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7 de Abril de 2020

Responsabilidade Civil: Resumo Doutrinário e principais


apontamentos

Resumo doutrinário sobre as responsabilidades civil, com sua origem e


aplicação em nosso ordenamento jurídico. Responsabilidade Civil nas
relações de consumo e a Ação Civil Ex Delicto.

Atualizado e Revisado em 22/01/2020 - Dúvidas ou sugestões entre


em contato em https://marcus.crd.co

A responsabilidade civil consiste no dever de indenizar o


dano suportado por outrem

O titular de um direito se relacionará juridicamente com a toda a


coletividade. A lei imporá a essa coletividade um dever jurídico de
abstenção , ou seja, ninguém poderá praticar atos que venham a
causar lesões a direitos (patrimoniais ou extra patrimoniais) desse
titular.

A esse dever de abstenção (imposto por lei) deu-se o nome de

Nemimnem Laeder

Ou seja, a ninguém é dado o direito de causar prejuízo a outrem.

A Responsabilidade Civil possui duas grandes vertentes sobre sua


origem (fonte): A Responsabilidade Civil Contratual, aonde é
necessário a existência de um contrato entre as partes e a
Responsabilidade Civil Extracontratual (Aquiliana) aonde o infrator
/
infringi a lei vigente. Também é de importante ressalva que quando
alguém não cumpre a "obrigação originária" gera uma "obrigação
sucessiva", que é a obrigação de indenizar.

Os pressupostos (elementos) da responsabilidade também


possuem duas grandes vertentes. São elas:

Responsabilidade Subjetiva, composta por:

- Conduta

- Nexo-causal

- Dano (que pode material ou moral (individual ou coletivo);


estético e aquele decorrente da perda de uma chance)

- Culpa

Responsabilidade Objetiva composta por:

- Conduta

- Nexo-causal

- Dano (que pode material ou moral (individual ou coletivo);


estético e aquele decorrente da perda de uma chance)

- Risco

A partir de tais pressupostos podemos definir como ato ilícito em


sentido amplo aquele contrário à lei ou ao direito (causar dano injusto
a outra pessoa); já o dano é o prejuízo (moral ou material – coletivo ou
individual, estético ou a perda de uma chance) experimentado pela
vítima; nexo de causalidade é o vínculo lógico entre determinada
conduta antijurídica do agente e o dano experimentado pela vítima;
por fim, a culpabilidade é um juízo de censura à conduta do agente, de
/
reprovabilidade pelo direito, decorrente de dolo, negligência,
imprudência ou Imperícia. No presente resumo, tais informações serão
esmiuçadas e explicadas, apontando o fundamento legal de cada uma.
Vejamos:

Evolução histórica da
Responsabilidade Civil
Nos primórdios, o ofendido reagia ao dano de maneira imediata e
brutal, movido por puro instinto (vingança privada) nesta, observamos
a primeira fase da responsabilidade civil, aonde a Responsabilidade
civil é exclusivamente objetiva;

Quando o castigo era posterior, foi criada a Lei de Talião. Esta, por sua
vez, era pautada no olho por olho, dente por dente, além de ser uma
forma de limitar a vingança privada, balizada nas penas corporais,
castigos físicos. A Responsabilidade civil é objetiva;

Após esse período, surge a composição voluntária, o ofendido passou a


ter a faculdade de substituir a retaliação ao agente por uma
compensação de ordem econômica. Esta, classificada como a segunda
fase da responsabilidade civil, notada a importante evolução; Nesta, as
vítimas poderiam optar por sofrer danos físicos ou pagar para não
sofrer as consequências. A Responsabilidade civil é objetiva;

Com o Estado estruturado, a vingança privada foi banida e a vítima não


podia fazer justiça com as próprias mãos. A composição passa a ser
obrigatória.

Os romanos começaram a diferenciar pena de reparação,


estabelecendo os delitos públicos e os delitos privados Nessa fase,
verifica-se o aparecimento da responsabilidade contratual.
Observamos também a divisão entre responsabilidade penal e
responsabilidade civil, a observância dos delitos públicos, que são os

/
que repercutem de forma mais intensa na sociedade (matar, roubar e
etc), que a responsabilidade contratual, Nesta, observa-se a que a
responsabilidade civil é subjetiva;

A Lei Aquília aponta princípio geral do dano, sendo desta época a ideia
de culpa. Desta forma, é nesta fase que a responsabilidade subjetiva
(culpa) começa a fazer parte da responsabilidade civil;

O direito francês influenciou vários países, pois após a Revolução


Francesa, na idade contemporânea, surge o Código de Napoleão aonde
a Responsabilidade civil é subjetiva;

O Código Civil de 1916 do Direito brasileiro, no artigo 159 estabeleceu


que aquele que, por omissão ou ação voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica
obrigado a reparar o dano. (Responsabilidade civil é subjetiva)

Em linhas gerais, temos que a Responsabilidade Civil consiste no


dever de indenizar o dano suportado por outrem.

Código Civil de 2002 mesclou o código de 1916 com o Código de Defesa


do Consumidor (responsabilidade objetiva), trazendo em seu bojo as
duas possibilidades. Vejamos:

Responsabilidade civil subjetiva


(regra geral)
Artigo 186 define o que é ato ilícito

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Por sua vez, temos no artigo 927 CC, o requisito da culpa;

/
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Em seu parágrafo único, observamos a responsabilidade


civil objetiva (exceção)

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Observemos casos específicos em lei e as atividades consideradas de


risco pelo poder judiciário. (exemplos de atividade de risco: usina
nuclear, transporte de cargas perigosas, transporte de pessoas e etc)

As causas de Responsabilidade Independe de culpa estão nos


artigos 928, 932, 936, 937, 938, 944 CC e Art 37, parágrafo 6, CF

É importante a ressalva que a responsabilidade civil


subjetiva é residual, pois primeiro verifica se é objetiva, se
não for, por exclusão é subjetiva.

Observamos assim a teoria do risco, que parte do pressuposto de


que aquele que tira proveito da atividade, deve arcar com os danos
advindos do exercício da atividade, uma vez que a sua natureza já traz
implícitos esses riscos.

O artigo 187, CC dispõe que:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

A doutrina espacializada separou a ilicitude do artigo 187 em duas: A


ilicitude subjetiva (dolo ou culpa) e a ilicitude objetiva (aquela em
que apenas ocorre o prejuízo, sem analisar a conduta, se ela foi
/
intencional ou não)

Responsabilidade civil objetiva


É aquela em que a lei dispensa a produção de prova a respeito da culpa.
Porém, na origem é normal que se tenha um ato culposo. A lei apenas
estabelecerá não ser necessária a produção de prova acerca dessa
culpa. Desta forma, é errado dizer que responsabilidade objetiva é
aquela em que não há culpa.

Em verdade, responsabilidade objetiva é aquela em que não há


necessidade de discussão do elemento culpa.

Exemplos de responsabilidade objetiva:

A responsabilidade civil nas relações de consumo é, em regra,


objetiva, a única exceção é aquela dos profissionais liberais (art. 14,
§ 4º, CDC);

A responsabilidade civil decorrente de abuso de direito (art. 187)


independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo
finalístico (Enunciado 37 da Jornada de Direito Civil e
entendimento prevalente da doutrina);

Responsabilidade por fato de terceiro (art. 933);

Responsabilidade pelo fato do animal (art. 936);

Responsabilidade pela ruína de edifício ou construção (art. 937);

Responsabilidade da pessoa que agiu em estado de necessidade


(artigos 929 e 930 - independentemente da excludente de ilicitude, o
dano causado em estado de necessidade pode gerar o dever de
indenizar)

/
Quando tratar-se de risco integral, por vezes nem o caso fortuito e
a força maior são capazes de afastar a resp. Civil, como nos casos
de danos ao meio ambiente e do seguro obrigatório de veículos
automotores)

Responsabilidade dos pais


É responsabilidade Civil por ato de terceiro ou responsabilidade civil
indireta

Pais respondem pelos danos causados pelos filhos em regra geral

Os pais que têm filho sobre sua proteção, que causam dano a terceiros
não podem alegar que criaram bem o filho (culpa in vigilando), tendo
em vista que a responsabilidade dos pais é objetiva. (independe de
culpa)

Ocorre a teoria da Substituição: os pais substituem os filhos, o


tutor substitui o tutelado e o curador, o curatelado.

A responsabilidade civil encontra limite no patrimônio mínimo. É um


limite humanitário da responsabilidade civil. Se os pais não tiverem
patrimônio suficiente para reparar o dano, mas o incapaz tem, este
responderá, civilmente, por equidade (art. 928 do CC). Haverá um
litisconsórcio sucessivo. O Código Civil pretende reparar o dano
causado pelo incapaz. A reparação será subsidiária e mitigada.

Subsidiária: o incapaz só responderá se os pais não tiverem condições


de pagar em favor da vítima.

Mitigada: o juiz utiliza da equidade e poderá diminuir o valor a ser


pago pelo menor (prestigiando o princípio da proporcionalidade), com
fulcro nos art. 928 do CC, En. 39 CJF.

/
Observe, contudo, que a aplicação da teoria finalista de forma mitigada
é uma exceção. Julgados mais recentes do STJ têm restringido bastante
a sua utilização.

Segundo os art. 928 c/c 932, I, CC, se um dos genitores não tiver a
guarda não terá a obrigação de reparar o dano. Mas, por outro lado, o
poder de família é do casal, tendo os pais responsabilidade solidária
(posição minoritária).

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as


pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou
não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá


ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou
as pessoas que dele dependem.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e


em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem


nas mesmas condições;

[...]

Quando ocorrer emancipação voluntária, o emancipado não


responderá por ato ilícito. Os pais ainda responderão pelo ato ilícito
praticado pelo então emancipado, uma vez que este ainda é dependente
econômico daqueles. Neste caso, poderá haver litisconsórcio passivo
facultativo,

/
En 41 CJF:

41 – Art. 928: a única hipótese em que poderá haver


responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter
sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do
novo Código Civil.

Há casos em que o incapaz responderá diretamente. Quando o menor é


condenado por ato infracional, art. 116 do ECA, ele responderá com seu
próprio patrimônio.

En 40 CJF:

40 – Art. 928: o incapaz responde pelos prejuízos que causar de


maneira subsidiária ou excepcionalmente como devedor principal,
na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que
praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas sócio-educativas
ali previstas.

Abuso de direito
Para a caracterização do abuso de direito, lembra-nos Daniel Boulos,
que basta a ilicitude objetiva, ou seja, não se exige a prova da intenção
de prejudicar. O art. 187 do CC usou apenas um critério finalístico (fim
econômico ou social, boa fé objetiva e bons costumes). Se ficar
caracterizado que houve um desvirtuamento do direito, houver abuso.
Como desdobramento do princípio venire contra factum proprium,
em respeito à boa fé objetiva, o direito adquirido e exercido em virtude
de surrectio, não pode ser atacado como abusivo pela parte que sofre a
supressio.

(Supressio - perda de um direito em face do seu não exercício.


Surrectio - aquisição de um direito pela não reclamação da parte
contrária.)

/
En 37 CJF:

37 – Art. 187: a responsabilidade civil decorrente do abuso do


direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério
objetivo-finalístico.

Elementos ou requisitos
(pressupostos) da Responsabilidade
Civil
- Conduta

- Nexo-causal

- Dano

- Risco (objetiva) ou culpa (subjetivo)

Conduta humana
A conduta que gera responsabilidade civil é a conduta voluntária,
livre e consciente, bastando um grau moderado de consciência na
atuação humana, podendo ser omissiva ou comissiva.

1. Comissiva: é aquela conduta que envolverá um agir, uma ação


do sujeito. Porém, essa ação acaba por violar um dever jurídico
imposto pela lei ou pelo contrato, gerando danos que devem ser
indenizados.

2. Omissiva: para que possa haver a imputação de


responsabilidade a um sujeito pela sua omissão, é fundamental
que antes exista um dever de agir imposto pela norma. Sem dever
de agir não há que se falar em conduta omissiva. Esse dever de
agir pode ser oriundo: a) da lei: por exemplo, policial diante de
/
um crime no qual tenha a possibilidade de agir; bombeiro em uma
situação de perigo; pai em relação aos filhos etc.; b) do
contrato: o guia da montanha é obrigado a agir em razão de sua
custódia; instrutor de mergulho; babá etc.; c) dever de
ingerência: quando uma conduta anterior expõe a perigo bens
de outrem (bem patrimonial ou da personalidade). Por exemplo,
jogar amigo na piscina: quem jogou tem o dever de agir no sentido
de salvar o amigo do afogamento.

Deve haver um grau de consciência no que se faz para que se


enquadre como conduta humana.

Estado de sonambulismo, por não ser voluntária as condutas


praticadas, não gera resp. Civil.

A responsabilidade civil normalmente é gerada por conduta ilícita,


mas, por exceção, também pode decorrer de ato lícito (previsto em lei).

Exemplos de ato licito que geram resp. Civil:

Desapropriação (poder público tem o direito de requerer o seu


imóvel para instalar uma atividade que ele queria)

Passagem forçada (um imóvel fica "encravado" para a saída para


as ruas e avenidas)

Nexo de Causalidade
Trata-se do liame que une o AGENTE ao RESULTADO

Para Gonçalves:

a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do agente e o


dano verificado

Venosa
/
O conceito de nexo causal ou relação de causalidade deriva de leis
naturais

Existem 3 teorias que explicam o nexo causal:

A) teoria da equivalência de condições Conditio sine qua non

para esta teoria todo e qualquer antecedente fático que concorra para o
resultado é causa.

A crítica dessa teoria é que haveria uma série de pessoas que seriam
responsabilizadas por uma ação de um único agente, levando até
conclusões absurdas, haja vista que todas as condições são necessárias
ao resultado, assim sendo, chegaríamos a resultados completamente
desarrazoados, ao ponto de Santos Dumont ter culpa em um acidente
aéreo que ocorresse hoje, por exemplo.

B) teoria da causalidade adequada

Causa é apenas o antecedente fático abstratamente adequado à


consumação do resultado.

Essa teoria parte de um juízo de probabilidade porque, para ela, causa


é apenas o antecedente apropriado, em tese, abstratamente apto a
produzir aquele resultado.

Esta teoria demonstrou que para se aferir a responsabilidade civil pelo


dano, o juiz deveria retroceder até o momento da ação ou omissão, com
o intuito de estabelecer se esta era ou não idônea para produzir o
resultado. Portanto, o questionamento que se deve fazer é, se a ação ou
omissão do presumivelmente responsável era, por si só, capaz de
produzir o dano?

Na prática, a teoria foi usada no seguinte julgado:

/
Julgado - apelação cível - 0162535-07.2016.8.12.7000 - José Carlos
Lopes X Bando Santander, Banco Atlântico - cessionário do crédito
de José Carlos Lopes;

C) teoria da causalidade direito e imediata

Causa é apenas o antecedente que determina o resultado como


consequência sua, direta e imediata.

Para essa teoria é preciso que exista um vínculo entre aquele


antecedente que se considera causa e o resultado.

Acolhida pelo STF num acórdão paradigmático de 1992 sobre a


responsabilidade civil do Estado por crime praticado por fugitivo (RE
130.764), sua principal formulação teórica no Brasil é atribuída a
Agostinho Alvim, que escreveu sobre o tema na vigência do Código
Civil de 1916.

Vejamos o art. 403 do CC:

Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as


perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes
por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei
processual.

Ou seja, é adotado pelo CC a teoria da causalidade direta e


imediata

Dano ou Prejuízo
O dano ou prejuízo traduz a lesão a interesse jurídico tutelado, material
ou moral, ou estético.

Para ser indenizável o dano precisa de três requisitos:

/
1. Violação de um interesse jurídico material ou moral

2. A subsistência do dano

3. A certeza do dano (não se indeniza dano hipotético!)

O Dano, nada mais é que o prejuízo experimento pela vítima e tutelado


pelo direito.

Inicialmente dividia-se apenas em materiais (patrimoniais) e


danos morais (extrapatrimoniais) . O direito brasileiro admite
uma terceira categoria, a dos danos denominados estéticos. Por fim e
mais recentemente, a admissão da reparabilidade dos danos pela teoria
da perda de uma chance. Vejamos:

A) Dano patrimonial (Lucros


Cessantes + Dano Emergente)
São bens economicamente apreciáveis que sofrem perda substancial no
seu valor original.

Podem ser divididos em:

[DANOS NEGATIVOS] Lucros cessantes - o dano causado ao


patrimônio do sujeito poderá acarretar consequências futuras, por
exemplo, um impedimento à percepção de ganhos, de lucros. Porém,
somente se fala em lucros cessantes quando houver uma quase certeza
da obtenção efetiva dos ganhos. Não se trata de mera possibilidade de
ganho. O exemplo é o da colisão com veículo de um taxista; este ficará
vários dias sem trabalhar, aguardando o conserto do automóvel, razão
pela qual faria jus ao recebimento dos lucros que deixou de auferir.

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as


perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

/
[DANOS POSITIVOS] Danos emergentes - é a diminuição do
valor patrimonial que precisa ser reposto pelo agente causador do dano
para que se volte ao "Status quo ante"

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as


perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Não pode pedir lucros cessantes de atividade ilícita, como a


atividade de camelô. Mas caso a barraca em que o ambulante
trabalhava tenha sido destruída, ele poderá pedir dano emergente.

B) Dano extrapatrimonial (dano


moral)
Dupla função do dano moral:

1. Punitiva: ofensor deve sofrer uma repressão para que se


abstenha de praticar novamente a conduta física;

2. Compensatória: a vítima deve ter uma sensação de alívio no seu


sofrimento, obtendo uma indenização que possa lhe ofertar lazer
para esquecer do dano sofrido, com realizar um sonho.

O dano moral apresenta 2 teorias:

Negativista (não indenizável) - não reconhece a reparação do


dano extrapatrimonial. Segundo Saviagny os bens como vida, honra,
liberdade são insuscetíveis de restauração pela via indenizatórios,
portanto não estariam proteção jurídica da Ordem Privada. Outro
argumento - perigo de arbítrio judicial. A honra não se vende e a dor
não tem preço. (não utilizada pelo nosso ordenamento jurídico)

Positivista - a reparabilidade do dano moral recebeu status


constitucional, através da dignidade da pessoa humana. O mero
inadimplemento contratual mora prejuízo econômico não

/
configuram, de per si, dano extrapatrimonial, pois não agridem a
dignidade humana. Pautada nos art 1o, III, CF/88 art 5o, V e X,
CF/88

Os danos morais ocorrem pela violação de direitos da personalidade,


agredindo todos as ofensas à pessoa.

Enunciado 444 da V Jornada de Direito Civil - o dano moral


indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de
sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento.

Dica: Quando tratar-se de dano moral, deve-se utilizar especialmente


a expressão compensação, pois ele servirá como derivativo ou
sucedâneo e não como ressarcimento

A pessoa jurídica pode sofrer dano moral segundo a sumula 227 do


STJ.

Súmulas do STJ. SÚMULA 227. A pessoa jurídica pode sofrer dano


moral.

Em regra o dano moral deverá ser pago em parcela única, mas há


exceções, que serão pagas mensalmente:

1. lesão que impossibilite total ou parcialmente o trabalho da vítima;

2. homicídio, culposo ou doloso - a indenização deverá abranger as


despesas ordinárias de funeral, tratamento, remédios, despesas
hospitalares e também alimentos civis para as pessoas que
dependiam da vítima, até que se complete a idade média
aproximada da vítima (idade média que a pessoa morreria,
expectativa de vida)

É possível cumular dano moral com dano patrimonial por um só fato


(súmula 37 STJ). Segundo o art. 186 CC, é possível pedir,
exclusivamente, dano moral. É denominado dano moral puro ou
/
autônomo. Excepcionalmente, poderá ser cumulado dano moral,
patrimonial com o dano estético (a regra é a não cumulação do dano
estético com o moral).

Dano moral presumido (in re ipsa)

Em algumas situações, a jurisprudência consolidada dos tribunais


superiores considera que não há necessidade de prova do dano moral,
que ele decorre da gravidade do evento danoso.

São os casos de lesão física grave, colocar nome do devedor no SPC


ou SERASA, não estando inadimplente – dano moral.

Sobre o tema, vale apontar algumas súmulas

Súmula 385 - Da anotação irregular em cadastro de proteção ao


crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente
legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

Súmula 388 - A simples devolução indevida de cheque caracteriza


dano mora

Súmula 403 - Independe de prova do prejuízo a indenização pela


publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou Comerciais

(Para quem possa interessar, no exame XIII da OAB, perguntou-se


sobre a súmula 403. Aproveitando o ensejo, cabe apontar que a 2ª
fase dos exames XX e XXII também trouxeram questões sobre
Responsabilidade Civil.)

Critérios para a fixação do dano moral (mensuração dos


danos)

1. compensação pela dor sofrida

/
2. condição financeira do ofensor

3. condição financeira da vítima

4. comportamento do ofensor após a prática do ilícito (Prestou


socorro, arcou com as pagamentos do hospital...)

De modo geral, a reparação, portanto, deve alcançar todos os prejuízos


experimentados pela vítima. No caso da responsabilidade contratual,
veja-se que o art. 404 do CC estabelece que as perdas e danos
correspondem ao principal, lucros cessantes, honorários, juros e
correção.

Porém, é possível verificar a previsão legal em situações específicas,


como no caso do homicídio, em que há previsão de pagamento das
despesas de funeral, médicas, luto e alimentos à dependente da vítima;
também no caso de lesão corporal (com parcelas semelhantes – art.
949 CC); ou de ofensa da liberdade individual – art. 954 CC.

Grande destaque é a reparação civil decorrente de ofensa à honra, que


caracteriza o dano moral. Quanto à mensuração dos danos, ter-se-á por
regra (verificar exceção do parágrafo único) a aplicação do art. 944 do
CC: a indenização mede-se pela extensão dos danos

Sujeitos do dano moral

Qualquer pessoa natural. O nascituro poder ser vítima do dano moral,


nos casos compatíveis com a sua natureza, as pessoas falecidas, e as
pessoas jurídicas;

O STJ entendeu, conforme consta no Informativo 475, que o direito


de pleitear dano moral se transmite aos sucessores da vítima
falecida''· Isto porque, o direito da personalidade é ser
Intransmissível mas o direito à reparação (efeito patrimonial)
transmite-se (art. 943 do CC).

/
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral desde que haja um ferimento
de sua honra objetiva (imagem, conceito, boa fama), de forma a abalar
sua credibilidade, com repercussão econômica.

Súmula 227 STJ – a pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Não é possível presumir a existência de dano moral pelo simples corte


de energia elétrica por parte da concessionaria de serviço público,
sendo necessária a comprovação da empresa afetada de prejuízo à sua
honra objetiva.

Em relação ao público atingido (vítimas) o dano pode ser individual


(experimentado pela pessoa, tanto quanto moral como material); ou
coletivo, que atinge uma coletividade de pessoas (como aquele causado
ao meio ambiente, a direitos sociais, às relações de consumo, etc.).

DANO MORAL E PRESCRIÇÃO

Vale lembrar que a pretensão reparatória de responsabilidade civil,


prescreve em 03 ou 05 anos, na forma do CC ou do CDC,
respectivamente.

CC Art. 206 § 3º Em três anos: V - a pretensão de reparação


civil;

CDC Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação


pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na
Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir
do conhecimento do dano e de sua autoria.

Dano Estético
Surgiu do desdobramento do dano puramente psicológico, neste dano
ocorrem deformidades físicas que provocam aleijão e repugnância,
abarcando os casos de marcas e outros defeitos físicos que causem à
/
vítima desgosto ou complexo de inferioridade (tanto externo, quanto
interno, quando função morfológica dos órgãos)

STJ - Súmula 387 - É lícita a cumulação das indenizações de dano


estético e dano moral.

Dano indireto e dano reflexo ou em ricochete

No dano indireto, uma a mesma vitima sofre um dano direto e esse


dano se alastra causando consequências nos demais fatos jurídicos.

Compra um cavalo doente (dano direto)

Todos os animais do haras ficam doentes (dano indireto)

Por sua vez, o dano reflexo é aquele que atinge, além da vítima direta,
uma vítima indireta. Há pluralidade de vítimas.

pai de família é assaltado na rua, sofre um tiro, vai para o hospital,


ele é a vítima direta, porém o filho dele é vítima indireta pelo pai
não poder ir trabalhar, por ficar fisicamente inutilizado, o filho
sofre o dano reflexo ou em ricochete.

Perda de uma chance


Caracteriza-se a responsabilidade pela perda de uma chance quando o
agressor faz desaparecer a probabilidade de a vítima auferir algum
benefício.

Deve haver uma chance séria e real, precisa-se verificar se é razoável ou


não esperar o benefício. Hipóteses remotas de a chance se
concretizar não merecem ser indenizadas

A perda de uma chance permite a indenização não pelo resultado não


obtido, mas por ter perdido a chance de obtê-la, de modo que, quanto
maior provável a chance, mais deve ser o valor indenizatório arbitrado
/
pelo juiz. (pode ser cumulado com dano moral, estético e patrimonial)

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as


perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Quando o profissional da saúde faz um tratamento errado, é possível a


aplicação da teoria da perda de uma chance. No entanto, deve-se ter
em mente se a chance perdida era razoavelmente considerada.

O fundamento legal apontado para a perda de uma chance seriam os


arts. 186, 927, 948 e 949, CC. Há vários julgados do STJ que aceitam a
perda de uma chance, por exemplo, o famoso caso do “Show do
Milhão” (programa de TV do apresentador Silvio Santos), quando uma
participante foi indenizada por pergunta sem resposta (clique para ler
a matéria), ou no caso do paciente que veio a falecer sem que o médico
lhe ofertasse a possibilidade de se tratar de outra forma.

Também em relação ao tema inadimplemento contratual, com base na


perda de uma chance, empresa de sistemas de bloqueio de veículos à
distância foi condenada a indenizar cliente que teve veículo furtado (
TJ/SP – Ap. 0179842-53.2008.8.26.0100 – Rel. Des. Hamid Bdine, j.
23.04.2014 e Ap. 0045311-76.2012.8.26.0007, Rel Des. Ana Catarina
Strauch,j. 17.10.2014) . Ainda que se trate de uma obrigação de meio a
da empresa contratada. Entendeu-se que, ao deixar de realizar o
bloqueio do veículo quando avisada sobre o furto, configurou-se
situação na qual houve a perda da chance do contratante do serviço
recuperá-lo.

Perda de uma chance e perda do prazo pelo advogado

O simples fato de um advogado ter perdido o prazo para a contestação


ou para a interposição de um recurso enseja indenização pela aplicação
desta teoria?NÃO. É absolutamente necessária a ponderação acerca da

/
probabilidade - que se supõe real - que a parte teria de se sagrar
vitoriosa. (STJ. 4ª Turma, REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 16/11/2010)

Em linha de conclusão, para completo atendimento ao princípio da


reparação integral, deve-se indenizar o dano emergente, o lucro
cessante, o dano moral, o dano estético e a perda de uma chance.

Excludentes de Nexo de Causalidade


São quatro: Caso fortuito e força maior, Culpa Exclusiva da
Vítima, Fato de terceiro e Cláusula de não indenizar
(contratos)

A conduta do agente até pode causar um dano, mas o nexo de


causalidade dessa conduta com o resultado será afastado diante da
ocorrência de uma excludente.

A ausência de dano não é excludente do nexo causal, apesar de


acarretar a mesma consequência prática – isenção do dever de
indenizar

1 - Caso fortuito e força maior

O melhor entendimento é o de que essas expressões são equivalentes,


independentemente do fato de derivarem de eventos naturais ou do
homem. O art. 393, CC, ao que parece, realmente equipara essas duas
expressões sob uma denominação maior que seria a “inevitabilidade do
evento”. Ocorrendo esse evento inevitável, a conclusão é a de que o
nexo estaria rompido, não havendo falar em responsabilidade civil. Por
exemplo, enchentes, furacões, greves, dentre outros.

Todavia, O Código Civil, não faz distinção entre caso fortuito e


força maior.
/
Art. 393. (...)

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no


fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

É o fato externo à conduta do agente de natureza inevitável, ou seja,


independe da previsibilidade.

Fortuito interno - é o fato imprevisível e inevitável, mas que está


inserido nos riscos de uma atividade empresarial exercida pelo agente,
ou seja, um risco a ela inerente.

O caso fortuito interno não exclui o nexo de causalidade.

Súmula 479 do STJ - As instituições financeiras respondem


objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno a fraudes e
delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

2 - Culpa Exclusiva da Vítima

Fala-se em culpa exclusiva da vítima quando a sua conduta se erige em


causa direito e determinante do evento, de modo a não ser possível
apontar qualquer defeito no produto ou no serviço como fato ensejador
da sua ocorrência.

Pessoa que é atropelada fora do local adequado para travessia,


sendo que o motorista dirigia obedecendo todas as regras de
trânsito e com atenção necessária: A conduta que gerou o dano
decorre da própria vítima, leia-se, Culpa Exclusiva da Vítima!

Outro exemplo: A vítima, querendo se suicidar, atira-se na frente


de um veículo em avenida movimentada. O motorista que a
atropela não será responsabilizado, uma vez que o fato se deu
exclusivamente em virtude do comportamento da própria pessoa
vitimada.

/
Observação sobre culpa: Vale registrar que, excepcionalmente, o
grau de culpa poderá ter importância na fixação do valor da
indenização em duas situações (não exclui, mas pode mitigar)

A) desproporção excessiva entre o grau de culpa e a extensão


do dano. Se houver uma culpa levíssima e um dano extenso, o art.
944, parágrafo único, CC concede ao juiz o poder de reduzir
equitativamente o valor da indenização.

Art. 944 CC. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização.

Exemplo: ao sair com o carro lentamente de sua garagem, um


indivíduo se distrai com a música que esta tocando e acaba e
esbarrando com seu veículo em uma senhora que passa pela
calçada, ela se desequilibra, cai, bate a cabeça no chão e vem a
falecer - Culpa levíssima e dano extenso - a indenização será
reduzida equitativamente.

B) desproporção excessiva entre o grau de culpa e a extensão


do dano. Nestes casos a verificação do grau de culpa será importante
para a fixação do quantum indenizatório (a indenização será reduzida).
A culpa de ambas as partes não é causa de exclusão do dever de
indenizar, mas sim de redução do quantum.

Art. 945 CC. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o


evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

Em resumo, ocorre quando o infrator causa o evento danoso, mas as


consequências do evento são agravadas pela conduta da vítima. Não
exclui a responsabilidade civil. Se a vítima tiver concorrido

/
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano.

3 - Fato de terceiro

É parecido com o fortuito externo. Fato de terceiro se refere a um


comportamento voluntário de um terceiro, que rompendo o nexo de
causalidade, exclui a responsabilidade do infrator.

Súmula 187, STF - veda a aplicação do fato de terceiro em favor de


transportador, em caso de acidente com passageiro. (é a exceção)

Teoria do corpo neutro: Trata-se de uma aplicação do fato de


terceiro na hipótese em que o agente físico do dano, atingido, é
involuntariamente lançado contra a vítima.

Ex: acidentes em engarrafamentos.

4 - Cláusula de não indenizar (contratos)

É aquela pela qual uma das partes contratantes declara que não será
responsável por danos emergentes do contrato, em inadimplemento
total ou parcial. Trata-se de exoneração convencional do dever de
reparar o dano. Requisitos específicos:

1. Consentimento deve ser bilateral;

2. Não colidir com preceito cogente de lei, com a ordem pública e


com os bons costumes;

3. Não deve eximir o dolo ou a falta grave do estipulante;

Ainda nos casos em que é possível, tem limites:

1. ordem pública: princípios e regras de intensa repercussão social,


onde estão em jogo valores sociais e culturais;
/
2. dolo e culpa grave: do contrário, seria “assegurar a impunidade às
ações danosas de maior gravidade”; e,

3. não pode ser ajustada para afastar ou transferir obrigações


essenciais do contratante. Elementos essenciais do contrato. Por
exemplo: aluguel de cofre bancário, e o banco tenta excluir sua
responsabilidade no caso de sumiço do valor, ou fogo…

Em três hipóteses não é admitida: Contratos consumo, Contrato de


adesão e Obrigações de resultado.

Excludentes de ilicitude
A) Estado de necessidade - esse instituto exclui a ilicitude do ato,
como regra. Entretanto, o estado de necessidade gera a obrigação de
indenizar, quando o bem jurídico é de terceiro. Nesse caso, o agressor
paga o prejuízo experimentado pela vítima, mas tem ação regressiva
contra o dono do bem salvaguardado.

/
Exemplo: Criança corre para pegar bola na rua, o motorista desvia
da criança, jogando seu carro em cima de um carro estacionado
regularmente; o motorista deve pagar o conserto do carro que
estava estacionado, e depois entra com ação regressiva contra os
pais da criança para ser ressarcido o valor gasto com o terceiro e o
reparo do seu próprio carro;

Se o motorista do carro, bate no carro do pai da criança, não há


responsabilidade civil, cabendo ainda receber dos pais a reparação
do seu próprio carro;

No caso exposto, não cabe chamamento ao processo por não haver


solidariedade entre as partes;

Cuidado: independentemente da excludente de ilicitude, o dano


causado em estado de necessidade pode gerar o dever de indenizar
(artigos 929 e 930)

B) Legítima defesa

Agir contra agressão injusta, atual ou iminente, que excluída a ilicitude


não há, em tese, o dever de indenizar.

/
Entretanto, caso seja atingido direito de terceiro inocente, este poderá
demandar o agente que terá uma ação regressiva contra o verdadeiro
culpado.

C) Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de


direito

O estrito cumprimento do dever legal, civilmente, está implícito no


exercício regular de um direito. Desde que não haja excesso, não há
responsabilidade civil.

O STJ (AgRg no Ag. 1.030.872/RJ) assentou o entendimento


segundo qual, o mero ajuizamento de ação não gera dano moral,
por traduzir exercício regular de direito. Diferente se a parte
ajuizou ação querendo conspurcar, constranger a outra parte,
sabendo que não tinha o direito, aí geraria indenização por dano
moral.

Outros exemplos de situações de exercício regular de direito, em


que não havendo abuso ou excesso, não haverá responsabilidade
civil: Guarda-volumes de estabelecimento comercial. -Porta
giratória em banco, não havendo excesso nem abuso

dever legal = lei exige a conduta do agente

regular de direito = lei permite que qualquer cidadão, estando na


situação jurídica protegida, pode agir para manter o seu direito;

Legitimidade Ativa para Reparação


Civil
Quanto à legitimidade ativa para a reparação civil, temos que a vítima é
a titular do direito. Também poderão pleitear a reparação os
sucessores, nos termos do artigo 943 do CC (deve-se analisar
conjuntamente com os artigos 12 e 20 do CC).
/
Tanta pessoa física como pessoa jurídica podem pleitear dano moral
e/ou dano material, eis que consolidado entendimento de que a pessoa
jurídica também tem exposição moral, como já dito.

Importa ressaltar que muitas vezes os familiares próximos sofrem


danos em decorrência de ato antijurídico praticado diretamente a outra
pessoa.

Ex: os casos dos dependentes (a quem o morto prestava alimentos)


que ficarão privados da verba de subsistência com a morte da
vítima, assim como sofrerão danos de natureza extrapatrimonial.
São os chamados danos reflexos ou por ricochete (explicados neste
texto).

Mais recentemente a jurisprudência passou a admitir o dano reflexo


também em casos em que a vítima direta permanece viva
(litisconsórcio ativo). Trata-se de direito próprio pedido em nome
próprio e não de direito alheio pedido em nome próprio.

Legitimidade Passiva para Reparação


Civil
São responsáveis pela reparação civil o agente causador do dano, bem
como os responsáveis solidários ou subsidiários.

Também segundo o artigo 943 o dever de reparar transmite-se com a


herança (observar artigo 1.792)

Há também a responsabilidade pela reparação decorrente de contrato,


como ocorre no caso de seguro.

Responsabilidade Civil Contratual

/
O dever violado tem berço na prévia manifestação de vontade que cria
um liame específico e particular entre as partes.

Responsabilidade contratual é aquela decorrente de inexecução ou


infração em contrato firmado pelas partes. Prevista no Código Civil
como perdas e danos.

As partes, por força do regramento por ela estabelecido, cria uma série
de expectativas de condutas recíprocas, traduzidas no dever de
adimplir. (o mero inadimplemento contratual, não gera dano moral
automaticamente)

São pressupostos de resp. Civil contratual:

1. o contrato válido;

2. a inexecução do contrato; (ou parte dele)

3. o dano;

4. o nexo causal;

O dano moral não ocorre porque pode haver consequência para a mora
ou o inadimplemento, por meio de penalidades.

Só ocorre dano moral reparável quando ficar provado o caráter


excessivo, além do razoável, acima do que se podia esperar como efeito
natural e previsível da quebra do dever jurídico preestabelecido entre
as partes.

Responsabilidade Civil Direta e


Indireta
Responsabilidade direta é aquela de quando o fato é imputado ao
agente por conduta própria; responsabilidade por ato próprio.

/
A Responsabilidade indireta ou complexa incide sobre o agente por ato
de terceiro (responsabilidade objetiva – v.g. art. 932 CC. A
Responsabilidade Indireta é quando um terceiro cobre o prejuízo de
quem causou o dano.

Ex: pai arca com despesa do filho

Responsabilidade Civil por fato de


terceiro
Está disposta nos Art 932 e 933, CC A responsabilidade dos donos de
hotéis, estabelecimentos de ensino e similares por danos causados por
hóspedes ou educandos (internato), onde há o pagamento.

Aquele que exerce atividade com a finalidade econômica, visando obter


vantagem, no momento em que as pessoas estão sob a autoridade dos
danos dos estabelecimentos há a obrigação de vigilância e guarda.

Há a responsabilidade objetiva dos donos dos hotéis, estabelecimentos


que albergue por dinheiro no risco-proveito.

- Responsabilidade civil dos que tinham participado gratuitamente do


produto do crime:

Não se confunde com a coautoria - art 942, CC - Se a ofensa tiver mais


de um autor todos responderão solidariamente pela reparação.

A participação não se refere ao cometimento do fato, mas apenas no


resultado.

Observar sempre o tratamento diferenciado atribuído pelo artigo 928 à


responsabilidade dos incapazes. Os incapazes respondem
equitativamente e subsidiariamente, ou seja, apenas se as pessoas por
eles responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem
de meios suficientes. Ou seja, aqui há uma exceção à regra da
responsabilidade solidária do artigo 942, parágrafo único.
/
Ação de regresso
Nos casos de responsabilidade civil indireta, em que a lei imputa a
alguém diverso do causador do dano o dever de indenizar, admite-se a
ação de regresso contra o agente que tinha causado o dano, salvo se o
causador for descendente seu, menor de idade.

Responsabilidade civil pelo fato da


coisa
Coisa pode ser um bem móvel ou imóvel ou ainda semovente (animal)

O guardião somente se eximirá se provar quebra do nexo causal em


decorrência da culpa exclusiva da vítima ou evento de força maior, não
importando a investigação de culpa. (teoria do risco)

O fato da coisa decorre da violação de um dever de guarda da coisa, que


se imputa a quem tenha relação de fato e poder sobre ela.

O reconhecimento do dever de guarda é de quem tem a coisa consigo,


pode ser o possuidor ou o proprietário.

Guardião é, atualmente, tratar-se de imputar à pessoa qualificada


como tal uma esfera de risco pelo qual terão que responder.

Responsabilidade pelo fato do


ANIMAL
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este
causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

A responsabilidade pelo fato de animais é objetiva, sendo que o


Código Civil só afasta a responsabilidade se provado fato exclusivo da
vítima ou força maior (art. 936, CC). Portanto, caso fortuito e fato de /
terceiro não excluem a responsabilidade do dono/detentor do animal.

Animal na pista. Pode-se responsabilizar o Estado? O STJ,


julgando o REsp 438.831/RS, admitiu a responsabilidade subjetiva
omissiva do Estado, por falta de fiscalização e sinalização de rodovia
federal em caso de acidente de animal na pista. Mas, se a rodovia é
objeto de concessão (pedágio), a responsabilidade é objetiva da
concessionária, com base no CDC.

Responsabilidade pela ruína (edifícios


ou construções)
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja
necessidade fosse manifesta.

Refere-se à ruína de prédio. Haverá responsabilidade objetiva do


proprietário. A construtora responderá solidariamente.

Ruína não se refere ao desabamento total, pode ser uma ruína parcial.
Desabamento de uma Marquise, por exemplo.

Como excludentes da obrigação de indenizar admiti-se, o caso fortuito


ou força maior e a culpa exclusiva da vítima. Assim, por exemplo, age
com culpa a vítima que transitar por local onde podem cair materiais
de construção, onde há avisos e proteções materiais suficientes para
dar ciência do perigo a se correr ao passar naquele local.

Responsabilidade por objetos


lançados/caídos (de edifícios ou
construções)
/
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em
lugar indevido.

Responsabilidade pela queda de coisas. Se o imóvel for alugado quem


responde é o inquilino, já que o referido artigo fala em “quem habitar”.

Se não souber de onde partiu o projétil, a vítima não pode ficar


irressarcida. A doutrina é firme, com base na Teoria da Causalidade
Alternativa, no sentido de admitir a responsabilidade de todo
condomínio caso não se possa identificar de onde partiu o projétil.
Excluem-se, todavia, dessa responsabilidade, os moradores dos blocos
ou fachadas de onde seria fisicamente impossível o arremesso.

Ação judicial que a vítima de um objeto lançado ou caído ajuíza é:


“Actio de effusis et dejectis”. O prazo prescricional para reparação civil,
nos termos do art. 206, § 3º, V é de três anos.

As normas de responsabilidade civil pelo fato da coisa apresentam


como objetivo principal não apenas a reparação a quem de alguma
maneira foi prejudicado, mas também o de reprimir
comportamentos que prejudique terceiro

Responsabilidade Civil do Estado


A responsabilidade civil do Estado tem princípios próprios e
compatíveis com a sua posição jurídica, por isso é mais extensa que a
aplicável às pessoas privadas.

Em regra, aplicamos a teoria do risco administrativo nas relações


estatais.

Como fundamento para a responsabilidade objetiva surgiu a teoria do


risco administrativo, a qual informa que deve ser atribuída ao
Estado a responsabilidade pelo risco criado por sua (é possível
que o Estado afaste sua responsabilidade em casos de exclusão do nexo
causal) atividade administrativa. /
E, se essa atividade é exercida em favor de todos, o ônus deve ser assim
suportado.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Deve ser comprovadoo nexo causal entre o dano e a conduta do


agente público.

Responsabilidade Civil nas relações


de consumo
O CDC só é aplicável nas relações de consumo.

Para caracterizar a relação de consumo é necessário a presença,


impreterivelmente:

Do Fornecedor,

Do Consumidor,

Do Produto ou do Serviço.

Consumidor

/
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

Consumidor é a parte vulnerável da relação de consumo e deve por


este motivo ser protegido quando contratar.

O conceito básico de consumidor é definido no art. 2º, caput, e


complementado pelo seu parágrafo único e pelos artigos 17 e 29.

Art. 2º do CDC - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo

Art 17 do CDC - pessoas são equiparadas ao consumidor no caso de


acidente de consumo.

Art 29 do CDC - tutela os direitos das pessoas que por meio de


oferta, publicidade, práticas abusivas, cobrança de dívidas,
cláusulas abusivas e contrato de adesão sofrerem qualquer tipo de
violação ou abuso de direito.

Dessa forma, sobre o conceito de consumidor, pode-se concluir que:

Não é definido apenas sob a ótica individual, mas também


enquanto categoria (direito transindividual);

Não é apenas o contratante, mas a vítima de acidentes (onde não


há contrato entre as partes) e de práticas abusivas (realizadas
antes da contratação);

Não é apenas o que adquire, mas o que utiliza os produtos ou


serviços;

Pode ser pessoa física ou jurídica;

/
Fornecedor
É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem
atividades de produção montagem, criação transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação
de serviços.

Exercem a atividade de forma habitual, visando lucro, com


caráter de profissionalidade.

CDC Art. 3º

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como osentes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Produto
É qualquer bem, móvel ou imóvel, de valor econômico que desperte
interesse no homem. (amostra grátis é produto!)

CDC Art. 3º (...)

§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

Serviço
É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

/
Art. 3º (...)

§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de


consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.

Responsabilidade pelo Fato do


Produto
Fato = defeito (quando coloca em risco a saúde e a
segurança do consumidor)

Defeito pressupõe o vício.

O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro e o


importador respondem, independentemente de culpa pelos danos
causados aos consumidores por defeitos no produto.

Nesse ponto, em vez de simplesmente imputar a responsabilidade aos


fornecedores, quis o CDC restringir os personagens. Então, de acordo
com seu art. 12, são responsáveis pelo fato do produto e do serviço: o
fabricante - aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo
produtos industrializados; o produtor - aquele que fabrica e coloca no
mercado de consumo produtos não industrializados; o construtor,
nacional ou estrangeiro - aquele que introduz produtos imobiliários no
mercado de consumo, através de fornecimento de bens ou serviços; o
importador - aquele que faz circular produto estrangeiro dentro do
país.

O produto é defeituoso quando não oferece segurança que dele se


espera (funcionar conforme o esperado), levando-se em conta:

/
a) sua apresentação;

b) o uso e os riscos que razoavelmente que dele se esperam; (uma


faca, por exemplo, é esperado que ela corte)

C) a época em que foi colocado em circulação; (um celular não é


defeituoso por não conseguir instalar determinado aplicativo por
estar com o sistema ultrapassado, por exemplo)

O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor


qualidade ter sido colocado no mercado.

O defeito vai além do produto ou do serviço para atingir o consumidor


em seu patrimônio jurídico, seja moral e/ou material. Por isso,
somente se fala propriamente em acidente, e, no caso, acidente de
consumo, na hipótese de defeito, pois é aí que o consumidor é
atingido.

Responsabilidade pelo VÍCIO do


produto
Vicio = inadequação do produto (não funciona conforme
esperado)

O vício do produto o torna impróprio ao consumo, produz a desvalia, a


diminuição do valor e frustra aexpectativa do consumidor, mas sem
coloca-lo em risco.

Os vícios normalmente são os de qualidade ou quantidade que tornam


os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, como as indicações constantes do
recipiente, da embalagem ou mensagem publicitária.

/
Também independem de culpa, como na responsabilidade pelo defeito;

qualidade = algum recurso ou característica que não funciona; (


televisão cujo som não funciona, carro com problemas de
aquecimento, ferro de passar roupa que esquenta pouco, roupa
descosturada, serviço de limpeza mal executado, prazo de validade
vencido etc.)

quantidade = quando o peso está errado ou veio faltando; (frango


congelado cuja quantidade de água eleva o peso real do produto;
vidro de mostarda de 200ml que só tem 150ml; caderno de 100
páginas com apenas 80; serviço de tevê por assinatura que retira
canais de sua programação sem o prévio aviso ao consumidor etc)

publicidade enganosa = não cumpre o que promete;

publicidade abusiva = discriminatória contra criança e idosos,


aproveitando-se da ingenuidade do consumidor;

Os vícios podem ser aparentes ou ocultos.

O prazo para reclamação do vício


(decadencial)
GARANTIA LEGAL:

Produtos não duráveis = 30 dias para reclamar

Produtos ou serviços não duráveis são aqueles que se esgotam ao


primeiro uso ou em pouco tempo após a aquisição, ou seja, aqueles são
naturalmente destruídos na sua utilização.

Produtos duráveis = 90 dias

/
Os produtos ou serviços duráveis não são necessariamente destruídos
pelo consumo. O que pode ocorrer é o desgaste natural com a sua
utilização, portanto, caracterizam-se por ter vida útil não passageira.

O parágrafo 2º do art. 26 do CDC determina que “obsta a decadência” a


reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca.
Prepondera na doutrina a interpretação doutrinária de que a expressão
“obstar” se trata de interrupção (ao menos no que diz respeito a
contagem do prazo), assim, após a resposta negativa do fornecedor, o
prazo previsto no artigo recomeça. Recomeça, segundo entendimento
de nossos tribunais, para o ajuizamento de uma ação por vício.

GARANTIA CONTRATUAL:

O fabricante divulga o prazo garantia maior que a legal. Quando o


prazo contratual acabar, então começará a garantia legal;

CDC Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e


será conferida mediante termo escrito.

Por exemplo, a Motorola anuncia que seu celular MOTO G3 (bem


durável) tem uma garantia de dois anos.

Na realidade, a garantia é de: 2 anos (contratual) + 90 dias (legal)

O prazo para solucionar o vício:


Prazo do fornecedor sanar o vicio é de 30 dias;

Art. 18. (...)

§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias,


pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
/
Opções do consumidor após o prazo de 30 dias, com o vicio não
corrigido:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em


perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente


atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; (pegar o
dinheiro de volta)

III - o abatimento proporcional do preço. (ficar com o mesmo


produto sem concertar com o desconto decorrente do problema)

EXEMPLOS DA DISTINÇÃO ENTRE


VÍCIO E DEFEITO:
Ventilador novo que não liga: VÍCIO DE PRODUTO

Ventilador novo que tem a pá solta, atingindo o consumidor:


DEFEITO DE PRODUTO

Pedreiro que faz uma calçada ondulada: VÍCIO DE SERVIÇO

Pedreiro que faz uma parede torta, e essa, por este motivo cai:
DEFEITO DE SERVIÇO

Nota-se, a disparidade entre a gravidade dos casos!

/
Em síntese: Como diferenciar “fato” de “vício”? No vício, o
problema encontrado no produto ou no serviço frustra o
consumidor tão somente pelo erro encontrado neles próprios,
acarretando o mau ou impossível funcionamento. No fato do
produto ou do serviço, por outro lado, este “erro” é externalizado,
saindo do domínio do produto ou serviço para atingir a esfera
particular do consumidor, causando-lhe um dano material, físico
ou moral.

Exclusão de responsabilidade
O fabricante, construtor, produtor ou importador excluem sua
responsabilidade se provar:

(inversão do ônus da prova, quem tem que provar é o fabricante,


construtor, produtor ou importador que o defeito inexiste. Isso ocorre
porque para o legislador, eles têm condições de enfrentar uma
demanda, questionando a existência ou não do defeito nos produtos)

A) não colocou o produto no mercado ( produtos falsificados


em circulação ou quando o fornecedor foi vítima de furto ou roubo
de produto ainda incompleto para ser colocado no mercado)

b) o defeito inexiste (o consumidor usou errado) (pessoa que


pensa ter passado mal por causa da ingestão de um queijo, quando
percebe que este se encontra mofado. Eis que o fornecedor
demonstra que o bolor encontrado nesse queijo não só é tolerado
como desejado, que é uma característica intrínseca daquele tipo de
queijo e que o passar mal do consumidor, portanto, não teve
qualquer ligação com um defeito naquele laticínio, sendo tal
defeito, assim, inexistente.)

c) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (quando a


despeito de aviso claro no medicamento sobre a posologia, o
indivíduo toma o dobro da dose recomendada. Ou seja, não há
defeito no medicamento e sim culpa exclusiva daquele que tomou
dose superior à que se indicou.)
/
prazo prescricional de 5 anos para reclamar)

Constatado o vício ou fato do produto ou serviço, verificamos que as


hipóteses nas quais o fornecedor é eximido de responsabilidade são:
quando ele provar que não colocou o produto no mercado, quando da
inexistência do defeito ou quando provada a culpa do consumidor ou
de terceiro.

O comerciante só é igualmente responsável, quando:

a) o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não


puderem ser identificados;

b) o produto for fornecido sem identificação clara do seu


fabricante, produtor, construtor ou importador;

c) não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

O comerciante poderá entrar com ação de regresso.

Responsabilidade Civil dos


Profissionais Liberais
O profissional deve atuar com lealdade em relação ao seu cliente, isto
implica numa série de deveres, desde a própria execução do contrato
até os deveres de informação e aconselhamento.

Responsabilidade Civil do Médico

/
Em regra, a obrigação médica constitui-se de obrigação de meio, não
havendo comprometimento do médico com a obtenção do interesse
específico do paciente.

O objetivo da relação obrigacional médico-paciente se caracteriza como


uma obrigação de fazer visando à preservação da vida, a cura ou
prevenção da doença ou moléstia, assim como a melhora das suas
condições pessoais, vinculando-se diretamente à vida e à integridade
física ou moral da pessoa.

A obrigação médica gera a responsabilidade civil subjetiva, sendo


necessário a demonstração de uma falta do profissional em relação aos
deveres decorrentes da obrigação da prestação de serviços médicos.

O fundamento jurídica é o art. 186/CC e o art 927, caput, do CC/2002.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Quando houver relação de consumo, pois existe a remuneração do


serviço prestado diretamente ao paciente, qualificando-o como
consumidor, a responsabilidade pessoal do médico será apurada
mediante a verificação de culpa, com fundamento no Art. 14, § 4 do
Código de Defesa do Consumidor - Lei 8078/90

/
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será


apurada mediante a verificação de culpa.

Deveres do médico: O profissional está em situação superior ao seu


paciente. Dessa forma, deve ele, médico, informar de forma clara e
suficientemente o leigo/consumidor, pessoalmente sobre os riscos
típicos e aspectos principais do serviço médico naquele caso específico.

O conteúdo do dever de informar do médico deve ser suficiente para o


paciente tomar sua decisão de submeter-se ao procedimento, assim
como sobre seus riscos e as respectivas consequências do tratamento
ou procedimento a ser realizado.

Privilégio terapêutico - previsto no art. 34 do Código de ética médica,


que, ao estabelecer a vedação de deixar de informar, estabelece
também que a comunicação deve feita ao representante legal, quando
possa lhe provocar dano se feita a comunicação direta ao paciente.

Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o


prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a
comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso,
fazer a comunicação a seu representante legal.

CIRURGIA PLÁSTICA EMBELEZADORA: Por tratar-se de


obrigação de resultado, a culpa do médico por eventual erro é
presumida, ou seja, cabe a ele demonstrar a quebra do nexo causal a
fim de se eximir da responsabilidade (REsp. 236.708/MG).

/
ANESTESIOLOGISTA: DANO EM RAZÃO DA ANESTESIA A
natureza reserva segredos que ainda se conservam fora do alcance da
medicina, a exemplo de uma reação alérgica, de maneira que a
obrigação deste profissional é de MEIO e não de resultado.

TRANSFUSÃO DE SANGUE E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ


Uma primeira corrente defendida por autores como Gustavo Tepedino
invoca a dignidade da pessoa humana e a liberdade de crença para
sustentar a recusa da transfusão contra a vontade do paciente. Uma
segunda corrente, defendida por autores como Fredie Didier, com base
na relevância do direito à vida, matriz de todos os direitos, e nos
termos dos art. 46 a 56 do Código de Ética Médica e Res. 1.021/80 do
CFM, autoriza a intervenção judicial para salvar a vida do paciente,
possibilitando a transfusão mesmo contra a sua vontade.

INFECÇÃO HOSPITALAR O hospital responde objetivamente pela


infecção, quando esta decorre do seu próprio serviço e não da atividade
médica (REsp. 629.212/RJ).

Responsabilidade Civil do
TRANSPORTADOR
RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR EM
RELAÇÃO A TERCEIROS A responsabilidade aí é extracontratual,
pois não há vínculo jurídico entre eles. Nesse caso têm se as seguintes
possibilidades: a) se o transporte é realizado por prestadora de
serviço público, por se tratar de dano a terceiro, aplica-se o art. 37 §
6º da CF; b) se não for prestadora de serviço público, aplica-se o
art. 14 do CDC, combinado com o artigo 17: consumidor por
equiparação, pois é vítima do evento. Nesse caso, não precisa mais
invocar a responsabilidade por fato de terceiro porque o transportador
não responde por fato do preposto, mas por fato próprio (defeito do
serviço). Em ambos os casos, a responsabilidade é objetiva, mas tem
fundamentos legais diferentes.

/
RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR EM
RELAÇÃO AOS PASSAGEIROS A responsabilidade é contratual. A
responsabilidade é objetiva, aplicando-se o CDC, artigo 14.

EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTADOR


Pode ser excluída por: Fato exclusivo do passageiro; fortuito externo;
fato exclusivo de terceiro

Responsabilidade Civil no Acidente de


Trabalho
A responsabilidade é objetiva, baseada na teoria do risco INTEGRAL
(ou seja, nem caso fortuito, força maior, fato exclusivo da vítima ou
fato de terceiro eximem o direito à indenização). No entanto, essa
indenização é paga pelo INSS. Trata-se de um seguro coletivo. Basta
comprovar a relação de emprego, o dano e que o mesmo ocorreu por
ocasião do trabalho. Nesse caso, a indenização é tarifada, isto é, sujeita
aos limites previstos em lei.

Responsabilidade do empregador: há possibilidade de cumular a


indenização paga pelo INSS com a indenização cobrada perante o
empregador, pois são autônomas e cumuláveis

Relação entre a Responsabilidade


Civil e a Criminal
O art. 935 do Código Civil estabelece a relação entre a responsabilidade
civil e a responsabilidade criminal. Dispõe que:

/
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não
se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre
quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas
no juízo criminal

O enunciado 45 da I Jornada de Direito Civil colaborou com a


interpretação do artigo ao inserir a expressão “categoricamente”, ou
seja, se a existência do fato e a autoria se acharem “categoricamente”
decididas no juízo criminal, essa definição não será alterada no juízo
cível. Embora os ilícitos civis sejam diferentes dos ilícitos criminais,
uma vez decididos fato e autoria, independentemente das outras
circunstâncias, não se poderá decidir de forma diferente no juízo cível.

Por isso, muito cuidado: embora o artigo afirme a


independência, trata, na verdade, de uma independência
relativa

Assim, somente a decisão criminal que tenha categoricamente


afirmado a inexistência do fato impede a discussão da
responsabilidade civil.

A absolvição no juízo criminal não exclui automaticamente a


possibilidade de condenação no juízo cível, conforme está disposto no
art. 64 do CPP. Os critérios de apreciação da prova são diferentes: o
Direito Penal exige integração de condições mais rigorosas e taxativas,
uma vez que está adstrito ao princípio da presunção de inocência; já o
Direito Civil é menos rigoroso, parte de pressupostos diversos, pois a
culpa, mesmo levíssima, induz à responsabilidade e ao dever de
indenizar. Assim, pode haver ato ilícito gerador do dever de indenizar
civilmente, sem que penalmente o agente tenha sido responsabilizado
pelo fato.

Ação Civil Ex Delicto


Possui a finalidade de buscar uma indenização pelo dano sofrido, cuja
causa de pedir é o ilícito criminal. /
Após o trânsito em julgado da questão penal, com a sentença
condenatória, esta faz coisa julgada no direito civil.

Quando for intentada uma ação civil e outra penal simultaneamente, a


ação civil poderá ficar suspensa até o resultado da ação penal.

O delito traz uma pretensão de natureza indenizatória, confrome o


disposto no art 186 do CC.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil


poderá ser proposta.

a) quando não tiver sido reconhecida a inexistência material do


fato

b) quando houver o despacho de arquivamento do inquérito ou das


peças de informação

c) em face de decisão que julgar extinta a punibilidade

d) quando a setença absolutória decidir que o fato imputado não


constitui crime

Execução da sentença condenatória penal na esfera cível.

A sentença condenatória transitou em julgado constitui título executivo


judicial.

Quando o condenado é absolvido na revisão criminal, ficam


prejudicados os efeitos na sentença condenatória, em função da
desconstituição do título.

/
Responsabilidade Civil no Marco Civil
da Internet (Lei 12.965/2014 )
O Marco Civil da Internet, estabelece princípios, garantias, direitos e
deveres para o uso da Internet no Brasil, também disciplina
importantes aspectos da responsabilidade civil, especialmente nos
seguintes artigos:

Art. 18. O provedor de conexão à internet não será


responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo
gerado por terceiros.

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e


impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente
poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial
específica, não tomar as providências para, no âmbito e
nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado
como infringente, ressalvadas as disposições legais em
contrário.

A ementa do acórdão no AgInt no AREsp 1177619 / SP (29/10/2018)


traz uma síntese do atual entendimento do STJ sobre o tema:

[...] 5. A jurisprudência desta Corte define que: (a) para fatos


anteriores à publicação do Marco Civil da Internet, basta a
ciência inequívoca do conteúdo ofensivo pelo provedor, sem sua
retirada em prazo razoável, para que este se torne responsável e,
(b) após a entrada em vigor da Lei nº 12.965/2014, o termo inicial
da responsabilidade solidária do provedor é o momento da
notificação judicial que ordena a retirada do conteúdo da internet.
6. Rever as conclusões firmadas pelas instâncias ordinárias, para
excluir a culpa do provedor de internet pelos danos ocasionados à
parte recorrida, demandaria a análise de fatos e provas dos autos,
providência vedada no recurso especial em virtude do óbice da
Súmula nº 7/STJ. /
DONIZETTI, Elpídio e QUINTELLA, Felipe. Curso Didático de Direito
Civil, Atlas, 2017. MIRAGEM, Bruno. Direito Civil: Responsabilidade
Civil. São Paulo: Saraiva: 2015.

STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. São Paulo: Revista


dos Tribunais, 2015.

TARTUCE, Flávio. Direito Civil – Vol. 2 – Direitos das Obrigações e


Responsabilidade Civil, 13º edição. Forense, 12/2017 [GRUPO GEN].

BITTAR, Carlos Alberto. Responsabilidade civil: teoria e prática. 4a.


Edição, Rio de Janeiro, Ed. Forense Universitária, 2001.

CAHALI, Youssef Said. Do moral, 2a. Edição rev. Atual e ampl., São
Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 1998.

CAVALIERI Filho, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 6a.


Edição, revista, aumentada. São Paulo, Ed. Malheiros, 2005.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: volume 1, São Paulo,


Ed. Saraiva, 2003.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro, São Paulo, Ed.
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed.


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THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil,


Rio de Janeiro, Ed. Forense, 1986.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, São Paulo, Ed. Saraiva, 2009.
/
Para citar este artigo, use: MARIOT, Marcus Vinicius.
Responsabilidade Civil: resumo doutrinário e principais
apontamentos. 2016. Disponível em: <
https://marcusmariot.jusbrasil.com.br/artigos/405788006/respo
nsabilidade-civil-resumo-doutrinarioeprincipais-apontamentos >
(data do seu acesso)

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resumo-doutrinario-e-principais-apontamentos

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