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CAPÍTULO 9

Instituições sociais: família e Igreja

Todos fazemos parte de uma instituição social, desde o nascimento até a morte, que pode ser definida como o conjunto
de procedimentos aos quais devemos nos submeter junto à estrutura social em que estamos inseridos. Ela colabora para
a coesão social ao ditar valores e regras de comportamento e para a socialização do indivíduo. Desse modo, família, Igreja
e Estado são instituições sociais que dirigem nossas formas de sentir, pensar e agir.
A família é, ao mesmo tempo, um grupo social primário e uma instituição, pois os componentes familiares, enquanto
grupo, possuem objetivos comuns; e as regras e procedimentos que norteiam a conduta da família transformam-na em
uma instituição, já que as famílias, em geral, seguem os mesmos padrões, com pequenas variações.
Da mesma forma que a família, a Igreja é considerada uma instituição social com uma importante função, pois gera
estabilidade social, colaborando para uma melhor adequação de um indivíduo às normas da sociedade.
Já o Estado, enquanto instituição, possui o monopólio da força, impondo a nós a adequação às regras e agindo na
aplicação da lei quando necessário.

Para qual direção caminha a família enquanto instituição social? Como seus novos formatos e tendências têm afetado
nossas relações?
No Brasil, de histórica tradição católica, como o crescimento de opções religiosas, ideologias de fé e crenças tem
transformado as visões sociais e de vida?

C C3 - Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e
movimentos sociais.

H H11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.


H13 - Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14 - Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica
acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

Família
A família é um grupo social primário, já que seus membros, em geral, com-
partilham emoções, confidências, solidariedade e até mesmo indignações e
brigas. Portanto, seus integrantes, normalmente, expõem-se uns aos outros.
Quando um casal se une, o faz com objetivos sexuais, reprodutivos, afetivos,
econômicos e educacionais.
Como foi exposto no texto de abertura, a família transforma-se em instituição
por seguir regras e procedimentos padronizados pela sociedade. Quanto ao nú-
mero de casamentos, uma família pode ser monogâmica (procedimento típico das
sociedades ocidentais) ou poligâmica (de poliginia – quando se permite ao homem
possuir várias mulheres de forma oficial –; ou de poliandria – quando se permite
à mulher ter dois ou mais relacionamentos com o sexo oposto). Uma família é
nuclear quando reúne esposa, marido e filhos, e é considerada extensa quando
congrega, além do casal e dos filhos, outros membros, como avós, tios, sobrinhos,
primos, enteados, entre outros. Em nossa sociedade contemporânea, assistimos
ao crescimento das famílias nucleares, mas essa realidade torna-se diferente ao
nos dirigirmos aos grupos familiares menos abastados, que somam rendas para
que seus membros possam sobreviver com maior dignidade.
Além disso, o tempo em que a principal função da família esteve ligada à
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transmissão de valores, patrimônio genético, tradições e heranças ficou no pas-


sado. Atualmente, a tendência da instituição familiar é a de privilegiar a constru-
ção da identidade do indivíduo enquanto pessoa, de acordo com o individualismo
das sociedades ocidentais, que é o padrão das sociedades capitalistas.

O conteúdo deste capítulo foi baseado nos seguintes artigos:


KUPPER, Agnaldo. "Catolicismo no Brasil: uma trajetória de ganhos e perdas". Terra e cultura: cadernos de
ensino e pesquisa. Londrina, ano 29, n. 56, pp. 121-9, jan./jun. 2013.
KUPPER, Agnaldo, "Tendências da família contemporânea". Terra e cultura: cadernos de ensino e pesquisa.
Londrina, ano 29, n. 57, pp. 135-46, jul./dez. 2013.

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CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja

Atenção! ra do lar” (pesquisas recentes afirmam que as tarefas


O pensamento sociológico relacionado às instituições domésticas estão divididas entre homens e mulheres
sociais compreende que a sociedade é como uma interação em pelo menos dois terços das unidades familiares).
de símbolos, em que não existiriam estruturas formais que Mesmo em caso de separações conjugais, a tendência
coagem as pessoas, mas sim interações que os indivíduos é que o(s) filho(s) fique(m) com a parte mais estável ou,
estabelecem entre si a partir de instituições e símbolos de preferência, em guarda compartilhada. Os divórcios
partilhados, os quais remetem a estruturas de signos, também têm sido facilitados. No Brasil, por exemplo,
com significantes e significados, como na linguagem, e a mudança no Código Civil (2002) tornou mais rápido o
também a questões da cultura. Assim, as ações humanas
processo de separação judicial, reduzindo o tempo ne-
só seriam comportamento em termos do que as situações
cessário para o divórcio legal, geralmente de três para
simbolizam, especialmente em sociedade.
Dessa forma, as instituições sociais são importantes na
um ano. Assim, os casais se separam ou formam no-
interação e na socialização dos indivíduos, nas quais a vos casais ou constituem uma nova família com muito
família tem um papel fundamental ao estabelecer normas mais frequência que antigamente. Além disso, têm no-
e regras de conduta para o comportamento humano, tendo vos filhos, ou juntam-se mais agregados e enteados de
a linguagem como referência e código comum a todos. uma outra união familiar, indicando a transformação do
núcleo da instituição familiar.
A instituição social é um conjunto de regras e proce-
Nas últimas décadas, com o acelerado desenvolvi- dimentos reconhecidos por uma estrutura social.
mento urbano e industrial, as novas necessidades de No que concerne à família, torna-se difícil precisar os
consumo, as recentes transformações nos paradigmas benefícios e as desvantagens das transformações dita-
morais, a proliferação do uso de métodos contracepti- das pela vida moderna em uma era de crescente indivi-
vos, o aumento do individualismo, a maior inserção da dualismo. Porém, essas mudanças nos padrões familia-
mulher no mercado de trabalho, as crises constantes da res são notórias e contínuas no mundo ocidental, como
economia – com o aumento do desemprego ou as difi- toda sociedade em transformação. No Brasil, como um
culdades de encontrar trabalho – o temor das doenças país em desenvolvimento, não é diferente. Observe algu-
sexualmente transmissíveis, a difusão de novos hábitos mas características:
e costumes graças à globalização e à velocidade dos • Casamentos religiosos em queda: desde que o ca-
meios de comunicação, entre outros, têm trazido cons- samento civil foi instituído no Brasil, a partir de 1890,
tantes modificações à instituição familiar, ou seja, a fa- assiste-se a uma diminuição expressiva dos enlaces
mília, enquanto instituição social, sofre mudanças con- matrimoniais em igrejas ou templos religiosos. Uma
sideráveis. O papel tradicional de provedor dado à figura das principais razões é econômica, pois despesas
masculina passa por revisões, da mesma forma que não com um evento deste tipo são onerosas. Assim, nas
cabe mais somente à mulher o papel de “organizado- últimas décadas, vemos um crescimento de uniões

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CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja

civis e livres, sem serem formalizadas. No Brasil, o nessa faixa era de 5,10, em 2010 essa taxa caiu para
número de casais em união consensual teve um au- 3,56. Mesmo entre as mulheres de maior renda per
mento significativo entre 2000 a 2010. Considerando capita, que já apresentavam uma baixa taxa de fecun-
as pessoas casadas, as que viviam em união consen- didade, os números apresentaram uma ligeira que-
sual representam nos dias atuais mais de um terço da: de 1,17 em 2000 para 1,11 em 2010. Atualmente,
dessa parcela da população, segundo dados divulga- a taxa é de 1,81 nascimentos por mulher, segundo
dos em outubro de 2012 pelo Instituto Brasileiro de dados de 2012, do IBGE.
Geografia e Estatística, em seu relatório “Censo de-

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mográfico 2010: nupcialidade, fecundidade e migra-
ção: resultados da amostra”.
Já os casamentos formais também apresen-
taram queda no Brasil em números e percentuais,
dados os novos arranjos familiares: em 2010, 36,4%
das pessoas casadas viviam em união consensual,
contra 28,5% em 2000. Já o percentual de pessoas
unidas por casamento civil e religioso caiu de 49,4%
para 42,9% no mesmo período. Por sua vez, as uniões
realizadas apenas na esfera religiosa diminuíram de
4,4% para 3,4%, e o número de casamentos realiza-
dos apenas na dimensão civil pouco variou: de 17,5%
em 2000 para 17,2% em 2010.
O relatório aponta que os solteiros continuam
sendo mais da metade da população do país (54,8%
em 2000 e 55,3% em 2010).
Apesar de não haver dados específicos sobre a
evolução das uniões entre indivíduos do mesmo sexo,

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o relatório sobre a taxa de nupcialidade revela que
99,6% dos casais homoafetivos vivem em união con-
sensual, com predominância de católicos (47,4%), se-
guida por pessoas sem religião definida (20,4%).
• Tendência à nuclearização: em uma sociedade es-
sencialmente patriarcal, como a brasileira, há algu-
mas décadas a tendência era que as famílias fossem
numerosas, pois cabia à mulher gerar vários filhos
e cuidar das atividades domésticas. Na atualidade, a
diminuição do tamanho médio da família é progres-
siva, embora o número de famílias tenda a crescer
em decorrência dos novos arranjos familiares, como
as uniões estáveis e as homoafetivas. No Brasil, um
exemplo dessa tendência de queda pode ser obser-
vado na taxa de fecundidade (relação entre o número
médio de crianças nascidas vivas por mulher em PONTO DE CONEXÃO
idade reprodutiva). Desde os anos de 1960, a diminui- Em Geografia, observe o conceito de transição demo-
ção do número de filhos e, por sua vez, do número gráfica, em que o crescimento da população tende a
dos componentes familiares segue uma disposição diminuir ou oscilar, em decorrência da redução das
histórica de queda, tanto no Brasil quanto no mundo. taxas de fecundidade, de mortalidade e de natalidade
Segundo dados divulgados em 2012 pelos Estudos e do aumento da expectativa de vida. O Brasil, como
técnicos SAGI (número 4), do Ministério de Desenvol- muitos países desenvolvidos na década de 1970 e de
vimento Social e Combate à Fome (MDS), as princi- 1980, passa agora por um período de estabilização
pais responsáveis pela acentuada queda da taxa de de sua população, em torno de 200 milhões de ha-
bitantes, o que condiciona à diminuição do tamanho
fecundidade total no Brasil entre os anos 2000 e 2010
das famílias, com expressiva elevação do número de
foram as mulheres de menor renda. Dessa forma, se
idosos e queda do número de jovens.
no ano 2000 o número médio de filhos por mulher

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• União entre os “iguais” em raça prevalecendo: ape- as etnias nas décadas anteriores. Alguns dados, no
sar das políticas de igualdade entre etnias, segundo entanto, chamam a atenção, como a realidade das
dados divulgados na publicação do IBGE “Censo de- mulheres pretas, que se casam mais com homens
mográfico 2010: nupcialidade, fecundidade e migra- brancos (25,5% das uniões desse grupo) do que com
ção: resultados da amostra”, o casamento inter-ra- pardos (22,9%). Entre aqueles que se declaram par-
cial não avançou de 2000 a 2010. Um exemplo mais dos, 69% dos homens e 68,1% das mulheres tinham
claro vem dos percentuais: 75,3% dos homens bran- parceiros com a mesma cor de pele. Em relação aos
cos e 73,7% das mulheres brancas casaram-se, em pretos (cerca de 10% da população brasileira), o me-
2010, com pessoas da mesma etnia, considerando nor contingente dificulta a escolha de pessoas no
todos os tipos de união (casamento civil, religioso ou mesmo grupo para se relacionar e casar, segundo o
união consensual). Por outro lado, caíram em uma Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O não
proporção semelhante as uniões de homens e mu- avanço do casamento inter-racial é uma tendência a
lheres pardos com brancos e brancas, paralisando se verificar para os próximos anos.
uma tendência de ampliação dos casamentos entre

Homens que se unem com mulheres de Mulheres que se unem com homens de
determinada raça (em %) determinada raça (em %)
Homem Mulher
Indígenas

Indígenas
Amarelas
Amarelos

Brancas
Brancos

Pardos

Pardas
Pretos

Pretas

Mulher Homem
Brancas 75,3 26,4 24 26,1 16,6 Brancos 73,7 25,5 22 24,4 16,9
Pretas 3,6 39,9 6,8 3,9 3,1 Pretos 4,6 50,3 9,8 6,8 3,9
Amarelas 0,6 1,4 44,2 0,9 1 Amarelos 0,5 1,1 38,8 0,7 0,8
Pardas 20,4 32,1 24,7 69 13,9 Pardos 21,1 22,9 29,2 68,1 13,8
Indígenas 0,1 0,2 0,3 0,1 65,4 Indígenas 0,1 0,2 0,3 0,1 64,6
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico 2010: nupcialidade, fecundidade e migração: resultados da amostra. Rio de
Janeiro: IBGE, 2010. pp. 64-5.

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• O aumento das mulheres como chefes de família:

me.com
o aumento do número de divórcios e separações, a
maior participação da mulher no mercado de tra-

| Dreamsti
balho, as constantes oscilações econômicas, o pro-

Huzau
gressivo reconhecimento social (que garante à mu-

© Ruslan
lher maior autonomia e direitos) e as imposições de
consumo – em que a soma de salários dos cônjuges
torna-se quase imperativa –, apontam para um cres-
cimento significativo da mulher enquanto chefe de
família.
No Brasil, em famílias chefiadas por mulheres, nor-
malmente os filhos têm mais de quinze anos de ida-
de. Essa tendência mostra-se preocupante, pois, por
mais que a participação da mulher no mercado de
trabalho seja cada vez mais significativa, os salá-
rios recebidos por elas ainda são menores se com-
parados aos obtidos pelos homens que realizam as
mesmas funções. Os números apontam, ainda, que
em famílias mais estáveis, em termos de renda, pre-
valece a chefia da figura masculina, segundo dados
do “Censo demográfico 2010: famílias e domicílios:
resultados da amostra”.
• Crescimento dos divórcios e separações: as rupturas
e os desenlaces familiares, cada vez mais comuns
hoje em dia, são um processo de dissociação iniciado
a partir da segunda metade do século XX. Essa
transformação está ligada muito ao desenvolvimento
do individualismo e à busca da felicidade contínua e
constante, estimulada pelos meios de comunicação
e pela propaganda, onipresente em um número
cada vez maior de canais como a TV, a internet e
as redes sociais. Ou seja, o desejo de escolha da
atividade profissional, das paixões fugazes e dos
amores expressos da vida moderna tem provocado
separações e novas uniões. O divórcio legal
também deixou de ser tabu, e separações
tendem a ser mais aceitas pela sociedade.
Assim, as denominadas famílias mosaico, em
que unidades domésticas são formadas por
casais separados com filhos de outras uniões
têm se tornado comuns. No Brasil e no
mundo ocidental em geral, esses arranjos
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familiares se tornaram comuns nas


últimas décadas, mais até que em
muitos países desenvolvidos. Os
índices de dissociação e divórcio
têm crescido consideravelmente
em países ocidentais, caso do
Brasil. Segundo a publicação feita
pelo “Censo demográfico 2010:

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CAPÍTULO 9
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famílias e domicílios: resultados da amostra”, nem do total de uniões registradas em cartório


que investigou pela primeira vez o tema, quase ou aprovadas na Justiça. Segundo esses dados
um sexto (16,3%) das residências habitadas por censitários, entre os lares com casais homossexuais
casais com filhos contam com a presença de filhos contabilizados, a maioria (52,6%) estava na região
de relacionamentos anteriores. Ainda segundo o Sudeste, principalmente nas regiões metropolitanas
“Censo demográfico 2010: nupcialidade, fecundidade de São Paulo e Rio de Janeiro.
e migração: resultados da amostra”, o número de Neste mesmo documento, o IBGE pesquisou, pela
divórcios chegou a 3,1% em 2010 (quase o dobro dos primeira vez, casais do mesmo sexo. Segundo ele, o
1,7% de 2000). número de casais que disseram viver uma união ho-
Essa proliferação das chamadas famílias recons- moafetiva corresponderia a 0,1% do total de domicí-
tituídas (famílias mosaico) torna cada vez mais co- lios do país, aproximadamente 58.000 domicílios.
mum as uniões que venham com filhos de outros Com as discussões de gênero cada vez mais
relacionamentos, formando a figura dos coirmãos, ampliadas, ainda que não totalmente aceitas, a
que, diferentemente dos meios-irmãos, não têm la- tendência é que este percentual aumente nos
ços sanguíneos, mas são criados de forma conjunta, próximos censos à medida que a legislação
o que exige uma fase de adaptação e conquista. brasileira avance. Por exemplo, o reconhecimento
Outra característica é o aumento do número de dessas uniões pela Previdência Social do Brasil,
famílias ditas disciplinadas – as quais não costumam especialmente após o Supremo Tribunal Federal
fazer as atividades familiares em conjunto, como jan- (principal instância da justiça brasileira), em 2011, ter
tar ou tomar café da manhã –, em detrimento das reconhecido em nível federal a equiparação da união
chamadas famílias devotadas – as quais costumam homossexual à heterossexual como união estável,
se reunir ao longo do dia para realizar essas ativida- possibilitou a inclusão de cônjuges em planos de
des, ou seja, são famílias dedicadas a essas formas saúde, aposentadorias e pensões – como já ocorria
mais tradicionais. Isso acontece porque os horários em alguns estados brasileiros –, além da adoção de
das atividades são diferentes entre os membros de filhos. Em 2013, seguindo a decisão do Supremo,
uma família, seja por causa da escola, da participa- o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou
ção do casal no mercado de trabalho, das atividades que os cartórios em todo o Brasil devem celebrar
de lazer etc. Até o jantar em família torna-se mais o casamento entre pessoas do mesmo sexo da
raro todas as noites. No entanto, algo é certo: volta- mesma forma que celebram e registram as uniões
mo-nos cada vez mais para a família, até como pro- heterossexuais.
teção individual em um mundo cada vez mais compe-
titivo, mesmo com suas transformações.
• Reconhecimento dos direitos de casais
homossexuais: no “Censo demográfico

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2010: nupcialidade, fecundidade e
migração: resultados da amostra”, um
número maior de mulheres declarou
manter união homossexual no Brasil.
Dentre os casais homossexuais,
53,8% mostraram-se constituídos por
mulheres e 46,2% por homens. Não
existiam, até 2012, dados oficiais da
população homossexual no Brasil

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• A família como refúgio por mais tempo: a diversifica-

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ção dos arranjos familiares e a flexibilização da rigidez
familiar (com o desprezo a normas impositivas pro-
venientes do século XIX e começo do século XX, como
a obrigatoriedade do casamento, especialmente do
primogênito, para a perpetuação do nome da família,
em uniões muitas vezes arranjadas) aponta para uma
maior suavidade, compreensão e cumplicidade nas
relações familiares contemporâneas. Pais se tornam
próximos dos filhos, querendo estar presentes em to-
das as etapas, não somente no desenvolvimento infan-
til; filhos que se apegam aos pais e dependem deles
por mais tempo, por comodismo ou por falta de opor-
tunidades, entre outras tendências de comportamento. ção técnica tornou-se prerrogativa em uma sociedade
Sendo assim, se já houve uma época em que competitiva e a proliferação da violência social assusta
um adolescente tinha como meta sair de casa, bus- (especialmente a urbana).
cando vida própria, muitas vezes casando-se mais Dessa forma, temos a chamada geração “canguru”,
cedo e tornando-se mais independente, os tem- que vive sob a proteção dos pais, fenômeno que se ve-
pos têm-se mostrado diferentes, já que um fenô- rifica mais comumente na Europa. Na Itália, por exem-
meno começou a se alastrar pelo mundo moder- plo, filhos nessa situação ficaram conhecidos como
no ocidental: o prolongamento da estada na casa mammone (palavra que vem de mamma, a dominante
dos pais ou responsáveis, em especial entre jovens mãe italiana que, segundo o imaginário popular, adora
de classe média, média alta e alta, até os 28, 30, manter seus rebentos próximos e sob a proteção dela).
32 anos ou mais. Isso se deve ao fato de o lar propiciar, Na França e na Espanha, os jovens ficam mais com os
dentro de uma sociedade competitiva e com uma for- pais porque também é difícil conseguir emprego por lá,
mação familiar individualista, proteção e refúgio certo, dada a crise de crescimento ou estagnação econômica
permitindo que se concilie liberdade individual e soli- pela qual passam muitos países europeus.
dariedade familiar com o reforço dos contatos sociais • Maior presença feminina no mercado de trabalho: no
primários. Assim, a dificuldade para sobreviver fora do Brasil, como em outros países, o crescimento mais
âmbito familiar, com a incerteza do emprego e as faci- acelerado da população feminina está ligado ao enve-
lidades dadas pelos pais, ainda conservam muitas pes- lhecimento, já que as mulheres vivem, em geral, mais
soas jovens na casa dos pais/responsáveis, estendendo do que os homens.
a juventude. É como se o prolongamento da adolescên- No mercado de trabalho atual, no entanto, as mu-
cia estivesse sendo ditado pelos fenômenos urbanos lheres – dentro de um quadro geral – ainda têm remu-
que transformaram as últimas décadas. Ou seja, o ca- neração inferior ao exercerem as mesmas atividades
samento institucionalizou-se como tardio, a capacita- que os homens; além disso, os afazeres domésticos
ainda apresentam maior responsabilidade da ala fe-
minina de nossa sociedade. No setor educacional, a
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participação da mulher supera a dos homens, porém


estes continuam ocupando as vagas mais concorridas
dos cursos superiores. Já no plano familiar, mulheres
ainda são submetidas à violência, seja física ou emo-
cional, por parte dos parceiros.
Dados da Síntese de Indicadores Sociais (IBGE,
2012) confirmam a ampliação da presença feminina no
mercado formal de trabalho e no campo educacional.
Essas tendências têm trazido consequências signifi-
cativas para o país: as mulheres passaram a chefiar
um número maior de famílias, a ter menos filhos e a
adiarem a maternidade em todas as faixas etárias da
Apesar da presença cada vez maior das mulheres no
mercado formal de trabalho, a remuneração delas ainda fase reprodutiva, o que contribui para o maior envelhe-
é inferior à dos homens. cimento da população do Brasil.

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Instituições sociais: família e Igreja

mulher

Fontes: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas do registro civil 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. p. 60. v. 33. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas do registro civil 2011.
Rio de Janeiro: IBGE, 2011. p. 60. v. 38. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2012. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. pp. 29, 30 e 136.
A
na atualidade
2001 Em 2001, 43,2% das
Na faixa etária de 25 a 29
43,2% mulheres estavam
ocupadas formalmente anos, 31% das mulheres
não tinham filhos em
no mercado de
2001. Em 2011, o
trabalho; em 2011, o
2011
percentual elevou-se
índice subiu para
para 40,8%.
54,8%.
54,8%

31% sem filhos 40,8% sem filhos


2001 2011
A tendência comportamental feminina trouxe
queda na taxa de fecundidade do Brasil, que caiu
para 1,95 filhos por mulher em 2011. Este é um
índice insuficiente para evitar o decréscimo de
habitantes em um futuro próximo (2,1 filhos por
mulher, segundo estimativas do IBGE, é o índice
de reposição populacional para que haja
relativo equilíbrio).

Houve também o recuo nas taxas de A maior inserção feminina no


fecundidade e adiamento da materni- mercado de trabalho tem
dade (em 2006, foram 550.425 nascidos como causas o avanço dos
vivos de mães entre 15 e 19 anos e índices de escolaridade da
637.432 de mães entre 30 e 39 anos; mulher e a maior taxa de
em 2011, os mesmos dados foram urbanização do Brasil, que
alterados para 496.010 e 756.886 supera a casa dos 80% (84,4%
nascidos vivos, respectivamente). segundo o último censo).

Renda desigual
% média do rendimento das mulheres em relação ao dos homens:
2001: 69,6% do rendimento masculino.
2014: 74,5% do rendimento masculino.
Fontes: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores, 2001 e 2014.

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Instituições sociais: família e Igreja

PARA PRATICAR
1 (UnB) Assinale a opção correta a respeito de insti- 04. as universidades são instituições autônomas e in-
tuição social. dependentes dos interesses econômicos, políticos
A É um sistema complexo e organizado de relações e militares.
sociais relativamente permanentes, que incorpora 08. instituições familiares, educacionais e religiosas
valores e procedimentos comuns e atende a certas frequentemente se submetem aos interesses mili-
necessidades básicas da sociedade. Nas instituições tares, políticos e econômicos.
sociais, as atividades não são rotineiras e previsíveis 16. as Forças Armadas e as agências, como os Conse-
e as relações entre os membros tendem a uma não lhos de Segurança Nacional, são instituições cada
padronização. vez menos importantes para os estados nacionais,
B O poder coercitivo de uma instituição está no fato de dada a força de movimentos internacionais de cará-
que a sua existência depende da vontade dos indiví- ter pacifista e de defesa dos direitos humanos e dos
duos: basta esquecer suas regras ou tentar mudá- cidadãos.
-las para perceber a sua força. Soma =
C A institucionalização é o processo pelo qual certas
atividades adquirem padrões e rotinas, e são espe- 3 No duplo circuito particular-geral, geral-particular,
radas e aprovadas para atingir objetivos considera- a família aparece como um intermediário entre o indivíduo
dos importantes. Um papel é dito institucionalizado e a colectividade. É um subsistema a um tempo afectado
quando foi padronizado, aprovado e esperado. pela colectividade e afectando-a — parte de um todo orgâ-
D As instituições não tendem a regulamentar e a con- nico, numa relação de interdependência e interpenetração.
trolar o comportamento dos indivíduos. Como elas Fase do processo que conduz do indivíduo à colectividade,
incorporam as expectativas aceitas pela sociedade, a família é um veículo de modelos sociais, um instrumento
qualquer desvio dessas expectativas pode sofrer pu- de termo socialização usado ao longo deste texto significa
nição ou exposição a constrangimentos. «o processo pelo qual o indivíduo aprende a ajustar-se ao
grupo, através da aquisição de um comportamento social
2 (UEM 2013) Dentro da sociedade norte-americana, o que o grupo aprova» — definição de «socialização» pelo
principal poder nacional reside hoje nos domínios econômi- qual os indivíduos se inserem no meio que os rodeia.
co, político e militar. Outras instituições parecem colocadas SANTOS, Maria de Lourdes Lima dos. “Família e ‘socialização’: um aspecto da
evolução social contemporânea”. Análise social, v. VII, n. 25-6, pp. 67-8, 1969.
do lado de fora da história moderna e, de vez em quando,
subordinam-se convenientemente àqueles domínios. Nenhu- Conforme o trecho, a socialização da criança é funda-
ma família é tão diretamente poderosa em questões nacio- mental para a construção do “eu social”. E, nesse con-
nais quanto qualquer grande corporação: nenhuma igreja é texto, a família tem como uma de suas funções a socia-
tão diretamente poderosa nas histórias de vida externas dos lização primária das crianças. Esse processo, ao qual a
jovens norte-americanos hoje quanto o Exército dos EUA; sociologia atribuiu grande importância, justifica-se
nenhuma universidade é tão poderosa na conformação dos A por ser por meio da família que a criança recebe as
eventos internacionais quanto o Conselho de Segurança Na- informações necessárias para que se adapte às re-
cional. As instituições religiosa, educacional e familiar não são gras da sociedade na qual está envolvida.
centros autônomos de poder nacional; pelo contrário, essas B por ser por meio da instituição familiar que a criança
áreas descentralizadas são cada vez mais moldadas pelos passa a questionar valores, o que lhe permite transfor-
três grandes poderes, nos quais ocorrem hoje os eventos de mar o curso da sociedade em que se insere.
consequência decisiva e imediata. C por ter o grupo social familiar a capacidade de trans-
WRIGHT-MILLS, C. “A elite do poder: militar, econômica e política”. In: missão de hábitos, devido ao seu poder formal de
FERNANDES, H. R. (Org.). Wright-Mills: sociologia. São Paulo: Ática, 1985. p. 70.
moldar indivíduos e suas capacidades.
De acordo com o texto, é correto afirmar que D por ser da família o poder de intermediar as esfe-
01. as instituições sociais mais poderosas nas socieda- ras privada e pública de vida, impondo ao indivíduo o
des modernas são as religiões, as escolas, as uni- conceito de cidadania adequado à vida social.
versidades e as famílias. E por ser por meio da instituição familiar que o indivíduo
02. os domínios econômico, político e militar são mui- faz sua socialização, modificando hábitos, padrões e
to importantes nas sociedades modernas, mesmo comportamentos para a organização em sociedade.
quando entram em conflito entre si, dado que seus
interesses nem sempre são convergentes.

SOCIOLOGIA 193
CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja

4 (Unioeste) Leia a letra de música a seguir: Botaram cadeado no portão...


Família êh! Família ah!
Família Família!
Família êh! Família ah!
Família! Família! Família! oh! êh! êh! êh!
Papai, mamãe, titia Família êh! Família ah!
Família! Família! Família! hiá! hiá! hiá!...
Almoça junto todo dia ANTUNES, Arnaldo; BELLOTTO, Toni. Titãs.

Nunca perde essa mania...


Mas quando a filha Com base na letra de música “Família” e nos seus co-
Quer fugir de casa nhecimentos sobre o tema, pode-se afirmar que:
Precisa descolar um ganha-pão I. A família continua sendo uma instituição social valo-
Filha de família se não casa rizada em nossa sociedade.
Papai, mamãe II. A família descrita na música é extensa e monogâ-
Não dão nem um tostão... mica.
III. A família descrita na música é de um tipo alternativo,
Família êh! Família ah! fora dos padrões tradicionais.
Família! oh! êh! êh! êh! IV. Na família os papéis sociais são muito bem
Família êh! Família ah! definidos.
Família!...
Família! Família! Assinale a alternativa que contempla as afirmativas cor-
Vovô, vovó, sobrinha retas.
Família! Família! A I, II e IV.
Janta junto todo dia B II e III.
Nunca perde essa mania... C II, III e IV.
D I e IV.
Mas quando o nenê E I, II, III e IV.
Fica doente
Uô! Uô! 5 (UEM 2013) Considerando as análises sociológicas
Procura uma farmácia de plantão sobre a família, é correto afirmar que
O choro do nenê é estridente 01. a família, em nossa sociedade, é responsável pelos
Uô! Uô! processos iniciais e informais de socialização.
Assim não dá prá ver televisão... 02. a informalidade social da família em nossa so-
Família êh! Família ah! ciedade está relacionada à possibilidade de exercí-
Família! oh! êh! êh! êh! cio da intimidade e do afeto bem como do aprendi-
Família êh! Família ah! zado das regras sociais.
Família! hiá! hiá! hiá!... 04. a família nuclear é o modo predominante de organi-
Família! Família! zação das famílias nos espaços urbanos modernos.
Cachorro, gato, galinha 08. a família é uma instituição social rígida que não está
Família! Família! submetida a transformações históricas ou sociais.
Vive junto todo dia 16. a diversidade social, as políticas sociais de proteção
Nunca perde essa mania... às famílias e as lutas por direitos civis, verificadas
no Brasil e no mundo nas últimas décadas, têm fa-
A mãe morre de medo de barata vorecido a proteção de organizações familiares que
Uô! Uô! não se encaixam perfeitamente nos moldes tradi-
O pai vive com medo de ladrão cionalmente associados aos papéis de pai, de mãe
Jogaram inseticida pela casa e de filhos.
Uô! Uô! Soma =

194 SOCIOLOGIA
CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja

6 Analise as afirmativas a seguir. Brasil, revelando uma maior pluralidade nas áreas mais
I. A taxa de fecundidade brasileira tem decrescido nas urbanizadas e populosas do país. A proporção de católicos
últimas décadas, com consequente redução da taxa de seguiu a tendência de redução observada nas duas déca-
natalidade. Essa é uma tendência não apenas do Brasil, das anteriores, embora tenha permanecido majoritária.
mas de praticamente todos os países ocidentais que as- Em paralelo, consolidou-se o crescimento da parcela da
sistem a uma urbanização crescente e uma maior parti- população que se declarou evangélica. Os dados censitá-
cipação da mulher no mercado de trabalho. rios indicam também o aumento do total de pessoas que
II. O crescimento da expectativa de vida do brasileiro tem professam a religião espírita, dos que se declararam sem
como consequência alguns problemas, como a ques- religião, ainda que em ritmo inferior ao da década anterior
tão previdenciária, uma vez que há prolongamento dos e do conjunto pertencente a outras religiosidades.
pagamentos de pensões e aposentadorias. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS. Censo demográfico
2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência.
III. O crescimento da população absoluta brasileira a Rio de Janeiro: IBGE, 2010. pp. 89-90.
partir das décadas de 1940 e 1950 está relacionado
ao aumento acelerado da taxa de mortalidade infan- A respeito da trajetória da Igreja Católica no Brasil, en-
til no país. quanto instituição social, podemos afirmar, conforme o
IV. A taxa de mortalidade infantil no Brasil está caindo texto, que
vertiginosamente, o que atesta a elevação do desen- A embora perca (na atualidade) adeptos para Igrejas
volvimento econômico do país e a redução da desi- protestantes, nunca teve sua hegemonia abalada de-
gualdade social. vido à sua política histórica de manter-se aliada às
estruturas políticas vigentes.
Está(ão) correta(s): B sempre se manteve coerente e ativa nos assuntos
A I, apenas. nacionais, ao fazer opção constante pelos menos fa-
B I e II, apenas. vorecidos socialmente.
C I, II e III, apenas. C ao apoiar a Teologia da Libertação, a Igreja Católica
D I, II e IV, apenas. posicionou-se historicamente ao lado dos movimen-
E todas. tos sociais libertadores, o que sempre lhe garantiu
hegemonia, embora haja queda no número de adep-
7 Desde o primeiro recenseamento de âmbito nacio- tos na atualidade.
nal até a década de 1970, o perfil religioso da população D os números sempre crescentes de fiéis atestam a li-
brasileira manteve como aspecto principal a hegemonia nha constante e segura da Igreja Católica na luta por
da filiação à religião católica apostólica romana, carac- justiça social, o que a faz ser predominante no país.
terística herdada do processo histórico de colonização do E no decorrer do período republicano brasileiro, a Igre-
país e do atributo estabelecido de religião oficial do Estado ja Católica foi modificando sua atuação no país, ado-
até a Constituição da República de 1891. As demais reli- tando tendências por vezes liberais, populistas ou
giões praticadas no Brasil, resultantes dos vários grupos conservadores o que, de certa forma, pode ter refle-
constitutivos da população, tinham contingentes signifi- tido na queda do número de fiéis atualmente.
cativamente menores. Em aproximadamente um século,
a proporção de católicos na população variou 7,9 pontos 8 (UEM 2011) O fenômeno religioso ocupa um impor-
percentuais, reduzindo de 99,7%, em 1872, para 91,8% em tante espaço nas preocupações sociológicas. Conside-
1970. No Censo demográfico deste último ano, os evangé- rando o tratamento sociológico desse tema, assinale
licos no seu conjunto somavam 5,2% e as demais religiões a(s) alternativa(s) correta(s).
2,3% do total. (...) 01. Dada a importância que possui para as relações
O Censo demográfico 2000 mostrou acentuada redução sociais, a religião é uma instituição que influencia
do percentual de pessoas da religião católica romana, o outras instituições, como a família e o Estado, mas
qual passou a ser de 73,6%, o aumento do total de pessoas não pode ser por estas influenciada.
que se declararam evangélicas, 15,4% da população, e sem 02. A Sociologia comporta teorias diversas sobre o fe-
religião, 7,4% dos residentes. Observou-se, ainda, o ligeiro nômeno religioso. Entretanto, todas elas enfatizam
crescimento dos que se declararam espíritas (de 1,1%, em seu papel na promoção da estabilidade social e não
1991, para 1,3% em 2000) e do conjunto de outras religiosi- nas mudanças sociais.
dades que se elevou de 1,4%, em 1991, para 1,8% em 2000. 04. Para Durkheim, a religião tem a função de reforçar a
Os resultados do Censo demográfico 2010 mostram solidariedade social, ou seja, a coesão da sociedade.
o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no

SOCIOLOGIA 195
CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja

08. Os dogmas religiosos dizem respeito a verdades 04. Pela perspectiva feminista, a desigualdade de
irrefutáveis mantidas pela fé. Para serem reconhe- gênero reforçada pelo discurso dos textos sagrados
cidos como válidos, eles não requerem uma justifi- é uma forma de manutenção dos privilégios
cação científica. masculinos.
16. O termo Igreja só se aplica às manifestações reli- 08. Ao constituir valores que orientam moralmente a
giosas de origem ocidental. Nas demais socieda- conduta social dos indivíduos, como sinaliza Max
des, as manifestações religiosas devem ser com- Weber, as religiões não promovem conflitos ou de-
preendidas como seitas. sigualdades.
Soma = 16. As grandes religiões monoteístas – o cristianismo,
o islamismo e o judaísmo – têm contrariado ampla-
mente seus tradicionais textos sagrados e aceitado
9 (UEM 2015) Considerando os estudos contemporâ- a ostensiva presença feminina no exercício de fun-
neos sobre sexualidade e diversidade sexual nas ciên- ções sacerdotais.
cias sociais, assinale o que for correto. Soma =
01. É consenso entre cientistas, juristas e sociólogos
que a homossexualidade é um problema psicológi-
co e, portanto, não possui conexões com fenôme- 11 (UFG 2011) Leia o fragmento de texto a seguir.
nos de ordem social. Retrocedendo no tempo, verifica-se que para os
02. Para a sociologia, a sexualidade, apesar de for- homens, já em 1940, a média de idade no ato do casa-
temente associada à experiência individual, pode mento legal era de 27,1 anos, a qual se manteve quase
também ser analisada sob uma perspectiva políti- inalterada até nossos dias [1998]. Com as mulheres não
co-cultural. ocorreu o mesmo. Em 1940, elas se casavam no civil
04. As defesas política e jurídica de certas formas de ex- mais cedo, em média aos 21,7 anos, idade que veio cres-
pressão da sexualidade como “normais” e de outras cendo sistematicamente e passou a 23,3 anos em 1950,
como “anormais” naturalizam as primeiras como 23,8 em 1960 e 24 em 1970.
normas sociais e associam a elas práticas e valores BERQUÓ, Elza. Arranjos familiares no Brasil: uma visão demográfica. In:
SCHWARCZ, Lilia M. “História da vida privada no Brasil”. Contrastes da intimi-
positivos, ao mesmo tempo em que inferiorizam ou- dade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras,
tras possibilidades de expressão sexual. 1998. v. 4. pp. 416-17. (Adapt.).

08. Para o pensamento sociológico, gênero é uma de- O texto retrata diferenças na idade média das mulheres,
terminação fisiológica e, portanto, todos os aspectos em relação à dos homens, no que se refere ao casa-
a ele relacionados só têm significado biológico. mento civil. No Brasil, o aumento progressivo da idade
16. A homofobia é uma prática discriminatória que pro- de casamento das mulheres entre as décadas de 1940 e
duz e legitima diferentes formas de violência contra 1970 se deve, sobretudo, à
grupos sexuais em situação de desvantagem civil A instituição do divórcio, que deu aos divorciados o di-
ou social. reito de contrair novo matrimônio.
Soma = B aprovação do código eleitoral, que garantiu a partici-
pação política das mulheres.
C elevação da escolaridade, que possibilitou maior in-
10 (UEM 2015) Deus é comumente pensado como um clusão das mulheres no mercado de trabalho.
ser do sexo masculino nas religiões monoteístas que D ampliação da longevidade feminina, que influenciou
possuem maior número de adeptos ao redor do mundo. na nupcialidade e nas parturições.
Considerando o exposto, assinale o que for correto em E implementação de políticas de saúde pública, que
relação às análises sociológicas sobre sexo e gênero. permitiu o acesso à contracepção e à esterilização.
01. Os textos religiosos e as ideias teológicas dizem res-
peito a crenças e, portanto, referem-se a escolhas
particulares e a aspectos da vida privada. Portanto,
não devem ser analisados pela sociologia.
02. Segundo Émile Durkheim, a religião é uma das ins-
tituições responsáveis por promover a ordem so-
cial, incidindo sobre o modo como são organizadas
as relações de trabalho, de família, de justiça etc.

196 SOCIOLOGIA
CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja

QUESTÕES EXTRAS
1 O poder obtido pelas mulheres no Brasil (e no 2 Nesse período [2000-2010], a proporção de brasilei-
mundo ocidental) nas últimas décadas é proporcional à ras com ao menos um filho diminuiu em todas as faixas
maior participação delas na renda familiar. Atualmente, etárias mais jovens [...]. Esse seria um dos reflexos do au-
em uma família, decisões como a escolha dos produtos, mento da escolarização delas, que passaram a postergar a
do carro, assim como o controle da renda familiar, têm maternidade para continuar os estudos.
sido feitas cada vez mais pelas mulheres. No entanto, ALVES, Cida. "Mais mulheres são chefes de família, e jovens optam por ser
mãe mais tarde”. G1, 31 out. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/econo-
observe os dados a seguir: mia/noticia/2014/10/mais-mulheres-sao-chefes-de-familia-e-jovens-optam-
por-ser-mae-mais-tarde.html>. Acesso: 23 nov. 2015.

Renda desigual De acordo com dados dos últimos levantamentos sociais


% média do rendimento das mulheres em relação ao dos homens: realizados no Brasil, em 10 anos, houve um aumento

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significativo de mulheres chefes de família ou que pas-
sam a ter filhos mais tarde. Como esse fenômeno pode
repercutir no processo de socialização e educação das
crianças no âmbito familiar ou mesmo sobre os novos
arranjos familiares?

• 2001: 69,6% do rendimento masculino;


• 2014: 74,5% do rendimento masculino.
Fontes: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa
nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores, 2001 e 2014.

A partir do enunciado e dos dados apresentados, res-


ponda: o avanço da participação da mulher nos assun-
tos internos da família é compatível com suas condições
no mercado de trabalho?

SOCIOLOGIA 197
CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja

3 Qualquer sociedade não tem condições de resis- 4 A relação entre a Igreja e o Estado Português só
tir se não apresentar certo aparelhamento e relacio- pode ser compreendida mediante o entendimento do
namento entre seus grupos. Para que uma sociedade Padroado. Em relação ao Padroado é pertinente men-
exista, são indispensáveis interações conscientes entre cionar que a Santa Sé era consciente da situação que
os indivíduos da mesma. Se não acontece o aparelha- incidia sobre a Igreja no Brasil. De fato a Igreja não tinha
mento (organização), o homem não obtém a sua ali- autonomia, nem poder de decisão sobre os passos que
mentação, por exemplo. Ou seja, não poderia alcançar deveria desempenhar para realizar sua missão.
com perfeição todos os seus potenciais. OLIVEIRA, Marlon Anderson de. "Entre a coroa e a cruz: a Igreja colonial sob a
égide do padroado". In: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE.
COLUNISTA PORTAL EDUCAÇÃO. “Sociologia: instituições sociais”. Portal
Anais do II Encontro Internacional de História Colonial. Mneme – Revista de
Educação, 23 out. 2013.
Humanidades. Caicó, v. 9, n. 24, pp. 10-1, set/out. 2008.
Disponível em: <www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/51304/socio-
logia-instituicoes-sociais#ixzz3r7WWEXRp>. Acesso em: 23 nov. 2015. Diante da falta de autonomia da Igreja no Brasil, de acor-
O que são as instituições sociais e qual seu papel na do com o trecho, como o regime do Padroado, instituído
sociedade? a partir da Constituição de 1824 e que vigorou no Brasil
Imperial, contribuiu para a decadência do II Reinado (1840-
1889)?

198 SOCIOLOGIA
CAPÍTULO 9
Instituições sociais: família e Igreja
no Enem
7 (Enem) 9 (UEM) Considere o seguinte texto:
Caiu

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano


RELIGIÃO NO BRASIL – 2007
(CDHU) reviu o conceito de família e, agora, passa a conceder
financiamento para casais homossexuais, solitários com mais
1,7% 0,7%
1,4%
de 25 anos, famílias mononucleares (pais e mães solteiros) e
4,3%
anaparentais, como avós e netos, tios e sobrinhos, irmãos ou
7,4%
primos, além de uniões baseadas não no parentesco, mas na
ligação afetiva. Até então, a CDHU só aceitava como beneficiá-
10,7%
rios de seus programas homens e mulheres casados ou regis-
trados em uma união estável.
O Estado de S.Paulo, 9 ago. 2008. Caderno Cidades.
Assinale o que for correto sobre esse trecho de reportagem
e o tema do qual ele trata.
73,8% 01. As informações da reportagem autorizam afirmar que
a instituição familiar diminuiu sua importância nas so-
Católica apostólica romana
Assembleia de Deus e evangélicas pentecostais ciedades contemporâneas.
Sem religião
Batista e evangélica de missão
02. As mudanças descritas na reportagem mostram que,
Espírita, umbanda e candomblé diferentemente do que afirmam muitas teorias socio-
Testemunha de Jeová
Católica apostólica brasileira e outras religiões lógicas, a família deixou de ser a primeira instituição à
Fonte: SMITH, D. Atlas da situação mundial. São Paulo: Cia. Editorial Nacional, 2007 (Adapt.).
qual os indivíduos pertencem.
04. A reportagem sobre os novos critérios utilizados pela
Uma explicação de caráter histórico para o percentual da
CDHU para financiar moradias é reveladora do quanto
religião com maior número de adeptos declarados no Bra-
as regras que autorizam ou proíbem determinados ti-
sil foi a existência, no passado colonial e monárquico, da
pos de uniões familiares variam no espaço e no tempo.
A incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos
08. Os novos conceitos de família utilizados pela CDHU per-
de outras religiões.
mitem concluir que a função reprodutiva está deixando
B incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera
de caracterizar, centralmente, a instituição familiar.
pública.
16. Podemos concluir da reportagem que as transforma-
C permissão para o funcionamento de igrejas não cristãs.
ções pelas quais a sociedade vem passando forçam o
D relação de integração entre Estado e Igreja.
Estado, muitas vezes, a rever seus critérios de distri-
E influência das religiões de origem africana.
buição de recursos públicos e de acesso a serviços.
Soma =
8 (UFPR 2011) Normalmente, quando se fala de sociali-
zação, se pensa no processo de interiorização de normas e
de comportamentos sociais pela criança. Durkheim afirma 10 (UEM) Considerando as transformações contemporâ-
que a socialização primária da criança, que ocorre nos pri- neas das religiões no Brasil, assinale o que for correto.
meiros anos de vida, é de responsabilidade da família, e a 01. Nos grandes centros urbanos, as igrejas ajudam a criar
socialização secundária se faz em instituições como a Igreja um espaço de reconstituição de laços de sociabilidade
e a escola. Considerando que vivemos no século XXI, que e de sentimento de pertencimento.
outras instituições participam hoje da socialização da crian- 02. Nas últimas décadas, a diversificação de igrejas pode
ça? Cite duas e justifique sua escolha. ser melhor compreendida se analisarmos como se dá
a consolidação e a expansão de práticas religiosas que
comercializam símbolos de fé.
04. A religião é apreendida pelos indivíduos modernos
como um universo no qual a adesão deve ser coletiva, o
que lhes retira a autonomia na escolha das crenças.
08. O impacto da modernidade sobre o campo religioso
se traduziu em um gerenciamento das igrejas como
estruturas empresariais, associadas a modernos
meios de comunicação de massa.
16. As igrejas não são instituições estáticas. Elas também
passam por processos de transformação social que al-
teram suas práticas rituais.
Soma =

200 SOCIOLOGIA

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