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Vale ler e reler:

Como Enriquecer Saindo do Zero


– Os Segredos do Clube Sefardi de Investimentos
Este é um relato verdadeiro, em todos seus pormenores. O que vocês fazem? Um segredo que, aos poucos, foi se constituindo e me foi revelado.
Por muitos anos fiz a ponte aérea SP-NY para desenvolver meu Somos todos traders. Eles são o Clube Sefardi de Investimentos, e ainda hoje são
projeto de alta freqüência (high frequency trading) junto a uma Trabalham em qual banco? respeitados por todas as corretoras de Wall Street e London City.
corretora (broker-dealer), sobre a qual detinha uma pequena Operamos em nossas casas. Posição proprietária. Odiamos Eu já era um trader formado e experiente antes de conhecê-los, e
participação. clientes. mudei completamente minha ação profissional depois de tomar
Durante minha estadia na Cidade, além de trabalhar, eu fumava Voltamos a nos encontrar na charutaria por mais alguns dias contato com as práticas desses nova-iorquinos.
charutos em um Cigar Club que me havia sido apresentado por um seguidos. Depois soube que eram sócios da casa. Puxamos papo, A técnica desenvolvida funciona no mundo todo e em qualquer
trader peruano de um desses bancos grandes, com sede na gostaram de mim por conta de eu ser um analista de ações mercado: mercadorias, metais preciosos, arte, antiguidades,
Madison. Estou acostumado a consumir os puros andando pelas brasileiro e, portanto, na cabeça deles, exótico. Eu os divertia mais imóveis, ações, etc..
ruas do Itaim, caminhando de volta para casa, mas me do que informava.
Mas é mais do que um método, é uma filosofia de vida, ousaria
recomendaram ir a um clube de charutos quando estivesse por NY. De qualquer forma, iniciamos uma amizade. Fui convidado, de lá dizer. Ao mesmo tempo é útil desde o primeiro dia.
Avisaram que eu deveria calçar sapatos (pois conhecem meu gosto há um mês, quando do meu retorno a NY, para conhecer o trading
por longas caminhadas de tênis, pós labuta). Eu, obediente, Hoje eu posso lhes desvelar essa poderosa ferramenta. É uma
desk no apartamento de CJ. Ficava na Warren Street em Tribeca. O
calçava-me apropriadamente e, todos os dias, dava por lá, às 21h permissão que tenho desse clube para incentivar o processo de
aparato profissional de 6 monitores para executar os tradings
ou coisa assim. Lugar estreito, apinhado de poltronas de couro, lançamento da BG. É do interesse desse grupo que a BreakingGood
ficava em um córner com vista frontal para o Hudson River. Pilhas
coberto por grossos tapetes desenhados e encoberto de lustres se torne um veículo influente.
de relatórios econômicos com os símbolos da Goldman Sachs, JP
falsos de cristal. O público, de homens entre 30 e 40 anos, paletós Morgan, UBS, CS, Merrill Lynch, etc. preenchiam os espaços de uma O assunto aqui é apostar para ganhar. Não é algo que esteja ao
em riste e lencinho no bolso, a maioria bêbada, falando alto e mesa de vidro fosco. A mesa de operações era integrada a um bar alcance de todos, porque muitos querem ganhar sem apostar.
contando mentiras sobre a jornada de trabalho e inconfidências e uma charutaria, ornada por uma bela máquina de café Sage Então se você é filosoficamente contra arriscar, encontrará pouca
sobre os clientes: um inferno. Heston. CJ negociava nos mercados americanos, europeus e coisa útil aqui.
Nos primeiros cinco minutos, da primeira vez em que estive no asiáticos, de ações, commodities, futuros e derivativos. Me Eis os segredos dos jogadores mais espertos do mundo:
gentlemen’s club, me arrependi por ter pedido um charuto grosso, mostrou uma carteira com exposições off-Bradway como Ucrânia, As pessoas maduras sabem que a vida é um jogo, e isso deixa
que demoraria a ser consumido. De qualquer forma, me ajeitei em Argentina, diversos países africanos e médio-orientais. Seu PL era bastante gente infeliz. Mas você vai ficar em um quarto escuro,
um canto, resignado a cumprir a missão de não desperdiçá-lo e de US$ 600 milhões, e me advertira que talvez fosse o menor dos escondido, roendo as unhas? Ou vamos falar sobre política
sumir. Eis que percebo uma turma diferente, à esquerda do meu três. nacional enquanto a vida passa? Meu pai, por 20 anos, reclamou
lado cego: três homens dissonantes, quietos, fumavam os melhores Meu relacionamento com o trio se aprofundou naturalmente, à da crise econômica e morreu pobre aos 58 anos. Hoje sei que os
produtos da casa, acompanhado por brandies: roupas largas, medida em que eu lhes estudava algumas ações como AmBev, Weg bilionários brasileiros fizeram seus impérios nos malditos anos 80 e
camisetas por debaixo dos blazers obrigatórios, calças jeans e e Ultrapar. Eles investiam um mínimo no fundo de ações que eu 90 no Brasil. Qual é a sua postura? O que você quer que fique
sapatos tipo dockside. Confabulavam em tom inaudível e exalavam administrava. Eu retrocedia o favor analisando ações colombianas, gravado na sua sepultura? Na minha lápide estará gravado:
confiança. Um deles portava cabelos longos à italiana e um Rolex chilenas, argentinas e brasileiras. Nos correspondíamos usando
Daytona de aço no pulso direito, com visíveis sinais de uso. Outro ELE APOSTOU E GANHOU.
emails suis generis e Skype. Mas evoluímos disso, e nossos
parecia um arquétipo de um ashkenazi, careca e de cavanhaque encontros – quase que mensais – amalgamaram uma amizade Os grandes negociadores se perguntam o tempo todo: “por que
russo, óculos redondos e de lentes minúsculas. Um terceiro, utilitária mas cordial. estou comprando essa empresa agora?”; ou “o que me faz vender
bastante baixo e robusto, aos 50 e poucos anos de idade, ostentava essas ações nesse momento em que todos estão comprando?”; o
Nunca havia visto traders tão bem sucedidos. Há muito mito e há o método ou a filosofia que agora lhes apresento foi engendrado com
um cabelo curtíssimo e passaria por um marine aposentado.
que os olhos vêem. Esses caras faziam 50%-60% em dólares todos base nessas perguntas, e é , portanto, de cunho puramente
Eles pediram um copo de McDowell’s para cada um. Como eu não os anos, em cima de uma base de capital enorme, o que é
sabia do que se tratava, aproveitei a presença da garçonete e pedi empírico.
consideravelmente mais difícil. Você tem US$ 10 mil ou US$ 100 mil
o mesmo para mim. Quando estávamos com os drinks à mesa, o com que se aventurar e dobra seus recursos todos os anos, isso é Como um Moisés de mercado, vou transformá-los em 20
careca vira-se, de súbito, defronte a mim, e ergue um brinde, razoavelmente simples, mas muito mais raro é dobrar US$ 50 Mandamentos, buscando recheá-los com experiências próprias,
mostrando que havia percebido a coincidência nos copos. Em milhões em pouco tempo. Você vai precisar muito mais do que sorte nacionais, o que nos pode ser mais útil. Entretanto eu lhes garanto
pouco mais de 20 minutos, estávamos já reunidos os quatro em para isso. que esses “mandamentos” representam fidedignamente o modus
torno de uma mesa redonda de pouco menos de 1 metro de operandis desses bilionários.
E eu soube que havia um método para isso.
diâmetro, fumando e enchendo a cara de brandy.

Primeiro Mandamento:

Só aposte se for valer a pena.

Se você comprar R$ 100,00 em ações e elas dobrarem, você ainda continuará pobre. O que precisamos fazer são apostas
assimétricas, ou seja, 1 para perder com 5 para ganhar, com 50% de chances para cada evento.
Invista R$ 100 mil, por exemplo, para perder a soma ou para ganhar R$ 20 milhões, mesmo que a chance de perder seja muito
maior do que a de ganhar. Faça a matemática e veja que vale a pena. Um exemplo que ilustra esse pay-off profile é quando se gasta
(digamos R$ 100 mil) em honorários advocatícios para comprar uma empresa em estado pré-falimentar por zero, promover um turnaround
no ativo e vendê-lo por uma pequena fortuna (digamos R$ 20 milhões).
Isso se chama expectativa assimétrica. Ou, como diria um banqueiro amigo meu:
“Prefiro apostar 1 centavo para ganhar 1 dólar, do que apostar 1 dólar para ganhar 1 centavo”.
Segundo Mandamento:

Não diversifique.

A diversificação é a estratégia de quem não sabe o que está fazendo. Não estamos tratando aqui da preservação do capital.
Se eu tenho US$ 5 bilhões e quero resguardar esses recursos em um mundo complexo, invisto em vários segmentos: ações, commodities,
fazendas, imóveis urbanos, obras de arte, vinhos, antiguidades, cinema, negócios em geral, etc.. É o que chamamos de “riqueza
aristocrática”. Esse sujeito está em todos os ramos, em todos os continentes, e independentemente de uma guerra nuclear ou uma
hecatombe econômico, não voltará a ser pobre.
Mas aqui, nesse artigo, queremos sair do zero e nos tornarmos ricos. Para tanto, não podemos nos dar ao luxo da
diversificação. A heurística é simples: concentre todos os seus esforços em uma única exposição e se quebrar, recomece.

Terceiro Mandamento:

Preocupe-se o tempo todo.

Se você está dormindo direito, é sinal de que não está arriscando o suficiente.
Certo dia, pedi demissão. Disse ao meu chefe que estava estressado e que não dormia bem há meses. Ele não aceitou o
pedido e me promoveu: “quando você começar a dormir bem operando US$ 300 milhões em mercados emergentes é hora de te mandar
embora. Eu te pago para você dormir mal e eu dormir bem”.
Estar tranqüilo é não se aventurar (a não ser que você chame de aventura ir à Disney). Viver uma aventura é sempre
preocupante, pois há riscos intrínsecos neste processo. Há quem não queira transformar a vida e a profissão (não há distinção entre elas)
em turismo. O turista gosta de ter tudo programado, e é o anti-aventureiro. Turistificar a vida significa – em última ordem – morrer.
As preocupações são, por exemplo, parte integrante dos prazeres da vida. Assim é a paixão. Temos necessidade de aventura.
Você tem a esperança de tornar-se rico? Aceite as preocupações de braços abertos. Prepare-se para um estado permanente
de preocupações.
Use Rivotril. Beba duas taças de vinho à noite. Freqüente um psiquiatra e uma terapeuta. A sua vida não será fácil. Ou, como
nos lembra o título de um best seller, “o dia fácil foi ontem”.

Quarto Mandamento:

Realize seu lucro cedo.

“Deixe os outros ganharem também”.


Você comprou um terreno em Ilha Bela/SP para especular por R$ 500 mil, digamos. Um ano depois, te oferecem R$ 850 mil
e você vende. De lá há 10 anos, um amigo “espírito de porco” te lembra que aquele imóvel que você detinha foi negociado por R$ 5 milhões.
Como você se sente? Digo que deve se sentir bem pois um lucro rápido de R$ 350 mil nunca fez mal a ninguém.
Logicamente, ex post, você teria ganho mais se esperasse. Mas não havia como antecipar isso ex ante. Ademais, cabeça de
quem nunca vende porque o ativo ainda está por se valorizar ad eternum é condenável e seus negócios acabam ficando para o governo e
seus advogados.
Você é um trader. Ganhou dinheiro rápido e caiu fora. Tenha orgulho disso. Parta para outra e esqueça suas posições
anteriores, a não ser que deseje recomprá-las (por algum motivo forte e racional).

Quinto Mandamento:

Entre em um negócio com um objetivo. Quando realizá-lo, caia fora.

Uma dos pontos mais sagrados em um investimento é monitorar a razão pela qual você decidiu assumir aquela exposição.
Você tem a obrigação de monitorar se essa motivação inicial remanesce, caso contrário, você precisa desmontar a posição.
Esse é um erro comum e fundamental.
Um sujeito compra uma ação de uma determinada companhia “porque vai dobrar de EBITDA em 18 meses”, e passado esse
tempo, o EBITDA não cresce mas ele remanesce na posição porque “especula-se que aconteça um fechamento de capital a um preço 50%
acima das condições correntes de mercado”. O fechamento de capital não acontece mas o cara permanece investido porque “as empresas
do setor são negociadas a múltiplos altíssimos na bolsa de Londres”. Auto-engano.
No final, perde-se dinheiro, invariavelmente.
Você não pode deixar de saber o motivo pelo qual está investido. Não deve profanar esse motivo, adaptá-lo ou ajustar o
racional. Isso faz parte do wishful thinking, que será visto mais à frente.

Sexto Mandamento:

Fail Fast: saiba realizar prejuízo.

Aceite e assuma seus erros com alegria.


O que quebra é permanecer por 10 anos em uma posição perdedora. Muitos dizem que o importante é acertar mais do que
errar, mas esse raciocínio está completamente equivocado, embora soe “bom senso”.
Não há como evitar erros. Não há como otimizar acertos. Não existe essa história de hit rate.

Sétimo Mandamento:

Não dê satisfações a ninguém sobre seus investimentos.

Se você ganhar, não conte a ninguém. Se perder, também mantenha-se calado. Suas idéias de investimentos são formadas a
partir de insights, visões, estudos, relacionamentos e inclinações individuais, e por isso não podem ser validadas por terceiros.
Uma vez realizado o investimento, não busque confirmar suas idéias com amigos ou parentes, ou mesmo com profissional.
Fatalmente você acabará fraquejando e desistindo da exposição, diante das dúvidas alheias.
Aqui lhes conto algo que aconteceu comigo: em 2002 comprei ações ordinárias de TCOC (Tele Centro Oeste) na expectativa
que a empresa fosse englobada por alguma gigante do setor. Eu era um analista reputado do setor de telecomunicações e havia ganho
vários prêmio (AE/Ibmec) pelo meu desempenho. Não obstante, passei compulsivamente a discutir a minha posição em TCOC3
abertamente entre gestores. Eu as havia comprado a um preço médio de R$ 4,00 e permaneci inabalado, mesmo com dezenas de
argumentos plausíveis contrários à exposição.
Eis que um dia, ao ser questionado por mim, um dos maiores gestores do país afirmou ser “loucura montar um case de M&A
em 2002, com um Lula à beira da presidência”. Me fitou severamente e disparou: “não vai haver transação este ano, estamos todos
paralisados até o próximo”. Aquela bala de prata me atingiu. Fazia sentido. Comecei a passar mal porque àquela altura realizaria um prejuízo
de R$ 800 mil. Realizei.
Três semanas depois da desmontagem da posição, foi anunciado que a Telesp Celular havia comprado a TCOC. As ações
ordinárias do grupo controlado pelos Beldi voou até R$ 18,00/ação e, se eu tivesse mantido o meu lote, teria ganho uns R$ 20 milhões.
Perdi R$ 800 mil, depois de muito estudo e diligência. Poderia ter ganho R$ 20 milhões se soubesse o momento de parar de
estudar.
Inconsolável, fui ter uma conversa com um tutor meu, banqueiro, bilionário, Midas. Ele me disse algo que ficou cravado em
minha mente:
“Marcos, a diferença entre nós é apenas uma: eu não dou satisfação para ninguém sobre meus investimentos. Nem para
minha filha, nem para minha mulher, nem para Deus. Eu nunca vi alguém ficar rico buscando confirmar as próprias idéias com os outros.
Fatalmente, você será dissuadido, seja por inveja ou por falta de inteligência”.
Lição de ouro aprendida (às duras custas).

Oitavo Mandamento:

Nunca faça nem se baseie em previsões.

É impossível fazer previsões. E ponto. Quem as vende é charlatão. Quem as usa, perde dinheiro. Baseie-se no presente pois
descrevê-lo já é desafio suficiente.
A grande verdade é que ninguém tem a menor idéia do que vai acontecer no próximo ano, na semana próxima ou mesmo
amanhã. Os analistas financeiros criaram um subterfúgio para isso: revêem suas projeções – as expectativas elaboradas em junho são
revistas em setembro e reavaliadas em novembro, e depois em dezembro, ou sempre que surgir algum fato novo. Ficar dando atenção aos
profetas e aos gurus não dá lucro para ninguém.
Obviamente há campos em que a previsão pode ser feita: na astronomia, conseguimos prever a passagem de um cometa
daqui a mil anos com precisão de um segundo. Sabemos a que horas o sol se levantará a cada manhã, conseguimos calcular as tábuas das
marés com meses de antecedência, antecipamos as fases da lua, etc..
Não há método que consiga prever o resultado das interações humanas. A economia e as finanças estão no quarto quadrante,
descrito por Nassim Nicholas Taleb.
O especulador de sucesso não baseia suas jogadas no que vai acontecer; ele reage ao que realmente acontece. Essa diferença
é visceral.

Nono Mandamento:

Ame a volatilidade. Tenha medo da ordem.

A volatilidade é sua amiga e não sua inimiga.


Você pode dormir bem por 5 anos com uma debênture corporativa pagando IGPM+15% ao ano sem mercado secundário, até
o dia em que descobrir que a empresa não tem mais condições de honrar seu endividamento e passa – de uma hora para outra – a não
honrar mais o título.
Não há um mercado (e o mercado é o melhor amigo do homem), todos os dias, para te mostrar como essa debênture se
comporta, não há liquidez, tudo parece calmo, até que você perdeu tudo. Não há tempo para reagir.
Havendo volatilidade, há sinais e há liquidez. Você desmonta uma posição, aufere 20%, 30% de prejuízo e parte para a
próxima.
Quando você começar a enxergar padrões ou ordens, belisque-se.
Há o caos. A ordem conforta. O caos perturba.
É por isso que os profissionais de investimentos vão tentar lhe vender um padrão. Mas o trader sabe que isso não existe.

Décimo Mandamento:

Evite a falácia narrativa.

A memória humana funciona a partir de narrativas, de histórias. Para memorizar, buscamos desenvolver um enredo, mesmo
que as relações entre causa e efeito fiquem comprometidas.
Nossa memória funciona assim, engendrando acontecimentos através do fio de uma história: é apenas um artifício
neurológico. As causas – de fato – disparadoras de um determinado processo ou ciclo não estão – necessariamente – apontadas de forma
correta em nossas histórias.
Há que se ter cuidado com a memória ou mesmo com a história escrita. Podemos nos iludir com uma bela narrativa para
fazermos inferências sobre o futuro, ou mesmo sobre o presente.
“Uma boa história soa mais verdadeira do que a própria verdade”. E isso é uma armadilha.
O último grande contador de histórias no mercado nacional foi o Márcio Mello da HRT. Ele é um PhD, empreendedor
brilhante, conhecedor profundo de geologia e grande orador. Com isso ele “vendeu” um case de petróleo na Namíbia. Tudo “fazia sentido”,
e ele tinha uma resposta contundente para tudo, mas o fato é que a HRT não achou petróleo na África e as ações virarão poeira cósmica.
Aliás, cuidado com as pessoas muito inteligentes (como Daniel Dantas) ou muito sedutoras (como o FHC). Contra eles, não
temos defesas.

Décimo Primeiro Mandamento:

Cuidado com análise técnica.

Embora haja um paper seminal desenvolvido por Andrew Lo do MIT:


http://www.cis.upenn.edu/~mkearns/teaching/cis700/lo.pdf
E que demonstra matematicamente – usando regressões não paramétricas de Kernel – que a chamada análise técnica ou
grafista apresenta sim significância estatística, a abordagem não passa de finanças Vudu.
O mercado de ações não obedece a padrão nenhum, e não repete o passado. Quando o faz, não o faz de forma confiável.
Por outro lado, os analistas gráficos, munidos de técnicas diversas, provêem um conforto enorme aos investidores, indicando-
lhes quando comprar e quando vender, como auferir grandes lucros em espaços curtos de tempo. É difícil resistir a isso!
Os grafistas que conheço estão quebrados, quebraram seus clientes, vão quebrar, ou simplesmente são caras que tiveram
sorte e se retiraram do jogo em tempo.
Leia horóscopo e aposte na loteria. Ambos não te farão mal.
Décimo Segundo Mandamento:

A Deusa da Fortuna não obedece ninguém.

Não se ache particularmente sortudo.


Maquiavel, em sua obra O Príncipe, trata da Virtù e da Fortuna.
Para o autor:
A Virtù trata da capacidade do príncipe em controlar as ocasiões e acontecimento do seu governo, das questões do
principado. O governante com grande Virtù constrói uma estratégia eficaz de governo capaz de sobrestar as dificuldades impostas pela
imprevisibilidade da história. Assim, o político com grande Virtù observa na Fortuna a probabilidade da edificação de uma estratégia para
controlá-la e alcançar determinada finalidade, agindo frente a uma determinada circunstancia, percebendo seus limites e explorando as
possibilidades perante a mesma.
A Fortuna diz respeito às circunstâncias, ao tempo presente e às necessidades do mesmo: a sorte individual. É a ordem das
coisas em todas as dimensões da realidade que influenciam a política. Observa-se que a Fortuna não pode ser vista como um obstáculo ao
governante, mas um desafio político que deve ser conquistado e atraído. O príncipe que vive despreparado em função da Fortuna apenas
atrairia desonra e fracasso, mas o de Virtù procura utilizá-la, controlá-la da tal forma que lhe possa ser útil. É nesse sentido da Fortuna que
se debruça este trabalho, isto é, procura esclarecer acerca da indeterminabilidade da Fortuna. Em suma, há a sorte, que a todos submete.
Para preparar-se a essa sorte, nesse sentido, ao acaso, há que se desenvolver virtudes.

Décimo Terceiro Mandamento:

Não crie raízes. Não planeje para o longo prazo.

O maior economista de todos os tempos, John Maynard Keynes nos ensina:


“No longo prazo todos estaremos mortos”.
O longo prazo se dá de forma evolutiva, inexoravelmente darwiniana, e portanto, surpreendente e inesperada. Esse
desenrolar não pode ser capturado em planos de negócios estabelecidos a priori ou em reuniões estratégicas.
Para exemplificar, começamos com uma importadora de relógios que vai indo mal, e um dia temos grande sucesso na venda
de um pequeno lote de relógios com a marca Disney que nos aproxima das fabricantes de brinquedos, e acabamos nos tornando uma
distribuidora de brinquedos bem-sucedida, do fracasso ao sucesso sem planejamento de longo prazo.
Todos os relatos fidedignos dos empreendimentos têm essa componente de serendipitidade, que são descobertas
afortunadas feitas, aparentemente, por acaso, enquanto se trabalha. É um “ver pontes onde outros viam buracos”.
Chris Garner sempre quis ser médico, mas não tinha dinheiro para se formar, teve uma infância difícil e seu padrasto o agredia
com freqüência. Na miséria, sentado à calçada, um dia viu passar um trader de bolsa em uma Ferrari vermelha. Procurou saber se era
necessário ter formação para trabalhar no mercado financeiro e lhe disseram que não (o que está absolutamente correto). Largou a dura
profissão de vender equipamentos médicos de “porta em porta”, ingressou em um programa de trainee – já velho – em uma corretora de
valores, e iniciou uma carreira sensacional que desembocaria na própria instituição financeira, a Gardner Rich. A história inspirou o filme À
Procura da Felicidade.
Aqui vemos um insight trazido por um estereótipo de “um homem de Ferrari” e que move um indivíduo (que sofre) a perseguir
uma profissão que não demanda formação, mas que exige a garra, esperteza de rua, resiliência e estamina que lhe era natural. Gardner
tinha essa dotação. Ele transgrediu a lógica de que uma formação pobre leva uma vida miserável e, corajosamente, aventurou-se .
Essa é a dinâmica do empreendedor.
Howard Schultz cresceu em um conjunto habitacional no Brooklyn, estudou graças ao esporte e seu segundo emprego foi na
fabricante suíça de máquinas de café Hammarplast. Foi lá que conheceu uma pequena rede de cafeterias de Seattle – a Starbucks. Em
1987, Schultz tomou um empréstimo e comprou a empresa. Nos anos seguintes, transformou a Starbucks na maior rede de cafés do mundo,
com 17.000 lojas em 49 países e um faturamento de US$ 10 bilhões.
Vivemos em uma realidade complexa, evolutiva, e que evolui de forma transgressora. Precisamos nos focar nos ciclos curtos,
e agir sob a máxima de que “o longo prazo é uma sucessão de curtos prazos”.

Décimo Quarto Mandamento:

Não se apegue às operações, não seja saudosista ou leal a um determinado papel ou


estratégia.

À época em que comandava as operações de corretagem para pessoa física no Banco Nacional de Paris, convivia com um
cliente que havia perdido uma fortuna com ações da então chamada Globo Cabo. Hoje é a NET, que fechou capital. Para descontrairmos,
apelidamos o ativo de “Globo Nabo”.
O mais interessante é que ele queria recuperar os US$ 5 milhões perdidos em Globo Cabo operando somente essas ações. É
como se fosse uma vingança, ou um desafio idiota, ou como se a ação devesse algo a ele. Propúnhamos uma lista de outras ações com
grande potencial de apreciação, mas ele colocou na cabeça que iria recuperar o capital só com as Globo Nabo. Nenhuma das outras 300
ações listadas em bolsa interessavam. Ele havia se tornado um especialista em perder dinheiro investindo em uma única companhia.
Um dia, perdi a paciência, e lhe chamei a atenção:
Pare com isso! Compre Weg, Ultrapar, AmBev, Guararapes, Embraer, qualquer outra coisa. US$ 5 milhões valem a mesma
coisa, independentemente de terem sido feitos a partir da estratégia A ou da B. Este é um erro comuníssimo. Óbvio e fácil de corrigir.
Desapegue-se das suas “ações prediletas”. Parta para a próxima! Muitos bons gestores já acabaram com suas carreiras porque “encanaram”
com alguma ação.

Décimo Quinto Mandamento:

Ame seus erros.

E se um negócio melhor aparecer na sua frente, não tenha dúvidas em abandonar o atual.
Há quem esconda os erros. Quem não errou, não fez. Seus erros são suas credenciais e demonstram sua experiência e
aprendizado.
Releia o sexto mandamento (Fail Fast):
Há quem diga ainda que o importante é acertar mais do que errar. Ou seja, ter um bom hit rate. Estou convicto de que essa
é uma afirmação falsa. Você pode errar quanto quiser, contanto que erre rapidamente e perca pouco, e quando acertar – mesmo que
tenha sido uma vez na vida, que o faça de forma grandiosa. Essa é a história do hoje festejadíssimo Jorge Paulo Lemann e sua turma:
erraram muito mais do que acertaram e acertaram uma única vez, na AmBev.
Outro ponto importante: um trader não tem um “ramo de atuação” e seu leque de possibilidades é amplo: hoje você pode
plantar soja em Rondonópolis, ontem ter operado dólar no BTG e amanhã vender lingerie pela internet. O trader quer comprar barato e
vender caro, ou como dizia Samuel Klein, “o negócio das Casas Bahia é comprar por $1 e vender por $2”. Não há incoerência em mudar de
ramo. O Banco Garantia “virou uma cervejaria”, o restante faliu e foi vendido por R$ 1,00 ao Credit Suisse.
Décimo Sexto Mandamento:

Só confie na sua intuição se ela puder ser explicada ou racionalizada.

Recomendo as seguintes leituras:


Thinking, Fast and Slow, de Daniel Kahneman:
http://www.amazon.com/Thinking-Fast-Slow-Dani…/…/ref=sr_1_1…
Blink, de Malcolm Gladwell:
http://www.amazon.com/Blink-Power-Thinking-Wi…/…/ref=sr_1_5…
Obras-primas sobre a intuição e o pensamento estruturado e o ato reflexo.
Há questões sobre as quais precisamos nos debruçar, amiúde, detalhadamente. Outras, como fugir de uma cascavel ao som
do seu guizo, nos demandam uma ação imediata, da qual depende nossa sobrevivência.
Tipicamente, e sem exceções, os investimentos nos demandam diligência e zelo, alem de insights. “O diabo está nos detalhes”,
quando tratamos de fazer negócios. Você é um intuitivo? Ótimo! Os maiores investidores do planeta são como você, e “50% do seu caminho
está percorrido”. Mas sua intuição deve ser racionalizada. Seu racional deve ser destrinchado e suportado, ponto a ponto. E tudo deve ser
checado, contra a realidade, com fornecedores, clientes e concorrentes. Depois deste inexoravelmente longo processo (pode ser uma
imersão de 6 horas, com uma exímia equipe multidisciplinar), você está pronto para investir.
Lembre-se: depois de investido, monitore seus investimentos. Se sua tese for contrariada ao longo do tempo, desmobilize o
capital sem dó, sem piedade.

Décimo Sétimo Mandamento:

Cuidado com o wishful thinking.

Suponhamos que você tenha comprado um imóvel na Vila Leopoldina, sob a óptica de investidor. Você supõe que a área se
valorize. Você deseja que isso aconteça e esse desejo passa a contaminar seu raciocínio.
“Um amigo me deu uma ótima notícia: o Safra está interessadíssimo em fazer um retrofit em todo o bairro, e deve comprar
muitos imóveis na região, fazendo o preço subir!”.
Pergunta-se:
Esse seu amigo detém imóveis na região? A opinião dele é enviesada?
Faz sentido a família Safra, que está investindo em imóveis em Londres e Portugal, comprar a Vila Leopoldina? Quais os planos
do Safra para isso? Qual é a fonte da informação.
Na verdade, você não quer se questionar: essa “notícia” te fez “ganhar o dia” e agora você a enfeita ainda mais, conta aos
amigos, imprime um tom de urgência na voz sugerindo que todos tenham um quinhão desse bairro. Você também vira os olhos para as
más notícias e não quer saber daquele terreno que foi vendido a preço de banana há alguns dias na região, ou dos inúmeros imóveis vagos.
Você está em wishful thinking. Deve volver à racionalidade. Entenda que o wishful thinking é diferente de uma visão. É um
dom ser visionário e não há nada de errado nisso. Ruim é fantasiar em cima do comportamento de outrem.
Muitas vezes eu incorri nesse erro e invariavelmente perdi dinheiro. Há uma diferença enorme entre o que o controlador de
uma empresa poderia fazer e o que ele – de fato – vai fazer.
Sobre Inepar ou HRT, desenvolvi teses economicamente interessantes e que poderiam ser perseguidas pelas empresas, mas
ao conversar com o Atilano ou com o Márcio, notava que eles não estavam “alinhados” com meu plano. A cabeça deles era outra e isso
que valia. A minha tese de investimentos era um plano, platônico, que estava na minha cabeça, e que não seria implementado. Não
obstante, mantive meus investimentos por conta desse potencial de apreciação caso “meu plano” fosse implementado.
A suposição:
“Se a empresa tem condições de fazer, ela fará”;
É ingenuidade e beira a loucura. Entretanto, o wishful thinking é um fenômeno bastante comum entre investidores, um dos
erros mais recorrentes. É fatal.

Décimo Oitavo Mandamento:

O Universo não conspira para que você fique rico.

Tenho um amigo que é rabino e que, à época em que me procurou, não sabia lidar com investimentos em ações. Mas ele
queria que eu lhe sugerisse um portfólio. Recomendei que investisse em um dos nossos fundos, com bom track record e com gestão ativa,
dinâmica. Ele não quis, e como temos muita intimidade, me revelou o motivo: achava caro pagar 2% em taxas de administração, além de
um fee de sucesso. Eu não gosto de sugerir carteiras, mesmo que repliquem os fundos, porque ajustamos, desinvestimos de posições e
trazemos cases novos. Acontece que, ao simplesmente “aconselhar”, a cesta de ativos constituída fica estática e não acompanha esses
ajustes. Geralmente essa turma do free lunch acaba perdendo.
De qualquer forma, me vi em uma “saia justa”e dei algumas idéias de investimentos ao rabino. Algumas semanas depois, ele
marca uma nova reunião, desta vez em caráter de urgência. Atendo-o:
Marcos, perdi em poucos dias mais de 10% do meu capital. AB, meu caro, o mercado pesou por conta do SARS na Ásia. Isso
é assim mesmo. Mantenha a sua posição, posto que continua em bons cases, com investment rationale preservado. Não posso, estou
sofrendo muito, e não sei o que dizer à minha esposa! Não diga nada, não dê satisfação. Marcão, acho que Deus está me castigando por
ter sido ganancioso. AB, você então é mais importante do que Deus, porque Ele fez com que todos os mercados globais caíssem para te
dar um castigo. Ele caiu em si, ajustou o chapéu de volta à cabeça, e foi embora. Saiu pensativo embora ainda contrariado. Manteve a
posição, mesmo suportando a pressão familiar, e fez três vezes o capital investido em pouco menos de dois anos.
Deus não tem nada a ver com seu sucesso ou fracasso profissional ou econômico. Ele se ocupa de coisas mais importantes,
como criar mundos e se divertir com isso.
Da mesma forma, o grande tenista André Agassi não gostava de Michael Chang, e por um simples motivo: quando o sino-
americano ganhava uma partida, ajoelhava e agradecia a Deus. Agassi pensava: “o que Deus tem com a nossa partida? E por que Deus
preferiria que ele ganhasse e eu perdesse?”. Chang mostrava uma atitude tão estúpida que causava ojeriza a André.
Deixe Deus de lado. Ele criou uma benção, que é o mercado. Saímos da selva por conta desse advento humano-divino. Ou se
preferir, no que tange aos investimentos, funciona a máxima de Friedrich Nietzsche:
Gott ist tot. Deus está morto.

Décimo Nono Mandamento:

Saiba lidar com o pior ao invés de esperar pelo melhor.

Muitos preferem as boas notícias. Mas as boas notícias podem esperar. As más notícias nos demandam uma ação: temos que
nos defender ou atacar. Treine-se para ter as más notícias o quanto antes.
Eu sempre peço a todos que me cercam as más notícias imediatamente, e fico irritado se sou poupado disso. É injusto porque
eu tenho o direito de agir ou de elaborar minha estratégia, ao invés de ter um bom final de semana.
Vigésimo e último Mandamento:

Fuja da opinião da maioria.

O que pensa a maioria está no preço, por definição. Essa afirmação pode ser provada matematicamente.
Em alguns super ciclos, a “maré sobe e leva consigo todos os barcos”. O barbeiro e o taxista também ganham. Mesmo assim,
geralmente participam do “final da festa”:
A bolsa nacional viveu um desses ciclos generosos entre 2003 e 2007. Mesmo para este período, os maiores ganhos foram
auferidos em 2003, com o Ibovespa subindo 100%, e em 2004, com as siderúrgicas se valorizando acima dos 70% (bastasse se concentrar
em mining & metals para repetir 2003). A maioria, entretanto, entrou em 2006, e especialmente em 2007 e 2008, ano da grande crise
mundial, deflagrada pela queda da Lehman Brothers.
Seja um market contrarian, como Warren Buffett, Jim Rogers ou Marc Faber:
https://en.wikipedia.org/wiki/Contrarian_investing
Ou fique fora do mercado.

Em conclusão:
O Clube Safardi opera até hoje. Os três fundadores estão na Forbes 1000 richest. Todos começaram do zero, pedindo
pequenos empréstimos a amigos e honrando-os generosamente. Cuide do seu crédito diligentemente.
Vejo, no Brasil de hoje, um momento excepcional para aderirmos aos mandamentos desse clube como uma religião, isso
porque tudo o que precisamos é acertar um bom ciclo de mercado. Para isso precisamos entrar no momento de piores condições. Hoje
estamos “na lona” e isso é uma ótima notícia.
É a roda do mercado!
Os fundadores do Clube Safardi acreditam na Cabala do Dinheiro:
http://www.niltonbonder.com.br/port/jornal/dinheiro.htm
Acreditamos nos ciclos longos de retorno.
Temos sido muito prósperos.
E você, como anda? Marcos Eduardo Elias é um empresário, investidor-anjo, financista e gestor de fundos brasileiros. Ficou
amplamente conhecido por ser reestruturador de empresas e pioneiro em gestão de fundos quantitativos no Brasil.

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