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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca

1 – A ARTROSE E AS AFECÇÕES MÚSCULOESQUELÉTICAS


DEGENERATIVAS OU DOENÇAS REUMÁTICAS

Segundo MOURAD (1994, p.97) as afecções músculo-esqueléticas estão


relacionadas com o decorrer dos anos, o envelhecimento, o efeito de desgaste causado
pelo uso continuo, o “mau trato”, os traumatismos e a acção dos efeitos do desenrolar
de outros tipos de fenómenos sobre os tecidos articulares e em suas imediações. As
afecções degenerativas tendem a piorar com o tempo, podendo levar à incapacidade,
implicando a realização de tratamento.
Os tecidos músculo-esqueléticos primários vítimas de afecções degenerativas
são as múltiplas camadas de cartilagem que recobrem os extremos do osso. À medida
que a cartilagem se deteriora, afecta também de forma secundária outros tecidos
articulares. Quando estes mecanismos degenerativos são na realidade processos, e não
entidades patológicas, denominam-se por doenças quando ocasionam sintomatologia.

O progresso da Medicina permitiu modificar nos últimos anos, e sobretudo neste


século, a qualidade de vida, mas também a longevidade da espécie humana. Assim, a
esperança de vida actual é maior duas vezes da que existia no início do século. Esta
evolução na qualidade e quantidade de vida do homem resultou da capacidade de tratar
com eficácia a principal causa de morte até há alguns anos: a infecção.

Como resultado desta modificação, existem cada vez mais indivíduos idosos na
maioria dos países da civilização ocidental e, consequentemente, cada vez mais doenças
próprias desse envelhecimento populacional: doenças cardiovasculares, cancro,
hipertensão, diabetes e doenças reumáticas. Entre estas, algumas são muito mediáticas
por serem cada vez mais responsáveis por mortalidade, mas outras, como as doenças
reumáticas, deverão ser igualmente consideradas. Na verdade, se não condicionam a
morte, são responsáveis por grande sofrimento, incapacidade e consumo de recursos
financeiros a nível individual e social. “Doenças reumáticas” é uma designação
genérica que abrange o conjunto das doenças que afectam o aparelho locomotor. Entre
estas, a mais comum é a artrose, afectando cerca de 20 % da população (cerca de 2
milhões de pessoas em Portugal). De um ponto de vista muito simplificado, as doenças

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reumáticas podem dividir-se, de acordo com o tipo de expressão clínica principal que
apresentam, nos seguintes grupos:

1. Artrites

Doenças caracterizadas por uma inflamação das articulações. Têm causas muito
diversas (auto-imunes, infecção, microcristais como o ácido úrico) e são as que põem
maiores problemas pela urgência do diagnóstico correcto e pela possibilidade de
nalgumas destas doenças poder atingir outros órgãos do corpo além das articulações,
provocando nestas últimas situações de artroses.

2. Artroses

Devem-se ao desgaste das superfícies articulares, apresentam geralmente


poucos sinais de inflamação. O seu aparecimento vem na sequência do envelhecimento
do organismo.

3. Doenças da coluna vertebral

Pela elevada frequência merecem um destaque especial. São de todos


conhecidas as dores na coluna cervical (cervicalgias) ou na coluna lombar (lombalgias).
Por detrás destas queixas poderão estar processos de desgaste articular (artrose) ou de
artrite (inflamação) das articulações da coluna, neste último caso o diagnóstico é
necessariamente urgente para a exclusão de doenças graves.

4. Tendinites

São causadas muitas vezes por esforços de sobrecarga (ex: desporto, actividade
profissional), mas podem também ocorrer em associação a outras doenças, quer
inflamatórias (ex: espondilite anquilosante, artrite reumatóide), e ainda a artroses.

5. Doenças do osso

Incluem-se aqui as doenças que atingem primariamente o osso: infecções,


tumores benignos e malignos, descalcificação (osteoporose). Podem ser causa de dor
mas no caso da desmineralização do esqueleto (osteoporose), a dor só existe quando
ocorre uma fractura óssea.

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2 – ARTROSE

2.1– DEFINIÇÃO

Segundo, MANUILA [et al.] (2001, p.80) artrose define-se por: “Alteração
destrutiva das cartilagens ou das fibrocartilagens articulares, de natureza
degenerativa. As suas principais localizações são: a anca (coxartrose), o joelho
(gonartrose), a coluna vertebral (cervicartrose, dorsartrose, lombartrose), as mãos
(rizartrose do polegar).
Sinónimos: osteoartrite degenerativa (por influência anglo-saxónica), artrite
seca deformante, artrite crónica degenerativa, reumatismo crónico degenerativo”.

Fig. 1 – (a) Lombartrose; (b) Gonartrose; (c) Coxartrose;


(a) (b)

( c) Fig. 2 – Artrose da mão

Fonte: http://www.lpcdr.pt./html/osteoartrose.htm Fonte: Mourad, Leona A. – Ortopedia; s. Ed.


Madrid, 1994. ISBN – 0-8016-3438-5

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Todavia, MOURAD (1994, p.97) acrescenta que artrose é uma afecção músculo-
esquelética degenerativa, que é caracterizada pelo aparecimento de alterações
degenerativas na cartilagem articular das principais articulações que suportam o peso do
indivíduo, contudo pode também afectar outras articulações.

As Artroses devem-se ao desgaste das superfícies articulares, apresentam


geralmente poucos sinais de inflamação. O seu aparecimento é quase inevitável como
um processo natural do envelhecimento do organismo.
Assim sendo, artrose trata-se de uma afecção degenerativa eminente crónica das
articulações móveis (das diartroses), sobretudo do joelho e vértebras (articulações que
suportam mais peso), que se inicia ao nível da cartilagem articular, estendendo-se a toda
a articulação acabando por destrui-la completamente.
O aparecimento de artroses é extremamente frequente, constituindo um grave
problema médico-social, sendo uma das causas principais de afastamento do trabalho. Só
na Europa, estima-se que 103 milhões de cidadãos sofram de doenças e alterações do
sistema músculo-esquelético. Em Portugal, cerca de 700 mil pessoas sofrem de artrose.
Os números não param de aumentar, principalmente devido ao aumento da população
idosa. (http://www.lpcdr.pt./html/osteoartrose.htm)
Existem 2 formas de artrose:
 Primária ð desconhecem-se os factores predisponentes ao seu aparecimento
 Secundária ð quando existe um processo subjacente e bem definido.

2.2. – ETIOLOGIA

Artrose primária:
 Idiopática (causa desconhecida)
 Tem como base os fenómenos degenerativos articulares que se iniciam após a
segunda década (após os ± 50 anos) e que progridem com o avançar da idade.
 Admite-se que 85 % das pessoas entre 55 e 64 anos têm certo grau de artrose de uma
ou outra articulação.
 Após os 55 anos, há certa predilecção para o aparecimento de artroses na mulher nas
articulações interfalangianas proximal e distais e, no homem no quadril.
 Incidência: em maior número nos indivíduos de raça branca.

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Artrose secundária
Em consequência de outras lesões musculoesqueléticas, como:
 Malformações
 Posições viciosas
 Inflamações
 Etc.
 Incidência: mais comum em indivíduos que residem no Sul da China.

ÄNota:
 As lesões degenerativas são as mesmas e, na prática, nem sempre é possível
separar a artrose primária da secundária.
 A artrose observa-se em todo o mundo e em todos os ambientes climáticos.
 A artrose é uma doença própria dos adultos.

2.3. – FISIOPATOLOGIA

Em concordância com MOURAD (1994, p.98) “A artrose é uma doença


progressiva que atinge, fundamentalmente, a cartilagem articular, que é um tecido
conjuntivo elástico que se encontra nas extremidades dos ossos que se articulam entre
si, caracterizando-se pelo aparecimento de microfissuras, erosões superficiais
irregulares e desgaste, fibrilhação e perda de células.”
As pressões provocadas pelo peso do corpo e pelos movimentos sobre a
cartilagem articular se transmitem ao osso cortical (subcondral) subjacente. A cartilagem
apesar de delgada, é resistente e dotada de elasticidade, devido à alta concentração de
mucopolissacarídios e à peculiar distribuição das fibras colagéneas. Por esta razão, é
capaz de amortecer os choques, absorver parte da pressão e distribuí-la na superfície
articular.
Na génese das artroses devem ser considerados dois factores:
(1) Intensidade e duração da força de pressão;
(2) Resistência da cartilagem e da lâmina óssea subcondral;
A intensidade da força de pressão suportada pela cartilagem depende da
intensidade, da força e da área sobre a qual ela actua. Por esta razão dois elementos são
importantes, se não como factores capazes de produzir a artrose, pelo menos como
coadjuvantes ou agravantes:

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O simples aumento do peso corporal e a redução da área, sobre a qual actua a força
de pressão; O segundo, mais importante que o primeiro.

A artrose consiste na deterioração progressiva da cartilagem intra-articular e


caracteriza-se pelo aparecimento de microfissuras, erosões superficiais e regulares e
desgaste, fibrilhação e perda de algumas células. Os fragmentos da cartilagem podem
desprender-se dentro da articulação, originando uma inflamação crónica moderada intra-
articular ou na membrana sinovial. Á medida que a cartilagem degenera, o osso subjacente
produz uma excrescência óssea de tecido esponjoso denominado osteófito que podem
afectar a mobilidade articular á medida que aumenta de tamanho. Também pode surgir
mal-estar, odor na articulação afectada á medida que aparecem novos osteófitos. Existe a
possibilidade de se desenvolverem quistos no osso subcondral, devido á infiltração de
liquido sinovial através de uma fissura da cartilagem articular. Enquanto a cartilagem da
articulação tenta auto-reparar-se nas primeiras fases da artrose, nas fases mais avançadas
estes processos de reparação são mais lentos, acabando por desaparecer.

As transformações da progressão da cartilagem articular são variáveis, e a artrose


pode persistir durante longos períodos sem que aumente a sua gravidade. A dor não
aparece precocemente, apenas quando se manifesta as transformações inflamatórias
crónicas. Assim, a dor pode-se manifestar durante o movimento da articulação como
quando o doente realiza uma actividade. A amplitude de movimentos (ADM) da
articulação afectada pode piorar à medida que aumenta o tamanho dos osteófitos, onde a
dor se manifesta de um modo mais marcante.

Enquanto as articulações que suportam o peso do indivíduo são afectadas com


maior frequência são a coxa e a joelho também podem ser afectadas com menor grau as
articulações dos dedos da mão, especialmente as interfalángicas distais (IFD), as
interfalángicas proximais (IFP) e as metacarpofalángicas (MCF), assim como as
articulações do cotovelo ou do tornozelo. Na artrose podem também aparecer
transformações degenerativas nas vértebras, nas bordas articulares e nas articulações
sacro-ilíacas. Alguns doentes apresentam também em certas ocasiões artroses secundárias
ou traumatismos.

Os sintomas da artrose variam segundo a gravidade do processo. As queixas


mais frequentes são a dor e a rigidez. Em fases posteriores aparecem tumefacções e
deformidades na articulação, assim como uma redução da amplitude de movimentos
articulares. Observa-se com frequência hiperestesia, instabilidade articular e aumento da
dor ao fazer uso das articulações ou mesmo a suportar o peso.

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Mesmo não se tendo determinado ainda a causa exacta da artrose esta pode dever-
se à existência de um gene mutado na cartilagem articular, que faria com que esta se auto-
repara-se de forma menos eficaz ou que se degastasse com maior facilidade. Este gene foi
descoberto em 1990.

2.4. – SINTOMATOLOGIA

Segundo MOURAD (1994, p.98), a “sintomatologia varia de acordo com a


gravidade do processo degenerativo”. Contudo, as queixas mais referidas pelos doentes
são:

Dor
A dor tem um ritmo, isto é, um modo de ser ao longo do dia, que se
convencionou chamar mecânico. O ritmo mecânico é caracterizado pelo facto das dores
se agravarem ao longo do dia, com os movimentos e com os esforços, e melhorarem
quando o doente repousa, em particular quando se deita. Regra geral, os doentes com
esta patologia não têm dores durante a noite e dormem bem, embora em alguns casos
muito avançados de artroses das ancas e dos joelhos as dores possam, também, surgir
durante a noite. (http://www.lpcdr.pt/html/osteoartrose.htm)

 Rigidez articular
A rigidez surge, sobretudo, ao iniciar os movimentos como, por exemplo, no
doente que está sentado e se levanta, e surge, também, de manhã ao acordar. A rigidez
da osteoartrose é de curta duração, não ultrapassando os 30 minutos.

 Crepitação ao movimentar as articulações;

 Diminuição da sensibilidade e mobilidade;

 Protuberâncias ósseas nas articulações;

 Deformações ósseas;
ÄNota: Regra geral, ocorrem num estado mais avançado da doença.

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 Alteração do alinhamento das extremidades;
2.5– COMPLICAÇÕES

o Anquiloses das articulações


o Deformidade de uma ou mais articulações
o Perda de sensibilidade e diminuição da mobilidade

ÄNota: Anquiloses = limitação (anquilose parcial) ou desaparecimento (anquilose


completa) dos movimentos de uma articulação, resultante de uma afecção articular
(reumatismo, gota, infecção, etc.)

2.6 – EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

De acordo com MOURAD (1994, p.99) os exames complementares de


diagnóstico desta patologia são nomeadamente:
• Radiológico – o diagnóstico é confirmado pela presença de osteófitos e pela
obliteração dos espaços articulares. Também pode observar-se esclerose das superfícies
ósseas sub-condrais, formação de quistos sub-condrais, invasão de osteófitos na
articulação e calcificação dos ligamentos. A eles há ainda que acrescentar a progressiva
subluxação articular.
• Análise da marcha – confirma os resultados radiológicos. É possível observar
diferenças no tamanho das pernas, sinal de Trendelemburg positivo, deformidade em
arco.
• Provas musculares – em algumas situações, demonstra a debilidade dos
músculos que sustentam as articulações.
• Provas de laboratório:
 Análises ao líquido sinovial – o líquido sinovial tem um aspecto claro ou
incolor (em ocasiões apresenta uma coloração amarelada), não se observa cristais, às
vezes apresenta alguns leucócitos (sobretudo células mononucleares), os níveis de
glicose no sangue e no líquido sinovial são iguais.
 Gamagrafia óssea – pode-se observar a hipercaptação do isótopo na zona
artrósica.

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 Artroscopia (quando geralmente se necessita para determinar o diagnóstico de
artrose ou quando se suspeita de outro transtorno adicional) – o normal é a cartilagem
óssea encontrar-se branca e brilhante. Na presença de algum transtorno adicional pode
encontrar-se amarelada, irregular e com ulcerações.

2.7. – TRATAMENTO

Os objectivos do tratamento da osteoartrose são:


 Aliviar e, se possível, suprimir as dores;
 Melhorar a capacidade funcional, isto é, aumentar a mobilidade das articulações
atingidas;
 Evitar a atrofia dos músculos relacionados com as articulações afectadas;
 Impedir o agravamento das lesões já existentes.

Ä Tratamento Médico:
A osteoartrose não tem, hoje em dia, cura, e o doente deve sabê-lo, mas tem
tratamento, que pode permitir ao indivíduo afectado por esta doença levar uma vida
completamente normal na imensa maioria dos casos.
Contudo, o tratamento médico visa:

Cuidados de apoio, através do aconselhamento do uso de meios
auxiliares de marcha (ex.: canadianas, andarilho...), afim de diminuir a pressão e a
sobrecarga sobre nas articulações.
 Diminuição do peso corporal, iniciando uma dieta se necessário para diminuir
a sobrecarga articular.
 Promover o repouso para aumentar a sensação de bem-estar da articulação
inflamada ou dolorida.
 Uso de prótese para modificar e/ou manter a força da articulação.

Ä Tratamento Nutricional:

Dieta para diminuir o peso corporal: pobre em calorias e gorduras,
mas rica em vitaminas A (e C ( para a formação de colagénio).
Ä Tratamento Fisioterapêutico:

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 Aplicações de calor húmido para aliviar a dor e as parestesias (pode-se
alternar com aplicações de frio).
 Execução de exercícios para ajudar a manter a funcionalidade das
articulações.
 Massagens ao redor das articulações para diminuir a rigidez e relaxar os
ligamentos dos músculos tensos.
 Fixação do membro para conseguir o repouso de uma articulação dolorida ou
para prevenir uma deformação progressiva.
 Uso de sapatos resistentes e bem apertados para ajudar a manter a postura a
deambular...

Ä Tratamento Farmacológico:
 Analgésicos e anti-inflamatórios (ex.: Fenilbutazona e Indometacina) para
aliviar a dor e as parestesias, assim como para diminuir os focos inflamatórios, caso
existam.
 Administração dos analgésico em conjunto com antiácidos, afim de diminuir
a irritação gástrica.
 Relaxantes musculares para aliviar os espasmos musculares e a dor.

Ä Tratamento Cirúrgico:
O tratamento cirúrgico está justificado quando se trata de uma incapacidade
grave. Na artrose se efectuam com frequência intervenções de substituição total da
articulação (ex.: anca, rótula, ombro, etc..) por uma prótese, afim de aliviar a dor e
restaurar ou manter a mobilidade da articulação.
As intervenções a considerar são a Artroplastia (formação de uma nova
articulação) e artrodese (anulação da articulação por fusão das extremidades ósseas). A
Artroplastia só é aplicável a poucas articulações, como a da anca, a do cotovelo e as
articulações metatarsofalângicas. Para a maior parte das outras articulações o
tratamento escolhido é a artrodése.

2.8 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM

O ensino ao doente é o aspecto mais importante dos cuidados de enfermagem a


prestar aos doentes com artrose, portanto deve incluir informações sobre:
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 Equilíbrio correcto entre o repouso e a actividade;
 Técnicas de protecção da articulação e de conservação da energia;
 Utilização dos medicamentos (fármaco certo, dosagens, precauções na
administração e efeitos colaterais ou efeitos tóxicos);
 Planos de implementação do programa de exercícios prescritos pelo médico
ou fisioterapeuta;
 Aplicação de compressas quentes e/ou frias;
 Utilização correcta de andarilhos e outros equipamentos auxiliares;
 Medidas de segurança para prevenir lesões;
 Noções básicas de boa alimentação e importância de evitar o aumento de
peso;
 Importância de um acompanhamento médico regular.

2.9 – INFORMAÇÕES AO DOENTE

 Explicar a progressão da artrose ao doente, seus familiares ou a outras pessoas


(Ex.: lares,...)
 Explicar as acções e os efeitos secundários dos fármacos utilizados para
aliviar os sintomas.
 Explicar os objectivos e as acções da aplicação de frio e/ou de calor;
 Alertar acerca de uma possível diminuição da sensibilidade a temperaturas
extremas.

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3 – COXARTROSE

A coxartrose é uma doença de carácter degenerativo da articulação coxo-


femural, que atinge uma percentagem relativamente elevada da população idosa. Pode
contudo atingir indivíduos bastante novos, havendo casos de doentes a partir dos vinte
anos, sobretudo quando existem lesões prévias de causa traumática ou doença.
Fig. 3 – Coxartrose
É uma situação bastante incapacitante, pois além
da dor e da rigidez da anca pode associar-se uma
posição viciosa e sobretudo a limitação dos movimentos
da anca. A coxartrose é muitas vezes acompanhada por
deformações do acetábulo e da cabeça do fémur.
Felizmente que hoje em dia, estas situações têm
resolução, podendo os doentes após o tratamento
efectuado, retomar um estilo de vida praticamente
idêntico, ao que tinham antes do aparecimento, ou
agravamento da doença.
Fonte: Mourad, Leona A. – Ortopedia; s. Ed. Madrid, 1994. ISBN – 0-8016-3438-5

3.1 – ETIOLOGIA

Pode ser devido:


 Idade
 Uso e desgaste excessivo da articulação
 Traumatismos
 Patologias que lesionam as superfícies articulares, acelerando o processo de
desgaste
 Desenvolvimento imperfeito da bacia (displasia)
 Sub-luxação ou luxação congénita

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3.2 – SINTOMATOLOGIA

Há normalmente dor na região inguinal e no joelho. A dor aumenta com a


deambulação e diminui ou desaparece com o repouso.
Mais tarde, pode aparecer uma sensação de rigidez manifestada nas actividades
quotidianas, como por exemplo a incapacidade de alcançar os pés para atar os sapatos
ou simplesmente para cortar as unhas.
A sintomatologia tende a agravar-se progressivamente de mês para mês e de ano
para ano, até provocar uma dor intensa e a incapacidade para as actividades de vida
diária. Os movimentos forçados são dolorosos.
Por exploração, comprova-se a limitação de todos os movimentos da anca. É
muito acentuada a limitação de abdução, adução e rotação, pela que no entanto se
conserva o da flexão.

3.3 – EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

Ä Exame radiológico – as alterações são características. Observa-se a


diminuição do espaço inter-articular com tendência a esclerose das superfícies ósseas.
Habitualmente observa-se hipertrofia do osso nos rebordos articulares (formação de
osteófitos).

3.4 – TRATAMENTO

O tratamento requerido depende da gravidade da situação. É preferível deixar a


coxartrose discreta sem tratamento. Nos casos de intensidade moderada, bastará o
tratamento conservador/incruento, enquanto que nos casos mais graves é aconselhável o
tratamento invasivo/cruento.

Ä Tratamento conservador / incruento

É evidente que nenhuma forma de tratamento conservador pode influenciar a


alteração da anatomia articular. Na maioria dos casos, o tratamento é apenas paliativo,
pode aliviar a dor mas não pode eliminá-la.

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Existem quatro métodos diferentes:
 Repouso “relativo” – este termo significa que o doente deve mudar de hábitos de
vida, trocando de ocupação ou tentando diminuir a função exigida pela sua bacia.
 Terapêutica – podem ser necessários analgésicos suaves, especialmente quando a
dor perturba o sono.
 Fisioterapia – com frequência, a aplicação de calor local com exercícios para
fortalecer os músculos e preservar a mobilidade, consegue um alivio temporal.
 Injecções intra-articulares – com injecções intra-articulares de anti-
inflamatórios não esteróides, com ou sem analgésico local, têm-se conseguido um
alívio temporal.

Ä Tratamento invasivo / cruento

Pode ser obrigada a intervenção cirúrgica quando a dor é intensa, especialmente


se perturba sono ou incapacita gravemente o doente para a marcha ou trabalho.
Praticam-se quatro tipos de operação:

Libertação muscular
Sabe-se que o corte dos músculos que rodeiam a anca alivia a dor da artrose,
talvez pela eliminação da tensão muscular. Os músculos que geralmente se cortam são o
psoas, o tensor da fascia lata, o recto femoral e os adutores. Pode também fazer-se uma
incisão na porção anterior da cápsula. A deambulação é restabelecida uma a duas
semanas depois da operação. Sabe-se que às vezes obtém-se alívio da dor, embora em
geral é incompleta e temporal. Raras vezes se pratica esta operação.

 Osteotomia
Fig. 4 – Osteotomia
Esta operação é actualmente pouco utilizada. Secciona-
se o fémur entre os trocânteres maior e menor, e o fragmento
inferior (diáfise) desloca-se em direcção à linha média do
corpo, aproximadamente uma quarta parte do seu diâmetro. A
fixação dos fragmentos é feita internamente através de uma
placa e parafusos. O alívio é satisfatório e conserva-se uma
certa mobilidade articular.
Fonte: Serviço de Ortopedia Homens – Manual de Enfermagem. 1999

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Não se encontrou ainda uma resposta satisfatória à pergunta pela qual a
osteotomia alivia as dores nas coxartrose. Sabe-se que como consequência da
deslocação, se remodelam as trabéculas ósseas e se estimulam processos de reparação
na cartilagem articular lesionada. Certamente, nos casos favoráveis, a cartilagem
engrossa-se de maneira apreciável nos primeiros dois ou três anos depois da operação,
como se pode comprovar radiológicamente.

 Artrodése:
Fig. 5 – Artrodése
A articulação fusiona-se numa posição de quinze a vinte
graus de flexão, sem abdução, adução ou rotação. A dor desaparece
por completo, conservando-se uma boa função sempre e quando a
outra coxa, os joelhos e a coluna vertebral sejam normais.

Fonte: Fonte: Serviço de Ortopedia Homens – Manual de Enfermagem. 1999

 Artroplastia
A Artroplastia é um termo que se aplica a qualquer tipo de cirurgia, da qual
resulta uma articulação artificial. É uma operação que tenta restaurar ao máximo a
integridade e a funcionalidade da articulação. As artroplastias podem ser de excisão ou
de implantação.

ÄNota: Remeter para o ponto 4

3.5 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Ä Pré-operatório:
 Preparação psicológica para o tratamento cirúrgico;
 No dia do internamento, registam-se os sinais vitais e faz-se uma análise à urina
para excluir possíveis focos de infecção;
 Avaliação do peso corporal do doente;
 Colheita de sangue para tipagem, hemograma, ureia e ionograma no dia do
internamento;

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 Preparação o doente para execução de radiografias da articulação, do tórax e um
electrocardiograma;
 Doentes com antecedentes de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar
devem fazer anticoagulação profiláctica;
 Deve iniciar antibioterapia profiláctica no início do internamento;
 Apresentar o doente na melhor condição física e psicossocial possível para a sua
operação;
 Iniciar todos os esforços que eliminarão ou reduzirão o desconforto e
complicações pós-operatórias;
 Realização de tricotomia na região púbica e nas coxas na véspera da cirurgia;
 Pessoas com doenças subjacentes (ex.: diabetes mellitus e insuficiência
respiratória), devem ser internadas vários dias antes para serem correctamente
avaliadas;

Ä Pós-operatório:
 Estabelecer uma relação de empatia e de confiança com o doente afim que este
consiga responder ás exigências que lhes são feitas em termos de exercícios de
recuperação;
 Monitorização cuidada dos sinais vitais e manutenção da permeabilidade das vias
aéreas;
 Administração terapêutica endovenosa e suplemento nutricional até que o doente
consiga ingerir alimentos e líquidos adequados;
 Manutenção da antibioterapia durante cinco a sete dias;
 Posicionamento do doente com as pernas em abdução com almofadas para
diminuir o risco de deslocamento da prótese;
 Ensino ao doente para não cruzar as pernas, para diminuir o risco de deslocação
da prótese;
 Preparação do doente para a realização de uma radiografia para confirmar que a
prótese ainda está no lugar, antes de começar a mobilizar o doente;
 Realização de exercícios respiratórios e com os membros inferiores cada quatro
horas para evitar complicações habituais em doentes acamados e a perda dos
movimentos das outras articulações;
 Extracção dos tubos e frascos de drenagem quando deixar de haver produto
drenado;

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 Promoção da marcha entre o 2º e o 5º dia, começando com o andarilho e
progredindo lentamente para as canadianas;
 Ensino ao doente a se sentar na cama, formando um ângulo de 45 graus para
evitar a deformação da prótese;
 Consoante a opinião do cirurgião, retirar os pontos entre o 10º e o 14º dias;
 Ensino ao doente sobre a importância de realizar algumas alterações em casa
afim de facilitar as suas actividades de vida diária (ex.: sanitas mais altas ou
bancos para a banheira;
 Ensino ao doente sobre a importância de uma consulta pós-operatória, 4 a 6
semanas após a alta.

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4 – ARTROPLASTIA DA ANCA

4.1 – ANATOMIA DA ANCA

A articulação da anca é composta por várias estruturas ósseas e ligamentos.


Numa descrição sumária temos, no fémur: a cabeça, o colo, o grande trocanter e
o pequeno trocanter; na bacia a cavidade acetabular.
A cabeça do fémur articula-se com o acetábulo, côncava e relativamente
profunda, de modo a formar a articulação da anca ou coxafemoral.
A cabeça do fémur assemelha-se mais a uma esfera completa do que qualquer
superfície articular de outro osso do corpo. O acetábulo é acentuado no seu rebordo por
um cordão fibrocartilagíneo chamado debrum cotiloideu, inferiormente incompleto, e
por um ligamento transverso do acetábulo, que cruza a chanfradura isquio-púbica no
bordo inferior do acetábulo.
A articulação coxafemoral, além de sustentar o peso corpóreo e garantir
determinada estabilidade, devido à sua característica esferoíde, permite relativa
liberdade de movimentos, como :extensão e flexão, adução e abdução, rotação interna e
externa.
Fig. 6 – Articulação da anca

Fonte: FRANCONE, Clarice [et al.] – Anatomia e Fisiologia Humana. 4ª ed., Interamericana, 1978.
ISBN-85-201-0072-4.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
4.2 – ARTROPLASTIA DA ANCA

A anca é afectada por uma doença, comum a partir dos 50 anos, mas que
também pode aparecer em pessoas mais novas. Essa doença é caracterizada por uma
destruição progressiva dos componentes da articulação que leva a uma diminuição das
funções, acompanhada de dor que pode ser mais ou menos intensa, consoante o desgaste
sofrido pela a articulação.
Em alguns casos pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para remover
osso, ou cartilagem danificados da articulação, realinhar ou alterar as superfícies
articulares que fazem carga, ou ainda remodelar a articulação, com a substituição da
mesma, por meio de uma outra confeccionada com material sintético, cuja morfologia é
próxima à anatomia humana.
O objectivo principal da cirurgia ortopédica no tratamento das doenças
articulares degenerativas é o alívio da dor. Para além disso, também deve recuperar a
função e corrigir as deformidades.
Artroplastia é um termo que se aplica a qualquer tipo de cirurgia, da qual resulta
uma articulação artificial. É uma operação que tenta restaurar o máximo a integridade e
funcionalidade da articulação.
A Artroplastia foi criada, principalmente, para o doente idoso, cuja articulação
não poderia ser restaurada por outros processos, uma vez que, uma substituição total da
anca deve durar entre 10 e 20 anos até que seja necessária uma nova revisão, é por esta
razão que os cirurgiões evitam operar doentes “jovens”, isto é, com menos de 65 anos.
Um doente mais activo, ou seja mais jovem, tem maiores probabilidades de vir a
afrouxar a prótese e a carecer de uma segunda cirurgia, que é muito mais complicado
que a primeira, visto que se tem de remover todo o cimento utilizado na primeira
intervenção, o que é difícil e demora muito tempo.
Representa o maior progresso das cirurgias ortopédicas nos últimos vinte anos,
pela possibilidade de reconstrução de uma articulação através de implantação de uma
prótese.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
4.3 – INDICAÇÕES DA ARTROPLASTIA DA ANCA

Existem várias situações que poderão conduzir à necessidade de uma artroplastia


da anca:

ØTraumatológicas:
Fracturas: é a ruptura de um osso- no caso, colo do fémur -, podendo
ocorrer por meio de traumatismos directos, como os que ocorrem em acidentes, quedas,
ou em ossos com osteoporose, nos quais ocorrem com traumas mínimos. O doente
apresenta dor no quadril, com membro fracturado em rotação externa e encurtamento.

ØOrtopédicas:
 Artroses

Artrite reumatóide: moléstia crónica na qual há inflamação das


articulações, com destruição das estruturas articulares e periarticulares. Inicia-se com
inflamação da membrana sinovial, espessamento do tecido levando à anquilose fibrosa
e, posteriormente, evoluindo para uma sinartrose. Caracteriza-se clinicamente por:
calor, rubor, edema, dor e rigidez de inicio matutina.

Espondilite anquilosante: alteração reumática com inflamação


principalmente da coluna cervical, sacroilíaca e quadris. Sua maior incidência ocorre em
homens. A dor lombar é frequente nesses pacientes, que, devido ao espasmo das
musculaturas lombar e paravertebrais, lentamente são levados à cifose. Esta moléstia
apresenta também, como sinais iniciais, febre, anorexia, diminuição de peso, anemia e
fadiga.
Sequela de Legg Calvé Perthes: a doença de Perthes ocorre na
infância, com maior incidência no sexo masculino. Sendo uma forma de necrose
asséptica – mais especificamente, uma necrose do centro da ossificação da epífise
próximal do fémur -,provocando falência da estrutura óssea. A epífise se torna achatada,
com formato de um cogumelo. Com o tempo, provoca distúrbios da marcha, dor e
artrose, sendo então necessária a substituição total do quadril envolvido.

Sequelas de luxação congénita: na luxação congénita no quadril, a


articulação apresenta anomalias, mantendo a cabeça do fémur fora da cavidade
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acetabular. Se não for corrigida devidamente na infância, uma artrose coxafemoral
poderá instalar-se na fase adulta.

Tumores do colo e da cabeça do fémur: situação pouco comuns, que


em algumas circunstâncias podem exigir a realização de uma prótese total do quadril.

Doença de Paget: conhecida também como, osteite deformante, na


qual ocorrem alterações na estrutura óssea, tornando-a maior, porém mais frágil. Podem
desenvolver-se deformidades dos ossos longos ou osteoartrose nas articulações; às
vezes ocorrem fracturas patológicas. Inicialmente, o indivíduo poderá apresentar dor,
rigidez, deformidades, cefaleia.

4.4. – PRÓTESES

A prótese é uma peça mecânica de liga metálica desenvolvida para substituir um


osso e/ou uma articulação do corpo, por exemplo, a prótese da anca foi desenvolvida
para substituir a articulação da anca quando a original não consegue manter a sua
capacidade funcional.
As implantações de prótese são mais frequentes nas articulações da anca e do
joelho. Este trabalho vai incidir sobre a implantação de próteses a nível da anca.
Estas podem ser: parciais e totais.
Na prótese parcial, faz-se a substituição do colo e da cabeça do fémur por uma
prótese metálica em que o acetábulo permanece intacto. Em geral, a prótese utilizada é
como a cabeça do fémur de tamanho original mais estável que uma prótese com cabeça
menor, permitindo, porém, um maior desgaste do acetábulo.
Na prótese total, faz-se a substituição do colo e da cabeça do fémur por um
componente femural, e a substituição do acetábulo por um componente acetabular.
A cabeça desta prótese é menor que a anatómica, origina menor pressão e baixo
coeficiente de atrito, o que causa menor desgaste, aumentando desta forma a
durabilidade da prótese. Neste caso devido à cabeça da prótese ser menor, a
instabilidade é menor.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
Existem vários tipos de próteses no mercado, sendo os mais correntes os
seguintes.

Tipos de prótese:

Ø Prótese total da anca (componente acetabular e componente femural)


Cimentada prótese de Wagner
Cimentada prótese de Chamley Muller
Não cimentada prótese de Lord
Ø Prótese parcial da anca (componente femural)
Prótese parcial de Moore
Prótese de Thompson

Fig. 7 – Prótese de Austin Moore, de placa regulável

Fonte: PHIPPS e outros, Enfermagem Médico-Cirúrgica, vol. II, tomo II, pág.2097

As próteses totais da anca podem ser dividas em:

Ä Cimentada: o acetábulo é preparado colocando-se polimetilmetacrilato para


fixar a taça de polietileno à cavidade acetabular. Em seguida, o canal medular do fémur
é alargado; a haste do componente femoral é, então, impactado dentro do canal medular.

Ä Não-cimentada: é realizado o mesmo procedimento que na prótese cimentada,


mas o componente femural é encaixado sobre pressão sem cimentar. O acetábulo após
ter sido preparado, é perfurado em alguns pontos até ao ísquio e íleo, recebendo o
componente acetabular poroso, que é fixado com parafusos nos locais das perfurações

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
anteriormente realizadas. A porosidade da prótese mais o processo de cicatrização
permitem a aderência da prótese pela formação óssea além do impactado que ocorre em
redor.
Esta prótese é normalmente utilizada em cirurgias de revisão da prótese totais do
quadril, isto é nas próteses que, por algum motivo, tenham sofrido processo de soltura.

Ä Híbrida: o componente femoral é cimentado, porém, o componente


acetabular, é aparafusado no osso. Esta prótese pode ser utilizada como primeira
escolha ou na revisão.
Fig. 8 – A – Componentes acetabular e femoral de prótese total da anca.
B – Prótese total da anca, montada.

Fonte: PHIPPS e outros, Enfermagem Médico-Cirúrgica, vol.II, tomo II, pág. 2141

4.5. – MÉTODOS DE ARTROPLASTIA

 ARTROPLASTIA COM RESSECÇÃO:


Fig. 9 – Artroplastia com ressecção
Neste método uma ou ambas as extremidades articulares
dos ossos são cortadas de forma a criar-se um espaço oco entre
eles (Fig. 9). O espaço criado preenche-se por tecido fibroso ou
pode inserir-se em seu interior tecido adiposo, músculo ou outra
parte mole.
Fonte: Mourad, Leona A. – Ortopedia; s. Ed. Madrid, 1994. ISBN – 0-8016-3438-5.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
Devido a sua flexibilidade o tecido interposto permite um grau razoável de
movimento, mas a articulação frequentemente perde estabilidade.
O método é aplicável em todas as articulações excepto no caso do joelho, no
entanto, é utilizada na articulação metatarso-falangiana do polegar.

 ARTROPLASTIA EM TAÇA:
Fig. 10 – Artroplastia em Taça
Este método emprega a interposição de uma prótese de
metal bem ajustada entre a cabeça do fémur e o acetábulo que
são trabalhos para acomodar a prótese (Fig. 10). O processo
cicatricial cobre as superfícies ósseas nuas com uma superfície
regenerada derivada da Artroplastia, semelhante à cartilagem
articular.
Fonte: Mourad, Leona A. – Ortopedia; s. Ed. Madrid, 1994. ISBN – 0-8016-3438-5.

A inserção da prótese requer precisão, e os pacientes devem ser avisados de que


a prótese pode ser alterada numa segunda intervenção, se não forem obtidos resultados
satisfatórios.
O tratamento pós-cirúrgico é complicado e exige fisioterapeutas experientes e
um paciente bem motivado, que mantenha os exercícios.
Esta cirurgia pode ser feita em articulações esféricas.
Uma desvantagem importante deste método é que o suprimento sanguíneo do
osso dentro da taça está comprometido o que leva a uma vascularização inadequada
provocando necrose avascular da cabeça femural podendo colapsar. Talvez por essa
razão o método actualmente não seja utilizado.

 ARTROPLASTIA DE SUBSTITUIÇÃO DA CABEÇA DO FÉMUR:

Fig. 11 – Artroplastia de substituição da cabeça do fémur

É um método de escolha para a anca e para o joelho, com


sucesso menos evidente, para outras articulações.
Esta cirurgia é utilizada quando há lesão intensa da cabeça
do fémur em presença de um acetábulo normal.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
Fonte: Fonte: Mourad, Leona A. – Ortopedia; s. Ed. Madrid, 1994. ISBN – 0-8016-3438-5.

Em princípio uma ou com mais frequência ambas as terminações ósseas das


articulações são removidas e substituídas por próteses.
O ideal é que a prótese permaneça rigidamente fixa ao coto-anco ao qual foi
fixada (Fig. 11); o afrouxamento pode ser uma das causas de insucesso, para a fixação é
utilizado cimento acrílico.
A cirurgia está indicada quando há uma disjunção do colo femural ou a necrose
avascular da cabeça do fémur, secundária a fracturas ou outras causas. Não está
indicada em Artrite Degenerativa primária ou secundária, onde há anomalias nos dois
lados da articulação.
Se apenas um lado da articulação é substituída a cirurgia é denominada hemi-
substituição, quando ambas são substituídas é denominada Artroplastia total de
substituição.
A desvantagem destas cirurgias é que há uma tendência para que os
componentes protéticos sofram afrouxamento. No entanto, a articulação pode prestar
bons serviços por muitos anos, especialmente a da anca.

4.6. – COMPLICAÇÕES DA ARTROPLASTIA

O Enfermeiro deverá estar sempre atento às complicações que podem surgir no


intra-operatório ou no pós-operatório, detectando-as precocemente.
 Fractura do acetábulo: é uma complicação técnica durante o preparo da cavidade
acetabular.
 Reacção ao cimento acrílico: o cimento pode difundir-se na corrente sanguínea
durante a cimentação da prótese, levando a uma hipotensão transitória. Pode
também ocorrer embolia, que, se não for tratada, levará o doente ao óbito.
 Hematoma: ocorre com certa frequência, quer devido ao mau funcionamento da
aspiração dos drenos, quer por terapêutica anticoagulante. O doente apresenta
dores, edema local, equimose e aumento da temperatura.
 Lesões nervosas: são lesões pouco comuns, podem ocorrer lesões do nervo
ciático e femural, pelo uso do afastador ou contacto com cimento acrílico. O doente
apresenta parestesia.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
 Luxação da prótese: poderá ocorrer por problemas devido à má colocação da
prótese.
 Trombose venosa profunda (TVP): forma-se um trombo na veia devido a alguns
factores, tais como: lesões do epitélio da veia, hipercoabilidade e estase. Ocorre dor
ao deambular, cianose de extremidade, edema, calor local.
 Embolia pulmonar: é a obstrução de uma ou mais artérias pulmonares por um
trombo que se coloca em direcção do pulmão. Ocorre dor torácica, taquicardia,
dispneia, cianose, hiperventilação e síncope.
 Embolia gorda: este síndroma é encontrado mais frequentemente nas fracturas da
diáfise do fémur.
 Infecção: é a complicação mais temida pelo cirurgião, por implicar retirada da
prótese. Esta complicação pode ocorrer precocemente por um abcesso, hematoma
infectado ou por deiscência.

4.7. – CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os cuidados de enfermagem são prestados em três momentos cruciais:


Ä No período pré-operatório;
Ä No período intra-operatório;
Ä No período pós-operatório.

 No Período Pré-operatório:

Deve fazer-se a entrevista de enfermagem para o conhecer e de modo a que


todas as suas necessidades possam ser correctamente avaliadas e tornando a sua
permanência no hospital o mais agradável possível.
 É fundamental que o doente seja preparado psicologicamente para o
tratamento que vai realizar.
Assim, um enfermeiro esclarece o doente sobre a concretização da cirurgia
falando-lhe da prótese, os cuidados após a cirurgia, apelar à sua colaboração para uma
recuperação mais rápida e menos dolorosa.
Orientar o doente para que este se abstenha de comer no mínimo 8 horas, antes
da intervenção.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
Deve ser realizada a tricotomia 2 horas antes da cirurgia a todo o membro
inferior e zona abdominal, orientando o doente a tomar banho e utilizar solução anti-
séptica no local da tricotomia.
Antes da cirurgia deve ensinar-se ao doente exercícios que lhe permitirão um
pós-operatório mais seguro.
1. Exercícios respiratórios
2. Exercícios com os membros inferiores
3. Mudanças de posição

 No Período Intra-Operatório:

Corresponde ao período de tempo que o doente se encontra no bloco operatório a


ser atendido pela equipa do serviço. Como não é do âmbito deste trabalho, vamos de
seguida falar de assistência de enfermagem no período pós-operatório.

 No Período Pós-Operatório:

 Imediato

O doente, após o acto anestésico, deve permanecer sob atenta observação do


enfermeiro, devido a riscos decorrentes do acto cirúrgico.
O enfermeiro deverá estar atento a sinais de obstrução das vias aéreas,
anormalidades cardiopulmonares, e luxação da anca. Em consequência, o doente deve
permanecer na de recuperação ou numa área similar durante duas a três horas até que os
seus sinais vitais estabilizem e que o doente recupere a consciência.
É necessário manter o volume sanguíneo de forma a evitar a instalação de um
quadro de hipotensão ou anomalias cardíacas. Pode também ser necessário a
administração de oxigénio, assim como a monitorização electrocardiográfica.
Depois da intervenção cirúrgica o doente fica sentado na cama, formando um
ângulo de 45º, para evitar a deslocação da prótese. Quando é mobilizado passa a ficar
deitado na cama (em decúbito dorsal) ou em pé, não podendo sentar-se durante 7 a 10
dias, consoante a opinião do cirurgião. O posicionamento no leito é realizado com os
membros inferiores elevados aproximadamente 10cm em abdução em torno de 15º com
almofada posicionada entre os membros inferiores, que é colocada já no centro
cirúrgico para evitar adução e rotação interna durante a recuperação anestésica.

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
Neste período, começam-se a realizar exercícios activos de dorsiflexão e
plantiflexão do tornozelo, auxiliando o retorno venoso e mantendo a amplitude de
movimentos.
 Tardio

O indivíduo se submete à prótese total da anca e do joelho exige do enfermeiro uma


actuação directa e activa por se tratar de um doente essencialmente acamado.
Deverá ser estimulado a sua independência e, também proporcionar-lhe
conforto, cuidar da sua integridade cutânea, física, prevenindo deformidades, estando
sempre atento às complicações que podem surgir.

1) Os cuidados de enfermagem propriamente ditos são:

F Preparar a cama para receber o doente com um colchão apropriado, a fim de


preservar a integridade cutânea e proporcionar maior conforto ao doente. As roupas da
cama e do doente devem estar esticadas, secas e limpas para evitar factores mecânicos
que produzem pressão;
F Não posicionar o doente na cama sobre o lado operado;
F Utilizar o trapézio para sua movimentação activa e, com isso melhorar a
circulação. Este procedimento é utilizado, também para prestar cuidados de higiene e
realização de massagens de conforto.
F Acompanhar o resultado de exames de laboratório, principalmente
hematócrito e hemoglobina, para avaliação da perda sanguínea;
F Manter a abdução dos membros inferiores pois, esta posição mantém a
articulação coxo-femural estável e segura;
F Estimular exercícios de dorsiflexão, activando assim a circulação para evitar
tromboflebites;
F Reforçar a orientação quanto ao grau de flexão da anca sob o risco de causar
luxação:
1. Evitar a flexão da anca para alem de 60°, durante cerca de 10 dias;
2. Evitar a flexão da anca para alem de 90°, desde o 10° dia até dois meses;
F Encaminhar o paciente ao banho de chuveiro utilizando cadeira própria para a
prótese total da anca, pois o doente apresentar lipotimia (tanto pela perda de sangue
como por ter permanecido acamado);

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
F Proporcionar uma cadeira com assentos firmes, não reclináveis e com braços.
Elevar a superfície do assento, quando necessário, com almofadas de espuma, para
manter o ângulo da anca dentro dos limites prescritos, quando o doente está sentado;
F Estimular a movimentação activa no leito e também a inspiração profunda,
tosse, expectoração, mobilizando assim as secreções pulmonares. A ingestão hídrica,
por outro lado, irá fluidificar as secreções pulmonares, facilitando a expectoração e
evitando a acumulação destas;
F Verificar o pulso pedioso em intervalos regulares, perfusão periférica,
sensibilidade, coloração, temperatura, edema e dor no membro operado, certificando-se
de que não há lesão nervosa ou flebite;
F Observar a incisão cirúrgica, que geralmente está exposta a partir do segundo
dia pós-operatório, excepto se houver presença de exsudado local. Estar atento ao
aumento de temperatura acompanhado de calor, rubor, edema ou formação de exsudado
incisional, pois poderá estar a instalar-se uma infecção;
F Estimular a ingestão hídrica pois, devido à imobilidade no leito, a fixação do
calço no osso é deficiente, levando à formação de cristais de oxalato de cálcio, que
poderão facilitar a formação de cálculos renais ou até infecção urinária;
F Providenciar junto à nutricionista a dieta adequada, já que a imobilidade no
leito diminui o peristaltismo, levando à obstipação intestinal.

Ä Posicionamentos no pós-operatório

 Intervenção Cirúrgica antero-lateral: o doente deverá ficar com o membro em


abdução e rotação neutra, que é conseguida com dois sacos de areia no pé.
 Intervenção Cirúrgica anterior: o doente deverá ficar com o membro em ligeira
abdução e rotação interna para aproximar o colo do fémur á parte posterior do
acetábulo e cápsula, prevenindo a luxação.
 Intervenção Cirúrgica posterior: o doente deverá ficar com o membro em ligeira
abdução e rotação externa para ficar em contacto com o colo do fémur à parte
anterior do acetábulo e cápsula.

4.8. – ENSINO PARA A ALTA

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Artrose, Coxatrose e Artroplastia da Anca
À medida que os dias vão passando, consoante a ordem do médico, o doente vai
progressivamente poder começar a executar algumas actividades tais como: levantar-se,
andar com apoio e sentar-se.
O doente deverá seguir algumas regras no primeiro mês depois da cirurgia.

 Posições de sono e repouso


Permitido:
Ÿ Deitar-se de costas com uma almofada entre os joelhos
Ÿ Deitar-se para o lado não operado com duas almofadas entre os joelhos
Proibido:
Ÿ Deitar-se sobre o lado operado

 O sentar
Permitido:
Ÿ Sentar-se numa cadeira alta com apoio de braços, joelhos e pés ligeiramente
afastados, por um período não superior a 30m
Ÿ Sentar-se, com os pês apoiados num banco mais baixo
Ÿ Levantar-se periodicamente para dar alguns passos
Proibido:
Ÿ Cruzar as pernas
Ÿ Sentar-se em cadeiras baixas

 Movimentos, exercícios e marcha


Permitido:
Ÿ Fazer em casa os exercícios de recuperação ensinados
Ÿ Andar sempre com a ajuda de bengala ou canadianas, diariamente e se possível
em piso plano e ao ar livre
Ÿ Ao subir escadas começar com o membro não operado, depois o operado e
finalmente a bengala ou canadianas
Ÿ Ao descer escadas começar com a bengala ou canadianas, o membro operado e
finalmente o não operado
Proibido:
Ÿ Fazer flexão da anca superior a 90º, para se sentar ou apanhar objectos do chão
Ÿ Forcar a rotação do membro operado para fora ou para dentro

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Ÿ Ter dores por excesso de marcha

 Actividades de vida diária


Permitido:
Ÿ Tomar duche
Ÿ Retomar progressivamente as actividades alternando períodos sentados e de pé
Ÿ Entrar para o automóvel, sentando-se primeiro no banco e rodando
posteriormente as pernas
Ÿ Sair do automóvel colocando primeiro as pernas para fora
Proibido:
Ÿ Tomar banho de imersão
Ÿ Cruzar as pernas
Ÿ Apanhar objectos do chão
Ÿ Carregar sacos pesados
Ÿ Andar sem bengala
Ÿ Passar a ferro durante muito tempo
Ÿ Conduzir automóvel
Ÿ Andar em transportes públicos em hora de ponta

 Ir ao médico

 Consultas de rotina
 Dor mais intensa e persistente
 Inchaço (edema) no membro operado
 Alteração da temperatura corporal
 Alteração do aspecto da cicatriz operatória

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5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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