Sunteți pe pagina 1din 36

História e Estética

Fotográfica
Material Teórico
Popularização da Fotografia (1861
a 1900) e a Fotografia de Eventos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Rita Garcia Jimenez

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Popularização da Fotografia (1861
a 1900) e a Fotografia de Eventos

• Introdução;
• A Era dos Retratos;
• “Você Aperta o Botão, Nós Fazemos o Resto”;
• Brownie, a Fantástica Câmera da Kodak,
que Popularizou a Fotografia;
• Turismo e Kodak Contribuem
para a Popularização da Fotografia;
• Uma Breve História da Gigante Kodak ;
• Fotografia de Eventos: Eternizando Lembranças;
• A Fotografia e as Formaturas;
• A Fotografia de Casamento;
• Fotografia Contemporânea de Casamento.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer as inovações técnicas e materiais fotográficos utilizados
entre os anos 1861 a 1900 na história da fotografia;
· Conhecer fotógrafos de retratos que marcaram época na fotografia
no século XIX;
· Conhecer, contextualizar e analisar diferentes tendências e estilos da
fotografia de eventos (casamento, formatura) através dos tempos até
a contemporaneidade.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Introdução
“O que o olho humano observa casualmente e sem curiosidade, o olho
da câmera... observa com uma fidelidade implacável”. Berenice Abbot
(LOWE, 2017, p. 76)

Figura 1 – Jacob Riis. Inquilinos de um cortiço na Bayard Street, cinco centavos a vaga, 1899. Prata/gelatina
Fonte: moma.org

No início da década de 1880, a técnica do negativo de colódio úmido (mistura de


pó de algodão, pólvora, álcool e éter), usado como veículo para unir sais de prata
a uma placa de vidro, criado em 1851, pelo escultor inglês Sir Frederick Scott
Archer (1813-1857), já se tornara obsoleta. É que uma nova técnica, desenvolvida
pelo médico inglês Richard Leach Maddox (1816-1902), desde 1871, facilitou
muito a vida dos fotógrafos. Ele criou os primeiros negativos em placas secas, à
base de gelatina e brometo de prata sobre vidro, processo que seria sucessivamente
aperfeiçoado. O sistema, que substituiu o colódio úmido, foi publicado no British
Journal of Photograph, em 1871.

Por volta de 1877, já eram comercializadas no mercado placas secas de alta


sensibilidade, acondicionadas em caixas, prontas para serem utilizadas. A partir de
então, não havia mais a necessidade de preparar as chapas antes da exposição ou
de revelá-las logo após. Assim, o período de 1880 a 1910 foi marcado pelo uso
dos negativos de gelatina e brometo de prata sobre vidro e das cópias por contato
utilizando papel de fabricação industrial.

Com a simplificação da técnica fotográfica, por meio da chapa seca de gelatina,


foi possível – devido à redução do tempo de exposição – fotografar pessoas e
animais em movimento, oportunizando o surgimento dos “instantâneos”. Outro
avanço foi a redução do tamanho das câmeras, que se tornaram mais leves, mais
baratas e, consequentemente, mais fáceis de serem manejadas por amadores.

8
Você Sabia? Importante!

O primeiro exemplo de fotos de movimentos em sequência, ou seja, fotografias em


série, realizado pelo fotógrafo inglês Eadweard Muybridge (1830-1904), é resultado
de uma aposta. Dois amigos divergiam sobre se um cavalo conseguia tirar as quatro
patas do chão durante uma corrida. Muybridge descobriu a verdade em 1878 com
o uso de 24 câmaras fotográficas em fileira e negativos de colódio úmido (Fig. 2).
O cavalo realmente tira as patas do chão. A experiência contribuiu para o surgimento
do filme cinematográfico.

Figura 2– Eadweard Muybridge. O cavalo em movimento, 1878. Colódio úmido em vidro


Fonte: Wikimedia Commons

Em 1882, o fisiologista francês, Étienne-Jules Marey (1830-1904) também contribuiu


para o estudo científico do movimento por meio da fotografia. Ele desenvolveu a
cronofotografia, uma forma de análise do movimento por meio de fotografias tiradas
sucessivamente com intervalos iguais. A câmera criada por ele era semelhante a um
rifle e registrava 12 fotos sucessivas por segundo, sendo que todas as imagens ficavam
registradas em uma única fotografia. O invento foi batizado de “fuzil fotográfico” (Fig. 3),
que obtinha uma exposição de 1/720 de segundo. O comprimento do cano foi ajustado
para alterar o foco. As imagens eram registradas em um disco (embutido no fuzil), que
continha 12 quadros, ou em um cilindro externo com placas sensíveis. A técnica constitui
o fundamento teórico do cinema. Um dos estudos mais famosos de Marey é sobre um
homem saltando com vara (Fig. 4).

Figura 3 – Fuzil fotográfico Figura 4 – Estudo cronofotográfico de um


de Marey, criado em 1882 homem saltando com vara, 1890
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Hacking, 2012

Entretanto, as pesadas e frágeis placas de vidro dos negativos fez com que
pesquisadores, especialmente químicos, se dedicassem à criação de novos suportes
materiais para negativos. Os resultados não tardaram. O inglês John Carbutt (1832-
1905), radicado nos Estados Unidos, anunciou, em 1888, a criação do primeiro
filme fotográfico de celuloide – chapas finas cobertas com gelatina. Foi sucesso

9
9
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

comercial. Por volta de 1890, Carbutt apresentou o filme com largura de 35 mm,
que definiria o padrão para câmeras fotográficas e de cinema. E, em 1896, ele
lançaria as primeiras placas de raios X para uso comercial.

A Era dos Retratos


A popularização da fotografia teve uma grande aliada nos retratos. A possibilida-
de de se tirar retratos fieis e com rapidez (e cada vez mais acessíveis em termos de
custo) virou uma verdadeira febre, tendo seu auge entre os anos de 1845 e 1890.
Em meados da década de 1850, estúdios fotográficos eram presença marcante nas
principais cidades da Europa, Estados Unidos e em outras partes do mundo. So-
mente em Nova York, havia 71 estúdios. A fotografia passou a ser uma profissão.
O censo britânico de 1861 registra 2.879 fotógrafos, contra apenas 51 profissio-
nais dez anos antes.

Mas nem tudo era entendido da mesma maneira. Em 1849, o poeta e crítico
de arte francês Charles Baudelaire bradava: “Nossa sociedade sórdida, pois induz
os narcisos a uma exultação unânime sobre suas imagens banais, gravadas sobre
um pedaço de metal” (BUSSELLE, 1979, p. 33). Entretanto, não tardou para que
Baudelaire se rendesse à nova mídia. Em 1863, ele foi fotografado por Etienne
Carjat (1828-1906). O retrato (Fig. 5) foi utilizado na Galerie Contemporaine,
Littéraire, Artistique (Galeria Contemporânea de Escritores e Artistas).

Figura 5 – Ettienne Carjat. Charles Baudelaire, 1863. Fotografia


Fonte: Wikimedia Commons

10
Um dos mais famosos (se não, o mais famoso) fotógrafos de retratos na épo-
ca de ouro foi, sem dúvida, Gaspard-Felix Tournachon, conhecido como Nadar
(1820-1910) (Fig. 6). Caricaturista e escritor, começou a se interessar pela foto-
grafia a partir do início da década de 1850. Sua forte personalidade, talento e au-
topromoção o levaram ao topo dos fotógrafos de retratos da época. Seus retratos
incluíam o escritor Victor Hugo, o pintor Eugène Delacroix, o compositor Franz
Liszt e a atriz Sarah Bernhardt (Fig. 7), entre outras personalidades.

Nadar não utilizava cenários extremamente decorados e sofisticados como


faziam seus colegas fotógrafos de retratos. Ele preferia um pano simples e liso de
fundo, roupas escuras e um enquadramento que privilegiava o rosto do retratado.
Em 1858, tirou as primeiras fotografias aéreas em um balão e, também de forma
inédita, utilizando iluminação artificial, fotografou as catacumbas e os esgotos de
Paris. Ele se tornou tão famoso quanto as celebridades que fotografava.

Figura 6 – Nadar. Autorretrato, 1865. Fotografia carte-de-visite


Fonte: Wikimedia Commons

11
11
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Figura 7 – Nadar. Sarah Bernhardt, 1859. Fotografia


Fonte: Wikimedia Commons

O século XIX também teve outro importante destaque no gênero retrato: Julia
Margaret Cameron (1815-1879). Nascida em Calcutá, na Índia (seu pai era um
oficial inglês da East India Company), foi educada na França, mas retornou à Índia
para se casar com um jurista inglês. Em 1848, quando seu marido se aposentou,
passou a morar na Inglaterra. Com 48 anos (1863) ganhou sua primeira câmera
fotográfica, como presente de uma de suas filhas. Sua carreira decolou rápido.
Em um ano, Julia já era membro das sociedades de fotografia inglesa e escocesa.

Seu trabalho como retratista era pouco convencional na época. As imagens –


retratos e alegorias encenadas, inspiradas em obras religiosas e literárias – tinham
grande apelo cênico e iluminação peculiar. Como tinha amigos famosos, e os
retratou, não demorou muito para ela também se tornar famosa como fotógrafa.
É considerada a mais notável retratista inglesa do século XIX.

12
Figura 8 – Julia Margaret Cameron. Figura 9 – Julia Margaret Cameron. Rei Lear
Sir John Herschel com boné, 1867. distribuindo seu reino para suas três filhas, 1872.
Impressão em albumina; negativo Impressão em albumina; negativo
de vidro em colódio úmido de vidro em colódio úmido
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons

“Você aperta o Botão, Nós fazemos o Resto”


“Se o mérito de tornar os prazeres da fotografia acessíveis ao público cabe a
uma única pessoa, ela é, incontestavelmente, George Eastman.” (BUSSELLE,
1979, p. 36). O norte-americano George Eastman (1854-1932) começou a es-
crever seu nome na história da fotografia desde cedo. Funcionário de um banco
em Rochester, estado de Nova York, então com 23 anos (1877), comprou seu
primeiro equipamento fotográfico de colódio úmido e começou a ter aulas com
um fotógrafo profissional. Entretanto, insatisfeito com esse processo trabalhoso,
confuso e dispendioso, afirmava: “Parecia-me não ser necessário carregar tanto
quanto uma mula de carga”. Ele passou, então, a utilizar o método da placa seca
(BUSSELLE, 1979, p. 36).

13
13
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

As primeiras câmeras fotográficas eram conhecidas como máquina-cai-


xote ou máquina-caixão: no seu interior havia dois compartimentos que
funcionavam como tanques para revelação e fixação das fotografias.
[...] aquelas máquinas tinham como principal característica funcionar,
no momento posterior à captura da imagem, como um minilaborató-
rio de revelação de negativos e cópias fotográficas positivas. (FARIAS;
GONÇALVES, 2014)

Vislumbrando um cenário econômico promissor no campo da fotografia,


Eastman passou a fabricar e vender sua própria produção de chapas secas e, em
1881, deixou o emprego no banco para fundar a Eastman Dry Plate Company
(Companhia Eastman de Chapas Secas), em Rochester. O negócio se expandiu e,
em 1885, a empresa lançou um suporte de rolo em tiras de papel sensibilizadas
como alternativa aos negativos em placas de vidro. Neste mesmo ano, Eastman
abriu uma sucursal de sua empresa em Londres (Inglaterra), com o objetivo de con-
quistar o mercado europeu, e conseguiu.

O sistema de chapas secas possibilitou a criação das câmeras-detetive, que se popularizaram


Explor

a partir de 1881. Os dispositivos fotográficos eram disfarçados de pacotes, sacolas, armas,


livros, binóculos, bengalas e peças de vestuário como gravatas e se tornaram uma febre,
especialmente entre os mais ricos.

Câmera-detetive Facile, disfarçada de maleta, de Jonathan Fallowfield, 1890:


Explor

https://goo.gl/vYoPKn

Mas a grande sacada de Eastman ocorreu, em 1888, quando ele lançou um pro-
duto revolucionário: a câmera Kodak One (Fig. 11). Pequena (9,2 x 7,9 x 16,5 cm),
ela vinha carregada com um rolo de filme de papel sensibilizado de 6,35 cm de largura,
que proporcionava 100 exposições no formato circular. Nessa época, a empresa se
chamava Eastman Dry Plate and Film Company. O material de divulgação da câ-
mera anunciava: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”, enquanto o manual
de instruções lembrava: “Seu uso dispensa estudos preliminares, laboratórios ou
produtos químicos” (BUSSELLE, 1979, p. 36).

14
Figura 10 – Câmera Kodak One um dos primeiros Figura 11 – Anúncio publicitário (1888)
equipamentos fabricada pela Eastman Dry Plate and da mesma câmera Kodak, na publicação
Film Company, de Rochester (Nova York), em 1888 norte-americana Harper’s Magazine
Fonte: Courtesy of George Eastman House Fonte: Courtesy of George Eastman House

Figura 12 – Anúncio da câmera Kodak, de 1889: You press the button – we do the rest
(Você aperta o botão, nós fazemos o resto)
Fonte: Wikimedia Commons

Foi George Eastman quem criou o nome Kodak. Vejamos como ele explica isso:
Não se trata de um nome ou palavra estrangeira; foi criado por mim para
servir a um propósito. Possui os seguintes méritos do nome de uma marca
registrada: primeiro, é curto; segundo, é impossível pronunciá-lo errado;
terceiro, não se parece com nada no ramo e não pode ser associado a
nada que exista nele. (HACKING, 2012, p. 159)

Tirar uma fotografia a partir daquele momento se tornou um processo extrema-


mente simples. Qualquer pessoa poderia manipular o equipamento. Tudo o que
estivesse a mais de um metro de distância da câmera ficava em foco. A câmera de
Eastman não tinha visor, bastava apontar o dispositivo para o que a pessoa queria
fotografar e apertar o botão do obturador. “A Kodak trouxe um novo espírito de
liberdade e espontaneidade à fotografia” (HACKING, 2012, p. 157).

15
15
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Depois que o usuário tirava as 100 fotografias, a câmera era enviada à Eastman
Company, que revelava o filme, copiava as fotografias e as montava em um cartão.
O dono do equipamento recebia de volta a sua câmera recarregada com um novo
rolo de filme. O preço da máquina, nos Estados Unidos era de 25 dólares e 10
guinéus na Grã-Bretanha. O serviço de revelação, as cópias e o novo rolo de filme
custavam 10 dólares ou 2 guinéus (BUSSELLE, 1979).

Como o preço de uma Kodak, na época, custasse mais do que um mês de salá-
rio de muitas pessoas, Eastman logo conseguiu reduzir os custos de suas máquinas,
utilizando métodos de produção em massa. Também foram realizados aperfeiçoa-
mentos técnicos nos equipamentos. No início de 1889, a empresa conseguiu pro-
duzir filmes em celuloide transparente em rolo, um material flexível como o papel
e transparente como o vidro. Pouco tempo depois, já haviam sido lançados no
mercado cinco modelos de câmeras Kodak, dois deles dobráveis. Todos utilizavam
filmes em rolo, colocados no laboratório da empresa.

Prestes a se tornar um dos empresários mais bem-sucedidos do mundo, George


Eastman passou a fazer viagens transatlânticas regulares à Europa para acompa-
nhar seus negócios no continente. Em 1890, a bordo do SS Gallia, ele foi foto-
grafado por seu sócio Frederick Church (Fig. 14), um advogado de patentes, um
grande amigo. Eastman reconhecia a importância do registro da patente para suas
criações. Na imagem, o empresário segura uma Kodak nº 2, o mesmo modelo
usado por Church para tirar a fotografia. O interessante é que por conta das limi-
tações da lente utilizada na câmera, as fotos saiam redondas. Isso, até certo ponto,
auxiliava o usuário que não precisava se preocupar em alinhar a imagem na hora
de fotografar.

Figura 13 – Frederick Church. George Eastman a bordo do SS Gallia, 1890. Fotografia


Fonte: Wikimedia Commons

16
Eastman nunca descansou na busca de encontrar formas de reduzir os preços
de seus produtos. Uma das soluções foi colocar o filme em rolo dentro de um
cartucho. Assim, a partir daquele momento, as câmeras não precisavam mais vir
com o filme dentro. Em 1895, foi lançada a Pocket Kodak (Fig. 15), uma câmera
de bolso vendida por apenas 5 dólares.

Figuras 14 e 15 – Anúncios da Kodak, apresentando a Pocket Kodak (1895) na revista americana


The Cosmopolitan; e cinco tipos de câmeras, na Harper’s Magazine Advertiser (1898)
Fonte: Duke University Libraries - Digital Repository

Figura 16– Câmera Kodak com objetiva escamoteável, 1897


Fonte: obviousmag.org

17
17
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Brownie, a Fantástica Câmera da Kodak,


que Popularizou a Fotografia
Como havia milhões de consumidores de baixo poder aquisitivo, Eastman enten-
dia que era preciso criar um modelo ainda mais simples e barato. O empresário pediu
para que Frank Brownell, responsável pelos projetos das câmeras da Kodak, criasse
o modelo mais barato possível, mas ainda capaz de tirar excelentes fotografias.

Assim, em 1900, surgiu a Brownie (Fig. 18), “talvez a máquina fotográfica mais
célebre da história, capaz de tirar fotos de qualidade, com filme em rolo dentro de
um cartucho ao preço de 5 xelins ou 1 dólar” (BUSSELLE, 1979, p. 36). O nome
da câmera foi uma referência a uma personagem de histórias em quadrinhos do
autor canadense Palmer Cox.

Em apenas um ano, mais de 100 mil unidades foram vendidas. A Brownie se


tornou sinônimo de fotografia popular. Pela primeira vez, o hobby da fotografia
estava ao alcance financeiro de praticamente todas as pessoas. A série, que durou
até 1986, teve quase 100 modelos diferentes Brownie.

Figura 17 – Câmera fotográfica Brownie nº 1 Modelo B, lançada pela Kodak, em 1901


Fonte: scienceandmediamuseum.org.uk

Figura 18– Câmera Brownie Box Rollfilm, de 1946


Fonte: iStock/Getty Images

18
Figura 19 – David Lisk. Brownie II, a última edição da famosa série (1986), desta vez fabricada no Brasil
Fonte: David Lisk

George Eastman construiu seu empreendimento com base em quatro princí-


pios, fortemente relacionados: a) produção em massa a baixo custo; b) distribuição
dos produtos em nível internacional; c) campanhas publicitárias intensas; e, d) foco
no consumidor. Desde o princípio de seu trabalho, ele teve a convicção de que
atender às necessidades e aos desejos dos consumidores era o único caminho para
o sucesso do seu empreendimento.

Turismo e Kodak Contribuem para


a Popularização da Fotografia
O turismo também foi um importante fator para a popularização da fotografia.
Conforme Puls (2017, p. 86), ser um fotógrafo amador no início do século
XX trazia benefícios para a autoimagem das pessoas e “Os anúncios da Kodak
apresentavam o fotógrafo como um homem destemido, um ‘caçador’ de imagens”.
O autor lembra que George Eastman era um caçador de animais selvagens e dizia
que a fotografia substituía a caça. Em um anúncio publicitário de 1900 (Fig. 21),
lia-se: “If you want it – take it – with a KODAK” (Se você quiser – leve – com uma
KODAK). Eastman tinha extrema convicção da importância da propaganda, tanto
para a sua empresa quanto para o público consumidor.

19
19
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Figura 20 – Anúncio publicitário da Kodak, 1900


Fonte: digitalcollections.nypl.org

Nessa mesma época, as viagens turísticas – anteriormente um privilé-


gio de poucos – estavam se tornando acessíveis às demais classes so-
ciais devido ao surgimento de novos meios de transporte (navios a vapor,
trens, automóveis) e da concessão de férias remuneradas aos assalariados.
O fundador da Kodak percebeu que existia aí um grande mercado para
as câmeras portáteis e investiu pesadamente em campanhas publicitárias
para convencer o público de que férias não fotografadas eram férias des-
perdiçadas. Graças à fotografia, cada família podia agora ostentar seu
status de turista. (PULS, 2017)

A fotografia também cumpriria outro grande papel: o de registrar as localidades


cada vez mais remotas e exóticas do mundo, além, claro, das cidades e regiões
mais conhecidas e tradicionais. Um dos fotógrafos mais bem-sucedidos de viagem
do século XIX foi o inglês Francis Frith (1822-1898). Na metade da década de
1850, ele se lançou em uma série de expedições para produzir registros da Terra
Santa e do Egito, entre eles As pirâmides de Gizé (do Sudoeste) (Fig. 22). Logo
após, fotografou a Europa, a Índia e o Extremo Oriente.

20
Figura 21 – Francis Frith. As pirâmides de Gizé (do Sudoeste), 1857.
Albúmen a partir de negativo de vidro em colódio úmido
Fonte: metmuseum.org

Uma Breve História da Gigante Kodak


A Kodak também teve papel fundamental no desenvolvimento do cinema e
do vídeo caseiro. O filme fotográfico de George Eastman foi essencial para as
câmeras de filmagem do inventor norte-americano Thomas Edison (1847-1931)
e o projetor Kodascope, juntamente com o filme colorido de 16 mm Kodacolor
criaram muitos cinegrafistas amadores. Entretanto, o grande passo veio em 1935
com o Kodachrome, um filme colorido clássico e de alta qualidade para a fotografia
e o cinema, produzido até 2009.

Vamos conferir alguns dos mais importantes momentos da Kodak:

Ao longo dos anos seguintes, a Kodak não parou de


contratar pesquisadores e cientistas para ajudar a
criar novos formatos de filme, além de se expandir
para outros países. Em 1907, já eram 5 mil funcio-
nários espalhados pelo mundo. A necessidade de
promover inovações que facilitassem a operação do
equipamento fotográfico sempre foi fundamental Figura 22 – Primeira logomarca da
para a empresa. Eastman Kodak Company, de 1907

21
21
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Em 1923, a Kodak facilita a produção cinematográ-


fica amadora com o lançamento do filme reverso de
16 mm em base de acetato de celulose; da primeira
câmera de 16 mm Cine-Kodak Motion Picture e do
projetor Kodascope. A imediata popularidade dos
filmes de 16 mm resulta em uma extensa rede de
laboratórios de revelação Kodak em todo o mundo.
Em 1927, o número de funcionários da Kodak no
mundo ultrapassa os 20 mil.
Em 1932, são lançados os primeiros filmes,
câmeras e projetores cinematográficos de 8 mm
para amadores. Neste mesmo ano, morre Figura 23 – Anúncio de câmera
George Eastman. cinematográfica da Kodak, em 1926
Fonte: Divulgação

As evoluções em filmes, câmeras e projetores


não pararam. A empresa foi também a primeira a
desenvolver um sistema de exposição automáti-
ca com oito velocidades no obturador: a câmera
Kodak Super Six-20 (Fig. 25), em 1938. “A câmera
custava, na época, o equivalente à metade do preço
de um carro Ford do ano. Só foram produzidas
mil unidades do modelo”, lembra Libério (2013).
Será apenas a partir da década de 1960, que as
primeiras câmeras de exposição automática se
tornariam verdadeiramente populares. Figura 24 – Câmera Kodak Super Six-20, de 1938:
a primeira com sistema de exposição automática
Fonte: Wikimedia Commons

Os negativos Kodacolor (Fig. 26), para impressão


colorida em papel, começam a ser comercializados,
em 1942.

Figura 25 – Caixa com rolo de filme Kodacolor


Fonte: Wikimedia Commons
1946: a Kodak lança no mercado o filme para
transparência Kodak Ektachrome, o primeiro filme
colorido da empresa que permitia aos próprios
Explor

fotógrafos revelar suas fotos, usando os recém- Caixa de filme Ektachrome, 1947:
-lançados kits de químicos. https://goo.gl/ygUeRt
O número de funcionários da Kodak em âmbito
mundial ultrapassa a marca dos 60 mil.

22
Em 1963, a Kodak lançou mais uma linha de
sucesso: a câmera Instamatic (Fig. 28) com design
clássico. Ela ficou famosa por ser barata e ter o
filme na forma de cartucho facilmente substituído,
trazendo à fotografia amadora novos patamares
de popularidade.
Mais de 50 milhões de câmeras Kodak Instamatic
Figura 27 – Câmera Kodak Instamatic
foram produzidos, entre 1963 e 1970. Fonte: Wikimedia Commons

O close da cratera Copernicus na lua (Fig. 29),


feita pelo satélite Lunar Orbiter II, da Nasa, em
1966 – considerada por muitos como a “fotografia
do século” –, foi obtida por meio de uma lente
dupla de câmera, filme, processador e dispositivo
de leitura fornecidos pela Kodak.
Neste mesmo ano, as vendas combinadas de todas
as unidades Kodak no mundo ultrapassam os
US$ 4 bilhões. A companhia empregava mais de
100 mil pessoas e atuava, além da fotografia e
cinema, em áreas como saúde (diagnóstico por
imagem) aeroespacial e de patentes, entre outras. Figura 28 – Cratera Copernicus na lua
Fonte: Wikimedia Commons

O engenheiro da Kodak Steve Sasson cria, em 1975,


a primeira câmera digital do mundo (Fig. 30).
O protótipo, do tamanho de uma torradeira de
mesa, pesando 3,6 quilos, capturava imagens em
preto e branco com uma resolução de 10.000 pixels
(0,01 megapixels) e as gravava em uma fita casse-
te. Tempo de gravação: 23 segundos. Entretanto, a
novidade não agradou aos executivos da empresa
que suspenderam o projeto.
A tecnologia, que revolucionaria a indústria da
fotografia, determinou a decadência da Kodak,
na época, a maior fabricante de filmes e produtos Figura 29 – Protótipo da primeira câmera
químicos para fotografia do mundo. digital do mundo, feito pela Kodak
Fonte: cellar.org

A partir de 1994, a Kodak começou a entrar no


mundo das câmeras digitais, lançando um dos
primeiros modelos digitais para o consumidor: a
linha EasyShare (Fig. 31), em 2001, talvez o último
grande sucesso de hardware da Kodak. Mas quando
a empresa percebeu que o mercado digital tinha re-
almente chegado para ficar, ultrapassando o filme,
era tarde demais. Todos os concorrentes da Kodak
tinham câmeras digitais muito superiores a ela.
Figura 30 – Câmera digital Kodak EasyShare

23
23
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Os anos 2000 passaram a ser muito difíceis para a


Kodak. Em 2002, as câmeras com filme deixaram
de ser fabricadas em vários mercados e, dois anos
depois, aconteceu o mesmo com os filmes.
Em 2008, a maior receita da empresa passou a ser
do licenciamento de patentes e não de produtos ou
serviços. A falência não demorou a chegar.
A Kodak pediu concordata em janeiro de 2012,
entrando em um programa do governo dos Estados
Unidos de proteção às empresas que precisam se Figura 32 – Logomarca da Kodak (2018)
recuperar financeiramente. Fonte: Wikimedia Commons
Apple, Google e outras marcas de tecnologia adqui-
riram várias patentes da empresa.
Entretanto, a Kodak se mostrou como uma verda-
deira fênix – ave da mitologia grega, que morria,
mas depois de algum tempo, renascia das cinzas.
Atualmente, a Kodak é uma empresa de tecnologia
focada em imagem. Sua identificação hoje é Kodak:
Science, Art and Industry (ciência, arte e indústria).
Em 2016, lançou o smartphone Ektra (Android)
(Fig. 33), com uma câmera de 21 MP. Detalhe:
a câmera do iPhone X é de 12 MP, considerada Figura 33 – Smartphone Ektra da Kodak
uma das melhores do mercado. Fonte: Wikimedia Commons

Fontes: https://bit.ly/2IHO3xv e https://goo.gl/vpGrkt

Fotografia de Eventos:
Eternizando Lembranças
A fotografia vem, ao longo de seus quase dois séculos de existência, mostrando
o homem a si mesmo, registrando a vida, feitos, tragédias, alegrias... O certo é que,
em todas as situações, o fotógrafo de eventos, seja casamentos, formaturas, festas
de 15 anos, palestras, conferências, espetáculos (música, teatro, dança) deve, ne-
cessariamente, como profissional, ter habilidades fundamentais como sensibilida-
de, concentração, conhecimento técnico e rapidez para traduzir em imagens cada
momento importante desses eventos.

Um dos mais importantes fotógrafos de todos os tempos, o francês Henri


Cartier-Bresson (1908-2004), considerava que não era o equipamento o respon-
sável por uma boa foto, mas sim, o olho do fotógrafo que, de forma subjetiva, per-
cebe a importância do momento e o captura. Ele denominou esse instante como
“fotografia de autor” (LUISI, 2013, p. 21).

24
Figura 34 – Henri Cartier-Bresson. Recém-casados em um café ao ar livre no Marne, 1938
Fonte: LUISI, 2013

Conforme Luisi (2013, p. 21), a subjetividade do fotógrafo deve ser entendida


não apenas como a postura pessoal no ato de fotografar:
O sentido de subjetividade indica a necessidade do repertório de informa-
ções e bagagem cultural do fotógrafo, seu conhecimento de História da
Arte e das diversas escolas de concepção estética e criativa; em síntese,
é a cultura em sua forma mais ampla, posto que a fotografia transcende a
mera documentação. Fotografar é, sobretudo, criar significado.

A Fotografia e as Formaturas
Os quadros e os álbuns de formatura, presentes nas vidas acadêmicas a partir do
início do século XX, também podem ser considerados como importantes registros
da memória das instituições de ensino, além dos formandos e de suas famílias.
As fotografias de formatura, como rito institucional, comunicavam a consagração
de um momento importante e podiam ser estampadas nas paredes ou em cima dos
móveis nas residências, escritórios, consultórios.

25
25
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

“As fotografias, elementos centrais nos quadros de formatura, podem ser inter-
pretadas na perspectiva de indiciárias do processo de inclusão da cidade na era dos
estúdios fotográficos”, afirma Coelho Júnior (2015, p. 130), lembrando que são
evidências da democratização do consumo da imagem e a consolidação do trabalho
dos fotógrafos e seus novos negócios, como os estúdios fotográficos. Conforme o
autor, os quadros de formatura no início da década de 1920 (Fig. 35), no Brasil,
a partir da análise de suas características físicas como molduras, desenhos, pintu-
ras, cores, adornos, rococós e assinaturas, “remetem a um trabalho impregnado de
prescrições estéticas tradicionalmente utilizadas por artistas plásticos” (COELHO
JÚNIOR, 2015, p. 130).

Figura 35 – Arthur Carmo. Quadro de formatura, de 1922, do curso


de Magistério do Colégio Bom Jesus (antigo Colégio Coração de Jesus), em Florianópolis/SC
Fonte: Coelho Júnior, 2015

Com o desenvolvimento da fotografia, as cerimônias e festas de formatura – que


se tornaram grandes eventos – passaram a ter uma cobertura fotográfica ampla,
com o registro de todas as suas etapas, desde as fotos para os convites até a festa.
O fotógrafo brasileiro Renan Radici busca aplicar referências da fotografia de ca-
samento e de moda nas suas coberturas fotográficas de formaturas: “Estudo muito
isso e me ajuda, pois o casamento é um evento mais delicado, criando uma estética
incrível, e a moda me traz, além da luz, poses e expressões”, afirma (BADLHUK,
2014). Para o profissional, é importante valorizar a diversificação de ângulos e
retratar o sentimento e a leveza de cada detalhe. A aproximação com o cliente tam-
bém é outro fator destacado por Radici: “Ao criar esse clima de amizade, o cliente
se sente muito mais à vontade para fazer as fotos”.

26
Figura 36 – Renan Radici. Fotografia de formatura, s/d
Fonte: Renan Radici, S/D

A Fotografia de Casamento
Fotografias de casamento ou da união entre duas pessoas, estão presentes na
vida das famílias em praticamente todas as sociedades a partir de meados do século
XIX, quando a fotografia se tornou mais acessível tanto técnica quanto comercial-
mente. Esse tipo de registro se tornou tão importante ao ponto de ser classificado
como um subgênero fotográfico, derivado do gênero retrato. O certo é que para
eternizar a lembrança de uma união ou fazer com que as pessoas ausentes possam
compartilhar esse momento (ou as duas coisas) nada melhor que uma boa fotogra-
fia de casamento.

“Parte quase insubstituível, o retrato vem sendo o legitimador e faz parte da


publicidade do casamento. Não só torna pública uma relação como, com o passar
do tempo, acaba se confundindo com a lembrança do próprio casamento” (LEITE,
1979, p. 111). O retrato de casamento passou a ser, ao longo do tempo, um dos
ritos do matrimônio, assim como o vestido branco da noiva, o véu, a aliança...
Atualmente, com as novas formas de configurações familiares e de união conjugal,
o registro fotográfico da união entre duas pessoas se mantém vivo e cada vez mais
forte. Nunca se fotografou tanto esses tipos de cerimônias.

Até a década de 1880, conforme Lins (2015, p. 7), a tecnologia fotográfica da


época não permitia que as fotografias fossem produzidas no interior das igrejas e
das casas. “Os ateliês eram bem iluminados, parte do teto em vidro, com entrada
para luz solar, com cenários, mobiliários, tecidos para fundos e até peças de vestuá-
rio elaborados, para oferecer aos clientes.” As fotos eram sempre posadas e tiradas
em ateliês, estúdios ou ao ar livre.

27
27
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Os retratos de casamento, conforme Leite (1979, p. 119), têm, nesse perío-


do, frequentemente, duas formas fundamentais: “o retrato das duas famílias, com
membros de duas ou três gerações, com os noivos sentados ou de pé na primeira
fila, ou o retrato frontal dos noivos, de pé, fixando a objetiva”.

Figura 37 – Fotógrafo não identificado. Fotografia de casamento, ao ar livre, da família Procópio de Carvalho, 1917
Fonte: Leite, 1979

Figura 38 – Fotógrafo não identificado. Fotografia do casamento, em estúdio, da família Ahun, 1919
Fonte: Leite, 1979

28
Você Sabia? Importante!

A cor branca do vestido da noiva é vista nos retratos de casamento das sociedades
ocidentais há muitos anos. Entretanto, na extinta Pomerânia (região geográfica situada
no Mar Báltico, entre as atuais Alemanha e Polônia), as noivas se casavam com vestidos
pretos (Fig. 39). Ainda hoje, na Europa e em regiões colonizadas por pomeranos no
Brasil (Espírito Santo e Rio Grande do Sul), a tradição é mantida. As explicações para
o vestido de noiva preto são várias, segundo Leite (1979, p. 112) “para o camponês o
preto significava fertilidade, o húmus da terra, as cinzas fertilizantes em contraposição
à brancura da morte e do gelo hibernal”. Outras, explicam que no período medieval,
quando um casal de servos se casava, a primeira noite da mulher era do senhor feudal e,
em forma de protesto, ela se vestia de preto durante a celebração do matrimônio.

Figura 39 – Fotógrafo desconhecido.


Fotografia de casamentode Jacob Feiten e Irma Boll, c. 1900
Fonte: Fotografo desconhecido

Fotografia Contemporânea de Casamento


A fotografia de casamento evoluiu muito, especialmente a partir das últimas
décadas do século XX com o advento da fotografia digital, da pós-produção e com
a adoção, por parte dos fotógrafos, de novas propostas de ensaios fotográficos no
registro do evento. Assim, hoje temos Trash the dress, Pré-wedding e Making of,
entre outras formas de contar a história dos noivos e da cerimônia. Vamos conferir
mais detalhes sobre essas propostas:
· Trash the dress – Em tradução livre seria algo como “jogar o vestido no
lixo”. Isso mesmo, nesse tipo de ensaio, realizado dias após a cerimônia

29
29
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

de casamento, a noiva não poderá se preocupar com o vestido que esta-


rá usando (algumas não se importam que seja o vestido do casamento),
pois em algumas situações ele poderá molhar ou sujar. Os noivos devem
ser fotografados em lugares onde se sintam à vontade, desde que sejam
inusitados, descontraídos ou exóticos – no mar, em uma fazenda, em uma
antiga fábrica em ruínas, por exemplo. O objetivo é sair do tradicional com
muita descontração, informalidade e espontaneidade. Mas existe The day
after, versão mais light desse tipo de ensaio.

Figura 40 – Ensaio fotográfico de casamento Trash the dress é realizado dias após a cerimônia
Fonte: iStock/Getty Images

·· Pré-wedding – Ensaio pré-casamento, realizado em lugares que fazem


parte da história do casal, normalmente dois meses antes da cerimônia.
O estilo das fotos e das roupas fica a critério dos noivos, podendo ser for-
mal, descontraído, temático etc.

Figura 41 – Já o ensaio pré-wedding é clicado em torno de dois meses antes do casamento


Fonte: iStock/Getty Images

30
· Making of – É a cobertura fotográfica dos preparativos finais. É realizado
no dia do casamento quando a noiva e o noivo realizam massagens, vão
preparar o cabelo, maquiagem, vestido, traje, interação com pais e padri-
nhos etc.

Figura 42 – O making of registra os Figura 43 – Para o casamento


preparativos da noiva e do noivo no dia da cerimônia
Fonte: iStock/Getty Images Fonte: iStock/Getty Images

· Cerimônia e/ou festa – Enfim, chegaram os momentos mais aguardados


por todos. A ansiedade e o nervosismo tomam conta. É exatamente quan-
do não podem acontecer falhas dos profissionais que estão realizando a
cobertura fotográfica do casamento. As fotos geralmente são feitas com
câmeras DSLR (Digital Single-Lens Reflex, também chamadas de câme-
ras profissionais) e diferentes tipos de lentes: grande angular; lente normal
de 50 mm (para retratos); lente zoom (uso versátil); e teleobjetiva (para
fotografias distantes como os noivos no altar). Ter conhecimento prévio de
todas as etapas da cerimônia e da festa é fundamental. Mas cuidado com
os imprevistos. Eles (quase) sempre acontecem. Esteja sempre preparado!

Figura 44 – A fotografia de casamento se tornou um subgênero fotográfico derivado do gênero retrato


Fonte: iStock/Getty Images

31
31
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Mas o que é necessário para se tornar um profissional de sucesso nessa área?


Lovergrove (2014, p. 21), um fotógrafo inglês de sucesso responde: “O que é
preciso é a habilidade de capturar emoção”. Ele complementa: “Não é segredo para
ninguém. Eu vivo e vivo bem, da fotografia de casamentos” (2014, contracapa).

Figura 45 – Damien Lovegrove. Sem título, 2014. À esquerda a fotografia digital original e,
à direita a fotografia com pós-produção: foram retirados os pregos da parede
e adicionado contraste geral à imagem
Fonte: Lovegrove, 2014

32
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Kodak Brownie
Quer conhecer um pouco mais (muito mais) sobre a câmera revolucionária Brownie
da Kodak?
https://goo.gl/9UadMD
Grand Mond – Da Imagem e da Fotografia em Portugal
Workshop Os Ambrótipos e o Processo de Colódio Húmido.
https://goo.gl/SZ7y1Q
Richard Kalvar (1944-)
Imperdível. Um dos melhores fotógrafos de instantâneos contemporâneos.
https://goo.gl/dLf5pe

Vídeos
Fala, Doutor: Lívia Afonso de Aquino
A Kodak e a Construção de um Turista-Fotógrafo - PGM 121.
https://goo.gl/RLr7cg

Leitura
O Papel da Kodak na Construção do Turista
Aquino, Lívia Afonso de. O papel da Kodak na construção do turista. In:
XXVII Simpósio Nacional de História, Natal/RN, 2013. Associação Nacional de
História-Anpuh.
https://goo.gl/Sh85Mn

33
33
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos

Referências
BADLHUK, Cynthia. Criatividade na fotografia de formatura, 2014. Disponí-
vel em: <http://iphotochannel.com.br/cobertura-da-festa/criatividade-na-fotogra-
fia-de-formaturas>. Acesso em: 05 jun. 2018.

BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. São Paulo: Livraria Pioneira Edito-
ra, 1979.

COELHO JÚNIOR, Nelson Maurílio. O elo de veneração: o velho e o novo nos


quadros de formatura. In: Revista Linhas. Florianópolis/SC, v. 16, n. 30, p.
122–151, jan./abr. 2015. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/index.
php/linhas/article/view/1984723816302015122>. Acesso em: 04 jun. 2018.

FARIAS, Lídia; GONÇALVES, Osmar. A fotografia ao longo do tempo: da Kodak


ao Instagram. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nor-
deste da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comu-
nicação. João Pessoa/PB, 2014. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/
anais/nordeste2014/resumos/R42-1656-1.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2018.

HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia – Técnicas criativas de 100 grandes
fotógrafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.

LEITE, Miriam Moreira. Retratos de família – Leitura da fotografia histórica. São


Paulo: Edusp. 1993.

LIBÉRIO, Carolina Guerra. Indústria fotográfica e fotografia do século XX ao XXI.


In: 9º Encontro Nacional de História da Mídia, Ouro Preto/MG, 2013. Disponível
em: <http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/9o-encontro-2013/arti-
gos/gt-historia-da-midia-audiovisual-e-visual/industria-fotografica-e-fotografia-do-
-seculo-xx-ao-xxi>. Acesso em: 04 jun. 2018.

LINS, Alene. Tempo de posar – As transformações históricas da pose na foto-


grafia. In: ReCom 2015 – I Seminário de Comunicação e Processos Históricos,
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Cruz das Almas/BA, 2015. Dispo-
nível em: <https://www3.ufrb.edu.br/comunicacaoeprocessoshistoricos/images/
tempo_de_posar_recom_template.pdf>. Acesso em: 21 mai. 2018.

LUISI, Emidio. A arte da fotografia de espetáculo. Balneário Camboriú: Photos, 2013.

LOVEGROVE, Damien. Fotografia de casamento para profissionais – O guia


completo. Balneário Camboriú: Photos, 2014.

LOWE, Paul. Mestres da fotografia. São Paulo: Gustavo Gili, 2017.

PULS, Maurício. A onipresença da imagem – Estudos mostram como a fotografia


moldou a forma de ver o mundo. In: Revista Pesquisa da Fapesp, ed. 254, abr.
2017, p. 84-87. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/
uploads/2017/04/084-087_fotografia_254-1.pdf>. Acesso em: 17 mai. 2018.

34

S-ar putea să vă placă și