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Mestres da Fotografia

Índice

Introdução:A Importância Do Olhar ...................... 4


Janeiro ............................................................ 7
Alfred Stieglitz ............................................... 8
Andreas Gursky ........................................... 17
Araquém Alcântara ....................................... 27
Bob Richardson ............................................ 35
Cecil Beaton ................................................ 46
David Bailey ................................................ 60
Ellen von Unwerth ........................................ 75
Erwin Blumenfeld ......................................... 85
Garry Winogrand .........................................101
Josef Koudelka............................................110
Fevereiro .................................................... 122
Alberto Chávez ...........................................123
Ansel Adams ..............................................133
Edward Curtis .............................................146
Sebastião Salgado .......................................163
Vivian Maier ...............................................176
Março........................................................... 192
Arnold Newman ..........................................193
Bruce Weber ..............................................208

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Mestres da Fotografia

Chichico Alkmim .........................................219


Condessa de Castiglione, Virginia Oldoini ........228
David LaChapelle ........................................242
Diane Arbus ...............................................252
Edward Weston ...........................................265
Edward Steichen .........................................274
James Nachtwey .........................................288
Joel Meyerowitz ..........................................299
Martin Schoeller ..........................................312
Nick Ut ......................................................322
Roger Fenton..............................................331
O Autor ........................................................ 349
Considerações Finais....................................... 350
Créditos........................................................ 351

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Mestres da Fotografia

Introdução:A Importância Do Olhar

A minha intenção é compartilhar com vocês os grandes


fotógrafos e suas fotos emblemáticas que nortearam, e
ainda norteiam, a minha fotografia. Vários deles fazem
parte da minha formação como fotógrafo, são minhas
referências.

Eles estão agrupados pelo mês em que aniversariam,


forma que achei mais interessante de divulgá-los, já
vira uma comemoração!

A formação de um fotógrafo vai além da técnica, bate


de frente com as referências históricas e artísticas que
obteve ao longo da vida e no estilo próprio que construiu
com elas.

Estudar e conhecer esses mestres ajuda a ampliar suas


perspectivas, a ver enquadramentos e composições
pelos olhos de outros artistas e estimula a curiosidade.
Muito além de copiar, esse exercício trata-se de
entender, absorver o estilo e a criatividade de alguém,
usando-o para compor o seu próprio.

Junte-se a mim nessa viagem pelos monstros sagrados


da fotografia, enriquecendo seu olhar através dos
olhares de todos eles.

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Mestres da Fotografia

Uma nação digital, faça parte:

Com mais de 350 vídeos gratuitos e considerado o mais


técnico do país, o canal no Youtube ultrapassou os 22
mil inscritos e já conta com uma assinatura mensal, é a
locomotiva de toda a operação on-line, um sonho da
juventude aqui se realiza: reunir os falantes do
Português em torno do ensino e fomento da fotografia!
Faça parte, inscreva-se!

No instagram há uma versão mais rápida com vídeo-


aulas, dicas de fotografia em retratos e viagens e muito
do meu portfólio, um bom local para exercitar alguns
pensamentos e trocar ideias, será excelente ver seu
comentário lá, siga-me!

Na página no Facebook os portugueses, africanos e


brasileiros espalhados pelo mundo se encontram nos
grupos fechados de estudo e conhecem todas as
iniciativas que faço, é um grande painel de encontros,
debates e dúvidas, permitindo uma troca mais densa de
informações e um aprimoramento no convívio digital,
curta a minha página!

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Mestres da Fotografia

O Imagens, Números & Vísceras cresceu e deixou de ser


apenas um blog para se transformar numa revista
digital e um grande canal no Telegram, que já reúne
mais de 1.200 profissionais de todo o mundo, uma
atmosfera virtual de ensino, cooperação e negócios em
Fotografia, grupos de fotógrafos encontrando o
mercado em apenas um clique, junte-se a nós!

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Mestres da Fotografia

Janeiro

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Mestres da Fotografia

Alfred Stieglitz
Americano

(01/01/1864 | 13/07/1946)

Apesar de ter nascido na América, Alfred cresceu na


Alemanha. E logo cedo, antes dos 20 anos, se viu
apaixonado pela fotografia.

E assim como eu, Alfred largou a engenharia para


abraçar a nova paixão.

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Mestres da Fotografia

Importante dizer que naquela época, 130 anos atrás,


vivíamos a película. Lá no início do século 20 ele já dizia
que:

“A Fotografia me fascina,
primeiramente como um
brinquedo, depois como uma
paixão e então como uma
obsessão”!

Conheço muitos que em pleno século 21 pensam


igualzinho rs...

Escolhi o magistral registro de Stieglitz da próxima


página para ser capa desse ebook.

Tirada em 1929 no Terminal ferroviário e metroviário de


Manhattan, registra uma luz que hoje, graças aos
espigões, não chega mais ao interior da estação.

Alfred foi autodidata e aos 20 e poucos anos teve três


de suas imagens premiadas, em uma ocasião levou o 1º
e 2º lugar da mesma premiação.

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A abaixo chama-se “The Last Joke Bellagio” e foi tirada


em 1887 e levou o 1º lugar por ser considerada a única
espontânea em toda a competição.

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A seguinte, chamada “The Terminal”, foi tirada em


1893.

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É importante lembrar que a câmera fotográfica tinha


surgido há pouco tempo. Ainda era um mistério para
muitos, afinal se hoje os manuais não nos ajudam
muito, imagina naquela época?

E o Stieglitz, autodidata e com uma caixa de pandora


em punho, conseguiu fazer registros que marcam pela
composição, enquadramento, espontaneidade e leveza.

Há mais de 300 retratos feitos de sua esposa, Georgia


O'Keeffe, temos um exemplo aqui na próxima página,
pintora americana hoje considerada a precursora do
modernismo dos Estados Unidos.

Alfred foi primordial na divulgação da fotografia como


uma forma de arte e lutou pelo crescimento desta arte
moderna, tal como sua inclusão em exposições e
galerias de arte, assim como pelo desenvolvimento de
pintores e escultores.

Além de fotógrafo, ele foi editor, escritor e dono de


galeria. Lembre-se, isso tudo no início do século 20! Por
seu perfil empreendedor e por sua forma única de ver e
viver a fotografia, Stieglitz é uma referência para mim.

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Andreas Gursky
Alemão

(15/01/1955 | -)

Nasceu numa família de fotógrafos comerciais de


sucesso que inclusive possuía um estúdio. Como em
casa de ferreiro o espeto é de pau, Gursky não abraçou
a profissão logo de cara, mas quando ela veio, foi para
ficar.

Desenvolveu sua carreira e técnica em fotografias de


grande formato, usualmente de um ponto de vista mais
alto (helicópteros, guindastes, etc), com preciosismo na
composição e na manipulação digital.

Foi pioneiro ao produzir imagens de até 1,8 x 2,4 metros


ou mais.

Também inovou ao fotografar impressões cromogênicas


(ou "c-prints") com filme, usando uma câmera de
grande formato, 5 × 7 polegadas.

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A foto anterior é de um depósito da Amazon em 2016.


Veja como a arte está escondida e enaltecida em tudo
que nos rodeia! Basta ter olhos para ver.E Gursky tem!

Essa é uma das licenças poéticas permitidas ao artista.


Mais do que permitidas se levarmos em consideração o
valor pelo qual a obra foi vendida!

A seguinte, Rhein II, tornou-se a fotografia mais cara


vendida em leilão: mais de US$ 4,3 milhões. Ela mede
cerca de 1,5 × 3 metros e apresenta uma parte
inexistente do rio Reno, incorporada digitalmente.

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E Gursky justificou:

“No final, decidi digitalizar as


fotos e deixar de fora os
elementos que me
incomodavam”

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Você pode não se identificar com o estilo de Gursky,


mas não há como negar as montanhas de imagens
hipnotizantes que ele produziu: 99 Cent II Diptychon
(2001), Madonna I (2001), Cocoon II (2008), etc. Em
comum elas possuem uma explosão de cores, detalhes,
movimentos.

Esse foco na manipulação digital gerou muita


controvérsia e, com o crescimento da fotografia digital,
não há previsão de consenso. Para Gursky, entretanto,
o conceito é simples:

"A imagem toda é construída,


mas de uma maneira que, e
você entrar no espaço,
parecerá muito similar."

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Araquém Alcântara
Brasileiro

(16/01/1951 | -)

E chegou a vez do mestre manezinho.

Sim, Araquém nasceu em Florianópolis, Santa Catarina,


e talvez venha daí sua paixão pela natureza.

Começou sua carreira como fotojornalista em São


Paulo, onde reside até hoje, e queria ser escritor, mas
as imagens foram engolindo as palavras e a veia de
repórter foi ficando no caminho, enquanto o fotógrafo
andarilho foi tomando conta da sua jornada, da sua
alma.

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“A fotografia me dá luz,
oxigênio, é um instrumento
importantíssimo para eu
abraçar as pessoas, uma
poderosa arma para eu
comungar, me encontrar com
o mundo”.
E, como parte disso, se percebeu querendo descobrir e
mostrar o Brasil e assim enveredou-se pela fotografia
ecológica e pela militância da preservação ambiental. E
tornou-se referência nacional.

Foi o primeiro a percorrer todos os parques nacionais


brasileiros, o que resultou no livro de fotografia mais
vendido no Brasil nos últimos tempos, com mais de cem
mil exemplares: Terra Brasil.

Também foi o primeiro fotógrafo brasileiro a produzir


um trabalho inédito para a National Geographic, a
edição especial de colecionador "Bichos do Brasil".

Ao longo de sua carreira produziu dezenas de livros com


imagens que contam histórias e nos transportam para
lugares mágicos.

“O exercício criativo é contínuo


e sem fim. Se você não
mergulhar nesse ato de VER,

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você não vai EVOLUIR. Uma


foto nova nega a anterior. A
criação é gesto fundamental.
Você tem que estar em estado
criativo a todo instante”.
Manter a criatividade para fazer fotos novas de enredos
similares foi um grande desafio, superado com
maestria, como é possível ver nos muitos livros que
registram sua obra.

Mas nem tudo são flores. Enveredar pela natureza traz


seus riscos, tais como a ocasião em que sofreu um
acidente de avião no Monte Roraima em 1997 e quando
ele e sua equipe foram sequestrados pelos índios
kaiapós em 1999. No fim, tudo deu certo.

Araquém está nas mídias e continua produzindo e


inspirando.

"Todos nós temos uma bem


aventurança. Todos nós temos
a possibilidade de sermos
felizes, com a sua linguagem,
com seu modo de vida e tal.
Mas é preciso mergulhar sem
ver se a piscina tem água. É
preciso correr o risco. É

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preciso ser absolutamente


integral e comprometido com o
que faz. Essa constante busca
eu acho que é a tarefa do
artista. A busca de conhecer a
si próprio”.

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Faço minhas as palavras de Araquém. Feliz daquele que


vive de acordo com seus propósitos e faz aquilo que lhe
deixa verdadeiramente feliz. Assim é com Araquém,
comigo e espero que com você também.

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Bob Richardson
Americano

(03/01/1928 | 05/12/2005)

Um fotógrafo que foi do estrelato ao inferno em muito


pouco tempo.

Começou como designer gráfico e só pegou numa


câmera aos 35 anos e, desde então, construiu sua
carreira como fotógrafo de moda. Fez muito sucesso na
década de 60 com suas poderosas imagens em preto e
branco, extremamente transgressivas para a época e
carregadas de drama.

Grandes fotógrafos da época, que também irão figurar


aqui, nos Mestres da Fotografia, afirmaram terem sido

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influenciados por ele: Peter Lindbergh, Steven Meisel,


Bruce Weber, entre outros.

Sentiu o peso né?

Bruce Weber disse:

"Não há livro, nem prêmio,


mas existe a escola de
fotografia de Bob Richardson.
E é uma escola anti-escola".
Ele foi o primeiro a dizer que não há problema em
subexpor o filme, em não mostrar as roupas.

Atormentado pela esquizofrenia desde os 21 e abusando


do clássico mix álcool & drogas, Bob saiu do top do
mundo da moda nos anos 80, onde ganhava 15 mil
dólares por uma única imagem, para tornar-se um sem
teto pelas ruas de São Francisco.

Neste período perdeu quase todos os seus negativos,


sobrando somente o que foi publicado pelas grandes
revistas.

Em 1989 o historiador de arte britânico Martin Harrison,


com a ajuda dos também fãs de Bob, Richard Avedon
e Steven Meisel (Avedon, fã do cara!) conseguiu que ele
retomasse sua carreira, trabalhando novamente para
revistas como a Vogue italiana e a GQ britânica, atuando
também como professor no Centro Internacional de
Fotografia e na Escola de Artes Visuais em Nova York.

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Era um titã admirado por outros titãs, no auge da


fotografia!

Apesar de possuir o rótulo de ter mudado a aparência


da fotografia de moda, Richardson também carregava a
reputação de brigar com os editores e estilistas com
quem trabalhava.

Diziam que era impossível trabalhar com ele, que tudo


tinha que ser do “jeito dele ou de jeito nenhum”.

Segundo seus melhores amigos, Bob era seu pior


inimigo! Em uma entrevista de 1997 disse, sem medo:

"As revistas americanas são


covardes A maioria das
coisas que publicam é uma
merda. Nova York
definitivamente conseguiu
elevar a mediocridade a uma
forma de arte. É ridículo! Na
Europa, sou considerado um
gênio; em Nova York, eu
não sou ninguém. "
Apesar da perda de quase todo portfólio, Bob e seu filho,
o também fotógrafo Terry Richardson, produziram um
livro com o que foi recuperado do acervo. O livro foi
finalizado somente após o falecimento do Bob, Terry
afirma que seu pai sempre dizia:

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“Eu vejo o mundo em preto e


branco”.
O que explica sua predileção por este tipo de fotos.

As fotos de Bob, além de quebrarem o paradigma da


beleza plástica retratada nos anos 60 pela moda,
trazem uma característica que acredito estar cada vez
mais ausente na fotografia de hoje: Embora tenham
mais de 40 anos, suas fotos permanecem atuais,
modernas, únicas.Nenhuma delas pode ser considerada
“datada”, presa a uma época, estilo ou um dos
maneirismos atuais.

São pura paixão! Por isso, eu me inspiro nele.

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Cecil Beaton
Inglês

(14/01/1904 | 18/01/1980)

Sir Cecil Beaton tem a própria nobreza em sua biografia.

Apaixonou-se pela fotografia ainda menino com sua


babá, que lhe ensinou a mexer na câmera dobrável
Kodak A3 que possuía.

Sempre que podia fotografava suas irmãs e mãe


buscando recriar os retratos populares na época.

A paixão tomou conta e foi além: fotógrafo de moda, de


retratos e de guerra, pintor, designer de interiores e de
figurinos, ator da Broadway, além de cenógrafo,
iluminador e figurinista premiado.

Artista completo e sinônimo de sofisticação num mundo


extremamente refinado, acredito que usou suas amplas

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referências como vasos comunicantes, amarrando


conhecimentos de várias áreas numa só.

É o que eu critico tanto atualmente: o ensino e a prática


da fotografia são feitos graças a tutoriais fechados na
internet, se algo fugir do previsto, a foto desmancha.

Fotógrafo da realeza inglesa e de celebridades,


vencedor de um Oscar por figurinos que desenhou
(inclusive por My Fair Lady – 1964), aficionado por
escrever diários (teve 6 volumes publicados), publicou
imagens na Vogue e na Vanity Fair, desenhou capas de
livros... Ufa, a lista não tem fim.

Dono de um estilo único, marcado pela elegância e por


uma abordagem cinematográfica e admirado pela
precisão em registrar as imagens nos momentos
perfeitos, seja com câmeras de grande formato ou
Rolleiflex menores.

Deixou muitas imagens marcantes ao longo da vida,


uma vítima de guerra de 3 anos de idade se
recuperando no hospital ao lado do seu ursinho de
pelúcia, a coroação da Rainha Elizabeth II, o casamento
do duque e duquesa de Windsor e muitos lindos retratos
de Audrey Hepburn, Marilyn Monroe, David Hockney,
Truman Capote, Barbra Streisand, David Bailey (avesso
a tirar retratos), Richard Avedon, Marlon Brandon e
Andy Warhol.

As palavras de Cecil estão embutidas em toda sua obra:

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“Seja algo que garanta


integridade de propósito e
visão artística contra os
acomodados, as criaturas do
lugar-comum, os escravos do
ordinário".

Mas nem tudo foram flores na vida de Beaton.Dois anos


após ter se tornado nobre, em 1972, sofreu um derrame
que deixou todo o lado direito do seu corpo paralisado.

Nem isso o deteve, aprendeu a usar a mão esquerda e


adaptou suas câmeras para que conseguisse usá-las e
seguiu em frente.

Como ele mesmo dizia:

"Seja ousado, seja diferente,


seja impraticável".

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Cecil Beaton foi múltiplo e, ainda assim, foi único! Era


em síntese um artista, um homem movido pelo Belo e
para a Arte.

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David Bailey
Inglês

(02/01/1938 | -)

Considerado o melhor fotógrafo britânico de retratos


vivo, que reinventou e revolucionou a fotografia de
moda, Bailey não vive de passado.

Dê uma olhada no instagram dele e veja que no fim de


2019, aos 81 anos, ele fez uma linda capa do Edward
Norton na Icon Magazine (coloquei aqui também).

Sua paixão começou pela história natural e evoluiu para


a fotografia, atividade que abraçou após o serviço
militar, quando então ele comprou uma Rolleiflex.

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Trabalhou por muito tempo para a Vogue Magazine e a


quantidade de celebridades que passou por suas lentes
não tem fim: Angelica Huston, Kate Moss, Mick Jagger,
Andy Warhol, Naomi Campbel, The Beatles, Yves Saint
Laurent, Tom Ford, Vivienne Westwood, John Galliano,
Jerry Hall, Helmut Newton (sim, ele mesmo!), Jack
Nicholson, Michael Caine, ufa....

E foi o primeiro a ter reputação equivalente aos seus


fotografados: estrelas da moda e da música!

Dê uma olhada nas fotos marcantes de sua carreira e


veja como ele enfatizava fundos escuros e efeitos de
iluminação dramáticos, além é claro, da genialidade da
sua composição e direção de modelos.

Talvez por isso uma de suas célebres frases seja essa


aqui:

“É o momento que conta. É a


única coisa que realmente
temos na vida, e nada a
captura da mesma maneira
que uma câmera fotográfica".
E nas imagens é possível perceber que ele consegue
transitar lindamente entre a formalidade da realeza e a
efusividade criativa de um ensaio de moda.

Bailey circula entre esses diversos mundos com graça e


leveza.

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Sua busca sempre foi pela atemporalidade, registros


marcantes sem vínculo à uma época específica:

"Eu sempre procurei fazer


fotografias que não ficassem
datadas. Sempre procurei pela
simplicidade".
Você já assistiu ao filme Blow Up (Depois daquele beijo)
de 1966 dirigido por Michelangelo Antonioni?

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E sabia que o personagem do fotógrafo inglês de moda


foi inspirado em Bailey?

Não é para menos, além de fotógrafo, ele também é um


extraordinário cineasta, produziu mais de 500 vídeos,
entre comerciais, curtas, documentários, programas de
TV e até longa-metragem.

Sua habilidade para contar histórias e capturar emoções


humanas são únicas. Razão pela qual seus retratos são
eternos, atemporais, leves.

Captar a emoção do retratado é tarefa muito árdua, seja


ele pessoa comum ou artista.

E prender nas lentes da câmera emoções que traduzam


verdade é mais que uma arte, é um dom!

David faz isso com maestria, desde sempre!

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Ellen von Unwerth


Alemã

(17/01/1954 | -)

Dona de uma bem sucedida carreira como modelo por


dez anos, que foi abandonada por não poder decidir
onde ela ou a imagem seriam usadas. E, graças a isso
(amém!), tornou-se fotógrafa.

Com um estilo super sensual e irreverente, Ellen cria


imagens atemporais, essencialmente belas e

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impactantes. Ela é a referência escondida de 11 em


cada 10 fotógrafos de boudoir.

Famosa por fazer imagens empoderadas, provocativas


e sexys de grandes nomes da moda da música: Claudia
Schiffer, Madonna, Naomi Campbell, Rihanna, Kate
Moss, Britney Spears, Christina Aguilera, entre muitas
outras. Ellen disse que:

"Eu nunca forço as mulheres a


fazerem nada, mas dou-lhes
papéis a desempenhar para
que elas sempre sejam ativas
e empoderadas.”
Ellen explica como consegue deixar suas fotografadas
confiantes e desinibidas:

"As mulheres nas minhas


fotos são sempre fortes,
mesmo que também sejam
sexy. Minhas mulheres
sempre parecem seguras.
Eu tento fazê-las
parecerem tão bonitas
quanto elas podem, porque
toda mulher quer se sentir

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bonita, sexy e poderosa. É o


que eu tento fazer".
E ela não só fotografa ou dirige modelos, já dirigiu
diversos filmes, comerciais e clipes até hoje.

Veja o insta e o face dela e acompanhe suas


publicações.

Ela é um dos poucos mestres aqui do ebook que possui


uma presença digital inovadora.

Ela criou a VON, uma revista digital em que apresenta


seus ensaios, já está no 4º volume.

Vida longa à Ellen e seus projetos!

“A técnica, sem dúvida, ajuda


a tornar a fotografia mágica,
mas eu prefiro trabalhar com a
atmosfera. Eu acho que a
obsessão pela técnica é uma
coisa masculina. Prefiro
procurar um novo modelo ou
localização.”

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Concordo com ela, isso explica por que 90% dos meus
seguidores sejam homens, faço mea culpa e, nesse ano
de 2020, uma de minhas resoluções foi justamente
deixar a técnica mais solta e me dedicar mais à ideia e
à emoção.

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Erwin Blumenfeld
Alemão

(26/01/1897 | 04/07/1969)

Erwin Blumenfeld consegue traduzir o que mais me


apaixona na fotografia.

No início do século passado, com grande maestria e


tecnologia incipiente, conseguiu produzir imagens
magníficas e atemporais, verdadeiras obras de arte,
com sutileza, sensualidade e beleza.

Ele traduz com leveza o gigantesco desafio do fotógrafo:


expor a arte e a beleza que existe em tudo.Caso ainda
não tenha ouvido esse nome, com certeza depois de
hoje não o esquecerá mais.

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Alemão e autodidata, Blumenfeld nasceu em 1897 e


começou a fotografar quando ganhou sua primeira
câmera, aos 11 anos, mas só abraçou ela como
trabalho, aos 39 anos, “quando realmente não havia
saída”, como disse em sua autobiografia.

Nesta época fez retratos de artistas famosos como Henri


Matisse, Georges Rouault, Cecil Beaton, Valeska Gert,
Leonor Fini, François Mauriac, Yvette Guilbert e
Josephine Baker. Cecil Beaton (falamos dele aqui) ficou
impressionado com o trabalho de Blumenfeld e
conseguiu que fosse contratado pela Vogue Francesa.

A partir daí, e durante as duas décadas seguintes,


Blumenfeld ganhou fama não só na Europa, mas
também na América, e teve suas imagens publicadas
nas capas das grandes revistas de moda do mundo,
além de fazer diversas campanhas publicitárias.

Blumenfeld foi recordista em número de capas da


revista Vogue na época e, como consequência disso
tudo, tornou-se o fotógrafo do ramo mais bem pago do
mundo!

Há uma com somente parte de um rosto feminino, que


tem toda sua irreverência e originalidade: em Janeiro
de 1950!!!

Houve um período sombrio no meio disso tudo: durante


a Segunda Guerra Mundial Blumenfeld, de origem
judaica, ficou preso por dois anos em um campo de
concentração nazista.

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Depois disso, Blumenfeld fez algumas colagens contra o


terror imposto por Hitler que foram até lançadas sobre
cidades alemães pela força aérea americana.

Por ser autodidata, Blumenfeld tornou-se um híbrido


entre o que existia de arte na época, a influência do
Dadaísmo e do Surrealismo e sua originalidade e
criatividade.

Foi um dos pioneiros da fotografia de moda, um dos que


a elevou ao status de “Arte” e com isso abriu caminho
para Richard Avedon, Irving Penn, Herb Ritts e outros
fotógrafos.

Suas imagens tinham um misto de elegância e erotismo


e sempre vinham acompanhadas de muitas técnicas
fotográficas e truques ópticos e químicos: múltiplas
exposições, solarização, branqueamento, véus,
espelhos, impressão em sanduíche, etc.

Além de mestre do olhar, Blumenfeld também dominava


a arte da Câmara Escura e acreditava que a impressão
da imagem era tão importante quanto o processo de
captura.

Assim como Cecil Beaton, Blumenfeld conseguiu ser


uma marca de elegância em um ambiente de máxima
elegância.

É um ponto ainda não batido por nenhum outro


fotógrafo, várias de suas manipulações são atuais, sem
dúvida alguma, é a característica do clássico, virou uma

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referência de bom gosto e de uma saudade de um


tempo mais charmoso.

Em um mundo em que muitos acham que o novo preset


da moda e aquele equipamento ultra rápido garantem a
fama do fotógrafo, Blumenfeld mostra o oposto, que
seguir profundamente aquilo em que se acredita e fugir
do comum são o único caminho para o sucesso.

"Eu era amador sou amador e


pretendo permanecer amador.
Para mim, um fotógrafo
amador é um apaixonado por
tirar fotos, uma alma livre que
pode fotografar o que gosta e
que gosta do que fotografa."

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Mestres da Fotografia

Garry Winogrand
Americano

(14/01/1928 | 19/03/1984)

O Nova Iorquino descobriu sua vocação quando entrou


na câmara escura da faculdade e imediatamente trocou
o curso de pintura pelo de fotografia.

Começou trabalhando para agências de fotografia e


como freelancer para revistas, mas em seguida abraçou
a fotografia de rua e dela nunca mais se separou.

Para o nosso bem.

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Mestres da Fotografia

“Eu odeio o termo, acho que é


um termo estúpido: Fotografia
de Rua. Não diz nada sobre
um fotógrafo ou sua obra. Eu
fiz um livro chamado Os
Animais, então eu sou um
fotógrafo de animais? Não tem
sentido para mim”.
Apesar disso, Garry é a tradução mais perfeita desse
estilo fotográfico.

Em um trecho do documentário de Michael Englern é


possível ver Garry nas ruas, fotografando, se
misturando com a cidade, quase invisível.

Parece que fotografar é um ato despretensioso, um


gestual quase casual, sem consequências.

É possível ver que algumas pessoas ficam em dúvida se


estão sendo fotografadas ou não. E isso tudo com uma
35 mm de filme, na qual ele troca o filme e ajusta, como
se consertasse os óculos, de forma muito tranquila,
incógnito.

Por isso consideram que ele transformou a fotografia de


rua numa arte de participação e não mais de
observação.

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Mestres da Fotografia

“Eu fotografo para descobrir


como algo será fotografado.
Para mim, o verdadeiro
negócio da fotografia é
capturar um pouco de
realidade (o que quer que
seja) no filme se, mais tarde, a
realidade significar algo para
outra pessoa, tanto melhor.”
Seus registros não buscavam a beleza estética, e sim
expor a real sociedade americana, com seu movimento
febril, desordenado e, por vezes, doente.

Tudo isso ficava claro na falta de compromisso com


enquadramento, composição, nitidez ou ao que era
produzido na época.

"Bem, quando fotografo, com


frequência alguém vem até
mim e diz: "Você está tirando
boas fotos?"E eu não sei. Eu
sei que o que estou
fotografando é interessante.
Ainda não vi as fotos, sabe?
Espero que a imagem seja
mais interessante do que

103
Mestres da Fotografia

quando eu fotografo. Quero


dizer, se não for assim, não
funcionou."
A primeira esposa de Garry disse:

"Ser casada com Garry era


como ser casada com uma
lente".
Os colegas, estudantes e amigos descrevem Garry como
“uma máquina quase obsessiva de tirar fotos".

Deve ter sido verdade, não só pelos muitos livros que


publicou, mas pela montanha de trabalho em
andamento que deixou ao falecer: cerca de 2.500 rolos
de filme não revelado, 6.500 rolos de exposições
desenvolvidas, mas não comprovadas, e cerca de 3.000
rolos realizados apenas na fabricação de folhas de
contato.

Garry faleceu um mês após ter sido diagnosticado com


câncer de vesícula biliar aos 56 anos.

E suas imagens e palavras ainda reverberam muito,


cada vez mais, em minha vida:

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Mestres da Fotografia

“Os fotógrafos são


responsáveis por três coisas -
uma vez que você coloca seu
corpo onde deseja - o que está
na moldura, o que está nas
bordas e quando o obturador é
disparado. É isso que um
fotógrafo faz. A câmera faz o
resto”.

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Mestres da Fotografia

Josef Koudelka
Tchecoeslovaco

(10/01/1938 | -)

Ele começou na fotografia ainda jovem, tirando fotos de


familiares com uma câmera 6x6 de bakelite (lembra
daquele telefone preto da sua avó? era bakelite).

Mas isso não foi suficiente para fazê-lo abraçar a


profissão imediatamente e acabou cursando Engenharia
(toca aqui Koudelka!).

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Mestres da Fotografia

A paixão falou mais alto, a Engenharia abandonada (sei


o que é isso, Josef!) e começou a viver da Fotografia em
1967, registrando peças teatrais em Praga comum a
Rolleiflex, mas foi logo fisgado por dramáticos eventos
sociais e políticos da época e enveredou pela fotografia
jornalística. Eu o agradeço por isso!

Em Agosto de 68 testemunha a invasão soviética em


Praga, capital da então Tchecoslováquia, onde Koudelka
nascera.

Eu vi a exposição no MIS paulista sobre a invasão, é


marcante.

Colocamos aqui também a mítica foto que mostra o


instante exato dos tanques entrando pela cidade.

Seus registros foram um marco da invasão, tão


marcantes que tiveram que ser divulgados sob o
pseudônimo "P.P, The Praga Photographer" por medo
de represálias do sistema.

Comentou que nunca fotografou pensando em publicá-


las, havia acabado de voltar dois dias antes da viagem
para seu livro Gypsies quando um amigo lhe disse que
os russos estavam na cidade.

"Fotografei para mim, peguei a


câmera e sai às ruas, nunca
havia fotografado aquilo antes,
o mais curioso é que as fotos

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Mestres da Fotografia

foram publicadas um ano


depois, quando já não eram
notícia".
Foram dias sombrios, mas que lhe renderam a Medalha
de Ouro Robert Capa da Associação Internacional de
Imprensa pela coragem em registrar eventos tão duros
e perigosos.

Foram diversos prêmios pelo trabalho que realizou ao


longo dos anos, o último recebido em 2015, no auge dos
seus 77 anos.

“Penso que todo mundo sabe


apertar um botão, mas para
mim o fotógrafo é aquele que
tem realmente algo a dizer, e
ele o diz por meio de fotos."
Eu sinto que isso diferencia as fotos de Koudelka - sou
realmente fascinado por elas - embora fosse
contemporâneo e amigo pessoal de gigantes do
fotojornalismo, como Cartier Bresson e Robert Capa, há
um drama diferente em suas fotos, não sei se o tempo
fotografando peças de teatro ajudou nisso, mas é
possível notar algo especial em suas imagens,
impossível não apontar e afirmar: "Isso é Koudelka!"

Como se Cartier Bresson, o próprio Capa e um raivoso


chileno Sergio Larrain se misturassem num só fotógrafo.

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Mestres da Fotografia

“Eu não procurava


testemunhar como fazem os
repórteres fotográficos, mas
registrar tudo o que via. Era
um daqueles momentos
privilegiados em que se vive
em alguns dias tudo o que
pode lhe acontecer ao longo de
todo uma existência”.
Sempre foi um cidadão do mundo, apesar da cidadania
francesa pelas últimas décadas, Josef foi asilado político
na Inglaterra nos anos 70 e passou quase uma década
por lá, mas há muitos outros países pelos quais passou
e imortalizou com suas lentes.

Em 2015 lançou um documentário – “Koudelka


Shooting Holy Land” – retratando os bastidores das
fotos realizadas para o livro “Josef Koudelka: Wall”.

O projeto, realizado entre 2008 e 2012, retratou


imagens ao longo da rota do muro que separa Israel e
Palestina, passando por Jerusalém Oriental, Hebron,
Ramallah, Belém e por vários assentamentos
israelenses. É através dos livros que se entende a
dimensão de sua obra, há ainda os excelentes Exiles,
Chaos, Gypsies.

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Mestres da Fotografia

Em todos uma temática em comum: a necessidade de


registrar o absurdo do mundo que vivemos ou no que o
transformamos.

Seu portfólio é único e bastante amplo, registra desde


a nostalgia da destruição, até a forte emoção no olhar e
gestual de seus fotografados, passando pela arte de
imortalizar a beleza oculta tanto no inanimado quanto
no humano. A sua arte de composição, o “momento
fecundo” de suas fotos, tudo em Koudelka merece
atenção.

Ele é um professor em cada imagem que registrou. Não


me canso de admirar e aprender com seu trabalho e de
me ver representado em muito do que fala.

“Eu sei o que quero fazer e


faço. E eu criei condições para
que eu possa fazer isso - eu
faço isso há 45 anos. As
pessoas que realizam tarefas
estão sendo pagas e devem
fazer alguma coisa. Quero
manter a liberdade de não
fazer nada, a liberdade de
mudar tudo."
Torço para que você também se encante com a obra de
Koudelka e que ele possa influenciar a sua fotografia!

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Fevereiro

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Alberto Chávez
Peruano

(09/02/1896 | 30/12/1982)

Joaquin Alberto Vargas y Chavez, mais conhecido como


Alberto Vargas, não era um fotógrafo, mas ainda assim
faço questão que esteja aqui como um mestre da
fotografia.

“De repente, as portas se


abriram e derramaram essas
meninas. Oh meu Deus, tantas
garotas bonitas. Então,
naquele momento, decidi que
tinha que ficar”

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Mestres da Fotografia

Esse pintor, ilustrador e retratista peruano é


considerado o pai das pin-ups, suas criações eram
chamadas de “Varga Girls”, e foram expostas nas
revistas Esquire, Playboy, na capa do disco Sgt.
Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles e ainda
serviram de incentivo para os militares da segunda
guerra mundial.

Sim, na época pintavam a parte da frente do avião,


“nose art”, com pin-ups, o que fez muito sucesso na
época. Alberto acreditava que americanas eram as
mulheres mais bonitas do mundo. Gostou tanto dos
Estados Unidos, que acabou tornando-se cidadão
americano.

“O que é mais belo do que


uma bela garota?”
Além do risco preciso, feito com aquarela e aerógrafo,
os retratos de Vargas eram de rara beleza e
sensualidade delicada, traziam graciosidade e leveza.
Retratou musas da época, como Marlene Dietrich, Carol
Ohmart, entre outras.

"Elas não são apenas garotas,


são expressões da beleza".
Há pouco material sobre Vargas na internet. Mas seu
legado é claro, a magistral habilidade de retratar as
modelos, o traço delicado e a sutileza.

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Mestres da Fotografia

Por isso acho que todos devem conhecê-lo, não só os


que curtem pin-ups ou fotografia sensual/boudoir. Ele
consegue retratar de forma lindíssima a beleza feminina
de forma atemporal e única.

"Aprendi com Ziegfeld a


diferença entre nus e lascívia.
Os desenhos são uma
expressão da beleza."

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Ansel Adams
Americano

(20/02/1902 | 22/04/1984)

Se você não conhecia o trabalho de Ansel Adams, de


hoje em diante, nunca mais pensará sobre o que houve
com seu nariz ao ver sua imagem, que é o que imagino
você estar pensando agora.

Ao contrário, olhará para esse senhor com eterna


gratidão pelo muito que fez.

Educado em casa por conta da hiperatividade e do mau


comportamento que o fez ser convidado a sair de

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Mestres da Fotografia

diversas escolas, Adams começou muito cedo a estudar


piano por conta própria.

E desenvolveu-se muito bem com a música até ganhar


uma Kodak Nº 1 Box Brownie de seus pais e usá-la
numa viagem para o Parque Nacional de Yosemite aos
14 anos.

De lá até o fim da vida, visitou o Parque sempre que


podia e possui registros memoráveis dele.

A fotografia de paisagens sempre foi a paixão de Adams,


apesar de possuir alguns retratos.

Gostava de utilizar câmeras de médio e grande formato


e integrou por algum tempo o movimento Pictorialista,
que buscava mostrar que a fotografia era uma categoria
de arte.

Os fotógrafos deste movimento alteravam a granulação,


os tons, modificando ou suprimindo elementos de forma
a aproximar suas fotografias de pinturas ou aquarelas.

Mas isso durou pouco, em 1932, juntamente com outros


fotógrafos como Edward Weston, Willard Van Dyke e
Imogen Cunningham, Adams criou Grupo f/64.

O objetivo era promover uma "fotografia reta", pura,


com imagens nítidas, máxima profundidade de campo,
papéis fotográficos com baixo brilho, concentrando-se
unicamente nas qualidades do processo fotográfico.

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Mestres da Fotografia

“Você não faz uma fotografia


apenas com uma câmera. Você
traz para o ato de fotografar
todas as imagens que viu, os
livros que leu, as músicas que
ouviu, as pessoas que amou. ”
Adams também investiu em compartilhar seu
conhecimento, escreveu uma trilogia (A Câmera, O
Negativo e A Cópia) em que explicou o seu rigor técnico
na produção fotográfica.

Além de vários outros livros com as imagens que


produziu, Adams também teve a oportunidade de
escrever sua autobiografia.

“Uma ótima fotografia é


aquela que expressa
totalmente o que se sente, no
sentido mais profundo, sobre o
que está sendo fotografado.”
Além de exímio fotógrafo, Adams mostrou-se um
excelente estrategista e comerciante, tomando
brilhantes decisões que lhe proporcionam estabilidade
financeira.

Um exemplo foi o da foto que fez semanas antes do


ataque a Pearl Harbor em 1941 de uma comunidade no
Novo México.

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Mestres da Fotografia

A imagem foi feita somente com a iluminação produzida


pela lua, coloquei aqui até um comparativo do negativo
com a versão final, alterada pelo próprio nas salas
escuras de revelação, acompanhada pelo sorriso
orgulhoso do próprio Adams.

Essa foto teve mais de 1.300 impressões únicas e


gerou, sozinha, 25 milhões de dólares ao longo de 40
anos.

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Mestres da Fotografia

O maior valor obtido por uma única impressão dessa


imagem (“Moonrise, Hernandez, New Mexico”) foi de
US$ 609.600 em um leilão da Sotheby’s em Nova
Iorque em 2006. Como se não fosse suficiente, ela
ainda o levou a ter sua primeira exposição no MoMa,
Museu de Arte Moderna.

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Dizem que as imagens dos livros e da internet não


fazem jus a magnitude e ao impacto gerado pelas
impressões originais espalhadas pelos museus mundo a
fora.

"À queixa de que 'não há


pessoas nessas fotografias',
respondo que sempre há duas
pessoas: o fotógrafo e o
espectador."

Nunca vi uma exposição do Adams, logo não posso dizer


que é verdade.

Mas o que posso confirmar é que a técnica e o


preciosismo de Adams, somados ao seu olhar, geram
uma composição e enquadramentos únicos, que nos
transportam para os locais que registra.

Sim, vendo suas fotos, não há quem duvide que a


fotografia é uma categoria da Arte.

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Ah, sim, faltou falar do nariz. Foi quebrado aos 4 anos,


durante um terremoto em São Francisco, quando se
chocou contra uma parede, e nunca foi consertado
adequadamente.

“Como falamos agora em


fotografia, falamos do evento
externo, chamado cenário, que
é tudo o que acontece lá fora:
tempo, espaço e pessoas que

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Mestres da Fotografia

vão registrando coisas para


sua própria memória no
futuro. E contrastando com
isso, o trabalho criativo é o
evento interno, que acontece
na sua mente quando você vê
a fotografia. E Stieglitz havia
dito quando alguém lhe
perguntou sobre a criação de
uma fotografia bonita: “Eu
simplesmente saio pelo mundo
que quero fotografar, me
deparo com algo que me
excita, vejo a imagem na
minha mente e faço a
fotografia. E então eu te dou
como o equivalente daquilo
que eu vi e senti. ” O mais
importante é ver nos olhos da
mente, que chamamos de
visualização. E a imagem tem
que estar lá, de forma clara e
decisiva.”

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Edward Curtis
16/02/1868 | 19/10/1952

Americano

Imagine-se no início do século, branco, olhos e cabelos


claros, no interior de um Estados Unidos que por
décadas assassinou e oprimiu indígenas....

Imaginou?

Agora imagine que além disso, você não tem recursos


financeiros ou apoio de qualquer espécie (logístico,
emocional, etc), mas tem um desejo de registrar em
imagens todos os nativos americanos, os indígenas,
antes que sua cultura e história se perca para sempre.

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Mestres da Fotografia

Para fechar com chave de ouro, imagine agora que para


realizar esse sonho você terá que viajar a cavalo, por
lugares de difícil acesso (os índios viviam nos locais
menos acessíveis), carregando consigo uma câmera
grande formato que era muito pesada e várias chapas
de vidro para poder gravar as imagens.

Sim, nessa época realizar esse sonho dependia de


colódio úmido. Imaginou isso tudo?

Pois esse homem existiu, chamava-se Edward Sheriff


Curtis e produziu 20 volumes do “Os Índios Norte
Americanos” ao longo de mais de duas décadas.

Os volumes retratavam tribos indígenas em seu habitat


natural com muitos retratos expressivos e lindíssimos.

Apesar desse feito único, Curtis não obteve o


reconhecimento devido e seu obituário, por conta de um
ataque cardíaco aos 84 anos, sequer mencionou sua
obra.

Também não teve sucesso financeiro e graças ao


financiamento que obteve com J.P.Morgan para fazer
essa expedição, perdeu parte dos direitos sobre sua
obra.

Curtis tinha algo que todo bom fotógrafo deveria ter,


um propósito, uma linha mestra que o leva em direção
ao que realmente acredita e ao que é em essência.

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Mestres da Fotografia

Viveu seu propósito, apesar de todas as dificuldades que


teve de enfrentar e sem obter mérito ou
reconhecimento.

Mas eu acredito que dentro de si carregava a sensação


de dever cumprido. Realizou imagens magistrais e
únicas, até hoje.

Muitas décadas após sua morte, seus registros


tornaram-se muito valiosos e hoje ele é considerado um
dos precursores da Antropologia Visual.

Por isso, antes de tudo, descubra-se e lute por viver sua


verdade, mostrar o seu olhar, independentemente do
dinheiro, das expectativas ou das cobranças.

Em síntese, o que nos move é a única coisa que nos


importa.

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Desejo que todos possam descobrir e lutar pela sua


verdade e seus sonhos! Permaneço aqui lutando pelos
meus!

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Sebastião Salgado
Brasileiro

(08/02/1944 | -)

Esse mineiro descobriu o amor pela fotografia enquanto


ainda atuava como economista, ao fotografar uma
viagem com a Leica de sua esposa. A paixão foi tão
arrebatadora que poucos anos depois abraçou a
profissão.

Seu começo é histórico, mas ele não quer ser lembrado


por isso. Sebastião documentou os primeiros cem dias
do governo Reagan para uma agência de fotografia e
registrou o atentado sofrido pelo então presidente, em
1981.

A venda dessas fotos para todos os jornais do mundo


na época permitiu que Salgado financiasse seu primeiro
projeto pessoal, uma viagem à África.

Daí ele não parou mais, Salgado percorreu o mundo


registrando pessoas e a natureza, expondo problemas

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Mestres da Fotografia

sociais e ambientais através de um mundo em preto-e-


branco. Afinal como ele diz:

"Não preciso do verde para


mostrar as árvores, nem do
azul para mostrar o mar”.
Internacionalmente reconhecido, detentor de
praticamente todos os grandes prêmios de fotografia do
mundo, as imagens de Sebastião Salgado são sempre
fortes, impactantes e, com certeza, belas.

Ele consegue traduzir o que seus olhos veem em poesia,


seja retratando animais, a natureza, o garimpo, o
sofrimento ou até o etéreo.

Sebastião tem essa característica essencial ao fotógrafo


que eu não me canso de exaltar: ele não precisa de
presets, engenhocas, fórmulas malucas, etc.

Trata-se da técnica, do equipamento e do principal: o


olhar dele e principalmente, a paixão por uma luz da
infância. Tudo que o tornou quem é, suas referências,
experiências, bagagem, que lhe garantem um estilo de
composição e de enquadramento únicos, especiais.

Como se Cartier Bresson, o próprio Capa e um raivoso


chileno Sergio Larrain se misturassem num só fotógrafo.
Nisso é que devemos investir, sempre.

E aqui deixo bem clara a minha incapacidade de separar


"melhores fotos" para inspirar vocês, leitores, cada uma

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Mestres da Fotografia

é mais bonita que a outra e ver um senhor de 76 anos


pensando e realizando viagens fotográficas de execução
complicadíssima ao redor do mundo me enche de
orgulho e esperança.

Óbvio que olhar suas fotos nos remete a uma pergunta:


como será que ele fez? Segundo o próprio:

“Quem não gosta de esperar


não pode ser fotógrafo…É
preciso descobrir o prazer da
paciência”
Mas não foi só de paciência que se fez esse fotógrafo,
Sebastião ainda exalta ser imperativo trabalhar a
compreensão:

“Eu quando fotografava só o


ser humano, era facílimo. É a
minha espécie, as reações eu
sei todas. Somos animais da
mesma espécie, então é
facílimo. O mais difícil para
mim foi fotografar as outras
espécies. Tentar compreender
a lógica das outras espécies.
Me contaram uma mentira
durante toda a minha vida

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Mestres da Fotografia

dizendo que eu fazia parte da


única espécie racional do
planeta. Mentira profunda.
Existe uma racionalidade
profunda dentro de cada
espécie. E eu tive que
aprender a compreender essa
racionalidade".
Engajado e preocupado com questões ambientais e
sociais, Sebastião desenvolveu diversas atividades com
esse fim. Possui o Instituto Terra, que surgiu quando
assumiu a missão de recuperar a Mata Atlântica
degradada da fazenda da sua família, no interior de
Minas Gerais, e acabou recuperando até hoje quase 22
milhões de m² de floresta nativa.Sebastião reside na
França, país que abraçou:

“A França é muito importante


para mim. Passei mais tempo
aqui do que no Brasil, que é
minha origem, minha raiz. A
composição dessas duas
nações fez o que sou hoje.”
Apesar de viver em outro continente, continua presente
seja através de suas fotografias ou da sua atuação
social.

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Vivian Maier
Americana

(01/02/1926 | 21/04/2009)

Não há como falar de Vivian sem mencionar o sortudo


John Maloof, sim, pois se não fosse por ele, não
saberíamos que essa tímida e quieta babá era de fato
uma grande fotógrafa de rua.

John arrematou em um leilão em 2007, por menos de


400 dólares, uma mala imensa repleta com 30 mil
negativos e 1600 rolos de filmes não revelados da então
falecida babá.

Vivian não respirou sequer um segundo de fama, tudo


foi construído após a descoberta de John, que também
colheu todos os louros.

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Realizou diversas exposições, livros e até um


documentário (2013): “Finding Vivian Maier”.

Como John conseguiu esse tesouro?

Maier teve problemas financeiros na velhice e acabou


não pagando o depósito onde mantinha seus pertences,
que foram a leilão.

Mas o curioso aqui é que John não comprou tudo, parte


foi comprada por outros dois colecionadores.

Um deles tentou divulgar e lucrar com elas no ano


seguinte, mas não teve repercussão.

Dois anos depois da descoberta, John adicionou as fotos


no Flickr e elas tornaram-se virais. Vivian, no entanto,
não estava mais entre nós.

Morreu num asilo subsidiado por alguns de quem tomou


conta quando criança.

Após a descoberta do talento de Vivian, muito se buscou


sobre ela.

E não foi localizado ninguém a quem ela tivesse


mostrado suas fotos.

Sua senhoria disse que ela pediu que fosse colocada


uma forte fechadura no sótão e que ninguém entrasse
lá.

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Mestres da Fotografia

Descobriu-se então que lá era o esconderijo da


fotógrafa, suas fotos, sua câmara escura (improvisada
em um banheiro).

Vivian era reclusa, tímida, mas há uma variedade de


auto fotografias em que ela abusa de vidraças e
espelhos para inserir a si mesma em seus registros.

Aliás, essa é também uma marca dela, utilizar-se dos


reflexos, sejam em vidro ou em água, para adicionar
grafismo e simetria.

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Com fotos que primam pela espontaneidade,


criatividade e singeleza, Vivian registrou, em grande
parte de sua vida, o lado humano do povo americano,
abusando da composição e da simetria. Vale a pena
conhecer e admirar o seu trabalho.

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Arnold Newman
Americano

(03/03/1918 | 06/06/2006)

“Você não tira fotos com sua


câmera. Você tira fotos com
sua mente e seu coração.”
Só esta frase já deveria ser suficiente para fazer você
se interessar pelo autor.

Se eu te contar que além de pensar desta forma, este


fotógrafo americano foi pioneiro no “environmental

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Mestres da Fotografia

portrait”, popularizando-o em sua época e registrando


magistralmente diversos ícones de seu tempo, aí você
não vai resistir, com certeza.

O estilo de retrato que o consagrou busca registrar as


pessoas no ambiente que as representa, capturando a
essência da vida e obra delas.

Possui célebres retratos: John Kennedy, Georgia


O’Keefe, Salvador Dali, Igor Stravinsky, Ansel Adams,
Pablo Picasso, Marilyn Monroe, Andy Warhol, Wood
Allen e muitos mais.

Foi um dos poucos fotógrafos que conseguir retratar


Henri Cartier-Bresson, avesso a retratos de si mesmo.

"Eu não queria apenas fazer


uma fotografia com algumas
coisas em segundo plano. O
ambiente tinha que aumentar
a composição e a compreensão
da pessoa. Não importa quem
era o sujeito, tinha que ser
uma fotografia interessante.
Simplesmente fazer o retrato
de uma pessoa famosa não
significa nada.”

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Mestres da Fotografia

Atribuía sua habilidade de conversar e interagir


naturalmente com pessoas, independentemente de seu
status ou posição, ao fato de ter trabalhado quando
criança num hotel.

Por isso não via dificuldade em interagir com


presidentes, primeiros ministros, ganhadores do prêmio
Nobel ou grandes artistas.

Hábil na arte da composição, extremamente meticuloso


com o seu trabalho e enfático na necessidade de sempre
se aprimorar.

“Eu sou um fotógrafo, ponto.


As pessoas têm que admitir
que o que possuem ou é dado
por Deus ou é genético, tanto
faz. E, é claro, se recebeu
como um dom, você não se
vangloria dele, você precisa
trabalhar duro nele. Se você
tem o dom e não trabalha
duro, não chegará a lugar
algum. Se você não tem o dom
e trabalha duro nele, também
não chegará a lugar algum”.

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Mestres da Fotografia

Uma das imagens mais belas que registrou é do


compositor russo Igor Stravinsky sentado em um piano
de cauda, coloquei ela aqui.

Observe como foi magistral na composição e repare que


o posicionamento do piano cria a ilusão de que a tampa
é uma nota musical.

Vencedor de diversos prêmios e com maravilhosos livros


publicados com seu trabalho, Newman, ao longo da
vida, trabalhou para pequenos estúdios comerciais, teve
o seu próprio, e contribuiu para diversas revistas
famosas.

“Para mim um artista de


verdade é alguém que pode
nos mostrar nossos velhos e
familiares mundos de um jeito
novo e diferente que nunca
vimos nem ouvimos falar
antes. É isso a que aspiro ser.”
E conseguiu.

Newman nos deixou em 2006 aos 88 anos, mas


conhecer sua história, seu trabalho e o que o movia são
necessários a todos nós que, como ele, eram
apaixonados pelo ofício da fotografia.

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Mestres da Fotografia

Bruce Weber
Americano

(29/03/1946 | -)

A paixão pelas artes começou em família, os domingos


à tarde muitas vezes eram dedicados a gravar filmes
8mm ou fazer projetos de arte. Optou por estudar teatro
e lá começou a fazer retratos de atores iniciantes.

Nesta época montou inclusive seu primeiro e pequeno


laboratório de revelação no apartamento em que
morava.

Naquela ocasião também fazia trabalhos de modelo e


acabou por conhecer e tornar-se amigo de Richard
Avedon.

E esse foi o empurrão que faltava para abraçar a


fotografia em definitivo.

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Mestres da Fotografia

Começou revolucionando as campanhas publicitárias


através de seu olhar provocativo, e foram várias:
Abercrombie & Fitch, Calvin Klein, Ralph Lauren, Pirelli,
Revlon, e Gianni Versace.

E várias revistas tiveram suas imagens estampadas:


Vogue, GQ, Vanity Fair, Elle, etc.

E ele tornou-se um mestre nas inúmeras variedades de


tons de cinza, por ser um exímio fotógrafo em preto e
branco, apaixonado pelas câmeras analógicas.

“Às vezes, com preto e branco,


você pode explorar um pouco
mais as coisas. Mas eu gosto
do preto e branco e do colorido
igual. Eu ainda filmo e
algumas das emulsões
coloridas mudaram bastante.
Por exemplo, quando comecei
a fotografar, fotografei no
Kodachrome 25 e foi a
emulsão mais linda. Lembro-
me de que quando eu tinha
um pouco dele, quando podia
comprar o filme, eu
simplesmente adorava usá-lo.

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Mestres da Fotografia

Eu nunca usaria preto e


branco, sempre usaria o
Kodachrome 25.”
Certa ocasião falou sobre o que acha de tudo que já
produziu:

“Eu olho para as experiências


que tive para que eu possa
melhorar minhas fotos, para
que eu possa chegar perto de
poder compartilhar a
experiência que tive, naquele
momento, as pessoas que
estou fotografando e as
pessoas que estão perto de
mim. Eu sempre senti que
fotografava para alguém da
minha família ou alguém por
quem estava apaixonado.”
E nem só ensaios recheiam sua biografia, há dezenas
de livros e vários filmes.

Um dos livros inclusive foi feito em homenagem ao Rio


de Janeiro, há imagens icônicas nele.

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Mestres da Fotografia

E quanto aos filmes, há curtas e vários longas, esses


normalmente começam nos ensaios fotográficos. De lá
surgem a motivação e inspiração para os filmes.

Mas, como nem tudo são flores, em 2018 foi acusado


de assédio sexual por mais de uma dezena de modelos,
alguns o processaram judicialmente. Ele nega as
acusações.

É óbvio que esse fato marca tristemente sua trajetória,


entretanto não diminui em um milímetro seu talento e
sua arte, que é o que o torna um mestre da fotografia.

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Chichico Alkmim
Brasileiro

(28/03/1886 | 22/08/1978)

Eu fico muito feliz de ter esse mestre na 1ª parte deste


nosso ebook.

Primeiro pelo pioneirismo de Chichico, segundo por ser


brasileiro e por fim, o mais importante, por ser um
exímio retratista e dominador da luz.

Do interior do Brasil, mais precisamente de Diamantina


em Minas Gerais, no final do século 19, Chichico
conseguiu de forma autodidata e apesar das

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Mestres da Fotografia

dificuldades da fotografia na época (custo, tamanho da


câmera, peso das chapas de vidro, etc), realizar
registros esplêndidos da história política, social e
cultural do país.

Esse mineiro de Bocaiúva mudou-se para Diamantina


aos 24 anos e lá montou seu primeiro estúdio.

Com ampla janela e claraboia, Chichico administrava a


luz natural para suas fotos com um cortinado que
deslizava por um sistema de cordas. Possuía diversos
fundos para simular ambientes, todos feitos por ele
mesmo.

E também compunha as fotos com peças de mobiliário


que possuía no local: cadeiras, pequenas mesas, apoios
para jarros, tapetes, etc.

O que conseguimos ver nas fotos é que, ao contrário


dos fotógrafos da época, não só a elite passou pelo
estúdio de Chichico, e sim todo o povo da cidade,
trabalhadores braçais, do garimpo, ex-escravos,
pessoas humildes.

Todos estão ali, com uma expressão de intenso contato


com o fotógrafo.

É possível ver no olhar de todas aquelas pessoas que


não é só uma pose para uma foto, é uma troca, um
instante de conexão profunda que capta a essência
daquela pessoa.

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Mestres da Fotografia

São olhares cheios de significado, que prendem nossa


atenção.

Mas ele não ficou só nos retratos de estúdio, também


fotografou casamentos, batizados, velórios, festas
populares e religiosas, paisagens, cenas de rua e
também a vida musical da cidade.

Uma curiosidade é que Chichico dividia as chapas de


vidro com mais de uma foto, como uma forma de
otimizar seu uso.

Não sei se você sabe, mas naquela época, para fazer as


fotos era necessário ter placas de vidro rígidas e
transparentes que eram trazidas de navio da Alemanha
e depois levadas em lombo de burros e mulas até
Diamantina.

Além de caras, eram um bem muito precioso, sem elas


e sem os sais de prata, não haveria fotos.

E isso implica num zelo e preciosismo muito grande e


que fica patente nas fotos de Chichico.

Contam que ele fazia questão de retocar as fotos com


lápis e corrigir os tons de forma que ficassem perfeitas.

E também tinha outros cuidados, como por exemplo se


o fotografado não estava bem, marcava a foto para
outro dia.

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Mestres da Fotografia

Também cultivava flores no jardim para que pudesse


adornar as lapelas dos homens e os cabelos das
mulheres que ele fotografava.

Apesar de tudo, o reconhecimento pela obra de Chichico


se deu somente após sua morte, quando a família achou
no porão da casa mais de 5 mil negativos de vidro que
geraram uma exposição que levou seu nome para o
mundo.

Eu vi uma exposição há poucos anos no IMS, Instituto


Moreira Salles, que foi extremamente impactante.

Se tiver oportunidade, vá conhecer pessoalmente o


trabalho de Chichico, ou compre o livro produzido pelo
IMS.

Dizem que Chichico era de uma delicadeza e humildade


fora da curva.

Amava o que fazia, mas não via como extraordinário,


mais importante do que o trabalho de qualquer pessoa.

Sem saber, marcou toda uma geração e deixou um


legado de valor incomensurável.

Que nós possamos desenvolver nossas técnicas e nossa


humildade para construir um olhar mágico como o que
Chichico tinha.

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Condessa de Castiglione, Virginia


Oldoini
Italiana

(22/03/1837 | 28/11/1899)

Se você algum dia teve curiosidade de saber quem era


aquela senhora em preto e branco que aparece na
divulgação do meu Curso Principia, de Fundamentos da
Fotografia, ela acaba hoje!

Aquela exótica e exuberante senhora chamava-se


Vírginia Oldoïni, mais conhecida como Condessa de
Castiglione, ou só a Castiglione, e a foto foi tirada em
1863!

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Mestres da Fotografia

Ganhou esse título ao casar-se aos 17 anos, mas foi


graças ao seu envolvimento amoroso com o Imperador
francês Napoleão III, que essa italiana ganhou
notoriedade.

Graças a esse deslize, o conde de Castiglione


abandonou Vírginia três anos após o casamento, mas
ela manteve, apesar disso, o título de nobreza.

Há relatos de que o envolvimento dela com o imperador


era um ato de espionagem para lutar pela unificação do
que hoje é a Itália. Dizem que a atuação dela foi crucial
para a vitória.

Dona de gostos extravagantes, personalidade narcisista


e extremamente vaidosa, a Castiglione consta aqui
como mestre da fotografia mas nunca tirou sequer uma
foto.

De fato.

Mas de direito podemos dizer que foi ela quem dirigiu


todas as 700 fotos que produziu, lembrem que estamos
em meados de 1800 e a câmera fotográfica tinha
acabado de surgir, eram de grande formato e de chapa
única.

Colocando isso no contexto, garanto que você olhará


para as fotos da Condessa e se assustará com o nível
da produção, composição, enquadramento, direção,
enfim tudo.

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Mestres da Fotografia

Ela gostava de recriar momentos de sua vida para a


câmera e adorava posar, inclusive de forma ousada para
a época.

Em algumas mostrava pernas e pés nus, que por ser tão


transgressor ocultava seu rosto.

Ela adorava teatralizar suas fotos, fazendo vários


personagens bíblicos e literários, como Ofélia, Ana
Boleña, Medéia, Lady Macbeth, rainhas, etc.

Chegou ao ápice de registrar-se como um cadáver


dentro de um caixão.

Ela realmente era um ponto fora da curva.

Ainda que movida por sua paixão e encantamento por


si mesma, a Condessa produziu fotos magistrais com
uma direção belíssima.

Os cliques eram feitos pelos fotógrafos Mayer e Pierson


mas todo o restante, inclusive o astronômico
investimento financeiro, foi feito por ela. Esse
investimento inclusive quase levou a Condessa à
bancarrota.

No fim da vida, a vaidade fez com que a Condessa


renegasse sua própria imagem, numa tentativa de
refutar o envelhecimento.

Sua casa foi decorada de preto, espelhos foram


retirados e ela só saía de casa à noite.

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Mestres da Fotografia

Perto da virada do século, a Condessa decidiu participar


com suas fotos da famosa exposição Universelle (ou
Exposição de Paris 1900), mas não deu tempo, faleceu
um ano antes.

A casa em que viveu na Itália hoje é uma Villa disponível


para locação para eventos e casamentos: La Contessa.

Dê uma olhada na página e volte alguns séculos no


tempo, imaginando a Condessa circulando e
fotografando por ali.

Independentemente de suas motivações, a Condessa


era uma mulher a frente de seu tempo, única e
esplendorosa.

Suas imagens me encantam até hoje.

Se ela fez isso tudo, com a tecnologia e conhecimento


disponíveis naquela época, imagina o que não faria
hoje?

E isso nos deixa com uma pergunta: o que nós estamos


fazendo em nome da boa fotografia?

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Mestres da Fotografia

David LaChapelle
Americano

(11/03/1963 | -)

Diretor de filmes e videoclipes de grandes artistas como


Madonna, Amy Winehouse, Elton John, Jennifer Lopez,
Mariah Carey, Macy Gray, Christina Aguilera, Norah
Jones, que filmou Marilyn Manson como uma mulher
pirulito e Kanye West como Jesus.

Esse americano é mais conhecido pelo seu trabalho


fotográfico único, com referências à história da arte,

242
Mestres da Fotografia

muitas mensagens sociais e um visual "hiper-real e


astuciosamente subversivo" e com "surrealismo kitsch
pop".

Tanto que certa vez foi chamado de Fellini da fotografia.

Estudante de arte descoberto por Andy Warhol na


década de 80 (aos 17 anos), que foi quem lhe ofereceu
seu primeiro emprego como fotógrafo.

Rapidamente, suas imagens únicas e impactantes


estampavam as páginas e capas das principais
publicações editoriais, como Vanity Fair, Vogue e i-D e
de inúmeras campanhas publicitárias.

Além do aspecto social, David também gosta de


enfatizar a sexualidade e o simbolismo religioso (é
católico) em suas obras.

Fez história, em 1995, quando filmou um dos primeiros


comerciais mostrando um beijo gay para a marca
Diesel: "beijando marinheiros".

Toda essa genialidade tem um contraponto, David é


bipolar e precisar monitorar sua saúde mental.

Talvez por isso, em 2006, David, aos 43 anos, optou por


diminuir sua participação na fotografia comercial e
aumentar seu foco em belas artes, reinventando-se
como agricultor na zona rural de Maui, no Havaí.

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Mestres da Fotografia

“Eu amo glamour, moda e


beleza - isso sempre esteve
nas civilizações, mas eu
precisava me afastar da
propaganda disso. Quando
deixei tudo, nunca quis filmar
outra estrela pop enquanto
vivesse, fui torturado por
elas.”
E para quem pensa que ele, lá no fundinho, sente falta
da adrenalina da vida pop de antes, David pergunta:

“Você conhece Epiteto, o


filósofo grego? Ele diz que
todos nós temos um papel na
vida - desempenhe seu papel e
viva-o ao máximo.”
E ele está feliz com o que desempenhou, e nós também.

“Eu nunca quis ser fotógrafo


pelo estilo de vida, grana ou
notoriedade. Eu quis porque
queria dar ao mundo alguma
coisa. Você tem que encontrar
seu estilo próprio e para isso

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Mestres da Fotografia

continue trabalhando e
descubra o que te inspire”.

Conhecer a arte de David LaChapelle trará um viço novo


e único às suas referências. Veja o nível de
perfeccionismo, cuidado, sofisticação e profundidade de
seus registros.

Ele não estava preocupado só com a técnica, a intenção


era passar uma mensagem, deixar seu olhar registrado
naquela imagem. E o que mais podemos querer como
fotógrafos?

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Diane Arbus
Americana

(14/03/1923 | 26/07/1971)

Se Diane estivesse expondo suas fotos nos dias de hoje,


com certeza, haveria panelaços e inúmeros haters para
criticá-la. Num mundo em que o político e socialmente
correto impera, contra qualquer que seja a intenção do
artista, Diane certamente seria um alvo fácil.

Seus registros muitas vezes chocam principalmente se


levarmos em consideração que foram feitos nos anos
60. Diane gostava de registrar o atípico, o diferente, que
por vezes é considerado marginal pela sociedade (à
margem da sociedade), estranhos: anões, transsexuais,
nuditas, artistas de circo, gigantes, etc.

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Mestres da Fotografia

“Estranhos (Freaks) foi uma


coisa que fotografei muito. Foi
uma das primeiras coisas que
fotografei e tinha um tipo de
emoção incrível para mim. Eu
costumava adorá-los. Ainda
adoro alguns deles, não quero
dizer que sejam meus
melhores amigos, mas me
fizeram sentir uma mistura de
vergonha e pavor. Há uma
qualidade de lenda sobre os
estranhos. Como uma pessoa
em um conto de fadas que o
impede e exige que você
responda um enigma. A
maioria das pessoas tem medo
de viver uma experiência
traumática. Estranhos
nasceram com seus traumas.
Eles já passaram no teste da
vida. Eles são aristocratas. "
Talvez essa obsessão traduzisse uma certa inadequação
de si mesma no mundo, reflexão que faço por saber que

253
Mestres da Fotografia

se suicidou aos 48 anos.Contam que ela sofreu com


muitos episódios depressivos ao longo da vida.Há vários
livros e até um filme contando sua história e mostrando
sua arte.

Independentemente de você gostar ou não do assunto


que atraía Diane, é inegável a maestria dela em captar
magistralmente expressões e situações marcantes.

E isso fica claro quando ela disse:

“Para mim, o assunto da foto é


sempre mais importante que a
foto. E mais complicado. Tenho
uma impressão pela
impressão, mas não tenho
uma impressão santa. Eu
realmente acho que é isso.
Quero dizer, tem que ser de
alguma coisa. E o que é
sempre mais notável do que é”
Tanto é que, mesmo tímida, as fotos de Diane na maior
parte das vezes eram muito diretas e próximas ao
assunto.

Diane dizia que era importante tirar fotos ruins e


detestava o conceito de composição.

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“Algumas fotos são tentativas


sem que você saiba. Eles se
tornam métodos. É importante
tirar fotos ruins. São os ruins
que têm a ver com o que você
nunca fez antes. Eles podem
fazer você reconhecer algo que
você viu de uma maneira que
fará com que você reconheça
quando voltar a vê-lo.”
Houve uma época também em que trocou sua Nikon
35mm por uma Rolleiflex de lente dupla por buscar
imagens mais detalhadas.

"No começo da fotografia, eu


costumava fazer coisas muito
granuladas. Eu ficava
fascinada com o que o grão
fazia, porque era uma espécie
de tapeçaria com todos esses
pontinhos. Mas quando eu
trabalhando por um tempo
com todos esses pontos, de
repente eu queria muito
passar por lá. Queria ver as

255
Mestres da Fotografia

diferenças reais entre as coisas


... comecei a ficar muito
empolgada com a clareza. "
Diane também foi pioneira no uso do flash portátil à luz
do dia para destacar os assuntos do fundo, o que
ajudava na qualidade surreal de suas fotos. Ou seja,
Diane era uma artista nata e mutante, sempre atenta
ao que a movia na fotografia e buscando encontrar a si
mesma em tudo que fazia.

“Eu odeio a ideia de


composição. Não sei o que é
uma boa composição. Quero
dizer, acho que preciso saber
algo sobre isso, fazendo muito
e me sentindo do que gosto.
Às vezes, para mim, a
composição tem a ver com um
certo brilho ou um certo
descanso e outras vezes com
erros engraçados. Há um tipo
de retidão e injustiça, e às
vezes eu gosto de retidão e às
vezes gosto de injustiça.
Composição é assim.”

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Edward Weston
Americano

(24/03/1886 | 01/01/1958)

Dono de uma abordagem radical para a composição,


iluminação e grafismo e de enorme conhecimento dos
equipamentos e processos fotográficos, Edward Weston
foi um dos fotógrafos mais inovadores e influentes até
hoje, tanto que conhecer sua obra é de vital
importância, mais de meio século após sua morte.

Começou a fotografar aos 16 anos, quando ganhou a


primeira câmera de presente de seu pai e daí decidiu a
profissão que abraçaria pelo resto da vida.

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Mestres da Fotografia

Na década de 1930, fez parte do influente Grupo f / 64,


ao lado de Ansel Adams e Willard Van Dyke, em prol da
prática da fotografia pura, sem intervenção, em
oposição ao Pictorialismo.

O f / 64 fazia referência à menor abertura possível para


uma lente na época, o que significava uma grande
profundidade de campo e o consequente detalhamento
da imagem.

O movimento pregava a preservação ao máximo as


características das fotos: nitidez, profundidade de
campo, foco extremamente preciso, entre outras
características que garantiriam à fotografia um realce
expressivo dos detalhes.

Além disso, a impressão se dava em papel brilhante e


acetinado, o que garantiria a preservação do processo
fotográfico genuíno.

E a influência desse movimento também marcou sua


obra, composta por um conjunto amplo de assuntos,
incluindo paisagens, natureza morta, nus, retratos,
cenas de gênero dunas, vegetais, formações rochosas,
árvores, cactos, conchas, água, rostos humanos e até
paródias caprichosas, todas com imagens nítidas, duras
e brilhantemente impressas.

Sobre isso, ele dizia:

“A câmera deve ser usada


para registrar a vida,

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Mestres da Fotografia

renderizar a substância e a
quintessência da própria coisa,
seja aço polido ou carne
palpitante”
Em 1937, Weston foi o primeiro fotógrafo a receber uma
bolsa de estudos Guggenheim e, o que o libertou de
ganhar a vida como retratista, e assim poder, nos dois
anos seguintes, produzir quase 1.400 negativos usando
sua câmera de visão 8 × 10.

Apenas 10 anos após isso, Weston foi diagnosticado


com a doença de Parkinson e parou de fotografar logo
depois.

Dedicou-se até sua morte a supervisionar a impressão


de mais de 1.000 de suas imagens mais famosas.

Através do uso de uma câmera de grande formato para


criar fotografias em preto e branco com foco nítido e
ricamente detalhadas, West utilizou com maestria a luz
natural, para transformar paisagens, retratos e
naturezas-mortas em enigmas visuais, como é possível
ver nas fotografias Shell (1927) e Pepper No. 30 (1930).

Ou seja, nem o melhor e mais moderno equipamento


ou método de revelação, superam a genialidade e a
técnica de um bom fotógrafo.

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Edward Steichen
Luxemburguês

(27/03/1879 | 25/03/1973)

Naturalizado americano logo cedo, Steichen começou a


fotografar assim que comprou uma câmera Kodak de
segunda mão aos 16 anos, a sua primeira.

Mas suas habilidades inatas para o desenho e pintura o


levaram a largar o ensino médio para abraçar um
estágio de litografia de quatro anos.

E seguiu a década de 1890 trabalhando como litógrafo


aprendiz e pintando, para em seguida começar a
experimentar a fotografia.

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Mestres da Fotografia

Muito embora Steichen seja imortalizado como um dos


maiores (e bem-sucedidos) fotógrafos de sua época,
foram suas raízes como pintor que lhe permitiram
influenciar drasticamente o meio fotográfico.

Steichen utilizou o processo de goma bicromatada em


conjunto com emulsões à base de platina ou ferro em
suas primeiras fotografias, permitindo alto grau de
controle sobre a imagem.

Em 1900, as fotografias de Steichen chamaram a


atenção de Alfred Stieglitz, o que gerou uma longa e
frutífera parceria que, dentre outros projetos, criou uma
galeria que abrigou exposições de Henri Matisse,
Auguste Rodin, Paul Cézanne, Pablo Picasso e
Constantin Brâncuşi.

Steichen ficou famoso como fotógrafo comercial nas


décadas de 1920 e 1930, ao fazer belíssimos retratos
de artistas e celebridades.

E graças a isso, dedicou quase duas décadas da sua vida


a fotografia de moda e retratos de celebridades para
publicações Condé Nast, como

Vogue e Vanity Fair, e fotografia publicitária para a


agência J. Walter Thompson

O estilo de Steichen foi mudando ao longo do tempo,


saindo do pictorialismo, para imagens mais precisas e
nítidas.

275
Mestres da Fotografia

Alguns entendem isto como um efeito do pós-guerra.


Sim, além de brilhante, Steichen era patriota.

Voluntariou-se para as duas guerras mundiais, e só não


participou da segunda porque foi vetado por causa da
idade (tinha mais de 60).

Algo sempre constante na obra de Steichen foi o


perfeccionismo com os esquemas de iluminação.

Contam que ele chegou a fotografar uma xícara e pires


brancos contra um fundo de veludo preto por mais de
mil vezes, com objetivo de encontrar perfeitas e sutis
gradações de branco, preto e cinza.

Até hoje seus efeitos realistas de luz, tons e sombras


são admirados.

Como vimos, Steichen viveu e respirou fotografia do


início ao fim, exercendo seu ofício com assunto seja na
moda, industrial, paisagem, arquitetura, teatro, dança,
natureza, na guerra ou curadoria.

Ele chegou inclusive a ganhar um Oscar em 1945 por


seu documentário da guerra no Pacífico, chamado "The
Fighting Lady".

Foi também diretor de fotografia no Museu de Arte


Moderna de 1947 a 1962 e realizou mais de cinquenta
espetáculos, incluindo The Family of Man, em 1955, a
exposição mais popular da história da fotografia (foi
vista por quase nove milhões de pessoas em 37 países).

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Mestres da Fotografia

Também por esses feitos ele é tão enaltecido e recebeu


tantos prêmios e honrarias.

“A fotografia é um meio de
contradições formidáveis. É
ridiculamente fácil e quase
impossivelmente difícil”.
Escreveu sua própria biografia (“A Life in Photography”)
em 1963 e continuou a fotografar até morrer, pouco
antes de completar 94 anos.

Em 2006, uma cópia de uma fotografia da fase pictórica


de Steichen, “The Pond-Moonlight” (1904), foi leiloada
pelo maior valor obtido por uma fotografia até então,
US$ 2,9 milhões.

E é possível entender o porquê. Embora a impressão


pareça ser uma fotografia colorida, o primeiro processo
fotográfico - o autocromo - não estava disponível até
1907.

Sendo assim, Steichen criou a impressão de cores


aplicando manualmente camadas de gomas sensíveis à
luz no papel.

Ainda existem outras três impressões, consideradas


únicas por terem gradações de cor individuais, mas
essas estão mantidas em coleções de museus.

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Mestres da Fotografia

Steichen é a prova que o fotógrafo é acima de tudo um


amante e defensor da arte, seja em segmento for. Por
isso ele é um grande mestre para mim.

"A missão da fotografia é


explicar o homem para o
homem e cada um para si".

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James Nachtwey
Americano

(14/03/1948 | -)

É preciso ter estômago forte e nervos de aço para


apreciar algumas fotos de Nachtwey.

Fotógrafo de guerra por vocação e opção, com certeza


ele já viu mais horrores do que aqueles que registrou
para a posteridade.

Até porque estar fisicamente ao lado daquelas cenas faz


mais do que impactar, transforma.

E deve ser assim, afinal quanto mais forte for o impacto


trazido pelas imagens, mais provável é que aumente a
consciência do que acontece naqueles lugares, do
sofrimento de milhares de pessoas incógnitas mundo a
fora.

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Mestres da Fotografia

E ele esteve presente em conflitos horríveis e em


lugares em situação desesperadora: Ruanda, Somália,
Bósnia, Afeganistão, Kosovo, Sudão, Iraque, Gaza,
Líbano e até no Brasil. Registrou o 11 de setembro e o
tsunami na Ásia. Ele é simplesmente incansável. É um
homem com uma missão!

E isso tudo cobra um preço.

Nunca se casou, não teve filhos, durante o trabalho foi


ferido por granada, levou tiro e teve um colega morto
ao seu lado.

Mas nada disso o fez parar. Pelo contrário.

“Fui testemunha e essas fotos


são meu testemunho. Os
eventos que registrei não
deveriam ser esquecidos e não
podem ser repetidos.”
E muito questionamento é feito sobre ética, dignidade e
privacidade daqueles que são expostos nas imagens.

Mas o fato de ter esse enorme sofrimento registrado foi


o marco, em muitos casos, para a transformação
daquela situação.

Graças a fotos aterrorizantes que trouxe da fome na


Somália, 1,5 milhão de pessoas foram salvas, segundo

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Mestres da Fotografia

a Cruz Vermelha. A maior operação de ajuda ocorrida


desde a 2ª guerra mundial até então.

E isso é a tradução literal de que não é possível resolver,


o que não se sabe que precisa ser resolvido.

E o olhar de Nachtwey busca situações trágicas ao redor


do mundo para que isso seja possível.

“Quero apelar para o melhor


instinto das pessoas, o senso
de certo e errado, a
capacidade e vontade de se
identificar com os outros e
recusar-se a aceitar o que é
inaceitável ".
Por seu comprometimento com a humanidade e talento
primoroso para fazer registros inesquecíveis e
imprescindíveis, Nachtwey recebeu inúmeros prêmios,
muitos deles mais de uma vez.

Foi feito um documentário para registrar seu trabalho –


“War Photographer” em 2001 que foi indicado para
concorrer como melhor do gênero pela Academia.

“Se todos pudessem estar lá


para ver por si mesmos o
medo e a dor do luto apenas
uma vez; eles entenderiam

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Mestres da Fotografia

que não vale a pena deixar as


coisas chegarem ao ponto em
que isso aconteça com apenas
uma pessoa, imagine com
milhares.”
Se você está se perguntando como ele foi parar aí, digo
que jamais imaginaria como tudo começou.

Formou-se em História da Arte e Ciências Políticas e


começou trabalhando a bordo dos navios da marinha
mercante.

O desejo de ser fotógrafo surgiu com as imagens da


guerra do Vietnã e o Movimento Americano pelos
Direitos Civis. Aprendeu sozinho a fotografar e começou
a trabalhar como fotojornalista.

Cinco anos se passaram até que surgiu o primeiro


conflito que pode documentar: na Irlanda do Norte em
1981. Depois desse, não conseguiu mais parar.

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Mestres da Fotografia

“Eu me utilizo do que eu sei


sobre os elementos formais da
fotografia a serviço das
pessoas que estou
fotografando - não o contrário.
Não estou tentando fazer
declarações sobre a fotografia.
Estou tentando usar a
fotografia para fazer
declarações sobre o que está
acontecendo no mundo. Eu
não quero que minhas
composições sejam
autocentradas.”

O propósito que move Nachtwey é usar suas habilidades


para fazer a diferença para aqueles que mais precisam,
para trazer luz onde só há escuridão, abandono e
esquecimento.

Não bastasse ser talentoso, mas ainda é generoso e


altruísta. Vamos torcer para que mais Nachtweys
surjam no mundo e assim, juntos, consigam
transformá-lo em um lugar melhor.

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Joel Meyerowitz
Americano

(06/03/1938 | -)

Tudo começou quando, aos 24 anos, enquanto


supervisionava uma sessão de fotos feita por Robert
Frank.

Joel era diretor de arte numa agência publicitária na


ocasião. Sim, era, porque após ver a forma como Robert
trabalhava, ficou tão fascinado que abandonou o
trabalho, comprou uma câmera e seguiu pelas ruas de
Nova Iorque com uma 35mm e rolos de filmes em cores.

Eu fiz o mesmo ano passado (dê uma olhada aqui), mas


com uma câmera digital... não dá nem para competir,
né, rs. Joel fala que:

“Robert Frank nunca disse


uma palavra para mim naquele
dia, mas ele me afetou

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Mestres da Fotografia

profundamente. Fui até lá e vi


literalmente o mundo de
maneira diferente. Em todo
lugar que eu olhava, havia
movimento e cor.”
Descendente de imigrantes judeus da Hungria e da
Russia, esse americano do Bronx, foi um dos
precursores da fotografia em cores.

Isso numa época, meados de 1960, em que se


questionava se ela poderia também ser considerada
arte.

Os puristas na ocasião achavam que ela estaria fadada


às revistas e aos casamentos.

Mas Joel não. Ele dizia que o mundo era em cores,


porque as fotografias também não poderiam ser e ainda
ser arte.

Apaixonado pela fotografia de rua, Joel uma vez


explicou que consegue imagens tão espontâneas e
únicas.

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Mestres da Fotografia

“Eu caminho pelas ruas


somente para me divertir e
estar lá fora. E as imagens
vêm se você possui frescor, se
está aberto para elas, mas se
você está procurando por algo,
é como estar procurando um
tesouro, você não acha! Você
só tem que ESTAR lá e a sorte
prevalecerá”.
E ele também explica a regra básica que é algo que eu
acredito e pratico sempre:

“Fotografia é sobre prestar


atenção. Se você não está
prestando atenção, você não
vê!”
Houve uma vez, entretanto, que Joel foi às ruas com um
propósito bem específico.

Quando houve a tragédia do 11 de setembro, Joel sentiu


a necessidade de fazer algo para ajudar a cidade e
quando soube que não eram permitidos fotógrafos pois
o local era uma cena de crime, percebeu que a história
não ficaria registrada.

301
Mestres da Fotografia

Joel deu um jeito e conseguiu entrar em toda aquela


destruição e fazer registros únicos. Sua intenção era
ajudar, documentando gratuitamente o ocorrido.

E a cidade abraçou seu gesto e ele passou 9 meses


registrando mais de 8 mil imagens daquela tragédia,
todas doadas para a cidade.

Como se não fosse suficiente ser autor de dezenas de


livros e milhares de imagens magistrais e com diversos
documentários sobre si. Joel faz parte do “Leica Hall of
Fame” como o “mágico das cores” que consegue
“capturar e enquadrar o momento decisivo”.

Joel é fã da Leica e explica que um dos motivos é pelo


local do visor, pois permite que mantenha a visão nos
dois olhos, e assim veja os outros ângulos fora do
quadro (Frame), permitindo que ele consiga
contextualizar o que ele quer que apareça na foto e o
que ele vai tirar do enquadramento.

Para Joel, a habilidade de registrar tais momentos está


no fato de que:

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Mestres da Fotografia

“O mundo está me mostrando


um presente invisível, que só
está visível para mim naquele
momento por que eu estou
disposto a observá-lo daquele
modo”
E para encerrar, eu desejo que todos nós, todos os dias,
consigamos ver o presente invisível que nos rodeia e
que consigamos registrá-lo para o mundo, assim como
fez e faz Joel Meyerowitz.

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Mestres da Fotografia

Martin Schoeller
Alemão

(12/03/1968 | -)

Fica mais fácil nos perguntarmos quem Schoeller não


fotografou! A lista é extensa. De presidentes a ícones
do cinema, do esporte ou das artes. A única coisa em
comum é a beleza da técnica e da sutileza de seus
registros.

“Disciplina é quase mais


importante que talento”

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Mestres da Fotografia

Começou a carreira aos 25 anos como assistente da


Annie Leibovitz e após 3 anos alçou voo solo como
fotógrafo freelancer. E ele aconselha:

“Ache 3 ou 4 dos melhores


fotógrafos que você quer ser
igual e tente tornar-se
assistente deles e aprenda o
máximo que puder. ... E um
dia estará apto a fazer o
mesmo que eles. E isso vai te
diferenciar do grupo de
fotógrafos que está por aí
tirando fotos e postando no
instagram. Tirando 100 fotos
por dia, com somente 5 boas.”
O trabalho deste alemão, sediado em Nova Iorque, já
estampou as revistas National Geographic Magazine,
The New Yorker, New York Times Magazine, Time, GQ,
Rolling Stone, GQ, Esquire, Entertainment Weekly, W. e
Vogue. Costuma dizer que:

“Ser um fotógrafo profissional


significa que você tem que
produzir uma imagem num
determinado tempo, local,

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Mestres da Fotografia

pessoa e circunstância. E que


você tem que gerar algo que
seja maravilhoso. E você é
sempre julgado pela sua
última foto. Você é tão bom
quanto a sua última foto. E
ninguém quer ouvir desculpas.
E há sempre algo que acontece
de errado.”
Pegar um dos livros de Schoeller é puro entretenimento.

As suas imagens passam tanta leveza e beleza que é


quase como assistir a um filme.

Ficamos envolvidos com as mensagens e sem noção do


tempo, perdidos nos registros únicos e precisos.

Tudo chama a atenção: as cores, o enquadramento, a


expressão que ele consegue dos seus retratados, a
composição.

A percepção é sempre a mesma, sejam retratos close-


ups, comparação de gêmeos (série “Identicals”),
campanhas publicitárias ou ensaios com artistas.

Além de talentoso, humilde. Schoeller reforça que:

“Uma das coisas mais


importantes da vida em geral é

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Mestres da Fotografia

a curiosidade. Que você queira


conhecer os bastidores, estar
mais envolvido, aprender,
conhecer novas pessoas,
lugares.”
Isso sim te transforma num bom fotógrafo.E quando
enaltecem Schoeller falando do perfil artístico de suas
imagens, ele é solene:

“Eu não me considero um


artista. Sou um fotógrafo. “
E que todos nós possamos ser fotógrafos como ele.
Amém!

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Nick Ut
Vietnamita

(29/03/1951 | -)

Você pode até dizer que nunca ouviu esse nome, mas
com certeza já viu sua foto mais famosa.

É de Nick a foto da menina nua fugindo do ataque com


Napalm que atingiu sua aldeia ao invés do local onde
estavam as tropas em 1972.

Com essa foto, ele ganhou tanto o Pullitzer (Spot News)


quanto o World Press Photo do ano seguinte.

E a fotografia veio no sangue, seu irmão mais velho era


fotógrafo de guerra da AP- Associated Press.

Quando seu irmão foi morto durante a guerra do Vietnã,


Nick decidiu que também seria fotógrafo.

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Mestres da Fotografia

E aos 16 começou a trabalhar para a AP, primeiro no


laboratório de revelação e depois começou a fotografar.

Há um fato curioso na sua foto mais famosa, Nick


primeiro levou a menina ao hospital e só depois
entregou o filme ao jornal.

E mais, ele conseguiu com a ajuda de colegas transferi-


la para ser tratada por uma unidade americana, com
30% do seu corpo com queimaduras de 3º grau, isso
com certeza deve ter sido fundamental para salvar a
vida dela.

O vínculo que criaram permanece e ele e Kim Phúc têm


contato até hoje.

“Queria parar essa guerra,


odiei a guerra. Meu irmão me
disse que ‘espero que um dia
você tenha uma foto para
parar a guerra’”.
E ele tirou. A guerra acabou. E ele partiu para os Estados
Unidos e tornou-se cidadão americano, mas continuou
trabalhando como fotojornalista.

Aposentou-se aos 66 anos, após 51 anos dedicados ao


fotojornalismo em que registrou de tudo um pouco,
esportes, celebridades, eventos, etc. Mas nada que
superasse a foto de Kim. Mas aí já seriam dois feitos
históricos! É muita coisa para um ser humano só!

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“Vou tirar fotos até eu morrer. Minha câmera é meu


médico, meu remédio”.

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Roger Fenton
Inglês

(28/03/1819 | 08/08/1869)

Integrante de família bem sucedida e numerosa (tinha


16 irmãos por parte de pai), Fenton optou por se
graduar em Artes. Estudou também Inglês, Matemática,
Literatura, Lógica e Direito, mas foi na pintura que ele
se encontrou.

Chegou a se registrar como copista no Museu do Louvre


e a realizar exposições anuais de suas obras na Royal
Academy (de 1849 a 1851).

Mas foi aí, em 1851, durante a Grande Exposição em


Hyde Park que o bichinho da fotografia mordeu o
Fenton!

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Mestres da Fotografia

Ele ficou impressionado com as fotografias expostas


naquela exposição, que ficou para a história por ter sido
a primeira a reunir todos os trabalhos da Indústria de
todas as nações.

Depois disso, Fenton partiu para a França para aprender


sobre a Calotipia, inventada 15 anos antes por William
Henry Fox-Talbot.

Para quem não lembra este processo consiste na


exposição à luz, com o emprego de uma câmara escura,
de um negativo em papel sensibilizado com nitrato de
prata e ácido gálico.

Também chamado de princípio do negativo-positivo, ou


seja, a partir de uma imagem negativa produzida pela
câmera fotográfica se produziam as cópias positivas da
mesma. No ano seguinte Fenton já estava expondo suas
fotos na Inglaterra e em outros países e iniciou uma
campanha para a constituição de uma sociedade
fotográfica.

E funcionou, dois anos depois fundou o que hoje


conhece-se como a Royal Photographic Society of Great
Britain. Chegou inclusive a ser fotógrafo oficial da
Família Real Britânica.

Anos depois partiu para registrar a Guerra da Criméia,


cuja expedição foi patrocinada pelo governo como uma
forma de elevar a moral dos combatentes e de seus
familiares.

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Logo, as imagens feitas não expõem os flagelos da


guerra: mortes, mutilações, destruições, etc.

Este foi o primeiro grande conflito a contar com registro


fotográfico.

E por conta do seu financiador, apesar de ter tido mais


de 100 mil mortos (em combate ou decorrentes) e 80
mil feriados, não há registros evidenciando as misérias
desta guerra.

Para realizar esse projeto, Fenton criou a


‘PHOTOGRAPHIC VAN', veja a foto anterior, e nela
carregava o pesado material para realizar as fotos e
ainda a si, um ajudante e um servente.

Mas não era só o peso o problema, lembrem que o


material era super inflamável e eles estavam em local
de temperatura elevada.

Por conta da lenta exposição, era impossível registrar a


guerra em ação e os fotografados tinham que manter a
pose por muitos segundos.

Isso explica as expressões nas fotos, todas de


contrariedade e fastio, com certeza eles estavam
congelados naquela pose há um tempo rs.

Há ainda alguns registros encenados em diversas poses.

O interessante é observar a preocupação com a


composição, as poses e os fundos usados.

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Mais uma vez, isso tudo no início do século 19 quando


a câmera tinha acabado de surgir.

E durante uma guerra de verdade!

Uma das mais famosas fotos de Fenton vem


acompanhada de um mistério, muitos acreditam que
tenha sido montada. Trata-se dos dois registros do
“Vale da Sombra da Morte”, em um deles está a estrada
vazia e no outro cheia de balas de canhão. Muito se
discute sobre essas fotos: foram encenadas?
Manipuladas? Qual o objetivo de colocar as balas? Etc...

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Mas seja lá o que tenha ocorrido, nada muda o feito de


Fenton, registrar no início do século 19 uma guerra sem
mostrar a penúria que a envolve e voltar vivo e com
material de qualidade para apresentar.

Por isso que essa expedição, apesar de não ter tido um


viés comercial, deve ser considerada como muito bem
sucedida.

Fenton sobreviveu a várias costelas quebradas e a


cólera e ainda trouxe 350 negativos de grande formato
que geraram uma grande exposição posteriormente.

Fenton é considerado o primeiro fotógrafo de guerra do


mundo e graças a sua importância para a história da

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fotografia faz parte da coleção da Revista Life “100 fotos


que mudaram o mundo”. Merecido!

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Mestres da Fotografia

O Autor

Desde o ano 2000, RENATO ROCHA MIRANDA viajou


pelo Brasil e pelo mundo como fotógrafo profissional da
Rede Globo de Televisão, o que rendeu diversas
imagens belíssimas.

Fotografou quase todos os grandes mestres da televisão


e do teatro e tem registros épicos, retratos fulminantes,
todos imersos numa iluminação mágica e bela.

É um apaixonado pela fotografia de rua e tem feito


viagens ao redor do mundo expondo seu olhar e sua
poesia. A última foi logo ali, na Antártica.

Sim, RENATO foi até o paraíso gelado como parte do


Projeto Desertos, que irá mostrar como a tecnologia é
utilizada para a sobrevivência humana nos cinco
maiores desertos da Terra. Antártica, o maior deles, já
foi. Agora virão: Saara, Arábia, Gobi e Kalahari.

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Mestres da Fotografia

Considerações Finais

Esta obra tem por finalidade a divulgação de grandes


fotógrafos ou artistas relacionados à fotografia para
estudantes desta arte.

As informações aqui expostas foram obtidas em


reportagens e nos meios de divulgação dos artistas.

As fotos utilizadas para compor esse ebook foram


selecionadas conforme meu gosto pessoal e extraídas
diretamente de páginas na internet. Sua ordenação no
texto, tamanho ou quantidade divulgada não possui
qualquer critério de importância, sendo totalmente
aleatória, quando não há correlação com o texto.

Todos os comentários e opiniões aqui contidas são


reflexões com base nas informações obtidas que não
objetivam realizar qualquer tipo de julgamento de valor
ou crítica seja pessoal ou a obra de cada um dos citados.

As citações de fotógrafos de outras nacionalidades são


apresentadas aqui por tradução livre.

As páginas com indicação para material complementar


(livros, vídeos e páginas) é feita no idioma disponível
online, por isso algumas não estão em português.

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Mestres da Fotografia

Créditos

Renato Rocha Miranda:

Edição, Revisão e Design.

Alessandra Marques:

Concepção, Produção, Iconografia e Diagramação.

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Uma nação digital, faça parte:

Com mais de 350 vídeos gratuitos e considerado o mais


técnico do país, o canal no Youtube ultrapassou os 22
mil inscritos e já conta com uma assinatura mensal, é a
locomotiva de toda a operação on-line, um sonho da
juventude aqui se realiza: reunir os falantes do
Português em torno do ensino e fomento da fotografia!
Faça parte, inscreva-se!

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aulas, dicas de fotografia em retratos e viagens e muito
do meu portfólio, um bom local para exercitar alguns
pensamentos e trocar ideias, será excelente ver seu
comentário lá, siga-me!

Na página no Facebook os portugueses, africanos e


brasileiros espalhados pelo mundo se encontram nos
grupos fechados de estudo e conhecem todas as
iniciativas que faço, é um grande painel de encontros,
debates e dúvidas, permitindo uma troca mais densa de
informações e um aprimoramento no convívio digital,
curta a minha página!

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O Imagens, Números & Vísceras cresceu e deixou de ser


apenas um blog para se transformar numa revista
digital e um grande canal no Telegram, que já reúne
mais de 1.200 profissionais de todo o mundo, uma
atmosfera virtual de ensino, cooperação e negócios em
Fotografia, grupos de fotógrafos encontrando o
mercado em apenas um clique, junte-se a nós!

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