Sunteți pe pagina 1din 34

C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |

MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011


C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

1980 – 2010 A Cinemateca na Barata Salgueiro


TRINTA ANOS DE PROJECÇÕES QUOTIDIANAS – O PASSADO E O FUTURO
No decurso deste ano de 2010, encerraram-se três décadas sobre um momento fronteira na vida da Cinemateca. Em 14 de
Julho de 1980, com a projecção de OS CRIMES DE DIOGO ALVES de João Tavares e de OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA de
Pallu, foi inaugurada a – a primeira sala própria da Cinemateca, que nesse mesmo ano iniciou o seu percurso enquanto
entidade autónoma e mudou o nome de Nacional para Portuguesa. Não considerando a fundação (que, de resto, como se
sabe, não teve um momento de concretização prática bem definido, dividida que foi por vários actos decorridos ao longo da
década de cinquenta, sob o chapéu da lei de 1948), não terá certamente havido outra fronteira tão significativa em toda a
história desta casa. Finalmente, num mesmo ano, a Cinemateca tornava-se algo mais do que uma secção de outro organismo,
ganhava uma sede própria e era dotada de uma sala exclusivamente dedicada à sua função exibidora. Com a abertura da
sala, e com o que desde então foi uma actividade de projecção diária praticamente ininterrupta até aos dias de hoje (uma
actividade que não foi sequer suspensa quando se recuperou a sala a seguir ao fogo de 1981, ou quando se reergueu todo
o espaço anexo do palacete-sede, agora com duas salas, em 2003 – ocasiões em que se exibiu noutros locais), marcou-se
uma separação entre um “antes” e um “depois”, que, de resto, em vários aspectos, pode até ter representado um maior salto
do que aquele que tinha acontecido com o arranque da actividade pública nos anos cinquenta. Se é verdade que, como
acreditamos, a Cinemateca foi desde a origem um elemento decisivo na manutenção e no desenvolvimento de uma cultura
cinematográfica em Portugal, o grau com que isso se verificou na “fase Barata Salgueiro” mede-se numa escala que não tem
equiparação possível no período anterior.
Querendo assinalar essa fronteira neste início de um novo ano, não quisemos, contudo, olhar para trás. No oposto da rememoração,
considerámos justamente que seria uma boa altura para interrogar o futuro. Ao longo destes trinta anos, a Cinemateca manteve
uma enorme fidelidade àquele que foi o projecto lançado nesse ano da autonomia, depois enriquecido com a criação do Arquivo
Nacional das Imagens em Movimento e com toda a (re)definição orgânica levada a cabo já na década de noventa. Passo a
passo, fomos erguendo um modelo museográfico mais completo e, naturalmente, também fomos mudando. Mas, no mesmo
período, em torno de nós as coisas mudaram mais. O mundo cinematográfico em que a Cinemateca começou a inserir-se há três
décadas pouco tem a ver com aquele que nos rodeia hoje. Não referindo sequer as mutações sofridas no parque de salas, nos
hábitos de assistência do público generalista ou na natureza da distribuição, bastaria pensar nas transformações da cinefilia
tradicional, na nova relação com o património (hoje muito marcada pelas novas tecnologias, pelo acesso individual e pela visão
fragmentada) e ainda nas mudanças ocorridas no ensino ou na investigação, para reparar nessa enormíssima alteração de
contexto. Donde, num momento propício ao balanço, julgamos que, sobretudo, há que erguer perguntas sobre o nosso lugar
nesse contexto, e fazê-lo no âmbito mais alargado possível. Como pode a Cinemateca cumprir hoje o papel que é o seu? Que
pontes estabelecer, que novos diálogos desenvolver para que esse projecto resista e se desenvolva? Ao olhar para uma história
de que se orgulha, a Cinemateca fá-lo colocando-se ela própria em discussão.
Ao longo de todo este mês de Janeiro, vamos então proceder a este questionamento. Fá-lo-emos em três vertentes – um grande
Ciclo, “cartas brancas” e sessões especiais. O Ciclo de filmes que enquadra a programação surge com um ponto de interrogação
no fim e tem como tema (apenas) essa pergunta: “o que é programar uma cinemateca hoje?” Adiante se explicará um mínimo
sobre o processo que levou à escolha e alinhamento destes títulos. Mas explicar o processo não é responder à pergunta, porque,
repetimos, o Ciclo é a forma de perguntar.
Em relação às cinco “cartas brancas”, o princípio que esteve por trás delas foi sobretudo uma aposta geracional: desafiar, no
exterior da Cinemateca, realizadores e investigadores que, sendo herdeiros da cinefilia mais tradicional, estão já hoje, portanto,
para além dela.
Finalmente, dentro da série de oito sessões especiais, há que referir à cabeça a presença de dois nomes especialíssimos de
toda a cultura cinematográfica mundial nos dias de hoje: Peter von Bagh e Peter Kubelka. Nomes maiores dessa cultura, ambos
participaram já em actividades anteriores desta casa e ambos voltam agora para nos ajudar a marcar o momento e a erguer
esta reflexão.
As restantes sessões consistem em colóquios através dos quais, área por área, vamos abrir o diálogo com interlocutores
externos sobre vários aspectos da cultura de cinema actual e o lugar da Cinemateca nela: o novo perfil da investigação histórica
de cinema; a actividade de iniciação à imagem em movimento; o ensino de cinema; a problemática da descentralização; o papel
específico da Cinemateca em relação ao cinema português. E, nesse mesmo contexto, dedicaremos um colóquio individual a
um tema que se impõe na evocação desta história recente e marcará seguramente os anos vindouros: a herança deixada pelo
enorme, gigantesco trabalho aqui realizado por João Bénard da Costa na sua vertente de programador.
Em 1980, a autonomização da Cinemateca foi ainda levada a cabo pelo fundador desta casa, Manuel Félix Ribeiro, que assim
pôde participar na concretização do que tinha sido o seu sonho maior. Passado o testemunho de direcção a Luís de Pina e,
depois deste, a João Bénard da Costa, a Cinemateca pôde, com todos eles – com a competência e a paixão de todos eles –
beneficiar de uma coerência e de uma continuidade de esforço que muito explicam aquilo que, repetimos, é um passado de que
nos orgulhamos. Mas, quando se evoca em particular a história desta sala e do papel dela na cultura cinematográfica do país
durante estes anos, é imperioso que nos detenhamos por um momento na análise da marca pessoal deixada pelo último deles
desde que aqui assumiu a liderança da programação nesse ano de 1980 (então como Subdirector). Este colóquio versará o tema
dessa herança – algo de muito grande que nos cabe honrar, ou seja, desenvolver, ou seja, mais uma vez, interrogar.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

O QUE É PROGRAMAR
UMA CINEMATECA HOJE?

O perigo para as Cinematecas é progressivamente substituírem o prazer de


mostrar filmes e autores pela técnica duma grelha de programação.
Bernard Eisenschitz

In Simpósio “Redescobrir o papel das cinematecas: Preservar e mostrar”, por


ocasião do 45º Congresso da Federação Internacional de Arquivos de Filmes
(FIAF), Lisboa, Abril 1989

Não foi só por provocação, nem por vontade de lançar a confusão, que neste mês em que (nos) resolvemos perguntar “o que é
programar uma cinemateca hoje?” acabámos por chegar a um programa que voluntariamente elide todas ou quase todas as
regras que costumam orientar a estrutura da programação desta Cinemateca e, por certo, da maioria das outras cinematecas do
mundo inteiro. Em vez dos habituais Ciclos e rubricas organizados em torno de um eixo definido – autoral, temático, geográfico,
etc. – apenas um grande Ciclo que se funde com a pergunta do título, um Ciclo “em interrogação” que põe em destaque – em
causa? – o próprio acto de programar, e de programar uma cinemateca.
Muitas perguntas se albergam neste Ciclo, e também, embora isso não seja necessariamente o mais importante – como se diz
noutro ponto deste programa, o Ciclo “é uma forma de perguntar” – algumas respostas e algumas afirmações. Ao suspender os
critérios habituais, a equipa de programação da Cinemateca – que tem nomes, para além do do seu responsável, Luís Miguel
Oliveira: chamam-se Antonio Rodrigues, Joana Ascensão, João Pedro Bénard, Maria João Madeira e Rita Azevedo Gomes – ficou
face a face com o desafio de enfrentar um “puro” exercício de programação. Nenhuma regra pré-estabelecida, a não ser as
definidas pelas escolhas de cada elemento, de modo a chegar a um programa que, exprimindo várias visões do que pode ser uma
programação de cinemateca, as articula de modo a chegar ao desenho de uma só grande ideia de programação de cinemateca.
Houve ajustes diversos (também por constrangimentos práticos: programar uma cinemateca, hoje como sempre, é lidar com eles)
e na arrumação final procurou-se algum equilíbrio na programação dia a dia. Mas, do princípio ao fim do Ciclo, podemos seguir
essa ideia, nas suas curvas e modulações, nos seus choques e harmonias, nos seus “fade ins” e nos seus “fade outs”. Inútil
dizerem-nos que falta isto ou aquilo; houve ajustes e equilíbrios imprescindíveis (uma relação com a colecção, uma atenção ao
cinema português) mas o jogo não presumia uma preocupação obsessiva com qualquer tipo de “representatividade”: programar
uma cinemateca hoje continua a ser lidar com a alegria de, faça-se o que se fizer, ficarem sempre coisas por ver e por mostrar.
De uma coisa temos a certeza. Enquanto exercício de programação, este Ciclo afirma algo que, mais do que estar subjacente,
precede todas as normas e todas as regras tradicionais de organização de um programa de cinemateca: é um Ciclo de e sobre
o prazer, o prazer de ver filmes e de os dar a ver, o prazer de descobrir e de dar a descobrir. O programador é, em primeiro
lugar, um espectador. Tanto quanto se dirige, sempre, ao espectador. Gostávamos que os espectadores da Cinemateca se
aventurassem – “aventura”: palavra-chave da cinefilia e do prazer cinéfilo – pelo programa deste mês, tão despido de referências
que lhes guiem o caminho, gozando a liberdade de o explorar nos seus recantos mais conhecidos ou mais obscuros, como se
ficasse para eles, espectadores, a possibilidade de construírem o seu próprio Ciclo. E então, enfim, partilhassem connosco esta
interrogação: o que é programar uma cinemateca hoje?

Seg. [03] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE SMILING LIEUTENANT


O Tenente Sedutor
de Ernst Lubitsch
com Maurice Chevalier, Miriam Hopkins, Claudette Colbert, Charlie Ruggles, Elisabeth Patterson
Estados Unidos, 1931 - 84 min / legendado electronicamente em português
Um dos mais brilhantes filmes de Lubitsch, onde Maurice Chevalier é um aristocrático e galante tenente de cavalaria de um
imaginário reino da Europa Central, apaixonado por uma violinista, mas forçado a casar com uma princesa. A primeira tem
bastante mais prática do que a segunda, mas entre as duas estabelece-se uma grande cumplicidade, num processo de
transferência em que o estilo de Lubitsch (com as suas elipses e subententidos) faz maravilhas. “As raparigas que começam
pelo pequeno-almoço não costumam ficar para o jantar”, diz-se num dos diálogos. Por conseguinte, trata-se de fazer triunfar o
prazer pessoal, fingindo aceitar a moral convencional.

Seg. [03] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

IRMÃOS LUMIÈRE - MONTAGEM CANNES


de Louis e Auguste Lumière e Henri Langlois
França, 1895-1964 - 100 min / mudo, intertítulos em francês
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Em 1964, para o centenário do nascimento de Louis Lumière, Henri Langlois, fundador da Cinemateca Francesa e o mais
importante programador de filmes de toda a história do cinema, organizou uma montagem de filmes feitos pelos irmãos Lumière
e pelos seus operadores, que foi mostrada no Festival de Cannes. Ver 100 minutos consecutivos destes pequenos filmes, que são
o núcleo de toda a história do cinema, é uma experiência vertiginosa. Do primeiro filme exibido na primeira sessão pública de
cinema ao primeiro travelling, das vistas de diversas cidades do mundo às pequenas ficções, temos a demonstração indiscutível
de que os filmes dos Lumière nada tinham de primitivos e que ainda são os mais belos de sempre, porque é neles que começou
a palpitar o cinema. Os Lumière criaram o espectáculo cinematográfico e Henri Langlois ensinou a ver cinema. Reuni-los na
mesma sessão é ir ao princípio de tudo o que diz respeito ao cinema.

Seg. [03] 19:30 | Sala Luís de Pina

UMA PEDRA NO BOLSO


de Joaquim Pinto
com Bruno Leite, Inês Medeiros, Isabel de Castro, Luís Miguel Cintra, Manuel Lobão
Portugal, 1988 / 91 min
O primeiro filme de Joaquim Pinto conta uma história de iniciação e embate com a idade adulta: em férias na estalagem de uma
tia à beira mar, Miguel encontra Luísa, o pescador João e o Dr. Fernando, três personagens que marcarão a entrada da sua
primeira “pedra no bolso”. Filmado sem subsídios e uma reduzida equipa, UMA PEDRA NO BOLSO foi uma das boas surpresas
do cinema português nos anos 80.

Seg. [03] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA


de Manoel de Oliveira
com Pilar López de Ayala, Ricardo Trepa, Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Ana Maria Magalhães, Isabel Ruth
Portugal, Espanha, França, Brasil, 2010 - 94 min
É a concretização de um projecto perseguido por Manoel de Oliveira ao longo de várias décadas (em 1988, em Alguns Projectos
Não Realizados e outros Textos, a Cinemateca publicou o argumento de “Angélica”, originalmente escrito em 1952 e inspirado
num episódio vivido pelo realizador). Mantendo o essencial da história então concebida, Oliveira adaptou-a aos dias de hoje:
“Uma noite, Isaac, jovem fotógrafo, hóspede da pensão de Dona Rosa na Régua, é chamado de urgência por uma família rica
para tirar o último retrato da filha da mesma, Angélica, uma jovem que morreu logo após o casamento. Na casa em luto, Isaac
descobre Angélica e fica siderado pela sua beleza. Quando coloca o olho na objectiva da sua máquina fotográfica, a jovem
parece retomar vida, apenas para ele. Isaac fica instantaneamente apaixonado por ela. A partir daí, Angélica atormentá-lo-á
noite e dia, até ao esgotamento.”

Seg. [03] 24:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

METROPOLIS
Metrópolis
de Fritz Lang
com Alfred Abel, Brigitte Helm, Rudolf Klein-Rogge, Gustav Fröhlich, Fritz Rasp
Alemanha, 1927 - 145 min / mudo, com intertítulos em alemão traduzidos electronicamente em português
Dos filmes mais célebres de sempre, METROPOLIS é uma parábola sobre as relações sociais numa cidade do futuro. Os
privilegiados vivem nas alturas, enquanto a massa de trabalhadores oprimidos vive nos subterrâneos, trazendo o desenlace
uma reconciliação artificial entre as classes. O que faz de METROPOLIS uma obra-prima é a realização de Fritz Lang, os
impressionantes e excepcionais cenários futuristas, o domínio absoluto das massas de figurantes, a oposição entre homens
e máquinas. É uma obra de múltiplos restauros, conhecida pela mutilação a que foi submetida logo depois da sua estreia em
Berlim em Janeiro de 1927. A apresentar na versão do último restauro, de 2010, com mais 25 minutos de duração (a partir da
descoberta, na cinemateca da Argentina, de uma cópia 16mm conforme à versão original de Lang), e pode permitir uma nova
visão da obra, segundo o historiador e arquivista Martin Koerber, responsável pelos restauros de 2001 e de 2010: “Deixou de
ser um filme de ficção científica. O equilíbrio da história foi reposto. Trata-se agora de um filme que abarca muitos géneros; um
épico sobre conflitos antigos. A máscara da ficção científica é agora muito, muito ténue.”

Ter. [04] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LIEBELEI
“Namorico”
de Max Ophuls
com Magda Schneider, Wolfgang Liebeneiner, Louise Ullirch, Willi Eichberger
Alemanha, 1932 - 85 min / legendado em francês e electronicamente em português
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Último filme realizado por Ophuls na Alemanha antes do nazismo e uma das suas obras-primas absolutas. Adaptada de uma
peça homónima de Schnitzler, esta dilacerante história de amores contrariados pelo destino é situada nos finais do século XIX,
na Viena do imperador Francisco José. Tratando-se de Viena, as alusões à música são muitas. A acção começa durante uma
récita de O Rapto do Serralho, a protagonista é cantora e o “tema do destino” da Quinta Sinfonia de Beethoven acompanha o
trágico desenlace. Toda a arte de um dos maiores realizadores de sempre está neste filme.

Ter. [04] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DAS TESTAMENT DES DR. MABUSE


O Testamento do Dr. Mabuse
de Fritz Lang
com Rudolf Klein-Rogge, Otto Wernicke, Oskar Beregi
Alemanha, 1933 - 108 min / legendado em português
Segundo filme sonoro de Fritz Lang e a sua última obra na Alemanha, antes da ascensão dos nazis ao poder, O TESTAMENTO
DO DR. MABUSE é uma verdadeira alegoria sobre o novo regime, que seria proibida por Goebbels logo após a tomada do poder
pelos partidários de Hitler. Lang retoma a personagem que em DR. MABUSE DER SPIELER (1922) deixara num asilo de alienados
e retoma igualmente a do comissário de polícia de M. Através dos seus escritos, verdadeiro manual de terrorismo, um herdeiro
de Mabuse dirige um regime de terror e crime a partir do hospital onde está internado. Obra-prima cinematográfica absoluta, O
TESTAMENTO DO DR. MABUSE também é uma arrepiante e perene parábola sobre o Mal.

Ter. [04] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE BIRTH OF A NATION


O Nascimento de uma Nação
de David W. Griffith
com Henry B. Walthall, Lillian Gish, Mae Marsh, Robert Harron
Estados Unidos, 1915 - 195 min / mudo, com intertítulos em inglês
Um dos filmes mais polémicos da história do cinema. Inegavelmente racista (sobretudo na segunda parte), THE BIRTH OF A
NATION também é a obra-prima fundadora de Hollywood, o nascimento de um cinema, e foi ainda o primeiro filme que pôs
um país a discutir a sua história. Griffith sistematiza e amplia de modo empírico todas as suas experiências da linguagem
cinematográfica, nomeadamente a montagem alternada e o “salvamento no último minuto”. THE BIRTH OF A NATION é um épico
centrado na Guerra de Secessão e na desaparição do “Velho Sul”, com o seu modo de vida baseado num regime esclavagista.
Uma obra-prima absoluta.

Ter. [04] 22:00 | Sala Luís de Pina

LIMITE
de Mário Peixoto
com Raul Schnoor, Olga Breno, Brutus Pedreira, Taciana Rey, Mário Peixoto
Brasil, 1929-31 - 110 min / mudo, sem legendas
Única obra realizada por um homem de cerca de 20 anos, LIMITE tornou-se durante muito tempo um filme mítico, porque o seu
autor proibiu a sua difusão, enquanto os seus admiradores proclamavam que era uma obra genial. Restaurado nos anos 80,
LIMITE revelou-se, de facto, um filme magnífico, uma peça de arte feita por alguém que visivelmente conhecia o melhor cinema
francês, alemão e soviético. A trama narrativa tem algo de abstracto, o que é acentuado pelo facto do filme só ter um intertítulo:
dois homens e duas mulheres num pequeno barco, lembram-se do passado numa série de flashbacks. Estão limitados no
ilimitado universo. Magnificamente filmado e montado.

Qua. [05] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LE JOUR SE LÈVE
Foi uma Mulher que o Perdeu
de Marcel Carné
com Jean Gabin, Jules Berry, Arletty
França, 1939 - 93 min / legendado electronicamente em português
Esta obra amarga e desesperada marca o apogeu do chamado “realismo poético” francês. Carné lembrou-se nitidamente do
cinema alemão mudo e de Sternberg, para criar a atmosfera do filme, com extraordinários cenários de Alexandre Trauner e
uma fotografia cheia de sombras e contrastes, num filme cuja acção se passa quase sempre à noite. Encurralado no seu quarto
pela polícia, Jean Gabin, um honesto operário que matou um patife, revive a sua história, numa série de flashbacks. Quando o
despertador toca de manhã à hora habitual, não marca o começo de um novo dia de trabalho, marca a hora da sua morte. Um
dos grandes desempenhos deste actor “minimalista”, que explodia em bruscos acessos de cólera ou de revolta.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Qua. [05] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

AGOSTO
de Jorge Silva Melo
com Christian Patey, Olivier Cruveiller, Marie Carré, Manuela de Freitas, Pedro Hestnes, Glicínia Quartin, Isabel Ruth
Portugal, 1988 - 95 min
Jorge Silva Melo adaptou muito livremente para a paisagem portuguesa o romance de Cesare Pavese La Spiaggia. A paisagem
física é a Arrábida e a praia, banhadas pela luz deslumbrante e dourada do Verão dela. A paisagem humana é formada pelas
pessoas singulares que aí habitam, vivendo um vazio “antonioniano” que Jorge Silva Melo transpôs para o cinema português.

Qua. [05] 22:00 | Sala Luís de Pina

SCHASTYE
“A Felicidade”
de Alexandr Medvedkin
com Petr Zinoiev, Elena Egorova
URSS, 1934 - 70 min / mudo, intertítulos em russo traduzidos em françês
Alexandr Medvedkine é sem a menor dúvida um dos mais originais realizadores da primeira geração soviética e só foi plenamente
reconhecido nos anos 70. Medvedkine nasceu para o cinema com as curtas-metragens de “intervenção imediata” que fizera
no cine-comboio no qual realizou seis viagens pela URSS em 1932 e 1933, das quais resultaram dezenas de breves filmes.
SCHASTYE, o mais conhecido dos seus filmes, é a história de um camponês que julga ter alcançado a felicidade, quando
encontra um saco cheio de dinheiro, acabando por verificar que só a encontra no trabalho colectivo, dentro do kolkhoze a que
pertence. Ao vê-lo, Sergei Eisenstein observou: “Hoje, vi como ri o bolchevique. Não temos apenas uma obra magnífica. Temos
um autor extraordinário. Temos uma personalidade autêntica, original, madura”.

Qui. [06] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ZE SOBOTY NA NEDELI
“De Sábado para Domingo”
de Gustav Machaty
com Ladislav Struna, Magda Maderova, Jirina Sejbalova
Checoslováquia, 1931 - 69 min / legendado electronicamente em português
O checo Gustav Machaty (1901-1963) é conhecido sobretudo por EKSTASE, o escandaloso filme com os nus de Hedy Lamarr, que
fez em 1933. Quase toda a sua restante obra vive na sombra desse filme. Foi o que aconteceu, durante anos, a ZE SOBOTY NA
NEDELI, o primeiro filme sonoro de Machaty, realizado dois anos antes de EKSTASE. Quando saiu da sombra, foi o êxtase: trata-
se de um filme maravilhoso, história de “pequenos amores” na velha Praga, num registo realista temperado por um imaginário
surrealista, que nos faz pensar tanto em Bresson como nos mestres do melodrama clássico. É uma raridade e continuará a
sê-lo: mais uma razão para não perder a oportunidade de o ver.

Qui. [06] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SENSO
Sentimento
de Luchino Visconti
com Alida Valli, Farley Granger, Massimo Girotti, Rina Morelli
Itália, 1954 - 115 min / legendado electronicamente em português
Uma das obras-primas máximas de Luchino Visconti, e provavelmente o mais operático entre todos os seus filmes (a famosa
cena de abertura tem lugar durante uma récita do Trovador, no La Fenice de Veneza). Durante as lutas políticas na Itália, em
meados do século XIX, a louca paixão de uma condessa veneziana por um tenente austríaco, paixão que a levará a trair, em
vão, a causa do seu país. Na pele da Condessa Livia Serpieri, Alida Valli no seu mais célebre papel.

Qui. [06] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

EROTIKON
Sedução
de Gustav Machaty
com Olaf Fjord, Ita Rina, Karel Schleichert
Checoslováquia, 1929 - 85 min / mudo, intertítulos em checo traduzidos em inglês
Realizado quatro anos antes do célebre EKSTASE, do mesmo Machaty, EROTIKON foi um dos primeiros filmes não pornográficos
a mostrar a nudez feminina integral. Trata-se de uma jóia do cinema mudo que, como indica o título, tem no prazer físico o seu
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

tema central, inclusive o prazer feminino (os grandes planos do rosto da actriz chocaram à época). Sobre a trama convencional
de sedução e abandono de uma jovem, Machaty fez uma narrativa poética, que resultou num belíssimo momento de cinema.
A descobrir.

Qui. [06] 22:00 | Sala Luís de Pina

LA MUJER DEL PUERTO


de Arcady Boytler
com Andrea Palmer, Domingo Soler, Consuelo Segarra
México, 1934 - 76 min / legendado electronicamente em português
O russo Arcady Boytler fez toda a sua carreira no cinema mexicano a partir de fins dos anos 20. LA MUJER DEL PUERTO é
uma das inúmeras jóias desconhecidas da história do cinema. Através de uma história melodramática sobre uma mulher que é
levada a prostituir-se e que, no desenlace, tem uma surpresa terrível, Boytler fez um filme magnífico. Os cenários têm pontos em
comum com o “realismo poético” francês e a narração é elíptica, típica dos filmes do começo do cinema sonoro sobre os quais
ainda paira a sombra da linguagem do mudo. Este é um filme que revela a que ponto a linguagem cinematográfica era rica e
variada nos anos 30, antes das convenções narrativas se estabelecerem.

Sex. [07] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

BONJOUR TRISTESSE
Bom Dia Tristeza
de Otto Preminger
com Deborah Kerr, David Niven, Jean Seberg, Mylene Demongeot
Estados Unidos, 1958 - 94 min / legendado electronicamente em português
Depois de ter contribuído para a desmontagem do modelo clássico de Hollywood, Preminger não deixou de procurar novos e
alternativos caminhos. BONJOUR TRISTESSE, adaptação do livro homónimo de Françoise Sagan, é um bom exemplo disso, com
uma estrutura e estilo que parecem resultar (ou resultam mesmo) de um encontro feliz entre uma sensibilidade americana e uma
sensibilidade europeia. Um filme ímpar, centrado num complexo trio de personagens (Kerr, Niven, Seberg).

Sex. [07] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

FILM
de Samuel Beckett, Alan Schneider
com Buster Keaton
Estados Unidos, 1965 - 20 min / mudo

POOR LITTLE RICH GIRL


de Andy Warhol
com Edie Sedgwick
Estados Unidos, 1965 - 66 min / sem legendas
Sessão composta por duas obras muito peculiares, realizadas no mesmo ano. FILM é a célebre curta-metragem resultante da
colaboração de Samuel Beckett com o encenador teatral Alan Schneider, com um convidado de peso, o envelhecido Buster
Keaton, para uma fascinante revisão do burlesco. Se FILM parte da frase de George Berkeley, “Ser é ser percebido”, POOR
LITTLE RICH GIRL não parece responder a outra questão. Warhol vai buscar o título a um filme homónimo dos anos trinta de que
gostava muito, mas troca Shirley Temple por Edie Sedgwick, uma das “estrelas” da Factory, que procura filmar no seu quotidiano
de rapariga rica. Na realidade, POOR LITTLE RICH GIRL foi originalmente concebido como a primeira parte de uma saga que
acompanharia vários momentos da vida de Sedgwick. O desfocado que invade os primeiros minutos do filme é uma das suas
marcas distintivas. “Belo, triste, não ensaiado, ultrapassa tudo o que o cinéma vérité fez até hoje” (Jonas Mekas). POOR RICH
LITTLE GIRL tem a primeira apresentação na Cinemateca.

Sex. [07] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

CÉZANNE
de Jean-Marie Straub, Danièle Huillet
França, 1989 - 50 min / legendado electronicamente em português
CÉZANNE é um dos filmes mais intensamente belos realizados por Straub e Huillet. Sobre alguns quadros de Cézanne, sempre
filmados na totalidade da sua superfície, com a moldura, numa parede, ouvimos em off a leitura de trechos dos diálogos
de Cézanne e Joachim Gasquet, intercalados com cenas de MADAME BOVARY, de Renoir, e de DAS TOD DES EMPEDOKLES,
dos próprios Straub-Huillet. Quinze anos depois os cineastas seguirão um princípio semelhante para filmar UNE VISITE AU
LOUVRE.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Sex. [07] 22:00 | Sala Luís de Pina

PUTYOVKA V ZHIZN
“O Caminho da Vida”
de Nikolai Ekk
com Nikolai Batalov, Ivan Kyria, Mikhail Dzagofarov, Mikhail Zharov
URSS, 1931 - 75 min / legendado em francês
“O homem de um só filme, mas que filme!”, escreveu um crítico a propósito de Nikolai Ekk. O crítico fazia alusão a “O CAMINHO DA
VIDA”, primeiro filme sonoro realizado na União Soviética e cuja linguagem ainda tem laços com a do cinema mudo. Realizado pouco
antes da glaciação estalinista, “O CAMINHO DA VIDA” conta a história de um grupo de jovens delinquentes, órfãos de guerra, levados
para um campo de trabalho que não usa métodos repressivos e onde vão aprender “o caminho da vida”, embora o desenlace não
seja totalmente feliz. Um clássico do cinema soviético, que também é um filme comovente e magnificamente realizado.

Sáb. [08] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LE MÉPRIS
O Desprezo
de Jean-Luc Godard
com Brigitte Bardot, Michel Piccoli, Jack Palance, Fritz Lang
França/Itália, 1963 - 103 min / legendado em português
Vagamente inspirado no romance de Moravia, LE MÉPRIS constrói-se em torno de uma reflexão sobre o cinema, onde «um
travelling é uma questão de moral». É também uma homenagem ao cinema clássico, com a presença de Fritz Lang no papel
de um artista imperturbavelmente resistente ao comercialismo reinante no mundo cinematográfico. Godard tem uma aparição
discreta como assistente de realização de Lang na produção desse filme que parte de Homero e que se desenvolve num décor
mediterrânico, traçando um paralelo entre o mundo dos deuses e o mundo dos homens.

Sáb. [08] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

MÉDITERRANÉE
de Jean-Daniel Pollet
França, 1963 - 41 min / legendado electronicamente em português

LES STATUES MEURENT AUSSI


de Alain Resnais, Chris Marker
França, 1953 - 30 min / legendado electronicamente em português

KHANEH SIAH AST


«A Casa é Negra»
de Forough Farrokhzad
Irão, 1963 - 22 min / legendado electronicamente em português
Um programa que reúne três ensaios que alargam as perspectivas do cinema, unindo-os uma mesma preocupação em torno da
memória, da exclusão e do esquecimento. Companheiro de viagem da Nouvelle Vague, Jean-Daniel Pollet desenvolveu uma obra
singular, no contexto da qual surgem trabalhos como MÉDITERRANÉE. O filme é uma reflexão sobre a cultura e o pensamento,
sobre “aquele instante fabuloso em que os homens, em vez de tentar conquistar o mundo, se sentiram solidários com ele,
solidários com a luz reflectida e não enviada pelos deuses, solidários com o sol, solidários com o mar” (Jean-Luc Godard).
LES STATUES MEURENT AUSSI aborda, de modo crítico, as relações entre colonizados e colonizadores, através do enfoque da
arte negra, arrancada do seu contexto e entregue aos museus. KHANEH SIAH AST, único filme da poetisa iraniana Forough
Farrokhzad, parte de um tema já abordado por Pollet para filmar de forma magistral o quotidiano de uma comunidade de
leprosos. Como escreveu Jonathan Rosenbaum “se a nova vaga iraniana começa com KHANEH SIAH AST, é impossível imaginar
até onde irá”. KHANEH SIAH AST tem a sua primeira apresentação na Cinemateca.

Sáb. [08] 22:00 | Sala Luís de Pina

VESNOY
«Na Primavera»
de Mikhail Kaufman
URSS, 1929 - 54 min / mudo, intertítulos em russo traduzidos em português
VESNOI é um documentário dirigido pelo irmão de Dziga Vertov, Mikhail Kaufman, que com ele colaborou à câmara no HOMEM
DA CÂMARA DE FILMAR. Marcado pelas grandes inovações formais dentro do género «sinfonias de cidades», que, diz-se, teria
influenciado Walter Ruttmann e a sua SINFONIA DE UMA CAPITAL, VESNOI é um retrato dos rigores do Inverno e um tributo
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

ao espírito da Primavera. Joris Ivens descreveu Kaufman como alguém que combina “a acidez rigorosa de Dziga Vertov com a
abordagem humanista de Cavalcanti.”

Seg. [10] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

A MATTER OF LIFE AND DEATH


Caso de Vida ou de Morte
de Michael Powell, Emeric Pressburger
com David Niven, Kim Hunter, Raymond Massey, Roger Livesey
Reino Unido, 1946 - 104 min / legendado em português
Uma obra-prima do cinema fantástico que é simultaneamente uma das mais deslumbrantes experiências com a cor no cinema.
Um piloto ferido em combate é sujeito a uma melindrosa operação, e o tempo dela é também o de uma digressão pelo “outro
mundo” (a preto e branco, contrastando com a cor do mundo real), onde tem de enfrentar um julgamento.

Seg. [10] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

NEWS FROM HOME


de Chantal Akerman
França, Bélgica, RFA, 1977 - 85 min / legendado electronicamente em português
Uma sucessão de imagens de Manhattan em planos fixos, panorâmicas e travellings, acompanhadas por textos e cartas dirigidas
da Europa, à realizadora, pela sua mãe. Akerman filma a cidade em que viveu em vários períodos entre 1971 e 1974, e onde
conheceu o cinema de Stan Brakhage, Michael Snow, Jonas Mekas ou Andy Warhol. Reflexão sobre a cidade e sobre a duração,
NEWS FROM HOME fixa-se nas ruas e no trânsito, e quando sai dos exteriores é para percorrer Nova Iorque nos túneis subterrâneos
do metropolitano. Com uma forte dimensão autobiográfica, é um dos mais notáveis filmes até hoje realizados por Akerman.

Seg. [10] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LA PASSION DE JEANNE D’ARC


A Paixão de Joana d’Arc
de Carl Th. Dreyer
com Renée Falconetti, Antonin Artaud, Michel Simon
França, 1928 - 107 min / mudo, intertítulos em norueguês traduzidos em português
Com LA PASSION DE JEANNE D’ARC, Dreyer leva a estética do grande plano ao seu momento mais sublime. Tudo decorre
durante o processo que condena Joana à fogueira, com Dreyer opondo o seu rosto humilde e iluminado a uma assombrosa
galeria de rostos, onde a mais pequena expressão está carregada de sentido. O mais belo filme sobre Joana d’Arc, com uma
intérprete de eleição: Falconetti.

Ter. [11] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LE FANTÔME DE LA LIBERTÉ
O Fantasma da Liberdade
de Luis Buñuel
com Jean-Claude Brialy, Monica Vitti, Milena Vukotic, Michel Piccoli, Adriana Asti, Adolfo Celi, Paul Frankeur, Michel Londsdale
França, 1974 - 103 min / legendado electronicamente em português
Penúltimo filme de Buñuel, LE FANTÔME DE LA LIBERTÉ faz – tão admirável quanto subtilmente – uma síntese de toda a carreira
deste cineasta único e ímpar. Paradoxalmente foi, e provavelmente ainda é, um dos filmes menos amados de Buñuel. Não passa
na Cinemateca desde 1982.

Ter. [11] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LADY IN THE WATER


A Senhora da Água
de M. Night Shyamalan
com Paul Giamatti, Bryce Dallas Howard, M. Night Shyamalan
Estados Unidos, 2006 - 110 min / legendado em português
Como é que ninfas – ou narfas – oráculos, monstros mitológicos e outras peças anacrónicas de um puzzle pré-socrático se
relacionam e funcionam num condomínio do século XXI? LADY IN THE WATER tenta delinear uma lógica narrativa em que os dois
universos não só coexistem como interagem. Cada personagem é uma peça cuja descodificação só é possível quando ligada a
outra. Aposta enorme e arriscadíssima deste cineasta que, quanto mais não seja por isso, consegue o “milagre” de provar que
afinal, mesmo no mainstream americano, ainda é possível ser-se original. Primeira exibição na Cinemateca.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Ter. [11] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

WELFARE
de Frederick Wiseman
Estados Unidos, 1975 - 167 min / legendado electronicamente em português
WELFARE revela a natureza e a complexidade do sistema social norte-americano através de um conjunto de sequências que
ilustram a diversidade de problemas que dele fazem parte: desemprego, divórcio, questões médicas e de alojamento, abandono
infantil, apoio aos idosos, etc. Wiseman traça o retrato de um centro de assistência social, mostrando como os trabalhadores
do sistema e os seus utentes enfrentam uma luta diária para se enquadrar nas leis governamentais que os regem. Um olhar
acutilante sobre uma instituição americana, que é um dos mais importantes filmes de Wiseman deste período.

Ter. [11] 22:00 | Sala Luís de Pina

ARMIDE
de Jean-Luc Godard
com Marion Peterson, Valérie Allain, Jacques Neuville, Luke Corre
Reino Unido, 1987 - 12 min / sem legendas

GOSHOGAOKA
de Sharon Lockhart
Japão, Estados Unidos, 1997 - 63 min / sem legendas
Uma das mais audaciosas curtas-metragens de Godard concebida para integrar ARIA, filme formado por vários sketches.
Partindo de excertos de Armide, ópera composta por Jean-Bapiste Lully, Godard concentra-se na actividade de um ginásio,
aliando-a a um movimento de sedução. Duas mulheres que zelam pela limpeza do espaço apresentam-se despidas face
aos homens que aí se exercitam, procurando atrai-los sem qualquer sucesso. Simples e inspirado, ARMIDE é um importante
retrato da vida moderna. GOSHOGAOKA é um dos primeiros filmes de Sharon Lockhart, artista plástica e cineasta que trabalha
aqui a confluência entre uma atitude documental e a ficção. GOSHOGAOKA acompanha os treinos de uma equipa de basquete
japonesa, composta por raparigas de um liceu situado nos arredores de Tóquio. Uma sucessão de “quadros”, mais ou menos
coreografados, revelam as suas rotinas, enfatizando os movimentos e a composição. O filme de Lockhart é uma primeira exibição
na Cinemateca.

Qua. [12] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LE DÉJEUNER SUR L’HERBE


de Jean Renoir
com Paul Meurisse, Catherine Rouvel, Fernand Sardou
França, 1959 - 92 min / legendado electronicamente em português
Depois de realizar três obras estilizadas, situadas em tempos passados (LE CARROSSE D’OR, FRENCH CANCAN e ELENA ET
LES HOMMES), Renoir voltou-se para o presente e mesmo para o futuro neste filme, um dos mais livres que realizou. Através da
história de um cientista, partidário da fecundação artificial, que é seduzido pela beleza de uma jovem camponesa, fez um filme
espantosamente jovem, um canto à vida e à natureza, que se desenrola no ritmo rápido de um bailado.

Qua. [12] 19:30 | Sala Luís de Pina

KEEPING AN EYE ON STAN


de Ken Jacobs, Nisi Jacobs
com Ken Jacobs, Stan Brakhage, Flo Jacobs
Estados Unidos - 117 min / sem legendas
Retrato do lendário cineasta experimental, Stan Brakhage, pelo seu grande amigo e companheiro, Ken Jacobs, com a colaboração
de Nisi Jacobs. O filme, feito em vídeo, acompanha a última visita de Brakhage a Nova Iorque, onde o vemos a produzir um
dos seus filmes “pintados à mão” e a confraternizar com os seus colegas, e regista cenas da sua vida familiar em Boulder, no
Colorado. Brakhage faleceu nesse mesmo ano de 2003, e este é um sensível tributo que termina com o registo de uma das
famosas “Nervous System performances”, que Jacobs dedicou ao cineasta. Uma ponte entre dois universos. Primeira exibição
na Cinemateca.

Qua. [12] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE RIVER
O Rio Sagrado
de Jean Renoir
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

com Adrienne Corri, Patricia Walter, Nora Swinburne, Radha Shri Ran, Esmond Knight, Thomas E. Breen
França, Índia, Estados Unidos, 1951 - 99 min / legendado electronicamente em português
THE RIVER marca o início da fase final da carreira de Renoir. Filmado na Índia, a cores, o filme conta a história de uma
família inglesa e a “acção” resume-se ao facto de nascer, morrer e amar pela primeira vez. O rio do título é ao mesmo tempo
físico (o Ganges) e metafísico (a vida, o tempo). Um dos filmes mais celebrados de Renoir, imbuído de uma espiritualidade
assombrosamente serena. A projecção de THE RIVER será antecedida e sucedida de uma apresentação filmada de e com João
Bénard da Costa, da série “No Meu Cinema”, realizada por Margarida Gil.

Qui. [13] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DONOVAN’S REEF
A Taberna do Irlandês
de John Ford
com John Wayne, Lee Marvin, Elizabeth Allen, Cesar Romero, Dorothy Lamour
Estados Unidos, 1964 - 108 min / legendado em espanhol
Um conto de fadas com o paraíso por cenário e uma bebedeira de amigos por moral. Uma jovem puritana, da aristocracia de
Boston, parte para os mares do Sul em busca do pai. A viagem vai mudar toda a sua vida. Um filme da fase final da obra de
Ford, a serenidade do olhar e o amor à vida no seu ocaso, o humor esfuziante dos combates entre John Wayne e Lee Marvin e
o mais surpreendente Natal que o cinema mostrou. Em filigrana, uma variante sobre A Tempestade de Shakespeare.

Qui. [13] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LA RÈGLE DU JEU
A Regra do Jogo
de Jean Renoir
com Marcel Dalio, Nora Grégor, Roland Toutain, Julien Carette, Gaston Modot, Mila Parély, Jean Renoir
França, 1939 - 110 min / legendado em português
O mais lendário filme de Jean Renoir. Sem personagem principal, com nada menos do que oito protagonistas, “sem história”,
implacável e demencial, objecto de tanta ira como de admiração, LA RÈGLE DU JEU é, para muitos, a obra máxima de Renoir,
mostrando-nos uma coreografia em que a câmara acompanha as fugas e jogos de amor das personagens, numa mansão
senhorial. Enquanto dançam sobre o vulcão, a Europa e o mundo caminham para a guerra.

Qui. [13] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

TRÖLLFLÖJTEN
A Flauta Mágica
de Ingmar Bergman
com Josef Köstlinger, Håkan Hagegard, Irma Urrila, Birgid Nordin, Ulric Cold
Suécia, 1974 - 134 min / legendado em português
Ao filmar a ópera de Mozart (cantada em sueco e não no alemão original), Bergman decidiu filmar não a ópera, mas uma
representação desta ópera. Ou seja, estamos num teatro, com os seus bastidores, o seu público e o seu palco, a léguas da
opção que fizeram quase todos os cineastas que filmaram óperas, que consiste em transpor a acção para cenários naturais e
“cinematográficos”. À fidelidade ao compositor acrescenta-se a modernidade do conceito do realizador. Bergman, como Mozart,
conseguiu o milagre da mais aparente simplicidade com o máximo de construção e elaboração.

Qui. [13] 22:00 | Sala Luís de Pina

UNE SALE HISTOIRE


de Jean Eustache
com Michael Lonsdale, Jean-Noël Pick, Jean Douchet, Douchka, Françoise Lebrun
França, 1977 - 50 min (28 min + 22 min) / legendado electronicamente em português
UNE SALE HISTOIRE é um filme composto em duas partes: o capítulo “Ficção” em 35mm, e o capítulo “Documento” filmado em
16mm). A mesma história – uma experiência de voyeurismo na casa de banho de um café de Paris – é repetida duas vezes,
primeiro por um actor, Michael Lonsdale, e depois pelo seu suposto protagonista, Jean-Noël Pick. Não se trata aqui de confrontar
o real com a sua encenação, mas de analisar as fronteiras entre a realidade e a sua representação. Para o crítico francês Alain
Philippon, UNE SALE HISTOIRE “é, senão uma obra-prima incontornável, pelo menos uma obra chave em que é difícil não ver
um filme bem mais mortífero do que os trabalhos contemporâneos e posteriores de Marguerite Duras sobre a ‘mise à mort’ da
imagem pelo som”.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Sex. [14] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE BIG CARNIVAL


O Grande Carnaval
de Billy Wilder
com Kirk Douglas, Jan Sterling, Bob Arthur, Porter Hall
Estados Unidos, 1951 - 110 min / legendado electronicamente em português
Tudo o que agora se tem escrito sobre jornalismo sensacionalista e os “papparazzi” já estava dito e denunciado nesta obra-
prima de Billy Wilder onde um antepassado desses “papparazzi” explora até ao último fôlego o drama de um índio preso na
derrocada de uma mina. À volta da tragédia nasce uma autêntica feira, o “carnaval” do título, também conhecido por ACE IN
THE HOLE.

Sex. [14] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SOMMARNATTENS LEENDE
Sorrisos de uma Noite de Verão
de Ingmar Bergman
com Ulla Jacobson, Gunnar Björnstrand, Eva Dahlbeck, Harriet Andersson
Suécia, 1955 - 105 min / legendado em espanhol
SOMMARNATTENS LEENDE foi o primeiro grande sucesso internacional de Bergman, o filme que, definitivamente, o impôs como
um dos grandes nomes do cinema. Adaptação muito livre de Sonho de Uma Noite de Verão, de Shakespeare, SOMMARNATTENS
LEENDE é, sob o registo de comédia, um verdadeiro tratado sobre a condição humana.

Sex. [14] 19:30 | Sala Luís de Pina

ADEUS, ATÉ AO MEU REGRESSO


de António Pedro Vasconcelos
Portugal, 1974 - 70 min
Realizado para televisão em Dezembro de 1974 no fim da guerra colonial. O título adopta a expressão utilizada pelos soldados
portugueses quando, do teatro de guerra, enviavam as suas mensagens de Natal para a metrópole, como então também se
dizia. António Pedro Vasconcelos regista testemunhos de soldados que combateram na Guiné retratando a guerra colonial
portuguesa quando esta era ainda uma realidade muito próxima. A última passagem na Cinemateca foi em 1984.

Sex. [14] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

WAQT
Tempo
de Yash Chopra
com Sunil Dutt, Sadhana Shivdasani, Shashi Kapoor
Índia, 1965 - 178 min / legendado em inglês
WAQT é a terceira longa-metragem do cineasta indiano Yash Chopra que, apesar de ser altamente cotado no seu país, ainda é
pouco conhecido e visto na Europa. A história segue os membros de uma família que se viram forçados a separar-se devido a
uma catástrofe natural; anos depois, sem nunca se reencontrarem, estranhamente, as suas vidas interligam-se. “Waqt” quer
dizer tempo. E foi isso que Yash Chopra filmou. Não é fácil nem óbvio.

Sex. [14] 22:00 | Sala Luís de Pina

AFTER MIDNIGHT
Depois da Meia-Noite
de Monta Bell
com Norma Shearer, Lawrence Gray, Gwenn Lee, Eddie Sturgis
Estados Unidos, 1927 - 70 min / mudo, com intertítulos em inglês traduzidos em português
O grande e hoje pouco conhecido Monta Bell filma aqui a história de uma rapariga de cabaret que se apaixona por um ladrão a
quem convence a regenerar-se pelo trabalho… até que a chegada de uma irmã perturba a vida de todos e o drama se consuma.
O cartaz original apregoa “While New York sleeps!”, de acordo com o fulcro narrativo do filme que põe na ribalta a noite nova-
iorquina dos anos 1920.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Sáb. [15] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DOV’È LA LIBERTÀ
Onde Está a Liberdade?
de Roberto Rossellini
com Totò, Vera Molnar, Nyta Dover, Mario Castellani, Franca Faldini, Giacomo Rondinella, Leopoldo Trieste, Vincenzo Talarico
Itália, 1952-1954 - 91 min / legendada electronicamente em português
A seguir ao negrume e gravidade de EUROPA 51, Rossellini ofereceu a Totò uma fábula que ficou como um dos maiores papéis
cinematográficos do grande cómico italiano. Totò é Salvatore, um pobre diabo, que, após cumprir uma pena de prisão, procura
adaptar-se à vida em liberdade, sempre encontrando pela frente preconceitos e regras que o frustram, o que o leva a tomar
consciência de que só na cadeia encontrará a liberdade.

Sáb. [15] 19:30 | Sala Luís de Pina

THE DEVIL DOLL


A Boneca do Diabo
de Tod Browning
com Lionel Barrymore, Maureen O’Sullivan, Frank Lawton
Estados Unidos, 1936 - 80 min / legendado em espanhol
Um dos mais famosos filmes fantásticos dos anos 30 e uma das obras-primas de Tod Browning. Lionel Barrymore tem a mais
inesperada das suas criações como travesti, passando por Mme Mandelip para se vingar dos responsáveis pelo seu degredo
numa colónia penal. A sua vingança consiste em reduzir os inimigos a proporções liliputianas mercê de um soro inventado por
um companheiro de cativeiro, e usá-los como instrumentos para os seus roubos.

Sáb. [15] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

EL ANGEL EXTERMINADOR
O Anjo Exterminador
de Luis Buñuel
com Claudio Brook, Enrique Rambal, Jacqueline Andere, Silvia Pinal
México, 1962 - 95 min / legendado em português
“A melhor explicação para EL ÁNGEL EXTERMINADOR é que, racionalmente, não tem nenhuma”. Assim “explica” Luis Buñuel a
sua obra-prima e o penúltimo filme que dirigiu no México, fábula feroz sobre a burguesia presa dos seus conceitos, preconceitos
e ideias feitas, onde um grupo de pessoas é misteriosamente impedido de sair de uma festa.

Sáb. [15] 22:00 | Sala Luís de Pina

BRIEF ECSTASY
O Passado Não Morre
de Edmond T. Greville
com Hugh Williams, Linden Travers, Paul Lukas
Grã-Bretanha, 1937 - 87 min / legendado electronicamente em português
O encontro de uma mulher casada com o antigo amante faz renascer a velha paixão. O tema é semelhante ao de um outro
filme, mais famoso e sobrevalorizado, que David Lean fez oito anos depois, BRIEF ENCOUNTER. Mas o de Greville é um
prodígio de mise-en-scène. Um filme esquecido, recentemente redescoberto com entusiasmo por os ainda relativamente
poucos que o viram.

Seg. [17] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE SUN SHINES BRIGHT


O Sol Nasce Para Todos
de John Ford
com Charles Winninger, Arleen Whelan, John Russell, Stepin Fetchit, Russell Simpson.
Estados Unidos, 1953 - 90 min / legendado electronicamente em português
Nova versão de JUDGE PRIEST, que Ford dirigira em 1934. Mas a personagem surge agora envelhecida e o olhar de Ford é mais
sereno. Em tempo de eleições para um novo mandato como juiz, Priest ousa enfrentar as convenções sociais da sua cidade em
casos polémicos como o julgamento de um negro e o enterro de uma prostituta, o que lhe pode custar a vitória.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Seg. [17] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE SAGA OF ANATAHAN


de Josef von Sternberg
com Akeni Negishi, Takashi Sugonuma
Japão, 1953 - 90 min / legendado electronicamente em português
O último filme de Josef von Sternberg, e também o único desde os filmes com Marlene Dietrich em que teve total liberdade: numa
pequena ilha esquecida, uma mulher torna-se o objecto de desejo de um grupo de soldados japoneses que ali naufragaram
durante a guerra, e ali vivem durante anos ignorando que o conflito terminara.

Seg. [17] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

VALE ABRAÃO
de Manoel de Oliveira
com Leonor Silveira, Luís Miguel Cintra, Isabel Ruth
Portugal, 1993 - 203 min
A versão integral de um dos mais célebres filmes de Manoel de Oliveira, inspirado na Madame Bovary de Flaubert, tal como
foi recriada por Agustina Bessa-Luís no romance homónimo. VALE ABRAÃO é um filme “sensualista”, dominado pelas cores, os
perfumes, as atmosferas, e pela presença majestosa do rio Douro. Seguindo-se a OS CANIBAIS, NON OU VÃ GLÓRIA DE MANDAR
e A DIVINA COMÉDIA, a personagem de Ema, absolutamente central em VALE ABRAÃO, foi a quarta das múltiplas participações
de Leonor Silveira em filmes de Oliveira.

Seg. [17] 22:00 | Sala Luís de Pina

HÄXAN O HÄXAN
“A Feitiçaria Através dos Tempos”
de Benjamin Christensen
com Benjamin Christensen, Emmy Schönfeld, Alice Fredericksen
Suécia, 1921 - 106 min / mudo, intertítulos em sueco traduzidos electronicamente em português
Depois de realizar melodramas e filmes policiais no seu país natal, o dinamarquês Benjamin Christensen realizou na Suécia
este filme que garantiu a perenidade do seu nome na História do Cinema. Ilustrando diversos casos de feitiçaria (uma mulher
frustrada que tem relações sexuais com o demónio, uma velha acusada de feitiçaria) e inspirando-se nos mestres da pintura
alemã e flamenga do século XVI, Christensen assinou uma extraordinária obra-prima, que também pode ser vista como um
requisitório contra o puritanismo e a intolerância. Um dos pontos altos do cinema mudo.

Ter. [18] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

UNDER CAPRICORN
Sob o Signo de Capricórnio
de Alfred Hitchcock
com Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Michael Wilding, Margaret Leighton, Cecil Parker
Estados Unidos, 1949 - 115 min / legendado em português
Um dos filmes mais discutidos de Hitchcock, que nele leva a cabo outra experiência notável no uso do plano-sequência (depois
de ROPE), e que aqui tem uma genial aplicação na sequência da confissão de Ingrid Bergman, num grande plano que dura
quase dez minutos. Tendo por cenário a Austrália do século XIX, que era também um local de degredo para condenados pela
lei, UNDER CAPRICORN é uma admirável história de amor, de culpa e de redenção, fotografada com mão de mestre por Jack
Cardiff.

Ter. [18] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

STROMBOLI TERRA DI DIO


Stromboli
de Roberto Rossellini
com Ingrid Bergman, Mario Vitale
Itália, Estados Unidos, 1949 - 102 min / legendado electronicamente em português
O primeiro filme de Rossellini com Ingrid Bergman marcou uma viragem importante no percurso do realizador e no da actriz. À
época, Eric Rohmer comentou assim o filme: “STROMBOLI, grande filme cristão, é a história de uma pecadora tocada pela graça. (…)
O autor de STROMBOLI bem sabe a importância que a sua arte pode dar aos objectos, ao lugar, aos elementos naturais do cenário.
Dominando o poder que lhes confere, Rossellini faz deles os instrumentos da sua expressão, o molde de onde sairão os gestos e
mesmo os impulsos dos actores”. Por muitas razões, uma das mais extraordinárias experiências em toda a história do cinema.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Ter. [18] 19:30 | Sala Luís de Pina

UMA RAPARIGA NO VERÃO


de Victor Gonçalves
com Isabel Galhardo, Diogo Dória, José Manuel Mendes
Portugal, 1986 - 82 min
UMA RAPARIGA NO VERÃO foi outra das melhores surpresas do cinema português dos anos 80 e, até à data, o único filme para
cinema de Victor Gonçalves. Revelou Isabel Galhardo e é também o único filme da actriz. Um filme sobre a vida que passa, num
dos mais perturbantes e sinceros retratos intimistas do cinema português, que quem viu não esquece.

Ter. [18] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

L’AVVENTURA
A Aventura
de Michelangelo Antonioni
com Lea Massari, Monica Vitti, Gabriele Ferzetti
Itália, 1960 - 136 min / legendado electronicamente em português
“Itinerário sentimental de um par” (nas palavras do realizador), L’AVVENTURA é o primeiro filme da famosa trilogia antonioniana
sobre a alienação. Uma mulher desaparece durante um cruzeiro no Mediterrâneo. O namorado e uma amiga tentam encontrá-la
e acabam por tornar- -se amantes. Um dos mais belos filmes de Antonioni.

Qua. [19] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

EL
de Luis Buñuel
com Arturo de Córdova, Delia Garcés, Luís Beristain
México, 1951 - 90 min / legendado electronicamente em português
Um dos grandes filmes de Buñuel e um dos mais perversos, cheio de símbolos e fetiches que materializam as fixações e
a paranóia do protagonista. Buñuel foi buscar um dos grandes símbolos do macho nos melodramas mexicanos, Arturo de
Córdova, transformando-o num impotente, paranoicamente ciumento, e contrapondo-o à elegante actriz argentina Delia Garcés.
Como sempre em Buñuel, o filme é repleto de humor. Uma obra-prima indiscutível, que Jacques Lacan mostrou durante vários
anos aos seus alunos, como ilustração da paranóia.

Qua. [19] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ORDET
A Palavra
de Carl Th. Dreyer
com Henrik Maalberg, Emil Haas, Prebben Lendorf Rye
Dinamarca, 1955 - 120 min / legendado em inglês
ORDET é, talvez, a obra cinematográfica que melhor põe em cena a questão da fé, construída inteiramente à volta da interrogação:
A palavra (Ordet) pode chegar até Deus e Este responder--lhe? O crente, como Dreyer, diz que sim e ORDET (o filme) é a sua
expressão. Sobre este filme, José Régio escreveu que era “uma apologia da fé levada ao extremo limite.”

Qua. [19] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

BITTER VICTORY
Cruel Vitória
de Nicholas Ray
com Richard Burton, Curd Jurgens, Ruth Roman, Raymond Péllegrin
Estados Unidos, França, 1957 - 102 min / legendado em português
Uma das obras mais admiradas de Nicholas Ray, apesar de ter sido manipulada pelos produtores, à revelia do realizador.
Richard Burton tem um dos melhores papéis da sua carreira na figura de um oficial que salva uma missão prejudicada pela
cobardia do superior (Curd Jurgens) obcecado pela relação que o subalterno tivera com a sua mulher. A juntar a Burton e
a Jurgens, o deserto, filmado em scope, ganha o estatuto de protagonista ao acolher a inesquecível e belíssima sequência
final. O deserto e o vento, o vento e o deserto. O filme que fez Godard, numa célebre critica nos Cahiers, dizer: “E o cinema
é Nicholas Ray.”
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Qui. [20] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SOMMARLEK
Um Verão de Amor
de Ingmar Bergman
com Maj-Brit Nilsson, Alf Kjellin, Birger Malmsten
Suécia, 1951 - 95 min / legendado em português
“SOMMARLEK é o mais belo dos filmes”, escreveu Jean-Luc Godard quando o filme se estre- ou. Talvez seja mesmo. Baseado
num romance que escreveu quando era muito novo, Bergman visita o tempo dos morangos silvestres e do amor absoluto.
Sabendo que tudo isso acabou e que nada volta mais. E os amores que regressam nunca são iguais aos amores que foram.
Mas a única fidelidade à morte é a vida.

Qui. [20] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

FAISONS UN RÊVE
de Sacha Guitry
com Sacha Guitry, Jacqueline Delubac, André Guize, Raimu, Michel Simon, Arletty
França, 1936 - 76 min / legendado electronicamente em português
Adaptado de uma das primeiras peças de Sacha Guitry, FAISONS UN RÊVE segue a história de um amante que propõe casamento
à mulher junto de quem adormeceu no momento em que o infiel marido dela chega, também ele atrasado por uma noite de
infidelidade conjugal, para ouvir do amante da mulher o conselho de partir em viagem e lhe telegrafar com a justificação desse
álibi. A comédia de Guitry guarda a marca teatral de origem trabalhando-a na mais absoluta liberdade cinematográfica que é
prova da originalidade e do génio do realizador, tão prolífero nesses anos 1930.

Qui. [20] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

PARSIFAL
de Hans-Jürgen Syberberg
com Armin Jordan, Martin Sperr, Robert Lloyd, Michael Kutter, Karin Krick
Alemanha, França, 1982 - 255 min / legendado em francês
Adaptação integral da última e mais hermética das obras de Wagner, este PARSIFAL designado por Syberberg como um “filme-
ensaio” é um ponto maior da fusão das linguagens operática e cinematográfica. A máscara mortuária do compositor preside à
recriação da ópera e o papel de Parsifal é confiado a dois actores, com a surpresa de um ser homem e outro mulher, dobrada
pela mesma voz (a do tenor Rainer Goldberg).

Sex. [21] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ROPE
A Corda
de Alfred Hitchcock
com James Stewart, John Dall, Farley Granger, Cedric Hardwicke, Joan Chandler
Estados Unidos, 1948 - 78 min / legendado em português
O único exercício de virtuosismo “declarado” na carreira de Hitchcock fica assinalado na história do cinema como o filme de um
só plano. Um longuíssimo plano-sequência que completa, em forma perfeita, a história de um crime perfeito. Muita da tensão de
ROPE nasce da construção de uma unidade espácio-temporal como sintoma de perfeição: um espaço “uno”, mas na realidade
com dez imperceptíveis cortes; um tempo “contínuo”, mas no qual duas horas não são mais que oitenta minutos. Mas o que é a
perfeição, e já agora o cinema, senão a eficaz manipulação das ilusões?

Sex. [21] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

TA’M E GUILASS
O Sabor da Cereja
de Abbas Kiarostami
com Homayun Ershadi, Adbol Hosein, Baghen, Safar Ali Moradi, Mir Hosein Noori
Irão, 1997 - 99 min / legendado em português
Um carro branco atravessa uma paisagem de colinas empoeirada. Guia-o um homem de 50 anos, o senhor Badii, que se decidiu
suicidar e anda à procura de alguém disponível para encher de terra o túmulo que ele próprio escavou, ou a levá-lo para casa,
se mudar de ideias. A ideia do filme surgiu da leitura de um aforismo de Cioran: “Se não existisse a possibilidade do suicídio, já
me teria morto há muito tempo.” É o filme que Kiarostami fechou com um prólogo que assume a diferença também na espessura
da imagem.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Sáb. [22] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SAMMA NO AJI
O Gosto do Saké
de Yasujiro Ozu
com Shima Iwashita, Shinichiro Ikami, Chishu Ryu
Japão, 1962 - 112 min / legendado em francês
Foi o último filme de Yasujiro Ozu e é uma nova variação sobre uma história de separação familiar em reflexão nostálgica sobre
o começo do “Inverno da vida”. É também a sua celebração e a despedida ao “gosto do saké”, onde cabe toda a memória do
passado e dos “bons tempos”. Profundamente comovente, SAMMA NO AJI é um dos mais perfeitos filmes de Ozu, aquele onde a
depuração do seu estilo atinge níveis supremos. Simples e sublime.

Sáb. [22] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ON THE BOWERY
de Lionel Rogosin
com Gorman Hendricks, Frank Matthews, Ray Salyer
Estados Unidos, 1956 - 65 min / legendado electronicamente em português
É um clássico do cinema independente americano. Foi a primeira obra de Lionel Rogosin, que antes de começar a filmar
mergulhou no bairro do Lower East Side nova-iorquino do Bowery durante seis meses para lhe sentir o pulso, os ritmos, conhecer
os habitantes. Depois filmou-os, sem condescendência e incandescentes, tomando para si os ensinamentos de Flaherty e a
inspiração no neo-realismo italiano e em THE QUIET ONE, de Sidney Meyers, mas também em Weegee ou Jacob Riis. ON THE
BOWERY dá a ver Nova Iorque como nunca antes no cinema. “Um estudo pessoal em grande plano dos mais negros recantos
da sociedade e um trabalho crucial do realismo americano (John Cassavetes, Shirley Clarke, Robert Frank e Kent MacKenzie
devem-lhe todos alguma coisa)” (Michael Joshua Rowin). A apresentar no restauro feito em 2006 pela Cineteca di Bologna e o
laboratório L’Immagine Ritrovata em colaboração com Rogosin Heritage Inc a partir dos negativos originais preservados pelo
Anthology Film Archives. Primeira exibição na Cinemateca.

Seg. [24] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SHE WORE A YELLOW RIBBON


Os Dominadores
de John Ford
com John Wayne, Joanne Dru, John Agar, Victor McLaglen, Ben Johnson, Harry Carey Jr.
Estados Unidos, 1949 - 103 min / legendado electronicamente em português
Western de Monument Valley e cores fulgurantes, SHE WORE A YELLOW RIBBON é o segundo título da “trilogia da cavalaria” de
Ford, que começa onde acaba FORT APACHE, ou seja, com a derrota do General Custer. Como sobre a solitária personagem de
John Wayne, paira sobre o filme o espectro da memória crepuscular. “Last we forget” é a inscrição no relógio que a companhia
oferece a Wayne no momento da despedida mas antes de ele se envolver numa última missão. É também um dos esplendorosos
exemplos da composição ritual de Ford.

Seg. [24] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

WE OWN THE NIGHT


Nós Controlamos a Noite
de James Gray
com Joaquim Phoenix, Eva Mendes, Mark Wahlberg, Robert Duvall
Estados Unidos, 2007 - 117 min / legendado em português
Brooklyn, 1988. Dois irmãos, um do lado da máfia russa, outro polícia, como o pai de ambos. A história do filme parte daqui, trata
de crimes e de família como os restantes filmes de James Gray e, como eles, destaca-se pelo tratamento da cor ou a atenção ao
detalhe. É o terceiro de quatro (TWO LOVERS é de 2008). “Jean-Pierre Melville dizia que é preciso mais coragem para fazer um
filme clássico do que um filme moderno. Contar uma história elegante com uma mensagem complexa é qualquer coisa de brutal.
Não é o que está na moda” (James Gray). Primeira exibição na Cinemateca.

Seg. [24] 19:30 | Sala Luís de Pina

DU CÔTÉ D’OROUËT
de Jacques Rozier
com Danièle Croisy, Françoise Guégan, Caroline Cartier, Bernard Menez, Patrick Verde
França, 1969 - 150 min / legendado electronicamente em português
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Em cerca de uma trintena de filmes (curtas-metragens, filmes publicitários e para televisão incluídos), Jacques Rozier filmou seis
longas-metragens ao longo de uma obra de quatro décadas que marcou a história do cinema. DU CÔTÉ D’OROUËT, o filme em
que três jovens raparigas passam umas férias de verão à beira mar, descrição brevíssima que lhe passa ao lado, é uma das
mais raras. Nove anos posterior a ADIEU PHILIPPINE, foi o seu primeiro com som directo. “Com o tempo [o filme] ganha uma
dimensão ‘à procura do tempo perdido’” (Jacques Rozier). Primeira exibição na Cinemateca.

Seg. [24] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE MAN I KILLED / BROKEN LULLABY


O Homem Que Eu Matei
de Ernst Lubitsch
com Phillips Holmes, Lionel Barrymore, Frank Sheridan, Nancy Carroll, Louise Carter
Estados Unidos, 1932 - 77 min / legendado electronicamente em português
Um dos menos vistos filmes de Lubitsch e excepção à regra das comédias associadas a Lubitsch e ao “Lubitsch touch” a partir de
finais dos anos 20, no período sonoro da sua obra. THE MAN I KILLED, centrado na guerra, no crime, nos seus rituais e no modo
como actuam sobre as consciências, ocupa um importante lugar na história do melodrama: um soldado francês atormentado
pelo sentimento de culpa de mortes praticadas em tempo de guerra, apaixona-se pela antiga mulher de um soldado alemão que
matou. O “Lubitsch touch” está aqui, com a mesma desmedida, mas em tom grave. Conciso e cru.

Seg. [24] 22:00 | Sala Luís de Pina

QUANDO TROVEJA
de Manuel Mozos
com Miguel Guilherme, Elsa Valentim, José Wallenstein, Isabel de Castro
Portugal, 1999 - 93 min
Depois de a namorada o ter trocado por um amigo, um auto-destrutivo António deixa-se dominar por fantasmas. É quando,
do bosque, chegam dois estranhos seres em seu socorro, Violeta e Gaspar. …QUANDO TROVEJA, segunda longa-metragem de
Manuel Mozos e a primeira a ser estreada (XAVIER estrearia depois), revelou um universo onde o quotidiano coexiste sempre
com a hipótese da sua transfiguração.

Ter. [25] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE MOST DANGEROUS GAME


O Malvado Zaroff
de Irving Pichel, Ernest B. Schoedsack
com Joel McCrea, Fay Wray, Leslie Banks
Estados Unidos, 1932 - 63 min / legendado electronicamente em português
A primeira e mais famosa das inúmeras adaptações da novela de Richard Cornell, sobre um perverso aristocrata russo, senhor
de uma ilha nos mares do Sul onde se entrega ao “mais perigoso jogo”: a caça ao homem (náufragos que primeiro recolhe, antes
de os lançar aos pântanos). “Depois da caçada, a orgia” é o lema do sádico conde.

Ter. [25] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

L’ATALANTE
Atalante
de Jean Vigo
com Michel Simon, Jean Dasté, Dita Parlo
França, 1934 - 78 min / legendado em português

UNE PARTIE DE CAMPAGNE


Passeio ao Campo
de Jean Renoir
com Sylvia Bataille, Jane Marken, Gabriello, Georges Darnoux
França, 1936 - 40 min / legendado em português
Dois títulos fundamentais do cinema dos anos 1930, em francês, da água (L’ATALANTE) e da natureza campestre (UNE PARTIE
DE CAMPAGNE): L’ATALANTE é um filme de culto, e uma das obras que mais influenciou o cinema francês posterior, das mais
deslumbrantes manifestações do imaginário poético de Jean Vigo, capaz de despertar um clima feérico a partir do quotidiano,
e fazer correr um sopro lírico que vem virar do avesso o aparente naturalismo. UNE PARTIE DE CAMPAGNE, cuja rodagem
foi interrompida no Verão de 1936 e cuja montagem foi concluída dez anos mais tarde a partir do material então filmado (a
sua génese alimenta uma das lendas da história do cinema), é uma das obras-primas de Renoir, no seu período mais fértil.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Adaptando um conto de Maupassant, Renoir assina o mais impressionista dos seus filmes em acordo com o universo pictórico
do seu pai Pierre Auguste, mas PARTIE DE CAMPAGNE é um filme do movimento. O dos elementos na imagem (a água do rio, o
vento nas árvores) e o da fluidez da câmara.

Ter. [25] 19:30 | Sala Luís de Pina

OUTSIDE THE LAW


de Tod Browning
com Priscilla Dean, Wheeler Oakman, Lon Chaney, Ralph Lewis
Estados Unidos, 1921 - 76 min / mudo, intertítulos em inglês
Da primeira fase da obra de Tod Browning, OUTSIDE THE LAW é um policial e o filme que estabeleceu a reputação da extrema
versatilidade de Lon Chaney, aqui na segunda das suas colaborações com Browning, no duplo papel de um estudante de
filosofia confuciana e de um temível criminoso. Em 1930, Browning realizou um remake com Edward G. Robinson e Mary Nolan
no papel aqui interpretado por Priscilla Dean, aclamado à época como o da sua revelação. Na Cinemateca não é exibido desde
a projecção de 1984 por altura da retrospectiva Browning.

Ter. [25] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

L’HIPPOCAMPE
de Jean Painlevé
França, 1933 - 14 min

L’ÉTOILE DE MER
de Man Ray
com Robert Desnos, Kiki de Montparnasse
França, 1928 - 17 min / intertítulos em francês

VAMPYR
de Carl Th. Dreyer
com Julian West, Maurice Schultz, Sybille Schmitz
França, Alemanha, 1930 - 65 min / legendado electronicamente em português
Jean Painlevé foi precursor dos “documentários científicos” numa prática que recusou fronteiras de género, como L’HIPPOCAMPE
garante: movido pelo motivo de registo do ciclo vital do cavalo-marinho (ou, em versão mais romântica, pelos amores do cavalo-
marinho), o único peixe que se desloca na vertical, trata-se de um filme de imagens submersas, aceleradas e desaceleradas,
grandes planos, movimentos de câmara, formas e pontos de luz que dão a ver o desejo de tornar visível o que o não é. Dentro
do espírito do movimento surrealista dos anos 1920, Man Ray filmou L’ÉTOILE DE MER inspirado num poema de Robert Desnos
pondo a par a beleza de uma estrela do mar e a de um amor perdido em imagens oníricas de profundo lirismo e sensualidade.
VAMPYR: “Um filme de terror banhado numa claridade puríssima. Um filme sonoro que reinventa a noção de cinema mudo.”
Assim se exprimiu Edgardo Cozarinsky sobre esta obra-prima de Carl Th. Dreyer, poema de morte e ressurreição pela luz do
cinema, inspirado na novela Carmilla de Sheridan le Fanu.

Ter. [25] 22:00 | Sala Luís de Pina

HISTÓRIAS SELVAGENS
de António Campos
com Glicínia Quartim, Carlos Bartolomeu, Cremilda Gil, Márcia Breia, João Lagarto
Portugal, 1978 - 102 min
Adaptação de dois contos de Paços Coelho, trata-se de uma crónica sobre o trabalho rural na região de Montemor-o-Velho.
Primeira obra de Campos com actores profissionais e não actores, um dos mais secretos filmes de António Campos e um título
fundamental da sua obra, marcado por uma insólita estrutura temporal e um evidente desejo de ficção.

Qua. [26] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

UNDER THE RED ROBE


O Emissário de Richelieu
de Victor Sjöström
com Conrad Veidt, Raymond Massey, Annabella
Grã-Bretanha, 1937 - 82 min / legendado electronicamente em português
O último filme realizado por Victor Sjöström é um notável e excitante swashbuckler que tem Conrad Veidt num inesperado
herói e espadachim. Raymond Massey é o Cardeal Richelieu apostado em sufocar a revolta protestante e que poupa a vida ao
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

condenado Veidt para este se infiltrar como espião no castelo do chefe rebelde, o duque de Foix. É a terceira adaptação ao
cinema do romance de Edward E. Rose, inteiramente filmada em estúdio, com cenários estilizados e labirínticos, enquadramentos
e iluminação inspirados na pintura flamenga.

Qua. [26] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

NOSFERATU, EINE SYMPHONIE DES GRAUENS


“Nosferatu, o Vampiro”
de Friedrich Wilhelm Murnau
com Max Schreck, Gustav von Wangenheim, Greta Schroeter, Alexandre Granach
Alemanha, 1922 - 87 min / mudo, intertítulos em alemão traduzidos electronicamente em português
“Quando chegou ao outro lado da ponte, os fantasmas vieram ao seu encontro.” Este célebre intertítulo de NOSFERATU, aliás
apócrifo, abre as portas do cinema fantástico. A primeira e mais célebre adaptação do romance de Bram Stoker, Drácula, é uma
das obras-primas máximas da história do cinema. É também um filme de inúmeras exibições na Cinemateca, onde pela primeira
vez foi projectado em 1963.

Qua. [26] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DR. JEKYLL AND MR. HYDE


O Médico e o Monstro
de Rouben Mamoulian
com Fredric March, Miriam Hopkins, Rose Hobart.
Estados Unidos, 1932 - 82 min / legendado em português
Um dos maiores filmes da história do cinema, pelo que revela da maestria de Mamoulian e dos seus contributos para a linguagem
cinematográfica nos anos de adaptação ao som, representando a súmula das experiências feitas nos seus filmes anteriores. Por
muitos tido como a melhor das adaptações do romance de Robert Louis Stevenson, destaca-se também pela carga erótica que
o percorre, com Miriam Hopkins no papel da prostituta que Ingrid Bergman retomou na versão de 1941.

Qui. [27] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE EDGE OF THE WORLD


de Michael Powell
com John Laurie, Belle Chrystall, Niall MacGinnis, Eric Berry
Grã-Bretanha, 1937 - 81 min / legendado electronicamente em português
Foi o filme que impôs Michael Powell, que aqui seguiu o modelo de MAN OF ARAN de Flaherty. THE EDGE OF THE WORLD é um
belíssimo documentário ficcionado que segue a vida, o amor e a morte numa isolada ilha da costa escocesa, explorando de
forma magnífica as potencialidades dramáticas e de suspense da paisagem de íngremes escarpas.

Qui. [27] 19:30 | Sala Luís de Pina

FOR EVER MOZART


Para Sempre Mozart
de Jean-Luc Godard
com Madeleine Assas, Ghalia Lacroix, Bérangère Allaux
França, Suiça, 1996 - 84 min / legendado em português
Godard em Sarajevo, para filmar a guerra e a História, mas também o Amor, a Morte e o Cinema. Todos os temas “godardianos”,
portanto, num filme que evoca, em cores, luzes e movimentos de câmara, todos os esplendores de uma arte de que Godard não
cessa de encenar o fim. Mas um fim que se pretende glorioso, e por isso FOR EVER MOZART pode ser “uma saturação de signos
magníficos banhados na luz da sua ausência de explicação”, como dizem as palavras de Manoel de Oliveira aí citadas.

Qui. [27] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ESPLENDOR SELVAGEM
de António de Sousa
Portugal, 1972 - 94 min
Realizador, director de fotografia e produtor, António de Sousa dedicou grande parte da sua vida a Angola, onde viveu até finais
dos anos 1970, antes de se mudar para a ilha da Madeira, e que documentou em inúmeras actualidades cinematográficas.
ESPLENDOR SELVAGEM é um dos seus “filmes angolanos”, um filme de paisagens, retrato de comunidades, cerimónias e rituais.
Como se diz no fim, “Esta é a África do passado, a África do esplendor selvagem.” Primeira exibição na Cinemateca. A mostrar
em cópia nova.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Qui. [27] 22:00 | Sala Luís de Pina

UMBRACLE
de Pere Portabella
com Christopher Lee
Espanha, 1972 - 85 min / legendado electronicamente em português
Usualmente associado a CUADECUC, VAMPYR (1970), UMBRACLE tem, como aquele, fotografia a preto e branco de películas
de tipo diferente, e uma banda sonora de Carles Santos, colaborador regular de Portabella. Ao contrário de CUADECUC, tem
sequências com som síncrono, de que é exemplo uma cena em que Christopher Lee declama O Corvo, de Edgar Allan Poe, e
canta ópera num teatro vazio, ou uma outra que capta uma discussão sobre censura entre realizadores espanhóis. Portabella
explora a linguagem do cinema experimental aqui trabalhando com um actor vindo de outros universos. “Lee ofereceu-se,
com prazer, para interpretar as minhas ideias. Consegui mesmo que fizesse o que para um actor é o mais duro: nada” (Pere
Portabella). Primeira exibição na Cinemateca.

Sex. [28] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ABRAHAM LINCOLN
de David W. Griffith
com Walter Huston, Una Merkel, Kay Hammond, E. Alyn Warren, Henry B. Walthall
Estados Unidos, 1930 - 84 min / legendado em português
O primeiro all talkie de Griffith retrata a vida de Abraham Lincoln como um homem só e angustiado, porventura reflectindo a
solidão e o pessimismo de DWG nesta fase da sua vida. “Um pesadelo para a razão e para os nervos” foi como o próprio se referiu
às oito semanas de rodagem de ABRAHAM LINCOLN. Pelo seu lirismo e dimensão pictórica, o filme tem sido entusiasticamente
reavaliado. Verdadeiramente surpreendente é o uso dramático do trabalho da banda sonora.

Sex. [28] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DAVOTSAT DNEI BEZ VOINI


“Dois Dias sem Guerra”
de Aleksei German
com Yuri Nikulin, Ludmila Gurchenko, Aleksei Petrenko, Angelina Stepanova
URSS, 1976 - 101 min / legendado electronicamente em português
O cerco de Stalinegrado ronda a segunda longa-metragem de German que se referiu a ela como “um melodrama anti-romântico
de heróis anti-belos”. Trata-se de um regresso a uma investigação sobre diferentes atitudes relativamente à guerra. A linha
narrativa é minimalista, centrando-se num escritor que regressa a casa para uma licença de 20 dias depois da batalha de
Stalinegrado, para trabalhar com uma equipa de cinema num filme baseado em artigos seus. “DOIS DIAS SEM GUERRA” foi um
filme banido na União Soviética durante vários anos. Primeira exibição na Cinemateca.

Sex. [28] 19:30 | Sala Luís de Pina

MARIA
de João Mário Grilo
com Isabel Alves de Carvalho
Portugal, 1979 - 81 min
Originalmente filmado em Super 8, a primeira longa-metragem de João Mário Grilo (também responsável pelo argumento,
montagem e produção executiva) é um filme pessoal, a partir de fotografias de família e centrado na figura do avô, capitão de
um navio bacalhoeiro, mas também na da personagem feminina que lhe dá o título.

Sex. [28] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DAS WANDERNDE BILD


“A Imagem Errante”
de Fritz Lang
com Mia May, Hans Marr, Harry Frank, Rudolf Klein-Rogge
Alemanha, 1920 - 70 min / mudo, intertítulos em alemão legendados electronicamente em português
Foi o filme que marcou o princípio da colaboração entre Lang e Thea von Harbou. Considerado perdido durante vários anos, foi
recuperado na década de 1980, ainda que em versão incompleta. A história é a de uma jovem viúva de um filósofo famoso que,
assediada por um pretendente, procura refúgio nas montanhas onde a espera uma tempestade e um surpreendente desfecho.
As cenas nos exteriores naturais são um dos grandes trunfos de “A IMAGEM ERRANTE”, um Lang a redescobrir.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Sáb. [29] 22:00 | Sala Luís de Pina

TRAITÉ DE BAVE ET D’ÉTERNITÉ


de Isidore Isou
com Marcel Achard, Isidore Isou, Jean-Louis Barrault, Jean Cocteau
França, 1951 - 120 min / legendado electronicamente em português
Autor do movimento letrista lançado em 1946 como manifesto de uma poesia fonética, Isadore Isou estende-o em 1951 ao
cinema com este TRAITÉ DE BAVE ET D’ÉTERNITÉ, prémio da vanguarda no festival de Cannes desse mesmo ano por um júri
improvisado para a ocasião e onde foi motivo de escândalo. Baseado no princípio da “montagem discrepante”, o filme trabalha a
disjunção entre o som e a imagem e a desconstrução narrativa. Nos Cahiers, Maurice Schérer (Éric Rohmer) distinguiu à época
o modo particular como Isou filma o bairro de Saint-Germain--des-Près. É um título lendário do cinema experimental. Primeira
exibição na Cinemateca.

Seg. [31] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

AU HASARD BALTHAZAR
Peregrinação Exemplar
de Robert Bresson
com Anne Wiazemsky, François Lafarge, Philippe Asselin, Pierre Klossowski
França, 1966 - 90 min / legendado em português
AU HASARD BALTHAZAR é uma fábula construída em torno de um burro que vagueia, ao acaso, de dono em dono. O cinema
de Robert Bresson estava, por esta altura, no máximo do seu despojamento, num misto de simplicidade e gravidade formais. As
deambulações do burro Balthazar exprimem uma figura capital no universo do cineasta, o acaso. Através dos seus sucessivos
donos, é a Humanidade que Bresson encena, num filme de uma beleza sublime.

Seg. [31] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

OHAYO
“Bom Dia”
de Yasujiro Ozu
com Keiji Sata, Yoshiko Kuga., Koji Shigaraki, Masahiko Shimazu
Japão, 1959 - 94 min / legendado em inglês
Este filme pode ser considerado como uma variante, mas certamente não como um remake, de um dos mais célebres filmes de
Ozu, UMARETE WA MITA KEREDO (“NASCI, MAS…”, de 1933). Mas, contrariamente à quase totalidade das obras-primas realizadas
por Ozu na fase final da sua carreira, OHAYO não aborda o tema da dissolução de uma família, apenas um momento de crise.
Dois miúdos fazem uma greve de silêncio para protestar contra o facto dos pais se recusarem a comprar uma televisão. A
realização de Ozu, como sempre rigorosa e perfeita, tece um filme que, ao invés de mostrar o fim de uma vida, ou de uma família,
mostra uma continuidade, a aceitação da mudança. Um dos filmes onde cineasta trabalha exemplarmente a cor.

Seg. [31] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

A ESPADA E A ROSA
de João Nicolau
com Manuel Mesquita, Luís Lima Barreto, Nuno Pino Custódio, Pedro Faro, Mariana Ricardo
Portugal, França, 2010 - 142 min
É a primeira longa-metragem de João Nicolau, que co-assina o argumento com Mariana Ricardo. Estreou mundialmente em
Veneza e, em Portugal, no Estoril Film Festival. João Nicolau apresenta-o como um filme de aventuras e pirataria passado nos
dias de hoje mas onde grande parte da acção decorre no mar, a bordo de uma caravela portuguesa do século XV. A sinopse
adianta que é uma traição a bordo a desencadear “uma série de acontecimentos terríveis que o protagonista atravessa sem
beliscar os seus princípios morais”.

Seg. [31] 22:00 | Sala Luís de Pina

LES HOMMES DE LA BALEINE


de Mario Ruspoli
França, 1956 - 25 min / legendado electronicamente em português

REGARD SUR LA FOLIE


de Mario Ruspoli
França, 1962 - 49 min / legendado electronicamente em português
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Dois filmes de Mario Ruspoli produzidos por Anatole Dauman: LES HOMMES DE LA BALEINE, filmado numa pequena aldeia
açoriana, regista a caça de uma enorme baleia e as subsequentes operações de desmantelamento e armazenamento. Antes
de Depardon ou de Wiseman, num “primeiro olhar não condescendente”, Ruspoli filma os pacientes e os médicos de um hospital
psiquiátrico em Saint-Alban, Lozère, e as suas rotinas quotidianas em REGARD SUR LA FOLIE. Dois títulos pouco conhecidos que
a Cinemateca não exibe desde 1991.

CARTAS BRANCAS

CARTA BRANCA A JOÃO PEDRO RODRIGUES


Ao pensar nestas cinco sessões hesitei entre escolher filmes muito recentes, vistos em festivais ou no circuito de exibição
comercial nos países que os meus filmes me fizeram visitar, ou filmes vistos há muito ou que nunca vi. O «poder» de os programar
tem algo de mágico: sei que naquele dia, àquela hora, posso revê-los ou, finalmente, descobri-los. Inevitavelmente, pus-me a
olhar para trás; dos primitivos (que, como alguns primitivos na pintura, abriram caminhos inconscientes para a modernidade) –
Evgeni Bauer e Tod Browning – até a escolhas mais pessoais, de filmes de amigos meus, amigos que me acompanharam, aqui
na Cinemateca, em tantas descobertas. (João Pedro Rodrigues - realizador) João Pedro Rodrigues vai estar presente em todas
as sessões.

Ter. [04] 19:30 | Sala Luís de Pina

ZA SCHASTEM
“Rumo à Felicidade”
de Yevgeni Bauer
com Emma Bauer, Tasya Borman, N. Dennitsyna, Lev Kuleshov
Rússia, 1917 - 40 min / mudo, intertítulos em francês

WHERE EAST IS EAST


Oriente
de Tod Browning
com Lon Chaney, Lupe Velez, Estelle Taylor, Lloyd Hughes, Louis Stern
Estados Unidos, 1929 - 65 min / mudo, intertítulos em inglês
Nome fundamental do cinema russo pioneiro, que marcou pela originalidade narrativa e o tratamento plástico das imagens
e muito em particular o da luz, a duração dos planos e os movimentos de câmara, Yevgeni Bauer realizou a sua obra antes
da Revolução de Outubro de 1917, o ano deste “RUMO À FELICIDADE” e também o da sua prematura morte. Foi a sua última
obra (“O REI DE PARIS”, também de 1917, seria acabado por Olga Rakhmanova). Em WHERE EAST IS EAST, onde há muitas e
emocionantes aparições de tigres e outros animais selvagens, Lon Chaney tem a cara desfigurada por cicatrizes. Na última
das suas colaborações com Browning, a sua personagem é a de pai e ex-marido de uma impulsiva rapariga e da sinistra mãe
dela, entre as quais balança a inclinação de um jovem americano. Trata-se de um título raro do extraordinário universo de Tod
Browning. “RUMO À FELICIDADE” é uma primeira exibição na Cinemateca.

Qua. [05] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

POEMA O MORE
“O Poema do Mar”
de Iulia Solntseva, Aleksandr Dovjenko
com Zinaida Kirienko, Boris Livanov, Boris Andreiev
URSS, 1958 - 100 min / legendado em francês
História de uma aldeia ucraniana condenada à submersão pela construção de uma barragem. É a última parte do tríptico
previsto por Dovjenko, que a morte impediu de concretizar, depois de feita a planificação e a escolha dos lugares das filmagens.
Seria a sua mulher a filmar POEMA O MORE, o que esteve na origem de uma polémica: “pela primeira vez na história do
cinema estamos perante um filme póstumo” (Fereydoun Hoveyda); “os filmes realizados com base em Dovjenko não são dele”
(Barthélemy Amengual).
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Qui. [06] 19:30 | Sala Luís de Pina

KROTKIE USTRECHI
“Breves Encontros”
de Kira Muratova
com Nina Ruslanova, Vladimir Vysotsky, Kira Muratova
URSS, 1967 - 96 min / legendado em francês
Uma das características mais interessantes do cinema soviético dos anos 60 e 70 é a narrativa “oblíqua”, com elipses, diferente
do cinema europeu e sobretudo americano. Os filmes de Kira Muratova, importante personalidade que só se tornou conhecida
fora da URSS em meados dos anos 80, nos tempos da perestroika, não fogem a esta regra. No magnífico “BREVES ENCONTROS”,
a acção centra-se num singular triângulo amoroso entre uma criada, um geólogo e a mulher deste.

Sex. [07] 19:30 | Sala Luís de Pina

CHING SHAO NIEN CHA / REBELS OF THE NEON GOD


“Os Rebeldes do Deus Neon”
de Tsai Ming Liang
com Chen Chao-jung, Wang Yu-wen, Lee Kang-sheng, Jen Chang-Pin, Miao Tien
Taiwan, 1992 - 106 min / legendado em francês
O primeiro filme de Tsai Ming Liang concentrou imediatamente atenções sobre o cineasta de Taiwan, que na altura o descreveu
como uma tentativa de “fazer uma longa-metragem de ficção que fosse ainda mais documental, ainda mais real, sobre a
vida quotidiana de Taipei.” A história passa-se entre a juventude rebelde de Taipei, dando a ver a solidão e a alienação de
personagens que vagueiam por espaços vazios. Em retrospectiva, aqui estão já as marcas do estilo prosseguido por Tsai Ming
Liang: uma família fracturada como fulcro narrativo; o sentido de humor a temperar o ambiente de melancolia; longos planos-
sequência; ou a água (da chuva; que inunda apartamentos) como elemento preponderante.

Sáb. [08] 19:30 | Sala Luís de Pina

JULIÃO SARMENTO
de Joaquim Sapinho
Portugal, 1994 - 58 min

POR AQUI QUASE NUNCA NINGUÉM PASSA


de José Neves
Portugal, 1999 - 58 min
Dois retratos de artistas em português: Julião Sarmento por Joaquim Sapinho e Jorge Molder por José Neves. O primeiro
apresenta-se como “um documentário sobre o pintor, os seus quadros, as suas memórias, o seu discurso, do qual o cinema é
uma constante”. Centrado na figura e no trabalho fotográfico de Molder, o segundo acompanha a preparação da exposição que
este apresentou em Veneza na 48ª Bienal onde em 1999 representou Portugal. Primeiras exibições na Cinemateca.

CARTA BRANCA A RICARDO MATOS CABO

Todas as sessões deste pequeno programa, não estando relacionadas umas com as outras, são excelentes exemplos de um
cinema auto-reflexivo – são documentários e ensaios que reflectem de forma diversa sobre a particularidade da obra de cada
um dos seus autores através do cinema e das suas histórias. Frampton chamou ao seu ciclo de sete filmes, à investigação
sobre a natureza da imagem cinematográfica que constitui HAPAX LEGOMENA, uma “autobiografia oblíqua” que sobrepõe a
história pessoal do autor à história das formas cinematográficas, tal como estas surgiram na sua aprendizagem. O filme de
Fieschi e Burch constitui uma tentativa de recuperação e análise de um período particular na história do cinema francês, e é
sobretudo uma declaração de princípio contra a hierarquização e categorização históricas com vista ao que Fieschi chamava
uma “conquista do presente”. René Vautier filmou um documentário comovente que reconstitui a dramática rodagem de um filme
sobre o trabalho dos pescadores na Bretanha durante o Inverno rigoroso, e em que um dos cineastas morreu no mar. É um
filme sobre a ética da relação entre aqueles que filmam e os que são filmados. Por fim, o filme de Jean-Pierre Gorin constitui, nas
suas palavras, “uma meditação sobre o método e sobre o trabalho, a paisagem americana, o imaginário masculino, o alto e o
baixo da cultura americana, a natureza materialista da imaginação artística, a amizade, a procura obsessiva do pormenor...”,
através da sua cumplicidade com o pintor e escritor Manny Farber. (Ricardo Matos Cabo - programador)
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Seg. [10] 19:30 | Sala Luís de Pina

HAPAX LEGOMENA I – VII


de Hollis Frampton
Estados Unidos, 1971-72 - 202 min / sem legendas
Um hapax legomena significa algo que é “dito uma só vez”, que apenas se encontra uma vez num dado corpo de uma literatura.
O ciclo HAPAX LEGOMENA contém sete filmes [(NOSTALGIA), 1971, 36’; POETIC JUSTICE, 1972, 32’; CRITICAL MASS, 1971, 26’;
TRAVELLING MATE, 1971, 34’; ORDINARY MATTE, 1972, 36’; REMOTE CONTROL, 1972, 29’; SPECIAL EFFECTS, 1972, 11’] e constitui
uma investigação sem paralelo acerca da natureza da imagem cinematográfica. O filme propõe-se como aquilo a que o próprio
Frampton chamou uma “autobiografia oblíqua” e uma “filogenia” da história do cinema justaposta à sua história pessoal. É
o filme que concentra os temas principais do pensamento do autor acerca dos paradoxos da imagem em movimento, da sua
historicidade, sobre as relações / conflitos entre a linguagem e o cinema (a palavra dita, escrita, lida), sobre os jogos linguísticos,
a narrativa no cinema, as formas da montagem, as relações entre o cinema e o vídeo, mas também sobre a passagem do tempo
e a memória. Frampton é uma das figuras cimeiras da história e do cinema (e um dos seus grandes pensadores) e este filme
raramente apresentado na sua forma completa é uma das suas obras principais e uma das que melhor exercita o seu projecto
de reflexão sobre a representação através da própria história das formas cinematográficas. O ciclo foi terminado no início dos
anos 70 e precede a grande obra inacabada do realizador, o ciclo MAGELLAN, projecto que germinou cedo na sua obra e que
foi inspirado pela viagem de cirumnavegação de Fernão de Magalhães. Primeira exibição na Cinemateca.

Ter. [11] 19:30 | Sala Luís de Pina

DESTRUCTION DES ARCHIVES


documento filmado por Yann Le Masson
com René Vautier
França, 1985 - 10 min / sem legendas

LA MER ET LES JOURS


de Raymond Vogel assistido de Alain Kaminker
França, 1958 - 22 min / sem legendas

MOURIR POUR DES IMAGES


de René Vautier
França, 1971 - 45 min / sem legendas
LA MER ET LES JOURS é uma crónica dos dias de Inverno na Ilha de Sein na Bretanha e um testemunho das operações de
salvamento dos sobreviventes do naufrágio de uma traineira de Concarneau. Alguns dias mais tarde, enquanto filmavam a
tempestade a bordo do barco de socorro, o Vice-Amiral Touchard, um dos cineastas, Alain Kaminker, caiu à água. O corpo foi
encontrado num local da ilha, onde foi enterrado segundo a vontade da sua família. O filme pertence à melhor tradição do
documentário dos anos 50, apoiado numa construção ficcional, tornando os pescadores em heróis de corpo inteiro. O comentário
foi escrito por Chris Marker. MOURIR POUR DES IMAGES é uma reconstituição comovente da rodagem do filme através de
entrevistas e excertos e um filme que reflecte a posição de força do cineasta René Vautier (e o seu manifesto ético), sobre os
laços e o respeito estabelecidos entre quem filma e aqueles que são filmados. A abrir a sessão, um documento em bruto filmado
por Yann Le Masson com René Vautier que mostra a destruição dos seus arquivos e filmes resultado de um ataque por militantes
de extrema-direita. Primeiras exibições na Cinemateca.

Qua. [12] 22:00 | Sala Luís de Pina

DELLUC & CIE (LA PREMIÈRE VAGUE, 1ERE PARTIE)


de Noël Burch, Jean-André Fieschi
França, 1968 - 75 min / legendado electronicamente em português
Em 1968, Jean-André Fieschi, num pequeno texto publicado na revista Cahiers du Cinéma, intitulado “Reler a História”, escreveu
sobre a importância da programação e da visão constantemente renovada do cinema, para lá de hierarquias e categorias
estanques e redutoras, numa permanente reconstituição das histórias do cinema e daquilo a que chamou uma “conquista do
presente”. O filme DELLUC & CIE (LA PREMIÈRE VAGUE, 1ERE PARTIE), realizado no mesmo ano em colaboração com Noël Burch,
participa desse projecto e reflecte a postura que marcaria a obra de crítica e de cineasta de Fieschi – é um ensaio acerca do
cinema francês dos anos 1920 – 29, dito de “vanguarda”, então visto como um período fechado e sem actualidade (prisioneiro
da história). O filme é um acto de recuperação composto por excertos e entrevistas com alguns dos protagonistas que viveram
esse período. Primeira exibição na Cinemateca.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Qui. [13] 19:30 | Sala Luís de Pina

ROUTINE PLEASURES
de Jean-Pierre Gorin
França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, 1986 – 81 min / legendado electronicamente em português
Manny Farber era antes de tudo pintor e só depois um escritor que pensava a sua arte através do cinema (mas também da
música, banda desenhada, etc.). O filme de Jean-Pierre Gorin é uma evocação da arte de Farber e do seu trabalho, resultando da
amizade entre os dois, e tal como escreveu Gorin: “não é um documentário sobre Manny (ele nunca aparece). É uma meditação
sobre o método e sobre o trabalho, a paisagem americana, o imaginário masculino, o alto e o baixo da cultura americana, a
natureza materialista da imaginação artística, a amizade, a procura obsessiva do pormenor... Resumindo, se me perguntarem
sobre o que é o filme, sinto-me forçado a dizer simplesmente que o filme é um filme sobre.” ROUTINE PLEASURES é o filme
que nasce desse encontro e um filme sobre o prazer do cinema e da cumplicidade. Jean-Pierre Gorin organizou recentemente
um excelente programa de filmes baseado num texto de Farber, a que chamou The Way of the Termite: The Essay in Cinema.
Primeira exibição na Cinemateca.

CARTA BRANCA A INÊS SAPETA DIAS

O aparecimento e disseminação da tecnologia digital no campo do cinema (e o consequente esbatimento das fronteiras
desse campo) caracterizam um momento em que é propício pensar os materiais cinematográficos, e de que forma a imagem
cinematográfica vive desses materiais. Se o digital transporta consigo uma “desmaterialização”, torna-se um bom pretexto
para pensar o que será a “materialidade”, e o que é que esta produz na superfície visível do cinema. Esta programação
procura entrar nessa reflexão, tentando descobrir e ver o que será isso de materialidade cinematográfica.
Programam-se, para tal, filmes que parecem deixar irromper na sua superfície, às vezes por brevíssimos instantes, pedaços
de corpo, qualquer coisa normalmente oculta por baixo de histórias, ficções, ilusões, qualquer coisa que, quando exposta,
parece própria a uma avaria. São filmes que transportam um cinema embrutecido e pobre, descarnado, exposto. E desenham
aqui um percurso.
Kuleshov, cineasta-engenheiro que experimentou e testou os alcances da montagem cinematográfica, construiu um corpo de
mulher articulando imagens de corpos de diferentes mulheres; aqui ensaia-se o mesmo movimento e procura-se a imagem
de um corpo constituída pelos pedaços de material que cada filme dá, e pela sua articulação e sucessão. É um trajecto, que
é só um possível entre muitos disponíveis. E não pode ser se não provisório. (Inês Sapeta Dias - Investigadora na área da
programação e, entre outras actividades de programação, co-responsável pelo Panorma). Inês Sapeta Dias vai estar presente
em todas as sessões.

Seg. [17] 19:30 | Sala Luís de Pina

LA JETÉE
de Chris Marker
com Jacques Ledoux, Hélène Chatelain, Davos Hanich
França, 1962 - 28 min / sem legendas

BRANCA DE NEVE
de João César Monteiro
com as vozes de Maria do Carmo, Reginaldo da Cruz, Ana Brandão, Luís Miguel Cintra, Diogo Dória, João César Monteiro
Portugal, 2000 - 72 min
LA JETÉE é um dos mais célebres filmes de Chris Marker, extraordinária reflexão sobre o tempo e a temporalidade, concebida
com base em fotografias – uma obra-prima desse imenso cineasta que é Marker. A BRANCA DE NEVE de João César Monteiro
adapta uma peça de Robert Walser que retoma o conto dos irmãos Grimm: salva pelo beijo do Príncipe ao sono das trevas,
Branca de Neve confronta a madrasta e o caçador que esta incita a apunhalar a enteada. João César Monteiro deixou a tela
quase sempre negra, com raras imagens de outra cor e as imagens sonoras (as vozes dos actores). Na altura deu brado e foi o
escândalo, mas já não vale a pena voltar a ele. Vale a pena é voltar a ver BRANCA DE NEVE, outra vez e outra vez, no escuro
da sala, no quarto escuro.

Ter. [18] 22:00 | Sala Luís de Pina

LES HAUTES SOLITUDES


de Philippe Garrel
com Jean Seberg, Nico, Tina Aumont
França, 1974 - 80 min / mudo
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

É um filme da luz, como disse Garrel. LES HAUTES SOLITUDES corresponde, na sua obra, ao encontro com Jean Seberg. Rodado
“pelo preço de um 2 cavalos”, é mesmo, assumidamente, um retrato de Seberg, filmado ao improviso. Quando Garrel mostrou a
montagem à actriz, ainda sem banda sonora, ela respondeu que “ficava contente se o filme acabasse assim”. E assim, mudo,
o filme ficou.

Qua. [19] 22:00 | Sala Luís de Pina

79 PRIMAVERAS
de Santiago Alvarez
Cuba, 1969 - 25 min / legendado electronicamente em português

LE MYSTÈRE PICASSO
de Henri-Georges Clouzot
França, 1976 - 73 min / legendado electronicamente em português

HISTOIRE(S) DU CINÉMA 4B (LES SIGNES PARMI NOUS)


de Jean-Luc Godard
França, 1998 - 38 min / legendado electronicamente em português
79 PRIMAVERAS é uma evocação da personalidade do lendário líder vietnamita Ho-Chi-Minh por altura da sua morte em 1969, a
partir de imagens de arquivo e material filmado durante as suas cerimónias fúnebres. Em LE MYSTÈRE PICASSO (fotografia de
Claude Renoir), referido por André Bazin como a segunda revolução nos filmes sobre arte e onde pintar e filmar são dois termos
fundamentais e em relação, Clouzot filma Picasso durante o processo criativo da pintura de 20 telas, que foram destruídas uma
vez o filme pronto. O episódio 4B (LES SIGNES PARMI NOUS) das HISTOIRE(S) DU CINÉMA de Godard foi o último dos seus capítulos.
JLG repega em temas e motivos de episódios anteriores e inscreve na série a sua própria biografia. “Combinando coisas que
nunca antes foram combinadas e que não parecem dispostas a sê- -lo”, propósito de toda a série das HISTOIRE(S), LES
SIGNES PARMI NOUS fecha com um retrato do jovem Godard e um texto de Borges: «Se um homem atravessasse o paraíso em so-
nhos, recebesse uma flor como prova da sua passagem, e ao acordar encontrasse esta flor nas suas mãos, o que dizer, então?
Eu era esse homem.»

Qui. [20] 22:00 | Sala Luís de Pina

FOUR OF ANDY WARHOL’S MOST BEAUTIFUL WOMEN


de Andy Warhol
Estados Unidos, 1964 - 15 min / mudo

L’ARRIVÉE D’UN TRAIN EN GARE DE LA CIOTAT


de Louis e Auguste Lumière
França, 1895 - 50 seg / mudo

WAVELENGTH
de Michael Snow
com Hollis Frampton, Amy Toubin
Estados Unidos, 1967 - 45 min / sem diálogos

TUNG
de Bruce Baillie
Estados Unidos, 1966 - 5 min / sem diálogos

FILM IN WHICH THERE APPEAR EDGE LETTERING, SPROCKET HOLES, DIRT PARTICLES, ETC.
de George Landow
Estados Unidos, 1965-66 - 6 min / sem diálogos
13 MOST BEAUTIFUL WOMEN corresponde a uma das compilações de Warhol a partir dos cerca de 500 SCREEN TESTS filmados
entre 1964 e 1966 (também há 13 MOST BEAUTIFUL BOYS ou 50 FANTASTICS AND 50 PERSONALITIES). O conjunto das 13 mais
belas mulheres filmadas em 16mm contempla Baby Jane Holzer, Anne Buchanan, Sally Kirkland, Barbara Rose, Beverly Grant,
Nancy Worthington Fish, Ivy Nicholson, Ethel Scull, Isabel Eberstadt, Jane Wilson, Imu, Marisol, Lucinda Childs e Olga Kluver,
mas delas vamos apresentar apenas os quatro retratos da colecção do MoMA. L’ARRIVÉE D’UN TRAIN EN GARE DE LA CIOTAT
é o mais mítico dos títulos do catálogo Lumière como lendário é o relato da sua primeira projecção pública. O “one shot movie”
de Michael Snow é basicamente composto por um longo zoom, que parte de um plano geral do interior de um apartamento
para se deter numa fotografia afixada na parede. A experiência da duração, o jogo entre o dentro e o fora de campo e a
“falsidade” do plano único fazem de WAVELENGTH um “sucedâneo underground” de ROPE, de Hitchcock. TUNG é uma das
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

curtas- -metragens do cineasta experimental Bruce Baillie. Em FILM IN WHICH THERE APPEAR EDGE LETTERING, SPROCKET
HOLES, DIRT PARTICLES, ETC., Landow trabalha a ideia da imperfeição usualmente suprimida no cinema usando um segmento
de teste da película colorida da Kodak. O primeiro e os dois últimos títulos da sessão são primeiras exibições na Cinemateca.

Sex. [21] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

IL VANGELO SECONDO MATTEO


O Evangelho Segundo São Mateus
de Pier Paolo Pasolini
com Enrique Irazoqui, Margherita Caruso, Marcello Morante
Itália, 1964 - 137 min / legendado electronicamente em português
Pasolini declarou a propósito deste filme, cujo título original é O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS e não segundo “São Mateus”:
“Não creio que Cristo seja filho de Deus porque não sou crente. Mas creio que Cristo é divino: creio que nele a humanidade é
tão alta, rigorosa e ideal que vai para além dos termos comuns da humanidade”. Dedicado ao Papa João XXIII, o filme lança um
olhar moderno sobre a palavra de Cristo, inscrevendo-a numa paisagem intemporal que tanto se refere ao passado como ao
presente, com um Cristo reivindicativo, quase duro. Se em ACCATTONE e MAMMA ROMA, Pasolini sacralizou os subproletários, no
VANGELO talvez tenha feito de Cristo um porta-voz dos danados da Terra.

CARTA BRANCA A ANDRÉ DIAS

A generosidade da carta branca torna-a também um pouco gratuita. É certo que não se substitui aos programas que ficaram
por realizar. E pede o brilho singular dos filmes soltos e desligados, mais do que programas complexos. Mas se programar é
arranjar desculpas para passar bons filmes, convém igualmente que as desculpas sejam boas. Um autor, por exemplo, ainda
que desconhecido, é sem dúvida uma velha e insistente desculpa. Talvez porque algo de vivo e impessoal, difícil de cingir e
todavia essencial, se esconde por trás dessa aparição do nome. Já o cânone, indutor de vertigens, mais do que mostrar, oculta.
Há então que fingir que essa acumulação hierárquica não existe sequer e dar simplesmente importância ao que um dia tivemos
perante os olhos: a intuição de cada um. Uma ideia de programação pede assim a declinação quase infinita dessa “menoridade”.
Acima de tudo, pede a clarificação da necessidade dos filmes, o que é inseparável do gesto – talvez ilusório, porque dificilmente
antecipável – de experimentar fazê-los chegar a quem deles precisa. Afinal, não sabemos nós como as obras mais delicadas e
subtis são continuamente enterradas vivas logo à nascença? Por que haveriam outras épocas de ter sido menos empenhadas
na sua cegueira do que a nossa?
Algumas “descobertas” feitas em viagens de estudo: as duas primeiras na distante Austrália, oferendas do crítico Adrian Martin;
no Brasil, Ozualdo Candeias, objecto do entusiasmo generoso dos cinéfilos locais e, sobretudo, exposição crua de como os limites
do cinema e da sua história não estão definidos; e NEAR DEATH, quinze anos depois da sua passagem nesta mesma Cinemateca
pela mão de um professor, porque há que continuamente experimentar a extraordinária complexidade redentora, que é a matriz
de toda a obra de Wiseman, mesmo quando se dá neste contexto extremo de proximidade com a morte. (André Dias – autor do
blogue Ainda não começámos a pensar dedicado às relações entre cinema e pensamento, programador ocasional e doutorando
em cinema na Universidade Nova de Lisboa). André Dias estará presente em todas as sessões.

Qui. [20] 19:30 | Sala Luís de Pina

WORDS AND SILK: THE IMAGINARY AND REAL WORLDS OF GERALD MURNANE
de Philip Tyndall
com Gerald Murnane
Austrália, 1989 - 86 min / legendado electronicamente em português
Impressionante filme num género raramente feliz: o retrato de um escritor. Neste caso, trata-se do australiano Gerald Murnane,
autor do espantoso The Plains (1982). A subversão das regras do género passa aqui pelo profundo mergulho na matéria labiríntica,
ainda que aparentemente circunscrita, da obra literária de Murnane, despoletada pela voz e presença do próprio escritor e
configurada pelas suas obsessões: a escrita, as corridas de cavalos, a paisagem, os pássaros e a cor. Uma oportunidade para
repensar as equívocas relações entre literatura e cinema. Primeira exibição na Cinemateca.

Sex. [21] 19:30 | Sala Luís de Pina

BEHINDERT
de Stephen Dwoskin
com Carola Regnier Stephen Dwoskin
Reino Unido, 1974 - 96 min / sem legendas
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

Um tratado sobre o rosto. Primeira exibição na Cinemateca.

Sex. [21] 22:00 | Sala Luís de Pina

A HERANÇA
de Ozualdo R. Candeias
com David Cardoso, Rosalvo Caçador, Bárbara Fazio, Deoclides Gouveia
Brasil, 1971 - 83 min
Adaptação peculiar de um clássico da literatura mundial ao contexto brasileiro do Sertão por Ozualdo Candeias, “marginal
entre os marginais”. “Quando viram A HERANÇA, meu Hamlet caipira, uns caras disseram que eu tinha avacalhado a peça de
Shakespeare. Então falei: vocês estão muito enganados. O Hamlet p’ra mim é um puta babaca, se visto no lado social, e eu dei
uma dignidade para a morte dele. Antes de morrer, pegou as terras dele e deu para aquele pessoal que trabalha. E o pessoal
que trabalha, os caras que eu botei como essas pessoas, são os mais fodidos possíveis. Então o que eu fiz foi livrar a cara do
Hamlet e vocês ainda vêm aqui me encher o saco?». Na ausência de diálogos propriamente ditos (se exceptuarmos algumas
legendas), substituídos por ruídos de animais e outros sons, uma espantosa cena com uma moda de viola cantada e infinitas
trocas de olhares dá conta, ao mesmo tempo, do esplendor da voz humana e do poder restituído do cinema mudo. Porque “deve
haver mais coisa entre o céu e a terra que a nossa já estúpida filosofia”. Primeira exibição na Cinemateca.

Sáb. [22] 18:00 | Sala Luís de Pina

NEAR DEATH
de Frederick Wiseman
Estados Unidos, 1989 - 358 min / legendado electronicamente em português
NEAR DEATH é talvez a mais intensa experiência oferecida pela filmografia de Frederick Wiseman. Não se trata simplesmente, e
como na generalidade dos seus filmes, de documentar “como vivem as pessoas”, mas, liminarmente, “como morrem as pessoas”.
Filmado na unidade de cuidados intensivos de um hospital de Boston, NEAR DEATH segue uma série de casos de doentes em
estado terminal, e a forma como médicos, familiares e amigos se relacionam entre si e com os pacientes, em função, por vezes,
das decisões difíceis que é preciso tomar ou, pelo menos, discutir. Também é esta, e talvez seja sobretudo esta, a questão: os
vivos perante a morte, no momento em que a morte deixa de ser uma abstracção.

CARTA BRANCA A MIGUEL GOMES

Servem estas singelas linhas para informar que o único critério que presidiu à escolha dos cinco filmes foi o prazer que quem
os escolheu sentiu ao vê-los. E por terem sido vistos na década passada, em anos e países diferentes mas não em Portugal –
embora um ou outro tenha tido uma fugaz sessão em festivais – pensou em reuni-los na Cinemateca Portuguesa em Janeiro
de 2011 porque para isso existiu oportunidade. (Miguel Gomes – realizador). Algumas das sessões contarão com a presença de
Miguel Gomes.

Qua. [26] 22:00 | Sala Luís de Pina

DU SOLEIL POUR LES GUEUX


de Alain Guiraudie
com Isabelle Girardet, Michel Turquin, Jean-Paul Jourdàa, Alain Guiraudie
França, 2000 - 55 min / legendado electronicamente em português
Uma jovem citadina cabeleireira desempregada e um velho pastor passam um dia juntos nos planaltos do Causse procurando
alguns dos animais que o pastor perdeu de vista. Durante a jornada vão-se cruzando com duas outras personagens,
respectivamente em fuga e perseguição uma da outra. DU SOLEIL POUR LES GUEUX é um filme de espaços abertos e desérticos
e planos diurnos. Os animais que os protagonistas procuram chamam-se “ounayes”, um termo do vocabulário de Giraudie para
animais reais que vivem no mundo imaginado por este filme. Primeira exibição na Cinemateca.

Qui. [27] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

RR
de James Benning
Estados Unidos, 2007 - 112 min / sem legendas
Pode ser descrito como um estudo dos caminhos-de-ferro norte-americanos ou um “filme de comboios”. Filmado em 16mm, é
composto por 43 planos fixos de comboios de mercadoria (seleccionados entre cerca de 200, filmados ao longo de dois anos e
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

meio) que duram o tempo da sua passagem na imagem. As noções de espaço e de tempo, a topografia e a história dos Estados
Unidos são marcas da obra de Benning e participam dele. “O filme chama-se RR, mas gosto de lhe chamar ‘Railroad / Caminho-
de-ferro’, porque RR soa a filme de piratas” (James Benning). Primeira exibição na Cinemateca.

Sex. [28] 21:00 | Sala Luís de Pina

HISTORIAS EXTRAORDINARIAS
de Mariano Llinás
com Héctor Díaz, Klaus Díaz, Eduardo Iaccono, Walter Jakob, Mariano Llinás
Argentina, 2008 - 245 min / legendado electronicamente em português
É um filme em 18 capítulos, três histórias principais entre diversas outras secundárias, que o vão fazendo variar entre o road
movie e o thriller ou o filme romântico e de guerra, e uma narração em off permanente, nem sempre síncrona com a banda
de imagem. “O filme revela a procura do seu realizador, transporta a marca amadora, mas finalmente muito profissional,
característica de Llinás, assim como uma espécie de estranha melancolia sobre o absurdo do seu empreendimento. (…) Respira
liberdade” (Quintín, Cinemascope). Primeira exibição na Cinemateca.

Sáb. [29] 19:30 | Sala Luís de Pina

SUD SANAEHA / BLISSFULLY YOURS


de Apichatpong Weerasethakul
com Kanokporn Tongaram, Mon Oo, Jenjira Jansuda
Tailândia, França, 2002 - 125 min / legendado em francês
Inspirado num episódio testemunhado pelo realizador (a prisão de dois adolescentes, imigrantes ilegais), o argumento do filme
que chamou a atenção internacional para o tailandês Apichatpong Weerasethakul (SUD SANAEHA recebeu o prémio Un Certain
Regard em 2002 em Cannes e tornou familiar o nome de Weerasethakul) centra-se numa história de amor que começa durante
um piquenique na fronteira da Tailândia com a Birmânia e tem um trio de personagens por protagonistas. É um filme luminoso,
de longos planos sequência, atmosfera lírica e cenas de interlúdio eróticas. Há quem o indique entre os mais irreverentes filmes
contemporâneos. Primeira exibição na Cinemateca.

Seg. [31] 19:30 | Sala Luís de Pina

MEIN STERN
“És a Minha Estrela”
de Valeska Griesebach
com Bajah Freeman, Daniela Costa, Fernanda Lapa, Frank Abrahams, Gabrielle Uetz, Steve Kondaks
Alemanha, Áustria, 2001 - 61 min / legendado electronicamente em português
Um casal de jovens adolescentes vive uma história de amor no apartamento dos pais da rapariga onde ambos representam
os papeis de marido e mulher, ou os de estrelas de cinema que se passeiam em público. A perspectiva de um tempo que corre
enquanto a eles tudo parece possível é um dos pontos da primeira longa-metragem de Valeska Griesebach. “Interessa-me o
normal, o quotidiano. Não quis fazer um filme com afirmações genéricas sobre a juventude no ano 2000 mas captar um momento
intemporal e talvez mesmo antiquado.” Primeira exibição na Cinemateca.
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

PROGRAMA DE COLÓQUIOS E SESSÕES ESPECIAIS


Qua. [05] 18:00 | Sala Luís de Pina

A CINEMATECA E A INVESTIGAÇÃO DE CINEMA EM PORTUGAL


COLÓQUIO CO-ORGANIZADO PELA CINEMATECA E PELA AIM-ASSOCIAÇÃO DE INVESTIGADORES DA IMAGEM EM MOVIMENTO
Uma das alterações óbvias na actividade cultural de cinema em Portugal nas últimas décadas é a que diz respeito ao contexto
e à natureza da investigação histórica. Depois dos grandes exemplos de uma história ainda fortemente memorialista e dedicada
às obras de síntese, deu--se início, sobretudo no contexto académico, a uma actividade mais profissionalizada e especializada
que começa a produzir frutos. Realizado em parceria com a AIM (Associação de Investigadores da Imagem em Movimento,
recentemente criada), este colóquio pretende contribuir para uma nova percepção global desta actividade e para a apresentação
e discussão de novas formas de articulação da Cinemateca com ela.

Sáb. [08] 18:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SOUVENIR D’UN AVENIR – A CINEMATECA NO CENTRO DO NOSSO UNIVERSO


CINEMATOGRÁFICO
CONFERÊNCIA DE PETER VON BAGH SEGUIDA DE DEBATE
Historiador fundamental e prolixo (mais de vinte livros publicados), realizador de obras de compilação e montagem (uma
quarentena de títulos, dos quais o último é o sublime HELSINKIM IKUISESTI / “HELSÍNQUIA PARA SEMPRE”), responsável pela
programação da Cinemateca Finlandesa e depois director (respectivamente nos períodos 1970-85 e 1987-70), director e co-
fundador (com os irmãos Kaurismaki) do mítico Midnight Sun Film Festival, actual director artístico do festival Il Cinema Ritrovato
em Bolonha, professor, editor, conferencista…, o nome Peter von Bagh é hoje sinónimo de uma erudição única e de uma
capacidade de intervenção extraordinária em prol da cultura cinematográfica. Volta à Cinemateca para falar de programação e,
mais geralmente, do lugar das cinematecas no mundo de hoje. A conferência será proferida em inglês.

Qua. [12] 18:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

JOÃO BÉNARD DA COSTA – PROGRAMADOR


COLÓQUIO COM JOÃO LOPES, MANUEL S. FONSECA, JOSÉ DE MATOS-CRUZ, JOSÉ MANUEL COSTA, LUÍS MIGUEL OLIVEIRA
No seu conjunto, o trabalho e a obra de João Bénard da Costa empreendidos nesta casa desde o início da década de 80
(prosseguindo o que fora já o arranque decisivo com as retrospectivas organizadas na Fundação Calouste Gulbenkian) constitui
um legado gigantesco que cumpre à Cinemateca estimar e desenvolver. Reunindo a equipa original de colaboradores que
com ele trabalhou no início da sua actividade na Barata Salgueiro, e em presença da actual equipa de programação da
Cinemateca, vamos evocar esse legado e (começar a) identificar e analisar o que podem ser alguns traços que historicamente
o identificam.

Sáb. [15] 18:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

A CINEMATECA E O CINEMA PORTUGUÊS – CONSERVAR E PROGRAMAR


COLÓQUIO COM PAINEL DE REALIZADORES E CRÍTICOS CONVIDADOS
Se as cinematecas são lugares da memória de todo o cinema, e se, nesse sentido, cada uma delas é um elo de uma cadeia
museológica mais vasta onde essa memória global é trabalhada, houve sempre também um grande consenso sobre o facto
de cada cinemateca ter um papel específico em relação à sua produção nacional. Na Cinemateca Portuguesa, guardamos e
exibimos exemplos do património mundial, mas somos particularmente responsáveis pela sobrevivência do cinema português
a longo prazo e pela sobrevivência do mesmo na memória colectiva – o que pressupõe um trabalho contínuo de exibição e de
reflexão em torno dele. Quais as formas adequadas para o fazer hoje? Que novos projectos podem ser equacionados nesta
área? Estas serão as questões debatidas em diálogo com realizadores e críticos portugueses.

Qua. [19] 18:00 | Sala Luís de Pina

A CINEMATECA E A INICIAÇÃO À IMAGEM EM MOVIMENTO


COLÓQUIO CO-ORGANIZADO PELA CINEMATECA E OS FILHOS DE LUMIÈRE ASSOCIAÇÃO CULTURAL
Independentemente do domínio do ensino artístico propriamente dito, a área da iniciação à imagem em movimento assume hoje
em dia uma importância crescente, seja como meio de familiarização com o cinema em camadas etárias em que isso é cada vez
menos garantido (ou pelo menos cada vez menos automático), seja como área insubstituível de uma formação humana global.
Não será exagerado dizer-se que uma parte importante do futuro das cinematecas também passa por aqui. A Cinemateca
Portuguesa-Museu do Cinema (nomeadamente através da experiência adquirida com a Cinemateca Júnior) chama a atenção
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

para esta área, em diálogo com Os Filhos de Lumière Associação Cultural, responsável por alguns projectos fundamentais em
curso nesta área no nosso país.

Sáb. [22] 18:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

A CINEMATECA E O ACESSO AO PATRIMÓNIO CINEMATOGRÁFICO EM PORTUGAL


COLÓQUIO CO-ORGANIZADO PELA CINEMATECA E A FEDERAÇÃO NACIONAL DE CINECLUBES
Num momento em que a Cinemateca prepara o lançamento da sua presença no Porto, é fundamental alargar o debate ao tema
mais vasto do acesso ao património cinematográfico no país. As mudanças que têm ocorrido na cinefilia tradicional, as novas
formas de acesso aos clássicos por meio de novas tecnologias, a profusão de novos cursos de cinema a nível profissional e
superior, tudo isso tem contribuído para tornar ainda mais gritante a lacuna do acesso ao património em sala fora da capital.
As dificuldades na resolução eficaz deste problema, os caminhos para o conseguir e a articulação do assunto com as mutações
tecnológicas em curso, são as questões a debater neste colóquio, co-organizado entre a Cinemateca e a Federação Portuguesa
de Cineclubes.

Qua. [26] 18:00 | Sala Luís de Pina

A CINEMATECA E O ENSINO DE CINEMA EM PORTUGAL


COLÓQUIO COM REPRESENTANTES DE ESCOLAS SUPERIORES E INSTITUTOS POLITÉCNICOS
No período decorrido desde a abertura da em 1980, mudou radicalmente o panorama do ensino do cinema em Portugal nos
níveis profissional e superior. A proliferação de cursos e a implantação geográfica deles no território nacional estabeleceu
um contexto novo que urge compreender na sua dimensão macroscópica e, por outro lado, na sua articulação com outros
níveis de actividade (a investigação académica, a descentralização do património…) Neste colóquio, em que participarão vários
responsáveis de cursos de cinema de universidades e institutos politécnicos, a Cinemateca colocará em questão esse novo
contexto assim como a problemática geral da relação entre ele e a nossa própria actividade de conservação e difusão.

Sáb. [29] 15:30 | 24:00 - Sala Dr. Félix Ribeiro

A NATUREZA DO CINEMA
PROGRAMA ESPECIAL DE FILMES APRESENTADOS POR PETER KUBELKA
sessão única com dois intervalos,
Nome relevante do segundo grande movimento histórico de vanguarda cinematográfica, Peter Kubelka foi um dos co-fundadores
(com Mekas, Brakhage, Jerome Hill e Adams Sitney) do quartel general dela – o mítico Anthology Film Archives de Nova Iorque,
criado em 1969. Uns anos antes (em 1964) tinha já sido também co-fundador (com Peter Konlechner) do Oesterreichisches
Filmmuseum (Museu de Cinema da Áustria), do qual foi co-director até 2001, e no qual realiza hoje, regularmente, projecções
sob o mesmo título desta sessão (WAS IST FILM). Também no seu caso, trata-se de um regresso à Cinemateca, para uma única
e especialíssima jornada, de filmes e conversa sobre eles, a começar às 15:30 e a acabar cerca da meia-noite. A apresentação
será proferida em inglês. (Programa detalhado a anunciar.)

CINEMATECA JÚNIOR

A Cinemateca Júnior abre o ano de 2011 com a proposta de dois clássicos especialmente dedicados ao público juvenil e
dois filmes de animação para os espectadores infantis. Janeiro começa com Spielberg e o extraterrestre mais célebre do
cinema americano de ficção científica: E.T., o filme em que uma viagem de bicicleta para outro mundo fez le-vantar milhões de
espectadores em outras tantas salas de cinema em todo o mundo. No Salão Foz, é no dia 8. A segunda sessão clássica, no dia
22, traz o musical aos Restauradores com Minnelli a filmar Gene Kelly como “um americano em Paris”.
Para os mais pequenos, dobrados em português, 101 DÁLMATAS e MADAGASCAR 2, a 15 e a 29 de Janeiro: o primeiro, de
1961, é o filme dos cachorrinhos malhados e da tresloucada e vil Cruela. O segundo, já deste século XXI, junta animais menos
domésticos numa aventura por terras africanas.
No dia 29, às 11h30, a Cinemateca Júnior propõe um atelier matinal dedicado às Sombras Mágicas de Animais, onde todos os
participantes (dos 5 aos 8 anos) podem criar uma sombra articulada e inventar uma história a partir da representação do mundo
animal. O atelier requer marcação prévia até dia 25 de Janeiro para o e-mail cinemateca.júnior@cinemateca.pt.
De segunda a sexta-feira, a Cinemateca Júnior dedica-se a sessões de cinema e ateliers para escolas. O convite mantém-se:
venha visitar-nos ao Palácio Foz. Veja os filmes e aproveite para visitar a exposição permanente de materiais que antecederam
o cinema. Pode ver, tocar e brincar, e apreender a magia do pré-cinema.

Sáb. [08] 15:00 | Salão Foz


C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

E.T., THE EXTRA-TERRESTRIAL


E.T., o Extraterrestre
de Steven Spielberg
com Dee Wallace, Henry Thomas, Peter Coyote, Robert MacNaughton, Drew Barrymore, K.C. Martel, C. Thomas Howell
Estados Unidos, 1982 - 115 min / legendado em português
O mais célebre filme de ficção científica jamais feito é também um belíssimo “conto de fadas”, materializado pela magia de Steven
Spielberg: num cenário de história de fadas (a nave chaleira, as bicicletas voadoras, a noite do Halloween), Spielberg conta a
história de um pequeno “alien” esquecido na Terra que se refugia numa casa onde as crianças o escondem e o ajudam numa
odisseia de regresso a casa. Um deslumbramento.

Sáb. [15] 15:00 | Salão Foz

101 DALMATIANS
Os 101 Dálmatas
de Hamilton Luske, Clyde Geronimi
Estados Unidos, 1961 - 74 min / dobrado em português do Brasil
Pongo e Perdita são um casal de bonitos cães dálmatas com uma ninhada de 15 cachorrinhos. Estes tornam-se a obsessão de
Cruella DeVil que, apostada em fazer um casaco com a pele dos cachorros, força o seu mordomo a raptá-los. Aliados a outra
bicharada, os pais levam a cabo uma operação de resgate com a ajuda dos 101 dálmatas prisioneiros, que deixa Cruella em
mau estado.

Sáb. [22] 15:00 | Salão Foz

AN AMERICAN IN PARIS
Um Americano em Paris
de Vincente Minnelli
com Gene Kelly, Leslie Caron, Oscar Levant, Georges Guétary, Nina Foch
Estados Unidos, 1951 - 115 min / legendado em português
Um dos mais célebres musicais de Minnelli, que leva a sua estética e a da Metro Goldwyn-Mayer ao apogeu. Na Paris de inícios
do século XX, um músico americano hesita entre uma jovem com pouco dinheiro e uma mulher abastada. Tal é o pretexto para
um exuberante e luxuoso musical, com música de Gershwin, que arrebatou sete Oscars. Um deles foi para a direcção artística
de Cedric Gibbons, E. Preston Ames, Edwin B. Willis, F. Keogh Gleason; outro sagrou-o melhor filme do ano.

Sáb. [29] 15:00 |Salão Foz

MADAGASCAR: ESCAPE 2 AFRICA


Madagáscar 2
de Eric Darnell, Tom McGrath
Estados Unidos, 2008 - 89 min / dobrado em português
Os nossos heróis de MADAGASCAR, Alex, o leão, Marty, a zebra, Melman, a girafa, e Glória, a hipopótama, abandonam a ilha de
Madagascar para regressarem ao sossego do zoo de Central Park. Porém, a máquina voadora que tomam sofre um acidente
e acabam por descer numa remota e desconhecida região da África, onde os esperam novas emocionantes e divertidas
aventuras.

APOIO
C I N E M AT E C A P O R T U G U E S A | Programação |
MUSEU DO CINEMA JANEIRO/2011

para o Mês que vem

A PROPÓSITO DE FILM SOCIALISME


MARIO MONICELLI
BLAKE EDWARDS
VIRGÍLIO TEIXEIRA
CINEMA AUSTRALIANO
CLÁSSICOS ÀS MATINÉS
HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA
CINEMA PORTUGUÊS: PRIMEIRAS OBRAS, PRIMEIRAS VEZES
O QUE QUERO VER
ANTE-ESTREIAS
CINEMATECA JÚNIOR

dições
ÚLTIMAS

PRESTON STURGES por PRESTON STURGES


AS FOLHAS DA CINEMATECA:
ELIA KAZAN
JOÃO CÉSAR MONTEIRO

Programa sujeito a alterações • Preço dos bilhetes: 2,5 Euros • Horário da bilheteira: De Segunda a Sábado, 14:30 - 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro e 18:00 - 22:00 | Sala Luís de
Pina • Não há lugares marcados - Os bilhetes para as sessões só serão vendidos no dia em que as mesmas se realizam • Sala 6 X 2, Sala dos Carvalhos e Sala dos Cupidos, de
Segunda a Sábado, 13:30 - 22:00 | Sala Luís de Pina - entrada gratuita • Amigos da Cinemateca / Marcação de Bilhetes: Tel. 21 359 62 62 - Os Amigos da Cinemateca têm
direito a 2 bilhetes, mas o bilhete do(a) acompanhante é vendido sem desconto. • Classificação Geral dos Espectáculos: Maiores de 12 anos
Informação diária sobre a programação: Tel. 21 359 62 66 • Transportes: Metro: Marquês de Pombal, Avenida • Bus: 2, 9, 36, 44, 45, 90, 91, 732, 746 • Venda das EDIÇÕES
DA CINEMATECA no Centro de Documentação/Biblioteca • Espaço dos 39 Degraus: Restaurante/Bar de Segunda a Sábado, das 12:30 às 00:30 • Biblioteca, de Segunda a
Sexta, 14:00 - 19:30 | Sala Luís de Pina.

S-ar putea să vă placă și