
consonância com as influencias sensoriais.

O desenvolvimento da criança nesta fase tende a partir da cabeça para os


pés (desenvolvimento cefalocaudal- direcção da cabeça para os pés). Há
uma tendência da criança de controlar mais a parte superior do seu corpo
do que a parte inferior. Se observar atentamente poderá notar que o bebé
durante a fase do seu desenvolvimento controla mais a sua cabeça e
Psicologia Geral: Ensino à Distância 57

braços mais do que os pés. O bebé pode virar a cabeça, agarrar o lençol
com as mãos e puxa-lo para a boca.

Para que o bebé possa se impulsionar transfere gradativamente o uso dos


braços para as pernas ganhando um certo controlo dos movimentos que
parte do dorso para as extremidades. Esta fase de desenvolvimento é
designado de tendência próximo-distal que é uma tendência do
desenvolvimento motor que se orienta do centro para as extremidades.

O desenvolvimento motor do bebé depende do crescimento físico deste


que em geral é muito rápido. Estudos feitos mostram que o bebé pode um
dia apenas depois de um período estacionário de 60 dias crescer meia
polegada.

Os progressos no campo motor do bebé atribuem-se a maturação dos


órgãos motores (músculos, ossos, tendões). Compreende-se por
maturação o desenvolvimento que reflecte o desdobramento do
esquema genético de uma pessoa (Weiten, 2002). São mudanças físicas
que são geneticamente programadas e que depende da idade. Por exemplo
uma criança de um ano não pode correr porque do ponto de vista físico
ainda não ocorreram mudanças capazes de proporcionar esta habilidade.
A maturação é um processo oposto a aprendizagem e à experiência.

Em geral durante a fase do desenvolvimento motor os pais prestam muita


atenções aos seus filhos. Ajudam-lhes a caminhar e a executar certos
exercícios que até certo modo são difíceis para as crianças. Em certa
medida alguns pais podem ficar preocupados quando uma criança não
executam determinados movimentos. Na realidade existe aquilo que se
chama normas de desenvolvimento. Durante o processo do
desenvolvimento existe em media períodos considerados médios a partir
dos quais uma determinada habilidade motora ou psicologigica pode se
observar. Contudo, por qualquer razão esta mesma habilidade pode se
manifestar mais tarde sem contudo significar que a criança sofra de
deficiência. É preciso entender que as normas referem-se apenas à média.
58 Unidade III

Desenvolvimento emocional
A ligação das mães com os seus bebés começa logo desde o início
contudo nos primeiros momentos da vida esta ligação não se pode
considerar tão estreita. A razão disso é o facto de a criança poder
estabelecer outros laços com outras pessoas. É comum verificar-se que a
criança pode passar de mão em mão sem se quer chorar por sua mãe.
Outras ao primeiro toque gritam imediatamente pedindo socorro da mãe.
A preferencia pela mãe só começa a acontecer aos seis ou sete meses de
idade. Este vinculo designado por ansiedade de separação atinge o seu
pico dos 14 aos 18 meses. A partir dos dezoito meses começa a diminuir.
Estudos feitos mostram que os bebes que não recebem cuidados da mãe
por mais de 20 horas há um risco de se desenvolver vínculos inseguros
com a mãe.

O que torna fascinante o estudo do desenvolvimento de qualquer coisa


que seja e principalmente dos seres humanos é o facto de dizer respeito às
nossas vidas, de você, de mim e de todos nós. Este interesse baseia-se na
velha intuição acerca da compreensão individual e da auto-descoberta: se
conseguirmos descobrir as nossas raízes e a história das mudanças que
nos transformaram no que somos hoje poderemos compreender-nos
melhor. Se conseguirmos combinar a perspectiva do nosso presente
estaremos mais aptos a antecipar o futuro e a prepará-lo de acordo com os
nossos objectivos.

O desenvolvimento moral
Vários psicólogos tentaram investigar o desenvolvimento moral da
criança dentre os quais o próprio Piaget que afirmou que o
desenvolvimento moral encontra-se ligado ao desenvolvimento cognitivo.
Mas foi Kolberg que mais se interessou em descrever o desenvolvimento
moral da criança tendo afirmado que os indivíduos durante o seu
desenvolvimento atravessam três níveis sequenciais de desenvolvimento
moral que se subdividem em sub-níveis totalizando seis estágios de
desenvolvimento. O nível Pré-Convencional que inclui dois estágios
nomeadamente o de orientação à punição e o de orientação à recompensa
ingénua; o Nível Convenciona que inclui os estágios de orientação bom
Psicologia Geral: Ensino à Distância 59

menino/boa menina e, o de orientação da autoridade; e o nível Pós


Convencional que inclui os estágios de orientação do contrato social e o
de orientação à consciência e princípios individuais.

No nível pré convencional as crianças mais jovens pensam em termos de


autoridade vinda do exterior de si mesmo. Eles vêm os actos errados
como sendo errados porque são punidos e os actos correctos porque não o
são, são portanto recompensados. Na fase mais adulta do
desenvolvimento da criança, no nível convencional, as crianças
considera as regras com um aspecto importante e necessário para manter
a ordem social e aceitam-nas como fazendo parte de si mesmo enquanto
que no estagio pós-convencional há menos rigidez das normas ou regras
de conduta. As crianças tem a consciência de que alguém pode não agir
em conformidade com as regras se estas entrarem em conflito com os
seus desejos. A seguir apresentamos um quadro resumido da erronia dos
estágios de Kolberg.

Quadro Teorias de estágios de Kohlberg. Fonte Weite, Wayne (2002)


Introdução à Psicologia pg. 325.

Nivel Pré convencional Convencional Pós-convencional

Estagio 1 Estagio 2 Estagio 3 Estagio 4 Estagio 5 Estagio 6

Orientação Orientação à Orientação Orientação Orientação Orientação


a punição recompensa do bom da do contrato à
ingénua menino/boa autoridade social consciência
menina e princípios
individuais

O certo e o O certo e o O certo e o O certo e o O certo e o O certo e o


errado são errado são errado são errado são errado são errado são
determinad determinados determinado determinad determinada determinad
os pelo que pelo que é s pela os pelas s pelas os por
é punido recompensad aprovação regras e leis regras da princípios
o ou da sociedade éticos
desaprovaçã sociedade que são abstractos
o de pessoas que devem vistas mais que
próximas ser como enfatizam a
obedecidas falíveis que equidade e
rigidamente como a justiça
absolutas
60 Unidade III

Lição 3
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Conhecer as características de desenvolvimento na adolescência

• Descrever as principais relações entre as diversas características


de desenvolvimento na adolescência.

Conceitos fundamentais; Adolescência, identidade

O desenvolvimento na
Adolescência
A adolescência representa uma fase muito difícil de desenvolvimento. É
nesta fase que se operam as transformações mais substanciais de
desenvolvimento no plano físico, psicológico e de personalidade da
criança. No plano psicológico as crises decorrentes desta fase explicam-
se pela extrema ansiedade da criança em se tornar adulto. No plano físico
são determinadas pelas mudanças no crescimento geral dos órgãos e no
aparecimento de certos fenómenos tais como a menstruação nas
raparigas. Do ponto de vista da personalidade cresce a consciência do
indivíduo.

Se reparar atentamente nos teus alunos sobretudo os da sexta e sétima


classes e compara-los com os da quarta e quinta notará provavelmente
uma diferença acentuada neles quer do ponto de vista de formas de
pensamento como de crescimento físico. Por volta dos 11 nas meninas e
13 nos rapazes verificam-se mudanças hormonais que levam a
maturidade física e sexual das crianças. Existe um aumento em peso e
altura das crianças e o desenvolvimento de características sexuais
secundarias. Nos rapazes há aumento da voz e apercebimento de pêlos
faciais, crescimento do esqueleto, ombros mais largos, e aumento da
massa muscular. Nas raparigas existe o aparecimento dos seios e
alargamento da bacia (ossos pélvicos). Apesar deste desenvolvimento não
se pode dizer ainda que as crianças estão sexualmente maduras mas sim
Psicologia Geral: Ensino à Distância 61

abre o caminho para criação de condições para a maturação sexual. Esta


fase é conhecida por fase da puberdade fase que marca o início da
adolescência. Nos rapazes o desenvolvimento das características sexuais
inclui o pénis e os testículos e as estruturas internas relacionadas com o
aparelho reprodutor. Nas raparigas a puberdade inclui a menarca (a
primeira menstruação). O desenvolvimento das características sexuais
varia. Em alguns países a menarca aparece aos 12 anos enquanto que em
outros aos 11 anos.

O desenvolvimento da personalidade na adolescência

O conceito de personalidade é pormenorizadamente discutido no capitulo


V. Aqui apenas nos referiremos a alguns aspectos que marcam o
desenvolvimento do adolescente.

Segundo Erikson citado por Weiten (2002) o desenvolvimento da


personalidade na adolescência é caracterizada por uma crise por uma
crise psicossocial que cria como resultado a confusão e a identidade. O
adolescente luta permanentemente para formar uma identidade. Esta luta
envolve a criação de auto-conceito estável . A luta pela identidade
alicerça no facto de que as mudanças físicas que ocorrem durante esta
fase estimulam significativamente o pensamento sobre a auto-imagem. Se
verificar com atenção notará que mesmo a forma de vestir dos
adolescentes muda. Frequentemente são assolados pela moda no
vestuário e mesmo na linguagem. A seguir apresentamos um quadro
resumo do desenvolvimento da personalidade nas diversas idades acordo
com Erikson.

Idade Estádio de Resolução bem sucedida


desenvolvimento

0 – 1,5 Confiança/desconfiança Estabelecimento de relações de confiança.

1,5 – 3 Autonomia/insegurança, Desenvolvimento de condutas autónomas (fazer


vergonha sozinho).

3–6 Iniciativa/culpa Tomada de iniciativa na organização das


actividades.
62 Unidade III

6 – 12 Diligência/inferioridade Tornar-se competente no seu meio social ou


escolar.

12 – 20 Identidade/difusão de Formação de uma indemnidade pessoal bem


identidade integrada.

20 – 35 Intimidade/isolamento Desenvolvimento de relações de verdadeira


intimidade.

35 – 65 Criatividade/estagnação Ser um membro activo da sociedade (educação


dos filhos)

65 – Integridade/desespero Sentimento de realização face ao passado,


morte serenidade face ao futuro

Exercícios

Chegou a hora de realizar um teste, para isso será necessário os


seguintes materiais:

Auto-avaliação Uma folha A4, Um lápis de carvão HB, Uma borracha.

Agora leia com atenção as questões que se seguem e assinale com X


no espaço da alínea que achar correcta.

Não olhe para o guião de correcção, primeiro tente responder se não


conseguir volte a ler o material e recursos de apoio. (correcção no fim da
unidade).

1. O estágio de desenvolvimento pré-natal durante o qual o organismo em


desenvolvimento é mais vulnerável a danos é o: (2.00 Valores).

A. estágio zigótico (____)

B. estágio germinal (_____)

C. estágio fetal (_____)

D. estágio embrionário (_____)


Psicologia Geral: Ensino à Distância 63

2. A tendência cefalocaudal no desenvolvimento motor das crianças pode

descrita simplesmente como: (2.00 Valores).

A. direcção da cabeça para os pés (_____)

B. direcção do centro para fora (_____)

C. direcção dos pés para a cabeça (_____)

D. direcção para os terminais do corpo (____)

3. As normas de desenvolvimento: (2.00 Valores).

A. podem ser usadas para fazer predições extremamente precisas sobre a idade
na qual uma criança individual atingirá várias marcas de desenvolvimento (____)

B. indicam a idade máxima na qual uma criança pode atingir uma marca de
desenvolvimento particular e ainda possa ser considerada “normal”(_____)

C. indicam a idade média na qual os indivíduos atingem várias marcas de


desenvolvimento (_____)

D. envolvem tanto A como B (_____)

4. Quando o desenvolvimento dos mesmos sujeitos é estudado durante um


período de tempo, o estudo é chamado de: (2. 00 Valores).

A. transversal (_____); B. história da vida (_____)

C. longitudinal (_____); D. sequencial (______)

5. A formação de um vínculo entre o bebé e a pessoa que cuida dele parece ser:
(2. 00 Valores).

A. uma função exclusiva do temperamento do bebé (_____)

B. uma função exclusiva da sensibilidade da pessoa (_____)

C. fundamentalmente uma questão de quão bem as necessidades nutricionais


da criança são cumpridas (_____)

D. uma função dos efeitos combinados do temperamento do bebé e da


sensibilidade de quem cuida dele (_____)
64 Unidade III

6. Durante o segundo ano de vida, os bebés começam a assumir alguma


responsabilidade pessoal em alimentar-se, vestir-se e banhar-se a si próprios,
em uma tentativa de estabelecer o que Erikson chama de senso de: (2. 00
Valores).

A. Superioridade (__); B. Diligência (___); C. Generatividade (__); D. Autonomia


(__)

7. Com cinco anos, Kossa assiste despejar água de um copo baixo e largo para
um alto e estreito. Ele diz que não há mais água que antes. Esta resposta
demonstra que: (2. 00 Valores).

A. Kossa entende o conceito de conservação (_____)

B. Kossa não entende o conceito de conservação (______)

C. o desenvolvimento cognitivo de Kossa está “aquém” da sua idade (____)

D. tanto B como C estão ocorrendo (_____).

8. Quais das seguintes não é uma das críticas à teoria de desenvolvimento


cognitivo de Piaget? (2. 00 Valores)

A. Piaget pode ter subestimado as habilidades cognitivas das crianças em


algumas áreas (_____)

B. Piaget pode ter subestimado a influência de factores culturais no


desenvolvimento cognitivo (____)

C. A teoria não se refere claramente à questão das influências individuais no


desenvolvimento (____)

D. As evidências da teoria são baseadas nas respostas de crianças a questões


(____)

9. A suposição de uma criança pré-operacional de que um carro está se


movendo porque está dentro dele é um exemplo de: (1.00 Valores)

A. egocentrismo (____)

B. centração (____)

C. conservação (____)

D. raciocínio Pré-Convencional (____)


Psicologia Geral: Ensino à Distância 65

10. Garotas que madurecem _________e garotos que amadurecem________


sentem-se,

especialmente, incomodados sobre a puberdade e contrafeitos com suas


aparências. (1.00 Valores).

A. cedo-cedo (___); B. cedo-tarde (___); C. tarde-cedo (___); D. tarde-tarde


(___).

11. Fábio, de 16 anos, quer passar alguns anos experimentando modos de vida
e carreiras diferentes antes de decidir quem e o que quer se. Ele está na fase da
adolescência chamada: (1. 00 Valores).

A. moratória (____)

B. hipoteca (_____)

C. realização de identidade (_____)

D. difusão de identidade (_____)

12. Duas áreas cognitivas que podem decair por volta do 60 anos são:

(1. 00 Valores)

A. escores de testes verbais e matemáticos (____)

B. velocidade cognitiva e memória (____)

C. escores de vocabulário e raciocínio abstracto (____)

D. nenhuma das anteriores (____)

E a cerca do desenvolvimento humano, podes realizar em colaboração com os


teus colegas, vários tipos de actividades de aprendizagem.

Sugerimos apenas algumas de entre as quais possas optar:

Visita de estudo a um jardim de infância, onde, através da observação e de


entrevistas aos técnicos, você possa identificar diferentes estádios e expressões
do desenvolvimento. Elabore antes de tudo um dossier/guia da visita e depois
organize um relatório final.

Construção e aplicação de um pequeno inquérito, em se procure conhecer o


que os jovens e adultos pensam sobre a adolescência.
66 Unidade III

Na análise dos resultados, identificar atitudes, mitos e factores sobre esta fase
do desenvolvimento.

Preparação e organização de um debate, na turma, eventualmente alargado a


várias turmas ou mesmo à escola, em que os alunos reflictam sobre os
problemas relativos ao estudo dos adolescente na sociedade de hoje, e
importância do seu estudo.

Assim que terminou o estudo desta unidade, chegou a sua oportunidade de nos
dar sugestões e fazer comentários construtivos sobre a unidade. Os seus
comentários serão certamente tomados em consideração e irão nos ajudar a
avaliar e melhorar este modulo.

ESTAMOS A ESPERA!
Guião de correcção do questionário.

1. D

2. A

3. C

4. C

5. D

6. D

7. B

8. D

10. A

11. B

12. A
Psicologia Geral: Ensino à Distância 67

Unidade IV

PEOCESSOS PSÍQUICOS
COGNITIVOS
Introdução
Seja bem vindo a esta unidade. A unidade IV obre o estudo das
sensações, percepções e da atenção. Neste capítulo, falaremos
essencialmente sobre:

• O conceito e tipo de sensações, atenção, memória e percepções.

• As principais características destes processos.

• As perturbações que podem ocorrer no nosso organismo causadas


por estes processos.

• Teorias explicativas

Porque é que é importante estudar este tema?


No processo de ensino e aprendizagem é muito importante estudar os
processos cognitivos porque vão lhe permitir conhecer como é que a
realidade dos objectos e dos fenómenos é apreendida.

Para lhe ajudar a alcançar estes objectivos preparamos uma série de


actividades parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o
processo das sensações, percepções, memória e atenção.

No decorrer do estudo, precisará, portanto de algum material tal como


recipientes, água, papel de cartolina compasso e outros objectos que
iremos indicar ao longo do estudo deste módulo. É deveras importante
que relacione aspectos da vida que ocorrem diariamente com estes
fenómenos pois isso lhe ajudará a entender melhor como estes processos
se desenvolvem.
68 Unidade IV

Ao longo do texto encontrará também pequenos resumos e comentários


parciais sobre os assuntos que iremos tratar. Os resumos e comentários
serão destacados em negrito para chamar a sua atenção sobre os aspectos
mais importantes a tomar em conta. O texto também apresenta algumas
ilustrações que, no nosso entender, irão lhe ajudar a compreender as
relações que existem em cada processo.

No final desta unidade apresentamos um pequeno resumo e algumas


perguntas de auto-avaliação para testar o que sabe sobre esta unidade,
bem como sugestões de referencia, bibliográfica adicional, que poderá
consultar para aumentar os seus conhecimentos.

Com este conjunto de aspectos, esperamos que saiba tirar o máximo


proveito sobre este capitulo das sensações e percepções.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

• Definir correctamente os conceitos de sensação, percepção,


memória e atenção

• Estabelecer a diferença entre os processos cognitivos


Objectivos
• Descrever os mecanismos que desencadeiam os processos
cognitivos

• Explicar com suas palavras as causas que originam perturbações


nos processos cognitivos.

Para a compreensão desta unidade você precisará de saber os conceitos


dos processos cognitivos. Em cada processo cognitivo estarão delineados
os conceitos inerentes
Terminologia

Conhecimentos prévios
Para assegurar a compreensão deste capítulo é necessário recorrer à
conhecimentos sobre os órgãos dos sentidos, seu funcionamento,
estrutura e função.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 69

Para o estudo desta unidade você precisará de 240 minutos e é


constituída essencialmente por:

• Introdução;

• Conceito;

• Características;

• Relações fundamentais;

• Mecanismos fisiológicos;

• Teorias;

• Perturbações;

• Tipos/classificação.
70 Unidade IV

Lição 1
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Definir o conceito de sensações

• Classificar os diferentes tipos de sensações

• Descrever as leis gerais das sensações

Conceitos fundamentais; Sensações interceptavas, proprioceptivas e


exteroceptivas

Nesta lição vamos destacar fundamentalmente dos conceitos das


sensações, e da memória tipos e classificação. Abordaremos também
algumas teorias sobre as quais se fundamentam estes processos psíquicos.
Ao falarmos das sensações e memória fá-lo-emos duma forma separada
para permitir melhor compreensão dos dois processos. Contudo é preciso
ter em mente que os processos cognitivos estão interconectados e que a
sua separação é uma questão metodológica.

As sensações
O homem possui vários órgãos dos sentidos de entre os quais a visão,
audição, o tacto, o olfacto, o tacto, o sentido álgico entre outros. Estes
órgãos permitem ao homem receber informações sobre o mundo exterior,
isto é, sobre o que nos rodeia bem como sobre o estado geral do
organismo.

Através dos órgãos sensoriais as propriedades dos objectos tais como a


cor, luz, cheiros e estados orgânicos (sensação de dor, fome, etc.) são
reflectidos no nosso cérebro. Estes órgãos permitem receber, seleccionar,
acumular a informação e transmiti-la para o órgão central, o cérebro
portanto. Essa transmissão é feita através de impulsos nervosos conforme
vimos na unidade sobre a fisiologia do sistema nervoso, e são
responsáveis pela regulação da temperatura do corpo, do metabolismo,
das glândulas de secreção etc.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 71

Portanto, a sensação pode ser definida como o processo em que ocorre


o reflexo das propriedades isoladas do objecto e dos fenómenos do
mundo exterior sobre o nosso cérebro.

As propriedades tais como a cor, o tamanho a forma, são reflectidas no


nosso cérebro isto quer dizer podemos identificar a cor, a forma, o
tamanho objectivamente. Lembre-se que sensação e percepção são
processos quase similares, a diferença porém está no facto de que a
sensação reflecte as propriedades particulares de um objecto, enquanto
que a percepção representa o objecto como um todo.

Olhe ao seu redor. O que é que vê? Uma árvore? ( é percepção) ou as


folhas secas daquela árvore (sensação). Na percepção a arvore é vista
como um conjunto de todos os aspectos (folhas, ramos, frutos, raízes) e
isso é apreendido de uma única vez e sintetizada numa palavra única –
arvore. Na sensação apenas se apreende um aspecto particular da árvore
que pode ser a folha por exemplo ou a raiz, ou ainda a cor verde.

Uma sensação só pode ocorrer quando as condições próprias estiverem


criadas, isto é, na presença de

• Estimulo – que é todo o agente susceptível de provocar resposta


de um organismo (luz, som, etc.)

• Excitação – que corresponde a modificação momentânea


impressão a que se segue uma reacção de um organismo

Entre uma picadela de mosquito, por exemplo, até a produção de uma


sensação (dor, comichão) decorre um certo tempo. Quer dizer ao ser
picado por um mosquito você pode não sentir imediatamente. Este tempo
que decorre entre a picadela e a produção da sensação designa-se de
tempo de lactência.

Depois da picadela do mosquito podemos continuar a sentir a dor mesmo


depois de o matarmos. Continuamos a coçar e a sentir a sensação de dor.
Este prolongamento da sensação que ocorre mesmo depois de o estímulo
estar removido chama-se persistência. O fenómeno de persistência é o
responsável pelas chamadas sensações continuas quer dizer aquela
sensação que continua mesmo depois do estimulo estar removido. Vezes
sem conta nos coçamos mesmo depois do mosquito ter sido eliminado.
72 Unidade IV

Classificação das sensações


No início do estudo das sensações referimos a diversos fenómenos que
ocorrem no nosso organismo. Referimos da dor da fome, da luz, cor, etc.
O organismo possui mecanismos sensoriais especializados que captam
cada um destes fenómenos. Dependendo da forma como os estímulos são
apresentados (se são internos ou externos) temos a seguinte classificação
Sherington:

• Sensações exteroceptivas –

Aquelas sensações cuja origem é provocada por um agente exterior


ao organismo. Estas sensações são as que estabelecem a ponte entre o
indivíduo e o meio ambiente. Fazem parte destas sensações a vista, o
ouvido, o tacto interno, o gosto, o olfacto, o sentido térmico.

• Sensações interoceptivas

São assim conhecidas por recebem os seus estímulos a partir dos


órgãos viscerais internos (digestão respiração, circulação sanguínea
etc.). Têm a função de equilibrar o organismo e responsáveis pelas
sensações de fome, sede, bem-estar, mal estar. O sentido cenestêsico
ou visceral é o principal destes sentido que também compreende o
sentido álgido interno, o tacto interno, etc.

As sensações interoceptivas são de extrema importância para o nosso


organismo. Sentimos por exemplo que estamos com fome, com sede,
com dores nos órgãos internos, graças a este tipo de sensações.

• Sensações proprioceptivas –

Destas sensações fazem parte os músculos, tendões, articulações,


canais semicirculares do ouvido interno que por sua vez excitam a
actividade dos órgãos. Também fazem parte o sentidos quinestesico
ou motor, muscular, de equilíbrio e orientação. Graças a estas
sensações o homem consegue se locomover-se.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 73

Leis gerais das sensações


Nem tudo o que está ao nosso redor é captado pelo nosso organismo.
Existem estímulos que para serem captados e descodificados pelo nosso
organismo é necessário que se atinja uma certa intensidade para ser
reflectido.

Fechner e Weber foram os primeiros que estabeleceram as primeiras leis


matemáticas que depois foi aplicada na psicologia. Estas leis visavam
fundamentalmente a demarcar a intensidade em que um estímulo podia
produzir uma sensação. A Lei de Fechner e Weber afirma que a sensação
aumentava com o logaritmo da intensidade física da estimulação. Por
outras palavras a sensação depende da intensidade da estimulação.
Quanto maior for a intensidade do estimulo maior seria a sensação.
Fechener e Weber criaram as seguintes lei das sensações.

• Lei do limiar inicial (limiar de eficácia, primitivo) –

Esta lei afirma que a produção da sensação dependia se o estimulo


atingia ou não um valor mínimo de intensidade, duração, altura,
frequência e que não ultrapasse um máximo. O limiar de intensidade
para o tacto é de 1,3 a 1,4 mg em média por centímetro quadrado de
pele. Para que uma pessoa possa ouvir o limiar mínimo e máximo
para excitar o ouvido humano é de 20 a 20.000 ciclos por segundo
respectivamente enquanto que o limiar de frequência de luz é de 375
e 750 triliões ciclos por segundo respectivamente para máximo e
mínimo.

A lei do limiar inicial explica fundamentalmente as condições da


ocorrência de uma sensação. Para que os nossos órgãos dos sentidos
captem as características de um objecto, este deverá emitir uma certa
intensidade de vibrações.
74 Unidade IV

Lição 2
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Classificar e descrever os diferentes tipos de memória

• Indicar e descrever as medidas de memória

Conceitos fundamentais; Memória a curto prazo, memória a longo


prazo.

Memória
De certeza que a palavra memória lhe é muito familiar. Ouve-se falar de
memória também quando se trata de computadores. Este computador tem
fraca memória. Esta expressão quer referir exactamente a quantidade de
informação armazenada nos circuitos do próprio computador e que possa
ser solicitada a qualquer momento.

Por memória entende-se a capacidade do indivíduo reter e conservar a


experiência anterior (informação) e manifesta-la através de hábitos ou
lembranças. Na memorização da informação ocorrem três aspectos
fundamentais:

• A codificação

• O armazenamento e

• A recuperação

A codificação representa o momento inicial em que a informação é


preparada para ser armazenada. Este processo depende muito da
experiência do indivíduo. Veja por exemplo um indivíduo que quer
escrever alguma informação, texto no computador. Ele primeiro abre o
programa em que ele precisa guardar a sua informação (Word, Excel,
etc.). Escolhe os caracteres (tamanho, fonte) quer dizer faz todo um
trabalho de edição da informação ou texto, escolhe o nome do documento
e a pasta em que ele deve ser guardado. Repara que o indivíduo escolhe o
nome, sinal, ou rotulo que melhor acha para identificar o documento.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 75

Quer dizer, no processo de codificação o material é representado de uma


forma a que o sistema de armazenamento pode lidar com ele. Em sua
casa por exemplo como guarda as suas coisas? Como as codifica?

Se você lê um texto por exemplo a informação lida pode ser codificada


como desenho, como palavras ou ideias significativas. Só depois disso é
armazenada. Esse armazenamento ocorre, às vezes, sem muito esforço
consciente e permanece durante um determinado tempo.

Como decorre o armazenamento da informação?


Estudos mais recentes indicam que existem vários modelos de memória.
Um dos modelos é do Atkinson-Shiffrin. Este modelo descreve o
processo de armazenamento da informação num indivíduo. Segundo este
modelo a informação chega ao indivíduo através dos órgãos sensórios
(audição, visão, e outros) e é retida momentaneamente por um sistema
designado de memória sensorial.

A memória sensorial é a que se presta aos nossos órgãos dos sentidos.


Um exercício que envolva os órgãos dos sentidos resulta sempre numa
impressão sensorial. Nós podemos memorizar sons, imagens, cheiros,
paladares e impressões tácteis graças a este tipo de memória. De entre as
diferentes características de memória sensorial (memória visual ou
icônica, a olfactiva, etc.) a auditiva é que permite uma recordação mais
precisa e imediata. Por exemplo numa aula de inglês o aluno pronuncia
mal uma palavra. O professor corrige-o de imediato e assim o aluno pode
ter uma representação fiel da palavra.

A informação guardada neste sistema pode desaparecer rapidamente se


ela não for transferida para um outro sistema de armazenamento
designado de memória a curto prazo.

As pessoas podem recordar-se das palavras mais recentes ditas por uma
outra pessoa ou por elas mesmas mesmo que tenham prestado uma ligeira
atenção. Entretanto em quase todos os casos elas não são capazes de
recordar-se das mesmas palavras um ou dois minutos mais tarde. Na
memória a curto prazo indivíduo precisa de dar significado à informação
que recebe. Se por exemplo estiver a escutar um conto através de um
amigo você começa por dar significado as palavras que você escuta
76 Unidade IV

transformando-os em códigos significativos. É a partir desta codificação


que as informações são guardadas neste sistema de armazenamento.

De acordo com os especialistas o sistema de memória a curto prazo retém


todas as experiências, pensamentos e informações que um indivíduo está
recebendo no momento e é por isso considerado o centro da consciência.
Em geral, o sistema de memória a curto prazo armazena uma quantidade
limitada de material (mais ou menos por quinze segundos). Este material
pode mais tarde ser fortificado através da repetição.

Estudos realizados concluíram que as pessoas dificilmente retêm mais do


que sete conjuntos (agrupamento) de qualquer coisa. Na maior parte dos
casos o sujeito só se lembra de apenas de entre dois a cinco itens. No caso
de números de telefones as pessoas agrupam-nos em códigos ou reduzem
os números grandes em itens de baixa informação (códigos palavras,
etc.).

Dificilmente a informação da memória a curto prazo pode ser


prontamente recuperada decorridos quinze a vinte segundos a não ser que
tenha sido repetida e depositada na memória a longo prazo. É portanto
necessário pensar que na sua aula os alunos devem ter um momento de
repetição para que possam reter a informação

Um terceiro sistema de deposito é o de memória a longo prazo. É um


sistema mais ou menos permanente de memória. O armazenamento da
informação neste sistema consegue-se através de um processamento
profundo da informação usando estratégias de repetição elaborativa tais
como prestar muita atenção às informações que recebe, pensar sobre o
significado e relacionar os dados.

O sistema de memória a longo prazo permite-nos recordar grande


quantidade de informação por um certo período de tempo (dias, horas,
semanas, anos e, em certos casos para sempre: nomes, canções, gostos,
etc. Este sistema é considerado pelos psicólogos como sendo ilimitado
em sua capacidade de armazenamento. Contudo a idade pode ser um dos
factores iniciadores de memória a longo prazo.

No sistema de memória a longo prazo ocorre o processo de


esquecimento. Os responsáveis pelo esquecimento na memória a longo
Psicologia Geral: Ensino à Distância 77

prazo podem ser as falhas de codificação (acontece quando o material é


representado duma forma inexacta) armazenamento e/ou recuperação. As
falhas de armazenamento podem ser explicadas pelo facto de que a
memória compara-se com um jornal que com o tempo vai se
deteriorando, perdendo a cor, as letras etc. Quanto a falhas de
recuperação pode ficar a dever-se a derrames cerebrais podem provocar
um esquecimento rápido das coisas.

A memória a longo prazo pode no entanto ser aperfeiçoada através da


leitura e repetição ou evitando sobrecarrega-la com factos sem ter
inicialmente os organizado.

Agora pare um pouco de ler e faça um pequeno exercício

Escute um noticiário na radio ou na televisão. Faça a relação dos


acontecimentos ocorridos com outros. Descreva depois os principais
aspectos que reteve desse acontecimento.

Mediadas da memória
Existem duas medidas fundamentais da memória: a recordação e o
reconhecimento.

Recordação
A Recordação é portanto a capacidade de um indivíduo lembrar-se da
informação desejada quando intimado por um material associado
denominado sinal, sondagem, indicador, ou instigação.

Para testar se um indivíduo é ou não capaz de se recordar sobre o que já


viu ou ouviu num determinado lugar basta apenas fazer-lhe as seguintes
perguntas:

• Quem realizou a primeira investigação sobre a memória? Quando


é que isso ocorreu?

Estas perguntas testam a capacidade de recordação do indivíduo.


78 Unidade IV

Existem vários tipos de exercícios de recordação alguns dos quais são:


exercícios de recordação seriada e exercícios de recordação não seriada.

Os exercícios de recordação seriada consistem em lembrar a informação


de uma forma ordenada. Neste sentido o indivíduo vai relatando
parcialmente o que ouviu ou que viu. Esta estratégia diminui a
possibilidade de esquecimento durante a recordação.

O sistema de reconhecimento não seriado consiste em lembrar a


informação sem qualquer ordem.

Reconhecimento
O reconhecimento consiste na capacidade do indivíduo comparar a
informação dada com a que esta armazenada na memória para ver se
combinam. A capacidade de reconhecer uma informação é feita através
de perguntas de verdadeiro ou falso:

Ex.: o Homem descobriu o fogo. Verdadeiro ou falso?

O reconhecimento e a recordação podem comparar-se entre si. O


desempenho é melhor no reconhecimento do que na recordação mesmo
quando se faz palpites ao acaso Em circunstancias especiais a reconhecer
do que recordar porque para recordarmo-nos correctamente sobre um
material dado precisamos de informações completas enquanto que para
reconhecimento precisamos apenas de informações parciais. A
recordação implica o uso de duas estratégias fundamentais:

a) localização na memória da informação desejada. Neste sentido, o


indivíduo deve procurar a informação que se deseja recordar e

b) reconhecimento da informação. Após a localização o material


pode ser reconhecido.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 79

Lição 3
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Indicar e descrever as principais perturbações da memória

Conceitos fundamentais; amnésias, apraxias, agnosias.

Perturbações da memória
Já falamos dos diversos aspectos relativos a memória, as suas
características e tipos. Contudo, existem outros aspectos que podem fazer
com que o processo de memorização não decorra normalmente. Isso
acontece geralmente quando há anomalias de funcionamento desta.

A memória como qualquer outro processo cognitivo está sujeita a


algumas perturbações no seu funcionamento que podem ser de ordem
anatómica ou fisiológicas . Existem várias doenças causadas por
disfunção do processo de memorização que, talvez mesmo os tenha
presenciado em pessoas mas que não sabia explica-las. Vamos falar de
algumas delas. Vamos apenas mencionar a essência dessas perturbações e
não exactamente o mecanismo fisiológico que as determina.

De certeza que você já ouviu falar de amnésias. Amnésia significa em


breves palavras esquecimento. Esquecer faz parte do processo de
memorização. Não é possível lembrar-se de tudo e podemos dizer
também que se fossemos armazenar toda a informação que recebemos do
mundo exterior precisaríamos de um cérebro maior. Por isso, podemos
dizer que o esquecimento é uma função necessária da memorização.
Contudo existem casos em que o esquecimento é bastante acentuado e
toma forma de doença. De entre as várias doenças da memória se
destacam: as amnésias, hipermnésias e paramnésias. Estas doenças
relacionam-se directamente com o processo de funcionamento da
memória.
80 Unidade IV

Amnésias
Ocorrem quando um indivíduo perde total ou parcialmente a função mnémica e
o indivíduo não é capaz de fixar nem reproduzir o passado no presente. O
indivíduo não se lembra praticamente o que aconteceu antes e não é capaz de
explicar nenhum evento relacionado com o que viu no passado. Este tipo de
perturbação pode ser causada pelo cansaço excessivo, consumo excessivo de
drogas ou emoções violentas.

Tipos de Amnésias

Amnésia de Fixação ou Memorização

De entre as amnésias destacam-se as de fixação ou de memorização. Este


tipo de amnésias ocorrem quando o indivíduo tem incapacidade de
adquirir novas lembranças e apenas só se lembra de eventos recentes e
não é capaz de reproduzir as passadas. As emoções violentas, choque na
cabeça, paralisia geral, fadiga acentuada são causas fundamentais desta
doença. Os acidentes de trabalho que afectam a caixa craniana podem
criar lesões corticais que afectam sobremaneira as capacidades de lembrar
eventos passados. Vezes sem conta pessoas que sofreram acidentes não
conseguem lembra-se do que aconteceu. Isso pode dever-se à emoção ou
ao choque violento ocorrido e que tenha afectado a cabeça.

De entre as amnésias podemos destacar também as amnésias de evocação


ou de rememorização. Este tipo de amnésias podem ser lacunar ou
selectiva.

As amnésias lacunares têm incidências sobre as lembranças de um


determinado período da vida. Um mineiro durante o trabalho sofre um
choque na cabeça. Feito o tratamento esquece a sua juventude no ensino
primário.

As amnésias selectivas são aquelas que têm origem sobre uma forte carga
selectiva. um jovem que mata a sua mãe usando uma arma porque esta
maltratava e enganava o pai. O jovem perdeu o amor pela mãe

Um outro grupo de amnésias sãos as chamadas amnésias sensório-motor.


A palavra sensório-motor relaciona-se com a actividade motora do
indivíduo, os gestos, a articulação das palavras, o manuseamento dos
Psicologia Geral: Ensino à Distância 81

objectos, etc. As amnésias sensorio-motoras podem ser de apraxias –


esquecimento de gestos necessários para realizar um determinado
trabalho; afazias – incapacidade de articular as palavras, o indivíduo fica
inibido de falar.; agrafias – o esquecimento da palavra escrita, o
indivíduo não consegue escrever mesmo que tenha aprendido antes. Pode
ainda saber desenhar as letras mas não sabe que sentido têm; agnosias –
esquecimento do significado das coisas ou objectos. As agnosias podem
ser tácteis, gustativas, auditivas ou visuais.

Na agnosia Visual o doente vê os objectos mas não os reconhece. Os


doentes com esta afasia sofrem de cegueira psíquica. Na Agnosia
Auditiva o doente sofre de surdez psíquica, ele ouve perfeitamente os
sons mas é incapaz de reconhece-los. Na Agnosia Gustativa o doente é
Incapaz de reconhecer o sabor dos alimentos.

Uma outra classe de doenças causadas pela disfunção dos processos de


memórias são os delírios. Nos delírios acontecem quando o organismo
sofre de influência estimulante da febre. A memória exalta-se e reproduz
desordenadamente, lembranças inoportunas.

O sonambulismo é um sonho alucinatório em que o indivíduo


adormecido fala, se agita-se, levanta e realiza determinadas acções
incompreensíveis para os que o rodeiam. Passada a crise o indivíduo
volta novamente à cama.

Exercícios

1. Quanto tempo, mais ou menos, o material geralmente permanece na


memória a curto prazo?

Auto-avaliação a) 1 a 2 segundos

b) 15 a 20 segundos

c) 2 a 3 minutos

d) d) 20 a 25 minutos
82 Unidade IV

2. Qual é o fenómeno que é exemplo da falha de recuperação

a) A habituação

b) A representação inexacta da informação inicial

c) A trilha da memória

d) o Esquecimento motivado

3. Os psicólogos acreditam que os seres humanos possuem três aptidões


bastante distintas de armazenamento. Para certificar se sabe as diferenças
entre os depósitos da memória, combine cada descrição abaixo com o
sistema apropriado

1) Retém o material em aproximadamente 15 segundos.

2) Realiza processamento profundo.

3) Armazena o material durante horas e até mais tempo.

4) Considerado o centro da consciência.

5) Regista tudo o que impressiona os sentidos.

6) Retém um máximo de mais ou menos sete grupos de informação


de cada vez.

7) Pode manter o material durante minutos pela repetição.


Psicologia Geral: Ensino à Distância 83

Lição 4
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Conhecer e caracterizar atenção e percepção

• Descrever as relações entre a percepção e a atenção.

• Descrever as relações entre percepção e memória

Conceitos fundamentais; atenção sensorial

A atenção e percepção
Pode-se dizer que a atenção constitui o estado selectivo da própria
percepção, isto é, na atenção há processo de selecção de informações na
qual se dirige ou se focaliza a percepção sobre um determinado estímulo
ou objecto específico. Estas informações não só são recebidas como
também são processadas, isto é, o indivíduo à medida que vai recebendo
as informações vai pensando e imaginando sobre o material que é
percepcionado.

Imagine que você está explicando um conteúdo, um microscópio, por


exemplo a um aluno. Ele receberá a explicação do professor e também
de certeza lhe ocorrerá na mente sobre outros vários aspectos atinentes ao
estímulo que está sendo percepcionado. Esta capacidade de atenção é
distributiva porque o aluno poderá prestar atenção à explicação do
professor e simultaneamente apreciar o objecto. Ou durante o processo
ele concentra-se num aspecto único (explicação do professor ou sobre o
microscópio). Esta é a chamada atenção concentrativa.
84 Unidade IV

A atenção distributiva ocorre quando um indivíduo focaliza a sua atenção


sobre vários objectos, enquanto que a concentrativa apenas quando se
destina a um objecto. Estes dois tipos de atenção diferem entre si pela
intensidade, havendo logicamente maior intensidade na atenção
distributiva pela quantidade de objectos envolvidos no processo de
atenção.

Quais seriam as funções fundamentais da atenção e o que


a determina?
Uma das funções da atenção é o de identificação primária das
informações. Quer dizer, as informações (os estímulos) antes do seu
processamento são primeiramente identificados como imagens, palavras
ou acções mas sem nenhum significado. Só depois são armazenadas.
Depois da identificação das informações ocorre a selecção, isto é, das
diversas informações recebidas selecciona-se a desejada. Depois segue-se
o processo de activação o qual tem a ver com a concentração de energias
sobre o objecto desejado.

Por outro lado a atenção é determinada por factores internos (inerentes ao


indivíduo) e externos (alheios a este). A tabela 1 mostra alguns desses
factores.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 85

Tabela 1. Factores da atenção

Factores Internos Factores Externos

Sistema Sensorial Quantidade de informações

Capacidade de processar informações Stress social

Características da personalidade Complexidade dos estímulos

O sistema sensorial desempenha um papel essencial na apreensão dos


estímulos. A atenção seria influenciado portanto pela experiência do
indivíduo na maneira como este movimenta os seus olhos, posiciona o
seu ouvido para captar sons ou aproxima o estimulo junto ao nariz para
captar o cheiro do objecto.

Na percepção do conteúdo ou objecto novo certamente que vai reparar


que alguns dos seus alunos serão mais lentos ou terão dificuldades em
captar os estímulos deste. Enquanto que outros fá-lo-ão com muita
rapidez devido exactamente ao contacto prévio que tiveram com este
objecto. Isto significa que a sua experiência sensorial, isto é o contacto
que tiveram com este irá acelerar a captação rápida ou não do estímulo.

Os nossos órgãos dos sentidos são, vezes sem conta, bombardeados por
estímulos de diversa natureza que se encontram a nossa volta. Estes
estímulos são captados e processados pelos órgãos dos sentidos. Por
outros razões (biológicas ou outras) pode acontecer que o cérebro esteja
impedido de processar estas informações fazendo-o de uma forma mais
lenta. Mas por outro lado pode dever-se a quantidade de informações a
processar. Por exemplo, se na sua aula de quarenta e cinco minutos
planeia transmitir muitas informações isso poderá criar dificuldades aos
alunos para processar essas informações.

Outro aspecto importante a tomar em conta na atenção relaciona-se com


as características de personalidade de um indivíduo. Indivíduos
introvertidos conseguem aguentar por mais tempo em tarefas prolongadas
que os indivíduos extrovertidos. (Os conceitos de introversão e
extroversão são discutidos no capítulo sobre a personalidade).
86 Unidade IV

Os problemas sociais da família, amigos, etc., criam também


perturbações na atenção na medida em que um indivíduo estressado
devido a problemas de varia índole não iria de certeza poder prestar
atenção.

O que é a percepção
Você de certeza já reparou que uma criança recém nascida pode retribuir
um sorriso por um outro sorriso seu, seguir os objectos que cruzam o seu
campo visual, seguir até a chucha do biberão. Apesar de a criança ter essa
capacidade ainda não reconhece vários aspectos desse objecto. Não sabe
qual é a função da chucha nem do biberão. Depois de alguns meses esta
mesma criança será capaz de esboçar movimentos de sucção nos seus
lábios quando vir uma chucha. Isto significa que o bebé reconhece a
chucha ou mesmo o biberão como objectos. Reconhecerá também o seu
alimento quando este estiver colocado em diferentes recipientes.

Da mesma forma que reconhece o seu alimento, a chucha do biberão e o


próprio biberão vai também reconhecendo os rostos das pessoas mais
próximas e outros objectos que a circundam.

Contudo, não percebe o objecto como um todo mas sim determinadas


características de configuração, como por exemplo à ponta redonda da
chucha Identifica o objecto através de características que não são muito
importantes.

A pouco e pouco vai aprendendo a separar a apreensão do objecto, o


biberão por exemplo do leite que ela toma. Vai também gradualmente
apreendendo a situação que dá origem ao aparecimento do alimento, etc.

O exemplo dado anteriormente ilustra como o processo de percepção


decorre nos nossos órgãos dos sentidos. Contudo, olhando para este
exemplo pode-se ter a ilusão de que a percepção é um fenómeno simples.
Ele é muito complexo e pressupõe uma série de actividades cognitivas.
Um fenómeno que decorre ao seu redor pode se lhe atribuir vários
significados.

Suponhamos que está sentado no cinema a ver um filme ou está


apreciando uma paisagem pela primeira vez. Essa paisagem pode lhe
Psicologia Geral: Ensino à Distância 87

fazer lembrar uma série de episódios semelhantes. As montanhas podem


se parecer com outras figuras, os lugares podem fazer lembrar outros que
por ventura lá tenha passado. Desta paisagem ou deste filme pode-se
extrair uma série de ideias significativas. Quer dizer sempre que alguém
presta atenção sobre um objecto ou fenómeno facilmente pode encontrar
sentido nas informações captadas, associar essas informações às
experiências passadas e lembra-las mais tarde

A percepção é um fenómeno complexo através do qual se apreende


e se interpreta o mundo exterior como sendo ordenado em
totalidades. Os estímulos presentes bem como as experiências
anteriores são todos integrados e elaborados numa visão de
conjunto.

A percepção de um objecto depende pois de um lado também do nosso


estado de espírito isto é ela depende da nossa consciência. Ao contemplar
uma paisagem às vezes nos sentimos alegres ou tristes, lembramos de
situações que em algum momento nos deixaram nervosos; aí choramos.
ou nos lembramos de momentos bons que passamos com os nossos
amigos; aí ficamos alegres.

Outro aspecto importante no estudo da percepção é a memória. A


memória influi no processo perceptivo de diversas maneiras. Através dos
órgãos dos sentidos (visão, audição, tacto, paladar) nós recebemos
informações sobre o mundo exterior, os objectos e os fenómenos. Para
percebermos um determinado objecto ou fenómeno compara-lo
continuamente com um outro objecto semelhante. Comparamos as
características de cor, tamanho, cheiro, etc., com as do outro objecto que
por ventura o tenhamos conhecido. Para isso usamos a memória para
discernirmos estas características.

Depois de compararmos as características deste objecto com as de um


outro fazemos interpretações e avaliações comparando situações
anteriores com a presente. Este processo implica, portanto, o
processamento da informação.
88 Unidade IV

Significa que o processo de percepção desagua no processamento dos


dados que recebemos através dos órgãos dos sentidos. Para que os dados
sejam percebidos estes devem depois sofrer um teste em forma de
hipótese. No contexto geral há uma interpretação que se considera
razoável dos dados que recebemos pela via dos órgãos sensórias (órgãos
dos sentidos). Nesse processo desencadeia-se uma busca rápida e
automática da hipótese preceptiva correcta. Situações há em que ao
ouvirmos uma música distinguimos imediatamente o seu estilo. Contudo,
em certos casos podemos duvidar sobre o estilo da musica colocando
imediatamente como hipótese tratar-se de semba, ou marrabenta. À
medida que vamos escutando melhor colhemos mais informações sobre
ela a hipótese de que seja marrabenta ou semba poderá mudar. As
representações gráficas são as que podem ser interpretadas mais ou
menos da mesma maneira.

Por último é preciso salientar que a linguagem tem também uma


influencia no modo como percebemos os objectos. Através da linguagem
podemos moldar a nossa percepção indirectamente.

Memória

Linguagem Percepção Teste de hipótese

Processamento
Conciência

Quadro 2. As aptidões cognitivas que intervêm na percepção

A percepção como actividade cognitiva depende de outros factores


tais como: a consciência a linguagem, a memória e do
processamento da informação
Psicologia Geral: Ensino à Distância 89

Lição 5
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Descrever os tipos e factores da percepção

• Estabelecer e descrever a relação entre percepção e a atenção

Conceitos fundamentais; Sistema nervoso Central, Sistema Nervoso


Periférico

Tipos de percepção
A condição essencial para que a percepção ocorra é a existência de um
objecto exterior para ser captado. Se isso não ocorrer estamos perante
uma alucinação. De acordo com os objectos percebidos existem três tipos
de percepção.

b) Percepção real ou percepção do objecto físico. Por exemplo,


percepção de uma caneta, de um lápis, duma casa, etc.

c) Percepção pessoal ou percepção de uma pessoa. Por exemplo,


perceber o Carlos.

Percepção social ou percepção de grupos ou realidades sociais. Por


exemplo, percepção dos moçambicanos, percepção da igreja católica.

Apesar de haver esta classificação da percepção cada um destes tipos tem


os seus subtipos. Por exemplo a percepção pessoal pode dividir-se em
auto percepção ou percepção de si mesmo: “ A Joana percebe-se a si
mesma como esposa de António.

A heteropercepção é percepção que um indivíduo tem do outro. Por


exemplo, o aluno percebe que o Jorge é seu professor.

Auto-heteropercepção é a percepção que um indivíduo tem do outro


sobre si mesmo. É a percepção que o professor tem de como o aluno se
percebe a si mesmo.

Metapercepção é a percepção que o outro tem de mim. Por exemplo, os


alunos percebem o Jorge como seu professor
90 Unidade IV

Factores da percepção
A percepção depende de alguns factores. Tais factores podem estar
relacionados com as características do estimulo quer dizer do objecto a
ser percepcionado ou da constituição do receptor quer dizer a experiência,
os motivos, as expectativas da pessoa que percepciona.

Exemplo: você neste momento ouve sons, vê imagens de objectos, sente


cheiros, frio, calor, etc.

Esta percepção pode ser física resultante meramente de processos


fisiológicos ou psicológica resultante da sua interpretação.

Ante uma situação perceptiva, você estrutura o seu campo perceptivo de


acordo com certos princípios gerais e em conformidade com a sua própria
experiência.

Esses princípios podem ser: agrupamento, proximidade, semelhança,


continuidade, simetria. Em relação a este conceitos debruçar-nos-emos
mais adiante.

Exercício
1. Pare um pouco de ler. Levante-se e olhe ao seu redor? O que vê?

Descreva: as características dos objectos ao seu redor, as suas aparências e

Auto-avaliação como as percebe.

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2. Convida ao seu colega de estudo mais próximo para fazer a mesma


descrição e compare as duas descrições.

Anote resumidamente as diferenças e semelhanças das duas descrições


Psicologia Geral: Ensino à Distância 91

Comentários
Geralmente, as pessoas têm uma ideia sobre os outras, contudo essa
ideia nem sempre corresponde a verdade. Por exemplo, você pode
achar que o seu amigo é muito forte a julgar pelo tamanho do seu
corpo. Contudo, ele é fraco e pode mesmo sofrer de alguma doença
como o HIV/SIDA.

A relação atenção e percepção


Nesta lição irá aprender e discutir a relação que existe entre o processo de
atenção como aspecto importante e necessário para a produção da
percepção. Este aspecto prova mais uma vez que existe uma interligação
entre os processos psicológicos quanto a sua essência e que a separação
se apenas coloca sob ponto de vista metodológico.

O processo da atenção e sua influência na percepção


Durante o nosso estado de consciência, o estado em que normalmente
estamos acordados, deparamos com muitos estímulos que circundam e
excitam o nosso organismo. Contudo o homem nem sempre reage a todos
eles. Selecciona-os, atende uns e ignora outros. Esta pequena abertura em
que o indivíduo presta atenção para poucos fenómenos sensoriais é
designado de atenção.

Suponhamos por exemplo que alguém está numa festa dançando ao som
da música. Enquanto dança também fala ao seu companheiro ou repara
num outro par que se movimenta. Você é capaz ainda de reagir se alguém
pronuncia o seu nome mesmo que seja em voz muito baixa. Quer dizer a
atenção transfere-se facilmente para um novo foco

Figure 6 Figure 7
92 Unidade IV

Experiência
Olha momentaneamente para a figura 3. Você não sentirá nenhuma
dificuldade em percepcionar os três pontos aí representados. Agora olha
para a figura 3 na mesma proporção de tempo gasto na figura 2.

Certamente terá dificuldades em identificar o número de pontos nela


existente, a sua disposição. Para que isso aconteça terá de despender
mais tempo percorrendo as características da figura. Isso significa que
quanto maior for o numero de pontos a percepcionar você levará mais
tempo a faze-lo que em figura contendo menos pontos.

Dos resultados obtidos em algumas experiências tem-se notado que


quando se projectam conjunto de pontos de número igual ou inferior a
cinco regista-se cem por cento de respostas certas. Quando o número de
pontos projectados é de seis a sete começa-se se introduzir o erro e, a
possibilidade de obtenção de respostas certas decresce
vertiginosamente.

Quando o número de pontos atinge treze ou mais pontos é praticamente


impossível de avaliar. A capacidade de apreensão, a atenção portanto,
de pontos pode ser observado na figura abaixo.

Do resultado da experiência descrita acima pode-se concluir que,


basicamente, é impossível prestar-se atenção sobre todos os aspectos em
simultâneo. A nossa atenção apenas abarca alguns desses aspectos num
certo momento. Designamos pois de foco de atenção ao conjunto de
estímulos que são susceptíveis de serem percepcionados por serem
englobados, circunscritos e revelados pela nossa atenção.

Um dos problemas importantes no que diz respeito ao foco de atenção é


o da sua amplitude, isto é, do número de objectos que um individuo
pode percepcionar, excluindo contagens e mudanças de olhar. A
amplitude do foco da atenção depende da maior ou menor estruturação
dos estímulos percepcionados. Por exemplo na figura 8 para melhorar a
organização dos pontos estes estão ligados entre si através de traços.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 93

Foco de atenção é o conjunto de


estímulos que são susceptíveis
de serem percepcionados por
serem englobados, circunscritos
e revelados pela nossa

Sumário
A atenção e a percepção ligam-se entre si portanto, porque um objecto a
ser percepcionado requer uma concentração sobre o mesmo dependo das
suas características. Quando focalizamos a nossa atenção apreendemos
simultaneamente todas as características do objecto abarcando todos os
elementos nele existentes e que são essenciais para percepcionar o
objecto. Os exemplos descritos acima parecem sugerir que o processo de
percepção será dificultado pelo aumento de características ou pontos a
captar num determinado objecto, aumentando ou diminuindo a
capacidade de percepção deste pelo indivíduo. Este exemplo explica até
certo ponto que a penúria de energias no processo de atenção afecta
directamente a percepção. Numa aula, por exemplo, requer-se que todos
os alunos prestem a atenção para que sejam capazes de aprender a
percepcionar o conteúdo em causa. Assume-se também que conteúdos
complexos poderiam dificultar a percepção dos alunos dado que seria
necessário uma capacidade de apreensão maior de todos os elementos
constituintes do objecto.
94 Unidade IV

Exercícios

Actividade 2

Depois de conhecer os diferentes tipos de percepção já é altura de


Auto-avaliação fornecer alguns exemplos sobre eles.

Descreve a percepção que os alunos têm sobre si, isto é, o que você pensa
que os alunos pensam de si

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Psicologia Geral: Ensino à Distância 95

Lição 6
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Descrever a relação entre a sensação e percepção

• Descrever o fundamento fisiológico da percepção

Conceitos fundamentais; Órgãos sensoriais

A relação entre a percepção e a


sensação
Alguns autores quando abordam a questão da percepção fá-lo em
conjunto com a sensação. Outros estudam-na separadamente. Na
realidade seria inconcebível separar estes dois fenómenos porque a
ocorrência de um depende da ocorrência de outro. Neste caso, ao
falarmos da percepção devemos evocar muitos aspectos ligados à
sensação entre os quais as características fisiológicas que desencadeiam o
processo da percepção.

Neste tema, abordaremos as características fisiológicas dos órgãos


sensórias para fundamentar como o processo da percepção se
desencadeia. Aconselhamos pois que faça uma ligação entre o que
aprendeu na unidade sobre o sistema nervoso e esta unidade. Vamos nos
debruçar também sobre o conceito das sensações.

O fundamento fisiológico da
percepção
A percepção tem como base os sistemas sensoriais e o próprio cérebro.
Isto é, captamos as características dos objectos através dos nossos órgãos
dos sentidos.
96 Unidade IV

Através da visão identificamos a cor, a luz. Através do olfacto sentimos o


cheiro, da audição ouvimos o som e do tacto apercebemo-nos da
superfície rugosa ou lisa desse mesmo objecto. Os sistemas sensoriais são
os detentores das informações e transformam-na (ou fazem a transdução)
em impulsos nervosos.

A informação é depois processada e enviada para o cérebro através de


fibras nervosas (os nervos aferentes e eferentes). É o cérebro que
desempenha o papel mais importante do processamento da informação.
Para que a percepção ocorra devem se observar quatro operações a saber:
detecção, transdução (conversão da energia de uma forma para outra),
transmissão e processamento da informação. A figura reporta as quatro
operações necessárias para uma percepção.

Percepçã o

Detecção Transduçã o Transmissã o

Figura 1. As operações de uma percepção


Psicologia Geral: Ensino à Distância 97

Os sistemas sensoriais e sua


influencia na percepção
No capitulo destinado ao sistema nervoso debruçamo-nos em relação ao
mecanismo da captação do estimulo nervoso até chegar a ser
descodificado nos centros nervosos. Com isso podemos concluir que o
organismo humano possui um conjunto de sistemas especiais que lhe
permitem captar a informação (órgãos sensoriais), envia-la ao cérebro
através dos neurónios e descodifica-la (através dos centros nervosos
localizados no cérebro) para depois a resposta ser reenviada novamente a
qual aparecerá em forma de comportamento. É pois dos órgãos dos
sentidos também denominados de órgãos sensoriais que nos vamos
debruçar um pouco.

Ao falar dos órgãos sensoriais falamos concrectamente dos órgãos dos


sentidos. Certamente, deve saber que entre os onze sentidos humanos
catalogados pelos cientistas, de entre eles vista, audição, tacto, pressão
profunda, calor, dor, paladar, olfacto, sentido vestibular, e sentido
sinestésico cinco são do seu maior domínio: a visão, a audição, o paladar
e o olfacto. O tacto é composto de sistemas dérmicos em número de cinco
separados entre si. São eles o contacto físico, pressão profunda, calor, frio
e dor.

Estes sistemas são também conhecidos por somato-sensoriais que se


designa aqueles sistemas que nos dão informações sobre as características
dos objectos quando estes entram em contacto com a superfície do nosso
corpo. As células especializadas que reagem a essas sensações
encontram-se espalhadas em quase, senão mesmo em todo o nosso
organismo. A córnea do olho é uma das partes do sentido da visão que
não possui as mencionadas células especializadas do tipo somato-
sensorial. Contudo, têm capacidade de registar sensações tácteis, de
temperatura e dor.

O ser humano serve-se não só destas células especializadas para discernir


as características dos objectos como também usa outros dois sentidos
importantes para reconhecer as diversas sensações tácteis. Tais são: o
sentido sinestésico e o sentido vestibular. Imaginemos por exemplo que
98 Unidade IV

você empreende um deslocamento do seu corpo para qualquer sentido (


para frente, para trás, para esquerda, para direita ou para cima).

Neste movimento entra em acção vários grupos musculares. Isto é, você


contrai um certo número de músculos e descontrai outro. Move as
articulações do joelho, da coxa, do cotovelo, enfim para que o seu corpo
se desloque quer dizer se mantenha em equilíbrio dinâmico. O sistema
cinestésico informa-nos do posicionamento relativo das partes do nosso
corpo durante o movimento e depende dos receptores dos músculos, dos
tendões e articulações.

Experiência
Pegue numa cebola descasque-a e comece a corta-la em pequenos
pedaços. O que sente? Certamente que os teus olhos começarão a
lacrimejar. Os pedaços de cebola não precisaram entrar em contacto
directo com a córnea do olho. Mesmo assim foi capaz de registar a
sensação de dor produzida pelo acido contido na cebola
Psicologia Geral: Ensino à Distância 99

Lição 7
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Indicar as partes constituintes de um olho humano

• Descrever o fundamento fisiológico da percepção visual

Conceitos fundamentais; retina, bastonetes e cornea

Como as informações sobre o meio são processadas?


O caso da visão

O sistema visual é o que nos permite colher um grande volume de


informações sobre o meio que nos rodeia por isso pose-se considerar a
visão como o meio mais dominante dos órgãos sensoriais. O órgão
fundamental do sistema visual é o olho. A actividade deste órgão
assemelha-se a uma câmara de fotografia.

Constituição anatómica do olho


Repare na figura abaixo. É fácil notar que o olho pode-se representar
como uma câmara escura com uma abertura na parte da frente. Essa
abertura é designada de pupila. É através desta que a luz penetra no olho.
Se a luz for forte esta diminui de tamanho isto é afina-se enquanto que se
for fraca tende a aumentar de tamanho para admitir a entrada no máximo
da luz.

Experiência

Tente perceber os objectos numa luz florescente forte. Diminua depois a


intensidade da luz. Não lhe parece que tentou abrir mais os olhos para
perceber o que lhe circunda. É pois neste processo que a pupila aumenta
do seu tamanho.

Outra constatação comum pode ser encontrada nos gatos. Tente olhar
para a pupila de um gato durante o dia. O que pode notar? A pupila
100 Unidade IV

tomou a forma de uma pequena tira. Tente à noite e com ajuda de uma
lanterna focalizar sobre os olhos do gato. O que pode notar? De certeza
que notou que a pupila aumentou de tamanho devido a ausência da luz.
Com esta experiência podemos chegar à conclusão de que a pupila
aumenta quando a luz for fraca e diminui quando esta for muito intensa.

A íris é um pequeno disco colorido que circunda a pupila cuja função é


controlar o tamanho desta. Você de certeza deve ter notado que em
algumas pessoas a cor da íris é castanha, negra, e em algumas raças como
em indivíduos de raça branca principalmente os loiros a íris pode ser de
cor azul ou mesmo verde. Também existem indivíduos de raça negra que
possuem olhos azuis ou verdes.

O olho também possui uma membrana chamada córnea que cobre a parte
visível deste. A córnea protege o olho e tem a função de ajudar a focalizar
os eventos do campo visual. Estes eventos são depois orientados em
direcção à retina que constitui a superfície posterior do olho.

Outra componente não menos importante do olho é a lente. Esta


componente tem como sua principal função participar na focalização das
imagens visuais na retina. A retina pode tomar formas diferentes. Por
exemplo torna-se espessa para uma visão de perto e quando se trata de
uma visão de longe ou em repouso ela fica delgada ou chata.

Esclera Retina

Nervo
Aquoso Óptico

Vitreo
Cristalino

Íris

Corpo Ciliar

Coroide

http://chost.sites.uol.com.br/Principal/teste_de_daltonismo.html
Psicologia Geral: Ensino à Distância 101

Quanto mais velha a pessoa for a lente também perde a elasticidade


tornando-se difícil de focalizar os objectos mais próximos. Você tem
notado que pessoas mais velhas quando estão lendo um livro
normalmente afastam-no dos olhos porque não conseguem discernir as
letras de perto devido à fraca elasticidade da própria lente. Precisam
então de usar óculos para lhes ajudar a perceber as características das
letras.

A retina é uma substancia composta de varias camadas de células que


incluem bastões, cones e neurónios sensoriais. Dependendo da forma
como as ondas luminosas se movem, elas são focalizadas na retina
invertidas da direita para esquerda e de cabeça para baixo. Os bastões e
cones constituem receptores que reagem à penetração da luz visível. Os
bastões e cones transmitem os impulsos nervosos para os neurónios
sensoriais da retina sempre que haja raios de luz suficientemente intensos.
Os axônios desses neurónios sensórias formam um feixe que permite por
sua vez a formação de um nervo óptico ligando o olho aos diferentes
centros do cérebro. Sabe-se que cada olho contém aproximadamente 120
milhões de bastões e cerca de sete milhões de cones.

Os cones e bastonetes são receptores de luz que se localizam na camada


interna da retina e que permitem a passagem desta . O nome de cones e
bastonetes foi lhes atribuído devido a sua forma. Os bastonetes são
alongados e os cones são mais curtos e grossos. Os cones são receptores
visuais especializados que representam um importante papel na visão
diurna e na visão em cores (Weyten, 2002). Eles permitem que o
indivíduo seja capaz de ver durante o dia e distinguir as cores dos
objectos. Contudo os cones não respondem bem à luz fraca. Os cones
concentram-se fundamentalmente no centro da retina declinando
rapidamente a sua densidade em direcção a preferia desta. No centro da
retina existe um pequeno ponto chamado de fóvea. É sobre este ponto que
a acuidade visual (capacidade de distinguir as características dos objectos
através da visão) se concentra. Quando em certa altura o indivíduo quer
distintamente ver uma coisa move os olhos centralizando a fóvea sobre o
objecto da visão. Este truque é usado pelos astrónomos para ver os astros
menos iluminados. Por exemplo uma estrela apagada (ou um outro
objecto que esteja pouco iluminado), que não se possa ver quando se olha
102 Unidade IV

directamente, poder-se-ia ver a mesma estrela ou objecto olhando-a


ligeiramente de lado, quer dizer, focalizando-a sobre os bastões mais
sensíveis.

Os bastonetes são receptores visuais especializados que representam um


papel importante na visão nocturna e na visão periférica (Weyne, 2002).
Quando a luz é bastante forte nós não conseguimos ver precisamente
porque essa capacidade é ofuscada pelos bastonetes. A escuridão tem
uma característica peculiar de falta de luz. Os bastonetes são pois mais
sensíveis à falta de luz do que os cones. Por serem mais numerosos que
os cones eles lidam mais com a visão periférica. A sua densidade é maior
do lado do foco da fóvea e diminuem gradualmente em direcção a
periferia da retina. Por causa desta distribuição dos bastonetes se o
indivíduo pretende olhar par um objecto que não está bem iluminado,
deve olha-lo um pouco acima ou um pouco abaixo do local onde esse
mesmo objecto deveria estar.

Os movimentos do olho na altura da percepção e o


processamento da informação.
Quando o olho tenta captar o objecto da atenção fá-lo emitindo pequenos
tremores, rápidos e involuntários designados de nistagmos. A órbita
também se movimenta de uma posição para outra cujos movimentos são
designados de sacádicos. Os movimentos incessantes do olho permitem a
formação duma imagem na retina aproximadamente três a cinco vezes
cada segundo. Os movimentos possibilitam a retina caracterizar
amplamente o objecto de modo a que possamos nitidamente os seus
detalhes. Os movimentos executados pelo olho são involuntários, quer
dizer ocorrem fora da nossa consciência. Por isso a impressão que nos
temos às vezes é de que olhamos fixamente o objecto sem contudo
movimentar os olhos. Apenas os movimentos mais salientes é que são
percebidos.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 103

Experiência
Tente você mesmo olhar um objecto relativamente maior e de perto. O
que sente. Deve ter sentido que seus olhos se movimenta para todos os
cantos do objecto. Tente agora se afastar ou olhar para um objecto
mais pequeno. De certeza que não notará que seus olhos se
movimentam rapidamente.

Os movimentos incessantes do olho permitem a formação de uma


imagem na retina e caracterizar nitidamente o objecto de modo a
que os seus detalhes sejam percebidos

Um dos aspectos importantes na percepção visual não só, é facto de


incluir tanto o armazenamento como o processamento da informação que
é sucessivamente recebida pela retina.

Deve-se lembrar dos capítulos anteriores que a função dos neurónios é de


transduzir a energia levando e trazendo imagens ao cérebro. No caso dos
neurónios da retina eles processam a informação sobre a cor do objecto,
sua forma, detalhe contorno e movimento dependendo do animal. O que
quer dizer que certos animais não processam determinado tipo de
informação.

Alguns cientistas tentaram através de experiências demonstrar que a rã


processava informação limitada. Davidoff (1980) cita experiências feitas
com rãs por uma equipa do Instituto de Tecnologia de Massachussets
dirigida por Jeronme Lettvin no final da década de 50, no século passado.

Foram apresentadas vários estímulos visuais tais como linhas, pontos e


xadrez a rãs imobilizadas. Através de eléctrodos inseridos nos nervos
ópticos das rãs mediram o que o cérebro destas lhes dizia. A que
conclusões chegaram estes cientistas? As células da retina da rã parecem
104 Unidade IV

detectar apenas cinco informações distintas por mais complexo que seja o
evento.

Estas informações são encaminhadas pelas fibras do nervo óptico ao


principal nervo visual da rã conhecido por tectum. Por outro lado os
chamados de detectores da extremidade apenas reagem à fronteira entre
as regiões das extremidades claras e escuras. Pensa-se que estas são úteis
para determinar os contornos dos objectos ao redor da rã.

Os detectores de extremidade móvel captam informações sobre o


movimento das fronteiras e os de escurecimento fazem o registo da
obscuridade que ocorrem quando descem sombras sobre o campo visual
da rã. Os detectores escuros reagem as mudanças graduais de intensidade
da luz. Quanto mais escuro mais as fibras se tornam activas. Os
detectores de extremidade convexa e móvel reagem quando uma fronteira
escura e curva se movimentam e permitem a que a rã capture insectos
voadores.

Em jeito de resumo pode-se dizer que o olho da rã esta programado desde


a sua nascença a detectar e analisar a informação que é recebida ao seu
redor e extrair depois a informação necessária para a sua sobrevivência.
Essa informação é enviada ao cérebro onde depois é processada. A
semelhança da rã os pombos detectam também um numero limitado de
informações. A limitação da informação bombeada para o cérebro
afigura-se muito importante porque impede a que o cérebro seja inundado
de dados e concentra o organismo apenas nos estímulos necessários para
a sua sobrevivência.

A limitação da informação bombeada para o cérebro afigura-se


muito importante porque impede a que o cérebro seja inundado de
dados e concentra o organismo apenas nos estímulos necessários
para a sua sobrevivência.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 105

Lição 8
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Indicar e descrever o processo da percepção dos objectos

Conceitos fundamentais; figura fundo, agrupamento, constância

O processo da informação no
cérebro
Estudos realizados por vários cientistas tem mostrado que diferentemente
nos animais inferiores nos animais superiores a maior parte da
informação captada pela via dos órgãos dos sentidos é processada em
diferentes regiões do córtex cerebral. Durante vários anos fisiologistas
estudaram a reacção dos diferentes estímulos visuais básicos em
experiências realizadas com os animais tais como gatos e macacos.
Inseriram em certas células corticais eléctrodos e fizeram o registo das
respostas.

Descobriram nestes animais (gatos e macacos) a existência de três tipos


diferentes de células corticais visuais dentro dos lóbulos occipitais. As
chamadas células simples cuja a função é responder a um tipo de linha
tais como risco de luz ou extremidade, numa determinada direcção que
pode ser vertical ou obliqua. Este tipo de linha move-se lentamente
através de uma dada região (campo perceptivo) da retina.

Outro tipo de células existentes nos lóbulos occipitais são as chamadas


células complexas. O seu modo de operação é semelhante ao das células
simples. A diferença entre elas é que estas – as complexas- detectam
estímulos de movimentos rápidos e o seu campo perceptivo é mais
amplo.

O terceiro tipo de células corticais visuais detectoras são as chamadas


células hipercomplexas que reagem aos estímulos muito curtos bem como
a ângulos (cantos). Pensa-se que estes neurónios processam a informação
a partir de células complexas.
106 Unidade IV

Existe uma concordância entre os cientistas de que os córtices dos


diferentes mamíferos são organizados da mesma forma que os córtices de
outro tipo de animais. O córtex cerebral parece ser composto de células
dispostas em forma de coluna vertical como de uma colmeia se tratasse.

As células que pertencem a uma certa coluna têm a função de processar a


informação de um certo sentido especifico bem como de uma área
particular do corpo. A maior parte das colunas dos lobos occipitais do
córtex lidam com informação visual. As células simples, complexas e
hipercomplexas de uma única coluna encarregam-se de uma região
restrita da retina.

Cada célula da coluna tem especificamente a função de detectar um


determinado estimulo numa dada orientação e move-se a uma certa
velocidade. As colunas verticais de células de outras regiões corticais
trabalham do mesmo modo com outros tipos de informação sensorial.
Cada coluna tem suas linhas de comunicação de entrada e de saída.
Entretanto todas se entrelaçam entre si e com outras regiões do cérebro.

O córtex também possui neurónios específicos e especializados cuja


função é detectar um certo tipo de informação visual mais complicada.
Por exemplo, numa experiência com gatos foi detectado que estes
possuíam no córtex células que detonavam depois da realização de um
determinado numero de eventos específicos e outros que reagiam a
experiências pouco conhecidas. Numa outra experiência com macacos foi
descoberta a existência de neurónios que reagem com todo o vigor a
factores específicos e complexos, tais como uma mão.

Na opinião de alguns cientistas existem duas classes de células corticais


especializados em análise de dados visuais. Os detectores de
características universais. Como exemplo encontramos as células
simples as complexas e as hipercomplexas.

Estes detectores extraem os elementos separados da informação incluindo


o tempo, o espaço, a orientação, a direcção do movimento e a cor de um
estimulo qualquer. Neurónios desta natureza podem ser encontrados em
qualquer tipo de animal.

Depois temos os detectores de características espécie-especificos como


por exemplo os detectores das mãos dos macacos. Estes detectores
Psicologia Geral: Ensino à Distância 107

analisam as imagens através da procura de informações crucialmente


importantes ou que se encontram freqüentemente. Essas células parecem
especificas para cada grupo de animal.

No entanto, é muito difícil estudar o sistema visual humano porque não se


pode introduzir nela os eléctrodos pois estes podem causar danos ao
sistema. Ao invés disso os psicólogos imaginaram tarefas muito
complexas para determinar como o cérebro humano pode responder à
estimulação visual.

Os resultados apoiam a ideia de que os seres humanos possuem


detectores corticais para informações sobre orientação, intensidade,
movimentos e provavelmente a cor.

As celulas especificas em todo o cortex alternam seus padroes de


detonacao cada vez que o lhar traz novas imagens. Estas representacoes
são de certo modo armazenadas e depois integradas com outras
informacoes recebidas de outros sistemas sensoriais e imediatamente
comparadas com lembrancas de experiencias anteriores. Estes processos
constituem o fundamento da capacidade de um individuo extrair
informacao visual sobre si e sobre o meio que o rodeia.

Organizacao da percepcao visual


No tema anterior debrucamo-nos sobre a parte fisiologica do sistema
visual. Falamos precisamente da constituicao anatomica do olho e da
108 Unidade IV

funcao de cada um dos elementos que o constituem. Continuando, ainda


no processo da percepcao visual debrucar-nos-emos sobre como a
percepcao se organiza e quais as estrategias que o ser humano usa para
interpretar a informacao visual de objectos.

Os nossos olhos captam várias imagens simultaneamente. Algumas


dessas imagens não nos apercebemos delas. O processo é tao rapido e
automatico que algumas vezes incosciente dele. Aprenderemos neste
capitulo algumas das regras que se aplicam aos aparelhos perceptivos.
Essas regras podem também serem aplicados a outros aparelhos
perceptivos.

A Percepçao dos objectos


Para o processamento da informacao o homem utiliza diversas
estrategias. Entre essas estrategias figuram:

• A constancia

• A figura-fundo e

• Agrupamento

Experiência 1
Coloca um objecto na mesa (um relogio, um copo, um prato, etc). Olhe
fixadamente para ele. Afaste-se dele colocando-se a uma distancia de
dois metros ou mais. Agora diminua a intensidade da luz que incide
sobre o objecto. O que verificas?

De certeza terá notado que olhando o objecto de perto ou de longe ou


mesmo com luz menos intensa ele continua a manter a mesma forma
(cilindrica se for um copo, circular se for um prato). Quer dizer o
objecto não mudou de forma continua com a forma constante.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 109

De certeza terá notado que olhando o objecto de perto ou de longe ou


mesmo com luz menos intensa ele continua a manter a mesma forma
(cilindrica se for um copo, circular se for um prato). Quer dizer o objecto
não mudou de forma continua com a forma constante.

Em termos gerais constância significa a maneira com que os objectos


olhados de diferentes angulos, de varias distancias ou sob condicoes
diferentes de iluminacao, continuam sendo percebidos como tendo a
mesma forma, tamanho e cor. Se não houvesse constância na nossa
percepção, os objectos mudariam de forma, tamanho e cor
constantemente. A constância permite a que o mundo perceptivo do
individuo seja estável.

Figura-fundo

Se olhares atentamente em letras negras escritas sobre uma folha branca


notará que estas se destacam mais do que a propria cor branca ou um
quadro pendurado sobre uma parede. Isso acontece frequentemente em
placardes publicitários. O que vemos mais são as letras nelas estampadas
mais do que no proprio fundo do cartaz.

Se olhamos ao nosso redor vemos objectos que se colocam contra um


fundo. O objecto da atencao pode simultaneamente ser visto como um
fundo ou como figura dependendo da forma como o individuo dirige a
sua atenção. Esta reversibilidade é mais nítida quando olhamos para a
figura de Escher. Olhando atentamente para a figura nos parece de certo
modo a flutuar.

Por vezes a parte branca toma o lugar de figura de destaque e outras


alterna-se com a parte preta passando esta a ser figura principal e a branca
o fundo. É de destacar que enquanto os nossos sentidos e o cérebro
estiverem a operar normalmente, esta reversao não acontece. Isto, é o
mesmo estímulo não pode ser visto como fundo e figura ao mesmo
tempo.
110 Unidade IV

A reversao das figuras é um fenómeno que ocorre espontaneamente e


praticamente dificil de controlar. Embora haja essa reversao não significa
que a interpretacao das duas figuras ocorra simultaneamente. Aparece
uma de cada vez.

Enquanto de um modo geral vemos figuras a emergirem do fundo, já


quando se trata de cenas distantes ou objectos camuflados a sua
interpretacao não é imediata. A questao de figura-fundo é muito essencial
para para que o individuo tenha percepcao dos objectos. O facto é que um
objecto só pode ser percebido se estiver separado do seu fundo. Esta regra
é tida como inata.

Agrupamento

A maneira como agrupamos os elementos de informação visual obedece


certos princípios tais como:

A semelhança, proximidade, simetria, continuidade, e o fechamento.

Semelhança – os elementos objectos da nossa percepcao que tenham cor,


forma ou textura são agrupados em mesma categoria. Veja as figuras
abaixo. A primeira figura embora seja composta por quarenta e nove
quadradinhos iguais não apercebemo-la como sendo composta de
quarenta e nove quadradinhos escuros mas sim composta de fileiras de
quadradinhos. O mesmo acontece com a figura ao lado.Percebemo-la
como sendo composta de fileiras de quadradinhos e rectangulos mais do
que de quarenta e nove quadradinhos e rectâcngulos.

Proximidade – os elementos visuais proximos entre si são percebidos


como pertencendo à mesma categoria. Repare nas figuras abaixo. A nossa
Psicologia Geral: Ensino à Distância 111

percepcao leva-nos a organizar a primeira figura à esquerda em colunas, a


da direita em fileiras e a de baixo em diagonais.

Figura. Formas de agrupamento (fonte Davidoff pagina 226)

Olhe atentamente para as figuras acima e descreva o que pela primeira


vez lhe pareceu ser. Descreva a sua percepcao final sobre cada uma das
figuras.
Actividade

Percepção de Profundidade e
distância
Continuando a falar da percepção, agora vamos discutir um pouco sobre
com o processo da percepção humana se realiza. Se prestar muita atenção
aos objectos que são focos da sua atenção notará que as imagens são
registadas na retina em duas dimensões fundamentais. A dimensão
esquerda-direita e a dimensão em cima- em baixo. Isto quer dizer que ao
apreciarmos o objecto que constitui o nosso foco de atenção os nossos
olhos percorrem-no nestas direcções e as imagens captadas ficam
registadas na retina nestas duas dimensões.

Para entendermos como se realiza o processo de percepção de


profundidade e distância vamos recorrer ao que chamamos de indicadores
de fisiológicos, indicadores de movimento e os indicadores de imagens
(indicadores pictóricos).
112 Unidade IV

Indicadores de profundidade

É do seu domínio de que os mamíferos incluindo o ser humano possuem


dois olhos e a percepção da profundidade depende do funcionamento dos
dois. Se você estiver a caminhar ou a viajar de autocarro olhando em
linha recta para a estrada o que lhe parece? De certeza à medida que vai
andando parece que a estrada vai se afunilando, tornando-se menos larga.
Este fenómeno, é causado pelo facto de que cada um dos nossos olhos (a
retina) regista uma imagem um pouco diferente e quando os olhos se
fixam num objecto eles se viram um para o outro criando uma
convergência. É esta convergência que cria a imagem de profundidade.

Quando estamos em movimento, as imagens do nosso campo visual


mudam sempre. De certeza que já reparou que quando estiver a viajar de
carro os objectos parecem estar a deslocar-se uma grande velocidade
alguns deles. Aqueles que estão próximos parecem ser mais velozes
enquanto que os distantes se deslocam mais devagar. Esta indicação da
distância é conhecida como paralaxe do movimento. Este fenómeno
ocorre quando alguém se desloca de um veículo.

Exercícios
1. Quais destas afirmações sobre a sensação e percepção é verdadeira?

a) A sensação lida com os objectos, lugares e eventos, enquanto que

Auto-avaliação a percepção lida com categorias, tais como qualidade e


intensidade.

b) A sensação não prorporciona uma visão da realidade como se


fosse um reflexo no espelho, enquanto a percepção sim.

c) A sensação implica trazer informação, enquanto a percepção


supõe a organização e a interpretação dos dados.

d) A sensação exige a percepção enquanto a percepção não exige a


sensação.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 113

2. Em que situação os bastões sozinhos têm maior probabilidade de


funcionar activamente?

a) Ler caracteres muito minúsculos de um questionário

b) Conduzir um automóvel no dia de muito sol

c) Caminhar no campo numa noite de luar

d) Ver televisão a cores num quarto escuro

3. Você percebe que um objecto, uma caixa tem a mesma forma


independentemente do ângulo do qual a caixa é olhada. Qual o principio
da organização da percepção que esse fenómeno ilustra?

a) Constância

b) Continuidade

c) Agrupamento

d) Similaridade

4. Anatomia do olho

Combine cada parte do olho com a única característica que se aplica a ela

1 1. Cone a) Região da retina que contém cones densamente compactos

2 Córnea b) Abertura através da qual passa a luz

3 Fóvea c) Controla o tamanho da pupila

4 Íris d) Camada transparente que protege o olho

5 Lente e) Participa na acomodação; perde elasticidade com a idade

6 Pupila f) Receptor primário de cor e detalhe

7 Retina g) Superfície posterior interna do olho sobre a qual são


projectadas as imagens

8 Bastão h) Receptor primário para luminosidade fraca


114 Unidade IV

Teste a sua própria visão

Teste de daltonismo

Consegue identificar os números embutidos em cada círculo.

• Definir o conceito de memória;

• Saber a importância da memória para a vida dos homens, e seus


Objectivos tipos;

• Caracterizar os processo fundamentais da memória;

• Distinguir os vários tipos de memória.

Para a compreensão desta unidade você precisará de saber os seguintes


conceitos:

Memória, reconhecimento, fixação, recordação e esquecimento.


Terminologia

Conhecimentos prévios
Para assegurar a compreensão deste capítulo é necessário recorrer à
conhecimentos sobre os órgãos dos sentidos, seu funcionamento,
estrutura e função.

A partir de agora tudo depende de si, quer usar essa informação para
melhorar a qualidade do seu trabalho na sua escola? Certamente que sim;
Então siga em frente estudando as unidades seguintes.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 115

Pensamento e linguagem
Introdução
A vida do homem traz tarefas e problemas que levam com que ele
descubra novos processos, propriedades e correlações entre ele e os
objectos. O homem enfrenta problemas, dificuldades e imprevistos o que
significa que a realidade que nos cerca tem muito de desconhecido,
incompreensível, imprevisto e oculto, logo é necessário a cognição
profunda do mundo, é preciso descobrir novos processos para a resolução
dos vários obstáculos. Na resolução destes obstáculos o pensamento é
indispensável , pois, na vida , nas actividades o indivíduo depara sempre
com novas propriedades e desconhecidos objectos. O pensamento está
sempre orientado para as necessidades do desconhecido e do novo. Ao
pensar, qualquer pessoa descobre por si algo novo e desconhecido do
universo que é infinito.

Nota! O pensamento está sempre orientado para as necessidades do


desconhecido, do essencialmente novo e resolução de problemas.
116 UNIDADE V
Psicologia Geral: Ensino à Distância 117

UNIDADE V

Pensamento e linguagem

Definir os conceitos de pensamento e linguagem;

Saber a importância do pensamento e linguagem para a vida dos homens,


Objectivos e seus tipos;

Caracterizar o pensamento e linguagem;

Explicar as propriedades do pensamento e da linguagem;

Explicar as relações entre o pensamento e linguagem;

Explicar as propriedades do pensamento e linguagem;

Descrever os passos de resolução de problemas.

O conhecimento dos seguintes conceitos ajudar-lhe-á a compreender


melhor o pensamento e a linguagem:

Pensamento, linguagem, situação problemática.


Terminologia

Conhecimentos prévios
Para assegurar a compreensão deste capítulo é necessário recorrer à
conhecimentos sobre os órgãos dos sentidos, seu funcionamento, estrutura e
função; Linguística.

O seu primeiro passo: examinar a seguinte lista de conteúdos para seleccionar


aqueles que prefere estudar. No início desta unidade há uma introdução e um
conjunto de actividades de aprendizagem, o que facilita uma apreciação rápida
do valor que a unidade tem para si.
118 UNIDADE V

Para o estudo desta secção que agora esta lendo você vai precisará de 2h
e 30min e é constituída essencialmente por:

• Introdução;

• Conceitos de pensamento e linguagem;

• Elementos e propriedades de pensamento e linguagem;

• Elementos de pensamento;

• Propriedades de pensamento;

• Propriedades de linguagem;

• Tipos de pensamento;

• Pensamento e resolução de problemas;

• Interacção pensamento e linguagem.


Psicologia Geral: Ensino à Distância 119

Lição 1
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Definir o conceito de pensamento

• Descrever os elementos do pensamento

Conceitos fundamentais; Imagem, acção, representação.

Conceito de pensamento
Nesta lição abordaremos alguns aspectos a respeito do desenvolvimento
do pensamento e da linguagem. Esta matéria encontra-se aprofundado na
disciplina de psicologia de aprendizagem.

Pensamento
Quando se fala de pensamento o que lhe ocorre imediatamente? Imagens?
Palavras? Sons? O que é exactamente?

Muita das vezes pronunciamos expressões tais como este aluno pensa
bem para nos referirmos ao modo como explica um determinado assunto
ou a forma como ordena as suas actividades.

Naturalmente é difícil determinar exactamente se as pessoas pensam em


palavras ou imagens. Contudo resultados de estudos conduzidos por
psicólogos tem demonstrado que o desfile das imagens na mente das
pessoas parece a forma mais habitual de pensar de muitas pessoas.
Estudos recentes na área de psicologia parece também confirmar o facto
de que o pensamento das pessoas ocorre em forma de imagens mentais.

Pense ,por exemplo, numa viagem. Como é que você vê a viagem? Com
palavras? Certamente estará imaginando um guiché onde se compra o
bilhete, o autocarro que vai apanhar e até as imagens do local aonde vai
mesmo que não conheça esse local.
120 UNIDADE V

Experiências recentes corroboram com a ideia de que as pessoas ao


pensarem utilizam mais quadros mentais que as descrições verbais. Isto
quer dizer que, não pensamos geralmente em palavras embora isso
aconteça, mas sim através de imagens que desfilam no nosso cérebro.

Os psicólogos parecem concordar em que no processo do pensamento


desfilam diferentes tipos de imagens visuais, auditivas, tácteis, gustativas
que acompanham o processo.

O pensamento é muitas vezes caracterizada como uma fala interior. O


indivíduo fala consigo mesmo mas não duma forma coerente. As frases
são incompletas sem as vezes nenhum sentido gramatical. Experiências
realizadas confirmam a ideia de que as pessoas falam consigo mesmas
enquanto pensam.

Como se desenvolve o pensamento lógico?

Algumas correntes advogam que o pensamento é condicionado


socialmente e está estritamente ligada a linguagem. Entende-se por
linguagem a forma de exteriorização do pensamento.

A abordagem de Vigotsky sobre o pensamento baseia-se na teoria


marxista na qual refere que as mudanças históricas na sociedade e a vida
material produzem mudanças na natureza humana. Este teórico vê o
desenvolvimento do pensamento (desenvolvimento cognitivo) como
condicionado pelas relações sociais.

Para Vygostsky não é possível separar o desenvolvimento do contexto


social e o pensamento é afectado pela cultura onde o indivíduo se
encontra inserido. Neste processo a linguagem assume um papel
importante no desenvolvimento das capacidades cognitivas da criança.
Cada criança possui o seu próprio desenvolvimento havendo diferenças
entre uma criança e outra.

Um outro psicólogo bem conhecido que se dedicou sobre o


desenvolvimento do pensamento, o desenvolvimento cognitivo portanto,
foi PIAGET. Na sua óptica considerava o desenvolvimento do
pensamento como sendo condicionado pela maturação biológica e que as
Psicologia Geral: Ensino à Distância 121

mudanças que possam ocorrer no pensamento da criança são apenas


mudanças qualitativas e não quantitativas.

Para determinar o desenvolvimento da criança Piaget usava diversos


métodos os quais penso que você também usa com as suas crianças, seja
com os seus alunos ou seus filho. Piaget usava as seguintes perguntas : “
De onde vem o vento”? “ O que faz você sonhar”. Para além deste
método usava o de observação das actividades do indivíduo (da criança).
Piaget observou como as crianças lidam com os conceitos de número,
espaço, velocidade, tempo e outros e a partir dos resultados obtidos
formulou a sua teoria de desenvolvimento do pensamento.

Para ele o pensamento se desenvolve em etapas diferentes que ele próprio


designou de estágios.

Os estágios que caracterizam o pensamento da criança segundo Piaget


são quatro a saber:

Estádio sensório-motor ( do nascimento aos 2/3 anos) - a criança


desenvolve um conjunto de "esquemas de acção" sobre o objecto, que lhe
permitem construir um conhecimento físico da realidade. Nesta etapa
desenvolve o conceito de permanência do objecto, constrói esquemas
sensório-motores e é capaz de fazer imitações, construindo
representações mentais cada vez mais complexas

Estádio pré-operatório (ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) - a criança
inicia a construção da relação causa e efeito, bem como das
simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta.

Estádio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança


começa a construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a
conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu
pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos,
não fazendo ainda abstracções.
122 UNIDADE V

Estádio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o


adolescente constrói o pensamento abstracto, conceptual, conseguindo ter
em conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e sendo
capaz de pensar cientificamente

Apesar de Piaget ter dado grande contributo no estudo do pensamento da


criança a sua teoria não era de todo perfeito. Ele tem sido criticado por as
tarefas usadas para determinar o desenvolvimento do pensamento da
criança serem muito complexas e envolverem o uso das aptidões verbais.
Piaget não deu importância o aspecto social (a cultura) e baseou-se mais
nas mudanças qualitativas que quantitativas.

O seu mérito reside em que a sua teoria permite captar as grandes


tendências de desenvolvimento da criança e também permite encarar as
crianças como sujeitos activos na aprendizagem.

A teoria de Piaget teve influencia na educação através dos princípios de :

a) Aprendizagem por descoberta

b) Prontidão para aprendizagem e

c) diferenças individuais

A teoria de Piaget parte de uma abordagem construtivista onde o papel do


professor é o de facilitar e não o de direccionar.

Elementos do pensamento
O pensamento caracteriza-se por três elementos a saber:

• Imagem;

• Acção;

• Representação.

A imagem refere-se a aparência física dos objectos e fenómenos. Por


ex.: se quiser descrever a aparência física de seu pai você formará uma
imagem visual do seu pai
Psicologia Geral: Ensino à Distância 123

A acção acompanha o pensamento. As pessoas geralmente limitam os


seus movimentos a gestos como franzir a cara, morder o lápis, coçar a
cabeça. Estas acções ocorrem quando estamos a pensar. Quando isso
acontece as pessoas que estão perto de nós nos perguntam : “ o que estás
a pensar”? “ aconteceu alguma coisa” A acção refere-se a movimentos
relacionados com a linguagem, atitudes, manifestações e
comportamentos.

A representação constitui a componente básica do pensamento. O


pensamento envolve a representação de ítens que não estão
imediatamente presentes. Ao conversar ou escrever compartilhamos os
nossos conceitos com as pessoas.
124 UNIDADE V

Lição 2
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Caracterizar os principais tipos de pensamento

Conceitos fundamentais; raciocínio

Tipos de pensamento
O processo de pensamento actua de diversas formas. Diferentes
indivíduos podem também evidenciar diferentes tipos de pensamento. No
inicio da nossa discussão sobre o pensamento afirmamos que o
pensamento ocorre sob forma de imagens segundo os resultados de
pesquisas realizadas. Isto quer dizer que ao pensamos sobre um objecto
ou fenómeno este é representado sob forma de imagem. Para
compreendermos como decorre o processo de pensamento importa
referirmos sobre alguns dos tipos de pensamento mais conhecidos:

Pensamento visual figurativo, pensamento abstracto, pensamento


reprodutivo e pensamento criador.

Pensamento Visual-Figurado

Este tipo de pensamento baseia-se nas representações (gravuras, modelos,


etc.) e permite a que o indivíduo possa reflectir de uma forma
diversificada a realidade dos objectos. Este tipo de pensamento é mais
comum em crianças em idade pré-escolar (entre os quatro e sete anos de
idade). As crianças nesta idade ainda não dominam as noções e o
pensamento encontra-se ainda ligado às acções práticas uma
caracteristica peculiar de desenvolvimento das crianças em idade pré-
escolar
Psicologia Geral: Ensino à Distância 125

Pensamento Abstracto
No pensamento abstracto o indivíduo não só usa imagens mentais como
pressuposto básico para a resolução de problemas ou para descrever as
características dos objectos ou fenómenos. Ele usa conceitos abstractos,
isto é, abstrai-se dos modelos e das gravuras usando também o processo
verbal. Imaginemos que você pensa sobre um assunto por exemplo em
química ou matemática. Você vai utilizar noções e conceitos abstractos,
vai dar nomes aos fenómenos mesmo que não seja possível observa-los.
A aquisição de conceitos e noções abstractas ocorre num determinado
período de desenvolvimento da criança (veja os estádios de
desenvolvimento de Piaget).

Pensamento Criador
O pensamento criador consiste sobretudo em conjugar elementos que
normalmente são tidos como independente, isto é, que não pertençam ao
conjunto de características do objecto ou fenómeno objecto do nosso
pensamento para com eles produzir algo de novo. O pensamento criador
ou inovador é muito importante porque permite imaginar sobre coisas
novas que não existem no fenómeno objecto do nosso pensamento. Os
cientistas usam muito o pensamento criador para fabricar objectos novos.

Raciocínio
Uma das formas do pensamento é o raciocínio. O raciocínio é uma
operação mental que faz inferências de novos conhecimentos a partir do
conhecimento dado. Neste caso, o pensamento parte da análise de duas ou
mais relações conhecidas, neste caso podem ser relações de afirmação ou
de negação, para concluir uma outra relação que estava implicitamente
contida.

Pensamento e resolução de problemas


126 UNIDADE V

Problema
Resolução de Problemas refere-se a esforços activos para descobrir o que deve
ser feito para alcançar um objectivo que não está prontamente disponível.

Passos para a resolução de problema

Um dos aspectos fundamentais na resolução do problema é identifica-lo.


Quer dizer a actividade de procura começa quando o problema surge.
Imagine um rato com fome engaiolado num labirinto. Ao sentir o cheiro
da comida iniciará uma acção que lhe levará ao objectivo, o alcance do
alimento. Antes mesmo de iniciar a acção propriamente dito começa com
uma fase de preparação colocando diversas hipóteses e estratégias de
acção.

O aparecimento de um problema pode ser natural. Quantas vezes os


problemas apareceram por si sós sem que ninguém os tenha procurado e
sempre alguém se indaga: “como apareceu este problema?” Por vezes as
pessoas engajam activamente à procura de problemas umas mais que as
outras é claro. Pense por exemplo num cientista sempre não está satisfeito
com as suas descobertas. Continuará pesquisando, procurando os
problemas.

Seja como for, existe uma fase inicial da procura de um problema


conhecida por fase de identificação do problema. Uma vez identificado o
problema seguem-se as acções subsequentes que é o da preparação.

Na preparação o indivíduo colecta dados disponíveis e avalia os possíveis


constrangimentos e coloca metas a alcançar. Se por exemplo você esta a
estudar a disciplina de psicologia geral e não percebe alguns conteúdos o
que pensará que seja a causa? Ali começa a avaliação das restrições que
fazem com que não compreenda esses conteúdos e a partir daí definirá
metas. É possível que pense que você não percebe por causa da
linguagem usada pelo autor do livro que está a ler, ou porque você anda
muito cansado. A partir desta avaliação você definirá uma estratégia
adequada para a resolução deste problema.

Na tentativa de resolução de um problema por vezes surgem outros


factores que impedem a resolução do mesmo. Imagine que um aluno se
Psicologia Geral: Ensino à Distância 127

matricula num curso profissionalizante e descobre que existem


disciplinas muito difíceis. Isto será portanto um factor que impedirá a
progressão desse aluno. Aprendizagem passada pode por vezes
influenciar na resolução de problemas de forma positiva ou negativa.
Imagine um indivíduo que aprender a conduzir automóveis ligeiros, não
teria dificuldade em aprender a conduzir automóveis pesados por
exemplo

Quando as experiências passadas aumentam as habilidades gerais dos


indivíduos na resolução diz-se que ocorreu uma transferência positiva.

Por outro lado, a aprendizagem anterior pode influenciar negativamente


na resolução de problemas. Por exemplo quando ensinamos as crianças a
fazerem necessidades num pinico, esta criança adquire o hábito de
defecar no pinico. Se pretendermos ensinar a mesma criança a defecar
numa sanita poderá depois ter dificuldades em faze-lo. A isso se chama
transferência negativa.

É importante que antes de seguir em frente na resolução de um


determinado problema analise-o cuidadosamente e tome em consideração
os factores que possam impedir na resolução deste. O caso do aluno
citado deveria ter se informado sobre quais as disciplinas que o curso
contém.

Uma outra etapa da resolução do problema é a da solução do problema.


Na solução do problema o indivíduo usa várias imagens mentais para
enfrentar a tarefa. Imagine que você esta numa gruta e não sabe
exactamente qual é a saída. O que você faria? Depois da identificação do
problema aparecer-lhe-ia uma serie de imagens mentais sobre as
possibilidades de saída da gruta.

A última fase da solução do problema é avaliação. Quando encontrada a


solução, a maior parte dos solucionadores avaliam os seus resultados,
tendo em conta o objectivo definido na fase de preparação. Caso não seja
adequado continua até encontrar a solução adequada. A avaliação
depende da habilidade do solucionador, da sua personalidade e da
natureza do próprio problema.
128 UNIDADE V

Lição 3
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Identificar as propriedades da linguagem

• Estabelecer a relação entre linguagem e pensamento

Conceitos fundamentais; simbolismo, semântica

Linguagem
Frequentemente quando alguém fala da linguagem ocorre-nos a
articulação das palavras. Contudo a linguagem é mais do que isso. Um
bebé pequeno que não sabe articular nenhuma palavra também usa
linguagem para se comunicar com a sua mãe. Ela chora quando está com
fome, barafusta quando está em desacordo. Quando falamos de
linguagem referimos a um conjunto de sinais usados pelos seres humanos
e não só (os animais também usam linguagem) para se comunicarem uns
aos outros.

A linguagem representa um papel fundamental no comportamento


humano porque ela permite transmitir ideias de pessoa para pessoa.

Como nos referimos anteriormente, a linguagem não é apenas a


articulação de palavras mas também a combinação de símbolos que
possuem um significado e através deles gerar uma mensagem.

No estagio inicial de desenvolvimento da criança, a linguagem se


desenvolve a partir dos sons indo para a palavra. Toda a gente sabe que a
criança pequena não fala, mas sim emite sons. A medida que vai emitindo
sons seus músculos vocais, o queixo, a língua, vão se fortificando
produzindo uma variedade de sons casuais. Passado algum tempo, três
meses aproximadamente, surgem os primeiros balbucios. Tente reparar
isso no seu bebé recém-nascido ou no do vizinho ou seu parente.

Para alem de balbucios o bebé desenvolve uma grande capacidade de


diferenciar sons, isto é, uma capacidade de discrimina-los (discriminação
Psicologia Geral: Ensino à Distância 129

auditiva). A partir destes pressupostos a criança vai aprendendo a fala. É


evidente que não se pode esperar dela uma linguagem falada muito
apurada como acontece nos adultos, mas ela começa a chamar os objectos
pelos seus nomes próprios. No inicio a criança aplica a mesma palavra
para uma gama de coisas. Por exemplo a palavra mamã pode ser aplicado
para todas as mulheres. Na aquisição da linguagem pelas crianças ocorre
o fenómeno de repetição das sílabas em palavras que tem mais do que
uma sílaba. Neste caso a primeira sílaba é que é repetida. Por exemplo na
palavra pai ou mãe (pa-i ou mã-e) a criança tenderá repetir a primeira
sílaba. Assim diria “papa ou mamã” ou “wawa” para referir água

Depois de um ano as crianças já dominam diversas formas de linguagem


falada. Contudo, segundo resultados de pesquisas realizadas as crianças
adquirem as suas palavras lentamente durante um período de três a quatro
meses. A transição da palavra para a frase ocorre de entre os dezoito a
vinte e quatro meses altura em que a criança é já capaz de combinar
palavras para formar uma frase. Segundo resultados de pesquisas feitas
pelo Piaget aos trinta meses há uma expansão em termos de combinação
de palavras para formar uma frase. Esta tendência deve-se supostamente
pelo facto de a criança ao brincar sozinha encontrar muitos elementos
estimuladores e isso facilita para desenvolver a representação.

Propriedades da linguagem
As propriedades da linguagem são:

• Simbolismo;

• Significativo ou semântica;

• Reprodução e criatividade;

• Estruturação e ordenamento;

• Sintaxe.

Os sistemas de linguagem incluem algumas propriedades fundamentais :

Na linguagem Simbólica as pessoas usam sons falados e palavras


escritas para representar objectos, acções, eventos e ideias. Os símbolos
130 UNIDADE V

permitem fazer referência aos objectos e eventos que podem estar


distantes de nós.

Na linguagem Semântica ou Significativa usam-se símbolos arbitrários


no sentido de que não existe uma relação implícita entre a aparência das
palavras e os objectos que elas representam. Tomemos como a palavra
portuguesa caneta e a inglesa pen. Embora essas palavras sejam
arbitrárias elas têm um significado partilhado pelas pessoas que falam
português e Inglês.

Na linguagem Reprodutiva ou Criativa combina-se um número limitado


de símbolos de maneira infinita de modo que se possa gerar inúmeras
mensagens. Por exemplo cada um de nós tem o seu sotaque mas dia após
dia criamos frases que nunca antes foram usadas, isto é, criamos novas
frases.

Linguagem Estruturada ou Ordenada. Isto significa que embora se


possa gerar um número variado de frases estas devem ter uma estrutura e
deve haver também uma limitação no número de palavras que deve
conter uma frase. Você já reparou num parágrafo sem pontuação?
Podemos dizer por exemplo: “ O João escreveu uma linda frase” mas, não
podemos dizer “ a Frase o escreveu João linda uma”.

A estrutura da linguagem permite que as pessoas sejam criativas com as


palavras e ainda se entendam mutuamente.

Sintaxe é um sistema de regras que especifica como as palavras podem


ser organizadas em frases. Uma regra simples da sintaxe é que as frases
declarativas (afirmativas ou negativas) devem ter um sujeito e um
predicado e um complemento. Por ex.: “o som das maquinas é
perturbador”, é uma frase. Entretanto, “o som das máquinas” não é uma
frase porque não tem predicado.

Interacção pensamento e linguagem


Um mundo sem linguagem seria um mundo sem conceito. A linguagem
influencia o que pensamos, percebemos e lembramos. A educação,
portanto visa a aumentar o nosso poder de palavras e de pensamento. Um
Psicologia Geral: Ensino à Distância 131

indivíduo que não pode pensar, não consegue dominar uma língua
(idioma).

A linguagem não é o único factor interveniente no pensamento pois, a


experiência mostra que as imagens mentais também acompanham o
pensamento.

A linguagem e as imagens mentais estão presentes no pensamento,


facilitando este processo.

Um importante factor da actividade mental do homem é a sua ligação


mental não só a cognição sensorial mas também com a linguagem ou fala.

O pensamento e a linguagem representam a diferença fundamental entre


o psiquismo humano e de outros animais, pois nele a cognição pode ser
visível, indirecta e abstracta.

Com as características de linguagem consegue-se fixar o conceito de


objecto, a noção da palavra, por isso, é impossível separar do pensamento
humano a língua, pois as bases para a formação do pensamento residem
na formulação de ideias e é neste processo, que a linguagem é chamada a
desempenhar o seu papel.

Quanto mais profunda e bem ponderado é um certo pensamento, tanto


mais claro e precisa é a sua expressão em palavras na linguagem oral ou
escrita.

Observações executadas no processo de experiências psicológicas


demonstram que alguns alunos e inclusive, adultos deparam com
dificuldades no processo de resolução de problemas, enquanto não
formularem as suas considerações em voz alta.

Portanto, a palavra e a formulação da ideia encerram as mais importantes


premissas indispensáveis do pensamento discursivo, isto é, dividido
logicamente, e é consciencializado.
132 UNIDADE V

Sumário
Depois de nos debruçarmos muito sobre o pensamento e sobre a
linguagem podemos estabelecer alguns consensos em relação a esta
matéria. Podemos assim dizer que as pessoas, ao pensarem utilizam mais
quadros mentais que as descrições verbais. Isto quer dizer que, não
pensamos geralmente em palavras embora isso aconteça, mas sim através
de imagens que desfilam no nosso cérebro. Estas imagens podem ser
visuais, auditivas, tácteis, gustativas acompanhando o processo do
pensamento. O pensamento no entanto é caracterizado por uma fala
interior do indivíduo pronunciando para si mesmo. A pessoa constrói
frases incompletas sem as vezes nenhum sentido gramatical.

A linguagem por seu turno possui um papel fundamental no


comportamento humano porque ela permite transmitir idéias de pessoa
para pessoa.

A linguagem influencia o que pensamos, percebemos e lembramos.

A educação, portanto visa a aumentar o nosso poder de palavras e de


pensamento. Um indivíduo que não pode pensar, não consegue dominar
uma língua (idioma).

A linguagem não é o único factor interveniente no pensamento pois, a


experiência mostra que as imagens mentais também acompanham o
pensamento.

A linguagem e as imagens mentais estão presentes no pensamento,


facilitando este processo.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 133

Exercícios
Chegou a hora de realizar um teste, para isso será necessário os
seguintes materiais:

Auto-avaliação Uma folha A4;

Um lápis de carvão HB;

Uma borracha

Agora leia com atenção as questões que se seguem e assinale com X


no espaço da alínea que achar correcta .

Não olhe para o guião de correcção, primeiro tente responder se não


conseguir volte a ler o material e recursos de apoio. (correcção no fim da
unidade).

1. Qual das seguintes não é uma característica de linguagem (3.00


Valores)?

A. É generativa (_____);

B. É nomotética (______);

C. É simbólica (______);

D. Tem estrutura (_____)

2. O elemento básico de qualquer língua é (3.00 Valores):

A. O morfema (_____);

B. O fonema (_____);

C. A palavra (_____);

D. O genoma (_____);
134 UNIDADE V

3. A criança de dois anos que se refere a qualquer animal de quatro


patas como “au-au” está cometendo qual dos seguintes enganos (3.00
Valores)?

A. Subextensão (_____);

B. Superextensão (______);

C. Super-regularização (_____);

D. Sub-regularização (_____).

4. Chomsky propuha que as crianças aprendem uma língua


(3.00Valores):

A. Porque possuem um dispositivo para aquisição da linguagem que é


inato (_____);

B. Através da imitação, reforço e modelagem (_____);

C. Pois a precisão de seu raciocínio melhora com a idade (_____);

D. Porque elas precisam dela para conseguir alcançar objecivos cada vez
mais complexos (_____).

5. A hipótese da relatividade linguística é a noção de que (4.00


Valores):

A. A língua determina a natureza do pensamento (_____);

B. O pensamento determina a natureza da linguagem (_____);

C. A linguagem e o pensamento são processos independentes um do outro


(_____);

D. A linguagem e o pensamento interagem e influenciam um ao outro


(_____).
Psicologia Geral: Ensino à Distância 135

6. Na solução de problemas, as pessoa que são dependentes do campo


(4.00 Valores):

A. Dependem de referências de estruturas externas (____);

B. Tendem a aceitar o meio físico como condição determinante (____);

C. Tendem a enfocar características específicas de um problema (____);

D. Todas as anteriores (____):

E. A e B (____).

Guião de Correcção do questionário.


1. B

2. B

3. B

4. A

5. A

7. E

8.

Sumário
Como afirmamos repetidas vezes sobre a importância deste processo,
veja em resumo o que permite ao homem.

A imaginação surge nas situações problemáticas onde a incerteza é maior,


ajuda-nos a prever o futuro e a resolver problemas.

Pela memória o homem fixa o passado. Pela percepção, apreende o


presente. A imaginação não só ajuda a alargar os horizontes da memória e
da percepção, mas também, reconstrui o passado distante, e devassa o
presente oculto;

Permite antecipar e construir o futuro, pois, é um dos processos mais


importantes, e o homem um ser cujo o nível de existência depende, antes
de mais, do nível e desenvolvimento da sua capacidade inventiva;
136 UNIDADE V

reflexos condicionados; cérebro, função dos hemisférios na a organização


de imagens e ligação de imagens com realidade.

Exercícios

Quanto a imaginação pode realizar várias actividades. Aqui apresentamos


algumas sugestões:

Auto-avaliação 1. Junte vários objectos conhecidos da sua casa ou escola e combine as


várias propriedades de cada objecto para a obtenção de outros, cujas
características são praticamente diferentes das originais (seja criativo
e prático).

2. Procure várias obras artístico-literárias e tente descobrir que


imaginação foi usada para a sua criação.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 137

Unidade V

Personalidade
Introdução

Porque é que é importante estudar este tema?

No processo de ensino e aprendizagem como na vida comum é muito


importante compreender como é que os indivíduos respondem à situações
e como se comportam diante delas.

Este aspecto ajuda a melhorar o relacionamento individual e no caso do


processo de ensino a direccionar e individualizar o próprio ensino tendo
em conta as características de cada aluno.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

• Definir o conceito de personalidade sensação e percepção;

• Caracterizar os diferentes tipos de personalidade;

Objectivos • Descrever os principais factores que influem o desenvolvimento da


personalidade.

O conhecimento dos seguintes conceitos ajudá-lo-ão a compreender


melhor a personalidade:

Indivíduo, individualidade, traço e personalidade.


Terminologia

Conhecimentos prévios
Para assegurar a compreensão deste unidade é necessário recorrer à
conhecimentos sobre influências do meio, genética, sistema hormonal e
sistema nervoso sobre o comportamento da pessoa humana.
138 Unidade V

Bem vindo a quinta unidade sobre o estudo da Personalidade. Tal como


acontece nos outros capítulos começaremos por informar os principais
aspectos a serem estudados neste unidade nomeadamente:

• O conceito de personalidade;

• As principais características ou propriedades da personalidade;

• Os factores que influem para o desenvolvimento da


personalidade;

• As formas ou principais instrumentos utilizados na mensuração


da personalidade.

Tempo : 3.h.30 min

Para lhe ajudar a consolidar os conhecimentos que ao longo da leitura,


discussão em grupo ou com o tutor efectuando, preparamo-lhe uma série
de actividades parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o
processo atinente ao desenvolvimento da personalidade. Na medida do
possível ilustraremos com exemplos práticos os aspectos mais salientes
que ajudarão a clarificar conceitos e características que se relacionam
com a personalidade. Por isso não nos cansaríamos de, mais uma vez,
aconselharmo-lhe a realizar todas actividades repostas neste capítulo
como forma de exercitar.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 139

Lição 1
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Definir o conceito de personalidade

• Diferenciar a personalidade do caracter

Conceitos fundamentais; personalidade, carácter

O que é a personalidade?

Durante as conversas, sessões de trabalho passeio, onde quer que seja é


comum ouvir-se pessoas a fazer menção deste termo –personalidade
quando querem descrever as características de um indivíduo particular.
Aquele indivíduo é calmo, não fala, ou fala quase sempre sem parar. É
comum também associar estas características com a fisionomia de um
indivíduo. Por ex.: os indivíduos baixinhos são rebeldes ou são faladores.
Estas palavras descrevem o indivíduo ou o seu modo habitual de ser e se
comportar diante de situações adversas.

O conceito de personalidade
Do ponto de vista etimológico a palavra personalidade vem do latim
persona que significa máscara usada por um actor. Neste sentido, o termo
deixava transparecer dois aspectos essenciais: o aspecto exterior que
representa o que se percebe aos olhos do observador e o papel
desempenhado por este. Mais tarde este termo foi usado para designar um
indivíduo digno de nota, de respeito, que desempenha um papel
preponderante.

Há que distinguir porem, a personalidade de carácter. Carácter designa


essencialmente qualidades de valor de uma personalidade. A palavra
carácter provém do grego “chrakter” que significa sinal, marca ou
característica. Do ponto de vista psicológico representa um conjunto de
qualidades do indivíduo que manifestam a atitude deste perante a
140 Unidade V

realidade (atitude em relação ao mundo que nos cerca, a nós mesmos, às


outras pessoas e em relação ao trabalho), e também reguladora do
comportamento. Também pode ser entendido como conjunto de traços
psíquicos próprios do indivíduo e que se manifestam nas maneiras de
actuar típicas determinadas pela atitude deste.

Vezes sem conta encontramos indivíduos de personalidade espantosa mas


que é mau carácter. Um professor por exemplo, pode ser um profissional
bem citado mas que constantemente falta respeito aos seus colegas. Aqui
temos o exemplo de uma personalidade respeitada mas com carácter mau.
Por outro lado uma pessoa pode ter um caracter admirável e ter uma
personalidade pouco admirável. Pensemos numa pessoa que é
respeitadora mas contudo não granjeia admiração entre os seus colegas. A
personalidade represente por um lado o modo como a pessoa se exprime
e actua no seio dos outros.

Para aclararmos a nossa discussão vamos nos servir deste exemplo


extraído de Buhler:

...”a minha mãe, uma mulher de 50 anos excepcionalmente feliz e bem


instalada na vida ,foi e é sobretudo uma pessoa extraordinariamente
amorosa. Este amor que ela sempre nos mostrou, a nós, filhos, foi para
mim a minha maior felicidade desde a minha mais remota infância.
Estarei sempre grata por este amor, porque me deu alegria de viver e o
sentimento do meu próprio valor” (in.. Bulher, 1962:p 236).

Aqui podemos notar que existe uma relação entre a qualidade e o tempo.
A relatora mostra os efeitos de um relacionamento que dista do tempo
entre ela e a sua mae destacando qualidades tais como amor para com os
filhos e estado de felicidade. Esta relação cultivou na sua filha um
sentimento de auto-valorizacao que também é uma qualidade da
personalidade.

Vejamos um segundo exemplo também extraido do mesmo autor.

Ex.: 2. A minha mãe era uma pessoa terrivelmente egoísta. Exigiu


sempre muito dos filhos, e quando fazíamos alguma coisa que não lhe
agradava, muitas vezes já não falava mais conosco. Por exemplo, desde
o meu casamento não fala comigo, porque não festejamos o casamento
como ela o exigia. Durante toda a minha vida me carregou de complexos
Psicologia Geral: Ensino à Distância 141

de culpa; também a minha doença actual esta relacionada com o facto de


eu me sentir culpada. (in. Buhler, 1962 p;236)

Neste exemplo, a relatora destaca as qualidades negativas da sua mãe e a


influência que essa educação teve na sua personalidade, tendo
desenvolvido por isso complexo de culpa e consequentemente uma
doença relacionada com o desenvolvimento desses complexos.

Se prestar atenção poderá reparar que na descrição apresentada pela filha


tudo perde sentido devido ao efeito da personalidade sofrida por ela.

Uma personalidade humana é constituída por um conjunto de aspectos


ordenados. A falta de unidade interna desses aspectos cria aquilo que nós
chamamos de doença mental. No exemplo a seguir nota-se que o
indivíduo que faz a descrição da sua mãe não conhece as causas que
conduziram a desunião interna dos aspectos da personalidade da sua mãe.
Portanto, porque eram crianças naquela altura ninguém conhecia
exactamente os seus sentimentos.

A minha mãe tem sobretudo um temperamento horrível. Quando lhe solta


as rédeas fugimos todos. Contudo noutros momentos eh capaz de ser
amorosa e amável. Lia-nos livros quando éramos crianças, ou ia conosco
ao museu… (in Buhler, 1962 p:237)

A pessoa descrita pode ser que estivesse doente e animada ao mesmo


tempo pelo marido ou pelos pais ou ainda o seu comportamento resultar
da falta de maturidade para com a vida. Isto indica-nos que há uma
determinada orientação fundamental sobre o qual representa o principal
principio de ordenação. Nos exemplos citados pode-se notar que um dos
princípios é a posição amorosa da mãe, enquanto que no outro
caracteriza-se por egoísmo. Contudo, no primeiro exemplo que
apresentamos a pessoa que relata tentou primeiro reunir todas as
características que conhece à cerca da sua mãe. Enquanto que no segundo
o relator tenta descrever a sua mãe a partir de uma característica central
(o egoísmo) para poder compreende-la.

Isso indica que para podermos compreender uma pessoa precisamos


primeiro de ter em conta a ordenação interna da personalidade dessa
pessoa.
142 Unidade V

A complexidade de aspectos a tomar em conta na caracterização da


personalidade leva a que surjam várias definições do termo
personalidade. Contudo nó iremos adoptar a definição de Allport por a
considerar que vai de encontro daquilo que basicamente pode ser
considerado de personalidade.

Para Allport a personalidade: Para Allport a personalidade é a


organização dinâmica, que resulta no intimo de um indivíduo, daqueles
sistemas psicofísicos que determinam o modo de adaptação ao meio
característico e próprio de cada indivíduo (Buhler, 1962), ou ainda;

“a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir


dos genes particulares que herdamos, das exigências singulares que
suportamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes
de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar
o seu papel social”

(http://www.psiqweb.med.br/persona/personal.html)

A Personalidade pode então, ser percebida como um conjunto de


características psicológicas que, desenvolvidas ao longo da vida e dotadas
de uma relativa continuidade, nos diferencia uns dos outros (apesar de
muitas semelhanças que possamos apresentar).

Cada indivíduo é dotado de um modo de ser único no que respeita à


forma como se vê a si próprio e aos outros, reage às situações e à
presença ou ausência dos outros.

Possui, portanto, uma identidade. Esta identidade não é estática mas


dinâmica, desenvolve-se, aprofunda-se não estando nunca absolutamente
definida. Em suma compreender a personalidade humana é compreender
o ser na sua totalidade.

Ao aprofundar o conceito de personalidade podemos destacar vários


aspectos:

A personalidade é uma estrutura, uma totalidade dotada de organização e


não uma simples acumulação de diversos aspectos; é um processo; é
consistente, uma maneira singular e relativamente constante de
comportamento, de resposta às situações. Por isso ela é um padrão
Psicologia Geral: Ensino à Distância 143

psíquico e comportamental; exprime um modelo consistente de relação


com o mundo e com os outros; torna, em certa medida, previsível a
interacção social de um determinado indivíduo; é um conceito
psicológico ligada a determinantes biológicos e sociais e exprime-se
através de comportamentos, pensamentos e sentimentos.

Exercícios
Elabore um quadro típico de tipologias de caracter e temperamento destacando
os principais aspectos contidos em cada tipologia e os grupos a que pertencem.

Auto-avaliação
144 Unidade V

Lição 2
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Descrever a teoria de psicanalítica da personalidade

• Indicar as fases de desenvolvimento da personalidade segundo a


teoria psicanalítica

Conceitos fundamentais; complexo de édipo, fase fálica, libido

Teorias da Personalidade
O conhecimento das teorias confere um papel importante no estudo da
personalidade porque permitem-nos entender os esforços que foram feitos
no sentido de compreender este fenómeno e possivelmente dar assistência
as pessoas que sofrem de perturbações no âmbito psicológico

Varias teorias da personalidade emergiram do contexto próprio de


actividade de psicólogos sendo o mais predominante o contexto o clinico.
As teorias baseadas no contexto clinico foram construídas com base nos
dados colhidos em indivíduos perturbados. Outras teorias surgiram das
observações e experiências laboratoriais as quais privilegiam o método
estatístico para analisar e interpretar os fenómenos relacionados com o
estudo da personalidade. Usam predominantemente quantidades
consideráveis de pessoas normais a serem observadas ou mesmo animais.

Teorias Psicodinâmicas da Personalidade


Estas teorias baseiam-se na importância dos motivos e emoções e outras
forças internas para explicar a natureza e desenvolvimento da
personalidade argumentando que os conflitos psicológicos resolvem-se
sempre no período em que a infância começa. Dos defensores destas
teorias podemos citar Sigmund Freud, Carl Jung, Alfred Adler, Caren
Horney, Harry Stack Sulivan e Eric Erikson.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 145

A teoria psicanalítica de Sigmund Freud


No inicio deste capitulo, referimo-nos a Freud quando abordávamos a
questão das tipologias da personalidade. Freud (1856 - 1939)
desenvolveu a Teoria da personalidade quando trabalhava com pacientes
neuróticos na busca de “insights” que lhe permitissem entender a
personalidade humana. Das experiências colhidas nas observações
construiu uma teoria que se designou de Psicanálise a qual explicava os
eventos normais e anormais e o modo de tratamento destes últimos. A
teoria Freudiana foi construída em torno de um conceito chave que ele
designou de inconsciente.

O conceito do inconsciente de Freud

Para Freud os aspectos conscientes (memórias, pensamentos,


sentimentos, desejos) nas pessoas constituem apenas uma pequeníssima
parte da vida psíquica do indivíduo. Abaixo da percepção existem aqueles
que ele chamou de pré-conscientes os quais às vezes podem ser
recuperados e trazidos à consciência. Com tudo grande parte dos eventos
psicológicos encontram-se alojados no inconsciente que constitui um
vasto arsenal dos eventos da nossa vida psíquica. Neste arsenal é onde se
alojam os desejos do indivíduo que até certo ponto podem ser trazidos à
consciência através dos sonhos, lapsos de linguagem, enganos, acidentes
e livre associação.

A teoria Freudiana advoga que os impulsos, as lembranças dolorosas das


experiências adquiridas na infância são guardados no inconsciente. Esses,
impulsos são vistos por Freud como seno impulsos sexuais. A palavra
sexualidade para Freud representava todas as acções e pensamentos que
dão prazer e não propriamente o acto sexual. Estes impulsos produzem
uma energia psíquica que se chama libido a força motora do
comportamento e actividade humana. Se os impulsos sexuais não são
satisfeitos a energia psíquica vai-se acumular provocando uma pressão
que pode ser aumentada pelos conflitos.

Para Freud, a personalidade é composta por três instâncias fundamentais:


o ID., o ego e o superego. O ID. é a parte da personalidade dominada
146 Unidade V

pelos impulsos. O ID não possui valores morais e guia-se pelo principio


do prazer o qual pressiona-o constantemente para que os impulsos sejam
satisfeitos sob o risco de eles se tornarem nocivos a personalidade e criar
portanto, distúrbios psíquicos. Estes prazeres podem ser satisfeitos
também através do sonho que constitui portanto, um escape. Freud
considera que este processo primário constitui uma forma infantil de
actividade mental

O ego é para Freud a consciência e surge nas crianças como uma forma
de relação com o ambiente e serve para regular os desejos e necessidades
próprias destas. O ego vem do id e foi modificado pela sua proximidade
com o mundo exterior. A tarefa fundamental do ego é identificar quais os
objectos reais capazes de satisfazer as necessidades do id. O ego é
controlável e actual sob o principio da realidade isto é diferentemente do
id ele procura a satisfação das necessidades olhando para a realidade.

O superego é a instância do psíquico que lida com as normas sociais. Ele


força o id levando-o a observar as normas e valores morais na satisfação
das necessidades do indivíduo.

Freud e desenvolvimento da personalidade


Na concepção de Freud a personalidade é moldada a partir da infância
quando a criança tenta satisfazer as suas necessidades através das fases
psicossexuais. O termo psicossexual refere-se a libido (energia sexual) a
qual se centra em diferentes partes do corpo ao longo do desenvolvimento
da criança. Segundo Freud esta energia libidinal situa-se
fundamentalmente na boca, no ânus e nos órgãos genitais e vai se
focalizando nestas diferentes zonas ao longo do desenvolvimento da
criança. Portanto, quando ela se fixa numa determinada zona o indivíduo
procura a satisfação dos seus desejos através desta zona

Fase oral (primeiro ano de vida)

Durante os primeiros momentos de vida da criança a energia libidinal


centra-se na boca fundamentalmente levando a que o bebe tenha prazer
em sugar, morder os objectos com os quais se relaciona. O desmame
constitui uma fase de conflito porque a criança quererá ainda continuar a
Psicologia Geral: Ensino à Distância 147

chupar o seio da mãe como uma forma de libertação das energias


libidinais que se encontram alojados na zona buco-labial. Se esta fase não
for suficientemente satisfeita correr-se-á já na vida adulta o risco de
exibir tendências e traços orais que se manifestam através da gula,
dependência, e passividade, fumar, mastigar pastilhas, falar
excessivamente.

Fase anal (2-3 anos)

Esta fase ocorre durante o segundo ano de vida da criança e consiste no


prazer que ela tem de reter e expelir as feses. O prazer da criança neste
caso consiste em reter e expelir os esfíncteres colidindo assim com as
restrições da sociedade. O grande conflito na criança surge portanto na
tentativa de educa-la a controlar através do uso do toilete os seus
esfincteres levando a que algumas desobedeçam a ordem dos seus
superiores tentando evacuar em lugares inoportunos. A retenção dos
esfincteres pela criança cria um prazer suave nas paredes dos intestinos
levando-as a repetir esta sensação agradável.

Fase fálica (3-5 anos)

Segundo Freud, esta fase é uma fase em que as crianças descobrem os


seus órgãos sexuais genitais e sua função de criação do prazer. É uma
fase segundo ele em que a criança começa com as suas aventuras sexuais
como por exemplo a masturbação. Nesta fase, a criança projecta um amor
excessivo ao pai ou mãe do sexo oposto tornando-se rival com um dos
pais do mesmo sexo. Este conflito quando ocorre com uma criança do
sexo feminino é designado de complexo de electra e quando ocorre com
criança do sexo masculino designa-se de complexo de edipo.

A fase latência ( 6 anos à puberdade)

Para Freud a personalidade encontra-se quase essencialmente formada na


fase fálica. Nesta fase as necessidades sexuais da criança encontram-se
como que adormecidas sem ocorrência de algum conflito de
personalidade. Este período é também designado de fase de lactencia.
148 Unidade V

A fase Genital (adolescência)

Esta fase coincide com a chegada da puberdade em que os interesses


sexuais tornam-se novamente a revelarem-se. Nesta fase, as actividades
orientam-se para a cultura e as pessoas criam relações umas às outras.

Critica a teoria psicanalítica

A teoria psicanalítica de Freud teve seu mérito no sentido de que trouxe


muitos conceitos para o público em geral. Conceitos como necessidades
orais, impulsos inconscientes, complexos de edipo etc., são alguns dos
mais comumente usados. Por outro lado os cientistas concorda com o
facto de que deve-se ter em conta a experiência inicial quando se analisa
a questão do desenvolvimento da personalidade e que as pessoas são por
vezes influenciadas por motivos inconscientes.

No entanto, a teoria freudiana sofreu duras criticas por não considerar na


sua abordagem as influencias sociais e culturais sobre o desenvolvimento
da personalidade. Os procedimentos usados por Freud e a linguagem
usada por este é igualmente contestada por alguns cientistas.

Exercícios
1. Indique quais as componentes da personalidade que poderiam ser
rotulados como pertencentes ao id, ego e superego.

Auto-avaliação _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

2. Indique algumas ideias freudianas que podem ser testadas através de


observações directas. Indique as não podem ser verificadas através da
observação

_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
Psicologia Geral: Ensino à Distância 149

Lição 3
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Descrever as teorias neofreudianas e fenomenológicas da


personalidade

• Indicar as diferentes abordagens da personalidade de acordo com


as teorias neofreudianas e comparar com as teorias
fenomenológicas

Conceitos fundamentais; Introversão e extroversão, o eu.

Teorias neofreudianas

Carl Gustav Jung


Nasceu e morreu entre 1875 e 1961. Foi um psiquiatra suíço discípulo de
Freud mas separou-se deste criando a sua própria noção de personalidade.
Ele discordava com Freud sobre a noção de que a libido representava
inteiramente a sexualidade e que estava orientada para o principio do
prazer. Ele introduziu a noção do inconsciente colectivo para explicar a
ideia de que os seres humanos trazem consigo um inconsciente colectivo
o qual detém as memórias dos ancestrais, suas memórias e experiências.
De acordo com Jung estas memórias produzem desilusões e fantasias. Ha
presunção de que os mitos religiosos e os enunciados poéticos provenham
desta fonte. Jung considera que as pessoas também nascem com um
inconsciente pessoal onde guardam as memórias individuais reprimidas.

Alfred Adler
Nasceu e viveu entre 1870 e 1937. Foi um psiquiatra suíço também
discípulo de Freud que veio se afastar dele mais tarde. Como Jung não
concordou com a atribuição da sexualidade como força fundamental da
150 Unidade V

personalidade. Deu maior valor as influencias culturais sobre o


comportamento argumentando que a personalidade é estritamente ligada
ao aspecto social. Colocou a questão dos sentimentos de inferioridade
como ligado à motivação.

Karen Horney
Uma Psicóloga alemã que nasceu e viveu entre 1885 a 1952 também uma
das seguidoras de Freud. Como Adler ela dá importância ao contexto
social no desenvolvimento da personalidade e que as ideias de Freud
eram muito rígidas. Negou a teoria do impulso avançada por Freud e
considerou que a personalidade é resultado das experiências variadas das
crianças. Atribuiu um efeito nefasto do isolamento e desamparo como
consquência das primeiras interacções entre pais e filhos as quais
bloqueiam o crescimento interior da criança.

Hurry Stack Sullivan


Foi um psiquiatra americano viveu entre 1892 e 1949. Como Adler e
Horney deu maior importância aos relacionamentos sociais no
desenvolvimento da personalidade. Considerava que os comportamentos
desviantes ou aceitáveis moldam-se através da interacção com os pais
durante a fase da socialização da criança. Considerou que o
comportamento das pessoas era impelido por dois tipos de necessidades:
as de segurança e as biológicas.

Erik Erikson
Nasceu em 1902 e foi um psicanalista americano que teve muitos
antecedentes internacionais. De acordo com este psicanalista as
personalidades formam-se à medida que as pessoas vão progredindo
pelos estágios psicossociais através da vida. Em cada novo estágio surge
sempre um conflito a resolver na qual há sempre uma solução positiva e
uma negativa para cada problema.. Estes conflitos sempre existem a
Psicologia Geral: Ensino à Distância 151

partir do nascimento mas se tornam predominantes em cada em cada


ponto especifico da vida.

Fases
Idade
psicossexuais de Fases psicossociais de Erikson
aproximada
Freud

Primeiro ano Oral Confiança básica vs.


desconfiança

2-3 anos Anal Autonomia vs. vergonha, duvida

3-5 anos Fálica Iniciativa vs. culpa

6 anos à Latência Diligência vs. inferioridade


puberdade

Adolescência Genital Identidade vs. confusão de papel

Adulto jovem Intimidade vs. isolamento

Meia-idade Geratividade vs. auto absorção

Idade adulta Integridade vs. desespero


ulterior
152 Unidade V

Exercícios
1. Destaque as diferenças e semelhanças entre as teorias freudianas e
neofreudianas

Auto-avaliação ___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

2. Faça um quadro comparativo das fases de desenvolvimento de Freud


e Erikson

___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

3. Como testarias as ideias de Erikson de que todos os adolescentes


sentem uma crise de identidade?

___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

Teorias Fenomenológicas da
personalidade
As teorias fenomenológicas da personalidade baseiam-se em procurar
entender os “eus” e suas perspectivas de vida. Os cientistas
fenomenológicos assumem uma visão que parte do principio de que para
se estudar um indivíduo é preciso partir do conceito da sua totalidade e
não em partes. A visão adoptada é uma visão holistica na qual não se
deve estudar um fenómeno fragmentando-o. Os fenomenalistas
consideram o “eu” como um fenómeno interno que se forma através de
interacções com o mundo circundante. O modelo do “eu” influencia as
acções do indivíduo, e estas por sua vez afectam o próprio modelo do eu.
Na perspectiva fenomenológica o objecto central da motivação humana é
lutar por auto-realizar-se.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 153

A teoria do “Eu” de Carl Rogers


Carl Rogers nasceu em 1902 e foi um proeminente psicólogo bem
conhecido na arena cientifica.

O “eu” ou “autoconceito” são termos que definem um padrão organizado,


e coerente de características percebidas do “eu” ou “mim” que se
acrescem aos valores concedidos a esses atributos (Davidoff, 1983:532).
Este auto conceito se desenvolve nas crianças através da observação de
como elas próprias funcionam vigiando o comportamento dos outros. As
crianças em idade mais nova começam muito cedo a conhecer e ter
consciência do que é ou não coerente e atribuem-se a si os mesmos traços
específico (ex; enervar-se facilmente ou ter uma certa energia). Portanto,
a infância para Rogers é um momento especial e oportuno para
desenvolver a personalidade. Ele dá importância aos efeitos duradoiros
do das relações sociais como os neofreudianos os consideram. Ele
considera também que todos precisam de uma consideração positiva, de
receberem calor e aceitação de outras pessoas e as crianças tendem
sempre a fazer qualquer coisa para que obtenha essa consideração
positiva calor e aceitação.

O que leva as pessoas a acção é o desejo de realizar as suas


potencialidades.

Exercícios
1. Destaque a semelhança e diferenças entre as teorias de Roger e de
Freud

Auto-avaliação ___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

2. Explique a essência da teoria fenomenológia

___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
154 Unidade V

Lição 4
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Descrever as teorias disposicionais ou de traços da personalidade

• Indicar as diferentes abordagens da personalidade de acordo com


as teorias disposicionais ou de traços da personalidade

Conceitos fundamentais; figura fundo, agrupamento, constância

Teorias disposicionais ou de
traços da Personalidade
A definição da personalidade estendeu-se desde a constituição
biotipológica (cor dos olhos, dos cabelos, da pele, etc.) à estatura do
corpo, assim como às maneiras como o indivíduo se relaciona com o
mundo (temperamento, traços afectivos, etc.)

As Teorias Disposicionais ou de Traços da Personalidade caracterizam a


personalidade atribuindo-lhe certos traços. Os traços são características
isoladas. Por exemplo, descrever um indivíduo como submisso,
intelectual são apenas alguns dos exemplos da teoria dos traços da
personalidade.

Outra forma de descrever a personalidade é tipifica-la. A tipificação é de


certa maneira um pouco diferente da atribuição dos traços pelo seguinte:

• Os traços referem-se a certos aspectos específicos da


personalidade, enquanto que a tipificação faz referência a
personalidade inteira

• A tipificação tende por sua vez aglomerar os traços específicos.


Um tipo intelectual por exemplo, pode ter um coeficiente de
inteligência alto e baixa capacidade social e atlética.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 155

A teoria dos traços de Raymond Cattell


Raymond Cattell nasceu em 1905 e foi um grande pesquisador
interessando-se em medir os principais componentes da personalidade.
Ele e os eus associados conseguiram colectar 18.000 palavras inglesas
que são usadas para caracterizar pessoas. Este número foi depois reduzido
através de omissões de expressões raras e sobrepostas para
aproximadamente 200 itens. Para tornar a lista mais compacta Cattell
pediu que os seus associados usassem essas palavras para se descreverem
a si próprios e aos seus amigos. As expressões utilizadas foram analisadas
usando um método matemático a que ficou conhecida por análise
factorial. Estes termos eram depois correlacionados entre si para verificar
se aquelas que pertenciam ao mesmo traço estavam ou não relacionados.
Deste correlacionamento foram identificados dezasseis grupos que foram
depois rotulados com letras (A, B, C, F, H, I ,L M, N, Q1, Q2, Q3, Q4) e
posteriormente com nomes dos traços os quais foram considerados como
dimensões básicas da personalidade. Consulte o gráfico no livro Linda
Davidoff.

Cattell e seus associados desenvolveram também vários questionários


para recolha de auto relatos dos indivíduos e grupos.

A Teoria dos Tipos de William Sheldon (1898 e 1977)


As teorias tipológicas preocupam-se fundamentalmente em descrever os
traços da personalidade consoante um determinado tipo de corpo. Para
Sheldon consoante o corpo de indivíduo este tenderá a manifestar um
certo tipo de personalidade. Na sua óptica ele argumentava que todo o
ser uma possui características físicas que por sua vez determinam as
actividades deste. Nesse conjunto de actividades há uma tendência de se
destacar as mais salientes.

Contudo, há uma distinção a fazer. Enquanto as teorias procuram indicar


as características que convêm a um determinado indivíduo, as tipologias
visam integrar os indivíduos em dados tipos constituídos segundo
características comuns. Isto é as teorias caracterizam o indivíduo, as
tipologias procuram a inclusão do indivíduo em classes.
156 Unidade V

Assim, a caracterologia esforça-se por encontrar elementos comuns, cuja


combinação torne possível definir tipos de carácter ou temperamento.
Algumas destas biotipologias pertence a Sheldon, Kretschmer e Corman.

Sheldon: este caracterológico procurou avaliar certos aspectos da


personalidade a que chamou temperamento, fazendo-os depender de três
componentes morfológicos: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia.

Estes termos provêm do nome das três camadas de células do indivíduo,


sendo a endoderme a que origina os aparelhos digestivo e respiratório. Da
mesoderme forma-se os músculos e o esqueleto. A ectoderme é
responsável pela superfície do corpo e aparelhos sensoriais, bem como
pelo sistema nervoso.

Assim se constituem somatotipos diferentes, consoante a predominância


daquelas dimensões numa escala que Sheldon considera de um a sete.

Tipo somático endomorfo – corresponde ao indivíduo gordo, abdómen


saliente, com braços curtos, pescoço baixo, cabelos finos e tendência à
calvície precoce; a este conjunto de disposições Sheldon correlacionou
com o tipo de temperamento viscerotónico cujas características são:
(relaxamento da atitude e do movimento, gosto pelo conforto físico,
reacções lentas, prazer em dirigir, avidez por afeição e apropriação,
igualdade do fluxo emocional, contentamento consigo próprio,
comunicação fácil e livre dos sentimentos, extrovertido, etc.).

No mesomorfo – o volume do tórax é superior ao do abdómen, os


membros são musculados, os ossos fortes e salientes, tendo no seu
conjunto uma estrutura robusta; à essas características morfológicas
corresponde o temperamento somatotónico cujas características são:
(firmeza da atitude e do movimento, gosto pelas acções físicas e pelo
risco, dureza psicológica, ausência de piedade e de delicadeza,
indiferença pela dor, extrovertido, necessidade de acção em caso de
aflição, etc.).

O ectomorfo – é marcado pela fragilidade e delicadeza do corpo, é


magro, tem ombros estreitos e o tronco curvado para frente, pele fina e de
cor pálida; que corresponde ao temperamento cerebrotónico cujas
características são: (retenção da atitude e do movimento, reacções
Psicologia Geral: Ensino à Distância 157

fisiológicas excessivas, segredo sentimental, hipersensibilidade dor,


introvertido, necessidade de solidão em caso de aflição, etc..

Uma das críticas apontadas às conclusões de Sheldon, centra-se no


método usado nas suas investigações. Como foi a mesma pessoa a
classificar a estrutura física e a determinar os tipos de temperamento,
pode ter sido influenciada pelo físico de um indivíduo, quando procurava
classificá-lo temperalmente e outra está relacionada com o facto de
Sheldon considerar que as correlações entre tipo somático e
temperamento são inatas e hereditárias.

A tipologia de Kretschmer
Kretschmer um psiquiatra alemão Kretschmer apresentou também a sua
tipologia marcadamente morfológica construída com base na observação
de casos patológicos. Kretschmer propôs no seu quadro de personalidade
três tipos morfológicos fundamentais a saber: o pícnico, o atlético e o
leptossómico correspondentes ao endomorfo, mesomorfo e ectomorfo na
tipologia de Sheldon.

O pícnico possui uma característica corporal caracterizada por


predominância da extroversão, quer dizer aberto para com os outros e
com pouca profundidade nos seus sentimentos. No sentido patológico, o
pícnico pode tender a um comportamento maníaco depressivo.

O tipo atlético é caracterizado pela rigidez e tenacidade do tonus


muscular bem como nas suas na atitudes e possui uma vida sentimental
predominantemente pouco expressiva. O atlético é preservado quanto ao
alcance dos seus objectivos. No sentido patológico ele tende a apresentar
sintomas epilépticos.

O leptossómico é um indivíduo caracterizado pela predominância da


introversão e tende a se fechar no seu próprio mundo de ideias
conservando-se distante das pessoas que rodeiam. Em contrapartida o
leptossómatico conserva sentimentos muito profundos. No plano
patológico conserva um quadro tendente à esquizofrenia.
158 Unidade V

Lição 5
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Descrever as teorias behavioristas da personalidade

• Indicar as diferentes abordagens das teorias behavioristas da


personalidade

• Indicar e descrever os principais transtornos da personalidade.

Conceitos fundamentais: personalidade esquizoide, esquizotípica

Teorias behavioristas da
Personalidade
Os behavioristas ou comportamentalistas tendem a dar muita importância
à experimentação observando e medindo respostas fisiológicas, actos
observáveis e outros fenómenos passíveis de medição. Para entender o
que é a personalidade as vezes utilizam animais em laboratórios os quais
são submetidos a experiências próprias.

O Behaviorismo de B. F. Skinner
Skinner nasceu em 1904 e destacou-se no trabalho com animais nos
laboratórios condicionando o comportamento destes. O seu trabalho
baseou-se em condicionamento operante. A sua visão de personalidade
associa-se ao Behaviorismo radical. Skinner considera que a
personalidade é apenas uma ficção na qual as pessoas tentam fazer
inferências sobre características subjacentes (motivos, traços ,
capacidades) as quais só existem na mente do observador e não na pessoa
visada. Ele considera que o trabalho dos psicólogos deve focalizar na
compreensão do que os organismos fazem.

As ideias de Skinner sobre o comportamento é de que este só pode ser


explicado através de forças genéticas e ambientais. Ele dá importância à
Psicologia Geral: Ensino à Distância 159

experiência e os princípios simples de condicionamento como por


exemplo o reforço, a extinção, contracondicionamento e discriminação na
produção de um comportamento dado.

Skinner considera ainda que o comportamento de um indivíduo depende


de factores essencialmente independentes, portanto incontroláveis. Não se
deve por isso esperar uma coerência entre esses factores.

Transtornos da personalidade

Os transtornos da personalidade representam funções mal-adapativas dos


próprios traços de personalidade de um indivíduo. Isto quer dizer que um
transtorno de personalidade começa quando aquilo que consideramos um
traço normal de personalidade de um indivíduo atinge dimensões
anormais, apresentando sintomas patológicos. Existem tantos tipos de
transtornos de personalidade quanto os diferentes enfoques em relação a
esta matéria. Contudo, nós nos iremos referir a alguns destes transtornos
que consideramos fundamentais para o seu estudo. Os seus
conhecimentos sobre os transtornos de personalidade poderão ser
enriquecidos lendo fichas adicionais sobre esta matéria.

A personalidade Paranóide

Um paranóico vive constantemente desconfiando e suspeitando que os


outros o maltram ou enganam-no. Ele levanta sempre dúvidas sem
fundamento acerca do grau de sinceridade e lealdade e cada vez confia
menos aos seus amigos. A sua desconfiança pelos seus amigos
fundamenta-se no facto de que estes podem estar a usar informações a
seu respeito para o denegrir. Ele vê maldade e humilhação em todos os
acontecimentos sejam eles benignos ou malignos e guarda rancores para
com as pessoas. Não permite a que outras pessoas o insultem. Quando se
lhe é atacado ele reage rapidamente com raiva e contra-ataca.
Frequentemente suspeita do seu parceiro sexual ou cônjuge. Transtorno
da Personalidade Paranóide
160 Unidade V

Personalidade esquizóide

O esquizóide não gosta de se relacionar intimamente com ninguém e nem


deseja fazer parte de uma família. Opta por actividades solitárias e não se
interessa em adquirir experiências sexuais com outra pessoa. Não
consegue construir uma amizade íntima se não com os seus parentes de
primeiro grau. Mostra-se completamente apático e indiferente às críticas
de outras pessoas. É emocionalmente frio e distancia-se dos outros.

Personalidade anti-social

O anti-social apresenta fraquezas quanto ao cumprimento das normas


sociais. Tende a enganar as pessoas mentindo Frequentemente para obter
vantagens pessoais. É impulsivo e não consegue planificar o seu futuro.
Irrita-se e agride corporalmente e com frequência os seus opositores.
Mostra um desrespeito pela sua própria segurança e da dos outros, assim
como pelo trabalho e não gosta de honrar com as suas obrigações
financeiras. O anti-social é um indivíduo sem remorsos por ter ferido ou
roubado alguém.

Personalidade Esquizotípica

O esquizotípico acredita de uma forma bizarra em superstições,


telepatias crença em clarividência ou no “sexto sentido”. Tem
preocupações bizarras e é assolado de experiências perceptivas foram do
comum incluindo ilusões somáticas. O seu discurso é vago, circunstancial
e cheio de metáforas. Desconfia sempre nas pessoas. Não tem amigos
íntimos e sofre de ansiedade social em excesso apresentando um
comportamento esquisito e peculiar.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 161

Lição 6
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Indicar e descrever os factores que influenciam o


desenvolvimento da personalidade.

• Comparar os diversos factores que influenciam no


desenvolvimento da personalidade.

Conceitos fundamentais; Hereditariedade

Factores que influenciam o


desenvolvimento da
personalidade
O desenvolvimento da personalidade do homem não começa apenas na
idade adulta. Podemos dizer que a idade adulta marca o culminar de uma
série de transformações quer ao nível psíquico como biológico que
ocorreram ao longo do tempo. Desde ao seu nascimento ou mesmo antes
disso, o indivíduo é exposto a uma serie de estimulações de diversa
ordem. Estas estimulações influem no seu crescimento, isto é, ditam de
certa forma o seu desenvolvimento psíquico, biológico quer dizer da sua
personalidade. De entre as diversas estimulações que o indivíduo recebe e
por sinal as mais marcantes parecem ser de origem ambiental.
Entendemos por estimulações do meio ambiente tudo aquilo que circunda
o indivíduo.

Contudo, o indivíduo muito antes de tornar um ser social recebe dos seus
progenitores uma carga biogenética que o permite adaptar-se às
condições adversas do meio ambiente. A carga genética (hereditária) é
aquilo que o indivíduo recebe como herança física transmitida pelos seus
progenitores (pais) no momento da gestação.

O meio ambiente é influenciado por vários outros factores de entre os


quais se destacam:
162 Unidade V

O meio químico pré-natal que corresponde as influencias de ordem


química que o fecto recebe na altura da gestação. É sabido quão são
influentes os diferentes agentes químicos (drogas) no desenvolvimento do
feto. Isto significa que se a mãe do bebé é alcoólatra poderá influenciar
no desenvolvimento da criança. Possivelmente se deformará devido aos
efeitos nocivos do álcool ou outras drogas consumidas pela mãe.

Do mesmo modo que as influencias químicas pré-natais afectam o


desenvolvimento do feto materno o bebé sofrerá outros efeitos químicos
após o seu nascimento; o meio químico pós-natal. Depois de nascer o
bebé frequentemente está em contacto com agentes nocivos do ambiente.
Comidas contaminadas por bactérias, falta de oxigénio ou nutrição
inadequada afectarão o desenvolvimento deste bebé

O outro factor determinante no desenvolvimento do indivíduo são as


chamadas experiências sensoriais constantes. Os órgãos dos sentidos
processa uma série de eventos quer antes ou depois do nascimento do
indivíduo. Quando o indivíduo nasce é recebido no meio ambiente por
uma variedade de estímulos que variam constantemente (vozes, sons,
cheiros, contactos, etc.). Estes estímulos tem uma influencia marcante nos
órgãos dos sentidos do bebé.

Eventos físicos traumáticos refere-se à força com que os estímulos


actuam no organismo do indivíduo podendo influenciar a qualidade os
órgãos dos sentidos e consequentemente a sua capacidade de os discernir
os diversos elementos da natureza. Imagine por exemplo que a criança
sofreu um trauma qualquer, esteve exposta a sons violentos. Ele
desenvolverá uma fobia por sons altos.

Outro elemento fundamental a ter em conta em relação é o facto de que


diversas crianças possuem condições de crescimento diferentes. Pense
por exemplo numa criança que vive numa grande cidade cujos pais são
bem educados e possuem uma condição económica favorável. Esta
criança estará rodeada de brinquedos, computadores, televisão que lhe
ajudarão a se desenvolver rapidamente. Agora pensa numa criança cujos
pais são camponeses e vivem numa zona rural remota sem televisão nem
computador. Esta criança terá uma maneira de visualizar o mundo que é
diferente do da criança que vive na cidade.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 163

O meio ambiente interage continuamente com a hereditariedade


influenciando o desenvolvimento do indivíduo. A criança nasce com o
certo material genético do útero da sua mãe e o meio ambiente vai dando
forma ao recém-nascido através de estimulações de diversa natureza.
Tanto no meio uterino como fora deste as condições podem mudar
afectando o desenvolvimento do indivíduo.

A hereditariedade e desenvolvimento da personalidade do


indivíduo

O estudo da forma como a hereditariedade influencia o desenvolvimento


do indivíduo tem sido matéria de estudo pelos psicólogos. Já em 1860 o
psicólogo Francis Galton se interessou em saber o grau de influencia da
genética sobre os indivíduos génios.

De certeza que já ouviu também falar de Charles Darwin e a sua teoria de


desenvolvimento das espécies. Galton querendo um esclarecimento sobre
como os indivíduos podem ser semelhantes aos seus progenitores estudou
uma serie de personalidades ilustres desde engenheiros, advogados,
médicos. Dos resultados obtidos notou que várias destas personalidades
tinham parentes que outrora também se evidenciaram em algumas dessas
áreas. Descobriu também que a consanguinidade desempenhava um papel
importante no desenvolvimento das pessoas. Isto, é os parentes
consanguíneos e uma família de ilustres tinham mais probabilidades de
serem ilustres que os não consanguíneos. É o que se diz na linguagem
popular “filho de peixe sabe nadar”. Quer dizer, há uma certa dose de
informação genética que é transmitida para o filho que vai influenciar de
certa maneira no desenvolvimento deste.

Em estudos semelhantes com gémeos univolares demonstraram uma


coincidência entre os indivíduos quanto a questão de sociabilidade pois
estes tendiam a ser mais introvertidos (tímidos, reservados e retraídos) ou
extrovertidos (comunicativos, activos e amistosos) do ponto de vista
social que os gémeos fraternos.

Estes estudos mostram perfeitamente quão é influente a questão de


hereditariedade no desenvolvimento da personalidade do indivíduo.
164 Unidade V

O meio ambiente e desenvolvimento da personalidade


O meio intra-uterino

Ainda no útero da mãe a criança recebe estímulos de diversa natureza.


Uma mãe quando se movimenta o feto reage de uma certa maneira. Não é
por acaso que os médicos aconselham a mulher grávida para se
movimentar com cuidado, não realizar trabalho pesado, priorizar o
descanso, durante a gravidez. Estes movimentos podem afectar o estado
do fecto no interior do útero da mãe.

Um outro aspecto importante que advém do meio uterino está ligado com
a sua da mãe durante a fase da gestação. As doenças, especialmente as
febres podem prejudicar também o estado do bebé durante a gestação.
Outras doenças crónicas tais como tuberculoses, diabetes, sífilis,
gonorreia e infecções urinárias foram diagnosticadas como podendo
afectar o estado de saúde e desenvolvimento do feto em crescimento. Se
uma mãe durante as primeiras semanas de gravidez tiver rubéola durante
a gravidez existe uma probabilidade muito alta de o bebé nascer
deformado. Isto é devido ao facto de que os órgãos dos sentidos, o
coração e o sistema nervoso do bebé em formação se desenvolvem com
muita intensidade neste período.

Um dos aspectos a observar também durante a fase da gestação é a dieta


da mulher grávida. Pense nos conselhos médicos dados à sua parceira ou
esposa durante a gravidez. Ela sempre deve seleccionar os alimentos que
come. As mães subnutridas não são capazes alimentar adequadamente o
bebe em crescimento nem a si mesmas e isso ameaça o desenvolvimento
do bebé.

Embora seja difícil de fazer um diagnóstico eficaz da influencia dos


produtos químicos na saúde da criança é já sabido que seu uso abusivo
pela mãe durante a gravidez pode também afectar o desenvolvimento do
bebé. Mencionamos no inicio deste assunto que uma mãe que consome
drogas tais como álcool, marijuana, cocaína, etc., pode afectar a saúde do
bebé em crescimento.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 165

Um outro aspecto importante é o estado emocional da mãe durante a


gravidez. Uma mãe constantemente perturbada pode criar problemas na
saúde do bebé. É evidente que as mulheres gravidas se aborrecem por
tudo e por nada respondendo às emoções de cólera, ansiedade. Quando
isso acontece ocorre uma secreção abundante de hormonas da supra-renal
que escorrem penetrando na corrente sanguínea do feto em crescimento.
Se essa secreção for excessiva pode causar danos no feto.

Em suma o desenvolvimento da personalidade de um individuo depende


dos factores ambientais e da hereditariedade. O indivíduo herda dos seus
progenitores todos os códigos genéticos que vão permitir adaptar-se no
meio. O meio ambiente por sua vez vai moldando o individuo
estimulando o seu crescimento e adaptação as demandas do próprio meio.

Exercícios
1. Peça ao seu amigo ou colega para descrever os traços que
caracterizam a sua pessoa

Auto-avaliação 2. Descreva os traços específicos em si mesmo

3. Descreva os traços característicos de cinco crianças da sua turma


166 Unidade V

Lição 7
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição serás capaz de:

• Indicar e descrever os principais instrumentos utilizados na


mensuração da personalidade.

• Conhecer e descrever as limitações técnicas de cada instrumento

Conceitos fundamentais; testes objectivos e testes projectivos

Formas instrumentos utilizados


na mensuração da personalidade
Desde há muito tempo se preocuparam sobre como medir a personalidade
do individuo, como diagnosticar e explicar os diversos tipos de
personalidade já descritos. Na verdade não é fácil fazer-se uma
mensuração da personalidade. Nos últimos tempos verificou-se um
interesse acentuado no desenvolvimento de instrumentos capazes de
diagnosticar a personalidade de um individuo. Destes instrumentos se
destacam as entrevistas, técnicas de observação e Testes.

Entrevistas
Constitui a técnica mais usada para avaliar a personalidade de um
individuo. Esta técnica é amplamente usada em ambientes educacionais e
vocacionais através de colecta de informação de uma forma individual
aos sujeitos visados. Na técnica de entrevista o entrevistador formula uma
série de perguntas orais ao sujeito visado com o intuito de penetrar no seu
interior analisando as suas respostas. Uma entrevista pode ser
caracterizada por observação participante. O entrevistador é ao mesmo
tempo observador e participa no processo.

No entanto, uma entrevista tem os seus pontos fortes e pontos fracos.


Casos existem em que o entrevistado é influenciado pelo entrevistador
Psicologia Geral: Ensino à Distância 167

quer sugerindo as respostas que este pode dar, quer através da sua
presença física. A entrevista pode criar um envolvimento emocional entre
o entrevistado e o entrevistador distorcendo consequentemente a
informação dada pelo entrevistado. Por outro lado os dados fornecidos
pelo entrevistador podem não ser exactos. Contudo, as entrevistas tem a
vantagem de permitir a que o investigador possa seguir um indicio e
depois voltar para trás se constatar que existem falhas na informação
dada. A efectividade desta técnica depende da maneira como o
entrevistador obtém e interpreta os dados colhidos.

Observações participantes e experiências controladas


As vezes a medição da personalidade tem como base as observações do
comportamento do individuo em condições bem controladas ou em
ambientes naturais. As observações e experiências controladas tem a
vantagem de reduzir as distorções e aumentam a precisão. Suponhamos
que você estivesse interessado em seleccionar alunos com capacidades de
construir uma casa uma palhota por exemplo. Você pode observar estes
indivíduos dando-os uma tarefa semelhante ao da construção da palhota.
Depois seleccionará o mais habilidoso de entre os participantes na
experiência. Um dos problemas por exemplo das experimentações é de
colocar as pessoas em situações artificiais e inventadas que não estão de
acordo com a realidade. Nestas situações o psicólogo não irá se esclarecer
a respeito das matérias pessoais.

Os testes de personalidade
Os testes de personalidade dividem-se em dois grandes grupos; os testes
objectivos e os testes projectivos

Os testes objectivos

Os instrumentos classificados de objectivos são considerados como


produzindo os mesmos dados em qualquer lugar onde são aplicados. Este
tipo de testes sofrem pouco das influencias do individuo que as aplica. O
teste de Estudo de Valores desenvolvido por Gordon Allport e seus
168 Unidade V

colaboradores é um teste objectivo que visa avaliar os valores das pessoas


e baseia-se em seis tipos de valores; valores religiosos (tem a ver com o
senso de unidade no individuo), políticos (aspiração ao poder), sociais
(tem a ver com o serviço e o amor dos seres humanos) estéticos (forma e
harmonia), económicos (enfatiza o que é útil) e os teóricos (que buscam a
verdade). O teste de valores baseia-se em respostas de escolha múltipla e
cada opção de resposta corresponde a um determinado valor. Em estudos
efectuados usando este teste onde participaram homens e mulheres
verificou-se que as mulher tem mais inclinação para os valores religiosos,
sociais e estéticos e os homens uma inclinação para os valores teóricos
económicos e políticos. Veja na tabela abaixo o exemplo de perguntas de
Teste de Valores de Gordon Allport e seus colaboradores.

Quadro ... Perguntas representativas do teste de estudo de valores.

1. Supondo que tenha capacidade suficiente, você preferira ser (a)


um banqueiro ou (b) político?

2. Numa discussão à noite com amigos do seu próprio sexo, todos


íntimos, você está mais interessado quando fala a respeito (a) do
significado da vida, (b) dos desenvolvimentos na ciência, (c) da
leitura ou (d) do socialismo e melhoria social?

O Inventário Psicológico Califórnia (IPC) é um teste objectivo que avalia


dezoito dimensões de personalidade que avaliam as interacções sociais
tais como a sociabilidade, auto –aceitação, autocontrole e flexibilidade. É
um teste que contém 450 afirmações do tipo verdadeiro ou falso, por
exemplo:

a. Gosto das reuniões sociais apenas para estar com as pessoas.

b. Ocasionalmente eu falo mal das pessoas

c. Frequentemente as pessoas esperam demais de mim

d. A minha vida em casa sempre foi feliz

e. Gosto muito de bailes

f. Gosto de Poesia
Psicologia Geral: Ensino à Distância 169

g. Às vezes sinto que estou para cair aos pedaços

O Inventário Multifásico de Personalidade Minnesota (MMPI) é um teste


constituído por 550 afirmações de tipo verdadeiro ou falso. Avalia um
numero maior de padrões normais de personalidade e perturbações de
personalidade. É composto de escalas que diagnosticam a dimensões tais
como a depressão, paranóia, esquizofrenia, e outros padrões de
comportamento anormal.

Limitações dos testes objectivos

A limitante dos testes objectivos são as mesmas que assolam as


mensurações, dos auto-relatos, pois as pessoas podem decidir não
cooperar com o examinador, consequentemente.
170 Unidade V

A Reservado Expansivo

B Menos Mais inteligente


inteligente

C Afefctadl Emocional.
p/sentimen. Estável

D Submissão Dominante

E Sério Irreflacido

F Expediente Consciencioso

G Tímido Empreendedor

H Realístico Sensível

I Confiante Desconfiado

L Prático Imaginativo

M Fraco Astuto

N Seguro de si Apreensivo

O conservador Experimentador

Q1 Depend. de Auto-suficiente
grupo

Q2 descontrolado Controlado

Q3 Relaxado Tenso

Q4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 20

Figura Adaptado de Linda Davidoff. Traços fortes de Raymond Cattell,


com letras de A até Q4. Os perfis foram marcados para dois grupos.

Os testes projectivos
Os testes projectivos tem a sua base na perspectiva psicanalítica. O
criador da psicanálise (Sigmund Freud) acreditava que as pessoas podem
Psicologia Geral: Ensino à Distância 171

inconscientemente projectar ao mundo externo as suas percepções,


emoções e pensamentos. Estes aspectos poderiam ser diagnosticados
através do uso de técnicas projectivas nas quais as pessoas são pedidas
para reagirem a estímulos ambíguos. Por exemplo o individuo pode ser
solicitado descrever o que vê num borrão de tinta constituindo uma
historia à volta desse borrão.

O Teste de Roschach

Herman Roschach foi o primeiro a usar borrões para descobrir a


projecções das internas das pessoas dando nome ao instrumento que ele
utilizou para o efeito. Este teste consiste em pedir aos sujeitos para
descreverem o que vêm numa mancha de tinta sobre um papel. Cinco dos
borrões estão a preto e branco e os outros cinco contêm um pouco de cor.

Dos indivíduos examinados através do teste de Roschach reflectiram uma


abordagem negativa, insatisfação, crítica e hostilidade à vida. O teste de
Roschach pode-se comparar a uma entrevista altamente estruturada.

O Teste de Apercepção Temática, foi desenvolvido por Henry Murray


e Christina Morgan em 1930, é constituído por uma série de gravuras que
retratam situações concretas suficientemente ambíguas para suscitar da
parte do examinando uma descrição ou narrativa na qual se projectarão
características da sua personalidade.

Parte –se do princípio de que ao elaborar uma narrativa sobre cada uma
das gravuras, o sujeito projecta nessa história sentimentos e pensamentos
inconscientes.

Limitações das Técnicas Projectivas

Os indivíduos submetidos a esta técnica podem interpretar as mesmas


figuras de uma maneira totalmente diferente. A informação disponível, a
habilidade e a distorção podem influenciar profundamente a interpretação
dos dados obtidos através dos testes projectivos. Isso baixa de certa
maneira a sua confiabilidade. Estudos realizados sobre a validade das
técnicas projectivas revela conclusões conflitantes. Assim, alguns estudos
rigorosos julgam as medidas projectivas válidas para certos propósitos,
tais como avaliação da grau de perturbação psicológica e prever a
172 Unidade V

extensão da estadia em hospital psiquiátrico ou avaliar os estilos


cognitivos e emocionais.

As respostas individuais nos testes projectivos são de difícil


interpretação.

Sumário
Etimologicamente conceito personalidade vem do latim “persona” do
qual derivaram os termos pessoa e personalidade.

Esta referência etimológica é importante porque nos permite chamar-lhe a


atenção para vários aspectos: (i) a ideia de que a personalidade é o
conjunto de características comportamentais e psíquicas que, em diversas
situações, identificam um indivíduo e o distinguem, relativamente, dos
outros; (ii) porque, apesar de a personalidade, enquanto padrão global de
modos de agir, pensar e sentir, não existir e não se constituir
independentemente da interacção com o meio, sublinha um aspecto
importante: a permanência.

Também vimos, que as características da personalidade persistem, duram


através do tempo e das situações, embora de forma relativa porque a
fixidez não é compatível com o desenvolvimento pessoal; (iii) a ideia da
“máscara” sugere que a personalidade, não é fácil de captar, se esconde.

Assim sendo, é difícil definir este conceito e as numerosas definições


teorias, características e modos de mensuração traduzem esta dificuldade
e dão razão ao filósofo medieval que dizia “personalidade ultima
solitudo” que significa a personalidade é a última solidão, ou seja, um
modo de ser irredutível e muito próprio.

A personalidade é dinâmica, transforma-se com a idade, o tempo, as


situações e o modo como as interpretamos. Depende de vários factores.
(meio, hereditariedade e experiências pessoais).

Apesar de tudo, ela torna-nos simultaneamente previsíveis e


imprevisíveis.

Ao longo deste capítulo analisamos diversas teorias da personalidade e


notamos que elas diferem entre si, isto é, os psicólogos tem pontos de
vista diferentes sobre o mesmo conceito de personalidade. Alguns
Psicologia Geral: Ensino à Distância 173

cientistas dão mais importância a hereditariedade no desenvolvimento da


personalidade e outros às influências ambientais. Certos cientistas ainda
advogam a tipificação da personalidade usando instrumentos que
claramente podem separar os diversos traços.

Estes aspectos só mostram por si que a questão da personalidade requer


uma abordagem teórica mais ampla, holística e diversificada para ser
compreendida. As perguntas que devem ser levantadas no estudo da
personalidade são sobretudo as que se relacionam com as estratégias a
usar para o estudo desta. Como será abordada a personalidade? Será o
Behaviorismo uma teoria suficiente para explicar este fenómeno? Ou
devemos recorrer a teoria de traços? Será que alguns fenómenos da
personalidade podem ser explicados pela teoria freudiana ou
neofreudiana. Vimos ao longo do nosso estudo que todas estas teorias
deram um contributo enorme no estudo da personalidade e que os
teóricos concordam com alguns aspectos e discordam em outros.
Importante sim seria olhar nos aspectos positivos de uma e outra teoria e
utilizar estes aspectos positivos para explicar o fenómeno da
personalidade. O desenvolvimento da personalidade não depende apenas
de factor, se não de vários conjugados. Quando estiver a abordar está
questão não deverá se esquecer deste pormenor.

Exercícios

Actividade
Descreva o seu próprio perfil ou de um dos seus colegas, amigo(a),

Auto-avaliação irmão(ã), etc., e destaque o principio fundamental da ordenação dos


aspectos característicos da personalidade do seu amigo (a), irmão(ã) ou
da sua própria personalidade. Quanto ao seu carácter, temperamento e
capacidades.

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174

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