Sunteți pe pagina 1din 5

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política.

Rio de Janeiro: Civilização


Romantismo

Brasileira, s. d.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (orgs.). História da cidadania. São Paulo:
Contexto, 2003.
SEGRILLO, Angelo. O declínio da URSS: um estudo das causas. Rio de Janeiro:
Record, 2000.
ZOLA, Émile. Germinal. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

ROMANTISMO
A História é um campo de conhecimento que muitas vezes abarca conceitos,
métodos e objetos de outras áreas e ciências. Isso acontece frequentemente com a
Literatura, disciplina muito próxima, que inclusive nasceu com a História. Nessa
relação interdisciplinar entre História e Literatura, encontramos temas de extrema
importância para ambas, como é o caso do Romantismo.
O Romantismo é mais conhecido dos profissionais de ensino no Brasil como um
movimento literário, responsável pela fundação da literatura nacionalista no final
do século XIX, que teve por elementos principais a ênfase no passado, na natureza e o
indianismo. Mas muitos estudiosos acham difícil definir o Romantismo. Essa é a opinião,
por exemplo, de Alfredo Bosi, um dos maiores especialistas em teoria literária do Brasil
e um pensador que vem fazendo um importante trabalho de reflexão interdisciplinar
entre História e Literatura, para quem a dificuldade em definir o Romantismo faz que
muitos apenas listem as características, os temas e os motivos do movimento literário
como se somente isso fosse suficiente para conceituá-lo e compreendê-lo a fundo.
Ernst Fischer define o Romantismo como um movimento de protesto contra
a ascensão do mundo burguês e da sociedade capitalista no século XIX. Para ele,
esse movimento foi uma tentativa de resgatar ilusões perdidas – por isso a volta
a um passado considerado glorioso – e se dividia em progressistas e reacionários.
Em comum todos tinham a antipatia pelo Capitalismo, mas a diferença era que
os progressistas criticavam a sociedade burguesa de uma perspectiva da plebe e os
reacionários, de uma visão da nobreza.
Michael Löwy e Robert Sayre, por sua vez, consideram que o Romantismo foi
mais do que um movimento literário, que se constituiu em uma visão de mundo.
Poderíamos definir, dessa forma, o Romantismo como uma estrutura mental que
abrangeu a política, a Arte, a Teologia, a Sociologia, a História, a Economia, enfim,
todas as formas de pensamento de determinados grupos sociais, após a ascensão
da sociedade capitalista burguesa no século XIX. Os grupos sociais insatisfeitos com

374
essas mudanças sociais eram tanto a nobreza quanto a pequena burguesia, que não

Romantismo
conseguia ascender. Nesse sentido, foram românticos desde os escritores consagrados
pela crítica ocidental como Balzac, Byron e Goethe, até economistas como Edmundo
Burke, filósofos como Proudhon e mesmo sociólogos como Max Weber. Para Löwy
e Sayre, todos tinham em comum a visão pessimista acerca do mundo capitalista.
Löwy e Sayre também enfatizam a complexidade do Romantismo, mostrando
principalmente suas contradições: para eles, o Romantismo é complexo e desafia a
análise científica porque é, ao mesmo tempo, reacionário e revolucionário, realista e
fantástico. E, além disso, o movimento não possui coerência interna. Citam Balzac como
exemplo das contradições: um escritor romântico que foi ao mesmo tempo pessimista,
anticapitalista e reacionário. Defendem que é preciso criar um novo conceito para
discutir a obra de Balzac, e esse conceito seria o irrealismo crítico, que permitiria analisar
a mistura que muitas obras românticas fazem de pessimismo e realismo com o fantástico
e até o surrealista. O conceito de irrealismo crítico possibilitaria, assim, analisar tanto
o universo imaginário quanto a realidade cinzenta que existem ao mesmo tempo nas
obras românticas. Sem esquecer que essa realidade cinzenta retratada é uma crítica ao
Capitalismo e à desumanidade da sociedade burguesa.
Historicamente, o Romantismo teve início ainda no século XVIII, com nomes
como Rousseau na França, Goethe na Alemanha e Richardson na Inglaterra.
Mas teve seu auge no século XIX. Pensadores tão diversos como os irmãos Grimm
(compiladores de famosos contos de fadas como João e Maria) e Max Weber são
classificados por Löwy e Sayre como românticos por acreditarem que sua sociedade
passava por um período de desencantamento. Para Weber, o Capitalismo era o
desencantamento do mundo. Os irmãos Grimm, por sua vez, representam uma
revolta contra esse desencantamento. O Romantismo nessa perspectiva defendia
um reencantamento do mundo, revoltando-se contra a realidade concreta e fria e
usando a imaginação como instrumento para essa revolta.
Já Maximo Gorki, um dos maiores literatos russos do século XIX, apesar de
hoje considerado um dos pais do realismo socialista, dava grande importância ao
Romantismo e se preocupou em defini-lo como uma das tendências universais da
Literatura. Para ele, a literatura tem duas tendências básicas, o Romantismo e o
Realismo. Enquanto este seria a representação real e sem adornos das condições
de vida do povo, o Romantismo poderia ou conciliar o povo com a realidade fria,
colorindo essa realidade, mascarando-a, ou separá-lo da realidade, levando-o a
preocupações com o mundo das ideias, e com temas como o amor e a morte. Gorki
também acreditava que era muito difícil definir o Romantismo. Para ele, os grandes
escritores eram aqueles que misturavam Romantismo e Realismo em suas obras,
como Balzac e os escritores russos Gogol e Tchekov. Gorki termina por defender a

375
inevitabilidade do Romantismo na Literatura, pois, para ele, um Romantismo ativo
Romantismo

fortaleceria o desejo de viver das pessoas, rebelando-as contra a tirania.


No caso do Brasil, o Romantismo tem grande significação cultural, não apenas
por ser uma das primeiras tendências da literatura nacional, mas por ter também
ajudado a fortalecer o próprio conceito de nacionalidade na Nação recém-formada.
Nos anos de 1820 e 1830, apareceu entre os intelectuais brasileiros o desejo de
autonomia cultural, uma vez que a autonomia política já havia sido conquistada. A
unidade nacional foi conquistada durante o período regencial a duras penas, com
a repressão a diversas revoltas regionais. O Segundo Reinado representou o desejo
de unidade, traduzido no nacionalismo crescente. Mas para que o sentimento de
nacionalismo fosse fomentado entre a população, era preciso primeiro que fosse
criada a nacionalidade, ou seja, um conjunto de características próprias do Brasil,
que o distinguisse dos outros países e representasse a Nação como um todo. Para
que essa nacionalidade fosse criada, o Império investiu na produção cultural, que
poderia criar e divulgar os novos sentimentos. Dom Pedro II trouxe assim a Missão
Artística Francesa, composta de artistas plásticos que deveriam ensinar e retratar
as características nacionais brasileiras, criando uma Arte autônoma e apagando o
passado colonial. Foi fundado também o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
instituição que tinha como objetivo recuperar o “autêntico” passado brasileiro. Mas
restava sempre o problema de que o passado brasileiro era colonial, e para construir
a nacionalidade seria preciso se voltar para instituições portuguesas, o que era então
inadmissível. Foi nesse contexto que o Romantismo forneceu os temas e as ferramentas
para a construção do sentimento nacional no Brasil.
Apesar de o Romantismo brasileiro ter começado oficialmente em 1836 com
a publicação de Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, já desde
1826 que os intelectuais vinham propondo fórmulas para a elaboração de uma
literatura nacional. Um dos primeiros a se engajarem nesse projeto foi o francês
radicado no Brasil Ferdinand Denis, para quem a Literatura de um país deveria
ter sua fisionomia e assim se relacionar com a natureza e a sociedade dele. Denis
sugeriu que os escritores brasileiros se concentrassem na natureza e no índio como
elemento de ligação entre essa natureza e a nação. O índio começou a aparecer então
como o autêntico habitante do Brasil, representando um passado pré-colonial, que
os intelectuais queriam valorizar em detrimento de um passado colonial.
Os escritos literários do Romantismo apareciam como textos complementares
aos estudos históricos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Cabia aos
historiadores levantar o passado autêntico, e aos escritores, popularizá-lo, inclusive
preenchendo as lacunas com a imaginação literária, atendendo sempre à necessidade

376
de transmitir ao povo sentimentos de amor e empatia pela Nação. Nesse sentido, o

Romantismo
gênero que melhor se adaptou à nova sensibilidade das classes urbanas letradas foi
o romance. Por sua linguagem simples e acessível, o romance logo caiu no gosto do
público brasileiro. O primeiro romance romântico a ser um grande êxito de público
foi A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. O romance se
encaixou muito bem no perfil exigido à literatura da época, porque nesse gênero o
leitor era levado a julgar o enredo pela ótica do narrador, que transmitia suas ideias
de forma clara, na linguagem cotidiana desses leitores.
O grande nome do Romantismo no Brasil foi, sem dúvida, José de Alencar. Autor
de obras clássicas do indianismo como O guarani, Iracema e Ubirajara, além de
romances urbanos, como A pata da gazela, Cinco minutos, Lucíola, Alencar é hoje uma
referência obrigatória no ensino Médio. Mas poucos são os professores que analisam
suas vinculações políticas com o projeto de formação da nacionalidade brasileira.
Alencar foi influenciado pela obra de românticos europeus como Sir Walter Scott,
autor de Ivanhoé, e Alexandre Dumas, de Os três mosqueteiros, que usavam a fórmula
do romance histórico, recheado de heroísmo, amor, perfídia, e agradava bastante ao
público. Mas sua obra foi formulada com base em uma visão muito bem definida
do papel da literatura na formação da nacionalidade. Para Alencar, não bastava que
o escritor usasse dados recolhidos dos historiadores, completando as lacunas com
sua imaginação. Ele acreditava que sua obra indianista (que afirmava se basear nas
tradições orais recolhidas em sua terra, o Ceará) tinha mais valor histórico que as
pesquisas dos historiadores. Assim, a ficção era entendida como mais verdadeira
que os cronistas, visão que se aproximava da formulação do Romantismo europeu,
que queria reencantar o mundo, e se afastava dos historiadores da época, para os
quais o documento escrito era a verdade absoluta. Além disso, a obra de Alencar
é romântica por seus temas, pela ênfase dada às descrições da natureza, à língua
nacional (que ele afirmava ser diferente do português de Portugal) e pela busca de
um passado glorioso, que, na maior parte das vezes, era uma tradição inventada,
como no caso de Walter Scott, que também queria resgatar um passado em que a
nobreza era heroica.
Para o trabalho em sala de aula, o Romantismo é um tema de enormes
possibilidades. É possível realizar um trabalho em conjunto com o professor de
Literatura, abordando as características históricas e artísticas dos escritores do
Romantismo. Em especial, a obra de José de Alencar oferece muitas perspectivas de
trabalho, até pela inserção desse autor no currículo de muitas escolas, como leitura
obrigatória para a disciplina de Português e Literatura. O professor de História pode
usar isso a seu favor e discutir os aspectos políticos e históricos da obra de Alencar
e sua vinculação com a construção de um sentimento de nacionalidade. Também é

377
interessante trabalhar outros românticos, como Alexandre Dumas ou Walter Scott.
Romantismo

Além da grande importância de sua obra, livros como Ivanhoé e Os três mosqueteiros,
pela grande carga de ação e aventura que trazem, ainda falam bastante a nossa
linguagem atual, e são de fácil aceitação pelos jovens. Tais obras, inclusive, têm contínua
presença no cinema ocidental. É preciso ter cuidado, no entanto, se optarmos por
trabalhar com algumas dessa obras cinematográficas, pois a maioria não é fiel aos
textos originais. A melhor estratégia, nesse sentido, é fazer um estudo comparado
entre o Romantismo de diferentes autores, como Alencar e Scott. Outra possibilidade
interessante é analisar a obra dos irmãos Grimm, responsáveis pelos contos de fadas
que já se incorporaram ao imaginário do Ocidente, comparando-a com as versões
medievais dos mesmos contos, trazidas a nós por Robert Darnton, o que nos permite
perceber as alterações impostas aos contos pelo gosto do Romantismo.

VER TAMBÉM
Antiguidade; Arte; Fonte Histórica; História; Índio; Interdisciplinaridade; Mito;
Nação; Tradição.

SUGESTÕES DE LEITURA
ALENCAR, José de. O guarani. São Paulo: Martin Claret, 2002.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
CANDIDO, Antonio. O romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas/FFLCH-USP,
2002.
DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos: e outros episódios da História
cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
DUMAS, Alexandre. Os três mosqueteiros. São Paulo: Nova Cultural, 2003.
EDGAR, Andrew; SEDGWICK, Peter. Teoria cultural de A a Z: conceitos-chave para
entender o mundo contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2003.
GORKI, Maximo. Como aprendi a escrever. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998.
JOBIM, José Luis (org.). Introdução ao romantismo. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1999.
LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Romantismo e política. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1993.
SCOTT, Walter. Ivanhoé. São Paulo: Nova Cultural, 2003.

378

S-ar putea să vă placă și