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pragMATIZES - Revista Latino Americana de Estudos em Cultura

Metodologia participativa para elaboração


de planos municipais de cultura: uma experiência aplicada1

Metodología participativa para la elaboración


de planes municipales de cultura: una experiencia aplicada

Participatory methodology for the elaboration


of municipal culture plans: an applied experience

Luiz Augusto Fernandes Rodrigues2


Marcelo Silveira Correia3

Resumo:

Palavras-chave: Apresentação de metodologia participativa e integrada utilizada


na elaboração de planos municipais de cultura. O trabalho relata
Plano municipal experiência desenvolvida no estado do Rio de Janeiro, fruto
de cultura de parceria técnica entre o Laboratório de Ações Culturais da
Universidade Federal Fluminense (LABAC-UFF) e a Secretaria de
Gestão compartilhada Estado de Cultura do Rio de Janeiro (SEC-RJ), ação decorrente do
Metodologia programa PADEC – edição 2015. O artigo aponta parte do processo,
participativa para breves relatos e reflexões sobre o tema.
planejamento cultural

1 Texto recebido em 07/10/2019 e aceito para publicação em 23/10/2019.

2 Luiz Augusto Fernandes Rodrigues. Doutor em História, pela UFF. Professor Titular do Departamento de Arte da
Universidade Federal Fluminense, Brasil. Contato: luizaugustorodrigues@id.uff.br - https://orcid.org/0000-0003-0583-9641

3 Marcelo Silveira Correia. Mestre em Cultura e Territorialidades pela Universidade Federal Fluminense, Brasil.
Contato: marcelonetcorreia@hotmail.com

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Ano 9, número 17, semestral, abr/2019 a set/2019

Resumen:

Presentación de metodología participativa e integrada utilizada en Palabras clave:


la elaboración de planes municipales de cultura. La experiencia
de los informes de trabajo se desarrolló en el estado de Río de Plan municipal de cultura
Janeiro, resultado de una asociación técnica entre el Laboratorio de
Acciones Culturales de la Universidad Federal Fluminense (LABAC- Gestión compartida
UFF) y la Secretaría de Estado de Cultura de Río de Janeiro (SEC-
Metodologia
RJ), una acción resultante del Programa PADEC – edición 2015. participativa para la
El artículo señala parte del proceso, breves informes y reflexiones planificación cultural
sobre el tema.

Abstract:

Keywords: This article presents a participatory and integrated methodology


used in the elaboration of municipal plans of culture. The work
Municipal culture plan reports experience developed in the state of Rio de Janeiro, a result
of a technical partnership between the Laboratory of Cultural Actions
Shared management of the Federal Fluminense University (LABAC-UFF) and the State
Secretariat of Culture of Rio de Janeiro (SEC-RJ), an action resulting
Participatory methodology
for cultural planning of the PADEC Program – 2015 edition. The article points out part of
the process, brief reports and reflections on the subject.

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do RJ, de modo a receber apoio para cons-


trução e implementação do Plano Munici-
Metodologia participativa para pal de Cultura (PMC), através da presença
elaboração de planos municipais de de um agente dinamizador voltado a inte-
cultura: uma experiência aplicada grar poder público e sociedade civil. Foram
ao todo selecionados oito “Dinamizado-
res”, que atenderiam a mais de um terço
Apresentação de municípios do estado que aderiram ao
Programa. A ação de dinamização com-
Trazer a experiência do processo preendeu, de maneira geral, a seguinte
participativo de construção de planos mu- metodologia: 1. apresentar aos munícipes
nicipais de cultura é, além de apresentar a a ação de elaboração do PMC, através de
proposta metodológica, assumir um lugar de procedimentos compartilhados entre agen-
fala privilegiado, pois o que aqui é apresen- tes do governo e da sociedade civil; 2. criar
tado foi dito, pensado e construído através um grupo de trabalho (GT) misto com a fi-
de relações dialógicas não subalternizadas. nalidade de compilar documentos e diretri-
Poderiam alguns argumentar: mas a Uni- zes, levantar mapeamentos e informações
versidade é um lugar de hegemonias. Sim, sobre os processos culturais locais etc.; 3.
é fato, mas a metodologia proposta buscou propor e discutir junto ao GT a aplicação
minimizar tal impacto... Falaremos, aqui, de de metodologia específica (que será de-
uma proposta que foi norteadora e não impo- talhada mais a frente) para a definição de
sitiva; não se tratou de uma consultoria para diretrizes e ações norteadoras do PMC; 4.
aplicação de metodologia fechada, pronta, e apresentação à sociedade civil como um
sim de uma possibilidade de aplicação que todo, assim como a agentes dos poderes
- entendemos - permitiria aos municípios a executivo e legislativo os resultados preli-
construção de processos participativos, de- minares, possibilitando/potencializando a
mocráticos e abrangentes para a formulação futura aprovação do PMC como lei. Cabe
de suas políticas públicas de cultura. destacar que o processo de dinamização
buscou estimular que outras peças do Sis-
A formulação desta proposta me- tema Municipal de Cultura (SMC) fossem
todológica partiu da experiência junto ao viabilizadas, em especial: a) implantação
bacharelado em Produção Cultural da Uni- do conselho de política cultural (no caso
versidade Federal Fluminense, e foi forma- de municípios que ainda não o tivesse), e
lizada através de parceria entre o Labora- b) criação de um sistema público de finan-
tório de Ações Culturais (LABAC-UFF) e a ciamento da cultura, com a implementação
Secretaria de Estado de Cultura do Rio de especialmente de um fundo municipal de
Janeiro (SEC-RJ) para ação junto a muni- cultura voltado a - sobretudo através de
cípios fluminenses através do Programa editais públicos - viabilizar ações constan-
de Apoio ao Desenvolvimento Cultural dos tes do PMC. Buscou-se assim, fortalecer a
Municípios (PADEC) – Edição 2015. Este gestão pública de cultura sob parâmetros
Programa incluiu processo de formação de amplos, democráticos e participativos.
gestores culturais, dotação de infraestrutu-
ra para equipamentos culturais municipais Este artigo se estrutura, inicialmen-
e ações dinamizadoras para a elaboração te, de modo a discutir a noção de gestão
de planos de cultura (experiência que será cultural. Segue relatando parte das políti-
aqui relatada). Trinta e quatro (34) municí- cas públicas de cultura inauguradas com a
pios fluminenses aderiram à ação de dina- gestão do Ministro Gilberto Gil que foram
mização assinando Termo de Compromis- voltadas à fortalecer ações sistêmicas e
so com a Secretaria de Estado de Cultura participativas. O artigo segue apresentan-

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do detalhadamente e de modo exemplifi- Os demais seriam gestores institu-


cado a metodologia sugerida para a cons- cionais, gestores governamentais de
trução de planos municipais de cultura. políticas culturais, gestores ou produ-
tores de projetos culturais, produtores
executivos (de projetos, de espaços...)
Gestão cultural: etc. (RODRIGUES; CASTRO, 2015,
conceito norteador da ação s/p, grifos do documento original)

Comecemos por discutir algumas Por outro lado, diferentes autores


noções sobre gestão cultural. Por gestão vêm apontando a necessidade de se en-
cultural adotou-se a proposição de Rodri- tender política cultural como esfera que
gues e Castro (2017, p. 46) que a entendem ultrapassa a dimensão governamental.
como “campo próprio, articulando o concei- Dentre outros, destacamos a formulação
to com noções como mediação e acesso inaugural de García Canclini (19874, p. 26)
aos bens culturais e de fomento às práti- que concebe as políticas culturais como
cas culturais dos territórios”. Os autores já “conjunto de intervenciones realizadas por
haviam proposto anteriormente (2015) uma el estado, las instituiciones civiles y los
forma particular de lidar com o universo da grupos comunitarios organizados a fin de
cultura; deixando a noção de gestão como orientar el desarrollo simbólico, satisfacer
universo administrativo. Assim, propõem las necesidades culturales de la población
y obtener consenso para un tipo de orden
[...] retirar a ênfase do termo gestão, o o de transformación social”.
que tenderia a ter a cultura vinculada a
ações gerenciais e ao cumprimento de Sob tais pressupostos, busca-se
metas e objetivos que nem sempre são fortalecer as dimensões participativa e ci-
norteados por reais parâmetros de efeti- dadã, e inseri-las nas diversas possibilida-
vidade, e colocar mais foco no termo cul- des dos circuitos culturais e suas políticas.
tura, entendido aqui em suas dimensões
estéticas sob bases que ultrapassam os Brunner (1985a) designa cultura como
códigos simbólicos mais hegemônicos, um conjunto de circuitos nos quais in-
dimensões cidadãs construídas a partir tervêm os agentes produtores (artistas
do direito universal de ampla participa- e criadores), os meios de produção (en-
ção dos sujeitos e grupos na criação, tendidos pelas tecnologias disponíveis
fruição e planejamento de processos no e utilizadas, os recursos econômicos e
campo da cultura e da arte, dimensões a propriedade dos meios de produção),
econômicas entendidas aqui muito mais formas comunicativas (divulgação dos
pela ampliação do acesso aos bens da bens culturais, agentes distribuidores e
cultura humana do que às lógicas de dispositivos de troca), públicos e instân-
produtividade e geração obrigatória de cias organizativas (estas podendo ser
renda ou lucro. ligadas ao setor público, privado e/ou
O que nos parece mais adequado é comunitário); nas instâncias organizati-
que a utilização do termo gestão cultu- vas se encontram as agências financia-
ral pressuponha a gestão de proces-
sos e mediações no campo cultural,
com suas diferenças e negociações
imanentes. Assim, os gestores cultu- 4 Este texto, assim como outros do autor, ganhou
uma publicação recente em português, que integra o li-
rais, assim puramente nominados, se-
vro Política cultural: conceito, trajetória e reflexões (N.
riam aqueles sujeitos norteados pelos García Canclini), organizado por Renata Rocha e Juan
firmes propósitos da Gestão Cultural. Brizuela e editado pela EDUFBA em 2019.

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doras, produtores privados, órgãos pú- cem mil ONGs e centenas de milhares
blicos de controle e estímulo, escolas de de voluntários. Caminho que, sozinho,
formação etc. Ou seja, as reflexões de também não resolve. O aterrorizante
Brunner sobre os circuitos nos remetem “abismo social” que marca a sociedade
ao sistema de produção cultural e suas brasileira tem mobilizado cada vez mais
etapas: produção/criação, distribuição, ações de segmentos os mais diversifica-
troca, uso/consumo (ou reconhecimen- dos. Quando nos detemos nos índices
to). (LIMA; RODRIGUES, 2014, p. 853) de pobreza e de ausência de condições
mínimas de vida, vemos um quadro no
Procura-se reforçar a necessidade mínimo estarrecedor. Em face de tanta
de canais efetivos de participação como carência, não podemos pensar isolada-
estratégia fundamental para se instituir mente na arte, na cultura, na educação,
políticas. Como apontado por Rodrigues na sociabilidade, na exclusão social ou
(2009, pp. 83-91) em outros tantos “nas”. Não podemos
implementar ações isoladas. Trata-se
Participação e esfera pública são ideias de prover e garantir a própria cidadania.
inseparáveis. Fazem parte da própria Cultura e cidadania seriam como que
concepção de política. É necessário palavras de ordem.
refletir sobre esse termo. [...] Nosso
desafio, hoje, é alcançar formas que,
para além de preservar, democratizar Políticas de cultura e participação
e incentivar modos e práticas culturais no Brasil hoje...
diversificados, criem estratégias que re-
forcem o exercício público e político dos Ao observar o Prefácio para o livro de
diversos atores sociais, a fim de que Ana Clarissa Fernandes de Souza (2015),
todos e cada um possam ser protago- constata-se a necessidade de se aprofun-
nistas de si mesmos. [...] Creio, firme- dar os estudos das políticas culturais, des-
mente, que nosso desafio é conseguir tacando o foco analítico da autora ao refletir
constituir redes diversificadas de agen- sobre a implementação de políticas culturais
tes sociais. O próprio conceito de rede de cunho mais participativo, como aquelas
reforça a possibilidade de êxito de qual- propostas pelo Sistema Nacional de Cultu-
quer proposta: rede que se estabelece ra e pelos sistemas estaduais e municipais
a partir do comprometimento e do en- dele resultantes (ações ainda em processo
volvimento das mais diversas esferas. É de institucionalização e sistematização.
esse trabalho de “varejo” que pode efeti-
vamente construir novas possibilidades A proposição de políticas para a cul-
de caminhos conjuntos. Uma ação que tura e para sua melhor organização e
se desdobra nos usuários mais diretos fomento vem assumindo maior con-
e neles com suas redes mais particu- sistência e centralidade, e estamos
larizadas, que, pouco a pouco, podem vivendo um momento histórico, no
se agregar aos “fios” anteriores. Dessa qual podem ser constatadas algumas
nova trama serão irradiados novos fios tentativas de ultrapassar a tônica mer-
(que a ela se unem) e assim sucessi- cadológica das políticas culturais dos
vamente, tal qual nós de uma rede que anos 90 – “cultura é um bom negócio”
se vai tecendo. [...] O Brasil vivenciou – em prol de novas formas de constru-
durante muito tempo a falência de polí- ção de políticas para a cultura em for-
ticas sociais públicas inclusivas, ficando matos mais democratizantes e social-
sob a ação sociocultural de organiza- mente compartilhados. (RODRIGUES
ções não governamentais. São mais de apud SOUZA, 2015, p. VII)

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O Sistema Nacional de Cultura tado e detalhado na lei nº 12.343/2010


(SNC) foi incluído, em 2012, na Constitui- (estruturada em 5 Capítulos e Anexo com
ção Federal de 1988 como Artigo 216-A. as Diretrizes, estratégias e ações. Contem
Posteriormente, passou-se a contar com o 53 Metas. Já o Plano Estadual de Cultura
Sistema Estadual de Cultura do Estado do do RJ é peça integrante da Lei do Sistema
Rio de Janeiro (SIEC) – Lei 7035, sancio- Estadual (Capítulo 2 desta lei), também in-
nada em 7 de julho de 2015. Cabe agora tegrado por Anexo estruturado em 6 eixos
aos municípios criarem suas leis munici- temáticos, que contemplam 15 diretrizes e
pais de cultura (alguns municípios do RJ um total de 66 estratégias. São documen-
já criaram suas leis). tos importantes e que devem dialogar com
o plano municipal.
Sistemas municipais integram, mi-
nimamente, o de nominado CPF da Cultu-
ra, isto é: CONSELHO – PLANO – FUN- A criação dos planos municipais
DO. Institucionalidades geridas por órgão de cultura: proposta metodológica...
gestor próprio do município (Secretaria ou
Fundação de Cultura) em parceria e con- Os relatos a seguir apresentam a
trole pela Sociedade Civil. proposta metodológica desenvolvida para
fomentar junto aos municípios fluminenses
Buscando implementar o seu siste- a implementação e construção de seus
ma de cultura, os municípios devem reali- planos de cultura. Os planos são garan-
zar Conferências de Cultura, momento no tia de condução continuada das políticas
qual a sociedade como um todo discute a e programas culturais locais, e permitem
aponta diretrizes para a política cultural ao município acompanhar a realização de
local. Momento propício, também, para a suas metas, e avaliá-las.
eleição de representantes da sociedade
e da vida cultural do município para com- A proposição partiu do entendimen-
porem o Conselho Municipal de Política to de que a metodologia elencada a seguir
Cultural (ou nome similar). Conselho e ajudaria ao município estabelecer deman-
demais munícipes terão a incumbência das diversificadas e inclusivas, pensá-las
também de participar da construção e em perspectivas temporais, propor manei-
acompanhamento do Plano Municipal de ras de avaliação (quantitativa e qualitativa),
Cultura, que estabelecerá metas e dire- buscar identificar parcerias (governamen-
trizes do curto ao longo prazo, prevendo tais, institucionais e societárias), sobretudo
ações de até 10 anos para sua devida dadas as dificuldades operacionais e finan-
implantação. Para garantir a implantação ceiras de boa parte dos aparatos institucio-
do Plano são necessários recursos fi- nais da política cultural municipal.
nanceiros, mobilizados através do Fundo
Municipal de Cultura. A proposta é que o PLANO trace
metas e diretrizes que atendam à cadeia
Complementarmente, os municípios produtiva da cultura como um todo. Com
devem se aliar a outras duas demandas do isso, pode-se pensar sob a lógica de um
Sistema Nacional de Cultura: programa de circuito ou sistema de produção:
formação na área cultural; sistema de indi-
cadores e informações culturais. . CRIAÇÃO / PRODUÇÃO;
. DIVULGAÇÃO / DISTRIBUIÇÃO;
O Plano Nacional de Cultura (PNC) . ACESSO AOS BENS E SERVIÇOS;
foi incluído na Constituição Federal em . FRUIÇÃO, USO E CONSUMO DOS BENS
2010, através do Art. 215. Foi regulamen- E SERVIÇOS CULTURAIS.

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Por exemplo, um CD musical para dos ambientes afetivos locais e ações de


existir e ser apreciado precisa percorrer atração turística a partir dos patrimônios e
um conjunto de etapas: da memória);
. Precisa que os artistas componham as
canções e que o disco seja produzido; EIXO 4: SOCIABILIDADE, COMUNICA-
. Precisa estar disponível das lojas, ou em ÇÃO, PARTICIPAÇÃO SOCIAL E DE-
sites (assim por diante); SENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO
. Precisa estar acessível aos ouvintes, SUSTENTÁVEL
seja através da compra ou de acesso gra- (ações que reforcem a coesão social e
tuito ou subsidiado; a interação entre as pessoas; formas de
. Precisa que as pessoas efetivamente se compartilhamento da gestão pública de
apropriem daquele bem; não basta com- cultura – por ex.: Conselhos, Conferên-
prar o CD e deixá-lo na estante. É preciso cias, Fundos de financiamento; ações de
que ele seja fruído e apreciado. geração de renda e emprego e de circula-
ção das produções culturais; etc.).
Para auxiliar na construção do PLA-
NO MUNICIPAL, propõe-se metodologia es- As propostas lançadas devem iden-
truturada em quatro eixos, conforme a seguir. tificar os agentes protagonistas potenciais
(executores e parceiros) de cada ação e
EIXO 1: FRUIÇÃO E PRODUÇÃO planejá-las segundo perspectivas de cur-
ARTÍSTICA E CULTURAL to, médio ou longo prazo. Como critério
(fomento às artes visuais, artes cênicas, genérico para as perspectivas tempo-
música, audiovisual e literatura); rais propôs-se as seguintes temporalida-
des norteadoras para as ações: a) de cur-
EIXO 2: MANIFESTAÇÕES CULTURAIS to prazo, 1 a 2 anos; b) de médio prazo, 3
POPULARES a 6 anos; c) de longo prazo, 7 a 10 anos.
(fomento ao artesanato, reforço e/ou imple-
mentação de práticas e festejos populares Outrossim, apontou-se a necessi-
–como Folias, Blocos de carnaval etc.); dade de se prever formas de avaliação
sobre a cumprimento das metas.
EIXO 3: TURISMO CULTURAL, PATRI-
MÔNIO AMBIENTAL E CONSTRUÍDO A seguir, sugestão de quadro de
(valorização, recuperação e preservação propostas.

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Ação PADEC - edição 2015 junto a mu- que deve retornar para ampla apreciação
nicípios do estado do Rio de Janeiro... por parte da sociedade civil como um todo.

PADEC é um Programa de Apoio


ao Desenvolvimento Cultural dos Municí- Exemplo exploratório 1:
pios, desenvolvido a partir de parceria en-
tre a Secretaria de Estado de Cultura do Segundo levantamentos para o mu-
Rio de Janeiro com o Ministério da Cultu- nicípio de TANGUÁ, pela Munic 20065 o
ra. Assenta-se em quatro linhas de apoio: município não possuía teatro e já desen-
1) Qualificação da gestão pública da cultu- volvera oficinas de formação teatral (apon-
ra; 2) Preservação do patrimônio material; tando para uma vocação ou desejo local).
3) Fortalecimento da identidade cultural
local; 4) Melhoria da infraestrutura para Pelo site Mapa de Cultura6, obser-
a cultura local. Para a edição de 2015, o va-se a permanência da inexistência de
PADEC-RJ ofereceu três linhas de ação teatro, mas também que o município conta
aos municípios do estado: com anfiteatro ao ar livre (Espaço Cultural
a) Curso de Formação de Gestores Pú- Observatório de Talentos).
blicos e Agentes Culturais (em sua se-
gunda edição); Considerando como DESAFIO,
b) Implantação e modernização de espa- dentro do eixo FRUIÇÃO E PRODUÇÃO
ços culturais; ARTÍSTICA E CULTURAL, o fomento às
c) Aplicação de Metodologia de Apoio para artes cênicas, podemos então buscar elen-
a organização dos Sistemas Municipais car um conjunto de ações para enfrentar tal
de Cultura. Desafio, levando-se em conta as fases do
circuito ou sistema de produção cultural:
Esta terceira linha de ação foi Criação / Produção:
construída com apoio técnico do Labora- a.1) desenvolvimento de oficinas
tório de Ações Culturais da UFF. Incluiu de teatro, de dança, de cenotécnica, de
a proposição da metodologia supracita- construção de cenários e figurinos etc.;
da, estimulada junto aos municípios que a.2) workshops com grupos artís-
conveniaram a ação PADEC, através de ticos locais e externos;
processo denominado de Dinamização – a.3) residências artísticas.
Ação de Apoio aos Sistemas Municipais Distribuição e divulgação:
de Cultura. Não se tratava de consultoria b.1) concursos (esquetes, drama-
para confecção de planos municipais, e turgia etc.) e festivais;
sim de buscar acionar e estimular o de- b.2) editais para circulação de
senvolvimento dos planos de forma com- espetáculos;
partilhada entre executivo municipal da
área da Cultura e representantes da so-
ciedade civil.
5 MUNIC é um levantamento pormenorizado de in-
Como exemplificação (bem sucinta formações sobre a estrutura, a dinâmica e o funcionamento
e esquemática) sobre a possibilidade de se das instituições públicas municipais feito pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2005, o Minis-
pensar o planejamento cultural local a partir tério da Cultura encomendou ao IBGE tal suplemento sobre
das bases propostas, tomamos – não como a organização das bases culturais dos municípios brasilei-
forma modelar – possível exemplo para cada ros, cujos resultados ficaram conhecidos como Munic 2006.
eixo. Importante ressaltar que as diretrizes
6 Plataforma estadual de informações básicas
traçadas em conferências municipais reali- sobre os 92 municípios do estado do Rio de Janeiro.
zadas são a fonte principal para o processo, Disponível em: http://mapadecultura.rj.gov.br/

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b.3) construção de teatro. vem estimular que as montagens sejam


Fases contempladas por indica- produzidas no município, estimulando a
ções gerais: 1. Troca: deve-se estimular economia local); 2. Fruição e uso: contra-
ações com acesso gratuito e oferta de fi- partida através de projeto-escola, debates
nanciamento através de editais (que de- junto às apresentações etc.

Exemplo exploratório 2: a.1) apoiar oficinas comunitárias


em territórios quilombolas e demais
Segundo levantamentos sobre o áreas do município, com temáticas fo-
município de caBO frIO, o I Fórum Mu- cadas nas expressões culturais afrobra-
nicipal de Cultura (2009) elencou o forta- sileiras;
lecimento do movimento de Cultura Negra a.2) apoiar e estimular a amplia-
como proposta. ção das ações dos Quilombos, através
de editais específicos (ou de eixo próprio
Considerando como DESAFIO, no PROED – Programa de Editais)
dentro do eixo MANIFESTAÇÕES CUL- Distribuição e divulgação:
turaIS pOpulareS, o fomento às ex- b.1) apoiar com infraestrutura a
pressões étnicas de matriz afrobrasileira, promoção de feiras de produtos em even-
podemos então buscar elencar um con- tos e festivais;
junto de ações (todas presentes no referi- b.2) instituir Semana de Consciên-
do documento) para enfrentar tal Desafio. cia Negra;
b.3) criar Festival da Diversidade
Levando em conta as fases do circui- Cultural;
to ou sistema de produção cultural, temos: b.4) criar Centro de Referência de
Criação / Produção: Cultura Afrobrasileira.

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Fases contempladas por indica- nanciamento através de editais; 2. Fruição


ções gerais: 1. Troca: deve-se estimular e uso: estimular debates a diversidade
ações com acesso gratuito e oferta de fi- cultural e étnica nas escolas.

exemplo exploratório 3: b.1) contratação de técnicos em


conservação, manutenção e restauração
Segundo levantamentos da reali- do patrimônio histórico;
dade e demandas do município de AN- b.2) implementar programa de visitas
Gra DOS reIS apontadas na 8ª Con- guiadas aos bens arquitetônicos e ambientais;
ferência Municipal de Cultura (2013), b.3) criação de arquivo público,
destacou-se como DESAFIO, dentro abrigando também o acervo do Museu de
do eixo TURISMO CULTURAL, PATRI- Artes Sacras;
mÔnIO amBIental e cOnStruÍDO, b.4) criação e fiscalização de leis
ações de preservação e valorização do de patrimônio (tombamento de sítios his-
patrimônio histórico-cultural e ambiental. tóricos, conjuntos arquitetônicos e paisa-
Levando em conta as fases do circuito gens culturais e naturais);
ou sistema de produção cultural, temos: b.5) criação do Conselho de Patri-
Criação / Produção: mônio, com participação da sociedade civil;
a.1) desenvolver oficinas regulares b.6) criação de Escritório do Patrimô-
de educação ambiental e patrimonial nas nio Ambiental, localizado em Ilha Grande.
escolas públicas;
a.2) implementar editais para pes- Fases contempladas por indica-
quisas históricas, e publicações; ções gerais: 1. Troca: deve-se estimular
a.3) realizar inventário do patrimô- ações com acesso gratuito e também sub-
nio arquitetônico (formal e afetivo); sidiadas por instituições localizadas em
a.4) ações de arqueologia. bens históricos; 2. Fruição e uso: estimu-
Distribuição e divulgação: lar debates, visitas e publicações.

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exemplo exploratório 4: integrantes da sociedade, e ações de co-


municação e interação entre governo e
O eixo 4 - SOCIABILIDADE, CO- sociedade servem como ilustrações desta
munIcaÇÃO, partIcIpaÇÃO SOcIal questão. Pensou-se, aqui, em uma bre-
E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECO- ve frente de ação ligada ao município de
nÔmIcO SuStentÁVel – se estrutura arraIal DO caBO, a saber: fortalecer
em ações muitas vezes transversais aos a institucionalidade e gestão participativa
outros eixos. A criação de Conselhos com das políticas municipais de cultura.

À guisa de conclusão... Houve municípios que nunca tinham rea-


lizado conferência de cultura e cujos en-
O processo de dinamização jun- contros de dinamização para alavancar
to aos municípios se revelou promissor. o processo de construção do plano de

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cultura se mostraram potentes inclusive Referências


para instituir redes locais. Havia municí-
BRUNNER, José Joaquín. La cultura como obje-
pios que já tinham plano de cultura for-
to de políticas. Santiago de Chile: FLACSO, 1985.
mulado, mas que perceberam na meto- Programa n. 74, out. 1985a.
dologia proposta uma possibilidade de
se alcançar formulações mais concretas BRUNNER, José Joaquín. A propósito de políticas cul-
e realizáveis no tempo. Houve proposta turales y democracia: um ejercicio formal. Santiago de
para estruturar site para acompanha- Chile: FLACSO, 1985. Programa n. 254, ago. 1985b.
mento das ações do Plano em perma-
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Políticas culturales y
nente processo de avaliação pela socie- crisis de desarrollo: un balance latinoamericano.
dade civil. Enfim... processos potentes In: ____ (org.) Políticas Culturales en América Lati-
em várias perspectivas. na. Buenos Aires: Grijalbo, 1987.

Por outro lado, alguns gestores LIMA, Deborah Rebello; RODRIGUES, Luiz Augus-
to F. Ponto de cultura: novas tipologias de fomento a
governamentais perceberam a necessi-
circuitos culturais – um exemplo brasileiro. Colonialis-
dade de se pensar o planejamento de mos, Pós colonialismos e lusofonias - Atas do IV Con-
modo processual e compartilhado, pois gresso Internacional em Estudos Culturais. Abril 2014,
as dificuldades de “escutas” e “presen- p. 852-859. Disponível em http://estudosculturais.com/
ça” são realmente grandes... (mesmo congressos/ivcongresso/wp-content/uploads/2014/04/
quando bem intencionados, gestores atas-PT-final.pdf>. Acesso em 30 abril 2014.
não são oniscientes nem onipresentes;
RODRIGUES, Luiz Augusto F. Gestão cultural e seus
portanto o compartilhamento deve ser eixos temáticos. In: CURVELO, Maria Amélia [et al.] (org.).
uma ação imanente aos processos de Políticas públicas de cultura do Estado do Rio de janeiro:
planejamento). 2007-2008. Rio de Janeiro: Uerj/Decult, 2009. p. 76-93

Pelo viés da universidade, as articu- RODRIGUES, Luiz Augusto F.; CASTRO, Flávia
Lages de. Cultua e ... Gestão Cultural. Rio e Janei-
lações técnicas possibilitaram maior ade-
ro: Lumen Juris, 2017.
rência entre formulações teóricas e práticas
sociais, saindo – cada vez mais – dos mu- RODRIGUES, Luiz Augusto F.; CASTRO, Flávia
ros às vezes encastelados da academia... Lages de. Gestores culturais: proposta de catego-
rização – nuances etnográficas. - Anais do XI RAM
Entretanto não se pode deixar de / Reunión de Antropologia del Mercosur. Montevi-
deo, 2015. s/p. [Ainda não disponível on line]
ponderar certas dificuldades que os pro-
cessos participativos e compartilhados RODRIGUES, Luiz Augusto F.; SILVEIRA, Marcelo
enfrentam. Por um lado, a fraca qualifi- S. Construção e gestão de políticas culturais com-
cação para a gestão cultural de muitos partilhadas. Anais do VII Seminário Internacional
gestores de políticas públicas. Por outro, de Políticas Culturais. Rio de Janeiro: Fundação
tímidas (por vezes, cabe reforçar) con- Casa de Rui Barbosa, 2016. 14p.
dições de autonomia e protagonismo de
SOUZA, Ana Clarissa F. de. Democracia e compar-
muitos agentes da sociedade; tais reali- tilhamento da gestão pública de cultura: problema-
dades geram condições muito desiguais tizando a participação social instrumentalizada do
de participação, como já apontou Ana Sistema municipal de Cultura de Petrópolis-RJ. Dis-
Clarissa de Souza (2016) ao analisar as sertação de Mestrado em Cultura e Territorialidades.
condições de participação de determi- Niterói/RJ: Universidade Federal Fluminense, 2016.
nados conselheiros de cultura represen-
SOUZA, Ana Clarissa F. de. Sistema Nacional de
tantes da sociedade civil nos embates Cultura e Gestão Compartilhada: um estudo sobre
travados em reuniões nas quais repre- o processo de construção do Sistema Municipal de
sentantes do executivo ocupam lugares Cultura de São Gonçalo – RJ. Rio de Jalo – RJ. Rio
privilegiados de fala e atuação. de Janeiro: Lumen Juris, 2015

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