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Música 2.0
O Futuro da indústria Musical
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TG Produções – © 2010
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
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Esse ebook possui textos de outros autores também licenciados em Creative Commons para uso
não comercial, ao utilizar esses textos coloque crédito ao autor mencionando a tradução feita por
Tito Gonzales. Para ter acesso ao texto original veja no capítulo links ou clicando sobre o nome dos
autores.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Saber o futuro
é observar o presente
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Conteúdo
Introdução ................................................7
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Introdução
Sou um típico músico independente, a princípio por falta de opção e hoje por clara convicção. Inicei
como músico profissional no inicio dos anos 90 e por questões mercadológicas tive que, a exemplo
da grande maioria dos músicos independentes, me auto produzir, agenciar. promover, representar
etc. Isso está longe de ser uma novidade, uma vez que pesquisas recentes apontam que 90% de
conteúdo musical disponibilizado é produzido por artistas independentes. O chamado "músico faz
tudo" tem vantagens e desvantagens, se por um lado tem pouco tempo pra fazer o que mais gosta
que é produzir música, por outro adquire muita prática nas várias áreas que envolve a indústria
musical, no meu caso também teórica, pois devido a minha curiosidade tive contato com algumas
centenas de artigos e livros sobre o mercado da música. Em 2007 com o avanço da pirataria
comecei a pesquisar novos modelos de negócios, não só para entender o que estava acontecendo
no mercado mas também para sobreviver, uma vez que a venda de música é o pilar mais
importante da indústria musical.
Em meados de 2009 recebi um pedido de uma empresa de financiamento e startup de novas
empresas ligadas à tecnologia e entretenimento para uma consultoria na criação de uma
ferramenta de distribuição de conteúdo musical utilizando a web 2.0. Revisitei os livros e artigos
que possuia e procurei informações atualizadas sobre o conceito de música 2.0. Para minha
surpresa percebi que esse tema era praticamente inexistente em literatura brasileira, ao contrário
da língua inglesa, sendo assim minha pesquisa foi praticamente 98% em conteúdo inglês. Mas o
Brasil não é apenas o país do futebol, possui uma indústria musical vigorosa, legítima
representante da criatividade brasileira. A partir daí comecei a conceber a idéia de transformar
minha pesquisa em livro, não para esgotar o assunto, mas para propôr um diálogo entre os
diversos interessados no futuro da indústria musical, para que todos nós possamos, ao melhor
exemplo da web 2.0, compartilhar ideias, conhecimentos e crescermos juntos.
Por ser um livro concebido em formato e-book PDF, todos os autores citados e ferramentas estão
linkados, o que permite uma melhor interação com os leitores, portanto faça desse e-book uma
porta para descobrir um novo mundo para a indústria da música.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
I
A Indústria Musical
A Indústria Musical – Evolução ou Revolução?
Até 1700, o processo de composição e impressão de músicas era, em grande parte, apoiado por
patronagem da aristocracia e a Igreja. Da metade até o fim do século XVIII, artistas e compositores
como Wolfgang Amadeus Mozart começaram a procurar oportunidades de mercado para suas
músicas através de performances destinadas ao público geral.
Mais fortemente na década de 70 e até os dias atuais, a indústria da música vem sendo dominada
basicamente por grandes editoras de músicas, produtoras e gravadoras, empresas que se
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desse total. É importante lembrar que os números de unidades de CDs e DVDs refere-se à venda
do varejo, o que não significa que todos esses produtos realmente chegaram ao consumidor final.
O Mercado musical independente vem ganhando cada vez mais espaço no cenário musical. De
acordo com a Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), 80% da produção nacional de
música é de independentes, representando uma parcela de 25%, cerca de 15 milhões, do total
vendido no país. E segundo Roberto de Carvalho, o mercado musical passa por um bom momento,
valorizando a música independente, devido a grande transformação dos modelos de negócios do
setor.
Um dos principais difusores é a internet, que, devido ao fácil acesso e sua proporção mundial,
possibilita a distribuição e consumo dos produtos musicais. Leva-se em conta também o fato dela
ser um meio democrático e sem fronteiras conceituais que impeçam essa difusão.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
A Indústria em xeque
Uma análise sobre a pirataria e a atividade das gravadoras
A digitalização da música, cópia de cds e principalmente a distribuição ilegal via internet colocou o
principal pilar da industria musical (Venda de música em suporte físico) em xeque. A
comercialização da música era dominada por um grupo bastante restrito de coorporações, formada
por grandes gravadoras também chamada de Majors (Sony, EMI, Universal e Warner) que reinavam
no mercado investindo milhões e lucrando bilhões em um modelo baseado em controle,
exclusividade, monopólio, restrição e territoriedade. Essas empresas viram seus lucros e modelo de
negócios desfacelando em rítmo acelerado e era preciso agir com rapidez. O futuro da distribuição
musical estava muito claro, apontando para um modelo sem restrição, monopólio e intermediarios,
restavam as gravadoras optarem por apenas um dos dois caminhos existentes, adequar-se a esse
futuro pré estabelecido ou procurar evitá-lo.
Acredito que o grande erro da maioria das gravadoras, entre elas as principais (majors), foi optar
pelo seguindo caminho, partiram para o desenvolvimento do DRM, uma proteção anti-cópias para
coibir a distribuição ilegal de arquivos musicais. Junto com grandes empresas de software como
IBM e Microsoft, as grandes gravadoras optaram para o desenvolvimento do DRM acreditando ser
a fórmula mais eficiente de alterar o futuro e continuar seu império determinando e controlando a
distribuição de produtos musicais. O desenvolvimento do DRM custou caro as grandes gravadoras,
foram anos de pesquisa, implementações frustadas, acordos inviabilizados e principalmente muito
tempo perdido, mas além desse desastre, as gravadoras perderam muito, principalmente, em
credibilidade, pois ao tentar coibir a distribuição de música on-line elas estavam se tornando vilãs
junto aos seus consumidores. As pessoas trocavam música via internet, gravavam cds para si e
para amigos, acustumaram a ter acesso a uma variedade infinita de produção musical, pensavam
que enfim a democratização do acesso a música estava lançado, e as gravadoras nesse ambiente,
queriam a todo custo impedir esse acesso gratuito, alegando ilegalidade classificando-os como
“piratas”. Mas a essa altura entrar em uma discussão ética sobre ilegalidade apenas tornaria as
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gravadoras ainda mais ostilizadas pelos consumidores e as fariam perder mais tempo, estava claro
que o caminho não era esse.
Em 2006 as ações da Warner Music Group caíram de US$30 para US$14 em menos de um ano,
as da Google subiram de US$323 para US$526, as da Apple de US$50 para US$127, era preciso
assumir o erro e adequar-se a nova realidade, recuperar a credibilidade junto ao seu público
consumidor.
Para a indústria fonográfica independente a pergunta era: de qual lado você quer estar? Você quer
ficar preso a uma solução milagrosa que permitirá impedir o provável ou partir para novos modelos
de negócios adequando-se ao futuro?
Dentro desse panorama caótico surge então um campo fértil para novas idéias, era preciso ir além,
pensar em soluções e criar um futuro melhor para músicos, consumidores, agentes, enfim, todos
os envolvidos dentro da indústria musical.
Em 2007, um grande pesquisador da industria musical Gerd Leonhard faz previsões sobre o futuro
da música ja utilizando o termo “música 2.0”. Em uma carta aberta as grandes gravadoras.
reproduzo a tradução literal feita por Miguel Caetano 3 anos depois de sua publicação original.
1. Dentro de 18 meses, em muitos territórios chaves para a música ao redor do mundo, redes
wireless de banda larga e redes específicas para conexão entre dispositivos irão conectar todos os
aparelhos concebíveis entre si, assim como um gigante repositório de conteúdo online – ou deveria
dizer switch-boards – que conterá toda e qualquer música, filme ou programa de TV imaginável.
Se você pensa que o “compartilhamento” é um bom negócio agora, espere mais 2 anos – ele será
100 vezes mais rápido e disponível para todo e qualquer dispositivo (não só computadores). Três
bilhões de celulares e um bilhão de tocadores irão se conectar perfeitamente entre si.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Como você pode monetizar isso? Licenciando participação – e as redes e dispositivos que a
permitem. Você terá que licenciar o uso de toda e qualquer música nestas redes, e fazer ofertas
universais irresistíveis, irrefutáveis e imprescindíveis àqueles que a administram. Esses negócios
de licenciamento devem ser conversas e não monólogos. Não um dedo apontado para os ISPs mas
um grande, brilhante e atrativo incentivo.
2. Dezenas de milhares de novos canais de TVs, de vídeos online e jogos irão surgir nos próximos 2
ou 3 anos – e todos eles irão precisar de música para suas imagens. Milhões de faixas serão
sincronizadas a vídeos – este mercado vai explodir. Pode muito bem ser que este rendimento com
o licenciamento B2B atinja mais de 50% de sua futura receita.
3. Música através de streaming, sob demanda, estará em todos os lugares. Em todo website, todo
widget, aparelho móvel, dispositivo – apoiado por anúncios, patrocínios e comissões em
transações. Rendimentos com performance surgirão para além de sua mais selvagem imaginação.
Mas novamente, somente se você decidir jogar, participar, fazer ofertas de licenciamentos e taxas
irresistíveis, criar padrões confiáveis e usar todos os seus recursos em prol da liquidez e não tentar
manter a escassez artificial. A receita da BMI cresceu de US$630 milhões em 2003 para US$779
milhões em 2006 – nada mal considerando-se a morte do mercado de música gravada por toda
parte e ao mesmo tempo! Portanto, leia: não é a cópia da gravação que faz o $$$$, é o uso. Na
verdade, o uso de sua música é o próximo grande formato pela qual você tanto ansiava.
4. Rich media (ou seja, anúncios com músicas, vídeo, animações, áudio, etc) se tornará o formato
padrão de anúncios para publicidade online, representando mais uma grande oportunidade de
crescimento para a música. Em breve, 10% de todo dinheiro gasto com publicidade estará na
internet; e 16% de toda publicidade na internet será em “rich media” até 2009. Estimando-se que
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
os gastos globais com publicidade serão de US$700 bilhões até 2009, isso significa US$70
bilhões destinados para a publicidade online e mais de US$10 bilhões gastos com rich media.
Centenas de milhões de dólares para o licenciamento de músicas!
5. As rádios digitais irão transmitir 100% do tempo – e realocar experiências musicais, parando
somente no ponto muito próximo de se tornar outro iTunes. A realidade é que a net rádio é somente
outro Tivo para a música. A rádio certamente irá se tornar o próprio “sentimento de gratuidade”
(feels-like-free), a caixa de música sob demanda; mais uma vez: o único fator remanescente do
“Radio 1.0” será aquele na qual ele continua com uma curadoria e sendo produzido por experts,
assim como tornar-se-á um agente da recomendação social e de tecnologias inteligentes. As
melhores estações de rádio se tornarão fortes marcas (Radio 1, KCRW, etc), ultrapassando o que
costumavam ser as gravadoras. Como você irá licenciar a Rádio 2.0 se insiste em permanecer com
o modelo de cópia?
7. China, Índia, América do Sul e África explodirão com novos modelos de direitos de uso – pacotes
e taxas únicas baseadas no acesso. E adivinhe: eles realmente terão aqueles computadores de
US$100 que a Negroponte está tentando levar!
Prevejo que cerca de 60% deste novo negócio da música – e com isso quero dizer um negócio de
US$100 bilhões – será independente dentro de 3 a 5 anos – mas somente se suas lideranças não
seguirem as majors na TENDÊNCIA DE OBTER CONTROLE MAIS DO QUE LUCRO.
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2) É tudo uma questão de participação e não de prevenção. Por causa da total impossibilidade de
se manter qualquer obstáculo real, é absolutamente crucial que você encontre maneiras de
participar em qualquer e em todas as formas de comércio que façam uso da música. Cobre com
inteligência pelo acesso mas torne a música disponível da mesma forma como operadoras de
celular tornam os aparelhos disponíveis: a baixos preços, de maneira irresistível para seduzir as
pessoas…e venda a partir daí. Não importa se streaming sob demanda, remixes e mashups,
playlists e aplicativos musicais para redes sociais, adição de música em vídeo, rádio digital – ser
parte disso é o que interessa.
3) Vamos encarar: a web é como um gigante Tivo, um enorme gravador ou DVR – todas as
performances são ou podem ser gravadas, toda difusão é realmente uma distribuição. É preciso
parar de fazer distinção entre música “para guardar/possuir” e música “para ouvir” – nossos
usuários já pararam com isso há muito tempo! Licencie o USO. E somente ENTÃO persuada o
consumidor a adquirir a posse.
4) Copyright é o princípio, direito de uso é onde você monetiza. Uso é onde você precisa focar suas
energias, não na “proteção dos Direitos Intelectuais”. Essa é uma colocação dura, mas
novamente… você quer controle total ou lucro?
6) Lembre-se que o único limite real para o crescimento, em música e em mídia, é o TEMPO. O
consumo de mídia irá aumentar, aumentar e aumentar conforme a oferta se torne mais barata e
mais onipresente, e quanto mais os “Nativos Digitais” consumirem múltiplas mídias ao mesmo
tempo. Você está agora engajado em uma batalha pela carteira e pelo relógio – mas o relógio vem
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primeiro. Mind share significa tempo gasto que por sua vez significa dinheiro gasto! De novo, é aqui
que a atenção se traduz em dinheiro, e é por isso que o primeiro objetivo é ganhar atenção, e
somente então ganhar dinheiro. O grande problema para a maioria dos artistas (e seus selos) é o
anonimato, não a pirataria!
7) Engaje, não enfureça: pare com qualquer coisa que enfureça os usuários. E faça isso já.
Adivinhe só: você pode competir com a gratuidade porque o que você oferece não é de graça. Sim,
uma cópia do arquivo é gratuita. Um CD queimado de outro CD é gratuito, o conteúdo copiado de
meu computador para um Pen Drive é gratuito. Mas a conexão da vida real com o artista, a
experiência que está acontecendo em torno da música, a agregação de valor com vídeos, filmes,
games, chats, livros, shows e merchandising, o contexto (!!!) – tudo isso não deve ser de graça.
Você precisa parar com a obsessão de tentar ganhar dinheiro meramente com a venda de cópias
ao invés de prover acesso, porque somente a fonte legítima e autorizada (ou seja, o
agente/selo/empresário) pode prover todo o pacote de valores que usuários, fãs, as pessoas
normalmente conhecidas como consumidores, irão comprar.
A Música 2.0 é uma oportunidade sem precedentes, muito similar ao período em que a música
passou de acústica a elétrica. Todo mundo quer música. Mais música é utilizada em mais
plataformas, todo o tempo. Uma fome sem precedentes por música e que você precisa satisfazer!!
Finalmente, aqui estão alguns desafios que eu acredito que a indústria fonográfica deixou para os
Independentes abraçarem.
1) Depois de lançada, uma gravação se torna, na realidade, disponível por definição e deve se
tornar “utilizável” de acordo com uma licença padrão – todos os semelhantes reconhecem
tacitamente ser livre para o uso sem permissão. Como resultado de tal nova “licença padrão”,
alguns princípios do direito que nós usamos provavelmente não serão traduzíveis para este
ambiente – como o direito moral de decidir onde sua música será executada ou talvez até usada
de outra forma. Entretanto, eu não acho que isso será aplicado ao uso comercial em filmes ou
anúncios – ao contrário do uso privado ou semi-privado em UGC e do conteúdo web-generante, e é
claro, na execução pública.
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3) Sua receita derivada da venda de “cópias de canções” irá em breve diminuir para cerca de 30%
de sua renda total – o restante será receita de licenciamento, sincronização, performance, pacotes,
taxas fixas…receita compartilhada e muitas outras formas de stream ainda em estágio
embrionário. Ocupe-se de criar e dar suporte a essas novas receitas!
4) Você não pode mais arcar com a representação exclusiva de direitos a taxas elevadas, a não ser
que estes hábitos lhe dêem 100% de cobertura e uma solução irrestringível.
5) Esqueça os teritórios a não ser quando servir a repertórios locais (que estão crescendo
também).
Grande parte dos talentos são globais, ou ao menos virtualmente globais. Internacionalize desde o
começo e construa um sistema que possa suportar isto. Construa um sistema global de
licenciamento e transações B2B que torne todo repertório disponível para todos os tipos de uso, e
o faça rápido.
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6) Resista à tentação de fazer como as majors fizeram (ou seja, extrair grandes pagamentos
únicos, extorquir porções semelhantes, licenciar a preços nada razoáveis, recusar a liberação do
acesso por nenhuma razão que não seja a preocupação de controlar o mercado, processar os
próprios clientes, etc) – este é um certo desejo de morte. Na verdade, agora você pode forçar as
majors a segui-lo.
10) Junte-se aos outsiders para inovar o negócio da música. Niklas Zennstrom causou uma ruptura
no negócio de telecomunicação, o Hotmail modificou o email, o abandono de Stanford iniciou o
Google – as inovações geralmente vem de fora.
“Diga que sou utópico, sonhador, um cruel otimista, mas acho que este é o futuro da música.”
Texto de: Gerd Leonhard, Basel, Suiça, 1 de julho de 2007
De acordo com estudo sobre comércio eletrônico encomendado pela Visa e conduzido pela
America Economia Intelligence na América Latina e Caribe (ALC), 7 milhões de internautas, ou 3,7%
da população brasileira, já têm o hábito de fazer compras pela internet.
Em 2007, as vendas on-line no Brasil alcançaram a marca de US$ 4,89 bilhões, um crescimento
de 116% em comparação ao ano de 2005, e um recorde em e-commerce da região América Latina
e Caribe. Este aumento deve-se principalmente a um sustentável crescimento econômico, avanços
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
“Cada vez mais os cartões de crédito se posicionam como um dos principais aliados para o
crescimento do e-commerce, prova disso é que mais de 65% das compras online do Brasil são
realizadas com cartões de crédito”, afirma Eduardo Chedid, diretor executivo sênior de Produtos da
Visa Brasil. “Por meio de campanhas de marketing, estamos comunicando aos portadores de
cartão que as compras pela internet são seguras com cartão Visa”, conclui o executivo.
O estudo, que tem como objetivo mostrar a situação atual e as tendências do e-commerce na
América Latina e Caribe, apresenta o índice “e-Readiness B2C”, que compara a capacidade das
economias da região para desenvolver a demanda por comércio eletrônico.
Em 2007, a América Latina chegou a 26,2 pontos no e-Readiness, enquanto que o Brasil chegou a
42,5 pontos. Esse índice, segundo maior da América Latina, pode ser explicado pelo nível de
bancarização e pela penetração de cartões de crédito no país.
O estudo destacou que, em outros países da América Latina, os e-consumidores superam 12% da
população. No Brasil, a cifra de 3,7% é suficiente para colocar o País em primeiro lugar entre os
que mais compram pela internet em toda a região, com 45% das e-compras no período.
Outro dado importante é que o e-commerce no Brasil representa 0,38% do PIB nacional, acima da
média da região de 0,32%, mas ainda distante de economias mais avançadas como os Estados
Unidos, onde a penetração alcança 1%.
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O estudo aponta ainda que o Brasil poderá ter um ótimo cenário para continuar em forte expansão
no mercado de comércio eletrônico, porém, para isso, precisa ter um pouco mais de atenção ao
que se refere à necessidade de aumentar o investimento em infra-estrutura digital para suportar a
grande crescente do mercado.
O número de usuários de celular em todo o mundo deve atingir 5 bilhões até o final deste ano,
número que, em tese, fará com que a porcentagem de habitantes do planeta com um telefone
móvel alcance os 61% ante 12% em 2000, informa a União Internacional de Telecomunicações
(UIT), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo dados divulgados pela entidade, economias emergentes em rápido crescimento, como
Brasil, Rússia, Índia e China são as que mais impulsionam o crescimento da telefonia celular.
Juntas, essas nações deverão somar 1,3 bilhão de usuários de celular neste ano, dos quais 600
milhões estarão apenas na China.
Segundo a UIT, o número de usuários de telefone móvel tem crescido 25% ao ano pelos últimos
oito exercícios. Em 2007, ele chegava perto de 3 bilhões e atingia 48% da população. A entidade
destaca, entretanto, que o número é de linhas, e não de pessoas, e que por isso pode haver
duplicidade, na medida em que alguns clientes possuem mais de um celular, enquanto outros
podem dividir uma única linha com outro usuário.
“Apesar dos dados sugerirem um crescimento impressionante, a UIT alerta para a necessidade de
os dados serem interpretados com cuidado. Apesar de, em teoria, uma penetração de 61% sugerir
que pelo menos a cada segundo uma pessoa esteja usando um celular, isso não é
necessariamente o caso. De fato, as estatísticas refletem o número de clientes, não de pessoas”,
afirma a UIT no levantamento.
Existe uma grande polêmica em torno do termo “pirataria”, alguns condenam a distribuição de
cópias sem autorização pela internet, outros acreditam que pirataria é o ato de copiar e vender
sem pagar impostos ou direitos autorais, etc.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Muito longe dessa discussão o que proponho é uma reflexão sobre o acesso a conteúdos artísticos.
Aqueles que tem acima de vinte anos pertencem a uma geração de consumidores de produtos
musicais acostumados a compra em suporte físico: CD, DVD etc. Essas compras possuem um
sistema de repasse de direitos autorais para os artistas e seus distribuidores, portanto, estamos
acostumados a comprar música em um modelo de repasse de lucro previamente estabelecido.
Atualmente a nova geração e as futuras gerações crescem em um ambiente web 2.0,
compartilham informações, fazem amigos aos milhões, distribuem suas musicas favoritas com a
mesma facilidade que trocamos roupa. O mundo caminha rapidamente para a convergência e
facilidade de distribuição de conteúdo, ou seja, baixar música pela internet é também um ato
cômodo, muito mais fácil do que comprar em uma loja, mesmo virtual, a questão não é apenas
sobre o custo.
Imaginem a seguinte situação, você sai em uma viagem a trabalho ou passeio à Bali, conhece um
grupo de música local vendendo um CD próprio em cópia caseira (não industrial), compra o cd e
volta para o Brasil, mostra o som para um amigo seu, este, ao gostar do som, o indaga: Como faço
para para adquirir este CD?, e você responde: Muito fácil, vá até Bali, mas você deve ser rápido,
pode ser que eles não estejam mais lá.
Existem muitas situações onde a “cópia” está diretamente ligada ao “acesso”, seja ele físico ou
financeiro. A própria indústria inventou maneiras de facilitar esse acesso, uma delas é a “licença
creative commons”, onde o próprio artista estabelece uma licença gratuita para seu produto, assim
como faço com esse e-book, ou seja, se o grupo de Bali estabelecesse uma licença gratuita à cópia
caso tivesse sido feita a seu amigo seria legal, mas sem a licença a cópia é considerada ilegal. É
interessante observar que toda essa discussão está distante do grupo de Bali, eles não sabem
sobre a licença, não decidem sobre quem pode copiar, na verdade o que querem é tocar, ser mais
conhecidos e receber por isso.
Diante dessa questão surge a inevitável pergunta: se a distribuição for gratuita, como o artista será
remunerado? Essa é a grande questão, músicos, produtores e agentes devem buscar novos
modelos de repasse que não estejam somente ligados a distribuição do fonograma, e também
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
buscar principalmente, como diversificar as possíveis fontes de receitas. Existem vários modelos já
existentes que irei abordar no capítulo Música 2.0 - Conceito.
Acredito que a música se tornará serviço e não produto assim como a energia elétrica ou água,
pagamos para ter acesso em casa ou quando estamos em outros lugares. Enquanto público
pagamos através de impostos, já existem vários modelos assim sendo implementados, alguns por
operadoras de celulares outros por serviço web 2.0 como Pandora e Spotify.
Quando analisamos as novas ferramentas musicais que surgem na web 2.0 percebemos que existe
um grande campo para a música e o músico independente, hoje mais de 80% da produção musical
é feita pelos independentes.
As gravadoras, além do poder financeiro para investir em músicos, detinham o conhecimento do
mercado, a relação entre os diversos agentes, e as guardavam como principal ativo. As novas
ferramentas tem possibilitado ao músico independente cada vez mais baixo custo de produção e
promoção, estabelendo uma menor dependência das gravadoras.
Entretanto não acredito no fim das gravadoras, mas, ao contrário, acredito que a gravadora terá
um papel importante na relação entre artistas e consumidores. Um certo dia ouvi uma frase
bastante interessante: "Se precisar de dinheiro para gravar um CD peça para qualquer pessoa mas
nunca para uma gravadora", essa frase demostra claramente que as gravadoras exercem um papel
de sanguessuga em relação aos músicos e esse papel precisa mudar. O primeiro passo que uma
gravadora deve dar para se lançar no futuro é restabelecer sua credibilidade, não há mais espaço
para a arrogância, é preciso se reinventar e criar um novo modelo de relacionamento com artistas,
fãs e agentes.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
II
Música 2.0 – O Conceito
Origem do Termo “Música 2.0”
A origem do termo Música 2.0 é incerta, sabe-se que foi utilizada em 2004 por Gerd Leonhard e
Dave Kusek no livro “The Future of Music”, mas é um termo diretamente relacionado a Web 2.0.
Web 2.0
Podemos dizer que a internet está em uma “Fase 2” de desenvolvimento. A fase 1 caracteriza-se
pela disponibilização de conteúdo e da maneira em que acessamos esse conteúdo através de
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
browsers (netscape, explorer), era bastante associado a navegação, surf entre links. Quando
chegamos lá, iríamos ler o site ou olhar para ele, talvez até mesmo comprar alguma coisa -
inspecionar o conteúdo que nos aguardava e então iríamos para outro lugar.
Web 2.0 traz um novo modelo, sem nenhum uso de metáforas de navegação ou a inspeção de
conteúdo, está diretamente ligada a compartilhamento e interação entre conteúdo e usuários.
Estes novos sites são ambientes em que fizermos algo. Eles não são o documento, são a
ferramenta com a qual podemos criar nossos próprios documentos, organizá-los de acordo com
nossas próprias preferências, e interagir com outras pessoas sobre eles.
Os exemplos com os quais você pode (ou deve) estar familiarizado incluem:
MySpace - rede social, repleta de bandas
Flickr – Compartilhamento de fotos e imagens
Wikipédia - todo o conhecimento humano em forma editável
Google Docs - planilhas e processadores de textos na nuvem
Del.icio.us - social bookmarking
YouTube - Compartilhamento de vídeos
Bloglines - Agregador de feeds RSS
Writeboard - Criação colaborativa de documentos
Netvibes - Homepage personalizada
Last.FM - O consumo de música personalizada
Odeo - Criar e compartilhar áudio e podcasts
Streampad - Reprodutor de áudio
MP3Tunes - Backup e arquivo de música online
Twitter - microblogging “ o que você está fazendo agora”
Mochila - Trabalho colaborativo
Feedburner - Personalizar e melhorar sua alimentação de feed
YouSendIt - Enviar arquivos grandes, sem congestionar seu e-mail
Wordpress - plataforma gratuita de blogging e website
Omnidrive - Armazenamento online gratuito
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Estes sites, e outros como eles, oferecem uma variedade de recursos - mas enfim, o que tem
incomum? Como usam o conceito 2.0?
1) Eles são softwares interativos ao invés de conteúdo estático;
2) Eles são sociais, ao invés de solitário;
3) Eles são ambientes em que você faz alguma coisa;
4) Elas envolvem conteúdo gerado pelo usuário;
5) Eles permitem que os usuários organizem e classifiquem conteúdo;
6) Eles são diferentes em cada vez que aparecer;
7) Eles fazem uso de feeds RSS (notificação de alterações).
Esta é a forma como a web é agora. Estas são algumas das coisas que vai deixar sua experiência
da internet melhor.
A analogia interessante é a loja de discos que é também um café. É o centro da minha
comunidade. Eu vou lá para socializar, trabalhar, ouvir música, conversar sobre música e me
conectar com as pessoas que eu gosto. Às vezes eu também compro discos.
As pessoas gostam de passar o tempo, sair, encontrar o seu espaço, formar grupos, discutir
interesses comuns e contribuir. O site web 2.0 pode fornecer essas coisas para as pessoas. A
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
abordagem Web 2.0 no seu site significa que não é apenas um folheto com uma caixa registadora
anexado. É um lugar onde as pessoas vêm e passam o tempo. Chat para os fãs de
música. Escrevam suas próprias análises. Talvez remix da sua música.
Mas a Web 2.0 pode lhe proporcionar uma gama de ferramentas com que para ligar o negócio da
música para o mundo. Construir uma página web que tem elementos de web 2.0 é uma coisa - mas
você também pode participar, utilizando e adaptando das ferramentas Web 2.0 acima
mencionadas para conectar-se com a comunidade, envolver-se na conversa, fazer e organizar
meios de comunicação.
Você pode incorporar Flickr slideshows e fotos em seu site. Você pode se conectar através de redes
sociais. Você pode inserir videos Youtube. Você pode enviar sua música para Last.FM permitindo
que as pessoas possam descobrir, conectar-se com elas e integrá-las em suas próprias playlists.
Web 2.0 não é a solução para todos os problemas da indústria da música online, mas nos dá uma
gama crescente de ferramentas e um conjunto mais amplo de conceitos em torno de usar a web de
modo a ultrapassar o conceito simples da página Web 1.0 no estilo estático .
Música 2.0
DIY (Do It Yourself)
DIY é uma abreviação de Do It Yourself (do inglês faça você mesmo), que traduz um espirito
empreendedor e anarquista que surgiu com a cena punk underground dos anos 80.
Basicamente é uma sigla usada para denotar que determinada banda faz todo o trabalho pelas
suas próprias mãos, ou seja, tudo desde a organização de concertos, gravação e produção dos
albuns, criação e venda de merchandise, marketing, publicidade, etc... é feito apenas com o suor
dos seus elementos.
Também é usada no caso de projetos que contra tudo e todos e sem quaisquer apoios financeiros
ou outros, subsistem e chegam a ter sucesso. Diz-se que estes são projetos baseados no DIY.
A atitude DIY é obviamente associada a um espirito anticapitalista e baseia-se no pressuposto que
uma pessoa sozinha pode fazer muito bem o trabalho de vários "profissionais" excessivamente
bem pagos e por vezes incompetentes.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
O futuro é DIY (Do It Yourself – Faça Você Mesmo). Aprenda a usar ferramentas baratas e/ou
gratuitas, mas lembre-se que o importante é o seu trabalho, software não vai resolver seus
problemas.
Mas, não podemos confundir “faça você mesmo” com “faça tudo você mesmo”, como alerta Dave
Kusek, podemos entender que “faça”, também possa ser “Delegue, Gerencie ou Decida”, o
conceito não está ligado ao número de pessoas envolvidas no trabalho, apenas a organização e o
direcionamento. Kusek também sugere que o músico DIY não necessariamente deva ser o único a
fazer seu website, trabalhar em suas gravações, fazer o design de seus trabalhos, promover seus
shows, reservar datas, e todas as outras atividades que envolve a gestão de carreira. Tentar fazer
TUDO você mesmo será um desastre quando qualquer coisa errada estiver acontecendo.
Ao invés disso, seja apenas a pessoa no controle, tomando as decisões mas, encontrando pessoas
para ajudá-lo. Encontre alguém que fique estimulado para fazer seu website. Encontre alguém que
fique estimulado trabalhando em suas gravações. Alguém que adore design de arte e queira ajudá-
lo. Alguém que seja um grande promotor de shows. Sim, é difícil encontrar essas pessoas, mas é
mais difícil assistir o desenvolvimento de sua carreira engatinhando ao invés de correr, porque você
está tentando fazer tudo você mesmo.
Ninguém tem tempo para fazer tudo. Se você levar em demasia, tudo está sujeito a sofrer. Quando
você está tentando construir uma carreira musical, o trabalho é quase interminável. A delegação é
uma habilidade, e por isso, é preciso saber onde você está forte e onde você esta fraco e trazendo
pessoas que fazem parte de seus pontos fracos.
Este problema é especialmente importante para os músicos. Quando você está demasiando
oculpado com assuntos ligados a gestão de carreira, provavelmente estará distraído com a música
em si. Embora nem sempre é prático ou possível, ter alguém para assumir algumas dessas tarefas
para você é o ideal.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Algumas iniciativas muito interessantes nesse sentido foi desenvolvida por grupos como Nine Inch
Nails, Radiohead, Imogen Heap, entre outros Uma boa receita para campanhas eficazes direct-to-
fan pode ser entendida da seguinte maneira:
CWF + RTB = $$$
Connect with Fans (CwF) + give them a Reason to Buy (RtB) = $$$
Conectando com Fans (CWF) + Proporcionar uma razão para comprar (RTB) = $ $ $. (lucro)
Faz sentido, né? As dificuldades surgem quando você considera o fato de existir 5 milhões de
bandas no MySpace, que estão competindo junto ao consumidor à sua atenção. Alguns críticos
dizem que o sucesso de campanhas realizadas pelo NIN e Radiohead (serão explicadas nesse e-
book) se devem ao fato dessas bandas já possuirem uma forte presença no mercado musical e
com uma base de fans grande e consolidada, portanto uma mesma campanha sendo realizada por
um músico ou banda independente pode não ter o mesmo sucesso. Independente do resultado o
importante em aplicar a técnica acima consiste em:
1. Criar uma página de oferta eficaz no seu site, adaptado às suas metas de comercialização.
2. Expandir e explorar o potencial de conversão de fãs, através de técnicas criativas de promoção.
3. Integrar o seu marketing online e offline para o mesmo objetivo
4. Uma vez que você, criou uma base de fãs e apoiadores, fortaleça o relacionamento priorizando
os fãs.
Cases Direct-to-fan
Para compreender melhor as técnicas utilizadas em Direct-to-fan, faço a tradução para português
de Estudos de Casos avaliados por alguns especialistas em Música 2.0.
Caso de estudo 1: Amanda Palmer (Miguel Caetano – Remixtures)
Construção de uma relação direta e permanente com os fãs, através de um diálogo sincero e
espontâneo. Esta é a lição de Amanda Palmer que muitos dos artistas da nossa praça ainda têm
que aprender. Não basta ter uma conta no Twitter e despejar para lá “conteúdos”.
Vocalista da banda punk de cabaré Dresden Dolls e artista solo, Amanda Palmer conseguiu ao
longo dos últimos meses juntar uma legião de fãs no Twitter, a ponto de contar atualmente com
mais de 36 mil seguidores na plataforma de microblogging. Tal sucesso deve-se certamente à sua
atitude rebelde e in your face.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Uma das suas principais utilizações do Twitter consiste na divulgação de atuações imprevistas,
digressões secretas e entrevistas à imprensa. Graças a essa tática de marketing de guerrilha, a
artista tem conseguido juntar espontaneamente milhares de pessoas em cada uma dessas
aparições públicas inusitadas.
Apesar de se encontrar atualmente ligada à Roadrunner Records, Amanda tem mostrado por
diversas vezes intenção de abandonar a subsidiária da Warner Music Group. E a avaliar pela
experiência de há cerca de um mês atrás, parece que ela sabe virar-se muito melhor sem a ajuda
de uma editora por trás, uma vez que até hoje ela não ganhou absolutamente nada em royalties
com as 30 mil cópias vendidas do seu disco de 2008.
Em apenas dez horas, Amanda conseguiu juntar 19 mil dólares através do Twitter através da venda
direta de artigos de merchandising inventados a partir das sugestões dos seus fãs. A isto é que se
chama marketing de crowdsourcing. A história toda está disponível no Hypebot mas eu vou tentar
resumir o que se passou.
Depois de enviar um tweet solitário apelando aos losers que ficam em casa sexta feira à noite à
frente dos seus ecrãs, rapidamente surgiu uma legião de fãs a trocar piadas sobre o tema. Pouco
tempo depois, alguém propôs a criação da hashtag #lofnotc para agrupar as conversas sobre o
tópico. Não foi preciso esperar muito tempo para que essa hashtag ascendesse ao primeiro lugar
dos temas mais pesquisados no motor de busca do Twitter.
Horas mais tarde, Amanda decidiu criar uma camisola. Em resposta, alguém sugeriu o slogan
“DON’T STAND UP FOR WHAT’S RIGHT, STAY IN FOR WHAT’S WRONG.” No final da festa (onde
também participou o escritor Neil Gaiman), a cantora tinha recebido 11 mil dólares resultante das
vendas de 400 camisolas a partir de um site criado à pressão pelo seu Web designer – que por
sorte ainda estava acordado àquela hora.
Nos dias seguintes, Amanda Palmer conseguiu amealhar mais seis mil dólares graças a um leilão
realizado por videoconferência dos objetos mais mirabolantes na sua posse. Mais tarde, a artista
juntou ainda mais 1.800 dólares através de doações num concerto privado realizado num estúdio
de gravação em Boston.
É claro que o Twitter não é uma máquina de ganhar dinheiro à serviço dos artistas. Este tipo de
tatica de marketing viral e de guerrillha só fazem sentido em mercados mais vastos como o
brasileiro por exemplo, mas se um artista tem um público global e dispõe de vontade necessária,
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
bem como uma personalidade relativamente carismática capaz de erguer uma tribo em seu redor,
porque não apostar no desenvolvimento de uma relação de proximidade no Twitter? Assim, o
Twitter é, tal como outras redes sociais, uma plataforma onde se pode fazer muita coisa sem gastar
praticamente nenhum dinheiro. É só preciso ter jeito para a auto-promoção.
Talvez seja o mais famoso dos lançamentos o “In Rainbows” do Radiohead. Um grupo famoso e
muito popular disse adeus ao seu contrato com uma grande gravadora e decidiu lançar seu novo
álbum de forma independente. Eles tinham um site previamente concebido onde você poderia doar
algum dinheiro (a quantia você decidiria) e, em troca, você faria o download do álbum. Um tempo
depois eles lançariam o álbum fisicamente.
O principal fator que separa este álbum de Radiohead de outros lançamentos é o fato de que era
lançado digitalmente com um conceito “pague o que você quiser” e fisicamente mais tarde. Outros
álbuns foram liberados ao contrário, primeiro física,digital mais tarde.
Riscos
Há algumas coisas que poderiam ter acontecido que poderiam ter sido prejudicial ao sucesso do
"lançamento de produto In Rainbows". Em primeiro lugar, todos os consumidores poderiam ter
decidido doar o mínimo. Em segundo lugar, o álbum não poderia ter uma grande atenção, porque
não poderia entrar nas paradas considerando uma fraca quantidade de atenção com potenciais
clientes e, portanto, diminuição das vendas. Em terceiro lugar, as vendas físicas poderiam ter sido
muito baixas depois do lançamento físico do produto.
Forte base de fãs. Radiohead tem uma grande base de fãs e estes são muito fiéis.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Buzz. Eles devem ter pensado que sua idéia era tão radical nesse ponto, que eram altas as
chances de conseguir uma grande repercussão na mídia, bem como em redes sociais tais
como fóruns de discussão, Facebook, MySpace e Twitter.
Resultados
Descobriu-se que, embora a maioria das pessoas optaram por não doar nada, o lançamento online
gerou mais dinheiro dentro de aproximadamente 2,5 meses do que a soma total gerada pelas
vendas de seu álbum anterior (NME News,2008).
Quando eles lançaram o álbum em CD, superou as espectativas no Reino Unido (Reuters, 2008) e
os E.U. Billboard Top 200 (Billboard, 2008). Mesmo, embora a música estivesse disponível
praticamente de graça, eles ainda conseguiram top de vendas do CD físico. Um boxset especial
feito para os fãs, contendo faixas não disponíveis no padrão físico e digital vendeu 100.000 cópias
(NME News, 2008).
Tendências
Em primeiro lugar a digitalização desempenhou um papel importante, senão o banda não poderia
ter oferecido o álbum online. Em segundo lugar, a venda de 100 mil cópias do boxset especial
mesmo competindo com a distribuição gratuita induz a concluir que tem mercado para venda
paralelo ao download free. Em terceiro lugar, como já dito anteriormente, Radiohead estava
procurando um “buzz” – e ele aconteceu.
Costuma-se dizer que a música disponibilizada segundo licenças Creative Commons nunca vende
muito justamente porque o autor permite a sua livre distribuição e partilha. Mas e se a banda
facilitar a disseminação viral do disco fazendo o seu upload em sites de partilha de arquivos? Bem,
o resultado pode acabar por se revelar um sucesso fulgurante, como comprovam as vendas na
ordem dos 1,6 milhões de dólares de Ghosts I-IV, o mais recente trabalho dos Nine Inch Nails,
apenas durante a primeira semana de lançamento.
Para além dos 750 mil dólares arrecadados em dois dias com as vendas das 2500 cópias da
edição ultra-deluxe a um preço de 300 dólares cada, Reznor afirma que o total de transações
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
ascendeu às 781.917, já incluindo downloads grátis e pagos. Mas a cereja em cima do bolo virá
quando o CD físico for lançado um pouco por todo o globo ao longo do próximo mês, de acordo com
a Billboard: Austrália e Japão a 5 de Abril, Europa a 7 de Abril e Estados Unidos a 8 de Abril.
Uma coisa que estes números provam é que o P2P e o recurso a licenças Creative Commons não é
incompatível com o sucesso comercial. Representantes dos Nine Inch Nails asseguraram que
foram eles próprios a fazerem o upload do primeiro disco tanto no Pirate Bay como em trackers
privados de BitTorrent. Em segundo lugar, o êxito da iniciativa de Trent Reznor demonstra que os
consumidores querem ter liberdade de escolha, querem poder optar por diversos formatos e
produtos.
Todas as campanhas de marketing são diferentes e nem todas elas tem o luxo de ter apoio
de bandas importantes como Sigur Rós. Mas não importa em que estágio encontra-se sua carreira,
as técnicas de marketing são eficazes, sobretudo quando se trata de usar efetivamente a mídia
social para envolver seus fãs e construir sua base.
O melhor exemplo de campanhas em redes sociais são idéias criativas que aproveitam a natureza
viral dos meios de comunicação social para envolver os fãs e produzir um efeito de mudança não
somente no mundo digital, mas na campanha física offline de uma banda (o que evidentemente é
ainda extremamente importante para qualquer campanha de marketing global).
The Lights Out é uma banda de Boston que trabalha para aumentar sua visibilidade na cidade e
adquirir novos fãs para impactar positivamente a sua base em turnê pelo Nordeste do País. Na
esteira de uma onda de calor opressivo em Boston em meados de agosto, a banda iniciou uma
campanha de marketing online. A banda encontrou o local adequado para o evento através de
votação de seus seguidores do Twitter:
Uma vez que o local foi escolhido, a banda criou um evento no Facebook, o que lhes permitiu
atualizar o status da campanha.
A banda então criou um hashtag Twitter (#), que organizou todas as mensagens em torno do
evento em um único canal ao vivo em busca do Twitter. O uso hashtag também teve o todo-
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Então, o que tudo isso significou para o objetivo declarado de aumentar a visibilidade da banda e
aquisição de novos fãs?
Novos fãs, também, enviaram mensagens direta a banda, dizendo-lhes o quanto eles gostaram da
idéia e sua música, e manifestaram o interesse em participar shows futuros. Essa campanha de
mídia social incluiu um componente off-line, novos fãs foram capazes de interagir com a banda de
uma forma mais pessoal. Novamente digo, todas as campanhas de marketing são diferentes, e
devem ser utilizados de uma forma que se concentre sobre os pontos fortes e oportunidades da
banda respectiva. As ferramentas específicas, certamente, continuarão a mudar à medida que
avançarmos.
O que é particularmente emocionante para mim, é que os artistas têm a opção de comercializar e
distribuir a sua música diretamente, com participação menos gatekeeper, como nunca antes. Nós
estamos nos estágios iniciais de campanhas direct-to-fan, mas acho que é inegável que existe um
caminho enorme de crescimento potencial no segmento sendo uma área em que os artistas,
gestores e outros (com visão de futuro, serviços para artistas, empresas de base, por exemplo) tem
que olhar de muito perto.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
• É perigoso que um artista gaste muito tempo com coisas que não são artísticas. Crie um time de
gestão para tomar conta das ferramentas, marketing e tecnologia. Se você está começando
convoque um amigo que adore sua música para desenvolver sua marca com você.
• Só assine contratos de curto prazo e se eles forem te dar muita visibilidade. Caso contrário você
vai ficar fora do radar.
• Comece localmente, comece com uma tribo. As melhores histórias de sucesso de bandas
começaram com uma cena musical. A internet tem permitido que tribos aumentem muito de
tamanho. Entre em contato com bandas similares e divida shows com elas. Construam uma cena e
trabalhem para que o sucesso aconteça para todo mundo ao mesmo tempo.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
III
Ferramentas 2.0
MySpace
O MySpace começou como um site de redes sociais. Não
demorou muito, porém, para as bandas e gravadoras
descobrirem que este local era uma rede livre através da qual
eles poderiam conversar diretamente com seus fãs. O fãn, por
sua vez, adorou a oportunidade de ter contato com seus artistas
favoritos. A partir daí, nasceu uma estrela, e MySpace ganhou
força como uma fonte go-to para os amantes da música, bem como para os agentes musicais que
perceberam o potencial comercial da rede. Assim, temos o MySpace Music, uma área do MySpace
expressamente destinada para música baseada em páginas de perfil MySpace.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Sonicbids
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O Sonicbids cobra uma mensalidade em torno de cinco dólares para o músico pertencer a sua
base de dados, para agentes e produtoras a utilização do sistema é gratuita. Para enviar um EPK
aos agentes o Sonicbids cobra um valor em torno de cinco dólares por cada envio.
Quando testei o sistema achei curioso o fato do músico além de pagar uma mensalidade, ter que
pagar para enviar o seu EPK a cada agente, se o músico quiser envia-ló a dez agentes o custo
mensal poderia superar os sessenta dólares, considerando o fato que o músico poderia enviar uma
proposta para o agente fora do sistema de forma gratuita não entendia o porque da cobrança.
Entrei em contato com eles para saber o motivo da taxa de envio e a resposta foi surpreendente.
No inicio o Sonicbids não cobrava pelo envio do EPK somente a mensalidade, ocorreu que os
músicos passaram a enviar EPKs em massa, os agentes ao colocarem ofertas de contratação
disponibilizavam informações detalhadas sobre o tipo de banda ou som que queriam, mas os
envios em massa desconsideravam completamente essas informações, sendo assim, os agentes
recebiam muito mais propostas inadequadas as suas solicitações do que dentro do perfil de
contratação esperado. A ferramenta entrou em colapso e perdeu a efetividade, os agentes foram
se desinteressando pelo sistema e os músicos não efetivavam o agenciamento.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Youlicense
A ferramenta atua no terceiro pilar da
indústria musical “ Publish e
Licenciamento”. Youlicense é uma
ferramenta criada por supervisores
musicais tendo como objetivo
aproximar músicos e canções de supervisores que tem por atividade incluir músicas em trilhas de
cinema, comerciais, novelas, seriados, filmes institucionais e muito mais.
Publish e licenciamento é um dos seguimentos musicais que mais crescem em termos de receita
para os músicos e também um dos mais difíceis de entrar. São poucos supervisores musicais
disponíveis e ter a possibilidade de enviar músicas diretamente para eles, até então, era algo
reservado as grandes gravadoras ou músicos muito bem relacionados. Houve uma época onde
fechar contrato com uma grande gravadora era desejo de músicos justamente pela possibilidade
de contatos de licenciamento. Youlicense rompe com essa barreira e coloca qualquer musico na
linha de frente com muitos supervisores musicais.
Lembro que na época do MP3clube (ferramenta criada em 1999) havia escrito um projeto de
criação de uma ferramenta bem semelhante ao Youlicense, más abandonamos a idéia pelo fato de
nossa equipe não possuir um supervisor musical ou alguém que se relacionava bem com eles.
Acho que sucesso do Youlicense está justamente no fato da ferramenta ser criada e mantida por
supervisores musicais, isso garante uma adesão ao sistema por cada vez mais supervisores,
deixando a ferramenta muito eficiente para músicos e supervisores musicais.
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Reverbnation
OurStage
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jornalistas que tem suas matérias selecionadas e classificadas por editores. A diferença de
ferramentas como Digg, Dihitt, Diggo e tantas outras, está na possibilidade em permitir que todos
publiquem matérias e todos se tornem editores dessas ferramentas, ao ler uma noticia nesses
agregadores você pode votar nela, assim, as mais votadas vão tendo mais destaques e relevância
no portal.
Pois bem, o que faz o Ourstage é implementar esse conceito de votação em seu portal, assim, ao
navegar entre bandas e músicas o visitante vai votando e classificando o conteúdo e portanto, os
mais votados vão tendo mais relevância no portal.
Kompoz
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TOPSPIN
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Se preencher os requisitos a ferramentas Topspin poderá ser muito útil à você. É importante
considerar que não há garantia de que Topspin irá trabalhar para você. Algumas coisas a ter em
mente:
Topspin pode ser uma ferramenta poderosa, mas é apenas isso - uma ferramenta. Não faz nenhum
marketing ou vendas para você - ela apenas fornece um leque de possibilidades para que você
possa facilmente fazer essas coisas. Se você não utilizar os serviços disponíveis através Topspin,
sua participação não terá absolutamente nenhum efeito sobre a sua carreira musical.
Portanto, é bom para os músicos, rótulos e gestores? Se você já desenvolveu uma base de fãs,
sabe como chegar aos seus fãs online e tem algumas músicas para vender, então Topspin pode
ajudá-lo a fazer o trabalho - desde que você se sinta confortável em sua navegação e esteja
interessado em fazer todo o trabalho direct-for-fan de forma integrada sem autilização de outras
plataformas.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
IV
Posicionamento – Gestão &
Conteúdo
Esse livro foi escrito baseado em um format passo a passo, na qual os primeiros capítulos contém
informações sobre a indústria musical e o conceito de Música 2.0, direct to fan e DIY, além de
análises e ferramentas indicadas. Agora é fundamental entendermos alguns conceitos tradicionais
sobre gestão artística, promoção e mercado, o entendimento desses conceitos ampliam o leque
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
para um melhor desenvolvimento de uma gestão DIY eficiente. Para explorar esses assuntos, irei
relacioná-los dentro de um tópico único chamado “Posicionamento”.
Rage Against the Machine foi e continua sendo uma quebra de gênero em música política. James
Brown era o Rei do Soul. Johnny Cash foi o homem “in Black” e Michael Jackson o rei do Pop.Todo
grande artista do século 20 tinha uma clara definição de quem eram, e foram capazes de
comunicar isso para os seus fãs. Estes artistas eram autênticos por completo, e se traduziam em
forte conexão com os seus fãs. Autenticidade sagrada por tudo que fizeram. Você não esperaria
ouvir uma música do Pearl Jam no comercial da Pepsi, mas Britney Spears poderíamos esperar em
campanhas do McDonalds. Ambos são fieis ao que se prestaram. Pearl Jam é a uma banda anti-
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
corporativa que mantem a essência da música. Se isso não significa mainstream constant atenção,
então que assim seja. Britney Spears quer ficar famosa e relevante como um símbolo da cultura
pop, e para isso vai fazer o que for preciso. Se você não sabe o que pretende exatamente com sua
música, o primeiro passo é refletir, lembre-se porque a música se relaciona com você. Porque você
pegou um instrumento, começou a cantar, ou colocar as idéias em verso, quanto mais clareza o
músico tem sobre seu trabalho maior facilidade terá em se comunicar com o public, seja ele qual
for.
Metas
Meta é um termo bastante ligado ao gerenciamento artístico, como estamos considerando o fato
do músico ser DIY, é importante que ele saiba como gerenciá-lo.
A atividade musical envolve uma série de atividades que o músico desenpenha em seu dia a dia,
shows, aulas, arranjos, participações, gravações, encontros etc; somadas a atividades extra-
musicais, como exercer papel de marido, pai, estudante etc. Dentro desse panorâma bem comum
para um músico, é muito flcil perder o foco, normamente em um cenário como esse onde se tem
muitas coisas a fazer e pouco tempo, acaba-se perdendo produtividade, é ai que um plano de
metas pode fazer muita diferença.
Uma meta é o ponto de chegada de onde pretendemos ir, é preciso saber com clareza o que
queremos para traçar uma rota no intuito de atingir nossos objetivos e metas. Podemos ter grandes
metas como gravar um CD, fazer um show novo, ou pequenas metas como, vender 1000 copias do
cd recém lançado, vender 100 convites para o novo show, o importante é que toda meta seja
mensurável, por exemplo: gravar um cd vai me custar 30 mil reais.Também é importante que se
tenha uma sequência de ações para atingir essa meta, por exemplo; Para atingir a meta de gravar
um CD eu devo pesquisar formas de financiamento, empréstimos, elaborar o repertório, convidar
os músicos, produtores e técnicos, programar ensaios, marcar estúdio, etc. É muito importante ter
um orçamento preciso e uma seqüência de ações detalhadas, quanto maior o detalhamento das
ações maior as chances de se atingir a meta.
Não menos importante é definir datas, fixando datas para cada ação e por consequência a data de
inicio e final que pretender ter sua meta atingida. Existem softwares que podem ajudar na
elaboração e acompanhamento da meta, mas basicamente, o que deve ser feito é criar um
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
documento com metas bem claras, datas realizáveis, uma descrição em forma de tarefas passo a
passo para a realização das ações e um acompanhamento permanente.
Público alvo
A celebre frase de Milton nascimento "todo artista tem que ir aonde o povo está" possui uma
adaptação usada por agentes e contratantes; “todo artista tem de ir aonde pessoas que gostam
dele estão”. Essa e a lógica de uma contratação, o artista só será contratado quando houver um
publico para ele. Você consegue Imaginar um grupo de punk sendo contratado para tocar em um
bar de bossa nova?
Em alguns casos o público-alvo está claramente definido, como mencionei acima, mas na maioria
dos casos não é bem assim, existem públicos para diversos estilos e pessoas que gostam de
estilos cada vez mais variados, bem como também existem músicos e grupos com sonoridade
influenciada por estilos completamente diferentes entre si. Há algumas técnicas para saber quem
é seu público alvo, falarei sobre elas a seguir.
O primeiro passo a ser dado na identificação de seu público alvo é identificar os músicos e grupos
que tem um som semelhante ao seu, preferencialmente, relacione músicos e grupos bastante
conhecidos. Usarei um exemplo fictício, uma banda de rock que se assemelha com Skank,
Paralamas e Jota Quest, a partir daí podemos identificar que seu público é muito grande e
diversificado, possui faixa etária predominante entre 20 a 40 anos, de ambos os sexos, em todas
as classes sociais, localizada em todo território brasileiro. Em um outro exemplo usarei um dos
maiores instrumentistas brasileiros, Toninho Horta. Por ser um artista de muita identidade e uma
personalidade musical reconhecida em todo mundo, não usarei o termo "parece com" e sim "
pessoas que gostam de", sendo assim, pessoas que gostam de Pat Matheny e John Pizzarelli tem
uma forte tendência à gostar de Toninho Horta. A partir desse contexto entendemos que o público
de Toninho Horta está localizado em todo mundo, mas com maior incidência nos EUA, Europa e
Japão, classe social predominante A e B, entre 30 e 60 anos.
Os dois exemplos citados aqui possuem um carácter mais ilustrativo, em um caso específico é
possível identificar costumes, consumo e tantas outras variantes, o principal é saber onde está seu
público e somente depois desse processo o artista deve fazer o agenciamento.
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Gestão Artística
Introdução
Em um certo ponto, depois de ter feito uma demo, tocado em alguns shows, e começado a
desenvolver um projeto fonográfico, você pode ser abordado por alguém que está interessado em
controlar você. Provavelmente, as pessoas que se aproximam de você nesta fase inicial de carreira
serão amigos, familiares, fãs, ou pessoas que trabalham nos locais onde você toca. Alguns dos
gestores mais bem sucedidos no negócio originalmente vieram desse pool. Bertis Downs, por
exemplo, começou a trabalhar com REM, quando ele e os membros da banda eram estudantes
universitários juntos, em Atenas, GA. Brian Epstein trabalhou na loja de móveis de sua família
quando foi convidado para ir ver uma banda. Essa banda era os Beatles, e tornou-se seu gestor.
Rusty Harmon era um estudante universitário e um estagiário em uma empresa de gestão, quando
descobriu uma banda de jovens tocando em sua cidade. Você pode ter ouvido falar desta banda,
pois eles já venderam milhões de cópias, ele, ganhou dois Grammys no âmbito da gestão de Rusty:
Hootie and the Blowfish.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
No entanto, você e seu gerente podem vir juntos ou não, e qualquer que seja o papel do gestor
finalmente acaba influenciando em sua carreira, há três características que um gestor deve ter
para ajudar a sua carreira de forma eficaz, tanto antes como depois de obter um contrato de
gravação. Essas características são paixão, conexões e financiamento. Se o seu gerente tem
paixão, ele pode ser capaz de ter sucesso sem os outros. No entanto, se o gerente é, sem paixão
pela sua música, suas chances de sucesso a longo prazo será reduzido. O melhor cenário é,
naturalmente, ter os três.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
desenvolvimento de carreira. A estreita relação, muitas vezes tem o efeito colateral positivo de ser
uma relação honesta. Proximidade e honestidade são fundamentais, e lhe dará uma chance muito
maior de evitar a todo-demasiado-comum não litigar sobre acusações de impropriedades,
resultante do artista saber exatamente o que o gerente está fazendo, mas acreditando que,
independentemente do que está fazendo, é fazê-lo honestamente.
No texto anterior, abordei o elemento crucial da paixão na equação de gestão. Nesta segunda parte
vou olhar para a segunda qualidade essencial: Conexões. Por favor, lembre-se que, enquanto esta
série de artigos é escrita a partir da perspectiva de aconselhar o artista à procura de um gerente,
as informações são igualmente aplicáveis aos interessados em uma carreira de gestão artista. O
objetivo da série é oferecer tanto o artista à procura de um gerente, quanto ao indivíduo
interessado em gestão com a perspectiva necessária para aumentar suas chances de sucesso.
Embora seja muito bem (e muitas vezes refrescante) para um gerente ser um personagem discreto,
eles devem ser capazes de se vender e, mais importante, o artista. Ao fazê-lo, eles vão criar
conexões. O registro é um negócio onde você vive e morre pela forma como você está conectado.
Você pode fazer a melhor música do mundo, mas se você não tem para quem mostrar não importa
muito. Basta colocar, em todas as fases em sua carreira ao ficar uma pessoa de A & R para ouvir a
sua demo, mostrar seu vídeo que tocou na MTV, muitas vezes as ligações que fazem a diferença .
A realidade é que a força da conexão é frequentemente tão poderosa quanto a força da música. Há
muitos exemplos de quem faz uma música medíocre, mas consegue um contrato de gravação
antes de um artista com poucas conexões que faz a música mais incrível do mundo.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Para começar na indústria, muitas vezes você tem que desenvolver as suas ligações a partir do
zero. O processo pode ser acelerado se alguém na sua equipe, neste caso, o gerente, tem
conexões. Um papel fundamental do gestor é expor seu artista para mais pessoas. Portanto, os
gestores gastam muito do seu tempo lançando uma rede de informações em torno de todos os
cantos da indústria. Ao fazê-lo, elas se desenvolvem relacionando-se com os agentes de shows,
gravadoras, estações de rádio, imprensa, e assim por diante. Quando você se associa à um
gerente, você não está só começando uma experiência pessoal com energia, e espero, a paixão.
Está também ampliando o acesso á suas conexões e relacionamentos. Estas ligações ajudam de
muitas formas semelhantes, de ter sua música ouvida pelos supervisores de música em agências
de publicidade para apresentá-lo á uma editora de música para garantir-lhe um slot de abertura
em uma turnê cobiçada.
As conexões são construídas ao longo do tempo e devem ser mantidas. Você precisa examinar
cuidadosamente qualquer gestor potencial para determinar o quão amplo, bom e o mais
importante, se são aplicáveis suas conexões com a música que você está fazendo. Compreender
também que as ligações podem e vêm em formas orgânicas. É perfeitamente aceitável para você e
seu gerente tenham uma relação simbiótica em que seu gerente gere benefícios da sua associação
com você, e vice-versa. O truque é ser capaz de fazer conexões que tenham significado real para
sua carreira. Se você tem um gerente que está muito bem conectado, mas não de maneira que
seja apropriado para ajudar a avançar em sua carreira, que poderia muito bem não ter quaisquer
ligações.
A importância do dinheiro
(George Howard)
Uma vez analizados dois dos três elementos essenciais da gestão artistica: paixão e conexão,
vamos agora ao último critério de gestão essencial: o capital.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
gerada pelo artista (o bruto). Isto inclui o dinheiro de shows, o dinheiro pago a você de uma
gravadora como direitos fonográficos, o dinheiro de marchandising (produtos relacionados como
camisetas, bótons, bonés etc...), a renda de sua música que está obtendo como licenciamento em
filmes ou comerciais, ou qualquer outra fonte de renda. Por conseguinte, é no melhor interesse do
gestor para alavancar todas as ligações que eu mencionei acima, para ajudar a gerar tanto dinheiro
possível, o que, naturalmente, gera mais dinheiro para eles. Este é o capitalismo, e quando ele
funciona, ele funciona muito bem para todos.
Como um artista, você deve seriamente debater se deve dispender com sua editoria, a fim de
fornecer uma espécie de seguro para um gerente, é a coisa certa a fazer. Minha opinião é que
geralmente é a coisa errada a fazer. Eles devem ser capazes de "trabalhar" a sua publicação para
gerar consciência sobre si e dinheiro para você. Se eles não podem fazer isso, não atribuia
qualquer parte da sua publicação para eles. Portanto, se um gerente exigir-lhe atribuir alguma
parcela de sua publicação para eles, você só deve fazer isso se você sente que o gerente vai
empenhar-se ativamente na elaboração das suas canções.
Claro, pode não ser tão simples para você, especialmente se você não tiver um monte de opções.
Você pode sentir que o gerente pode ajudar a sua carreira de muitas maneiras, e que seria tolice
perder a oportunidade de tê-lo por seu apego muito forte à sua publicação. Você pode estar certo.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Sua publicação é valiosa. Compartilhe com cautela, e somente se você estiver recebendo algo de
real valor tangível em troca.
Os gerentes que não têm dinheiro têm um obsáculo difícil para tornarem-se eficazes. Há sempre
despesas envolvidas na obtenção de uma banda: os custos de gravação, o combustível para a van,
viagens, cordas de guitarra, e assim por diante. Tudo isso acrescenta-se. Naturalmente, a
administração não tem que pagar por uma ou todas essas coisas.
Mesmo depois de ter um contrato com uma grande gravadora, a gestão é muitas vezes fonte de
receita. Por exemplo, um artista e um gerente podem determinar que precisam de um jornalista
independente, pois eles sabem que um assessor do selo (se tiver um) não pode fazer um trabalho
eficaz, devido à carga de trabalho, regime de prioridade do selo. O selo não é obrigado a pagar por
isso (embora muitas vezes o fazem), e assim a banda e a gestão decidem se quer ou não
potencializar sua exposição através de um profissional independente.
Bons gerentes entendem que os artistas novos e em desenvolvimento são muito parecidos com as
empresas de inicialização. O primeiro par de anos os registros (ou) normalmente são perdedores
de dinheiro. A esperança é que, após o doloroso período inicial termine, haverá uma recompensa
financeira que irá recuperar todas as perdas iniciais. É por isso que os gestores de fundos de
carreira de um artista em fase inicial são, por vezes, fundamental na carreira de um artista.
Resumo
Na minha opinião, é melhor ter um gerente que seja apaixonado do que um profissional cheio de
conexões que não necessariamente válidas, mas sem paixão, visão ou compreensão de quais são
seus objetivos do artista. Você estará trabalhando muito estreitamente com essa pessoa, e você
precisa ser capaz de comunicar facilmente em conjunto. Além disso, você precisa confiar que eles
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vão representar a sua visão artística de uma forma que você esteja confortável. Eles serão o seu
porta-voz em muitas situações. Por último, é preciso realmente entender o que são os seus
objetivos e metas para escolher um gerente que irá ajudá-lo a chegar lá, e em seguida, definir
novos objetivos com você e ajudá-lo a atingi-los. Bons gerentes não são fáceis de encontrar, então
você deve olhar bem e com cuidado. Em muitos aspectos, o gerente torna-se um outro membro da
banda.
Agenciamento artístico
Antes de fazer qualquer plano de agenciamento certifique-se de conhecer bem seu público alvo,
essa é uma informação fundamental para você e seus contratantes.
Preparando o material.
Você deve ter toda a informação sobre sua banda ou show disponível na internet preferêncialmente
em um domínio próprio, essa fonte de informação deve conter release, áudio, vídeo, fotos etc.
Porém é importante não enviar esse conteúdo diretamente ao agente, simplesmente porque essa
informação pode estar em apenas uma linha de texto ex. Para mais informações acesse
www.minhabanda.com.br. Se o contratante quiser mais informações ele irá procurar, não duvide
disso. Mas enfim o que devo mandar ao agente?
Você deve preparar um material específico para fazer o agenciamento, podemos chamar esse
material de apresentação ou EPK (press relesse eletrônico), que deve conter:
I) Um texto de apresentação dizendo do que se trata o agenciamento (lançamento do Cd, novo
show, um retorno à cidade após dois anos, etc.), é sempre importante ter uma
justificativa para a realização do show.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
II) Texto sobre o artista ou grupo e o trabalho a ser apresentado, podendo ser: 3 faixas de
áudio com músicas que pertençam ao show em questão; 1 trecho de vídeo de no
máximo 5 minutos; notas de imprensa caso as tenha e agenda desse show caso tenha
alguma reserve, e principalmente a data desejada para o show com 3 opções de novas
datas.
O importante é que o conteúdo do EPK seja curto, objetivo e com dados suficientes para o
agente optar pela contratação.
Não envie propostas em massa, esse tipo de prática dificilmente dá resultados, entre em contato
por telefone antes do envio do EPK e depois para confirmar o recebimento, é comum os agentes
não retornarem devido a vários motivos, então faça você o acompanhamento, após uma semana
de envio faça um retorno via telefone e pergunte, o que achou da proposta?. É importante fazer o
acompanhamento até possuir uma resposta definitiva como, agora não vai dar, podemos ver para
o próximo ano, a proposta não interessa, etc. Faça o acompanhamento através de um banco de
dados sempre relatando todas as conversas, caso o agente mencione um outro período para o
agenciamento você saberá exatamente quando deverá fazer um novo contato.
Datas
É importantíssimo conter no EPK a data que você pretende tocar, normalmente o agente analisa a
proposta em função da data ou datas solicitadas, se o agente se interessar pelo show e a data não
for possível ele irá entrar em contato para negociar outra data, o fato do EPK conter datas
pretendidas agiliza o trabalho do agente e economiza etapas de negociação, conheço vários
agentes que não analisam propostas sem datas pretendidas.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Existem maneiras corretas de fazer um kit de imprensa e, claro, também existem maneiras
incorretas, mas com todos os artistas lá fora, fazendo um, você precisa de mais do que apenas um
"kit de imprensa apropriado. Há muitas coisas diferentes que podem ser adicionados e certas
técnicas que podem ser utilizadas, que fará seu kit de imprensa brilhar muito mais que o resto da
pilha.
Reconhecendo os fundamentos
Além de ser um passo de vendas para agentes promotores e representantes A & R, um kit de
imprensa também precisa conter informação suficiente sobre o artista / banda / grupo para ser
capaz de alavancar um artigo ou comentário sobre.
Biografia: Apesar de bio ser apenas isso, uma biografia da banda (ou artista), ele ainda é um lugar
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
para ser criativo. Uma história interessante ocorrida, se você tiver uma, é uma coisa muito
comercial. Todos os mesmos, porém, torná-lo curto e atraente, ninguém quer ler 5 páginas de sua
história musical. Se você não tem nada de especial a dizer, começa a bio mais rapidamente
possível.
CD demo: Bandas devem incluir suas músicas mais recentes, ou música que pode ser reconhecida,
ou que se tornou um favorito dos fãs. Verifique se está gravado com alta qualidade. Ninguém quer
ouvir um baixo demo feita em um porão. Basta lembrar, você tem 30 segundos para fazer o seu
caso. Se a pessoa que escuta não encontrar o que estão procurando em sua música em até 30
segundos, muito provavelmente irão desistir de chegar ao final.
Alta Resolução Foto da Band: Uma óbvia obrigação para cada kit de imprensa. Não só é muito
importante dar a imprensa uma imagem de alta qualidade para ser reproduzida em revistas,
jornais, blogs etc, mas também é uma boa maneira de mostrar a aparência da sua banda. Lembre-
se que não importa o que você usa quando você estiver em 'artista' modo, se é para uma sessão
de fotos ou no palco, você está fazendo uma declaração.
Tour Datas (quando aplicável): Obviamente, quanto mais datas você tem, melhor. Ao mostrar que
os outros que você está com uma agenda ativa, você se tornará imediatamente mais atraente para
os representantes e fontes de notícias.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Mostre o passado (quando aplicável): Faça um favor, deixe este tema de fora da lista se tudo o que
pode dizer é "Eu toquei em um churrasco para meus amigos '. Este é um bom lugar para mostrar
shows anteriores de importância, quer se trate de locais com grande capacidade e shows
esgotados.
Informação de contato: MUITO IMPORTANTE! Verifique se você tem várias maneiras de ser
encontrado por aqueles que estão olhando e poderão entrar em contato com você. Certifique-se de
deixar o número de telefone, endereço e e-mail da pessoa que representa a banda, mesmo que
seja um membro da banda. Além disso, para mostrar que você é sério, crie um e-mail profissional
(ou seja, my.band @ yahoo.com).
Se você usa um kit de imprensa físico ou um kit de imprensa eletrônico (EPK), as informações
utilizadas devem permanecer bastante similares. No entanto, um kit de imprensa eletrônico
oferece algumas opções adicionais, como vídeos e links de sites que podem ser difícil (embora não
impossível) para incluir em um press kit físico.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
A Vantagem Competitiva
Depois de ter todos estes elementos prontos para incluir, existem algumas técnicas que podem e
devem ser empregadas para fazer o seu kit de imprensa mais atraentes:
Crie um rótulo personalizado do CD: Isso pode parecer insignificante, mas é preciso olhá-la através
dos olhos daqueles que olham kit de imprensa. Ao eliminar o envelope ou capa que está
armazenado todo o kit, torna-se uma dor de cabeça reorganiza-lo novamente. Você realmente acha
que terá uma chance se a pessoa colocar o disco no leitor e depois lutar para procurar a capa
original?.
Carta de Apresentação: Assim como um resumo, deve haver uma carta em seu kit de imprensa. A
carta é uma introdução formal e pessoal da banda e da música.
Observação: Há uma maneira correta de se fazer uma carta. A fonte e ortografia mal feita pode
ser pior do que não INCLUINDO UMA!
Coloque seu contato em tudo: Lembre-se que o seu kit de imprensa provavelmente será um dos
muitos em uma pilha. Assim como os professores da escola dão lembretes constantes para colocar
seu nome em todo o seu trabalho, certifique-se de colocar suas informações de contato em tudo
que você puder. Fotos são separadas, CDs são removidos e deslocados de seus cases, clipping são
separadas do resto do kit de imprensa, você me entende? Coloque em TUDO!
Embalagem adequada: Todo o conteúdo do seu kit de imprensa precisa ser colocado em um único
pacote limpo e profissional, não só reflete o quão sério você é, mas é um sinal de respeito para
quem os recebe. A pasta de papel pardo é provável que seja a melhor opção, mas não importa que
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
tipo de pasta você usar, certifique-se de começar com o nome da banda / artista impresso sobre a
mesma, o profissionalismo é importante e irá ao longo caminho tentar causar uma boa impressão.
Neste momento você tem tudo que precisa para criar um kit de imprensa eficaz. Basta ter em
mente que você representa uma marca, e uma imagem global, e está tentando convencer um
profissional que sua música é interessante se for dada a oportunidade.
Conteúdo Musical
Conteúdo artístico
Quando se fala em conteúdo artístico logo pensamos em música, vídeos e fotos, mas existe todo
um conteúdo artístico que é menosprezado pelo músico como: fotos de camarim, vídeo de
passagem de som, áudio de ensaios e conteúdo escrito de relatos de shows, encontros, festivais
etc. Ironicamente, esse conteúdo é super valorizado por fãs e pessoas que gostam de seu trabalho.
O conteúdo, seja ele uma música ou uma foto no camarim antes de um show, é o que aproxima os
fãs dos artistas; quanto mais conteúdo produzido mais seguidores você terá, portanto, produza
muito conteúdo sempre, e valorize seu conteúdo, esse é o maior ativo de um músico ou grupo.
Presença On line
Identidade visual
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
“Uma imagem vale mais que mil palavras”, essa frase é tão conhecida quanto a história de Cristo e
se não fosse verdade, não seria exaustivamente usada até hoje. Ter uma logomarca e uma
identidade visual pode não ser tão importante para um artista solo mais fundamental para um
grupo. Não economize aqui um bom desenvolvimento de uma identidade visual, pois ela vai te
acompanhar para o resto da vida. Sua marca / logotipo, cores, estilo, vai estar presente em todo
material promocional que produzir.
Website
O site do artista ou grupo deve ser a principal fonte de informações sobre seus trabalhos. O fato
das redes sociais serem mais acessíveis para colocar música e vídeo não dispensa a
armazenagem direta também no site. Além disso, entre outros benefícios eu destacaria:
Seu próprio site pode ser concebido exatamente como você deseja, fornecendo aos fãs e à
imprensa como você quer ser visto.
Você pode facilmente fazer um link para quaisquer outros sites que você deseje.
Qualquer receita gerada pelos anúncios vai direto para você, e você é capaz de decidir,
eventualmente, os anúncios que deseja.
Você pode montar sua própria loja, ou linkar para um ferramenta de venda direta.
Seu site pode ser um hub para todos os outros sites, blogs e redes sociais.
Eu diria que o grande problema para o músico DIY atualmente, está no obstáculo de como ser ativo
e presente nas redes sociais, intergindo com seus fãs e ao mesmo tempo produzindo conteúdo
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
musical relevante. Como sabemos, produzir conteúdo consome muito tempo, os músicos tem que
compôr, gravar, estudar, ensinar, se relacionar com outros músicos, enfim, como adicionar a essa
rotina diária outra atividade altamente consumidora de tempo que é a interação em redes sociais?
Sem dúvida nenhuma ainda falta ferramentas mais eficazes para auxiliar os músicos na interação
em redes sociais otimizando tempo, mas algumas ferramentas procuram fazer isso.
Ping.fm
É uma ferramenta gratuita que permite ao músico cadastrar todas as redes sociais das quais
participa como: Facebook, Myspace, Twitter, Bebo, Ilike, Digg, Flickr, Tumblr, entre tantas outras
disponíveis, possibilitando o envio de informação (post, status, fotos etc...) uma única vez que será
replicada para todas automaticamente.
ArtistData
Uma ferramenta bem semelhante ao Ping.fm, com a diferença de que o ArtistData é direcionado ao
mercado musical. Além de permitir o envio de post e status para as redes cadastradas o ArtistData
publica sua agenda de shows nessas mesmas redes e também em diversos sites especializados
na divulgação de agenda musical como All About Jazz, EventFul, FindEvent, Live Music Machine,
Jam Base e tantos outros.
Equipe de Gestão
Ainda hoje, a melhor alternativa devido a carência de uma ferramenta para otimização de
procedimentos 2.0, é a criação de uma equipe de gestão artística. Com uma equipe montada
pode-se dividir tarefas de administração de redes sociais, promoção e interação. O problema de
equipes são os custos, mas existem algumas alternativas. Em um primeiro momento, não é
necessário contratar pessoas, tente criar um Street Team com amigos e familiares, dividindo
tarefas, assim cada um sede um pouco de seu tempo para a realização da gestão; também
existem os “freelancers” que podem ser contratados por horas trabalhadas.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
V
Distribuição & Promoção
Temos que pensar sobre distribuição e promoção como irmãs inseparáveis. Distribuição é tornar
seu produto disponível e promoção é comunicar ao público onde seu produto está disponível.
Existem várias ferramentas 2.0 que permitem a distribuição de produtos musicais, mas antes
vamos conhecer alguns conceitos básicos sobre distribuição digital.
Venda Direta
Quando vendemos diretamente ao consumidor sem intermediários, pode ser feita através de
pedidos por email ou até sofisticadas lojas virtuais. Tradicionalmente, é necessário ter esse
produto em estoque e após receber o pedido e o comprovante de pagamento o produto será
enviado por email ou correio, dependendo do que for o produto. Existem ferramentas que permitem
a venda de produtos sem possuir o produto em estoque (venda on-demand).
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Venda on-demand
Vendas de produtos que não possuem estoque, ou seja, ele é feito depois do processo de compra.
É um sistema muito útil para vendas de CDS físicos, camisetas, bonés, bolsas, etc. Entre as
Ferramentas que oferecem esse tipo de serviço destacaria o Audiolife.
Varejistas Digitais
São as MegaStores virtuais como ITunes, Amazon, Rapsody, entre outras. Elas não fecham
contratos diretamente com músicos, para isso é necessário ter um distribuidor digital como
representante.
Distribuidor Digital
Representa o artista junto a MegaStores, o músico faz um contrato de distribuição digital e após o
uploads de músicas, CDS, encarte, as distribuidoras se encarregam de transmitir os arquivos aos
varejistas. As distribuidoras fazem também o repasse dos royalties para o artista sobre as vendas.
Existem muitas distribuidoras com preços, recursos e condições muito diferentes entre si, eu
destacaria o Turecore, Reverbnation e CdBaby.
Promoção
Uma vez que já produzimos conteúdo e disponibilizamos entre as diversas ferramentas existentes,
chega a hora de fazer com que as pessoas saibam disso.
Toda promoção, independente do tamanho que seja, seja ela para promover um show, Cd ou
mesmo uma música nova, tem que começar a partir de um planejamento promocional. Esse
planejamento permite definir o foco da promoção, público, metas e orçamento. Toda promoção 2.0
invariavelmente vai se relacionar com as redes sociais, o primeiro passo é entender como se deve
comportar uma promoção nessas redes.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
As redes sociais não são classificados, as pessoas que freqüentam essas redes o fazem para se
relacionar, é evidente que nesses relacionamentos podem surgir oportunidades de venda, mas
esse fato não deve ser prioritário, não há nada mais desagradável que receber insistentes
anúncios de produtos e serviços através das redes, isso cria uma antipatia com quem oferece os
produtos.
Utilize as redes para criar relacionamentos, deixe bem claro para seus amigos o que você faz e
onde podem encontrar produtos e serviços seus, se for anunciar, procure as ferramentas próprias
para esse fim.
Alguns conceitos sobre promoção na Músisa 2.0 que você precisa saber:
Anúncios Adwords
Utilize a ferramenta do Google Adwords para promover produtos e serviços, ela permite a inclusão
de anúncios escritos e imagens, direcionado por palavras chaves, e o anunciante define o quanto
quer gastar em cada campanha.
Rádios online
Outra maneira muito eficiente de promoção consiste em comprar pacotes de inserção de músicas
em rádios online. Algumas ferramentas que testei e obtive excelentes resultados, foram a
Grooveshark e o Jango Airplay, você compra pacotes de dez mil inserções e atribui a alguns artistas
aos quais você quer vincular sua música; por exemplo, quero que minha canção toque sempre que
tocarem uma música do Rolling Stones. Como a melhor divulgação do músico é sua própria música
essa técnica de promoção é muito eficiente.
Marketing Viral
“O marketing viral é uma estratégia de marketing, mediante processos de auto-reprodução viral,
que tem uma certa similaridade com o processo de propagação de um vírus informático,
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
Buzz Marketing
O Buzz Marketing é utilizado por diversos profissionais de marketing em substituição à publicidade
convencional e a cada dia ganha mais importância em seus planejamentos estratégicos.
O termo Buzz Marketing está associado a uma estratégia de marketing que visa estimular um
indivíduo a repassar a outros, de seu âmbito social, determinadas informações sobre um produto,
serviço, etc. Como os vírus reais, tais estratégias aproveitam o fenômeno da rápida multiplicação
para levar uma mensagem a milhares e até milhões de pessoas.
O Buzz tem o mesmo conceito do Marketing Viral, que é rapidamente distribuído pela internet,
porém tem a vantagem de ser difundido por qualquer meio, físico ou digital, como um amigo
contando a outro sobre seu novo celular com GPS, ou então uma dona de casa comentando com a
vizinha sobre o novo produto que tira qualquer tipo de mancha.
Atualmente, com o crescente fortalecimento dos meios de comunicação, essa prática alcança
proporções gigantescas, com baixo investimento.
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Música 2.0 – O Futuro da Indústria Musical
ela impressa, web ou peças de rádio. Uma das maneiras mais rápidas de conseguir alguma
cobertura da mídia é trabalhando com uma agência de PR (Press Release) especializada na àrea
músical. Soa curto e grosso, certo?. A agência de PR pode ser extremamente útil, mas essa ajuda
não vem barato. Antes de você conseguir o dinheiro, há algumas coisas que você deve considerar:
Não existe uma fórmula mágica para uma agência de PR oferecer garantias. Eles enviam o seu
álbum e, em seguida, fazem chamadas telefônicas e e-mails para tentar arranjar alguém para
escrever sobre. O que eles trazem para a mesa que você não pode ter é uma grande lista de
contatos. Obter a atenção da mídia é muito competitivo, e uma agência estabelecida de PR já tem
a atenção dos escritores e editores.
Ainda assim, novamente, não há nenhuma fórmula mágica. Quando o dinheiro está apertado, você
ainda tem uma chance de obter resultados, fazendo a sua própria promoção de casa. Esteja
preparado para uma curva de aprendizado, isso pode levar algum tempo antes de seu banco de
dados de imprensa seja construído, mas, muitas gravadoras e bandas lidam com PR desta maneira
- especialmente quando eles estão apenas começando.
Mesmo quando você contrata uma agência de PR, não há nenhuma garantia que você irá receber
uma única crítica para o seu lançamento. Às vezes, não é apenas alguém que nada pode fazer
para angariar a cobertura, mas claro, você ainda tem que pagar de qualquer maneira. Reduzir o
risco ao contratar PR quando você acha que tem um lançamento com boas chances de conseguir
um pouco de atenção.
Se você tiver uma versão que acha que poderia ir longe, mas você não tem dinheiro para contratar
uma empresa de PR grande, tente fazer um acordo com eles. Você pode ser capaz de convencer
uma empresa de grande nome para trabalhar em um de seus lançamentos para um preço
reduzido, se eles realmente amam a música, ou se você pode organizar um sistema de
remuneração baseado em atingir um determinado conjunto de metas.
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VI
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