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Coordenação do Evento:

Elizabete Aparecida Marques

Comitê Científico:

Aparecida Negri Isquerdo


Edgar Cezar Nolasco
Eluiza Bortolotto Ghizzi
Fabiana Poças Biondo
Fabiana Villaço
Fabrício Ono
Geraldo Vicente Martins
José Alonso Torres
Márcia Gomes Marques
Márcia Rejany Mendonça
Maria Luceli Faria Batistote
Pierre-André Buvet
Ramiro Giroldo
Rogério Vicente Ferreira
Rosana Cristina Zanelatto
Salah Mejri
Vania Maria Guerra Lescano

Comissão de Apoio Científico:

Isabela Boaventura Pimenta Gomide


Isabela Aparecida Moura Marques
Júlia Evelyn Muniz Barreto Guzman
Natália Gabrieli dos Santos Fagundes Euzébio
Renan Ramires de Azevedo

2
ÁREA TEMÁTICA: DESCRIÇÃO E ANÁLISE LINGUÍSTICA

TÍTULO PÁGINA

DENOMINAÇÕES PARA O BRINQUEDO “BALANÇO” NO


ESTADO DE SÃO PAULO: ANÁLISE DIATÓPICA E LÉXICO-
SEMÂNTICA
31
Beatriz Aparecida Alencar
Aparecida Negri Isquerdo

UMA ANÁLISE DA SOLDADURA ORTOGRÁFICA DE


TOPÔNIMOS POLILEXICAIS DE ORIGEM INDÍGENA
33
Camila André do Nascimento da Silva
Aparecida Negri Isquerdo

ARQUITETURA DAS OBRAS LEXICOGRÁFICAS 35


Claudio de Assis da Cunha

FRASEOLOGISMO DA ÁREA SEMÂNTICA DA HABITAÇÃO


NA REGIÃO CENTRO- OESTE: UM ESTUDO COM BASE DE
DADOS ORAIS
37
Carla Tatiane Pereira Dias
Elizabete Aparecida Marques

3
COMPETÊNCIA LEXICAL: UM ESTUDO DO MORFEMA
AGENTIVO -DOR EM PORTUGUÊS
38
Cleonice Candida Gomes

AMOSTRAGEM DA VARIAÇÃO NA LINGUAGEM FALADA


EM PRÁTICA AGRÍCOLA: CAMPO SEMÂNTICO-LEXICAL
DE PREPARO DO SOLO NA REGIÃO DE DOURADOS/MS
39

Ioneide Negromonte de Vasconcelos Rocha

DENOMINAÇÕES PARA “GOGÓ” NAS REGIÕES NORTE E


SUL DO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO ALIB
42
Juliany Fraide Nunes

DENOMINAÇÕES PARA “CHUVA DE PEDRA” NO ESTADO


DE SÃO PAULO: O QUE REVELAM OS DADOS DO ALIB

44
Kamilla de Lima Vieira
Aparecida Negri Isquerdo

A PRESENÇA DA ZOOTOPONÍMIA NA DENOMINAÇÃO DE


LOGRADOUROS DA REGIÃO URBANA DO PROSA/CAMPO
GRANDE/MS
46
Janaina Domingues Verão das Neves
Aparecida Negri Isquerdo

4
UM OLHAR SOBRE OS FRASEOLOGISMOS DO LÉXICO DE
GOIÁS: UM ESTUDO COM BASE EM DADOS
GEOLINGUÍSTICOS
48
Larissa Amanda Aparecida de Santana Soares
Elizabete Aparecida Marques

A TOPONÍMIA RURAL DE ACIDENTES HUMANOS DO


MUNICÍPIO CAMPO GRANDE/MS: A QUESTÃO DA
MOTIVAÇÃO
50
Letícia Reis de Oliveira
Aparecida Negri Isquerdo

DESIGNAÇÕES PARA ARCO-ÍRIS NO SUL DO MATO


GROSSO DO SUL: ANÁLISE NUMA PERSPECTIVA
TOPODINÂMICA
52
Luciene Gomes Freitas Marins
Aparecida Negri Isquerdo

SÉCULO XXI: A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO A PARTIR


DOS EFEITOS DE SENTIDO DOS DISCURSOS DAS LEIS DE
INCLUSÃO
54
Marilza Nunes de Araújo Nascimento
Claudete Cameschi de Souza

O CORPO FEMININO EM FILMES DE HORROR – UMA


BREVE ANÁLISE SOBRE A NUDEZ FEMININA EM STARRY 56
EYES.

5
Luciene Gomes Freitas Marins
Aparecida Negri Isquerdo

NOMEAÇÕES PARA “O HOMEM QUE É CONTRATADO PARA


TRABALHAR NA ROÇA DE OUTRO, QUE RECEBE POR DIA
DE TRABALHO”: UMA DISCUSSÃO SOBRE A NORMA
58
LEXICAL PAULISTA

Mércia Cristina dos Santos


Aparecida Negri Isquerdo

CONCESSÃO ÀS AVESSAS OU A CONSOLIDAÇÃO DE UMA


NOVA ORDEM ARGUMENTATIVA
61
Monica Alvarez Gomes

A ANTROPOTOPONÍMIA NA DENOMINAÇÃO DE
COMUNIDADES QUILOMBOLAS NA REGIÃO CENTRO-
OESTE: ESTUDOS PRELIMINARES
62
Nágila Kelli Prado Sana Utinói
Aparecida Negri Isquerdo

EM BUSCA DE UM PROTÓTIPO DE DICIONÁRIO DE


EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS: PRIMEIRAS REFLEXÕES COM
BASE EM UM OLHAR FRASEODIDÁTICO
64
Natália Gabrieli dos Santos Fagundes Euzébio
Elizabete Aparecida Marques

6
AS UNIDADES SIMPLES E COMPLEXAS RELACIONADAS AO
PANTANAL NO CONTO “COM O VAQUEIRO MARIANO” DE
JOÃO GUIMARÃES ROSA: UM ESTUDO LEXICO-
FRASEOLÓGICO 66
Quentin Olivier Branco Nunes
Elizabete Aparecida Marques

LEXICOGRAFIA PEDAGÓGICA E HOMONÍMIA: UMA


ANÁLISE DE DICIONÁRIOS PARA APRENDIZES
BRASILEIROS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA 68
ESTRANGEIRA

Renato Rodrigues Pereira

AS CARACTERÍSTICAS DO LÉXICO ESPECIALIZADO NA


TERMINOLOGIA DA TRADUÇÃO
71
Roosevelt Vicente Ferreira

UMA PERSPECTIVA COGNITIVA DOS NOMES PRÓPRIOS

Tânia Mara Miyashiro Sasaki


73
Aparecida Negri Isquerdo

“NEM SÓ NO CAMPO VIVE A FLORA”: OS FITOTOPÔNIMOS


NA TOPONÍMIA URBANA DE PONTA PORÃ/BRASIL E DE
PEDRO JUAN CABALLERO/PARAGUAI
75
Suely Aparecida Cazarotto
Aparecida Negri Isquerdo

7
EQUIVALENTES EM FRANCÊS PARA
FRASEOTERMOS QUE NOMEIAM AVES DO 77
PANTANAL: DESAFIOS PARA IDENTIFICAÇÃO
Thierry Delmond
Aparecida Negri Isquerdo

MANIFESTAÇÕES MÁGICO-RELIGIOSAS EXPRESSAS NAS


DESIGNAÇÕES PARA “DIABO”: UM ESTUDO BASEADO EM
DADOS DO PROJETO ALIB 79

Vanessa Cristina Martins Benke

EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NO LÉXICO DA LÍNGUA DE


SINAIS BRASILEIRA DA COMUNIDADE SURDA DE MATO
GROSSO DO SUL
81
Veronice Batista dos Santos
Elizabete Aparecida Marques

ÁREA TEMÁTICA: PRÁTICAS E OBJETOS SEMIÓTICOS

TÍTULO PÁGINA

FÉ E SENTIDO: ENUNCIAÇÃO E ÉTHOS NO DISCURSO DA


HOMILIA
Cássia Lacerda Soares
83
Geraldo Vicente Martins

8
KIT GAY: LETRAMENTO CRÍTICO PARA ENFRENTAMENTO
DE FAKE NEWS NAS ELEIÇÕES DE 2018
86
Emmanuelly Castro Dos Santos
Ruberval Franco Maciel

RESULTADOS DA PESQUISA: O JOGO COMO MEDIADOR DA


CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO LETRAMENTO SEMIÓTICO
88
Adda Sofía Barco Velásquez
Sueli Maria Ramos da Silva

AFINIDADES ELETIVAS ENTRE OBRAS DE MANOEL DE


BARROS E AS ARTES PLÁSTICAS SUL-MATO-GROSSENSES
95
Dayne da Silva Caldeira Saibert
Maria Luceli Faria Batistote

HÁ DESDOBRAMENTOS DO PRAGMATISMO PEIRCIANO NO


“PRAGMATISMO INTERATIVO” DE MONTANER PARA A
ARQUITETURA? 96
Gabriela Lima Mascarenhas Moreira
Eluiza Bortolotto Ghizzi

A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DO PROJETO DE LEI Nº


1.676 DE 1999: PURISMO LINGUÍSTICO E RELAÇÕES DE
PODER 99
Felipe Martins Da Silva
Vânia Maria Lescano Guerra

9
UMA ABORDAGEM MULTIMODAL NA ANÁLISE DE UM
JORNAL ONLINE
103
Gislaine Sartório Andrade
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

O CORPO FEMININO EM FILMES DE HORROR – UMA


BREVE ANÁLISE SOBRE A NUDEZ FEMININA EM STARRY 104
EYES.

Larissa de Santana Anzoategui


Sueli Maria Ramos da Silva

LEITURA ONLINE NO JOGO LOL: ANÁLISE DE


LETRAMENTO DIGITAL
106
Letícia de Leon Carriconde
Fabiana Poças Biondo Araújo

OS ELEMENTOS INDICIAIS E SIMBÓLICOS PRESENTES NA


MATERIALIDADE EM OBRAS DAS ARTES PLÁSTICAS
CONTEMPORÂNEAS
108

Lisa Rayane dos Santos Araujo


Eluiza Bortolotto Ghizzi

VAMPYROTEUTHIS INFERNALIS EM ABORDAGEM


SEMIÓTICA PLÁSTICA E TENSIVA
110
Luis Henrique Pereira de Paula
Geraldo Vicente Martins

10
VIDEO MAPPING, SEMIOSES E POTENCIAIS DE
RESSIGNIFICAÇÃO
112
Luis Felipe Santos Salgado da Rocha
Eluiza Bortolotto Ghizzi

CULTURAS INDÍGENAS NA GÊNESE DE MONUMENTOS

Maria Luceli Faria Batistote


114

SEMIÓTICA DO DISCURSO MUSICAL INFANTO JUVENIL

Maria Lucia Amaral Muniz


116
Sueli Maria Ramos da Silva

NOVAS TECNOLOGIAS NA MIDIATIZAÇÃO NAS PRÁTICAS


RELIGIOSAS
Sueli Maria Ramos da Silva
118

MONUMENTO TURÍSTICO: “CAVALEIRO GUAICURU” SOB


UM OLHAR SEMIÓTICO
120
Renan Ramires de Azevedo
Maria Luceli Faria Batistote

DISCURSOS BUMERANGUE: O MACHISMO POR MULHERES


NO MULHERES NO FACEBOOK
121
Talita Ribeiro Martins
Elaine de Moraes Santos

POLÍTICA E RELIGIÃO NAS #ELESIM e


#ELENÃO: REGULARIDADES NA REPERCUSSÃO DA
CAMPANHA DE 2018 NO TWITTER
122

11
Thayne Costa dos Santos
Elaine de Moraes Santos

A CONSTRUÇÃO DO HUMOR NO DISCURSO RELIGIOSO

Virginia Jacinto Lima


123
Sílvia Mara de Melo

ÁREA TEMÁTICA: LITERATURA E MEMÓRIA CULTURAL

TÍTULO PÁGINA

A COR É O SINAL EXTERIOR MAIS VISÍVEL DA RAÇA: O


CASO CORPO DA SAARTIJIE NO FILME VÊNUS NEGRA
125
Ancel Quaresma Afonso Ajupate
Angela Maria Guida

UM DIÁLOGO ENTRE A NECROPOLÍTICA E A DISTOPIA EM


THE HUNGER GAMES
127
Alexandre Albernaz Simões
Ramiro Giroldo

MUDOS FOGOS DE ARTIFÍCIOS: AS REPRESENTAÇÕES DA


SEXUALIDADE EM A VIA CRUCIS DO CORPO, DE CLARICE
LISPECTOR 128
Alfranio Pedroso Soares
Márcio Antonio de Souza Maciel

12
A PERSONAGEM “MEIO DESPIDA” EM MAÍRA, DE DARCY
RIBEIRO
130
Alessandro Aparecido Fagundes Matos

EMÍLIA FREITAS: O FANTÁSTICO FEMININO DO SÉCULO


XIX
131
Adrianna Alberti
Fabio Dobashi Furuzato

CLARICE E FRIDA: uma amizade ficcional


Anny Caroline de Souza Marques 133
Edgar Cézar Nolasco

O DIREITO DE PUNIR EM A MAÇÃ NO ESCURO


Bárbara Artuzo Simabuco 135
Edgar Cézar Nolasco

O LOCUS ENUNCIATIVO DE XIRÚ DE DAMIÁN CABRERA


Damaris Pereira Santana Lima 136

RELAÇÕES CONFLITUOSAS EM SÃO BERNARDO, DE


GRACILIANO RAMOS.
137
Everton Vinicius De Oliveira
Rosana Cristina Zanelatto Santos

PERSONAGENS FEMININAS EM AMORQUIA:


REPRESENTAÇÕES INSÓLITAS?
Carla dos Santos Meneses Campos 139
Ramiro Giroldo

13
PENSAR-SE NA TERCEIRA (E) PRIMEIRA PESSOA: reflexões a
partir da carta “Conversei ontem à tardinha com o nosso querido
Carlos”, de Silviano Santiago para Mario de Andrade
141
Francine Carla de Salles Cunha Rojas
Ricardo Magalhães Bulhões

CONVERSAS APÓCRIFAS SOBRE HERANÇAS TARDIAS E


GÊNEROS ANACRÔNICOS
143
Francine Carla de Salles Cunha Rojas
Ricardo Magalhães Bulhões

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NOS ESCRITOS DE JANE


AUSTEN E SAMUEL RICHARDSON E A ESCRITA FEMININA
145
Giovanna Stael de Abreu dos Santos
Fabiana de Lacerda Vilaço

O ESPAÇO NA CONSTITUIÇÃO DO CENÁRIO DISTÓPICO EM


NÃO VERÁS PAÍS NENHUM, DE IGNÁCIO DE LOYOLA
BRANDÃO
146
Isabela Boaventura Pimenta Gomide
Ramiro Giroldo

A DUALIDADE NO CONTO "D. MARIA"A PARTIR DA


MORFOLOGIA DE PROPP
148
Isabel Cristina Gonçalves de França
Rosana Cristina Zanelatto Santos

A VOZ DA BOLIVIANA: TESTEMUNHO NA OBRA ‘SI ME


PERMITEN HABLAR’
150
Julia Evelyn Muniz Barreto Guzman
Edgar Cézar Nolasco

14
AS RAZÕES PARA SER UM CORPO ESTRANHO SEJA NA
ESCOLA OU NA SOCIEDADE
Juliano Ribeiro de Faria 152
Marcos Antônio Bessa-Oliveira

OS SABERES DA FLORESTA: a relação do homem com natureza na


Literatura daimista de Raimundo Irineu Serra
154
Kássia Camilla Marques Rosa
Edgar Cézar Nolasco

A REPRESENTAÇÃO DO (ANIMAL-) PROFESSOR EM


MASTIGANDO HUMANOS, DE SANTIAGO NAZARIAN
156
Manal Ounkhir
Wellington Furtado Ramos

BERNARDO ÉLIS E DITADURA MILITAR


Marcelo Gonçalves de França 158
Rosana Cristina Zanelatto Santos

RE(DES)COBRINDO – CORPOS BIOGEOGRÁFICOS – OS


SABERES DO ENSINO DE ARTES
160
Marina Maura de Oliveira Noronha
Marcos Antônio Bessa-Oliveira

POLÍTICAS PARA UMA LITERATURA MARGINAL: A


EXTERIORIDADE COMO RECURSO CULTURAL.
162
Nathalia Flores Soares
Edgar Cézar Nolasco

15
OSMAN LINS: ESCRITOR E INTELECTUAL QUE NÃO
SILENCIOU SOBRE O SEU TEMPO
Raul Gomes da Silva 164
Márcia Rejany Mendonça

ZECA, SILVIANO, ANTÔNIO, STELLA, MACHADO,


GRACILIANO: FACETAS (BIO)FICCIONAIS DO ENSAÍSTA
SILVIANO SANTIAGO
166

Pedro Henrique Alves de Medeiros


Edgar Cézar Nolasco

PELAS VEREDAS DA MIRABILIA HAITIANA, EM A ILHA SOB


O MAR (2010)
168
Valéria Sales Menezes
Leoné Astride Barzotto

A ANGÚSNTIA DA FALTA EM THE MISSING PIECE, DE


SHEIL SILVERSTEIN
170
Vinícius Carvalho da Silva
Rosana Cristina Zanelatto Santos
A ESTRUTURA MORFOLÓGICA DE AS CRÔNICAS DE
NÁRNIA – O SOBRINHO DO MAGO, DE C.S. LEWIS, COMO
FONTE DE SEDUÇÃO DO LEITOR
172
Vinícius Carvalho da Silva
Rosana Cristina Zanelatto Santos

KAFKA: UM EXERCÍCIO TEÓRICO-FICCIONAL


Vinícius Gonçalves dos Santos
Edgar Cézar Nolasco 174

16
A FLOR DE MULUNGU: da diferença colonial ao suplemento
biográfico-cultural
175
Viviani Cavalcante de Oliveira Leite
Edgar Cézar Nolasco

ÁREA TEMÁTICA: POÉTICAS MODERNAS E CONTEMPORÂNEAS

TÍTULO PÁGINA

“EL MAYOR CRIMINAL QUE JAMÁS PISÓ LA TIERRA”: SOBRE


VIOLÊNCIA E VINGANÇA NO CONTO “PUTAS ASESINAS”,
DE ROBERTO BOLAÑO
177
Andre Rezende Benatti

"LASCIATE OGNE SPERANZA, VOI CH’INTRATE”: FIGURAS


INFERNAIS NO ABISMO DE SAMUEL BECKETT

Fabiana Vieira Gibim 179


Ramiro Giroldo

A TEMPORALIDADE COMO PROBLEMA HISTÓRICO EM A


MONTANHA MÁGICA, DE THOMAS MANN
181
Gong Li Cheng
Volmir Cardoso Pereira

UM OLHAR DISTINTO SOBRE A LITERATURA DE BORGES: 183


DO CÂNONE À FICÇÃO CIENTÍFICA

17
Carla Larissa dos Santos de Souza
Ramiro Giroldo

MIX MÍDIA E POESIA VISUAL NO CIBERESPAÇO: ANÁLISE


DO PERFIL DE INSTAGRAM PÓ DE LUA
185
Caroline Bertini Fernandes
Márcia Gomes Marques

ATRAVÉS DO ESPELHO E A UTOPIA QUE ALICE


ENCONTROU POR LÁ
187
Isabella Pereira Marucci
Ramiro Giroldo

DESDOBRAMENTOS TEMPORAIS NO CONTO ALGUÉM


DORME NAS CAVERNAS, DE RUBENS FIGUEIREDO:
PASSADO, PRESENTE E O HÁ DE VIR
189

Jucelia Souza da Silva


Ricardo Magalhães Bulhões

VIOLÊNCIA E BASTARDOS NAS OBRAS DE ANA PAULA


MAIA

Karina Kristiane Vicelli 190

ANÁLISE DA CATEGORIA DESCRITIVA EM CONTOS DE


ADRIANA LISBOA
191
Osmar Casagrande Júnior
Rauer Ribeiro Rodrigues

18
O ESPAÇO DA LITERATURA INFANTIL NAS LIVRARIAS E
AS PROBLEMÁTICAS DA CLASSIFICAÇÃO
192
Letícia da Silva Gomes
Patrícia Graciela da Rocha

LITERATURA BRASILEIRA E LEITOR: UMA RELAÇÃO


GOGNITIVA.
193
Rosimeire Santos Alecrin
Márcio Antonio de Souza Maciel

DÚVIDAS DE UMA ADOLESCENTE NO CONTO “ESCREVO


COISAS E APAGO”, DE VIVINA DE ASSIS VIANA
195
Rafaela Cristiane Pereira Maciel

“PROMESSA”, DE IVAN ÂNGELO: UMA METANARRATIVA,


DUAS HISTÓRIAS
196
Stelamaris da Silva Ferreira

A FIGURA DO ALCOVITEIRO NAS OBRAS MEMÓRIAS


PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS E DOM CASMURRO, DE
MACHADO DE ASSIS
198

Suéllen Silva Varela


José Alonso Tôrres Freire

ÁREA TEMÁTICA: LINGUAGENS, IDENTIDADES E ENSINO

19
TÍTULO PÁGINA

SOBRE A SIMPLIFICAÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA

Alexandre Luís Gonzaga


200
Marcos Lúcio S Góis

O ENCONTRO ENTRE OS MULTILETRAMENTOS E O


LETRAMENTO CRÍTICO: UM PREPARO DE AULAS
MULTIMODAIS POR E PARA SUJEITOS ATIVOS
202

Alberto Eikiti Okaigusiku


Fabiana de Lacerda Vilaço

FORMAÇÃO DOCENTE EM LÍNGUA ESPANHOLA NA EAD

Ana Beatriz Silva Brandão de Souza


204
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

REPERCUSSÃO E RECEPÇÃO DE
TRADUÇÕES/INTERPRETAÇÕES EM LIBRAS NO YOUTUBE
206
Ana Paula Saffe Mendes
Elaine de Moraes Santos

LUZ, CÂMERA, AÇÃO: A PRODUÇÃO DE VIDEOAULAS NA


UFMS
Annalies Padron Chiappetta
208
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

20
DA INTERAÇÃO À EVASÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA À LUZ DA
ENTROPIA SÓCIOINTERATIVA 210
Álvaro José dos Santos Gomes

VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NAS ESCOLAS


DE MIRANDA-MS
211
Annalies Padron Chiappetta
Patricia Graciela da Rocha

UMA ANÁLISE DISCURSIVA DO FILME EM NOME DA LEI:


FRONTEIRA COMO ESTADO DE VIOLÊNCIA
212
Elza Carolina Beckman Pieper
Marcos Lúcio de Sousa Góis

DISCURSOS ACADÊMICOS SOBRE OS TERENA E RELIGIÃO:


UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
214

Evelyne Gregório Xavier


Marcos Lúcio de Sousa Góis

A PRODUÇÃO DE CURTAS COMO FERRAMENTA


DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA
216
Fabiano da Silva Araujo
Nara Hiroko Takaki

21
DISCUTINDO EPISTEMOLOGIAS DECOLONIAIS NO ENSINO
DE LÍNGUAS A PARTIR DA BASE NACIONAL COMUM 218
CURRICULAR
Francisco Leandro Oliveira Queiroz
Nara Hiroko Takaki

UM ANÁLISE DISCURSIVO-DESCONTRUTIVA DA
MATERIALIDADE DA LEI 11.645/08: (DES)CAMINHOS DA
INCLUSÃO DAS HISTÓRIAS E CULTURAS INDÍGENAS NO
220
CENÁRIO EDUCACIONAL BRASILEIRO

Icléia Caires Moreira


Vânia Maria Lescano Guerra

LETRAMENTO CRÍTICO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA:


UMA ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA KAHOOT
223
Iasmin Maia Pedro
Fabiana Poças Biondo Araújo

PRÁTICAS TRANSLÍNGUES POR ACADÊMICOS-


PROFESSORES NO IDIOMA SEM FRONTEIRAS: DEUS QUE
ME FREE! 225
Gabriela Claudino Grande

MULTIMODALIDADES, GÊNERO E FEMINISMO: O


TRABALHO COM MEMES NO ENSINO MÉDIO TÉCNICO
227
Juvenal Brito Cezarino Júnior
Fabiana Poças Biondo Araújo

22
LETRAMENTO DIGITAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Iúri Bueno 229


Ruberval Franco Maciel

NARRATIVAS DIGITAIS FEMINISTAS: LINGUAGENS E


ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO VIRTUAL ALÉM DAS
REDES
231

Letícia de Faria Ávila Santos


Rosana Cristina Zanelatto Santos

ACADÊMICA E PROFESSORA-BOLSISTA EM UM CURSO DE


PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL: RELATO DE UMA
EXPERIÊNCIA
233

Laura de Souza Martins Brasil Ovelar


Marta Banducci Rahe

PRÁTICAS TRANSLÍNGUES NO ENSINO-APRENDIZAGEM


DE LIBRAS
235

Maria de Lourdes Rodrigues Balabuch


Nara Hiroko Takaki

TRANSLINGUAGEM EM PRÁTICA: O BILINGUISMO DA


ESCRITA
238

Marina Lopes de Santana Fonseca


Fabiana de Lacerda Vilaço

23
MÍDIAS DIGITAIS E PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS NAS
AULAS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO
ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO TÉCNICO
240

Márcio Palácios de Carvalho


Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

AS COLEÇÕES DE DISCOS PARA O ENSINO DA LÍNGUAS


VIVAS: UM DIÁLOGO ENTRE A LINGUÍSTICA APLICADA
HISTORIOGRÁFICA E A CULTURA MATERIAL
242
Marta Banducci Rahe

A REGULAÇÃO DO BINÁRIO DE GÊNERO EM INTERAÇÕES


VIRTUAIS: UMA ANÁLISE DE #MATHEUSA NO TWITTER
243
Mayole Vitória Velasques
Fabiana Poças Biondo Araújo

O CONFLITO LINGUÍSTICO E IDENTITÁRIO DO SUJEITO


SURDO TERENA: UMA REFLEXÃO SOBRE POLÍTICA
LINGUÍSTICA
245
Michelle Sousa Mussato
Claudete Cameschi de Souza

REPERTÓRIOS LINGUÍSTICOS EM AÇÃO: PRÁTICAS


GRAFOCÊNTRICAS TRANLÍNGUES EM AVALIAÇÕES NO
ENSINO SUPERIOR
248

Milena Oliveira Reis


Gabriela Claudino Grande

24
ENQUADRAMENTO MIDIÁTICO LOCAL: UMA
INVESTIGAÇÃO DOS DISCURSOS SOBRE A QUESTÃO
INDÍGENA E A LUTA POR TERRAS
250
Monalisa Iris Quintana
Elaine de Moraes Santos

VOZES INDÍGENAS NO ESPAÇO VIRTUAL: OS POVOS


TERENA NO FACEBOOK
252
Nair Cristina Carlos de Medeiros
Claudete Cameschi de Souza

(RE)DEFINIÇÕES E (DES)CONSTRUÇÕES DO IMAGINÁRIO


FEMININO SOBRE SI NOS MEMES DE “BELA, RECATADA E
DO LAR”: UMA PRÁTICA SOCIAL DE RESISTÊNCIA
254

Patricia Damasceno Fernandes


Elaine de Moraes Santos

A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NA CIDADE DE PORTO


MURTINHO/MS E AS QUESTÕES DE (DES)PRESTÍGIO,
(DES)VALORIZAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NA 255
ESCOLA
Patrícia Graciela Da Rocha

PROJETO DE LABORATÓRIO DE MULTILETRAMENTOS:


UMA PROPOSTA DE INCLUSÃO AOS GÊNEROS
ACADÊMICOS
256
Silvia Naara Oliveira
Rosineide Magalhães De Sousa

AVALIAÇÃO DO DOMÍNIO AFETIVO: VISLUMBRANDO


CAMINHOS POR MEIO DA PLATAFORMA EDUCACIONAL
ADDITIO
258

25
Poliana Sabina Quintiliano Silvesso
Sueli Maria Ramos da Silva

A MULTIMODALIDADE TEXTUAL E O PAPEL DA ESCOLA


NO PROTAGONISMO ESTUDANTIL
260
Thaís Rodrigues Corrêa
Nagila Kelli Prado Sana Utinoi

LEITOR DE PAPEL, LEITOR VIRTUAL: O LIVRO E A


LITERATURA NO TERRITÓRIO DAS TECNOLOGIAS
CONTEMPORÂNEAS
262
Sóstenes Renan de Jesus Carvalho Santos

A UFMS E A INTERNACIONALIZAÇÃO: ACADÊMICOS


ESTRANGEIROS NO PROJELE
265
Thaynara Vicente Lima
Marta Banducci Rahe

A LITERATURA DE RESISTÊNCIA COMO MEDIADORA NO


PROCESSO DE EMPODERAMENTO DA CRIANÇA NEGRA
267
Mário Henrique dos Santos Lopes
Eliane Maria de Oliveira

ÁREA TEMÁTICA: BANNER

TÍTULO PÁGINA

26
PRECONCEITO DE PROCEDÊNCIA REGIONAL E
IDENTIDADE LOCAL NO BRASIL: um relato das experiências
vividas por acadêmicos da UFMS
270
Amanda da Silva Duarte
Elaine de Moraes Santos

A EVASÃO NOS CURSOS DE LETRAS DA UFMS: OS


NÚMEROS E OS MOTIVOS

Annalies Padron Chiapetta 272


Patrícia Graciela Da Rocha

THE WALKING DEAD EM TEMPOS PÓS-HUMANISTAS,


TRANSLÍNGUES E CRÍTICOS
273
Fhilipe Germano Rigamonte
Nara Hiroko Takaki

PIBID - ALÉM DAS PALAVRAS:


LEITURA E ESCRITA COM BASE EM ATIVIDADES SOCIAIS
E GÊNEROS TEXTUAIS UM ESTUDO SOBRE CHARGE E
274
RELATO.

Amanda Ferreira da Silva


Daniel de Britto Araújo
Eduardo Arnaldo Ortiz
Gabriele Modesto Fluhr Vilalba
Profa. Maria Luceli Faria Batistote

TOPONÍMIA E MEIO AMBIENTE: UM ESTUDO PRELIMINAR


NA TOPONÍMIA URBANA DE CAMPO GRANDE/ MS
275
Bruna da Silva Bruno
Aparecida Negri Isquerdo

27
IMPACTOS DA MONITORIA NA FORMAÇÃO DOCENTE:
SOCIALIZAÇÃO E INSERÇÃO ACADÊMICA

Geovana Lopes da Silva 277


Ana Beatriz Silva Brandão de Souza
Profa. Cleovia Almeida de Andrade

ATRAVÉS DO DISCURSO E ENUNCIADO POLÍTICO: AS


MANOBRAS ESTABELECIDAS PELO USO DO CONECTOR,
MAS.
278
Giovanna Alícia Camargo
Monica Alvarez Gomes

PROJELE/FAALC: A CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA DE


SATISFAÇÃO PARA O CRESCIMENTO DOS PROJETOS DE
EXTENSÃO
279
Isabela Aparecida Moura Marques
Mariana Morais Riquelme
Profa. Marta Banducci Rahe

CARTAZES E ENTORNOS: FOCO EM ATTUNMENT EM LA


PÓS-HUMANISTA
280
João Vitor Fuji Sonchini
Nara Hiroko Takaki

DA CABEÇA AOS PÉS: A LÍNGUA CORPORIFICADA

Ezequiel da Costa Dias


282
Isabela Boaventura Pimenta Gomide
Lucas Brites Leque
Profa. Mônica Alvarez Gomes

28
RODAS DE LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA: A
EXTENSÃO COMO FERRAMENTA DE ENSINO E CULTURA

Mayole Vitória Velasques 284


Iasmin Maia Pedro
Profa. Fabiana de Lacerda Vilaço

O EFEITO BOLSONARO NA HIPERMÍDIA: ANÁLISE


DE MEMES DISCURSIVOS NA CAMPANHA
PRESIDENCIAL DE 2018 286
Matheus Santos de Araújo
Elaine de Moraes Santos

IDENTIDADE E SELFIE: GÊNERO POST DO INSTAGRAM


COMO PRÁTICA DE MULTILETRAMENTOS EM AULAS DE
LÍNGUA INGLESA
287
Amanda Ferreira da Silva
Nathalia Rovaris Diório Medeiros
Profa. Nara Hiroko Takaki

O PAPEL DO PROJELE COMO PROJETO DE EXTENSÃO


UNIVERSITÁRIO NA FORMAÇÃO ACADÊMICA E
PROFISSIONAL DOS DISCENTES DO CURSO DE LETRAS DA
UFMS. 289
Nicole Maciel de Souza
Renata Alves dos Santos
Profa. Marta Banducci Rahe

TOPÔNIMOS COM NOMES DE PROFISSÕES NA CIDADE DE 291


CAMPO GRANDE/MS: ESTUDO PRELIMINAR

29
Patricia Mara Medina Leirias dos Santos
Profa. Aparecida Negri Isquerdo

DO ROTEIRO AOS PROTAGONISTAS: A MUTABILIDADE


ARQUETÍPICA DA SÉRIE THE END OF THE F***ING WORLD

Renan da Silva Dalago 293


Ágatha Martins Avila
Prof. Altamir Botoso

A MULTIMODALIDADE TEXTUAL E O PAPEL DA ESCOLA


NO PROTAGONISMO ESTUDANTIL
295
Thaís Rodrigues Corrêa
Nagila Kelli Prado Sana Utinoi

OS GÊNEROS TEXTUAIS PRESENTES EM UMA COLEÇÃO


DE LIVROS DIDÁTICOS PARA O ENSINO MÉDIO: COMO É
CONDUZIDA A ANÁLISE LINGUÍSTICA?
297
Eliana Aparecida Prado Verneque Soares
Patricia Graciela da Rocha

VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NAS ESCOLAS


DE PORTO MURTINHO-MS: A PERSPECTIVA DOS
PROFESSORES 299
Rosa Anastácio
Patrícia Graciela da Rocha

30
DENOMINAÇÕES PARA O BRINQUEDO “BALANÇO” NO ESTADO DE SÃO
PAULO: ANÁLISE DIATÓPICA E LÉXICO-SEMÂNTICA

Beatriz Aparecida Alencar


Aparecida Negri Isquerdo

Os entretenimentos infantis permeiam o imaginário de crianças e adultos e devido a sua


relevância para a cultura de uma população acaba por influenciar, conscientemente ou não no
comportamento linguístico de um grupo social. Este trabalho analisa, em termos diatópico e
léxico-semântico, as denominações para o conceito expresso na pergunta 166, do Questionário
Semântico-lexical do Projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil), área semântica dos jogos e
diversões infantis: “uma tábua, pendurada por meio de cordas, onde uma criança se senta e se
move para frente e para trás?” (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB, 2001, p. 35),
coletadas pelo Projeto ALiB nas 37 localidades que integram a rede de pontos desse projeto no
estado de São Paulo e em 10 pontos de inquéritos situados na fronteira desse estado,
considerados como área de controle neste estudo (uma localidade no MS; duas no RJ; três no
PR e quatro em MG). Desse modo, o corpus para este trabalho foi constituído pelas respostas
fornecidas por 188 informantes, quatro de cada uma das localidades investigadas, de ambos os
sexos, de duas faixas etárias (10-30; 50-65), com ensino fundamental incompleto. O estudo
pauta-se em fundamentos teóricos da Dialetologia (CARDOSO, 2010), da Lexicologia
(BIDERMAN, 2001), da Semântica (COSERIU, 1979; POTTIER, 1968) e da Etnolinguística
(SAPIR, 1969). Este estudo tem, pois, como objetivos: i) evidenciar, com base nos dados
lexicais relacionados à pergunta assinalada, a indissociável relação entre léxico, cultura e
história social, no caso a do estado de São Paulo; ii) delinear possíveis áreas dialetais de uso
das variantes lexicais documentadas; iii) comparar os dados com outros estudos já concluídos
com base em dados das localidades assinaladas ou adjacentes, como o ALPR II (ALTINO,
2007); o ALTOSP (SANTOS-IKEUCHI, 2014) e o estudo com o Falar Fluminense (SANTOS,
2016) com o objetivo de examinar a produtividade das denominações em áreas próximas ao
estado de São Paulo. O estudo demonstrou que a variante balanço é a mais produtiva no corpus
analisado, embora outras denominações tenham se destacado segundo as localidades em que
foram registradas, como é o caso da unidade lexical balango, muito utilizada nas regiões oeste
e sudoeste do estado de São Paulo, bem como nas localidades da área de controle pertencentes

31
ao estado do Paraná. Esse fenômeno aponta para a presença de vestígios do processo de
povoamento ocorrido na região no final do século XIX que ainda se reflete no léxico local.

Palavras-chave: Dialetologia; Projeto ALiB; Jogos e Diversões Infantis; São Paulo; balanço.

Referências:

ALTINO, Fabiane Cristina. Atlas Linguístico do Paraná II. 2007. 2 v. Tese. (Doutorado em
Estudos da Linguagem) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2007.
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria Linguística: linguística quantitativa e
computacional. Rio de Janeiro: LTC Ed., 2001c.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Geolinguística: Tradição e modernidade. São Paulo:
Parábola, 2010.
COSERIU, Eugênio. Teoria da linguagem e linguística geral. Trad. Agostinho Dias Carreiro.
Rio de Janeiro: Presença, São Paulo: Edusp, 1979.
POTTIER, Bernard. Presentación de la linguistica: Fundamentos de una teoria Madrid:
Ediciones Alcala, 1968.
SANTOS, Leandro Almeida dos. Brincando pelos caminhos do Falar Fluminense. 2016. 197 p.
Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura) Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
– Instituto de Letras. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
SANTOS-IKEUCHI. Ariane Cardoso dos. Atlas Linguístico Topodinâmico do Estado de São
Paulo. 364f.Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem). Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 2014.
SAPIR, Edward. Linguística como ciência. Rio de Janeiro: Ed. Livraria Acadêmica, 1969.

32
UMA ANÁLISE DA SOLDADURA ORTOGRÁFICA DE TOPÔNIMOS
POLILEXICAIS DE ORIGEM INDÍGENA
Camila André do Nascimento da Silva
Aparecida Negri Isquerdo

Este trabalho analisa, à luz das teorias fraseológica e toponímica, uma amostra de topônimos
de origem indígena, cujos elementos de origem foram unidos pelo processo de soldagem
ortográfica. O corpus examinado foi obtido por meio de consulta ao Sistema do Projeto Atlas
Toponímico do estado de Mato Grosso do Sul (ATEMS), que armazena cerca de 15.000
topônimos que nomeiam acidentes físicos e humanos, rurais, dos 79 municípios do estado,
examinando a estrutura morfológica dos topônimos, considerando as tendências da composição
fraseológica envolvidas no processo de formação dos topônimos investigados que, no estágio
sincrônico da língua, são normalmente classificados como unidade lexical simples. A amostra
consultada é formada por cerca de 1.297 topônimos de bases polilexicais, como ocorre em
topônimos como (córrego) Umbaúba [m.q. ambayba: “árvore de vazios ou que tem o tronco
oco” (SAMPAIO, 1928, p. 151)]; (rio) Jaguari [m.q. yaguár-y: “o rio da onça” (SAMPAIO,
1928, p. 266)]; (córrego) Baguaçu [m.q. babaço: “do tupi iuaua’as < i’u ‘fruta’ + ua’su ‘grande’,
espécie de palmeira cujo fruto é o coco-babaço” (CUNHA, 1999, p. 67)]; (córrego) Piraputanga
["do tupi pirapi’tana, pi’ra ‘peixe’, pi’tana ‘avermelhado’ (CUNHA, 1999, p. 240)]. Para tanto,
foi buscada orientação teórica nos estudos fraseológicos (GROSS, 1982; 1996; MEJRI, 1997;
2005; 2008; CORPAS PASTOR, 1996), incluindo a categoria dos fraseotopônimos
(MARQUES, 2018), nos fundamentos da Toponímia (LONGNON, 1878; DAUZAT 1922;
DRUMOND, 1965; DICK, 1990; 1992; 1997), no âmbito da morfologia, (CAMARA JR., 2001;
SILVA, 2001; KEHDI, 2001; 2007) e para a descrição de topônimos de natureza etimológica
foram consultadas obras lexicográficas de línguas indígenas (SAMPAIO, 1928; TIBIRIÇÁ,
1985; 1989; NAVARRO, 2013; CUNHA, 1999), entre outros. Os resultados parciais da análise
indicam que na toponímia sul-mato-grossense há um alto grau de vitalidade de topônimos
polilexicais, muitos deles subjacentes na base etimológica que deu origem a topônimos que, no
estágio atual da história do nome, são interpretados como de estrutura “simples”. Os resultados
deste estudo somam aos de outros em andamento que têm atestado a importância, não só do
diálogo entre a Fraseologia e a Toponímia, como também de estudos acerca da polilexicalidade
de topônimos de base indígena a partir da sua etimologia. Pretende-se, dessa forma, estabelecer
uma interface consistente entre esses dois âmbitos de investigação e demonstrar a contribuição
de um estudo fraseotoponímico a partir da origem dos topônimos como estratégia de
interpretação de topônimos de base indígena. (Apoio: CAPES/COFECUB).
Palavras-chave: Topônimos polilexicais. Línguas Indígenas. Mato Grosso do Sul. ATEMS.
Referências:

33
ATEMS – Atlas Toponímico de Mato Grosso do Sul. Sistema de Dados. Campo Grande:
UFMS, 2018 (acesso restrito).
CAMARA JR., Joaquim Mattos. Estrutura da língua portuguesa. 34 ed. Petrópolis, 2001.
CORPAS PASTOR, Glória. Manual de fraseologia española, Madrid: Gredos, 1996.
CUNHA, Antônio Geraldo. Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem tupi. 5.
ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília: Universidade de Brasília, 1999.
DAUZAT, Albert. Les noms de lieux. Paris, Librairie Delagrave, 1922.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São
Paulo: Edições Arquivo do Estado, 1990.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de
Estudos. São Paulo: Serviço de Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1992.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. Método e questões terminológicas na Onomástica.
Estudo de Caso: A toponímia do estado de São Paulo. In: Investigações: Linguística e Teoria
Literária, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da UFPE, Recife, v. 9, p. 119-
148, março/1999.
DRUMOND, Carlos. Contribuição do Bororo à toponímia brasílica. São Paulo, Universidade
de São Paulo/Instituto de Estudos Brasileiros/USP, 1965.
GROSS, M. “Une classification des phrases figées du français”, Revue Québécoise de
linguistique, v. 11, n. 2, 1982, p. 151-185.
GROSS, M. Les expressions figées en français. Noms composés et autres locutions. Paris:
Ophrys, 1996.
KEHDI, Valter. Morfemas do português. 2. Ed. - São Paulo: Ática, 2001.
KEHDI, Valter. Formação de palavras em português. 4. Ed. - São Paulo: Ática, 2007.
MARQUES, E. A. Fraseotopônimos: estabelecendo diálogos entre a fraseologia e a toponímia.
Revista Guavira, 2018.
MEJRI S. Le figement lexical, descriptions linguistiques structuration sémantique, Tunis,
Publications de La Faculté des Lettres, Université de La Manouba, 1997.
MEJRI S. Figment absolu ou relatif: La notion de fegré de figement. Département de Scienes
du langage, Université Paris Ouest, 2005.
MEJRI, Salah; MOGORRÓN, Pedro Huerta. (dirs.). Las construcciones verbo-nominales
libres y fijas: aproximación contrastiva y traductológica. Universidad de Alicante, 1 vol. 2008.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do
Brasil. São Paulo: Global, 2013.
SAMPAIO, Teodoro. O tupi na geografia nacional. 3. ed. Bahia: Secção Graphica da escola
de Aprendizes Artificies, 1928.
SILVA, Rosa Virgínia Mattos e. O português arcaico morfologia e sintaxe. 2 ed. – São Paulo:
Contexto, 2001.
TIBIRIÇÁ, Luíz Caldas. Dicionários de Topônimos de Origem Tupi: Significado dos nomes
geográficos de origem tupi. São Paulo: Traço Editora, 1985.
TIBIRIÇÁ, Luíz Caldas. Dicionário Guarani Português. São Paulo: Traço editora. 1989.

34
ARQUITETURA DAS OBRAS LEXICOGRÁFICAS
Claudio de Assis da Cunha
Toda obra lexicográfica é organizada de acordo com dois eixos fundamentais: a macroestrutura,
que para alguns autores é composta pelas entradas de verbete dispostas de acordo com um
critério de ordenação escolhido, que podem ser, por exemplo, por ordem alfabética, ordem
alfabética inversa, por famílias de palavras, por conceitos, etc; para outros, a soma de todas as
partes que compõem a obra: anexos, suplementos e tudo mais que possa estar contido em um
trabalho dessa natureza. E a microestrutura, que é o conjunto das informações a respeito da
palavra entrada, e que segue, da mesma forma, critérios de ordenação, formato e conteúdos
determinados pelo autor segundo o público alvo e a finalidade da obra. O presente artigo busca
fornecer subsídios para a compreensão das especificidades desses dois eixos estruturantes das
obras lexicográficas. Nessa linha, o trabalho discute como se dá o processo de lematização que
visa reduzir paradigmas em formas canônicas usadas para compor as palavras que encabeçam
os verbetes. Levanta também o problema da polissemia e homonímia, que, respectivamente,
dizem respeito às palavras que têm a mesma grafia, mas significados diferentes, e às palavras
de significação múltipla. Com o intuito de exemplificar as diversas microestruturas possíveis,
o trabalho finaliza apresentando verbetes de cinco tipos diferentes de dicionário, a saber: um
dicionário geral, um bilíngue, um etimológico, um histórico e um de especialidade, para que se
possam analisar as variadas informações que podem figurar em tipos diferentes de dicionário,
bem como os recursos gráficos que auxiliam na organização das informações constantes nos
verbetes.
Palavras-chave: macroestrutura; microestrutura; lexicografia; entrada.
Referências:
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. A ciência da lexicografia. In BIDERMAN, Maria Tereza
Camargo. (org.). ALFA: Revista de lingüística. vol 28 (supl.). São Paulo: Universidade Estadual
Paulista, 1984, p. 1-26.
CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática referente à língua
portuguesa. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.
CASTILLO CARBALLO, Maria Auxiliadora. La macroestructura del diccionario. In
GUERRA, Antonia Maria Medina (org.) Lexicografía española. Barcelona: Ariel.
2003, p.79-100.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem tupi.
5. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

35
___________________________. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua
portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
DUBOIS, Jean. et al. Dictionnaire de linguistique. Paris, Larousse, 1973.
ESCRIBANO, Cecilio Garriga. La microestructura del diccionario: las informaciones
lexicográficas. In GUERRA, Antonia Maria Medina (org.) Lexicografía española. Barcelona:
Ariel, 2003. p. 103-125.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3
ed. Curitiba, Positivo, 2004.
GALVEZ, José A. Dicionário Larousse francêsportuguês – portuguêsfrancês: mini. São
Paulo: Larousse do Brasil, 2005.
GEERAERTS, Dirk. The scope of diachronic onomasiology. In AGEL, Vilmos et al (org.). Das
Wort. Seine strukturelle und kulturelle Dimension. Tübingen: Niemeyer, 2002, p. 29-44.
HAENSCH, Gunther. et al. La Lexicografia: De la Lingüística Teórica a la Lexicografia
Práctica. Madrid: Gredos. 1982.
PORTO DAPENA, José-Álvaro. Manual de técnica lexicográfica. Madrid: Arco Libros, 2002.
REY-DEBOVE, Josette. Étude linguistique et sémiotique des dictionnaires français
contemporains. Paris: Mouton, 1971.
_____________, Josette. Léxico e dicionário. In BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. (org.).
ALFA: Revista de lingüística. vol 28 (supl.). São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 1984,
p. 45-70.
RIVA, Huélinton Cassiano. Dicionário onomasiológico de expressões idiomáticas usuais na
língua portuguesa do Brasil. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, São José do
Rio Preto, 2009.

36
FRASEOLOGISMO DA ÁREA SEMÂNTICA DA HABITAÇÃO NA REGIÃO
CENTRO- OESTE : UM ESTUDO COM BASE DE DADOS ORAIS
Carla Tatiane Pereira Dias
Elizabete Aparecida Marques

RESUMO – A Fraseologia é um campo de estudo muito vasto no território da linguística, que,


historicamente, se constituiu como uma disciplina autônoma que tem como objeto de estudo as
sequências fixas, fraseologismos ou unidades fraseológicas. O objeto de estudo desta pesquisa
são as sequências fixas do léxico de falantes da região Centro-Oeste do Brasil. Diante disso,
este trabalho, vinculado ao projeto VALEXTRA: (Variação lexical: teorias, recursos e
aplicações): do condicionamento lexical às constrições pragmáticas visa a estudar o vocabulário
dialetal relativo à área semântica habitação documentado pelo Projeto ALiB (Atlas Linguístico
do Brasil) na rede de pontos do interior da região Centro-Oeste do Brasil (21 localidades), com
vistas a verificar a existência ou não de fraseologismos. De modo específico, o trabalho analisa
os fraseologismos identificados nas respostas fornecidas pelos 84 falantes às perguntas do 168,
169, 170, 171, 172, 173, 174 e 175 do Questionário Semântico Lexical, buscando traçar
possíveis padrões fraseológicos evidenciados no corpus em estudo. Metodologicamente, os
dados foram levantados nos inquéritos do projeto ALIB na área semântica da habitação,
inquéritos realizados com falantes da rede de pontos dos três estados da região Centro-Oeste,
buscando traçar possíveis padrões fraseológicos evidenciados no corpus em estudo. Do ponto
de vista teórico, o trabalho apoia-se nos estudos de Ruiz Gurillo (1997), Sabino (2011) e Lemos
(2014). Nos resultados analisamos os fraseologismos recorrentes em três estados obtivemos
respostas diversificadas, porém podemos ressaltar que a pergunta 171 teve um maior número
de fraseologismo com o mesmo nome.
Palavras-chave: Sequências fixas; Habitação e Centro-Oeste.

Referências
RUIZ GURILLO, L. Aspectos da fraseología teórica española. Valencia, 1997.p.1-42
SABINO, A. O campo árido dos Fraseologismos. Signótica,v.3 ,n.2, 2011.

37
COMPETÊNCIA LEXICAL: UM ESTUDO DO MORFEMA AGENTIVO -DOR EM
PORTUGUÊS
Cleonice Candida Gomes

Este trabalho tem o objetivo de discutir o conceito de competência lexical a partir do estudo do
sufixo agentivo -DOR. O conceito de competência lexical se refere ao conhecimento da
estrutura interna das palavras. Esse conhecimento das regras de formação das palavras guia o
falante na criação de novos itens lexicais. O trabalho se situa no quadro teórico da morfologia
gerativa, morfologia baseada na palavra, conhecida como o modelo de análise item e processo.
Nesse modelo, o morfema não é a unidade básica de análise, mas a palavra. Esse modelo é
aglutinativo, a concatenação dos elementos se dá em um nível mais abstrato, no nível das
formas subjacentes ou teóricas, e não no nível do enunciado. A essas formas subjacentes, são
aplicados processos ou operações que as transformam nas formas de superfície. Assim, as
irregularidades que podem aparecer nas formas de superfície são aparentes e possíveis de serem
explicadas. O processo de formação de palavras estudado é o processo de derivação sufixal. O
sufixo agentivo -DOR se aplica a verbos; esse processo, que transforma verbo em nome, é
denominado nominalização stricto sensu. Nesse tipo específico de nominalização, que se difere
da nominalização lato sensu, ocorre a associação paradigmática entre verbos e nomes com base
em um padrão lexical geral; enquanto que, na nominalização lato sensu, há a criação de um
nome a partir de qualquer outra categoria. Esses dois tipos de nominalização são categoriais,
isto é, nelas, ocorre a mudança de uma dada categoria para nome. Assim, a metodologia deste
trabalho consiste em verificar a quais verbos se aplica o sufixo agentivo -DOR e a quais verbos
essa regra não se aplica e determinar as razões linguísticas para as restrições, buscando explicar
o conhecimento que o falante possui a respeito dessa regra de formação de palavra em
português, o que reflete a sua competência lexical.

Palavras-chave: competência lexical; item e processo; derivação sufixal; sufixo agentivo -


DOR.

Referências
BASÍLIO, Margarida. Estruturas lexicais do português: uma abordagem gerativa. Petrópolis;
Vozes, 1980.
ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte:
Editora da UFMG, 1998.
ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2002.

38
AMOSTRAGEM DA VARIAÇÃO NA LINGUAGEM FALADA EM PRÁTICA
AGRÍCOLA: CAMPO SEMÂNTICO-LEXICAL DE PREPARO DO SOLO NA
REGIÃO DE DOURADOS/MS
Ioneide Negromonte de Vasconcelos Rocha

Na língua, cada falante manifesta as crenças, os costumes, os valores, a religião, a visão de


mundo. Com base nesse princípio, estudar o léxico de uma língua significa desvendar o
conhecimento da história social do povo que a utiliza. O propósito deste trabalho visa ao estudo
da variação do léxico corrente sobre práticas agrícolas em uso para identificar, comparar e
analisar as principais semelhanças, divergências e convergências relacionadas ao campo
semântico-lexical de preparo do solo, presentes na fala de três grupos de informantes envolvidos
com a teoria e/ou prática do cultivo da agricultura: acadêmicos em formação e docentes do
curso de Agronomia e produtores rurais de área de agricultura da região de Dourados/MS.
Parte-se de um corpus por amostragem de entrevistas orais com questões dirigidas sobre os
procedimentos de práticas agrícolas cultiváveis na região; gravadas, transcritas e armazenadas.
Essas entrevistas foram cedidas por 35 alunos graduandos, matriculados no curso de
Agronomia, 05 professores atuantes em curso de Agronomia da Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD), Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) e
Faculdade Anhanguera de Dourados e 15 produtores rurais em agricultura. Esta pesquisa
baseia-se nos pressupostos teóricos da Lexicologia, acrescentando fundamentos da Dialetologia
e da Sociolinguística. No que concerne a Lexicologia, especificamente os aspectos léxico-
semânticos, os estudos foram orientados por Sapir (1961), Rey (1970), Pottier (1978), Lyons
(1979), Biderman (2001); a base da Dialetologia tem como fonte Ferreira e Cardoso (1994),
Ferreira et al (1996); da Sociolinguística, Tarallo (1986), Preti (2003), Bortoni-Ricardo (2004),
dentre outros. A Linguística de Corpus, segundo preceitos de Berber Sardinha (2003, 2004,
2005), contribuiu para a realização dos procedimentos metodológicos. O léxico é analisado
dentro de um processo de interação com o próprio meio social, possibilitando a identificação
das diferenças e semelhanças dos níveis de uso, que podem ser observados tanto em unidades
lexicais técnicas (próprias da Literatura de práticas agrícolas) quanto na fala corrente, revelando
a variação lexical na fala dos informantes. A busca das lexias para análise dos dados foi
realizada com o auxílio da Linguística de Corpus, utilizamos, portanto, o Programa Word Smith
Tools para processamento desses dados. Assim, este trabalho propiciou compreender a
linguagem e observar que uso das lexias do campo semântico de preparo do solo são variações
de uso independentes do grau de instrução, meio social do falante e que esses comportamentos
linguísticos fazem parte da identidade do povo, frente à realidade agrícola que vivencia.

Palavras-chave: Lexicologia; variação lexical; campos léxico-semânticos de práticas


agrícolas. Agronomia; Dourados-MS.

39
Referências:

BERBER SARDINHA, T. Usando WordSmith Tools na invertigação da linguagem. São


Paulo, 1999. Disponível em: < www2.leal.pucsp.br/direct/DirectPapers40.pdf >. Acesso em: 7
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______. Que tipo de corpus é a Web? Revista da ANPOLL, São Paulo, v. 1, n. 15, p.191-220,
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______. A influência do tamanho de corpus de referência na obtenção de palavra-chave usando
o programa computacional WordSmith Tools. The ESPecialist, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 183-
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______. Pesquisa em linguística de corpus com WordSmith Tools. São Paulo, 2006.
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______. Lista de palavras de subcorpus da escrita. São Paulo, Disponível em:
<http://www2.lael.pucsp.br/~tony/temp/bp/bp_txt_escrita.zip>. Acesso em: 5 nov. 2013.
BIDERMAN, M. T. C. A estrutura mental do léxico. In: Estudos da filologia e linguística.
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______. As ciências do léxico. In: ISQUERDO, A. N.; OLIVEIRA, A. M. P. P. (Org). As
ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. 2 ed. Campo Grande: Ed. UFMS,
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40
______. Análise de dois dicionários gerais do português brasileiro contemporâneo: o Aurélio e
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lexicologia, lexicografia e terminologia. Campo Grande: Ed. UFMS, p.185-200,2004.
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BORTONI-RICARDO, S. M. A migração rural-urbana no Brasil: uma análise sociolinguística.
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Pimentel. São Paulo: Editora Nacional: Ed. da Universidade de São Paulo, 1979.
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Notas de J. Mattoso Câmara Jr. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1961. Vol.1.
TARALLO, F. A. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática. 1986. (Série Princípios).

41
DENOMINAÇÕES PARA “GOGÓ” NAS REGIÕES NORTE E SUL DO BRASIL:
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO ALIB
Juliany Fraide Nunes

Em um país com dimensões territoriais como a do Brasil, embora haja uma norma linguística
geral em uso por todos os falantes, há também realizações regionais que evidenciam
peculiaridades motivadas por fatores extralinguísticos, como a cultura e a geografia. O estudo
da norma em suas variações regionais é realizado, dentre outros níveis, a partir do léxico, acervo
vocabular de que o falante se vale para se comunicar com os demais membros de uma
comunidade linguística. Para este estudo foi selecionada a pergunta 105 do QSL – Questionário
Semântico-Lexical do Projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil) - que busca denominações
para a “parte alta do pescoço do homem”. Foram analisadas as respostas fornecidas pelos
informantes do ALiB pertencentes a 69 localidades da rede de pontos das regiões Norte e Sul
do Brasil (interior), coletadas in loco junto a 276 informantes que foram selecionados segundo
o seguinte perfil: duas faixas etárias (18 a 30 e 50 a 65 anos), de ambos os sexos, nível de
escolaridade ensino fundamental, nascidos e criados nas localidades pesquisadas, com pais,
preferencialmente, da mesma região linguística. O recorte do corpus analisado nesse trabalho
reúne 14 variantes léxicas (220 ocorrências) que nomeiam o conceito expresso na pergunta
105/QSL. Dessas unidades léxicas, foram mais produtivas gogó, nó na garganta e pomo de
Adão. O exame dos dados considerou três perspectivas: i) distribuição diatópica das variantes
representada por meio de cartas linguísticas; ii) exame de aspectos relativos a processos de
mudança e de manutenção do léxico que nomeia a “parte alta do pescoço do homem”; iii)
análise semântica das variantes, com ênfase para a questão dos tabus linguísticos. O estudo
pautou-se em princípios teóricos da Dialetologia/Geolinguística, da Lexicologia e da
Semântica.

Palavras-chave: léxico; corpo humano; atlas linguístico; projeto ALiB; tabus linguísticos.

Referências
Biderman, Maria Tereza Camargo (2001): Teoria linguística. Teoria lexical e linguística
computacional. São Paulo: Martins Fontes.
Coseriu, Eugenio (1982): O homem e sua Linguagem. São Paulo: Universidade de São Paulo.
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Nacional.
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Barcelona.
42
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Estudos de Linguagem) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande –
MS.
Rodrigues, José Carlos (2006): Tabu do corpo. 7.ed., ver. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ.

43
DENOMINAÇÕES PARA “CHUVA DE PEDRA” NO ESTADO DE SÃO PAULO: O
QUE REVELAM OS DADOS DO ALIB
Kamilla de Lima Vieira
Aparecida Negri Isquerdo

Cada grupo estabelece maneiras distintas de promover a comunicação, por meio do uso da
língua. Assim, o homem faz uso de uma língua e, por extensão, das palavras pertencentes ao
léxico dessa língua para entender a si mesmo e o mundo que o rodeia e para estabelecer a
interação numa comunidade de fala. Este trabalho discute relações entre léxico e ambiente a
partir de dados geolinguísticos recolhidos no interior do estado de São Paulo, região Sudeste
do Brasil. Assim, tomando como referência denominações para “chuva de pedra” fornecidas
pelos 148 informantes do Projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil), naturais das 37
localidades que integram a rede de pontos desse projeto. Os informantes foram selecionados
segundo o seguinte perfil: falantes de ambos os sexos nascidos na localidade pesquisada, de
duas faixas etárias (18-30 e 50-65 anos), com escolaridade até o Ensino Fundamental
incompleto. A coleta de dados do Projeto ALiB foi realizada com o auxílio de um Questionário
Linguístico que reúne três tipos de questionários: fonético-fonológico (QFF), semântico-lexical
(QSL) e morfossintático (QMS). Para este Plano de Trabalho foram analisadas as unidades
lexicais fornecidas como resposta para a pergunta 015 do QSL: “durante uma chuva, podem
cair bolinhas de gelo, como chamam essa chuva?” (COMITÊ NACIONAL..., 2001, p. 22). O
estudo foi orientado pelos fundamentos da Dialetologia/ Geolinguística – Cardoso (2010);
Ferreira e Cardoso (1994) – e da Lexicologia – Biderman (1992; 2001a; 2001b), Isquerdo
(2009; 2015). As oito unidades lexicais mais produtivas – chuva de pedra, chuva de granizo,
chuva de gelo, chuva de granito, chuva de flor, chuva de pedra de gelo, chuva de nevada e
chuva de rosa – somaram 255 ocorrências. No conjunto das respostas houve o predomínio das
variantes chuva de pedra e chuva de granizo, ambas com 34% de registros. Um olhar para a
distribuição dos dados segundo as mesorregiões demonstra que a de Presidente Prudente
concentra um percentual de 31 ocorrências, dentre as quais 12 são de chuva de granizo. Já a
mesorregião de Itapetininga registrou 27 ocorrências sendo 13 para chuva de pedra. Além disso,
o estudo das variantes lexicais que nomeiam a “chuva de pedra” no universo estudado atestou
que a escolha lexical é influenciada por fatores linguísticos e extralinguísticos que, por sua vez,
traduzem a percepção do falante acerca do referente nomeado, suas crenças, costumes, enfim,
a sua visão de mundo. (Apoio CNPq).

Palavras-chave: Léxico; Projeto ALiB; chuva de pedra; São Paulo.

Referências

44
BIDERMAN, M. T. C. O léxico, testemunha de uma cultura. In: Actas do XIX Congresso
Internacional de Linguística e Filoloxia Romamica. Sessão II: Lexicologia e Metalexicografía.
Vol. 2, 1992, p.397-405.
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Fontes, 2001a.
___________. As ciências do léxico. In: OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO,
Aparecida Negri (Org). As ciências do léxico. Lexicologia, lexicografia, terminologia. 2ª ed.,
Campo Grande: Editora UFMS, 2001b, p.13-22.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo:
Parábola, 2010.
COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB. Atlas Lingüístico do Brasil: Questionários 2001.
Londrina: EDUEL, 2001.
FERREIRA, C; CARDOSO, S. A. A dialetologia no Brasil (repensando a língua portuguesa).
São Paulo: Contexto, 1994.
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palavras... In: RIBEIRO, SSC., COSTA, SBB., and CARDOSO, SAM (Orgs). Dos sons às
palavras: nas trilas da Língua Portuguesa [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 42-59.

ISQUERDO, Aparecida Negri. Léxico dialetal no português do Brasil: espacialidade,


fixação e disseminação. In: KRAGH, Kirsten Jeppesen; LINDSCHOUW, Jan (éds.). Les
variations diasystématiques et leurs interdépendances dans les langues romanes. Travaux
de Linguistique romane. Strasbourg, 2015, p.161-173.

45
A PRESENÇA DA ZOOTOPONÍMIA NA DENOMINAÇÃO DE LOGRADOUROS
DA REGIÃO URBANA DO PROSA/CAMPO GRANDE/MS
Janaina Domingues Verão das Neves
Aparecida Negri Isquerdo
A linguagem é uma faculdade distintiva do intelecto humano e é por meio dela que o homem
consegue apreender e organizar o mundo ao seu redor. Uma das maneiras de se apoderar da
realidade circundante é o (re)conhecimento dos referentes a partir do nome a eles atribuídos. O
ramo da Linguística que investiga a origem e a significação dos nomes de lugares, os
topônimos, que identificam os acidentes geográficos é a Toponímia, disciplina integrada a uma
área maior dos estudos do léxico, a Onomástica, que também contempla a Antroponímia que
se ocupa do estudo dos nomes próprios de pessoas. O estudo dos topônimos favorece uma
análise linguística e motivacional dos nomes atribuídos aos lugares de uma determinada região,
o que também permite a recuperação de aspectos históricos, de transformações sociais e
econômicas, processos de colonização e/ou migratórios que podem se refletir na natureza dos
nomes de lugares, além de desvelar fatores ligados a crenças e à cultura de um povo. Este
trabalho configura-se como um recorte do projeto de pesquisa de Dissertação de Mestrado
intitulado “A toponímia urbana da cidade de Campo Grande: um estudo etnolinguístico dos
nomes das ruas da região do Prosa”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em
Estudos de Linguagens/UFMS e ao Projeto Atlas Toponímico do Estado de Mato Grosso do
Sul (ATEMS). Esta comunicação tem por objetivo discutir topônimos urbanos da região em
estudo que se configuram como zootopônimos: nomes de natureza física de índole animal
(DICK, 1992), verificando possíveis causas denominativas para a escolha de nomes de animais,
muitos deles não típicos da região para nomear os logradouros. Num montante de 1.240
topônimos que compõem o corpus de estudo, 30 (2,5%) são zootopônimos. Dentre eles,
identificam-se nomes de diferentes espécies como em rua Tamanduá, Leopardo e Cervo, nomes
de animais mamíferos; nas ruas que levam nomes de aves: rua da Cegonha, rua das Garças, rua
Tapicuru; na rua denominada com nome de um réptil: rua Cotiara; topônimos com nomes de
animais marinhos: rua do Leão Marinho, rua do Salmão. Além disso, a toponímia em estudo
reúne zootopônimos que recuperam nomes de animais de outros continentes, como em rua do
Elefante, rua do Leão, rua do Camelo. Para este estudo tem-se como referência teórica a
Onomástica, mais especificamente a Toponímia, em especial os pressupostos teórico-
metodológicos de Dick (1990; 1992; 1997; 1999). Complementam a referência teórica
fundamentos da Lexicologia, da Morfologia, e da Semântica. (Apoio: CAPES)

Palavras-chave: Toponímia urbana; Campo Grande; logradouros; região do Prosa;


Zootoponímia.

46
Referências:
DICK, M. V. de P. do A. Motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do
Estado, 1990.
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DICK, M. V. de P. do A. A dinâmica dos nomes na cidade de São Paulo: (1554-1897). São
Paulo: ANNABLUME, 1997.
DICK, M. V. de P. do A. Os nomes como marcadores ideológicos. In: Acta Semiótica et
Linguística. São Paulo: Editora Plêiade, 1998.
DICK, M. V. de P. do A. Métodos e Questões Terminológicas na onomástica. Estudo de Caso:
O Atlas Toponímico do Estado de São Paulo. In: Investigações Linguísticas e Teoria Literária.
Recife, UFPE: v. 9, p.119-148, 1999.
FERREIRA, A.B. de H. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo,
2004. Versão digital 5.0.
HOUAISS, A. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001. Versão digital 1.0.
OLIVEIRA, L. A. C. de; ISQUERDO, A. N. O bairro Amambaí e sua toponímia: perspectiva
etnotoponímica. In: II CIDS - Congresso Internacional de Dialetologia e Sociolinguística, 2012,
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Dialetologia e Sociolinguística. São Luís - MA: EDUFMA, 2012. P. 577-588.
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DICK, M. V. A. P. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de Estudos. 2 ° Edição.
São Paulo, 1990, p. 25;
SEDESC. Secretaria Mun. de Desen. Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e
Agronegócio. Disponível em: http://www.capital.ms.gov.br/sedesc/pontosTuristicos.
SEMADUR - Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana. Disponível em: <
http://www.campogrande.ms.gov.br/semadur/>.
SIMGEO – Sistema Municipal de Geoprocessamento. Disponível em:
http://www.campogrande.ms.gov.br/simgeo/>.
TAVARES, M. C.; ISQUERDO, A. N. A questão da estrutura morfológica dos topônimos: um
estudo na toponímia sul-mato-grossense. Signum. Estudos de Linguagens, Londrina-PR, v. 9/2,
p. 273-288, 2006.

47
UM OLHAR SOBRE OS FRASEOLOGISMOS DO LÉXICO DE GOIÁS: UM
ESTUDO COM BASE EM DADOS GEOLINGUÍSTICOS
Larissa Amanda Aparecida de Santana Soares
Elizabete Aparecida Marques
Este trabalho pretende apresentar os resultados preliminares de uma investigação sobre os
fraseologismos do léxico dialetal da Região Centro-Oeste, especificamente, do Estado de
Goiás. Concebem-se os fraseologismos como combinações fixas de palavras cuja estrutura está
integrada por, no mínimo, dois itens lexicais. Compõem o corpus da pesquisa as obras de
referência do projeto Tesouro do Léxico Patrimonial Galego e Português: foco sobre a Região
Centro-Oeste, ao qual esta proposta está diretamente vinculada. Do ponto de vista
metodológico, os dados foram coletados na obra Estudos de Dialetologia Portuguesa:
Linguagem de Goiás (TEIXEIRA, 1944) e, posteriormente, transpostos para uma planilha de
formato Excel construída para a integralização das informações linguísticas, com base em
critérios fonéticos, morfológicos, semânticos e pragmáticos. Esses critérios de recolha e
organização dos dados em planilhas obedece à metodologia do projeto interinstitucional
Tesouro do Léxico Patrimonial Galego e Português (TLPGP), uma vez que as variantes lexicais
coletadas pela equipe da região Centro-Oeste integrará uma grande base de dados, alimentada
pela equipe galega. Sediado na Universidade de Santiago de Compostela (USC), Espanha, o
TLGLP visa à elaboração de uma obra lexicográfica que reúna as variantes dialetais do galego
e do português, em sua variedade peninsular e brasileira. Após o levantamento dos dados na
obra goiana e sua transposição para a planilha, o estudo centrou-se no recorte dos
fraseologismos, com o intuito de analisar seu valor histórico, cultural, político e social,
considerando sua possível relação com fenômenos de natureza diatópica. O fundamento teórico
deste trabalho ancora-se nos estudos desenvolvidos no âmbito da Fraseologia (RUIZ
GURILLO, 1997; SABINO, 2011). Dessa forma, espera-se, por meio deste trabalho, contribuir
para o conhecimento da realidade linguística regional brasileira, no que se refere ao léxico
fraseológico da Região Centro-Oeste.

Palavras-chave: Fraseologismos; Léxico; Geolinguística.

Referências
RUIZ GURILLO, L. Aspectos de fraseología teórica española. Anejo XXIV de la revista
Cuadernos de Filología, 1997.
SABINO, Marilei A. O campo árido dos fraseologismos. Signótica, v. 23, n. 2, p. 385-401,
2011. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/122304> Acesso em 24 de agosto de 2018.

48
TEIXEIRA, José A. Estudos de Dialetologia Portuguesa – Linguagem de Goiás. São Paulo:
Ed. Anchieta, 1944.

49
A TOPONÍMIA RURAL DE ACIDENTES HUMANOS DO MUNICÍPIO CAMPO
GRANDE/MS: A QUESTÃO DA MOTIVAÇÃO
Letícia Reis de Oliveira
Aparecida Negri Isquerdo

Este trabalho analisa tendências motivacionais da toponímia rural de acidentes humanos do


município de Campo Grande, vinculado à mesorregião Centro-Norte, microrregião de Campo
Grande, no estado de Mato Grosso do Sul (IBGE, 2010), discutindo resultados preliminares de
um projeto mais amplo de pesquisa em desenvolvimento como Tese de Doutorado que, por sua
vez, está vinculado ao projeto “Atlas Toponímico do Estado de Mato Grosso do Sul – ATEMS”.
O desenvolvimento deste estudo obedeceu às seguintes etapas: i) coleta do corpus no Sistema
de Dados do Projeto ATEMS e nos mapas oficiais do IBGE escala 1:100.000 que totalizou um
montante de 401 topônimos da área investigada que nomeiam acidentes humanos como
fazendas, chácaras, sítios, retiros, estâncias...; ii) classificação dos topônimos conforme o
modelo taxionômico concebido por Dick (1990, p. 31-34); iii) análise das principais tendências
identificadas na toponímia da região em pauta. Os resultados parciais do estudo apontam para
a predominância de taxes de natureza antropocultural, dentre outras, os hagiotopônimos com
13,96% de ocorrências, nomes relativos aos nomes de santos conforme classificação de Dick
(1990, p. 31). Na sequência, situam-se, com 9,4% de registros, os animotopônimos, nomes
relativos à vida psíquica à cultura espiritual humana (DICK, 1990, p. 32), seguidos pelos
antropotopônimos, nomes de lugares formados por nomes próprios individuais (DICK. 1990,
p. 32), com 7,4% de ocorrências. Já quanto às taxes de natureza física, predominam os
fitotopônimos, nomes de índole vegetal (DICK, 1990, p. 31), com 12,4% de produtividade,
seguidos dos geomorfotopônimos, topônimos relativos a formas topográficas (DICK, 1990, p.
31) com 9,2% de registros e, por último, os hidrotopônimos, topônimos resultantes de nomes
de acidentes hidrográficos, com 5,2% de ocorrências. Um dado se destaca no território
pesquisado é a não ocorrência de zootopônimos, topônimos de índole animal (DICK, 1990, p.
32), como nomeação de acidentes humanos, taxe muito recorrente na toponímia sul-mato-
grossense como denominação de acidentes físicos e também humanos em outros municípios de
Mato Grosso do Sul. Para este estudo são utilizadas como referencial teórico, fundamentalmente, as
contribuições de Dick (1990; 1992; 1997; 1998; 1999); de Isquerdo (2012); de Tavares (2015) e de Sapir
(1961). (Apoio: CAPES).

Palavras-chave: Léxico toponímico; Toponímia rural; Acidentes humanos; Campo Grande;


Mato Grosso do Sul.

Referências

50
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira.
Edições Arquivo do Estado, São Paulo: 1990.
______. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. São Paulo: Serviço de
Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1992.
______. A dinâmica dos nomes na cidade de São Paulo: 1554-1897. 2ª. ed. São Paulo:
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______. Os nomes como marcadores ideológicos. Acta Semiótica et Lingüística. v. 7, 1998. p.
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______. Métodos e questões terminológicas na Onomástica. Estudo de caso: o Atlas
Toponímico do Estado de São Paulo. Investigação Lingüística e Teoria Literária, v. 9. Recife:
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IBGE. Divisão regional do Brasil em regiões geográficas imediatas e regiões geográficas
intermediárias: Coordenação de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE, 2017.
ISQUERDO, Aparecida Negri. Léxico regional e léxico toponímico: interfaces linguísticas,
históricas e culturais. In: ISQUERDO, Aparecida Negri; SEABRA, Maria Cândida Trindade
Costa: As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. v. VI. Campo Grande:
Editora da UFMS, 2012, p. 115-139.
TAVARES, Marilze. A Toponímia das localidades rurais do município de Dourados (MS).
Revista do GEL, São Paulo, v. 12, n. 2, 2015, p. 164-191.
SAPIR, Edward. Linguística como ciência. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1961

51
DESIGNAÇÕES PARA ARCO-ÍRIS NO SUL DO MATO GROSSO DO SUL:
ANÁLISE NUMA PERSPECTIVA TOPODINÂMICA

Luciene Gomes Freitas Marins


Aparecida Negri Isquerdo

Este trabalho vincula-se a uma pesquisa mais ampla que busca descrever o português falado
por nordestinos e por seus descendentes em situação de contato no sul do Mato Grosso do Sul
e soma-se ao leque de estudos realizados que adotam o parâmetro topodinâmico e as demais
orientações da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (RADTKE, THUN, 1996),
metodologia utilizada para a produção do ADDU – Atlas Linguístico Diatópico Y Diastrático
del Uruguay, e que vem sendo testada também no ALGR – Atlas Linguístico Guarani-
Românico e no ALMA-H – Atlas Linguístico Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do
Prata: Hunsrückisch. Neste estudo são analisadas as respostas obtidas para a pergunta seis,
vinculada à área fenômenos atmosférico, do Questionário Semântico-Lexical (QSL/006)
utilizado para a pesquisa supramencionada: “Quase sempre, depois de uma chuva, aparece no
céu uma faixa com listras coloridas e curvas. Que o nome se dá a essa faixa?”. Os dados foram
coletados em dois distritos e em três municípios do estado do Mato Grosso do Sul, situados na
faixa territorial da extinta Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), totalizando cinco
pontos: distritos de Vila Vargas e Vila São Pedro (município de Dourados); municípios de
Fátima do Sul, de Jateí e de Glória de Dourados. No conjunto geral dos dados, os informantes
mencionaram, por meio da técnica de pergunta em três tempos (pergunta, insiste e sugere),
cinco denominações para o conceito contemplado: arco-íris (80,43%); arco-celeste (8,70%);
olho-de-boi (6,52%); arco-de-boi (2,17%) e arco-da-velha (2,17%). Além dessas respostas foi
obtida também arco-da-aliança por meio da sugerência dessa designação. De modo geral, as
designações arco-celeste, arco-de-boi, olho-de-boi e arco-da-velha foram mencionadas com
mais regularidade na fala dos entrevistados migrantes nordestinos com mais idade. Já na fala
dos descendentes de nordestinos, a resposta arco-íris obteve a preferência de uso. Em
contrapartida, o uso arco-da-aliança foi tido por todos os grupos de entrevistado como
“sagrado” e, portanto, utilizado preferencialmente em situações voltadas ao contexto bíblico.
Enfim, a análise dos dados considerou as dimensões diatópica, diassexual, diastrática e
diageracional.

Palavras-chave: léxico; arco-íris; topodinâmico; nordestino, sul-mato-grossense;

Referência

52
RADTKE, Edgar; THUN, Hard. Nuevos caminhos de la geolinguística românica. Um balance.
In: RADTKE, Edgar; THUN, Hard (eds.) Neue Wege der romanischen Geolinguistik: Akten
des Symposiums zur emperischen Dialektologie. Kiel: Westensee-Verl., 1996. p. 25-49

53
SÉCULO XXI: A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO A PARTIR DOS EFEITOS DE
SENTIDO DOS DISCURSOS DAS LEIS DE INCLUSÃO
Marilza Nunes de Araújo Nascimento
Claudete Cameschi de Souza
A investigação parte das análises dos recortes enunciativos materializados nos artigos 2º, 5º e
inciso II da Resolução de número 2, do Conselho Nacional de Educação da Câmara de
Educação Básica, de 11 de setembro de 2001, o qual instituiu as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica e também no parágrafo único da lei 10436/02.
Metodologicamente nos apropriamos do método analítico dos dispositivos de Análise do
Discurso de linha francesa, doravante AD, o qual trata a linguagem numa relação com a história,
memória e ideologia. Objetivamos analisar e interpretar os efeitos de sentido dos discursos
materializados nas referidas leis, a fim de problematizar a representação identitária do sujeito
surdo, no contexto de produção do Século XXI, ao ser incluído numa sala de aula do ensino
regular e tratado em condições de igualdade perante os sujeitos ouvintes. Presumimos que os
discursos investigados surgem no contexto do novo século, ressignificado sob a exigência social
de uma nova ordem, porém nas “entranhas” discursivas há regularidades que conduzem à
interpretação de um já dito em outro momento histórico. Nesse sentido, a inclusão
discursivizada promove a exclusão velada, pois ao negar a diferença, nega também ao sujeito
surdo a condição de equidade, tornando-o submisso a um sistema educacional impositivo que
lhe deseja pôr numa posição de subalternidade perante aos demais estudantes ouvintes, ao
determiná-lo dependente de um profissional intérprete, segregando-o em um ambiente onde há
várias pessoas se comunicando, porém, a ele foi lhe imposto uma comunicação unilateral, uma
posição de sujeito observador, recebedor de informações prontas e decodificadas, tolhendo sua
autonomia e negligenciando a sua governamentalidade, a partir de um discurso institucional
determinado pelos Aparelhos Ideológicos de Estado (ALTHUSSER, 1985).Como teóricos,
temos Pêcheux (1990,1997), por ser o precursor da AD, Orlandi(1987,1999, 2001) por tratar da
linguagem numa relação com a história e o social, Foucault (1998,2002,2004,2006,2012), por
abordar a relação de discurso-poder, saber e governamentalidade, Hall (2005), para falar sobre
a questão da identidade, e outros apresentados na bibliografia, por trabalharem com a língua
numa relação ideologia-história e sociedade.

Palavras-chave: Inclusão, discursos das leis, efeito de sentido e representação

Referências

54
ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos do Estado: nota sobre aparelhos ideológicos do
Estado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva e
Guacira Lopes Louro. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
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automática do discurso (Uma introdução à obra de Michel Pêcheux). Campinas: Pontes, 1990.
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materialidades dos sentidos. 2. Ed. São Carlos: Claraluz,2006, p.15-26.

55
O CORPO FEMININO EM FILMES DE HORROR – UMA BREVE ANÁLISE
SOBRE A NUDEZ FEMININA EM STARRY EYES.

Luciene Gomes Freitas Marins

Aparecida Negri Isquerdo

Este trabalho busca investigar o corpo feminino como configuração semiótica de nudez em
enunciados fílmicos do gênero horror. O interesse é observar como o elemento em análise, o
corpo, mesmo que traga diferentes arquétipos femininos como a donzela, a femme fatale, a
cuidadora, entre outros, mantém a recorrência da temática de oposição sagrado vs. profano.
Teremos como corpus de análise fragmentos da obra Starry Eyes (2014), dirigida por Kevin
Kolsch e Dennis Widmyer. A análise terá como fundamentação teórica a semiótica greimasiana
de linha francesa alicerçada pelos estudos de Pietroforte sobre o modelo teórico do percurso
gerativo de sentido. Tomaremos ainda como base textos da autoria de Silva (2011,2012, 2012),
autor de pesquisas sobre o terror e sobre o corpo que se valem de teorias da semiótica francesa.
Para discutir a definição de horror recorreremos aos estudos de Carroll (1999), em sua obra A
filosofia do horror ou paradoxos do coração. Para a questão de personagens do gênero
feminino no horror, utilizaremos os estudos de Carol J. Clover (2015), em sua obra Men, women
and chain saws. Por fim, a questão da nudez será abordada através das ideias de Giorgio
Agamben (2014), registradas em seu texto “Nudez”. Analisando cenas da obra cinematográfica
citada a partir destes suportes teóricos, buscamos encontrar modulações tensivas que
extrapolem o senso comum do uso da nudez como apenas objetificação do corpo feminino.

Palavras-chave: Nudez; enunciados fílmicos do gênero horror. percurso gerativo de sentido.


Semiótica Greimasiana.

Referências
AGAMBEN, Giorgio. Nudez. Tradução Davi Pessoa. São Paulo, Autêntica editora, 2014.
AMBROGIO, Anthony. Fay Wray: Horror Film´s first sex symbol. In: PALUMBO, Donald (org)
Eros in the mind´s eye Sexuality and the fantastic in art and film. Westport, Connecticut,
Greenwood Press, 1986.
CARROLL, Noel. A filosofia do horror ou paradoxos do coração. Tradução Roberto Leal
Ferreira. Campinas, SP, Papirus editora,1999.
CLOVER, Carol J. Men, women and chain saws Gender in the modern horror film. Princeton,
New Jersey, Princeton University Press, 2015.
GREIMAS, Algirdas Julien. Les actants, les acteurs e les figures. In:GREIMAS, A. Julien. Du
sens II: essays sémiotiques. Paris: Éditions du Seuil, 1983, p. 49-66.

56
KOLSCH, Kevin; WIDMYER, Dennis. Starry eyes. Snowfort Pictures, 2014. 98 minutos. Filme.
PIETROFORTE Antonio Vicente, Semiótica visual os percursos do olhar. São Paulo, SP,
Editora Contexto, 2017.
SILVA Odair José Moreira da. Um estudo sobre a paixão do medo no cinema de horror.
Conexão – Comunicação e Cultura (Revista eletrônica). Caxias do Sul, v. 11, n. 22, p.41.
_________. O suplício na espera dilatada: a construção do gênero suspense no cinema. (Tese
de doutorado). São Paulo: FFLCH/USP, 2011, 317 f.
_________. Erotismo, corpo e sentido nas relações intersemióticas de História de O. Revista
Metalinguagens (Revista eletrônica). v.4, n.2, p.4-30.

57
NOMEAÇÕES PARA “O HOMEM QUE É CONTRATADO PARA TRABALHAR NA
ROÇA DE OUTRO, QUE RECEBE POR DIA DE TRABALHO”: UMA DISCUSSÃO
SOBRE A NORMA LEXICAL PAULISTA

Mércia Cristina dos Santos


Aparecida Negri Isquerdo

O léxico é o nível da língua que melhor traduz o universo cultural dos falantes de uma língua e
o conhecimento construído por eles no decorrer da história, razão pela qual o repertório
vocabular de comunidades linguísticas traduz as visões de mundo construídas e aceitas
socialmente pelos diferentes grupos sociais, por isso reflete a norma lexical veiculada que, por
sua vez, manifesta particularidades que diferenciam um grupo dos demais. Partindo desse
pressuposto, este trabalho discute diferentes nomes atribuídos ao o homem que é contratado
para trabalhar na roça de outro, que recebe por dia de trabalho, questão 61 do QSL –
Questionário Semântico-Lexical, área semântica das Atividades Agropastoris, que integra o
Questionário Linguístico do Projeto ALiB – Atlas Linguístico do Brasil (COMITÊ
NACIONAL..., 2001). Os dados analisados são provenientes de 32 inquéritos linguísticos
realizados com informantes do Projeto ALiB, nascidos e criados em oito localidades do interior
situadas na região Norte do estado de São Paulo pertencentes à rede de pontos do Projeto ALiB
que, por sua vez, se distribuem por três mesorregiões paulistas (IBGE, 2010): 1. São José do
Rio Preto, 2. Ribeirão Preto e 3. Araçatuba. Os quatro informantes entrevistados em cada uma
dessas oito localidades foram selecionados de acordo com o seguinte perfil: pessoas nascidas e
criadas na mesma comunidade linguística, com no máximo o Ensino Fundamental incompleto,
de duas faixas etárias (18 a 30 anos e 50 a 65 anos), homens e mulheres. Este estudo tem como
objetivo examinar possíveis vestígios de ruralidade na fala de informantes citadinos (REIS,
2006), com vistas a verificar diferentes nomeações atribuídas a um mesmo referente, delimitar
aspectos da possível norma lexical das regiões pesquisadas e analisar as relações entre léxico,
cultura e sociedade com base nos fundamentos teóricos da Lexicologia e Dialetologia. O
levantamento das respostas dos 32 informantes resultou em oito unidades lexicais e respectivas
variantes fonéticas que computaram 47 ocorrências: birolo, boia-fria, capataz, diarista, pau-
de-arara, peão, roceiro e trabalhador rural. O estudo fundamenta-se em fundamentos teóricos
da Dialetologia e Sociolinguística – Cardoso (2010); Lucchesi (2004) – e da Lexicologia –
Biderman (1981; 1992; 1998; 2001); Coseriu (1979); Isquerdo (2010). A análise dos dados
considera as perspectivas diatópica – distribuição espacial das variantes lexicais documentadas
- e léxico-semântica – análise semântica dos itens lexicais em exame, pautando-se, dentre outras
fontes, nos dicionários de Ferreira (2004) e Houaiss (2001).

Palavras-chave: Norma lexical, Rural; Urbano; São Paulo; diarista.

58
Referências
BIDERMAN, Maria Teresa de Camargo. A estrutura mental do léxico. Estudos de Filologia
Linguística. São Paulo: Queiroz/EDUSP, 1981. p. 131- 145.
__________. O léxico, testemunha de uma cultura. In: Actas do XIX Congresso Internacional
de Linguística e Filoloxia Romanias. Sessão II: Lexicologia e Metalexicofrafía. Vol. 2, 1992,
p.397-405.
__________. Dimensões da palavra. Filologia e Língua Portuguesa, São Paulo, v. 2, 1998, p.
81-118.
__________. Teoria linguística: teoria lexical e linguística computacional. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo:
Parábola Editorial, 2010.

COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB. Questionários Linguísticos. 2001. Londrina:


Eduel, 2001.
COSERIU, Eugenio. Teoria da Linguagem e Lingüística Geral. Tradução Agostinho Dias
Carneiro. Rio de Janeiro: Presença; São Paulo: Ed. da USP, 1979.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa,
Versão 5.0. Curitiba: Editora Positivo, 2004.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, Versão 1.0. Rio de
Janeiro: Editora Objetiva, 2001.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Centro de
referências em nomes geográficos. Disponível em:
http://www.ngb.ibge.gov.br/Default.aspx?pagina=meso . Acesso em: 25/08/2018
ISQUERDO, Aparecida Negri. Revisitando os conceitos de rural e urbano no português do
Brasil: contribuições do Projeto ALiB. In: ILIESCU, Maria; SILLER-RUNGGALDIER, Heidi;
DANLER, Paul (Ed.) Actes du XXVo Congrès International de Linguistique et de Philologie
Romanes. Tome IV. Berlin/New York: De Gruyter & Co.KG, 2010, p. 137-145.
LUCCHESI, Dante. Norma linguística e realidade social. In: BAGNO, Marcos
(Org.). Linguística da norma. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004. p. 63-92.
REIS, Douglas Sathler dos. O rural e o urbano no Brasil. In: XV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu - MG, de 18 a 22 set/ 2006. Disponível em:

59
http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/1492 Acesso em:
25/08/2018.

60
CONCESSÃO ÀS AVESSAS OU A CONSOLIDAÇÃO DE UMA NOVA ORDEM
ARGUMENTATIVA
Monica Alvarez Gomes
O presente trabalho é um estudo do conector “mas”, portanto operador argumentativo da
concessão (cf estudos semânticos e discursivos), que se estabelece a partir das estruturações de
Ducrot et alii (1980), de Charaudeau (1992) e de Campos, Nascimento e Gomes (1992). Com
base nas tradições discursivas da Semântica Argumentativa, vê-se que tal conector marca uma
determinada relação discursiva, qual seja a de que a informação trazida no primeiro ato
(primeira oração) será sempre um contra-argumento, refutado no segundo ato e de maior força
argumentativa. Assim, “mas” funciona como item procedural ou instrucional, uma vez que
indica como tratar representações mentais e como compreender a estrutura do discurso.
Entretanto a teoria não especifica em que medida um conector é articulado ao contexto em que
é empregado. Assim, o corpus trazido é o de uma publicidade político-partidária do PSDB,
publicada em 2017, que subverte o uso canônico do conector, ampliando o seu escopo de
atuação, frente a um contexto altamente argumentativo e manipulador. Com esse estudo,
espera-se que, do ponto de vista estritamente semântico, (1) haja uma visão mais alargada do
movimento operado pelo conector “mas”; que, do ponto de vista argumentativo, (2) reconheça-
se que a manobra feita pelo locutor busca atribuir a si uma visão de alguém honesto e corajoso
o suficiente para vir a público reconhecer seus erros; que (3) o contexto seja mais ativamente
considerado nos estudos de Semântica Argumentativa; e que, finalmente, (4) as aulas de Língua
Portuguesa possam ser contempladas com análises mais amplas dessas possibilidades de uso.
Palavras-chave: argumentação; mas; subversão.

61
A ANTROPOTOPONÍMIA NA DENOMINAÇÃO DE COMUNIDADES
QUILOMBOLAS NA REGIÃO CENTRO-OESTE: ESTUDOS PRELIMINARES
Nágila Kelli Prado Sana Utinói
Aparecida Negri Isquerdo

O objetivo deste estudo é analisar os antropotopônimos que nomeiam comunidades


quilombolas na região Centro-Oeste do Brasil, dos pontos de vista morfológico e histórico,
verificando, sobretudo, as prováveis causas denominativas dos antropotopônimos examinados.
Esta proposta vincula-se a um projeto mais amplo em desenvolvimento como Tese de
Doutorado que tem como objeto de estudo a toponímia das comunidades quilombolas no Brasil.
O corpus total do estudo é constituído por 2.897 topônimos catalogados por meio de consulta
às CRQs, Certidões Expedidas para as Comunidades Remanescentes Quilombola pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O recorte selecionado para este trabalho é
formado por 131 topônimos que nomeiam comunidades quilombolas da região Centro-Oeste,
mais especificamente os antropotopônimos que representam 20% dos dados selecionados. A
análise dos dados seguiu, essencialmente, o modelo teórico-metodológico construído por Dick
(1990-2004), além das contribuições de Carvalhinhos (2007) e de Guérios (1973). Carvalhinhos
(2007) propõe algumas subcategorias para a análise do nome próprio ou
individual/sobrenome/alcunha/apodo e patronímico que serão consideradas neste estudo para a
análise dos antropotopônimos. Partindo do princípio de que os topônimos testemunham parte
da história da língua, já que os contatos linguísticos e culturais entre os povos costumam ser
registrados e conservados por esses signos linguísticos, a análise parcial dos dados já
demonstrou que as nomeações apontam para a intenção motivadora na antropotoponímia das
comunidades quilombolas na região Centro-Oeste que, por sua vez, refletem o contexto
histórico do domínio do poder político e econômico, uma vez que os sobrenomes de famílias
europeias predominam entre os nomes analisados que, em sua maioria, fazem referência a
famílias as quais pertenciam os escravos. Desta forma tornam-se perceptíveis as marcas do
domínio do colonizador e o apagamento dos resquícios da identidade das línguas africanas na
antropotopônimia quilombola na região Centro-Oeste.

Palavras-chave: Antropotopônimo; Centro-Oeste; comunidades quilombolas.

Referências
DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea
de Estudos. 2. ed. São Paulo: FFLCH/USP, 1990.

62
DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Rede de conhecimento e campo lexical:
hidrônimos e hidrotopônimos na onomástica brasileira. In: As ciências do léxico: lexicologia,
lexicografia, terminologia. Campo Grande, MS: UFMS, 2004.
CARVALHINHOS, Patrícia de Jesus; ANTUNES, Alessandra Martins. Princípios teóricos de
Toponímia e Antroponímia: a questão do nome próprio. In: CONGRESSO NACIONAL DE
LINGÜÍSTICA E FILOLOGIA, XI.2007, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: Cinefil, 2007.
v. XI, p. 110-121.
GUÉRIOS, R.F. Mansur. Dicionário etimológico de nomes e sobrenomes, 2ª edição revista e
ampliada, São Paulo: Ed. Ave Maria, 1973.

63
EM BUSCA DE UM PROTÓTIPO DE DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES
IDIOMÁTICAS: PRIMEIRAS REFLEXÕES COM BASE EM UM OLHAR
FRASEODIDÁTICO
Natália Gabrieli dos Santos Fagundes Euzébio
Elizabete Aparecida Marques

Desde o início dos estudos da Linguística Moderna, com a publicação do Curso de Linguística
Geral de Saussure (2001 [1916]), reconhece-se a existência de estruturas sintagmáticas que não
podem ser construídas pelos falantes de maneira improvisada, pois estão cristalizadas pelo uso,
cultura e tradição popular. Essas estruturas, denominadas unidades fraseológicas (UF), são o
objeto de estudo da Fraseologia. Com base na concepção ampla dessa disciplina, esta proposta
de comunicação tem como objeto de estudo apenas um tipo de UF, as Expressões Idiomáticas
(EI), que segundo Xatara (1998) são estruturas léxicas complexas, situadas no nível oracional
da língua, que se caracterizam pela fixação, figurativização, indecomponibilidade,
metaforicidade, convencionalidade e cristalização. Neste trabalho, apresentam-se reflexões
advindas do recorte de uma pesquisa, em fase inicial de Mestrado, que busca nos pressupostos
do campo da Fraseodidática, os fundamentos para o tratamento das EI no processo de ensino-
aprendizagem de língua espanhola como língua estrangeira (LE), partindo da língua portuguesa,
enquanto língua materna do aprendiz (LM). Com base nos princípios teóricos da Fraseologia,
difundidos por Tristá Perez (1988), Xatara (1998) e Montoro del Arco (2006); nos conceitos-
base da Fraseografia, propostos por Oímpio de Olivera Silva (2007); nas contribuições da
Fraseodidática, advindas de González-Rey (2012), em diálogo com a proposta metodológica da
Linguística de Corpus, sob a perspectiva de Sardinha (2000) e Tagnin (2011), propõe-se, de
maneira geral, discutir as bases para a elaboração de um protótipo de dicionário didático
semibilíngue de EI, com enfoque nas línguas portuguesa (vertente brasileira) e espanhola
(vertente peninsular). Para levar a cabo a pesquisa, as EI foram levantadas em um corpus textual
em LM, a partir dos cadernos esportivos dos jornais Estadão (paulista) e O Globo (carioca), em
seus formatos digitais, visando mostrar o uso e a recorrência desses itens lexicais em variados
contextos. Este estudo justifica-se pela necessidade de obras fraseográficas que estejam
voltadas para a promoção do diálogo e projeção culturais das relações interlinguísticas
(MIRANDA, 2013), as quais encontram no uso do dicionário um recurso de potencial didático
nas aulas de língua. Partindo desses pressupostos, esperamos evidenciar o caráter expressivo
das EI, por meio do estabelecimento das bases teórico-metodológicas para a construção de um
dicionário didático, que funcione como instrumento pedagógico, auxiliando os aprendizes,
dentro e fora das salas de aula, aproximando, assim, a pesquisa e o ensino.

Palavras-chave: Expressões Idiomáticas. Dicionários. Fraseodidática. Fraseologia.


Fraseografia.

64
Referências:

GONZÁLEZ REY, M. I. De la didáctica de la fraseología a la fraseodidáctica. Paremia, n.21,


p. 67-84, 2012.

MIRANDA, A. K. P. Com a pulga atrás da orelha: dicionário espanhol-português de


expressões idiomáticas zoônimas. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagens).
Programa de Pós-Graduação Mestrado em Estudos de Linguagens, Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2013, 236 f.

MONTORO DEL ARCO, E.T. Clasificaciones de las UFs: el lugar de las locuciones. In:
__________. Teoría fraseológica de las locuciones particulares. Las locuciones prepositivas,
conjuntivas y marcadoras del español. Frankfurt am Main: Peter Lang, 2006.

OLÍMPIO DE OLIVEIRA SILVA, M. E. Fraseografía teórica y práctica. Frankfurt am Main:


Peter Lang, 2007.

SARDINHA, T. B. Lingüística de Corpus: histórico e problemática. D.E.L.T.A., vol. 16, n.


2, 2000. p. 323-367. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/delta/v16n2/a05v16n2.pdf>.
Acesso em: 07 fev. 2016.

SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 23. ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2001.

TAGNIN, S. E. O. Linguística de corpus e Fraseologia: uma feita para a outra. In: ALVAREZ,
M. L. O.; UNTERNBÄUMEN, E. H. (orgs.). Uma (re)visão da teoria e da pesquisa
fraseológicas. Campinas: Pontes, 2011, p. 277-302.

TRISTÁ PEREZ, A. M. Fraseología y contexto. Habana: Editorial de Ciencias Sociales, 1988.

__________. Teoría fraseológica: visón general del problema. In: Fraseología y contexto. La
Habana: Ciencias Sociales, 1988, p. 2-43.

XATARA, C. M. O campo minado das expressões idiomáticas. Alfa. São Paulo, 42 (n. esp.),
1998, p. 147-159.

65
AS UNIDADES SIMPLES E COMPLEXAS RELACIONADAS AO PANTANAL NO
CONTO “COM O VAQUEIRO MARIANO” DE JOÃO GUIMARÃES ROSA: UM
ESTUDO LEXICO-FRASEOLÓGICO
Quentin Olivier Branco Nunes
Elizabete Aparecida Marques

João Guimarães Rosa é conhecido por ser o grande escritor de Minas Gerais e ter reinventado
a língua portuguesa para poder descrever os encantos do sertão mineiro. O autor efetuou uma
viagem ao Pantanal que lhe inspirou a narrativa “Com o Vaqueiro Mariano”, publicada em 1947
no jornal Correio da Manhã. Guimarães Rosa, apaixonado pelo Brasil e por sua geografia,
encontrou no Pantanal uma fonte de inspiração literária e também uma fonte de recriação
linguística. É interessante observar que se encontra no referido conto recursos linguísticos que
o autor já havia usado em Sagarana (1946) e usará em seus textos seguintes. Assim, o objetivo
principal desta comunicação é analisar como Guimarães Rosa consegue ancorar seu conto no
Pantanal mediante o uso de unidades lexicais simples e complexas (denominadas aqui
expressões fixas), típicas do universo vocabular pantaneiro. Esta apresentação tem por objetivos
secundários: mostrar as expressões fixas inventadas pelo autor que cria, assim, novos
fraseologismos próprios do universo de sua obra; fazer a crítica e a classificação das traduções
dos fraseologismos na versão francesa do conto; discutir a importância da tradução dos
elementos lexicais simples e fraseológicos para a retransmissão do universo pantaneiro em
francês. Este estudo, em três momentos, se interessa, primeiramente, por analisar as unidades
lexicais simples que inscrevem o discurso no Pantanal. Em segundo lugar, serão analisados os
fraseologismos, de acordo com Gross (1996) e S. Mejri (2011), que são, neste estudo,
concebidos como marcas de oralidade regional que permitem inscrever o discurso literário num
determinado espaço geográfico-cultural. Finalmente, baseado em A. Mejri (2008) e Sulkowska
(2003), será realizado um estudo comparativo e contrastivo da tradução desses elementos
léxico-fraseológicos para o francês. A tradução do conto foi elaborada por Mathieu Dosse,
intitulada: “Entredeux – Avec Mariano, Le Vacher”, e publicada no livro Mon oncle le jaguar
& autres histoires, em 2016. Este estudo permite descobrir um conto que difere do resto da obra
do autor mineiro por tratar do Pantanal, demostrando, com João Guimarães Rosa, a importância
dessa região no imaginário literário brasileiro. Com isso, discutiremos, também, a importância
de divulgar esse imaginário literário para leitores estrangeiros que não teriam acesso à
representação literária da cultura pantaneira sem uma tradução.

Palavras-chave: Guimarães Rosa, Fraseologia, Pantanal, Tradução, Francês.


(apoio: CAPES)

66
Referências
GROSS, Gaston. Les Expressions Figées En Français, Paris: Orphys, 1996.
MEJRI, Salah. Traduire, c’est gérer un déficit. Meta, volume 50, numéro 1, mars 2005.
MEJRI, Asma. La traduction des séquences figées : le cas des textes littéraires. In: Las
constucciones verbo-nominales libres y fijas. Aproximación contrastiva y traductológica.
Editores, Pedro Mogorrón Huerta, Salah Mejri (dirs.) 2008.
ROSA, João Guimarães, Sagarana. Paris: Albin Michel, 1997.
ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1971

67
LEXICOGRAFIA PEDAGÓGICA E HOMONÍMIA: UMA ANÁLISE DE
DICIONÁRIOS PARA APRENDIZES BRASILEIROS DE ESPANHOL COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA

Renato Rodrigues Pereira

A Lexicografia Pedagógica (LEXPED), subárea da Lexicografia Geral, se ocupa de estudos


sobre dicionários direcionados a estudantes de língua materna ou estrangeira. Por um lado, as
investigações possibilitam reflexões e parâmetros que visam a elaboração de obras
lexicográficas organizadas de acordo com as necessidades dos estudantes em seus diferentes
níveis de competência comunicativa. Por outro, as pesquisas visam o uso efetivo desses
repertórios em sala de aula. Em relação à homonímia na lexicografia, em especial na
pedagógica, os estudos nem sempre são desenvolvidos com a atenção que julgamos merecer.
Alguns autores justificam ser a homonímia um problema sem solução. Outros ressaltam não só
a possibilidade, como também a necessidade de reflexões mais aprofundados sobre a questão.
Neste artigo, apresentamos a pesquisa que realizamos a respeito da homonímia em três
dicionários pedagógicos destinados a aprendizes de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE),
a saber: GONZÁLEZ (2005), GUTIÉRREZ CUADRADO; PASCUAL RODRÍGUES (2006)
e SÁNCHEZ (2007). Mais especificamente objetivamos verificar: i) se/como todas as
possibilidades de homógrafos homófonos (mesma grafia e mesma pronúncia, mas com
significados diferentes) e homófonos não homógrafos (mesma pronúncia, mas com grafias e
significados diferentes) são contempladas/organizadas nos repertórios lexicográficos
analisados; ii) se as informações contidas nas páginas iniciais dos dicionários (front matter) e
os registros nas macroestruturas são coerentes com os objetivos das obras. Para tanto,
orientamo-nos pelas contribuições de autores como Fernandez-Sevilla (1974), Werner (1982),
Hernández (1989), Biderman (1991), Clavería; Planas (2001), Porto Dapena (2002), Castillo
Carballo (2003), García Platero (2004), Murakawa y Zavaglia (2011), Sven Tarp (2013) e
Pereira (2018). Os resultados demonstraram que não são contemplados todos os homônimos
nas obras analisadas e, quando são, não possuem tratamento coerente com as informações
disponíveis nas páginas iniciais dos repertórios lexicográficos.
Palavras-chave: Dicionários pedagógicos; Homonímia; Léxico.

Referências

BIDERMAN, Maria Teresa Camargo. Polissemia versus homonímia. In.: Anais do Seminário
do Gel XXXVIII, Franca: Unifran – União das Faculdades Franciscanas, 1991.

68
CASTILLO CARBALLO, Mª Auxiliadora. La macroestructura del diccionario. In.: MEDINA
GUERRA, Antonia M. (coord..). Lexicografía española. Barcelona: Editorial Planeta, S. A.,
2003.

CLAVERÍA, Gloria; PLANAS, Carmen. La homonímia en la lexicografía española. In.: Nueva


revista de filología hispánica. T. 49. Nº 2, 2001.

FERNANDEZ-SEVILLA, J. Problemas de lexicografía actual. Bogotá: Instituto Caro e


Cuervo, 1974.

GARCÍA PLATERO, Juan Manuel. Polissemia, homonimia y diccionarios. In.: PRADO


ARAGONES, Josefina; GALLOSO CAMACHO, Mª Victoria.(Eds.) Diccionario, léxico y
cultura. Huelva: Universidad de Huelva, 2004.

GONZÁLEZ, M. C. Diccionario de español para extranjeros – Con el español que se habla


hoy en España y en América Latina. Coordinación y proyecto editorial Concepción. São Paulo:
edições SM, 2005.

GUTIÉRREZ CUADRADO, Juan; PASCUAL RODRÍGUES, José Antonio. Diccionario


salamanca – español para extranjeros. Santillana Educación: Madrid, 2006.
HERNÁNDEZ, Humberto. Los diccionarios de orientación escolar – Contribución al
estudio de la lexicografia española. Tubigen: Max Niemeyerverlag, 1989.

MURAKAWA, Clotilde de Almeida Azevedo; ZAVAGLIA, Claudia. Questões teóricas


específicas. In.: XATARA, Claudia; BEVILACQUA, Cleci Regina; HUMBLÉ, Philipe René
Marie. Dicionários na teoria e na prática: como e para quem são feitos. São Paulo: Parábola,
2011.

PEREIRA, Renato Rodrigues. O dicionário pedagógico e a homonímia: em busca de


parâmetros didáticos. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa). Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”/FCLAr, 2018.

SÁNCHEZ, Aquilino. Diccionario abreviado de uso del español actual. Sociedad General
Española de Librería, S. A. Alcobendas-Madrid, 2003.

WERNER, Reinhold. Lexico y teoria general del lengage. In: HAENSCH, G. et al. La
Lexicografia. De la Linguística teórica a la Lexicografia práctica. Madrid: Editorial Gredos,
1982, p. 20- 94.

ZAVAGLIA, Claudia; MURAKAWA, Clotilde de Almeida Azevedo. Questões teóricas


específicas. In.: XATARA, Claudia; BEVILACQUA, Cleci Regina; HUMBLÉ, Philipe René

69
Marie. Dicionários na teoria e na prática: como e para quem são feitos. São Paulo:Parábola,
2011.

70
AS CARACTERÍSTICAS DO LÉXICO ESPECIALIZADO NA TERMINOLOGIA DA
TRADUÇÃO
Roosevelt Vicente Ferreira

A presente pesquisa objetiva uma análise dos processos de formação dos léxicos especializados
na terminologia da Teoria da Tradução na língua portuguesa. Ancorada teoricamente nos
pressupostos de Cabré (1993) e Sager (1993), analisa-se os processos de formação da
terminologia sob o ponto de vista formal e conceitual de 173 (cento e setenta e três) termos da
área da Tradução consolidados em um glossário construído a partir de uma pesquisa de
mestrado. Justifica-se tal investigação pela oportunidade que as pesquisas voltadas para o
estudo do léxico possuem de se apresentarem como importantes fontes de conhecimento sobre
a formação de uma língua e seus aspectos sociais. Para a consolidação das características e do
nível de especialização da terminologia estudada, até o presente momento, explorou-se os
procedimentos de formação dos léxicos que adquirem valor especializado que resultam em
mudança na forma, mediante processos que combinam bases léxicas e afixos (derivação), entre
bases léxicas (composição e estruturas sintagmáticas) e redução de bases léxicas (derivação
regressiva). Como resultado, observou-se, dentre outros aspectos importantes, que em termos
morfossintáticos, os léxicos que adquirem valor especializado para a representação do
conhecimento na área da Teoria da Tradução, majoritariamente, perambulam na linguagem
comum; estruturam-se em sintagmas terminológicos nominais do tipo substantivo + adjetivo (
S + A) e substantivo + sintagma preposicional determinativo ( S + DE + S); e as unidades
simples são formadas pelo processo da derivação, sendo o maior número pela sufixação
(SÃO/ÇÃO – DADE) e do tipo prefixação e sufixação (DE/DES --- ÇÃO – TRANS --- ÇÃO).
A verificação dos processos que não alteram a forma (derivação imprópria), apenas a função
e/ou o aspecto semântico, encontra-se em andamento.
Palavras-chave: Terminologia. Fomação de palavras.Tradução.

Referências

CABRÉ, M. T. (1993). La terminología. Teoría, metodología, aplicaciones. Barcelona:


Antàrtida-Empúries.

CABRÉ, M. T. (2005). La terminología. Representación y comunicación. Barcelona: IULA,


Universitat Pompeu Fabra

CUNHA, C.; CINTRA, L. (2008). Nova gramática do português contemporâneo. 5ª ed. Rio de
Janeiro: Lexikon.

71
FERREIRA, R. V. (2015). Glossário terminológico básico da teoria da tradução: uma
experiência com o e-termos. Campo Grande: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
[Dissertação de Mestrado].

SAGER, J. C. (1993). Curso práctico sobre el procesamiento de la terminología. (Trad. de


Laura Chumillas Moya). Fundación Germán Sánchez Ruipérez. Madrid: Pirámide.

SÓ PORTUGUÊS. Disponível em
<https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf6.php>. Acesso em: 10 de julho de 2018.

72
UMA PERSPECTIVA COGNITIVA DOS NOMES PRÓPRIOS

Tânia Mara Miyashiro Sasaki


Aparecida Negri Isquerdo

As pesquisas acerca dos nomes próprios têm sido conduzidas sob diferentes perspectivas,
considerando-se que essa categoria de nomes se configura como marcas lexicais usadas para
contextualizar e refletir o modo que uma comunidade vive. As fontes para a pesquisa nesse
campo são variadas: nomes de lugares, de pessoas, de organizações, de produtos, de operações
estratégicas empresariais, policiais e militares. Para se nomear, utilizam-se de itens lexicais que
passam a adquirir um outro sentido pela variação que sofre influenciados pelo contexto.
Considera-se que os nomes próprios são estruturados metonimicamente em sua origem, pois
ocorre o uso de mecanismos cognitivos para a geração desse tipo de nome, pela referência que
faz ao contexto extralinguístico e tornam-se designadores rígidos. Seguindo esse raciocínio,
este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla em desenvolvimento no campo da Linguística
Cognitiva. Esta comunicação é um recorte dessa pesquisa e tem como objetivo demonstrar a
estruturação metonímica na geração dos nomes próprios tomando como referência nomes
próprios das operações policiais. O estudo discute uma amostra da tipologia das metonímias
conceptuais usadas para a geração de nomes próprios a partir dos dados analisados. O corpus
constitui-se de nomes de operações policiais desencadeadas no primeiro semestre de 2018 que
foram categorizados em três grupos de crimes que servem como amostragem para a tipologia
proposta. A metodologia consiste em fazer a descrição do contexto de ocorrência e sua
correlação ao referente selecionado para a geração do nome seguindo o procedimento para a
análise conforme os tipos de metonímias propostas por Radden e Kovecses (2007) e Blanco-
Carrión, Barcelona, Pannain (2018). Este trabalho fundamenta-se nos princípios da Linguística
Cognitiva e nas pesquisas de Lakoff e Johnson (1980); Lakoff (1987); Biderman (1998); Silva
(1997).

Palavras-chave: nomes próprios, Linguística Cognitiva, metonímias conceptuais; operações


policiais.

Referências

BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Dimensões da Palavra. Filologia e Linguística


Portuguesa, n. 2, p. 81-118, 1998.
BLANCO-CARRIÓN, Olga; BARCELONA, Antonio, PANNAIN, Rossella. Conceptual
Metonomy - methodological, theoretical, and descriptive issues. Amsterdam/ Philadelphia: John
Benjamins Publishing Company, 2018.

73
LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. Metaphors we live by. Chicago: University of Chicago
Press, 1980.
LAKOFF, George. Women, fire, and dangerous things. Chicago: University of Chicago Press,
1987.
RADDEN, Gunter; KOVECSES, Zoltán. Towards a theory of metonomy. In: EVANS,
Vyvyan (org). The Cognitive Linguistics Reader, London: Equinox, p. 335-359, 2007.
SILVA, Augusto Soares. A linguística Cognitiva – uma breve introdução a um novo
paradigma em linguística. Revista portuguesa de humanidades, Vol. 1, Nº 1-2, p. 59-101,
1997.

74
“NEM SÓ NO CAMPO VIVE A FLORA”: OS FITOTOPÔNIMOS NA TOPONÍMIA
URBANA DE PONTA PORÃ/BRASIL E DE PEDRO JUAN
CABALLERO/PARAGUAI

Suely Aparecida Cazarotto

Aparecida Negri Isquerdo

RESUMO: Esta comunicação é um recorte da Tese de Doutorado produto do projeto de


pesquisa “Interfaces entre a toponímia brasileira e a paraguaia em área de fronteira: perspectiva
etnodialetológica”, em fase de conclusão, que tem como objeto de investigação a toponímia
rural e urbana dos municípios de Ponta Porã/BR e Pedro Juan Caballero/PY, pesquisa vinculada
ao Projeto ATEMS/Atlas Toponímico do Estado de Mato Grosso do Sul, e discute a presença
de fitotopônimos, topônimos de natureza física, “de índole vegetal, espontânea, em sua
individualidade, em conjuntos da mesma espécie ou de espécies diferentes, além de formações
não espontâneas individuais ou em conjunto” (DICK, 1990b), na toponímia urbana de Ponta
Porã e de Pedro Juan Caballero, área de fronteira entre Brasil e Paraguai. Os princípios teóricos
e metodológicos norteadores deste trabalho foram buscados, basicamente, em Dick (1990a,
1990b, 1996), Isquerdo (1997), dentre outros. O universo da pesquisa contemplou 1.007
topônimos, 758 ponta-poranenses e 249 pedrojuaninos, que nomeiam logradouros públicos das
duas cidades fronteiriças. Desse montante, 112 (11%) foram classificados como fitotopônimos,
98 (13%) em Ponta Porã e 14 (5,7%) em Pedro Juan Caballero. No âmbito dos topônimos de
natureza física (DICK, 1990b), os formados por nomes de elementos florísticos se destacaram,
tanto no território brasileiro quanto no paraguaio, pois os fitotopônimos alcançaram a maior
produtividade em Ponta Porã, com 98 ocorrências, seguidos pelos hidrotopônimos (13) e
zootopônimos (12), e a terceira colocação em Pedro Juan Caballero, com 14 ocorrências,
antecedidos pelos hidrotopônimos (16) e pelos zootopônimos (17). Registre-se que a presença
de elementos da flora na nomeação de logradouros públicos é, “na maioria das vezes, motivada
pela abundância da espécie na localidade e/ou até mesmo pela presença significativa de alguma
em particular que sirva de ponto de referência para a identificação da localidade” (ISQUERDO,
1997, p. 35), ou, no caso mais específico da área geográfica contemplada por este estudo, pode-
se interpretar a presença de fitotopônimos na toponímia urbana como uma homenagem à flora
brasileira e/ou à paraguaia, particularizada na região. (Apoio: FUNDECT)

Palavras-chave: Fitotopônimos. Toponímia urbana. Ponta Porã. Pedro Juan Caballero.

Referências

75
DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira.
São Paulo: Arquivo do Estado, 1990a.

______. Toponímia e Antroponímia no Brasil: Coletânea de estudos. 2ª ed. São Paulo:


FFLCH/USP, 1990b.

ISQUERDO, Aparecida Negri. A toponímia como signo de representação de uma realidade. In:
Fronteiras – Revista de História. Campo Grande – MS: Editora UFMS, 1997. p. 27-46.

76
EQUIVALENTES EM FRANCÊS PARA FRASEOTERMOS QUE
NOMEIAM AVES DO PANTANAL: DESAFIOS PARA
IDENTIFICAÇÃO
Thierry Delmond
Aparecida Negri Isquerdo
O Pantanal é uma ecorregião que reúne um contingente importante de aves que representa mais
de 40% das espécies da avifauna do Brasil. Apesar do interesse despertado pela região, a
carência de publicações científicas e de obras de cunho mais popular, destinadas a um público-
alvo de pesquisadores e apaixonados francófonos, representa uma barreira à comunicação entre
essas comunidades de especialistas francófonas e lusófonas. Nesse sentido, a produção de obras
bilíngues que atendam essa demanda torna-se um imperativo. Recorte de um projeto piloto de
pesquisa sobre o estudo do léxico da avifauna do Pantanal de Mato Grosso do Sul numa
perspectiva bilíngue, português/francês, este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir
os resultados de um estudo realizado a partir de um corpus constituído pelos nomes de aves
registrados em dois guias sobre as aves do ecossistema do Pantanal: Pantanal: guia de aves
(ANTAS, 2009) e Aves do Brasil: Pantanal & Cerrado (GWYNNE et al., 2010), mais
especificamente os fraseologismos no domínio especializado da Ornitologia. Cada entrada dos
guias em questão é considerada, no domínio da Terminologia, como termo, entendido aqui
como uma unidade lexical que materializa um conceito ligado a uma área de especialidade
(KRIEGER, 2004). No caso de uma análise de fraseologismos, o termo fraseotermo é
empregado para nomear as colocações terminológicas ou termos, enquanto o termo fraseotexto
nomeia as colocações definitórias ou descrições (GONZÁLES REY, 2015). O estudo parte da
observação de disparidades semânticas identificadas nas definições dos nomes de aves
fornecidos pelos dois guias de língua portuguesa, sobre as aves do ecossistema do Pantanal, em
comparação com as definições apresentadas pela obra francesa acerca da avifauna do mundo,
Les noms Français des oiseaux du monde (DEVILLERS, 1993). Este estudo, orientado por
abordagens teóricas da Teoria da Tradução, no caso, a teoria do skopos (NORD, 2008), e da
Terminologia bilíngue (BARROS, 2004; 2007), propõe-se a analisar um conjunto de
fraseotermos escolhidos aleatoriamente nas duas obras brasileiras, examinando os equivalentes
latinos anotados nessas obras, em comparação com os registros fornecidos pela obra francesa
com o objetivo de verificar as correspondências em termos de descrições dos fraseotermos da
avifauna selecionados para o estudo. Os primeiros resultados revelam que as traduções dos
fraseotermos não são e nem podem ser literais e que as denominações nas duas línguas têm
diferenças que se evidenciam em relação aos aspectos histórico-sócio-culturais de cada país,
embora a natureza física do objeto, a ave, seja semelhante.

Palavras-chave: Terminologia, Fraseologia, bilinguismo, Ornitologia, Pantanal

77
Referências
ANTAS, Paulo de Tarso Zuquim. PALO JR, H. Pantanal: guia de aves. Rio de Janeiro: SESC,
Departamento Nacional, 2004.
BARROS, Lidia. A. Curso básico de Terminologia. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2004.
BARROS, Lidia. A. Conhecimentos de terminologia geral para a prática tradutória. São José
do Rio Preto: NovaGraf, 2007.
COMMISSION INTERNATIONALE DES NOMS FRANÇAIS DES OISEAUX. Noms
français des oiseaux du monde: avec les équivalents latins et anglais. Sainte-Foy, Québec:
Éditions MultiMondes, 1993.
GONZÁLES REY, Isabel. La phraséologie du français. Toulouse: Les presses universitaires
du midi, 2015
GWYNNE, John A., RIDGELY, Robert S., ARGEL, Martha, et al. Guia Aves do Brasil:
Pantanal e Cerrado. São Paulo: Editora Horizonte, 2010.
KRIEGER, Maria, Da Graça, FINATTO, Maria José Bocorny. Introdução à Terminologia:
teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2004.
NORD, Christiane. La traduction: une activité ciblée. Introduction aux approches
fonctionnalistes. Arras: Artois Presse Université, 2008.

78
MANIFESTAÇÕES MÁGICO-RELIGIOSAS EXPRESSAS NAS DESIGNAÇÕES
PARA “DIABO”: UM ESTUDO BASEADO EM DADOS DO PROJETO ALIB
Vanessa Cristina Martins Benke

A civilização passada acreditava, firmemente, no vínculo entre a palavra e o objeto por ela
designada e, por isso, admite-se que a origem dos tabus linguísticos se deve à crença de que
nomear a “coisa” traz consigo a própria “coisa”. Nesse contexto, Guérios (1979, p. 1) afirma
que “as palavras exteriorizadas podem ter forças sobrenaturais benéficas ou maléficas, porém
há palavras que não devem ser exteriorizadas, a fim de se evitarem malefícios dos mesmos
poderes”. Partindo desse princípio, este trabalho discute o fenômeno dos tabus linguísticos, na
esfera do mágico-religioso, nas designações coletadas para a pergunta “Deus está no céu e no
inferno está?”, questão 147 do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do Projeto Atlas
Linguístico do Brasil (Projeto ALiB), vinculada à área semântica religião e crenças. Os dados
aqui discutidos são um recorte dos resultados da pesquisa de Mestrado desenvolvida na
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campo Grande, por Benke (2012), que teve como
objetivo amplo o estudo do léxico, na perspectiva dos tabus linguísticos, com base no Banco de
Dados do Projeto ALiB. Este estudo foi pautado nos princípios teórico-metodológicos da
Linguística, especificamente da Lexicologia, da Semântica e da Dialetologia/Geolinguística,
bem como da Antropologia, da Sociolinguística e da Etnolinguística. Foram apuradas 42
designações para a pergunta em foco: anjo do mal/ anjo mau, anticristo, belzebu/zebu,
besta/besta-fera, bicho feio, bicho ruim, cão, capeta, capiroto, chifrudo/chifrudão, coisa/coisa
ruim, cramulhão, criatura, danoso, demônio/demo, diabo/diabinho, didi/dindin, encardido,
enxofre, estrela vermelha, exu caveira, gramunhão, inimigo, lúcifer, maligno, nefisto,
pombagira, rabudo, satanás, satã, satangos, sujo, tibinga, tinhoso, troço e zé pelintra. Dessas
nomeações, diabo foi a mais produtiva no Brasil, com 32, 43% de ocorrência, mostrando,
portanto, que essa variante integra a norma lexical dos habitantes do país para designar o ente
maligno em pauta. O presente estudo permitiu identificar que os entrevistados,
majoritariamente, empregaram diferentes recursos substitutivos ao nomear o “diabo”, no intuito
de amenizar a carga semântica negativa expressa na unidade lexical tida como tabu linguístico.
Por fim, os dados analisados revelaram que as crenças permeiam o imaginário popular dos
habitantes dos grandes centros urbanos, revelando, assim, a forma como um grupo linguístico
concebe a realidade sociocultural em que vive, materializados, por sua vez, no léxico de uma
língua.
Palavras-chave: léxico; capitais do Brasil; tabus linguísticos; Projeto ALiB.

Referências

79
GUÉRIOS, Rosário Farâni Mansur. Tabus Linguísticos. 2. ed. aum. São Paulo: Ed. Nacional;
Curitiba: Ed. da Universidade Federal do Paraná, 1979.

80
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NO LÉXICO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
DA COMUNIDADE SURDA DE MATO GROSSO DO SUL
Veronice Batista dos Santos
Elizabete Aparecida Marques
Este trabalho apresenta um recorte da pesquisa desenvolvida com a Comunidade Surda de
Mato Grosso do Sul , com o objetivo de comprovar ou refutar a hipótese de existência de
Expressões Idiomáticas (EIs) no léxico dos falantes da LSB dessa região. O corpus da pesquisa
é composto de material (vídeos) gravado pela equipe do Centro de Capacitação de Profissionais
da Educação e de Atendimento às pessoas com Surdez de Mato Grosso do Sul- CAS/MS, e
também de material coletado em contextos informais de interação entre os sujeitos surdos. As
expressões idiomáticas (EIs) são fenômenos linguísticos simbólicos de caráter semântico-
pragmático presentes em diferentes contextos interacionais. A Fraseologia ocupa-se do estudo
das combinatórias linguísticas entendidas aqui como lexia complexa indecomponível,
conotativa e cristalizada em um idioma pela tradição cultural (XATARA, 1998). Ancorados
nos pressupostos teóricos advindos dos estudos fraseológicos (ZULUAGA, 1980; CORPAS
PASTOR, 1996; RUIZ GURILLO, 1997; XATARA, 1998) o objetivo dessa comunicação é
apresentar os resultados preliminares de uma pesquisa maior que propõe-se a investigar a
existência de EIs na Língua de Sinais Brasileira (LSB) de forma a compreender de que maneira
essas expressões se realizam nessa modalidade linguística. Nossos resultados ainda são
preliminares, pois esta pesquisa ainda encontra-se em fase de coleta e análise , mas registramos
algumas EIs que já se encontram em nosso banco de dados e acreditamos que as mesmas
cumprem com a nossa proposta inicial que seria confirmar a existência de EIs próprias da LSB.
Ressaltando que, para a confirmação de que o fraseologismo pertence ao grupo das expressões
idiomáticas, é necessário que obedeçam aos critérios propostos por XATARA (1998).
Palavras - chave: Língua de Sinais Brasileira, Expressões Idiomáticas, Fraseologia.
Referências
CORPAS PASTOR, Gloria. Manual de Fraseologia Española. Madrid: Gredos, 1996.

FARIA, Sandra Patrícia de. A metáfora na LSB e a construção dos sentidos no desenvolvimento da
competência comunicativa de alunos surdos. Dissertação (Mestrado), 316 p. Universidade de Brasília,
DF, 2003.

GURILLO, Leonor Ruiz. Aspectos de fraseología teórica española. Valencia, Universidad de Valencia,
1997.

LAKKOF, George; JOHNSON, Mark. Metáforas da vida cotidiana. Campinas: Mercado das Letras,
2002.

81
XATARA, Claudia Maria, A tradução para o português de expressões idiomáticas em francês. Tese
(Doutorado), 244 p. UNESP, Araraquara, 1998.

ZULUAGA, Alberto. Introducción al estudio de las expresiones fijas. Frankfurt : Peter D.Lang, 1980.
278 p.

82
FÉ E SENTIDO: ENUNCIAÇÃO E ÉTHOS NO DISCURSO DA HOMILIA
Cássia Lacerda Soares
Geraldo Vicente Martins

Neste trabalho, cujas observações derivam de pesquisa ainda em fase inicial, emoldura-se uma
reflexão linguístico-discursiva acerca das homilias, definida como uma conversa de caráter
proximal, marcada por certo aspecto de familiaridade. Ao evidenciá-las emergem-se alguns
questionamentos: como ocorre a projeção das categorias de pessoa, tempo e espaço (em
especial, a primeira) no discurso dos homiliastas? A partir do exame de enunciados pertencentes
a esse discurso, qual estilo poderia ser depreendido por meio do estudo desse corpus composto
por homílias? Quais seriam os recursos do sistema retórico, bem como as figuras e temas
presentes nesse discurso? Como quadro teórico referente à enunciação, empregam-se as
concepções de Benveniste (1988; 1989) e os desdobramentos em torno delas de Fiorin (2000;
2001; 2011; 2015); as relativas à conceituação de tema e figuras de Barros (2005); e as
pertinentes aos estudos sobre éthos e estilo de Discini (2004; 2008) e Maingueneau (1995).
Quanto aos fundamentos sobre homilias, encontra-se respaldo em documentos da liturgia da
Igreja Católica, como o Evangelii Gaudium e a Sacrosanctum Concilium, e em contribuições
advindas de estudiosos da área, como Trudel (2015), Biscontin (2015) e Rigo (2012). Como
objetivo geral, tenciona-se investigar os desdobramentos das categorias enunciativas e, de modo
particular, a organização e o delineamento dos índices de pessoa e seus efeitos de aproximação
e distanciamento nas homilias. A partir desse propósito, objetiva-se especificamente: a) abordar
a noção de estilo e a operacionalização da noção de éthos, depreendida de uma totalidade; b)
discutir a relação dos recursos retóricos, enquanto mecanismos de persuasão e demonstração
do caráter do orador; e c) examinar como os procedimentos de tematização e figurativização
articulam-se no discurso homilético. Quanto aos procedimentos metodológicos, optou-se por
realizar um estudo qualitativo acerca do corpus de pesquisa, o qual será composto por 24
homilias coletadas por meio de gravações em áudios em nove comunidades católicas
pertencentes à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, situada no município de Campo Grande/MS.
Ressalta-se que tal estudo investigará a totalidade discursiva de três padres atuantes nos locais
da coleta de dados. A pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental contribuirão no
desenvolvimento do trabalho, ao colaborar na montagem do arquivo referente ao objeto de
estudo. Destaca-se que este estudo justifica-se pela carência de propostas que abordem o
83
discurso homilético pelo viés linguístico-discursivo, a fim de lançar um olhar que focalize a
linguagem eclesial e seus desdobramentos, sem perder de vista os efeitos de sentido nela
construídos.

Palavras-chave: Homilia. Pessoalidade. Estilo. Éthos. Tema e Figurativização.

Referências
BARROS, Diana Luz Pessoa. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo: Ática, 2005.
BENVENISTE, Émile. O aparelho formal da enunciação. In: Problemas de Linguística Geral
II. Trad. E. Guimarães et al. Campinas: Pontes, 1989.

______________. O homem está na língua. In: Problemas de Linguística Geral I. Trad. M.


G. Novak e L. Neri. 3ª Ed. Campinas: Pontes: Editora da Universidade Estadual de Campinas,
1991, p. 247-315.

BISCONTIN, Chino. Pregar a palavra: A ciência e a arte da pregação. Brasília: Edições


CNBB, 2015.

DISCINI, Norma. O estilo nos textos: história em quadrinhos, mídia, literatura. 2. ed. São
Paulo: Contexto, 2004.

______________. Ethos e estilo. In: MOTTA, Ana Raquel; SALGADO, Luciana (orgs.) Ethos
discursivo. São Paulo: Contexto, 2008, p. 33-54.

FIORIN, José Luiz. As astúcias da enunciação. São Paulo: Editora Ática, 2001.

______________. Em busca do sentido: estudos discursivos. 2ª ed. São Paulo: Contexto,


2015.

______________. Linguagem e Ideologia. 7ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2000.

______________. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2011.


FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Vaticano: 2013. Disponível
em: <www.vatican.va>. Acesso em: 01.out. 2018.

MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária. Trad. Marina Appenzeller. São


Paulo: Martins Fontes, 1995.

RIGO, Enio José. Homilia: a comunicação da palavra. 3º ed. São Paulo: Paulinas, 2012.

84
SACROSANCTUM CONCILIUM. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Paulus:
São Paulo, 1997.

TRUDEL, Jacques. Homilia: formação e arte de comunicar. São Paulo: Paulus, 2015.

85
KIT GAY: LETRAMENTO CRÍTICO PARA ENFRENTAMENTO DE FAKE NEWS
NAS ELEIÇÕES DE 2018
Emmanuelly Castro Dos Santos
Ruberval Franco Maciel

O contexto de eleições democráticas é relativamente novo no Brasil, com apenas 30 anos. Esse
acontecimento envolve diversas escolhas e decisões baseadas em dados que nem sempre
revelaram a verdade dos fatos. Porém, são nas eleições presidenciais de 2018, que as fake news
(notícias falsas) tomam conta do ciberespaço evidenciando a era da pós-verdade no Brasil, onde
a certeza dos fatos tem menos importância que a emotividade do discurso apresentado
(GOOCH, 2016). Neste contexto, o Letramento Crítico na formação cidadã torna-se necessário
para um entendimento da não-fixação de sentido de um texto (ROCHA E MACIEL, 2011), do
sujeito ideológico de cada discurso (BAKHITIN, 1990) e a heterogeneidade da sociedade,
ressaltada pelo local de fala de cada sujeito (SOUZA, 2004). O objeto de pesquisa será a
apresentação do livro “Aparelho Sexual e Cia”, da jornalista Hélène Bruller como item do
suposto “kit gay”, apontado por um dos candidatos à presidência, durante uma entrevista ao
Jornal Nacional. Essa pesquisa busca uma reflexão sobre a importância do letramento crítico
para uma consciência social, principalmente no contexto de eleições presidenciais. A
metodologia utilizada neste trabalho é bibliográfica, uma vez que busca - nos trabalhos
científicos de pesquisadores da área – explicações para análise de tal fenômeno.
Palavras-chave: fake news, kit gay, letramento critico, pós-verdade
Referências:
CASTELLS, Manuel. O Poder da Comunicação. São Paulo/Rio de Janeiro: Terra e Paz, 2015.
GOOCH, Anthony. Revista: Revista UNO: A Era da Pós-Verdade: Realidade Versus
Percepção. Ensaio: No pós das Verdades. São Paulo, p. 14-15, março, 2017.
ROCHA, Cláudia Hilsdorf, MACIEL, Ruberval Franco. Ensino de Língua estrangeira como
prática translingue: articulações com teorizações bakhitinianas. In: D.E.L.T.A. Vol. 31, nº2.
São Paulo, Julho/dezembro de 2015.
ROSALES, Francisco. Revista: Revista UNO: A Era da Pós-Verdade: Realidade Versus
Percepção. Ensaio: Pós-Verdade, uma nova forma da mentira. São Paulo, p. 49- 50, março,
2017.
SOUZA, Lynn Mario T. Menezes de. Hibridismo e Tradução cultural em Bhabha. In: JUNIOR,
Benjamin Abdala (Org.). Margens da Cultura: Mestiçagem, Hibridismo e outras Misturas. São
Paulo. Boitempo Editoral, 2004.

86
---------------. Para uma redefinição do letramento crítico: conflito e produção de significação.
In: MACIEL, Ruberval Franco; ARAÚJO, Vanessa; TAKAKI, Nara Hirodo (org). Formação
de professores de línguas: processos tradutórios e ética do Sul – particularidades ampliando
perspectivas. Jundiaí: Paço Editorials, 2011. p-128-140.
TRAQUINA, Nelson. Teorias de Jornalismo, porque as notícias são como são. Florianópolis:
Insular, 2005.

87
RESULTADOS DA PESQUISA:
O JOGO COMO MEDIADOR DA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO
LETRAMENTO SEMIÓTICO

Adda Sofía Barco Velásquez


Sueli Maria Ramos da Silva

Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados finais da pesquisa de mestrado
(2016-2018) desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens,
UFMS. A pesquisa tem como objetivo geral analisar o ensino da perspectiva de práticas de
leitura, definidas como propostas de letramento semiótico, por meio de jogos como
mediadores das práticas de ensino para avaliar as variações na construção de sentidos geradas
no processo de leitura e escrita no ensino fundamental. A partir do ponto de vista da Semiótica
Greimasiana de linha francesa, tomando como base a perspectiva do jogo e da literatura
infanto-juvenil, mediante o estabelecimento do ferramental teórico do letramento semiótico,
propomos estratégias, tanto de práticas sociais de leitura e de escrita, quanto da análise desses
procedimentos. Assim, mediante o estudo de diferentes atividades de letramento, são
analisadas as variações na construção de sentido geradas no processo de leitura, dando ênfase
tanto na abordagem que estas fazem do texto, quanto na relação com o enunciatário.
Associados a essa problemática, nossos objetivos específicos consistem na análise semiótica
de dois textos de literatura infanto-juvenil, pertencentes ao livro “O terror do 6 B”, de
Yolanda Reyes: “O dia em que não houve aula” e “O terror de 6 B”, abordados na sua versão
original, em espanhol e em português na tradução de André de Oliveira Lima, Diante da
análise empreendida, propomos atividades de práticas de leitura que abordam a depreensão
do sentido. Nossos resultados incidem em uma proposição coincidente com o a proposta de
leitura e redação desenvolvida por Platão e Fiorin (1999, 2007) e, finalmente, realizamos a
elaboração de um jogo como prática de letramento semiótico. Por sua vez, nosso trabalho
direciona-se à população infanto-juvenil, com o intuito de promover e otimizar a
implementação de práticas de leitura crítica no ensino fundamental. Apoio: (CAPES)

Palavras Chaves: Semiótica Francesa, Letramento, Literatura infanto-juvenil, Jogos.

Referências

ALMEIDA, R.C.S. Jogos nas aulas de português: linguagem, gramática e leitura I. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2013.

ALVES, Flora. Gamefication: Como criar experiências de aprendizagem engajadoras um guia


completo: do conceito à prática. 2ª ed. São Paulo: DVS editora, 2015.

88
ARANA, Maria Virgínia Moraes de. Jogos eletrônicos: por uma semiótica passional.
Significação (UTP), São Paulo, p. 125-143, 2002.

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

BARBOSA, J. B.; BARBOSA, M. V. (Org.). Leitura e Mediação: reflexões sobre a formação


do professor. Campinas: Mercado de Letras, 2013.

BARROS, Diana Luz. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 2005.

______. Teoria do discurso. Fundamentos semióticos. São Paulo: Humanitas FFLCH/USP,


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BENVENISTE, E. Problemas da linguística geral I. Campinas: Pontes, 1991.

_____. Problemas de linguística geral II. Campinas: Pontes, 1989.

BERNARDES, E. L. Jogos e brincadeiras tradicionais: um passeio pela história. In: IV


Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação: Percursos e desafios da pesquisa do Ensino
de História da Educação, Uberlandia. Anais eletrônicos, 2006, Disponível em:
http://www2.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/47ElizabethBernardes.pdf. Acesso em: 19
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BERTRAND, D. Caminhos da semiótica literária. Bauru: EdUSC, 2003.

BLOOM, Harold. A angústia da influência. Uma teoria da poesia. Trad. Marcos Santarrita. 2
Ed.Rio de Janeiro: Imago, 2002.

BORTONI-RICARDO, S. M.; MACHADO, V. R.; CASTANHEIRA, S. F. Formação do


professor como agente letrador. São Paulo: contexto, 2010.

CAILLOIS, Roger. Os jogos e os homens: A máscara e a vertigem. Lisboa: Edições Cotovia.


1990.

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AFINIDADES ELETIVAS ENTRE OBRAS DE MANOEL DE BARROS E AS ARTES
PLÁSTICAS SUL-MATO-GROSSENSES

Dayne da Silva Caldeira Saibert


Maria Luceli Faria Batistote

Dotada de discurso único, a obra de Manoel de Barros além de evidenciar a relação do homem
com o Pantanal sul-mato-grossense, possui, sobretudo, conexão com as artes plásticas. Este
diálogo, percebido por meio do sentido de liberdade que o poeta desenvolve em seus poemas,
iniciou-se em um curso de pintura realizado no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque, onde
conheceu artistas que influenciaram a base pictórica de sua poética, tais como Chagall, Picasso,
Miró, Klee e Van Gogh. Nessa conjuntura, com o propósito de observar afinidades eletivas
entre a obra de Manoel de Barros e as artes plásticas sul-mato-grossenses, no tocante aos temas
e figuras recorrentes, tais como a citação das águas na paisagem pantaneira, seja na linguagem
verbal (poemas) ou na linguagem visual (pintura), seleciona-se como corpus as produções
pictóricas dos artistas plásticos José Ramão Pinto de Moraes (Jorapimo) e Stefan Grol, que
retratam a paisagem pantaneira, e as obras de Manoel de Barros: Livro de pré-coisas (1985), O
guardador de águas (1989), O livro das ignorãças (1993) e Menino do Mato (2010). Para tanto,
busca-se, a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da semiótica discursiva de linha
francesa, descrever e interpretar o plano do conteúdo, principalmente os temas e figuras, o plano
da expressão, o verbal e o visual, e as relações semissimbólicas entre os dois planos nos textos.
Para a concretização da pesquisa, serão mobilizadas, principalmente as abordagens semióticas
realizadas por Greimas (1976), Greimas & Courtés (2008), Floch (1985), Fiorin (2002),
Bertrand (2003), Barros (2000), Oliveira (2004), Pietroforte (2004), Assis-Silva (1995).

Palavras-chave: Manoel de Barros; Artes plásticas; Figurativização; Sentido.

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95
HÁ DESDOBRAMENTOS DO PRAGMATISMO PEIRCIANO NO “PRAGMATISMO
INTERATIVO” DE MONTANER PARA A ARQUITETURA?
Gabriela Lima Mascarenhas Moreira
Eluiza Bortolotto Ghizzi

Propõe-se estudar possíveis desdobramentos do pragmatismo de Charles Sanders Peirce (1836-


1914) no “pragmatismo interativo” de Josep Maria Montaner (1954-), em seu livro “Do
diagrama às experiências, rumo a uma arquitetura de ação” (2017). No contexto das teorias da
arquitetura a partir de 1990, observa-se uma influência do pragmatismo por meio da
revalorização da aplicação prática, em oposição à teoria. Afastando-se do entendimento da
teoria e da prática como termos disjuntos, Montaner reúne referências tanto ao pós-
estruturalismo de Foucault, Deleuze, Guattari, como ao pragmatismo peirciano, reconhecendo
a máxima pragmática ao admitir não ser possível separar a arquitetura de suas consequências
para o contexto e a vida. “Diagrama”, “Experiência” e “Ação” constituem sua tríade conceitual
para pensar uma arquitetura pragmática. O (1) diagrama é um recurso gráfico e adequa-se tanto
à análise (passado) como ao projeto (futuro); a (2) experiência individual é um fator de correção
da disposição do diagrama à abstração, atualizando-o a partir da dimensão do sensível; já a
dimensão social da (3) ação deve superar o caráter subjetivo da experiência e configurar um
ativismo vinculado a uma postura ética orientada para a diversidade, pois a arquitetura apenas
existe no âmbito coletivo da polis. Montaner entende a ação como operativa, pois conduz
novamente ao diagrama, possibilitando refazer o diagnóstico da realidade e o projeto para a
ação, instâncias necessárias ao trabalho do arquiteto de, ao prever espaços, antecipar seus usos
futuros. A partir disso, encaminha-se uma investigação estabelecendo pontos de contato e
deslocamento entre o pragmatismo interativo e o pragmatismo peirciano. Concebido como um
método científico, um ponto central do pragmatismo peirciano é a sua máxima normativa, uma
máxima de lógica que pode ser entendida como uma aplicação da ética, pois indica como
devemos agir para determinar o significado de conceitos ou de qualquer coisa que possa agir
como signo. Não pode ser desvinculado do realismo do autor, da conformação da representação
à realidade, da capacidade da mente científica para aprender a partir da experiência, do caráter
preditivo do conhecimento, sendo importante compreender sua ênfase na ideia geral e não na
mera ação individual. O pragmatismo interativo de Montaner reveste-se desse caráter científico
de compromisso com a realidade, defendendo que a arquitetura detenha um compromisso
social. Espera-se com este estudo promover aproximações entre ambas as concepções de
pragmatismo e, de modo mais amplo, entre a arquitetura e o pragmatismo peirciano, a fim de
discutir possíveis contribuições deste para a arquitetura.
Palavras-chave: Charles Sanders Peirce; pragmatismo; pós-estruturalismo; arquitetura;
ativismo;

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A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DO PROJETO DE LEI Nº 1.676 DE 1999:
PURISMO LINGUÍSTICO E RELAÇÕES DE PODER

Felipe Martins Da Silva


Vânia Maria Lescano Guerra

O trabalho tem como objetivo problematizar a construção do discurso do projeto de Lei n. 1.676
de 1999. Esse projeto declara lesivo ao patrimônio cultural brasileiro “todo e qualquer uso de
palavra estrangeira ou expressão em língua estrangeira” (art. 4º). O intuito é investigar quais
são as marcas ligadas às formações discursivas puristas e como a história do desenvolvimento
do purismo atravessa o discurso da sociedade brasileira, examinando as suas manifestações no
texto desse projeto de lei. O lugar teórico que se privilegia são os estudos do discurso, em
especial a reflexão sobre a tensão entre o mesmo/o diferente quando da produção de sentido
(PÊCHEUX, 1988). Nessa perspectiva, analisar o sentido do discurso significa lançar um olhar
para sua constituição dialógica na temporalidade que envolve passado, presente e futuro. As
memórias (do passado e do futuro são compostas das antecipações da resposta do outro) são
partes constitutivas do enunciado que é produzido. Pêcheux (1988) assevera que o sentido de
uma palavra, de uma expressão, de uma proposição, não existe em si mesmo, ou seja, colado
ao significante, mas ao contrário é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo
no processo sócio-histórico. Além disso, examinaremos a “vontade de verdade” (FOUCAULT,
2009) evocada pelo discurso da lei para corroborar uma imagem pura, íntegra e homogênea da
língua. Outro ponto investigado são as condições de produção da imposição da Língua
Portuguesa no Brasil praticadas pela colonização portuguesa, analisando como esses discursos
emergem no projeto de lei, ressignificados e materializados com efeitos de sentido de
imposição, silenciamento de outras línguas e protecionismo linguístico contra as alteridades
representadas pelas línguas estrangeiras e autóctones. São analisados 6 excertos do PL,
organizados em 3 eixos temáticos: 1) imposição; 2) silenciamento e 3) proteção. As sequências
discursivas recortadas buscam interceptar os efeitos de sentidos que circulam sub-repticiamente
na materialidade discursiva do PL e relacioná-los ao panorama sócio-histórico-ideológico que
permite a emergência de discursos de proteção da língua dos colonizadores e silenciamento de
outras línguas, verificando as relações de poder presentes no discurso em tela.

Palavras-chave: Discurso; Purismo Linguístico; Relações de poder.

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102
UMA ABORDAGEM MULTIMODAL NA ANÁLISE DE UM JORNAL ONLINE

Gislaine Sartório Andrade


Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

Pretendemos abordar, neste trabalho, aspectos teóricos que norteiam o projeto de pesquisa que
está sendo desenvolvido no programa de Mestrado em Estudo de Linguagens da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O projeto versa sobre produção de textos multimodais
de um jornal on-line por alunos que cursam o 8º ano, numa escola Municipal de Campo Grande,
no estado de Mato Grosso do Sul (MS). Justificamos a escolha do tema já que os textos
multimodais surgem como transformação nas relações com a cultura escrita e práticas de leitura.
Desse modo, como parte do referido estudo, objetivamos analisar aspectos multimodais, na
perspectiva da Semiótica Social, presentes na primeira página do jornal on-line “Correio do
Estado”. O periódico mencionado foi selecionado por se tratar do mais antigo veiculado na
cidade de Campo Grande. A multimodalidade insere-se na concepção da pedagogia de
multiletramentos, pautados nas diferentes manifestações da linguagem, bem como a forma pela
qual indivíduo, coisas e lugares constituem o conjunto de sentidos, conforme as concepções
teóricas de Cope e Kalantzis (2000), Kress (2010), Rojo (2012), Rojo e Moura (2012). Com
base no referencial teórico mencionado, observamos que, atualmente, o leitor pode compartilhar
textos eletrônicos, incluindo os jornalísticos, nas redes sociais. Também é possível redigir e
publicar comentários. Essas são algumas características importantes que o modo impresso não
oportuniza. As multiplicidades de recursos semióticos podem proporcionar às pessoas, leituras
mais dinâmicas e abrangentes, tendo em vista que o texto eletrônico oferece maior
interatividade por meio de links, hiperlinks, gráficos e recursos multimídias.

Palavras-chave: multimodalidade; multimídias; Semiótica Social; jornal on-line.

Referências
COPE, Bill; KALANTZIS, Mary (Ed.). Multiliteracies: Literacy Learning and the Design
of Social Futures. London: Routledge, 2000.
KRESS, Gunther. Multimodality. A social semiotic approach to contemporary
communication. New York: Routledge, 2010.
ROJO, Roxane Helena Rodrigues. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São
Paulo: Parábola Editorial, 2009.
ROJO, Roxane Helena Rodrigues; MOURA, Eduardo. Multiletramentos na escola. São Paulo:
Parábola Editorial, 2012.

103
O CORPO FEMININO EM FILMES DE HORROR – UMA BREVE ANÁLISE
SOBRE A NUDEZ FEMININA EM STARRY EYES.

Larissa de Santana Anzoategui

Sueli Maria Ramos da Silva

Este trabalho busca investigar o corpo feminino como configuração semiótica de nudez em
enunciados fílmicos do gênero horror. O interesse é observar como o elemento em análise, o
corpo, mesmo que traga diferentes arquétipos femininos como a donzela, a femme fatale, a
cuidadora, entre outros, mantém a recorrência da temática de oposição sagrado vs. profano.
Teremos como corpus de análise fragmentos da obra fílmica Starry Eyes (2014), dirigida por
Kevin Kolsch e Dennis Widmyer, nos quais será discutida a mencionada oposição. A análise
terá como fundamentação teórica basilar a semiótica greimasiana de linha francesa alicerçada
pelos estudos de Pietroforte sobre o modelo teórico do percurso gerativo de sentido. Tomaremos
ainda como base textos da autoria de Silva (2011, 2012, 2012), autor de pesquisas sobre o terror
e sobre o corpo que se valem de teorias da semiótica francesa. A definição de horror que
norteará o trabalho é a apresentada pelos estudos de Carroll (1999), em sua obra A filosofia do
horror ou paradoxos do coração. A fim de discutir como se dá a questão de personagens do
gênero feminino no horror, utilizaremos os estudos de Carol J. Clover (2015), em sua obra Men,
women and chain saws. Por fim, a questão da nudez será abordada através das ideias de Giorgio
Agamben (2014), registradas em seu texto “Nudez”. Analisando cenas da obra cinematográfica
tomada como objeto de estudo por meio de tais suportes teóricos, buscamos encontrar
modulações tensivas que extrapolem o senso comum do uso da nudez como apenas
objetificação do corpo feminino.

Palavras-chave: Nudez; enunciados fílmicos do gênero horror; percurso gerativo de sentido;


Semiótica Greimasiana.

Referências
AGAMBEN, Giorgio. Nudez. Tradução Davi Pessoa. São Paulo, Autêntica editora, 2014.

AMBROGIO, Anthony. Fay Wray: Horror Film´s first sex symbol. In: PALUMBO, Donald
(org) Eros in the mind´s eye Sexuality and the fantastic in art and film. Westport, Connecticut,
Greenwood Press, 1986.

CARROLL, Noel. A filosofia do horror ou paradoxos do coração. Tradução Roberto Leal


Ferreira. Campinas, SP, Papirus editora,1999.

104
CLOVER, Carol J. Men, women and chain saws Gender in the modern horror film. Princeton,
New Jersey, Princeton University Press, 2015.

GREIMAS, Algirdas Julien. Les actants, les acteurs e les figures. In:GREIMAS, A. Julien. Du
sens II: essays sémiotiques. Paris: Éditions du Seuil, 1983, p. 49-66.

KOLSCH, Kevin; WIDMYER, Dennis. Starry eyes. Snowfort Pictures, 2014. 98 minutos.
Filme.

PIETROFORTE Antonio Vicente, Semiótica visual os percursos do olhar. São Paulo, SP,
Editora Contexto, 2017.
SILVA Odair José Moreira da. Um estudo sobre a paixão do medo no cinema de horror.
Conexão – Comunicação e Cultura (Revista eletrônica). Caxias do Sul, v. 11, n. 22, p.41.

_________. O suplício na espera dilatada: a construção do gênero suspense no cinema. (Tese


de doutorado). São Paulo: FFLCH/USP, 2011, 317 f.

_________. Erotismo, corpo e sentido nas relações intersemióticas de História de O. Revista


Metalinguagens (Revista eletrônica). v.4, n.2, p.4-30.

105
LEITURA ONLINE NO JOGO LOL: ANÁLISE DE LETRAMENTO DIGITAL

Letícia de Leon Carriconde


Fabiana Poças Biondo Araújo

Este trabalho apresenta um projeto em fase inicial, que visa à investigação e análise dos modos
e das estratégias de leitura online utilizados pelos jogadores do jogo League of Legends (LOL)
na construção desse letramento específico, e do que tais estratégias revelam da interação entre
as multissemioses percebidas, na produção de sentidos no e sobre o jogo. A partir de
pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Aplicada, integrando os conceitos de
letramento digital (BUZATO, 2007), multiletramentos (STREET, 2003) e leitura online
(SCHMAR-DOBLER, 2018), a pesquisa se desenvolve em perspectiva transdisciplinar, com
abordagem interpretativista, na identificação e descrição dos aspectos sócio-semióticos
encontrados na interface do jogo, na análise dos modos e estratégias de leitura utilizadas pelos
jogadores, e na apuração dos aspectos relacionados à leitura online encontrados nos expedientes
que forem identificados como ferramentas na constituição desse letramento (tais quais os
fóruns, as streamings, o site do desenvolvedor do jogo). A metodologia da pesquisa inclui
análise dessas ferramentas complementares e da interface do jogo, desde o momento das
seleções inicias até a ação de jogar, além da aplicação de questionários, aos jogadores, para
melhor entendimento das escolhas de estratégias e construção de um perfil do jogador. Sendo
o LOL um dos jogos no estilo MOBA (Multiplayer Online Battle Arena) com maior número de
usuários da atualidade, ele se apresenta como um importante objeto de estudo para que se pense
na expansão do conceito de letramento, englobando a linguagem multimidiática da tela e o seu
uso (DALEY, 2010). Entre os resultados esperados, visamos enriquecer as reflexões acerca do
letramento digital no âmbito das instituições educacionais, escola e academia, minimizando a
distância entre eles e os letramentos cotidianos, analisando a hipótese de que as estratégias
encontradas possam se estender para outros letramentos que exijam uma interação semelhante
entre sujeito e hipertextos. (Apoio: CNPq)

Palavras-chave: Letramento. Multimodalidade. Multissemiose. Linguagem. Digital.


Referências
BUZATO, M. E. K. Entre a fronteira e a periferia: linguagem e letramento na inclusão
digital. 2007. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – IEL – Instituto de Estudos da
Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 2007.

106
DALEY, E. Expandindo o conceito de letramento, 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/tla/v49n2/10.pdf Acesso em: 05 nov.2018.

SCHMAR-DOBLER, E. Reading on the internet: the link between literacy and technology,
2003. Disponível em:
http://literacyuncc.pbworks.com/f/Reading%20on%20the%20Internet.pdf Acesso em: 05 nov.
2018.

STREET, B. V. What´s “new” in the new literacy studies? Critical approaches to literacy in theory and
practice, 2003. Disponível em: https://www.tc.columbia.edu/cice/pdf/25734_5_2_Street.pdf Acesso
em: 05 nov. 2018.

107
OS ELEMENTOS INDICIAIS E SIMBÓLICOS PRESENTES NA MATERIALIDADE
EM OBRAS DAS ARTES PLÁSTICAS CONTEMPORÂNEAS
Lisa Rayane dos Santos Araujo
Eluiza Bortolotto Ghizzi

Este trabalho é uma parte da pesquisa em andamento no mestrado em Estudos de Linguagens


da UFMS, no qual é abordado o conceito de materialidade associado a obras de artes plásticas
contemporâneas, em especial nas obras da artista paulista Rosana Paulino (1967). Entre as obras
selecionadas, são analisadas duas séries: Bastidores (2003) e Atlântico vermelho – padrão do
descobrimento (2016-2017). Os trabalhos de Rosana Paulino desenvolvem as temáticas de
gênero, do feminino, questões étnicas, sociais e políticas. Estas questões também são abordadas
na pesquisa, pois dizem respeito à relevância do trabalho da artista no contexto atual, já que
estas temáticas têm sido valorizadas em nossa sociedade. Para conceituar as temáticas, usam-
se como referência textos de Archer (2008), Cauquelin (2005) e Millet (1997), entre outros que
discutem arte contemporânea. Paralelamente, é utilizado os conceitos de símbolo e de índice da
semiótica geral de Charles Sanders Peirce (1839-1914) para tratar dos aspectos indiciais e
simbólicos associados à materialidade nas obras selecionadas. Além de textos de Peirce (2005),
utilizam-se textos dos estudiosos da obra peirciana especialmente de Ibri (2015), Nöth (1995)
e Santaella (1995; 2003; 2005). Este recorte no processo semiótico se deve à nossa observação
sobre como a artista mistura linguagens para construir as obras, envolvendo o próprio manejo
dos materiais, que deixa resíduos identitários e de significado. O processo criativo da artista
gera uma transformação dos elementos que estão decodificados na materialidade da obra, seus
elementos simbólicos. Desta forma, os conceitos presentes em cada símbolo pertencente aos
elementos da obra fazem com estes modifiquem-se e evoluam.

Palavras-chave: Semiótica perciana; arte contemporânea; feminino; identidade.

Referências
ARCHER, Michel. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes,
2008.

CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes,
2005.

GIBSON, Clare. Como compreender símbolos: Guia rápido sobre simbologia nas artes. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012.

108
IBRI, I. Kósmos Noétos: A Arquitetura Metafísica de Charles S. Peirce. São Paulo:
Perspectiva: Hólon, 2015.

MILLET, Catherine. A arte contemporânea. Lisboa, PT: Instituto Piaget, 1997.

NÖTH, Winfred. Panorama da semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: ANNABLUME,


1995.

RAMOS, Célia Maria Antonacci. Políticas e poéticas da representação do corpo da mulher


negra na arte brasileira. 23º Encontro da ANPAP – “Ecossistemas Artísticos”. – Belo
Horizonte – MG, p. 36-51, 2014.

SANTAELLA, Lucia. A Teoria Geral dos Signos: Semiose e Autogeração. São Paulo: Ática,
1995.

_______. O que é semiótica. 3. Ed. São Paulo: Brasiliense, 2003.

_______. Semiótica Aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

SANTAELLA, L & W. NÖTH. Imagem. São Paulo: Iluminuras. 1998.

PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica, trad. José Teixeira Coelho Neto. São Paulo:
Perspectiva,1977.

109
VAMPYROTEUTHIS INFERNALIS EM ABORDAGEM SEMIÓTICA PLÁSTICA E
TENSIVA
Luis Henrique Pereira de Paula
Geraldo Vicente Martins

É nas páginas finais de Vampyroteuthis Infernalis, obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilém


Flusser, que encontramos o curioso anexo Vampyroteuhtis Infernalis em imagens. As pranchas
desenvolvidas pelo artista Louis Bec, que é coautor da obra com Flusser, nos trazem o catálogo
científico de uma criatura abissal e de seus pares submarinos. O animal conhecido por Lula-
vampiro-do-inferno existe. É um molusco que habita as profundidades dos mares. Bec
contribuiu com a fábula de Flusser por meio de suas pranchas que nos propomos a analisar pelo
viés semiótico de linha francesa, sobretudo em seu desenvolvimento visual dado pelo
semioticista Jean-Marie Floch. Nosso objetivo é partir do pressuposto flusseriano, que permitiu
a Bec desenvolver sua pesquisa fantástica, de que as redes da ciência são denunciadas na análise
do cadáver vampyroteutico, e atentar para o quanto as lentes do conhecimento humano se
manifestam nos textos sincréticos das pranchas do Instituto Científico de Pesquisa
Paranaturalista. Nossa análise é imanente como a de Flusser, mas visa opor e expor o contraste
entre os dois perigos deflagrados pelo Vampyroteuthis: a Cila do tipo classicista e a Caribde
confessional, os dois lados através dos quais esbarramos no terror da criatura abissal, sem poder
apreendê-la (Flusser; Bec, 2011). Para este fim, utilizaremos o aporte teórico de Floch (1987)
e Greimas (1984), tendo em vista encontrar uma oposição semântica e estrutural fundante nos
textos de Bec, correlacionando com a abordagem literária de Auerbach (2013), para então
assumirmos uma dimensão tensiva, conforme proposto por Lucia Teixeira (2004) e Claude
Zilberberg (2011). (Apoio: CAPES)

Palavras-chave: Vampyroteuthis Infernalis, semiótica plástica, semiótica tensiva.

Referências
AUERBACH, Erich. “A cicatriz de Ulisses”. In: ______. Mimesis: a representação da realidade
na literatura ocidental. 6 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.
FLOCH, J.-M. (1987). Semiótica plástica e linguagem publicitária. Significação: Revista De
Cultura Audiovisual, (6), 29-50. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.1985.90495.
FLUSSER, V. Ficções Filosóficas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
______________, BEC, Louis. Vampyroteuthis Infernalis. São Paulo: Annablume, 2011.

110
GREIMAS, A.J. (1984). Semiótica figurativa e semiótica plástica. Significação: Revista De
Cultura Audiovisual, (4), 18-46. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.1984.90477
TEIXEIRA, Lucia. Entre dispersão e acúmulo: para uma metodologia de análise de textos
sincréticos. Gragoatá, [S.l.], v. 9, n. 16, jul. 2004. ISSN 23584114. Disponível em:
<http://www.gragoata.uff.br/index.php/gragoata/article/view/586>. Acesso em: 13 ago. 2018.
ZILBERBERG, C. Elementos de Semiótica Tensiva. Trad. Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit,
Waldir Beividas. São Paulo: Ateliê editorial, 2011.

111
VIDEO MAPPING, SEMIOSES E POTENCIAIS DE RESSIGNIFICAÇÃO

Luis Felipe Santos Salgado da Rocha


Eluiza Bortolotto Ghizzi

O desenvolvimento tecnológico tem aumentado as possibilidades de convergências entre


diversas formas de linguagem, o que permite a hibridização de algumas formas e até mesmo o
surgimento de novas linguagens. Entre as recentes novidades possibilitadas pelos avanços
tecnológicos está o video mapping, uma linguagem que vem sendo cada vez mais utilizada nos
ramos das Artes Visuais, da Arquitetura e da Publicidade. Para que as obras de video mapping
possam ser executadas e tenham possibilidade de alcançar seus fruidores, faz-se necessário a
interação do humano, do digital, da estrutura física e da luz. Essa interação, além de permitir a
execução das obras, acaba por criar um ambiente híbrido, onde o digital e o físico entram em
convergência, de modo que um passa a complementar e, ao mesmo tempo, interferir na
percepção do outro. Os processos envolvendo o video mapping estão repletos de semioses,
todavia, pelo menos no âmbito nacional, parecem ser poucas as pesquisas científicas voltadas
para a ação do signo nesta linguagem, sendo que a maioria delas se voltou para os aspectos
técnicos para a execução das obras. Assim, a presente pesquisa, que ainda se encontra em fase
inicial e de especificação de um recorte, busca investigar e discutir, sob os parâmetros da
semiótica de Chales S. Peirce, os principais processos semióticos envolvidos na linguagem do
video mapping, principalmente no que tange ao processo de criação e de execução das obras,
às percepções presentes no ambiente híbrido formado por ela, bem como ao seu potencial de
ressignificação, que, aparentemente, engloba tanto um caráter efêmero quanto permanente.

Palavras-chave: Video Mapping. Semiótica. Charle S. Peirce. Ressignificação.

Referências
ECO, Umberto. Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FONTANA, Sara. GIUSTACCHINI Enrico. Buren e l’utensile visivo. Revista virtual Oggi 7,
10 de agosto de 2008. Disponível em: <http://www.oggi7.info/2008/08/21/1235-buren-e-l-
utensile-visivo>. Acesso em: 22 de Abril de 2018.
GHIZZI, Eluiza Bortolotto. Potencialidades da ideia de mente e do interpretante peircianos para
uma perspectiva semiótica e ecológica da comunicação. Revista eletrônica de filosofia. São
Paulo, v. 11, 2014.

112
IBRI, Ivo Assad. Kósmos noetós: a arquitetura metafísica de Charles S. Peirce. São Paulo:
Paulus, 2015.
KNELSEN, Mateus. Projeção mapeada, a imagem livre de suportes. 2012. Disponível em: <
http://medul.la/pdf/projecao_mapeada.pdf >. Acesso em: 25 de abril de 2018.
KOTZ, Liz. Videoprojeção: o espaço entre telas. In: MACIEL, K. (Org.) Cinema Sim: narrativa
e projeções/ reflexões e ensaios. São Paulo: Itaú Cultural, 2008.
NÖTH, Winfred. Panaroma da semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: Annablume, 2003.
SANTAELLA, Lúcia. A teoria geral dos signos. São Paulo: Pioneira, 2000.
SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1990.
SCHIELKE, Thomas. Light Matters: Vídeo-mapeamento 3D, fazendo da arquitetura uma tela
para narrativas urbanas. 2013. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-
149323/light-matters-video-mapeamento-3d-fazendo-da-arquitetura-uma-tela-para-narrativas-
urbanas>. Acesso em: 15 de Abril de 2018.

113
CULTURAS INDÍGENAS NA GÊNESE DE MONUMENTOS

Maria Luceli Faria Batistote

O turismo não pode pôr em risco ou agredir irreversivelmente as regiões e ou espaços nos quais
se desenvolve, devendo, pois, primar pelo respeito ao meio ambiente. Assim, lançamos nosso
olhar ao Parque das Nações Indígenas, localizado em Campo Grande – MS, ambiente
preservado e escolhido por aqueles que buscam um contato maior com a natureza, praticar
esportes, realizar passeios ou caminhadas, deparando-se com capivara, marreco, cutia, quati,
lobinho, tatu, raposa, lagarto, mutum, joão-de-barro, arara, tucano, quero-quero, coruja, bem-
te-vi e mais uma infinidade de pássaros e, então, vivenciar experiências saudáveis para o corpo,
para a alma e, ainda, capazes de proporcionar ganhos culturais singulares. Singularidade essa
devida, também, aos monumentos aí inseridos, tais como o “Obelisco em formato de uma
zarabatana”, localizado próximo à entrada Guarani, projetado pelo arquiteto Roberto
Montezuma e o “Cavaleiro Guaicuru”, implantado em uma ilha formada no grande lago do
parque, com acesso por uma ponte de madeira, do escultor Anor Mendes. Embora, esses
espaços e produtos sejam ofertas turísticas experimentadas pelo consumidor como uma
experiência vivida durante seu consumo, podendo ser consumidas apenas no momento da sua
utilização, pode-se pensar que restaria estocado, além do estado de espírito de contentamento,
o ganho do enriquecimento cultural. Diante dessa constatação, este estudo busca contribuir para
a aproximação entre reflexão teórica e a prática analítica, com foco nesses dois objetos
monumentais. Escolha essa justificada tanto à indiscutível importância histórica que subjaz aos
monumentos quanto à nossa paixão por questões relacionadas à semiótica e às esferas do
turismo. Empregamos na análise a teoria semiótica fundada por Algirdas Julien Greimas e,
posteriormente, desenvolvida por seus seguidores, sobretudo por Jean-Marie Floch. Por
evidenciar-se uma dimensão da proprioceptividade no processo de enunciação monumental,
nasceria a significação contida nos objetos da interação entre a configuração plástica construída
e o enunciatário individual posicionado num lugar preciso no espaço? Além disso, buscar-se-á
relembrar três dos parâmetros, mencionados por Greimas em D’Imperfection (1987), que
caracterizam a experiência estética: “assombramento do sujeito”, “o estatuto do objeto” e “a
relação sensorial entre os dois”. Ainda em desenvolvimento, os resultados parciais demonstram
que o plano da expressão articulado ao plano do conteúdo influencia na geração de sentido do
texto, sendo, portanto, relevante aos estudos sobre monumentos, apontando tanto o obelisco
quanto à estátua como arte e objeto plástico passível de análise semiótica, que na gênese
constituem-se de aspectos culturais indígenas.

Palavras-chave: Semiótica Plástica; monumentos; experiência estética.

Referências
114
FLOCH, J.M. De uma crítica ideológica da arte a uma mitologia da criação
artística: Immendorf 1973-1988. Trad. De M.L. Fury. In: OLIVEIRA, A. C. (org.). Semiótica
plástica. São Paulo: Hacker Editores, 2004, p.243-62.
GREIMAS, J. A. De l’imperfection. Périgueux: Pierre Fanlac, 1987.
RUSCHMANN, D. Turismo no Brasil: análise e tendências. Barueri, SP: Manole, 2002.

115
SEMIÓTICA DO DISCURSO MUSICAL INFANTO JUVENIL

Maria Lucia Amaral Muniz


Sueli Maria Ramos da Silva

Resumo: Este trabalho tem como objetivo geral analisar o enunciado de canções infantis por
meio da semiótica greimasiana como recurso metodológico de leitura, para depreender o
sentido sensível nas canções infantis do CD Crianceiras do compositor Márcio de Camilo, que
tem como tema as poesias de Manoel de Barros, aspectos sonoros e timbristicos. O objeto
selecionado para análise consiste no recorte do CD Crianceiras do qual selecionamos duas
poesias de Manoel de Barros musicadas pelo cantor compositor, Márcio de Camilo: Bernardo
e Sabastião. A metodologia de análise é o percurso gerativo do sentido em seus níveis:
fundamental, narrativo e discursivo, tomando por base a análise da canção como um texto
sincrético. Dentre os autores que desenvolvem pesquisas tendo como objeto de análise o
enunciado cancional, destacamos os estudos de (TATIT, 2003) ao preconizar a análise
semiótica por meio do processo descritivo entre a letra e a canção. Destacamos, ainda, dentro
de nossa revisão bibliográfica, pesquisadores contemporâneos, que tenham como objeto de
investigação a canção, ou a canção infanto-juvenil, dentre os quais destacamos: (SILVA,
RODRIGUES, 2017), (TATIT, 2014), (PASCOLI; GUERREIRO, 2017), (SHIMODA, 2017).
Temos como justificativa deste trabalho a presença de poucos estudos, no que concerne aos
estudos acerca da canção infanto-juvenil dentro da perspectiva semiótica. Acrescenta-se a esse
fato, ainda, a premissa de se valorizar a produção de trabalhos voltados à canção infanto juvenil
no Estado de Mato Grosso do Sul, como é o caso do objeto de nossa pesquisa, cujas canções
foram concebidas no Pantanal e em Campo Grande MS. O trabalho se propõe a analisar as
canções supracitadas no que diz respeito às imagens temáticas e figurativas, além da
contraposição entre valores positivos e negativos do texto verbal. Assim sendo, nossa analise
procura observar a imagem sonora através da conduta descritiva para a visualização de como
se dá a relação da letra com a canção, por meio da qual serão identificados os actantes da
enunciação: eu/tu; espaço da enunciação: tempos verbais; componentes da enunciação; questão
da euforia e disforia. Esse trabalho procura contribuir na perspectiva de se ampliar as análises
acerca das canções em semiótica, como percurso metodológico de leitura, ademais, no que
concerne ao estudo da canção infanto-juvenil, ainda pouco explorada dentro desta perspectiva
teórica.

Palavras-chave: Semiótica; Canção Infanto-juvenil; Márcio de Camilo; Análise.

Referências:

CAMILO, Márcio de, Crianceiras, Rimo Entertainment Ind. E Comércio S.A. Manaus –
AM.

116
GREIMAS, Algirdas Julien, Da imperfeição. Trad. Ana Claudia de Oliveira - Ed. São Paulo
Hacker Editores, 2002.

TATIT, Luiz. Elementos para a análise da canção popular – Cadernos de Semiótica aplicada
2003.

SILVA Karine S. C; SILVA, Laís C. da; RODRIGUES Thalles M. O percurso gerativo de


sentido aplicado à análise de letras de “canção de protesto” no período da ditadura militar
no Brasil (1964-1985) – UEAD – SL – 2017.

TATIT, L. Ilusão enunciativa na canção. Per-Musi, Belo Horizonte, n.29, 2014, p.33-38.
Recebido em: 22/08/2012 - Aprovado em: 13/12/2013

PASCOLI1, Maria do Carmo; GUERREIRO2. Simone, Identidade discursiva do gênero


canção popular - Nº 57, JUL-DEZ/2017- Salvador: pp. 103-119 – Estudos Linguísticos e
Literários.

117
NOVAS TECNOLOGIAS NA MIDIATIZAÇÃO NAS PRÁTICAS RELIGIOSAS
Sueli Maria Ramos da Silva

O presente trabalho consiste na proposição de uma perspectiva qualitativa/quantitativa de


análise, tendo a semiótica greimasiana como fundamentação teórica, mediante a utilização de
novas tecnologias como objeto de pesquisa de análise, dentre as quais destacamos os aplicativos
como forma de midiatização das práticas religiosas. O objetivo geral deste trabalho consiste na
proposição analítica referente às práticas religiosas de divulgação religiosa, ao propor analisar
as práticas de divulgação dentro do ambiente de midiatização, sobretudo no que se refere ao
uso aplicativos religiosos disponíveis em tablets e smartphones ios e android concernentes a
práticas de fé de distintas denominações religiosas. Nossos objetivos específicos consistem em:
a) retomar os estudos que vem se desenvolvendo contemporaneamente no Brasil no que
concerne ao panorama dos estudos em semiótica greimasiana e discurso religioso (SILVA
(2012); DEMARCHI (2015) e CARDOSO (2017)); c) ampliar a proposição ora apresentada
em estudos anteriores (SILVA, 2012) retomando a noção de midiatização contemporânea. A
noção de divulgação passa a ser concebida tomando como base a correlação entre as mídias e a
era digital das religiões e religiosidades, calcada pela fluidez e dinamismo. Consideramos três
grandes linhas organizadoras desta pesquisa: a) analisar e atualizar a própria noção de
divulgação; b) retomar os estudos que vem se desenvolvendo contemporaneamente no que
concerne ao panorama dos estudos em semiótica e discurso religioso; c) ampliar a proposição
ora apresentada retomando a noção de midiatização contemporânea, concebendo a perspectiva
de divulgação para além das materialidades até então consideradas, e que eram circunscritas a
materialidade física de revistas de divulgação religiosa. Tomaremos a religião como prática
social, tomada no espaço tensivo das práticas (FONTANILLE, 2008). A observação entre a
intersecção entre mídia, sociedade e religião é premente, no que se observa a mudança ocorrida
nos objetos e práticas de fé. Desvendar o processo de significação do discurso religioso, um dos
discursos norteadores de nossa cultura, e que até hoje molda a mente dos cristãos, revestido por
uma aura mítica de sacralidade e intocabilidade, tem o status de uma empreitada, no mínimo,
desafiadora. Cabe ressaltar que o semioticista tem como objeto de análise um ponto de vista
sobre o discurso religioso das práticas de divulgação de diferentes comunidades e formações
de fé, sem emitir juízos de valor, atendo-se apenas a análise do texto e do desbastamento das
atitudes discursivas das práticas de fé.

Palavras-chave: Semiótica greimasiana; midiatização; práticas religiosas, aplicativos.

Referências

118
CARDOSO, Dario de Araújo. Corpo e presença na bíblia sagrada. Tese (Doutorado em
Semiótica e Linguística Geral), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017.

DEMARCHI, Guilherme. Da paixão à ressureição: uma análise semiótica. Tese (Doutorado


em Semiótica e Linguística Geral), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2015.

FONTANILLE, J. Práticas semióticas: imanência e pertinência, eficiência e otimização. Trad.


Jean Cristtus Portela et al. In: DINIZ, M. L. V. P.; PORTELA, J. C. (Org.). Semiótica e mídia:
textos, práticas, estratégias. Bauru: Unesp/FAAC, 2008, p. 15-76.

SILVA, Sueli Maria Ramos da. Discurso de divulgação religiosa: a perspectiva semiótica e
retórica. Tese (Doutorado em Semiótica e Linguística Geral), Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012.

119
MONUMENTO TURÍSTICO: “CAVALEIRO GUAICURU” SOB UM OLHAR
SEMIÓTICO

Renan Ramires de Azevedo


Maria Luceli Faria Batistote

A presente pesquisa de Iniciação Científica, iniciada em agosto de 2017, buscou desenvolver


uma análise semiótica de um objeto que tivesse valor turístico representativo no estado de Mato
Grosso do Sul e trouxesse em seu bojo uma simbologia, além de estabelecer relações com a
identidade sul-mato-grossense. Dessa forma, houve primeiramente pesquisas, leituras,
produção de resumos e resenhas de trabalhos do campo semiótico. Posteriormente, realizou-se
a delimitação do corpus, monumento “Cavaleiro Guaicuru”, do artista plástico Anor Mendes,
localizado no Parque das Nações Indígenas em Campo Grande - MS e, após a seleção, iniciou-
se o desenvolvimento da análise, a partir dos pressupostos teóricos da Semiótica Francesa.
Seguindo os passos da pesquisa de Pietroforte (2007), a busca pela significação foi realizada
considerando os planos de conteúdo e de expressão, mobilizando as categorias matérica,
cromática, eidética e topológica. Considerou-se a possibilidade de revelar na escultura,
enquanto texto, discursos portadores de representações de grupos sociais, que permitiam
reconhecer que seus traços e combinações carregam em si elementos vários do viver e da
história de um povo. Foi possível depreender que a leitura da forma plástica e dos sistemas
semissimbólicos é o meio mais adequado de dar conta do fato estético, o que, evidentemente,
vai muito além das esculturas. Também ressalta-se a importância da estátua como atrativo
turístico de um dos maiores parques urbanos do mundo, com 119 hectares. Ademais, os efeitos
de sentidos revelam o significativo papel turístico e social que subjaz à escultura, pois carrega,
dentro de si, traços históricos e da identidade sul-mato-grossense.
(Apoio: CNPq)

Palavras-chave: Semiótica Francesa; Turismo; Indígenas Guaicurus.

Referências
BARROS, D. L. P. de. Teoria Semiótica do Texto. 4ª ed. São Paulo, Ática, 2005.
BATISTOTE, M. L. F. Semiótica francesa: busca de sentido em narrativas míticas. Campo
Grande: Editora da UFMS, 2012.
PIETROFORTE, A. V. Análise do texto visual: a construção da imagem. São Paulo: Contexto,
2007.

120
DISCURSOS BUMERANGUE: O MACHISMO POR MULHERES NO MULHERES
NO FACEBOOK

Talita Ribeiro Martins


Elaine de Moraes Santos

Embora no século XXI no Brasil, as mulheres usufruem de espaço político-social, empresarial


e acadêmico, graças às conquistas promovidas pelos movimentos feministas mundiais, ainda
perduram discursos machistas e ditos do senso comum resultantes da historicidade de uma
sociedade tradicionalmente conservadora. Em 2018, com a disputa das eleições presidenciais,
o país foi dividido, sobretudo no segundo turno, na defesa de ideologias político-partidárias
inerentes a duas formações discursivas antagônicas: direita versus esquerda. Nesse contexto, as
questões de gênero e/ou concepções machistas ganharam maior circulação nas redes socais
como manifestação do engajamento de eleitores nas pautas de cada campanha. A constante
repetição dos discursos machistas e ditos do senso comum, especificamente por mulheres,
chamou nossa atenção porque pode significar a anulação dos direitos já adquiridos e motivou a
realização deste trabalho, cujo objetivo é analisar postagens, Memes e comentários da página
do Facebook Jovens de esquerda, a fim de problematizar regularidades e dispersões na
apropriação do discurso extremista - feminista e machista - além de estabelecer a historicidade
e os impactos do efeito bumerangue por e para as mulheres. Com base nos pressupostos teórico-
metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, o batimento entre as discursividades
encontradas no período e os efeitos de sentido possíveis levará em conta as especificidades do
espaço virtual e o modo como os confrontos contribuíram ou não para o resultado do pleito nas
urnas. Enquanto pesquisa de mestrado em fase inicial e levando em conta as condições de
produção do arquivo selecionado, os resultados preliminares reverberam produção, circulação
e nocividade dos chamados discursos “bumerangue”.

Palavras-chave: discursos “bumerangue”; machismos por mulheres; Facebook, ano eleitoral.

121
POLÍTICA E RELIGIÃO NAS #ELESIM e #ELENÃO: REGULARIDADES NA
REPERCUSSÃO DA CAMPANHA DE 2018 NO TWITTER
Thayne Costa dos Santos
Elaine de Moraes Santos

Levando em conta a historicidade do pleito presidencial de 2018, o objetivo deste trabalho,


enquanto recorte de pesquisa em fase inicial, é promover um batimento entre as estratégias
discursivas acionadas por eleitores pertencentes a duas Formações Discursivas (FDs) distintas
e opositoras: a #elesim e a #elenão no Twitter. Nos dois casos, internautas recuperaram
fundamentos religiosos e versículos bíblicos ou para atribuir como o que configurou a posição-
sujeito assumida por Jair Messias Bolsonaro, do Partido Social Liberal – PSL – em função da
ligação com a igreja, ou para a acusação de que o presidenciável contrariava os princípios
cristãos pela defesa de pressupostos extremistas tanto na proposta de governo quanto nas
manifestações verbais em debates, entrevistas e postagens de campanha. A fim de situar nossa
imersão no arquivo formado acerca do acontecimento em destaque e à luz da Análise do
Discurso de linha francesa, nossa proposta é realizar um batimento entre o uso do discurso
relatado do candidato no site <https://www.bolsonarocristao.com>, as referências situadas em
torno das citações publicadas, e a forma como essa dizibilidade se reverbera no fenômeno que
foi denominado pelas mídias como a polarização da política brasileira. Como resultado parcial,
observamos que, na #elesim, os eleitores recuperam trechos bíblicos para fazer referência e
justificar o que atribuem como pertinência nas ideias defendidas por Bolsonaro, enquanto na
#elenão, trechos de entrevistas do candidato são utilizados para figurar como materialidade
concreta de um contradiscurso. O cruzamento entre as duas FDs ativa a memória discursiva na
qual o(s) modos de (in)tolerância marcaram outros momentos da história nacional, com a
diferença de que, no pleito de 2018, as relações de força inerentes à cada pauta política foram
impulsionadas pela redemocratização da internet.
Palavras-chave: memória; discurso político; Twitter; discurso religioso; eleições de 2018.

122
A CONSTRUÇÃO DO HUMOR NO DISCURSO RELIGIOSO
Virginia Jacinto Lima
Sílvia Mara de Melo

Com essa comunicação, temos por objetivo, apresentar um estudo que investiga o
funcionamento do humor no discurso religioso representado na mídia, tendo como exemplo os
enunciados produzidos pelo Pastor Cláudio Duarte. Tradicionalmente, não é esperado que uma
reunião religiosa seja local de entretenimento, no entanto, a manifestação humorística passou a
constituir os sermões pregados em cultos evangélicos por esse pastor. Assim, nosso estudo
busca compreender como esse método de pregação cômico é construído e quais elementos
linguístico-discursivos contribuem para o efeito de humor. A proposta do nosso trabalho é
delimitar o espaço social que ocupa o sujeito pastor no que diz respeito à instituição religiosa
que representa (igreja protestante neopentecostal) e compreender a construção do humor e seus
efeitos de sentido no discurso religioso para descrever e analisar os enunciados que apresentam
estereótipos de mulher, de homem, de casamento e de relacionamentos afetivos. Nossa
metodologia de análise é a pesquisa qualitativa, seguindo o método arqueológico de Foucault
(2008). Embasados pelo aporte teórico da análise do discurso francesa, observamos que a
utilização do humor no discurso religioso pode ser considerada uma ferramenta para
doutrinação. É possível pensar que a manifestação do humor no discurso religioso faz circular
o poder pastoral (FOUCAULT, 1995) e o poder disciplinar (FOUCAULT, 2014), uma vez que
o discurso investido de humor, além de ser agradável e prazeroso, é qualificado como a voz de
Deus. Entretanto, esse discurso carregado de estereotipização pode apresentar-se como um
discurso preconceituoso e machista. Diante disso, o estudo justifica-se pela necessidade de
compreender como, no processo discursivo, o humor é empregado e quais seus efeitos de
sentido. É relevante estudar os enunciados de Duarte porque ele é um formador de opinião, que,
ao incorporar o humor em seu sermão, tem conquistado muitos adeptos, tornando-se um sujeito
midiático. Seus sermões representam a midiatização do discurso religioso, por meio de uma
oratória ousada e peculiar.

Palavras-chave: Análise do Discurso; humor; discurso religioso.

Referências
FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, Hubert L.; RAVINOW, Paul. Michel
Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica Tradução
Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 231-249.

123
__________________. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. -7ed. -
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
___________________. Vigiar e punir: o nascimento da prisão. 42ª ed. Tradução Raquel
Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

124
A COR É O SINAL EXTERIOR MAIS VISÍVEL DA RAÇA: O CASO CORPO DA
SAARTIJIE NO FILME VÊNUS NEGRA

Ancel Quaresma Afonso Ajupate


Angela Maria Guida
Pretendo, com esta proposta de trabalho, fazer uma abordagem crítica e reflexiva acerca do
filme do diretor tunisiano Abdellatif Kechiche – Venus negra (2010), pensando no corpo como
território de exclusão do que se considera o outro. Desse modo, o trabalho em questão se
resume em expor as significativas reflexões que Santos faz sobre o pensamento moderno,
nominando-o de abissal. O corpo da jovem sul africana Saartijie, foi levado para Europa no
século XIX e exibido como corpo exótico, corpo que não se encaixava no padrão da beleza
europeia, corpo que servia para as apresentações nos circos, nas feiras, nos eventos científicos,
com o intuito de comprovar, com o aval do discurso científico, a descendência animalesca de
Saartijie, isto é, que ela descendia do animal ‘hotentote’, entre outros. As incompreensões do
século XIX tiveram como objetivo promover, xenofobia, racismo, exotismo, selvageria,
corpo=consumo por causa da diferença fenotípica. Entende-se que o campo literário também
pode ser compreendido como um espaço político, por isso se julga pertinente a necessidade de
trazer para a discussão literária e acadêmica questões que dizem respeito às aberrações da nossa
humanidade, como no caso do corpo, visto como o lugar que determina a exclusão do outro,
motivada pela diferença fenotípica. Assim, esta proposta de trabalho se inscreve num espaço
de reflexão contemporânea e atual, uma vez que o corpo humano foi e, lamentavelmente, ainda
é minado por estereótipos que visam promover preconceito racial na direção de povos não
europeus. Para tanto dialogar com o filme Vênus negra, busca-se auxílio teórico e metodológico
no pensamento de autores tais como: Fanon, Munanga, Mbembe e Mignolo, a fim de fomentar
o debate aqui proposto. (Bolsista – CAPES)

Palavras-Chave: corpo incomum; diferença; Vênus negra; racismo; zoológico-humano.

Referências
Referências:
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas; tradução de Renato da

125
Silveira . - Salvador: EDUFBA, 2008.
Mbembe, Achille. Crítica da Razão Negra. N-1 edições, 2018.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade – o lado mais escuro da modernidade. In. Rev. bras. Ci.
Soc. [online]. 2017, vol.32, n.94. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v32n94/0102-6909-rbcsoc-3294022017.pdf.
MUNANGA,Kabengele. Diversidade, Identidade,Etnicidade e Cidadania.
Disponível:https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8645505/128
10.

126
UM DIÁLOGO ENTRE A NECROPOLÍTICA E A DISTOPIA EM THE HUNGER
GAMES
Alexandre Albernaz Simões
Ramiro Giroldo
Com o olhar centrado no cenário político do país ficcional Panem, na distopia The Hunger
Games (2008), da autora norte-americana Suzanne Collins, será estabelecida e trabalhada a
relação governo-população-violência. No que concerne a questão do governo, compreende-se
a relação com o governo autoritário fictício, cuja característica é evidente em obras de literatura
distópica. Quanto a questão populacional, depreende-se a divisão: a) os governantes e as
pessoas influentes residindo no lugar chamado de Capital; e b) o resto da população situando
nos distritos, divididos em 12. No quesito violência, temos a exposição através do reality show
denominado jogos da fome (the hunger games), consistindo de 24 crianças, chamados de
tributos, postos em uma arena para lutarem entre si até sobrar apenas um, o vencedor, ao mesmo
tempo em que toda a violência explícita é televisionada para todo o país. Tais propostas de
discussão terão como base as conceitualizações sobre Ficção Científica (FC) e Distopia, a partir
de Metamorphoses of Science Fiction (2016), de Darko Suvin, e O Princípio Esperança vol.
1 (2005), de Ernst Bloch, para melhor entendimento acerca das questões que a FC considera
importante em sua literatura, ao mesmo tempo em que se dispõe noção a respeito da distopia
como crítica da sociedade e seus regimes governamentais (autoritarismo). Para a questão da
violência serão utilizados os apontamentos de Achille Mbembe em Necropolítica (2018), na
qual debate a respeito do controle populacional a partir de ações extremas e brutais por parte
do governo; a falta de liberdade como maneira de controle.

Palavras-chave: Jogos Vorazes; Violência; Distopia.

Referências

COLLINS, Suzanne. The Hunger Games. New York: Scholastic Press, 2008.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições. 2018.
SUVIN, Darko. Metamorphoses of Science Fiction. Bern: Peter Lang Press, 2016.
BLOCH, Ernst. O princípio esperança vol. 1. Rio de Janeiro: EdUERJ – Contraponto, 2005.

127
MUDOS FOGOS DE ARTIFÍCIOS: AS REPRESENTAÇÕES DA SEXUALIDADE
EM A VIA CRUCIS DO CORPO, DE CLARICE LISPECTOR

Alfranio Pedroso Soares


Márcio Antonio de Souza Maciel
A via crucis do corpo (1974), segundo a própria Clarice Lispector, é uma obra sobre “assunto
perigoso”. O volume de contos é fruto de uma encomenda feita pelo seu editor, que lhe pede
para escrever histórias que envolvam sexo. Em a Via crucis nos é apresentada uma linguagem
mais direta, “intencionalmente sem polimento”, como afirmaria Âreas (2005), o que a distingue
dentro do conjunto literário da escritora. Entretanto, consonante Âreas (2005), a dificuldade de
composição de Clarice, problema sempre admitido, encontrava no inacabamento da arte, sua
situação narrativa adequada. Assim, analisa-se que essas ações acabam por contribuir para a
retratação do tema que lhe fora proposto, dado que a representação da sexualidade na produção
literária, por meio de seus elementos formais, deixa transparecer complexas relações
ideológicas de um período. Parte-se, portanto, do princípio de que a sexualidade, além de
manifestação da natureza humana, é, também, elemento na organização social. Desse modo,
com o objetivo de discorrer acerca das representações da sexualidade na referida obra
clariciana, elenca-se para análise o oitavo conto do volume, “Ruído de passos”, em que é
narrada a inquietação de uma senhora de 81 anos por ainda ter desejos sexuais e, devido a isso,
tem “a grande coragem de procurar um ginecologista”. Busca-se demonstrar de que modo tais
representações da sexualidade dialoga com a repressão sexual histórica, que é tônica na idade
moderna, como teoriza Michel Foucault em História da sexualidade I: A vontade de saber
(1988). Portanto, em consonância à ideia de mecanismo de dominação bem como de alvo de
controle e vigilância, a sexualidade, no conto em questão, é o conflito a ser solucionado na
narrativa, é motivo da ação das personagens, atua na construção dos espaços, faz com que a
linguagem seja trabalhada e, também, ao passo que sua representação se transmuta no decorrer
do enredo, marca as três partes distintas deste. Por fim, a análise de tais fatores busca apontar
de que modo a repressão sexual se entretece à narrativa como fator de arte, levando a
sexualidade a ser representada de forma vertiginosa, incômoda e, no antitético desfecho, como
mudos fogos de artifícios.
Palavras-chaves: Literatura; Sociedade; Sexualidade; Clarice Lispector.

Referências
ÂREAS, Vilma. Clarice Lispector com a ponta dos dedos. São Paulo: Companhia das Letras,
2005.

128
CANDIDO, Antonio. A personagem do Romance in A personagem de ficção. São Paulo:
Perspectiva, 2007.
EAGLETON, Terry. Marxismo e Crítica Literária. Porto: Edições Afrontamento, 1976.
FOCAULT, Michael. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1988.
GOTLIB, Nádia. Clarice: uma vida que se conta. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2013.
LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
TRUJILLO, Albeiro Mejia. Literatura e sexualidade: uma leitura possível do erotismo na
literatura brasileira. Revista Trama, volume 7, número 13, 1º semestre de 2011, p. 11 – 23.

129
A PERSONAGEM “MEIO DESPIDA” EM MAÍRA, DE DARCY RIBEIRO

Alessandro Aparecido Fagundes Matos


O trabalho tem por objetivo refletir sobre a construção de sentido da imagem “meio despida”
presente no romance Maíra (1976) do antropólogo e romancista Darcy Ribeiro. Essa será
compreendida como efeito da violência social latente na obra. O termo referido é lido nas
primeiras páginas do romance na descrição da cena em que Alma, personagem carioca que vai
para aldeia indígena fictícia Mairum em busca de sentido para vida e reencontro com sua fé em
Deus por meio do serviço missionário, é encontrada morta na praia. A significação a qual o
termo titular remete é notória em toda narrativa na personagem Avá/Isaías, indígena mairum
que retorna para sua aldeia após período de formação sacerdotal em Roma cujo desígnio era ser
agente catequizador entre seu povo posteriormente; objetivo frustrado por conta de suas
incertezas e lacunas do ser resultante desse processo. Ao propor esta reflexão, será possível
perceber traços da violência imaterial. Destacar esta e não a visível, dar-se-á sob orientação do
raciocínio proposto por Slavoj Zizek, filósofo e psicanalista esloveno que propõe a ação de dar
um passo para trás com o intuito desprendimento do engodo fascinante da violência subjetiva.
Por meio deste pensamento, será possível destacar os efeitos dessa oriunda do processo
civilizatório encarnada na personagem retornante indígena supracitada; as
consequências/efeitos do processo civilizatório geram esse sujeito incompleto. A necessidade
em pontuar este constituinte presente na formação do povo brasileiro parte da premissa de
entender a violência, na esteira de Jaime Ginzburg, como manifestação com referência de tempo
e espaço. Avá/Isaías é produto dessa condição concreta de existência, é sujeito “meio despido”.
Ainda mais, a elucubração desta proposta partirá da forma para os efeitos de sentidos no trilhar
da análise e interpretação.

Palavras-chave: Violência; Personagem; Darcy Ribeiro.

Referências
GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas: Autores Associados,
2013.
RIBEIRO, Darcy. Maíra. 19ª ed. São Paulo: Global, 2014.
ZIZEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. Tradução Miguel Serras Pereira. São Paulo:
Boitempo, 2014.

130
EMÍLIA FREITAS: O FANTÁSTICO FEMININO DO SÉCULO XIX
Adrianna Alberti
Fabio Dobashi Furuzato

Parte-se do pressuposto de que a tradição literária nacional é caracterizada pelo apagamento,


tanto por parte da crítica, quanto por parte do mercado consumidor de obras de autoria feminina.
O silenciamento proposital ocorre pela contrariedade social em observar uma mulher fora de
seu âmbito designado: o ambiente doméstico e familiar (MATANGRANO; TAVARES, 2018).
Tendo em vista essa concepção, realizar o resgate de uma escritora se inscreve em uma
perspectiva que investiga não apenas a história, mas a história de mulheres e de suas produções
intelectuais (CAVALCANTE, 2008). Em prol desse objetivo, a partir de revisão bibliográfica,
destaca-se Emília Freitas, que nasceu em 1855 no distrito de Aracati, província do Ceará.
Acompanhou muitas transformações sociais, intelectuais e literárias, tendo participado de
movimentos antiescravagista e republicano de maneira ativa, por meio de publicações,
apresentações e declamações públicas. Contribuiu com poemas para jornais como O
Libertador, O Cearense, O Lyrio e A Brisa. Sua produção poética foi parcialmente reunida na
obra Canções do Lar, publicada em 1891. E se tratando de seus romances, encontram-se as
obras O Renegado (1892) e A Rainha do Ignoto: romance psicológico (1899/1980/2003).
Permeia por toda a obra da escritora traço de autobiografia e de autorrepresentação, onde é
possível encontrar observações sociais e pessoais em seu conteúdo. Interessa-nos especialmente
o romance A Rainha do Ignoto, cuja construção é tida como um dos primeiros romances
brasileiros que se delineia a partir do fantástico. Por fantástico entende-se aquela literatura que
remete ao surgimento de elementos sobrenaturais ou insólitos – inexplicáveis pelas leis da física
ou raciocínio lógico – que rompem com a proposta de realidade estabelecida dentro de
determinada obra, cuja verossimilhança com a realidade é também marcada. Tendo sido
estabelecido na Europa entre os séculos XVIII e XIX, desenvolveu-se a partir do romantismo
gótico e o romantismo, quando os escritores passam a questionar os aspectos da realidade e da
mente humana que permanecem obscuros a despeito da racionalidade imposta àquela época
(TODOROV, 2008; ROAS, 2008). Emília traz no bojo de seu romance uma sociedade feminina
liderada por uma rainha letra e inteligente, cuja sociedade secreta é comandada por mulheres,
fugindo do padrão estabelecido pela literatura da época. A escritora insere o fantástico em um
ambiente regional, que intercala os elementos fantásticos e inverossímeis com descrições
detalhadas do cotidiano sertanejo, além de uma crítica social acerca do tratamento dispensado
às mulheres da época (DUARTE, 2003).

Palavras-chave: Emília Freitas; Literatura Fantástica; Literatura Brasileira.

131
Referências

CAVALCANTE, Alcilene. Uma Escritora na Periferia do Império: Vida e Obra de Emília


Freitas. Ilha de Santa Catarina: Ed. Mulheres, 2008.

DUARTE, Constância Lima. A Rainha do Ignoto ou a impossibilidade da utopia. In. FREITAS,


Emília. A Rainha do Ignoto. Constância Lima Duarte [org.]. Florianópolis: Ed. Mulheres;
Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003.

FREITAS, Emília. A Rainha do Ignoto: romance psicológico. Otalício Colares [org.].


Fortaleza: Imprensa Oficial do Ceará, 1980.

_____________. A Rainha do Ignoto. Constância Lima Duarte [org.]. Florianópolis: Ed.


Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003.

MATANGRANO, Bruno Anselmi; TAVARES, Enéias. Exposição: Fantástico Brasileiro: o


insólito literário do Romantismo ao Fantasismo. Jessica Lang (design). Porto Alegre: 2017.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica. (Trad. Maria Clara Correa


Castello). São Paulo: Perspectiva, 2008.

ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. (Trad. Julián Fuks). São
Paulo: Editora Unesp, 2014.

132
CLARICE E FRIDA: uma amizade ficcional
Anny Caroline de Souza Marques
Edgar Cézar Nolasco
Este trabalho visa estabelecer uma relação de amizade ficcional entre Clarice Lispector e Frida
Kahlo fundamentada na teorização da crítica biográfica fronteiriça, teorização cunhada por
Edgar Cézar Nolasco no texto “Crítica Biográfica fronteiriça (Brasil/Paraguai/Bolívia)” (2015).
Essa discussão está assentada no conceito de amizade desenvolvido por Francisco Ortega no
livro Para uma política da amizade (2000). Busca-se estabelecer uma aproximação, como
adianta o titulo, entre a persona de Clarice Lispector e a persona de Frida Kahlo. Ambas foram
consideradas figuras públicas devido à consciência de pertencimento nacional dos lugares os
quais habitavam e na maneira pela qual se apresentavam na cena social de suas respectivas
épocas. Além disso, estas foram conhecidas ora por seus escritos ora por suas pinturas. Em um
primeiro momento, buscaremos discorrer acerca da teoria que fundamenta a discussão proposta.
Em seguida apresentaremos as comparações e/ou aproximações entre ambas a partir da “boa
distancia” (ORTEGA, 2000). Por fim, o trabalho tratará sobre a relação entre vida e obra de
Clarice e Frida, bem como das sensibilidades biográficas e locais (NOLASCO, 2015) dos
sujeitos críticos. Visto que a pesquisa é eminentemente de caráter bibliográfico as obras que
contribuirão para a discussão proposta são: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS Eneida
Maria de Souza: uma homenagem (2014); CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS Crítica
biográfica (2010); Amizade e Estética da Existência em Foucault (1999) de Francisco
Ortega, Janelas indiscretas (2011) e Crítica cult (2003) de Eneida Maria de Souza, Clarice
Lispector Pintora (2013) de Marcos Antônio Bessa-Oliveira e Escrita de si, escritas do outro
(2012) de Diana Klinger,
Palavras-chave: Amizade; Crítica Biográfica fronteiriça; Clarice; Frida.

Referências
BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. Clarice Lispector Pintora: uma biopictografia. São
Paulo: Intermeios, 2013.
KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica.
3 ed. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.

NOLASCO, Edgar. Políticas da crítica biográfica. In: CADERNOS DE ESTUDOS


CULTURAIS: crítica biográfica. Campo Grande, MS: Editora UFMS, v.2, n.4, p. 35-50
jul./dez. 2010.

133
NOLASCO, Edgar. Nunca falo do que não admiro – Eneida Maria de Souza: amizade e política
em crítica biográfica. In: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: Eneida Maria de
Souza: uma homenagem. Campo Grande, MS: Editora UFMS, v.6, n.12, p. 9-24 jul./dez. 2014.

NOLASCO, Edgar. Crítica Biográfica Fronteiriça (Brasil/Paraguai/Bolívia) In: CADERNOS


DE ESTUDOS CULTURAIS: Brasil/Paraguai/Bolívia. Campo Grande, MS: Editora UFMS,
v.7, n.14, p. 47-63 jul./dez. 2015.

ORTEGA, Francisco. Para uma política da amizade: Arendt, Derrida e Foucault. Rio de
janeiro: Relume Dumará, 2000.
ORTEGA, Francisco. Amizade e Estética da Existência em Foucault. Rio de Janeiro: Edições
Graal Ltda.,1999.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Editora UFMS, 2011.

134
O DIREITO DE PUNIR EM A MAÇÃ NO ESCURO
Bárbara Artuzo Simabuco
Edgar Cézar Nolasco
Clarice Lispector ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil em
1939 e durante a graduação escreveu dois textos jurídicos publicados originalmente na revista
A Época em agosto de 1941, nesse sentido a proposta do presente trabalho é tecer apontamentos
sobre a relação entre Clarice Lispector e o Direito, por meio de sua obra, construindo uma
aproximação metafórica entre as personae (estudante de Direito e escritora). Para tal, adota-se
como base as considerações feitas pela autora no texto “Observações sobre o direito de punir”
(2005)[1941] no qual a autora defende não haver um direito de punir, mas sim um poder de
punir e o livro A maçã no escuro (1999)[1961], no qual diversas questões relativas a ao direito
e a punição permeiam a narrativa, como a aplicação da pena e a legitimidade. A pesquisa se
fundamenta na literatura comparada, na crítica biográfica e na crítica biográfica fronteiriça, que
amparam a junção entre o ficcional e o real e também a interdisciplinaridade ao se efetuar a
leitura da produção de um autor. A metodologia utilizada é essencialmente bibliográfica,
possibilitando a leitura e aproximação teórica entre épocas e produções distintas da vida de
Lispector. A sustentação teórica está embasada por meio de teóricos e biógrafos como: Edgar
Cézar Nolasco, Eneida Maria de Souza, Silviano Santiago, Nádia Gotlib, e Claire Varin.
Algumas das obras utilizadas, dentre outras mais que dialogam com a epistemologia adotada,
são: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS, Janelas indiscretas: Ensaios de crítica
biográfica (2001), Crítica cult (2007), Clarice: uma vida que se conta (1995), Outros escritos
(2005), e Línguas de fogo: ensaio sobre Clarice Lispector (2002).

Palavras-chave: Clarice Lispector; Direito; A maçã no escuro.

135
O LOCUS ENUNCIATIVO DE XIRÚ DE DAMIÁN CABRERA
Damaris Pereira Santana Lima
Faz-se oportuna a apresentação do romance Xirú de Damián Cabrera, escritor paraguaio neste
evento já que uma das áreas temáticas abrange as questões de cultura, história, linguagem,
literatura e memória. Na análise do romance foram consideradas as questões referentes aos
estudos culturais e à história. Cabrera, jovem escritor paraguaio é um dos representantes da
nova narrativa paraguaia e em sua obra Xirú, dá ao espaço do seu país, especialmente o espaço
da fronteira, um tratamento diferenciado. É interessante pontuar para esta comunicação que o
referido autor nasceu em Assunção, mas cresceu em Minga Guazú, no Alto Paraná, próximo à
Ciudad del Este, cidade que faz parte do triângulo internacional conhecido como a Tríplice
Fronteira: Brasil, Argentina e Paraguai. Esta nova voz nas letras paraguaias será analisada sob
a perspectiva das novas maneiras de pensar o homem e sua condição, levando em consideração
o lócus de onde surge o seu discurso, pois Damián Cabrera fala de seu espaço e de seu bios. Em
Xirú o autor apresenta o mundo paraguaio fronteiriço como seu principal personagem, que vale
ressaltar que é um personagem que entre muitas peculiaridades é composto por homens
denominados “brasiguayos” (brasileiros/paraguaios), que falam uma língua denominada
“portuguarañol” (português/ guarani/ espanhol). Ao tratar da construção desse homem,
específico dessa fronteira, a análise volta-se para a história do Brasil e do Paraguai nas décadas
de 60 e 70 do século XX. Este lócus é um personagem profícuo, para este estudo e discussão.
A análise fundamenta-se nos conceitos de fronteira de Walter Mignolo, da crítica biográfica de
Eneida Maria de Souza, da crítica biográfica fronteiriça de Edgar Cézar Nolasco, entre outros.

Palavras-chave: Literatura paraguaia, Crítica biográfica, Fronteira.

Referências
CABRERA, Damián. Xirú. Assunción: Ediciones de la Ura, 2012.
MIGNOLO, Walter D. Historias locales/ diseños globales. Madrid: Ediciones Alkal, 2013.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

136
RELAÇÕES CONFLITUOSAS EM SÃO BERNARDO, DE GRACILIANO RAMOS.
Everton Vinicius De Oliveira
Rosana Cristina Zanelatto Santos

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar que a figura autoritária de Paulo Honório,
homem forjado pela violência e pelos ideais capitalistas, tem seu mundo subvertido pela figura
feminina de Madalena, a mulher humanista que adentra seu universo por vontade própria,
abalando visivelmente a narrativa, intensificando a dialética presente no romance e pondo
abaixo as convicções do narrador. Para tanto, centralizaremos nossa análise especialmente em
duas instâncias narrativas: personagem e foco narrativo, buscando no interior do texto
identificar traços subjetivos que deem margem a novas análises desse clássico da literatura
Brasileira. O narrador e personagem Paulo Honório conta a história a partir de suas memórias
vivida no sertão agreste, sempre utilizando de seus argumentos para de uma certa forma
convencer o leitor ao seu ponto de vista, contando suas mazelas e seus feitos, quase como uma
epopeia. Utilizaremos textos de Rita de Grandis (2017) trabalhando nas pesquisas de Paul
Ricouer que trata de estudos acerca do fenômeno da memória. Analisaremos também o contexto
histórico, ou seja, o período no qual a história se passa para refletirmos sobre as contradições
das relações entre os personagens, como é o caso de Madalena, realizar uma investigação acerca
da construção dessa personagem, uma mulher adulta e intelectual que encontra nos estudos um
meio de alcançar seus ideais, sua autonomia em relação a sociedade, e também para entender
Padilha um jovem professor de vida Bohemia, mas sem tato para o mundo selvagem dos
negócios. A partir da caracterização do foco narrativo, da construção das personagens e da
contextualização do tempo e do espaço em que se passa esse enredo, chegaremos ao ponto de
convergência de todos esses elementos que transformam esse texto e uma peça única. A
metodologia de trabalho tem como aporte teórico os estudos literários, especialmente aqueles
desenvolvidos por: Walter Benjamin em relação ao narrador; Beth Brait em relação à
personagem; e Lígia Chiappini em relação ao foco narrativo. Subsidiariamente, estudos que
versem sobre o papel da mulher, do professor e do intelectual na literatura também orientarão
esta pesquisa A metodologia utilizada é a revisão bibliográfica, por meio de livros e artigos que
falem acerca dos objetos investigados.(Apoio CNPQ)

Palavras-chave: São Bernardo, foco narrativo, personagem, conflito.

Referências:
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: _______. Magia e Técnica, Arte e Política. Tradução
Sergio Paulo Rouanet. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BRAITH, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. (Série Princípios).

137
CHIAPPINI, Lígia. O foco narrativo (ou A polêmica em torno da ilusão). 10. ed. São Paulo:
Ática, 2002. (Série Princípios).

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 30. ed. Rio de Janeiro: Record 1978.
DE GRANDIS, Rita. A memória, o esquecimento e seus arredores: uma releitura de Paul
Ricouer. In: GONZÁLEZ, Elena Palmero; COSER, Stelamaris (Orgs.). Em torno da
memória: conceitos e relações. Porto Alegre: Editora Letra 1, 2017. p. 9-30.

138
PERSONAGENS FEMININAS EM AMORQUIA: REPRESENTAÇÕES INSÓLITAS?
Carla dos Santos Meneses Campos
Ramiro Giroldo
A obra literária mostra de alguma forma, a visão dos sujeitos na sociedade, assim como, o olhar
sobre a mulher. Considerando que a representação tradicional da figura feminina na literatura
caracteriza-se pelos estereótipos, a questão é, de que maneira as personagens femininas são
representadas nas obras literárias, sobretudo na ficção científica? Diante disso, o objetivo deste
trabalho é investigar a configuração pela qual a obra Amorquia enquadrada no gênero ficção
científica representa o feminino - Romance de André Carneiro, produzido na década de 80.
Uma obra ambientada em um mundo futuro, no qual o feminino é hierarquicamente superior
ao masculino. Nela, pode-se perceber que o papel do sexo feminino é contestado; a fragilidade,
por exemplo, é atribuída muito mais aos sujeitos masculinos. Larbalestier (2002) afirma que,
no campo da ficção científica, há histórias baseadas em uma relação desigual entre os sexos,
por ela enquadradas na rubrica “Batalha dos sexos”. Alternativamente a essa possibilidade, a
FC é também um lugar de possível ruptura com as representações tradicionais dos papéis sociais
estabelecidos. Diante desses pressupostos, busca-se, assim, observar e discutir como o feminino
e o seu papel estão representados nessa narrativa, evidenciando os modos de relação de poder.
Ainda na fundamentação do trabalho, recorreu-se também a Ginway (2005) para explorar as
especificidades e o papel das mulheres na distopia brasileira. Em relação à questão de gênero e
sexo, será a partir das considerações de Buttler. Para a compreensão do feminino e da
configuração dos quadros imaginários da FC em relação ao ambiente empírico, por meio do
“distanciamento cognitivo”, serão de auxílio as proposições de Darko Suvin (2006).

Palavras-chave: Amorquia, representações femininas, ficção científica.

REFERÊNCIAS:

BUTTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução,


Renato Aguiar. 11 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
CARNEIRO, André. Amorquia. São Paulo: Aleph, 1991. (Coleção Zenith: v. 4).
GIROLDO, Ramiro. A Ditadura do Prazer: Ficção Científica e Literatura Utópica em
Amorquia, de André Carneiro. (Dissertação de Mestrado) 2008.
GINWAY, Mary E. Ficção científica brasileira: mitos culturais e nacionalidade no país do
futuro. Tradução de Roberto de Sousa Causo. São Paulo: Devir, 2005.

139
LARBALESTIER, Justine. The Battle of the Sexes in Science Fiction. Middletown: Wesleyan
U.P., 2002.
SUVIN, Darko. Metamorphoses of science fiction. Ralahine Classics, Peter Lang, 2016.

140
PENSAR-SE NA TERCEIRA (E) PRIMEIRA PESSOA: reflexões a partir da carta
“Conversei ontem à tardinha com o nosso querido Carlos”, de Silviano Santiago para
Mario de Andrade

Francine Carla de Salles Cunha Rojas


Ricardo Magalhães Bulhões

O presente trabalho se debruça sobre três versões do texto “Conversei ontem à tardinha com o
nosso querido Carlos”, do escritor mineiro Silviano Santiago. A presença em diferentes livros
(livro-exposição, livro-homenagem e livro de contos) possibilita abordar o texto como diluidor
de fronteiras assim como entrevê as diversas facetas de Santiago (leitor, crítico, intelectual,
escritor) e as variadas leituras que a mudança de classificação editorial oferece, em comum
reside a escrita epistolar em primeira pessoa direcionada a Mario de Andrade com a alusão a
uma terceira pessoa, Carlos Drummond de Andrade. Presentes nos livros Cartas a Mario de
Andrade (1993), Mario de Andrade – Carta aos mineiros (1997) e Contos antológicos de
Silviano Santiago (2006), os textos apresentam diferenças entre si, desde a presença de uma
nota biográfica, elaborada na terceira pessoa do singular (ele), à ausência de determinados
trechos bem como mudanças de outras linhas. Nesse sentido, entende-se que tais diferenças
possibilitam diversas significações em cada texto, tornando-se singulares. A partir do aporte
teórico da Crítica Biográfica, que contempla os apontamentos de Leonor Arfuch em O espaço
biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea (2002), Eneida Maria de Souza em
Crítica Cult (2007), Janelas Indiscretas: ensaios de Crítica Biográfica (2011) e Modernidade
toda prosa (2014), Silviano Santiago em Ora(direis) puxar conversas: ensaios literários
(2006), e da edição dos Cadernos de Estudos Culturais dedicada a Santiago (2014), a leitura
se deterá na alternância da primeira (eu) a terceira pessoa como estratégia biográfica e como
recurso utilizado na construção textual para a diluição e consequente descarrillamento de
fronteiras.

Palavras-chave: Correspondências; contos; bios; 1ª pessoa; 3º pessoa.

Referências
ARFUCH, Leonor. O espaço biográfica: dilemas da subjetividade contemporânea. Trad.
Paloma Vidal. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2010.

CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: crítica biográfica. v. 2 n. 4 Campo Grande – MS:


Ed. UFMS, 2014.

141
SANTIAGO, Silviano. Ora(Direis) puxar conversa!: ensaios literários. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2006.

SOUZA, Eneida M. de. Janelas Indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2011.

________. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

________. Modernidade toda prosa. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2014.

142
CONVERSAS APÓCRIFAS SOBRE HERANÇAS TARDIAS E GÊNEROS
ANACRÔNICOS
Francine Carla de Salles Cunha Rojas
Ricardo Magalhães Bulhões

O presente artigo objetiva interpretar a trama tecida por Ricardo Piglia, no romance argentino
Respiração artificial (2012), como uma ficção que teoriza sobre o gênero epistolar. Ao
entender a carta como modelo de autobiografia e como gênero anacrônico de herança tardia,
Marcelo Maggi, um dos protagonistas do romance, esboça a base de uma teoria da carta,
circunscrevendo as correspondências que troca com o sobrinho, Emilio Renzi, na tradição dos
romances epistolares do século XVIII e no campo da escrita autobiográfica. Desse modo, o
romance é entendido como ficção teórica cuja base é constituída pelos conceitos de
autobiografia, gênero anacrônico e herança. Acopla-se a tal perspectiva o transito ficcional entre
a teoria da literatura, sinalizada quando Renzi escreve para seu tio que a literatura não se
desenvolve de pai para filho, mas de tio para sobrinho, o fazer biográfico, recurso adotado por
Maggi, dado que pretende elaborar a biografia, nunca concluída, de um traidor, Henrique
Ossorio, e a assertiva de que todo texto é apócrifo, sentença que desestabiliza a concepção da
carta como espaço de exposição da verdade e institui o texto epistolar como espaço de invenção
e manipulação. A fim de discutir tais conceitos, sob o viés da Crítica Biográfica, serão
necessários os apontamentos de Eneida Maria de Souza em Janelas Indiscretas (2011),
Reinaldo Martiniano Marques em Arquivos literários (2015), Jacques Derrida em Cartão-
postal (2007), Silviano Santiago em Ora(Direis) puxar conversa e de Ricardo Piglia em
Crítica y ficcion (2012) e a edição dos Cadernos de Estudos Culturais sobre a crítica
biográfica (2010).

Palavras-chave: autobiografia; cartas; heranças.

Referências
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: crítica biográfica. v. 2 n. 4 Campo Grande – MS:
Ed. UFMS, 2010, 09-24 p.

DERRIDA, Jacques; ROUDINESCO, Elisabeth. De que amanhã: diálogo. Trad. Andre Telles.
Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

________. O cartão postal: de Freud a Sócrates e além. Trad. Ana Valéria Lessa e Simone
Perelson. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

143
MARQUES, Reinaldo M. Arquivos literários: teorias, histórias, desafios. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2015.

PIGLIA, Ricardo. Respiração artificial. Trad. São Paulo: Iluminuras, 1980.

________. Crítica y ficcion. Barcelona: Anagrama, 2006.

ROCHA, Vanessa M. da. Por um protocolo de leitura epistolar. Rio de Janeiro: EDUFF,
2018.

SANTIAGO, Silviano. Ora(Direis) puxar conversa!: ensaios literários. Belo Horizonte:


Editora UFMG, 2006.

SOUZA, Eneida M. de. Janelas Indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2011.

144
A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NOS ESCRITOS DE JANE AUSTEN E
SAMUEL RICHARDSON E A ESCRITA FEMININA
Giovanna Stael de Abreu dos Santos
Fabiana de Lacerda Vilaço

O trabalho proposto procura fazer uma investigação da representação literária de personagens


femininas como protagonistas em romances de dois importantes romancistas ingleses dos
séculos XVIII e XIX: 'Emma' (1815), de Jane Austen, e 'Pamela, or Virtue Rewarded' (1740),
de Samuel Richardson. Ambas foram as primeiras obras publicadas por seus respectivos
autores. Esta pesquisa pretende analisar a representação da mulher apresentada em cada
romance, a fim de compreender tanto as concepções de feminino quanto o papel social atribuído
à mulher em cada obra. A partir do mapeamento de tais concepções tais como elas se delineiam
nos romances estudados, pretende-se avaliar possíveis relações entre elas e o debate sobre o
tema em sua época e nos dias de hoje. Mediante leituras preliminares de algumas obras de Jane
Austen, foi possível observar que ela faz reflexões interessantes sobre o papel social da mulher.
A título de exemplo, uma passagem de 'Emma' (1815) mostra a personagem Mrs. Goddard
como a professora de uma escola onde as mulheres iam para passar o tempo; assim, “uma
quantidade razoável de conhecimentos era vendida a preço razoável”. Enredos ricos em eventos
que, como este, revelam certos valores sociais que constituem uma representação do feminino,
justificam o interesse em investigar como a mulher aparecia em seu romance. No contexto do
romance inglês, os romances de Austen não foram os primeiros a trazer como protagonista uma
personagem do sexo feminino. Antes dela, pode-se destacar a obra de Richardson, 'Pamela, or
Virtue Rewarded' (1740), a ser analisada na pesquisa e na qual a protagonista Pamela aparece
como a humilde empregada de uma rica e aristocrática família tradicional inglesa que supera
diferentes adversidades relacionadas principalmente a sua condição de mulher, como por
exemplo o insistente assédio de seu patrão, Mr. B.. Ambos os romances serão estudados e
contrastados nesta pesquisa. (Apoio: CNPq)

Palavras-chave: Literatura, Jane Austen, Samuel Richardson, escrita feminina, representação


da mulher.

Referências
AUSTEN, Jane. Emma: a novel in three volumes. São Paulo: Editora Landmark, 2013.
RICHARDSON, Samuel. Pamela or Virtue rewarded (1740). Harmondsworth: Penguin, 1997.

145
O ESPAÇO NA CONSTITUIÇÃO DO CENÁRIO DISTÓPICO EM NÃO VERÁS
PAÍS NENHUM, DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
Isabela Boaventura Pimenta Gomide
Ramiro Giroldo

“A palavra distopia evoca imagens perturbadoras” (CLAYS, 2018). Em Não Verás País
Nenhum, vemos panoramas definidos pela ruína, repressão, morte e destruição. Montanhas de
lixo não recolhido, carros abandonados, cadáveres incinerados pelo sol, crise hídrica, pessoas
bebendo urina reciclada, esgotos abertos ao ar livre descarregados, em vagonetes, na vala seca
do rio, fome, comidas factícias e causadoras de mais doenças. O transitar é restringido por fichas
de circulação e “civilitares”. O Brasil não-ideal de Brandão é um espaço extremamente
controlado, assim como a população que existe nele. Um lugar decadente onde “O lixo forma
setenta e sete colinas que ondulam, habitadas, todas” (BRANDÃO, 2008). A palavra distopia,
usualmente vinculada à literatura distópica e a um pessimismo secular, carrega o significado de
um lugar doente, ruim e com falhas. Desta forma, o espaço que constitui as narrativas distópicas
aduz uma perspectiva crítica ao encarar a escassez e a degradação ambiental. A análise do
espaço em Não Verás País Nenhum permite uma vinculação com os estudos de Gregory Clays
presentes no livro Dystopia a natural history (2018). Tal aproximação da teoria de Clays, “the
environmental Dystopia” e o romance de 1981 é a proposta deste trabalho, o qual munido pelo
aporte teórico da dissertação de mestrado de Daniel Santee, Mordern Utopia: a reading of
Brave New World, Nineteen Eitghty-Four, and Woman on the Edge of Time in the light of
More's Utopia (1988), pretende compreender como a realidade social ficcional é pior que a do
autor e porque, por meio dela, é oferecido ao leitor a possibilidade de entrever o cenário
distópico como um ataque direto ao real.
Palavras-chave: espaço; the environmental dystopia; distopia; Não Verás País Nenhum;
violência.

Apoio: CNPq

Referências

BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Não Verás País Nenhum. 27. ed. São Paulo: Global editora,
2008.

CLAYS, Gregory. Dystopia a Natural History. 1. ed. New York: Oxford University Press, 2018.

146
SANTEE, Daniel Derrel. Mordern Utopia: a reading of Brave New World, Nineteen Eitghty-
Four, and Woman on the Edge of Time in the light of More's Utopia. Florianópolis, 1988.
Dissertação (Mestrado em Letras), UFSC

147
A DUALIDADE NO CONTO "D. MARIA"A PARTIR DA MORFOLOGIA DE PROPP

Isabel Cristina Gonçalves de França


Rosana Cristina Zanelatto Santos

Temos como objetivo principal, nesta comunicação, três propostas de leitura do conto "D.
Maria", de autoria de Graciliano Ramos. Para essa trabalho traremos como base a teoria das
sete esferas de personagens propostas por Vladimir Propp. Antes porém, apresentaremos o
conto e as bases teóricas que tiveram a função de iluminar nossa pesquisa, em especial, nas
questões relacionadas às personagens, suas características e funções. As sete esferas de
personagens foram apresentadas por Propp em sua obra Morfologia do conto maravilhoso para
analisar os componentes básicos do enredo dos contos populares russos, que foram seu objeto
de análise para identificar elementos narrativos simples e indivisíveis. Propp foi um dos maiores
estudiosos de narrativas. Sua pesquisa resultou num apanhado de 449 contos nos quais
identifica 31 funções, culminando com as esferas de personagens que serão citadas e abordadas
neste trabalho. O conto D. Maria, traz uma outra característica de Ramos pois, apesar de sua
característica regionalista, o conto traz como peculiaridade a postura da mestra diante de seus
alunos, um em específico cujo nome não é citado, e essa postura nos levou a refletir sobre qual
a função do professor em sala de aula, se os professores respondem aos anseios dos alunos ou
mesmo o que efetivamente é mais importante para uma criança na fase de alfabetização e
descoberta do mundo letrado. Somos aprendizes com nossos próprios erros, entretanto o erro
de um terceiro pode nos tornar eternos errantes, no sentido literal da palavra, numa busca
incessante de algo que muitas vezes não temos a menor ideia do que seja. Essa reflexão fez com
que levantássemos duas alternativas de leitura, ou mesmo a análise dos personagens sob duas
perspectivas, considerando inclusive a leitura do texto nas entrelinhas do conto que, apesar de
curto, é denso e abre inúmeras possibilidades de compreensão, mas traremos neste momento as
duas que consideramos mais relevante.

Palavras-chave: Conto, D. Maria, narrador, personagem.


Referências
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, Walter et al. Textos escolhidos. Trad. José
Lino Grünewald et al. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 57-64. (Coleção Os Pensadores).
BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo, Ed. Ática S.A. 1985
CANDIDO, Antonio. A personagem do romance.
http://elcv.art.br/santoandre/biblioteca/_em_portugues/A%20Personagem%20do%20Romanc
e%20-%20Antonio%20Candido.pdf. Acesso em 26/04/2018.

148
FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa.
http://forumeja.org.br/files/Autonomia.pdf. Acesso em 25/07/2018.
MOISÉS, M. A criação literária: prosa 1. Formas em prosa: O conto, a novela,o romance. 20ª
ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
PROPP, Vladimir. A morfologia do conto maravilhoso.
https://monoskop.org/images/3/3d/Propp_Vladimir_Morfologia_do_conto_maravilhoso.pdf
Acesso em 26/04/2018.
RAMOS, Graciliano. D. Maria. In _______ Professor e aluno/ Machado de Assis e outros;
projeto editorial [e organização] Samira Youssef Campedelli; coordenação Vivina de Assis
Viana; [ilustrações Zeflávio Teixeira]. – São Paulo: Atual, 1992- Série vínculos.
TODOROV, I. As estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva, 1979.

149
A VOZ DA BOLIVIANA: TESTEMUNHO NA OBRA ‘SI ME PERMITEN HABLAR’
Julia Evelyn Muniz Barreto Guzman
Edgar Cézar Nolasco

A literatura de testemunho é uma das produções literárias mais importantes da América Latina.
Uma definição para o termo surge no final da década de 1960, primeiramente com Manuel
Galich no Boletín de la Casa de las Américas. Esse gênero aborda produções literárias surgidas
a partir de memórias narradas por quem vivenciou períodos de ditaduras ou regimes totalitários.
Essas memórias vão além de uma voz individual, mas se tornam uma voz coletiva que
caracteriza e identifica um povo. Neste trabalho, apresentaremos reflexões de uma pesquisa de
mestrado que se encontra em fase inicial. A pesquisa visa uma reflexão acerca dos fatores
sociais e políticos que contribuíram para a situação atual da Bolívia por meio da leitura crítica
da obra escrita por Moema Viezzer, com base nos princípios teóricos de literatura de
testemunho, memória e arquivo. O aparato teórico para o desenvolvimento da pesquisa se
encontra nos estudos de Márcio Seligmann-Silva (1998), Alberto Moreiras (2001), Walter
Mignolo (2003), Hugo Achugar (2006), Jacques Derrida (2001), Edgar César Nolasco (2013),
entre outros. Serão adotados também os estudos pós-coloniais, uma área que traz a oportunidade
de se pensar em contraproposta a o pensamento moderno hegemônico dos grandes centros,
dando voz aos sujeitos fronteiriços A pesquisa justifica-se pela necessidade de trabalhos
voltados para a literatura boliviana, em especial os que tratam da temática testemunhal de
acontecimentos vivenciados por esse povo. O projeto, a ser desenvolvido, compreenderá as
seguintes etapas: leitura e discussão do referencial teórico, verificação da relação de amizade
entre a brasileira e a boliviana por meio dos princípios da crítica biográfica e leitura crítica da
obra por meio do aparato teórico estudado nas etapas anteriores. A pesquisa pretende resultar
na contribuição para a compreensão cultural e política da Bolívia.

Palavras-chave: Literatura de testemunho; América Latina; Bolívia; Si me permiten hablar.

Referências:

ALÓS, Anselmo Peres. Literatura de resistência na América Latina: a questão das narrativas de
testimonio. Revista Espéculo. Ano XII, número 37, novembro de 2007 a fevereiro
de 2008. Disponível em:
<http://webs.ucm.es/info/especulo/numero37/nartesti.html>. Acesso em: 12 abr. 2018.

150
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer/ Jeanne Marie Gagnebin São Paulo:
Ed. 34, 2006.

GALLE, HELMUT, ORG. e outros. Em primeira pessoa: abordagens de uma teoria da


autobiografia./ Organizado por Helmut Galle; Ana Cecilia Olmos; Adriana Kanzepolsky; Laura
Zuntini Izarra.- São Paulo: Annablume; Fapesp; FFLCH, USP, 2009.

KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa
latino-americana contemporânea/ Diana Irene Klinger,2006. Disponível em:
<www.poscritica.uneb.br/wp-content/.../08/DIANA-KLINGER- ESCRITAS-DE-SI.pdf>.
Acesso em: 16 abr. 2018

KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa
latino-americana contemporânea/ Diana Irene Klinger. 3ª ed. – Rio de Janeiro: 7 letras, 2012.

MOREIRAS, Alberto. A aura do testemunho. In: ____. A exaustão da diferença: a política


dos estudos culturais latino-americanos. Belo Horizonte: UFMG, 2001.

NOLASCO, Edgar Cézar. Perto do coração selbaje da crítica fronteriza. São Carlos: Pedro
& João Editors, 2013. 170 p.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. Literatura de testemunho: os limites entre a construção e a


ficção, in: Revista do Mestrado em Letras da UFSM (RS) janeiro/julho/1998. Disponível
em: <http:// periódicos.ufsm.br/letras/article/view/11482>. Acesso em: 26 abr. 2018.

VIEZZER, Moema y DE CHUNGARA, Domitila Barrios. Si me permiten hablar...


testimonio de Domitila, una mujer de las minas de Bolivia. México: Siglo XX Editores, 1977.
(Edición digital, 2005).

VIEZZER, Moema. Se me deixam falar. São Paulo: Símbolo, 1978.

151
AS RAZÕES PARA SER UM CORPO ESTRANHO SEJA NA ESCOLA OU NA
SOCIEDADE
Juliano Ribeiro de Faria
Marcos Antônio Bessa-Oliveira
Desumanização é uma ideia que permanece inscrita na história dos nossos múltiplos tempos
dos agoras, principalmente no âmbito escolar que ainda busca “kahlar” e desumanizar os
corpos que são estranhos ao seu modelo de corpo perfeito constituído pelo projeto moderno
europeu em meados do século XVI e que continua sendo propagado pelo projeto estadunidense.
Como forma de dar continuidade na alienação e civilização dos corpos que se encontram dentro
da sala de aula, educando-os em uma única visão de corpo branco e eurocêntrico, do gênero
masculino ou feminino, capaz de existir e de (re)produzir Arte, Cultura e Conhecimento
daqueles, com efeito rejeitam os corpos estranhos. Acontece que na atualidade o corpo que é
estranho começa a fazer balbucios de empoderamento do seu corpo o tornando um corpo-
político, dono da condição que foi denominada a ele como estranho e que constitui suas
biogeografias, bio-corpo estranho, geo-espaço da opressão, da inexistência, grafias-narrativas
de rejeição e superação. Por conseguinte, o corpo estranho se torna um corpo descolonial para
o ensino de arte nas linguagens da dança e teatro, transcriam-recriam as metodologias, as
técnicas por ser um corpo que ocupa o entre lugar da perfeição/imperfeição ao assumir sua
condição, busca ser mais negando ser menos. Este trabalho quer discutir o corpo estranho como
um corpo epistêmico, capaz de descolonizar os corpos colonizados dentro da escola e fora dela,
por meio dos seguintes teóricos: Achugar, Bessa-Oliveira, Walter Mignolo, Paulo Freire, entre
outros. A ideia é dar visibilidade ao corpo estranho como um corpo que se constrói a partir de
si e de sua pedagogia de liberdade para estar no mundo e produzir Arte, Cultura, Conhecimento
tomando da sua diferença.

Palavras chaves: Corpo estranho; Desumanos, Corpo epistêmico.

Referências
ACHUGAR, H. Planetas sem boca: escritos efêmeros sobre arte, cultura e literatura. Tradução
de Lyslei Nascimento. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2006.
BESSA- OLIVEIRA, Marcos Antônio. Biogeografias Descoloniais Fronteiriça: perspectiva
teórica em Artes no século XXI. In. Caderno de Estudo Culturais, v. 9, n. 18 (2017).
Disponível em: http://seer.ufms.br/index.php/cadec/article/view/5687 - acessado em: 08 /
07/2018

152
MIGNOLO, Walter D.. “Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de
identidade em política”. Cadernos de Letras da UFF: Dossiê: Literatura, língua e identidade,
n.34, p.287-324, 2008. Disponível em: www.uff.br/ cadernosdeletrasuff/34/traducao.pdf.
Acesso em: 08/ 07/ 2018.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987.

153
OS SABERES DA FLORESTA: a relação do homem com natureza na Literatura daimista
de Raimundo Irineu Serra

Kássia Camilla Marques Rosa


Edgar Cézar Nolasco

Esta apresentação tem por principal objetivo tecer relações metafóricas entre o ser humano e a
natureza presentes nos cânticos recebidos pelo fundador da Doutrina do Santo Daime,
Raimundo Irineu Serra, através da experiência educativa da ayahuasca, bebida comungada no
contexto religioso sob o nome de Santo Daime ou Daime. Sendo esta uma prática religiosa cujas
raízes aterram-se sob as culturas afro-brasileiras, bem como do catolicismo popular e da
pajelança cabocla, seu universo tem sido estigmatizado e constantemente demarcado de forma
subalterna pelas linhas dicotômicas da lógica hegemônica ocidental que separa o científico do
não-científico, melhor trazendo para nossa discussão, a Literatura da (não)literatura. Sob esse
viés, buscaremos aporte teórico na perspectiva da ecologia de saberes cunhada por Boaventura
de Sousa Santos (2008), que abre possibilidade ao diálogo epistemológico entre diferentes
formas de conhecimento. Essa pesquisa de caráter eminentemente bibliográfico faz parte da
investigação em estágio inicial que venho realizando junto ao Núcleo de Estudos Culturais
Comparados (Necc), intitulada “Entre a prosa e os segredos da floresta: uma leitura crítico-
biográfica fronteiriça sobre o hinário O Cruzeiro do Mestre Irineu”. Em síntese, o projeto de
investigação apreende o hinário O Cruzeiro (2015) do Mestre Irineu, como objeto literário para
fazer uma (re)leitura sob a opção da decolonialidade (MIGNOLO) e, sobretudo, da leitura
Crítico-biográfica fronteiriça (NOLASCO). De modo geral, pretende-se promover uma
compreensão mais ampla da Literatura e suas linguagens, com o fim de abrir uma interlocução
coletiva da construção de saberes entre a memória social brasileira e as produções intelectuais
da academia.
Palavras-chave: Hinos; Ecologia de saberes; Literatura daimista; Santo Daime.
Referências
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Brasil/Paraguai/Bolívia. Campo Grande-MS:
Ed. UFMS, v. 7, n. 14, jul./dez. 2015.

LABATE, Beatriz Caiuby; ARAÚJO, Wladimyr Sena. (Orgs.) O uso ritual da ayahuasca. 2ª
Ed. Campinas: Mercado de Letras; São Paulo: Fanesp, 2009.

154
MIGNOLO, Walter; WALSH, Catherine; LINERA, Álvaro García. Interculturalidad,
descolonización del Estado y del conocimiento. 2ª Ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires:
Del Signo, 2014.
PIZARRO, Ana. Amazônia: as vozes do rio. Tradução de Rômulo Monte Alto. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2012.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 2ª
Ed. São Paulo: Cortez, 2008. (Col. Para um novo senso comum, vol.4).

SERRA, Raimundo Irineu. O Cruzeiro. Ribeirão Preto: Edição Gráfica Rainha, 2015.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. La pachamama y el humano. Ciudad Autónoma de Buenos


Aires: Ediciones Madre de Plaza de Mayo, 2017.

155
A REPRESENTAÇÃO DO (ANIMAL-) PROFESSOR EM MASTIGANDO
HUMANOS, DE SANTIAGO NAZARIAN

Manal Ounkhir
Wellington Furtado Ramos

Objetiva-se apresentar nesta comunicação os aspectos introdutórios do projeto de Iniciação


Científica, os quais consideramos relevantes acerca da figura do personagem Victório no
romance, visto que se trata de um jacaré que migra do Pantanal e, por dispor da capacidade da
linguagem e da inteligência, torna-se um professor em universidade de uma grande metrópole.
O protagonista jacaré-professor Victório é um animal que deixou seu bando, morou em um
esgoto no qual diversos episódios tétricos tais como sua primeira paixão por um tonel de óleo,
amizade com um sapo fumante, enfrentamento de um sistema, coincidentemente, igual a dos
humanos, uma travesti que virou sua refeição. Estes aspectos influenciaram e desenvolveram
sua racionalidade, sua adaptação ao meio, o que resultou em ser levado para uma universidade
para ser alvo de estudos e, em seguida, contratado para ser professor universitário. Nesta fábula
surreal, eivada de aspectos realistas e naturalistas, deparamo-nos com uma narrativa que motiva
o estudo da (con)figuração do sujeito professor a partir da dinâmica de metamorfose do animal
para o animal-professor, alegoria que nos parece salutar para refletir sobre o processo de
“professar” um conhecimento, especialmente na universidade. Professor Victório não somente
alimenta seus alunos de conhecimento, mas também alimenta-se deles. A metodologia do
projeto firma-se nas teorias da Narrativa, juntamente a teoria Crítica, principalmente com as
proposições de Walter Benjamin e de Theodor W. Adorno, e da Psicanálise, em particular os
estudos feitos por Sigmund Freud sobre a repressão e o estranho e como referencial introdutório
da pesquisa, nos valeremos das contribuições de Antonio Candido (2009) sobre a personagem
de ficção.

Palavras-chave: Literatura Brasileira Contemporânea. Professor. Representação. Santiago


Nazarian.

Referências:
ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Tradução André de Macedo Duarte. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2009.
CASTELLO, Luis A.; MÁRSICO, Claudia T. Oculto nas palavras: dicionário etimológico para
ensinar e aprender. Tradução Ingrid Müller Xavier. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
NAZARIAN, Santiago. Mastigando Humanos. São Paulo: Nova Fronteira, 2006.

156
BARTHES, Roland. Aula [1978]. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 2004.
MORIN, Edgar. “A ética do sujeito responsável”. In: CARVALHO, Edgard de Assis et al
(Orgs). Ética, solidariedade e complexidade. Tradução Edgard de Assis Carvalho. São Paulo:
Palas Athena, 1998. p. 67-77.
MACIEL, Maria Esther. Literatura e animalidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.

157
BERNARDO ÉLIS E DITADURA MILITAR
Marcelo Gonçalves de França
Rosana Cristina Zanelatto Santos

Este trabalho é parte do projeto de pesquisa intitulado “Ditadura militar e Bernardo Élis:
Violência em dois matizes?” que perpassa algumas necessidades de pesquisa sobre o autor
Bernardo Élis. A correlação entre campo e cidade pelo ponto de vista do autor enquanto
testemunha da construção de duas capitais, a ética do autor e crítico de literatura e arte ante uma
ditadura civil militar e a testemunha que viveu no período de duas ditaduras. Nesses preâmbulos
objetiva-se compreender questões relativas a um período histórico e político do Brasil por meio
da produção intelectual e literária de Bernardo Élis. Em específico, esta comunicação terá como
finalidade apresentar o estado da arte das pesquisas sobre o autor no campo acadêmico e
midiático. A dissertação de Josiane Silvéria Calaça Matos, intitulada “A representação feminina
nos contos de ermos e gerais de Bernardo Élis” de 2017, é um dos materiais de consulta; assim
como o livro de Jaime Sautchuk, “O causo eu conto: sobre Bernardo Élis e o Brasil Central”;
outra dissertação é a de Aurea Marchetti Bandeira, “Fronteira e natureza na obra de Bernardo
Élis”de 2014; Ginegleyson Amorim da Costa contribui com o texto “A luta pela terra no
romance de Bernardo Élis ‘A terra e as carabinas’: Representações e Sensibilidades” uma
análise da obra literária por um viés histórico do ano de 2013. A configuração do trabalho se
dará por meio de discussão teórica com os referenciais apresentados e as crônicas produzidas
pelo regionalista goiano e publicadas no decorrer de sua vida jornalística, recolhidas do acervo
da Unicamp, CEDAE. (Apoio: FUNDECT)

Palavras-chave: Literatura brasileira; Bernardo Élis; Violência; Ditadura civil-militar; Estado


da Arte.

Referências

BANDEIRA. A. M. Fronteira e natureza na obra de Bernardo Élis. Anápolis, GO. 2014.


Disponível em:
http://www.unievangelica.edu.br/files/images/AUREA%20MARCHETTI%20BANDEIRA.p
df acesso em 22/10/2018.

COSTA, G. A. da. A luta pela terra no romance A terra e as carabinas: Representações e


Sensibilidades. 2013. 103 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas e da Terra) -
Pontifícia Universidade Católica de Goiás, GOIÂNIA, 2013.

158
MATOS, J. S. C. A representação feminina nos contos de ermos e gerais de Bernardo Élis.
Uberlândia MG 2017. Disponível em:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21332/1/Representa%C3%A7%C3%A3oFemi
ninaContos.pdf acesso 22/10/2018

SAUTCHUK, J. O causo eu conto: sobre Bernardo Élis e o Brasil Central. São Paulo: Geração
Editorial, 2018.

159
RE(DES)COBRINDO – CORPOS BIOGEOGRÁFICOS – OS SABERES DO ENSINO
DE ARTES
Marina Maura de Oliveira Noronha
Marcos Antônio Bessa-Oliveira
Descorpolonizar o corpo que dança hoje nos espaços da sala de aula é urgente, e por isso tem-
se como intuito neste trabalho “aprender a desaprender, e aprender a reaprender” (MIGNOLO,
2008, p. 305) com esses corpos. A ideia é compreender corpos outros: um corpo (contra)modelo
– diferente do corpo já imposto como nosso, dividido entre razão e emoção e que,
insistentemente quer manter-se universal. Por isso, a noção de corpo aqui está para discutir o
conceito de “Corpo cênico pedagógico” (NORONHA; BESSA-OLIVEIRA 2018, p. 160), um
corpo outro, (des)coberto das tradições, mas ao mesmo tempo re(des)coberto de corpos-
imagens biogeográficas (BESSA-OLIVEIRA, 2016). O Corpo cênico pedagógico entendido
aqui não é um corpo disciplinar sujeito a dançar somente danças clássicas e/ou modernas. Mas
um corpo descorpolonizado atravessado por reformulações outras e ressignificações que
validam corpos dos “agoras”. Como, por exemplo, o corpo cênico pedagógico ser reconhecido
como produtor de arte, cultura e conhecimento nas disciplinas de Arte nas Escolas. Promovendo
que os alunos apreendam a partir do seu próprio corpo cênico pedagógico como um corpo
produtor do saber para as aulas de dança. Entendendo também que antes o corpo ocupa lugares
que partem de suas especificidades, num espaço – geográfico, biográfico e cultural
(biogeoráfico) –, um lugar desse corpo que é preciso ser (re)existente ao discurso para ser visto.
Por isso, tomo das reflexões dos autores que tratam do lócus enunciativo da fronteira
(Brasil/Paraguai/Bolívia) (BESSA-OLIVEIRA e NOLASCO); assim como teóricos que
sustentam a discussão cultural (BHABHA, MIGNOLO, HALL, HISSA) e outros críticos que
também decompõe de corpos disciplinares – modernos –, para (re)verificar e (re)significar
corpos outros, ou seja, corpos periféricos e marginalizados pelo discurso hegemônico. Assim,
o corpo em discurso aqui toma como condição/situação para descorpocidentalizar corpos que
dançam nos “palcos” das salas de aula, validados como produtores de arte, cultura e
conhecimento.

Palavras-chave: Corpo cênico pedagógico; Artes cênicas; Biogeografias.

Referências
BHABHA, Homi K.. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis,
Gláucia Renate Gonçalves. 4ª Reimpressão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

160
BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. “Biogeografias Ocidentais/Orientais: (i)migrações
do bios e das epistemologias artísticas no front”. In: Cadernos de Estudos Culturais:
Ocidente/Oriente: migrações. V. 8. N. 15. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, jan.– jun., 2016,
p. 97-144.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. “(Trans)bordar fronteiras: estética bugresca para


descolonizar corpos biogeográficos” . In: Memória Abrace XVI – Anais do Congresso da
Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. Anais...
Uberlândia(MG) UFU, 2017. Disponível em
www.even3.com.br/anais/IXCongressoABRACE. Acessado em: 29 de junho de 2018. P.
4.493-4.518.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10 ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2005.
HISSA, Cássio Eduardo Viana; RIBEIRO, Mônica Medeiros. “Saber Sentido”. In: Conceição
I Concept., Campinas, SP, v. 6, n. 2, p. 90-109, jul./dez.2017.
MIGNOLO, Walter. “Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de
identidade em política”. In: Cadernos de Letras da UFF. Dossiê Literatura, língua e
identidade, nº 34, p. 287-324, 2008. Disponível em: incluir aqui o endereço eletrônico da
revista. Acessado em: incluir aqui a data do seu acesso ao texto dele.
NOLASCO, Edgar César. Perto do coração selbaje da crítica fronteiriza. São Carlos. SP:
Pedro & João Editores, 2013. 170 p.
NORONHA, Marina Maura de Oliveira; BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. “Entre
gingas e gingados: o corpo e a bovinocultura em cena na arte educação”. In: BESSA-
OLIVEIRA, Marcos Antônio. (Org.). NAV(r)E – Pesquisa e produção de conhecimento
em arte na universidade: artista, professor, pesquisador 2015/2016. Campo Grande, MS:
Life Editora, 2018, p. 159-175.

161
POLÍTICAS PARA UMA LITERATURA MARGINAL: A EXTERIORIDADE COMO
RECURSO CULTURAL.
Nathalia Flores Soares
Edgar Cézar Nolasco
A proposta inicial deste estudo visa elaborar um traçado entre a vida da intelectual Heloísa
Buarque de Hollanda, relacionando o seu percurso biográfico com as múltiplas escolhas
teóricas que abrangem suas obras à luz do recorte epistemológico crítico biográfico fronteiriço.
Desde o processo de formação acadêmica até a multifacetada atuação como professora e
pesquisadora, passando pela Literatura Marginal, pelo Feminismo e pelos Estudos Culturais. A
pesquisa tem como enfoque, em um primeiro momento, as obras historiográficas da autora, uma
justaposição entre o passado e recente da cultura e da política no Brasil e a atualidade,
sublinhando aspectos relevantes para a formação estética, sócio-política e cultural do acadêmico
de licenciatura em Letras. A visada crítico-biográfica trata de reiterar a circulação de Heloísa
Buarque de Hollanda entre as várias esferas institucionais da sociedade percebendo as questões
de cunho pessoal, como as amizades, as paixões, os acontecimentos da vida influem no
exercício teórico e autobiográfico da autora. Conclui-se, após montagens e desmontagens desse
perfil, o interesse latente de atuação e interferência na sociedade, tendo em vista a tarefa ética
conferida ao intelectual de desestabilizar conceitos hegemônicos e excludentes de cultura.
Sendo assim, a importância deste trabalho e sua relevância se assentam na perspectiva da
diferença que está acentada na fronteiriça, o recorte desta teorização se norteará à partir da
autobiografia Escolhas (2003) e pelo livro Impressões de Viagem (1970). No processo de
construção do pensamento, o respaldo teórico contará com: Walter Mignolo em Histórias
locais/ Projetos Globais (2003), Eneida Maria de Souza em Crítica Cult (2002) e
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS (2011).

Palavras-chave: Heloísa Buarque de Hollanda, Literatura Marginal, Fronteira.

Referencias:
HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Escolhas: uma autobiografia intelectual. Rio de Janeiro: Editora
Língua Geral, 2009.
HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Impressões de viagem: CPC, Vanguarda e Desbunde – 1960/70. Rio
de Janeiro: Editora Aeroplano, 2004.
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Cultura Local. Campo Grande - MS. Ed. UFMS, v. 3, n.
06, jul/dez 2011.

162
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Crítica Biográfica. Campo Grande - MS. Ed. UFMS, v. 2,
n. 14, jul/dez 2010.
MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/ Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e
pensamento liminar. Trad. Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas Indiscretas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
ACHUGAR, Hugo. Planetas sem Boca. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. São Paulo, 1973.

163
OSMAN LINS: ESCRITOR E INTELECTUAL QUE NÃO SILENCIOU SOBRE O
SEU TEMPO
Raul Gomes da Silva
Márcia Rejany Mendonça

Osman Lins é um escritor pernambucano que ficou conhecido por ter renovado os meios de
expressão da literatura brasileira, notadamente com a publicação de livros como Nove, Novena,
Narrativas (1966), Avalovara (1973) e A Rainha dos Cárceres da Grécia (1976). Ao incorporar
aos seus textos ficcionais elementos originários da alquimia e da geometria, o escritor criou
uma linguagem própria que coadunada com as necessidades de seu tempo, revela uma criação
literária vinculada com o cosmo e as cosmogonias humanas, bem como com o campo social e
político do Brasil. Por outro lado, numa versão menos conhecida, Osman Lins também possui
um histórico amplo de ensaios e artigos acerca do ensino de literatura no Brasil, dos conflitos
do escritor em face do mundo e do ato criador, e sobre elementos de ordem teóricos relativos à
narrativa de ficção, conforme se verifica nos livros Do ideal e da glória: problemas inculturais
brasileiros (1977), Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social
(1969) e Lima Barreto e o espaço romanesco (1976). Levando em consideração essas duas
faces do referido autor, este trabalho tem o objetivo de analisar o seu compromisso com a
realidade brasileira tanto no que se refere às suas posturas assumidas diante do objeto artístico,
ou seja, na condição de escritor atento às demandas do meio e dos condicionamentos externos
à obra literária, como também no que concerne ao seu comprometimento como intelectual
ligado à dinâmica social de sua comunidade. Para a realização desse propósito, estabelecemos
um diálogo com as reflexões de Antonio Candido (2011), acerca do escritor e de sua relação
com o público; e com as proposições de Edward W. Said (2005) sobre as representações do
intelectual. Com isso pretendemos apontar que no exercício dos dois ofícios, Osman Lins foi
um homem atento às necessidades de seu grupo e que não silenciou frente aos problemas de
seu tempo.

Palavras-chave: Osman Lins; escritor; intelectual.


Apoio: Capes
Referências:
CANDIDO, Antonio. O escritor e o público. In:_____. Literatura e sociedade: estudos de
teoria e história literária. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011.

LINS, Osman. Nove, Novena, Narrativas. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1966.

______. Avalovara. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1973.


164
______. A Rainha dos Cárceres da Grécia. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1976.

______. Do ideal e da glória: problemas inculturais brasileiros. São Paulo: Summus, 1977.

______. Lima Barreto e o espaço romanesco. São Paulo: Ática, 1976.

______. Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social. São Paulo:
Martins editora S.A., 1969.

SAID, Edward W. Representações do intelectual: as conferências Reith de 1993. Tradução


de Milton Hatoum. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

165
ZECA, SILVIANO, ANTÔNIO, STELLA, MACHADO, GRACILIANO: FACETAS
(BIO)FICCIONAIS DO ENSAÍSTA SILVIANO SANTIAGO

Pedro Henrique Alves de Medeiros


Edgar Cézar Nolasco

O intuito deste trabalho se aquilata em uma reflexão (bio)ficcional dos demasiados personagens
criados pelo crítico, intelectual, ensaísta e escritor mineiro Silviano Santiago como
perspectivas, esferas, facetas do seu bios: um autor que engendra sua literatura à luz de uma
visada autoficcional (KLINGER, 2012) por excelência. Para tal, nos valeremos de uma
metodologia eminentemente bibliográfica assentada na Crítica biográfica fronteiriça
(NOLASCO, 2015) com foco nos estudos das escritas de si (KLINGER, 2012). Questões
pertinentes aos conceitos de transferência, memória, biografia, autobiografia e autoficção são
evocadas a fim de corroborar em um conceito propriamente fronteiriço, (bio)ficção, pensado na
esteira das sensibilidades biográficas e locais tanto dos críticos biográficos que ensejam tal
discussão quanto do objeto de desejo (NOLASCO, 2010) deste debate: a vida e a obra de
Silviano Santiago. Desse modo, nos valeremos, dentre outros, dos escritos de Eneida Maria de
Souza em Crítica cult (2002) e Janelas indiscretas (2011), de Diana Klinger em Escritas de si,
escritas do outro (2012), de Jovita Maria Gerheim Noronha em Ensaios sobre autoficção
(2014), Rosa Montero em A louca da casa (2004), Denilson Lopes em O homem que amava
rapazes (2004), Silviano Santiago em “Meditações sobre o ofício de criar” (2008) e Edgar
Cézar Nolasco em “Políticas da crítica biográfica” (2010). Portanto, como resultado, espera-se
explicitar através dos personagens ficcionais do escritor mineiro, tomados como facetas de sua
personalidade, como sua literatura se constrói atravessada por subjetividades e sensibilidades
da ordem de si e do outro transfiguradas em um tecido discursivo assentado em uma percepção
(bio)ficcional.

Palavras-chave: (bio)ficção; escritas de si; Silviano Santiago; literatura brasileira


contemporânea; crítica biográfica fronteiriça.

Referências
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Crítica biográfica. Campo Grande-MS: Ed.
UFMS, v. 2, n. 4, jul./dez. 2010.
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Silviano Santiago: uma homenagem. Campo
Grande-MS: Ed. UFMS, v. 6, n. 11, jan./jun. 2014.

166
COELHO, Frederico (org.). Encontros: Silviano Santiago. Rio de Janeiro: Azougue, 2011.
CUNHA, Eneida Leal. Leituras críticas sobre Silviano Santiago. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2008.
KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica.
Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.
LOPES, Denilson. O homem que amava rapazes: e outros ensaios. Rio de Janeiro: Aeroplano,
2002.
NORONHA, Jovita Maria Gerheim (org.). Ensaios sobre autoficção. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2014.
ROSA, Montero. A louca da casa. Rio de Janeiro: PocketOuro, 2004.
SAID, Edward W. Representações do intelectual: as conferências reith de 1993. Trad. de
Milton Hatoum. São Paulo: Companhia das letras, 2005.
SANTIAGO, Silviano. De cócoras. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
SANTIAGO, Silviano. Em liberdade. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
SANTIAGO, Silviano. Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
SANTIAGO, Silviano. Meditações sobre o ofício de criar. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1450> . Acesso em: 23 de
out. de 2018.
SANTIAGO, Silviano. Mil rosas roubadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
SANTIAGO, Silviano. O falso mentiroso. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2011.
SOUZA, Eneida Maria de. Teorizar é metaforizar. In: CECHINEL, André (org.). O lugar da
teoria literária. Criciúma: Ediunesc, 2016, p. 217-224.
SOUZA, Eneida Maria de; MIRANDA, Wander Mello (org.). Navegar é preciso, viver:
escritos para Silviano Santiago. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997.

167
PELAS VEREDAS DA MIRABILIA HAITIANA, EM A ILHA SOB O MAR (2010)
Valéria Sales Menezes
Leoné Astride Barzotto
Com suas raízes na África e aportando no Caribe por meio dos escravos que foram trazidos
para as plantações, o Vodu, além de uma expressão de fé, é um estratagema cultural e através
dele um imaginário local é recriado, isso ocorre a partir, principalmente, do Haiti. O realismo
maravilhoso, termo cunhado por Alejo Carpentier, tem sua fonte inspiradora justamente no
Vodu haitiano, na qual o real e o universo maravilhoso se fundem; numa espécie de simbiose,
um universo integra o outro sem nem ao menos haver questionamentos, não se exige explicação
racional para as licantropias de Mackandal, por exemplo, nem ao menos para os feitos da
revolução dos escravos que só podem ser explicados de forma maravilhosa, como é o caso da
Cerimônia de Bois Cayman. Antes mesmo de Isabel Allende recuperar a história ‘maravilhosa’
do Haiti, o cubano Alejo Carpentier já havia realizado esse feito em 1949. Em O reino deste
mundo (1949[2009]), conhecemos Ti Noel, um escravo que nos reconta a história de seu país
e, assim como Zarité, a protagonista de Allende, também nos apresenta o ser mítico
representado pelo marron Mackandal, além de acontecimentos históricos que são recorrentes
em ambas as obras. Numa espécie de releitura do texto de Alejo, Allende retoma o Haiti através
de sua histórica luta pela liberdade dos escravos e da independência da colônia. Ao
recuperarmos a realidade maravilhosa do Haiti, país que até hoje sofre por intercorrências da
escravidão e da colonização, temos como objetivo evidenciar a importância histórica de uma
forma litúrgica que afetou de forma positiva - e que ainda afeta - todo um povo, como é bem
marcado pela história de Zarité. Sendo assim, concordamos com Carpentier ao afirmarmos que
a história de todo o povo haitiano é uma crônica da realidade maravilhosa que os cerca. Para tal
pesquisa, autores como Chiampi (2015), Carpentier (2009), Esteves e Figueiredo (2012) e
Laroche (2007) foram utilizados para a referida análise teórica do romance em questão. (Apoio:
CAPES).
Palavras-chave: Realismo maravilhoso; Mackandal; Zarité; Vodu; Haiti.
Referências:
ALLENDE, Isabel. A ilha sob o mar. Tradução de Ernani Só. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2010.
CARPENTIER, Alejo. O reino deste mundo. Tradução de Marcelo Tápia. São Paulo: Martins
Fontes, 2009.
CHIAMPI, Irlemar. O realismo maravilhoso: forma e ideologia no romance-hispanoamericano.
São Paulo: Perspectiva, 2015. ESTEVES, Antonio Roberto;
FIGUEIREDO, Eurídice. Realismo mágico e realismo maravilhoso. In:

168
FIGUEIREDO, Eurídice. Conceitos de literatura e cultura. Niterói: EDUFJF, 2012, p. 393-413.
LAROCHE, Maximilien. Verbete: Mackandal. In: BERND, Zilá. Dicionário de Figuras e Mitos
Literários das Américas: DFMLA. Porto Alegre: Tomo Editorial/Editora da Universidade,
2007, p. 387-394.

169
A ANGÚSNTIA DA FALTA EM THE MISSING PIECE, DE SHEIL SILVERSTEIN
Vinícius Carvalho da Silva
Rosana Cristina Zanelatto Santos
Ao referir-se ao desejo do outro, a contemporaneidade traz a dimensão do sujeito interpessoal
como problemática que dá voz ao conceito de angústia. Ao pensar na angústia de forma
estrutural, adentrando os estudos morfológicos propostos por Propp (2001) acerca do conto,
enfatiza-se que, ao contrário do senso comum, a angústia adentra a relação de campo do
significante na sua juntura com o imaginário. Nesse sentido, não é visível dentro da vertente
psicanalítica, uma concepção de angústia totalmente descolada do registro da feição como falta
de representação. Essa premissa possibilita analisar a obra A parte que falta, de Sheil
Silverstein, onde a trama narra a história de um ser semicircular, uma vez que seu círculo não
apresenta um ângulo completo de 360 graus, que se sente incompleto e procura a parte que,
para ele, está lhe faltando para garantir sua felicidade completa. Pretendemos neste trabalho
analisar os comportamentos do protagonista dessa obra em sua busca pela parte que lhe falta,
baseada na crença de que “algo” no mundo o completará e o fará feliz. As proposições de Lacan
(1962) sobre a incompletude, ausência ou carência de algo que determina a completude do
sujeito, servirão de base teórica no que diz respeito a um elemento que foge a toda acepção e
apreensão imaginária, isto é, um objeto constituído de pura falta, como podemos notar no ser
semicircular presenta na obra de Sheil, o qual manteremos o nome de objeto A, discutindo-o a
especificidade do objeto da angústia, declarado como inexistente por Freud (1919).”.
Intentamos com isso relacionar os estudos contemporâneos acerca da pura falta ao conceito de
falta da falta, aproximando o objeto A do objeto “estranho” e “familiar”, como proposto por
Pisetta (2009).
Palavras-chave: A parte que falta; Falta da falta; Angústia; psicanálise.

Referências
FENICHEL, Otto. Teoria Psicanalítica das Neuroses. Trad. Dr. Samuel Penna Reis. Rio/ São
Paulo: Livraria Atheneu, 1981.
LACAN, J. O Seminário livro 11, os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
LACAN, J. O Seminário livro 4, a relação de objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
LACAN, J. O Seminário livro 7, a ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.
MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise Crítica da Narrativa. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 2013.

170
PESSANHA, Juliano Garcia. Recusa do não-lugar. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
PISETTA, Maria Angélica Augusto de Mello. The lack of lack and the object of anguish.
Campinas: Estud. psicol. 2009, vol.26, n.1, pp.101-107.
PROPP, Vladimir. Morfologia do conto maravilhoso. Tradução Jasna Paravich Sarhan. 2. ed.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.
SILVERSTEIN, Sheil. A parte que falta. Trad. Alípio Correia de Franca Neto. São Paulo:
Martins Fontes, 2009.
WEIL, Pierre. A neurose do paraíso perdido. Rio de Janeiro: CEPA - Espaço Tempo, 1991.

171
A ESTRUTURA MORFOLÓGICA DE AS CRÔNICAS DE NÁRNIA – O SOBRINHO
DO MAGO, DE C.S. LEWIS, COMO FONTE DE SEDUÇÃO DO LEITOR
Vinícius Carvalho da Silva
Rosana Cristina Zanelatto Santos
Esta proposta originou-se com base na leitura da Morfologia do conto maravilhoso, publicada
em 1928 pelo folclorista russo Vladimir Propp. O aporte teórico sugerido pelo estudo de Propp
nos fez vislumbrar a possibilidade de residir no percurso narrativo, orientado pelas funções, a
sedução do leitor de séries de romances, como é o caso dos sete textos de fantasia escritos pelo
irlandês C.S Lewis, aglutinados sob o título As Crônicas de Nárnia. Acrescente-se a isso a
necessidade de distinguir dois modos de recepção¸ uma vez que o texto e o leitor estão
intimamente interconectados por uma relação concebida como um processo em andamento: um
que se refere aos efeitos e ao significado para o leitor contemporâneo da leitura de uma
determinada obra, e outro que propicia reconhecer e estabelecer o processo histórico por meio
do qual uma obra é recebida e interpretada pelo leitor. Visa-se demonstrar, por meio dos estudos
proppianos e da teoria da recepção formulada por Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser, como o
texto não deve somente significar, mas ser. Isso adentra o processo pelo qual o leitor entende
ou não o conceito de abstração como reflexão interpessoal acerca da obra, processo em que o
leitor é instigado e seduzido pela forma estrutural da narrativa. Dessa forma, procura-se
demonstrar como a construção morfológica da obra O sobrinho do mago pode auxiliar no
processo de sedução e de formação do leitor e que não são somente as adaptações
cinematográficas que seduzem o leitor, mas também o estímulo despertado pela estrutura
narrativa e sua linguagem.
Palavras-chave: As Crônicas de Nárnia; Conto maravilhoso; Leitor.

Referências
BEZERRA, Isabelle Santos. Entre a sedução e a desconfiança: o jogo do autor e do leitor em
Les Faux-Monnyeurs de André Gide. Revista Criação & Crítica, n. 9, p. 95-110, nov. 2012.
CARDOSO FILHO, Jorge Luiz. 40 Anos de estética da recepção: pesquisa e desdobramentos
nos meios de comunicação. Revista Diálogos Possíveis, n. 4, p. 65-76, jul./dez. 2007.
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução Johannes
Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1996. (V. 1).
LEWIS, C.S. Um experimento na crítica literária. Tradução João Luis Ceccantini. – São
Paulo: editora Unesp, 2009.

172
LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia. Tradução Silêda Steuernagel e Paulo Mendes Campos. 2.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Volume único).
MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise Crítica da Narrativa. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 2013.
PROPP, Vladimir. Morfologia do conto maravilhoso. Tradução Jasna Paravich Sarhan. 2. ed.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.

173
KAFKA: UM EXERCÍCIO TEÓRICO-FICCIONAL
Vinícius Gonçalves dos Santos
Edgar Cézar Nolasco

Resumo: A metamorfose de Franz Kafka deixa marcas impressas nos leitores que se aventuram
a embarcar no grande pesadelo de Gregor Samsa, desta forma, ao entrarmos no universo das
adaptações da obra encontramos resíduos de leituras anteriores, inseridas de maneira proposital
ou inconsciente pelo (s) autor (es). Em 2013, a editora LP&M importa o mangá A metamorfose
para o ocidente, na capa do mesmo, o nome Franz Kafka é estampado junto com o quadrinho
da fúnebre cena do final da história, dentro do mangá ocidentalizado, nos defrontamos com
uma leitura outra da terrível novela kafkiana, uma leitura enxertada de fatos biográficos postos
de maneira proposital pela equipe editorial. Nosso artigo propõe-se a investigar de que maneira
os fatos biográficos foram inseridos na obra e as ressignificações causadas pelos mesmos. Já de
início fica claro a não necessidade de se identificar uma única leitura presente, em razão de ser
uma obra de autoria coletiva, a pluralidade de leituras fica expressa. A obra não somente insere
fatos novos, há também a supressão de elementos da narrativa clássica, deste modo, nosso
trabalho também tratará dos elementos não importados para a versão em mangá d’A
metamorfose. A adaptação insere a bios de Franz Kafka no mangá, amparados na crítica
biográfica, inserimos nossa bios dentro deste trabalho, uma vez que, não seria possível falar de
maneira tão próxima sem nos aproximarmos. As relações estabelecidas por nós são metafóricas,
ou seja, os traços biográficos identificados na obra não são pontuados a fim de justificar a obra
pela experiência de vida do autor, o objetivo é ampliar a bios do autor, e por consequência,
nosso bios. Com relação aos fatos biográficos, faremos o picking de biografias da vida do autor,
Kafka: vida e obra de Leandro Konder e, a mais recente, Kafka de Gérard-Georges Lemaire,
não nos é relevante a veracidade do fato narrado em ambas biografias, afinal, “Se considerarmos
que a realidade e a ficção não se opõem de forma radical para a criação do ensaio biográfico,
não é prudente checar, no caso de autobiografias ou de biografias, se o acontecimento narrado
é verídico ou não” (SOUZA, 2010. P 5). Os livros teóricos utilizados com maior presença neste
artigo são o Cadernos de estudos culturais: Crítica biográfica e Janelas indiscretas ensaios
de crítica biográfica.
Palavras-chave: Kafka; biografia; crítica.
REFERÊNCIA:
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica / Eneida Maria
de Souza. – Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

174
A FLOR DE MULUNGU: da diferença colonial ao suplemento biográfico-cultural

Viviani Cavalcante de Oliveira Leite

Edgar Cézar Nolasco

No ano de 2012 a escritora mineira Conceição Evaristo publicou o conto “Macabéa, Flor de
Mulungu” no livro Extratextos I – Clarice Lispector: personagens reescritos, organizado por
Mayara R. Guimarães e Luis Maffe (2012). Neste conto, a escritora recria a emblemática
protagonista da novela A hora da estrela, de Clarice Lispector (1977), fazendo-a (re)nascer em
flor de mulungu, trinta e cinco anos após a ascensão da estrela. Este trabalho propõe uma leitura
pelo viés da pós-colonialidade/descolonialidade (MIGNOLO, 2015) e da crítica biográfica
(SOUZA), a respeito da diferença colonial (MIGNOLO, 2003). Assim, intentaremos refletir a
respeito das duas mais cruéis e nocivas consequências dessa diferença, a saber, o preconceito e
a exclusão das mulheres negras no âmbito histórico, social e literário brasileiro. Assim, nos
valeremos da noção derridiana de suplemento para teorizar sobre o suplemento biográfico-
cultural que se dá por meio de (re)escritas literárias, como ilustraremos com o conto
supracitado. Nosso objetivo é ler a narrativa de Evaristo enquanto uma criação paralela que
suplementa biográfico-culturalmente a última obra publicada por Lispector em vida.
Considerando, em nossa leitura, as sensibilidades locais (MIGNOLO, 2003) e as sensibilidades
biográficas (NOLASCO) das escritoras. Uma vez que, esta pesquisa possui caráter
eminentemente bibliográfica, destacamos para o nosso aporte teórico algumas obras que
contribuirão para a discussão aqui proposta, a saber: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS
Crítica biográfica (2010), Crítica Cult (2002) de Eneida Maria de Souza, Histórias locais/
projetos globais: colonialidade, saberes e pensamento liminar (2003) e Habitar la frontera:
sentir y pensar la descolonialidad (2015) de Walter Mignolo, entre outros.
Palavras-chave:flor de mulungu; diferença colonial, suplemento biográfico-cultural.
Referências:
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: crítica biográfica. Campo Grande, MS: Editora
UFMS, v. 2, n. 4, set. 2010.

EVARISTO, Conceição. “Macabéa, Flor de Mulungu”. In GUIMARÃES, Mayara R.;


MAFFEI, Luis (Orgs.). Extratextos 1 – Clarice Lispector, personagens reescritos. Rio de
Janeiro: Oficina Raquel, 2012.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

175
MIGNOLO, Walter.Histórias locais/ projetos globais: colonialidade, saberes e pensamento
liminar. Trad. de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
____________.Habitar lafrontera: sentir y pensar ladescolonialidad (Antologia, 1999-2014)
Espanha: EdicionsBellaterra, 2015.

NOLASCO. Perto do coração selbaje da crítica fronteriza. São Carlos: Pedro & João Editores,
2013.

SOUZA, Maria Eneida de. Crítica Cult. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

176
“EL MAYOR CRIMINAL QUE JAMÁS PISÓ LA TIERRA”: SOBRE VIOLÊNCIA E
VINGANÇA NO CONTO “PUTAS ASESINAS”, DE ROBERTO BOLAÑO
Andre Rezende Benatti

Esta comunicação tem como objetivo empreender uma análise do conto “Putas Asesinas”, de
Roberto Bolaño, presente na coletânea de contos também intitulada Putas Asesinas, publicado
pela primeira vez em 2001. O conto nos mostra a narrativa de uma prostituta vê na televisão
um homem chamado Max que está nas arquibancadas de um estádio incentivando um time de
futebol, então ela se dirige ao estádio e aborda o homem, o seduz, o leva para sua casa e transa
com ele, ao final amarra-o na cama e o mata com uma navalha. Na análise abordaremos
questões que giram em torno da violência e vingança presente no conto. Xavier Crettiez (2009),
afirma que definir a violência como um conjunto de temas e feitos que se assemelham
facilmente é impossível, pois a violência se apresenta das mais múltiplas formas. No conto,
percebemos os estratos da violência enquanto parte integrante do aparato social, sem a qual,
talvez, não seria possível a sociedade existir, assim como parte do próprio homem, nesta medida
nos focaremos nas atitudes que levaram a personagem principal do conto a vingar-se de Max.
Para tal leitura tomamos como base, para além de conceitos críticos e teóricos relativos à
estética literária, também nos aportaremos em estudos relativos à perversidade, crueldade e
violência, tais como A parte obscura de nós mesmos: uma história dos perversos, de Elisabeth
Roudinesco, La ética de la crueldade, de José Ovejero, Literatura e Violência, de Ronaldo
Lima Lins, Las Formas de la Violencia, de Xavier Crettiez e Literatura, violência e melancolia,
de Jaime Ginzburg, entre outros.

Palavras-chave: violência; vingança; Putas Asesinas; Roberto Bolaño,

Referências
CRETTIEZ, Xavier. Las formas de la violencia. Buenos Aires: Waldhuter, 2009.
GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas, São Paulo: Autores

177
Associados, 2012.
LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.
OVEJERO, José. La ética de la crueldad. Barcelona: Editorial Anagrama, 2012
ROUDINESCO, Elisabeth. A parte obscura de nós mesmos: uma história dos perversos. Rio
de Janeiro: Zahar, 2008.

178
"LASCIATE OGNE SPERANZA, VOI CH’INTRATE”: FIGURAS INFERNAIS NO
ABISMO DE SAMUEL BECKETT

Fabiana Vieira Gibim


Ramiro Giroldo

É silêncio que escutamos proferir os monstros de Samuel Beckett, “despalavrando" o horror


que inunda os abismos de suas obras. Este trabalho pretende explorar os núcleos sedimentares
de um absurdo inominável, situando-se na matéria de Walter Benjamin em sua teoria da
“Estética do choque” e contemplando na obra literária de Samuel Beckett, mais precisamente
na distopia vertiginosa O Despovoador (1970) e a prosa minimalista Textos para Nada (1954)
para tentar balbuciar de forma desbussolada a onipresença violenta das figuras infernais trazidas
à vida pelo autor. Orquestrando nosso estudo, utilizaremos as preposições de Erik
Schollhammer (2013) de ressignificação da violência por meio da linguagem literária para
tatear a forma fóbica das manifestações do horror de um cilindro movediço e mortificante,
habitado por seres monstruosos, indizíveis e incertos em sua própria existência, “onde ninguém
se deita e nem olha pra dentro de si, onde não pode haver ninguém” (BECKETT, 1970), onde
“o corpo-figura faz sobre si um esforço intenso, imóvel, para escapar inteiramente pelo ralo”
(DELEUZE, 2007). Beckett resigna-se de produzir escatologias do sujeito “humano” ou
antropologias do espaço de onde monstros toscos se elevam, propõe-se a dilacerar a angústia,
chocar-nos com a víscera de um nada oculto, criando o afeto antinômico à forma sagrada,
profanando de forma agambeniana as existências confinadas, proclamação explícita de que
“começar a pensar é começar a ser consumido” (CAMUS, 2005). Em tentativa de escancarar
este abismo, nos enveredamos também na obra Textos para Nada, na proposta de escutar das
paredes deste silo os murmúrios de uma prosa paradigmática e incapturável, subsumida sob
(anti)narrações filosóficas de um eu-lírico multicorporal, hermenêutico do oco de sua existência
e insaciável pelo nada que habita o silo e a si. Tornando-nos vulneráveis às filosofias que
ocupam furiosas estas figuras absurdas, procuramos vociferar a existência moderna,
manifestando-se na literatura o observar das recusas e angústias do humano, sabendo que, como
orientados por Fernando Pessoa (2006), “não procures nem creias, tudo é oculto”.

Palavras-chave: Samuel Beckett; Walter Benjamin; Giorgio Agamben; Absurdo; Violência.

REFERÊNCIAS
ADORNO, T. W. Trying to Understand Endgame, In: Notes to Literature II. Trans.
Shierry We- ber Nicholsen. New York: Columbia UP, 1991.
ADORNO, T. W.; Teoria Estética, Lisboa: Edições 70, s/d.

179
ALIGHIERI, D.; A Divina Comédia – Paraíso, Purgatório, Inferno, tradução de Italo
Eugenio Mauro, São Paulo: Editora 34, 1998.

BECKETT, S.; The Grove Centenary Edition, vols. I, II, III, IV, New York: Grove
Press, 2006.

BECKETT, S.; Texts for Nothing, London: Calder &amp; Boyars, 1974.
BECKETT, S; The Lost Ones, Samuel Beckett: The Complete Short Prose 1929- 1989.
New York: Grove Press, 1995. 202-223.
CAMUS, Albert; O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo, tradução de Urbano
Tavares Rodrigues, 1.a edição, Lisboa: Editora Livros do Brasil, 2005.
DELEUZE, G.; L’Épuisé, in Beckett, Samuel; Quad et Trio du Fantôme, ...que
nuages..., Nacht und Träume, Paris: Minuit, 1990.
ESSLIN, M.; O Teatro do Absurdo, Rio de Janeiro: Zahar, 1968.
PESSOA, F.; Poesias, (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.)
Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).

180
A TEMPORALIDADE COMO PROBLEMA HISTÓRICO EM A MONTANHA
MÁGICA, DE THOMAS MANN
Gong Li Cheng
Volmir Cardoso Pereira

Este trabalho propõe uma análise histórico-crítica do romance A montanha mágica (1924), de
Thomas Mann, buscando compreender a problemática da representação temporal, posta em
forma e conteúdo na obra, em sua relação direta com o contexto material e histórico no qual o
romance é escrito. Tomamos como hipótese a tese de que o modernismo em confluência com
o projeto de modernidade, no início do século XX, tratou exaustivamente do tempo por estar
periodizado no contexto sócio-histórico de expansão do capitalismo monopolista, o que
produziu um choque com resíduos de outros modos de produção, com sua cultura e
temporalidade próprias (JAMESON, 2005; 2011). Neste cenário, os escritores vivenciaram a
discrepância entre essas temporalidades conflitantes, especialmente o tempo do campesinato
(resquício feudal) e o tempo dos grandes centros urbanos (indústria e monopólios). Além disso,
a classe burguesa, em ascensão, viveu sob a influência do ancien régime respaldada pelo
poderio político e cultural das nobiliarquias agrárias ainda vigentes na época (MAYER, 1987).
Dessa forma, a ampliação material das sociedades ocidentais, paradoxalmente, não
correspondeu à ideia humanista de progresso. Na narrativa manniana, há representações desse
momento de transição, do mundo arcaico do século XIX para o mundo moderno e fragmentário
do século XX (HEISE, 1990). Em A montanha mágica, o deslocamento espacial (simbólico)
realizado pelo protagonista, Hans Castorp, é que designa a coexistência do mundo em processo
de modernização (a planície) e o tempo suspenso, estagnado e envolto pela obsolescência do
passado (o sanatório na montanha de Davos). Por conseguinte, as noções de tempo psicológico
e tempo cronológico cunhados por Benedito Nunes (2013) serão desenvolvidos para endossar
a discussão da percepção qualitativa do tempo. Por fim, através da conhecida interpretação de
Paul Ricoeur (2010), demonstrar-se-á como a representação do tempo no romance desencadeia
as temáticas da morte e da decadência da cultura europeia. (Apoio: CNPq/PIBIC 2018).
Palavras-chave: A montanha mágica; tempo na narrativa; crítica cultural materialista.

Referências
HEISE, Eloá. Thomas Mann: um clássico da modernidade. Revista Letras, Curitiba, n. 32, p.
239–246, 1990.
JAMESON, Fredric. Modernidade singular: ensaio sobre a ontologia do presente. Tradução
Roberto Franco Valente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

181
. O fim da temporalidade. ArtCultura, Uberlândia, v. 13, n. 22, p. 187–206, Jan./Jun.
2011.
MAYER, Arno. A força da tradição: a persistência do antigo regime. Tradução Denise
Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Edições Loyola, 2013.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa: 2. A configuração do tempo na narrativa de ficção.
Tradução Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

182
UM OLHAR DISTINTO SOBRE A LITERATURA DE BORGES: DO CÂNONE À
FICÇÃO CIENTÍFICA
Carla Larissa dos Santos de Souza
Ramiro Giroldo
Este trabalho tem como objetivo analisar o fantástico contido no conto “There are more things”
de Jorge Luis Borges, que faz parte da antologia O livro de areia (1975). Dedicado a H. P.
Lovecraft, o conto será estudado à luz do corpo de seu trabalho, de maneira a trazer à tona o
seguinte ponto: uma mesma obra pode ser observada segundo diferentes critérios e, desse modo,
diferentes ângulos resultarão em conclusões distintas. Há o interesse de apontar traços da ficção
científica e do terror em uma produção, aqui no caso a de Borges, que, geralmente, é abordada
hegemonicamente sob a chave interpretativa do realismo mágico. Apesar de ser pertinente a
associação da literatura de Borges com o realismo mágico, novas leituras são imprescindíveis
para que os olhares sobre o texto literário se renovem. Concomitantemente, a pesquisa tem por
intuito apresentar uma proposta de investigação sobre a literatura de ficção científica e terror
em sua relação com o cânone literário. O terror e a ficção cientifica estão contidos no fantástico;
e, em consequência de suas fronteiras constituírem-se tão análogas quanto distintas, é atribuído
a elas uma flexibilidade que permite aos gêneros se entrelaçarem na constituição do escrito.
Segundo Freedman (2000), estes textos apresentam uma tendência genérica; a obra pode ser
classificada como mais próxima ou mais distante do purismo do gênero determinado,
entretanto, nunca será encontrado um gênero em sua forma pura. Isso permite que o texto
abarque características de um gênero que não remete ao de sua classificação mas, ainda assim,
permeiam a narrativa e não pode ser negada sua existência e contaminação. Para que se
alcancem os objetivos pretendidos na pesquisa, o embasamento teórico se fundamentará em
Tzvetan Todorov, com a obra Introdução a Literatura Fantástica (1970), a fim de abordar as
questões relacionadas ao fantástico. Para discussão do gênero Terror, a pesquisa recorrerá a
proposições de dois escritores, são eles: H. P. Lovercraft, com seu estudo intitulado O Horror
Sobrenatural Na Literatura (1927), e Noel Carroll, com sua obra A filosofia do Horror ou
Paradoxos do Coração (1999). Por fim, para fundamentar a questão da ficção científica, o
estudo se apoiará nos livros: Metamorphoses of Science Fiction (1979), de Darko Suvin;
Science Fiction and Critical Theory (2000), de Carl Freedman, e O Princípio Esperança
Vol. 1 (1959), de Ernst Bloch.

Palavras-chave: Ficção Cientifica; Horror; Cânone; Borges; Lovecraft;

Referências
BORGES, J.L. El libro de arena. In: Obras completas de Jorge Luis Borges. vol. 3. Buenos
Aires: Emecé Editores, 1989.

183
BLOCH, Ernst. O Princípio Esperança V.1. Rio de Janeiro: EdUERJ: Contraponto, 2005.
CARROLL, Noel. A filosofia do horror ou paradoxos do coração. São Paulo: Papyrus,1999.
FREEDMAN, Carl. Critical Theory and Science Fiction. Middletown: Wesleyan University
Press, 2000.
LOVECRAFT, H. P. O Horror Sobrenatural Na Literatura. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1987.
LOVECRAFT, H. P. Os melhores contos de H. P. Lovecraft. Organização de Luis
Dolhnikoff. Tradução de Guilherme da Silva Braga. São Paulo: Hedra, 2014.
LOVECRAFT, H. P. The H. P. Lovecraft Collection. Reino Unido: Arcturus, 2017.
SUVIN, Darko. Metamorphoses of Science Fiction. London: Yale University Press, 1979.
TODOROV, Tzvetan. Introdução a Literatura Fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1970.

184
MIX MÍDIA E POESIA VISUAL NO CIBERESPAÇO: ANÁLISE DO PERFIL DE
INSTAGRAM PÓ DE LUA
Caroline Bertini Fernandes
Márcia Gomes Marques

Destacando que a poesia concreta possui como finalidade última o uso do signo linguístico bem
como sua materialidade para a composição de um poema, faz-se interessante para esta pesquisa
compreender a Poesia Visual (Dencker, 2012) para além da materialidade linguística, de modo
que se faça percebido que para este estilo poético, as instâncias de significado não se fazem
presentes apenas no interior da signo verbal ou em suas relações com outras paralavras, mas
também, que para a Poesia Visual as imagens e os cenários elaboram o processo de significação
do poema. Para isso, sob o olhar dos Estudos Interartes (Cluver 2012) e Intermidiáticos
(Rajewsky 2012) faz-se um estudo de caso dos poemas visuais compostos por Mix Mídia da
escritora Clarice Freire no perfil de Instagram Pó de lua, de modo que se faça percebido como
a junção entre a linguagem verbal e fotografia suscitam uma interpretação una à poesia. De tal
modo, verifica-se como a poeta faz uso de objetos e ferramentas presentes no cenário ordinário
para extrair deste poesia. Dessa maneira, percebe-se como mídia e arte estão instrinsecamente
relacionadas, de modo que não seja possível averiguar um objeto artístico sem perceber que
este está atravessados pelos significados de seu suporte. De tal maneira, verifica-se como a
composição estética em Mix-Mídia nos Poemas de Pó de lua revelam sobre a Poesia Visual
produzida para o espaço das mídias digitais. Compreendendo o temo Mix Mídia como oriundo
dos estudos das artes visuais, objetiva-se aqui investigar também a poesia presente em Pó de
Lua também como um objeto visual, de modo que as possibilidades de significados ofertadas
pelo signo da imagem não se desassociem da composição estética do Poema. Para isso, são
analisados os Poemas Visuais publicados no ano de 2018 neste perfil de Instagram, de modo
que se possa observar que palavra e imagem, instrumentalizados pela Mix Mídia formam um
significado único para um Poema Visual.

Palavras-chave: Poesia Visual; Intermídia; Mix Midia; Interartes; Pó de Lua

Apoio (CAPES)
Referências
CLUVER, Claus. Estudos Interartes: conceitos, termos, objetivos. Literatura e Sociedade,
São Paulo, n. 2, p.37-55

185
__________.Intertextus/ interartes/intermedia.Tradução: Elcio Loureiro Cornelsen et al.In:
Aletria: revista de estudos de literatura. Belo! Horizonte: POSLIT,Faculdade de Letras da
UFMG,n.14, p.11\41,jul.\dez.2006.

DENCKER, Klaus Peter. Da poesia concreta à poesia visual: Um olhar para o futuro dos meios
eletrônicos. Trad. Silvia Maria Guerra Anastácio. In: DINIZ, Thaïs Flores Nogueira; VIEIRA,
André Soares (org.). Intermidialidade e estudos interartes – desafios da arte
contemporânea II. Belo Horizonte: UFMG, 2012

FREIRE, Clarice. Pó de lua. São Paulo: Intrínseca, 2014.

RAJEWSKY, Irina O Intermidialidade, intertextualidade e “remediação” – uma perspectiva


literária sobre a intermidialidade. In: DINIZ, Thaïs Flores Nogueira (org.). Intermidialidade e
estudos interartes – desafios da arte contemporânea. Belo Horizonte: UFMG, 2012b, p. 15-
45.

PÓ DE LUA OFICIAL. INSTAGRAM. Disponível: em


https://www.instagram.com/podeluaoficial/?hl=pt-br Acesso em 30/11/17

186
ATRAVÉS DO ESPELHO E A UTOPIA QUE ALICE ENCONTROU POR LÁ
Isabella Pereira Marucci
Ramiro Giroldo

Este trabalho tem como objetivo a análise das obras Através do espelho e o que Alice encontrou
por lá e Alice no País das maravilhas, ambas escritas por Lewis Carroll; mais especificamente,
busca-se criar um diálogo entre o espelho atravessado pela personagem no enredo e a utopia.
No momento em questão, a menina Alice transita do mundo “real” em que se encontra, para
adentrar um universo alternativo, completamente diferente, chamado de “Mundo dos espelhos”.
Considerando a estruturação dessa nova sociedade, cujos costumes são controversos ao que
Alice conhece, é possível enxergar a utopia. Um lugar constituído em prol da perfeição, mais
do que isso, tentando apagar os defeitos encontrados na nossa civilização, impondo uma
ideologia que visa a sociedade perfeita (utópica). A questão se evidencia pelas considerações
de Alice acerca do lugar em que antes estava inserida para o local que agora se inscreve, suas
observações, assim como a construção do ambiente, permitem a relação pretendida aqui com a
utopia e suas características. Verificando que o espaço seria basicamente o mesmo, sendo que
o Mundo dos espelhos alude a essa tentativa de instituir uma sociedade que se acredita ser
positiva, sem os defeitos e imperfeições que são observados na civilização e tidos como
problemáticos. Por meio da inversão dessa visão, remetendo ao utópico, a travessia de Alice
pelo espelho irá aludir a essa modificação e a esperança da concretização do perfeito, que pode
traduzir-se em distopia. Para tanto, os conceitos de utopia de Thomas More, assim como sua
descrição acerca da Ilha de Utopia, serão considerados para a verificação da constituição social
utópica. Ponderações sobre o espelho e o enredo da obra de Carroll, realizadas por Pedro Braga
e Martin Gardner são essenciais, além da breve menção sobre a dualidade “aparência e
essência” feita por Adorno.

Palavras-chave: Alice; Lewis Carroll; utopia; distopia; espelho.

Referências

ADORNO, Theodor. Posição do narrador no romance contemporâneo. In: Notas de Literatura


I. São Paulo: 34 Letras, 2003. Tradução Jorge de Almeida.

BRAGA, Pedro. A passagem secreta - Leitura política e filosófica de Alice no País das
Maravilhas e através do espelho. São Paulo: Chiado Editora, 2015.
CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho. Rio de
Janeiro. Editora Zahar, 2013. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges.

187
MORE, Thomas. Utopia. Edição Bilíngue. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017. Tradução
Márcio Meirelles Gouvêa Júnior.

188
DESDOBRAMENTOS TEMPORAIS NO CONTO ALGUÉM DORME NAS
CAVERNAS, DE RUBENS FIGUEIREDO: PASSADO, PRESENTE E O HÁ DE VIR
Jucelia Souza da Silva
Ricardo Magalhães Bulhões

Tendo como ponto de partida o conto Alguém dorme nas cavernas, do romancista e tradutor
Rubens Figueiredo, este artigo trata da questão da temporalidade, da criação de um tempo
ficcional, para isso, lançamos mão da contribuição da Teoria da Literatura e também de alguns
estudiosos da linguagem para pensar a categoria enunciativa de tempo. Em sua obra O tempo
da narrativa, Benedito Nunes faz sua proposição partindo das ideias anteriores de grandes
pensadores - como Santo Agostinho, Einstein, Newton e até Benveniste -, apresentando uma
proposta de um tempo linguístico e, dentro dele, um tempo próprio para a ficção ou para a
narrativa. Ancorando-se nas contribuições teóricas de Benedito Nunes, a análise prioriza dois
objetivos centrais: primeiramente busca questionar em que medida, no conto de Figueiredo, as
escolhas temporais contribuem para a afirmação temática do texto e, num segundo momento,
levantar as singularidades enunciativas trabalhadas pelo autor para desenvolver vários planos
temporais na trama. Pensando nessas questões, poderemos apresentar uma possibilidade de
leitura da obra literária que tomamos como objeto, recompondo os passos de atribuição de
sentido que a narrativa permite e trazendo uma leitura litúrgica e simbólica em sua
temporalidade. Assim, procuramos contribuir com a reflexão em torno do conto na
contemporaneidade, seus pronunciamentos, suas estratégias de significação e seu lugar na
atualidade de uma sociedade dita moderna ou para além disso. Fica a contribuição com as
reflexões necessárias à obra literária ao trazer à tona e de forma simbólica as inquietações
humanas do sujeito inserido em seu tempo, na História.
Palavras-chave: literatura brasileira; Rubens Figueiredo; conto; tempo.

Referências
FIGUEIREDO, Rubens. Alguém dorme nas cavernas. In: O livro dos lobos. São Paulo: 2009,
p. 24- 61.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

189
VIOLÊNCIA E BASTARDOS NAS OBRAS DE ANA PAULA MAIA

Karina Kristiane Vicelli

O presente trabalho analisa parte das obras da escritora Ana Paula Maia, com o objetivo
principal de identificar as marcas poético-narrativas de uma escritora que se consagra como
representante da literatura brasileira contemporânea. O recorte compreende os livros A guerra
dos bastardos (2007), Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos (2009), Carvão animal
(2011), De gados e homens (2013), Assim na terra como embaixo da terra (2017) e Enterre
seus mortos (2018). Essas obras estão interligadas pela temática central da violência e por
personagens que vagam de uma narrativa a outra, dentre as quais se destaca Edgar Wilson, um
trabalhador braçal que vive imerso em espaços em que impera a brutalidade da violência
cotidiana. Sua primeira aparição foi em Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, novela
em que exerce o ofício de abatedor de porcos. Depois, retorna em outras três obras que
compõem o corpus da tese, em empregos e em momentos diferentes da vida, mas sempre sob
a égide do trabalho brutal. Busca-se, a partir dessa personagem comum às obras destacadas,
estabelecer relações entre a natureza, a forma e o meio como lugares literários onde o texto
ficcional é articulado neste início do século XXI. Seguir o percurso de Edgar Wilson pelas obras
nas quais ele atua é montar o quebra-cabeça proposto pelo projeto estético de Maia,
acompanhando os passos de personagens errantes, imersas em violência. O trabalho está
dividido nos seguintes temas: a violência como fio condutor (leitmotiv) do projeto literário de
Ana Paula Maia, o nomadismo das personagens, e o trauma. Como referencial teórico, valemo-
nos, essencialmente, das reflexões teóricas de Jaime Ginzburg e Ronaldo Lins.

Palavras-chave: Literatura Brasileira Contemporânea; Narrativas de Violência; Personagem;


Ana Paula Maia.

Referências
GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas, SP: Autores associados,
2012. (Coleção ensaios e letras).
LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Prefácio de Jacques Leenhardt. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro,1990.
MAIA, Ana Paula. A guerra dos bastardos. Rio de Janeiro: Língua Geral (Coleção Ponta de
Lança), 2007.
______. Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos. Rio de Janeiro: Record, 2009.
______. Carvão animal. Rio de Janeiro: Record, 2011.
______. De gados e homens. Rio de Janeiro: Record, 2013.
______. Assim na terra como embaixo da terra. Rio de Janeiro: Record, 2017.
______. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

190
ANÁLISE DA CATEGORIA DESCRITIVA EM CONTOS DE ADRIANA LISBOA
Osmar Casagrande Júnior
Rauer Ribeiro Rodrigues

Analisamos os contos “Amor” e “Paulicéia”, do livro Caligrafias (2004), de Adriana Lisboa.


Propomos a leitura dos contos considerando as características da descrição na narrativa
propostas por Philippe Hamon em “O que é uma descrição” (s.d.) e em “Fronteiras da narrativa”
(1971), de Gérard Genette. A proposição semiótica de Hamon é mostrar como a descrição
literária é caracterizada por uma seleção lexical, não por uma necessidade realista de
representação do espaço. Gennete procura mostrar como a fronteira entre narração e descrição
é muito sutil, e que a função descritiva pode ser predominante no texto literário. Em “Amor”, a
ficcionista traz à singularidade da narrativa uma contextualização da precariedade estrutural de
uma universidade abandonada. Em “Paulicéia”, a autora apresenta a pluralidade e o caos da
metrópole paulistana, através do diálogo com escritores que fazem dessa cidade seu universo
ficcional, desde a referência a Oswald de Andrade até o escritor contemporâneo Marcelino
Freire. Nosso objetivo é mostrar como essas narrativas brevíssimas, que remetem à estrutura do
microconto, priorizam a função descritiva ao encadeamento de ações. Essa escolha, ao contrário
de uma possível monotonia do enredo pelo foco na descrição espacial, presta-se a uma
confluência de muitas histórias que perpassam por um mesmo ambiente. Portanto, remetemo-
nos às considerações de Ricardo Piglia em “Teses sobre o conto”, para quem a primeira história
do conto sempre traz uma segunda história, em suas diferentes formas ao longo da tradição
dessa forma breve. Nossa leitura procura articular a as duas faces da descrição proposta por
Genette com a primeira e a segunda história proposta por Piglia, as quais parecem confluir
nesses contos de Adriana Lisboa.

Palavras-chave: espaço ficcional; descrição narrativa; forma do conto.


Referências
GENETTE, G. Fronteiras da Narrativa. In: BARTHES, Roland et al. Análise Estrutural da
Narrativa. Rio de Janeiro:Vozes, 1971, p. 265- 284.
HAMON, Philippe. O que é uma descrição. In: ROSSUM-GUYON, Françoise Van.
Categorias da narrativa. Lisboa: Vega Universidade, s.d., p. 55-76.
LISBOA, Adriana. Caligrafias. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
PIGLIA, Ricardo. Teses sobre o conto. In.: _________. Formas breves. São Paulo: Cia das
Letras, 2004.

191
O ESPAÇO DA LITERATURA INFANTIL NAS LIVRARIAS E AS
PROBLEMÁTICAS DA CLASSIFICAÇÃO
Letícia da Silva Gomes
Patrícia Graciela da Rocha

O objetivo desta pesquisa é refletir sobre a abordagem da literatura considerada infantil no


cenário contemporâneo, bem como problematizar sua classificação exclusiva para esse público,
sugerindo uma possível nomenclatura que diminua o (pré)conceito em relação a esses textos e
amplie seu público leitor. Para tanto, tomarei como base as obras O paraíso são os outros, de
Valter Hugo Mãe; Elefante, de Bartolomeu Campos de Queiroz e A parte que falta, de Shel
Silverstein. Estas obras apresentam um diálogo franco e profundo com o público infantil,
abordando temáticas inicialmente consideradas inadequadas para leitores tão jovens como a
perda, as novas configurações de família, a morte, etc, sem deixar de considerar seu potencial
e suas especificidades. Esta abordagem mais profunda, em detrimento de um tratamento
superficial ou simplório no que se refere à linguagem e ao conteúdo do texto, está diretamente
relacionada à visão que se tem da infância. Além da análise das obras citadas, trarei para a
discussão dados da pesquisa de campo realizada nas livrarias de Campo Grande: Leitura, Le
parole e Lê, nas quais realizei o levantamento de dados referente à forma de classificação dos
livros na livraria, isto é, sobre os critérios usados pelos seus funcionários no momento de deixar
um livro na seção infantil ou direcioná-lo ao público adulto; farei também uma descrição de
como se dá a interação das crianças naquele ambiente, se elas são conduzidas à uma seção
específica pelos pais/acompanhantes ou pelos atendentes ou se escolhem as obras livremente
em qualquer seção. A partir desse cotejo refletirei sobre a importância da produção literária que
mantenha a preocupação com o público infantil, mas sem limitar a produção a esse público,
uma vez que, como obras de arte, podem (e devem) ser apreciadas por outros públicos; além
disso, discutirei sobre o afastamento do público adulto de determinadas obras devido a sua
classificação.

Palavras-chave: Análise literária; Literatura infantil; Classificação indicativa

Referências
MÃE, Valter Hugo. O Paraíso são os outros. São Paulo: Cosac & Naify, 2014.

QUEIROZ, Bartolomeu Campos de. Elefante. São Paulo: Cosac & Naif, 2013.

SILVERSTEIN, Shel. A parte que falta. São Paulo: Cosac & Naif, 2013.

192
LITERATURA BRASILEIRA E LEITOR: UMA RELAÇÃO GOGNITIVA.

Rosimeire Santos Alecrin


Márcio Antonio de Souza Maciel

Nas séries finais do Ensino Fundamental, fazer com que o estudante leia fluentemente e consiga
compreender o conteúdo lido é um dos principais focos do corpo docente e de toda a
comunidade escolar. As dificuldades em relação à leitura assola a maior parte dos estudantes,
fato que interfere diretamente no rendimento e na aprendizagem escolar. Ler poemas do poeta
e interpretá-los estão nesse contexto de dificuldades enfrentadas pelos estudantes do 6º ano de
uma escola do município de Sonora–MS. O presente artigo tem como objetivo apresentar uma
sequência didática baseada na leitura de poemas do poeta Manuel Bandeira, a fim de incentivar
a leitura e analisar o processo de cognição ao se construir o sentido no momento que se lê.
Destaca-se a relevância desse trabalho, uma vez que ler é o um dos principais desafios da escola,
além disso, ao se pensar na leitura de poemas da Literatura Brasileira, valoriza-se a cultura
clássica e enriquece o conhecimento cultural do indivíduo. Para tal empreitada baseamos- nos
nas leituras de Oliveira(2010), Leffa(2006), Souza(2012), Rodrigues(2012) Colomer (2007),
Cosson (2010).A pesquisa está fundamentada tanto em uma sequência didática que inclui a
leitura do poema “Pasárgada” de Manuel Bandeira, que será lido, ouvido e visualizado, como
em questionários orais que levem à reflexão do texto, contextualização da obra, pesquisa em
sala de tecnologia educacional de outros poemas do autor e, por fim apresentação de outros
poemas do escritor. Acredita-se, com isso, que oportunizar ao estudante a leitura de textos
clássicos literários produz maior enriquecimento cultural e permite a observação de como
acontece o processo cognitivo entre o leitor e o texto.

PALAVRAS-CHAVE: cognição; leitura; literatura brasileira; poesia; Manuel Bandeira.

Referências:

CADEMARTORI, Lígia. O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 1986.

COLOMER, Tresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola; [Tradução Laura
Sandrini]. – São Paulo: Global , 2007.

193
COSSON, Rildo. O espaço da literatura na sala de aula. Literatura : ensino fundamental /
Coordenação, Aparecida Paiva, Francisca;Maciel, Rildo Cosson . – ,Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 204 p. : il. (Coleção Explorando o Ensino ; v.
20).

CRUZ, Victor. Uma Abordagem Cognitiva da Leitura. Lisboa: Lidel, 2007.

LEFFA,Vilson J..Aspectos da leitura.Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1º Edição, 1996.

MANGUEL, Alberto. Uma história de leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

OLIVEIRA , Ana Arlinda de. O professor como mediador das leituras literárias; Literatura :
ensino fundamental. Coordenação, Aparecida Paiva, Francisca; Maciel. Rildo Cosson . –
,Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 204 p.: il. (Coleção
Explorando o Ensino ; v. 20).

RODRIGUES, Ana Patrícia Inácio. Processos Cognitivos e Leitura/ Estudo Comparativo


em Crianças com e sem Dificuldades na Leitura;- Lisboa; Maio de
2012.https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/10754/1/Fun%C3%A7%C3B5es%20Co
nitivas%20e%20Leitura.pdf.Acesso em 25/10/2018 às 16 h.

SOUZA, Ana Aparecida Arguelho de. Porque ler os clássicos. In: GOMES, Nataniel dos
Santos e ABRÂO, Daniel. (Orgs.). Pesquisa em Letras: questões de língua e literatura. Curitiba:
ppris, 2012.

ZILBERMAN, Regina Regina;Que literatura para a escola? Que escola para a literatura?
Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo - v. 5 - n.
1 - 9-20 - jan./jun. 2009.

194
DÚVIDAS DE UMA ADOLESCENTE NO CONTO “ESCREVO COISAS E APAGO”,
DE VIVINA DE ASSIS VIANA
Rafaela Cristiane Pereira Maciel
Se as perguntas e as dúvidas hesitam nos pensamentos da personagem principal do conto
“Escrevo coisas e apago”, de Vivina de Assis Viana, publicado na obra Professor e aluno
(1992), os provérbios para ela estão sempre certos e é a eles que ela recorre para responder às
suas indagações. A adolescente da história vive em um internato, e sua mente está cheia de
questionamentos que não são ditos, nem perguntados nesse ambiente de recluso e autoritário
no qual ela vive. Tão presentes nas falas orais, do nosso dia-a-dia, as expressões e provérbios
populares fazem parte da nossa e de outras culturas mundiais. Os provérbios, numa frase
condensam uma grande sabedoria popular e, muitas vezes, com significado de exemplo moral,
filosófico e religioso. A personagem principal da narrativa gosta de ler provérbios. Eles a fazem
pensar e, dentre muitas dúvidas que recorrem em seus pensamentos, a adolescente nos deixa
uma única impressão certa: a de que gosta muito de refletir acerca do mundo e sobre problemas
e questionamentos que desorganizam ou organizam sua curiosa e inquieta mente. Objetivamos,
nesse trabalho, pensar sobre o aspecto interpretativo da dúvida nas concepções de Vilém Flusser
(2011) e o papel da personagem do texto narrativo nas considerações teóricas de Antonio
Candido (1976) e Beth Brait (1983) e suas relações com os provérbios, considerando o ambiente
recluso, autoritário e de fé, onde a adolescente vive. Este trabalho baseia-se em pesquisas
bibliográficas, isto é, leituras e fichamentos dos teóricos acima mencionados, bem como a
análise do conto com base nestes levantamentos teóricos.
Palavras-chave: Dúvida; personagem; conto brasileiro contemporâneo.

Referências
CAMPEDELLI, Samira Youssef. Professor e aluno. São Paulo: Atual, 1992.
CANDIDO, Antonio. A Personagem de Ficção. São Paulo: Perspectiva S.A., 1976.
BRAIT, Beth. A Personagem. São Paulo: Ática S.A., 1993.
BERNARDO, G. A dúvida de Flusser: filosofia e literatura. São Paulo: Globo, 2002.
FLUSSER, Vilém. A dúvida. Apresentação de Gustavo Bernardo. São Paulo: Annablume,
2011. (Coleção Comunicações).

195
“PROMESSA”, DE IVAN ÂNGELO: UMA METANARRATIVA, DUAS HISTÓRIAS
Stelamaris da Silva Ferreira

Este artigo propõe-se analisar o enredo e as estratégias narrativas usadas pelo narrador do conto
“Promessa”, de Ivan Ângelo, publicado no livro Professor e aluno (1992), observando em que
medida alguns desses elementos o tornam uma metanarrativa. O processo metalinguístico
presente no conto “Promessa”, abordado conforme a teoria do conto de Ricardo Piglia (2004),
foi decisivo para realizar uma leitura além da superficialidade. O objetivo principal deste
trabalho é o de investigar como e em que medida a metalinguagem presente no texto engendra
a segunda história, implícita no discurso de um narrador irônico e sagaz, pois a única promessa
que se consolida é a do narrador, a promessa de escrever, elaborar e concluir uma narrativa. A
promessa do narrador para com o leitor é implícita e fica subentendida no modo como ele
constrói a história e no modo como as partes da primeira história, da professora, se encaixam
na segunda história, a da escrita do narrador e de seus jogos com a linguagem, carregados ora
de explícita, ora de implícita ironia. Objetivando demonstrar e fundamentar a leitura de que o
enredo e as estratégias metalinguísticas usadas pelo narrador do conto “Promessa” corroboram
a teoria de Piglia de que um conto sempre conta duas histórias, a análise foi realizada com base
em leituras e fichamentos de alguns referenciais teóricos: com relação aos conceitos pertinentes
aos estudos literários, como narrador, personagem e metalinguagem são abordadas as
concepções presentes nas obras de Brait (1985), Barthes (2007), Chalhub (1997), Genette
(1995), entre outros; quanto aos aspectos teóricos sobre o conto, embasa-se nas obras de Piglia
(2004) e de Zolin (2015).

Palavras-chave: Ivan Ângelo; Literatura brasileira; Metanarrativa.

Referências
ÂNGELO, Ivan. "Promessa". In: CAMPEDELLI, Samira Youssef (Org.). Professor e aluno.
São Paulo: Atual, 1992.
BARTHES, Roland. Literatura e metalinguagem. In: _______. Crítica e verdade. Trad. Leyla
Perrone-Moisés. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: Benjamin,
Horkheimer, Adorno, Habermas: textos escolhidos. Trad. José Lino Grünnewald [et al.].
São Paulo: Abril, 1983. (Coleção Os Pensadores).
BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. (Série Princípios).
CAMPEDELLI, Samira Youssef (Org.). Professor e aluno. São Paulo: Atual, 1992.

196
CANDIDO, Antonio et al. A personagem do romance. In: A personagem de ficção. São Paulo:
Perspectiva, 2007.
CHALHUB, Samira. A metalinguagem. 3. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Série Princípios),
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
GENETTE, Gerard. Discurso da narrativa. Trad. Fernando Cabral Martins. Lisboa: Vega,
1995.
HILL, Telenia. Estudos de teoria e crítica literária. Rio de Janeiro: Francisco. Alves, 1983.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. Trad. Maria
Elisa Cevasco e Iná Camargo Costa. São Paulo: Ática, 2007.
PIGLIA, Ricardo. Formas breves. Trad. José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2004.
ZOLIN, Lúcia. O que é literatura? Provocações metalinguísticas em narrativas de Luci
Collin. Rev. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, UnB, n. 45, p. 321-340,
jan./jun. 2015.
ZUIN, Antônio S. Sobre a atualidade dos tabus com relação aos professores. Educ. Soc.,
Campinas, v. 24, n. 83, p. 417-427, ago. 2003.

197
A FIGURA DO ALCOVITEIRO NAS OBRAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS
CUBAS E DOM CASMURRO, DE MACHADO DE ASSIS

Suéllen Silva Varela


José Alonso Tôrres Freire

Em geral, quando se fala em clássicos da Literatura Brasileira como Memórias póstumas de


Brás Cubas (publicado em 1882) e Dom Casmurro (publicado em 1899), com vasta fortuna
crítica, enfatizam-se os personagens principais, como Brás, no primeiro romance, e Capitu, no
segundo. No entanto, as personagens secundárias nos dois romances que serão abordadas neste
trabalho são muito importantes para o andamento e as peripécias do enredo, muitas vezes
convertendo-se mesmo em personagens chave nas tramas. É o caso de D. Plácida, no primeiro,
e José Dias, no segundo romance, já que ajudam de uma maneira ou de outra na consecução
dos desejos dos protagonistas. Sem outras fontes de renda, esses personagens vivem à margem
das famílias, como é o caso de José Dias, ou são mantidos por um dos personagens principais,
como acontece com D. Plácida, dependendo destes para tudo. Como as obras selecionadas já
contam com vasta fortuna crítica, adotaremos como suporte teórico e crítico básico o clássico
Formação da Literatura Brasileira (2007), de Antônio Candido, referência sobre a literatura
até o advento de Machado de Assis, além de trabalhos críticos específicos sobre o autor, tais
como os de Roberto Schwarz, Ao vencedor as batatas: formas literárias e processo social nos
inícios do romance brasileiro e Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis
(2000), ensaios como Esquema de Machado de Assis, da obra Vários Escritos (2004), de
Antonio Candido, entre outros. Dessa forma, no decorrer desse trabalho, buscamos demonstrar
a importância dos personagens alcoviteiros, secundários, especificamente nos dois romances
citados, ambos de Machado de Assis.

Palavras-chave: Ficção Brasileira; Alcoviteiros; Machado de Assis; Literatura Brasileira.

Referências
_____. Habitantes das fronteiras: “crias da casa” na literatura brasileira. In: Pereira, Danglei de
Castro; Santos, Rosana Cristina Zanelatto (Orgs.). Olhares sobre o marginal. Jundiaí: paco
Editorial, 2015.
_____. Machado de Assis: o retorno para o leitor contemporâneo Revista Itinerários,
Araraquara, n. 34, p.157-170, jan./jun. 2012.
ASSIS, Machado. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 2005.

198
ASSIS, Machado. Esaú e Jacó. São Paulo: Ática, 2001.
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1987.
ASSIS, Machado de. Notícia da atual literatura brasileira – instinto de nacionalidade. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar 1994. Disponível
em: https://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://machado.mec.gov.b
r/images/stories/pdf/critica/mact25.pdf&ved=0ahUKEwjBmcPUoubUAhXEf5AKHR2FCPs
QFgg0MAA&usg=AFQjCNGbr8w1v6Vb4KoPITNJoAcyxSH5LA
Acesso em: 30 jun. 2017.
BASTIDE, Roger. Machado de Assis Paisagista. Revista USP, Programa de Pós-Graduação em
Teoria Literária e Literatura Comparada da FFLCH-USP,2002-2003. no. 56. p. 192-202.
CANDIDO, Antonio...[et al..]. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2014.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira. São
Paulo: Atual/Ed. 1995.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, 3.
ed. Curitiba: Positivo, 2004.
FREIRE, José Alonso Tôrres Freire. Os saberes da literatura e a formação do leitor. Entreletras,
Revista do Curso de Mestrado em Ensino de Línguas e Literaturas da UFT, 2010, no. 1. P. 191-
208.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss eletrônico: versão monousuário 1.0. Objetiva, 2009.
LEITE, Míriam Moreira. A Condição Feminina no Rio de Janeiro, Século XIX: antologia de
textos de viajantes estrangeiros. São Paulo: EdUSP, 1984.
PESSOA, Fernando. Mensagem. 13.ed. Lisboa: Ática, 1979.
LIMA, Samara Pereira Souza de. As heroínas românticas nas obras A Moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo e Senhora de José de Alencar. 2016, 51 p. Monografia. UFMS, Aquidauana,
2016.
REIS, Carlos & LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de narratologia. 7.ed. Coimbra Portugal:
Almedina, 2007.
SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades/Ed. 34, 2000.
(Coleção Espírito Crítico).
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do Capitalismo. São Paulo: Duas Cidades/Ed.
34, 2000a. (Coleção Espírito Crítico).
SOUZA, William Isaías Carvalho. A representação da paternidade nas obras Iaiá Garcia e
Memórias póstumas de Brás Cubas: estudos comparados em Machado de Assis. 2015, 88 p.
Dissertação (mestrado). UFMS, Campo Grande, 2015.
WANDERLEY, Márcia Cavendish. A Voz Embargada: imagem da mulher em romances
ingleses e brasileiros do século XIX. São Paulo: EdUSP, 1996.

199
SOBRE A SIMPLIFICAÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA
Alexandre Luís Gonzaga
Marcos Lúcio S Góis

O presente estudo versa sobre os desdobramentos do processo de simplificação da linguagem


jurídica no Brasil. Discute as origens e a consolidação do discurso erudito como característica
marcante da linguagem dos tribunais. Constata que a vontade de simplificar a linguagem
jurídica não é fruto da pós-modernidade, mas remonta, pelo menos, ao século XVII. A pesquisa
documental aponta que Becman e Waldow (1688) se opunham à utilização de latinismos e
defendiam a simplicidade na fala como uma virtude, referindo-se a Quintiliano e Cícero.
Somente na pós-modernidade é que esta vontade de simplificação da linguagem ganha força e
com esse objetivo diversas iniciativas foram tomadas, como o Plain language (EUA e Reino
Unido), o Progetto di semplificazione del linguaggio (Itália), o Le portail de la modernisation
de l’action publique (França) e o Lenguage ciudadano (México), entre outras. A simplificação
da linguagem jurídica é impulsionada na pós-modernidade a partir reflexões apoiadas em
teóricos como Jean-François Lyotard, Jürgen Habermas e Mark Murphy. No Brasil,
diferentemente de outros países, a iniciativa de simplificar a linguagem jurídica partiu da
Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) como um esforço entre os magistrados para que
a linguagem jurídica não fosse um elemento que mantivesse o judiciário distante do cidadão. O
corpus de análise deste trabalho é composto por oito sentenças jurídicas, sendo estudadas
teórica e metodologicamente a partir do conceito da arqueogenealogia de Michel Foucault. A
análise da materialidade aponta para uma pluralidade de formações linguístico-discursivas
atravessando o discurso jurídico, dentre as quais destaca-se o uso frequente da ironia como
forma de resistência ora aos fatos que se apresentam para julgamento, ora às imposições
próprias do poder público. A sentença jurídica atual, em alguns casos, tende a assumir uma
forma híbrida, sendo redigida em prosa com excertos líricos ou ainda escrita (total ou
parcialmente) em versos de cordel com rimas; utilizando-se excertos de músicas e críticas
futebolísticas. Este trabalho ajuda a compreender o modo como a instituição jurídica edifica
suas formas de dizer.
Palavras-Chave: arqueogenealogia; linguagem jurídica; pós-modernidade;

200
Referências
BECMAN, J. C., WALDOW, B. F. Dissertatio de jure idiomatis. Frankfurt: Zeitleri, 1688.
Disponível em https://books.google.com.br/books?vid=IBNR:CR001088695
&redir_esc=y&hl=pt-BR. Acesso em 21.jul.2016
FOUCAULT, M. História da sexualidade I, A vontade de saber. Rio de Janeiro: Ed. Graal,
1979
______. Verdade e subjetividade. (Howison Lectures). Revista de Comunicação e linguagem.
n. 19. Lisboa: Edições Cosmos, 1993. P. 203-223. Disponível em
https://vk.com/doc259715455_314944114?hash=86ac38faf1a181d99b&dl=e4e4b4a92eebdf9
b30> Acesso em 27.abr.2016.
______. A arqueologia do saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

______. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto C.M. Machado e Eduardo J. Martins.
Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002.
______. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de
dezembro de 1970. Trad. Laura F. A. Sampaio. 5. ed. São Paulo: Loyola, 1999
______. A Ética do cuidado de si como prática da liberdade. In: MOTTA, Manoel B. Ditos e
Escritos V – Michel Foucault: Ética, Sexualidade, Política. Trad. Elisa Monteiro e Inês A.
Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
______. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Trad. Lígia Pondé. Petrópolis: Vozes, 1987.
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma
categoria da sociedade burguês. Tradução de Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1984.
LYOTARD, J. F. O pós-moderno. Tradução de Ricardo Correia Barbosa. Rio de Janeiro, José
Olympio, 1986.
MURPHY, P. Postmodern perpspectives and justice. Thesis Eleven. vol. 30, n. 1, ago. 1991.
Disponível em: http://the.sagepub.com/content/30/1/117.extract. Acesso em 11 ago. 2016.

201
O ENCONTRO ENTRE OS MULTILETRAMENTOS E O LETRAMENTO
CRÍTICO: UM PREPARO DE AULAS MULTIMODAIS POR E PARA SUJEITOS
ATIVOS
Alberto Eikiti Okaigusiku
Fabiana de Lacerda Vilaço
Na perspectiva do letramento crítico, onde se entende o ensino de línguas como construção de
discursos e de sujeitos em práticas sociais, a construção de sentido se dá por meio da cultura.
Com as reflexões sobre o letramento crítico, o presente trabalho pretende analisar e revisitar o
preparo de material para os cursos de língua inglesa do programa ISF da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, assim como a cultura acadêmica onde os sujeitos envolvidos se inserem.
Serão apresentados, portanto, 6 planos de aulas do curso "Comunicação Intercultural", de nível
B2, oferecido pelo programa e será feito um recorte de aulas e atividades para explorar as
questões linguísticas aplicadas à prática de ensino, justificando a necessidade de se pensar um
planejamento de aulas adequado e multimodal. A análise desses planos e o preparo de aula
apontam principalmente para a necessidade do uso dos multiletramentos na construção de
práticas que vão além do inglês instrumental e acadêmico, presentes em atividades como leitura
de contos apoiada por exibição e interações audiovisuais, trabalho com música e atividades com
podcasts relacionadas à interatividade e produção do mesmo. O trabalho tem como objetivo,
então, proporcionar reflexões a professores do programa sobre um preparo de aulas focado na
construção do aluno universitário como sujeito crítico, pensando na conscientização
democrática cidadã e desenvolvendo habilidades para lidar com textos em inglês dos mais
diversos gêneros, nas mais diversas mídias e linguagens. Os planos analisados e efetivados
apresentam como resultado o processo dialógico da aprendizagem do aluno universitário,
compreendendo a si mesmo como sujeito ativo e crítico, além de apontar para um
desenvolvimento confortável da língua em um espaço translingue em decorrência da construção
de aulas pautadas no letramento crítico. Por fim, se excederam expectativas quanto à
familiaridade do aluno com temas sociais e possibilidades discursivas encontradas pelo mesmo
e também às estratégias desenvolvidas para a comunicação dentro e fora do contexto
acadêmico.

Palavras-chave: Multiletramentos; Letramento Crítico; Multimodalidade; Planejamento de


Aulas; Construção Identitária.

Referências

202
LEMKE, Jay L. Letramento metamidiático: transformando significados e mídias. Trab.linguist.
apl., Campinas , v. 49, n. 2, Dec. 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso
em 11 Out. 2018.
JORDÃO, Clarissa. Abordagem comunicativa, pedagogia crítica e letramento crítico - Farinhas
do mesmo saco?. In: ROCHA, Cláudia; MACIEL, Ruberval (orgs.). Língua estrangeira e
formação cidadã: por entre discursos e práticas. São Paulo: Pontes, 2015.
CANAGARAJAH, Suresh. Translingual practice: global Englishes and cosmopolitan relations.
Nova Iorque: Routledge, 2013.

203
FORMAÇÃO DOCENTE EM LÍNGUA ESPANHOLA NA EAD

Ana Beatriz Silva Brandão de Souza


Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

Ainda que a língua espanhola esteja passando por situações desalentadoras nos últimos anos,
principalmente decorrente da revogação da Lei 11.161/2005 e suas implicações, cabe aos
pesquisadores, formadores de professores, graduandos, docentes e alunos da educação básica a
missão de defender a importância de ensinar e aprender o idioma. A presente proposta evidencia
resultados parciais do projeto de pesquisa vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica (Pibic), na categoria voluntário, intitulado Formação inicial de professores
de Espanhol em Mato Grosso do Sul. Neste trabalho, voltamos nosso olhar para a oferta dos
cursos de licenciatura, na modalidade a distância, que habilitam para o ensino da língua
espanhola. Verificamos quais são as instituições responsáveis, localização e duração dessas
licenciaturas. Identificamos nove instituições de ensino superior (IES) particulares que
oferecem o curso de habilitação única (Espanhol) ou de dupla habilitação (Português e
Espanhol) e apenas a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) como
estabelecimento público, no estado, responsável pela citada formação docente, na modalidade
a distância. Ainda que numericamente o predomínio seja das instituições particulares, notamos
a abrangência que a UFMS tem, sendo a única universidade pública, no estado, a desenvolver
o curso, nessa modalidade. Em 10 anos de existência, concluiu 15 turmas, distribuídas em nove
municípios, com atuação de egressos nas escolas públicas de educação básica (KANASHIRO,
ROCHA, 2014; NOAL et. al., 2017). Salientamos que um dos motivos para a não inclusão da
língua espanhola como disciplina regular em todas as escolas de ensino médio é a de que não
havia profissionais suficientes para atender a demanda. Os resultados parciais demonstram,
portanto, que há cursos desenvolvidos em diferentes partes do estado que habilitam professores
para o ensino dessa língua e que a referida justificativa para a oferta bastante restrita do
Espanhol nas escolas, utilizada de forma recorrente, não procede.

Palavras-chave: Língua espanhola; Licenciatura; Formação inicial de professores.

Referências
KANASHIRO, D. S. K.; ROCHA, P. G. A percepção do egresso do curso de Letras Português
e Espanhol da UFMS, na modalidade a distância. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na
Educação, v. 12, p. 1-10, 2014.

204
NOAL, M. L.; CHIARI, A. S. S.; KANASHIRO, D. S. K.; TARTAROTTI, E.; ROCHA, P. G.;
SANTOS, R. M. Percepções dos egressos de cursos de formação inicial de professores na
modalidade a distância da UFMS: onde estão, para onde vão? In: Anais do Esud. Rio Grande-
RS, 2017, p. 802-814.

205
REPERCUSSÃO E RECEPÇÃO DE TRADUÇÕES/INTERPRETAÇÕES EM LIBRAS
NO YOUTUBE

Ana Paula Saffe Mendes


Elaine de Moraes Santos

O objetivo geral do presente trabalho de iniciação científica, já finalizado, é problematizar, à


luz da Análise do Discurso de linha francesa, regularidades intrínsecas ao arquivo discursivo
construído durante a pesquisa. Para composição do corpus de estudo, foram selecionadas 11
traduções/interpretações de músicas populares em LIBRAS e vlogs de posicionamentos
alocados no Youtube. De posse das produções visuogestuais e dos comentários da instância da
recepção, aderimos à metodologia qualitativo-interpretativista e acionamos o conceito de
memória metálica (ORLANDI, 2015), para a analisar a repercussão de vídeos compartilhados
por intérpretes ouvintes e autores surdos, sobretudo por meio do filtro midiático situado na barra
de pesquisa (GRIGOLETTO, 2017). Na primeira busca, realizada com as palavras “música
libras”, o Youtube fornece como resposta imediata um recorte de seu armazenamento, de
produções predominantemente de ouvintes adotando a LIBRAS. Em contrapartida, a segunda
busca, “música libras surdo”, mais específica, apresenta apenas um vídeo de interpretação com
autor surdo, nos primeiros resultados. O retorno efetuado pelo Youtube para gerar respostas
dentro do seu arquivo demonstra a falta de acessibilidade ao surdo nesse ambiente musical,
evidenciando o caráter ouvintista do site. O batimento entre o resultado das buscas e os
processos analíticos realizados em toda a pesquisa demonstram o direcionamento das postagens
analisadas ao público ouvinte, considerando que apresenta interpretações sem legendas e com
português sinalizado – o que distorce a língua de sinais. Assim, o que muitos dos vídeos
promove não é a democratização esperada da internet ou a integração da comunidade surda às
músicas, mas a limitação de um determinado público que distancia a cultura ouvinte do sujeito
surdo, não legitimando a LIBRAS e aproveitando essa esfera de circulação para promover o
trabalho do intérprete e realizar minicursos para ouvintes.

Palavras-chave: memória metálica; surdo; Libras; arquivo discursivo; discurso digital.

Apoio: CNPq

Referências

206
GRIGOLETTO, Evandra. Entre a dispersão e o controle: ler os arquivos da internet hoje. In:
FLORES, G. B [et. al]. Análise de discurso em rede: cultura e mídia – vol. III. Campinas:
Pontes, 2017, p. 145-169.

ORLANDI, Eni Puccinelli. A contrapelo: incursão teórica na tecnologia - discurso eletrônico,


escola, cidade. RUA, Campinas, SP, v. 16, n. 2, p. 6-17, jul. 2015. ISSN 2179-9911. Disponível
em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8638816/642>. Acesso
em: 22 set. 2018.

207
LUZ, CÂMERA, AÇÃO: A PRODUÇÃO DE VIDEOAULAS NA UFMS
Annalies Padron Chiappetta
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

Este trabalho é resultado parcial de pesquisa desenvolvida no Programa Institucional de Bolsas


de Iniciação Científica (Pibic) como bolsista da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS). O projeto versa sobre as produções e uso das videoaulas que constituem materiais
didáticos importantes no processo de ensino e aprendizagem nos cursos a distância. Esse tipo
de material permite aos alunos maior flexibilidade de estudo, podendo rever conteúdos já
desenvolvidos, escolher o momento de maior tranquilidade para adquirir e ampliar
conhecimentos e, desse modo, organizar suas atividades acadêmicas. Borgato (2017), em sua
tese de pós-graduação intitulada “O vídeo didático além das técnicas e das tecnologias na
educação online na era da cibercultura”, afirma que o mundo virtual possibilita a ampliação dos
espaços de aprendizagem para além do que a tradição presencial permite. Para a produção de
videoaula existe a necessidade do planejamento tanto dos professores quanto da equipe técnica,
pois como esse recurso difere da aula presencial, é necessário dominar essa nova abordagem
que conta com a presença de microfones, áudio, imagens, computador etc. Para desenvolver as
etapas do trabalho, no primeiro momento, efetuamos um levantamento de todo material
tecnológico utilizado pela equipe da Secretaria Especial de Educação à Distância e Formação
de Professores (Sedfor) da UFMS para a gravação das videoaulas. Observamos a estrutura do
estúdio de gravação e os equipamentos utilizados. Nesse contexto, também realizamos,
pessoalmente uma entrevista com a equipe. Posteriormente foi enviado questionário online
elaborado por meio de formulário do Google Docs, com a intenção de reconhecer a formação
do grupo técnico, o espaço de gravação e identificar as dificuldades que possivelmente podem
ser encontradas na produção das videoaulas, conforme percepção dos entrevistados. Dentre os
resultados obtidos, podemos destacar a presença de: (i) uma equipe concisa, formada por quatro
profissionais que dominam todas as etapas do processo de filmagem e edição das videoaulas;
(ii) um espaço para gravação, apesar de não apresentar isolamento acústico adequado; (iii) a
insuficiência de equipamentos apropriados até aquele momento, para a produção eficaz das
videoaulas e (iv) grande demanda de vídeos a serem editados.

Palavras-chave: videoaula; recursos audiovisuais; educação a distância; formação de


professores.

Referências

208
BORGATO, Joaquim Sérgio. O vídeo didático além das técnicas e das tecnologias na
educação online na era da cibercultura. 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de
Pós-Graduação em Educação, Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande.

209
DA INTERAÇÃO À EVASÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA À
LUZ DA ENTROPIA SÓCIOINTERATIVA

Álvaro José dos Santos Gomes

A presente proposta de trabalho é resultado das pesquisas realizadas no âmbito da educação a


distância na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, levadas a cabo pelo Grupo de
Estudos em Formação de Professores da EaD (Geforped), relacionada ainda à pesquisa de pós-
graduação desenvolvida no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
(POSLIN-CEFET/MG) intitulada Análise de processos de interação no sistema adaptativo
complexo em diferentes modalidades de formação de professores de espanhol. Em linhas
gerais, concebemos o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) como um Sistema Adaptativo
Complexo, cujas características podem ser descritas pelos seguintes traços distintivos, a saber:
dinâmico, complexo, não-linear, caótico, aberto, imprevisível, sensíveis às condições iniciais,
adaptável e sensível ao feedback. Nesse sentido, compreender o AVA enquanto Sistema
Adaptativo Complexo nos possibilita, no conjunto sistêmico, identificar os processos de
interação que retroalimentam o sistema. Desse modo, a pesquisa busca, entre outros objetivos,
a partir da entropia sócio-interativa (VETROMILLE-CASTR00, 2007), verificar de que modo
a energia presente no sistema, advinda da interação entre os indivíduos, influencia no processo
de evasão escolar. Para tanto, serão consideradas três categorias ou momentos da vida
sistêmica: força entrópica máxima, resistência sistêmica e rendição sistêmica, analisadas em
uma turma de Letras habilitação Português/Espanhol da UFMS, na modalidade a distância, por
um período de dois semestres. No plano teórico, o presente estudo está assentado nas produções
relacionadas aos sistemas complexos adaptativos e à aquisição de língua estrangeira, sobretudo
em autores como Larsen-Freeman (1997; 2000), Paiva (2005), Parreiras (2005), Vetromille-
Castro (2007) e Martins (2008). Com efeito, espera-se como resultado da pesquisa uma melhor
compreensão dos processos de interação nos AVA e como esses atuam na permanência ou
evasão dos alunos no ensino superior.

Palavras-chave: interação; tecnologias de aprendizagem; sistemas adaptativos complexos

210
VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NAS ESCOLAS DE MIRANDA-MS
Annalies Padron Chiappetta
Patricia Graciela da Rocha

Há algum tempo, pesquisadores da área de linguagem vêm desenvolvendo investigações


científicas com o intuito de identificar, descrever e analisar fenômenos de variação linguística.
Como sabemos, a Língua Portuguesa usada no Brasil não é uniforme, pois é constituída de
muitas variedades e também está em constante contato com muitas outras línguas minoritárias.
Diante disso, o ensino e o respeito à variação linguística na escola são imprescindíveis para que
o aluno consiga identificar nas práticas sociais as regularidades das diferentes variedades do
português, reconhecendo os valores sociais implicados. A partir desses pressupostos, decidimos
investigar as percepções e atitudes linguísticas dos alunos das escolas públicas de Educação
Básica do município de Miranda/MS acerca da variação e das línguas minoritárias faladas na
região. Trata-se de uma cidade bastante antiga, com muitas áreas rurais e assentamentos
indígenas, dentre os quais podemos destacar os Kadwéu e os Terena. Nesse contexto, durante
a realização do estágio obrigatório do curso de Letras Português e Espanhol que tem um Polo
naquele município, aplicamos um teste com dezoito perguntas, para alunos entre dez a dezenove
anos, em quatro Escolas da Educação Básica, durante o 1º semestre de 2018. Desenvolvemos o
questionário com o objetivo geral de identificar percepções e atitudes linguísticas, ancorados
nos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Laboviana. Dentre as questões
que emergiram a partir dessa pesquisa, optamos por analisar neste estudo: a) a diversidade
linguística, o (des)prestígio linguístico e os graus de bilinguismo existentes e b) as
manifestações de preconceito linguístico por parte dos alunos nas escolas investigadas e o efeito
disso nos alunos vítimas desse preconceito. Dentre os resultados obtidos podemos destacar aqui
o fato de o Português, o Espanhol e o Inglês serem as línguas de maior prestígio para os sujeitos
da pesquisa enquanto as demais línguas de matriz indígena sofrem alto índice de desprestígio e
são alvo de preconceito linguístico.

Palavras-chave: variação linguística; preconceito linguístico; percepção linguística; ensino de


línguas.

Referências
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1994.

211
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DO FILME EM NOME DA LEI: FRONTEIRA COMO
ESTADO DE VIOLÊNCIA

Elza Carolina Beckman Pieper

Marcos Lúcio de Sousa Góis

RESUMO: Nesta comunicação, apresenta-se uma análise discursiva do enunciado “Fronteira


como estado de violência”, presente no filme Em Nome da Lei, dirigido por Sérgio Rezende
(2016). Com base em autores como Frédéric Gros, Michel Foucault e Tzvetan Todorov, de
modo particular, pela mobilização de conceitos como “poder”, “saber”, “território” e “verdade”,
discute-se o enunciado explorando a construção do sujeito cinematográfico, a figurativização
da lei, a fronteira como sinônimo de barbárie. Para tanto, inicialmente apresenta-se o problema
de investigação, faz-se uma discussão teórica sobre a relação entre discurso e violência, analisa-
se discursivamente a construção dos espaços representados. Faremos a leitura discursiva do
material audiovisual através do conceito de “enunciado” e suas ramificações: a) “sujeito”:
diferente de “autor”, no caso, o diretor do filme, o sujeito cinematográfico se refere aos
personagens que representam temas, na produção analisada o protagonista é um juiz, ou a
figurativização da “lei”; b) “materialidade”: signos verbais e não verbais; c) “série”: signos que
representam a fronteira como sinônimo de violência e ilegalidade; d) “campo associado”: os
enunciados fílmicos que indicam os discursos principais, isto é, os personagens da fronteira
como carentes de lei e os personagens de fora como salvadores da fronteira, por serem
portadores da lei. O objetivo é mostrar como o filme, ao tratar a “fronteira”, hierarquiza
socialmente os lugares de tal modo que separa os territórios entre civilizados e bárbaros,
cabendo a solução para os problemas de violência ao sujeito exógeno. Em outros termos,
enquanto os brasileiros oriundos do “centro” são civilizados e competentes, portadores de
valores dignificantes, como, honestidade e civilização, os da “periferia” (fronteira) são bárbaros
e incapazes, naturalizando-lhes, portanto, o crime e a selvageria. Aos primeiros cabe a missão
de resgatar os segundos de sua condição anómala.
PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Violência. Filme. Em nome da Lei.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2009.
______. A Ordem do Discurso. Trad. de Laura Fraga de Almeida Sampaio. Rio de Janeiro:
Loyola, 1999.

212
GROS, Frédéric. Estados de Violência: ensaio sobre o fim da guerra. Trad. de José Augusto
da Silva. São Paulo: Ideias e Letras, 2009.
TODOROV, Tzevetan. A Conquista da América. A Questão do Outro. Trad. de Beatriz
Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
______. O Medo dos Bárbaros: para além do choque das civilizações. Trad. Guilherme João
de Freitas Teixeira. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

213
DISCURSOS ACADÊMICOS SOBRE OS TERENA E RELIGIÃO: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Evelyne Gregório Xavier
Marcos Lúcio de Sousa Góis

Esta comunicação apresenta resultados parciais de uma dissertação de mestrado em


desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade Federal da
Grande Dourados/UFGD, cujo objetivo principal é mapear teses de doutorado e dissertações de
mestrado defendidas em programas de pós-graduação stricto sensu brasileiros e disponíveis no
Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino
Superior (CAPES), produzidas entre 2000 e 2016, e que abordem o tema “a religião e os
Terena”. Para o tratamento e interpretação dos resultados, optou-se pela metodologia da
pesquisa bibliográfica do tipo “Estado da Arte”, com abordagem quantitativa e qualitativa. O
levantamento resultou em um total de 72 trabalhos, sendo 13 teses de doutorado e 59
dissertações de mestrado, de diversas universidades nacionais, que foram agrupadas
semanticamente em três grandes núcleos, a saber: a) as que tratam diretamente da Religião
Terena; b) as abordam indiretamente a Religião Terena; c) as que tratam da Religião imposta
aos Terena. A exploração dessa materialidade permite à pesquisadora compreender o estado
atual do conhecimento em relação à temática escolhida, ao mesmo tempo em que projeta a
necessidade de uma investigação futura no sentido de esmiuçar as regularidades, as
permanências e mudanças discursivas localizáveis nessas produções. Esperamos apresentar
resultados a respeito dos Terena e Religião, demonstrando suas vicissitudes ao longo das áreas
de conhecimento; transformar o que, muitas vezes, se limita dispersamente aos muros das
universidades, ser um conhecimento válido para as comunidades envolvidas; aprimorar a
percepção entre o conhecimento acadêmico produzido sobre o assunto abordado e contrapô-lo,
sempre que possível e necessário, a sujeitos Terena; utilizar as informações processadas para
construir novas formas de compreensão do outro; produzir e divulgar, em forma de artigos e
demais materiais bibliográficos, um saber acerca das fontes utilizadas. (CAPES).

Palavras-chave: Estado da Arte. Terena. Religião. Teses e dissertações.

Referências

214
ACÇOLINI, Graziele. Protestantismo à moda terena. Editora UFGD, Dourados, MS, 2015.
192 p.
ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos
na graduação. 10ª ed. São Paulo, Atlas, 2010. 158 p.
FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas “estado da arte”.
Educação & Sociedade, São Paulo, ano 23, n. 79, p.257-272, ago. 2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/es/v23n79/10857.pdf Acesso em 06 nov. 2017.
GANDAVO, P. de M. Tratado da terra do Brasil; História da Província de Santa Cruz. Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980.
PAIVA, V. L.M.; SILVA, M. M.; GOMES, I.F. Sessenta anos de Linguística Aplicada: de onde
viemos e para onde vamos. In: PEREIRA, R.C.; ROCA, P. Linguística aplicada: um caminho
com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009. Disponível em
http://www.veramenezes.com/linaplic.pdf. Acesso em: 15 mar. 2018.
RAMINELLI, Ronald. Imagens da colonização: a representação do índio de Caminha a Vieira.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
RESTREPO, Olga L. R. V.; MARÍN, Maria. E. G. Estado del arte sobre fuentes documentales
en investigación cualitativa. Medellín: Universidad de Antioquia: Centro de Investigaciones
Sociales y Humanas, 2002.
ROMANOWSKI, Joana Paulin; ENS, Romilda Teodora. As pesquisas denominadas “estado
da arte” em educação. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, vol. 6, n. 19, p.37-50, set./dez.
2006. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=189116275004 Acesso em:
18/09/18.
ROMANOWSKI, Joana Paulin. As Licenciaturas no Brasil: Um balanço das teses e
dissertações dos anos 90. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2002.
SILVA, Fernando Altenfelder. Religião Terena. IN: SCHADEN, Egon. Leituras de Etnologia
Brasileira. São Paulo: Editora Nacional, 1976. p. 268-76.

215
A PRODUÇÃO DE CURTAS COMO FERRAMENTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA
Fabiano da Silva Araujo
Nara Hiroko Takaki

O presente trabalho é resultado das sequências didáticas realizadas em uma sala de 9º do Ensino
Fundamental, da Escola Municipal Prof.ª Maria Eulália Vieira, na cidade de Três Lagoas, Mato
Grosso do Sul. Estas ações buscaram inserir a linguagem cinematográfica como elemento
mediador de práticas com o foco na formação social, apresentando com o uso do cinema na
aula de língua inglesa como um encontro possível com a arte, não como ferramenta
metodológica, mas, como meio de reconhecimento de si e do outro. Buscamos extrair dessa
linguagem subsídios para acrescer à aprendizagem do espectador/estudante elementos como a
criatividade, autonomia e autoria. As leituras de Cristtofoleti (1982), Levy (1997) Masetto
(2013) e Prensky (2010) contribuíram para a compreensão, planejamento e uso das tecnologias
digitais de forma crítica, significativa e ética na mesma forma em que os estudantes tiveram a
oportunidade de vivenciar experiências de conhecer e compreender-se na diversidade humana.
A proposta de ensino privilegiou a mediação de diversas situações de ensino/aprendizagem de
maneira lúdica e desafiadora, com o registro de atividades dirigidas pelo professor para toda a
classe e com trabalhos em grupo. Os participantes, em grupos, foram auxiliados pelo professor
durante todo o projeto. Para que eles se sentissem comprometidos e motivados; foram
oportunizadas experiências onde pudessem ter autoestima elevada e desta maneira utilizassem
a linguagem cinematográfica como recurso pedagógico e sua função social, tornando assim a
aprendizagem autoral agradável e atrativa. As atividades deste trabalho foram norteadas pelas
dimensões sociais, pedagógicas e autorais do cinema, de forma que os estudantes dela
utilizassem como linguagem para expressarem-se. Foi observado em muitas atividades que os
estudantes demonstravam muitas inseguranças. Com base no resultado destas atividades foi
pensado um diálogo entre o cinema e a vida dos estudantes. Onde pudessem ter a oportunidade
de um momento mais autoral, utilizando os seus conhecimentos acerca da cultura digital para
produzirem seus vídeos. Com base nas respostas dos estudantes pensamos em colocar em
prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos,
demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável,
entre outros. Esta experiência resultou em três curtas: A carta, Me dê motivos para ficar e o
Último Adeus, que foram exibidos para os alunos do 7º ano, promovendo assim a socialização
e o diálogo entre duas salas do ensino fundamental. A experiência foi positiva para ambas as
salas que puderam ter um espaço para interagirem.
Palavras-chave: Cultura Digital; Curtas; Ensino.

216
Referências
CHRISTOFOLETTI, R. Filmes na sala de aula: recurso didático, abordagem pedagógica
ou recreação? In: Dossiê: Imaginário e Educação. Revista do Centro de Educação, v.34, n.3.
UFSM: 1982
DUARTE, R. Cinema e Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora , 2009.
FRESQUET, A. Cinema e experiência: um possível encontro com a nossa infância (e
juventude). In: Imagens do desaprender. Rio de Janeiro: Booklink: 2007.
LÉVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.
MORAN, J. M.; MASETTO, M. T; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação
pedagógica. 15. ed. Campinas: Papirus, 2009.
PALFREY, J e GASSER, U. Nascidos na Era Digital. Porto Alegre: Artemed, 2011.
PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed,
2000.
PRENSKY, M. Não me atrapalhe, mãe – Eu estou aprendendo! São Paulo: Phorte Editora,
2010.

217
DISCUTINDO EPISTEMOLOGIAS DECOLONIAIS NO ENSINO DE LÍNGUAS A
PARTIR DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
Francisco Leandro Oliveira Queiroz
Nara Hiroko Takaki

A sociedade ocidental contemporânea, inscrita na pós-modernidade, está sob a égide das


tecnologias da informação e dos “novos” meios de comunicação por ela proporcionados
(CASTELLS, 1999), cujas implicações para a produção, circulação e interpretação do
conhecimento vêm sofrendo consideráveis modificações. O ensino de línguas como prática
social não está alheio a essas transformações. Assim, preparar aprendizes para viver em uma
sociedade de diferenças torna-se um dos mais importantes desafios na sociedade
contemporânea. Destarte, a partir do lócus de pensamento crítico à pós-modernidade, o objetivo
deste trabalho é teorizar sobre questões decoloniais (MIGNOLO, 2003) para o ensino de línguas
e investigar as concepções de língua/linguagens trazidas pela Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), refletindo acerca do tipo de cidadão que se busca formar por meio de tais concepções
e que implicações isso pode trazer para a ampliação do conhecimento. O aporte teórico utilizado
será sobretudo o dos autores que abordam a decolonialidade como uma saída epistêmica ao
pensamento eurocêntrico (MIGNOLO, 2003; QUIJANO, 1997; DUSSEL, 2016). A
metodologia é de natureza bibliográfica qualitativa e interpretativa, pois considera a escolha da
literatura dos pesquisadores, suas visões, vivências e expectativas sociais em meio às demandas
da sociedade atual. Este estudo justifica-se porque pesquisas que se debrucem sobre questões
de linguagem são cruciais para a promoção de uma sociedade de conhecimentos pluralizados,
contextualizados, participativos e inclusivos. Como resultado preliminar, observa-se que na
BNCC as concepções de língua não contemplam o plurilinguismo de maneira a promover
efetivamente uma perspectiva decolonial de ensino. Com este trabalho, portanto, esperamos
contribuir com reflexões decoloniais por meio de um pensamento que promova e proporcione
pedagogias perturbadoras para as mentes acomodadas.

Palavras-chave: epistemologias decoloniais; BNCC, ensino de línguas.

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Secretaria de
Educação Básica. 2017. Disponível em:<<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base>> Acesso
em: 23 de out. de 2018.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

218
DUSSEL, Enrique. Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da
filosofia da libertação. Revista Sociedade e Estado – Volume 31 Número 1 Janeiro/Abril 2016.
MIGNOLO, W. D. Histórias locais/projetos globais. Colonialidade, saberes subalternos e
pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2003.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, cultura e conocimiento en América Latina.
Anuario Mariateguiano 9, n.9:113-121, 1997.

219
UM ANÁLISE DISCURSIVO-DESCONTRUTIVA DA MATERIALIDADE DA LEI
11.645/08: (DES)CAMINHOS DA INCLUSÃO DAS HISTÓRIAS E CULTURAS
INDÍGENAS NO CENÁRIO EDUCACIONAL BRASILEIRO
Icléia Caires Moreira
Vânia Maria Lescano Guerra

Este estudo pretende, de forma geral, problematizar a representação do indígena construída pela
esfera jurídico-administrativa cujo eco discursivo acaba por repercutir na esfera educacional
brasileira. O corpus eleito, para esta apresentação, constitui-se de recortes discursivos
segmentados da lei 11.645/08 promulgada pelo governo brasileiro em março de 2008 para
instituir a obrigatoriedade do ensino de histórias e culturas indígenas dentro educação
básica. Temos por hipótese que esta materialidade discursiva, fomentada pela ratificação do
documento final da “Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões
Culturais” por meio do Decreto Legislativo nº 485/06, entrelaçada e entretecida aos aparatos
didáticos, já em circulação de forma impressa e/ou virtual, possibilita a (re)construção e /ou a
(re)significação do processo de colonização, do desejo de controle da representação do outro
por parte daqueles que possuem o poder de cristalizar uma representação dos povos indígenas, e
de seus patrimônios culturais, como sujeitos marginalizados e subalternos. Especificamente,
interessa-nos sondar as formações discursivas que atravessam o discurso oficial e os possíveis
efeitos de in-exclusão e discriminação erigidos do processo de colonialidade do poder sobre o
indígena e sua cultura perante a sociedade. Para tanto, nosso assentamento teórico-
metodológico pauta-se, transdisciplinarmente, na Análise do Discurso de origem francesa
(PÊCHEUX, 1988; ORLANDI, 1984 -2007;); em seu desdobramento discursivo-
desconstrutivo articulado aos estudos derrideanos (CORACINI, 2007; GUERRA, 2016-2017);
na Arqueogenealogia foucaultiana (1988, 1997, 2013); e na visada Pós-colonialista
(MIGNOLO, 2003-2005; SOUSA-SANTOS, 2007; GROSFOGUEL, 2008) com a finalidade
de promovermos um gesto interpretativo sobre o delineamento desses processos de subjetivação
mobilizados por caminhos inclusivos, no desejo de dar visibilidade aos sujeitos indígenas, suas
etnias, culturas e histórias, na sociedade hegemônica.
(Apoio: FUNDECT)

Palavras-chave: Discurso; Representação; In-exclusão; Sujeitos indígenas.

Referências
ALMEIDA, W. D.; GUERRA, V. M. L. Povos Indígenas em cena: das margens ao centro da
história. Campo Grande: OMEP/BR/MS, 2016.

220
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Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 1. ed. São Paulo: Paz
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GUERRA, V. M. L.; NOLASCO, E. C.; FREIRE, Z; BESSA-OLIVEIRA, M (orgs.). Fronteiras


platinas em Mato Grosso do Sul - (Brasil/Paraguai/Bolívia):biografias na arte, crítica biográfica
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GROSFOGUEL, RAMÓN. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-


coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de
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PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni P.
Orlandi. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988.

ORLANDI, Eni P. Segmentar ou recortar? In: Série Estudos. Nº 10. Faculdades Integradas de
Uberaba (linguística: questões e controvérsias), 1984.
_______. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6. ed. Campinas: Unicamp, 2007.

221
SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: Das linhas globais a uma ecologia de
saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, v 78, 3-46, 2007.

222
LETRAMENTO CRÍTICO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE DA
UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA KAHOOT
Iasmin Maia Pedro
Fabiana Poças Biondo Araújo
A ascensão de um mundo globalizado, capaz de estimular a rapidez da conexão entre pessoas
de diferentes partes do mundo, por meio da tecnologia, proporcionou também a difusão de um
ensino capaz de caminhar em sentido semelhante. No campo dos letramentos, a relação entre
as tecnologias contemporâneas e a prática educacional foi formalizada em 1996, pelo New
London Group, com a pedagogia dos multiletramentos. Entre outras mudanças promovidas
desde então no âmbito educacional, plataformas de jogos tornaram-se mais recorrentes em sala
de aula, em tentativas de aproximar o letramento escolar do letramento cotidiano dos alunos,
imersos na cultura digital. No entanto, a partir da revisão da literatura sobre a temática, tornou-
se perceptível uma lacuna no uso de tal recurso para fins educacionais, pois a perspectiva
utilizada se detém somente na importância da utilização de recursos tecnológicos para a
aprendizagem, em específico os jogos, a partir do conceito de “gamification” (ALVEZ, 2015).
Devido à necessidade da construção de uma aprendizagem crítico-reflexiva, a pesquisa, em fase
inicial, tem por objetivo investigar a construção do letramento crítico no ensino de língua
inglesa, por meio da plataforma Kahoot, a partir dos estudos dos multiletramentos (ROJO,
2012) e do letramento crítico, critical literacy education (JANKS, 2013). Para tanto, serão
analisadas as ferramentas da plataforma e o seu uso em três escolas de idiomas de Campo
Grande-MS, nas quais será observado o desenvolvimento da aula, o papel do aluno, as práticas
e as motivações dos professores para o desenvolvimento do jogo – com gravações, fotos e
aplicação de questionários. Assim, espera-se ser possível, a partir do desenvolvimento da
pesquisa, identificar se a plataforma é capaz de ofertar recursos para uma aprendizagem crítico-
reflexiva, a partir das opções de jogos (quiz, jumble, discussion e survey) nela disponíveis, se
os professores têm conhecimento de todas as potencialidades ofertadas ou se sua escolha se
detém nos desafios e recompensas que mantêm o aluno concentrado no desenvolvimento da
atividade e manuseio do recurso, característicos da “gamification”.
Palavras-chave: multiletramentos; gamification; letramento crítico; kahoot.

Referências:
ALVEZ, Flora. Gamification: como criar experiências de aprendizagem engajadoras. São
Paulo: DVS Editora, 2015.
JANKS, Hilary. Critical literacy in teaching and research. Education Inquiry, University of
the Witwatersrand, South Africa, vol. 4, No. 2, p. 225-242, Junho 2013.

223
ROJO, Roxane Helena Rodrigues; MOURA, Eduardo (Orgs.). Multiletramentos na escola.
São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

224
PRÁTICAS TRANSLÍNGUES POR ACADÊMICOS-PROFESSORES NO IDIOMA
SEM FRONTEIRAS: DEUS QUE ME FREE!

Gabriela Claudino Grande

A presente comunicação pretende apresentar um projeto de doutorado para colaboração e


interlocução da pesquisa a ser conduzida. Apoiada nas discussões de práticas de uso de
linguagens e a translinguagem (GARCIA, 2014), e perpassada por questões relativas à mobilidade,
aos processos de hibridização e fluidez (CANAGARAJAH, 2013) e internacionalização, é preciso
repensar conceitos outrora tidos como estáveis, especialmente aqueles referentes ao ensino-
aprendizagem de língua enquanto sistema e estruturas. Ademais, a justaposição constante de
línguas e dialetos em contextos de sala de aula nos encoraja, na tentativa de melhor entender
tais fenômenos sociais, a abarcar práticas transculturais translíngues superdiversas para salas de
aula de línguas (nomeadas) adicionais, sobretudo, no ensino superior. Levando-se em conta a
complexidade das relações e contextos de produções de linguagem e sentido, o objetivo da
pesquisa é investigar práticas translíngues aliadas ao uso de recursos digitais, para o processo de
ensino-aprendizagem de línguas no âmbito do programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) da
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. O objetivo também é o de verificar se o uso da
internet e a multimodalidade, por meio de artefatos digitais, e a translinguagem, podem alterar
padrões interacionais, geralmente monológicos, para uma abordagem mais dialógica de ensino,
em que a participação de todos os atores em sala de aula é essencial em direção a perspectivas
de ensino e aprendizagem referidas na literatura como os multiletramentos, o letramento crítico
e a translinguagem. A pesquisa aqui proposta é de natureza etnográfica, baseada especialmente
em interpretações qualitativas relativas às práticas docentes dos acadêmicos estagiários do IsF.
Espero que esta pesquisa possa contribuir para novos estudos na área da translinguagem,
contribuindo com a prática de professores de forma a identificar mudanças não apenas na
utilização de recursos como também nas perspectivas educacionais e práticas de ensino de
língua.

Palavras-chave: Repertório linguístico; Translinguagem; práticas grafocêntricas.

225
Referências
GARCÍA, Ofélia; WEI, Li. Translanguaging and Education. Translanguaging: Language,
Bilingualism and Education. Palgrave Macmillan UK, 2014. 63-77.
CANAGARAJAH, S. Translingual practice: global Englishes and cosmopolitan relations. Nova
Iorque: Routledge, 2013.

226
MULTIMODALIDADES, GÊNERO E FEMINISMO: O TRABALHO COM MEMES
NO ENSINO MÉDIO TÉCNICO

Juvenal Brito Cezarino Júnior


Fabiana Poças Biondo Araújo

Este trabalho é um recorte da pesquisa desenvolvida na Especialização em Linguística Aplicada


e Ensino de Línguas, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A geração dos registros
do estudo foi realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso
do Sul, campus Aquidauana, com estudantes do 5º semestre de dois cursos técnicos integrados
ao ensino médio: Edificações e Informática. Dada a resistência de algumas escolas e demais
instituições de ensino para desenvolver trabalhos com questões que desestabilizem a ordem
hegemônica de gênero, a pesquisa investiu na intervenção com vistas a proporcionar uma
compreensão outra sobre gênero e feminismo, questionando visões baseadas na cultura do
patriarcado e propondo uma compreensão do gênero como construção performática e social.
Nesse contexto, realizamos, com os alunos, um trabalho de leitura e de produções multimodais
sobre a temática, a partir da pedagogia dos multiletramentos e trabalhando com textos de
variados gêneros textuais. Para este trabalho, elegemos o meme – produzido pelos alunos como
atividade final do processo de intervenção – para investigação do processo de construção de
conhecimentos sobre o gênero e o feminismo. Dada a constituição multimodal desse gênero, as
análises estão baseadas, mais estritamente, em modelos de análise de textos multissemióticos
da semiótica social (KRESS, 2009). Em perspectiva transdisciplinar da Linguística Aplicada,
mobilizamos, ainda, como base teórica, trabalhos sobre letramentos multi e hipermidiáticos
(SIGNORINI, 2012), estudos sobre a performatividade do gênero e a teoria Queer (BUTLER,
2017) e estudos sobre o uso do meme como instrumento de crítica (MILNER, 2012).

Palavras-chave: multimodalidade; gênero; feminismo, meme; ensino médio técnico.

Referências:

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 13. ed. Trad.
Renato Aguiar. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2017.

KRESS, Gunther. Multimodality: A social semiotic approach to contemporary communication.


London: Routledge, 2009.

MILNER, Ryan M. The world made meme: discourse and identity in participatory media. 2012.
Tese (Doutorado em Filosofia). University of Kansas, Kansas.

227
SIGNORINI, Inês. Letramentos multi-hipermidiáticos e formação de professores de língua. In:
SIGNORINI, I; FIAD, R. S. (orgs.) Ensino de língua: das reformas, das inquietações e dos
desafios. Belo Horizonte, MG: Editora da UFMG, 2012.

228
LETRAMENTO DIGITAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Iúri Bueno
Ruberval Franco Maciel

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC’s) estão presentes na sociedade


contemporânea modificando e ressignificando a forma como as pessoas se comunicam,
ensinam, aprendem, relacionam-se, pensam, escrevem e trabalham. Com o advento da expansão
dos escopos dos estudos na área da linguagem e da educação abre-se cada vez mais espaços
para diálogos inter-transdisciplinares devido à complexidade das formas de linguagem,
concepções de classe, papéis de professor e aluno e a ampliação de perspectivas sobre a
construção e a representação do conhecimento, que pode ir além dos modelos tradicionalmente
legitimados nas esferas educacionais (MACIEL; ONO, 2017). A educação contemporânea e a
sociedade também são marcadas por saberes distribuídos e compartilhados no ciberespaço
(GEE; HEYLES, 2011). Com o advento das tecnologias digitais, não parece ser suficiente
desenvolver uma pedagogia restrita ao letramento das mídias impressas. As escolas precisam
preparar os alunos também para o letramento digital (COSCARELLI, 2016). O avanço das
tecnologias da informação e da comunicação produz mudanças na textualidade, ou seja, na
forma como as pessoas produzem ou leem os textos considerando seus objetivos, suas
expectativas, seus conhecimentos, crenças e valores, bem como as circunstâncias físicas em
que as interações acontecem (COSTA VAL, 2004). Considerando estas especificidades, este
trabalho trata da apropriação da tecnologia como a aquisição de uma nova língua, uma forma
de comunicação, visando a inclusão e o empoderamento do aluno, tratado como imigrante
digital. Muitos estudantes estão à margem da sociedade midiática em que vivemos, e é dever
da escola atrair esses alunos e prepará-los para a cidadania. Neste contexto, o objetivo deste
trabalho é identificar as concepções do estudante adulto sobre a inserção das TDIC’S em cursos
técnicos de nível médio à luz da perspectiva crítica.

Palavras-chave: Multiletramentos. Letramento digital. Perspectiva crítica.

REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. - 4. ed. -
São Paulo : Atlas, 2002.
GILSTER, P. Digital literacy. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1997.
SOARES, Magda. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, Vera Masagão (Org.).
Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global, 2003.

229
Tecnologias para aprender / COSCARELLI, Carla Viana (org.). 1. Ed. – São Paulo; Parábola
Editorial, 2016.
Novos letramentos, formação de professores e ensino de língua inglesa / Vanderlei J. Zacchi,
Paulo Rogério Stella (orgs). Maceió, EDUFAL, 2014.
Rocha, Claudia Hilsdorf - Franco Maciel, Ruberval (Orgs.). Língua Estrangeira e Formação
cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas. Pontes Editores, 2013.

230
NARRATIVAS DIGITAIS FEMINISTAS: LINGUAGENS E ESTRATÉGIAS DE
MOBILIZAÇÃO VIRTUAL ALÉM DAS REDES
Letícia de Faria Ávila Santos
Rosana Cristina Zanelatto Santos

O objetivo deste resumo propositivo é explorar a análise das narrativas digitais desenvolvidas
em perspectiva de gênero dos portais AzMina e Think Olga e, neste sentido, investigar suas
configurações e articulações virtuais. A utilização das novas tecnologias comunicacionais
permitiu mais acesso às campanhas dos movimentos feministas, popularizando as pautas e
construindo novos discursos; diante disto, a proposta é avaliar os portais e as estratégias das
campanhas em rede, a exemplo a Chega de Fiu-fiu, desenvolvida pelo Think Olga para
denunciar o assédio sexual em espaços públicos e que ganhou ampla repercussão na internet. O
objetivo é tensionar as construções das narrativas digitais enquanto linguagem para o
desenvolvimento de uma comunicação mais pluralizada, contra-hegemônica e de igualdade de
gênero. A pesquisa é relacionada ao projeto de dissertação de mesma autoria sobre feminismo
e midialivrismo no portal AzMina desenvolvido no programa de Pós-Graduação em
Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. As percepções exploratórias da
pesquisa possibilitarão destacar as configurações das articulações em rede e a utilização das
narrativas e linguagens digitais para manobras político-sociais de interações coletivas. O eixo
teórico situará dentro dos conceitos de midialivrismo e ciberfeminismo desenvolvidos por
Antoun e Malini (2013) e Lemos (2009), nos quais o midialivrismo encontra-se como condição
social da mídia de mobilização social em busca de um acesso mais democrático e pluralizado
da comunicação e ciberfeminismo enquanto movimentos que se instauraram nas redes e atuam
com o interesse da divulgação dos conteúdos, mobilizações, estratégias, articulações e
movimentos de gênero para visibilidade social. A análise e recursos metodológicos serão
desenvolvidos a partir de uma pesquisa e concentração de coleta de dados sobre as campanhas
desenvolvidas virtualmente pelos dois portais, com enfoque descritivo e interpretativo das
iniciativas em rede.

Palavras-chave: Comunicação; Jornalismo; Linguagem; Feminismo; Narrativas digitais.

Referências
LEMOS, Marina Gazire. Ciberfeminismo: Novos discursos do feminino em redes eletrônicas.
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC. São Paulo,
2009.

231
MALINI, Fábio; ANTOUN, Henrique.A internet e a rua: ciberativismo e mobilização nas redes
sociais. Porto Alegre: Sulina, 2013.

232
ACADÊMICA E PROFESSORA-BOLSISTA EM UM CURSO DE PORTUGUÊS
COMO LÍNGUA ADICIONAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Laura de Souza Martins Brasil Ovelar
Marta Banducci Rahe

O Programa Idiomas sem Fronteiras- IsF, criado em 2012 com o objetivo de promover ações
em favor de uma política linguística para a internacionalização do Ensino Superior Brasileiro,
oferece cursos de línguas adicionais para as comunidades universitárias brasileiras e de
Português como Língua Adicional-PLA para acadêmicos e docentes estrangeiros. Para isso, o
programa conta com um grupo de bolsistas, docentes em formação, em sua maioria graduandos
do curso de Letras, para desenvolverem suas ações de ensino. A Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul faz parte das instituições credenciadas pelo programa oferecendo aulas de Inglês,
Francês, Espanhol e PLA. Neste trabalho, pretendo relatar minha experiência de graduanda do
curso de Letras e professora-bolsista de Português como Língua Adicional no IsF, em um curso
com carga horária total de 16h, distribuídas em duas aulas semanais, com duração de duas horas
cada aula. A proposta de trabalho foi leitura e produção escrita do gênero resenha. A escolha
do gênero foi pensada, levando-se em conta, sobretudo, as necessidades dos alunos no contexto
acadêmico e por ser a turma formada por pós-graduandos estrangeiros. A experiência na sala
de aula com esse público mostrou que, mais do que desenvolver as capacidades de linguagens
específicas do gênero, foi necessário alargar a proposta das atividades para uma abordagem que
incluísse culturas e vivências em áreas diversificadas da língua em uso. Como aponta Almeida
Filho (2011), o papel do professor de PLA é o de divulgar a língua portuguesa juntamente à
multiplicidade cultural na qual ela está inserida e propagá-la de forma reflexiva, levando os
alunos a terem a consciência de seu dinamismo. Sendo assim, pude perceber que os
participantes do curso, além do interesse no gênero estudado, no ensino de gramática e
estratégias de leitura, buscavam nos encontros uma proposta comunicacional e
sociointeracional contextualizada.

Palavras-chave: Português como Língua Adicional; Idiomas sem Fronteiras; Ensino de


Línguas.

Referências
ALMEIDA FILHO, J. C.P. Dimensões Comunicativas no ensino de Línguas. Campinas,
Pontes, 1993.
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Fundamentos de abordagem e formação no ensino
de PLE e de outras línguas. Campinas: Pontes Editores, 2011A. 130 p.

233
Pacheco, D. G. L. C. Português para estrangeiros e os materiais didáticos: um olhar
discursivo. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro, UFRJ, 2006.

234
PRÁTICAS TRANSLÍNGUES NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LIBRAS
Maria de Lourdes Rodrigues Balabuch
Nara Hiroko Takaki

Em virtude da globalização crescente, da luta pela acessibilidade e do crescente uso das “novas”
tecnologias, o aumento das pesquisas no campo linguístico tem abrangido diferentes aspectos
no segmento do ensino-aprendizagem de línguas. Nosso propósito aqui é utilizar desses novos
seguimentos quanto ao ensino de línguas e estreitar as pesquisas voltadas ao ensino de Libras
como segunda língua (L2). Pretendemos incentivar discussões e reflexões em uma perspectiva
que vincula língua/linguagem, cultura, sociedade e novos paradigmas como os
translingualismos e letramentos críticos, na perspectiva de discutir a relação entre a natureza
discursiva situada da linguagem, o caráter inovador atribuído ao hibridismo cultural e
linguístico e o papel desafiador do ensino voltado à formação do tradutor/intérprete de Libras
na atualidade. Com esse pressuposto, argumentar-se-á como uma determinada formação de
tradutor/intérprete da Libras, como segunda a língua, significa na perspectiva dessas práticas
sociais. O método utilizado consta da observação da pesquisadora presente em um curso de
formação de tradutores/intérpretes no Centro de Formação de Profissionais da Educação e de
Atendimento às Pessoas com Surdes (CAS-MS) tanto quanto de pesquisas bibliográficas sobre
o tema. Para tais formulações utilizamos conceitos como Práticas Translíngues de Canagarajah
(2013), Linguística Aplicada Indisciplinar de Moita Lopes (2013), o Conceito de Linguagem
de Bakhtin (2010), o Preconceito Linguístico de Gesser (2006), Linguística Aplicada
Transgressiva de Pennycook (1998), Acessibilidade Linguística de Skliar (2006) e outros
nomes também importantes para o exercício reflexivo sobre o ensino-aprendizagem de Libras
e a formação do tradutor/intérprete. Os resultados preliminares nos levam a concluir que o
translingualismo se faz presente tanto na formação do tradutor/intérprete de Libras quanto no
processo educacional para a comunidade surda, pois não há como desvincular nesse processo a
Língua portuguesa da Libras, resultando numa educação de prática translíngue. Para tanto
enfatizamos a necessidade de uma postura crítica frente aos letramentos dessa L2 para os
ouvintes e L1 para os surdos.

Palavras-chave: Libras; Translingualismo; Perspectiva crítica e educacional de L2.

Referências

235
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língua visuo-gestual: Problematizando a questão. ReVEL, v.10, n.19, 2012.
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237
TRANSLINGUAGEM EM PRÁTICA: O BILINGUISMO DA ESCRITA
Marina Lopes de Santana Fonseca
Fabiana de Lacerda Vilaço
O presente estudo pretende realizar uma análise linguística das práticas escritas de
translinguagem dos alunos do curso de Produção Escrita: parágrafos do programa Idiomas Sem
Fronteiras na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Com base nas composições textuais
desenvolvidas se realizará uma análise da interação entre língua materna e língua-alvo. O
objetivo é compreender quais são as principais técnicas translinguísticas desenvolvidas pelos
alunos do nível A2 e qual o propósito de cada uma delas, sendo as principais: fazer-se
entender/questionar entendimento, transmitir/adquirir conhecimento, compartilhar
experiências, entre outros a serem buscados. Com isso, pretende-se compreender como o
planejamento e o encaminhamento dos cursos podem ser feitos para fomentar maior
conscientização do funcionamento da língua-alvo e, consequentemente, avanço na proficiência
do aluno. Serão utilizados como base principal para a análise da translinguagem os estudos de
Ofelia García e Li Wei, José Luís Fiorin, e Cláudia Rocha e Ruberval Maciel. Planeja-se
observar e estudar tais práticas destes alunos durante uma oferta de 32 horas com 5 produções
escritas de parágrafos e uma atividade final que abrange o que foi estudado no curso,
observando aspectos ortográficos, morfológicos, sintáticos, semânticos e lexicais empregados
no processo de interação entre os dois idiomas. Estes aspectos fazem parte da ementa do curso,
a qual prevê desenvolver as competências comunicativas em função das relações interculturais.
Para atingir tais objetivos, o planejamento do curso foi pensado em três diferentes dimensões:
sociocultural, linguística e funcional. No desenvolvimento da pesquisa supõe-se chegar a
resultados relacionados à influência da fonética-fonologia do português na escrita de palavras
do inglês; questões de vocabulário no que tange o uso de termos ou expressões da língua
materna; e construções gramaticais influenciadas pelas normas da língua portuguesa. Este
conhecimento, por conseguinte, aplica-se na construção de didáticas que favoreçam o ensino e
desenvolvimento do aluno.

Palavras-chave: Translinguagem, produção escrita, Idiomas sem Fronteiras.

Referências
GARCIA, Ofelia; WEI, Li. Translanguaging: language, bilingualism and education.
London: Palgrave, 2014.
GARCIA, Ofelia. Bilingual education in the 21st century: a global perspective. Malden:
Blackwell, 2009.

238
FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à Lingüística. v. 1 e 2. São Paulo: Contexto, 2006.
ROCHA, Cláudia; MACIEL, Ruberval. Ensino de língua estrangeira como prática
translíngue: articulações com teorizações bakhtinianas. D.E.L.T.A, 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/delta/v31n2/1678-460X-delta-31-02-00411.pdf>

239
MÍDIAS DIGITAIS E PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS NAS AULAS DE ESPANHOL
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO TÉCNICO

Márcio Palácios de Carvalho


Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

A comunicação apresenta resultados da pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-graduação


Lato Sensu em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas, da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul - UFMS, em que se integraram as mídias digitais, as produções audiovisuais e o
ensino do Espanhol como Língua Estrangeira - ELE. Tínhamos como intuito potencializar as
competências de leitura e escrita na disciplina de Língua Estrangeira Moderna - Espanhol 1 do
curso técnico em Agropecuária, integrado ao Ensino Médio, ofertado pelo Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS, campus Nova Andradina. Ao
utilizar recursos tecnológicos no ensino de ELE, pretendíamos mostrar outras possibilidades de
usar a tecnologia para aprender e conscientizar os estudantes sobre a importância de ler,
escrever e produzir textos em língua estrangeira garantindo uma participação mais efetiva na
comunidade na qual estão inseridos e em sociedades virtuais da qual participam. Para tanto,
utilizamos a abordagem teórica dos gêneros multimodais aplicados ao ensino de línguas e, dessa
forma, fundamentamos nossos estudos e práticas em referências que se valem dessa abordagem,
a saber: Barton e Lee (2015), Fernández (2010), Perrenoud (2000), Ribeiro (2016; 2018), Rojo
(2013), entre outros pesquisadores. Durante o processo de aplicação, os alunos assistiram a
vídeos curtos, analisaram como fotos, imagens, músicas e entrevistas contribuem na
composição de uma nova informação. Em seguida, percorreram as Unidades Educativas de
Produção - UEP do IFMS, local onde acontecem as aulas práticas. Os discentes coletaram
informações sobre os setores de mecanização, instalações rurais, bovinocultura, olericultura e
suinocultura, bem como entrevistaram professores e técnicos administrativos e também
organizaram os roteiros para apresentação dos vídeos. Os resultados revelaram que os
estudantes tiveram que aprender competências mais abrangentes, que dificilmente seriam
desenvolvidas em uma aula tradicional, relacionadas a leitura de sons, imagens, palavras e
expressões faciais dos entrevistados e de escrita no processo de criação de legendas a partir da
fala dos participantes, verificando as diferenças nas estruturas entre as línguas portuguesa e
espanhola. Todo processo exigiu que os discentes assumissem uma postura participativa, ética
e responsável. O desenvolvimento do projeto também evidenciou que não há apenas um
caminho, mas, sim, possibilidades leituras e escrita no processo de produção audiovisual.

Palavras-chave: Ensino integrado; leitura e escrita em ELE; mídias digitais; produções


audiovisuais.

Referências

240
BARTON, David; LEE, Carmen. Linguagem online: textos e práticas digitais. Trad. Milton
Camargo Motta. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.

FERNÁNDEZ, Gretel Eres (Coord.). Publicidade e Propaganda: o vídeo nas aulas de língua
estrangeira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Trad. Patrícia Chittoni
Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

RIBEIRO, Ana. Elisa. Textos Multimodais: leitura e produção. 1.ed, São Paulo: Parábola
Editorial, 2016.

________. Escrever, hoje: palavra, imagem e tecnologias digitais na educação. 1. ed. São
Paulo: Parábola, 2018.

ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2013.

241
AS COLEÇÕES DE DISCOS PARA O ENSINO DA LÍNGUAS VIVAS: UM
DIÁLOGO ENTRE A LINGUÍSTICA APLICADA HISTORIOGRÁFICA E A
CULTURA MATERIAL
Marta Banducci Rahe
As pesquisas históricas em Linguística Aplicada vêm ganhando espaço em grupos que
investigam a história do ensino e aprendizagem de línguas, sejam elas maternas ou adicionais.
Ao enfatizarem as representações das práticas estabelecidas nos diferentes contextos históricos,
propõem discussões que vão além das ideias ou teorias linguísticas e entram nos espaços
cotidianos das aulas de línguas. Segundo Smith (2015) elas buscam nos prefácios e anúncios
de livros didáticos, nas anotações de canto de página, nas fotografias, nos anúncios de jornais,
nos objetos escolares, nos diários de professores, nos documentos produzidos pela escola, nos
textos publicados e não-publicados, os elementos e fontes para suas investigações. O autor
sugere o estabelecimento de um novo campo investigativo, a Linguística Aplicada
Historiográfica, que pode se constituir no espaço para as indagações históricas sobre as teorias,
as ligações entre teorias e práticas e as práticas em si. A meu ver, por permitir propostas mais
alargadas de diálogos, esse campo em formação já percebe a possibilidade de aproximações
com a Arqueologia, a Antropologia, a História Social e a Cultura Material. É com esta última
que me proponho a conversar neste trabalho, ao trazer os objetos didáticos para o ensino de
língua inglesa como registro das práticas escolares historicamente instituídas. Destaco aqui as
coleções de discos que chegaram a uma escola confessional católica, Colégio Nossa Senhora
Auxiliadora, na cidade de Campo Grande, localizada ao sul do estado de Mato Grosso, entre os
anos de 1931 e 1961. Esses objetos entraram nas instituições escolares como parte da adoção
dos Métodos Direto e Científico para o ensino de línguas, naquele momento, das Línguas Vivas
e como exigências das políticas públicas para seu ensino. Revelar a presença desses materiais
na escola e discutir se foram ou não incorporados às suas práticas cotidianas foram objetivos
dessa pesquisa, ancorada nos estudos de Ginzburg (1989), Tilley ((2009), Meda (2015), Lawn
e Grosvenor (2005). A análise dos documentos produzidos pela instituição apontou para a
chegada de coleções de discos para o ensino da língua e da literatura, conforme Relatório de
Verificação, no entanto, nos Relatórios de Visitas e de Inspeção, onde estão descritas as aulas
de inglês, eles não são mencionados. Também as condições desses materiais, com
características de pouco ou nenhum uso, deixam entrever que foram incorporados ao cenário
escolar, compuseram o seu patrimônio material, mas não fizeram parte de suas atividades de
aula, mostrando como a escola recebeu e tratou as mudanças metodológicas propostas para o
ensino da língua inglesa.
Palavras-chave: Ensino de Língua Inglesa, Coleções de Discos, Cultura Material, Linguística
Aplicada Historiográfica

242
A REGULAÇÃO DO BINÁRIO DE GÊNERO EM INTERAÇÕES VIRTUAIS: UMA
ANÁLISE DE #MATHEUSA NO TWITTER

Mayole Vitória Velasques


Fabiana Poças Biondo Araújo

Emergindo das recentes discussões e estudos acerca da teoria Queer e do papel central que a
linguagem desempenha nesse campo, este trabalho apresenta alguns resultados de pesquisa da
análise de interações realizadas no Twitter em relação ao caso de Matheusa Passareli. Trata-se
de uma jovem artista, negra e não binária de 21 anos, estudante da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e ativista LGBT, que foi assassinada de forma brutal em abril de 2018. A partir da
repercussão do caso, foi selecionado como corpus da pesquisa comentários em tweets sobre
Matheusa feitos em uma matéria via @bbcbrasil, nos quais é possível identificar, inicialmente,
posturas reacionárias sobre gênero e sexualidade. Tomaram-se como aporte teórico os estudos
da Linguística Aplicada sobre construções identitárias do gênero (MOITA LOPES, 2006) e
estudos sobre performatividade do gênero e teoria Queer (BUTLER, 2003; LOURO 2016). O
recorte e a problemática do estudo foram definidos por meio de metodologia etnográfica virtual
(HINE, 2000), com imersão da pesquisadora na rede social Twitter com o objetivo de
acompanhar de que modo são construídas significações e representações do sistema binário de
gênero, além de como o sujeito não-binário é constituído/representado em tais eventos de
letramento. Como resultados parciais, identificamos que as interações ocorridas a partir do caso
revelam a tentativa de regulação do sistema binário e a marcação constante desse sistema,
proposta pelos usuários para se contrapor veementemente à construção identitária subversiva
de Matheusa. A preocupação com a afirmação do sistema binário de gênero e o uso da
materialidade corporal como argumento para isso sobrepõem-se à preocupação com o crime e
à crueldade do assassinato – o que se revela por meio de jogos linguísticos com os pronomes
pessoais ele/ela, com o uso do gênero linguístico, não-marcado versus o marcado, entre outros.
Nesses jogos, a não possibilidade do binário aparece como uma justificativa para o assassinato.
Além disso, a tentativa de apagamento do sujeito não-binário e as construções de feminilidades
relacionadas a Matheusa assumem conotações pejorativas sobre a sua personalidade, atuando,
em última instância, também como uma justificativa para o assassinato.

Palavras-chave: Twitter; Identidade; Gênero; Sexualidade; Interações.


Referências
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Editora
Record, 2003.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Por uma lingüística aplicada indisciplinar. Parábola, 2006.
HINE, Christine. Virtual ethnography. Sage, 2000.

243
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer.
Autêntica, 2018.

244
O CONFLITO LINGUÍSTICO E IDENTITÁRIO DO SUJEITO SURDO TERENA:
UMA REFLEXÃO SOBRE POLÍTICA LINGUÍSTICA
Michelle Sousa Mussato
Claudete Cameschi de Souza

Este trabalho busca refletir sobre as relações de saber-poder (FOUCAULT, 1990; 1996; 1999)
inscritas no campo multifacetado da Política Linguística, com atenção especial às relações de
força que se instauram na situação linguístico-cultural dos surdos terena. Para este trabalho
visitamos, de modo transdisciplinar, as contribuições teóricas de autores que preocupam-se com
análise de língua(s), identidade(s)/identificações e cultura(s) dos sujeitos. Partimos de
observações nos estudos acerca da Linguística Aplicada (MAHER, 2007; CANAGARAJAH,
2013; RODRIGUÉZ-ACALÁ, 2010, MONTE-MOR, 2013), discussões sobre políticas e
planejamentos linguísticos (CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2013, 2016) e nos apoiamos na
Análise do Discurso de origem francesa (PÊCHEUX, 1990; FOUCAULT, 1990, 1996, 1999;
CORACINI, 2003, 2007a, 2007b, ), nos Estudos Culturais (BHABHA, 2001, CANCLINI,
2001) e no método arqueogenealógico de Foucault (1990) para organizar nosso gesto
interpretativo, tendo em vista o processo de (des)(re)territorialização e (des)identificação desses
sujeitos na(s)/pela(s) língua(s) que lhes constituem/atravessam. Ao entender que as políticas
linguísticas educacionais são constituídas por domínios referentes aos planejamentos de corpus
e de status de uma língua e que (re)afirmam um determinado posicionamento ideológico do
Estado, por meio da organização de ações para a efetivação dessa política (pública/linguística),
questionamo-nos sobre como se dá o processo educacional do índio surdo terena frente ao
embate identitário, linguístico e cultural vivenciado por esses sujeitos, uma vez que os
prescritos nas legislações e políticas linguísticas versam sobre práticas discursivas que relegam
a estes sujeitos a posição de marginalização em uma dupla exclusão: por serem índios e surdos.
Esta condição de exclusão justifica-se pela incompreensão de que o processo de constituição
identitária do surdo terena aloja-se na condição de ser/estar entre-línguas e entre-culturas.

Palavra-chave: Política de língua(s), surdo terena, entre-línguas.

Referências
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana L. de L. Reis e Gláucia R.
Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.
CALVET, L. J. As políticas linguísticas. Tradução Isabel de Oliveira Duarte, Jonas Tenfen
e Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2007.

245
CANAGARAJAH, S. Translingual Practice: Global Englishes and Cosmopolitan Relations.
London and New York: Taylor & Francis Group, 2013.
CANCLINI, Nestor G. Culturas híbridas: Estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed.
Tradução de Heloísa Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo, 2001.
CORACINI, M. J. F. Identidade & discurso: (des)construindo subjetividades. Campinas:
Editora Unicamp: Chapecó: Argos Editora Universitária, 2003.
____________. A celebração do outro: arquivo, memória e identidade. Campinas: Mercado de
Letras, 2007a.
____________. Discurso de imigrantes: trabalho de luto e inscrição de si. In: KLEIMAN, A.
B.; CAVALCANTI, M. C. (orgs.) Linguística Aplicada: suas Faces e Interfaces. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2007b, p. 83-1016.
FOUCAULT, M. A história da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza
Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1990.

____________. Método. In: FOUCAULT, M. A história da sexualidade I: a vontade de saber.


Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1990, p. 100-112.
____________. A ordem do discurso. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São
Paulo: Loyola, 1996.
____________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1999.
MAHER, T. M. A Educação do Entorno para a Interculturalidade e o Plurilinguismo. In:
KLEIMAN, A. B.; CAVALCANTI, M. C. (orgs.) Linguística Aplicada: suas Faces e Interfaces.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007, p.255-270
MONTE-MOR, W. As políticas de ensino de línguas e o projeto de letramentos. In:
NICOLANDIDES, C. (orgs) Políticas Linguísticas. Campinas: Pontes, 2013.
OLIVEIRA, Gilvan Müller de. Políticas Linguísticas: uma entrevista com Gilvan Müller de
Oliveira. ReVEL, v. 14, n. 26, 2016
__________. Políticas linguísticas como políticas públicas. In: IPOL: Instituto de Investigação
e Desenvolvimento em Política Linguística e UFSC Universidade Federal de Santa Catarina,
2013. Disponível em: http://e-ipol.org/wp-content/uploads/2013/06/ Politicas _
linguisticas_e_Politicas_publicas.pdf. Acesso em maio de 2018.
PÊCHEUX, M. O discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas: Pontes, 1990.

246
RODRÍGUEZ-ALCALÁ, C. Políticas públicas de direito à língua e consenso etnocultural: uma
reflexão crítica. In: Orlandi, E. Discurso e políticas públicas urbanas: a fabricação do
consenso. Campinas: Editora RG, 2010.

247
REPERTÓRIOS LINGUÍSTICOS EM AÇÃO: PRÁTICAS GRAFOCÊNTRICAS
TRANLÍNGUES EM AVALIAÇÕES NO ENSINO SUPERIOR

Milena Oliveira Reis


Gabriela Claudino Grande
A concepção de que línguas socialmente constituídas seriam sistemas fechados e o mito
do monolíngue, apesar de amplamente difundidos, não mais se sustentam na sociedade atual.
O multilinguísmo faz com que tenhamos que repensar nossas formas de ensinar e aprender
línguas. À vista disso, surge a noção de repertório linguístico, revisitada por Bush (2012), que
se refere ao conjunto de conhecimentos de um indivíduo relacionado às línguas, semioses e
práticas locais para as várias formas de reproduzir significados, distanciando-se assim do pensar
línguas e códigos como entidades delimitadas e reconhecendo a fluidez e criatividade das
práticas translíngues. Nesse sentido, a translinguagem (GARCÍA; WEI, 2014), cujas pesquisas
tem se intensificado na última década, passa a ser essencial quando olhamos para aprendizagem
de línguas nomeadas. A língua inglesa tem sido objeto de estudo pelo mundo todo por sua
função social e comunicações globalizadas, mas, sobretudo, por sua representação enquanto
símbolo de hegemonia econômica. O ensino dessa língua em ambientes universitários é
institucionalizado e geralmente ligado a práticas tradicionais grafocêntricas e monoglóssicas,
contudo, é possível identificar mudanças em direção a novas perspectivas educacionais, tal qual
a translinguagem. Com vistas a verificar e disponibilizar conhecimento acerca das atuais
mudanças, a presente comunicação busca apresentar como práticas translíngues são utilizadas
no ensino superior. Para tanto, analisamos 63 produções textuais, produzidas dentro de
avaliações escritas formais de três disciplinas de língua inglesa, de graduandos de Letras -
Habilitação Português/Inglês da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Os dados
coletados se referem às provas aplicadas no primeiro semestre de 2017, em todas as disciplinas
atribuídas a professora Giselle. A análise dos dados ocorreu durante a iniciação científica de
agosto de 2017 a julho 2018, de forma qualitativa-interpretativista. A partir dos resultados,
concluímos que, a maior parte dos discentes utilizaram estratégias e seus repertórios linguísticos
para produções escritas translíngues que incluem: integração do inglês e português; scaffolding
estratégico; anotações pessoais; recursos multimodais; hibridização sintática e hibridização
morfológica. Tais evidências, no contexto analisado, nos permitem presumir que, ainda que
dentro de práticas tradicionais, os acadêmicos adotam a noção de repertório linguístico,
destacando assim sua característica para apontar não apenas os recursos que o indivíduo pode
ter, como também aqueles recursos ausentes, mas desejáveis, demonstrando tanto
potencialidades quanto restrições. (Apoio: UFMS)

Palavras-chave: Repertório linguístico; Translinguagem; práticas grafocêntricas.

248
Referências
GARCÍA, Ofélia; WEI, Li. Translanguaging and Education. Translanguaging: Language,
Bilingualism and Education. Palgrave Macmillan UK, 2014. 63-77.
BUSCH, Brigitta. The linguistic repertoire revisited. Applied linguistics, v. 33, n. 5, p. 503-
523, 2012.

249
ENQUADRAMENTO MIDIÁTICO LOCAL: UMA INVESTIGAÇÃO DOS
DISCURSOS SOBRE A QUESTÃO INDÍGENA E A LUTA POR TERRAS

Monalisa Iris Quintana


Elaine de Moraes Santos

Este trabalho de iniciação científica, em fase inicial, tem como objetivo geral analisar, em
abordagem interdisciplinar e interpretativista, o modo como as questões indígenas voltadas para
a luta por terras são enquadradas (PORTO, 2004) pelos websites “Campo Grande News” e
“Midiamax” - veículos midiáticos digitais que se caracterizam por sua representatividade e
tradição na produção e na circulação de informação local em Campo Grande. Tendo em vista o
fato de Mato Grosso do Sul ser o segundo maior estado em número de indígenas e possuir uma
forte tendência ao agronegócio, nossa pesquisa se justifica por sua relevância tanto na discussão
e reflexão em torno das práticas sociais que envolvem as linguagens acerca do direito à terra,
na relação entre a história e a cultura indígenas, quanto na construção de saberes que promovam
a atividade científica em curso de licenciatura. Para isso, a proposta articula os pressupostos
teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, em diálogo com os estudos
dos (novos) letramentos. De posse do levantamento bibliográfico concernente à luta pela terra
no Brasil e do arquivo discursivo formado sobretudo a partir da “I Conferência Regional dos
Povos Indígenas”, realizada em Dourados (MS), no ano de 2005; são nossos objetivos
específicos: a) esboçar historicamente os principais eventos legislativos que promoveram
mudanças na questão do direito indígena à terra; b) discutir a relação entre a militância indígena
por terra e violência sofrida em Mato Grosso do Sul; c) dar visibilidade às práticas de resistência
que se configuram nas ações indígenas de combate as relações de inclusão/exclusão de seus
direitos. Nossa hipótese é que os efeitos de sentido dos enquadramentos midiáticos regulares
nas matérias são reflexos da subversão do conceito de cidadania enquanto gesto de apagamento
das noções de identidade (HALL, 2006) e diversidade cultural indígenas (ORLANDI, 2008).

Palavras-chave: enquadramento; discurso midiático; indígenas; diversidade cultural.

Referências

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Trad. Tomaz Tadeu da Silva,
Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

PORTO, M. P. Enquadramentos da Mídia e Política. In. RUBIM, Antônio Albino Canelas


(org.). Comunicação e Política: Conceitos e Abordagens. Salvador: Edufa, 2004, p. 73- 104.

250
ORLANDI, E. P. Terra à vista: Discurso do confronto: Velho e Novo Mundo. 2. ed. Campinas:
Editora da Unicamp, 2008.

251
VOZES INDÍGENAS NO ESPAÇO VIRTUAL: OS POVOS TERENA NO
FACEBOOK

Nair Cristina Carlos de Medeiros


Claudete Cameschi de Souza

RESUMO: Os processos diaspóricos vivenciados pelos povos Terena, e suas estratégias de


sobrevivência construídas a partir de então, modificaram fundamentalmente seus modos de
vida. Vários discursos afirmam que os povos Terena abandonaram suas raízes, se
aculturaram, se tornaram “índios urbanos” ou mesmo que “não são mais índios”. Neste
contexto de estigmatização e de consolidação de sentidos vários sobre estes povos, buscamos
problematizar o uso da rede social Facebook como ferramenta de ativismo político, de
ressignificação e de reconstrução de sentidos por parte destes sujeitos. A análise do discurso
de linha francesa de viés foucaultiano é nossa referência teórica e, em consonância com esta
perspectiva, consideramos que o sujeito é múltiplo, heterogêneo, clivado e se encontra em
constante transformação a partir de suas ações no mundo. Nesta perspectiva, partimos dos
conceitos de memória, interdiscurso e formações discursivas propostos por Pecheux (2009),
da formulação do conceito de formações discursivas realizada por Foucault (1986) e da
problematização de noções como identidade e processos identitários propostas por Hall
(2006) e Coracini (2003), além das concepções de território e territorialidade, propostas por
Haesbart (2004). Os resultados apontam para: (1) identidades construídas a partir das
relações territoriais que encenam o funcionamento de diferentes posições-sujeito,
constituídas em formações discursivas que estão relacionadas entre si por oposição.
(2) a emergência de vozes indígenas no espaço virtual como forma de resistência aos
discursos instituídos, (3) a emergência de sentidos até então interditados nas diferentes
instâncias de poder de atuação humana e (4) o Facebook se configurando como ferramenta
que permite a circulação dessas vozes subalternas.

Palavras-chaves: Povos Terena; Análise do Discurso Francesa; Processos identitários.

Referências:

AZANHA, G. As terras indígenas Terena no Mato Grosso do Sul. Revista de Estudos e


Pesquisas, FUNAI, Brasília, v.2, n.1, p.61-111, jul. 2005

252
CORACINI, Maria José R. F. (Org.). O desejo da teoria e a contingência da prática: discursos
sobre e na sala de aula (língua materna e língua estrangeira). Campinas: Mercado de Letras,
2003.

CORACINI, Maria José R. F. (Org). O jogo discursivo na aula de leitura. Língua materna e
língua estrangeira. Campinas: Pontes, 1995.

COSTA, Adriana Aparecida Vaz da; HONÓRIO, Maria Aparecida. Lugares de


identificação do sujeito-índio no discurso do conhecimento: entre lugares. In: CELLI –
Colóquio de estudos linguísticos e literários. 3, 2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p.
1095-1103.

FOUCAULT, M. [1969]. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro, Forense niversitária, 1987.


GUERRA, Vânia M. L. O indígena de Mato Grosso do Sul: práticas identitárias e culturais.
São Carlos: Pedro & João, 2010, 160 p.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multi-


territorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. de Tomaz Tadeu da Silva e


Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

PECHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 4. ed. Campinas:
Pontes, 2009.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. O conceito de identidade em linguística: é chegada a hora para


uma reconsideração radical? In: SIGNORINI, I. (Org.). Linguagem e identidade. Campinas:
Mercado de Letras, 1998. p.21-45.

VARGAS. I. A. Territorialidade e representação dos Terenas da Terra Indígena Buriti (MS) –


possibilidades didáticos pedagógicos. In: SERPA, A. (Org.). Espaços culturais: vivências,
imigrações e representações. Salvador: EDUFBA, 2008

VARGAS, Vera Lúcia. A dimensão sóciopolítica do território para os Terena: as aldeias no


século XX e XXI. RJ: UFF, 2010. (tese de doutoramento)

253
(RE)DEFINIÇÕES E (DES)CONSTRUÇÕES DO IMAGINÁRIO FEMININO SOBRE
SI NOS MEMES DE “BELA, RECATADA E DO LAR”: UMA PRÁTICA SOCIAL DE
RESISTÊNCIA
Patricia Damasceno Fernandes
Elaine de Moraes Santos

As inovações tecnológicas têm feito com que a sociedade se organize de modos diferentes,
mediante a multiplicidade de usos da linguagem e mudanças no próprio alcance das práticas
comunicativas. Por essa razão, em contexto digital, os indivíduos têm acesso a interfaces para
proferir discursos que antes não tinham espaço para circulação e o fazem por meio da
formulação de textos de caráter multimodal, como é caso dos memes. Dada a pertinência desse
processo, o presente estudo fundamenta-se nas concepções de letramentos digitais e em sua
relação na produção de efeitos de sentidos para tratar das condições de emergência da
formulação de memes, baseando-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística
Aplicada em diálogo com a Análise do Discurso de linha francesa. O arquivo de pesquisa situa-
se a partir do contexto brasileiro de 2016, de instabilidade política com o processo de
impeachment da presidenta Dilma, em que a revista Veja publica a reportagem: “Marcela
Temer: bela, recatada e do lar”, criando um conjunto de atributos que elevam a senhora Temer
como representação de mulher ideal. Sabendo que a formulação dos memes se deu em caráter
de resposta e protesto ao discurso proferido pelo veículo de comunicação, nosso trabalho busca
analisar como ocorre a construção de sentidos na materialidade discursiva digital, a partir dos
aspectos que permeiam formulação, circulação e recepção dos memes. Os resultados mostram
uma diversidade de discursos em torno do imaginário que as usuárias da rede social Facebook
possuem sobre a posição-sujeito “mulher” em sociedade. Além disso, revela-se pelo batimento
entre estrutura, funcionamento e finalidade dos memes, que são textos híbridos de grande
produtividade para o estudo da linguagem enquanto prática social.

Palavras-chave: Memes. Imaginário feminino. Prática social.

Apoio: Especialização em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas (FAALC-UFMS)

254
A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NA CIDADE DE PORTO MURTINHO/MS E AS
QUESTÕES DE (DES)PRESTÍGIO, (DES)VALORIZAÇÃO E PRECONCEITO
LINGUÍSTICO NA ESCOLA
Patrícia Graciela Da Rocha

A diversidade linguística na cidade de Porto Murtinho/MS é uma realidade bastante singular,


pois fazem parte do dia a dia dos indivíduos daquele lugar pelo menos três línguas: o Português,
o Espanhol e o Guarani, sem contar as línguas indígenas que são faladas pelos habitantes das
aldeias que rodeiam a cidade e que transitam livremente nos dois lados do rio Paraguai. Esse
contexto de fronteira fluvial tão próxima e bastante povoada proporciona uma vivência cultural
e linguística muito rica, mas que acaba gerando alguns conflitos nas escolas de Educação Básica
quando se misturam dentro de uma mesma sala de aula alunos de diferentes etnias e,
consequentemente, com diferentes línguas maternas. Nesse cenário, os acadêmicos do curso de
Letras Português e Espanhol/EAD da UFMS, durante etapas dos estágios obrigatórios,
observaram manifestações de preconceito linguístico explícito nessas escolas e trouxeram esse
problema de pesquisa para a Universidade. A partir daí, desenvolvemos uma pesquisa de
percepção linguística, ancorada nos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística
Laboviana, objetivando identificar: a) se realmente há manifestações de preconceito linguístico
por parte dos alunos da Educação Básica na cidade de Porto Murtinho; b) as motivações das
avaliações positivas e negativas acerca das línguas que coexistentes naquele lugar e c) o status
social de cada uma dessas línguas. Para respondermos a essas perguntas de pesquisa,
elaboramos um questionário de atitude e de percepção linguística e aplicamos em quatro escolas
de Ensino Fundamental e Médio da cidade. Os resultados obtidos a partir dessa pesquisa
ressaltam, dentre outras questões, a importância de se preparar adequadamente o futuro
profissional Letras para o trabalho efetivo com a variação linguística não só com seus futuros
alunos, mas com toda a comunidade escolar.

Palavras-chave: variação linguística; percepção linguística; ensino de línguas.

Referências
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1994.

255
PROJETO DE LABORATÓRIO DE MULTILETRAMENTOS: UMA PROPOSTA DE
INCLUSÃO AOS GÊNEROS ACADÊMICOS
Silvia Naara Oliveira
Rosineide Magalhães De Sousa

A produção escrita é essencial à vida acadêmica, assim, professores e estudantes têm feito
esforços no sentido de assegurar o desenvolvimento da produção textual na graduação. Porém,
nem todos os ingressos à universidade dominam as competências do letramento acadêmico.
Essa é a realidade de grande parte dos estudantes da Licenciatura em Educação do Campo
(LEdoC), curso oferecido pela Faculdade UnB Planaltina (FUP), campus da Universidade de
Brasília. Dessa forma, este trabalho tem o objetivo principal de descrever as ações propostas
pelo LABMULT, o laboratório de multiletramentos com sede na FUP. Os propósitos do
Laboratório de Multiletramentos são principalmente atender às necessidades comunicativas de
estudantes da LEdoC na perspectiva de incluir os alunos ao domínio de habilidades de escrita
e aprimorar a norma padrão da língua portuguesa por meio de práticas de leitura e escrita, com
foco em gêneros acadêmicos. O projeto conta com a participação de professores colaboradores
da área de Linguagens da FUP e de mestrandos e doutorandos em Linguística da Universidade
de Brasília que, por meio da observação participativa, propõem leitura, escrita e reescrita de
textos aos estudantes que procuram o laboratório para aperfeiçoar a produção de textos
acadêmicos exigidos pela universidade. A LEdoC, curso da Universidade de Brasília (UnB)
forma professores, ou outros agentes educacionais, para atuar nas áreas rurais e comunidades
camponesas, como assentamentos rurais, comunidade indígenas e quilombolas. As habilitações
oferecidas pelo curso são as de Linguagens, Matemática e Ciências, especialidades essas
escolhidas pelo estudante no início da graduação. Por conta do contexto geográfico e sócio
cultural vivenciado pela maioria dos estudantes da LEdoC, a tradição oral permeia boa parte
das práticas sociais, e o domínio da escrita acadêmica precisa ser desenvolvido dentro das
expectativas universitárias. Assim, o LABMULT propõe o fortalecimento e o desenvolvimento
da leitura e da escrita acadêmica como forma de empoderamento do ledoquiano ao contexto da
graduação. As bases teóricas que norteiam o projeto são as relacionadas aos Múltiplos
Letramentos (BARTON, 1994; STREET, 2014; SOUSA et al, 2016), Letramento e Ensino de
gêneros textuais (KLEIMAN, 2008; STREET, 2014; BAZERMAN, 2007; MARCUSHI, 2008;
ROJO, 2009). A mediação da escrita, no contexto acadêmico, oportuniza tanto a revisão textual
quanto a autonomia por parte do estudante, que por meio das práticas metodológicas
proporcionadas pelo LABMULT pode criar sua própria gestão de escrita acadêmica.

Palavras-chave: Escrita acadêmica; Letramentos múltiplos; Laboratório de letramento;


Educação do campo.

256
Referências
BARTON, D. Literacy: an introduction to ecology of written language. Tradução de Guilherme
Rios. Blackwel: Oxford, 1994.
BAZERMAN, C. Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2007.
KLEIMAN, A. Os significados do letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1995.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola
Editorial, 2008.
ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
SOUSA, R. Letramentos na licenciatura em educação do campo: transitando no contexto
acadêmico. In: ARAÚJO, J. (Org). Gêneros e letramentos em múltiplas esferas de atividade.
Campinas: Pontes Editores, 2016.
SOUSA, R. MOLINA, M. e ARAÚJO, A. C. (Orgs). Letramentos múltiplos e
Interdisciplinaridade na Licenciatura em Educação do Campo. Brasília: Decanato de
Extensão/UnB, 2016.
STREET, B. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na
etnografia e na educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

257
AVALIAÇÃO DO DOMÍNIO AFETIVO: VISLUMBRANDO CAMINHOS POR
MEIO DA PLATAFORMA EDUCACIONAL ADDITIO
Poliana Sabina Quintiliano Silvesso
Sueli Maria Ramos da Silva

Tendo em vista os avanços da Semiótica no campo da afetividade, em especial pelos trabalhos


desenvolvidos por Zilberberg (2011) ao estabelecer um lugar ao contínuo e ao sensível dentro
da teoria, o objetivo geral deste trabalho é analisar a avaliação da afetividade no contexto
escolar, no que tange as práticas avaliativas como um todo. De forma mais específica,
objetivamos analisar semioticamente a plataforma Additio, uma plataforma de gestão escolar,
desenhada para professores, e que permite o cadastro de diferentes tipos de avaliações por meio
do seu sistema de rubricas. Como a contemplação de valores afetivos no processo de
aprendizagem constitui uma prática pedagógica esquecida pela comunidade escolar, a escolha
pelo aplicativo possibilita justamente o trabalho com os objetivos desse domínio.
Metodologicamente, abordaremos a noção de avaliação e avaliação afetiva numa perspectiva
semiótica. Em seguida mostraremos como as cores, ícones e outros elementos presentes no
layout conversam com o enunciatário. Para análise da plataforma, elegeu-se como
fundamentação teórica, a Semiótica discursiva teorizada por Greimas (1976) e a Semiótica
plástica desenvolvida por Floch (1987), pois em suas proposições consideram o texto em uma
perspectiva abrangente, contemplando os elementos imagéticos, importantes à essa análise. Os
resultados desse trabalho demonstram que objetivos afetivos podem ser oportunizados em sala
de aula pelo professor, integrando essa prática à noção de avaliação formativa. Para o mais,
esse trabalho faz parte do projeto de pesquisa desenvolvido por mim no Programa de pós
graduação em estudos de linguagem da UFMS, sob a orientação da professora dra. Sueli Ramos
da Silva. A pesquisa envolve a descrição dos estados passionais presentes nas categorias da
Taxionomia de Objetivos Educacionais – Domínio Afetivo, elaborada por Benjamin S. Bloom,
David R. Krathwohl e Bertram B. Masia,

Palavras-chave: semiótica, avaliação formativa, domínio afetivo, plataformas educacionais.


Referências
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria do discurso: fundamentos semióticos. São Paulo,
Atual, 1988.
BLOOM, Benjamin S. Taxionomia de objetivos Educacionais: domínio afetivo. 1ª ed. RS:
Globo, 1972.

258
FIORIN, J. L. A noção de texto na semiótica. Organon, Rio Grande do Sul, v.9, n. 23, p. 165-
176, jan./jul. 1995. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/organon/article/view/29370
Acesso em: 12 de agosto de 2017, 10h30min.
FLOCH, Jean-Marie. Semiótica plástica e linguagem publicitária. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/significacao/article/view/90495/93268. Acesso em: 06 de
novembro de 2018.
GREIMAS, A. J. Maupassant. La sémiotique du texte: exercices pratiques. Paris, Seuil, 1976
ZILBERBERG, Claude. Elementos de semiótica tensiva. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011.

259
A MULTIMODALIDADE TEXTUAL E O PAPEL DA ESCOLA NO
PROTAGONISMO ESTUDANTIL
Thaís Rodrigues Corrêa
Nagila Kelli Prado Sana Utinoi

O presente trabalho pretende analisar as competências que envolvem a literatura multimodal e


a escola como desenvolvedora desta prática protagonista, através do entendimento da produção
midiática sobre o cotidiano dos discentes. A que atribui-se características de metodologias
ativas nas escolas e desenvolvimento crítico-social. Daí então o desafio conferido à escola:
incorporar elementos às práticas pedagógicas no que concerne e faculte traços libertadores e
conceituais por meio das experiências vividas nesse ambiente (Fischer, 2001). Composto pela
integração entre os meios de comunicação, textos multimodais e o ensino, atribuídos pelos
modelos sociais que surgem pelas formas de inclusão dos jovens, uma vez que o discente
encontra-se inserido em uma sociedade em rede caracterizada pelo poder da informação
(Castells, 2002). Diante do exposto o estudo tem por objetivo analisar a adoção de práticas
protagonistas intermediadas, pela interpretação dos textos discursivos e a mediação do
professor (Fischer, 2000 p.200). A intenção é identificar os fatores que influenciam na crítica e
na produção de conteúdos pelos estudantes, que necessitem do estímulo de uso dessa
modalidade interdisciplinar e o docente como colaborador no processo de independência crítica
sob as informações entregues pelos meios comunicacionais (Pinto, 1989, p.25). No entanto,
serão abordados dois pontos convergentes de atenção no que vincula-se a inserção do
protagonismo e os meios multimodais, como ferramentas no processo de ensino e
aprendizagem: o papel do docente com uma visão libertadora do ensino, e as possibilidades que
os textos discursivos apresentam para a viabilidade de pensamento e novas práticas pedagógicas
(Soares, 2000 p.12). O intuito é compreender o processo e assumir o papel viabilizador da
mediação das referências externas, para que consequentemente, os alunos possam favorecer o
processo cognitivo de evolução crítico-social por intermédio da estruturação significativa de
diálogo e entre professores e alunos (Foucault, 1986, p.109). Espera-se apreender os processos,
dificuldades e as estruturas disponíveis para inclusão dessa ideia contemporânea, buscando
alternativas para aplicação e as viabilidades dispostas, para o estabelecimento de experiências
significativas na produção de conhecimento.
Palavras-chave: multimodal - mídia, educação, protagonismo estudantil
Referências
CASTELLS, Manuel; MAJER, Roneide Venâncio; GERHARDT, Klauss Brandini. A
sociedade em rede. Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

260
SOARES, Ismar. D. O. Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação &
Educação, n. 19, p. 12-24, 2000.

FISCHER, Rosa M. B. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de pesquisa.


São Paulo. N. 114 (nov. 2001), p. 197-223, 2001.

FISCHER, Rosa M. B.. Técnicas de si” na TV: a mídia se faz pedagógica. Educação Unisinos,
São Leopoldo, v. 4, n. 07, p. 111-139, 2000.

FOUCAULT, Michel, (1986). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense.

PINTO, C. R. J. Com a palavra o senhor Presidente Sarney: ou como entender os meandros da


linguagem do poder. São Paulo: Hucitec, 1989.

261
LEITOR DE PAPEL, LEITOR VIRTUAL: O LIVRO E A LITERATURA NO
TERRITÓRIO DAS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS

Sóstenes Renan de Jesus Carvalho Santos

O presente artigo analisa a presença do livro em seu aspecto físico, material, impresso,
tradicional e, por extensão, a relevância da literatura em alguns contextos da atualidade – ante
a imensa densidade tecnológica em que vivemos, com o advento e a universalização da internet
e dos aparatos midiáticos. Neste espaço, faz-se um trajeto reflexivo que intenta repensar
algumas configurações interativas entre o leitor contemporâneo e novas formas de realização
da leitura. Metodologicamente, assume-se aqui um olhar interrogativo, mediado pela
interpretação das contribuições teóricas de pesquisadores do livro, da literatura e de suas
relações com o leitor: Roger Chartier (2009), Maria Teresa Freitas (2007), Ana Elisa Ribeiro
(2007), Antoine Compagnon (2010), Marisa Lajolo (2001) e João Thomaz Pereira (2007). Além
disso, realizamos ainda uma pesquisa de campo com trinta estudantes adolescentes de uma
escola pública, a fim de investigar como eles se relacionam com o livro e a leitura. Assim,
depreendemos que o objeto livro tem sido alvo, historicamente, de sucessivas transformações
– o que modifica, inclusive, a maneira como os adolescentes enfrentam a tarefa da leitura em
suportes midiático e impresso, visando a diferentes finalidades. Esta discussão nos conduz,
ainda, a repensar os desafios da prática docente no desenvolvimento das potencialidades leitoras
dos estudantes, tendo em vista, entre outras, a seguinte perspectiva: o domínio da tecnologia
moderna – entendida como o universo eletrônico da informação e comunicação – não exclui
ricas possibilidades de leitura e (re)criação. Pelo contrário, é necessário um intercâmbio entre
elas para, a partir disso, estabelecer, produzir e divulgar saberes nas mais diversas áreas do
conhecimento.

Palavras-chave: Livro. Literatura. Leitor. Tecnologias. Leitura.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de. O saldo da leitura. In: DALVI, M. A.; REZENDE, N. L. de;
JOVER-FALEIROS, R. (org.). Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola Editorial,
2013.

CEREJA, William Roberto. Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com
literatura. São Paulo: Atual, 2005.

262
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. Trad. de Reginaldo Carmelo
Corrêa de Moraes. São Paulo: Editora UNESP, 2009. Título original: Le livre en révolutions.

COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Trad. de Cleonice


Paes Barreto Mourão e de Consuelo Fortes Santiago. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2010. Título original: Le démon de la théorie: littérature et sens commun.

FREITAS, Maria Teresa de A. Leitura, escrita e literatura em tempos de internet. In: PAIVA,
Aparecida et al. (org.). Literatura e letramento: espaços, suportes e interfaces. O jogo do
livro. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

MENEZES, Nelijane C.; FRANKLIN, Sérgio. Audiolivro: uma importante contribuição


tecnológica para os deficientes visuais. Ponto de Acesso, Salvador, v. 2, n. 3, p. 58-72, dez.
2008. Disponível em:
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistaici/article/viewArticle/3213. Acesso em:
14/12/2014.

PEREIRA, João Thomaz. Educação e sociedade da informação. In: COSCARELLI, Carla V.;
RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades
pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

RIBEIRO, Ana Elisa. Ler na tela – letramento e novos suportes de leitura e escrita. In:
COSCARELLI, Carla V.; RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e
possibilidades pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

RIBEIRO, Otacílio José. Educação e novas tecnologias: um olhar para além da técnica. In:
COSCARELLI, Carla V.; RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e
possibilidades pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

SOARES, Magda. Ler, verbo transitivo. In: PAIVA, Aparecida et al (org.). Leituras literárias:
discursos transitivos. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

263
TODOS PELA EDUCAÇÃO (ONG). Disponível em:
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/12/apenas-54-dos-jovens-concluem-o-ensino-
medio-ate-19-anos-diz-estudo.html. Acesso em: 19/05/2014.

264
A UFMS E A INTERNACIONALIZAÇÃO: ACADÊMICOS ESTRANGEIROS NO
PROJELE
Thaynara Vicente Lima
Marta Banducci Rahe

A partir da década de 1990 a internacionalização da educação superior se fortificou no


panorama mundial. Atualmente, o intercâmbio de pessoas e ideias tem se tornado cada vez mais
presente na sociedade, muito em função dos processos vinculados à globalização. Segundo Dale
(1999), duas perspectivas podem relacionar educação e globalização, a primeira, denominada
“world institucionalist”, é referente à existência de uma cultura educacional mundial comum;
já a segunda relaciona-se às políticas educacionais com uma agenda globalmente estruturada
para a educação. Para Bartell (2003), a Internacionalização é considerada como trocas
internacionais relacionadas à educação e à globalização. O autor aponta que um dos meios de
se alcançar a internacionalização, é pela presença de estrangeiros e estudantes-convênios num
determinado campus. Essa perspectiva nos levou a pensar no papel do Projele: Cursos de
Línguas Estrangeiras/ FAALC -UFMS como espaço de participação de acadêmicos
estrangeiros na vida cotidiana da instituição, ao incluí-los nas atividades promovidas por ele. O
Projele é um projeto de extensão que permite aos acadêmicos brasileiros e estrangeiros se
desenvolverem social e didaticamente no ambiente da Universidade. Para entendermos melhor
esse papel, realizamos entrevistas com cinco acadêmicos estrangeiros atendidos pelo Programa
PEC-G, cujos países de origem são: Haiti, Nigéria, Senegal e Togo. Entre eles, um ainda faz
parte do projeto e os outros participaram entre os anos de 2016 – 2018 como professores de
Francês e Inglês. Foram feitas seis perguntas, destacando a importância de terem participado
de um projeto de extensão com o objetivo de ensino e aprendizagem de línguas adicionais e em
que aspecto a presença deles nas atividades do Projele interferiu em suas vidas acadêmicas. A
análise das respostas deixou evidente a importância de se oportunizar espaços onde esses
acadêmicos possam participar para além das atividades referentes às suas graduações e que suas
presenças nas salas de aula do projeto proporcionaram trocas culturais com a comunidade local.
Sendo assim, pudemos perceber que projetos de extensão, tal qual o Projele, podem atuar como
uma das portas de inclusão desses estrangeiros na instituição e colaborar no seu processo de
internacionalização.

Palavras-chave: Internacionalização; Projeto de Extensão; Ensino de Línguas Adicionais;


Projele.

265
Referências
BARTELL, M. Internationalization of universities: A university culture-based
framework. Higher Education. Manitoba, Winnipeg, 2003, p. 37-52.

DALE, R. Globalization and education: demonstrating a common world educational culture or


locating a globally structured educational agenda? Educational Theory, v. 50, n.4, 1999, p.427-
448.

266
A LITERATURA DE RESISTÊNCIA COMO MEDIADORA NO PROCESSO DE
EMPODERAMENTO DA CRIANÇA NEGRA
Mário Henrique dos Santos Lopes
Eliane Maria de Oliveira

A literatura infantil pode ser utilizada para quebrar padrões preconceituosos através da sua
relação com os contextos sociais de cada época (CANDIDO, 1976), nesse sentido, há
necessidade dos professores apontarem e discutirem métodos para o desenvolvimento cognitivo
e ideológico da criança, com intuito de ressignificar paradigmas racistas baseados em uma falsa
ideia de democracia racial, que gerou em nosso país o racismo velado, pela perspectiva das
relações raciais livres de uma escala de valores (DOMINGUES, 2005). Este trabalho tem como
objetivo fazer uma investigação acerca dos processos científicos históricos sobre o percurso do
negro na sociedade brasileira, a partir do estudo e pesquisa sobre os conceitos de raça, racismo
(MUNANGA, 2003) e identidade (HALL, 2009) e para isso utilizando como mediadora “A
Literatura Infantil na Escola” (ZILBERMAN, 2003), como texto de resistência para fomentar
o empoderamento da criança negra dentro do ambiente escolar. Há necessidade de se discutir
questões pertinentes ao negro por meio da literatura para integração entre todos os cidadãos?
Certamente, pois a literatura além de arte, serve para criticar, delatar e expressar-se diante de
questões como o racismo por exemplo, dessa forma, o texto literário surge como materialidade
específica da linguagem, pois permite o diálogo com os diversos contextos históricos que
formam a identidade cultural de uma nação. É de suma importância que a literatura de
resistência seja integrada às práticas de ensino, como mediadora para a quebra destes padrões
preconceituosos, podendo colaborar para a busca e aceitação da criança negra, e sua interação
de maneira paritária com a sociedade em que se insere.

Palavras-chave: Literatura Infantil; Raça e Racismo; Identidade; Práticas de Ensino.

Referências
BARROS, Aidil de Jesus Paes de. Projeto de Pesquisa: Propostas Metodológicas. Petrópolis,
RJ: Editora Vozes 13ª edição, 2002.

COLOMER, Teresa. A Formação do Leitor Literário. 1ª edição. Editora Global Editora,


2003.

267
DOMINGUES, Petrônio. O mito da democracia racial e da mestiçagem no Brasil (1889-1930).
Diálogos Latinoamericanos, Arrhus, n. 10, 2005. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/pdf/162/16201007.pdf>. Acesso em: 9 out. 2018.

FANON, Frantz. Pele negra máscaras brancas. Salvador, BA: EDUFBA, 2008.

FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. 6ª edição São Paulo, SP: Editora Ática, 1998.

FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: A formação da família brasileira sob o


regime da economia patriarcal. 48º edição. Recife-PE: Global Editora, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Editora: EGA. Publicação original: 1996.


Digitalização: 2002.

HALL, Stuart & WOODWARD, Kathryn. Identidade e Diferença: a perspectiva dos


Estudos Culturais. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva. 9ª edição. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,
2009.

IANNI, Octavio. Raças e Classes Sociais no Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Editora Civilização
Brasileira S.A nº 1720, 1966.

MORAES, Fabiana. No país do racismo institucional: dez anos de ações do GT Racismo no


MPPE. Recife PE: Procuradoria Geral da Justiça, 2013 - Antônio Sérgio Alfredo Guimarães –
Racismo e Anti-Racismo no Brasil, pg. 26 1995 nº 43.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil Identidade nacional versus


Identidade negra. 3ª edição. Belo Horizonte, MG: Editora Autêntica, 2008.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, SP:
Companhia das Letras editora 2ª edição, 1995.

RODRIGUES, Marlon Leal & SOUZA, Antônio Carlos Santana de. Linguagem e Questões
Afrodescendentes. Campo Grande, MS: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, 2010.

MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade
e etnia. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO, 3., 2003,
Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: PENESB-RJ, 2003.

STRIEDER, Inácio. Democracia Racial – A partir de Gilberto Freyre. 2001.

268
ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. 11ª edição. São Paulo, SP: Editora
Global, 2003.

269
PRECONCEITO DE PROCEDÊNCIA REGIONAL E IDENTIDADE LOCAL NO
BRASIL: um relato das experiências vividas por acadêmicos da UFMS
Amanda da Silva Duarte
Elaine de Moraes Santos

Este trabalho, em desenvolvimento na disciplina de Leitura e Produção de Textos Científicos


II do curso de Letras com habilitação em Português e Espanhol da FAALC/UFMS, em sua
forma inicial, tem como objetivo geral realizar uma investigação interdisciplinar sobre as
maneiras de disseminação e construção do preconceito de procedência regional e identidade
local na contemporaneidade. Considerando que o Brasil é, geograficamente, um país de
dimensões continentais e se constituiu, historicamente, pela pluralidade etnocultural, religiosa
e linguística, que se origina da miscigenação ocasionada no processo migratório durante e
depois da colonização, justifica-se nosso interesse em focalizar o papel das relações
interpessoais na promoção/manutenção dos direitos individuais de cada cidadão. Para tanto, o
projeto é formulado sob os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha
francesa, em concomitância com reflexões histórico-filosóficas acerca das noções de
preconceito, indivíduo e identidade. Sendo assim, o estudo utiliza um corpus de entrevistas
concedidas por discentes da UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul que
provieram de outros estados e regiões, a fim de aproveitar a natureza empírica dos relatos para
problematizar a existência, as raízes e as motivações desse tipo de preconceito. Por conseguinte,
são nossos objetivos específicos: a) promover a compreensão acerca da constituição do país e
dos fatores que nos trouxeram ao nosso atual estado (SCHWARCZ; STARLING, 2015); b)
averiguar o discurso como forma de poder e, consequentemente, hierarquização nas relações
humanas (FOUCAULT, 2002); c) investigar os graus de identificação que o indivíduo mantém
com seu local de origem (REIS, 2007); d) oportunizar uma visibilidade maior para as questões
ligadas ao regionalismo, bem como ao acolhimento à diversidade brasileira. Nossa hipótese é
que, apesar de habitarmos um país que tem como marca a pluralidade, ainda existe uma tentativa
de gradação entre regiões e uma evidente discriminação voltada ao Norte e ao Nordeste,
propiciadas, principalmente, pela utilização do discurso como artifício para a manutenção do
domínio.
Palavras-chave: identidade; pluralidade; preconceito regional; regionalismo.

Referências

270
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France. In. BERNARDES,
C.R.O. Racismo de estado: uma reflexão a partir da crítica da razão governamental de Michel
Foucault. Curitiba: Juruá, 2013, 41-65.
REIS, J.C. As identidades do Brasil: de Varnhagem a FHC. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2007.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia
das Letras, 2015.

271
A EVASÃO NOS CURSOS DE LETRAS DA UFMS: OS NÚMEROS E OS MOTIVOS
Annalies Padron Chiapetta
Patrícia Graciela Da Rocha

Os cursos de Letras em todo o país há muito tempo se caracterizam por pouca demanda e muita
evasão (PAIVA, 1996). A evasão, por sua vez, tem sido tratada na maioria das vezes como
consequência da pouca qualidade dos cursos, o que na maioria das vezes é um julgamento
apressado e injusto. Como consequência da evasão, os cursos de Letras das instituições públicas
sofrem com a distribuição de verbas e os das instituições particulares são fechados. Nesse
sentido, esta pesquisa objetiva identificar o quantitativo e as causas da evasão nos cursos de
licenciatura em Letras Português/Espanhol e Letras Português/Inglês ofertados na modalidade
presencial e a distância pela UFMS campus Campo Grande, bem como propor estratégias de
prevenção. A fim de atingir os objetivos expostos realizamos um estudo de caso, pois o trabalho
se restringe a investigar uma instituição e suas duas modalidades de ensino, o que foi feito por
meio de um roteiro de entrevista semi-estruturada via questionário on-line (Google docs) e
submetida via e-mail e/ou via telefone. A amostra é composta por todos os estudantes
desistentes dos referidos cursos de licenciatura iniciados a partir do ano de 2008 até 2018.
Dentre os resultados encontrar podemos destacar que há mais evasão nos cursos pesquisados
do que formandos. Os motivos são bastante variados, mas a precarização do trabalho docente e
a não identificação com o perfil do curso parecem ser grandes influenciadoras da evasão.

Palavras-chave: evasão; curso de Letras; formação de professores.

Referências:
CENSO EAD.BR: relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil 2016 = Censo
EAD.BR: analyticreportofdistancelearning in Brazil 2016 [livro eletrônico]/[organização]
ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância; [traduzidopor Maria Thereza Moss de
Abreu]. Curitiba: InterSaberes, 2017.
PAIVA, V. L. M. (org.) Ensino de Língua Inglesa: Reflexões e Experiências. Campinas:
Pontes/UFMG, 1996.

272
THE WALKING DEAD EM TEMPOS PÓS-HUMANISTAS, TRANSLÍNGUES E
CRÍTICOS
Fhilipe Germano Rigamonte
Nara Hiroko Takaki

Os jogos virtuais são práticas que fazem parte do dia a dia de muitos estudantes no mundo e
têm chamado a atenção de pesquisadores de linguagens digitais e sociedade (CROCCO, 2012;
GEE, 2007; HAYES; GEE, 2010, HUNG, 2007; LIMA, 2014; ZACCHI, 2017) por serem
extremamente atrativos, disputando espaço com ambientes de ensino formal e assumirem o
caráter transdisciplinar, translíngue e transcultural. Investigar se o jogador/pesquisador é capaz
de perceber as limitações de conceitos temáticos e tecnológicos do videogame, The walking
dead, recriar alternativas que reconstruam sua identidade e repensar as implicações disso para
a ampliação de pesquisas que atrelem jogos, linguagens e sociedade constituem partes centrais
do objetivo dessa pesquisa. Inclui uma atitude inovadora que estimula o jogador/pesquisador a
descrever e analisar criticamente sua trajetória de aprendizagem e consciência reflexiva sobre
a própria aprendizagem. Trata-se de uma pesquisa participativa. Em virtude disso, o objetivo
se estende para investigar as particularidades funcionais e composicionais das páginas ou cenas
da multimodalidade (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006) e navegabilidade do jogo em questão.
Repensar sobre o que isso traz como consequência na formação cidadã, no ensino e
aprendizagem de línguas/linguagens e suas pesquisas, de modo a atender a uma geração que
aprende a aprender, ensina contando com experiências (ou não) de leituras e ações que vão além
do que está no centro-margem, na esquerda para a direita da tela digital. O jogo ilustra a vida
com assemblage/assemblagem semiótica que abrange as funções que a performatividade do
corpo delineia processos em que o jogador se encontra submerso. Os estudos de linguagens
encontram outros recursos que são espaciais e distribuídos (não somente acoplados à trajetória
individual) que influenciam a jogada e a construção de conhecimento, caracterizando a
assemblage/assemblagem (CANAGARAJAH, 2013). A agência humana vai da tela do jogo
(HAYES, 2012) compondo uma perspectiva pós-humanista de linguística aplicada
(PENNYCOOK, 2018). A metodologia é de natureza qualitativa, interpretativa e exploratória
(LANKSHEAR; KNOBEL, 2008). Tanto o aporte teórico quanto as perspectivas do designer
do videogame, e do(s) jogador(es) são levados em consideração. A centralidade das ações
humanas divide espaço com os papéis que os objetos não humanos exercem no jogo,
configurando uma perspectiva pós-humanista de estudos. A metodologia se adapta à rede
dinâmica e diversificada de outras lógicas e epistemologias digitais (LANKSHEAR; KNOBEL,
2013).
(Apoio: CNPq).
Palavras-chave: Assemblage em jogo digital, Letramento semiótico crítico, Aprendizagem,
Formação cidadã.

273
PIBID - ALÉM DAS PALAVRAS:
LEITURA E ESCRITA COM BASE EM ATIVIDADES SOCIAIS
E GÊNEROS TEXTUAIS UM ESTUDO SOBRE CHARGE E RELATO.

Amanda Ferreira da Silva


Daniel de Britto Araújo
Eduardo Arnaldo Ortiz
Gabriele Modesto Fluhr Vilalba
Profa. Maria Luceli Faria Batistote
O presente trabalho tem por objetivo destacar a atividade social com os alunos, no que concerne
o aperfeiçoamento da utilização dos gêneros em destaque, sendo eles Charge e Relato. Valendo-
se da observação que fora feita no início do projeto na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho,
e nos utilizando das evidências de certas carências de apropriação e utilização dos gêneros
textuais, decidimos trabalhar os gêneros: charge e relato. Foram realizadas discussões acerca
das temáticas de cunho político e social, visando protagonizar os alunos na transposição desses
conteúdos para um contexto extraescolar, por meio de uma compreensão reflexiva. Para nos
certificarmos da assimilação de tais conteúdos, propomos uma produção final dentro dos
gêneros supracitados. A partir das atividades aplicadas, concluímos que o Letramento Crítico,
como formador de opiniões, ainda é uma necessidade e objetivo não só nas turmas
contempladas pelo projeto, mas em todo âmbito escolar. Por um lado, percebemos resquícios
de um modelo de ensino tradicional, cujo mesmo coloca o professor no centro do processo
ensino-aprendizagem, desconsiderando fatores sociais e culturais dos atores sociais inseridos
nesse contexto de ensino, isto é, os alunos como parte de uma totalidade sócio histórica são
minimamente ouvidos, e quase sempre colocados em um papel de ouvinte. Por um outro lado,
identificamos outras turmas adiantadas na utilização de novos paradigmas de formação integral
do educando, entre as quais a abordagem Humanista é uma que se destaca, descentralizando a
figura do professor e “empoderando” o contexto do discente, encarando-o como ente ativo e
corresponsável pelo seu próprio aprendizado.

Palavras-chave: Gêneros; aprendizagem; contexto; letramento.

Referências
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 2003. p.261-306.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Ler e compreender os sentidos do texto. Ed. Contexto,
2006.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. Ed. Unesp, 2000.
NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? Norma e uso na língua
portuguesa. Ed. Contexto, 2003.

274
TOPONÍMIA E MEIO AMBIENTE: UM ESTUDO PRELIMINAR NA TOPONÍMIA
URBANA DE CAMPO GRANDE/ MS

Bruna da Silva Bruno


Aparecida Negri Isquerdo

A Toponímia, juntamente com a Antroponímia, compõe a Onomástica, área de estudo


interdisciplinar que se ocupa da análise dos nomes próprios de lugares e de pessoas. Trata-se
de uma disciplina de caráter linguístico que mantém interfaces com a História, Geografia,
Antropologia, por exemplo. A pesquisa das nomeações dos acidentes geográficos, rurais ou
urbanos, é, por pressuposto, de caráter documental, tendo em vista os aspectos linguístico-
histórico-culturais presentes no estudo. Este trabalho tem por objetivo analisar a relação entre
toponímia urbana e meio ambiente físico na nomeação de logradouros de duas regiões urbanas
da cidade de Campo Grande: Central e do Imbirussu. O estudo tem como fonte os trabalhos de
Oliveira (2014) e Cavalcante (2016) que estudaram a toponímia urbana (nomes de logradouros),
respectivamente, das regiões urbanas Central e do Imbirussu. São examinados os fitotopônimos
(nomes de plantas), os hidrotopônimos (elementos relacionados à água) e os zootopônimos
(nomes de animais), segundo Dick (1990a). A pesquisa busca identificar e descrever possíveis
relações entre as características físicas de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul e os
elementos formantes dos fitotopônimos, hidrotopônimos e zootopônimos, discutindo a possível
relação entre a toponímia e as características ambientais da cidade e do estado. O estudo tem
como referencial teórico as obras de Dick (1990a; 1990b; 2004) e de Sapir (1969). O corpus
deste estudo é formado por 166 topônimos (fitotopônimos, hidrotopônimos e zootopônimos),
assim distribuídos: região urbana Central: 47 topônimos (29 fitotopônimos; 9 hidrotopônimos;
9 zootopônimos), 9,7% de um total de 480 topônimos; região urbana do Imbirussu: 119
topônimos (72 fitotopônimos; 11 hidrotopônimos e 36 zootopônimos), 20% de um total de 821.
Os resultados parciais do estudo apontam que os fitotopônimos predominam nas duas regiões
pesquisadas, enquanto os zootopônimos se destacam na região do Imbirussu e os
hidrotopônimos na região central. (Apoio: UFMS).
Palavras-Chave: Toponímia urbana; fauna; flora; hidrografia; Campo Grande.

Referências

CAVALCANTE. Léxico toponímico urbano na cidade de Campo Grande/ MS: região do


Imbirussu. 2016. 276 f. Dissertação (Mestrado em Estudo de Linguagens), Centro de Ciências
Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grasso do Sul, Campo Grande, MS, 2016.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral, A motivação toponímica e a realidade brasileira. São
Paulo: Arquivo do Estado, 1990a.

275
_________. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. 1ª ed. São Paulo:
Serviço de Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1990b.
_________. Rede de conhecimento e campo lexical: hidrônimos e hidrotopônimos na
onomástica brasileira. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Vol. 2.
Campo Grande, MS, 2004, p.79-98.
OLIVEIRA. Toponímia urbana da região central de Campo Grande/ MS: um olhar
socioetnolinguístico. 2014. 262 f. Dissertação (Mestrado em Estudo de Linguagens), Centro de
Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande,
MS, 2014.
SAPIR, Edward. Linguística como Ciência: Ensaios. Trad.: J. Mattoso Câmara Jr. Rio de
Janeiro: Livraria Acadêmica, 1969.

276
IMPACTOS DA MONITORIA NA FORMAÇÃO DOCENTE: SOCIALIZAÇÃO E
INSERÇÃO ACADÊMICA
Geovana Lopes da Silva
Ana Beatriz Silva Brandão de Souza
Profa. Cleovia Almeida de Andrade

A oportunidade de participação na monitoria acadêmica pode ser considerada como momento


inicial de contato com a área docente em nível superior, sobretudo no curso de licenciatura em
Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em suas habilitações:
português/inglês e português/espanhol. Trata-se de uma atividade que permite a articulação
entre ensino e pesquisa, visto que tem como objetivos provocar no aluno-monitor o interesse
pela docência, auxiliar na desenvoltura do estudante diante da sala de aula e promover o
aprofundamento acerca do conteúdo da disciplina permitindo ao aluno-monitor adentrar em
novas áreas da graduação. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo relatar de que
forma a experiência de monitoria realizada na disciplina de Leitura e Produção de Textos
Científicos II, desenvolvida no segundo semestre de 2018, impactou e modificou a percepção
sobre a docência durante a formação acadêmica das duas monitoras. Baseando-se nos Novos
Estudos de Letramentos, especialmente a partir da discussão em torno da socialização
acadêmica (KOMESU; FISCHER, 2014), propomos evidenciar a monitoria enquanto um meio
de inserção na cultura universitária ao possibilitar uma nova visão sobre como tratar, produzir
e fazer circular conhecimentos seja acerca da docência, seja acerca dos conteúdos disciplinares
que orientam o componente curricular em estudo. Os resultados parciais identificam a monitoria
como método que proporciona, neste caso, o aprimoramento da escrita acadêmica na produção
de artigos científicos, no desenvolvimento das habilidades linguístico-discursivas do monitor
como futuro profissional de Letras e corrobora na sua aptidão para lecionar, uma vez que atribui
novos saberes e novas práticas pedagógicas.
Palavras-chave: Monitoria; formação docente; letramento acadêmico.

Referências
KOMESU, Fabiana Cristina; FISCHER, Adriana. O modelo de “letramentos acadêmicos”:
teoria e aplicações. Filologia e Linguística Portuguesa, v. 16, n. 2, p. 477-493, 2014.

277
ATRAVÉS DO DISCURSO E ENUNCIADO POLÍTICO: AS MANOBRAS
ESTABELECIDAS PELO USO DO CONECTOR, MAS.
Giovanna Alícia Camargo
Monica Alvarez Gomes

O presente trabalho, em fase inicial, tem como objetivo geral analisar os artifícios expressivos
de autoataque e heteroataque (CUNHA, 2017) do conectivo “Mas” nas proposições do
presidenciável, do ano de 2018, Jair Messias Bolsonaro, sob os pressupostos da Semântica
Argumentativa, pretendendo chegar a uma ampliação da teoria, confirmando os dados de Cunha
(idem) ou refutando-os. Segundo esse autor, o conector, “mas” opera, de um modo geral,
autoataque e heteroataque, com objetivos argumentativos bastante nítidos. Enquanto a manobra
de heteroataque vem com o intuito de atacar/denegrir a imagem do oponente e assim melhorar
sua própria, a de autoataque permite fazer uma autocrítica, justificando afirmações anteriores a
fim de concertar equívocos ou contradizer-se e assim formar uma imagem mais “humilde” e
também prevenir-se de futuras criticas. O projeto reúne os preceitos teóricos da Linguística em
concomitância com o argumento histórico-filosófico acerca das nuances que regem o período
eleitoral. Deste modo, foram separadas entrevistas anteriores e do decorrer da campanha
eleitoral do candidato Jair Messias Bolsonaro, a fim de comparar o emprego do conector, “mas”
em espaços temporais e ocasionais diferentes. À vista disso, nossos objetivos específicos são:
a) Investigar as manobras linguísticas utilizadas no discurso político, b) Comparar os usos do
“mas” dentro dos períodos, c) Organizar a análise dos dados, dentro das esferas de heteroataque
e de autoataque. Por fim, nossa hipótese é de que as mudanças discursivas do emprego do “mas”
são significativas e se transformam dependendo dos efeitos de sentido que o candidato quer
proporcionar, do assunto falado e do público que quer atingir.

Palavras-chave: Conector, mas; Semântica Argumentativa; Discurso Político;

Referências:
CUNHA, G.X. O papel dos conectores na co-construção de imagens identitárias: o uso do mas
em debates elitorais. Alfa, São Paulo, v.61, n.3, p.599-623, 2017.

278
PROJELE/FAALC: A CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA DE SATISFAÇÃO PARA O
CRESCIMENTO DOS PROJETOS DE EXTENSÃO
Isabela Aparecida Moura Marques
Mariana Morais Riquelme
Profa. Marta Banducci Rahe

Este resumo tem como objetivo contemplar as pesquisas de satisfação, em caráter qualitativo e
quantitativo, como um dos suportes para se analisar a qualidade das ações desenvolvidas no
PROJELE, um Projeto de Extensão: Curso de Línguas Estrangeiras, que oferece cursos de
idiomas para a comunidade interna, acadêmicos e servidores da UFMS e para o público em
geral. O projeto possui 41 bolsistas, entre professores de idiomas e secretários, todos
acadêmicos da instituição e tem 380 participantes inscritos e frequentando as aulas. Isso nos
instigou a investigar como esses participantes avaliam as aulas, os professores-bolsistas, a
didática proposta, o atendimento ao público, entre outras questões. Segundo Isabel Guerra
(2006), tais pesquisas podem contribuir positivamente com as políticas pensadas para os
projetos de extensão que, com suas ações, movimentam e impactam o cotidiano das instituições.
Esse estudo foi desenvolvido por acadêmicos-bolsistas que exercem funções de apoio
administrativo no projeto. Foi elaborado um questionário on-line com perguntas fechadas,
referentes à materiais didáticos, postura dos professores-bolsistas e cenário geral, e uma aberta,
que possibilitava ao entrevistado tecer críticas construtivas acerca do Projeto. 133 alunos
responderam à pesquisa, que indicou, em mais de 70% dos casos, satisfação dos discentes com
seus respectivos cursos, bem como com a estrutura ofertada. Os resultados foram levados para
uma reunião com os bolsistas que puderam ver seus trabalhos avaliados pelos participantes.
Pensamos que tais investigações são relevantes para projetos como este, pois possibilita o
aprimoramento das atividades do Projeto, partindo de uma perspectiva que o professor-bolsista
e os auxiliares administrativos tenham um norte para guiá-los neste processo. A pesquisa
mostra-se, portanto, necessária para manter uma conexão entre o público contemplado pelo
projeto, bem como os bolsistas e voluntários que fazem do PROJELE o maior projeto de
extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Palavras-chave: PROJELE; pesquisa; extensão; Línguas Estrangeiras.

Referências
GUERRA, Isabel Carvalho. Pesquisa qualitativa e análise de conteúdo: sentidos e formas de
uso. 1ª edição. Portugal: Editora Princípia, 2006.

279
CARTAZES E ENTORNOS: FOCO EM ATTUNMENT EM LA PÓS-HUMANISTA

João Vitor Fuji Sonchini

Nara Hiroko Takaki

Este projeto, em fase inicial, foca em evidenciar que o mundo social é criado e recriado pelos
papéis que os humanos e não humanos têm (BRAIDOTTI, 2018) num ambiente social.
Determinadas qualidades do espaço são desenvolvidas pelo arranjo ecológico da linguagem. A
responsividade à participação dos não humanos com os humanos é traduzida como attunement
(PENNYCOOK, 2018). Assim, o objetivo desta é pesquisar como os contatos das línguas
incorporam o fenômeno translinguando intermediado por cartazes online sobre cidadãos que
circulam nas cidades e fronteiras brasileiras da perspectiva criativa, crítica e ética de educação
linguística-cultural. Mas, não é o suficiente, pois os cartazes, também, dependem de suportes
multimodais e espaciais (além dos pedestres) que compõem a complexidade semiótica do todo
da obra. Portanto, os estudos como um todo da obra, permitem mapear diversas formas de
negociações de sentidos translíngues não só mediante a linguagem verbal, mas também por
multissemiose (KRESS; VAN LEEUWEN, 2001, KRESS, 2010), questões de identidade de
seus autores e leitores expandindo as pesquisas de fronteira com a referência teórica aqui
escolhida. Nesse sentido, a base metodológica que configura esta pesquisa é investigativa e
eminentemente bibliográfica por ter o intuito de propiciar mais informações sobre o que serão
examinados e que, neste caso, são documentos/gêneros textuais (como cartazes comerciais) em
que se observam a presença de translanguaging/translinguando (GARCÍA; WEI, 2014) ou
práticas translíngues (CANAGARAJAH, 2013). O diálogo com questões metodológicas e
epistemológicas permitirão observar e interpretar as partes do projeto e o cumprimento de seus
objetivos num todo (realização e viabilidade). No processo todo da investigação, os objetivos
gerais aqui assinalados são revisitados e examinados com sessões reflexivas junto com a
orientadora desta Iniciação Científica com vistas ao preparo de apresentação de trabalho em
eventos e à elaboração de um artigo a ser publicado. O potencial desta pesquisa de Iniciação
científica contribuirá para a melhoria do convívio em meio às divergências que surgem em
contexto global. Uma pedagogia de translinguando tende a valorizar a educação plurilíngue
emergente tendo em seu foco o reconhecimento das práticas linguístico-culturais em ascensão,
como as do meio digital. Com isso, espera-se abrir lugar para maiores discussões de
contradições, complexidades e resoluções com datas de validade para as questões de práticas
de linguagens considerando participantes ativos, lançando o caminho entre saberes locais-
globais e multiletramentos (NEW LONDON GROUP, 1996) estimulando políticas
educativas de ensino de línguas.
Palavras-chave: Linguística Aplicada Pós-humanista; Orquestração Multissemiótica;
Conhecimento Crítico e Criativo.

280
Referências
BRAIDOTTI, R. The posthuman. Cambridge: Polity Presss, 2018.
CANAGARAJAH, S. Translingual Practice: Global Englishes and Cosmopolitan Relations.
New York: Routledge, 2013.
GARCIA, O.; WEI, L. Translanguaging: Language, Biling. New York: Palgrave MacMillan,
2014.
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. The semiotic landscape. Language and visual
communication. In: Reading images, the grammar of visual design, 1996, p. 15-42.
KRESS, G. Multimodality. A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication.
London and New York: Routledge, 2010.
THE NEW LONDON GROUP. A pedagogy of multiliteracies: designing social futures. 1996.
Disponível em:
<http://wwwstatic.kern.org/filer/blogWrite44ManilaWebsite/paul/articles/A_Pedagogy_of_M
ultiliteracies_Designing_Social_Futures.htm>. Acesso em 30 de out. 2018.
PENNYCOOK, A. Posthumanist Applied linguistics. London, New York: Routledge, 2018.

281
DA CABEÇA AOS PÉS: A LÍNGUA CORPORIFICADA
Ezequiel da Costa Dias
Isabela Boaventura Pimenta Gomide
Lucas Brites Leque
Profa. Mônica Alvarez Gomes

A presente pesquisa tenciona uma abordagem analítica do estudo da língua que se baseia na
percepção e conceptualização humana do mundo a partir do léxico, área dos estudos linguísticos
de maior plasticidade e amplamente manipulada pelos usuários da língua. Compreende, em
predominância, os estudos sobre semântica cognitiva que abarcam as relações entre a visão de
mundo ou cultural, estrutura linguística ou gramatical e cognição, no nível léxico-sintático-
semântico, correlação geradora do questionamento sobre como as expressões lexicais ligadas
ao corpo humano são construídas. Para tanto, foram especificadas partes do corpo (em
específico membros superiores) e as respectivas expressões lexicais, com a finalidade de
compreender os processos subjacentes de formação. Expressões como boca, bocada, boca de
fumo, braço direito, dedo duro, mão leve, mão- de-ferro, mão boba e dedo podre foram
analisadas. A análise proposta mune-se da Semântica Cognitiva, tendo por base o aporte teórico
de LANGACKER (1987) e CHIAVEGATTO (2009) e conduz a hipótese de corporificação da
mente, consoante apresenta FERREIRA (2010), na dissertação intitulada “A hipótese de
corporificação da língua: o caso de cabeça”, que serviu como auxílio teórico-metodológico,
norteando o roteiro de análise. Ademais, o conhecimento do projeto de pesquisa de Marques
(2014), intitulado “Expressões idiomáticas: elaboração de uma base de dados do português e
do espanhol”, tem peso imensurável no desenvolver desta pesquisa, tanto na possibilidade de
acesso ao corpus, quanto em dimensões teóricas. A presente pesquisa buscou comprovar a
hipótese de corporificação da mente bem como ampliar o estado da arte em que a teoria se
encontra. Dessa forma, salienta-se a contribuição segundo a qual a projeção cognitiva apontada
para o próprio corpo produz efeitos de significação positiva e a projeção para fora do corpo,
efeitos de significação negativa.
Palavras-chave: léxico, semântica cognitiva, mente corporificada.
Referências:
FERREIRA, R. G. A hipótese de corporificação da língua: o caso de cabeça. Rio de Janeiro:
UFRJ/FL, 2010
MARQUES, E. A. Expressões idiomáticas: elaboração de uma base de dados do português e
do espanhol. Campo Grande: UFMS, 2014

282
LANGACKER, R. W. Foundations of cognitive grammar. Vol. I, Stanford University Press,
1987
LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura. Petrópolis, RJ, Vozes, 1972 p.14
CHIAVEGATTO, Valeria Coelho. Introdução à linguistica cognitiva. matraga, rio de janeiro,
v.16, n.24, 77-96, jan./jun. 2009
SALOMÃO, M.M. Gramática e interação: o enquadre programático da hipótese sócio-
cognitiva sobre a linguagem. In: Veredas. Juiz de Fora, DEUFJF, v. 1, n. 1., jul/dez, 1997.

283
RODAS DE LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA: A EXTENSÃO COMO
FERRAMENTA DE ENSINO E CULTURA
Mayole Vitória Velasques
Iasmin Maia Pedro
Profa. Fabiana de Lacerda Vilaço

O projeto Rodas de Literaturas de Língua Inglesa concebido a partir da importância que a leitura
desempenha no processo de construção social do sujeito, além das relações entre língua e
cultura, tem por objetivo geral contribuir para o aprendizado sobre literatura, cultura e língua
inglesa dos participantes. Com base na experiência desenvolvida durante o projeto de extensão,
este trabalho apresenta alguns resultados da ação que possibilitou impactos culturais na
comunidade interna e externa à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A ação
foi desenvolvida em duas fases: a primeira, realizada na universidade com a comunidade interna
e externa, possibilitou a ampliação do espaço para leitura e discussão de literatura entre os
acadêmicos. A segunda, que ocorreu em uma escola de Campo Grande, envolvendo
universidade, comissão organizadora, alunos e professores da instituição atendida, teve como
foco a possibilidade de, além da aprendizagem de estratégias de leitura, favorecer o aumento
do conhecimento sobre a língua-alvo, a partir da literatura de língua inglesa e das diferentes
culturas apresentadas pelo texto e pelos autores em estudo. Os resultados, obtidos na primeira
etapa, a partir de questionários aplicados aos participantes, mostram uma carência de espaços
que permitam aos discentes articularem a teoria estudada ao texto propriamente dito. Na linha
do que sugere a discussão de Santos & Tomitch (2013) e dos Novos Estudos de Letramentos
Acadêmicos, a proposta também possibilitou na prática que o aluno vivenciasse uma
experiência com textos pertencentes à literatura em língua inglesa cujo objetivo não é gramática
e vocabulário, mas permitir ao discente se relacionar com o texto em si. Na segunda etapa, os
resultados alcançados revelaram a lacuna existente no ensino regular quanto à literatura, ao
ensino de língua inglesa e ao contato com outras culturas. Tais fatores nem sempre são levados
em conta no ensino regular de língua inglesa, mas são capazes de permitir sua expansão frente
aos desafios postos aos alunos e ao trabalho dos futuros e atuais docentes de língua inglesa.
Assim, o projeto proporcionou ampliação das reflexões, um espaço para discussões críticas
literárias, desenvolvimento de uma maior consciência entre integrantes e, além disso, observou-
se uma influência positiva na formação dos futuros professores de língua estrangeira, com
impactos no ensino regular.

(Apoio: Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Esporte - PROECE.).


Palavras-chave: Literaturas em língua inglesa; leitura; discussão; cultura.
Referências
284
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. Editora Contexto, 2010.
KOMESU, Fabiana Cristina; FISCHER, Adriana. O modelo de “letramentos acadêmicos”:
teoria e aplicações. Filologia e Linguística Portuguesa, v. 16, n. 2, p. 477-493, 2014.
SANTOS, Clara Carolina de Souza & TOMITCH, Leda Maria Braga. Aquisição de leitura em
língua inglesa. In: LIMA, Diógenes Cândido de (org.). Ensino e aprendizagem de língua
inglesa - conversa com especialistas. São Paulo: Parábola, ano 2013, p. 191-202.

285
O EFEITO BOLSONARO NA HIPERMÍDIA: ANÁLISE DE MEMES
DISCURSIVOS NA CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 2018
Matheus Santos de Araújo

Elaine de Moraes Santos

Tendo como base teórica a Análise do Discurso de origem francesa, o presente plano de trabalho
de iniciação científica, em fase inicial, tem como objetivo analisar a circulação de memes sobre
o candidato à presidência pelo PSL – Partido Social Liberal, Jair Messias Bolsonaro, nas
eleições brasileiras de 2018, em timelines do Facebook, considerando reações, curtidas e
comentários enquanto engajamento dos usuários dessa rede social ao conteúdo das postagens.
O escopo teórico-metodológico da pesquisa estabelece um diálogo entre os pressupostos do
filósofo francês Michel Foucault e os autores que abordam a questão do discurso político-
midiático que circula no meio digital. A entrada no arquivo discursivo, com recorte temporal
no segundo semestre do período eleitoral, tomará regularidades e dispersões nos efeitos de
sentidos possíveis, suas recorrências e as condições históricas que levaram sujeitos (anônimos
ou não) a produzirem memes como forma de manifestação de concepções políticas sobre o
presidenciável, sobre pautas de campanhas e sobre acontecimentos da disputa. No caminho a
ser percorrido, trataremos a natureza política dos memes e sua conjuntura estrutural,
contemplando materialidades, enunciados e significados como forma de discutir a historicidade
do momento vivido no país e como contribuição com a educação básica ao propor a
funcionalidade do meme enquanto recurso educativo. Os resultados mostram a força
argumentativa e o potencial de intervenção que o meme pode exercer em um processo político
tão importante como o das eleições presidenciais, sendo considerado por nós um modo pelo
qual os usuários da rede conseguem obter visibilidade, mostrar reações e discursivizar na
internet.

Palavras-chave: memes; Bolsonaro; discurso político.

286
IDENTIDADE E SELFIE: GÊNERO POST DO INSTAGRAM COMO PRÁTICA DE
MULTILETRAMENTOS EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA
Amanda Ferreira da Silva
Nathalia Rovaris Diório Medeiros
Profa. Nara Hiroko Takaki

O presente estudo tem por objetivo investigar como produções do gênero digital Post do
Instagram constituem uma prática de multiletramentos (LANKSHEAR KNOBEL, 2003). Tal
prática teve por tema Identidade na rede social Instagram, objetiva-se analisar quais foram as
construções e reconstruções de sentido, assim como, de expressões identitárias em produções
do gênero Post. Esses foram produzidos por alunos do 2º ano do ensino médio da Escola
Estadual Orcírio Thiago de Oliveira, localizada em Campo Grande- MS. Tais produções foram
compostas de uma autoimagem, de uma legenda na qual se fez uso de linguagens digitais e de
comentários dos colegas. A análise dos Posts segue a abordagem metodológica de Takaki
(2013), autora que considera o fator da “intersubjetividade” dos sujeitos participantes, assim
como, dos pesquisadores no processo de análise qualitativa do corpus. Esse método permitiu
as pesquisadoras enxergar como a produção da autoimagem se relaciona com as construções
identitárias dos discentes, dessa forma, foram revelados elementos subjetivos na produção dos
posts. Dentre esses aspectos foi identificado que a maioria das legendas dos Posts são
referências a elementos ligados a aparência física. Além da produção escrita desses Posts, as
Selfies revelaram como se dá uma construção das possíveis construções identitárias desses
sujeitos. Foi revelado que os elementos aparência do cabelo, roupas e filtros fotográficos são
marcações de identidade, pois esses elementos resultam construções de sentindo sobre si.
Dentre as construções de sentido evidentes está o reconhecimento da relação existente entre o
Post de Selfie e a expressão indetitária no Instagram. A atividade citada foi desenvolvida meio
analógico, pois o digital não foi viável. Essas atividades foram expostas na sala de aula via
gênero cartaz; esse meio permitiu que os alunos praticassem duas modalidades de letramentos,
analógico e digital, além de possibilitar que os mesmos reconstruíssem o ambiente do
Instagram, feed de fotos, no formato de cartazes. Portanto, esse estudo lança luz sobre como tal
prática, produção de Post, permite o ensino de letramentos como o digital, o visual, o espacial,
o escrito e o imagético e além disso, os resultados obtidos com a aplicação de uma sequência
didática baseada fundamentada na perspectiva dos letramentos aliada ao tema identidade.
Palavras-chave: Letramentos; Identidade; Post do Instagram; Selfie.
Referências
LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. New literacies: Changing knowledge and classroom learning.
Open University Press, 2003.

287
KRESS, G. Multimodality Multiliteracies: Literacy learning and the design of social futures. v. 2,
p. 182-202, 2000.
NEWMAN, M. Image and identity: Media literacy for young adult Instagram users. Visual
Inquiry, v. 4, n. 3, p. 221-227, 2015.
TAKAKI, N. H. Ética pelo diálogo em meio aos letramentos: perspectivas para pesquisas de
formação de alunos e professores de línguas. Calidoscópio, v. 11, n. 1, p. 53-62, 2013.
TAKAKI, Nara Hiroko. Letramentos na Sociedade Digital: Navegar é e não é preciso: Educação
Tecnológica. Paco Editorial, 2012.

288
O PAPEL DO PROJELE COMO PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIO NA
FORMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL DOS DISCENTES DO CURSO DE
LETRAS DA UFMS.
Nicole Maciel de Souza
Renata Alves dos Santos
Profa. Marta Banducci Rahe

Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância do Projele (Projeto de Extensão
“Ensino de Línguas Estrangeiras”) como projeto de extensão da UFMS na formação e
preparação do discente de Letras. O Projele iniciou suas atividades em agosto de 1996, e
atualmente oferece cursos das línguas alemão, espanhol, francês, inglês, japonês e libras. Sua
proposta é de atender à comunidade interna e externa a baixo custo, e possui hoje cerca de 434
alunos matriculados. O projeto, por meio dos cursos oferecidos, visa facilitar o acesso à cultura
e ao aprendizado de línguas adicionais. Entendemos os propósitos dos projetos de extensão
universitária tal qual Calderón, Peçanha e Soares (2007), que os veem como expansão do
conceito de cidadania e compromisso com a transformação social. Para a pesquisa, solicitamos
aos professores-bolsistas do projeto e acadêmicos do curso de Letras da UFMS, que
respondessem a duas perguntas: quando iniciaram suas participações no projeto de extensão
Projele e, qual o papel do Projele na sua formação como professores de línguas adicionais. Dos
24 bolsistas que receberam as perguntas, 13 responderam. A análise das respostas permitiu-nos
perceber que o Projele exerce papel considerável na formação acadêmica e profissional dos
discentes de Letras. Isto se dá através da possibilidade de aprimorar o domínio da língua
ensinada, por meio do frequente uso da mesma durante as aulas, além de preparar e gerar
experiência para atuar em sala de aula, adquirindo maiores noções didáticas e colocando em
prática as teorias aprendidas ao longo do curso de Letras. É relevante também apontar que, tanto
os professores-bolsistas que entraram recentemente no projeto quanto aqueles que dão aula há
mais tempo, compartilham das mesmas opiniões sobre as influências do Projele em sua
formação acadêmica e profissional.
Palavras-chave: Ensino, Projeto de extensão, Projele, Línguas adicionais, Discentes de Letras.

Referências

CALDERÓN, A. I.; PESSANHA, J. A. O.; SOARES, V. L. P. C. Educação superior:


construindo a extensão universitária nas IES particulares. São Paulo: Xamã, 2007.

289
FERREIRA, Jonathan; BATISTA, Jéssica. Ensino de línguas estrangeiras em projetos de
extensão: ampliando concepções de linguagem e fortalecendo o compromisso social do
professor. UFPB.

RODRIGUES, Andréia L. Lima; PRATA, Michelle S.; BATALHA, Taila B. S.; COSTA,
Carmen L. N. A.; NETO, Irazano F. P. Contribuições da extensão universitária na
sociedade. Aracaju, 2013.

SANTOS, Marcos Pereira dos. A extensão universitária como “laboratório” de ensino,


pesquisa científica e aprendizagem profissional: um estudo de caso com estudantes do curso
de licenciatura em pedagogia de uma faculdade particular do estado do paraná. UFPG, 2014.

290
TOPÔNIMOS COM NOMES DE PROFISSÕES NA CIDADE DE CAMPO
GRANDE/MS: ESTUDO PRELIMINAR
Patricia Mara Medina Leirias dos Santos
Profa. Aparecida Negri Isquerdo

A Onomástica é um dos ramos da Linguística que se ocupa do estudo dos nomes próprios de
pessoas, estudados pela Antroponímia, e de lugares, objeto de investigação da Toponímia,
corrente teórica que orienta este estudo. Este trabalho tem como objetivo analisar topônimos
urbanos da cidade de Campo Grande, formados com nomes de profissões que nomeiam
logradouros situados nas regiões urbanas Central e do Segredo, buscando verificar a relação
entre os nomes das ruas que recuperam profissões com fatores históricos, culturais, políticos,
ideológicos, econômicos relacionados à história social das regiões urbanas selecionadas. O
estudo busca mais especificamente estabelecer relações entre as características da região/bairro
com a natureza da profissão homenageada pela toponímia, além de descrever mecanismos de
formação dos topônimos catalogados (estrutura morfológica). Em termos metodológicos o
estudo toponímico segue um percurso indutivo>dedutivo, utilizando a perspectiva
semasiológica porque parte do nome do acidente, o topônimo, para descobrir os condicionantes
que o envolvem. Assim, primeiramente, os dados são coletados e, depois, descritos os princípios
da toponímia local com vistas a se chegar ao fato. Este estudo orienta-se, pois, por princípios
teóricos da Lexicologia (BIDERMAN, 2001) e da Toponímia (DICK, 1990; 1992; 1999). Para
este estudo foram utilizados como fontes os corpora organizados por Oliveira (2014) e Amorim
(2017) para suas dissertações de Mestrado que estudaram a toponímia urbana (nomes de
logradouros), respectivamente, das regiões urbanas Central e do Segredo, da cidade de Campo
Grande/MS. A pesquisa encontra-se em fase inicial de desenvolvimento, entretanto, a partir dos
dados coletados até o presente momento foi possível detectar que, dentre os topônimos urbanos
relativos à região Central, composta por 13 bairros (418 topônimos), apenas cinco são formados
por nomes de profissões. A mesma tendência é observada na região do Segredo, composta por
sete bairros (1.169 topônimos), onde foram identificados oito logradouros nomeados com
nomes de profissões. Dentre as homenageadas pela toponímia das regiões em estudo, destaca-
se a profissão de professor (um na região Central e cinco na região do Segredo. (Apoio: UFMS).

Palavras-Chave: Toponímia urbana; Campo Grande/MS; Profissões; Léxico; História social.

Referências
AMORIM, Bianca da Silveira de. A toponímia urbana de Campo Grande/MS: um estudo
etnolinguístico da região do Segredo. 2017, 234f. Dissertação (Mestrado em Estudos de

291
Linguagens), Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, Campo Grande, MS, 2017.
BIDERMAN, Maria Teresa Camargo. Teorias Linguísticas: teoria lexical e computacional. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira.
Edições Arquivo do Estado, São Paulo: 1990.
______. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. São Paulo: Serviço de
Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1992.
______. Métodos e questões terminológicas na Onomástica. Estudo de caso: o Atlas
Toponímico do Estado de São Paulo. Investigação Lingüística e Teoria Literária, v. 9. Recife:
UFPE, 1999, p.119-148.
OLIVEIRA, Letícia Alves Corrêa de. Toponímia urbana da região Central de Campo
Grande/MS: um olhar socioetnolinguístico. 2014, 262f. Dissertação (Mestrado em Estudos de
Linguagens), Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, Campo Grande, MS, 2014.

292
DO ROTEIRO AOS PROTAGONISTAS: A MUTABILIDADE ARQUETÍPICA DA
SÉRIE THE END OF THE F***ING WORLD

Renan da Silva Dalago


Ágatha Martins Avila
Prof. Altamir Botoso

No dia 05 de janeiro de 2018 a Netflix lançou internacionalmente a série audiovisual britânica


The End of The F***ing World, baseada na série de quadrinhos homônima de Charles S.
Forsman. Intitulada como uma série dramática de humor negro, estreou sua primeira temporada
com oito episódios e tornou-se aclamada internacionalmente pela crítica especializada. Por este
viés, o presente artigo tem como objetivo observar a construção dos arquétipos no roteiro e nos
protagonistas da série audiovisual da Netflix, partindo da ideia de que esses arquétipos se
modificam durante a composição e construção da narrativa. O psiquiatra e psicoterapeuta suíço
Carl Gustav Jung (2000), cujos trabalhos têm influenciado na psiquiatria, na psicologia, na
ciência da religião, na literatura e áreas afins, define arquétipo como um conjunto de imagens
psíquicas presentes no inconsciente coletivo, que seria a parte mais profunda do inconsciente
humano. Os arquétipos são herdados dos ancestrais de um grupo, civilização, etnia ou povo,
são o conjunto de informações inconscientes que motivam o ser humano a acreditar em
determinados tipos de comportamento e correspondem ao conjunto de crenças e valores
comportamentais básicos do ser humano e se manifestam nas crenças religiosas, mitológicas e
no comportamento inconsciente do indivíduo. Dessa forma, pontuaremos os principais
arquétipos presentes na narrativa audiovisual, além de analisar sua relevância na construção do
roteiro e na construção dos personagens principais durante os episódios e desenrolar da série.
Para isso, foram realizados estudos bibliográficos destacando as obras de Jung (2000), Vogler
(1998), Mark & Pearson (2017), Campbell (1997), entre outros autores. Os resultados obtidos
apontaram para a confirmação da construção do roteiro através do arquétipo do Explorador. Os
protagonistas por outro lado, fluem entre diferentes arquétipos, desde o Explorador, passando
pelo Fora da Lei, a Sombra, os Amantes, o Inocente e o Herói durante a construção da narrativa.
Concluímos então a existência de mutabilidade arquetípica na narrativa e sua importância na
construção de personagens profundos e ambíguos.

Palavras-chave: Arquétipos. The End of The F***ing World. Série televisiva. Roteiro.

Referências
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulto: Cultrix/Pensamento, 1997.

293
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Perrópolis, RJ: Vozes, 2000.

PEASON, Carol. MARK, Margaret. O herói e o fora da lei: como construir marcas
extraordinárias utilizando o poder dos arquétipos. São Paulo: Cultrix, 2017

RANDAZZO, Sal. A criação de mitos na publicidade: como publicitários usam o poder do


mito e do simbolismo para criar marcas de sucesso. Rio de Janeiro: Rocco, 1996

VOGLER, Christopher. A jornada do escritor: estruturas míticas para escritores. Tradução de


Ana Maria Machado. - 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998

ENTWISTLE, Jonathan. TCHERNIAK, Lucy. The end of the f***ing World. 1temp. 8ep.
160min. Channel 4 / All 4 / Netflix, 2018.

294
A MULTIMODALIDADE TEXTUAL E O PAPEL DA ESCOLA NO
PROTAGONISMO ESTUDANTIL
Thaís Rodrigues Corrêa
Nagila Kelli Prado Sana Utinoi

O presente trabalho pretende analisar as competência que envolvem a literatura multimodal e a


escola como desenvolvedora desta prática protagonista, através do entendimento da produção
midiática sobre o cotidiano dos discentes. A que atribui-se características de metodologias
ativas nas escolas e desenvolvimento crítico-social. Daí então o desafio conferido à escola:
incorporar elementos às práticas pedagógicas no que concerne e faculte traços libertadores e
conceituais por meio das experiências vividas nesse ambiente (Fischer, 2001). Composto pela
integração entre os meios de comunicação, textos multimodais e o ensino, atribuídos pelos
modelos sociais que surgem pelas formas de inclusão dos jovens, uma vez que o discente
encontra-se inserido em uma sociedade em rede caracterizada pelo poder da informação
(Castells, 2002). Diante do exposto o estudo tem por objetivo analisar a adoção de práticas
protagonistas intermediadas, pela interpretação dos textos discursivos e a mediação do
professor (Fischer, 2000). A intenção é identificar os fatores que influenciam na crítica e na
produção de conteúdos pelos estudantes, que necessitem do estímulo de uso dessa modalidade
interdisciplinar e o docente como colaborador no processo de independência crítica sob as
informações entregues pelos meios comunicacionais (Pinto, 1989, p.25). No entanto, serão
abordados dois pontos convergentes de atenção no que vincula-se a inserção do protagonismo
e os meios multimodais, como ferramentas no processo de ensino e aprendizagem: o papel do
docente com uma visão libertadora do ensino, e as possibilidades que os textos discursivos
apresentam para a viabilidade de pensamento e novas práticas pedagógicas (Soares, 2000). O
intuito é compreender o processo e assumir o papel viabilizador da mediação das referências
externas, para que consequentemente, os alunos possam favorecer o processo cognitivo de
evolução crítico-social por intermédio da estruturação significativa de diálogo e entre
professores e alunos(Foucault, 1986, p.109). Espera-se apreender os processos, dificuldades e
as estruturas disponíveis para inclusão dessa ideia contemporânea, buscando alternativas para
aplicação e as viabilidades dispostas, para o estabelecimento de experiências significativas na
produção de conhecimento.
Palavras-chave: multimodal - mídia, educação, protagonismo estudantil
Referências
CASTELLS, Manuel; MAJER, Roneide Venâncio; GERHARDT, Klauss Brandini. A
sociedade em rede. Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
SOARES, Ismar. D. O. Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação &
Educação, n. 19, p. 12-24, 2000 p?.

295
FISCHER, Rosa M. B. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de pesquisa.
São Paulo. N. 114 (nov. 2001), , 2001 p. 197-223.

FISCHER, Rosa M. B.. Técnicas de si” na TV: a mídia se faz pedagógica. Educação Unisinos,
São Leopoldo, v. 4, n. 07, p. 111-139, 2000.

FOUCAULT, Michel, (1986). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense.

PINTO, C. R. J. Com a palavra o senhor Presidente Sarney: ou como entender os meandros da


linguagem do poder. São Paulo: Hucitec, 1989.

296
OS GÊNEROS TEXTUAIS PRESENTES EM UMA COLEÇÃO DE LIVROS
DIDÁTICOS PARA O ENSINO MÉDIO: COMO É CONDUZIDA A ANÁLISE
LINGUÍSTICA?

Eliana Aparecida Prado Verneque Soares

Patricia Graciela da Rocha

Parece ser consenso da importância do livro didático no processo de ensino e aprendizagem,


pois ele auxilia, orienta e até mesmo direciona o currículo escolar e o processo de ensino
aprendizagem. Sabe-se que o livro didático, na maioria das vezes, é o único material utilizado
pelo professor e pelos alunos em sala de aula. Nota-se, ainda, que para muitas vezes ele é visto
como verdadeiro e correto, não passível de críticas, o que faz com que seu uso seja feito de
forma ingênua. A partir dessas constatações, o objetivo deste trabalho é analisar como são
propostas as atividades para o ensino da análise linguística da língua portuguesa, a partir dos
gêneros textuais, presentes em uma coleção de livros didáticos. Essa coleção é composta por
três volumes e foi desenvolvida para ser utilizada no Ensino Médio. Quanto à metodologia,
trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa e qualitativa, uma vez que não só
contabiliza os tipos de gêneros textuais encontrados nessas obras como também analisa
qualitativamente a forma como é conduzida a análise linguística a partir deles. Trata-se de um
estudo de natureza aplicada e seus objetivos são descritivos e explicativos considerando as
características da investigação de análise crítica e de interpretação de dados. O aporte teórico
fundamenta-se em pesquisadores como Bakhtin (1997), Marcuschi (2009), os PCNs (1998)
dentre outros. Os dados apontam que apesar de a coleção contemplar um número significativo
de gêneros textuais diversificados e de atividades elaboradas a partir deles, há ainda uma grande
quantidade de atividades de análise linguística sem apoio de nenhum gênero textual e muitas
vezes o texto é utilizado apenas como pretexto para uma análise puramente estruturalista. A
coleção contempla também diversas imagens que não são exploradas nos livros e que poderiam
ter sido utilizadas como texto visual de apoio para análise e para o ensino de língua portuguesa.

Palavras Chave: Gêneros Textuais, Análise Linguística, livros didátivos.

Referências
Bakhtin, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

297
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução
aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

MARCUSCHI, L, A. Linguística de Texto: O que é e como se faz? Recife: Editora


Universitária da UFPE. 2009.

298
VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NAS ESCOLAS DE PORTO
MURTINHO-MS: A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES
Rosa Anastácio
Patrícia Graciela da Rocha

O ensino para a diversidade e o respeito à variação linguística na escola são imprescindíveis


para que o aluno consiga identificar nas práticas sociais as regularidades das diferentes
variedades do português e para que ele possa reconhecer os valores sociais implicados nas
escolhas linguísticas. Nesse sentido, decidimos investigar as percepções e as atitudes
linguísticas dos professores da Educação Básica das escolas públicas do município de Porto
Murtinho/MS acerca da variação e das línguas minoritárias faladas na região. Trata-se de uma
cidade situada no sul da região Centro-Oeste do Brasil, nos pantanais Sul-Mato-Grossenses,
microrregião do baixo pantanal, à beira do Rio Paraguai, que faz fronteira com a cidade de
Carmelo Peralta/PY e que, portanto, apresenta um cenário plurilíngue, uma vez que são ouvidos
com frequência no município o Português, o Espanhol, o Guarani e o Zamuco – língua falada
pelos indígenas Ayoreo que vivem na região, além de outros. Nesse contexto, desenvolvemos
um questionário com o objetivo geral de identificar percepções e atitudes linguísticas,
ancorados nos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Laboviana e
aplicamos a 34 professores daquele município. Dentre as questões que emergiram a partir dessa
pesquisa, optamos por analisar neste estudo: a) a diversidade linguística, o (des)prestígio
linguístico e os graus de bilinguismo existentes e b) as manifestações de preconceito linguístico
vivenciadas e/ou presenciadas por esses professores em sala de aula e também fora dela. Dentre
os resultados obtidos podemos destacar aqui o fato de o Português, o Espanhol e o Inglês serem
as línguas de maior prestígio para os sujeitos da pesquisa enquanto as demais línguas de matriz
indígena sofrem alto índice de desprestígio e são alvo de preconceito linguístico. Além disso,
podemos destacar o despreparo dos professores para trabalhar com o fenômeno da variação
linguísticas em sala de aula e também a falta de políticas linguísticas no município que
amenizem os efeitos negativos gerados pelo contato entre línguas e culturas tão diferentes.

Palavras-chave: variação linguística; preconceito linguístico; percepção linguística; ensino de


línguas.

Referências
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.

299
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1994.

300

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