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A água pode ser considerada sob três aspectos distintos, em função de sua utilidade, conforme
apresentamos:
1 – ELEMENTO OU COMPONENTE FÍSICO DA NATUREZA = Manutenção da umidade do ar, da
relativa estabilidade do clima na terra e da beleza de algumas paisagens.
2 – AMBIENTE PARA A VIDA AQUÁTICA = Ambiente para a vida dos organismos aquáticos.
3 – FATOR INDISPENSÁVEL A MANUTENÇÃO DA VIDA HUMANA = Irrigação do solo,
dessedentação de animais e abastecimento público e industrial.
A poluição implica em uma alteração prejudicial das condições naturais da água, comprometendo,
assim, sua qualidade. Esta alteração deve ser analisada em termos do impacto nos usos previstos
para o corpo d?água.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O USO DAS ÁGUAS E OS REQUISITOS DE QUALIDADE
1 – CONSUMO HUMANO HIGIENE PESSOAL E USO DOMÉSTICO = A água deve ser isenta de
substâncias químicas prejudicial a saúde, baixa agressividade a dureza, esteticamente agradável,
baixa turbidez, cor sabor e odor, ausência de micro e macro organismo.
2 – ABASTECIMENTO INDUSTRIAL (ÁGUA NÃO EM CONTATO COM O PRODUTO) = A água deve
ser de baixa agressividade e dureza. Ex: refrigeração e caldeiras
3- A ÁGUA ENTRA EM CONTATO COM O PRODUTO= A qualidade requerida é variável de acordo
com o produto.
4 – A ÁGUA INCORPORA AO PRODUTO = A água deve ser isenta de substâncias químicas e
organismos prejudiciais a saúde esteticamente agradável (baixa turbidez, cor, sabor e odor). Ex:
alimento, bebidas e remédios.
5 – IRRIGAÇÃO DE HORTALIÇAS= A água deve ser isenta de substâncias químicas e organismos
prejudiciais a saúde salinidade não excessiva.
6 – DESSEDENTAÇÃO DE ANIMAIS= Água deve ser isenta de substâncias químicas e organismos
prejudicial a saúde dos animais.
7 – RECREAÇÃO E LAZER= A água deve ser isenta de substâncias químicas e organismos
prejudiciais a saúde, baixos teores de sólidos em suspensão, óleos e graxas. Ex: natação
8 – GERAÇÃO DE ENERGIA= A água deve ser de baixa agressividade. Ex: Usinas hidrelétricas.
A forma de poluição da água são varias, de origem natural, ou como resultado das atividades
humanas, abaixo listamos os processos mais importante de maior interesse para o controle da
poluição.
ASSOREAMENTO = Acúmulo de substâncias minerais; ex: areia, argila ou organismos; ex: lodo em
um corpo d?água o que provoca a redução de sua profundidade e de ser volume útil.
EUTROFICAÇÃO = Fertilização excessiva da água por recebimento de nutrientes (nitrogênio,
fósforo), causando o crescimento descontrolado (excessivo de algas e plantas aquáticas).
ACIDIFICAÇÃO = Abaixamento do PH, como decorrência de chuvas ácidas (chuvas com elevada
concentração de íons H+ pela presença de substâncias químicas como dióxido de enxofre, óxidos de
nitrogênio, amônia e oxido de carbono, que contribui para a degradação da vegetação e da vida
aquática.
Requisitos de Qualidade
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
• Disponibilidade atual e futura: vazão e pressão necessárias para as condições normais e extremas
(pico de consumo)
Ou seja, não basta apenas atender aos critérios de qualidade físico-química ou microbiológica, é
necessário também que o recurso esteja disponível quando necessário.
Não existe uma classificação absoluta. Os requisitos de qualidade da água dependem do seu uso, da
aplicação ou o destino final.
O melhor método de tratamento é aquele capaz de atender o requisito de qualidade para o fim a que
se destina.
Tabela 1. Eficiência comparativa entre diferentes processos de tratamento de água para uso em
laboratório e os principais contaminantes removidos.
Bom -
Destilação Ruim Bom Excelente Excelente
Excelente[b]
Osmose
Bom Ruim Bom Excelente Excelente
Inversa
Adsorção em
Ruim Ruim[c] Bom-Excelente Ruim Ruim
Carbono
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
Foto-oxidação Bom -
Ruim Ruim Bom - Excelente Ruim
(Ultra violeta) Excelente[d]
Notas:
a. Excelente: capaz de remoção praticamente completa.
Bom: capaz de remover grande parte.
Ruim: remoção pequena ou nenhuma remoção.
b. A resistividade da água purificada por destilação tende a ser uma ordem de grandeza menor do
que a água produzida por deionização devido à pressença de gases dissolvidos (CO 2, H2S e NH3)
c. Exceção para a remoção de cloro
d. A eficácia da esterilização depende do comprimento de onda, turbidez e tempo de contato.
Caldeira de Média
Água de Caldeira de Baixa Caldeira de Alta
Parâmetro[a] Pressão (10 a 50
Resfriamento Pressão (< 10 bar) Pressão (> 50 bar)
bar)
Cloretos 500 + + +
Sólidos
500 700 500 200
Dissolvidos Totais
DQO 75 5 5 1
Sólidos
100 10 5 0,5
Suspensos Totais
Compostos
1,0 1,0 1,0 1,0
Orgânicos++
Nitrogênio
1,0 0,1 0,1 0,1
Amoniacal
Sílica 50 30 10 0,7
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
Caldeira de Média
Água de Caldeira de Baixa Caldeira de Alta
Parâmetro[a] Pressão (10 a 50
Resfriamento Pressão (< 10 bar) Pressão (> 50 bar)
bar)
Sulfeto de
--x-- + + +
Hidrogênio (H2S)
Oxigênio
--x-- 2,5 0,01 0
Dissolvido
Notas:
a. Limites recomendados em mg/L, exceto para pH
+ Aceito como recebido, caso sejam atendidos outros valores limites
++ Substâncias ativas ao azul de metileno
Qualidade da Água
A água contém, geralmente, diversos componentes, os quais provêm do próprio ambiente natural ou
foram introduzidos a partir de atividades humanas.
Para caracterizar uma água, são determinados diversos parâmetros, os quais representam as suas
características físicas, químicas e biológicas. Esses parâmetros são indicadores da qualidade da
água e constituem impurezas quando alcançam valores superiores aos estabelecidos para
determinado uso. Os principais indicadores de qualidade da água são discutidos a seguir, separados
sob os aspectos físicos, químicos e biológicos.
Parâmetros Físicos
b) Sabor e odor: resultam de causas naturais (algas; vegetação em decomposição; bactérias; fungos;
compostos orgânicos, tais como gás sulfídrico, sulfatos e doretos) e artificiais (esgotos domésticos e
industriais). O padrão de potabilidade: água completamente inodora.
c) Cor: resulta da existência, na água, de substâncias em solução; pode ser causada pelo ferro ou
manganês, pela decomposição da matéria orgânica da água (principalmente vegetais), pelas algas ou
pela introdução de esgotos industriais e domésticos. Padrão de potabilidade: intensidade de cor
inferior a 5 unidades.
d) Turbidez: presença de matéria em suspensão na água, como argila, silte, substâncias orgânicas
finamente divididas, organismos microscópicos e outras partículas. O padrão de potabilidade: turbidez
inferior a 1 unidade.
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
e) Sólidos:
Sólidos em suspensão: resíduo que permanece num filtro de asbesto após filtragem da amostra.
Podem ser divididos em:
· Sólidos não sedimentáveis: somente podem ser removidos por processos de coagulação, floculação
e decantação.
Sólidos dissolvidos: material que passa através do filtro. Representam a matéria em solução ou em
estado coloidal presente na amostra de efluente.
f) Condutividade Elétrica:capacidade que a água possui de conduzir corrente elétrica. Este parâmetro
está relacionado com a presença de íons dissolvidos na água, que são partículas carregadas
eletricamente Quanto maior for a quantidade de íons dissolvidos, maior será a condutividade elétrica
na água.
Parâmetros Químicos
a) pH (potencial hidrogeniônico): representa o equilíbrio entre íons H+ e íons OH; varia de 7 a 14;
indica se uma água é ácida (pH inferior a 7), neutra (pH igual a 7) ou alcalina (pH maior do que 7); o
pH da água depende de sua origem e características naturais, mas pode ser alterado pela introdução
de resíduos; pH baixo torna a água corrosiva; águas com pH elevado tendem a formar incrustações
nas tubulações; a vida aquática depende do pH, sendo recomendável a faixa de 6 a 9.
b) Alcalinidade: causada por sais alcalinos, principalmente de sódio e cálcio; mede a capacidade da
água de neutralizar os ácidos; em teores elevados, pode proporcionar sabor desagradável à água,
tem influência nos processos de tratamento da água.
f) Nitrogênio: o nitrogênio pode estar presente na água sob várias formas: molecular, amônia, nitrito,
nitrato; é um elemento indispensável ao crescimento de algas, mas, em excesso, pode ocasionar um
exagerado desenvolvimento desses organismos, fenômeno chamado de eutrofização; o nitrato, na
água, pode causar a metemoglobinemia; a amônia é tóxica aos peixes; são causas do aumento do
nitrogênio na água: esgotos domésticos e industriais, fertilizantes, excrementos de animais.
g) Fósforo: encontra-se na água nas formas de ortofosfato, polifosfato e fósforo orgânico; é essencial
para o crescimento de algas, mas, em excesso, causa a eutrofização; suas principais fontes são:
dissolução de compostos do solo; decomposição da matéria orgânica, esgotos domésticos e
industriais; fertilizantes; detergentes; excrementos de animais.
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
h) Fluoretos: os fluoretos têm ação benéfica de prevenção da cárie dentária; em concentrações mais
elevadas, podem provocar alterações da estrutura óssea ou a fluorose dentária (manchas escuras
nos dentes).
j) Matéria Orgânica: a matéria orgânica da água é necessária aos seres heterótrofos, na sua nutrição,
e aos autótrofos, como fonte de sais nutrientes e gás carbônico; em grandes quantidades, no entanto,
podem causar alguns problemas, como: cor, odor, turbidez, consumo do oxigênio dissolvido, pelos
organismos decompositores.
O consumo de oxigênio é um dos problemas mais sérios do aumento do teor de matéria orgânica,
pois provoca desequilíbrios ecológicos, podendo causar a extinção dos organismos aeróbios.
Geralmente, são utilizados dois indicadores do teor de matéria orgânica na água: Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO).
Com dimensões continentais, o Brasil abriga abriga aproximadamente 12% de toda a água doce
existente no mundo. Porém, para garantir a qualidade destes recursos, além da conscientização
popular, são necessários instrumentos que auxiliem no monitoramento, que ainda não ocorre de
maneira uniforme no País.
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
da Agência Nacional de Águas (ANA), além de explicar como é desenvolvido este tipo de trabalho no
País, conta como a ANA vem trabalhando no processo de recuperação do Rio Doce, afetado
criticamente após o rompimento da barragem de Mariana (MG). Você sabe o que é e como funciona
o enquadramento de corpos d'água? Célio explica na entrevista especial.
Célio Bartole Pereira - Esse monitoramento de qualidade de água é feito pela Agência Nacional de
Águas (ANA) em parceria com os estados (com os órgãos estaduais responsáveis pela gestão dos
recursos hídricos, e em algumas situações específicas com órgãos gestores de meio ambiente). Esse
nível de informação de monitoramento varia de estado para estado.
Temos uma maior ocorrência de pontos de monitoramento nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, com
algumas estações de monitoramento nos estados da região Centro-Oeste e poucos pontos de
monitoramento da água na região Norte. É importante entendermos que esses dados de qualidade de
água disponível para análise não são uniformes para o País. Então, devemos ficar atentos a esta
questão.
Em relação à gestão da qualidade das águas, temos como um dos principais desafios a questão do
tratamento dos esgotos das cidades. Quando nós nos debruçamos sobre os dados do monitoramento
da qualidade da água, identificamos que cerca de 5% a 10% dos pontos de qualidade da água
monitorados demonstram qualidade ruim ou péssima.
Quando nos debruçamos especificamente sobre os pontos de monitoramento que estão localizados
nas áreas urbanizadas esse número sobe significativamente para entorno de 20% a 25% dos dados
indicando uma qualidade da água ruim ou péssima.
Isso demonstra a importância de trabalharmos nessa questão do tratamento dos esgotos e fica bem
nítido a influência dessa carga proveniente dos esgotos urbanos na contaminação dos corpos
d'água.
Célio: "Dados de qualidade de água disponível para análise não são uniformes para o País"
WRA – Quais são as principais causas de poluição das nossas águas atualmente?
CBP - Temos uma série de fontes poluidoras difusas. Qualquer atividade humana, mas o uso agrícola
por exemplo é uma fonte poluidora se não for objeto de manejo bem adequado. Os agroquímicos ou
fertilizantes que são utilizados na prática agrícola podem alcançar o corpo hídrico e isso, junto com
essa carga dos esgotos pode comprometer ainda mais a qualidade da água. E isso enxergamos
muito claramente quando nós nos debruçamos sobre os dados de monitoramento dos reservatórios.
Nós temos uma quantidade muito grande de reservatórios com a qualidade da água comprometida,
com presença de algas, com níveis alarmantes da eutrofização do manancial, e muitos desses
reservatórios são utilizados para o abastecimento e precisamos estar atentos à qualidade da água
desses corpos hídricos.
WRA - Como a Agência Nacional de Águas (ANA) vem tratando esta questão?
CBP - Temos um programa, denominado QUALIÁGUA, que vem trabalhando junto aos estados para
que possamos garantir uma maior uniformidade nesse monitoramento em toda a nossa extensão
territorial, em todos os estados, com uma padronização desse monitoramento, estabelecendo um
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
conjunto mínimo de parâmetros com ações de apoio com equipamentos para monitoramento,
capacitação para o uso desses equipamentos, ações de intercalibração, ou seja, garantir que os
diversos estados utilizem procedimentos padronizados que me permitam fazer análises comparativas.
Hoje cada estado atua de forma isolada, independente, sem essa padronização, e para que
consigamos entender e fazer essas avaliações comparativas é importante que tenhamos essa
padronização, e que também possamos ter estes dados de todo o País para a divulgação para a
sociedade. No fim das contas, isso é o que importa: fazer com que essas informações sobre
qualidade de água cheguem à sociedade.
WRA - Na sua visão, as piores situações relacionadas à qualidade da água se devem mais a
problemas de infraestrutura ou a população também não tem contribuído positivamente?
CBP - Nós temos aí as duas situações. É claro que devemos reconhecer os esforços que têm sido
feitos em termos de investimento, por exemplo, na área de saneamento básico, mas esses
investimentos muitas vezes não refletem na melhoria da qualidade da água imediatamente.
Ou seja, temos um pouquinho de cada coisa. Claro que precisamos melhorar muito a nossa
capacidade de gestão desses investimentos, mas é importante que toda sociedade se conscientize
tanto para cobrar as ações, mas também após elas implementadas que faça a sua parte e contribua.
WRA - Após o rompimento da barragem em Mariana (MG), como a ANA tem trabalhado na
recuperação do Rio Doce?
CBP - Esse trabalho de recuperação é um trabalho conjunto, que envolve diversos organismos de
governo, a sociedade local e órgãos de fiscalização (temos Ministério Público atuando próximo) e
uma série de ações que foram elencadas num termo de ajustamento de conduta que foi realizado
com o empreendedor responsável pela barragem. Temos uma série de ações que estão sendo
executadas, desde recuperação de áreas que foram atingidas com o plantio de árvores até ações de
dragagem e ações de monitoramento e acompanhamento.
Nós temos um conjunto muito extenso de ações voltadas para a recuperação e garantia da
segurança no uso da água na Bacia do Rio Doce. Do ponto de vista da Agência Nacional de Águas
(ANA), o que temos acompanhado e atuado é com relação aos usos que foram impactados e em
como garantir a segurança desses usos e identificar as ações de recuperação.
Temos atuado junto com as prefeituras locais e operadores locais para identificar alternativas de
abastecimento, como eu garanto que a população vai poder continuar tendo abastecimento de água
segura. Foram estudadas alternativas para essas fontes de abastecimento para que se garantisse
esse uso da água naqueles municípios.
Alguns municípios vão se valer do uso da água subterrânea, outros municípios foram buscar
alternativas de abastecimento em outros mananciais (como os afluentes do Rio Doce e trechos não
impactados) e isso a ANA vem acompanhando essa ação de implementação. Além dessas ações,
que ou estamos à frente ou acompanhando em parceria com outros órgãos, nós também estamos
junto com os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, e Ibama, atuando no acompanhamento e
implementação de um programa de monitoramento da qualidade das águas e sedimentos do Rio
Doce.
Um trabalho que é mais amplo que o enfoque apenas da qualidade da água para os usos humanos
(até por isso o Ibama também tem uma atuação forte).
Temos uma coordenação que atua nessa questão do monitoramento da qualidade das águas e que
tem participado ativamente de todas as discussões desse programa, que já está para ser
implementado, e irá exigir um monitoramento com uma frequência mais curta, com uma atenção
muito especial, sem prejuízos dos pontos de monitoramento que já existem e são operados pelos
órgãos de monitoramento de recursos hídricos. É um monitoramento adicional.
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
"Temos acompanhado e atuado com relação aos usos que foram impactados e em como garantir a
segurança desses usos e identificar as ações de recuperação", explicou. Foto: Agência Nacional de
Águas
Pela nossa legislação se ela for de uma Unidade de Conservação de uso integral, ele vai requerer
uma qualidade de água muito elevada para que ela consiga manter a condição natural dele. Se tem
um trecho de rio que aquela água vai ser alocada para o abastecimento humano, eu tenho um outro
requisito de qualidade de água, uma outra necessidade de qualidade de água, que vai depender do
processo de tratamento que tem ali.
Por outro lado, existem alguns trechos de rios, que não tem nenhum uso identificado. Não tenho uma
captação para irrigação ou não tenho uma captação para abastecimento. Então nesses casos, eu
identifico uma outra classe de uso. Essas classes de uso, que se revertem em limites de qualidade de
água requeridos, vão se traduzir no enquadramento dos corpos d'água. Quando eu falo de
enquadramento de corpo hídrico, vou definir para o meu futuro que qualidade da água que eu preciso
ter para atender aos usos previstos naquela região ou trecho de rio.
Quando nós dizemos que ele é uma ferramenta de planejamento é porque eu preciso de fazer
investimentos, tratar os esgotos, fazer uma recuperação de mata ciliar, e outras diversas ações para
conseguir alcançar essa meta de qualidade de água. E isso precisa ser debatido para saber, com
clareza, como isso vai evoluir progressivamente. E esse debate para definição dessas metas
geralmente é feito no âmbito dos comitês de bacia.
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
Nós já discutimos as diversas formas de uso da água no Brasil. Mas relembrar nunca é demais.
No brasil, 72% da vazão consumida no país vai para a agricultura, especialmente para as culturas
irrigadas. 11% são para o consumo animal, 9% para o abastecimento urbano, 7% para uso industrial
e apenas 1% para abastecimento humano rural.
Vale lembrar que existe diferença entre vazão retirada e vazão consumida. A primeira se refere à
água retirada dos recursos hídricos com a finalidade de atender a população. Já a vazão consumida
é a água que de fato foi utilizada e que é devolvida ao meio ambiente após seu uso.
Um outro ponto importante é que quase 40% da água captada é perdida no sistema de distribuição.
Seja por ligações clandestinas, vazamentos, roubos ou falhas na medição. E isso já representa uma
boa parcela de investimentos financeiros perdidos.
De acordo com dados da consultoria legislativa, São Paulo vivenciou a pior seca dos últimos 84 anos
no verão de 2015. O nível do sistema Cantareira foi reduzindo aos poucos ao longo de 2013 e 2014.
Com isso, a falta de chuvas em dezembro de 2015 colocou a cidade em estado de alerta.
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
Além da capital paulista, naquele ano, houveram perspectivas reais de racionamento em Minas
Gerais e no Rio de Janeiro. Este colapso, colocou em xeque o planejamento dos governos federal e
estaduais, além de expor o despreparo para a crise.
O impacto da estiagem nos estados mais populosos do país e principal polo industrial brasileiro foi
sentido diretamente no bolso do consumidor. De que maneira?
1 – ENERGIA ELÉTRICA
A principal forma de obtenção de eletricidade no Brasil é por meio das usinas hidroelétricas. Com
reservatórios praticamente vazios, o governo colocou as usinas termelétricas para funcionar.
2 – ÁGUA
A conta de água também ficou mais cara nessas regiões. Algumas indústrias tiveram que reduzir o
consumo de água em até 30% sob o risco de multa. Já os consumidores residenciais e comerciais
sofreram diversos racionamentos. Além disso, o governo instaurou uma sobretaxa a quem não
reduzisse o consumo.
Para não ficar sem água, muitos comerciantes, principalmente da capital paulista, tiveram que pagar
por caminhões-pipa. Ademais, muita gente acabou investindo em caixas de armazenamento de água.
3 – INDÚSTRIA
A indústria alimentícia, têxtil e química são as mais afetadas pela falta de água. No final de 2015,
muitas fábricas deram férias coletivas, outras, falavam em demissão.
O Sudeste é o maior polo industrial do país. A crise hídrica, se mantida por um longo período, é
capaz de reduzir drasticamente a produção de determinados produtos e gerar uma alta nos preços.
4 – AGRICULTURA
Este, de longe, foi o setor mais impactado. Café, cana-de-açúcar, milho, feijão, hortaliças e frutas,
culturas comuns da região sudeste, sofreram uma redução de produção. Minas Gerais, o maior
produtor de café do Brasil, sentiu a estiagem. No Rio de Janeiro, os produtores rurais acumularam
perdas de 100 milhões de reais.
No Espírito Santo, o governo chegou a proibir a instalação de novos sistemas de irrigação e cortou os
créditos para aquisição de equipamentos agrícolas. Em São Paulo, os produtos FLV (Frutas-
Legumes-Verduras) sofreram um aumento de aproximadamente 10% no período.
Como você pode ver, a falta de água na agricultura é capaz de gerar produtos mais caros e de pior
qualidade.
5 – INFLAÇÃO
E o que ocorre quando a energia, água e alimentos ficam mais caros? Os índices de inflação
começam a subir, o Banco Central responde com juros mais altos e isso tudo provoca um
desaquecimento da economia.
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USO DA ÁGUA E REQUISITOS DE QUALIDADE
Depois de toda a crise, as chuvas retornaram aos poucos e os volumes dos recursos hídricos do
Sudeste foram voltando aos poucos. Hoje, o nível do sistema Cantareira ultrapassa os 90%.
Na época, foram consideradas diversas alternativas para a geração de água potável para
abastecimento. Muito se falou sobre a transformação da água do mar e da construção de novos
reservatórias.
Uma das alternativas de maior polêmica foi o reaproveitamento do esgoto tratado. É uma boa
alternativa em face a gestão sustentável dos recursos hídricos e pode agir como um substituto das
águas destinadas às indústrias e produção agrícola.
Nenhuma dessas alternativas de fato chegaram a ser implantadas durante a falta de água na região.
Entretanto, deixou um marco muito grande na história do país. Mostrou a muitos que é necessário
muito planejamento quando o assunto é recursos hídricos.
A água tem papel fundamental não só para matar a sede, mas principalmente, para produzir
alimentos e outros confortos da humanidade, tal qual a energia elétrica. A falta de água atinge todos
os setores da economia e é capaz de gerar impactos significativos no PIB de um país.
O Brasil ainda possui posição privilegiada quanto à quantidade e qualidade da água. Diversos países
no mundo têm baixa disponibilidade e travam guerras para obtenção desse bem. Assim, notamos o
quão importante é pensar no consumo de água e nos meios de garantir seu uso correto e sua
preservação ao longo dos anos.
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