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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Projeto de pesquisa: a história da repressão policial no Brasil

Oficina de Leitura e Redação de Textos Históricos


Afonso Corrêa Cavagnoli Soares - 00302623
O presente trabalho procura analisar a desigualdade de tratamento, por parte das
forças policiais brasileiras, ao longo de sua história, frente a indivíduos e comunidades
de diferentes classes sociais. A polícia, como instituição, surgida no Brasil a partir de
1808, com a Intendência Geral de Polícia1, desempenhou, desde então, um papel central
de vigilância e controle da população no território nacional, partindo da justificativa de
promover a segurança por meio do controle das delinquências e criminalidade.
Entretanto, a forma como a Polícia atua, por vezes contraria essa noção, como nos casos
de brutalidade policial, e injustiças, perpetrados com frequência contra, em especial,
indivíduos e comunidades das periferias do país e pessoas marginalizadas.

Para Foucault2, a polícia é uma braço armada do estado, cujo propósito é o


controle e a vigilância da população, enquanto a justiça e prevenção das delinquências
seria apenas a justificativa para a sua existência, e não a sua verdadeira razão. Há
também outras perspectivas que vão além da de Foucault ou a da própria polícia, e por
essa razão, a presente pesquisa visa analisar a relação das forças de policiamento com as
diferentes camadas sociais, durante a história, a fim de analisar se há verdadeiramente
uma diferença na sua atuação com comunidades pobres e ricas, periféricas e centrais,
negras e brancas, e, a partir disso, qual foi verdadeiro papel na sociedade.

A hipótese aqui levantada é a de que, ao longo da história brasileira, a polícia foi


e é uma instituição que serve de defesa armada das elites, do estado e suas instituições,
atuando como uma força de repressão, vigilância e controle contra as minorias e os
oprimidos do país. Tal visão vai de encontro com a tese de Foucault, e para que se
confirme é necessário que se encontre padrões nas ações da polícia ao longo dos séculos
e nas diferentes regiões do país, os quais consistiriam na repressão das comunidades
marginalizadas da sociedade e a proteção e benefício das classes altas.

Ficam então as questões sobre qual o papel da polícia, como instituição, na


sociedade brasileira ao longo da história, se a polícia cumpriu sempre o mesmo papel ao
longo de sua existência, ou suas razões e formas de atuação mudaram, e se há uma
forma objetiva de análise geral do papel social das forças policiais, e se houver, qual é

1
FARIA, Regina Helena Martins de. Em nome da ordem: a constituição dos aparatos policiais no
universo luso-brasileiro (sécs. XVIII-XIX). Tese (doutorado) — Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, 2007.
2
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de
Janeiro: Edições Graal, 1979.
ele. Se confirmada a hipótese, deve-se estudar qual a razão da existência da polícia e sua
verdadeira função na sociedade.

A pesquisa acadêmica quanto à história das forças de policiamento é um campo


ainda recente no Brasil e em toda a América Latina, de forma que ainda há um amplo
espaço para estudo quanto a diversas questões ainda a serem respondidas3. Há uma
notória falta de pesquisa que analise a relação polícia/sociedade em âmbito nacional e
durante toda a história da instituição na brasil, lacuna que se procura preencher com este
trabalho. Há diversos trabalhos importantes sobre essa relação em casos específicos, em
determinados locais e períodos, porém a ideia, aqui, é observar os diferentes casos e ver
se há algum padrão, que revele os sentidos e objetivos da atuação policial no brasil, ao
longo do tempo.

Há também uma relevância social do trabalho, que vai além da sua importância
como pesquisa acadêmica, uma vez que auxilia na compreensão de o que são,
verdadeiramente, as forças policiais, e as razões de sua atuação. A análise da relação
entre este setor das forças armadas e a sociedade, de forma abrangente, pode auxiliar no
entendimento da discriminação na atuação da polícia atualmente, entender o por quê se
lida de uma forma com pessoas e comunidades da periferia, e de outra em um contexto
que envolve as classes sociais superiores. Tal distinção é a marca da relação de diversas
comunidades frente à polícia, molda a percepção do indivíduo por essas forças e, de
forma final, o modo como as próprias pessoas tendem a lidar com elas.

Dada a relevância social da pesquisa, assim como os limites do tema a ser


estudado, ficam enunciados quais os objetivos a serem alcançados:

- Compreender o papel que a polícia cumpriu, ao longo da história, na sociedade


brasileira.

- Entender as raízes históricas da repressão policial, enfrentada pelas populações


marginalizadas do país.

- Ter um panorama das consequências da opressão da polícia às suas vítimas.

3
BRETAS, Marco Luiz et al. A história da polícia no Brasil: balanço e perspectivas. Revista
Topoi. 2013
Como antes já revelado, a pesquisa histórica sobre a instituição e as ações
policiais é bastante recente em todo o mundo, mas ainda mais nova no Brasil, com raros
trabalhos anteriores à década de 80. Como explicado no texto de Bretas e Rosemberg,
que busca realizar uma compilação de toda a pesquisa no ramo, observando quais
pontos já foram analisados e as tendências das pesquisas, há duas vertentes ideológicas
principais: a liberal e a marxista. A noção liberal de abordagem sobre o tema da polícia
a vê como uma instituição dos estados modernos que busca e garante a segurança da
sociedade contra a criminalidade e as delinquências, justificativa essa a utilizada pela
própria polícia e, em grande parte, a do senso comum. Já a visão marxista traz a relação
oprimidos/opressores, em que a polícia seria uma instituição que defenderia o capital e
as elites, enquanto procura dominar e reprimir as classes trabalhadoras. A visão de
Foucault se aproxima, em grande parte, do trabalho dos marxistas, e é a partir dessa
ótica que se busca, aqui, estudar a história das polícias brasileiras, uma vez que a
perspectiva se relaciona com a noção de discriminação policial.

Grande parte das referências na área abordam o surgimento da polícia no país,


ainda no período em que a corte portuguesa se encontrava no Rio de Janeiro. Tais
estudos apontam que, nesse momento, haveria uma natureza quase missionária por parte
da polícia, a qual teria como função levar o poderio do estado ao interior, às zonas rurais
e afastadas do país. É no período posterior, durante a Primeira República,
principalmente nas primeiras favelas no Rio de Janeiro e nas primeiras organizações do
movimento operário que se passa a observar uma atuação que vai mais de encontro com
a atuação recente da polícia, de controle e repressão. Trabalhos sobre épocas mais
recentes, pós-1930, se tornam mais escassos.

Há também duas principais correntes quanto à abordagem da pesquisa, algumas


procuram observar os desenvolvimentos da polícia como instituição, enquanto as outras
analisam o seu papel e relação em toda a sociedade. Entretanto, a maior parte dos
artigos publicados abordam um período específico e dentro de um recorte geográfico,
sem haver alguma teoria que procure observar o comportamento policial ao longo de
toda a história do país, e procurar se há nela padrões e objetivos em comum, que
auxiliariam na compreensão da própria autoridade atual. É a isso que se propõe este
trabalho.
Referências:

BRETAS, Marco Luiz et al. A história da polícia no Brasil: balanço e perspectivas.


Revista Topoi. 2013.

FARIA, Regina Helena Martins de. Em nome da ordem: a constituição dos aparatos
policiais no universo luso-brasileiro (sécs. XVIII-XIX). Tese (doutorado) —
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto


Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

MARTINS, Valter. POLICIAIS E POPULARES: EDUCADORES, EDUCANDOS E A


HIGIENE SOCIAL. Campinas. 2003.

SANTOS, Marco Antonio Cabral dos. A polícia e a organização dos trabalhadores


urbanos em São Paulo (1890-1920). São Paulo. 2006.

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