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Resumo
Este artigo tem o intuito de mostrar a grande importância da manutenção predial de um
edifício na fase pós entrega, aproveitando que a Construção Civil se encontra em grande
desenvolvimento, trazendo consigo a consagração de inúmeros sonhos de consumidores na
aquisição de seu imóvel. Desta forma, visando mostrar os direitos e deveres dos proprietários
de um imóvel, trouxe consigo esclarecimentos e conceitos quanto os defeitos e vícios de uma
edificação, destacando também as responsabilidades dos envolvidos na relação consumerista
e enfatizando a grande importância da execução de um plano de manutenção predial seja ela
corretiva ou preventiva, sob pena da perda de garantia legal e contratual.
1. Introdução
Este trabalho se refere à importância das manutenções pós entrega de uma edificação.
Com a grande aceleração no crescimento das construções e as inovações tecnológicas,
inúmeras foram as edificações entregues nos últimos tempos e muitos adquirentes desses bens
imóveis não se atentaram e ainda hoje não se atentam que, após a construção, junto com esses
bens, outros investimentos correm em paralelo e de forma periódica, como o caso do sistema
que salvaguarda sua conservação, a chamada manutenção.
A edificação mesmo sendo projetada para atingir o máximo da sua vida útil, segue um
processo de degradação natural e é inevitável que, com o passar dos anos, passem a se
deteriorar com mais rapidez, através de reações físicas, químicas e mecânicas, chegando a um
estado de incompatível com o conforto e a segurança, previstos na fase de projeto.
Os edifícios comportam uma grande quantidade de recursos naturais e culturais que importam
ser preservados, fazendo parte integrante da identidade do local onde estão implantados. Com
o avanço tecnológico, as construtoras estão colocando no mercado inovações que até então
são novidades aos clientes e que para atingirem os objetivos, quer sejam estéticos ou de
conforto, precisam dar continuidade do que for requisitado quanto a conservação, dilatando o
ciclo de vida dessas edificações e os sistemas agregados a elas. Assim, os edifícios tem que
ser vistos pelos proprietários e administradores como um recurso valioso e não como algo
descartável.
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016
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Através de todas essas condições que devem ser levadas em consideração e como forma de
proteger o bem do consumidor que passou a vigorar em Julho de 2013 um importante
instrumento técnico-jurídico: a NBR 15575 da ABNT denominada Norma de desempenho.
Nela fica bem claro que, assim como os construtores e/incorporadores possuem
responsabilidade no que diz respeito a garantia de atendimento da vida útil de uma edificação,
bem como garantir o máximo de informações aos proprietários e ao condomínio sobre a
edificação, os proprietários devem zelar pela manutenção das partes autônomas e comuns da
mesma.
Como forma de respaldo, a norma se baseia no próprio Código Civil, em seu artigo 1348,
inciso V, que deixa claro que é dever do síndico diligenciar e cobrar dos demais usuários a
conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessam
aos possuidores, bem como em seu artigo 1346, obriga o mesmo a realizar o seguro de toda a
edificação contra o risco de incêndio ou destruição total ou parcial.
Dessa forma, a partir de todos os direitos e deveres que rodeiam essa esfera jurídica, dentro
desta relação consumerista presente no setor da construção civil, que este trabalho visa trazer
o máximo de informações quanto a verdadeira necessidade da conservação e manutenção pós
entrega de uma edificação, passando desde conceitos jurídicos a conceitos meramente
técnicos.
2. Consumidor
Consumidor é qualquer pessoa física, jurídica que adquire produtos e serviços para
atendimentos das suas necessidades básicas ou consumidores por equiparação, estes se
tratando de coletividade de pessoas ou vítima de acidente de consumo, que adquire um bem
ou serviço para o seu consumo final, podendo abranger aquele que não participa da relação,
apenas o utiliza. Enfatiza o CDC:
Art. 2º – Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único – Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
A proteção do consumidor é garantia constitucional e por isso que o CDC não poderia deixar
de elencá-los em seu texto, tentando trazer um equilíbrio entre fornecedor e consumidor, já
que este sempre será sujeito vulnerável da relação. Esses direitos não se esgotam naquele rol,
mas os citados no artigo 6º do CDC são aqueles considerados os principais, essenciais,
reconhecidos universalmente pelas Organizações das Nações Unidas, através da Resolução
n.32/248, de 10-4-1985.
O primeiro direito a ser aqui considerado é o da Proteção da vida, saúde e segurança, no qual
o legislador quis garantir aqui que nenhum produto ou serviço considerado perigoso ou
nocivo à saúde do consumidor fosse colocado no mercado sem a devida advertência ou avisos
sobre os riscos que poderão acarretar. José Geraldo Brito Filomeno (2007, p. 16) comenta
que:
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Todos esses direitos elencados no CDC são formas de garantir a prevenção e reparação de
danos ou prejuízos sofridos. Em caso de possível dano, este deverá ser reparado
materialmente e/ou moralmente, na medida da proporção daquele, não sendo considerado
dano moral o mero aborrecimento, dissabor, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada. Os
danos podem atingir uma coletividade de pessoas determináveis ou indetermináveis que terão
seus direitos tutelados pelos órgãos judiciários e administrativos, assegurada a proteção
jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.
Logo, na área da construção civil, o consumidor será o usuário da edificação habitacional,
proprietário ou não.
3. Fornecedor
Nesse caso, o fornecedor pode ser englobado pelo construtor e incorporador. O primeiro,
trata-se de pessoa física ou jurídica, legalmente habilitada, contratada para executar o
empreendimento, de acordo com o projeto e em condições mutuamente pré-estabelecidas. Já o
segundo, é a pessoa física ou jurídica que se compromete na alienação de frações ideais de
unidades autônomas de uma determinada edificação, a ser construída ou em construção sob
regime condominial, ou que meramente aceita propostas para efetivação de tais transações,
coordenando e levando a termo a incorporação e responsabilizando-se, conforme o caso, pela
entrega em certo prazo, preço e determinadas condições das obras.
Na antiguidade, o consumidor era quem arcava com o prejuízo causado por outrem, ou seja,
era de sua total responsabilidade o risco de algum produto ou serviço que viesse adquirir.
Posteriormente, surgia a culpa concorrente, da qual os seus erros e sua inexperiência
ajudavam na isenção da culpa do fornecedor.
Hoje, com a aceleração tecnológica e científica, os ricos sofridos pelo consumidor
aumentaram concomitantemente com os benefícios que esse desenvolvimento os trouxeram.
Neste mesmo patamar, o Direito evoluiu para demonstrar que o fornecedor terá comprovada
sua responsabilidade ao deixar de informar corretamente ao consumidor quanto à nocividade
dos produtos e serviços por ele adquiridos. Nota-se aí que o consumidor passou de
responsável pelos seus atos para vítima da relação.
Surgiu, assim, a Teoria do Risco, que diz que o fornecedor pela natureza da sua atividade já é
responsabilizado quanto aos danos causados pelos produtos e serviços que oferta. Trata-se da
responsabilidade objetiva dada como regra geral no campo das relações de consumo.
O fornecedor, independente de culpa, deverá indenizar o consumidor pelos danos causados,
observando apenas duas exceções à regra que trará a responsabilidade subjetiva, ou seja, em
que deverá ser comprovada existência da culpa: em caso do dano ocasionado pela atuação de
profissionais liberais e em danos causados pela atuação de sociedade coligada em negócios
promíscuos ou comuns. Assim, há de se notar que a responsabilidade objetiva traz em sua
essência um benefício ao indivíduo que por dificuldade de reunir provas, não possui meios de
comprovar a autenticidade de sua palavra.
Os produtos defeituosos, no que se refere a norma de desempenho, tratam-se daqueles que
não atendem às expectativas legítimas do consumidor, quanto ao desempenho e durabilidade.
Nesse mister, vale a pena diferenciar no tocante as responsabilidades a diferença entre fato do
produto/serviço e vício do produto/serviço.
O código do consumidor do dispositivo 12 ao 17, dispõe das questões do fato do produto e
serviço.
O fato do produto ou serviço será aquele acontecimento que venha causar dano a saúde ou
segurança do consumidor, ou seja, é um prejuízo extrínseco que provocará um determinando
acidente de consumo por ter extrapolado seus limites, por falha na segurança.
Esse dispositivo deixa claro que o fato danos poderá surgir de uma prestação de serviço a um
consumidor final e ocorrendo a remuneração, ficará regulada a relação pelo CDC.
Por se tratar de falhas que podem comprometem a segurança do consumidor, fere a dignidade
humana, princípio basilar da Constituição Federal, o obrigação será de responsabilidade
objetiva, ou seja, sem verificação da culpa.
O doutrinador Eduardo Pianovisk Ruzyk (2002, p. 144) em sua invejável sabedoria cita:
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Logo, a prescrição se dará nos diversos casos listados pelo Código Civil.
Por outro lado, o código do consumidor do dispositivo 18 ao 21, dispõe das questões do vício
do produto e serviço.
Neste caso, o vício do produto ou serviço, diferentemente do fato não acarretará risco à saúde
e segurança do consumidor, pois o vício existente não extrapola os limites dele.
A garantia expressa de que o produto possuirá vício não é obrigatória, cabendo o
ressarcimento do proprietário, por estar também aqui presente a responsabilidade objetiva.
O que é levado em consideração aqui é a proteção do patrimônio do consumidor.
Para uma melhor análise acerca do assunto, o regulamento consumerista adotou espécies de
vícios para cada situação. Dentro dessas espécies podem-se encontrar vícios de quantidade,
qualidade de adequação.
Quanto ao vício de quantidade o Código expõe:
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O vício não prejudicará a qualidade do produto, o que se trata aqui é a alteração do quantum
total, ficando obrigado ao fornecedor assumir o ressarcimento de forma a garantir a
complementação ou valoração daquele realmente recebido.
Ao se tratar da qualidade, de toda forma, fica ao consumidor a opção de substituição pelo
fornecedor, restituição de quantia paga ou abatimento proporcional do preço, pois deve ser
considerada a finalidade do produto ou serviço. O artigo 18 conceitua:
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Com relação aos vícios do serviço, previstos no artigo 20 do CDC, eles serão considerados
viciados quando não atenderem o fim almejado por inadequação ou supressão de normas que
os regulamentem, ficando a critério do consumidor exigir que seja novamente realizado,
restituição do valor pago ou diminuição do preço.
Fica obrigado o fornecedor em empregar peças originais e novas em caso de revisão, reparo
ou manutenção de serviços.
Logo, cabe aos fornecedores, tanto em caso de vícios de produtos e serviços, observarem bem
o que está sendo lançado no mercado, bem como garantir que a informação chegue completa
e correta aos consumidores.
Quanto a decadência o código determina no seu artigo 26 que o prazo será de 30 (trinta) dias,
se tratando de fornecimento de serviços e produtos não duráveis e 90 (noventa) dias com
relação aqueles duráveis.
O termo inicial da contagem desse prazo será diferente quando vício aparente para vício
oculto. O primeiro o prazo será contado a partir da data de recebimento do produto, já no
segundo caso, o prazo será contado a partir do momento da descoberta do vício.
Dentro das responsabilidades na relação consumerista na construção civil, temos as
atribuições a serem verificadas distribuídas da seguinte forma: fica a cargo da
construtora/incorporadora/fornecedor elaborar e fornecer o manual de uso, operação e
manutenção das edificações por ela entregue, sendo confeccionado em uma linguagem o mais
didática possível, podendo ser colocadas imagens, gráficos, fotografias que entendimento,
executar os serviços conforme especificado em projeto e caracterizar os seus produtos de
acordo com NBR 15575 e normas prescritivas, aplicando as normas internacionais em caso se
ausência daquelas. Aos primeiros proprietários e administrador (caso haja), será entregue o
manual das áreas de uso comum, juntamente com o conjunto de projetos, memoriais
descritivos e de cálculo dos mesmos. Cabe também aquelas a disponibilização de boa parte da
documentação técnica legal. Pelo lado dos projetistas, estes devem fornecer todos os dados e
informações necessárias para o responsável pela elaboração do manual, assim como as
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5. Garantias
Em segundo plano, tem-se a garantia contratual que nada mais é do que aquela que é definida
e regrada pelo fornecedor, desde que dentro da legalidade e condições por ele pré estipuladas,
servindo de respaldo para uma possível perda de garantia. Deve estar bem informada por
escrito, através de seus prazos e condições. O artigo 50 do Código de Defesa do Consumidor
cita:
Nesta, deve haver um termo de garantia, ou seja, um documento com escrita clara e
informações precisas sobre o uso e a manutenção do produto adquirido, devendo, também ser
entregue no ato do recebimento da edificação.
O prazo de garantia é o tempo em que é afirmado o papel e a resistência do produto, aqui em
questão da edificação, e é contabilizado a partir do habite-se ou após a entrega da unidade ao
proprietário.
6. Manutenção Predial
Manutenção nada mais é do que um conjunto de ações que visam sustentar, conservar ou
manter o bom e correto funcionamento de algo.
O autor de ¨Aplicação de Ferramentas da Mentalidade Enxuta e da Manutenção Autônoma
aos Serviços de Manutenção dos Sistemas Prediais de Água¨, Salermo (2005) define:
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7. Conclusão
informar e dar todas as orientações possíveis a ele quanto ao bem adquirido, o consumidor
também possuirá deveres a serem seguidos para garantir a durabilidade do seu bem.
Dentro da Construção Civil, em se tratando de pós obra, ou melhor, da pós entrega, um
sistema que se faz necessário a ser seguido sem questionamentos é o da mantenabilidade
predial. Seja ela corretiva ou preventiva, deve ser executada de forma correta e dentro dos
parâmetros normativos solicitados em normas ou no manual de manutenção e uso, entregue
pelo construtor. As edificações não são eternas, têm vida útil e foram dimensionadas para um
fim específico. A falta de manutenção e o uso indevido expõe a edificação ao risco de
degradação e em último patamar, risco de colapso, comprometendo a segurança dos usuários.
Dessa forma, ao receber o imóvel, o proprietário, juntamente com o síndico, deve elaborar um
plano de manutenção preventivo, a fim de que as intervenções na edificação sejam sanadas e a
conservação mantida.
Conclui-se, assim, que só através desse plano e das ações corretivas e principalmente,
preventivas tomadas a tempo pelos usuários, a edificação conseguirá atingir de forma plena a
sua vida útil e seu desempenho estudado na sua fase de projeto, sem correr o grande risco de
perder a garantia legal e contratual perante a construtora.
Referências
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responsabilidade civil. 7ª Ed. volume III. São Paulo: Saraiva, 2009.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 22ª Ed.
volume VII. São Paulo: Saraiva, 2008.
GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de Direito do Consumidor. 3ª Ed., Rio de Janeiro: Forense,
2008.
ALMEIDA, João Batista. Manual de Direito do Consumidor. 4ª Ed. revista, São Paulo:
Saraiva, 2010.
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FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direitos do consumidor. 9ª Ed. São Paulo:
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http://www.sindusconpa.org.br/arquivos/File/CARTILHA_manual_de_uso_operacao_e_man
utencao_das_edificacoes_Rev02.pdf. Acesso em: 15 Julho de 2015
JUS NAVEGANDI. Novas regras para o setor da construção civil. Disponível em:
http://jus.com.br/artigos/25149/novas-regras-para-o-setor-da-construcao-civil Acesso em: 30
de Julho
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