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Trabalho Final de Laura Landau

Aula - Espaço e Rede Urbana na Amazônia


Professora Tatiana Schor
Professor Convidado Estevan Bartoli

Limites da casa no contexto urbano das comunidades do


Município do C areiro do C astanho

Para o trabalho resolvi analisar os limites da casa, da propriedade privada doméstica, e


como as elementos estruturantes, como muros, cercas, água e vazios, são colocados
para comunicar e delimitar tais espaços. Analisei moradias das três comunidades (Sede
do Careiro Castanho, Vila Samaúma e Vila Araçá) visitadas em campo no município do
Careiro Castanho. Para então trazer para a discussão integrada com o texto Cidades
Desenvolvidas: Bem Estar, Exploração E Consumismo No Século XXI de Heitor Pinheiro,
apresentado no V Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade
na Amazônia, para o GT 2 - Cidades e redes urbanas na Amazônia e com conteúdo
explicitado em sala durante a aula “Espaços e Redes Urbanos” ministrado por Tatiana
Schor e Estevan Bartoli para o programa de pós graduação em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade na Amazônia.

Analise do texto de Heitor Pinheiro

Heitor nos traz em seu texto alguns apontamentos sobre a viva discussão em que a
definição de Sustentabilidade em Cidades está envolvida, principalmente aquelas que
se encontram no contexto amazônico. Como podemos definir sustentabilidade e
desenvolvimento? Para Heitor, e muitos outros, são termos contraditórios e
antagônicos, já que os recurso são finitos e desenvolvimento visa o crescimento
indeterminado usando estes de forma inconsequente. O que me interessou no artigo
de Pinheiro foram alguns apontamentos sobre o como o meio urbano pode interferir a
definir comportamentos e sensações de indivíduos que há muito pouco tempo
poderiam ser considerados não urbanos. As comunicações das mídias e vivências em
cidades grandes traz uma multiculturalidade que interfere nesse indivíduo e
consequentemente esse modifica seu meio. A falsa sensação de liberdade ditada em
forma de segurança proveniente desse contato com realidades ditas mais modernas e
tecnológicas, ofusca a vida “sofrida, incerta e solitária” dessa vida não urbana, virando
então objetivo de mimetismo. Somada às gerações presentes extremamente
conectadas o individualismo cresce agarrado ao sistema do capitalismo moderno.
Quando ele aponta o capitalismo como modelo de desenvolvimento, destrincha a
palavra desenvolvimento como “des-envolvimento” ou ausência de envolvimento, que
define essa individualidade do sujeito que vive esse capitalismo moderno. A falta de
envolvimento e exagerada individualidade são sintomas de uma desarticulação cultura,
territorial para finalidade geopolíticas. Isso é refletido na forma como o sujeito vai se
colocar no seu mundo e no território onde vive.

Heitor destaca que os habitantes modificam o meio de forma a trazer arranjos


necessários para se viver uma vida urbana, com tudo que esta tem direito: isolamento
do mundo natural e social, “segurança”, individualidade, trocas capitalistas, cultura
globalizada, inclusão digital, entre outros. Como e onde as habitações são construídas,
o aparecimento de espaços públicos e comércio são definidores da circulação urbana e
dos fluxos das cidades. É interessante observar essas interferências e diversodade nas
moradias das comunidades visitadas em campo, por isso, mais a frente retomarei com
fotos as diferentes estruturas que circundam as casa e como podem interferir na
paisagem e nos fluxos urbanos.

Aprendizados das aulas e da visita ao campo

Trago agora as discussões em sala para serem enriquecidas com a visita de campo e
acrescento outro autor que pode contribuir e fortalecer a discussão.

Henri Lefebvre nos fala que o tecido urbano estende e corrói os resíduos da vida
agrária. Cidades amazônicas agrárias estão ficando cada vez mais urbanas, e com isto
um ambiente que segue dinâmicas culturais locais e temporais ecológicas tendem a
sofrer mudanças radicais rumo a urbanização. Lefebvre aponta que as manifestações
urbanas podem sufocar as manifestações agrárias, introduzindo bruscamente um ritmo
urbano, uma cultura urbana e mercadorias urbanas a essas cidades em transformação.
Como apontado anteriormente na analise do texto de Heitor, o urbano traz estruturas
que entram no imaginário de necessidade de isolamento para se ter segurança como
algo natural da evolução do tecido urbano. Durante o campo pude observar as
diferentes formas que as casas se colocavam no espaço urbano, e o que me trouxe
maior curiosidade foi a diversidade de objetos protetivos que cercavam o território
primário doméstico. A estrutura arquitetônica dos muros e cercas eram elementos fixos
e presente. Muitas vezes os muros vistos nestas pequenas comunidades urbanas nada
se diferem de muros encontrados em grandes cidades como Manaus. A escala de
violência, provavelmente é muito diferente entre ambos os tipos de cidades, mas a
necessidade de se sentir seguro e isolado são elementos em comum entre estes
espaços urbanizados. A atuação das pessoas em uma dinâmica urbana ou agrária
definem as intensidade de fluxos e fixos.

As pessoas estão mais conectadas virtualmente, e nessas pequenas cidades amazônicas


não é diferente, os fluxos de informação são mais intensos e efêmeros. O que, por sua
vez, se torna inverso ao fluxo de informação no ambiente real, onde esse sujeito se isola
fisicamente com barreiras que cercam suas casas. Estes fluxos locais da vida cotidiana
sofrem mudanças e podem tender a ficar mais lentos ou se extinguir ao ponto que os
fluxos virtuais e globais vão a se intensificar.
Casa engradada na sede do Careiro Castanho

Casa com muro altíssimo e de concreto na Vila do Araçá.

Um muro alto transmite uma ideia de anti-sociabilidade e isolamento, o indivíduo


comunica como ele está querendo se relacionar com o meio urbano, e define
concretamente os limites do território coletivo e privado. É no muro que a casa começa
e se direciona para o interior do terreno, ele é a película que define o que está dentro e
fora da suposta intimidade e segurança dos moradores daquela casa. A rua se torna
território impessoal e talvez desconhecido ou opressor. E os muros, quase fortalezas,
comunicam bem a ideia de resguardo e interrupção de uma vida coletiva.

Em contra partida, uma exemplo curioso encontrado em campo começa a traçar novos
aspectos entre esse sujeito isolado e aquele que interage com o espaço urbano.
Inicialmente percebi esta casa pela mesma lógica de muros altos que expressam uma
mensagem clara de barreiras e “defesas”, mas alguns elementos trazem a culturalidade
local que inicia um outro diálogo com os habitantes da cidade e assim uma possível
nova dinâmica espacial. Os detalhes da “renda” do telhado que conversam com a
“renda” da cerca e o mesmo material e cores usados em ambas as “rendas” nos mostra
que esse sujeito está interessado em levar este ambiente estético de sua casa para fora
dela, para a divisão da casa com a rua. Estaria ele trazendo sua casa para o ambiente
urbano? Qual seria a mensagem aqui expressa para alguém que olha de fora esses
elementos na paisagem urbana? Identifico uma casa em transição, onde a cultura local
se mistura com a cultura urbana. De acordo com Gustave Fischer, em seu livro
Psicologia Social do Ambiente, quando o homem modifica seu ambiente ele modifica a
si mesmo. Ao construir uma casa, um local para habitar e interagir ele não só está
construindo uma estrutura mas todo um mundo simbólico rico em gostos e valores que
afirmam seus esquema particular de ver o mundo. Logo a colocação de cercas de
diversos tipos nos mostra diferentes formas de habitar e definir espaço.

Casa com muro alto e colorido na Vila Araçá

Seguindo essa transição de espaços, mais um exemplo curioso é o da casa a seguir,


todas as cercas e muros anteriores mostram esse homem manipulando e sendo
manipulado pelo seu meio, evidenciando crenças em relação a si e ao ambiente urbano
que se encontra. Porém essa casa me chamou particularmente a atenção. O elemento
cerca, neste contexto, nos passa diferentes pensamentos funções. Uma cerca no meio
urbano tem a finalidade de delimitar, cercar e definir o que está dentro e o que está
fora do território doméstico. Porém esta cerca da foto já não é tão alta quanto as das
outras casas, o que pode nos indicar mais um função de definição de território do que
de segurança e aversão à rua. Em contra partida, se a função é definir territórios, ao
usá-la como varal para secar roupas ela assume nova função e estende seus limites,
misturando de vez o espaço público com o privado. Com as roupas metade na rua
metade dentro de casa, a cerca ao mesmo tempo que delimita o espaço doméstico
nega ele. Os habitantes dessa casa, e de algumas outras que faziam o mesmo,
transformando suas cercas em varal, comunicam uma extensão, uma mescla de funções
e significados, que na minha leitura, podem significar ainda uma aceitação do urbano e
da necessidade de se definir a propriedade privada mas ao mesmo tempo não negam
sua cultura de vida comunal, onde se sentem seguros na comunidade em que vivem.
Casa na comunidade sede do Careiro Castanho

O caso onde a cerca é extremamente baixa é recorrente, aqui esta ainda segue toda
extensão do terreno de forma irregular sugerindo que a própria ideia de cercamento já
é insuficiente. O cercamento aqui sugere muito mais uma barreira imaginária do que
física, apesar de se utilizar de um elemento concreto. Em mais uma análise rápida e
superficial pode-se também observar que o respeito pela área pública ou área que não
necessariamente é do proprietário é efetivado já que a cerca não envolve todo o
terreno “vazio” ao seu redor, sugerindo forte noção dos limites da propriedade.

Casa na Vila de Araçá


Seguindo a diversidade de moradias e suas delimitações de fronteiras encontrei aquelas
casas que apresentam um cercamento paisagístico, ou onde elementos naturais fazem
o trabalho de isolar e trazer uma sensação de segurança para o morador. É o caso de
casas localizadas em áreas alagadas e construídas sobre palafitas. Por que não delimitar
essa área também? A primeira vista é natural acharmos que a casa sobre palafitas não
precisa de cerca, mas me peguei pensando o por que disso? O ambiente da terra é
mais rígido e fácil de manipular do que o elemento água, mas isso ainda não é uma
justificativa totalmente sólida para a falta de cercamento. Penso então na fala da
Professora Tatiana Schor em sala, quando define a relação de segurança do ribeirinho:
“ O ribeirinho é aquele que tem no Rio a sua segurança (territorial, emocional, cultural e
ecológica)”. Poderia esse pensamento justificar a falta de necessidade de se proteger, a
água trás o elemento de segurança mais forte que um ribeirinho poderia ter? Fischer
(pag. 61) aponta que esse território primário é concha protetora, um espaço inviolável.
Nas comunidades visitadas, as casas em palafitas quando construídas em um meio
urbano com ruas tradicionais de asfalto ou terra, podem se apropriar do elemento
natural da água para se isolarem, talvez negarem, esse ambiente público urbano. Na
foto da casa na Vila do Araçá, aos meus olhos, é evidente esse afastamento da rua,
como se a casa flutuasse em um ambiente que a nega, uma ilha de tradição ribeirinha,
que é apenas conectado ao solo por uma única ponta na entrada da frente.

Casa em palafitas na Vila do Araçá

Outro padrão muito visto foi a ausência total de muros, cercas, arames ou qualquer
estrutura que envolva e limite o terreno de uma casa em relação a casa vizinha. Isso
inclusive apareceu em casas ao lado de outras fortemente muradas. No que esse sujeito
da casa sem estrutura envoltória difere daquele que se cerca? Como ele se vê nesse
espaço urbano? Qual a sua relação com seu território doméstico? E o espaço público?
Uma suposição que posso trazes quase com certeza é que os fluxos que ele se dispõe a
ter são completamente diferentes dos fluxos que uma casa murada pode gerar. São
fluxos que vem de um lugar de comunidade e troca. Uma casa não cercada nos mostra
uma abertura de possíveis relações, onde sua comunidade não lhe oferece uma ideia
de perigo tão sufocante. Apesar de acreditar que a noção de limites territoriais sejam
claros e presentes, a possibilidade de um terreno mais comunal, que se abre para sua
comunidade me passa a mente. Digo isso baseada na noção que tenho de que muitas
comunidades ribeirinhas não apresentam cercas para dividir seus territórios, e ainda
assim todos da comunidade entendem os limites de suas terras. Caso estas estejam em
áreas de floresta, o uso extrativista é aberto, e o dono da propriedade não limita a
entrada dos membros da comunidade. Seria esse um resquício dessa relação mais
camponesa em um ambiente urbano? Muitas dessas casas sem divisão territorial
possuíam quintais, com hortas e árvores, mas outras eram casas sem mais terreno
circundante e terminavam direto na rua. O que poderia ser um sinal de pertencimento
aquele espaço urbano, talvez o urbano também trouxesse a segurança para quem vê
nele seu lar e cultura. A seguir fotografias de casas na sede do Careiro Castanho.
C onsiderações finais

As casas são elementos sempre muito curiosos e são excelente para entender seus
moradores, a cidade, a história e padrões sociais de uma cidade. Elas são quase
representações precisas de quem as habita, pois a personalidade de seus moradores
fica fisicamente explicitada, uma vez que estes a modificam de acordo com seus gostos
e esta os modifica na relação que se é criada com os elementos, espaços e territórios
de seu interior. A análise baseada na psicologia ambiental nos mostra como os arranjos
podem interferir na dinâmica que se é criada dentro e fora desta.

O lar, em muitos imaginários, é definido como um lugar seguro, restaurativo, íntimos e


precioso. Ao percorrer as três comunidades me chamou muito a atenção as diferentes
formas de cercar o território, proteger o lar, o local onde a casa se encontrava. Foi
divertido tentar entender, de forma superficial, a lógica de cada escolha. E mais que
isso, parar para observar as diferentes possibilidades que as pessoas encontram para se
expressar e delimitar o território em um ambiente urbano-ribeirinho. Pessoas se sentem
ameaçadas com a rua? Ou se sentem parte dela? Se modificam em direção a algo mais
opressor ou integram culturas e sentimentos? O ribeirinho camponês ainda está lá, ou
este já se modificou por completo? O que a cerca, o muro, ou a ausência deles pode
nos falar sobre os habitantes de cada espaço? O trabalho não responde exatamente as
perguntas, mas as elabora, e portanto, deixa minha visão sobre o contexto amazônico
mais rico.
REFERÊNCIAS

PINHEIRO, Heitor. Cidades Desenvolvidas: Bem Estar, Exploração E Consumismo No


Século XXI. V Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na
Amazônia. 2018.

LEFEBVRE, Henri. A Revolução Urbana. Cap1. Da Cidade a Sociadade Urbana. Belo


Horizonte Ed. UFMG. 2008.

FISCHER, Gustave. Psicologia Social Ambiental. Instituto Piaget. 1994.

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