Sunteți pe pagina 1din 6

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.088.

055 R IO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI


RECTE.(S) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL
RECDO.(A/S) : IDINA PAULINO DE ALMEIDA
ADV.(A/S) : MARCELE POLYANA PAIO

Trata-se de recurso extraordinário interposto em face de acórdão


cuja ementa segue transcrita:

"PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR


IDADE EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. BOIA-FRIA.
REQUISITOS LEGAIS. COMPROVAÇÃO. EXTINÇÃO DO
FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. INSTRUÇÃO
DEFICIENTE.
Satisfeitos os requisitos legais de idade mínima e prova do
exercício de atividade rural por tempo igual ao número de
meses correspondentes à carência, é devida a aposentadoria
rural por idade. Considera-se provada a atividade rural do
segurado especial havendo início de prova material
complementado por idônea prova testemunhal. Em se tratando
de trabalhador boia-fria, a aplicação da Súmula 149 do STJ é
feita com parcimônia em face das dificuldades probatórias
inerentes à atividade dessa classe de segurado especial. Em
demandas previdenciárias, nos casos em que houver ausência
ou insuficiência de provas do direito reclamado, o processo
deve ser extinto sem julgamento de mérito. Precedente da Corte
Especial do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso
representativo de controvérsia (CPC, art. 543-C), lavrado no
REsp n.º 1.352.721/SP (Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 16/12/2015), ressalvado ponto de vista pessoal."
(pág. 15 do documento eletrônico 11).

Neste RE, fundado no art. 102, III, a e b, da Constituição Federal,


sustenta-se, em suma, violação aos arts. 5°, caput, XXXV, XXXVI, LIV, e
LV; e 97, da mesma Carta. Requer o recorrente

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14071668.
RE 1088055 / RS

“a reforma do acórdão para estabelecer que, no


julgamento de demandas previdenciárias, devem ser aplicadas
as mesmas garantias do devido processo legal e da coisa
julgada aplicáveis a todas as demandas que tramitam pelo rito
ordinário”. (pág. 12 do documento eletrônico 17).

A pretensão recursal não merece acolhida.

Isso porque esta Corte firmou orientação no sentido de ser


inadmissível, em regra, a interposição de recurso extraordinário para
discutir matéria relacionada à ofensa aos princípios constitucionais do
devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório e da prestação
jurisdicional, quando a verificação dessa alegação depender de exame
prévio de legislação infraconstitucional, por configurar situação de ofensa
reflexa ao texto constitucional. Esse entendimento foi consolidado no
julgamento do ARE 748.371-RG (Tema 660), da relatoria do Ministro
Gilmar Mendes, em que se rejeitou a repercussão geral da matéria em
acórdão assim ementado:

“Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema


relativo à suposta violação aos princípios do contraditório, da
ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido processo
legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da
adequada aplicação das normas infraconstitucionais. Rejeição
da repercussão geral.”

Destaca-se do voto condutor do acórdão recorrido (págs. 11 e


seguintes do documento eletrônico 11):

“Da análise do conjunto probatório, verifica-se que não


foram trazidos aos autos elementos suficientes para confirmar o
exercício de atividade rural da autora. Os documentos em nome
do pai da autora são anteriores ao período de carência, e o
único documento em nome da própria autora é uma nota fiscal
de produtor rural de 2008, não sendo hábil para comprovar o

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14071668.
RE 1088055 / RS

exercício de labor agrícola de forma contínua. Além disso, no


CNIS do cônjuge da autora constam diversos vínculos
empregatícios de natureza urbana até sua aposentadoria em
1998. Além disso, a prova testemunhal é frágil, não sendo capaz
de atestar com certeza o trabalho rural da autora durante todo o
lapso temporal alegado. Não há outras provas referentes ao
período de carência, portanto, com base nos autos, não é
possível afirmar que ela tenha exercido atividade agrícola em
tempo suficiente para a concessão do benefício de
aposentadoria por idade rural, na qualidade de segurada
especial.
Em casos que tais, discute-se se o processo deve ser extinto
sem exame do mérito, ou a demanda julgada improcedente,
com análise do mérito, formando a sentença coisa julgada
secundum eventum probationis. Na primeira hipótese, inexistente
coisa julgada, será sempre possível o ajuizamento de nova
demanda; no segundo caso, admitir-se-á a nova ação acaso
apresentadas novas provas.
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, em sede
de recurso representativo de controvérsia (CPC, art. 543-C),
RESp 1.352.721/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 16/12/2015, decidiu que ‘a ausência de conteúdo
probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art.
283 do CPC, implica carência de pressuposto de constituição e
desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção
sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a
consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação
(art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal
iniciativa’.
Prevaleceu o entendimento do relator, Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, vencida a posição do Min. Mauro Campbell
Marques, para quem ‘em lides previdenciárias, se as provas
forem insuficientes, a coisa julgada se fará segundo o resultado
da prova, isto é, secundum eventum probationis’.”

O Tribunal de origem extinguiu o processo sem julgamento do

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14071668.
RE 1088055 / RS

mérito em virtude da ausência de comprovação do exercício da atividade


rural, reputando insuficientes os documentos apresentados, não
reconhecendo a atividade rural supostamente exercida pela recorrida por
ausência de provas.

Desse modo, para dissentir do acórdão impugnado quanto à


ilegalidade da extinção do processo sem o julgamento do mérito e
verificar a procedência dos argumentos consignados no apelo extremo,
seria necessário o reexame da legislação infraconstitucional aplicável ao
caso, sendo certo que eventual ofensa à Constituição seria apenas indireta
e a reanálise do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado pela
Súmula 279 deste Tribunal. Nesse sentido:

“PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA
JURISDIÇÃO. ÓBICES PROCESSUAIS INTRANSPONÍVEIS.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO.
QUESTÃO INFRACONSTITUCIONAL. MATÉRIA FÁTICA.
AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Não há repercussão
geral quando a controvérsia refere-se à alegação de ofensa ao
princípio da inafastabilidade de jurisdição, nas hipóteses em
que se verificaram óbices intransponíveis à entrega da
prestação jurisdicional de mérito.” (RE 956.302-RG, Rel. Min.
Edson Fachin, Pleno)

“EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário


com agravo. Previdenciário. aposentadoria integral.
Trabalhador rural. Requisitos para concessão do benefício não
demonstrados na origem. Legislação infraconstitucional.
Ofensa reflexa. Reexame de fatos e provas. Impossibilidade.
Precedentes. 1. Inadmissível, em recurso extraordinário, a
análise da legislação infraconstitucional e o reexame dos fatos e
das provas dos autos. Incidência da Súmulas nºs 636 e 279/STF.
2. Agravo regimental não provido.” (ARE 648.437-AgR/RJ, Rel.
Min. Dias Toffoli, Primeira Turma).

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14071668.
RE 1088055 / RS

Ademais, o acórdão recorrido não declarou a inconstitucionalidade


de norma legal ou afastou sua aplicação sem observância do art. 97 da
Constituição, mas apenas interpretou a legislação infraconstitucional
aplicável à espécie e, como se sabe, é pacífica a jurisprudência desta Corte
no sentido do não cabimento de recurso extraordinário por ofensa a
normas infraconstitucionais, sob alegação de má interpretação, aplicação
ou inobservância dessas normas. Inviável, portanto, o recurso
extraordinário. Nesse sentido, destaco os seguintes julgados desta Corte:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL, PREVIDENCIÁRIO E


ADMINISTRATIVO. RESERVA DE PLENÁRIO. ALEGAÇÃO
DE VIOLAÇÃO DO ART. 97 DA LEI MAIOR.
INOCORRÊNCIA. MERA INTERPRETAÇÃO DA
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL APLICÁVEL.
SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA.
INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
DISCUSSÃO ACERCA DA NATUREZA DA PARCELA.
EVENTUAL OFENSA REFLEXA NÃO ENSEJA RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. ACÓRDÃO RECORRIDO
DISPONIBILIZADO EM 17.11.2010. Não há falar em ofensa ao
art. 97 da Carta Maior ou em contrariedade à Sumula
Vinculante 10, porquanto não declarada, na hipótese, a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Com efeito, a Corte de origem solveu a questão à luz da
aplicação das regras de hermenêutica no âmbito
infraconstitucional, sem, portanto, declarar a incompatibilidade
entre a Constituição Federal e a norma legal discutida na
espécie. Precedentes. Emerge do acórdão que ensejou o manejo
do recurso extraordinário que o Tribunal a quo se limitou ao
exame da matéria à luz de normas infraconstitucionais. A
jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que eventual
ofensa reflexa a norma constitucional não viabiliza o trânsito do
recurso extraordinário. Agravo conhecido e não provido”. (RE
776.933-AgR/SC, de relatoria da Ministra Rosa Weber, Primeira
Turma).

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14071668.
RE 1088055 / RS

Por fim, o presente caso não trata de acórdão que tenha declarado a
inconstitucionalidade de lei federal ou tratado, o que afasta o cabimento
de recurso extraordinário com base na alínea b do art. 102, III, da
Constituição.

Isso posto, nego seguimento ao recurso (art. 21, § 1°, do RISTF).

Publique-se.

Brasília, 14 de novembro de 2017.

Ministro Ricardo Lewandowski


Relator

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14071668.

S-ar putea să vă placă și