Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Comitê Científico:
2
ÁREA TEMÁTICA: DESCRIÇÃO E ANÁLISE LINGUÍSTICA
TÍTULO PÁGINA
3
COMPETÊNCIA LEXICAL: UM ESTUDO DO MORFEMA
AGENTIVO -DOR EM PORTUGUÊS
38
Cleonice Candida Gomes
44
Kamilla de Lima Vieira
Aparecida Negri Isquerdo
4
UM OLHAR SOBRE OS FRASEOLOGISMOS DO LÉXICO DE
GOIÁS: UM ESTUDO COM BASE EM DADOS
GEOLINGUÍSTICOS
48
Larissa Amanda Aparecida de Santana Soares
Elizabete Aparecida Marques
5
Luciene Gomes Freitas Marins
Aparecida Negri Isquerdo
A ANTROPOTOPONÍMIA NA DENOMINAÇÃO DE
COMUNIDADES QUILOMBOLAS NA REGIÃO CENTRO-
OESTE: ESTUDOS PRELIMINARES
62
Nágila Kelli Prado Sana Utinói
Aparecida Negri Isquerdo
6
AS UNIDADES SIMPLES E COMPLEXAS RELACIONADAS AO
PANTANAL NO CONTO “COM O VAQUEIRO MARIANO” DE
JOÃO GUIMARÃES ROSA: UM ESTUDO LEXICO-
FRASEOLÓGICO 66
Quentin Olivier Branco Nunes
Elizabete Aparecida Marques
7
EQUIVALENTES EM FRANCÊS PARA
FRASEOTERMOS QUE NOMEIAM AVES DO 77
PANTANAL: DESAFIOS PARA IDENTIFICAÇÃO
Thierry Delmond
Aparecida Negri Isquerdo
TÍTULO PÁGINA
8
KIT GAY: LETRAMENTO CRÍTICO PARA ENFRENTAMENTO
DE FAKE NEWS NAS ELEIÇÕES DE 2018
86
Emmanuelly Castro Dos Santos
Ruberval Franco Maciel
9
UMA ABORDAGEM MULTIMODAL NA ANÁLISE DE UM
JORNAL ONLINE
103
Gislaine Sartório Andrade
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
10
VIDEO MAPPING, SEMIOSES E POTENCIAIS DE
RESSIGNIFICAÇÃO
112
Luis Felipe Santos Salgado da Rocha
Eluiza Bortolotto Ghizzi
11
Thayne Costa dos Santos
Elaine de Moraes Santos
TÍTULO PÁGINA
12
A PERSONAGEM “MEIO DESPIDA” EM MAÍRA, DE DARCY
RIBEIRO
130
Alessandro Aparecido Fagundes Matos
13
PENSAR-SE NA TERCEIRA (E) PRIMEIRA PESSOA: reflexões a
partir da carta “Conversei ontem à tardinha com o nosso querido
Carlos”, de Silviano Santiago para Mario de Andrade
141
Francine Carla de Salles Cunha Rojas
Ricardo Magalhães Bulhões
14
AS RAZÕES PARA SER UM CORPO ESTRANHO SEJA NA
ESCOLA OU NA SOCIEDADE
Juliano Ribeiro de Faria 152
Marcos Antônio Bessa-Oliveira
15
OSMAN LINS: ESCRITOR E INTELECTUAL QUE NÃO
SILENCIOU SOBRE O SEU TEMPO
Raul Gomes da Silva 164
Márcia Rejany Mendonça
16
A FLOR DE MULUNGU: da diferença colonial ao suplemento
biográfico-cultural
175
Viviani Cavalcante de Oliveira Leite
Edgar Cézar Nolasco
TÍTULO PÁGINA
17
Carla Larissa dos Santos de Souza
Ramiro Giroldo
18
O ESPAÇO DA LITERATURA INFANTIL NAS LIVRARIAS E
AS PROBLEMÁTICAS DA CLASSIFICAÇÃO
192
Letícia da Silva Gomes
Patrícia Graciela da Rocha
19
TÍTULO PÁGINA
REPERCUSSÃO E RECEPÇÃO DE
TRADUÇÕES/INTERPRETAÇÕES EM LIBRAS NO YOUTUBE
206
Ana Paula Saffe Mendes
Elaine de Moraes Santos
20
DA INTERAÇÃO À EVASÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA À LUZ DA
ENTROPIA SÓCIOINTERATIVA 210
Álvaro José dos Santos Gomes
21
DISCUTINDO EPISTEMOLOGIAS DECOLONIAIS NO ENSINO
DE LÍNGUAS A PARTIR DA BASE NACIONAL COMUM 218
CURRICULAR
Francisco Leandro Oliveira Queiroz
Nara Hiroko Takaki
UM ANÁLISE DISCURSIVO-DESCONTRUTIVA DA
MATERIALIDADE DA LEI 11.645/08: (DES)CAMINHOS DA
INCLUSÃO DAS HISTÓRIAS E CULTURAS INDÍGENAS NO
220
CENÁRIO EDUCACIONAL BRASILEIRO
22
LETRAMENTO DIGITAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
23
MÍDIAS DIGITAIS E PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS NAS
AULAS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO
ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO TÉCNICO
240
24
ENQUADRAMENTO MIDIÁTICO LOCAL: UMA
INVESTIGAÇÃO DOS DISCURSOS SOBRE A QUESTÃO
INDÍGENA E A LUTA POR TERRAS
250
Monalisa Iris Quintana
Elaine de Moraes Santos
25
Poliana Sabina Quintiliano Silvesso
Sueli Maria Ramos da Silva
TÍTULO PÁGINA
26
PRECONCEITO DE PROCEDÊNCIA REGIONAL E
IDENTIDADE LOCAL NO BRASIL: um relato das experiências
vividas por acadêmicos da UFMS
270
Amanda da Silva Duarte
Elaine de Moraes Santos
27
IMPACTOS DA MONITORIA NA FORMAÇÃO DOCENTE:
SOCIALIZAÇÃO E INSERÇÃO ACADÊMICA
28
RODAS DE LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA: A
EXTENSÃO COMO FERRAMENTA DE ENSINO E CULTURA
29
Patricia Mara Medina Leirias dos Santos
Profa. Aparecida Negri Isquerdo
30
DENOMINAÇÕES PARA O BRINQUEDO “BALANÇO” NO ESTADO DE SÃO
PAULO: ANÁLISE DIATÓPICA E LÉXICO-SEMÂNTICA
31
ao estado do Paraná. Esse fenômeno aponta para a presença de vestígios do processo de
povoamento ocorrido na região no final do século XIX que ainda se reflete no léxico local.
Palavras-chave: Dialetologia; Projeto ALiB; Jogos e Diversões Infantis; São Paulo; balanço.
Referências:
ALTINO, Fabiane Cristina. Atlas Linguístico do Paraná II. 2007. 2 v. Tese. (Doutorado em
Estudos da Linguagem) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2007.
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria Linguística: linguística quantitativa e
computacional. Rio de Janeiro: LTC Ed., 2001c.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Geolinguística: Tradição e modernidade. São Paulo:
Parábola, 2010.
COSERIU, Eugênio. Teoria da linguagem e linguística geral. Trad. Agostinho Dias Carreiro.
Rio de Janeiro: Presença, São Paulo: Edusp, 1979.
POTTIER, Bernard. Presentación de la linguistica: Fundamentos de una teoria Madrid:
Ediciones Alcala, 1968.
SANTOS, Leandro Almeida dos. Brincando pelos caminhos do Falar Fluminense. 2016. 197 p.
Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura) Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
– Instituto de Letras. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
SANTOS-IKEUCHI. Ariane Cardoso dos. Atlas Linguístico Topodinâmico do Estado de São
Paulo. 364f.Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem). Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 2014.
SAPIR, Edward. Linguística como ciência. Rio de Janeiro: Ed. Livraria Acadêmica, 1969.
32
UMA ANÁLISE DA SOLDADURA ORTOGRÁFICA DE TOPÔNIMOS
POLILEXICAIS DE ORIGEM INDÍGENA
Camila André do Nascimento da Silva
Aparecida Negri Isquerdo
Este trabalho analisa, à luz das teorias fraseológica e toponímica, uma amostra de topônimos
de origem indígena, cujos elementos de origem foram unidos pelo processo de soldagem
ortográfica. O corpus examinado foi obtido por meio de consulta ao Sistema do Projeto Atlas
Toponímico do estado de Mato Grosso do Sul (ATEMS), que armazena cerca de 15.000
topônimos que nomeiam acidentes físicos e humanos, rurais, dos 79 municípios do estado,
examinando a estrutura morfológica dos topônimos, considerando as tendências da composição
fraseológica envolvidas no processo de formação dos topônimos investigados que, no estágio
sincrônico da língua, são normalmente classificados como unidade lexical simples. A amostra
consultada é formada por cerca de 1.297 topônimos de bases polilexicais, como ocorre em
topônimos como (córrego) Umbaúba [m.q. ambayba: “árvore de vazios ou que tem o tronco
oco” (SAMPAIO, 1928, p. 151)]; (rio) Jaguari [m.q. yaguár-y: “o rio da onça” (SAMPAIO,
1928, p. 266)]; (córrego) Baguaçu [m.q. babaço: “do tupi iuaua’as < i’u ‘fruta’ + ua’su ‘grande’,
espécie de palmeira cujo fruto é o coco-babaço” (CUNHA, 1999, p. 67)]; (córrego) Piraputanga
["do tupi pirapi’tana, pi’ra ‘peixe’, pi’tana ‘avermelhado’ (CUNHA, 1999, p. 240)]. Para tanto,
foi buscada orientação teórica nos estudos fraseológicos (GROSS, 1982; 1996; MEJRI, 1997;
2005; 2008; CORPAS PASTOR, 1996), incluindo a categoria dos fraseotopônimos
(MARQUES, 2018), nos fundamentos da Toponímia (LONGNON, 1878; DAUZAT 1922;
DRUMOND, 1965; DICK, 1990; 1992; 1997), no âmbito da morfologia, (CAMARA JR., 2001;
SILVA, 2001; KEHDI, 2001; 2007) e para a descrição de topônimos de natureza etimológica
foram consultadas obras lexicográficas de línguas indígenas (SAMPAIO, 1928; TIBIRIÇÁ,
1985; 1989; NAVARRO, 2013; CUNHA, 1999), entre outros. Os resultados parciais da análise
indicam que na toponímia sul-mato-grossense há um alto grau de vitalidade de topônimos
polilexicais, muitos deles subjacentes na base etimológica que deu origem a topônimos que, no
estágio atual da história do nome, são interpretados como de estrutura “simples”. Os resultados
deste estudo somam aos de outros em andamento que têm atestado a importância, não só do
diálogo entre a Fraseologia e a Toponímia, como também de estudos acerca da polilexicalidade
de topônimos de base indígena a partir da sua etimologia. Pretende-se, dessa forma, estabelecer
uma interface consistente entre esses dois âmbitos de investigação e demonstrar a contribuição
de um estudo fraseotoponímico a partir da origem dos topônimos como estratégia de
interpretação de topônimos de base indígena. (Apoio: CAPES/COFECUB).
Palavras-chave: Topônimos polilexicais. Línguas Indígenas. Mato Grosso do Sul. ATEMS.
Referências:
33
ATEMS – Atlas Toponímico de Mato Grosso do Sul. Sistema de Dados. Campo Grande:
UFMS, 2018 (acesso restrito).
CAMARA JR., Joaquim Mattos. Estrutura da língua portuguesa. 34 ed. Petrópolis, 2001.
CORPAS PASTOR, Glória. Manual de fraseologia española, Madrid: Gredos, 1996.
CUNHA, Antônio Geraldo. Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem tupi. 5.
ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília: Universidade de Brasília, 1999.
DAUZAT, Albert. Les noms de lieux. Paris, Librairie Delagrave, 1922.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São
Paulo: Edições Arquivo do Estado, 1990.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de
Estudos. São Paulo: Serviço de Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1992.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. Método e questões terminológicas na Onomástica.
Estudo de Caso: A toponímia do estado de São Paulo. In: Investigações: Linguística e Teoria
Literária, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da UFPE, Recife, v. 9, p. 119-
148, março/1999.
DRUMOND, Carlos. Contribuição do Bororo à toponímia brasílica. São Paulo, Universidade
de São Paulo/Instituto de Estudos Brasileiros/USP, 1965.
GROSS, M. “Une classification des phrases figées du français”, Revue Québécoise de
linguistique, v. 11, n. 2, 1982, p. 151-185.
GROSS, M. Les expressions figées en français. Noms composés et autres locutions. Paris:
Ophrys, 1996.
KEHDI, Valter. Morfemas do português. 2. Ed. - São Paulo: Ática, 2001.
KEHDI, Valter. Formação de palavras em português. 4. Ed. - São Paulo: Ática, 2007.
MARQUES, E. A. Fraseotopônimos: estabelecendo diálogos entre a fraseologia e a toponímia.
Revista Guavira, 2018.
MEJRI S. Le figement lexical, descriptions linguistiques structuration sémantique, Tunis,
Publications de La Faculté des Lettres, Université de La Manouba, 1997.
MEJRI S. Figment absolu ou relatif: La notion de fegré de figement. Département de Scienes
du langage, Université Paris Ouest, 2005.
MEJRI, Salah; MOGORRÓN, Pedro Huerta. (dirs.). Las construcciones verbo-nominales
libres y fijas: aproximación contrastiva y traductológica. Universidad de Alicante, 1 vol. 2008.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do
Brasil. São Paulo: Global, 2013.
SAMPAIO, Teodoro. O tupi na geografia nacional. 3. ed. Bahia: Secção Graphica da escola
de Aprendizes Artificies, 1928.
SILVA, Rosa Virgínia Mattos e. O português arcaico morfologia e sintaxe. 2 ed. – São Paulo:
Contexto, 2001.
TIBIRIÇÁ, Luíz Caldas. Dicionários de Topônimos de Origem Tupi: Significado dos nomes
geográficos de origem tupi. São Paulo: Traço Editora, 1985.
TIBIRIÇÁ, Luíz Caldas. Dicionário Guarani Português. São Paulo: Traço editora. 1989.
34
ARQUITETURA DAS OBRAS LEXICOGRÁFICAS
Claudio de Assis da Cunha
Toda obra lexicográfica é organizada de acordo com dois eixos fundamentais: a macroestrutura,
que para alguns autores é composta pelas entradas de verbete dispostas de acordo com um
critério de ordenação escolhido, que podem ser, por exemplo, por ordem alfabética, ordem
alfabética inversa, por famílias de palavras, por conceitos, etc; para outros, a soma de todas as
partes que compõem a obra: anexos, suplementos e tudo mais que possa estar contido em um
trabalho dessa natureza. E a microestrutura, que é o conjunto das informações a respeito da
palavra entrada, e que segue, da mesma forma, critérios de ordenação, formato e conteúdos
determinados pelo autor segundo o público alvo e a finalidade da obra. O presente artigo busca
fornecer subsídios para a compreensão das especificidades desses dois eixos estruturantes das
obras lexicográficas. Nessa linha, o trabalho discute como se dá o processo de lematização que
visa reduzir paradigmas em formas canônicas usadas para compor as palavras que encabeçam
os verbetes. Levanta também o problema da polissemia e homonímia, que, respectivamente,
dizem respeito às palavras que têm a mesma grafia, mas significados diferentes, e às palavras
de significação múltipla. Com o intuito de exemplificar as diversas microestruturas possíveis,
o trabalho finaliza apresentando verbetes de cinco tipos diferentes de dicionário, a saber: um
dicionário geral, um bilíngue, um etimológico, um histórico e um de especialidade, para que se
possam analisar as variadas informações que podem figurar em tipos diferentes de dicionário,
bem como os recursos gráficos que auxiliam na organização das informações constantes nos
verbetes.
Palavras-chave: macroestrutura; microestrutura; lexicografia; entrada.
Referências:
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. A ciência da lexicografia. In BIDERMAN, Maria Tereza
Camargo. (org.). ALFA: Revista de lingüística. vol 28 (supl.). São Paulo: Universidade Estadual
Paulista, 1984, p. 1-26.
CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática referente à língua
portuguesa. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.
CASTILLO CARBALLO, Maria Auxiliadora. La macroestructura del diccionario. In
GUERRA, Antonia Maria Medina (org.) Lexicografía española. Barcelona: Ariel.
2003, p.79-100.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem tupi.
5. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
35
___________________________. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua
portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
DUBOIS, Jean. et al. Dictionnaire de linguistique. Paris, Larousse, 1973.
ESCRIBANO, Cecilio Garriga. La microestructura del diccionario: las informaciones
lexicográficas. In GUERRA, Antonia Maria Medina (org.) Lexicografía española. Barcelona:
Ariel, 2003. p. 103-125.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3
ed. Curitiba, Positivo, 2004.
GALVEZ, José A. Dicionário Larousse francêsportuguês – portuguêsfrancês: mini. São
Paulo: Larousse do Brasil, 2005.
GEERAERTS, Dirk. The scope of diachronic onomasiology. In AGEL, Vilmos et al (org.). Das
Wort. Seine strukturelle und kulturelle Dimension. Tübingen: Niemeyer, 2002, p. 29-44.
HAENSCH, Gunther. et al. La Lexicografia: De la Lingüística Teórica a la Lexicografia
Práctica. Madrid: Gredos. 1982.
PORTO DAPENA, José-Álvaro. Manual de técnica lexicográfica. Madrid: Arco Libros, 2002.
REY-DEBOVE, Josette. Étude linguistique et sémiotique des dictionnaires français
contemporains. Paris: Mouton, 1971.
_____________, Josette. Léxico e dicionário. In BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. (org.).
ALFA: Revista de lingüística. vol 28 (supl.). São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 1984,
p. 45-70.
RIVA, Huélinton Cassiano. Dicionário onomasiológico de expressões idiomáticas usuais na
língua portuguesa do Brasil. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, São José do
Rio Preto, 2009.
36
FRASEOLOGISMO DA ÁREA SEMÂNTICA DA HABITAÇÃO NA REGIÃO
CENTRO- OESTE : UM ESTUDO COM BASE DE DADOS ORAIS
Carla Tatiane Pereira Dias
Elizabete Aparecida Marques
Referências
RUIZ GURILLO, L. Aspectos da fraseología teórica española. Valencia, 1997.p.1-42
SABINO, A. O campo árido dos Fraseologismos. Signótica,v.3 ,n.2, 2011.
37
COMPETÊNCIA LEXICAL: UM ESTUDO DO MORFEMA AGENTIVO -DOR EM
PORTUGUÊS
Cleonice Candida Gomes
Este trabalho tem o objetivo de discutir o conceito de competência lexical a partir do estudo do
sufixo agentivo -DOR. O conceito de competência lexical se refere ao conhecimento da
estrutura interna das palavras. Esse conhecimento das regras de formação das palavras guia o
falante na criação de novos itens lexicais. O trabalho se situa no quadro teórico da morfologia
gerativa, morfologia baseada na palavra, conhecida como o modelo de análise item e processo.
Nesse modelo, o morfema não é a unidade básica de análise, mas a palavra. Esse modelo é
aglutinativo, a concatenação dos elementos se dá em um nível mais abstrato, no nível das
formas subjacentes ou teóricas, e não no nível do enunciado. A essas formas subjacentes, são
aplicados processos ou operações que as transformam nas formas de superfície. Assim, as
irregularidades que podem aparecer nas formas de superfície são aparentes e possíveis de serem
explicadas. O processo de formação de palavras estudado é o processo de derivação sufixal. O
sufixo agentivo -DOR se aplica a verbos; esse processo, que transforma verbo em nome, é
denominado nominalização stricto sensu. Nesse tipo específico de nominalização, que se difere
da nominalização lato sensu, ocorre a associação paradigmática entre verbos e nomes com base
em um padrão lexical geral; enquanto que, na nominalização lato sensu, há a criação de um
nome a partir de qualquer outra categoria. Esses dois tipos de nominalização são categoriais,
isto é, nelas, ocorre a mudança de uma dada categoria para nome. Assim, a metodologia deste
trabalho consiste em verificar a quais verbos se aplica o sufixo agentivo -DOR e a quais verbos
essa regra não se aplica e determinar as razões linguísticas para as restrições, buscando explicar
o conhecimento que o falante possui a respeito dessa regra de formação de palavra em
português, o que reflete a sua competência lexical.
Referências
BASÍLIO, Margarida. Estruturas lexicais do português: uma abordagem gerativa. Petrópolis;
Vozes, 1980.
ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte:
Editora da UFMG, 1998.
ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2002.
38
AMOSTRAGEM DA VARIAÇÃO NA LINGUAGEM FALADA EM PRÁTICA
AGRÍCOLA: CAMPO SEMÂNTICO-LEXICAL DE PREPARO DO SOLO NA
REGIÃO DE DOURADOS/MS
Ioneide Negromonte de Vasconcelos Rocha
39
Referências:
40
______. Análise de dois dicionários gerais do português brasileiro contemporâneo: o Aurélio e
o Houaiss. In: ISQUERDO, A. N.; KRIEGER, M. G.de. (Org). As ciências do léxico:
lexicologia, lexicografia e terminologia. Campo Grande: Ed. UFMS, p.185-200,2004.
______. Os dicionários na contemporaneidade: arquitetura, métodos e técnicas. In: As ciências
do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia, ISQUERDO, A. N.; KRIEGER, M. de G.
(Org). Campo Grande: Ed. UFMS, p. 185-200,2004.
BORTONI-RICARDO, S. M. A migração rural-urbana no Brasil: uma análise sociolinguística.
In: TARALLO, Fernando (Org). Fotografias sociolinguísticas. Campinas: Unicamp Pontes,
1985.
______. Revisitando os contínuos de urbanização, letramento e monitorização estilística na
análise do português do Brasil. In: DIETRIC, W.; NOLL V. (Org). O português do Brasil:
perspectivas da pesquisa atual. Madrid: Iberoamericana/Vervurt, 2004.
______. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola,
2004.
______. Nós cheguemu na escola, e agora?: sociolinguística & educação. São Paulo: Parábola,
2005.
FERREIRA, C.; CARDOSO, S. A. A dialetologia no Brasil. São Paulo: Contexto, 1994.
FERREIRA, M. B. et al. Variação linguística: perspectiva dialetológica. In: FARIA, I. H. et al.
Lisboa: ed. Caminho, (Org.), Introdução à linguística geral e portuguesa. p. 479-484,
(Coleção universitária série linguística),1996.
LYONS, J. Introdução à linguística teórica. Tradução de Rosa Vírgínia Mattos e Silva e Hélio
Pimentel. São Paulo: Editora Nacional: Ed. da Universidade de São Paulo, 1979.
______. Lingua(gem) e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1987.
POTTIER, B. Linguística geral: teoria e descrição. Tradução de Walmírio Macedo. Rio de
Janeiro: Presença: USU, 1978.
PRETI, D. Sociolinguística: os níveis da fala. São Paulo: EDUSP, 2003.
______. Variação lexical e prestígio social das palavras. In:_____. (Org.). Léxico na língua
oral e na escrita. São Paulo: Humanitas, USP, FFLCH, 2003.
REY, A. La lexicologie: lectures. Paris: Klincksieck, 1970.
SAPIR, E. Linguística como ciência - Ensaios. Filologia e Linguística. Tradução- Seleção-
Notas de J. Mattoso Câmara Jr. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1961. Vol.1.
TARALLO, F. A. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática. 1986. (Série Princípios).
41
DENOMINAÇÕES PARA “GOGÓ” NAS REGIÕES NORTE E SUL DO BRASIL:
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO ALIB
Juliany Fraide Nunes
Em um país com dimensões territoriais como a do Brasil, embora haja uma norma linguística
geral em uso por todos os falantes, há também realizações regionais que evidenciam
peculiaridades motivadas por fatores extralinguísticos, como a cultura e a geografia. O estudo
da norma em suas variações regionais é realizado, dentre outros níveis, a partir do léxico, acervo
vocabular de que o falante se vale para se comunicar com os demais membros de uma
comunidade linguística. Para este estudo foi selecionada a pergunta 105 do QSL – Questionário
Semântico-Lexical do Projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil) - que busca denominações
para a “parte alta do pescoço do homem”. Foram analisadas as respostas fornecidas pelos
informantes do ALiB pertencentes a 69 localidades da rede de pontos das regiões Norte e Sul
do Brasil (interior), coletadas in loco junto a 276 informantes que foram selecionados segundo
o seguinte perfil: duas faixas etárias (18 a 30 e 50 a 65 anos), de ambos os sexos, nível de
escolaridade ensino fundamental, nascidos e criados nas localidades pesquisadas, com pais,
preferencialmente, da mesma região linguística. O recorte do corpus analisado nesse trabalho
reúne 14 variantes léxicas (220 ocorrências) que nomeiam o conceito expresso na pergunta
105/QSL. Dessas unidades léxicas, foram mais produtivas gogó, nó na garganta e pomo de
Adão. O exame dos dados considerou três perspectivas: i) distribuição diatópica das variantes
representada por meio de cartas linguísticas; ii) exame de aspectos relativos a processos de
mudança e de manutenção do léxico que nomeia a “parte alta do pescoço do homem”; iii)
análise semântica das variantes, com ênfase para a questão dos tabus linguísticos. O estudo
pautou-se em princípios teóricos da Dialetologia/Geolinguística, da Lexicologia e da
Semântica.
Palavras-chave: léxico; corpo humano; atlas linguístico; projeto ALiB; tabus linguísticos.
Referências
Biderman, Maria Tereza Camargo (2001): Teoria linguística. Teoria lexical e linguística
computacional. São Paulo: Martins Fontes.
Coseriu, Eugenio (1982): O homem e sua Linguagem. São Paulo: Universidade de São Paulo.
Guérios, Rosário Farâni Mansur (1979): Tabus Linguísticos. 2ª ed. São Paulo: Editora
Nacional.
Luna, Julià Carolina (2010): Estructura y variación en el léxico del cuerpo humano. 2010.
665p. Tese (Doctorado em Filología española) – Universidad Autonoma de Barcelona,
Barcelona.
42
Nunes, Juliany Fraide (2017): Vocabulário do corpo humano nas regiões Norte e Sul do
Brasil: perspectivas semânticas e geossociolinguística. 259 p. Dissertação (Mestrado em
Estudos de Linguagem) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande –
MS.
Rodrigues, José Carlos (2006): Tabu do corpo. 7.ed., ver. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ.
43
DENOMINAÇÕES PARA “CHUVA DE PEDRA” NO ESTADO DE SÃO PAULO: O
QUE REVELAM OS DADOS DO ALIB
Kamilla de Lima Vieira
Aparecida Negri Isquerdo
Cada grupo estabelece maneiras distintas de promover a comunicação, por meio do uso da
língua. Assim, o homem faz uso de uma língua e, por extensão, das palavras pertencentes ao
léxico dessa língua para entender a si mesmo e o mundo que o rodeia e para estabelecer a
interação numa comunidade de fala. Este trabalho discute relações entre léxico e ambiente a
partir de dados geolinguísticos recolhidos no interior do estado de São Paulo, região Sudeste
do Brasil. Assim, tomando como referência denominações para “chuva de pedra” fornecidas
pelos 148 informantes do Projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil), naturais das 37
localidades que integram a rede de pontos desse projeto. Os informantes foram selecionados
segundo o seguinte perfil: falantes de ambos os sexos nascidos na localidade pesquisada, de
duas faixas etárias (18-30 e 50-65 anos), com escolaridade até o Ensino Fundamental
incompleto. A coleta de dados do Projeto ALiB foi realizada com o auxílio de um Questionário
Linguístico que reúne três tipos de questionários: fonético-fonológico (QFF), semântico-lexical
(QSL) e morfossintático (QMS). Para este Plano de Trabalho foram analisadas as unidades
lexicais fornecidas como resposta para a pergunta 015 do QSL: “durante uma chuva, podem
cair bolinhas de gelo, como chamam essa chuva?” (COMITÊ NACIONAL..., 2001, p. 22). O
estudo foi orientado pelos fundamentos da Dialetologia/ Geolinguística – Cardoso (2010);
Ferreira e Cardoso (1994) – e da Lexicologia – Biderman (1992; 2001a; 2001b), Isquerdo
(2009; 2015). As oito unidades lexicais mais produtivas – chuva de pedra, chuva de granizo,
chuva de gelo, chuva de granito, chuva de flor, chuva de pedra de gelo, chuva de nevada e
chuva de rosa – somaram 255 ocorrências. No conjunto das respostas houve o predomínio das
variantes chuva de pedra e chuva de granizo, ambas com 34% de registros. Um olhar para a
distribuição dos dados segundo as mesorregiões demonstra que a de Presidente Prudente
concentra um percentual de 31 ocorrências, dentre as quais 12 são de chuva de granizo. Já a
mesorregião de Itapetininga registrou 27 ocorrências sendo 13 para chuva de pedra. Além disso,
o estudo das variantes lexicais que nomeiam a “chuva de pedra” no universo estudado atestou
que a escolha lexical é influenciada por fatores linguísticos e extralinguísticos que, por sua vez,
traduzem a percepção do falante acerca do referente nomeado, suas crenças, costumes, enfim,
a sua visão de mundo. (Apoio CNPq).
Referências
44
BIDERMAN, M. T. C. O léxico, testemunha de uma cultura. In: Actas do XIX Congresso
Internacional de Linguística e Filoloxia Romamica. Sessão II: Lexicologia e Metalexicografía.
Vol. 2, 1992, p.397-405.
__________. Teoria linguística. Teoria lexical e lingüística computacional. São Paulo: Martins
Fontes, 2001a.
___________. As ciências do léxico. In: OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO,
Aparecida Negri (Org). As ciências do léxico. Lexicologia, lexicografia, terminologia. 2ª ed.,
Campo Grande: Editora UFMS, 2001b, p.13-22.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo:
Parábola, 2010.
COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB. Atlas Lingüístico do Brasil: Questionários 2001.
Londrina: EDUEL, 2001.
FERREIRA, C; CARDOSO, S. A. A dialetologia no Brasil (repensando a língua portuguesa).
São Paulo: Contexto, 1994.
ISQUERDO, Aparecida Negri. O caminho do rio, o caminho do homem, o caminho das
palavras... In: RIBEIRO, SSC., COSTA, SBB., and CARDOSO, SAM (Orgs). Dos sons às
palavras: nas trilas da Língua Portuguesa [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 42-59.
45
A PRESENÇA DA ZOOTOPONÍMIA NA DENOMINAÇÃO DE LOGRADOUROS
DA REGIÃO URBANA DO PROSA/CAMPO GRANDE/MS
Janaina Domingues Verão das Neves
Aparecida Negri Isquerdo
A linguagem é uma faculdade distintiva do intelecto humano e é por meio dela que o homem
consegue apreender e organizar o mundo ao seu redor. Uma das maneiras de se apoderar da
realidade circundante é o (re)conhecimento dos referentes a partir do nome a eles atribuídos. O
ramo da Linguística que investiga a origem e a significação dos nomes de lugares, os
topônimos, que identificam os acidentes geográficos é a Toponímia, disciplina integrada a uma
área maior dos estudos do léxico, a Onomástica, que também contempla a Antroponímia que
se ocupa do estudo dos nomes próprios de pessoas. O estudo dos topônimos favorece uma
análise linguística e motivacional dos nomes atribuídos aos lugares de uma determinada região,
o que também permite a recuperação de aspectos históricos, de transformações sociais e
econômicas, processos de colonização e/ou migratórios que podem se refletir na natureza dos
nomes de lugares, além de desvelar fatores ligados a crenças e à cultura de um povo. Este
trabalho configura-se como um recorte do projeto de pesquisa de Dissertação de Mestrado
intitulado “A toponímia urbana da cidade de Campo Grande: um estudo etnolinguístico dos
nomes das ruas da região do Prosa”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em
Estudos de Linguagens/UFMS e ao Projeto Atlas Toponímico do Estado de Mato Grosso do
Sul (ATEMS). Esta comunicação tem por objetivo discutir topônimos urbanos da região em
estudo que se configuram como zootopônimos: nomes de natureza física de índole animal
(DICK, 1992), verificando possíveis causas denominativas para a escolha de nomes de animais,
muitos deles não típicos da região para nomear os logradouros. Num montante de 1.240
topônimos que compõem o corpus de estudo, 30 (2,5%) são zootopônimos. Dentre eles,
identificam-se nomes de diferentes espécies como em rua Tamanduá, Leopardo e Cervo, nomes
de animais mamíferos; nas ruas que levam nomes de aves: rua da Cegonha, rua das Garças, rua
Tapicuru; na rua denominada com nome de um réptil: rua Cotiara; topônimos com nomes de
animais marinhos: rua do Leão Marinho, rua do Salmão. Além disso, a toponímia em estudo
reúne zootopônimos que recuperam nomes de animais de outros continentes, como em rua do
Elefante, rua do Leão, rua do Camelo. Para este estudo tem-se como referência teórica a
Onomástica, mais especificamente a Toponímia, em especial os pressupostos teórico-
metodológicos de Dick (1990; 1992; 1997; 1999). Complementam a referência teórica
fundamentos da Lexicologia, da Morfologia, e da Semântica. (Apoio: CAPES)
46
Referências:
DICK, M. V. de P. do A. Motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do
Estado, 1990.
DICK, M. V. de P. do A. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. 2ª ed., S.
Paulo, Serviços de Arte Gráfica da FFLCH/USP, 1992.
DICK, M. V. de P. do A. A dinâmica dos nomes na cidade de São Paulo: (1554-1897). São
Paulo: ANNABLUME, 1997.
DICK, M. V. de P. do A. Os nomes como marcadores ideológicos. In: Acta Semiótica et
Linguística. São Paulo: Editora Plêiade, 1998.
DICK, M. V. de P. do A. Métodos e Questões Terminológicas na onomástica. Estudo de Caso:
O Atlas Toponímico do Estado de São Paulo. In: Investigações Linguísticas e Teoria Literária.
Recife, UFPE: v. 9, p.119-148, 1999.
FERREIRA, A.B. de H. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo,
2004. Versão digital 5.0.
HOUAISS, A. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001. Versão digital 1.0.
OLIVEIRA, L. A. C. de; ISQUERDO, A. N. O bairro Amambaí e sua toponímia: perspectiva
etnotoponímica. In: II CIDS - Congresso Internacional de Dialetologia e Sociolinguística, 2012,
Belém - PA. Diversidade linguística e políticas de ensino: anais / II Congresso Internacional de
Dialetologia e Sociolinguística. São Luís - MA: EDUFMA, 2012. P. 577-588.
SAPIR, E.O problema das taxionomias toponímicas. Uma contribuição metodológica. In:
DICK, M. V. A. P. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de Estudos. 2 ° Edição.
São Paulo, 1990, p. 25;
SEDESC. Secretaria Mun. de Desen. Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e
Agronegócio. Disponível em: http://www.capital.ms.gov.br/sedesc/pontosTuristicos.
SEMADUR - Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana. Disponível em: <
http://www.campogrande.ms.gov.br/semadur/>.
SIMGEO – Sistema Municipal de Geoprocessamento. Disponível em:
http://www.campogrande.ms.gov.br/simgeo/>.
TAVARES, M. C.; ISQUERDO, A. N. A questão da estrutura morfológica dos topônimos: um
estudo na toponímia sul-mato-grossense. Signum. Estudos de Linguagens, Londrina-PR, v. 9/2,
p. 273-288, 2006.
47
UM OLHAR SOBRE OS FRASEOLOGISMOS DO LÉXICO DE GOIÁS: UM
ESTUDO COM BASE EM DADOS GEOLINGUÍSTICOS
Larissa Amanda Aparecida de Santana Soares
Elizabete Aparecida Marques
Este trabalho pretende apresentar os resultados preliminares de uma investigação sobre os
fraseologismos do léxico dialetal da Região Centro-Oeste, especificamente, do Estado de
Goiás. Concebem-se os fraseologismos como combinações fixas de palavras cuja estrutura está
integrada por, no mínimo, dois itens lexicais. Compõem o corpus da pesquisa as obras de
referência do projeto Tesouro do Léxico Patrimonial Galego e Português: foco sobre a Região
Centro-Oeste, ao qual esta proposta está diretamente vinculada. Do ponto de vista
metodológico, os dados foram coletados na obra Estudos de Dialetologia Portuguesa:
Linguagem de Goiás (TEIXEIRA, 1944) e, posteriormente, transpostos para uma planilha de
formato Excel construída para a integralização das informações linguísticas, com base em
critérios fonéticos, morfológicos, semânticos e pragmáticos. Esses critérios de recolha e
organização dos dados em planilhas obedece à metodologia do projeto interinstitucional
Tesouro do Léxico Patrimonial Galego e Português (TLPGP), uma vez que as variantes lexicais
coletadas pela equipe da região Centro-Oeste integrará uma grande base de dados, alimentada
pela equipe galega. Sediado na Universidade de Santiago de Compostela (USC), Espanha, o
TLGLP visa à elaboração de uma obra lexicográfica que reúna as variantes dialetais do galego
e do português, em sua variedade peninsular e brasileira. Após o levantamento dos dados na
obra goiana e sua transposição para a planilha, o estudo centrou-se no recorte dos
fraseologismos, com o intuito de analisar seu valor histórico, cultural, político e social,
considerando sua possível relação com fenômenos de natureza diatópica. O fundamento teórico
deste trabalho ancora-se nos estudos desenvolvidos no âmbito da Fraseologia (RUIZ
GURILLO, 1997; SABINO, 2011). Dessa forma, espera-se, por meio deste trabalho, contribuir
para o conhecimento da realidade linguística regional brasileira, no que se refere ao léxico
fraseológico da Região Centro-Oeste.
Referências
RUIZ GURILLO, L. Aspectos de fraseología teórica española. Anejo XXIV de la revista
Cuadernos de Filología, 1997.
SABINO, Marilei A. O campo árido dos fraseologismos. Signótica, v. 23, n. 2, p. 385-401,
2011. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/122304> Acesso em 24 de agosto de 2018.
48
TEIXEIRA, José A. Estudos de Dialetologia Portuguesa – Linguagem de Goiás. São Paulo:
Ed. Anchieta, 1944.
49
A TOPONÍMIA RURAL DE ACIDENTES HUMANOS DO MUNICÍPIO CAMPO
GRANDE/MS: A QUESTÃO DA MOTIVAÇÃO
Letícia Reis de Oliveira
Aparecida Negri Isquerdo
Referências
50
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira.
Edições Arquivo do Estado, São Paulo: 1990.
______. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. São Paulo: Serviço de
Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1992.
______. A dinâmica dos nomes na cidade de São Paulo: 1554-1897. 2ª. ed. São Paulo:
Annablume, 1997.
______. Os nomes como marcadores ideológicos. Acta Semiótica et Lingüística. v. 7, 1998. p.
98 – 122.
______. Métodos e questões terminológicas na Onomástica. Estudo de caso: o Atlas
Toponímico do Estado de São Paulo. Investigação Lingüística e Teoria Literária, v. 9. Recife:
UFPE, 1999, p.119-148.
IBGE. Divisão regional do Brasil em regiões geográficas imediatas e regiões geográficas
intermediárias: Coordenação de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE, 2017.
ISQUERDO, Aparecida Negri. Léxico regional e léxico toponímico: interfaces linguísticas,
históricas e culturais. In: ISQUERDO, Aparecida Negri; SEABRA, Maria Cândida Trindade
Costa: As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. v. VI. Campo Grande:
Editora da UFMS, 2012, p. 115-139.
TAVARES, Marilze. A Toponímia das localidades rurais do município de Dourados (MS).
Revista do GEL, São Paulo, v. 12, n. 2, 2015, p. 164-191.
SAPIR, Edward. Linguística como ciência. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1961
51
DESIGNAÇÕES PARA ARCO-ÍRIS NO SUL DO MATO GROSSO DO SUL:
ANÁLISE NUMA PERSPECTIVA TOPODINÂMICA
Este trabalho vincula-se a uma pesquisa mais ampla que busca descrever o português falado
por nordestinos e por seus descendentes em situação de contato no sul do Mato Grosso do Sul
e soma-se ao leque de estudos realizados que adotam o parâmetro topodinâmico e as demais
orientações da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (RADTKE, THUN, 1996),
metodologia utilizada para a produção do ADDU – Atlas Linguístico Diatópico Y Diastrático
del Uruguay, e que vem sendo testada também no ALGR – Atlas Linguístico Guarani-
Românico e no ALMA-H – Atlas Linguístico Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do
Prata: Hunsrückisch. Neste estudo são analisadas as respostas obtidas para a pergunta seis,
vinculada à área fenômenos atmosférico, do Questionário Semântico-Lexical (QSL/006)
utilizado para a pesquisa supramencionada: “Quase sempre, depois de uma chuva, aparece no
céu uma faixa com listras coloridas e curvas. Que o nome se dá a essa faixa?”. Os dados foram
coletados em dois distritos e em três municípios do estado do Mato Grosso do Sul, situados na
faixa territorial da extinta Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), totalizando cinco
pontos: distritos de Vila Vargas e Vila São Pedro (município de Dourados); municípios de
Fátima do Sul, de Jateí e de Glória de Dourados. No conjunto geral dos dados, os informantes
mencionaram, por meio da técnica de pergunta em três tempos (pergunta, insiste e sugere),
cinco denominações para o conceito contemplado: arco-íris (80,43%); arco-celeste (8,70%);
olho-de-boi (6,52%); arco-de-boi (2,17%) e arco-da-velha (2,17%). Além dessas respostas foi
obtida também arco-da-aliança por meio da sugerência dessa designação. De modo geral, as
designações arco-celeste, arco-de-boi, olho-de-boi e arco-da-velha foram mencionadas com
mais regularidade na fala dos entrevistados migrantes nordestinos com mais idade. Já na fala
dos descendentes de nordestinos, a resposta arco-íris obteve a preferência de uso. Em
contrapartida, o uso arco-da-aliança foi tido por todos os grupos de entrevistado como
“sagrado” e, portanto, utilizado preferencialmente em situações voltadas ao contexto bíblico.
Enfim, a análise dos dados considerou as dimensões diatópica, diassexual, diastrática e
diageracional.
Referência
52
RADTKE, Edgar; THUN, Hard. Nuevos caminhos de la geolinguística românica. Um balance.
In: RADTKE, Edgar; THUN, Hard (eds.) Neue Wege der romanischen Geolinguistik: Akten
des Symposiums zur emperischen Dialektologie. Kiel: Westensee-Verl., 1996. p. 25-49
53
SÉCULO XXI: A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO A PARTIR DOS EFEITOS DE
SENTIDO DOS DISCURSOS DAS LEIS DE INCLUSÃO
Marilza Nunes de Araújo Nascimento
Claudete Cameschi de Souza
A investigação parte das análises dos recortes enunciativos materializados nos artigos 2º, 5º e
inciso II da Resolução de número 2, do Conselho Nacional de Educação da Câmara de
Educação Básica, de 11 de setembro de 2001, o qual instituiu as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica e também no parágrafo único da lei 10436/02.
Metodologicamente nos apropriamos do método analítico dos dispositivos de Análise do
Discurso de linha francesa, doravante AD, o qual trata a linguagem numa relação com a história,
memória e ideologia. Objetivamos analisar e interpretar os efeitos de sentido dos discursos
materializados nas referidas leis, a fim de problematizar a representação identitária do sujeito
surdo, no contexto de produção do Século XXI, ao ser incluído numa sala de aula do ensino
regular e tratado em condições de igualdade perante os sujeitos ouvintes. Presumimos que os
discursos investigados surgem no contexto do novo século, ressignificado sob a exigência social
de uma nova ordem, porém nas “entranhas” discursivas há regularidades que conduzem à
interpretação de um já dito em outro momento histórico. Nesse sentido, a inclusão
discursivizada promove a exclusão velada, pois ao negar a diferença, nega também ao sujeito
surdo a condição de equidade, tornando-o submisso a um sistema educacional impositivo que
lhe deseja pôr numa posição de subalternidade perante aos demais estudantes ouvintes, ao
determiná-lo dependente de um profissional intérprete, segregando-o em um ambiente onde há
várias pessoas se comunicando, porém, a ele foi lhe imposto uma comunicação unilateral, uma
posição de sujeito observador, recebedor de informações prontas e decodificadas, tolhendo sua
autonomia e negligenciando a sua governamentalidade, a partir de um discurso institucional
determinado pelos Aparelhos Ideológicos de Estado (ALTHUSSER, 1985).Como teóricos,
temos Pêcheux (1990,1997), por ser o precursor da AD, Orlandi(1987,1999, 2001) por tratar da
linguagem numa relação com a história e o social, Foucault (1998,2002,2004,2006,2012), por
abordar a relação de discurso-poder, saber e governamentalidade, Hall (2005), para falar sobre
a questão da identidade, e outros apresentados na bibliografia, por trabalharem com a língua
numa relação ideologia-história e sociedade.
Referências
54
ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos do Estado: nota sobre aparelhos ideológicos do
Estado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva e
Guacira Lopes Louro. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
ORLANDI. E. P Maio de 1968: os silêncios da memória. In: ACHARD, P. et al. Papel da
memória. Campinas: Pontes, 1999.
_____________. Apresentação. In: A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso.
2. ed. rev. e aum. Campinas: Pontes, 1987.
______________. (Org.). Discurso fundador A formação do país e a construção da identidade
nacional. 2. ed. Campinas, SP: Pontes, 2001.
PÊCHEUX, Michel. Apresentação da AAD. In: GADET, F., HAK, H. Por uma análise
automática do discurso (Uma introdução à obra de Michel Pêcheux). Campinas: Pontes, 1990.
______________. Semântica e discurso. Uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução Eni
Pulcinelli Orlandi [et al.] Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
55
O CORPO FEMININO EM FILMES DE HORROR – UMA BREVE ANÁLISE
SOBRE A NUDEZ FEMININA EM STARRY EYES.
Este trabalho busca investigar o corpo feminino como configuração semiótica de nudez em
enunciados fílmicos do gênero horror. O interesse é observar como o elemento em análise, o
corpo, mesmo que traga diferentes arquétipos femininos como a donzela, a femme fatale, a
cuidadora, entre outros, mantém a recorrência da temática de oposição sagrado vs. profano.
Teremos como corpus de análise fragmentos da obra Starry Eyes (2014), dirigida por Kevin
Kolsch e Dennis Widmyer. A análise terá como fundamentação teórica a semiótica greimasiana
de linha francesa alicerçada pelos estudos de Pietroforte sobre o modelo teórico do percurso
gerativo de sentido. Tomaremos ainda como base textos da autoria de Silva (2011,2012, 2012),
autor de pesquisas sobre o terror e sobre o corpo que se valem de teorias da semiótica francesa.
Para discutir a definição de horror recorreremos aos estudos de Carroll (1999), em sua obra A
filosofia do horror ou paradoxos do coração. Para a questão de personagens do gênero
feminino no horror, utilizaremos os estudos de Carol J. Clover (2015), em sua obra Men, women
and chain saws. Por fim, a questão da nudez será abordada através das ideias de Giorgio
Agamben (2014), registradas em seu texto “Nudez”. Analisando cenas da obra cinematográfica
citada a partir destes suportes teóricos, buscamos encontrar modulações tensivas que
extrapolem o senso comum do uso da nudez como apenas objetificação do corpo feminino.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Nudez. Tradução Davi Pessoa. São Paulo, Autêntica editora, 2014.
AMBROGIO, Anthony. Fay Wray: Horror Film´s first sex symbol. In: PALUMBO, Donald (org)
Eros in the mind´s eye Sexuality and the fantastic in art and film. Westport, Connecticut,
Greenwood Press, 1986.
CARROLL, Noel. A filosofia do horror ou paradoxos do coração. Tradução Roberto Leal
Ferreira. Campinas, SP, Papirus editora,1999.
CLOVER, Carol J. Men, women and chain saws Gender in the modern horror film. Princeton,
New Jersey, Princeton University Press, 2015.
GREIMAS, Algirdas Julien. Les actants, les acteurs e les figures. In:GREIMAS, A. Julien. Du
sens II: essays sémiotiques. Paris: Éditions du Seuil, 1983, p. 49-66.
56
KOLSCH, Kevin; WIDMYER, Dennis. Starry eyes. Snowfort Pictures, 2014. 98 minutos. Filme.
PIETROFORTE Antonio Vicente, Semiótica visual os percursos do olhar. São Paulo, SP,
Editora Contexto, 2017.
SILVA Odair José Moreira da. Um estudo sobre a paixão do medo no cinema de horror.
Conexão – Comunicação e Cultura (Revista eletrônica). Caxias do Sul, v. 11, n. 22, p.41.
_________. O suplício na espera dilatada: a construção do gênero suspense no cinema. (Tese
de doutorado). São Paulo: FFLCH/USP, 2011, 317 f.
_________. Erotismo, corpo e sentido nas relações intersemióticas de História de O. Revista
Metalinguagens (Revista eletrônica). v.4, n.2, p.4-30.
57
NOMEAÇÕES PARA “O HOMEM QUE É CONTRATADO PARA TRABALHAR NA
ROÇA DE OUTRO, QUE RECEBE POR DIA DE TRABALHO”: UMA DISCUSSÃO
SOBRE A NORMA LEXICAL PAULISTA
O léxico é o nível da língua que melhor traduz o universo cultural dos falantes de uma língua e
o conhecimento construído por eles no decorrer da história, razão pela qual o repertório
vocabular de comunidades linguísticas traduz as visões de mundo construídas e aceitas
socialmente pelos diferentes grupos sociais, por isso reflete a norma lexical veiculada que, por
sua vez, manifesta particularidades que diferenciam um grupo dos demais. Partindo desse
pressuposto, este trabalho discute diferentes nomes atribuídos ao o homem que é contratado
para trabalhar na roça de outro, que recebe por dia de trabalho, questão 61 do QSL –
Questionário Semântico-Lexical, área semântica das Atividades Agropastoris, que integra o
Questionário Linguístico do Projeto ALiB – Atlas Linguístico do Brasil (COMITÊ
NACIONAL..., 2001). Os dados analisados são provenientes de 32 inquéritos linguísticos
realizados com informantes do Projeto ALiB, nascidos e criados em oito localidades do interior
situadas na região Norte do estado de São Paulo pertencentes à rede de pontos do Projeto ALiB
que, por sua vez, se distribuem por três mesorregiões paulistas (IBGE, 2010): 1. São José do
Rio Preto, 2. Ribeirão Preto e 3. Araçatuba. Os quatro informantes entrevistados em cada uma
dessas oito localidades foram selecionados de acordo com o seguinte perfil: pessoas nascidas e
criadas na mesma comunidade linguística, com no máximo o Ensino Fundamental incompleto,
de duas faixas etárias (18 a 30 anos e 50 a 65 anos), homens e mulheres. Este estudo tem como
objetivo examinar possíveis vestígios de ruralidade na fala de informantes citadinos (REIS,
2006), com vistas a verificar diferentes nomeações atribuídas a um mesmo referente, delimitar
aspectos da possível norma lexical das regiões pesquisadas e analisar as relações entre léxico,
cultura e sociedade com base nos fundamentos teóricos da Lexicologia e Dialetologia. O
levantamento das respostas dos 32 informantes resultou em oito unidades lexicais e respectivas
variantes fonéticas que computaram 47 ocorrências: birolo, boia-fria, capataz, diarista, pau-
de-arara, peão, roceiro e trabalhador rural. O estudo fundamenta-se em fundamentos teóricos
da Dialetologia e Sociolinguística – Cardoso (2010); Lucchesi (2004) – e da Lexicologia –
Biderman (1981; 1992; 1998; 2001); Coseriu (1979); Isquerdo (2010). A análise dos dados
considera as perspectivas diatópica – distribuição espacial das variantes lexicais documentadas
- e léxico-semântica – análise semântica dos itens lexicais em exame, pautando-se, dentre outras
fontes, nos dicionários de Ferreira (2004) e Houaiss (2001).
58
Referências
BIDERMAN, Maria Teresa de Camargo. A estrutura mental do léxico. Estudos de Filologia
Linguística. São Paulo: Queiroz/EDUSP, 1981. p. 131- 145.
__________. O léxico, testemunha de uma cultura. In: Actas do XIX Congresso Internacional
de Linguística e Filoloxia Romanias. Sessão II: Lexicologia e Metalexicofrafía. Vol. 2, 1992,
p.397-405.
__________. Dimensões da palavra. Filologia e Língua Portuguesa, São Paulo, v. 2, 1998, p.
81-118.
__________. Teoria linguística: teoria lexical e linguística computacional. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo:
Parábola Editorial, 2010.
59
http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/1492 Acesso em:
25/08/2018.
60
CONCESSÃO ÀS AVESSAS OU A CONSOLIDAÇÃO DE UMA NOVA ORDEM
ARGUMENTATIVA
Monica Alvarez Gomes
O presente trabalho é um estudo do conector “mas”, portanto operador argumentativo da
concessão (cf estudos semânticos e discursivos), que se estabelece a partir das estruturações de
Ducrot et alii (1980), de Charaudeau (1992) e de Campos, Nascimento e Gomes (1992). Com
base nas tradições discursivas da Semântica Argumentativa, vê-se que tal conector marca uma
determinada relação discursiva, qual seja a de que a informação trazida no primeiro ato
(primeira oração) será sempre um contra-argumento, refutado no segundo ato e de maior força
argumentativa. Assim, “mas” funciona como item procedural ou instrucional, uma vez que
indica como tratar representações mentais e como compreender a estrutura do discurso.
Entretanto a teoria não especifica em que medida um conector é articulado ao contexto em que
é empregado. Assim, o corpus trazido é o de uma publicidade político-partidária do PSDB,
publicada em 2017, que subverte o uso canônico do conector, ampliando o seu escopo de
atuação, frente a um contexto altamente argumentativo e manipulador. Com esse estudo,
espera-se que, do ponto de vista estritamente semântico, (1) haja uma visão mais alargada do
movimento operado pelo conector “mas”; que, do ponto de vista argumentativo, (2) reconheça-
se que a manobra feita pelo locutor busca atribuir a si uma visão de alguém honesto e corajoso
o suficiente para vir a público reconhecer seus erros; que (3) o contexto seja mais ativamente
considerado nos estudos de Semântica Argumentativa; e que, finalmente, (4) as aulas de Língua
Portuguesa possam ser contempladas com análises mais amplas dessas possibilidades de uso.
Palavras-chave: argumentação; mas; subversão.
61
A ANTROPOTOPONÍMIA NA DENOMINAÇÃO DE COMUNIDADES
QUILOMBOLAS NA REGIÃO CENTRO-OESTE: ESTUDOS PRELIMINARES
Nágila Kelli Prado Sana Utinói
Aparecida Negri Isquerdo
Referências
DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea
de Estudos. 2. ed. São Paulo: FFLCH/USP, 1990.
62
DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. Rede de conhecimento e campo lexical:
hidrônimos e hidrotopônimos na onomástica brasileira. In: As ciências do léxico: lexicologia,
lexicografia, terminologia. Campo Grande, MS: UFMS, 2004.
CARVALHINHOS, Patrícia de Jesus; ANTUNES, Alessandra Martins. Princípios teóricos de
Toponímia e Antroponímia: a questão do nome próprio. In: CONGRESSO NACIONAL DE
LINGÜÍSTICA E FILOLOGIA, XI.2007, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: Cinefil, 2007.
v. XI, p. 110-121.
GUÉRIOS, R.F. Mansur. Dicionário etimológico de nomes e sobrenomes, 2ª edição revista e
ampliada, São Paulo: Ed. Ave Maria, 1973.
63
EM BUSCA DE UM PROTÓTIPO DE DICIONÁRIO DE EXPRESSÕES
IDIOMÁTICAS: PRIMEIRAS REFLEXÕES COM BASE EM UM OLHAR
FRASEODIDÁTICO
Natália Gabrieli dos Santos Fagundes Euzébio
Elizabete Aparecida Marques
Desde o início dos estudos da Linguística Moderna, com a publicação do Curso de Linguística
Geral de Saussure (2001 [1916]), reconhece-se a existência de estruturas sintagmáticas que não
podem ser construídas pelos falantes de maneira improvisada, pois estão cristalizadas pelo uso,
cultura e tradição popular. Essas estruturas, denominadas unidades fraseológicas (UF), são o
objeto de estudo da Fraseologia. Com base na concepção ampla dessa disciplina, esta proposta
de comunicação tem como objeto de estudo apenas um tipo de UF, as Expressões Idiomáticas
(EI), que segundo Xatara (1998) são estruturas léxicas complexas, situadas no nível oracional
da língua, que se caracterizam pela fixação, figurativização, indecomponibilidade,
metaforicidade, convencionalidade e cristalização. Neste trabalho, apresentam-se reflexões
advindas do recorte de uma pesquisa, em fase inicial de Mestrado, que busca nos pressupostos
do campo da Fraseodidática, os fundamentos para o tratamento das EI no processo de ensino-
aprendizagem de língua espanhola como língua estrangeira (LE), partindo da língua portuguesa,
enquanto língua materna do aprendiz (LM). Com base nos princípios teóricos da Fraseologia,
difundidos por Tristá Perez (1988), Xatara (1998) e Montoro del Arco (2006); nos conceitos-
base da Fraseografia, propostos por Oímpio de Olivera Silva (2007); nas contribuições da
Fraseodidática, advindas de González-Rey (2012), em diálogo com a proposta metodológica da
Linguística de Corpus, sob a perspectiva de Sardinha (2000) e Tagnin (2011), propõe-se, de
maneira geral, discutir as bases para a elaboração de um protótipo de dicionário didático
semibilíngue de EI, com enfoque nas línguas portuguesa (vertente brasileira) e espanhola
(vertente peninsular). Para levar a cabo a pesquisa, as EI foram levantadas em um corpus textual
em LM, a partir dos cadernos esportivos dos jornais Estadão (paulista) e O Globo (carioca), em
seus formatos digitais, visando mostrar o uso e a recorrência desses itens lexicais em variados
contextos. Este estudo justifica-se pela necessidade de obras fraseográficas que estejam
voltadas para a promoção do diálogo e projeção culturais das relações interlinguísticas
(MIRANDA, 2013), as quais encontram no uso do dicionário um recurso de potencial didático
nas aulas de língua. Partindo desses pressupostos, esperamos evidenciar o caráter expressivo
das EI, por meio do estabelecimento das bases teórico-metodológicas para a construção de um
dicionário didático, que funcione como instrumento pedagógico, auxiliando os aprendizes,
dentro e fora das salas de aula, aproximando, assim, a pesquisa e o ensino.
64
Referências:
MONTORO DEL ARCO, E.T. Clasificaciones de las UFs: el lugar de las locuciones. In:
__________. Teoría fraseológica de las locuciones particulares. Las locuciones prepositivas,
conjuntivas y marcadoras del español. Frankfurt am Main: Peter Lang, 2006.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 23. ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2001.
TAGNIN, S. E. O. Linguística de corpus e Fraseologia: uma feita para a outra. In: ALVAREZ,
M. L. O.; UNTERNBÄUMEN, E. H. (orgs.). Uma (re)visão da teoria e da pesquisa
fraseológicas. Campinas: Pontes, 2011, p. 277-302.
__________. Teoría fraseológica: visón general del problema. In: Fraseología y contexto. La
Habana: Ciencias Sociales, 1988, p. 2-43.
XATARA, C. M. O campo minado das expressões idiomáticas. Alfa. São Paulo, 42 (n. esp.),
1998, p. 147-159.
65
AS UNIDADES SIMPLES E COMPLEXAS RELACIONADAS AO PANTANAL NO
CONTO “COM O VAQUEIRO MARIANO” DE JOÃO GUIMARÃES ROSA: UM
ESTUDO LEXICO-FRASEOLÓGICO
Quentin Olivier Branco Nunes
Elizabete Aparecida Marques
João Guimarães Rosa é conhecido por ser o grande escritor de Minas Gerais e ter reinventado
a língua portuguesa para poder descrever os encantos do sertão mineiro. O autor efetuou uma
viagem ao Pantanal que lhe inspirou a narrativa “Com o Vaqueiro Mariano”, publicada em 1947
no jornal Correio da Manhã. Guimarães Rosa, apaixonado pelo Brasil e por sua geografia,
encontrou no Pantanal uma fonte de inspiração literária e também uma fonte de recriação
linguística. É interessante observar que se encontra no referido conto recursos linguísticos que
o autor já havia usado em Sagarana (1946) e usará em seus textos seguintes. Assim, o objetivo
principal desta comunicação é analisar como Guimarães Rosa consegue ancorar seu conto no
Pantanal mediante o uso de unidades lexicais simples e complexas (denominadas aqui
expressões fixas), típicas do universo vocabular pantaneiro. Esta apresentação tem por objetivos
secundários: mostrar as expressões fixas inventadas pelo autor que cria, assim, novos
fraseologismos próprios do universo de sua obra; fazer a crítica e a classificação das traduções
dos fraseologismos na versão francesa do conto; discutir a importância da tradução dos
elementos lexicais simples e fraseológicos para a retransmissão do universo pantaneiro em
francês. Este estudo, em três momentos, se interessa, primeiramente, por analisar as unidades
lexicais simples que inscrevem o discurso no Pantanal. Em segundo lugar, serão analisados os
fraseologismos, de acordo com Gross (1996) e S. Mejri (2011), que são, neste estudo,
concebidos como marcas de oralidade regional que permitem inscrever o discurso literário num
determinado espaço geográfico-cultural. Finalmente, baseado em A. Mejri (2008) e Sulkowska
(2003), será realizado um estudo comparativo e contrastivo da tradução desses elementos
léxico-fraseológicos para o francês. A tradução do conto foi elaborada por Mathieu Dosse,
intitulada: “Entredeux – Avec Mariano, Le Vacher”, e publicada no livro Mon oncle le jaguar
& autres histoires, em 2016. Este estudo permite descobrir um conto que difere do resto da obra
do autor mineiro por tratar do Pantanal, demostrando, com João Guimarães Rosa, a importância
dessa região no imaginário literário brasileiro. Com isso, discutiremos, também, a importância
de divulgar esse imaginário literário para leitores estrangeiros que não teriam acesso à
representação literária da cultura pantaneira sem uma tradução.
66
Referências
GROSS, Gaston. Les Expressions Figées En Français, Paris: Orphys, 1996.
MEJRI, Salah. Traduire, c’est gérer un déficit. Meta, volume 50, numéro 1, mars 2005.
MEJRI, Asma. La traduction des séquences figées : le cas des textes littéraires. In: Las
constucciones verbo-nominales libres y fijas. Aproximación contrastiva y traductológica.
Editores, Pedro Mogorrón Huerta, Salah Mejri (dirs.) 2008.
ROSA, João Guimarães, Sagarana. Paris: Albin Michel, 1997.
ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1971
67
LEXICOGRAFIA PEDAGÓGICA E HOMONÍMIA: UMA ANÁLISE DE
DICIONÁRIOS PARA APRENDIZES BRASILEIROS DE ESPANHOL COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Referências
BIDERMAN, Maria Teresa Camargo. Polissemia versus homonímia. In.: Anais do Seminário
do Gel XXXVIII, Franca: Unifran – União das Faculdades Franciscanas, 1991.
68
CASTILLO CARBALLO, Mª Auxiliadora. La macroestructura del diccionario. In.: MEDINA
GUERRA, Antonia M. (coord..). Lexicografía española. Barcelona: Editorial Planeta, S. A.,
2003.
SÁNCHEZ, Aquilino. Diccionario abreviado de uso del español actual. Sociedad General
Española de Librería, S. A. Alcobendas-Madrid, 2003.
WERNER, Reinhold. Lexico y teoria general del lengage. In: HAENSCH, G. et al. La
Lexicografia. De la Linguística teórica a la Lexicografia práctica. Madrid: Editorial Gredos,
1982, p. 20- 94.
69
Marie. Dicionários na teoria e na prática: como e para quem são feitos. São Paulo:Parábola,
2011.
70
AS CARACTERÍSTICAS DO LÉXICO ESPECIALIZADO NA TERMINOLOGIA DA
TRADUÇÃO
Roosevelt Vicente Ferreira
A presente pesquisa objetiva uma análise dos processos de formação dos léxicos especializados
na terminologia da Teoria da Tradução na língua portuguesa. Ancorada teoricamente nos
pressupostos de Cabré (1993) e Sager (1993), analisa-se os processos de formação da
terminologia sob o ponto de vista formal e conceitual de 173 (cento e setenta e três) termos da
área da Tradução consolidados em um glossário construído a partir de uma pesquisa de
mestrado. Justifica-se tal investigação pela oportunidade que as pesquisas voltadas para o
estudo do léxico possuem de se apresentarem como importantes fontes de conhecimento sobre
a formação de uma língua e seus aspectos sociais. Para a consolidação das características e do
nível de especialização da terminologia estudada, até o presente momento, explorou-se os
procedimentos de formação dos léxicos que adquirem valor especializado que resultam em
mudança na forma, mediante processos que combinam bases léxicas e afixos (derivação), entre
bases léxicas (composição e estruturas sintagmáticas) e redução de bases léxicas (derivação
regressiva). Como resultado, observou-se, dentre outros aspectos importantes, que em termos
morfossintáticos, os léxicos que adquirem valor especializado para a representação do
conhecimento na área da Teoria da Tradução, majoritariamente, perambulam na linguagem
comum; estruturam-se em sintagmas terminológicos nominais do tipo substantivo + adjetivo (
S + A) e substantivo + sintagma preposicional determinativo ( S + DE + S); e as unidades
simples são formadas pelo processo da derivação, sendo o maior número pela sufixação
(SÃO/ÇÃO – DADE) e do tipo prefixação e sufixação (DE/DES --- ÇÃO – TRANS --- ÇÃO).
A verificação dos processos que não alteram a forma (derivação imprópria), apenas a função
e/ou o aspecto semântico, encontra-se em andamento.
Palavras-chave: Terminologia. Fomação de palavras.Tradução.
Referências
CUNHA, C.; CINTRA, L. (2008). Nova gramática do português contemporâneo. 5ª ed. Rio de
Janeiro: Lexikon.
71
FERREIRA, R. V. (2015). Glossário terminológico básico da teoria da tradução: uma
experiência com o e-termos. Campo Grande: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
[Dissertação de Mestrado].
SÓ PORTUGUÊS. Disponível em
<https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf6.php>. Acesso em: 10 de julho de 2018.
72
UMA PERSPECTIVA COGNITIVA DOS NOMES PRÓPRIOS
As pesquisas acerca dos nomes próprios têm sido conduzidas sob diferentes perspectivas,
considerando-se que essa categoria de nomes se configura como marcas lexicais usadas para
contextualizar e refletir o modo que uma comunidade vive. As fontes para a pesquisa nesse
campo são variadas: nomes de lugares, de pessoas, de organizações, de produtos, de operações
estratégicas empresariais, policiais e militares. Para se nomear, utilizam-se de itens lexicais que
passam a adquirir um outro sentido pela variação que sofre influenciados pelo contexto.
Considera-se que os nomes próprios são estruturados metonimicamente em sua origem, pois
ocorre o uso de mecanismos cognitivos para a geração desse tipo de nome, pela referência que
faz ao contexto extralinguístico e tornam-se designadores rígidos. Seguindo esse raciocínio,
este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla em desenvolvimento no campo da Linguística
Cognitiva. Esta comunicação é um recorte dessa pesquisa e tem como objetivo demonstrar a
estruturação metonímica na geração dos nomes próprios tomando como referência nomes
próprios das operações policiais. O estudo discute uma amostra da tipologia das metonímias
conceptuais usadas para a geração de nomes próprios a partir dos dados analisados. O corpus
constitui-se de nomes de operações policiais desencadeadas no primeiro semestre de 2018 que
foram categorizados em três grupos de crimes que servem como amostragem para a tipologia
proposta. A metodologia consiste em fazer a descrição do contexto de ocorrência e sua
correlação ao referente selecionado para a geração do nome seguindo o procedimento para a
análise conforme os tipos de metonímias propostas por Radden e Kovecses (2007) e Blanco-
Carrión, Barcelona, Pannain (2018). Este trabalho fundamenta-se nos princípios da Linguística
Cognitiva e nas pesquisas de Lakoff e Johnson (1980); Lakoff (1987); Biderman (1998); Silva
(1997).
Referências
73
LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. Metaphors we live by. Chicago: University of Chicago
Press, 1980.
LAKOFF, George. Women, fire, and dangerous things. Chicago: University of Chicago Press,
1987.
RADDEN, Gunter; KOVECSES, Zoltán. Towards a theory of metonomy. In: EVANS,
Vyvyan (org). The Cognitive Linguistics Reader, London: Equinox, p. 335-359, 2007.
SILVA, Augusto Soares. A linguística Cognitiva – uma breve introdução a um novo
paradigma em linguística. Revista portuguesa de humanidades, Vol. 1, Nº 1-2, p. 59-101,
1997.
74
“NEM SÓ NO CAMPO VIVE A FLORA”: OS FITOTOPÔNIMOS NA TOPONÍMIA
URBANA DE PONTA PORÃ/BRASIL E DE PEDRO JUAN
CABALLERO/PARAGUAI
Referências
75
DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira.
São Paulo: Arquivo do Estado, 1990a.
ISQUERDO, Aparecida Negri. A toponímia como signo de representação de uma realidade. In:
Fronteiras – Revista de História. Campo Grande – MS: Editora UFMS, 1997. p. 27-46.
76
EQUIVALENTES EM FRANCÊS PARA FRASEOTERMOS QUE
NOMEIAM AVES DO PANTANAL: DESAFIOS PARA
IDENTIFICAÇÃO
Thierry Delmond
Aparecida Negri Isquerdo
O Pantanal é uma ecorregião que reúne um contingente importante de aves que representa mais
de 40% das espécies da avifauna do Brasil. Apesar do interesse despertado pela região, a
carência de publicações científicas e de obras de cunho mais popular, destinadas a um público-
alvo de pesquisadores e apaixonados francófonos, representa uma barreira à comunicação entre
essas comunidades de especialistas francófonas e lusófonas. Nesse sentido, a produção de obras
bilíngues que atendam essa demanda torna-se um imperativo. Recorte de um projeto piloto de
pesquisa sobre o estudo do léxico da avifauna do Pantanal de Mato Grosso do Sul numa
perspectiva bilíngue, português/francês, este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir
os resultados de um estudo realizado a partir de um corpus constituído pelos nomes de aves
registrados em dois guias sobre as aves do ecossistema do Pantanal: Pantanal: guia de aves
(ANTAS, 2009) e Aves do Brasil: Pantanal & Cerrado (GWYNNE et al., 2010), mais
especificamente os fraseologismos no domínio especializado da Ornitologia. Cada entrada dos
guias em questão é considerada, no domínio da Terminologia, como termo, entendido aqui
como uma unidade lexical que materializa um conceito ligado a uma área de especialidade
(KRIEGER, 2004). No caso de uma análise de fraseologismos, o termo fraseotermo é
empregado para nomear as colocações terminológicas ou termos, enquanto o termo fraseotexto
nomeia as colocações definitórias ou descrições (GONZÁLES REY, 2015). O estudo parte da
observação de disparidades semânticas identificadas nas definições dos nomes de aves
fornecidos pelos dois guias de língua portuguesa, sobre as aves do ecossistema do Pantanal, em
comparação com as definições apresentadas pela obra francesa acerca da avifauna do mundo,
Les noms Français des oiseaux du monde (DEVILLERS, 1993). Este estudo, orientado por
abordagens teóricas da Teoria da Tradução, no caso, a teoria do skopos (NORD, 2008), e da
Terminologia bilíngue (BARROS, 2004; 2007), propõe-se a analisar um conjunto de
fraseotermos escolhidos aleatoriamente nas duas obras brasileiras, examinando os equivalentes
latinos anotados nessas obras, em comparação com os registros fornecidos pela obra francesa
com o objetivo de verificar as correspondências em termos de descrições dos fraseotermos da
avifauna selecionados para o estudo. Os primeiros resultados revelam que as traduções dos
fraseotermos não são e nem podem ser literais e que as denominações nas duas línguas têm
diferenças que se evidenciam em relação aos aspectos histórico-sócio-culturais de cada país,
embora a natureza física do objeto, a ave, seja semelhante.
77
Referências
ANTAS, Paulo de Tarso Zuquim. PALO JR, H. Pantanal: guia de aves. Rio de Janeiro: SESC,
Departamento Nacional, 2004.
BARROS, Lidia. A. Curso básico de Terminologia. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2004.
BARROS, Lidia. A. Conhecimentos de terminologia geral para a prática tradutória. São José
do Rio Preto: NovaGraf, 2007.
COMMISSION INTERNATIONALE DES NOMS FRANÇAIS DES OISEAUX. Noms
français des oiseaux du monde: avec les équivalents latins et anglais. Sainte-Foy, Québec:
Éditions MultiMondes, 1993.
GONZÁLES REY, Isabel. La phraséologie du français. Toulouse: Les presses universitaires
du midi, 2015
GWYNNE, John A., RIDGELY, Robert S., ARGEL, Martha, et al. Guia Aves do Brasil:
Pantanal e Cerrado. São Paulo: Editora Horizonte, 2010.
KRIEGER, Maria, Da Graça, FINATTO, Maria José Bocorny. Introdução à Terminologia:
teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2004.
NORD, Christiane. La traduction: une activité ciblée. Introduction aux approches
fonctionnalistes. Arras: Artois Presse Université, 2008.
78
MANIFESTAÇÕES MÁGICO-RELIGIOSAS EXPRESSAS NAS DESIGNAÇÕES
PARA “DIABO”: UM ESTUDO BASEADO EM DADOS DO PROJETO ALIB
Vanessa Cristina Martins Benke
A civilização passada acreditava, firmemente, no vínculo entre a palavra e o objeto por ela
designada e, por isso, admite-se que a origem dos tabus linguísticos se deve à crença de que
nomear a “coisa” traz consigo a própria “coisa”. Nesse contexto, Guérios (1979, p. 1) afirma
que “as palavras exteriorizadas podem ter forças sobrenaturais benéficas ou maléficas, porém
há palavras que não devem ser exteriorizadas, a fim de se evitarem malefícios dos mesmos
poderes”. Partindo desse princípio, este trabalho discute o fenômeno dos tabus linguísticos, na
esfera do mágico-religioso, nas designações coletadas para a pergunta “Deus está no céu e no
inferno está?”, questão 147 do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do Projeto Atlas
Linguístico do Brasil (Projeto ALiB), vinculada à área semântica religião e crenças. Os dados
aqui discutidos são um recorte dos resultados da pesquisa de Mestrado desenvolvida na
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campo Grande, por Benke (2012), que teve como
objetivo amplo o estudo do léxico, na perspectiva dos tabus linguísticos, com base no Banco de
Dados do Projeto ALiB. Este estudo foi pautado nos princípios teórico-metodológicos da
Linguística, especificamente da Lexicologia, da Semântica e da Dialetologia/Geolinguística,
bem como da Antropologia, da Sociolinguística e da Etnolinguística. Foram apuradas 42
designações para a pergunta em foco: anjo do mal/ anjo mau, anticristo, belzebu/zebu,
besta/besta-fera, bicho feio, bicho ruim, cão, capeta, capiroto, chifrudo/chifrudão, coisa/coisa
ruim, cramulhão, criatura, danoso, demônio/demo, diabo/diabinho, didi/dindin, encardido,
enxofre, estrela vermelha, exu caveira, gramunhão, inimigo, lúcifer, maligno, nefisto,
pombagira, rabudo, satanás, satã, satangos, sujo, tibinga, tinhoso, troço e zé pelintra. Dessas
nomeações, diabo foi a mais produtiva no Brasil, com 32, 43% de ocorrência, mostrando,
portanto, que essa variante integra a norma lexical dos habitantes do país para designar o ente
maligno em pauta. O presente estudo permitiu identificar que os entrevistados,
majoritariamente, empregaram diferentes recursos substitutivos ao nomear o “diabo”, no intuito
de amenizar a carga semântica negativa expressa na unidade lexical tida como tabu linguístico.
Por fim, os dados analisados revelaram que as crenças permeiam o imaginário popular dos
habitantes dos grandes centros urbanos, revelando, assim, a forma como um grupo linguístico
concebe a realidade sociocultural em que vive, materializados, por sua vez, no léxico de uma
língua.
Palavras-chave: léxico; capitais do Brasil; tabus linguísticos; Projeto ALiB.
Referências
79
GUÉRIOS, Rosário Farâni Mansur. Tabus Linguísticos. 2. ed. aum. São Paulo: Ed. Nacional;
Curitiba: Ed. da Universidade Federal do Paraná, 1979.
80
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NO LÉXICO DA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
DA COMUNIDADE SURDA DE MATO GROSSO DO SUL
Veronice Batista dos Santos
Elizabete Aparecida Marques
Este trabalho apresenta um recorte da pesquisa desenvolvida com a Comunidade Surda de
Mato Grosso do Sul , com o objetivo de comprovar ou refutar a hipótese de existência de
Expressões Idiomáticas (EIs) no léxico dos falantes da LSB dessa região. O corpus da pesquisa
é composto de material (vídeos) gravado pela equipe do Centro de Capacitação de Profissionais
da Educação e de Atendimento às pessoas com Surdez de Mato Grosso do Sul- CAS/MS, e
também de material coletado em contextos informais de interação entre os sujeitos surdos. As
expressões idiomáticas (EIs) são fenômenos linguísticos simbólicos de caráter semântico-
pragmático presentes em diferentes contextos interacionais. A Fraseologia ocupa-se do estudo
das combinatórias linguísticas entendidas aqui como lexia complexa indecomponível,
conotativa e cristalizada em um idioma pela tradição cultural (XATARA, 1998). Ancorados
nos pressupostos teóricos advindos dos estudos fraseológicos (ZULUAGA, 1980; CORPAS
PASTOR, 1996; RUIZ GURILLO, 1997; XATARA, 1998) o objetivo dessa comunicação é
apresentar os resultados preliminares de uma pesquisa maior que propõe-se a investigar a
existência de EIs na Língua de Sinais Brasileira (LSB) de forma a compreender de que maneira
essas expressões se realizam nessa modalidade linguística. Nossos resultados ainda são
preliminares, pois esta pesquisa ainda encontra-se em fase de coleta e análise , mas registramos
algumas EIs que já se encontram em nosso banco de dados e acreditamos que as mesmas
cumprem com a nossa proposta inicial que seria confirmar a existência de EIs próprias da LSB.
Ressaltando que, para a confirmação de que o fraseologismo pertence ao grupo das expressões
idiomáticas, é necessário que obedeçam aos critérios propostos por XATARA (1998).
Palavras - chave: Língua de Sinais Brasileira, Expressões Idiomáticas, Fraseologia.
Referências
CORPAS PASTOR, Gloria. Manual de Fraseologia Española. Madrid: Gredos, 1996.
FARIA, Sandra Patrícia de. A metáfora na LSB e a construção dos sentidos no desenvolvimento da
competência comunicativa de alunos surdos. Dissertação (Mestrado), 316 p. Universidade de Brasília,
DF, 2003.
GURILLO, Leonor Ruiz. Aspectos de fraseología teórica española. Valencia, Universidad de Valencia,
1997.
LAKKOF, George; JOHNSON, Mark. Metáforas da vida cotidiana. Campinas: Mercado das Letras,
2002.
81
XATARA, Claudia Maria, A tradução para o português de expressões idiomáticas em francês. Tese
(Doutorado), 244 p. UNESP, Araraquara, 1998.
ZULUAGA, Alberto. Introducción al estudio de las expresiones fijas. Frankfurt : Peter D.Lang, 1980.
278 p.
82
FÉ E SENTIDO: ENUNCIAÇÃO E ÉTHOS NO DISCURSO DA HOMILIA
Cássia Lacerda Soares
Geraldo Vicente Martins
Neste trabalho, cujas observações derivam de pesquisa ainda em fase inicial, emoldura-se uma
reflexão linguístico-discursiva acerca das homilias, definida como uma conversa de caráter
proximal, marcada por certo aspecto de familiaridade. Ao evidenciá-las emergem-se alguns
questionamentos: como ocorre a projeção das categorias de pessoa, tempo e espaço (em
especial, a primeira) no discurso dos homiliastas? A partir do exame de enunciados pertencentes
a esse discurso, qual estilo poderia ser depreendido por meio do estudo desse corpus composto
por homílias? Quais seriam os recursos do sistema retórico, bem como as figuras e temas
presentes nesse discurso? Como quadro teórico referente à enunciação, empregam-se as
concepções de Benveniste (1988; 1989) e os desdobramentos em torno delas de Fiorin (2000;
2001; 2011; 2015); as relativas à conceituação de tema e figuras de Barros (2005); e as
pertinentes aos estudos sobre éthos e estilo de Discini (2004; 2008) e Maingueneau (1995).
Quanto aos fundamentos sobre homilias, encontra-se respaldo em documentos da liturgia da
Igreja Católica, como o Evangelii Gaudium e a Sacrosanctum Concilium, e em contribuições
advindas de estudiosos da área, como Trudel (2015), Biscontin (2015) e Rigo (2012). Como
objetivo geral, tenciona-se investigar os desdobramentos das categorias enunciativas e, de modo
particular, a organização e o delineamento dos índices de pessoa e seus efeitos de aproximação
e distanciamento nas homilias. A partir desse propósito, objetiva-se especificamente: a) abordar
a noção de estilo e a operacionalização da noção de éthos, depreendida de uma totalidade; b)
discutir a relação dos recursos retóricos, enquanto mecanismos de persuasão e demonstração
do caráter do orador; e c) examinar como os procedimentos de tematização e figurativização
articulam-se no discurso homilético. Quanto aos procedimentos metodológicos, optou-se por
realizar um estudo qualitativo acerca do corpus de pesquisa, o qual será composto por 24
homilias coletadas por meio de gravações em áudios em nove comunidades católicas
pertencentes à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, situada no município de Campo Grande/MS.
Ressalta-se que tal estudo investigará a totalidade discursiva de três padres atuantes nos locais
da coleta de dados. A pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental contribuirão no
desenvolvimento do trabalho, ao colaborar na montagem do arquivo referente ao objeto de
estudo. Destaca-se que este estudo justifica-se pela carência de propostas que abordem o
83
discurso homilético pelo viés linguístico-discursivo, a fim de lançar um olhar que focalize a
linguagem eclesial e seus desdobramentos, sem perder de vista os efeitos de sentido nela
construídos.
Referências
BARROS, Diana Luz Pessoa. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo: Ática, 2005.
BENVENISTE, Émile. O aparelho formal da enunciação. In: Problemas de Linguística Geral
II. Trad. E. Guimarães et al. Campinas: Pontes, 1989.
DISCINI, Norma. O estilo nos textos: história em quadrinhos, mídia, literatura. 2. ed. São
Paulo: Contexto, 2004.
______________. Ethos e estilo. In: MOTTA, Ana Raquel; SALGADO, Luciana (orgs.) Ethos
discursivo. São Paulo: Contexto, 2008, p. 33-54.
FIORIN, José Luiz. As astúcias da enunciação. São Paulo: Editora Ática, 2001.
RIGO, Enio José. Homilia: a comunicação da palavra. 3º ed. São Paulo: Paulinas, 2012.
84
SACROSANCTUM CONCILIUM. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Paulus:
São Paulo, 1997.
TRUDEL, Jacques. Homilia: formação e arte de comunicar. São Paulo: Paulus, 2015.
85
KIT GAY: LETRAMENTO CRÍTICO PARA ENFRENTAMENTO DE FAKE NEWS
NAS ELEIÇÕES DE 2018
Emmanuelly Castro Dos Santos
Ruberval Franco Maciel
O contexto de eleições democráticas é relativamente novo no Brasil, com apenas 30 anos. Esse
acontecimento envolve diversas escolhas e decisões baseadas em dados que nem sempre
revelaram a verdade dos fatos. Porém, são nas eleições presidenciais de 2018, que as fake news
(notícias falsas) tomam conta do ciberespaço evidenciando a era da pós-verdade no Brasil, onde
a certeza dos fatos tem menos importância que a emotividade do discurso apresentado
(GOOCH, 2016). Neste contexto, o Letramento Crítico na formação cidadã torna-se necessário
para um entendimento da não-fixação de sentido de um texto (ROCHA E MACIEL, 2011), do
sujeito ideológico de cada discurso (BAKHITIN, 1990) e a heterogeneidade da sociedade,
ressaltada pelo local de fala de cada sujeito (SOUZA, 2004). O objeto de pesquisa será a
apresentação do livro “Aparelho Sexual e Cia”, da jornalista Hélène Bruller como item do
suposto “kit gay”, apontado por um dos candidatos à presidência, durante uma entrevista ao
Jornal Nacional. Essa pesquisa busca uma reflexão sobre a importância do letramento crítico
para uma consciência social, principalmente no contexto de eleições presidenciais. A
metodologia utilizada neste trabalho é bibliográfica, uma vez que busca - nos trabalhos
científicos de pesquisadores da área – explicações para análise de tal fenômeno.
Palavras-chave: fake news, kit gay, letramento critico, pós-verdade
Referências:
CASTELLS, Manuel. O Poder da Comunicação. São Paulo/Rio de Janeiro: Terra e Paz, 2015.
GOOCH, Anthony. Revista: Revista UNO: A Era da Pós-Verdade: Realidade Versus
Percepção. Ensaio: No pós das Verdades. São Paulo, p. 14-15, março, 2017.
ROCHA, Cláudia Hilsdorf, MACIEL, Ruberval Franco. Ensino de Língua estrangeira como
prática translingue: articulações com teorizações bakhitinianas. In: D.E.L.T.A. Vol. 31, nº2.
São Paulo, Julho/dezembro de 2015.
ROSALES, Francisco. Revista: Revista UNO: A Era da Pós-Verdade: Realidade Versus
Percepção. Ensaio: Pós-Verdade, uma nova forma da mentira. São Paulo, p. 49- 50, março,
2017.
SOUZA, Lynn Mario T. Menezes de. Hibridismo e Tradução cultural em Bhabha. In: JUNIOR,
Benjamin Abdala (Org.). Margens da Cultura: Mestiçagem, Hibridismo e outras Misturas. São
Paulo. Boitempo Editoral, 2004.
86
---------------. Para uma redefinição do letramento crítico: conflito e produção de significação.
In: MACIEL, Ruberval Franco; ARAÚJO, Vanessa; TAKAKI, Nara Hirodo (org). Formação
de professores de línguas: processos tradutórios e ética do Sul – particularidades ampliando
perspectivas. Jundiaí: Paço Editorials, 2011. p-128-140.
TRAQUINA, Nelson. Teorias de Jornalismo, porque as notícias são como são. Florianópolis:
Insular, 2005.
87
RESULTADOS DA PESQUISA:
O JOGO COMO MEDIADOR DA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO
LETRAMENTO SEMIÓTICO
Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados finais da pesquisa de mestrado
(2016-2018) desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens,
UFMS. A pesquisa tem como objetivo geral analisar o ensino da perspectiva de práticas de
leitura, definidas como propostas de letramento semiótico, por meio de jogos como
mediadores das práticas de ensino para avaliar as variações na construção de sentidos geradas
no processo de leitura e escrita no ensino fundamental. A partir do ponto de vista da Semiótica
Greimasiana de linha francesa, tomando como base a perspectiva do jogo e da literatura
infanto-juvenil, mediante o estabelecimento do ferramental teórico do letramento semiótico,
propomos estratégias, tanto de práticas sociais de leitura e de escrita, quanto da análise desses
procedimentos. Assim, mediante o estudo de diferentes atividades de letramento, são
analisadas as variações na construção de sentido geradas no processo de leitura, dando ênfase
tanto na abordagem que estas fazem do texto, quanto na relação com o enunciatário.
Associados a essa problemática, nossos objetivos específicos consistem na análise semiótica
de dois textos de literatura infanto-juvenil, pertencentes ao livro “O terror do 6 B”, de
Yolanda Reyes: “O dia em que não houve aula” e “O terror de 6 B”, abordados na sua versão
original, em espanhol e em português na tradução de André de Oliveira Lima, Diante da
análise empreendida, propomos atividades de práticas de leitura que abordam a depreensão
do sentido. Nossos resultados incidem em uma proposição coincidente com o a proposta de
leitura e redação desenvolvida por Platão e Fiorin (1999, 2007) e, finalmente, realizamos a
elaboração de um jogo como prática de letramento semiótico. Por sua vez, nosso trabalho
direciona-se à população infanto-juvenil, com o intuito de promover e otimizar a
implementação de práticas de leitura crítica no ensino fundamental. Apoio: (CAPES)
Referências
ALMEIDA, R.C.S. Jogos nas aulas de português: linguagem, gramática e leitura I. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2013.
88
ARANA, Maria Virgínia Moraes de. Jogos eletrônicos: por uma semiótica passional.
Significação (UTP), São Paulo, p. 125-143, 2002.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
BARROS, Diana Luz. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 2005.
BLOOM, Harold. A angústia da influência. Uma teoria da poesia. Trad. Marcos Santarrita. 2
Ed.Rio de Janeiro: Imago, 2002.
CASILDO, Gonzalo López. Introducción. In: ESOPO. Fábulas. Espanha: Alianza. 2015.
89
< http://www.omep.org.uy/wp-content/uploads/2015/09/la-literatura-en-la-ed-inicial.pdf>.
Acesso em: 20 set. 2017.
COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário: Narrativa infantil e juvenil atual. Trad.
Laura Sandroni, São Paulo: Global, 2003.
CORDAZZO, Sheila Tatiana; VIEIRA, Mauro Luis. A brincadeira e suas implicações nos
processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Rio de Janeiro: Estudos e Pesquisas em
Psicologia. 2007. Disponível em: <http://www.revispsi.uerj.br/v7n1/
artigos/html/v7n1a09.htm> acesso em: 06 de agosto de 2017.
CORRAL, Luis Sánchez. Semiotica de Greimas, propuesta de analisis para el acto didáctico.
CAUCE, Revista de Filología y su Didáctica. Sevilla, n.26, p. 469-490, 2003.
FARIAS, Iara. Rosa. Letramento e linguagem: reflexões a partir da semiótica francesa para uma
prática de ensino. In MATTE, Ana Cristina. Linguagem, texto, discurso: entre a reflexão e a
prática. Rio de janeiro: Lucerna, 2002.
FERREIRA, Bruno Santos; Gamification y estilos de aprendizaje: una relación entre los estilos
de jugadores y estilos de aprendizaje. In: IV Congreso Iberoamericano de estilos de aprendizaje:
Integrando saberes para una mejor educación. Concepción. Anales electrónicos. 2017.
Disponível em: <http://ciea.udec.cl/Anales_del_CIEA.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2018.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 1999.
90
FLOCH, J. M. A contribuição da semiótica estrutural para o design de um hipermercado.
São Paulo: Galáxia 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1982-25542014119610>
. Acesso em: 05 de maio de 2018.
FORNARI, Elda Nora. El juego: un enigma a descifrar. Buenos Aires: Psicoanálisis APdeBA
- Vol. XX - Nº 2. 1998.
GORO, Lívia. Do Nordeste para todo o Brasil. São Paulo: Guten News, 2016. Disponível
em: < http://gutennews.com.br/webapp/caderno-leitura.php?edition_id= 104§ion_ id=1>.
Acesso em: 04 de janeiro de 2017.
KOCH, Ingedore V., ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto, 2006.
91
LESSA, Elvira. Cooperação e complementaridade em equipes de trabalho: Estudo com
Tipos Psicológicos de Jung. Rio de Janeiro: COOPE, 2002.
LIMA, Celso Rennó. A leitura de uma ficção: A história sem fim. Belo Horizonte: Aletria
2005. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br
/index.php/aletria/article/view/1322. Acesso em: 09 de agosto. 2016.
MONTE MÓR, W. Crítica e letramentos críticos. Reflexões preliminares. In: ROCHA, C. H.;
MACIEL, R. F. (Orgs.) Língua estrangeira e formação cidadã: por entre discursos e práticas.
Campinas: Pontes, 2013.
OBERG, Silvia. Suplemento de leitura. O terror do 6°B e outras história. Yolanda Reyes. São
Paulo: FTD, 2014.
______. Mundos possíveis. São Paulo: Revista Emilia. 2013a. Disponivel em:
<http://revistaemilia.com.br/mundos-possiveis/>. Acesso em: 17 jun. 2017.
92
______. RED de bibliotecas. Yolanda Reyes y los mundos posibles. Youtube. 3 mai. 2013b.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=ZiX02o t9PaU> Acesso em: 17 jun.
2017.
ROCHA, Jose Maria Tenorio. Folclore brasileiro: Alagoas. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977.
______. A teoria geral dos signos: semiose e autogeração, São Paulo: Ática. 1995
SILVA, Luiza Helena, Silenciamento dos sentidos: relatos de observação de aulas de leitura.
Rio de Janeiro: Revista Querubim. 2007.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Traduzido por Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artmed,
1998.
SOUSA, Lynn Mario Trindade Menezes de. O conflito de vozes na sala de aula. In:
CORACINI, Maria José R. Farias (org,) O jogo discursivo na sala de leitura. Campinas
Pontes,1995, p.21-26
93
______. Por uma redefinição de letramento crítico. In: MACIEL, R. F.; ARAÚJO, V. DE
ASSIS. (Orgs.) Formação de professores de línguas. Ampliando perspectivas. Jundiaí: Paco
Editorial, 2011.
STREET, Brian; CASTANHEIRA, Maria Lucia. Práticas e eventos de letramento. IN: FRADE, I.
C. A. S. (Org.) ; COSTA VAL, M. Graça. (Org.) ; BREGUNCI, Maria das Graças C. (Org.) .
Glossário Ceale Termos de Alfabetização, Leitura e Escrita para educadores. Belo Horizonte:
Faculdade de Educação/UFMG. 2014.
TATAR, Maria (Org.). Contos de fadas: edição comentada & ilustrada. Rio de Janeiro: J.
Zahar, 2004.
ZILBERBERG, Claude. Semiótica e retórica. In: Elementos de gramatica tensiva. São Paulo:
Ateliê Editorial, 2011.
94
AFINIDADES ELETIVAS ENTRE OBRAS DE MANOEL DE BARROS E AS ARTES
PLÁSTICAS SUL-MATO-GROSSENSES
Dotada de discurso único, a obra de Manoel de Barros além de evidenciar a relação do homem
com o Pantanal sul-mato-grossense, possui, sobretudo, conexão com as artes plásticas. Este
diálogo, percebido por meio do sentido de liberdade que o poeta desenvolve em seus poemas,
iniciou-se em um curso de pintura realizado no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque, onde
conheceu artistas que influenciaram a base pictórica de sua poética, tais como Chagall, Picasso,
Miró, Klee e Van Gogh. Nessa conjuntura, com o propósito de observar afinidades eletivas
entre a obra de Manoel de Barros e as artes plásticas sul-mato-grossenses, no tocante aos temas
e figuras recorrentes, tais como a citação das águas na paisagem pantaneira, seja na linguagem
verbal (poemas) ou na linguagem visual (pintura), seleciona-se como corpus as produções
pictóricas dos artistas plásticos José Ramão Pinto de Moraes (Jorapimo) e Stefan Grol, que
retratam a paisagem pantaneira, e as obras de Manoel de Barros: Livro de pré-coisas (1985), O
guardador de águas (1989), O livro das ignorãças (1993) e Menino do Mato (2010). Para tanto,
busca-se, a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da semiótica discursiva de linha
francesa, descrever e interpretar o plano do conteúdo, principalmente os temas e figuras, o plano
da expressão, o verbal e o visual, e as relações semissimbólicas entre os dois planos nos textos.
Para a concretização da pesquisa, serão mobilizadas, principalmente as abordagens semióticas
realizadas por Greimas (1976), Greimas & Courtés (2008), Floch (1985), Fiorin (2002),
Bertrand (2003), Barros (2000), Oliveira (2004), Pietroforte (2004), Assis-Silva (1995).
Referências
FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2002.
95
HÁ DESDOBRAMENTOS DO PRAGMATISMO PEIRCIANO NO “PRAGMATISMO
INTERATIVO” DE MONTANER PARA A ARQUITETURA?
Gabriela Lima Mascarenhas Moreira
Eluiza Bortolotto Ghizzi
96
Referências Bibliográficas
DELEUZE, Gilles. Crítica e Clínica. Tradução Peter Pál Pelbart. São Paulo: Editora 34,
1997.
GUATTARI, Felix. As Três Ecologias. Tradução Maria Cristina F. Bittencourt. São Paulo:
Papirus, 2001.
HEGEL, G. W. F. The Philosophy of Fine Art. V. 1. Londres: Bells and Sons, 1920. The
Project Gutenberg EBook. Disponível em: < http://www.gutenberg.org/files/55334/55334-
h/55334-h.htm>. Acesso em: 9 out. 2018.
IBRI, Ivo Assad. Semiótica e Pragmatismo: Interfaces Teóricas. Cognitio, São Paulo, v. 5, n.
2. p. 168-179, jul./ dez., 2004.
______. O Fundo Estético do Pragmaticismo de Peirce. Disponível em: <
https://www.cle.unicamp.br/index.php/sites/default/files/O_Fundo_Estu00E9tico_do_Pragmat
icismo_de_Peirce.pdf>. Acesso em: 26 out. 2018.
______. Kósmos Noetós: A arquitetura Mestafísica de Charles S. Peirce. São Paulo: Paulus,
2015.MONTANER, Josep Maria. Do diagrama às experiências, rumo a uma arquitetura
de ação. Tradução Maria Luisa Abreu de Lima e Paz. Barcelona: Editorial Gustavo Gili,
2017.
OCKMAN, Joan (Ed.). The Pragmatist Imagination: Thinking about “things in the
making”. Nova York: Princeton Architectural Press, 2000.
PARKER, Kelly. Reconstructing the Normative Sciences. Cognitio, São Paulo, v. 4, n. 1, p.
27-45, jan.-jun. 2003. Disponível em: <
http://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/13238/9752>. Acesso em: 15
out. 2018.
PEIRCE, C. S. Electronic edition of The Collected Papers of Charles Sanders Peirce,
reproducing Vols. I-VI ed. Charles Hartshorne and Paul Weiss (Cambridge, MA: Harvard
University Press, 1931-1935), Vols. VII-VIII ed. Arthur W. Burks (same publisher, 1958).
RAJCHMAN, John. Um novo Pragmatismo?. In: SYKES, A. Krista (Org). O Campo
Ampliado da Arquitetura: Antologia Teórica. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
SANTAELLA, Lucia. Matrizes da Linguagem e Pensamento: sonora, visual, verbal. 3. Ed.
São Paulo: Iluminuras: Fapesp, 2005.
______. A teoria geral dos signos: Como as linguagens significam as coisas. São Paulo:
Cengage Learning, 2008.
97
SILVA, Elvan. Matéria, Idéia e Forma: Uma definição de arquitetura. Porto Alegre: Ed.
Universidade/ UFRGS, 1994.
SOMOL, Robert; WHITING, Sarah. Notas sobre o efeito Doppler e outros estados de espírito
do modernismo. In: SYKES, A. Krista (Org). O Campo Ampliado da Arquitetura:
Antologia Teórica. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
SYKES, A. Krista (Org). O Campo Ampliado da Arquitetura: Antologia Teórica. São
Paulo: Cosac Naify, 2013.
VAN TOORN, Roemer. Acabaram-se os sonhos? A paixão pela realidade na nova arquitetura
holandesa... e suas limitações. In: SYKES, A. Krista (Org). O Campo Ampliado da
Arquitetura: Antologia Teórica. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
98
A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DO PROJETO DE LEI Nº 1.676 DE 1999:
PURISMO LINGUÍSTICO E RELAÇÕES DE PODER
O trabalho tem como objetivo problematizar a construção do discurso do projeto de Lei n. 1.676
de 1999. Esse projeto declara lesivo ao patrimônio cultural brasileiro “todo e qualquer uso de
palavra estrangeira ou expressão em língua estrangeira” (art. 4º). O intuito é investigar quais
são as marcas ligadas às formações discursivas puristas e como a história do desenvolvimento
do purismo atravessa o discurso da sociedade brasileira, examinando as suas manifestações no
texto desse projeto de lei. O lugar teórico que se privilegia são os estudos do discurso, em
especial a reflexão sobre a tensão entre o mesmo/o diferente quando da produção de sentido
(PÊCHEUX, 1988). Nessa perspectiva, analisar o sentido do discurso significa lançar um olhar
para sua constituição dialógica na temporalidade que envolve passado, presente e futuro. As
memórias (do passado e do futuro são compostas das antecipações da resposta do outro) são
partes constitutivas do enunciado que é produzido. Pêcheux (1988) assevera que o sentido de
uma palavra, de uma expressão, de uma proposição, não existe em si mesmo, ou seja, colado
ao significante, mas ao contrário é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo
no processo sócio-histórico. Além disso, examinaremos a “vontade de verdade” (FOUCAULT,
2009) evocada pelo discurso da lei para corroborar uma imagem pura, íntegra e homogênea da
língua. Outro ponto investigado são as condições de produção da imposição da Língua
Portuguesa no Brasil praticadas pela colonização portuguesa, analisando como esses discursos
emergem no projeto de lei, ressignificados e materializados com efeitos de sentido de
imposição, silenciamento de outras línguas e protecionismo linguístico contra as alteridades
representadas pelas línguas estrangeiras e autóctones. São analisados 6 excertos do PL,
organizados em 3 eixos temáticos: 1) imposição; 2) silenciamento e 3) proteção. As sequências
discursivas recortadas buscam interceptar os efeitos de sentidos que circulam sub-repticiamente
na materialidade discursiva do PL e relacioná-los ao panorama sócio-histórico-ideológico que
permite a emergência de discursos de proteção da língua dos colonizadores e silenciamento de
outras línguas, verificando as relações de poder presentes no discurso em tela.
Referências
BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. 6. ed. Campinas, SP:
Ed. da Unicamp, 2002.
99
BRAGA, Sandro. O sujeito submetido à língua escrita sob o viés dos gêneros acadêmicos. In:
Giovanna G. Benedetto Flores / Nádia Régia Maffi Neckel / Solange Maria Leda Gallo (Orgs.)
Análise de Discurso em Rede: Cultura e Mídia – volume 1. Campinas, SP: Pontes Editores,
2015.
BAGNO, Marcos. Cassandra, Fênix e outros mitos. In: FARACO, Carlos Alberto (org.)
Estrangeirismos: Guerras em Torno da Língua. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2001.
BARROS, Diana Luz. Teoria Semiótica do texto. São Paulo: Ática, 2005
BRAGA, Sandro. O sujeito submetido à língua escrita sob o viés dos gêneros acadêmicos. In:
Giovanna G. Benedetto Flores / Nádia Régia Maffi Neckel / Solange Maria Leda Gallo
(Orgs.) Análise de Discurso em Rede: Cultura e Mídia – volume 1. Campinas, SP: Pontes
Editores, 2015.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. Trad. Sério
Miceli2. ed., 1. reimpr. -São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Ed. Fundação
Perseu Abramo, 2001.
COSTA, Nelson Barros da. Dialogismo e análise do discurso – alguns efeitos do pensamento
bakhtiniano nos estudos do discurso. Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, SC, v.
15, n. 2, p. 321-335, maio/ago. 2015.
100
______. A produção do conhecimento sobre a língua na segunda metade do século xx no
brasil: o funcionamento da contradição no discurso do gramático. Tese (Doutorado em
Letras) – Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Artes e Letras, Programa de Pós-
graduação em Letras, RS, 169 p. 2015.
FERREIRA, Maria Cristina Leandro. Análise de discurso e suas interfaces: o lugar do sujeito
na trama do discurso. ORGANON – Revista do Instituto de Letras da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto-Alegre, Vol. 24 n.48, 2010.
101
______. A ordem do discurso. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. 9 ed. São Paulo:
Loyola, 2003.
FARACO, Carlos Alberto (org.) Estrangeirismos: Guerras em Torno da Língua. São Paulo,
SP: Parábola Editorial, 2001.
GUERRA, Vânia M. Lescano. Práticas discursivas: crenças, estratégias e estilos. São Carlos:
Pedro & João Editores, 2008.
102
UMA ABORDAGEM MULTIMODAL NA ANÁLISE DE UM JORNAL ONLINE
Pretendemos abordar, neste trabalho, aspectos teóricos que norteiam o projeto de pesquisa que
está sendo desenvolvido no programa de Mestrado em Estudo de Linguagens da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O projeto versa sobre produção de textos multimodais
de um jornal on-line por alunos que cursam o 8º ano, numa escola Municipal de Campo Grande,
no estado de Mato Grosso do Sul (MS). Justificamos a escolha do tema já que os textos
multimodais surgem como transformação nas relações com a cultura escrita e práticas de leitura.
Desse modo, como parte do referido estudo, objetivamos analisar aspectos multimodais, na
perspectiva da Semiótica Social, presentes na primeira página do jornal on-line “Correio do
Estado”. O periódico mencionado foi selecionado por se tratar do mais antigo veiculado na
cidade de Campo Grande. A multimodalidade insere-se na concepção da pedagogia de
multiletramentos, pautados nas diferentes manifestações da linguagem, bem como a forma pela
qual indivíduo, coisas e lugares constituem o conjunto de sentidos, conforme as concepções
teóricas de Cope e Kalantzis (2000), Kress (2010), Rojo (2012), Rojo e Moura (2012). Com
base no referencial teórico mencionado, observamos que, atualmente, o leitor pode compartilhar
textos eletrônicos, incluindo os jornalísticos, nas redes sociais. Também é possível redigir e
publicar comentários. Essas são algumas características importantes que o modo impresso não
oportuniza. As multiplicidades de recursos semióticos podem proporcionar às pessoas, leituras
mais dinâmicas e abrangentes, tendo em vista que o texto eletrônico oferece maior
interatividade por meio de links, hiperlinks, gráficos e recursos multimídias.
Referências
COPE, Bill; KALANTZIS, Mary (Ed.). Multiliteracies: Literacy Learning and the Design
of Social Futures. London: Routledge, 2000.
KRESS, Gunther. Multimodality. A social semiotic approach to contemporary
communication. New York: Routledge, 2010.
ROJO, Roxane Helena Rodrigues. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São
Paulo: Parábola Editorial, 2009.
ROJO, Roxane Helena Rodrigues; MOURA, Eduardo. Multiletramentos na escola. São Paulo:
Parábola Editorial, 2012.
103
O CORPO FEMININO EM FILMES DE HORROR – UMA BREVE ANÁLISE
SOBRE A NUDEZ FEMININA EM STARRY EYES.
Este trabalho busca investigar o corpo feminino como configuração semiótica de nudez em
enunciados fílmicos do gênero horror. O interesse é observar como o elemento em análise, o
corpo, mesmo que traga diferentes arquétipos femininos como a donzela, a femme fatale, a
cuidadora, entre outros, mantém a recorrência da temática de oposição sagrado vs. profano.
Teremos como corpus de análise fragmentos da obra fílmica Starry Eyes (2014), dirigida por
Kevin Kolsch e Dennis Widmyer, nos quais será discutida a mencionada oposição. A análise
terá como fundamentação teórica basilar a semiótica greimasiana de linha francesa alicerçada
pelos estudos de Pietroforte sobre o modelo teórico do percurso gerativo de sentido. Tomaremos
ainda como base textos da autoria de Silva (2011, 2012, 2012), autor de pesquisas sobre o terror
e sobre o corpo que se valem de teorias da semiótica francesa. A definição de horror que
norteará o trabalho é a apresentada pelos estudos de Carroll (1999), em sua obra A filosofia do
horror ou paradoxos do coração. A fim de discutir como se dá a questão de personagens do
gênero feminino no horror, utilizaremos os estudos de Carol J. Clover (2015), em sua obra Men,
women and chain saws. Por fim, a questão da nudez será abordada através das ideias de Giorgio
Agamben (2014), registradas em seu texto “Nudez”. Analisando cenas da obra cinematográfica
tomada como objeto de estudo por meio de tais suportes teóricos, buscamos encontrar
modulações tensivas que extrapolem o senso comum do uso da nudez como apenas
objetificação do corpo feminino.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Nudez. Tradução Davi Pessoa. São Paulo, Autêntica editora, 2014.
AMBROGIO, Anthony. Fay Wray: Horror Film´s first sex symbol. In: PALUMBO, Donald
(org) Eros in the mind´s eye Sexuality and the fantastic in art and film. Westport, Connecticut,
Greenwood Press, 1986.
104
CLOVER, Carol J. Men, women and chain saws Gender in the modern horror film. Princeton,
New Jersey, Princeton University Press, 2015.
GREIMAS, Algirdas Julien. Les actants, les acteurs e les figures. In:GREIMAS, A. Julien. Du
sens II: essays sémiotiques. Paris: Éditions du Seuil, 1983, p. 49-66.
KOLSCH, Kevin; WIDMYER, Dennis. Starry eyes. Snowfort Pictures, 2014. 98 minutos.
Filme.
PIETROFORTE Antonio Vicente, Semiótica visual os percursos do olhar. São Paulo, SP,
Editora Contexto, 2017.
SILVA Odair José Moreira da. Um estudo sobre a paixão do medo no cinema de horror.
Conexão – Comunicação e Cultura (Revista eletrônica). Caxias do Sul, v. 11, n. 22, p.41.
105
LEITURA ONLINE NO JOGO LOL: ANÁLISE DE LETRAMENTO DIGITAL
Este trabalho apresenta um projeto em fase inicial, que visa à investigação e análise dos modos
e das estratégias de leitura online utilizados pelos jogadores do jogo League of Legends (LOL)
na construção desse letramento específico, e do que tais estratégias revelam da interação entre
as multissemioses percebidas, na produção de sentidos no e sobre o jogo. A partir de
pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Aplicada, integrando os conceitos de
letramento digital (BUZATO, 2007), multiletramentos (STREET, 2003) e leitura online
(SCHMAR-DOBLER, 2018), a pesquisa se desenvolve em perspectiva transdisciplinar, com
abordagem interpretativista, na identificação e descrição dos aspectos sócio-semióticos
encontrados na interface do jogo, na análise dos modos e estratégias de leitura utilizadas pelos
jogadores, e na apuração dos aspectos relacionados à leitura online encontrados nos expedientes
que forem identificados como ferramentas na constituição desse letramento (tais quais os
fóruns, as streamings, o site do desenvolvedor do jogo). A metodologia da pesquisa inclui
análise dessas ferramentas complementares e da interface do jogo, desde o momento das
seleções inicias até a ação de jogar, além da aplicação de questionários, aos jogadores, para
melhor entendimento das escolhas de estratégias e construção de um perfil do jogador. Sendo
o LOL um dos jogos no estilo MOBA (Multiplayer Online Battle Arena) com maior número de
usuários da atualidade, ele se apresenta como um importante objeto de estudo para que se pense
na expansão do conceito de letramento, englobando a linguagem multimidiática da tela e o seu
uso (DALEY, 2010). Entre os resultados esperados, visamos enriquecer as reflexões acerca do
letramento digital no âmbito das instituições educacionais, escola e academia, minimizando a
distância entre eles e os letramentos cotidianos, analisando a hipótese de que as estratégias
encontradas possam se estender para outros letramentos que exijam uma interação semelhante
entre sujeito e hipertextos. (Apoio: CNPq)
106
DALEY, E. Expandindo o conceito de letramento, 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/tla/v49n2/10.pdf Acesso em: 05 nov.2018.
SCHMAR-DOBLER, E. Reading on the internet: the link between literacy and technology,
2003. Disponível em:
http://literacyuncc.pbworks.com/f/Reading%20on%20the%20Internet.pdf Acesso em: 05 nov.
2018.
STREET, B. V. What´s “new” in the new literacy studies? Critical approaches to literacy in theory and
practice, 2003. Disponível em: https://www.tc.columbia.edu/cice/pdf/25734_5_2_Street.pdf Acesso
em: 05 nov. 2018.
107
OS ELEMENTOS INDICIAIS E SIMBÓLICOS PRESENTES NA MATERIALIDADE
EM OBRAS DAS ARTES PLÁSTICAS CONTEMPORÂNEAS
Lisa Rayane dos Santos Araujo
Eluiza Bortolotto Ghizzi
Referências
ARCHER, Michel. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes,
2008.
CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes,
2005.
GIBSON, Clare. Como compreender símbolos: Guia rápido sobre simbologia nas artes. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012.
108
IBRI, I. Kósmos Noétos: A Arquitetura Metafísica de Charles S. Peirce. São Paulo:
Perspectiva: Hólon, 2015.
SANTAELLA, Lucia. A Teoria Geral dos Signos: Semiose e Autogeração. São Paulo: Ática,
1995.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica, trad. José Teixeira Coelho Neto. São Paulo:
Perspectiva,1977.
109
VAMPYROTEUTHIS INFERNALIS EM ABORDAGEM SEMIÓTICA PLÁSTICA E
TENSIVA
Luis Henrique Pereira de Paula
Geraldo Vicente Martins
Referências
AUERBACH, Erich. “A cicatriz de Ulisses”. In: ______. Mimesis: a representação da realidade
na literatura ocidental. 6 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.
FLOCH, J.-M. (1987). Semiótica plástica e linguagem publicitária. Significação: Revista De
Cultura Audiovisual, (6), 29-50. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.1985.90495.
FLUSSER, V. Ficções Filosóficas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
______________, BEC, Louis. Vampyroteuthis Infernalis. São Paulo: Annablume, 2011.
110
GREIMAS, A.J. (1984). Semiótica figurativa e semiótica plástica. Significação: Revista De
Cultura Audiovisual, (4), 18-46. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.1984.90477
TEIXEIRA, Lucia. Entre dispersão e acúmulo: para uma metodologia de análise de textos
sincréticos. Gragoatá, [S.l.], v. 9, n. 16, jul. 2004. ISSN 23584114. Disponível em:
<http://www.gragoata.uff.br/index.php/gragoata/article/view/586>. Acesso em: 13 ago. 2018.
ZILBERBERG, C. Elementos de Semiótica Tensiva. Trad. Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit,
Waldir Beividas. São Paulo: Ateliê editorial, 2011.
111
VIDEO MAPPING, SEMIOSES E POTENCIAIS DE RESSIGNIFICAÇÃO
Referências
ECO, Umberto. Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FONTANA, Sara. GIUSTACCHINI Enrico. Buren e l’utensile visivo. Revista virtual Oggi 7,
10 de agosto de 2008. Disponível em: <http://www.oggi7.info/2008/08/21/1235-buren-e-l-
utensile-visivo>. Acesso em: 22 de Abril de 2018.
GHIZZI, Eluiza Bortolotto. Potencialidades da ideia de mente e do interpretante peircianos para
uma perspectiva semiótica e ecológica da comunicação. Revista eletrônica de filosofia. São
Paulo, v. 11, 2014.
112
IBRI, Ivo Assad. Kósmos noetós: a arquitetura metafísica de Charles S. Peirce. São Paulo:
Paulus, 2015.
KNELSEN, Mateus. Projeção mapeada, a imagem livre de suportes. 2012. Disponível em: <
http://medul.la/pdf/projecao_mapeada.pdf >. Acesso em: 25 de abril de 2018.
KOTZ, Liz. Videoprojeção: o espaço entre telas. In: MACIEL, K. (Org.) Cinema Sim: narrativa
e projeções/ reflexões e ensaios. São Paulo: Itaú Cultural, 2008.
NÖTH, Winfred. Panaroma da semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: Annablume, 2003.
SANTAELLA, Lúcia. A teoria geral dos signos. São Paulo: Pioneira, 2000.
SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1990.
SCHIELKE, Thomas. Light Matters: Vídeo-mapeamento 3D, fazendo da arquitetura uma tela
para narrativas urbanas. 2013. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-
149323/light-matters-video-mapeamento-3d-fazendo-da-arquitetura-uma-tela-para-narrativas-
urbanas>. Acesso em: 15 de Abril de 2018.
113
CULTURAS INDÍGENAS NA GÊNESE DE MONUMENTOS
O turismo não pode pôr em risco ou agredir irreversivelmente as regiões e ou espaços nos quais
se desenvolve, devendo, pois, primar pelo respeito ao meio ambiente. Assim, lançamos nosso
olhar ao Parque das Nações Indígenas, localizado em Campo Grande – MS, ambiente
preservado e escolhido por aqueles que buscam um contato maior com a natureza, praticar
esportes, realizar passeios ou caminhadas, deparando-se com capivara, marreco, cutia, quati,
lobinho, tatu, raposa, lagarto, mutum, joão-de-barro, arara, tucano, quero-quero, coruja, bem-
te-vi e mais uma infinidade de pássaros e, então, vivenciar experiências saudáveis para o corpo,
para a alma e, ainda, capazes de proporcionar ganhos culturais singulares. Singularidade essa
devida, também, aos monumentos aí inseridos, tais como o “Obelisco em formato de uma
zarabatana”, localizado próximo à entrada Guarani, projetado pelo arquiteto Roberto
Montezuma e o “Cavaleiro Guaicuru”, implantado em uma ilha formada no grande lago do
parque, com acesso por uma ponte de madeira, do escultor Anor Mendes. Embora, esses
espaços e produtos sejam ofertas turísticas experimentadas pelo consumidor como uma
experiência vivida durante seu consumo, podendo ser consumidas apenas no momento da sua
utilização, pode-se pensar que restaria estocado, além do estado de espírito de contentamento,
o ganho do enriquecimento cultural. Diante dessa constatação, este estudo busca contribuir para
a aproximação entre reflexão teórica e a prática analítica, com foco nesses dois objetos
monumentais. Escolha essa justificada tanto à indiscutível importância histórica que subjaz aos
monumentos quanto à nossa paixão por questões relacionadas à semiótica e às esferas do
turismo. Empregamos na análise a teoria semiótica fundada por Algirdas Julien Greimas e,
posteriormente, desenvolvida por seus seguidores, sobretudo por Jean-Marie Floch. Por
evidenciar-se uma dimensão da proprioceptividade no processo de enunciação monumental,
nasceria a significação contida nos objetos da interação entre a configuração plástica construída
e o enunciatário individual posicionado num lugar preciso no espaço? Além disso, buscar-se-á
relembrar três dos parâmetros, mencionados por Greimas em D’Imperfection (1987), que
caracterizam a experiência estética: “assombramento do sujeito”, “o estatuto do objeto” e “a
relação sensorial entre os dois”. Ainda em desenvolvimento, os resultados parciais demonstram
que o plano da expressão articulado ao plano do conteúdo influencia na geração de sentido do
texto, sendo, portanto, relevante aos estudos sobre monumentos, apontando tanto o obelisco
quanto à estátua como arte e objeto plástico passível de análise semiótica, que na gênese
constituem-se de aspectos culturais indígenas.
Referências
114
FLOCH, J.M. De uma crítica ideológica da arte a uma mitologia da criação
artística: Immendorf 1973-1988. Trad. De M.L. Fury. In: OLIVEIRA, A. C. (org.). Semiótica
plástica. São Paulo: Hacker Editores, 2004, p.243-62.
GREIMAS, J. A. De l’imperfection. Périgueux: Pierre Fanlac, 1987.
RUSCHMANN, D. Turismo no Brasil: análise e tendências. Barueri, SP: Manole, 2002.
115
SEMIÓTICA DO DISCURSO MUSICAL INFANTO JUVENIL
Resumo: Este trabalho tem como objetivo geral analisar o enunciado de canções infantis por
meio da semiótica greimasiana como recurso metodológico de leitura, para depreender o
sentido sensível nas canções infantis do CD Crianceiras do compositor Márcio de Camilo, que
tem como tema as poesias de Manoel de Barros, aspectos sonoros e timbristicos. O objeto
selecionado para análise consiste no recorte do CD Crianceiras do qual selecionamos duas
poesias de Manoel de Barros musicadas pelo cantor compositor, Márcio de Camilo: Bernardo
e Sabastião. A metodologia de análise é o percurso gerativo do sentido em seus níveis:
fundamental, narrativo e discursivo, tomando por base a análise da canção como um texto
sincrético. Dentre os autores que desenvolvem pesquisas tendo como objeto de análise o
enunciado cancional, destacamos os estudos de (TATIT, 2003) ao preconizar a análise
semiótica por meio do processo descritivo entre a letra e a canção. Destacamos, ainda, dentro
de nossa revisão bibliográfica, pesquisadores contemporâneos, que tenham como objeto de
investigação a canção, ou a canção infanto-juvenil, dentre os quais destacamos: (SILVA,
RODRIGUES, 2017), (TATIT, 2014), (PASCOLI; GUERREIRO, 2017), (SHIMODA, 2017).
Temos como justificativa deste trabalho a presença de poucos estudos, no que concerne aos
estudos acerca da canção infanto-juvenil dentro da perspectiva semiótica. Acrescenta-se a esse
fato, ainda, a premissa de se valorizar a produção de trabalhos voltados à canção infanto juvenil
no Estado de Mato Grosso do Sul, como é o caso do objeto de nossa pesquisa, cujas canções
foram concebidas no Pantanal e em Campo Grande MS. O trabalho se propõe a analisar as
canções supracitadas no que diz respeito às imagens temáticas e figurativas, além da
contraposição entre valores positivos e negativos do texto verbal. Assim sendo, nossa analise
procura observar a imagem sonora através da conduta descritiva para a visualização de como
se dá a relação da letra com a canção, por meio da qual serão identificados os actantes da
enunciação: eu/tu; espaço da enunciação: tempos verbais; componentes da enunciação; questão
da euforia e disforia. Esse trabalho procura contribuir na perspectiva de se ampliar as análises
acerca das canções em semiótica, como percurso metodológico de leitura, ademais, no que
concerne ao estudo da canção infanto-juvenil, ainda pouco explorada dentro desta perspectiva
teórica.
Referências:
CAMILO, Márcio de, Crianceiras, Rimo Entertainment Ind. E Comércio S.A. Manaus –
AM.
116
GREIMAS, Algirdas Julien, Da imperfeição. Trad. Ana Claudia de Oliveira - Ed. São Paulo
Hacker Editores, 2002.
TATIT, Luiz. Elementos para a análise da canção popular – Cadernos de Semiótica aplicada
2003.
TATIT, L. Ilusão enunciativa na canção. Per-Musi, Belo Horizonte, n.29, 2014, p.33-38.
Recebido em: 22/08/2012 - Aprovado em: 13/12/2013
117
NOVAS TECNOLOGIAS NA MIDIATIZAÇÃO NAS PRÁTICAS RELIGIOSAS
Sueli Maria Ramos da Silva
Referências
118
CARDOSO, Dario de Araújo. Corpo e presença na bíblia sagrada. Tese (Doutorado em
Semiótica e Linguística Geral), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017.
SILVA, Sueli Maria Ramos da. Discurso de divulgação religiosa: a perspectiva semiótica e
retórica. Tese (Doutorado em Semiótica e Linguística Geral), Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012.
119
MONUMENTO TURÍSTICO: “CAVALEIRO GUAICURU” SOB UM OLHAR
SEMIÓTICO
Referências
BARROS, D. L. P. de. Teoria Semiótica do Texto. 4ª ed. São Paulo, Ática, 2005.
BATISTOTE, M. L. F. Semiótica francesa: busca de sentido em narrativas míticas. Campo
Grande: Editora da UFMS, 2012.
PIETROFORTE, A. V. Análise do texto visual: a construção da imagem. São Paulo: Contexto,
2007.
120
DISCURSOS BUMERANGUE: O MACHISMO POR MULHERES NO MULHERES
NO FACEBOOK
121
POLÍTICA E RELIGIÃO NAS #ELESIM e #ELENÃO: REGULARIDADES NA
REPERCUSSÃO DA CAMPANHA DE 2018 NO TWITTER
Thayne Costa dos Santos
Elaine de Moraes Santos
122
A CONSTRUÇÃO DO HUMOR NO DISCURSO RELIGIOSO
Virginia Jacinto Lima
Sílvia Mara de Melo
Com essa comunicação, temos por objetivo, apresentar um estudo que investiga o
funcionamento do humor no discurso religioso representado na mídia, tendo como exemplo os
enunciados produzidos pelo Pastor Cláudio Duarte. Tradicionalmente, não é esperado que uma
reunião religiosa seja local de entretenimento, no entanto, a manifestação humorística passou a
constituir os sermões pregados em cultos evangélicos por esse pastor. Assim, nosso estudo
busca compreender como esse método de pregação cômico é construído e quais elementos
linguístico-discursivos contribuem para o efeito de humor. A proposta do nosso trabalho é
delimitar o espaço social que ocupa o sujeito pastor no que diz respeito à instituição religiosa
que representa (igreja protestante neopentecostal) e compreender a construção do humor e seus
efeitos de sentido no discurso religioso para descrever e analisar os enunciados que apresentam
estereótipos de mulher, de homem, de casamento e de relacionamentos afetivos. Nossa
metodologia de análise é a pesquisa qualitativa, seguindo o método arqueológico de Foucault
(2008). Embasados pelo aporte teórico da análise do discurso francesa, observamos que a
utilização do humor no discurso religioso pode ser considerada uma ferramenta para
doutrinação. É possível pensar que a manifestação do humor no discurso religioso faz circular
o poder pastoral (FOUCAULT, 1995) e o poder disciplinar (FOUCAULT, 2014), uma vez que
o discurso investido de humor, além de ser agradável e prazeroso, é qualificado como a voz de
Deus. Entretanto, esse discurso carregado de estereotipização pode apresentar-se como um
discurso preconceituoso e machista. Diante disso, o estudo justifica-se pela necessidade de
compreender como, no processo discursivo, o humor é empregado e quais seus efeitos de
sentido. É relevante estudar os enunciados de Duarte porque ele é um formador de opinião, que,
ao incorporar o humor em seu sermão, tem conquistado muitos adeptos, tornando-se um sujeito
midiático. Seus sermões representam a midiatização do discurso religioso, por meio de uma
oratória ousada e peculiar.
Referências
FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, Hubert L.; RAVINOW, Paul. Michel
Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica Tradução
Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 231-249.
123
__________________. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. -7ed. -
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
___________________. Vigiar e punir: o nascimento da prisão. 42ª ed. Tradução Raquel
Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
124
A COR É O SINAL EXTERIOR MAIS VISÍVEL DA RAÇA: O CASO CORPO DA
SAARTIJIE NO FILME VÊNUS NEGRA
Referências
Referências:
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas; tradução de Renato da
125
Silveira . - Salvador: EDUFBA, 2008.
Mbembe, Achille. Crítica da Razão Negra. N-1 edições, 2018.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade – o lado mais escuro da modernidade. In. Rev. bras. Ci.
Soc. [online]. 2017, vol.32, n.94. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v32n94/0102-6909-rbcsoc-3294022017.pdf.
MUNANGA,Kabengele. Diversidade, Identidade,Etnicidade e Cidadania.
Disponível:https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8645505/128
10.
126
UM DIÁLOGO ENTRE A NECROPOLÍTICA E A DISTOPIA EM THE HUNGER
GAMES
Alexandre Albernaz Simões
Ramiro Giroldo
Com o olhar centrado no cenário político do país ficcional Panem, na distopia The Hunger
Games (2008), da autora norte-americana Suzanne Collins, será estabelecida e trabalhada a
relação governo-população-violência. No que concerne a questão do governo, compreende-se
a relação com o governo autoritário fictício, cuja característica é evidente em obras de literatura
distópica. Quanto a questão populacional, depreende-se a divisão: a) os governantes e as
pessoas influentes residindo no lugar chamado de Capital; e b) o resto da população situando
nos distritos, divididos em 12. No quesito violência, temos a exposição através do reality show
denominado jogos da fome (the hunger games), consistindo de 24 crianças, chamados de
tributos, postos em uma arena para lutarem entre si até sobrar apenas um, o vencedor, ao mesmo
tempo em que toda a violência explícita é televisionada para todo o país. Tais propostas de
discussão terão como base as conceitualizações sobre Ficção Científica (FC) e Distopia, a partir
de Metamorphoses of Science Fiction (2016), de Darko Suvin, e O Princípio Esperança vol.
1 (2005), de Ernst Bloch, para melhor entendimento acerca das questões que a FC considera
importante em sua literatura, ao mesmo tempo em que se dispõe noção a respeito da distopia
como crítica da sociedade e seus regimes governamentais (autoritarismo). Para a questão da
violência serão utilizados os apontamentos de Achille Mbembe em Necropolítica (2018), na
qual debate a respeito do controle populacional a partir de ações extremas e brutais por parte
do governo; a falta de liberdade como maneira de controle.
Referências
COLLINS, Suzanne. The Hunger Games. New York: Scholastic Press, 2008.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições. 2018.
SUVIN, Darko. Metamorphoses of Science Fiction. Bern: Peter Lang Press, 2016.
BLOCH, Ernst. O princípio esperança vol. 1. Rio de Janeiro: EdUERJ – Contraponto, 2005.
127
MUDOS FOGOS DE ARTIFÍCIOS: AS REPRESENTAÇÕES DA SEXUALIDADE
EM A VIA CRUCIS DO CORPO, DE CLARICE LISPECTOR
Referências
ÂREAS, Vilma. Clarice Lispector com a ponta dos dedos. São Paulo: Companhia das Letras,
2005.
128
CANDIDO, Antonio. A personagem do Romance in A personagem de ficção. São Paulo:
Perspectiva, 2007.
EAGLETON, Terry. Marxismo e Crítica Literária. Porto: Edições Afrontamento, 1976.
FOCAULT, Michael. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1988.
GOTLIB, Nádia. Clarice: uma vida que se conta. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2013.
LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
TRUJILLO, Albeiro Mejia. Literatura e sexualidade: uma leitura possível do erotismo na
literatura brasileira. Revista Trama, volume 7, número 13, 1º semestre de 2011, p. 11 – 23.
129
A PERSONAGEM “MEIO DESPIDA” EM MAÍRA, DE DARCY RIBEIRO
Referências
GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas: Autores Associados,
2013.
RIBEIRO, Darcy. Maíra. 19ª ed. São Paulo: Global, 2014.
ZIZEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. Tradução Miguel Serras Pereira. São Paulo:
Boitempo, 2014.
130
EMÍLIA FREITAS: O FANTÁSTICO FEMININO DO SÉCULO XIX
Adrianna Alberti
Fabio Dobashi Furuzato
131
Referências
ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. (Trad. Julián Fuks). São
Paulo: Editora Unesp, 2014.
132
CLARICE E FRIDA: uma amizade ficcional
Anny Caroline de Souza Marques
Edgar Cézar Nolasco
Este trabalho visa estabelecer uma relação de amizade ficcional entre Clarice Lispector e Frida
Kahlo fundamentada na teorização da crítica biográfica fronteiriça, teorização cunhada por
Edgar Cézar Nolasco no texto “Crítica Biográfica fronteiriça (Brasil/Paraguai/Bolívia)” (2015).
Essa discussão está assentada no conceito de amizade desenvolvido por Francisco Ortega no
livro Para uma política da amizade (2000). Busca-se estabelecer uma aproximação, como
adianta o titulo, entre a persona de Clarice Lispector e a persona de Frida Kahlo. Ambas foram
consideradas figuras públicas devido à consciência de pertencimento nacional dos lugares os
quais habitavam e na maneira pela qual se apresentavam na cena social de suas respectivas
épocas. Além disso, estas foram conhecidas ora por seus escritos ora por suas pinturas. Em um
primeiro momento, buscaremos discorrer acerca da teoria que fundamenta a discussão proposta.
Em seguida apresentaremos as comparações e/ou aproximações entre ambas a partir da “boa
distancia” (ORTEGA, 2000). Por fim, o trabalho tratará sobre a relação entre vida e obra de
Clarice e Frida, bem como das sensibilidades biográficas e locais (NOLASCO, 2015) dos
sujeitos críticos. Visto que a pesquisa é eminentemente de caráter bibliográfico as obras que
contribuirão para a discussão proposta são: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS Eneida
Maria de Souza: uma homenagem (2014); CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS Crítica
biográfica (2010); Amizade e Estética da Existência em Foucault (1999) de Francisco
Ortega, Janelas indiscretas (2011) e Crítica cult (2003) de Eneida Maria de Souza, Clarice
Lispector Pintora (2013) de Marcos Antônio Bessa-Oliveira e Escrita de si, escritas do outro
(2012) de Diana Klinger,
Palavras-chave: Amizade; Crítica Biográfica fronteiriça; Clarice; Frida.
Referências
BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. Clarice Lispector Pintora: uma biopictografia. São
Paulo: Intermeios, 2013.
KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica.
3 ed. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.
133
NOLASCO, Edgar. Nunca falo do que não admiro – Eneida Maria de Souza: amizade e política
em crítica biográfica. In: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: Eneida Maria de
Souza: uma homenagem. Campo Grande, MS: Editora UFMS, v.6, n.12, p. 9-24 jul./dez. 2014.
ORTEGA, Francisco. Para uma política da amizade: Arendt, Derrida e Foucault. Rio de
janeiro: Relume Dumará, 2000.
ORTEGA, Francisco. Amizade e Estética da Existência em Foucault. Rio de Janeiro: Edições
Graal Ltda.,1999.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Editora UFMS, 2011.
134
O DIREITO DE PUNIR EM A MAÇÃ NO ESCURO
Bárbara Artuzo Simabuco
Edgar Cézar Nolasco
Clarice Lispector ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil em
1939 e durante a graduação escreveu dois textos jurídicos publicados originalmente na revista
A Época em agosto de 1941, nesse sentido a proposta do presente trabalho é tecer apontamentos
sobre a relação entre Clarice Lispector e o Direito, por meio de sua obra, construindo uma
aproximação metafórica entre as personae (estudante de Direito e escritora). Para tal, adota-se
como base as considerações feitas pela autora no texto “Observações sobre o direito de punir”
(2005)[1941] no qual a autora defende não haver um direito de punir, mas sim um poder de
punir e o livro A maçã no escuro (1999)[1961], no qual diversas questões relativas a ao direito
e a punição permeiam a narrativa, como a aplicação da pena e a legitimidade. A pesquisa se
fundamenta na literatura comparada, na crítica biográfica e na crítica biográfica fronteiriça, que
amparam a junção entre o ficcional e o real e também a interdisciplinaridade ao se efetuar a
leitura da produção de um autor. A metodologia utilizada é essencialmente bibliográfica,
possibilitando a leitura e aproximação teórica entre épocas e produções distintas da vida de
Lispector. A sustentação teórica está embasada por meio de teóricos e biógrafos como: Edgar
Cézar Nolasco, Eneida Maria de Souza, Silviano Santiago, Nádia Gotlib, e Claire Varin.
Algumas das obras utilizadas, dentre outras mais que dialogam com a epistemologia adotada,
são: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS, Janelas indiscretas: Ensaios de crítica
biográfica (2001), Crítica cult (2007), Clarice: uma vida que se conta (1995), Outros escritos
(2005), e Línguas de fogo: ensaio sobre Clarice Lispector (2002).
135
O LOCUS ENUNCIATIVO DE XIRÚ DE DAMIÁN CABRERA
Damaris Pereira Santana Lima
Faz-se oportuna a apresentação do romance Xirú de Damián Cabrera, escritor paraguaio neste
evento já que uma das áreas temáticas abrange as questões de cultura, história, linguagem,
literatura e memória. Na análise do romance foram consideradas as questões referentes aos
estudos culturais e à história. Cabrera, jovem escritor paraguaio é um dos representantes da
nova narrativa paraguaia e em sua obra Xirú, dá ao espaço do seu país, especialmente o espaço
da fronteira, um tratamento diferenciado. É interessante pontuar para esta comunicação que o
referido autor nasceu em Assunção, mas cresceu em Minga Guazú, no Alto Paraná, próximo à
Ciudad del Este, cidade que faz parte do triângulo internacional conhecido como a Tríplice
Fronteira: Brasil, Argentina e Paraguai. Esta nova voz nas letras paraguaias será analisada sob
a perspectiva das novas maneiras de pensar o homem e sua condição, levando em consideração
o lócus de onde surge o seu discurso, pois Damián Cabrera fala de seu espaço e de seu bios. Em
Xirú o autor apresenta o mundo paraguaio fronteiriço como seu principal personagem, que vale
ressaltar que é um personagem que entre muitas peculiaridades é composto por homens
denominados “brasiguayos” (brasileiros/paraguaios), que falam uma língua denominada
“portuguarañol” (português/ guarani/ espanhol). Ao tratar da construção desse homem,
específico dessa fronteira, a análise volta-se para a história do Brasil e do Paraguai nas décadas
de 60 e 70 do século XX. Este lócus é um personagem profícuo, para este estudo e discussão.
A análise fundamenta-se nos conceitos de fronteira de Walter Mignolo, da crítica biográfica de
Eneida Maria de Souza, da crítica biográfica fronteiriça de Edgar Cézar Nolasco, entre outros.
Referências
CABRERA, Damián. Xirú. Assunción: Ediciones de la Ura, 2012.
MIGNOLO, Walter D. Historias locales/ diseños globales. Madrid: Ediciones Alkal, 2013.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
136
RELAÇÕES CONFLITUOSAS EM SÃO BERNARDO, DE GRACILIANO RAMOS.
Everton Vinicius De Oliveira
Rosana Cristina Zanelatto Santos
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar que a figura autoritária de Paulo Honório,
homem forjado pela violência e pelos ideais capitalistas, tem seu mundo subvertido pela figura
feminina de Madalena, a mulher humanista que adentra seu universo por vontade própria,
abalando visivelmente a narrativa, intensificando a dialética presente no romance e pondo
abaixo as convicções do narrador. Para tanto, centralizaremos nossa análise especialmente em
duas instâncias narrativas: personagem e foco narrativo, buscando no interior do texto
identificar traços subjetivos que deem margem a novas análises desse clássico da literatura
Brasileira. O narrador e personagem Paulo Honório conta a história a partir de suas memórias
vivida no sertão agreste, sempre utilizando de seus argumentos para de uma certa forma
convencer o leitor ao seu ponto de vista, contando suas mazelas e seus feitos, quase como uma
epopeia. Utilizaremos textos de Rita de Grandis (2017) trabalhando nas pesquisas de Paul
Ricouer que trata de estudos acerca do fenômeno da memória. Analisaremos também o contexto
histórico, ou seja, o período no qual a história se passa para refletirmos sobre as contradições
das relações entre os personagens, como é o caso de Madalena, realizar uma investigação acerca
da construção dessa personagem, uma mulher adulta e intelectual que encontra nos estudos um
meio de alcançar seus ideais, sua autonomia em relação a sociedade, e também para entender
Padilha um jovem professor de vida Bohemia, mas sem tato para o mundo selvagem dos
negócios. A partir da caracterização do foco narrativo, da construção das personagens e da
contextualização do tempo e do espaço em que se passa esse enredo, chegaremos ao ponto de
convergência de todos esses elementos que transformam esse texto e uma peça única. A
metodologia de trabalho tem como aporte teórico os estudos literários, especialmente aqueles
desenvolvidos por: Walter Benjamin em relação ao narrador; Beth Brait em relação à
personagem; e Lígia Chiappini em relação ao foco narrativo. Subsidiariamente, estudos que
versem sobre o papel da mulher, do professor e do intelectual na literatura também orientarão
esta pesquisa A metodologia utilizada é a revisão bibliográfica, por meio de livros e artigos que
falem acerca dos objetos investigados.(Apoio CNPQ)
Referências:
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: _______. Magia e Técnica, Arte e Política. Tradução
Sergio Paulo Rouanet. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
137
CHIAPPINI, Lígia. O foco narrativo (ou A polêmica em torno da ilusão). 10. ed. São Paulo:
Ática, 2002. (Série Princípios).
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 30. ed. Rio de Janeiro: Record 1978.
DE GRANDIS, Rita. A memória, o esquecimento e seus arredores: uma releitura de Paul
Ricouer. In: GONZÁLEZ, Elena Palmero; COSER, Stelamaris (Orgs.). Em torno da
memória: conceitos e relações. Porto Alegre: Editora Letra 1, 2017. p. 9-30.
138
PERSONAGENS FEMININAS EM AMORQUIA: REPRESENTAÇÕES INSÓLITAS?
Carla dos Santos Meneses Campos
Ramiro Giroldo
A obra literária mostra de alguma forma, a visão dos sujeitos na sociedade, assim como, o olhar
sobre a mulher. Considerando que a representação tradicional da figura feminina na literatura
caracteriza-se pelos estereótipos, a questão é, de que maneira as personagens femininas são
representadas nas obras literárias, sobretudo na ficção científica? Diante disso, o objetivo deste
trabalho é investigar a configuração pela qual a obra Amorquia enquadrada no gênero ficção
científica representa o feminino - Romance de André Carneiro, produzido na década de 80.
Uma obra ambientada em um mundo futuro, no qual o feminino é hierarquicamente superior
ao masculino. Nela, pode-se perceber que o papel do sexo feminino é contestado; a fragilidade,
por exemplo, é atribuída muito mais aos sujeitos masculinos. Larbalestier (2002) afirma que,
no campo da ficção científica, há histórias baseadas em uma relação desigual entre os sexos,
por ela enquadradas na rubrica “Batalha dos sexos”. Alternativamente a essa possibilidade, a
FC é também um lugar de possível ruptura com as representações tradicionais dos papéis sociais
estabelecidos. Diante desses pressupostos, busca-se, assim, observar e discutir como o feminino
e o seu papel estão representados nessa narrativa, evidenciando os modos de relação de poder.
Ainda na fundamentação do trabalho, recorreu-se também a Ginway (2005) para explorar as
especificidades e o papel das mulheres na distopia brasileira. Em relação à questão de gênero e
sexo, será a partir das considerações de Buttler. Para a compreensão do feminino e da
configuração dos quadros imaginários da FC em relação ao ambiente empírico, por meio do
“distanciamento cognitivo”, serão de auxílio as proposições de Darko Suvin (2006).
REFERÊNCIAS:
139
LARBALESTIER, Justine. The Battle of the Sexes in Science Fiction. Middletown: Wesleyan
U.P., 2002.
SUVIN, Darko. Metamorphoses of science fiction. Ralahine Classics, Peter Lang, 2016.
140
PENSAR-SE NA TERCEIRA (E) PRIMEIRA PESSOA: reflexões a partir da carta
“Conversei ontem à tardinha com o nosso querido Carlos”, de Silviano Santiago para
Mario de Andrade
O presente trabalho se debruça sobre três versões do texto “Conversei ontem à tardinha com o
nosso querido Carlos”, do escritor mineiro Silviano Santiago. A presença em diferentes livros
(livro-exposição, livro-homenagem e livro de contos) possibilita abordar o texto como diluidor
de fronteiras assim como entrevê as diversas facetas de Santiago (leitor, crítico, intelectual,
escritor) e as variadas leituras que a mudança de classificação editorial oferece, em comum
reside a escrita epistolar em primeira pessoa direcionada a Mario de Andrade com a alusão a
uma terceira pessoa, Carlos Drummond de Andrade. Presentes nos livros Cartas a Mario de
Andrade (1993), Mario de Andrade – Carta aos mineiros (1997) e Contos antológicos de
Silviano Santiago (2006), os textos apresentam diferenças entre si, desde a presença de uma
nota biográfica, elaborada na terceira pessoa do singular (ele), à ausência de determinados
trechos bem como mudanças de outras linhas. Nesse sentido, entende-se que tais diferenças
possibilitam diversas significações em cada texto, tornando-se singulares. A partir do aporte
teórico da Crítica Biográfica, que contempla os apontamentos de Leonor Arfuch em O espaço
biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea (2002), Eneida Maria de Souza em
Crítica Cult (2007), Janelas Indiscretas: ensaios de Crítica Biográfica (2011) e Modernidade
toda prosa (2014), Silviano Santiago em Ora(direis) puxar conversas: ensaios literários
(2006), e da edição dos Cadernos de Estudos Culturais dedicada a Santiago (2014), a leitura
se deterá na alternância da primeira (eu) a terceira pessoa como estratégia biográfica e como
recurso utilizado na construção textual para a diluição e consequente descarrillamento de
fronteiras.
Referências
ARFUCH, Leonor. O espaço biográfica: dilemas da subjetividade contemporânea. Trad.
Paloma Vidal. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2010.
141
SANTIAGO, Silviano. Ora(Direis) puxar conversa!: ensaios literários. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2006.
SOUZA, Eneida M. de. Janelas Indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2011.
________. Modernidade toda prosa. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2014.
142
CONVERSAS APÓCRIFAS SOBRE HERANÇAS TARDIAS E GÊNEROS
ANACRÔNICOS
Francine Carla de Salles Cunha Rojas
Ricardo Magalhães Bulhões
O presente artigo objetiva interpretar a trama tecida por Ricardo Piglia, no romance argentino
Respiração artificial (2012), como uma ficção que teoriza sobre o gênero epistolar. Ao
entender a carta como modelo de autobiografia e como gênero anacrônico de herança tardia,
Marcelo Maggi, um dos protagonistas do romance, esboça a base de uma teoria da carta,
circunscrevendo as correspondências que troca com o sobrinho, Emilio Renzi, na tradição dos
romances epistolares do século XVIII e no campo da escrita autobiográfica. Desse modo, o
romance é entendido como ficção teórica cuja base é constituída pelos conceitos de
autobiografia, gênero anacrônico e herança. Acopla-se a tal perspectiva o transito ficcional entre
a teoria da literatura, sinalizada quando Renzi escreve para seu tio que a literatura não se
desenvolve de pai para filho, mas de tio para sobrinho, o fazer biográfico, recurso adotado por
Maggi, dado que pretende elaborar a biografia, nunca concluída, de um traidor, Henrique
Ossorio, e a assertiva de que todo texto é apócrifo, sentença que desestabiliza a concepção da
carta como espaço de exposição da verdade e institui o texto epistolar como espaço de invenção
e manipulação. A fim de discutir tais conceitos, sob o viés da Crítica Biográfica, serão
necessários os apontamentos de Eneida Maria de Souza em Janelas Indiscretas (2011),
Reinaldo Martiniano Marques em Arquivos literários (2015), Jacques Derrida em Cartão-
postal (2007), Silviano Santiago em Ora(Direis) puxar conversa e de Ricardo Piglia em
Crítica y ficcion (2012) e a edição dos Cadernos de Estudos Culturais sobre a crítica
biográfica (2010).
Referências
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: crítica biográfica. v. 2 n. 4 Campo Grande – MS:
Ed. UFMS, 2010, 09-24 p.
DERRIDA, Jacques; ROUDINESCO, Elisabeth. De que amanhã: diálogo. Trad. Andre Telles.
Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
________. O cartão postal: de Freud a Sócrates e além. Trad. Ana Valéria Lessa e Simone
Perelson. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
143
MARQUES, Reinaldo M. Arquivos literários: teorias, histórias, desafios. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2015.
ROCHA, Vanessa M. da. Por um protocolo de leitura epistolar. Rio de Janeiro: EDUFF,
2018.
SOUZA, Eneida M. de. Janelas Indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2011.
144
A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NOS ESCRITOS DE JANE AUSTEN E
SAMUEL RICHARDSON E A ESCRITA FEMININA
Giovanna Stael de Abreu dos Santos
Fabiana de Lacerda Vilaço
Referências
AUSTEN, Jane. Emma: a novel in three volumes. São Paulo: Editora Landmark, 2013.
RICHARDSON, Samuel. Pamela or Virtue rewarded (1740). Harmondsworth: Penguin, 1997.
145
O ESPAÇO NA CONSTITUIÇÃO DO CENÁRIO DISTÓPICO EM NÃO VERÁS
PAÍS NENHUM, DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
Isabela Boaventura Pimenta Gomide
Ramiro Giroldo
“A palavra distopia evoca imagens perturbadoras” (CLAYS, 2018). Em Não Verás País
Nenhum, vemos panoramas definidos pela ruína, repressão, morte e destruição. Montanhas de
lixo não recolhido, carros abandonados, cadáveres incinerados pelo sol, crise hídrica, pessoas
bebendo urina reciclada, esgotos abertos ao ar livre descarregados, em vagonetes, na vala seca
do rio, fome, comidas factícias e causadoras de mais doenças. O transitar é restringido por fichas
de circulação e “civilitares”. O Brasil não-ideal de Brandão é um espaço extremamente
controlado, assim como a população que existe nele. Um lugar decadente onde “O lixo forma
setenta e sete colinas que ondulam, habitadas, todas” (BRANDÃO, 2008). A palavra distopia,
usualmente vinculada à literatura distópica e a um pessimismo secular, carrega o significado de
um lugar doente, ruim e com falhas. Desta forma, o espaço que constitui as narrativas distópicas
aduz uma perspectiva crítica ao encarar a escassez e a degradação ambiental. A análise do
espaço em Não Verás País Nenhum permite uma vinculação com os estudos de Gregory Clays
presentes no livro Dystopia a natural history (2018). Tal aproximação da teoria de Clays, “the
environmental Dystopia” e o romance de 1981 é a proposta deste trabalho, o qual munido pelo
aporte teórico da dissertação de mestrado de Daniel Santee, Mordern Utopia: a reading of
Brave New World, Nineteen Eitghty-Four, and Woman on the Edge of Time in the light of
More's Utopia (1988), pretende compreender como a realidade social ficcional é pior que a do
autor e porque, por meio dela, é oferecido ao leitor a possibilidade de entrever o cenário
distópico como um ataque direto ao real.
Palavras-chave: espaço; the environmental dystopia; distopia; Não Verás País Nenhum;
violência.
Apoio: CNPq
Referências
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Não Verás País Nenhum. 27. ed. São Paulo: Global editora,
2008.
CLAYS, Gregory. Dystopia a Natural History. 1. ed. New York: Oxford University Press, 2018.
146
SANTEE, Daniel Derrel. Mordern Utopia: a reading of Brave New World, Nineteen Eitghty-
Four, and Woman on the Edge of Time in the light of More's Utopia. Florianópolis, 1988.
Dissertação (Mestrado em Letras), UFSC
147
A DUALIDADE NO CONTO "D. MARIA"A PARTIR DA MORFOLOGIA DE PROPP
Temos como objetivo principal, nesta comunicação, três propostas de leitura do conto "D.
Maria", de autoria de Graciliano Ramos. Para essa trabalho traremos como base a teoria das
sete esferas de personagens propostas por Vladimir Propp. Antes porém, apresentaremos o
conto e as bases teóricas que tiveram a função de iluminar nossa pesquisa, em especial, nas
questões relacionadas às personagens, suas características e funções. As sete esferas de
personagens foram apresentadas por Propp em sua obra Morfologia do conto maravilhoso para
analisar os componentes básicos do enredo dos contos populares russos, que foram seu objeto
de análise para identificar elementos narrativos simples e indivisíveis. Propp foi um dos maiores
estudiosos de narrativas. Sua pesquisa resultou num apanhado de 449 contos nos quais
identifica 31 funções, culminando com as esferas de personagens que serão citadas e abordadas
neste trabalho. O conto D. Maria, traz uma outra característica de Ramos pois, apesar de sua
característica regionalista, o conto traz como peculiaridade a postura da mestra diante de seus
alunos, um em específico cujo nome não é citado, e essa postura nos levou a refletir sobre qual
a função do professor em sala de aula, se os professores respondem aos anseios dos alunos ou
mesmo o que efetivamente é mais importante para uma criança na fase de alfabetização e
descoberta do mundo letrado. Somos aprendizes com nossos próprios erros, entretanto o erro
de um terceiro pode nos tornar eternos errantes, no sentido literal da palavra, numa busca
incessante de algo que muitas vezes não temos a menor ideia do que seja. Essa reflexão fez com
que levantássemos duas alternativas de leitura, ou mesmo a análise dos personagens sob duas
perspectivas, considerando inclusive a leitura do texto nas entrelinhas do conto que, apesar de
curto, é denso e abre inúmeras possibilidades de compreensão, mas traremos neste momento as
duas que consideramos mais relevante.
148
FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa.
http://forumeja.org.br/files/Autonomia.pdf. Acesso em 25/07/2018.
MOISÉS, M. A criação literária: prosa 1. Formas em prosa: O conto, a novela,o romance. 20ª
ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
PROPP, Vladimir. A morfologia do conto maravilhoso.
https://monoskop.org/images/3/3d/Propp_Vladimir_Morfologia_do_conto_maravilhoso.pdf
Acesso em 26/04/2018.
RAMOS, Graciliano. D. Maria. In _______ Professor e aluno/ Machado de Assis e outros;
projeto editorial [e organização] Samira Youssef Campedelli; coordenação Vivina de Assis
Viana; [ilustrações Zeflávio Teixeira]. – São Paulo: Atual, 1992- Série vínculos.
TODOROV, I. As estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva, 1979.
149
A VOZ DA BOLIVIANA: TESTEMUNHO NA OBRA ‘SI ME PERMITEN HABLAR’
Julia Evelyn Muniz Barreto Guzman
Edgar Cézar Nolasco
A literatura de testemunho é uma das produções literárias mais importantes da América Latina.
Uma definição para o termo surge no final da década de 1960, primeiramente com Manuel
Galich no Boletín de la Casa de las Américas. Esse gênero aborda produções literárias surgidas
a partir de memórias narradas por quem vivenciou períodos de ditaduras ou regimes totalitários.
Essas memórias vão além de uma voz individual, mas se tornam uma voz coletiva que
caracteriza e identifica um povo. Neste trabalho, apresentaremos reflexões de uma pesquisa de
mestrado que se encontra em fase inicial. A pesquisa visa uma reflexão acerca dos fatores
sociais e políticos que contribuíram para a situação atual da Bolívia por meio da leitura crítica
da obra escrita por Moema Viezzer, com base nos princípios teóricos de literatura de
testemunho, memória e arquivo. O aparato teórico para o desenvolvimento da pesquisa se
encontra nos estudos de Márcio Seligmann-Silva (1998), Alberto Moreiras (2001), Walter
Mignolo (2003), Hugo Achugar (2006), Jacques Derrida (2001), Edgar César Nolasco (2013),
entre outros. Serão adotados também os estudos pós-coloniais, uma área que traz a oportunidade
de se pensar em contraproposta a o pensamento moderno hegemônico dos grandes centros,
dando voz aos sujeitos fronteiriços A pesquisa justifica-se pela necessidade de trabalhos
voltados para a literatura boliviana, em especial os que tratam da temática testemunhal de
acontecimentos vivenciados por esse povo. O projeto, a ser desenvolvido, compreenderá as
seguintes etapas: leitura e discussão do referencial teórico, verificação da relação de amizade
entre a brasileira e a boliviana por meio dos princípios da crítica biográfica e leitura crítica da
obra por meio do aparato teórico estudado nas etapas anteriores. A pesquisa pretende resultar
na contribuição para a compreensão cultural e política da Bolívia.
Referências:
ALÓS, Anselmo Peres. Literatura de resistência na América Latina: a questão das narrativas de
testimonio. Revista Espéculo. Ano XII, número 37, novembro de 2007 a fevereiro
de 2008. Disponível em:
<http://webs.ucm.es/info/especulo/numero37/nartesti.html>. Acesso em: 12 abr. 2018.
150
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer/ Jeanne Marie Gagnebin São Paulo:
Ed. 34, 2006.
KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa
latino-americana contemporânea/ Diana Irene Klinger,2006. Disponível em:
<www.poscritica.uneb.br/wp-content/.../08/DIANA-KLINGER- ESCRITAS-DE-SI.pdf>.
Acesso em: 16 abr. 2018
KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa
latino-americana contemporânea/ Diana Irene Klinger. 3ª ed. – Rio de Janeiro: 7 letras, 2012.
NOLASCO, Edgar Cézar. Perto do coração selbaje da crítica fronteriza. São Carlos: Pedro
& João Editors, 2013. 170 p.
151
AS RAZÕES PARA SER UM CORPO ESTRANHO SEJA NA ESCOLA OU NA
SOCIEDADE
Juliano Ribeiro de Faria
Marcos Antônio Bessa-Oliveira
Desumanização é uma ideia que permanece inscrita na história dos nossos múltiplos tempos
dos agoras, principalmente no âmbito escolar que ainda busca “kahlar” e desumanizar os
corpos que são estranhos ao seu modelo de corpo perfeito constituído pelo projeto moderno
europeu em meados do século XVI e que continua sendo propagado pelo projeto estadunidense.
Como forma de dar continuidade na alienação e civilização dos corpos que se encontram dentro
da sala de aula, educando-os em uma única visão de corpo branco e eurocêntrico, do gênero
masculino ou feminino, capaz de existir e de (re)produzir Arte, Cultura e Conhecimento
daqueles, com efeito rejeitam os corpos estranhos. Acontece que na atualidade o corpo que é
estranho começa a fazer balbucios de empoderamento do seu corpo o tornando um corpo-
político, dono da condição que foi denominada a ele como estranho e que constitui suas
biogeografias, bio-corpo estranho, geo-espaço da opressão, da inexistência, grafias-narrativas
de rejeição e superação. Por conseguinte, o corpo estranho se torna um corpo descolonial para
o ensino de arte nas linguagens da dança e teatro, transcriam-recriam as metodologias, as
técnicas por ser um corpo que ocupa o entre lugar da perfeição/imperfeição ao assumir sua
condição, busca ser mais negando ser menos. Este trabalho quer discutir o corpo estranho como
um corpo epistêmico, capaz de descolonizar os corpos colonizados dentro da escola e fora dela,
por meio dos seguintes teóricos: Achugar, Bessa-Oliveira, Walter Mignolo, Paulo Freire, entre
outros. A ideia é dar visibilidade ao corpo estranho como um corpo que se constrói a partir de
si e de sua pedagogia de liberdade para estar no mundo e produzir Arte, Cultura, Conhecimento
tomando da sua diferença.
Referências
ACHUGAR, H. Planetas sem boca: escritos efêmeros sobre arte, cultura e literatura. Tradução
de Lyslei Nascimento. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2006.
BESSA- OLIVEIRA, Marcos Antônio. Biogeografias Descoloniais Fronteiriça: perspectiva
teórica em Artes no século XXI. In. Caderno de Estudo Culturais, v. 9, n. 18 (2017).
Disponível em: http://seer.ufms.br/index.php/cadec/article/view/5687 - acessado em: 08 /
07/2018
152
MIGNOLO, Walter D.. “Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de
identidade em política”. Cadernos de Letras da UFF: Dossiê: Literatura, língua e identidade,
n.34, p.287-324, 2008. Disponível em: www.uff.br/ cadernosdeletrasuff/34/traducao.pdf.
Acesso em: 08/ 07/ 2018.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987.
153
OS SABERES DA FLORESTA: a relação do homem com natureza na Literatura daimista
de Raimundo Irineu Serra
Esta apresentação tem por principal objetivo tecer relações metafóricas entre o ser humano e a
natureza presentes nos cânticos recebidos pelo fundador da Doutrina do Santo Daime,
Raimundo Irineu Serra, através da experiência educativa da ayahuasca, bebida comungada no
contexto religioso sob o nome de Santo Daime ou Daime. Sendo esta uma prática religiosa cujas
raízes aterram-se sob as culturas afro-brasileiras, bem como do catolicismo popular e da
pajelança cabocla, seu universo tem sido estigmatizado e constantemente demarcado de forma
subalterna pelas linhas dicotômicas da lógica hegemônica ocidental que separa o científico do
não-científico, melhor trazendo para nossa discussão, a Literatura da (não)literatura. Sob esse
viés, buscaremos aporte teórico na perspectiva da ecologia de saberes cunhada por Boaventura
de Sousa Santos (2008), que abre possibilidade ao diálogo epistemológico entre diferentes
formas de conhecimento. Essa pesquisa de caráter eminentemente bibliográfico faz parte da
investigação em estágio inicial que venho realizando junto ao Núcleo de Estudos Culturais
Comparados (Necc), intitulada “Entre a prosa e os segredos da floresta: uma leitura crítico-
biográfica fronteiriça sobre o hinário O Cruzeiro do Mestre Irineu”. Em síntese, o projeto de
investigação apreende o hinário O Cruzeiro (2015) do Mestre Irineu, como objeto literário para
fazer uma (re)leitura sob a opção da decolonialidade (MIGNOLO) e, sobretudo, da leitura
Crítico-biográfica fronteiriça (NOLASCO). De modo geral, pretende-se promover uma
compreensão mais ampla da Literatura e suas linguagens, com o fim de abrir uma interlocução
coletiva da construção de saberes entre a memória social brasileira e as produções intelectuais
da academia.
Palavras-chave: Hinos; Ecologia de saberes; Literatura daimista; Santo Daime.
Referências
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Brasil/Paraguai/Bolívia. Campo Grande-MS:
Ed. UFMS, v. 7, n. 14, jul./dez. 2015.
LABATE, Beatriz Caiuby; ARAÚJO, Wladimyr Sena. (Orgs.) O uso ritual da ayahuasca. 2ª
Ed. Campinas: Mercado de Letras; São Paulo: Fanesp, 2009.
154
MIGNOLO, Walter; WALSH, Catherine; LINERA, Álvaro García. Interculturalidad,
descolonización del Estado y del conocimiento. 2ª Ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires:
Del Signo, 2014.
PIZARRO, Ana. Amazônia: as vozes do rio. Tradução de Rômulo Monte Alto. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2012.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 2ª
Ed. São Paulo: Cortez, 2008. (Col. Para um novo senso comum, vol.4).
SERRA, Raimundo Irineu. O Cruzeiro. Ribeirão Preto: Edição Gráfica Rainha, 2015.
155
A REPRESENTAÇÃO DO (ANIMAL-) PROFESSOR EM MASTIGANDO
HUMANOS, DE SANTIAGO NAZARIAN
Manal Ounkhir
Wellington Furtado Ramos
Referências:
ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Tradução André de Macedo Duarte. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2009.
CASTELLO, Luis A.; MÁRSICO, Claudia T. Oculto nas palavras: dicionário etimológico para
ensinar e aprender. Tradução Ingrid Müller Xavier. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
NAZARIAN, Santiago. Mastigando Humanos. São Paulo: Nova Fronteira, 2006.
156
BARTHES, Roland. Aula [1978]. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 2004.
MORIN, Edgar. “A ética do sujeito responsável”. In: CARVALHO, Edgard de Assis et al
(Orgs). Ética, solidariedade e complexidade. Tradução Edgard de Assis Carvalho. São Paulo:
Palas Athena, 1998. p. 67-77.
MACIEL, Maria Esther. Literatura e animalidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
157
BERNARDO ÉLIS E DITADURA MILITAR
Marcelo Gonçalves de França
Rosana Cristina Zanelatto Santos
Este trabalho é parte do projeto de pesquisa intitulado “Ditadura militar e Bernardo Élis:
Violência em dois matizes?” que perpassa algumas necessidades de pesquisa sobre o autor
Bernardo Élis. A correlação entre campo e cidade pelo ponto de vista do autor enquanto
testemunha da construção de duas capitais, a ética do autor e crítico de literatura e arte ante uma
ditadura civil militar e a testemunha que viveu no período de duas ditaduras. Nesses preâmbulos
objetiva-se compreender questões relativas a um período histórico e político do Brasil por meio
da produção intelectual e literária de Bernardo Élis. Em específico, esta comunicação terá como
finalidade apresentar o estado da arte das pesquisas sobre o autor no campo acadêmico e
midiático. A dissertação de Josiane Silvéria Calaça Matos, intitulada “A representação feminina
nos contos de ermos e gerais de Bernardo Élis” de 2017, é um dos materiais de consulta; assim
como o livro de Jaime Sautchuk, “O causo eu conto: sobre Bernardo Élis e o Brasil Central”;
outra dissertação é a de Aurea Marchetti Bandeira, “Fronteira e natureza na obra de Bernardo
Élis”de 2014; Ginegleyson Amorim da Costa contribui com o texto “A luta pela terra no
romance de Bernardo Élis ‘A terra e as carabinas’: Representações e Sensibilidades” uma
análise da obra literária por um viés histórico do ano de 2013. A configuração do trabalho se
dará por meio de discussão teórica com os referenciais apresentados e as crônicas produzidas
pelo regionalista goiano e publicadas no decorrer de sua vida jornalística, recolhidas do acervo
da Unicamp, CEDAE. (Apoio: FUNDECT)
Referências
158
MATOS, J. S. C. A representação feminina nos contos de ermos e gerais de Bernardo Élis.
Uberlândia MG 2017. Disponível em:
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/21332/1/Representa%C3%A7%C3%A3oFemi
ninaContos.pdf acesso 22/10/2018
SAUTCHUK, J. O causo eu conto: sobre Bernardo Élis e o Brasil Central. São Paulo: Geração
Editorial, 2018.
159
RE(DES)COBRINDO – CORPOS BIOGEOGRÁFICOS – OS SABERES DO ENSINO
DE ARTES
Marina Maura de Oliveira Noronha
Marcos Antônio Bessa-Oliveira
Descorpolonizar o corpo que dança hoje nos espaços da sala de aula é urgente, e por isso tem-
se como intuito neste trabalho “aprender a desaprender, e aprender a reaprender” (MIGNOLO,
2008, p. 305) com esses corpos. A ideia é compreender corpos outros: um corpo (contra)modelo
– diferente do corpo já imposto como nosso, dividido entre razão e emoção e que,
insistentemente quer manter-se universal. Por isso, a noção de corpo aqui está para discutir o
conceito de “Corpo cênico pedagógico” (NORONHA; BESSA-OLIVEIRA 2018, p. 160), um
corpo outro, (des)coberto das tradições, mas ao mesmo tempo re(des)coberto de corpos-
imagens biogeográficas (BESSA-OLIVEIRA, 2016). O Corpo cênico pedagógico entendido
aqui não é um corpo disciplinar sujeito a dançar somente danças clássicas e/ou modernas. Mas
um corpo descorpolonizado atravessado por reformulações outras e ressignificações que
validam corpos dos “agoras”. Como, por exemplo, o corpo cênico pedagógico ser reconhecido
como produtor de arte, cultura e conhecimento nas disciplinas de Arte nas Escolas. Promovendo
que os alunos apreendam a partir do seu próprio corpo cênico pedagógico como um corpo
produtor do saber para as aulas de dança. Entendendo também que antes o corpo ocupa lugares
que partem de suas especificidades, num espaço – geográfico, biográfico e cultural
(biogeoráfico) –, um lugar desse corpo que é preciso ser (re)existente ao discurso para ser visto.
Por isso, tomo das reflexões dos autores que tratam do lócus enunciativo da fronteira
(Brasil/Paraguai/Bolívia) (BESSA-OLIVEIRA e NOLASCO); assim como teóricos que
sustentam a discussão cultural (BHABHA, MIGNOLO, HALL, HISSA) e outros críticos que
também decompõe de corpos disciplinares – modernos –, para (re)verificar e (re)significar
corpos outros, ou seja, corpos periféricos e marginalizados pelo discurso hegemônico. Assim,
o corpo em discurso aqui toma como condição/situação para descorpocidentalizar corpos que
dançam nos “palcos” das salas de aula, validados como produtores de arte, cultura e
conhecimento.
Referências
BHABHA, Homi K.. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis,
Gláucia Renate Gonçalves. 4ª Reimpressão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
160
BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. “Biogeografias Ocidentais/Orientais: (i)migrações
do bios e das epistemologias artísticas no front”. In: Cadernos de Estudos Culturais:
Ocidente/Oriente: migrações. V. 8. N. 15. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, jan.– jun., 2016,
p. 97-144.
161
POLÍTICAS PARA UMA LITERATURA MARGINAL: A EXTERIORIDADE COMO
RECURSO CULTURAL.
Nathalia Flores Soares
Edgar Cézar Nolasco
A proposta inicial deste estudo visa elaborar um traçado entre a vida da intelectual Heloísa
Buarque de Hollanda, relacionando o seu percurso biográfico com as múltiplas escolhas
teóricas que abrangem suas obras à luz do recorte epistemológico crítico biográfico fronteiriço.
Desde o processo de formação acadêmica até a multifacetada atuação como professora e
pesquisadora, passando pela Literatura Marginal, pelo Feminismo e pelos Estudos Culturais. A
pesquisa tem como enfoque, em um primeiro momento, as obras historiográficas da autora, uma
justaposição entre o passado e recente da cultura e da política no Brasil e a atualidade,
sublinhando aspectos relevantes para a formação estética, sócio-política e cultural do acadêmico
de licenciatura em Letras. A visada crítico-biográfica trata de reiterar a circulação de Heloísa
Buarque de Hollanda entre as várias esferas institucionais da sociedade percebendo as questões
de cunho pessoal, como as amizades, as paixões, os acontecimentos da vida influem no
exercício teórico e autobiográfico da autora. Conclui-se, após montagens e desmontagens desse
perfil, o interesse latente de atuação e interferência na sociedade, tendo em vista a tarefa ética
conferida ao intelectual de desestabilizar conceitos hegemônicos e excludentes de cultura.
Sendo assim, a importância deste trabalho e sua relevância se assentam na perspectiva da
diferença que está acentada na fronteiriça, o recorte desta teorização se norteará à partir da
autobiografia Escolhas (2003) e pelo livro Impressões de Viagem (1970). No processo de
construção do pensamento, o respaldo teórico contará com: Walter Mignolo em Histórias
locais/ Projetos Globais (2003), Eneida Maria de Souza em Crítica Cult (2002) e
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS (2011).
Referencias:
HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Escolhas: uma autobiografia intelectual. Rio de Janeiro: Editora
Língua Geral, 2009.
HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Impressões de viagem: CPC, Vanguarda e Desbunde – 1960/70. Rio
de Janeiro: Editora Aeroplano, 2004.
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Cultura Local. Campo Grande - MS. Ed. UFMS, v. 3, n.
06, jul/dez 2011.
162
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Crítica Biográfica. Campo Grande - MS. Ed. UFMS, v. 2,
n. 14, jul/dez 2010.
MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/ Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e
pensamento liminar. Trad. Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas Indiscretas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
ACHUGAR, Hugo. Planetas sem Boca. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. São Paulo, 1973.
163
OSMAN LINS: ESCRITOR E INTELECTUAL QUE NÃO SILENCIOU SOBRE O
SEU TEMPO
Raul Gomes da Silva
Márcia Rejany Mendonça
Osman Lins é um escritor pernambucano que ficou conhecido por ter renovado os meios de
expressão da literatura brasileira, notadamente com a publicação de livros como Nove, Novena,
Narrativas (1966), Avalovara (1973) e A Rainha dos Cárceres da Grécia (1976). Ao incorporar
aos seus textos ficcionais elementos originários da alquimia e da geometria, o escritor criou
uma linguagem própria que coadunada com as necessidades de seu tempo, revela uma criação
literária vinculada com o cosmo e as cosmogonias humanas, bem como com o campo social e
político do Brasil. Por outro lado, numa versão menos conhecida, Osman Lins também possui
um histórico amplo de ensaios e artigos acerca do ensino de literatura no Brasil, dos conflitos
do escritor em face do mundo e do ato criador, e sobre elementos de ordem teóricos relativos à
narrativa de ficção, conforme se verifica nos livros Do ideal e da glória: problemas inculturais
brasileiros (1977), Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social
(1969) e Lima Barreto e o espaço romanesco (1976). Levando em consideração essas duas
faces do referido autor, este trabalho tem o objetivo de analisar o seu compromisso com a
realidade brasileira tanto no que se refere às suas posturas assumidas diante do objeto artístico,
ou seja, na condição de escritor atento às demandas do meio e dos condicionamentos externos
à obra literária, como também no que concerne ao seu comprometimento como intelectual
ligado à dinâmica social de sua comunidade. Para a realização desse propósito, estabelecemos
um diálogo com as reflexões de Antonio Candido (2011), acerca do escritor e de sua relação
com o público; e com as proposições de Edward W. Said (2005) sobre as representações do
intelectual. Com isso pretendemos apontar que no exercício dos dois ofícios, Osman Lins foi
um homem atento às necessidades de seu grupo e que não silenciou frente aos problemas de
seu tempo.
LINS, Osman. Nove, Novena, Narrativas. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1966.
______. Do ideal e da glória: problemas inculturais brasileiros. São Paulo: Summus, 1977.
______. Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social. São Paulo:
Martins editora S.A., 1969.
165
ZECA, SILVIANO, ANTÔNIO, STELLA, MACHADO, GRACILIANO: FACETAS
(BIO)FICCIONAIS DO ENSAÍSTA SILVIANO SANTIAGO
O intuito deste trabalho se aquilata em uma reflexão (bio)ficcional dos demasiados personagens
criados pelo crítico, intelectual, ensaísta e escritor mineiro Silviano Santiago como
perspectivas, esferas, facetas do seu bios: um autor que engendra sua literatura à luz de uma
visada autoficcional (KLINGER, 2012) por excelência. Para tal, nos valeremos de uma
metodologia eminentemente bibliográfica assentada na Crítica biográfica fronteiriça
(NOLASCO, 2015) com foco nos estudos das escritas de si (KLINGER, 2012). Questões
pertinentes aos conceitos de transferência, memória, biografia, autobiografia e autoficção são
evocadas a fim de corroborar em um conceito propriamente fronteiriço, (bio)ficção, pensado na
esteira das sensibilidades biográficas e locais tanto dos críticos biográficos que ensejam tal
discussão quanto do objeto de desejo (NOLASCO, 2010) deste debate: a vida e a obra de
Silviano Santiago. Desse modo, nos valeremos, dentre outros, dos escritos de Eneida Maria de
Souza em Crítica cult (2002) e Janelas indiscretas (2011), de Diana Klinger em Escritas de si,
escritas do outro (2012), de Jovita Maria Gerheim Noronha em Ensaios sobre autoficção
(2014), Rosa Montero em A louca da casa (2004), Denilson Lopes em O homem que amava
rapazes (2004), Silviano Santiago em “Meditações sobre o ofício de criar” (2008) e Edgar
Cézar Nolasco em “Políticas da crítica biográfica” (2010). Portanto, como resultado, espera-se
explicitar através dos personagens ficcionais do escritor mineiro, tomados como facetas de sua
personalidade, como sua literatura se constrói atravessada por subjetividades e sensibilidades
da ordem de si e do outro transfiguradas em um tecido discursivo assentado em uma percepção
(bio)ficcional.
Referências
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Crítica biográfica. Campo Grande-MS: Ed.
UFMS, v. 2, n. 4, jul./dez. 2010.
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS. Silviano Santiago: uma homenagem. Campo
Grande-MS: Ed. UFMS, v. 6, n. 11, jan./jun. 2014.
166
COELHO, Frederico (org.). Encontros: Silviano Santiago. Rio de Janeiro: Azougue, 2011.
CUNHA, Eneida Leal. Leituras críticas sobre Silviano Santiago. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2008.
KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica.
Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.
LOPES, Denilson. O homem que amava rapazes: e outros ensaios. Rio de Janeiro: Aeroplano,
2002.
NORONHA, Jovita Maria Gerheim (org.). Ensaios sobre autoficção. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2014.
ROSA, Montero. A louca da casa. Rio de Janeiro: PocketOuro, 2004.
SAID, Edward W. Representações do intelectual: as conferências reith de 1993. Trad. de
Milton Hatoum. São Paulo: Companhia das letras, 2005.
SANTIAGO, Silviano. De cócoras. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
SANTIAGO, Silviano. Em liberdade. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
SANTIAGO, Silviano. Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
SANTIAGO, Silviano. Meditações sobre o ofício de criar. Disponível em:
<http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1450> . Acesso em: 23 de
out. de 2018.
SANTIAGO, Silviano. Mil rosas roubadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
SANTIAGO, Silviano. O falso mentiroso. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2011.
SOUZA, Eneida Maria de. Teorizar é metaforizar. In: CECHINEL, André (org.). O lugar da
teoria literária. Criciúma: Ediunesc, 2016, p. 217-224.
SOUZA, Eneida Maria de; MIRANDA, Wander Mello (org.). Navegar é preciso, viver:
escritos para Silviano Santiago. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997.
167
PELAS VEREDAS DA MIRABILIA HAITIANA, EM A ILHA SOB O MAR (2010)
Valéria Sales Menezes
Leoné Astride Barzotto
Com suas raízes na África e aportando no Caribe por meio dos escravos que foram trazidos
para as plantações, o Vodu, além de uma expressão de fé, é um estratagema cultural e através
dele um imaginário local é recriado, isso ocorre a partir, principalmente, do Haiti. O realismo
maravilhoso, termo cunhado por Alejo Carpentier, tem sua fonte inspiradora justamente no
Vodu haitiano, na qual o real e o universo maravilhoso se fundem; numa espécie de simbiose,
um universo integra o outro sem nem ao menos haver questionamentos, não se exige explicação
racional para as licantropias de Mackandal, por exemplo, nem ao menos para os feitos da
revolução dos escravos que só podem ser explicados de forma maravilhosa, como é o caso da
Cerimônia de Bois Cayman. Antes mesmo de Isabel Allende recuperar a história ‘maravilhosa’
do Haiti, o cubano Alejo Carpentier já havia realizado esse feito em 1949. Em O reino deste
mundo (1949[2009]), conhecemos Ti Noel, um escravo que nos reconta a história de seu país
e, assim como Zarité, a protagonista de Allende, também nos apresenta o ser mítico
representado pelo marron Mackandal, além de acontecimentos históricos que são recorrentes
em ambas as obras. Numa espécie de releitura do texto de Alejo, Allende retoma o Haiti através
de sua histórica luta pela liberdade dos escravos e da independência da colônia. Ao
recuperarmos a realidade maravilhosa do Haiti, país que até hoje sofre por intercorrências da
escravidão e da colonização, temos como objetivo evidenciar a importância histórica de uma
forma litúrgica que afetou de forma positiva - e que ainda afeta - todo um povo, como é bem
marcado pela história de Zarité. Sendo assim, concordamos com Carpentier ao afirmarmos que
a história de todo o povo haitiano é uma crônica da realidade maravilhosa que os cerca. Para tal
pesquisa, autores como Chiampi (2015), Carpentier (2009), Esteves e Figueiredo (2012) e
Laroche (2007) foram utilizados para a referida análise teórica do romance em questão. (Apoio:
CAPES).
Palavras-chave: Realismo maravilhoso; Mackandal; Zarité; Vodu; Haiti.
Referências:
ALLENDE, Isabel. A ilha sob o mar. Tradução de Ernani Só. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2010.
CARPENTIER, Alejo. O reino deste mundo. Tradução de Marcelo Tápia. São Paulo: Martins
Fontes, 2009.
CHIAMPI, Irlemar. O realismo maravilhoso: forma e ideologia no romance-hispanoamericano.
São Paulo: Perspectiva, 2015. ESTEVES, Antonio Roberto;
FIGUEIREDO, Eurídice. Realismo mágico e realismo maravilhoso. In:
168
FIGUEIREDO, Eurídice. Conceitos de literatura e cultura. Niterói: EDUFJF, 2012, p. 393-413.
LAROCHE, Maximilien. Verbete: Mackandal. In: BERND, Zilá. Dicionário de Figuras e Mitos
Literários das Américas: DFMLA. Porto Alegre: Tomo Editorial/Editora da Universidade,
2007, p. 387-394.
169
A ANGÚSNTIA DA FALTA EM THE MISSING PIECE, DE SHEIL SILVERSTEIN
Vinícius Carvalho da Silva
Rosana Cristina Zanelatto Santos
Ao referir-se ao desejo do outro, a contemporaneidade traz a dimensão do sujeito interpessoal
como problemática que dá voz ao conceito de angústia. Ao pensar na angústia de forma
estrutural, adentrando os estudos morfológicos propostos por Propp (2001) acerca do conto,
enfatiza-se que, ao contrário do senso comum, a angústia adentra a relação de campo do
significante na sua juntura com o imaginário. Nesse sentido, não é visível dentro da vertente
psicanalítica, uma concepção de angústia totalmente descolada do registro da feição como falta
de representação. Essa premissa possibilita analisar a obra A parte que falta, de Sheil
Silverstein, onde a trama narra a história de um ser semicircular, uma vez que seu círculo não
apresenta um ângulo completo de 360 graus, que se sente incompleto e procura a parte que,
para ele, está lhe faltando para garantir sua felicidade completa. Pretendemos neste trabalho
analisar os comportamentos do protagonista dessa obra em sua busca pela parte que lhe falta,
baseada na crença de que “algo” no mundo o completará e o fará feliz. As proposições de Lacan
(1962) sobre a incompletude, ausência ou carência de algo que determina a completude do
sujeito, servirão de base teórica no que diz respeito a um elemento que foge a toda acepção e
apreensão imaginária, isto é, um objeto constituído de pura falta, como podemos notar no ser
semicircular presenta na obra de Sheil, o qual manteremos o nome de objeto A, discutindo-o a
especificidade do objeto da angústia, declarado como inexistente por Freud (1919).”.
Intentamos com isso relacionar os estudos contemporâneos acerca da pura falta ao conceito de
falta da falta, aproximando o objeto A do objeto “estranho” e “familiar”, como proposto por
Pisetta (2009).
Palavras-chave: A parte que falta; Falta da falta; Angústia; psicanálise.
Referências
FENICHEL, Otto. Teoria Psicanalítica das Neuroses. Trad. Dr. Samuel Penna Reis. Rio/ São
Paulo: Livraria Atheneu, 1981.
LACAN, J. O Seminário livro 11, os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
LACAN, J. O Seminário livro 4, a relação de objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
LACAN, J. O Seminário livro 7, a ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.
MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise Crítica da Narrativa. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 2013.
170
PESSANHA, Juliano Garcia. Recusa do não-lugar. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
PISETTA, Maria Angélica Augusto de Mello. The lack of lack and the object of anguish.
Campinas: Estud. psicol. 2009, vol.26, n.1, pp.101-107.
PROPP, Vladimir. Morfologia do conto maravilhoso. Tradução Jasna Paravich Sarhan. 2. ed.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.
SILVERSTEIN, Sheil. A parte que falta. Trad. Alípio Correia de Franca Neto. São Paulo:
Martins Fontes, 2009.
WEIL, Pierre. A neurose do paraíso perdido. Rio de Janeiro: CEPA - Espaço Tempo, 1991.
171
A ESTRUTURA MORFOLÓGICA DE AS CRÔNICAS DE NÁRNIA – O SOBRINHO
DO MAGO, DE C.S. LEWIS, COMO FONTE DE SEDUÇÃO DO LEITOR
Vinícius Carvalho da Silva
Rosana Cristina Zanelatto Santos
Esta proposta originou-se com base na leitura da Morfologia do conto maravilhoso, publicada
em 1928 pelo folclorista russo Vladimir Propp. O aporte teórico sugerido pelo estudo de Propp
nos fez vislumbrar a possibilidade de residir no percurso narrativo, orientado pelas funções, a
sedução do leitor de séries de romances, como é o caso dos sete textos de fantasia escritos pelo
irlandês C.S Lewis, aglutinados sob o título As Crônicas de Nárnia. Acrescente-se a isso a
necessidade de distinguir dois modos de recepção¸ uma vez que o texto e o leitor estão
intimamente interconectados por uma relação concebida como um processo em andamento: um
que se refere aos efeitos e ao significado para o leitor contemporâneo da leitura de uma
determinada obra, e outro que propicia reconhecer e estabelecer o processo histórico por meio
do qual uma obra é recebida e interpretada pelo leitor. Visa-se demonstrar, por meio dos estudos
proppianos e da teoria da recepção formulada por Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser, como o
texto não deve somente significar, mas ser. Isso adentra o processo pelo qual o leitor entende
ou não o conceito de abstração como reflexão interpessoal acerca da obra, processo em que o
leitor é instigado e seduzido pela forma estrutural da narrativa. Dessa forma, procura-se
demonstrar como a construção morfológica da obra O sobrinho do mago pode auxiliar no
processo de sedução e de formação do leitor e que não são somente as adaptações
cinematográficas que seduzem o leitor, mas também o estímulo despertado pela estrutura
narrativa e sua linguagem.
Palavras-chave: As Crônicas de Nárnia; Conto maravilhoso; Leitor.
Referências
BEZERRA, Isabelle Santos. Entre a sedução e a desconfiança: o jogo do autor e do leitor em
Les Faux-Monnyeurs de André Gide. Revista Criação & Crítica, n. 9, p. 95-110, nov. 2012.
CARDOSO FILHO, Jorge Luiz. 40 Anos de estética da recepção: pesquisa e desdobramentos
nos meios de comunicação. Revista Diálogos Possíveis, n. 4, p. 65-76, jul./dez. 2007.
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução Johannes
Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1996. (V. 1).
LEWIS, C.S. Um experimento na crítica literária. Tradução João Luis Ceccantini. – São
Paulo: editora Unesp, 2009.
172
LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia. Tradução Silêda Steuernagel e Paulo Mendes Campos. 2.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Volume único).
MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise Crítica da Narrativa. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 2013.
PROPP, Vladimir. Morfologia do conto maravilhoso. Tradução Jasna Paravich Sarhan. 2. ed.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.
173
KAFKA: UM EXERCÍCIO TEÓRICO-FICCIONAL
Vinícius Gonçalves dos Santos
Edgar Cézar Nolasco
Resumo: A metamorfose de Franz Kafka deixa marcas impressas nos leitores que se aventuram
a embarcar no grande pesadelo de Gregor Samsa, desta forma, ao entrarmos no universo das
adaptações da obra encontramos resíduos de leituras anteriores, inseridas de maneira proposital
ou inconsciente pelo (s) autor (es). Em 2013, a editora LP&M importa o mangá A metamorfose
para o ocidente, na capa do mesmo, o nome Franz Kafka é estampado junto com o quadrinho
da fúnebre cena do final da história, dentro do mangá ocidentalizado, nos defrontamos com
uma leitura outra da terrível novela kafkiana, uma leitura enxertada de fatos biográficos postos
de maneira proposital pela equipe editorial. Nosso artigo propõe-se a investigar de que maneira
os fatos biográficos foram inseridos na obra e as ressignificações causadas pelos mesmos. Já de
início fica claro a não necessidade de se identificar uma única leitura presente, em razão de ser
uma obra de autoria coletiva, a pluralidade de leituras fica expressa. A obra não somente insere
fatos novos, há também a supressão de elementos da narrativa clássica, deste modo, nosso
trabalho também tratará dos elementos não importados para a versão em mangá d’A
metamorfose. A adaptação insere a bios de Franz Kafka no mangá, amparados na crítica
biográfica, inserimos nossa bios dentro deste trabalho, uma vez que, não seria possível falar de
maneira tão próxima sem nos aproximarmos. As relações estabelecidas por nós são metafóricas,
ou seja, os traços biográficos identificados na obra não são pontuados a fim de justificar a obra
pela experiência de vida do autor, o objetivo é ampliar a bios do autor, e por consequência,
nosso bios. Com relação aos fatos biográficos, faremos o picking de biografias da vida do autor,
Kafka: vida e obra de Leandro Konder e, a mais recente, Kafka de Gérard-Georges Lemaire,
não nos é relevante a veracidade do fato narrado em ambas biografias, afinal, “Se considerarmos
que a realidade e a ficção não se opõem de forma radical para a criação do ensaio biográfico,
não é prudente checar, no caso de autobiografias ou de biografias, se o acontecimento narrado
é verídico ou não” (SOUZA, 2010. P 5). Os livros teóricos utilizados com maior presença neste
artigo são o Cadernos de estudos culturais: Crítica biográfica e Janelas indiscretas ensaios
de crítica biográfica.
Palavras-chave: Kafka; biografia; crítica.
REFERÊNCIA:
SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica / Eneida Maria
de Souza. – Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
174
A FLOR DE MULUNGU: da diferença colonial ao suplemento biográfico-cultural
No ano de 2012 a escritora mineira Conceição Evaristo publicou o conto “Macabéa, Flor de
Mulungu” no livro Extratextos I – Clarice Lispector: personagens reescritos, organizado por
Mayara R. Guimarães e Luis Maffe (2012). Neste conto, a escritora recria a emblemática
protagonista da novela A hora da estrela, de Clarice Lispector (1977), fazendo-a (re)nascer em
flor de mulungu, trinta e cinco anos após a ascensão da estrela. Este trabalho propõe uma leitura
pelo viés da pós-colonialidade/descolonialidade (MIGNOLO, 2015) e da crítica biográfica
(SOUZA), a respeito da diferença colonial (MIGNOLO, 2003). Assim, intentaremos refletir a
respeito das duas mais cruéis e nocivas consequências dessa diferença, a saber, o preconceito e
a exclusão das mulheres negras no âmbito histórico, social e literário brasileiro. Assim, nos
valeremos da noção derridiana de suplemento para teorizar sobre o suplemento biográfico-
cultural que se dá por meio de (re)escritas literárias, como ilustraremos com o conto
supracitado. Nosso objetivo é ler a narrativa de Evaristo enquanto uma criação paralela que
suplementa biográfico-culturalmente a última obra publicada por Lispector em vida.
Considerando, em nossa leitura, as sensibilidades locais (MIGNOLO, 2003) e as sensibilidades
biográficas (NOLASCO) das escritoras. Uma vez que, esta pesquisa possui caráter
eminentemente bibliográfica, destacamos para o nosso aporte teórico algumas obras que
contribuirão para a discussão aqui proposta, a saber: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS
Crítica biográfica (2010), Crítica Cult (2002) de Eneida Maria de Souza, Histórias locais/
projetos globais: colonialidade, saberes e pensamento liminar (2003) e Habitar la frontera:
sentir y pensar la descolonialidad (2015) de Walter Mignolo, entre outros.
Palavras-chave:flor de mulungu; diferença colonial, suplemento biográfico-cultural.
Referências:
CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: crítica biográfica. Campo Grande, MS: Editora
UFMS, v. 2, n. 4, set. 2010.
175
MIGNOLO, Walter.Histórias locais/ projetos globais: colonialidade, saberes e pensamento
liminar. Trad. de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
____________.Habitar lafrontera: sentir y pensar ladescolonialidad (Antologia, 1999-2014)
Espanha: EdicionsBellaterra, 2015.
NOLASCO. Perto do coração selbaje da crítica fronteriza. São Carlos: Pedro & João Editores,
2013.
SOUZA, Maria Eneida de. Crítica Cult. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
176
“EL MAYOR CRIMINAL QUE JAMÁS PISÓ LA TIERRA”: SOBRE VIOLÊNCIA E
VINGANÇA NO CONTO “PUTAS ASESINAS”, DE ROBERTO BOLAÑO
Andre Rezende Benatti
Esta comunicação tem como objetivo empreender uma análise do conto “Putas Asesinas”, de
Roberto Bolaño, presente na coletânea de contos também intitulada Putas Asesinas, publicado
pela primeira vez em 2001. O conto nos mostra a narrativa de uma prostituta vê na televisão
um homem chamado Max que está nas arquibancadas de um estádio incentivando um time de
futebol, então ela se dirige ao estádio e aborda o homem, o seduz, o leva para sua casa e transa
com ele, ao final amarra-o na cama e o mata com uma navalha. Na análise abordaremos
questões que giram em torno da violência e vingança presente no conto. Xavier Crettiez (2009),
afirma que definir a violência como um conjunto de temas e feitos que se assemelham
facilmente é impossível, pois a violência se apresenta das mais múltiplas formas. No conto,
percebemos os estratos da violência enquanto parte integrante do aparato social, sem a qual,
talvez, não seria possível a sociedade existir, assim como parte do próprio homem, nesta medida
nos focaremos nas atitudes que levaram a personagem principal do conto a vingar-se de Max.
Para tal leitura tomamos como base, para além de conceitos críticos e teóricos relativos à
estética literária, também nos aportaremos em estudos relativos à perversidade, crueldade e
violência, tais como A parte obscura de nós mesmos: uma história dos perversos, de Elisabeth
Roudinesco, La ética de la crueldade, de José Ovejero, Literatura e Violência, de Ronaldo
Lima Lins, Las Formas de la Violencia, de Xavier Crettiez e Literatura, violência e melancolia,
de Jaime Ginzburg, entre outros.
Referências
CRETTIEZ, Xavier. Las formas de la violencia. Buenos Aires: Waldhuter, 2009.
GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas, São Paulo: Autores
177
Associados, 2012.
LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.
OVEJERO, José. La ética de la crueldad. Barcelona: Editorial Anagrama, 2012
ROUDINESCO, Elisabeth. A parte obscura de nós mesmos: uma história dos perversos. Rio
de Janeiro: Zahar, 2008.
178
"LASCIATE OGNE SPERANZA, VOI CH’INTRATE”: FIGURAS INFERNAIS NO
ABISMO DE SAMUEL BECKETT
REFERÊNCIAS
ADORNO, T. W. Trying to Understand Endgame, In: Notes to Literature II. Trans.
Shierry We- ber Nicholsen. New York: Columbia UP, 1991.
ADORNO, T. W.; Teoria Estética, Lisboa: Edições 70, s/d.
179
ALIGHIERI, D.; A Divina Comédia – Paraíso, Purgatório, Inferno, tradução de Italo
Eugenio Mauro, São Paulo: Editora 34, 1998.
BECKETT, S.; The Grove Centenary Edition, vols. I, II, III, IV, New York: Grove
Press, 2006.
BECKETT, S.; Texts for Nothing, London: Calder & Boyars, 1974.
BECKETT, S; The Lost Ones, Samuel Beckett: The Complete Short Prose 1929- 1989.
New York: Grove Press, 1995. 202-223.
CAMUS, Albert; O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo, tradução de Urbano
Tavares Rodrigues, 1.a edição, Lisboa: Editora Livros do Brasil, 2005.
DELEUZE, G.; L’Épuisé, in Beckett, Samuel; Quad et Trio du Fantôme, ...que
nuages..., Nacht und Träume, Paris: Minuit, 1990.
ESSLIN, M.; O Teatro do Absurdo, Rio de Janeiro: Zahar, 1968.
PESSOA, F.; Poesias, (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.)
Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).
180
A TEMPORALIDADE COMO PROBLEMA HISTÓRICO EM A MONTANHA
MÁGICA, DE THOMAS MANN
Gong Li Cheng
Volmir Cardoso Pereira
Este trabalho propõe uma análise histórico-crítica do romance A montanha mágica (1924), de
Thomas Mann, buscando compreender a problemática da representação temporal, posta em
forma e conteúdo na obra, em sua relação direta com o contexto material e histórico no qual o
romance é escrito. Tomamos como hipótese a tese de que o modernismo em confluência com
o projeto de modernidade, no início do século XX, tratou exaustivamente do tempo por estar
periodizado no contexto sócio-histórico de expansão do capitalismo monopolista, o que
produziu um choque com resíduos de outros modos de produção, com sua cultura e
temporalidade próprias (JAMESON, 2005; 2011). Neste cenário, os escritores vivenciaram a
discrepância entre essas temporalidades conflitantes, especialmente o tempo do campesinato
(resquício feudal) e o tempo dos grandes centros urbanos (indústria e monopólios). Além disso,
a classe burguesa, em ascensão, viveu sob a influência do ancien régime respaldada pelo
poderio político e cultural das nobiliarquias agrárias ainda vigentes na época (MAYER, 1987).
Dessa forma, a ampliação material das sociedades ocidentais, paradoxalmente, não
correspondeu à ideia humanista de progresso. Na narrativa manniana, há representações desse
momento de transição, do mundo arcaico do século XIX para o mundo moderno e fragmentário
do século XX (HEISE, 1990). Em A montanha mágica, o deslocamento espacial (simbólico)
realizado pelo protagonista, Hans Castorp, é que designa a coexistência do mundo em processo
de modernização (a planície) e o tempo suspenso, estagnado e envolto pela obsolescência do
passado (o sanatório na montanha de Davos). Por conseguinte, as noções de tempo psicológico
e tempo cronológico cunhados por Benedito Nunes (2013) serão desenvolvidos para endossar
a discussão da percepção qualitativa do tempo. Por fim, através da conhecida interpretação de
Paul Ricoeur (2010), demonstrar-se-á como a representação do tempo no romance desencadeia
as temáticas da morte e da decadência da cultura europeia. (Apoio: CNPq/PIBIC 2018).
Palavras-chave: A montanha mágica; tempo na narrativa; crítica cultural materialista.
Referências
HEISE, Eloá. Thomas Mann: um clássico da modernidade. Revista Letras, Curitiba, n. 32, p.
239–246, 1990.
JAMESON, Fredric. Modernidade singular: ensaio sobre a ontologia do presente. Tradução
Roberto Franco Valente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
181
. O fim da temporalidade. ArtCultura, Uberlândia, v. 13, n. 22, p. 187–206, Jan./Jun.
2011.
MAYER, Arno. A força da tradição: a persistência do antigo regime. Tradução Denise
Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Edições Loyola, 2013.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa: 2. A configuração do tempo na narrativa de ficção.
Tradução Márcia Valéria Martinez de Aguiar. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
182
UM OLHAR DISTINTO SOBRE A LITERATURA DE BORGES: DO CÂNONE À
FICÇÃO CIENTÍFICA
Carla Larissa dos Santos de Souza
Ramiro Giroldo
Este trabalho tem como objetivo analisar o fantástico contido no conto “There are more things”
de Jorge Luis Borges, que faz parte da antologia O livro de areia (1975). Dedicado a H. P.
Lovecraft, o conto será estudado à luz do corpo de seu trabalho, de maneira a trazer à tona o
seguinte ponto: uma mesma obra pode ser observada segundo diferentes critérios e, desse modo,
diferentes ângulos resultarão em conclusões distintas. Há o interesse de apontar traços da ficção
científica e do terror em uma produção, aqui no caso a de Borges, que, geralmente, é abordada
hegemonicamente sob a chave interpretativa do realismo mágico. Apesar de ser pertinente a
associação da literatura de Borges com o realismo mágico, novas leituras são imprescindíveis
para que os olhares sobre o texto literário se renovem. Concomitantemente, a pesquisa tem por
intuito apresentar uma proposta de investigação sobre a literatura de ficção científica e terror
em sua relação com o cânone literário. O terror e a ficção cientifica estão contidos no fantástico;
e, em consequência de suas fronteiras constituírem-se tão análogas quanto distintas, é atribuído
a elas uma flexibilidade que permite aos gêneros se entrelaçarem na constituição do escrito.
Segundo Freedman (2000), estes textos apresentam uma tendência genérica; a obra pode ser
classificada como mais próxima ou mais distante do purismo do gênero determinado,
entretanto, nunca será encontrado um gênero em sua forma pura. Isso permite que o texto
abarque características de um gênero que não remete ao de sua classificação mas, ainda assim,
permeiam a narrativa e não pode ser negada sua existência e contaminação. Para que se
alcancem os objetivos pretendidos na pesquisa, o embasamento teórico se fundamentará em
Tzvetan Todorov, com a obra Introdução a Literatura Fantástica (1970), a fim de abordar as
questões relacionadas ao fantástico. Para discussão do gênero Terror, a pesquisa recorrerá a
proposições de dois escritores, são eles: H. P. Lovercraft, com seu estudo intitulado O Horror
Sobrenatural Na Literatura (1927), e Noel Carroll, com sua obra A filosofia do Horror ou
Paradoxos do Coração (1999). Por fim, para fundamentar a questão da ficção científica, o
estudo se apoiará nos livros: Metamorphoses of Science Fiction (1979), de Darko Suvin;
Science Fiction and Critical Theory (2000), de Carl Freedman, e O Princípio Esperança
Vol. 1 (1959), de Ernst Bloch.
Referências
BORGES, J.L. El libro de arena. In: Obras completas de Jorge Luis Borges. vol. 3. Buenos
Aires: Emecé Editores, 1989.
183
BLOCH, Ernst. O Princípio Esperança V.1. Rio de Janeiro: EdUERJ: Contraponto, 2005.
CARROLL, Noel. A filosofia do horror ou paradoxos do coração. São Paulo: Papyrus,1999.
FREEDMAN, Carl. Critical Theory and Science Fiction. Middletown: Wesleyan University
Press, 2000.
LOVECRAFT, H. P. O Horror Sobrenatural Na Literatura. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1987.
LOVECRAFT, H. P. Os melhores contos de H. P. Lovecraft. Organização de Luis
Dolhnikoff. Tradução de Guilherme da Silva Braga. São Paulo: Hedra, 2014.
LOVECRAFT, H. P. The H. P. Lovecraft Collection. Reino Unido: Arcturus, 2017.
SUVIN, Darko. Metamorphoses of Science Fiction. London: Yale University Press, 1979.
TODOROV, Tzvetan. Introdução a Literatura Fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1970.
184
MIX MÍDIA E POESIA VISUAL NO CIBERESPAÇO: ANÁLISE DO PERFIL DE
INSTAGRAM PÓ DE LUA
Caroline Bertini Fernandes
Márcia Gomes Marques
Destacando que a poesia concreta possui como finalidade última o uso do signo linguístico bem
como sua materialidade para a composição de um poema, faz-se interessante para esta pesquisa
compreender a Poesia Visual (Dencker, 2012) para além da materialidade linguística, de modo
que se faça percebido que para este estilo poético, as instâncias de significado não se fazem
presentes apenas no interior da signo verbal ou em suas relações com outras paralavras, mas
também, que para a Poesia Visual as imagens e os cenários elaboram o processo de significação
do poema. Para isso, sob o olhar dos Estudos Interartes (Cluver 2012) e Intermidiáticos
(Rajewsky 2012) faz-se um estudo de caso dos poemas visuais compostos por Mix Mídia da
escritora Clarice Freire no perfil de Instagram Pó de lua, de modo que se faça percebido como
a junção entre a linguagem verbal e fotografia suscitam uma interpretação una à poesia. De tal
modo, verifica-se como a poeta faz uso de objetos e ferramentas presentes no cenário ordinário
para extrair deste poesia. Dessa maneira, percebe-se como mídia e arte estão instrinsecamente
relacionadas, de modo que não seja possível averiguar um objeto artístico sem perceber que
este está atravessados pelos significados de seu suporte. De tal maneira, verifica-se como a
composição estética em Mix-Mídia nos Poemas de Pó de lua revelam sobre a Poesia Visual
produzida para o espaço das mídias digitais. Compreendendo o temo Mix Mídia como oriundo
dos estudos das artes visuais, objetiva-se aqui investigar também a poesia presente em Pó de
Lua também como um objeto visual, de modo que as possibilidades de significados ofertadas
pelo signo da imagem não se desassociem da composição estética do Poema. Para isso, são
analisados os Poemas Visuais publicados no ano de 2018 neste perfil de Instagram, de modo
que se possa observar que palavra e imagem, instrumentalizados pela Mix Mídia formam um
significado único para um Poema Visual.
Apoio (CAPES)
Referências
CLUVER, Claus. Estudos Interartes: conceitos, termos, objetivos. Literatura e Sociedade,
São Paulo, n. 2, p.37-55
185
__________.Intertextus/ interartes/intermedia.Tradução: Elcio Loureiro Cornelsen et al.In:
Aletria: revista de estudos de literatura. Belo! Horizonte: POSLIT,Faculdade de Letras da
UFMG,n.14, p.11\41,jul.\dez.2006.
DENCKER, Klaus Peter. Da poesia concreta à poesia visual: Um olhar para o futuro dos meios
eletrônicos. Trad. Silvia Maria Guerra Anastácio. In: DINIZ, Thaïs Flores Nogueira; VIEIRA,
André Soares (org.). Intermidialidade e estudos interartes – desafios da arte
contemporânea II. Belo Horizonte: UFMG, 2012
186
ATRAVÉS DO ESPELHO E A UTOPIA QUE ALICE ENCONTROU POR LÁ
Isabella Pereira Marucci
Ramiro Giroldo
Este trabalho tem como objetivo a análise das obras Através do espelho e o que Alice encontrou
por lá e Alice no País das maravilhas, ambas escritas por Lewis Carroll; mais especificamente,
busca-se criar um diálogo entre o espelho atravessado pela personagem no enredo e a utopia.
No momento em questão, a menina Alice transita do mundo “real” em que se encontra, para
adentrar um universo alternativo, completamente diferente, chamado de “Mundo dos espelhos”.
Considerando a estruturação dessa nova sociedade, cujos costumes são controversos ao que
Alice conhece, é possível enxergar a utopia. Um lugar constituído em prol da perfeição, mais
do que isso, tentando apagar os defeitos encontrados na nossa civilização, impondo uma
ideologia que visa a sociedade perfeita (utópica). A questão se evidencia pelas considerações
de Alice acerca do lugar em que antes estava inserida para o local que agora se inscreve, suas
observações, assim como a construção do ambiente, permitem a relação pretendida aqui com a
utopia e suas características. Verificando que o espaço seria basicamente o mesmo, sendo que
o Mundo dos espelhos alude a essa tentativa de instituir uma sociedade que se acredita ser
positiva, sem os defeitos e imperfeições que são observados na civilização e tidos como
problemáticos. Por meio da inversão dessa visão, remetendo ao utópico, a travessia de Alice
pelo espelho irá aludir a essa modificação e a esperança da concretização do perfeito, que pode
traduzir-se em distopia. Para tanto, os conceitos de utopia de Thomas More, assim como sua
descrição acerca da Ilha de Utopia, serão considerados para a verificação da constituição social
utópica. Ponderações sobre o espelho e o enredo da obra de Carroll, realizadas por Pedro Braga
e Martin Gardner são essenciais, além da breve menção sobre a dualidade “aparência e
essência” feita por Adorno.
Referências
BRAGA, Pedro. A passagem secreta - Leitura política e filosófica de Alice no País das
Maravilhas e através do espelho. São Paulo: Chiado Editora, 2015.
CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho. Rio de
Janeiro. Editora Zahar, 2013. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges.
187
MORE, Thomas. Utopia. Edição Bilíngue. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017. Tradução
Márcio Meirelles Gouvêa Júnior.
188
DESDOBRAMENTOS TEMPORAIS NO CONTO ALGUÉM DORME NAS
CAVERNAS, DE RUBENS FIGUEIREDO: PASSADO, PRESENTE E O HÁ DE VIR
Jucelia Souza da Silva
Ricardo Magalhães Bulhões
Tendo como ponto de partida o conto Alguém dorme nas cavernas, do romancista e tradutor
Rubens Figueiredo, este artigo trata da questão da temporalidade, da criação de um tempo
ficcional, para isso, lançamos mão da contribuição da Teoria da Literatura e também de alguns
estudiosos da linguagem para pensar a categoria enunciativa de tempo. Em sua obra O tempo
da narrativa, Benedito Nunes faz sua proposição partindo das ideias anteriores de grandes
pensadores - como Santo Agostinho, Einstein, Newton e até Benveniste -, apresentando uma
proposta de um tempo linguístico e, dentro dele, um tempo próprio para a ficção ou para a
narrativa. Ancorando-se nas contribuições teóricas de Benedito Nunes, a análise prioriza dois
objetivos centrais: primeiramente busca questionar em que medida, no conto de Figueiredo, as
escolhas temporais contribuem para a afirmação temática do texto e, num segundo momento,
levantar as singularidades enunciativas trabalhadas pelo autor para desenvolver vários planos
temporais na trama. Pensando nessas questões, poderemos apresentar uma possibilidade de
leitura da obra literária que tomamos como objeto, recompondo os passos de atribuição de
sentido que a narrativa permite e trazendo uma leitura litúrgica e simbólica em sua
temporalidade. Assim, procuramos contribuir com a reflexão em torno do conto na
contemporaneidade, seus pronunciamentos, suas estratégias de significação e seu lugar na
atualidade de uma sociedade dita moderna ou para além disso. Fica a contribuição com as
reflexões necessárias à obra literária ao trazer à tona e de forma simbólica as inquietações
humanas do sujeito inserido em seu tempo, na História.
Palavras-chave: literatura brasileira; Rubens Figueiredo; conto; tempo.
Referências
FIGUEIREDO, Rubens. Alguém dorme nas cavernas. In: O livro dos lobos. São Paulo: 2009,
p. 24- 61.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo: Edições Loyola, 2013.
189
VIOLÊNCIA E BASTARDOS NAS OBRAS DE ANA PAULA MAIA
O presente trabalho analisa parte das obras da escritora Ana Paula Maia, com o objetivo
principal de identificar as marcas poético-narrativas de uma escritora que se consagra como
representante da literatura brasileira contemporânea. O recorte compreende os livros A guerra
dos bastardos (2007), Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos (2009), Carvão animal
(2011), De gados e homens (2013), Assim na terra como embaixo da terra (2017) e Enterre
seus mortos (2018). Essas obras estão interligadas pela temática central da violência e por
personagens que vagam de uma narrativa a outra, dentre as quais se destaca Edgar Wilson, um
trabalhador braçal que vive imerso em espaços em que impera a brutalidade da violência
cotidiana. Sua primeira aparição foi em Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, novela
em que exerce o ofício de abatedor de porcos. Depois, retorna em outras três obras que
compõem o corpus da tese, em empregos e em momentos diferentes da vida, mas sempre sob
a égide do trabalho brutal. Busca-se, a partir dessa personagem comum às obras destacadas,
estabelecer relações entre a natureza, a forma e o meio como lugares literários onde o texto
ficcional é articulado neste início do século XXI. Seguir o percurso de Edgar Wilson pelas obras
nas quais ele atua é montar o quebra-cabeça proposto pelo projeto estético de Maia,
acompanhando os passos de personagens errantes, imersas em violência. O trabalho está
dividido nos seguintes temas: a violência como fio condutor (leitmotiv) do projeto literário de
Ana Paula Maia, o nomadismo das personagens, e o trauma. Como referencial teórico, valemo-
nos, essencialmente, das reflexões teóricas de Jaime Ginzburg e Ronaldo Lins.
Referências
GINZBURG, Jaime. Literatura, violência e melancolia. Campinas, SP: Autores associados,
2012. (Coleção ensaios e letras).
LINS, Ronaldo Lima. Violência e literatura. Prefácio de Jacques Leenhardt. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro,1990.
MAIA, Ana Paula. A guerra dos bastardos. Rio de Janeiro: Língua Geral (Coleção Ponta de
Lança), 2007.
______. Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos. Rio de Janeiro: Record, 2009.
______. Carvão animal. Rio de Janeiro: Record, 2011.
______. De gados e homens. Rio de Janeiro: Record, 2013.
______. Assim na terra como embaixo da terra. Rio de Janeiro: Record, 2017.
______. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
190
ANÁLISE DA CATEGORIA DESCRITIVA EM CONTOS DE ADRIANA LISBOA
Osmar Casagrande Júnior
Rauer Ribeiro Rodrigues
191
O ESPAÇO DA LITERATURA INFANTIL NAS LIVRARIAS E AS
PROBLEMÁTICAS DA CLASSIFICAÇÃO
Letícia da Silva Gomes
Patrícia Graciela da Rocha
Referências
MÃE, Valter Hugo. O Paraíso são os outros. São Paulo: Cosac & Naify, 2014.
QUEIROZ, Bartolomeu Campos de. Elefante. São Paulo: Cosac & Naif, 2013.
SILVERSTEIN, Shel. A parte que falta. São Paulo: Cosac & Naif, 2013.
192
LITERATURA BRASILEIRA E LEITOR: UMA RELAÇÃO GOGNITIVA.
Nas séries finais do Ensino Fundamental, fazer com que o estudante leia fluentemente e consiga
compreender o conteúdo lido é um dos principais focos do corpo docente e de toda a
comunidade escolar. As dificuldades em relação à leitura assola a maior parte dos estudantes,
fato que interfere diretamente no rendimento e na aprendizagem escolar. Ler poemas do poeta
e interpretá-los estão nesse contexto de dificuldades enfrentadas pelos estudantes do 6º ano de
uma escola do município de Sonora–MS. O presente artigo tem como objetivo apresentar uma
sequência didática baseada na leitura de poemas do poeta Manuel Bandeira, a fim de incentivar
a leitura e analisar o processo de cognição ao se construir o sentido no momento que se lê.
Destaca-se a relevância desse trabalho, uma vez que ler é o um dos principais desafios da escola,
além disso, ao se pensar na leitura de poemas da Literatura Brasileira, valoriza-se a cultura
clássica e enriquece o conhecimento cultural do indivíduo. Para tal empreitada baseamos- nos
nas leituras de Oliveira(2010), Leffa(2006), Souza(2012), Rodrigues(2012) Colomer (2007),
Cosson (2010).A pesquisa está fundamentada tanto em uma sequência didática que inclui a
leitura do poema “Pasárgada” de Manuel Bandeira, que será lido, ouvido e visualizado, como
em questionários orais que levem à reflexão do texto, contextualização da obra, pesquisa em
sala de tecnologia educacional de outros poemas do autor e, por fim apresentação de outros
poemas do escritor. Acredita-se, com isso, que oportunizar ao estudante a leitura de textos
clássicos literários produz maior enriquecimento cultural e permite a observação de como
acontece o processo cognitivo entre o leitor e o texto.
Referências:
COLOMER, Tresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola; [Tradução Laura
Sandrini]. – São Paulo: Global , 2007.
193
COSSON, Rildo. O espaço da literatura na sala de aula. Literatura : ensino fundamental /
Coordenação, Aparecida Paiva, Francisca;Maciel, Rildo Cosson . – ,Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 204 p. : il. (Coleção Explorando o Ensino ; v.
20).
MANGUEL, Alberto. Uma história de leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
OLIVEIRA , Ana Arlinda de. O professor como mediador das leituras literárias; Literatura :
ensino fundamental. Coordenação, Aparecida Paiva, Francisca; Maciel. Rildo Cosson . –
,Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 204 p.: il. (Coleção
Explorando o Ensino ; v. 20).
SOUZA, Ana Aparecida Arguelho de. Porque ler os clássicos. In: GOMES, Nataniel dos
Santos e ABRÂO, Daniel. (Orgs.). Pesquisa em Letras: questões de língua e literatura. Curitiba:
ppris, 2012.
ZILBERMAN, Regina Regina;Que literatura para a escola? Que escola para a literatura?
Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo - v. 5 - n.
1 - 9-20 - jan./jun. 2009.
194
DÚVIDAS DE UMA ADOLESCENTE NO CONTO “ESCREVO COISAS E APAGO”,
DE VIVINA DE ASSIS VIANA
Rafaela Cristiane Pereira Maciel
Se as perguntas e as dúvidas hesitam nos pensamentos da personagem principal do conto
“Escrevo coisas e apago”, de Vivina de Assis Viana, publicado na obra Professor e aluno
(1992), os provérbios para ela estão sempre certos e é a eles que ela recorre para responder às
suas indagações. A adolescente da história vive em um internato, e sua mente está cheia de
questionamentos que não são ditos, nem perguntados nesse ambiente de recluso e autoritário
no qual ela vive. Tão presentes nas falas orais, do nosso dia-a-dia, as expressões e provérbios
populares fazem parte da nossa e de outras culturas mundiais. Os provérbios, numa frase
condensam uma grande sabedoria popular e, muitas vezes, com significado de exemplo moral,
filosófico e religioso. A personagem principal da narrativa gosta de ler provérbios. Eles a fazem
pensar e, dentre muitas dúvidas que recorrem em seus pensamentos, a adolescente nos deixa
uma única impressão certa: a de que gosta muito de refletir acerca do mundo e sobre problemas
e questionamentos que desorganizam ou organizam sua curiosa e inquieta mente. Objetivamos,
nesse trabalho, pensar sobre o aspecto interpretativo da dúvida nas concepções de Vilém Flusser
(2011) e o papel da personagem do texto narrativo nas considerações teóricas de Antonio
Candido (1976) e Beth Brait (1983) e suas relações com os provérbios, considerando o ambiente
recluso, autoritário e de fé, onde a adolescente vive. Este trabalho baseia-se em pesquisas
bibliográficas, isto é, leituras e fichamentos dos teóricos acima mencionados, bem como a
análise do conto com base nestes levantamentos teóricos.
Palavras-chave: Dúvida; personagem; conto brasileiro contemporâneo.
Referências
CAMPEDELLI, Samira Youssef. Professor e aluno. São Paulo: Atual, 1992.
CANDIDO, Antonio. A Personagem de Ficção. São Paulo: Perspectiva S.A., 1976.
BRAIT, Beth. A Personagem. São Paulo: Ática S.A., 1993.
BERNARDO, G. A dúvida de Flusser: filosofia e literatura. São Paulo: Globo, 2002.
FLUSSER, Vilém. A dúvida. Apresentação de Gustavo Bernardo. São Paulo: Annablume,
2011. (Coleção Comunicações).
195
“PROMESSA”, DE IVAN ÂNGELO: UMA METANARRATIVA, DUAS HISTÓRIAS
Stelamaris da Silva Ferreira
Este artigo propõe-se analisar o enredo e as estratégias narrativas usadas pelo narrador do conto
“Promessa”, de Ivan Ângelo, publicado no livro Professor e aluno (1992), observando em que
medida alguns desses elementos o tornam uma metanarrativa. O processo metalinguístico
presente no conto “Promessa”, abordado conforme a teoria do conto de Ricardo Piglia (2004),
foi decisivo para realizar uma leitura além da superficialidade. O objetivo principal deste
trabalho é o de investigar como e em que medida a metalinguagem presente no texto engendra
a segunda história, implícita no discurso de um narrador irônico e sagaz, pois a única promessa
que se consolida é a do narrador, a promessa de escrever, elaborar e concluir uma narrativa. A
promessa do narrador para com o leitor é implícita e fica subentendida no modo como ele
constrói a história e no modo como as partes da primeira história, da professora, se encaixam
na segunda história, a da escrita do narrador e de seus jogos com a linguagem, carregados ora
de explícita, ora de implícita ironia. Objetivando demonstrar e fundamentar a leitura de que o
enredo e as estratégias metalinguísticas usadas pelo narrador do conto “Promessa” corroboram
a teoria de Piglia de que um conto sempre conta duas histórias, a análise foi realizada com base
em leituras e fichamentos de alguns referenciais teóricos: com relação aos conceitos pertinentes
aos estudos literários, como narrador, personagem e metalinguagem são abordadas as
concepções presentes nas obras de Brait (1985), Barthes (2007), Chalhub (1997), Genette
(1995), entre outros; quanto aos aspectos teóricos sobre o conto, embasa-se nas obras de Piglia
(2004) e de Zolin (2015).
Referências
ÂNGELO, Ivan. "Promessa". In: CAMPEDELLI, Samira Youssef (Org.). Professor e aluno.
São Paulo: Atual, 1992.
BARTHES, Roland. Literatura e metalinguagem. In: _______. Crítica e verdade. Trad. Leyla
Perrone-Moisés. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: Benjamin,
Horkheimer, Adorno, Habermas: textos escolhidos. Trad. José Lino Grünnewald [et al.].
São Paulo: Abril, 1983. (Coleção Os Pensadores).
BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. (Série Princípios).
CAMPEDELLI, Samira Youssef (Org.). Professor e aluno. São Paulo: Atual, 1992.
196
CANDIDO, Antonio et al. A personagem do romance. In: A personagem de ficção. São Paulo:
Perspectiva, 2007.
CHALHUB, Samira. A metalinguagem. 3. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Série Princípios),
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
GENETTE, Gerard. Discurso da narrativa. Trad. Fernando Cabral Martins. Lisboa: Vega,
1995.
HILL, Telenia. Estudos de teoria e crítica literária. Rio de Janeiro: Francisco. Alves, 1983.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. Trad. Maria
Elisa Cevasco e Iná Camargo Costa. São Paulo: Ática, 2007.
PIGLIA, Ricardo. Formas breves. Trad. José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2004.
ZOLIN, Lúcia. O que é literatura? Provocações metalinguísticas em narrativas de Luci
Collin. Rev. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, UnB, n. 45, p. 321-340,
jan./jun. 2015.
ZUIN, Antônio S. Sobre a atualidade dos tabus com relação aos professores. Educ. Soc.,
Campinas, v. 24, n. 83, p. 417-427, ago. 2003.
197
A FIGURA DO ALCOVITEIRO NAS OBRAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS
CUBAS E DOM CASMURRO, DE MACHADO DE ASSIS
Referências
_____. Habitantes das fronteiras: “crias da casa” na literatura brasileira. In: Pereira, Danglei de
Castro; Santos, Rosana Cristina Zanelatto (Orgs.). Olhares sobre o marginal. Jundiaí: paco
Editorial, 2015.
_____. Machado de Assis: o retorno para o leitor contemporâneo Revista Itinerários,
Araraquara, n. 34, p.157-170, jan./jun. 2012.
ASSIS, Machado. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 2005.
198
ASSIS, Machado. Esaú e Jacó. São Paulo: Ática, 2001.
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1987.
ASSIS, Machado de. Notícia da atual literatura brasileira – instinto de nacionalidade. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar 1994. Disponível
em: https://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://machado.mec.gov.b
r/images/stories/pdf/critica/mact25.pdf&ved=0ahUKEwjBmcPUoubUAhXEf5AKHR2FCPs
QFgg0MAA&usg=AFQjCNGbr8w1v6Vb4KoPITNJoAcyxSH5LA
Acesso em: 30 jun. 2017.
BASTIDE, Roger. Machado de Assis Paisagista. Revista USP, Programa de Pós-Graduação em
Teoria Literária e Literatura Comparada da FFLCH-USP,2002-2003. no. 56. p. 192-202.
CANDIDO, Antonio...[et al..]. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2014.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira. São
Paulo: Atual/Ed. 1995.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, 3.
ed. Curitiba: Positivo, 2004.
FREIRE, José Alonso Tôrres Freire. Os saberes da literatura e a formação do leitor. Entreletras,
Revista do Curso de Mestrado em Ensino de Línguas e Literaturas da UFT, 2010, no. 1. P. 191-
208.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss eletrônico: versão monousuário 1.0. Objetiva, 2009.
LEITE, Míriam Moreira. A Condição Feminina no Rio de Janeiro, Século XIX: antologia de
textos de viajantes estrangeiros. São Paulo: EdUSP, 1984.
PESSOA, Fernando. Mensagem. 13.ed. Lisboa: Ática, 1979.
LIMA, Samara Pereira Souza de. As heroínas românticas nas obras A Moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo e Senhora de José de Alencar. 2016, 51 p. Monografia. UFMS, Aquidauana,
2016.
REIS, Carlos & LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de narratologia. 7.ed. Coimbra Portugal:
Almedina, 2007.
SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades/Ed. 34, 2000.
(Coleção Espírito Crítico).
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do Capitalismo. São Paulo: Duas Cidades/Ed.
34, 2000a. (Coleção Espírito Crítico).
SOUZA, William Isaías Carvalho. A representação da paternidade nas obras Iaiá Garcia e
Memórias póstumas de Brás Cubas: estudos comparados em Machado de Assis. 2015, 88 p.
Dissertação (mestrado). UFMS, Campo Grande, 2015.
WANDERLEY, Márcia Cavendish. A Voz Embargada: imagem da mulher em romances
ingleses e brasileiros do século XIX. São Paulo: EdUSP, 1996.
199
SOBRE A SIMPLIFICAÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA
Alexandre Luís Gonzaga
Marcos Lúcio S Góis
200
Referências
BECMAN, J. C., WALDOW, B. F. Dissertatio de jure idiomatis. Frankfurt: Zeitleri, 1688.
Disponível em https://books.google.com.br/books?vid=IBNR:CR001088695
&redir_esc=y&hl=pt-BR. Acesso em 21.jul.2016
FOUCAULT, M. História da sexualidade I, A vontade de saber. Rio de Janeiro: Ed. Graal,
1979
______. Verdade e subjetividade. (Howison Lectures). Revista de Comunicação e linguagem.
n. 19. Lisboa: Edições Cosmos, 1993. P. 203-223. Disponível em
https://vk.com/doc259715455_314944114?hash=86ac38faf1a181d99b&dl=e4e4b4a92eebdf9
b30> Acesso em 27.abr.2016.
______. A arqueologia do saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
______. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto C.M. Machado e Eduardo J. Martins.
Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002.
______. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de
dezembro de 1970. Trad. Laura F. A. Sampaio. 5. ed. São Paulo: Loyola, 1999
______. A Ética do cuidado de si como prática da liberdade. In: MOTTA, Manoel B. Ditos e
Escritos V – Michel Foucault: Ética, Sexualidade, Política. Trad. Elisa Monteiro e Inês A.
Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
______. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Trad. Lígia Pondé. Petrópolis: Vozes, 1987.
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma
categoria da sociedade burguês. Tradução de Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1984.
LYOTARD, J. F. O pós-moderno. Tradução de Ricardo Correia Barbosa. Rio de Janeiro, José
Olympio, 1986.
MURPHY, P. Postmodern perpspectives and justice. Thesis Eleven. vol. 30, n. 1, ago. 1991.
Disponível em: http://the.sagepub.com/content/30/1/117.extract. Acesso em 11 ago. 2016.
201
O ENCONTRO ENTRE OS MULTILETRAMENTOS E O LETRAMENTO
CRÍTICO: UM PREPARO DE AULAS MULTIMODAIS POR E PARA SUJEITOS
ATIVOS
Alberto Eikiti Okaigusiku
Fabiana de Lacerda Vilaço
Na perspectiva do letramento crítico, onde se entende o ensino de línguas como construção de
discursos e de sujeitos em práticas sociais, a construção de sentido se dá por meio da cultura.
Com as reflexões sobre o letramento crítico, o presente trabalho pretende analisar e revisitar o
preparo de material para os cursos de língua inglesa do programa ISF da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, assim como a cultura acadêmica onde os sujeitos envolvidos se inserem.
Serão apresentados, portanto, 6 planos de aulas do curso "Comunicação Intercultural", de nível
B2, oferecido pelo programa e será feito um recorte de aulas e atividades para explorar as
questões linguísticas aplicadas à prática de ensino, justificando a necessidade de se pensar um
planejamento de aulas adequado e multimodal. A análise desses planos e o preparo de aula
apontam principalmente para a necessidade do uso dos multiletramentos na construção de
práticas que vão além do inglês instrumental e acadêmico, presentes em atividades como leitura
de contos apoiada por exibição e interações audiovisuais, trabalho com música e atividades com
podcasts relacionadas à interatividade e produção do mesmo. O trabalho tem como objetivo,
então, proporcionar reflexões a professores do programa sobre um preparo de aulas focado na
construção do aluno universitário como sujeito crítico, pensando na conscientização
democrática cidadã e desenvolvendo habilidades para lidar com textos em inglês dos mais
diversos gêneros, nas mais diversas mídias e linguagens. Os planos analisados e efetivados
apresentam como resultado o processo dialógico da aprendizagem do aluno universitário,
compreendendo a si mesmo como sujeito ativo e crítico, além de apontar para um
desenvolvimento confortável da língua em um espaço translingue em decorrência da construção
de aulas pautadas no letramento crítico. Por fim, se excederam expectativas quanto à
familiaridade do aluno com temas sociais e possibilidades discursivas encontradas pelo mesmo
e também às estratégias desenvolvidas para a comunicação dentro e fora do contexto
acadêmico.
Referências
202
LEMKE, Jay L. Letramento metamidiático: transformando significados e mídias. Trab.linguist.
apl., Campinas , v. 49, n. 2, Dec. 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso
em 11 Out. 2018.
JORDÃO, Clarissa. Abordagem comunicativa, pedagogia crítica e letramento crítico - Farinhas
do mesmo saco?. In: ROCHA, Cláudia; MACIEL, Ruberval (orgs.). Língua estrangeira e
formação cidadã: por entre discursos e práticas. São Paulo: Pontes, 2015.
CANAGARAJAH, Suresh. Translingual practice: global Englishes and cosmopolitan relations.
Nova Iorque: Routledge, 2013.
203
FORMAÇÃO DOCENTE EM LÍNGUA ESPANHOLA NA EAD
Ainda que a língua espanhola esteja passando por situações desalentadoras nos últimos anos,
principalmente decorrente da revogação da Lei 11.161/2005 e suas implicações, cabe aos
pesquisadores, formadores de professores, graduandos, docentes e alunos da educação básica a
missão de defender a importância de ensinar e aprender o idioma. A presente proposta evidencia
resultados parciais do projeto de pesquisa vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica (Pibic), na categoria voluntário, intitulado Formação inicial de professores
de Espanhol em Mato Grosso do Sul. Neste trabalho, voltamos nosso olhar para a oferta dos
cursos de licenciatura, na modalidade a distância, que habilitam para o ensino da língua
espanhola. Verificamos quais são as instituições responsáveis, localização e duração dessas
licenciaturas. Identificamos nove instituições de ensino superior (IES) particulares que
oferecem o curso de habilitação única (Espanhol) ou de dupla habilitação (Português e
Espanhol) e apenas a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) como
estabelecimento público, no estado, responsável pela citada formação docente, na modalidade
a distância. Ainda que numericamente o predomínio seja das instituições particulares, notamos
a abrangência que a UFMS tem, sendo a única universidade pública, no estado, a desenvolver
o curso, nessa modalidade. Em 10 anos de existência, concluiu 15 turmas, distribuídas em nove
municípios, com atuação de egressos nas escolas públicas de educação básica (KANASHIRO,
ROCHA, 2014; NOAL et. al., 2017). Salientamos que um dos motivos para a não inclusão da
língua espanhola como disciplina regular em todas as escolas de ensino médio é a de que não
havia profissionais suficientes para atender a demanda. Os resultados parciais demonstram,
portanto, que há cursos desenvolvidos em diferentes partes do estado que habilitam professores
para o ensino dessa língua e que a referida justificativa para a oferta bastante restrita do
Espanhol nas escolas, utilizada de forma recorrente, não procede.
Referências
KANASHIRO, D. S. K.; ROCHA, P. G. A percepção do egresso do curso de Letras Português
e Espanhol da UFMS, na modalidade a distância. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na
Educação, v. 12, p. 1-10, 2014.
204
NOAL, M. L.; CHIARI, A. S. S.; KANASHIRO, D. S. K.; TARTAROTTI, E.; ROCHA, P. G.;
SANTOS, R. M. Percepções dos egressos de cursos de formação inicial de professores na
modalidade a distância da UFMS: onde estão, para onde vão? In: Anais do Esud. Rio Grande-
RS, 2017, p. 802-814.
205
REPERCUSSÃO E RECEPÇÃO DE TRADUÇÕES/INTERPRETAÇÕES EM LIBRAS
NO YOUTUBE
Apoio: CNPq
Referências
206
GRIGOLETTO, Evandra. Entre a dispersão e o controle: ler os arquivos da internet hoje. In:
FLORES, G. B [et. al]. Análise de discurso em rede: cultura e mídia – vol. III. Campinas:
Pontes, 2017, p. 145-169.
207
LUZ, CÂMERA, AÇÃO: A PRODUÇÃO DE VIDEOAULAS NA UFMS
Annalies Padron Chiappetta
Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Referências
208
BORGATO, Joaquim Sérgio. O vídeo didático além das técnicas e das tecnologias na
educação online na era da cibercultura. 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de
Pós-Graduação em Educação, Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande.
209
DA INTERAÇÃO À EVASÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA À
LUZ DA ENTROPIA SÓCIOINTERATIVA
210
VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NAS ESCOLAS DE MIRANDA-MS
Annalies Padron Chiappetta
Patricia Graciela da Rocha
Referências
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1994.
211
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DO FILME EM NOME DA LEI: FRONTEIRA COMO
ESTADO DE VIOLÊNCIA
212
GROS, Frédéric. Estados de Violência: ensaio sobre o fim da guerra. Trad. de José Augusto
da Silva. São Paulo: Ideias e Letras, 2009.
TODOROV, Tzevetan. A Conquista da América. A Questão do Outro. Trad. de Beatriz
Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
______. O Medo dos Bárbaros: para além do choque das civilizações. Trad. Guilherme João
de Freitas Teixeira. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.
213
DISCURSOS ACADÊMICOS SOBRE OS TERENA E RELIGIÃO: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Evelyne Gregório Xavier
Marcos Lúcio de Sousa Góis
Referências
214
ACÇOLINI, Graziele. Protestantismo à moda terena. Editora UFGD, Dourados, MS, 2015.
192 p.
ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos
na graduação. 10ª ed. São Paulo, Atlas, 2010. 158 p.
FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas “estado da arte”.
Educação & Sociedade, São Paulo, ano 23, n. 79, p.257-272, ago. 2002. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/es/v23n79/10857.pdf Acesso em 06 nov. 2017.
GANDAVO, P. de M. Tratado da terra do Brasil; História da Província de Santa Cruz. Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980.
PAIVA, V. L.M.; SILVA, M. M.; GOMES, I.F. Sessenta anos de Linguística Aplicada: de onde
viemos e para onde vamos. In: PEREIRA, R.C.; ROCA, P. Linguística aplicada: um caminho
com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009. Disponível em
http://www.veramenezes.com/linaplic.pdf. Acesso em: 15 mar. 2018.
RAMINELLI, Ronald. Imagens da colonização: a representação do índio de Caminha a Vieira.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
RESTREPO, Olga L. R. V.; MARÍN, Maria. E. G. Estado del arte sobre fuentes documentales
en investigación cualitativa. Medellín: Universidad de Antioquia: Centro de Investigaciones
Sociales y Humanas, 2002.
ROMANOWSKI, Joana Paulin; ENS, Romilda Teodora. As pesquisas denominadas “estado
da arte” em educação. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, vol. 6, n. 19, p.37-50, set./dez.
2006. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=189116275004 Acesso em:
18/09/18.
ROMANOWSKI, Joana Paulin. As Licenciaturas no Brasil: Um balanço das teses e
dissertações dos anos 90. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2002.
SILVA, Fernando Altenfelder. Religião Terena. IN: SCHADEN, Egon. Leituras de Etnologia
Brasileira. São Paulo: Editora Nacional, 1976. p. 268-76.
215
A PRODUÇÃO DE CURTAS COMO FERRAMENTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA
Fabiano da Silva Araujo
Nara Hiroko Takaki
O presente trabalho é resultado das sequências didáticas realizadas em uma sala de 9º do Ensino
Fundamental, da Escola Municipal Prof.ª Maria Eulália Vieira, na cidade de Três Lagoas, Mato
Grosso do Sul. Estas ações buscaram inserir a linguagem cinematográfica como elemento
mediador de práticas com o foco na formação social, apresentando com o uso do cinema na
aula de língua inglesa como um encontro possível com a arte, não como ferramenta
metodológica, mas, como meio de reconhecimento de si e do outro. Buscamos extrair dessa
linguagem subsídios para acrescer à aprendizagem do espectador/estudante elementos como a
criatividade, autonomia e autoria. As leituras de Cristtofoleti (1982), Levy (1997) Masetto
(2013) e Prensky (2010) contribuíram para a compreensão, planejamento e uso das tecnologias
digitais de forma crítica, significativa e ética na mesma forma em que os estudantes tiveram a
oportunidade de vivenciar experiências de conhecer e compreender-se na diversidade humana.
A proposta de ensino privilegiou a mediação de diversas situações de ensino/aprendizagem de
maneira lúdica e desafiadora, com o registro de atividades dirigidas pelo professor para toda a
classe e com trabalhos em grupo. Os participantes, em grupos, foram auxiliados pelo professor
durante todo o projeto. Para que eles se sentissem comprometidos e motivados; foram
oportunizadas experiências onde pudessem ter autoestima elevada e desta maneira utilizassem
a linguagem cinematográfica como recurso pedagógico e sua função social, tornando assim a
aprendizagem autoral agradável e atrativa. As atividades deste trabalho foram norteadas pelas
dimensões sociais, pedagógicas e autorais do cinema, de forma que os estudantes dela
utilizassem como linguagem para expressarem-se. Foi observado em muitas atividades que os
estudantes demonstravam muitas inseguranças. Com base no resultado destas atividades foi
pensado um diálogo entre o cinema e a vida dos estudantes. Onde pudessem ter a oportunidade
de um momento mais autoral, utilizando os seus conhecimentos acerca da cultura digital para
produzirem seus vídeos. Com base nas respostas dos estudantes pensamos em colocar em
prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos,
demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável,
entre outros. Esta experiência resultou em três curtas: A carta, Me dê motivos para ficar e o
Último Adeus, que foram exibidos para os alunos do 7º ano, promovendo assim a socialização
e o diálogo entre duas salas do ensino fundamental. A experiência foi positiva para ambas as
salas que puderam ter um espaço para interagirem.
Palavras-chave: Cultura Digital; Curtas; Ensino.
216
Referências
CHRISTOFOLETTI, R. Filmes na sala de aula: recurso didático, abordagem pedagógica
ou recreação? In: Dossiê: Imaginário e Educação. Revista do Centro de Educação, v.34, n.3.
UFSM: 1982
DUARTE, R. Cinema e Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora , 2009.
FRESQUET, A. Cinema e experiência: um possível encontro com a nossa infância (e
juventude). In: Imagens do desaprender. Rio de Janeiro: Booklink: 2007.
LÉVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.
MORAN, J. M.; MASETTO, M. T; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação
pedagógica. 15. ed. Campinas: Papirus, 2009.
PALFREY, J e GASSER, U. Nascidos na Era Digital. Porto Alegre: Artemed, 2011.
PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artmed,
2000.
PRENSKY, M. Não me atrapalhe, mãe – Eu estou aprendendo! São Paulo: Phorte Editora,
2010.
217
DISCUTINDO EPISTEMOLOGIAS DECOLONIAIS NO ENSINO DE LÍNGUAS A
PARTIR DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
Francisco Leandro Oliveira Queiroz
Nara Hiroko Takaki
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Secretaria de
Educação Básica. 2017. Disponível em:<<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base>> Acesso
em: 23 de out. de 2018.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
218
DUSSEL, Enrique. Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da
filosofia da libertação. Revista Sociedade e Estado – Volume 31 Número 1 Janeiro/Abril 2016.
MIGNOLO, W. D. Histórias locais/projetos globais. Colonialidade, saberes subalternos e
pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2003.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, cultura e conocimiento en América Latina.
Anuario Mariateguiano 9, n.9:113-121, 1997.
219
UM ANÁLISE DISCURSIVO-DESCONTRUTIVA DA MATERIALIDADE DA LEI
11.645/08: (DES)CAMINHOS DA INCLUSÃO DAS HISTÓRIAS E CULTURAS
INDÍGENAS NO CENÁRIO EDUCACIONAL BRASILEIRO
Icléia Caires Moreira
Vânia Maria Lescano Guerra
Este estudo pretende, de forma geral, problematizar a representação do indígena construída pela
esfera jurídico-administrativa cujo eco discursivo acaba por repercutir na esfera educacional
brasileira. O corpus eleito, para esta apresentação, constitui-se de recortes discursivos
segmentados da lei 11.645/08 promulgada pelo governo brasileiro em março de 2008 para
instituir a obrigatoriedade do ensino de histórias e culturas indígenas dentro educação
básica. Temos por hipótese que esta materialidade discursiva, fomentada pela ratificação do
documento final da “Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões
Culturais” por meio do Decreto Legislativo nº 485/06, entrelaçada e entretecida aos aparatos
didáticos, já em circulação de forma impressa e/ou virtual, possibilita a (re)construção e /ou a
(re)significação do processo de colonização, do desejo de controle da representação do outro
por parte daqueles que possuem o poder de cristalizar uma representação dos povos indígenas, e
de seus patrimônios culturais, como sujeitos marginalizados e subalternos. Especificamente,
interessa-nos sondar as formações discursivas que atravessam o discurso oficial e os possíveis
efeitos de in-exclusão e discriminação erigidos do processo de colonialidade do poder sobre o
indígena e sua cultura perante a sociedade. Para tanto, nosso assentamento teórico-
metodológico pauta-se, transdisciplinarmente, na Análise do Discurso de origem francesa
(PÊCHEUX, 1988; ORLANDI, 1984 -2007;); em seu desdobramento discursivo-
desconstrutivo articulado aos estudos derrideanos (CORACINI, 2007; GUERRA, 2016-2017);
na Arqueogenealogia foucaultiana (1988, 1997, 2013); e na visada Pós-colonialista
(MIGNOLO, 2003-2005; SOUSA-SANTOS, 2007; GROSFOGUEL, 2008) com a finalidade
de promovermos um gesto interpretativo sobre o delineamento desses processos de subjetivação
mobilizados por caminhos inclusivos, no desejo de dar visibilidade aos sujeitos indígenas, suas
etnias, culturas e histórias, na sociedade hegemônica.
(Apoio: FUNDECT)
Referências
ALMEIDA, W. D.; GUERRA, V. M. L. Povos Indígenas em cena: das margens ao centro da
história. Campo Grande: OMEP/BR/MS, 2016.
220
CASTRO-GÓMES, S. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do
outro”. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais.
Perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: Clacso, 2005.
p.169-186.
_______. Microfísica do poder. Trad. Roberto Machado.11. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1997.
_______. A ordem do discurso. Trad. Laura F. A. Sampaio. 23 ed. São Paulo: Loyola, 2013.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni P.
Orlandi. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988.
ORLANDI, Eni P. Segmentar ou recortar? In: Série Estudos. Nº 10. Faculdades Integradas de
Uberaba (linguística: questões e controvérsias), 1984.
_______. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6. ed. Campinas: Unicamp, 2007.
221
SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: Das linhas globais a uma ecologia de
saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, v 78, 3-46, 2007.
222
LETRAMENTO CRÍTICO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE DA
UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA KAHOOT
Iasmin Maia Pedro
Fabiana Poças Biondo Araújo
A ascensão de um mundo globalizado, capaz de estimular a rapidez da conexão entre pessoas
de diferentes partes do mundo, por meio da tecnologia, proporcionou também a difusão de um
ensino capaz de caminhar em sentido semelhante. No campo dos letramentos, a relação entre
as tecnologias contemporâneas e a prática educacional foi formalizada em 1996, pelo New
London Group, com a pedagogia dos multiletramentos. Entre outras mudanças promovidas
desde então no âmbito educacional, plataformas de jogos tornaram-se mais recorrentes em sala
de aula, em tentativas de aproximar o letramento escolar do letramento cotidiano dos alunos,
imersos na cultura digital. No entanto, a partir da revisão da literatura sobre a temática, tornou-
se perceptível uma lacuna no uso de tal recurso para fins educacionais, pois a perspectiva
utilizada se detém somente na importância da utilização de recursos tecnológicos para a
aprendizagem, em específico os jogos, a partir do conceito de “gamification” (ALVEZ, 2015).
Devido à necessidade da construção de uma aprendizagem crítico-reflexiva, a pesquisa, em fase
inicial, tem por objetivo investigar a construção do letramento crítico no ensino de língua
inglesa, por meio da plataforma Kahoot, a partir dos estudos dos multiletramentos (ROJO,
2012) e do letramento crítico, critical literacy education (JANKS, 2013). Para tanto, serão
analisadas as ferramentas da plataforma e o seu uso em três escolas de idiomas de Campo
Grande-MS, nas quais será observado o desenvolvimento da aula, o papel do aluno, as práticas
e as motivações dos professores para o desenvolvimento do jogo – com gravações, fotos e
aplicação de questionários. Assim, espera-se ser possível, a partir do desenvolvimento da
pesquisa, identificar se a plataforma é capaz de ofertar recursos para uma aprendizagem crítico-
reflexiva, a partir das opções de jogos (quiz, jumble, discussion e survey) nela disponíveis, se
os professores têm conhecimento de todas as potencialidades ofertadas ou se sua escolha se
detém nos desafios e recompensas que mantêm o aluno concentrado no desenvolvimento da
atividade e manuseio do recurso, característicos da “gamification”.
Palavras-chave: multiletramentos; gamification; letramento crítico; kahoot.
Referências:
ALVEZ, Flora. Gamification: como criar experiências de aprendizagem engajadoras. São
Paulo: DVS Editora, 2015.
JANKS, Hilary. Critical literacy in teaching and research. Education Inquiry, University of
the Witwatersrand, South Africa, vol. 4, No. 2, p. 225-242, Junho 2013.
223
ROJO, Roxane Helena Rodrigues; MOURA, Eduardo (Orgs.). Multiletramentos na escola.
São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
224
PRÁTICAS TRANSLÍNGUES POR ACADÊMICOS-PROFESSORES NO IDIOMA
SEM FRONTEIRAS: DEUS QUE ME FREE!
225
Referências
GARCÍA, Ofélia; WEI, Li. Translanguaging and Education. Translanguaging: Language,
Bilingualism and Education. Palgrave Macmillan UK, 2014. 63-77.
CANAGARAJAH, S. Translingual practice: global Englishes and cosmopolitan relations. Nova
Iorque: Routledge, 2013.
226
MULTIMODALIDADES, GÊNERO E FEMINISMO: O TRABALHO COM MEMES
NO ENSINO MÉDIO TÉCNICO
Referências:
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 13. ed. Trad.
Renato Aguiar. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2017.
MILNER, Ryan M. The world made meme: discourse and identity in participatory media. 2012.
Tese (Doutorado em Filosofia). University of Kansas, Kansas.
227
SIGNORINI, Inês. Letramentos multi-hipermidiáticos e formação de professores de língua. In:
SIGNORINI, I; FIAD, R. S. (orgs.) Ensino de língua: das reformas, das inquietações e dos
desafios. Belo Horizonte, MG: Editora da UFMG, 2012.
228
LETRAMENTO DIGITAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Iúri Bueno
Ruberval Franco Maciel
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. - 4. ed. -
São Paulo : Atlas, 2002.
GILSTER, P. Digital literacy. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1997.
SOARES, Magda. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, Vera Masagão (Org.).
Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global, 2003.
229
Tecnologias para aprender / COSCARELLI, Carla Viana (org.). 1. Ed. – São Paulo; Parábola
Editorial, 2016.
Novos letramentos, formação de professores e ensino de língua inglesa / Vanderlei J. Zacchi,
Paulo Rogério Stella (orgs). Maceió, EDUFAL, 2014.
Rocha, Claudia Hilsdorf - Franco Maciel, Ruberval (Orgs.). Língua Estrangeira e Formação
cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas. Pontes Editores, 2013.
230
NARRATIVAS DIGITAIS FEMINISTAS: LINGUAGENS E ESTRATÉGIAS DE
MOBILIZAÇÃO VIRTUAL ALÉM DAS REDES
Letícia de Faria Ávila Santos
Rosana Cristina Zanelatto Santos
O objetivo deste resumo propositivo é explorar a análise das narrativas digitais desenvolvidas
em perspectiva de gênero dos portais AzMina e Think Olga e, neste sentido, investigar suas
configurações e articulações virtuais. A utilização das novas tecnologias comunicacionais
permitiu mais acesso às campanhas dos movimentos feministas, popularizando as pautas e
construindo novos discursos; diante disto, a proposta é avaliar os portais e as estratégias das
campanhas em rede, a exemplo a Chega de Fiu-fiu, desenvolvida pelo Think Olga para
denunciar o assédio sexual em espaços públicos e que ganhou ampla repercussão na internet. O
objetivo é tensionar as construções das narrativas digitais enquanto linguagem para o
desenvolvimento de uma comunicação mais pluralizada, contra-hegemônica e de igualdade de
gênero. A pesquisa é relacionada ao projeto de dissertação de mesma autoria sobre feminismo
e midialivrismo no portal AzMina desenvolvido no programa de Pós-Graduação em
Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. As percepções exploratórias da
pesquisa possibilitarão destacar as configurações das articulações em rede e a utilização das
narrativas e linguagens digitais para manobras político-sociais de interações coletivas. O eixo
teórico situará dentro dos conceitos de midialivrismo e ciberfeminismo desenvolvidos por
Antoun e Malini (2013) e Lemos (2009), nos quais o midialivrismo encontra-se como condição
social da mídia de mobilização social em busca de um acesso mais democrático e pluralizado
da comunicação e ciberfeminismo enquanto movimentos que se instauraram nas redes e atuam
com o interesse da divulgação dos conteúdos, mobilizações, estratégias, articulações e
movimentos de gênero para visibilidade social. A análise e recursos metodológicos serão
desenvolvidos a partir de uma pesquisa e concentração de coleta de dados sobre as campanhas
desenvolvidas virtualmente pelos dois portais, com enfoque descritivo e interpretativo das
iniciativas em rede.
Referências
LEMOS, Marina Gazire. Ciberfeminismo: Novos discursos do feminino em redes eletrônicas.
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC. São Paulo,
2009.
231
MALINI, Fábio; ANTOUN, Henrique.A internet e a rua: ciberativismo e mobilização nas redes
sociais. Porto Alegre: Sulina, 2013.
232
ACADÊMICA E PROFESSORA-BOLSISTA EM UM CURSO DE PORTUGUÊS
COMO LÍNGUA ADICIONAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Laura de Souza Martins Brasil Ovelar
Marta Banducci Rahe
O Programa Idiomas sem Fronteiras- IsF, criado em 2012 com o objetivo de promover ações
em favor de uma política linguística para a internacionalização do Ensino Superior Brasileiro,
oferece cursos de línguas adicionais para as comunidades universitárias brasileiras e de
Português como Língua Adicional-PLA para acadêmicos e docentes estrangeiros. Para isso, o
programa conta com um grupo de bolsistas, docentes em formação, em sua maioria graduandos
do curso de Letras, para desenvolverem suas ações de ensino. A Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul faz parte das instituições credenciadas pelo programa oferecendo aulas de Inglês,
Francês, Espanhol e PLA. Neste trabalho, pretendo relatar minha experiência de graduanda do
curso de Letras e professora-bolsista de Português como Língua Adicional no IsF, em um curso
com carga horária total de 16h, distribuídas em duas aulas semanais, com duração de duas horas
cada aula. A proposta de trabalho foi leitura e produção escrita do gênero resenha. A escolha
do gênero foi pensada, levando-se em conta, sobretudo, as necessidades dos alunos no contexto
acadêmico e por ser a turma formada por pós-graduandos estrangeiros. A experiência na sala
de aula com esse público mostrou que, mais do que desenvolver as capacidades de linguagens
específicas do gênero, foi necessário alargar a proposta das atividades para uma abordagem que
incluísse culturas e vivências em áreas diversificadas da língua em uso. Como aponta Almeida
Filho (2011), o papel do professor de PLA é o de divulgar a língua portuguesa juntamente à
multiplicidade cultural na qual ela está inserida e propagá-la de forma reflexiva, levando os
alunos a terem a consciência de seu dinamismo. Sendo assim, pude perceber que os
participantes do curso, além do interesse no gênero estudado, no ensino de gramática e
estratégias de leitura, buscavam nos encontros uma proposta comunicacional e
sociointeracional contextualizada.
Referências
ALMEIDA FILHO, J. C.P. Dimensões Comunicativas no ensino de Línguas. Campinas,
Pontes, 1993.
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Fundamentos de abordagem e formação no ensino
de PLE e de outras línguas. Campinas: Pontes Editores, 2011A. 130 p.
233
Pacheco, D. G. L. C. Português para estrangeiros e os materiais didáticos: um olhar
discursivo. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro, UFRJ, 2006.
234
PRÁTICAS TRANSLÍNGUES NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LIBRAS
Maria de Lourdes Rodrigues Balabuch
Nara Hiroko Takaki
Em virtude da globalização crescente, da luta pela acessibilidade e do crescente uso das “novas”
tecnologias, o aumento das pesquisas no campo linguístico tem abrangido diferentes aspectos
no segmento do ensino-aprendizagem de línguas. Nosso propósito aqui é utilizar desses novos
seguimentos quanto ao ensino de línguas e estreitar as pesquisas voltadas ao ensino de Libras
como segunda língua (L2). Pretendemos incentivar discussões e reflexões em uma perspectiva
que vincula língua/linguagem, cultura, sociedade e novos paradigmas como os
translingualismos e letramentos críticos, na perspectiva de discutir a relação entre a natureza
discursiva situada da linguagem, o caráter inovador atribuído ao hibridismo cultural e
linguístico e o papel desafiador do ensino voltado à formação do tradutor/intérprete de Libras
na atualidade. Com esse pressuposto, argumentar-se-á como uma determinada formação de
tradutor/intérprete da Libras, como segunda a língua, significa na perspectiva dessas práticas
sociais. O método utilizado consta da observação da pesquisadora presente em um curso de
formação de tradutores/intérpretes no Centro de Formação de Profissionais da Educação e de
Atendimento às Pessoas com Surdes (CAS-MS) tanto quanto de pesquisas bibliográficas sobre
o tema. Para tais formulações utilizamos conceitos como Práticas Translíngues de Canagarajah
(2013), Linguística Aplicada Indisciplinar de Moita Lopes (2013), o Conceito de Linguagem
de Bakhtin (2010), o Preconceito Linguístico de Gesser (2006), Linguística Aplicada
Transgressiva de Pennycook (1998), Acessibilidade Linguística de Skliar (2006) e outros
nomes também importantes para o exercício reflexivo sobre o ensino-aprendizagem de Libras
e a formação do tradutor/intérprete. Os resultados preliminares nos levam a concluir que o
translingualismo se faz presente tanto na formação do tradutor/intérprete de Libras quanto no
processo educacional para a comunidade surda, pois não há como desvincular nesse processo a
Língua portuguesa da Libras, resultando numa educação de prática translíngue. Para tanto
enfatizamos a necessidade de uma postura crítica frente aos letramentos dessa L2 para os
ouvintes e L1 para os surdos.
Referências
235
ALBRES, Neiva de Aquino. Ensino de Libras como 2ª língua e as formas de registrar uma
língua visuo-gestual: Problematizando a questão. ReVEL, v.10, n.19, 2012.
[www.revel.inf.br].
______. História da Língua de sinais em Campo Grande, Araras - Petrópolis / RJ. Editora
Uninet, 2005.
BAKHTIN, M.M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo-SP: Editora Hucitec, 2010.
GESSER, Audrei. “Um olho no professor surdo e outro na caneta”. Ouvintes aprendendo a
língua brasileira de sinais. Tese de doutorado. Campinas: UNICAMP, 2006.
______. ”Libras, que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da
realidade surda. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2009.
LACERDA, C.B.F., CAPORALI, S.A., LODI, A.C., Questões Preliminares sobre o ensino de
língua de sinais a ouvintes: reflexões sobre a prática. Distúrbios da comunicação, São Paulo,
16(1): 53-63, Abril, 2004.
BRITO, L. F. Por Uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Edições Tempo
Brasileiro, 2010.
236
PENNYCOOK, A., A Linguística Aplicada nos anos 90: em defesa de uma abordagem crítica.
(1998). Capítulo 1, Parte I do livro Linguística Aplicada e Transdisciplinaridade de Inês
Signorini e Marilda C. Cavalcanti - 2007.
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira:
estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SKLIAR, C. B., A inclusão que é “nossa” e a diferença que é do “outro”. São Paulo:
Summus, 2006 (15-34).
237
TRANSLINGUAGEM EM PRÁTICA: O BILINGUISMO DA ESCRITA
Marina Lopes de Santana Fonseca
Fabiana de Lacerda Vilaço
O presente estudo pretende realizar uma análise linguística das práticas escritas de
translinguagem dos alunos do curso de Produção Escrita: parágrafos do programa Idiomas Sem
Fronteiras na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Com base nas composições textuais
desenvolvidas se realizará uma análise da interação entre língua materna e língua-alvo. O
objetivo é compreender quais são as principais técnicas translinguísticas desenvolvidas pelos
alunos do nível A2 e qual o propósito de cada uma delas, sendo as principais: fazer-se
entender/questionar entendimento, transmitir/adquirir conhecimento, compartilhar
experiências, entre outros a serem buscados. Com isso, pretende-se compreender como o
planejamento e o encaminhamento dos cursos podem ser feitos para fomentar maior
conscientização do funcionamento da língua-alvo e, consequentemente, avanço na proficiência
do aluno. Serão utilizados como base principal para a análise da translinguagem os estudos de
Ofelia García e Li Wei, José Luís Fiorin, e Cláudia Rocha e Ruberval Maciel. Planeja-se
observar e estudar tais práticas destes alunos durante uma oferta de 32 horas com 5 produções
escritas de parágrafos e uma atividade final que abrange o que foi estudado no curso,
observando aspectos ortográficos, morfológicos, sintáticos, semânticos e lexicais empregados
no processo de interação entre os dois idiomas. Estes aspectos fazem parte da ementa do curso,
a qual prevê desenvolver as competências comunicativas em função das relações interculturais.
Para atingir tais objetivos, o planejamento do curso foi pensado em três diferentes dimensões:
sociocultural, linguística e funcional. No desenvolvimento da pesquisa supõe-se chegar a
resultados relacionados à influência da fonética-fonologia do português na escrita de palavras
do inglês; questões de vocabulário no que tange o uso de termos ou expressões da língua
materna; e construções gramaticais influenciadas pelas normas da língua portuguesa. Este
conhecimento, por conseguinte, aplica-se na construção de didáticas que favoreçam o ensino e
desenvolvimento do aluno.
Referências
GARCIA, Ofelia; WEI, Li. Translanguaging: language, bilingualism and education.
London: Palgrave, 2014.
GARCIA, Ofelia. Bilingual education in the 21st century: a global perspective. Malden:
Blackwell, 2009.
238
FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à Lingüística. v. 1 e 2. São Paulo: Contexto, 2006.
ROCHA, Cláudia; MACIEL, Ruberval. Ensino de língua estrangeira como prática
translíngue: articulações com teorizações bakhtinianas. D.E.L.T.A, 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/delta/v31n2/1678-460X-delta-31-02-00411.pdf>
239
MÍDIAS DIGITAIS E PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS NAS AULAS DE ESPANHOL
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO TÉCNICO
Referências
240
BARTON, David; LEE, Carmen. Linguagem online: textos e práticas digitais. Trad. Milton
Camargo Motta. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
FERNÁNDEZ, Gretel Eres (Coord.). Publicidade e Propaganda: o vídeo nas aulas de língua
estrangeira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Trad. Patrícia Chittoni
Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
RIBEIRO, Ana. Elisa. Textos Multimodais: leitura e produção. 1.ed, São Paulo: Parábola
Editorial, 2016.
________. Escrever, hoje: palavra, imagem e tecnologias digitais na educação. 1. ed. São
Paulo: Parábola, 2018.
ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2013.
241
AS COLEÇÕES DE DISCOS PARA O ENSINO DA LÍNGUAS VIVAS: UM
DIÁLOGO ENTRE A LINGUÍSTICA APLICADA HISTORIOGRÁFICA E A
CULTURA MATERIAL
Marta Banducci Rahe
As pesquisas históricas em Linguística Aplicada vêm ganhando espaço em grupos que
investigam a história do ensino e aprendizagem de línguas, sejam elas maternas ou adicionais.
Ao enfatizarem as representações das práticas estabelecidas nos diferentes contextos históricos,
propõem discussões que vão além das ideias ou teorias linguísticas e entram nos espaços
cotidianos das aulas de línguas. Segundo Smith (2015) elas buscam nos prefácios e anúncios
de livros didáticos, nas anotações de canto de página, nas fotografias, nos anúncios de jornais,
nos objetos escolares, nos diários de professores, nos documentos produzidos pela escola, nos
textos publicados e não-publicados, os elementos e fontes para suas investigações. O autor
sugere o estabelecimento de um novo campo investigativo, a Linguística Aplicada
Historiográfica, que pode se constituir no espaço para as indagações históricas sobre as teorias,
as ligações entre teorias e práticas e as práticas em si. A meu ver, por permitir propostas mais
alargadas de diálogos, esse campo em formação já percebe a possibilidade de aproximações
com a Arqueologia, a Antropologia, a História Social e a Cultura Material. É com esta última
que me proponho a conversar neste trabalho, ao trazer os objetos didáticos para o ensino de
língua inglesa como registro das práticas escolares historicamente instituídas. Destaco aqui as
coleções de discos que chegaram a uma escola confessional católica, Colégio Nossa Senhora
Auxiliadora, na cidade de Campo Grande, localizada ao sul do estado de Mato Grosso, entre os
anos de 1931 e 1961. Esses objetos entraram nas instituições escolares como parte da adoção
dos Métodos Direto e Científico para o ensino de línguas, naquele momento, das Línguas Vivas
e como exigências das políticas públicas para seu ensino. Revelar a presença desses materiais
na escola e discutir se foram ou não incorporados às suas práticas cotidianas foram objetivos
dessa pesquisa, ancorada nos estudos de Ginzburg (1989), Tilley ((2009), Meda (2015), Lawn
e Grosvenor (2005). A análise dos documentos produzidos pela instituição apontou para a
chegada de coleções de discos para o ensino da língua e da literatura, conforme Relatório de
Verificação, no entanto, nos Relatórios de Visitas e de Inspeção, onde estão descritas as aulas
de inglês, eles não são mencionados. Também as condições desses materiais, com
características de pouco ou nenhum uso, deixam entrever que foram incorporados ao cenário
escolar, compuseram o seu patrimônio material, mas não fizeram parte de suas atividades de
aula, mostrando como a escola recebeu e tratou as mudanças metodológicas propostas para o
ensino da língua inglesa.
Palavras-chave: Ensino de Língua Inglesa, Coleções de Discos, Cultura Material, Linguística
Aplicada Historiográfica
242
A REGULAÇÃO DO BINÁRIO DE GÊNERO EM INTERAÇÕES VIRTUAIS: UMA
ANÁLISE DE #MATHEUSA NO TWITTER
Emergindo das recentes discussões e estudos acerca da teoria Queer e do papel central que a
linguagem desempenha nesse campo, este trabalho apresenta alguns resultados de pesquisa da
análise de interações realizadas no Twitter em relação ao caso de Matheusa Passareli. Trata-se
de uma jovem artista, negra e não binária de 21 anos, estudante da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e ativista LGBT, que foi assassinada de forma brutal em abril de 2018. A partir da
repercussão do caso, foi selecionado como corpus da pesquisa comentários em tweets sobre
Matheusa feitos em uma matéria via @bbcbrasil, nos quais é possível identificar, inicialmente,
posturas reacionárias sobre gênero e sexualidade. Tomaram-se como aporte teórico os estudos
da Linguística Aplicada sobre construções identitárias do gênero (MOITA LOPES, 2006) e
estudos sobre performatividade do gênero e teoria Queer (BUTLER, 2003; LOURO 2016). O
recorte e a problemática do estudo foram definidos por meio de metodologia etnográfica virtual
(HINE, 2000), com imersão da pesquisadora na rede social Twitter com o objetivo de
acompanhar de que modo são construídas significações e representações do sistema binário de
gênero, além de como o sujeito não-binário é constituído/representado em tais eventos de
letramento. Como resultados parciais, identificamos que as interações ocorridas a partir do caso
revelam a tentativa de regulação do sistema binário e a marcação constante desse sistema,
proposta pelos usuários para se contrapor veementemente à construção identitária subversiva
de Matheusa. A preocupação com a afirmação do sistema binário de gênero e o uso da
materialidade corporal como argumento para isso sobrepõem-se à preocupação com o crime e
à crueldade do assassinato – o que se revela por meio de jogos linguísticos com os pronomes
pessoais ele/ela, com o uso do gênero linguístico, não-marcado versus o marcado, entre outros.
Nesses jogos, a não possibilidade do binário aparece como uma justificativa para o assassinato.
Além disso, a tentativa de apagamento do sujeito não-binário e as construções de feminilidades
relacionadas a Matheusa assumem conotações pejorativas sobre a sua personalidade, atuando,
em última instância, também como uma justificativa para o assassinato.
243
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer.
Autêntica, 2018.
244
O CONFLITO LINGUÍSTICO E IDENTITÁRIO DO SUJEITO SURDO TERENA:
UMA REFLEXÃO SOBRE POLÍTICA LINGUÍSTICA
Michelle Sousa Mussato
Claudete Cameschi de Souza
Este trabalho busca refletir sobre as relações de saber-poder (FOUCAULT, 1990; 1996; 1999)
inscritas no campo multifacetado da Política Linguística, com atenção especial às relações de
força que se instauram na situação linguístico-cultural dos surdos terena. Para este trabalho
visitamos, de modo transdisciplinar, as contribuições teóricas de autores que preocupam-se com
análise de língua(s), identidade(s)/identificações e cultura(s) dos sujeitos. Partimos de
observações nos estudos acerca da Linguística Aplicada (MAHER, 2007; CANAGARAJAH,
2013; RODRIGUÉZ-ACALÁ, 2010, MONTE-MOR, 2013), discussões sobre políticas e
planejamentos linguísticos (CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2013, 2016) e nos apoiamos na
Análise do Discurso de origem francesa (PÊCHEUX, 1990; FOUCAULT, 1990, 1996, 1999;
CORACINI, 2003, 2007a, 2007b, ), nos Estudos Culturais (BHABHA, 2001, CANCLINI,
2001) e no método arqueogenealógico de Foucault (1990) para organizar nosso gesto
interpretativo, tendo em vista o processo de (des)(re)territorialização e (des)identificação desses
sujeitos na(s)/pela(s) língua(s) que lhes constituem/atravessam. Ao entender que as políticas
linguísticas educacionais são constituídas por domínios referentes aos planejamentos de corpus
e de status de uma língua e que (re)afirmam um determinado posicionamento ideológico do
Estado, por meio da organização de ações para a efetivação dessa política (pública/linguística),
questionamo-nos sobre como se dá o processo educacional do índio surdo terena frente ao
embate identitário, linguístico e cultural vivenciado por esses sujeitos, uma vez que os
prescritos nas legislações e políticas linguísticas versam sobre práticas discursivas que relegam
a estes sujeitos a posição de marginalização em uma dupla exclusão: por serem índios e surdos.
Esta condição de exclusão justifica-se pela incompreensão de que o processo de constituição
identitária do surdo terena aloja-se na condição de ser/estar entre-línguas e entre-culturas.
Referências
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana L. de L. Reis e Gláucia R.
Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.
CALVET, L. J. As políticas linguísticas. Tradução Isabel de Oliveira Duarte, Jonas Tenfen
e Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2007.
245
CANAGARAJAH, S. Translingual Practice: Global Englishes and Cosmopolitan Relations.
London and New York: Taylor & Francis Group, 2013.
CANCLINI, Nestor G. Culturas híbridas: Estratégias para entrar e sair da modernidade. 4. ed.
Tradução de Heloísa Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo, 2001.
CORACINI, M. J. F. Identidade & discurso: (des)construindo subjetividades. Campinas:
Editora Unicamp: Chapecó: Argos Editora Universitária, 2003.
____________. A celebração do outro: arquivo, memória e identidade. Campinas: Mercado de
Letras, 2007a.
____________. Discurso de imigrantes: trabalho de luto e inscrição de si. In: KLEIMAN, A.
B.; CAVALCANTI, M. C. (orgs.) Linguística Aplicada: suas Faces e Interfaces. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2007b, p. 83-1016.
FOUCAULT, M. A história da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza
Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1990.
246
RODRÍGUEZ-ALCALÁ, C. Políticas públicas de direito à língua e consenso etnocultural: uma
reflexão crítica. In: Orlandi, E. Discurso e políticas públicas urbanas: a fabricação do
consenso. Campinas: Editora RG, 2010.
247
REPERTÓRIOS LINGUÍSTICOS EM AÇÃO: PRÁTICAS GRAFOCÊNTRICAS
TRANLÍNGUES EM AVALIAÇÕES NO ENSINO SUPERIOR
248
Referências
GARCÍA, Ofélia; WEI, Li. Translanguaging and Education. Translanguaging: Language,
Bilingualism and Education. Palgrave Macmillan UK, 2014. 63-77.
BUSCH, Brigitta. The linguistic repertoire revisited. Applied linguistics, v. 33, n. 5, p. 503-
523, 2012.
249
ENQUADRAMENTO MIDIÁTICO LOCAL: UMA INVESTIGAÇÃO DOS
DISCURSOS SOBRE A QUESTÃO INDÍGENA E A LUTA POR TERRAS
Este trabalho de iniciação científica, em fase inicial, tem como objetivo geral analisar, em
abordagem interdisciplinar e interpretativista, o modo como as questões indígenas voltadas para
a luta por terras são enquadradas (PORTO, 2004) pelos websites “Campo Grande News” e
“Midiamax” - veículos midiáticos digitais que se caracterizam por sua representatividade e
tradição na produção e na circulação de informação local em Campo Grande. Tendo em vista o
fato de Mato Grosso do Sul ser o segundo maior estado em número de indígenas e possuir uma
forte tendência ao agronegócio, nossa pesquisa se justifica por sua relevância tanto na discussão
e reflexão em torno das práticas sociais que envolvem as linguagens acerca do direito à terra,
na relação entre a história e a cultura indígenas, quanto na construção de saberes que promovam
a atividade científica em curso de licenciatura. Para isso, a proposta articula os pressupostos
teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, em diálogo com os estudos
dos (novos) letramentos. De posse do levantamento bibliográfico concernente à luta pela terra
no Brasil e do arquivo discursivo formado sobretudo a partir da “I Conferência Regional dos
Povos Indígenas”, realizada em Dourados (MS), no ano de 2005; são nossos objetivos
específicos: a) esboçar historicamente os principais eventos legislativos que promoveram
mudanças na questão do direito indígena à terra; b) discutir a relação entre a militância indígena
por terra e violência sofrida em Mato Grosso do Sul; c) dar visibilidade às práticas de resistência
que se configuram nas ações indígenas de combate as relações de inclusão/exclusão de seus
direitos. Nossa hipótese é que os efeitos de sentido dos enquadramentos midiáticos regulares
nas matérias são reflexos da subversão do conceito de cidadania enquanto gesto de apagamento
das noções de identidade (HALL, 2006) e diversidade cultural indígenas (ORLANDI, 2008).
Referências
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Trad. Tomaz Tadeu da Silva,
Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
250
ORLANDI, E. P. Terra à vista: Discurso do confronto: Velho e Novo Mundo. 2. ed. Campinas:
Editora da Unicamp, 2008.
251
VOZES INDÍGENAS NO ESPAÇO VIRTUAL: OS POVOS TERENA NO
FACEBOOK
Referências:
252
CORACINI, Maria José R. F. (Org.). O desejo da teoria e a contingência da prática: discursos
sobre e na sala de aula (língua materna e língua estrangeira). Campinas: Mercado de Letras,
2003.
CORACINI, Maria José R. F. (Org). O jogo discursivo na aula de leitura. Língua materna e
língua estrangeira. Campinas: Pontes, 1995.
PECHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 4. ed. Campinas:
Pontes, 2009.
253
(RE)DEFINIÇÕES E (DES)CONSTRUÇÕES DO IMAGINÁRIO FEMININO SOBRE
SI NOS MEMES DE “BELA, RECATADA E DO LAR”: UMA PRÁTICA SOCIAL DE
RESISTÊNCIA
Patricia Damasceno Fernandes
Elaine de Moraes Santos
As inovações tecnológicas têm feito com que a sociedade se organize de modos diferentes,
mediante a multiplicidade de usos da linguagem e mudanças no próprio alcance das práticas
comunicativas. Por essa razão, em contexto digital, os indivíduos têm acesso a interfaces para
proferir discursos que antes não tinham espaço para circulação e o fazem por meio da
formulação de textos de caráter multimodal, como é caso dos memes. Dada a pertinência desse
processo, o presente estudo fundamenta-se nas concepções de letramentos digitais e em sua
relação na produção de efeitos de sentidos para tratar das condições de emergência da
formulação de memes, baseando-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Linguística
Aplicada em diálogo com a Análise do Discurso de linha francesa. O arquivo de pesquisa situa-
se a partir do contexto brasileiro de 2016, de instabilidade política com o processo de
impeachment da presidenta Dilma, em que a revista Veja publica a reportagem: “Marcela
Temer: bela, recatada e do lar”, criando um conjunto de atributos que elevam a senhora Temer
como representação de mulher ideal. Sabendo que a formulação dos memes se deu em caráter
de resposta e protesto ao discurso proferido pelo veículo de comunicação, nosso trabalho busca
analisar como ocorre a construção de sentidos na materialidade discursiva digital, a partir dos
aspectos que permeiam formulação, circulação e recepção dos memes. Os resultados mostram
uma diversidade de discursos em torno do imaginário que as usuárias da rede social Facebook
possuem sobre a posição-sujeito “mulher” em sociedade. Além disso, revela-se pelo batimento
entre estrutura, funcionamento e finalidade dos memes, que são textos híbridos de grande
produtividade para o estudo da linguagem enquanto prática social.
254
A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NA CIDADE DE PORTO MURTINHO/MS E AS
QUESTÕES DE (DES)PRESTÍGIO, (DES)VALORIZAÇÃO E PRECONCEITO
LINGUÍSTICO NA ESCOLA
Patrícia Graciela Da Rocha
Referências
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1994.
255
PROJETO DE LABORATÓRIO DE MULTILETRAMENTOS: UMA PROPOSTA DE
INCLUSÃO AOS GÊNEROS ACADÊMICOS
Silvia Naara Oliveira
Rosineide Magalhães De Sousa
A produção escrita é essencial à vida acadêmica, assim, professores e estudantes têm feito
esforços no sentido de assegurar o desenvolvimento da produção textual na graduação. Porém,
nem todos os ingressos à universidade dominam as competências do letramento acadêmico.
Essa é a realidade de grande parte dos estudantes da Licenciatura em Educação do Campo
(LEdoC), curso oferecido pela Faculdade UnB Planaltina (FUP), campus da Universidade de
Brasília. Dessa forma, este trabalho tem o objetivo principal de descrever as ações propostas
pelo LABMULT, o laboratório de multiletramentos com sede na FUP. Os propósitos do
Laboratório de Multiletramentos são principalmente atender às necessidades comunicativas de
estudantes da LEdoC na perspectiva de incluir os alunos ao domínio de habilidades de escrita
e aprimorar a norma padrão da língua portuguesa por meio de práticas de leitura e escrita, com
foco em gêneros acadêmicos. O projeto conta com a participação de professores colaboradores
da área de Linguagens da FUP e de mestrandos e doutorandos em Linguística da Universidade
de Brasília que, por meio da observação participativa, propõem leitura, escrita e reescrita de
textos aos estudantes que procuram o laboratório para aperfeiçoar a produção de textos
acadêmicos exigidos pela universidade. A LEdoC, curso da Universidade de Brasília (UnB)
forma professores, ou outros agentes educacionais, para atuar nas áreas rurais e comunidades
camponesas, como assentamentos rurais, comunidade indígenas e quilombolas. As habilitações
oferecidas pelo curso são as de Linguagens, Matemática e Ciências, especialidades essas
escolhidas pelo estudante no início da graduação. Por conta do contexto geográfico e sócio
cultural vivenciado pela maioria dos estudantes da LEdoC, a tradição oral permeia boa parte
das práticas sociais, e o domínio da escrita acadêmica precisa ser desenvolvido dentro das
expectativas universitárias. Assim, o LABMULT propõe o fortalecimento e o desenvolvimento
da leitura e da escrita acadêmica como forma de empoderamento do ledoquiano ao contexto da
graduação. As bases teóricas que norteiam o projeto são as relacionadas aos Múltiplos
Letramentos (BARTON, 1994; STREET, 2014; SOUSA et al, 2016), Letramento e Ensino de
gêneros textuais (KLEIMAN, 2008; STREET, 2014; BAZERMAN, 2007; MARCUSHI, 2008;
ROJO, 2009). A mediação da escrita, no contexto acadêmico, oportuniza tanto a revisão textual
quanto a autonomia por parte do estudante, que por meio das práticas metodológicas
proporcionadas pelo LABMULT pode criar sua própria gestão de escrita acadêmica.
256
Referências
BARTON, D. Literacy: an introduction to ecology of written language. Tradução de Guilherme
Rios. Blackwel: Oxford, 1994.
BAZERMAN, C. Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez, 2007.
KLEIMAN, A. Os significados do letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1995.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola
Editorial, 2008.
ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
SOUSA, R. Letramentos na licenciatura em educação do campo: transitando no contexto
acadêmico. In: ARAÚJO, J. (Org). Gêneros e letramentos em múltiplas esferas de atividade.
Campinas: Pontes Editores, 2016.
SOUSA, R. MOLINA, M. e ARAÚJO, A. C. (Orgs). Letramentos múltiplos e
Interdisciplinaridade na Licenciatura em Educação do Campo. Brasília: Decanato de
Extensão/UnB, 2016.
STREET, B. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na
etnografia e na educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.
257
AVALIAÇÃO DO DOMÍNIO AFETIVO: VISLUMBRANDO CAMINHOS POR
MEIO DA PLATAFORMA EDUCACIONAL ADDITIO
Poliana Sabina Quintiliano Silvesso
Sueli Maria Ramos da Silva
258
FIORIN, J. L. A noção de texto na semiótica. Organon, Rio Grande do Sul, v.9, n. 23, p. 165-
176, jan./jul. 1995. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/organon/article/view/29370
Acesso em: 12 de agosto de 2017, 10h30min.
FLOCH, Jean-Marie. Semiótica plástica e linguagem publicitária. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/significacao/article/view/90495/93268. Acesso em: 06 de
novembro de 2018.
GREIMAS, A. J. Maupassant. La sémiotique du texte: exercices pratiques. Paris, Seuil, 1976
ZILBERBERG, Claude. Elementos de semiótica tensiva. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011.
259
A MULTIMODALIDADE TEXTUAL E O PAPEL DA ESCOLA NO
PROTAGONISMO ESTUDANTIL
Thaís Rodrigues Corrêa
Nagila Kelli Prado Sana Utinoi
260
SOARES, Ismar. D. O. Educomunicação: um campo de mediações. Comunicação &
Educação, n. 19, p. 12-24, 2000.
FISCHER, Rosa M. B.. Técnicas de si” na TV: a mídia se faz pedagógica. Educação Unisinos,
São Leopoldo, v. 4, n. 07, p. 111-139, 2000.
261
LEITOR DE PAPEL, LEITOR VIRTUAL: O LIVRO E A LITERATURA NO
TERRITÓRIO DAS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS
O presente artigo analisa a presença do livro em seu aspecto físico, material, impresso,
tradicional e, por extensão, a relevância da literatura em alguns contextos da atualidade – ante
a imensa densidade tecnológica em que vivemos, com o advento e a universalização da internet
e dos aparatos midiáticos. Neste espaço, faz-se um trajeto reflexivo que intenta repensar
algumas configurações interativas entre o leitor contemporâneo e novas formas de realização
da leitura. Metodologicamente, assume-se aqui um olhar interrogativo, mediado pela
interpretação das contribuições teóricas de pesquisadores do livro, da literatura e de suas
relações com o leitor: Roger Chartier (2009), Maria Teresa Freitas (2007), Ana Elisa Ribeiro
(2007), Antoine Compagnon (2010), Marisa Lajolo (2001) e João Thomaz Pereira (2007). Além
disso, realizamos ainda uma pesquisa de campo com trinta estudantes adolescentes de uma
escola pública, a fim de investigar como eles se relacionam com o livro e a leitura. Assim,
depreendemos que o objeto livro tem sido alvo, historicamente, de sucessivas transformações
– o que modifica, inclusive, a maneira como os adolescentes enfrentam a tarefa da leitura em
suportes midiático e impresso, visando a diferentes finalidades. Esta discussão nos conduz,
ainda, a repensar os desafios da prática docente no desenvolvimento das potencialidades leitoras
dos estudantes, tendo em vista, entre outras, a seguinte perspectiva: o domínio da tecnologia
moderna – entendida como o universo eletrônico da informação e comunicação – não exclui
ricas possibilidades de leitura e (re)criação. Pelo contrário, é necessário um intercâmbio entre
elas para, a partir disso, estabelecer, produzir e divulgar saberes nas mais diversas áreas do
conhecimento.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira de. O saldo da leitura. In: DALVI, M. A.; REZENDE, N. L. de;
JOVER-FALEIROS, R. (org.). Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola Editorial,
2013.
CEREJA, William Roberto. Ensino de literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com
literatura. São Paulo: Atual, 2005.
262
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. Trad. de Reginaldo Carmelo
Corrêa de Moraes. São Paulo: Editora UNESP, 2009. Título original: Le livre en révolutions.
FREITAS, Maria Teresa de A. Leitura, escrita e literatura em tempos de internet. In: PAIVA,
Aparecida et al. (org.). Literatura e letramento: espaços, suportes e interfaces. O jogo do
livro. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
PEREIRA, João Thomaz. Educação e sociedade da informação. In: COSCARELLI, Carla V.;
RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades
pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
RIBEIRO, Ana Elisa. Ler na tela – letramento e novos suportes de leitura e escrita. In:
COSCARELLI, Carla V.; RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e
possibilidades pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
RIBEIRO, Otacílio José. Educação e novas tecnologias: um olhar para além da técnica. In:
COSCARELLI, Carla V.; RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e
possibilidades pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
SOARES, Magda. Ler, verbo transitivo. In: PAIVA, Aparecida et al (org.). Leituras literárias:
discursos transitivos. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
263
TODOS PELA EDUCAÇÃO (ONG). Disponível em:
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/12/apenas-54-dos-jovens-concluem-o-ensino-
medio-ate-19-anos-diz-estudo.html. Acesso em: 19/05/2014.
264
A UFMS E A INTERNACIONALIZAÇÃO: ACADÊMICOS ESTRANGEIROS NO
PROJELE
Thaynara Vicente Lima
Marta Banducci Rahe
265
Referências
BARTELL, M. Internationalization of universities: A university culture-based
framework. Higher Education. Manitoba, Winnipeg, 2003, p. 37-52.
266
A LITERATURA DE RESISTÊNCIA COMO MEDIADORA NO PROCESSO DE
EMPODERAMENTO DA CRIANÇA NEGRA
Mário Henrique dos Santos Lopes
Eliane Maria de Oliveira
A literatura infantil pode ser utilizada para quebrar padrões preconceituosos através da sua
relação com os contextos sociais de cada época (CANDIDO, 1976), nesse sentido, há
necessidade dos professores apontarem e discutirem métodos para o desenvolvimento cognitivo
e ideológico da criança, com intuito de ressignificar paradigmas racistas baseados em uma falsa
ideia de democracia racial, que gerou em nosso país o racismo velado, pela perspectiva das
relações raciais livres de uma escala de valores (DOMINGUES, 2005). Este trabalho tem como
objetivo fazer uma investigação acerca dos processos científicos históricos sobre o percurso do
negro na sociedade brasileira, a partir do estudo e pesquisa sobre os conceitos de raça, racismo
(MUNANGA, 2003) e identidade (HALL, 2009) e para isso utilizando como mediadora “A
Literatura Infantil na Escola” (ZILBERMAN, 2003), como texto de resistência para fomentar
o empoderamento da criança negra dentro do ambiente escolar. Há necessidade de se discutir
questões pertinentes ao negro por meio da literatura para integração entre todos os cidadãos?
Certamente, pois a literatura além de arte, serve para criticar, delatar e expressar-se diante de
questões como o racismo por exemplo, dessa forma, o texto literário surge como materialidade
específica da linguagem, pois permite o diálogo com os diversos contextos históricos que
formam a identidade cultural de uma nação. É de suma importância que a literatura de
resistência seja integrada às práticas de ensino, como mediadora para a quebra destes padrões
preconceituosos, podendo colaborar para a busca e aceitação da criança negra, e sua interação
de maneira paritária com a sociedade em que se insere.
Referências
BARROS, Aidil de Jesus Paes de. Projeto de Pesquisa: Propostas Metodológicas. Petrópolis,
RJ: Editora Vozes 13ª edição, 2002.
267
DOMINGUES, Petrônio. O mito da democracia racial e da mestiçagem no Brasil (1889-1930).
Diálogos Latinoamericanos, Arrhus, n. 10, 2005. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/pdf/162/16201007.pdf>. Acesso em: 9 out. 2018.
FANON, Frantz. Pele negra máscaras brancas. Salvador, BA: EDUFBA, 2008.
FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. 6ª edição São Paulo, SP: Editora Ática, 1998.
IANNI, Octavio. Raças e Classes Sociais no Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Editora Civilização
Brasileira S.A nº 1720, 1966.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo, SP:
Companhia das Letras editora 2ª edição, 1995.
RODRIGUES, Marlon Leal & SOUZA, Antônio Carlos Santana de. Linguagem e Questões
Afrodescendentes. Campo Grande, MS: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, 2010.
MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade
e etnia. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO, 3., 2003,
Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: PENESB-RJ, 2003.
268
ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. 11ª edição. São Paulo, SP: Editora
Global, 2003.
269
PRECONCEITO DE PROCEDÊNCIA REGIONAL E IDENTIDADE LOCAL NO
BRASIL: um relato das experiências vividas por acadêmicos da UFMS
Amanda da Silva Duarte
Elaine de Moraes Santos
Referências
270
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France. In. BERNARDES,
C.R.O. Racismo de estado: uma reflexão a partir da crítica da razão governamental de Michel
Foucault. Curitiba: Juruá, 2013, 41-65.
REIS, J.C. As identidades do Brasil: de Varnhagem a FHC. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2007.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia
das Letras, 2015.
271
A EVASÃO NOS CURSOS DE LETRAS DA UFMS: OS NÚMEROS E OS MOTIVOS
Annalies Padron Chiapetta
Patrícia Graciela Da Rocha
Os cursos de Letras em todo o país há muito tempo se caracterizam por pouca demanda e muita
evasão (PAIVA, 1996). A evasão, por sua vez, tem sido tratada na maioria das vezes como
consequência da pouca qualidade dos cursos, o que na maioria das vezes é um julgamento
apressado e injusto. Como consequência da evasão, os cursos de Letras das instituições públicas
sofrem com a distribuição de verbas e os das instituições particulares são fechados. Nesse
sentido, esta pesquisa objetiva identificar o quantitativo e as causas da evasão nos cursos de
licenciatura em Letras Português/Espanhol e Letras Português/Inglês ofertados na modalidade
presencial e a distância pela UFMS campus Campo Grande, bem como propor estratégias de
prevenção. A fim de atingir os objetivos expostos realizamos um estudo de caso, pois o trabalho
se restringe a investigar uma instituição e suas duas modalidades de ensino, o que foi feito por
meio de um roteiro de entrevista semi-estruturada via questionário on-line (Google docs) e
submetida via e-mail e/ou via telefone. A amostra é composta por todos os estudantes
desistentes dos referidos cursos de licenciatura iniciados a partir do ano de 2008 até 2018.
Dentre os resultados encontrar podemos destacar que há mais evasão nos cursos pesquisados
do que formandos. Os motivos são bastante variados, mas a precarização do trabalho docente e
a não identificação com o perfil do curso parecem ser grandes influenciadoras da evasão.
Referências:
CENSO EAD.BR: relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil 2016 = Censo
EAD.BR: analyticreportofdistancelearning in Brazil 2016 [livro eletrônico]/[organização]
ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância; [traduzidopor Maria Thereza Moss de
Abreu]. Curitiba: InterSaberes, 2017.
PAIVA, V. L. M. (org.) Ensino de Língua Inglesa: Reflexões e Experiências. Campinas:
Pontes/UFMG, 1996.
272
THE WALKING DEAD EM TEMPOS PÓS-HUMANISTAS, TRANSLÍNGUES E
CRÍTICOS
Fhilipe Germano Rigamonte
Nara Hiroko Takaki
Os jogos virtuais são práticas que fazem parte do dia a dia de muitos estudantes no mundo e
têm chamado a atenção de pesquisadores de linguagens digitais e sociedade (CROCCO, 2012;
GEE, 2007; HAYES; GEE, 2010, HUNG, 2007; LIMA, 2014; ZACCHI, 2017) por serem
extremamente atrativos, disputando espaço com ambientes de ensino formal e assumirem o
caráter transdisciplinar, translíngue e transcultural. Investigar se o jogador/pesquisador é capaz
de perceber as limitações de conceitos temáticos e tecnológicos do videogame, The walking
dead, recriar alternativas que reconstruam sua identidade e repensar as implicações disso para
a ampliação de pesquisas que atrelem jogos, linguagens e sociedade constituem partes centrais
do objetivo dessa pesquisa. Inclui uma atitude inovadora que estimula o jogador/pesquisador a
descrever e analisar criticamente sua trajetória de aprendizagem e consciência reflexiva sobre
a própria aprendizagem. Trata-se de uma pesquisa participativa. Em virtude disso, o objetivo
se estende para investigar as particularidades funcionais e composicionais das páginas ou cenas
da multimodalidade (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006) e navegabilidade do jogo em questão.
Repensar sobre o que isso traz como consequência na formação cidadã, no ensino e
aprendizagem de línguas/linguagens e suas pesquisas, de modo a atender a uma geração que
aprende a aprender, ensina contando com experiências (ou não) de leituras e ações que vão além
do que está no centro-margem, na esquerda para a direita da tela digital. O jogo ilustra a vida
com assemblage/assemblagem semiótica que abrange as funções que a performatividade do
corpo delineia processos em que o jogador se encontra submerso. Os estudos de linguagens
encontram outros recursos que são espaciais e distribuídos (não somente acoplados à trajetória
individual) que influenciam a jogada e a construção de conhecimento, caracterizando a
assemblage/assemblagem (CANAGARAJAH, 2013). A agência humana vai da tela do jogo
(HAYES, 2012) compondo uma perspectiva pós-humanista de linguística aplicada
(PENNYCOOK, 2018). A metodologia é de natureza qualitativa, interpretativa e exploratória
(LANKSHEAR; KNOBEL, 2008). Tanto o aporte teórico quanto as perspectivas do designer
do videogame, e do(s) jogador(es) são levados em consideração. A centralidade das ações
humanas divide espaço com os papéis que os objetos não humanos exercem no jogo,
configurando uma perspectiva pós-humanista de estudos. A metodologia se adapta à rede
dinâmica e diversificada de outras lógicas e epistemologias digitais (LANKSHEAR; KNOBEL,
2013).
(Apoio: CNPq).
Palavras-chave: Assemblage em jogo digital, Letramento semiótico crítico, Aprendizagem,
Formação cidadã.
273
PIBID - ALÉM DAS PALAVRAS:
LEITURA E ESCRITA COM BASE EM ATIVIDADES SOCIAIS
E GÊNEROS TEXTUAIS UM ESTUDO SOBRE CHARGE E RELATO.
Referências
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 2003. p.261-306.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Ler e compreender os sentidos do texto. Ed. Contexto,
2006.
NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. Ed. Unesp, 2000.
NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? Norma e uso na língua
portuguesa. Ed. Contexto, 2003.
274
TOPONÍMIA E MEIO AMBIENTE: UM ESTUDO PRELIMINAR NA TOPONÍMIA
URBANA DE CAMPO GRANDE/ MS
Referências
275
_________. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. 1ª ed. São Paulo:
Serviço de Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1990b.
_________. Rede de conhecimento e campo lexical: hidrônimos e hidrotopônimos na
onomástica brasileira. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Vol. 2.
Campo Grande, MS, 2004, p.79-98.
OLIVEIRA. Toponímia urbana da região central de Campo Grande/ MS: um olhar
socioetnolinguístico. 2014. 262 f. Dissertação (Mestrado em Estudo de Linguagens), Centro de
Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande,
MS, 2014.
SAPIR, Edward. Linguística como Ciência: Ensaios. Trad.: J. Mattoso Câmara Jr. Rio de
Janeiro: Livraria Acadêmica, 1969.
276
IMPACTOS DA MONITORIA NA FORMAÇÃO DOCENTE: SOCIALIZAÇÃO E
INSERÇÃO ACADÊMICA
Geovana Lopes da Silva
Ana Beatriz Silva Brandão de Souza
Profa. Cleovia Almeida de Andrade
Referências
KOMESU, Fabiana Cristina; FISCHER, Adriana. O modelo de “letramentos acadêmicos”:
teoria e aplicações. Filologia e Linguística Portuguesa, v. 16, n. 2, p. 477-493, 2014.
277
ATRAVÉS DO DISCURSO E ENUNCIADO POLÍTICO: AS MANOBRAS
ESTABELECIDAS PELO USO DO CONECTOR, MAS.
Giovanna Alícia Camargo
Monica Alvarez Gomes
O presente trabalho, em fase inicial, tem como objetivo geral analisar os artifícios expressivos
de autoataque e heteroataque (CUNHA, 2017) do conectivo “Mas” nas proposições do
presidenciável, do ano de 2018, Jair Messias Bolsonaro, sob os pressupostos da Semântica
Argumentativa, pretendendo chegar a uma ampliação da teoria, confirmando os dados de Cunha
(idem) ou refutando-os. Segundo esse autor, o conector, “mas” opera, de um modo geral,
autoataque e heteroataque, com objetivos argumentativos bastante nítidos. Enquanto a manobra
de heteroataque vem com o intuito de atacar/denegrir a imagem do oponente e assim melhorar
sua própria, a de autoataque permite fazer uma autocrítica, justificando afirmações anteriores a
fim de concertar equívocos ou contradizer-se e assim formar uma imagem mais “humilde” e
também prevenir-se de futuras criticas. O projeto reúne os preceitos teóricos da Linguística em
concomitância com o argumento histórico-filosófico acerca das nuances que regem o período
eleitoral. Deste modo, foram separadas entrevistas anteriores e do decorrer da campanha
eleitoral do candidato Jair Messias Bolsonaro, a fim de comparar o emprego do conector, “mas”
em espaços temporais e ocasionais diferentes. À vista disso, nossos objetivos específicos são:
a) Investigar as manobras linguísticas utilizadas no discurso político, b) Comparar os usos do
“mas” dentro dos períodos, c) Organizar a análise dos dados, dentro das esferas de heteroataque
e de autoataque. Por fim, nossa hipótese é de que as mudanças discursivas do emprego do “mas”
são significativas e se transformam dependendo dos efeitos de sentido que o candidato quer
proporcionar, do assunto falado e do público que quer atingir.
Referências:
CUNHA, G.X. O papel dos conectores na co-construção de imagens identitárias: o uso do mas
em debates elitorais. Alfa, São Paulo, v.61, n.3, p.599-623, 2017.
278
PROJELE/FAALC: A CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA DE SATISFAÇÃO PARA O
CRESCIMENTO DOS PROJETOS DE EXTENSÃO
Isabela Aparecida Moura Marques
Mariana Morais Riquelme
Profa. Marta Banducci Rahe
Este resumo tem como objetivo contemplar as pesquisas de satisfação, em caráter qualitativo e
quantitativo, como um dos suportes para se analisar a qualidade das ações desenvolvidas no
PROJELE, um Projeto de Extensão: Curso de Línguas Estrangeiras, que oferece cursos de
idiomas para a comunidade interna, acadêmicos e servidores da UFMS e para o público em
geral. O projeto possui 41 bolsistas, entre professores de idiomas e secretários, todos
acadêmicos da instituição e tem 380 participantes inscritos e frequentando as aulas. Isso nos
instigou a investigar como esses participantes avaliam as aulas, os professores-bolsistas, a
didática proposta, o atendimento ao público, entre outras questões. Segundo Isabel Guerra
(2006), tais pesquisas podem contribuir positivamente com as políticas pensadas para os
projetos de extensão que, com suas ações, movimentam e impactam o cotidiano das instituições.
Esse estudo foi desenvolvido por acadêmicos-bolsistas que exercem funções de apoio
administrativo no projeto. Foi elaborado um questionário on-line com perguntas fechadas,
referentes à materiais didáticos, postura dos professores-bolsistas e cenário geral, e uma aberta,
que possibilitava ao entrevistado tecer críticas construtivas acerca do Projeto. 133 alunos
responderam à pesquisa, que indicou, em mais de 70% dos casos, satisfação dos discentes com
seus respectivos cursos, bem como com a estrutura ofertada. Os resultados foram levados para
uma reunião com os bolsistas que puderam ver seus trabalhos avaliados pelos participantes.
Pensamos que tais investigações são relevantes para projetos como este, pois possibilita o
aprimoramento das atividades do Projeto, partindo de uma perspectiva que o professor-bolsista
e os auxiliares administrativos tenham um norte para guiá-los neste processo. A pesquisa
mostra-se, portanto, necessária para manter uma conexão entre o público contemplado pelo
projeto, bem como os bolsistas e voluntários que fazem do PROJELE o maior projeto de
extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Referências
GUERRA, Isabel Carvalho. Pesquisa qualitativa e análise de conteúdo: sentidos e formas de
uso. 1ª edição. Portugal: Editora Princípia, 2006.
279
CARTAZES E ENTORNOS: FOCO EM ATTUNMENT EM LA PÓS-HUMANISTA
Este projeto, em fase inicial, foca em evidenciar que o mundo social é criado e recriado pelos
papéis que os humanos e não humanos têm (BRAIDOTTI, 2018) num ambiente social.
Determinadas qualidades do espaço são desenvolvidas pelo arranjo ecológico da linguagem. A
responsividade à participação dos não humanos com os humanos é traduzida como attunement
(PENNYCOOK, 2018). Assim, o objetivo desta é pesquisar como os contatos das línguas
incorporam o fenômeno translinguando intermediado por cartazes online sobre cidadãos que
circulam nas cidades e fronteiras brasileiras da perspectiva criativa, crítica e ética de educação
linguística-cultural. Mas, não é o suficiente, pois os cartazes, também, dependem de suportes
multimodais e espaciais (além dos pedestres) que compõem a complexidade semiótica do todo
da obra. Portanto, os estudos como um todo da obra, permitem mapear diversas formas de
negociações de sentidos translíngues não só mediante a linguagem verbal, mas também por
multissemiose (KRESS; VAN LEEUWEN, 2001, KRESS, 2010), questões de identidade de
seus autores e leitores expandindo as pesquisas de fronteira com a referência teórica aqui
escolhida. Nesse sentido, a base metodológica que configura esta pesquisa é investigativa e
eminentemente bibliográfica por ter o intuito de propiciar mais informações sobre o que serão
examinados e que, neste caso, são documentos/gêneros textuais (como cartazes comerciais) em
que se observam a presença de translanguaging/translinguando (GARCÍA; WEI, 2014) ou
práticas translíngues (CANAGARAJAH, 2013). O diálogo com questões metodológicas e
epistemológicas permitirão observar e interpretar as partes do projeto e o cumprimento de seus
objetivos num todo (realização e viabilidade). No processo todo da investigação, os objetivos
gerais aqui assinalados são revisitados e examinados com sessões reflexivas junto com a
orientadora desta Iniciação Científica com vistas ao preparo de apresentação de trabalho em
eventos e à elaboração de um artigo a ser publicado. O potencial desta pesquisa de Iniciação
científica contribuirá para a melhoria do convívio em meio às divergências que surgem em
contexto global. Uma pedagogia de translinguando tende a valorizar a educação plurilíngue
emergente tendo em seu foco o reconhecimento das práticas linguístico-culturais em ascensão,
como as do meio digital. Com isso, espera-se abrir lugar para maiores discussões de
contradições, complexidades e resoluções com datas de validade para as questões de práticas
de linguagens considerando participantes ativos, lançando o caminho entre saberes locais-
globais e multiletramentos (NEW LONDON GROUP, 1996) estimulando políticas
educativas de ensino de línguas.
Palavras-chave: Linguística Aplicada Pós-humanista; Orquestração Multissemiótica;
Conhecimento Crítico e Criativo.
280
Referências
BRAIDOTTI, R. The posthuman. Cambridge: Polity Presss, 2018.
CANAGARAJAH, S. Translingual Practice: Global Englishes and Cosmopolitan Relations.
New York: Routledge, 2013.
GARCIA, O.; WEI, L. Translanguaging: Language, Biling. New York: Palgrave MacMillan,
2014.
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. The semiotic landscape. Language and visual
communication. In: Reading images, the grammar of visual design, 1996, p. 15-42.
KRESS, G. Multimodality. A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication.
London and New York: Routledge, 2010.
THE NEW LONDON GROUP. A pedagogy of multiliteracies: designing social futures. 1996.
Disponível em:
<http://wwwstatic.kern.org/filer/blogWrite44ManilaWebsite/paul/articles/A_Pedagogy_of_M
ultiliteracies_Designing_Social_Futures.htm>. Acesso em 30 de out. 2018.
PENNYCOOK, A. Posthumanist Applied linguistics. London, New York: Routledge, 2018.
281
DA CABEÇA AOS PÉS: A LÍNGUA CORPORIFICADA
Ezequiel da Costa Dias
Isabela Boaventura Pimenta Gomide
Lucas Brites Leque
Profa. Mônica Alvarez Gomes
A presente pesquisa tenciona uma abordagem analítica do estudo da língua que se baseia na
percepção e conceptualização humana do mundo a partir do léxico, área dos estudos linguísticos
de maior plasticidade e amplamente manipulada pelos usuários da língua. Compreende, em
predominância, os estudos sobre semântica cognitiva que abarcam as relações entre a visão de
mundo ou cultural, estrutura linguística ou gramatical e cognição, no nível léxico-sintático-
semântico, correlação geradora do questionamento sobre como as expressões lexicais ligadas
ao corpo humano são construídas. Para tanto, foram especificadas partes do corpo (em
específico membros superiores) e as respectivas expressões lexicais, com a finalidade de
compreender os processos subjacentes de formação. Expressões como boca, bocada, boca de
fumo, braço direito, dedo duro, mão leve, mão- de-ferro, mão boba e dedo podre foram
analisadas. A análise proposta mune-se da Semântica Cognitiva, tendo por base o aporte teórico
de LANGACKER (1987) e CHIAVEGATTO (2009) e conduz a hipótese de corporificação da
mente, consoante apresenta FERREIRA (2010), na dissertação intitulada “A hipótese de
corporificação da língua: o caso de cabeça”, que serviu como auxílio teórico-metodológico,
norteando o roteiro de análise. Ademais, o conhecimento do projeto de pesquisa de Marques
(2014), intitulado “Expressões idiomáticas: elaboração de uma base de dados do português e
do espanhol”, tem peso imensurável no desenvolver desta pesquisa, tanto na possibilidade de
acesso ao corpus, quanto em dimensões teóricas. A presente pesquisa buscou comprovar a
hipótese de corporificação da mente bem como ampliar o estado da arte em que a teoria se
encontra. Dessa forma, salienta-se a contribuição segundo a qual a projeção cognitiva apontada
para o próprio corpo produz efeitos de significação positiva e a projeção para fora do corpo,
efeitos de significação negativa.
Palavras-chave: léxico, semântica cognitiva, mente corporificada.
Referências:
FERREIRA, R. G. A hipótese de corporificação da língua: o caso de cabeça. Rio de Janeiro:
UFRJ/FL, 2010
MARQUES, E. A. Expressões idiomáticas: elaboração de uma base de dados do português e
do espanhol. Campo Grande: UFMS, 2014
282
LANGACKER, R. W. Foundations of cognitive grammar. Vol. I, Stanford University Press,
1987
LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura. Petrópolis, RJ, Vozes, 1972 p.14
CHIAVEGATTO, Valeria Coelho. Introdução à linguistica cognitiva. matraga, rio de janeiro,
v.16, n.24, 77-96, jan./jun. 2009
SALOMÃO, M.M. Gramática e interação: o enquadre programático da hipótese sócio-
cognitiva sobre a linguagem. In: Veredas. Juiz de Fora, DEUFJF, v. 1, n. 1., jul/dez, 1997.
283
RODAS DE LITERATURAS DE LÍNGUA INGLESA: A EXTENSÃO COMO
FERRAMENTA DE ENSINO E CULTURA
Mayole Vitória Velasques
Iasmin Maia Pedro
Profa. Fabiana de Lacerda Vilaço
O projeto Rodas de Literaturas de Língua Inglesa concebido a partir da importância que a leitura
desempenha no processo de construção social do sujeito, além das relações entre língua e
cultura, tem por objetivo geral contribuir para o aprendizado sobre literatura, cultura e língua
inglesa dos participantes. Com base na experiência desenvolvida durante o projeto de extensão,
este trabalho apresenta alguns resultados da ação que possibilitou impactos culturais na
comunidade interna e externa à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A ação
foi desenvolvida em duas fases: a primeira, realizada na universidade com a comunidade interna
e externa, possibilitou a ampliação do espaço para leitura e discussão de literatura entre os
acadêmicos. A segunda, que ocorreu em uma escola de Campo Grande, envolvendo
universidade, comissão organizadora, alunos e professores da instituição atendida, teve como
foco a possibilidade de, além da aprendizagem de estratégias de leitura, favorecer o aumento
do conhecimento sobre a língua-alvo, a partir da literatura de língua inglesa e das diferentes
culturas apresentadas pelo texto e pelos autores em estudo. Os resultados, obtidos na primeira
etapa, a partir de questionários aplicados aos participantes, mostram uma carência de espaços
que permitam aos discentes articularem a teoria estudada ao texto propriamente dito. Na linha
do que sugere a discussão de Santos & Tomitch (2013) e dos Novos Estudos de Letramentos
Acadêmicos, a proposta também possibilitou na prática que o aluno vivenciasse uma
experiência com textos pertencentes à literatura em língua inglesa cujo objetivo não é gramática
e vocabulário, mas permitir ao discente se relacionar com o texto em si. Na segunda etapa, os
resultados alcançados revelaram a lacuna existente no ensino regular quanto à literatura, ao
ensino de língua inglesa e ao contato com outras culturas. Tais fatores nem sempre são levados
em conta no ensino regular de língua inglesa, mas são capazes de permitir sua expansão frente
aos desafios postos aos alunos e ao trabalho dos futuros e atuais docentes de língua inglesa.
Assim, o projeto proporcionou ampliação das reflexões, um espaço para discussões críticas
literárias, desenvolvimento de uma maior consciência entre integrantes e, além disso, observou-
se uma influência positiva na formação dos futuros professores de língua estrangeira, com
impactos no ensino regular.
285
O EFEITO BOLSONARO NA HIPERMÍDIA: ANÁLISE DE MEMES
DISCURSIVOS NA CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 2018
Matheus Santos de Araújo
Tendo como base teórica a Análise do Discurso de origem francesa, o presente plano de trabalho
de iniciação científica, em fase inicial, tem como objetivo analisar a circulação de memes sobre
o candidato à presidência pelo PSL – Partido Social Liberal, Jair Messias Bolsonaro, nas
eleições brasileiras de 2018, em timelines do Facebook, considerando reações, curtidas e
comentários enquanto engajamento dos usuários dessa rede social ao conteúdo das postagens.
O escopo teórico-metodológico da pesquisa estabelece um diálogo entre os pressupostos do
filósofo francês Michel Foucault e os autores que abordam a questão do discurso político-
midiático que circula no meio digital. A entrada no arquivo discursivo, com recorte temporal
no segundo semestre do período eleitoral, tomará regularidades e dispersões nos efeitos de
sentidos possíveis, suas recorrências e as condições históricas que levaram sujeitos (anônimos
ou não) a produzirem memes como forma de manifestação de concepções políticas sobre o
presidenciável, sobre pautas de campanhas e sobre acontecimentos da disputa. No caminho a
ser percorrido, trataremos a natureza política dos memes e sua conjuntura estrutural,
contemplando materialidades, enunciados e significados como forma de discutir a historicidade
do momento vivido no país e como contribuição com a educação básica ao propor a
funcionalidade do meme enquanto recurso educativo. Os resultados mostram a força
argumentativa e o potencial de intervenção que o meme pode exercer em um processo político
tão importante como o das eleições presidenciais, sendo considerado por nós um modo pelo
qual os usuários da rede conseguem obter visibilidade, mostrar reações e discursivizar na
internet.
286
IDENTIDADE E SELFIE: GÊNERO POST DO INSTAGRAM COMO PRÁTICA DE
MULTILETRAMENTOS EM AULAS DE LÍNGUA INGLESA
Amanda Ferreira da Silva
Nathalia Rovaris Diório Medeiros
Profa. Nara Hiroko Takaki
O presente estudo tem por objetivo investigar como produções do gênero digital Post do
Instagram constituem uma prática de multiletramentos (LANKSHEAR KNOBEL, 2003). Tal
prática teve por tema Identidade na rede social Instagram, objetiva-se analisar quais foram as
construções e reconstruções de sentido, assim como, de expressões identitárias em produções
do gênero Post. Esses foram produzidos por alunos do 2º ano do ensino médio da Escola
Estadual Orcírio Thiago de Oliveira, localizada em Campo Grande- MS. Tais produções foram
compostas de uma autoimagem, de uma legenda na qual se fez uso de linguagens digitais e de
comentários dos colegas. A análise dos Posts segue a abordagem metodológica de Takaki
(2013), autora que considera o fator da “intersubjetividade” dos sujeitos participantes, assim
como, dos pesquisadores no processo de análise qualitativa do corpus. Esse método permitiu
as pesquisadoras enxergar como a produção da autoimagem se relaciona com as construções
identitárias dos discentes, dessa forma, foram revelados elementos subjetivos na produção dos
posts. Dentre esses aspectos foi identificado que a maioria das legendas dos Posts são
referências a elementos ligados a aparência física. Além da produção escrita desses Posts, as
Selfies revelaram como se dá uma construção das possíveis construções identitárias desses
sujeitos. Foi revelado que os elementos aparência do cabelo, roupas e filtros fotográficos são
marcações de identidade, pois esses elementos resultam construções de sentindo sobre si.
Dentre as construções de sentido evidentes está o reconhecimento da relação existente entre o
Post de Selfie e a expressão indetitária no Instagram. A atividade citada foi desenvolvida meio
analógico, pois o digital não foi viável. Essas atividades foram expostas na sala de aula via
gênero cartaz; esse meio permitiu que os alunos praticassem duas modalidades de letramentos,
analógico e digital, além de possibilitar que os mesmos reconstruíssem o ambiente do
Instagram, feed de fotos, no formato de cartazes. Portanto, esse estudo lança luz sobre como tal
prática, produção de Post, permite o ensino de letramentos como o digital, o visual, o espacial,
o escrito e o imagético e além disso, os resultados obtidos com a aplicação de uma sequência
didática baseada fundamentada na perspectiva dos letramentos aliada ao tema identidade.
Palavras-chave: Letramentos; Identidade; Post do Instagram; Selfie.
Referências
LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. New literacies: Changing knowledge and classroom learning.
Open University Press, 2003.
287
KRESS, G. Multimodality Multiliteracies: Literacy learning and the design of social futures. v. 2,
p. 182-202, 2000.
NEWMAN, M. Image and identity: Media literacy for young adult Instagram users. Visual
Inquiry, v. 4, n. 3, p. 221-227, 2015.
TAKAKI, N. H. Ética pelo diálogo em meio aos letramentos: perspectivas para pesquisas de
formação de alunos e professores de línguas. Calidoscópio, v. 11, n. 1, p. 53-62, 2013.
TAKAKI, Nara Hiroko. Letramentos na Sociedade Digital: Navegar é e não é preciso: Educação
Tecnológica. Paco Editorial, 2012.
288
O PAPEL DO PROJELE COMO PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIO NA
FORMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL DOS DISCENTES DO CURSO DE
LETRAS DA UFMS.
Nicole Maciel de Souza
Renata Alves dos Santos
Profa. Marta Banducci Rahe
Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância do Projele (Projeto de Extensão
“Ensino de Línguas Estrangeiras”) como projeto de extensão da UFMS na formação e
preparação do discente de Letras. O Projele iniciou suas atividades em agosto de 1996, e
atualmente oferece cursos das línguas alemão, espanhol, francês, inglês, japonês e libras. Sua
proposta é de atender à comunidade interna e externa a baixo custo, e possui hoje cerca de 434
alunos matriculados. O projeto, por meio dos cursos oferecidos, visa facilitar o acesso à cultura
e ao aprendizado de línguas adicionais. Entendemos os propósitos dos projetos de extensão
universitária tal qual Calderón, Peçanha e Soares (2007), que os veem como expansão do
conceito de cidadania e compromisso com a transformação social. Para a pesquisa, solicitamos
aos professores-bolsistas do projeto e acadêmicos do curso de Letras da UFMS, que
respondessem a duas perguntas: quando iniciaram suas participações no projeto de extensão
Projele e, qual o papel do Projele na sua formação como professores de línguas adicionais. Dos
24 bolsistas que receberam as perguntas, 13 responderam. A análise das respostas permitiu-nos
perceber que o Projele exerce papel considerável na formação acadêmica e profissional dos
discentes de Letras. Isto se dá através da possibilidade de aprimorar o domínio da língua
ensinada, por meio do frequente uso da mesma durante as aulas, além de preparar e gerar
experiência para atuar em sala de aula, adquirindo maiores noções didáticas e colocando em
prática as teorias aprendidas ao longo do curso de Letras. É relevante também apontar que, tanto
os professores-bolsistas que entraram recentemente no projeto quanto aqueles que dão aula há
mais tempo, compartilham das mesmas opiniões sobre as influências do Projele em sua
formação acadêmica e profissional.
Palavras-chave: Ensino, Projeto de extensão, Projele, Línguas adicionais, Discentes de Letras.
Referências
289
FERREIRA, Jonathan; BATISTA, Jéssica. Ensino de línguas estrangeiras em projetos de
extensão: ampliando concepções de linguagem e fortalecendo o compromisso social do
professor. UFPB.
RODRIGUES, Andréia L. Lima; PRATA, Michelle S.; BATALHA, Taila B. S.; COSTA,
Carmen L. N. A.; NETO, Irazano F. P. Contribuições da extensão universitária na
sociedade. Aracaju, 2013.
290
TOPÔNIMOS COM NOMES DE PROFISSÕES NA CIDADE DE CAMPO
GRANDE/MS: ESTUDO PRELIMINAR
Patricia Mara Medina Leirias dos Santos
Profa. Aparecida Negri Isquerdo
A Onomástica é um dos ramos da Linguística que se ocupa do estudo dos nomes próprios de
pessoas, estudados pela Antroponímia, e de lugares, objeto de investigação da Toponímia,
corrente teórica que orienta este estudo. Este trabalho tem como objetivo analisar topônimos
urbanos da cidade de Campo Grande, formados com nomes de profissões que nomeiam
logradouros situados nas regiões urbanas Central e do Segredo, buscando verificar a relação
entre os nomes das ruas que recuperam profissões com fatores históricos, culturais, políticos,
ideológicos, econômicos relacionados à história social das regiões urbanas selecionadas. O
estudo busca mais especificamente estabelecer relações entre as características da região/bairro
com a natureza da profissão homenageada pela toponímia, além de descrever mecanismos de
formação dos topônimos catalogados (estrutura morfológica). Em termos metodológicos o
estudo toponímico segue um percurso indutivo>dedutivo, utilizando a perspectiva
semasiológica porque parte do nome do acidente, o topônimo, para descobrir os condicionantes
que o envolvem. Assim, primeiramente, os dados são coletados e, depois, descritos os princípios
da toponímia local com vistas a se chegar ao fato. Este estudo orienta-se, pois, por princípios
teóricos da Lexicologia (BIDERMAN, 2001) e da Toponímia (DICK, 1990; 1992; 1999). Para
este estudo foram utilizados como fontes os corpora organizados por Oliveira (2014) e Amorim
(2017) para suas dissertações de Mestrado que estudaram a toponímia urbana (nomes de
logradouros), respectivamente, das regiões urbanas Central e do Segredo, da cidade de Campo
Grande/MS. A pesquisa encontra-se em fase inicial de desenvolvimento, entretanto, a partir dos
dados coletados até o presente momento foi possível detectar que, dentre os topônimos urbanos
relativos à região Central, composta por 13 bairros (418 topônimos), apenas cinco são formados
por nomes de profissões. A mesma tendência é observada na região do Segredo, composta por
sete bairros (1.169 topônimos), onde foram identificados oito logradouros nomeados com
nomes de profissões. Dentre as homenageadas pela toponímia das regiões em estudo, destaca-
se a profissão de professor (um na região Central e cinco na região do Segredo. (Apoio: UFMS).
Referências
AMORIM, Bianca da Silveira de. A toponímia urbana de Campo Grande/MS: um estudo
etnolinguístico da região do Segredo. 2017, 234f. Dissertação (Mestrado em Estudos de
291
Linguagens), Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, Campo Grande, MS, 2017.
BIDERMAN, Maria Teresa Camargo. Teorias Linguísticas: teoria lexical e computacional. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.
DICK, Maria Vicentina de Paula Amaral. A motivação toponímica e a realidade brasileira.
Edições Arquivo do Estado, São Paulo: 1990.
______. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de estudos. São Paulo: Serviço de
Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1992.
______. Métodos e questões terminológicas na Onomástica. Estudo de caso: o Atlas
Toponímico do Estado de São Paulo. Investigação Lingüística e Teoria Literária, v. 9. Recife:
UFPE, 1999, p.119-148.
OLIVEIRA, Letícia Alves Corrêa de. Toponímia urbana da região Central de Campo
Grande/MS: um olhar socioetnolinguístico. 2014, 262f. Dissertação (Mestrado em Estudos de
Linguagens), Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, Campo Grande, MS, 2014.
292
DO ROTEIRO AOS PROTAGONISTAS: A MUTABILIDADE ARQUETÍPICA DA
SÉRIE THE END OF THE F***ING WORLD
Palavras-chave: Arquétipos. The End of The F***ing World. Série televisiva. Roteiro.
Referências
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulto: Cultrix/Pensamento, 1997.
293
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Perrópolis, RJ: Vozes, 2000.
PEASON, Carol. MARK, Margaret. O herói e o fora da lei: como construir marcas
extraordinárias utilizando o poder dos arquétipos. São Paulo: Cultrix, 2017
ENTWISTLE, Jonathan. TCHERNIAK, Lucy. The end of the f***ing World. 1temp. 8ep.
160min. Channel 4 / All 4 / Netflix, 2018.
294
A MULTIMODALIDADE TEXTUAL E O PAPEL DA ESCOLA NO
PROTAGONISMO ESTUDANTIL
Thaís Rodrigues Corrêa
Nagila Kelli Prado Sana Utinoi
295
FISCHER, Rosa M. B. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de pesquisa.
São Paulo. N. 114 (nov. 2001), , 2001 p. 197-223.
FISCHER, Rosa M. B.. Técnicas de si” na TV: a mídia se faz pedagógica. Educação Unisinos,
São Leopoldo, v. 4, n. 07, p. 111-139, 2000.
296
OS GÊNEROS TEXTUAIS PRESENTES EM UMA COLEÇÃO DE LIVROS
DIDÁTICOS PARA O ENSINO MÉDIO: COMO É CONDUZIDA A ANÁLISE
LINGUÍSTICA?
Referências
Bakhtin, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
297
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução
aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.
298
VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NAS ESCOLAS DE PORTO
MURTINHO-MS: A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES
Rosa Anastácio
Patrícia Graciela da Rocha
Referências
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.
299
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 1994.
300