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UNIVERSIDADE LUEJI A'NKONDE – ULAN

◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊ Malanje ◊

Faculdade de Economia

======================================================================

Título: Proposta para a criação de Incubadora de Empresas na


Faculdade de Economia da Universidade Lueji A´Nkonde como
Estratégia de fomento do Empreendedorismo entre a comunidade
académica.

Autoras: Lúzia Ciumara Pinto


- Zola Paulo Kediamosiko

======================================================================

Dundo, Dezembro de 2019


UNIVERSIDADE LUEJI A'NKONDE – ULAN
◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊ Malanje ◊

Faculdade de Economia

======================================================================

Título: Proposta para a criação de Incubadora de Empresas na


Faculdade de Economia da Universidade Lueji A´Nkonde como
Estratégia de fomento do Empreendedorismo entre a comunidade
académica.

Monografia apresentada ao Departamento de Ensino e Investigação de Gestão da Faculdade de


Economia da Universidade Lueji A´Nkonde, requisito para obtenção do título de Licenciado em
Gestão de Empresas.

Autoras: Lúzia Ciumara Pinto


- Zola Paulo Kediamosiko

Orientador: Prof. Adolfo Caiji Cabeia

Monografia N.º _______

======================================================================

Dundo, Dezembro de 2019


DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho às nossas famílias, por


todo o incentivo e ajuda para que isso fosse
possível.

I
AGRADECIMENTOS

Agradecemos, primeiramente a Deus, que iluminou o nosso caminho


durante esta caminhada.

A todos os professores da Faculdade de Economia da Universidade


Lueji A´Nkonde, especialmente ao orientador, Dr. Adolfo Caiji Cabeia, pela paciência
na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia.

Às Direcções da Faculdade de Economia e do CLESE, pela


disponibilização de materiais e informações necessárias para a realização da
presente monografia.

Agradecer a todos que de forma directa ou indirecta estiveram


envolvidos na realização desta monografia.

O nosso muito obrigado!

II
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 - Caracterização da Amostra ................................................................... 32

Tabela 3.2 - Distribuição dos estudantes matriculados em 2019 na FEULAN por


género e ano académico ........................................................................................... 36

III
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1.1 - Motivação para empreender .................................................................. 7

Quadro 1.2 - Tipologia de Incubadoras de Empresas ............................................... 17

Quadro 1.3 - Outros sectores de actuação das Incubadoras .................................... 18

Quadro 3.4. - Proposta de parcerias para a IncubE-FEULAN e seus objectivos ...... 39

Quadro 3.5 - Análise SWOT da IncubE-FEULAN ..................................................... 40

Quadro 3.6 - Facilidades e Serviços da IncubE-FEULAN ......................................... 43

IV
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 - Fases do processo de incubação........................................................... 19

Figura 1.2 - As estratégias de selecção das incubadoras ......................................... 22

Figura 3.3 - Proposta de organigrama para a IncubE-FEULAN ................................ 44

Figura 3.4 - Esquema de funcionamento da IncubE-FEULAN .................................. 50

V
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 3.1 - Distribuição dos funcionários da FEULAN por género .......................... 35

Gráfico 3.2 - Número de licenciados pela FEULAN no período entre 2015 a 2019 .. 36

Gráfico 3.3 - Opiniões dos inquiridos sobre se já tiveram uma ideia de negócios..... 37

Gráfico 3.4 - Opiniões dos inquiridos sobre as dificuldades para implementar suas
ideias de negócio ou se manter no mercado ............................................................. 38

Gráfico 3.5 - Opiniões dos inquiridos sobre a criação de uma Incubadora de


Empresas como incentivo ao empreendedorismo ..................................................... 38

VI
ÍNDICE DE ABREVIATURAS

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos


de Tecnologias Avançadas

CIENTEC - Centro de inovação, Empreendedorismo e Tecnologia

CLESE - Centro Local de Empreendedorismo e Serviços de Emprego

CSES - Centre For Strategy e Evaluation Service

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IEMP - Incubadora de Empresas do MAPESS

IEUA-Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro

INAPEM-Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas

INEFOP- Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional

INOVISA - Inovação e o Desenvolvimento Empresarial do Instituto Superior de


Agronomia

ISALQTC - Incubadora Tecnológica da Escola Superior de Agricultura de São Paulo

ITE - Incubadora Tecnológica e de Empresas

MAPESS - Ministério da Administração Pública de Empresas e Segurança Social

MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia (Brasil)

MPEs - Médias Pequenas Empresas

NBIA - National Business Incubation Association

PEA - Programa Empresarial Angolano.

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SEBRAE - Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas de São Paulo

TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação

UNFSTD - Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento das Ciências e


Tecnologia

USP - Universidade de São Paulo

VII
RESUMO

A monografia trata da proposta para a criação da Incubadora de Empresas na


Faculdade de Economia da Universidade Lueji A´Nkonde como estratégia de
fomento do empreendedorismo, e, para tal, buscou-se primeiramente identificar, a
partir dos estudantes e docentes da FEULAN, a necessidade de criação da referida
Incubadora. Para o alcance dos objectivos previamente definidos, foram usados os
métodos bibliográfico, indução-dedução, inquérito e o método de análise percentual.
O resultado da pesquisa revelou a necessidade de criação de uma Incubadora de
Empresas na FEULAN, pois apesar de muitos estudantes e docentes terem tido uma
ideia de negócio, maior parte não conseguiu implementá-lo, sendo que as
dificuldades por eles apresentadas podem ser eliminadas ou, pelo menos, reduzidas
se forem incubados. A proposta elaborada, com base no Manual para
implementação de Incubadoras de Empresas do Ministério da Ciência e Tecnologia,
mostra-se viável, pelo que sua implementação poderá contribuir no fomento ao
empreendedorismo entre a comunidade académica da FEULAN.

Palavras-chave: Incubadora de Empresas; Incubação; Empreendedorismo;


Universidade.

VIII
ABSTRACT

The monograph deals with the proposal for the creation of the Business Incubator at
the Faculty of Economics of Lueji A´Nkonde University as a strategy for fostering
entrepreneurship. need for the creation of said To achieve the previously defined
objectives, the bibliographic, induction-deduction, survey and percentage analysis
methods were used. The result of the research revealed the need to set up a
Business Incubator at FEULAN, because although many students and teachers had
a business idea, most could not implement it, and the difficulties presented by them
can be eliminated or at least reduced to be incubated. The proposal, based on the
Business Incubator Implementation Manual of the Ministry of Science and
Technology, is viable, and its implementation may contribute to fostering
entrepreneurship among the academic community of FEULAN.

Keywords: Business Incubator; Incubation; Entrepreneurship; University

IX
ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ............................................................................................................. I
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. II
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ III
ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................. IV
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................ V
ÍNDICE DE GRÁFICOS ............................................................................................ VI
ÍNDICE DE ABREVIATURAS................................................................................... VII
RESUMO................................................................................................................. VIII
ABSTRACT ............................................................................................................... IX
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA ................................ 5
1.1. Empreendedorismo como factor de desenvolvimento sócio-económico das
sociedades ............................................................................................................... 5
1.1.1. Conceitos de empreendedorismo e empreendedor ................................. 5
1.1.2. O papel da universidade enquanto fomentadora do empreendedorismo 7
1.2. Incubadoras de Empresas como estratégia de fomento ao
empreendedorismo .................................................................................................. 9
1.2.1. Origem e evolução................................................................................... 9
1.2.2. Incubadoras de Empresas em África ..................................................... 10
1.2.3. As Incubadoras de Empresas em Angola .............................................. 10
1.3. Conceito de Incubadoras de Empresas ....................................................... 12
1.3.1. Importância das Incubadoras de Empresas .......................................... 15
1.3.2. Tipos de Incubadoras de Empresas ...................................................... 17
1.3.3. Processo de incubação ......................................................................... 18
1.4. Componentes do modelo de incubação ....................................................... 20
1.5. Factores críticos de sucesso ........................................................................ 23
1.6. A universidade como ambiente favorável para o desenvolvimento das
Incubadoras de Empresas ..................................................................................... 26
CAPÍTULO 2: METODOLOGIA ................................................................................. 30
2.1. Tipo de pesquisa .......................................................................................... 30
2.2. Tipo de métodos .......................................................................................... 31
2.3. População e amostra ................................................................................... 31
2.4. Instrumento para recolha de dados .............................................................. 32
2.5. Tratamento de dados ................................................................................... 33
CAPÍTULO 3: ANÁLISE DE DADOS, APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS .......................................................................................................... 34
3.1. Breve caracterização da Faculdade de Economia da Universidade Lueji
A´Nkonde ............................................................................................................... 34
3.2. Análise das opiniões dos inquiridos sobre a necessidade da criação de
Incubadora de Empresas na FEULAN ................................................................... 37
3.3. Proposta de criação da Incubadora de Empresas na FEULAN ................... 39
3.3.1. O estudo de viabilidade técnica ............................................................. 39
3.3.2. O Plano de Negócios ............................................................................. 40
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 51
SUGESTÕES ............................................................................................................ 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 53
ANEXOS
APÊNDICE
INTRODUÇÃO

O fenómeno do empreendedorismo tem crescido a um ritmo alucinante


pelos quatro cantos do mundo. Cada vez mais são aqueles que, movidos pelo
sonho, se aventuram no mundo empresarial. Angola não foge a regra, muito pelo
contrário, segundo o Jornal Valor Económico (2017), mesmo com o agravar da
situação económica, financeira e social do país, a iniciativa empreendedora não
diminuiu.

No entanto, entre o desejo e a concretização desse sonho há um longo


caminho pela frente, cheio de altos e baixos. Uma verdadeira corrida de obstáculos
que o empreendedor terá de ultrapassar. Esse caminho começa com grandes
desafios. Os primeiros anos de vida de uma empresa tendem a ser os mais
tumultuosos, os mais críticos e, por isso, também aqueles com as maiores
probabilidades de insucesso.

Segundo Cressy (2006), as hipóteses de falência de uma empresa


crescem aproximadamente até aos 18 meses, atingindo probabilidades na ordem
dos 45%. Após esse período mais conturbado, a probabilidade de falência tende
depois a diminuir gradualmente para uma taxa mais reduzida. Porém são poucas as
empresas que conseguem chegar a este período mais tranquilo. Esta é uma
realidade bem presente no nosso país. Apesar do espírito empreendedor como
anteriormente já referido, ser uma característica marcante do povo angolano, de
acordo com os dados publicados pelo Jornal Valor Económico (2017), a taxa de
mortalidade das empresas recém-criadas em Angola ronda os 70%. Não querendo
defender uma visão ilusória, em que todas as empresas sobrevivem, este valor
parece-nos, sem qualquer dúvida, maior do que o desejável e por isso motivo de
preocupação. Afinal de contas, 7 em cada 10 empreendedores vêm o seu sonho
fracassar em poucos anos.

Estes dados vêm provar, que iniciar um negócio e mantê-lo no caminho


certo não é nada fácil e que tal exige um conjunto variado de recursos, como
conhecimento, capital, infra-estruturas e uma rede de contactos. Recursos estes,
que muitas vezes o empreendedor, simplesmente, não tem. É exactamente a falta

1
destes recursos que está na origem dos elevados índices de mortalidade das
empresas.

Assim, torna-se crucial a criação de mecanismos de apoio aos


empreendedores nesta fase mais débil e marcada por uma acrescida vulnerabilidade
e incerteza. É neste contexto, e em resposta a todos estes problemas, que surgem
as Incubadoras de Empresas. Além de facilitarem o acesso aos vários recursos que
as empresas desesperadamente precisam, as incubadoras fazem-no no momento
em que as empresas mais necessitam, ou seja, nas etapas iniciais da sua vida.

Prova de que as incubadoras devem ser um instrumento a ter em conta


e que têm realmente um impacto positivo nas probabilidades de sucesso das
empresas, são os dados revelados pela National Business Incubation Association
(NBIA) (2007), que sugerem que a probabilidade de insucesso das empresas que
recorrem à incubação é claramente inferior em relação às que tentam sobreviver
sozinhas. Segundo esta fonte, a taxa de mortalidade das empresas que passam
pela incubação é de 20%, enquanto que nas demais empresas este valor ascende
aos 70%. Estes dados vêm confirmar que o processo de incubação é um dos
mecanismos mais eficaz de formação de empresas.

Por tudo isto, esta monografia, que terá como pano de fundo a temática
da incubação de empresas, vai discutir este conceito, justificando a eficácia das
incubadoras enquanto instrumento de apoio ao desenvolvimento dos
empreendedores e dos seus negócios e, à luz da literatura científica, apresentar
uma proposta para a criação de uma Incubadora de Empresas na Faculdade de
Economia da Universidade Lueji A´Nkonde (FEULAN).

 Problema de pesquisa

Segundo Garrido e Prada (2016), desde o início da pesquisa, é


necessário ter uma visão global de todo o processo, sendo de considerar a partir de
três eixos centrais: o que se pretende estudar (problema/questões de investigação),
o porquê (razão que fundamente e sustente a sua pertinência e relevância) e como
proceder (métodos e procedimentos de análise).

2
Num contexto de contracção económica e de crescimento do
desemprego, marcado pelas baixas taxas de sobrevivência das novas empresas,
torna-se fundamental criar mecanismos de apoio aos empreendedores capazes de
nutrir e de desenvolver de uma forma sustentada os seus negócios e contribuir para
a economia do país. Por isso, na presente monografia, busca-se responder a
seguinte questão: será que a criação de Incubadora de Empresas na FEULAN
pode servir como estratégia de fomento do empreendedorismo entre a
comunidade académica?

Objecto de estudo: processo de criação de Incubadora de Empresas na FEULAN

Campo de acção: criação de Incubadora de Empresas na FEULAN

Objectivo geral

O objectivo geral desta monografia consiste em elaborar uma proposta


para a criação de uma Incubadora de Empresas na FEULAN, como estratégia de
fomento do empreendedorismo entre a comunidade académica.

Específicos

 Determinar os fundamentos teóricos que sustentam o tema;


 Identificar a necessidade de criação de uma Incubadora de Empresas na
FEULAN;
 Apresentar uma proposta para a criação de uma Incubadora de Empresas na
FEULAN.

Justificação da escolha do tema

Nos dias de hoje os agentes empresariais estão cada vez mais


expostos ao ambiente de economia de escala global caracterizada pela competição.
E, como consequência, apesar de se apregoar as ideias do empreendedorismo e se
registar o crescimento quantitativo das Micro e Pequenas Empresas (MPEs), muitas
delas não subsistem aos primeiros temporais do mercado em que actuam, pois
quase sempre o ambiente competitivo apresenta-se como hostil e inseguro para
empreendedores e empresários iniciantes.

3
As Incubadoras de Empresas são estruturas, já com provas dadas,
que, de um modo geral, apoiam empresas nas primeiras etapas da sua vida,
desempenhando, por isso, um papel fundamental enquanto agente impulsionador da
economia.

Assim, o interesse pelo tema tornou-se ainda maior, pela relevância na


actual conjuntura económica e por acreditarmos que a criação de uma Incubadora
de Empresas, e em especial na FEULAN, será um instrumento capaz de contribuir
no desenvolvimento dos empreendedores e dos seus negócios, e,
consequentemente, na economia do país.

Estrutura do trabalho

Como tal, e para melhor compreensão do tema, a monografia está


dividida em três capítulos, além da introdução, conclusões e sugestões.

O primeiro aborda os conceitos teóricos sobre o empreendedorismo e o


papel das universidades no fomento do empreendedorismo. Aborda ainda sobre as
Incubadoras de Empresas, os diferentes tipos de Incubadoras de Empresas, os
objectivos e as fases da incubação, bem como a importância.

O segundo capítulo apresenta a metodologia utilizada, com destaque


ao tipo de pesquisa, métodos e a população e amostra.

O terceiro capítulo começa com uma breve caracterização da FEULAN,


seguida da análise das opiniões dos inquiridos, e, finalmente, apresenta-se em
detalhes a proposta para a criação de uma Incubadora de Empresas na referida
unidade orgânica.

4
CAPÍTULO 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA

Neste capítulo, apresentam-se noções de empreendedorismo e


Incubadoras de Empresas, com destaque às tipologias, as fases de incubação, a
relação incubadora - empreendedorismo, o papel das universidades no fomento do
empreendedorismo, etc.

1.1. Empreendedorismo como factor de desenvolvimento socioeconómico das


sociedades

Com a reorientação do papel do Estado, os cidadãos se vêem cada


vez mais responsáveis pelo seu próprio destino e buscam reduzir a dependência da
intervenção Estatal na economia, criando seus próprios negócios (Filardi, 2000).

Para Audretsch (2004), o empreendedorismo é a fonte de crescimento


económico nas economias modernas, porque permite aproveitar os avanços no
conhecimento.

A necessidade de melhorar o empreendedorismo e construir um


ambiente empresarial dinâmico resulta do declínio do crescimento económico, do
aumento das taxas de desemprego e do reconhecimento de que a criação de
empresas, sobretudo de pequena e média dimensão, tem um impacto significativo
ao nível da competitividade das economias e contribuem para a desejada coesão
económica e social.

1.1.1. Conceitos de empreendedorismo e empreendedor

Conforme Gaspar (2006), as definições de “empreendedorismo” e de


“empreendedor” continuam a serem questões em discussão, sobre as quais os
investigadores ainda não chegaram a um consenso. A literatura está repleta de
definições que chegam a ser contraditórias.

O conceito moderno de empreendedorismo tem a influência


significativa de Schumpeter (1934), que desenvolveu uma teoria do
empreendedorismo, defendendo a sua significativa contribuição para o crescimento
económico. Ao apresentar a noção do empreendedor como um inovador,
Schumpeter liga o empreendedorismo à inovação, introduzindo o conceito de

5
inovação aplicado aos negócios pelos empreendedores, que se pode revestir de
várias formas: (i) introdução de um novo produto; (ii) abertura de um novo mercado;
(iii) introdução de um novo método de produção; (iv) a aquisição de uma nova fonte
de oferta de materiais; (v) a criação de uma nova empresa.

Apesar da forte ligação entre inovação e empreendedorismo, alguns


autores como Brush, Duhaime et al. (2003) defendem que o empreendedorismo não
se limita à inovação. A esse propósito, Bhide (2000) demonstra a existência de
casos de criação de novos negócios que não são inovadores e nem por isso deixam
de ser actos de empreendedorismo.

De acordo com o projecto Global Entrepreneurship Monitor (GEM)


(2008), empreendedorismo é:

“Qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou nova


iniciativa, tal como emprego próprio, uma nova organização
empresarial ou a expansão de um negócio existente, por um
indivíduo, equipa de indivíduos, ou negócios estabelecidos”.

Para Gartner (1988), empreendedorismo é o processo de criação de


novas organizações a partir de oportunidades identificadas.

Portanto, seguindo a recomendação de alguns autores, que, na


ausência de uma definição consensual e universalmente aceite, propõem que cada
investigador explique de forma clara e objectiva, o que entende pelo termo, define-se
o conceito de empreendedorismo, tendo presente o objecto de estudo deste
trabalho.

Eis a definição adoptada para empreendedorismo: a criação de uma


nova empresa e/ou a expansão de negócios existentes, a partir da identificação ou
criação de uma oportunidade de negócio, a explorar por um empreendedor ou
conjunto de empreendedores.

Baumol (1993) descreve dois tipos de empreendedores com impacto


na economia: o empreendedor que cria uma nova empresa e depois garante o seu
funcionamento, independentemente da existência de algo inovador no processo, e o
empreendedor que se assume como um inovador, com capacidade para transformar

6
invenções e ideias em entidades economicamente viáveis, independentemente de
criar ou não uma empresa.

Neste trabalho releva-se o acto de criação de empresas, enquanto


expressão do empreendedorismo de negócios. Assim, para empreendedor, adopta-
se a seguinte definição: “indivíduo ou conjunto de indivíduos, que cria(m) uma nova
empresa, assumindo o risco empresarial da sua gestão”.

Quanto aos motivos, de acordo com Carvalho et al., (2016), antes as


pessoas abriam o próprio negócio para escapar do desemprego, empreendiam por
necessidade, e ao longo dos últimos anos, com o sucessivo crescimento no
consumo de bens e serviços, as possibilidades de empreender tornam-se cada vez
mais evidentes, isso tem motivado a abertura de novos negócios no país.

O quadro 1.1. apresenta em resumo, os dois motivos que estão na


origem da decisão de empreender.

Quadro 1.1 - Motivação para empreender

Motivação Descrição

São pessoas que perderam o emprego ou não tinham e tiveram que


Necessidade abrir um negócio, como alternativa de ocupação e renda para a
sobrevivência

São pessoas atentas as novas oportunidades de negócio, que


Oportunidade
querem ser independentes na sua forma de sobreviver e existir

Fonte: Adaptado do GEM (2010).

1.1.2. O papel da universidade enquanto fomentadora do empreendedorismo

Na sociedade actual verifica-se a importância crescente do


conhecimento científico para o desenvolvimento do país. Além disso, o estímulo ao
empreendedorismo tem um papel essencial para o crescimento económico de uma
nação, especialmente das subdesenvolvidas, mas é preciso que esse
empreendedorismo esteja aliado a um conhecimento científico mínimo para que
gere resultados económicos e financeiros confiáveis e duradouros.

Nesse sentido, a universidade, enquanto produtora e multiplicadora de

7
conhecimento, surge como ponto de apoio fundamental para a geração do
conhecimento necessário para estimular o desenvolvimento de novos
empreendimentos de forma sustentável, desempenhando seu papel na
transformação da sociedade.

Tal envolvimento das universidades é importante, visto que, a falta de


uma cultura empreendedora, a alta taxa de desemprego e a falta de conhecimentos
técnicos em empresas carentes de métodos organizacionais significam entraves ao
desenvolvimento social e económico, e cabe à universidade, juntamente com outros
órgãos de fomento e apoio à actividade empreendedora, disseminar a cultura do
empreendedorismo e da inovação, estimulando tanto estudantes e funcionários
como a comunidade em geral, para que possam contribuir para a geração de
emprego, renda e cidadania (Sampaio et al., 2005).

Segundo Torkomian (2004), as pesquisas académicas devem


transformar ideias originais em negócios que gerem benefícios para a sociedade e
contribuir para a diminuição do índice de mortalidade das MPEs, principais
geradoras de emprego em uma sociedade. O autor salienta ainda que “a educação
deve ser encarada como um bem público, representando os interesses e anseios
populares”.

Sendo assim, as universidades devem desenvolver alternativas para a


promoção do empreendedorismo e a utilização do conhecimento por elas gerados
no auxílio ao desenvolvimento das MPEs e, consequentemente, da sociedade onde
estão inseridas. Eis algumas iniciativas que vêm sendo utilizadas por universidades
em alguns países para cumprir de forma eficaz seu papel no fomento ao
empreendedorismo e à inovação (Torkomian, 2004):

 Incentivar à formação de Incubadoras de Empresas;


 Formar parques tecnológicos;
 Promover o desenvolvimento do comportamento empreendedor na
universidade;
 Proporcionar mecanismos de apoio à criação de empresas;
 Sensibilizar a universidade para a questão da propriedade intelectual;
 Articular-se com órgãos de fomento;

8
 Promover um sistema de avaliação académica que contemple as actividades
de inovação tecnológica e de transferência de tecnologia;
 Vincular-se com sistemas vigentes.

Dentre esses itens, vale destacar o papel das Incubadoras de


Empresas, que têm gerado grande impulso ao desenvolvimento de MPEs e ao
empreendedorismo dentro das universidades, estimulando, inclusive, os próprios
estudantes a desenvolverem projectos inovadores (Sampaio et al., 2005).

1.2. Incubadoras de Empresas como estratégia de fomento ao


empreendedorismo
1.2.1. Origem e evolução

Decorria o ano de 1959 quando, na cidade de Batavia, no estado de


Nova Iorque, foi introduzido ao mundo o conceito de Incubadora de Empresas
(Hackett e Dilts, 2004a). Tudo começou quando o maior empregador desta pequena
cidade, a Massey Ferguson, faliu e fez disparar o desemprego local para os 20%,
deixando vago um enorme complexo de edifícios de escritórios que mais tarde viria
a ser comprado pela família Mancuso. Sem conseguir encontrar um inquilino capaz
de arrendar todo o imóvel, Charles Mancuso decidiu dividir o espaço e arrendá-lo a
pequenas empresas, algumas das quais ainda em fase embrionária. Dada a
necessidade manifestada destas empresas em receber algum apoio nomeadamente
ao nível da gestão e no acesso a capital, além das instalações, eram também
prestados alguns serviços de consultoria e de assistência no acesso ao
financiamento (Hackett e Dilts, 2004a). Surgiu, assim, com o objectivo de estimular
uma economia local confrontada com uma forte crise de desemprego, a primeira
Incubadora de Empresas, denominada Centro Industrial de Batavia.

Na sua origem, as Incubadoras de Empresas eram vistas


fundamentalmente como instrumentos de reconversão do tecido económico, de
renovação urbana e de desenvolvimento comunitário (Aernoudt, 2004). Dada a
preocupação do governo em revitalizar áreas urbanas degradadas e em criar
oportunidades de emprego nas proximidades das áreas de residência, combinado
com o facto de alguns destes imóveis serem propriedade pública, as primeiras
experiências de incubação eram, fundamentalmente, apoiadas por autoridades
governamentais, ou, em certos casos, resultado de parcerias público-privadas
9
(Hamdani, 2006).

O rápido crescimento do sector da incubação registou-se um pouco por


todo o mundo. Estimativas do Centre for Strategy & Evaluation Services (CSES)
(2002) apontavam para a existência de mais de 3000 incubadoras a nível mundial no
ano de 2001, das quais um terço localizado na América do Norte, 30% na Europa
Ocidental e as restantes dispersas pelo Extremo Oriente (20%), América do Sul
(7%), Europa de Leste (5%) e África, Médio Oriente e outras regiões (5%).

1.2.2. Incubadoras de Empresas em África

Em África, a primeira Incubadora surgiu em 1989, na Nigéria, por


iniciativa do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Ciência e
Tecnologia (UNFSTD). Seguindo-se países como o Egipto, Ruanda, África do Sul,
Moçambique, Cabo-verde, Quénia, Botswana, Angola, etc.

O ano de 2010 foi um ano muito favorável para o surgimento de


Incubadoras de Empresas em África, por exemplo, neste período surgiu o
ActiveSpaces que, também conhecido como Limbe Labs Ventures e a AfriLabs, no
Quénia. Neste período, registou-se também a fundação da Bantalabs que, opera em
França e no Senegal.

Foi também em 2010 que, em Nairobi, foram fundadas o iHub e NaiLab


como Incubadoras de Empresas. Ainda neste mesmo ano, no Uganda, a Hive Colab
foi fundada, como uma plataforma de trabalho que permite aos jovens tecnólogos se
congregar e colaborem entre si.

Em Addis Abeba, foi criada em 2011 o Ice Ethiopia, uma plataforma de


incubação de empresas para criar uma rede de intercâmbio para inovações das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e desenvolvimento de habilidades
e o conhecimento empresarial.

1.2.3. As Incubadoras de Empresas em Angola

Até à data da pesquisa, existiam em Angola três Incubadoras de


Empresas, nomeadamente: a IEMP – Incubadora de Empresa, afecto ao MAPESS
(Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social); a Imcuba

10
Angola, afecto ao INAPEM; e a Fábrica de Sabão, Incubadora resultante de uma
iniciativa privada.

a) O caso da IEMP1

A IEMP nasceu do Programa Empresarial Angolano (PEA), no âmbito


de uma Parceria Público-Privada estabelecida entre o Governo de Angola, o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Chevron, para
promover o desenvolvimento do sector das MPEs em Angola.

A IEMP deu início as suas actividades em 2006 e contribuiu para o


sucesso de muitas iniciativas ligadas ao sector da inovação e tecnologias, bem
como para fomentar a cultura empreendedora e apoiar a criação e desenvolvimento
de start-ups.

Em 2016 a IEMP integrava vinte e duas (22) empresas incubadas. De


realçar que a IEMP funciona em regimes de pré-incubação e de incubação. No
primeiro regime a sala tem a capacidade para albergar vinte e quatro (24) empresas,
sendo doze (12) em cada período (manhã e tarde) e no segundo, existe uma sala
com capacidade para oito (8) empresas, que funcionam a tempo inteiro.

b) O caso da Imcuba

Fundada no início de 2015, a Imcuba Angola tem como objectivo


principal o apoio à micro e pequenos Empreendedores no desenvolvimento dos seus
negócios, com realce para o sector tecnológico2. Os empreendedores fixam-se na
Incubadora de Empresas por um período de até três anos, obtendo formação,
orientação e consultoria para gestão de negócios de forma sustentada.

Neste momento (2019) estão a desenvolver mais de 8 (oito) projectos


no ramo industrial e, alguns destes projectos já muito desenvolvidos e com o
financiamento aprovado por instituições bancárias, estando somente a negociar as
fases de desembolso de capital3.

1 As informações abaixo descritas resultam do Relatório Anual de 2016 do IEMP – Incubadora de Empresa
disponível no Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFOP) do MAPESS.
2 http://www.imcuba.co.ao/quem-somos/.
3 http://www.imcuba.co.ao/blog/2015/08/15/incuba-angola-transforma-ideias-em-negocios-viaveis/.

11
c) O caso da Fábrica de Sabão

Um dos exemplos de sucessos que pode ser apresentado é o da


incubadora instalada no município do Cazenga, em Luanda, que inicialmente foi
somente uma fábrica de sabão e hoje alberga um atelier de cerâmica que produz
cerâmica artesanal e louças. De acordo com Manuela Ganga, Directora da
incubadora, “já foram investidos 10 milhões de dólares no empreendimento, onde
estão a ser desenvolvidos 10 projectos em diferentes estágios de progresso”
(Simões, 2017). De acordo com a mesma fonte, as empresas arrendam um espaço
para exercerem assuas actividades, num custo mensal de Akz 4.500,00, por metro
quadrado e inclui electricidade, internet, limpeza, segurança, estacionamento,
orientação, acesso a oficinas e palestras. Com as receitas da renda, a Fábrica
financia os custos dos serviços e instalações.

Dentre as empresas instaladas nesta incubadora está uma banca de


móveis, um laboratório de pesquisas e algumas startups de tecnologias de
informação, um fundo de capital de risco e uma fundação que desenvolve
actividades educacionais para comunidade. Até 2020, a Fábrica de sabão projecta
introduzir um projecto de agricultura biológica.

d) Outras iniciativas de Incubadoras de Empresas

Com base na experiência da Associação para a Inovação e o


Desenvolvimento Empresarial do Instituto Superior de Agronomia (INOVISA) da
Universidade Técnica de Lisboa, a Universidade Agostinho Neto tem em carteira a
criação de uma Incubadora de Empresas voltada para o desenvolvimento de
projectos tecnológicos e agrários como forma de materializar o génio criador dos
estudantes, dos professores e investigadores e, assim, promover o
empreendedorismo associado aos centros de ensinos universitários.

1.3. Conceito de Incubadoras de Empresas

Um aparato destinado a fornecer um ambiente controlado, favorável ao


crescimento e ao desenvolvimento de organismos em fase inicial do ciclo de vida é
denominado “incubadora”. Na agro-pecuária, as incubadoras são usadas para
manter um ambiente aquecido e favorável para os ovos e, assim, darem origem à

12
vida. Em um hospital, o recém-nascido prematuro pode permanecer alguns dias ou
semanas numa incubadora que fornecerá um ambiente controlado de modo que seja
favorável ao seu crescimento, ao seu desenvolvimento, à sua resistência às
doenças e finalmente à sua sobrevivência.

No contexto económico, a definição de “incubadora” não foge às


anteriores. Conforme O´Neal (2005), uma Incubadora de Empresas é um lugar físico
com infra-estrutura, capacidade de gestão e assistência para o desenvolvimento do
valor das empresas que dela fazem parte. Além de ser um arcabouço de inovação e
empreendedorismo.

Por outro lado, há definições mais focadas no apoio ao empreendedor,


como a da NBIA (2007), que define Incubadora de Empresas como um conjunto de
elementos de apoio à criação e desenvolvimento de novas empresas, operadas e/ou
supervisionadas por órgãos públicos, universidades e/ou entidades de fomento. São
ambientes especialmente planeados para acolher empresas nascentes, bem como
aquelas que buscam a modernização de suas actividades, de forma a transformar
ideias em produtos, processos e/ou serviços.

Desta forma, pode-se dizer que a Incubadora de Empresas é um


ambiente inovador, onde novos empreendimentos são encorajados, tendo como
suporte a assessoria técnica, jurídica e empresarial, além de oferecer serviços
integrados de laboratórios, telefones, internet, segurança, espaço físico, etc. As
incubadoras podem ser mantidas por associações comunitárias, entidades
governamentais, universidades e outros (Lourenço, 2015).

Por terem como uma de suas características a inovação, as


incubadoras têm como objectivo a implantação de empresas de sucesso, em
constante desenvolvimento, com plano de negócios bem estruturado com viabilidade
e financeiramente viáveis que devem ser mantidos mesmo após o término da
incubação que é variável de acordo com o ramo de actuação do negócio que podem
chegar a três anos e, no máximo, oito anos para empreendimentos na área de
biociências. As empresas que passam por processos de incubação têm menores
chances de fecharem as portas nos dois primeiros anos após sua criação, período
considerado crítico para a maioria dos empreendimentos.

13
Quanto às empresas vinculadas, existem basicamente três tipos,
segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de
Tecnologias Avançadas (ANPROTEC) (2002):

 Empresa incubada: organização que desenvolve produtos ou serviços


inovadores, está abrigada em Incubadora de Empresas, passa por processo de
selecção e recebe apoio técnico, gerencial e/ou financeiro de rede de
instituições constituída especialmente para criar e acelerar o desenvolvimento
de pequenos negócios. Algumas instituições usam o termo empresa residente;

 Empresa graduada: organização que passou pelo processo de incubação e


que alcançou desenvolvimento suficiente para ser habilitada a sair da
incubadora. Algumas instituições usam o termo empresa liberadas. A empresa
graduada pode continuar mantendo vínculo com a incubadora na condição de
empresa associada;

 Empresa associada: aquela que utiliza a infra-estrutura e os serviços


oferecidos pela Incubadora, sem ocupar espaço físico, mantendo vínculo
formal. Pode ser empresa recém-criada ou já existente no mercado.

Para minorar o índice de mortalidade das MPEs, a incubadora oferece


às empresas incubadas uma série de benefícios que fazem com que as empresas
operem com um custo reduzido, na medida em que estes custos são rateados e, às
vezes, subsidiados. Dentre estes benefícios, os mais comuns são:

 Infra-estrutura: salas individuais e colectivas, laboratórios, auditório,


biblioteca, salas de reunião, recepção etc.;

 Serviços Básicos: assessoria gerencial, contábil, jurídica, apuração e controlo


de custo, gestão financeira, comercialização, exportação e o desenvolvimento
do negócio;

 Capacitação: treinamento, cursos, assinaturas de revistas, jornais e


publicações;

 Network: contactos de nível com entidades governamentais e investidores,


participação em eventos de divulgação das empresas, fóruns, etc.

14
Segundo O´Neal (2005) são estes “Serviços de Assistência
Empresarial” que diferem uma incubadora de outra. Em outras palavras, é a
qualidade do serviço prestado pela incubadora aos empresários incubados que vai
ser decisivo para o sucesso da incubadora, que pode ser entendido como a
formação de empresas mais longevas e bem-sucedidas.

Portanto, a Incubadora de Empresas é uma organização especialmente


concebida para ajudar as MPEs nos seus estágios iniciais de sua formação (Soares,
1999). É justamente nesse momento em que o novo empreendimento necessita de
mais suporte, pois nesta fase se busca a inserção do produto no mercado,
envolvendo a busca da confiança de clientes, fornecedores e dos próprios
empregados.

1.3.1. Importância das Incubadoras de Empresas

As incubadoras são mecanismos utilizados para promover e estimular


a criação de MPEs. Contribuem para o desenvolvimento socioeconómico, na medida
em que são potencialmente capazes de induzir o surgimento de unidades produtivas
que geram grande parte da produção industrial e criam a maior parte dos postos de
trabalho no país (SEBRAE, 2004) 4.

Estatísticas da NBIA (2007), indicam que a taxa de mortalidade entre


empresas que passam pelo processo de incubação é reduzida a 20%, contra 70%
detectado entre empresas nascidas fora do ambiente de incubadora.

Entre as várias razões que ocasionam essa elevada taxa de


mortalidade, o SEBRAE detectou problemas de gestão como a principal. Outras
razões, não menos importantes, são as dificuldades burocráticas, que incluem uma
legislação complexa, exigente e que acarreta altos custos burocráticos, tributários,
de produção e comercialização, além das dificuldades concorrenciais para os micro
e pequenos empresários que actuam em mercados oligopolizados, onde grandes
empresas ditam prazos e condições de pagamentos para a aquisição de produtos e
fornecimento de insumos. Além disso, sabe-se que as elevadas taxas de juros sobre
os empréstimos, superiores às que pagam as grandes empresas, bem como as
exigências dos credores por garantias reais, que geralmente o micro e pequeno

4
SEBRAE - Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas de São Paulo.

15
empresário não pode oferecer, deixam-no sem acesso ao crédito. Completa esse
quadro de entraves o difícil acesso a tecnologias para a inovação em produtos e em
processos de produção.

As Incubadoras de Empresas podem contribuir principalmente para a


solução de duas dessas dificuldades, nomeadamente:

 capacidade de gestão dos empresários;


 incorporação de tecnologia aos produtos e processos da empresa.

As incubadoras também podem minimizar os efeitos nocivos dos outros


problemas mencionados, e certamente maximizam a utilização dos recursos
humanos, financeiros e materiais de que dispõem os micro e pequenos empresários,
contribuindo para a sobrevivência das empresas que passam pelo processo de
incubação. Além disso, estimula o empreendedorismo e divulga a possibilidade de
se criar um negócio próprio, com chances reais de êxito, como opção à busca de
empregos.

As MPEs que surgem no mercado sem contar com o apoio das


incubadoras têm menores chances de incorporar inovações em seus processos de
produção ou de prestação de serviços. Os micro e pequenos empresários, de modo
geral, têm seu tempo consumido pelo trabalho quotidiano e rotineiro, enfrentam
dificuldades financeiras, contam com um quadro de recursos humanos diminuto,
muitas vezes recrutado na própria família, quase sempre sem especialização e
capacitação para incorporar inovações à empresa. Comparado a essa situação, o
ambiente de uma incubadora é um habitat mais que desejável para as empresas
nascentes, considerando que, além do apoio técnico-económico, há sinergia criada
pela concentração de empreendedores que têm como meta o sucesso empresarial.

Para uma cidade ou região, os benefícios decorrentes da instalação de


uma incubadora são muitos. Ocorre a mobilização e a coordenação de recursos
locais já disponíveis e o surgimento de novos negócios. Quanto ao aumento do
número de postos de trabalho, ainda que empresas intensivas em tecnologia
absorvam pequenos contingentes de mão-de-obra, no longo prazo, caso sejam bem-
sucedidas acabam por gerar empregos directos e indirectos.

16
Também em longo prazo será observado um aumento gradual na
arrecadação local de impostos, na medida em que as empresas se consolidarem e
deixarem a incubadora, graduando-se, e passando a participar agressivamente no
mercado. Além disso, pequenas indústrias regionais em declínio, mas que
apresentem algum potencial de recuperação, poderão ser revitalizadas e aumentar a
chance de se manterem competitivas se suas empresas tiverem a oportunidade de
se instalar em uma incubadora.

Ainda que o retorno financeiro não seja alcançado em pouco tempo -


embora desejável, do ponto de vista da incubadora esse não é o objectivo principal -
os investimentos realizados a sua instalação, bem como os custos decorrentes de
seu funcionamento podem ser compensados pelos benefícios acima descritos.

1.3.2. Tipos de Incubadoras de Empresas

Quanto à tipologia das incubadoras, a ANPROTEC (2002) define


basicamente três tipos: de base tecnológica, dos sectores tradicionais, e mistas,
conforme o quadro 1.2.

Quadro 1.2 - Tipologia de Incubadoras de Empresas

Tipo de Incubadora Descrição

Incubadora de Empresas de Base Abriga empresas cujos produtos, processos ou serviços são
gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas, nos
Tecnológica
quais a tecnologia representa alto valor agregado

Abriga empresas ligadas aos sectores tradicionais da


economia, as quais detêm tecnologia largamente difundida
Incubadora de Empresas dos
e queiram agregar valor aos seus produtos, processos ou
Sectores Tradicionais serviços por meio de um incremento em seu nível
tecnológico. Devem estar comprometidas com a absorção
ou o desenvolvimento de novas tecnologias
Incubadoras de Empresas Mistas Abriga empresas dos dois tipos acima descritos

Fonte: Adaptado de ANPROTEC (2002).

Ainda de acordo com a ANPROTEC (2002), actualmente, com a


difusão do processo de incubação, tem-se observado o surgimento de outros tipos
de incubadoras (quadro 1.3).

17
Quadro 1.3 - Outros sectores de actuação das Incubadoras

Tipologia Descrição

Incubadora Sectorial Abriga empreendimentos de apenas um sector da economia.

Incubadora Agro-industrial Abriga empreendimentos de produtos e serviços agro-pecuários

Incubadora de Cooperativa Apoia cooperativas em processo de formação e/ou consolidação.

Incubadora Social Abriga empreendimentos oriundos de projectos sociais.

Incubadora Cultural Empresariamento de produtos e serviços culturais.


Apoia pessoas criativas que querem desenvolver um negócio na
Incubadora de Artes
área de artes.

Fonte: Adaptado de ANPROTEC (2002).

Outro conceito que é importante levar em consideração é o de


incubadora virtual. Este serviço é oferecido a empresas que não necessariamente
estão fisicamente nas instalações da Incubadora, ou seja, as empresas recebem os
serviços de uma incubadora, sem necessariamente estar fisicamente ligada a ela.

1.3.3. Processo de incubação

A incubação de uma empresa implica a observância de um processo


constituído por três fases: pré-incubação, incubação e pós-incubação.

A pré-incubação consiste no suporte a realização de actividades gerais


que auxiliem o empreendedor a desenvolver sua ideia de negócio através de
treinamento e direccionamento individual, de forma a capacitar o incubado a montar
seu modelo de negócios e a escrever seu plano de negócios (European Union,
2014, apud por Lourenço, 2015). Ao fim desta fase, espera-se que a empresa tenha
adquirido uma visão clara de seu negócio e seu mercado, e que tenha testado a real
viabilidade de seu negócio.

A incubação consiste no suporte dado ao empreendedor em fase de


crescimento e expansão. Os serviços oferecidos nessa fase normalmente são o
acesso a financiamento, treinamento específico (European Union, 2014, apud por
Lourenço, 2015), além de se fazer uso compartilhado de infra-estrutura. Os
empreendimentos nessa fase são aqueles que já possuem certa experiência de
negócio e possuem equipa e plano de negócios relativamente estruturados
(Lourenço, 2015). É esperado que nessa fase os empreendimentos já busquem sua

18
entrada no mercado e que continuem seu processo de desenvolvimento.

A pós-incubação acontece quando o empreendimento já atingiu a fase


de maturidade e é capaz de se manter e continuar a se desenvolver sem a estrutura
da incubadora como suporte. Apesar de alguns serviços geralmente ainda serem
valorizados e muitas vezes necessários pelas empresas incubadas, como serviços
de internacionalização, ou de introdução à inovação, é nessa fase em que o
empreendimento deixa a incubadora. Nessa última fase, algumas empresas se
tornam graduadas, o que significa que ela já passou pelo processo de incubação e
já é competente o bastante para continuar seu crescimento e desenvolvimento sem
o apoio da incubadora. Esse tipo de empresa pode continuar recebendo apoio da
instituição, mas não pode mais residir na incubadora (ANPROTEC, 2015). A figura
1.1 ilustra em resumo, as fases que englobam o processo de incubação das
empresas.

Figura 1.1 - Fases do processo de incubação

Fonte: European Union (2014, apud por Lourenço, 2015).

De acordo com a ANPROTEC (2015), as empresas ficam em média 3


anos incubadas, o que é o tempo necessário para saber se a empresa possui

19
perspectivas de sucesso ou não. Porém, esse tempo pode variar de acordo com o
tipo de organização. Por exemplo, uma empresa na área de TIC pode ficar pouco
tempo incubada se comparada com outros sectores que possuem um ciclo de
desenvolvimento de valor mais longos como o da Biotecnologia. Independentemente
do tempo incubadas, o importante é que quando a empresa se graduar, ela esteja
totalmente preparada para o mercado.

1.4. Componentes do modelo de incubação

De acordo com Bergek e Norrman (2008), apesar da escassa


informação acerca dos modelos de incubação na literatura, é possível distinguir
cinco componentes caracterizadoras:

 Selecção: diz respeito às decisões tomadas pela incubadora em relação aos


projectos aceites, ou não, no programa de incubação;

 Infra-estrutura: consiste nas instalações e serviços administrativos oferecidos


pela incubadora;

 Serviços de apoio ao negócio: estão associados à actividades de coaching,


formação e consultoria levadas a cabo pela incubadora com o intuito de
desenvolver as empresas incubadas;

 Mediação: refere-se à forma como a incubadora gere as suas redes, sejam


elas internas (entre empresas incubadas) ou externas (entre as empresas
incubadas e o ambiente externo);

 Graduação: está relacionada com as políticas de saída da incubadora, ou seja,


com as decisões relativas às circunstâncias em que as empresas incubadas
devem abandonar a incubadora.

No entanto, segundo Bergek e Norrman (2008) nem todas estas


componentes são igualmente importantes quando se trata de distinguir entre os
diversos modelos de incubação. A maioria das incubadoras, de um modo geral,
presta o mesmo conjunto de serviços administrativos, pelo que se torna irrelevante
distinguir entre modelos de incubação neste domínio. O mesmo se pode dizer em
relação às políticas de graduação das incubadoras. Por estas razões, os autores

20
consideram que apenas a selecção, os serviços de apoio ao negócio e a mediação
são características distintivas dos modelos de incubação, e, por isso, serão
abordados com mais detalhes.

 Selecção

Segundo Bergek e Norrman (2008), a tarefa de identificar empresas


“frágeis, mas promissoras”, e ao mesmo tempo evitar as empresas que não podem
ser ajudadas através da incubação, é um desafio que requer “um conhecimento
sofisticado do mercado e do processo de formação de uma nova empresa”.

Ainda de acordo com os autores, as opiniões diferem em relação às


quais os critérios de selecção mais apropriados. Tendo por base as opções citadas
na literatura, os mesmos autores apresentam duas abordagens gerais para a
selecção das empresas a incubar: uma selecção focada principalmente na ideia de
negócio e uma selecção focada principalmente no empreendedor. Uma selecção
focada na ideia de negócio implica que a equipa de gestão da incubadora esteja
capacitada de um conhecimento profundo em domínios tecnológicos relevantes, de
modo a avaliar de uma forma consciente a viabilidade das ideias apresentadas. Por
outro lado, uma abordagem focada no empreendedor requer uma aptidão para julgar
a personalidade, bem como o conhecimento, a experiência, as competências, as
características e as motivações do empreendedor.

Os mesmos autores referem, ainda, que a selecção de empresas não


se trata apenas de uma questão de critérios, mas também, de uma questão de
flexibilidade e rigidez na sua aplicação. Assim, eles distinguem entre duas
abordagens: “escolher os vencedores”, em que a equipa de gestão da incubadora
selecciona os projectos com maior potencial de sucesso de acordo com uma análise
baseada num conjunto de critérios altamente rigorosos; e “sobrevivência do mais
forte”, em que a equipa de gestão da incubadora aplica um conjunto de critérios
mais flexíveis, permitindo a entrada de um maior número de empresas, deixando a
cargo da própria dinâmica do mercado o processo de separação dos “vencedores”
dos “perdedores”.

Da combinação dos dois tipos de abordagens de selecção resultam


quatro “estratégias de selecção” (Figura 1.2).

21
Figura 1.2 - As estratégias de selecção das incubadoras

Sobrevivência dos mais forte Escolher os vencedores

Selecção focada na ideia Selecção focada no empreendedor

Fonte: Adaptado de Bergek e Norrman (2008).

 Serviços de apoio ao negócio

Segundo Bergek e Norrman (2008), a importância de prestar serviços


de apoio ao desenvolvimento do negócio, para além dos tradicionais serviços
administrativos, tem sido alvo de grande ênfase na recente literatura. Os serviços
citados são inúmeros, constando-se que a proposta das incubadoras é composta por
serviços da mais variada natureza, desde, por exemplo, a formação empresarial,
serviços de consultoria, aconselhamento legal até ao apoio na obtenção de
financiamento.

No entanto, tal como observado por Cornelius e Bhabra-Remedios


(2003), o sucesso de uma incubadora não depende exclusivamente da natureza dos
serviços prestados, mas, também do modo como estes são oferecidos. Hackett e
Dilts (2004a) sugerem que o apoio prestado pelas incubadoras pode variar de
acordo com a intensidade de tempo (percentagem de horas de trabalho dedicadas à
monitorização e assistência das empresas incubadas), com a abrangência (domínios
sujeitos ao apoio da incubadora) e com o grau de qualidade (o valor relativo do
apoio prestado pela incubadora).

 Mediação

Segundo Hackett e Dilts (2004b), as incubadoras devem actuar como


intermediárias entre as empresas incubadas e outras entidades externas à
incubadora capazes de acrescentar valor à sua oferta. Assim, com o intuito de
potencializar os recursos e as competências das empresas incubadas, as
incubadoras assumem-se com uma “ponte” entre os empreendedores e o ambiente
22
externo.

Bergek e Norrman (2008) distinguem, numa primeira instância, dois


tipos de mediação desenvolvidos pelas incubadoras: a mediação de redes e a
mediação institucional. A primeira consiste em estabelecer ligações entre as
empresas incubadas e outros actores, com o objectivo de compensar a dificuldade
sentida por estas empresas em estabelecerem por si próprias redes empresariais.
Este tipo de mediação, geralmente, permite às empresas incubadas acederem à
informação, conhecimento e competências altamente especializadas e vitais para a
sobrevivência do seu negócio. Já a mediação institucional consiste na mediação dos
impactos de instituições nas empresas incubadas. Através deste tipo de mediação,
as incubadoras pretendem ajudar os empreendedores a perceber, interpretar e
talvez mesmo até a influenciar regulamentos, leis, tradições, valores, normas e
costumes. Além disso, este tipo de mediação pode, também, aumentar a visibilidade
e credibilidade das empresas incubadas aos olhos dos actores externos, ajudando-
as, assim, a obter legitimidade e aceitação social.

1.5. Factores críticos de sucesso

Para o êxito das Incubadoras de Empresas, a compreensão dos seus


factores críticos de sucesso é fundamental. De modo a auxiliar as equipas de gestão
das incubadoras, a literatura oferece uma ampla gama de estudos e orientações
bastante abrangentes, onde destacamos Buys e Mbewana (2007), que consideram
oitos potenciais factores de sucesso da incubação de empresas, indicando que é
expectável que todos esses factores têm uma relação positiva com o sucesso das
incubadoras:

1) Acesso a conhecimento científico e tecnológico

Os ambientes mais propícios para a incubação de empresas estão


localizados onde existe facilidade de acesso ao conhecimento técnico e científico e
às infra-estruturas e serviços de apoio, nomeadamente universidades e centros de
investigação;

2) Disponibilidade de financiamento

As incubadoras devem ter a capacidade de ajudar as empresas


23
incubadas no acesso ao capital e devem, ainda, providenciar serviços de gestão de
risco e aconselhamento fiscal. A facilidade no acesso a financiamento de baixo
custo, ou no acesso a financiamento através de capital de risco ou proveniente de
business angels é uma condição fundamental para a criação de condições propícias
à incubação.

3) Qualidade dos empreendedores

Apesar do estudo dos autores ter encontrado uma fraca correlação


entre os critérios de selecção e o sucesso das incubadoras, o mesmo revelou uma
forte correlação com a qualidade dos empreendedores incubados. Estes
empreendedores devem ter conhecimento e capacidades suficientes, estar
preparados para correr riscos calculados e ansiar ter êxito.

4) Apoio dos stakeholders

O envolvimento e o apoio dos stakeholders, como a comunidade


empresarial local, as entidades governamentais, a comunidade local, investidores de
risco, empreendedores e a equipa de gestão da incubadora, é vital para o sucesso.
É importante que exista uma cooperação entre os stakeholders que seja consistente
com as necessidades e capacidades do meio que a incubadora se insere. É crucial
que exista um consenso em relação à missão que define o papel da incubadora na
comunidade e a existência de objectivos mensuráveis para alcançar essa mesma
missão.

5) Políticas governamentais encorajadoras

O sucesso dos programas dirigidos à promoção do empreendedorismo


depende em larga escala das políticas económicas. Iniciativas como as Incubadoras
de Empresas apenas fazem sentidas se a relação entre o empreendedorismo e o
crescimento económico seja reconhecido a todos os níveis governamentais.

6) Equipa de gestão competente e motivada

Os autores referem que o sucesso das incubadoras depende em larga


medida da qualidade da equipa de gestão designada para operá-la. A equipa de
gestão deve ter experiência, competência e conhecimentos empresariais e ser bem

24
relacionada com a comunidade em que se insere. À equipa de gestão devem ser
atribuídos objectivos mensuráveis que permitam monitorizar a sua performance, e,
de acordo com o seu desempenho, devem ser oferecidos estímulos aos gestores
para encorajar e premiar desempenhos excepcionais. As incubadoras devem
recrutar e compensar de forma apropriada a gestão capaz de cumprir a sua missão.

7) Sustentabilidade financeira

As Incubadoras de Empresas devem actuar como negócios viáveis,


com as suas próprias fontes de sustentabilidade tais como, participações no capital
das empresas incubadas, royalties, subsídios, etc.

8) Acesso a networks

As redes de parceiros contribuem para o sucesso das empresas


incubadas, pois permitem ultrapassar as lacunas da própria incubadora. O
networking é, também, importante uma vez que possibilita a expansão das
oportunidades de mercado para os empreendedores, empresas incubadas e já
graduadas. Estas redes incluem, tipicamente, universidades, prestadores de
serviços profissionais especializados, investidores de capital de risco, business
angels, etc.

É expectável que, dadas as especificidades do ambiente em que


actuam e das suas limitações a nível de recursos, nem todas as Incubadoras de
Empresas consigam incorporar todos estes factores na sua estrutura. No entanto, tal
como comprovado por diversos estudos empíricos, quanto maior o número de
factores incorporados no ambiente de actuação da incubadora, maiores serão as
suas probabilidades de sucesso. Dornelas (2002) refere que, muitas vezes, estes
factores e princípios não são considerados aquando da criação das incubadoras.
Para o autor, muitas Incubadoras de Empresas são criadas sem a observação de
alguns critérios básicos, existindo a possibilidade de, em alguns casos, terem
predominado factores políticos, como a forte pressão para a criação de postos de
trabalho, o que poderá levá-las, num curto período de tempo, ao fracasso. Como já
referido, a criação de emprego deve ser encarada como uma consequência do
processo de incubação e não como a sua missão, que deve ser o desenvolvimento
de empresas emergentes.

25
Dornelas (2002) sugere, ainda, que muitas incubadoras são
confundidas com “hotéis de incubadoras”, cujo único propósito passa por
disponibilizar instalações, o que diverge do conceito de Incubadora de Empresas,
que é mais amplo. Esta situação pode, a médio/longo prazo, trazer graves
consequências para o desenvolvimento económico regional, provocando certo
descrédito ao movimento de incubação, bem como prejuízos às empresas
emergentes e aos seus empreendedores, que não encontrarão as facilidades e
incentivos necessários para impulsionar o seu negócio.

1.6. A universidade como ambiente favorável para o desenvolvimento das


Incubadoras de Empresas

Em regra, as incubadoras nascem no seio das universidades com o


objectivo de fomentar o surgimento de empresas inovadoras, nas vertentes de
projectos de pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico. Por intermédio de
uma plataforma de incubação de empresas, as universidades criam a ponte entre o
mundo académico e o mundo empresarial, fomentando um ambiente propício para o
desenvolvimento dos seus projectos e pesquisas (Banha, 2011), bem como a
promoção junto dos recém-formados da criação do auto-emprego. Os projectos são
desenvolvidos por empreendedores (estudantes, professores e pesquisadores) que
necessitam de montar um negócio e usufruir de um espaço físico, infra-estrutura,
gestão, suporte técnico e operacional que leva à sobrevivência de negócios recém-
criados.

A criação de Incubadoras de Empresas dentro de universidades tem


compreendido a transferência do empreendedorismo, gerando grande impulso ao
desenvolvimento de MPEs, e inclusive, estimulando a criação de projectos
inovadores nos próprios académicos. Uma Incubadora de Empresas associada a
uma universidade tem um papel fundamental na materialização e capitalização dos
conhecimentos gerados na instituição e confere ao empreendedor experiências
estruturadas (Manuel e Simão, 2018).

Para além destas vantagens, sublinha-se que com as incubadoras


dentro das universidades, observa-se troca de know-how entre a incubadora e a
universidade que propicia uma maior influência no papel da incubadora e engloba
um processo de transferência e transformação de produtos e serviços.
26
Nos EUA é bastante comum a existência de Incubadoras de Empresas
ligadas a universidades, por exemplo, o Google e a Yahoo são dois projectos
empresariais que nasceram numa incubadora da Universidade de Stanford, na
Califórnia.

Em Portugal, a Universidade de Aveiro criou, em 1996, a Incubadora


de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA), como uma plataforma onde os
empreendedores encontram as condições necessárias para concretizar, validar e
alavancar os seus projectos. Por exemplo a SAPO, uma empresa de comunicação e
cujo portal de notícias e entretenimento tem mais de 20 anos, nasceu nos bancos da
IEUA5

O Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra, com objectivo de


promover a inovação na área científica e tecnológica, bem como a criação de
empresas spin-offs e startups que assegurem uma forte ligação ao meio universitário
(Caetano, 2013) através da promoção tecnológica e organizativa do tecido produtivo,
criou, em 2002, a Incubadora de Empresas para apoiar os projectos empresariais e
de investigação em laboratórios de alunos e docentes da universidade6, por meio de
orientação técnica na fase de constituição e arranque da empresa;
acompanhamento tutorial na elaboração do plano de negócios da empresa;
disponibilização de espaço físico para instalação; serviço de logística como, por
exemplo, sala de reuniões e internet; ligações e contactos com diversos centros de
investigação nacional e internacionais; fontes de financiamentos; acesso acções de
formações regulares em temas tecnológicos e relacionados com gestão; e outras.

No Brasil, a Universidade de São Paulo (USP) criou duas Incubadoras


de Empresas, nomeadamente a Incubadora de Empresas Agrozootécnicas e o
Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec).

Criada em 1994, a Incubadora de Empresas Agrozootécnicas, na


Escola Superior de Agricultura da USP e, em 2005, adoptou a denominação de
EsalqTec – Incubadora Tecnológica. Para o melhor desenvolvimento das empresas,
a EsalqTec tem oferecido cursos, palestras, fóruns e debates nas áreas de
inovação, ciência e tecnologia, com objectivo de preparar e capacitar os novos

5 https://www.ua.pt/ieua/page/17532.
6 http://www.ipn.pt/incubadora.

27
empreendedores na elaboração e execução dos seus planos estratégico e de
negócios, conferindo assim soluções para capacitação em gestão empresarial,
gestão financeira e custos, marketing, planeamento, administração geral, produção e
operações.

A EsalqTec destina-se, portanto, a empreendedores que detectaram


uma oportunidade de negócio, conhecem como viabilizá-la, mas necessitam de um
espaço para definir o empreendimento, comprovação da viabilidade técnica ou,
ainda, elaboração do protótipo e viabilização do capital para o início do negócio7.

O Cietec foi criado 19988, foi criado com a missão de incentivar o


empreendedorismo e inovação tecnológica, bem como apoiar a criação,
fortalecimento e consolidação de empresas e empreendimentos inovadores, de base
tecnológica. Para materialização destes objectivos, o Cietec tem conduzido um
processo de pré-incubação, incubação e pós-incubação de empresas de base
tecnológica, destinados, basicamente, a apoiar a criação e desenvolvimento de
empresas, particularmente de MPEs e o seu fortalecimento e consolidação dessas
empresas, em especial em termos de participação no mercado e geração de
empregos de qualidade.

Os processos do Cietec de pré-incubação, incubação e pós-incubação


de empresas, são conduzidos na sua Incubadora de Empresas Tecnológicas e no
seu Núcleo de Empresas e Empreendimentos Tecnológicos que constituem suas
Unidades de Negócio, identificadas como ambientes de convívio sinérgico para a
instalação e operação de empresas de base tecnológica, nas várias fases de
crescimento de seus negócios, da sua criação a sua consolidação como empresa,
com participação crescente no mercado e na geração de empregos de qualidade. O
Cietec dispõe, actualmente, de infra-estrutura física e operacional para apoiar cerca
de 120 empresas de base tecnológica.

Em Moçambique, a Universidade Eduardo Mondlane criou em 2009


uma incubadora que tem uma capacidade de alojar 5 empresas de base tecnológica

7
http://www5.usp.br/servicos/incubadora-de-empresas-agrozootecnicas-piracicaba/.
8 a partir de um convénio celebrado entre a Secretaria de Desenvolvimento do Governo do Estado de São Paulo
– SD, SEBRAE-SP, a USP, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN e o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT. http://www5.usp.br/categorias-s/incubadora-de-empresas-usp-pesquisas-pesquisadores-e-
inovacao-usp/.

28
onde cada uma tem acesso a um gabinete com dois computadores, impressora e
acesso gratuito a internet. O primeiro grupo de empresas incubadas (a Webcom,
Real Business, DDJ Law Online, Informe, Inovar e Tecodata) trabalhou nas áreas de
desenvolvimento de páginas web, marketing, turismo, educação, usando as TICs
como ferramenta base de trabalho.

Ainda em Moçambique, a Universidade Politécnica de Moçambique


criou, em Junho de 2017, a Incubadora Tecnológica e de Empresas (ITE), como
uma unidade vocacionada à criação e desenvolvimento de pequenas empresas
inovadoras.

29
CAPÍTULO 2: METODOLOGIA

A investigação científica depende de um conjunto de procedimentos


intelectuais e técnicos para que seus objectivos sejam atingidos: os métodos
científicos. Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que
devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adoptada no processo
de pesquisa (Kauark et al., 2010).

Tendo em conta os objectivos definidos, a pesquisa será feita na


província da Lunda-Norte, especificamente na FEULAN, por ser uma Instituição do
Ensino Superior voltada à formação de quadros qualificados nos ramos de
Economia e Gestão.

2.1. Tipo de pesquisa

Portanto, em relação ao tipo de pesquisa, considera-se no seguinte:

 Do ponto de vista da natureza: é uma pesquisa aplicada, porque objectiva


gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigida à solução de problemas
específicos, de interesse local, no caso, a cultura empreendedora no seio da
comunidade académica;

 Do ponto de vista da forma de abordagem do problema: é uma pesquisa


qualitativa-quantitativa;

 Do ponto de vista de seus objectivos: é uma pesquisa exploratória porque


objectiva proporcionar mais informações sobre as Incubadoras de Empresas;

 Do ponto de vista dos procedimentos técnicos: é uma pesquisa bibliográfica


porque utilizamos primeiramente materiais já publicados, e também é um
levantamento, pois envolveu interrogação directa às pessoas (estudantes)
procurando saber suas opiniões sobre os benefícios que a criação de uma
Incubadora de Empresas na FEULAN trará para a prática do
empreendedorismo.

30
2.2. Tipo de métodos

Para o presente estudo, foram utilizados os seguintes métodos:

Métodos do nível teórico

 Bibliográfico: foi utilizado para o enriquecimento da fundamentação teórica


sobre a temática;
 Indução-dedução: serviu para a generalização das opiniões obtidas a partir
da amostra, para toda a população em estudo.

Métodos do nível empírico

 Inquérito com base no questionário: este método serviu de base, visto que
permitiu o conhecimento das opiniões da população sobre a necessidade de
criação de uma Incubadora de Empresas na FEULAN, como estratégia de
fomento do empreendedorismo.

Métodos do nível matemático - estatístico

 Análise percentual: este método permitiu, por meio da compilação de dados,


representações simples, a redução de fenómeno e uma fácil interpretação.

2.3. População e amostra

Entende-se por população, o conjunto de elementos sobre os quais


interessa obter informação e aplicar resultados, isto é, o objecto da investigação.
Sendo amostra aquele subconjunto da população sobre o qual recairá o estudo,
geralmente de 50%+1 (Kauark et al, 2010).

A população para a presente monografia é constituída pelos


estudantes e docentes da FEULAN. E como amostra, foi seleccionado de forma
aleatória um total de 105 pessoas, sendo 100 estudantes e 5 docentes, conforme a
caracterização na tabela abaixo.

31
Tabela 2.1 - Caracterização da Amostra

Frequência Frequência Relativa


Absoluta (ni) (%)

Masculino 85 81%
Género Feminino 20 19%

105 100%

Estudante 100 95%

Ocupação Docente 5 5%

105 100%

[18-23] Anos 30 28%

[24-29] Anos 31 30%

[30-35] Anos 26 25%


Faixa-etária
[40-45] Anos 11 10%

≥ 46 Anos 7 7%

105 100%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do inquérito (2019).

2.4. Instrumento para recolha de dados

O instrumento para a recolha de dados foi um questionário de perguntas


fechadas. A escolha deve-se ao facto de o conjunto de alternativas ser uniforme,
facilitando as comparações entre os inquiridos; é, portanto, menos dispendioso e
aplicável a um número elevado de pessoas em simultâneo. Foram ainda utilizadas as
seguintes técnicas:

 Observação: é uma técnica por excelência, que permitiu-nos constatar a


situação actual do empreendedorismo entre os estudantes da FEULAN;
 Entrevista: foi empregue com o objectivo de recolher os dados sobre a
FEULAN, especificamente sobre os funcionários, estudantes matriculados,
licenciados lançados no mercado, etc.;

Durante a pesquisa, obedeceu-se às seguintes tarefas e procedimentos:

A recolha de dados foi um exercício realizado pelas autoras em


colaboração e apoio da FEULAN. No entanto, o tratamento e análise de dados foram
32
tarefas de inteira responsabilidade das autoras, sob supervisão do Orientador. Os
dados recolhidos foram organizados em tabelas e gráficos, que permitiu uma
interpretação fácil e considerações finais mais esclarecidas.

Em relação à forma de aplicação do guia de recolha de dados, antes do


preenchimento da matriz, as autoras prestaram todas as informações relativas
sobre os objectivos da pesquisa, igualmente informaram que os dados serão
usados apenas para fins académicos.

O plano operacional da pesquisa decorreu conforme o modelo teórico


atempadamente proposto na pesquisa, buscando as opções de caminhos que
apresentassem facilidade no acesso aos dados necessitados e com menor custo.
As actividades desenvolvidas estão descritas no anexo A, de modo a visualizar a
sua sequência.

2.5. Tratamento de dados

Após a colecta de dados realizada de acordo com os procedimentos


indicados anteriormente, eles foram elaborados e classificados de forma sistemática.
Depois da análise e interpretação, os dados foram tratados de acordo a seguinte
ordem: selecção, codificação, tabulação e inserção dos gráficos, utilizando os
programas Microsoft Word e Microsoft Excel.

De salientar que a proposta para a criação da Incubadora de Empresas


foi baseada no Manual para implementação de Incubadoras de Empresas do
Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT do Brasil9.

9 Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT (2000), disponível em: www.mct.gov.br/setec/setec.htm.

33
CAPÍTULO 3: ANÁLISE DE DADOS, APRESENTAÇÃO E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

3.1. Breve caracterização da Faculdade de Economia da Universidade Lueji


A´Nkonde

A Faculdade de Economia da Universidade Lueji A´Nkonde, também


designada abreviadamente por FEULAN é, nos termos da Lei, uma unidade
orgânica permanente da ULAN, sedeada na cidade do Dundo, que tem como missão
ministrar cursos superiores convincentes a obtenção do grau de graduação e pós-
graduação em Economia e Gestão (Artigos 3º e 4º, do Estatuto Orgânico da
FEULAN).

Nos termos do artigo 2º do referido Estatuto, a FEULAN desenvolve as


suas actividades na Região Académica nº IV, em que está inserida a Universidade
Lueji A´Nkonde (ULAN).

Nos termos do artigo 7º, a estrutura interna da FEULAN compreende o


órgão executivo de gestão, órgãos auxiliares do órgão executivo de gestão, órgãos
colegiais, unidades funcionais, serviços executivos e serviços de apoio.

1. É órgão executivo de gestão o Decano.

2. São órgãos auxiliares do órgão executivo de gestão:


a) Vice-Decano para os Assuntos Académicos;
b) Vice-Decano para os Assuntos Científicos e Pós-graduação.

3. São órgãos colegiais da FEULAN:


a) Assembleia da Faculdade;
b) Conselho de Direcção;
c) Conselho Científico;
d) Conselho Pedagógico.

4. São unidades funcionais os departamentos de ensino e investigação, mais


especificamente:
a) Departamento de Ensino e Investigação de Economia;
b) Departamento de Ensino e Investigação de Gestão;
34
c) Centro de Investigação e Assessoria Económica.

5. São serviços executivos e de apoio da FEULAN:


a) Departamento dos Assuntos Académicos;
b) Departamento de Investigação Científica e Pós-Graduação;
c) Departamento de Documentação e Informação Científica;
d) Departamento de Administração e Gestão do Orçamento.

Na prossecução da sua missão, a FEULAN funciona com base no


organigrama apresentado no anexo B.

Actualmente, a FEULAN, conta com préstimos de 27 funcionários,


sendo 74% (que corresponde a 20) do género masculino e 26% (corresponde a 7)
do género feminino, conforme ilustra o gráfico 3.1.

Gráfico 3.1 - Distribuição dos funcionários da FEULAN por género

26%

Masculino
Feminino
74%

Fonte: FEULAN (2019).

No presente ano lectivo (2019), a FEULAN matriculou um total de 729


estudantes, sendo que 69% (correspondente a 504) são do género masculino e 31%
(correspondente a 225) são do género feminino.

Em relação aos anos académicos, 23% (equivalente a 167) frequentam


o primeiro ano, 33% (que corresponde a 241) são estudantes do segundo ano, 13%
(correspondente a 97) frequentam o terceiro ano. Ainda 17% (que equivale a 121)
são estudantes do quarto ano e 14% (que corresponde a 103) frequentam o quinto e
último ano, conforme a tabela 3.2.
35
Tabela 3.2 - Distribuição dos estudantes matriculados em 2019 na FEULAN por
género e ano académico
Género
Total
Ano Académico Masculino Feminino
Ni % ni % ni %

1º Ano 105 14% 62 9% 167 23%

2º Ano 174 24% 67 9% 241 33%

3º Ano 75 10% 22 3% 97 13%

4º Ano 87 12% 34 5% 121 17%

5º Ano 63 9% 40 5% 103 14%

Total 504 69% 225 31% 729 100%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da FEULAN (2019).

De salientar que, no período entre 2015 a 2019, a FEULAN lançou no


mercado nacional um total de 106 licenciados, sendo 18 em 2015, 6 em 2016, 32 em
2017, 36 em 2018 e 14 em 2019, conforme o gráfico 3.2.

Gráfico 3.2 - Número de licenciados pela FEULAN no período entre 2015 a 2019

40 36
35 32
30
25
18
20
15
14
10
5
6
0
2015 2016 2017
Total: 106 2018 2019

Licenciados

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da FEULAN (2019).

Portanto, com excepção ao ano de 2016, que registou o número mais


baixo de licenciados, e tendo em conta que em 2019 o número poderá aumentar, já
que muitos grupos estão esperando para defender suas monografias, a tendência é
crescente, ou seja, um número cada vez maior de jovens está se formando, e muitos
deles com um projecto ou ideia de negócio que poderia ser aproveitado para o

36
surgimento de MPEs locais, que com certeza contribuiriam para o desenvolvimento
socioeconómico da província e do país, em geral.

3.2. Análise das opiniões dos inquiridos sobre a necessidade da criação de


Incubadora de Empresas na FEULAN

Com vista a identificar a necessidade da criação de uma Incubadora de


Empresas na FEULAN, realizou-se um inquérito com 105 pessoas (100 estudantes e
5 docentes) da referida Faculdade, que serviram como amostra.

Questionados sobre quantos deles já tiveram uma ideia de negócio,


dos 105 entrevistados, grande parte, isto é, 97% (sendo 92% estudantes e 5%
docentes) responderam sim, e apenas 3% (todos eles estudantes) afirmaram nunca
ter tido, conforme ilustrado no gráfico abaixo.

Gráfico 3.3 - Opiniões dos inquiridos sobre se já tiveram uma ideia de


negócios

120%

97%
100% 92%

80%

60% Sim
Não
40%

20%
3% 5% 3%
0%
0%
Estudantes Docentes Total

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do inquérito (2019).

No entanto, apesar dessa maioria ter tido iniciativa empreendedora, a


pesquisa mostra que muitos deles não conseguiram implementar sua ideia, ou, pelo
menos, não sobreviveram por muito tempo. Dentre as principais dificuldades que
encontraram para implementar suas ideias ou se manter no mercado, 69% alegou
falta de financiamento, 15% afirmou que foi por causa excessiva burocracia na
constituição da empresa. Ainda 11% alegou falta de espaço físico, e 5% apontou
outras dificuldades, conforme o gráfico 3.4.

37
Gráfico 3.4 - Opiniões dos inquiridos sobre as dificuldades para implementar
suas ideias de negócio ou se manter no mercado

Falta de financiamento 69%

Excessiva burocracia na constituição da


15%
empresa

Falta de espaço físico 11%

Outras 5%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do inquérito (2019).

Todavia, os problemas acima apresentados, enquadram-se nos


objectivos das Incubadoras de Empresas, pelo que sua criação poderá eliminá-los,
ou, pelo menos, minimizar os efeitos desses problemas.

Pensando nesses benefícios, procurou-se saber, a partir dos inquiridos,


se acham que a criação de uma Incubadora de Empresas na FEULAN serviria como
incentivo para o empreendedorismo. E dos 100 entrevistados, maior parte, isto é,
90%, respondeu sim, e apenas 10% respondeu não, alegando que a FEULAN não
teria espaço para a instalação da referida incubadora, conforme o gráfico abaixo.

Gráfico 3.5 - Opiniões dos inquiridos sobre a criação de uma Incubadora de


Empresas como incentivo ao empreendedorismo

10%

Sim

Não
90%

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do inquérito (2019).

38
Portanto, após o inquérito realizado, identificou-se a necessidade de
criação da Incubadora de Empresas na FEULAN como estratégia de fomento do
empreendedorismo, pelo que, a seguir, apresentar-se-á a proposta para sua criação
com base no Manual para implementação de Incubadoras de Empresas.

3.3. Proposta de criação da Incubadora de Empresas na FEULAN


3.3.1. O estudo de viabilidade técnica

1. As instituições de apoio

A Incubadora de Empresas da FEULAN (IncubE-FEULAN) terá como


principal instituição de apoio à própria FEULAN, que terá o papel de gerir a
Incubadora, além de fornecer recursos humanos qualificados para atender as suas
necessidades.

No entanto, a FEULAN poderá formar parcerias com outras instituições


públicas e privadas, conforme o quadro abaixo.

Quadro 3.4. - Proposta de parcerias para a IncubE-FEULAN e seus objectivos

Parcerias Objectivos

Reconhecimento da Incubadora e capacitação os


Instituto Nacional de Apoio às Micro, empreendedores e empresas incubadas em matéria de
Pequenas e Médias Empresas gestão de negócios, nomeadamente: matérias ligadas
(INAPEM) à Contabilidade básica, Organização e Gestão de
Empresas e direito da empresa.

Concepção de espaço (salas) para uso individual e


Centro Local de Empreendedorismo e
compartilhado durante o período de incubação de
Serviços de Emprego (CLESE)
empresas.

Apoio financeiro à Incubadora e às empresas


Banco Sol
incubadas.
Facilitar o registo da actividade comercial exercida
pelas empresas incubadas; desburocratizar,
Balcão único do Empreendedor
concentrar num único local todos os serviços
(BUE)
intervenientes no processo de constituição e
licenciamento das MPEs.

Fonte: Elaboração própria com base na pesquisa (2019).

39
2. Análise SWOT

A análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de


cenário (ou análise de ambiente), sendo usado como base para gestão e
planeamento estratégico de uma corporação ou empresa, mas podendo, devido a
sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário (Nunes,
2016).

O quadro 3.5 mostra os pontos fortes, fracos, oportunidades e


ameaças da IncubE-FEULAN.

Quadro 3.5 - Análise SWOT da IncubE-FEULAN


Pontos fortes Pontos fracos
 Serviços e Facilidades oferecidos;
 Parcerias;
 Falta de Experiência da equipa
 Capacidade Empreendedora da
gestora
comunidade académica;
 Localização;
 Gestão.

Oportunidades Ameaças

 Poderá ser a única Incubadora de


Empresas funcionando na província;  Instabilidade económica do país
 Apoio de Instituições governamentais.

Fonte: Elaboração própria com base na pesquisa (2019).

3.3.2. O Plano de Negócios

Conforme o MCT (2000), o Plano de Negócios constitui-se num roteiro


operacional, financeiro e estratégico a ser seguido pela equipa que pretende instalar
e gerenciar a incubadora, estabelecendo os vários passos que devem ser dados
para que a concepção da incubadora se transforme, em um período de tempo pré-
determinado, em um empreendimento de êxito, em conformidade com o que foi
planeado.

40
a) Visão, missão, objectivos e valores

 Visão

Ser reconhecida por excelência no processo de graduação de


empresas e obtendo reconhecimento não somente da FEULAN, mas também
perante outras instituições públicas e privadas da Lunda-Norte, em particular, e de
Angola, em geral.

 Missão

A IncubE-FEULAN terá por missão apoiar e fomentar novos


empreendimentos empresariais, garantindo seu desenvolvimento e graduação bem-
sucedida como forma de promover o bem-estar social e desenvolvimento
económico, especialmente, da província da Lunda-Norte.

 Objectivo geral

Apoiar as iniciativas empreendedoras de estudantes e funcionários da


FEULAN, que estejam comprometidos com a concepção e desenvolvimento de
novos negócios.

 Objectivos específicos

o Disseminar a cultura empreendedora entre membros da comunidade


académica da FEULAN (docentes, estudantes, técnicos administrativos, etc.);
o Estimular um ambiente de pré-incubação na Faculdade com potencial de
gerar oportunidades de incubação para novos empreendimentos
empresariais, possibilitando a transformação de resultados oriundos de
pesquisa em novos negócios;
o Contribuir para a capacitação e qualificação de novos empreendedores,
preparando-os para gerir os seus próprios negócios;
o Promover a aproximação entre investidores e a comunidade académica da
FEULAN, incluindo a captação de capital de risco para o desenvolvimento dos
projectos das empresas incubadas; e
o Estabelecer parcerias, redes de relacionamento entre a Faculdade e
empresas que busquem promover na FEULAN um ambiente propício à

41
inovação e ao empreendedorismo, factores fundamentais para surgimento e a
viabilização de sucesso aos novos negócios.

 Valores

o Empreendedorismo: fomentar o desenvolvimento de novas ideias e


desenvolver o espírito empreendedor dos gestores de suas incubadas;
o Engajamento: comprometimento e vontade de tornar o processo de
desenvolvimento de ideias em um empreendimento de sucesso;
o Busca constante por inovação: fomentar e apoiar o surgimento de ideias
inovadoras que contribuam com o progresso da sociedade;
o Excelência: graduar empresas de forma eficiente, tornando-as aptas para
sobreviver e ter sucesso actuando no mercado de trabalho;
o Ética: manter um relacionamento de respeito e ética com as empresas
incubadas;
o Referência: reconhecimento como Incubadora de Empresas, contribuindo
com o desenvolvimento de negócios de sucesso.

b) Descrição da Incubadora

 Tipo de Incubadora

A IncubE-FEULAN será uma Incubadora de Empresas mista que


abrigará tanto empresas dos sectores tradicionais da economia, como empresas de
base tecnológica, cujo público será a comunidade académica da FEULAN.

 Localização

A IncubE-FEULAN funcionará nas instalações do CLESE, na província


da Lunda-Norte, município do Chitato, Distrito Urbano do Mussungue, Bairro
Samacaca, defronte ao edifício sede do MPLA.

Trata-se de um Centro com capacidade de três (3) salas para


formação, medindo cada 8 m2, além de gabinetes e outros compartimentos. De
salientar que uma (1) das salas de formação, que por sinal foi construída com
objectivo de incubar projectos dos formandos está vaga, e poderá ser utilizada para

42
a implantação da IncubE-FEULAN, podendo albergar até 8 empresas ou
empreendedores (anexo C).

 Facilidade e Serviços

O quadro a seguir ilustra os serviços e facilidades que a IncubE-


FEULAN poderá oferecer:

Quadro 3.6 - Facilidades e Serviços da IncubE-FEULAN

Serviços e facilidades Descrição Responsável

Sala compartilhada, laboratórios, sala de reunião,


Infra-estrutura CLESE
recepção etc.

Assessoria gerencial, contábil, jurídica, apuração e


Serviços Básicos controlo de custo, gestão financeira, comercialização, FEULAN
exportação e o desenvolvimento do negócio, etc.

Capacitação Treinamento, cursos, etc.; INAPEM

Contactos de nível com entidades governamentais e


Network investidores, participação em eventos de divulgação FEULAN
das empresas, fóruns, etc.

Financiamento Facilidade no acesso ao crédito Banco Sol

Legalização Facilidade e rapidez na constituição das empresas BUE

Outros serviços Internet, energia, segurança, telefone, etc. FEULAN

Fonte: Elaboração própria com base na pesquisa (2019).

c) Aspectos Legais

A IncubE-FEULAN não terá um regime jurídico próprio, mas como o


nome indica, estará vinculada à FEULAN, funcionando dentro do Departamento de
Assuntos Científicos.

d) Estrutura organizacional

A gestão da IncubE-FEULAN ficará a cargo da FEULAN, que formará


uma equipa de gestão, liderada por um gestor. De salientar que a equipa de gestão
deve possuir qualidades e habilidades pessoais que incluam espírito empreendedor.

43
Apresenta-se na figura abaixo a proposta de organograma para a
IncubE-FEULAN.

Figura 3.3 - Proposta de organograma para a IncubE-FEULAN

Decano da FEULAN
(Coordenador)

Conselho de
Gestão

Gestor da IncubE-
FEULAN

Secretaria

Área Área de Área de Relações Área de


Administrativa Consultoria Formação Externa Finanças

Fonte: Elaboração própria com base na pesquisa (2019).

 Decano da FEULAN (Coordenador)

O Decano, enquanto coordenador da IncubE-FEULAN, terá a função


de articular e manter todos os actores da Incubadora a par dos objectivos traçados,
isto é, pôr em prática a proposta, e terá como principais tarefas:

1) Diagnosticar os principais problemas da incubadora;


2) Realizar modificações com finalidade de que os objectivos traçados pela
incubadora sejam alcançados;
3) Seleccionar as melhores estratégias;
4) Servir de ponte para todos os agentes envolvidos;
5) Avaliar as necessidades e os interesses de cada um deles.

44
 Conselho de gestão

O Conselho terá a tarefa de definir as políticas da Incubadora,


elaborando o planeamento estratégico, avaliando o desempenho e propondo
melhorias ou alterações, como demandado pelos serviços da Incubadora. Além
disso, o Conselho terá a responsabilidade de definir os critérios e parâmetros para
selecção dos projectos candidatos à admissão na Incubadora; supervisionar e
solucionar questões administrativas que estão além do alcance da gerência.

O Conselho de Gestão será integrado por:

a) Decano da FEULAN (coordenador), que presidirá;


b) Gestor da IncubE-FEULAN;
c) Chefes de cada Área;
d) Outras entidades que o Decano, por sua iniciativa ou por recomendação dos
restantes membros do Conselho, entenda convidar.

 Gestor da IncubE-FEULAN

O Gestor será responsável por garantir que as políticas definidas pelo


Conselho sejam postas em prática, bem como solucionar problemas da Incubadora,
desenvolver empresas e preocupar-se com a qualidade dos serviços oferecidos.

 Secretaria

A Secretaria será responsável por organizar e participar dos afazeres


básicos da Incubadora tais como: organizar e classificar os documentos, pagar
contas, redigir cartas, se comunicar com os agentes da incubadora e auxiliares
externos de escritórios e prestar informações aos interessados.

 Área administrativa

Essa área será encarregue da gestão dos recursos humanos, do


património, da administração e expediente da Incubadora.

45
 Área de consultoria e assessoria

Essa área será responsável pela consultoria e assessoria aos


empreendedores incubados, em materiais de gestão, contabilidade, jurídica,
apuração e controlo de custo, gestão financeira, comercialização, exportação e o
desenvolvimento do negócio, etc.

 Área de formação

Essa área compreenderá um conjunto de actividades que visaram


transmissão teorica e/ou prática de conhecimentos, habilidades e atitudes aos
empreendedores incubados.

 Área de relações externas

Será a área responsável pela internacionalização dos projectos


incubados, criação de parcerias e prospecção de financiamentos.

 Área financeira

Será responsável pelo controlo da tesouraria dos investimentos e dos


riscos, gestão de contas e impostos, do planeamento financeiro da incubadora e da
divulgação dos seus resultados; garantir recursos para que a incubadora possa
cumprir com os seus objectivos mantendo-se activa e competitiva, garatindo não
apenas lucros imediatos, mas, também no longo prazo.

e) Estrutura Financeira

A IncubE-FEULAN contará primeiramente com o financiamento da


FEULAN e do Banco Sol, como parceiro. Poderá ainda contar com valores mensais
pago pelas empresas incubadas (Akz 10.000,00).

f) Estrutura Operacional e de Procedimentos

 Estratégias de divulgação

A IncubE-FEULAN começará por divulgar os seus serviços


primeiramente na FEULAN, por meio de criação de palestras e outras reuniões entre

46
os docentes, estudantes, que é o principal público-alvo, e a equipa de gestão da
Incubadora. Posteriormente, os serviços poderão ser anunciados para a comunidade
em geral, por meio de anúncios na Rádio e editais.

 Convocação de Empresas/Projectos

Para a convocação dos candidatos, a IncubE-FEULAN irá publicar um


edital com as seguintes informações:

1. Objectivo e condições do Programa de Incubação;

O Programa de Incubação terá como objectivo apoiar as iniciativas


empreendedoras de estudantes e outros membros da comunidade académica da
FEULAN, que estejam comprometidos com a concepção e desenvolvimento de
novos negócios. Sendo a principal condição, pertencer à comunidade académica da
referida Instituição.

2. Número máximo de vagas;

A princípio, a IncubE-FEULAN só terá capacidade de incubar 8


projectos. No entanto, este número poderá aumentar se forem criadas outras
condições (mais salas para incubação).

3. Critérios e candidatos elegíveis;

Para ingressar na Incubadora, deverá se obedecer aos seguintes


critérios:

 Ser estudante ou membro da FEULAN;


 Possuir uma ideia de negócio que seja viável;
 Elaborar um Plano de Negócios de forma escrita.

4. Lista dos Documentos exigidos;

O candidato deverá apresentar os seguintes documentos:

 Uma cópia colorida do Bilhete de Identidade;


 Duas fotografias tipo-passe;

47
 Declaração de frequência universitária na FEULAN, caso seja estudante;
 Declaração de Serviço da FEULAN, caso seja funcionário ou outro membro
da FEULAN;
 Apresentar, em relatório escrito, o Plano de Negócio.

5. Processo de Selecção;

Os candidatos serão seleccionados com base na qualidade e


viabilidade do Plano de Negócio que apresentarem.

6. Taxas de inscrição e participação;

No processo de inscrição, deverá ser pago um valor monetário de Akz


1.000,00 (mil kwanzas) para a aquisição do formulário. E durante a incubação, os
candidatos pagarão uma quota mensal de Akz 10.000,00 (dez mil kwanzas) para a
sustentabilidade da Incubadora.

 Regras de Admissão

O conceito de incubadora pressupõe a adopção de critérios bem


definidos para a admissão de empresas para participar do processo de incubação e
de regras que administrem a saída das empresas, quando se esgota o prazo
previamente estipulado para a incubação.

No caso da IncubE-FEULAN, os critérios de admissão para participar


do processo de selecção, são:

 Quanto à convocação das empresas, tendo em conta que se trata de uma


Incubadora do tipo mista, aceitará empreendedores ou empresas de diversos
sectores (tecnológicas ou tradicionais);
 Em relação à área de actuação, a IncubE-FEULAN actuará em todas as
áreas de conhecimento disponíveis, sem excepção de alguma;
 Quanto ao tipo de empresas, poderão ser admitidas empresas diversificadas,
quer sejam industriais, comerciais ou de serviços;
 Quanto à situação da empresa elegível, poderão ser empresas em
constituição, novas formadas por pessoas físicas, novas formadas por
pessoas jurídicas ou empresas já existentes.
48
 Análise das Propostas

Seguindo, exemplo de países, como o Brasil, os candidatos que


quiserem fazer parte da Incubadora, passarão, primeiramente, por um processo de
pré-selecção, onde participarão de um curso preparatório para elaboração do Plano
de Negócios.

Esse curso funciona como um processo de conscientização da


capacidade empresarial e empreendedora do candidato e, ainda, das possibilidades
de êxito e dos riscos envolvidos no negócio. Pois, há candidatos que desistem de
transformar suas ideias em uma empresa, por perceberem que as dificuldades e
riscos são maiores que as possibilidades de êxito e/ou sentem-se despreparados
para assumir os compromissos necessários para o sucesso do empreendimento. Os
que permanecem no processo, o fazem porque se sentem seguros e dispostos a
prosseguir, conscientes de que a incubadora reduz, mas não anula, os riscos
inerentes à criação de empresas (MCT, 2000).

Finalmente, passa-se à análise do Plano de Negócios de cada


candidato. De acordo com Nunes (2016), os principais tópicos do Plano de Negócios
são:

1. Sumário executivo;
2. Descrição de negócio;
3. Análise ambiental;
4. Plano de marketing;
5. Plano operacional;
6. Equipa de gestão e plano financeiro;
7. Plano estratégico da empresa.

Conforme MCT (2000), os itens que deverão ser analisados, tendo em


vista a admissão, são:

1. Projecto técnica e comercialmente viável (como demonstrado no Plano de


Negócios da Empresa);
2. Qualificação técnica e gerencial do proponente;
3. Impacto do produto, processo ou serviço na sociedade;

49
4. Conteúdo tecnológico do produto ou serviço (para empresas de base
tecnológica);
5. Previsão da autonomia futura da empresa (fora da incubadora);
6. Demonstração da adequação da empresa aos objectivos da incubadora e
previsão de interacção com as instituições que a apoiam.

 Regras de Saída

O período de incubação, vai variar de acordo com o ramo actividade da


empresa ou projecto incubado, isto é, ser for empresa dos sectores tradicionais da
economia (como, por exemplo, comerciais), o prazo será de 3 anos. Mas no caso de
empresas de base tecnológica o prazo poderá ser de até 8 anos.

A empresa incubada estará sujeita à revisão regular de seu


desempenho. As empresas que não conseguem atingir as metas acordadas e
registradas em seus planos de negócios estarão sujeitas à intervenção da
incubadora em seus procedimentos de gestão, ou então deverão deixar a
incubadora.

A figura abaixo, apresenta, em resumo, o funcionamento da


Incubadora.

Figura 3.4 - Esquema de funcionamento da IncubE-FEULAN

Fonte: Elaboração com base na pesquisa (2019).

50
CONCLUSÕES

Com a realização do presente estudo, tira-se as seguintes conclusões:

1. As Incubadoras de Empresas são muito importantes, por constituírem,


ambientes inovadores, onde novos empreendimentos são encorajados, tendo
como suporte a assessoria técnica, jurídica e empresarial, além de oferecer
serviços integrados de laboratórios, telefones, internet, segurança, espaço
físico, etc.; geralmente nascem no seio das universidades com o objectivo de
fomentar o surgimento de empresas inovadoras, nas vertentes de projectos
de pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico.

2. O inquérito realizado na FEULAN revelou a necessidade de criação de uma


Incubadora de Empresas, pois apesar de muitos estudantes e docentes terem
tido uma ideia de negócio, maior parte não conseguiu implementá-lo, sendo
que as principais dificuldades por eles apontadas, nomeadamente: falta de
financiamento, excessiva burocracia na constituição da empresa e a falta de
espaço, podem ser eliminadas ou, pelo menos, reduzidas se forem
incubados.

3. A proposta elaborada mostra-se viável, pelo que a sua implementação poderá


contribuir no fomento ao empreendedorismo entre a comunidade académica
da FEULAN.

51
SUGESTÕES

Comprovada a importância das Incubadoras de Empresas enquanto


estratégia de fomento do empreendedorismo, deixa-se as seguintes sugestões:

1. À FEULAN, que busque formas de implementar a proposta apresentada,


sobre a criação da Incubadora de Empresas, tendo em conta a sua
contribuição na disseminação da cultura empreendedora entre membros da
comunidade académica da FEULAN e na capacitação e qualificação de novos
empreendedores, preparando-os para gerir os seus próprios negócios;

2. Às instituições do Ensino Superior, em geral, que procurem transformar as


pesquisas académicas em negócios que gerem benefícios para a sociedade,
pelo que a criação de Incubadora de Empresas apresenta-se como uma
alternativa para o estímulo do espiríto empreendedor entre a comunidade
académica.

52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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55
Instituições

CENTRO LOCAL DE EMPREENDEDORISMO E SERVIÇOS DE EMPREGO –


CLESE (2019).

FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE LUEJI A´NKONDE – FEULAN


(2019).

Sites consultados

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http://www.ipn.pt/incubadora.

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pesquisadores-e-inovacao-usp/

www.mct.gov.br/setec/setec.htm.

http://www.imcuba.co.ao/blog/2015/08/15/incuba-angola-transforma-ideias-em-
negocios-viaveis/.

56
ANEXO A – FLUXOGRAMA DO PLANO OPERACIONAL DA PESQUISA

Definição do problema

Definição dos dados


para pesquisa

Elaboração do questionário

Colecta de dados

Análise de dados

Identificação da necessidade de criação de uma Incubadora de


Empresas na FEULAN e elaboração da proposta.

Conclusões

Fonte: Elaboração própria com base a pesquisa (2019).


ANEXO B – ORGANIGRAMA DA FEULAN

Fonte: FEULAN, 2019.


ANEXO C – SALA PARA FUNCIONAMENTO DA INCUBE-FEULAN (CLESE)

Fonte: Foto própria (2019).


ANEXO D – ESTATUTO ORGÂNICO DA FEULAN
APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ESTUDANTES E DOCENTES DA
FEULAN

Estimado (a), somos estudantes no curso de Economia, na Especialidade de Gestão de Empresas, da


Faculdade de Economia. No âmbito da elaboração do trabalho do fim do Curso subordinado ao tema:
“Proposta para criação da Incubadora de Empresas da Faculdade de Economia da Universidade
Lueji A´Nkode como estratégia de fomento do Empreendedorismo”, estamos a dirigir um inquérito
com a finalidade de recolher as opiniões para o efeito. Para tal, necessitamos da vossa contribuição na
concretização deste trabalho.

Responda as questões assinalando com x na opção correcta

Identificação

1- Género

Masculino

Feminino

2- Faixa etária
18 a 23 anos
24 a 29 anos
30 a 35 anos
36 a 41 anos
≥ 42 anos

3- Ocupação actual
Docente
Estudante

Questões

4. O (a) Sr (a) já teve uma ideia de negócio?

Sim Não

5. Que dificuldade teve para implementar sua ideia de negócio ou se manter no mercado?

Falta de financiamento

Excessiva burocracia na constituição da empresa

Falta de espaço físico

Outra____________________________________________________________

6. O (a) Sr (a) considera benéfica a criação de uma Incubadora de Empresas na FEULAN?

Sim Não

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