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CATÁLOGOS VIRTUAIS DAS BIBLIOTECAS

ponto de vista
UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL: realidade e
perspectivas para a criação de uma rede
cooperativa nacional

Ana Glenyr de Godoy Umpierre* *


Bibliotecária do Centro Universitário
Betânea Favaretto** Ritter dos Reis - UniRitter
Fabiano Couto Corrêa da Silva*** Email: anaggu@uniritter.com.br

**
Analista de worflow da Universidade
de Santa Cruz do Sul - Unisc
Email: fabino@unisc.br

Mestrando em Ciência da Informação –


***

UFSC.
E-mail: fabianocc@gmail.com

1 INTRODUÇÃO informatizadas e, em especial, das bibliotecas


universitárias, fornecendo aos usuários a possibilidade

O
s catálogos automatizados sempre foram de pesquisarem em catálogos mais abrangentes e que
apontados como o melhor caminho para a disponibilizem resultados mais amplos.
pesquisa e disseminação do acervo Atualmente, a produção editorial no Brasil e
existente em bibliotecas. Em alguns casos, o seu uso no exterior cresce em escala cada vez maior,
deixou de ser apenas um recurso informacional e obrigando as universidades a adquirirem apenas
passou a ser utilizado também, como ferramenta os títulos essenciais para o complemento do
de intercâmbio de informações para tarefas técnicas aprendizado de seus alunos na sala de aula, seja
de catalogação e indexação entre bibliotecários. por dificuldades financeiras ou pela dificuldade
Além disso, a sua concepção tornou possível a de acompanhar o lançamento dos títulos mais
migração de informações contidas em fichas recentes. De qualquer forma, a aquisição de títulos
impressas para o meio eletrônico, viabilizando o em bibliotecas universitárias torna-se um desafio
cruzamento de dados para recuperação dos cada vez maior, em decorrência da necessidade da
registros que eram recuperáveis apenas através de ampliação do espaço físico para absorver este
buscas manuais. material e a atenção permanente ao cumprimento
Porém, embora os catálogos automatizados de políticas de descarte para retirar o material
sejam um recurso muito eficiente para a pesquisa obsoleto das estantes e incorporar novos conteúdos.
em acervos de bibliotecas, normalmente o seu uso é Devido a essa amplitude dos acervos e ao atual nível
limitado apenas à consulta sobre o acervo físico de de informatização da maioria das bibliotecas
uma biblioteca específica ou da rede de bibliotecas universitárias brasileiras, torna-se necessária à
de uma mesma instituição, ou então, da rede de um expansão do acesso à informação por seus usuários,
mesmo sistema. Ao adotar a política de registrar unindo os seus catálogos através da web e
apenas o acervo local, as bibliotecas reduzem as possibilitando a criação de conexões dinâmicas e
possibilidades de expansão dos resultados de uma que ofereçam aos pesquisadores a possibilidade de
pesquisa realizada pelos seus usuários, uma vez obter fontes de informação amplas, com acesso aos
que deixam de criar conexões através de um títulos adquiridos através de editoras e produções
catálogo coletivo com outras bibliotecas da mesma científicas de outras bibliotecas. Essas conexões
área de suas especialidades. poderiam expandir-se para redes cooperativas de
Frente a estas limitações, surge a necessidade troca de documentos, empréstimo entre bibliotecas
urgente de modernizar os catálogos das bibliotecas e fornecimento de cópias.

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Ana Glenyr de Godoy Umpierre; Betânea Favaretto; Fabiano Couto Corrêa da Silva

Historicamente, as universidades tão rapidamente. A decisão de investimentos é


particulares têm apresentado uma concorrência normalmente mais complicada, não só por as
natural pela apresentação de níveis de qualidade quantias envolvidas serem maiores, em geral, como
que atraiam alunos e professores interessados em também pelo impacto que se pretende que tenham
fazer parte de sua comunidade acadêmica. Essa sobre o desempenho futuro da biblioteca. Más
realidade demonstra uma das maiores dificuldades decisões relacionadas a despesas podem ser
que um projeto visando à concepção de um catálogo facilmente detectadas e o problema corrigido.
colaborativo entre as universidades particulares Quando uma decisão errada é tomada com relação
teria para se tornar algo concreto. Entretanto, as a investimentos em bibliotecas universitárias, é
diversas iniciativas isoladas de cooperação possível que isso não seja detectado no curto prazo,
sugerem uma mudança neste quadro, apontando e os danos provocados por maus investimentos,
para uma nova realidade onde, as instituições associados a estratégias equivocadas, podem
efetivamente sérias e preocupadas com seu papel ameaçar a evolução de uma biblioteca, no longo
social, têm-se preocupado com a disponibilização prazo.
da informação, superando uma possível disputa Em sua maioria, as bibliotecas universitárias
por mercados. possuem sistemas de automação bastante
Por outro lado, as universidades públicas e dinâmicos e eficientes. Normalmente, o
comunitárias, que necessariamente não são investimento realizado nestes sistemas é muito bem
concorrentes entre si, teriam uma maior facilidade planejado, configurando uma análise prévia de sua
em desenvolver uma cooperação entre si para capacidade tecnológica e despesas necessárias para
ampliar o potencial de seus catálogos e oferecer as sua manutenção.
fontes necessárias para pesquisa aos seus usuários, Nem todos os gastos com TI em bibliotecas
superando obstáculos geográficos e financeiros. universitárias devem ser tratados necessariamente
Paradoxalmente, o que se percebe é que todas as como investimentos, porque obviamente isto não é
iniciativas existentes no país no sentido de verdade. Existem aqueles que claramente são gastos
compartilhamento de acervos acontecem contínuos, de manutenção da infra-estrutura
justamente na esfera privada. existente e incremento de novas funcionalidades. É
Através deste artigo, pretendemos ir além de claro que, para esses gastos permanentes, não é
uma mera apresentação da atual necessidade que necessário um rigor tão grande na tomada de
as bibliotecas universitárias possuem de integrar decisão. Eles fazem parte do planejamento de curto
os seus catálogos, mas também discutir as prazo da biblioteca, porque estão relacionados com
possibilidades e as vantagens que uma rede de a sua situação no momento, com os serviços que ela
cooperação nacional poderá trazer para o incentivo disponibiliza hoje e com a percepção atual da
ao conhecimento através da abertura de novas biblioteca pelos usuários. Nossa preocupação maior
fronteiras, aproximando o acesso às fontes onde
aqui é com os gastos estratégicos das bibliotecas
está registrado o conhecimento científico e cultural
universitárias com TI e sua atenção para investir
de diferentes regiões do país, através de um
em tecnologia, para criar uma rede cooperativa de
catálogo multidisciplinar e único.
bibliotecas com um catálogo que permita resgatar o
acervo de todas essas bibliotecas, ficando
2 GASTOS COM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM interconectados e possibilitando a busca de fontes
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: DESPESA OU de referência, independente de sua localidade no
Brasil.
INVESTIMENTO?
Devido ao caráter de transformação
Esta parece ser uma questão-chave. A permanente da quantidade de títulos e de novas
Tecnologia da Informação-TI, é vista pela tecnologias incorporadas aos sistemas de
administração como despesa ou como investimento bibliotecas, os gastos com TI devem ser muitos bem
em bibliotecas universitárias? A diferença é muito discutidos e avaliados. Eles estão relacionados,
grande: despesas estão normalmente associadas a normalmente, a decisões de gastos de extrema
gastos recorrentes, e os benefícios advindos são importância para a biblioteca que, depois de
imediatos e de vida curta. Investimentos são gastos tomadas, podem acarretar outras decisões de gastos
menos freqüentes, cujos benefícios estão usualmente contínuos do dia-a-dia, para a manutenção da nova
associados à estratégia da empresa e não ocorrem situação. Desse modo, é de extrema importância a

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Catálogos virtuais das bibliotecas universitárias no Brasil

análise prévia das condições que um sistema oferece Unesp) e a Rede virtual de bibliotecas - Congresso
para viabilizar a disponibilização de um catálogo Nacional-RVBI2, onde tem-se acesso aos acervos de
compartilhado com o sistema de outras bibliotecas. 15 bibliotecas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, na esfera federal e órgãos do Distrito
Federal, incluindo na pesquisa do catálogo pesquisa
7A ABRANGÊNCIA DOS CATÁLOGOS INFORMATIZADOS ao Sistema de Informação do Congresso Nacional -
NAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS SICON, fazendo link com a doutrina existente nas
bibliotecas com a legislação relacionada.
Em sua maioria, as bibliotecas universitárias
Recentemente foi inaugurada uma nova rede, a
brasileiras vivem uma realidade paradoxal: se, por
biblioteca digital da CVA-RICESU3, congregando
um lado, apresentam catálogos para pesquisa que
em um único portal de pesquisa as bibliotecas
contemplam todo o seu acervo através de sistemas
digitais da rede de universidades católicas, com
dinâmicos e eficazes para a pesquisa local, por
acesso às dissertações, teses e artigos publicados
outro, esta pesquisa virtual não abrange as
pelas instituições participantes.
conexões necessárias para encontrar um
Outra iniciativa de grande sucesso, e que
complemento para a pesquisa em outras bibliotecas.
possui a coordenação do IBICT, é o Catálogo
Esta insuficiência não só limita o potencial da
Coletivo Nacional de Publicações Seriadas-CCN.
capacidade que as bases de dados possuem para
Trata-se de uma rede cooperativa de unidades de
gerenciarem catálogos cooperativos, como também
informação localizadas no Brasil com o objetivo de
deixam de criar oportunidades para agilizar o
reunir, em um único Catálogo Nacional de acesso
processamento técnico em bibliotecas e a troca de
informações sobre a necessidade de aquisição de público, as informações sobre publicações
novos títulos. periódicas técnico científicas reunidas em centenas
Alguns softwares dominam o universo das de catálogos distribuídos nas diversas bibliotecas
bibliotecas de universidades brasileiras: Aleph, do país.
Pergamum, VTLS e os softwares derivados da Já em termos internacionais são exemplos: a
metodologia ISIS (winisis, wwwisis). Entretanto, Rede de Bibliotecas Universitárias-REBIUN4, que
não é o software em si que define a possibilidade de permite busca unificada em 61 bibliotecas
interoperabilidade entre os OPACs, mas a utilização universitárias espanholas; o Oxford Libraries
de padrões internacionais de catalogação (como Information System-OLIS, administrado pela Oxford
MARC 21 e Dublin Core) e de protocolos de University, atualmente com 101 bibliotecas
transferência de dados (como Z39-50 e OAI-PMH). cooperantes 5 ; o OhaioLink and Information
O IBICT tem atuado decisivamente no estudo Network, que agrupa 17 bibliotecas de
e disponibilização de tecnologia voltada à universidades públicas, 23 comunidades de escolas
interoperabilidade e a coleta automática de dados, técnicas, 44 escolas particulares e a biblioteca do
buscando integrar os sistemas de informação de estado de Ohio6; o Catalogue collectif de France-CCFr7,
teses e dissertações existentes nas Instituições de que oferece acesso unificado a 3 grandes bases: da
Ensino Superior-IES brasileiras, bem como Biblioteca Nacional da França, de 130 bibliotecas
estimular o registro e a publicação de teses e universitárias e 60 bibliotecas municipais ou
dissertações em meio eletrônico. Sempre especializadas; e também o catálogo coletivo Base
trabalhando com a idéia de tecnologia aberta (open Nacional de Dados Bibliográficos-PORBASE 8,
source), têm disponibilizado ferramentas que catálogo em linha das contendo a coleção da
possibilitam às bibliotecas transformar em biblioteca nacional e de mais 150 bibliotecas
realidade um grande projeto nacional de catálogos portuguesas.
cooperativos.
Essa realidade já pode ser evidenciada
através de algumas experiências brasileiras de
sucesso como o UnibibliWEB1, do projeto CRUESP
2
http://www.senado.gov.br/sf/biblioteca/rvbi_historico.asp
(Catálogo cooperativo entre a USP, Unicamp e a 3
http://biblioteca.ricesu.com.br/
4
http://www.crue.org/web-rebiun/index.html
5
http://www.lib.ox.ac.uk/olis/
6
http://www.ohiolink.edu
7
http://www.ccfr.bnf.fr/rnbcd_visu/apropos0.htm
1
www.cruesp.bc.unicamp.br/search.html 8
http://www.porbase.org/

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Ana Glenyr de Godoy Umpierre; Betânea Favaretto; Fabiano Couto Corrêa da Silva

8A GESTÃO DO CONHECIMENTOS ATRAVÉS DOS Isto porque para esta geração ingressante
CATÁLOGOS COOPERATIVOS nas universidades em pleno século XXI os
processos podem dar-se, como muito bem afirmam
Para Simonetti (1996), no século XX, foi Fragoso e Blattmann, “ao alcance do gesto de
vivenciado um processo contínuo de brutal comprimir uma tecla e deslizar o mouse [...] Mais
aumento e de transformação no conhecimento do que isso: as informações dialogam entre si e
disponível. Atualmente, diz-se que o conhecimento criam por si nova informação” (BLATTMANN ;
dobra a cada cinco anos. Isso leva a uma FRAGOSO, 2003, p. 16-17). Este usuário, tão
obsolescência do conhecimento adquirido, dentro acostumado à informação instantânea, depara-se
da própria existência, e a uma necessidade de nas bibliotecas universitárias com catálogos
permanente atualização desses conhecimentos. Na fechados em si mesmos, não dialógicos, que o
prática, o aumento do conhecimento leva à obrigam a refazer pesquisas para cruzar dados,
necessidade das pessoas serem o que podemos desistimulando a busca mais aprofundada. O que
chamar de “multiespecialistas atualizados”, isto é, se impõe é um catálogo interativo, que agilize a
dominar profundamente mais de uma área de disponibilização dos documentos, onde eles
conhecimento e manter atualizados esses estejam, através da interoperabilidade entre os
conhecimentos. Por outro lado, há um aumento na sistemas de bibliotecas e destes com os sistemas
dificuldade de compreensão e de entendimento das de busca de documentos.
coisas que, associado à insuficiência de elementos “As novas tecnologias da informação,
disponíveis para o julgamento (informação), especialmente a internet, estão mudando,
implica o aumento da importância da credibilidade definitivamente, o modo como as pessoas
das pessoas e de seus relacionamentos (o que alguns aprendem, como ensinam, como se relacionam,
autores chamam de network). Desse modo, a leitura como divulgam, como acessam, como retocam e
passa a ser um elemento importante não só para a como recuperam a informação” (MARTINS apud
obtenção de informações, mas como o início de um BLATTMANN ; FRAGOSO, 2003, p. 55).
processo reflexivo sobre os objetos conceituais As bibliotecas precisam apropriar-se deste
(intangíveis) que exprimem os aspectos da vida e novo paradigma - a possibilidade de reapropriação
de seus significados, como felicidade, alegria, e recombinação da informação - possibilitando
tristeza, medo, surpresa, qualidade, mudanças, quase que instantaneamente pela internet,
trabalho, cliente, realização, objetivos, riqueza, redefinindo seus catálogos e a disponibilização que
sabedoria, inteligência, valor, etc. fazem da informação a seus usuários.
A revolução da informação vem se acelerando O nome Internet vem de Internetworking
nos últimos anos, podendo ser muito benéfica para (ligação entre redes). Embora seja geralmente
o desenvolvimento de nossa sociedade, desde que pensada como uma rede, a Internet na verdade é o
possamos obter um equilíbrio entre a informação, o conjunto de todas as redes e gateways que usam
conhecimento e a sabedoria. Existe um conceito protocolos Transmission Control Protocol/Internet
socioeconômico independente dos resultados Protocol - TCP/IP. Ela é o conjunto de meios físicos
futuros da economia trazidos à tona pela Internet. (linhas digitais de alta capacidade, computadores,
Essas mudanças no plano econômico terão muitos roteadores) e programas (protocolo TCP/IP) usados
reflexos na sociedade, onde as pessoas deverão ser para o transporte da informação. A Web (www) é
mais criativas, participativas, envolvidas, apenas um dos diversos serviços disponíveis
determinantes e determinadas de seu futuro. através da Internet, e as duas palavras não
A sociedade da informação está associada significam a mesma coisa. Fazendo uma
intrinsicamente ao “zapear” da informação. Está comparação simplificada, a Internet seria o
se criando nas universidades uma verdadeira equivalente à rede telefônica, com seus cabos,
comunidade de zapeadores, pesquisadores de sistemas de discagem e encaminhamento de
buscas automáticas que conhecem superficialmente chamadas. A Web seria similar a usar um telefone
tudo e não conhecem profundamente nada. Leitores para comunicação de voz, embora o mesmo sistema
de resumos, de citações de terceiros, de informação também possa ser usado para transmissões de fax
sem fonte ou de fonte duvidosa. Que pesquisam ou dados.
nos buscadores pela facilidade de “ziguezaguear” Pierre Levy (1999, p.92) define o ciberespaço
entre os hiperlinks. como

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Catálogos virtuais das bibliotecas universitárias no Brasil

o espaço de comunicação aberto pela Para Davenport e Prusak (1998), nas


interconexão mundial de computadores organizações (e isto se aplica também às
e das memórias de computadores. [...]
Esse novo meio tem a vocação de colocar
universidades), a questão da gestão do conhecimento
em sinergia e interfacear todos os pode ser vista como um grande sucesso em analogia
dispositivos de criação de informação com a qualidade total, pois quem garante a qualidade
é o próprio indivíduo, pela execução de suas tarefas
[...] as pesquisas sobre as interfaces de no dia-a-dia de trabalho. Estimativas de especialistas
navegação são orientadas, direta ou internacionais são de que, nos próximos dois a cinco
indiretamente, pela perspectiva última
de transformar o ciberespaço em um anos, as empresas irão gastar mais com gestão do
único mundo virtual, imenso, conhecimento do que com consultoria, serviços,
infinitamente variado e perpetuamente software e produtos, do que gastaram com qualidade
mutante (LEVY, 1999, p. 107) ou com processos de reengenharia. Muitos
pensadores da administração, como Nasbitt e
Para Toffler (apud SROUR, 1998), a era da Drucker, desde o início da década de 1980, já
chaminé (ou da máquina) foi superada, não falavam, na grande revolução da “era da
havendo mais razões para falar de civilização informação”. Outros autores já traziam no fim da
industrial, mas de uma economia supersimbólica, década de 1980 a questão da inovação para o centro
que se baseia nos computadores, na troca de dados, das discussões estratégicas nos negócios, com é o
de informações e de conhecimento. Toffler apura caso da reengenharia de processos.
um mesmo estatuto teórico atrelado a três “ondas”: Como uma das principais preocupações das
à atual, denominada Terceira e que corresponde a universidades neste momento é a manutenção e
uma revolução da informação; à Segunda, dinâmica de seus sites e sistemas automatizados,
identificada como a revolução industrial; e à como grandes portais, a maioria ainda não começou
Primeira, entendida como revolução agrícola. a desenvolver projetos envolvidos na gestão do
A referência à revolução da informação conhecimento, onde a mesma não é um fim em si,
indicada por Tofler traz a idéia de expansão e mas uma seqüência de estratégias para refletir o seu
acessibilidade. Se, por um lado, as novas tecnologias futuro. Embora seja verdade que não há hora errada
possibilitam um amplo acesso a informação e uma para fazer a coisa certa, essa abordagem mais radical
expansão do conhecimento, por outro, este mesmo da gestão do conhecimento talvez pareça pretensiosa
conhecimento encontra-se muito fragmentado e sem demais, tanto para a maioria das empresas quanto
ordenação na Internet. A concepção de repositórios das universidades. No caminho da implementação
para obter centralização deste conhecimento tem da gestão do conhecimento, seja qual for a estratégia,
demonstrado ser uma das alternativas mais viáveis haverá muita dificuldade, muitos obstáculos, muitos
para facilitar as buscas do pesquisador. esforços e investimentos. Investir em gestão do
Hoje em dia, devemos nos preocupar com o conhecimento através de um catálogo cooperativo
indivíduo que está à procura de determinados só valerá a pena para as universidades que estejam
processos-chave motivacionais, onde este nos leva pensando no longo prazo, que pretendam ainda estar
a preconizar a existência de algo mais em nossas em constante evolução daqui a alguns anos. Se o
vidas. A organização que não se preocupar nos conhecimento das pessoas na universidade não faz
investimentos em seus recursos humanos está parte do modelo de gestão, se sua administração não
fadada ao insucesso. Vemos várias teorias dentre vê o conhecimento das pessoas agregando valor aos
nossas escrivaninhas lotadas de livros, muitos seus clientes, enfim, se na universidade o lado do
empoeirados, mas a que merece maior atenção e “capital” enxerga o lado do “trabalho” apenas pela
trabalho é a gestão do conhecimento. sua utilidade imediata, então pouco importa qual
Historicamente, as universidades têm se voltado será a estratégia adotada.
para a gestão do conhecimento no intuito de
entender, organizar, controlar e lucrar com esse
valor intangível do conhecimento. Ainda sob o 9 A CONEXÃO ENTRE OS DADOS REGISTRADOS NOS
ponto de vista de Toffler e Sveiby, talvez possa se CATÁLOGOS: VANTAGENS E VIABILIDADE TÉCNICA
dizer que a gestão do conhecimento é uma “zona
cinza” no cruzamento entre a teoria da organização, A realidade das bibliotecas universitárias
a estratégia de negócios, a tecnologia da informação brasileiras está longe de ser o ideal imaginado pelos
e a própria cultura administrativa. defensores da democratização do conhecimento, no

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que se refere ao acesso à produção intelectual pelas demais regiões de todo o país. Assim, a
gerada no ambiente universitário e, em especial nos criação de um catálogo cooperativo entre as
cursos de pós-graduação através de suas pesquisas. bibliotecas universitárias possibilitaria o acesso a
Baggio (2000) observa que se o conhecimento um portal onde os estudantes universitários a
acumulado não é compartilhado com a sociedade, sociedade em geral poderiam ter acesso ao que é de
agrava-se o abismo que separa ricos e pobres. Ao direito de todo o cidadão, ou seja, o acesso à
disponibilizar sua produção por meio de um informação.
catálogo cooperativo das bibliotecas universitárias, Um exemplo bem-sucedido de uma rede
a pós-graduação brasileira teria a oportunidade de nacional de Bibliotecas é a Rede Pergamum. Esta
expor a qualidade do que produz para o grande possui o catálogo das várias Instituições que já
público, e, assim, promover sua integração com o adquiriram o software. Neste catálogo o usuário
restante da sociedade, até mesmo para captar mais pode pesquisar e recuperar registros on-line de
recursos. Assim, parece saudável e necessário forma rápida e eficiente, agilizando o processo de
oferecer (ou devolver) ao público o resultado do catalogação em até 70%. Basta selecionar, dentre as
investimento de recursos públicos na pós- Instituições que participam da Rede, quais o usuário
graduação. O crescimento da produção científica deseja incluir para efetuar a sua pesquisa. Após
brasileira em revistas indexadas no Institute for isto, basta escolher àquela para verificar os
Scientific Information-ISI, principal indexador de resultados.
publicações científicas no mundo, tem sido notável, Esta Rede é implementada através da
com uma importante contribuição da Unicamp tecnologia Htdig10. Ela recupera documentos html
nesse contexto. De fato, a Unicamp é responsável usando o protocolo HTTP e armazena informações
por 11% da produção científica nacional, ficando destes documentos para posteriormente utilizá-las
abaixo apenas da USP, que responde por 26%, e na consulta a estes documentos. O Htdig é
acima da produção da UFRJ, que é da ordem de 9%. considerado um indexador, pois mantém uma base
Não é por acaso que estas instituições são de dados própria otimizada para realizar as buscas.
consideradas, por distintos critérios de natureza Essa característica garante a performance no tempo
acadêmica, como as mais importantes de resposta quando da submissão de uma pesquisa,
universidades brasileiras. O trabalho mais independentemente da quantidade de documentos
importante e atual nesse sentido aparece no Word no banco digital. O Htdig, quando consultado,
Universities Ranking on the Web9 que apresenta um retorna uma página onde os documentos são
ranking sobre as melhores universidades do analisados em relação à sua relevância quanto às
mundo. Os indicadores e a metodologia da palavras-chave fornecidas.
pesquisa são ali encontrados e o resultado coloca a Outra alternativa para a utilização de
USP como a universidade brasileira melhor catálogos on-line pode estar no uso do protocolo
colocada (posição nº 112), seguida pela Unicamp Z39.50, pois habilita uma interface única para
(posição nº 146) e pela UFRJ (posição nº 405). conexão com múltiplos sistemas de informação nas
Este aumento de produção científica no Brasil redes eletrônicas, facilitando ao usuário o processo
poderia ser mais divulgado e compartilhado através de busca e recuperação da informação. Também, a
da concepção de um catálogo coletivo. Esta maioria dos sistemas para biblioteca já existentes,
necessidade é evidente nesses tempos em que é são viabilizados para prover conexão Z39.50.
discutida a reforma universitária brasileira, uma O protocolo11 Z39.50, através de plataforma
vez que a preocupação sobre a sua estrutura não TCP-IP, quando aplicado a clientes e servidores
deve ficar limitada apenas à gestão organizacional funciona como uma espécie de tradutor de
das universidades e envolver somente a formação linguagem, uniformizando interfaces entre bases
de seus alunos, mas principalmente a forma como de dados e usuário, linguagens internas de
o resultado de sua formação será apresentado à comunicação e sintaxes de busca.
sociedade, e isto envolve não apenas a sociedade Além de simplificar o trabalho de busca, o
da região onde o indivíduo obteve o seu diploma, uso do Z39.50 facilita o uso de bases de dados com
como também o acesso a sua produção intelectual
10
http://www.htdig.org
11
Protocolo é o conjunto formal de conversões que governa a formação e
9
http://www.webometrics.info temporização relativa de intercâmbio de mensagens entre sistemas de comunicação.

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Catálogos virtuais das bibliotecas universitárias no Brasil

um grande volume de informação e permite a (identificação e localização de materiais em âmbito


comunicação entre sistemas que trabalhem com nacional) e utilizada para aumentar a qualidade
diferentes hardwares e softwares, permitindo ao da pesquisa científica no Brasil.
usuário final um acesso quase transparente para As redes de bibliotecas universitárias podem
outro sistema. Novos comandos e técnicas de busca efetivamente elevar o nível dos serviços mediante a
não têm de ser aprendidos, pois os resultados da cooperação, ser promotoras de aperfeiçoamento dos
pesquisa são apresentados no sistema local. Um bibliotecários através do debate e intercâmbio de
exemplo de utilização do Z39.50 pode ser visto em: experiências ao mesmo tempo em que, através do
http://web2.dra.com/. Neste site é utilizado o trabalho consorciado, prover-se de um maior poder
sistema Unicorn da Sirsi Corporation, focada em de representação e, portanto, de pressão junto ao
soluções tecnológicas para bibliotecas. poder público e privado na defesa de uma
Todos os sistemas Unicorn12 já estão prontos para disseminação livre da informação. Também, por
entender e retornar às pesquisas oriundas de qualquer extensão, o trabalho cooperativo pode diminuir
cliente Z39.50, independente da versão utilizada, e sensivelmente os custos de catalogação através da
podem pesquisar em outros sistemas Z39.50. cópia de registros, facilitar a conversão
A Library of Congress é a Agência oficial retrospectiva de catálogos e assegurar o
encarregada pela manutenção, atualização, desenvolvimento racional das coleções com o intuito
coordenação técnica e pelo desenvolvimento deste de aproveitar eficazmente os recursos através do
padrão de recuperação de informação. Documentos compartilhamento de acervos promovido pelo
oficiais sobre o Z39.50 estão disponíveis no site da empréstimo interbibliotecário A socialização dos
Agência: http://lcweb.loc.gov/z3950/agency. acervos é não só importante, mas fundamental num
país com tantas dificuldades econômicas, onde os
escassos recursos deveriam ser meticulosamente
10 CONCLUSÕES distribuídos.
Compreender a necessidade de compartilhar Questões emergentes sobre políticas
informações sobre o acervo existente em bibliotecas educacionais adotadas e aceitas nas universidades
de ensino superior, impulsionará mudanças na são peças-chave para compreender os impactos na
forma como os catálogos são organizados e estrutura institucional e também nas bibliotecas
compartilhados. A concepção de um catálogo que visam atender a demanda informacional. Na
coletivo, através de uma alternativa como o medida em que as bibliotecas universitárias
protocolo Z39.50, permitirá aumentar a capacidade perceberem a necessidade de compartilhamento e
de acesso à informação para a comunidade investirem em tecnologia para fornecer o acesso
acadêmica, sendo possível a utilização de uma integrado ao acervo das bibliotecas em rede
ferramenta que poderá oferecer interfaces de busca nacional, também estarão ampliando o acesso ao
mais flexíveis, trazer maior visibilidade sobre o conhecimento e encurtando caminhos para os
acervo coletivo das bibliotecas universitárias pesquisadores.

BRAZILIAN UNIVERSITY LIBRARY VIRTUAL CATALOGUE: reality and perspective to


create a nacional cooperative web

Artigo recebido em 05.09.2005 e aceito para publicação em 02.03.2006

12
http://www.sirsi.com/Aboutsirsi/z3950.html

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Ana Glenyr de Godoy Umpierre; Betânea Favaretto; Fabiano Couto Corrêa da Silva

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