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Fotográfica
Material Teórico
Popularização da Fotografia (1861
a 1900) e a Fotografia de Eventos
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Popularização da Fotografia (1861
a 1900) e a Fotografia de Eventos
• Introdução;
• A Era dos Retratos;
• “Você Aperta o Botão, Nós Fazemos o Resto”;
• Brownie, a Fantástica Câmera da Kodak,
que Popularizou a Fotografia;
• Turismo e Kodak Contribuem
para a Popularização da Fotografia;
• Uma Breve História da Gigante Kodak ;
• Fotografia de Eventos: Eternizando Lembranças;
• A Fotografia e as Formaturas;
• A Fotografia de Casamento;
• Fotografia Contemporânea de Casamento.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer as inovações técnicas e materiais fotográficos utilizados
entre os anos 1861 a 1900 na história da fotografia;
· Conhecer fotógrafos de retratos que marcaram época na fotografia
no século XIX;
· Conhecer, contextualizar e analisar diferentes tendências e estilos da
fotografia de eventos (casamento, formatura) através dos tempos até
a contemporaneidade.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Introdução
“O que o olho humano observa casualmente e sem curiosidade, o olho
da câmera... observa com uma fidelidade implacável”. Berenice Abbot
(LOWE, 2017, p. 76)
Figura 1 – Jacob Riis. Inquilinos de um cortiço na Bayard Street, cinco centavos a vaga, 1899. Prata/gelatina
Fonte: moma.org
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Você Sabia? Importante!
Entretanto, as pesadas e frágeis placas de vidro dos negativos fez com que
pesquisadores, especialmente químicos, se dedicassem à criação de novos suportes
materiais para negativos. Os resultados não tardaram. O inglês John Carbutt (1832-
1905), radicado nos Estados Unidos, anunciou, em 1888, a criação do primeiro
filme fotográfico de celuloide – chapas finas cobertas com gelatina. Foi sucesso
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comercial. Por volta de 1890, Carbutt apresentou o filme com largura de 35 mm,
que definiria o padrão para câmeras fotográficas e de cinema. E, em 1896, ele
lançaria as primeiras placas de raios X para uso comercial.
Mas nem tudo era entendido da mesma maneira. Em 1849, o poeta e crítico
de arte francês Charles Baudelaire bradava: “Nossa sociedade sórdida, pois induz
os narcisos a uma exultação unânime sobre suas imagens banais, gravadas sobre
um pedaço de metal” (BUSSELLE, 1979, p. 33). Entretanto, não tardou para que
Baudelaire se rendesse à nova mídia. Em 1863, ele foi fotografado por Etienne
Carjat (1828-1906). O retrato (Fig. 5) foi utilizado na Galerie Contemporaine,
Littéraire, Artistique (Galeria Contemporânea de Escritores e Artistas).
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Um dos mais famosos (se não, o mais famoso) fotógrafos de retratos na épo-
ca de ouro foi, sem dúvida, Gaspard-Felix Tournachon, conhecido como Nadar
(1820-1910) (Fig. 6). Caricaturista e escritor, começou a se interessar pela foto-
grafia a partir do início da década de 1850. Sua forte personalidade, talento e au-
topromoção o levaram ao topo dos fotógrafos de retratos da época. Seus retratos
incluíam o escritor Victor Hugo, o pintor Eugène Delacroix, o compositor Franz
Liszt e a atriz Sarah Bernhardt (Fig. 7), entre outras personalidades.
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O século XIX também teve outro importante destaque no gênero retrato: Julia
Margaret Cameron (1815-1879). Nascida em Calcutá, na Índia (seu pai era um
oficial inglês da East India Company), foi educada na França, mas retornou à Índia
para se casar com um jurista inglês. Em 1848, quando seu marido se aposentou,
passou a morar na Inglaterra. Com 48 anos (1863) ganhou sua primeira câmera
fotográfica, como presente de uma de suas filhas. Sua carreira decolou rápido.
Em um ano, Julia já era membro das sociedades de fotografia inglesa e escocesa.
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Figura 8 – Julia Margaret Cameron. Figura 9 – Julia Margaret Cameron. Rei Lear
Sir John Herschel com boné, 1867. distribuindo seu reino para suas três filhas, 1872.
Impressão em albumina; negativo Impressão em albumina; negativo
de vidro em colódio úmido de vidro em colódio úmido
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
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https://goo.gl/vYoPKn
Mas a grande sacada de Eastman ocorreu, em 1888, quando ele lançou um pro-
duto revolucionário: a câmera Kodak One (Fig. 11). Pequena (9,2 x 7,9 x 16,5 cm),
ela vinha carregada com um rolo de filme de papel sensibilizado de 6,35 cm de largura,
que proporcionava 100 exposições no formato circular. Nessa época, a empresa se
chamava Eastman Dry Plate and Film Company. O material de divulgação da câ-
mera anunciava: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”, enquanto o manual
de instruções lembrava: “Seu uso dispensa estudos preliminares, laboratórios ou
produtos químicos” (BUSSELLE, 1979, p. 36).
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Figura 10 – Câmera Kodak One um dos primeiros Figura 11 – Anúncio publicitário (1888)
equipamentos fabricada pela Eastman Dry Plate and da mesma câmera Kodak, na publicação
Film Company, de Rochester (Nova York), em 1888 norte-americana Harper’s Magazine
Fonte: Courtesy of George Eastman House Fonte: Courtesy of George Eastman House
Figura 12 – Anúncio da câmera Kodak, de 1889: You press the button – we do the rest
(Você aperta o botão, nós fazemos o resto)
Fonte: Wikimedia Commons
Foi George Eastman quem criou o nome Kodak. Vejamos como ele explica isso:
Não se trata de um nome ou palavra estrangeira; foi criado por mim para
servir a um propósito. Possui os seguintes méritos do nome de uma marca
registrada: primeiro, é curto; segundo, é impossível pronunciá-lo errado;
terceiro, não se parece com nada no ramo e não pode ser associado a
nada que exista nele. (HACKING, 2012, p. 159)
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Depois que o usuário tirava as 100 fotografias, a câmera era enviada à Eastman
Company, que revelava o filme, copiava as fotografias e as montava em um cartão.
O dono do equipamento recebia de volta a sua câmera recarregada com um novo
rolo de filme. O preço da máquina, nos Estados Unidos era de 25 dólares e 10
guinéus na Grã-Bretanha. O serviço de revelação, as cópias e o novo rolo de filme
custavam 10 dólares ou 2 guinéus (BUSSELLE, 1979).
Como o preço de uma Kodak, na época, custasse mais do que um mês de salá-
rio de muitas pessoas, Eastman logo conseguiu reduzir os custos de suas máquinas,
utilizando métodos de produção em massa. Também foram realizados aperfeiçoa-
mentos técnicos nos equipamentos. No início de 1889, a empresa conseguiu pro-
duzir filmes em celuloide transparente em rolo, um material flexível como o papel
e transparente como o vidro. Pouco tempo depois, já haviam sido lançados no
mercado cinco modelos de câmeras Kodak, dois deles dobráveis. Todos utilizavam
filmes em rolo, colocados no laboratório da empresa.
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Eastman nunca descansou na busca de encontrar formas de reduzir os preços
de seus produtos. Uma das soluções foi colocar o filme em rolo dentro de um
cartucho. Assim, a partir daquele momento, as câmeras não precisavam mais vir
com o filme dentro. Em 1895, foi lançada a Pocket Kodak (Fig. 15), uma câmera
de bolso vendida por apenas 5 dólares.
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Assim, em 1900, surgiu a Brownie (Fig. 18), “talvez a máquina fotográfica mais
célebre da história, capaz de tirar fotos de qualidade, com filme em rolo dentro de
um cartucho ao preço de 5 xelins ou 1 dólar” (BUSSELLE, 1979, p. 36). O nome
da câmera foi uma referência a uma personagem de histórias em quadrinhos do
autor canadense Palmer Cox.
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Figura 19 – David Lisk. Brownie II, a última edição da famosa série (1986), desta vez fabricada no Brasil
Fonte: David Lisk
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Figura 21 – Francis Frith. As pirâmides de Gizé (do Sudoeste), 1857.
Albúmen a partir de negativo de vidro em colódio úmido
Fonte: metmuseum.org
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fotógrafos revelar suas fotos, usando os recém- Caixa de filme Ektachrome, 1947:
-lançados kits de químicos. https://goo.gl/ygUeRt
O número de funcionários da Kodak em âmbito
mundial ultrapassa a marca dos 60 mil.
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Em 1963, a Kodak lançou mais uma linha de
sucesso: a câmera Instamatic (Fig. 28) com design
clássico. Ela ficou famosa por ser barata e ter o
filme na forma de cartucho facilmente substituído,
trazendo à fotografia amadora novos patamares
de popularidade.
Mais de 50 milhões de câmeras Kodak Instamatic
Figura 27 – Câmera Kodak Instamatic
foram produzidos, entre 1963 e 1970. Fonte: Wikimedia Commons
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Fotografia de Eventos:
Eternizando Lembranças
A fotografia vem, ao longo de seus quase dois séculos de existência, mostrando
o homem a si mesmo, registrando a vida, feitos, tragédias, alegrias... O certo é que,
em todas as situações, o fotógrafo de eventos, seja casamentos, formaturas, festas
de 15 anos, palestras, conferências, espetáculos (música, teatro, dança) deve, ne-
cessariamente, como profissional, ter habilidades fundamentais como sensibilida-
de, concentração, conhecimento técnico e rapidez para traduzir em imagens cada
momento importante desses eventos.
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Figura 34 – Henri Cartier-Bresson. Recém-casados em um café ao ar livre no Marne, 1938
Fonte: LUISI, 2013
A Fotografia e as Formaturas
Os quadros e os álbuns de formatura, presentes nas vidas acadêmicas a partir do
início do século XX, também podem ser considerados como importantes registros
da memória das instituições de ensino, além dos formandos e de suas famílias.
As fotografias de formatura, como rito institucional, comunicavam a consagração
de um momento importante e podiam ser estampadas nas paredes ou em cima dos
móveis nas residências, escritórios, consultórios.
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“As fotografias, elementos centrais nos quadros de formatura, podem ser inter-
pretadas na perspectiva de indiciárias do processo de inclusão da cidade na era dos
estúdios fotográficos”, afirma Coelho Júnior (2015, p. 130), lembrando que são
evidências da democratização do consumo da imagem e a consolidação do trabalho
dos fotógrafos e seus novos negócios, como os estúdios fotográficos. Conforme o
autor, os quadros de formatura no início da década de 1920 (Fig. 35), no Brasil,
a partir da análise de suas características físicas como molduras, desenhos, pintu-
ras, cores, adornos, rococós e assinaturas, “remetem a um trabalho impregnado de
prescrições estéticas tradicionalmente utilizadas por artistas plásticos” (COELHO
JÚNIOR, 2015, p. 130).
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Figura 36 – Renan Radici. Fotografia de formatura, s/d
Fonte: Renan Radici, S/D
A Fotografia de Casamento
Fotografias de casamento ou da união entre duas pessoas, estão presentes na
vida das famílias em praticamente todas as sociedades a partir de meados do século
XIX, quando a fotografia se tornou mais acessível tanto técnica quanto comercial-
mente. Esse tipo de registro se tornou tão importante ao ponto de ser classificado
como um subgênero fotográfico, derivado do gênero retrato. O certo é que para
eternizar a lembrança de uma união ou fazer com que as pessoas ausentes possam
compartilhar esse momento (ou as duas coisas) nada melhor que uma boa fotogra-
fia de casamento.
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Figura 37 – Fotógrafo não identificado. Fotografia de casamento, ao ar livre, da família Procópio de Carvalho, 1917
Fonte: Leite, 1979
Figura 38 – Fotógrafo não identificado. Fotografia do casamento, em estúdio, da família Ahun, 1919
Fonte: Leite, 1979
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Você Sabia? Importante!
A cor branca do vestido da noiva é vista nos retratos de casamento das sociedades
ocidentais há muitos anos. Entretanto, na extinta Pomerânia (região geográfica situada
no Mar Báltico, entre as atuais Alemanha e Polônia), as noivas se casavam com vestidos
pretos (Fig. 39). Ainda hoje, na Europa e em regiões colonizadas por pomeranos no
Brasil (Espírito Santo e Rio Grande do Sul), a tradição é mantida. As explicações para
o vestido de noiva preto são várias, segundo Leite (1979, p. 112) “para o camponês o
preto significava fertilidade, o húmus da terra, as cinzas fertilizantes em contraposição
à brancura da morte e do gelo hibernal”. Outras, explicam que no período medieval,
quando um casal de servos se casava, a primeira noite da mulher era do senhor feudal e,
em forma de protesto, ela se vestia de preto durante a celebração do matrimônio.
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Figura 40 – Ensaio fotográfico de casamento Trash the dress é realizado dias após a cerimônia
Fonte: iStock/Getty Images
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· Making of – É a cobertura fotográfica dos preparativos finais. É realizado
no dia do casamento quando a noiva e o noivo realizam massagens, vão
preparar o cabelo, maquiagem, vestido, traje, interação com pais e padri-
nhos etc.
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Figura 45 – Damien Lovegrove. Sem título, 2014. À esquerda a fotografia digital original e,
à direita a fotografia com pós-produção: foram retirados os pregos da parede
e adicionado contraste geral à imagem
Fonte: Lovegrove, 2014
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Kodak Brownie
Quer conhecer um pouco mais (muito mais) sobre a câmera revolucionária Brownie
da Kodak?
https://goo.gl/9UadMD
Grand Mond – Da Imagem e da Fotografia em Portugal
Workshop Os Ambrótipos e o Processo de Colódio Húmido.
https://goo.gl/SZ7y1Q
Richard Kalvar (1944-)
Imperdível. Um dos melhores fotógrafos de instantâneos contemporâneos.
https://goo.gl/dLf5pe
Vídeos
Fala, Doutor: Lívia Afonso de Aquino
A Kodak e a Construção de um Turista-Fotógrafo - PGM 121.
https://goo.gl/RLr7cg
Leitura
O Papel da Kodak na Construção do Turista
Aquino, Lívia Afonso de. O papel da Kodak na construção do turista. In:
XXVII Simpósio Nacional de História, Natal/RN, 2013. Associação Nacional de
História-Anpuh.
https://goo.gl/Sh85Mn
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Referências
BADLHUK, Cynthia. Criatividade na fotografia de formatura, 2014. Disponí-
vel em: <http://iphotochannel.com.br/cobertura-da-festa/criatividade-na-fotogra-
fia-de-formaturas>. Acesso em: 05 jun. 2018.
BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. São Paulo: Livraria Pioneira Edito-
ra, 1979.
HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia – Técnicas criativas de 100 grandes
fotógrafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
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