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Nº5  1º semestre de 2010  ano 3  ISSN: 1647‐5496  

EUTRO À TERRA Revista Técnico-Científica |Nº5| Junho de 2010


http://www.neutroaterra.blogspot.com

“A
A revista Neutro à Terra volta
novamente à vossa presença, com
novos e interessantes artigos na
área da Engenharia Electrotécnica
em que nos propomos intervir.
Nesta edição da revista merecem
particular destaque os assuntos
relacionados com as instalações
eléctricas, a domótica, a utilização
eficiente da energia eléctrica,
particularmente no caso da força
motriz, as telecomunicações e as
energias renováveis.
Doutor Beleza Carvalho

Instalações Máquinas  Telecomunicações Segurança Energias Domótica Eficiência


Eléctricas Eléctricas Renováveis Energética
Pág.7 Pág. 21 Pág. 35 Pág. 41 Pág. 45 Pág.51 Pág. 63

Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas


EDITORIAL

Doutor José António Beleza Carvalho


Instituto Superior de Engenharia do Porto

ARTIGOS TÉCNICOS
RRA

07| Fases de Realização e Tipos de Projectos de Instalações Eléctricas


Engº Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva
Engº António Augusto Araújo Gomes
Instituto Superior de Engenharia do Porto
À TER

15|| Técnicas de Manutençãoç em Linhas de Transmissão de Energia


g
Arlindo Francisco
Hugo Sousa
Doutora  Teresa Alexandra Ferreira Mourão Pinto Nogueira
Instituto Superior de Engenharia do Porto

21| Accionamentos Eficientes de Força Motriz. Nova Classificação


Doutor José António Beleza Carvalho
Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
Instituto Superior de Engenharia do Porto
EUTRO

29| Detecção de Avarias em Motores Assíncronos de Indução


Engº António Manuel Luzano de Quadros Flores
Doutor José António Beleza Carvalho
Instituto Superior de Engenharia do Porto

35| Fibra Óptica: Novas Auto‐estradas das Telecomunicações


Engº Sérgio Filipe Carvalho Ramos
Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
Instituto Superior de Engenharia do Porto
E

41| Sistemas de Controlo de Acesso


Engº António Augusto Araújo Gomes
Instituto Superior de Engenharia do Porto

45| Dimensionamento de Centrais Fotovoltaícas para a Micro Produção


Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
Instituto Superior de Engenharia do Porto

51| A Criação de Valor no Binómio: “Casa Inteligente / Consumidor”


Engº António Manuel Luzano de Quadros Flores
Instituto Superior de Engenharia do Porto

63| Optimização Energética em Novos Ascensores


Engº José Jacinto Ferreira
Engº Miguel Leichsenring Franco
Schmitt ‐ Elevadores, Lda

FICHA TÉCNICA DIRECTOR: Doutor José António Beleza Carvalho


SUB‐DIRECTORES: Engº António Augusto Araújo Gomes
Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
Engº Sérgio Filipe Carvalho Ramos

PROPRIEDADE: Área de Máquinas e Instalações Eléctricas


Departamento de Engenharia Electrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto
CONTACTOS: jbc@isep.ipp.pt ; aag@isep.ipp.pt
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL:  ISSN: 1647‐5496 
EDITORIAL

Caros leitores

A revista “Neutro
Neutro à Terra
Terra” volta novamente à vossa presença,
presença com novos e interessantes artigos na área da Engenharia
Electrotécnica em que nos propomos intervir. Nesta edição da revista merecem particular destaque os assuntos relacionados
com as instalações eléctricas, a domótica, a utilização eficiente da energia eléctrica, particularmente no caso da força motriz, as
telecomunicações e as energias renováveis.
A elaboração de um projecto de instalações eléctricas é uma actividade complexa e exigente, não só pela diversidade de áreas
que estão envolvidas, mas também pelo número de intervenientes no mesmo. As Instruções para a Elaboração de Projectos de
Obras, anexas à portaria no 701‐H/2008, de 29 de Julho, ao sistematizarem a sua abordagem introduziram no processo um
mecanismo de regulação que constitui uma mais‐valia
mais valia sensível para a actividade de projectista.
projectista Nesta publicação,
publicação apresenta‐se
apresenta se
um artigo que faz uma incursão nos aspectos das Instruções para a Elaboração, e revêem‐se alguns princípios formais da
estruturação do projecto de licenciamento.
Outro assunto de grande interesse apresentado nesta publicação tem a ver com a manutenção das linhas de transporte e
distribuição de energia eléctrica. Indicadores como o tempo e número de intervenções para restabelecer as condições normais
de funcionamento são reveladores da qualidade de serviço prestado por essas empresas que, no caso de incumprimento das
regras estabelecidas no Regulamento da Qualidade de Serviço, podem implicar em elevados prejuízos. No artigo que é
apresentado descreve‐se
descreve se a aplicação de duas técnicas modernas na manutenção das linhas eléctricas que,
que além de
incrementarem a segurança e a fiabilidade do sistema eléctrico, garantem uma melhoria dos dados quantitativos fornecidos às
equipas de manutenção.
Nos últimos anos, muitos fabricantes de motores investiram fortemente na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos
com o objectivo de colocarem no mercado motores mais eficientes. A União Europeia, através do organismo EU MEPS
(European Minimum Energy Performance Standard) definiu um novo regime obrigatório para os níveis mínimos de eficiência
dos motores eléctricos que sejam introduzidos no mercado europeu. O novo regime abrange motores de indução trifásica até
375 kW,
kW de velocidade
elo idade simples.
simples Entrará em vigor
i or em três fases a partir de meados de 2011.
2011 Nesta publicação,
p bli a ão apresenta‐se
apresenta se um
m
artigo que aborda a nova classificação que será adoptada para os equipamentos de força motriz.
Outro importante assunto apresentado nesta publicação tem a ver com a automatização das instalações habitacionais ou
domésticas. Neste sector, cada vez mais, são colocadas exigências em termos de conforto na utilização dos equipamentos
eléctricos e uma utilização cada vez mais eficiente da energia eléctrica, impondo a necessidade de edifícios “inteligentes”. O
artigo que é apresentado refere um estudo desenvolvido com o objectivo entender a criação de valor no binómio casa
inteligente/consumidor, esperando contribuir para um novo equilíbrio procura/oferta de forma que uma casa inteligente fique
acessível
í l a mais
i lares
l portugueses.
t
Nesta publicação da revista “Neutro à Terra”, pode‐se ainda encontrar outros artigos relacionados com assuntos
reconhecidamente importantes e actuais, como o dimensionamento de centrais fotovoltaicas para microprodução, um artigo
sobre sistemas de controlo de acessos e um artigo sobre a importância da fibra óptica nas actuais infra‐estruturas de
telecomunicações, quer em edifícios, quer nas urbanizações. Também o artigo sobre optimização energética em ascensores,
iniciado na publicação anterior, tem aqui a sua continuação.
Nesta publicação dá‐se também destaque à terceira edição das Jornadas Electrotécnicas de Máquinas e Instalações Eléctricas,
que decorreram
d nos dias
di 29 e 30 de
d Abril
Ab il de
d 2010 no Centro
C t de d Congressos
C d ISEP.
do ISEP Este
E t evento
t contou
t com a participação
ti i ã de d
diversas empresas ligadas às áreas das máquinas eléctricas, sistemas electromecânicos, energias renováveis, veículos eléctricos,
segurança, domótica, luminotecnia e infra‐estruturas de telecomunicações. Foi organizado pelo Departamento de Engenharia
Electrotécnica do ISEP, com os habituais colaboradores desta revista a terem um papel preponderante.
Estando certo que esta edição da revista “Neutro à Terra” vai novamente satisfazer as expectativas dos nossos leitores,
apresento os meus cordiais cumprimentos.

Porto, Junho
h de
d 2010
20 0
José António Beleza Carvalho

3|
EVENTOS

JORNADAS ELECTROTÉCNICAS DE MÁQUINAS E INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS

O ISEP tem uma longa e positiva tradição na formação superior da Engenharia, constituindo uma marca de prestígio
consolidada em Portugal e reconhecimento no âmbito internacional.
internacional Com forte tradição na formação de engenheiros
electrotécnicos, o Departamento de Engenharia Electrotécnica (DEE) contribui para o desenvolvimento da excelência técnica e
científica, através da formação sólida de profissionais que actuam nesta área e na aposta numa forte ligação às indústrias e ao
meio empresarial.

No sentido de promover mais um fórum de contacto e motivado


pelo sucesso obtido nos eventos anteriores, este ano o DEE
repetiu as Jornadas Electrotécnicas de Máquinas e Instalações
Eléctricas, na sua terceira edição. O evento ocorreu nos dias 29 e
30 de Abril de 2010 no Centro de Congressos do ISEP e contou
com a participação de diversas empresas ligadas às áreas das
máquinas eléctricas, sistemas electromecânicos, energias
renováveis, veículos eléctricos, segurança, domótica, luminotecnia
e infra‐estruturas
infra estruturas de telecomunicações.
telecomunicações
No primeiro dia do evento foram apresentadas as comunicações
das empresas: Energaia, Adene, Vestas, TÜV Rheinland, Goosun,
Efacec, Sew‐Eurodrive, EMEF, ABB, Schmitt–Elevadores, Anacom,
Amisfera e a Televés. No segundo dia ocorreram as apresentações
das empresas: Only, Schréder, Lutron, Batalhão de Sapadores
Bombeiros Síncrono,
Bombeiros, Síncrono Longo Plano,
Plano Spectrolux,
Spectrolux OHM‐E,
OHM E Astratec,
Astratec
Efacec, Legrand, Schneider Electric, APMI e Casais Energia.
Estiveram presentes personagens com um curriculum relevante
na área da engenharia electrotécnica.

O evento contou com a apresentação do Eng.º Vilela Pinto, que entre outras actividades diferenciadas na sociedade, é autor de
bibliografia relevante e reconhecida na área das instalações eléctricas. Esteve também presente o Professor Doutor Borges
G
Gouveia,
i eminente
i d
docente d Universidade
da U i id d de
d Aveiro,
A i reconhecido
h id pelo
l seu trabalho
b lh na área
á d inovação
da i ã e das
d energias
i
renováveis. Maciel Barbosa (Ordem Engenheiros), António Augusto Sequeira Correia (ANET), Paulo Calau (Agência para a
Energia), Nuno Francisco Costa (EFACEC) e Jorge Miranda (Autoridade Nacional de Comunicações) foram outros dos nossos
oradores convidados.

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EVENTOS

Para além das usuais comunicações, a 3ª edição das Jornadas Electrotécnicas proporcionou aos convidados a visita a uma vasta
exposição e demonstração de equipamento, com oportunidade para apresentação das soluções inovadoras, inseridas nos
coffee‐breaks.
Através da apresentação de comunicações orais e a exposição de
equipamentos, o evento proporcionou a troca de conhecimento e
experiência de profissionais da engenharia electrotécnica como
empresários, técnicos, professores, investigadores e alunos. Com o
objectivo de promover a divulgação de temas relacionados com as
Máquinas e Instalações Eléctricas, devidamente enquadrados na
problemática actual das energias renováveis e a utilização racional
de energia, foram discutidos assuntos relacionados com política
energética, sistemas electromecânicos, segurança e domótica,
luminotecnia, veículos eléctricos e infra‐estruturas de
telecomunicações.
Deste modo, os dois dias do evento serviram para ajudar a compreender os últimos avanços tecnológicos, mas serviu
igualmente para relembrar mais‐valias das parcerias académicas‐empresariais para o desenvolvimento de soluções
inovadoras.

Em virtude do interesse desta temática, alvo de um rápido desenvolvimento e de necessidade de constante inovação, o DEE
disponibiliza a informação apresentada no evento em: www.dee.isep.ipp.pt/~see/jornadas2010

Patrocinadores:

Contamos convosco na quarta edição das Jornadas Electrotécnicas.

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EVENTOS

O que os profissionais procuram:


mais conhecimento, mais inovação.

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ARTIGO TÉCNICO Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva; António  Augusto Araújo Gomes
Instituto Superior de Engenharia do Porto

FASES DE REALIZAÇÃO E TIPOS DE PROJECTOS DE INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS

1 INTRODUÇÃO ‐ Decreto‐Lei nº 517/80, de 31 de Outubro ‐ Estabelece


normas a observar na elaboração dos projectos das
A realização do projecto eléctrico de uma instalação requer, instalações eléctricas de serviço particular
além do domínio técnico dos assuntos particulares que a ‐ Decreto Regulamentar nº 31/83, de 18 de Abril ‐ Aprova
esta digam respeito, sistematização na sua abordagem e o Estatuto do Técnico Responsável por Instalações
programação, necessária tanto no faseamento da sua Eléctricas de Serviço Particular
concepção como na elaboração processual dos seus ‐ Portaria nº 344/89, de 13 de Maio ‐ Altera os artigos
documentos. 19.º e 20.º do Decreto‐Lei n.º 26 852 de 30 de Julho de
Neste sentido a publicação da portaria nº 701‐H/2008, de 29 1936. Revoga a Portaria n.º 24/80 de 9 de Janeiro
de Julho, através do seu anexo I ‐ Instruções para a ‐ Decreto‐Lei nº 272/92, de 3 de Dezembro ‐ Estabelece
Elaboração de Projectos de Obras ‐ representa um salto normas relativas às associações inspectoras de
qualitativo significativo no processo de realização do instalações eléctricas
projecto, visando uma concepção de mais elevada qualidade ‐ Decreto‐Lei nº 315/95, de 28 de Novembro ‐ Regula a
do mesmo, ao definir a metodologia a seguir na sua instalação e o funcionamento dos recintos de
elaboração, com discriminação das suas fases, seus espectáculos e divertimentos públicos e estabelece o
conteúdos e objectivos. regime jurídico dos espectáculos de natureza artística
Embora a portaria se destine expressamente a projectos de ‐ Decreto‐Lei nº 59/99, de 2 Março ‐ Estabelece o regime
obras públicas e uma vez que a caracterização das obras do contrato administrativo de empreitada de obras
particulares se rege, de um modo geral, pelas regras das públicas.
obras públicas, a transposição dos seus princípios para ‐ Decreto‐Lei nº 555/99, de 16 de Dezembro (com as
aquele tipo de obras representa uma mais‐valia significativa alterações subsequentes)‐ Estabelece o regime jurídico
para o projectista e para a consequente melhoria do projecto da urbanização e da edificação
electrotécnico. ‐ Portaria nº 454/2001, de 5 de Maio ‐ Aprova o novo
Este artigo faz uma ligeira incursão nos aspectos das contrato‐tipo de concessão de distribuição de energia
Instruções para a Elaboração e revêem‐se alguns princípios eléctrica em baixa tensão
formais da estruturação do projecto de licenciamento. ‐ Portaria nº 1110/2001, de 19 de Setembro ‐ Determina
quais os elementos que devem instruir os pedidos de
2 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL informação prévia, de licenciamento e de autorização
referentes a todos os tipos de operações urbanísticas
‐ Decreto‐Lei nº 26 852, de 30 de Julho de 1936 – Aprova ‐ Decreto‐Lei n.º 5/2004, de 6 de Janeiro ‐ Aprova a
o Regulamento de Licenças para Instalações Eléctricas orgânica das direcções regionais da economia
‐ Portaria nº 401/76, de 6 de Julho ‐ Estabelece as normas ‐ Portaria nº 193/2005, de 17 de Fevereiro ‐ Actualiza a
a que deverão obedecer os projectos destinados a relação das disposições legais e regulamentares a
instruírem os pedidos de licença de instalações eléctricas observar pelos técnicos responsáveis dos projectos de
de serviço público obras e a sua execução
‐ Decreto‐Lei nº 446/76, de 5 de Junho ‐ Dá nova redacção ‐ Decreto‐Lei nº 229/2006, de 24 de Novembro ‐ Altera o
a alguns artigos do Regulamento de Licenças para Decreto Regulamentar n.º 31/83 de 18 de Abril, que
Instalações Eléctricas, aprovado pelo Decreto‐Lei n.º aprova o Estatuto do Técnico Responsável por
26852 de 30 de Julho de 1936 Instalações Eléctricas de Serviço Particular, e derroga
7|
ARTIGO TÉCNICO

parcialmente o disposto na alínea e) do n.º 3 do artigo ‐ Dono da Obra – pessoa colectiva ou individual que
3.º do Decreto‐Lei n.º 5/2004, de 6 de Janeiro promove o projecto ou obra
‐ Decreto‐Lei nº 101/2007, de 2 de Abril ‐ Simplifica o Os donos de obra podem classificar‐se em dois tipos:
licenciamento de instalações eléctricas, quer de serviço donos de obra pública e de obra particular
público quer de serviço particular, alterando os Os donos de obra pública são as entidades que se
Decretos‐Lei n.os 26 852, de 30 de Julho de 1936, encontram sujeitas ao Regime Jurídico de Obras Públicas,
517/80, de 31 de Outubro, e 272/92, de 3 de Dezembro conforme define o art.º 3.º do Decreto‐Lei n.º 59/99, de
‐ Lei nº 60/2007, de 4 de Setembro ‐ Procede à sexta 2 de Março. Alguns donos de obra pública encontram‐se
alteração ao Decreto ‐Lei n.º 555/99, de 16 de sujeitos ao Regime de Licenciamento Urbano (Decreto‐
Dezembro, que estabelece o regime jurídico da Lei n.º 555/99 de 16 de Dezembro)
urbanização e edificação Os donos de obra particular encontram‐se sujeitos, nas
‐ Decreto‐Lei nº 18/2008, de 29 de Janeiro ‐ Aprova o operações de licenciamento de urbanizações e de
Código dos Contratos Públicos, que estabelece a edificações, às disposições do Decreto‐Lei n.º 555/99 de
disciplina aplicável à contratação pública e o regime 16 de Dezembro
substantivo dos contratos públicos que revistam a ‐ Estudo prévio ‐ o documento elaborado pelo Projectista,
natureza de contrato administrativo depois da aprovação do programa base, visando a opção
‐ Portaria nº 232/2008, de 11 de Março ‐ Determina quais pela solução que melhor se ajuste ao programa,
os elementos que devem instruir os pedidos de essencialmente no que respeita à concepção geral da
informação prévia, de licenciamento e de autorização obra
referentes a todos os tipos de operações urbanísticas, e ‐ Peças do projecto ‐ os documentos, escritos ou
revoga a Portaria n.º 1110/2001 de 19 de Setembro desenhados que caracterizam as diferentes partes de um
‐ Portaria nº 701‐H/2008, de 29 de Julho ‐ Aprova o projecto
conteúdo obrigatório do programa e do projecto de ‐ Programa base ‐ o documento elaborado pelo
execução, bem como os procedimentos e normas a Projectista a partir do programa preliminar resultando da
adoptar na elaboração e faseamento de projectos de particularização deste, visando a verificação da
obras públicas, designados «Instruções para a elaboração viabilidade da obra e do estudo de soluções alternativas,
de projectos de obras», e a classificação de obras por o qual, depois de aprovado pelo Dono da Obra, serve de
categorias base ao desenvolvimento das fases ulteriores do
projecto
3 DEFINIÇÕES ‐ Programa preliminar ‐ o documento fornecido pelo
Dono da Obra ao Projectista para definição dos
‐ Anteprojecto ou Projecto Base ‐ o documento a elaborar objectivos, características orgânicas e funcionais e
pelo Projectista, correspondente ao desenvolvimento do condicionamentos financeiros da obra, bem como dos
Estudo prévio aprovado pelo Dono da Obra, destinado a respectivos custos e prazos de execução a observar
estabelecer, em definitivo, as bases a que deve obedecer ‐ Projecto ‐ o conjunto de documentos escritos e
a continuação do estudo sob a forma de Projecto de desenhados que definem e caracterizam a concepção
execução. funcional, estética e construtiva de uma obra,
(Ao Projecto Base também se dá o nome de Projecto de compreendendo, designadamente, o projecto de
Licenciamento, pois nesta fase o projectista prepara as arquitectura e projectos de engenharia.
peças escritas e as peças desenhadas para entregar o ‐ Projecto de execução ‐ o documento elaborado pelo
projecto para aprovação). Projectista, a partir do estudo prévio ou do anteprojecto
aprovado pelo Dono da Obra, destinado a facultar todos
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ARTIGO TÉCNICO

os elementos necessários à definição rigorosa dos trabalhos e) Dados básicos relativos às exigências de comportamento,
a executar funcionamento, exploração e conservação da obra,
Telas finais ‐ o conjunto de desenhos finais do projecto, tendo em atenção as disposições regulamentares;
integrando as rectificações e alterações introduzidas no f) Estimativa de custo e respectivo limite dos desvios e,
decurso da obra e que traduzem o que foi efectivamente eventualmente, indicações relativas ao financiamento do
construído empreendimento;
g) Indicação geral dos prazos para a elaboração do projecto
4 FASES DO PROJECTO e para a execução da obra.

A realização do Projecto deve seguir um cronograma ‐ Programa Base


específico, caracterizado pela definição de etapas sucessivas, O Programa base é apresentado de forma a proporcionar ao
em número dependente da importância e complexidade da Dono da Obra a compreensão clara das soluções propostas
obra, de pormenorização crescente e tendente à fixação pelo Projectista, com base nas indicações expressas no
definitiva das soluções, culminando na elaboração do programa preliminar, incluindo:
Projecto de Licenciamento e no de Execução. a) Esquema da obra e programação das diversas operações
a realizar, quando aplicável;
Estas fases podem ser enumeradas do modo seguinte de b) Definição dos critérios gerais de dimensionamento das
acordo com a portaria citada: diferentes partes constitutivas da obra;
‐ Programa Base c) Peças escritas e desenhadas e outros elementos
‐ Estudo Prévio informativos necessários para o perfeito esclarecimento
‐ Anteprojecto (Projecto Base ou Projecto de do Programa Base, no todo ou em qualquer das suas
Licenciamento) partes, incluindo as que porventura se justifiquem para
‐ Projecto de Execução definir as alternativas de solução propostas pelo
Estas seguem‐se cronologicamente às especificações Projectista e avaliar a sua viabilidade, em função das
fornecidas pelo Dono da Obra ao Projectista e traduzidas no condições de espaço, técnicas, de custos e de prazos;
Programa Preliminar. d) Estimativa geral do custo da obra, tomando em conta os
Como características que estas fases devem conter, incluem‐ encargos mais significativos com a sua realização e
se as seguintes: análise comparativa dos custos de manutenção e
consumos da obra nas soluções propostas;
‐ Programa preliminar e) Informação sobre a necessidade de obtenção de
O Programa preliminar contém, além de elementos elementos topográficos, geológicos, geotécnicos,
específicos constantes da legislação e regulamentação hidrológicos, climáticos, características da componente
aplicável, os seguintes elementos, podendo alguns destes acústica do ambiente, redes de infra‐estruturas ou de
ser dispensados consoante a obra a projectar: qualquer outra natureza que interessem à elaboração do
a) Objectivos da obra; projecto, bem como sobre a realização de estudos em
b) Características gerais da obra; modelos, ensaios, maquetes, trabalhos de investigação e
c) Dados sobre a localização do empreendimento; quaisquer outras actividades ou formalidades que
d) Elementos topográficos, cartográficos e geotécnicos, podem ser exigidas, quer para a elaboração do projecto,
levantamento das construções existentes e das redes de quer para a execução da obra.
infra‐estruturas locais, coberto vegetal, características
ambientais e outros eventualmente disponíveis, a
escalas convenientes;
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ARTIGO TÉCNICO

‐ Estudo Prévio técnicas e funcionais dos materiais, elementos de


1‐ O Estudo prévio desenvolve as soluções aprovadas no construção, sistemas e equipamentos;
Programa Base, sendo constituído por peças escritas e b) Avaliação das quantidades de trabalho a realizar por
desenhadas e por outros elementos informativos, de grandes itens e respectivos mapas;
modo a possibilitar ao Dono da Obra a fácil apreciação c) Estimativa de custo actualizada;
das soluções propostas pelo Projectista e o seu confronto d) Peças desenhadas a escalas convenientes e outros
com os elementos constantes naquele. elementos gráficos que explicitem a localização da
2‐ Se outras condições não forem fixadas no contrato, o obra, a planimetria e a altimetria das suas diferentes
Estudo prévio contém, para cada uma das soluções partes componentes e o seu dimensionamento bem
alternativas apresentadas à aprovação do Dono da Obra, como os esquemas de princípio detalhados para cada
e sem prejuízo dos elementos constantes da uma das Instalações Técnicas, garantindo a sua
regulamentação aplicável, os elementos seguintes: compatibilidade;
a) Memória descritiva e justificativa, incluindo capítulos e) Identificação de locais técnicos, centrais interiores e
respeitantes a cada um dos objectivos relevantes do exteriores, bem como mapa de espaços técnicos
estudo prévio; verticais e horizontais para instalação de
b) Elementos gráficos elucidativos sob a forma de equipamentos terminais e redes.
plantas, alçados, cortes, perfis, esquemas de f) Os elementos de estudo que serviram de base às
princípio e outros elementos, em escala apropriada; opções tomadas, de preferência constituindo anexos
c) Dimensionamento aproximado e características ou volumes individualizados identificados nas
principais dos elementos fundamentais da obra; memórias;
d) Estimativa do custo da obra e do seu prazo de g) Programa geral dos trabalhos.
execução.
‐ Projecto de execução
‐ Anteprojecto ou Projecto base (Projecto para 1‐ O Projecto de execução desenvolve o Projecto base
Licenciamento) aprovado, sendo constituído por um conjunto
1‐ O Anteprojecto, ou Projecto base, desenvolve a solução coordenado das informações escritas e desenhadas de
do Estudo prévio aprovado, sendo constituído por peças fácil e inequívoca interpretação por parte das entidades
escritas e desenhadas e outros elementos de natureza intervenientes na execução da obra, obedecendo ao
informativa que permitam a conveniente definição e disposto na legislação e regulamentação aplicável.
dimensionamento da obra, bem como o esclarecimento 2‐ Se outras condições não forem fixadas no contrato, o
do modo da sua execução. Projecto de execução inclui, além de outros elementos
2‐ Se outras condições não forem fixadas no contrato, o constantes de regulamentação aplicável, as seguintes
anteprojecto deve conter, para além dos elementos peças:
constantes da regulamentação aplicável os seguintes: a) Memória descritiva e justificativa, incluindo a
a) Memórias descritivas e justificativas da solução disposição e descrição geral da obra, evidenciando
adoptada, incluindo capítulos especialmente quando aplicável a justificação da implantação da
destinados a cada um dos objectivos especificados obra e da sua integração nos condicionamentos
para o anteprojecto, onde figuram designadamente locais existentes ou planeados; descrição genérica da
descrições da solução orgânica, funcional e estética solução adoptada com vista à satisfação das
da obra, dos sistemas e dos processos de construção disposições legais e regulamentares em vigor;
previstos para a sua execução e das características indicação das características dos materiais, dos

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ARTIGO TÉCNICO

elementos da construção, dos sistemas, 6) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo C cuja
equipamentos e redes associadas às Instalações potência a alimentar pela rede seja superior a 50 kVA;
Técnicas; 7) Redes particulares de distribuição de energia eléctrica
b) Cálculos relativos às diferentes partes da obra em baixa tensão e respectivas instalações de iluminação
apresentados de modo a definirem, pelo menos, os exterior.
elementos referidos na regulamentação aplicável a
cada tipo de obra e a justificarem as soluções A pormenorização e alcance de cada fase variará de acordo
adoptadas; com as características particulares associadas ao tipo de
c) Medições e mapas de quantidade de trabalhos, empreendimento a projectar. Assim, teremos
dando a indicação da natureza e da quantidade dos sucessivamente:
trabalhos necessários para a execução da obra; ‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas em Edifícios
d) Orçamento baseado nas quantidades e qualidades ‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas de Comunicação
de trabalho constantes das medições; em Edifícios
e) Peças desenhadas de acordo com o estabelecido ‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas de Aquecimento,
para cada tipo de obra na regulamentação aplicável, ventilação e ar condicionado (AVAC)
devendo conter as indicações numéricas ‐ Instalações, Equipamentos e Sistemas de transporte de
indispensáveis e a representação de todos os pessoas e cargas
pormenores necessários à perfeita compreensão, ‐ Sistemas de Segurança Integrada
implantação e execução da obra; ‐ Produção, transformação, transporte e distribuição de
f) Condições técnicas, gerais e especiais, do caderno de Energia Eléctrica
encargos. ‐ Redes de comunicações

Caso a instalação não careça de projecto, do Estudo Prévio Para cada tipo de instalação enunciada se procede à
passar‐se‐á directamente para o Projecto de Execução. pormenorização dos objectivos a alcançar em cada uma das
fases do projecto cuja satisfação será levada à consideração
O anexo I do Decreto‐Lei nº 517/80, de 31 de Outubro, na do Dono da Obra para aprovação.
redacção actual do Decreto‐Lei nº 101/2007, de 2 de Abril,
lista as instalações eléctricas que carecem de projecto: Exemplificando com a primeira das obras consideradas,
1) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo A; teremos, como elementos especiais das diversas fases, os
2) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo B; seguintes:
3) Instalações eléctricas de serviço particular do tipo C
situadas em recintos públicos ou privados destinados a ‐ Programa Preliminar
espectáculos ou outras diversões, incluindo‐se, a) Identificação de aspectos específicos do edifício ou zonas
nomeadamente, teatros, cinemas, praças de touros, do edifício, em termos de energia eléctrica, ambiente,
casinos, circos, clubes, discotecas, piscinas públicas, utilização, segurança e outros e ligações a redes ou
associações recreativas ou desportivas, campos de sistemas exteriores.
desporto, casas de jogo, autódromos e outros recintos b) Condicionamentos à localização dos equipamentos e das
de diversão; instalações necessárias ao seu funcionamento.
4) Instalações eléctricas estabelecidas em locais sujeitos a c) Identificação dos níveis de qualidade, disponibilidade,
risco de explosão; redundância e autonomia pretendidos.
5) Instalações de parques de campismo e portos de recreio d) Condicionamentos a nível de manutenção, exploração e
(marinas); expansão.
11|
ARTIGO TÉCNICO

‐ Programa Base d) Caracterização das instalações e equipamentos


a) Identificação das diferentes instalações e equipamentos principais.
a considerar e suas configurações gerais justificadas a e) Dimensionamentos dos equipamentos e redes principais
partir dos condicionamentos e imposições do Programa das instalações.
Preliminar. f) Enumeração dos principais artigos que constituem o
b) Bases de dimensionamento consideradas para as mapa de quantidades de trabalho, dividido nos principais
diferentes instalações e equipamentos. capítulos constituintes das instalações e equipamentos,
c) Discriminação e justificação das necessidades em termos de forma a permitir a elaboração da estimativa do custo
de energia eléctrica, segurança e outras. preliminar da obra.
d) Interligações com outras especialidades e respectivas g) Justificação dos níveis de conforto luminotécnico, de
condições ou exigências. segurança e outros, bem como de produção e consumo
de energia eléctrica que suportem a solução proposta;
‐ Estudo Prévio h) Verificação do cumprimento das regulamentações
a) Representação gráfica geral das instalações e técnicas aplicáveis.
equipamentos em concordância com o desenvolvimento
das outras especialidades e com a definição das ‐ Projecto de Execução
condições regulamentares de segurança, sob a forma de a) Memória descritiva e justificativa, incluindo a análise
plantas e outros elementos, a escala apropriada. prospectiva de desempenhos, descrevendo e
b) Esquemas de princípio necessários à definição justificando as soluções projectadas, tendo em atenção o
esquemática da concepção dos sistemas e redes que Anteprojecto aprovado e as disposições legais em vigor.
integram as instalações e equipamentos e da sua b) Condições técnicas, gerais e especiais, especificando as
interligação espacial e funcional. condições de execução ou montagem e as características
c) Caracterização genérica das instalações e equipamentos técnicas das instalações e equipamentos previstos.
principais. c) Planta geral dos locais servidos pelas instalações e
d) Pré‐dimensionamento dos equipamentos e das redes equipamentos, em escala apropriada, quando não
principais das instalações. definida em regulamento aplicável, contendo os
e) Condições de ligação às redes de energia eléctrica elementos de referência e de orientação necessários à
(produção, consumo) e outras, de funcionamento e fácil localização das instalações e equipamentos.
utilização das instalações e equipamentos e da sua d) Plantas em escala apropriada, quando não definida em
eventual expansão. regulamento aplicável, com o traçado e constituição das
redes e localização dos equipamentos, com a indicação
‐ Anteprojecto (Projecto Base, Projecto de dos elementos indispensáveis à sua conveniente
Licenciamento) apreciação.
a) Plantas, em escalas apropriadas, onde se indiquem os e) Alçados e cortes dos edifícios ou partes dos edifícios,
traçados das redes principais das diversas instalações, sempre que isso seja necessário à boa compreensão do
com indicação da localização aproximada dos projecto, a escala apropriada, quando não definida em
equipamentos. regulamento aplicável.
b) Cortes, esquemas e diagramas, sempre que isso seja f) Pormenores necessários à definição detalhada e boa
necessário à boa compreensão da solução proposta. execução das instalações e equipamentos projectados, a
c) Esquemas de princípio das instalações e da sua escalas apropriadas quando não definidas em
interligação espacial e funcional. regulamento aplicável.

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ARTIGO TÉCNICO

g) Esquemas de princípio das instalações e da sua elaboração das peças de alteração do projecto
interligação espacial e funcional, quando necessárias à necessárias à respectiva correcção e à integral e
sua perfeita compreensão. correcta caracterização dos trabalhos a executar no
h) Dimensionamento das instalações e dos equipamentos, âmbito da referida correcção;
incluindo os cálculos necessários para o efeito. b) Apreciação de documentos de ordem técnica
i) Medições e mapas de quantidade de trabalhos, divididos apresentados pelo empreiteiro ou Dono da Obra,
nos diversos capítulos constituintes da obra. incluindo, quando apropriado, a sua compatibilidade
j) Orçamento de projecto da obra. com o projecto;
c) Proceder, concluída a execução da obra, à
Além das fases enunciadas, há uma outra não menos elaboração das Telas Finais a ela respeitantes,
importante que é a Assistência Técnica, prestada e solicitada verificando a conformidade das mesmas com o
pelo Projectista ao Dono da Obra. Esta é requerida antes e projecto de execução e das eventuais alterações nele
durante a execução da obra: introduzidas, de acordo com as informações
1‐ Na fase do procedimento de formação do contrato, e até fornecidas pelo Dono da Obra.
à adjudicação da obra, a Assistência técnica do
Projectista ao Dono da Obra compreende as actividades 5 ELABORAÇÃO DO PROJECTO DE LICENCIAMENTO
seguintes:
a) Esclarecimento de dúvidas relativas ao projecto O projecto de licenciamento é um documento técnico
durante a preparação do processo do concurso para destinado a instruir um pedido de licença de
adjudicação da empreitada ou fornecimento; estabelecimento de uma instalação eléctrica, por ex. uma
b) Prestação de informações e esclarecimentos linha aérea de alta tensão com mais de 1000 m de extensão,
solicitados por candidatos a concorrentes, sob a ou a fazer parte, na qualidade de projecto de engenharia de
forma escrita e exclusivamente por intermédio do especialidade, de um projecto de arquitectura de uma obra
Dono da Obra, sobre problemas relativos à que careça de licença municipal de construção, como por ex.
interpretação das peças escritas e desenhadas do um prédio de habitações e escritórios.
projecto; O projecto pode ainda ser de obra que não careça de licença
c) Prestação do apoio ao Dono da Obra na apreciação e municipal1 ou de estabelecimento2 . De todos os modos é
comparação das condições da qualidade das soluções um documento apresentado a aprovação.
técnicas das propostas de molde a permitir a sua Daí a sua constituição ser objecto de legislação específica
correcta ponderação por aquele, incluindo a pois tratando‐se de um documento a ser sujeito a apreciação
apreciação de compatibilidade com o projecto de técnica e à análise da observância do disposto nos
execução, constante do caderno de encargos, de Regulamentos de Segurança aplicáveis a sua forma necessita
variantes ou alterações que sejam apresentadas; ser adequada à transmissão da informação requerida e
2‐ Durante a execução da obra, a assistência técnica organizada de tal maneira que a consulta seja fácil,
compreende: elucidativa, tanto quanto possível exaustiva e inequívoca.
a) Esclarecimento de dúvidas de interpretação de A estrutura básica do projecto é composta de uma parte
informações complementares relativas a preliminar e de um corpo, constituído este por uma parte
ambiguidades ou omissões do projecto, bem como textual e uma outra de desenhos.

1 As obras que não carecem de concessão de licença administrativa, passada pela Câmara Municipal respectiva, são as referidas no DL nº 555,
Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, art. 6º, com as alterações introduzidas pelo DL n.º 177/2001, de 4/06 e Lei n.º 60/2007, de 04/09
2 As instalações eléctricas que não carecem de licença de estabelecimento são as referidas nos arts. 9º, 27º e 28º do DL nº 26 852, de 30 de

Julho de 1936, com as alterações introduzidas pelos DL nº 446/76, de 05/06 e DL nº 101/2007, de 02/04

13|
ARTIGO TÉCNICO

À parte textual dá‐se o nome de Peças Escritas e ao conjunto observância dos regulamentos em vigor e às regras inerentes
de desenhos, plantas, alçados, cortes, perfis, diagramas, à boa técnica de execução dos diversos trabalhos.
outras representações gráficas o de Peças Desenhadas. Especiais ‐ Definição de modo exaustivo e tão completo
quanto possível de todos os componentes da instalação e
‐ Corpo do Projecto dos trabalhos relativos à sua implantação.
Como partes em que o projecto se divide podemos
considerar as seguintes: ‐ Medições e Orçamento
‐ Memória descritiva e justificativa Determinação, com o rigor possível, das quantidades dos

‐ Caderno de encargos materiais a empregar e dos trabalhos a realizar e atribuição

‐ Medições e orçamento dos valores correspondentes à instalação de cada unidade de


material e execução de cada espécie de trabalho.
‐ Peças desenhadas

‐ Peças Desenhadas
‐ Memória Descritiva e Justificativa
Conjunto de esquemas eléctricos e outros desenhos relativos
A memória
ó i descritiva
d iti e justificativa
j tifi ti do d projecto
j t deve
d conter
t à obra em questão feitos a escalas convenientes e
todos os elementos e esclarecimentos necessários para permitindo a perfeita compreensão dos pormenores,
darem uma ideia perfeita da natureza, importância, função e estabelecimento e localização da instalação.
características das instalações e do equipamento.

No entanto, a forma final a dar ao Projecto de Licenciamento


‐ Caderno de Encargos (CE) não necessita ter todos estes componentes, pelo menos ao
seu nível mais pormenorizado.

 Condições Jurídicas e administrativas


6 CONCLUSÕES
CE

 Gerais
A existência de um projecto, deve conferir, por si só, uma
 Condições Técnicas garantia de qualidade, segurança e funcionalidade das
 E
Especiais
i i instalações, assim como a diminuição dos custos de
execução e exploração das mesmas, uma vez que o técnico

Condições Jurídicas e Administrativas ‐ Condições que a tem de ter a consciência de que o exercício da sua profissão

entidade compradora, o Adjudicante, formaliza à entidade o obriga não só a cumprir a lei, o preceituado nos

fornecedora, o Adjudicatário, relativa a aspectos tais como Regulamentos de Segurança, como também, dominar o

cauções, garantias, obrigações, prazos, facturação e estado da arte no âmbito das Instalações Eléctricas.

condições de pagamento, seguros, cessões, incumprimentos O projecto é uma actividade complexa e exigente pela

e penalidades. diversidade das suas áreas e número de intervenientes no


mesmo.
As Instruções para a Elaboração de Projectos de Obras,
Condições Técnicas:
anexas à portaria nº 701‐H/2008, de 29 de Julho, ao
Gerais ‐ Referência ao objecto e extensão da empreitada,
sistematizarem a sua abordagem introduziram no processo
p
contemplando o fornecimento e montagem
g de todos os
um mecanismo de regulação que constitui uma mais‐valia
materiais e equipamentos eléctricos, e às condições que
sensível para a actividade de projectista.
devem reger as tarefas a realizar no que diz respeito à

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ARTIGO TÉCNICO Arlindo Francisco, Hugo Miguel Sousa, Teresa Alexandra F. M. Pinto Nogueira
Instituto Superior de Engenharia do Porto

TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO EM LINHAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA

RESUMO trabalhos de manutenção. Os dados fornecidos por


oscilógrafos dependem de complexas análises que podem
A manutenção das linhas de transporte e distribuição de levar horas ou mesmo dias, e geralmente não possuem a
energia eléctrica é um serviço fundamental prestado pelas precisão adequada para as equipas de campo.
empresas de transporte e distribuição. A aplicação de Assim sendo, para a melhoria da segurança e o aumento da
técnicas eficientes na actividade de manutenção das linhas, fiabilidade do sistema eléctrico, é imprescindível o
define a qualidade de serviço prestado pelas empresas. desenvolvimento de soluções que melhorem os dados
Indicadores como o tempo e número de intervenções para quantitativos fornecidos às equipas de manutenção, tanto
restabelecer as condições normais de funcionamento, são correctiva como preventiva. Este trabalho apresenta e
reveladores da qualidade de serviço prestado por essas analisa os benefícios de duas técnicas modernas de
empresas que, no caso de incumprimento das regras manutenção em linhas de transmissão que vêm ao encontro
estabelecidas no Regulamento da Qualidade de Serviço, das necessidades expostas.
podem implicar em elevados prejuízos. A primeira técnica descrita, aplicada nos serviços de
A disponibilidade de informação apropriada ao pessoal manutenção correctiva, é a localização de falhas em linhas
técnico torna‐se essencial e contribui para uma maior transmissão através do princípio das ondas viajantes.
eficácia dos serviços de manutenção, tanto ao nível da Trata‐se de uma configuração simples, capaz de localizar
manutenção correctiva como na manutenção preventiva. defeitos fase‐terra e identificar as secções afectadas com
Este trabalho descreve a aplicação de duas técnicas grande precisão e rapidez, trazendo assim informação
modernas na manutenção das linhas eléctricas que, além de preciosa para os serviços de manutenção correctiva.
incrementarem a segurança e a fiabilidade do sistema A segunda tecnologia apresentada é a detecção de corrosão
eléctrico, garantem uma melhoria dos dados quantitativos nos condutores em linhas de transmissão aéreas, com
fornecidos às equipas de manutenção . aplicação nas actividades de manutenção preventiva. O
sistema pode funcionar com a linha activa e efectua o
1 INTRODUÇÃO diagnóstico das condições de corrosão dos cabos
condutores, incluindo as partes internas, permitindo desta
A segurança e fiabilidade do sistema eléctrico estão forma que as equipas de manutenção actuem
fortemente relacionadas com o bom funcionamento das preventivamente evitando acidentes e a interrupção do
linhas de transmissão. fornecimento de energia. Esta técnica tem uma aplicação
Enquanto as centrais de produção, subestações primárias e intensiva em ambientes agressivos como zonas litorais ou
de distribuição possuem controlo e monitorização com com incidência de chuva ácida (zonas industriais).
tecnologias avançadas, como sistemas computadorizados e
SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition), a 2 LOCALIZADOR DE DEFEITOS POR ONDAS VIAJANTES
protecção principal e as informações para manutenção das
linhas de transmissão são baseadas nos dados fornecidos por 2.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
relés ou oscilógrafos.
Apesar de estes dispositivos serem extremamente fiáveis e Na ocorrência duma falha numa linha de transmissão radial,
eficientes no âmbito da protecção, os relés apenas fornecem surge um surto de corrente induzindo ondas
informações qualitativas, e dificilmente fornecem electromagnéticas que se propagam nas três fases por toda
informações quantitativas relevantes para a execução dos extensão da linha.
15|
ARTIGO TÉCNICO

A localização do ponto de defeito consiste em detectar a e antecipando as acções a tomar (“the aware home”).
diferença de tempo que essas ondas viajantes levam para
chegar aos seus extremos. b) AS FUNÇÕES DA CASA INTELIGENTE
Este princípio está representado na figura 1.
Actualmente as habitações podem estar equipadas com
a) TIPOS DE CASAS INTELIGENTES sistemas que associam diversas funcionalidades nas áreas de
segurança, conforto, gestão de energia e comunicações.
De facto, há problemas com a conceptualização da “casa Funcionalidades principais: detecção de incêndio, intrusão,
inteligente”! Parece haver pouca concordância sobre como fuga de água ou gás, avisos, comandos e controlo remotos,
uma casa inteligente deve ser e sobre que tecnologias ela “Anything, Anytime, Anywere”.
deve incorporar. As capacidades da domótica podem ser um auxiliar precioso
para contornar as dificuldades temporárias ou permanentes,
físicas ou mentais do ser humano. Além disso, estes sistemas
permitem facilitar as tarefas a idosos que assim vêem
minimizados algumas limitações a que estão expostos.

Figura 1 – Principio das ondas viajantes

Figura 2 – Visão geral de um localizador de defeitos por ondas 


O comprimento da linha L e a velocidade de propagação do viajantes

surto v fazem parte dos aspectos construtivos da linha, são


valores conhecidos. Medindo a diferença de tempo entre a Pela análise da equação (1), concluímos que a precisão da
chegada das ondas aos pontos A (início da linha) e B (final da medida de tempo está directamente relacionada com a
linha) é possível calcular a localização exacta da falha, localização exacta da falha. Por isso, os sistemas de
através do cálculo do valor de X: localização de defeitos por ondas viajantes utilizam as
informações de tempo dos satélites do GPS para manter a
(1) precisão necessária dos seus contadores e sincronizar os
relógios das estações locais.
Assim, cada estação local de um sistema localizador de
2.2 LOCALIZAÇÃO POR SISTEMA GPS defeitos por ondas viajantes recebe dados dos satélites para
a sincronização dos seus contadores, através de uma antena
Um localizador de defeitos por ondas viajantes basicamente e receptor GPS. Ao utilizar o GPS é possível manter uma
é composto por um ou mais pares de estações locais, contagem de tempo de alta definição com imprecisão menor
sensores de campo magnético e antenas GPS (Global que 1μs, permitindo uma localização de defeitos com
Positioning System) ligados entre si e com a estação incerteza menor que 300 metros, mesmo em linhas com
principal, conforme mostra a fig. 2. compensação série.
|16
ARTIGO TÉCNICO

Também na estação local, um processador de sinais recebe


as informações dos sensores de campo magnético instalados
nas fases. Na ocorrência de uma falha, armazena‐se o valor
dos contadores e envia‐se um sinal de informação para a
estação principal.
Nesse momento, a estação principal confirma o sinal de
informação da estação local e armazena os dados do surto,
com os quais o software de análise fará o cálculo da
distância. Este software de análise também deve ter em
consideração as deformações da onda de surto durante a sua Figura 3 – Princípio de funcionamento do detector de corrosão
propagação para melhorar a precisão do cálculo.
Para isso, é comum que se execute um processo de As bobines Z e Z’ estão interligadas em forma de ponte de
compensação dessa distorção que é baseado na correcção da indutâncias como mostra a figura 3, na bobine Z é colocada
forma de onda do surto recebida das estações locais. uma amostra do cabo original funcionando esta como
No final do processo, a estação principal indica a distância e referência.
o ponto de referência mais próximo do defeito, bem como a Aos terminais da ponte surge uma tensão de
oscilografia da corrente de sequência zero da falha, através desbalanceamento cujo a magnitude dessa tensão é
da qual é possível identificar o tipo de defeito. directamente proporcional à secção do cabo condutor
avaliado, já que quanto pior o estado de corrosão do
3 DETECTOR DE CORROSÃO EM CABOS CONDUTORES mesmo, menor será sua condutividade. Consequentemente,
menor será a corrente Foucault e maior será a tensão de
3.1 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO desbalanceamento nos terminais da ponte de indutâncias.
Numa situação em que o cabo se encontre em estado de
O funcionamento do detector de corrosão em cabos corrosão é ainda possível avaliar qual a tensão mecânica que
condutores é relativamente simples, baseando‐se no o condutor pode suportar. Para tal é incorporada uma
princípio das correntes de Foucault e numa ponte de câmara com sensor CCD (charged coupled device) que faz o
indutâncias. registo da imagem para que seja avaliada pelo conjunto dos
As correntes de Foucault são um fenómeno eléctrico que dados guardados no sistema.
ocorre quando um campo magnético variável intercepta um Através de uma recta ajustada de forma empírica, a qual
material condutor fixo ou vice‐versa. O movimento relativo depende apenas do material usado (aço ou alumínio),
causa uma corrente de circulação no condutor, que segundo obtém‐se a percentagem remanescente da secção original
a Lei de Lenz gera um campo magnético que se opõe ao do cabo. Com este dado definido, consegue‐se estimar
efeito do campo aplicado. Quanto maior for a condutividade também através de forma empírica a tensão mecânica
do condutor, mais forte for o campo magnético aplicado ou máxima suportável pelo cabo.
mais rápido for o movimento relativo, maior será a corrente O procedimento de avaliação das condições do condutor é
gerada e consequentemente maior o campo que se opõe. mostrado na figura 4.
Conforme mostra o esquema da figura 3, ao aplicar um
campo magnético paralelo ao condutor que possui uma 3.2 IMPLEMENTAÇÃO UTILIZANDO UM CARRINHO DE LINHA VIVA
velocidade v conhecida, é gerada uma corrente de Foucault
marginal ao condutor, que induz um campo magnético Para executar a inspecção da linha de transmissão, o circuito
oposto ao aplicado e que pode ser medido utilizando uma mostrado na figura 3 é montando sobre um carrinho de linha
bobina activa Z’. activa, que pode utilizar tanto auto propulsão como ser
17|
ARTIGO TÉCNICO

Além disso, a câmara CCD é posicionada próxima da bobine


activa para registar visualmente as condições do condutor.
Os detalhes do sistema podem ser vistos na figura 5.
O peso do equipamento é de 50 kg e a velocidade
aproximada de 10 m/min, sendo o ângulo máximo de
catenária suportado de 20º.
Na versão com auto‐propulsão, são adicionados 20 kg devido
às baterias que conseguem realizar até 1000 m de inspecção
sem recarregar.
Figura 4 – Procedimento para estimar quantitativamente o estado  Após percorrer a linha, o equipamento emite um relatório
de corrosão de um condutor
completo e referenciado com as condições do condutor, que
associado às gravações da câmara CCD, identifica as secções
deslocado por um técnico devidamente treinado para o críticas dos condutores. Para cabos ACSR é possível,
serviço em linha activa. As bobines são implementadas inclusive, detectar separadamente a condição dos fios de
através de acopladores indutivos do tipo bipartido que alumínio e dos fios de aço que compõem o mesmo.
suportam bitolas entre 160 e 810 mm2. Um exemplo deste relatório pode ser visto na figura 6.

Figura 5 – Detalhes construtivos do sistema detector de corrosão

Figura 6 – Informações fornecidas pelo sistema detector de corrosão 

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ARTIGO TÉCNICO

4 APLICAÇÕES NO ÂMBITO DA MANUTENÇÃO os enormes transtornos que uma ocorrência deste tipo pode
trazer. Também permite que as equipas de manutenção
4.1 MANUTENÇÃO CORRECTIVA tenham tempo hábil para se preparar e mobilizar recursos
para resolver o problema da maneira mais eficiente possível.
As aplicações no âmbito da manutenção correctiva do Além disso, ao identificar secções específicas da linha com
localizador de defeitos por ondas viajantes são imediatas. alto índice de corrosão mas sem perigo de rompimento,
Com uma configuração simples o sistema é capaz de localizar torna‐se possível abordar o problema de forma preditiva,
curto‐circuitos defeitos fase‐terra e identificar as secções estudando soluções como substituição dos condutores por
afectadas com grande precisão e rapidez. Com uma incerteza cabos resistentes à corrosão ou aplicação de produtos anti‐
menor que 300 metros, o defeito fica restrito a dois vãos na corrosão em novos cabos do mesmo tipo, de forma a realizar
maior parte das linhas de transmissão existentes. uma intervenção programada no sistema para a solução do
Isso significa que a fonte do defeito pode ser localizada com problema.
maior rapidez, muitas vezes numa simples inspecção visual a
partir do solo. Essa informação mais precisa facilita o 5 CONCLUSÕES
trabalho das equipas de campo, principalmente em áreas
sujeitas a alagamento, regiões montanhosas ou de selva, já A localização de defeitos por ondas viajantes e a detecção de
que é possível identificar antes mesmo da saída das equipas corrosão são duas técnicas que pretendem disponibilizar
para o campo o melhor local de acesso ao ponto de defeito. informações quantitativas às equipas de manutenção.
Além de auxiliar na localização dum ponto de defeito que Apesar de os seus princípios já serem conhecidos há muito
causou o desligamento da linha, o sistema também pode tempo, apenas recentemente, através do desenvolvimento
identificar fontes de defeitos intermitentes. Como as ondas de novos materiais e uso de sistemas modernos como o GPS,
viajantes são geradas sempre que há um transitório na linha, foi possível desenvolver equipamentos que gerassem
ocorrências de difícil localização como defeitos fase‐terra informações precisas sobre defeitos que ocorrem numa linha
causados por falhas em isoladores, presença de vegetação de transmissão.
ou excrementos de pássaros podem ser restritas a uma área O resultado é imediato na área de manutenção, já que uma
delimitada e estudada detalhadamente em menor tempo, localização precisa de defeitos traz uma maior eficácia,
gerando economia de tempo e recursos para as reduzindo o tempo no deslocamento da equipa e na
concessionárias. identificação do defeito, permitindo a identificação de fontes
intermitentes, um maior tempo para a solução do problema
4.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA e a programação na realização dos serviços.
Isso traz benefícios directos tanto para as concessionárias
O detector de corrosão em cabos condutores tem aplicação como para as populações, já que a energia não distribuída
voltada para a manutenção preventiva. Ao realizar uma engloba duas parcelas: o lucro cessante, que é o prejuízo da
inspecção aos condutores, é possível obter informações companhia pela energia não facturada e o custo social, o que
valiosas sobre o estado de conservação dos cabos. a sociedade em geral perde quando há falta de energia.
Através dos dados fornecidos pelo equipamento, como Apesar de em Portugal não existir um estudo relacionado
secção de condutor remanescente e tensão mecânica com as quebras de energia, em países como o Brasil alguns
suportável, torna‐se relativamente fácil recalcular a carga estudos apontam que o custo social é da ordem de 35 a 50
máxima do sistema. Desta forma, através da restrição vezes o preço médio do kWh facturado, para regiões menos
temporária da corrente máxima da linha para valores abaixo industrializadas, e de 50 a 100 vezes, para regiões mais
do nominal, evita‐se um possível rompimento do condutor e industrializadas.

19|
ARTIGO TÉCNICO

Por isso, embora os equipamentos tradicionais se


demonstrem eficazes no âmbito da protecção, torna‐se
necessária a aplicação de novas técnicas e equipamentos
para disponibilizar informações quantitativas às equipas de
manutenção, de forma a manter um sistema eléctrico seguro
e confiável.

Bibliografia

[1] Regulamento da Qualidade de Serviço, ERSE – Entidade


Reguladora dos Serviços Energéticos, Março 2006
[2] Motta, S. e Colosimo, E., Impactos da Manutenção e dos
Custos da não Confiabilidade de Equipamentos sobre as
Receitas de Serviços de Transmissão de Energia Eléctrica.
Anais do XVII SNPTEE ‐ Seminário Nacional de Produção e
Transmissão de Energia Eléctrica
[3] Relatório do Comitê Nacional Brasileiro nº B2 da CIGRÉ –
Conference Internationale dês Grands Réseaux
Electrique a Haute Tension, Belo Horizonte, Outubro
2003
[4] REN – Rede Energética Nacional, disponível em
www.ren.pt
[5] Esmo ‐ 95 Proceedings, The Seventh International
Conference on Transmission and Distribution
Construction and Live Line Maintenance, October 29‐
November 3, International Conference on Transmission
and Distribution Construction and Live Line
Maintenance, 1995, Ohio
[6] Documento técnico elaborado pelo Departamento de
Gestão e Economia da Universidade da Madeira
publicado em:
http://www.uma.pt/sbudria/Blackout_project_Jan09.pdf

Imagem adaptada de: www.siemens.com

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ARTIGO TÉCNICO José António Beleza Carvalho, Roque Filipe Mesquita Brandão
Instituto Superior de Engenharia do Porto

ACCIONAMENTOS EFICIENTES DE FORÇA‐MOTRIZ. NOVA CLASSIFICAÇÃO

1 INTRODUÇÃO Os motores foram classificados de acordo com o seu


rendimento:
Os motores eléctricos, particularmente o motor assíncrono ‐ EFF1 – Motores de alto rendimento;
de indução, são o tipo de máquina mais utilizada na indústria ‐ EFF2 – Motores de rendimento aumentado;
em virtude da sua grande versatilidade, gama de potências, ‐ EFF3 – Motores sem qualquer requisito especial.
robustez, duração, reduzida manutenção, baixa poluição,
facilidade de produção e custos de aquisição relativamente No seguimento da directiva "Eco‐design Directive
baixos. Como qualquer máquina, o motor eléctrico, (2005/32/CE) “ publicada em 2005 para Produtos que
responsável pela conversão de energia eléctrica em consomem energia (EUP), a Comissão Europeia aprovou em
mecânica, apresenta perdas. O rendimento (ou eficiência) é Julho de 2009 um regulamento de aplicação dos requisitos
definido como sendo a razão entre a potência de saída (ao de concepção ecológica para os motores eléctricos, com
nível do veio de saída do accionamento) e a potência efeitos a partir de meados de 2011, dando aos fabricantes de
eléctrica absorvida à entrada. cerca de 2 anos para garantir que seus produtos cumprem a
A produção de energia mecânica, através da utilização de referida directiva. O lote 11 da Directiva EUP (Energy Using
motores eléctricos, absorve cerca de 60% da energia Products) descreve as orientações de design, a
eléctrica consumida no sector industrial do nosso País, da compatibilidade ambiental, o impacte ambiental e o
qual apenas metade é energia útil. Este sector é, pois, um consumo de energia de máquinas / motores eléctricos
daqueles em que é preciso tentar fazer economias, rotativos de alto rendimento. A directiva abrange os motores
prioritariamente. Os sistemas de accionamentos têm que ser de 2, 4 e 6 pólos, na gama de potências de 0,75 a 375 kW.
abordados como um todo, já que a existência de um Neste âmbito, os motores passam a ser classificados por:
componente de baixo rendimento influencia drasticamente ‐ IE1 (igual a EFF2) – com utilização proibida;
o rendimento global. ‐ IE2 (igual a EFF1) – com utilização obrigatória;
O êxito neste domínio depende, em primeiro lugar, da ‐ IE3 (igual a Premium) – com utilização voluntária;
melhor adequação da potência do motor à da máquina que ‐ IE4 (ainda não aplicável a accionamentos assíncronos).
ele acciona. Quando o regime de funcionamento é muito
variável para permitir este ajustamento, pode‐se equipar o 2 CARACTERÍSTICAS DOS MOTORES DE ELEVADA EFICIÊNCIA
motor com um conversor electrónico de variação de
velocidade. Outra possibilidade é a utilização dos motores “ A eficiência dos motores está associada a uma redução das
de perdas reduzidas”, de “alto rendimento”, ou “elevada suas perdas, que é conseguida à custa, quer da utilização de
eficiência”, que permitem economias energéticas materiais construtivos de melhor qualidade e com melhores
consideráveis. acabamentos, quer por alteração das suas características
Nos últimos anos, muitos fabricantes de motores investiram dimensionais. Estas perdas são devidas aos diversos
fortemente na pesquisa e desenvolvimento de novos elementos que estão presentes na conversão
produtos com o objectivo de colocarem no mercado electromecânica de energia e podem ser divididas em quatro
motores mais eficientes. O acordo voluntário obtido em tipos:
1999 entre a CEMEP (Associação Europeia de Fabricantes de ‐ Perdas eléctricas;
Motores Eléctricos) e a Comissão Europeia sobre o ‐ Perdas magnéticas;
rendimento de motores de 2 e 4 pólos, na gama de ‐ Perdas mecânicas;
potências 1,1 a 90 kW, foi revisto em 2004. ‐ Perdas parasitas.
21|
ARTIGO TÉCNICO

As perdas eléctricas são provocadas pela resistência não nula As melhorias típicas que são efectuadas a nível construtivo
dos condutores das bobines que ao serem percorridos pela da máquina podem ser visualizadas na Figura 1 e são
corrente provocam perdas caloríficas. As perdas magnéticas resumidas na seguinte tabela:
ocorrem nas lâminas de ferro do estator e do rotor devido à
Tab. 1 – Resumo das alterações nos motores de elevada eficiência
histerese e às correntes de Foucault. As perdas mecânicas
são provocadas pela rotação das peças móveis, ventilação e Alteração Efectuada Efeito produzido
atrito do ar. As perdas parasitas são devidas a fugas e
Tratamento térmico do 
irregularidades de fluxo e, também, distribuição de corrente Redução da resistência
rotor
não uniforme.
Uso de ferro laminado por 
Redução das perdas no ferro
Para melhorar a eficiência dos motores eléctricos, os camada
construtores aumentaram a massa de materiais activos Melhoria do circuito 
Redução das perdas no ferro
(cobre e ferro) de forma a diminuir as induções, as magnético

densidades de corrente e, assim, reduzir as perdas no cobre Redução das bobines do  Redução das perdas por efeito 


circuito indutor de Joule
e no ferro. Utilizam‐se chapas magnéticas de perdas mais
Melhor qualidade dos 
Melhor qualidade dos
reduzidas, entalhes especiais em certos casos e reformulou‐ Redução das perdas mecânicas
rolamentos
se a parte mecânica, com especial incidência sobre a
Diminuição de perdas e do 
ventilação, para reduzir a potência absorvida por esta e Maior quantidade de cobre
calor gerado
diminuir o nível de ruído. Daí resulta, para idêntica
Diminuição das perdas 
Redução do entre‐ferro
dimensão, um aumento de peso da ordem de 15%, e de parasitas
preço da ordem de 20 a 25%.
g
Rotor mais largo Reactância de fugas menor
g
Contudo, a melhoria da eficiência, compreendida entre 2 e
4,5%, e do cosφ, permite amortizar rapidamente este Sistema de ventilação  Diminuição de ruídos e da 
melhorado temperatura
aumento de preço.

Figura 1 – Alterações nos motores para obter elevada eficiência [WEG]

|22
ARTIGO TÉCNICO

Apesar de este tipo de motores possuir uma eficiência 1,1 a 90 kW de potência nominal, 50 ou 60 Hz, com 2 e 4
melhorada, quando inseridos num sistema, a eficiência total pólos magnéticos, seriam classificados de acordo com os
do mesmo sistema depende de todos os outros valores dos respectivos rendimentos.
componentes que o compõem. Por este motivo, não se deve As classes de rendimento estabelecidas foram as seguintes:
apenas investir na compra de um motor de elevada ‐ EFF1: Motores de elevado rendimento;
eficiência, quando existirem problemas de eficiência nos ‐ EFF2: Motores de rendimento melhorado;
outros componentes do sistema. ‐ EFF3: Motores de rendimento normal.

3 CLASSIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA No acordo CE/CEMEP ficou ainda estabelecido que as


vendas, na União Europeia, de motores EFF3 diminuiriam
Na Europa a classificação dos motores de corrente alternada para metade até 2003.
de baixa tensão, foi estabelecida em 1998 com o acordo Este objectivo foi alcançado e a venda de motores EFF3
voluntário dos principais fabricantes de motores Europeus. terminou pouco tempo depois.
De uma forma resumida, o acordo estabelecido entre a Todos os fabricantes que assinaram este acordo ficaram
Comissão Europeia (CE) e o Comité Europeu de Fabricantes autorizados a colocar a etiqueta de eficiência nos motores e
de Máquinas Eléctricas e de equipamentos e sistemas de em toda a documentação que os acompanhe, o que tornou
Electrónica de Potência (CEMEP) definia que os motores de mais fácil a identificação da classe do motor.

Figura 2 – Classes de eficiência de motores [SEW‐Eurodrive]

Figura 3 – Etiquetas de eficiência dos motores

23|
ARTIGO TÉCNICO

Com base no acordo voluntário anteriormente referido, foi equipamentos de força‐motriz. Este novo regime abrange os
também criada uma base de dados europeia EuroDEEM, que motores de indução trifásicos, de velocidade simples, até
foi elaborada pelo centro de pesquisa da Comissão Europeia 375 kW. Entrará em vigor em três fases a partir de meados
(CE/JRC), com o objectivo de reunir num só suporte as de 2011. Sob este novo regime os fabricantes são obrigados
informações mais importantes sobre os motores eléctricos a apresentar a classe e valores de eficiência do motor na
disponíveis no mercado. A tabela 2 apresenta os valores respectiva chapa de características e na documentação do
limite para a eficiência dos motores, estabelecidos no acordo produto, que deve indicar claramente o método de teste
com a CEMEP com base na norma CEI 60034‐2. usado na determinação da eficiência.

Tabela 2 – Definição das diversas classes de eficiência. Standard de 1996

EFF3 EFF2 EFF1 EFF1


kW 2 e 4 pólos 2 e 4 pólos 2 pólos 4 pólos
ηn (%) ηn (%) ηn (%) ηn (%)
1,1 <76,2 ≥76,2 ≥82,2 ≥83,8
1,5 <78,5 ≥78,5 ≥84,1 ≥85,0
2,2 <81,0 ≥81,0 ≥85,6 ≥86,4
3 <82,6 ≥82,6 ≥86,7 ≥87,4
4 <84,2 ≥84,2 ≥87,6 ≥88,3

5,5 <85,7 ≥85,7 ≥88,6 ≥89,3


7,5 <87,0 ≥87,0 ≥89,5 ≥90,1

11 <88,4 ≥88,4 ≥90,5 ≥91,0


15 <89,4 ≥89,4 ≥91,3 ≥91,8

18,5 <90,0 ≥90,0 ≥91,8 ≥92,2

22 <90,5 ≥90,5 ≥92,2 ≥92,6


30 <91,4 ≥91,4 ≥92,9 ≥93,2

37 <92,0 ≥92,0 ≥93,3 ≥93,6


45 <92,5 ≥92,5 ≥93,7 ≥93,9

55 <93,0 ≥93,0 ≥94,0 ≥94,2


75 <93 6
<93,6 ≥93 6
≥93,6 ≥94 6
≥94,6 ≥94 7
≥94,7

90 <93,9 ≥93,9 ≥95,0 ≥95,0

4 NOVAS NORMAS PARA CLASSIFICAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A União Europeia, através do organismo EU MEPS (European


Minimum Energy Performance Standard), definiu um novo
regime obrigatório para os níveis mínimos de eficiência dos
motores eléctricos que sejam introduzidos no mercado
europeu. O objectivo visa reduzir o consumo de energia e
outros impactos ambientais negativos de produtos que
consomem energia eléctrica. Ao mesmo tempo, pretende‐se
melhorar a uma escala global o nível de harmonização
regulamentar em assuntos relacionados com a eficiência em
Figura 4 – Chapa de características de motor ABB, de acordo com as 
novas normas
|24
ARTIGO TÉCNICO

O organismo EU MEPS baseia‐se em duas normas CEI. A comparáveis se forem medidos utilizando o mesmo método.
norma CEI/EN 600034‐2‐1, disponível desde Setembro de A norma CEI/EN 60034‐30:2008 define três classes de
2007, introduz novas regras relativas aos métodos de teste eficiência IE (International Eficiency) para motores
que devem ser usados na determinação das perdas e da assíncronos de indução trifásicos, rotor em gaiola de esquilo,
eficiência dos motores eléctricos. e velocidade simples:
A norma CEI/EN 600034‐30,disponível desde Outubro de ‐ IE1: Eficiência Standard (EFF2 do antigo sistema Europeu
2008, especifica as classes de eficiência que devem ser de classificação)
adoptadas. ‐ IE2: Eficiência Elevada (EFF1 do antigo sistema Europeu
A norma CEI/EN 600034‐2‐1:2007 define duas formas de de classificação e idêntica à EPAct nos EUA para motores
determinar a eficiência dos motores eléctricos, o método de 60Hz)
directo e os métodos indirectos. A norma especifica os ‐ IE3: Eficiência Premium (idêntica ao "NEMA Premium"
seguintes parâmetros para determinar a eficiência pelo nos E.U.A. para motores de 60Hz)
método indirecto: ‐ IE4: futuramente o nível de eficiência superior a IE3
‐ Temperatura de referência; Os níveis de eficiência definidos na norma CEI/EN 60034‐
‐ Três opções para determinar as perdas adicionais em 30:2008 baseiam‐se em métodos de ensaio especificados na
carga: medição, estimativas e cálculo matemático. norma CEI/EN 600034‐2‐1:2007.
Os valores de eficiência resultantes diferem daqueles Comparando com as anteriores classes de rendimento
obtidos sob o padrão anterior de teste baseados na norma Europeias, definidas pelo acordo CEMEP (norma CEI/EN
CEI/EN 60034‐2:1996. 60034‐2:1996), o leque foi ampliado.
Deve‐se notar que os valores de eficiência só são

Figura 5 – Novas classes de eficiência de motores [SEW‐Eurodrive]

25|
ARTIGO TÉCNICO

A norma CEI/EN 60034‐30 abrange quase todos os motores ‐ Motores feitos exclusivamente para funcionarem
(por exemplo: motores standard, motores para ambientes imersos em líquidos.
perigosos, motores para embarcações e marinas, motores ‐ Motores totalmente integrados em máquinas que não
usados como freio), nomeadamente: podem ser testados separadamente da máquina (por
‐ Motores de velocidade simples, trifásicos, 50 Hz e 60 Hz exemplo, bombas, ventiladores ou compressores).
‐ Motores de 2, 4 ou 6 pólos ‐ Motores especificamente concebidos para funcionarem
‐ Motores com potência nominal entre 0,75 ‐ 375 kW a altitudes superiores a 1000 metros. Onde as
‐ Motores de tensão nominal até 1000 V temperaturas do ar possam ultrapassar os 40 °C. Em
‐ Motores do tipo Duty S1 (funcionamento em contínuo) temperaturas máximas superiores a 400 °C. Onde a
ou S3 (funcionamento intermitente ou periódico) com temperatura ambiente for inferior a ‐15 °C (qualquer
um factor de duração cíclica nominal de 80 porcento ou motor) ou inferior a 0 °C (motores refrigerados a ar).
superior. Onde a temperatura da água de arrefecimento na
Os motores que estão excluídos das normas CEI/EN 60034‐30 entrada de um produto é inferior a 5 °C ou superior a 25
são os seguintes: °C. Em atmosferas potencialmente explosivas, tal como
‐ Motores feitos exclusivamente para funcionarem como definido na Directiva 94/9/CE.
conversores.

IE Classes – 4 pole

Figura 6 – Novas classes IE de eficiência de motores eléctricos

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ARTIGO TÉCNICO

Na tabela 3 apresenta‐se os valores limite para a eficiência 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS


dos motores com base na norma CEI 60034‐30:2008,e CEI/EN
600034‐2‐1. A produção de energia mecânica, através
da utilização de motores eléctricos,
Tabela 3– Definição das diversas classes de eficiência
Normas CEI 60034‐30:2008,e CEI/EN 600034‐2‐1 [ABB] absorve cerca de 60% da energia eléctrica
consumida no sector industrial do nosso
País, da qual apenas metade é energia
útil. Este sector é, pois, um daqueles em
que é preciso tentar fazer economias,
prioritariamente. Os sistemas de
accionamentos electromecânicos têm que
ser abordados como um todo, já que a
existência de um componente de baixo
rendimento influencia drasticamente o
rendimento global. Os pontos
fundamentais em que se deve intervir são
os seguintes:
‐ Dimensionar correctamente os
equipamentos de força motriz,
fazendo os motores funcionar com
cargas da ordem dos 70 a 80%.
‐ Adaptar a velocidade do motor às
necessidades do processo, utilizando
sempre que necessário dispositivos
electrónicos de variação de
velocidade.
‐ Atender às necessidades de
manutenção dos motores, que são
essencialmente a limpeza da carcaça,
a fim de reduzir a temperatura, e
nalguns casos a lubrificação dos
rolamentos.
‐ Utilizar os novos motores de “alto
rendimento”, que já provaram a sua
competitividade apesar do seu custo
superior, devendo‐se ponderar
sempre que necessário a sua
utilização.

Figura 7 – Variação do rendimento com a potência. [SEW‐Eurodrive]

27|
ARTIGO TÉCNICO

A União Europeia, através do organismo EU MEPS (European A implementação das novas normas em cada estado
Minimum Energy Performance Standard) definiu um novo membro de EU será realizada em três fases:
regime obrigatório para os níveis mínimos de eficiência dos ‐ Fase 1: até 16 de Julho de 2011. Todos os motores
motores eléctricos que sejam introduzidos no mercado devem satisfazer o nível de eficiência IE2;
europeu. O novo regime abrange motores de indução ‐ Fase 2: até 1 de Janeiro de 2015. Todos os motores com
trifásicos até 375 kW, de velocidade simples. Entrará em uma potência nominal entre 7,5 ‐ 375 kW devem
vigor em três fases a partir de meados de 2011. Sob este satisfazer o nível de eficiência IE3 ou o nível IE2 se
novo regime os fabricantes são obrigados a apresentar os equipados com um variador electrónico de velocidade;
valores IE (International Eficiency) classe de eficiência nas ‐ Fase 3: até 1 de Janeiro de 2017. Todos os motores com
placas do motor e na documentação do produto. uma potência nominal entre 0,75‐375 kW devem
O organismo EU MEPS assenta em duas normas CEI. A norma satisfazer o nível de eficiência IE3 ou o nível IE2 se
CEI/EN 600034‐2‐1, disponível desde Setembro de 2007, equipados com um variador electrónico de velocidade.
introduz novas regras relativas aos métodos de teste que
devem ser usados na determinação das perdas e da Bibliografia
eficiência dos motores eléctricos. A norma CEI/EN 600034‐
30,disponível desde Outubro de 2008, especifica as classes [1] BELEZA CARVALHO, J. A., MESQUITA BRANDÃO,
de eficiência que devem ser adoptadas. De acordo com estas Eficiência Energética em Equipamentos de Força Motriz.
normas os motores passam a ser classificados por: Jornadas Luso‐Brasileiras de Ensino e Tecnologia em
‐ IE1 (equivalente a EFF2 na norma CEI/EN 600034‐2:1996) Engenharia. ISEP, Porto, Fevereiro de 2009.
– com utilização proibida; [2] BELEZA CARVALHO, J. A., MESQUITA BRANDÃO, R. F.,
‐ IE2 (equivalente a EFF1 na norma CEI/EN 600034‐2:1996) Efficient Use of Electrical Energy in Industrial
– com utilização obrigatória; Installations. 4TH European Congress Economics and
‐ IE3 (Premium) – com utilização voluntária; Management of Energy in Industry. Porto, Novembro de
‐ IE4 (ainda não aplicável a accionamentos assíncronos). 2007.
Os motores de eficiência (IE1) não podem ser colocados no [3] CARLOS GASPAR, Eficiência Energética na Industria‐
mercado europeu a partir de 16 de Junho de 2011. Até ADENE, Cursos de Utilização Racional de Energia, 2004.
aquela data todos os novos motores em avaliação na Europa [4] BELEZA CARVALHO, J. A., MESQUITA BRANDÃO, R. F.
terão de cumprir a eficiência IE2. Eficiência Energética em Equipamentos de Força‐Motriz.
As regras não se aplicam fora da Europa. Por isso, será Revista Neutro à Terra Nº 3, Abril de 2009.
possível que os fabricantes produzam motores com [5] ABB, Low Voltage Industrial Performance Motors.
eficiência IE1 para os mercados que não exijam estes Catálogo ABB 2009.
requisitos mínimos de eficiência. [6] WEG, Catálogo de Motores Eléctricos, disponível em
A conformidade com os padrões de eficiência exigidos é http://www.weg.com.br/
verificada por ensaios. Cabe a cada estado membro da UE a
vigilância relativa aos procedimentos de verificação e
implementação das normas.

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ARTIGO TÉCNICO António Manuel Luzano de Quadros Flores, José António Beleza Carvalho
Instituto Superior de Engenharia do Porto

DETECÇÃO DE AVARIAS EM MOTORES ASSÍNCRONOS DE INDUÇÃO

RESUMO 2 CASO EM QUE A AVARIA PROVOCA PARAGEM DO MOTOR

O motor assíncrono de indução é, de facto, a máquina Quando a avaria leva à paragem do motor o diagnóstico
actualmente preferida para a grande maioria dos deve atender às especificidades de acessibilidade e
accionamentos, graças à sua fiabilidade, robustez e baixo dimensão numa primeira fase.
custo. Dado que ocupa um lugar preponderante no processo Não é demais lembrar, que o primeiro passo numa situação
produtivo têm‐se desenvolvido diversos métodos de detecção de paragem de um motor, deve iniciar não, pela análise do
de avarias que permitem diagnosticar qualquer tipo de motor, como parece lógico, mas pela análise das grandezas
defeito e quantificar o seu grau de severidade. de alimentação do mesmo e do bom estado das protecções
eléctricas, fusíveis e relé térmico.
1 INTRODUÇÃO De seguida devem ser levados a cabo testes eléctricos e
mecânicos fundamentais:
Quando se aborda a temática do diagnóstico de avarias dos
motores de indução não podemos deixar de ter presente ‐ Verificação dos valores das resistências dos
que a forma de tratar o assunto está intimamente ligada à enrolamentos que deverão apresentar valores
dimensão da máquina, à sua localização e à função que semelhantes nas três fases; medição da resistência de
desempenha no processo em que está inserida. isolamento entre enrolamentos e entre os enrolamentos
Assim, como é óbvio, os custos de paragem de um motor de e a carcaça da máquina.
grande dimensão podem justificar a existência dos meios de Os resultados destes testes podem dar indicações úteis
diagnóstico mais sofisticados, no sentido de evitar a relativamente à existência de curto‐circuitos entre
interrupção de serviço. espiras e entre espiras e a massa. Além disso, testa
Por outro lado, motores de menor dimensão podem também a possibilidade do circuito eléctrico de um
também desempenhar um papel tal que a sua interrupção enrolamento estar interrompido.
pode ter custos elevadíssimos de reinicialização do processo,
como por exemplo, no caso de linhas de produção em que o ‐ No caso do veio do rotor estar acessível, rodá‐lo para
processo inclui accionamentos que estão relacionados com a verificar se existe atrito anormal ou demasiada prisão,
formação e solidifição da alma condutora dos cabos analisando‐se assim, se o rotor atrita no estator, se a
eléctricos. Se houver uma paragem súbita o metal solidifica carga oferece demasiado binário resistivo e se os
ao longo do processo sendo necessário desmontar todo um rolamentos estão gripados.
sistema complexo levando à perda de produção de várias
horas ou dias. Além dos testes acima descritos, não é de desprezar a
A acessibilidade pode ser o factor determinante na verificação da existência de “cheiro a queimado” junto ao
estratégia de diagnóstico, como é o caso de ventiladores em motor que pode indiciar um sobreaquecimento da máquina
condutas, bombas submersíveis ou máquinas em ambientes com consequente deteriorização dos isolamentos
perigosos. nomeadamente dos vernizes utilizados.
O método de diagnóstico a implementar depende também
do facto da máquina ter parado por avaria ou continuar em
funcionamento.

29|
ARTIGO TÉCNICO

3 CASO EM QUE A AVARIA NÃO PROVOCA PARAGEM DO MOTOR figura de Lissajou em forma de circunferência dada pelas
componentes do vector de Park simplificadas:
A avaria que não obriga à paragem do motor pode (3)
manifestar‐se de diversas formas como aumento de
temperatura, perda de potência, binário ou velocidade
oscilantes, aumento de consumo, ruído, vibração, etc.. (4)
Nesse caso, os métodos indirectos de diagnóstico podem ser
úteis na identificação do tipo de avaria podendo mesmo Sendo iM o valor máximo da corrente por fase (A), ω a
constituir um meio de acompanhamento da sua evolução, frequência angular (rad/s) e t a variável tempo (s).
controlando o nível de severidade até ser possível uma A representação XY das componentes do Vector de Park
interrupção programada para reparação. permite detectar a existência de espiras em curto‐circuito
Para esse efeito, têm sido desenvolvidos vários métodos que nos enrolamentos do estator (Fig. 1).
recorrem à monitorização de diversas grandezas associadas Este método de diagnóstico “on‐line” baseia‐se no
ao funcionamento do motor, como por exemplo, a aparecimento de uma forma elíptica da representação XY
intensidade de corrente de alimentação, o fluxo magnético, das componentes do Vector de Park da corrente do motor,
as vibrações, o ruído, o binário, a velocidade e a cujo alongamento elíptico é proporcional ao grau de
temperatura. severidade da avaria e a orientação do eixo maior está
Seguidamente serão apresentados alguns métodos de associada à fase avariada [1].
diagnóstico mais utilizados na pesquisa de avarias eléctricas É de referir que a representação das componentes do vector
no estator e no rotor, assim como de avarias mecânicas no de Park da corrente de alimentação do motor sem avaria
rotor, nos rolamentos e na carga mecânica acoplada. (Fig. 1 – esquerda), não é uma circunferência perfeita devido
à existência de harmónicos na rede.
3.1 DIAGNÓSTICO DE AVARIAS ELÉCTRICAS

3.1.1 AVARIAS NO ESTATOR

A detecção de espiras em curto‐circuito nos enrolamentos


do estator pode ser feita por análise das correntes de
alimentação do motor representadas a duas dimensões a
partir da mudança de referencial do sistema trifásico para o
sistema de coordenadas P Q através da transformada de
Figura  1‐ Vector de Park da corrente de alimentação de um motor: 
Park. sem avaria (esquerda) e com curto‐circuito de 18 espiras do 
estator (direita) [1]
(direita) [1]
As componentes do vector de Park iD e iQ podem ser obtidas
das correntes de alimentação i1, i2 e i3 a partir das seguintes 3.1.2 AVARIAS NO ROTOR
expressões:
3.1.2.1 MÉTODO DAS COMPONENTES ESPECTRAIS DA CORRENTE
(1)
A detecção de barras do rotor partidas ou fissuradas pode
(2) ser feita através da inspecção das componentes espectrais
da corrente absorvida pelo motor [2] nas seguintes
No caso de um sistema de alimentação ideal com cargas frequências:
equilibradas, obtêm‐se a representação no plano XY de uma (5)
|30
ARTIGO TÉCNICO

Sendo fSB a frequência (Hz) das bandas laterais resultantes da


avaria no rotor, s o deslizamento (%) e f a frequência da
tensão de alimentação (50 Hz).

Na Figura 2 é fácil identificar o aparecimento de bandas


laterais que surgem nas frequências características
correspondentes à ruptura de espiras (“barras”) do circuito
rotórico.
Figura 4 – Detecção de defeito no circuito rotórico através da 
medição do fluxo magnético: espectro de frequências do campo 
magnético de fugas [3]

3.2 DIAGNÓSTICO DE AVARIAS MECÂNICAS

3.2.1 DEFEITO DE ALINHAMENTO


Figura 2 – Espectro de frequências da corrente absorvida pelo 
motor mostrando claramente a existência de bandas laterais que 
O defeito de alinhamento do rotor traduz‐se no facto da
indiciam uma avaria nas barras do rotor [2]
folga entre o rotor e o estator (“entreferro”) não ser
3.1.2.2 MÉTODO DAS COMPONENTES ESPECTRAIS DO FLUXO DE FUGAS constante ao longo de toda a periferia do rotor, originando
variações da relutância do circuito magnético com a rotação
A aquisição de dados do campo magnético de fugas com do rotor e consequente formação de harmónicos na força
vista à análise do seu espectro pode ser feita facilmente magnetomotriz.
colocando sensores de campo magnético no exterior da Daí resulta o aparecimento de frequências típicas deste
máquina como mostra a Figura 3. fenómeno no espectro do fluxo de fugas do motor, como
evidencia a Figura 5, que servem de meio de diagnóstico
deste defeito [4].

Figura 3 – Detecção de defeito no circuito rotórico através da 


medição do fluxo magnético: motor com transdutor de fluxo 
magnético [3]

O defeito devido a barras do rotor defeituosas também pode


ser detectado por identificação de determinadas frequências Figura 5 – Detecção de defeito de alinhamento do rotor: defeito de 
alinhamento longitudinal (figura esquerda em cima); 
no espectro do campo magnético de fugas medido no desalinhamento axial (figura direita em cima); espectro de 
frequências da corrente de alimentação revelando o defeito de 
exterior da máquina (Figura 4) [3] alinhamento do rotor, excentricidade estática (“SE”) (figura em 
baixo )[4].

31|
ARTIGO TÉCNICO

3.2.2 DEFEITOS NOS ROLAMENTOS conhece a sua composição em funcionamento normal [6].

Sendo os rolamentos a causa referenciada que provoca


maior taxa de avarias no motor de indução, têm‐se
desenvolvido diversas técnicas de detecção deste tipo de
defeito recorrendo a diferentes métodos de análise espectral
da corrente de alimentação e de vibrações mecânicas.
Os defeitos nos rolamentos podem ser detectados a partir da
análise do espectro de frequências da corrente do motor
como evidencia a Figura 6.
Também neste caso surgem novas frequências que
evidenciam a existência de defeito nos rolamentos assim
como o seu nível de severidade [5].
Figura 7 – Utilização de acelerómetros para aquisição de dados de 
vibração de um ventilador [6]

Figura 8 – Amplitude das componentes espectrais do binário (Nm) 
para o caso do mesmo ventilador  [6]

A monitorização do valor eficaz da corrente de alimentação


do motor de um elevador pode fornecer indicações úteis
relativamente a variações de carga que indiciam a existência
de defeitos nas partes mecânicas accionadas.
O caso apresentado na Figura 9 e 10 ilustra a detecção de um
Figura 6 – Avarias nos rolamentos e sua detecção: defeito no anel 
interior (figura esquerda em cima); defeito no anel exterior (figura  defeito existente nos dentes da roda dentada de um redutor
direita em cima); decomposição em frequências da corrente de
direita em cima); decomposição em frequências da corrente de 
alimentação do motor mostrando o espectro no caso de um motor  do tipo “sem fim” [7].
saudável e no caso de existir um defeito nos rolamentos  (figura em 
baixo) [5].

3.2.3 DEFEITOS NA CARGA ACCIONADA

A Figura 7 apresenta o caso da aplicação de acelarómetros


para aquisição de dados de vibração de um ventilador.
A análise das componentes espectrais de vibração e de Figura 9 – Detecção de defeitos nas rodas dentadas do redutor de 
binário (Figura 8 ) pode ser um meio complementar de apoio um elevador: motor de elevador com redutor de velocidade 
acoplado (esquerda); roda dentada do redutor (direita) com dente 
ao diagnóstico de um sistema electromecânico do qual se defeituoso [7]

|32
ARTIGO TÉCNICO

Bibliografia

[1] A. J. Marques Cardoso, S. M. A. Cruz, D. S. B. Fonseca,


"Inter‐turn stator winding fault diagnosis in three‐phase
induction motors, by Park's vector approach", IEEE
Transactions on Energy Conversion, vol. 14, pp. 595‐598,
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4 CONCLUSÕES induction motors", Mechanical Systems and Signal


Processing, vol. 20, pp. 953‐965, 2006.

Apesar do motor de indução ser considerado uma máquina [3] A. Yazidi, H. Henao, G. A. Capolino, "Broken rotor bars

robusta e muito fiável está sujeito a diversos tipos de avarias fault detection in squirrel cage induction machines", IEEE

causadas principalmente pelo envelhecimento, desgaste e I t


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fadiga mecânica dos materiais. Drives, 2005, pp. 741‐747.

Dado o seu importante papel, muitos trabalhos de [4] L. Xiaodong, W. Qing, S. Nandi, "Performance analysis of

investigação têm sido feitos oferecendo metodologias para a three‐phase induction machine with inclined static

um diagnóstico cada vez mais eficiente. eccentricity", IEEE Transactions on Industry Applications,

A aplicação destas técnicas em ambiente fabril tem as suas vol. 43, pp. 531‐541, 2007.

limitações devido a diversos factores, como por exemplo, a [5] M.


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P Granjon,
G j B Raison,
B. R i G Rostaing,
G. R t i "M d l for
"Models f

existência de poluição harmónica proveniente de outras bearing damage detection in induction motors using

máquinas e a falta de registos históricos das componentes stator current monitoring," IEEE International

espectrais. Symposium on Industrial Electronics, 2004, pp. 383‐388

As ferramentas de diagnóstico apresentadas não são vol. 1.

invasivas e podem ser aplicadas durante o funcionamento [6] E. Wiedenbrug, D. Doan, "Comparison of duct‐mounted

normal, contribuindo para uma manutenção preventiva vibration and instantaneous airgap torque signals for

eficiente através da monitorização regular do motor. predictive maintenance of vane axial fans", International

Além disso, se criteriosamente utilizadas, constituem uma Conference on Measurement and Control, 2004, pp. 209‐

mais‐valia, melhorando a eficiência da equipa de 213.

manutenção e minimizando os custos de indisponibilidade e [7] A. Q. Flores, A. J. M. Cardoso, J. B. Carvalho, "The

de interrupção. induction motor as a mechanical fault sensor in elevator

Assim, para além da sua função principal de fornecer energia systems " apresentado na conferência “11CHLIE”
11CHLIE , 11ª.
11ª

mecânica à carga, o motor de indução pode desempenhar Conferencia Hispano‐Lusa de Ingeniería Eléctrica,

um segundo papel, como transdutor eficaz e Saragoça, Espana, 2009.

permanentemente ligado, ajudando a detectar avarias no


seu interior e também na carga mecânica a ele acoplada.

33|
ARTIGO TÉCNICO

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ARTIGO TÉCNICO Sérgio Filipe Carvalho Ramos , Roque Filipe Mesquita Brandão
Instituto Superior de Engenharia do Porto

FIBRA ÓPTICA: NOVAS AUTO‐ESTRADAS DE TELECOMUNICAÇÕES EM URBANIZAÇÕES

RESUMO Este novo enquadramento regulamentar que estabelece as


regras para o projecto, instalação, e exploração das
“…O Manual ITUR define as condições de elaboração de instalações, reveste‐se como um elemento promotor das
projectos e construção da rede de tubagem e redes de cabos novas mudanças verificadas ao nível das técnicas e
em urbanizações, garantindo a segurança de pessoas e bens tecnologias de telecomunicações.
e a defesa do interesse publico. Com efeito, uma das especificações da 1ª edição do Manual
As regras técnicas de projecto e instalação das ITUR devem ITUR – PRIVADA será a da obrigação de instalação de
ser entendidas como objectivos mínimos a cumprir, podendo cablagem de Par de Cobre (PC), Cabo Coaxial (CC) e Fibra
os intervenientes prever outras soluções, desde que Óptica (FO), proporcionando num futuro próximo a oferta de
devidamente justificadas, tendo sempre em vista soluções serviços de nova geração a velocidades de transmissão e
tecnicamente mais evoluídas.” larguras de banda cada vez maiores.
Em particular, a fibra óptica constitui já hoje, um pilar basilar
1 INTRODUÇÃO na revolução das tecnologias de telecomunicações que
entrarão, naturalmente, pelas nossas casas.
A 1ª edição do Manual ITUR (Infra‐estruturas de O presente artigo visa, sucintamente, expor e reflectir sobre
Telecomunicações em Urbanizações), na qual o a importância da fibra óptica nas infra‐estruturas de
Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto telecomunicações em urbanizações.
Superior de Engenharia do Porto teve uma participação
activa como consultor externo, foi extraordinariamente 2 ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO
inovador tanto em conceitos de infra‐estrutura como de
equipamentos e respectivas especificações. A defesa dos Decorrente do crescimento económico verificado em
interesses dos consumidores de comunicações electrónicas meados da década de 80 do século passado, o que
que passa por infra‐estruturas de telecomunicações promoveu um aumento galopante ao nível da construção em
modernas, fiáveis e adaptadas aos serviços dos operadores Portugal, foram fixadas as regras básicas, com o objectivo de
públicos foi devidamente salvaguardada. dotar os edifícios de infra‐estruturas de telecomunicações,
A 1ª Edição do Manual ITUR constitui a concretização de um designadamente telefone, telex e dados, com acesso através
desejo há muito esperado pois, até então, havia um vazio de redes físicas, mediante a publicação do DL 146/87 –
legal no que se refere ao projecto e execução deste tipo de Instalações Telefónicas de Assinante (ITA). Ao abrigo do
instalações que eram, essencialmente, baseados no disposto no n.º 1 do artigo 1.º do DL 146/87 o Decreto
conhecimento empírico armazenado ao longo dos anos pelos Regulamentar n.º 25/87, de 8 de Abril, vem aprovar e
projectistas, instaladores e pelo operador que actuava em publicar o Regulamento de Instalações Telefónicas de
regime de monopólio, a Portugal Telecom, detentora da Assinante (RITA), que estabeleceu as condições técnicas a
exploração das infra‐estruturas de telecomunicações em que deveriam obedecer os projectos, as instalações e a
urbanizações. Esta nova legislação veio, assim, impor regras conservação das infra‐estruturas de telecomunicações, bem
claramente definidas para as infra‐estruturas de como os procedimentos legais a seguir para a elaboração de
telecomunicações em loteamentos quer sejam de âmbito projectos e solicitação de vistorias às instalações executadas.
privado ou público. O Regulamento RITA esteve em vigor durante 13 anos!

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ARTIGO TÉCNICO

O desenvolvimento das actividades económicas, os avanços Os diversos operadores têm tido um papel meritório no que
tecnológicos, assim como as novas exigências emergentes do respeita aos grandes investimentos realizados no
estabelecimento de medidas legislativas que determinaram estabelecimento de infra‐estruturas de forma a dar uma
a liberalização do sector das telecomunicações em Portugal, resposta cabal às necessidades de operacionalidade e de
impuseram a necessidade de formular novas regras para a inovação de serviços aos consumidores empresariais e
instalação das infra‐estruturas de telecomunicações em domésticos.
edifícios, bem como para as actividades de certificação das Os diversos operadores têm seguido uma estratégia de
instalações e avaliação de conformidade de infra‐estruturas, propor e fornecer aos seus clientes “pacotes” de serviços de
materiais e equipamentos. telecomunicações. A oferta desses serviços (“Triple Play”),
Em Abril de 2000 foi publicado o DL 59/2000, o qual disponibiliza numa única plataforma:
estabeleceu o regime ITED e respectivas ligações às redes ‐ Telefone (voz);
públicas de telecomunicações, assim como o regime de ‐ Internet de banda larga (dados);
actividade de certificação das instalações e avaliação de ‐ “vídeo on demand” e Televisão
conformidade de materiais e equipamentos. Relativamente Do ponto de vista económico, estes serviços disponibilizados
às infra‐estruturas de telecomunicações em urbanizações pelos operadores poderão ser vantajosos na medida em que
nada foi feito, continuando a elaboração dos projectos com os clientes, tendencialmente, pagarão menos pelo conjunto
base na informação, não oficial, de regras de boa prática de todos os serviços do que pagariam por eles em separado.
fornecidas pela Portugal Telecom. Assim, e para que estes serviços possam chegar ao
O rápido desenvolvimento e crescimento do “mundo” das consumidor final, é necessário criar e dotar as infra‐
comunicações electrónicas e o aparecimento de novos estruturas de telecomunicações que suportem tais serviços.
produtos e serviços, cada vez mais inovadores e com Dada a crescente tendência dos operadores chegarem aos
maiores larguras de banda, impôs a necessidade imperiosa diversos clientes em fibra óptica a extensão desta tecnologia
de preparar e dotar os edifícios com infra‐estruturas capazes entrará pelas nossas casas de forma a dinamizar e
de satisfazer essas novas exigências. proporcionar cada vez melhores serviços de
Após 5 anos da edição do Manual ITED, é publicada a 2ª telecomunicações.
edição desse mesmo Manual acompanhado, desta feita, da
1ª edição do Manual ITUR, decorrentes do novo 4 ITUR – CARACTERIZAÇÃO
enquadramento criado pelo DL 123/1009 com as alterações
conferidas na redacção do DL 258/2009. Ao abrigo do definido no Artigo 28º do DL 123/2009 as infra‐
Foi, assim, dado um passo importante e há muito reclamado, estruturas de Telecomunicações em Urbanizações são,
no estabelecimento de regras claras e precisas para a genericamente, constituídas por:
elaboração do projecto e execução da nova geração de infra‐ 1. Espaços para a instalação de tubagem, cabos, caixas e
estruturas de telecomunicações. câmaras de visita, armários para repartidores e para
instalação de equipamentos e outros dispositivos;
3 PARA QUÊ NOVAS INFRA‐ESTRUTURAS DE TELECOMUNICAÇÕES? 2. Rede de tubagens ou tubagem para a instalação dos
diversos cabos, equipamentos e outros dispositivos,
Vivenciamos uma época de uma autêntica “revolução incluindo, nomeadamente, armários de
tecnológica” ao nível da oferta de novos serviços de telecomunicações, caixas e câmaras de visita;
telecomunicações, subsequentes da ávida procura por cada 3. Cablagem, nomeadamente, em par de cobre, em cabo
vez maiores larguras de banda. coaxial e em fibra óptica para ligação às redes públicas
de comunicações;

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ARTIGO TÉCNICO

4. Sistemas de cablagem do tipo A; A bainha tem um índice de refracção superior ao do núcleo,


5. Instalações eléctricas de suporte a equipamentos e impedindo desta forma a fuga da luz para o exterior por um
sistema de terra; mecanismo que pode ser descrito, em primeira
6. Sistemas de cablagem para uso exclusivo do loteamento, aproximação, como a reflexão total na superfície de
urbanização ou conjunto de edifícios, nomeadamente separação. A bainha é revestida com um polímero para
domótica, videoportaria e sistemas de segurança. proteger a fibra de eventuais danos.
Nas ITUR há a distinguir claramente dois tipos de infra‐ A utilização da FO apresenta claramente várias vantagens em
estruturas de Telecomunicações em Loteamentos: comparação com a utilização dos cabos metálicos,
‐ As ITUR Públicas, situadas em áreas públicas, as quais são designadamente:
obrigatoriamente constituídas por tubagem; ‐ Grande Capacidade de Transmissão: um sistema de
‐ As ITUR Privadas, situadas em conjuntos de edifícios, as transmissão por FO pode apresentar uma largura de
quais são constituídas por tubagem e cablagem. banda na ordem das centenas de GHz, o que é
Nos loteamentos de iniciativa pública (infra‐estrutura de equivalente a mais de 6.000.000 canais telefónicos
acesso de comunicações electrónicas a um conjunto de convencionais;
edifícios integrando um domínio municipal – Artigo 31º do ‐ Longas Distâncias de Transmissão: permite enviar sinais
DL 123/2009) são basicamente projectados e executados (luminosos) a algumas dezenas de quilómetros sem
rede de tubagem e caixas de passagem para a instalação necessidade de regeneração de sinal. Apresentam, pois,
futura das respectivas cablagens pelos diversos operadores níveis de atenuação muito baixos, normalmente 10.000
de telecomunicações, bem como a instalação de caixas de vezes inferior aos cabos de par de cobre;
visita multi‐operadores (CVM), cabendo aos respectivos ‐ Imunidade: apresentam imunidade total às
municípios a gestão e conservação dessas infra‐estruturas. interferências electromagnéticas, o que significa que os
Nos loteamentos de natureza Privada (ITUR que integram dados não serão corrompidos durante a transmissão;
conjuntos de edifícios de acesso restrito – Artigo 32º do DL ‐ Segurança: as FO não irradiam qualquer sinal para o
123/2009) são detidas em compropriedade por todos os ambiente exterior (no seu modo de funcionamento
proprietários cabendo‐lhes a si, ou à respectiva normal). Apresentam, assim, imunidade a qualquer
administração, a sua gestão e conservação. Estas infra‐ tentativa de intrusão. Do ponto de vista da
estruturas além de serem constituídas por redes de tubagem Compatibilidade Electromagnética (CEM) não causam
e caixas de visita são ainda constituídas por um Armário de perturbação nos equipamentos electrónicos
Telecomunicações de Urbanização (ATU) que faz a fronteira circundantes.
entre a entrada dos operadores e a rede ITUR e de cablagem ‐ Leves e Compactos: os cabos de FO apresentam um
associada às três tecnologias exigidas: Par de Cobre, Cabo volume e peso mais baixo que os cabos de comunicações
Coaxial e Fibra Óptica. em cobre. A título ilustrativo, um cabo composto por 864
fibras apresenta um diâmetro aproximado de uma cabo
5 MANUAL ITUR – FIBRA ÓPTICA – NOVO PARADIGMA de 100 pares de cobre.
Não obstante todas estas valências a FO apresenta, ainda
De uma forma sucinta, uma fibra óptica (FO) é constituída assim, algumas desvantagens, designadamente:
por um fio muito fino de material transparente, ‐ Necessidade de Pessoal Especializado: ao nível da
normalmente de vidro (por vezes de material plástico), que instalação, operação e manutenção de cablagens de FO
transmite luz a longa distância. são necessários técnicos especializados, designadamente
A fibra tem um núcleo central, onde a luz é “guiada”, no que se refere aos aspectos relacionados com a junção,
revestido de uma, ou mais, bainhas transparentes. terminação e ensaio;

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ARTIGO TÉCNICO

‐ Custo Equipamento de Transmissão: o custo associado à O aumento crescente entre os requisitos de aplicações e as
conversão do sinal óptico em eléctrico, e vice‐versa, capacidades técnicas (por exemplos dos computadores)
apresenta ainda um custo relativamente elevado quando fomentam a utilização de maiores larguras de banda.
comparado com a transmissão do mesmo sinal num par Assim, o investimento por parte dos operadores na
de cobre. No entanto, e dada a vulgarização da utilização instalação de redes de fibra óptica (tipicamente em
desta tecnologia, os custos poderão baixar configuração FTTH – “Fiber To The Home”), a par com a
consideravelmente; devida dotação interior dos edifícios, ao nível da recepção e
‐ Vulnerabilidade: devido à grande capacidade de transmissão de sinal, conduz a que, ao nível dos serviços de
transmissão que as FO apresentam, existe a tendência telecomunicações, sejam disponibilizadas larguras de banda
para incluir muita informação numa única fibra. Deste cada vez mais elevadas o que contribui, seguramente, para o
modo, o risco de acontecer uma catástrofe e a desenvolvimento da economia, da difusão da informação e,
consequente perda de grandes quantidades de naturalmente, da formação das pessoas do país pelo fácil
informação é bastante elevado. acesso à informação e conhecimento que lhe são
O tipo de fibra óptica a utilizar é, obrigatoriamente, disponibilizados.
Monomodo, em que o diâmetro do núcleo é diminuído cerca A 1ª Edição das Prescrições e Especificações Técnicas de
de 5 vezes menos, comparadas com as fibras Multimodo, o Infra‐estruturas de Telecomunicações em Urbanizações
número de modos que poderão ser guiados e conduzidos (Privada) obriga a que cada fracção seja servida por duas
pela fibra será de um, daí a sua denominação de fibras.
Monomodo. Com efeito, as fibras ópticas permitidas (tipo Monomodo –
A largura de banda nesta fibra é fortemente dominada pela OS1 e OS2) deverão cumprir o emanado na norma EN60793‐
dispersão cromática da mesma. 2‐50:2004.
As fibras do tipo Monomodo estão especialmente Todos os cabos de fibra óptica deverão igualmente cumprir
vocacionadas para operarem com débitos binários da ordem os requisitos da norma EN 60794‐1‐1.
das dezenas a centenas de Gbit/s, com atenuações que O projecto técnico das instalações ITUR tem como objectivo
permitem o envio de sinais a largas dezenas de quilómetros primordial definir a arquitectura da rede (tubagens e/ou
prescindindo regeneração de sinal intermédio. cablagem) bem como os seus percursos, definindo e
caracterizando o sistema de cablagem (quando aplicável), as
tubagens, equipamentos e os materiais a utilizar, bem como
o seu dimensionamento, com a devida clareza, para não
suscitar dúvidas aos técnicos instaladores.
Figura 1 – Exemplo de uma fibra óptica Monomodo
O Armário de Telecomunicações de Urbanizações (ATU) é o
O aumento da procura por serviços com cada vez maiores ponto de interligação das redes públicas de comunicações
larguras de banda invoca a necessidade de infra‐estruturas electrónicas, com as redes de cabos da ITUR privada, sendo,
adequadas. ainda, o ponto interligação com a rede colectiva dos edifícios
A fibra óptica surge como resposta aos sistemas de no ATE, ou CEMU, no caso de moradias, caso não exista uma
comunicação electrónica pois oferece, por fibra, uma largura rede privada.
de banda na ordem das centenas de GHz, o que equivale a O ATU deve ser um espaço que possa albergar as três
mais de 6 milhões de canais telefónicos convencionais. Daí tecnologias de telecomunicações previstas no manual ITUR
as vantagens competitivas que os operadores poderão advir (PC, CC e FO).
com a utilização das infra‐estruturas de fibra óptica.

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ARTIGO TÉCNICO

Para cada uma das tecnologias deverá existir um Repartidor esquemas da rede de tubagem e cablagem, quadros de

de Urbanização (RU) individual, constituído por dois dimensionamento, cálculos de níveis de sinal, esquemas

primários por tecnologia, cujo dimensionamento e instalação de instalação eléctrica e terras das infra‐estruturas,

é da responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos análise das especificidades das ligações às infra‐

das ITUR à rede pública de comunicações electrónicas, e por estruturas de telecomunicações das empresas de

um secundário por tecnologia, onde se inicia a rede de cabos comunicações electrónicas.

da ITUR. A colocação de cablagem PC, CC e FO é inovadora, no caso

Repartidor de Urbanização de Fibra Óptica (RU‐FO): das ITUR privada. No caso específico da instalação de

‐ Primário, cujo dimensionamento e instalação é da l


tecnologia lé de
em FO, além d requer pessoall técnico
é l
altamente

responsabilidade da entidade que ligar a rede de cabos especializado requer, igualmente, a realização de ensaios de

da ITUR à rede pública de comunicações electrónicas. carácter obrigatório, designadamente:

Poderá ser constituído, por exemplo, por um painel de ‐ Atenuação (Perdas de Inserção);

adaptadores do tipo SC/APC; ‐ Comprimento.

‐ Secundário, onde se inicia a rede de cabos de fibras Para a medida destes parâmetros deverão ser efectuados os

ópticas da ITUR. A rede deve obedecer à topologia em i seguintes:


ensaios i

estrela com recurso, por exemplo, a cabos multi‐fibras. ‐ Ensaio de perdas totais;

As fibras são terminadas em conectores SC/APC ligados ‐ Ensaios de reflectometria, quando considerado

em painéis de adaptadores. adequado.

Como o ATU pode conter equipamentos activos, há a Os ensaios deverão ser efectuados desde o RU‐FO do ATE

necessidade de existirem circuitos de alimentação eléctrica, inferior de cada edifício.

nomeadamente 2 circuitos de 230 VAC, com 3 tomadas cada,


protegidos por disjuntor diferencial com um valor de 6 CONCLUSOES

sensibilidade não superior a 300 mA e ligados ao circuito de


terra do ATU. A elaboração deste artigo pretende contribuir, embora de

O barramento geral de terra do ATU deverá ter capacidade uma forma lisonjeira, para o enriquecimento do

para ligar, pelo menos 10 condutores de terra. conhecimento das potencialidades da instalação de fibra

Em concordância com o consagrado no Art. 39 do DL ó ti


óptica nas Infra‐estruturas
I f t t d Telecomunicações
de T l i õ em

258/2009 o projecto técnico ITUR deve incluir Urbanizações à luz do novo contexto legislativo criado pela

obrigatoriamente os seguintes elementos: 1ª Edição do Manual ITUR, não dispensado, naturalmente,

1. Informação identificadora do projectista ITUR que uma consulta detalhada e rigorosa do documento integral.

assume a responsabilidade pelo projecto;


2. Identificação da operação de loteamento, obra de
Bibliografia

urbanização, ou conjunto de edifícios a que se destina, [ ] Decreto‐Lei n.º123/2009


[1] / d 21 de
de d Maio, Diário
á da d República,
úbl 1ª

nomeadamente da sua finalidade; Série‐N.º98‐21 de Maio de 2009.

3. Memória descritiva; [2] Decreto‐Lei n.º258/2009 de 25 de Setembro, Diário da


República, 1ª Série‐N.º187‐25 de Setembro de 2009.
4. Medições e mapas de quantidade de trabalhos, dando a
[3] Manual ITED, Prescrições e Especificações Técnicas das Infra‐
indicação da natureza e quantidade dos trabalhos
estruturas de Telecomunicações em Edifícios, 2ª Edição,
necessários para a execução da obra;
Novembro de 2009.
5. Orçamento baseado na espécie e quantidade de
[4] Manual ITUR, Infra‐estruturas de Telecomunicações em
trabalhos constantes das medições;
Loteamentos Urbanizações e Conjuntos de Edifícios, 1ª Edição,
6. Outros elementos estruturantes do projecto, Novembro de 2009.
nomeadamente fichas técnicas, plantas topográficas,
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ARTIGO TÉCNICO António Augusto Araújo Gomes
Instituto Superior de Engenharia do Porto

SISTEMAS DE CONTROLO DE ACESSO

RESUMO

A segurança, o conforto, a funcionalidade e a fiabilidade dos


sistemas que integram as instalações são aspectos
fundamentais na qualidade de vida das pessoas.
Os sistemas de controlo de acessos são, cada vez mais, um
elemento facilitador da gestão dos espaços essenciais à
dinâmica funcional das instalações e um meio imprescindível
Imagem adaptada de: www.boydelectronics.co.uk
de controlo da actividade nas organizações.
O presente artigo aborda a temática do controlo de acessos, 3 PRINCIPAIS VANTAGENS
no que se refere, essencialmente, aos aspectos técnicos e
tecnológicos dos mesmos. As principais vantagens de um sistema de controlo de
acessos são:
1 INTRODUÇÃO ‐ Segurança
‐ Fiabilidade
Os sistemas de controlo de acesso visam a permissão de ‐ Conforto
acesso, em função de parâmetros pré‐ajustados, tais como, ‐ Flexibilidade
locais de acessos, horários de acesso,.... ‐ Integração
A sua base de funcionamento é a permissão de acesso
apenas a utilizadores autorizados. 4 CONSTITUIÇÃO GERAL DO SISTEMA
O sistema de controlo de acessos pode ser interligado a
sistemas de gestão técnica centralizada, sistemas A figura 1, mostra a arquitectura geral de um sistema de
automáticos de detecção de intrusão e sistemas de vídeo controlo de acessos:
vigilância, integrando e complementando o funcionamento
Gestão Técnica Software de
destes sistemas.
Centralizada Gestão

2 FUNÇÕES PRINCIPAIS Leitores Trincos


Eléctricos
Sensores
As funções principais de um sistema de controlo de acessos Automáticos
são: Botões Unidade de
Manuais Sinalização
‐ Definição de áreas de acesso; Controlo

‐ Definição de direitos de acesso por área; Contactos


‐ Definição de horários de acesso;
Outros
Outros
‐ Definição de percursos de acesso; Outputs
Inputs
‐ Seguimento e localização;
‐ Registo automático de entradas e saídas; Alimentação Alimentação
da Rede de Socorro
‐ Alarme em caso de entrada forçada em zonas com
acesso condicionado.
Figura 1 – Constituição geral de sistema de controlo de acessos

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ARTIGO TÉCNICO

4.1 UNIDADE DE CONTROLO 4.3 CONTACTOS

A Unidade de Controlo é o “cérebro” do sistema. É neste São os elementos de informação do estado do sistema.
equipamento que são ligados todos os periféricos (leitores, Podem ser de dois tipos:
sensores, botões, trincos eléctricos,…) e a partir do qual ‐ Magnéticos;
sairá, ou não, uma ordem de abertura, dependendo das ‐ Mecânicos.
definições de acessos e da validade dos dados recebidos
pelos elementos periféricos. 4.4 BOTÕES MANUAIS

Os sistemas de controlo de acessos dividem‐se em dois São utilizados normalmente como elementos de saída,
grupos principais: quando não se justifique a utilização de leitores nos dois
‐ Sistemas em Rede; lados das portas.
‐ Sistemas Stand Alone. Estes botões quando pressionados, actuam um contacto que
vai gerar o pedido de abertura à central de controlo de
4.2 LEITORES acessos.

São o meio de interacção do utilizador com o sistema. 4.5 CARTÕES


Podem ser de diversos tipos:
‐ Teclado; São utilizados em alguns dos sistemas anteriormente
‐ Banda Magnética; referidos. Para esses sistemas, os cartões são as chaves do
‐ Proximidade; sistema.
‐ Códigos de barras;
‐ Ópticos;
‐ Biométricos (leitura da íris, impressão digital)
Podem ainda combinar duas ou mais das tecnologias acima
referidas.

Imagem: www.engineeringnews.co.za Imagem adaptada de: www.siemens.com

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ARTIGO TÉCNICO

4.6 TRINCOS ELÉCTRICOS 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

São as fechaduras do sistema. Permitem, para utilizadores Este artigo visou abordar aspectos técnicos, tecnológicos e
autorizados, a abertura das portas e o acesso aos espaços. conceptuais, dos sistemas de controlo de acessos.

4.7 ALIMENTAÇÃO DO SISTEMA Os sistemas de controlo de acesso são sistemas


tecnologicamente maduros e que cada vez mais são uma
A alimentação de energia eléctrica do sistema em condições realidade nas instalações, potenciando uma mais eficaz
normais de funcionamento deverá ser realizada através da gestão dos espaços e dos utentes desses mesmos espaços,
rede de energia eléctrica devendo para o efeito ser prevista de uma forma segura, simples, fiável e económica.
uma alimentação vinda do Quadro Eléctrico da instalação.
O sistema deverá ainda ter uma alimentação própria de Em instalações com sistemas de controlo de acessos, a
socorro que garanta o seu funcionamento em caso de falha alteração das condições de acesso de um utilizador, é
da alimentação normal da rede. realizada de uma forma simples, rápida, cómoda e
económica, contrariamente às instalações tradicionais.
4.8 SOFTWARES DE GESTÃO

Destinam‐se, essencialmente, a controlar e gerir a totalidade


do sistema de controlo de acessos a partir de um ou
diversos postos.
Através de interfaces gráficas, o utilizador, gere de uma
forma simples e intuitiva a totalidade do(s) sistema(s).
Para além da gestão e supervisão de funcionamento dos
sistemas que recebe, permitem a geração de relatórios com
os eventos recebidos pelo sistema, tornando‐se numa
ferramenta muito útil para gestores e responsáveis de
empresas e entidades.

4.9 GESTÃO TÉCNICA CENTRALIZADA

A Gestão Centralizada consiste na integração dos diversos


sistemas existentes numa instalação para que o seu
comando, controlo e operação possam ser realizados de uma
forma centralizada num sistema de gestão.
A gestão centralizada normalmente só é utilizada em
instalações grandes e complexas, de forma a facilitar o
comando, controlo e operação dos diversos sistemas.

Imagem adaptada de: www.siemens.com (Jin Mao Tower )

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DIVULGAÇÃO

LABORATÓRIO DE SISTEMAS DE ENERGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO

O Laboratório de Sistemas de Energia (LSE) é uma instalação de apoio ao ensino e aos trabalhos de investigação e
desenvolvimento no âmbito do curso de Engenharia Electrotécnica do Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto
Superior de Engenharia do Porto.

Esta infra‐estrutura é utilizada por uma equipa constituída por docentes, técnicos e alunos da área dos Sistemas Eléctricos de
Energia, que dispõem de equipamento técnico e laboratorial que proporciona a simulação dos diversos efeitos eléctricos e
electrónicos, o que constitui uma contribuição decisiva para a tão necessária preparação prática dos estudantes.

O LSE é constituído por equipamento que incorpora inovação tecnológica e funcionalidades avançadas, incluindo analisadores
de energia, kits de células de combustível e painéis fotovoltaicos, bancadas experimentais, simuladores de defeitos e outros
equipamentos de monitorização de energia em redes eléctricas.

TRABALHOS REALIZADOS NO LABORATÓRIO DE SISTEMAS DE ENERGIA


 Medição da resistência de Terra
 Simulação da Compensação do Factor de Potência num Sistema de
Energia
 Simulação no Simulink de um Sistema Trifásico com Cargas RL e RC
 Manobras de Ligação de Alternadores num SEE sem Interrupção de
Serviço
 Pilha de combustível
 Utilização de Contactores no arranque Estrela‐Triângulo e Inversão do
seu sentido marcha

Doutora Teresa Alexandra Nogueira  Simulação computacional da colocação em serviço de uma linha de
Directora Laboratório Sistemas Energia
transporte que alimenta uma carga indutiva
 Observação das componentes harmónicas da onda de corrente
 Verificação experimental e computacional do efeito Ferranti
 Ensaio de uma linha de transporte: Curto‐circuito simétrico trifásico e
Curto‐circuito assimétrico: bifásico e monofásico
 Simulação da geração de energia eléctrica em rede isolada
 Simulação em MatLab‐Simulink de Fenómenos Transitórios em
Circuitos Eléctricos

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ARTIGO TÉCNICO Roque Filipe Mesquita Brandão
Instituto Superior de Engenharia do Porto

DIMENSIONAMENTO DE CENTRAIS FOTOVOLTAICAS PARA A MICROPRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO Considerando que os painéis fotovoltaicos, por si só, já


possuem rendimentos bastante baixos, a optimização do
Desde que foi publicado o Decreto‐Lei nº 363/2007 de 2 de rendimento das instalações é um factor que assume uma
Novembro, que tem por objecto estabelecer o regime importância extrema. Para apoio dos projectistas, existem
jurídico aplicável à produção de electricidade por intermédio diversos softwares de simulação que dão uma ajuda
de unidades de microprodução, este tipo de instalações de importante sobre a viabilidade técnica e económica dos
pequena potência tem aumentado muito em Portugal. Dos projectos. No entanto é necessário também ter
diversos tipos de energia renovável previstos no referido conhecimento sobre dois factores importantes que
Decreto‐Lei, tem sido a energia solar a que mais tem influenciam o rendimento dos painéis fotovoltaicos,
motivado os utilizadores a instalarem centrais de nomeadamente a temperatura e os sombreamentos.
microprodução. A este facto não é com certeza alheia a tarifa Nos módulos cristalinos o efeito da temperatura faz‐se sentir
aplicável à energia produzida através desta fonte de energia, com mais intensidade do que nos módulos de silício amorfo.
à qual é aplicável 100% da tarifa de referência. A temperatura tem um efeito importante sobre a tensão do
A tabela 1 apresenta as instalações e as diversas potências módulo, não se fazendo sentir muito sobre a corrente. Ao
de centrais de microprodução com origem em fontes haver redução do valor da tensão continuando o valor da
renováveis registadas e instaladas desde a saída do Decreto‐ corrente quase inalterado, a potência do módulo diminui.
Lei.
Tabela 1 ‐ Instalações de microprodução [Fonte: www.renovaveisnahora.pt]
[ ]

Dos valores apresentados na tabela anterior, mais de 90% Como se pode ver na figura 1, a tensão baixa muito com o
são referentes a centrais fotovoltaicas, por esse motivo o aumento da temperatura. O factor de variação da tensão
elevado número de instalações justifica a importância do com a temperatura é uma das características que deve ser
correcto dimensionamento das mesmas. indicada na ficha de características dos painéis fotovoltaicos
No número anterior da revista Neutro à Terra foi feita uma e que por isso não deve ser descurada.
abordagem aos equipamentos que se devem usar no
dimensionamento de uma central fotovoltaica, neste artigo
será feito um exemplo prático de aplicação da metodologia
de dimensionamento.
.
2 FACTORES QUE INFLUENCIAM O RENDIMENTO DAS CENTRAIS

Quando se pretende dimensionar uma central fotovoltaica é


necessário ter em consideração diversos factores que podem
influenciar o rendimento das instalações. Figura 1 ‐ Efeito da temperatura na curva I‐V

45|
ARTIGO TÉCNICO

O aumento da temperatura pode ser responsável também


pelo aparecimento de falhas e degradação dos módulos,
devido à dilatação dos materiais.

Figura 4 ‐ Módulo destruído

Fazendo uma simulação do efeito do sombreamento nas


Figura 2 ‐ Termografia de um módulo fotovoltaico
. curvas I‐V e P‐V e determinando o ponto de máxima
Devido à constituição física dos módulos fotovoltaicos, o potência é possível ter uma ideia do efeito que
sombreamento é também um problema importante. Os sombreamento tem nos módulos. A figura 5 mostra as
módulos fotovoltaicos são constituídos por um certo número referidas curvas num painel sem sombras e a figura 6 mostra
de células em série, normalmente 60 ou 72. Como cada o desempenho do mesmo painel com cerca de 60% de área
célula gera um valor de corrente de cerca de 7 A e uma sombreada.
tensão de 0,5 V, ao serem colocadas em série produzem‐se
módulos com uma corrente igual à corrente de uma célula e
um valor de tensão resultante da soma da tensão de cada
célula. Quando uma célula está sombreada, a fonte de
corrente extingue‐se e comporta‐se como uma resistência
que é atravessada pela corrente produzida pelas outras
células, ficando sujeita a uma tensão inversa e provocando
aquecimento que eleva a temperatura para valores que
nalguns casos destroem a célula.

Figura 5 ‐ Curva IV e P‐V num módulo sem sombra

Figura 3 ‐ Efeito da sombra nas células
Figura 3 Efeito da sombra nas células

Este fenómeno também acontece na interligação entre


painéis, sendo a serie de módulos limitada em corrente pelo
módulo que tem menor valor de corrente e em tensão pelo
menor valor de tensão das “strings” ligadas em paralelo.
Se os terminais do módulo estiverem ligados, a potência
produzida pelas células sem sombra é dissipada na célula
sombreada criando “hot‐spots” que podem levar à Figura 6 ‐ Curva IV e P‐V num módulo sem sombreado
destruição do módulo.

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ARTIGO TÉCNICO

3 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO rede e por isso o sistema fica isolado e sem possibilidade de
ser utilizado.
Para se fazer um correcto dimensionamento de uma central Para instalações ligadas à rede, é necessária a instalação de
de microprodução fotovoltaica com ligação à rede eléctrica, um inversor de rede que esteja certificado.
é necessário seguir uma série de etapas, enumeradas de No site www.renovaveisnahora.pt está disponível uma lista
seguida: com mais de 160 inversores certificados, por isso aconselha‐
1‐ Análise das condições de terreno e de instalação; se a utilização de um desses equipamentos.
2‐ Escolha do inversor; Para este exemplo vai ser usado o inversor da marca SMA,
3‐ Escolha dos painéis; modelo SB 3800/V, com uma potência de saída AC de
4‐ Determinar o número de módulos e a potência dos  3680 W e um rendimento de 95,6%.
painéis; 3‐ Escolha dos painéis
5‐ Determinar o número de módulos por fileira; Existem inúmeros fabricantes de painéis fotovoltaicos
6‐ Determinar o número mínimo de módulos por fileira; disponíveis no mercado, o que levou a um considerável
7‐ Definir o número de fileiras em paralelo; abaixamento do preço dos mesmos. No entanto o preço não
8‐ Apresentar a configuração do sistema; deve ser o factor principal de escolha dos painéis pois,
A potência da central será de 3,68 kWp. factores que têm a ver com a qualidade de fabricação, as
garantias de potência e a certificação dos painéis por
1‐ Análise das condições de terreno e de instalação entidades reconhecidas são aspectos mais importantes que
A visita ao local de instalação é um factor preponderante o preço por Wp.
para uma correcta instalação da central. Uma análise cuidada Neste caso serão usados painéis de silício monocristalino de
do local de instalação permite verificar se poderão existir 220 Wp ou de 230 Wp, fabricados pela empresa Goosun, que
sombreamentos aos painéis, permite definir a estrutura de estão certificados segundo as normas europeias e
suporte mais adequada e também a configuração da central, internacionais IEC/EN 61215 e cumprem os requisitos da
nomeadamente em termos de número de fileiras de painéis classe de protecção II.
e a sua orientação. Aquando da simulação do sistema, alguns Estes módulos garantem uma potência nominal mínima de
dados necessários introduzir no simulador, são obtidos pela 90% a 10 anos e 80% a 25 anos.
visita ao local, por isso é imprescindível a correcta avaliação Se os módulos estiverem colocados num local com as
das condições de instalação. condições ideais é possível obter deles a sua máxima
2‐ Escolha do inversor potência, no entanto como na realidade isso não se verifica e
O inversor é o equipamento que converte a energia contínua porque também existem perdas nos equipamentos,
produzida pelos painéis, em energia alternada com nomeadamente no inversor (4,4%) e nos próprios painéis
características similares à da rede eléctrica. É um que têm uma tolerância de ±3 %, é aconselhável instalar uma
equipamento que possui, geralmente, um rendimento potência superior a 3680 kW. No entanto é preciso verificar
elevado e que desempenha um papel fundamental em todo qual a máxima potência DC suportada pelo inversor.
o sistema. Consultando as características do inversor escolhido, o valor
Se o inversor não funcionar, a energia não é injectada na indicado é de 4040 W.

Figura 7 ‐ Características do inversor SMA

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ARTIGO TÉCNICO

Este é um valor a ter em atenção pois com valores de O limite máximo da tensão de circuito aberto do módulo é
potência de entrada superiores, o inversor desligar‐se‐á. atingido quando a temperatura é muito baixa (‐ 10 ºC).
4‐ Determinar o número de módulos e a potência dos Nessa situação se o inversor sair de serviço, a tensão de
painéis circuito aberto será demasiado elevada para se poder voltar
No ponto 2 indicou‐se que se iriam utilizar painéis com a ligar o sistema sem que daí advenham danos para o
220Wp ou 230Wp. inversor. Esta tensão deve ser menor do que a tensão DC
Considerando a potência máxima DC do inversor (4040 W) e máxima admissível do inversor. Limitando o número de
fazendo a divisão dessa potência pela potência dos painéis módulos por fileira consegue‐se obter um valor de tensão de
conclui‐se: circuito aberto calculado pela associação em serie dos
diversos módulos, que não seja demasiado elevada.
Tabela 2 ‐ Cálculo do número de módulos
A fórmula seguinte permite calcular a tensão de circuito
aberto para uma temperatura de ‐10 oC, a partir da tensão
do circuito aberto do módulo obtida nas condições de
referência STC.

(1)

Como se pode verificar, o número de módulos de 230Wp é Verificando as especificações técnicas dos módulos
17 que é um número que não se pode distribuir escolhidos para este projecto, verifica‐se que a o coeficiente
equilibradamente pelas fileiras. térmico dado pelo fabricante (ΔU) é ‐0,33%/oC e que Vca(STC)
Como o inversor não permite ligação de fileiras com número vale 35,8 V. Aplicando a equação anterior obtém‐se,
de painéis diferentes, ou seja com valor de tensão diferentes
nas fileiras, é necessário reduzir para 16 o número de painéis (2)
de 230Wp, dado que 18 painéis de 230Wp levariam a uma
potência DC de entrada superior a 4040W. O número máximo de módulos por fileira (NMm) é então
obtido através da relação entre a tensão máxima admitida
Tabela 3 ‐ Comparação entre o número de módulos
p ç
pelo inversor (VMi) e a tensão máxima de circuito aberto (‐
10oC), obtendo‐se:

(3)

O resultado obtido informa que deveremos colocar por


fileira, no máximo 10 módulos fotovoltaicos em série.
Como é possível concluir a instalação de 18 módulos de De relembrar que todos os valores necessários ao cálculo são
220 Wp cada é a melhor solução. obtidos através das especificações técnicas dadas pelos
5‐ Determinar o número de módulos por fileira fabricantes dos equipamentos.
O número de módulos fotovoltaicos a colocar em cada fileira 6‐ Determinar o número mínimo de módulos por fileira
é limitado pela tensão DC máxima admissível para a ligação No verão verificam‐se elevados níveis de radiação e estima‐
de módulos em série e pela tensão máxima à entrada do se que os módulos colocados nos telhados podem estar
inversor. sujeitos a temperaturas que poderão atingir os 70 oC.

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ARTIGO TÉCNICO

Nessas condições o sistema fotovoltaico terá uma tensão aos A configuração do sistema será:
seus terminais inferior àquela que se verifica nas condições Tabela 4 ‐ Configuração final do sistema
de referência STC. Se a tensão do sistema fotovoltaico descer
para valores abaixo da tensão MPP mínima do inversor (Vmi),
a eficiência global do sistema ficará condicionada, podendo
provocar a saída de serviço do inversor. Para evitar este
problema, deve‐se calcular o número mínimo de módulos
ligados em série numa fileira.
Analisando as características do inversor verifica‐se que Vmi = O esquema da configuração do sistema é apresentado na
200 V e a tensão na máxima potência dos painéis, dada pelo figura seguinte.
fabricante dos painéis, é Vmp = 28,1 V.

(4)

Deste modo o número mínimo de módulos (Nmm) por fileira


é calculado pela relação entre Vmi e Vmp(70ºC)

(5)

7‐ Definir o número de fileiras em paralelo


O número de fileiras em paralelo está limitado pelo número
de entradas do inversor. No caso do inversor escolhido o
valor é 3. No entanto é necessário verificar se a corrente
máxima do sistema fotovoltaico ultrapassa o limite máximo
da corrente de entrada do inversor (20 A).
O número máximo de fileiras (NMf) deverá ser calculado Figura 8 ‐ Esquema de ligação

através da seguinte fórmula. Apesar de estruturalmente existirem 3 fileiras elas estão


ligadas de forma a que apenas existam 2 fileiras em paralelo.
(6) A colocação das 3 fileiras deveu‐se à falta de espaço no local
de instalação para colocar os 9 módulos seguidos.

8‐ Apresentar a configuração do sistema 4 CONCLUSÕES


Após o cálculo de todos os valores anteriormente
apresentados é necessário fazer um resumo e apresentar a Neste artigo foi apresentado um exemplo de
configuração final do sistema. dimensionamento de uma central de microprodução
‐ Número máximo de módulos por fileira: 10 fotovoltaica para ligação à rede eléctrica. Falta ainda definir
‐ Número mínimo de módulos por fileira: 8 todo o cálculo das cablagens DC e protecções que o sistema
‐ Número de fileiras em paralelo: 2 deverá possuir, mas que não fazia parte daquilo que era
‐ Total de módulos: 18 pretendido neste artigo. Podendo ser abordado esse tema
numa próxima edição da Revista Neutro à Terra.
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ARTIGO TÉCNICO António Manuel Luzano de Quadros Flores
Instituto Superior de Engenharia do Porto

A CRIAÇÃO DE VALOR NO BINÓMIO: “CASA INTELIGENTE” / CONSUMIDOR

RESUMO Tentamos permanentemente ajustá‐la à nossa maneira de


estar, de modo a ser cada vez mais confortável, mais segura
Este trabalho tem como objectivo entender a criação de valor e mais agradável.
no binómio casa inteligente/consumidor, esperando assim Tornamo‐la mais inteligente, preparando‐a para assumir
contribuir para um novo equilíbrio procura/oferta tendente a novas funcionalidades: “how far you go with your smart
que uma casa inteligente fique acessível a mais lares home depends on your lifestyle, budget and tastes” [01].
portugueses. Esses são os limites actuais: “lifestyle, budget and tastes”! A
O método utilizado baseou‐se na pesquisa do mercado tecnologia deixou de ser o limite! Agora o limite está em nós.
português de sistemas de domótica e posteriormente no Tecnicamente, os sistemas evoluíram e proliferaram. Hoje
estudo das motivações do consumidor recorrendo ao método em dia, a oferta é diversa e o consumidor, que
quantitativo de análise de inquéritos. anteriormente tinha que aceitar o que o mercado lhe
Do cruzamento do conhecimento dos sistemas disponibilizava, agora tem de fazer opções e seleccionar uma
disponibilizados para casas inteligentes e das motivações dos solução com a qual terá de conviver. A lógica do mercado
consumidores poderá resultar uma melhor aproximação à inverteu‐se nos últimos anos: anteriormente a oferta era
solução que conduz à satisfação do consumidor. escassa e por isso produzia‐se para stock, agora a lógica de
Neste estudo concluiu‐se que, actualmente, em Portugal, mercado passou a ser comandada pela procura.
estão disponíveis sistemas domóticos capazes de satisfazer Estudar os diferentes sistemas de domótica para casas
as necessidades e motivações dos diferentes consumidores. inteligentes é pensar num cliente exigente, criativo e que
Assim, os sistemas baseados no protocolo EIB com excelentes procura na tecnologia a concretização dos seus sonhos: uma
características enquadram‐se no segmento mais exigente e casa segura, confortável e atractiva. Neste contexto, para
com maior investimento. que os clientes de casas inteligentes sintam a satisfação que
O protocolo X10 oferecendo uma elevada flexibilidade a as tecnologias lhes podem oferecer, sondamos os seus
baixo custo, disponibilizando pequenos kits de inicialização interesses e motivações e decidimos cruzá‐los com a oferta
acessíveis e facilitando a sua instalação, dado utilizarem a de sistemas domóticos existentes em Portugal.
rede eléctrica para comunicação e interligação, parece dar
resposta ao segmento de mercado de menor investimento 2 O CONCEITO DE CASA INTELIGENTE
nesta área.
O segmento intermédio encontra uma resposta diversificada Diversas empresas promovem, em termos de marketing, o
nas soluções oferecidas baseados em sistemas proprietários nome de "casa inteligente", quando apenas utilizam alguns
desenhados para responder às exigências mais comuns dos automatismos isolados, sem qualquer possibilidade de
consumidores. integração ou expansão.
O resultado provoca a desconfiança e saturação entre os
1 INTRODUÇÃO clientes particulares ou profissionais, ainda à procura de
elementos de referência numa tecnologia que ainda não
A casa, a nossa habitação, é um pouco de nós, pois nela conhecem. [08]
passamos grande parte da nossa vida. Quando se aborda o tema das casas inteligentes tem‐se
Por isso, ela é algo de muito delicado e reflecte um pouco da normalmente o cuidado de definir previamente esse
nossa personalidade. conceito.

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ARTIGO TÉCNICO

Dado a designação de “casa inteligente” ter um termo Um ponto de partida poderá ser a sistematização de Gann
controverso, resultam normalmente definições, no mínimo, (1999) referida por Harper [04] que consiste na distinção
curiosas. entre casas que simplesmente contêm aparelhos
Senão, vejamos: inteligentes e aquelas que permitem computação interactiva
‐ Franco [03] afirma que “uma casa inteligente deve ser dentro e para fora da casa.
como um mordomo invisível, capaz de observar, tomar Assim mantendo a atenção na funcionalidade disponível
decisões e actuar sobre o meio envolvente”. para o utilizador podemos identificar cinco tipos de casa
‐ Segundo Roseta [12] “talvez a melhor casa do futuro seja inteligentes:
aquela que for capaz de transmitir uma lição de ‐ Contains intelligent objects: Contém dispositivos e
harmonia entre memória e sonho, que a faça resistir à electrodomésticos que funcionam de um modo
prova do tempo que passa. Mas há também que abrir as inteligente.
portas à imaginação criadora e construtora do homem, ‐ Contains intelligent, communicating objects: Contém
capaz de fazer do seu habitat um mundo maravilhoso e dispositivos inteligentes que comunicam entre si,
mágico, onde ao alcance de um botão podem estar as trocando informação e aumentando assim a sua
mais diversas possibilidades de realizar as suas funcionalidade.
aspirações”. ‐ Connected home: A casa tem uma rede interna
‐ Soares [14] considera que “a “Casa do Futuro” deve ser o interligada com a rede externa, permitindo o controle
espaço por excelência da vida moderna, onde a família interactivo dos sistemas, e o acesso aos serviços e à
no seu todo, e cada membro do agregado familiar em informação, quer de dentro, quer do exterior.
particular (crianças, jovens, adultos e idosos), encontra ‐ Learning home: Os padrões de utilização são gravados e
as diversas instalações especiais úteis e necessárias ao os dados acumulados são usados para antecipar as
seu “contacto com o mundo”. A “Casa do Futuro” deve necessidades dos utilizadores. Por exemplo, a casa que
também estar preparada para permitir o acesso fácil a aprende padrões da utilização do aquecimento e da
todos os cidadãos, incluindo os deficientes”. iluminação (“the adaptative home”).
‐ No “Logar Digital Conectado los PCs y otros equipos ‐ Alert home: As actividades das pessoas e dos objectos
electrónicos de consumo trabajan de forma conjunta são constantemente monitoradas alertando e
para ofrecer contenido digital en todos los lugares de la antecipando as acções a tomar (“the aware home”).
casa. La gestión de este contenido se realiza de forma
fácil y cómoda, con los distintos dispositivos en red y b) AS FUNÇÕES DA CASA INTELIGENTE
desde cualquier lugar de la casa”. [06]
Em termos de conclusão, Oliveira [11] acrescenta que se Actualmente as habitações podem estar equipadas com
perspectiva que “a «Casa do Futuro» vai reinventar a função sistemas que associam diversas funcionalidades nas áreas de
do habitáculo doméstico e as sociabilidades individuais ou segurança, conforto, gestão de energia e comunicações.
colectivas à sua volta”! Funcionalidades principais: detecção de incêndio, intrusão,
fuga de água ou gás, avisos, comandos e controlo remotos,
a) TIPOS DE CASAS INTELIGENTES “Anything, Anytime, Anywere”.
As capacidades da domótica podem ser um auxiliar precioso
De facto, há problemas com a conceptualização da “casa para contornar as dificuldades temporárias ou permanentes,
inteligente”! Parece haver pouca concordância sobre como físicas ou mentais do ser humano. Além disso, estes sistemas
uma casa inteligente deve ser e sobre que tecnologias ela permitem facilitar as tarefas a idosos que assim vêem
deve incorporar. minimizados algumas limitações a que estão expostos.

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ARTIGO TÉCNICO

3 A OFERTA consumidores, os sistemas analisados neste estudo foram


apenas aqueles que têm tido uma representação mais
a) A OFERTA DE SISTEMAS PARA CASAS INTELIGENTES notória nas feiras internacionais em Portugal. Analisaremos
os protocolos X10 e EIB e os sistemas proprietários Vivimat,
“Various industry groups and technology companies have Domus, Simon, Hometronic e Cardio.
tried (and mainly failed) to come up with next‐generation
protocols to help automate a home”. (2003) [01] 1) Protocolo X10 : “This is something that's been around for
a long time. It’s fought long and hard to earn some of its
Existem vários estudos que referem protocolos que improvements in reliability, and has a definite place in
tecnicamente parecem ser interessantes, mas que na prática your home. A real purist may object to some of the
não são implementados, não estando assim disponíveis no potential problems with it, but unless money is no object
mercado. Por exemplo um estudo científico [03] ressalta o to you, you can’t beat the affordability and practical
particular interesse das redes tipo CEBus [02] que permitem flexibility of X10”. [05] A tecnologia X10 usa a rede
o transporte de dados através de redes eléctricas eléctrica como meio de comunicação entre os vários
convencionais podendo operar em redes wireless. dispositivos. Este é um aspecto chave desta tecnologia e
Relativamente a esse protocolo Briere refere que nos anos é a sua maior vantagem face a outras soluções, pois
90, “a bunch of companies grouped together with a standard permite o seu uso em casas já existentes. Os dispositivos
called CEBus (or Consumer Electronics Bus), which was podem ser ligados directamente nas tomadas e serem
designed to be a replacement of X10 and other in‐home usados para ligar ou desligar equipamentos, lâmpadas
communications protocols. There was a lot of fanfare, but at ou regular a sua intensidade luminosa. O grande sucesso
the end of the day, we never saw any products hit the deste sistema reside no seu baixo custo, flexibilidade e
market that used the CEBus Home Plug & Play standard”! na sua facilidade de instalação. Dado que a patente
[01] (2003) deste protocolo já expirou há alguns anos, diversos
Do mesmo modo, a tecnologia DomoBus corresponde a um fabricantes contribuíram para a existência no mercado
desenvolvimento académico, não existindo produtos de uma elevada variedade de dispositivos que
comerciais disponíveis. [13] Este protocolo foi desenvolvido contemplam as mais variadas funcionalidades Para evitar
com o objectivo de servir de ferramenta didáctica e permitir que os sinais actuem os dispositivos das habitações
o desenvolvimento e avaliação de novas funcionalidades vizinhas existem filtros que bloqueiam a passagem
sem restrições dos produtos comerciais [10]. Além disso, destes para fora da sua rede de energia. Quando é
diversos protocolos de comunicação constam de necessário vencer distâncias consideráveis estão
publicações técnicas e científicas estando implementadas no também disponíveis módulos que repetem e amplificam
mercado americano com sucesso (homologadas pelo os sinais. O X‐10 é de momento a tecnologia mais
American National Standards Institute ‐ ANSI). Porém, acessível para a realização de uma instalação domótica
devido a não serem conformes com os standards CE, não não muito complexa.
penetram no nosso mercado. 2) Protocolo EIB: Este protocolo, tal como o X10, baseia‐se
numa arquitectura descentralisada sendo considerado
b) A OFERTA EM PORTUGAL de elevada fiabilidade. Possibilita a execução de
qualquer projecto graças à enorme diversidade de
Para que, de facto, este estudo tenha alguma realidade equipamentos que os seus associados disponibilizam.
prática relativamente ao mercado, no qual participamos Pode usar diferentes meios de comunicação: bus de 2
como stakeholders, quer como técnicos, quer como condutores, rede eléctrica ou rádio frequência.

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ARTIGO TÉCNICO

Este sistema permite que um único par entrançado seja O telecontrolo via teclado do telefone permite, quer
usado para alimentar um dispositivo e para comunicar actuar qualquer dispositivo, quer saber qual é o seu
com ele. Este protocolo conduz normalmente a soluções estado. O sistema pode ser acedido remotamente por
de investimento relativamente elevado. computador via linha telefónica.
3) Sistema proprietário Vivimat: O sistema domótico 6) Sistema proprietário Hometronic: O sistema Hometronic
VIVIMAT, é um sistema centralizado que pode ser usa a radio‐frequência para a comunicação entre a
ampliado com a introdução de módulos adicionais central e os vários sensores e actuadores espalhados
interligados por um bus de comunicação. Ajusta‐se às pela casa. As suas acções podem ser activadas
necessidades de todo o tipo de casas de nova localmente, automaticamente através da central, por
construção. Permite o controlo e manutenção local e telefone ou por Internet.
remota através de teclado, computador, painel de 7) Sistema proprietário Cardio. O sistema CARDIO dispõe de
visualização, telefone, WAP e Internet. uma sonda no ecrã táctil que permite o controle da
4) Sistema proprietário Domus/Inteligente: Este sistema temperatura da habitação e pode ser remotamente
baseia‐se num ecrã táctil que incorpora o processamento controlado por telefone. Além disso, permite controlar
da informação. A este painel é ligado um cabo bifilar ao qualquer dispositivo X10, injectando sinais na rede
qual estão ligados em anel os “módulos de sensor”. Em eléctrica através da interface X10.
cada divisão da casa é instalado um destes módulos que
incorpora como entradas um receptor de De modo a evidenciar as potencialidades oferecidas por
infravermelhos, um sensor de movimento, um sensor se todos estes sistemas organizaram‐se na tabela 1 as suas
luminosidade e um sensor de temperatura e como saídas características, nas seguintes áreas: campo de aplicação do
um emissor de infravermelhos, dois contactos secos para sistema domótico, expansibilidade, capacidade de
controlo de iluminação e um outro para controlo de interligação com outros sistemas, rapidez de resposta,
aquecimento. As persianas são controladas por módulos facilidade e versatilidade de utilização, interfaces de controlo
centralizados num quadro próprio (com uma ligação bus e custo global para uma vivenda modelo.
ao painel táctil). Pode ser controlado por painel táctil,
SMS e a visualização do estado do sistema pode ser feita 4 A PROCURA
na televisão. As suas limitações são a impossibilidade de
regulação da intensidade luminosa. a) COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
5) Sistema proprietário Simon: O sistema SIMON VIS é um
sistema semi‐centralizado radial. Tem uma unidade De acordo com a perspectiva da tomada de decisão, a
central de processamento, “módulo de controlo” que adesão a um sistema inteligente para a sua habitação
interliga com os módulos de saída e entrada. Em cada resulta, primeiramente, da percepção do consumidor de que
piso de uma habitação cada interruptor liga ao módulo existe uma necessidade, em seguida, da transição, por uma
de entrada (situado num quadro parcial) através de um série de etapas, em direcção a um processo racional da
par de condutores. Do mesmo modo, cada lâmpada é satisfação dessa necessidade. Entre essas etapas estão o
alimentada a partir do módulo de saídas. Como o reconhecimento do problema, a busca, a avaliação de
controlo é feito por software qualquer saída pode ser alternativas, a escolha e a avaliação pós‐aquisição. A
temporizada. O sistema inclui a possibilidade de cada perspectiva experimental sobre o comportamento do
botão de pressão poder ter duas funcionalidades consumidor sugere que, em alguns casos, os consumidores
distintas: uma com toque curto e outra com toque longo. não fazem as suas compras de acordo com um processo de
tomada de decisão estritamente racional.

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ARTIGO TÉCNICO

Em vez disso, às vezes, as pessoas compram produtos e Assim, as pessoas podem adquirir uma casa inteligente para
serviços apenas para se divertirem, para criarem fantasias ou expressar a terceiros certas ideias e significados a respeito
obterem emoções e sentimentos. de si mesmas [09].
Deste modo, tornar a casa inteligente pode constituir, para o Mais do que nunca a nossa casa revelará os nossos valores, o
consumidor, um meio de este sentir prazer ao ter controlo nosso conceito de vida e a nossa relação com a família e com
sobre as variáveis da sua habitação, ou apenas satisfazer a o mundo.
sua necessidade de reconhecimento e valorização pela No futuro poderemos afirmar: "Mostra‐me a tua casa, dir‐
sociedade. te‐ei quem és”. [08]

Tabela 1 – Características dos sistemas domóticos analisados

SISTEMA: X10 EIB VIVIMAT DOMUS-INT SIMON OMTRONIC CARDIO

Fabricante: - - DINITEL JG SIMON HONEYWELL SECANT


Origem - - E P E G USA
Localização
Assistência P P P P P P P
Apartamentos S S S S S S S
Vivendas S S S S S S S
Aplicação
Edifícios N S N S S N N
Indústria N N N S S N N
Nova S S S S S S S
Construção
Existente S N N N N S N
EIB N - N N N N N
Interligação
X10 - N N N N S S
Nr. Max de enderços 256 12.000 48 IN + 56 OUT ILIMITADO 128IN+128OUT 100 200
Expansibilidade Outras Limitações N N N ILIMITADO N S 160Lamp+40plug
Expansibilidade futura S N N DIFÍCIL DIFÍCIL S N
Rapidez Tempo de resposta a 1 ordem 1 seg 0 0 0 0 0 0
Facilidade ELEVADO MÉDIA EXCELENTE ELEVADA ELEVADA EXCELENTE S
Utilização Versatilidade ELEVADO MÉDIA BAIXA ELEVADA MÉDIA EXCELENTE S
Eficácia ELEVADO ELEVADA ELEVADA ELEVADA MÉDIA EXCELENTE S
Por voz S N N N N N N
Voz S S S N N S N
Teclas S N S S S N S
Telefone SMS N N S S N N N
W AP S N N S N N N
Recebe imagens S N S N N N N
Local S S S N S N S
PC Lig. telefone S N S N N N S
Internet S N S S N N S
Módulo Macros S S S 7 /ROOM S S 50
programável Nr. de timers ELEVADO S ILIMITADO 7 /ROOM 128 ILIMITADO ILIMITADO
Controlo
Relógio despertad. com timers S ILIMITADO S N S S S
Infravermelhos S S N S S N S
Telecomando
Rádio-freq. S S N N N S N
B tõ
Botões S S S N N S N
Táctil S S S S N N S
Ecran A cores N S S N N N N
Diagomal (mm) 130 120 120 135 N N 120
Resolução MÉDIA ELEVADA MÉDIA MÉDIA N N MÉDIA
WI-FI N N S S N N N
Regulação S S S N S S S
Iluminação
Cenários S S S S S S S
Valor mínimo aprox. € 2.000 7.000 4.000 3.500 7.500 3.000 5.000
Valor max. aprox. € 5.000 20.000 7.000 70.000 15.000 6.000 15.000
Orçamento global 5.709 7.112 5.700 4.629 5948
Preços (€) para vivenda média
com 3 pisos 13.700 9.628 6.480

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ARTIGO TÉCNICO

b) METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO 2.1)Bloco B ‐ Consideramos neste bloco as dimensões


satisfação e insatisfação do cliente.
Pretendendo conhecer a opinião dos consumidores
relativamente às casas inteligentes, optamos por um estudo 2.1.1) “Se tem uma casa inteligente, está satisfeito?”
quantitativo, (questionário por inquérito), que nos permitiu Destaca‐se a satisfação da maioria dos clientes
obter um número significativo de respostas, que admitimos utilizadores de uma casa inteligente. A insatisfação é
constituírem uma base aceitável para extrapolação de apresenta somente por um utilizador que a atribui à
resultados, sendo os seus resultados apenas aproximados. incompetência do fornecedor inicial como
O critério de selecção da população alvo baseou‐se na responsável pelo facto.
escolha de profissionais de classe média e alta.
Assim o inquérito foi enviado via e‐mail, para endereços 2.1.2) “Se tem uma casa inteligente, o que mais o satisfaz”?
colectivos, estimando‐se que terão chegado a cerca de 4000 Das funções típicas domóticas, são a rega automática
pessoas de diversas partes do país. e a detecção de intrusão as mais significativas na
Foram recebidos 90 inquéritos no período de uma semana. satisfação dos utilizadores inquiridos, seguidas da
Seguidamente apresentam‐se os resultados dos inquéritos, detecção de fuga de gás e de incêndio e do facto de
poderem controlar as persianas, iluminação e
1) Bloco A: A questão inicial tenta captar qual é o conceito alarmes através do computador.
que o inquirido já tem (ou não) de casa inteligente: Das funções domóticas apresentadas pelos inquiridos
são elegidas as funções que proporcionam conforto e
”Que ideia tem de uma casa inteligente”? comodidade e aquelas que facilitam as rotinas
domésticas.
Da análise das respostas constata‐se que uma casa
inteligente é sobretudo uma casa que apresenta 2.2) “Se tem uma casa inteligente, que funções inteligentes
automatismos, que gere da melhor forma os seus tem na sua habitação?
recursos energéticos e ecológicos, que é programada, A rega automática e a detecção de intrusão são as
que pode ser comandada à distância, que tem funções que existem em maior número nas casas
componentes electrónicos que auxiliam a gestão de inteligentes da população que diz possuir este tipo de
tarefas domésticas e, tudo isto, para melhorar a habitação. Também elas foram as mais representativas
qualidade de vida dos seus utilizadores. Registaram‐se na satisfação dos utilizadores. Seguem‐se as funções de
expressões curiosas que retractam uma casa inteligente controlo de persianas, de iluminação e de alarmes
em várias perspectivas: “casa prática”, “gere de forma através do computador, de detecção de incêndio e de
eficiente” “casa com vida própria”, “tem memória, noção gás. São também estas, as funções eleitas como as que
temporal, há interligação com o utilizador”, “permite mais os satisfazem, com excepção da protecção contra
poupar tempo, ganhar segurança e economia de electrocussão que eventualmente não é conhecida por
energia”, “resolve os problemas de quem a habita” e muita gente. Parece‐nos que temos aqui uma relação
“melhora a qualidade de vida”, entre outras. Porém, entre a satisfação do cliente e as funções procuradas
paralelamente, há expressões reveladoras de dúvidas, de para instalar na sua casa.
preocupações e até de desânimo: “sujeita a avarias”, Das funções apresentadas pelos inquiridos é o
“não sei se é de confiança”, “pouco funcional”, “se tudo aquecimento central a função mais comum nas casas
funcionar é óptimo”, “até tudo funcionar, dá mais inteligentes.
trabalho que uma casa normal”.

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ARTIGO TÉCNICO

2.3) “Se tem uma casa inteligente, quais são as dificuldades Parece‐nos que há um certo consenso nas respostas dos
com que se depara no seu dia a dia”? nossos inquiridos, ou seja, os que possuem uma casa
A maioria dos inquiridos afirmam que as dificuldades não inteligente dizem que estão satisfeitos e que não
são relevantes. Apresentam de facto algumas apresentam dificuldades relevantes. Os que conhecem
dificuldades, mas eventualmente ultrapassam‐nas com utilizadores de casas inteligentes confirmam esta
facilidade. Este resultado parece‐nos significativo na opinião. Os inquiridos retractam‐na, mais uma vez, como
medida em que a maioria dos utilizadores de casas uma casa “fantástica” e que dá “prazer”. As experiências
inteligentes desta amostra afirma estar satisfeito com a são “boas e más”, mas “os problemas resolvem‐se”. Eis a
sua casa. razão por que se sentem satisfeitos os seus donos.
Constata‐se, porém, uma preocupação do consumidor
relativamente à fiabilidade do sistema eléctrico. Como já 4) Bloco D: Este bloco é referente à valorização que o
foi referido anteriormente neste estudo, existem inquirido atribui a uma série de funções domóticas
sistemas que centralizam o processamento numa única típicas apresentadas no inquérito.
unidade correndo o risco, em caso de avaria ou de erro A marca triangular (Fig.1), relativa a cada função,
fatal do software, de deixarem os seus habitantes às representa o valor médio das valorizações que os
escuras, mas já há sistemas que funcionam em paralelo respondentes lhe atribuíram numa escala de 0 a 100%.
com a instalação eléctrica tradicional sem nada De modo a conhecer a dispersão das respectivas
perturbarem o seu funcionamento. valorizações atribuídas, determinou‐se o desvio padrão
de cada função e assinalou‐se no gráfico a
3) Bloco C: Seguidamente pretende‐se detectar qual é a correspondente variação, para mais e para menos,
imagem que as pessoas captam de quem tem uma casa relativamente ao valor médio. Assim, o traço vertical
inteligente.. assinalado para cada função representa a variação da
valorização atribuída correspondente a dois terços da
3.1) “Se conhece alguém que tenha uma casa inteligente, amostra.
como é que a descreve”? Segundo o gráfico apresentado, praticamente todas as
Segundo as opiniões recebidas a casa inteligente é funções domóticas apresentam uma valorização média
sobretudo confortável e segura. É programada, tem rega superior a 50%.
automática e detecção de movimento. Mas também é É de destacar que as funções de segurança (detecção de
importante verificar que os “amigos” dos utilizadores de intrusão, detecção de gás, detecção de inundação e
uma casa inteligente ficam com a ideia de que ela é, por detecção de incêndio) são aquelas que apresentam um
um lado “espectacular”, “ boa e útil” e “tem tudo o que valor médio na ordem dos 80% e com um desvio padrão
é necessário para se sentirem bem” e reconhecem que apertado, o que quer dizer que cerca de dois terços da
ela é “atractiva perante os amigos”; por outro lado, é amostra se situam nesta faixa. Recorde‐se que estas
“complexa”, “complicada quando não está o dono” e funções foram ditas pelos utilizadores de casas
“fica aquém da propaganda”. Estas duas facetas poderão inteligentes como as que os satisfazem mais e verificou‐
ser uma consequência do sucesso do sistema se, por sua vez, que são ainda as mesmas funções as que
implementado ou da limitada capacidade do instalador. se encontram em maior número nas casas inteligentes,
ou seja, parece confirmar‐se que as funções relativas à
3.2) “Se conhece alguém que tenha uma casa inteligente, segurança, que os respondentes dizem ter instaladas,
qual é a experiência que os moradores dessa casa têm”? são as mesmas que eles valorizam mais, e também as
A experiência dos moradores das casas inteligentes é que mais satisfação lhes dão.
francamente positiva.
57|
ARTIGO TÉCNICO

Como o consumidor valoriza as funções domóticas

125

100
Valorização 0 a 100%

75

50

25

0
D. gá

D.águ

D.fog

Rega
D.Intrusao

D.Portas

D.extterior

D.Q. vidros

Alarm

Câma

Grav

P.ele

Telec

Telec

Telec

Telec

Tele Escuta

Rece

Conttrolar c/ PC

Simu

Telec
vador

ectrocussão

epção alarmes

ulação presença

a
ás

go

me congelador

control ILU

control aquec.

control sirene

control fogão

comandos
ua

aras

Figura 1 – Nível de valorização das funções domóticas por parte do consumidor

5) Bloco E ‐ A questão seguinte pretende que os inquiridos, 50


46
45
após a reflexão anterior, possam manifestar o interesse 42
39
40
41
Nr. total de interessados

em incluir as funções domóticas referidas, na sua 35


32
34
30
habitação actual. 29 25
25
21
20
15
“Se decidisse tornar a sua casa inteligente, que 12
11 10
10
modificações faria na sua casa actual”? 5
0
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000 10.000
6) Bloco F: Este bloco diz respeito ao nível de investimento Investimento disponível (€)

(em euros) que o consumidor está disposto a aplicar com Figura 2 – Percepção de valor de um sistema domótico

vista à satisfação das necessidades que entretanto lhe


foram estimuladas. Transcrição de algumas das observações mais relevantes:
Na figura 2 apresenta‐se o número total de interessados
(acumulado) para cada nível de investimento. “Acho que a designação de “casa inteligente” não passou e
precisa de ser repensada!!!”
7) No fim do inquérito, sobre a designação de observações,
permitiu‐se que as pessoas manifestassem livremente as “As pessoas estão pouco informadas sobre o que é uma casa
suas opiniões e os seus receios sobre este tema tão inteligente. Além disso, esta expressão assusta muita gente
polémico das casas inteligentes. pelo automatismo que ela envolve e pelo investimento que
se imagina que ela carece.

|58
ARTIGO TÉCNICO

Penso que há necessidade de desmistificar este assunto para Para este patamar de “esforço económico”, como se pode
que as pessoas compreendam que se pode ter algo concluir da análise do resumo das fichas técnicas de cada
inteligente na casa por pouco por pouco dinheiro e de forma sistema analisado, estes teriam várias soluções possíveis:
simplificada, que se usa da mesma maneira como qualquer ‐ Sistema Cardio
aparelho eléctrico.” ‐ Simon Vis
‐ Domus
“Julgo que ainda estamos na fase de mercado em que reinam ‐ Vivimat
os improvisadores e as soluções dirigidas a quem tem muito ‐ Omtronic
dinheiro. A tecnologia está mais que madura, acho eu, logo ‐ X10.
há espaço para quem não seja ganancioso e perceba do Estes sistemas, com excepção do X10, são todos sistemas
tema.” centralizados e proprietários.
Além disso, qualquer deles oferece possivelmente melhores
“Todos os contributos nesta área são de facto importantes, características e fiabilidade que o X10.
ainda mais se tivermos em consideração o ritmo de vida que Portanto, para a faixa de investimento dos 5.000 euros o
a maioria da população leva. Parece‐me fundamental consumidor tem uma grande oferta de sistemas de
democratizar o acesso a, pelo menos, algumas das domótica.
funcionalidades que tornam uma casa numa Casa A fase seguinte deveria ser uma análise detalhada de cada
Inteligente” característica para determinar qual seria a solução que
melhor “integraria cada sistema domótico com o seu dono”,
5 O CRUZAMENTO DA OFERTA COM A PROCURA resultando daí, concerteza, uma maximização da sua
satisfação pós‐venda.
Há que reconhecer que a maior parte das soluções Dado os interesses e motivações de cada um serem
domóticas que o mercado apresenta estão algo fora do diferentes, a ponderação de cada especificação é um factor
alcance da maioria dos portugueses. O mesmo não acontece pessoal e consequentemente a “melhor solução” dependerá
nos Estados Unidos ou noutros países da Europa onde o de critérios subjectivos.
poder de compra é bem superior ao nosso. Se analisarmos o caso, de um nível de investimento
Os interesses que o consumidor manifestou relativamente às disponível inferior, por exemplo 1500 euros, já teríamos
casas inteligentes foram essencialmente os seguintes: cerca de 34 consumidores nesse grupo.
‐ Na área da segurança: detecção de intrusão no interior Assim, se segmentarmos a procura em três faixas, podem daí
da casa, com detectores de movimento; detecção de resultar três tipos de soluções que satisfazem a maior parte
incêndio, de inundação e de fuga de gás. dos inquiridos procurados:
‐ Na área do conforto: controlar persianas, iluminação e a) Sistema de 5.000 euros para 21 respondentes
alarmes através do computador; ligar, desligar e b) Sistema de 1.500 euros para 13 respondentes
controlar o aquecimento central; ligar ou desligar o c) Sistema de 500 euros para 7 respondentes
fogão através do telefone; rega automática dos jardins. Para satisfazer o grupo representativo dos “13” inquiridos
que disponibilizariam um investimento de 1.500 euros para
Claro está que a selecção de qualquer solução domótica está terem a sua casa mais inteligente, poderia considerar‐se um
intrinsecamente associada ao nível de investimento sistema híbrido em que se proporia uma central de intrusão
disponível. Como se pode inferir da análise do gráfico do inteligente que acumularia funções de comunicação e
”número total de interessados por cada nível de controlo bidireccional, associada a uma aplicação criteriosa
investimento” vinte e um dos inquiridos estão dispostos a do sistema X10 que permitiria um escalonamento
investir 5.000 euros para tornar a sua casa inteligente”. progressivo à medida do interesse do consumidor.
59|
ARTIGO TÉCNICO

Assim, os alarmes técnicos seriam geridos pela central de ser solucionados pela aplicação de um
intrusão e o conforto ficaria a cargo do sistema X10. A rega repetidor/amplificador, disponibilizado por diversos
automática ficaria, opcionalmente, isolada com um fabricantes de dispositivos X10.
controlador dedicado, dado estes terem elevada fiabilidade
e serem de baixo custo, evitando‐se assim, o perigo de 6 CONCLUSÕES
inundação provocado pela baixa fiabilidade do sistema X10.
Relativamente ao terceiro grupo que apenas disponibilizava “Se a introdução da concorrência teve o mérito de fazer
500€ o mercado também oferece um sistema domótico que passar o consumidor de Utilizador a Cliente, a prática de
pode ser escalonado em várias fases, sendo mesmo possível criação de valor para o cliente, tem como efeito fazer
aplicá‐lo apenas numa única sala: sistema X10. De modo a passar o consumidor de Cliente a Amigo”. [07]
tornar este produto mais acessível, a cadeia de valor que
inclui todos os processos desde a produção, distribuição, As casas inteligentes, quando instaladas com sucesso,
retalho, instalação e cliente, foi reduzido apenas a 2 níveis: proporcionam aos seus utilizadores a satisfação como
Produtor e consumidor. clientes e todo o prazer que a tecnologia actual lhes pode
Dado o sistema X10 ser muito fácil de instalar o nível técnico oferecer. Daí lhes advém a verdadeira percepção de valor da
do “instalador” pode ser abolido, podendo incluir‐se este domótica.
sistema no sector “faça você mesmo” e ser a sua instalação Compreender as motivações dos consumidores, no âmbito
encarada como um trabalho de bricolage. da casa inteligente e o processo de consumo, proporciona
Assim, para o grupo dos “investidores dos 500 euros”, o uma série de vantagens. Entre elas destacam‐se o auxílio aos
sistema X10 tem kits económicos, que vão desde um sistema gestores nas suas decisões, o fornecimento de uma base de
compacto de detecção de intrusão telecomandado com conhecimento a partir da qual os pesquisadores de
telecomando de rádio frequência compatível com os sinais marketing podem analisar os consumidores e, ainda, o
X10 e que avisa telefonicamente o dono em caso de intrusão auxílio ao consumidor na tomada de melhores decisões de
(a Portugal Telecom comercializa este produto), até kits de compra.
automação, que incluem um módulo X10 para controlar Acresce ainda que, num mercado tecnológico cada vez mais
electrodomésticos, um módulo X0 de casquilho para exigente, a lógica da relação Fornecedor‐Cliente mudou,
intercalar no circuito eléctrico do candeeiro junto à lâmpada, estando a ser substituída por uma relação Amigo‐Amigo
um receptor de rádio frequência que injecta o sinal de X10 como resultado de uma relação de cooperação “win‐win”.
na rede e um telecomando de rádio frequência que pode Relativamente à casa inteligente, corre um certo misticismo
controlar os referidos módulos que recebem o sinal X10 pela como sendo “muito cara” e só para quem “percebe muito de
rede eléctrica. computadores”, necessitando quase de um técnico
É de referir a grande vantagem desse sistema em ser fácil de permanentemente ao seu lado. É necessário clarificar este
incluir posteriormente, mais funcionalidades, pois apenas é conceito. Actualmente as casas inteligentes são, de facto,
necessário ligar mais módulos às tomadas; estes passam a muito caras para clientes exigentes e que estão dispostos a
estar interligados pela rede eléctrica e a responder de investir nelas para concretizar os seus desejos mais
acordo com o código com o qual foram programados por sofisticados. No entanto, mostrou‐se que o mercado
simples selecção de uma letra e de um número em dois também oferece outros sistemas fiáveis, mais económicos,
selectores, por meio de uma chave de fenda. Quando a ou seja, permite que o cliente vá comprando os
instalação atingir uma dimensão maior, quer pelo número de equipamentos à sua medida e vá lentamente construindo a
módulos ligados, quer pelas distâncias que os sinais têm que sua casa inteligente por partes.
vencer, todos os problemas de falha de comunicação podem

|60
ARTIGO TÉCNICO

Acresce ainda, que também a tecnologia dos equipamentos


foi amadurecendo ao longo do tempo. Hoje em dia, tal como Bibliografia
se liga a televisão, as aparelhagens de som, ou outras por
telecomando, também, com a mesma facilidade, pega‐se no [01] BRIERE, Danny e HURLEY, Pat, “Smart Homes for

mesmo comando e “clica‐se” na tecla de levantar a persiana, Dummies”, Wiley Publishing, Inc., 2003

acender a luz ou qualquer outra função que o cliente [02] CEBus – Consumer Electronics Bus (EIA‐600),

imaginou. Parece‐nos, deste modo, que os sistemas das http://www.cebus.org.

casas inteligentes estão disponíveis para todas as “bolsas” e [03] FRANCO, Ivan, “A Casa do Futuro Interactiva”, Cap.

preparados para finalmente entrarem na casa do “S


“Sensores e Actuadores:
A t d os Sentidos
S tid e Músculos
Mú l da d Casa
C

consumidor comum. Esta ainda não é uma realidade da Inteligente”, 2003

esmagadora maioria dos lares portugueses. [04] HARPER, Richard,”Inside the Smart Home”, Springer‐
Verlag London Limited, 2003, PAG. 299, 229

Apesar das limitações deste trabalho, pelo facto de se ter [05] JACKSON, Andy, “Integrating the smart home with its

baseado numa amostra relativamente limitada, parece owner”, Integratorpo, 2003

poder concluir‐se que, actualmente, existem todas as [06] JUNESTRAND,


JUNESTRAND Stefan,
St f “H
“Hogar Di it l Conectado”,
Digital C t d ” El

condições para um perfeito encontro da oferta com a SIMO TCI, feria internacional de informática, multimedia

procura no domínio da domótica, constituindo assim o seu y comunicaciones.

conhecimento uma nítida vantagem para todos os players: [07] MICHEL, H.,”Criação de valor para o cliente”, Monitor,

para os consumidores na medida em que estes poderão 2003.

usufrir da tecnologia “à sua medida” e para todos os outros [08] MOTA, José Augusto, “Casas inteligentes”, Centro

também, dado existir, actualmente, um potencial elevado de Atlâ ti Lda,


Atlântico Ld 2003

oportunidades de negócio. [09] MOWEN, John C. e MINOR, Michael S.,


“Comportamento do Consumidor”, Pearson Education,

A constante subida dos preços dos imóveis, e a crescente 2003

dificuldade em vender as casas e os apartamentos novos, [10] NUNES, Renato, "DomoBus ‐ A New Approach to Home

associada à presente crise económica, originaram um Automation", 8CLEEE"‐

excesso de construção que dificilmente o mercado [11] OLIVEIRA,


OLIVEIRA José Manuel Paquete,
Paquete “A Casa do Futuro

português absorverá. Estes factores levaram a que os Interactiva”, Cap. "Estar em Casa, Estar no Mundo", 2003

construtores recorram cada vez mais à Domótica como [12] ROSETA, Helena, “A Casa do Futuro Interactiva”, Cap.

factor diferenciador, sendo já vulgar verem‐se “outdoors” "CASA DO FUTURO", 2003

aliciando os consumidores para as “Casas de Sonho [13] SANTOS, José Armando, “Meios para melhorar a

Inteligentes”. qualidade de vida e a autonomia de pessoas com

Espero com este trabalho ter contribuído para desmistificar necessidades especiais”,
especiais Tese de Mestrado da

o conceito de casa inteligente e faço votos que a sua leitura Universidade Técnica de Lisboa – Instituto superior

sirva de estímulo para que mais alguns lares portugueses Técnico, 2004

beneficiem da magia e das maravilhas que a tecnologia [14] SOARES, Francisco Sousa, “A Casa do Futuro

actual nos oferece. Interactiva”, Cap. "CASA DO FUTURO", 2003

61|
ARTIGO TÉCNICO José Jacinto Ferreira, Miguel Leichsenring Franco
Schmitt ‐ Elevadores

OPTIMIZAÇÃO ENERGÉTICA EM NOVOS ASCENSORES

1 ENQUADRAMENTO Para o estudo de optimização energética na fase de


desenvolvimento de novos ascensores desenvolveu‐se um
De acordo com um estudo da S.A.F.E – “Agência Suíça para a modelo de simulação que permitiu analisar diversos cenários
Utilização Eficiente da Energia”, realizado em 2005, os e apresentar soluções a ter em conta na fase de definição de
ascensores podem representar uma parte significativa do um novo ascensor.
consumo de energia num edifício (o consumo energético de
um ascensor poder representar em média 5% do consumo 2.1 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ACCIONAMENTO

total de energia de um edifício de escritórios). Na Suíça ELECTROMECÂNICO E A SUA MODELIZAÇÃO

estima‐se que o somatório do consumo de energia dos cerca


de 150.000 ascensores instalados represente cerca de 0,5% Segundo Palma (2008) as partes móveis dos accionamentos
do total de 280 GWh de consumo energético do país. envolvem quase sempre fenómenos complexos, quer pela
A redução do consumo de energia nos edifícios poderá ser multiplicidade dos seus detalhes, quer pela sua própria
obtida através da melhoria das características construtivas, natureza, muitas vezes, não linear.
reduzindo dessa forma as necessidades energéticas, através Contudo, como o objectivo da modelação é a utilização em
de medidas de gestão da procura, no sentido de reduzir os sistemas de controlo onde intervêm diversos outros
consumos na utilização e através do recurso a equipamentos subsistemas, com destaque para os eléctricos, os
energeticamente mais eficientes. electrónicos e os mecânicos, procuram‐se modelos
No preâmbulo da Directiva 2005/32/CE de 06 de Julho de matemáticos tão simples quanto possível para cada um
2005 – “EuP – Energy Using Products” (Requisitos de deles.
concepção ecológica dos produtos que consomem energia)1 Para muitos dos sistemas electromecânicos que se pretende
refere‐se que “a melhoria da eficiência energética – de que modelizar pode‐se considerar simplificadamente a seguinte
uma das opções disponíveis consiste na utilização final mais equação de comportamento dinâmico, baseada na lei
eficiente da electricidade – é considerada um contributo fundamental da dinâmica para um sistema rotativo:
importante para a realização dos objectivos de redução das
dw
emissões de gases com efeito de estufa na Comunidade.” T m  Tr  J (1)
dt
Daí que seja importante estudar também a optimização
energética em novos ascensores. Onde Tm representa o binário motor (expresso em Nm), Tr o
binário resistente (expresso em Nm), J o momento de inércia
dw
2 DESENVOLVIMENTO DO MODELO EM MATLAB‐SIMULINK do sistema (expresso em kgm2) e a aceleração angular
dt
(rad.s‐2).
De acordo com a Directiva 2005/32/CE de 06 de Julho acima O momento de inércia será calculado a partir de:
referida, “deverá actuar‐se na fase de concepção do [2]
d d d
T .  F  v  J   ma v  J   m r   r
produto, já que é aí que a poluição originada no seu ciclo de dt dt dt
vida é determinada e que a maior parte dos custos surgem”. (2)
 J  m  r2

1Esta directiva cria um quadro de definição dos requisitos comunitários de concepção ecológica dos produtos consumidores de energia com o
objectivo de garantir a livre circulação destes produtos nos mercado interno. Prevê ainda a definição de requisitos a observar pelos produtos
consumidores de energia abrangidos por medidas de execução, com vista à sua colocação no mercado e/ou colocação em serviço. Contribui
para o desenvolvimento sustentável, na medida em que aumenta a eficiência energética e o nível de protecção do ambiente, e permite ao
mesmo tempo aumentar a segurança do fornecimento de energia

63|
ARTIGO TÉCNICO

Onde m representa a massa suportada pela roda de tracção Ainda segundo Palma (2008), um sistema de accionamento
e r o raio da roda de tracção da máquina. electromecânico de velocidade variável, que permite o
A potência mecânica do sistema será obtida a partir de: ajuste de velocidade, de posição ou de binário, dentro de
certas gamas de variação, é constituído por diversos
F v
P  F  v  T   T  (3) componentes:

1. Fonte de energia eléctrica;
Sendo a velocidade linear v, dada por: 2. Conversor estático de potência;
3. Máquina eléctrica, incluindo a transmissão;
v   r (4) 4. Sistema mecânico movido, ou carga;
5. Órgãos electrónicos de controlo e de comando do
Como sob o ponto de vista electrotécnico todo o sistema de conversor.
accionamento electromecânico está subordinado ao motor
eléctrico ter‐se‐á de reduzir as diferentes grandezas 2.2 O MODELO DO ASCENSOR EM MATLAB‐SIMULINK
mecânicas envolvidas ao eixo motor. Nessa redução utiliza‐
se o Princípio da Conservação da Energia. Na concepção do modelo simulink separou‐se cada um dos
A energia cinética é dada por: componentes do sistema, eléctrico e mecânico (elevador),
para uma maior facilidade de parametrização e
1
Ec  J 2 (5) interpretação de resultados, conforme as figuras 2 e 3.
2
Foram ainda concentrados todos os outputs das grandezas
Então para o todo o sistema será válida a seguinte relação: mecânicas consideradas, num mesmo bloco (caixa redutora),
que simula o acoplamento mecânico com o motor eléctrico.
1 1
Ec1  Ec 2  J 112  J 2  22  J 112  J 2  22 (6) As grandezas eléctricas de monitorização são retiradas do
2 2
próprio bloco variador/motor (AC2).
As equações [1] a [6] foram então transpostas para o modelo Desta forma, o modelo foi dividido em três blocos principais
em Matlab‐Simulink. – Bloco Mecânico, Bloco Eléctrico e Blocos de medições de
Apresenta‐se na figura 1 o modelo de base do ascensor grandezas eléctricas e mecânicas ‐, que por sua vez se
eléctrico com roda de aderência e máquina com redutor. subdividem em outros blocos secundários, conforme a
seguir se descreve.

Figura 1 – Modelo de base do ascensor eléctrico com roda de aderência e máquina com redutor

|64
ARTIGO TÉCNICO

Figura 2 – Diagrama geral de blocos do ascensor com variação de velocidade PWM

Figura 3 – Diagrama geral de blocos do ascensor – Arranque directo

65|
ARTIGO TÉCNICO

Figura 4 – Diagrama geral de blocos do ascensor – Modelo mecânico

2.2.1 BLOCO MECÂNICO (ASCENSOR) Na janela de parametrização da cabine do ascensor são


introduzidas as massas do conjunto cabine/contrapeso. O
O bloco mecânico foi dividido em três sub‐blocos, bloco simulink faz a soma das massas da carga e da cabine e
correspondentes a cada um dos componentes mecânicos do finalmente subtrai a massa do contrapeso2. Se o resultado
sistema: for positivo o sistema vai criar um binário resistente positivo
1. A cabine do ascensor; na subida da cabine e negativo na descida da mesma,
2. A roda de tracção; conforme tabela 1. Considerou‐se ainda o rendimento da
3. A caixa redutora. cabine, que representa as perdas por atrito das roçadeiras da
cabina nas guias, eventuais oscilações dos cabos, etc.
2.2.1.1 CABINE DO ASCENSOR

A cabina do ascensor pode ser modelizada a partir do


seguinte conjunto de sub‐blocos:

Figura 5 – Diagrama de blocos Simulink da cabine Figura 6 – Janela de parametrização da cabine/contrapeso

2É prática na indústria de ascensores que o contrapeso seja dimensionado para contrabalançar a massa da cabina + 50% da carga nominal da
cabina. Assim, para uma cabina com uma carga útil de 630 kg e um peso próprio de 850 kg, o contrapeso terá de ter uma massa de 1165 kg.
Procurar‐se‐á através de uma análise de cenários verificar se esta é a solução óptima em termos de consumo energético.

|66
ARTIGO TÉCNICO

Tabela 1 – Sentido do binário resistente em função do movimento da cabine e das massas

Binário Resistente

Massas (kg)
Movimento da Cabine
(Carga+Cabine) > Contrapeso (Carga+Cabine) < Contrapeso

Subida positivo negativo

Descida negativo positivo

O output deste bloco será a massa resultante do sistema Como já foi dito anteriormente, outro dos inputs é a massa
cabine/contrapeso responsável pela força vertical do sistema resultante do sistema cabine/contrapeso, responsável por
(peso), que poderá ser positiva ou negativa e será um dos parte do momento de inércia do sistema que influenciará o
inputs do bloco da roda de tracção. binário transitório (arranques/paragens) e pelo binário
permanente, quando a cabina atinge a velocidade nominal.
2.2.1.2 RODA DE TRACÇÃO No bloco simulink da roda de tracção será calculado o binário
resistente permanente referido ao seu eixo, bem como o
A roda de tracção da máquina elevadora pode ser momento de inércia resultante da carga total do sistema
modelizada a partir do conjunto de sub‐blocos indicados na cabine/contrapeso, sendo este referido também ao mesmo
figura 7. eixo. Estas duas grandezas associadas ao rendimento da roda
Na janela de parametrização, são introduzidos os dados de tracção e ao seu raio, integrarão um bus de dados de
relativos à roda de tracção, nomeadamente o momento de output, que será um dos inputs do bloco da caixa redutora.
inércia, o rendimento e o raio da roda de tracção.

Figura 7 ‐ Diagrama de blocos Simulink da roda de tracção

67|
ARTIGO TÉCNICO

2.2.1.3 CAIXA REDUTORA

A caixa redutora da máquina elevadora pode ser modelizada


a partir do conjunto de sub‐blocos, indicados na figura 9,
para a situação de variação de velocidade e arranque
directo.
Na modelização do arranque directo, o motor roda sempre
no mesmo sentido de tal forma que para distinguir a subida
da descida da cabine, foi necessário implementar algumas
modificações para que o bloco identificasse ambas as

Figura 8 – Janela de parametrização da roda de tracção situações, conforme indicado na figura 10.

Figura 9 ‐ Diagrama de blocos Simulink da caixa redutora com variador de velocidade

Figura 6 – Janela de parametrização da cabine/contrapeso

Figura 10 ‐ Diagrama de blocos Simulink da caixa redutora para o arranque directo

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ARTIGO TÉCNICO

O input de dados do bloco simulink da caixa redutora divide‐ quer à descida. Pretende‐se simular uma viagem completa
se pelo bus de dados proveniente da roda de tracção, pelos da cabina3.
parâmetros introduzidos pelo utilizador, tais como o O Tempo de arranque/paragem foi definido com o sendo de
momento de inércia, rendimento e a relação da caixa um segundo.
redutora e finalmente pela velocidade de rotação (rad/s) no
veio do motor (rotação efectiva do motor) e pelo Setpoint de
velocidade. A velocidade de rotação vai permitir o cálculo do
binário transitório, bem como a potência solicitada e a
velocidade linear da cabine.
De referir ainda que o Setpoint de velocidade neste bloco
tem uma actuação indirecta, permitindo unicamente definir
o sentido do binário resistente. Os outputs deste bloco são o
binário resistente, referido ao veio do motor, que será o
input mecânico do motor de indução, que por sua vez vai Figura 12 – Setpoint de velocidade do motor com variação de 
velocidade
gerar a velocidade de rotação que serve de input ao mesmo
bloco. São ainda outputs, a potência solicitada pelo sistema e 2.2.2 BLOCO ELÉCTRICO
a velocidade linear da cabine, sendo estas duas grandezas só
para monitorização, não tendo por isso qualquer Este bloco é constituído por dois sub‐blocos:
interferência com o sistema.
2.2.2.1 FONTE DE ALIMENTAÇÃO

Este bloco estabelece as condições da rede eléctrica (400V


AC 50Hz), conforme os parâmetros introduzidos na janela de
parametrização.

Figura 11 – Janela de parametrização da caixa redutora

2.2.1.4 SETPOINT DE VELOCIDADE DO MOTOR

Através desta função define‐se a curva de aceleração,


desaceleração e velocidade nominal da carga, quer à subida Figura 13 – Janela de parametrização da fonte de alimentação 
((input de dados pelo utilizador)
p p )

3Viagem com a cabina em vazio, em sentido descendente e ascendente, vencendo todo o curso, isto é, a cabina deve ser movimentada entre os
pisos extremos do edifício.

69|
ARTIGO TÉCNICO

2.2.2.2 BLOCO SIMULINK AC2 Optou‐se por adoptar o binário resistente como input
mecânico. Como num elevador a velocidade é imposta, o
O bloco AC2 incorpora dois equipamentos, o variador de que vai variar no sistema é o binário resistente que depende
frequência e o motor de indução e ainda inputs e outputs, da carga total e poderá variar em cada viagem do elevador.
que servem para controlar e monitorizar o sistema. O bloco AC2 vai gerar a velocidade de rotação que serve de
Relativamente aos inputs de controle, faz‐se referência ao input ao bloco da caixa redutora, que é velocidade real do
Setpoint de velocidade que foi já indicado na figura 12, que sistema. A velocidade real depende de todas as grandezas
vai servir de base à aceleração/desaceleração do sistema, mecânicas e eléctricas do sistema, bem como do Setpoint de
bem como à sua velocidade permanente e ainda o binário velocidade. Existem ainda vários outputs de controlo ou
resistente, gerado pelo sistema mecânico (output da caixa meramente indicativos e para monitorização do sistema.
redutora). Na janela de parametrização do motor assíncrono, são
O bloco AC2 permite ainda escolher o input mecânico, que introduzidos todos os dados que caracterizam a máquina,
poderia ser a velocidade de rotação ou binário resistente. eléctricos e mecânicos. Foram considerados os parâmetros
recolhidos do ascensor real estudado.

Figura 14 – Janela de parametrização do motor de indução trifásico

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ARTIGO TÉCNICO

Na janela de parametrização do conversor e


barramento DC, indicada na figura 15, faz‐se especial
referência à capacidade do barramento que é a
responsável pelo filtro dos harmónicos e consequente
estabilização de correntes, e à frequência de
comutação do chopper.
Quanto mais elevada for esta frequência de
comutação, mais precisa será a onda gerada pelo
conversor e consequente maior será a estabilidade
mecânica do sistema.

No bloco de parametrização do controlador, indicado


na figura 16, será definida a forma como irá actuar o
variador no motor, ou seja, a rapidez de resposta a
alterações de velocidade provocadas pelo binário
resistente e Setpoint de velocidade. De referir o
controlador PI, a tensão no barramento DC, a
aceleração e a desaceleração do motor, os limites de
output de frequência e a relação tensão/frequência.
Figura 16 – Janela de parametrização do controlador do sistema 
variador/motor

2.2.3 BLOCOS DE MEDIÇÕES DE GRANDEZAS ELÉCTRICAS E


MECÂNICAS

Para efectuar medições aplicaram‐se blocos do tipo


scope (visualização de outputs) na caixa redutora,
com os seguintes agrupamentos de variáveis:
SCOPE 1
‐ Velocidade linear da cabine (m/s)
SCOPE 2
‐ Binário resistente / binário electromagnético
(N.m)
‐ Binário transitório (arranque/paragem do
sistema) (N.m)
‐ Potência do sistema mecânico (W)
SCOPE 3
‐ Corrente no estátor (A)
‐ Velocidade parametrizada/real (rpm)
‐ Binário electromagnético (N.m)
SCOPE 4
Figura 15 – Janela de parametrização do conversor e barramento DC
‐ Corrente RMS absorvida pelo conjunto
variador/motor/sistema mecânico (A)
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ARTIGO TÉCNICO

3 VALIDAÇÃO DO SIMULADOR ii. Para ascensores com máquina sem redutor e


suspensão central, o rendimento da caixa do
O ascensor que serviu de base para a modelização em ascensor será de aproximadamente 85% e o
Simulink e para as respectivas medições, é o ascensor rendimento da máquina (apenas motor) será de
número 3 de uma bateria dupla de ascensores produzidos e aproximadamente 100%, pelo que o rendimento
instalados em 2007 no Alfena Trade Center, em Alfena – global do sistema será de aproximadamente 85%;
Ermesinde. Conclusão: O ascensor com suspensão central (e com
O ascensor seleccionado é um ascensor eléctrico com roda máquina gearless só consome 60% da energia (quociente
de aderência, com casa de máquinas em cima na vertical, entre 0,5/0,85) do ascensor com suspensão lateral;
sobre a caixa. A escolha deste tipo de ascensor resulta da lei b. Recurso a roçadeiras ou rodas que gerem menos atrito
actualmente em vigor (DL 163/2006 de 08.08), que nas guias;
determina que os ascensores a instalar tenham de ser c. Recurso a cabinas executadas em materiais mais leves,
dimensionados para uma carga de pelo menos 630 kg / 8 isto é, cabinas menos pesadas, que implicarão
pessoas, por forma a garantir o acesso a pessoas com contrapesos com menor massa;
mobilidade reduzida (resulta da imposição das dimensões da d. Recurso a um número reduzido de rodas de desvio. Cada
cabina que deverá ter no mínimo uma largura de 1,1 m e uma destas deverá ter uma baixa inércia;
uma profundidade de 1,4 m).
Os dados medidos e os simulados vão de encontro às 2. Optimização do peso do contrapeso. De acordo com
mesmas conclusões, com a excepção do modo de frenagem dados da indústria, o grau de ocupação normal médio da
do motor, dado que nas medições não se verifica a cabina representa apenas 20% da carga nominal.
reinjecção de energia na rede (uma vez que o variador de Contudo, os contrapesos estão dimensionados para uma
frequência utilizado na realidade não o permite). ocupação média da cabina de 50% da carga nominal.
Uma optimização para cargas mais pequenas, levaria a
4 HIPÓTESES DE OPTIMIZAÇÃO um melhor balanceamento, e logo a uma poupança da
energia necessária;
4.1 NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS ASCENSORES:
3. Recurso a máquinas gearless (sem redutor) ou então a
1. Aplicação de soluções construtivas mecânicas que máquinas de indução com elevado rendimento;
permitam reduzir o consumo de energia:
a. Cabinas suspensas ao centro da cabina, pois reduzem o 4. Aplicação do motor linear. Contudo, o estado da arte
atrito gerado sobre as guias. De acordo com um artigo ainda não corresponde actualmente aos graus de
publicado por Küntscher em 2006, intitulado “Sistemas exigência em termos de segurança e perfomance
de Ascensores que poupam energia” em que se pretendidos;
comparam diferentes soluções de tracção, será possível
fazer a seguinte avaliação energética de ascensores: 5. Aplicação de um sistema de reinjecção de energia. Para
i. Para ascensores com máquina com redutor e além da redução do consumo energético directo, este
suspensão lateral, o rendimento da caixa do ascensor sistema reduz a emissão de calor para a casa de
será de aproximadamente 70% e o rendimento da máquinas (elimina‐se a energia calorífica libertada na
máquina (motor + redutor) também será de resistência regenerativa) reduzindo os custos com a
aproximadamente 70%, pelo que o rendimento instalação de um sistema de climatização da casa de
global do sistema será de aproximadamente 50%; máquinas;

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ARTIGO TÉCNICO

6. Utilização de cabos de suspensão com diâmetros 4.2 DIMENSIONAMENTO E PROJECTO DE EDIFÍCIOS


inferiores, bem como formas de gornes nas rodas de
tracção que possibilitem a sua aplicação. Esta solução Também será possível intervir na fase de projecto de novos
permite a aplicação de diâmetros de rodas de tensão edifícios, apresentando informações sobre os consumos
menores, que requerem momentos menores (mas energéticos de ascensores aos projectistas.
motores com um número de rotações mais elevado); Actualmente a escolha do tipo (essencialmente o sistema de
tracção, a carga nominal e a velocidade) e da quantidade de
7. Instalação de ascensores com uma carga nominal ascensores para um dado edifício é feita por recurso a
inferior, naturalmente tendo em atenção as imposições modernos programas de cálculo de tráfego, que se baseiam
legais: a NP EN 81‐70:2003 indica que um ascensor de em critérios de qualidade de serviço que se pretende
450 kg é adequado para o transporte de pessoas em garantir.
cadeiras de rodas. Contudo o Decreto‐Lei 163/2006 De acordo, por exemplo, com a Norma Portuguesa NP4267 –
obriga à instalação de ascensores com um mínimo de “Critérios de escolha de ascensores a instalar em edifícios
630 kg; não destinados a habitação”, deverão ser utilizados os
seguintes parâmetros (que serão calculados através de
8. Recurso a velocidades nominais inferiores: v=0,4 a 0,63 modelos matemáticos igualmente definidos na mesma
m/s. Muitas das vezes, principalmente em edifícios de norma) para a aferição dos critérios de qualidade de serviço:
habitação com um número de pisos reduzido, os
ascensores têm velocidades de 1,0 m/s, o que implica a ‐ A duração máxima do percurso teórico (TD), ou seja o
instalação de máquinas mais potentes, quando uma tempo de percurso teórico entre pisos extremos.
velocidade inferior seria mais do que suficiente; ‐ O Intervalo máximo no piso principal (I), ou seja, o
tempo médio entre as partidas sucessivas da mesma
9. Verificação contínua da qualidade da montagem, cabina do piso principal;
nomeadamente a colocação das guias – evitar ‐ A capacidade de transporte (C5), que representa a
desaprumos e prisões nas guias, bem como a percentagem da população do edifício acima do piso
parametrização do variador de frequência e optimização principal que pode ser transportada em 5 minutos pela
das curvas de andamento; bateria de ascensores;

10. Instalação de sistemas centralizados de gestão de tráfego o projectista dimensiona, então os ascensores em função
informatizados que realizem uma avaliação automática dos valores obtidos pelo cálculo, por comparação com
do padrão de tráfego. Este sistema de gestão de tráfego critérios tabelados (por exemplo a TD deverá ser de 20
disponibilizará então o(s) ascensor(es) necessário(s), segundos, no máximo, para que a qualidade do serviço possa
optimizando o número de manobras a realizar pelos ser considerada excelente), sem ter em conta a eficiência
ascensores e distribuindo os passageiros a transportar energética dos mesmos.
pelos diferentes ascensores existentes no edifício. Perante a instalação cada vez maior de ascensores, mesmo
em edifícios com baixo número de pisos (para facilitar a
11. Incorporar o Estado da Arte de Componentes analisados mobilidade de pessoas com mobilidade reduzida), dever‐se‐
no artigo anterior sobre optimização energética de á ter um cuidado especial no seu planeamento (projecto),
ascensores para se obter uma boa solução, quer do ponto de vista
técnico, legal4 e económico, quer do ponto de vista
energético.

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ARTIGO TÉCNICO

A partir do simulador apresentado também no artigo contrapeso assume um peso de 78% de 1165 kg, que é a
anterior, deverá ser possível obter informação sobre os solução inicialmente estudada).
consumos energéticos das diferentes soluções estudadas e Os 910 kg correspondem à situação em que não há consumo
incorporá‐las nos estudos de tráfego a realizar. Igualmente de energia à subida na manobra com a cabina vazia5.
deverão ser elaboradas tabelas com informação sobre o Para cenários com e sem reinjecção de energia, a eficiência
desempenho energético das diferentes soluções oferecidas, torna‐se efectiva para massas do contrapeso superiores a
que deverão ser disponibilizadas aos projectistas. 73% e inferiores a 100% da massa do contrapeso de
referência.
5 RESULTADOS A melhor solução ocorre quando o contrapeso pesa 910 kg.
Contudo, esta solução implicará a aplicação de uma máquina
1. Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o mais potente do que a que seria necessária na solução base
consumo energético (1165 kg).
Se fosse possível reaproveitar toda a energia nas manobras
Para a verificação do impacto de diferentes massas do que o permitem, o contrapeso poderia assumir qualquer
contrapeso sobre o consumo energético estudaram‐se 3 massa acima dos 50% (ou seja 582,5 kg). Para este cenário a
cenários: solução óptima passaria por um contrapeso com uma massa
a. cenário ideal ‐ 100% da energia é reinjectada; de 1165 kg, porque implicaria uma máquina de menor
b. cenário real ‐ 30% da energia é reinjectada; potência.
c. cenário real ‐ não existe reinjecção. Se fosse possível reaproveitar toda a energia nas manobras
Tomou‐se como base o ascensor de 630 kg a que que o permitem, o contrapeso poderia assumir qualquer
corresponde uma cabina com 850 kg de peso e um massa acima dos 50% (ou seja 582,5 kg).
contrapeso com 1165 kg. Utilizou‐se a manobra de Para este cenário a solução óptima passaria por um
referência indicada na norma VDI 4707. contrapeso com uma massa de 1165 kg, porque implicaria
A solução óptima da massa do contrapeso ocorre, para todos uma máquina de menor potência.
os cenários considerados, aos 910 kg (ou seja quando o

Tabela 2 Resultados: Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o consumo energético
Tabela 2 ‐ Resultados: Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o consumo energético

Carga Energia da Manobra de Referência em Função da Massa do Contrapeso


Contrapeso=Cabine
Contrapeso 0% Contrapeso 25% Contrapeso 50% Contrapeso 68% (a) Contrapeso 75% Contrapeso 78% (b) Contrapeso 95% Contrapeso 100% (c)
73%
Massa %
0kg 291,25kg 582,5kg 790kg 850kg 873,75kg 910kg 1102kg 1165 kg
Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida
0,0 kg 0% 34,16 Wh -28,41 Wh 23,10 Wh -18,10 Wh 12,17 Wh -7,58 Wh 4,55 Wh 0,00 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 1,35 Wh 3,11 Wh 0,00 Wh 4,45 Wh -7,02 Wh 11,59 Wh -9,31 Wh 13,94 Wh
157,5 kg 25% 40,20 Wh -33,81 Wh 29,06 Wh -23,71 Wh 18,06 Wh -13,29 Wh 10,30 Wh -5,76 Wh 8,07 Wh -0,57 Wh 7,19 Wh -2,70 Wh 5,84 Wh -1,37 Wh -1,26 Wh 5,73 Wh -3,57 Wh 8,07 Wh
315,0 kg 50% 46,28 Wh -34,64 Wh 35,06 Wh -29,24 Wh 24,00 Wh -18,95 Wh 16,19 Wh -11,49 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh 13,05 Wh -8,45 Wh 11,70 Wh -7,13 Wh 4,56 Wh -0,10 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh
472,5 kg 75% 52,40 Wh -39,29 Wh 41,11 Wh -34,58 Wh 29,96 Wh -24,55 Wh 22,10 Wh -17,16 Wh 19,85 Wh -15,00 Wh 18,96 Wh -14,15 Wh 17,59 Wh -12,84 Wh 10,41 Wh -5,87 Wh 8,07 Wh -3,57 Wh
630,0 kg 100% 58,57 Wh -50,72 Wh 47,20 Wh -34,28 Wh 35,97 Wh -30,07 Wh 28,07 Wh -22,78 Wh 25,79 Wh -20,65 Wh 24,89 Wh -19,80 Wh 23,52 Wh -18,50 Wh 16,30 Wh -11,59 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh

Média ponderada 39,008 Wh -31,741 Wh 27,885 Wh -22,545 Wh 16,899 Wh -12,129 Wh 9,195 Wh -4,593 Wh 6,914 Wh -1,487 Wh 6,031 Wh -1,514 Wh 4,681 Wh -0,181 Wh -2,389 Wh 6,917 Wh -4,695 Wh 9,257 Wh
VDI 4707
Id l - 100%
Ideal
Reinjecção
7,267 Wh 5,340 Wh 4,770 Wh 4,601 Wh 5,428 Wh 4,517 Wh 4,500 Wh 4,528 Wh 4,562 Wh
159,31% 117,06% 104,57% 100,87% 118,98% 99,02% 98,65% 99,27% 100,00%

30% Reinjecção 29,486 Wh 21,122 Wh 13,260 Wh 7,817 Wh 6,468 Wh 5,577 Wh 4,627 Wh 6,201 Wh 7,848 Wh
375,69% 269,12% 168,96% 99,59% 82,42% 71,06% 58,95% 79,00% 100,00%

Sem Reinjecção 39,008 Wh 27,885 Wh 16,899 Wh 9,195 Wh 6,914 Wh 6,031 Wh 4,681 Wh 6,917 Wh 9,257 Wh
421,39% 301,23% 182,56% 99,33% 74,69% 65,15% 50,57% 74,72% 100,00%

4 Existem normas que definem determinados requisitos mínimos que têm de ser cumpridos pelos ascensores, por exemplo em termos de

capacidade de carga. Assim, desde Fevereiro de 2007, todos os novos ascensores devem obedecer à nova legislação (DL163/2006), que regula
as acessibilidades a pessoas com mobilidade reduzida.
reduzida Esta norma obriga à instalação de ascensores com uma cabina mínima de
1.100mmx1.400mm (largura x profundidade), a que corresponde uma carga nominal mínima de 8 pessoas‐630 kg. Para unidades de saúde,
como hospitais existem outras normas portuguesas que sugerem a instalação de ascensores monta‐camas para uma carga nominal de 21
pessoas ‐ 1.600 kg.
5 Como se verá adiante, esta solução não poderá ser adoptada, por não cumprir os requisitos de aderência impostos pela norma NP EN 81‐

1:2000.

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ARTIGO TÉCNICO

Energia da manobra de referência em função da massa do contrapeso

44,000 Wh
ergia da Manobra de Referência

39,000 Wh

34,000 Wh

29,000 Wh

24,000 Wh

19,000 Wh
Ene

14,000 Wh

9,000 Wh

4,000 Wh
0kg

291,25kg

582,5kg

790kg

910kg

1165 kg
850kg

873,75kg

1102kg
Massa do Contrapeso

Ideal - 100% Reinjecção 30% Reinjecção Sem Reinjecção

Figura 17 – Impacto de diferentes massas do contrapeso sobre o consumo energético

2. Impacto da optimização do peso das cabinas sobre o


consumo energético:

Local da casa das máquinas: Em cima na vertical, sobre a caixa


Tomou‐se por base um ascensor idêntico ao utilizado para Carga nominal: 630 Kg / 8 Pessoas
Curso: 20,79
20 79 m
validar o modelo em Matlab‐Simulink, com as características Velocidade nominal: 1,0 m/s VVVF
ao lado indicadas. Tipo de Suspensão: 1:1
Diâmetro dos cabos 8 mm
Verificou‐se que não é suficiente analisar apenas o impacto Diâmetro da roda de tracção: 400 mm
Abraçamento: 165 º
que implicará a redução da massa da cabina, de per se. Tipo de gorne: em U
Ângulo do gorne: 25 º
Ter‐se‐á de ter em conta também as recomendações em Ângulo do gorne subtalhado: 90,88 º
termos de aderência na roda de tracção da máquina, Relação diâmetro cabo vs diâmetro roda de tracção: 50
Diâmetro da roda de desvio: 320 mm
indicadas pela norma NP EN 81‐1:2000 – Anexo M6.
Com base nestas duas premissas foram obtidos os resultados
indicados na tabela 3.

Tabela 3: Resultados: Impacto da optimização do peso das cabinas sobre o consumo energético
Contrapeso Peso Mínimo Peso do Quantidade Diferença face
% da carga nominal Cabina Contrapeso Cabos à solução base
da cabina ((kg)
g) ((kg)
g) ((kg)
g)
100 1750 2380 7 2015
90 1550 2117 6 1552
80 1400 1904 6 1189
70 1250 1691 6 826
60 1050 1428 5 363
50 900 1215 5 0
40 800 1052 4 -263
30 1050 1239 5 174
20 1300 1426 6 611
10 1500 1563 6 948
0 1750 1750 7 1385
6 O Anexo M desta norma, descreve a metodologia a seguir para calcular a aderência dos cabos na roda de tracção, tendo em conta o curso, o
carregamento da cabina, a desaceleração motivada por uma paragem de emergência, o tipo de gorne, o ângulo do gorne, o coeficiente de
atrito, o diâmetro da roda de tracção, o diâmetro da roda de desvio, o ângulo do gorne subtalhado, etc.

75|
ARTIGO TÉCNICO

Peso Mínim o da Cabina

2000
1800
nimo da cabina (kg)

1600
1400
1200
1000
800
Peso mín

600
400
200
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Contrapeso (% da carga nom inal)

Figura 18 – Peso mínimo da cabina

Pode‐se concluir, que o ponto que permitirá optimizar o Ou seja com a optimização do peso da cabina, conseguir‐se‐á
peso da cabina e o consumo energético do ascensor ocorre, não só uma redução do consumo energético, mas também
quando a cabina pesar 800 kg e o contrapeso 1052 kg. uma redução no custo dos materiais a aplicar.
Ou seja dever‐se‐á adoptar uma solução em que o
contrapeso compense o peso da cabina + 40% da carga 3. Suspensão lateral vs suspensão central
nominal da mesma, e não a solução utilizada presentemente
nos ascensores produzidos maioritariamente pela indústria, Pretendeu‐se avaliar o impacto que o tipo de suspensão da
que prevê um contrapeso que compensa o peso da cabina + cabina tem sobre o consumo energético.
50% da carga nominal da mesma (pesando a cabina 900 kg e
o contrapeso 1215 kg). Viu‐se no ponto 4.1, que num estudo publicado por
Para um ascensor com um contrapeso que compense o peso Küntscher (2006), o rendimento da caixa do ascensor será de
da cabina + 40% da carga nominal da cabina, o consumo aproximadamente 70%, quando a cabina é suspensa
energético será de 6,917 Wh para uma manobra de lateralmente e de aproximadamente 85%, quando a cabina é
referência, em vez de 9,257 Wh, na solução adoptada suspensa centralmente.
actualmente. Ou seja, conseguir‐se‐á uma redução de
aproximadamente 26 % no consumo de energia. Recorrendo ao simulador desenvolvido verificou‐se que a
Com esta solução seria igualmente possível poupar 263 kg de solução da suspensão central, por permitir uma redução do
aço, em todo o sistema (cabina e contrapeso). Acresce ainda atrito nas guias, implicou uma poupança de 16% em termos
o facto de acordo com a norma EN81:2000 – Anexo M, ser energéticos em relação à solução da suspensão lateral da
possível para esta solução aplicar 4 cabos de 8mm2 em vez cabina, para o ascensor de 630 kg estudado, pelo que se
dos 5 cabos de 8 mm2 que são normalmente aplicados. recomenda a sua adopção.

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ARTIGO TÉCNICO

Tabela 4 ‐ Resultados: suspensão lateral vs suspensão central

Energia da Manobra de Referência em Função da


Carga
Suspensão da Cabine

Suspensão lateral Suspensão Central


Massa %
70% 85%
Subida Descida Subida Descida
0,0 kg 0% -11,76 Wh 16,47 Wh -9,31 Wh 13,94 Wh
157 5 kg
157,5 25% -4
4,80
80 Wh 9 33 Wh
9,33 -3 57 Wh
-3,57 8 07 Wh
8,07
315,0 kg 50% 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh
472,5 kg 75% 9,33 Wh -4,80 Wh 8,07 Wh -3,57 Wh
630,0 kg 100% 16,47 Wh -11,76 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh
Média ponderada
com base na -6,166 Wh 10,775 Wh -4,695 Wh 9,257 Wh
VDI 4707
Ideal - 100% 4,610 Wh 4,562 Wh
Reinjecção 101,05% 100,00%
30% R
Reinjecção
i j ã 8 925 Wh
8,925 7 848 Wh
7,848
113,72% 100,00%
0 000 Wh 10 775 Wh 0 000 Wh 9 257 Wh
Sem Reinjecção 10,775 Wh 9,257 Wh
116,40% 100,00%

Energia da Manobra de Referência em Função da Suspensão


da Cabine

12,000 Wh

11,000 Wh
Energia da Manobra de Referência

10,000 Wh

9,000
, Wh

8,000 Wh

7,000 Wh

6,000 Wh

5,000 Wh
Tabela 3: Resultados: Impacto da optimização do peso das cabinas sobre o consumo energético
4,000 Wh
Suspensão Suspensão
lateral Central
Tipo de Suspensão

Ideal - 100% Reinjecção 30% Reinjecção Sem Reinjecção

Figura 19 – Suspensão lateral vs suspensão central

77|
ARTIGO TÉCNICO

4. Impacto da redução da velocidade linear do ascensor no comparação a uma velocidade nominal de v = 1,0 m/s,
consumo energético: conseguir‐se‐á uma redução de 46% no consumo energético
se a velocidade for reduzida para v= 0,4 m/s, ceteris paribus.
Mantendo todas as características técnicas do ascensor, com Na tabela 4 é possível verificar a poupança que se conseguirá
excepção da velocidade (o que implicou uma mudança na obter mediante a redução da velocidade.
relação da caixa redutora, mantendo o mesmo diâmetro da Se fosse possível a reinjecção de toda a energia gerada
roda de tracção), verifica‐se que quanto menor for a durante a manobra de referência, não se verificariam
velocidade nominal do ascensor (ou seja, a velocidade linear variações no consumo energético, com a variação da
da cabina), menor é o consumo energético. Assim, e por velocidade linear da cabina.

Tabela 5 ‐ Resultados: Impacto da redução da velocidade linear no consumo energético

Carga Energia da Manobra de Referência em Função da Velocidade Linear da Cabine

Velocidade Linear da Cabine


Massa %
0,4m/s 0,5m/s 0,63m/s 0,8m/s 1m/s
Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida Subida Descida
0,0 kg 0% -2,30 Wh 6,78 Wh -3,41 Wh 7,90 Wh -4,87 Wh 9,39 Wh -6,82 Wh 11,38 Wh -9,31 Wh 13,94 Wh
157,5 kg 25% -0,04 Wh 4,50 Wh -0,60 Wh 5,06 Wh -1,33 Wh 5,80 Wh -2,31 Wh 6,79 Wh -3,57 Wh 8,07 Wh
315,0 kg 50% 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh 2,23 Wh
472,5 kg 75% 4,50 Wh -0,04 Wh 5,06 Wh -0,60 Wh 5,80 Wh -1,33 Wh 6,79 Wh -2,31 Wh 8,07 Wh -3,57 Wh
630,0 kg 100% 6,78 Wh -2,30 Wh 7,90 Wh -3,41 Wh 9,39 Wh -4,87 Wh 11,38 Wh -6,82 Wh 13,94 Wh -9,31 Wh

Média ponderada -0,487 Wh 4,958 Wh -1,154 Wh 5,634 Wh -2,030 Wh 6,523 Wh -3,200 Wh 7,720 Wh -4,695 Wh 9,257 Wh
com base na
VDI 4707
Ideal - 100%
4,471 Wh 4,480 Wh 4,493 Wh 4,520 Wh 4,562 Wh
Reinjecção
98,01% 98,20% 98,50% 99,08% 100,00%

30% Reinjecção 4,812 Wh 5,287 Wh 5,914 Wh 6,760 Wh 7,848 Wh


61,31% 67,37% 75,36% 86,13% 100,00%
0 000 Wh 4 958 Wh 0 000 Wh 5 634 Wh 0 000 Wh 6 523 Wh 0 000 Wh 7 720 Wh 0 000 Wh 9 257 Wh
Sem Reinjecção 4,958 Wh 5,634 Wh 6,523 Wh 7,720 Wh 9,257 Wh
53,56% 60,86% 70,47% 83,39% 100,00%

Energia da Manobra de Referência em Função da Velocidade


Linear da Cabine

9,500 Wh
da Manobra de Referência

9,000 Wh
8,500 Wh
8,000 Wh
7,500 Wh
7,000 Wh
6,500 Wh
6,000 Wh
5 500
5,500 Wh
Energia d

5,000 Wh
4,500 Wh
4,000 Wh
0,4m/s

0,5m/s

0,63m/s

0,8m/s

1m/s

Velocidade da Cabine

Ideal - 100% Reinjecção 30% Reinjecção Sem Reinjecção

Figura 20 – Impacto da redução da velocidade do ascensor sobre o consumo energético

Em edifícios residenciais com curso reduzido, recomenda‐se, por isso, a instalação de ascensores com velocidade reduzida.

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ARTIGO TÉCNICO

6 CONCLUSÕES 5. Recomenda‐se que o consumo energético dos


ascensores seja considerado também no âmbito do
1. A concepção de ascensores eficientes em termos de Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização
energia contribuirá para um menor impacto ambiental; dos Edifícios (RSECE) – Decreto‐Lei 79/2006 de 04 de
2. Para se atingir o objectivo universal de utilização racional Abril. Dessa forma existiria desde logo uma maior
de energia (eléctrica) num edifício, não se deverá atenção na fase de projecto por parte dos projectistas
analisar apenas a eficiência energética, mas também o relativamente à aplicação de ascensores eficientes
balanço energético. Assim, no caso dos ascensores, energeticamente, para que pudessem ver aprovado o
dever‐se‐á ter em conta, para além do período de seu projecto.
operação, também o fabrico e a manutenção dos
mesmos, o fornecimento de matérias‐primas, bem como Bibliografia
a sua reciclagem: a análise do ciclo de vida do produto.
3. Verificou‐se que a temática da eficiência energética é [1] ALMEIDA, Aníbal, PATRÃO, Carlos, FONSECA, Paula,
ainda pouco explorada pela indústria de ascensores, seja MOURA, Pedro – Manual de boas práticas de eficiência
através da incorporação nos ascensores das novas energética. Lisboa, ISR – Departamento de Engenharia
tecnologias já disponíveis em outras aplicações, seja Electrotécnica e de Computadores Universidade de
através da divulgação de informação relevante em Coimbra e BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o
termos do desempenho energético dos equipamentos Desenvolvimento Sustentável, 2005.
comercializados. Existem ainda muito poucos estudos [2] BARNEY, Gina – Elevator Traffic Handbook – Theory and
realizados neste âmbito na Europa, com uma notável Practice. Nova Iorque, Spon Press, 2003. ISBN 0‐415‐
excepção da Suiça que tem vindo a patrocinar, através 27476‐I.
de uma organização estatal (a SAFE ‐ Swiss Agency for [3] BOLLA, Mario – Verbesserung der Energieeffizienz von
Efficient Energy Use), vários estudos sobre a eficiência Aufzügen und Förderanlagen durch Entwicklung eines
energética de ascensores; Neuartigen Frequenzumformers – Jahresbericht 2007.
4. Verificam‐se diversas barreiras à adopção de ascensores Seftigen, Bundesamt für Energie, Suiça, 2007.
eficientes em termos energéticos: [4] CASTANHEIRA, Luís; BORGES GOUVEIA, Joaquim –
a) O Comprador e o utilizador do ascensor não têm Energia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
interesses coincidentes: Na grande maioria das Porto, Spi – Sociedade Portuguesa de Inovação, 2004.
situações, o ascensor não é fornecido directamente ISBN 972‐8589‐45‐X.
ao cliente final, mas a uma empreiteiro geral que o [5] CÓIAS, Vítor; FERNANDES, Susana – Reabilitação
incorpora no edifício. Este orienta‐se Energética dos Edifícios: Porquê? Oz – Diagnóstico
fundamentalmente pelo preço de aquisição do Levantamento e Controlo de Qualidade em Estruturas e
ascensor e não pelos custos de energia eléctrica e de Fundações, Lda, 2006.
operação que este venha a provocar no futuro, que [6] KÜNTSCHER, Dietmar – Energiesparende Aufzugsysteme
será sempre suportado pelo utilizador – Lift‐Report nº2 – Ano 32, 2006.
b) Em edifícios existentes, ocorre uma grande [7] FITZGERALD, A.; KINGSLEY, Charles; UMANS, Stephen –
resistência à incorporação de novos componentes Electric Machinery. Nova Iorque, McGraw Hill, 2003.
que possam por em causa a operação e a ISBN 0‐07‐123010‐6.
disponibilidade dos ascensores existentes. Em novos [8] FRANCHI, C. – Acionamentos Eléctricos. Editora Érica,
É
edifícios é mais fácil incorporar as novas tecnologias. Ltda, 2007. ISBN 978‐85‐365‐0149‐9.
Pelo que se recomenda uma sensibilização do cliente
final bem como de projectistas.
79|
ARTIGO TÉCNICO

Bibliografia (Cont.) Directivas, Leis e Normas

[9] GAMBOA, José – Ascensores e Elevadores. Lisboa, Rei [1] DIRECTIVA 1995/16/CE do Parlamento Europeu e do
dos Livros, 2005. ISBN 972‐51‐1007‐2. Conselho de 29 de Junho de 1995 – Directiva Ascensores.
[10]JANOVSKY, Lumomír – Elevator Mechanical Design. 3ª Jornal Oficial das Comunidades Europeias.
Edição. Mobile USA, Elevator World, Inc., 1999. ISBN 1‐ [2] DIRECTIVA 2002/91/CE do Parlamento Europeu e do
886‐536‐26‐0. Conselho de 16 de Dezembro de 2002 – EPB – Energy
[11]MATIAS, José – Máquinas Eléctricas. 5ª Edição. Lisboa, Performance of Buildings – Desempenho Energético de
Didáctica Editora, 2005. ISBN 972‐650‐124‐5. Edifícios. Jornal Oficial das Comunidades Europeias.
[12]MEIRELES, Vitor – Circuitos Eléctricos. 3ª Edição revista. [3] DIRECTIVA 2005/32/CE do Parlamento Europeu e do
Lisboa, Lidel – Edições Técnicas, Lda, 2005. ISBN 972‐757‐ Conselho de 06 de Julho de 2005 – EuP – Energy Using
386‐X. Products – Requisitos de Concepção Ecológica dos
[13]NIPKOW, Jürg, SCHALCHER, Max – Energy consumption Produtos que Consomem Energia. Jornal Oficial das
and efficiency potentials of lifts – Zurique. ‐ SAFE – Swiss Comunidades Europeias.
Agency for Efficient Energy Use, 2005. [4] DECRETO‐LEI nº 513/70 de 24 de Setembro.
[14]NIPKOW, Jürg – Elektrizitätsverbrauch und Einspar‐ [5] DECRETO‐LEI nº 295/98 de 22 de Setembro
Potenziale bei Aufzügen – Bundesamt für Energie, 2005. [6] DECRETO‐LEI nº 78/2006 de 04 de Abril.
[15]PALMA, João – Accionamentos Electromecânicos de [7] DECRETO‐LEI nº 79/2006 de 04 de Abril.
Velocidade Variável. 2ª Edição. Lisboa, Fundação [8] DECRETO‐LEI nº 80/2006 de 04 de Abril.
Calouste Gulbenkian – Serviço de Educação e Bolsas, [9] DECRETO‐LEI nº 176/2008 de 26 de Agosto.
2008. ISBN 978‐972‐31‐0839‐2. [10]NORMA PORTUGUESA NP 2058:1993 de Abril de 1993.
[16]PAIVA, J. Sucena – Redes de Energia Eléctrica – Uma Instituto Português da Qualidade.
Análise Sistémica. Lisboa, IST Press, 2005. ISBN 972‐8469‐ [11]NORMA PORTUGUESA NP 4267:1994 de Maio de 1994.
34‐9. Instituto Português da Qualidade.
[17]RODRIGUES, José; MATIAS, José – Máquinas Eléctricas – [12]NORMA PORTUGUESA NP 3661:1989 de Agosto 1989.
Transformadores. Lisboa, Didáctica Editora, 2005. ISBN Instituto Português da Qualidade.
972‐650‐183‐0. [13]NORMA PORTUGUESA NP EN 81‐1:2000 – Regras de
Segurança para o Fabrico e Instalação de Elevadores –
Parte 1: Ascensores Eléctricos. Fevereiro de 2001.
Instituto Português da Qualidade.
[14]NORMA PORTUGUESA NP EN 81‐2:2000 – Regras de
Segurança para o Fabrico e Instalação de Elevadores –
Parte 2: Ascensores Hidráulicos. Fevereiro de 2001.
Instituto Português da Qualidade.
[15]NORMA SUIÇA SIA 380/4:2006 – Electricity in Buildings
(2006), Swiss Society of Engineers and Architects (SIA).
[16]NORMA ALEMÃ VDI 4707:2009 – Ascensores – Eficiência
Energética (2009), Verein Deutscher Ingenieure (VDI)

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CCURIOSIDADE
URIOSIDADE

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COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:
António Augusto Araújo Gomes (aag@isep.ipp.pt)
Mestre (pré‐bolonha) em Engenharia Electrotécnica e Computadores, pela Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto.
Doutorando na Área Científica de Sistemas Eléctricos de Energia (UTAD).
Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 1999.
Coordenador de Obras na CERBERUS ‐ Engenharia de Segurança, entre 1997 e 1999.
Prestação, para diversas empresas, de serviços de projecto de instalações eléctricas,
telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consultadoria técnica.
Investigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à
Decisão), do ISEP, desde 1999.

António Manuel Luzano de Quadros Flores (aqf@isep.ipp.pt)


Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Área Científica de Produção
Transporte e Distribuição de Energia pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;
"M.B.A." em Gestão na Escola de Gestão do Porto da Universidade do Porto.
Aluno de doutoramento na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 19993
Desenvolveu actividade profissional na SOLIDAL no controlo de qualidade e manutenção,
manutenção na
EFACEC na área comercial de exportação de máquinas eléctricas, na British United Shoe Machinery
na área de manutenção, na ALCATEL‐Austrália na área de manutenção, na ELECTROEXPRESS, em
Sidney, na área de manutenção e instalações eléctricas.
Bolseiro da F.C.T., Fundação para a Ciência e Tecnologia desde 2008.

Arlindo Ferreira Francisco (1060991@isep.ipp.pt)


Finalista do curso de Engenharia Electrotécnica, área Científica de Sistemas Eléctricos de Energia,
no Instituto Superior Engenharia do Porto.
C l b d na empresa Grohe‐Portugal
Colaborador G h P l (Fábrica
(Fáb i ded Componentes
C S i á i em Albergaria‐a‐
Sanitários Alb i
Velha) desde 1998, desempenhando funções na área da Manutenção e Projectos Especiais.
Larga experiência na área de Automação e Controlo.
Recentemente a desenvolver projecto sobre Gestão de Energia.

Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva (hjs@isep.ipp.pt)


Licenciado em Engenharia Electrotécnica, em 1979, pela Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto, opção de Produção, Transporte e Distribuição de Energia.
Diploma de Estudos Avançados em Informática e Electrónica Industrial pela Universidade do
Minho. Mestre em Ciências na área da Electrónica Industrial.
Professor Adjunto Equiparado do ISEP, leccionando na área da Teoria da Electricidade e Instalações
Eléctricas.

Hugo Miguel Ferreira de Sousa (1060992@isep.ipp.pt)


Finalista do curso de Engenharia Electrotécnica, Sistemas Eléctricos de Energia, no instituto
superior de Engenharia do Porto.
A desempenhar funções como Técnico de Manutenção Industrial, na empresa Socitrel – Sociedade
Industrial de Trefilaria S.A.,, desde 1997.

José António Beleza Carvalho (jbc@isep.ipp.pt)


Nasceu no Porto em 1959. Obteve o grau de B.Sc em engenharia electrotécnica no Instituto
Superior de Engenharia do Porto, em 1986, e o grau de M.Sc e Ph.D. em engenharia electrotécnica
na especialidade de sistemas de energia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em
1993 e 1999, respectivamente.
Actualmente, é Professor Coordenador no Departamento de Engenharia Electrotécnica do
Instituto Superior de Engenharia do Porto, desempenhando as funções de Director do
Departamento.

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COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:
José Jacinto Gonçalves Ferreira (jacintoferreira@googlemail.com)
Engenheiro Electrotécnico na Área de Sistemas Eléctricos de Energia, pelo Instituto Superior de
Engenharia do Porto.
Chefe de Serviço Após‐Venda na Schmitt ‐ Elevadores, Lda

Miguel Leichsenring Franco (m.franco@schmitt‐elevadores.com)


Miguel Leichsenring Franco, licenciado em Engenharia Electrotécnica – Sistemas Eléctricos de
Energia, pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto.
Master in Business Administration (MBA) com especialização em Marketing pela Universidade
Católica Portuguesa – Lisboa.
Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa –
Porto.
Administrador da Schmitt‐Elevadores,
Schmitt‐Elevadores Lda.
Lda

Roque Filipe Mesquita Brandão (rfb@isep.ipp.pt)


Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Área Científica de Sistemas Eléctricos
de Energia, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Aluno de doutoramento em Engenharia Electrotécnica e de Computadores na Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto.
Investigador do INESC Porto, Laboratório Associado. Bolseiro da FCT.
Desde 2001 é docente
do ente no Departamento de Engenharia
En enharia Electrotécnica
Ele troté ni a do Instituto
Instit to Superior
S perior de
Engenharia do Porto.
Consultor técnico de alguns organismos públicos na área da electrotecnia.

Sérgio Filipe Carvalho Ramos (scr@isep.ipp.pt)


Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Área Científica de Sistemas Eléctricos
de Energia, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Aluno de doutoramento em Engenharia Electrotécnica e de Computadores no Instituto Superior
Técnico de Lisboa.
Docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica do curso de Sistemas Eléctricos de
Energia do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 2001.
Prestação, para diversas empresas, de serviços de projecto de instalações eléctricas,
telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consultadoria técnica.
Investigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à
Decisão), do ISEP, desde 2002.

Teresa Alexandra Ferreira Mourão Pinto Nogueira (tan@isep.ipp.pt)


Licenciatura e mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, área científica de
Sistemas de Energia, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Doutoramento em Engenharia Electrotécnica e Computadores, pela Universidade de Trás‐os‐
Montes e Alto Douro.
Docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica, curso de Sistemas Eléctricos de Energia
do ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto. Investigadora no GECAD – Grupo de
Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão, desde 2003.
O percurso profissional inclui o dimensionamento e projecto de transformadores de distribuição –
EFACEC, empresa fabril de máquinas eléctricas.
Subdirectora no Departamento de Engenharia Electrotécnica no ISEP.

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