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JULHO-AGOSTO-SETEMBRO
VOLUME 1 NÚMERO 4
)))))))))))))(((((((((((((
EDITORIAL
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
Itamar Santos
Referência bibliográfica
O Nursing Activites Score (NAS) foi entre 61,97 e 81,2% e prestação de assistência
criado em 2003, por Miranda e colaboradores, mínima aproximada de 14,9 horas e máxima de
nos Estados Unidos, tendo em vista às 19,5 horas em um período de 24 horas na
limitações do Therapeutic Intervetion Score unidade de terapia intensiva 14, o que não se
System 28 (TISS 28), desenvolvido em 197415. enquadra nos padrões estabelecidos pela
O instrumento resultante foi dividido em sete resolução do Conselho Federal de Enfermagem
categorias ou domínios e 23 subcategorias com (COFEN 0527/2016)4, que define que, por
pontuações distintas, que variam de 1,2 a 23. A paciente crítico, devem ser dedicadas 18h de
partir do somatório em vinte quatro horas foi assistência. Contudo, em relação ao máximo de
possível quantificar as intervenções, sendo a tempo de percentual médio utilizado, verifica-
pontuação final de tempo gasto no cuidado se uma possível sobrecarga de trabalho7,14,19.
direto pelo paciente de 0- 176,8%. Portanto, Também pode ser incluso no gerenciamento
uma pontuação total de 100% indica a da Assistência no pós-operatório, a
quantidade de trabalho que pode fazer uma implantação, o planejamento, a organização, a
enfermeira durante um período de 24 horas15. execução e a avaliação do processo de
Dentre alguns estudos que utilizaram o Enfermagem, estabelecido na Resolução do
NAS, no Brasil, foram apresentados valores COFEN Nº 358/2009, que compreende o
médios de carga de trabalho de enfermagem histórico, o diagnóstico, a identificação dos
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Ultrassonografia diafragmática no desmame da ventilação mecânica
Dênis Albuquerque
Médico Intensivista da UTI do HC UFPE
Acertar o momento correto para iniciar o para o sucesso, pois no momento do cálculo,
desmame da ventilação mecânica, às vezes, a musculatura acessória pode compensar uma
se torna um desafio. Quando o tempo na possível disfunção do principal músculo
assistência ventilatória se prolonga, há o risco respiratório: o diafragma. Porém, essa
de desenvolvimento de lesão pulmonar, musculatura acessória é muito propensa à
pneumonia, atrofia da musculatura fadiga - diferentemente do diafragma - sendo,
respiratória, trauma de vias aéreas, todos então, a disfunção deste uma das causas
associados à própria ventilação, com importantes de falha de desmame e até
consequente aumento da mortalidade. Já mesmo de falha de extubação.
quando a assistência é suspensa antes do
Diversos fatores, presentes no cotidiano
tempo adequado, há risco de sobrecarga ao
da UTI, podem levar à disfunção
sistema cardio-respiratório, risco de
diafragmática: corticóides, bloqueadores
reintubação e de traqueostomia, com
neuromusculares, distúrbios hidroeletrolíticos,
consequente aumento, também, da
desnutrição, diminuição do fluxo sanguíneo
mortalidade.
para o diafragma - devido ao choque - e até
É difundido pelo ambiente da terapia mesmo a inflamação e a neuropatia do doente
intensiva que se deve pensar no desmame da crítico [2]. O que nem todos sabem, ou
ventilação a partir do momento da própria lembram, é que a própria ventilação mecânica
intubação. Contudo, precisa haver uma causa disfunção diafragmática, principalmente
resolução total, ou pelo menos parcial, da pelo desuso da musculatura. Um estudo
condição que levou o paciente à assistência publicado em 2008 na New England Journal of
ventilatória. Além desta condição, leva-se em Medicine, comparou biópsias do diafragma de
pacientes em cirurgias eletivas com pacientes
conta o status neurológico do paciente (como
em ventilação mecânica e mostrou uma atrofia
a proteção de vias aéreas e reflexo de tosse importante das fibras musculares neste último
adequado), critérios radiológicos e grupo [3]. Já um estudo francês mostrou que
gasimétricos, estabilidade hemodinâmica e mais de 60% dos pacientes com sepse ou
ausência de alterações eletrolíticas choque séptico apresentam disfunção
importantes - principalmente do fósforo. diafragmática no primeiro dia de internamento
Diversos parâmetros ventilatórios também são em UTI [4].
avaliados, como frequência respiratória,
complacência pulmonar e força inspiratória Contudo, a avaliação da função
máxima, por exemplo. diafragmática no paciente crítico não é algo
tão simples. Os exames disponíveis para tal
Tentando tornar esses parâmetros menos necessitam de transporte do paciente e
subjetivos, alguns índices são utilizados - exposição à radiação ionizante (fluoroscopia),
como o CROP (índice de complacência, pessoal altamente capacitado (eletromiografia
frequência respiratória, oxigenação e pressão diafragmática e estimulação do nervo frênico)
respiratória máxima) e o índice de respiração ou são invasivos (medição da pressão
rápida e superficial (índice de Tobin) -, para transdiafragmática). Para isso, tem-se tentado
avaliar a chance de falha ou sucesso no usar a ultrassonografia à beira-do-leito para
desmame. Todavia, apesar de boa contornar essas dificuldades.
sensibilidade, esses índices pecam na
especificidade, recebendo críticas de grandes Alguns estudos já conseguiram chegar a
estudiosos [1]. O índice de Tobin, por exemplo, algumas conclusões, com o uso da
pode apresentar um resultado falso positivo ultrassonografia: pacientes com 48 horas de
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ventilação mecânica, independente de serem Um grupo italiano concluiu que quando
sépticos, já apresentam disfunção a fração de espessamento do diafragma
diafragmática [5]; pacientes com insuficiência (fórmula: espessura no final da inspiração -
respiratória hipercápnica tem maior chance espessura no final da expiração dividido pela
de apresentar disfunção diafragmática já na espessura no final da expiração) é maior do
admissão [6]; e modos ventilatórios que 30%, há uma maior acurácia,
controlados causam mais disfunção do que especificidade e valor preditivo negativo em
modos assistidos [7]. predizer sucesso de extubação, se comparado
ao índice de Tobin [9]. Já um estudo da Critical
A avaliação ultrassonográfica do diafragma Care Medicine, demonstrou que pacientes
pode ser feito através de duas janelas com incursão diafragmática menor que 10
ecográficas: a primeira, na linha hemiaxilar, mm, apresentavam maior tempo em ventilação
entre o 8º e 10º espaços intercostais (Imagem mecânica e maior taxa de falha no
1), para identificar a zona de aposição do desmame [5].
músculo na parede tóracica, onde será Outro estudo, que avaliou diversas
avaliada a espessura do músculo (e sua variáveis, inclusive as utilizadas no cotidiano,
fração de espessamento com a inspiração); e demonstrou que apenas os valores
a segunda janela, no espaço subcostal, na ultrassonográficos tiveram relevância
linha hemiclavicular (Imagem 2), onde será estatística em predizer sucesso de extubação
avaliada a incursão do diafragma com a (com exceção do índice P/F) [1]. Para finalizar,
inspiração. A curva de aprendizado é uma metanálise da Intensive Care Medicine,
relativamente fácil, com o treinamento para com 20 estudos, conclui que a
médicos-intensivistas com duração de 30 a 75 ultrassonografia é válida para diagnosticar
minutos, com boa reprodutividade intra e inter- disfunção diafragmática e predizer falha de
operador e inter-analisador acima de 95% [8]. desmame[10].
Imagem 1 Imagem 2
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A ultrassonografia tem, cada dia mais, sua presença consolidada no exame do paciente
crítico. Se a mesma for associada à rotina de avaliação dos pacientes em desmame ventilatório,
possivelmente, teremos menores taxas de falhas de extubação. Todavia, é extremamente
necessário um acesso contínuo à essa ferramenta.
LITERATURA SUGERIDA
Tabela 1
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²,³,4,5Terapeuta Ocupacional, pós-graduanda em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de
Pernambuco- UFPE.
FILHO, 2013).
Alvares et al. (2012) afirmam que o aos cuidados pessoais, quando possível,
terapeuta ocupacional constitui uma parte bem como atendimento à família, para
integrante da equipe multiprofissional, promover a interação junto ao paciente,
contribuindo no contexto da UTI e tendo em vista que a família é considerada
intervindo com o objetivo de favorecer a coadjuvante no processo de tratamento e
independência funcional nas Atividades reabilitação do sujeito hospitalizado
Básicas de Vida Diária (ABVD), realizando (ALVARES et al., 2012).
prevenção de deterioração motora, Uma outra forma de atendimento no
cognitiva e social do sujeito, bem como âmbito da UTI, é o recurso da
prevenindo e tratando o delirium, podendo Comunicação Suplementar e Alternativa
auxiliar na diminuição do tempo e efeitos (CSA), sendo de caráter multiprofissional,
negativos da internação. Além disso, suas no qual o terapeuta ocupacional também
intervenções são direcionadas também utiliza como recurso para aprimorar seu
para os familiares, que podem se sentir trabalho. A CSA viabiliza o processo de
sensibilizados com o processo de interação das pessoas com distúrbios e/ou
adoecimento. dificuldade da comunicação oral e escrita,
proporcionando o alcance de melhor
Tais objetivos podem ser alcançados
desempenho ocupacional nos diferentes
através de estimulação intensa e devem
contextos, participando de forma
ser direcionados a todos os sistemas
satisfatória (MANZINI; ASSIS; MARTINEZ,
sensoriais, à realização do posicionamento
2013).
adequado no leito e as adaptações
ambientais a fim de evitar úlceras de
pressão, rigidez articular e dificuldade na
INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA
realização das atividades. Além disso,
OCUPACIONAL NA UTI DO HOSPITAL
também pode ser realizada estimulação
DAS CLÍNICAS- PROTOCOLO DE
cognitiva e motora, buscando favorecer os
ATENDIMENTO
componentes do desempenho
ocupacional. O terapeuta ocupacional A intervenção de Terapia
pode ainda realizar o treino e a adaptação Ocupacional na UTI adulto do Hospital das
das AVD, principalmente à alimentação e Clínicas da UFPE tem início após as
Rev. Ter. Inten. HC-UFPE. 2017; 1 (4): 22-29
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A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é destinada à internação do paciente grave que requer
atenção multiprofissional especializada contínua, e o fonoaudiólogo tem sido solicitado para
compor o quadro de profissionais dessas unidades de forma cada vez mais frequente. Isso se deve
ao fato de, atualmente, sua atuação na prevenção e tratamento das disfagias orofaríngeas mecânicas
e neurogênicas, tão comuns nos pacientes dessa unidade, ser mais conhecida e respeitada pelos
profissionais que compõem a equipe multidisciplinar.
o uso dessas vias na UTI, mas, um meio para nasofaringe, orofaringe ou esôfago, estenose e
favorecer o aporte de nutrientes ao paciente. fístula traqueoesofágica, dessensibilização dos
Entre outras VAA, enfatiza-se a contribuição mecanismos de proteção das vias aéreas
fonoaudiológica no processo do desmame da superiores, interferência na função esfinctérica
SNE, junto à equipe multidisciplinar, para a das junções faringoesofágica e gastroesofágica
conquista da maximização do potencial pelo efeito prejudicial do calibre da sonda
funcional da deglutição e garantir uma ingesta sobre o esfíncter esofágico superior e inferior,
oral segura. A eficácia da reabilitação podendo levar, ainda, a quadros de ansiedade,
fonoaudiológica depende da elaboração de um medo, insegurança no retorno da VO, e baixa
programa terapêutico que eleja um grupo de autoestima pelo desconforto provocado.
procedimentos capazes de beneficiar a Diante da necessidade de padronizar
dinâmica da deglutição, restabelecer a esse procedimento na UTI Adulto do
deglutição funcional segura, garantir o estado HC/UFPE, foi elaborado o fluxograma de
nutricional sem riscos de broncoaspiração, desmame de SNE que confirmou a importância
levando a eliminação dos riscos de do trabalho em conjunto
complicações clínicas, redução do tempo de Fonoaudiologia/Nutrição nesse processo. O
uso da sonda e redução do tempo de fluxograma produzido engloba atuações
hospitalização. fonoaudiológicas e nutricionais que visam a
É de extrema importância que o desmame retirada da SNE e a reintrodução da
da SNE, que deve ser feito em consenso com a alimentação por via oral de forma segura,
equipe multiprofissional, ocorra o mais breve salientando os pacientes intubados e
possível, pois a sua utilização prolongada traqueostomizados, pois apresentam fatores de
provoca aumento da secreção d árvore grande risco de aspirações e necessitam
respiratória, aumento da colonização bacteriana procedimentos específicos.
(biofilme) na superfície abiótica da sonda, O desmame da SNE deve ser conduzido
irritação e lesões isquêmicas na cavidade nasal, de acordo com o fluxograma descrito.
Abreviaturas:
AVM – Assistência Ventilatória Mecânica | BDT – Blue Dye Test | TQT – Traqueostomia | IOT – Intubação OroTraqueal
VA – Via Alternativa | VO – Via Oral | TNE – Terapia Nutricional Enteral
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dezembro, 2016
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Zuiki. Como avaliar a segurança da reintrodução da alimentação oral pós-
extubação? Revista da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia - pag.14 /
Vol. 29 / nº2 / Junho / 2016.
6. Silva, Diêgo Lucas Ramos e; Lira, Fabrício Osman Quixadá; Oliveira, Júlio
Cesar Cavalcanti de; Canuto, Marisa Siqueira Brandão. Atuação da fonoaudiologia
em unidade de terapia intensiva de um hospital de doenças infecciosas de alagoas.
Rev. CEFAC. 2016 Jan-Fev; 18(1):174-183
Rev. Ter. Inten. HC-UFPE. 2017; 1 (4): 39-41
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3-Qual o principal objetivo de levar a música 6-A música precisa ser mais divulgada nas
para pacientes críticos? UTI?
A música acalma, reduzindo estresse e Sim, as pessoas precisam ser mais
ansiedade, sendo uma poderosa ferramenta informadas em relação aos benefícios que a
terapêutica e preventiva. música proporciona aos pacientes e familiares.
Rev. Ter. Inten. HC-UFPE. 2017; 1 (4): 39-41
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Uma boa ação seria a implantação de música
7-Os familiares fazem críticas a música em
ambiente nas UTIs.
UTI?
Em geral as críticas são construtivas e
9-Existem projetos de extensão do coral para
com boa aceitação de todos.
outras UTIs?
O coral da UTI-HC faz apresentação em
8-Como parte da humanização, que outras
outras unidades do HC, e faremos apresentação
ações poderiam ser implementadas com música
em outros hospitais.
na UTIs?
MESSAGEM FINAL
Para nós é muito gratificante participar do coral da UTI-HC, cada gesto, sorriso, sinal
clínico de melhora nos faz ter a certeza da importância do nosso trabalho.
Referência bibliográfica
Música para o Coração e a Alma na UTI. Rev. Ter. Inten. HC-UFPE. 2017; 1 (2): 5-12
Rev. Ter. Inten. HC-UFPE. 2017; 1 (4): 41-42
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Não se pode está disposto a escutar se não ocorrer e reconhecer se, de fato, estar inteiro
Olhar para o sofrimento de quem recebe a comunicação? Comunicar é mais do que o ato
notícia nem sempre é suportável, mas, muitas de informar, é escutar, para compreender e
vezes, mais insuportável ainda é olhar para as oferecer o que há de melhor em nós para o
próprias emoções antes da comunicação outro.
Referências bibliográficas:
1. SILVA, M.J.P; ARAÚJO, M.M.T. Comunicação em Cuidados Paliativos. In: CARVALHO, R. T.;
PARSONS, H. A. (Org.) Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo, 2012. p. 76-84.
2. LEBLANC, T.W; TULSKY J.A; Communication with the patient and Family. In: CHERNY, N.;
FALLON, M.; KAASA, S; POTERNOY, S; CURROW, D.C. (Org) Oxford textbook of palliative
medicine. Oxford: Oxford University Press; 5 ed; 2015. p. 337-344