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DISCENTE
Sakir
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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMERCIO E FINANÇAS
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO – MOCUBA
DOCENTE
dr.
DISCENTE
Sakir
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Índice
Introdução...................................................................................................................1
2. Considerações finais.............................................................................................12
3. Referencias bibliográficas....................................................................................13
Introdução
O presente trabalho de pesquisa versa sobre Penetração e impacto do islã e cristianismo
em Moçambique. Na verdade, o falarmos da cultura moçambicana é necessário ter em
conta que o actualmente conhecido por povo moçambicano tem a raiz basilar no povo
Bantu, porém, com o decurso do tempo, esse povo foi-se mesclando tanto com outros
povos de tal modo que hoje podemos dizer que a cultura moçambicana é a simbiose ou
a fusão entre as culturas das populações africanas dos diversos grupos éticos deste país e
as de origem europeia e asiática, isto é, as culturas portuguesa, árabe, hindu, persa, etc.,
cujos povos por aqui passaram, viveram e/ou vivem o que faz com que seja (é)
incorrecta a ideia de que os negros são os donos absolutos desta terra, pois a história dá-
nos conta da congregação de outras raças que se mesclaram com os negros para
conceber uma moçambicanidade heterogénea que incorpora vários padrões de origens.
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1. Penetração e impacto do islã e cristianismo em Moçambique
1.1. Islã em Moçambique
1.1.1. Noções gerais
De acordo com Bernardi (2000) Islão (pt) ou islã (pt-BR) (em árabe: ;إسالمtransl.: Islām)
ou islamismoé uma religião abraâmica monoteísta articulada pelo Alcorão, um texto
considerado pelos seus seguidores como a palavra literal de Deus (Alá, em árabe: ; هللا
transl.: Allāh), e pelos ensinamentos e exemplos normativos (a chamada suna, parte do
hádice) de Maomé, considerado pelos fiéis como o último profeta de Deus. Um adepto
do islão é chamado muçulmano.
Segundo Santos (2002) a maioria dos muçulmanos pertence a uma das duas principais
denominações; com 80% a 90% sendo sunitas e 10% a 20% sendo xiitas. Cerca de 13%
de muçulmanos vivem na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo. 25% vivem no
Sul da Ásia, 20% no Oriente Médio, 2% na Ásia Central, 4% nos restantes países do
Sudeste Asiático e 15% na África Subsaariana. Comunidades islâmicas significativas
também são encontradas na China, na Rússia e em partes da Europa. Comunidades
convertidas e de imigrantes são encontradas em quase todas as partes do mundo. Com
cerca de 1,41-1,57 bilhão de muçulmanos, compreendendo cerca de 21-23% da
população mundial, o islão é a segunda maior religião e uma das que mais crescem no
mundo. Contudo, estes dados devem ser aceites com alguma reserva, dado que, por
motivos óbvios, não existem estatísticas fiáveis sobre o número de muçulmanos que
abandonam a religião
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O Islão é a religião de aproximadamente 20% da população total de Moçambique, sendo
a grande maioria sunita pertencente à escola de jurisprudência Shafi'i, embora alguns
xiitas e ismaelitas também estejam registrados. Os muçulmanos consistem
principalmente de nativos moçambicanos, cidadãos da descendência do sul da Ásia
(indiana e paquistanesa) e um número muito pequeno de imigrantes norte-africanos e do
Oriente Médio
Segundo Laplantine (2003), Moçambique tem longos laços históricos com o mundo
muçulmano. Inicialmente por meio de comerciantes Iêmen, e séculos depois, através de
um sistema mais organizado de cidades comerciais costeiras, influenciados pelos
muçulmanos Ibadi de Omã, ao longo da costa oriental da África. A chegada do
comércio árabe em Moçambique data do quarto século islâmico, quando os
muçulmanos estabeleceram pequenos emirados na costa da África Oriental. As ligações
entre o Islão e os principais clãs em Moçambique existem desde o século VIII, quando
os muçulmanos invadiram a costa moçambicana setentrional tornando-os associados às
elites governantes xirazi.
Segundo Santos (2002),desde a fundação do Sultanato de Kilwa, no século XI, por Ali
ibn al-Hassan Shirazi, o Islã se tornou uma grande religião na região. A antiga cidade
portuária de Sofala, que se tornou famosa pelo seu comércio de marfim, madeira,
escravos, ouro (através do Grande Zimbabwe) e ferro com o Oriente Médio e a Índia,
foi um dos centros comerciais mais importantes da costa de Moçambique. Sofala e
grande parte do resto da costa de Moçambique fazia parte do Sultanato de Kilwa desde
a chegada dos árabes. até à conquista portuguesa em 1505. Acredita-se que quase todos
os habitantes das cidades eram muçulmanos antes da chegada dos portugueses no século
XVI.
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Somente com o início da Guerra de Libertação o Estado diminuiu sua oposição ao Islã e
tentou uma aproximação, a fim de evitar uma aliança entre os muçulmanos e o
movimento de libertação dissidente.
Por outro lado, a chegada de indianos, nos séculos XIX e XX à então Colónia de
Moçambique vai contribuir para o Renascimento do Islão. Comerciantes, agricultores,
proprietários, industriais, com uma economia familiar empreendedora tanto no campo
como na cidade dinamizaram a economia e a religião, sendo responsáveis pela
construção de mesquitas modernas e, em seu redor de associações de culto, recreio e de
beneficência, objeto do nosso estudo. Num universo de quinhentas associações
existentes no século XX, identificámos quarenta de cariz islâmico.
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1.1.5. O Poder Colonial e as Comunidades Islâmicas
Nos relatórios das autoridades portuguesas (administração civil, SCCIM, PIDE/DGS,
contrainteligência militar, sobretudo durante a guerra colonial/luta armada de libertação
nacional (1964-1974) foi bem patente a tentativa, primeiro de conquistar as comunidades
islâmicas (1968-1969) para mais tarde “controlar” a população local, de forma a servir de
tampão ao avanço da Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO (MACHAQUEIRO,
VAKIL e MONTEIRO, 2011).
Vejamos com mais detalhe essa atuação de “dividir para reinar”. Na introdução ao Relatório
de Branquinho (ver a Bibliografia) de prospeção ao Distrito de Moçambique, o Diretor dos
SCCIM, Fernando da Costa Freire afirmava em 1969:
Este facto é tanto mais relevante quanto é certo terem os agentes subversivos, em Cabo
Delgado, apoiados nos dignitários islâmicos, usado o factor religioso para prepararem
as autoridades tradicionais, de confissão islâmica, tinham em vista uma acção conjunta
de adesão das populações, obtendo assim, receptividade à ulterior vinda de grupos
armados.” (BRANQUINHO, 1969, p. VIII-IX.)
(…) Com a deposição do Sultão de Zanzibar, pela revolução de 1964, criou-se uma
lacuna, que a subversão procura preencher, mas que só nos trouxe vantagens.
(BRANQUINHO, 1969, 335)
A administração tinha assim, de aproveitar os dignitários favoráveis aos seus desígnios.
A política de distribuir benesses (Ex. apoiar a ida a Meca) revelou-se decisiva.
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1.1.6. O Movimento Associativo e Os Movimentos Independentistas
As associações de cariz islâmico, atrás mencionadas, tiveram a sua genesis nas
Confrarias, irmandades muçulmanas, que nasceram na Ilha de Moçambique e se
estenderam até ao Norte de Moçambique, seguindo os caminhos da religião os do
comércio.
A população estava enquadrada por autoridades gentílicas. Junto dos régulos atuavam
como seus conselheiros Chehés, alguns por nós entrevistados, com contatos familiares,
comerciais e religiosos com outras regiões do Norte de Moçambique, como Cabo
Delgado e Niassa e zonas no exterior, como Zanzibar, (Tanganhica/Tanzânia), Comores
e Malawi. (FUNADA-CLASSEN, 2012: 237-238)
Esta religião está presente em Moçambique desde pelo menos inicios do 2º. milênio. A
sua difusão ter-se-á feito através da costa, por intermédio dos swahilis, cuja língua ainda
hoje predomina na Tanzânia.
Até à 2º. Guerra Mundial o islamismo circunscrevia-se ao litoral norte, com excepção de
uma bolsa no Niassa (tribo dos Ajauas).
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A partir daí regista-se uma difusão para sul e interior do território, sendo todavia o norte
a região de maior implantação do Islamismo (tribos macuas e macondes).Quando
rebentar a guerra de libertação, será nesta região que a Frelimo terá a sua maior base de
apoio entre a população. Nesta difusão do Islamismo teve um papel fundamental as
confrarias sediadas na Ilha de Moçambique, mas também o clima criado pela reacção
contra a cultura Ocidental produzido pelos movimentos pan-islâmicos e pan-africanos.
Nos anos 50 do século XX, o número de fieis rondariam os 600 mil. Nos anos 60
assistiu-se a um rápido crescimento do seu número, registando-se em 1974 já um total
de 1,2 milhões. Em 1982, segundo números oficiais estimavam-se em 2,249 milhões.
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Pouco depois foram construídas misericórdias e hospitais (Sena, Moçambique). A
difusão do cristianismo em Moçambique foi sempre muito difícil, dada a permanente
falta de missionários.
Apenas a partir do século XIX, a Igreja Católica inicia uma acção mais sistemática, quer
no campo da evangelização, quer no campo educativo. Para tal fundou-se em Portugal o
seminário de Cernache do Bonjardim destinado a formar sacerdotes seculares para
África e o Oriente, tendo-se promovido a ida também de outros missionários religiosos
de diversos institutos (franciscanos, jesuitas, padres do Espírito Santo, salesianos, etc).
Depois da Implantação República em Portugal (1910), esta acção decaiu bastante. Os
republicanos são activos combatentes do catolicismo, e não tardam em restringir a acção
da igreja, nomeadamente no campo educativo. Os jesuitas são expulsos da região do
zambézia. Com a ditadura (1926), as relações entre o Estado e a Igreja melhoram, o que
possibilita o desenvolvimento da missionação em África e a consolidação da sua
organização.
Segundo aponta Tomás (2000) é importante, em vez da visão tradicional que situa quase
exclusivamente o papel da religião na dinâmica colonizadora, numa perspectiva
europeia, privilegiar a multiplicidade das abordagens, pois as relações entre religiões e
colonização são complexas. É difícil saber qual é o grau de interconexão entre as
missões e a colonização, e os historiadores não concordam todos para assegurar que
houve uma imbricação entre os dois... a pesar das missões se terem multiplicadas com a
aceleração da colonização nos séculos XIX e XX. As relações entre o Estado colonial e
as missões foram complexas, feitas de colaboração, de consensos e de conflitos –
sobretudo depois do tempo colonial ibérico, pois nos primeiros tempos coloniais a
religião serviu de « quadro conceptual » e a Igreja participou ativamente à colonização
–, no entanto, globalmente, pode-se dizer que o Estado colonial apareceu como o
protetor natural da missão cristã.
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Incluído em França, a laicidade não foi « exportada » em África. Os missionários foram
agentes de transmissão do espírito colonial e da influência nacional do país colonizador.
O poder político procurou colocar as missões em uma posição subordinada e as
instrumentalizar, com mais ou menos sucesso. Somente depois da Primeira Guerra
mundial, é que viu-se cada vez mais as missões « separar-se » do poder colonial e até
mesmo defender os direitos das populações e entender as vontades de independência.
Esta realidade foi similar em todos países coloniais, no entanto o protestantismo
expandiu-se mais a favor de ações de exploradores, comerciantes, filantropes, sem
projeto colonial mas com uma visão universalista.
Desde o Ocidente, o olhar sobre os povos colonizados era por parte determinado nas
crenças de uns e outros, e por isso, a hierarquia das raças era ligada à hierarquia das
religiões: o cristianismo em cima, as religiões orientais e o islam a seguir, e em baixa, as
religião fetichistas. Ou seja, o progresso do cristianismo era vista como o da civilização.
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Pois de facto, a religião serviu de braço armado ideológico à colonização. A « missão
civilizadora » que auto-proclamaram os países europeus à África devia levar,
invariavelmente, uma componente religiosa muito forte. É bem disso que se trata ainda
hoje. Há uma forma de desprazo para os ritos pré-coloniais, pois fica o sentimento que a
prática cristã aproxima mais os seres humanos da « civilização ». A introdução duma
religião cuja o Livro sagrada descreve um mundo se limitando à área euro-mediterrâneo
e meio-oriental, onde os homens brancos dominam – ainda mais quando a figura do
Cristo e da Virgem Maria estão sempre caricaturados em loiros com olhos azuis –,
difusa de maneira mais ou menos implícita uma mensagem de hierarquia racial, até aos
olhos de Deus. E esta situação dá aos colonizadores uma missão profética, que participa
a relativizar a violência do processo de dominação e de exploração que os traz no
continente africano.
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2. Considerações finais
Entretanto, numa situação extrema, num clima de luta de libertação nacional (1964-
1974) e de guerra civil (1976-1992) foram, sobretudo as mulheres islâmicas,
enquadradas nas Confrarias e nas associações que se evidenciaram na defesa da Paz,
comprovando a “força revolucionária das mulheres na sociedade africana”, no dizer de
M´Bokolo.
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3. Referências bibliográficas
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