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CAP 2: O que é o utilitarismo

(MILL, J. S. O utilitarismo. Tradução de Alexandre Braga Massella, Editora


Iluminuras, 2000).

Neste capítulo, John Stuart Mill (1806-1873) responde a algumas acusações feitas
à moral utilitarista. Destacamos aqui pontos que consideramos centrais.

Parágrafos 1 a 8 – Redefinindo o utilitarismo e ampliando a noção de


felicidade

- Definição de utilitarismo: “A doutrina que aceita a Utilidade ou o Princípio da


Maior Felicidade como o fundamento da moral, sustenta que as ações estão certas
na medida em que elas tendem a promover a felicidade e erradas quando tendem
a produzir o contrário da felicidade. Por felicidade entende-se prazer e ausência de
dor, por infelicidade, dor e privação de prazer” (MILL, p.30).

- Para Jeremy Bentham (1748-1832), fundador do utilitarismo, a felicidade pode


ser definida como prazer (sensível), ou seja, algo que pode ser medido de forma
quantitativa.

- Os críticos do utilitarismo acusam: Esta filosofia acaba por tratar os seres


humanos como animais, ao reduzir sua vida à busca do prazer.

- Resposta de Mill: Diferente do que propunha Bentham, para J. S. Mill há tipos


diferentes de prazer, ou seja, há uma diferença qualitativa entre eles (há prazeres
dos porcos e prazeres dos homens). A felicidade é diferente da simples satisfação
física, há prazeres mais elevados (intelectuais e morais). Os novos elementos
introduzidos por Mill são o amor pela liberdade, amor ao conhecimento, amor pela
potência e sentido de dignidade:

“É melhor ser um ser humano insatisfeito que um porco satisfeito, é melhor ser
um Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito. Caso o tolo ou o porco forem de
opinião diferente, é que conhecem apenas um lado da questão. A outra parte
conhece os dois lados para fazer a comparação” (MILL, p.33)

Para pensar, indo além do texto:

QUESTÃO: Esta noção de felicidade não entra, finalmente, em contradição com a


idéia de que felicidade = prazer?

“O problema, apontado pelos comentadores, é como justificar essa distinção (entre


prazeres superiores e prazeres inferiores) dentro do quadro do hedonismo que
explica o valor das experiências pela sua natureza prazerosa. Pergunta-se se essa
distinção não obrigaria Stuart Mill a aceitar que os prazeres superiores são mais
valiosos, não por serem mais prazerosos, mas por alguma outra razão (como a de
realizar as potencialidades humanas daqueles que os experimentam) e, com isso,
a renunciar aos aspectos hedonistas de sua filosofia moral” (Comentário do
tradutor MASSELLA, p. 11).

Um bom exercício é comparar esta passagem de Mill com o que escreveu


Descartes:

“Senhora,

Algumas vezes coloquei a mim mesmo uma dúvida: saber se é melhor estar alegre
e contente, imaginando que os bens que possuímos são maiores e mais
estimáveis do que são e ignorando os que nos faltam (...) ou se é melhor ter mais
consideração e saber, para conhecer o justo valor de uns e de outros, e com isto
tornar-se mais triste. Se eu pensasse que o soberano bem fosse a alegria, nunca
duvidaria de que deveríamos dedicar-nos a tornarmo-nos alegres a qualquer
preço, e eu aprovaria a brutalidade daqueles que afogam suas mágoas no vinho
ou as atordoam com o fumo. Mas eu distingo entre o soberano bem, que consiste
no exercício da virtude (...) e a satisfação do espírito que acompanha esta posse.
É por isto que é uma maior perfeição conhecer a verdade, mesmo que
desvantajosa a nós, que ignorá-la, e eu confesso que é melhor estar menos alegre
e ter mais conhecimento.” (Descartes, R. Carta a Elizabeth, 6 de outubro de 1645)

QUESTÃO: Que pontos em comum podem ser apontados entre os textos de


Mill e de Descartes?

Parágrafos 9 a 18 – Felicidade do indivíduo e felicidade geral

- Para definir a sua regra de produzir a maior felicidade, o critério utilitarista “não é
o critério do próprio agente, mas o da maior soma da felicidade geral” (p.35).

- Os críticos do utilitarismo dizem: Há de fato, conflito entre interesse do


indivíduo e interesse geral: não é natural interessar-se pelo “bem de todos” – o
interesse pelo outro exige mais do que a tendência natural de todos buscarem o
prazer.

- Resposta de Mill: Felicidade individual e felicidade do próximo não se opõem: na


verdade, o egoísta não contribui para sua própria felicidade. O interesse pelo outro
é fonte de prazer, assim como o interesse intelectual (p37-38). Esta configuração
depende da educação. Mill considera que o sacrifício voluntário em nome da
felicidade alheia ainda pode ser feito em nome dos princípios utilitaristas.

Para pensar, indo além do texto:

A dificuldade é justamente a passagem da felicidade no particular para a


felicidade geral – a felicidade geral, se podemos pensar como maior soma de
felicidade (no sentido coletivo) será também a felicidade de cada um (no sentido
distributivo)?

Não é claro que o desejo de promover a maior soma de felicidade possa ser
deduzido do desejo evidente que cada um tem por sua própria felicidade.

Em Aristóteles o vínculo entre a felicidade de um e a de todos funciona


porque o homem é por natureza um animal político – mas a partir do individualismo
moderno isto se torna mais difícil. Assim, seria mais coerente pensar num dever
de produzir a maior soma de felicidade como um ponto de partida ético do
utilitarismo, de fato, Mill fala à p. 45 de uma “lei moral”. Parece que essa é a
posição de alguns neo-utilitaristas. Deste modo, o utilitarismo poderia ser
classificado como uma corrente que une a idéia de dever com a de consequência
(definida pelo dever de buscar as melhores conseqüências). Por outro lado, a
teoria da simpatia natural de Hume poderia ser lembrada para resolver este
problema (os homens são naturalmente dotados de um sentimento de
benevolência em relação aos outros), mas Mill quase não recorre a este
argumento, dando maior importância à educação para superar o egoísmo.

Par 19-20- O utilitarismo leva em conta as conseqüências da ação, não seus


motivos.

Mill propõe: 1- julgar a pessoa por suas ações – e não o contrário; e 2- julgar as
ações por suas conseqüências (no sentido do que o agente quer produzir – que
Mill define como sua intenção). Assim, não se levam em conta os motivos
(motivações interiores, subjetivas da ação), mas a intenção ou o resultado que se
atinge voluntariamente.
Por exemplo, na seguinte situação:

Posso prejudicar um colega para conseguir uma promoção. Mas não o faço porque
tenho medo de ser descoberta e, finalmente, ser despedida.

O que conta, para o utilitarista, o que conta é o resultado da ação (o colega não foi
prejudicado) e não o motivo interior (o medo de ser descoberta).

Aqui Mill se posiciona contrariamente a qualquer critério de “dever” diferente da


utilidade.

Par 23 – O Conveniente, o Útil e o Princípio: a questão da mentira

- Acusação: O utilitarismo é considerado imoral, na medida em que considera o


Conveniente (o que é de interesse, ou o útil) e não o Certo (o que segue
princípios, o justo). Ou seja, não avalia a ação em si mesma, mas sua finalidade
ou efeito. Assim, por exemplo, o utilitarismo poderia concordar com a transgressão
da regra “não mentir” dependendo das conseqüências da mentira.

- Resposta de Mill: O conveniente, para o utilitarismo, não é o que diz respeito ao


interesse do indivíduo, mas ao interesse de todos (utilidade). O utilitarismo não
opõe o útil ao honesto ou ao certo, mas define o certo e o honesto como útil a
todos.

- Análise da questão da mentira:

Uma mentira pode ter uma utilidade imediata e particular: ser “conveniente” ao
indivíduo, ou mesmo resolver um problema de um grande grupo numa
determinada situação. No entanto, analisando a questão de uma maneira mais
ampla, é preciso considerar que, para o funcionamento e bem estar da sociedade
em geral é muito útil que todos obedeçam à regra “não mentir”.

Assim, muitas vezes, o que parece útil (o conveniente) não o é


verdadeiramente. De acordo com o utilitarismo, que visa à maior felicidade, a regra
de não mentir deve, em geral, ser seguida – podendo, porém, ser quebrada em
situações extremas.

Comentários:

1. Este assunto será mais desenvolvido no cap. 5 do livro O utilitarismo, sobre


a justiça.
2. Filósofos utilitaristas posteriores a Mill desenvolveram o que se chama
“utilitarismo da regra”. Esta versão do utilitarismo propõe que uma ação não
deve ser avaliada por sua consequência boa ou má em cada caso isolado,
mas inserida num contexto maior. Ora, neste contexto, a obediência às
regras é muito útil. Assim o utilitarismo mostra ser compatível com as
regras da moralidade comum: estas, em princípio, não devem ser
quebradas, baseado no fato de que sua existência contribui para o bem
estar geral.

***********

Sugestões de leitura:

1. Você encontrará exemplos para fundamentar a discussão sobre o


utilitarismo no livro: RACHELS, James. Elementos de Filosofia Moral.
Editora Gradiva, cap. 7 e 8.
2. Um bom texto sobre a filosofia de Mill encontra-se em:

http://criticanarede.com/html/eti_mill.html

Roteiro elaborado pela Profa. Telma Birchal – UFMG


BERNARD WILLIAMS – O utilitarismo

In WILLIAMS, B. Moral. Uma introdução à ética. Trad. Remo Manarino Filho. São
Paulo, Ed. Martins Fontes, cap. 5.

Esquema de Telma de Souza Birchal

(O presente esquema destaca alguns pontos importantes do texto de Williams.


Notas e comentários de nossa autoria estão entre colchetes ou nas notas ao final.)

No capítulo acima indicado, Bernard Williams apresenta uma crítica à filosofia


utilitarista, tanto na forma do utilitarismo dos atosi quanto na forma do
utilitarismo de regrasii.

Williams começa definindo o utilitarismo como uma concepção que:

1. “sustenta que só existe um princípio em moral: o de buscar a maior


felicidade para o maior número de pessoas”,
2. “sustenta que felicidade significa prazer e privação de dor” e
3. recomenda que diante de cada situação o agente moral se pergunte que
curso de ação traria maior felicidade para o maior número de pessoas [ou
seja, como se verá, para nosso autor, a formulação menos incoerente do
utilitarismo é o utilitarismo de atos].

I – Os atrativos do utilitarismo (p. 137-145)

1. É um sistema moral não transcendental, ou seja, não faz apelo a algo


exterior à vida humana para fundamentar a moralidade. Dissocia a
moralidade da religiãoiii, ao tomar o prazer e a dor, noções que se remetem
a algo bastante concreto, como critérios do certo e do errado.
2. Oferece uma definição muito aceitável e pouco discutível de seu bem
fundamental: a felicidade.
3. Afirma que os assuntos morais podem ser resolvidos por meio de cálculos
empíricos, ou seja, ou seja, voltando-se para os fatos. Desta forma o
utilitarismo oferece um procedimento (o cálculo da quantidade de prazer e
dor) para decidir que decisão é a melhor a ser tomada em certa
circunstância.
4. Oferece um critério (O Princípio da Máxima Felicidade) para resolver os
conflitos morais, ou as situações que parecem “trágicas”.iv

Após ter exposto o que aparece como vantagem da filosofia utilitarista,


Williams vai apontar alguns problemas nos pontos acima:
Relativos a 2: a) Como passar da promoção da própria felicidade, coisa que todo
mundo quer, à promoção da felicidade de todos? b) Será a felicidade realmente o
objetivo da vida humana?v

Relativos a 4: a) E se a ação que trouxer a maior felicidade para o maior


número for considerada “errada”? (por exemplo: implicar em trair a confiança
de alguém ou em sacrificar um inocente) => de fato, um utilitarista não pode
considerar errada uma ação que contribua para a maior felicidade, mesmo que
ela pareça errada às nossas convicções mais arraigadas. b) Será que eliminar
o conflito é realmente desejável?

II- As contradições entre os atrativos do utilitarismo (146-150)

Williams também afirma que o utilitarismo não consegue realizar todas as suas
promessas ao mesmo tempo; que elas entram em contradição entre si.

Retomemos a promessa feita pelo utilitarismo de resolver os conflitos


morais. Estes seriam resolvidos escolhendo-se a ação que traz a maior soma de
felicidade. Ora, só vamos poder saber, entre várias alternativas possíveis, qual é a
ação que traz a maior felicidade, se a felicidade for algo que se possa comparar e
somar. Um utilitarista como Bentham resolveu o problema simplesmente definindo
a felicidade como prazer e ausência de dor. Assim, diferentes formas de felicidade
podem ser reduzidas ao prazer e comparadas. Isto significa cumprir as promessas
feitas pelos atrativos 3 e 4 acima.

Mas, neste caso, estamos ainda falando de felicidade, num sentido com o qual
todos concordariam (atrativo 2)? Será que todos concordariam que felicidade é
igual ao prazer e à ausência de dor?

Williams examina este problema, e encontra uma inconsistência no


utilitarismo: ou ele cumpre os atrativos 3 e 4, que prometem resolver os conflitos
morais, ou cumpre o atrativo 2, apresentando uma definição aceitável de
felicidade. Em outras palavras, inconsistência se dá entre as duas exigências (E1
e E2) seguintes:

E1- A felicidade, para corresponder à idéia que muita gente faz dela (como
exige o atrativo 2), dificilmente pode ser definida apenas como prazer e
ausência de dor.vi (Para esclarecer este ponto, Williams acrescenta que “as
pessoas incluem entre os ingredientes de uma vida feliz coisas que
necessariamente envolvem valores diferentes do prazer – tais como
integridade, por exemplo, ou espontaneidade, ou liberdade, ou amor, ou
expressão artística” - p. 147).

E2- É preciso definir a felicidade de maneira simples, para ela funcionar


como um critério de resolução de conflitos (como exigem os atrativos 3 e 4)
.

- Saída do utilitarismo: acusar e rejeitar certos projetos de felicidade como


irracionais ou preconceituosos e propor sua própria idéia de felicidade. Mas isto
pode ser, obviamente, rejeitado como dogmático.

- Outro problema apontado por Williams: há muitos valores dificilmente


mensuráveis: qual é o valor de uma floresta, diante dos empregos gerados por
uma hidrelétrica? Qual é o valor da parte antiga de uma cidade, diante do conforto
que pode advir com a construção de novos edifícios? Propor que todos os valores
podem ser, finalmente, comparados, significa, em última análise, transformar todas
as relações em relações monetárias (p. 149).

A tese defendida por Williams é a de que há valores não mensuráveis – nem tudo
pode ser medido e calculado, como quer o utilitarismo.

III - Problemas do “utilitarismo das regras” (151-160)

O “utilitarismo das regras” surge para resolver algumas dificuldades –


principalmente relativas às situações nas quais o cálculo utilitarista leva a
recomendar uma ação considerada errada (que entra em contradição com nossas
convicções morais mais fortes).vii

Exemplo: Imagine uma situação na qual a condenação de um inocente é condição


necessária e suficiente para evitar grandes males. Neste caso, o Princípio da
Maior Felicidade parece obrigar o utilitarismo a recomendar esta ação. No entanto,
muitos a consideram, mesmo assim, errada.

Resposta do utilitarismo das regras:

Neste caso, que diz respeito à justiça, como em outros (o cumprimento de


promessas ou a regra de não mentir) em geral o correto é obedecer à regra geral
(“não se deve punir um inocente”; “não se deve mentir”) ao invés de avaliar as
conseqüências de cada caso específico. Isto se justifica não porque estas são
regras morais absolutas ou transcendentes, mas porque o fato de todos
respeitarem estas regras, sem questioná-las em casos específicos, é muito útil
para a sociedade, contribuindo para a maior felicidade do maior número.
Passamos assim do “utilitarismo de atos”, que pensa a consequência de cada
ação, para o “utilitarismo de regras”, que afirma que o correto é que, em geral,
todos sigam aquelas regras que são boas para a sociedade como um todo.

Os utilitaristas comparam esta situação com o que podemos, aplicando ao


caso de Minas Gerais, chamar de “modelo da conta de luz”: é mais vantajoso para
a CEMIG mandar correspondência de cobrança a todos os clientes, mesmo para
aqueles que gastaram tão pouca energia que o preço da expedição da carta é
maior que valor a receber, do que pagar funcionários para identificar os casos nos
quais a regra não se aplica. Também em moral, é mais vantajoso em geral seguir
algumas regras do que avaliar, caso a caso, as conseqüências de sua aplicação.

Crítica de Williams

Williams acredita que a comparação com o modelo da conta de luz não se


aplica perfeitamente ao caso do utilitarismo (154-156).viii

Tese central: O utilitarismo das regras é um fracasso. Esta revisão da


filosofia utilitarista não resolve a dificuldade apontada acima, de conciliar seus
princípios com as convicções morais, porque resta o fato de que, em algumas
situações concretas, pode-se provar que será realmente mais vantajoso violar uma
regra do que segui-la.ix

 O utilitarismo não consegue ser coerente com sua admiração por muitos
valores humanos que se opõem ao Princípios da Maior Felicidade (p. 159).

[A questão de fundo é : As regras morais que muitos afirmam como princípios


fundamentais (como, por exemplo, os princípios de justiça) valem
absolutamente? O utilitarismo em qualquer uma de suas formas, tem que
optar, em última instância, pela resposta negativa. As regras morais se
submetem ao Princípio da Maior Felicidade. Já outras posições em moral,
como a filosofia kantiana afirmarão o valor de certas regras
x
independentemente de suas conseqüências.]

IV- O utilitarista não pode querer que as pessoas acreditem no utilitarismo (p.
160-165)

Nas páginas finais, o autor defende a idéia de que o utilitarismo é uma teoria que
em geral torna a sociedade pior, pois diminui a exigência moral das pessoas. Isto
porque, se todos agirem somente com a preocupação de evitar o maior mal,
podem admitir ações que compactuem com o mal menor. Assim, quase ninguém
agirá segundo princípios mais exigentes, recusando-se a compactuar com ações
más. De modo que, seja o utilitarismo verdadeiro ou falso, em nome da maior
felicidade, é melhor que as pessoas não acreditem nele.

i Utilitarismo dos atos – é a forma clássica do utilitarismo. Nesta, cada ação particular
deve ser avaliada por suas conseqüências, e deve se escolher, em cada caso, o curso de ação
que contribua para a maior felicidade do maior número de pessoas.

ii Utilitarismo de regras – nesta forma de utilitarismo, ao invés de se avaliar sempre as


conseqüências de cada curso de ação, recomenda-se seguir uma regra geral, pois se
considera que a adoção de regras (do tipo “não mentir”ou “não matar”ou “cumprir
promessas”) é em geral benéfica para a sociedade.

iii Williams lembra que, apesar de recusar um fundamento religioso para a moral, o
utilitarismo acaba por afirmar um tipo de moralidade cujo conteúdo é muito compatível com
a religião cristã. De fato, no capítulo cap. 2 de sua obra O Utilitarismo, J. S. Mill afirma que
não há oposição entre a moral cristã e a moral utilitarista; a nosso ver, porém, Mill faz uma
interpretação utilitarista do cristianismo, ao afirmar que a finalidade desta religião é a
felicidade humana.

iv Situações trágicas são aquelas nas quais qualquer opção pode parecer errada. Por
exemplo: uma situação na qual seja exigido sacrificar a vida de uma pessoa para salvar
várias.

v Este ponto é analisado por Williams, neste mesmo livro, no capítulo intitulado: “De que
trata a moralidade?”. Williams mostra que, para algumas perspectivas éticas, a felicidade
não é o único e enm o mais alto valor.

vi De fato, o próprio J. S. Mill recusa definir a felicidade apenas como um tipo simples de
prazer. No cap. 2 de seu livro O Utilitarismo, Mill introduz uma diferenciação qualitativa
nos prazeres, ao falar de prazeres inferiores (sensíveis) e prazeres superiores (prazeres
intelectuais, o prazer de dedicar-se ao outro, de desenvolver um talento, etc.). Para Williams
, J. S. Mill está certo em admitir que a felicidade envolve coisas diferentes do prazer; mas,
ao fazer isto, J. S. Mill deixaria de ser um utilitarista coerente. Em geral, os críticos do
utilitarismo vão apontar os problemas trazidos pela diferenciação entre tipos de prazer: 1- a
definição de prazer fica extensa demais, e pode até incluir ações que envolvem sacrifício,
etc.; e 2- o que torna uma coisa “superior” a outra parece não ser o fato mesmo de trazer ou
implicar em prazer, mas alguma outra característica – e daí o utilitarismo estaria afirmando
valores diferentes do prazer.

vii O ponto central aqui é o conflito entre utilidade e justiça. Este ponto é tratado
longamente por J. S. Mill no cap. 5 de seu livro O Utilitarismo. Ele defende a idéia de que
as regras de justiça se fundamentam em desejos e necessidades absolutamente fundamentais
do ser humano – e portanto essenciais para a maior felicidade do maior número de pessoas.
Embora ele mesmo não fale de “utilitarismo de regras”, muitas idéias ali expostas já
apontam naquela direção.

viii Na verdade, no caso das regras de justiça e das regras referentes às relações entre
pessoas (cumprimento de promessas, veracidade) é muito importante que acreditemos que
as pessoas vão respeitar estas regras quaisquer que sejam as consequências.

ix Ou, como escreve Cláudio Costa: “Apesar de tudo isso, o utilitarismo de regras encontra-
se aberto a uma objeção que considero fatal. É que sempre podemos imaginar situações nas
quais as regras precisam ser violadas! Imagine que um astronauta desça à terra tendo em sua
cápsula um microorganismo que pode se espalhar pelo ar e contra o qual os seres humanos
não possuem a menor resistência. As pessoas que tiveram contato com o microorganismo na
colônia de Marte foram todas rapidamente dizimadas. O astronauta encontra-se fechado em
uma cápsula e a única solução que resta é deixá-lo morrer, pois abri-la seria arriscado
demais... A regra de respeito à vida humana é aqui derrogada por considerações utilitárias.”

shttp://www.filosofia.cchla.ufrn.br/claudio/filosofia_pratica/introducao_utilitarista_etica.pdf

x Para uma perspectiva mais favorável ao utilitarismo, ver: RACHELS, J. Elementos de


Filosofia Moral. Lisboa, Editora Gradiva.

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