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A actio libera in causa no Código Penal espanhol de 1995: breves considerações

1
(Hidemberg Alves da Frota)

A actio libera in causa no Código Penal espanhol de 1995: breves


considerações1

Hidemberg Alves da Frota

http://tematicasjuridicas.wordpress.com

No decenário2 (ano-base: 2005) do Novo Código Penal da Espanha


merece ser lembrado o seu valioso contributo à plena positivação e revitalização
da actio libera in causa no ordenamento jurídico espanhol, fenômeno decorrente
de mazela social universal e atualíssima: o galopante aumento — alerta Maria
Del Mar Díaz Pita — da execução de delitos alusivos “ao consumo e tráficos de
drogas”3 e, por conseguinte, o desafio conferido à Justiça Criminal de “valorar
acertadamente”4 os “estados de intoxicação e abstinência”5 relacionados ao uso
de tóxicos.
O art. 20.2º do Código Penal espanhol, a Lei Orgânica nº 10/1995, de 23
de novembro — CP/956, isenta de responsabilidade criminal quem executa
delito estando intoxicado por completo, em decorrência do consumo de
substâncias produtoras de tal estado: bebidas alcoólicas, drogas tóxicas,
estupefacientes, substâncias psicotrópicas ou outras de efeito análogo.

1
Versão original deste artigo: FROTA, Hidemberg Alves da. A actio libera in causa no Código Penal espanhol
de 1995. Gazeta Juris, Rio de Janeiro, n. 5, mai.-jun. 2006. CD-ROM; Juris Plenum, Caxias do Sul, v. 2, n. 99,
mar. 2008. 2 CD-ROM. (Parte integrante da Revista Jurídica Juris Plenum — ISSN 1807-6017.) Revisado em
24 de dezembro de 2010.
2
Artigo escrito em julho de 2005.
3
PITA, Maria del Mar Díaz. Actio libera in causa, culpabilidad y Estado de Derecho. Valencia: Tirant lo
Blanch, 2002, p. 17.
4
Ibid., loc. cit.
5
Ibid., loc. cit.
6
ESPANHA. Código Penal (1995). Disponível em: <http://2ni2.com/juridico/penal/codigopenal.htm>. Acesso
em: 30 jun. 2005.
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Para tanto, necessário o agente contemplar algum destes três requisitos:


(1) ter se intoxicado sem a intenção de cometer o ilícito penal; (2) ter se
intoxicado sem prever ou sem ter condições de antever o advento da infração
penal; (3) ter se intoxicado sob a influência da síndrome de abstinência,
deflagrada pelas mencionadas substâncias tóxicas, o que o impediu de
compreender a ilicitude do fato típico praticado ou de atuar conforme essa
compreensão.

Artículo 20.
Están exentos de responsabilidad criminal:
[…]
2º) El que al tiempo de cometer la infracción penal se halle en estado
de intoxicación plena por el consumo de bebidas alcohólicas, drogas
tóxicas, estupefacientes, sustancias psicotrópicas u otras que
produzcan efectos análogos, siempre que no haya sido buscado con el
propósito de cometerla o no se hubiese previsto o debido prever su
comisión, o se halle bajo la influencia de un síndrome de abstinencia,
a causa de su dependencia de tales sustancias, que le impida
comprender la ilicitud del hecho o actuar conforme a esa comprensión.
[...]
Artigo 20.
São isentos de responsabilidade criminal:
[...]
2º) Quem, no momento de praticar a infração penal, encontra-se em
estado de intoxicação plena por consumo de bebidas alcoólicas,
drogas tóxicas, estupefacientes, substâncias psicotrópicas ou outras
que produzem efeitos análogos, sempre que não tenha sido buscado
com o propósito de cometê-la ou não houvera previsto ou devia prever
sua prática, ou esteja sob a influência de uma síndrome de abstinência,
por causa de sua dependência de tais substâncias, que o impede de
compreender a ilicitude do fato ou atuar conforme a essa
compreensão.
[...]

Albergada pelo art. 20.2º do CP/95, a possibilidade de ingestão de bebidas


alcoólicas encetar “estado de inconsciência apto a anular a capacidade de
compreensão e de autodeterminação”7 recebe de Francisco Assis de Toledo
relevantes ponderações atinentes a infrações penais dolosas. Se, por um lado,
frisa que o estado de inconsciência pleno estimulado pelo álcool, em geral,

7
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 326.
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prostra o indivíduo e, em consequência, impossibilita “ações mais graves


totalmente fora do domínio da vontade”8, reconhece que, nos crimes dolosos
omissivos. “os efeitos do estado letárgico”9 podem ensejar a “inimputabilidade
transitória”10.
Apesar de acolher a apontada causa de exclusão de culpabilidade, o
Código Penal espanhol de 1995, no parágrafo segundo do art. 20.1º, não exime
de pena o agente que realiza o delito sob o efeito de transtorno metal transitório,
se ele se pôs nesse estado alterado de consciência a fim de praticar o ilícito penal
ou se, mesmo sem almejar executar o injusto penal, sabia do resultado ou a ele
cabia prevê-lo.

Artículo 20.
Están exentos de responsabilidad criminal:
1º) […]
El trastorno mental transitorio no eximirá de pena cuando hubiese sido
provocado por el sujeto con el propósito de cometer el delito o hubiera
previsto o debido prever su comisión.

Artigo 20.
São isentos de responsabilidade criminal:
1º) [...]
O transtorno metal transitório não eximirá de pena quando houver sido
provocado pelo sujeito com o propósito de praticar o delito ou
houvera previsto ou devia prever sua prática.

Assim, o parágrafo segundo do art. 20.1º do CP/95 consagra o que


Narcélio de Queirós chama de conceito moderno de actio libera in causa:

São os casos em que alguém, no estado de não imputabilidade11, é


causador, por ação ou omissão, de algum resultado punível, tendo se
colocado naquele estado, ou propositadamente, com a intenção de
produzir o evento lesivo, ou sem essa intenção, mas tendo previsto a

8
Ibid., loc. cit.
9
Ibid., p. 327.
10
Ibid., loc. cit..
11
Ortografia adaptada ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa assinado em 16 de novembro 1990, vigente,
no Brasil, desde 1º de janeiro de 2009, por força do art. 2º, caput, do Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de
2008. As normas ortográficas novas e pretéritas coexistirão durante o período de transição (1º de janeiro de 2009
a 31 de dezembro de 2012), conforme determina o art. 2º, parágrafo único, do precitado Decreto Presidencial.
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possibilidade do resultado, ou, ainda, quando a podia ou devia


prever.12

A actio libera in causa “tem por objeto situações de autoincapacitação


temporária”13 — explica Juarez Cirino dos Santos —, “nas quais o autor, no
estado anterior de capacidade de culpabilidade, determina a cadeia causal do
fato punível, realizado no estado posterior de incapacidade de culpabilidade”14.
Trata-se de exceção na teoria do delito, cujas categorias usualmente “se
referem ao momento da prática do fato”15. Em regra, verifica-se a culpabilidade
do autor “ao momento da prática do fato”16. Já na actio libera in causa,
“considera-se também imputável o sujeito que, no momento de praticar seus
atos, não era imputável,”17 — frisa Francisco Muñoz Conde — “mas o era no
momento em que pensou cometê-los ou pôs em marcha o processo causal que
desembocou na ação típica”18.
A formulação do princípio da actio libera in causa calçado no CP/95
abrange hipóteses de dolo direto, dolo eventual, culpa consciente e culpa
inconsciente, cujos conceitos restam didaticamente explicados por Antônio José
Fabrício Leiria.
No dolo direito, o agente se intoxica “propositadamente para cometer um
delito”19, almejando executá-lo com mais desenvoltura ou se beneficiar de
atenuante20. No dolo eventual, intoxica-se cônscio da possibilidade de praticar
ilícito penal “e, mesmo assim, torna-se indiferente ao surgimento ou não do fato,

12
QUEIRÓS, Narcélio de. Teoria da “actio libera in causa” e outras teses. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1963,
p. 37.
13
SANTOS, Juarez Cirino dos. A moderna teoria do fato punível. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 2000, p. 223.
14
Ibid., loc. cit.
15
MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoria geral do delito. Porto Alegre: SAFE, 1988, p. 151.
16
Ibid., loc. cit.
17
Ibid., p. 152-153.
18
Ibid., p. 153.
19
LEIRIA, Antônio José Fabrício. Fundamentos da responsabilidade penal. Rio de Janeiro: Forense, 1980, p.
257.
20
QUEIRÓS, Narcélio de. Op. cit., p. 13.
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assumindo o risco de produzi-lo”21. Enquanto no dolo direto quer corporificar a


infração penal cogitada, no dolo indireto não se importa em materializá-la.
Na culpa consciente, intoxica-se convicto de que a futura e previsível
ocorrência do ilícito penal malogrará. Já na culpa inconsciente, intoxica-se
porque sua imprudência, negligência ou imperícia o obstam de “prever o
previsível”22. Em ambas as culpas, não se deseja concretizar o desdobramento
danoso.
Consoante ensina Claus Roxin, a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal alemão demonstra que os casos de actio libera in causa dolosa são
poucos frequentes. Todavia, mostram-se habituais as circunstâncias em que “o
autor se coloca em um estado de embriaguez”23, embora experiências
desagradáveis anteriores lhe permitissem prenunciar o risco desse estado
alterado de consciência acarretar “determinadas consequências ilícitas”24.

21
LEIRIA, Antônio José Fabrício. Op. cit., p. 257.
22
Ibid., loc. cit.
23
ROXIN, Claus. Observaciones sobre la actio libera in causa. Anuario de Derecho Penal y Ciencias Penales,
Madrid, v. 41, nº 1, ene.-abr. 1988, p. 26.
24
Ibid., loc. cit.

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