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DO COMUNISMO
L A I I A
por J . MC FADDEN
• O LIVRO
Fnto livro ó som dúvida algu-
ma O MTLHOR TRATADO DA
I 11 OSOFIA DO COM U NISMO
IM (QUALQUER IDIOMA.
Autos do mais, permite ao
comunista pôr o seu próprio
problema. O Dr. Mc Fadderi
nem uma só vez se dirige a
autoridades de segunda cate-
goria; o seu material proce-
do cm cada caso das obras
do Marx, de Lenine e da sua
«linha ortodoxa». Aqui não
há tendenciosa selecção de
textos, para apresentar uma
absurda caricatura do credo
comunista.
... Em nenhuma obra se en-
contrará contra a posição co-
munista uma tal ofensiva de
argumentos. Apresentando - a
assim, prova uma vez mais o
Dr. Mc Fadden que os cató-
licos conhecem a posição dos
seus inimigos muito melhor
que estes conhecem a posição
católica. De ora em diante,
ninguém poderá escusar-se,
nem mesmo os comunistas, de
não conhecer o Comunismo.
OSOFIA
Mais: ninguém hoje razoavel-
mente terá desculpa em ser
comunista. Numerosos Gover-
nos no mundo declararam fo-
ra de lei o Partido Comunista
por ser antinacional.
O Dr. Mc Fadden mostra-o si-
nónimo de anti-racional.
IUMISM0 • O AUTOR
O Autor da presente obra é o
P." Mc Fadden, actualmente
professor no Villanova College
(América do Norte). Conse-
guido o título de Bacharel em
Artes cm 1932, concluiu de-
pois os seus estudos de Teolo-
gia cm Washington (1932-
1935). Seguiu o curso regular
do Filosofia e cm 1938 recebeu
o título de Doutor em Filoso-
fia, para o que apresentou
uma tese, cujo tema, por con-
selho até de Mons. Fulton
Sheen, foi precisamonto a Fi-
losofia do Comunismo. É ainda
autor do outras obran, como
Modical Ethlc«.
UNIÃO GRÁFICA - editora
Rua de S.ta Marta, 48 — Lisboa
• COLECÇÃO «GALÁXIA»
Livros de pensamento o i1o
fundo científico para enri-
quecimento da cultura em gi-
rai, elucidação da F6 Católica
e defesa da Roliglflo
1 • Filosofia do Comunismo
•b
A sair b r e v e m e n t e
2 • Novas orientação« da P«leo
logia Pastoral
3 • Ensaio« do Podagogla Roll
giosa
4 Biologia o Moral
• COLECÇÃO -DELTA*
Poquonnt entalo« ou volumes
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dornos prohlomo« da actuall
<l<i< !«•
Ml/tf.
Doação:_*X_ Per
í «orne:
FILOSOFIA
DO COMUNISMO
Prólogo de MONS. F U L T O N SHEEN
Doutor em Filosofia — Professor de Filosofia
da Universidade de Lovaina e da Universidade
Católica da América — Bispo Auxiliar de
New York
Tradução dc A. A L V E S DE CAMPOS
Licenciado em Filosofia e Professor de Filosofia
Olisipone, i8 Julii x ^ i
Michael A. de 01mm
IMPRIMA'1 UR
A. ALVES DE CAMPOS
PRÓLOGO
FULTON J. SHEEN
INTRODUÇÃO
C A R L O S J. M C F A D D E N
O FUNDO HISTÓRICO
(7) Ruhle, O., Karl Marx, Londres, 1929. É uma interessante bio-
grafia, mas escrita com parcialidade sob o ponto de vista freudiano.
— Nikolaievsky, N . , Karl Marx, Filadélfia, 1936. È comunista. —
respeitável classe média judia. Hirschel era advogado e descen-
dente duma larga série de rabinos. Henriette, sua esposa, pro-
vinha duma família hebraica oriunda da Holanda. U m ambiente
doméstico deste género não permitiu grande desenvolvimento
ao patriotismo de Carlos. O chefe da casa em solo alemão era
judeu: um homem que não- aceitava a religião do Estado prus-
siano e que, durante a vida, foi alternadamente súbdito francês
e alemão.
A mãe de Carlos era também judia, refractária à religião
do Estado: a sua família tinha vindo da Holanda, e não tinha
aprendido a escrever (e talvez nem sequer a ler) correctamente
o alemão. Acrescente-se a estes factores o desprezo caracterís-
tico de todos os judeus de qualquer filiação e em qualquer
país. Portanto, se alguma coisa Carlos Marx recebeu, por herança,
foi a desnacionalização, o conceito internacional da vida, que,
como havemos de ver, iria influenciar tão caracteristicamente
o seu pensamento filosófico, económico e social.
Mehring F., Karl Marx, Londres, 1936, É uma boa biografia, apesar
de que o Autor nutre viva simpatia por Marx. — Carr, E., Karl
Marx, Londres, 1934. É a melhor destas quatro biografias.
afinal, só estudou um ano. Voltou para casa antes do verão
de 1836.
A TESE DOUTORAL
FILOSOFIA DA NATUREZA
ÍNDOLE DA DIALÉCTICA
FILOSOFIA N A T U R A L DO MARXISMO
A LEI D A TRANSFORMAÇÃO
(35) Hegel, W., Lógica, Berlim, 1841 (2." edição alemã), Secc. 1,
pág. 404.
(36) Marx, C., O Capital, 1930, Vol. I, pág. 319.
(37) Marx, C., Carta a Engels, «Gesamtausgabe», See. 2, Vol. 2,
pág. 396.
que a natureza da realidade material é tal que, por si mesma,
explica satisfatoriamente a evolução quantitativa e o crescimento
dos seres no Universo. A lei da transformação mostrará que, uma
vez admitido o desenvolvimento quantitativo da realidade, neces-
sariamente se segue a produção de novas qualidades nos seres,
mesmo em seres qualitativamente novos. Conseguido isto, terá o
Materialismo Dialéctico alcançado o que para ele é uma explicação
completa e adequada de todos os fenómenos naturais.
Alguns exemplos tomados da observação diária e o testemu-
nho da Ciência porão em evidência um facto: o crescimento, o
desenvolvimento quantitativo pode produzir, e frequentemente
produz, novas qualidades nos seres, ou seres qualitativamente
diferentes.
Como exemplo de produção de novas qualidades num ser
em virtude dum crescimento puramente quantitativo, temos um
facto de observação corrente. Se a temperatura da água, um
líquido, aumentar pouco a pouco, chegamos a um ponto em
que, devido a esse aumento gradual de calor, a água perde a for-
ma líquida e converte-se em vapor, num salto brusco. Também,
agora em sentido inverso, se a temperatura da água baixar gra-
dualmente, chegamos a um ponto em que, como resultado duma
descida quantitativa de temperatura, a água se torna gelo num
salto brusco: o líquido converte-se em sólido. As mudanças qua-
litativas, ou produção de novas qualidades, operam-se, portanto,
nos seres como resultado de mero desenvolvimento ou cresci-
mento quantitativos.
(38) Engels, F., Anti'Dühring, N . I., 1935, pág. 145. — Porter, C.,
Compostos do carbono, N . I., 1933, pág. 10.
mo de carbono e mais dois de hidrogénio, obteremos o propano
(C 3 H 8 ) , uma substância quimicamente distinta em absoluto.
Outra adição quantitativa dum átomo de carbono e dois de hi-
drogénio produz uma quarta substância química, o butano (C 4
H i (,)• E ainda nova adição quantitativa dum átomo de carbono
e dois de hidrogénio dá-nos uma quinta substância química, o
pentano (C H 1 2 ) . O metano, a primeira destas substâncias men-
cionadas, compõe-se de carbono e hidrogénio em certa proporção;
as sucessivas adições quantitativas de carbono e hidrogénio (que
são elementos idênticos) produzem outras substâncias totalmente
novas e distintas, a saber: etano, propano, butano e pentano.
Engels não admite dúvidas quanto à universalidade desta
Lei da Transformação. Nas suas obras mostra-se claramente a
crença de que tal Lei actua tanto na Natureza orgânica como
na inorgânica. A produção de qualquer forma nova, indusivé o
homem, tem que explicar-se como um salto na natureza, produ-
ção súbita de uma qualidade nova, em virtude dum desenvolvi-
mento quantitativo num ser já existente.
CONSEQUÊNCIAS DA TEORIA
FILOSOFIA DA INTELIGÊNCIA
A COGNOSCIBILIDADE DO R E A L
0 A C T O DE CONHECER
MARXISMO E PRAGMATISMO
MARXISMO E RELATIVISMO
CONSEQUÊNCIAS DA TEORIA
FILOSOFIA DA HISTÓRIA
UBERDADE E HISTÓRIA
SOLUÇÃO DO MARXISMO
NATUREZA DA PRODUÇÃO
( 1 5 ) Ibid., pág. 1 7 1 .
(16) Ibid., pág. 173.
impõe sem cessar à vida humana. É, portanto, independente das
Eormas sociais, ou melhor, é comum a todas essas formas» ( 1 7 ) .
DETERMINISMO ECONÓMICO
1(25) Marx, C., Pobreza da Filosofia, N . I., 1936, pág., 152 seg..
O mesmo texto encontra-se numa carta de Marx a Annenkov, Correspon-
dência Selecta, Londres, 1934, pág. 7 seg..
que existe alguma coisa, nesta fase da teoria. As forças de pro-
dução exercem continuamente um determinado poder formativo,
condicionando a estrutura da sociedade.
Passemos à segunda fase da teoria, que nos explicará a pas-
sagem histórica dum período para outro, isto é, a lógica entre di-
versos tipos de sociedade. O carácter dinâmico desta fase é mais
visível, mas não devemos considerá-la como algo de distinto da
primeira. É a evolução, o inevitável crescimento da influência
das forças produtivas de que acabamos de falar.
A LUTA DE CLASSES
FILOSOFIA DO ESTADO
N A T U R E Z A DO E S T A D O
( i o ) Ibid., pág. g.
(iii) Marx, C., Contribuição para a Crítica da Economia Política,
N . I., 1904, pág. 1 1 .
( 1 2 ) Engels, F., A Origem da Família, da Propriedade Privada e
do Estado, Chicago, 1902, pág. 2 1 1 .
pore a classe exploradora, uma organização que intenta cortar
toda a interferência externa nas condições vigentes da pro-
dução» ( 1 3 ) .
(26) Marx, C*. A Guerra Civil na França, N . I., 1933, pág. 38.
(27) Engels, F., Socialismo: Utópico e Cientifico, N . I., 19^5,
pág. 67.
CAPITULO VI
FILOSOFIA DA RELIGIÃO
O FUTURO DA RELIGIÃO
( 1 4 ) Mat., 5, 39.
( 1 5 ) Lenine, V , , Religião, N . I., 1935, pág, 7.
continuará a existir na sociedade, por muitos esforços que se
façam para desarraigá-la, até que seja destruída a sua causa,
isto é, o avassalamento económico. Eis a razão por que a Religião
é de importância secundária para o comunista; é só um reflexo,
um efeito da propriedade privada.
FILOSOFIA DA MORALIDADE
MORALIDADE BURGUESA
FILOSOFIA DA REVOLUÇÃO
A REVOLUÇÃO INEVITÁVEL
NATUREZA DA REVOLUÇÃO
FINALIDADE DA REVOLUÇÃO
A DITADURA DO PROLETARIADO
(22) Marx, C., A Guerra Civil na França, N . I., 1933, pág. 37.
(23) Estaline, }., Os fundamentos do Leninismo, N . I., pág. 49.
(24) Ibid., pág. 49 — Cfr. também Lenine., V . , Os fundamentos
do Comunismo Internacional, N . I., 1934, pág. 19 seg.
(25) Programa da Internacional Comunista, N . I., 1936, pág. 32 seg..
Por ser Estado, órgão de supressão, caracterizar-se-á por
esses defeitos. O Estado proletário reconhece com franqueza o
seu carácter de classe, confessa ser um órgão destinado a supri-
mir a classe iburguesa ( 2 6 ). É todavia um Estado, um instrumento
de que a classe governante se serve para suprimir a classe
rival ( 2 7 ) . A única diferença é que o Estado proletário é o
governo da maioria do povo e utiliza o seu poder para aniquilar
a classe que antes foi exploradora. Suposto tal carácter de classe,
o período ditatorial do proletariado não pode chamar-se ((Co-
munismo», a não ser num sentido muito amplo. De facto, é um
período de transição do capitalismo ao Comunismo. Momenta-
neamente, o proletariado há-de utilizar o Estado para esmagar
a classe que antes governava; impedirá que os agentes do antigo
regime estorvem o progresso do Comunismo e consolidará as
posições adquiridas. É o momento primeiro ou inicial na pas-
sagem evolutiva do Capitalismo ao Comunismo. A única tarefa
importante desse período é socializar a produção, passar a pro-
priedade dos meios de produção dos indivíduos para o grupo.
Logicamente, pois, temos de esperar que só até certo ponto
poderão realizar-se durante esse período as bênçãos do Comu-
nismo triunfante. Cumprir-se-ão de acordo com a profundidade
da transformação económica que assim se consegue» ( 2 S ) .
(29) Marx, C., Critica do Programa de Gotha, N . I., 1933, pág. 29.
(30) Lenine V . , O Estado e a Revolução, N , I., 1935, pág. 81 e sgs.
mens não serão mais vítimas dessa «igualdade burguesa». Já
não se encontrarão- em diferentes graus de riqueza, de bens
e privilégios, motivados pelo facto de não receberem uns os dons
naturais ou oportunidades que outros receberam ( 3 1 ) . Sob o
autêntico Comunismo, como veremos em breve, empregar-se-á
norma distinta para determinar o que o homem merece pelo
seu trabalho. Neste período transitório, da Ditadura do Prole-
tariado, haverá notórias desigualdades e inujstiças, porque a dis-
tribuição para atender às necessidades e comodidades da vida
tem que assentar, infelizmente, na norma burguesa: a cada um
segundo a quantidade e a qualidade do seu trabalho.
Estaline deu-nos um sumário conciso e quase completo das
características do período de ditadura, na sua obra sobre os
problemas do Leninismo. Nessa passagem, estabelece com cla-
reza e franqueza o objectivo da ditadura.
FILOSOFIA DA SOCIEDADE
Preceden te
, ' q - e a Dita-
Um
estado
Ë um mal necessário ^ transição,
infelizmente, passar ™ ? P e n 0 d ° 1 P 0 r <l ue a sociedade deve,
deiro comunismo A nec s ' d a T Î ^ 6 ^ 1 ' 1 ^ P ^ ° verda
^ a classe e x p l o r a l « a b a t Í ™ eXpIlCa'a 0 ^ o
dentro d
grupo social. Issa classe S ^ d f T " ^ ^ °
der
reconquistar o seu posto trar T P ° ° s ° s esforços para
de
zaçSo. A presença T tais for J ^ °
t0rna
»ma transitória m ã o d e f e r r o n í J ^ T ^ ^cessána
período que se segue à c o n n u t 7 T ^ S ° C l e d a d e d u r a n * e o
P W rígida e m L t ^ ' l P ° d e r P ai " a ** massas. A disci-
P e f í
p o r t a n t o o ideal Z c Z u ^ Z T ™ °do' 6
m3S 5011161116
e triste necessidade. ' transitória
CESSAÇÃO DO ESTADO
CRITICA
aliqua moveri in hoc mundo... movere enim nihil aliud est, quam
educere aliquid de potentia in actum. De potentia autem non potest
aliquid reduci in actum, nisi per aliquod ens in actu... Omne ergo, quod
movetur, oportet ab alio moveri».
Ver ainda: S. Theol., I, Q. 79, a. 4; Summa Contra Gentiles, I,
12-13; , n Physic, VII, lect. i, 2; VIII, lect., 7, 9, 12, 13, 23.
Uma moderna e excelente apresentação deste assunto, bem como 1
solução das várias dificuldades contra ele formuladas, pode ver-se em:
Garrigou-Lagrange, Deus: Sua Existência e Natureza, Vol. I, pág. 261-
-289, 381-384.
(9) Ibid., I, Q. a. 3: «Omne ergo quod movetur, oportet ab alio
moveri. Si ergo id, a quo movetur, moveatur, oportet et ipsum ab alio
moveri, et illud ab alio; hic autem non est procedere in infinitum, quia
sic non esset aliquod primum movens et per consequens nec aliquod
aliud movens quia moventia secunda non movent nisi per hoc, quod
sunt mota a primo movente... Ergo necesse est devenire ad aliquod
primum movens, quod a nullo moveatur; et hoc omnes jntelligunt Deum».
Quanto à impossibilidade do infinito regresso, ver também: I, Q. 45, a 5,
ad 3; 1, Q. 46, a. 2; Comp. Theol., c. 3; in Physic., VII, lect. 2; VIII.
lect. 9; Summa Contra Gentiles, I, 13; II, 21; De Aeternitate Mundi.
0 Legislador da Natureza: Passemos, agora, à terceira crí-
tica à lei dos contrários. A lei básica do marxismo não só deixa
sem explicação o facto de que toda a realidade tende para o
seu próprio fim e perfeição, como implica a existência duma
Inteligência Infinita, dum Legislador que transcende a matéria.
Marxismo e tomismo concordam em afirmar que o movi-
mento leva os seres ao próprio desenvolvimento e perfeição.
Ambos reconhecem e defendem que os seres movem-se e desen-
volvem-se segundo uma lei. Mas o acordo cessa quando o mar-
xismo afirma que a presença duma lei na natureza não implica,
de modo algum, a existência duma mente que transcenda A
matéria.
Como vamos ver, uma e outra lei sofrem dos mesmos de-
feitos. (Por isso, estudá-las-emos juntamente.
CRITICA
TÁCTICA DA CRITICA
CONHECIMENTO E ASSIMILAÇÃO
IMATERIALIDADE DA MENTE
A DESMATERIALIZAÇÃO DA REALIDADE
CONHECIMENTO CONTEMPLATIVO
T e n d o e m c o n t a estes f a c t o s , é c l a r o q u e a m a t é r i a n ã o d e -
p e n d e d a m e n t e . 'Por c o n s e g u i n t e , o f i m p r i m á r i o d a m e n t e n ã o é
O ERRO METAFÍSICO
(18) Dawson, C., Ensaios sobre a Ordem, N . I., 1931, pág. 238.
(19) Adler, M., O que o Homem do Homem, N . I., 1937,
Pág- 54-55-
é idêntica a incapacidade do marxismo e do velho materialismo
que Marx rejeitou. O marxismo tem de sustentar que os factores
materiais são causa do progresso e que qualquer outra causa é
epifenomenal; ou, então, tem de reconhecer que o progresso só
é ultimamente explicável por factores intelectuais, não materiais.
Se pára na primeira alternativa, não é melhor que o velho e
ultrapassado materialismo; simplesmente utiliza os velhos prin-
cípios mascarados na linguagem hegeliana. Se aceita a segunda
alternativa, as mudanças na produção não constituem as forças
últimas da História e, neste caso, fica ultrapassada a teoria mar-
xista ( 2 0 ).
(24) Summa contra Gentiles, III, 138: «Est autem et alia necessitas
ex fine sicut cum dicitur alicui necesse habere navem ut transeat
in are. Patet autem quod nec necessitas libertatem voluntatis diminuit».
(25) Bober, M . , Interpretação da História, segundo Carlos Marx,
Cambridge, 1927, pág. 267-268.
Supõe que significam a mesma coisa. Ora, condicionar não
é determinar. A condição é um limite dentro do qual, ou
por meio do qual, devemos agir, mas a nossa actividade não
fica determinada por essas condições. U m pintor decide
pintar a óleo, sem ter à mão outro meio de expressão. Neste
caso, o seu trabalho está absolutamente condicionado por este
meio, mas em nada está determinado por ele. Os instru-
mentos condicionam a actividade industrial do homem e a
sua organização social, mas sem as determinações em nenhum
sentido real» ( 2 6 ) .
( 3 1 ) De Veritate, Q, 22; a. 6.
(32) S. Theol., 1-2, Q. 9, a. 3: «Voluntas domina est sui actus,
et in ipsa est velle et non velle».
(33) Ibid., I, Q. 83, a. 3: «Proprium liberi arbitrii est ekctio. Ex
hoc enim liberi arbitrii esse dicimur quod possumus unum recipere, alio
recusato, quod est eligere». Cfr. também: I, Q. 61, a. 8, ad 3; 1-2,
Q. 10, 2; 1-2, Q. 13, a. 6; 1-2, Q. 17, a. 1 ad 2; De Veritate, Q. 22,
a. 5, 6.
resulta claramente não só da análise da natureza da vontade,
mas também é sufragado pelo mais forte testemunho da cons-
ciência individual e social. De tal maneira os indivíduos estão
convencidos de serem livres que, para o negarem, têm de se
tornar cépticos. Toda a vida da sociedade apoia-se, igualmente,
na crença da liberdade de eleição no homem. Doutro modo,
não teriam sentido os prémios e os méritos, os juizos e os castigos,
os conselhos, as leis e as proibições.
A ORIGEM DO ESTADO
São tão claras estas verdades, que, com razão, nos espanta
que o Comunismo se tenha desviado tanto, ao ponto de con-
siderar o Estado como desnecessário para a sociedade, e o olhar
apenas como órgão da classe governante para repressão das
massas. Mas, analisando, não é difícil descobrir o seu erro: con-
{ 4 ) S. Theol., I, Q. 96, a. 4.
(5) Leão XIII, A constituição cristã dos Estados.
fundir pura e simplesmente a origem natural e jurídica do Estado
com certas características históricas de que, em grau diverso,
quase todos os Estados se revestiram na História do Mundo.
Resumindo, o Comunismo confunde o abuso do poder do Estado
com o seu uso legal. Insistiu tanto nos atropelos perpretados
por meio do poder estatal, que caiu no erro de identificar o seu
abuso com a função natural e legal do Estado. Tal erro é com-
preensível, mas muito infeliz.
A distinção entre o uso e o abuso do poder do Estado, dis-
tinção que o Comunismo não captou, é bem apresentada por
Santo Tomás na sua obra sobre o Governo dos Príncipes.
ORIGEM DA RELIGIÃO
( 1 4 ) Rerum Novarum.
( 1 5 ) Quadragésimo Anno.
achamos que a verdade está precisamente no lado oposto; a Igreja
tem lembrado sempre ao rico, rigorosamente, os seus deveres
para com o pobre; tern-lhe recordado os direitos do pobre; tem-
-Ihe ensinado que a sua obrigação para com o pobre cresce na
proporção da quantidade de riqueza que possui.
( 1 8 ) Rerum Novar um
(iç>) lbid..
terrestre. Por isso, lhe tem ensinado as excelsas virtudes da
paciência e da resignação. Assim o ajuda a tolerar a pobreza
e a desgraça na vida, infundindo-lhe a esperança radiante numa
vida futura de perfeita bem-aventurança.
«Por que não pode o comunista ver este facto tão óbvio
de que, se a Religião acentuasse a passividade do homem,
nunca admitiria a terrível realidade do pecado? Porventura,
não significa o pecado que o homem é consciente, que actua
com deliberação e actividade, até ao ponto de poder
lançar o seu «Non serviam» contra o Criador? O verdadeiro
símbolo do Cristianismo, a Cruz, testemunha da melhor
forma a actividade do homem na Religião. Diante dessa
Cruz, ele não pode permanecer indiferente, não pode ficar
passivo. Ou tem que pregar nela o Salvador, ou a ela subir
para ser crucificado com Ele. Se a Religião é passiva, qual
a razão por que os comunistas hão-de ser tão activos para
destruí-la? Acaso se erguem exércitos para matar cães mor-
tos? Se a Religião é passiva, porque condenou a Igreja
o quietismo? Outra razão não teve em vista senão querer
ensinar aos homens que têm de ser activos na obra da sua
salvação, que seria tão infantil esperar que Deus reze por
nós, como esperar que cultive os nossos campos» ( 2 0 ).
CRITICA À FILOSOFIA DA
MORALIDADE
MORALIDADE DE CLASSE
CRÍTICA À FILOSOFIA DA
REVOLUÇÃO
A FALSA REVOLUÇÃO
A VERDADEIRA REVOLUÇÃO
( 1 3 ) Kerum Novarum.
( 1 4 ) Quadragésimo Anno.
Pelo contrário, é seu dever aceitar a criatura humana tal como
foi criada por Deus, promover a actividade humana para o melhor
bem-estar do homem, e não fazer nada que impeça, de qual-
quer modo, o trabalho de salvar a alma. É obrigação do Estado
fazer quanto esteja ao seu alcance para dar incremento ao bem-
-estar material do homem; deve tudo subordinar ao bem comum
da sociedade, e não sacrificar o bem-estar da maioria ao interesse
dos indivíduos ou duma classe. Se não ajuda, de forma positiva,
o homem a alcançar o seu destino sobrenatural, pelo menos que
não oponha obstáculos para que este o consiga. Em resumo,
temos de fazer compreender ao Estado este facto: os homens não
foram criados para o Estado, mas ele é que foi criado para servir
aqueles.
CRÍTICA A FILOSOFIA DA
SOCIEDADE
SUBORDINAÇÃO NA SOCIEDADE
Palavras do tradutor 7
Prólogo, de Fulton Sheen n
INTRODUÇÃO .,. 17
I PARTE
A FILOSOFIA DO COMUNISMO
C A P Í T U L O l — O F U N D O HISTÓRICO 25
A plataforma histórica 26
O nascimento de Carlos Marx 29
A influência de Hegel 31
A tese doutoral 33
A influência de Feuerbach 37
A influência do periodismo 39
A influência de Proudhon ... 41
A influência de Engels 43
C A P Í T U L O II — FILOSOFIA DA NATUREZA 47
Filosofia natural, como base do Marxismo 48
O Marxismo e o Materialismo do séc, X V I I I 50
índole da Dialéctica ... 51
O termo «dialéctica» 52
A dialéctica e a ideia 52
Dialéctica e realidade 54
Filosofia natural do Marxismo 56
A lei dos contrários 60
A lei da negação 67
A lei da transformação 70
Consequências da teoria 7*1
C A P I T U L O (III — FILOSOFIA DA INTELIGÊNCIA 79
A inteligência e seu objecto 80
A cognoscibilidade do real 82
O acto de conhecer ... 83
A actividade do objecto 85
A actividade da mente 87
Carácter activo do conhecimento 92
O Marxismo e o conhecimento contemplativo ... 94
A prática, critério de verdade ... 95
Marxismo e Pragmatismo 99
Relativismo do conhecimento 101
Marxismo e Relativismo 104
Consequências da teoria ... ... 105
II P A R T E
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE 359
365