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I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia

Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003

SISTEMAS PRODUTIVOS DE RONDÔNIA

Newton de Lucena Costa


Chefe Geral Embrapa Rondônia

1. Diagnóstico

Rondônia representa a mais dinâmica fronteira agrícola da Amazônia. Sua população passou de
36.935 habitantes em 1970 para 1.377.793 em 2000. Cerca de 40% da população concentra-se na
zona rural, que conta com cerca de 72.887 propriedades rurais com menos de 200 ha. Apesar da
desaceleração do processo migratório e das restrições ecológicas à abertura de novas áreas de
florestas, permanece no Estado um potencial produtivo instalado muito grande. A capacidade de
respostas aos estímulos governamentais ou não, visando a melhoria da produtividade
agropecuária, tem sido excepcional. Conciliar o desenvolvimento agrícola usando racionalmente os
recursos naturais deve ser o principal objetivo de todas as instituições responsáveis pelo processo
produtivo. A importância setor agropecuário para a economia estadual pode ser constatada
analisando-se os dados do Produto Interno Bruto de Rondônia. No período 1985/1995, a
participação da agropecuária passou de 22,2 para 30,0%. No período 1975/1995, Rondônia foi o
Estado da região Norte que apresentou a maior evolução, importância relativa e taxas de
crescimento da produção, no setor de lavouras (Tabela 1).

TABELA 1. Evolução, importância relativa e taxas de crescimento da produção, setor de


lavouras. 1970/1995.
1
Evolução (Base 1970 = 100 )
Estados 1975 1980 1985 1995
Acre 75,00 77,94 67,78 130,24
Amazonas 113,48 124,07 126,88 123,53
Amapá 84,13 56,46 52,38 50,34
Pará 140,14 163,47 199,71 157,62
Roraima 160,28 361,40 393,86 707,02
Rondônia 424,20 713,09 1.787,65 1.700,99
FONTE: Vicente et al. (2001)
1. Os dados referem-se às Classes/Grupos de Atividade Econômica Agricultura e
Agropecuária (1970 a 1985) ou Lavouras Temporárias, Lavouras Permanentes e Produção
Mista (1995).

1.1 Culturas anuais


As culturas alimentares anuais (arroz, feijão, milho, mandioca e feijão-caupi), tradicionalmente,
destinam-se ao consumo próprio e o excedente é comercializado. Geralmente, estas culturas
são implantadas em sistema de derrubada e queima, aproveitando a fertilidade natural do solo
durante um período de dois a três anos. Os cultivos sucessivos em uma mesma área resultam
na perda da fertilidade e degradação do solo, com o surgimento de plantas invasoras. A
utilização de tecnologias inadequadas pode inviabilizar economicamente as explorações,
determinando o abandono e a incorporação de novas áreas ao processo produtivo, o que
contribui para aceleração do desmatamento. Além disso, a carência de mão-de-obra e a
comercialização e armazenamento deficientes são os fatores que mais contribuem para a
elevação dos custos de produção, reduzindo a competitividade dos produtores no mercado
nacional. Apesar destas limitações, o estado vem se firmando como um grande produtor de
grãos. Em 1995, a produção estadual foi da ordem de 713 mil toneladas (arroz, milho e feijão), o
que representa um acréscimo de 77% em relação à produção verificada em 1985. Outra cultura
anual que vem apresentando uma grande expansão nos últimos anos é a do algodão herbáceo.
Esta cultura é favorecida pela baixa infestação de pragas, o que lhe confere um preço
competitivo, em relação às regiões tradicionais da cotonicultura nacional.
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Os dados gerais da produção agrícola de Rondônia demonstram que a diversificação da produção


já excluiu o Estado da fase de mera agricultura de subsistência, gerando excedentes exportáveis,
como é o caso do milho, arroz, feijão e soja. As causas da falta de expansão da produção agrícola,
nos últimos anos, podem ser atribuídas às questões relacionadas à inexistência ou deficiências
nas ações de crédito, do fomento, preços não atrativos e outros fatores conjunturais como
armazenagem e transporte. As restrições impostas aos produtores rurais, em consonância com a
política do Governo Federal para o meio ambiente, como, por exemplo, a Medida Provisória 2166,
que limita os percentuais de áreas desmatadas, tenham sido responsáveis pela estabilização ou
redução na produção agrícola, visto que os custos para o plantio em áreas recém-desmatadas é
muito inferior aos praticados em áreas de desmatamento antigo, que requerem mecanização e
mais mão-de-obra nos tratos culturais (FIERO, 1999).

TABELA 2. Área colhida, produção e produtividade das principais culturas anuais de Rondônia.
Cultura Área (mil ha) Produção (mil t) Produtividade (kg/ha)
1985 1995 2000 1985 1995 2000 1985 1995 2000
Arroz 147,8 148,6 96,5 219 262 154 1.482 1.763 1.595
Feijão 59,6 123,6 86,2 36 81 50 604 655 580
Milho 90,8 198,8 130,0 147 370 204 1.619 1.861 1.570
Mandioca 28,8 41,8 16,2 487 708 245 16.910 16.938 15.123
Soja 1,3 4,5 11,8 1,6 9 36 1.230 2.000 3.051
Algodão -- 19,1 0,7 -- 27 6 -- 1.413 857

1.2 Olericultura

Na produção de olerícolas, o Estado enfrenta grandes problemas devido ao excesso de chuvas no


verão e as altas temperaturas anuais. O manejo inadequado concorre para o surgimento de pragas
e doenças que contribuem para a baixa produtividade. As culturas do tomate e do pimentão são
severamente infectadas pela murcha bacteriana e a do pepino pela antracnose. Mesmo assim, as
hortas comerciais vêm produzindo tomate, cenoura, repolhos e folhosas em maior intensidade nos
cinturões verdes das cidades mais populosas do Estado, tais como Porto Velho, Ji-Paraná e
Cacoal. Apesar desta produção, cerca de 80% desses produtos são importados de outros Estados.
Com a instalação do Pólo Hortícola de Vilhena, concomitantemente com um efetivo apoio técnico e
creditício, o cultivo de hortaliças em estufas plásticas, durante o período chuvoso, está sendo
viabilizado com bastante sucesso. Mais recentemente, a criação do Programa Porto Verde, em
2001, em Porto Velho, será mais um pólo para a produção de hortaliças no Estado. Abrem-se,
ainda, novas perspectivas com a implantação de outros projetos em Porto Velho, através da
produção de alface pelo processo de hidroponia, com custos acessíveis, visando ao atendimento
do mercado de Manaus.

1.3 Culturas Perenes

As culturas perenes são estabelecidas em áreas recém-desmatadas ou em substituição às culturas


anuais e, em menor proporção no reaproveitamento de capoeiras. Em geral, a exploração destas
culturas tem por base a mão-de-obra familiar. O café (200.000 ha), o cacau (34.591 ha) a banana
(30.963 ha), além de fruteiras regionais ou exóticas (15.000 ha), conferem a Rondônia a maior
área com cultivos perenes da Amazônia. Os estímulos às pesquisas e ao fomento com cultivos de
ciclo longo deverão tornar ainda mais atrativa esta opção de exploração agrícola, com tendências
para o aumento das áreas cultivadas com guaraná, urucum, mamão, acerola, pimenta-do-reino,
palmáceas (palmito e frutos), desde que o mercado seja viabilizado. Além disso, há grande ênfase
na implantação de sistemas multiestratos, que inclui espécies de banana, cupuaçu, seringueira,
castanha-do-Brasil, café, cacau e diversas essências florestais.
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TABELA 3. Área colhida, produção e produtividade das principais culturas perenes de Rondônia.
Cultura Área (mil ha) Produção (mil t) Produtividade (kg/ha)
1985 1995 2000 1985 1995 2000 1985 1995 2000
Café 62,6 137,8 203,2 74,1 175 213 1.183 1.270 1.048
Cacau 37,6 34,6 16,2 22,7 15,6 6,8 604 451 419
Banana 24,2 30,9 7,9 21,7 25,9 5,8 897 838 734
Guaraná -- 0,4 0,2 -- -- -- -- 436 343
Laranja -- 1,6 0,9 -- -- -- -- 66.418* 70.062*
Manga -- 0,8 0,2 -- -- -- -- 18.889* 20.837*
Coco -- 2,7 0,4 -- -- -- -- 2.177* 4.979*
Mamão -- 0,9 0,1 -- -- -- -- 14.278* 13.631*
* Frutos/hectare.

Rondônia ocupa, atualmente, o quarto lugar como produtor de café no país e o segundo como
produtor de café do tipo Robusta. Predominam na região pequenos e médios produtores, com
sistemas de produção similares aos utilizados nas regiões produtoras tradicionais do país. Estima-
se que aproximadamente 44.000 produtores tenham a cultura do café como base econômica de
suas propriedades. As cultivares mais plantadas são Kouillou (Conilon), da espécie Coffea
canephora (Café Robusta), Catuaí e Mundo Novo de Coffea arábica. Essas duas últimas cultivares
apresentam maturação bastante precoce no Estado, com início em fevereiro e março, em plena
estação chuvosa, prejudicando as operações de colheita e pós-colheita do produto.

Quanto ao palmito de pupunha, dados levantados pelo ITERON, em 1996, mostram que a extração
do palmito ocorreu em 21 municípios de Rondônia e alcançou um volume de 820.300 estirpes, o
que correspondeu aproximadamente a 230 t de produto final líquido. A indústria de conserva do
palmito apresenta uma estrutura tecnológica relativamente simples que não demanda elevados
investimentos e depende da eficiência de operações manuais de corte e acondicionamento do
produto. Segundo o ITERON, em 1996, operaram 11 unidades de produção em situação jurídica
regular, embora existam pequenas unidades clandestinas nas áreas de maior produção. A
produção de conserva de palmito em Rondônia está estimada em torno de 300t/ano de peso
líquido. A relação produto bruto industrializado/palmito natural varia bastante em função da
qualidade das estirpes. A média geral do Estado é de 3.585 estirpes para produzir uma tonelada
de palmito (peso líquido), com uma variação entre extremos de 2.297 a 4.000 estirpes (SUFRAMA,
2001).

Para o cupuaçu, torna-se bastante difícil prever no momento qual seria o mercado potencial. A sua
expansão deve ficar condicionada às pressões da demanda regional e nacional, que deverá
crescer em função do crescimento da população e pelo rebaixamento dos preços, considerados
altos em relação a outras frutas, dada a sua baixa oferta. A conquista de novos mercados exige
competência, agressividade, apresentação de um produto confiável, higiênico e garantia de oferta.

As tentativas de cultivo de mamão não se têm mostrado viáveis, devido principalmente a


problemas fitossanitários. Embora não se tenha o índice médio de consumo deste produto,
presume-se que toda a sua produção é destinada ao mercado interno. O abacaxi apresenta
características promissoras. Sendo o Estado praticamente auto-suficiente. Sua produção está
sendo destinada ao consumo in natura, com possibilidades de aproveitamento de polpas e
concentrados.A produção de melancia está apenas iniciando mas já começa a abastecer parte do
mercado interno. Face à boa aptidão agrícola dos solos das áreas ribeirinhas, o Estado tende a ser
auto-suficiente a curto prazo e, inclusive, exportar a produção excedente para as demais regiões
do país (FIERO, 1999).

1.4 Pecuária

Os primeiros dados registrados pelo IBGE sobre a pecuária em Rondônia datam de 1973,
revelando um efetivo bovino total de 20.249 cabeças, no então território. Nos anos seguintes,
registrou-se uma taxa geométrica de crescimento de 35,1% ao ano, sendo constatado já em 1979
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no levantamento realizado pelo mesmo órgão, um total de 176.221 cabeças de bovinos no estado.
Os anos 70, em especial 78 e 79, foram marcados pela injeção de significativo volume de crédito
através dos programas especiais PROTERRA (Programa de Redistribuição de Terras e de
Estímulo à Agricultura do Norte e Nordeste) e POLAMAZÔNIA (Programa de Desenvolvimento de
Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia), que repassaram recursos para investimentos e
custeio a juros médios de 7% ao ano, sendo esta a forma esperada para incentivar um
crescimento mais rápido da pecuária, com vistas a suprir a demanda interna em níveis de
expansão cada vez mais elevados, em virtude do intenso fluxo migratório experimentado pelo
território.

A partir do ano de 1979, com a decisão do Conselho Monetário Nacional de retirar gradativamente
os subsídios ao Crédito Rural, o volume de recursos emprestados aos pecuaristas pelas às
instituições financeiras evoluiu negativamente, registrando-se no ano de 1983, em valores
deflacionados, um volume de apenas 11% daquele tomado pelo produtor no ano de 1978. A soma
dos recursos tomados nos quatro últimos anos (1980/83) foi de 42% do total dos recursos
concedidos nos dois anos iniciais (1978/79).

Apesar de penalizada com taxas de juros elevadas, a bovinocultura de Rondônia continuou a


crescer nos anos 80, registrando-se, segundo estimativas do IBGE (Acompanhamento Conjuntural
de Agropecuária de Rondônia, 1984) um rebanho de 653.000 cabeças em 1984, com uma taxa
geométrica de crescimento de 27% ao ano, a partir de 1980. Este crescimento que, se por um lado
não foi devido à concessão de crédito subsidiado pelas autoridades monetárias, por outro, deve-se
creditar parte ao Governo estadual e ressaltar o trabalho desenvolvido pela Secretaria de
Agricultura com a promoção de atividades de incentivo (Exposições Agropecuárias e leilões),
procurando facilitar a integração e troca de experiência entre os produtores e agilizar a
comercialização e a introdução de matrizes e reprodutores de melhor padrão genético, visando,
com tais medidas, a melhoria dos índices zootécnicos do rebanho estadual. Também o Programa
de Inseminação Artificial, implantado nesta época (Comissão Estadual de Planejamento Agrícola,
1983) contribuiu decisivamente neste sentido.

É importante ressaltar ainda que uma parcela do crescimento do rebanho bovino em Rondônia
deve ser creditada à tendência natural de expansão da atividade, na medida em que o fluxo
migratório tornou-se mais intenso, mais produtores dedicaram-se à pecuária e, conseqüentemente,
novas áreas foram formadas com pastagens.

A escassez de mão-de-obra, descapitalização do produtor e os baixos preços dos produtos


agrícolas têm induzido o Estado a um acelerado processo de pecuarização. A bovinocultura é a
mais expressiva, tendo-se expandido a uma taxa de 22% ao ano, na última década. O efetivo
bovino estadual está estimado em 7.200 mil cabeças, representando o 8º rebanho bovino do País.
As pastagens cultivadas, mais de cinco milhões de hectares, constituem a principal fonte de
alimentação dos rebanhos. No entanto, a utilização de práticas de manejo inadequadas,
principalmente nos solos de baixa fertilidade natural, tem contribuído decisivamente para a
instabilidade técnica, econômica e ecológica do processo produtivo adotado. Atualmente, pelo
menos 40% das pastagens cultivadas apresentam algum estágio de degradação. Isto reflete
diretamente nos baixos índices de desempenho animal e na necessidade de novos
desmatamentos ou a transformação de áreas cultivadas em pastagens. Este aumento de área tem
como finalidade de alimentar satisfatoriamente os rebanhos, além de comportar o seu crescimento
vegetativo.

A bovinocultura de corte tem se desenvolvido, em maior escala, nas grandes propriedades


localizadas nas regiões sul e sudeste do Estado, apresentando rebanhos com bom padrão racial.
Atualmente existem 11 frigoríficos instalados, dos quais quatro têm aparelhagem para desossar o
animal e prepará-lo com destino à exportação. Os frigoríficos de Ariquemes, Jarú, Rolim de Moura
e Vilhena possuem qualificação e estão autorizados pela Inspeção Federal para exportar o
produto. Nos projetos de colonização, onde as áreas variam entre 33 e 100 ha, predomina a
bovinocultura mista, caracterizada por rebanhos de baixo padrão zootécnico. Nas proximidades
dos municípios localizados ao longo do eixo da BR 364, predomina a pecuária leiteira, a qual
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apresenta baixos índices de produtividade: cerca de 1,6 milhões de litros leite/dia; média de 3,5
litro/vaca/dia e lactação média de 197 dias. Atualmente, existem no Estado 62 unidades de
beneficiamento e industrialização de leite, com uma capacidade instalada para a industrialização
de 1,8 milhão de litros de leite. A maior parte destas unidades estão localizadas na região centro-
sul do estado. O efetivo bovino deverá continuar crescendo em índices significativos, dado o
interesse do produtor rural em eliminar seus problemas de mão-de-obra e assegurar um
investimento de capital com alto nível de liquidez. Em geral, a pecuária de leite tem-se
desenvolvido nas áreas de pequenas e médias propriedades, atuando como fator de agregação de
renda aos agricultores tradicionais. A expansão do gado leiteiro apresentou um incremento de
19,15% ao ano, no período 1985/95. A produção de leite em Rondônia é alta, apesar da média ser
em torno de 45 litros/produtor/dia (Tabelas 4 e 5). A produção de leite do Estado passou de 158
milhões de litros em 1990 para 409 milhões de litros em 1999, o que representou um acréscimo de
259%. Concomitantemente, a produtividade (litros/vaca/ano) também foi incrementada, passando
de 602 em 1990 para 920 em 1999 (Zoccal, 2001). No período 1990/2000, Rondônia foi o Estado
que apresentou a maior taxa de crescimento na produção de leite (10,35%), a qual foi semelhante
apenas à registrada no Distrito Federal (10,38%) (Gomes, 2001). Em 1999 Rondônia foi o 11°
produtor nacional de leite, com um total anual de 408.749 bilhões de litros.

TABELA 4. Efetivo bovino de Rondônia – 1985/95 (Em cabeças)

Discriminação 1985 1995 Variação (%)


Total estadual 770.531 4.440.967 476,35
Bovinos de Corte 634.656 3.178.451 400,81
Bovinos de Leite 113.226 1.262.516 1.115,04
FONTE: SUFRAMA (2001)

Tabela 5. Desempenho da pecuária de leite e valor da produção total em Rondônia. 1995


Efetivo do rebanho bovino para leite 1.262.516 cabeças
Produção anual de leite 235.097.982 litros
Preço médio anual recebido pelo produtor R$ 0,26 por litro
Valor total da produção de leite R$ 61.125.475,32
FONTE: SUFRAMA (2001)

Os tipos de exploração agropecuária estão diretamente relacionados com os níveis de fertilidade


natural dos solos. Nas regiões onde predominam solos de baixa fertilidade, o arroz e a mandioca
são as culturas mais freqüentes. O extrativismo vegetal ainda ocupa um lugar de destaque com a
exploração de seringais nativos e castanha-do-Brasil. Na região central do Estado, onde os solos
são de baixa a alta fertilidade, a utilização das terras se intensificam e diversificam com o uso de
culturas de subsistência (arroz, milho, feijão e mandioca), perenes (café, cacau, guaraná, pimenta-
do-reino etc.) e frutíferas (banana, abacaxi, cupuaçu, citros etc). Nestas regiões, a grande maioria
dos agricultores adota baixo nível tecnológico nos sistemas de uso da terra, caracterizando uma
agricultura itinerante, onde procede-se ao desmatamento da floresta ou da capoeira, queima e
plantio. Normalmente, a área desbravada é utilizada com culturas de subsistência, cedendo lugar
para pastagens, café ou outras culturas perenes, quando não ficam em descanso, após três anos
de uso intensivo. Os principais modelos de produção utilizados são os que associam culturas
anuais, café e pastagens; culturas anuais e pastagens, ou, formação de pastagens logo após a
derruba e queima da floresta, o que concorre para que a pecuária represente a principal atividade
do setor primário estadual. Em geral, os sistemas de produção das diversas regiões do estado se
assemelham, uma vez que as dificuldades são comuns a todos. Assim sendo, as contribuições
para o melhoramento genético dos rebanhos têm sido bastante restritas principalmente pelas
limitações de crédito e pela falta de incentivos governamentais que impedem a aquisição de
reprodutores e matrizes de boa linhagem leiteira em outros pontos do país. Geralmente, ocorre a
entrada de animais de baixo padrão zootécnico provenientes de outros estados, o que afeta
negativamente a produtividade dos rebanhos. Com raras exceções, os criadores fazem seleção no
rebanho, predominando os cruzamentos entre animais mestiços.
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A alimentação é constituída quase que exclusivamente de pastagens cultivadas. Dependendo do


nível de fertilidade do solo, as espécies forrageiras mais comuns são: capim-Colonião (Panicum
maximum cvs. Comum, Mombaça, Vencedor, Centenário, Tanzânia-1); braquiarias (Brachiaria
decumbens, B. humidicola, B. ruziziensis, B. mutica, B. brizantha cv. Marandu, B. radicans), capim-
estrela (Cynodon nlenfuensis), para solos de média a alta fertilidade natural e, B. humidicola, B.
ruziziensis e B. brizantha cv. Marandu e, mais recentemente o capim-andropogon (Andropogon
gayanus cv. Planaltina), para solos de baixa fertilidade natural. Na maioria dos casos as pastagens
são formadas em áreas não destocadas, sendo comum a utilização de práticas de manejo
inadequadas (sistema de pastejo contínuo e altas pressões de pastejo). Não é comum o uso de
concentrados. A utilização de capineiras é uma prática bastante generalizada, notadamente para
às vacas em lactação durante o período de estiagem; no entanto, o manejo adotado é inadequado,
o que proporciona efeitos pouco significativos na produtividade animal. O capim-elefante
(Pennisetum purpureum cvs. Cameroon e Napier) é a espécie mais utilizada para a formação de
capineiras no Estado. A mineralização do rebanho é deficiente; por não atender as exigências
minerais dos animais, por ser descontínua e por se restringir, na maioria dos casos, ao
fornecimento de sal comum.

Quanto à sanidade do rebanho, são mínimos os cuidados dispensados aos animais. O controle às
principais doenças infecto-contagiosas, restringe-se à vacinação contra a aftosa, que na maioria
dos casos não é sistemática. No caso da febre aftosa, com a criação do Fundo de Erradicação da
Febre Aftosa (FEFA), nos anos de 2001 e 2001, mais de 99% do rebanho estadual foi vacinado. É
bastante elevada a incidência de brucelose no rebanho, chegando a atingir, em média 10% das
vacas em produção. A falta de higiene, principalmente durante a realização das ordenhas tem
contribuído significativamente para o aumento dos casos de mamite. As helmintoses
gastrintestinais são responsáveis em grande parte pela mortalidade de animais jovens (± 15%) e
pela baixa produtividade leiteira; isso reflete a falta de vermifugações sistemáticas. A
pneumoenterite em bezerros é muito freqüente sendo uma das doenças que mais dizimam essa
categoria. As moléstias transmitidas pelo carrapato são preocupantes. Em área de pastagens
“sujas”, onde a ocorrência de plantas invasora é generalizada, ou naquelas estabelecidas em solos
arenosos, são bastante freqüentes mortes causadas por plantas tóxicas e por doenças carenciais.

A reprodução, geralmente, se dá através da monta natural a campo, sem controle e sem critério de
natureza genética. A inseminação artificial já está sendo adotada por um considerável número de
pecuaristas. O sistema de criação adotado é o semi-extensivo. Na quase totalidade dos casos,
realiza-se apenas uma ordenha e a duração de lactação das vacas é em média de 180 dias. Ainda
utiliza-se o bezerro para apojar a vaca. A ausência de um manejo animal faz com que fêmeas
ainda muito jovens sejam cobertas, prejudicando assim o desenvolvimento ponderal e a vida útil do
animal.

As instalações usadas são rústicas, porém, na maioria dos casos, atendem às necessidades
principalmente levando-se em conta as práticas de manejo utilizadas. Em geral, constam de um
estábulo (tamanho variável em função do rebanho) cobertos com telhas amianto ou cavacos de
madeiras, piso de cascalho batido, pedras ou cimentado, cocheiras de alvenaria, divisões com
réguas de madeira e curral anexo construído em madeira lavrada. Em muitos casos apresentam
um brete rústico. Vale ressaltar que as madeiras de lei são abundantes na região.

O efetivo bovino do Estado deverá continuar crescendo a índices representativos, considerando-se


duas tendências de significativa importância: 1) formação de uma área de pastagem sempre que
se dá a ocupação de um lote e 2) crescente substituição de áreas de lavoura por pastagens,
devido aos freqüentes insucessos na exploração agrícola (solos de baixa fertilidade, pragas e
doenças, mão-de-obra escassa e de elevado preço, altos custos de produção, baixa lucratividade
na comercialização, falta de crédito, dificuldade no escoamento da produção, etc.), concorrendo
para uma pecuarização, com a aquisição de maior número de bovinos, via lucro das lavouras.
Dentre os fatores que limitam à produção de gado de corte e que são de interesse às instituições
de pesquisa, extensão rural e fomento, destacam-se: a) pastagens mal manejadas e de baixo valor
nutritivo; b) manejo inadequado do solo e dos rebanhos; c) suplementação alimentar deficiente ou
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inexistente durante a seca; d) suplementação mineral e controle sanitário precários ou ausentes.

1.5 Sistemas agroflorestais

A utilização de Sistemas Agroflorestais (SAF’s) em Rondônia é uma prática relativamente bem


difundida nas diferentes regiões do Estado. No entanto, a sua efetiva adoção tem sido limitada por
diversos fatores, dentre os quais destacam-se: a tendência dos agricultores à monocultura; a falta
de uma política de desenvolvimento agroflorestal e a ausência de instrumentos de convencimento
técnico-econômico-ecológico, que permitam uma atuação mais incisiva na redução da pressão
antrópica sobre a cobertura vegetal original. Apesar desses obstáculos, experiências exitosas com
SAF’s são constatadas nas localidades de Vila Nova Califórnia e Vila Extrema, ambas no município
de Porto Velho, onde estão instalados os Projetos RECA (Reflorestamento Econômico
Consorciado e Adensado) e PREPAM (Projeto de Reflorestamento Econômico para Ajuda Mútua).
Estes projetos foram viabilizados a partir de 1989, graças aos recursos financeiros obtidos junto ao
Governo da Holanda, entidades católicas da Itália e da Irlanda, IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), DENACOOP (Departamento Nacional de
Cooperativismo) e PMACI (Projetos para o Meio Ambiente e Culturas Indígenas). Tanto no RECA
quanto no PROPAM foram utilizados diversos modelos de consórcios envolvendo castanha-do-
Brasil, cupuaçu e pupunha. Atualmente existem cerca de 44.000 ha de SAF´s no Estado, incluindo
a lavoura cacaueira. Outro fato que merece destaque é o incentivo para a adoção de SAF’s
realizado pelo Governo de Rondônia, através das Secretarias de Agricultura, Produção e do
Desenvolvimento Econômico Social (SEAPES) e de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM). De
1987 até o momento foram produzidas e distribuídas mais de dez milhões de mudas de espécies
frutíferas e de essências florestais, que em grande parte foram utilizadas para o estabelecimento
de SAF’s.

1.6 Florestas
3
As indústrias madeireiras em Rondônia vem utilizando 4,7 milhões de m de madeira/ano para
abastecer suas necessidades de matéria-prima. Estima-se que nas florestas remanescentes do
3
estado é extraído, anualmente, uma média de 15 m /ha, numa área de aproximadamente 313 mil
ha. Portanto, 60% dos 24,3 milhões de ha da área territorial de Rondônia já sofreram alterações
antrópicas, tanto com a implantação de pastagens como pela exploração seletiva de madeira. As
unidades de conservação compostas por florestas representam 24% da área do estado. Nos 16%
restantes, correspondentes a 3,8 milhões de ha de reservas florestais, com uma exploração anual
de 313 mil ha/ano, estima-se que a matéria-prima disponível será suficiente para abastecer as
indústrias madeireiras, somente por mais 12 anos. De acordo com a Legislação em vigor, Portaria
nº 1282 de 19/10/94, que regulamenta a política florestal da Amazônia, ficou estabelecido que é
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obrigatório a reposição de seis mudas para cada m de madeira consumida. Com base nesta Lei,
as indústrias madeireiras deveriam plantar cerca de 28,2 milhões de mudas/ano (consumo de 4,7
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milhões de m /ano), utilizando uma área equivalente a 17 mil ha/ano. Nos últimos três anos foram
reflorestadas cerca de 14 milhões de árvores, enquanto que, neste período, deveriam ter sido
repostas 84 milhões de árvores. Em parte, esta baixa reposição pode ser justificada pela incerteza
de retorno dos investimentos aplicados pelas empresas madeireiras. Os fatores mais importantes
que contribuíram para este fato foram a falta de sementes florestais de espécies nativas, em
qualidade e quantidade, e o desconhecimento de técnicas silviculturais para espécies florestais
nativas.

Como na Amazônia existe um grande número de espécies de comprovado valor silvicultural que
podem participar ativamente dos programas de reflorestamento, torna-se necessário o
desenvolvimento de tecnologias, através da implantação de experimentos de crescimento de
espécies, de espaçamentos e desbastes para dar suporte a um bom programa de produção de
matéria-prima e sementes.
I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia
Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003

1.7 Extrativismo

A extração do látex em seringais nativos é a atividade predominante. O processamento do látex é


realizado por diferentes métodos, em função do nível tecnológico e a disponibilidade de mão-de-
obra e insumos. Os tipos de borracha natural obtidos são cernambi virgem prensado, cernambi
virgem cocho (borracha de baixa qualidade), prancha defumada e folha fumada.

A coleta da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa), em termos financeiros, é mais rentável que a


extração de látex da seringueira nativa (Hevea brasiliensis). O manejo efetuado consiste apenas
na limpeza das áreas sob as castanheiras para facilitar a coleta de ouriços.

A potencialidade de recursos madereiros existente na região amazônica é indiscutível Há registros


de que há mais de 3.500 espécies florestais localizadas em áreas de terra firme e várzeas. Destas,
somente 90 espécies são utilizadas pela indústria madereira em Rondônia. A exploração atual da
floresta se faz sem qualquer preocupação com o potencial inicial de regeneração natural. O critério
para extração da madeira é puramente a conveniência econômica das serrarias, as quais compram
as toras de intermediários que fazem a extração tradicional. Um problema típico da atividade é a
dificuldade de extração durante o período chuvoso. Dentre as espécies de madeira
comercializáveis destacam-se: angelim (Dinizia spp.), cedro (Cedrella spp.), freijó-louro (Cordia
alliodora), freijó-cinza (Cordia goeldiana), cerejeira (Amburana cearensis) e mogno (Swietenia
macrophylla).

2. Prognóstico

Rondônia representa uma situação privilegiada dentro da Amazônia, pois sua estrutura viária e seu
sistema fundiário permitem respostas rápidas às políticas de fomento para as produções agrícola,
pecuária, florestal e agroflorestal, desde que viabilizadas as estruturas necessárias para o
armazenamento, beneficiamento e comercialização. A proximidade com os mercados dos Países
Andinos, aliadas às perspectivas de abertura viária para o Pacífico, colocam Rondônia em uma
situação privilegiada, sendo promissores os resultados destes esforços, desde que estas
alternativas sejam incluídas num futuro próximo.

O cenário atual sinaliza um grande ciclo de desenvolvimento para a Amazônia e Oeste de Mato
Grosso e por extensão, para todo o Brasil, com a existência da hidrovia do Rio Madeira, que abre
um grande corredor de exportação para os países da Ásia e Europa, tornando os produtos
agropecuários estaduais mais competitivos no mercado Exterior.

Quanto às grandes propostas de infra-estrutura para a Amazônia, destacam-se as definições dos


eixos nacionais de desenvolvimento, em particular do Oeste, Madeira-Amazonas e Araguaia-
Tocantins os três sinalizando uma nova realidade para o desenvolvimento da Amazônia. Com a
definição do transporte intermodal se viabiliza condições de competitividade internacional para
muitos dos produtos da região, estimula-se novas opções; e, em todas as situações, a demanda
por tecnologia é intensa e urgente. O cenário atual sinaliza um grande ciclo de desenvolvimento
para a Amazônia e Oeste de Mato Grosso e por extensão, para todo o Brasil, com a existência da
hidrovia do Rio Madeira, que abre um grande corredor de exportação para os países da Ásia e
Europa, tornando os produtos agropecuários estaduais mais competitivos no mercado Exterior.
Em Rondônia, as perspectivas de desenvolvimento são ainda maiores com a instalação do porto
graneleiro em Porto Velho, trazendo consigo maiores facilidades de escoamento, estímulo à
produção e incremento nos programas de incentivos governamentais. Em fim, para um Estado que
já possui uma agricultura emergente, este ciclo terá um grande impacto na sua economia.

A iniciativa privada, com suporte do governo estadual, implementou projeto para a exportação de
soja a granel através de Porto Velho. As alternativas presentes residem no aproveitamento da
estrutura do porto existente e construção de unidades para o armazenamento e transferência dos
grãos para as balsas de transporte, além da construção de um novo porto jusante ao antigo, cujo
projeto foi aprovado pela SUDAM. Com este sistema hidroviário, os grãos produzidos,
principalmente, em Mato Grosso e sul de Rondônia serão escoados para Itacoatiara (AM) e daí
I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia
Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003

para o exterior. É prevista uma grande movimentação de soja através deste porto. No período
1999/2001, estima-se em mais de 3 milhões de toneladas o volume de grãos, notadamente a soja,
exportada através de Porto Velho.

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