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Copyright © 2018 Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional da Terceira Região – Crefito 3.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,


constitui violação do copyright (Lei 5.988/73 e Lei 9.610/98).
___________________________________________________

A Interface da Terapia Ocupacional no Contexto Multiprofissional da


Educação, Saúde, Previdência e Assistência Social / Adriano Conrado
Rodrigues - São Paulo, SP: Maio, 2018.

1.TERAPIA OCUPACIONAL 2.EDUCAÇÃO 3.SAÚDE 4.ASSISTÊNCIA


SOCIAL 5.REABILITAÇÃO 6.SAÚDE MENTAL 7.PRÁTICAS INTEGRATIVAS
8.PREVIDÊNCIA
I. Rodrigues, Adriano Conrado (org.)

4 VOLUMES - Essa obra contém material inédito.

Realização:

Apoio técnico institucional e divulgação:


Responsável Técnico, Coordenação do Projeto e Produção:
Adriano Conrado Rodrigues – TERAPEUTA OCUPACIONAL

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou


total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda
ou qualquer fim comercial.

All rights reserved. It allowed the partial or total reproduction of this


work provided that the source is mentioned and is not for sale or any
commercial purpose.
Citação Especial - Homenagem - Crefito 3/TO
“Terapia Ocupacional - Profissão Centenária”

17 de março de 1917:
Nessa data, há exatamente um século, um grupo multidisciplinar
vinculado direta e indiretamente à área da saúde, se reuniu na cidade de
Nova Iorque para oficializar a criação da NSPOT – National Society for the
Promotion os Occupational Therapy, a Associação Nacional para a Promoção
da Terapia Ocupacional (hoje AOTA – Associação Americana de Terapia
Ocupacional). Presentes àquela primeira reunião, apenas seis pessoas.
Cem anos depois, e próxima de reunir meio milhão de profissionais
em todo o mundo, a Terapia Ocupacional se consolida como uma
profissão que se expande desde a área da saúde para abraçar também os
campos social e da educação.
Por meio de suas práticas e dos avanços em pesquisas, onde o
fazer humano é abordado de forma transformadora, evidenciamos a
importância da atuação dos terapeutas ocupacionais.

Saiba mais sobre os 100 anos da Terapia Ocupacional em:


https://youtu.be/VYfOK_3sr5s

5
Agradecimentos

Agradeço a todos os TERAPEUTAS OCUPACIONAIS e demais


profissionais, compromissados com o saber e a prática clínica /
assistencial, que fazem a “linha de frente” do acolhimento à população.
Graças à vocês, esse livro têm integralidade e humanização!!!

Agradeço aos mais de 90 Autores Colaboradores, tamanha a


generosidade dispensada a cada capítulo, texto, palavra... Vocês foram
incríveis! Referenciar uma Categoria, exige competência, experiência,
ética e responsabilidade. Aqui, isso é realidade!!!

Agradeço a Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima (Vice-presidente


do Coffito) e ao Dr. José Renato de Oliveira Leite (Presidente do Crefito
3), além de todos os colegas terapeutas ocupacionais e fisioterapeuta do
Sistema Coffito-Crefitos, pela parceria e por acreditarem que podemos
sim, avançar nas demandas da Terapia Ocupacional!!!

Agradeço em especial à minha família pelo apoio incondicional, e


todo o amor e carinho!!!

Obrigado a Deus, pela oportunidade de servir e me realizar através


dessa linda profissão, pelo bem comum.

Adriano Conrado Rodrigues

6
Dedicatória

Essa obra é dedicada ao terapeuta ocupacional, professor, orientador,


mestre, e como ele gostava de ser apresentado, AMIGO Roberto Ciasca.
Eterno em nossos corações.
In Memoriam

#contamine-se com o prazer da dança!


- Grupo de Dança ParaTodos na Mostra de dança do CCA da PUC-
Campinas. Coreografia Swing da Lata, criação coletiva. Música de
Herbert Viana e Fernanda Abreu. Coordenação Roberto Ciasca.

Disponível em:
http://robertociasca.blogspot.com.br/2009/08/grupo-de-danca-
paratodos-estreia.html (acesso em 05/03/2018)

7
Capa
Significado

“...a Terapia Ocupacional pode utilizar o mandala,


uma vez que necessita de uma atividade que
proporcione através do simbolismo, a emersão
para o consciente de conflitos internos, o
mandala por sua vez é uma maneira de projeção
simbólica de tais conteúdos inconscientes.”

“...conexão com conteúdos inconscientes que


nos bloqueiam e sentimentos que necessitam
ser trabalhados. O Terapeuta Ocupacional pode
aproveitar deste recurso e auxiliar o indivíduo no
reconhecimento e aceitação destas limitações.”

“...para que haja a reorganização consciente do


cotidiano é necessário reorganizar conteúdos
internos.... o mandala permite uma transformação
alquímica ao nível de psiquismo que favorece
para que as imagens representativas se tornem
realidade e assim seja capaz de remanejar
conteúdos conflitantes, visibilizando a clarificação
dos conteúdos que possam vir a serem emergidos,
permitindo uma reorganização interna.”

- Trechos retirados do TCC dos TOs Hélio Hissaoh Ikeda e Lívia


Aparecida Soares de Lima. MANDALAS: UMA REFLEXÃO SOBRE SEU
POTENCIAL TERAPÊUTICO OCUPACIONAL. UNISO, 2014. Orientação
Acadêmica: Rita Gianolla Miranda.

8
SUMÁRIO

VOLUME 3
TERAPIA OCUPACIONAL - CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE,
PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL.

Prefácio 1................................................................................................................. 13

Prefácio 2................................................................................................................. 14

I - APRESENTAÇÃO.....................................................................................................16

II - CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................24
Características e Breve Análise de Impacto da Terapia Ocupacional por Geopro-
cessamento no Brasil: Aspectos Sociais, de Saúde e de Educação

III - AQUECIMENTO.....................................................................................................42
Introdução à Ciência Ocupacional

CAPÍTULO 1...............................................................................................................64
- Terapia Ocupacional na Saúde da Pessoa Idosa - Atuação Multiprofissional em
Gerontologia

CAPÍTULO 2................................................................................................................82
- Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos

CAPÍTULO 3................................................................................................................92
- Unidade de Terapia Intensiva - Parâmetros Assistenciais, Evidências Clínicas
e Terapia Ocupacional

CAPÍTULO 4.............................................................................................................119
- Terapia Ocupacional e Saúde do Trabalhador

10
SUMÁRIO 11

CAPÍTULO 5.............................................................................................................202
- Contextos Educacionais e a Terapia Ocupacional no Brasil

CAPÍTULO 6.............................................................................................................223
- Terapia Ocupacional em Saúde Mental: Uma Construção Histórica para
Práticas Inovadoras

CAPÍTULO 7..............................................................................................................285
- Terapia Ocupacional, Neuro-ocupação e Psicoterapia - Aspectos Teóricos,
Prática Clínica e Relação Multiprofissional.

CAPÍTULO 8.............................................................................................................296
- Terapia Ocupacional na Assistência Social

CAPÍTULO 9.............................................................................................................318
- A Atuação do Terapeuta Ocupacional em Reabilitação Esportiva

ANEXO 1..................................................................................................................327
- Grupo “Ser Criança” - Equipe NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família /
Associação Saúde da Família)

ANEXO 2...................................................................................................................335
- Reabilitação Profissional - INSS - Relato de Experiência (Ref. Ao Cap. 3, parte 4)

ANEXO 3...................................................................................................................340
- Saúde do Trabalhador - Tabela com as características dos estudos incluídos
na análise da literatura (Ref. Ao Cap. 3, parte 2)

ANEXO 4...................................................................................................................346
– Cartão Babel (instrumentos de avaliação em Saúde Mental na Atenção Bási-
ca; ref. ao Cap. 5, partes 1 e 2)

IV - APÊNDICE..........................................................................................................349
- Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas Ocupacionais nos
Programas e Serviços Públicos de Saúde e Assistência Social...................350
– Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde –
CIF: Considerações para Terapeutas Ocupacionais...............................353
- Apresentação dos mini-currículos dos autores / colaboradores, em
acordo com a identificação numérica em sobrescrito...........................362
Prefácio 1
Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima*

Este referencial direcionado aos Terapeutas Ocupacionais, chegou


para enriquecer o conhecimento teórico prático de nossa profissão e
proporcionar condições para desempenharmos nosso trabalho com mais
diversidade, qualidade e abrangência.
Uma grande equipe multiprofissional transformou esta produção
em realidade, perpassando temas que transitam não só pela saúde,
mas trazendo reflexões acerca do nosso papel ocupacional na sociedade
enquanto promotores do bem estar bio psico social do indivíduo e
apontando materiais, métodos, recursos, para que este indivíduo atinja
a sua máxima independência e autonomia.
Trazer aos profissionais, reflexões a respeito deste fazer, ilustrando
a prática com relatos de casos também é o desafio desta obra, e
nos remete a potencializar um bom networkinq que nos capacite a
reconhecer e aprimorar nossas habilidades e competências, somando
forças com a equipe multiprofissional, para alcançarmos a excelência
das boas práticas em saúde.
Estar prefaciando este livro é, além de uma honra, uma grande
responsabilidade: a de indicar a leitura e incentivar os demais colegas a
se aventurarem nas interfaces da nossa profissão, mas acima de tudo, é
uma imensa alegria, pois participo da trajetória do autor, que vem, com
extrema competência, ética e dedicação, transformando conceitos e
quebrando paradigmas da Terapia Ocupacional no Brasil.
Fica como sugestão a leitura e o desejo de que esta sucessão de
temas atuais e aquilatados pelo olhar cuidadoso do autor, nos faça
caminhar para a excelência do cuidado e para o fortalecimento de uma
rede de referência que gere autonomia, inclusão social, geração de
renda e melhor qualidade de vida ao paciente.

*Terapeuta Ocupacional - Vice-presidente e Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares


(CAP) do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

13
Prefácio 2
Dr. José Renato de Oliveira Leite*

Esta obra tem por objetivo ressaltar a interface da Terapia


Ocupacional no contexto multiprofissional nas mais diversas situações
que envolvem as ações de planejamento e gestão em saúde, os
programas de reabilitação, os ganhos funcionalidade, e as redes de
atenção à saúde, bem como a aplicação de inovados recursos e métodos
terapêuticos por especialistas na área da reabilitação.
Cabe lembrar que o processo de promoção da saúde, física ou
mental, têm por finalidade a reintegração do indivíduo à sociedade. E
para a sua ocorrência, deve-se ter, além do domínio de conhecimento
técnico e científico, a garantia do trabalho multiprofissional, o
envolvimento do Estado, a efetiva participação da sociedade, bem como
do próprio indivíduo a ser reintegrado, e de seus familiares.
Dessa forma, o autor procurou reunir renomados profissionais que
atuam nas áreas de planejamento, gestão e promoção de saúde, sobretudo
ressaltando a importância do trabalho em equipe multiprofissional,
e que por meio das suas ações experiências, irão contribuir de forma
consubstancial na tomada de decisões e adoção de condutas.
Portanto, esse livro é recomendado para todos os profissionais que
estão envolvidos com estratégias de gestão, e aqueles que desejam ter o
amplo conhecimento da importância do trabalho multiprofissional que é
realizado ao longo de todo o processo de reabilitação.
E por fim, aproveito também a oportunidade para parabenizar o
Dr. Adriano Conrado Rodrigues e seus respectivos colaboradores, pelo
excelente trabalho realizado nessa obra, e pela iniciativa de construção
e compartilhamento do conhecimento científico, o qual é de vital
importância para toda a nossa sociedade.

*Fisioterapeuta – Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional


da Terceira Região (CREFITO-3); Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP)
do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO); Especialista em
Fisioterapia Respiratória pela ASSOBRAFIR; Coordenador das Atividades de Ensino do Instituto
do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor- HC. FMUSP)

14
I - APRESENTAÇÃO.
Adriano Conrado Rodrigues

É com imensa satisfação e alegria que apresento essa obra em


formato digital, em consonância com o Conselho Federal de Fisioterapia
e Terapia Ocupacional - COFFITO, para referenciar ou instrumentalizar
de forma ampla e acessível o maior número possível de Terapeutas
Ocupacionais, conforme o interesse nas temáticas abordadas.
Dimensionar a Terapia Ocupacional em sua amplitude não é tarefa
fácil, e talvez nem seja possível considerando as características da
profissão, além das vertentes político-sociais em constante transformação.
Mas creio ter aqui um ótimo retrato, contemporâneo, que conta com
a experiência e colaboração de mais de 90 profissionais, Terapeutas
Ocupacionais e outros, que em suas expertises e de forma generosa
evidenciaram uma base sólida de fundamentos e práticas terapêuticas
ocupacionais e multiprofissionais.
Hoje no Brasil, conforme estimativa do próprio Coffito (Dez/2017)
somos 17.865 Terapeutas Ocupacionais. Isso representa um crescimento
de 21%, em relação ao número de profissionais no ano de 2015. Apesar
do impacto positivo desse valor, pois sim, estamos crescendo, ainda
nos encontramos aquém quando esse levantamento é dimensionado por
cobertura territorial, atenção às demandas, programas, instituições e
serviços, e pelo número de cursos ofertados nas instituições de ensino
superior do território nacional. Atualmente, não são raros os concursos e
vagas de trabalho, sem profissionais inscritos, bem como novas políticas
públicas que venham adaptadas ao baixo número de profissionais com
especialidade ou competência para uma área específica.
Baixo também é o número de mestres e doutores na profissão. Daí a
importância de estarmos incorporados em ações planejadas, tanto de cunho
político (ético/responsáveis), quanto de evidência da própria prática, pois
a mesma fala por si. Esse deve ser um compromisso de cada profissional, de
cada instituição e de cada órgão de representação dessa categoria.
Assim, vejo como essencial a evidência de nossas “boas práticas”, em
acordo com o código de ética da Terapia Ocupacional. Hoje em dia, com os

16
I - APRESENTAÇÃO 17

adventos tecnológicos é muito fácil se comunicar. Saibamos usar isso a nosso


favor, e mostremos toda a riqueza da Terapia Ocupacional à sociedade.
Acesse material de divulgação da Terapia Ocupacional em:
http://www.crefito3.org.br/dsn/manuais.asp

É nesse ideal de CRESCIMENTO, que essa obra compõe seu alicerce!


Para ilustrar a obra e marcar a transição de conteúdos, temos “o
Mandala”, e aqui vale uma fundamentação quanto a pertinência da escolha:
O Mandala - Através do simbolismo, leva a emersão para o consciente
de conflitos ou limitações, que, a partir disso, poderão ser trabalhados para
uma reorganização interna e no cotidiano, ou seja, um excelente recurso
terapêutico (nada mais pertinente!).
Derivação Cultural de concepção, o Mandala, presente na
tradição hinduísta, e mais precisamente na tradição budista tibetana,
presente nos estudos de C. G. Jung, representa uma imagem interior
que gradualmente é construída nos momentos de equilíbrio psíquico
perturbado, ou quando um pensamento não pode ser encontrado.
O Mandala estimula a mente a equilibrar as emoções e ativa os
processos físicos, ajudando a restabelecer sua função plena e assim
passa a ser uma fonte de cura; e encontra a sua simbiose técnico-afetiva
com a Terapia Ocupacional.
E assim, a beleza fascinante e misteriosa do Mandala nos
acompanhará ao longo dessa jornada, abraçando a dimensão
contemporânea da Terapia Ocupacional, sem nos deixar esquecer o quão
fascinante, complexa e rica é a essência e o trabalho com o ser humano!
Outro ponto importante da obra é o fato da característica
multiprofissional da composição dos assuntos; o que torna o conteúdo
extremamente esclarecedor quanto ao papel do terapeuta ocupacional,
quando frente às outras profissões, quer seja no campo da Educação,
da Saúde, da Previdência ou da Assistência Social, nas prerrogativas,
competências e amplitude de Abordagens, Métodos, Técnicas e
intervenções terapêuticas ocupacionais.

Não há atenção integral à Saúde da população, sem a presença do


Terapeuta Ocupacional nos programas, serviços e equipes de trabalho!

Da mesma forma, conhecer as prerrogativas e práticas profissionais


das demais categorias que nos relacionamos como Terapeutas
Ocupacionais, nos auxilia a intervir de forma ética, e partilhar nossos
18 Terapia Ocupacional • Volume 3

objetivos (em equipe) ou gerar demandas colaborativas, para que


tenhamos a riqueza da abordagem multiprofissional evidenciada nas
dinâmicas de trabalho, e certamente maior assertividade nas avaliações e
condutas profissionais.
As práticas multiprofissionais nesse contexto têm como principal
objetivo lançar um olhar amplo sobre os indivíduos, tanto para prevenir
doenças e fatores de exclusão, como para promover a saúde e a Qualidade
de Vida. Esse é um processo que passa pela busca de independência nas
atividades da vida diária, autonomia para o desenvolvimento pessoal,
projetos de vida, respeito pelos valores individuais ou comunitários,
manutenção de vínculos sociais e ocupacionais, que considerem o potencial
funcional e relacional. Essas questões compõem as premissas do trabalho do
Terapeuta Ocupacional, e por conseqüência as premissas dessa obra.
Talvez o terapeuta ocupacional seja o profissional mais competente na
atenção às pessoas em estado de vulnerabilidade; até aqui, pouca novidade
uma vez que essa profissão advém de situações adversas da humanidade. A
questão é que no Brasil, pela própria condição sócio-econômica e política
do país, a vulnerabilidade está intimamente ligada ao risco de morte, o
que torna a presença do terapeuta ocupacional nos programas e serviços
públicos, necessária, indispensável, imprescindível, ou qualquer outro
adjetivo que demonstre a extrema importância de sua presença.
Assim, num verdadeiro malabarismo metodológico /organizacional
para abraçar todo o arcabouço teórico-prático levantado, e sem
a pretensão de ser perfeita nessa questão, essa obra divide-se em
4 partes, precedidas pela contextualização em forma de análise
situacional da profissão no cenário nacional, e por uma brilhante viagem
à Ciência Ocupacional como terra fértil a ser explorada por acadêmicos
e profissionais, e que ancora e subsidia a prática da Terapia Ocupacional.
A Parte 1 aborda de forma ampla, estratégias de GESTÃO,
EMPREENDEDORISMO E MARKETING para terapeutas ocupacionais,
deixando clara a capacidade (e aptidão) desse profissional em gerenciar
pessoas, equipes e serviços ou empresas.
Na Parte 2 são apresentados de forma técnica, MÉTODOS,
ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA,
INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO.
Nessa mesma linha entramos na Parte 3, onde os autores
colaboradores relatam suas experiências e saberes nos CONTEXTOS DA
EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL.
E finalmente a Parte 4 percorre a extensão terapêutica ocupacional
I - APRESENTAÇÃO 19

no campo das PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE, e


que demandam o envolvimento dos profissionais, pois já temos inclusive
a Política Nacional das PICS, com grande atenção Ministerial para a sua
consolidação.
Assim, concluo a apresentação considerando essa obra um
marco de evidência, em que a profissão parece SE FORTALECER nas
mãos de gestores e profissionais que entendem ser esse, o momento
de construção e união pelo ideal da profissão em si; e o que não for
para agregar em representação, competência, sustentabilidade,
monitoramento, eficiência e efetividade, já não cabe mais. A TERAPIA
OCUPACIONAL BRASILEIRA SOMOS TODOS NÓS!

“Nenhum homem é uma ilha; qualquer


homem é uma parte do todo. A morte
de qualquer homem me diminui,
porque faço parte da humanidade;...”

John Donne (1572-1631).

APRESENTAÇÃO DOS AUTORES / COLABORADORES POR SESSÃO*:

I - (APRESENTAÇÃO).

II - CONTEXTUALIZAÇÃO.
1. Adriano Conrado Rodrigues (1)
2. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)
3. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)
4. Dimaima Vitória Castro da Graça (93)
5. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)

III - AQUECIMENTO.
Otavio Augusto de Araujo Costa Folha (57)

VOLUME 1.
TERAPIA OCUPACIONAL - GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING.
1. Priscilla Regina Cordeiro (33)
2. Annie Betune Ramalhão (3)
3. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite (9)
20 Terapia Ocupacional • Volume 3

4. Adriano Conrado Rodrigues (1)


5. Bruno Souza Bechara Maxta (59)
6. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi (58)
7. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)
8. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano (91)
9. Maria Aparecida Pereira Machado (80)
10. Katia Maki Omura (75)
11. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)
12. Adriano de Oliveira* (28)
13. Julia Hatakeyama Jóia* (27)
14. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)
15. Janaína Eleutério Martins (23)
16. Luiza Franco (26)
17. Maria Luiza Rezende (24)
18. Maria Luiza Santa Cruz (19)
19. Marina Rodrigues Camargo (17)
20. Silvia Regina Rocha (18)
21. Viviane de Mancilha Lima (25)

VOLUME 2.
TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE E REABILITAÇÃO - MÉTODOS,
ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA,
INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO.
1. Daniel Marinho Cezar da Cruz (11)
2. Maria Aparecida Ferreira de Mello (37)
3. Cândida Luzzo (39)
4. Tatiani Marques (40)
5. Adriano Conrado Rodrigues (1)
6. Fernando Vicente de Pontes (56)
7. Daniela Nascimento Augusto (17)
8. Roberta Abduch Rolim Credidio (16)
9. Adriano Conrado Rodrigues (1)
10. Luciana Diniz Freitas (70)
11. Gisele Pellegrini (5)
12. Renata Aparecida Conejo (8)
13. Ana Cláudia Tavares Rodrigues (88)
14. Luciane Padovani (6)
15. Ana Maria D. O. Belleza (2)
16. Fábio Jakaitis (4)
I - APRESENTAÇÃO 21

17. Luciane Padovani (6)


18. Marussia Fialho Hamsi Caridá (15)
19. Eduardo Peres Honório (14)
20. Célia Aparecida Tomba (13)
21. Adriana Garcia Tosta Vieira (12)
22. Andressa Chodur (83)
23. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)
24. Sandra C. Pizzocaro Volpi (36)
25. Caio Cesar Benetti Filho (51)
26. Kátia Cezário da Silva (90)
27. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo (66)
28. Vanessa Raquel Pires Ferracini (68)
29. Evelin Cadrieskt Ribeiro Mello (67)
30. Carolina Gomes Matarazzo (92)
31. Antonia Alice de Souza Fonseca (42)
32. Evelyn Kirkcov de Souza (45)
33. Helenice Oliveira (44)
34. Márcia Conceição Abbamonte (43)
35. Renata Rocha (49)
36. Renata Schoedler (10)
37. Carolina Gomes Matarazzo (92)
38. Márcia Helena Valente da Costa (95)

VOLUME 3.
TERAPIA OCUPACIONAL - CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA
E ASSISTÊNCIA SOCIAL.
1. Maria Fernanda dos Santos (74)
2. Daniela Nascimento Augusto (17)
3. Leonardo Costa Lima (35)
4. Alexandre Martinho (76)
5. Aide Mitie Kudo (46)
6. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)
7. Gabriela Pereira do Carmo (71)
8. Luciana Diniz Freitas (70)
9. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)
10. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)
11. José Naum de Mesquita Chagas (77)
12. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)
13. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)
22 Terapia Ocupacional • Volume 3

14. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)


15. Adriano Conrado Rodrigues (1)
16. Gisele Monnerat Tardin (50)
17. Tatiani Marques (40)
18. Luis Ferreira Monteiro Neto (54)
19. Fernando Vicente de Pontes (56)
20. Patricia Leite de Oliveira (52)
21. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga (69)
22. Patrícia Leite de Oliveira (52)
23. Carolina Cimardi Becker (29)
24. Cristina Maria Quaggio (30)
25. Jamile Cristina Albiero Silva (31)
26. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição (32)
27. Priscilla Regina Cordeiro (33)
28. Talita Cristina de Moraes (34)
29. Cíntia Schwab (41)
30. Leiliane Helena Gomes(89)
31. Márcia de Souza Rodrigues (61)
32. Aline Paz Perussi (73)
33. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)
34. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)
35. Gisele Monnerat Tardin (50)
36. Marina Rodrigues Camargo (17)
37. Silvia Regina Rocha (18)
38. Maria Luiza Santa Cruz (19)
39. Walter Augusto Bahia Pereira (20)
40. Maria Luiza Rezende (24)
41. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)
42. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)
43. Janaína Eleutério Martins (23)
44. Luiza Franco (26)
45. Viviane de Mancilha Lima (25)
46. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)
47. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)
48. Maria Imaculada da Costa Mendonça (96)
I - APRESENTAÇÃO 23

VOLUME 4.
TERAPIA OCUPACIONAL - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM
SAÚDE (PICS).
1. Ana Teraza Costa Galvanese (79)
2. Fábia Cilene Dellapiazza (38)
3. Márcia de Souza Rodrigues (61)
4. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)
5. Adriano Conrado Rodrigues (1)
6. Leonardo Costa Lima (35)
7. Flavia Liberman (78)
8. Rachel Azulay Leite (60)
9. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima (62)
10. Lídia Seade Vieira Maia (63)
11. Socorro de Maria Castro (65)
12. Maria de Nazareth Mendes (64)
13. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)
14. Karla Adriana Ferreira Beckman (84)
15. Alan Senigalia (85)
16. Ana Maria Fernandes Pitta (86)
17. Lara Susan Silva Lima (80)
18. Clarissa Dantas de Carvalho (87)

IV - APÊNDICE
1. Susilene Maria Tonelli Nardi (72) / Câmara Técnica Sócio-Sanitária -
Crefito 3.
2. Adriano Conrado Rodrigues (1)

*Acesse os mini-currículos dos autores, em acordo com a identificação numérica, no


tópico IV – Apêndice, parte 3.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO
Características e Breve Análise de Impacto da Terapia
Ocupacional por Geoprocessamento no Brasil: Aspectos
Sociais, de Saúde e de Educação.
Adriano Conrado Rodrigues

Colaboração:
Susilene Maria Tonelli Nardi
Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade
Jamile Cristina Albieiro Silva
Dimaima Vitória Castro da Graça

1 - Introdução.

Após a apresentação dessa obra, é importante que se apresente
a Terapia Ocupacional, bem como contextualizá-la numa dimensão de
interesse dos gestores, acadêmicos e profissionais.
Essa importante profissão já difundida no mundo, no Brasil caminha
para a sua consolidação, habitando e se desenvolvendo nos espaços
da saúde, educação, assistência social e cultura. Portanto, é essencial
o entendimento das variáveis que compõem a Terapia Ocupacional, e
dos parâmetros que a delimitam em nosso país, tanto no que se refere
à distribuição geográfica dos profissionais, como de suas práticas e
contribuições para as Políticas de Atenção.
A partir do correto entendimentos desse contexto, e da evidência
do impacto das ações profissionais, o planejamento para a valorização e
o próprio crescimento da profissão passam a ser possíveis, e em acordo
com as reais demandas da profissão e da própria população brasileira.

2 - Terapia Ocupacional.

2.1 - Apresentação
Numa visão contemporânea, a Terapia Ocupacional é uma profissão

24
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 25

de nível superior e que de acordo com a Organização Mundial de


Saúde, utiliza a atividade humana como recurso terapêutico, com o
objetivo de habilitar e/ou reabilitar indivíduos com dificuldades físicas,
psíquicas, cognitivas, perceptivas e sociais, que estejam interferindo no
desenvolvimento e/ou na independência do indivíduo.
Desta forma sua atuação permeia todos os ciclos de vida (recém-
nascidos, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), trabalhando
em equipamentos públicos e privados dos setores de Saúde, Educação,
Assistência Social, Cultura, Previdência Social e nos Sistemas Judiciário
e Penitenciário. Participa da organização, planejamento e gestão dos
serviços, da pesquisa, prevenção de alterações funcionais dos sistemas
do corpo humano e do desempenho nas atividades cotidianas de pessoas
em seus diferentes contextos sociais. Atua em situações de risco, de
fragilidade e vulnerabilidade social e problemas de ordem física, cognitiva
e mental em diferentes níveis de complexidade. Auxilia na integração
das pessoas aos diferentes cenários sociais, conforme suas demandas,
papéis ocupacionais, necessidades ou interesses, visando melhorar a auto-
realização, o bem-estar e a qualidade de vida, e advinda de áreas de
estudo como a Ciência Ocupacional (vide tópico III – Aquecimento).

2.2 - Áreas de Atuação.


O CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
(COFFITO) reconhece as seguintes Especialidades do profissional
Terapeuta Ocupacional:

A - Especialidade: Acupuntura
Área de Atuação:
• Todos os níveis de atenção à saúde, em todas as fases do
desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção, promoção,
proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação do cliente/
paciente/usuário.

B - Especialidade: Contextos Hospitalares
A formação profissional dessa especialidade, enquadrada na área
requerida - “Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares”, apresenta
três áreas de atuação: “Atenção intra-hospitalar”, “Atenção extra-
hospitalar oferecida pelo hospital” e “Atenção em cuidados paleativos”.
A área de atuação de “Atenção em Cuidados Paliativos” compreende
o oferecimento de cuidados terapêuticos ocupacionais junto a equipes
26 Terapia Ocupacional • Volume 3

multiprofissionais, a pacientes com condições crônico-degenerativas


potencialmente fatais (oncológicas e não-oncológicas) e que estão
em tratamento sem condições de modificação da doença; os Cuidados
Paliativos podem ser realizados tanto em contextos intra-hospitalares,
como através de ações em contextos extra-hospitalares oferecidas por
equipe hospitalar, não se restringe à fase de terminal idade da vida
e são considerados cuidados preventivos, pois previnem um grande
sofrimento motivado por dores, sintomas e pelas múltiplas perdas físicas,
psicossociais e espirituais e podem reduzir o risco de luto complicado.
Serão consideradas áreas afins: Terapia Ocupacional em Saúde
Funcional; Terapia Ocupacional em Saúde Mental; Terapia Ocupacional
em Saúde Coletiva nas áreas de atuação Desempenho Ocupacional
e Saúde do Idoso; Desempenho Ocupacional e Saúde da Mulher;
Desempenho Ocupacional e Saúde do Trabalhador; Desempenho
Ocupacional e Saúde do Escolar, considerando neonato, infância e
adolescência; e Cuidados Paliativos e Tanatologia.

C – Especialidade: Contextos Sociais


Áreas de Atuação:
• Desempenho Ocupacional e Contexto Asilar
• Desempenho Ocupacional e Contexto Prisional
• Desempenho Ocupacional e Geração de Renda
• Desempenho Ocupacional e Justiça e Cidadania
• Desempenho Ocupacional e Inclusão Laboral
• Desempenho Ocupacional e Liberdade Assistida
• Desempenho Ocupacional e Liberdade Condicional
• Desempenho Ocupacional e Seguridade Social

D - Especialidade: Gerontologia
• Atenção à saúde da pessoa idosa; Assistência social à pessoa idosa;
• Cultura e lazer para a pessoa idosa e Educação à pessoa idosa.

E – Especialidade: Saúde da Família


Área de Atuação:
• Desempenho Ocupacional na Saúde da Criança e do Adolescente;
• Desempenho Ocupacional na Saúde do Adulto;
• Desempenho Ocupacional na Saúde do Idoso.


II - CONTEXTUALIZAÇÃO 27

F – Especialidade: Saúde Mental


Áreas de Atuação:
• Desempenho Ocupacional Psicossocial
• Desempenho Ocupacional Percepto-Cognitivo
• Desempenho Ocupacional Senso-Perceptivo
• Desempenho Ocupacional Psicoafetivo
• Desempenho Ocupacional Psicomotor

2.3 - Locais de Atuação.


Sistema Único de Saúde (SUS):
• Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da
Família (UBSF)
• Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)
• Centro Dia para Idosos
• Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros serviços da Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS)
• Unidade de Referência para Idosos
• Clínicas e Policlínicas
• Hospitais (UTI, ambulatórios e enfermarias)
• Centro Especializado de Reabilitação (CER)
• Centro de referência em saúde do trabalhador (CEREST).
• Grupo de Vigilância Epidemiológica (municipal, regional ou estadual)
• Atendimento domiciliar (SAD)

Sistema Único de Assistência Social (SUAS):


• Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)
• Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)
• Terceiro Setor

Entidades públicas, privadas e filantrópicas:


• Consultórios particulares
• Casas de repouso
• Instituições de longa permanência
• Creches
• Clubes esportivos
• Escolas
• Organização Não Governamental (ONGs)
• Redes de atenção especializada (AMA; Lucy Montoro; APAE; entre outros)
• Museus e Pontos de Cultura
28 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Presídios
• Universidades
• Institutos de Pesquisa
• Indústrias
• Gestão
• Serviço militar em geral.
• Centros de Defesa em Direitos Humanos

3 - Instituições Ensino Superior – IES - Curso de Terapia


Ocupacional.
Tabela 1. Relação das IES que oferecem o curso de Terapia Ocupacional,
por Estado.

Estado Universidades TO
AL Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
CE Universidade de Fortaleza
DF Universidade de Brasília
ES Universidade Federal do Espírito Santo
GO Faculdade União de Goyazes
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
MG
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola Superior da Amazônia
Universidade da Amazônia
PA
Universidade do Estado do Pará
Universidade Federal do Pará
Universidade Federal do Paraná
PR
União do Ensino Superior do Iguaçu
PE Universidade Federal do Pernambuco
PI Faculdade Integral Diferencial
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
RJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade Serra Gaúcha
Centro Universitário Franciscano
RS Universidade Federal de Santa Maria
Universidade Federal de Pelotas
RO Faculdades Integradas Aparício Carvalho
SC Associação Catarinense de Ensino - Faculdade Guilherme Guimbala
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 29

Estado Universidades TO
Centro Universitário de Araraquara Brasil
Centro Universitário São Camilo
Faculdade de Medicina do ABC
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Universidade Sagrado Coração
SP Universidade de São Paulo
Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto
Universidade de Sorocaba
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Universidade Federal de São Carlos
Universidade Federal de São Paulo
SE Universidade Federal de Sergipe

Fig. 1 – Mapa para análise de cobertura com o número de IES que oferecem
o curso de Terapia Ocupacional/Estado (em acordo com a Tabela 1).

Considerando a dimensão nacional de cobertura dos programas e


serviços públicos de Educação, Saúde e Assistência Social, considerando
a demanda populacional por saúde, e considerando as IES como
instituições de extrema relevância no cenário de formação e prática,
impactando diretamente a oferta do serviço, na figura acima resta
evidente a necessidade de um plano político administrativo que amplie o
número da oferta de cursos de Terapia Ocupacional no Brasil.
30 Terapia Ocupacional • Volume 3

4 - Dados do Ministério da Saúde do Brasil, para correlação.



4.1 - Atenção Básica.
Compreende o Departamento de Atenção Básica, e define-se pelo
conjunto de iniciativas do Ministério da Saúde para cuidar da população
no ambiente em que vive, sob o slogan “Saúde mais perto de você”.
Nele está incluída a Estratégia Saúde da Família (que compõe a Política
Nacional de Atenção Básica), o Brasil Sorridente (Política Nacional de
Saúde Bucal); Política Nacional de Alimentação e Nutrição; Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares; Programa de
Requalificação das Unidades Básicas de Saúde; Programa Nacional de
Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB); Programa
Telessaúde Brasil Redes; Equipes de Consultórios na Rua; Programa Saúde
na Escola (PSE); Projeto de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde
da Família (PROESF), entre outros programas, ações e estratégias, que
compõem a Rede de Atenção à Saúde (RAS.)
Em janeiro de 2018, de acordo com o levantamento realizado no
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), Departamento
de Atenção Básica (DAB), havia registro de 43.741 Estratégias de Saúde
da Família implantadas no País, garantindo uma cobertura na Atenção
básica estimada em 75,7% da população, que significa a abrangência de
157.138.501 habitantes.
O Terapeuta Ocupacional faz parte da gestão, bem como da Rede
de Atenção à Saúde (RAS) da Atenção Básica, e desempenha papel
fundamental para que os objetivos preconizados pelo Ministério da
Saúde e pela OMS sejam alcançados.

4.2 - Atributos da Rede de Atenção à Saúde (o que aqui denominarei


como DIRETRIZES).
Considera-se que não há como prescrever um modelo
organizacional único para as RAS, contudo as evidências mostram
que o conjunto de atributos apresentados a seguir é essencial
ao seu funcionamento, no modo a que se propõe (conteúdo
citado na íntegra -http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=atributos_ras):
1. População e território definidos com amplo conhecimento de suas
necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde.
2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que prestam
serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 31

de casos, reabilitação e cuidados paliativos e integram os programas


focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de
saúde individuais e os coletivos.
3. Atenção Básica à Saúde estruturada como primeiro nível de
atenção e porta de entrada preferencial do sistema, constituída de
equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando,
coordenando o cuidado, e atendendo às suas necessidades de saúde.
4. Prestação de serviços especializados em lugar adequado.
5. Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do
cuidado e integração assistencial por todo o contínuo da atenção.
6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na
comunidade, tendo em conta as particularidades culturais, gênero,
assim como a diversidade da população.
7. Sistema de governança único para toda a rede com o propósito
de criar uma missão, visão e estratégias nas organizações que compõem
a região de saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos
no curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; e
desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar
e avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações.
8. Participação social ampla.
9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico
e logístico.
10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e
com incentivos pelo alcance de metas da rede.
11. Sistema de informação integrado que vincula todos os membros
da rede, com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência,
origem étnica e outras variáveis pertinentes.
12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com
as metas da rede.
13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e
da equidade em saúde.
14. Gestão baseada em resultado.

Para compor esse cenário, a página do Ministério da Saúde traz:


- Elementos constitutivos da Rede de Atenção à Saúde (http://dab.
saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=elementos_ras);

32 Terapia Ocupacional • Volume 3

- Funções da Atenção Básica nas Redes de Atenção a Saúde (http://


dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=funcoes_ab_ras);

- Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=rede_deficiencias);

- Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=rede_psicossocial);

- Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas
de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnaisp.
php?conteudo=saude_mental_sistema_prisional).

5 - Apresentação dos Mapas Geoanalíticos.

A seguir, apresento uma análise por geoprocessamento na dimensão
do território nacional, que retrata (entre tantos outros) a densidade
demográfica, consumo de saúde, consumo de educação, beneficiários de
planos de saúde (saúde suplementar), renda média familiar e a distribuição
dos profissionais TERAPEUTAS OCUPACIONAIS. Esses dados (e mapas) quando
correlacionados, podem evidenciar informações preciosas, para análise e
diagnóstico de impacto da profissão, e gestão dos programas e serviços da
Rede de Atenção à Educação, Saúde e Assistência Social.
Ao pensarmos no contexto da Terapia Ocupacional como um
sistema, e sendo esse sistema ativo (pois temos, entre tantas variáveis,
novos profissionais todos os anos ingressando ao mercado de trabalho),
para seu correto funcionamento e para cumprir os objetivos a que se
propõe no âmbito social, há que se estabelecer uma análise crítico-
situacional adequada e contínua de seus dados.
Nesse sentido, qualquer estratégia para crescimento e valorização
da Terapia Ocupacional que não considere a interdependência dos
componentes desse sistema, bem como do monitoramento e gestão dos
dados gerados, certamente incorrerão em ineficiência.


II - CONTEXTUALIZAÇÃO 33

1- Densidade Demográfica

Refere-se a distribuição da população no território nacional. Ano


referencia: 2018

2- Consumo de Saúde

Refere-se a distribuição da população que paga por saúde no território


nacional. Ano referencia: 2018

34 Terapia Ocupacional • Volume 3

3- Consumo de Educação

Refere-se a distribuição da população que paga por educação no


território nacional.

4- Beneficiários de Planos de Saúde

Refere-se a cobertura da rede de saúde suplementar no território


nacional. Ano referencia: 2018


II - CONTEXTUALIZAÇÃO 35

5- Renda Média Familiar

Refere-se a distribuição de renda familiar no território nacional. Ano


referencia: 2018

6- Número de Profissionais

Refere-se a distribuição dos profissionais terapeutas ocupacionais no


território nacional. Ano referencia: 2018


36 Terapia Ocupacional • Volume 3

5.1 – Análise e Discussão.


Diante dos mapas expostos (não sobrepostos) conclui-se que,
mesmo com uma análise limitada, há uma maior densidade demográfica
(Mapa 1) nos estados do norte, centro-oeste, sul e sudeste; o consumo
de saúde, (Mapa 2) e educação (Mapa 3) particulares dessa população,
são mais evidentes nos estados do sul e sudeste e parcos no norte
(exceto o Pará), nordeste e centro oeste; já a renda familiar (Mapa 5),
com exceção do Amapá, também se apresenta mais baixa nos estados do
norte e nordeste do Brasil.
Densidade demográfica, consumo de saúde e educação, e renda
familliar ou cobertura de saúde suplementar são dados importantes de
planejamento, quando confrontados com os princípios do Sistema Único
de Saúde - SUS (equidade, universalidade e integralidade).
A presença do Terapeuta Ocupacional no País (Mapa 6) se dá em
maior quantidade no sul e sudeste e com precariedade numérica, exceto
nos estados do Rio grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, nos estados
do norte, nordeste e centro-oeste.
Justaposto, nota-se evidencia da maior necessidade deste
profissional nos estados do norte-nordeste e centro oeste para
desenvolver ações junto à população destes estados e garantir a
cobertura assistencial terapêutica ocupacional adequada.
Numa correlação mais criteriosa dos dados, vemos que na análise
de cobertura por número de profissionais x região x população, fica ainda
mais clara a escassez de terapeutas ocupacionais no território nacional,
o que também se apresenta quantificado nos dados da tabela abaixo, que
evidenciam essa condição e nos alertam para o fato de o Brasil seguir
a margem do que a Organização Mundial da Saúde recomenda, e da
realidade assistencial dos países mais desenvolvidos.
Ainda assim, por mais que se pese o fator econômico, ou por
qualquer outro parâmetro que se queira referenciar, a condição não
deixa de ser grave, onde a população figura como grande prejudicada.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 37

Tabela 2. Disposição dos dados para análise de Cobertura (região x


população x número de profissionais).

Diante dessa realidade, incentivamos os Terapeutas Ocupacionais a


ocuparem espaços ainda não explorados, haja vista que nesta situação,
como ocorre com outras categorias profissionais, a valorização financeira
e empregabilidade são condição sine qua non.
Em consonância a esta análise, urge a necessidade do poder público
(Saúde, Educação e Assistência Social) fomentarem políticas públicas
e estratégias para aumento do número de terapeutas ocupacionais na
assistência à população, inclusive com apoio às Instituições de Ensino
Superior para mais cursos e vagas; dos Conselhos regionais e Conselho
Federal para o reconhecimento das especialidades, o fortalecimento
e validação das ações do Terapeuta Ocupacional, bem como a
normatização, criação e divulgação dos procedimentos operacionais
padrão dentro das especialidades que assim permitem; e da população
em buscar seu direito a uma atenção integral, onde a presença do
terapeuta ocupacional é imprescindível; e finalmente, sustentarmos a
nossa profissão e a embasarmos com evidencias científicas é talvez o
maior desafio dos próximos anos. Para tanto, é importante que nossas
associações de categoria sejam protagonistas nesse papel.
38 Terapia Ocupacional • Volume 3

6 - Considerações Finais.

Contextualizar a Terapia Ocupacional no cenário nacional, assim
como contextualizar a própria prática da Terapia Ocupacional, envolve a
compreensão acerca da identidade profissional e de fato o entendimento
de até que ponto conseguimos sensibilizar profissionais e população
acerca da complexidade de nossa atuação. Falar de uma forma clara
para as pessoas sobre quem somos, como atuamos, e conceituar de
uma forma simples e didática o instrumento da Terapia Ocupacional
– a análise da atividade humana, para que uma pessoa possa associar
uma questão de sua rotina ou cotidiano, à intervenção do terapeuta
ocupacional, pode ser um caminho.
No imaginário popular, por exemplo, uma dieta pode remeter
a pessoa ao nutricionista, assim como uma entorse pode remeter
ao fisioterapeuta. E assim poderíamos citar outras profissões que já
possuem a identidade forte quanto ao fazer que lhes caracterizem.
Na Terapia Ocupacional, consolidar a identidade ainda é uma busca.
Trabalhamos com os preceitos da ocupação humana, fazer humano,
rotina, cotidiano, dentre tantos outros conceitos que utilizamos para
explicar às pessoas o que fazemos e o que permeia nossa atuação.
Todavia, nós profissionais sabemos da complexidade da nossa prática, e
diante disso, desistimos de tentar explicar ou partimos para a evidência
clinica, expressa pela prática profissional.
Num contraponto a essa complexidade, o próprio nome da profissão
traz em si um estigma difícil de ser “desconstruído”... A idéia do ocupar
por ocupar, o que acaba sendo mais um problema.
Com a experiência e a formação continuada, passamos a
considerar mais claramente a ciência por traz dos fatos. Refletir
sobre a Ocupação Humana, e o quanto essa ciência influencia a
população em geral, bem como a nossa atuação enquanto terapeutas
ocupacionais, pode auxiliar nesse processo de sensibilização para a
identidade da Terapia Ocupacional.
Em nossa atuação profissional, somos constantemente observados
(pacientes, familiares, outros profissionais...), e considero esse um importante
momento de divulgação do nosso fazer. Como exemplo, compartilho um
atendimento especifico do Programa Melhor em Casa (do SUS), localizado na
Zona Norte da cidade de São Paulo. Esse programa se dá pela intervenção
domiciliar, onde acessamos uma diversidade enorme de contextos.
Na avaliação de um Senhor Idoso, 71 anos de idade, com
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 39

diagnóstico de Trauma Crânio Encefálico (por queda de própria altura


no banheiro de seu domicilio), constatei um quadro de dependência
moderada em suas Atividades Básicas da Vida Diária - ABVD, e déficit
funcional por diminuição do grau de forca muscular e de amplitude de
movimento dos membros superiores (alta da internação recente). No
momento da visita domiciliar, o paciente estava acompanhado de sua
esposa. A avaliação foi realizada, e como conduta, antecipei orientações
acerca de adaptação ambiental, maior participação nas ABVD,
importância de posicionamento adequado no leito e cadeira de rodas,
além de mudanças de decúbito (condutas para objetivos terapêuticos
ocupacionais). Durante todo o momento da avaliação, foi reforçado
que ali estava ocorrendo um atendimento de Terapia Ocupacional, que
era realizado por um terapeuta ocupacional, e quais eram os objetivos
terapêuticos ocupacionais ali propostos. O resultado foi excelente.
Ao final do atendimento, a esposa do paciente, ao ser questionada
pelo filho que ali chegara naquele instante, que Terapia Ocupacional era
a profissão que trabalhava com o Cotidiano!
Talvez esse seja realmente um caminho, mas certamente não deve
ser considerado o único.
Estendendo essa discussão, a descrição acima me remete a uma
recente supervisão prestada a uma profissional terapeuta ocupacional da
rede de Atenção à Saúde, de um Município do Estado de São Paulo.
Nessa supervisão, como em tantas outras, as questões colocadas foram:
- O que realmente faz o Terapeuta Ocupacional no programa “X”?
- Como posso organizar a minha prática no programa “X”?
- O que fazer para que a equipe entenda o meu trabalho e atribuições?
Esse entendimento depende das variáveis interferentes do processo
de trabalho como terapeuta ocupacional, bem como do perfil, propósito
ou características do meio de interação ou ambiente de relação. Essa
correlação é o norte que dirige a exposição de evidências e “boas
práticas” profissionais.
Nesse caminho, temos o conceito de trabalho em “rede”, como
por exemplo, a Rede de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, citada
anteriormente. O conceito de trabalho em rede nos remete diretamente
a outro conceito denominado “matriciamento”.
Como descrito no texto do “Portal Educação”:

“Entende-se por matriciamento, o suporte realizado por
profissionais e diversas áreas especializadas, dado a uma equipe
40 Terapia Ocupacional • Volume 3

interdisciplinar com o intuito de ampliar o campo de atuação e


qualificar suas ações.
Ou seja, matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de
produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção
compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-
terapêutica. E essa relação amplia a possibilidade de realizar a clínica
ampliada e a integração ou diálogo entre diferentes especialidades e
profissões, onde o conhecimento a cerca de cada profissão é essencial
para que essa rede realmente funcione nos parâmetros de eficiência e
efetividade desejados”. (Ministério da Saúde, 2011)

Em resumo, quanto maior o matriciamento entre os serviços,


inclusive considerando os diferentes níveis de atenção, mais fortalecida
a rede, e mais eficiente a estratégia ou a gestão; eficiência essa que
deve ser mensurada a partir das variáveis pautadas, com base nos
resultados alcançados. Basicamente, é uma questão de REFERÊNCIA
e CONTRA-REFERÊNCIA, como preconiza o SUS, e efetivá-la deve ser
responsabilidade de cada profissional inserido nesse processo.
Por outro lado, dada a complexidade das demandas de Educação,
Saúde e Assistência Social, e da própria complexidade do ser humano, a
falta de matriciamento e consequente fragmentação da rede, não só leva
a ineficiência dos serviços, como a desorganização e descaracterização
dos mesmos, além da frustração dos profissionais. O reflexo disso se dá na
falta de atenção às demandas e na formação de filas infindáveis.
Cabe ressaltar ainda, que segundo a Organização Mundial da Saúde -
OMS, o número correto de Terapeutas Ocupacionais é 1(um) profissional
para cada 1.000 (mil) habitantes, e como vimos anteriormente, o Brasil
está muito aquém dessa realidade.
O conceito de rede está intimamente ligado as prerrogativas dos
serviços, que por sua vez estão intimamente ligados às prerrogativas
profissionais. E assim, já temos parâmetros para responder as questões
inicialmente pautadas.
E finalmente, como parte de uma análise criteriosa para
o entendimento ou diagnóstico contextual, apresentamos o
Geoprocessamento, onde dados valiosos podem ser compilados e
disponibilizados para uma avaliação e reflexão do contexto atual
da profissão e de possíveis indicadores que justifiquem parte das
dificuldades de crescimento e consolidação da profissão no país.
Avaliar a distribuição populacional nos permite ter uma base para
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 41

planejamento da cobertura da atenção, quando correlacionado com a


distribuição dos programas e serviços.
Evidenciar a população que paga por saúde e educação, por
exemplo, permite que o gestor ou o profissional estabeleça prioridades
na atenção, quando correlacionado com as demandas igualmente
avaliadas por região.
Saber onde há a cobertura de saúde suplementar, auxilia no
direcionamento/investimento dos recursos públicos, assim como o
conhecimento da renda familiar por região, Estado ou Município.
E por fim, nessa breve tomada de dados geoprocessados, analisar
a distribuição dos profissionais numa correlação com todos os cenários
acima descritos, dá um indicador quanti-qualitativo de INTEGRALIDADE
na atenção, evidenciando inclusive a necessidade de inserção de maior
número de profissionais no cenário como um todo, o que certamente
envolve o número e a distribuição das instituições de ensino superior.


Referência Bibliográfica (sugerida para consulta).

1- BIANCHI, P.C.; MALFITANO, A.P.S. Formação graduada em Terapia


Ocupacional. Rev. Ter Ocup Univ São Paulo. 2017 maio/ago. 28(2): 135-
46. Disponível em:
HTTPS://www.revistas.usp.br/rto/article/viewFile/120273/134856
(acesso em 28/03/2018)

2- O que é Atenção Básica? Disponível em:


http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_o_que_e.php
(acesso em 28/03/2018)

3- Governo do Brasil. Disponível em:


http://brasil.gov.br/barra#acesso-informacao
(acesso em 28/03/2018)

4- FONSECA, J. M.G. Compreendendo o que é matriciamento. Disponível


em:
www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/
compreendendo-o-que-e-matriciamento/49963
(acesso em 28/03/2018)
III - AQUECIMENTO
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA OCUPACIONAL.
Otavio Augusto de Araujo Costa Folha

1. Considerações Iniciais.

Este capítulo pretende apresentar, de forma introdutória, a Ciência
Ocupacional e suas potenciais contribuições para a Terapia Ocupacional
no contexto brasileiro. No entanto, faz-se necessário elucidar primeiro
a minha aproximação com esta disciplina acadêmica. Talvez, por meio
deste relato, outras pessoas, como alunos de graduação e terapeutas
ocupacionais, encontrem ressonâncias em suas dúvidas e inquietações
individuais acerca dos fundamentos teóricos da nossa profissão.
Ainda enquanto aluno de graduação em terapia ocupacional
na Universidade do Estado do Pará, o meu interesse pelas teorias de
base da profissão foi despertado. A diversidade de possibilidades de
áreas de atuação com variados públicos e em diferentes condições,
o leque de procedimentos e recursos, de objetivos de intervenção e
do suporte teórico utilizado para fundamentar as boas práticas, foi a
força motriz que impulsionou o meu interesse acerca das teorias de
base que sustentam singular diversidade. Quais conceitos e teorias são
desenvolvidos e utilizados pela profissão, que possibilitam tamanha
variedade na prática profissional? Essa passou a ser uma questão central
em minha formação.
Ao buscar respostas para esta questão, o lugar comum que encontrei,
entre as várias produções existentes, foi a compreensão da intricada
relação entre o ser humano e suas ações na vida cotidiana. A partir
de então, pareceu central que, enquanto terapeuta ocupacional, era
essencial aprofundar os meus conhecimentos sobre o ser humano, seus
fazeres diários e sua relação com outros elementos que constituem a
vida humana, como o ambiente, as condições sociais e de saúde e as
diferentes formas de existir na sociedade.
Nesse período, em conversas e debates com outros alunos,
professores e profissionais que atuavam na assistência, percebi que
42
III - AQUECIMENTO 43

algumas dúvidas e inquietações não eram só minhas. Elas também


germinavam em outros colegas da área. Juntos então passamos a
estudar e pesquisar sobre as produções que abordavam esta temática.
Focamos inicialmente em estudos e autores nacionais.
De imediato, identificamos que eram raras as pessoas que se
dedicavam e se atreviam a produzir conhecimentos sobre o ser humano
e suas ações na vida cotidiana no cenário nacional. Era mais frequente
a utilização de conceitos e teorias desenvolvidas em outros países ou,
quando produzidos no cenário brasileiro, estes conceitos e teorias eram
baseados em conhecimentos de outros campos do saber, tais como,
psicologia, sociologia, educação, saúde coletiva, etc.
Por entendermos, ainda, que a produção nacional não tinha como
foco central o que estávamos buscando, lançamo-nos na aventura de
conhecer o que a literatura internacional da profissão abordava sobre
o assunto. Identificamos assim, que muitos terapeutas ocupacionais
em outros países produziram e responderam questões semelhantes às
nossas. Percebemos que, embora semelhantes e passíveis de diálogo,
estas questões não eram suficientes para dar conta de nossas demandas
vivenciadas na prática profissional. Elas eram, na maioria das vezes,
materializadas em modelos teóricos adequados a outras realidades de
prática profissional vivenciadas em outros contextos e condições. No
entanto, nesse momento, tomamos conhecimento da existência de
uma disciplina acadêmica, germinada próxima aos princípios e valores
de base da terapia ocupacional, que estava sendo desenvolvida por
terapeutas ocupacionais de vários países, inclusive na América Latina,
a chamada Ciência Ocupacional.
Entendendo que esta disciplina poderia ser um campo fértil de
produção de conhecimento acerca do ser humano, suas ocupações e
sua relação com a vida cotidiana, possibilitando o desenvolvimento e
aprimoramento de teorias e práticas germinadas e adequadas às nossas
realidades de prática.
Assim, realizamos, em 2009, um curso de formação em Ciência
Ocupacional na Universidade do Chile, evento este identificado por
Wicks (2012) como o primeiro evento do tipo na América do Sul. Desde
então, temos buscado desenvolver e estabelecer diálogos entre a
disciplina, os saberes teóricos brasileiros e nossas realidades de prática.
Como fruto desse processo, desenvolvemos o Laboratório de Estudos
em Ciência da Ocupação (2), grupo de estudo que mais tarde foi
institucionalizado como Grupo de Pesquisa em Ciência da Ocupação no
44 Terapia Ocupacional • Volume 3

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Atualmente, este grupo é vinculado ao Curso de Graduação em
Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Pará (3). Decorreu
também deste período inicial o desenvolvimento de uma pesquisa
acerca do modo como terapeutas ocupacionais da região compreendiam
conceitos centrais da profissão, como o de ocupação, e como os
relacionavam à sua prática profissional (4). Desde então, temos tentado
articular e produzir conhecimento na interface entre os saberes
desenvolvidos na ciência ocupacional e as demandas relacionadas à
terapia ocupacional em nossos contextos teóricos e práticos.
A seguir, apresento uma breve compreensão histórica do
desenvolvimento desta disciplina acadêmica. Inicialmente, esboço
alguns conceitos e estratégias de produção de conhecimento
desenvolvidos no âmbito da ciência ocupacional. Por fim, apresento,
sem buscar um esgotamento, algumas possíveis contribuições dessa
ciência como mais uma alternativa para a fundamentação teórica e
metodológica na profissão no cenário brasileiro.

2. Contexto Histórico e Desenvolvimento da Ciência


Ocupacional.

No âmbito internacional, mais particularmente no contexto norte-
americano, sabe-se que inicialmente a prática de terapia ocupacional
era sustentada em crenças e hipóteses sobre os benefícios do fazer algo,
do ocupar-se para a “saúde e equilíbrio” das pessoas e da sociedade
(5). Estas crenças e hipóteses eram derivadas de movimentos sociais
e filosóficos precursores e eram colocadas em prática por pessoas de
diferentes ramos do conhecimento (5; 6).
Às primeiras gerações de terapeutas ocupacionais foi colocado
o desafio de demonstrar a efetividade das ações profissionais da nova
categoria, oriundo principalmente dos contextos históricos, econômicos
e sociais da primeira metade do século XX e dos modelos médicos,
psicológicos e científicos vigentes. A necessidade de desenvolvimento
dos alicerces teóricos e metodológicos passou a ser uma questão de
sobrevivência da profissão.
Como resposta imediata, a produção de conhecimento na profissão
se deu da prática à teoria. As primeiras gerações de terapeutas
ocupacionais buscaram estruturar suas ações em conhecimentos oriundos
de outros campos do saber (5). O desenvolvimento dos primeiros
III - AQUECIMENTO 45

modelos teóricos da profissão foi fruto desse período inicial de produção


de conhecimento teórico e prático, estruturado, principalmente, por
conceitos advindos dos conhecimentos predominantes na medicina e
psicologia, entre outras áreas do saber (7).
No entanto, ao mesmo tempo em que produziu ancoragens
teóricas e práticas que permitiram a aproximação com outros campos
e a “validação” de suas ações, o conhecimento produzido pelos
terapeutas ocupacionais distanciou-se das crenças e hipóteses iniciais
da profissão sobre os benefícios do ocupar-se, do fazer algo, para a
saúde humana (7). Este “fazer algo”, foi decomposto em componentes
motores, sensoriais, psicológicos e sociais. Dessa forma, as ações
profissionais, materializadas pelos instrumentos de avaliação, técnicas e
procedimentos, e objetivos de intervenção, passaram a ser direcionadas
cada vez mais para este enfoque, dificultando uma compreensão do foco
central da profissão (8).
Como consequência dessa produção de conhecimento e suas implicações
para a constituição e consolidação da profissão, vários terapeutas
ocupacionais nas décadas de 60 e 70, debateram e refletiram sobre a
necessidade de retomar os valores iniciais da profissão, de sua visão
holística e integrada do ser humano e dos benefícios do ocupar-se para
a vida humana (5; 9). No entanto, agora era necessário desenvolver
fundamentos próprios da área, fruto de pesquisas, práticas e teorias
germinadas no próprio campo (8), bem como era primordial o
desenvolvimento de uma terapia ocupacional autêntica (9).
Foi a partir dessa época, no final de década de 70 e início dos
anos 80, que surgiram os primeiros conceitos e teorias para auxiliar
na sustentação da prática profissional, desenvolvidas por terapeutas
ocupacionais e alicerçadas no próprio campo (10). Estes profissionais
lançaram-se individualmente e/ou em pequenos grupos de trabalho
no desenvolvimento dos primeiros modelos teóricos focados sobre
as ocupações humanas (11). Também é consequência desse período
o desenvolvimento de uma disciplina acadêmica com potencial para
dar suporte à prática profissional da terapia ocupacional, a já citada
“ciência ocupacional” ou “ciência da ocupação”.
Dessa forma, como afirmam Molineux e Witheford (2012), acredita-
se que o desenvolvimento da ciência ocupacional não está relacionado a
um aspecto repentino da história da terapia ocupacional, mas sim a um
processo de amadurecimento de reflexões acerca da necessidade de uma
disciplina específica da profissão. Segundo estes autores, um fato que
46 Terapia Ocupacional • Volume 3

contribuiu para esta perspectiva é que desde o seu surgimento formal


enquanto profissão, por meio da sociedade para a promoção da terapia
ocupacional em 1917, e mais tarde transformada na Associação Americana
de Terapia Ocupacional, foi o estudo do conhecimento científico sobre a
ocupação esteve entre os seus objetivos principais (8; 12).
Atribui-se o surgimento formal da disciplina “ciência ocupacional” ao
início do programa de doutorado do Departamento de Terapia Ocupacional
da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, em 1989
(13) e à primeira publicação que apresentou a nova disciplina (14).
Segundo Pierce (2012), as idéias sobre uma ciência da ocupação foram
nutridas na teoria do comportamento ocupacional desenvolvida por Mary
Reilly na década de 1960. Enquanto coordenadora do Departamento de
Terapia Ocupacional dessa universidade, a professora Reilly influenciou na
trajetória de pesquisa e prática de muitos alunos que mais tarde fizeram
contribuições importantes para compreensão da ocupação para a terapia
ocupacional. Este departamento tinha como forte característica o uso da
ocupação na prática (15).
Ainda segundo Pierce (2012; 2014) em 1976, a professora Elizabeth
Yerxa assumiu a coordenação deste departamento, tendo como um
de seus objetivos o desenvolvimento de uma contribuição singular
da terapia ocupacional. Durante esta década, os docentes desse
departamento submeteram uma proposta de doutorado em terapia
ocupacional que foi recusada pela universidade. Para obter aprovação
de um novo programa, era necessário ter um departamento altamente
produtivo e focado na criação de uma nova disciplina.
Assim, na década de 80, Yerxa e os professores do departamento
realizaram consultorias e formações com acadêmicos e pesquisadores
“de ponta” em várias áreas do conhecimento acerca de temas, métodos
de pesquisa, estratégias de financiamento, publicação e colaboração
científica no intuito de delinear um projeto de nova disciplina científica.
No final dessa década, o projeto de um novo programa foi
delineado e o objetivo de aprovação de um doutorado autêntico e
focado na ocupação foi alcançado, tendo o departamento obtido
financiamento para o seu desenvolvimento. Nesse processo, a professora
Yerxa se aposentou e a terapeuta ocupacional Florence Clark assumiu
a tarefa de coordenar o início desta nova disciplina em 1989 (16; 15).
Assim, a então professora Yerxa coordenou a primeira publicação
sobre a “ciência ocupacional”, em uma edição especial do periódico
Occupational Therapy in Health Care, em 1989 (14).
III - AQUECIMENTO 47

Em 1991, Clark e colaboradores publicou no periódico American


Journal of Occupational Therapy o primeiro artigo que apresentou o
potencial de uma ciência básica para a prática da terapia ocupacional
(17). Ainda nesses anos, tiveram início os primeiros eventos de ciência
ocupacional, inclusive com o apoio de renomados cientistas de várias
áreas do saber para auxiliar no desenvolvimento da nova disciplina (16).
É importante destacar que, durante este período, a ciência
ocupacional também se desenvolveu em outros países, como por
exemplo, na Austrália sob a liderança da terapeuta ocupacional Ann
Wilcock. Nesse caso, em especial, o surgimento da disciplina não esteve
diretamente ligado aos estudos sobre a prática da terapia ocupacional,
e sim, foram estruturados no contexto da saúde comunitária visando
apresentar perspectivas populacionais capazes de auxiliar no sistema de
saúde do país (16; 15). Em 1993, sob a liderança de Wilcock, foi lançado
o primeiro periódico especializado da disciplina, que foi intitulado de
Journal of Occupational Science: Australia, que nos dias atuais chama-se
Journal of Occupational Science, o qual possui o foco sobre a divulgação
de pesquisas interdisciplinares sobre as ocupações (16).
Atualmente, observa-se o desenvolvimento da ciência ocupacional
em vários países na América do Norte, Europa, Oceania, Ásia e também na
América do Sul, principalmente no Chile, e mais recentemente no Brasil (1).
Em alguns países, essa disciplina tem sido bastante difundida, em outros,
seu valor tem sido relativizado, pouco compreendido e tensionado (18).
No que diz respeito à relação com a terapia ocupacional, é
importante destacar que o desenvolvimento da ciência ocupacional
associado à profissão nunca foi unanimidade entre os pesquisadores no
cenário internacional (13).
Inúmeros debates acerca das implicações positivas e negativas da
disciplina para a profissão ocorreram desde o seu surgimento (19; 20). No
entanto, embora nos dias atuais coexistam diferentes perspectivas acerca
disciplina (21), o seu desenvolvimento ainda é fortemente relacionado e
produzido por pesquisadores no âmbito da terapia ocupacional, conforme
evidenciado por revisões de literatura no campo (22; 23; 24).

3. Crescimento e Desenvolvimento da Ciência


Ocupacional.
A ciência ocupacional surgiu como uma disciplina emergente e
focada no estudo do ser humano enquanto “um ser ocupacional” (14), e
48 Terapia Ocupacional • Volume 3

sua relação com a fundamentação teórica da terapia ocupacional foi um


importante marcador inicial (17; 15).
A ocupação é o constructo central da disciplina (17) e suas relações
com a saúde, inclusão e participação das pessoas são elementos
fundamentais (10; 25). Acredita-se que atualmente a disciplina está em
pleno processo de amadurecimento e consolidação (26; 15). E um dos
modos de averiguar o desenvolvimento do campo, é com base na análise
da formação de pessoas e organizações para atuar no mesmo.
Pierce (2012) informa que o desenvolvimento da disciplina tem ocorrido
dentro da academia. Assim, a primeira turma do programa de doutorado
em ciência ocupacional Universidade do Sul da Califórnia foi composta
por 7 pessoas (15).
Atualmente, existem diversos programas de graduação e pós-
graduação em ciência ocupacional em vários países (16; 1). Inúmeros
departamentos de terapia ocupacional nas universidades passaram
a incluir o nome “ciência ocupacional” em suas denominações (16).
Aldrich, Gupta e Rudman (2017) identificaram que mais de 100 pessoas
que se graduaram em ciência ocupacional a partir de instituições
acadêmicas nos Estados Unidos e Canadá.
No que diz respeito às instituições e organizações, existem no mundo
várias associações e sociedades científicas voltadas para a promoção
da ciência ocupacional (16; 1). Entre elas, destaca-se a Sociedade
Internacional para a Ciência Ocupacional (International Society for
Occupational Science, ISOS), que é uma sociedade que advoga por um
mundo “ocupacionalmente justo”, um mundo no qual “as pessoas têm
oportunidades e escolhas para fazer as coisas que elas precisam e querem
fazer” (1). Como um de seus objetivos, esta sociedade visa congregar uma
rede mundial de indivíduos e instituições comprometidas com pesquisa e
educação sobre ocupação e sua relação com saúde e o desenvolvimento das
sociedades (1), bem como favorecer o desenvolvimento de pesquisa e da
formação em ciência ocupacional nas maiores universidades do mundo (27).
Hoje em dia, a ciência ocupacional tem sua relevância reconhecida
pela Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (28) e seus estudos
são utilizados como base no delineamento dos padrões internacionais de
formação em terapia ocupacional (12; 1).
Uma outra forma de se compreender o crescimento e a
consolidação da disciplina no contexto mundial é por meio da produção
de conhecimento que tem sido desenvolvida a partir dela. A evolução da
publicação de livros e artigos, por exemplo, é um meio efetivo para se
III - AQUECIMENTO 49

compreender este processo (15).


Em 1996, o primeiro livro sobre o assunto foi publicado,
Occupational Science: The evolving discipline (10). Em 1998, a partir de
seu doutorado no âmbito da saúde comunitária, Wilcock (1998) publicou o
segundo livro da área, intitulado An Occupational Perspective of Health.
Desde então, outros livros têm sido publicados no âmbito dessa
disciplina, alguns focados principalmente em teorias e pesquisa sobre a
relação entre o ser humano e suas ocupações, tais como: The meaning
of everyday life (29), Occupation by design: Building therapeutic
power (30), Introduction to Occupation: The Art and Science of Living
(31), Occupational Science in the service of Gaia (51), Life Balance:
Multidisciplinary and Research (32), Occupational Science: Society,
Inclusion, Participation (33), Transactional Perspectives on Occupation
(34). Já outros, têm focado a contribuição da ciência ocupacional para
a terapia ocupacional, como por exemplo, Occupation for Occupational
Therapists (35) e Occupational Science for Occupational Therapy (15).
O crescimento e o amadurecimento da ciência ocupacional
também podem ser visualizados pelo aumento do número de pesquisas
e trabalhos acadêmicos publicados em periódicos especializados e
apresentados em eventos acadêmicos. O Journal of Occupational
Science têm estado em atividade desde 1993 (12; 16). Este periódico
aumentou seu número de edições por ano em 2010, indicando
claramente o aumento da publicação na área (1).
É importante destacar também que outros periódicos no âmbito da
terapia ocupacional têm dedicado números especiais para divulgação da
ciência ocupacional, tais como, The American Journal of Occupational
Therapy, The Scandinavian Journal of Occupational Therapy e
Work (16). Na América Latina, algumas revistas científicas, como os
“Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional” e a “Revista Chilena de
Terapia Ocupacional”, trazem em seu escopo a publicação de assuntos
relacionados à disciplina.
Em relação ao conhecimento produzido no interior da ciência
ocupacional e divulgado por meio dos artigos publicados, alguns estudos
têm sido realizados. Como no caso de Molke, Rudman e Polatajko
(2004), que compararam dois períodos de produção de artigos, 1990
e 2000, no intuito de descrever e analisar criticamente o crescimento
e o desenvolvimento desse campo. Estes autores identificaram um
aumento no número de publicações, bem como uma maior variabilidade
de periódicos que publicaram trabalhos e pesquisas relacionados à
50 Terapia Ocupacional • Volume 3

disciplina, e da afiliação dos autores no que diz respeito ao país e o


campo profissional de origem.
Glover (2009) realizou uma análise quantitativa dos artigos
publicados, entre 1996 e 2006, sobre a ciência da ocupação, e também
identificou um aumento no número de artigos publicados, com
predomínio de difusão no periódico Journal of Occupational Science.
Este trabalho detalhou os principais tipos de estudo, as abordagens de
pesquisa predominantes, a orientação disciplinar dos autores, o público
estudado, entre outros aspectos (23).
Em outro estudo, Pierce et al (2010) analisou os trabalhos
apresentados durante um período de cinco anos nos encontros anuais da
Sociedade de Ciência da Ocupação nos Estados Unidos e caracterizaram os
trabalhos apresentados neste país quanto aos tipos de estudo, perspectiva
teórica e sua relação com a terapia ocupacional, público abordado e foco
de pesquisa em relação às ocupações. Mais recentemente, Aldrich, Gupta
e Rudman (2017) analisaram 101 trabalhos relacionados ao doutoramento
em programas de pós-graduação em ciência ocupacional nos Estados
Unidos e Canadá. Este estudo forneceu importantes reflexões sobre o
propósito na disciplina no que diz respeito à produção de conhecimento
sobre as ocupações e o ser humano como ser ocupacional.
Cabe ressaltar que todos os estudos e pesquisas acima apresentados
possibilitaram informações sobre os principais focos e estratégias de
pesquisa produzida ao longo do desenvolvimento da ciência ocupacional.

4. Focos e Estratégias de Pesquisa em Ciência


Ocupacional.
O desenvolvimento de conhecimentos sobre a ocupação e o
reconhecimento dos seres humanos como “seres ocupacionais”, têm
sido adotados como foco central da ciência ocupacional (21). Com base
nessa premissa e na produção do conhecimento desenvolvidos ao longo
do tempo, observa-se, assim como também detectado por Molineux
e Whiteford (2012), que caminhos diferentes têm sido preferidos por
alguns pesquisadores.
Inicialmente, as publicações em ciência ocupacional incluíam
predições e apresentações do que a disciplina deveria ser e como
deveria se desenvolver (16). Mais tarde, pesquisas focadas sobre a
análise da produção bibliográfica detectaram algumas características e
tendências (36; 22; 23; 24; 21).
III - AQUECIMENTO 51

Hocking (2000) apresentou uma estrutura conceitual inicial


para analisar o conhecimento gerado por esta ciência. Baseada na
compreensão do papel central da ocupação, essa autora vislumbrou
três grandes focos de pesquisa. O primeiro foco aborda os “elementos
essenciais da ocupação”, tendo por propósito investigar as
características e os “elementos constituintes da ocupação”. O segundo
envolve a compreensão sobre os “processos ocupacionais” no intuito
de desvelar como as ocupações acontecem e as experiências subjetivas
dos indivíduos no que concerne ao seu envolvimento ocupacional.
E um terceiro foco descrito pela autora, diz respeito à relação da
ocupação com outros fenômenos, como saúde, qualidade de vida,
identidade, desenvolvimento humano, políticas e estruturas sociais,
entre outros (36). Além das categorias descritas por Hocking (2000),
Pierce et al (2010) incluiu outra categoria possível de estudos em ciência
ocupacional, aqueles voltados para a descrição de experiências gerais
relacionadas à ocupação.
No que concerne aos objetivos da disciplina descritos nos trabalhos
publicados, Molke, Rudman e Polatajko (2004) identificaram alguns
principais eixos, como a ampliação do conhecimento sobre a ocupação
humana, o desenvolvimento de fundamentos teóricos para a terapia
ocupacional e a contribuição da ciência ocupacional para alcançar
justiça e transformação social.
No que diz respeito ao público-alvo, Glover (2009) identificou em seu
estudo um predomínio de pesquisas voltadas para pessoas sem algum tipo de
deficiência e na faixa etária de 18 a 64 anos. Pierce et al (2010), por outro
lado, identificou um predomínio de estudos desenvolvidos com mulheres,
sendo adultos e idosos a faixa de idade predominante. Ao contrário dos
dados de Glover (2009), Pierce et al (2010) encontrou o predomínio de
pesquisas voltadas para pessoas com algum tipo de deficiência.
Sobre estes aspectos, é elementar reconhecer que atualmente
existem diferentes perspectivas de estudo em ciência ocupacional. Pois não
há única visão de ocupação, uma teoria universal ou método de pesquisa
mais adequado. Alguns autores acreditam que essas diferenças sejam
decorrentes das diferentes origens da disciplina (12), do seu tipo de relação
com a Terapia Ocupacional (24; 16) e das histórias pessoais e acadêmicas
dos próprios pesquisadores do campo (21). Estas diferenças têm culminado
em importantes debates e reflexões sobre os rumos da disciplina e têm sido
consideradas como parte do seu processo de amadurecimento (1).
Molineux e Whiteford (2012), com base no entendimento da
52 Terapia Ocupacional • Volume 3

centralidade da ocupação na vida das pessoas e da sociedade, propõem


a possibilidade de estudos em ciência ocupacional em diferentes níveis,
que vão do micro até o macro nível. De modo geral, para estes autores,
é possível desenvolver pesquisas no âmbito dos indivíduos, das famílias,
das comunidades e da população. Dessa forma, tanto as pesquisas sobre
as experiências subjetivas das pessoas acerca do seu envolvimento
ocupacional quanto os estudos sobre as influências sociais, políticas,
econômicas e culturais acerca das ocupações de grupos e comunidades
são possíveis dentro da disciplina.
Esta diversidade de possibilidades se relaciona com o
desenvolvimento de diferentes métodos e estratégias de pesquisa.
No início, os principais focos de estudo da ciência ocupacional eram
sobre a forma, a função e os significados das ocupações (10). Para
tanto, os métodos de pesquisa mais frequentes eram oriundos,
principalmente, das ciências sociais e se caracterizaram por abordagens
predominantemente qualitativas e narrativas (37).
Com o desenvolvimento de diferentes focos de pesquisa e
aproximação com outras disciplinas, como é o caso de ciências biológicas,
epidemiologia e saúde pública, associados à necessidade de produzir
evidências para informar a prática da terapia ocupacional, ocorreu
também o crescimento de abordagens quantitativas de pesquisa (38).
De fato, desde o início considerou-se a necessidade de desenvolvimento
de métodos de pesquisa próprios na ciência ocupacional para se adequar
a natureza multifacetada das ocupações humanas (37).
Atualmente, se reconhece a necessidade de adoção de um
pluralismo metodológico com a utilização de abordagens quantitativas,
qualitativas e mistas (12), bem como a utilização de diferentes técnicas,
como entrevistas, métodos visuais e estudos do uso do tempo, entre
outros, para subsidiar as diferentes possibilidades de investigação.
Sobre este aspecto, Pierce (2012; 2014) apresentou uma proposta
de organização dos estudos da disciplina em quatro diferentes níveis
interdependentes de tipos de pesquisa, e que estão fortemente associados
aos diferentes focos de estudo. Em uma esfera mais básica, no primeiro
tipo, situam-se os estudos descritivos, aqueles voltados para descrever e
explorar os diferentes aspectos e contextos das ocupações e as experiências
e significados das pessoas derivadas do seu envolvimento nessas ações.
O segundo tipo envolve os estudos relacionais, nos quais se situam
pesquisas que relacionam o envolvimento das pessoas em ocupações com
conceitos e aspectos geralmente oriundos de outras disciplinas, como
III - AQUECIMENTO 53

deficiência, saúde, cultura, identidade, entre outros.


O terceiro tipo de pesquisa em ciência ocupacional, denominado
de pesquisa preditiva, amplia as descobertas da pesquisa descritiva
e relacional no intuito da identificação de padrões de ocupação nas
populações e as influências temporais, espaciais e sociais dos diferentes
contextos. Por fim, o quarto e último tipo de investigação envolvem os
estudos prescritivos, onde avaliam o impacto de práticas baseadas na
ocupação. Estes tipos de estudo têm sido principalmente desenvolvidos
no âmbito da terapia ocupacional (16).
É oportuno reconhecer que os diferentes focos e tipos de
pesquisa apresentam contribuições elementares para a ampliação do
conhecimento sobre o homem e suas ocupações na vida cotidiana. No
entanto, também apresentam contribuições e limitações importantes no
que diz respeito à adequação de seus achados aos diferentes cenários de
prática da terapia ocupacional.

5. Interfaces entre Ciência Ocupacional e Terapia


Ocupacional: Possibilidades de Contribuição aos
Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Profissão.
Recentes demandas para avaliar os impactos da pesquisa
desenvolvida na disciplina, tais como suas influências conceituais,
simbólicas e instrumentais, têm sido levantadas (39). De fato, desde
o seu surgimento, vários autores têm buscado elucidar os impactos da
ciência ocupacional tanto para a teoria, quanto para a prática da terapia
ocupacional, seja como campo de conhecimento básico ou no aplicado
(14; 17; 10).
Molineux e Whiteford (2012) descrevem algumas contribuições
encontradas na literatura, entre eles, fornecer suporte teórico para
a prática profissional dos terapeutas ocupacionais, melhorarem os
serviços ofertados e desenvolver novas possibilidades de prática, ampliar
o conhecimento acerca dos seres humanos como seres ocupacionais,
aprofundar os conhecimentos sobre a relação entre ocupação e saúde.
Alguns estudos desenvolvidos no âmbito da disciplina têm
auxiliado na ampliação de compressões acerca da ocupação, como
no desenvolvimento de diferentes significados (11), na influência de
aspectos hegemônicos de determinados grupos populacionais, culturas
e instituições sociais acerca dos modos de compreensão sobre este
constructo (40), de suas repercussões sobre a prática profissional (41) e na
54 Terapia Ocupacional • Volume 3

ruptura de visões predominantemente positivas do seu envolvimento (42).


Alguns autores têm buscado apresentar as contribuições da ciência
ocupacional para o desenvolvimento de uma perspectiva ocupacional
sobre o ser humano (43), para o raciocínio clínico (44) e para a prática
profissional dos terapeutas ocupacionais (2). Outros estudos têm
demonstrado a efetividade de conceitos e teorias desenvolvidas no
âmbito da disciplina na sustentação de práticas de terapia ocupacional
com diferentes públicos, entre eles, idosos (45), adultos com lesão na
medula espinhal (46) e diabéticos (47).
No cenário brasileiro, alguns trabalhos também têm sido
desenvolvidos no contexto da disciplina. Magalhães (2013) apresentou
importantes reflexões sobre as compreensões e os conceitos acerca
de ocupação e atividade na literatura internacional. Costa et al
(2017) detalham algumas possíveis compreensões de ocupação e suas
implicações para a terapia ocupacional. E de forma mais específica,
baseado na compreensão dos significados ocupacionais, Araújo, Oliveira
e Jaramillo (2014), apresentam uma valiosa relação entre ocupação e
espiritualidade e suas implicações para a prática profissional.
Ainda no contexto nacional, pesquisas, principalmente com
enfoques descritivos e relacionais (16) têm sido desenvolvidas no âmbito
da disciplina. Por exemplo, Monteiro et al (2014) buscaram identificar os
significados das ocupações de pessoas após acidentes por queimaduras.
Com este mesmo grupo de pessoas, Costa, Oliveira e Côrrea (2017),
descreveram as principais repercussões em sua forma ocupacional. Em
outro estudo, Castro et al (2017) visou compreender os significados das
atividades de grupo para usuários de Centro de Atenção Psicossocial.
Estes são apenas alguns exemplos de estudos desenvolvidos sob
perspectivas germinadas no campo da ciência ocupacional. Vários
conceitos e teorias têm sido desenvolvidos e aprofundados no interior
da disciplina, como os de forma, função e significado ocupacional,
ocupação compartilhada, justiça ocupacional, lacuna ocupacional,
possibilidades e necessidades ocupacionais, entre outros, mas sua
apresentação e detalhamento fogem ao escopo deste capítulo.
No entanto, diante das diferentes realidades existentes no Brasil
é possível levantar algumas possibilidades de contribuição de estudos
gerados sob preceitos da disciplina. Por exemplo, um dos principais
problemas de saúde da população brasileira atualmente está relacionado
ao aumento da incidência e da prevalência de doenças crônicas, como
hipertensão arterial, diabetes, entre outras.
III - AQUECIMENTO 55

Com base na estruturação apresentada por Molineux e Whiteford


(2012) e Pierce (2012; 2014), algumas questões podem ser levantadas,
tais como: no nível individual, quais as características das ocupações de
pessoas com hipertensão arterial? No nível familiar, como uma condição
crônica de saúde pode influenciar nas ocupações desempenhadas
pelos membros de uma família? No nível comunitário e populacional,
como contextos sociais, políticos, econômicos e culturais inibem ou
possibilitam o envolvimento das pessoas em suas ocupações? E de que
forma tal fato pode estar relacionado ao envolvimento em fatores de
risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, como sedentarismo,
a ausência de hábitos alimentares saudáveis, tabagismo, entre outros?
Por outro lado, de que maneira práticas baseadas nas ocupações destas
pessoas podem melhorar sua condição de saúde e participação na
sociedade, bem como contribuir para melhoria da qualidade do viver e
da participação da população em geral? Tais pesquisas podem auxiliar na
prática dos terapeutas ocupacionais junto a estes públicos.

6. Considerações Finais.

Este capítulo visou apresentar uma visão geral da constituição
e do desenvolvimento da ciência ocupacional, bem como dos seus
focos e estratégias de pesquisa. Além disso, objetivou apresentar
algumas potenciais contribuições para a prática da terapia ocupacional.
Em virtude seu caráter introdutório não objetivou aprofundar no
que se refere aos conceitos, teorias e debates desenvolvidos no
âmbito da disciplina. Contudo, é válido ressaltar o histórico do seu
desenvolvimento no Brasil.
Questionamentos sobre as ancoragens teóricas capazes de
sustentar a prática profissional também surgiram ao longo do
desenvolvimento e da consolidação da profissão no contexto nacional,
principalmente na década 80 e início dos anos 90. Todavia, as
motivações e as respostas geradas seguiram outras trajetórias.
Assim, a produção de conhecimento da terapia ocupacional
brasileira seguiu outros caminhos, uma vez que os conceitos e teorias
desenvolvidos em outros contextos, principalmente norte-americanos,
não se adequavam às demandas da realidade brasileira. Portanto,
restou necessário o desenvolvimento de caminhos próprios e genuínos
alicerçados em contextos de prática da realidade nacional.
Como estratégia, os terapeutas ocupacionais brasileiros também
56 Terapia Ocupacional • Volume 3

se lançaram na busca de conhecimentos oriundos de outras áreas do


saber, sobretudo no campo das ciências sociais, reconhecida área de
conhecimento em crescente expansão e consolidação no período.
Assim, ocorreu, desde então, um distanciamento entre a produção de
conhecimento no âmbito nacional e internacional.
No entanto, destaca-se que na última década, houve uma
maior aproximação entre o contexto nacional e o internacional,
principalmente em virtude de um maior intercâmbio entre profissionais
de diferentes países, do avanço na produção de conhecimento (48),
e nas possibilidades de acesso ao material produzido (49), bem como
do envolvimento dos profissionais em programas de pós-graduação,
que dentre outras demandas, incentivam o compartilhamento e a
interlocução com a produção internacional (50).
Neste cenário, reflexões sobre os saberes produzidos e reproduzidos
novamente ganharam força. Assim, novas possiblidades de interlocução
se fizeram necessárias. Neste processo, a produção do conhecimento
germinado e compartilhado no âmbito da ciência ocupacional, apresenta-
se como um possível e viável caminho para um novo dialogo vislumbrando
o aprofundamento sobre a teoria e a prática profissional.

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Ciência Ocupacional e Terapia Ocupacional: algumas reflexões. Revista
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CAPÍTULO 1
TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE DA PESSOA
IDOSA - ATUAÇÃO EM GERONTOLOGIA E CONTEXTOS
MULTIPROFISSIONAIS.
Maria Fernanda dos Santos
Daniela Nascimento
Leonardo Costa Lima
Adriano Conrado Rodrigues
Colaboração:
Alexandre Martinho

Sobre a Terceira Idade...


(texto livre, por Alexandre Martinho)

A vida possui as suas idades, ciclos em que vivenciamos todas as


alegrias, aprendizados e oportunidades. Quando olhamos para trás,
vemos pegadas no nosso caminho e observamos as conseqüências de
nossas escolhas. Esses são traços que sustentam nossa biografia.
Na primeira idade, nos deparamos com a infância, juventude e
começo da fase adulta. Nesse ciclo preparamos o solo com valores
familiares, conteúdo escolar, começo das responsabilidades e assim
plantamos as primeiras sementes e as regamos.
Após o plantio, inicia-se a segunda idade. Toda a energia esta
canalizada para a formação familiar, construção de carreira profissional
e formação de patrimônio nesse período. O trabalho na lavoura da vida
nos toma muito tempo, passamos grande parte da vida entre semear e
cuidar da lavoura.
Quando nos deparamos com a colheita? Na terceira Idade. Tempo
de observar o caminho percorrido e saborear cada fruto. Muitas vezes
a vida prepara alguns obstáculos e desafios, vivemos na expectativa
de uma colheita tranquila e repleta de fartura, mas nem sempre isso
ocorre. Passamos grande parte da vida nos preparando para a chegada
da “Melhor Idade” com viagens, qualidade de vida, sossego e paz.

64
CAPÍTULO 1 65

Porém a terceira idade é caracterizada por mudanças físicas em todo o


organismo, alterações nas funções e mudanças nos seus comportamentos,
percepções, sentimentos, pensamentos, ações e reações.
O termo “Terceira Idade” foi criado na década de 60 pelo
gerontologista francês Dr. Huet, que detalhou seu início cronológico
coincidente com a aposentadoria (entre 60 e 65 anos). O
envelhecimento ocorre em diferentes dimensões (biológica, social,
psicológica, econômica, jurídica, política) e depende de diversos fatores
ocorridos nas fases anteriores da vida, como as experiências vividas na
família, na escola ou em outras instituições.
Vira e mexe nos deparamos com o espelho da verdade e
refletimos sobre o quanto estamos envelhecendo. Na colheita da vida,
nem todos poderão usufruir, mas o desafio está posto: longevidade com
SAÚDE em todos os sentidos.
Tenha uma boa colheita!

1 - Introdução.
O envelhecimento humano pode ser definido como um conjunto
de alterações biopsicossociais que ocorrem progressivamente na vida
adulta das pessoas e que frequentemente reduzem a viabilidade do
indivíduo para enfrentar situações de sobrecarga física, sua capacidade
de adaptação às demandas do dia-a-dia e, na maioria das vezes, vem
acompanhado de um declínio funcional. (1)
Atualmente o envelhecimento populacional é um dos desafios
advindos do movimento de macrotransição contemporânea que se
iniciou no período pós industrial (2, 9).
No entanto, uma nova configuração do trabalho com idosos somente
foi possível a partir da década de 1980, quando novas perspectivas de
compreensão da cronificação gerada pelas instituições fechadas, tais como
os asilos para idosos, preconizadas principalmente pelos movimentos da
luta antimanicomial e o avanço de estudos multidisciplinares do processo
de envelhecimento produziram a necessidade de criação de novos
paradigmas de atenção às pessoas idosas voltados para a manutenção
da saúde da população que envelhecia cada vez mais rapidamente,
adequando-os à transição social e econômica do mundo pós moderno.
Em 2018 cerca de 12 % da população brasileira já tem 60 anos ou
mais, o equivalente a 24,9 milhões de pessoas idosas distribuídas pelos
66 Terapia Ocupacional • Volume 3

diferentes municípios brasileiros e as diferentes questões loco-regionais e


dos determinantes do processo de saúde-adoecimento são importantíssimas
para o planejamento e gestão dos cuidados para as pessoas idosas.
Para Merhy e Cecílio (2002):
O cuidado de forma idealizada, recebido/vivido pelo paciente, é
somatório de um grande número de pequenos cuidados par¬ciais que vão
se complementando, de maneira mais ou menos consciente e negociada,
entre os vários cuidadores que circu¬lam e produzem a vida do hospital.
Assim, uma complexa tra¬ma de atos, procedimentos, fluxos, rotinas e
saberes, num pro¬cesso dialético de complementação, mas também de
disputa, compõe o que entendemos como cuidado em saúde (3).
Estudos recentes sobre o envelhecimento e suas consequências
chamam atenção para o aumento crescente de pessoas idosas que
poderá atingir mais de 20% da população em 2030 (4).
De acordo com Ramos (2005), vivemos um novo paradigma no qual
a população de risco é cada vez mais idosa e longeva, as doenças são
crônicas e evolutivas, os métodos diagnósticos sofisticados e caros e
a longo prazo surgem as incapacidades, dependências na vida diária e
perda da autonomia (4).
Devido à prevalência aumentada das condições crônicas, os idosos
têm maior grau de dependência, usam mais os serviços de saúde na
promoção e cuidados de saúde, prevenção de agravos e reabilitação,
utilizam um número maior de consultas, internam-se mais, sua
permanência no leito é mais prolongada e demandam serviços sócio-
sanitários de cuidados de longa duração (5).
A partir dessas implicações, a atuação em equipe multiprofissional
torna-se referência para atender a população idosa e suas famílias/
cuidadores no envelhecimento ativo e saudável favorecendo a uma
melhor qualidade de vida e bem-estar (6) e suprindo suas necessidades
para manutenção da saúde, cidadania e participação social.
O modelo atual de atenção à saúde predominante na maioria dos
municípios do país está baseado no “modelo biomédico”, centrado
na atenção a doenças e tratamentos, com foco principal no processo
de cura e com ações fragmentadas. Traz como riscos associados a
polifarmácia e iatrogenia, além de não interferir na capacidade
funcional do idoso, ações propostas pelo novo paradigma da atenção à
saúde da população idosa, preconizado pela OMS e pela Política Nacional
de Saúde da Pessoa Idosa (7, 26).
O “modelo biomédico” é centrado na oferta de consultas
CAPÍTULO 1 67

médicas, com pouco envolvimento de outros profissionais, o que


limita o rol de estratégias terapêuticas e foca em medicalização e em
encaminhamentos não qualificados, na maioria das vezes. Face aos riscos
e limites do “modelo biomédico”, impõe-se a necessidade de evolução
para o “modelo funcional”, com atenção integral e regionalização de
ações, no qual, além da anamnese, realização de exames, diagnósticos
e tratamentos, é feita avaliação multidimensional de diferentes funções
(física, psíquica, mental, cognitiva e social) (4, 25).
O conceito de capacidade funcional, ou seja, a capacidade
de preservar as habilidades físicas, mentais e sociais necessárias
à manutenção de uma vida independente e autônoma, ainda que
vivida com limitações fisiológicas, e a “recuperação e/ou manutenção
da qualidade de vida são, cada vez mais, os objetivos centrais da
abordagem clínica de pacientes portadores de incapacidades” (8, 25).
Segundo Lima e Silveira (2016) no processo de ampliação social dos
conceitos de saúde e de doença, toma corpo e se avoluma a idéia de
“qualidade de vida”, tema que passa a interessar técnicos da área da
saúde, educadores, artistas, ecologistas, sociólogos, psicólogos, engenheiros
e, até, publicitários interessados na venda de bens de consumo (9).
De acordo com Simões (2001), na contemporaneidade, qualidade é
uma palavra ampla “a qual pode ser articulada com a ideia de condição,
de função, de atitude, de posição ou ter outro sentido em consequência
da abrangência que esse tema possui” (10).
O conceito de envelhecimento bem sucedido se caracteriza por baixa
suscetibilidade a doenças e elevada capacidade funcional (física, cognitiva e
social), além de manter uma postura ativa em relação à vida e sociedade (1).
Cabe ressaltar segundo que segundo Simões (2010):
Se partir do princípio de que a população, independentemente
de sua estrutura etária, deva usufruir os direitos de cidadania, é lícito
considerar que os sistemas públicos envolvidos com a seguridade e
a assistência sociais devam ser regidos por regras de contribuição,
critérios de benefícios e transferências de fundos públicos que possam
proteger e sustentar as condições materiais de vida desses contingentes
populacionais, sobretudo os componentes de famílias mais carentes
(...) para os idosos, a questão fundamental será garantir um sistema
previdenciário que permita uma qualidade de vida e sobrevivência digna,
num país, em que, ser idoso ainda é um risco, uma vez que a sociedade,
de um modo geral, ainda não está organizada, pelo fato de ainda não
ter tomado plena consciência do processo de mudança profunda que se
68 Terapia Ocupacional • Volume 3

vem processando no perfil demográfico brasileiro, em que a tendência


é de aumento contínuo da participação deste grupo etário específico na
estrutura populacional (...) Consequentemente, mudanças de cultura e
educação direcionadas à valorização dos idosos são fundamentais, sendo,
portanto, precondições para decisões em várias áreas importantes,
como a de saúde – ampliação e melhoria no atendimento, preparação de
quadros técnicos e profissionais especializados em geriatria, fisioterapia,
terapia ocupacional etc., e de infraestrutura urbana, adequando o espaço
urbano e moradias a esse grupo específico que, conforme observado,
vem tendo, cada vez mais, um peso crescente na estrutura populacional
brasileira, pressupondo, também, a necessidade de fortalecimento dos
programas previdenciários (...) Além disso, é fundamental destacar
que as medidas que podem permitir a muitos países conviver com o
envelhecimento populacional passam por mudanças culturais (8, 11).
O terapeuta ocupacional é um profissional que tem a Especialidade
em Gerontologia reconhecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (COFFITO), e que busca oferecer atenção às pessoas
idosas de forma integral e humanizada (12).
Segundo esta Portaria são quatro grandes campos de atuação do
terapeuta ocupacional com pessoas idosas e seus familiares e cuidadores:
• Saúde: Planejamento e execução da intervenção terapêutica
ocupacional, visando a proteção, a otimização das habilidades de
desempenho, a prevenção de agravos, realização de atividades físicas,
cognitivas, funcionais, expressivas, artísticas, de cunho cultural, lazer e
de informação junto a indivíduos e/ou grupos de idosos que vivenciam
processo de envelhecimento ativo ou patológico;
• Assistência Social: Acompanhamento de pessoas idosas, seus
familiares, cuidadores/acompanhantes, em situação de vulnerabilidade
e/ou risco social,
• Cultura e Lazer: Fomento, na organização e promoção da
participação em eventos socioculturais, artísticos e de lazer.
• Educação: Educação formal e não formal, capacitação e
desenvolvimento de profissionais, programas de educação permanente,
construção de espaços de criação e formação continuada.

2 - Procedimentos do Terapeuta Ocupacional na


Atenção a Pessoa Idosa.
Em sua prática profissional, cabe ao terapeuta ocupacional o
CAPÍTULO 1 69

desenvolvimento das seguintes ações voltadas para as pessoas idosas e


seus familiares/cuidadores:
• Consulta, avaliação, interconsulta, solicitação de exames
complementares e pareceres para definir o diagnóstico, a intervenção e
o prognóstico terapêutico ocupacional;
• Promoção, prevenção, manutenção e/ou reabilitação das
funções cognitivas;
• Aplicação e interpretação testes funcionais, uni,
multidimensionais e cognitivos;
• Utilização de protocolos de terapia ocupacional para Avaliação,
prescrição, confecção, adaptação e treinamento de métodos, técnicas
e recursos tecnológicos, assistivos, de realidade virtual e práticas
integrativas e complementares em saúde;
• Prescrever, confeccionar, treinar e gerenciar o uso de órteses e
próteses para otimização das atividades cotidianas;
• Orientar a melhoria e adequação do ambiente e acessibilidade
visando a participação e inclusão social;
• Avaliar e prescrever atividades voltadas para otimização do
desempenho nas Atividades de Vida Diária (básicas, instrumentais e avançadas);
• Orientar, treinar e realizar posicionamento no leito,
transferências, sedestação, ortostatismo e deambulação;
• Atuar na construção de redes de apoio, estabelecendo planos de
cuidados domiciliares e/ou institucionais em diversos contextos sociais.
• Participar e colaborar no desenvolvimento de planos
multiprofissionais de convívio e integração inter geracional;
• Planejar e coordenar grupos, oficinas terapêuticas e educativas
para as pessoas idosas e/ou seus familiares e cuidadores;
• Avaliar e atuar no processo de reabilitação psicossocial;
• Emissão de laudos, atestados, pareceres e relatórios
terapêuticos ocupacionais;
• Elaborar e executar plano de cuidados paliativos;
• Realizar consultoria e plano de gestão de serviços e cuidados;
• Produzir e divulgar conhecimento científico em Terapia
Ocupacional em Gerontologia;
• Atuar junto a idosos com deficiências e em processos de rupturas
de rede social.
70 Terapia Ocupacional • Volume 3

3 - Atribuições do Terapeuta Ocupacional na Atenção à


Pessoa Idosa.
Na atenção a pessoa idosa, o terapeuta ocupacional assume
os seguintes papéis ou atribuições: Atenção, assistência e mediação
terapêutica funcional; Coordenação, Supervisão e Responsabilidade
Técnica; Gestão e planejamento; Empreendedorismo; Gerenciamento;
Direção; Chefia; Consultoria; Assessoria; Auditoria; Perícia; Preceptoria,
Tutoria, Ensino e Pesquisa.

4 - Locais de Atuação do Terapeuta Ocupacional na


Atenção a Pessoa Idosa.
O terapeuta ocupacional pode desenvolver sua competência
e prerrogativas profissionais individualmente ou em contextos
multiprofissionais, como seguem:

- Hospitais
Serviços de saúde de nível terciário para pessoas idosas que
necessitam de cuidados de alta complexidade. Abrange internações em
clinicas e enfermarias/clinicas gerais e especializadas e atendimento
em diferentes serviços que ofereçam, além de leitos para cuidados
de curta e média duração, os leitos de retaguarda, leitos de
convalescença, leitos de média permanência com foco em reabilitação
e leitos de cuidados paliativos;

- Ambulatórios
O termo ambulatório se refere aos serviços que realizam
procedimentos de baixa e média complexidades, sem a necessidade de
internação do paciente. Realizam acompanhamento multiprofissional
de pessoas idosas em ações individuais e grupais, incluindo orientações
a cuidaores e visitas domiciliares. A grande maioria dos atendimentos,
dos diagnósticos como o estudo das imagens (radiografia, tomografia,
ultrassonografia e ressonância), os testes funcionais e as biopsias são
realizados no mesmo dia e após algumas horas o paciente é liberado.
Hoje em dia, após o procedimento de pequenas cirurgias, o paciente
fica em observação por um curto período de tempo até que o mesmo se
recupere da anestesia e é liberado no mesmo dia;
CAPÍTULO 1 71

- Unidades Básicas de Saúde


Serviços de promoção e proteção à saúde, prevenção de
agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e
manutenção da saúde que tem como objetivo desenvolver uma atenção
integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas
e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades.
As novas propostas contemplam ações gerontológicas com equipe
multiprofissional e avaliação e classificação multidimensional e da
capacidade funcional de pessoas idosas.

- Unidades de Referência à Saúde do Idoso em todos os níveis de


atenção à saúde
Unidades de atenção ambulatorial secundária e especializada
e saúde da pessoa idosa, que visa atender pessoas idosas frágeis e
dependentes e seus cuiadores e familiares, através de Equipe Gerontológica
Multiprofissional e trabalho Interprofissional, com agendamento realizado a
partir de Avaliação realizada na Unidade Básica de Saúde;

- Atenção domiciliar
A atenção domiciliar consiste numa modalidade de atenção à saúde
caracterizada por um conjunto de ações interprofissionais de promoção
à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas
em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às
redes de atenção à saúde para pessoas idosas em situação de fragilidade
clinica e vulnerabilidade social, que pode também disponibilizar a
prestação dos serviços de acompanhantes/cuidadores de idosos, para
apoio e suporte nas Atividades de Vida Diárias (AVD) e para suprir outras
necessidades de saúde e sociais. Inclui também os atendimentos para
pessoas idosas que necessitam de cuidados paliativos;

- Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI


Serviços de acolhimento para pessoas idosas, de ambos os sexos,
com diferentes necessidades e graus de dependência, que não dispõem
de condições para permanecer na família, ou para aqueles que se
encontram com vínculos familiares fragilizados ou rompidos, em
situações de negligência familiar ou institucional, sofrendo abusos, maus
tratos e outras formas de violência, ou com a perda da capacidade de
auto cuidado. Unidade inserida na comunidade, com características
residenciais e estrutura física adequada, visando o desenvolvimento de
72 Terapia Ocupacional • Volume 3

relações mais próximas do ambiente familiar e a interação social com


pessoas da comunidade.

- Centros e Núcleos de Convivência para Pessoas Idosas


Serviço de proteção social, convivência e fortalecimento
de vínculos à pessoas idosas independentes e em situação de
vulnerabilidade e risco pessoal e social. Oferece atividades
socioeducativas planejadas, baseadas nas necessidades, interesses e
motivações dos idosos, conduzindo na construção e reconstrução de suas
histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território.

- Centros-Dia para Idosos


O serviço é destinado à atenção diurna de pessoas idosas em
vulnerabilidade social e com grau de dependência que necessitam de
uma equipe multidisciplinar para prestar serviço de proteção social
especial e de cuidados pessoais, fortalecimento de vínculos, autonomia
e inclusão social, por meio de ações de acolhida, escuta, informação e
orientação. Caracteriza-se por ser um espaço híbrido ou sóco-sanitário
(Saúde e Sócioassistencial) voltado para o para atendimento de pessoas
idosas que possuem limitações para realização das atividades de vida
diária (AVD) que convivem com suas famílias porem não dispõem de
atendimento de tempo integral no domicílio;

- Centro de Acolhida Especial para Idosos (CAE)


Serviço de acolhimento provisório para pernoite em espaço com
estrutura para acolher com privacidade pessoas adultas em situação de
rua, sendo esta modalidade específica para idosos em situação de rua, a
partir dos 60 anos. O objetivo é acolher e garantir proteção integral às
pessoas em situação de rua, contribuindo para a reinserção social.

- Centro de Convivência Intergeracional


Espaço que oferta proteção social, prioritariamente a crianças,
adolescentes, jovens, adultos e idosos em situação de risco e
vulnerabilidade social, por meio do convívio entre diferentes gerações,
da troca de experiências, e do intercâmbio de vivências. Visa fortalecer
as relações entre os diversos ciclos de vida através do desenvolvimento
de atividades socioeducativas em regime intermitente ou contínuo,
a partir de interesses e potencialidades das diferentes faixas etárias,
priorizando-se os contextos de vulnerabilidades e favorecendo
CAPÍTULO 1 73

experiências para desenvolvimento de sociabilidades e fortalecimento


dos vínculos familiares e comunitários.

- Condomínios, Repúblicas e Vilas para Idosos


Projetos de moradia criados para atender idosos de baixa renda
com autonomia para viverem sozinhos ou com um cônjuge em regime de
convivência em espaço plurifamiliar, sendo que composta por unidades
individuais e espaços de uso coletivo. As repúblicas abrigam homens e
mulheres que vivem em situação de vulnerabilidade social em imóveis
alugados que foram modificados para se adequarem às necessidades de
acessibilidade de pessoas idosas;

- Academias, clubes e agremiações


As academias são espaços especialmente criados para realizar
diversos tipos de atividades físicas. A palavra academia é utilizada
também para clubes, agremiações ou centros esportivos onde são
realizadas atividades de sociabilidade, de exercícios e práticas corporais,
incluindo as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).

- Hospitais de cuidados transicionais/hospices


Tipo de cuidado oferecido por centro especializado e com filosofia
de cuidados que se concentra no tratamento paliativo de sintomas
de um paciente em estado terminal. Estes sintomas podem ser física,
emocional, espiritual ou social. O objetivo é ajudar os pacientes a viver
a última etapa de suas vidas com dignidade;

- Previdência social
Serviço de seguro público que tem como função garantir que as
fontes de renda do trabalhador e de sua família sejam mantidas quando
ele perde a capacidade de trabalhar por algum tempo (doença, acidente,
maternidade) ou permanentemente (morte, invalidez e velhice).

- Centro de Atenção Psicossocial – CAPS


Serviço de saúde aberto e comunitário de referência e tratamento
para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses
graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem
sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário,
personalizado e promotor de vida. É um serviço de atendimento de saúde
mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos;
74 Terapia Ocupacional • Volume 3

- Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)


De acordo com a Portaria GM Nº 106/2000, “entende-se como
Serviços Residenciais Terapêuticos, moradias ou casas inseridas,
preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores
de transtornos mentais, egressas de internações psiquiátricas de longa
permanência, que não possuam suporte social e laços familiares e que
viabilizem sua inserção social”. Constituem uma modalidade assistencial
substitutiva da internação psiquiátrica prolongada, de maneira que, a cada
transferência de paciente do Hospital Especializado para o SRT, deve-se
reduzir ou descredenciar do SUS, igual número de leitos naquele hospital,
realocando o recurso da Autorização de Internação Hospitalar (AIH)
correspondente para os tetos orçamentários do estado ou município que
se responsabilizará pela assistência ao paciente e pela rede substitutiva de
cuidado em saúde mental. Nos SRT o cuidado deve estar organizado em um
Projeto Terapêutico que, segundo as diretrizes dessa Portaria, deve conter
ações que favoreçam o desenvolvimento da autonomia dos moradores, em
direção a recuperação e implemento de atividades da vida cotidiana e de
criar novas bases sociais, políticas e comunitárias (13).

- Universidades abertas a 3ª idade


Programa de educação para pessoas idosas que visa possibilitar o
aprofundamento de conhecimentos em áreas de seu interesse e trocar
experiências com outras pessoas idosas ou jovens através de oficinas,
palestras e cursos. Trata-se de importante espaço de participação social
e de recuperação da autoestima, desenvolvimento de potencialidades e
melhora da imagem social da velhice.

5 - Avaliação Funcional do Idoso.


No individuo idoso a avaliação da funcionalidade é de extrema
importância, oferecendo dados importantes para o diagnóstico
gerontológico e geriátrico da pessoa idosa, sendo fundamental para
a elaboração de um Projeto Terapêutico Singular – PTS e de Plano de
Cuidados específico visando melhorar e manter a melhor capacidade
funcional possível e promover o envelhecimento ativo.
A avaliação da funcionalidade em Gerontologia recebe a
denominação de “Avaliação Multidimensional” e abrange uma série
de dimensões da vida da pessoa idosa e que estão intrinsecamente
relacionadas com a possibilidade realização de atividades cotidianas
CAPÍTULO 1 75

e inclusão social no território.


Embora uma equipe multiprofissional devidamente capacitada
esteja apta para realizar a avaliação multidimensional e
consequentemente determinar e estratificar os níveis de fragilidade
e dependência funcional das pessoas idosas, devemos considerar que
estas questões estão diretamente ligadas, entre outras, à avaliação
da independência para realização das Atividades Básicas de Vida
Diária (ABVD) e Instrumentais de Vida Diária (AIVD), procedimento
que o terapeuta ocupacional tem como uma das suas competências
profissionais (14). Considerando essa especificidade o terapeuta
ocupacional tem uma grande contribuição para que a avaliação funcional
da pessoa idosa seja realizada de forma abrangente.
Cabe destacar que, ao discorrerem sobre a qualidade de vida
no envelhecimento, Lima e Silveira (2016) se reportam a Paschoal
(1999) que refere que a manutenção da qualidade excelente de vida
no envelhecimento pode ser avaliada pela manutenção das Atividades
Avançadas da Vida Diária (AAVDs) (9; 15). São exemplos dessas
atividades: o lazer, a prática de esportes, pintar, cantar, dançar, tocar
um instrumento, viajar, realizar serviços voluntários diversificados, assim
como participar de cursos ou outros espaços de aprendizagem, de clubes
ou de atividade política.
Ainda segundo estes autores, Dias (2011) complementa as reflexões
realizadas no âmbito do conceito ampliado de saúde, ao considerar que
as AAVDs são estratégias importantes para estímulo e preservação de
múltiplas habilidades intelectuais, físicas e psicossociais, por favorecerem
a “manutenção e fortalecimento da rede de apoio, participação social,
autopercepção positiva, saúde e qualidade de vida” (16).
As escalas para avaliação das atividades de vida diária (AVD) mais
utilizadas são Escala de Barthel (17), Índice de Katz (ABVD) (18), Medida
de Independência Funcional (MIF) (19) e Escala de Lawton (20) e o
Questionário de Atividades Funcionais de Pfeffer (AIVD) (21).

6 - Avaliação Cognitiva do Idoso.


Assim como a avaliação da independência nas Atividades da Vida
Diária, a avaliação cognitiva, integrante da Avaliação multidimensional da
Pessoa Idosa, colabora de forma significativa com a detecção precoce de
algumas doenças, como as demências e, com isso uma maior eficácia no
tratamento, favorecendo a qualidade de vida dos idosos e seus familiares.
76 Terapia Ocupacional • Volume 3

Para rastreio cognitivo são utilizados com frequência os


seguintes testes:
• Mini-Exame do Estado Mental (22);
• Teste do Relógio (23);
• Teste de Fluência Verbal (24).

6.1 - Avaliação Cognitiva Dinâmica de Terapia Ocupacional


Loewenstein para Idosos (LOTCA-G).
“O LOTCA foi desenvolvido em Israel com o objetivo de medir as
funções cognitivas em pacientes de 20 a 70 anos de idade que sofreram
traumatismo craniano” (3).
Considerando que o LOTCA passou pelo processo de adaptação
transcultural e foi validado no Brasil, tornou-se um importante
instrumento de avaliação pelos terapeutas ocupacionais das capacidades
cognitivas e habilidades perceptivas nos idosos com alguma lesão e/ou
comprometimento cognitivo.

7 - Considerações Finais.
O processo de envelhecimento exige cuidados intersetoriais,
ligados a Saúde, Assistência Social, Educação e Cultura, que em acordo
com a complexidade e a dimensão, deve ser criteriosamente avaliado
e analisado para que detectemos, como terapeutas ocupacionais, as
variáveis determinantes do bem estar, da manutenção dos interesses e
valores, dos papéis ocupacionais, da autonomia e da participação social
da pessoa idosa e exige um olhar integral por parte dos profissionais e
gestores como um todo, que devem encontrar nas políticas públicas,
continência e fortalecimento.
Abordar qualidade de vida frente à longevidade da população brasileira
é um desafio que exige do terapeuta ocupacional a capacidade de transpassar
barreiras político-sociais e modelos de atenção de caráter biomédico.
O Estatuto do Idoso assegura a atenção integral à saúde do idoso,
por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o
acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação
da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos, ações essas a serem efetivadas por meio
do cadastramento da população idosa em base territorial; atendimento
geriátrico e gerontológico em ambulatórios; unidades geriátricas
CAPÍTULO 1 77

de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e


gerontologia, incluindo o terapeuta ocupacional.
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa estabelece a mudança de
paradigma priorizando a avaliação da Capacidade Funcional como estratégia
para promoção à saúde da pessoa idosa e prevenção de agravos (7).
O trabalho em equipe interprofissional é de extrema importância
neste processo e pode significar o sucesso na efetivação dos objetivos
propostos, independente do contexto de atendimento que o paciente
esteja inserido.
Aqui, vale ressaltar o impacto da saúde emocional e cognitiva no
processo de envelhecimento do ser humano, e o quanto isso, por si só,
pode ser um facilitador dos processos de saúde, ou ao contrário, campo
fértil para o desenvolvimento de doenças. A depressão e as demências
são excelentes exemplos de doenças que devem ser diagnosticadas
e abordadas o mais precocemente possível, e acompanhadas e
monitoradas por toda a equipe de atenção.
E por final, há que se refletir sobre a relação entre aposentadoria
e saúde ocupacional. Cada vez mais, o brasileiro se mantém ativo
no mercado de trabalho, quer seja por uma questão pessoal de
planejamento de vida ou dificuldade no “manejo” e gerenciamento
cotidiano, quer seja pela legislação trabalhista / motivação econômica.
Estes fatores podem contribuir para o aumento da vulnerabilidade social
dessa grande parcela da população, e faz da Terapia Ocupacional uma
categoria imprescindível nos programas e serviços de atenção a pessoa
idosa no campo da Seguridade Social.

Referências Bibliográficas.

1 - NETO, N.C. Envelhecimento bem-sucedido e envelhecimento


com fragilidade. In: RAMOS, L. R.;TONIOLO, Neto J. Guia de Medicina
Ambulatorial e Hospitalar. UNIFESP - Escola Paulista de Medicina -
geriatria e gerontologia. São Paulo: Manole, p.9, 2005.

2 - LAZLO, E. Macrotransição: O desafio para o terceiro milênio.


São Paulo: Editora AxisMundi; 2001.

3 - MERHY, E.E.; CECILIO, L.C.O. Algumas reflexões sobre o


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singular processo de coordenação dos hospitais. Campinas: [s.n.], 2002.


Disponível em: <http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/concurso/
coordenacaohospitalar.pdf>. Acesso em: 8 maio 2009.

4 - RAMOS, L.R. A mudança de paradigma na saúde e o conceito


de capacidade funcional. In: RAMOS, L. R. ;TONIOLO, Neto J. Guia
de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. UNIFESP - Escola Paulista de
Medicina - geriatria e gerontologia. São Paulo: Manole, p. 1, 2005.

5 - ÁREA TÉCNICA DA SAÚDE DA PESSOA IDOSA, Secretaria Municipal


da Saúde de São Paulo, Documento Norteador da Unidade de Referencia
á Saúde do Idoso (URSI), 2017. Disponível em : http://www.prefeitura.
sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/DOCUMENTONORTEADOR%20
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secretarias/upload/saude/arquivos/ANEXOSDOCNORTURSI21122016.pdf.
Acesso em 30/01/2018.

6 - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Organização Pan-americana


da Saúde - Envelhecimento Ativo: uma política de saúde/ World Health
Organization: tradução Suzana Gontijo. Brasília: OPAS; 2005.

7 - BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da
pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica – Brasília: 2006; BRASIL, Ministério da
Saúde. Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa [internet]. Brasília: 2006 [acesso em
02/12/2016]. Disponível em: http://www.saudeidoso.icict.fiocruz.br/
pdf/PoliticaNacionaldeSaudedaPessoaIdosa.pdf.

8 - VERAS, R. Modelos contemporâneos de cuidado à saúde. Revista


da Universidade de São Paulo, 2001.

9 - LIMA, L.J.C.; SILVEIRA, N.D.R. Atividades artísticas como


promoção de qualidade de vida no envelhecimento. In CAMPOS et al.
(org.). Teorias e práticas socioculturais na promoção do envelhecimento
ativo. Ijuí: Editora UniJuí,2016.

10 - SIMÕES, R. (Qual) idade de vida na (qual) idade de vida. In


CAPÍTULO 1 79

Moreira WW, organizador. Qualidade de vida: complexidade e educação.


São Paulo: Papirus Editora; 2001.

11 - SIMÕES, R. in FIGUEIREDO (org.) Brasil: uma visão geográfica e


ambiental no início do século XXI, RJ, IBGE, 2010, p. 69-72).

12 - COFFITO. Resolução 477/2016. Reconhece e disciplina a


Especialidade Profissional de Terapia Ocupacional em Gerontologia e
dá outras providencias. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/
nsite/?p=6306. Acesso em 05/02/2018.

13 - OLIVEIRA A.G.B.; CONCIANI M.E. Serviços residenciais


terapêuticos: novos desafios para a organização das práticas de saúde
mental em Cuiabá-MT. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2008;
10(1):167-178. Disponível em: https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v10/
n1/pdf/v10n1a15.pdf. Acesso em 05/02/2018.

14 - COFFITO. Resolução 316/2006. Dispõe sobre a prática de Atividades


de Vida Diária, de Atividades Instrumentais da Vida Diária e Tecnologia
Assistiva pelo Terapeuta Ocupacional e dá outras providências. Disponível em:
https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3074. Acesso em 05/02/2018.

15 - PASCHOAL, S.M.P. Autonomia e Independência. In: Carvalho


Filho, ET, Papaléo Netto M organizadores. Geriatria – Fundamentos,
Clínica e Terapêutica. São Paulo: Ateneu; 1994.

16 - DIAS, E.G. et al. Caracterização das atividades avançadas. Rev.


Ter Ocup Univ São Paulo 2011; 22(1): 45-51.

17 - Escala de Barthel https://bdigital.ufp.pt/


bitstream/10284/2503/5/%C3%8Dndice%20de%20Barthel.pdf (acesso em
07/02/2018)

18 - DOCUMENTO NORTEADOR UNIDADE DE REFERÊNCIA À SAÚDE


DO IDOSO URSI. São Paulo, 20016. Disponível em: http://www.
prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/
ANEXOSDOCNORTURSI21122016.pdf (pág. 17) (acesso em 07/02/2018)

19 - BATTISTELLA, L.R. et. al. Validação da Versão Brasileira da


80 Terapia Ocupacional • Volume 3

Medida de Independência Funcional. ACTA FISIATR 2004; 11(2): 72-


76. Disponível em: http://www.unifra.br/professores/anabonini/
Valida%C3%A7%C3%A3o%20Brasileira%20MIF.pdf
(acesso em 07/02/2018)

20 - DOCUMENTO NORTEADOR UNIDADE DE REFERÊNCIA À SAÚDE


DO IDOSO URSI. São Paulo, 20016. Disponível em: http://www.
prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/
ANEXOSDOCNORTURSI21122016.pdf (pág. 18) (acesso em 07/02/2018)

21 - QUESTIONÁRIO DE PFEFFER. Disponível em:


https://app2.unasus.gov.br/UNASUSPlayer3/recursos/SE_
UNASUS_0001_SAUDE_PESSOA_IDOSA/4/lib/docs/Questionario_de_
PFEFFER.pdf (acesso em 07/02/2018)

22 - DOCUMENTO NORTEADOR UNIDADE DE REFERÊNCIA À SAÚDE


DO IDOSO URSI. São Paulo, 20016. Disponível em: http://www.
prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/
ANEXOSDOCNORTURSI21122016.pdf (pág. 26 e 27) (acesso em 07/02/2018)

23 - DOCUMENTO NORTEADOR UNIDADE DE REFERÊNCIA À SAÚDE


DO IDOSO URSI. São Paulo, 20016. Disponível em: http://www.
prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/
ANEXOSDOCNORTURSI21122016.pdf (pág. 21) (acesso em 07/02/2018)

24 - SANTOS, K.P.; SANTANA, A.P.O. Teste de Fluência Verbal: uma


revisão histórica-crítica do conceito de fluência. Disponível em:
https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/
viewFile/23334/18813 (acesso em 07/02/2018)

25 - GRIEVE, J. Neuropsicologia em Terapia Ocupacional. São


Paulo: Santos, 2006.

26 - BRASIL. Lei nº 10.741/2003, de 01 de outubro de 2003. Dispõe


sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União.
03 out 2003; Página 1 [internet]. Brasília: 2003 [acesso em 02/12/2016].
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei10741-
1-outubro-2003-497511-norma-pl.html. (acesso em 07/02/2018).
CAPÍTULO 2
TERAPIA OCUPACIONAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES E
CUIDADOS PALIATIVOS.

Aide Mitie Kudo
Mônica Estuque Garcia Queiroz

1 - Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares.



A terapia ocupacional enquanto profissão surge no início do século
XX, dentro de uma prática hospitalar, inicialmente nos hospitais de
doenças crônicas de longa permanência e de instituições de reabilitação
que atendem pessoas com incapacidades físicas. Com a reorganização do
sistema de saúde no final do século XX, os serviços de saúde prestados
estabelecem a hierarquização da atenção por níveis de complexidade,
que vão das Unidades Básicas de saúde à atenção de alta complexidade
oferecida pelos hospitais especializados.
Nesse sentido, a concepção do cuidado passa da atenção asilar
e/ou reabilitação para atenção ao paciente clinicamente instável, na
fase aguda do tratamento ou em estabelecimento do diagnóstico. O
princípio da referência e contra referência permite que após o período
de internação, o paciente possa continuar o seu tratamento nos
ambulatórios de especialidades médicas, nos centros de reabilitação e
na atenção domiciliar. A partir dessa nova concepção da política pública
que a terapia ocupacional nos Contextos Hospitalares (TOCH) vem se
inserindo: na atenção a pacientes hospitalizados, que podem estar
clinicamente estáveis ou graves\instáveis, em processo agudo ou crônico
de sua doença, ou ainda, em processo de terminalidade.
Sendo assim, o planejamento e a intervenção terapêutica
ocupacional devem ter objetivos e metas a curto e médio prazo,
na medida em que a internação do paciente está relacionada com
estabilização do seu quadro clínico e não a cura ou desfecho do
tratamento. O objetivo geral deve ser minimizar o impacto do
adoecimento e hospitalização no cotidiano do paciente, por meio
da ampliação e melhoria do desempenho e repertório ocupacional e
82
CAPÍTULO 2 83

qualidade de vida. Além disso, deve-se considerar também a faixa


etária, a condição clínica do paciente e a unidade da internação para
elaboração da abordagem terapêutico ocupacional.
A avaliação de TOCH deve ser objetiva e dinâmica, com conduta
e metas propostas a curto e médio prazos, considerando as condições
clínicas do paciente, a rotina hospitalar e os procedimentos estabelecidos
ou eventuais, de acordo com a demanda da situação atual. Além do
diagnóstico, prognóstico e estado clínico atual, deve conter história da
doença e tratamento; histórico do cotidiano e familiar; percepção do
paciente quanto ao adoecimento, tratamento e hospitalização; perfil e
desempenho ocupacional do paciente, antes e durante a hospitalização;
presença de fatores limitantes que podem afetar a capacidade de
desempenho nas ABVD (Atividades Básicas de Vida Diária) e AIVD
(Atividades Instrumentais de Vida Diária); atividades significativas e de
interesse do paciente prévias ao adoecimento e hospitalização (1).
Após a avaliação, o plano terapêutico deve ser estabelecido visando:
•Auxiliar o paciente na compreensão do processo de adoecimento,
internação e tratamento;
• Manter os desempenhos ocupacionais e autonomia do paciente;
• Manter e/ou proporcionar a independência nas ABVD e AIVD;
• Elaborar estratégia para alivio da dor e outros sintomas que
possam estar presentes:
• Correção e prevenção de agravos
• Orientação quanto ao posicionamento adequado no leito,
poltronas e cadeiras:
• Prevenir deformidades e prescrever / confeccionar dispositivos
de Tecnologia Assistiva (órteses, cadeira de rodas com ou sem adequação
postural, cadeira de banho ou banheiras, adaptações, etc.):
• Verificar necessidades de adaptação e eliminação de barreiras
arquitetônicas nos ambientes onde o paciente desempenha suas
atividades cotidianas;
• Ressignificar o cotidiano durante e após a hospitalização,
considerando história de vida, valores culturais e sociais, desejos e
demandas, funcionalidade e potencialidades;
• Auxiliar no empoderamento e na aderência ao tratamento;
• Prevenir ou minimizar o atraso no Desenvolvimento Neuro
Psicomotor (DNPM) no caso de bebês;
• Elaborar estratégias para melhoria ou incremento da qualidade de vida;
• Realizar orientação ao cuidador:
84 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Orientação e treino para programação de alta


• Realizar encaminhamento para redes de suporte.

É importante salientar que a intervenção do terapeuta ocupacional


no contexto hospitalar pressupõe a inserção em uma equipe
multiprofissional, no qual cada profissional, dentro de sua especificidade
técnica contribui para a realização de uma assistência dentro do
princípio da integralidade de atenção aos pacientes.
Dentro da perspectiva da especificidade da atuação em contextos
hospitalares tem-se continuamente buscado o fortalecimento da atuação
diferenciada dos profissionais dessa área nos diferentes contextos
hospitalares e na especificidade de cada instituição, em que o terapeuta
ocupacional destaca a importância do fazer, do realizar atividades
cotidianas e significativas durante o adoecimento e no local em que
está inserido, considerando a possibilidade de concretização de desejos
e projetos de vida, o potencializar de capacidades e a ampliação do
repertório funcional e ocupacional.

2 - Terapia Ocupacional em Cuidados Paliativos.



A filosofia de cuidados paliativos aponta como principais objetivos o
controle de sintomas, a obtenção de conforto e o alivio dos sofrimentos
para o paciente e seus cuidadores, através de uma abordagem integral
e integrada que compreende a dimensão física, psicossocial e espiritual
em uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar, que possibilita a
elaboração de um plano de cuidados individualizado e efetivo.
O terapeuta ocupacional que atua em cuidados paliativos, com
crianças, adultos ou idosos, deve ter uma visão abrangente e integradora
já que p paciente pode apresentar sintomas debilitantes e estressantes
(principalmente dor, fadiga e dispneia), além de outros desconfortos e
sofrimentos físicos, psicossociais e/ou espirituais que impactam de forma
significativa em sua vida ocupacional e de seus cuidadores. Ele deve buscar
ser um facilitador na adaptação do paciente e seus cuidadores as perdas
decorrentes da evolução da doença e ao processo de terminalidade (2).
A intervenção terapeutica ocupacional visa incrementar o alívio
de sintomas e desconfortos que impactem de forma significativa no
desempenho funcional e ocupacional do paciente, comprometendo
sua vida ativa e participação social. O paciente tem que encontrar
sentido e significado em sua vida para poder compreender seu
CAPÍTULO 2 85

processo de adoecimento e o sofrimento advindo do mesmo. O


maior impacto é na realização de suas atividades e tarefas, que são
comprometidas em função da perda de funcionalidade, do declínio
físico e do processo de terminalidade (2).
A proposição e realização das atividades significativas e consonantes
a demanda do paciente e seus cuidadores é o foco primordial da atenção
e abordagem do terapeuta ocupacional que participa na elaboração de
um plano de cuidados multiprofisional colaborando para a minimização
do sofrimento nas diferentes dimensões do ser humano sendo esta uma
prerrogativa para a atuação em cuidados paliativos.
Para tanto, o terapeuta ocupacional utiliza recursos e métodos
para incrementar o desempenho ocupacional dos pacientes atraves da
realização de atividades propositadas, orientação e treino de tecnicas
de conservação de energia, modificação e adequação ambiental e
ações que mantenham ou incrementem a capacidade funcional e que
promovam conforto e/ou alivio de de sofrimentos ou desconfortos.
A atuação possibilita que o paciente maximize sua independência
nas áreas de cuidados pessoal, trabalho e lazer, mantendo o controle
sobre si mesmo, sobre a situação e sobre o ambiente, assistindo o
paciente no estabelecimento e priorização de novas metas de vida,
para que mantenha o status de “ser produtivo e ativo”, competente no
desempenho funcional e na participação de tomada de decisões (3).
O objetivo é a manutenção da funcionalidade do paciente, de
acordo com as limitações, com conforto e dignidade, no hospital, na
residência e nos espaços sociais de trabalho e lazer, com a reorganização
da estrutura da vida cotidiana.
Segundo Armitage (1999) (4), o papel da terapia ocupacional em
cuidados paliativos inclui:
• realização de atividades e/ou de exercícios terapêuticos para o
restabelecimento da funcionalidade,
• melhora do desempenho ocupacional e adaptação a perdas funcionais;
• treino de atividades de vida diária no auto-cuidado e no ambiente
doméstico, bem como orientação sobre a realização das demais ABVD e
AIVD, lazer e trabalho
• orientações para adaptação a um novo estilo de vida e mudança
de hábitos, com orientação para o manejo do tempo, simplificação do
trabalho, proteção articular e conservação de energia;
• posicionamento no leito, treinamento de mudanças posturais e
transferências;
86 Terapia Ocupacional • Volume 3

• treino de relaxamento e manejo de stress;


• orientação e prescrição de cadeiras de rodas e demais equipamentos
adaptativos, como órteses, recursos assistivos e adaptações.
• confecção ou prescrição de equipamentos adaptativos (tecnologia
assistiva) e/ou órteses, para prevenção de deformidades e controle da dor;
• treino das disfunções cognitivas e perceptivas;
• orientação e treino de cuidadores (formais e informais), para
aproveitamento do tempo livre (lazer) e inserção na comunidade
• orientação domiciliar

Um facilitador para atuação do terapeuta ocupacional neste


contexto é que faz parte de seu rol de atividades a compreensão da
vida funcional e ocupacional do paciente nos contextos hospitalares
(espaço diferenciado e estruturado dentro de sua especificidade)
devido ao impacto do processo de doença; ao mesmo tempo em que
mantém em sua perspectiva o histórico de vida anterior ao adoecimento
contextualizando a subjetividade, a individualidade e a participação do
paciente na sociedade (2).
Parte integrante dessa atenção ao paciente, o cuidador/familiar deve
ser considerado a partir da visão de que este enfrenta um grande desafio na
tentativa de equilibrar o cuidar e o aceitar a proximidade da finitude, sem
culpas ou sensação de responsabilidade pela ocorrência desse evento.
A atenção ao cuidador inicia com atenção aos detalhes e ao relato
sobre a problemática atual e passada, em seguida, busca-se o impacto
do desconforto / do sintoma no desempenho ocupacional e na qualidade
de vida deste, para então propor um planejamento de ações que deve
ser discutido, esclarecido e pactuado.
É muito importante o destaque de que a atuação do terapeuta
ocupacional junto a essa população que vivencia o luto antecipado no
processo de doença, de terminalidade e no luto, propriamente dito,
deve estar inserida em um contexto de apoio e suporte de uma equipe
multiprofissional e interdisciplinar, que por meio de recursos e técnicas
especificas compartilha o conhecimento e junta esforços na definição
e implementação de medidas terapêuticas que aliviam o sofrimento e
facilitam o processo de elaboração e superação do luto.
A atuação da terapia ocupacional junto aos enlutados se concretiza
com a retomada do projeto de vida, com desempenho ocupacional
adequado a cada situação e individuo, que pode se (re)adaptar a novos
papéis e ocupações, respeitando sua história de vida, suas necessidades
CAPÍTULO 2 87

e desejos, sem desconsiderar o sofrimento e a dor advinda da perda de


uma pessoa querida e significativa.
A fim de concluir essa breve reflexão, pode-se dizer que na atuação
em cuidados paliativos, a terapia ocupacional volta sua atenção para
o paciente (idoso, adulto ou pediátrico) e seu cuidador no sentido de
auxiliar no enfrentamento das dificuldades referidas e observadas,
incrementadas pelos desconfortos e sofrimentos a fim de obter maior
conforto e alívio de sintomas no contexto em que o paciente estiver,
respeitando sua dignidade e autonomia, portanto, essa atuação é
resultado da parceria estabelecida com o paciente e sua rede de
apoio psicossocial e familiar na perspectiva de manutenção da vida
ativa e funcional em um contexto de significados que dá sentido a
individualidade e autonomia.
O principal objetivo é a promoção da máxima funcionalidade,
direcionado as limitações e dificuldades a fim de incrementar e favorecer
a independência no desempenho ocupacional, com a manutenção do
sentido e significado na realização das atividades cotidianas, apesar das
perdas funcionais, cognitivas, sociais e emocionais.
O terapeuta ocupacional possibilita ao paciente a vivência de
atividades terapêuticas significativas direcionadas para a problemática
enfrentada a partir de uma gama de recursos que vai da abordagem
funcional a adaptação do ambiente, acompanhando o paciente no
processo de tomada de decisões e estabelecimento de metas de vida.

2.1 - A Especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares.


A Especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares
foi reconhecida pela RESOLUÇÃO Coffito n° 429 de 08 de julho de
2013 (5), definindo também as áreas de atuação e as competências
do terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares.
No seu Artigo 2º reconhece que o terapeuta ocupacional especialista
em “Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares” é profissional
competente e com formação específica para a atuação em contextos
hospitalares, sejam hospitais secundários ou terciários, dentro da
estrutura hierarquizada preconizada pelo SUS.
No Artigo 4ª define três áreas de atuação:
I. A área de atuação “Atenção intra-hospitalar” compreende: o
planejamento e execução da intervenção terapêutico-ocupacional junto
aos pacientes, familiares e acompanhantes e/ou cuidadores, em regime de
internação e ambulatorial, assim como aos trabalhadores e gestores, em
88 Terapia Ocupacional • Volume 3

diferentes contextos: unidades de internação; ambulatórios de unidades


hospitalares ou similares; unidades de urgência; centro cirúrgico; centros
e unidades de terapia intensiva; unidades semi-intensivas; hospital-dia;
unidades especializadas; brinquedoteca; entre outros.
II. A área de atuação “Atenção extra-hospitalar oferecida por
hospital” compreende a atuação do terapeuta ocupacional em: visita
domiciliar, assistência domiciliar, internação domiciliar e na rede
assistencial de suporte em saúde, quando realizados por equipe hospitalar.
III. A área de atuação de “Atenção em Cuidados Paliativos”
compreende o oferecimento de cuidados terapêuticos ocupacionais
junto a equipes multiprofissionais, a pacientes com condições crônico-
degenerativas potencialmente fatais (oncológicas e não-oncológicas)
e que estão em tratamento sem condições de modificação da doença;
os cuidados paliativos podem ser realizados tanto em contextos intra-
hospitalares, como através de ações em contextos extra hospitalares
oferecidas por equipe hospitalar, não se restringem à fase de
terminalidade da vida e são considerados cuidados preventivos, pois
previnem um grande sofrimento motivado por dores, sintomas e pelas
múltiplas perdas físicas, psicossociais e espirituais e podem reduzir o
risco de luto complicado.
E no seu Artigo 8º define que a atuação do terapeuta ocupacional
em contextos hospitalares visa à proteção, promoção, prevenção,
recuperação, reabilitação e cuidados paliativos, do indivíduo e da
coletividade, pautado na concepção de integralidade e humanização
da atenção à saúde. Realiza-se por meio do diagnóstico terapêutico
ocupacional, bem como com a eleição, execução e utilização de
métodos, técnicas e recursos pertinentes e adequados aos contextos
hospitalares, observando os seguintes aspectos:
I - Realizar consulta, Interconsulta e avaliação terapêutica
ocupacional com paciente, cliente, usuário, família, cuidadores e grupos;
II- Estabelecer diagnóstico Terapêutico Ocupacional e se necessário
solicitar interconsulta, exames complementares e pareceres para definir
a conduta e o prognóstico terapêutico-ocupacional;
III. Realizar o planejamento do tratamento e intervenção - constituída
por uma série de ações que envolvem tanto a seleção, como a indicação e
aplicação de métodos, técnicas e procedimentos terapêuticos ocupacionais,
adequados e pertinentes às necessidades e características do paciente/
cliente/usuário dos familiares, cuidadores e grupos, monitorando seu
desempenho nas diferentes áreas ocupacionais, particularmente nas AVD,
CAPÍTULO 2 89

AIVD, na produtividade, lazer e participação social;


IV. Determinar as condições de alta terapêutica ocupacional e
possíveis encaminhamentos;
V. Emitir laudos, atestados, pareceres e relatórios terapêuticos
ocupacionais;
VI. Participar de órgãos gestores, gerenciar áreas técnicas e
administrativas;

3 - Conclusão.
A atuação especifica e diferenciada da TOCH, tem como objetivo
o incremento da qualidade de vida em contraponto as consequências
do processo de adoecimento e da terapêutica farmacológica e não
farmacológica instituídas em cada contexto.
É imprescindível, a manutenção e o incremento, na medida do
possível, da funcionalidade e da autonomia, considerando as repercussões
do processo de adoecimento e do tratamento intra e extra hospitalar que
causam alterações e rupturas na vida e cotidiano dos pacientes.
É fundamental que se considere em todo o processo avaliativo e
terapêutico ocupacional a integralidade do indivíduo a fim de responder as
diferentes demandas físicas, psicossociais e espirituais, inserindo a família
e/ou cuidadores nesta perspectiva de abordagem integral e integrada.
Assim, faz-se necessário o fortalecimento continuo e a ampliação
da inserção do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar por meio de
uma prática efetiva e resolutiva, pautada em parâmetros assistenciais
reconhecidos e validados por meio da assistência, do ensino e da pesquisa.

Referências Bibliográficas.

1 - KUDO, A.M. et. Al. Cuidados Paliativos em Pediatria e o Impacto


da Hospitalização no Quotidiano da Criança e do Adolescente com
Doença Crônica. In: COSTA, A.; OTHERO, M.B. Reabilitação em Cuidados
Paliativos. Editora LUSODIDACTA. 2014. Loures- Portugal. p. 289-301

2 - KUDO, A.M.; QUEIROZ, M.E.G. O papel da Terapia Ocupacional


em Cuidados Paliativos. Manual da residência de Cuidados Paliativos –
abordagem multidisciplinar. Manole, 2018. P. 818-825
90 Terapia Ocupacional • Volume 3

3 - PIZZI, M.A. Occupational Therapy in Hospice Care. American


Journal of Occupational Therapy, New York, v. 38, n. 4, p. 252-257,
1984. Pmid:6731561. http:// dx.doi.org/10.5014/ajot.38.4.252

4 - ARMITAGE, K.; CROWTER, L. The role of the occupational


therapist in palliative care. European Journal of Palliative Care, London,
v. 6, n. 5, p. 154-157, June 1999.

5 - Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional


(COFFITO). Resolução n. 429, de 08 de julho de 2013. Reconhece
e disciplina a especialidade de terapia ocupacional em contextos
hospitalares, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta
ocupacional especialista em contextos hospitalares e dá outras
providências. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3191.
Acesso em: 28/12/2017.
CAPÍTULO 3
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - PARÂMETROS
ASSISTENCIAIS, EVIDÊNCIAS CLÍNICAS E TERAPIA
OCUPACIONAL.
Gabriela Pereira do Carmo
Luciana Diniz Freitas
Mônica Estuque Garcia de Queiroz
Patrícia Luciane Santos de Lima

1 - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.


1.1 - Introdução.
As unidades de tratamento intensivo neonatais (UTIN) vem
cuidando de um número crescente bebês extremamente prematuros e
criticamente de risco, pois os avanços na neonatologia tem resultado em
uma diminuição na mortalidade infantil, especialmente entre os bebês
de extremo baixo peso. A assistência adequada a este recém-nascido,
implica no atendimento de uma equipe multiprofissional especializada,
trabalhando de forma integrada, observando e intervindo para uma
assistência que favoreça o desenvolvimento neurocomportamental e
psicomotor, além de dar suporte às funções vitais do bebê.
Enquanto ocorre a tarefa de sustentação orgânica do recém-nascido
por parte dos médicos e enfermeiros, aos terapeutas ocupacionais, cabe
a função de que promovam aquilo que é capaz de dar sentido à vida
desse bebê: a organização das primeiras experiências pelas quais está
sendo marcado e também a ressignificação dos efeitos desagregadores
que a situação de internação desencadeia e que estabelecem o marco
para seu desenvolvimento e constituição como sujeito. Ao invés de
esperar a chegada desses bebês aos consultórios ambulatoriais ou nas
clínicas, com possíveis sintomas já instalados, podemos acompanhar a
tecnologia e oferecer a estas famílias o suporte necessário.

92
CAPÍTULO 3 93

1.2 - O Ambiente da UTIN.


A UTIN é um local onde se concentram recursos humanos e
materiais, necessários para dar suporte as funções vitais do bebê
prematuro, favorecendo o desenvolvimento neurocomportamental,
através de ações de modificação do ambiente e com estratégias
multidisciplinares de cuidados, que promovam o desenvolvimento
favorável do recém-nascido.
Podemos dizer que o bebê tem padrões de comportamentos
regulares e cíclicos que o adulto é capaz de analisar e ajustar, surgindo
um diálogo, que serve de base para o início da comunicação, à medida
que se processa a interação entre a díade mãe-bebê e bebê/mundo. No
atendimento na UTIN, podemos iniciar então, observando as atitudes
comportamentais do recém-nascido, como demonstrado no Modelo
Síncrono-ativo do desenvolvimento (TSAD) (quadro 1 e 2), de Heidelise
Als (1982); juntamente com estados comportamentais de estado de
consciência (quadro 3) de Brazelton (1973).

Quadro 1 - A TSAD relaciona subsistemas do desenvolvimento:

Respiração, frequência cardíaca,


pressão arterial, coloração, saturação
Sistema Autônomo ou fisiológico
de oxigênio, termoregulação e
funcionamento gastro intestinal.

Postura, tônus muscular e


Sistema motor
movimentos corporais.

Sistema de organização dos Variações do estado de sono e de


estados de consciência vigília e diferenciação entre eles.

Transição entre o estado de alerta,


Sistema de atenção e interação recepção e informações e resposta
aos cuidadores e ao meio ambiente.

Estratégias utilizadas pelo RN, para


Sistema de auto- regulação o equilíbrio estável e relaxado dos
subsistemas.
94 Terapia Ocupacional • Volume 3

Quadro 2 - Indicadores comportamentais de estresse e estabilidade:

Estresse Estabilidade
(sinais de retraimento) (sinais de aproximação)

Sistema autônomo: mudança de cor


(palidez, moteamento, acizentados Sistema autônomo: matem
ou cianótica), aumento ou estável a frequência cardíaca,
diminuição do ritmo respiratório e respiração suave e regular;
cardíaco, diminuição da saturação temperatura; cor da pele rosada,
de oxigênio, tosse, espirro, estável; funções digestivas
bocejos, vômitos, movimentos estáveis. ocasionalmente sustos e
intestinais, aumento do resíduo estremecimento.
gástrico, salivação e soluços.

Sistema motor: mantém bom o


tônus muscular; mantém flexão
Sistema motor: mudança
dos membros em proximidade
repentina de tônus muscular;
ao corpo durante o repouso e
flacidez de face, tronco e
quando manuseado movimentos
extremidades; hipertonia;
bem modulados; leva e mantém a
atividade frenética, difusa e
mão na face e boca; aconchega-
de movimento com torção;
se /aninha-se; sorri, realiza
afastamento de dedos;
movimentos bucais, lambe; busca
movimento de estremecimento;
sucção, apreensão; acomoda-se ao
projeção de língua.
tronco da mãe; movimentos suaves
e coordenados.
CAPÍTULO 3 95

Estresse Estabilidade
(sinais de retraimento) (sinais de aproximação)

Sistema de atenção e interação


dos estados: sono difuso, estado
Sistema de estados
de alerta com choramingo,
comportamentais: períodos
movimentos faciais bruscos;
estáveis de sono e vigília
olhos errantes, movimentos
claramente definidos, facilmente
oculares vaso. choro extenuado,
perceptíveis; olhar interessado
períodos de inquietação ou choro
para a mãe, bem focalizado;
silencioso; olhar fixo ou desvio
acalma-se e desliga-se dos
ativo do olhar frequente; alerta
estímulos com facilidade; suave
preocupado ou com expressão
transição entre os estados sem
de pânico, hiperalerta, olhos
grande gasto de energia.
vidrados, alerta forçados
Sistema de atenção e interação
com olhos semi fechados com
dos estados: dirige o rosto para a
sonolência; oscilação rápida
face da mãe, voz e outro objetos;
de estado, necessidade de
eleva a sobrancelhas, franze a
muitos estímulos para acordar;
testa e lábios; movimentos de fala
irritabilidade, acordar prolongado
imitando expressões faciais.
e difuso; choro, frenesi,
inconsolabilidade; dificuldade
para dormir.
96 Terapia Ocupacional • Volume 3

Quadro 3 - Estado comportamento de Brazelton (sono e vigilia):



Olhos fechados, respiração
profunda e regular. Pequenos
sobressaltos eventuais, separados
por longos intervalos. 2ª etapa do
sono RNPT dura em torno de 20
ESTADO 1 - PROFUNDO minutos, logo após o sono leve,
que dura cerca de 30 minutos. Esse
estado é importante para repousar
e organizar o sistema nervoso do
RNP, que dorme mais que o RN a
termo no 1º mês de vida.
Similar ao REM (movimentos
reagidos dos olhos). Respiração
irregular e mais rápida. Caretas,
ESTADO 2 - SONO LEVE sorrisos, movimentos bucais e
de sucção. Movimentos corporais
com breves contorções e
espreguiçamentos.

Os olhos abrem e fecham,


eventualmente ficam mais
ESTADO 3 - SONOLENCIA
abertos, mas entorpecidamente.
Movimentos suaves dos membros.

Olhos brilhantes, respiração


regular e face relativamente
ESTADO 4 - ALERTA INATIVO inativa. Estado que mais favorece
a interação, responde facilmente
aos estímulos auditivos e visuais.

Olhos abertos e maior atividade


ESTADO 5 - ALERTA ATIVO corporal. Bebê pode protestar e
choramingar.

Choro forte, atividade motora


ESTADO 6 - CHORO
intensa.
Fonte: Meyer, 1996 e Manual do MMC, 2002
CAPÍTULO 3 97

Para a manipulação e intervenções com o bebê de risco é de


extrema importância o conhecimento do estado comportamental antes
de iniciar o atendimento, devendo-se evitar as manipulações em estado
profundo do sono.

1.3 - UTIN e Terapia Ocupacional.


O Terapeuta Ocupacional deve ter como objetivo o equilíbrio entre
os subsistemas descritos acima. Muitas vezes, a atuação será baseada na
intervenção inibitória de estímulos, minimizando excessos ambientais,
principalmente para crianças nascida antes de 37 semanas, seguido de
graduação desses estímulos, de acordo com o desenvolvimento adaptativo.
Para Meyerhof, a intervenção envolve tanto a inibição quanto
a estimulação: “o objetivo da intervenção será tanto no sentido de
promover o ‘input’ sensorial como a de proteger o bebê do excesso de
estimulação, graduando os estímulos de acordo com o desenvolvimento
adaptativo do neonato” (50).
Algumas intervenções que o terapeuta ocupacional pode
desenvolver na UTIN:
1. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor;
2. Avaliação da necessidade do uso de órtese;
3. Confecção de órtese de membros superiores e inferiores;
4. Orientação quanto ao posicionamento e trocas posturais;
5. Avaliação da necessidade de adequação ambiental, por exemplo:
rever o desing da UTIN (localização do berço ou incubadora), reduzir
sons e alarmes, campainhas de telefones, usar iluminação individual;
promover a humanização do ambiente (falar baixo, trabalhar em equipe
durante procedimentos dolorosos de forma que o RN sofra o mínimo
de estresse); favorecer medidas ambientais que facilitem para o RN a
diferenciação entre dia e noite;
6. Contenção facilitadora (evita estresse agudo ou prolongado,
aversão tátil e até mesmo dor, é feita com o bebê e não no bebê.
Posiciona o bebê adequadamente, dentro do objetivo proposto);
7. Aplicação da técnica de “enrolamento” (acalma o bebê, diminui
sofrimento induzido pela dor e/ou desconforto);
8. Indicação e oferta da rede terapêutica (promove a estimulação
vestibular e organização psicomotora);
9. Indicação, oferta e orientação aos pais na ofuroterapia (proporciona
relaxamento global, melhora da função intestinal e o sono…);
10. Indicação, oferta e orientação dos pais na Shantala (promove
98 Terapia Ocupacional • Volume 3

organização, melhora o sono, dentre outros);


11. Indicação e aplicação da técnica do “ninho” (promove limite
corporal, evita hiperextensão e retração das cinturas escapulares);
12. Promoção de estímulo olfativo, por exemplo, colocando gaze
com leite materno perto do bebê, ou roupas com o cheiro da mãe na
incubadora;
13. Apoio a projetos institucionais e governamentais de
atendimento a recém natos, onde citamos o Projeto Mãe Canguru, do
Ministério da Saúde.

Fig. 1

Fig. 2

Fig. 1 e 2 - Contenção facilitadora luva proprioceptiva com enchimento


para dar sensação de acolhimento e conforto.
CAPÍTULO 3 99

Fig. 3 - Enrolamento

Fig. 4 - Rede Terapêutica


100 Terapia Ocupacional • Volume 3

Fig. 5 - Ofuroterapia

Fig. 6 - Método Canguru

Fig. 7 - Shantala
CAPÍTULO 3 101

Neste contexto, o terapeuta ocupacional também pode promover


atendimento aos familiares e aos profissionais:
1. Atividades com os pais: oficinas, orientações,
esclarecimento de dúvidas;
2. Atividades com os profissionais: dinâmicas, oficinas,
atividade funcional para aliviar o estresse, promover trabalho em
equipe, relaxamento.
É imprescindível, além de todos os cuidados ao neonato, levar em
consideração a família, pois os pais vivem o luto do bebê imaginário, agindo
com questões psíquicas de culpa, medo, raiva, negação. O Terapeuta
Ocupacional, juntamente a equipe deve realizar o acolhimento familiar e
orientar os cuidados com o recém-nascido de risco. Este suporte centrado
na família, e o compartilhamento dos cuidados precoces e continuados
dos os pais, irmãos, avós e cuidadores, é essencial para incentivar o
investimento futuro no bebê e facilitar o seu desenvolvimento.
Após conquista de estabilidade clínica, é necessário o seguimento
ambulatorial, possibilitando a continuidade da assistência para o
bebê e sua família, através de serviços de acompanhamento de forma
multidisciplinar até os 2 ou 3 anos de vida, com o objetivo de prevenir
possíveis atrasos e/ou dar encaminhamento a quaisquer alterações
neurológicas, comportamentais ou de desenvolvimento.

2 - Unidade de Terapia Intensiva Adultos


2.1 – Introdução
O conceito de terapia intensiva surgiu no conflito da Criméia,
quando Florence Nightingale, acompanhada de trinta e oito enfermeiras,
socorreram em Scutari (Turquia), soldados britânicos seriamente feridos,
isolados em áreas com medidas preventivas para evitar infecções e
epidemias, como disenteria e tétano, a qual resultou na redução de
mortalidade (12). Atualmente o objetivo principal das UTIs não mudou,
sendo esta unidade vista como um local onde ha um aglomerado de recursos
materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado
crítico, mas com possibilidade de recuperação, e observação constante
(13;14). Com o envelhecimento populacional, o avanço da tecnologia e da
medicina, os pacientes sobrevivem mais a doenças previamente fatais (13).
Isso não impede, as diversas situações de emergência que exigem rapidez
de raciocínio e ação. O fato da UTI ser uma unidade fechada e geralmente
restrita aos que nela trabalham, ter complexidade tecnológica – científica,
102 Terapia Ocupacional • Volume 3

a exigência da especialização por parte dos profissionais(15) e o confronto


frequente com a morte, são fatores que podem ameaçar a atmosfera desse
ambiente, tornando-o mais estressante tanto para o profissional quanto
para o paciente e familiares (14).
No Brasil a Terapia Ocupacional sempre esteve relacionada a
contextos hospitalares vinculadas a utilização de ocupações ou atividades
aos pacientes crônicos. Conforme relata Scarazatti em 2008 (2), a inclusão
e o reconhecimento de diversas áreas da saúde, entre elas a Terapia
ocupacional, no ambiente hospitalar se iniciou após o ano de 1950.
Borges et al (3), cita que são poucos os estudos que podem auxiliar
na discussão e aprofundamento do atual papel desse profissional
nas diversas áreas de atuação dentro do contexto hospitalar, e dos
procedimentos utilizados. Entretanto, com a reorganização dos cuidados
com a saúde e da valorização da internação de curto prazo, seguindo a
lógica da redução de custos nos hospitais, os terapeutas ocupacionais
passaram a se dedicar com os casos clínicos agudos, com uma atuação
voltada ao desenvolvimento de capacidades com limitações, adaptações
e alternativas para o desempenho ocupacional que auxiliem na reinserção
social e no trabalho de forma satisfatória o mais rápido possível (4).
Diante disso, foi publicada a função do terapeuta ocupacional no
contexto hospitalar, pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO) em 2007 (5), a qual descreve que o profissional é
qualificado para atuar:
Procedimento de avaliação, intervenção e orientação, realizado
com o cliente internado e/ ou familiar e cuidador, em pronto
atendimento, enfermaria, berçário, CTI, UTI (neonatal, pediátrica
e de adulto), unidade coronariana, isolamento, brinquedoteca
hospitalar, unidade materno-infantil, internação domiciliar e unidade
de desintoxicação, para intervenção o mais precoce possível, a fim de
prevenir deformidades, disfunções e agravos físicos e/ou psicoafetivo-
sociais, promovendo o desempenho funcional/ocupacional e qualidade
de vida durante a hospitalização [...] COFFITO, 2007 (5).
Em 2009 foi aprovada e publicada pelo Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional a especialidade dos terapeutas
ocupacionais em Contextos Hospitalares (6) (Resolução COFFITO nº
371 de 06 de novembro de 2009) e no ano de 2012 foram publicados
os Parâmetros Assistenciais Terapêuticos Ocupacionais, que descrevem
diversas modalidades prestadas pelo Terapeuta Ocupacional em Contextos
Hospitalares (7) (Resolução COFFITO nº 418 de 04 de junho de 2012).
CAPÍTULO 3 103

Okuma e colaboradores 2017 (9), realizaram uma caracterização


dos pacientes atendidos pela Terapia Ocupacional na UTI adulto de um
hospital público do município de São Paulo; esse estudo destaca um
dos avanços da profissão em uma das áreas do contexto hospitalar que
foi a inserção da Terapia Ocupacional no cuidado de pacientes críticos
internados em UTI adulto, disponibilizada a partir da resolução RDC n°7
de 24 de fevereiro de 2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
– ANVISA, que compõe os requisitos mínimos para funcionamento
de Unidades de Terapia Intensiva(10). O documento cita que este
profissional é habilitado e capacitado para atuar de forma a minimizar
os efeitos deletérios decorrentes da patologia e hospitalização e que
interferem na participação e engajamento nas atividades do cotidiano.
O paciente internado na UTI necessita de cuidados intensivos,
concentrados não apenas para nos problemas fisiopatológicos, mas
também nas questões psicossociais, ambientais e familiares, fatores
que interferem na doença física. Para que ocorra esse atendimento
integral, é necessário uma variedade de profissionais de outras
categorias, que se envolvam no processo de restabelecimento da saúde
do paciente, a exemplo de: nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos,
farmacêuticos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, dentre
outros, como equipe de apoio, mantendo-se o foco na importância
para a assistência integral e de qualidade.
Essa situação pode caracterizar um desafio por um lado, mas por
outro, pode ser uma possibilidade de ampliação das ações e configuração de
um campo de atuação, no qual o terapeuta ocupacional possa apresentar
possibilidades amplas de prestação de cuidados em saúde na UTI.
Um estudo de 1999 (23), identificou a percepção do paciente sobre
sua permanência na UTI. O principal resultado deste estudo mostra que,
os pacientes associam o ambiente da UTI à morte e finitude. Não é visto
como um local de tratamento e recuperação para a vida. Estes dados
embasam a importância da atuação de uma equipe multiprofissional,
para que estejam receptivos e atentos às necessidades individuais do
paciente, de forma a minimizar os aspectos negativos e potencializar os
positivos, sempre visando melhorar a qualidade da assistência.

2.2 - O Ambiente da Unidade de Terapia Intensiva.


Os serviços de terapia intensiva ocupam áreas hospitalares
destinadas ao atendimento de pacientes críticos que necessitam de
cuidados complexos e especializados. Esses serviços têm como objetivos:
104 Terapia Ocupacional • Volume 3

concentrar recursos humanos e materiais para o atendimento de


pacientes graves que exigem assistência permanente, além da utilização
de recursos tecnológicos apropriados para a observação e monitorização
contínua das condições vitais do paciente e para a intervenção em
situações de descompensações (16; 17; 10; 24).
Devido os efeitos negativos do ambiente sobre o paciente, a família
e a equipe multiprofissional, observa-se a necessidade de humanização
dos serviços que utilizam alta tecnologia. O paciente internado na
UTI necessita de cuidados complexos, dirigidos não apenas para os
problemas fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais,
ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas as
funções orgânicas (24).
A humanização é conceituada pela Política Nacional de
Humanização (PNH) como potencializadora dos direitos do sujeito
envolvido no processo de saúde, formação da autonomia e do
protagonismo, a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento
de vínculo solidário, a participação coletiva no processo de gestão, o
fortalecimento de trabalho em equipe e o compromisso de melhorar as
condições de trabalho e de atendimento (25).
A concepção da terapia ocupacional no contexto hospitalar,
contorna a importância de sua atuação como promotora da saúde e da
qualidade da vida ocupacional, durante o período de internação (26).
Nos aspectos físicos, geralmente os pacientes são restritos
ao leito, tal situação, causa inatividade, imobilidade, e limitações
funcionais básicas, como de auto – cuidado e alimentação no decorrer da
internação, ou após alta para a enfermaria. Diante disso, pode ocorrer
o aumento do tempo de permanência da ventilação mecânica e no
desmame ventilatório (27).
Um artigo publicado em 2012 pela Associação Brasileira de Medicina
Intensiva (AMIB), introduz que a sobrevida dos pacientes críticos tem
aumentado em consequência da evolução tecnológica, científica e da
interação multidisciplinar. Entretanto, a ocorrência de complicações por
consequência dos efeitos prejudiciais da imobilidade na UTI, favorece
o declínio funcional, aumento dos custos assistenciais, redução da
qualidade de vida e sobrevida pós-alta (28).
Dentre estas causas encontram-se a ventilação mecânica
prolongada, a imobilidade no leito, desordens clínicas como a sepse
e a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS), déficit
nutricional e exposição a agentes farmacológicos como bloqueadores
CAPÍTULO 3 105

neuromusculares e corticosteróides, que podem afetar adversamente o


status funcional e resultar em maior período de entubação orotraqueal
e internação hospitalar (28).

2.3 - A Assistência do Terapeuta Ocupacional na UTI – ADULTO -


Evidências Teórico-Práticas.
Como integrante da equipe de profissionais de um Hospital Geral,
o Terapeuta Ocupacional presta assistência ao paciente critico que está
internado na unidade de terapia intensiva. A intervenção têm início no
processo de despertar da sedação do paciente, estendendo-se durante
o desmame da ventilação mecânica, seguido de mobilização precoce.
Para isto, em parceria com a equipe multiprofissional, realizamos
diversas ações que possibilitam a redução dos geradores de estresse e da
imobilidade para o paciente internado na UTI.
Neste cenário, nos últimos 10 anos, os pesquisadores têm investigado
estratégias multidisciplinares de reabilitação para realizar intervenções
precoces na UTI. A maior parte destes estudos, se destacou em protocolos
de fisioterapia, que utilizam mobilização precoce durante a permanência
na UTI com o intuito de prevenir a disfunção neuromuscular e
progressivamente, levar os pacientes da ventilação mecânica para sentar,
ficar em pé e eventualmente realizar a marcha(29).
Schweickert (30), foi um dos primeiros autores a incluir a Terapia
Ocupacional em um protocolo de reabilitação precoce na UTI, a pesquisa
envolveu intervenções progressivas de fisioterapia e terapia ocupacional,
iniciando com mobilização passiva, até chegar a movimentação
totalmente ativa, em 104 pacientes, desses (grupo controle n= 55) e (
grupo de intervenção n=49) (30).
As sessões da terapia ocupacional, se concentraram no treino das
atividades básicas de vida diária (ABVD) e funcionalidade, com o paciente
sentado a beira leito, onde era realizada a simulação de vestimenta, auto-
cuidado, e de alimentação. Os pacientes com entubação orotraqueal,
também foram colocados na posição sentada, começando na beira leito e
evoluindo para sentar – se na poltrona, como também puderam caminhar
(30). O primeiro dado do estudo, foi de independência funcional nas
ABVD na alta. Os autores relataram que os escores de independência
foram significantemente mais altos para o grupo de intervenção, do que
no controle (59% versus 35%, p = 0,02). O trabalho concluiu ainda que,
após a interrupção da sedação nos primeiros dias de internação na UTI
e mais a intervenção da Terapia Ocupacional, houve uma diminuição na
106 Terapia Ocupacional • Volume 3

duração do delirium e menos dias na ventilação mecânica, comparando-se


com os cuidados padrões (30).
No ano seguinte em 2010 Pohlman M.C. e colaboradores (31),
analisaram a efetividade da Terapia Ocupacional em pacientes que
iniciaram na ventilação mecânica, após dois dias de entubação. Na
retirada da sedação, o paciente recebia a intervenção da terapia
ocupacional, com atividades que auxiliavam na amplitude de
movimento, progredindo para treino das (ABVD), acompanhado também,
de sedestação a beira leito. Neste estudo, foi descrito algumas barreiras
que impediram a mobilização precoce, por exemplo; pacientes que se
encontravam com lesão pulmonar aguda, com administração de drogas
vasoativas, e agitação. Os resultados da terapia ocupacional precoce,
foram positivos, similares a pesquisa do ano anterior, com um aumento
da funcionalidade do paciente na alta da UTI (31).
Mais recentemente em 2014, outra pesquisa, fortalece a
importância da terapia ocupacional em pacientes internados na UTI,
Brummel M.E. e colaboradores (32), inseriram a estimulação cognitiva,
que incluiu, atividades de memória, atenção e exercícios de resolução
de problemas, tudo isso junto com a mobilização precoce, além disso,
foi realizado uma intervenção com familiares para encorajar sua
interação com o paciente durante as horas de visita. Porém por se tratar
de um estudo piloto, é necessário um aprofundamento para analisar a
necessidade e intensidade do tratamento, e o beneficio da estimulação
cognitiva na UTI (32).
Patel B.K em 2014(33), destaca que a Terapia Ocupacional e a
Fisioterapia na mobilização precoce de pacientes críticos, auxiliam na
redução da fraqueza muscular causada pela internação de longo prazo.
Apesar do crescente acúmulo de evidências que dão apoio ao
papel da Terapia Ocupacional como parte da equipe de reabilitação na
UTI (34), os dados disponíveis ainda apresentam limitações. Todos os
estudos incluíram a TO como parte da equipe multidisciplinar na qual
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais atuam de forma muito próxima,
o que reduz a quantificação do efeito da intervenção de TO isoladamente,
assim como a eficácia de um conjunto específico de intervenções (30).
A assistência do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar
busca desenvolver a recuperação da saúde e promover a manutenção da
qualidade de vida no período de internação, permitindo o aumento da
autoestima e motivação do sujeito doente (4).
Através da relação terapeuta-paciente-atividade, o profissional
CAPÍTULO 3 107

auxilia na descoberta de recursos que possibilitam continuidade nas


tarefas do seu cotidiano, apesar da doença ou hospitalização (35).
Muitas vezes é na terapia ocupacional que o paciente critico
consegue construir uma nova relação e percepção referente a sua
permanência na UTI, por meio de atividades de estimulação cognitiva e
sensorial, após o despertar da sedação com instruções para orientação
tempo e espaço, informações sobre o estado geral e tratamento, se
necessário, com auxílio de comunicação alternativa, caso o paciente
esteja em processo de desmame ventilatório, ou traqueostomizado.
Kress e colaboradores (36), publicaram o beneficio das ações da
terapia ocupacional compartilhada com uma equipe multiprofissional,
frente ao protocolo de desmame da ventilação mecânica. Observaram
que o grupo de pacientes que receberam intervenção diária de
terapia ocupacional, reduziram a remoção do tubo orotraqueal pelo
próprio paciente, como também houve uma diminuição no tempo de
ventilação mecânica (36).
Foi realizada uma parceria das autoras, com o projeto comunicação
alternativa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro no ano de
2015, após algumas discussões com outros membros da equipe da UTI
(Fisioterapeutas, Enfermeiros e Médicos) que participam ativamente do
processo de extubação, foram confeccionadas pranchas de comunicação
alternativa com intuito de auxiliar o paciente no processo de retirada
do suporte ventilatório (fig. 8), com símbolos que sinalizavam os fatores
mais comuns, pois com o tubo orotraqueal, havia impossibilidade do
paciente se comunicar com clareza.
Essa ação, do uso da prancha de comunicação alternativa e seus
benefícios, vai de encontro com um relato de experiência, publicado
por uma terapeuta ocupacional que sofreu um período de 21 dias de
internação em uma UTI, a qual também permaneceu em ventilação
mecânica por 10 dias (37).
108 Terapia Ocupacional • Volume 3

Fig. 8 - Exemplo de símbolos que podem auxiliar a


Terapia Ocupacional e a equipe multiprofissional no processo de
desmame da ventilação mecânica.

2.4 - Delirium na UTI e Terapia Ocupacional.


O delirium consiste numa alteração neuropsiquiátrica aguda
ou subaguda que atinge o nível de consciência, e geralmente está
acompanhada por algum grau de distúrbio do estado de despertar . As
principais características desse distúrbio são: diminuição da atenção e
alterações secundárias das funções cognitivas, entre elas percepção,
memória, orientação e raciocínio (38), alteração do ciclo sono vigília;
transtornos emocionais (depressão, ansiedade, medo, irritabilidade,
euforia, apatia) (39). As ocorrências clínicas têm início súbito, apresentam
flutuação em intensidade durante o dia e de um dia para outro (40).
Na última década, o delirium em UTI tornou-se uma questão
importante nos cuidados à saúde dos pacientes críticos, em razão
de sua elevada incidência e do impacto nos desfechos a longo prazo
(morbidade, mortalidade, condição cognitiva, condição funcional,
qualidade de vida e custos econômicos) (29).
As principais estratégias de intervenção para prevenção e
tratamento do delirium, são classificadas em duas, a farmacológica
e a não farmacológica (41). Bannon et al (41), fez uma revisão, e foi
levantado diversos estudos que abordam os possíveis medicamentos
para a prevenção e o tratamento de delirium os mais comuns são
(haloperidol, risperidona, quetiapina e olanzapina, dexmedetomidina,
rivastigmina, dexametasona e estatinas). A despeito do fato, as recentes
diretrizes não recomendam o uso de prevenção farmacológica na
agitação e delirium em pacientes críticos (29).
CAPÍTULO 3 109

O interesse maior são nas intervenções não farmacológica,


grande parte dos estudos, são realizados em idosos, por serem os mais
acometidos (41; 42).
Tobar et al (29), em seu estudo levantou diversas intervenções
não farmacológicas, na qual obtiveram resultados significativos, entre
essas ações estão: uso de óculos, tampões de olho para redução de
luminosidade, redução de ruídos, musicoterapia, orientação temporal,
orientação para a família, estimulação cognitiva, uso de fotografias,
imagens que são significativas para o sujeito, e mobilização precoce,
entre outras. Diversas dessas ações, fazem parte da formação e atuação
dos terapeutas ocupacionais (29).
Da mesma maneira, o estudo de Needham et al., demonstrou
um aumento significante dos dias sem delirium no grupo de pacientes
tratados, através de uma equipe que promoveu reabilitação precoce
com a participação de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais (43).
Alvarez 2012 e colaboradores (42), estudaram a eficácia da
terapia ocupacional precoce em idosos admitidos na UTI, no grupo de
intervenção os idosos receberam, estimulação cognitiva e sensorial,
posicionamento, treino das ABVD, estimulação motora em membros
superiores e a participação familiar, os resultados apresentou uma
redução dos episódios de delirium e o aumento significativo dos níveis de
independência funcional na alta (42).
Após cinco anos, em 2017, o autor, Alvarez (44), realiza outro
estudo, que visa o impacto da intervenção da terapia ocupacional na
duração, incidência e gravidade do delírio em pacientes idosos sem
ventilação mecânica, internados na unidade de terapia intensiva. Os
resultados mostraram que a terapia ocupacional é eficaz na diminuição
e duração de incidência de delirium em pacientes idosos, e reforçado a
melhora da funcionalidade na hora da alta (44).
Desse modo o delirium deve ser monitorizado diariamente, para
permitir o diagnóstico e a intervenção precoce. Uma das ferramentas
utilizadas para o diagnóstico do delirium é o Confusion Assessment
Method for the Intensive Care Unit (CAM-ICU), conhecida por ser de fácil
utilização, rápida e válida. A adaptação permite que seja utilizada em
pacientes intubados (45).
Por esta razão, consideramos importante aprofundar a área da
Terapia ocupacional na UTI adulto, para que possamos gerar estratégias
para validar e criar espaços de ação, e com isso, realizar contribuições
significativas para a prática clínica.
110 Terapia Ocupacional • Volume 3

3 - Unidade de Terapia Intensiva e Cuidados Paliativos.


Cuidados Paliativos é conceituado pela Organização Mundial
da Saúde como uma abordagem ativa direcionada a pacientes que
apresentam uma doença que ameaça a vida, que pode resultar em
desconfortos e / ou sofrimentos na esfera física, psicossocial e/
ou espiritual. Essa abordagem integral conduzida por uma equipe
multiprofissional é estendida aos familiares/cuidadores. O objetivo
principal é o controle e alivio dos desconfortos que causam sofrimento e
prejudicam a qualidade de vida.
Nos últimos anos, tem sido necessária a discussão aprofundada
da abordagem de Cuidados Paliativos nas UTIs, devido ao alto grau de
sofrimento e desconforto dos pacientes internados nestas unidades, em
estágio avançado de doença (49).
A fim de estabelecer um plano de cuidados compativel com o
processo de adoecimento e prognóstico do paciente, o terapeuta
ocupacional pode desencadear um processo avaliativo concomitante a
proposta de intervenção, uma vez que a problemática apresentada por
essa população requer uma ação efetiva, pontual e objetiva.
Durante o processo avaliativo e de intervenção, o terapeuta
ocupacional busca:
• Histórico do desempenho ocupacional e funcional;
• Identificação dos potenciais cuidadores e familiares de referência;
• Grau de funcionalidade, vulnerabilidade e fragilidade;
• Aspectos sensório-motores e cognitivos pré evento desencadeador
da internação na UTI e, na situação atual, a fim de estabelecer padrão
comparativo e prognóstico;
• Potenciais complicadores e facilitadores da abordagem proposta;
• Propostas de condutas terapêuticas com proposição de objetivos e metas.

Queiroz (2018), afirma a importância de que o terapeuta


ocupacional tenha clara a necessidade de um trabalho integrado junto
as outras especialidades que compõem a equipe assistencial da UTI na
abordagem de Cuidados Paliativos, estimulando a interdisciplinaridade
como prática cotidiana, acrescentando a perspectiva do paciente e
familiares /cuidadores e o contexto multifacetado e especializado da
unidade de terapia intensiva.
Nessa perspectiva pode-se afirmar que o terapeuta ocupacional
busca ampliar o repertório de atividades possíveis para o individuo,
CAPÍTULO 3 111

a fim de incrementar sua independência e possibilitar o exercício da


sua autonomia, valorizando habilidades e capacidades remanescentes,
ressignificando seu cotidiano e consequentemente, maximizando a
qualidade de vida, que abrange, na perspectiva de cuidados paliativos, o
processo de doença, o grau de dependência e as limitações. (49)

4 - Considerações Finais.
O ambiente de UTI é considerado impactante e emocionalmente
estressante, devido a complexidade do tratamento e das situações de
risco impostas. Também atinge diretamente aspectos da autonomia
e da auto-estima dos pais, que não se sentem capazes de cuidar
do próprio filho, no caso dos bebês internados, e dos adultos, que
necessitam de ajuda, para auxiliá-los nas tarefas mais simples. A Terapia
Ocupacional, de uma forma acolhedora, intervém no ambiente físico e
familiar, levando em consideração que a UTI não deve ser alicerçada
por local de terminalidade, e sim como local de possibilidade a vida.
Possui um papel fundamental, uma vez que consegue auxiliar na
discussão e elaboração do plano terapêutico, a partir do conhecimento
do desempenho ocupacional e funcionalidade do paciente prévio a
internação, e antevê, devido sua expertise, as possibilidades de sequelas
e limitações decorrentes do processo de doença, além do impacto disto,
na qualidade de vida do paciente.
Portanto, a inclusão do Terapeuta Ocupacional dentro da equipe,
auxilia nos cuidados do paciente crítico, de forma singular, integrando
maiores saberes ao cuidado, proporcionando atendimento humanizado,
respeito ao paciente e ao momento que a família está atravessando.
Por se tratar de uma abordagem relativamente nova nesta área, são
escassas as pesquisas encontradas, onde fica evidente a necessidade de mais
estudos que referenciem a prática do profissional terapeuta ocupacional, nas
unidades de terapia intensiva adulto e infantil, dentro de uma perspectiva
curativa, reabilitadora e / ou de cuidados paliativos, visando o crescimento
e consolidação da profissão nessa temática (46; 47; 48).

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pacientes em cuidados paliativos. Terapia Ocupacional em Contextos
Hospitalares e Cuidados Paliativos. São Paulo. Editora Paya. 2018. P. 355-362

50 - MEYERHOF, P.G. Qualidade de vida: estudo de uma intervenção


em Unidade de Terapia Neonatal de Recém-Nascido pré-termo. 1998
(Tese em Doutorado) Universidade de São Paulo, São Paulo.
CAPÍTULO 4
TERAPIA OCUPACIONAL E SAÚDE DO TRABALHADOR.

1 - SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.


José Naum de Mesquita Chagas


1.1 - O Trabalho e seu lugar na vida
A relação do ser humano com o trabalho é ontogênica, promotora
de identidade, não importa qual período da história da humanidade
venhamos a analisar, mesmo as imemoriais, representadas por meio de
ações da vida cotidiana e cerimonial, conforme Chagas JR (1).
Apesar das enormes transformações das atividades produtivas /
ofícios e seus valores sociais ao longo da história, nada se compara ao
momento ímpar que vivenciamos. Redivisão internacional do trabalho,
globalização, virtualização do trabalho e automação via inteligências
artificiais. Onde antes tínhamos centenas de anos entre uma revolução
e outra, hoje estas ocorrem a cada instante, quase impossíveis de
acompanhar (2; 3).
Porém a grande transformação nas relações de trabalho e valoração
objetiva e subjetiva do fazer ocorreu com o advento da industrialização no
Século VIII, as pessoas passaram a ser valorizadas por aquilo que poderiam
produzir, de modo simbólico, para o benefício e o progresso da sociedade, e
de modo prático para a expansão do volume da riqueza, com concentração
nas mãos de poucos proprietários dos meios de produção (4).
O processo de desaparecimento, surgimento, diversificação e/ou
transformação das funções sociais continuou a evoluir até a complexa
organização que temos hoje, difícil de congregar em blocos que
representem todos os setores, difícil inclusive de se prever e denominar
as próximas atividades que surgirão frente à velocidade das mudanças
(5)(6), porém o mercado ainda mantém sua classificação mais basilar nas
concepções do capitalismo em Setor Primário, Secundário e Terciário.
Contudo, para organização e gestão governamental, se estabelece a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE para uso da
119
120 Terapia Ocupacional • Volume 3

administração pública, sendo esta organizada em 21 setores (7).


Freud, apud Fernandes (8), diz que o trabalho ocupa um lugar
insubstituível na vida e na saúde mental dos indivíduos, pois:
Nenhuma outra técnica para a conduta da vida prende o indivíduo
tão firmemente à realidade quanto à ênfase concedida ao trabalho, pois
este, pelo menos, lhe fornece um lugar seguro numa parte da realidade,
na comunidade humana. A possibilidade que esta técnica oferece de
deslocar uma grande quantidade de componentes libidinais, sejam eles
narcísicos, agressivos ou mesmo eróticos, para o trabalho profissional, e
para os relacionamentos humanos a ele vinculados, empresta-lhe um valor
que de maneira alguma está em segundo plano quanto ao de que goza algo
indispensável à preservação e justificação da existência da sociedade (p.40).
A partir das idéias de Karl Marx, em sua obra basilar, O Capital, os
autores Codo, Sampaio & Hitomi (9) desdobram as complexas naturezas
do trabalho e seu papel na formação da identidade de cada indivíduo.
A dualidade do trabalho como mercadoria, como valor de uso
e valor de troca, tem correspondência imediata em seu modo de
expressão, como trabalho concreto e [trabalho] abstrato, segundo seu
valor perante a sociedade. O trabalho abstrato, que não é visível, mas é
real e condição de criação de valores cristalizados em cada mercadoria,
independente do valor de troca que elas possam assumir nas pressões
e contrapressões do mercado. O trabalho abstrato, como forma de
atividade humana, é referência para identificar a atividade profissional
de cada categoria, e, nessa medida, a concepção de trabalho abstrato
em Marx torna-se categoria explicativa, na busca da compreensão da
subjetividade humana (p.121).
O lugar de destaque que recebe o Trabalho, enquanto uma das
principais ocupações (10) humanas, inclusive no gerenciamento do
tempo e composição na história de vida das pessoas, é inquestionável.
Contudo não é objetivo deste capítulo explorar as questões do
desempenho ocupacional na ocupação trabalho mas sim apontar as
possibilidades de exercê-lo em equilíbrio, como fonte de bem estar e
não de mal estar, uma vez compreendido o papel subjetivo, social e
econômico dessa ocupação singular e os modos de relação dos indivíduos
com a mesma. Adentramos então na perspectiva da Saúde e Qualidade
de Vida no trabalho – SQVT.

1.2 - Saúde e Qualidade de Vida no trabalho


Estudos do campo da psicologia organizacional e do trabalho e da
CAPÍTULO 4 121

administração são uníssonos ao firmar que o sofrimento, o stress, o mal


estar fazem parte das experiências humanas e são indissociáveis do
contexto de trabalho (11). Mas quando o trabalho é fonte predominante
de mal estar? Quando o trabalho é fonte predominante de bem estar?
Quais variáveis compõem essa complexa dinâmica?
A SQVT, por sua vez, pode ser visto como um indicador da qualidade
da experiência humana no ambiente de trabalho. Trata-se de um conceito
estreitamente relacionado à satisfação dos funcionários quanto à sua
capacidade produtiva em um ambiente de trabalho seguro, de respeito
mútuo, com oportunidades de treinamento e aprendizagem e com o
equipamento e facilidades adequadas para o desempenho de suas funções.
Alguns conceitos fundamentais à SQVT são: participação do
empregado nas decisões que afetam o desempenho de suas funções;
reestruturação de tarefas, estruturas e sistemas para que estas
ofereçam maior liberdade e satisfação no trabalho; sistemas de
compensações que valorizem o trabalho de modo justo e de acordo
ao desempenho; adequação do ambiente de trabalho às necessidades
individuais do trabalhador; satisfação com o trabalho (12).
Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho é para além de um tema
teórico, uma tecnologia aplicada que deve ser empregada por equipes
multiprofissionais em todos os setores, sejam governamentais ou privados.
Do ponto de vista social, a SQVT deve promover o bem estar
duradouro nos contextos de trabalho. Um alinhamento saudável entre
as esferas do bem estar, da eficiência e da eficácia. Do ponto de vista
institucional visa contribuir para que os contextos de trabalho se tornem
territórios coletivos de harmonia socioprofissional, forjando laços reais de
cooperação interindividual. Dessa forma deve-se planejar, implementar
e avaliar continuamente ações voltadas para a vigilância, a promoção da
saúde e segurança no trabalho, a assistência e a prevenção de agravos.
Para alcançar esses resultados, os profissionais responsáveis pelo
planejamento e execução das ações de SQVT devem pensar e agir na
perspectiva tridimensional: indivíduo – trabalho – organização. Somente
nessa perspectiva se alcançará de fato resultados que impactem: a) nos
processos produtivos; b) na relação dos trabalhadores com seu ambiente e
processos de trabalho; e c) nos resultados obtidos e ofertados aos cidadãos-
usuários dos serviços públicos e aos consumidores do setor privado.
Sob essa ótica, distinguimos imediatamente o que é e o que não é
um Programa Institucional, com metas, objetivos e indicadores de SQVT.
Práticas pontuais e desconexas, com cardápios prontos, apenas paliativas,
122 Terapia Ocupacional • Volume 3

são denominadas por Ferreira (11) de “ofurô institucional”, ofertadas


como soluções rápidas para os problemas de bem estar e desempenho dos
trabalhadores, com atividades que consideram apenas o trabalhador como
variável, desconsiderando a tríade indivíduo – trabalho – organização,
costumam não registrar o comportamento dos participantes (melhoria,
estagnação, piora, índices, informações de sua saúde) e portanto
impossibilitados de afirmar resultados. Infelizmente não alcançam os
resultados desejados ou prometidos aos gestores e trabalhadores e
tendem a decepcionar ambos, além de causar frustração no longo prazo e
descrédito para participação em novas ações corporativas.
Essa SQVT assistencialista tem sua ênfase no aumento da
resiliência do trabalhador para enfrentar as fontes de fadiga, do
stress e do desgaste físico e psíquico produzido pelo trabalho, não o
desenvolvimento de diagnósticos, políticas e programas institucionais de
SQVT visando ao alcance da “Produtividade Saudável”, que se produz a
partir do equilíbrio entre o bem estar e eficiência e eficácia.
Para chegar a esse estado ideal de Produtividade Saudável, que é
particular para cada instituição e grupo de pessoas, precisamos escrutinar
as tarefas, o contexto de trabalho e seus componentes (condições,
organização e relações socioprofissionais de trabalho) e estes devem ser
adaptados ao trabalhador e não o trabalhador ser adaptado a eles. Firma-
se assim um primeiro postulado de extrema significância.

1.3 - Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho como Direito.


A Constituição Federal de 1988 (13) em seu Art. 200, incisos II e
VIII, inserir como competências do Sistema Único de Saúde – SUS:
“II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
bem como as de saúde do trabalhador;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido
o do trabalho.”
A partir dessa previsão mandatória, iniciou-se o processo de
disciplinar e regular como se daria a execução das ações. Assim na
Lei 8.080(14), em seu Art. 16, inciso V firma-se que é competência da
Direção Nacional do SUS, por meio da Vigilância Sanitária, “participar
da definição de normas, critérios e padrões para o controle das
condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de
saúde do trabalhador”; Com o Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de
2011(14) deu-se o alinhamento entre a Política de Saúde do Trabalhador
(anterior à versão de 2012) e a Política Nacional de Segurança e Saúde
CAPÍTULO 4 123

no Trabalho (PNSST); e em 2012, em sua última revisão, foi instituída a


Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora por meio da
Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012 (16).
São inúmeros os objetivos da Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora, discriminados em seu Art. 8º, mas carece
destaque o contido em seu inciso II, b):
“II - promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos
saudáveis, o que pressupõe: b) fortalecimento e articulação das ações
de vigilância em saúde, identificando os fatores de risco ambiental,
com intervenções tanto nos ambientes e processos de trabalho, como
no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos trabalhadores e da
população circunvizinha;”

Objetivando estabelecer parâmetros que "permitam a adaptação


das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente", o Ministério do Trabalho e
Previdência Social instituiu a Norma Regulamentadora - NR 17 via
Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 (17) e alterações
subsequentes, que trata especificamente das obrigações dos
empregadores quanto à ergonomia.
Muito próximo a isso, e precedente a todas as demais, vem a
CONVENÇÃO N. 155 da Organização Internacional do Trabalho – OIT
(18) aprovada na 67ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho
(Genebra — 1981), tendo entrado em vigor no plano internacional em
11 de agosto de 1983 e aprovada pelo Congresso Nacional brasileiro em
1992 por meio do DECRETO No 1.254, DE 29 DE SETEMBRO DE 1994. A
partir dela evoluíram todas as demais legislações nacionais.
Exposto o arcabouço legal no que tange à proteção da saúde
dos trabalhadores vinculados ao Regime Geral de Previdência (19) /
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (20), vemos que não há grandes
previsões normativas e que a legislação vigente, certamente, não é
suficiente para garantir qualidade de vida no trabalho ou produzir um
ambiente que oportunize relações humanizadas e o equilíbrio entre as
esferas do bem estar, da eficiência e da eficácia. As necessidades mais
básicas e aspirações mais altas do trabalhador devem ser atendidas,
coisa que apenas uma análise ergonômica do trabalho não permitirá.
No desempenho das prerrogativas profissionais, cabe também aos
atuantes na área, por meio de suas representações, instrumentalizar
124 Terapia Ocupacional • Volume 3

o poder legislativo para sanar tamanho vácuo que limita a proteção à


saúde ocupacional real de nossos trabalhadores.
Citadas as previsões gerais aos trabalhadores vinculados ao Regime
Geral de Previdência/CLT, não exploradas as normativas internas e
particulares de cada instituição, cabe também referir agora as normativas
preconizadas aos Servidores Públicos, visto que todas as normativas
anteriores não alcançam a proteção a este público, exceto a Convenção
155 da OIT, que discrimina explicitamente o alcance a ambas categorias.
Aos servidores públicos, as normativas foram emanadas na forma
de Decreto e atos complementares do Ministério do Planejamento,
direcionado à administração pública federal direta, autárquica e
fundacional, e das empresas públicas e das sociedades de economia
mista que recebam dotações do Orçamento Geral da União.
A Política de Atenção à Saúde e Segurança de Trabalho do Servidor
Público Federal – PASS, foi instituída pelo Decreto 6.833, de 29 de
abril de 2009 (21) tendo como objetivo uniformizar e coordenar as
ações relativas à Saúde do Servidor no âmbito da Administração Pública
Federal, assim como a finalidade de reduzir os grandes índices de
afastamentos por motivo de doença dos servidores, aposentadorias
precoces, absenteísmos, presenteísmos, entre outros.
Após a publicação da PASS, pouco se executou de imediato ainda por
falta de regulamentação, sendo logo publicada a Portaria Normativa SRH/
MPOG nº 1.261 de 05 de maio de 2010 (22), que uniformiza o entendimento
acerca do significado de “Promoção de Saúde” e estabelece que a
realização de Ações de SQVT ocorra no horário de trabalho, conforme o
artigo 2º, inciso IV Institui os Princípios, Diretrizes e Ações em Saúde Mental
e define Diretrizes para Ações de Promoção da Saúde do Servidor.
Esta foi imediatamente seguida da Norma Operacional de Saúde
do Servidor – NOSS (23), instituída pela Portaria Normativa SRH nº
03, de 07 de maio de 2010, uma das mais importantes regulações
para a saúde do servidor que em seu artigo 6º determina que a
implementação dessa Política deve ser compartilhada e que cabe ao
dirigente dos órgãos ou entidades:
“viabilizar os meios e recursos necessários para o cumprimento da
NOSS como parte integrante da Política de Atenção à Saúde e Segurança
do Trabalho do Servidor (...)”; e que é responsabilidade do Gestor de
Pessoas ou RH “assegurar o cumprimento desta Norma e promover
formação e capacitação, em conformidade com as orientações das
Equipes Técnicas de Vigilância e Promoção à Saúde”.
CAPÍTULO 4 125

A Portaria Normativa nº 3, de 25 de março de 2013 (24) veio


corroborar com alinhamentos importantes e oportunizar avanços nos
serviços instalados, instituindo as diretrizes gerais de promoção da saúde
do servidor público federal, que visam orientar os órgãos e entidades do
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – SIPEC.
No conjunto destas normativas temos a instituição de um serviço
obrigatório a ser implementado em toda a administração pública federal
direta, autárquica e fundacional, empresas públicas e sociedades de
economia mista que recebam dotações do Orçamento Geral da União,
pautado não na realização de ações desconexas mas sim, conforme Art.
9 da Portaria Normativa nº 3/2013:
§ 1o As iniciativas devem zelar pela consistência teórica e técnica,
por intervenções com eficácia conhecida, além de considerar impactos
positivos, preferencialmente por meio da indicação de resultados
mensuráveis. § 2o Os projetos e atividades de promoção da saúde devem
ser monitorados a partir de indicadores produzidos com essa finalidade,
para avaliar os impactos na relação saúde, doença e trabalho, visando
rever ou aprimorar as ações, e pelo registro em sistema informatizado
disponibilizado pelo órgão central do SIPEC. § 3o As ações de promoção
da saúde devem, preferencialmente, ser realizadas por meio de equipes
multiprofissionais, compostas por um conjunto de servidores com formação
em diversas áreas do conhecimento, responsáveis pelo desenvolvimento das
ações de saúde e segurança do trabalho, no âmbito das unidades SIASS, bem
como dos órgãos e entidades que compõem o SIPEC.
Conseguimos observar que a concepção adotada na PASS e suas
Portarias Normativas subsequentes preserva o caráter de um Serviço
institucional, com lotação de pessoas especializado, perseguindo
indicadores, valorizando as informações epidemiológicas e a
contribuição insubstituível de uma equipe multiprofissional. Bastante
distanciado do momento de retrocesso político-regulatório observado
na maioria das políticas públicas estruturantes de meados de 2016 até o
presente momento.
“Art. 5 - As iniciativas de promoção da saúde devem,
preferencialmente, basear-se em dados epidemiológicos e no resultado
das avaliações das condições, da segurança e dos processos de trabalho,
fazendo uso da informação e indicadores de saúde como insumos para
orientar e favorecer a transformação contínua do nível de saúde e
das condições de vida dos servidores, respeitando as necessidades das
diferentes etapas do desenvolvimento humano”.
126 Terapia Ocupacional • Volume 3

Infelizmente o processo de implementação desses serviços anda


a passos lentos e despriorizado pela maioria dos serviços aos quais sua
implantação é mandatória (21; 22; 23; 24).
Tudo aponta que para se instituir de fato essa rede de serviços de
saúde e qualidade de vida em todos os serviços públicos, com equipes
de vigilância e Promoção da Saúde com a implementação das ações
previstas de vigilância aos ambientes e processos de trabalho, promoção
à saúde do Servidor Público Federal, proteção da saúde, mitigação de
riscos e prevenção de agravos, pautados em evidências e na condução
de um processo contínuo de acompanhamento e intervenção que
permita apontar resultados, possivelmente os servidores terão que
recorrer a suas entidades representativas e quiçá intervenção judicial
para reafirmação do direito. Igualmente, continuará ignorada e não
priorizada pela maioria das administrações.
Aos profissionais de Terapia Ocupacional servidores públicos fica a
recomendação de buscar integrar e/ou implementar estes serviços em
suas instituições. Aos atuantes do setor privado, apropriem-se e ofertem
esse serviço à instituições privadas e públicas, visto muitas terceirizarem
o serviço. Faz-se necessário o re-despertar da Terapia Ocupacional para
a saúde do trabalhador e seus contextos.

2 - SAÚDE E TRABALHO – COMPREENDENDO O CAMPO


E O NÚCLEO DAS AÇÕES EM TERAPIA OCUPACIONAL
Carolina Maria do Carmo Alonso
Priscila Blasquez da Costa Leite

O presente capítulo está organizado em duas partes distintas. A


primeira, evidencia um panorama sobre o tema “saúde e trabalho” e sua
relação com a Terapia Ocupacional em diversos contextos. Já a segunda,
apresenta resultados de uma análise da literatura que traz uma reflexão
a respeito do núcleo de ação de terapeutas ocupacionais no seio de
equipes multiprofissionais no que tange ao campo de saúde e trabalho.

2.1 O Campo da Saúde e Trabalho e sua Interface com a Terapia Ocupacional.


A definição de trabalho não é unívoca e muitas vezes aparece
relacionada apenas a noção de emprego que, por sua vez, trata-se de
uma visão ligada ao advento da revolução industrial. Nesse enquadre,
CAPÍTULO 4 127

o trabalho é apreendido como atividade econômica, separada de


outras “dimensões da vida social e individual, como a religiosidade, a
organização familiar, a política e a sexualidade” (1).
No entanto, para nortear as ações da terapia ocupacional nesse
campo, é importante alargar a compreensão a respeito do trabalho
para além de sua dimensão utilitária e econômica. Assim, o trabalho
deve ser concebido como a atividade por meio da qual o homem busca
os meios para satisfazer as suas necessidades, mas que também tem
papel fundamental para constituição da sua identidade e para criação de
vínculos sociais (2; 3).
Portanto, a estreita relação entre o trabalho e a terapia ocupacional
se baseia na compreensão de que o trabalho tem potencial para mobilizar
a subjetividade, bem como para promoção de vínculos sociais (4). Além
disso, é a partir do trabalho que o escopo da terapia ocupacional aumenta
seu espectro de análise e intervenção ampliando seu interesse pelo
brincar, pela arte e pela atividade no seu sentido mais amplo (4).
Na atualidade o lugar do trabalho na prática dos terapeutas
ocupacionais se dá, predominantemente, em duas vertentes. A primeira
delas se funda na compreensão ampliada do trabalho como atividade
central da vida adulta, que influencia a construção da identidade e a
inclusão na sociedade (2). A segunda vertente apreende o trabalho como
fator que contribui para o adoecimento de indivíduos ou populações (4).
Frente a este quadro a atuação da terapia ocupacional no campo
da saúde e trabalho tem sido pautada, nas últimas décadas, pelo desafio
de construir intervenções que atendem a essas duas perspectivas.
Logo, quando o trabalho é potente para promover a saúde,
terapeutas ocupacionais têm desenvolvido reflexões e ações inovadoras
em prol da inclusão de pessoas com deficiência no trabalho (5; 6; 7;
8) ou na implantação de grupos de geração de trabalho e renda em
dispositivos de saúde mental (9; 10).
De outro lado, quando o trabalho contribui para o adoecimento,
a terapia ocupacional traça projetos terapêuticos para o atendimento
de pessoas com doenças relacionadas ao trabalho ou que necessitem de
reabilitação após trauma causado por acidentes laborais (11; 12; 13).
Ainda é preciso marcar a importante atuação dos terapeutas
ocupacionais no acompanhamento de processos de retorno ao trabalho
após afastamento causado ou não por doenças relacionadas ao trabalho.
Isto porque, no que tange a população adulta, o retorno ao trabalho não
deve ser uma preocupação restrita aos profissionais que atuam na Saúde
128 Terapia Ocupacional • Volume 3

do Trabalhador, mas deve ser incluído na pauta de “projetos terapêuticos”


em quase todas as áreas de atuação da terapia ocupacional.
Nesta direção, cabe ao terapeuta ocupacional, além da atenção à
saúde das pessoas, a análise do processo de trabalho e das ferramentas
utilizadas para realização das tarefas com o objetivo de adaptar o
trabalho às condições de quem o executa e minimizar os riscos de
recidivas ou de novos quadros de adoecimento (14; 15).
Para dar conta dessas ações a terapia ocupacional tem avançado
no sentido de superar modelos reducionistas de reabilitação e de análise
do trabalho e, para isso, busca em outras áreas do conhecimento
um suporte teórico seguro e adequado. As disciplinas que estudam
questões do trabalho e se preocupam com o seu conteúdo simbólico,
suas consequências para a saúde dos trabalhadores e seus efeitos para
a produção, têm sido úteis para auxiliar o desenvolvimento da terapia
ocupacional no campo de saúde e trabalho.
Entre as disciplinas que têm apoiado as ações da terapia
ocupacional destacam-se: Análise Ergonômica do Trabalho (AET) e
Psicodinâmica do Trabalho (PT), sobretudo em função do número de
estudos publicados por terapeutas ocupacionais que, por meio do
suporte teórico dessas disciplinas, começaram a investigar aspectos
sobre “o trabalhar” que, muitas vezes, ficam ocultos numa análise que
foca somente em questões biomecânicas (16; 17; 18).
Com relação a AET destaca-se que essa abordagem teórica
metodológica tem sido útil para correção de situações de trabalho
causadoras de danos para saúde, mas também pode fornecer subsídios
para projeto de situações de trabalho promotoras de saúde auxiliando,
também, no desenvolvimento das competências dos trabalhadores (19).
Nesse sentido, Sznelwar (2015), aponta que para AET trabalhar pode
ser “a possibilidade de se trilhar um caminho em direção à emancipação,
ao desenvolvimento profissional, à realização de si, à construção de
valores ético-morais, enfim da construção do sujeito, em contraponto
a uma visão reificada do ser humano no trabalho”, o que coaduna com
grande parte dos objetivos da terapia ocupacional nesse campo (20).
Essa seção apresentou alguns pressupostos que fundamentam a
ação da terapia ocupacional na interface entre saúde e trabalho. A figura
1 sumariza áreas nas quais o terapeuta ocupacional pode atuar tendo
o trabalho como eixo das suas intervenções. Ressalta-se, contudo, que
embora essas áreas sejam apresentadas de forma separada, por motivos
didáticos, a relação entre elas é intrínseca e, muitas vezes, indissociável.
CAPÍTULO 4 129

Aumento da participação
social pelo trabalho

Análise Ergonômica do
Trabalho: para correção de Atenção à Saúde das
situações de trabalho com pessoas com doenças
potencial danoso ou projeto realcionadas ao trabalho
de situações de trabalho mais
adaptadas aos trabalhadores

Acompanhamento dos
processos de afastamento
e retorno ao trabalho

Figura 1 - áreas de atuação da terapia ocupacional na


interface com o campo de saúde e trabalho.
Fonte: Elaborado pelas autoras

2.2 Reflexões sobre o núcleo de ação da Terapia Ocupacional no


campo da saúde e trabalho.
Esta seção apresentará o resultado de uma pesquisa que envolve
o campo de saúde e trabalho em relação estreita com a terapia
ocupacional. A referida pesquisa mostra uma análise sistemática da
literatura que aborda a “vulnerabilidade da mão” nos acidentes de
trabalho desvelando questões importantes para prática dos profissionais
que atuam na reabilitação de membros superiores. A apresentação
desta análise da literatura se dará a partir dos seguintes itens: a.
Breve contextualização do problema; b. Abordagem metodológica; c.
Resultados e discussão e d. Considerações finais.
130 Terapia Ocupacional • Volume 3

2.2.1 A vulnerabilidade “da mão” nos acidentes de trabalho e a


Terapia Ocupacional.

a. Breve Contextualização.
O trabalho tem passado por transformações intensas e constantes
nos últimos anos, causadas, sobretudo, pelos seguintes fatores:
introdução de novas tecnologias, mudança do modo de produção e
aceleração do ritmo do trabalho (21). Paralelamente a estas mudanças
verifica-se o crescimento das doenças relacionadas ao trabalho e aos
acidentes laborais.
No Brasil, a 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e
da Trabalhadora, realizada em 2015, apontou que foram registrados
717.911 acidentes de trabalho no ano de 2013 (22). Tais acidentes, por
sua vez, perfizeram o principal motivo de afastamento do trabalho no
país. Tal quadro, revela que os acidentes de trabalho são um importante
problema de saúde pública, pois implicam em significativos custos
sociais e financeiros para empresas e para o estado (23).
Nesse cenário, as mãos são acometidas em quase um terço
dos acidentes de trabalho e apresentam implicações peculiares em
comparação a outras regiões do corpo, visto que a mão é uma estrutura
anatômica voltada essencialmente para a função. Logo, é fundamental
que ela esteja em condições apropriadas para seu funcionamento para
que o indivíduo realize suas atividades cotidianas e de trabalho (24; 25).
No Brasil a 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora de 2015 ratificou a necessidade do aumento e melhoria
estratégias de conscientização e preventivas principalmente em relação
à identificação e controle dos fatores de risco (22). Nesse sentido
autores como Santos, Trybus, Lorkowski e Brongel apud Souza apontam a
reabilitação especializada como importante fator na redução do tempo e
custos do tratamento, obtenção de melhores resultados após a alto e no
retorno ao trabalho.
Assim esse trabalho tem como objetivo identificar na literatura
nacional o que tem sido publicado sobre os acidentes de trabalho
envolvendo a mão e os membros superiores no Brasil e discorrer sobre a
atuação da terapia ocupacional nestes casos.
CAPÍTULO 4 131

b. Abordagem Metodológica.
Esse trabalho é uma análise da literatura que utilizou como fontes
para recuperação dos textos as seguintes bases de dados: LILACS
(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e
MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), bem
como a biblioteca virtual SCIELO (Scientific Eletronic Library Online).
Para busca eletrônica foram utilizados, de forma associada, os
descritores em saúde: “acidentes de trabalho” e “mãos” filtrando documentos
escritos em português que foram publicados entre 2005 e 2015. Esse critério
foi utilizado em todas as buscas, como uma forma de padronizá-las.
Usando a estratégia, ora descrita, foram recuperadas 31 (trinta e
uma) referências, as quais tiveram seus títulos e resumos lidos. Foram,
então, selecionados os registros que se enquadravam nos seguintes
critérios de inclusão: discorriam sobre acidentes de trabalho e acidentes
envolvendo a mão isoladamente ou aqueles que investigaram perfil dos
acidentes de trabalho em um determinado local; escritos originalmente
em português. Foram excluídos os trabalhos que abordavam os acidentes
de trabalho que não envolvesse a mão e o membro superior, escritos em
idioma que não fosse a língua portuguesa.
Desse modo, os textos incluídos neste estudo foram analisados,
comparados e avaliados na sua integralidade. Como procedimentos de
análise, os textos tiveram seus principais aspectos como resultados e
conceitos, agrupados. Outras obras e artigos provenientes de acervos pessoais
ou institucionais foram usadas e serão citadas apenas quando relevantes ao
tema em questão. A figura 2 ilustra o processo de seleção dos artigos.

132 Terapia Ocupacional • Volume 3

Figura 2 - Fluxo de seleção dos artigos incluídos neste estudo.


Fonte: elaborado pelas autoras

c. Resultados e Discussão.
As características dos 13 (treze) documentos analisados neste
estudo encontram-se relacionados na tabela anexada ao fim deste
capítulo. No que se refere ao desenho das pesquisas analisadas, 7
(sete) artigos foram estudos descritivos, de caráter retrospectivo,
que utilizaram como fonte de dados informações de prontuários e de
Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs). Os outros 6 (seis) artigos
foram estudos transversais que utilizaram questionários e formulários
como instrumentos para coleta de dados.
Nos acidentes de trabalho investigados em todos estudos incluídos
nesta análise da literatura as mãos foram citadas como a parte do corpo
mais acometida. Tal quadro, denota a vulnerabilidade desta parte do
corpo no contexto laboral.
Contudo, é importante notar que entre estudos levantados apenas
um aborda especificamente a questão dos traumas nas mãos resultantes
CAPÍTULO 4 133

dos acidentes de trabalho, os classificando entre amputações, lesões de


osso, tendão-nervo e outra lesões complexas, bem como a reabilitação
das mesmas (4).
O referido estudo foi realizado no Setor de Terapia da Mão do
Hospital Maria Amélia Lins, em Belo Horizonte, MG, analisando 711
(setecentos e onze) protocolos de avaliação dos pacientes. Entre esses,
238 (duzentos e trinta e oito) foram registrados como acidente de
trabalho correspondendo, assim, a 33% dos casos avaliados no estudo.
Outra questão importante que foi evidenciada em 11 (onze)
pesquisas incluídas nesta análise da literatura tratam dos acidentes de
trabalho causados por instrumentos perfurocortantes com exposição
ao material biológico. Esses estudos tiveram como cenário serviços
de saúde como hospitais, instituições de saúde e unidades móveis de
atendimento ratificando que a mão foi a área do corpo mais acometida
nos acidentes de trabalho.
Tal quadro, aponta para necessidade de intensificar estratégias
preventivas e conscientização de riscos relacionados ao trabalho no
setor da saúde. Aventa-se que o grande número de pesquisas envolvendo
os acidentes de trabalho com instrumentos perfurocortantes é devido a
sua relação com risco biológico, bem como, sua alta incidência.
Por outro lado, estudos envolvendo traumas que acometem as mãos
nas ocorrências de acidentes de trabalho em outros contextos ainda são
escassos. Isso pode ser fruto da subnotificação de doenças ou acidentes
do trabalho que segue como problema importante a ser enfrentado
por todos os órgãos da área de saúde do trabalhador e trabalhadora no
Brasil, bem como necessita de investimentos por parte de pesquisadores
que atuam nessa área.
Com respeito ao quadro, ora apresentado, os profissionais
participantes das equipes de multiprofissionais que atuam na
reabilitação de membros superiores, incluindo aqui o terapeuta
ocupacional, devem ficar atentos para a questão dos traumas/lesões
causados por acidentes de trabalho, bem como para as doenças
relacionadas ao trabalho que acometem a(s) mão(s), o(s) cotovelo(s) e
a(s) cintura(s) escapular(es) quando em atendimento de seus pacientes.
A esse respeito Souza et al. (2008), identificaram que, a despeito da
ausência de pesquisas que tratam sobre o tema, nos serviços de “Terapia
da Mão” as lesões ocasionadas por acidentes de trabalho representam
uma parcela significativa dos atendimentos realizados (23).
Esse quadro está de acordo com as estatísticas publicadas da 4ª
134 Terapia Ocupacional • Volume 3

Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de


2015, apontando que os membros superiores constituem a parte mais
afetada em acidentes ou doenças ocupacionais (22).
Nessa mesma direção, o anuário estatístico de 2009 do então
Ministério da Previdência e Assistência Social também apontou a os
acometimentos nos acidentes de trabalho de maior incidência foram:
ferimento do punho e da mão em cerca de 10,6% e fratura ao nível do
punho ou da mão de 6,5%, respectivamente.
Diante desse cenário, cabe a equipe de Terapia da Mão conhecer
os procedimentos para notificar esses casos, bem como incluir no plano
de terapêutico as estratégias para análise das situações de trabalho e
orientação ao paciente quanto aos seus direitos trabalhistas.
A 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora de 2015, traz em seu bojo algumas recomendações que
devem observadas pelos profissionais que atuam com Terapia da Mão
entre as quais se destacam: elaboração e implantação de protocolos e
fichas de notificação de acidentes de trabalho, e o fortalecimento das
ações de vigilância (22).
No que tange a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora, as discussões realizadas na citada conferência nacional,
elencaram como principal desafio, o fortalecimento de uma rede de
atendimento em saúde do trabalhador mais integrada com os demais
serviços de saúde. Essa rede, tem a pretensão de regular o fluxo de
atenção, facilitar o diagnóstico dos agravos relacionados ao trabalho,
implementar programas de promoção da saúde, prevenção de agravos
e reabilitação (22).
Com o objetivo de efetivar tais diretrizes a 4ª Conferência
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de 2015, reforçou
a necessidade de fomentar a assistência integral ao trabalhador por
meio de ações de equipes multiprofissionais incluindo a participação do
terapeuta ocupacional (22).
Paralelamente, nesse mesmo ano se deu a normatização da
atuação do terapeuta ocupacional na saúde do trabalhador contemplada
pela a resolução nº 459, de 20 de novembro de 2015. Essa resolução
dispõe sobre as competências do terapeuta ocupacional na Saúde do
Trabalhador, que se dá tanto por meio de estratégias inclusivas quanto
em ações de prevenção, proteção e recuperação da saúde.
Frente a isso, constata-se que a atuação do terapeuta ocupacional
está ampliando seu campo, bem como suas estratégias de intervenção
CAPÍTULO 4 135

para além da reabilitação física e/ou Terapia da Mão após um acidente


de trabalho ou lesões relacionadas ao trabalho. Assim, a prática da
terapia ocupacional tem se estendido na interface da saúde e trabalho
da promoção da saúde, prevenção de doenças, adaptação e reabilitação
para: a análise e transformação do trabalho, ações de vigilância em
saúde do trabalhador, fomento da garantia do direito ao trabalho digno.

d. Considerações Finais
Há uma escassa publicação nacional acerca dos acidentes de
trabalho envolvendo as mãos e suas implicações comparada em
contraste com a alta incidência revelada pela Conferência Nacional
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora realizada em 2015.
A subnotificação dos acidentes do trabalho segue sendo um
problema importante a ser superado por diversos setores da sociedade,
em especial, para profissionais de saúde que tem papel fundamental no
reconhecimento da relação entre os agravos que tratam e o trabalho.
Diante disso, a discussão da vulnerabilidade da mão nos acidentes
de trabalho é relevante tendo em vista: a) a alta incidência dos acidentes
de trabalho envolvendo as mãos; b) a escassa produção científica que
aborda a terapia da mão relacionando-a aos acidentes de trabalho; c) a
importância da função da mão pra realização das atividades cotidianas; d)
a subnotificação de acidentes de trabalho; e) a necessidade de fomento
de estratégias para conscientização de riscos, promoção da saúde no
trabalho e prevenção de doenças; f) a recente normatização da atuação
do terapeuta ocupacional na saúde do trabalhador.
Tendo em vista o escasso acervo bibliográfico nacional encontrado
acerca deste tema espera-se, com a discussão deste estudo, incentivar
a publicação de outros estudos que discorrem sobre os traumas/lesões
na(s) mão(s) causados por acidentes de trabalho, em busca de ratificar
a importância da atuação do terapeuta ocupacional na terapia da mão e
na saúde do trabalhador, bem como a melhoria da qualidade dos serviços
de reabilitação da mão para a população trabalhadora.
136 Terapia Ocupacional • Volume 3

3 - CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO


TRABALHADOR (CEREST) - PERSPECTIVAS DE ATENÇÃO
E TERAPIA OCUPACIONAL.

Jamile Cristina Albieiro Silva
Adriano Conrado Rodrigues

3.1 - Apresentação.
Esta Cartilha tem a proposta de apresentar possibilidades
de intervenção do (a) terapeuta ocupacional na área da Saúde do
Trabalhador, mais especificamente nos chamados Centros de Referência
em Saúde do Trabalhador (CEREST).
Para tanto, serão feitas considerações gerais sobre o campo da
Saúde do Trabalhador em nosso país a fim de contextualizar a profissão e
suas ações no cuidado à saúde dos trabalhadores.
Historicamente, a profissão ganhou destaque nessa área a partir
dos anos 90, diante da demanda advinda das mudanças no mundo do
trabalho a partir de fenômenos que impactaram diretamente o processo
“trabalho-saúde-doença”.
A globalização da economia e dos modos de viver, o incremento da
tecnologia, as transformações dos processos e da organização do trabalho,
inclusive com a intensificação do seu ritmo e do aumento de sua jornada,
diminuição ou ausência de pausas, e a precarização dos vínculos de
trabalho, são alguns exemplos importantes de tais fenômenos.
Bernardino Ramazzini, considerado o pai da Medicina do Trabalho, já
descrevia nos idos de 1700, sinais e sintomas do que chamou de “doença
dos escribas e notários”, conhecida atualmente por “LER/DORT”.
Para ele, todo médico (e podemos ampliar para todos os
profissionais da saúde) deveria perguntar para cada pessoa que lhe
procurasse: “Qual é a sua ocupação?”, considerando que as queixas
do paciente podem estar relacionadas à sua atividade profissional e
às exigências da função. E, havendo relação, às atividades executadas
durante o trabalho, precisam ser repensadas e reorganizadas, para a
prevenção de agravos à saúde. Uma pergunta simples que “contribuiu
para celebrizar Bernardino Ramazzini, quando, ao final do século XVII,
in-corporou ao interrogatório dos trabalhadores doentes, na linguagem
da época, foi a seguinte indagação: que arte exerce?” (1).
Este vasto material está dividido inicialmente em quatro partes. A
primeira, “O Campo da Saúde do Trabalhador”, que abordará sucintamente
CAPÍTULO 4 137

a construção dessa área no país e seus principais marcos históricos. A


segunda, “A Terapia Ocupacional e sua relação com o trabalho”. A terceira,
tem a intenção de compartilhar com o leitor o papel dos profissionais da
“Terapia Ocupacional nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
- CEREST”. E por fim, a última parte que será dedicada às considerações
sobre o atual momento para o campo em questão.
Esperamos com essa publicação, instigar os leitores para a
conscientização sobre a importância do trabalho na vida de todos nós e
como ele pode repercutir em nossa saúde. Afinal, somos trabalhadores
e, como terapeutas ocupacionais, temos como objeto de estudo e
intervenção, a vida ocupacional de nossos clientes em suas diferentes
dimensões. Pois, conhecer sobre as vicissitudes do mundo do trabalho
certamente ampliarão as possibilidades em nossas intervenções como
terapeutas ocupacionais, independente de nossas áreas de atuação.
A discussão sobre a centralidade do ‘trabalho’ como prática
– ‘atividade’ – e objeto – ‘ocupação humana’ – aponta para o fato
de que em muitas culturas, sobretudo nas sociedades capitalistas
contemporâneas, o trabalho é um dos principais determinantes sociais
dentre vários aspectos de nossas vidas. Não só pela questão do status
social, do trabalho assalariado e das distinções de classe, mas também
pela constituição do ser/existir do sujeito no mundo (2).
Nossa intenção, portanto, é despertar para a importância do tema.
Boa leitura!

3.2 - O Campo da Saúde do Trabalhador.


O Campo da Saúde do Trabalhador é uma área da Saúde Coletiva
que tem como objeto de intervenção o cuidado integral à saúde
dos trabalhadores a partir de saberes interdisciplinares e práticas
multiprofissionais.
(...) Saúde do Trabalhador é campo de práticas e conhecimentos
cujo enfoque teórico-metodológico, no Brasil, emerge da Saúde
Coletiva, buscando conhecer (e intervir) (n)as relações trabalho e
saúde-doença, tendo como referência central o surgimento de um
novo ator social: a classe operária industrial, numa sociedade que vive
profundas mudanças políticas, econômicas, sociais. Ao contrapor-se
aos conhecimentos e práticas da Saúde Ocupacional, objetiva superá-
los, identificando-se a partir de conceitos originários de um feixe de
discursos dispersos formulados pela Medicina Social Latino-Americana,
relativos à determinação social do processo saúde-doença; pela Saúde
138 Terapia Ocupacional • Volume 3

Pública em sua vertente programática e pela Saúde Coletiva ao abordar


o sofrer, adoecer, morrer das classes e grupos sociais inseridos em
processos produtivos (3).
Pertence ao Sistema Único de Saúde (SUS) amparado pela Política
Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) e pela
Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST).
A construção e fortalecimento do campo se devem a diversos
movimentos sociais e marcos históricos, destacando-se:
• O Movimento Sindical dos anos 70 e 80;
• A Reforma Sanitária Brasileira;
• A Constituição de 1988;
• A criação do Sistema Único de Saúde (SUS);
• A 2a Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, em 1994;
• A elaboração da Norma Operacional de Saúde do Trabalhador
(Nost - Portaria 3.908/98);
• A publicação da Portaria no 3.120/98, que instituiu a Instrução
Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador;
• A publicação da Portaria no 1.339/99, que instituiu a Listagem de
Doenças Relacionadas ao Trabalho;
• A criação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (RENAST) em setembro de 2002 pela Portaria GM nº
1679/2002.
• A 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador que
aconteceu em 2005, com o título: “Trabalhar Sim! Adoecer Não!”, com
a participação dos Ministérios da Saúde, do Trabalho e Emprego e da
Previdência Social;
• A aprovação da Política Nacional de Saúde e Segurança no
Trabalho (PNSST) em 2011;
• A publicação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e
Trabalhadora (PNSTT) em 2012.
Dessa forma, a configuração da Saúde do Trabalhador se dá
diretamente no âmbito do direito à saúde, previsto como competência do
SUS. Devido à abrangência de seu campo de ação, possui caráter intra-
setorial (envolvendo todos os níveis de atenção e esferas de governo do
SUS) e inter-setorial (envolvendo a Previdência Social, Trabalho, Meio
Ambiente, Justiça, Educação e demais setores relacionados com as
políticas de desenvolvimento), exigindo uma abordagem multiprofissional,
e em conjunto com a gestão participativa dos trabalhadores (4).
Importante destacar que são considerados trabalhadores todos
CAPÍTULO 4 139

aqueles indivíduos com vínculos formais ou informais de trabalho,


desempregados, autônomos ou afastados do trabalho, vinculados ou não
ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A cobertura da atenção aos
trabalhadores brasileiros foi ampliada, ao contrário do que acontecia
anteriormente ao SUS, quando apenas os trabalhadores com registro em
carteira tinham direito ao cuidado de sua saúde pelos órgãos públicos.
No Brasil, até 1988, a Saúde era apenas um benefício
previdenciário (restrito aos contribuintes) ou um serviço comprado na
forma de assistência médica ou, por fim, uma ação de misericórdia
oferecida aos que não tinham acesso à previdência e nem recursos para
pagar a assistência privada, prestada por hospitais filantrópicos, como
por exemplo, as Santas Casas de Misericórdia (4).
Os primeiros Programas de Saúde do Trabalhador (PST) surgiram
no final das décadas de 1980 e início de 1990, sendo posteriormente
ampliados e denominados Centros de Referência em Saúde do
Trabalhador (CEREST). Esses serviços têm, desde sua origem, três
eixos: Assistência, Vigilância e Educação e devem desempenhar “uma
função de suporte técnico, de educação permanente, de coordenação
de projetos de assistência, promoção e vigilância à saúde dos
trabalhadores, no âmbito da sua área de abrangência.” (4), deixando de
ser porta de entrada do Sistema e passando a ser um centro articulador
e organizador em seu território de abrangência.
Os CEREST são classificados em regionais ou estaduais e são
compostos por equipes multiprofissionais, podendo ter: assistentes
sociais, educadores em saúde, enfermeiros e técnicos de enfermagem,
engenheiros e técnicos de segurança do trabalho, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, médicos, psicólogos, sociólogos, terapeutas ocupacionais,
e técnicos administrativos, recepcionistas, segurança e limpeza. As
Portarias no 1.679/2002 e no 2.437/2005 estabelecem a relação de
profissionais que devem compor os recursos humanos dos CEREST. A
Portaria de 2005 recomenda que os profissionais de nível superior tenham
experiência (mínimo de dois anos) em serviços de saúde do trabalhador ou
especialização em Saúde Pública ou Saúde do Trabalhador.
A RENAST foi criada em 2002 através da Portaria GM/MS nº 1679, de
02/09/2002, com a finalidade de ser uma rede para articular as ações de
Saúde do Trabalhador no contexto do SUS. Foi revista e ampliada pela
Portaria GM/MS no 2.437, de 07/12/2005, e novamente em 2009, pela
necessidade de adequação ao Pacto Pela Vida e em Defesa do SUS, com
a Portaria no 2.728, de 11/11/2009 (5).
140 Terapia Ocupacional • Volume 3

Assim instituída, a RENAST, textualmente, tinha o propósito


de articular ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde
dos trabalhadores urbanos e rurais, independentemente do vínculo
empregatício e tipo de inserção no mercado de trabalho, de forma
regionalizada e hierarquizada. A rede desenvolver-se-ia de maneira
articulada entre as esferas de governo (MS e secretarias estaduais e
municipais) e a organização de ações de saúde do trabalhador articular-
se-ia em três contextos: rede de atenção básica e do programa Saúde da
Família; rede de centros de saúde do trabalhador (estaduais e regionais);
e ações na rede assistencial de média e alta complexidade (5).
A criação da RENAST habilitou centros de referência em todo o
país, tanto os já existentes como os novos Serviços, que passaram a
receber recursos financeiros mensais.

Figura: Centros de Referência em Saúde do Trabalhador


- CEREST no país.
CAPÍTULO 4 141

Portanto, a RENAST deve ser compreendida como uma rede


nacional de informação e práticas de saúde, a fim de realizar ações de
assistência, vigilância e de promoção, a partir dos serviços já existentes
no SUS, através dos Centros de Referência, com fluxos de atenção aos
trabalhadores em todos os níveis de atenção, de forma articulada com a
Vigilância em Saúde – Sanitária, Epidemiológica e Ambiental (5).

3.3 - A Terapia Ocupacional e sua relação com o trabalho.


A terapia ocupacional é uma profissão que desde seu início
estabeleceu relação direta com o trabalho, seja pela reabilitação de
pessoas acometidas por acidentes de trabalho ou pelo uso do trabalho
como recurso terapêutico nos manicômios.
Na primeira situação citada, o objetivo era recuperar o membro
acometido para a independência nas Atividades Básicas da Vida Diária
(ABVD) e Atividades Pessoais da Vida Diária (APVD), sem intervir
diretamente no processo de retorno ao trabalho. Como já comentado,
somente trabalhadores vinculados ao INPS, e posteriormente ao INAMPS,
tinham direito a esse tratamento.
Nos manicômios, o uso do trabalho era caracterizado pela ocupação
por si mesma e também ancorado pela laborterapia, servindo aos
interesses da instituição na manutenção de serviços locais realizados
pelos próprios pacientes hospitalizados. O trabalho, a recreação e os
exercícios como forma de tratamento e entretenimento são referidos na
historiografia médica desde os primórdios da civilização.
Em 1940, a terapia ocupacional iniciou sua intervenção com os
doentes mentais, e na década seguinte com os incapacitados físicos,
objetivando, certamente, a remissão dos sintomas patológicos, e a
reabilitação social e econômica. Para tanto, utilizaram-se o trabalho,
a recreação e o exercício como meios de desenvolvimento e adaptação
do homem à sociedade. A vinculação dessas três formas de atividade
humana, numa abordagem terapêutica em resposta a demandas sociais
específicas, constituiu historicamente a terapia ocupacional (6)
No Brasil, os primeiros serviços de reabilitação foram criados
nas décadas de 60 e 70, os chamados CRP (Centros de Reabilitação
Profissional) vinculados ao extinto INAMPS e INSS. Eram localizados nas
grandes cidades, expandindo-se em núcleos nas chamadas “cidades
pólo” no interior dos estados. Sua função era oferecer assistência
integral aos trabalhadores, ou seja, tratamento médico-cirúrgico,
reabilitação física (fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia) e
142 Terapia Ocupacional • Volume 3

reabilitação profissional. Entretanto, havia uma dificuldade em acolher


toda a demanda de trabalhadores adoecidos pelo trabalho ou que
sofriam acidentes de trabalho. (7).
Com a criação do SUS a atenção à saúde do trabalhador
é transferida da Previdência Social para o Ministério da Saúde.
Sendo assim, os trabalhadores são encaminhados para os serviços
especializados de reabilitação e para os primeiros Programas de Saúde
do Trabalhador (PST) e Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
que surgem no período.
Nesse novo cenário, os terapeutas ocupacionais participam ativamente
do processo de mudança do paradigma da relação saúde-trabalho-doença
e transformam sua prática. A profissão amplia seu papel passando
a contribuir também nas ações de prevenção e promoção de saúde,
interligadas aos pilares da Vigilância e Educação em Saúde do Trabalhador,
além da Assistência (tratamento e reabilitação) que já era realizada.
Além disso, é também nesse período que a profissão busca maior
consistência teórica e a atividade humana como ocupação foi se se
constituindo como ciência da ocupação humana. (2)
“Segundo Francisco (2001), esse movimento teve fortes influências
do materialismo histórico, o qual considera que as diferentes formas de
produção constituem um modo determinado de atividade e de vida.” (2)
Não é nosso objetivo aqui ampliar a discussão sobre a Ciência
Ocupacional e a Terapia Ocupacional. Mas queremos destacar que
a relação da profissão com o trabalho existe desde sua origem,
caracterizando-a e definindo-a e, ao longo de sua constituição
histórica. Assim, foi necessário refletir e ampliar suas práticas, além de
incrementar o aporte teórico para fundamentá-las.
Retomando o foco deste material, é importante destacar que os
terapeutas ocupacionais também conquistaram espaço de intervenção
nas empresas, no INSS, nas cooperativas de trabalho e geração de renda,
além da inserção já existente anteriormente, nas oficinas de trabalho
(abrigadas e protegidas). Mas essas outras possibilidades da TO em Saúde
do Trabalhador não serão objeto desta publicação.

3.4 - A Terapia Ocupacional nos CEREST


Os terapeutas ocupacionais nos CEREST trabalham de forma
articulada com os demais profissionais da equipe, realizando ações de:
• Assistência aos trabalhadores adoecidos ou que sofrem acidentes
de trabalho em atendimentos individuais ou em grupos;
CAPÍTULO 4 143

• Vigilância em Saúde do Trabalhador, intervindo em ambientes e


condições de trabalho, podendo utilizar recursos da Ergonomia;
• Educação em Saúde e Trabalho, capacitando a rede de saúde em
todos os níveis de atenção do SUS (8).
A inserção dos terapeutas ocupacionais nos CEREST exigiu uma
busca por maior embasamento teórico, com seu papel agora ampliado
para ações de prevenção (Vigilância) e promoção (Educação), sendo um
profissional de apoio técnico e especializado para toda a rede (8, 9).
O terapeuta ocupacional, ao ingressar nessa área, acumulava
experiências advindas da sua prática em saúde mental, na reabilitação
física e profissional, e no uso de instrumentos para a análise de
atividades, porém, focava somente aspectos clínicos da reabilitação
profissional, não explorando a correlação entre o quadro clínico e o
trabalho que o gerou. Sua experiência e ferramentas necessitavam ser
aprimoradas para essa nova pratica (10).
A profissão nessa área foi se construindo juntamente com a área
da Saúde do Trabalhador, visto que é um campo ainda novo, e que
exigiu dos terapeutas ocupacionais que foram para os primeiros CEREST,
crescerem em conjunto com os próprios Serviços. Esse fato, também
criou uma nova demanda, sobretudo na década de 90, para os cursos de
graduação em terapia ocupacional que não continham essa disciplina em
suas grades curriculares (2013).
São alguns exemplos de ações realizadas por terapeutas
ocupacionais nos CEREST no eixo da Assistência:
• Grupos terapêuticos com enfoque nas LER/DORT com oferta de
recursos para alívio da dor crônica (técnicas de relaxamento, técnicas
de respiração, massagem, Lian Gong, Biodanza, práticas de meditação,
acupuntura e demais práticas integrativas em saúde, orientações
posturais), orientação para adaptações de Atividades Básicas da Vida
Diária (ABVD) e Atividades Pessoais da Vida Diária (APVD), técnicas de
dramatização de situações do trabalho;
• Grupos sobre ressignificação e retorno ao trabalho;
• Grupos terapêuticos com enfoque nos transtornos mentais
relacionados ao trabalho;
• Atendimentos individuais com enfoque na terapia de mão e
confecção de órteses;
• Avaliação de capacidade laborativa e para retorno ao trabalho (11, 12).
Tanto nos atendimentos individuais como em grupos, a intervenção
da terapia ocupacional deve favorecer aos trabalhadores adoecidos
144 Terapia Ocupacional • Volume 3

que reconheçam e aceitem suas limitações para que, a partir desse


processo inicial, consigam criar estratégias para lidar com as demandas
decorrentes do adoecimento pelo trabalho.
É comum que essas pessoas cheguem, além das queixas físicas, seja
por adoecimento ou sequelas de acidentes de trabalho, com queixas
também emocionais – humor deprimido e/ou ansiosas, tanto pela
situação em si, como pelo futuro incerto que a condição lhes impõe.
O trabalho da terapia ocupacional tem como objetivos:
•Acolher e auxiliar no enfrentamento da doença e do afastamento
ao trabalho;
• Facilitar o processo de descoberta de novas habilidades;
• Favorecer melhor consciência corporal, tanto para lidar melhor
com as limitações como para repensar o uso do corpo de formas
adaptadas, para não agravar o quadro na realização das ABVD e APVD;
• Auxiliar no processo de retorno ao trabalho (12).

Ainda segundo Alencar (2015), os grupos podem oferecer ricos


espaços de trocas e enfrentamento da condição dos trabalhadores
adoecidos pelo trabalho, fortalecendo-os para a criação de estratégias
coletivamente compartilhadas, tanto no que se refere ao cuidado da
saúde em si, como também pela busca de seus direitos. Sendo essa
a abordagem que é muito utilizada pelos terapeutas ocupacionais
nos CEREST, e que de acordo com a suas estratégias, podem conduzir
sozinhos ou em parcerias com outros profissionais da equipe (12).
Quanto ao eixo Vigilância em Saúde do Trabalhador, podemos citar
o papel do terapeuta ocupacional como apoio, em conjunto com demais
profissionais do próprio CEREST, dos sindicatos e das empresas, na
definição do nexo causal do adoecimento ou acidente de trabalho e na
avaliação do retorno ao trabalho e definição de novo posto de trabalho,
podendo utilizar para tanto, a avaliação ergonômica como instrumento
para subsidiar essa ação.
Desde a origem do Campo da Saúde do Trabalhador, buscou-
se novas formas de intervenção, preocupando-se com os riscos e os
adoecimentos e também o processo de trabalho e seus determinantes
na promoção da saúde (10), considerando o saber dos trabalhadores
nos processos de investigação das equipes de Vigilância em Saúde do
Trabalhador (VISAT).
Como já citado anteriormente, os terapeutas ocupacionais sempre
estiveram presentes nas equipes dos CEREST, mesmo sendo uma nova
CAPÍTULO 4 145

área de atuação, principalmente nas ações de vigilância (10).


As ações em VISAT demandam uma ação meticulosa capaz
de captar e potencializar o saber dos trabalhadores das empresas
investigadas, além de considerar o contexto em que estão inseridos (10).
Ainda, de acordo com as mesmas autoras, a experiência dos
terapeutas ocupacionais no uso de abordagens grupais foi um grande
facilitador nas intervenções de VISAT, com trabalhadores das empresas
investigadas e no processo de elaboração de propostas de melhorias
das condições de trabalho, a partir da reflexão e reconstrução das
relações do trabalhador com seu trabalho. Mas tanto para os terapeutas
ocupacionais, como para demais profissionais desses serviços, as
intervenções foram construídas na prática, nas trocas de experiências
entre eles e com buscas pessoais por capacitação.
De acordo com Daldon (2013), as ações desenvolvidas pelas equipes
de vigilância devem incluir:
• Estudo prévio da empresa que será avaliada;
• Observação dos locais de trabalho, com uso de recursos
audiovisuais, se necessário (foto e filmagem);
• Análise dos dados da observação e de demais documentos
fornecidos pela empresa;
• Aplicação de autos de infração identificando as irregularidades;
• Acompanhamento das adequações realizadas pela empresa;
• Imposição de multas e interdições, caso a empresa não realize as
adequações necessárias (13).
Muitos terapeutas ocupacionais foram buscar na própria ergonomia,
ferramentas e recursos para subsidiar sua prática nas ações de Vigilância
em Saúde do Trabalhador, especialmente na ergonomia de origem
francesa, que utiliza a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), além de
referenciais teóricos da epidemiologia, saúde coletiva, psicologia social
e psicodinâmica do trabalho.
Entretanto, o caráter de fiscalização e punição que essas ações
podem ter, equipes e recursos insuficientes para acompanhar toda a
demanda, contexto sócio-político e econômico, são algumas dificuldades
apontadas pelos profissionais, tornando distantes os pressupostos da
vigilância do cotidiano das equipes (10).
E por fim, no eixo Educação em Saúde e Trabalho, o terapeuta
ocupacional pode participar, também em equipe, de atividades
educativas com a finalidade de capacitar profissionais da “rede de
saúde” e outros segmentos da sociedade em geral para conscientizar
146 Terapia Ocupacional • Volume 3

sobre os riscos e prevenção em saúde do trabalhador.


Ações educativas ocorrem tanto em datas específicas como em 28 de
fevereiro em que se comemora o Dia Mundial do Combate às LER/DORT,
mas ações permanentes devem compor o trabalho das equipes da área.
As diretrizes para a capacitação em Saúde do Trabalhador estão
fundamentadas:
• Na Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora;
• Na Política Nacional de Educação Permanente em Saúde;
• No modelo de atenção à Saúde do Trabalhador no SUS (4).

Outras possibilidades de atuação da terapia ocupacional neste campo:


• Oficinas de Trabalho e Geração de Renda para trabalhadores
adoecidos e excluídos do mercado formal de trabalho;
• Projetos de inclusão de pessoas com deficiência no mercado
de trabalho;
• Supervisão de estágio para alunos de graduação;
• Gestão das unidades (CEREST);
• Participação em Conselhos Gestores e demais instâncias do
Controle Social do SUS.

3.5 - Considerações finais.


É inegável que a construção do Campo da Saúde do Trabalhador e as
possibilidades de intervenção das equipes dos CEREST, incluindo os terapeutas
ocupacionais, trouxeram melhorias para os trabalhadores brasileiros que por
tantos anos ficaram alijados de uma atenção integral à saúde.
Desde a implantação da RENAST, em 2002, houve um aumento
considerável de CEREST desenvolvendo ações especializadas nos eixos de
assistência, vigilância e educação.
As equipes foram ampliadas e Programas, Planos e Ações
Especializadas em Saúde do Trabalhador passaram a compor a Rede de
Saúde pública em nosso país. Mas,
Embora a RENAST tenha sido concebida como rede de informação,
vigilância, capacitação, assistência, investigação, pesquisa, controle social,
comunicação e educação em saúde do trabalhador, sua trajetória vem
denotando impasses e obstáculos para sua efetiva implementação (5).
Esse mesmo autor cita que algumas pesquisas sobre os CEREST que
identificaram as seguintes questões:
• CEREST que priorizam ações de assistência, em detrimento da
vigilância e da educação, ou seja, realizam mais tratamento, sendo
CAPÍTULO 4 147

muitas vezes porta de entrada, e não ações de prevenção e promoção,


mantendo-se a lógica do modelo curativo/biomédico;
• Inexistência ou falhas em ações de capacitação;
• Inexistência ou falhas de um sistema de informação e de canais
de comunicação entre os serviços;
• Baixa articulação inter e intrasetorial.
Todavia, os exemplos acima citados demonstram a dificuldade
de implementação de ações em rede apenas por medidas normativas,
sem maior participação das partes envolvidas no processo, inclusive as
representações dos trabalhadores (5).
Os desafios ainda são numerosos para se efetivar o que é
preconizado pelas políticas públicas da área, especialmente no momento
atual de retrocessos no processo de democratização do país, da
reforma trabalhista, das repercussões negativas para as condições de
trabalho com agravamento da precarização do trabalho e dos riscos de
adoecimento, diminuição dos investimentos na saúde e demais aspectos
do cenário de incertezas políticas, sociais e econômicas do país.
Mas os movimentos de trabalhadores e profissionais devem
continuar engajados na luta pela manutenção das conquistas
alcançadas nas últimas décadas, e a continuarem a sua reflexão
sobre os desafios a serem enfrentados e a necessidade de mudanças e
melhorais na saúde do trabalhador.
Em especial, no que se refere à terapia ocupacional, acreditamos
na importância de garantir que os cursos de graduação continuem
oferecendo disciplinas do Campo da Saúde do Trabalhador, e que
essa ação seja fundamental para preparar profissionais habilitados a
enfrentar os desafios acima impostos.
Enfim, sabemos que são enormes os desafios para trabalhadores
da Saúde Pública, e que serão apenas vencidos, com as singularidades
da Saúde do Trabalhador e com a participação efetiva da terapia
ocupacional na construção coletiva desse campo de atuação e
conhecimento em nosso país, inclusive com a publicação e o
compartilhamento de experiências exitosas que merecem a sua
ampliação e o seu reconhecimento.
148 Terapia Ocupacional • Volume 3

4 - INSS - A TERAPIA OCUPACIONAL PARA ALÉM DA


REABILITAÇÃO PROFISSIONAL.
Gisele Monnerat Tardin
Adriano Conrado Rodrigues

4.1 - Histórico
Essa seção segue a produção da pesquisa realizada por PITTO
(2009), como requisito para obtenção do título de Especialista em
Orientação Profissional, atualizada pelos autores (1).

4.1.1 - O Instituto Nacional do Seguro Social do Brasil – INSS


As primeiras formas de proteção dos indivíduos quanto ao
atendimento de suas necessidades que se tem registro, são o
assistencialismo e o mutualismo.
O assistencialismo, que fundamentado na caridade, consiste no
cuidado e no auxílio que os afortunados prestam aos necessitados. Em
1601 a Inglaterra criou a Lei dos Pobres (Poor Law), que obrigava as
paróquias a socorrer as pessoas de sua jurisdição mediante contribuição
de seus respectivos membros.
Já o mutualismo, é um sistema de cotização realizado entre pessoas
com interesses comuns, que se organizam em associações ou entidades,
com o objetivo de criar fundos para ajuda recíproca na ocorrência de
certos eventos, tais como: doença, invalidez, velhice ou morte.
Na Alemanha, em 1883, o chanceler Otto Von Bismarck foi o
inspirador da Lei do Seguro-Doença, considerada como o marco inicial
da Previdência Pública, da Lei do Seguro Contra Acidentes do Trabalho
(1884) e da Lei do Seguro Contra Invalidez e Velhice (1889). Assim, a
idéia rapidamente espalhou-se pela Europa configurando o seguro social
obrigatório que, mais tarde, disseminou-se pelo mundo afora, atingindo
as Américas e a Ásia.
A Lei da Seguridade Nacional, de 1935, nos EUA – Social Security
Act – e os planos de Lord Beveridge em 1942, visando à reformulação da
Previdência Social na Inglaterra são considerados marcos importantes
nessa história.
No Brasil, desde a época do império, já existia uma preocupação
com a assistência aos trabalhadores. Em 1888 o Decreto 9912-A/88,
regulou o direito à aposentadoria dos empregados dos Correios que
contassem 30 anos de efetivo serviço e a idade mínima de 60 anos. No
CAPÍTULO 4 149

mesmo ano a Lei 3397/88 criou a Caixa de Socorros em cada uma das
Estradas de Ferro do Império e a aposentadoria para seus funcionários,
se deu em 1890.
Em 1892, a Lei 217/92 instituiu a aposentadoria por invalidez e a
pensão por morte aos operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro.
Dois anos depois um projeto de lei foi apresentado visando à criação
de um seguro de acidente de trabalho, que foi tornado compulsório em
1919 para certas atividades.
Mas foi só em 1923, no vigésimo quarto dia de janeiro, que foi
criada a Lei Eloy Chaves (Decreto 4682/23) que tratava das Caixas de
Aposentadorias e Pensões – CAP – das empresas ferroviárias, cujo objetivo
era o de apoiar os trabalhadores durante o período de inatividade.
Em 1939, o Conselho Nacional do Trabalho foi reorganizado tendo
gerado a criação da Câmara e do Departamento da Previdência Social.
O Decreto-Lei 5452 de 1943 aprovou a Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, e elaborou também o primeiro projeto de Consolidação
das Leis de Previdência. Em 1946 foram criados o Conselho Superior da
Previdência e o Departamento Nacional de Previdência Social.
A ampliação do sindicalismo na década de 1930 fortaleceu a divisão
das instituições previdenciárias por categoria profissional, e não mais
por empresas, fazendo surgir os Institutos de Aposentadorias e Pensões
– IAP. Os institutos que representavam as categorias com maior renda,
portanto com mais recursos financeiros, tornaram-se politicamente
fortes gerando uma distorção no atendimento das necessidades das
diferentes categorias, privilegiando umas em detrimento de outras. Essa
situação deixou clara a necessidade de um sistema previdenciário único.
Para tentar resolver esse problema, em 1960 foi criada a Lei
Orgânica de Previdência Social – Lei 3807/60 – LOPS e o Regulamento
Geral da Previdência Social – Decreto 48959-A/60, que unificaram a
legislação referente aos antigos IAP.
A LOPS também ampliou a lista de benefícios, incluindo o auxílio-
reclusão, o auxílio-funeral e o auxílio-natalidade, e a de segurados,
passando a abranger os empregadores e os profissionais liberais.
O Decreto-Lei 72/66 unificou os institutos existentes criando o
Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, que era responsável pelas
ações da previdência para os trabalhadores do setor privado, exceto os
trabalhadores rurais e os domésticos (esses últimos incluídos em 1972).
A década de 1970 foi realmente um marco na ampliação da
cobertura para casos específicos: em 1973 foi feita a regulamentação da
150 Terapia Ocupacional • Volume 3

inscrição de autônomos em caráter compulsório, em 1974 a instituição


do amparo previdenciário aos maiores de 70 anos de idade e aos
inválidos não-segurados e em 1976 o atendimento chegou ao campo,
garantindo os direitos aos trabalhadores rurais e seus dependentes.
Devido à diversidade de atendimento e a especificidade de cada
caso, vários diplomas legais foram necessários para definir as condições
exigidas na concessão de benefícios, fazendo-se necessária outra
unificação da legislação. Dessa forma, em 24/01/1976, foi criada a
Consolidação das Leis da Previdência Social – CLPS, através do Decreto
77077/76 e no ano seguinte o Sistema Nacional de Previdência e
Assistência Social – SINPAS, responsável “pela proposição da política
de previdência e assistência médica, farmacêutica e social, bem como
pela supervisão dos órgãos que lhe são subordinados” (Dec 6439/77) e
das entidades a ele vinculadas. Esse mesmo decreto também criou o
Instituto de Administração Financeira da Previdência Social – IAPAS e o
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS.
Foi um período de reestruturação profunda tanto na sua gestão como na
sua administração.
O final da década de 1970 veio alterar a legislação da Previdência
Social criando o Regulamento de Benefícios, de Custeio e da Gestão
Administrativa, Financeira e Patrimonial.
A grande mudança que ocorreu no final da década de 1980 foi
a criação do conceito de Seguridade Social composta pelas áreas de
Saúde, Assistência e Previdência Social. Em 1988, após um longo período
de autoritarismo, nomes de peso da política nacional reuniram-se
para instituir o Estado Democrático e elaborar a nova carta magna da
República. A Assembléia Constituinte promulgou, em 05/10/1988, a
Constituição da República Federativa do Brasil (CF/88) que apresenta o
seguinte preâmbulo:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado
a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade,
a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
A CF/88 estabeleceu os direitos sociais no Art. 6º: “(...) a
CAPÍTULO 4 151

educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a


previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição”. Tratou desses direitos
no Capítulo da Ordem Social baseado “no primado do trabalho, e
como objetivo o bem-estar e a justiça sociais” (Art. 193) e instituiu a
Seguridade Social como “um conjunto integrado de ações de iniciativa
dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (Art. 194).
Em 1990, o então Presidente Fernando Collor de Melo, por meio
do Decreto 99350/90, autorizou a fusão do IAPAS com o INPS, criando o
atual Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia vinculada ao
Ministério da Previdência e Assistência Social, e hoje ao Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS.
Em 1991, foram promulgadas as Leis Previdenciárias nº 8212/91 e a
8213/91 que tratam, respectivamente, do custeio e dos benefícios e serviços
prestados pelo INSS. Ambas foram regulamentadas pelo Decreto 3048/99.
Assim, a Previdência Social definia a sua missão: “garantir proteção
ao trabalhador e sua família, por meio de sistema público de política
previdenciária solidária, inclusiva e sustentável, com o objetivo de
promover o bem-estar social”, através do INSS – autarquia que preenche
todas as condições propostas no Art. 5º da Lei 200/67.
Atualmente, conforme apresenta o site oficial do INSS (www.
inss.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/), a instituição se
responsabiliza pela operacionalização do reconhecimento dos direitos
dos segurados do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, fechando o
ano de 2017 com mais de 50 milhões de segurados e aproximadamente
33 milhões de beneficiários.
No artigo 201 da Constituição Federal Brasileira, observa-se
a organização do RGPS, que tem caráter contributivo e de filiação
obrigatória, e onde se enquadra toda a atuação do INSS, respeitadas
as políticas e estratégias governamentais oriundas dos órgãos
hierarquicamente superiores, como os ministérios.
É nesse contexto e procurando preservar a integridade da
qualidade do atendimento a esse público que o Instituto vem buscando
alternativas de melhoria contínua, com programas de modernização e
excelência operacional, ressaltando a otimização de resultados e de
ferramentas que fundamentem o processo de atendimento ideal aos
anseios dos cidadãos.
152 Terapia Ocupacional • Volume 3

4.1.2 - O Serviço de Reabilitação Profissional.


Um dos serviços que o INSS presta aos seus segurados é o de
reabilitação profissional. O segurado que ficou afastado de suas
atividades laborais, e que ao término do seu tratamento, restaram
sequelas que o limitam funcionalmente, e impedem o exercício das
atividades anteriormente desenvolvidas, é encaminhado para a perícia
médica do Instituto, ou por determinação de processo judicial, para a
reabilitação profissional.
A idéia de amparar profissionalmente as pessoas acometidas ou
portadoras de deficiência não é recente. Desde a época do Império já
existia a preocupação com o referido assunto, devido aos acidentes
ocorridos com os trabalhadores das estradas de ferro.
Durante a I e a II Guerra Mundial, segundo Struffaldi, houve a
necessidade de “recolocar portadores de alguma deficiência na força de
trabalho, uma vez que os contingentes militares absorviam grande parte
da população” (1994, p. 14).
Os países envolvidos nos conflitos precisavam aproveitar os civis que
não podiam compor o corpo militar, ou seja, os chamados “deficientes” e
os que retornavam mutilados da guerra, na força de trabalho.
A II Grande Guerra Mundial, que ocorreu em maiores proporções,
envolvendo, inclusive, os civis, determinou o desenvolvimento da
reabilitação profissional, principalmente nos EUA e na Inglaterra.
Após o final da guerra, os egressos dos campos de batalha também
precisavam ser reabilitados para o trabalho devido às perdas que sofriam
em sua capacidade laborativa (desde amputações até distúrbios de
ordem emocional). Era um contingente de homens que ainda possuíam
parte do seu potencial de trabalho preservado, e necessitavam voltar
para o seu lar e sua vida habitual, pois o seu trabalho era o centro de
sua vida diária, da sua subsistência, e da sua família.
No Brasil, o desenvolvimento industrial com o número crescente de
acidentados do trabalho e do trânsito, foi o agente propulsor da idéia de
criação de um serviço de reabilitação profissional.
Já em 1943, com a Portaria nº CNT-83, surgiu o Serviço de Reabilitação
e Readaptação nos Institutos e Caixas de Aposentadorias e Pensões.
Uma das primeiras tentativas de implantação de um serviço de
Reabilitação Profissional foi levada a cabo, em 1948, pelo Serviço Social
da Indústria – SESI, que, incorporando a experiência norte americana na
área, passou a atender pessoas deficientes encaminhadas pelo antigo
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários – IAPI. (...)
CAPÍTULO 4 153

Existia o caráter profissional da Reabilitação, embora não se estendesse


necessariamente a todos os reabilitados. (XVII CONPAT – 1978, p. 223)
Em 1960, foi criado o primeiro Centro de Reabilitação Profissional -
CRP, ligado ao Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários – IAPC,
com uma orientação mais para reabilitação física do que para a profissional.
Com criação da Lei Orgânica de Previdência Social e o Regulamento
Geral, todos os institutos passaram a oferecer o serviço de reabilitação
profissional – chamado de readaptação e reeducação - cujo objetivo era o
de reconduzir ao mercado de trabalho o segurado afastado que reunisse
condições de retorno a sua atividade laborativa, apesar das limitações que
pudesse ter adquirido após o evento da doença ou do acidente.
Em 1963, por meio do Decreto 53264/63, foram criadas a Comissão
Permanente de Reabilitação Profissional (COPERPS) e a Superintendência
de Serviços de Reabilitação da Previdência Social (SUSERPS), esta
última, que operacionalizava as determinações da primeira. No mesmo
ano, a Organização Internacional do Trabalho – OIT – enviou ao Brasil o
Prof. Norman Philips para estruturar, de forma técnica e administrativa,
o chamado Centro de Reabilitação Profissional.
Em 1967, com a unificação dos IAP no INPS, esse serviço passou a
fazer parte dos benefícios e serviços por ele prestados à população.
Como o número de acidentes no ambiente de trabalho aumentou
significativamente, sobretudo em função da aceleração do processo de
industrialização, o Instituto precisou realizar mudanças em sua atuação,
priorizando o atendimento para os segurados ativos em gozo de auxílio-
doença, principalmente acidentados do trabalho.
Dessa forma, foi criado o Ato Normativo 43/68, que estabelecia a
base para seleção daqueles que receberiam atendimento no CRP. Essa
seleção seria realizada através da potencialidade residual “anatômico-
fisiológica”, que possibilitaria o retorno ao trabalho após o período de
recuperação (raramente mais do que 180 dias). Assim, a partir desse
momento, definiu-se a abordagem profissional da reabilitação, cujo o
objetivo era o de restaurar e reintegrar o cidadão no processo produtivo
de forma satisfatória.
O Centro de Reabilitação Profissional (CRP) era composto por
uma equipe multiprofissional que contava com médicos, enfermeiros,
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, sociólogos,
assistentes sociais, professores e instrutores.
O trabalho era voltado para uma assistência globalizada em que
a população era atendida em muitas de suas necessidades, desde a
154 Terapia Ocupacional • Volume 3

alfabetização até o aprendizado profissional realizado nas oficinas


protegidas de panificação, confeitaria, costura, entre outras. O
cliente amputado também era beneficiado com próteses de excelente
qualidade, e treinamento para usá-la com eficácia.
Em 1978, existiam 16 centros de reabilitação e 13 oficinas
profissionais, e no ano anterior o histórico de 12.000 segurados que
haviam sido reabilitados. Na ocasião, realizava-se o programa de
reabilitação começando pela avaliação das condições físicas, mentais,
sociais e profissionais do beneficiário, e após, ocorria sequencialmente,
a recuperação clínica e psicológica, o treinamento ou formação
profissional, a colocação ou reemprego, e por fim, o acompanhamento
do segurado no exercício da atividade para a qual foi preparado.
Nessa época, o INPS fornecia medicamentos, próteses e órteses,
equipamentos de trabalho, alimentação e transporte urbano. Além de
custear a documentação necessária para o exercício da profissão, bem
como a taxa de inscrição em cursos profissionalizantes.
Na tentativa de atender melhor a população, foram criados Núcleos
de Reabilitação Profissional – NRP, cujo objetivo era o de levar o serviço
para mais perto do segurado. Esses Núcleos executavam o trabalho de
reabilitação profissional recebendo apoio técnico dos CRP.
Em 1994, 21 centros e 25 núcleos de reabilitação distribuídos em várias
regiões do país eram responsáveis pela prática da Reabilitação Profissional.
Até então, pouca coisa mudou na orientação do trabalho durante esse
período. Conforme relata Struffaldi em sua Tese de Doutorado (1994):
O programa de reabilitação profissional se desenvolve através
de fases básicas, simultâneas ou sucessivas, incluindo avaliação das
condições biopsicossociais e da capacidade laborativa dos segurados,
objetivando reintegrá-los à força de trabalho.
(...) Faz parte da programação do CRP a avaliação da escolaridade do
segurado, proporcionando-lhe, quando necessário, alfabetização ou ensino
até a 4ª série do primeiro grau. O certificado correspondente ao antigo
primário é fornecido pelo CRP em convênio com escolas da rede pública.
(...) São oferecidos cursos de práticas comerciais, preparando o segurado
para exercer atividades burocráticas simples; profissionalizantes, em
convênio com entidades através de cooperação técnica.
No decorrer do programa os técnicos mantêm contato com as
empresas às quais estão vinculados os trabalhadores, objetivando
readaptar o segurado em função compatível.
Dessa forma as empresas são cadastradas e tem seus ambientes de
CAPÍTULO 4 155

trabalho e funções descritas, sendo realizada análise profissiográfica de


cada função, formando assim um arquivo para orientação e treinamento
de programas de reabilitação profissional (p. 20/21).
Durante todo esse processo, havia a preocupação com os princípios
fundamentais para a fixação do segurado no novo posto de trabalho: a função
deveria ser exercida com eficiência, não poderia agravar as limitações e nem
acarretar riscos pessoais ou a outrem. O segurado só encerraria o programa
de reabilitação quando estivesse em condições de competir no mercado de
trabalho ou, caso contrário, fosse sugerida sua aposentadoria.
O Brasil, como país membro da Organização Internacional do
Trabalho – OIT, foi signatário da Convenção 159, que definiu os princípios e
determinou as medidas para o Desenvolvimento de Serviço de Reabilitação
Profissional e Emprego para Pessoas Deficientes (Genebra – 1983).
Em 1999, ocorreu uma mudança estrutural no INSS que foi
consolidada por meio do Decreto n° 3081/99, que preconizava a
descentralização da prestação dos serviços e criava as Gerências
Executivas, responsáveis pelas Agências da Previdência Social – APS, que
compunham a sua região de abrangência.
Em 2001, no intuito de acompanhar essa mudança, foi proposto o
novo modelo de Reabilitação Profissional – o REABILITA, com a proposta
de descentralização do serviço, ampliação da rede de atendimento,
otimização de recursos, racionalização do tempo de programa e custos,
estabelecimento de parcerias e o envolvimento da comunidade.
Sua estrutura previu uma Diretoria de Reabilitação Profissional
– DRP em Brasília, uma Unidade Técnica de Reabilitação Profissional –
UTRP, uma Gerência Executiva e as Equipes de Reabilitação Profissional
das Agências da Previdência Social (ERPAPS).
Em 2002, encerraram-se as atividades do último CRP em São
Paulo. Com uma estrutura já bastante deteriorada, sem investimento
de recursos e servidores próximos à aposentadoria, os poucos ativos
que foram deslocados para as ERPAPS restringiram suas atividades ao
atendimento de segurados vinculados que já apresentavam alguma
escolaridade, à concessão de próteses e órteses, avaliação do potencial
laborativo e tentativa de recolocação na própria empresa de vínculo em
função compatível com as limitações.
Assim, sem recursos humanos suficientes para o desenvolvimento
das atividades determinadas em lei, não houve a possibilidade de
montar as equipes em todas as agências da Previdência, e sem as
oficinas de profissionalização, ou parcerias na comunidade, era muito
156 Terapia Ocupacional • Volume 3

difícil realizar a capacitação do segurado.


Um dado importante nesse processo foi a perda da atuação do
terapeuta ocupacional na concessão, confecção e treinamento de
órteses e próteses, como profissional habilitado para tal.
Em 2007, foi criado um Grupo de Trabalho para a Revitalização
da Reabilitação Profissional, promovendo ações de conscientização
dos dirigentes do Instituto sobre a importância desse trabalho, seu
reflexo na comunidade e dando conhecimento dos apelos das entidades
representativas tanto de trabalhadores quanto de empresários. Foi
então, propostos convênios com Instituições de Ensino, articulação
com outros órgãos afins ao serviço, tais como, Ministério do Trabalho,
Ministério da Saúde e Ministério Público.
Desde 2008 alguns concursos para o INSS privilegiaram a nomeação
de servidores voltados para atuação nas equipes de reabilitação
profissional, dentre estes, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais,
fisioterapeutas e psicólogos; com o objetivo de recompor as equipes,
ainda insuficientes.
Não há dados oficiais que apontem a composição das equipes de trabalho
nas mais de 100 gerências executivas do INSS em todo o território nacional.
Uma estimativa traz a quantia de 200 profissionais terapeutas
ocupacionais presentes na composição dessas equipes desde 2008,
contratados para o cargo de "analistas", mas desenvolvendo todas as
prerrogativas inerentes à profissão; somam-se a esses cerca de 20
terapeutas ocupacionais, que já compunham o serviço anterior ao ano
de 2008. E das demais categorias, não há estimativa.
A equipe de RP deve ser constituída pelo perito médico e pelo
profissional de referência; e tem por atribuições a avaliação do potencial
laboral do segurado, a orientação e acompanhamento do PRP, o desligamento
do PRP e a realização da pesquisa da fixação no mercado de trabalho.
O profissional de referência, é aqui representado pelos outros
profissionais da equipe, não médicos (p. ex.: terapeuta ocupacional).
Seguir essa normativa visando a adoção de procedimentos e uma
correta avaliação, é imprescindível para a excelência do serviço, e
consequentemente, para a segurança da pessoa avaliada.

4.2 - Análise e Considerações Finais.


Para uma conclusão exitosa do programa de reabilitação
profissional, é fundamental que o reabilitando se perceba como um
sujeito ativo no processo, sendo incentivado a se expressar e ter a
CAPÍTULO 4 157

possibilidade da escuta pelo profissional que o atende e o acompanha.


Pois, a sua experiência profissional, sua relação com o trabalho e com a
empresa na qual está vinculado, na ocorrência do vínculo empregatício;
suas expectativas antes e depois do afastamento, bem como a sua
relação com o período de afastamento, devem ser ouvidos e trabalhados
contextualmente com o segurado.
Porém, devido a falta de equipes multiprofissionais, há limitações
para atender as diversas situações apresentadas pelos segurados, que
podem estar relacionadas às questões sociais, psicológicas, sociológicas,
entre outras.
A adoção de metas meramente quantitativas, como por exemplo, o
tempo estimado de 40 minutos para cada atendimento, e a assistência
de 9 segurados em uma jornada de 6 horas de trabalho, conforme
previsto na última atualização do manual técnico, traz prejuízos ao
segurado em seu processo de reabilitação profissional, pois limita em
qualidade, a oferta do serviço prestado.
Outra barreira enfrentada, é o fato de que muitas empresas não
oferecem a readaptação a seus próprios funcionários. Consequentemente,
esses trabalhadores passam a depender exclusivamente do programa de
reabilitação profissional, que irá requalificá-lo para uma outra função que
garanta a sua subsistência.
Entretanto, devido às limitações de recursos, aliados à ausência de
investimentos, o programa não tem disponibilizado cursos qualificados e
competitivos para o mercado de trabalho, de acordo com o previsto na
legislação do INSS.
Não obstante a isso, a reabilitação profissional é um serviço
previdenciário de suma importância para a saúde do trabalhador. Assim,
o terapeuta ocupacional, compondo a equipe, contribui com o resgate
da identidade ocupacional do trabalhador, favorecendo o processo de
reabilitação profissional.
Nos últimos atos administrativos publicados pelo INSS e MDS,
bem como o recente Manual Técnico de Procedimentos da Área de
Reabilitação Profissional (Resolução INSS/PRES nº 626, de 09/02/2018),
evidenciam a tentativa da implantação do “ato médico” na reabilitação
profissional do INSS.
Esses atos contribuem para a perda de autonomia dos profissionais
da reabilitação, com real prejuízo para a intervenção profissional a
partir de sua formação e prerrogativas legais.
Avaliamos que para a reestruturação do serviço de reabilitação
158 Terapia Ocupacional • Volume 3

profissional do INSS, se faz necessário:


– Investimentos imediatos e efetivos do governo no Programa
de Reabilitação Profissional (com prioridade para compra de cursos e
insumos de órteses e próteses).
– Encerramento da ameaça de terceirização via convênios firmados
com CNI, federações estaduais de indústrias e outras entidades.
– Abertura de concursos públicos para recomposição de equipes
multiprofissionais.
– Finalização do Ato Médico no programa.
– Autonomia para todos os profissionais da reabilitação a partir de
suas áreas de formação.

5 - TERAPIA OCUPACIONAL EM PERÍCIA JUDICIAL.


Patrícia Luciane Gomes dos Santos
Tatiani Marques
Luis Ferreira Monteiro Neto
Fernando Vicente de Pontes
Adriano Conrado Rodrigues

5.1 - Introdução.
Atualmente, diferentes profissionais são convidados a contribuir
com a coleta, organização e apresentação de informações referentes
às relações trabalhistas e sociais, diante de controvérsias judiciais ou
administrativas que são encontradas como “barreiras” para as decisões do
poder judiciário, e entre esses profissionais está o Terapeuta Ocupacional.
A Terapia Ocupacional é uma profissão de nível superior que atua
nas áreas da saúde, educação e social com principal foco na ocupação
humana e no desempenho ocupacional, trazendo grandes contribuições
para a compreensão dos efeitos das condições e da organização social
e do trabalho nos processos de adoecimento, noções sobre os principais
métodos e abordagens para o estudo de situações e mudanças em
diferentes ambientes que levam ao adoecimento e incapacidade,
compreensão dos processos de adoecimento, incapacidade e exclusão,
bem como formas de evitar e sanar déficits funcionais por meio de
programas de intervenção e acompanhamento (1).
Nesse sentido e na tentativa de manter o direito e a excelência dos
trabalhos à serem desenvolvidos nessa área, apresentamos as atribuições
da perícia terapêutica ocupacional, sua importância nas diversas esferas
CAPÍTULO 4 159

judiciais e a contribuição que o profissional de terapia ocupacional traz


para a justiça brasileira. Explanamos ainda, alguns fundamentos para
garantir a atuação do terapeuta ocupacional como perito judicial e
assistente técnico, de acordo com as resoluções do COFFITO nº 81, nº
360, nº 370, nº 425 e nº 459 (2, 3, 4, 5, 6).

5.2 - Perícia Judicial.


A perícia pode ser considerada como a análise dos fatos a partir da
expertise de um profissional em relação à dada situação ou estado com
o propósito de fornecer conhecimentos técnico-científicos produzindo
provas para auxiliar nas decisões do Juiz.
Da perícia técnica resultará a elaboração de um laudo pericial, que
é o resultado do conhecimento técnico sobre o assunto, com o objetivo
de auxiliar o Juiz com um conhecimento especializado que, por vezes
ele não possui.
A sentença a ser dada pelo Juiz pode ser fundamentada pelo laudo
pericial, parecer dos assistentes técnicos e também nas manifestações
em relação a estes, de modo a lhe dar condições para que tome a
melhor decisão em questões controvertidas.
O relato técnico especializado expresso no laudo pericial tem o
potencial de influenciar decisivamente o magistrado, tendo em vista que ao
final do processo, em sua sentença, fundamentará sua decisão em provas e
uma delas poderá ser o laudo desenvolvido pelo perito (7, 8, 9, 10, 11).

5.3 - O Terapeuta Ocupacional Perito e Assistente Técnico.


O terapeuta ocupacional perito é o profissional especializado
nomeado pelo Juiz para auxiliá-lo em ações judiciais, quando estas
geram conflito entre as partes e necessitam de conhecimento técnico-
científico aprofundado que compete a esse profissional (12, 11).
Cabe ao perito à análise da matéria de fato, de forma minuciosa
e detalhada, abstendo-se de manifestar-se sobre matéria de direito ou
fazer conclusões que possam induzir em erro e averiguando o eventual
nexo de causalidade e a capacidade funcional residual da parte.
Portanto, o perito judicial desempenha papel fundamental no âmbito do
processo judicial (11).
O terapeuta ocupacional poderá atuar como auxiliar da justiça
ou das partes (no caso de assistente técnico), pois é o profissional
habilitado ainda no seu período de formação, para analisar a “atividade
humana”, seja ela qual for e no âmbito que se encontrar (1).
160 Terapia Ocupacional • Volume 3

De acordo com o parágrafo 1º do artigo 156 do novo Código do


Processo Civil “os peritos serão nomeados entre profissionais legalmente
habilitados e os órgãos técnicos devidamente inscritos pelo cadastro
mantido pelo tribunal ao qual o Juiz está vinculado” (10).
O terapeuta ocupacional estará apto a atuar como perito judicial na
Justiça do Trabalho e Justiça Cível Estadual e Federal, sendo a perícia técnica
Terapêutica Ocupacional, ato privativo/exclusivo do profissional terapeuta
ocupacional, pois envolve a sua competência e prerrogativas legais (14).

5.4 - O Terapeuta Ocupacional Perito e o estabelecimento do nexo causal.


O conhecimento dos terapeutas ocupacionais para atuar no campo
da saúde ocupacional e a legalidade na atuação em perícia judicial
e assistência técnica judicial está bem fundamentada por diversos
documentos, tais como: Decreto Lei 938 de 1969; Resolução COFFITO
Nº 81 de 1987; Decreto Lei nº 8.213 de 1991; Decreto Lei nº 9.784 de
1999; Resolução COFFITO Nº 265 de 2004; Resolução COFFITO Nº 316 de
2006; Resolução COFFITO Nº 360 de 2008; Resolução COFFITO Nº 370 de
2009; Resolução COFFITO Nº 425 de 2013; Resolução COFFITO Nº 459 de
2015; sendo uma das principais a Resolução COFFITO nº 382, de 2010,
que dispõe sobre a elaboração e emissão pelo Terapeuta Ocupacional de
atestados, pareceres e laudos periciais (14).
A Instrução Normativa nº 31 do Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, descreve o “Nexo Técnico Epidemiológico” como o cruzamento das
informações da Classificação Internacional de Doenças e do código da
Classificação Nacional de Atividade Econômica, apontando a existência
de uma relação entre a lesão ou agravo e a atividade desenvolvida pelo
trabalhador. A partir dessa referência, se ganha mais uma importante
ferramenta para auxiliar a análise sobre a natureza da incapacidade ao
trabalho, correlacionando o diagnóstico com as atividades relacionadas
ao trabalho; e que o “Nexo Causal” se caracteriza pela existência de
sinais clínicos sugestivos da disfunção alegada” (11, 15, 16, 17, 18).
Nas perícias em que se encontram controvérsias advindas da
existência ou não do nexo causal ou nexo técnico epidemiológico, exige-
se uma análise aprofundada das atividades de trabalho e das disfunções
e limitações encontradas. Portanto, cabe ao terapeuta ocupacional,
estabelecer ou não, o nexo causal e avaliar a capacidade funcional
residual que a parte do processo apresenta.
O conhecimento técnico e científico necessário para o estabelecimento
do nexo causal, dentre outros, é a análise de atividades, que se caracteriza
CAPÍTULO 4 161

como uma forma de raciocínio utilizada por terapeutas ocupacionais para


compreender as atividades, os componentes de desempenho ocupacional
necessários para fazê-las, os significados culturais tipicamente atribuídos a
elas e os ambientes nos quais elas são realizadas, considerando a Classificação
Internacional de Incapacidade, Funcionalidade e Saúde (CIF), atual modelo
conceitual em saúde, como princípio norteador para a avaliação (12, 19).
Nesta análise incluem-se informações sobre as habilidades
especificas necessárias para realizar atividades de forma competente
(componentes funcionais, sensoriais, cognitivos, sociais), sua relação
com a participação e com o contexto ambiental. Nesse sentido, não se
aborda apenas as dimensões cinesiológicas e biomecânicas da atividade
de trabalho, mas também a participação social e o ambiente, que está
sempre interagindo com as pessoas para auxiliar ou dificultar a realização
das atividades e influenciando a participação de um indivíduo.
O terapeuta ocupacional tem como principal escopo e desempenho
ocupacional de indivíduos nas suas diversas atividades e ocupações,
apresentando formação acadêmica aprofundada na cinética do homem
e sua relação com atividades ocupacionais, em todas as suas formas de
expressão, quer nos seus desvios patológicos, quer nas suas repercussões
psíquicas e orgânicas, tendo como meta restaurar a capacidade
funcional/mental do indivíduo (1).
Sendo assim, esse profissional encontra-se apto a atuar como
perito, assim como assistente técnico das partes.
Importante salientarmos que as perícias judiciais devem ser
definidas como “Perícias Técnicas” e não “Perícias Médicas”, pois não é
somente o profissional médico habilitado para este fim (20, 11). Quando a
controvérsia é a existência ou não da doença (diagnóstico nosológico), a
perícia é realizada pelo Médico, mas quando a dúvida é relacionada com
a incapacidade gerada pela doença (avaliação da capacidade funcional), e
não há dúvidas da existência da doença, pois está comprovada nos autos
através de exames médicos e/ou atestados médicos, esta perícia poderá ser
realizada pelo Terapeuta Ocupacional. Também poderá ser objeto da perícia,
a investigação da relação da doença com o trabalho (nexo causal), onde
mais uma vez, o terapeuta ocupacional se destaca por seus conhecimentos
técnicos científicos, conforme ditos anteriormente, em análise de
atividades, fisiologia do trabalho, biomecânica ocupacional e antropometria.
A Resolução nº 218, de 06/03/1997 do CNS (Conselho Nacional
de Saúde) reconhece 14 profissionais de saúde de nível superior,
dentre os quais, citamos: Assistentes Sociais, Educadores Físicos;
162 Terapia Ocupacional • Volume 3

Enfermeiros; Farmacêuticos; Fisioterapeutas; Fonoaudiólogos; Médicos;


Nutricionistas; Odontólogos; Psicólogos; e Terapeutas Ocupacionais. Esse
reconhecimento pelo CNS foi publicado após a 8ª Conferência Nacional
de Saúde, onde foi concebida saúde como “a garantia pelo Estado, de
condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário, às ações
e serviços de promoção, proteção, e recuperação da saúde, em todos
os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao
desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade” (21).
Nas “Diretrizes sobre prova pericial em acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais”, publicada pelo Comitê Gestor Nacional do
Programa Trabalho Seguro, em 25 fevereiro de 2014, em seu Capítulo I –
Do Perito - Art. 1º , encontramos: “Nas perícias em matéria de acidente
do trabalho e doenças ocupacionais deverão ser nomeados peritos que
atendam as normas legais e ético-profissionais para análise do objeto de
prova, tais como médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais, engenheiros, dentre outros, sem prejuízo da
nomeação de mais de um profissional, ainda que não se trate de perícia
complexa, nos moldes do art. 431-B do Código de Processo Civil” (22).

5.5 - Atribuições do Perito Terapeuta Ocupacional e Assistente Técnico.


A resolução COFFITO 459/2015, contempla algumas atribuições do
terapeuta ocupacional, as quais se destacam:
• Realizar a análise ergonômica da atividade laboral, considerando
as normas regulamentadoras vigentes, com foco na avaliação do
ambiente laboral que envolva a investigação das dimensões do trabalho,
de acordo com a classificação da ergonomia em seus aspectos físicos,
cognitivos e organizacionais;
• Realizar a avaliação da capacidade para o trabalho orientada
pela CIF, considerando os componentes de desempenho ocupacional, os
comprometimentos das Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD) e das
Atividades Pessoais da Vida Diária (APVD);
• Identificar, avaliar e observar os fatores ambientais que possam
constituir risco à saúde ocupacional do trabalhador, e, a partir do
diagnóstico, intervir no ambiente, tornando-o mais seguro e funcional
para o desempenho laboral;
• Elaborar e emitir parecer, atestado ou laudo judicial pericial,
indicando o grau de capacidade e incapacidade temporária ou
permanente, progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou contínua
relacionado ao trabalho e seus efeitos no desempenho laboral, com
CAPÍTULO 4 163

vistas a apontar as habilidades e potencialidades do indivíduo, promover


mudanças ou adaptações nos postos de trabalho e assegurar um retorno
ao trabalho gradual e com suporte, de forma segura e sustentável (6, 13).
Destacam-se neste campo de atuação a resolução do COFFITO
370/2009, que dispõe sobre a adoção da Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) da Organização Mundial de
Saúde por Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais, no qual:
Art. 1º - O Fisioterapeuta e o Terapeuta Ocupacional adotarão a
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(CIF), segundo recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS), no
âmbito de suas respectivas competências institucionais.
Art. 2º - O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional aplicarão,
após os respectivos diagnósticos fisioterapêuticos e terapêuticos
ocupacionais, a versão atualizada da CIF e sua derivada (4).
A CIF foi desenvolvida pela OMS, sendo sua aplicação pertinentes
a diversos campos das ciências da saúde. Sendo uma delas a área
pericial. A CIF fornece um sistema para a codificação de uma ampla
gama de informações, oferecendo um diagnóstico da funcionalidade
e incapacidade, utilizando uma linguagem comum e padronizada
permitindo a inter-relação entre várias ciências da saúde, o que justifica
recomendarmos ao terapeuta ocupacional que a utilize dentro do âmbito
da perícia e assistência técnica pericial (12, 19).

5.5.1 - Pré Requisitos e Formação de Cadastro.


Para a atuação como perito e auxiliar técnico, é de extrema
importância que o terapeuta ocupacional tenha as seguintes competências:
profundo e atualizado conhecimento sobre o tema a ser periciado,
domínio das principais avaliações validadas na área a ser periciada,
esteja familiarizado com a atuação pericial, boa capacidade de síntese
de idéias, pensamento lógico e desenvoltura para arguições, e possua
ainda, a linguagem jurídica necessária, com domínio da língua portuguesa
(interpretação de texto, gramática, conjugação) e cumprindo rigorosamente
os prazos correntes. De acordo com o Art. 465 do CPC, no seu § 2º (23).
Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I – proposta de honorários;
II – currículo, com comprovação de especialização;
III – contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para
onde serão dirigidas as intimações pessoais.
Para formação do cadastro, os tribunais costumam realizar consulta
164 Terapia Ocupacional • Volume 3

pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em


jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a
conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), para a indicação de profissionais ou de
órgãos técnicos interessados (art. 156, § 2º do Código de Processo Civil).
O terapeuta ocupacional deverá, portanto, cadastrar-se nos Fóruns
Cíveis Estadual e Federal e Fórum Trabalhista, fazendo-se conhecido
junto aos Magistrados, e se mantendo o seu cadastro atualizado nos
diversos tribunais trabalhistas. E quando for nomeado, trabalhar para
ganhar o respeito, a confiança de todos os envolvidos no processo, e
necessariamente agindo com imparcialidade (7, 20, 11).

5.5.2 - Proposta de Honorários e início dos Trabalhos.


Para tal, é de fundamental importância estudar o caso e verificar
os quesitos formulados pelas partes envolvidas, levando sempre
em consideração os seguintes itens: extensão dos trabalhos, tempo
destinado para estudo dos casos, pesquisa, entrevista, e confecção
do laudo com resposta aos quesitos. Deve-se considerar que as partes
normalmente pedem esclarecimentos após o laudo e que a mesma não
pode ser realizada nova proposta de honorários.
E por final, baseado nas horas estimadas para todo o trabalho, deve-
se então formular por escrito proposta de honorários. E que se houver
quesito alheio a especialidade, deixar claro que não será respondido.
Fixados e aceitos os honorários, o qual deverá ser comprovado
no processo o depósito, o perito deve designar dia, hora e local para
instalação da perícia, inclusive informando por escrito no próprio
processo, e após, requerer a intimação das partes e de seus assistentes
técnicos, com antecedência mínima de 5 dias úteis.
O ideal é que a perícia seja sempre que possível no posto de trabalho,
ou alternativamente, no consultório do perito, que também deverá
possibilitar aos assistentes das partes, o acesso e o acompanhamento das
diligências e dos exames que realizar (7, 24, 20, 11).

5.5.3 - Do laudo Pericial.


Nas diligências e eventuais exames, o perito deve permitir que
os assistentes técnicos acompanhem todo o processo. Contudo, no
tocante a elaboração do laudo, não poderá haver interferência por
parte dos mesmos (7, 11).
Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
CAPÍTULO 4 165

I – a exposição do objeto da perícia;


II – a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e
demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área
do conhecimento da qual se originou;
IV – a resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo
juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público (25).

IMPORTANTE: O perito deve limitar-se apenas a responder aos


quesitos. E jamais emitir juízo de valor, pois este caberá ao juiz.

§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em


linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou as
suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação,
bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou
científico do objeto da perícia.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes
técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam
em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como
instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou
outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia (8).
O juiz fixará prazo para conclusão da perícia, podendo prorrogá-
lo por motivo justificado, por mais de uma vez e/ou pela metade do
original. O não cumprimento do prazo poderá resultar em multa aplicada
pelo juiz, e sobretudo, na perda da confiança do próprio magistrado.
Assim, a atuação do terapeuta ocupacional como perito judicial
não é algo novo, tanto que a sua aceitação no âmbito judicial, conforme
julgado do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, de 2 de
setembro de 2003, da relatoria do Magistrado Des. Haynton Lee Swain
Filho (processo AI 2530394), de cuja decisão extrai-se o seguinte teor:
“É indubitável que ninguém melhor que uma profissional do ramo
da terapia ocupacional, em cujo campo se inserem o tratamento e
prevenção das doenças ocupacionais (LER e DORT) para aferir, através de
perícia, se a autora é ou não portadora da doença indicada na inicial.”

5.6 - Considerações Finais.


Obviamente não há neste capítulo, a pretensão de se esgotar o
166 Terapia Ocupacional • Volume 3

assunto, tampouco de se ministrar um curso sobre “perícia terapêutica


ocupacional”. Pois a nossa finalidade é a de provocar interesse sobre
a atuação do terapeuta ocupacional em perícia, esclarecendo aos
profissionais da saúde, aos magistrados e a população em geral sobre a
expertise desse profissional em mais esta área de atuação.
Vale ressaltar, que esse é um campo de ação profissional onde a
possibilidade de remuneração pelo trabalho prestado é dimensionada
conforme a "causa" para a qual o perito foi designado, bem como
segundo as variáveis envolvidas para a correta e completa elaboração do
laudo pericial; não sendo possível assim, dimensioná-la pelo Referencial
Nacional de Honorários da Terapia Ocupacional.
Assim, cabe ao terapeuta ocupacional se capacitar para oferecer
seu trabalho com excelência e critérios rígidos de assertividade,
evidenciando o competente olhar que lhe é inerente desde a formação
e que norteia a sua essência, ou seja, a Análise da Atividade Humana e o
Desempenho Ocupacional.

6 - RH E MERCADO DE TRABALHO INCLUSIVO: A


ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA INCLUSÃO
E GESTÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA.
Patrícia Oliveira

6.1 – A Inclusão de pessoas com deficiência no trabalho e a


Terapia Ocupacional
A contratação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho
é um processo obrigatório para empresas acima de 100 funcionário em
todo o território brasileiro. Estamos nos referindo mais especificamente
a Lei de Cotas 8.213 de 24 de junho de 1991 que determina às empresas
um percentual de contratação, que varia de 2% a 5%, de pessoas com
deficiência em seu quadro de funcionários. (3; 4)
O trabalho como direito é reforçado pela Lei Brasileira de Inclusão,
a LBI 13.146 de 6 de julho de 2015, conhecido como o Estatuto da Pessoa
com Deficiência, que ao ser publicado, trouxe alterações importantes e
profundas em vários artigos de outros documentos legais. (2)
Além da Leis citadas, temos o Decreto 3.298/99 que regulamenta
a Lei 7.853/89 que dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, a
integração social, disciplina a ação do Ministério Público e define crimes,
CAPÍTULO 4 167

o Decreto 5.296/04 que altera o que são os tipos de deficiência e os


critérios de elegibilidade que contemplam a Lei de Cotas, regulamenta
as Leis 10.048/00 e Lei 10.098/00. A primeira dispõe sobre a prioridade
de atendimento e a segunda dispõe sobre normas e critérios na
promoção da acessibilidade. (3; 4)
Complementando a legislação de acessibilidade mencionada, temos
ainda a normativa NBR 9050;2017 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT que sinaliza corretamente como que cada espaço
deve ser pensado, planejado, organizado e adaptado para atender às
necessidades quanto ao acesso, permanência e participação plena de
todas pessoas com qualquer tipo de deficiência. (12)
No que tange a Fiscalização, necessário se faz o conhecimento da
Instrução Normativa 98/2012 que regulamenta a fiscalização, uniformiza
os procedimentos e incentiva a qualificação da pessoa com deficiência
de forma objetiva visando a correta contratação de pessoas com
deficiência. (5; 6; 10)
A normativa citada fomenta a participação do AFT – Auditor Fiscal
do Trabalho em todo o processo de inclusão desde a captação da mão
de obra, o processo de contratação, o período de adaptação e as
adaptações no posto de trabalho para exercício da função até o eventual
desligamento. Esse documento também delineia a caracterização da
pessoa com deficiência e prevê as formas de combater as eventuais
práticas discriminatórias adotadas pelas empresas que contratam
pessoas com deficiência. (10)
Embora exista um arsenal de políticas públicas que visam garantir
por meio das leis, decretos, normativas e outros documentos nacionais e
internacionais, na prática, isso se constitui de forma muito equivocada
e distante do ideal. Por questões históricas, desde a criação das escolas
especiais, as pessoas com deficiência saíram de uma exclusão marginal
para uma exclusão assistida que consistia em acreditar que apenas o
desempenho em funções mecanicistas, repetitivas e manuais era viável
para as pessoas com deficiência. Ainda encontramos muitos profissionais
da saúde e educação que vislumbram apenas essa possibilidade, ou seja,
são incapazes de desempenharem outros papéis ocupacionais no mundo
do trabalho, o que vem mudando muito na última década (1)
Comumente encontramos empresas com uma falsa percepção sobre
a contratação de pessoas com deficiência acreditando que a inclusão
gera dificuldades e custos elevados, que se soma com a ausência de
programas de internos de inclusão e a dificuldade de implantar uma
168 Terapia Ocupacional • Volume 3

Gestão de Pessoas pautada na valorização da diversidade acabam se


tornando grandes obstáculos que precisam ser ultrapassados para a
contratação de “profissionais com deficiência” ao invés da contratação
de “deficiências” com mero intuito de se livrar de uma penalidade,
sendo essa muitas vezes, a única meta das empresas em geral.
Para melhor compreendermos o cenário, cabe elucidarmos a
questão da inclusão e a contratação das pessoas com deficiência com
base no último CENSO do IBGE.
De acordo com o CENSO do IBGE de 2010, 24% da população
brasileira tem algum tipo de deficiência, cerca de 46 milhões de pessoas
em todo o Brasil. Ou seja, um enorme contingente de profissionais com
deficiência pode contribuir ativamente para a produtividade e consumo
no país. Desses 46 milhões de pessoas com deficiência, o CENSO do IBGE
de 2010 identificou cerca de 2,8 milhões de pessoas com deficiência
com ensino superior completo, incluindo aqui os que possuem Mestrado
e Doutorado para cerca de 937 mil vagas para pessoas com deficiência
abertas naquele mesmo ano. (3)
Então, como podemos constatar, esses profissionais existem com
todo seu potencial para produzir, consumir e viver seu papel ocupacional
de trabalhador no mercado formal de forma autônoma e independente,
com ou sem o auxílio de tecnologias assistivas, conforme cada caso.
Cabe ao Terapeuta Ocupacional se aventurar mais nessa área de
atuação, munido dos conhecimentos que lhe são próprios acerca da
atividade humana, do desempenho ocupacional, dos papeis ocupacionais
e das tecnologias assistivas para auxiliar pessoas com deficiência e
empresas no processo de inclusão desses profissionais.
Contudo, quando realizamos uma breve pesquisa de vagas abertas
para pessoas com deficiência evidenciamos que, na sua esmagadora
maioria, são vagas operacionais ou administrativas, sendo raras as
vagas técnicas, gerências ou de alta gerência disponibilizadas para
pessoas com deficiência.
Os profissionais com deficiência altamente qualificados são
convidados a participarem de vagas no mercado de trabalho que estão
muito aquém do potencial, fora da sua área de formação e longe do
que almejam para suas carreiras. Na tentativa de serem percebidos e
conseguirem oportunidades de trabalho na área de formação, profissionais
com deficiência mais qualificados adotaram como prática não colocarem
que possuem algum tipo de deficiência e estão participando de processos
seletivos comuns, ou seja, para profissionais sem deficiência, gerando
CAPÍTULO 4 169

desconforto e surpresa para muitas empresas e entrevistadores.


Como podemos perceber, existe um descaso e um subaproveitamento
real da mão de obra qualificada fomentada por um paradigma fortemente
adotado no mundo empresarial que está pautado na barreira atitudinal e
na desqualificação do potencial desses profissionais.
Segundo os dados divulgados pela Relação Anual de Informações
Sociais -RAIS de 2016 houve um aumento de 3,6% na contratação de
pessoas com deficiência em relação a 2015. De acordo com o Ministério
do Trabalho e Emprego – MTE foram contabilizados a presença de
418.521 pessoas com deficiência contratadas com carteira assinada.
Contudo, dos profissionais com deficiência contratados, 93,48% só estão
trabalhando pela obrigatoriedade da Lei de Cotas.
Diante do cenário que explicitamos acima, a Terapia Ocupacional
tem um papel de extrema importância para a inclusão de pessoas
com deficiência. Com o avanço das políticas públicas e com a Lei
Brasileira de Inclusão, que aprofundou e reforçou os direitos das pessoas
com deficiência, cabe ao Terapeuta Ocupacional legitimar o papel
ocupacional de estudante que visa se profissionalizar para pleitear uma
vaga no mercado de trabalho, facilitando e oras mediando o direito ao
exercício do papel ocupacional de trabalhador no mercado formal de
trabalho, sendo esse um grande agente de mudança dessa realidade
social vivenciada de forma extremamente estigmatizante pelas famílias,
pessoas com deficiência e empresas na busca por uma oportunidade no
mercado de trabalho que seja verdadeiramente inclusiva.
Sendo assim, a atuação do Terapeuta Ocupacional será de
acreditar no potencial humano, evidenciando a pessoa, o estudante e
o profissional de forma a oportunizar e facilitar o processo de inclusão,
desde a preparação dessas pessoas com algum tipo de deficiência, que
estão em clinicas, consultórios, instituições, associações e centros de
atenção psicossocial, para ingressarem no mercado de trabalho mais
preparadas, qualificadas e com o apoio necessário pelo período que
precisarem, auxiliando em todo o processo de inclusão desde a busca
por uma vaga até o acompanhamento pós colocação dessas pessoas no
mercado de trabalho formal.

6.2 - A Atuação prática do Terapeuta Ocupacional na inclusão e


gestão de pessoas com deficiência no trabalho.
Atuar na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de
trabalho exigirá do Terapeuta Ocupacional uma flexibilidade que
170 Terapia Ocupacional • Volume 3

extrapole as paredes do atendimento circunscrito ao consultório,


clinica, instituição ou local de trabalho como profissional da saúde para
atuar como um consultor, assessor ou instrutor que faça a mediação e a
facilitação do processo de inclusão entre o profissional com deficiência e
a empresa contratante.
A atuação do Terapeuta Ocupacional na inclusão de pessoas com
deficiência no mercado de trabalho vai acarretar a necessidade do
profissional em conhecer e se manter atualizado na legislação vigente
e entender mais sobre os paradigmas da integração social, inclusão
social e do empoderamento para que suas ações sejam condizente com
as aspirações do profissional com deficiência e com as expectativas das
empresas acompanhando as mudanças culturais e socioeconômicas sobre
a inclusão de pessoas com deficiência no trabalho.
Na prática, o Terapeuta Ocupacional estará em contato direto com
dois setores: o departamento de recursos humano e o da medicina e
segurança do trabalho.
Sendo assim, o Terapeuta Ocupacional terá de lidar com
informações como: a tipificação da empresa contratante, seu ramo
de atividade e as certificações quanto as normas implantadas ou em
processo de implantação, bem como lidará também com os processos de
auditorias e exigências do uso de equipamentos de segurança individuais
e coletivos. Esses farão parte do dia-a-dia no processo de atuação do
Terapeuta Ocupacional, pois irão interferir na abertura de vagas, no
fluxo de contratação de pessoas com deficiência, no tipo de deficiência
que a empresa se mostra “aberta” a contratar para ocupar um cargo em
questão e na análise do posto de trabalho com suas condições atuais de
acessibilidade e os riscos da colocação frente as exigências da atividade
laboral que poderá ser exercida.
Em consultório, na clínica ou instituição, o Terapeuta Ocupacional
precisará pensar em de fato preparar a família e a pessoa com
deficiência para o trabalho, com o máximo de autonomia, independência
e segurança possíveis. Deverá se atentar para as relações e os
comportamentos esperados no mundo do trabalho, auxiliando a entender
como ele funciona e tudo que precisará aprender e se familiarizar para
conseguir ser incluído e realizar a manutenção da sua empregabilidade.
O processo de inclusão é cíclico, ele nunca para! Está sempre em
movimento para se ajustar e se adequar as mais novas possibilidades
ou intercorrências. Tudo é muito novo para empresa, funcionários e
para a pessoa com deficiência que chega ao mercado de trabalho.
CAPÍTULO 4 171

Então, o Terapeuta Ocupacional que entende, estuda, analise e adapta


a atividade humana, que se preocupa em dar sentido as ocupações e
valoriza a importância de viver os papéis ocupacionais importantes e
significativos para seu cliente entra nesse processo apontando caminhos,
construindo possibilidades e humanizando processos e pessoas.

6.2.1 - Preparação para o mercado de trabalho na perspectiva clinica


ou instrucional.
Um dos pontos de partida para o processo de inclusão no mercado
de trabalho é o cliente ter o desejo de trabalhar, de reativar ou ativar
seu papel ocupacional de trabalhador. O desejo de quem almeja uma
profissão e o pleito por uma vaga no mercado de trabalho é o maior de
todos os termômetros para o Terapeuta Ocupacional convide a família,
a instituição e a si mesmo para trilhar o processo de inclusão de pessoas
com deficiência no mercado de trabalho.
Sendo assim, tudo começa com uma preparação da pessoa que tem
o desejo do mercado de trabalho. É necessário identificar as preferências,
as habilidades, os desejos e as limitações funcionais ajustando o desejo
com a realidade do mercado de trabalho, mas sempre evidenciando a
pessoa com todo seu potencial e capacidades remanescentes.
É imprescindível que o Terapeuta ocupacional se dedique a avaliar
as ABVD – atividades básicas de vida diária e as AIVD – Atividades
Instrumentais de vida diária visando níveis melhores de autonomia e
independência, principalmente quanto as questões: Higiene pessoal,
saber servir-se, usar transporte público e recursos da comunidade, uso
do dinheiro, adotar e treinar uma assinatura, saber fazer compras, usar
cartões de credito, o que é e como usar vale refeição e alimentação,
cartão de farmácia e o que é uma cesta básica.
Pesquisas quanto ao mercado, visitas, vídeos, simulações de
entrevistas, dinâmicas e saber falar sobre a própria deficiência são
requisitos para se conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Além
disso, o Terapeuta Ocupacional precisa avaliar o cliente de acordo com o
que se pretende objetivando o mercado de trabalho para poder compor
um Laudo Terapêutico Ocupacional que aponte as limitações para o
mercado de trabalho e que tipos de ajudas técnicas o cliente precisa
para conseguir ingressar no mercado de trabalho.
Em paralelo, na medida do possível antes de ingressar no mercado
de trabalho, precisamos pensar como está o papel de cidadão desse
cliente. Quais documentos ele possui? Caso não tenha, o Terapeuta
172 Terapia Ocupacional • Volume 3

Ocupacional precisará dar esse suporte não somente em conseguir a


emissão dos documentos necessários para pleitear uma vaga no mercado
de trabalho, mas de trazer o empoderamento para a vida do seu cliente.
Nos treinos de AIVD – Atividades instrumentais de vida diária – Participação
Social, devemos trabalhar o papel de cidadão e o exercício da cidadania
explicando a necessidade de cada documento, a sua importância, quando
usar e o cuidado necessário com os documentos pessoais.
Em um segundo momento, o Terapeuta Ocupacional deve
proporcionar o conhecimento do mundo do trabalho através de treinos
de Hábitos e Comportamentos para o trabalho. O que, apesar de ser
oferecido em estágio preparatório, poderá ser feito em Programas
de Capacitação ou como proposta de intervenção para auxiliar nas
atitudes comportamentais no mundo do trabalho para os profissionais
que foram previamente contratados e fazem parte do quadro de
funcionários de uma empresa.
Por último, dentro de perspectiva de clínica e instituição, a
elaboração do currículo e a busca por uma vaga no mercado de trabalho
fazem parte do processo terapêutico ocupacional podendo variar o nível
de assistência direcionada para execução das atividades.

6.2.2 - Ponto de partida na perspectiva de Consultoria ou Assessoria


Empresarial.
O Terapeuta Ocupacional precisará se aliar a uma agencia de
recursos humanos, empresas especializadas em inclusão, atuar como
instrutor do Sistema S – SENAI/SESC/SENAT/SEBRAE ou se constituir
empresa jurídica, pois esse tipo de trabalho configura a necessidade de
emissão de nota fiscal e de atendimento a uma série de burocracia no
atendimento às empresas que precisam cumprir a Lei de Cotas.
O ponto de partida em 90% dos casos é com a urgência da
empresa em contratar pessoas com deficiência para evitar pagar a
multa. A grande maioria quando procura uma empresa ou um consultor
especializado em inclusão precisa resolver “o seu problema” em
curtíssimo espaço de tempo, pois a multa está em andamento sendo
cobrada por dia e por vaga não cumprida.
Muito embora saibamos que a Lei de Cotas existe e deveria assim
ser cumprida há quase três décadas, raramente encontraremos empresas
que cumprem a lei, atribuindo valor a diversidade e contratando
profissionais para compor a sua equipe.
Para contrabalancear essa grande parcela de empresas que apenas
CAPÍTULO 4 173

desejam evitar a punição advinda da não contratação de pessoas com


deficiência, algumas empresas se esforçam para construir um ambiente
inclusivo, igualitário na qual os profissionais com deficiência trabalham juntos
para formar uma equipe mais humanizada e uma economia mais sustentável.
Para incentivar as empresas e reconhecer publicamente o trabalho
que elas desenvolvem com os profissionais com deficiência o Prêmio
“Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência” foi criado em
2014 está na sua quinta edição (2018) e acontece todo ano em São Paulo,
onde pode citar empresas como; HP, McDonald’s, PwC Brasil, Citibank
por exemplo. Na categoria “Empreendedores com Deficiência temos
Jéssica Pereira da Silva – Bellatucci Café, empresária com Síndrome de
Down abriu uma cafeteria no Cambuci – SP e o Claudio Roberto Tavares
– Deficiente Online que tem deficiência física congênita, proprietário de
uma empresa online que faz a ponte entre empresas e candidatos com
deficiência ou reabilitados para o mercado de trabalho. (2)
Como podemos constatar, muito trabalho tem o Terapeuta
Ocupacional que aspira atuar nessa área. Contudo, extremamente
importante que estude esse mercado inclusivo, toda a legislação
vigente, entender quando um plano de ação está fomentando a
integração social, a inclusão ou promovendo o empoderamento das
pessoas com deficiência sensibilizando e conscientizando as pessoas que
farão a gestão desses profissionais no contexto do trabalho. As ações
mais assistencialistas definitivamente não vão agregar o valor esperado
pelas empresas, pelos profissionais com deficiência e nem tão pouco
contribuirão para o fortalecimento desses profissionais e de seus direitos
previstos em Lei.
É preciso pensar em ações que promovam desempenho ocupacional
em função ou no cargo ocupado com o máximo de autonomia e
independência, sem deixar de pensar em segurança, riscos laborais,
potencial laborativo e aspirações do profissional para sua carreira.

6.2.3 - A Lei de Cotas na Prática: Passo a Passo do processo inclusivo.


Apesar de explanarmos abaixo o passo a passo todas as etapas para
um processo inclusivo de sucesso que de fato contemple às necessidades
dos profissionais com deficiência visando uma prática inclusiva ideal,
efetiva e de valorização da diversidade nas empresas, o profissional
de Terapia Ocupacional precisa se preparar para encarar algo bem
complexo, não linear e que quase sempre não segue o previsto em nossa
legislação brasileira.
174 Terapia Ocupacional • Volume 3

As etapas descritas são geralmente aplicáveis as empresas que


construíram um Programa Interno de Inclusão e desejam que a cultura
organizacional seja afetada e modificada visando construir um ambiente
de trabalho inclusivo e humanizado.

1. Etapa Preparação e Conscientização


a) Conscientização, Treinamento RH e Alta Gerência: Nessa fase, o
foco está em informar e disseminar as informações sobre inclusão de
pessoas com deficiência, desde a história da pessoa com deficiência,
os tipos de deficiência, como se relacionar com as pessoas com
deficiência, as dimensões da acessibilidade (arquitetônica, instrumental,
metodológica, programática, comunicacional e atitudinal), informações
sobre a legislação vigente, fiscalização, tecnologias assistivas, atos
discriminatórios e a importância da valorização da diversidade para o
sucesso inclusivo.
b) Elaboração do Programa de Interno de Inclusão: Elaborar um
programa interno de inclusão perpassa pela ressignificação de valores
e da cultura organizacional. Essa fase irá afetar a cultura, o clima
organizacional, a forma como a comunicação interna disseminada
quando o assunto é inclusão e diversidade. Contempla a inclusão das
pessoas com deficiência e outras dimensões da diversidade, como a
questão de raça, imigrantes de outros países, orientação sexual e de
gênero, por exemplo. Uma discussão para montar uma equipe ou de pelo
menos um profissional responsável pelo Programa Interno de Inclusão e
Gestão da Diversidade para atuar com as parcerias públicas privadas,
orçamento destinado ao programa, elaboração e acompanhamento das
metas compartilhadas com outros setores como: Medicina e Segurança
do Trabalho, Assistência Social, Comunicação e Marketing, Assessoria de
Imprensa e Operacional.
Imprescindível que se tenha em mente a necessidade da
participação e o apoio da alta gerência para passar diretrizes bem
como a participação de um profissional com deficiência para construção
desse programa visando atender as reais necessidades especificas dos
colaboradores da empresa com algum tipo de deficiência.
c) Desenvolvimento dos Gestores – Liderança
Os líderes imediatos estão na linha da frente quando falamos
da contratação de pessoas com deficiência. É necessário capacitar
e desenvolver a liderança para aprender a se relacionar, conviver,
valorizar, identificar qualquer necessidade e a gerir os conflitos
CAPÍTULO 4 175

relacionais ou problemas relacionados a produtividade daqueles que


estão sob sua responsabilidade. Um trabalho constante e de muita
informação, pois impacta a equipe de trabalho, entrega de resultados
que são cobrados de um líder e fazem parte do mundo do trabalho.
d) Sensibilização de Colaboradores: O preconceito e atos
discriminatórios precisam ser focados e delicadamente trabalhados
nessa fase do processo. As palestras, as dinâmicas, vídeos, cartilhas
impressas, depoimentos de profissionais com deficiência e instalação com
intervenção itinerante que perpassa por todos os setores da empresa
através da dramatização podem ajudar muito na minimização do
preconceito trabalhando a acessibilidade atitudinal de forma mais efetiva.

2. Etapa Inclusão e Acessibilidade


a) Mapeamento de acessibilidade nos cargos: Mapear os cargos
quanto a acessibilidade existente em cada um dos cargos da empresa
requer conhecimento da função no posto de trabalho. Uma análise da
atividade deve ser realizada para entender onde ela começa e termina
bem como identificar as tarefas envolvidas e interligadas ou não com
outras fases do processo e setores. É importante saber o nome da
função, setor, liderança, O que é a função, Como é a função, quem faz
a função, o nível de acessibilidade encontrada, que tipos de deficiência
são compatíveis com as exigências da atividade e na atual condição ou
ausência de acessibilidade. Um levantamento de sugestões para ampliar
a acessibilidade nos cargos mapeados é oferecido e apresentado em
relatório técnico com todas as observações citadas. São pontuados
nesse relatório técnico a necessidade de adaptações e de tecnologias
assistivas de baixo, médio e alto custo para tornar o posto de trabalho
acessível visando atender a todos os tipos de deficiência. Por isso o
conhecimento sobre em Acessibilidade mais especificamente em NBR
9050 é imprescindível para o Terapeuta Ocupacional que deseja atuar em
inclusão no mercado de trabalho bem como conhecer as possibilidades
de Tecnologias Assistivas disponíveis no mercado e como adquirir para
disponibilizar as informações para a empresa que contratou seus serviços.
Uma observação muito importante é que todas as áreas comuns de
acesso da empresa precisam ser mapeadas. Desde o estacionamento,
recepção, setores, refeitórios, área de lazer, área de treinamento, área
administrativa e manutenção devem ser visitadas e analisadas com base
na ABNT NBR 9050 e pontuado as condições atuais de acessibilidade e as
adaptações que precisam ser feitas para receber a todos os profissionais
176 Terapia Ocupacional • Volume 3

com qualquer tipo de deficiência.


b) Recrutamento e Seleção: O recrutamento e seleção de pessoas
com deficiência é possível de ser executado pelo Terapeuta Ocupacional
desde que a empresa não exija a aplicação de testes padronizados e
que somente os profissionais de psicologia podem aplicar por questões
éticas. Existem alguns testes no mercado que conseguem avaliar e
traçar um perfil comportamental dos profissionais com deficiência,
como por exemplo o DISC - Análise do Perfil Comportamental, possível
de ser adaptado para aplicação em casos de deficiência intelectual
e transtorno do espectro autista para melhor compreensão das
alternativas por meio da associação de imagens. Esse tipo de teste
também permite sua aplicação a distância desde que seja observado
uma série de questões e muito bem organizado para sua aplicação.
Então, o processo compreende de: Abertura da vaga com o perfil
do candidato e a vaga aberta. Uma análise e descrição de cargos é
importante, mas aqui encontramos alguns impasses, pois na grande
maioria das vezes recebemos uma cópia do CBO – Código Brasileiro de
Ocupações e que nem sempre extrai as informações importantes sobre a
atividade que será exercida. O ideal é visitar o posto de trabalho, o que
também não é uma realidade na prática. Será preciso habilidade para
se pensar na atividade, extrair informações com o RH e liderança para
identificar situações como: deslocamentos, período de permanência em
pé e sentado, possibilidade de carregar peso, agachamentos, nível de
alcance dos membros superiores, uso de escadas e etc. Essas exigências
da atividade laboral em cada vaga aberta são importante para uma boa
colocação e evitar que profissionais com deficiência sejam alocados
em postos de trabalho que não é possível ter um bom desempenho
ocupacional e alcançar produtividade podendo oferecer riscos laborais
e problemas coma medicina e segurança do trabalho. Depois desse
processo, a divulgação da vaga é realizada e efetuamos uma triagem dos
currículos, analisando os laudos de acordo com o que pede na Instrução
Normativa 98/2012. Uma entrevista é realizada com os possíveis
candidatos a vaga, o teste aplicado, as informações sobre a vaga são
informadas (salário, benefícios, horário de trabalho e se haverá segunda
fase) e o feedback deverá ser dado a todos os candidatos, inclusive
aos que não passaram na entrevista. Os candidatos selecionados são
encaminhados ao RH ou para entrevista com líder imediato que fará
a escolha final. Para colocação de pessoas com deficiência existem
duas possibilidades que precisam ser estudas: Colocação competitiva,
CAPÍTULO 4 177

tradicional e que acontece comumente nos processos seletivos e a


modalidade do Emprego Apoiado para os casos mais graves ou com
grandes dificuldades para entender o mundo do trabalho ou em executar
as atividades do posto de trabalho. Um Job Coaching acompanha
uma ou mais pessoas com deficiência oferecendo esse apoio de que
necessitam. Esse apoio pode começar de forma intensiva e diminuindo
conforme a pessoa com deficiência adquiri habilidades, autonomia e
independência podendo não precisar mais desse apoio.
c) Integração: Caso a empresa tenha uma semana de integração ou
apenas alguns dias é importante que seja apresentado a empresa, que o
profissional com deficiência possa participar de todas as atividades proposta
para os novos funcionários da empresa. O que nem sempre acontece, pois
raramente existe uma preparação do local de das atividades para que sejam
acessíveis em todas as dimensões, o que gera essa não participação do novo
funcionário, profissional com deficiência, dessa confraternização.
d) Acompanhamento pós colocação: Acompanhar o profissional com
deficiência é muito importante para ajudar no processo de ambientação,
de identificação do local e entender as atribuições do cargo que
ele ocupará. Contudo, não e pratica do mercado. Normalmente os
profissionais ficam “abandonados”, principalmente quando existe um
déficit cognitivo ou dificuldades de interação social. Uma postura
assistencialista normalmente é evidência e em outros casos observamos
o pouco interesse em perceber a situação e enxergar às necessidades
de apoio que o profissional com deficiência precisa. Esse suporte por ser
disponibilizado presencialmente ou a distância após o relato e coleta de
informações do caso e das problemáticas vivenciadas pelo departamento
de RH e liderança. Um relatório técnico deverá ser emitido com as
informações colhidas e com as sugestões para auxiliar empresa, RH,
liderança e pessoa com deficiência visando melhora do desempenho,
melhor relacionamento interpessoal, minimização de comportamentos
inadequados no mundo do trabalho e adequação da produtividade.
e) Programa de Capacitação: Os programas de capacitação
profissional de pessoas com deficiência são estruturados e mantidos por
parcerias público-privadas, geralmente com o Sistema S (SENAI/SENAC/
SEBRAE/SESC) ou com organizações não governamentais e permitem
que as empresas contratem pessoas com deficiência sem qualificação
ou experiência. Podem ser oferecidos em caráter de rodízio entre
várias funções, com horas a empresa e na escola que cuidará da parte
educativa técnico-teórica. Esses Programas de Capacitação geralmente
178 Terapia Ocupacional • Volume 3

se constituem em decorrência de um pacto firmado entre empresa


e a Superintendência Regional do Trabalho – SRT visando flexibilizar
a aplicação das multas e ganhar mais prazo no cumprimento da Lei
de Cotas. É uma estratégia utilizada para empresas que precisam
de certos conhecimentos técnicos prévios para contratação, com
alto índice de turnover (como as empresas de Telemarketing) ou
apenas para construção de um banco de currículos de profissionais
com deficiência. Os programas de capacitação também absorvem os
aprendizes com deficiência, onde esses irão participar como cotista na
Lei de Aprendizagem e após 2 ou 4 anos de participação o Programa
de Aprendizagem, poderá ou não ser contrato com funcionário e
então passará a ser cotista pela Lei de Cotas. Uma das vantagens para
esses Programas de Capacitação quando visam contratar aprendizes
com deficiência é que não há limite de idade e podem acumular o
salário oferecido pelo programa com o BPC – Benefício de Prestação
Continuada, mas apenas pelos 2 primeiros anos. Não podemos deixar
de citar que é necessário que esses programas tenham em sua
estrutura duas importantes linhas para que seja inclusivo e de sucesso:
Capacitação dos instrutores para saber dar aula, adequar o conteúdo
e lidar com a diversidade de deficiências em sala de aula, o que é um
grande desafio, bem como o investimento em Tecnologias Assistivas,
recursos para todos os tipos de necessidades educacionais sem esquecer-
se da necessidade de um profissional de apoio e/ou intérprete de libras
durante todo o Programa de Capacitação.

3. Etapa Retenção e Ascensão


Com o crescimento da qualificação profissional de pessoas com
deficiência e a lei de oferta e procura é muito comum empresas
firmarem contratos com empresas de consultoria que garantam que por
pelos 2 anos a empresa não aborde seus profissionais com deficiência
contratados encaminhando os mesmos para outros processos seletivos,
pois aqueles que buscam ascensão, melhores condições de trabalho e
aspiram assumir cargos dentro da sua área de atuação e que se dedicou
qualificando-se para isto acabam pulando de emprego para outro
emprego visando ganhar mais, conseguir um cargo melhor, trabalhar
em um ambiente de trabalho mais inclusivo e que o valorize ou que
simplesmente tenha mais benefícios a oferecer. Estratégias precisam
ser adotadas junto as empresas para a retenção de bons profissionais e
qualificados. Contudo, as barreiras atitudinais quando não trabalhadas e
CAPÍTULO 4 179

a falta de um Programa de Interno de Inclusão que valorize a diversidade


acabam sendo um obstáculo quase que intransponível no mercado
de trabalho. Necessário se faz mensurar o clima organizacional,
trazer reflexões sobre investidores internacionais, sobre o impacto da
valorização ação da diversidade na marca, na capacidade de inovação
e de criatividade quando se tem um time diverso para se pensar em
soluções e estratégias frente a um mercado altamente competitivo.
a) Benefícios e Plano de Carreira: Se uma empresa contrata
meramente para cumprir uma Lei que a pune caso não contrate
pessoas com deficiência, muito provavelmente ela contrata “tipos
de deficiência” para compor seu quadro de funcionários. Uma visão
assistencialista, caritativa e de quem “faz a vez do Estado” perpassa
todo o ambiente corporativo. Exige habilidade, sensibilidade e
astúcia para mudar essa triste realidade do mercado, mas acima
de tudo é preciso acreditar e defender a inclusão de pessoas e não
de deficiência, seja na escola, na empresa ou na sociedade. Os
benefícios são iguais aos demais profissionais, mas muitas empresas
fazem diferenciação e os salários são geralmente 30% menor que dos
demais profissionais. Muito raro encontrarmos empresas que oferecem
treinamento e desenvolvimento para todos os profissionais, com e sem
deficiência, quiçá vislumbrar um Plano de Carreira para profissionais
com deficiência. Chegar a gerência e cargos de alta gerência quase
uma utopia para a realidade que vivemos nas empresas. Novamente
estamos falando de acessibilidade atitudinal, a maior de todas as
barreiras e que sempre precisará de constante intervenção em
Programas Internos de Inclusão.
b) Gestão da Diversidade: Mais que incluir é preciso gerir a
diversidade nas empresas. Não é de agora, apesar de identificarmos
singela melhora, que existe um despreparo muito grande do
departamento de RH para lidar com questões comportamentais,
relacionais e produtivas após a contratação de pessoas com
deficiência, bem como em administrar a diversidade de forma geral.
Muitos psicólogos, assistentes sociais e lideres imediatos que atuam
nos processos seletivos de pessoas com deficiência ainda se sentem
perdidos e com muitas dúvidas. As empresas que administram a gestão
da diversidade a utilizam como estratégia para aumentar a eficácia
e a competitividade, não somente pela responsabilidade social. (1).
Segundo a ISocial, a maior empresa de consultoria em Inclusão do pais,
em seu relatório de 2016, 19 % dos profissionais de RH conhecem ou
180 Terapia Ocupacional • Volume 3

ouviram falar sobre a Lei Brasileira de inclusão, 52% conhecem a Lei


de Cotas, 41% dos Gestores são resistentes em entrevistar e contratar
profissionais com deficiência, 86% dos profissionais de RH acreditam
que falta informação sobre inclusão de pessoas com deficiência e 60 %
dos profissionais de RH entrevistados acreditam que as oportunidades
oferecidas são regulares e que poderiam estar mais adequadas
aos perfis dos profissionais fomentando a contratação pelo tipo de
deficiência e não pelas competências dos candidatos a uma vaga no
mercado de trabalho. Esses dados deixam claro a necessidade de
saber incluir e saber gerir esses profissionais após a sua contratação.
Muitos são demitidos por questões comportamentais, relacionais e de
produtividade que não foram previamente observadas, nem tão pouco
acompanhados após sua colocação. O foco na contratação é cumprir a
lei e se livrar da multa contratando um tipo de deficiência, que quando
gera um conflito, causa frustrações e não consegue produzir o esperado
para a função alimentam crenças nos profissionais de RH e Lideres que
são “catalogadas e agrupadas” por tipo de deficiência criando uma
aversão futura que leva a uma esquiva de receber currículos de um
determinado tipo de deficiência.

6.3 - Relatos de Experiências com Inclusão - Relatório e RH.

6.3.1 - Relatos de Experiência 1 – Acompanhamento pós colocação


de 2 profissionais com deficiência – Empresa Multinacional do ramo de
facilities e benefícios com matriz em São Paulo – Capital com mais de
428mil colaboradores.

Profissional 1 - Informações iniciais: O Departamento de RH da


Unidade de Jacareí – SP solicitou ajuda pós colocação para gerir dois
funcionários nas questões comportamentais, relacionais e produtivas.
Um dos profissionais tinha o diagnóstico de mielomeningocele cuja
deficiência contempla a Lei de cotas e se caracteriza pelo tipo
“Deficiência Física” e o outro profissional com diagnóstico de Síndrome
de Sotos cuja deficiência contempla a Lei de Cotas e se caracteriza
pelo tipo “Deficiência Intelectual”. O primeiro caso, Oficial de Serviços,
teve sua queixa de ordem relacional e comportamental, pois usava
termos diminuitivos e íntimos com a gerência, toques desnecessários
e inconvenientes nas colaboradoras e com visitantes fornecedoras ou
investidoras quando cruzava com alguma mulher que lhe chamava
CAPÍTULO 4 181

atenção e, caso não conseguimos ajudar no caso, o profissional seria


demitido. Além disso, conversava excessivamente prejudicando os
demais colegas e gerando muitas situações delicadas para a sua Gerente
e Analista de RH. Outra questão importante que estava gerando
desconforto aos colegas de trabalho e preocupação por parte da
Gerente era que o profissional com deficiência comia muito, de forma
assustadora e preocupante e chamava muita atenção.
Ações propostas: Abordagem de forma direta em uma conversa clara
do que ele não pode fazer; Dizer claramente como ele deve fazer ou a
forma aceitável pela empresa; pontuar para o profissional como ele deveria
chamar as mulheres, por exemplo, pelo nome e não usar diminuitivos
ou adjetivos, sinalizando que aquela conduta na empresa não era aceita;
sinalizar sobre a importância do respeito nas relações com as colegas
de trabalho; deixar claro que conversa demais atrapalha o ambiente de
trabalho, que poderia fazê-lo nos horários de café e refeição.
Quanto ao ato de comer demais, ao entrevistarmos o candidato,
descobrimos que o mesmo morava com 9 pessoas e que era o único
que trabalhava. O almoço era a última refeição do dia e que somente
comeria no dia posterior o café da manhã na empresa. Sugerimos que
fosse revisto as horas de trabalho atuais oferecidas para o cargo (4horas)
cujo salário era pago proporcionalmente para que a situação pudesse ser
amenizada com o aumento de salário.
Considerações finais: Após conversa, o comportamento não mais
aconteceu. O profissional ficou extremamente envergonhado e não tinha
idéia do que estava provocando. Detalhe: Esse foi o primeiro emprego
desse profissional com deficiência, ficou muito tempo trabalhando em
cooperativas sociais de trabalho não formal e não possuía nenhuma
deficiência intelectual associada. Passados 6 meses, para manutenção e
acompanhamento, o profissional se revelou educado e respeitoso, não
mais se portou da mesma forma e passou a se alimentar normalmente,
pois teve aumento de salário e direito a cesta básica.

Profissional 2 - informações iniciais: auxiliar de serviços gerais,


apresentava dificuldades de relacionamento com demais colegas da
equipe e de execução em quase todas as atividades pertinentes a
função. O mesmo foi remanejado para realizar atividades de apoio no
almoxarifado. Queixas apresentadas: Higiene inadequada, alterações
de humor, dificuldades em realizar as atribuições do cargo, dificuldades
de relacionamento com colaterais por falta de entendimento sobre os
182 Terapia Ocupacional • Volume 3

comportamentos adequados e esperados em ambiente de trabalho e que


estejam de acordo com a cultura organizacional da empresa. A principal
dificuldade relatada refere-se à higiene do funcionário, gerando
dificuldades nas relações interpessoais devido a mau-cheiro.
Ações Propostas: Auxilia na auto-avaliação de seu estado de higiene
corporal e relacioná-lo aos prejuízos no ambiente corporativo ajudando na
apropriação correta dessa relação, higiene corporal e ambiente corporativo;
Permitir o uso do vestiário da empresa para tomar banho ao chegar no
trabalho, cedendo ou ajudando a comprar um kit de higiene; Informar ao
funcionário que aquela seria uma regra para a boa convivência junto aos
colegas de trabalho explicitando que a falta de hábitos adequados de higiene
possui influência direta ao seu relacionamento com os colegas no ambiente
de trabalho; evitar subjetividades, palavras rebuscadas, analogias e rodeios
ao realizar a orientação, usando linguagem simples, curta, objetiva e clara;
pontuar a necessidade da criação dessa rotina quanto as atividades básicas
de auto-cuidado que o funcionário deverá adotar e realizar para comparecer
ao trabalho: tomar banho fazendo uso de sabonete e shampoo, aplicar
desodorante, vestir roupa limpa e escovar os dentes.
Referente às alterações de humor, é possível que elas façam
parte do quadro específico da deficiência intelectual do funcionário
relativo a Síndrome de Sotos (não compondo um quadro psiquiátrico)
e, portanto, devem ser gerenciados sem desgastes desnecessários por
parte do superior. Ou seja, espera-se um ajuste gradual de uma conduta
comportamental adequada ao ambiente de trabalho. Tendo em vista
o histórico informado acerca do colaborador (formação em ambiente
institucional protegido, como APAE), nota-se que possivelmente ele esteja
reproduzindo o comportamento aprendido cujas normas de convivência
formais não foram treinadas e assimiladas adequadamente. O mesmo tipo
de orientação é cabível ao fato relatado, no qual o funcionário interrompe
aos demais que trabalham na mesma sala, ultrapassando o limite de
tempo. Entende-se enquanto natural o relacionamento interpessoal
dentro das empresas, contudo válido apenas quando não há prejuízo na
produtividade. Sendo assim, pode ser cedido esse pequeno tempo de
atenção ao funcionário, orientando-o objetivamente e claramente sobre
o momento de cessar, momento esse em que cada um deve voltar às suas
atividades. Foi adotado um sinal para que ele fosse condicionado que
aquele não é o momento para conversar; “Quando for colocado o pano
vermelho sobre a mesa, não poderá ser atendido e terá que esperar!”
No treinamento e atribuições de tarefas, a atividade atribuída
CAPÍTULO 4 183

deve ser segmentada em tarefas menores, as quais deverão ser


treinadas sequencialmente, na medida em que a tarefa anterior tenha
sido absorvida de forma adequada. Exemplo: para realizar um check-
list de produtos de limpeza o funcionário deve primeiro familiarizar-
se com cada um dos produtos e formas de discriminá-los, depois deve
ser capaz de compreender o fluxo de entrada e saída dos produtos,
o funcionamento da tabela de registro e a rotina relacionada ao
documento. Além disso, o tempo de assimilação de uma nova atribuição
também tende a ser maior para as pessoas com deficiência intelectual,
comparado às pessoas sem essa deficiência, exigindo disponibilidade do
superior. Foi sugerido que um estratégia para organizar as atividades
poderia ser útil com a fixação de esquemas sequenciais no local de
trabalho, decompondo a atividade em tarefas serem realizadas. Adoção
de figuras, horários, incluir os momentos de chegada/descanso/almoço/
saída e espaço para check-list seriam ideal. O colaborador deve ser
incentivado ao uso do esquema através da confecção conjunta desse
instrumento que permitirá uma melhor organização do trabalho e
evitará interrupções ao superior, inclusive quando houver descompassos
no trabalho por dificuldades de atenção e concentração.
Com relação aos demais colabores, acreditamos que esses precisam
receber informações sobre os funcionários com deficiência, o tipo
de deficiência que eles possuem, como conviver com as pessoas com
deficiência, o que devem esperar delas, o que é típico da deficiência e
o que é da personalidade, do caráter e do contexto socioeconômico/
histórico de vida nas instituições. Precisam saber como as atividades
poderão ser adaptadas, porque fazem uso de certos dispositivos ou
qual o motivo que certas condutas são administradas para que esses
funcionários com deficiência exerçam suas funções de determinada forma.
Chamamos isso de “sensibilização”, não em caráter de “assistência,
caridoso, benevolente ou permissivo, mas sim no sentido de preparar sua
equipe, oferecendo conhecimento e esclarecimento visando minimizar os
impactos negativos no clima organizacional, conflitos entre funcionários
ou sobrecarga de líderes na gestão de pessoas.
Considerações finais: O funcionário começou a interagir com outras
pessoas, hoje pede licença para interferir em uma conversa, realiza suas
atividades com base em uma sequência de atividades que foi montada
com nosso auxilio pela Gerente de RH. Adquiriu hábitos de higiene após a
empresa ter liberado o banho assim que ele chegasse para o trabalho. No
mais recomendamos que todos funcionários com deficiência recebessem
184 Terapia Ocupacional • Volume 3

treinamentos constantes, não só referentes ao trabalho específico que


desenvolvem, mas também sobre os hábitos e comportamentos necessário
no ambiente de trabalho conforme a cultura organizacional da empresa
usando linguagem simples, clara e objetiva. E por fim, acreditávamos
que era preciso investir em programas de inclusão e valorização da
diversidade, com vistas a favorecer um ambiente realmente inclusivo.

6.3.2 - Relato de Experiência 2 - Inclusão no Comércio: Material de


Construção. Empresa com 234 funcionários e 3 unidades de trabalho na
cidade de Taubaté – SP.

Informações iniciais: Auxiliar Administrativo, Transtorno do Espectro


Autista nível 1, cursando Técnico em Segurança do Trabalho. O funcionário
dava suporte aos setores fiscais, contábil e financeiro. Nesse caso, a
empresa solicitou suporte para entender porque o funcionário estava
pedindo demissão e não queria conversar com o pessoal do departamento
de RH. Suas queixas foram: Muito barulho na sala que estava trabalhando,
pois havia muita conversa e 6 pessoas no mesmo espaço; desentendimento
constante com o seu líder imediato devido ao excesso de brincadeiras que,
segundo ele, irritantes; as ordens eram dadas e retiradas rapidamente e por
várias pessoas e ficava confuso; muita gente pedindo coisas para ele fazer;
e que não gostava de errar por isso preferia sair do emprego.
Ações adotadas: O líder era muito brincalhão, de gargalhadas altas
e que o desorganizava e irritava; As ordens passaram a ser encaminhadas
indiretamente para o funcionário através de uma colega que ele gostava
muito e rapidamente simpatizou evitando contato direto com o líder por
um tempo; Sua mesa foi transferida para uma ante-sala que era grande
e somente uma funcionária ocupava o espaço, assim poderia melhorar
sua concentração e diminuiria o nível de ruído produzido pelas conversas
dos colegas na sala anterior; Realizamos uma reunião para listar todas
as atribuições do funcionário com as atividades fixas e episódicas, com
as datas para fechamento; separamos em um roteiro azul para as fixas
e vermelho para as episódicas; Escolhemos uma mesma pessoa para
dar as ordens, cobrar as atividades e retirar qualquer ordem para que o
funcionário não se perdesse mais com suas atribuições. Considerações
finais: O caso foi acompanhando a cada 2 meses por 1 ano. As adaptações
foram adotadas e seguidas à risca. O funcionário era muito eficiente
a ponto de cobrir as férias de duas estagiárias do setor com qualidade
de entrega e sem erros, o que surpreendeu ao empregador. Apesar da
CAPÍTULO 4 185

limitação quanto a solicitação, conversas e festividades que o funcionário


se recusava a ir, em decorrência do seu diagnóstico e que após uma palestra
todos começaram a entender melhor os comportamentos do colega com
deficiência. Retornou a conversar do seu líder imediato, mas prefere se
relacionar com a outra colega e está na empresa a quase 4 anos.

6.3.3 - Relato de Experiência 3 – Inclusão em uma empresa de peças


automotivas, linha de produção, máquina de prensar – Multinacional com
mais de 113mil funcionários. Unidade de Taubaté – SP.

Informações Iniciais: Operador industrial, com visão monocular.


Queixa principal: Não consegue fabricar a mesma quantidade de peças
que os demais e estava contratado há quase 4 meses.
Ações adotadas: Visita técnica observacional com análise e descrição
do posto de trabalho, colhendo informações sobre a atividade, do início
ao fim. Realizado entrevista com líder imediato, com o funcionário e
colegas de trabalho. Observação na função do processo completo. Ao
realizar a entrevista com o funcionário o mesmo relatou que, por causa do
embasamento nos óculos ele precisava esperar ter um pouco de visão para
poder retirar a peça da prensa e colocar outra, pois além de perder a visão
poderia perder a mão na prensa. Em conversa com o setor de medicina e
segurança do trabalho, foi solicitado a compra de óculos de segurança anti-
embaçamento para que pudesse melhorar sua produtividade.
Considerações finais: Recomendamos que o funcionário não
efetuasse a limpeza da prensa pela escada devido a perda de noção de
profundidade em decorrência da diminuição do campo visual e que tal
parte da atividade seria um risco a segurança do funcionário e que a
mesma poderia ser delegada para outro funcionário. Recomendamos o
uso de colírio lubrificante devido ao calor excessivo que estava exposto
garantindo saúde e prevenção da visão. Após 2 semanas o funcionário
estava fabricando a mesma quantidade de peças que os demais colegas.

Referencias Bibliográficas.

1 - SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO:

1 – CHAGAS JUNIOR, J.N. Arqueologia Espacial no Seridó Potiguar:


análise e interpretação arqueológica do território na bacia hidrográfica
186 Terapia Ocupacional • Volume 3

do rio Carnaúba. Recife. Dissertação [Mestrado em Arqueologia] -


Universidade Federal de Pernambuco; 2017.

2 – CHAHAD, J.P.Z. Emprego Flexível e Mercado de Trabalho no


Brasil. REVISTA DA ABET V. 11, NQ 2. 2002. pág. 37-70.

3 – AMARO, M. Geração Z Chega ao Mercado de Trabalho. São Paulo:


28 de novembro de 2017. Disponível em: < https://exame.abril.com.br/
negocios/geracao-z-chega-ao-mercado-de-trabalho/ >. Acesso em: 02 de
março de 2018.

4 – CHAGAS, J.N.M. REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL DO ADULTO


PORTADOR DE TRANSTORNO PSICÓTICO. Fortaleza. Dissertação [Mestrado
em Saúde Pública] - Universidade Estadual do Ceará; 2011.

5 – SILVA, A.C.A.; SILVA, S.M. O CONFLITO DE GERAÇÕES NO


AMBIENTE ORGANIZACIONAL. Pindamonhangaba. Monografia [Graduação
em Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos] – Faculdade de
Pindamonhangaba, 2016.

6 – MIOZZO, J. ESPECIAL: A Geração 2000 chega ao mercado de


trabalho; o que esperar desses jovens? São Paulo: 12 de Janeiro de 2018.
Disponível em: < http://www.infomoney.com.br/carreira/emprego/
noticia/7149287/especial-geracao-2000-chega-mercado-trabalho-que-
esperar-desses-jovens >. Acesso em: 02 de março de 2018.

7 – BRASIL. Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE:


subclasses para uso da administração pública: Versão 2.2 / Comissão
Nacional de Classificação, Subcomissão Técnica para a CNAE-Subclasses
[e] IBGE. – Rio de Janeiro: IBGE, 2015.

8 – FERNANDES, M.I. (org.), Fim de Século: ainda manicômios? São


Paulo: IPUSP, 1999.

9 – CODO, W.; SAMPAIO, J.J.C.; HITOMI, A.H. Indivíduo, Trabalho e


Sofrimento: uma abordagem interdisciplinar. 3ª ed. Petrópolis: VOZES, 1998.

10 – Associação Americana de Terapia Ocupacional. Estrutura da


Prática da Terapia Ocupacional: domínio & processo. 3ª ed. Rev. Ter
CAPÍTULO 4 187

Ocup Univ São Paulo; jan.-abr. 2015; 26 (ed. esp.): 1-49.

11 – FERREIRA, M.C. Qualidade de Vida no Trabalho: uma


abordagem centrada no olhar dos trabalhadores. 3a. Ed. Atualizada e
Revista. Brasília: Paralelo 15, 2017.

12 – PILATTI, L.A.; BEJARANO VC. Qualidade de vida no trabalho:


leituras e possibilidades no entorno. In: GONÇALVES A; GUTIEREZ GL;
VILARTA R (org.). Gestão da qualidade de vida na empresa. Campinas:
IPES, 2005. p. 85-104.

13 – Brasil. Constituição (1988). Constituição da República


Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 1988.

14 – Brasil. Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica


da Saúde. Diário Oficial da União 20 set 1990.
15 – Brasil. Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011. Dispõe
sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho - PNSST.
Diário Oficial da União 08 Nov 2011.

16 – Brasil. Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012. Política


Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Diário Oficial da
União 24 ago 2012.

17 – Brasil. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978.


Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do
Trabalho. Diário Oficial da União 06 jul 1978.

18 – Brasil. DECRETO No 1.254, DE 29 DE SETEMBRO DE 1994.


Promulga a Convenção número 155, da Organização Internacional do
Trabalho, sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente
de Trabalho, concluída em Genebra, em 22 de junho de 1981. Diário
Oficial da União 30 set 1994.

19 – Brasil. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os


Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.
Diário Oficial da União 25 jul 1991.
188 Terapia Ocupacional • Volume 3

20 – Brasil. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943.


Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União 09 ago 1943.

21 – Brasil. Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009. Institui o


Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal -
SIASS e o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do Servidor. Diário Oficial da
União 30 abr 2009.

22 – Brasil Portaria Normativa SRH/MPOG nº 1.261, de 05 de maio


de 2010. Institui os Princípios, Diretrizes e Ações em Saúde Mental que
visam orientar os órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil - SIPEC
da Administração Pública Federal sobre a saúde mental dos servidores.
Diário Oficial da União 06 mai 2010.

23 – Brasil. Portaria Normativa SRH nº 03, de 07 de maio de 2010.


Estabelece orientações básicas sobre a Norma Operacional de Saúde
do Servidor -NOSS aos órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil
da Administração Pública Federal - SIPEC, com o objetivo de definir
diretrizes gerais para implementação das ações de vigilância aos
ambientes e processos de trabalho e promoção à saúde do servidor.
Diário Oficial da União 10 mai 2010.

24 – Brasil. Portaria Normativa nº 3, de 25 de março de 2013. Institui


as diretrizes gerais de promoção da saúde do servidor público federal,
que visam orientar os órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil da
Administração Federal - SIPEC. Diário Oficial da União 27 mar 2013.

2 - SAÚDE E TRABALHO – COMPREENDENDO O CAMPO E O NÚCLEO


DAS AÇÕES EM TERAPIA OCUPACIONAL:

1 - LIEDKE, 1997 apud OLIVEIRA, A. J. Passeio pelo mundo do


trabalho. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo,
v. 14, n. 1, p. 27-33, 2003.

2 - LANCMAN, S.; GHIRARDI, M.I.G. Pensando novas práticas em


terapia ocupacional, saúde e trabalho. Revista de Terapia Ocupacional
da Universidade de São Paulo, v. 13, n. 2, p. 44-50, 2002.
CAPÍTULO 4 189

3 - OLIVEIRA, A.J. Passeio pelo mundo do trabalho. Revista de


Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 14, n. 1, p. 27-33,
2003.

4 - SAINT-JEAN, M. Organização do trabalho e saúde mental.


Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 14, n. 1,
p. 48-51, 2003.

5 - TOLDRÁ, R. et al. Facilitadores e barreiras para o retorno ao


trabalho: a experiência de trabalhadores atendidos em um Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador-SP, Brasil. Revista Brasileira de
Saúde Ocupacional, v. 35, n. 121, 2010.

6 - SIMONELLI, A.P.; CAMAROTTO, J.A. Método de análise de


tarefas industriais como ferramenta para a inclusão de portadores de
necessidades especiais no trabalho. Revista de Terapia Ocupacional da
Universidade de São Paulo, v. 16, n. 3, p. 137-146, 2005.

7 - NICÁCIO, F.; MANGIA, E.F.; GHIRARDI, M.I.G. Projetos de


inclusão no trabalho e emancipação de pessoas em situação de
desvantagem: uma discussão de perspectivas. Revista de Terapia
Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 16, n. 2, p. 62-66, 2005.

8 - GHIRARDI, M.I.G. Trabalho e deficiência: as cooperativas


como estratégia de inclusão social. Revista de Terapia Ocupacional da
Universidade de São Paulo, v. 15, n. 2, p. 49-54, 2004.

9 - LOPES, R.E.; LEÃO, A. Terapeutas ocupacionais e os centros de


convivência e cooperativas: novas ações de saúde. Revista de Terapia
Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 13, n. 2, p. 56-63, 2002.

10 - LUSSI, I.A.O. Trabalho, reabilitação psicossocial e rede social:


concepções e relações elaboradas por usuários de serviços de saúde
mental envolvidos em projetos de inserção laboral. 2009. Tese de
Doutorado. Universidade de São Paulo.

11 - SANTOS, M.C. Reabilitação física, terapia ocupacional e saúde


do trabalhador. LANCMAN, S. Saúde, Trabalho e Terapia Ocupacional. São
Paulo: Roca, p. 99-114, 2004.
190 Terapia Ocupacional • Volume 3

12 - FERREIRA, J.G; SANTOS, M.C. O tratamento terapêutico


ocupacional para o paciente portador de LER-DORT. Mundo saúde
(Impr.), p. 394-9, 2001.

13 - SIQUEIRA, A.R.; QUEIROZ, M.F.F. “Abordagem grupal em saúde


do trabalhador.” Mundo saúde (Impr.)(1995) 25.4 (2001): 411-419.

14 - GLINA, D.M.R; ROCHA, L.E. Fatores de estresse no trabalho de


operadores de centrais de atendimento telefônico de um banco em São
Paulo. Revista Brasileira Medicina Trabalho. 2003 ; 1( 1): 31-39.

15 - SILVA, S.R.; GUIMARÃES, E.V.; RODRIGUES, A.M.V.N. Aspectos


relacionados ao processo de retorno ao trabalho de indivíduos com desordens
musculoesqueléticas do membro superior: uma bibliografia comentada.
Revista de Terapia Ocupacional da USP, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 38-43, 2007.

16 - WATANABE, M.; NICOLAU, S.M. A terapia ocupacional


na interface da saúde do trabalhador. In: DE CARLO, M. M. R. P.;
BARTALOTTI, C. C. C. Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e
perspectivas. São Paulo: Plexus, 2001. p. 155-171.

17 - LANCMAN, S.; UCHIDA, S. Trabalho e subjetividade: o olhar da


psicodinâmica do trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v.
6, p. 79-90, 2003.

18 - WATANABE, M.; GONÇALVES, R.M.A. Relações conceituais entre


a terapia ocupacional e a ergonomia. In: LANCMAN, S. (Org.). Saúde,
trabalho e terapia ocupacional. São Paulo: Roca, 2004.

19 - FALZON, P.; MOLLO, V. Para uma ergonomia construtiva: as


condições para um trabalho capacitante. Laboreal, v. 5, n. 1, 2009.

20 - SZNELWAR, L.I. Quando trabalhar é ser protagonista e o


protagonismo do trabalho. Editora Blucher, 2015.

21 - LANCMAN, S. Saúde, Trabalho, e Terapia Ocupacional. São


Paulo: Roca; 2004.

22 - BRASIL.Ministério da Saúde. Conselho de Saúde. Relatório da 4ª


CAPÍTULO 4 191

Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Brasília,


DF: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: <http://conselho.saude.
gov.br/biblioteca/Relatorios/04Abr20_Relatorio_4cnstt_final.pdf>. Acess

23 - SOUZA, M.A.P.; CABRAL, L.H.A.; SAMPAIO, R.F.; MANCINI, M.C.


Acidentes de trabalho envolvendo mãos: casos atendidos em um serviço
de reabilitação. Fisioter. 2008; 64-71.

24 - FREITAS, P.P. Reabilitação da mão. 1ª ed. São Paulo: Editora


Atheneu; 2006.

25 - SKIRNEN, T.O.T.R.; OSTEMAN, A.M.D.; FEDORCZYK, J.P.T.;


AMADIO, P.M.D. Rehabilitation of the hand and upper extremity. 6ª Ed.
Vol. 2. 2011.

Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta)

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mão. In: Pardini, A.G. Traumatismos da mão. Rio de Janeiro: Medsi;
2000. p.1-5

- MARZIALE, M.H.P.; SILVA, E.J.; HAAS V.J.; ROBAZZI, M.L.C.C.


Acidentes com material biológico em hospital da Rede de Prevenção
de Acidentes do Trabalho – REPAT. Rev. bras. saúde ocupa. 2007; 32:
109-119.

- MEDEIROS, M.H.R. Terapia Ocupacional: um enfoque


epistemológico e social. São Carlos. EdUFSCAR. 2010.

- NASCIMENTO, L.S.; ASSUNÇÃO, L.R.S; JÚNIOR N.G.S.; PEDREIRA,


E.N.; SILVA, R.L.C. Acidentes com Pérfuro-cortantes na Faculdade de
Odontologia da UFPA: Visualização de um Cenário. Rev. Odontol Bras
Central. 2012; 463-467.

- OLIVEIRA, B.A.C.; KLUTHCOVSKY, A.C.G.C, KLUTHCOVSKY, F.A.


Estudo sobre a ocorrência de acidentes de trabalho com material
biológico em profissionais de enfermagem de um hospital. 2008.
192 Terapia Ocupacional • Volume 3

- RIBEIRO, A.S.; GABATZ, R.I.B.; NEVES, Z.T.; PADOIN, S.M.M.


Caracterização de acidente com material perfurocortante e a percepção
da equipe de enfermagem. 2009.

- RUAS, E.F.G.; SANTOS, L.S,.; BARBOSA, D.A.; BELASCO,


A.G.S.; BETTENCOURT, A.R.C. Acidentes ocupacionais com materiais
perfurocortantes em hospitais de Montes Claros-MG. REME. 2012;
437-443.

- SASAMOTO, A.S; TIPPLE, A.F.V; LELES, C.R, SILVA, E.T.; PAIVA,


E.M.M.; SOUZA, C.P.S. et al. Perfil de acidentes com material biológico
em uma instituição de ensino odontológico. ROBRAC. 2010.

- SILVA, A.L.; BARBOSA, C.A.; CASTRO, M.V.; JÚNIOR, J.M.C.


Epidemiologia do acidente de trabalho na experiência cirúrgica de um
hospital geral. Rev. méd. Minas Gerais. 2006; 128-131.

3 - CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (CEREST)


- PERSPECTIVAS DE ATENÇÃO E TERAPIA OCUPACIONAL:

1 - RAMAZZINI, B. As doenças dos trabalhadores. Tradução de


Raimundo Estrêla. 4ª Ed. São Paulo: Fundacentro, 2016.

2 - FARIA, R.S.; VASCONCELLOS, L.C.F.; FERREIRA, D. M. T. P. A


produção científica sobre terapia ocupacional: o silenciamento da
relação trabalho-saúde. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 14 n. 3, p.
905-924,set./dez. 2016

3 - LACAZ, F.A.C. O campo Saúde do Trabalhador: resgatando


conhecimentos e práticas sobre as relações trabalho-saúde. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, 23(4): 757-766, abr, 2007.

4 - BRASIL. Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do


Trabalhador – Manual de Gestão e Gerenciamento. FNS – COSAT – MS. 1ª
edição. São Paulo: maio, 2006.

5 - LEÃO, L.H.C. & VASCONCELLOS, L.C.F. Rede Nacional de Atenção


Integral à Saúde do Trabalhador (Renast): reflexões sobre a estrutura de
rede. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 20(1): 85-100, jan-mar 2011.
CAPÍTULO 4 193

6 - SOARES, 1991 apud. FARIA, R.S.; VASCONCELLOS, L.C.F. DE &


FERREIRA, D.M.T.P. A produção científica sobre terapia ocupacional: o
silenciamento da relação trabalho-saúde. Trab. Educ. Saúde, Rio de
Janeiro, v. 14 n. 3, p. 905-924,set./dez. 2016

7 - SOUZA, M.P. Reabilitação Profissional 2008. (Artigo de internet).

8 - LANCMAN, S.; GHIRARDI, M.I.G. Pensando novas práticas em


terapia ocupacional, saúde e trabalho. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo,
v.13, n.2, p.44-50, maio/ago. 2002.

9 - NOBRE, L.C.C. A política do possível ou a políti¬ca da utopia?


Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 38, n. 128, p. 179-
198, 2013.

10 - DALDON, M.T.B.; LANCMAN, S. Terapia ocupacional na


vigilância em saúde do trabalhador. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.
23, n. 3, p. 216-22, set./dez. 2012.

11 - WATANABE, M.; GONÇALVES, R.M.; DALDON, M. T. B.;


RODRIGUES, D.S.; SIMONELLI, A.P.; FREITAS, S. M.; & FELIPONE, S.M.N.
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(org.) Saúde e trabalho em debate: velhas questões, novas perspectivas.
Brasília: Paralelo 15, 2013. p. 241-272.

12 - ALENCAR, M.C.B. Intervenções da terapia ocupacional junto


aos sujeitos afastados do trabalho por LER/DORT. Cad. Ter. Ocup.
UFSCar, São Carlos, v. 23, n. 4, p. 889-898, 2015.

13 - DALDON, M.T.B. Vigilância em Saúde do Trabalhador. In:


SIMONELLI, A.P. & RODRIGUES, D.S. (org.) Saúde e trabalho em debate:
velhas questões, novas perspectivas. Brasília: Paralelo 15, 2013. p. 463-489.

Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta)

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Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, Brasília, DF, Nov
2011.
194 Terapia Ocupacional • Volume 3

- Portaria n. 1823, de 23 de ago. de 2012. Institui a Política


Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, Brasília, DF, ago
2012.

- SILVA, F.M.N.; VENDRÚSCULO-FANGEL, L.M. & RODRIGUES, D.S.


Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 24, n. 2, p. 351-361, 2016.

4 - INSS - A TERAPIA OCUPACIONAL PARA ALÉM DA REABILITAÇÃO


PROFISSIONAL:

1 - PITTO, Y. A.G.R.B. ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO PROGRAMA


DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL – UMA PRÁTICA POSSÍVEL? Monografia apresentada ao Instituto
Pieron, como requisito para obtenção do título de Especialista em
Orientação Profissional. São Paulo, 2009.
Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta)

- Decreto 3048/99

- VACARO, J.E.; PEDROSO, F.S. Desempenho dos segurados no


serviço de reabilitação do Instituto Nacional de Seguridade Social - Acta
Fisiatrica, v. 18, n.4, 2011

- Manual Técnico de Procedimentos da Área de Reabilitação


Profissional – volume I (Atualizado pelos Despachos Decisórios nº 2/
DIRSAT/INSS, de 24/11/2011, nº 1/ DIRSAT/INSS, de 19/04/2016 e nº 2/
DIRSAT/INSS, de 12/05/2016.

- BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa


do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988.

- BRASIL. Convenção 159, de 1 de junho de 1983. Reabilitação


Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes. Conselho de
Administração do Escritório Internacional do Trabalho. Organização
Internacional do Trabalho – OIT, Genebra, 1983.

- BRASIL. Decreto nº 3048, de 6 de maio de 1999. Regulamento


das leis previdenciárias. DOU DE 07/05/99 - Republicado em 12/05/99 –
atualizado julho/2008.
CAPÍTULO 4 195

- BRASIL. Decreto nº 83.080, de 24 de janeiro de 1979.


Regulamento das leis previdenciárias. DOU DE 29/01/79 – Revogado.

- BRASIL. Lei nº 3807, de 26 de agosto de 1960. Lei Orgânica da


Previdência Social - LOPS. DOU DE 05/09/60 – Revogada.

- BRASIL. Lei nº 8213, de 24 de julho de 1991. Planos de Benefícios


da Previdência Social. DOU DE 14/08/91 - atualizado dezembro/2006

- BRASÍLIA (DF). Manual Técnico de Atendimento na Área de


Reabilitação Profissional. Orientação Interna nº 116, de 2005.

- BUENO, C.L.R. A reabilitação Profissional e a Reinserção da


Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho. Sem data. Em:
http://www.inep.gov.br, acesso em jun/2009.

- CONGRESSO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL DE ACIDENTADOS DO


TRABALHO.
Por que o Reabilita? São Paulo, abr. 2006.

- FERRETI, C.J. Uma nova Proposta de Orientação Profissional. São


Paulo: Cortez Editora, 1988.

- REABILITAÇÃO PROFISSIONAL NO INPS. Rio de Janeiro:


Coordenadoria de Comunicação Social, 1978

- REABILITAÇÃO PROFISSIONAL: todos têm direito a uma


oportunidade. São Paulo: Superintendência Regional, 1982.

- SILVA, O.M. A intimidade com a Reabilitação Profissional. 2004. Em:


http://www.crfaster.com.br/reabil.htm, acesso em jun/2009.

- Atendimento Global no Processo de Reabilitação Profissional.


2001. Em: http://www.crfaster.com.br/reabil.htm, acesso em jun/2009.

- Fundamentos da Reabilitação Profissional. 2005. Em: http://www.


crfaster.com.br/reabil.htm, acesso em jun/2009.

- Orientação Profissional em Ação – Formação e Prática de


196 Terapia Ocupacional • Volume 3

Orientadores. São Paulo: Summus, 2002.

5 - TERAPIA OCUPACIONAL EM PERÍCIA JUDICIAL:

1 - TROMBLY, C.A. Occupational Therapy for Physical Disfunction. 5ª


ed. Baltmore, Williams & Wilkins, 2002.

2 - Resolução n. 81 - Coffito.
https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=2839#more-2839
(acesso em 14/02/2018)

3 - Resolução n. 360 - Coffito.


https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3123#more-3123
(acesso em 14/02/2018)

4 - Resolução n. 370 - Coffito.


https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3133#more-3133
(acesso em 14/02/2018)

5 - Resolução n. 425 - Coffito.


https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3188 (acesso em 14/02/2018)

6 - Resolução n. 459 - Coffito.


https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3220#more-3220
(acesso em 14/02/2018)

7 - ALONSO, J.R. Normas e procedimentos de perícia judicial. São


Paulo: Atlas, 1975. 115 p.

8 - FIKER, J. A Perícia Judicial - Como Redigir Laudos e Argumentar


Dialeticamente - 2ª Ed. - Medeiros Jr, Joaquim da Rocha.

9 - HENRIQUES, A. Dicionário de verbos jurídicos - São Paulo: Atlas, 1996.

10 - NEGRÃO, T. Brasil, Código de Processo Civil e Legislação


Processual, Organização, Seleção e Notas - 27ª ed.- S.Paulo: Saraiva, 1996.

11 - VERONESI Jr, J. R. Perícia Judicial. Editora Pilares. 1ª Edição,


São Paulo, 2004.
CAPÍTULO 4 197

12 - CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL


RESOLUÇÃO Nº 370. Dispõe sobre a adoção da Classificação Internacional
de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) da Organização Mundial
de Saúde por Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais.

13 - Perícia judicial em acidentes e doenças do trabalho. São Paulo:


Editora Senac, 1996.

14 - Resolução 382/2010 Coffito -


https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3145#more-3145
(acesso em 14/02/2018)

15 - INSS – Normas Técnicas para Avaliação de Incapacidade (LER/


DORT, PAIR, Benzenismo, Silicose).

16 - LER - Lesões por Esforços Repetitivos. Normas técnicas para


avaliação da incapacidade - 1993; MPS - INSS.

17 - MINISTÉRIO DA SAÚDE/OPAS - Doenças Relacionadas ao


Trabalho (580 páginas) – – Série Manuais Técnicos 114, Ministério da
Saúde, Brasília, DF, 2001.

18 - PORTARIA 3214/78 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO – Normas


Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho.

19 - OPAS/OMS – Classificação Internacional de Funcionalidade,


Incapacidade e Saúde – Edusp, 2003.

20 - LUCAS, R.W.C. Fisioterapia Forense. Perícias Judiciais e Extrajudiciais


para Fisioterapeutas. Florianópolis. Rocha Gráfica e Editora, 2009.

21 - Resolução 218, 06/03/1997 do CNS (Conselho Nacional de


Saúde) http://www.crefrs.org.br/legislacao/pdf/res_cns_218_1997.pdf
(acesso em 14/02/2018)

22 - Diretrizes sobre prova pericial em acidentes de trabalho e


doenças ocupacionais.
http://www.abergo.org.br/arquivos/noticias/DIRETRIZES.pdf
(acesso em 14/02/2018)
198 Terapia Ocupacional • Volume 3

23 - MACHADO, A.C.C. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL INTERPRETADO


–THEODORO JR, Humberto – CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL –
Editora Forense – 30ª edição – Rio de Janeiro – 2003.
http://www.notadez.com.br/content/dicionario_juridico.asp

24 - JULIANO, R. Manual de perícias. Rio Grande: Gráfica Palotti,


2005, 600p.

25 - Art. 473. (O laudo pericial deverá conter:)


https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28892147/
artigo-473-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015#

Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta)

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CAPÍTULO 4 199

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TERAPEUTA OCUPACIONAL NA INCLUSÃO E GESTÃO DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA:

1 - MARQUES, A.L.; FREITAS, M.N.C. (org.) Trabalho e Pessoas com


Deficiência. Curitiba: Juruá Editora, 2010.

2 – CARTILHA ISOCIAL – SOLUÇÕES EM INCLUSÃO SOCIAL - Profissionais


de Recursos Humanos: Expectativas e Percepções sobre s Inclusão de
Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, São Paulo, 2016.
200 Terapia Ocupacional • Volume 3

3- CARTILHA DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO - Pessoas com


Deficiência no Trabalho: Criando valor pela Inclusão – São Paulo, 2014.

4 – CARTILHA SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS –


Acessibilidade, Brasília, 2005.

5- COLEÇÃO ESTUDOS E PESQUISAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA –


Construindo um Mercado de Trabalho Inclusivo – Guia Prático para
Profissionais de Recursos Humanos, Brasília, 2003.

6 - COLEÇÃO ESTUDOS E PESQUISAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA –


Trabalho e Emprego: Instrumento de Construção da Identidade Pessoal e
Social, Brasília, 2003.

7 – CARTILHA OABSP FIESP -Guia dos Direitos das Pessoas com


Deficiência, São Paulo, 2007.

8 – BETTI, A.P. Emprego Apoiado, São Paulo, Edição do Autor, 2011.

9 - CARTILHA FIESP CIESP SESI SENAI – Sou Capaz: Inclusão de Pessoas


com Deficiência e Aprendizes no Mercado de Trabalho, São Paulo, 2016.

10 - INSTRUÇÃO NORMATIVA DA SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO


TRABALHO- SIT Nº 98 DE 15.08.2012 disponível em: http://www.
normaslegais.com.br/legislacao/instrucao-normativa-98-2012.htm

11 – NORMA BRASILEIRA NBR 9050;2015 Acessibilidade a edificações,


mobiliário, espaços e equipamentos urbanos disponível em: http://www.
pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_
generico_imagens-filefield-description%5D_164.pdf

12 - LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Disponível em: http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
CAPÍTULO 5
CONTEXTOS EDUCACIONAIS E A TERAPIA OCUPACIONAL
NO BRASIL.

1 - A TERAPIA OCUPACIONAL E O PARADIGMA


INCLUSIVO CONTEMPORÂNEO.
Ana Rita Costa de Souza Lobo

1.1 - Apresentação
As instituições de ensino se vêem hoje mais responsáveis pelo
sucesso do ensino, da educação e do futuro do aluno. Considerando o
tempo em que os alunos permanecem e as experiências vividas dentro do
ambiente escolar, este se torna o local onde ocorrem os acontecimentos
sociais, os laços, a interação com o outro, o lidar com o diferente, assim
como a formação da personalidade do indivíduo que ali se encontra.
Em sala de aula, há uma diversidade de pessoas, com histórias de vida
diferentes, crenças familiares, classes sociais, pessoas vindas de ambientes
e culturas diferentes. São pessoas tem uma maneira peculiar de lidar
com o saber, por apresentarem condições diferenciadas culturalmente,
intelectualmente, fisicamente ou somente por crenças familiares.
Portanto, o processo de aprendizado não acontece de uma única
forma para todas as pessoas, cada uma trás, inscrito em si, a maneira
mais fácil de aprender.
A diversidade do ser humano está exposta na escola como uma
mini sociedade, com representações de pessoas e suas histórias vividas.
No Brasil, poucas escolas ainda exploram o formato de aprendizado
singular. O ato de educar vai muito além de ensinar a escrever e a ler.
Na escola, para que o processo de aprendizagem e desenvolvimento
humano seja privilegiado de fato, é preciso estabelecer um contexto
escolar intencionalmente orientado para relações interpessoais de
qualidade dentro e fora do ambiente escolar, no qual se respeitem a
história de vida e familiar, combatam as desigualdades, celebrem-se as
diferenças e que sejam enriquecidas as possibilidades interativas.
A inclusão escolar foi vista por muitos anos como o trabalho de
202
CAPÍTULO 5 203

integração de pessoas com deficiências na escola, porém, atualmente


pode-se observar inclusão é integrar a diversidade dentro da sala de
aula. Observa-se que alunos sem nenhum transtorno ou deficiência vêm
apresentando dificuldades por fatores diferentes, dentre eles pouca
ativação psicomotora, falta de interação e problemas familiares e
sociais. Diante do atual panorama, todos os alunos devem ser incluídos
na escola e não somente aquele com deficiência.
Tendo em vista que a escola é uma das bases para o
desenvolvimento das capacidades de um sujeito em sua plenitude, para
um efetivo processo educacional e para inclusão, é necessária uma
equipe interdisciplinar engajada que prepare a comunidade escolar e
social para proporcionar o bom desempenho do aluno, independente de
suas características, dificuldades/facilidades ou formas de aprender.
Nesse âmbito, o terapeuta ocupacional tem papel importante por
se dedicar a estudar e trabalhar com o desenvolvimento humano, com
os processos de aprendizagem, o desenvolvimento da autonomia da
pessoa, sua capacidade laboral e de inserção social e a capacidade de
participação ativa do indivíduo como protagonista de sua vida. Assim,
o terapeuta ocupacional, por atuar essencialmente no desempenho das
ocupações humanas, é considerado um profissional apto a estar presente
nessa equipe multiprofissional do contexto educacional, auxiliando
alunos e educadores em suas dificuldades em relação à aprendizagem,
conduta, atenção e promoção da saúde (1).

1.2 - Inclusão Escolar


Os princípios da inclusão escolar não se referem exclusivamente
à inclusão de alunos com deficiências, mas a proporcionar o
desenvolvimento de todos os alunos como seres humanos, para que
saibam conviver em sociedade, interagir e cooperar com a construção de
uma comunidade que respeite e acolha as diferenças (2; 3).
A inclusão escolar, enquanto paradigma educacional tem como objetivo
a construção de uma escola acolhedora, onde não existam critérios ou
exigências de natureza alguma, nem mecanismos de seleção ou discriminação
para o acesso e a permanência com sucesso de todos os alunos (4).
Considerando a educação especial como uma modalidade
transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, é importante
a inclusão de pessoas com deficiência no ensino básico, fundamental,
médio, na graduação e também em cursos técnicos.
Pesquisas apontam evidências que afirmam que a inserção em contextos
204 Terapia Ocupacional • Volume 3

educativos formais e a ampliação do acesso a experiências e informações


(favorecidas pela inclusão escolar) modificam, por exemplo, os modos de
funcionamento psíquico de pessoas com deficiência intelectual (5).
No contexto político, a inclusão escolar brasileira vem sendo
amplamente reposicionada a partir de diversos documentos, entre eles
a Constituição Federal de 1988. Muitas são as Leis, Decretos, Resoluções
e Portarias, que podem ser destacados, dentre elas a Lei nº 9.394 –
Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, assim como o Decreto
3.298 de 1999, que dispõe sobre a Política Nacional para a integração
da pessoa portadora de deficiência. Em 2001, o Conselho Nacional de
Educação publicou o Parecer nº 17 onde afirma no item 4, que a inclusão
na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física dos
alunos com deficiência junto aos demais educandos, mas representa a
ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como de desenvolver o
potencial dessas pessoas. Em 24 de abril de 2002 a Lei 10.436 reconhece
a Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio legal de comunicação
e expressão. Em 2004 o Programa Universidade Para Todos - PROUNI –
programa do Ministério da Educação que concede bolsas de estudo em
instituições privadas de educação superior em cursos de graduação e
sequenciais de formação específica, incluiu pessoas com deficiência para
concorrer a bolsas integrais. Em 2015 a Lei nº 13.146 – Lei brasileira de
inclusão da pessoa com deficiência (LBI), no capítulo IV é abordado o
direito à educação, com base na Convenção sobre os direitos das pessoas
com deficiência, que deve ser inclusiva e de qualidade em todos os níveis
de ensino; garantindo condições de acesso, permanência, participação e
aprendizagem, por meio da oferta de serviços e recursos de acessibilidade
que eliminem as barreiras. E por fim, em 2016, a Lei nº 13.409 dispõe
sobre a reserva de vagas para pessoas com deficiência nos cursos técnico
de nível médio e superior das instituições federais de ensino. As pessoas
com deficiência são incluídas no programa de cotas de instituições
federais de educação superior, que já contempla estudantes vindos de
escolas públicas, de baixa renda, negros, pardos e indígenas. O cálculo da
é baseado na proporcionalidade em relação à população, segundo o censo
2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Documentos internacionais também são importantes aliados ao
processo inclusivo no Brasil, como exemplo, a Declaração de Salamanca
sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas
Especiais, quando se reuniram diversos países na Espanha em 1994;
a Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de
CAPÍTULO 5 205

Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, celebrada na


Guatemala em maio de 1999 e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, de 2006, que assegura a pessoas com deficiência possui
os mesmos direitos humanos de qualquer outra pessoa. Em agosto de
2015 foram concluídas as negociações que culminaram na adoção,
em setembro, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
por ocasião da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável. Este processo foi iniciado em 2013, seguindo mandato
emanado da Conferência Rio+20, os ODS deverão orientar as políticas
nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos
quinze anos, sucedendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODM). O documento dá continuidade aos Objetivos de
desenvolvimento do milênio (ODM) e valem de 2015 até 2030. São
17 objetivos e 169 metas sobre erradicação da pobreza, segurança
alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução
das desigualdades, entre outros. O objetivo 4 é assegurar a educação
inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos.
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política,
cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de
todos os estudantes de estarem juntos, aprendendo e participando, sem
nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma
educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga
igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação
à idéia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da
produção da exclusão dentro e fora da escola (4).
Diante do panorama já descrito, entende-se que as Políticas de
Inclusão possuem a finalidade de transformar os sistemas educacionais em
espaços inclusivos e de qualidade, valorizando assim, as diferenças sociais,
culturais, físicas e emocionais e atendendo as singularidades de cada aluno.
Observa-se que a partir dos anos 2000 houve uma democratização
evolutiva do acesso de pessoas com deficiência à escola. Os números de
matrículas em ascensão pode facilmente comprovar este fato. Os fatores
que contribuíram para ampliar o direito à educação e ao trabalho desta
população envolvem novos dispositivos legais, a disponibilização de mais
resultados de pesquisas, além de mudanças de valores sociais4.
A educação inclusiva é um desafio intenso da educação
contemporânea, convidando a escola a questionar práticas
excludentes e colaborando para a garantia de direitos de todos, em
206 Terapia Ocupacional • Volume 3

especial para a garantia do direito de convivência e para a inclusão


social de pessoas com deficiência (6).
A Terapia Ocupacional por trabalhar com as diferenças entre os
indivíduos, respeitando a singularidade, o contexto de vida e as formas
de aprendizado de cada ser humano, se aproxima da perspectiva
da inclusão escolar e cria estratégias para atuação profissional com
excelência na escola. Além disso, o terapeuta ocupacional possui
conhecimento e capacidade técnica para oferecer suporte aos
professores, coordenadores e gestores de educação, contribuindo com
a teoria e a prática. A Terapia Ocupacional faz com que a tríade aluno x
estratégia x escola, torne-se uma engrenagem e que funcione de forma
resvaladiça, otimizando o aprendizado de cada indivíduo, independente
de ter ou não deficiência.
A atuação do terapeuta ocupacional visa à preservação da
identidade ocupacional do indivíduo, auxiliando-o para que seja um
protagonista em sua vida e se envolva em suas ocupações (7).
O contexto educacional é um dos diversos ambientes em que o
terapeuta ocupacional deve apropriar-se, tanto em Escolas de Ensino
Regular, como Centros de Ensino Especial, Escolas Especiais, Salas de
Recursos, Salas de Apoio, dentro outras.
Nem sempre os professores estão preparados para lidar com essa
clientela e, quando estão capacitados reproduzem um olhar voltado
para as especialidades, no âmbito da educação especial, todavia
o profissional que vai estar presente na inclusão escolar deve se
atentar a questões individuais em uma classe que apresenta inúmeras
especificidades, dispondo de diferentes estratégias pedagógicas. Por
essa razão, são de extrema importância a interdisciplinaridade e a
intersetorialidade no sentido de oferecer a qualidade na condução
de técnicas em todo o processo escolar do estudante, seja ele com
necessidades especiais ou não (8).

2 - TERAPIA OCUPACIONAL E A ESCOLA.


Ana Rita Costa de Souza Lobo

2.1 Introdução
Facilitador, mediador, transformador, integrador, estrategista,
organizador, potencializador; estes são alguns sinônimos de terapeuta
ocupacional no contexto escolar. Dentro do ambiente escolar este
CAPÍTULO 5 207

profissional não realiza ações de saúde, não clinica, mas atua em


campos educacionais e sociais entrelaçando as ações de saúde, por isso
entende-se ser esta área uma das mais novas da Terapia Ocupacional,
com crescimento exponencial para as próximas décadas. O Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO em 07 de
novembro de 2011 publicou a Resolução nº 406 (1), que disciplina a
Especialidade Profissional Terapia Ocupacional nos Contextos Sociais
onde afirma principalmente nos artigos de XVIII a XXV a competência
deste profissional na área de Educação:

“XVIII – Atuar na área de educação por meio de ações


de educação em saúde, facilitação do processo de
inclusão escolar, avaliação, prescrição, confecção,
treino e adaptação de recursos de tecnologia assis-
tiva facilitadora do processo de aprendizagem;
XIX – Atuar na área da cultura por meio da identi-
ficação de necessidades e de demandas e para o
estudo, a avaliação e o acompanhamento de pes-
soas, famílias, grupos e comunidades urbanas, ru-
rais e tradicionais para atenção individual, grupal
e/ou comunitária com acompanhamento sistemá-
tico e monitorado em serviços, programas ou pro-
jetos para promover a inclusão e a participação
cultural e a expressão estética das populações,
grupos sociais e pessoas com as quais trabalha;
XX – Acompanhar o desenvolvimento humano nos
ciclos de vida a fim de contribuir para o compar-
tilhamento do brincar e das atividades lúdicas;
para o processo de inclusão escolar, de profissio-
nalização, inclusão laboral e de aposentadoria;
para o convívio social e para o acesso a equipa-
mentos de assistência, valorizando a apropriação
dos espaços e do fazer coletivo;
XXI – Atuar em contextos educativos, de ensino for-
mal e não formal, para a elaboração de projetos de
vida e programas que visam a participação e a cida-
dania de crianças e jovens em meio urbano e rural;
XXII – Atuar junto a comunidades tradicionais, res-
peitando os princípios éticos implicados na coabi-
208 Terapia Ocupacional • Volume 3

tação de diversidades, de perspectivas múltiplas


e nas dinâmicas sociais e históricas implicadas;
XXIII – Produzir instrumentos de avaliação, acompa-
nhamento e gestão dos programas de capacitação e
de produção dos recursos socioeducativos;
XXIV – Avaliar, acompanhar, classificar, gerenciar
programas sócio ocupacionais, culturais, de inser-
ção social e da vida econômica, de educação, de
recuperação psicossocial e de promoção de direi-
tos de pessoas submetidas ao sistema prisional;
XXV – Propor, avaliar, monitorar, classificar, ge-
renciar programas sócio ocupacionais, cultu-
rais, expressivas, de inserção social e da vida
econômica, de educação, de participação e
acompanhamento de pessoas em cumprimento
de programas de medidas socioeducativas em
meio aberto, PSC – Prestação de Serviços à Co-
munidade e LA – Liberdade Assistida;”

Nesta perspectiva, a atuação da Terapia Ocupacional se caracteriza


por construções transdisciplinares e por ações intersetoriais, articulando
ações de políticas de saúde, educação e social em uma trama tão
compacta que se torna quase impossível saber onde cada esfera é
independente.
As intervenções da Terapia Ocupacional mediam a relação
interpessoal, de intervenção com e no território e de criação e/ou
ampliação de redes sociais de suporte (2).
A prática deste profissional consiste em compreender a
subjetividade do outro, estimular o potencial de cada indivíduo, adaptar
ambiente e recursos para otimizar o que o aluno já apresenta de melhor,
de forma a garantir cidadania a todos aqueles que estão matriculados
em escolas, educação para jovens e adultos – EJA, faculdades,
universidades, cursos técnicos e outros ambientes de educação.

2.2 Programa Terapêutico Ocupacional na Escola


A rotina escolar integra as Atividades da Vida Diária do aluno, seja
este criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso, portanto, por fazer
parte das competências da Terapia Ocupacional, a organização de tarefas
e as estratégias para facilitar essas ações fazem parte do programa
CAPÍTULO 5 209

terapêutico ocupacional escolar. Este programa pode ser organizado de


variadas formas, entre elas: individual, em grupo e/ou como educação
continuada aos profissionais que trabalham no contexto escolar.
Em alguns países como Estados Unidos da América, Itália, Espanha e
França há meios legais que garantem um plano educacional voltado para
a individualidade de cada aluno em situação de deficiência. Já no Brasil,
raríssimas escolas sabem da existência do Decreto Lei n. 3/2008 de 7 de
Janeiro, para a implantação do PEI - Plano Educacional Individualizado
para o estudante com alguma deficiência, transtorno ou dificuldade.
Tal instrumento é de suma importância para o processo de inclusão e
favorecimento da aprendizagem desses alunos, o que recomenda-se que
seja elaborado em parceria com a família e equipe multiprofissional que
porventura assista a esse aluno.
Alguns estados do país já empregam o Plano de Desenvolvimento
Individual (PDI) como meio de individualizar avaliação e intervenção
pedagógica atendendo às necessidades educacionais dos alunos buscando
melhorar das ações executadas pelos profissionais envolvidos na
aprendizagem (3). O PDI é equivalente ao Plano/Programa Educacional
Individualizado - PEI, nomenclatura utilizada em alguns Estados
brasileiros, influenciado por outros países que empregam o programa (4).
O PDI tem por finalidade atender as necessidades de cada indivíduo
e possui duas partes: avaliação e intervenção, esta última denominada
Plano Pedagógico Especializado (PPE), onde o terapeuta ocupacional
poderá atuar. O PDI orienta as ações para um plano pedagógico
centrado no aluno e não na doença ou na dificuldade. Através desse
planejamento individual, a escola colhe informações a respeito do
aluno e traça estratégias para a intervenção. O terapeuta ocupacional
é um dos profissionais que possuem habilidade e competência para
junto ao professor, organizar a rotina, adaptar materiais, atividades
e criar recursos para que o aluno possa aperfeiçoar seu potencial em
sala de aula. Após avaliação criteriosa, este profissional poderá mediar
formas de facilitar o trabalho do professor, da família nas tarefas,
mas, principalmente oferecer oportunidade do aluno acompanhar as
atividades junto aos colegas de sala de aula.
O aluno com ou sem deficiência, quando não está integrado à sala
de aula, apresenta cada vez mais dificuldades escolares devido a falta
de motivação, a baixa autoestima e a discriminação; este movimento
acaba por fazê-lo não se sentir parte do grupo, da escola e muitas
vezes da comunidade. Isso faz com que o aluno não crie expectativas
210 Terapia Ocupacional • Volume 3

de aprendizado, se posicionando na escola, na família e na comunidade


como “aquele que não consegue aprender nada”, quando na verdade, os
profissionais são os principais responsáveis por avaliar e aplicar a melhor
forma de ensinar a estes alunos.
Como dito anteriormente, a atuação terapêutica ocupacional não
deve constituir um ambiente clínico tradicional na escola e também
não pode realizar atendimentos individuais ou grupais, pois desta forma
descaracterizaria o programa escolar. O terapeuta ocupacional poderá
encaminhar o aluno a serviços especializados de saúde e orientar
professores e familiares quanto as dificuldades intelectual, neurológica,
física ou metabólica que o aluno apresente. A Terapia Ocupacional pode
propiciar o ambiente escolar capaz de acolher os alunos, independente
de suas necessidades e incapacidades, superando as atitudes
excludentes que podem interferir no sucesso escolar, proporcionando
conforto, habilidade, motivação e autoconfiança.

3 – A ATUAÇÃO PRÁTICA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL


NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
Patrícia Oliveira

3.1 Introdução
A prática do Terapeuta Ocupacional na Educação Inclusiva começa
a partir das crenças que esse profissional tem sobre o direito ao acesso, a
permanência e a participação de cada aluno com deficiência no ambiente
escolar. Além dessas crenças, a falta de entendimento do Terapeuta
Ocupacional sobre os paradigmas construídos ao longo da história das
pessoas com deficiência no Brasil, somado a uma visão assistencialista e/
ou patológica medicamentosa faz com que o plano de ação proposto esteja
favorecendo e fortalecendo a integração social e não a inclusão social.
A forma como o Terapeuta Ocupacional entende e percebe como
deve se dar essa “participação” e a garantia desse “direito”, vai nortear
suas orientações e a mediação oferecida em cada caso que a escola
em potencial venha a receber como aluno efetivamente matriculado,
indiferente da tipificação do ensino: Educação infantil, Ensino
Fundamental, Ensino Médio, Ensino Profissionalizante e Ensino Superior.
É muito importante que os papeis ocupacionais de estudante, amigo,
cidadão e filho estejam norteando o plano de ação do Terapeuta Ocupacional
que trabalha com inclusão e acessibilidade. A patologia, o diagnóstico e
CAPÍTULO 5 211

prognóstico em si são características, jamais podem ser a evidência!


Outro ponto de extrema importância que o Terapeuta Ocupacional
saiba a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva, bem
como também se faz necessário o conhecimento dos direitos garantidos
e previstos na Lei Brasileira para que seu papel de facilitador e
mediador no processo de inclusão dos alunos com deficiência esteja de
fato construindo a inclusão verdadeira e plena auxiliando a todos os
envolvidos; comunidade, a escola, a família e aluno com deficiência.
Para melhor exemplificar como se caracteriza o papel do Terapeuta
Ocupacional e como sua prática acontece no ambiente escolar, serão
apresentados quatro casos de inclusão de alunos com deficiência que
foram acompanhados pelo profissional de Terapia Ocupacional.

Relato de Experiência 1 - Quando as barreiras são a desculpa!


Breve descrição do caso
B. L. C. G, 5 anos, sexo masculino, com diagnóstico de Paralisia
Cerebral e agenesia parcial do corpo caloso. Educação Infantil –
Matriculado na Pré Escola (Nível II). Escola Particular de Educação
Infantil na região do Vale do Paraíba – São Paulo. Usuário de Cadeira de
rodas e de fraldas, hipotônica, fala apenas “oi”, baixo repertório de
brincar, dependente em todas as ABVD – Atividades básicas de vida diária
(Alimentação, Higiene e vestuário). Alimenta-se somente de alimentos
pastosos. O hemicorpo esquerdo apresenta maior comprometimento
que o direito. Pouco função manual. Realiza preensões com mão
direita. Matriculado em período semi-integral e dispunha de equipe
multidisciplinar para seu processo de reabilitação e inclusão. Foi
solicitado por parte da família uma visita e acompanhamento da
criança para dar as devidas orientações à escola bem como para auxiliá-
la em sala de aula, pois, segundo a família, a criança não estava
participando de todas as atividades propostas na escola, excluída
em algumas atividades básicas de vida diária, como na escovação de
dentes, dispensada em determinadas datas comemorativas ou projetos
escolares, não recebia tarefa como os demais coleguinhas, e por fim,
a família entendia que a auxiliar estava mais exercendo um papel de
“babá” do que uma auxiliar no processo de aprendizagem em si.
Objetivo: Promover a inclusão por meio do acesso, da permanência
e da participação da criança em todas as atividades propostas em
sala, no ambiente escolar e extramuros, auxiliando a escola (Direção,
Coordenação Pedagógica, Professor Titular, Auxiliar de Sala e
212 Terapia Ocupacional • Volume 3

funcionários) e sua família para trabalharem juntas e em parceria com a


equipe multidisciplinar o processo de aprendizagem e, por conseguinte a
inclusão escolar da criança.
O Processo de Intervenção
Para iniciar o trabalho, realizou-se contato com a Coordenação
Pedagógica da escola em que a criança estava matriculada e efetuamos
um agendamento para apresentação da Terapeuta Ocupacional,
explanação da demanda trazida pela família, coleta de dados referente
a preparação da escola para inclusão, a existência ou não do PEI – Plano
Educacional Individualizado, adaptação de currículo e/ou materiais.
Em segundo momento, uma visita as dependências da escola para
observação do ambiente escolar quanto a acessibilidade. Em paralelo,
solicitamos um relatório a todos os profissionais da equipe multidisciplinar
(fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicóloga, psicopedagoga e terapeuta
ocupacional) que realizavam o atendimento à criança para melhor
identificação das suas habilidades, limitações funcionais e aprendizagem.
Na primeira visita à escola, participaram alguns dos profissionais
envolvidos no processo de inclusão da criança: Direção, Coordenação
Pedagógica, professora titular e a Terapeuta Ocupacional. Realizamos a
explanação da demanda trazida pela família, pontuamos como podíamos
ajudar no processo e perguntamos como que a escola poderia nos
auxiliar no processo de inclusão escolar da criança.
A escola estava começando a receber matriculas e a trabalhar
com casos de alunos com deficiência naquele ano e sabiam por cima da
existência de uma equipe multidisciplinar que realizava o atendimento
à criança. Desconheciam o Plano Educacional Individualizado – PEI. O
Plano Político Pedagógico da Escola – PPP não contemplava a diversidade
em sua extensão e profundidade. Os ambientes da escola não eram
acessíveis para deslocamento em cadeira de rodas e o currículo não
foi adaptado para atender as necessidades educacionais da criança.
A auxiliar não recebeu capacitação para saber lidar com crianças com
deficiência, nem tão pouco entendia de desenvolvimento infantil ou do
processo de aprendizagem. A criança era assídua, os pais participativos
e a escola estava carente de informações para saber como lidar
com o caso em questão. A visão da equipe escolar como um todo é
assistencialista, pois acreditavam em uma espécie de “grande benefício”
advindo da convivência social proporcionado pela escola à criança,
partir do momento que “aceitou sua matricula”.
Em seguida, de posse das informações colhidas na escola e análise
CAPÍTULO 5 213

dos relatórios recebidos da equipe multidisciplinar, partimos para


elaboração de um Plano de Intervenção e Orientação Escolar, uma vez
que a atuação do Terapeuta Ocupacional na escola não deve ser clínica,
e sim de assessoria, dando o devido suporte as partes envolvidas.
Nossa intervenção começou com a observação da criança em
sala de aula, sem realizar nenhuma interferência apenas coleta de
dados sobre os ambientes onde o desempenho acontecia, as atividades
e conteúdos oferecidos, o acesso as dependências da escola, a
participação, os níveis de autonomia e independência da criança e tipo
de auxilio recebido durante as quase 5 horas de acompanhamento.
Em seguida, propusemos a revisão do Plano Político Pedagógico
– PPP, que ficou para o ano letivo seguinte. Pontuamos a necessidade
para favorecimento da prática do Plano Educacional Individualizado –
PEI no cotidiano escolar.
Todavia, apesar da burocracia necessária para alteração do Plano
Político Pedagógico, convidamos a Direção, Coordenação, Professora
Titular e Auxiliar a montarem o Plano Educacional Individualizado – PEI
em parceria com a Família e equipe multidisciplinar, que nesse caso,
participaram da elaboração a fonoaudióloga e terapeuta ocupacional.
Os demais dados foram colhidos dos relatórios dos profissionais que não
puderam comparecer.
Através do Plano Educacional Individualizado PEI, identificamos
as habilidades, as limitações funcionais e em que estágio da
aprendizagem a criança estava nas áreas: acadêmicas, da vida diária,
motoras/atividade física, sociais, recreação/lazer e pré-profissionais/
profissionais. (Decreto Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro).
Com esse instrumento, o ponto de partida ficou claro, bem como
o potencial da criança e como a professora titular e a auxiliar poderiam
favorecer e como poderiam avaliar o aprendizado da criança.
A professora titular e a auxiliar receberam orientações sobre
adaptações curriculares, adaptação de materiais, posicionamento da
criança na cadeira de rodas, quando colocada no chão e sua participação
na mesa quando em atividade.
Não foi possível à escola oportunizar o investimento para capacitar a
auxiliar da criança. Diante disso, optamos por orientar a auxiliar sobre como
deveria ser oferecido a ajuda e qual era o seu papel no processo de inclusão
da criança em questão, recebendo informações importantes pontuais
sobre como ajudar no momento da escovação dos dentes e a importância
da criança da participação em todas as atividades propostas. Algumas
214 Terapia Ocupacional • Volume 3

orientações adicionais foram passadas por escrito como: o que é deficiência,


aspectos do desenvolvimento infantil, desenvolvimento da aprendizagem e
como deveria ser a assistência em tipos, frequência e intensidade.
Como a escola não possuía um professor especializado, sala de
recursos ou atendimento educacional especializado, ficou combinado que
a escola estreitaria o contato com a equipe multidisciplinar para sanar
eventuais dúvidas, oportunizando reuniões ou palestras informativas.
Considerações finais
A escola conseguiu dar alguns passos importantes no processo
de inclusão, como: Elaboração do PEI, realizou algumas mudanças no
layout da escola para favorecer o acesso e deslocamento da cadeira
de rodas, começou a interagir e se reunir com os profissionais da
equipe que atendem a criança e realizaram pequenas adaptações em
materiais e no conteúdo. Contudo, a auxiliar não permaneceu na escola
e outra profissional a substituiu. Não conseguimos contato com a nova
auxiliar, mas fomos informados que a mesma recebeu o material escrito
disponibilizado anteriormente e que estava tudo caminhando bem! A
família se diz mais satisfeita apesar de ainda identificarem muita coisa
por fazer para que seu filho esteja se beneficiando da inclusão.

Relato de Experiência 2 – Habilidades acima da média!


Breve histórico
L. N, 6 anos, sexo masculino, com diagnóstico de Transtorno do
Espectro Autista – TEA nível 1 (DSM V) Matriculado no 1º ano do Ensino
Fundamental de um Escola da Rede Municipal de Ensino, Vale do
Paraíba – Apresentava repertório restrito de comunicação verbal, mas
extremamente rico em sua área de interesse, alfabeto e os números de
1 a 10, falando os mesmos em três línguas: Português, Inglês e Russo.
Conseguia associar as letras com os respectivos objetos e imagens. Sabe
cores primárias, secundárias e terciárias nas três línguas. Reconhece
as três formas em português. Tem fixação por ventiladores e celular.
Dificuldade em permanecer sentado, apresenta estereotipias, se joga
no chão para recusar a participação em atividade. Quando contrariado
ou diante da frustração, grita. Contudo, quando a rotina é estrutura
com as pistas visuais e os comandos são simples e curtos, a criança se
organiza melhor e consegue participar das atividades propostas. É semi-
independente nas ABVD – Atividades Básicas de Vida Diária (alimentação,
vestuário e higiene) necessitando apenas de comandos verbais ou
pistas para executá-las ou corrigir algo. A família é muito assídua e
CAPÍTULO 5 215

participativa. Procuraram a Terapeuta Ocupacional para intervir na


escola, pois a criança estava sem um auxiliar passando horas envolvidas
em atividades “extras” fora da sala de aula, como por exemplo
jogando bola com estagiário de pedagogia na quadra de esportes ou
permanecendo separada da turma com brinquedos em outra salinha.
Perceberam que o filho não levava tarefa para casa. Conversaram
amigavelmente com a Direção e exigiram que providenciassem uma
auxiliar em sala, e caso fosse necessário, o pai iria denunciar a escola e
exigir a presença de um auxiliar para o filho junto a Defensoria Pública.
A família estava pleiteando vaga no NAPE – Núcleo de Atendimento
Psicológico e Educacional do Município para Fonoaudiologia e Psicologia,
enquanto recebia atendimento particular em Terapia Ocupacional.
Objetivo: Informar a escola sobre os direitos previstos em LBI
e Lei Berenice Piana (LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. LEI Nº
12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012), as capacidades, as habilidades,
limitações comportamentais, comunicacionais e sociais apresentadas
pela criança. Pontuar a necessidade do uso das pistas visuais na
modulação de comportamento, para trabalhar a rotina e previsibilidade
das atividades em sala e no contexto escolar apoiando a comunicação
verbal e comportamento adequado e participativo. Orientar sobre o
uso de termos claros, concretos, objetivos e curtos no favorecimento da
comunicação e da aprendizagem.
O Processo de Intervenção
Iniciamos com o agendamento de uma reunião com Direção e
Coordenação Pedagógica da escola municipal para explanação do
caso e identificação das dificuldades que a escola e equipe escolar
por ventura tivessem sobre inclusão, direitos e TEA – Transtorno do
Espectro Autista. Havia um desconhecimento sobre os direitos previsto
na LBI – Lei Brasileira de Inclusão e, nesse caso de aluno com TEA, a
Lei Berenice Piana. As atividades para casa apenas não eram entregues
por não acreditarem que era preciso, mas sugerimos que assim fosse
feito sem nenhuma adaptação, pois a criança era muito inteligente.
Após explanação do conhecimento da criança, das habilidades com
outras línguas, do nível de autonomia e independência nas ABVD –
Atividades Básicas de Vida Diária perceberam que estavam subestimando
a capacidade da criança quanto ao seu processo de aprendizagem. Um
acordo foi estabelecido quanto as tarefas para casa que a mesma somente
seria adaptada quando a criança não conseguisse fazer ou apresentasse
alguma dificuldade, pois não sugeria a necessidade de tais adaptações.
216 Terapia Ocupacional • Volume 3

Conversamos sobre a necessidade de uma auxiliar específica para a


criança, devido às características comportamentais apresentadas e para
apoio no processo de aprendizagem. Com o tempo e conforme a resposta
dada pela criança, esse auxiliar diminuiria a frequência e a intensidade do
apoio, direcionando o mesmo para a professora titular, pois se trabalhado
com cautela e devidamente orientado, poderíamos alcançar esse objetivo.
Considerações Finais
Em dois meses, após as orientações colocadas em prática, L.
N. estava adaptado a turma, participando de todas as atividades e
rotina estabelecida. A professora percebeu que L. N precisava de apoio
considerável nas atividades em sala de aula, principalmente no uso da
tesoura e algumas atividades de coordenação motora fina que foram
trazidas como demanda para o consultório terapêutico ocupacional.
Podemos concluir que, no início do ano letivo, havia uma falta de
informação e de conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista –
TEA bem como acerca do potencial de aprendizagem da criança, sugerindo
que o diagnóstico paralisou a possibilidade da equipe escolar olhar para a
criança com todo o seu potencial a ser desempenhado no papel de aluno.

Relato de Experiência 3 – Meu comportamento e tamanho assustam!


Breve descrição do caso
G. E. adolescente de 18 anos com diagnóstico de Transtorno do
Espectro Autista – Nível 1 (DSM V). Em transição do Ensino Médio para
Escola Profissionalizante. G.E. é filho de pais separados, de classe média
alta, realizava vários atendimentos e atividades extracurriculares.
Profissionais de Psicologia, Psicopedagogia, Fonoaudiologia, Terapia
Ocupacional e Fisioterapia acompanhavam o caso. Realizava atividades
de pintura em tela, piano clássico, xadrez, inglês e alemão. Família
paterna de origem alemã. Autônomo e independente nas ABVD (higiene,
alimentação e vestuário), mas SIC, dependente nas AIVD - Atividades
Instrumentais de Vida Diária (administração pertences pessoais, preparo
de pequenas refeições, dinheiro, compras, uso de transporte e telefone).
Com uma relação difícil com o pai, G.E. sempre se desorganizava no
comportamento toda vez que voltava da casa do pai em período de férias
(Alemanha) e por ficar muito tempo sem ver o mesmo. Relação difícil
com irmã, cujas falas eram reproduzidas em terapia constantemente.
G.E. quando animado, dava pulos altos, fortes e batia palmas saltando
da cadeira. O que acontecia em nas terapias e em sala de aula. Na
escola, alguns colegas de sala tinham medo dele, eventualmente era
CAPÍTULO 5 217

vítima de bulllyng por colegas de outras salas de aula. G. E, passou o


ensino fundamental e médio na mesma escola, todos os professores,
coordenação e direção já sabiam muito bem lidar com ele, estava
adaptado e atendido em suas necessidades educacionais. G.E, estava no
3º ano do ensino médio e começou a ficar muito ansioso e perguntava
insistentemente para a mãe para qual faculdade ele iria, pois escutava
com frequência as conversas dos colegas que diziam sobre o desejo de
ingressarem em para determinada Faculdade, morar fora e que iriam
viajar para fazer vestibular em outro estado. No segundo semestre do
ano letivo, a mãe procurou a Terapia Ocupacional, encaminhada pela
psicopedagoga, para pensar em como dar continuidade aos estudos do
filho e qual sua real possibilidade de profissionalização, pois já não sabia
mais como lidar com a ansiedade e comportamentos agressivo do filho por
não ter respostas concretas sob seu futuro.
Objetivo: Identificar o nível de autonomia e independência nas AIVD –
Atividades Instrumentais de Vida Diária, os interesses, as habilidades e as
capacidades do adolescente, facilitando e mediando todo o processo de
inclusão escolar e de profissionalização em outra escola, bem como ajudar com
as emoções, manejos de comportamentos e previsibilidade dos acontecimentos
para diminuir a ansiedade e explosões de agressividade com a mãe.
O Processo de Intervenção
Em entrevista realizada com a mãe e com o G.E, foram priorizados
a identificação dos níveis de autonomia e independência em AIVD –
Atividades Instrumentais de Vida Diária para ajudar a definirmos o
melhor caminho, e o mais seguro, para a adultização, profissionalização
e inclusão no trabalho. Em um segundo momento com G.E. identificamos
os seus interesses, suas habilidades e capacidades por meio de
avaliações, entrevistas e uso de vídeos com atividades laborais que
ele demonstrava interesse como; Artes plásticas, piano, informática e
partimos para reconhecimento desses locais em potencial.
Uma escola de música profissionalizante em cidade vizinha e uma
escola de informática na cidade em que G. E. residia foram visitas. Em
consenso com a mãe, optamos por escolher curso técnico de informática.
Em parceria, a psicopedagoga e terapeuta ocupacional, que se dispuseram
em dar esse suporte nos contextos naturais além do consultório,
realizamos visitas em 3 escolas de ensino profissionalizante. Nenhuma
havia recebido matricula de aluno com deficiência, sendo algo novo e
desafiador. Optamos por aquela que foi mais receptiva em receber de
braços abertos as intervenções e orientações dos profissionais envolvidos.
218 Terapia Ocupacional • Volume 3

Em reunião com a Coordenação pedagógica da escola de ensino


profissionalizante fez uma exigência. Que G.E. passasse no Vestibulinho
com nota mínima para ser matriculado. A Terapeuta Ocupacional
recomendou que a prova fosse realizada em uma sala separada, com
dilatação do tempo para sua realização de 4 horas e que o fiscal fosse
devidamente orientado sobre as estereotipias apresentadas pelo G.E.
Além disso, foi sugerido a realização da prova em outro dia, pois G.E.
tinha dificuldade com aglomeração de pessoas e muitas pessoas falando.
G.E. passou no Vestibulinho. E, para o início das aulas, conversamos
com a Coordenação Pedagógica para liberação de uma adaptação muito
importante para G.E. Que fosse permitido que ele entrasse 10 minutos
depois do alarme e saísse 10 minutos antes do alarme do término da aula,
pois o mesmo era estridente e o aglomerado de alunos iriam desorganizar
seu comportamento e o prejudicaria em sala de aula, com impactos
negativos para a turma e para o professor. O que foi prontamente aceito!
Na primeira semana de aula, foi realizado uma dinâmica com a
turma visando sensibilizar os alunos que seriam colegas de G.E. sobre
suas dificuldades de socialização, comportamentais, comunicacionais e
de como a turma poderia aprender com ele e dar o apoio necessário.
Os instrutores receberam 4 horas de informações sobre TEA
Transtorno do Espectro Autista, as habilidades, as capacidades e
limitações comportamentais, sociais e comunicacionais de G.E. Além
disso, falamos sobre como a comunicação deveria ser estabelecida e sobre
o cuidado com metáforas e analogias, pontuando como que os professores
poderiam aproveitar as habilidades de G.E. quando o seu conhecimento
sobre um assunto em sala de aula fosse superior ao conteúdo sugerido.
Recomendamos que a estação de estudo de G.E. tivesse um
espaço maior, devido as estereotipias manifestadas por G.E. como, os
pulos por exemplo, e a importância do professor para ajustar a reação
dos colegas diante desse e outros episódios comportamentais que
poderiam surgir em sala de aula.
Considerações Finais
Durante os 2 anos do curso de Técnico em Informática, a escola, a
mãe, G. E, receberam orientações e suporte das profissionais de terapia
ocupacional e psicopedagogia. G.E. terminou o curso com sucesso dentro
daquilo que suas habilidades e capacidades puderam acomodar. G.E.
continuou os atendimentos em Terapia Ocupacional para melhorar seus
níveis de autonomia e independência em AIVD – Atividades Instrumentais de
Vida Diária, desempenho ocupacional no papel de aluno, papel de amigo
CAPÍTULO 5 219

para auxiliando nas relações e socialização enquanto decidimos qual seria o


caminho para seguirmos a diante: Universidade ou mercado de trabalho.

Referências Bibliográficas.

1 - A TERAPIA OCUPACIONAL E O PARADIGMA INCLUSIVO


CONTEMPORÂNEO:

1 - MUNGUBA, M.C. Inclusão Escolar. In: CAVALCANTI, A.; GALVÃO,


C. (org.). Terapia Ocupacional: fundamentação & prática. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

2 - DANESI, M.C; TIMM, E.Z (org.). Caminhos da educação inclusiva:


práticas, princípios e desafios. Porto Alegre: Editora Universitária
Metodista IPA: EDIPUCRS, 2013. 166p.

3 - ALVES, D.O.; BARBOSA, M.K.A. Experiências Educacionais


Inclusivas: refletindo sobre o cotidiano escolar. In: Experiências
Educacionais Inclusivas Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade
- Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. BRASIL, 2006.

4 - LOPES DE OLIVEIRA, M.C.S.; DIAS, S. de S. Inclusão como contexto


de transição de desenvolvimento: Um olhar da Psicologia Escolar. Em:
VIANA, M.N; Rosângela FRANCISCHINI, R (org.), Psicologia Escolar: que
fazer é esse? Brasília: Conselho Federal de Psicologia, p. 83-97, 2016.

5 - BRASIL. Ministério da Educação/SECADI Política Nacional de


Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2014.

6 - SILVA, V.C.S. e TERCI, C. Concepções de professores da rede


pública de educação do Distrito Federal sobre inclusão escolar. Em: Meire
Nunes Viana e Rosângela Francischini (org.), Psicologia Escolar: que fazer
é esse? Brasília: Conselho Federal de Psicologia, p. 110-125, 2016.

7 - ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE TERAPIA OCUPACIONAL. Estrutura


da prática da Terapia Ocupacional: domínio & processo. 3ª ed. Tradução
por: CAVALCANTI, A; DUTRA, F; ELUI, V. Rev. Ter Ocup Univ São Paulo;
jan.-abr. 2015; 26 (ed. esp.): 1-49.
220 Terapia Ocupacional • Volume 3

8 - ROCHA, E.; LUIZ, A.; ZULIAN, M. Reflexões sobre as possíveis


contribuições da terapia ocupacional nos processos de inclusão escolar.
Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 14, n. 2, p. 72-78, maio/ago, 2003.
2 - TERAPIA OCUPACIONAL E A ESCOLA:

1 - COFFITO. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia


Ocupacional. Resolução Nº 406. Disciplina a Especialidade Profissional
Terapia Ocupacional nos Contextos Sociais, 07 de novembro de 2011.

2 - LOPES, R.E.; SILVA, C.R. O campo da educação e demandas para


a terapia ocupacional no Brasil. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.18, n.
3, p. 158-164, set./dez. 2007.

3 - POKER, R.B. et al. Plano de Desenvolvimento Individual para o


Atendimento Educacional Especializado. São Paulo: Cultura Acadêmica;
Marília: Oficina Universitária, 2013

4 - VALADÃO, G.T. Inclusão escolar e planejamento educacional


individualizado: avaliação de um programa de formação continuada para
educadores. São Carlos PPGEES – UFSCar, 2013.

Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta)

- Della Barba, P.C.S.; MINATEL, M.M. Contribuições da Terapia


Ocupacional para a inclusão escolar de crianças com autismo. v. 21, n. 3
(2013). Disponível em:
http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/
cadernos/article/view/920 (acesso em 28/02/2018)

- CARDOSO, P.T.; MATSUKURA, T.S. Práticas e perspectivas da terapia


ocupacional na inclusão escolar. v. 23, n. 1 (2012). Disponível em:
HTTP://WWW.REVISTAS.USP.BR/RTO/ARTICLE/VIEW/46905 (acesso
em 28/02/2018)

- COPPEDE, A.C.; OLIVEIRA, A.K.C., ROSA, F.D.; HAYASHI, M.C.P.I.


Produção científica da Terapia Ocupacional na inclusão escolar: interface
com a Educação Especial e contribuições para o campo. Revista
Educação Especial, v. 27, n. 49, maio/ago. 2014. Disponível em:
HTTPS://PERIODICOS.UFSM.BR/EDUCACAOESPECIAL/ARTICLE/
CAPÍTULO 5 221

VIEW/8281 (acesso em 28/02/2018)

- OLIVEIRA, C.; CASTANHARO, R.C.T. O Terapeuta Ocupacional como


Facilitador do Processo Educacional de Crianças com Dificuldades de
Aprendizagem. v. 16, n. 2 (2008). Disponível em:
http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/
cadernos/article/view/123 (acesso em 28/02/2018)

- ROCHA, E.F.A Terapia Ocupacional e as ações na educação:


aprofundando interfaces. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.18, n. 3, p.
122-127, set./dez. 2007. Disponível em:
HTTP://WWW.PERIODICOS.USP.BR/RTO/ARTICLE/
VIEWFILE/14015/15833 (acesso em 28/02/2018)

- REZENDE, M.B. Terapia Ocupacional e inclusão escolar: desafios e


reflexões sobre a prática. Disponível em:
HTTP://CREFITO4.ORG.BR/SITE/2017/04/28/TERAPIA-
OCUPACIONAL-E-INCLUSAO-ESCOLAR-DESAFIOS-E-REFLEXOES-SOBRE-A-
PRATICA/ (acesso em 28/02/2018)

- ROCHA, A.N.D.; DELIBERATO, D.D. Atuação do terapeuta


ocupacional no contexto escolar: o uso da tecnologia assistiva para o
aluno com paralisia cerebral na educação infantil. v. 23, n. 3 (2012).
Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/55642 (acesso em
28/02/2018)
CAPÍTULO 6
TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE MENTAL: UMA
CONSTRUÇÃO HISTÓRICA PARA PRÁTICAS INOVADORAS.

1 - GUIA DE REFERÊNCIA DA TERAPIA OCUPACIONAL EM


SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.
Cristina Maria Quaggio
Carolina Cimardi Becker
Jamile Cristina Albiero Silva
Mariane Aparecida Terssoni da Conceição
Priscilla Regina Cordeiro
Talita Cristina de Moraes

Titulo: "MANICÔMIOS NUNCA MAIS"


Autora: Suzana Pêgo dos Santos - Terapeuta Ocupacional
-Especialista em Saúde Mental.

1 .1 - Apresentação.
O Guia de Referência de Terapia Ocupacional em Saúde Mental
é a primeira experiência de publicação da Câmara Técnica de Saúde
Mental do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da
3ª Região (CREFITO-3). Assim, a intenção é de enaltecer e fortificar as
possibilidades do campo de atuação do terapeuta ocupacional na área
de saúde mental, e os reconhecendo como profissionais essenciais na
223
224 Terapia Ocupacional • Volume 3

Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), bem como no processo histórico


da reforma psiquiátrica brasileira e de acordo com os princípios da
Reabilitação Psicossocial.
Confeccionado a partir de um esforço coletivo de colegas
terapeutas ocupacionais, este guia buscou desenvolver um material
com qualidade e de contribuição para a qualificação profissional,
compartilhando conhecimentos e intervenções nos pontos que compõem
a RAPS, apoiada na Lei 10.216/2011. É importante ressaltar que,
este material deve ser considerado como um “guia” e não como um
“manual”, sobretudo pelo fato de que este não poderá ser formatado
por meio de uma metodologia padronizada, mas, mediante uma
perspectiva colaborativa, que será mantido e desenvolvido através da
história, da troca de experiências e da reprodução de conhecimentos
direcionados à Terapia Ocupacional e seus diversos campos e áreas de
atuação, em especial, a Saúde Mental.
Dessa forma, para esta primeira edição, agradecemos a
disponibilidade e dedicação dos colegas que participaram e contribuíram
de forma significativa para o desenvolvimento e finalização dessa obra.
Reafirmamos, portanto, o nosso convite e o desejo de que os próximos
volumes e produções sejam enriquecidos com vivências e parcerias
dos colegas de diversas áreas de atuação e regiões do país, com o
objetivo de ampliarmos as nossas ações, impulsionar a nossa atuação e,
sobretudo, divulgar e fortalecer cada vez mais a Terapia Ocupacional
em diferentes contextos e em diversas realidades. Convidamos também
a outros profissionais de saúde a usufruir deste material, e certamente,
aprofundar seus conhecimentos nessa área em questão, e mais ainda,
conhecer um pouco mais da nossa profissão.
Boa leitura!
CAPÍTULO 6 225

LISTA DE SIGLAS
ABS Atenção Básica em Saúde
AVDs Atividades de Vida Diária
AVPs Atividades de Vida Prática
CAPS Centro de Atenção Psicossocial
CR Consultório na Rua
CT Comunidade Terapêutica
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família
PTS Projeto Terapêutico Singular
RAPS Rede de Atenção Psicossocial
SRT Serviço Residencial Terapêutico
RT Residência Terapêutica
SUS Sistema Único de Saúde
UAA Unidade de Acolhimento Adulto
UAI Unidade de Acolhimento Infantil

PARA AQUECER...
Para iniciarmos as discussões, apresentaremos a seguir uma lista
com alguns termos alicerces que, via de regra, são utilizados na clínica
do campo da saúde mental por meio de definições breves e objetivas, e
que poderão aquecer as temáticas apresentadas no decorrer deste Guia
e nas edições posteriores.
226 Terapia Ocupacional • Volume 3

É um conjunto articulado de serviços e estratégias


em um dado território, que promovem formas
diversas do cuidado humano e atenção aos usuários
com transtorno mental, incluindo aqueles em
sofrimento devido ao uso contumaz de álcool
e outras drogas, assim como as suas famílias. É
Rede de Atenção norteada por conceitos e princípios que necessitam
Psicossocial (RAPS) da intensa articulação da saúde mental com
a atenção básica - tendo o Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS) como principal (mas não único)
norteador destas relações - propondo à produção
de locais que reproduzam a universalidade e
a atenção psicossocial, a partir dos critérios
populacionais e demandas dos municípios.

Trata-se de uma importante estratégia/ferramenta


que contribui para o fortalecimento dos recursos e
Reabilitação propostas terapêuticas, objetivando a criação e a
Psicossocial ampliação de possibilidades e projetos para a vida
do usuário, tendo como eixos norteadores a sua
rede social, o habitar e o trabalho.

Todos nós podemos ser considerados usuários do


Sistema Único de Saúde (SUS). Neste contexto, o
usuário do SUS distancia-se da posição de sujeito/
paciente, passivo de “cuidados no leito”, e passa
a ser considerado um agente ativo e protagonista
Usuários de sua própria vida. Entendendo que ao usuário
com transtorno mental/sofrimento psíquico grave
e/ou o consumidor de álcool e outras drogas deve
ser assegurado a oportunidade de “[...] acesso ao
melhor tratamento do sistema de saúde” como
qualquer outro usuário na rede pública (1).
CAPÍTULO 6 227

É o dispositivo potencial para a promoção da


contratualidade e planejamento das ações
elaboradas junto ao usuário e sua família,
através de um conjunto de propostas e condutas
Projeto terapêuticas, objetivando a criação/ampliação de
Terapêutico possibilidades e projetos para sua vida atrelados
Singular (PTS) aos eixos da reabilitação psicossocial. Apresenta
como propósito principal desenvolver ações
concretas de acordo com a realidade do usuário,
estimulando a corresponsabilidade no cuidado,
protagonismo, desejos e no exercício de cidadania.

É uma das diretrizes que a Política Nacional de


Humanização propõe a qualificação do modo
de se produzir saúde. Ampliar e compartilhar a
clínica é fortalecer a territorialidade, integrar
equipes de saúde de diferentes áreas, incentivar
ações intersetoriais e estimular a autonomia e a
participação dos serviços de saúde, do usuário, da
Clinica Ampliada
família e da comunidade. Para além da confecção do
diagnóstico, alguns fatores, tais como, o contexto, a
vulnerabilidade social, os riscos e a história de vida
de do indivíduo, são considerados essenciais para a
construção conjunta do PTS. Valoriza-se, portanto,
o acolhimento humanizado e a integralidade da
atenção ao usuário de maneira individualizada.

O cuidado não se dá pelo imediatismo dos sinais


e sintomas, mas pela relação afetiva, empática e
Vínculo terapêutica que se estabelece durante o progresso
Terapêutico do processo terapêutico inserido na tríade terapeuta-
usuário-atividade, respeitando a sua singularidade,
contexto, desejos e demandas, valorizando a escuta
qualificada e o acolhimento humanizado.
228 Terapia Ocupacional • Volume 3

O acolhimento deve ser entendido como uma


postura contínua de atenção, ação e organização do
processo de trabalho de toda a equipe, favorecendo
assim, a relação terapêutica, a confiança e
qualificando a construção conjunta do PTS junto
ao usuário. O termo ‘acolhimento’ é reconhecido
também como ferramenta/atividade de porta de
Acolhimento entrada do CAPS, por exemplo, em que o usuário
e sua família devem ser acolhidos por: demanda
espontânea, sem necessidade de encaminhamentos
de outros serviços, e de forma a ser ofertada escuta
inicial. Deve-se também obter informações de
relevância, tais como, a queixa principal, a história
da moléstia atual, e as demandas verbalizadas e
demonstradas pelo indivíduo.

Ação articulada com a Atenção Básica que busca


ir ao encontro do usuário e/ou sua família para
convidá-lo a participar das ações de cuidado ou
para identificar o motivo de ausência do usuário ao
Busca Ativa serviço, por meio de ações como visita domiciliar e
atendimentos, contato telefônico, apoio matricial,
entre outros, objetivando inseri-lo em um projeto
de cuidado ou a reatar os vínculos e a retomada do
acompanhamento, de acordo com seu PTS.

São profissionais de diversas áreas que


compõem a equipe multiprofissional, na
perspectiva interdisciplinar, de um CAPS. E
como tal, são responsáveis em acompanhar o
Técnicos de
percurso terapêutico do usuário, sustentando
Referência
a singularidade e intermediando as propostas e
atividades terapêuticas, contatos sociais e ações
territoriais, conforme as ofertas e acordos do PTS
construído junto ao usuário.
CAPÍTULO 6 229

São os profissionais que atuam nos Serviços


Residenciais Terapêuticos (ou residências
terapêuticas), como acompanhantes do processo
terapêutico que engloba ações cotidianas
Cuidadores ou relacionadas as Atividades de Vida Diária e
Acompanhantes de Atividades Pessoais ocorridas no domicílio, na
SRT comunidade local, no lazer, na família e outros,
de acordo com o PTS de cada morador, buscando,
junto ao indivíduo/usuário, resgatar e estimular a
autonomia e a independência possíveis para cada
uma das atividades.

Consiste na representação gráfica dos contatos, das


relações, ligações e interações sociais e vínculos
humanos. Permite compreender a rede social
Ecomapa
de suporte a partir da percepção do usuário e/
ou família, possibilitando promover atividades e
intervenções adequadas ao contexto e significativas.

Diagrama que detalha a estrutura e o histórico


familiar com o foco no usuário, fornecendo
informações sobre os mais variados papéis de seus
Genograma
membros e das diferentes gerações; fornece ainda,
as bases para a discussão e análise das interações
familiares e os laços de afetividade.

Constitui uma das diretrizes do SUS que


determina a participação ativa da comunidade
na formulação e controle das políticas públicas
no Brasil, fomentando a coletividade, interação,
horizontalidade, diálogo e exercício da cidadania.
Participação Social Espaços como Associações de usuários e familiares,
conferências, conselhos de saúde, fóruns e
assembléias, são exemplos de recursos que
estimulam a participação e o protagonismo nas
ações de controle social e qualificação do cuidado
em saúde mental.
230 Terapia Ocupacional • Volume 3

Recurso de participação social, sendo como uma


das modalidades de grupos oferecidas pelos CAPS.
É habitual que ocorra semanalmente, devendo
Assembléia ser um espaço de convivência, democracia e de
participação nas decisões referentes ao serviço,
favorecendo a voz ativa e o protagonismo dos
usuários e familiares.

Capacidade de realizar tarefas ocupacionais,


de acordo o contexto de vida, considerando
as interações sociais, o ambiente e papéis
Desempenho ocupacionais. É formado por contextos de
Ocupacional desempenho (cultural, social, físico e institucional),
por áreas de desempenho (autocuidado,
produtividade e lazer) e componentes de
desempenho (afetivo, cognitivo e físico).

Espaço delimitado não só geograficamente,


mas também por pessoas, as relações sociais ali
Território
estabelecidas, instituições, comércios e redes que
formam o cenário de uma comunidade.

Lógica organizacional atrelada ao espaço físico,


social, profissional e de relações interpessoais
que promove “atenção acolhedora, resolutiva
Ambiência e humana” (2). Deve proporcionar espaços de
convivência e subjetividades, baseados em uma
relação de horizontalidade, produções coletivas e
em sintonia com projetos terapêuticos.
CAPÍTULO 6 231

1.2 - Introdução a Reabilitação Psicossocial no Campo da Reforma


Psiquiátrica.
A Lei 10.216, de 06 de abril de 2001 dispõe “sobre a proteção e os
direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona
o modelo assistencial em saúde mental”, sendo dever do Estado
possibilitar o “[...] desenvolvimento da política de saúde mental, a
assistência e a promoção de ações de saúde”, prevendo que todo usuário
tenha direito de “acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde” em
instituições ou unidades abertas de assistência em saúde, devendo ser
tratado com “humanidade e respeito” possibilitando sua “recuperação
pela inserção na família, no trabalho e na comunidade” (3).
Neste sentido, a lei da Reforma Psiquiátrica amplia o movimento
social da “Desinstitucionalização”, e tornar-se uma referência histórica
para a “Luta Antimanicomial” no Brasil, prevendo a progressiva
substituição de hospitais psiquiátricos que alimentam a segregação social
e a negligência, por uma rede comunitária e integrada de saúde mental
que busca novas formas de cuidar em liberdade, pautada em mudanças
políticas e paradigmáticas ancorado nos princípios antimanicomiais (4).
Embora tenhamos avançando no cuidado em saúde mental em
nosso país, é sabido que ainda há diversas barreiras e retrocessos que
enfrentamos diariamente, bem como entendemos que a relação da loucura
com a sociedade está fortemente cristalizada no asilo e na exclusão.
Devemos nos manter atentos, pois ainda corremos o risco de reproduzir
ações e instituições opressoras e manicomiais. Para tanto, a Reforma
Psiquiátrica Antimanicomial deve ser validada como um “movimento” que
considera a mudança de um paradigma psiquiátrico, hospitalocêntrico e
médico-centrado para o paradigma da atenção psicossocial. Os centros
de saúde, como é o caso do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), foram
criados para romper a lógica do cuidado tutelar, e devem, através de
ações e estratégias na rede de atenção psicossocial, fortalecer o cuidado
que considera a reinserção social, a validação dos direitos humanos e a
renovação das propostas terapêuticas no território e em liberdade (4).
Desse modo, podemos afirmar que a “Luta Antimanicomial” é
também uma Reforma Social, deixando de ser puramente uma luta
pela desospitalização, para ser uma luta democrática e inclusiva que
direciona o cuidado em saúde mental, não mais somente à remissão de
sintomas, mas ao cuidado direcionado às pessoas em sua integralidade,
lhes oferecendo suporte para que possam reconstruir suas vidas e seus
lugares na sociedade como sujeito social, através de ações norteadas
232 Terapia Ocupacional • Volume 3

por estratégias solidárias, humanizadas e libertárias (4).


Amarante (2007), ressalta que na área da saúde existem poucos
campos de conhecimento e de atuação. E como tal, são complexos, plurais,
intersetoriais e com muita transversalidade de saberes, como por exemplo,
o campo da Reforma Psiquiátrica. Ademais, não se baseiam apenas na
psiquiatria e tampouco são exercidos por apenas um profissional (5).
Noal (2014), complementa que esta ressignificação do cuidado
antimanicomial é um “movimento” em permanente construção, reflexão
e transformação. Não apenas das instituições, mas também, e de modo
essencial, das equipes que o compõem. Logo, as discussões e ações em
saúde mental não devem se limitar a uma única categoria, mas deve
ser movimentada por diversas categorias profissionais, assim como deve
ser estimulada, constantemente, a participação de usuários, familiares,
sociedade civil e representantes de movimentos sociais (6).
Nesse mesmo sentido, entende-se que para este cuidado não é
possível limitar a assistência a um único instrumento de saúde, mas
prover ações articuladas entre os diversos instrumentos/ferramentas
sociais e de saúde existentes no território.
Para tanto, a reforma psiquiátrica preconiza a implantação de uma
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que visa expandir o cuidado para
além dos espaços substitutivos extra-hospitalares, promovendo práticas
pautadas nos princípios da territorialização, da responsabilização e da
ampliação das redes sociais existentes nas comunidades (8).
Trata-se, então, de um processo social que necessita de
investimento progressivo com estratégias e compartilhamento do
cuidado entre os serviços que compõem a RAPS (4).
Neste contexto, a aproximação dos serviços de saúde mental dos
demais profissionais de saúde e serviços existentes na RAPS é o percurso
que possivelmente garante o avanço e a sustentação do processo de
“desinstitucionalização”. Pois promover a descentralização da atenção
ao cuidado em saúde, permite que os serviços substitutivos não se
transformem em instituições que segregam e isolam. Unificar e integrar
a RAPS utilizando estratégias que fortaleçam as ações e discussões
relacionadas à Reforma Psiquiátrica e atenção psicossocial, podem
auxiliar no processo de “[...] transformação de uma sociedade para
conviver com a loucura” (4, 6).
É importante considerar que a Atenção Básica em Saúde (ABS) é um
eixo estruturante na rede de cuidado, bem como o ponto do sistema de
saúde mental que está mais próximo dos locais em que residem os usuários,
CAPÍTULO 6 233

e que deve estar apta a cuidar de acordo com as recomendações da Política


Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. E que também deve
enfatizar a “corresponsabilidade no cuidado como forma de garantir o
acesso universal, integral e qualificado dos usuários”, considerando a lógica
da descentralização, territorialização e compartilhamento da assistência
em saúde, junto aos demais serviços comunitários que compõe os pontos de
atenção da RAPS, apresentados na tabela a seguir (4):

Tabela 1: Rede de Atenção Psicossocial- (BRASIL, 2011)

Componentes Pontos de Atenção


• Unidade Básica de Saúde;
• Núcleo de Apoio à Saúde da Família;
Atenção Básica em • Consultório na Rua;
Saúde (ABS) • Apoio aos Serviços do componente Atenção
Residencial de Caráter Transitório;
• Centros de Convivência e Cultura.
Atenção Psicossocial • Centros de Atenção Psicossocial nas suas
Estratégica diferentes modalidades
• SAMU 192;
Atenção de Urgência • Sala de Estabilização;
e Emergência • UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à
urgência/Pronto Socorro, Unidades Básicas de Saúde.
Atenção Residencial • Unidade de Acolhimento (Adulto e Infantil);
de Caráter Transitório • Serviços de Atenção no domicílio
• Enfermaria especializada no Hospital Geral;
• Serviço Hospitalar de Referência para Atenção
Atenção Hospitalar às pessoas com sofrimento ou transtorno mental
e com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas.

Estratégias de • Serviços Residenciais Terapêuticos;


Desinstitucionalização • Programa “De volta para casa”.
Estratégias de
• Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda;
Reabilitação
• Empreendimentos Solidários e Cooperativas Sociais.
Psicossocial
234 Terapia Ocupacional • Volume 3

A Reabilitação Psicossocial é compreendida como um conjunto


de ações, centrado na pessoa, que considera as expressividades do
sofrimento, assim como a autonomia e a liberdade, como fatores
essenciais para a condução do cuidado pensado pela via da reinserção na
sociedade pautados em três eixos: rede social, habitar e trabalho (7). Tal
conceito envolve, de maneira horizontal, todos os atores relacionados a
esse cuidado, sejam eles usuários, familiares ou profissionais, tratando-
os como protagonistas da condução dessa reabilitação, tendo em vista,
melhorar as habilidades e potências do usuário com transtorno mental
no que se refere a questões de todos os aspectos de sua vida social (9).
Neste sentido, insere-se o Projeto Terapêutico Singular (PTS),
considerado como estratégia central e recurso mais utilizado pelas
equipes de referência do CAPS. É formado por um conjunto de propostas
terapêuticas articuladas em parceria com o usuário e sua família, devendo
promover a transformação e a volatilidade dos eixos da reabilitação
psicossocial, bem como o estímulo à corresponsabilização do cuidado,
reafirmando, assim, a cada sujeito envolvido no processo, a oportunidade
de criar/ampliar possibilidades e projetos para sua vida, com o propósito
de torná-lo não só o protagonista de seus sonhos, mas também o principal
desenvolvedor de ações concretas em sua realidade (9).
Entendendo que qualquer pactuação deve ter como ponto de
partida o usuário em seu contexto de vida, relações e cuidado, o PTS
deve sempre ser construído de forma significativa junto ao usuário,
considerando os fatores relacionados a Atividades de Vida Diária (AVD),
Atividades de Vida Prática (AVP) e funcionalidade, objetos conhecidos
de intervenção do terapeuta ocupacional, bem como a coleta de seus
dados pessoais, contexto territorial e cultural, história clínica, psíquica
e familiar, considerando a sua percepção sobre sua história de vida,
e não se limitando simplesmente a responder carências, demandas e
necessidades, mas buscando novas formas de reconstruir e resgatar
a cidadania e as novas possibilidades de vida ao dar voz aos usuários
quanto aos seus desejos, habilidades, interesses e necessidades que por
anos, foram possivelmente oprimidas (8).

1.3 - Reforma Psiquiátrica e a Terapia Ocupacional: Uma Construção


Coletiva, Libertadora e em Movimento.

Percorrer o caminho da história do cuidado em saúde mental e


suas várias representações sociais em nosso país, é uma tentativa de
CAPÍTULO 6 235

compreender “por que os indivíduos denominados de loucos, foram


excluídos do convívio em sociedade, e deixados de ser reconhecidos
como capazes”. O modelo de atenção psiquiátrica direcionava o cuidado
em saúde mental às práticas segregadoras e excludentes, e que como
consequência, motivavam o asilamento e a cronificação. Possibilitando
que mais de 100 mil pessoas vivessem internadas durante anos (e até
décadas), sendo mantidas enclausuradas e cuidadas em manicômios
espalhados por todo país (10). A Reforma Psiquiátrica Brasileira tem seu
marco na década de 1970, quando se iniciaram as críticas à ineficácia
deste modelo de cuidado, e frequentes denúncias de abandonos e maus
tratos que eram submetidos os internados em instituições asilares que
promoviam, até então, a internação em hospitais psiquiátricos como
única alternativa de cuidado em saúde mental. Nesse contexto, com o
fortalecimento de “movimentos contrários”, principiaram-se as buscas
por alternativas ao modelo manicomial. Era a Reforma Psiquiátrica
Brasileira dando seus primeiros passos (8; 11).
Assim, a Luta Antimanicomial tem início a partir de movimentos
resultantes de diversas formas de mobilizações de profissionais da
saúde, em especial, os atuantes na área da saúde mental, usuários
e dos familiares, os quais impulsionados por ações atreladas aos
movimentos de direitos humanos, que adquiriram força no combate à
ditadura militar, que se inscreve no contexto da redemocratização do
país e na mobilização político-social ocorrida na época. Foi então que,
considerando experiências exitosas de países europeus, em especial a
Itália, país em que se previa a “progressiva substituição” de um modelo
de saúde mental baseado em internações nos hospitais psiquiátricos,
por um modelo que propõe novas formas de convivência, de serviços
comunitários e de inserção territorial (8;10).
A expansão das mobilizações a favor dos direitos dos usuários com
transtorno mental, ampliaram sucessivas transformações na realidade do
cuidado psiquiátrico no Brasil.
Diversas reivindicações trabalhistas e uma infinidade de discursos
humanitários, fortaleceram os movimentos voltados ao processo de
“desinstitucionalização”. Convocaram a sociedade a participar de
discussões relacionadas ao cuidado em saúde mental e a loucura,
pautados no tema “Por uma Sociedade Sem Manicômios”, com o objetivo
de ampliar as propostas territoriais e a desconstrução de ações e
práticas manicomiais (8;10).
Já no final da década de 1980, dois acontecimentos marcam a
236 Terapia Ocupacional • Volume 3

história da saúde brasileira. No ano de 1989, a intervenção municipal na


Casa de Saúde Anchieta (único hospital psiquiátrico privado na região
em que viviam pacientes internados em condições insalubres), realizada
por profissionais da área de saúde mental inseridos na prefeitura da
cidade de Santos, dentre eles, os terapeutas ocupacionais, que foram os
pioneiros da chamada “Luta Antimanicomial”.
No mesmo ano, ressalta-se o Projeto de Lei de Paulo Delgado
(Lei 3657/89) que dispõe sobre a extinção progressiva dos manicômios
e da substituição por outros recursos assistenciais e regulamentação
da internação psiquiátrica compulsória, desencadeando discussões
nacionais sobre o cuidado na psiquiatria em diversos setores sociais. Em
2001, este último projeto torna-se reconhecido pelo Congresso Nacional,
que decretou e o implantou como lei federal (com modificações),
definido como Lei 10.216/2001 (10).
Sendo assim, entendemos o processo de desinstitucionalização,
como o modo pelo qual se atua com as novas possibilidades de cuidado
de pessoas que por anos viveram em espaços confinados nos ditos
Hospitais Psiquiátricos. Portanto, é um processo de singularização que
tem como propósito a invenção ou reinvenção de um outro modo de se
viver, sendo esta oportunidade impossível de se viabilizar com alguém
que mora dentro de instituições fechadas. Trata-se da produção de vida
e reprodução social, sendo uma engenharia de reconstrução de sentidos,
de produção de valores, tempo, espaço, responsabilização, identificação
de situações de sofrimento e de opressão, de trocas, novos papéis
e outros modos materiais de ser para o outro, como discute Franco
Rotelli na publicação "A Instituição Inventada" de 1988, em importantes
colocações que condizem com nossa realidade (8;12).
Ao longo de décadas muitos foram os avanços e as experiências
exitosas no campo da saúde mental, e que, apesar das diversas
dificuldades, o nosso país tem buscado progredir de acordo com os
preceitos da Política Nacional de Saúde Mental. Diversos hospitais
psiquiátricos tiveram seus leitos reduzidos e até mesmo fechados;
tornou-se possível a abertura de leitos de saúde mental em hospital
geral, componentes e pontos da RAPS foram ampliados de acordo
com a portaria ministerial nº3.088/2011; muitos usuários, até então
institucionalizados, retornaram para as suas casas e famílias; e
outros, foram encaminhados para viverem em Serviços de Residência
Terapêuticas (SRTs). Além disso, ocorreu a ampliação do programa
“De volta para casa”, e uma grande adesão aos demais projetos que
CAPÍTULO 6 237

promovem e fortalecem a “desinstitucionalização” no Brasil (10).


Neste processo histórico de mudanças que se expressam por ações
de democracia, igualdade e de movimentos coletivamente produzidos
e implicados na atenção e gestão do cuidado na Reforma Psiquiátrica
Brasileira, a Terapia Ocupacional apresentou-se como importante
protagonista, e que ao longo do tempo, foi se reformulando e buscando
outras orientações que “caracterizaram o panorama da terapia
ocupacional psiquiátrica brasileira contemporânea” (13).
Inseridos intrínseca e intensamente na histórica da reformulação da
atenção em saúde mental no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS),
diversos terapeutas ocupacionais se destacaram pela participação em
lutas que possibilitaram os avanços atuais.
Para Lima (2017), a Terapia Ocupacional é um campo de
conhecimento e atuação em saúde, educação e esfera social, que
reúne tecnologias para a emancipação e autonomia de pessoas, que por
razões ligadas a déficits específicos seja físico, cognitivo, sensoriais,
psicológicos, mentais ou sociais, apresentam temporariamente ou
definitivamente dificuldades na participação de sua vida social (10).
Podemos entender que o terapeuta ocupacional inserido nos pontos
da RAPS, direciona a sua atuação para a ocupação humana, tendo como
a sua principal ferramenta, o uso da atividade, quer seja pela arte,
cultura, trabalho, lazer, estímulo ao auto cuidado, percepção, atividades
ocupacionais e sociais, entre outras, buscando refletir a “cotidianidade
do sujeito” e transformar a sua ação junto ao usuário em uma promoção
do protagonismo social e de possibilidades de resgate de cidadania (13).
Assim, mediante a sua especificidade, o terapeuta ocupacional
possui competência para investir “na ampliação do horizonte da vida
ativa de seus usuários, de sua capacidade de agir e criar, de seu espaço de
liberdade e de suas relações com o mundo e com os outros”, auxiliando
na (re)estruturação do desempenho ocupacional que em muitos casos
tornaram-se empobrecidos pelas vivências e experiências de vida (15).
Ademais, o terapeuta ocupacional, inserido em equipes
multiprofissionais, é um profissional que contribui amplamente no
processo da desinstitucionalização, podendo promover ações de
ressignificação da vida cotidiana, desconstruindo crenças de uma vida
manicomial e auxiliando o sujeito a identificar novas formas de se
relacionar na sociedade. Através da corresponsabilização do cuidado,
este profissional deve estimular e permitir que o usuário torne-se um
participante ativo na construção de novos sentidos e mudanças para a
238 Terapia Ocupacional • Volume 3

própria vida, sendo protagonista de sua própria luta.


Promover uma clínica do cuidado que “não se restringe apenas
a olhar a doença e avança na centralidade dos sujeitos que estão na
prática, criando e recriando”, estimular a autonomia, a participação
social e o exercício de cidadania, respeitar a subjetividade de cada
indivíduo, possibilitar a inserção da participação da família no cuidado
e promover ações de gestão clínica e organizacional em saúde são
algumas das habilidades de atuação do terapeuta ocupacional inserido
no processo de Reabilitação Psicossocial (16).
Para Pitta (2001), a Reabilitação Psicossocial pode ser entendida como
uma “estratégia ética de solidariedade que busca, através do fazer junto
e com o usuário com o transtorno mental, que possam ter desenvolvido
limitações em seus afazeres cotidianos”. São ações que favorecem o
“aumento da contratualidade afetiva, social e econômica que viabilize o
melhor nível possível de autonomia para a vida na comunidade” (17).
Ainda, a ampla formação do terapeuta ocupacional, promove
competências e o domínio para compreender com eficácia a dinâmica e
relações que são e estão nos serviços e no território. Não por acaso, este
profissional vem ocupando cada vez mais seu espaço em cargos de gestão/
coordenação em serviços/instituições de saúde e sociais, sendo importantes
referências no contexto da RAPS para as equipes, usuários e comunidade.

Leia mais em:


Lei Federal nº 10.216, de 6 de abril de 2001 que dispõe sobre a
proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais
e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Portaria MS/GM nº 2.840, de 29 de dezembro de 2014, que
Cria o Programa de Desinstitucionalização integrante do Componente
Estratégias de Desinstitucionalização da Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), e institui o
respectivo incentivo financeiro de custeio mensal.

1.4 - Serviço Residencial Terapêutico (SRT), Você Conhece?


O processo de Desinstitucionalizar e reinserção das pessoas
com transtornos mentais graves, como ex moradores de hospitais
psiquiátricos ou instituições asilares similares, na sociedade não é uma
tarefa tão simples e fácil de realizar, como já citado anteriormente.
Mas é a partir desse processo, que os egressos de internações de longa
permanência, e/ou, que romperam seus vínculos familiares e/ou sociais,
CAPÍTULO 6 239

culturais e econômicos, contam, atualmente, como recurso de moradia,


suporte e inserção social com o Serviço Residencial Terapêutico (SRT).
Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), também conhecidos como
Residência Terapêutica (RT), são casas localizadas em pontos urbanos,
destinadas às pessoas com transtornos mentais que permaneceram
institucionalizadas longos períodos em Hospitais Psiquiátricos, sem suporte
social ou vínculos familiares. As residências foram instituídas pela Portaria
MS/GM nº 106, de 11 de fevereiro de 2000 e são preconizadas Política
Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde.
São os pontos de atenção da RAPS no Componente das Estratégias
de Desinstitucionalização. Furtado (2006) atenta para reflexões
necessárias em relação a nomenclatura escolhida para essas moradias –
Serviço de Residência Terapêutica – no sentido de que, ao mesmo tempo
em que compreende a justificativa desta nomenclatura para a inserção
ao SUS, questiona os termos “serviço” e terapêutico” (18).
As residências terapêuticas são itens cruciais/centrais no processo
de desinstitucionalização e reinserção na sociedade dos egressos dos
hospitais psiquiátricos. Pois, essas casas são mantidas, entre outros
repasses, por recursos financeiros que anteriormente eram destinados
somente aos leitos psiquiátricos.
Além desse recurso, existe um repasse de custeio mensal para os
SRT habilitados pelo Ministério da Saúde, que pode variar de acordo com
o tipo de SRT (tipo I ou tipo II) e número de moradores, de acordo com a
Portaria MS/GM nº 3.090, de 23 de dezembro de 2011 (19).
Os municípios com moradores institucionalizados ou com interesse
em implantar uma Residência Terapêutica com vagas solidárias, ou seja,
para moradores de outros municípios, recebem inicialmente um repasse
de incentivo para a implantação e, posteriormente, deve realizar o
cadastro para a continuidade dos repasses dos custeios mensais.
Pensando nesse contexto, a “desinstitucionalização” reordena as ações
no campo da Saúde Mental a outro objeto, que é a pessoa com sofrimento
psíquico e não mais a doença mental. É preciso reconhecer essa pessoa está
sujeita a direitos e deveres, pressupondo mudanças culturais e subjetivas
na sociedade, transformando a visão pragmática da loucura, do Modelo
Psiquiátrico e Hospitalocêntrico para o modelo da Atenção Psicossocial.
As moradias, como já citado, são divididas em 2 (dois) tipos e
devem ser organizadas de acordo com as necessidades e gostos de seus
residentes. Os modelos atuais de acordo com a Portaria MS/GM nº 3.090,
de 23 de dezembro de 2011 são:
240 Terapia Ocupacional • Volume 3

• SRT TIPO I: o foco é a inserção dos moradores no contexto social


existente (educação, lazer, trabalho, entre outros), o acompanhamento
ocorre de acordo com o PTS e também pelos agentes comunitários
do programa PSF (Programa de Saúde da Família), quando houver.
A proposta é ser uma moradia voltada para pessoas de transtornos
mentais com maior autonomia que não demandam cuidados intensivos e
específicos de saúde, podendo acolher até 08 (oito) moradores.
• SRT TIPO II: nessa moradia o foco são os cuidados com a população
mais dependente em relação ao desempenho em atividades básicas
da vida diária (ABVD) e atividades pessoais da vida diária (APVD),
considerando, principalmente, os comprometimentos físicos e orgânicos,
em sua maioria atrelados aos longos períodos de institucionalização. Nesse
caso, a proposta é favorecer a reapropriação do espaço residencial e a
inserção dos moradores na rede territorial. Nesse tipo de moradia há uma
intensa demanda de cuidados em saúde, em que se recomenda o auxílio
técnico, diário e permanente, podendo acolher até 10 (dez) moradores.
O número e modalidade de profissionais que compõe a equipe de
uma SRT deve ser compatível com a necessidade dos moradores e de
acordo com o tipo de residência.
As residências terapêuticas devem ter a parceria e
acompanhamento dos CAPS e demais serviços/equipes de saúde mental
de referência, Equipes de Saúde da Família e/ou da Unidade Básica de
Saúde do território, unidade de Pronto-Socorro, Centro de Convivência,
Hospitais Gerais e todos os demais serviços públicos existente no
território, de acordo com a necessidade de cada morador.
É importante ressaltar que as pessoas egressas das internações de
longa duração têm direito a receber um benefício chamado Programa
“De volta para casa” (PVC). Esse Programa é um dos pontos de atenção
do Componente de Estratégias de Reabilitação Psicossocial da RAPS.
Para ser concedido o município que acolherá o morador deverá aderir ao
Programa junto ao Ministério da Saúde.
O Programa “De volta para casa” dispõe sobre a regulamentação
do auxílio-reabilitação psicossocial, instituído pela Lei 10.708, de
31 de julho de 2003. Seu objetivo é contribuir para a assistência, o
acompanhamento e a integração social, fora do hospital, de pessoas com
transtornos mentais, com internações psiquiátricas de longa duração, ou
seja, com dois anos ou mais de internação.
O terapeuta ocupacional tem importante destaque em sua atuação
no SRT, ao participar deste processo por diversas em funções como,
CAPÍTULO 6 241

pertencente a equipe de referência da SRT, como técnico de referência


do(s) morador(es), enquanto profissional inserido na equipe do CAPS de
origem ou como gestor de SRT, entendendo que este profissional poderá
contribuir no processo de reorganização e no exercício de atividades
cotidianas, por meio da construção de novos lares, como espaços
significativos, de identidade, pertencimento e convivência, já que esse
ponto de atenção da RAPS não deve se caracterizar como um serviço
típico de saúde e sim como a casa dessas pessoas, como a nossa casa (20).

Saiba mais em:


• Lei Federal n° 10.708, de 31 de julho de 2003, que institui
o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes acometidos de
transtornos mentais egressos de internações.
• Portaria MS/GM nº 2.077, de 31 de outubro de 2003, que
regulamenta a Lei nº 10.708.
• Portaria MS/GM n° 2.078, de 31 de outubro de 2003, que institui a
Comissão de Acompanhamento do Programa "De Volta para Casa"
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prog_volta_para_casa.pdf

Título: "AS CHAVES DA NOSSA CASA


(FICAM COM QUEM?)" (a)*
242 Terapia Ocupacional • Volume 3

Título: "CASA" (B)*

(a)* e (b)* Autora: Suzana Pêgo dos Santos


- Terapeuta Ocupacional - Especialista em Saúde Mental.

1 .5 - Vamos entender o que é o CAPS?


Quando ocorreram as mudanças na psiquiatria brasileira baseadas
no modelo da Reforma Psiquiátrica Italiana, os serviços substitutivos aos
Hospitais Psiquiátricos, tais como os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), que se apresentaram como nova possibilidade de cuidado em
saúde mental, em decorrência dos movimentos sociais de usuários,
familiares e trabalhadores da área que ocorrem a partir do final da
década de 1970 no país (8).
Franco Basaglia, médico psiquiatra, foi o precursor da Reforma
Psiquiátrica Italiana, conhecida como Psiquiatria Democrática.
Criticou e propôs mudanças no modelo assistencial e nas relações que
a sociedade estabelecia com a loucura, isolando e excluindo o louco.
Quando assumiu o “Hospital de Trieste”, propõe seu fechamento com
a substituição por uma rede de atendimento no território, sendo um
modelo de referência mundial (21).
Em 13 de maio de 1978, o Movimento da Psiquiatria Democrática
Italiana conseguiu a aprovação da Lei 180, que ficou conhecida como
a “Lei Basaglia”. E com isso, “o cuidado, a escuta, a participação e a
solidariedade”, tornam-se novos elementos da atenção à saúde mental (22).
Os CAPS devem ser serviços abertos e de caráter comunitário,
voltados àquelas pessoas que apresentam um quadro de sofrimento
psíquico, seja ele decorrente de uso problemático de substâncias
psicoativas (álcool e outras drogas) e/ou decorrentes de transtorno
mental grave e persistente.
CAPÍTULO 6 243

Segundo o Ministério da Saúde (2012), "a proposta central do CAPS


é a atenção psicossocial orientada para a produção de laços sociais,
realização de projetos de vida e promoção de garantia de direitos a pessoas
em vulnerabilidade. Dando prioridade a pessoas em situação de intenso
sofrimento decorrente de transtornos mentais e álcool e outras drogas."
Esses serviços são os pontos de atenção da RAPS do Componente da
Atenção Psicossocial Especializada.
Nesse modelo, destaca-se também o trabalho em equipe
multiprofissional, que pode ser composta por profissionais como:
médicos, psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, assistentes
sociais, entre outros. Para além do trabalho multiprofissional, os CAPS
propõem uma equipe necessariamente interdisciplinar, com vistas a
ser transdisciplinar (23). A Interdisciplinaridade pressupõe superar a
fragmentação dos saberes na busca da integração, com objetivos comuns
e interação de saberes e práticas a partir da horizontalização do poder.
Com essa gama de profissionais entende-se que esse trabalho
permite promover ações que englobam a interação no processo de
educação, assistência, esporte, cultura, lazer, a partir da elaboração dos
projetos terapêuticos singulares.
As equipes podem ser divididas em mini equipes, de acordo com
a extensão do território de referência do CAPS. Os profissionais são
considerados como técnicos de referência para um determinado grupo
de usuários, podendo ser divididos por territórios ou outra estratégia
definida, sendo responsáveis em acompanhar o percurso terapêutico do
usuário, sustentando a singularidade e intermediando as propostas e
atividades terapêuticas, contatos sociais e ações territoriais (23).
Sabe-se que a realidade varia de lugar para lugar, mas o CAPS tem
ações que permitem atender esses diferentes contextos, diferenciando-
se em suas modalidades, conforme a tabela abaixo:
244 Terapia Ocupacional • Volume 3

Porte
populacional
Modalidade Público alvo Funcionamento Equipe mínima
para
implantação

Pessoas de todas
as faixas etárias,
respeitando-se o
Estatuto da Criança
e do Adolescente,
com intenso 1 médico com
sofrimento psíquico formação em
e/ou necessidades de Diurno, de saúde mental;
Municípios
cuidados decorrentes segunda a sexta- com 1 enfermeiro;
população
CAPS I do uso problemático feira, das 8h 3 profissionais
acima de 15 mil
e abusivo de às 18h, em 2 de nível
habitantes.
crack, álcool ou turnos. superior;
outras drogas, 4 profissionais
com dificuldades de nível médio.
na realização de
suas atividades
cotidianas e déficit
no desempenho
ocupacional.

Pessoas de todas
as faixas etárias,
respeitando-se o
Estatuto da Criança
e do Adolescente, 1 médico
Diurno, de
com intenso psiquiatra;
segunda a sexta-
sofrimento psíquico 1 enfermeiro
feira, das 8h
e/ou necessidades de com formação
às 18h, em 2 Municípios
cuidados decorrentes turnos, podendo em saúde
com população
CAPS II do uso problemático mental;
comportar um acima de 70 mil
e abusivo de 4 profissionais
terceiro turno habitantes.
crack, álcool ou de nível
até às 21h.
outras drogas, superior;
com dificuldades 6 profissionais
na realização de de nível médio.
suas atividades
cotidianas e déficit
no desempenho
ocupacional.
CAPÍTULO 6 245

Porte
populacional
Modalidade Público alvo Funcionamento Equipe mínima
para
implantação

De acordo com o
tipo de CAPS, pode
ser direcionado
à pessoas com
intenso sofrimento
psíquico/transtorno Diariamente,
mental grave e/ durante 24 Municípios com
ou necessidades de horas, inclusive população acima
cuidados decorrentes aos finais de de 200.000
CAPS III do uso problemático semana e
feriados, com dehabitantes ou
e abusivo de acordo com a
crack, álcool ou leitos para demanda local.
outras drogas, acolhimento
com dificuldades noturno.
na realização de
suas atividades
cotidianas e déficit
no desempenho
ocupacional.

Municípios
com população
Direcionado à acima de 70 mil
pessoas em intenso 1 médico
habitantes. As
sofrimento psíquico psiquiatra; 1
modalidades
e/ou necessidades de enfermeiro com
de turnos de
cuidados decorrentes formação em
CAPS funcionamento
do uso problemático saúde mental;
Álcool e Diurno, de para este CAPS,
e abusivo de 1 médico
outras segunda a constituem-se
crack, álcool ou clínico;
Drogas sexta-feira. de acordo com
outras drogas, com 4 profissionais
(CAPS AD) a população
dificuldades na de nível
de referência,
realização de suas superior;
número de
atividades cotidianas 6 profissionais
habitantes e/ou
e desempenho de nível médio.
de acordo com
ocupacional. a demanda do
município.
246 Terapia Ocupacional • Volume 3

Porte
populacional
Modalidade Público alvo Funcionamento Equipe mínima
para
implantação

Crianças e Municípios
adolescentes de até com população
18 anos incompletos, acima de 70 mil
que estejam, habitantes. As
prioritariamente, em modalidades 1 médico
intenso sofrimento de turnos de psiquiatra
psíquico, que possa funcionamento neurologista ou
CAPS apresentar quadros para este CAPS, pediatra com
Infantil como autismo, déficit Diurno, de podendo ser formação em
(CAPS i) no desempenho segunda a CAPS II ou CAPS saúde mental;
ou CAPS ocupacional e/ sexta-feira. III, constituem- 1 enfermeiro; 4
Infanto ou relacionamento se de acordo profissionais de
Juvenil (IJ) interpessoal, com a população nível superior; 5
alterações de referência, profissionais de
importantes de número de nível médio.
comportamento, habitantes e/ou
psicose infantil e de acordo com
quadros psiquiátricos a demanda do
graves. município.

Equipe mínima
(CAPS III)

60 horas de médico, psiquiatra e/ou


clínicos com formação ou experiência em
saúde mental (especial em CAPS AD III),
tendo no mínimo 02 psiquiatras;
1 enfermeiro com formação ou experiência
Período Diurno em saúde mental;
2ª a 6ª feira 5 profissionais de nível superior;
8 profissionais de nível médio, considerando
os técnicos de enfermagem;
1 profissional de nível médio para a função
administrativa/área de apoio.

3 técnicos de enfermagem, sob supervisão


Período Noturno do enfermeiro; 1 profissional de nível médio
2ª a 6ª feira (função administrativa /área de apoio).

1 enfermeiro; 3 técnicos de enfermagem;


preferencialmente 1 profissional de nível
Finais de semana e feriados médio (função administrativa/ área de
apoio).
CAPÍTULO 6 247

1.5.1 - As categorias profissionais que podem compor os CAPS são:


Profissionais de nível superior: assistente social, educador físico,
fonoaudiólogo, pedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, oficineiro,
psiquiatra ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico.
Profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem,
técnico administrativo, técnico educacional, artesão e oficineiros.

Conheça as atribuições comuns aos diferentes tipos de CAPS:


• Responsabilizar-se, sob a coordenação do gestor local, pela
organização da demanda e da rede de cuidados em saúde mental em seu
território;
• Possuir capacidade técnica para ser o regulador da porta
de entrada da rede assistencial em seu território e/ou do módulo
assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde
(NOAS), conforme determinação do gestor local;
• Coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de
supervisão de unidades hospitalares com leitos de Saúde Mental no
âmbito do seu território;
• Supervisionar e capacitar as equipes de Atenção Básica em Saúde,
serviços e programas de saúde mental em seu território e/ou do módulo
assistencial, através do Apoio Matricial, por exemplo;
• Oferecer apoio aos Serviços Residenciais Terapêuticos de seu
território de referência;
• Realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes
que utilizam medicamentos essenciais para a área de saúde mental e
medicamentos excepcionais, dentro de sua área assistencial.

O que a equipe pode realizar no CAPS?


• Atendimento de “Acolhimento” (primeiro atendimento
técnico), considerando que o CAPS funciona como “porta aberta”, sem
necessidade de prévio agendamento e encaminhamentos;
• PTS de cada usuário;
• Atendimento individual (medicamentoso, psicoterapêutico, de
orientação, entre outros, a depender da especificidade de cada profissional);
• Atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo,
atividades de suporte social, entre outras, a depender da especificidade
de cada profissional);
• Atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional
de nível superior ou nível médio;
248 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Visitas e atendimentos domiciliares;


• Busca Ativa;
• Atendimento à família;
• Assembléias junto aos usuários, familiares e trabalhadores;
• Atividades comunitárias e sociais;
• Acompanhamento nas internações nos leitos de saúde mental em
hospital geral;
• Projetos de geração de trabalho e renda, reconhecendo os
princípios da Economia Solidária;
• Apoio aos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT);
• Apoio matricial para a Atenção Básica em Saúde e demais pontos da Rede;
• Reuniões de equipe, como passagens de plantão, reuniões gerais
e de planejamento;
• Receber supervisão clínico-institucional;
• Ações de Educação Permanente.
Os terapeutas ocupacionais que trabalham em CAPS são, como os
demais profissionais da equipe, técnicos ou terapeutas de referência.
Isto é, são responsáveis pelo acompanhamento de usuários de sua
referência, escalados para os plantões, realizam acolhimento e todas
as demais atividades citadas anteriormente. E, quanto ao seu papel
específico no serviço, desenvolvem atividades voltadas à reorganização
da vida diária, da vida prática e reinserção social, com foco no
desempenho e vida ocupacional, sua rede de suporte e relações com o
contexto do usuário, família e comunidade.
Os CAPS são considerados serviços para acompanhamento dos casos
graves e persistentes. Pessoas com transtornos mentais leves e moderados
podem ser atendidos na própria Atenção Básica, com apoio das equipes de
NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) e CAPS, através das atividades
de matriciamento. Essa consideração é importante já que devemos tomar
cuidado para que os CAPS não se transformem em locais que também
promovam a institucionalização, cronificando os processos e limitando/
restringindo as pessoas. Mas sim, devendo ser um lugar de cuidado para
os momentos críticos e de crise, favorecendo que os usuários possam
circular por toda a Rede, dependendo de suas demandas e necessidades.
Portanto, ressalta-se aqui, que todos os usuários, inseridos nos CAPS ou
não, devem manter seu acompanhamento contínuo através da Atenção
Básica, como todo e qualquer usuário do SUS. O tema do Apoio Matricial
será apresentado a seguir.
CAPÍTULO 6 249

Consulte também:
• Portaria MS/GM nº 336, de 19 de fevereiro de 2002
Define as modalidades de CAPS.
• Portaria MS/GM nº 245 de 17 de fevereiro de 2005
Destina incentivo financeiro para implantação de CAPS.
• Portaria MS/GM nº 3089, de 23 de dezembro de 2011
Dispõe, no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial, sobre o
financiamento dos CAPS.
• Portaria MS/GM nº 130, de 26 de janeiro de 2012
Redefine o CAPS AD III e os respectivos incentivos financeiros.
Portaria MS/SAS nº 854, de 22 de agosto de 2012
Trata das alterações nos procedimentos dos CAPS e da RAAS.
• Portaria MS/GM nº 1996, de 10 de setembro de 2013
Altera valor de custeio mensal de CAPS III e CAPS AD III.
• Manual “Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial”
(http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf)

1 .6 - Vamos Falar Sobre Apoio Matricial em Saúde Mental?


O contexto da reforma psiquiátrica é composto por inúmeros
desafios, entre eles está o de “cuidar sem segregar”. A inclusão de ações
de saúde mental na Atenção Básica em Saúde é o ponto estratégico
para este cuidado, pois atende, entre outros, a integralidade pautada
como princípio do SUS, considerando como a premissa que a adoção de
práticas e de cuidado em saúde mental articuladas com a Atenção Básica
em Saúde amplia a inclusão social, favorece a desmitificação da loucura
no território, fatores que contribuem para a garantia do cuidado e o
“acesso universal e equânime a todos que dele necessitam” (22, 16).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 1990), a Atenção Básica
em Saúde constitui-se como a porta de entrada no SUS. Neste sentido,
para garantir que a acessibilidade do cuidado nos serviços de saúde
seja direcionado a todos os usuários, torna-se necessário “aperfeiçoar
os recursos comunitários disponíveis” e ampliar a “pactuação de ações
intersetoriais” (16). Neste sentido, entende-se que o CAPS, como
articulador estratégico na RAPS e inserido no território, possa ser
precursor na realização de ações efetivas de saúde mental junto as
equipes e nos espaços da Atenção Básica em Saúde. Para tanto, faz-se
necessário incluir ações que incentivem a articulação entre as redes, as
equipes e usuários no território, visando oferecer atenção em saúde de
forma “integral e qualificada” (16).
250 Terapia Ocupacional • Volume 3

Nesta perspectiva, o Ministério da Saúde (BRASIL 2006) apresentou


estratégias que repensam a inserção efetivamente de ações neste
segmento, destacando o apoio matricial em saúde (23). O apoio
matricial ou matriciamento em saúde se constitui como uma das
estratégicas que mais vem sendo desenvolvidas e adotadas como
ferramenta facilitadora de articulação na RAPS, tendo por objetivo
“estimular as trocas de conhecimentos, manejos clínicos e práticas
entre as várias especialidades e profissões, promovendo possibilidades
de corresponsabilização do cuidado num processo de construção
compartilhada entre os serviços territoriais, que em geral acompanham
indivíduos e/ou famílias (16).
No contexto da reforma psiquiátrica, o apoio matricial configura-
se como uma estratégia que busca reduzir as distâncias entre o CAPS
e demais serviços relacionados a saúde mental e a Atenção Básica em
Saúde, promovendo espaços de interação entre as equipes, por meio de
intervenções técnico pedagógicas e ações que busquem o fortalecimento do
cuidado compartilhado e colaborativo, utilizem de metodologias, como a
“Educação Permanente em Saúde”, ampliando a horizontalidade do cuidado
e da “Clínica Ampliada”. Assim, os espaços de apoio matricial não podem
ser reduzidos somente a discussões ou “troca” de casos, entendendo aqui,
que esta ferramenta possui ações mais amplas do que somente esta citada.
O desenvolvimento das ações do apoio matricial está relacionado
às trocas de conhecimentos e experiências, atendimentos/
acompanhamentos em conjunto, construção de projetos terapêuticos
integrado, ações e visitas compartilhadas, discussões de casos clínicos,
uso de recursos como o “Genograma” e “Ecomapa”, entre outros, que
permitam a produção de novos saberes de forma coletiva, favorecendo
assim a integração dialógica e trabalho integrado em saúde.
Neste sentido, o apoio matricial torna-se um suporte essencial que
busca o romper a lógica do encaminhamento que, em muitas vezes, está
vinculada à lógica da “não responsabilização” do cuidado e diminuir a
sua fragmentação (16). Entre os serviços ou instâncias que se relacionam
ao cuidado compartilhado em saúde mental, citamos: equipes inseridas
na Atenção Básica em Saúde (ABS), equipes de apoio para a saúde
mental na ABS ou pertencentes ao NASF, equipes inseridas nos CAPS,
escolas, Conselho Tutelar, demais instituições especializadas, serviços de
assistência social, Conselhos Municipais (Saúde, Idoso, Álcool e Drogas e
outros), Vigilância Sanitária, Secretarias, Usuários, Familiares e também
a Comunidade. Ressalta-se que o terapeuta ocupacional apresenta
CAPÍTULO 6 251

competência e o olhar qualificado para a participação em ações de


matriciamentos nos diversos espaços no território.
Desinstitucionalizar é também ampliar as fronteiras da reforma
psiquiátrica, isto é, deve considerar que o processo de “saúde-doença-
intervenção” em saúde mental pertence a todo campo da saúde, inserido
em um contexto multiprofissional, permeado por práticas que busquem
qualificar ações e debates sobre a inclusão da saúde mental e a promoção
e fortalecimento da rede assistencial, comunitária e/ou familiar (4).

Outras informações em:


Caderno de Atenção Básica nº 34 – Saúde Mental
(http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf )
Guia Prático de Matriciamento em Saúde Mental (https://www.
nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3231.pdf)
CAMPOS, G.W.S. Equipes de referência e apoio especializado
matricial: uma proposta de reorganização do trabalho em saúde.
Ciência & Saúde Coletiva 4(2):393-403, 1999.

1 .7 - A Terapia Ocupacional e as Diferentes Possibilidades de Um


Cuidar Ativo em Saúde Mental.
O modelo psiquiátrico asilar, anterior as propostas da Reforma
Psiquiátrica, privava o indivíduo em conviver livremente em sociedade,
promovendo uma compreensão do cuidado e relação social pautada na
exclusão e na relação de tutela e de poder de domínio sobre o outro, por
meio de um cuidado que limitava os indivíduos a assumir seu contrato
social, privando-os de seus direitos e deveres como todo cidadão (13).
Em contrapartida, no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira,
está o desafio de modificar este modelo de cuidado, partindo do
pressuposto que cuidar não é segregar e que o cuidado em saúde não
aceita a exclusão, mas considera a singularidade, a subjetividade,
integralidade, o contexto e a convivência loucura e com as diferenças,
estimulando a implantação e suporte às RAPS, através de uma rede
integrada de saúde pública e de base comunitária, de acordo com os
princípios da Reabilitação Psicossocial (13).
Apoiado nesta discussão, a OMS (WHO, 2001) ao considerar que a
saúde mental deva ser pautada pela atenção compartilhada e por ações
intersetoriais na comunidade, favorecendo a inclusão dos indivíduos no
seu território, ressalta a importância da saúde mental na Atenção Primária
como importante estratégia de cuidado. Logo, considera a relevância
252 Terapia Ocupacional • Volume 3

da inclusão da saúde mental nos espaços da Atenção Básica em Saúde,


entendendo que tais ações favorecem a equidade e a participação social,
contribuindo para os avanços no processo da “desinstitucionalização” e da
garantia de assistência a toda a comunidade (23).
Lembrando que a RAPS é um conjunto articulado de serviços e
estratégias em um dado território que considera os seus diversos pontos de
atenção, para além dos CAPS, como dispositivos básicos da reforma, esta
rede pode ser composta por Unidades Básicas de Saúde, Núcleo de Apoio à
Saúde da Família, SAMU 192, Sala de Estabilização, UPA 24 horas e portas
hospitalares de atenção à urgência/Pronto Socorro e demais espaços e
recursos de cuidado na comunidade, devendo promover ações e a construção
de projetos terapêuticos de forma singular e integradas no território.
Ressalta-se que com relação às Comunidades Terapêuticas,
temos começado a verificar a inserção de terapeutas ocupacionais
nesses locais. Entretanto, esse é um ponto da RAPS que ainda é muito
discutido no que se refere à sua caracterização e alinhamento com
a Política Nacional de Saúde Mental. Mesmo considerando as atuais
modificações políticas, é sabido que muitos desses serviços, atuam de
forma irregular e pela lógica de exclusão e de isolamento dos usuários
da RAPS, especialmente aos indivíduos com problemas relacionados
ao uso abusivo ou dependência de crack, álcool e outras drogas,
assemelhando-se ao modelo de cuidado manicomial.
De forma geral, o terapeuta ocupacional na Atenção Primária
deve compreender que a saúde mental é fortemente influenciada por
fatores sociais, tendo como objeto de cuidado a atenção ao cotidiano, o
olhar para os indivíduos nos locais em que vivem, ações na comunidade
de inclusão e participação social, além de ações que aproximam a
comunidade e a vizinhança para uma convivência com a diferença,
tendo o território como um espaço de “formação ampliada e de
possibilidades concretas de rupturas e avanços na clínica da atenção
psicossocial” que deve aproximar-se de uma clínica “criadora de
possibilidades, produtora de sociabilidades e subjetividades” (24, 13, 4).
A Atenção Básica em Saúde como ponto de cuidado estratégico,
apoiada na inserção da Estratégia Saúde da Família (ESF), deve estar
apta a ser resolutiva quanto aos problemas de saúde da população.
Assim, a Coordenação Nacional de Saúde Mental investiu em diversas
ações ministeriais que incluem diretrizes de trabalho e que se
relacionam com a inclusão de ações de saúde mental na Atenção Básica
em Saúde, entre elas, está a Portaria 154, do ano de 2008 que institui a
CAPÍTULO 6 253

formação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) (25).


O NASF é uma estratégia de atenção que se respalda em políticas
públicas que direcionam o processo de territorialização e regionalização
inserido no contexto da Atenção Básica em Saúde, ampliando as ações
de intersetorialidade e integralidade, assim como a transversalidade
entre os diversos setores públicos de cuidado e reforçando a produção
de qualidade em saúde (25).
Composto por equipes de profissionais de diferentes categorias,
entre eles o terapeuta ocupacional, o NASF configura-se como equipes
de apoio que atuam em parceria com os profissionais da ESF, propondo
diversas metodologias de trabalho, tais como o matriciamento, ações
compartilhadas internas e externas junto as equipes da Atenção Básica
em Saúde e demais serviços, suporte técnico-pedagógico e de educação
permanente, grupos e auxílio sobre casos complexos e específicos em
saúde, de forma integrada às redes de serviços de saúde e de acordo
com as demandas do território (26).
Neste contexto, o terapeuta ocupacional inserido no contexto da
Atenção Básica em Saúde, seja atuando em espaços como as Unidades
Básicas de Saúde ou inseridos em equipes do NASF, pode compor uma
proposta generalista, que considera a sua especificidade, atendendo as
demandas distintas e relevantes para o território, direcionando o seu
trabalho para ações de promoção e prevenção de saúde e construção
de projetos, ações e atividades elaboradas juntos as equipes da ESF e a
comunidade, ampliando a resolutividade do cuidado e abrangência das
ações da Atenção Básica em Saúde (26).

1 .8 - A Terapia Ocupacional como Potente Intervenção na


Participação Social e Saúde.
Compreendendo a necessidade de repensar a atenção e o cuidado
em saúde mental por meio de práticas e ofertas inovadoras, o Ministério
da Saúde vem, nos últimos anos, propondo ações que contemplem a
singularidade, o exercício da cidadania e estimulem o protagonismo
dos usuários com transtorno mental e em uso abusivo e problemático
de crack, álcool e outras drogas, assim como de seus familiares.
Nesse sentido, foram propostos projetos cujos temas principais
envolvem o incentivo ao “[...] controle social, inclusão social, criação
e fortalecimento de associações de usuários e familiares, atividades
comunitárias, eventos e publicações, encontro de coletivos, acesso à
cultura e articulação em rede de saúde e intersetorial” (27).
254 Terapia Ocupacional • Volume 3

Nesses novos modelos de atenção, o terapeuta ocupacional, de


acordo com a sua especificidade, deve estimular a promoção de ações
que ampliem o cuidado às possibilidades de “resgate dos direitos de
cidadania” a todos os usuários em sofrimento psíquico (13).
Para tanto, é preciso ampliar o cuidado e direcionar o olhar
sobre a atividade e/ou ação, de forma que seja percebida, vivida
e compartilhada junto aos atores envolvidos - não somente para
os usuários dos serviços, mas também aos familiares, comunidade,
equipes -, considerando que atrelar a participação ativa, a cultura,
as percepções e a subjetividade podem promover a motivação destes
usuários, de maneira, a participarem vivamente do planejamento
de ações em seu território como forma de cuidado, resultando em
ações voltadas ao protagonismo social e inseridas num verdadeiro
processo de inclusão, cidadania ativa, convívio social, autonomia e
consequentemente, qualidade de vida.
As novas propostas de cuidado no campo da saúde mental apresentam
inúmeros desafios e barreiras, para tal é preciso repensar não somente
a lógica de cuidado e assistência, mas também é preciso apresentar
novos posicionamentos políticos que enfrentam a “exclusão não apenas
dos usuários dos serviços, mas da própria saúde mental”, que mantém-
se no risco de ficar isolada e por vezes negligenciada pelos “órgãos que
estabelecem as diretrizes das práticas de construção desses serviços” (13).
Neste sentido, o terapeuta ocupacional, assim como demais
profissionais que atuam no cuidado em saúde devem estimular, ampliar
e apoiar movimentos sociais, projetos e programas voltados para a
cultura, demandas sociais e saúde que incentivam protagonismo,
permitindo que os usuários, familiares e comunidade sintam-se
pertencentes e como os principais interessados em fazer parte do
fortalecimento desta luta que, cada vez mais, deve caminhar em
conjunto. Assim, independente do ponto de atenção que o terapeuta
ocupacional esteja inserido, ele poderá participar e apoiar:
• Fóruns intersetoriais para discussão de casos e dos fluxos com
a Educação, Assistência Social, Trabalho, Habitação, Cultura, Lazer,
Justiça, Conselho Tutelar, entre outros;
• Ações na mídia com campanhas, eventos de Educação
Permanente, cine debates, entre outras, que divulguem a atuação
do profissional e as ações da área da saúde mental e promovam a
desmistificação do usuário da saúde mental;
• Espaços como assembléias no CAPS, eventos em serviços
CAPÍTULO 6 255

e comunidade e discussões que estimulem ações de democracia,


participação social e cidadania.
• Conselhos municipais e movimentos sociais existentes
comunidade, como associações de usuários e familiares, cooperativas
e demais ações que promovam diversas formas de convivências
construtivas e de cidadania.

1 .9 - A Terapia Ocupacional em Diferentes Pontos da RAPS.


Este capítulo buscará abranger os outros diferentes pontos de
atuação do terapeuta ocupacional na RAPS, não abordados nos capítulos
anteriores, tais como as equipes em Consultório na Rua (CR), Unidades
de Acolhimento, em atenção hospitalar, empreendimentos solidários e
cooperativas sociais e Centros de Convivência e Cultura.

1 .9.1 - Consultório na Rua (CR) e a atuação da Terapia Ocupacional.


A Estratégia Consultório na Rua foi instituída pela Política Nacional
de Atenção Básica, em 2011, visando ampliar o acesso da população
em situação de rua aos serviços de saúde, ofertando atenção integral à
saúde para esse grupo populacional, que se encontra em condições de
vulnerabilidade e com os vínculos familiares rompidos ou fragilizados.
É um ponto de atenção da RAPS no Componente da Atenção
Básica em Saúde.
As equipes do Consultório na Rua (eCR) desenvolvem ações
de Atenção Básica de acordo com as diretrizes da Política Nacional
de Saúde Mental. As atividades das eCR incluem a busca ativa e o
cuidado aos usuários de álcool, crack e outras drogas in loco, de forma
itinerante e integral, envolvendo questões físicas e mentais. Realiza
ações compartilhadas e integradas aos outros equipamentos da RAPS
(UBS/ESF, CAPS, entre outros) e a rede local como CRAS, CREAS e outros
equipamentos do SUAS (Sistema Único de Assistência Social).
O terapeuta ocupacional é um profissional habilitado para
compor as eCR, que se diferenciam em 3 modalidades, ao considerar
a quantidade de profissionais. Ressalta-se que na modalidade III pode
incluir o profissional médico.
Vale ressaltar que o funcionamento deverá se adequar às demandas
das pessoas em situação de rua do município, podendo ocorrer em
período diurno e/ou noturno e em qualquer dia da semana.
Segundo o Manual sobre o cuidado à saúde junto a população em
situação de rua (28), apesar de os transtornos mentais significativos
256 Terapia Ocupacional • Volume 3

não estarem presentes em grande parte da população em situação de


rua, são muito prevalentes e os mais graves necessitam que a equipe
desenvolva ações a fim de possibilitar o maior nível de autonomia
possível em parceria com os CAPS e demais serviços de saúde. É neste
sentido que a atuação dos terapeutas ocupacionais pode ser de grande
relevância para essa equipe.
Na intervenção terapêutica ocupacional é possível que a pessoa
cuidada se redescubra, se reconecte, podendo alcançar desejos,
realizar projetos e produção de vida, rever e valorizar suas histórias e
saberes, bem como encontrar possibilidades concretas de participação
e identidades grupais, a partir do uso de grupos terapêuticos como
recurso, por exemplo.
De modo geral, o principal objetivo do CR é atuar de forma
a preservar direitos e promover vínculos positivos e saudáveis,
repercutindo de forma satisfatória nas condições de saúde individual e
coletiva e no resgate da cidadania.
No princípio da “redução de danos” não devemos compreender
como único objetivo a ser alcançado, a abstinência do usuário. Cuidar
de vidas humanas é lidar com singularidades e diferentes possibilidades
de escolhas que podem ser feitas. Nesse sentido a redução de danos,
nos permite compreender que o sujeito possui singularidades devendo
a equipe traçar com o indivíduo, estratégias preconizadas na defesa da
vida e não apenas na abstinência do mesmo. (30)
A “redução de danos” é norteada na atenção psicossocial, como um
caminho para que o indivíduo seja corresponsável por seu tratamento,
aumentando assim sua autonomia nesse processo. Internações são
indicadas quando necessárias, cuidando para que as mesmas sejam
de curta duração e no território. Tais cuidados devem contar com a
parceria, fundamental da equipe do CAPS, e em especial, dependendo
da RAPS instalada do município, do CAPS AD.

Para mais informações acesse:


• Portaria MS/GM nº 122, de 25 de janeiro de 2012
Define as diretrizes de organização e funcionamento das Equipes de
Consultório na Rua.
• Portaria MS/GM nº 123, de 25 de janeiro de 2012
Define os critérios de cálculo do número máximo de equipes de
Consultório na Rua (eCR) por Município.
• Portaria MS/GM nº 1.922, de 5 de setembro de 2013
CAPÍTULO 6 257

Altera dispositivos da Portaria nº 122/GM/MS, de 25 de janeiro de


2012, que define as diretrizes de organização e financiamento das
equipes dos Consultórios na Rua.
• Portaria MS/GM nº 1.029, de 20 de maio de 2014
Amplia o rol das categorias profissionais que podem compor as
Equipes de Consultório na Rua em suas diferentes modalidades e dá
outras providências.
• Portaria MS/GM nº 1.238, de 6 de junho de 2014
Fixa o valor do incentivo de custeio referente às Equipes de
Consultório na Rua nas diferentes modalidades.
• http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_consultorio_rua.php

1 .9.2 - Unidade de Acolhimento como possibilidade para momentos


de maior vulnerabilidade.
As Unidades de Acolhimento (UA) são direcionadas as pessoas
com necessidades decorrentes do uso abusivo e problemático de Crack,
Álcool e outras Drogas, que se apresentem em estado de vulnerabilidade
social, com suporte familiar e social rompido ou fragilizado,
demandando acompanhamento terapêutico e protetivo.
Constituem-se como parte do Componente de Atenção Residencial
de Caráter Transitório da RAPS, com funcionamento 24 horas/dia, 7 dias/
semana, e têm caráter residencial transitório e de acolhimento voluntário.
Normalmente são vinculados ao CAPS de referência, em especial
o CAPS AD. Os adultos ou crianças e adolescentes são encaminhados
pelo CAPS de referência que é o responsável pelo acompanhamento e
planejamento PTS em conjunto a estes usuários, com permanência na
UA, a princípio, até 6 meses.
O terapeuta ocupacional pode ser um dos técnicos de nível superior
da equipe de uma UA. O objetivo da equipe deve ser voltado para a
reinserção social e retorno à sua família, ao trabalho, à escola e demais
grupos sociais, de acordo com os princípios da Reabilitação Psicossocial.
Entre as inúmeras ações, o terapeuta ocupacional nesse contexto,
pode ter como finalidade:
• Estimular as pessoas para viverem de modo mais independente e com
autonomia, ressignificando seus papeis ocupacionais - sociais e produtivos;
• Propor atividades em grupos que favoreçam o protagonismo, as
habilidades pessoais, interações sociais e de comunicação;
• Orientar quanto à reorganização da rotina diária, ou seja,
organizar as atividades de vida diária e atividades de vida prática;
258 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Identificar interesses de trabalho/estudo e lazer e habilidades


necessárias;
*Favorecer o autocuidado e auxiliar nas demais dificuldades
demandas relacionadas ao desempenho ocupacional e componentes de
desempenho (afetivo, cognitivo e físico).

Leia mais em:


• Portaria MS/GM nº 121, de 25 de janeiro de 2012
Institui a Unidade de Acolhimento para pessoas com necessidades
decorrentes do uso de Crack, Álcool e Outras Drogas (Unidade de
Acolhimento), no componente de atenção residencial de caráter
transitório da Rede de Atenção Psicossocial.

1 .9.3 - Atenção Hospitalar e as internações breves.


Em 05 de junho de 2012, a Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e
outras Drogas do Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica nº 25/2012
que apresentava informações sobre os Leitos de Saúde Mental em
Hospitais Gerais, conforme portaria GM/MS nº 148.
Os leitos de Saúde Mental em Hospitais Gerais são componentes
da atenção hospitalar da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), devendo
se articular com demais pontos e não ser pontos isolados; é um ponto
estratégico para fortalecimento da RAPS, pois deixa de ser apenas
criação de novos leitos de Saúde Mental no Brasil, considerando que:
1) As articulações devem incluir os componentes da Rede de
Urgência e Emergência, considerando a regulação, a atenção longitudinal
e a transferência de cuidado, superando o modelo asilar dos Hospitais
Psiquiátricos e a lógica da internação de longa duração, de forma isolada,
com práticas de cuidado mais humanizadas no campo da saúde mental.
2) Devem ser geograficamente bem localizados, de fácil acesso,
com intervenções breves até a estabilidade clínica, de acordo com a
especificidade de cada caso e com apoio de recursos multiprofissionais,
ao contrário dos hospitais psiquiátricos;
3) Devem ofertar suporte hospitalar para situações de urgência e
emergência decorrentes do consumo ou abstinência de álcool, crack e
outras drogas, bem como comorbidades psiquiátricas ou clínicas.
4) Seu funcionamento é em regime integral, ou seja, 24 horas/dia,
7 dias/semana, incluindo finais de semana e feriados, sem interrupção
entre os turnos.
5) A estratégia de redução de danos, que é uma política de saúde
CAPÍTULO 6 259

que se propõe a reduzir os prejuízos de natureza biológica, social e


econômica do uso de drogas, pautada no respeito ao indivíduo e no seu
direito de consumir drogas, deve ser a norteadora do PTS.
A distribuição dos leitos hospitalares de Saúde Mental deverá ser de 1
leito para cada 23 mil habitantes, de acordo com a Portaria nº 1.101/GM/
MS, de 12 de junho de 2002, e não deverá exceder o percentual de 15% do
número total de leitos do hospital geral, até o máximo de 30 leitos.
As equipes técnicas serão definidas a partir do número de leitos,
mas sempre contado com um profissional de nível superior que pode ser
o terapeuta ocupacional.
Considera-se importante acrescentar que a Política de Saúde
Mental sofreu mudanças significativas, através de propostas aprovadas
pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e apresentadas pela
Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas – CGMAD
do Ministério da Saúde, no mês de dezembro de 2017. Entre elas,
está a reabertura de leitos em Hospitais Psiquiátricos e a inserção de
Comunidades Terapêuticas na RAPS. Tais decisões, quando acionadas
na prática, irão, possivelmente, interferir na dinâmica e informações
relacionadas aos Leitos de Saúde Mental em Hospitais Gerais, ainda não
notificadas pelo Ministério da Saúde.

Encontre mais dados em:


• Portaria Nº 148, de 31 de janeiro de 2012
Define as normas de funcionamento e habilitação do Serviço Hospitalar
e Referência para atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno
mental e com necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool,
crack e outras drogas, do Componente Hospitalar da Rede de Atenção
Psicossocial, e institui incentivos financeiros de investimento e de custeio.
• http://www.brasil.gov.br/observatoriocrack/cuidado/leitos-
enfermarias-especializadas.html

1.9.4 - Iniciativas de trabalho e geração de renda, empreendimentos


solidários e cooperativas sociais.
É comum vermos pessoas com transtorno mental ou que fazem
uso problemático e abusivo crack, álcool ou outras drogas afastadas
do trabalho ou desempregadas. Cuidar desse aspecto da vida torna-se
muitas vezes um dos objetivos da atenção em saúde mental.
Sendo difícil a inserção no mercado formal de trabalho, cada vez
mais distante da realidade dessas pessoas, seja porque nunca tiveram essa
260 Terapia Ocupacional • Volume 3

vivência, seja porque o preconceito permeia o retorno ao trabalho anterior,


às cooperativas e demais empreendimentos solidários têm se tornado uma
alternativa de inclusão ao trabalho, podendo devolver o direito à cidadania,
por meio da inserção em atividades produtivas e geradoras de renda.
As iniciativas de trabalho e geração de renda, os empreendimentos
solidários e as cooperativas sociais fazem parte do Componente
Reabilitação Psicossocial da RAPS e tem caráter intersetorial. Elas têm a
finalidade de promover a inclusão produtiva, a formação e a qualificação
para o trabalho de pessoas com transtorno mental e necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.
Devem ainda garantir a ampliação da autonomia, contratualidade e
inclusão social desses usuários e de seus familiares.
Terapeutas ocupacionais têm coordenado diversos projetos de
empreendimentos solidários em conjunto com outros profissionais,
consolidando essa área como uma relevante possibilidade de atuação (30).

1 .9.5 - Centros de Convivência e Cultura.


Os Centros de Convivência (CECO) ou Centro de Convivências e
Cooperativas (CECCO), são equipamentos públicos da rede de saúde
que nascem no processo da Reforma Psiquiátrica e Reabilitação
Psicossocial rompendo com o modelo predominante de pensar a saúde.
Esses equipamentos buscam desenvolver uma prática transdisciplinar
de convivência com a diversidade em espaços abertos a todos que se
interessem por estar ali motivando a inclusão, socialização e encontros
entre os usuários da saúde mental e a população/comunidade geral que
estão no Componente da Atenção Básica da RAPS (31).
Eles surgem como um dispositivo para apoiar a RAPS, mas com
estratégia de ação distinta aos equipamentos de saúde. O foco dos
CECCO está na produção do convívio social, por intermédio de oficinas,
grupos e ações comunitárias que possam estar alinhados com a
concepção de promover de saúde.
Podemos então considerar que os CECCO são pontos estratégicos
para a inclusão social (de usuários da RAPS ou não), através da
possibilidade de espaços coletivos de convívio e sustentação das
diferenças no território. Promovendo dessa forma encontros com
a diversidade, oferecendo cuidado, pertencimento, grupalidade e
descoberta de outras formas de expressão da vida.
A estratégia de ação está no ato de convidar, oferecer,
compartilhar e proporcionar ao outro algo de bom a cada encontro.
CAPÍTULO 6 261

Os CECCO não são somente para pessoas portadoras de transtorno


mentais, conforme citação de Aleixo (2013) “... mas sim aberto a toda a
comunidade com finalidade também de redução do estigma associado às
pessoas com transtorno mental...”. Nessa perspectiva esse equipamento
é extremamente valioso, pois através dos espaços territoriais, os
encontros das diversidades são promotores do combate aos modelos
assistenciais asilares (31).
Os CECCO nascem na intersetorialidade, compondo a rede de saúde,
mas se colocando em relação aos outros setores como meio ambiente,
cultura, lazer, esporte, operando desse modo na rede de saúde e no
território como um serviço de articulação da rede intersetorial.
A convivência proposta pelos CECCO não se dá somente entre as
paredes do dispositivo. É uma convivência que se expande para além
dos muros e acontece nos espaços territoriais como um dispositivo de
redes, mas alocado no território oferecendo possibilidade de cuidado e
práticas mais humanizadas.
Nesses equipamentos podemos encontrar profissionais das mais
diversas áreas de formação, oferecendo propostas variadas de atividades
nas oficinas, com enfoque no coletivo. O terapeuta ocupacional pode
compor essa equipe, considerando que esse em como enfoque da sua
prática habilitar ou reabilitar os indivíduos, das mais diversas maneiras,
para que sejam capazes de modificar sua inserção na sociedade em
que habita e possibilitar a articulação com o território, além de serem
capazes de realmente conviver com autonomia e independência nos
mais variados contextos de vida.
Podemos afirmar que a habilidade do terapeuta ocupacional em
trabalhar com grupos é de relevância para os CECCO, visto a natureza da
proposta desses serviços e a formação desse profissional, destacando-se
nas equipes dos Centros de Convivência, contribuindo para as atividades
de reconstrução dos laços sociais dos usuários da RAPS.
Esse componente da RAPS ainda não tem custeio do governo
federal, mas tem se mostrado uma importante estratégia para
inserção dos usuários da RAPS, especialmente, quando se pensa que
Desinstitucionalizar é conhecer e explorar os espaços do território,
circulando e participando em outros espaços de convívio social e
ampliação das redes de apoio (32).

1 .10 - Terapia Ocupacional e o Cuidado em Saúde Mental.


O terapeuta ocupacional possui competências para compreender
262 Terapia Ocupacional • Volume 3

o processo de saúde-doença a partir do seu objeto de intervenção, o


fazer humano. Com isso, em suas ações de ampliação das redes de apoio
preconiza-se o foco na reorganização da vida diária, garantindo melhora
no desempenho ocupacional dos usuários, através de atividades como,
por exemplo: corporais, musicais, manuais, de estimulação cognitiva,
sociais e outras, a depender das demandas de cada grupo e a partir da
análise das mesmas, independente do Ponto de Atenção da RAPS ou de
outros serviços que esteja inserido.
Com os novos rumos que o cuidado em saúde mental vem tomando,
surgiram outras orientações que fortalecem o panorama da terapia
ocupacional brasileira contemporânea no campo da saúde mental. No que
diz respeito as equipes de saúde mental, por exemplo, estas vivenciam
essa transição em suas práticas diárias, com contradições entre o novo
paradigma multidisciplinar e as velhas concepções centradas na doença,
com equipes assistenciais e saberes fragmentados, por exemplo. A
abordagem complexa das demandas de saúde atuais exige das equipes
e serviços novas formas de trabalho com trocas criativas entre as
diferentes especialidades, com resistências em suas discussões políticas,
enfrentamentos, e entre outros desafios, a cisão entre os saberes (34).
De acordo com Feriotti (2009), o momento histórico atual é de
transição de paradigmas, que implicam também em mudanças das
concepções de saúde e doença, baseadas na interdisciplinaridade
e transdisciplinaridade. Quanto às diferentes abordagens teóricas
utilizadas pelos pela clínica dos terapeutas ocupacionais em construção
no campo da Saúde Mental, podemos citar (34, 33, 13):
• Reabilitação Psicossocial;
• Terapia Ocupacional Psicodinâmica impulsiona por Benetton,
baseada na relação tríade paciente, terapeuta e atividades;
• Abordagem Junguiana, conduzida por Nise da Silveira;
• Referencial de Rui Chamone Jorge, que alicerça sua prática
a partir do modelo analítico junguiano, considerando a relação
terapêutica ocupacional a partir de cinco elementos: material,
ferramenta, objetos concretos, terapeuta e paciente.
• Abordagem Sistêmica e Complexa;
• Psicanálise;
• Demais projetos de transformação institucional que ocorrem e se
transformam em diversos pontos do país.
Ainda, cada vez mais temos acompanhado o crescimento do número
de terapeutas ocupacionais em serviços não ligados ao sistema público
CAPÍTULO 6 263

de saúde, realizando ações de saúde mental, em espaços como: ONG


(Organizações Não Governamentais), Associações, Clínicas, Ambulatórios
e Consultórios, Entidades Privadas e Filantrópicas; Escolas de Educação
Especial e Escolas Regulares, Instituições de Longa Permanência.
De certo, independente do núcleo de atuação no campo da Saúde
Mental, o terapeuta ocupacional deve constituir-se efetivamente, como um
profissional promotor da saúde mental e comprometido com a ética, com
o direito, com a cidadania, buscando estratégias de cuidado que priorizam
a liberdade de escolha, estimulem a percepção, o desenvolvimento do
potencial criativo, cultural e intelectual, através de diferentes formas de
expressão singulares que auxiliem no empoderamento do papel de cidadão,
na ressignificação do cotidiano e na inclusão, utilizando-se de propostas e
atividades que se estendam também a comunidade, convidando a sociedade
a debater e conviver com as diferenças.
Ser terapeuta ocupacional é potencializar cada indivíduo,
compreendendo-os capazes, independentemente de sua condição,
facilitando o processo de transformação com foco na realização de
atividades, ações e grupos que impulsione a promoção da saúde e a inclusão
social, sendo um profissional de saúde mental criador de possibilidades
no território e da rede social junto aos indivíduos envolvidos, visando
“desenvolver uma clínica implicada com a constituição de sujeitos mais
saudáveis em sua afetividade e em suas relações sociais, e mais potentes”
para transformação da própria realidade (14).

1 .11 - Nota Complementar.


Conforme citado nos capítulos anteriores, a Reforma Psiquiátrica
tem seu início, impulsionado pelas ações atreladas às políticas de Direitos
Humanos no combate à Ditadura Militar, com base nas experiências
exitosas de países europeus, em especial, a Itália. A Lei 10.216/2001, que
dispõe a Política Nacional de Saúde Mental Brasileira, foi um resultado
de movimentos e representações políticas e sociais através de usuários,
familiares e profissionais de saúde, que reivindicaram a assistência em
Saúde Mental, considerando a necessidade de um cuidado humanitário,
focado em propostas de desinstitucionalização.
Sabe-se que, considerando o percurso histórico em nosso país, o cuidado
em saúde mental e a concepção da loucura na sociedade estão fortemente
atrelados à exclusão ao convívio social do ‘louco’, a sua segregação e
ao cuidado asilar como prática única de cuidado. Tais reivindicações
apresentavam como objetivo principal a necessidade de se mudar a realidade
264 Terapia Ocupacional • Volume 3

de ‘cuidado’ em manicômios no país, onde viviam milhares de pacientes, em


sua maior parte, considerados moradores, sem perspectiva de alta para as
suas casas, suas famílias e convívio em suas comunidades.
Buscamos apresentar nos capítulos anteriores, mesmo que
brevemente, a longa e resistente história de ações e movimentos que
a Luta Antimanicomial vêem percorrendo no Brasil. Muitos foram os
avanços e experiências exitosas deste cuidado, para além do controle da
sintomatologia, buscando, essencialmente promover e estimular junto a
cada usuário, individualmente, o exercício pleno de cidadania. Contudo,
sabe-se, que apesar dos muitos avanços, ainda há muito a conquistar,
assim como, há muitas ameaças a resistir, especialmente quando se
considera o modelo de Reforma Psiquiátrica construído até aqui, que
engloba toda a complexa rede de ações comunitárias, assim como as
demais ações e avanços em Saúde Mental e Saúde Coletiva no SUS.
Considerando que a Terapia Ocupacional tem importante
participação na construção da Reforma Psiquiátrica no Brasil, diante
das conquistas históricas, práticas e condutas éticas de terapeutas
ocupacionais, não devemos, neste sentido, aceitar atuar em ações que
promovam a desassistência, maus tratos e práticas de exclusão.
Em Dezembro de 2017, uma proposta de reformulação da Política
de Saúde Mental apresentou significativas mudanças no cuidado em
Saúde Mental no país, aprovadas pela Comissão Intergestores Tripartite
(CIT) e apresentadas pela atual Coordenação Geral de Saúde Mental,
Álcool e Outras Drogas – CGMAD do Ministério da Saúde. Entre elas,
em contraposição à prioridade anterior, está a reabertura de leitos em
Hospitais Psiquiátricos Especializados, além de enfermarias psiquiátricas
em Hospital Geral e a inserção de Comunidades Terapêuticas na RAPS,
reconsiderando as ações de prevenção, cuidado e reintegração de
pessoas que fazem uso abusivo de crack, álcool e outras drogas. Tais
mudanças surgem de argumentos que se direcionam as dificuldades
(muitos delas atreladas ao baixo financiamento direcionado à RAPS, e não,
necessariamente, a forma de cuidado) relacionadas, até então, a Política
Nacional de Saúde Mental (Lei 10.216/2001), estabelecendo e afirmando
que a inserção destes equipamentos e de recursos no atendimento
hospitalar ocasionará maior resolutividade, quanto tempo e espaço para
internações, no que diz respeito ao cuidado em Saúde Mental no país.
Considerando esta realidade, entende-se essencial que nós
terapeutas ocupacionais, assim como os demais profissionais de saúde,
busquemos acompanhar as novas discussões e ações relacionadas ao
CAPÍTULO 6 265

estreitamento e modificações da conhecida Política de Saúde Mental


(disposta na Lei 10.2106/2001). Além disso, entende-se essencial
que o terapeuta ocupacional invista em sua formação e qualificação
profissional, no sentido de aprimorar-se, constantemente, mantendo-se
consciente de sua atuação, em especial, em momentos de importantes
mudanças em nível nacional, social e econômico.
Nós, terapeutas ocupacionais, compomos, como atores
protagonistas, um importante percurso histórico de defesa aos
fundamentos da Desinstitucionalização, sendo reconhecidos como
profissionais provedores de ações que fortalecem o cuidado em Saúde
Mental, de maneira não manicomial, comunitária e com origem na vida
social. Buscamos não poupar esforços para investir em uma lógica de
trabalho que lida com as questões atuais, que buscam desconstruir a
exclusão, através de ações que vão para além da saúde. Mesmo com os
impasses, cada vez mais compreendemos o importante papel político
e presencial que a Terapia Ocupacional possui, e com isso, não por
acaso, estamos ampliando nossos em espaços na saúde, na gestão e
na participação de políticas públicas, afirmando, através da prática,
que o cuidado em Saúde Mental deve ser, acima de tudo, na vida,
na comunidade e de construção e participação de toda a sociedade.
Em tempos de resistência, é necessário que busquemos refletir,
diariamente, sobre nossas boas práticas e agir, sobretudo no coletivo,
conforme apreendemos nas mobilizações sociais e políticas de defesa ao
cuidado humanizado em Saúde Mental que nos trouxeram até aqui.

Saiba mais sobre o cuidado humanizado em saúde mental, as


ações da Câmara Técnica de Saúde Mental do Crefito 3, e questões
relacionadas a Reforma Psiquiátrica no Brasil, em:
https://youtu.be/ehh_xykPNhk
(Audiência Pública: Reforma Psiquiátrica - nenhum direito a menos
- Dra. Jamile Cristina Albiero Silva)
266 Terapia Ocupacional • Volume 3

2 – TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE MENTAL:


POSSIBILIDADES PARA ALÉM DA CLÍNICA.
Luzianne Feijó Alexandre Paiva Guimarães
Maria Imaculada da Costa Mendonça

2.1 – Introdução.
Ser terapeuta ocupacional significa ser capaz de enxergar a beleza
da vida, perceber os detalhes e valorizar o modo com que o ser humano
faz suas atividades, e como escreve suas experiências e histórias. Para
tanto, uma das tecnologias de trabalho do terapeuta ocupacional é
a análise da atividade. Essa tecnologia envolve um jeito próprio de
raciocinar a partir de um contexto de vida, das diversas atividades
realizadas no dia a dia, das habilidades, capacidades, desejos,
necessidades e crenças de cada indivíduo, bem como dos materiais
necessários para execução das atividades.
A partir daí, a atuação profissional do terapeuta ocupacional mostra
um up grade em relação às demais profissões, pois enxergamos além;
a Terapia Ocupacional já traz em si, o conceito de clínica ampliada,
valorizando o saudável a partir da intervenção, com o planejamento e
execução de atividades, vivências, dinâmicas, conforme a necessidade
de cada paciente. Portanto esse capítulo foi elaborado com o intuito de
instigar nós terapeutas ocupacionais a inovar e contribuir em tecnologias
de se fazer saúde colocando-nos em paralelo num campo de visão e de
divulgação do nosso fazer e potencial.
É nesse cenário que a experiência exitosa relatada a seguir ocorre
no cotidiano da prática assistencial a qual surgiu da necessidade de
se iniciar o Matriciamento em Saúde Mental – MSM no município de
Eusébio-CE onde 02 (duas) terapeutas ocupacionais, do Centro de
Atenção Psicossocial Geral – CAPS I, desenvolveram um Planejamento
Operacional Padrão - POP com o objetivo de sensibilizar os profissionais
da Atenção Primária à Saúde – APS acerca do cuidado a ser prestado aos
indivíduos em sofrimento psíquico e portadores de transtorno mental.
Sendo, portanto exemplo das inúmeras possibilidades que nós terapeutas
ocupacionais a partir de nosso raciocínio clínico podemos construir-nos
diversos contextos e cenários da prática clínica terapêutica ocupacional
bem como, da prática clínica multidisciplinar, onde no caso aqui
demonstrado o referido POP pode ser aplicado por todos os profissionais
já reconhecidos e inseridos nos serviços de saúde mental.
CAPÍTULO 6 267

2.2 – Marcos Históricos.


A Reforma Psiquiátrica foi um grande marco na história da
assistência à saúde mental e consiste num rompimento dos modelos
assistenciais antes baseados nos maus tratos, na exclusão social e no
não tratamento dos aspectos psicossociais presentes nos transtornos
mentais para com a implantação de uma rede de serviços preocupada
na realização de uma terapêutica capaz de resgatar/desenvolver
independência e autonomia aos indivíduos em sofrimento psíquico em
busca de uma real (re) inclusão social.
Segundo Dimenstein et al. (1), a Reforma Psiquiátrica Brasileira
tem como característica a tentativa de superação do cenário histórico
de desassistência e maus-tratos no campo da saúde mental e a
construção de novos espaços de intervenção assistenciais, políticos e
jurídicos em relação à “loucura”.
A Reforma Psiquiátrica baseia a Política Nacional de Saúde Mental e tem
por definição descrita presentemente pelo Ministério da Saúde como (2):
“Um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores
culturais e sociais em torno do “louco” e da “loucura”, mas especialmente
em torno das políticas públicas para lidar com a questão. Trata-se de um
processo político e social complexo, composto de atores, instituições e
forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos
governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado
dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de
pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos
sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública”.
A partir da Reforma Psiquiátrica e com o início dos novos serviços
de atenção à Saúde Mental surgem necessidades antes não pensadas,
como, uma ferramenta ou mecanismo capaz de tornar outros vários
serviços de saúde frequentados pelos usuários dos dispositivos de saúde
mental, dentre eles, os CAPS mais próximos e voltados verdadeiramente
ao cuidado integral em saúde.
Sendo assim, na busca de agilizar ações, estreitar laços e traçar
caminhos no cuidado ao portador de transtorno mental, foi que profissionais
e acadêmicos presentes tanto na assistência quanto na academia,
integrantes do grupo Babel - dedicado ao estudo e aperfeiçoamento das
ações ligadas à Saúde Mental na Atenção Primária, elaboraram um Guia
Prático publicado pelo MS a partir da teoria de Gastão Wagner acerca do
apoio matricial. Guia este o qual aborda uma nova estratégia eficaz na
sistematização dos processos de trabalho entre a equipe de referência e
268 Terapia Ocupacional • Volume 3

a equipe de apoio matricial ou matriciadora, o Matriciamento em Saúde


Mental na Atenção Primária à Saúde o qual consiste num conjunto de ações
articuladoras e potencializadoras à comunicação e efetivação da assistência
entre os dispositivos de saúde responsáveis no cuidado ao indivíduo
portador de transtorno mental. E traz como definição do que vem a ser
matriciamento ou apoio matricial como um novo modo de produzir saúde
em que duas ou mais equipes, num processo de construção compartilhada,
criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica (3).
No Brasil, o apoio matricial foi eleito pelo Ministério da Saúde
como a estratégia oficial a guiar as ações de saúde mental na atenção
primária, apesar de ainda não existir nenhum tipo de financiamento
destinado a essa prática (4).
De acordo com Bezerra & Dimenstein (5), o apoio matricial ou
matriciamento “visa a favorecer a co-responsabilização entre as equipes
e a diversidade de ofertas terapêuticas através de um profissional de
saúde mental que acompanhe sistematicamente das UBS/USF e permite
o conhecimento da demanda em saúde mental que chega à atenção
básica, bem como sobre os usuários, as famílias e o território, propondo
que os casos sejam de responsabilidade mútua.”
Ações estas a serem realizadas pelos profissionais de ambos os
serviços envolvidos: CAPS – equipe de apoio matricial ou matriciadora e
o Centro de Saúde da Família – CSF – equipe de referência.
O surgimento da estratégia Matriciamento em Saúde Mental na
Atenção Primária à Saúde deu-se devido às falhas na continuidade do
cuidado dos usuários dos serviços de saúde mental, aos encaminhamentos
inadequados provocando um “inchaço” da clientela atendida nos CAPS, a
uma demanda reprimida na APS, dentre outros motivos.
Apesar desta eficaz inovação o processo de matriciamento ainda
encontra obstáculos em sua implementação, como: resistência por parte
dos profissionais, formação profissional com carência de conteúdos e
vivências em saúde mental, preconceito para com o termo “loucura”,
“louco”, “transtorno mental”, alta demanda tendo como consequência
uma agenda lotada, entre outras dificuldades.
Para Campos e Dominiti (6), há obstáculos na própria maneira como
as organizações vêm se estruturando, que conspiram contra esse modo
interdisciplinar e dialógico de operar-se. Esses obstáculos precisam ser
conhecidos, analisados e, quando possível, removidos ou enfraquecidos
para que seja possível trabalhar-se com base em equipe interdisciplinar
e sistemas de co-gestão (7).
CAPÍTULO 6 269

Com isso iniciar o matriciamento muitas vezes é tarefa árdua. Este


cenário não se distancia da realidade do município cearense onde essa
experiência se deu.
O Centro de Atenção Psicossocial Geral já com, à época, 09 (nove) anos
de existência, com uma clientela de aproximadamente 3.500 prontuários
abertos num universo de 46 mil habitantes, percebe-se com demanda não
condizente com as prerrogativas da instituição, com dificuldades de parcerias
junto às unidades básicas de saúde, preconceito e falhas nas condutas
realizadas nos demais dispositivos de saúde, entre outras problemáticas.
Apesar de que desde sua implantação buscou realizar ações de MSM, contudo,
de maneira pontual, quando as necessidades se apresentavam e de forma
“informal”, como “troca de favores” de um serviço para com o outro, sem
refletir a fundo sobre o processo, mas eficaz para a resolução de problemas e
realizado por meio do compromisso e boa vontade dos profissionais envolvidos.
A partir desse contexto foi que durante as reuniões de gestão e
reuniões técnicas a equipe se permitiu refletir, discutir e analisar essa
situação no serviço – CAPS e no município. Viu-se então como solução a
realização de ações de MSM de forma constante e planejada.
Para tornar possível foi necessária a articulação com a gestão e
solicitação de uma pauta na próxima reunião dos CSF na qual se efetuou
convite para o início do processo de matriciamento onde surgiu os
primeiros voluntários a participarem do projeto piloto.
Diante da realidade já pontuada acerca da não formação dos
profissionais de saúde tanto para o SUS como para as questões de saúde
mental tem-se como um dos problemas que mais contribuem para essa
resistência ao MSM devido a grande necessidade de se possuir em sua
prática cotidiana a capacidade da clínica ampliada termo não explorado nas
formações profissionais e atualmente inserido nas matrizes curriculares de
forma ainda tímida, salvo programas como PET saúde e VER SUS. Fato este,
conduz a equipe a refletir e elaborar soluções para iniciar um processo de
Matriciamento na APS em todo o município, dentre o planejamento e as
estratégias traçadas houve a elaboração de um Procedimento Operacional
Padrão – POP para a sensibilização dos profissionais da APS o qual foi aplicado
nos três primeiros CSF voluntários a participarem do projeto piloto.

2.3 - Procedimento Operacional Padrão (POP) – Matriciamento.


Para Nogueira (8), Procedimento Operacional Padrão (POP) descreve
cada passo crítico e seqüencial que deverá ser dado pelo operador para
garantir o resultado esperado da tarefa, além de relacionar-se à técnica,
270 Terapia Ocupacional • Volume 3

palavra de origem grega que se refere à “disposição pela qual fazemos


coisas com a ajuda de uma regra verdadeira”.
Pode-se, portanto concluir que um POP consiste num conjunto
de tarefas sequenciadas e detalhadas de forma a possibilitar a
operacionalização de uma ação por várias pessoas sem alterar de forma
drástica os resultados e/ou objetivos.
Sendo assim entendeu-se que possivelmente essa seria a
ferramenta mais adequada para sensibilizar os profissionais da APS e
“vender o peixe” da proposta do matriciamento não como algo a mais
a ser preenchido, a ser mais uma clientela em atendimento na agenda
já extrapolada e sim numa estratégia facilitadora ao manejo, conduta e
cuidado aos usuários de ambos os serviços.
O POP foi aplicado inicialmente como um plano piloto em três
unidades de Saúde da Família das vinte existentes no município,
elencadas após um primeiro contato durante reunião mensal com a
gestão local. A partir daí a cada quinze dias as equipes das unidades em
questão disponibilizaram um turno para a realização do matriciamento.
Composto de cinco encontros entre a equipe matriciadora e a
equipe de referência os quais se utilizavam de metodologias ativas
como: rodas de conversas, vivências, auto avaliação, categorização
de palavras, entre outras; para uma maior adesão, sensibilização e
aprendizado. Estando assim dispostos:

1º Encontro: Explanação e apresentação do MSM na APS. O que


é? Como se procede? Acordo de compromisso entre as partes: equipe
de referência (CSF) e equipe de matriciamento (CAPS). Metodologia
1) Roda de apresentação: apresentação da equipe matriciamento;
apresentação da equipe de referência com nome, profissão, tempo de
atuação na APS, expectativa para com o encontro. 2) Roda de conversa:
Explanação e explicação acerca do MSM, O que é? Suas ferramentas?
Como se processa?E apresentação do Guia Prático de Matriciamento
em Saúde Mental do MS. Anterior as explicações realizar as perguntas:
O que é MSM? Já ouviram falar? De forma a convidar os participantes a
exporem seus conhecimentos prévios sobre o assunto. 3) Compartilhar:
facilitador convida aos profissionais a compartilharem sobre o que
entenderam, qual sentimento esse assunto proporciona, se tem
curiosidade e disponibilidade em aprender a fazer. 4) Fechamento: o
facilitador solicita aos participantes que fiquem de pé, dêem as mãos,
façam um círculo, iniciem uma atividade corporal com alongamento,
CAPÍTULO 6 271

soltura e exercícios de respiração em seguida, caminhem um passo a


frente e formem um abraço comunitário (braços entrelaçados às cinturas
dos participantes), agradeçam com um olhar e um sorriso a presença e
a existência de cada um e em uma palavra definam o que esse momento
despertou em cada um ao término, se comprometam a estarem
presentes no próximo encontro, todos dizem a uma só voz: “eu me
comprometo a está no próximo encontro!” e finalizam batendo palmas.

2º Encontro: Vivência: O que é saúde mental? E como eu cuido da


minha? Objetivo: Esta vivência tem o objetivo de adentrar no tema
de saúde mental de uma forma mais humana, cuidadora, vivencial de
maneira a proporcionar uma auto-reflexão acerca do tema, e de, como
cada um cuida de si. Ou seja, promove a sensibilização dos profissionais
de saúde em relação ao que vem a ser saúde mental e o quanto ela é
deixada de lado em nosso dia-a-dia; promove também uma projeção
à clientela atendida e como o sofrimento psíquico encontra-se muitas
vezes velado, escondido durante as consultas rotineiras. Amplia o olhar
do cuidado de si e o cuidado do outro. Metodologia: 1) Aquecimento
Corporal: o facilitador solicita aos participantes que fiquem de pé,
dêem as mãos, façam um círculo, inicie uma atividade corporal com
alongamento, soltura, exercícios de respiração, automassagem. 2)
Tapete mágico: facilitador convida aos participantes a andarem pela
sala percebendo seu corpo, cuidando dele; e efetua vários comandos
verbais de forma a proporcionar diferentes modos de caminhar,
caminhar na ponta dos pés, sobre os calcanhares, nas bordas laterais
e mediais dos pés; imaginar-se andando sobre areia quente, solo com
pedregulhos, sobre a lua sem gravidade. Ao final deste momento solicita
que parem e fechem os olhos.Comando verbal:e de olhos fechados
respire profundamente e reflita sobre: Para mim o que é saúde mental?
E, como eu cuido da minha? Facilitador solicita que os participantes
direcionem seu pensamento à pergunta reflexiva, com outros comandos
a serem ditos com entonação de voz suave, devagar e pausada: Como
defino em minha vida, saúde mental? Que sentimento, lembrança esse
termo me faz ter? Como eu ando cuidando de minha saúde mental? De
quais estratégias me utilizo para cuidar de minha saúde mental? Ao final
o facilitador solicita que os participantes se acomodem (sentem-se) e
permaneçam de olhos fechados. 3) Identificação por objetos ou figuras:
O facilitador dispõe no chão da sala vários objetos pequenos ou figuras
que chamem a atenção pelas cores, detalhes, formas...; ao passo que
272 Terapia Ocupacional • Volume 3

durante essa distribuição de objetos/figuras permaneça realizando o


comando verbal: Para mim o que é saúde mental? E, como eu cuido
da minha? E solicita aos participantes a abrirem os olhos observarem e
pegarem o objeto/figura que lhe chame mais atenção, que represente o
seu significado de saúde mental, que mais se identifique; a quantidade
de objetos/figuras deverá ser igual ao número de participantes com
excedente de três. 4) Compartilhar: Nesse momento o facilitador
convida aos participantes que se sintam a vontade e queiram relatar,
apresentar seu objeto/figura e seu significado sempre o relacionando
ao tema: “para mim o que é saúde mental? e como eu cuido da minha?”
bem como, explanem acerca do que representou a vivência para cada
um.5) Fechamento: o facilitador solicita aos participantes que fiquem
de pé, dêem as mãos, façam um círculo, caminhem um passo a frente
e formem um abraço comunitário (braços entrelaçados às cinturas dos
participantes), agradeçam com um olhar e um sorriso a presença e a
existência de cada um e em uma palavra definam o que esse momento
despertou em cada um, ao término, se comprometam a estarem
presentes no próximo encontro.

3° Encontro: Aplicação da autoavaliação do estilo de vida –


Pentáculo. Objetivos: Intensificar a auto percepção dos profissionais de
saúde quanto ao cuidado de si e cuidado do outro de forma a promover
uma sensibilização em relação à saúde mental e possibilitar um
exercício de clínica ampliada. Metodologia: 1) Aquecimento corporal: o
facilitador solicita aos participantes que fiquem de pé, dêem as mãos,
façam um círculo, iniciem uma atividade corporal com alongamento,
soltura, exercícios de respiração, automassagem. 2) Aplicação da auto
avaliação do estilo de vida pentáculo. O facilitador explica sobre a
avaliação e conduz a aplicação da mesma,aonde cada participante vai
respondendo e preenchendo seu gráfico. O pentáculo é uma avaliação
disponibilizada no Guia Prático do cuidador do MS a qual consiste numa
pontuação de 0 a 3 para cada afirmativa no total de quinze, dispostas
nas 05 áreas da vida (marcadores de saúde): alimentação, atividade
física, comportamento preventivo, relacionamento social e controle do
estresse. 3) Compartilhar: o facilitador estimula o grupo a apresentar o
seu pentáculo preenchido e compartilhar o resultado e as contribuições
da avaliação por cada participante que se sentir à vontade de apresentar
e conduz o grupo a refletir sobre sua clientela e como a mesma cuida
de sua saúde, bem como se o resultado da minha avaliação condiz com
CAPÍTULO 6 273

o que esperam de um profissional de saúde e como eu posso traçar


estratégias de poder ser exemplo para a clientela. 4) Fechamento:
o facilitador solicita aos participantes que fiquem de pé, dêem as
mãos, façam um círculo, caminhem um passo a frente e formem um
abraço comunitário (braços entrelaçados às cinturas dos participantes),
agradeçam com um olhar e um sorriso a presença e a existência de cada
um e se comprometam a cuidarem de si dizendo: irei cuidar mais...
(da área que ficou mais evidente de necessidade de cuidado ao final da
avaliação) e a estarem presentes no próximo encontro.

4° Encontro: Explanação acerca do que é transtorno mental?


Seus fatores de risco e os tipos mais comumente encontrados na APS.
Objetivo: Compartilhar conhecimentos específicos à área de saúde
mental; conscientizar os profissionais de saúde sobre a gravidade, a
seriedade e o sofrimento que os transtornos mentais acarretam as
pessoas; proporcionar o exercício ao conceito de clínica ampliada
relacionando teoria e prática. Metodologia: 1) Aquecimento corporal: o
facilitador solicita aos participantes que fiquem de pé, dêem as mãos,
façam um círculo, iniciem uma atividade corporal com alongamento,
soltura, exercícios de respiração, automassagem. 2) Facilitador inicia
perguntando aos participantes, o que eles entendem sobre transtorno
mental e baseia sua fala no relato dos profissionais, caracterizando,
explicando os tipos, sinais, sintomas, os fatores de riscos, os
dispositivos de cuidado, correlacionando aos exemplos vivenciados
pelos participantes com sua clientela. 3) Categorização de palavras:
montagem da linha da vida do ser humano desde a concepção à terceira
idade (gráfico retirado do guia prático de matriciamento em saúde
mental), distribui várias tarjetas, de uma a três para cada participante,
com os fatores de riscos para transtorno mental e solicita aos
profissionais que reflitam e aloquem o fator de risco na etapa da vida
na qual o mesmo se apresenta de forma mais intensa e comum. Após
o término da montagem inicia-se discussão sobre a relação dos fatores
de risco e as condições biopsicossocioeconômicas da clientela atendida
na APS e possivelmente uma reordenação dos mesmos, aprofundando o
debate e a compreensão acerca dos transtornos mentais desmistificando-
os e aproximando-os de uma realidade que parece distante de ocorrer
com qualquer indivíduo. 4) Compartilhar: facilitador estimula aos
participantes a relatarem o que aprenderam com essas discussões e
se é possível a partir de agora identificar os usuários com propensão
274 Terapia Ocupacional • Volume 3

a desenvolverem ou estarem em sofrimento psíquico. 5) Fechamento:


o facilitador solicita aos participantes que fiquem de pé, dêem as
mãos, façam um círculo, caminhem um passo a frente e formem um
abraço comunitário (braços entrelaçados às cinturas dos participantes),
agradeçam com um olhar e um sorriso a presença e a existência de cada
um, em uma palavra definam o que esse momento significou e ao final se
comprometam a estarem presentes no próximo encontro.

5° Encontro: Apresentação e aplicação do cartão Babel (parte I).


Objetivos: Aprofundar os novos conhecimentos acerca dos transtornos
mentais comuns; Conhecer e aprender a aplicar o instrumento principal
de avaliação em saúde mental a ser utilizado na APS; Metodologia: 1)
Aquecimento corporal: 1) Aquecimento corporal: o facilitador solicita
aos participantes que fiquem de pé, dêem as mãos, façam um círculo,
iniciem uma atividade corporal com alongamento, soltura, exercícios de
respiração, automassagem. 2) Apresentação do Cartão Babel: facilitador
vai realizando a leitura e explicação do primeiro quesito presente no
cartão exame das funções psíquicas, de forma a detalhar todos os
termos presentes e realizar uma ponte com os casos presentes na APS,
ou seja, relacionando sempre a teoria com a prática. 3. Explicação e
autoaplicação do cartão: facilitador solicita os participantes a se auto
avaliarem em todas as seis avaliações de rastreio presentes no cartão
e vai realizando a leitura e explicação de cada uma ao passo em que os
profissionais vão respondendo e preenchendo. 4) Aplicação do Cartão:
facilitador convida aos participantes a se dividirem em duplas para que
os mesmos possam treinar o uso dessa ferramenta e orienta a condução
de forma que todos possam realizar as avaliações. 5) Compartilhar:
facilitador solicita aos profissionais que possam relatar sobre o conteúdo
que acabaram de conhecer e sua possibilidade de aplicação no cotidiano
do trabalho. 6) Fechamento: o facilitador solicita aos participantes que
fiquem de pé, dêem as mãos, façam um círculo, caminhem um passo a
frente e formem um abraço comunitário (braços entrelaçados às cinturas
dos participantes), agradeçam com um olhar e um sorriso a presença
e a existência de cada um, em uma palavra definam o que esses
encontros representaram e se comprometam a realizarem o processo de
matriciamento o qual foi somente iniciado.

2.4 – Considerações Finais.


O POP aqui explanado consistiu no município de Eusébio-CE, numa
CAPÍTULO 6 275

ferramenta capaz de desmistificar o processo de matriciamento em


saúde mental e conseguir novos adeptos a essa prática sem causar um
distanciamento dos profissionais da APS devido aos conteúdos teórico-
práticos por eles não familiarizados; os quais numa primeira impressão
podem remeter a intensificação de tarefas a serem cumpridas numa
sobrecarga de trabalho já constatada na APS.
Portanto pode-se afirmar que foi possível se obter resultados positivos
quanto à sensibilização das equipes da APS, amenização do estigma e
preconceito em relação aos indivíduos em questão, adesão à proposta de
utilização cotidiana do MSM, onde, a partir dai inaugurou-se o processo de
implantação do Matriciamento em Saúde Mental no município em questão.
Espera-se que a partir dessa experiência exitosa outros profissionais
de saúde mental possam se utilizar dessa ferramenta de forma a facilitar
a condução desse processo que perpassa quase que exclusivamente por
uma motivação e mobilização interna de cada profissional envolvido em
se lançar no que inicialmente pode se configurar como um território
desconhecido, contudo, já pré-concebido como perigoso, amedrontador,
difícil, entre tantos outros adjetivos negativos.
Bem como, almejam-se futuros desdobramentos, aprimoramentos
e adequações conforme a realidade de cada território na busca de um
Sistema Único de Saúde igualitário, universal e equânime.

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- OLIVEIRA, Y.C. A clínica terapêutica ocupacional com usuários


de substâncias psicoativas: o desafio da práxis. Revista Brasileira em
Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 19, n. 4, p. 229-233, 2006.

- ROTELLI, F. A instituição inventada. In: ROTELLI, F.; LEONARDIS,


O.; MAURI, D. (Org.). Desinstitucionalização. São Paulo: Hucitec, 2001.

- REVERBEL, C.M.F. Desinstitucionalização: a construção de


cidadania e a produção de singularidade. Psicologia: Ciência e Profissão,
CAPÍTULO 6 283

São Paulo, v. 16, p. 4-11, 1996. Disponível em: <http://www.scielo.br/


pdf/pcp/v16n1/02.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2017.

2 – TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE MENTAL: POSSIBILIDADES


PARA ALÉM DA CLÍNICA:

1. Dimenstein, M. et al. O apoio matricial em Unidades de


Saúde da Família: experimentando inovações em saúde mental. Saúde
Soc;18(1):63-74, jan. - mar. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/pcp/v28n3/v28n3a15.pdf.

2. BRASIL. Saúde mental na atenção básica: o vínculo e o diálogo


necessários. Brasília, DF: Ministério da Saúde 2003.

3. CHIAVERINI, D.H. et al. Guia prático de matriciamento em


Saúde Mental. Brasília: Ministério da Saúde, Centro de Estudos e
Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011. Disponível em: https://issuu.com/
luisfernandotofoli/docs/guia-pratico-de-matriciamento-em-saude-mental.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde/


DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo
de atenção: relatório de gestão 2003-2006. Brasília, DF, 2007.

5. Bezerra, E.; Dimenstein, M. Os CAPS e o trabalho em rede:


tecendo o apoio matricial na atenção básica. Psicologia ciência e
profissão, 28(3), 632-645. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/pcp/v28n3/v28n3a15.pdf.

6. CAMPOS, G.W.S.; DOMITTI, A.C. Apoio matricial e equipe de


referência: uma metodologia para gestão do trabalho interdisciplinar em
saúde. Cad. Saúde Pública, v.23, n.2, fev., p. 399-407, 2007.

7. BRASIL. Guia prático do cuidador/ Ministério da Saúde, Secretaria de


Atenção à Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Brasília: Ministério da Saúde, 2008.64 p.: il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

8. NOGUEIRA, L.C.L. Gerenciando pela qualidade total na saúde. 4ª


ed. Belo Horizonte (MG): Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2003.
CAPÍTULO 7
TERAPIA OCUPACIONAL, NEURO-OCUPAÇÃO E
PSICOTERAPIA – ASPECTOS TEÓRICOS, PRÁTICA CLÍNICA
E RELAÇÃO MULTIPROFISSIONAL.
Cíntia Schwab de Castro

“O que temos que aprender a fazer,


aprendemos fazendo”.
Aristóteles

1 - Um Velho Novo Caminho.


A atuação do Terapeuta Ocupacional, frente às inúmeras facetas
do fazer humano, é extremamente diversificada. Na saúde mental, não
poderia ser diferente. Diversos teóricos, partindo de pontos diferentes,
agregam valor à profissão com a multiplicidade dos seus olhares. Quando
se fala de psicoterapia na terapia ocupacional, apesar de algo já bem
antigo (o termo, “Psicoterapia Ocupacional” já era utilizado por Suliano
Filho, em 1982), ainda há muito medo e insegurança em assumir esta
posição, cercada de pré-conceitos e ignorância (1).
Rui Chamone Jorge, terapeuta ocupacional mineiro e um dos
fundadores da graduação em terapia ocupacional da UFMG, seguiu
a terminologia proposta por Suliano Filho e nomeou seu último livro
(publicado após o seu falecimento) como psicoterapia ocupacional
(1995), tomando este nome para a nova abordagem que propunha. Para
Jorge, a terapia ocupacional podia ser definida como “método crítico-
laborativo das relações humanas, portanto, modo psicoterapêutico” (2).
Sendo a psicoterapia uma intervenção multiprofissional, em 2010, o
College of Occupational Therapits of Ontario (COTO) fez uma publicação
denominada Standards For Psychotherapy em que conceitua o seguinte:
“A psicoterapia concentra-se nos problemas emocionais do cliente
com o objetivo de mudar padrões de comportamento de derrota,

285
286 Terapia Ocupacional • Volume 3

promovendo mudanças positivas de personalidade, crescimento e


desenvolvimento e reorganizando a personalidade. Os psicoterapeutas
frequentemente trabalham com uma variedade de teorias ou
combinações de teorias e podem usar um ou mais procedimentos ou
modelos para tentar alcançar os resultados desejados” (3).
Em dezembro de 2013, Moll et. al. publicaram artigo na
Canadian Journal of Occupational Therapy marcando a importância da
psicoterapia como parte da prática da terapia ocupacional psicossocial,
reforçando que seu uso requer treinamento especializado para alcançar
e manter a competência para esta atuação (4).
Considerando a psicoterapia uma ferramenta multiprofissional,
surgem então alguns questionamentos, tais como: o que um terapeuta
ocupacional agregaria numa equipe de saúde mental com esta prática?
Qual fundamentação teórica respalda este desempenho? Estas respostas
serão obtidas ao longo desse capítulo, descrito a seguir.

3.2 - A Relação Triádica na Terapia Ocupacional.


Rui Chamone Jorge definia a relação terapêutica ocupacional como
uma relação triádica entre terapeuta, paciente e atividade, em que
cada vértice do triângulo faz a mediação da relação entre os outros dois.
A atividade estaria dividida em três elementos: material, ferramenta e
objeto-concreto, totalizando o que ele chamava de “cinco elementos da
terapia ocupacional”, como é possível visualizar na Figura 1.

Figura 1. “Os Cinco Elementos da Terapia Ocupacional”.


CAPÍTULO 7 287

Em 1995, Vianna faz uma releitura da tríade proposta por


Jorge identificando, primeiro, os elementos OSI (nesta ordem, “O”
representaria o objeto, a que Jorge chamou de material, “I” seria a
imagem conceitual, o objeto plástico enquanto articulação discursiva,
Jorge chamou de objeto-concreto, e “S” seria qualquer pessoa) e
nomeando esta relação de “Triparalelismo do Conhecimento”. Em
seguida, encaixou o sistema OSI num novo triângulo (Figura 2), ao qual
denominou de “O Conhecimento Geral da Terapia Ocupacional” (5).

Figura 2 - “O Conhecimento Geral da Terapia Ocupacional”.


288 Terapia Ocupacional • Volume 3

Numa reorganização dos triângulos de Chamone e Vianna, chegou-


se ao triângulo da Figura 3.

Figura 3 - “Imagem Conceitual”.

Entretanto, tratar esta relação como geradora de uma imagem


conceitual parece pouco. Foi quando se teve conhecimento, em
Nova York, durante a formação em Accelerated Experiential Dynamic
Psychotherapy (AEDP), o triângulo de self-outro-emoção (Figura 4) usado
por Diana Fosha para exemplificar como ocorrem as psicopatologias e o
trabalho com a perspectiva de cura (6).

Figura 4 - “self-outro-emoção”.
CAPÍTULO 7 289

3.3 - O Triângulo do Conflito.


Segundo Fosha (2000), a relação que estabelecemos com nossos
cuidadores nos primeiros anos de vida são fundamentais na construção
de resiliência emocional ou mesmo de uma psicopatologia. Então, nos
relacionamos com o “outro” (cuidador primário) recebendo influência de
acontecimentos externos e sentindo emoções (6).
Quando o “outro” tem recursos internos suficientes e sabe como
manejar os afetos (comportamentos observáveis que representam as
emoções) dos (geralmente) filhos, os filhos podem sentir, na linguagem
de Fosha, a emoção central, aprender a manejá-la com os cuidadores
e se relacionar de forma segura, tanto com os cuidadores quanto,
posteriormente, com as pessoas que o circundam.
Entretanto, se os cuidadores não sabem como lidar com os afetos
dos filhos, estes terão que fazer uma escolha, não de forma consciente.
Haverá um rompimento ou com os cuidadores ou com a emoção central
(ou emoção primária, na linguagem de Pat Ogden, que teorizou a
Sensorymotor Psychotherapy) (7).
Uma criança não pode ficar sem o cuidado dos seus cuidadores.
Então, o que lhe resta é romper com a emoção, deixando de senti-la
e dando lugar a outros conteúdos, que irão gerar a psicopatologia. É
aí que surgem as defesas e as emoções secundárias, na linguagem de
Ogden, ou “afetos de sinal vermelho”, na linguagem de Fosha, formando
um novo triângulo: o triângulo do conflito (figura 5).

Figura 5 - “Conflito”.
290 Terapia Ocupacional • Volume 3

3.4 - O Cérebro Triuno e a Neuro-Ocupação.


Partimos, então, para um aprofundamento em outra teoria:
o cérebro triúno, que vai nos ajudar a compreender como toda
emoção tem um componente somático e um componente cognitivo. O
neurocientista Paul Maclean criou a teoria do cérebro triúno (ou trino)
e apresentou-a em 1990 no livro “The Triune Brain in evolution: Role in
paleocerebral functions” (8).
O três cérebros seriam: (a) o cérebro reptiliano, o tronco cerebral,
responsável pelo processamento sensório-motor, em amarelo na
figura 6 (b) o cérebro mamífero, o sistema límbico, responsável pelo
processamento das emoções, em verde na figura 6 e (c) o cérebro de
primatas e humanos, o neocórtex, responsável pelo processamento
cognitivo, em azul na figura 6.

Figura 6 - (a) (b) (c).

Essa teoria nos mostra que não somos um corpo ambulante no mundo,
nem somente um conjunto de crenças que definirão nosso destino, ou um
compêndio de emoções que nos levam do Oiapoque ao Chuí em segundos
sem nem entendermos o que está acontecendo. Há correspondentes
sensório-motores e cognitivos para cada emoção, há correspondentes
emocionais e cognitivos para cada sensação e/ou movimento e há
correspondentes sensório-motores e emocionais para cada pensamento/
crença. Não é possível romper com uma emoção sem padrões de crença, de
postura, de movimento e sensações que sustentem esse padrão.
Com base na teoria do cérebro triúno, Tina Champagne (2011)
nos apresenta a neuro-ocupação (9). O termo foi uma inflexão das
neurociências ao termo ocupação, naturalmente para dar visibilidade
científica ao uso de ocupações como dispositivos terapêuticos.
Champagne apresenta o neocórtex como a estrutura responsável
CAPÍTULO 7 291

pela “consciência perceptiva”, o sistema límbico responsável pelo


“significado”, e o tronco cerebral responsável pela “intencionalidade”.
Amplio o uso do termo “neuro-ocupação” para o conhecimento
produzido pela neurocientista Kelly Lambert (2008). Lambert descobriu
que, além da chamada “Recompensa Cerebral”, temos também a
“Recompensa Impulsionada Pelo Esforço”. Essas descobertas foram
fundamentais para a auto-preservação humana por motivar os seres
humanos primitivos à realização de esforço físico necessário para a
obtenção de recursos para a sobrevivência. Segundo Lambert, quando o
esforço físico (principalmente se feito com as mãos) produz algo tangível,
visível e significativo, há sensação de bem-estar, realização e satisfação e
o cérebro é estimulado em diversas regiões, o que não acontece quando
obtemos um “prazer pronto”, como no caso de substâncias psicoativas ou
mesmo no lazer maquinizado de ver televisão (10).
Diante de todos esses conhecimentos, conclui-se que quando se
fala em imagem conceitual, fala-se também em emoção, em sensação e
em movimento. Essa relação se dá frente a diversas ações, engendradas
numa cultura. Então, apresento um novo triângulo. Um triângulo do
sentir, pensar e fazer na relação com o outro no âmbito da cultura.

Figura 7 - “Sentir, pensar e fazer na relação com o outro no


âmbito da cultura”.

Quando um indivíduo rompe com sua emoção primária, ele rompe


também com suas sensações e movimentos construindo crenças que trarão
estagnação, não conseguindo fazer o que realmente gostaria de fazer.
292 Terapia Ocupacional • Volume 3

Na psicoterapia, como bem descreve Fosha (2000), o terapeuta


entrará no lugar desse “outro”, promovendo uma experiência
emocional corretiva (6), e, segundo Ogden (2012), facilitando que
ocorra o que precisa acontecer (7). Então, esse triângulo passa a fazer
parte do processo psicoterapêutico, ao qual pode ser denominado de
“psicoterapia neuro-ocupacional.

Figura 8 - “Psicoterapia Neuro-Ocupacional”.

Aqui temos o cliente como alguém que sente (emocional e


fisicamente), pensa e faz na relação com o terapeuta e tudo isso
permeado pelo arcabouço cultural em que se encontram.

3.5 - A Peculiaridade da Terapia Ocupacional.


O terapeuta ocupacional é o profissional que trabalha visualizando
a atividade como parte de uma relação triádica, e o seu “grande
trunfo” nos trabalhos em equipe é ser o “profissional da ação”. Pois,
o mesmo trabalha por meio da ação (fazer, atividade, ocupação) para
uma ação mais adaptativa, alcançando, com esta intervenção, os três
níveis do cérebro, enquanto outros profissionais vieram de uma prática
intervencionista verbal, privilegiando apenas o neocórtex.
Todavia, os pacientes atendidos nas instituições de saúde mental
têm grande possibilidade de terem sofrido traumas emocionais ao longo
da vida. Quando isso ocorre, há um comprometimento da integração do
CAPÍTULO 7 293

processamento das informações nos níveis cognitivo, emocional e sensório-


motor do cérebro e também hiper ou hipoestimulação autonômica, levando
a uma elevação das emoções, pensamentos em círculo e má interpretação
das pistas presentes no ambiente como as do trauma do passado (7).
Trabalhar só com o conteúdo verbal, sem acessar sensações corporais
e movimentos, é insuficiente para ajudar quem sofreu trauma. Pois o
terapeuta ocupacional, por já utilizar de método ascendente ou bottom-up
(trabalhando a partir do tronco cerebral) tem um arcabouço de ferramentas
mais apropriado para a clientela, precisando apenas aprofundar o
conhecimento e o uso de técnicas adequadas para promover a reintegração
da pessoa assistida, tanto do ponto de vista neurológico, quanto do social.
Por fim, o terapeuta ocupacional, enxergando a atividade a partir
de uma ótica neurocientífica, considerando a relação terapeuta versus
cliente como reparadora de vínculos anteriores, e percebendo o cliente
a partir de suas expressões plásticas, sensório-motoras, emocionais e
cognitivas, tem possibilidade de um cuidado psicoterapêutico, desde que
haja treinamento adequado para esta atuação, sendo fundamental a sua
presença nas equipes de saúde mental pela possibilidade de proporcionar
a elaboração de conteúdos que não seriam trabalhados de outra maneira.

Referências Bibliográficas.

1 - FILHO, S. Ocupoterapia: Psicoterapia Ocupacional e Espiritual,


Humanização Hospitalar, Nossa Experiência. Fortaleza: Módena, 1982.

2 - JORGE, R.C. Museu Didático de Imagens Livres Professor Rui


Chamone Jorge: Mostra “Corpo Grupal”. Belo Horizonte: GES. TO, 1997;
JORGE, R.C. Psicoterapia Ocupacional: História de um Desenvolvimento.
Belo Horizonte: GES.TO, 1995.

3 - COLLEGE OF OCCUPATIONAL THERAPISTS OF ONTARIO. Standards


For Psychotherapy (2010). Https://www.coto.org/docs/default-source/
standards/coto_

4 - MOLL, S.E.; TRYSSENAAR, J.; GOOD, CR.; DETWILER, L.M.


Psychotherapy: a profile of current occupational therapy practice in
Ontario. Can J Occup Ther. 2013 Dec;80(5):328-36. PubMed PMID: 24640647.
294 Terapia Ocupacional • Volume 3

5 - VIANA, R.G.V. Terapia Ocupacional: Oficina do Homem se Fazer. In:


Cadernos de Terapia Ocupacional, Ano VII, nº1. Belo Horizonte: GES.TO, 1995.

6 - FOSHA, D. The Transforming Power of Affect: a Model for


Accelerated Change. New York: Basic Books

7 - OGDEN, P.; MINTON, K.; PAIN, C. (2006). Trauma and the Body. A
Sensorimotor Approach to Psychotherapy. New York: Norton, 2000.

8 - VAN DER KOLK, B.A. The Body Keeps The Score: brain, mind,
and body in the healing of trauma. New York: Viking Press, 2014.

9 - CHAMPAGNE, T. Sensory Modulation & Environment: Essential


Elements of Occupation. Australia: Pearson, 2011.

10 - LAMBERT, K. Lifting Depression: A Neuroscientist’s hands-


on approach to activating your brain’s healing power. New York: Basic
Books, 2008.
CAPÍTULO 8
TERAPIA OCUPACIONAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL.

1 - TERAPIA OCUPACIONAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL


- INTRODUÇÃO.
Leiliane Helena Gomes

1.1 – Considerações Iniciais.


O terapeuta ocupacional no campo social atua a partir da compreensão
de hábitos, de costumes, de tradições, da diversidade, de modos de realização
da vida cotidiana, de atividades da vida diária e da vida prática, de trabalho,
de lazer, de saberes e conhecimentos, de história da vida ocupacional.
Utiliza como instrumento de intervenção as atividades humanas (atividades
culturais, expressivas, corporais, lúdicas e de convivência) a fim de auxiliar
na organização da vida cotidiana, da vida prática e ocupacional para elaborar
projetos de vida singulares, favorecer o pertencimento social e o acesso às
trocas econômicas e ao mercado de trabalho. A Resolução 17, 20 de junho
de 2011 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) ratificar a equipe
de referência definida pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do
Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH/SUAS e reconhece o Terapeuta
Ocupacional como profissional de nível superior habilitado para atender as
especificidades dos serviços socioassistenciais e exercer funções essenciais de
gestão do Sistema Único de Assistência Social - SUAS.
O terapeuta ocupacional, no âmbito de sua atuação, é profissional
competente para atuar em todos os níveis de complexidade da
política de assistência social, do desenvolvimento socioambiental,
socioeconômico e cultural.

1.2 - Sistema Único de Assistência Social - SUAS.


1.2.1 - Terapia Ocupacional nos Serviços de Proteção Social Básica-
algumas ações.

A. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF).


Atua na prevenção da ruptura dos vínculos familiares e no seu

296
CAPÍTULO 8 297

fortalecimento, promovendo ações que envolvam o fazer em família


através de atividades grupais significativas para essas famílias nos
contextos em que estão inseridas, fortalecendo laços afetivos e sociais
e a capacidade protetiva da família.Atua na prevenção da ruptura dos
vínculos comunitários e no seu fortalecimento, promovendo ações que
envolvam atividades com experiências de trocas sociais , afetivas,
econômicas, informativas e na mediação sócio-ocupacional e superação
de conflitos entre membros de famílias, na reorganização da vida
cotidiana familiar através de iniciativas interdisciplinares.

B.Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.


Desenvolve atividades junto à família e às crianças que possibilitem
e garantam o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social das
crianças e o respeito aos seus direitos. Promove a participação na
vida familiar e comunitária de crianças com deficiência, identificando
necessidades e demandas individuais e familiares; buscando recursos
para o desenvolvimento das potencialidades, preparação de adolescentes
para o trabalho, a partir de grupos de atividades experimentais, grupos de
construção de interesse e de trocas de saberes; auxilia na organização da
vida cotidiana e educacional de crianças e adolescentes que se encontrem
em situação de vulnerabilidade ou processos de fragilização de vínculos;
desenvolve atividades e experiências que ofereçam oportunidades de
resgate , reconstrução e valorização da memória do idoso promovendo
encontros intergeracionais.

C.Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com


Deficiência e Idosos.
Desenvolve atividades que apóiem a pessoa com deficiência ou idosa no
desenvolvimento de suas atividades de vida cotidiana .Promove atividades e
cria alternativas para que as pessoas com deficiência e /ou idosas e famílias
possam acessar serviços de apoio, equipamentos de ajuda e outros serviços
visando os direitos sociais estabelecidos.Identifica e participa da criação
de alternativas de lidar com famílias que vivem em situação de abandono,
negligência e maus tratos com pessoas com deficiência e idosos.

1.2.2 - Terapia Ocupacional nos Serviços de Proteção Social Especial


- Média Complexidade - algumas ações.

A. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado à Famílias e


Indivíduos (PAEFI).
Realiza atividades que facilitem aos indivíduos e às famílias o
298 Terapia Ocupacional • Volume 3

acesso a experiências diversas de expressão, tais como culturais,


artísticas, esportivas, ritualísticas, lingüísticas, entre outras. Favorece
as atividades em grupos comunitários voltados para a identificação
conjunta dos potenciais econômicos das comunidades.

B.Serviço Especializado em Abordagem Social.


Participa da busca ativa no território a fim de identificar a
incidência de trabalho infantil e outras formas de exploração, situação
de rua (nas diferentes faixas etárias),produzindo a leitura de cada situação
e sua especificidade, a fim de promover o acesso a benefícios e a rede
assistencial. Elabora ações de reinserção comunitária em parceria com a
rede de serviços territoriais;

C.Serviço de Proteção a Adolescentes em Cumprimento de Medida


Sócioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC).
Contribui para a elaboração dialogada de projetos junto aos (às)
adolescentes, focando as estratégias e atividades capazes de organizar
a vida cotidiana, favorecer o sentimento de pertencimento familiar e
grupal. Contribuir para construção de um projeto de vida não atrelado à
prática do ato infracional através de atividades para a reconstrução de
sentido, a valorização de potencialidades, habilidades e conhecimentos
dos adolescentes, favorecendo as trocas afetivas e de confiança, e a
constituição de redes sociais e de apoio.

D.Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência,


Idosas e suas Famílias.
Promove o desenvolvimento da autonomia e a melhoria da
qualidade de vida de pessoas com deficiência e idosos (as) com
dependência, seus cuidadores e suas famílias e apoio às famílias na
tarefa de cuidar, diminuindo a sua sobrecarga de trabalho e utilizando
meios de comunicar e cuidar que visem à autonomia dos envolvidos
através de atividades individuais/grupais com as famílias/cuidadores e
idosos sendo em espaço interno ou território.

E.Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua.


Realiza o estudo e auxilia na organização da vida cotidiana, da vida
prática e ocupacional de pessoas em situação de rua (no caso de jovens
e adultos).Elabora projetos de vida singulares, de forma dialogada,
CAPÍTULO 8 299

focando as estratégias e atividades capazes de organizar a vida


cotidiana, favorecer o pertencimento familiar (se for o caso), grupal e
a adesão a um projeto de futuro.Trabalha com a participação e adesão
aos acontecimentos no território e em circuitos de pertencimento, que
potencializem as trocas em relação à vida em comunidade.

1.2.3 - Terapia Ocupacional nos Serviços de Proteção Social Especial


– Alta Complexidade - algumas ações.

A.Serviço de Acolhimento Institucional nas Modalidades: Abrigo


Institucional, Casa lar, casa de Passagem e Residência Inclusiva.
Elabora projetos singulares de vida de forma dialogada, focando
as estratégias e atividades capazes de organizar a vida cotidiana,
favorecer o pertencimento familiar e grupal, a adesão a um projeto
de vida, o surgimento e o desenvolvimento de aptidões, capacidades e
oportunidades para que os indivíduos façam escolhas com autonomia
e promover o acesso a programações culturais, de lazer, de esporte e
ocupacionais internas e externas. Proporcionar atividades grupais que
possibilitem o resgate e o registro da identidade do sujeito, valorizando
as singularidades e a história de cada um e que facilitam a troca de
experiências entre os técnicos da equipe e os usuários, visando colaborar
com a organização da vida cotidiana do serviço de acolhimento, a
convivência entre as pessoas envolvidas e o respeito às particularidades.

B.Serviço de Acolhimento em República.


Preparar os usuários para o alcance da auto-sustentação preservando
suas condições de autonomia e independência visando o fortalecimento de
vínculos familiares e facilitando a dinâmica operativa da vida cotidiana da
república. Desenvolve iniciativas que visem à preparação dos moradores para o
mercado de trabalho e sua inserção produtiva, a partir de grupos de conversa e
discussão, atividades experimentais e grupos de construção de interesse.

C.Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora.


Compõe a equipe de recepção da criança ou do adolescente
a ser encaminhado para a família acolhedora, lançando mão de
recursos expressivos e lúdicos para o seu acolhimento.Auxilia a
família acolhedora no acesso a serviços sociais para a nova criança ou
adolescente, tais como ingresso na escola, participação em atividades
locais de cultura e lazer, acesso a serviços de saúde e outros.
300 Terapia Ocupacional • Volume 3

D.Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e


de Emergências.
Contribui com o planejamento e a gestão de respostas globais
às necessidades e demandas verificadas junto à população atingida,
definindo prioridades de intervenção no seu âmbito profissional.Identifica
e intervém sobre os problemas inerentes às atividades da vida cotidiana
de pessoas, grupos e comunidades atingidas, de modo a favorecer
sua reorganização e realização.Utiliza atividades como tecnologia de
mediação socioassistencial para promover a reconstituição e reconstrução
de pessoas e da vida comunitária das comunidades atingidas.

2 - ABORDAGENS TERAPEUTICAS OCUPACIONAIS NO


SISTEMA PRISIONAL COM PESSOAS PRIVADAS DE
LIBERDADE.
Cristina Maria da Paz Quaggio
Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade

2.1 – Introdução.

A crítica ao aumento da violência, à falta de punição aos criminosos


e ao sistema penitenciário é extensa. Os problemas que se colocam são
graves e as soluções apresentadas não têm mostrado a eficácia necessária,
considerando os prejuízos causados à sociedade como um todo (1).
Segundo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias
– INFOPEN (2017), foi exibido em seu último relatório 2015-2016, que
o sistema prisional apresentou nesse período o número de 726.712
indivíduos em condições carcerárias, com 1422 unidades prisionais no
Brasil, o que representa 707% de crescimento, em relação ao total
registrado no início da década de 90 (2).
Esse cenário denota um aumento da criminalidade e retrata um
problema social grave, ligado a segurança pública. Consequentemente
esse problema se associa a mudança de comportamento da sociedade,
que em estado vulnerável, se manifesta quanto a necessidade de leis
mais rigorosas (3).
Nesse contexto, a realidade atual do sistema penitenciário não se
apresenta de fato como a melhor resposta para o indivíduo se reintegrar
à sociedade, uma vez que as condições das pessoas no convívio diário
não favorece esse objetivo (4; 5).
CAPÍTULO 8 301

As críticas aos danos causados pela inatividade dentro dos presídios


e a aclamação do trabalho como fonte de regeneração têm sido
pesquisados, sendo as atividades laborais utilizadas em grande parte das
instituições prisionais. Além disso, a ressocialização se dá a partir de
abordagens biopsicossociais e de saúde mental (1).
Ao privar o indivíduo de sua liberdade o aparelho punitivo
deve oferecer alternativas para sua recuperação visando o retorno
à sociedade. No Brasil foram criadas algumas ações no intuito de se
trabalhar a ressocialização e de dar garantia de acesso as pessoas
privadas de liberdade, ao cuidado integral à saúde e o acesso ao SUS
através da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas
Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (6).
A saúde foi estabelecida como direito de todos e dever do Estado
pela Constituição Federal de 1988 e o acesso da população carcerária
a este serviço foi considerado na Lei nº 8.080/1990 que regulamentou
o Sistema Único de Saúde e, mais especificamente, na Lei de Execução
Penal - LEP nº 7.210/1984 e no Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário (PNSSP) instituído pela Portaria Interministerial nº 1777
de 09/09/2003, a Portaria Interministerial nº 268 de 17/09/2003 e a
Portaria nº 1.552 de 28/07/2004 (6).
O PNSSP prevê a assistência humanizada à saúde da população
carcerária em conformidade com as diretrizes do SUS, seguindo
princípios éticos, de justiça, cidadania e direitos humanos, participação,
equidade e transparência (1). Sendo assim, para atender as demandas
de saúde as Equipes de Atenção Básica Prisional, podem se organizar em
cinco modalidades que incluem categorias profissionais da Estratégias
Saúde da Família, que envolvem: enfermeiro, médico, técnico ou
auxiliar de enfermagem, cirurgião-dentista e técnico ou auxiliar de
saúde bucal, somados a profissionais como psiquiatra, terapeuta
ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social e farmacêutico.
Através de um trabalho interdisciplinar eficiente esta equipe
trabalha com a perspectiva de implantar um processo preventivo ou de
reabilitação que possa estimular mudanças e contribuir para melhorar a
educação do detento (7).

2.2 - Relação Terapêutica e Terapia Ocupacional em Instituições


Prisionais.
A Terapia Ocupacional é uma profissão que está relacionada à área
social, saúde e educação, entendendo que deve zelar pelo completo estado
302 Terapia Ocupacional • Volume 3

de bem-estar biopsicossocial do paciente. Sua prática fundamenta-se nas


atividades humanas para desenvolver e oferecer um adequado atendimento
a indivíduos ou grupos que necessitem de sua intervenção, objetivando
ampliar o desempenho das pessoas, solucionar os problemas de saúde física
e mental, disfunções sociais e melhorar a qualidade de vida em geral.
Sendo assim, para o terapeuta ocupacional o tratamento
penitenciário consiste em assistir o detento promovendo "seu
reajustamento consigo mesmo e com os outros, numa adaptação
racional a seu meio sociocultural" (8).
A Terapia Ocupacional no sistema prisional, faz um levantamento
histórico laborativo do detento, para que seja contemplada a execução de
atividades laborais e escolares, além de avaliar o estado físico-funcional e
mental dos internos para a compatibilidade das atividades propostas. (9)
Portanto, no sistema prisional o uso da atividade é o principal
recurso terapêutico, podendo ser trabalhado os atendimentos em
grupos ou individualmente, além de execução de oficinas terapêuticas e
acompanhamento de grupos de trabalho.
O objetivo primordial do tratamento com o detento é facilitar o
crescimento pessoal, interação social e inclusão cultural. O desafio é
saber como trabalhar a promoção da adaptação do preso na reabilitação,
reintegração ou reinserção em um ambiente carcerário com uma rotina
rígida e imutável. O comportamento ocupacional deve ser analisado e
direcionado a todo momento, já que é o único caminho para alcançar
melhores resultados no desempenho ocupacional do indivíduo.

“A meta do indivíduo é a satisfação da vida atra-


vés da adaptação ocupacional. As ocupações de-
vem capacitar a pessoa a se relacionar com o am-
biente e preencher suas necessidades através de
um desempenho equilibrado nas áreas de produti-
vidade, autocuidados e lazer. As ocupações asso-
ciam padrões, papéis e significados ao indivíduo.
O comportamento ocupacional pode ser adapta-
tivo ou não (...) O comportamento mal adaptá-
vel não obtém sucesso e/ou é inaceitável para a
pessoa ou sociedade.{...) A pessoa será capaz de
se adaptar ao ambiente ou fazer com que o am-
biente se adapte a ela”(10).
CAPÍTULO 8 303

Em algumas instituições o que se tem observado é a utilização


do trabalho prisional de forma desarticulada da terapêutica, com
abordagem prisional individualizada. E é justamente este o diferencial
da Terapia Ocupacional na equipe multiprofissional na atenção ao
detento. É o único profissional que tem na essência da sua formação a
utilização do trabalho como tratamento.
Desta forma, o papel do terapeuta ocupacional também contribui para
engajar o detento nas práticas reais da vida cotidiana, integrando nesse
processo a desinstitucionalização, para que de maneira digna a pessoa
reconstrua seu enfrentamento de encontro a estigmatizante exclusão
social, gerando possibilidades desse enfrentamento no âmbito social.
Além disso, através da avaliação e da análise da evolução do
comportamento, o Terapeuta Ocupacional pode contribuir para que
o detento consiga a progressão de regimes, já que é a mudança do
comportamento que o direciona para a (re)integração social.

2.3 – Considerações Finais.


Assim, o terapeuta ocupacional assume o importante papel de
condução da pessoa à reintegração social, pois é através da Terapia
Ocupacional que torna-se possível o desenvolvimento e acompanhamento
de rotinas e hábitos correlacionados ao trabalho, de forma sistematizada
e como parte de um projeto de vida, onde a pessoa passa a se apropriar
conscientemente do universo do trabalho, e se realize nesse processo.

3 - O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: A


EXECUÇÃO DA MEDIDA SÓCIO EDUCATIVA EM MEIO
ABERTO SOB A PERSPECTIVA DA TERAPIA OCUPACIONAL.
Leiliane Helena Gomes

3.1 - O Adolescente em Conflito com a Lei e Medida Socioeducativa


em Meio Aberto.

O cenário de adolescentes vítimas da hostilidade contemporânea e


autores de práticas violentas no cenário urbano brasileiro é crescente .
A parcela da juventude estigmatizado como “menores infratores” advêm
ao menos à maioria dos que cumprem medidas socioeducativas, de
condições sociais inadequadas e em situação de vulnerabilidade social.
No conjunto de medidas previstas pelo ECA (Estatuto da Criança e
304 Terapia Ocupacional • Volume 3

do Adolescente), cujo aspecto fundamental é a natureza educativa das


mesmas, considera-se que o adolescente é uma pessoa em processo de
desenvolvimento e não um mero delinqüente que está à margem da lei e da
ordem; que ele necessita ser resguardados e assegurados os seus direitos,
bem como de que deve cumprir com os seus deveres, mas sobretudo,
considera-se a necessidade de que o adolescente possa desenvolver-se de
modo pleno e integral – na maioria das vezes foi proibida essa possibilidade
– e acredita-se que através das referidas medidas estatutárias, seja possível
favorecer ao adolescente a superação da exclusão social a que está
submetido, fortalecendo os vínculos familiares e com a própria sociedade,
que no discurso ideológico aparece como “vítima desses pequenos
marginais”, negando-se que as contradições sociais são as principais
geradoras da situação problemática em tela.
De acordo com a concepção assumida pelo ECA, de que crianças e
adolescentes são sujeitos de direitos, redirecionaram-se as atribuições
do Estado e o papel da família e da sociedade em relação a eles. Nesta
perspectiva, o artigo 4º do ECA ressalta que,“É dever da família,
da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além
de deixá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão (1).
As medidas socioeducativas são aplicadas quando verificadas
situações nas quais o comportamento do adolescente assume uma
tipologia de crime ou contravenção penal, conforme previsto no
artigo 103 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (1990). Vale
ressaltar que as medidas socioeducativas não têm natureza de pena, de
punição. Este entendimento está pautado no 4º Princípio Fundamental
das Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência
Juvenil, Diretrizes de Riad, que estabelece a necessidade de “medidas
progressistas de prevenção da delinqüência, que evitem criminalizar
e penalizar crianças e adolescentes por uma conduta, não causando
grandes prejuízos ao seu desenvolvimento” (2).
Em consonância com o artigo 112 do ECA, as medidas
socioeducativas que poderão ser aplicadas aos adolescentes são: a)
Advertência; b) Obrigação de Reparar o Dano; c) Prestação de Serviços à
Comunidade; d) Liberdade Assistida; e) Semiliberdade; e f) Internação.
A Liberdade Assistida (LA) e a Prestação de Serviços à Comunidade
CAPÍTULO 8 305

(PSC) são medidas apropriadas para os casos residuais, em que o


adolescente tenha praticado ato infracional não tão grave e necessite de
acompanhamento, auxílio e orientação. Tem como desígnios estimular
o convívio familiar, estruturar a vida escolar e profissional, e propiciar
elementos para inserção do adolescente na própria sociedade.
A Liberdade Assistida (LA) e a Prestação de Serviço à comunidade
(PSC) são executadas em meio aberto, e permitem que o adolescente
em conflito com a lei seja atendido dentro de sua própria comunidade.
Portanto, essas medidas socioeducativas são, para muitos especialistas,
a alternativa mais humana e pedagógica de se educar os adolescentes,
uma vez que este processo ocorre no próprio convívio social.
Entretanto, a atual situação da execução das medidas
socioeducativas em meio aberto tem colaborado com a idéia de que
elas contribuem para a desresponsabilização e para a impunidade dos
adolescentes autores de atos infracionais, o passo que os serviços estão
estruturados, em sua maioria, precária e desarticuladamente. (3)
A vulnerabilidade social e criminal dos adolescentes, tendo em
vista os riscos que correm em contexto tão escasso de condições mais
favoráveis a uma vida digna, é notável e preocupante. Os Profissionais
envolvidos na proteção social precisam analisar este adolescente em
conflito com a lei através de um “olhar” que não deixem escapar
os fatores sócio-politicos que determinam as formas de ser /estar
no mundo exigindo a capacidade de maior aproximação possível
do cotidiano da vida desses adolescentes , pois é nele que riscos,
vulnerabilidades se constituem.

3.2 - A Intervenção Terapêutica Ocupacional junto a adolescentes em


conflito com a lei.
A Terapia Ocupacional, tem nas atividades humanas e no cotidiano
suas principais fontes de trabalho e está habilitada intervir sobre a
realidade, as limitações e os prejuízos ocupacionais vivenciados por
adolescentes em conflito com a lei, bem como sobre os múltiplos
fatores que possam interferir na autonomia de indivíduos e grupos,
surge nesse cenário como uma categoria profissional que pode contribuir
significativamente para efetivação dos direitos sociais desse público.
Pretende-se relatar a minha experiência como Terapeuta
Ocupacional e servidora pública do município de Natal aonde
juntamente com outros profissionais da Assistência Social ( assistente
sociais, psicólogos , pedagogos, musicoterapeutas , educadores sociais
306 Terapia Ocupacional • Volume 3

entre outros) conduzíamos a execução da Liberdade Assistida ( LA)


com grupos de jovens que praticaram atos infracionais e que, em
consequência, cumpriam algumas das medidas socioeducativas prevista
no Estatuto da criança e do Adolescente (ECA). O objetivo desses grupos
é possibilitar aos jovens a inclusão social onde sejam respeitados em
seus direitos como cidadãos. Nesse processo, são apresentados novos
conceitos, visando à discussão de direitos e à busca da cidadania plena.
Ressalta-se a importância do trabalho interdisciplinar junto
a esse publico em que as equipes que trabalham nas instituições
“cuidadoras de adolescentes”, estudem a adolescência a partir de um
enfoque global e interdisciplinar, não se ensimesmando apenas em uma
área do conhecimento, como esta fosse capaz de, sozinha, explicar,
compreender e intervir em toda ordem de processos e fenômenos que
envolvem esse momento vital do ser humano.
Em relação a intervenção da Terapia Ocupacional junto aos
adolescente em conflito com a lei não basta o conhecimento da lei e da
situação sócio-política do país para se trabalhar com adolescentes em
situação de risco. É necessário conhecer as etapa
do desenvolvimento humano e esta analisar a existência de
rotulações e preconceitos quanto ao mundo adolescente, como muito
bem alerta KNOBEL (2000, p.47):

“Ao estudar a adolescência é necessário um cuida-


do especial para evitar atitudes preconceituosas,
verdadeiros “estereótipos” mundo adulto que em-
baraçam a visão correta da pessoa nesse período
da vida, e considerar que ainda alguns profissionais
e cientistas desta etapa da vida não a consideram
como um verdadeiro estágio, com características
bem definidas do processo evolutivo” (5).

A intervenção Terapêutica Ocupacional teve como objetivo


primordial ajudar os jovens a vivenciarem novos desafios a fim de levá-
los a encontrar nossas formas e produzir seu cotidiano proporcionando o
seu bem estar e da comunidade no qual estavam inseridos, respeitando
sua cultura, seus desejos, valores pessoais e sociais. Como relata Furtado
(1999), “A oportunidade que a Terapia Ocupacional possibilita ao sujeito
cuidar de si, experimentar-se como produtor é o que temos de precioso
para ajudar aos sujeitos a constituírem-se pertencentes” (6).
CAPÍTULO 8 307

As estratégias de intervenção estavam relacionadas com a


experimentação de diversas atividades grupais, com as quais os jovens
eram capazes de se perceber produzindo, agindo e criando seus projetos
de vida de forma individual de acordo com seus desejos, valores,
habilidades e potencialidades.
A relação entre o terapeuta ocupacional e os adolescentes eram
pautadas na perspectiva que o terapeuta ocupacional é meramente um
facilitador desse processo de auto-percepção do adolescente sobre a
própria capacidade de transformar sua realidade de vida e experimentar
diferentes alternativas para a resolução dos problemas, em um ambiente
livre de julgamentos e sem a presença de risco de vida e da necessidade
de manter uma postura atribuída pelas atividades ligadas à criminalidade.

Nessa perspectiva, deve-se qualificar a ação técnica terapêutico-


ocupacional através de metodologias adequadas para as realidades
com as quais se trabalha é um dos desafios que se tem buscado na
construção destas práticas. Cabe ao Terapeuta Ocupacional que atua
nessa área se disponibilizar para conhecer as atividades de interesse
da população (atividades significativa), aprender novos recursos,
compreender a atividade como elemento- meio.
A atuação da Terapia Ocupacional junto a adolescente que cometeram
atos infracionais faz-se necessário e rico para novas experiências e para a
criação de formas de comunicação e para criação de novas maneiras de ser,
estar e conviver que contribuam para o fortalecimento pessoal e social das
crianças, adolescentes e jovens de grupos populares.

PARTE 4 - FÓRUM NACIONAL DOS TRABALHADORES DO


SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (FNTSUAS) -
CONSTRUÇÕES E ENFRENTAMENTOS.

Márcia de Souza Rodrigues
Adriano Conrado Rodrigues

4.1 - Fórum Nacional dos Trabalhadores do Sistema Único de


Assistência Social - FNTSUAS - Histórico.
O Fórum Nacional de Trabalhadoras/es do Sistema Único de Assistência
Social (FNTSUAS) é um espaço coletivo de organização política dos/as
trabalhadoras/es do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, de caráter
permanente, que envolve os/as trabalhadoras/es com formação de ensino
308 Terapia Ocupacional • Volume 3

fundamental, médio e superior que atuam na Política de Assistência Social


na rede socioassistencial pública e privada, os/as quais apresentam vínculo
com entidades/associações representativas, sob diversas formas.
O FNTSUAS foi concebido durante a VII Conferência Nacional de
Assistência Social, em sessão plenária nacional dos/as trabalhadores/as do
Sistema Único de Assistência Social - SUAS, realizada no dia 2 de dezembro
de 2009, em Brasília - DF, com a definição da comissão provisória e de
articuladores/as estaduais, consolidando-se historicamente:
a) nas atividades preparatórias e organizativas dos cinco Encontros
Regionais de Trabalhadores/as do SUAS, promovidos pelo Conselho
Nacional de Assistência social - CNAS em 2010;
b) nos cinco Encontros Regionais de Trabalhadores/as do SUAS,
promovidos pelo Conselho Nacional de Assistência social - CNAS em 2010;
c) nas discussões entre os representantes das 12 Entidades
Nacionais dos Trabalhadores e a Plenária Ampliada do CNAS em Fortaleza
- CE, em dezembro de 2010;
d) no I Encontro Nacional de Trabalhadores/as do SUAS, promovido
pelo CNAS de 29 a 31 de março de 2011, em Brasília - DF;
e) em Plenária Nacional de 31 de março de 2011, em Brasília - DF,
na eleição de sua primeira Coordenação sessões plenárias nacionais de
09 de dezembro de 2011 e 13 de abril de 2012.
Durante as sessões plenárias nacionais de 09 de dezembro de
2011 e 13 de abril
de 2012, foi composta a Carta de Princípios do FNTSUAS, que, entre
outras coisas, serve de base para referenciar as ações do Fórum (1; 2).

4.2 - A aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e


a Criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Este movimento tem seu inicio com a Constituição de 1988 que
introduz a assistência social como política de seguridade social e direito do
cidadão. Neste marco constitucional, a assistência social foi concebida como
política pública não contributiva de responsabilidade do Estado e direito
do cidadão, contudo, há em sua formulação o propósito de superação da
visão que historicamente vinculou a assistência à caridade filantrópica ou
mesmo a ações pontuais e clientelistas, tanto de governos como de partidos
políticos, baseadas em ações voluntárias, espontâneas e descontínuas.
Para desmistificar esta premissa que envolve essa política,
passou-se então a ser formulada sobre a base do direito do cidadão
e responsabilidade do Estado, outras políticas setoriais, tendo como
CAPÍTULO 8 309

desafio maior constituir-se em instrumento para a promoção e para a


garantia dos mínimos sociais e a universalização dos direitos sociais.
Com isto a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)
em 1993 e a construção de um sistema público descentralizado culminaram
com a aprovação da Política Nacional de Assistência Social – PNAS, cuja
gestão se faz pelo Sistema Único de Assistência Social - SUAS. Esta Lei
estabeleceu normas e critérios para organização da Assistência Social no
país, para tanto houve a necessidade de cumprir as determinações deste
arcabouço legal, onde se desencadeou posteriormente um amplo processo
nacional na busca de se construir e fortalecer um sistema de assistência
social legitimado e validado pela participação da sociedade.
No decorrer desse processo e cada vez mais com o intuito de se
fazer uma política com características próprias, foram trabalhadas
e aprovadas a primeira e a segunda versão da Política Nacional de
Assistência Social (anos 1998 e 2004) e as Normas Operacionais Básicas
do Sistema Único de Assistência Social, NOB 1 (em 1997) e NOB 2 (em
1998) e a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS- NOB-
RH/SUAS de 2005, que reafirmaram os princípios e diretrizes da LOAS,
estruturando o Sistema Único de Assistência Social -SUAS.
Sendo assim a PNAS cumpre a função Proteção Social, Defesa de
Direitos e Vigilância Social e para cumprir com seus objetivos, a PNAS
reorganizou serviços, programas, projetos e benefícios em dois níveis
hierárquicos estruturadores - Proteção Social Básica e Especial (3).
Nesse contexto, para subsidiá-lo na definição das profissões a
integrar equipes responsáveis pela organização e prestação dos serviços
socioassistenciais, o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS,
com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome –
MDS, realizou o processo de debates para definição dos trabalhadores da
assistência social – PDDTAS (6).
Em junho de 2011 a Resolução nº17 do Conselho Nacional de
Assistência Social – CNAS – reconheceu as categorias profissionais
de nível superior que devem atender às especificidades dos serviços
socioassistenciais, bem como das funções essenciais de gestão do
Sistema Único de Assistência Social – SUAS (4).

4.3 - A Terapia Ocupacional e a Política de Assistência Social do Brasil.


A Política de Assistência Social é complexa, dinâmica e demanda
que se mantenha uma sólida discussão para nortear e subsidiar
a construção\ reconstrução de um plano para garantir o futuro
310 Terapia Ocupacional • Volume 3

Socioassistencial no País.
Diante dos desafios pelos frequentes “ataques” à Política de
Assistência Social no cenário nacional, manter a atenção à população
de crianças, idosos e famílias de todo o País, é um grande desafio. Esse
é um processo que afirma o compromisso dessa Política em garantir os
acessos aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros.
Neste contexto, pontuamos a Terapia Ocupacional como ciência
na construção do campo social e suas práticas, bem como ressaltar a
importância deste profissional, em acordo com as funções desempenham
no universo daqueles que deles necessitam.
A análise histórica da construção da Assistência Social tem sua base
num tripé que envolve a seguridade social, as políticas de saúde e da
previdência social, para tanto é necessário que se avance na legislação e
regulamentação desta política.
A Carta Magna de 1988 integrou a Assistência Social como política
pública no âmbito da seguridade social, conjuntamente com a Saúde e
Previdência social (BRASIL, 1988). O Art.194 definiu Seguridade Social
como “um conjunto integrado de ações de iniciativa de poderes públicos
e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social” (5).
Com a incorporação do conceito de dignidade humana para além do
olhar somente para a saúde, estas políticas vão se materializando num
pensar de direitos e deveres, e na justiça social com foco na redução
das desigualdades sociais.
Muitos são os movimentos para o fortalecimento das Políticas
de Assistência Social e a garantia de direitos, pois existe uma
compreensão que todos somos iguais e devemos buscar através de
um trabalho compartilhado entre as esferas dos governos Federal,
Estadual e Municípal, essa igualdade de direitos.
Assim como a saúde é um direito garantido na Constituição de
1988, Constituição Cidadã (C.F.,art.196), buscamos esses mesmos
direitos na assistência social.
A Assistência Social deve se responsabilizar pelas situações de risco e de
vulnerabilidade, produzindo aquisições (materiais, sociais e socioeducativas)
para promover convivência social, protagonismo e autonomia (6).
É fato que as políticas sociais, historicamente se deparam com
situações adversas para o seu crescimento, efetividade e resolutividade,
contudo devemos mobilizar esforços realizando ações com as outras
políticas públicas de forma transversal e\ou intersetorial, respeitando
CAPÍTULO 8 311

as especificidades de cada política para que o êxito seja alcançado e a


população tenha seus direitos defendidos e garantidos.
À medida que essas articulações acontecem, essas ações vão se
“encorpando” e novas possibilidades ganham um modelo de gestão e de
oferta de serviços socioassistenciais.
Desta forma percebemos que os trabalhadores sociais necessitam
se apropriar\ conhecer as construções históricas da assistência, pois
assim a troca de experiências irão sedimentar as práticas utilizadas.
Pensar a evolução das políticas de assistência social é pensar em
conhecimentos e práticas. Assim, a Terapia Ocupacional (por diversos
processos históricos, políticos e sociais) vem se constituindo com base
em alguns princípios e conceitos como: o adoecimento como processo
também social (crítica ao modelo biomédico), deslocamento do setting
terapêutico para o território, descentralização do saber técnico ou
individualizado para a compreensão das demandas e saberes coletivos e
o conceito de atividade como algo a ser construído.
Desde sua regulamentação, a Terapia Ocupacional vêm se constituindo
em marcos, e foi como categoria, que passou a integrar as equipes de
referência, respeitando a necessidade de estruturação e composição dos
serviços a partir das particularidades locais e regionais, do território e
das necessidades dos usuários. Os Terapeutas Ocupacionais são aptos
a atuar conectados a projetos emancipatórios, nos quais o respeito e o
apoio à autonomia dos sujeitos representam condição essencial à prática
assistencial. Tal noção de autonomia deve remeter ao desenvolvimento da
capacidade de reflexão e de engajamento coletivo (7).
No Campo Social, entendido como esfera interdisciplinar mais
ampla, há diversos núcleos de atuação da Terapia Ocupacional, tais
como o da educação, da justiça, da cultura e da assistência social (8).
Estamos entrando numa era onde este profissional amplia sua
intervenção e se adéqua as políticas do SUAS; e nessa dimensão,
trabalha na perspectiva da atuação que compreende a conexão de
espaços diferentes, sujeitos com suas particularidades, projetos
individuais e culturas diversas.
Desde a década de 70, os Terapeutas Ocupacionais atuam no que
se chama de “social”. novos saberes vão se incorporando nas práticas
e o que anteriormente só atingia a saúde, hoje integra espaços nos
atendimentos dos serviços da assistência social.
Corroborando com a eficiência da Terapia Ocupacional no campo
social, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional -
312 Terapia Ocupacional • Volume 3

COFFITO, reconhece através da Resolução nº406\2011 a Especialidade de


Terapia Ocupacional em Contextos Sociais (9).
Desta forma, diante da gama de conhecimentos e técnicas a
serem utilizadas, a Terapia Ocupacional por meio de suas ações vão se
caracterizando por promover atividades que visam estimular e promover
a participação no âmbito individual e social.
A lógica do SUAS é criar e coordenar uma rede unificada,
padronizada de serviços contínuos, por tempo indeterminado e
fornecer os pilares para a ação em direção a lógica do direito e não do
favor desta forma, as demandas por proteção social e por igualdade
organizam-se, contudo, de forma diferenciada em cada sociedade, e
interagem em função de sua dinâmica econômica, social e da forma de
organização e legitimação de seu sistema político.
Na Terapia Ocupacional, ainda temos também muito a avançar para
que se conheça as dimensões dos pontos ou situações de violação dos
direitos praticados em relação a diferentes segmentos populacionais, e
essas demandas se fazem presentes nos Fóruns Estaduais e Municipais, onde
firmarmos nossas práticas sistematizando os objetivos a serem alcançados.

Referências Bibliográficas.

1 - TERAPIA OCUPACIONAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL - INTRODUÇÃO:

- Material produzido pela ABRATO (Associação Brasileira de Terapia


Ocupacional)
Disponível em: http://www.abrato.com.br/ (Acesso em 23-04-2018).

- Projeto Metuia
BARROS, D.D.; LOPES, R.E.; GALHEIGO, S.M. Projeto Metuia -
Terapia Ocupacional no Campo Social. Mundo saúde (Impr);26(3):365-
369, jul.-set. 2002.

2 - ABORDAGENS TERAPEUTICAS OCUPACIONAIS NO SISTEMA


PRISIONAL COM PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE:

1 - ROSA, S.M. NUNES, F.C. Fragmentos de Cultura. Goiânia, v. 24,


n. 1, p. 125-138, Jan./mar. 2014.
HRW - Human Rights Watch: World Report 2017. Disponível em:
CAPÍTULO 8 313

<http:// www.ecoi.net/local_link/153374/255195_en.html> Acesso em:


09 abril. 2018.

2 - LEVANTAMENTO NACIONAL DE INF0RMAÇÕES PENITENCIÁRIAS


INFOPEN. Atualização- junho 2016/ Organização Thandara Santos;
Colaboração Marlene Ines da Rosa et al. Brasília: Ministério da Justiça e
Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional, 2017. 65p.

3 - CAVALCANTE JÚNIOR, A.F. A prisão: fracasso como parte


do sistema penal? Trilhas, Belém, ano 4, n. 1, p. 15-30, jul. 2004.
Disponível em: http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_
revistas/38.pdf>.Acesso em: 10 mar. 2013.

4 - JESUS, D.E. Sistema penal brasileiro: execução das penas no


Brasil. Revista Consulex.Ano I, n. 1, p. 24-28, Jan. 1997.

5 - ROSA, S.M. A relação entre religião e deficiência física para as


mães de crianças com paralisia cerebral. Dissertação (Mestrado em Ciências
da Religião) - Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2006.

6 - BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde no


Sistema Penitenciário. Série B, Textos Básicos de Saúde. 2. ed. Brasília,
DF, 2005. 64 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/plano_nacional_saude_sistema_penitenciario_2ed.pdf>.
Acesso em: 19abr. 2018.

7 - RIJO, D.; SOUSA, M.N. Gerar Percursos Sociais (GPS), um


programa de prevenção e reabilitação para jovens com comportamento
desviante – bases conceptuais, estrutura e conteúdos. Infância e
Juventude, 4(2), 33-74. 2004.

8 - MIRABETE, J.F. Execução penal: comentário São Paulo: Atlas,


2000 . 728 p. à
Lei nº 7.210, de 11.07.84. 9. ed.

9 - RODRIGUES, R.B. 2º Tenente (RM2-S)Terapeuta Ocupacional.


Presídio da Marinha. https://www.marinha.mil.br/saudenaval/terapia-
ocupacional-no-sistema-prisional. Acessado em 10 de abril de 2018.
314 Terapia Ocupacional • Volume 3

10 - HAGEDORN, R. Fundamento da prática em Terapia


Ocupacional. São Paulo Dynamis, 1999, 200 p.

Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta).

- CREFITO 2.
http://www.crefito2.gov.br/noticias/noticias/papa-destaca-importancia-
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Revista CEJ. Brasília, Ano XI, N. 39, p. 74-78, out./dez. 2007.

- DIAS, M.I.P.S. Programa de promoção de competências pessoais


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- SANTA CATARINA. Secretaria do Estado da Saúde. Diretoria


Estadual de Vigilância Sanitária. Manual de Orientações sobre as Normas
Sanitárias do Sistema Carcerário.S/Da.

3 - O ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI: A EXECUÇÃO DA


MEDIDA SÓCIO EDUCATIVA EM MEIO ABERTO SOB A PERSPECTIVA DA
TERAPIA OCUPACIONAL:

1 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (1990). Lei nº 8.069.

2 - MILAMO & MILANO. Acontecimento de liberdade. Ed, Diel


Lisboa, pag. 125, 2004.

3 - FRANCISCHINI, R.; CAMPOS, H.R. Adolescente em conflito com


a lei e medidas socioeducativas: Limites e (im) possibilidades. Psico, 36
(3), 267-273, 2005.

4 - COSTA, L.F.; SOUSA, L.A. O Significado de Medidas


Socioeducativas para Adolescentes Privados de Liberdade, 2012.

5 - KNOBEL, M. Normalidade, Responsabilidade e Psicopatologia


da violência na Adolescência. In: LEVISKY, D.L. (Org.). Adolescência e
CAPÍTULO 8 315

Violência. Conseqüências da Realidade Brasileira. São Paulo: Casa do


Psicólogo, p.47-61 2000.

6 - FURTADO, E.A. Conversando sobre identidade profissional. Rev.


Ter.Ocup. Univ. São Paulo, v.10 n2/3, p. 46-8, mai/dez, 1999.

PARTE 4 - FÓRUM NACIONAL DOS TRABALHADORES DO SISTEMA


ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (FNTSUAS) - CONSTRUÇÕES E
ENFRENTAMENTOS:

1 - http://fntsuas.blogspot.com.br/ (Acesso em 20/02/2018)

2 - CARTA DE PRINCÍPIOS (FNTSUAS) -


https://docs.google.com/r?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbW
FpbnxiaWJsaW90ZWNhZG9mbnRzdWFzfGd4OjI4OTBjYmFmOTQ0OGFlZTk
(acesso em 20/02/2018)

3 - https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/PainelPEI/
Publicações/CensoSUAS_2010.pdf (acesso em 27/02/2018)

4 - http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/
assistencia_social/resolucoes/2011/RESOLUCaO%20No%2017%20
DE%2020%20DE%20JUNHO%20DE%202011%20.pdf (acesso em 27/02/2018)

5 - BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República


Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

6 - BRASIL, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE


À FOME. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política Nacional de
Assistência Social. Brasília: PNAS, 2004.

7 - TEIXEIRA, S.M. Trabalho Interdisciplinar nos CRAS: um novo enfoque


e trato à pobreza? Textos & Contextos, v. 9, n. 2, p. 286-297, 2010.

8 - MALFITANO, A.P.S. Campos e núcleos de interven¬ção na terapia


ocupacional social. Revista de Terapia Ocu¬pacional da USP, São Paulo, v.
16, n. 1, p. 1-8, 2005.
316 Terapia Ocupacional • Volume 3

9 - CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL -


COFFITO. Resolução Nº 406\2011. Especialidade da Terapia Ocupacional
em Contextos Sociais.

Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta).

- Resolução Nº 383, de 22 de dezembro de 2010. Define as


competências do Terapeuta Ocupacional nos Contextos Sociais e dá
outras providências.

- FINGER, J.A.O. Terapia Ocupacional, São Paulo: Sarvier,1986.

- SOARES, L.B.T. Terapia ocupacional: lógica do capital ou do


trabalho? São Paulo: Editora Hucitec,1991.
CAPÍTULO 9
A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL EM
REABILITAÇÃO ESPORTIVA.
Aline Paz Perussi

1 - Introdução.
A atuação da Terapia Ocupacional no contexto esportivo/
paradesportivo, se caracteriza pelo exercício profissional em todos
os níveis de atenção å saúde, em todas as fases do desenvolvimento
ontogênico, e nos diversos grupos populacionais, com ações de prevenção,
proteção, educação, intervenção terapêutica, nos seguintes ambientes:
hospitalar, ambulatorial (clubes, clínicas, consultórios, centros de saúde),
domiciliar, públicos, filantrópicos, militares, privados e terceiro setor.
Quanto a legitimação da Terapia Ocupacional no campo do esporte e
lazer, identifica-se a flexibilidade da profissão, que transita em diferentes
espaços e conhecimentos, diferenciando-se das demais profissões no
enfoque das capacidades e habilidades envolvidas na prática esportiva,
além de contribuir para o desenvolvimento pleno dos potenciais da pessoa
em seu contexto e consequentemente na melhoria da qualidade de vida (1).
Neste processo, o terapeuta ocupacional é um profissional que pode
contribuir com seu conhecimento especifico para melhorar o desempenho,
a funcionalidade e a autonomia pessoal e social daquele que, por uma
condição temporária ou permanente, estejam com o desempenho de sua
vida ocupacional comprometido. A intervenção busca desenvolver funções
psicológicas, físicas e sociais, de forma favorecer o máximo desempenho
da atividade ocupacional independente e satisfatória. Reafirma-se que
a terapia ocupacional se apresenta fundamentalmente comprometida
com a funcionalidade humana e o decorrente desempenho da pessoa em
sociedade e, assim, com a proposta de inclusão para todas as pessoas (2).
Russel, 2015 explana a atuação da Terapia Ocupacional na
Reabilitação Esportiva, enfatizando o papel do profissional no
reestabelecimento da função, sendo que o objetivo é que o atleta que
sofreu uma lesão possa retornar ao seu nível funcional anterior. Neste
sentido deve-se estabelecer expectativas realistas quanto aos estágios
318
CAPÍTULO 9 319

de cicatrização dos tecidos e buscar estratégias compensatórias para


possibilitar o fazer dentro deste contexto (3).
Nesta relação entre Terapeuta Ocupacional e atleta, é importante
que o profissional consiga estabelecer comunicação eficiente para que os
objetivos e planos de tratamento sejam seguidos de forma sistemática, e
o terapeuta precisa saber quando encorajar ou desencorajar o atleta em
seu retorno a prática esportiva; para isso o profissional, quando trabalha
com esta demanda específica, precisa conhecer sobre cada esporte e
posições específicas de jogo, bem como verificar o que cada federação
esportiva permite como dispositivos de proteção individual (3).
Deve se ressaltar aqui a importância de uma equipe multidisciplinar
neste processo, no qual os cursos de Educação Física, Fisioterapia e
Terapia Ocupacional se assemelham em seus olhares junto a pessoas
com deficiência, apresentando possibilidades de ações em equipe,
embora os estudos ainda se apresentem embrionários nesse sentido (4).
Um profissional preocupado com a saúde e performance do atleta
deve compreender que a ciência do esporte é complexa e necessita uma
verdadeira integração entre atletas, técnico, preparador físico, fisioterapeuta
e outros membros da equipe. O profissional necessita conhecer e caracterizar
o esporte em que vai atuar e a metodologia do treinamento empregada pelo
treinador. O acompanhamento dos treinamentos é importante para melhor
compreensão do mecanismo da lesão (5).

2 - Esporte e tecnologias assistivas.


Considerando que se denomina Tecnologia Assistiva quaisquer
produtos, itens, peças de equipamentos ou sistemas, adquiridos
comercialmente ou desenvolvidos artesanalmente, produzidos em série,
modificados ou feitos sob medida, assim utilizados para aumentar,
manter ou melhorar habilidades de pessoas com limitações funcionais,
sejam físicas, mentais, comportamentais ou sensoriais (2). Compete ao
Terapeuta Ocupacional o uso da Tecnologia assistiva nas Atividades de
Vida Diária – AVD e Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVD.
A World Federation of Occupational Therapists – WFOT (1993)
ressaltou a formação do terapeuta ocupacional para a utilização de
técnicas para a manipulação dos clientes, tais como a acessibilidade e
utilização de tecnologias para confecção e/ou treinamento do uso de
adaptações, órteses, próteses, buscando melhorar a postura e o padrão
motor para as atividades ocupacionais dos clientes (6).
320 Terapia Ocupacional • Volume 3

Yarar, 2015 discute a possibilidade do uso de órteses durante a fase


de reabilitação pós traumática da mão, ou o uso desta como acessório
para proteção no treino ou no jogo, quando o atleta retorna para sua
atividade esportiva (7). A órtese deve ser adaptada ao atleta, ao esporte
específico e a lesão ou déficit functional que este indivíduo apresente,
sendo assim, há uma variedade de modelos e materiais que podem
suprir esta necessidade (3). Cabe ao Terapeuta Ocupacional avaliar cada
atleta, sua atividade esportiva específica, os gestos que executa, e a
lesão ou alteração funcional apresentada.

A B

Fig. 1 (A; B): Atleta de Cross Fit com tenossinovite estenosante


de De Quervain. Órtese utilizada no retorno a atividade esportiva.

3 - Traumas da mão relacionada ao esporte.


Yarar et al. 2015, relata nas modalidades esportivas coletivas, em
alguns momentos de jogo, pode ocorrer movimentos mais agressivos
que provocam traumatismos; não somente no impacto com a bola mas
também no contato com outros jogadores (7). Estas práticas esportivas
provocam inevitavelmente uma exposição dos dedos das mãos, e uma
possível lesão requer inevitavelmente um conceito de tratamento
diferenciado, devido a complexidade desta abordagem.
Nota-se com essa nova demanda um maior envolvimento de
profissionais da saúde que se preocupam com lesões, como médicos,
fisioterapeutas e psicólogos, no sentido de se criar alternativa ou
tentativa de minimizar tais problemas (8; 9).
As lesões nas mãos e nos dedos aparentemente apresentam-
CAPÍTULO 9 321

se como significante para esta população, sendo descrita por alguns


autores como lesões importantes na prática esportiva.
Ghirotocc et al, 1997 em um estudo de revisão de literatura de lesões
desportivas no voleibol, relata que dos 17 autores estudados, 9 relataram
importantes lesões de dedos e mão nesta modalidade esportiva. Variando
entre lesões por luxação, fratura e lesões tendíneas nesta população (9).
Moraes 2007, através de um estudo descritivo-exploratório das
lesões de 11 atletas participantes da superliga nacional de voleibol,
realizam o delineamento deste grupo e apontam que 9,7% das lesões
sofridas por estes atletas são de mãos (10).
Aitken 2008, em uma análise retrospectiva de um banco de dados
onde foram coletadas a incidência das internações ambulatoriais por
fraturas em uma população bem definida durante o ano 2000 constatou
que foram registradas 1.430 fraturas de mão, a quais 320 (22,4%) eram
lesões esportivas, sendo que destes, 39 foram lesões do carpo (12,2%),
108 (33,8%) do metacarpo e 173 (54,1%) fraturas das falanges. Lesões
no primeiro e quinto raios foram mais frequentes 57,3%. Um total de
279 ( 87,2%) fraturas da mão relacionadas ao esporte foram tratadas
em regime ambulatorial . O restante das 41 fraturas necessitaram de
intervenção cirúrgica e internação hospitalar (11).
Na Alemanha, o Instituto Federal de Saúde e Segurança do Trabalho
aponta que, em relação as modalidades esportivas, cerca de 20% dos traumas
são da extremidade superior. Destes, cerca de 30% representam as lesões da
mão, sendo que 10% do punho, 30% dos metacarpos e 60% das falanges (7).
Grande parte da literatura publicada sobre trauma da mão
relacionado ao esporte descreve a necessidade de novas intervenções
cirúrgicas devido ao fato do tratamento inicial ser gerido de forma
simples, não levando em consideração a complexidade deste tipo de
lesão. Neste caso, consolidação viciosa e deformidades associadas, como
rigidez articular, podem levar a déficit funcional e incapacidade (11).
O ideal é que se tenha condições para diagnóstico diferenciado e
possibilidade de um tratamento mais adequado de trauma em dedos.
Para isso é crucial um bom conhecimento sobre os possíveis tipos de
lesões O foco é a recuperação completa da função, evitando danos a
longo prazo e as operações de resgate, como artrodese de articulações
cronicamente instáveis e articulações dos dedos artríticas. (7).

3.1 - Reabilitação da mão e Esporte.


A base de todo o tratamento terapêutico é um reconhecimento
322 Terapia Ocupacional • Volume 3

detalhado do quadro clínico do atleta profissional e o prognóstico de


cada caso. É crucial que a decisão a ser tomada deve ser compartilhada
tanto com o treinador como com o médico. Medidas agudas de
tratamento, tais como o resfriamento e banhos de contraste de água
quente devem ser disponibilizadas, isso pode aliviar a dor e reduzir
o edema antes de um jogo. Durante o jogo ou treino o jogador pode
utilizar um suporte estabilizador sob a forma de órteses ou bandagem.
Fora do jogo pode também utilizar órteses indicadas por um curto
período de imobilização adequado (7).

A B

Fig. 2: Trauma em placa volar. A: órtese de imobilização utilizada para


tratamento da lesão. B: órtese funcional, utilizada durante o jogo para
proteger a articulação e possibilitar o retorno precoce a atividade
esportiva. Atleta de voleibol.

Russel, 2015 descreve 4 princípios chave para a atuação do


Terapeuta Ocupacional na reabilitação do atleta: respeitar as fases de
cicatrização dos tecidos, utilizar dispositivos de proteção para melhora
funcional ou proteção articular, treino e orientações de estratégias
compensatórias e prevenção de lesões através de estabilização articular
e fortalecimento (3). E define a reabilitação em 4 fases distintas:
Intervenção inicial: Foco na educação do paciente, inicio de controle
de edema, gestão da dor, cuidados cicatriciais, imobilização (com órtese)
e repouso. Nesta fase o atleta se restringe das atividades específicas do
esporte, porém realiza algumas atividades restritas de preparação física
com membro inferior e acompanha o treino técnicos dos colegas.
Segunda fase: mobilização protegida e uso de órteses como
CAPÍTULO 9 323

dispositivos para auxiliar no ganho de amplitude de movimento. Nesta


fase o condicionamento generalizado e fortalecimento de articulações
proximais na preparação física são retomados. Uma órtese para proteção
no treino com treino de gesto esportivo sem impacto podem contribuir
para a manutenção do rendimento esportivo. Nesta fase acontece o
avanço da estabilização da articulação que sofreu a lesão. Tarefas de
simulação do gesto esportivo são acrescidos e a adaptações de treino
são selecionadas dependendo da atividade executada pelo atleta e
dependendo da posição do jogador em uma equipe.

Fig. 3: Lesão do ligamento colateral radial do 5 dedo.


Órtese utilizada para proteção articular no retorno
a atividade esportiva.

Fase final: Nesta fase o atleta retorna propriamente ao esporte,


sendo que o médico, o terapeuta ocupacional, o preparador físico e
técnico devem estar de acordo com a conduta. O Atleta pode utilizar
uma órtese durante a competição, o objetivo deste dispositivo é auxiliar
na função e proteger a articulação de possíveis recidivas de lesão. Aos
poucos o atleta vai tendo confiança e a órtese é retirada do treino (3).
Os principais pilares para um bom prognóstico são: diagnóstico
confiável, um plano de tratamento sistemático e uma boa adesão do
paciente/atleta.

4 - Considerações finais.
O profissional de reabilitação que trabalha com esporte precisa
entender as demandas que esta população específica necessita. A
abordagem de reabilitação física pouco varia da população convencional,
o que se deve levar em consideração é que cada esporte específico
apresenta demandas específicas e dinâmicas de funcionamento
324 Terapia Ocupacional • Volume 3

diferenciadas. O profissional também precisa entender o quão importante


é a atividade que este indivíduo executa para sua vida, para que assim
possamos traçar um plano de tratamento e acompanhamento integral
deste indivíduo. Considero importante observar todos os aspectos desta
situação, não apenas a questão física mas toda a dinâmica que envolve a
situação de um atleta que não esta conseguindo executar sua atividade
esportiva, mesmo sendo uma situação transitória.
A boa comunicação com o técnico, o médico e o preparador físico
podem ser aspectos relevantes na boa condução do programa de reabilitação.
Todos os profissionais devem estar alinhados para que este processo flua
satisfatoriamente, e os benefícios conduzidos ao atleta em questão.

Referências Bibliográficas.

1 - LUIZ, C.C.A.; MACEDO, M.D.C.D. Natação e atividades aquáticas


para populações especiais: uma experiência em terapia ocupacional.
Cad, Ter. Ocup. UFSCar. São Carlos. 11(2): 124-127, 2003.

2 - MARTINS, S.C.F. Formação do Terapeuta Ocupacional:


Acessibilidade e tecnologias. Cad. Ter. Ocup. UFSCar. São Carlos, v.19,
n.1, p37-52, Jan/Abr, 2011.

3 - RUSSEL, C.R. Therapy Challenge for Athletes: Splinting options.


Clin Sports Med 34 181–191, 2015.

4 - PINHEIRO, M.F.G.; GOMES, C.L. A temática do lazer em cursos


de graduação da área da saúde. Revista Motriz, [acesso em 2015 Nov 28]
Rio Claro; 17(4):579-590, 2011.

5 - PRATI, F.A.M. Lesão: fatores desencadeantes e prevenção.


Revista Fisioterapia em Movimento, v.V,n.1, p.9-20, abr/set, 1992.

6 - World Federation of Occupational Therapists – WFOT (1993)


Disponível em:
https://www.arbetsterapeuterna.se/Global/Om_forbundet/
Internationellt/Position%20statement%20on%20Consumer%20Interface%20
with%20Occupational%20Therapy,2010.pdf (Acesso em 15/04/2018).
CAPÍTULO 9 325

7 - YARAR, S.; RUEGER, J.M.; SCHLICKEWEI, C. Fingerverletzungen


beim Ballsport. Springer- Verlag Berlin Heidelberg, 2015.

8 - MONTGOMERY, L.C. et al. Ortopedic history and examination in


the etiology of overuse injuries. Medicine Science Sports and Exercise.
21(3): 237- 243, 1989.

9 - GHIROTOCC, F.M.S.; GONÇALVES, A. Lesões desportivas no


voleibol. Revista de Educação Física/UEM 8(1): 45-49, 1997.

10 - MORAES, J.C.; BASSEDONE, D.R. Estudo das lesões em atletas


de voleibol participantes da Superliga Nacional. Revista Digital – Buenos
Aires – Ano 12 – Nº 111 – Agosto de 2007.

11 - AITKEN, S.; COURT-BROWN, C.M. The epidemiology of sports-


related fractures of the hand. Injury39(12):1377–1383, 2008.

Referência Bibliográfica (sugerida para consulta).

- PARDINI, A.; FREITAS, A. Traumatismos da mão. Medbook – Editora


Científica Ltda, 4 edição, 2008.
ANEXO 1
GRUPO “SER CRIANÇA” - EQUIPE NASF (NÚCLEO DE APOIO
À SAÚDE DA FAMÍLIA / ASSOCIAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA).
Marina Rodrigues Camargo
Silvia Regina Rocha
Maria Luiza Santa Cruz
Walter Augusto Bahia Pereira
Maria Luiza Rezende
Carmen Ligia Cucê Nobre
Keila Raquel Ferreira de Oliveira
Janaína Eleutério Martins
Luiza Franco
Viviane de Mancilha Lima

O planejamento e a idealização dessa ação multiprofissional


partiram de um desejo da equipe em elaborar um espaço onde todos
pudessem “Ser Criança”, sem restrição de idade ou sexo, um lugar para
que resgatássemos a criança de cada um, diante de uma realidade de
vulnerabilidade social e de saúde.
Nas periferias, de pequenas e grandes cidades, é fácil observarmos a
falta de um local “saudável” para as crianças e adultos interagirem ouvindo
histórias, brincando de bonecas, carrinhos, realizando cantigas de roda e
atividades infantis. Assim, a criação de um projeto para interferir naquela
dinâmica de “vida adoecida”, que consolida uma ação de impacto, e que
reforça os preceitos do Sistema Único de Saúde, foi ganhando vida.

327
328 Terapia Ocupacional • Volume 3

Fig. 1 - Ilustração autoral. Titulo: "A COMUNIDADE"


(Autoria: Marina Rodrigues Camargo - Terapeuta Ocupacional)

Com a troca de materiais da Unidade Básica de Saúde (UBS) de


referência, os armários ficaram inutilizados (à espera do recolhimento) e
alojados na mesma sala em que a equipe do Núcleo de Apoio a Saúde da
Família (NASF) costumava desenvolver suas tarefas e reuniões.
Então, realizar um grupo em um espaço onde toda a comunidade
pudesse se integrar, participar e se apropriar, passou de plano para a
realidade, e a equipe começou a receber voluntariamente doações
(brinquedos, máscaras de carnaval, pelúcias, carrinhos, jogos, acessórios
para fantasias, livros de histórias) dos funcionários da UBS e da comunidade.
Assim, com o envolvimento e a força da comunidade, a equipe
buscou parcerias para encontrar um local em que pudessem haver
encontros sem números determinados de pessoas ou idade. E que o
principal objetivo seria a interação e aproximação das pessoas que
frequentassem o local, com atividades que pudessem resgatar o
“brincar” dentro de cada indivíduo, que as crianças brincassem como
crianças, com outras crianças, que os adultos aprendessem a brincar
com suas crianças e que também se sentissem crianças.

a.
ANEXO 1 329

b.

c.

Fig. 2 (a, b, c) - Materiais p atividades e brincadeiras.

Essa proposta surgiu também da demanda de outros projetos que


foram se apagando com o tempo, realizados, porém não continuados
como era planejado. Pois manter um trabalho multiprofissional significa
também lidar com a integração dos saberes, com a complexidade de cada
indivíduo, do território, e enfim, respeitar ou valorizar cada momento.
Como tudo pode influenciar para a mudança, após meses de
expectativa e apego, armários reformados, organizados e decorados
com todos os brinquedos e adereços, a Equipe NASF recebeu a notícia
formal de que os armários seriam doados para o projeto, mas não
poderiam ser mantidos na UBS. A partir daí, houve a busca por um local
na comunidade que aceitasse alocar o projeto, com todo o material
arrecadado e armários, onde a população, independente da Equipe NASF
pudesse se apropriar do espaço.
330 Terapia Ocupacional • Volume 3

Fig. 3 - Armário de materiais - Atividades e brincadeiras.

O local eleito foi uma associação de moradores, próximo a


UBS, onde logo deram-se início aos encontros entre os diversos
atores (pessoas da comunidade e funcionários) para a organização e
planejamento da inauguração. Foram muitas idéias, tarefas sugeridas
e distribuídas voluntariamente, cronograma de atividades, e por fim,
a sua realização. Agendada a data, foram confeccionados convites e
certificados, motivando a colaboração dos voluntários.

a. b.

Fig. 4 - Imagens do cotidiano - UBS.

A inauguração foi uma grande celebração, e naquele momento o


espaço já passou a ser usado, com a realização de atividades lúdicas,
cantigas, contadora de histórias, poesias, fantasias, balões e discursos.
ANEXO 1 331

Fig. 5 - Imagens do cotidiano - UBS.

Realizar ações na comunidade implica em observar constantemente


as alterações da demanda, tanto do território quanto dos serviços.
Por essa razão os projetos vão se adaptando diante das necessidades
e variáveis que surgem, respeitando o desejo do outro, para que o
trabalho oferecido esteja dentro da necessidade apresentada.

Fig. 6 - Imagens do cotidiano - UBS.

Fig. 7 - Imagens do cotidiano - UBS.


332 Terapia Ocupacional • Volume 3

a. b.

Fig. 8 - Imagens do cotidiano - UBS.

Esse grupo, desde a inauguração sofreu algumas modificações e


revisões em seus objetivos, pelas razões anteriormente citadas, mas a
essência e a alma do projeto permanecem, trazendo a possibilidade, mesmo
que minimamente, de um olhar de equipe ampliada para a comunidade,
para casos específicos, o despertar da criança interior, e a socialização e
interação do afeto entre os participantes em um espaço lúdico e dinâmico.

Fig.9 - Imagens do cotidiano - UBS.

Parâmetros e dados das ações:


• Foram propostos encontros mensais com 3 horas de duração.
• Realizadas 21 oficinas desde 2011.
• Algumas oficinas foram temáticas, outras diagnósticas e terapêuticas.
• Em alguns casos, houve encaminhamento para serviços
especializados (rede de referência).
ANEXO 1 333

Como resultado, mais do que a experiência em si, essa ação vem


propondo vivências reais de interação social, em busca de “Ser Saudável”...
Aceitar a diversidade, lidar com a diferença e superar a falta... Integrando,
fortalecendo e ampliando a rede pública de cuidados da infância.
As imagens exibidas nesse capítulo, são de arquivos pessoais dos autores.

Referências Bibliográficas (sugeridas para consulta).

1. SANTOS, L.: Blog Direito Sanitário: Saúde e Cidadania: O


Modelo de Atenção à Saúde se Fundamenta em Três Pilares: Rede,
Regionalização e Hierarquização

2. SEADE, Índice de Vulnerabilidade Juvenil por distritos do


Município de São Paulo

3. SILVA, J.M.; CALDEIRA, A.P.: Modelo assistencial e indicadores


de qualidade da assistência: percepção dos profissionais da atenção
primária à saúde.

4. SARACENO, B. Libertando Identidades. Da reabilitação


psicossocial à cidadania possível. Te Cora Editora/Instituto Franco
Basaglia, Belo Horizonte
/ Rio de Janeiro, 2a. ed., 2001.
ANEXO 2
SERVIÇO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL - INSS.
RELATO DE EXPERIÊNCIA (Ref. ao Cap. 4, Tópico 4)

Gisele Monnerat Tardin


Descrição:
O caso que segue é um dos quase 12 mil reabilitados no Brasil
em 2016, frente aos mais de 40 mil segurados encaminhados para o
programa no mesmo período (3).
ESS, nascido em 01/08/1970 em Camacan – BA, residente no
município de SP, casado, pai de 4 filhos menores há época do programa.
Vinculado como coletor em empresa de limpeza urbana do município de
SP. Foi admitido como varredor de rua em 01/06/94, e passou a coletor
em 01/01/95. Sofreu acidente de trabalho em 11/2004, resultando em
fratura de joelho direito. Foi operado na mesma época, permaneceu
com bloqueio de flexão total de joelho e atrofia da musculatura da
coxa e panturrilha, com deambulação prejudicada por claudicação e
comprometimento motor, conforme relatório de médico assistente.
Foi então encaminhado ao programa de reabilitação profissional
em 04/2009 por incapacidade para função de origem. Assim, foram
definidas pelo perito médico da equipe de reabilitação profissional,
algumas restrições às atividades que exijam deambulação frequente,
ortostatismo prolongado, posições viciosas de joelho direito, subir e
descer escadas e sobrecarga de MID.
O primeiro atendimento com um profissional de referência, como
são denominados os servidores que compõem a equipe de RP, que podem
ser terapeutas ocupacionais, como também podem ser assistentes
sociais, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros com formação de nível
superior em áreas afins ao processo*, foi realizado em 02/2011.
Nota-se que, da data do acidente de trabalho até o
encaminhamento para a reabilitação profissional, passaram-se mais de 4
anos, e mais outros 2 anos, até o início do programa, totalizando 6 anos,
até o início do processo de reabilitação.

335
336 Terapia Ocupacional • Volume 3

Na data deste primeiro atendimento, após a avaliação sócio


profissional, como é denominada a avaliação comum a todos os
profissionais de referência, e o segurado ter sido considerado elegível
ao programa por conta dos aspectos sociais, pessoais, laborais, além da
condição clínica médica, foi solicitada à empresa de vínculo a indicação
de nova função/atividade.
Por não ter havido resposta aos ofícios, o referido segurado foi
orientado a retomar os estudos a partir da 3ª e 4ª séries, pois relatou ter
feito “prova interna” na empresa para a função de motorista e ter ido
mal. Por ser portador de CNH enquadrado na categoria “D”, contou que
anteriormente a essa solicitação de indicação de nova função/atividade,
já havia existido na empresa intenção de realocá-lo como motorista após
o acidente. Essa proposta gerou no segurado uma expectativa de retorno
ao trabalho na função de motorista, função valorizada e almejada
dentre os trabalhadores da empresa.
Em 05/2011, a empresa enviou como resposta ao ofício, uma
proposta de readaptação para função de apoio a operação de transbordo,
com atividades de assentar canaletas e tubos de concreto, executar
drenos de percolado e queimadores de gás, efetuar varrição diária do
transbordo (entradas), efetuar manutenção periódica de frente de
resíduo, auxiliar na colocação de geosintéticos, orientar as descargas de
caminhões, zelar pelo bom aspecto e desenvolvimento de áreas verdes,
nativas ou com tratamento paisagístico, cumprir a política de qualidade
e da segurança do trabalho, zelar pela manutenção e limpeza do local
de trabalho, equipamentos, ferramentas, equipamentos de proteção
individual (EPI) e uniformes, efetuar outras atividades correlatas à função.
Em análise da função realizada por visita in loco, foi confirmado
que a mesma é considerada incompatível, por exigir ortostatismo
prolongado e deambulação frequente. Pois a empresa não oferece nova
função em resposta ao ofício de incompatibilidade.
O segurado segue com seus estudos, e conclui o ensino fundamental
em 12/2014; E ao iniciar o ensino médio, volta-se a discutir nos
atendimentos a possibilidade de uma nova tentativa de readaptação na
empresa de vínculo, com base na expectativa do segurado em retornar
ao trabalho na empresa na função de motorista.
Foi então enviado um novo ofício à empresa solicitando indicação
de nova função/atividade, tendo em vista o tempo já transcorrido,
2011 para 2015, e a elevação escolar do reabilitando. Porém, a referida
empresa propõe uma nova função, a de auxiliar de serviços gerais, com
ANEXO 2 337

atividades de executar trabalhos de limpeza e conservação em geral nas


dependências internas e externas da unidade, bem como serviços de
limpeza e conservação em equipamentos para mantê-los em condições
de uso, utilizando os materiais e instrumentos adequados e rotinas
previamente definidas. Feita nova análise de função por visita in loco
e novamente, por exigência de ortostatismo prolongado, subir e descer
escadas com frequência e deambulação frequente, esta função também
é considerada como incompatível.
Em conversa com o setor de RH da empresa, entende-se que o
segurado gerou uma expectativa de retorno ao trabalho na função
de motorista por uma fala proferida pelo médico do trabalho, e que
inclusive o segurado fez uma prova na qual teve um mau desempenho.
Dessa forma, a empresa solicita que o INSS oficialize a solicitação de
readaptação especificamente para a função de motorista.
Em discussão clínica da equipe de reabilitação profissional,
entendeu-se que diante da “abertura ao diálogo” pela empresa, poderia
ser realizada uma solicitação para função específica, na tentativa de
concluir com êxito o programa do segurado.
Foi então o segurado encaminhado para avaliação médica com
perito médico da equipe de reabilitação profissional, que considerou que
o reabilitando possui condições de desempenhar função de motorista, e
então foi feito ofício à empresa solicitando a indicação de readaptação
nessa função específica.
Assim a empresa acatou a solicitação e sugeriu a função de
motorista para a reabilitação do segurado. Entretanto, com a
necessidade de se fazer um teste teórico e prático, o segurado foi
encaminhado para a realização dos referidos testes. Contudo, foi
confirmado que o mesmo obtém bom desempenho no teste prático,
mas não no teórico, mesmo assim a empresa mantém a proposta e o
segurado é encaminhado para o treinamento de readaptação.
Após 30 dias de treinamento, o segurado retorna em atendimento
no programa de reabilitação profissional com o relatório de avaliação
preenchido pelo supervisor, que avalia o segurado com desempenho ótimo
e apto à nova função, relatando que o mesmo foi submetido a diversos
testes, teóricos e práticos e obteve notas máximas em quase todos os
quesitos, dentre estes: teste de capacidade de atenção, previsão, decisão
na condução do veículo mesmo diante de condições adversas; teste de
baliza com diversos graus de dificuldades, teste de carga e descarga
e coleta, sendo avaliadas suas condições físicas de suportar estresse
338 Terapia Ocupacional • Volume 3

e fadiga no dia a dia; testes psicotécnicos sobre legislação, noções de


painéis de instrumento e mecânica, segurança no trânsito.
Sendo assim, o segurado retorna do treinamento motivado e animado
com o retorno ao trabalho. Foi então orientado para dar continuidade aos
estudos já que faltavam apenas dois meses para a conclusão do ensino
médio. Pois, o mesmo recebeu o certificado de Reabilitação Profissional
em 05/2016, após 7 anos de encaminhamento ao programa e 12 anos,
aproximadamente, após acidente de trabalho, sendo avaliado pela perícia
médica, e indicado para retorno ao trabalho na nova função.
Nesse caso, a empresa se mostrou aberta à discussão do caso do
reabilitando, e permitiu a “quebra” de ações burocráticas em prol
de um objetivo comum, ou seja, a conclusão exitosa do programa de
Reabilitação Profissional.
ANEXO 3
Saúde do Trabalhador - Tabela com as características dos
estudos incluídos na análise da literatura
(Ref. ao Cap. 4, Tópico 2)
Carolina Maria do Carmo Alonso
Priscila Blasquez da Costa Leite

Autor / Ano Título Objetivo Método Resultados

Em 2006 e 2007,
Analisar a Estudo descritivo de
foram
Acidentes prevalência e caráter retrospecti-
RUAS; notificados 315
ocupacionais caracterizar os vo. Os dados foram
SANTOS; acidentes de
com materiais acidentes coletados por meio
BARBOSA; trabalho.
perfurocor- ocupacionais das Comunicações
BELASCO; Tratando-se da
tantes em com materiais de Acidentes de
BETTENCOURT, parte do corpo
Hospitais De perfurocortantes Trabalho e das fi-
2012 mais atingida, as
Montes Cla- com exposição chas de notificação
mãos foram as
ros-MG biológica. de acidente biológi-
mais acometidas
cos ocupacionais.
(93%).

O maior percen-
tual de aciden-
tes ocorreu com
Identificar a
Estudo transversal, trabalhadores
prevalência e os
CERON; Prevalência e N=157. Os dados do sexo mas-
fatores
MAGNAGO; fatores as- foram coletados culino (26,3%),
associados à
CAMPONOGA- sociados aos através de um for- entre 19 e 34
ocorrência dos
RA; LUZ; acidentes de mulário para carac- anos (21,6%). Os
acidentes de
BELTRAME; trabalho no terização sociode- acidentes com
trabalho com os
BOTTINO, serviço hos- mográfica, laboral, perfurocortan-
trabalhadores
2015 pitalar de hábitos, saúde e tes e as quedas
do serviço
limpeza dos acidentes de se destacaram,
hospitalar de
trabalho. sendo as mãos
limpeza.
e os dedos as
partes do corpo
mais atingidas.

340
ANEXO 3 341

Autor / Ano Título Objetivo Método Resultados

As regiões do
corpo mais
atingidas nos
acidentes de
Trata-se de estudo
trabalho foram
descritivo, transver-
Estudo sobre Verificar a os dedos da mão
sal, de abordagem
a ocorrência ocorrência de em 15 acidentes
quantitativa, N=81.
de acidentes acidentes de (93,8%) e a mão
A coleta de dados
de trabalho trabalho com em 1 acidente
OLIVEIRA; foi realizada por
com material material biológi- (6,2%). Resulta-
KLUTHCOVSKY: meio de questioná-
Biológico em co em técnicos e do semelhante
KLUTHCOVSKY, rio contendo ques-
profissionais auxiliares de foi encontrado
2008 tões objetivas,
de enferma- enfermagem na literatura,
pré-elaboradas
gem de um que atuam em onde os aciden-
cuja construção
hospital hospital. tes com mate-
baseou-se na litera-
rial biológico
tura.
também acome-
teram predomi-
nantemente o
dedo.

Trata-se de estu-
do descritivo com
abordagem quanti-
Caracteriza- qualitativa, N=22.
Caracterizar o
ção de aci- Os dados foram
acidente com
dente com coletados por meio A região mais
RIBEIRO; GA- material per-
material per- de entrevista se- afetada pelos
BATZ; NEVES; furocortante
furocortante miestruturada com acidentes foram
PADOIN, e conhecer a
ea questões abertas as mãos, prin-
2009 percepção da
Percepção e fechadas. A aná- cipalmente os
equipe de Enfer-
da equipe de lise dos dados foi dedos.
magem diante
enfermagem constituída de duas
do acidente.
etapas, a primeira
foi a análise quan-
titativa e a segunda
qualitativa.
342 Terapia Ocupacional • Volume 3

Autor / Ano Título Objetivo Método Resultados


Pesquisa epidemio-
lógica do tipo trans-
Acidentes
versal, na qual se
com perfuro- Identificar a
utilizou instrumen- Os dedos foram
NASCIMENTO; -cortantes na prevalência do
to validado para perfurados na
ASSUNÇÃO; Faculdade de acidente Ocu-
o tema (n=200). maior parte
NEWTON; Odontologia pacional com
O instrumento de dos acidentes,
PEDREIRA; da perfuro- cor-
coleta de dados seguidamente
SILVA, UFPA: Visuali- tantes em uma
utilizado tem cará- por mãos, pés e
2012 zação de um faculdade de
ter autoexplicativo perna.
Cenário odontologia.
e foi composto de
perguntas de múlti-
pla escolha.

Analisar a pre- Trata-se de um


valência dos estudo descritivo-
acidentes de -exploratório. Para
Perfil dos As mãos fo-
PINHO; trabalho de coleta de dados
acidentes de ram as regiões
RODRIGUES; enfermagem foram utilizados os
trabalho no do corpo mais
GOMES, no HUB a fim documentos de re-
Hospital Uni- acometidas,
2007 de dimensionar gistro de acidentes
versitário de em 63,20% dos
a magnitude de trabalho, Comu-
Brasília casos.
do problema e nicação Interna de
propor ações Acidentes de Traba-
preventivas. lho – CIAT.

Trata-se de uma
investigação descri-
tiva, utilizando-se o As partes do
Investigar a modelo transversal corpo mais
Trabalho pre-
SANTOS; ocorrência de de investigação, atingidas nos
coce e aci-
MAURO; BRITO; acidentes ocu- com abordagem e acidentes foram
dentes ocupa-
MACHADO, pacionais em análise quantitativa mãos e dedos,
cionais na
2009 adolescentes de dados. Como ins- apontados por
Adolescência.
trabalhadores. trumento de coleta 40,4% dos ado-
de dados foi utiliza- lescentes.
do um questionário
autoaplicado.
Caracterizar os
Acidentes casos de lesões Estudo observacio- Os acidentes de
de trabalho na mão relacio- nal, de corte trans- trabalho com
SOUZA; CA-
envolvendo nadas ao traba- versal. Os dados lesão de mão
BRAL; SAMPAIO;
mãos: casos lho tendidos no foram coletados (n=238) corres-
MANCINI,
atendidos em Setor de Tera- dos protocolos ponderam a
2008
um Serviço de pia da Mão do de avaliação 33,5% do total
Reabilitação Hospital Maria dos pacientes. de casos.
Amélia Lins.
ANEXO 3 343

Autor / Ano Título Objetivo Método Resultados

Estimar a pre-
Prevalência valência e as
e caracte- características
Trata-se de um
rísticas dos dos acidentes Os dedos das
estudo de delinea-
acidentes com com base na mãos, as mãos e
mento transversal,
OLIVEIRA; material via de exposi- os braços foram
de caráter descriti-
PAIVA, Biológico en- ção a material as áreas mais
vo. Para a coleta de
2013 volvendo pro- biológico entre atingidas por
dados fez-se o uso
fissionais do profissionais do material bioló-
de um questionário
atendimento atendimento gico.
estruturado.
pré-Hospitalar pré-hospitalar
móvel do estado de
minas gerais.

Identificar a
A área corporal
frequência dos
mais atingida
acidentes envol-
Perfil de Estudo descritivo foram as mãos
vendo material
SASAMOTO; acidentes retrospectivo. Os (32/80, 0%),
biológico entre
TIPPLE; LELES; com material dados foram obti- com envolvi-
acadêmicos e
SILVA; PAIVA; biológico em dos, por meio das mento dos dedos
profissionais de
SOUZA; uma Institui- fichas de notifica- da mão não
uma institui-
DOURADO, ção de ções de registro dominante em
ção de ensino
2010 Ensino Odon- dos acidentes com 16 acidentes e
odontológico e
tológico material biológico. dos dedos da
o perfil epide-
mão dominante
miológico desses
em 10.
acidentes.

Estudo epidemio-
Analisar os Em relação à
lógico descritivo,
acidentes de parte do corpo
de delineamento
trabalho típicos atingida, ve-
Acidentes de transversal. Os da-
registrados pelos rificou-se que
trabalho na dos foram coletados
trabalhadores as mãos dos
equipe de através notifica-
SÊCCO; de enfermagem trabalhadores
enfermagem ções de acidentes
ROBAZZI, segundo as vari- estiveram mais
De um hospi- de trabalho típicos
2007 áveis relaciona- expostas a ATT
tal de ensino (ATT) registrados
das ao tempo, em todos os
do Paraná - por meio das CAT e
ao espaço e à anos do estu-
Brasil das notificações de
pessoa e estimar do, totalizando
acidentes de Tra-
indicadores de 70,5% (246) dos
balho com Material
risco. casos.
Biológico (NATMB).
344 Terapia Ocupacional • Volume 3

Autor / Ano Título Objetivo Método Resultados

Acidentes Descrever os
com material acidentes do Pela própria
biológico em trabalho com Trata-se de um natureza do tra-
MARZIALE; hospital da exposição a estudo de campo de balho, as mãos e
SILVA; HAASW; Rede material biológi- caráter retrospec- os quirodáctilos
ROBAZZI, 2007 de Prevenção co ocorridos no tivo com desenho foram as partes
de Acidentes Hospital Univer- transversal. do corpo mais
do Trabalho – sitário de atingidas.
REPAT Brasília.

Quanto à lo-
Epidemiologia Investigar as ca-
Trata-se de um calização das
SILVIA; do acidente racterísticas de
estudo retrospec- lesões, as mãos
BARBOSA; de trabalho pacientes víti-
tivo com base em e os antebraços
CASTRO; na experiên- mas de acidente
busca ativa em corresponderam
JÚNIOR cia cirúrgica de trabalho e
prontuários médicos a 64,35% das
2006 de um Hospi- sua
(n=301). regiões acome-
tal Geral consequência.
tidas.
ANEXO 4
CARTÃO BABEL (INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE
MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA; Ref. ao Cap. 6, Tópico 1)

O Anexo “Cartão Babel”, adaptado de Goldberg, Gask e Morriss


(2008) com autorização dos autores, por um grupo de profissionais
brasileiros, é composto por instrumentos de avaliação em Saúde Mental
para ser usado nas unidades de Atenção Básica à Saúde. Sua finalidade é
oferecer ferramentas para que as equipes desses componentes da RAPS
(Rede de Atenção Psicossocial) ao acolher as demandas e queixas de
saúde mental dos usuários, possam identificar melhor o quadro clínico e
realizar os encaminhamentos necessários, desde ofertas terapêuticas na
própria unidade, discussão do caso em matriciamento, além de subsidiar a
comunicação e compartilhamento do caso em equipe, ou o encaminhamento
para outro ponto de atenção da RAPS, entre outras estratégias.
Inclui instrumentos de triagem de transtorno do humor, transtornos
ansiosos, avaliação do risco de suicídio, demência, álcool e tabaco, além
de roteiros de consulta e levantamento de casos.
Esse é um material de grande relevância para o cotidiano de
práticas nas unidades de saúde, considerando-se que cerca de 90% da
demanda de saúde mental pode ser atendida na Atenção Básica.

346
ANEXO 4 347

Fig. 1 – Lado externo.

Fig. 2 – Lado interno.

Disponível em:
FILE:///C:/USERS/CREFITO/DOWNLOADS/CARTAO-BABEL.PDF
IV - APÊNDICE
Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas
Ocupacionais nos Programas e Serviços
Públicos de Saúde e Assistência Social.
Realização
Câmara Técnica Sócio-Sanitária - Crefito 3:
• Adriana Fernandes - Fisioterapeuta
• Caroline Firmino Pierini - Fisioterapeuta
• Fernanda Laís Ribeiro - Terapeuta Ocupacional
• Adriana Oliveira - Fisioterapeuta
• Luany Maldonado Orsi - Terapeuta Ocupacional
• Nelsilene do Amaral - Fisioterapeuta
- Coordenação:
• Susilene Maria Tonelli Nardi – Terapeuta Ocupacional
• Jonatas da Silva Souza - Fisioterapeuta

Apresentação
Essa Cartilha foi idealizada e construída com o propósito de
selecionar quais as leis, resoluções e programas do Ministério da Saúde
e do Ministério da Assistência Social que contemplam a inserção dos
profissionais nos serviços públicos.
A Cartilha foi finalizada em 2017 pela Câmara Técnica Sócio
Sanitária (CTSS) do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional de Terceira Região - Crefito 3.
Nessa Cartilha, os profissionais já vinculados ao serviço público,
poderão se apropriar do regimento dos programas e verificar as
atribuições do Terapeuta Ocupacional em cada programa implantado
em seu município. Há também a possibilidade de, com a cartilha em
mãos, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas e a própria população,
sensibilizarem os gestores para a implantação dos programas em seu
município e ou reivindicar a melhoria dos serviços e a contratação de
profissionais para garantir mais qualidade no atendimento à população.
Cabe aqui ressaltar que o Terapeuta Ocupacional tem uma inserção
e ação muito ampla na Assistência Social e compõe juntamente com

350
351

outros profissionais, a equipe do Programa Consultório na Rua, o Centro


de Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência
Especializado em Assistência Social (CREAS) e os projetos de Proteção
Social Especial.
Esperamos que esta Cartilha sirva de base para juntos
construirmos uma rede pública de atenção mais eficiente nas propostas
e efetiva nos resultados.

Cartilha disponível em:


http://www.crefito3.org.br/dsn/pdfs/manuais/Cartilha_Elaboracao_
de_Projetos_Captacao_de_Recursos_Final_Expansao.pdf
Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde – CIF:
Considerações para Terapeutas Ocupacionais.

Adriano Conrado Rodrigues

Esse capítulo têm como objetivo mostrar a CIF de forma simples


e aplicada, em consonância com o universo da Terapia Ocupacional,
e assim despertar o interesse, bem como dar subsídios para que o
profissional se aproprie, e passe a empregar a CIF em sua rotina
profissional, aprofundando seus estudos, na medida de sua necessidade.
Aproprie-se, e bons estudos!

1 - Apresentação.
Assim como o médico estabelece o diagnóstico clínico de doenças,
distúrbios ou outras condições de saúde, determinando o código CID-10
(Classificação Internacional de Doenças – Décima revisão), O Terapeuta
Ocupacional estabelece o diagnóstico funcional e incapacidades associadas
aos estados de saúde, determinando o código CIF. Essas duas classificações
quando combinadas, podem determinar maior acertividade nas condutas e
gerar evidência para o monitoramento da saúde da população.
A CIF (assim como a CID-10) pertence à “família” das classificações
internacionais desenvolvidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
para aplicação em vários aspectos da saúde. Dessa forma, fornece
um sistema para a codificação de uma ampla gama de informações,
e possibilitando uma linguagem comum padronizada, que permite
sobretudo a comunicação universal para uma atenção adequada à saúde.
Conforme a nomenclatura, temos os seguintes conceitos teóricos:
Funcionalidade é um termo que abrange todas as funções do corpo,
atividades e participação;
Incapacidade é um termo que abrange deficiências, limitação de

353
354 Terapia Ocupacional • Volume 3

atividades ou restrição na participação.


A CIF também relaciona os fatores ambientais, na interação com
esses conceitos.
Como resultado, a CIF permite ao profissional o registro de perfis úteis
da funcionalidade, incapacidade e saúde dos indivíduos em vários domínios.
A adentrar no universo da CIF, três aspectos me chamam a atenção:
primeiro, a similaridade dos constructos da CIF, com os Constructos da
própria Terapia Ocupacional; segundo, a importância de se estabelecer
uma linguagem universal, e a uniformidade de nomenclaturas e
termos para caracterizar o diagnóstico funcional; e terceiro, a própria
estrutura e objetividade da classificação, quando a consideramos como
instrumento, uma vez que a classificação depende da avaliação. E nesses
aspectos, conduzirei a discussão a seguir.

Tabela 1. Uma visão geral da CIF


355

2 - CIF - Conceitos teóricos / Constructos (componentes).


DEFINIÇÕES
• Funções do corpo são as funções fisiológicas dos sistemas
orgânicos (incluindo as funções psicológicas).
• Estruturas do corpo são as partes anatómicas do corpo, tais como,
órgãos, membros e seus componentes.
• Deficiências são problemas nas funções ou nas estruturas do
corpo, tais como, um desvio importante ou uma perda.
• Atividade é a execução de uma tarefa ou acção por um indivíduo.
• Participação é o envolvimento de um indivíduo numa situação
da vida real.
• Limitações da atividade são dificuldades que um indivíduo pode
ter na execução de actividades.
• Restrições na participação são problemas que um indivíduo pode
enfrentar quando está envolvido em situações da vida real
• Factores ambientais constituem o ambiente físico, social e
atitudinal em que as pessoas vivem e conduzem sua vida.
• Fatores pessoais são o histórico particular da vida e do estilo
de vida de um indivíduo e englobam as características do indivíduo que
não são parte de uma condição de saúde ou de um estado de saúde.
Esses factores podem incluir o sexo, raça, idade, outros estados de
saúde, condição física, estilo de vida, hábitos, educação recebida,
diferentes maneiras de enfrentar problemas, antecedentes sociais, nível
de instrução, profissão, experiência passada e presente, (eventos na
vida passada e na actual), padrão geral de comportamento, carácter,
características psicológicas individuais e outras características, todas
ou algumas das quais podem desempenhar um papel na incapacidade
em qualquer nível. Os factores pessoais não são classificados na CIF.
No entanto, eles contribuem com fatores que podem influenciar os
resultados das várias intervenções.

Em acordo com as definições acima, a CIF se organiza basicamente


em duas partes, cada uma com dois componentes:

Parte 1. Funcionalidade e Incapacidade


(a) Funções do Corpo e Estruturas do Corpo
(b) Actividades e Participação
356 Terapia Ocupacional • Volume 3

Parte 2. Factores Contextuais


(c) Factores Ambientais
(d) Factores Pessoais

Cada componente pode ser expresso em termos positivos e negativos.


Cada componente contém vários domínios e em cada domínio há
várias categorias, que são as unidades de classificação.
A saúde e os estados relacionados com a saúde de um indivíduo
podem ser registados através da selecção do código ou códigos
apropriados da categoria e do acréscimo de qualificadores, códigos
numéricos que especificam a extensão ou magnitude da funcionalidade
ou da incapacidade naquela categoria, ou em que medida um factor
ambiental facilita ou constitui um obstáculo.
Na figura abaixo, observamos a Atividade como centro do processo
de interação entre os componentes da CIF, onde todos os componentes
têm o potencial de modificar um ou mais elementos.

Fig 1. Interação entre os componentes da CIF.

3 - CIF - Linguagem Universal.


Nesse tópico, cito a CIF como uma referencia de linguagem
técnica, e não somente de classificação. Se apropriar da CIF, possibilita
ao terapeuta ocupacional se apropriar de suas terminologias, e assim
utilizá-las em acordo com sua prática.
357

Na tabela abaixo (dos ítens candidatos para uma tabela mínima


- CIF) vemos bons exemplos, onde inclusive caberá ao profissional
mensurar o desempenho nessas áreas, para dados de classificação:

Tabela 2. Dados da CIF sugeridos como mínimos e ideais para


sistemas de informação de saúde ou para inquéritos de saúde.

Como podemos observar nos itens da tabela, uma vez avaliada e


detectada uma alteração de desempenho em uma determinada área ou
domínio, caso esteja dentro das prerrogativas profissionais isso passa a
ser objetivo de tratamento. Nesse processo, outras avaliações podem
ser associadas em acordo com a necessidade, direcionando a condutas e
abosdagens específicas.

4 - CIF - Estrutura e Objetividade da Classificação.


4.1 - Processo de Classificação.
A CIF utiliza um sistema alfanumérico no qual as letras b, s, d e e são
utilizadas para indicar Funções do Corpo, Estruturas do Corpo, Actividades e
358 Terapia Ocupacional • Volume 3

Participação e Factores Ambientais. Essas letras são seguidas por um código


numérico que começa com o número do capítulo (um dígito), seguido pelo
segundo nível (dois dígitos) e o terceiro e quarto níveis (um dígito cada).

Para exemplificar o processo de classificação, vou escolher um


domínio que a Terapia Ocupacional têm grande proximidade, inclusive
como prerrogativa: Auto cuidados.

Primeiro Nível:
Atividades e Participação
Capítulo 1 Aprendizagem e aplicação do conhecimento
Capítulo 2 Tarefas e exigências gerais
Capítulo 3 Comunicação
Capítulo 4 Mobilidade
Capítulo 5 Auto cuidados
Capítulo 6 Vida doméstica
Capítulo 7 Interacções e relacionamentos interpessoais
Capítulo 8 Áreas principais da vida
Capítulo 9 Vida comunitária, social e cívica

Segundo Nível:
Atividades e Participação
Capítulo 5 Auto cuidados
d510 Lavar-se
d520 Cuidar de partes do corpo
d530 Cuidados relacionados com os processos de excreção
d540 Vestir-se
d550 Comer
d560 Beber
d570 Cuidar da própria saúde
d598 Auto cuidados, outros especificados

4.2 - Classificação detalhada com definiçõe:


Ex. Capítulo 5 Auto cuidados
Este capítulo trata dos auto cuidados como lavar-se e secar-se,
cuidar do corpo e de partes do corpo, vestir-se, comer e beber e cuidar
da própria saúde
d510 Lavar-se Lavar e secar todo o corpo, ou partes do corpo,
utilizando água e produtos ou métodos de limpeza e secagem
359

apropriados, como por exemplo, tomar banho em banheira ou chuveiro,


lavar mãos e pés, cara e cabelo; e secar-se com uma toalha Inclui: lavar
partes do corpo, todo o corpo; e secar-se
Exclui: cuidar de partes do corpo (d520); cuidados relacionados
com os processos de excreção (d530)
d5100 Lavar partes do corpo aplicar água, sabão e outras
substâncias a partes do corpo com o objectivo de as limpar, como por
exemplo, mãos, cara, pés, cabelo ou unhas
d5101 Lavar todo o corpo aplicar água, sabão e outras substâncias
a todo o corpo com o objectivo de o limpar, como por exemplo, tomar
um banho de banheira ou um duche
d5102 Secar-se usar uma toalha ou outros meios para secar
alguma parte ou partes do corpo, ou todo o corpo, como por exemplo,
após ter-se lavado
d5108 Lavar-se, outro especificado
d5109 Lavar-se, não especificado

4.3 - Inserção dos qualificadores


Os códigos da CIF só estão completos com a presença de um
qualificador, que indica a magnitude do nível de saúde (por exemplo,
gravidade do problema). Os qualificadores são codificados com um, dois
ou mais dígitos após um ponto separador. A utilização de qualquer código
deve ser acompanhada de, pelo menos, um qualificador. Sem eles, os
códigos não têm significado.
Assim, o primeiro qualificador das Funções e Estruturas do Corpo,
os qualificadores de desempenho e capacidade (para Actividades e
Participação), e o primeiro qualificador dos Factores Ambientais,
descrevem a extensão dos problemas no respectivo componente.
Todos os três componentes classificados na CIF (Funções e
Estruturas do Corpo, Actividades e Participação e Factores Ambientais)
são quantificados através da mesma escala genérica:

NÃO há problema (nenhum, ausente, insignificante) 0-4%


Problema LIGEIRO (leve, pequeno, ...) 5-24%
Problema MODERADO (médio, regular, ...) 25-49%
Problema GRAVE (grande, extremo, ...) 50-95%
Problema COMPLETO (total, ...) 96-100%
Não especificado
Não aplicável
360 Terapia Ocupacional • Volume 3

4.3.1 - Quando se deve usar o qualificador de desempenho e o


qualificador de capacidade.
Qualquer um dos qualificadores pode ser utilizado para cada uma
das categorias das listas. No entanto, as informações transmitidas são
diferentes em cada caso.
Quando ambos os qualificadores são utilizados, o resultado é uma
agregação de dois constructos, i.e.:
d4500. 2 __
d4500.2 1
d4500. __ 1
Se apenas um qualificador é utilizado, o espaço não utilizado deve
ser deixado em branco.
O código descrito com um qualificador, já valida a classificação,
e opcionalmente a partir dessa “matriz”, opcionalmente outros
qualificadores podem ser associados.
Ainda referente aos qualificadores, a atualização da classificação ao
longo do processo terapêutico e a observação clínica sobre a alteração dos
valores, pode ser um excelente indicador da evolução do paciente.

5 - Considerações Finais
Há que se considerar o volume de informações contida na CIF. Por
um lado, isso subsidia o profissional à um olhar integral ao indivíduo. Por
outro, torna o instrumento complexo e pouco prático na aplicabilidade.
Porém, com a prática na aplicação e conseqüente familiaridade a partir
dessa prática, aplicar a classificação, bem como torná-la presente no
processo terapêutico vai ficando mais fácil e rápido.
Idealizada e desenvolvida pela OMS, a CIF traz a confiabilidade
desse órgão, que também norteia as “boas práticas” do SUS. Esse
certamente é um dado que credencia a CIF como um instrumento de
referência para a Terapia Ocupacional, que inclusive, dado o exposto
acima, “conversa” com as políticas públicas de Saúde do Brasil.
E assim finalizo esse overview sobre a CIF e sua aplicação,
sugerindo o aprofundamento nos estudos sobre a seus Componentes,
Domínios e Constructos, bem como a sugestão de ter a CIF sempre a
mão para consulta (no formato que lhe for mais conveniente), completo,
como disposto para acesso no link abaixo.
Acesse a versão completa da CIF em:
http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf
APRESENTAÇÃO
MINI-CURRÍCULOS DOS AUTORES/COLABORADORES,
EM ACORDO COM A IDENTIFICAÇÃO NUMÉRICA EM
SOBRESCRITO.

AUTOR E ORGANIZADOR
1. Adriano Conrado Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.
• Graduação – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP.
• Especialização em Terapia da Mão – Associação dos Terapeutas
Ocupacionais do Estado do Rio de Janeiro, 1998.
• Mestre em Ciências da Reabilitação Neuromotora – Universidade
Bandeirante de São Paulo/CAPES, 2005.
• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da Terceira Região - Crefito 3 (Gestão 2016-2020) - Sistema
Coffito-Crefitos.
• Professor Titular da Universidade de Sorocaba – UNISO, Curso de
Terapia Ocupacional - 2003 à 2007. Disciplinas de Patologia Aplicada;
Órteses, Próteses e Adaptações; Terapia Ocupacional em Saúde Física;
Práticas Institucionais e Comunitárias; Estágio Profissional de Terapia
Ocupacional em Saúde Física.
• Preceptor da Primeira Residência Multiprofissional em Saúde da
Família, Casa de Saúde Santa Marcelina / Universidade Santa Marcelina -
Categoria Terapia Ocupacional - 2004.
• Coordenador do curso de pós graduação lato sensu “Reabilitação
Funcional do Membro Superior – Especialização em Terapia da Mão” –
Universidade de Sorocaba / Conjunto Hospitalar de Sorocaba (2006, 2007).
• Terapeuta Ocupacional (Concursado Público Estadual Efetivo) do
Instituto de Medicina Física e Reabilitação – IMREA – HC – FMUSP (2008).
• Autor de artigos em revistas científicas relacionadas a Neurociências e
Reabilitação.
• Consultor de Gestão em Saúde; Home Care; Empresário - 2008/dias atuais.
• Sócio-Fundador da Associação Brasileira de Terapia Ocupacional Neuro-
Traumato-Ortopédica (Abratoneto).

362
363

AUTORES COLABORADORES
2. Ana Maria D. O. Belleza – Fonoaudióloga.
• Especialização em Motricidade Oral – Disfagia. (Centro de
Especialização de Fonoaudiologia Clínica – CEFAC).
• Aprimoramento e Especialização em Cuidados Paliativos (Pinus
Longæva Saúde e Educação).
• Pós-graduanda em Saúde do Idoso (SES - SP - Telemedicina USP/HC).
• Ex-Fonaudióloga do Programa Médico da Família – Serviço de
Atendimento ao Acamado – Prefeitura Municipal de Sorocaba – SP.
• Fonaudióloga na Prefeitura Municipal de Araçoiaba da Serra– SP.
• Fonoaudióloga na Clínica de Fonoaudiologia de Sorocaba.
• Membro integrante do Conselho do Idoso de Araçoiaba da Serra.
• Membro integrante da ABRAZ - Associação Brasileira de Alzheimer.
• Articuladora do NEPH (Núcleo de Educação Permanente) de Araçoiaba
da Serra – SP.

3. Annie Betune Ramalhão – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Saúde Pública – Universidade Federal de São Carlos
• Mestre em Ciências ênfase Ensino em Saúde – Universidade Federal de
São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
• Foi Professora Titular do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade
de Sorocaba.
• Analista do Instituto Nacional do Seguro Social - Responsável Técnica
pela Reabilitação Profissional Gerência em Piracicaba – SP.

4. Fábio Jakaitis – Fisioterapeuta.


• Especialista em Fisiologia do Exercício – Extensivo, do Departamento de
Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.
• Fisioterapeuta do Hospital Israelita Albert Einstein.
• Coordenador de curso - Pós Graduação em Terapia Aquática do
Hospital Israelita Albert Einstein.

5. Gisele Pellegrini – Fonoaudióloga.


• Especialista em Motricidade Oral – Centro de Especialização de
Fonoaudiologia Clínica – CEFAC.
• Foi Fonoaudióloga do Centro de Reabilitação Sagrado Coração de Jesus.
• Aprimoramento em Saúde Coletiva e em Uti Neonatal.
• Fonoaudióloga - Equipe NASF – Associação Saúde da Família.
364 Terapia Ocupacional • Volume 3

6. Luciane Garcia Corrêa Padovani – Terapeuta Ocupacional.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Especialização em Reabilitação aplicada a neurologia Infantil – Unicamp.
• Coordenadora do Centro de Equoterapia Camaster – Itu, SP.
• Home Care.

7. Marina Rodrigues Camargo – Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Reabilitação Funcional dos Membros Superiores –
Universidade de Sorocaba.
• Curso Multiprofissional do Sono – Universidade Federal de São Paulo –
Escola Paulista de Medicina.
• Foi Terapeuta Ocupacional da Casa de Saúde Santa Marcelina –
Programa Saúde da Família – PSF.
• Foi Terapeuta Ocupacional do SECONCI-SP
• Terapeuta Ocupacional - Equipe NASF – Associação Saúde da Família.

8. Renata Aparecida Conejo – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Terapia Ocupacional em Saúde Mental, Departamento
de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.
• Curso de Prótese pela OttoBock do Brasil.
• Aluna especial na F.C.M. Universidade de Campinas – UNICAMP –
Disciplina cursada: Tópicos de neurologia.
• Terapeuta Ocupacional do Conjunto Hospitalar de Sorocaba – CHS.
• Professora Titular do curso de Terapia Ocupacional da Sociedade
Cultural e educacional de Itapeva - FAIT.

9. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite – Fisioterapeuta.


• Diretora Técnica/Administrativa da Clínica de Fisioterapia SHL.
• Foi Membro da equipe da Área Técnica de Saúde da Pessoa com
Deficiência – CODEPPS/Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
• Foi Assessora Técnica de Reabilitação na Região Leste de São Paulo.

10. Renata Schoedler – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Reabilitação das mãos e Membros Superiores.
• Foi Terapeuta Ocupacional do Instituto de Medicina Física e
Reabilitação – HCFMUSP.
• Foi Terapeuta da Mão do setor de Ortopedia do Hospital Israelita
Albert Einstein.
365

• Equipe de Cirurgia da Mão do Dr. Rames Mattar.

11. Daniel Marinho Cezar da Cruz – Terapeuta Ocupacional.


• Mestre e Doutor em Educação Especial pela Universidade Federal de
São Carlos -UFSCar.
• Docente Adjunto do Departamento de Terapia Ocupacional e do
Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional (Mestrado) da
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.

12. Adriana Garcia Tosta Vieira – Fisioterapeuta.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Método Kabat.
• Mobilização Neural.
• Especialização em Reabilitação Aplicada a Neurologia Infantil
– Unicamp.
• Fisioterapeuta do Centro de Equoterapia Camaster.
• Fisioterapeuta Hospital Vera Cruz de Campinas.
• Home care.

13. Célia Aparecida Tomba – Psicóloga.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Psicóloga clínica.
• Psicóloga do centro de Equoterapia Camaster.
• Equoterapeuta na AMAI (Associação Amigos do Autista de Itu).

14. Eduardo Peres Honório – Educador Físico.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Educador Físico e Instrutor de Equitação do Centro de Equoterapia
Camaster.
• Educador Físico prefeitura de Salto, SP.

15. Marussia Fialho Hamsi Caridá – Psicopedagoga.


• Curso de Habilitação em Equoterapia pela Associação Nacional de
Equoterapia – ANDE - Brasília, DF – Brasil.
• Psicopedagoga do centro de Equoterapia Camaster.
• Psicopedagogia Clínica.
366 Terapia Ocupacional • Volume 3

16. Roberta Abduch Rolim Credidio – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Gerontologia pelo Centro Universitário São Camilo.
• Especialista em Terapia da Mão pela Universidade de São Paulo.
• Terapeuta Ocupacional do Instituto Central do Hospital das Clínicas,
atuando em seu projeto de implantação.
• Supervisora de estágio da universidade de São Paulo.

17. Daniela Nascimento Augusto – Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Gerontologia pela Universidade Federal de São Paulo.
• Terapeuta Ocupacional do Residencial Israelita Albert Einstein.
• Supervisora do estágio da Universidade Federal de São Carlos.
• Auxiliar coordenação da Pós Graduação em Gerontologia do Hospital
israelita Albert Einstein.

18. Silvia Regina Rocha – Psicóloga.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Secretaria Estadual da Saúde (SES).

19. Maria Luiza Santa Cruz - Psicóloga.


• Coordenadora de NASF pela Associação Saúde da Família (ASF).
• Apoiadora da PNH (Política Nacional de Humanização).
• Formadora de apoiadores institucionais da PNH na UP/SP Capital em
dupla com Cristina Vicentin; Membro do Comitê do Pró-Saúde.
• Ex-integrante da equipe de SM do PSF na FÓ/ Brasilândia e Casa
Verde/Cachoeirinha/Limão de outubro/98 a novembro de 2008 (que se
dissolveu com a chegada do NASF).

20. Walter Augusto Bahia Pereira – Médico Psiquiatra


• Psicoterapia de Orientação Psicanalítica.
• CAPS Infantil – Associação Saúde da Família.

21. Carmen Ligia Cucê Nobre – Médica Pediatra.


• Médica Pediatra do NASF Silmarya, Associação Saúde da Família, desde 2009.
• Médica generalista do Programa da Saúde da Família, Fundação
Faculdade de Medicina, de 2002 a 2009.
• Especialização em Medicina Antroposófica, pela Associação Brasileira de
Medicina Antroposófica, a nível de pós-graduação latu senso, desde 2002.
• Mestrado na área de Educação em Saúde, Universidade Paulista, em 1998.
• Pediatra, Sociedade de Pediatria de São Paulo, desde 1979.
367

22. Keila Raquel – Terapeuta Ocupacional.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• CAPS Infantil – SPDM.

23. Janaína Eleutério Martins - Fonoaudióloga.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Aprimoramento em Linguagem - PUC SP.
• Preceptora do Programa de Educação pelo Trabalho - PET Saúde.

24. Maria Luiza Rezende - Médica Homeopata.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Especialista pela Associação Médica Homeopática Brasileira - AMHB.

25. Viviane de Mancilha Lima - Fisioterapeuta.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Especialista em Fisioterapia Pediátrica - UNICID.

26. Luiza Franco - Assistente Social.


• NASF – Associação Saúde da Família.
• Secretaria Estadual da Saúde (SES).

27. Julia Hatakeyama Jóia - Psicóloga.


• Pós-graduando da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -
Tutor pelo Programa Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde).

28. Adriano de Oliveira - Psicólogo.


• Pós-graduando da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -
Tutor pelo Programa Pró- Saúde (Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde).

29. Carolina Cimardi Becker - Terapeuta Ocupacional.


• Experiência em Estimulação Precoce, Deficiência Intelectual, Autismo,
grupos e atendimentos individuais.
• Programa de Iniciação Científica em Deficiência Intelectual e
Desenvolvimento na Primeira Infência.
• Terapeuta Ocupacional do Caps II - Ibiúna/SP.
• Pós Graduação em Terapia Ocupacional - Uma Visão Dinâmica em
Neurologia.
368 Terapia Ocupacional • Volume 3

30. Cristina Maria Quaggio - Terapeuta Ocupacional.


• Pós Graduação em Ciências, pela Coordenadoria de Controle de
Doenças/SES (2005), com título de Mestre; • Doutoranda em Biologia
Oral pela Universidade do Sagrado Coração.
• Atualmente está como Conselheira Suplente no Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional- CREFITO 3 - Gestão 2016-2020.
• Docente ( 2001- atual) e Coordenadora do Curso de Terapia
Ocupacional ( 2010- atual) da Universidade do Sagrado Coração -Bauru.
• Terapeuta Ocupacional do Instituto de Pesquisa Lauro de Souza Lima,
na área de Hanseníase.
• Especialização em Terapia Ocupacional, com ênfase em Terapia da Mão.

31. Jamile Cristina Albiero Silva - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Saúde Coletiva - USP.
• Especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana - FIOCRUZ.
• Atualmente trabalha na Saúde Mental, Assistência e Gestão de Serviços.

32. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Saúde Mental pela Universidade Dom Bosco (2015).
• Atuou no processo da Desinstitucionalização da cidade de Sorocaba
desde 2014.
• Terapeuta Ocupacional do SUAS na APAE da cidade de Sorocaba.
• Consultório particular.

33. Priscilla Regina Cordeiro - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ensino em Ciências da Saúde pela UNIFESP/BS.
• Aperfeiçoamento em Terapia Ocupacional em Saúde Mental pela USP
(USP-HCRP).
• Especialização em Formação de Preceptores para o SUS pela UNIFESP.
• Colaboradora Externa na Câmara Técnica de Saúde Mental
- CREFITO-3.
• 2013-2015 Terapeuta Ocupacional em CAPS III.
• 2015-2017 Gestora em CAPS III em São Bernardo do Campo/SP.
• 2017 - Gestora em CAPS II no município de São Paulo.
• 2014- 2017- Docente e tutora no Programa de Residência Multiprofissional
e Psiquiatria no SUS - Município de São Bernardo do Campo.

34. Talita Cristina de Moraes - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Processos Educacionais na Saúde com Ênfase
369

em Facilitação de Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem pelo


Instituto de Ensino e Pesquisa - Sírio Libanês.
• Especialização em Ergonomia pela Universidade Gama Filho - UGF.
• Terapeuta Ocupacional da Prefeitura Municipal de Sorocaba - SP.
• Supervisora de Saúde na Equipe da Coordenação de Saúde Mental e Membro
da Equipe de Desinstitucionalização de Sorocaba - SP (2014 - 2017)

35. Leonardo Costa Lima - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP).
• Assessor técnico da Saúde da pessoa idosa da Coordenadoria Regional
de Saúde Oeste (São Paulo). • Experiência clínica, acadêmica e como
palestrante em saúde mental, artes e gerontologia.
• Integra o Laboratório Interinstitucional de Atividades Humanas e TO e
o Laboratório de Estudos e Pesquisa Arte e Corpo e TO.

36. Sandra Volpi - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -
UNESP - Botucatu (2009).
• Atualmente é supervisora da Seção Técnica de Reabilitação - Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Hospital das Clinicas.
• Terapeuta Ocupacional na Clinica Somatus.
• Tem experiência na área de pesquisa e ensino do Conceito Bobath,
Integração sensorial, Kinesiotaping, confecção de órteses para Membros
Superiores e Tecnologia Assistiva.

37. Maria de Mello - Terapeuta Ocupacional.


• Terapeuta Ocupacional, UFMG, 1990.
• Pós-Doutora pela University of Florida em Tecnologia Assistiva e
Educação à Distância, 2006
• Doutora pela UNIFESP com ênfase em Tecnologia Assistiva e Geriatria, 1999.
• Mestre em Ciências e Tecnologia Assistiva pela University of New York
at Buffalo, 1995.
• Especialista em Tecnologia Assistiva pela University of New York at
Buffalo, 1994.
• Especialista em Seating and Positioning – Adequação Funcional/Postural
em Cadeira de Rodas pela University of New York at Buffalo, 1995.
• Especialista em Economia da Saúde pela UNIFESP, 2002.
• Ex-Fellow do Hospital Helen Hayes em Seating and Positioning, 1997.
370 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Membro do Comitê de Tecnologia Assistiva da Secretaria de Direitos


Humanos da Presidência da República, desde sua criação, 2006;
• Consultora em Política Pública para Pessoas com Deficiência e Pessoas
Idosas, desde 1996.
• Diretora Científica da ABRIDEF – Associação Brasileira das Indústrias e
Revendedores de Produtos e Serviços para as Pessoas com Deficiência, 2012.
• Consultora Internacional em Tecnologia Assistiva, 1993.

38. Fábia Cilene Dellapiazza - Terapeuta Ocupacional.


• Coordenadora clínica APAE Nova Odessa/SP 2000/2003.
• Curso de especialização em MTC/Acupuntura reconhecida pelo
COFFITO no CECIC – Piracicaba conclusão 2009.
• Curso multidisciplinar em Fitoterapia pela Conbrafito – Conselho
Brasileiro de Fitoterapia –SP ano conclusão 2010.
• Conselheira Municipal da Saúde da Cidade Americana/SP período
2016/2020.

39. Cândida Luzzo - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização Órtese em Neuro-Ortopedia pela Universidade de São
Paulo(2011)
• especialização em Especialização em Terapia da Mão pela Universidade
de São Paulo(2000).
• Atualmente é Terapeuta Ocupacional da Hospital das Clínicas da Fmusp
e Terapeuta Ocupacional do Fito Fisicoterapia S C Ltda.

40. Tatiani Marques - Terapeuta Ocupacional.


• Atualmente é responsável pelo setor de terapia da Mão e Membro
Superior - LMR- Clinica Ortopédica e terapeuta ocupacional do Instituto
Lauro de Souza Lima.
• Responsável pelo programa de aprimoramento profissional - PAP - área
de Terapia Ocupacional na reabilitação física.
• Tem experiência na área de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
com ênfase em Terapia Ocupacional e Terapia da Mão, atuando
principalmente nos seguintes temas: órtese -terapia ocupacional,
reabilitação, terapia da mão e hanseníase.
• Realizou estágio de aperfeiçoamento na Philadelphia - EUA (
Philadelphia hand center) e Winnipeg - Canadá ( Health Science Centre),
Chicago hand Center -Northwestern Hospital.
• Professora Convidada da Pós Graduação em Reabilitação do membro
371

Superior e Terapia da Mão: USP-SP , UFSCAR LAFATEC - SP, Inspirar RS e


CURITIBA; Estácio de Sá - Rio de Janeiro/RJ.

41. Cíntia Schwab - Terapeuta Ocupacional.


• Pós-graduada em Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica pela
PUC-Rio.
• Formação em Entrevista Motivacional por treinadores oficiais do
Motivational Interviewing Network of Trainers.
• Formação em Integração Sensório-Motora pela Artevidade Terapia
Ocupacional. Nos EUA, fez formação em Sensory Modulation &
Trauma-Informed Care e em Weighted Blanket pelo Center for Human
Development com Tina Champagne, em Sensorimotor Psychothetapy L1
pelo Sensorimotor Psychoterapy Institute e em Accelereted Experiential
Dynamic Psychotherapy (AEDP) pelo AEDP Institute.
• Atualmente, está em concluindo o nível 2 da Sensorimotor
Psychotherapy em Barcelona-ES e da AEDP em Nova Iorque.
• Atendimentos clínicos e treinamentos - Niterói-RJ.

42. Antonia Alice de S. Fonseca - Terapeuta Ocupacional.


• Pós-Graduação em Terapia Ocupacional aplicada à Neurologia.
• Experiência em Reabilitação Neuropediátrica, em avaliação e
estimulação visual de crianças, por 5 anos na Associação de Assistência à
Criança Deficiente – AACD.
• Experiência em estimulação precoce e reabilitação/habilitação de
pessoas com deficiência visual em Centro Especializado em Reabilitação
(CER IV – São Bernardo do Campo).
• Formação em Orientação e Mobilidade pelo Centro de Tecnologia e
Inclusão/SP no ano 2017.
• Participação em cursos de Avaliação Funcional da visão e Deficiência
Visual Cortical.

43. Márcia Conceição Abbamonte - Psicóloga.


• Especialização em Psicoterapia Breve pela Universidade Paulista em 2015.
• Experiência em atendimento clínico de crianças, adultos, adolescentes
e idosos (clínica particular e conveniada).
• Psicóloga da Equipe de Reabilitação Visual do Centro Especializado em
Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo) desde fevereiro de 2016.
372 Terapia Ocupacional • Volume 3

44. Helenice de Oliveira - Pedagoga.


• Técnica em Orientação e Mobilidade pela Fatec em 2011.
• Curso de Extensão e Alteridade, Universidade Mackenzie, 2012. A
Inclusão da criança com Surdocegueira e deficiência múltipla.
• Pedagoga no atendimento educacional especializado com programa
educacional individualizado, enfase na orientação e mobilidade.
• Técnica em Orientação e Mobilidade da Equipe de Reabilitação Visual
do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV – São Bernardo do
Campo) desde julho de 2017.

45. Evelyn Kirckov de Sousa - Terapeuta Ocupacional.


• Curso Integração Sensorial - Infantil – 2010.
• Curso - Atendimento à Criança com Deficiência visual: da avaliação
funcional à inclusão escolar - 2017.
• Curso Compreendendo as disfunções do processamento visual na
integração sensorial em 2017.
• Curso CIF- Classificação Internacional de Funcionalidade –2012.
• Experiência como Terapeuta Ocupacional coordenadora de oficina
e de voluntariado de setembro de 2007 a janeiro 2011 no Instituto
Beneficente Paulo de Tarso.
• Terapeuta Ocupacional na Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais de São Paulo (APAE) de agosto de 2011 a setembro 2014.
• Terapeuta Ocupacional no Núcleo Educacional de março de 2012 a
dezembro 2015.
• Terapeuta Ocupacional na Clínica de Desenvolvimento Especializado de
setembro de 2013 a maio de 2015.
• Terapeuta Ocupacional da Reabilitação Visual no Centro Especializado em
Reabilitação (CER IV – São Bernardo do Campo) desde maio de 2015.

46. Aide Mitie Kudo - Terapeuta Ocupacional.


• Pós-graduação lato sensu em Administração em Serviço de Saúde/
Administração Hospitalar pela Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (2000).
• Supervisora de Serviço Hospitalar e coordenadora do Serviço de Terapia
Ocupacional do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP.
• Implantou o Serviço de Terapia Ocupacional e a Brinquedoteca do
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP.
• Participou do Multi-professional Master Class in Children´s Palliative Care
organizado pela International Children s Palliative Care Network / ICPCN.
373

• Faz parte do Grupo Técnico de Humanização do Instituto da Criança,


do Núcleo Técnico e Científico de Terapia Ocupacional do Hospital das
Clínicas FMUSP e do Núcleo Técnico de Cuidados Paliativos do Hospital
das Clínicas da FMUSP.
• Autora dos livros Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional em
Pediatria Ed. Sarvier e O Hospital pelo Olhar da Criança pela editora Yendis.
• Tem experiência na área de Terapia Ocupacional em contexto
hospitalar pediátrico e cuidados paliativos.

47. Mônica Estuque Garcia Queiroz - Terapeuta Ocupacional.


• Experiência na área de Terapia Ocupacional, a nível público e privado,
com ênfase em Cuidados Paliativos (CP), Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), Atendimento Domiciliar e Pacientes crônicos.
• Coordenadora do NùcIeo Integrado de Cuidados Paliativos - domiciliar
e hospitalar do Instituto de Infectologia Emilio Ribas (SP) há 13 anos.
• Terapeuta Ocupacional do Hospital TotalCor, com atuação direcionada
para a UTI junto a pacientes crônicos, em CP e internação prolongada.
• Proprietária e responsável técnica da Empresa TOCare..
• Consultora técnica do Programa Nacional DST/AIDS em Cuidados
Paliativos em AIDS, do Ministério da Saúde do Brasil (2001-2006).
• Palestrante em cursos, simpósios e congressos na área de Terapia
Ocupacional em Cuidados Paliativos e UTI..
• Co-organizadora do livro Dor e Cuidados Paliativos - Terapia
Ocupacional e Interdisciplinariedade, além de outras publicações em
livros e periódicos.
• Especialização em Pedagogia e Didatica do Ensino Superior.
• Docente do Instituto Paliar; Docente do Curso de Terapia Ocupacional
do Centro Universitário Padre Anchieta (Jundiaí - SP) e supervisora de
estágio na área hospitalar e clínica (2008~2013); Docente da disciplina
optativa Terapia Ocupacional em dor e cuidados paliativos no Centro
Universitário São Camilo (2009 e 2011); Docente da especialização em
Contextos Hospitalares em Terapia Ocupacional da USP-RP no módulo de
infectologia e dor e cuidados paliativos; Docente responsável pelo curso
de extensão “Dor e cuidados paliativos” do UniAnchieta (2010 e 2011).
• Colaboradora na Associação Viva e Deixe Viver na formação de
voluntários quanto ao Processo de Morrer - lidando com as perdas.
• Sócia-funddadora e membro da diretoria (1a secretária) da
Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos
Hospitalares e Cuidados Paliativos.
374 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Vice- Presidente da ATOESP ( Associação de Terapeutas Ocupacionais do


Estado de São Paulo / gestão 2013-2016).

48. Carolina Maria do Carmo Alonso - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da USP (2009).
• Doutoranda do Programa de Engenharia de Produção da COPPE-UFRJ
no Brasil em co-tutela com o Institut d’Etudes du Travail de Lyon na
École doctorale Sciences Sociales da Université Lumière Lyon 2 - França.
• Professora assistente do Departamento de Terapia Ocupacional da
UFRJ e integra os grupos de pesquisa: Desenvolvimento de Produtos e
Processos (COPPE - UFRJ) e Trabalho, Tecnologia e Organização (Dept.
de Engenharia de Produção da POLI-USP).
• Experiência de pesquisa e docência em Terapia Ocupacional com
ênfase em Ergonomia e Saúde do Trabalhador, Trabalho em Equipe
Multiprofissional, Estratégia Saúde da Família, Atenção Básica, formação
para o SUS e reabilitação na atenção primária.

49. Renata Rocha - Fisioterapeuta.


• Especialização em fisioterapia respiratória e Acupuntura.
• Fisioterapeuta especialista em acupuntura .
• Conselheira suplente do Crefito 3 / SP.
• Coordenadora do CERVI - São Bernardo do Campo.

50. Gisele Monnerat Tardin - Terapeuta Ocupacional.


•, Atua como Terapeuta Ocupacional na Equipe de Reabilitação
Profissional no INSS de São Bernardo do Campo, desde 2008.

51. Caio Cesar Benetti Filho - Médico.


• Docente da Universidade do Oeste Paulista.
• Experiência em Neuropediatria e atua em Neuropediatria.

52. Patricia Leite de Oliveira - Terapeuta Ocupacional.


• Gestora na empresa Maxximiza Consultoria em Inclusão e Acessibilidade.
• Coordenadora de RH e Treinamentos sendo responsável por
Recrutamento e seleção de pessoas com deficiência e de pessoas sem
deficiência, treinamento e capacitação de pessoas com deficiência,
sensibilização para a convivência com pessoas com deficiência, gestão
de pessoas com deficiência, mapeamento de cargos, mapeamento
de acessibilidade, participação em projetos de acessibilidade,
375

acompanhamento pós colocação de pessoas com deficiência, programas


internos de inclusão e diversidade, conhecimento das legislações vigente
sobre a inclusão de pessoas com deficiência em vários segmentos.
• Atendimento ao cliente com deficiência, suporte para estratégias em
marketing na atração e na valorização do consumidor com deficiência.
• Conhecimento em áudio-descrição e língua brasileira de sinais.

53. Patrícia Luciane Santos de Lima- Terapeuta Ocupacional.


• Pós Graduada Lato Sensu em Deficiência Visual (1998).
• Pós Graduada Lato Sensu em Deficiência Física (1998).
• Mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência pela Universidade
Federal do Paraná (2004).
• Ocupou o Cargo de Chefe do Serviço de Terapia Ocupacional do
Hospital de Clínicas da UFPR de 2000/2004, e de 2008/2012.
• Vasta experiência em Saúde do Trabalhador, atuando como Perita Judicial
em diversos Processos e Varas, em todo âmbito Estadual, desde 2001.
• Participou da Comissão de Implantação do Curso de Terapia
Ocupacional Da Universidade Federal do Paraná 1998/2000 e da
Comissão de Estudos e Acompanhamento do Projeto Pedagógico do Curso
de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná 2000/2003.
• Foi Colaboradora na Comissão de Educação do Crefito 8 Gestão
2002/2006.
• Conselheira Efetiva do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da 8 ª Região - Crefito 8 - Gestão 2006/2010, integrante da
Comissão de Ética e Deontologia.
• Empossada Conselheira Federal Efetiva do Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO - Gestão 2012/2016.
• Eleita Vice Presidente do Conselho Federal De Fisioterapia e Terapia
Ocupacional COFFITO - Gestão 2016/2020.
• Atualmente é Terapeuta Ocupacional da Universidade Federal do
Paraná, atuando no Âmbito Assistencial em saúde mental no Hospital de
Clínicas, na Preceptoria da Residência em Saúda Mulher e na Supervisão
Técnica do Serviço de Terapia Ocupacional, desde 2012.

54. Luis Ferreira Monteiro Neto - Fisioterapeuta / Educador Físico.


• Especialista em Bases fisiológicas e biomecânicas do exercício Físico.
• Especialista em Fisioterapia do trabalho - Coffito.
• Mestre em Engenharia Biomédica.
• Doutor em Ciências da Saúde.
376 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Docente das Faculdades Integradas Padre Albino - FIPA.


• Formação Internacional em IASTM e Crochetagem Mio-aponeurótica
de Ekman.
• Idealizador do Método Myofascial Release.

55. Priscila Blasquez da Costa Leite - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Terapia da Mão pelo Departamento de Ortopedia e
Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo –
FM/USP (2016).
• Mestranda em Saúde Pública, ênfase em Saúde, Trabalho e Ambiente
pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação
Oswaldo Cruz – ENSP/FIOCRUZ.
• Experiência em Terapia Ocupacional na Reabilitação Física, Terapia da
Mão, Saúde do Trabalhador e Ergonomia.
• Atualmente, é Professora Substituta do Departamento de Terapia
Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro - DTO/UFRJ. Ministra
a disciplina optativa de Terapia Ocupacional em Membros Superiores,
supervisiona estágio no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – HUCFF/
UFRJ e na Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador – CPST/UFRJ.

56. Fernando Vicente de Pontes - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo
• Especialista em Terapia da Mão e Reabilitação do Membro Superior
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
• Capacitado em Confecção e Manutenção de Órteses e Próteses para
Membros Inferiores e Adequação Postural em Cadeiras de Rodas pelo
Ministerio da Saúde / Sorri Bauru
• Terapeuta Ocupacional do Grupo de Mão e Micro-cirurgia e Reimplantes
do IOT - HC - FMUSP
• Docente do curso de especialização em Terapia da Mão e Reabilitação
do Membro Superior EEP - HC - FMUSP
• Supervisor do Programa de Aprimoramento Profissional de Terapia
Ocupacional em Traumato-Ortopedia EEP - HC - FMUSP
• Membro titular e secretario (gestão 2018-2019) da Sociedade Brasileira
de erapia da Mão e do Membro Superior.

57. Otávio Augusto Folha - Terapeuta Ocupacional.


• Professor da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da
377

Universidade Federal do Pará.


• Especialista em Docência da Educação Superior pela UEPA.
• Mestre em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade Federal do Pará.
• Doutorando em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de
São Carlos.
• Membro do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos em Ciência
da Ocupação/ CNPQ, apresentando interesse de pesquisa na área de
fundamentos da Terapia Ocupacional, Ciência da Ocupação, Atenção
Primária em Saúde, Neuroplasticidade, entre outros.

58. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Oeste
do Paraná (2008).
• Mestrado em Biociências e Saúde, com ênfase em políticas de saúde,
pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2013).
• Doutorando em Estudos do Lazer pela Universidade Federal de Minas
Gerais (início em 2015).

59. Bruno Souza Bechara Maxta - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública/
Fundação Oswaldo Cruz (2007).
• Possui Residência em Saúde da Família e Comunidade pela
Universidade Federal de São Carlos (2009), sendo Espelialista em Terapia
Ocupacional na Saúde da Família pelo Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (2012).
• Tem experiência no campo da Saúde Coletiva e no campo da Economia
Solidaria.
• Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG).

60. Rachel Azulay Leite - Terapeuta Ocupacional.


• Artista plástica desde 1995.
• Arteteeducadora, tendo lecionado em escola particular e oficinas de
arte pelo SESC, prefeitura e Estado.
• Desenvolveu um trabalho especial em brinquedo sucata.
• Empreendedora na área de artesanato e ministra cursos.
• Capacitação em Arteterapia pela Vivare, iniciou formação pelo ateliê
Cláudia Brasil e Pós Graduação em Arteterapia pela Censupeg.
• Desenvolve trabalho em saúde mental e estimulação cognitiva
378 Terapia Ocupacional • Volume 3

utilizando as atividades expressivas como principal ferramenta, em


atendimento particular e com as famílias de crianças com distúrbios de
desenvolvimento neuromotor na Casa de Apoio Ninar (SUS).

61. Márcia de Souza Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Saúde Mental.
• Especialista em Didática Universitária.

62. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima - Terapeuta Ocupacional.


• Residência em Terapia Ocupacional pela AACD de São Paulo em 1998.
• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da Décima Sexta Região - Crefito 16.
• Especialista em Psicomotricidade pela Universidade do Estado do Pará
em 2001.
• Preceptora da Residência Multiprofissional do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão - HU UFMA.
• Hospital Universitário Materno Infantil pela EBSERH e no Hospital
Municipal de Urgência e Emergência Djalma Marques. (atual)

63. Lídia Seade Vieira Maia - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Psicomotricidade pela Universidade do Estado do Pará.
• Sócia e fundadora da empresa Porthal Holístico Centro de Terapias
Complementares, desde 2007.
• Mestra em Reiki nos sistemas: Tradicional Usui e Tibetano, Karuna
Reiki®, Seikim, Isis Seikim e Osho.
• Colunista na Revista Troppo do Jornal “O Liberal” com a coluna “Estilo
zen”, de Setembro/2008 a Abril/2013.
• Professora de Terapias Holísticas no CESEP (2005/2009) e na Faculdade
Ipiranga.
• Consultora de Xuan Kong Feixin Feng Shui, Numerologia Pitagórica,
Radiestesista e Radiônica.
• Terapeuta nas modalidades: Meditação, Qi Gong, Cromoterapia,
Florais, Massoterapia Ayurvédica, Oriental e Shiatsu.

64. Maria de Nazareth Mendes - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Saúde Materno Infantil, Universidade Federal do Maranhão
– UFMA.
• Especialista em Desenvolvimento Humano e Reabilitação, Universidade
Federal de Pernambuco -UFPE.
379

• Especialista em Gestão Empresarial, pela Faculdade Santa Terezinha-CEST.


• Especialista em Administração dos Serviços de Saúde- UNAERP.
• Mestre no Sistema Reiki Tradicional Usui e Tibetano – Nível 3.
• Ministrante de cursos de Shantala.
• Docente do Curso de Terapia Ocupacional da Faculdade Santa Terezinha
– CEST (1998 a 2010).
• Atualmente Diretora Acadêmica da Faculdade Santa Terezinha – CEST.
• Atua em Terapia Ocupacional com Consultorias, Atendimento
Domiciliar e Consultório.

65. Socorro de Maria Castro - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão
– UFMA.
• Especialista em Metodologia do Ensino Superior –UFMA.
• Especialista em Desenvolvimento Humano e Reabilitaçao-UFPE.
• Ministrante de cursos de Shantala.
• Mestre no Sistema Reiki Tradicional Usui e Tibetano –Nível 3.
• Principais aperfeiçoamentos: Neurodesenvolvimento BOBATH, BABY
COURSE , Facilitação Neuromuscular – KABAT, Integração Sensorial (em
desenvolvimento).
• Terapeuta Ocupacional da Uti neonatal do Hospital Universitário
Materno Infantil de Sao Luís – MA (2002 a 2010).
• Docente do Curso de Terapia Ocupacional e Coodenadora para o
Desenvolvimento dos Estágios da Faculdade Santa Terezinha – CEST (2001 a 2010).
• Participou como monitora da capacitação em Atençao Humanizada ao
Recém Nascido de Baixo Peso – Metodologia Canguru.
• Atualmente mora em Tenerife na Espanha, atuando como consultora
e ministrando cursos de formação para Terapeutas Ocupacioanais das
UTI neonatais.
• Autora do livro: Organização Neurocomportamental do bebê prematuro
na UTI neonatal.

66. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo - Fisioterapeuta.


• Fisioterapeuta da Liga Nacional do Sono.
• Atuou como Fisioterapeuta no Hospital Terciario em Itapecerica da Serra.
• Atuou como Fisioterapeuta no Hospital e Maternidade São Luiz.
• Atuou como Fisioterapeuta no Hospital do Servidor Público Estadual.
• Diretora executiva da Physical Care.
380 Terapia Ocupacional • Volume 3

67. Evelin Cristina Cadrieskt Ribeiro Mello - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Bioengenharia pelo Programa Interunidades Escola de
Engenharia de São Carlos / Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto /
Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo.
• Experiência de atuação no campo da saúde mental como coordenadora
de oficinas terapêuticas voltada para deficientes intelectuais. e
experiência de atendimentos de crianças com transtornos mentais no
Centro de Atenção Psicossocial Infantil de Guarulhos.
• Trabalhou como terapeuta ocupacional no Departamento de
Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
• Foi membro fundadora da Associação Beneficente Amigos da Arca de
Sorocaba, na qual atuou como coordenadora administrativa de projeto
de inclusão de pessoas com deficiência intelectual.
• Atualmente é docente do curso de Terapia Ocupacional
da Universidade de Sorocaba, ministrando as disciplinas de
Desenvolvimento Adulto, Próteses, Órteses e adaptações e Práticas em
terapia ocupacional IV.

68. Vanessa Ferracini - Fisioterapeuta.


• Supervisora assistencial na Physical Care, São Paulo: Unidades Jardins
e Itaim Bibi.
• Especialista em RPG.
• Especialista em Quiropraxia.

69. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde pela
Universidade de Brasília (2013).
• Atualmente é professor titular da Universidade de Brasília - UnB e
participa do Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividade Motora Adaptada
na Faculdade de Educação Física - UnB.
• Possui experiência na área de Terapia Ocupacional em Neurologia
Infantil, Inclusão Escolar e Educação.

70. Luciana Diniz Freitas- Terapeuta Ocupacional.


• Terapeuta Ocupacional da Força Aérea Brasileira - FAB.
• Técnica em Desenho Industrial – projeto de produtos (2003).
Especialização em Tecnologia Assistiva pela Faculdade de Ciências
Médicas de Minas Gerais (2006).
381

• Fez residência na Associação de Assistência à Criança Deficiente –


AACD (2007).
• Foi responsável Técnica do setor de Terapia Ocupacional do Núcleo
Integrado de Reabilitação – NIR, pelo Programa Saúde da Família.
• Possui ampla experiência em atendimento de reabilitação neurológica
adulto e infantil, atendimento especializado de criancas com paralisia
braquial obstétrica e queimados, confecção de órteses para membros
superiores, adequação postural em cadeira de rodas e sistemas de
assento.

71. Gabriela Pereira do Carmo - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Ciências da Saúde, pela UNISA.
• Pós Graduanda em Terapia da Mão e Reabilitação Neurológica adulta
pela Ufscar.
• Bacharel em Educação Física e Saúde pela Universidade de São
Paulo (USP).
• Pós graduada em Ciências da Performance Humana da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
• Preceptora da Residência Multiprofissional em Saúde da Prefeitura de
São Paulo em Terapia Ocupacional na UTI adulto.
• Terapeuta Ocupacional da UTI adulto do Hospital Municipal do Tatuapé.
• Terapeuta Ocupacional do Núcleo de Apoio da Saúde da Família, na
região Central de SP.

72. Susilene Maria Tonelli Nardi - Terapeuta Ocupacional.


• Pesquisadora Científica VI do CLR - Instituto Adolfo Lutz - São José do
Rio Preto-SP.
• Aperfeiçoamento Capes pelo Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru-SP
(1990-1992).
• Especialização em Desenvolvimento Gerencial de Unidades Básicas do
Sistema Único de Saúde (SUS), Projeto GERUS.
• Mestre (2004) e Doutora em Ciências da Saúde/Epidemiologia pela
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (2012).
• Possui experiência em prevenção/reabilitação das deficiências físicas e
sociais, epidemiologia, gerenciamento e educação em saúde.
• Colabora na formação/capacitação/orientação de graduandos,
profissionais e pós graduandos latu e stritu sensu de todo os país.
Realiza pesquisas epidemiológicas em saúde publica, doenças
infectocontagiosas, e reabilitação.
382 Terapia Ocupacional • Volume 3

• Editora chefe da Revista Hansenologia Internationalis: hanseníase e


outras doenças infecciosas.
• Atua principalmente nos seguintes temas: Hanseníase; Lesões
Neurológicas Periféricas; Amputação; Educação em Saúde; Tuberculose.

73 . Aline Paz Perussi - Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em reabilitação física pela Unifesp e especialização em
ergonomia pela Universidade Federal de São Paulo.
• Atualmente é terapeuta ocupacional no Centro de reabilitação do Sesi
Santo André.
• Tem experiência na área de reabilitação física, terapia da mão e
reabiltação esportiva.

74. Maria Fernanda dos Santos - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Saúde Coletiva pela - FMB-UNESP (2015).
• Especialização/Aprimoramento em Atendimento Multidisciplinar
Gerontológico e Geriátrico em Terapia Ocupacional pelo Hospital do
Servidor Público Estadual - Francisco Morato Oliveira - HSPE-FMO (2007).
• Experiência na área de Terapia Ocupacional, com maior ênfase no
atendimento à idosos, tanto no âmbito domiciliar e instituições de longa
permanência para idosos, quanto hospitalar, atuando principalmente
nos temas: Terapia Ocupacional, Envelhecimento Bem Sucedido,
Gerontologia e Transtornos Cognitivos/Demências.
• Atual atividade profissional no CAPS AD do município de Votorantim e
atividade de docência na Universidade de Sorocaba - UNISO.

75. Kátia Maki Omura - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Desenvolvimento Infantil pela Universidade do Estado
do Pará.
• Mestre em Neurociências pela Universidade Federal do Pará.
• Doutora em Neurociências pela Universidade de Nápoles Federico II
com pesquisa voltada para a Doença de Parkinson, neuroreabilitaçao,
estresse oxidativo e inovação em Terapia Ocupacional.
• Atualmente co-fundadora da Startup ApplicaTO,
• Diretora financeira da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais
Regional Pará.
• Membro da Comissão de Desenvolvimento Científico e Educação da
Terapia Ocupacional do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional 12 Região - CREFITO 12.
383

• Delegada suplente da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais


junto a World Federation of Occupational Therapists -WFOT.

76. Alexandre Martinho - Fisioterapeuta.


• Especializado em Fisioterapia em Gerontologia pela Universidade
São Caetano do Sul, 2016 com aprimoramento nas áreas de Gestão em
Saúde, Reeducação Postural Global , Pilates e Quiropraxia.
• Experiência na área de Fisioterapia aplicada em Traumato-ortopedia;
Desportiva; Dor Crônica; Neurologia Adulto; Programas Especiais de
Saúde Mental, da Mulher e do Idoso.
• Atua na Assistência Domiciliar em Fisioterapia Respiratória, Motora e
Programas especiais de reabilitação.

77. José Naum de Mesquita Chagas - Terapeuta Ocupacional.


• Analista do Seguro Social Terapeuta Ocupacional, tendo atuado na
gestão nacional de Reabilitação Profissional do INSS e atualmente na
gestão da Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho (INSS) âmbito Norte -
Centro Oeste do país.
• Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará, Ex-
Presidente da Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais -
ABRATO, gestão 2009-2011 e 2011-2013.
• Ex-Delegado Brasileiro junto a Federação Mundial dos Terapeutas
Ocupacionais (2007-2015).
• Especialista OMS para construção de Core Set da CIF.
• Foi membro do Fórum das Entidades Nacionais dos Trabalhadores da Área
de Saúde - FENTAS, Membro Fundador do Fórum Nacional dos Trabalhadores
do SUAS - FNTSUAS, Conselheiro Nacional de Saúde eleito para os triênios
2009-2012 e 2012-2015, foi Coordenador-Adjunto da Comissão Intersetorial
de Ciência e Tecnologia do CNS e Membro do Comitê Consultivo para a
Revisão da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde - ANPPS.
Membro da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS -
CONITEC. Ex-Consultor do Ministério da Saúde.
• Experiência nacional e internacional na área de gestão de políticas
públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: redes intersetoriais,
pactuação interfederativa, terapia ocupacional social, direitos humanos,
saúde mental, saúde do idoso, saúde e trabalho, tecnologia assistiva,
parque tecnológico em saúde, órteses e próteses, humanização dos serviços
de saúde, contextos hospitalares, reforma psiquiátrica, supervisão de
serviços de saúde mental e políticas públicas de seguridade social.
384 Terapia Ocupacional • Volume 3

78. Flavia Liberman - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (1994).
• Doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade no Programa de
Psicologia Clínica da PUC- SP (2007).
• Pós-Doutoranda., Universidade de Évora, UE, Portugal. Grande área:
Ciências Humanas; Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área:
Artes; Grande Área: Ciências da Saúde / Área: Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (2017).
• Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo, atuando tanto
no Eixo específico ( TO) quanto no Eixo Trabalho em Saúde por meio
de ações interprofissionais no território, no ensino de estudantes de
diferentes cursos.
• Tem como foco de estudo e pesquisa: Arte , Corpo e Saúde ,Trabalho
em Saúde, Formação e o o Ensino em Saúde.
• Docente no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da
Saúde ( acadêmico) e no Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências
da Saúde - Modalidade Profissional . Membro do Grupo de Pesquisa do
CNPq “Laboratório de Estudos e Pesquisas em Formação e Trabalho em
Saúde - LEPETS” da UNIFESP- Baixada Santista; do Laboratório Corpo
e Arte da UNIFESP-BS e integrante do Laboratório Interinstitucional de
Atividades Humanas e TO.
• Tem experiência na área de Terapia Ocupacional com ênfase em
atividades e recursos terapêuticos, ações e projetos junto à diferentes
comunidades, voltados a promoção da saúde, utilizando principalmente
o dispositivo grupal com diferentes populações e contextos. Através
de abordagens corporais, dança e um repertório ligado as atividades e
recursos expressivos; atua na prevenção e promoção da saúde.
• Autora do Livro Danças em Terapia Ocupacional e do livro Delicadas
coreografias: instantâneos de uma terapia ocupacional publicados pela
Summus Editoral (2008) e de vários artigos sobre corporeidade, grupos,
estudos da subjetividade e clínica.

79. Ana Teraza Costa Galvanese - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, Programa de Medicina Preventiva (2010).
• Possui experiência de pesquisa no campo da Saúde Mental; na
interface da Saúde com a Arte e a Cultura; e em Práticas Integrativas e
Complementares na Atenção Primária.
385

80. Maria Aparecida Pereira Machado - Fisioterapeuta e Educadora Física.


• pós-graduada em Qualidade de Vida na Empresa, Ginástica Laboral e
Ergonomia, e com MBA em Gestão de Pessoas.
• Dirigente da Empresa Atitude Assessoria – única do ramo no Brasil, que
possui as três certificações do ISO: 9001 (qualidade), ISO 14001 (sistema de
gestão de meio ambiente) e ISO 18001 (saúde e segurança no trabalho) -
especializada em desenvolver programas de qualidade de vida nas empresas.
• Dirigente da Empresa Atitude Fisioterapia.
• Ministra aulas para os cursos de pós-graduação da Faculdade Estácio,
Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, Senac, e faz parte da diretoria
da Associação Brasileira de Ginástica Laboral.

81. Lara Susan Silva Lima - Fisioterapeuta.


• Fisioterapeuta do NASF no município de Beneditinos – PI desde 2015.
• Pós-graduada em Fisioterapia Hospitalar pela Universidade Estadual do
Piauí (UESPI) em 2015.

82. Luzianne Feijó Alexandre Paiva – Terapeuta Ocupacional.


• Terapeuta ocupacional do CAPS GERAL de Eusébio –CE.
• Mestre em Saúde da Família – UFC Sobral.
• Residência em Saúde da Famíla e Comunidade – UECE.
• Especialização em Saúde do Idoso – UECE.
• Especialização em Processos Educacionais – Universidade Católica
Stella Maris.
• Especializanda no Método de Terapia Ocupacional – ATENEU.
• Conselheira Fiscal da ABRATO-CE.
• Vice Presidente do CREFITO-6.

83. Andressa Chodur - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Comportamento Motor pela UFPR.
• Experiência: reabilitação cognitiva, emocional e funcional, confecção de
órteses e adaptações, terapia assistida por animais, Florais de Bach.

84. Karla Adriana Ferreira Beckman - Terapeuta Ocupacional.


• Especialista em Saúde Mental (UFBA)
• Especialista em Medicina Tradicional Chinesa (INCISA/IMAM).
• Mestranda no Programa de Políticas Sociais e Cidadania da
Universidade Católica do Salvador (PPGPSC/UCSAL)
• Servidora Pública.
386 Terapia Ocupacional • Volume 3

85. Alan Senigalia - Fisioterapeuta.


• Formação em Naturopatia.
• Especialista em Medicina Chinesa.
• Mestrando em Saúde Coletiva da Universidade Católica de Santos/SP.

86. Ana Maria Fernandes Pitta - Médica.


• Doutora em Medicina Preventiva.
• Docente na Universidade Católica do Salvador.

87. Clarissa Dantas de Carvalho - Terapeuta Ocupacional.


• Residência em Saúde Mental Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Ceará.
• Atuação nas seguintes areas: Saúde Mental , Direitos Humanos, Social e
Praticas Integrativas e Complementares de Saúde.
• Professora de Yoga, Mestre Reiki, Terapeuta Comunitária,
Arteterapeuta e Massoterapeuta.

88. Ana Cláudia Tavares Rodrigues - Terapeuta Ocupacional.


• Mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias na linha de
pesquisa Tecnologias, Corpo e Cultura vinculado ao Departamento de
Educação Física da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP - Campus de Rio Claro). • Possui Pós-Graduação Lato
Sensu em Terapia Ocupacional na Reabilitação Física pelo Instituto
Lauro de Souza Lima no Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) e
formação em Avaliação e Tratamento do Paciente Adulto com Disfunção
Neurológica Baseado no Conceito Bobath.
• Tem experiência na área de Neurologia Adulto e Tecnologia Assistiva,
atuando principalmente, em Adequação Postural e confecção de órteses
de membros superiores e adaptações.
• Atualmente, é Coordenadora do setor de Terapia Ocupacional do
Centro de Reabilitação SORRI-BAURU.

89. Leiliane Helena Gomes - Terapeuta Ocupacional.


• Atualmente é terapeuta ocupacional da Prefeitura Municipal de Natal e
professora efetiva da Universidade Potiguar.
• Vice-presidente do Crefito 1.
• Tem experiência nos seguintes temas: brincar; deficiencia física/
neuromotora, integração sensorial, avaliação e reabilitação cognitiva,
idosos e terapia ocupacional no contexto social.
387

90. Kátia Cezário da Silva - Terapeuta Ocupacional.


• Especializacao em Reabilitacao aplicada a neurologica infantil –Unicamp.
• Aprimoramento profissional em TO na infância (hospitalar e
ambulatorial) PUCCampinas.
• Extensao em Dificuldades de Aprendizagem - Universidade
Complutense de Madrid.
• Certificacao Internacional completa (incluindo aplicacao do sipt) WPS
• Botath básico.
• Botath baby course.
• Integracao sensorial para bebes.
• Trabalhos na AACD e Rede Lucy Montoro.

91. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano - Terapeuta Ocupacional.


• Mestrado em Reabilitação. Universidade Federal de São Paulo,
UNIFESP, Brasil.
• Especialização em Especialização Terapia da Mão. Universidade de São
Paulo, USP, Brasil.
• Especialização em Administração dos Serviços de Saúde. Universidade
de Ribeirão Preto, UNAERP, Brasil.
• Especialização em Reabilitação Profissional. Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.

92. Carolina Gomes Matarazzo - Fisioterapeuta.


• Especialista em fisiologia.
• Mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal de São
Paulo- UNIFESP.
• Fisioterapeuta pioneira no Brasil no trabalho com órteses cranianas iniciado
no primeiro centro brasileiro voltado ao tratamento ortótico em 2011.
• Possui diversas publicações sobre assimetrias. Responsável pela
primeira clínica de intervenção precoce para assimetrias no país.

93. Dimaima Vitória Castro da Graça - Terapeuta Ocupacional.


• Residência em Reabilitação Física – FAMERP.
• Especialização em Terapia da Mão – USP.
• Terapeuta Ocupacional Melhor em Casa – HSLG.
• Delegada do CREFITO 3 – Gestão 2016-2020.

94. Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade – Terapeuta Ocupacional.


• Vice-presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
388 Terapia Ocupacional • Volume 3

Ocupacional de Minas Gerais - CREFITO 4.


• Especialista em Gestão em Saúde Pública.

95. Márcia Helena Valente da Costa – Terapeuta Ocupacional.


• Especialização em Reabilitação do Membro Superior pela
Universidade Tuiuti.
• Especialização em Intervenção em Neuropediatria pela UFSCAR.
• Especialização em Tecnologia Assistiva pela Faculdade de Tecnologia
em Saúde- CIEPH.
• Formação no Curso Básico de Tratamento Neuroevolutivo-Conceito Bobath.
• Tem experiência na área de Terapia Ocupacional,Docência, Saúde
Pública, atuando principalmente na reabilitação física.
• Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Rio Preto.

96. Maria Imaculada da Costa Mendonça - Terapeuta Ocupacional.


• Coordenadora do CAPS Geral do Eusébio – CE.
• Especialização em Preceptoria e Tutoria em Saúde – FIOCRUZ.
• Formação no Método de Terapia Ocupacional – CETO- SP.

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