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1. Diagnóstico
Rondônia representa a mais dinâmica fronteira agrícola da Amazônia. Sua população passou de
36.935 habitantes em 1970 para 1.377.793 em 2000. Cerca de 40% da população concentra-se na
zona rural, que conta com cerca de 72.887 propriedades rurais com menos de 200 ha. Apesar da
desaceleração do processo migratório e das restrições ecológicas à abertura de novas áreas de
florestas, permanece no Estado um potencial produtivo instalado muito grande. A capacidade de
respostas aos estímulos governamentais ou não, visando a melhoria da produtividade
agropecuária, tem sido excepcional. Conciliar o desenvolvimento agrícola usando racionalmente os
recursos naturais deve ser o principal objetivo de todas as instituições responsáveis pelo processo
produtivo. A importância setor agropecuário para a economia estadual pode ser constatada
analisando-se os dados do Produto Interno Bruto de Rondônia. No período 1985/1995, a
participação da agropecuária passou de 22,2 para 30,0%. No período 1975/1995, Rondônia foi o
Estado da região Norte que apresentou a maior evolução, importância relativa e taxas de
crescimento da produção, no setor de lavouras (Tabela 1).
TABELA 2. Área colhida, produção e produtividade das principais culturas anuais de Rondônia.
Cultura Área (mil ha) Produção (mil t) Produtividade (kg/ha)
1985 1995 2000 1985 1995 2000 1985 1995 2000
Arroz 147,8 148,6 96,5 219 262 154 1.482 1.763 1.595
Feijão 59,6 123,6 86,2 36 81 50 604 655 580
Milho 90,8 198,8 130,0 147 370 204 1.619 1.861 1.570
Mandioca 28,8 41,8 16,2 487 708 245 16.910 16.938 15.123
Soja 1,3 4,5 11,8 1,6 9 36 1.230 2.000 3.051
Algodão -- 19,1 0,7 -- 27 6 -- 1.413 857
1.2 Olericultura
TABELA 3. Área colhida, produção e produtividade das principais culturas perenes de Rondônia.
Cultura Área (mil ha) Produção (mil t) Produtividade (kg/ha)
1985 1995 2000 1985 1995 2000 1985 1995 2000
Café 62,6 137,8 203,2 74,1 175 213 1.183 1.270 1.048
Cacau 37,6 34,6 16,2 22,7 15,6 6,8 604 451 419
Banana 24,2 30,9 7,9 21,7 25,9 5,8 897 838 734
Guaraná -- 0,4 0,2 -- -- -- -- 436 343
Laranja -- 1,6 0,9 -- -- -- -- 66.418* 70.062*
Manga -- 0,8 0,2 -- -- -- -- 18.889* 20.837*
Coco -- 2,7 0,4 -- -- -- -- 2.177* 4.979*
Mamão -- 0,9 0,1 -- -- -- -- 14.278* 13.631*
* Frutos/hectare.
Rondônia ocupa, atualmente, o quarto lugar como produtor de café no país e o segundo como
produtor de café do tipo Robusta. Predominam na região pequenos e médios produtores, com
sistemas de produção similares aos utilizados nas regiões produtoras tradicionais do país. Estima-
se que aproximadamente 44.000 produtores tenham a cultura do café como base econômica de
suas propriedades. As cultivares mais plantadas são Kouillou (Conilon), da espécie Coffea
canephora (Café Robusta), Catuaí e Mundo Novo de Coffea arábica. Essas duas últimas cultivares
apresentam maturação bastante precoce no Estado, com início em fevereiro e março, em plena
estação chuvosa, prejudicando as operações de colheita e pós-colheita do produto.
Quanto ao palmito de pupunha, dados levantados pelo ITERON, em 1996, mostram que a extração
do palmito ocorreu em 21 municípios de Rondônia e alcançou um volume de 820.300 estirpes, o
que correspondeu aproximadamente a 230 t de produto final líquido. A indústria de conserva do
palmito apresenta uma estrutura tecnológica relativamente simples que não demanda elevados
investimentos e depende da eficiência de operações manuais de corte e acondicionamento do
produto. Segundo o ITERON, em 1996, operaram 11 unidades de produção em situação jurídica
regular, embora existam pequenas unidades clandestinas nas áreas de maior produção. A
produção de conserva de palmito em Rondônia está estimada em torno de 300t/ano de peso
líquido. A relação produto bruto industrializado/palmito natural varia bastante em função da
qualidade das estirpes. A média geral do Estado é de 3.585 estirpes para produzir uma tonelada
de palmito (peso líquido), com uma variação entre extremos de 2.297 a 4.000 estirpes (SUFRAMA,
2001).
Para o cupuaçu, torna-se bastante difícil prever no momento qual seria o mercado potencial. A sua
expansão deve ficar condicionada às pressões da demanda regional e nacional, que deverá
crescer em função do crescimento da população e pelo rebaixamento dos preços, considerados
altos em relação a outras frutas, dada a sua baixa oferta. A conquista de novos mercados exige
competência, agressividade, apresentação de um produto confiável, higiênico e garantia de oferta.
1.4 Pecuária
Os primeiros dados registrados pelo IBGE sobre a pecuária em Rondônia datam de 1973,
revelando um efetivo bovino total de 20.249 cabeças, no então território. Nos anos seguintes,
registrou-se uma taxa geométrica de crescimento de 35,1% ao ano, sendo constatado já em 1979
I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia
Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003
no levantamento realizado pelo mesmo órgão, um total de 176.221 cabeças de bovinos no estado.
Os anos 70, em especial 78 e 79, foram marcados pela injeção de significativo volume de crédito
através dos programas especiais PROTERRA (Programa de Redistribuição de Terras e de
Estímulo à Agricultura do Norte e Nordeste) e POLAMAZÔNIA (Programa de Desenvolvimento de
Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia), que repassaram recursos para investimentos e
custeio a juros médios de 7% ao ano, sendo esta a forma esperada para incentivar um
crescimento mais rápido da pecuária, com vistas a suprir a demanda interna em níveis de
expansão cada vez mais elevados, em virtude do intenso fluxo migratório experimentado pelo
território.
A partir do ano de 1979, com a decisão do Conselho Monetário Nacional de retirar gradativamente
os subsídios ao Crédito Rural, o volume de recursos emprestados aos pecuaristas pelas às
instituições financeiras evoluiu negativamente, registrando-se no ano de 1983, em valores
deflacionados, um volume de apenas 11% daquele tomado pelo produtor no ano de 1978. A soma
dos recursos tomados nos quatro últimos anos (1980/83) foi de 42% do total dos recursos
concedidos nos dois anos iniciais (1978/79).
É importante ressaltar ainda que uma parcela do crescimento do rebanho bovino em Rondônia
deve ser creditada à tendência natural de expansão da atividade, na medida em que o fluxo
migratório tornou-se mais intenso, mais produtores dedicaram-se à pecuária e, conseqüentemente,
novas áreas foram formadas com pastagens.
apresenta baixos índices de produtividade: cerca de 1,6 milhões de litros leite/dia; média de 3,5
litro/vaca/dia e lactação média de 197 dias. Atualmente, existem no Estado 62 unidades de
beneficiamento e industrialização de leite, com uma capacidade instalada para a industrialização
de 1,8 milhão de litros de leite. A maior parte destas unidades estão localizadas na região centro-
sul do estado. O efetivo bovino deverá continuar crescendo em índices significativos, dado o
interesse do produtor rural em eliminar seus problemas de mão-de-obra e assegurar um
investimento de capital com alto nível de liquidez. Em geral, a pecuária de leite tem-se
desenvolvido nas áreas de pequenas e médias propriedades, atuando como fator de agregação de
renda aos agricultores tradicionais. A expansão do gado leiteiro apresentou um incremento de
19,15% ao ano, no período 1985/95. A produção de leite em Rondônia é alta, apesar da média ser
em torno de 45 litros/produtor/dia (Tabelas 4 e 5). A produção de leite do Estado passou de 158
milhões de litros em 1990 para 409 milhões de litros em 1999, o que representou um acréscimo de
259%. Concomitantemente, a produtividade (litros/vaca/ano) também foi incrementada, passando
de 602 em 1990 para 920 em 1999 (Zoccal, 2001). No período 1990/2000, Rondônia foi o Estado
que apresentou a maior taxa de crescimento na produção de leite (10,35%), a qual foi semelhante
apenas à registrada no Distrito Federal (10,38%) (Gomes, 2001). Em 1999 Rondônia foi o 11°
produtor nacional de leite, com um total anual de 408.749 bilhões de litros.
Quanto à sanidade do rebanho, são mínimos os cuidados dispensados aos animais. O controle às
principais doenças infecto-contagiosas, restringe-se à vacinação contra a aftosa, que na maioria
dos casos não é sistemática. No caso da febre aftosa, com a criação do Fundo de Erradicação da
Febre Aftosa (FEFA), nos anos de 2001 e 2001, mais de 99% do rebanho estadual foi vacinado. É
bastante elevada a incidência de brucelose no rebanho, chegando a atingir, em média 10% das
vacas em produção. A falta de higiene, principalmente durante a realização das ordenhas tem
contribuído significativamente para o aumento dos casos de mamite. As helmintoses
gastrintestinais são responsáveis em grande parte pela mortalidade de animais jovens (± 15%) e
pela baixa produtividade leiteira; isso reflete a falta de vermifugações sistemáticas. A
pneumoenterite em bezerros é muito freqüente sendo uma das doenças que mais dizimam essa
categoria. As moléstias transmitidas pelo carrapato são preocupantes. Em área de pastagens
“sujas”, onde a ocorrência de plantas invasora é generalizada, ou naquelas estabelecidas em solos
arenosos, são bastante freqüentes mortes causadas por plantas tóxicas e por doenças carenciais.
A reprodução, geralmente, se dá através da monta natural a campo, sem controle e sem critério de
natureza genética. A inseminação artificial já está sendo adotada por um considerável número de
pecuaristas. O sistema de criação adotado é o semi-extensivo. Na quase totalidade dos casos,
realiza-se apenas uma ordenha e a duração de lactação das vacas é em média de 180 dias. Ainda
utiliza-se o bezerro para apojar a vaca. A ausência de um manejo animal faz com que fêmeas
ainda muito jovens sejam cobertas, prejudicando assim o desenvolvimento ponderal e a vida útil do
animal.
As instalações usadas são rústicas, porém, na maioria dos casos, atendem às necessidades
principalmente levando-se em conta as práticas de manejo utilizadas. Em geral, constam de um
estábulo (tamanho variável em função do rebanho) cobertos com telhas amianto ou cavacos de
madeiras, piso de cascalho batido, pedras ou cimentado, cocheiras de alvenaria, divisões com
réguas de madeira e curral anexo construído em madeira lavrada. Em muitos casos apresentam
um brete rústico. Vale ressaltar que as madeiras de lei são abundantes na região.
1.6 Florestas
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As indústrias madeireiras em Rondônia vem utilizando 4,7 milhões de m de madeira/ano para
abastecer suas necessidades de matéria-prima. Estima-se que nas florestas remanescentes do
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estado é extraído, anualmente, uma média de 15 m /ha, numa área de aproximadamente 313 mil
ha. Portanto, 60% dos 24,3 milhões de ha da área territorial de Rondônia já sofreram alterações
antrópicas, tanto com a implantação de pastagens como pela exploração seletiva de madeira. As
unidades de conservação compostas por florestas representam 24% da área do estado. Nos 16%
restantes, correspondentes a 3,8 milhões de ha de reservas florestais, com uma exploração anual
de 313 mil ha/ano, estima-se que a matéria-prima disponível será suficiente para abastecer as
indústrias madeireiras, somente por mais 12 anos. De acordo com a Legislação em vigor, Portaria
nº 1282 de 19/10/94, que regulamenta a política florestal da Amazônia, ficou estabelecido que é
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obrigatório a reposição de seis mudas para cada m de madeira consumida. Com base nesta Lei,
as indústrias madeireiras deveriam plantar cerca de 28,2 milhões de mudas/ano (consumo de 4,7
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milhões de m /ano), utilizando uma área equivalente a 17 mil ha/ano. Nos últimos três anos foram
reflorestadas cerca de 14 milhões de árvores, enquanto que, neste período, deveriam ter sido
repostas 84 milhões de árvores. Em parte, esta baixa reposição pode ser justificada pela incerteza
de retorno dos investimentos aplicados pelas empresas madeireiras. Os fatores mais importantes
que contribuíram para este fato foram a falta de sementes florestais de espécies nativas, em
qualidade e quantidade, e o desconhecimento de técnicas silviculturais para espécies florestais
nativas.
Como na Amazônia existe um grande número de espécies de comprovado valor silvicultural que
podem participar ativamente dos programas de reflorestamento, torna-se necessário o
desenvolvimento de tecnologias, através da implantação de experimentos de crescimento de
espécies, de espaçamentos e desbastes para dar suporte a um bom programa de produção de
matéria-prima e sementes.
I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia
Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003
1.7 Extrativismo
2. Prognóstico
Rondônia representa uma situação privilegiada dentro da Amazônia, pois sua estrutura viária e seu
sistema fundiário permitem respostas rápidas às políticas de fomento para as produções agrícola,
pecuária, florestal e agroflorestal, desde que viabilizadas as estruturas necessárias para o
armazenamento, beneficiamento e comercialização. A proximidade com os mercados dos Países
Andinos, aliadas às perspectivas de abertura viária para o Pacífico, colocam Rondônia em uma
situação privilegiada, sendo promissores os resultados destes esforços, desde que estas
alternativas sejam incluídas num futuro próximo.
O cenário atual sinaliza um grande ciclo de desenvolvimento para a Amazônia e Oeste de Mato
Grosso e por extensão, para todo o Brasil, com a existência da hidrovia do Rio Madeira, que abre
um grande corredor de exportação para os países da Ásia e Europa, tornando os produtos
agropecuários estaduais mais competitivos no mercado Exterior.
A iniciativa privada, com suporte do governo estadual, implementou projeto para a exportação de
soja a granel através de Porto Velho. As alternativas presentes residem no aproveitamento da
estrutura do porto existente e construção de unidades para o armazenamento e transferência dos
grãos para as balsas de transporte, além da construção de um novo porto jusante ao antigo, cujo
projeto foi aprovado pela SUDAM. Com este sistema hidroviário, os grãos produzidos,
principalmente, em Mato Grosso e sul de Rondônia serão escoados para Itacoatiara (AM) e daí
I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia
Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003
para o exterior. É prevista uma grande movimentação de soja através deste porto. No período
1999/2001, estima-se em mais de 3 milhões de toneladas o volume de grãos, notadamente a soja,
exportada através de Porto Velho.