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DANIELA LEMES DAVID

VIGAS MISTAS COM LAJE TRELIÇADA E PERFIS FORMADOS A FRIO: ANÁLISE


DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em


Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás
para obtenção do título de Mestre em Engenharia
Civil.
Área de concentração: Estruturas e Materiais de
Construção.
Orientador: Prof. Dr. Orlando Ferreira Gomes
Co-orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima Araújo

Goiânia
2003
À minha família
MEUS AGRADECIMENTOS

À Deus

Aos meus pais pelo amor e incentivo que sempre me deram para a realização deste
trabalho. E aos meus irmãos Ana Carolina e Rafael

Ao Fernando, pelo carinho e compreensão.

Ao meu orientador Prof. Orlando Ferreira Gomes e principalmente ao meu co-orinetador


Prof. Daniel de Lima Araújo que chegou na hora certa.

A todos os professores do Curso de Mestrado em Engenharia Civil da UFG em especial ao


Prof. Ronaldo Barros Gomes.

Ao técnico Euclides Domingues de Moura Neto, viabilizado através do Programa Nacional


de Cooperação Acadêmica - Procad/Capes, aos alunos do Curso de Mestrado em
Engenharia Civil da UFG, de doutorado da EPUSP e UnB com intercâmbio com a UFG e
também aos alunos de iniciação científica que muito ajudaram a suprir a falta de técnicos
do Laboratório de Estruturas da Escola de Engenharia Civil da UFG.

Ao Laboratório de Concreto da Escola de Engenharia Civil da UFG.

Às empresas: Perfinasa – Perfilados e Ferros Nossa Senhora Aparecida Ltda, Lajes Santa
Inês, Isoest –Indústria e Comércio de isolantes térmicos Ltda, FURNAS Centrais Elétricas
S.A., Estruturas Metálicas Delta, Florenzano Engenharia, Carlos Campos Consultoria
Limitada, GloboSteel, Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira e Betonmaster – Concreto e
Artefatos de Cimento Ltda.

À Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, ao CNPq –


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e à Funape – Fundação
de apoio à pesquisa da UFG, pelo suporte financeiro.
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS........................................................................ 9

LISTA DE QUADROS...................................................................... 13

LISTA DE TABELAS........................................................................ 14

LISTA DE SÍMBOLOS..................................................................... 15

RESUMO............................................................................................ 22

ABSTRACT........................................................................................ 23

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 24
1.1 GENERALIDADES............................................................................. 24
1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................. 25
1.3 OBJETIVOS......................................................................................... 26
1.4 METODOLOGIA................................................................................ 26
1.5 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO................................................. 29

2 REVISÂO BIBLIOGRÀFICA.......................................................... 30
2.1 PERFIS FORMADOS A FRIO........................................................... 30
2.1.1 Generalidades..................................................................................... 30
2.1.2 Teoria de placas esbeltas.................................................................... 31
2.1.3 Comportamento pós–crítico e método da largura efetiva............... 33
2.1.4 Efeitos do trabalho a frio................................................................... 40
Dimensionamento de barras de seção fechada tipo caixão
2.1.5 42
submetidas à flexão simples segundo a NBR 14762:2001...............
2.1.6 Reserva de resistência inelástica....................................................... 47
2.2 LAJE TRELIÇADA DE CONCRETO................................................. 49
2.3 CONECTORES DE CISALHAMENTO............................................. 54
Comportamento da viga mista em relação ao cisalhamento na
2.3.1 54
interface...............................................................................................
2.3.2 Classificação dos conectores.............................................................. 56
2.3.3 Ensaios em conectores........................................................................ 57
Expressões para cálculo da resistência última de conectores tipo
2.3.4 62
U em perfil laminado e formado a frio.............................................
2.3.4.1 Norma brasileira NBR 8800: 1986 ...................................................... 62
2.3.4.2 Norma americana AISC-LRFD:1999..…………………..................... 63
Norma americana de rodovias AASHTO, 1973, apud LEMA,
2.3.4.3 63
1982......................................................................................................
2.3.4.4 Norma Britânica BS 5400: 1979 apud MALITE.................................. 64
2.4 VIGA MISTA....................................................................................... 65
2.4.1 Largura efetiva.................................................................................... 67
2.4.2 Dimensionamento............................................................................... 68
2.4.2.1 Regime elástico..................................................................................... 69
2.4.2.2 Regime totalmente plástico................................................................... 71
2.4.2.3 Resistência ao esforço cortante............................................................. 71
2.4.2.4 Armaduras transversais......................................................................... 71
2.4.3 Recomendações de norma.................................................................. 73
3.4.3.1 Norma brasileira NBR 8800:1986........................................................ 73
3.4.3.2 Norma america AISC-LRFD: 1999...................................................... 78
3.4.3.3 Norma canadense CAN3-S16: 1984..................................................... 79
3.4.3.4 Norma Européia EUROCODE 4 - Draft 2001..................................... 80

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL..................................................... 84
3.1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 84
3.2 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS................................................. 86
3.2.1 Aço das vigas e dos conectores........................................................... 86
3.2.2 Concreto.............................................................................................. 87
3.3 ENSAIO DE CONECTORES.............................................................. 90
3.3.1 Detalhamento dos modelos................................................................. 91
3.3.1.1 Dimensões das lajes.............................................................................. 91
3.3.1.2 Conectores............................................................................................ 93
3.3.2 Montagem e Concretagem................................................................. 93
3.3.3 Instrumentação................................................................................... 95
3.3.3.1 Extensômetros...................................................................................... 95
3.3.3.2 Deflectômetros..................................................................................... 97
3.3.3.3 Sistema de Aquisição de Dados e Célula de Carga.............................. 98
3.3.4 Montagem dos ensaios e aplicação das cargas................................. 98
3.4 ENSAIOS EM VIGAS......................................................................... 100
3.4.1 Detalhamento das vigas...................................................................... 100
3.4.1.1 Viga metálica........................................................................................ 100
3.4.1.2 Viga mista com laje maciça (VM1)...................................................... 101
3.4.1.3 Viga mista com laje treliçada (VM2 )................................................... 101
3.4.1.4 Viga mista com laje treliçada (VM3 )................................................... 101
3.4.2 Montagem das fôrmas e concretagem............................................... 103
3.4.2.1 Viga Mista com laje maciça (VM1)...................................................... 103
3.4.2.2 Viga Mista com laje treliçada (VM2 e VM3 )...................................... 103
3.4.3 Montagem e mecanismo dos ensaios................................................. 104
3.3.5 Instrumentação................................................................................... 107
3.3.5.1 Extensômetros uniaxiais....................................................................... 107
3.3.5.2 Extensômetros mecânicos..................................................................... 108
3.3.5.3 Rosetas.................................................................................................. 109
3.3.5.4 Deflectômetros analógicos.................................................................... 109
3.3.5.5 Deflectômetros digitais......................................................................... 111
3.3.5.6 Sistema de Aquisição de Dados e Célula de Carga.............................. 112

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................... 113


4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS.............................................................. 113
4.2 MATERIAIS........................................................................................ 113
4.2.1 Concreto.............................................................................................. 113
4.2.2 Aço....................................................................................................... 120
4.3 ENSAIOS DE CISALHAMENTO...................................................... 121
4.3.1 Força e modo de ruptura................................................................... 121
4.3.2 Deslizamento relativo......................................................................... 125
4.3.3 Deformação específica........................................................................ 132
4.4 ENSAIO DE DEFLEXÃO EM VIGAS............................................... 134
4.4.1 Força e modo de ruptura.................................................................... 135
4.4.2 Deslizamento relativo na interface.................................................... 138
4.4.3 Deformação dos conectores................................................................ 140
4.4.4 Deformações da seção transversal..................................................... 141
4.4.5 Deformações da rosetas...................................................................... 149
4.4.6 Deslocamentos verticais...................................................................... 152
4.4.7 Avaliação teórica da resistência......................................................... 154

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO............................... 157


5.1 CONECTORES.................................................................................... 157
5.2 VIGAS.................................................................................................. 159
5.3 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................... 162

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 164

APÊNDICE A: EXPRESSÕES PARA O CÁLCULO DA


INÉRCIA HOMOGÊNEA DE VIGAS MISTAS 174
CONSTITUÍDAS DE PERFIL CAIXA E LAJE TRELIÇADA....

APÊNDICE B: EXPRESSÕES PARA O CÁLCULO DA


RESISTÊNCIA ÚLTIMA DE VIGAS MISTAS 177
CONSTITUÍDAS DE PERFIL CAIXA E LAJE TRELIÇADA....

APÊNDICE C: MODELOS DE DIMENSIONAMENTO.............. 183

APÊNDICE D: COMPLEMENTAÇÃO DOS RESULTADOS


200
DO PROGRAMA EXPERIMENTAL..............................................
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Planta pavimento tipo.......................................................................... 28


Figura 2.1 Configurações da flambagem distorcional.......................................... 31
Figura 2.2 Modo de instabilidade de uma chapa sob compressão uniforme........ 32
Figura 2.3 Representação esquemática do Método da Largura Efetiva............... 35
Figura 2.4 Tipos de elementos componentes de perfis formados a frio............... 37
Figura 2.5 Efeitos do encruamento e envelhecimento.......................................... 40
Fator Cy para elemento enrijecido à compressão sem enrijecedores
Figura 2.6 48
intermediários (fy em MPa).................................................................
Diagramas de deformações específicas e diagrama de tensões de
Figura 2.7 uma seção transversal tipo caixa considerando a reserva de 49
resistência inelástica. ..........................................................................
Seção transversal da vigota treliçada e perspectiva da armadura
Figura 2.8 50
treliçada.................................................. ............................................
Figura 2.9 Dimensões principais da seção transversal da laje treliçada............... 52
Figura 2.10 Vista frontal de alguns tipos de conectores......................................... 54
Figura 2.11 Vigas mistas fletidas............................................................................ 54
Figura 2.12 Curva força versus deslocamento por conectores............................... 56
Figura 2.13 Modelo de ensaio de conectores.......................................................... 57
Figura 2.14 Esquema de ensaio e seção transversal do modelo............................. 60
Figura 2.15 Conectores utilizados em lajes com painéis pré-moldados................. 61
Figura 2.16 Tipos de seções transversais de vigas mistas...................................... 65
Figura 2.17 Variação das tensões normais ao longo da largura da laje.................. 68
Figura 2.18 Vista superior de uma laje mostrando a formação de fissuras............ 71
Figura 2.19 Superfícies típicas de falha ao cisalhamento....................................... 72
Figura 2.20 Diagrama de tensões para interação completa.................................... 76
Fator de redução do momento resistente de
Figura 2.21 81
acordo com a relação xpl/h............................................
Método simplificado para cálculo de momento resistente com
Figura 2.22 82
interação parcial............................................ .....................................

Figura 3.1 Ensaio a tração do aço......................................................................... 86


Dimensões do corpo de prova utilizado nos ensaios de tração do
Figura 3.2 87
aço, ASTM A370 (1989)....................................................................
Figura 3.3 Ensaios de caracterização da resistência do concreto......................... 87
Figura 3.4 Modelo para ensaio de cisalhamento direto........................................ 91
Figura 3.5 Treliça e EPS utilizados nos ensaios de cisalhamento direto.............. 92
Figura 3.6 Dimensões da laje dos ensaios de cisalhamento direto....................... 92
Perfil metálico e conectores utilizados no ensaio de cisalhamento
Figura 3.7 93
direto....................................................................................................
Dimensão das fôrmas, escoramento e estrado para concretagem da
Figura 3.8 94
laje dos modelos de cisalhamento direto.............................................
Figura 3.9 Montagem da fôrma e concretagem.................................................... 95
Posição dos extensômetros nos modelos Mod.01 a Mod. 04 e
Figura 3.10 96
Mod.3A............................................ ..................................................
Figura 3.11 Posição dos extensômetros nos modelos Mod.05 a Mod. 08............. 96
Figura 3.12 Posição dos extensômetros nos modelos Mod.06A............................ 96
Figura 3.13 Posição dos deflectômetros nos modelos de cisalhamento direto....... 97
Figura 3.14 Esquema de ensaio dos modelos de cisalhamento direto.................... 99
Figura 3.15 Foto de um modelo de cisalhamento direto sendo ensaiado............... 99
Figura 3.16 Viga metálica (V) ............................................................................... 100
Figura 3.17 Detalhamento da viga mista com laje maciça (VM1)......................... 102
Detalhamento da viga mista com laje pré-moldada nervurada (VM2
Figura 3.18 102
e VM3) ............................................ ..................................................
Figura 3.19 Fôrma e armadura da laje maciça (VM1)............................................ 103
Figura 3.20 Fôrma e armadura das lajes treliçadas VM2 e VM3........................... 104
Figura 3.21 Esquema de aplicação do carregamento nas vigas 105
Figura 3.22 Esquema de ensaio da viga metálica (V1).......................................... 106
Figura 3.23 Esquema de ensaio da viga mista com laje maciça (VM1)................. 106
Figura 3.24 Esquema de ensaio da viga mista com laje treliçada (VM2 e VM3).. 107
Conector com altura de 100 mm utilizado nas vigas VM1 e VM2 e
Figura 3.25 108
de 75 mm utilizado na viga VM3........................................................
Figura 3.26 Posicionamento dos extensômetros..................................................... 110
Figura 3.27 Localização dos deflectômetros em V1, VM1, VM2 e VM3............. 110
Figura 3.28 Localização dos deflectômetros digitais em VM1, VM2 e VM3........ 111
Detalhe da fixação do deflectômetro para medição do deslizamento
Figura 3.29 111
relativo na interface............................................ ................................
Figura 4.1 Valores experimentais e teóricos da resistência à tração.................... 117
Gráfico tensão versus deformação típico dos aços utilizados nos
Figura 4.2 120
ensaios............................................ ....................................................
Rotação da laje observada nos modelos com conectores de altura de
Figura 4.3 124
75 mm............................................ ....................................................
Forma de ruptura dos modelos com conector de 100 mm de altura e
Figura 4.4 125
espessura de 2,00 mm.........................................................................
Forma de ruptura dos modelos com conector de 100 mm de altura e
Figura 4.5 125
espessura de 3,75 mm............................................ .............................
Gráfico força versus deslizamento médio para conectores de 75 mm
Figura 4.6 126
de altura............................................ ..................................................
Gráfico força versus deslizamento médio para conectores de 100
Figura 4.7 127
mm de altura............................................ ...........................................
Gráfico força versus deslizamento da ligação com conectores de
Figura 4.8 128
2,00mm de espessura..........................................................................
Gráfico força versus deslizamento da ligação com conectores de
Figura 4.9 128
3,75 mm de espessura..........................................................................
Resultados de ensaios de cisalhamento direto deste trabalho e de
Figura 4.10 129
MALITE (1993) .................................................................................
Figura 4.11 Curvas típicas de conectores pino com cabeça e U formado a frio 131
Gráfico força versus deformação média dos conectores com altura
Figura 4.12 132
de 75 mm............................................ ................................................
Gráfico força versus deformação média dos conectores de altura de
Figura 4.13 133
100 mm............................................ ...................................................
Gráfico força versus deformação média a meia altura dos
Figura 4.14 134
conectores com altura de 100 mm......................................................
Aspecto final da viga metálica, V1, na região de momento máximo,
Figura 4.15 135
após sua ruptura..................................................................................
Figura 4.16 Aspecto final das fissuras na laje da viga mista VM1......................... 136
Figura 4.17 Aspecto final da viga mista VM2........................................................ 136
Figura 4.18 Aspecto final da viga mista VM3........................................................ 137
Figura 4.19 Deslizamento relativo nas vigas mistas............................................... 139
Figura 4.20 Deslizamento relativo médio para as vigas VM1, VM2 e VM3......... 139
Figura 4.21 Deformação específica média dos conectores das vigas mistas.......... 140
Figura 4.22 Deformações longitudinais no meio do vão das vigas........................ 142
Figura 4.23 Deformações na laje das vigas mistas................................................. 145
Deformações e tensões na seção transversal no meio do vão da viga
Figura 4.24 146
V1............................................ ...........................................................
Figura 4.25 Deformações na seção transversal no meio do vão das vigas mistas.. 148
Tensões referentes ao carregamento final, na seção transversal do
Figura 4.26 149
meio do vão das vigas VM1, VM2 e VM3.........................................
Gráfico força versus tensão de cisalhamento nas vigas V1, VM1,
Figura 4.27 150
VM2 e VM3........................................................................................
Figura 4.28 Direções principais 151
Figura 4.29 Deslocamento vertical das vigas ensaiadas…………………………. 152
Deslocamentos verticais mo meio do vão das vigas V1, VM1, VM2
Figura 4.30 153
e VM3............................................ .....................................................
LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 Características dos modelos ensaiados................................................ 27


Quadro 2.1 Curvas para o cálculo da largura efetiva............................................. 36
Quadro 2.2 Coeficiente de flambagem para elementos AL................................... 38
Quadro 2.3 Coeficiente de flambagem para elementos AA................................... 38
Quadro 2.4 Fatores de redução da largura da mesa................................................ 39
Quadro 2.5 Tipos usuais de treliças metálicas ( DROPPA,1999) ......................... 51
Resistência nominal de conectores U laminado segundo a BS 5400:
Quadro 2.6 64
1979.....................................................................................................
Quadro 3.1 Modelos para ensaio de cisalhamento direto....................................... 84
Quadro 3.2 Características das vigas..................................................................... 85
Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades
Quadro 3.3 88
físicas do agregado graúdo. ................................................................
Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades
Quadro 3.4 89
físicas do agregado miúdo...................................................................
Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades
Quadro 3.5 89
físicas do agregado graúdo..................................................................
Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades
Quadro 3.6 90
físicas do agregado miúdo...................................................................
Resumo dos extensômetros uniaxiais elétricos e mecânicos na seção
Quadro 3.7 109
do meio do vão das vigas.....................................................................
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 Propriedades do concreto empregado no ensaio................................. 115


Resistência à tração direta de acordo com NBR 6118:1980, NBR
Tabela 4.2 116
6118: 2000 e CEB-FIP:1990...............................................................
Módulo de elasticidade estimado pela NBR 6118: 1980, NBR 6118:
Tabela 4.3 118
2000.....................................................................................................
Tabela 4.4 Módulo de elasticidade estimado pelo CEB-FIP: 1990....................... 119
Tabela 4.5 Propriedades do aço empregado nos ensaios...................................... 120
Modo de ruptura e resistência experimental e teórica dos ensaios de
Tabela 4.6 122
cisalhamento direto.............................................................................
Tabela 4.7 Resistência média da ligação com conectores U, OLIVEIRA (2001) 130
Deslocamentos últimos de conectores U formado a frio e pino com
Tabela 4.8 130
cabeça..................................................................................................
Tabela 4.9 Força última das vigas ensaiadas........................................................ 137
Tabela 4.10 Força elástica e força última das vigas ensaiadas............................... 144
Resistência correspondente ao deslocamento de 8,27 mm no meio
Tabela 4.11 154
do vão..................................................................................................
Valores teóricos e experimentais dos momentos fletores elásticos
Tabela 4.12 154
das vigas ensaiadas.............................................................................
Valores teóricos e experimentais dos momentos fletores últimos das
Tabela 4.13 155
vigas ensaiadas....................................................................................
LISTA DE SÍMBOLOS

• Letras romanas minúsculas

a: espessura comprimida da laje ou, para interação parcial, espessura considerada efetiva;
: comprimento longitudinal da placa;
: distância entre enrijecedores transversais de alma;
b: largura da placa;
: largura do elemento;
: largura efetiva da laje;
bc: largura da região comprimida do elemento sob gradiente de tensões normais, calculado
com base na seção efetiva;
bef : largura efetiva;
bf : largura de referência empregada no cálculo do efeito “shear lag”;
bf : largura da mesa superior da viga metálica;
c: comprimento, na direção longitudinal da barra, de atuação da força aplicada;
d: altura da seção;
dc: diâmetro do conector;
de : altura do enrijecedor;
d1: distância do centro de gravidade da seção da viga de aço até a face superior desta viga;
e: espaçamento entre conectores;
fcd: resistência à compressão de cálculo do concreto;
fck: resistência à compressão do concreto;
fcm: resistência média à compressão do concreto;
fdc: resistência à compressão de cálculo no concreto;
fdt: resistência à tração de cálculo na mesa inferior da viga de aço;
fsd: resistência ao escoamento de cálculo do aço do conector;
fu: resistência à ruptura do aço na tração;
fy: resistência ao escoamento do aço;
fya: resistência ao escoamento do aço modificada, considerando o trabalho a frio;
fyc: resistência ao escoamento do aço na região das dobras do perfil;
fyf : resistência ao escoamento do aço, média, para as partes planas do perfil;
g: índice que permite avaliar o grau de conexão;
h: largura da alma (altura da parte plana da alma);
: distância entre mesas do perfil;
hF : altura entre a laje e o perfil quando a laje não for plana;
k: coeficiente de flambagem de placa;
kv: coeficiente de flambagem local por cisalhamento;
m: parâmetro empregado no cálculo da resistência ao escoamento da região das dobras fyc;
: número de meias ondas senoidais que se formam no sentido longitudinal (direção x) da
placa;
n: número de meias ondas senoidais que se formam no sentido transversal (direção y) da
placa;
n: fator de homogeneização;
nt: relação entre o módulo de elasticidade do aço(E) e o módulo de elasticidade do concreto
à tração (Ect);
qx: tensão de compressão uniformemente distribuída na direção do eixo x;
ri: raio interno de dobramento;
ry : raio de giração da seção bruta em relação ao eixo principal y;
s: deslizamento relativo;
t: espessura da placa ou do elemento;
tc: altura da capa de concreto ou de toda a laje;
tf : espessura da mesa do conector;
: espessura da mesa superior da viga de aço;
tw: espessura da alma do conector;
xpl: distância da linha neutra plástica à fibra superior da laje;
y: distância da linha neutra elástica até o ponto de aplicação da resultante de compressão na
laje;
y1: posição da linha neutra a partir da face superior da laje;
yc : distância do centro de gravidade da parte comprimida da seção da viga de aço até a face
superior desta viga;
yt: distância do centro de gravidade da parte tracionada da seção da viga de aço até a face
inferior desta viga;

y : distância da linha neutra da seção plastificada até a face superior da viga de aço;
w: função de deslocamentos transversais.

• Letras romanas maiúsculas

A: área bruta da seção transversal da barra;


: área efetiva do enrijecedor intermediário ou de borda;
Ac: área efetiva da laje de concreto;
As: área da seção transversal do enrijecedor de alma;
: área reduzida do enrijedor intermediário ou de borda;
(Afy)a: produto da área da seção da viga de aço pela sua tensão de escoamento;
(Afy)tf : produto da área da mesa superior da viga de aço pela tensão de escoamento desta
viga;
(Afy)w: produto da área da alma da viga de aço pela tensão de escoamento desta viga;
Bc: parâmetro empregado no cálculo da resistência ao escoamento da região das dobras fyc;
C: força de compressão na laje;
: parâmetro empregado no cálculo da resistência ao escoamento modificada fya;
C’: força de compressão no perfil;
Cb: coeficiente de equivalência de momentos na flexão;
Cy : fator de deformação à compressão;
Cw : constante de empenamento da seção;
C1 e C2: coeficientes empregados no cálculo do comprimento de viga capaz de resistir a
flambagem lateral com torção;
: constantes que são função do número de ciclos de carregamento;
C1 a C9: coeficientes empregados no cálculo da força resistente de cálculo Frd em almas
sem enrijecedores transversais;
D: rigidez à flexão da placa;
E: módulo de elasticidade longitudinal do aço;
Ec: módulo de elasticidade do concreto;
Ec’: módulo de elasticidade do concreto levando-se em conta o efeito da fluência;
F: função de tensão de Airy;
Fc: esforço de cisalhamento por conector;
FRd: força resistente de cálculo;
G: módulo de elasticidade transversal do aço (0,385E = 78925 MPa);
Ia: momento de inércia da seção da viga de aço;
Ief : momento de inércia efetivo;
Is: momento de inércia da seção bruta do enrijecedor, em torno do seu próprio eixo
baricêntrico paralelo ao elemento a ser enrijecido. Para enrijedores de borda, a parte curva
entre o enrijecedor e o elemento a ser enrijecido não deve ser considerada;
It: momento de inércia à torção uniforme;
Itr: momento de inércia da seção mista homogeneizada;
Iy: momento de inércia da seção bruta em relação ao eixo y;
Kt: fator de comprimento efetivo para flambagem da barra por torção;
Ky: fator de comprimento efetivo para flambagem da barra em relação ao eixo y;
KyLy: comprimento efetivo de flambagem da barra em relação ao eixo y;
L: vão da viga mista;
: comprimento de referência empregado no cálculo do efeito “shear lag”;
Lcs: comprimento do conector;
M: momento fletor;
MA: momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no 1o quarto do segmento analisado
para FLT;
MB: momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no centro do segmento analisado
para FLT;
MC: momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no 3o quarto do segmento analisado
para FLT;
Me: momento fletor de flambagem elástica;
MG’: momentos fletores devidos às ações aplicadas antes da resistência do concreto atingir
a 0,75fck;
ML: momentos fletores devidos às ações aplicadas depois da resistência do concreto;
Mmax: momento fletor solicitante máximo, em módulo, no segmento analisado para FLT;
atingir a 0,75fck;
Mpl: momento fletor resistente de plastificação parcial;
MRd: momento fletor resistente de cálculo;
(Mrd)a: momento resistente de cálculo da viga de aço;
(Mrd)t: momento resistente de cálculo da viga mista com interação total;
MSd: momento fletor solicitante de cálculo;
M0,Rd: momento fletor resistente de cálculo, obtido com base no início de escoamento da
seção efetiva;
Ne: força normal de flambagem elástica da barra;
Ney: força normal de flambagem elástica por flexão em relação ao eixo principal y;
Ns,Rd: força normal de compressão resistente de cálculo do enrijecedor da alma;
Pu : resistência última do conector;
Qn: somatório das resistências nominais individuais “qn” dos conectores de cisalhamento
situados entre a seção de momento máximo e a seção adjacente de momento nulo (para
vigas bi-apoiadas);
S: momento estático da seção de concreto sob compressão;
Sult: deslizamento máximo do conector;
V: força cortante;
Vh: (Afy)a ou 0,85fck b tc, o que for menor;
Vrd: força cortante resistente de cálculo;
VSd: força cortante solicitante de cálculo;
T : força de tração no perfil;
Wa: módulo resistente da seção da viga de aço;
Wc: módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à fibra comprimida;
Wc,ef : módulo de resistência efetivo, ;
Wef : módulo de resistência elástico da seção efetiva referente ao início do escoamento da
seção efetiva;
(Wtr)i : módulo resistente inferior da seção mista;
(Wtr)s : módulo resistente superior da seção mista.

• Letras gregas minúsculas

α : constantes de ajuste da curva;


β : constantes de ajuste da curva;
: parâmetro empregado no cálculo do fator de redução associado à flambagem ρ;
εcu: limite de máxima deformação a compressão;
εf : deformação proveniente da retração livre;
εy: deformação no escoamento;
φ : coeficiente de minoração para o aço;
φc : coeficiente de minoração para o concreto;
γ : coeficiente de ponderação das resistências;
γc: peso específico do concreto em kN/m3 ;
λ0 : índice de esbeltez reduzido da barra;
λp : esbeltez relativa da placa no estado limite último;
λpd : relação entre a raiz quadrada da tensão crítica de flambagem para largura efetiva pela
tensão crítica de flambagem para largura normal;
ν : coeficiente de Poisson;
θ : ângulo entre o plano da alma e o plano da superfície de apoio, em graus (45°≤ θ ≤ 90°).
ρ : fator de redução associado à flambagem da barra;
ρFLT : fator de redução associado à flambagem lateral com torção da barra;
σef : tensão crítica pós flambagem;
σs: tensão de tração na mesa inferior do perfil metálico;
σc: tensão de compressão no concreto;
σcr: tensão crítica de flambagem;
σct: tensão de tração no concreto;
σef : tensão crítica de flambagem para largura efetiva;
σx: tensão em x;
σy : tensão em y;
τxy: tensão de cisalhamento.

• Letras gregas maiúsculas

∆s : deslocamento vertical;
∆Fc : variação admissível da força cisalhante.
• Abreviaturas

AA: Elemento com bordas vinculadas;


ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas;
AISC- LRFD: American Institution of Steel Construction - Load and Resistance Factor
Design;
AISI: American Iron and Steel Institute;
AL: Elemento com borda livre;
CEB-FIP: Comité Euro-Internacional du Beton-Fédération Internationale de la
Précontrainte "MODEL CODE";
CSA: Canadian Standards Association;
EUROCODE: European Committee for Standardization;
EPS: Poliestireno Expandido;
SAE: Society of Automotive Engineers;
UFG: Universidade Federal de Goiás.
RESUMO

DAVID, D.L. Vigas mistas com laje treliçada e perfil formado a frio: análise do
comportamento estrutural. 2003, 218f.. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil).
Escola de Engenharia Civil,Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2003.

Neste trabalho é abordado o comportamento estrutural de conectores de


cisalhamento tipo U formado a frio e de vigas mistas submetidas à flexão. O objetivo do
trabalho é estudar o comportamento de vigas mistas formadas por laje treliçada e perfis
formados a frio e compara-las com vigas mistas formadas por laje maciça e perfis
formados a frio. São apresentadas expressões para o cálculo da resistência de conectores U
e para o cálculo da resistência de vigas mistas desenvolvidas, em sua maioria, para perfis
pesados. Foram realizados dez ensaios de cisalhamento direto, tendo como variáveis a
altura, a espessura do conector e a resistência do concreto, e quatro ensaios em vigas,
sendo uma metálica e três mistas. Os resultados mostraram que a espessura do conector é a
variável que mais influencia a resistência da ligação, seguida pela altura do conector e pela
resistência do concreto. Com relação à norma brasileira NBR 8800 (1986) ela apresentou
resultados conservadores para avaliação da resistência dos conectores ensaiados. Dos
ensaios das vigas mistas verificou-se que o tipo de laje, maciça ou treliçada, não afetou a
resistência das vigas, visto que a altura da linha neutra nos ensaios situava-se na capa de
concreto. O deslizamento na interface foi um dos principais fatores que influenciou o
comportamento das vigas mistas, sendo conseqüência da baixa rigidez dos conectores
utilizados. As vigas apresentaram uma curvatura acentuada, o que resultou em elevadas
flechas. Os métodos de cálculo utilizados em vigas mistas com perfis pesados mostraram-
se adequados para o cálculo de vigas mistas com perfis formados a frio, desde que sejam
respeitados os limites de esbeltez, evitando qualquer tipo de flambagem.

Palavras-chave: vigas mistas, conector de cisalhamento, perfil formado a frio, laje


treliçada.
ABSTRACT

DAVID, D.L. Composite beams with reinforced concrete lattice joist and cold
formed steel: analysis of the structural behavior. 2003, 218f. Dissertation (Master's degree
in civil engineering). School of Civil Engineering, Federal University of Goiás, Goiânia,
2003.

The structural behavior of channel shear connectors made from cold formed
steel and composite beams in bending are presented. The main of this work is to study the
behavior of composite beams formed reinforced concrete lattice joist wafle slab and cold
formed steel and compare them with composite beams formed by solid slabs and cold
formed steel. Expressions to evaluate the strength of channel connectors and the strength of
composite beams are presented. Ten push-out testes were carried out to analyse the
influence of the height and the thickness of the connector and the concrete strength. Four
tests in beams were made too, being a one steel beem and three composite beams. The
results showed that the thickness of the connector is the most important variable in the
connection strength, followed by the height of the connector and the concrete strength.
Regarding the Brazilian code NBR 8800 (1986), it evaluated in conservative way the
strength of the tested connectors. It was verified by the tests in composite beams that the
type of slab, solid or with reinforced concrete lattice joist, did not influence the strength of
the beams because the height of the neutral line in tests was located in the concrete layer.
The sliding in the interface was the main factors that influenced the behavior of the
composite beams, being due to the low rigidity of the connectors used in tests. The beams
showed an accentuated curvature that resulted in high deflections. The calculation methods
used in composite beams with heavy shapes were showed appropriate to evaluate the
strength of composite beams with cold formed steel, since the slenderness was limited and
any type of buckling was avoided.

Key-words: composite beams, shear connectors, cold formed steel, reinforced concrete
lattice joist.
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 GENERALIDAES

Tornar os sistemas estruturais mais econômicos, através da redução do seu


peso e do consumo de materiais, sem diminuir a sua segurança e durabilidade, tem sido um
dos principais objetivos da engenharia estrutural. Nessa área, portanto, as pesquisas têm
sido direcionadas no sentido de obtenção de sistemas estruturais cada vez mais leves e
esbeltos.
O uso das estruturas metálicas no Brasil vem crescendo constantememente,
mostrando ser um sistema estrutural eficiente e com características próprias, no qual
merecem destaque a rapidez e organização, sendo estas as principais vantagens de sistemas
pré-industrializados.
Os perfis de aço destinados à fabricação de estruturas dividem-se em três
grupos: perfis soldados, perfis laminados e perfis de chapa dobrada. O uso dos dois
primeiros está ligado, principalmente, às obras de grande porte. Já os formados a frio tem
seu maior uso em edifícios de até seis pavimentos, galpões, silos e moradias, ou seja,
construções menores com menor ação de cargas, uma vez que eles possuem espessuras
reduzidas, normalmente até seis milímetros.
As diferenças de dimensionamento e formas construtivas dos perfis leves,
formados a frio, para os perfis pesados, laminados e soldados são devidas, principalmente,
à menor espessura desses perfis e ao efeito do trabalho a frio. A pouca espessura dos perfis
leves facilita a flambagem e impossibilita a utilização de algumas técnicas construtivas.
Nos edifícios de múltiplos andares em estrutura metálica o concreto pode estar
presente como parte da estrutura, principalmente nas lajes. Estas podem ser as mais
variadas como, por exemplo, laje maciça, com fôrma metálica incorporada (steel-deck),
protendida, treliçada e painéis pré-moldados, dentre outras.
Uma forma de otimizar o peso dessas edificações é fazer com que estes dois
25

materiais, aço e concreto, se interajam trabalhando como um só elemento como, por


exemplo, nas vigas mistas.
Vigas mistas são elementos estruturais nos quais o perfil metálico e o concreto
trabalham juntos. Isto somente é possível se existir uma união entre ambos, sendo esta
união não apenas química, mas, principalmente mecânica devido aos conectores, que são
elementos fixados na interface destes materiais. As vigas mistas têm maior rigidez e maior
capacidade de resistir à flexão quando comparadas às vigas formadas por elementos
justapostos.
A utilização de vigas mistas em estruturas formadas por perfis laminados e
soldados já é bem difundida e várias são as normas que prescrevem sua forma de
dimensionamento e limitações de uso. Tratando-se de perfis formados a frio, porém,
poucas informações existem e as pesquisas ainda são recentes. Estas têm tido como
objetivos o estudo de conectores compatíveis com estes perfis e novas formas de lajes que
agilizem o processo construtivo, tornando assim o uso das vigas mistas formadas por perfis
formados a frio mais intenso.

1.2 JUSTIFICATIVA

Uma das maneiras de tornar a construção metálica ainda mais ágil é


empregando materiais pré-industrializados. Observando construções em aço é fácil notar
que a produtividade é alta durante a execução da estrutura metálica e lenta na fase de
execução das lajes, fechamento e acabamento. Isso ocorre, principalmente, quando são
feitas de maneira convencional como, por exemplo, utilizando lajes maciças, alvenaria
cerâmica e outros processos.
Apesar da grande vantagem relacionada ao tempo de execução, um dos grandes
obstáculos para uma maior utilização de estruturas em aço no Brasil, principalmente em
obras de pequeno e médio porte, é o fator econômico, ou seja, o preço do material. Os
perfis formados a frio são uma forte opção para obras de médio porte, pois unem as
vantagens da agilidade e organização a um preço competitivo. Isso decorre do fato desses
serem mais leves e não necessitarem do processo de soldagem utilizado nos perfis pesados,
tornando assim o preço bem mais acessível. Para otimizar ainda mais este processo
construtivo, as lajes nervuradas formadas por treliças metálicas, material de enchimento
26

em poliestireno expandido (EPS) e concreto moldado no local adequam-se muito bem, pois
eliminam um grande fator de oneração, desperdício e tempo na execução das lajes que são
as fôrmas.
A utilização do sistema misto é bem ampla em se tratando de perfis pesados
com lajes maciças ou com forma de aço incorporada. Para os perfis leves, entretanto, ainda
não existe normalização relacionada a este assunto. Dessa forma, muitas obras que utilizam
esse sistema construtivo consideram a viga trabalhando isoladamente da laje.
Tendo em vista a crescente utilização dos perfis leves e com a intenção de
estudar uma opção de laje e conector compatíveis com os perfis formados a frio, pode-se
afirmar que a realização deste estudo é de grande relevância para o meio técnico e
científico.

1.3 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é estudar o comportamento de vigas mistas formadas


por laje treliçada e perfis formados a frio e compará-las com vigas mistas formadas por laje
maciça e perfis formados a frio. Dentro deste objetivo geral pode-se definir os seguintes
objetivos específicos:
-Levantar as expressões existentes na literatura para o dimensionamento de
conectores U laminado e compará-las aos resultados obtidos em ensaios de cisalhamento
de conectores U em chapa dobrada.
- Avaliar experimentalmente o comportamento à flexão simples de vigas mistas
constituídas por perfil caixa formado a frio e laje treliçada.
- Estudar os métodos de cálculo de vigas mistas e aplicá-los às vigas mistas
com laje treliçada e perfis formados a frio.

1.4 METODOLOGIA

A metodologia empregada para se alcançar os objetivos propostos pode ser


resumida da seguinte forma:
a) ampla revisão bibliográfica para levantamento dos métodos de
27

dimensionamento de vigas mistas e de expressões para a avaliação da resistência de


conectores em U laminado.
b) ensaios experimentais para avaliação da resistência de conectores em U
formado a frio e de vigas mistas constituídas por perfil formado a frio e laje treliçada.
Foram realizados dez ensaios de cisalhamento direto, três ensaios de flexão em
vigas mistas, sendo duas com laje treliçada e uma com laje maciça, e um ensaio de flexão
em uma viga metálica de referência.
As variáveis analisadas nos ensaios de cisalhamento direto foram a resistência
do concreto, a espessura e a altura dos conectores, sendo estes em forma de U com 100mm
de comprimento. Nos ensaios de flexão em vigas as variáveis analisadas foram o tipo de
laje e a altura dos conectores.
As características dos modelos ensaiados estão descritas resumidamente no
quadro1.1.

Quadro 1.1 – Características dos modelos ensaiados


Resist.
Dimensões dos Dimensões das lajes
Dimensões das vigas alvo do
Ensaios Modelos conectores (L, C)*
mm concreto
mm mm
MPa
Mod. 01 75x50x2,00 - 900x830 20
Mod. 02 75x50x3,75 900x830 20
Mod.03
Cisalhamento direto

75x50x2,00 - 900x830 30
Mod.03A
Mod. 04 75x50x3,75 - 900x830 30
Mod. 05 100x50x2,00 - 900x830 20
Mod. 06 100x50x3,75 - 900x830 20
Mod. 06A
100x50x2,00 900x830
Mod. 07 - 30

Mod. 08 100x50x3,75 - 900x830 30


V - 2Ue-200x75x25x2,65 - -
Flexão em

VM1 100x50x-3,75 2Ue-200x75x25x2,65 900x3130 20


vigas

VM2 100x50x3,75 2Ue-200x75x25x2,65 900x3130 20


VM3 75x50x3,75 2Ue-200x75x25x2,65 900x3130 20
* L: largura, C: comprimento

As dimensões escolhidas para as vigas mistas tiveram como objetivo


representar uma estrutura real. Para isso, foi escolhido como referência o projeto
28

arquitetônico de um edifício para habitação popular desenvolvido pela USIMINAS


(Detalhes Técnicos 2 - Solução USIMINAS para habitação popular). Este edifício tem a
forma de H com quatro unidades habitacionais por pavimento. Na figura 1.1 é apresentado
o pavimento tipo, a disposição das vigas, as direções das lajes treliçadas e em azul a
situação analisada.

3200 3200
2700
1100

3400
2200

2200
2500

6100

Unidade: mm

Figura 1.1.- Planta pavimento tipo


Fonte: Detalhes Técnicos 2 - Solução USIMINAS para habitação popular

O cálculo da laje treliçada foi feito pela empresa Lajes Santa Inês, tendo sido
empregadas as seguintes informações:
Carga de revestimento 0,50 kN/m²
Carga de piso 0,50 kN/m²
Alvenaria 2,50 kN/m²
Carga acidental 2,00 kN/m²
Peso próprio 1,41 kN/m²
Vão teórico 3,12 m
Vão livre 3,00 m
Inter-eixos das treliças 50 cm
Material de enchimento EPS
fck 20 e 30 MPa
29

Com esses dados foram definidos a altura da laje, o tipo de treliça e a armadura
adicional. Os diferentes valores da resistência do concreto não interferiram no tipo de
treliça e sim nos valores das flechas.
A largura da laje das vigas mistas foi escolhida de acordo com dois parâmetros,
ou seja, largura efetiva da laje, de acordo com a NBR8800, e facilidade construtiva.

1.5 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

No capítulo 2 deste trabalho é apresentada a revisão bibliográfica constando de


um histórico sobre os trabalhos relacionados a este assunto, as características dos
elementos que fazem parte da viga mista, os métodos de dimensionamento, incluindo as
prescrições normativas, e alguns ensaios encontrados na literatura para avaliação da
resistência de conectores e de vigas mistas.
No capítulo 3 são apresentados as características dos materiais constituintes das
peças ensaiadas e o detalhamento do programa experimental realizado.
No capítulo 4 são apresentados os resultados dos ensaios e é realizada uma
ampla discussão desses resultados. Finalmente, no capítulo 5 são apresentadas as
conclusões e as sugestões para próximos trabalhos.
Em apêndices são apresentadas as tabelas com os resultados encontrados nos
ensaios além de alguns modelos de dimensionamento de vigas mistas.
30

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PERFIS FORMADOS A FRIO

2.1.1 Generalidades

Segundo a própria definição presente na norma NBR 14762:2001, perfil


estrutural de aço formado a frio é aquele obtido por dobramento, em prensa dobradeira, de
lâminas recortadas de chapas ou tiras, ou por perfilagem, em mesas de roletes, a partir de
bobinas laminadas a frio ou a quente, sendo ambas as operações realizadas com aço em
temperatura ambiente.
Esses perfis possuem, geralmente, espessuras reduzidas, normalmente menores
que 6,35mm. Sua grande vantagem está relacionada à diversidade geométrica e à eficiência
estrutural. Assim como os perfis laminados, os perfis formados a frio podem sofrer os
fenômenos de flambagens globais ou localis, porém, a elevada relação largura/espessura
dos elementos planos acentuam a ocorrência da instabilidade local como também a outro
tipo de flambagem, denominada distorcional.
Os fenômenos de instabilidade global são caracterizados pela ocorrência de
deformação do eixo do perfil, enquanto que as seções transversais sofrem somente
deslocamento de corpo rígido no seu próprio plano. Como exemplo cita-se a instabilidade
lateral de vigas por flexo-torção.
O fenômeno de instabilidade local é caracterizado por uma flambagem de
chapa envolvendo, principalmente, deformações das paredes do perfil, enquanto a posição
das arestas dos cantos dobrados da seção permanece reta.
O modo distorcional é um modo torcional de um trecho da seção, sendo que tal
modo se desenvolve segundo meias ondas ao longo do comprimento do perfil. Pode
constituir-se no modo crítico de flambagem em perfis de seção aberta e paredes delgadas.
Os perfis com mesas largas e com enrijecedores de borda como, por exemplo, perfis U e Z
31

enrijecidos, cartola e rack são os mais sensíveis à distorção. Segundo a Norma Australiana
AS/NZS 4600:1996 apud CHODRAUI (2002), tal fenômeno pode apresentar duas
configurações. A primeira surge quando a flambagem por distorção envolve a rotação do
conjunto mesa/enrijecedor em relação à junção mesa/alma nas seções tipo U e Z
enrijecidos (Figura 2.1-a). A segunda surge quando a flambagem por distorsão envolve a
flexão transversal da alma com deslocamento da mesa comprimida (Figura 2.1-b).

(a) (b)

Figura 2.1-Configurações da flambagem distorcional

Devido à diversidade dos fenômenos de instabilidade que ocorrem nos perfis


formados a frio muitos pesquisadores têm estudado este tema utilizando, principalmente, a
análise numérica. Dentre os vários métodos aproximados existentes, os mais utilizados são,
o Método dos Elementos Finitos, o Método das Faixas Finitas e a Teoria Generalizada de
Vigas (CAMOTIM E SILVESTRE, 2002).
No próximo item é descrito, de forma sucinta, a instabilidade local de chapas,
que compõem as paredes dos perfis, baseado na Teoria de Estabilidade Elástica.

2.1.2 Teoria de chapas esbeltas

A tensão crítica de flambagem de uma chapa biapoiada, submetida à


compressão uniforme na direção longitudinal (Figura 2.2), pode ser determinada pela
resolução da seguinte equação diferencial:

∂4w ∂4w ∂4w ∂2w


D⋅ 4 + 2⋅ 2 +  + q x ⋅ =0 (2.1)
 ∂x ∂x ⋅ ∂y 2 ∂y 4  ∂x 2
Sendo:
w = função de deslocamentos transversais,
32

qx = tensão de compressão uniformemente distribuída na direção do eixo x,


D = rigidez à flexão da chapa, dado por:

E ⋅t3
D= (2.2)
12 ⋅ (1 − ν 2 )
sendo,
E = módulo de elasticidade longitudinal do material;
t = espessura da chapa;
ν = coeficiente de Poisson.
Os deslocamentos transversais são funções de x e y, baseados em uma função
de deslocamento senoidal. As soluções da equação 2.1 que satisfazem as condições de
contorno, ou seja, deslocamentos e momentos nulos nas quatro bordas, podem ser
representadas na forma de uma série dupla de Fourier conforme a equação 2.3:

 m ⋅π ⋅ x   n ⋅π ⋅ y 
w( x, y ) = ∑ ∑ Amn ⋅ sen  ⋅ sen  (2.3)
m n  a   b 
Sendo:
m = está associado ao número de meias ondas senoidais que se formam no sentido
longitudinal (direção x) da chapa;
n = está associado ao número de meias ondas senoidais que se formam no sentido
transversal (direção y) da chapa;
a = constitui o comprimento longitudinal da chapa;
b = largura da chapa.
O modo de instabilidade de uma chapa biapoiada, submetida à compressão
uniforme na direção longitudinal, baseado em uma função senoidal de deslocamento, é
apresentado na figura 2.2.
b

Figura 2.2 - Modo de instabilidade de uma chapa sob compressão uniforme


33

Substituindo a função de deslocamentos w, dada pela equação 2.3, na equação


2.1, e igualando-a a zero, obtém-se a tensão crítica de bifurcação ou tensão crítica de
falmbagem local, cujo valor é:

2
π2 ⋅ E t 
σ cr = k ⋅ ⋅ 
(
12 ⋅ 1 − ν 2 ) b
(2.4)

onde k é denominado coeficiente de flambagem de chapa e está associado à geometria e às


condições de extremidade da chapa, sendo expresso por:

2
 m ⋅ b a .n 2 
k =  +  (2.5)
 a m ⋅ b 

A tensão crítica de falmbagem local é determinada com uma combinação de


valores de m e n que minimiza o valor de k. Independente do valor m, o menor valor de k
corresponde a n = 1, ou seja, uma única semi-onda na direção y, e independente do modo
de flambagem, temos um valor mínimo do coeficiente de flambagem, k = 4,
correspondendo a um valor inteiro da relação a/b.
Os valores de k para diferentes condições de extremidade, combinadas com
diferentes carregamentos, são tabelados e podem ser encontrados na literatura técnica
(TIMOSHENKO et al, 1961).

2.1.3 Comportamento pós–crítico e método da largura efetiva

As chapas esbeltas demonstram um comportamento pós–crítico correspondente


a um caminho de equilíbrio estável. Quando as chapas são submetidas à compressão
longitudinal uniforme, a partir de um certo nível de carregamento elas apresentam
deslocamentos transversais fora de seu plano.
A solução para tal comportamento foi proposta por VON KARMAN (1910)
apud YU (1991), e é representada pelo sistema de equações diferenciais de equilíbrio,
mostrado a seguir:
34

∂4w ∂4w ∂4w t ∂2F ∂2w ∂2F ∂2w ∂2F ∂2w 


+ 2⋅ + = ⋅ 2 ⋅ 2 + 2 ⋅ 2 − 2⋅ ⋅  (2.6)
∂x 4 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 4 D  ∂y ∂x ∂x ∂y ∂x∂y ∂x∂y 

assim como pela equação de compatibilidade:


 2  2 
∂4F ∂4F ∂4F ∂ w ∂2w ∂2w
+ 2⋅ + = E ⋅  − ⋅ (2.7)
∂x 4 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 4  ∂x∂y  ∂x 2 ∂y 2 
  

sendo F a função de tensão de Airy, a partir da qual pode-se obter as tensões por meio das
relações:

∂2F
σx = (2.8)
∂y 2

∂2F
σy = (2.9)
∂x 2

∂2F
τ xy = (2.10)
∂x∂y

Para solucionar o problema descrito, podem ser utilizados métodos numéricos.


Buscando obter soluções mais simples e de aplicação geral que conduzam a resultados
confiáveis para o tratamento de chapas em estado pós–crítico, o método mais utilizado é o
Método da Largura Efetiva.
O Método da Largura Efetiva foi introduzido por VON KARMAN em 1932 e
consiste basicamente em reduzir a rigidez da chapa substituindo a chapa original, de
largura b, por uma chapa de largura efetiva menor, bef.
Em uma chapa submetida à compressão axial uniforme, a distribuição de
tensões é constante antes de ser atingida a carga crítica de flambagem. Após exceder a
carga crítica de flambagem local, há uma redistribuição de tensões internas longitudinais,
passando a uma distribuição não uniforme de tensões. Na figura 2.3-a é mostrada a
distribuição não uniforme de tensões em uma chapa bi-apoiada submetida à compressão
uniforme ao longo da largura original b. Após ser excedida a carga crítica, com valor
máximo de tensão dado por σmáx, supõe-se que a tensão uniforme σef, a qual a chapa
substituta de largura efetiva bef está submetida, é igual à tensão máxima atuante nas bordas
da chapa original, ou seja, σef = σmáx (Figura 2.3-b).
Substituindo a largura efetiva, bef, no lugar da largura original, temos a tensão
35

crítica pós flambagem, σef , dada por:


2
π2 ⋅ E  t 
σe f =k⋅ ⋅  (2.11)
12 ⋅ ( 1 − ν )  bef
2 

(a) Distribuição não linear de tensões ao (b) Distribuição uniforme de tensões para a
longo da largura b da chapa original chapa substituta de largura efetiva bef.
Figura 2.3- Representação esquemática do Método da Largura Efetiva

Igualando as equações 2.11 e 2.4 obtém-se a seguinte relação:


bef σ cr (2.12)
=
b σ ef

Define-se λpd como:

σ ef
λ pd = (2.13)
σ cr

logo, a relação dada pela equação 2.12 pode ser escrita na forma:
bef 1
= (2.14)
b λ pd

No estado limite último admite-se que a tensão máxima, σef, atinja a resistência
ao escoamento do material, fy, como critério de ruína da chapa. Essa hipótese considera que
chapas esbeltas apresentam pouca reserva de resistência plástica. Dessa forma a equação
2.13 pode ser escrita como:
bef σ cr
= (2.15)
b fy
36

A esbeltez relativa da chapa no estado limite último, λp, é dada por:

fy
λp = (2.16)
σ cr
Assim, no estado limite último de colapso tem-se a expressão a seguir, que é
válida para a análise da resistência de chapas esbeltas e perfeitas comprimidas, conhecida
como curva de Von Kármán:
bef 1
= (2.17)
b λp
Sabe-se que os perfis formados a frio possuem tanto imperfeições geométricas
quanto tensões residuais que estão relacionadas ao processo de fabricação e que afetam o
seu comportamento e sua carga última. Diversas curvas foram desenvolvidas com o auxílio
de estudos teóricos e experimentais a partir da curva original de Von Kármán para
considerar as imperfeições. No quadro 2.1 estão relacionadas algumas dessas curvas e seus
autores (SARMANHO, 1991).

Quadro 2.1- Curvas para o cálculo da largura efetiva.

Autor bef / b
BOX 0,725 / λp 0,5
KÁRMÁN 1 / λp
CHILVER 0,725 / λp 0,2
GERALD 0,824 / λp 0,425
FOLKNER 1,05 [ 1 – (0,26) / λp ] / λp
WINTER [ 1 – (0,22) / λp ] / λp

Entre as várias formulações, a equação 2.18 constitui a de mais larga aceitação,


além de ser amplamente utilizada em normas de projetos (YU, 1991):
be f  0 ,22 
1
= ⋅ 1 −  (2.18)
b 
λp λ 
 p 
sendo a esbeltez relativa λp da chapa dada por:

1,052 b fy
λp = ⋅ ⋅ (2.19)
k t E

onde k é o coeficiente de flambagem da chapa.


37

De acordo com o índice de esbeltez relativa da chapa três comportamentos


distintos podem ocorrer:
• 0< λp <0,673, a chapa não é afetada por fenômenos de instabilidade local
devido ao fato de serem chapas espessas com relação largura/ espessura
pequena. A chapa será levada ao colapso por plastificação.
• 0,673 < λp <1,2, a chapa sofre o fenômeno de instabilidade elasto–plástica
e apresenta deslocamentos moderados fora de seu plano.
• λp >1,2, a chapa é afetada pelo fenômeno de instabilidade elástica
associado a grandes deslocamentos fora de seu plano.

O cálculo do coeficiente de flambagem k, para determinação da carga crítica de


flambagem da chapa, depende da relação entre as dimensões da chapa, da geometria e das
condições de borda. Estas condições de borda são determinadas assumindo-se um
engastamento elástico entre as paredes que compõem a seção transversal do perfil,
dependendo, portanto, das dimensões das paredes vizinhas.
Segundo a norma brasileira para dimensionamento de perfis formados a frio,
NBR 14762: 2001, as condições de borda dos elementos de um perfil são:
- elemento com bordas vinculadas (AA): elemento plano com as duas bordas vinculadas a
outros elementos na direção longitudinal do perfil,
- elemento com borda livre (AL): elemento plano vinculado a outro elemento em apenas
uma borda na direção longitudinal do perfil.
Na figura 2.4 estão apresentadas algumas seções transversais de perfis
formados a frio com indicação do tipo de elemento e nos quadros 2.2 e 2.3 os coeficientes
de flambagens (k), segundo a norma brasileira, NBR 14762: 2001.

AL AA
AL
AA
AA AA

AA AA
AL AL
AL AA AL AL AL

Figura 2.4 -Tipos de elementos componentes de perfis formados a frio


38

Quadro 2.2 - Coeficiente de flambagem para elementos AL

Caso a 2
Caso b

bef ψ = σ2 / σ1 < 1,0 0≤ 0 ≤ σ2 / σ1 < 1,0

b k = 0,43 bef
k = 0,578(ψ+0,34)
b

bt
1

+
Caso c Caso d
2
bc
-1,0 ≤ ψ=σ2 / σ1 < 1,0 -1,0 ≤ ψ=σ2 / σ1 ≤ 1,0
k = 1,7-5ψ+17,1ψ2 k = 0,57-0,21ψ+0,07ψ2
bef

Nota: a parte tracionada deve ser considerada totalmente efetiva

Quadro 2.3 - coeficiente de flambagem para elementos AA

-
Caso a - Caso b
ψ = σ2 / σ1 < 1,0 1 2
0 ≤ ψ = σ2 / σ1 < 1,0

bef /2 bef /2
k = 4,0 bef,1= bef /(3-ψ)
b ef,1 b ef,2
b bef,2= bef -bef,1
k = 4+2(1-ψ)+2(1-ψ)3
b

1 bt
Caso c Caso d
-
2
bc +
-0,263 ≤ ψ=σ2 / σ1 < 1,0 ψ=σ2 /σ1 ≤ -0,236
bef,1= bef /(3-ψ) bef,1= bef /(3-ψ)
bef,2= bef -bef,1 bef,2= 0,5 bef
bef,1 bef,2
k = 4+2(1-ψ)+2(1-ψ)3 sendo bef,1+ bef ,2 ≤ bc
k = 4+2(1-ψ)+2(1-ψ)3
Nota: a parte tracionada deve ser considerada totalmente efetiva Nota: a parte tracionada deve ser considerada totalmente efetiva

Substituindo o fator k, juntamente com as características do perfil, na expressão


2.19, tem-se o índice de esbeltez relativo ou reduzido do elemento(λp). Caso este índice
seja menor ou igual a 0,673 a largura efetiva é a própria largura do elemento. Se esta
condição não for satisfeita devem ser calculadas as larguras efetivas(bef) dos elementos.
Para elementos AA e AL, sem inversão no sinal da tensão, a largura efetiva é:
39

bef = b.(1-0,22/λp)/λp ≤ b (2.20)

Para elementos AL, com inversão no sinal da tensão, a largura efetiva é:

bef = bc.(1-0,22/λp)/λp ≤ bc (2.21)


Sendo:
b = largura do elemento;
bc = largura da região comprimida do elemento, calculada com base na seção efetiva;

Em seções transversais de dimensões usuais os efeitos das deformações de


cisalhamento, nas mesas de um perfil, são desprezados. Em perfis cuja largura é maior que
a usual, em relação ao comprimento do perfil, os efeitos das deformações de cisalhamento
são significativas e como conseqüência as tensões de flexão nas mesas, tanto comprimidas
como tracionadas, não são uniformes. A esse fenômeno dá-se o nome de “shear lag” (YU,
1991).
WINTER apud YU (1991), fez várias pesquisas analisando o efeito “shear
lag”e verificou que tal fenômeno é mais intenso em vigas com mesas largas submetidas à
cargas concentradas com pequenos intervalos.
A norma brasileira recomenda que para vigas cujo comprimento L é inferior a
30bf, submetidas a uma força concentrada ou várias forças concentradas com espaçamento
superior a 2bf, as propriedades geométricas da seção devem ser determinadas tomando-se
como larguras efetivas das mesas tracionada e comprimida, a largura real multiplicada
pelos fatores de redução estabelecidos no quadro 2.4. Para a mesa comprimida, tal largura
efetiva não pode ultrapassar a determinada pelas expressões 2.20 e 2.21.

Quadro 2.4 - Fatores de redução da largura da mesa


L/bf Fatores de redução L/bf Fatores de redução
30 1,00 14 0,82
25 0,96 12 0,78
20 0,91 10 0,73
18 0,89 8 0,67
16 0,86 6 0,55

Onde:
L = o vão das vigas simplesmente apoiadas, ou a distância entre pontos de inflexão para as
vigas contínuas, ou duas vezes o comprimento dos balanços;
40

bf = largura de referência, tomada como a largura livre da mesa (distância entre a face da
alma e a borda livre) para seções I, U e Z; ou a metade da distância livre entre as almas
para seções caixão, cartola e similares. Para mesas de seção I, U e Z enrijecidas nas bordas,
bf deve ser tomada como a largura livre da mesa mais a largura nominal do enrijecedor de
borda.

2.1.4 Efeitos do trabalho a frio

A maneira como o perfil é fabricado, ou seja, o trabalho a frio, causa alterações


nas propriedades mecânicas do aço virgem, a resistência ao escoamento e a resistência à
tração aumentam, e a ductilidade diminui. Essas características são mais evidentes nas
partes curvas dos perfis, nas quais o trabalho a frio é mais intenso (MOLITERNO,1989).
As mudanças dessas propriedades são causadas por três fenômenos,
encruamento, envelhecimento e efeito Bauschinger. Os dois primeiros fenômenos podem
ser compreendidos pela diagrama tensão versus deformação representado pela figura 2.5.

D
(D) fy Curva A : tensão deformação do aço virgem
A Curva B : descarregamento
Curva C : encruamento
(C) fy Curva D : envelhecimento
(A) fy
B
C

Figura 2.5 – Efeitos do encruamento e envelhecimento

De acordo com a figura 2.5, a curva A representa o diagrama tensão versus


deformação do ensaio a tração de um aço virgem. Após o aço ter atingido a sua tensão de
escoamento, o trecho subsequente do diagrama é denomiado intervalo de encruamento do
aço. Nesta região do diagrama, caso haja a retirada da tensão atuante, representada pela
reta descendente B, uma deformação residual ou plástica é incorporada ao aço. Com uma
nova retomada do carregamento logo após o descarregamento, a curva C será a curva
típica, caso a retomada reinicie após algum intervalo de tempo, a curva típica será a D. O
41

fenômeno representado pela curva C é chamado encruamento, como pode ser observado há
um incremento no limite de escoamento e uma diminuição da ductilidade do aço. O
fenômeno representado pela curva D é chamado envelhecimento, nele há um aumento no
limite de escoamento e ruptura e uma diminuição da ductilidade, bem maiores que aqueles
observados nos aços simplesmente encruados.
A resistência ao escoamento de uma chapa de aço pré-tracionada aumenta
quando ela é novamente tracionada e diminui quando ela é comprimida, este
comportamento é denomindo efeito Bauschinger. Quando uma chapa é solicitada
perpendicularmente a direção na qual foi pré-tensionada, a resistência ao escoamento
aumenta quando esta solicitação é de compressão e diminui quando é de tração, este
comportamento é denomindao efeito inverso de Bauschinger. (YU, 1991).
Os efeitos do trabalho a frio nas propriedades mecânicas na região das dobras
dependem, principalmente, do tipo de aço, tipo de tensão, a razão entre raio interno de
dobramento e a espessura da chapa (ri/t) e a razão tensão última e resistência ao
escoamento (fu/fy).
KARREN (1997), apud YU (1991), estudou a influência do trabalho a frio
chegando em expressões para o cálculo da nova resistência ao escoamento das dobras (fyc),
sendo essas expressões utilizadas até hoje em normas como a NBR 14762: 2001, e na
AISI: 2001.

Bc . f y
f yc = (2.22)
( ri / t ) m
Sendo:
Bc = 3,69.(fu/fy) – 0,819.(fu/fy)2 – 1,79;
m = 0,192.(fu/fy) – 0,068;
fy = resistência ao escoamento do aço;
fu = resistência à ruptura do aço a tração;
ri = raio interno de dobramento;
t = espessura.

A resistência ao escoamento modificada, fya, pode ser utilizada em substituição


à resistência ao escoamento do aço virgem, fy .

fya = C.fyc + (1 – C).fyf (2.23)


42

Sendo:
fya = resistência ao escoamento do aço modificada;
C = relação entre a área total das dobras e a área total da seção para barras submetidas à
compressão; ou a relação entre a área das dobras da mesa comprimida e a área total da
mesa comprimida para barras submetidas à flexão;
fyf = resistência ao escoamento média das partes planas de uma seção, ou a resistência ao
escoamento do aço virgem, fy ;
fyc = resistência ao escoamento das dobras.
Segundo as normas apresentadas anteriormente, a resistência ao escoamento
modificada só pode ser utilizada em perfis onde λp ≤ 0,673 e quando ri/t ≤ 7, fu/fy ≥ 1,2 e o
ângulo de dobramento for igual ou inferior a 120°.

2.1.5 Dimensionamento de barras de seção fechada tipo caixão submetidas à flexão


simples segundo a NBR 14762: 2001.

O uso de barras formadas por perfis de paredes finas obriga a análise prévia da
estabilidade desses elementos estruturais. Sempre que possível, pode-se recorrer a soluções
analíticas diretas, sendo essas formulações indicadas para o dimensionamento de perfis de
chapa dobrada, como prescreve a norma brasileira NBR 14762: 2001.
Todo o dimensionamento baseado nesta norma inicia-se pelo cálculo da largura
efetiva dos elementos que compõem os perfis, ficando as flambagens localizadas já
embutidas nesta verificação.
As barras submetidas à flexão simples devem ser dimensionadas quanto ao
momento fletor e ao esforço cortante. O momento fletor resistente de cálculo, MRd, deve
ser tomado como o menor valor calculado considerando o início do escoamento da seção
efetiva, a flambagem lateral com torção e a flambagem por distorção da seção transversal.
O procedimento para cálculo da flambagem por distorção foi elaborado com
base na norma australiana e corresponde ao modelo simplificado proposto por Hancock,
esse modelo analisa a estabilidade de conjuntos formados por um elemento comprimido e
seu respectivo enrijecedor de borda, vinculados elasticamente à outra parte do perfil,
CHODRAUI (2002). Este tipo de flambagem ocorre em seções abertas como, por
43

exemplo, os perfis U enrijecido, Z e rack. A seção tipo caixão é uma seção fechada e não
está sujeita a flambagem por distorção, sendo sua verificação dispensada.

a) Início de escoamento da seção efetiva

MRd = Wef. fy / γ (2.24)


Sendo:
γ = coeficiente de ponderação da resistência e igual a 1,1;
Wef = módulo de resistência elástico da seção efetiva calculado com base nas larguras
efetivas dos elementos, com σ = fy;
fy = resistência ao escoamento do aço que pode ser substituída pela resistência ao
escoamento modificada, fya.

b) Flambagem lateral com torção

O momento fletor resistente de flambagem lateral com torção, tomando-se um


trecho compreendido entre seções contidas lateralmente, deve ser calculado por:

MRd = [ρFLT .Wc,ef . fy] / γ (2.25)


Sendo:
γ = coeficiente de ponderação da resistência igual a 1,1;
fy = resistência ao escoamento do aço;
Wc,ef = módulo de resistência elástico da seção efetiva, em relação à fibra comprimida,
calculado com base nas larguras efetivas dos elementos, com σ =ρFLT.fy;
ρFLT = fator de redução associado à flambagem lateral com torção, calculado por:
- para λ0 ≤ 0,6: ρFLT = 1,0
- para 0,6 < λ0 < 1,336: ρFLT = 1,11(1 – 0,278λ02)
- para λ0 ≥ 1,336: ρFLT = 1/λ02

λ0 = (Wc.fy/Me)0,5 (2.26)

Wc = módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à fibra comprimida;


44

Me = momento fletor de flambagem lateral com torção, em regime elástico. Para barras
com seção fechada (caixão), sujeitas à flexão em torno do eixo x,

Me = Cb.(Ney.G.It)0,5 (2.27)
sendo,
It = momento de inércia à torção uniforme;
G = módulo de elasticidade transversal do aço (0,38.E = 78325 MPa);
Ney = força normal de flambagem elástica por flexão em relação ao eixo principal y, sendo
igual a:

π 2 .E .I y
N ey = (2.28)
( K y .L y ) 2

Ky.Ly = comprimento efetivo de flambagem por flexão em relação ao eixo y;


Iy = momento de inércia da seção bruta em relação ao eixo y;
E = módulo de elasticidade do aço;
Cb = coeficiente de equivalência de momento na flexão. Para balanços com a extremidade
livre sem contenção lateral e para barras submetidas à flexão composta, Cb deve ser
tomado igual a 1,0. Em outras situações, a favor da segurança, também pode ser tomado
igual a 1,0 ou calculado pela seguinte expressão,

12 ,5.M max
Cb = (2.29)
2 ,5.M max + 3.M A + 4.M B + 3.M C
Sendo:

Mmax = máximo valor do momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no trecho


analisado;
MA = momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no 1o quarto do trecho analisado;
MB = momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no centro do trecho analisado;
MC = momento fletor solicitante de cálculo, em módulo, no 3o quarto do trecho analisado.

Vigas com seções transversais tipo caixa têm alta rigidez à torção quando
comparadas à vigas I, U e Z. Segundo WINTER apud YU(1991) as vigas tipo caixa com
relação comprimento da viga e largura entre almas menor a 100 não são afetadas pela
flambagem lateral com torção.
45

De acordo com o AISI-Draft 2001 a flambagem lateral com torção será


determinante quando o comprimento da viga sem contenção lateral for superior a Lu. Para
seções com um ou dois eixos de simetria, caso em que se enquadram as seções tipo caixa,
Lu é dado pela expressão 2.30.

0,5
 2 0,5 
 G.I t  C 2  G.I t   
Lu =  +  +     (2.30)
 2.C1  C1  2.C1   

Sendo:
2
7 ,72  K y . f y .Wc 
C1 =  
AE  Cb .π.ry 

π 2 .E .C w
C2 =
(K t )2
A = área bruta da seção transversal da barra;
Cb = coeficiente de equivalência de momentos na flexão;
Cw = constante de empenamento da seção;
E = módulo de elasticidade do aço (205 000 MPa);
G = módulo de elasticidade transversal do aço (0,385.E = 78 925 MPa);
It = constante de torsão de Saint-Venant;
fy = resistência ao escoamento do aço;
ry = raio de giração da seção bruta em relação ao eixo principal y;
Ky = fator de comprimento efetivo para flambagem da barra em relação ao eixo y;
Kt = fator de comprimento efetivo para flambagem da barra por torção;
Wc = módulo de resistência elástico da seção bruta em relação à fibra comprimida.

c) Força Cortante

A força cortante resistente de cálculo VRd deve ser calculada por:

- para h/t ≤ 1,08(E.kv/fy)0,5

VRd = 0,6.fy.h.t / γ (2.31)


46

- para 1,08.(E.kv/fy)0,5 < h/t ≤ 1,4.(E.kv/fy)0,5

VRd = 0,65.t2(kv.fy.E)0,5 / γ (2.32)

- para h/t > 1,4.(E.kv/fy)0,5

VRd = (0,905.E.kv.t3/h) / γ (2.33)


Sendo:
γ = 1,1;
t = espessura da alma;
h = largura da alma (altura da parte plana da alma);
kv = coeficiente de flambagem local por cisalhamento, dado por:

- para alma sem enrijecedores transversais:


kv = 5,34 (2.34)

- para alma com enrijecedores transversais:


5,34
kv = 4,0 + para a/h ≤ 1,0 (2.35)
( a / h )2
4,0
kv = 5,34 + para a/h>1,0 (2.36)
( a/h )2
Sendo:
a = distância entre enrijecedores transversais de alma.

Para seções com duas ou mais almas, cada alma deve ser analisada como um
elemento separado resistindo à sua parcela de força cortante.

d) Combinação de momento fletor e força cortante

Para barras sem enrijecedores transversais de alma, o momento fletor


solicitante de cálculo e a força cortante solicitante de cálculo na mesma seção, devem
satisfazer à seguinte expressão de interação:
47

(MSd / M0,Rd)2 + (VSd / VRd)2 ≤ 1,0 (2.37)

Para barras com enrijecedores transversais de alma, quando MSd /M0,Rd > 0,5 e
VSd /VRd > 0,7 deve ser satisfeita a seguinte expressão de interação:

0,6(MSd / M0,Rd) + (VSd / VRd) ≤ 1,3 (2.38)


Sendo:
MSd = momento fletor solicitante de cálculo;
M0,Rd = momento fletor resistente de cálculo;
VSd = esforço cortante solicitante de cálculo;
VRd = esforço cortante resistente de cálculo.

2.1.6 Reserva de resistência inelástica

O dimensionamento de perfis formados a frio, segundo a norma brasileira, é


feito sempre no regime elástico, isso porque as relações largura/espessura dos perfis
normalmente excedem o valor limite para cálculo no regime plástico.
Pesquisas realizadas na Universidade de Cornell concluíram que certos perfis
têm capacidade de se plastificarem parcialmente, mostrando terem uma reserva de
resistência inelástica (YU, 1991). Na consideração da reserva de resistência inelástica no
dimensionamento à flexão dos perfis formados a frio, a fibra comprimida sempre deve
atingir, na situação de ruptura, no mínimo uma deformação específica máxima de ruptura,
εcu, igual à deformação específica de escoamento, εy, ou seja, εcu ≥ εy, sendo que a flange
tracionada da viga poderá, dependendo da sua geometria, ter atingido ou não εy (ALVES,
2001).
Através dos ensaios realizados em perfis cartola sob flexão pura, também na
Universidade de Cornell, estabeleceu-se o limite de máxima deformação a compressão
como sendo:
εcu = Cy.εy (2.39)
Sendo:
εy = deformação no escoamento;
Cy = fator de deformação à compressão determinado segundo o gráfico da figura 2.6 .
48

Cy

b/t
0,5 0,5
500/fy 580/fy

Figura 2.6 - Fator Cy para elemento enrijecido à compressão sem enrijecedores


intermediários (fy em MPa). Fonte: JAVARONI,1993.

Em elementos não enrijecidos à compressão, em elementos com enrijecimentos


múltiplos à compressão e em elementos com enrijecedores de borda, deve ser adotado
Cy=1,0 (JAVARONI, 1993).
A norma americana adota a reserva de resistência inelástica no
dimensionamento, fazendo algumas exigências que podem ser encontradas no item C
3.1.1-Procedimento II da AISI-Draft 2001, sendo o momento resistente calculado através
do equilíbrio de forças.
Utilizando o equilíbrio de forças, ALVES (2001), propõe a equação 2.40 para a
determinação do momento fletor resistente de plastificação parcial de uma seção
transversal tipo caixão.
 d 2  3.C y − 1 
2

M pl = 2. f y .t .b.d + d e .( d − d e ) + .  (2.40)
 4  3.C y 2 

Sendo:
t = espessura do perfil;
b = largura do perfil;
d = altura do perfil;
de = altura do enrijecedor
Cy = εcu /εy ;

Na figura 2.7 está apresentada a seção transversal do perfil analisado, a


distribuição de tensões e deformações e a nomeclatura utilizada na expressão 2.40.
Com objetivo de simplificar a formulação, a seção transversal do perfil é
representada pela linha média do seu perímetro e os raios de dobramento das regiões
49

curvas iguais a zero. A equação 2.51 pode ser utilizada em perfis cujos elementos possuam
esbeltez maior que 0,673. A equação considera um intervalo de plastificação mínimo ao
longo da altura da viga, referente à resistência ao escoamento do aço, fy, constante desde a
mesa até a borda inferior do enrijecedor, sendo a origem de yp considerada a partir da linha
neutra (ALVES, 2001).

Figura 2.7 - Diagrama de deformações específicas e diagrama de tensões de uma seção


transversal tipo caixa considerando a reserva de resistência inelástica. Fonte: ALVES, 2001.

2.2 LAJE TRELIÇADA DE CONCRETO

O sistema de viga mista pode interagir com vários tipos de lajes que variam de
acordo com a preferência do projetista, a economia, a rapidez e a viabilidade, entre outros
fatores. As variedades de lajes ainda não normalizadas, aliadas às suas prováveis
vantagens, têm gerado pesquisas com o intuído de se ter mais conhecimento sobre seu
comportamento estrutural, incluindo a interação destas com o restante da estrutura.
As lajes mais utilizadas em estruturas metálicas são as maciças e com fôrma de
aço incorporada, denominada “steel-deck”. O primeiro sistema é formado por uma laje
moldada sobre painéis lisos escorados, que são retirados quando a laje atinge uma certa
resistência. Caso sejam utilizados conectores solidarizados as vigas, estas podem trabalhar
como vigas mistas.
O sistema “steel deck” constitui-se de uma fôrma de aço estrutural formado a
frio que suporta o concreto na fase de execução e serve como armadura positiva da laje.
Nesse sistema, é possível soldar os pinos com cabeça (“stud bolt”) através da espessura da
chapa de aço na mesa superior das vigas, permitindo então que elas se comportem como
50

vigas mistas. Devido ao espaçamento das vigas de piso, como também a própria forma
metálica, não é necessária a utilização de escoramentos.
Dentre outras opções de lajes, existem as pré-moldadas, que podem ser
alveolares, lajes com vigotas, lajes treliçadas, etc. A utilização desse tipo de laje em
edificações formadas por estruturas metálicas já existe, porém em menor escala. Isso se
deve a pouca informação a respeito de seu comportamento estrutural, principalmente no
que se refere à consideração do trabalho conjunto entre as vigas metálicas e a laje. Além
disso, há dúvidas quanto à sua capacidade de distribuição das ações horizontais,
(VASCONCELOS, 2001).
As lajes treliçadas são lajes formadas por vigotas treliçadas constituídas por
uma armadura treliçada de aço e por uma chapa retangular de concreto envolvendo as
barras inferiores da treliça que irão compor a armadura da face tracionada, como se pode
ver na figura 2.8. Caso as barras inferiores da treliça não sejam suficientes para resistir aos
esforços de tração, pode-se adicionar armadura na chapa de concreto. Esta armadura é
denominada armadura adicional e pode ser composta do mesmo tipo de aço utilizado na
treliça, fios de aço CA-60, ou ainda de barras de aço CA-50.

Figura 2.8 - Seção transversal da vigota treliçada e perspectiva da armadura treliçada

Na montagem ou execução da laje, as vigotas são colocadas espaçadamente,


sendo que o enchimento desses espaços é feito por elementos leves, normalmente o EPS
(poliestireno expandido). A utilização de elementos de material leve está ligada à idéia de
substituir parte do concreto da região tracionada das lajes, bem como servir de sustentação
à camada de concreto fresco que é aplicada sobre os painéis das lajes pré-fabricadas.
Além da armadura da treliça são dispostas também armaduras de distribuição
em forma de malha na face superior da laje. Essa armadura tem por objetivo promover um
comportamento conjunto mais efetivo da laje com a estrutura; reduzir os efeitos da retração
diferencial entre o concreto moldado no local e o concreto pré-moldado; reduzir a abertura
51

de fissuras devido à retração e aos efeitos térmicos; propiciar melhor distribuição


transversal de cargas localizadas e propiciar um comportamento mais efetivo de diafragma,
na transferência de ações horizontais.
Para solidarizar todos esses elementos dando-lhes função estrutural o concreto
moldado in loco é colocado sobre as treliças e o EPS, não só preenchendo os espaços como
também formando a capa de concreto que servirá como mesa de compressão.
As lajes treliçadas podem ser tratadas como estruturas monolíticas, devido à
grande solidarização da armadura com o concreto moldado no local. A princípio, estas
lajes têm o mesmo funcionamento estrutural de uma laje maciça convencional, sendo que
os elementos pré-moldados têm função de racionalização na execução, proporcionando à
obra rapidez e economia.
Em geral os comprimentos das treliças são padronizados em 8, 10 e 12 m e
com altura variando de 80 a 250 mm. A armação treliçada (TR) pode ser classificada
mediante um código correspondendo à bitola da armadura do banzo superior (BS), das
diagonais (D) e do banzo inferior (BI), (DROPPA,1999). No quadro 2.5 estão mostradas as
principais características das armaduras treliçadas usualmente empregadas.

Quadro 2.5 Tipos usuais de treliças metálicas ( DROPPA,1999).

Altura Diâmetro das Seção Massa


Tipo
(mm) barras (mm) (cm2) (kg/m)
TR(H)(BS )(D)(BI) H BS D BI
TR 08634 80 6 3,4 4,2 0,276 0,625
TR 12645 120 6 4,2 5 0,392 0,880
TR16746 160 7 4,2 6 0,566 1,164
TR20756 200 7 5 6 0,566 1,445
TR25856 250 8 5 6 0,566 1,676
TR30856 300 8 5 6 0,566 1,818

As armaduras podem ser classificadas mediante outros códigos, sendo


característico de cada empresa que as fabricam.
Os parâmetros principais que definem o projeto da laje são (Figura 2.9):
• Vão a ser vencido;
• Sobrecarga (carga/área);
• Cargas lineares ou pontuais (ex: paredes de alvenaria);
• Altura total da laje (h);
52

• Espessura da capa de concreto (tc);


• Resistência característica de compressão do concreto (fck);
• Intereixo de nervuras (intereixo);
• Espessura das nervuras (bw);
• Tipo de material de enchimento;
• Altura e armadura da treliça (ht);

tc

ht EPS

bw Intereixo

Figura.2.9 - Dimensões principais da seção transversal da laje treliçada

Pode-se arbitrar a altura total da laje a ser usada fixados o vão e o valor da
sobrecarga, sendo esse valor tabelado e obtido a partir de manuais de dimensionamento
produzidos pelos próprios fabricantes dessas lajes.
Apesar das tabelas serem práticas, segundo CARVALHO et al (2000) elas não
levam em consideração a fluência e a fissuração, sendo esta umas das motivações que
levaram outros pesquisadores a elaborarem tabelas que permitissem obter a altura e
armadura das lajes pré-moldadas em função do vão atuante, das condições de colapso e de
deformação excessiva, incluindo nesta última os efeitos da fissuração e da fluência.
A laje treliçada, em função de sua geometria, é considerada como uma laje
nervurada, na qual a resistência à tração é concentrada apenas nas nervuras, e entre as
quais são colocados materiais não estruturais de modo a tornar plana a superfície inferior
da peça. Por apresentar um braço de alavanca maior entre as zonas comprimidas e
tracionadas que nas lajes maciças, as lajes nervuradas tendem a apresentar uma maior
rigidez, menor consumo de armaduras e menor consumo de concreto que as lajes maciças,
(DROPPA,1999).
As lajes treliçadas podem ser classificadas como lajes unidirecionais ou
bidirecionais. As unidirecionais possuem nervuras em uma única direção e as bidirecionais
possuem nervuras resistentes em duas direções ortogonais entre si.
O Projeto de Revisão da NBR 6118: 2000 impõe algumas restrições para o
cálculo das lajes nervuradas:
53

• A espessura da mesa, quando não houver tubulações horizontais embutidas, deve ser
maior ou igual a 1/15 da distância entre nervuras, e não menor que 3 cm.
• O valor mínimo absoluto deve ser 4 cm quando existirem tubulações embutidas com
diâmetro máximo de 12,5 mm.
• A espessura das nervuras não deve ser inferior a 5 cm.
• Não é permitido o uso de armadura de compressão em nervuras de espessura inferior a
8 cm.
• Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 60 cm, pode ser
dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do cisalhamento da
região das nervuras permite-se a consideração dos critérios de laje maciça;
• Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 60 cm e 110 cm, exige-se a
verificação da flexão da mesa e as nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento
como vigas;
• Para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maiores que 110 cm, a
mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada sobre grelha de vigas, respeitando-
se os seus limites mínimos de espessura.
• Nas lajes nervuradas atuando numa só direção é importante que existam nervuras
transversais convenientemente distribuídas quando existirem cargas concentradas. Isso
promove uma suavização da variação das flechas ao longo da direção transversal às
nervuras principais e diminui os danos na interface entre elementos de concreto e
materiais inertes decorrentes de variações volumétricas diversas.
A norma espanhola EF-96 apud VASCONCELLO (2001), alerta que no apoio
das lajes treliçadas sobre vigas de concreto pré–moldado ou vigas de aço, em geral a
superfície de contato entre os elementos restringe-se ao topo das vigas ou topo e laterais.
Como conseqüência, as tensões de cisalhamento horizontal são geralmente elevadas
tornando obrigatório o uso de armadura ou conectores de cisalhamento. O uso dos
conectores soldados às vigas permite uma melhor ligação da laje com o restante da
estrutura, permitindo assim que a laje distribua ações horizontais para o restante da
estrutura e, ainda, que as vigas trabalhem como vigas mistas.
54

2.3 CONECTORES DE CISALHAMENTO

O comportamento de vigas mistas é baseado na ação conjunta entre a viga de


aço e a laje de concreto. Para que isto ocorra, é necessário que na interface aço-concreto
desenvolvam-se forças longitudinais de cisalhamento. A aderência natural entre os dois
materiais e as forças de atrito presentes não são, normalmente, levadas em conta no
cálculo, tornando necessário o uso de conectores de cisalhamento para transmitir o
cisalhamento na interface (QUEIROZ et al, 2001). A figura 2.10 ilustra alguns tipos de
conectores.

Figura 2.10 – Vista frontal de alguns tipos de conectores

2.3.1 Comportamento da viga mista em relação ao cisalhamento na interface

A ação mista é desenvolvida quando dois elementos estruturais são


interconectados de tal forma a se deformarem como um único elemento, como por
exemplo, o sistema da figura 2.11 formado por uma viga de aço biapoiada suportando uma
laje de concreto em sua face superior.

Deslizamento

Tensão de
cisalhamento

(a) Vigas sem ação mista (b) Vigas com ação mista

Figura 2.11- Vigas mistas fletidas


55

Não existindo qualquer ligação na interface, os dois elementos se deformam


independentemente e cada superfície da interface estará submetida a diferentes tensões, o
que provocará um deslizamento relativo entre elas. Considerando que o elemento de aço
esteja interligado ao elemento de concreto por meio de conectores de cisalhamento com
resistência suficiente para deformarem-se como um único elemento, não existirá
deslizamento relativo e haverá apenas uma linha neutra na seção transversal. Essa
interação é denominada interação completa.
Existe um comportamento intermediário entre as duas situações anteriores, no
qual haverá um certo deslizamento relativo entre as duas superfícies, porém as
deformações não são independentes. Essa interação é denominada interação parcial.
A ligação entre o aço e o concreto é dimensionada em função dos esforços
cortantes longitudinais por unidade de comprimento, q, conhecido como fluxo de
cisalhamento longitudinal. A resultante do fluxo de cisalhamento longitudinal, Vh, é dada
em função da máxima força cortante que se pode transmitir através da ligação.
Quando a resistência dos conectores é maior ou igual à resistência da viga
metálica ou da laje de concreto, o grau de conexão é total, sendo o equilíbrio horizontal
atingido quando as forças resistidas pela laje e pela viga metálica se igualam. Neste caso, a
resistência dos conectores não influencia diretamente a resistência à flexão da viga mista.
Quando a resistência dos conectores é menor que a menor resistência oferecida por
qualquer dos dois elementos, a resistência da laje de concreto passa a ser limitada pela
resistência dos conectores. Neste caso, os conectores controlam a capacidade resistente à
flexão da viga mista, sendo a conexão parcial (BRADFORD et al, 1995).
O índice que permite avaliar o grau de conexão, g, é determinado pela relação
entre o somatório das resistências individuais dos conectores situados entre uma seção de
momento fletor máximo e a seção adjacente de momento nulo, e a resultante do fluxo de
cisalhamento Vh. Este índice permite avaliar o tipo de conexão; quando g ≥ 1 a conexão é
completa e quando g ≤ 1 a conexão é parcial.
O EUROCODE 4-Draft 2001 apresenta os dois conceitos relacionados ao
comportamento de vigas mistas à flexão, isto é, grau de interação e grau de conexão. Já as
normas: brasileira, americana e canadense, no item que trata sobre vigas mistas, utilizam
apenas o conceito de grau de interação, unindo os dois conceitos anteriores.
Embora as próprias normas confundam os termos interação e conexão, deve
ficar claro que a interação está associada com o escorregamento relativo, e o grau de
56

conexão está associado à capacidade da viga em atingir o máximo momento resistente sem
a ruptura da ligação (VIEIRA, 2001).

2.3.2 Classificação dos conectores

Os conectores são classificados em flexíveis e rígidos. A flexibilidade dos


conectores está associada às características da sua resposta quando solicitados. Os
conectores rígidos deformam muito pouco sob ação de solicitações, mesmo para aquelas
próximas à força de ruptura, sendo o deslizamento muito pequeno na interface. A força no
conector e o deslocamento relativo aço-concreto podem ser obtidos através de ensaios de
cisalhamento direto. As formas dessas curvas, para os dois tipos de conectores, estão
representadas na figura 2.12.

Figura 2.12 - Curva força versus deslocamento dos conectores

Nos conectores rígidos, a transmissão do cisalhamento pela interface entre o


aço e o concreto é feita exclusivamente pela capacidade resistente do concreto. Já nos
conectores flexíveis, essa transmissão é feita inicialmente por flexão. O deslizamento na
interface, que pode ser grande devido à flexibilidade do conector, é comumente tomado
como uma medida de capacidade de carga do conector (LEMA, 1982).
Com a utilização de conectores rígidos é possível que se consiga ausência de
deslizamento relativo na interface, ou seja, interação total.
Segundo MALITE (1993), a capacidade dos conectores flexíveis de se
deslocarem bem mais que os rígidos quase não afeta o comportamento da viga em regime
de utilização (“fase elástica”). No regime último (“fase pós-elástica”), entretanto, permite a
57

redistribuição do fluxo de cisalhamento longitudinal entre os conectores. Isto significa que


sob carregamento crescente um conector flexível pode continuar a deformar-se com
solicitações próximas à sua ruptura e com isto permitir que os conectores seguintes
absorvam maior força de cisalhamento e atinjam sua capacidade total. Isso uniformiza a
resistência da conexão, permitindo espaçar igualmente este tipo de conector.

2.3.3 Ensaios em conectores

Quando se deseja determinar as propriedades de um determinado tipo de


conector que não esteja previsto nas normas, pode-se utilizar ensaios padronizados de
cisalhamento direto também denominados “push-ou tests”.
Várias normas prescrevem esse ensaio. No ensaio recomendado pelo
EUROCODE 4-Draft 2001, um perfil laminado é conectado a duas lajes de concreto
armado. As lajes são apoiadas na parte inferior e o carregamento é aplicado na extremidade
superior do perfil de aço. O escorregamento relativo entre o perfil de aço e as duas lajes de
concreto é medido por relógios comparadores posicionados em cada lado da laje, o
dipositivo utilizado neste ensaio é mostrado na figura 2.13.

Cobrimento 15

opcional
Opcional

Gesso ou argamassa para nivelar

. Barras com diâmetro de 10mm, com


resistência ao escoamento entre 450
e 550 N/mm2

. Seção transversal HE 260 B ou


254x254x89 kg U.C

Figura 2.13 - Modelo de ensaio de conectores. Fonte: Eurocode 4.


58

A preparação dos protótipos deve seguir rigorosamente o previsto pelas


normas, mas algumas recomendações devem ser frisadas:
• Para que os resultados não sejam afetados pela aderência química entre o perfil de aço
e o concreto, a superfície de contato deve ser engraxada.
• O concreto dos modelos deve sofrer cura ao ar.
• A resistência ao escoamento do aço do conector deve ser determinada.
• A força deve ser aplicada gradualmente.
Mesmo seguindo todas as prescrições normativas os ensaios apresentam
resultados que se diferenciam devido a diversos fatores. Cita-se, por exemplo, o número de
conectores no modelo de ensaio, as tensões longitudinais médias na laje de concreto em
torno dos conectores, o tamanho, arranjo, e resistência da armadura da laje na vizinhança
dos conectores, a espessura do concreto junto aos conectores, a aderência na interface aço-
concreto, a resistência à compressão do concreto, o adensamento do concreto e o arranjo
das partículas do agregado junto aos conectores. Além disso, a vinculação lateral na base
das lajes, também influencia os resultados, pois deslocamentos laterais da laje podem
provocar forças de arrancamento no conector.
O EUROCODE 4-Draft 2001, indica como se deve proceder na avaliação dos
resultados dos ensaios:
• não menos que três ensaios em modelos idênticos deverão ser feitos;
• quando, em nenhum ensaio, o desvio do valor da força de ruptura em relação à média
não exceder 10%, o menor valor da força de ruptura obtido nos ensaios será tomado
como força última Pu;
• se esse desvio exceder 10%, pelo menos mais três ensaios do mesmo tipo deverão ser
feitos e o menor valor da força de ruptura, obtido nesses seis ensaios, será tomado
como força última Pu;
• quando pelo menos dez ensaios forem realizados, a força última Pu pode ser
determinada como sendo a força correspondente a uma probabilidade de 5% dos
resultados obtidos serem menores que Pu.
A resistência do concreto e o diâmetro do conector, para o caso de pinos com
cabeça (“stud bolt”), são as principais variáveis que influenciam o modo e a força de
ruptura. Nos ensaios desses conectores, para diâmetros acima de 16 mm ocorre ruptura do
concreto circundante ao conector e para diâmetros menores ocorre cisalhamento do
conector. Segundo LEMA (1982), as tensões de contato sobre o corpo desse conector
59

variam ao longo de seu comprimento, sendo maiores em sua base.


Segundo OLGAARD apud FABBROCINO et al (1999) a curva força-
deslizamento para o “stud-bolt” obtida de ensaios de cisalhamento direto, pode ser
representada pela expressão 2.41.
R = Pu (1 – e-α.s)β (2.41)
Sendo:
Pu = resistência última,
s = deslizamento relativo e
α e β = constantes de ajuste da curva.
Alguns valores usuais de α e β são; 0,558 e 1mm-1; 0,989 e 1,535 mm-1; 0,8 e
0,7 mm-1.
Segundo BRADFORD et al (1995) o deslizamento máximo, Sult, de conectores
tipo pino com cabeça pode ser encontrado pela expressão 2.42.

Sult = (0,48-0,0042.fcm).dc (2.42)


Sendo:
fcm = resistência média do concreto à compressão,
dc = diâmetro do conector.
LAM et al, (1998) realizou ensaios de cisalhamento direto em conectores tipo
pino com cabeça e laje formada por painéis alveolares protendidos. Foram ensaiados 12
modelos, onde as varáveis foram a largura dos painéis, o espaçamento entre os painéis e os
conectores (g), a taxa de armadura transversal e a resistência do concreto de ligação dos
painéis. Os objetivos desses ensaios eram avaliar o comportamento dos conectores de
acordo com as três últimas variáveis.
Os ensaios não foram realizados de maneira convencional O modelo possuía
apenas uma laje posicionada na horizontal, sendo o carregamento aplicado na laje e não na
viga. A figura 2.14 mostra o esquema de ensaio e parte da seção transversal do modelo.
Os resultados mostraram que taxas de armadura mais elevadas resultaram em
maiores resistências dos conectores devido ao maior confinamento do concreto. Além
disso, a armadura preveniu a formação de fissuras próximas aos conectores. Quanto mais
distante eram posicionados os painéis pré-moldados dos conectores, maior era a resistência
e a rigidez da ligação. Porém o valor ótimo para está distância foi de 70mm, ou 4 vezes o
diâmetro do pino. As diferentes resistências do concreto foram praticamente indiferentes,
60

ou seja, pouco influenciou na resistência ou rigidez da ligação.

Figura 2.14 - Esquema de ensaio e seção transversal do modelo. Fonte: Lam et al (1998).

MALITE (1993) realizou ensaios de cisalhamento direto em três tipos de


conectores de chapa dobrada, isto é, cantoneira simples, cantoneira enrijecida e perfil U,
com duas espessuras de chapa, 2,66mm e 4,76mm. A laje era maciça com resistência à
compressão de aproximadamente 30MPa. Os modos de ruptura observados foram dois, ou
seja, ruptura do aço do conector junto à solda, para conectores com espessuras de 2,66mm,
e ruptura no concreto, para espessura de 4,66mm. O comportamento dos três tipos de
conectores, com a mesma espessura, foram bem semelhantes. Em relação às forças de
ruptura, estas foram maiores que os valores obtidos pela expressão da NBR 8800:1986
para o caso de conector em U laminado.
OLIVEIRA (2001) também realizou ensaios de cisalhamento direto em dois
tipos de conectores, isto é, perfil U formado a frio 50 x 25 com espessura de 3,00 mm, pino
com cabeça utilizando-se rebite com rosca interna RIVKLE M 14 x 1,5 PO 300 e parafuso
sextavado DIN 960 M 14 x 1,5 x 100, classe 8.8. As lajes também eram maciças, com
resistência à compressão aproximada de 30 MPa, armadas e não armadas. Os modelos
constituídos por conectores em perfis U formados a frio tiveram seu modo de ruptura
iniciado por escoamento do conector, seguida de ruptura do concreto. Este tipo de ruptura
se deu segundo dois modos distintos:
a) nos modelos sem armadura no concreto, o colapso ocorreu inicialmente com
escoamento do aço do conector e posterior ruptura frágil do concreto.
b) nos modelos em concreto armado, mesmo após o escoamento do conector, os mesmos
61

absorveram carga até o aparecimento de fissuras nas lajes. Posteriormente se deu o


rompimento do concreto.
Em relação às forças de ruptura, estas também foram maiores que os valores
obtidos pela expressão da NBR 8800:1986, para o conector U laminado.
Nos modelos constituídos por rebite com rosca interna, a falha se deu devido à
ruptura frágil do concreto nos modelos sem armadura, e devido ao esmagamento, sem
rasgamento da chapa da viga, nos modelos com armadura.
HANOR (2000) estudou vários tipos de conectores que fossem compatíveis
com vigas em perfis formados a frio associados com lajes, maciças, com forma de aço
incorporada e com painéis pré-moldados. Para as lajes maciças os conectores utilizados
foram perfis formados a frio, “Ue”, 120 x 33 x12x 2mm, sendo fixados duas maneiras, por
solda ou quatro parafusos auto-atarrachantes com 6mm de diâmetro. Para as lajes com
fôrma de aço incorporada o conector utilizado foi o mesmo “Ue” fixado através de 4
parafusos auto-atarrachantes que atravessavam a forma metálica. O perfil que formava a
viga era composto por dois perfis iguais aos conectores, solidarizados por parafusos
formando uma seção transversal em forma de I.
Foram também realizados ensaios de vários conectores que faziam a ligação da
viga com os painéis pré-moldados. Estes conectores eram em forma de parafusos ou
chumbadores, figura 2.15, que eram colocados perfurando tanto a viga como o painel. As
vigas eram constituídas de perfis formados a frio em forma de Z e cantoneiras laminadas.
Os resultados destes ensaios confirmaram a eficiência desses conectores, não
só em relação a sua resistência como também em relação ao modo de fixação, sendo estes
compatíveis com os perfis formados a frio.

Figura 2.15 - Conectores utilizados em lajes com painéis pré-moldados. Fonte: Hanor (2000).

A curva força-deslizamento para conectores em vigas mistas difere daquela


obtida nos ensaios isolados de cisalhamento direto, pois a distribuição de tensões
longitudinais na laje de concreto da viga é diferente da laje de concreto isolada . Em vigas
62

simplesmente apoiadas, nas quais a laje é totalmente comprimida, a relação força-


deslizamento em regime elástico pode chegar a duas vezes o valor obtido em ensaios
isolados, mas a resistência última é aproximadamente a mesma (MALITE, 1993).
Existem outras situações nas quais a resistência última do conector, obtida em
ensaios isolados, se apresenta elevada para uso em projetos, tais como, fadiga, conectores
próximos à extremidade e conectores em concretos de baixa densidade (MALITE, 1993).
Além desses, vários outros pesquisadores estudaram o comportamento de
conectores analisando uma série de variáveis.

2.3.4 Expressões para cálculo da resistência última de conectores tipo perfil U


laminado

As normas relativas às construções mistas apresentam expressões para cálculo


da resistência de conectores com base em extensivos programas de ensaios.
Além das expressões normalizadas, existem outras deduzidas por
pesquisadores que ainda não fazem parte de normas, talvez devido à necessidade de mais
ensaios, ou talvez devido a serem restritas a certos tipos de laje, armaduras ou outras
características que restringem sua utilização.
A seguir são apresentadas algumas expressões encontradas na bibliografia
pesquisada para avaliação da resistência de conectores de perfil U laminado como também
formado a frio.

2.3.4.1 Norma brasileira NBR 8800: 1986

A NBR 8800: 1986 apresenta a seguinte expressão para cálculo da resistência


nominal de um conector de cisalhamento U laminado totalmente embutido na laje maciça é
dado:
Pu = 0,0365.( t f + 0 ,5t w ).Lcs . f ck (2.43)

Sendo:
Pu = resistência nominal do conector, kN;
63

tf = espessura da mesa do conector, mm;


tw = espessura da alma do conector, mm;
Lcs = comprimento do conector, mm;
fck = resistência característica do concreto à compressão, MPa.
Estas expressões são válidas para concretos de densidade acima de 22 kN/m3 e
fck entre 20 MPa e 28 MPa.

2.3.4.2 Norma americana AISC-LRFD: 1999

A AISC-LRFD apresenta a seguinte expressão para cálculo da resistência


nominal de um conector de cisalhamento U laminado:

Pu = 0,0003.(t f + 0,5t w ).Lcs .( f ck .Ec )1 / 2 (2.44)


Sendo:
Pu = resistência nominal do conector, N;
fck = resistência característica do concreto, MPa;
Ec = módulo de elasticidade do concreto, MPa;
tf = espessura do flange do conector, mm;
tw = espessura da alma do conector, mm;
Lcs = comprimento do conector, mm;

2.3.4.3 Norma americana de rodovias AASHTO: 1973 apud LEMA, 1982

As recomendações da AASHTO (American Association of State Highway and


Transporttation Officials) requerem que os conectores sejam, calculados à fadiga e
verificados à resistência última. A AASHTO requer:
- Afastamento mínimo do conector da borda do flange de 25,4mm,
- O conector deve penetrar pelo menos 50,8mm acima da face inferior da laje,
- O recobrimento do concreto acima da face superior do conector deve ser ≥ 50,8mm,
- Os filetes de solda para perfis U de 76,2mm a 127mm devem ser de 4,76mm
64

A resistência última Pu dos conectores tipo perfil U laminado é a seguinte:

Pu = 0 ,04566.( t f + 0 ,5t w ).Lcs . f ck (2.45)

Sendo:
Pu = resistência nominal do conector, kN;
fck = resistência característica do concreto, MPa;
tf = espessura do flange do conector, mm;
tw = espessura da alma do conector, mm;
Lcs = comprimento do conector, mm;
Havendo fadiga, a variação admissível da força cisalhante atuante no conector
pode ser obtida por:
∆Fc = C 2 .Lcs (2.46)
Sendo:
C1, C2 constantes que são função do número de ciclos de carregamento:
C1 = 13000 para 105 ciclos C2 = 4000 para 105 ciclos;
C1 = 10600 para 5.105 ciclos C2 = 3000 para 5.105 ciclos;
C1 = 7850 para 2.106 ciclos C2 = 72400 para 2.106 ciclos;

2.3.4.4 Norma britânia BS 5400: 1979 apud MALITE, 1993

A norma britânica não recomenda expressões para cálculo da resistência de


conectores, mas apresenta uma tabela com a resistência nominal de conectores tipo pino
com cabeça, barra chata e perfil U laminado. O quadro 2.6 apresenta a resistência nominal
dos conectores tipo U laminado.

Quadro 2.6: Resistência nominal de conectores U laminado segundo a BS 5400: 1979


Material do Resistência nominal por conector em kN para concreto
Conector U laminado (mm)
conector de resistência. fck, N/mm2
fck : 20 fck : 30 fck : 40 fck : 50
127 x 64 x (14,90) x 150 351 397 419 442
Grade 43 da BS
102 x 51 x (10,42) x 150 293 337 364 390
4360: 1972
76 x 38 x (6,70) x 150 239 283 305 326
65

2.4 VIGA MISTA

Qualquer peça estrutural na qual dois ou mais materiais, tendo diferentes


relações tensões versus deformações, são combinados e passam a trabalhar em conjunto é
denominada peça mista. Um tipo de peça estrutural mista muito utilizada é a viga mista
formada por perfil “I” metálico. Para garantir a interação entre a laje e o perfil, são
utilizados conectores de cisalhamento soldados ao perfil de aço e embutidos na laje de
concreto. Na figura 2.16 pode-se ver algumas seções transversais de vigas mistas.

Figura 2.16 – Tipos de seções transversais de vigas mistas. Fonte: Eurocode 4-Draft 2001

O benefício de se usar o aço estrutural juntamente com o concreto é claro, pois


o primeiro tem um ótimo desempenho à tração e o segundo à compressão, formando assim
um sistema mais rígido se comparado à viga somente de aço. Como vantagens da
utilização de vigas-mistas, pode-se citar:
- redução no peso global da estrutura e consequente alívio nas fundações;
- diminuição da altura dos perfis metálicos;
- possibilidade de vencer maiores vãos;
- redução de flechas;
- redução de custos;
Os primeiros ensaios relativos a este sistema construtivo iniciaram na
Inglaterra em 1914, pela empresa Radpath Brow and Company. Em 1922, mais ensaios
foram feitos, desta vez no Canadá, supervisionados pela Dominium Bridge Company.
Em 1930, o sistema já estava definido, e os métodos de dimensionamento
estabelecidos. Em 1944 o assunto foi introduzido nas normas da American Association of
State Highway Officials ( MALITE, 1990).
66

Segundo PFEIL (2000), a carência do aço após a II Guerra Mundial levou os


engenheiros europeus a utilizar a laje de concreto como parte componente das estruturas
em aço, iniciando-se pesquisas sistemáticas que esclareceram o comportamento da viga
mista para esforços estáticos e repetidos.
GALAMBOS et al (1990) foi um dos grandes pesquisadores sobre os critérios
de vigas mistas no LRFD (Load and Resistance Factor Design). Oehlers D.J., Bradford
M.A., são pesquisadores que continuam estudando o assunto, principalmente no que se
trata da ligação aço-concreto.
No Brasil também tem se pesquisado sobre vigas mistas, como por exemplo FILHO
(1980), LEMA (1986) e MALITE (1990) que estudou vigas mistas de aço/concreto em
edifícios, fornecendo uma visão geral do assunto em relação ao dimensionamento e
aspectos construtivos. Mais tarde MALITE (1993) estudou vigas mistas com perfil
formado a frio, tendo realizado ensaios em conectores de cisalhamento e vigas. ALVA
(2000) fez abordagem abrangente das estruturas mistas aço/concreto, com ênfase em
edifícios, e dos principais elementos que compõem esse sistema, abordando os aspectos
construtivos, o comportamento estrutural e os procedimentos para dimensionamento
recomendados pelas principais normas. OLIVEIRA (2001) fez um estudo teórico-
experimental em vigas-mistas constituídas por perfis formados a frio e lajes pré-moldadas
e vários outros pesquisadores têm feito estudos numéricos tentando aproximar seus valores
aos experimentais.
As vigas mistas podem ser simplesmente apoiadas ou contínuas. As
simplesmente apoiadas contribuem para a maior eficiência do sistema misto, pois a viga de
aço trabalha predominantemente à tração e a laje de concreto à compressão. As vigas
contínuas, devido à presença de momentos fletores negativos, apresentam um
comportamento estrutural diferente das simplesmente apoiadas.
O método construtivo também influencia o comportamento estrutural. Quando
as lajes são escoradas no momento da construção, as vigas não recebem o carregamento da
laje durante a fase construtiva, caso usual em lajes maciças. Quando as lajes não são
escoradas, por exemplo em lajes “steel-deck”, as vigas recebem todo o carregamento da
fase construtiva inclusive o peso da laje. Neste momento, como o concreto ainda não
oferece resistência, a viga está trabalhando sozinha e não como viga mista. Neste caso, as
verificações de flechas e da estabilidade lateral das vigas podem ser determinantes.
67

Outros fatores que influenciam o comportamento das vigas são a fluência e a


retração do concreto. Ambas conduzem a deformações por carregamentos de longa-
duração maiores que a sua deformação inicial.

2.4.1 Largura efetiva

Na análise de vigas mistas, assumimos que as deformações têm uma


distribuição constante ao longo da largura da laje, porém, devido à presença de
deformações de cisalhamento no plano da laje de concreto, as seções da laje não
permanecem planas, provocando uma variação das tensões normais ao longo de sua
largura. Na figura 2.17 está representada a variação das tensões normais ao longo da
largura da laje. Como se pode ver, as tensões são máximas sobre as vigas e decrescem à
medida que vão se distanciando.
Para que se possa calcular uma viga mista admitindo que a seções permaneçam
planas após a flexão, é necessário que se calcule uma largura fictícia, b, que, multiplicada
pela tensão máxima, σmáx, forneça a mesma resultante dada pela distribuição não uniforme
das tensões. Essa largura fictícia é denominada largura efetiva. ANSOURIAN (1975) apud
BRADFORD et al (1995) analisou uma série de vigas mistas em regime linear, usando
elementos finitos e chegou a alguns fatores que influenciam sua determinação, como, por
exemplo, as dimensões dos painéis de laje e das vigas, o tipo de carregamento, a
continuidade das vigas e outros. Devido a esses vários fatores, as normas de
dimensionamento fornecem expressões simplificadas para o valor da largura efetiva de
lajes.
A norma brasileira NBR 8800: 1986, recomenda que quando a laje se estender
para ambos os lados da viga, a largura efetiva é determinada pelo menor dos seguintes
valores:
- 1/4 do vão da viga mista;
- 16 vezes a espessura da laje mais a largura da mesa superior da viga de aço;
- a largura da mesa superior da viga de aço mais a média das distâncias livres entre essa
mesa e as mesas superiores das vigas adjacentes.
O critério que considera a espessura da laje na determinação da largura efetiva,
vem sendo abandonado, além de não ser utilizado pelas demais normas. Quando a laje se
68

estende apenas para um lado da viga de aço, porém recobre totalmente sua mesa superior, a
largura efetiva não pode ser maior que a largura desta mesa mais a menor das seguintes
larguras:
- 1/12 do vão da viga mista;
- 6 vezes a espessura da laje;
-metade da distância livre entre mesas superiores da viga considerada e da viga adjacente.

Figura 2.17 -Variação das tensões normais ao longo da largura da laje. Fonte: ALVA, 2002.

2.4.2 Dimensionamento

O cálculo de vigas-mistas, assim como vários outros cálculos, esteve associado


durante um grande período de tempo à uma análise elástica de tensões, na qual os valores
extremos das tensões solicitantes eram comparados com valores admissíveis, ou seja,
tensões resistentes reduzidas por um coeficiente de segurança (Método das Tensões
Admissíveis). Em meados de 1980, algumas normas começaram a adotar uma nova
metodologia de cálculo denominada Método dos Estados Limites. Este novo procedimento
estabelece condições de colapso da estrutura, baseado em critérios de resistência última,
citando-se a hipótese de plastificação da seção e através de critérios de utilização,
determinado por um limite de deformações excessivas.
Neste item são apresentadas as formulações utilizadas na determinação das
tensões através do método elástico simplificado, utilizado para avaliar o comportamento da
viga em situações de serviço onde as tensões no aço e no concreto estão abaixo do limite
69

de proporcionalidade dos materiais, e do método plástico, utilizado para se determinar o


momento resistente último desta seção. Este é o método recomendado pelas normas.

2.4.2.1 Regime elástico

O cálculo no regime elástico utiliza o conceito de seção homogeneizada ou


transformada, que considera a região de concreto como uma área equivalente em aço. Para
se obter essa seção, a seção efetiva de concreto, cuja largura é igual a largura efetiva da
laje, deve ser dividida por um fator de homogeneização denominado n,

E
n= (2.47)
Ec
Sendo:
n = fator de homogeneização;
E = módulo de elasticidade longitudinal do aço;
Ec = módulo de elasticidade longitudinal do concreto.
As hipóteses de cálculo na análise elástica são:
- a ligação entre a laje de concreto e a viga metálica é perfeita, ou seja, adota-se a hipótese
de interação total;
- os materiais utilizados, aço e concreto, são perfeitamente elásticos;
- a hipótese de manutenção das seções planas é válida durante a flexão
- o concreto não resiste aos esforços de tração.
Dependendo da geometria da seção mista e das características dos materiais, a
posição da linha neutra pode estar tanto na laje de concreto quanto na viga de aço. No
apêndice A são mostradas as diversas posições da linha neutra para seção mista com perfil
caixa e laje nervurada, bem como a inércia homogeneizada.
Os módulos de resistência à flexão são dados pelas expressões:

I tr
(Wtr )i = (2.48)
t c + hF + d − y1

I tr
(Wtr )s = (2.49)
y1
Sendo:
70

(Wtr)i = módulo de resistência à flexão da seção homogeneizada com relação à fibra


inferior;
(Wtr)s = módulo de resistência à flexão da seção homogeneizada com relação à fibra
superior;
Itr = inércia homogeneizada;
tc = altura da capa de concreto;
hF = altura entre a fase inferior da mesa de compressão de concreto e a mesa superior do
perfil, quando a laje for plana hF = 0;
d = altura do perfil metálico;
y1 = posição da linha neutra a partir da face superior da laje.

As tensões de cálculo são dadas pelas expressões:


M
σa = (2.50)
(Wtr )i
M
σc = (2.51)
n.(Wtr ) s

Sendo:
σs = resistência à tração na mesa inferior do perfil metálico;
σc = resistência à compressão no concreto;
M = momento fletor.
Quando o grau de conexão, g, é menor que um, interação parcial, o módulo de
resistência efetivo em relação a fibra inferior da seção é dado por:

Wef = Wa + g .((Wtr )i − (Wtr )a ) (2.52)

Sendo:
Wa = Is/d1, módulo de resistência da seção de aço isolada, com relação a fibra inferior;
g = grau de conexão, definido pela relação entre o somatório da resistência individual dos
conectores, ΣPu, entre uma seção de momento fletor máximo e a seção adjacente de
momento fletor nulo (para o caso de vigas bi-apoiads) e o menor valor entre a resistência
oferecida pela viga metálica, As..fy, e a laje de concreto, 0,85.fck.Ac, supondo-as
plastificadas.
71

2.4.2.2 Regime totalmente plástico

Esta análise é baseada em relações tensão-deformação do tipo rígido-plástico


com deformações ilimitadas para os materiais aço e concreto, na qual considera-se
plastificação total da seção e despreza-se a resistência do concreto à tração. Sendo assim,
esta análise só se aplica aos casos onde não há problemas de instabilidade local ou global.
De maneira geral, esta análise se divide em três casos:
a) Interação completa e linha neutra plástica na laje
b) Interação completa e linha neutra plástica na viga de aço
c) Interação parcial
No Apêndice B são mostradas as expressões para o cálculo do momento
resistente deduzidas para seções mistas com perfil caixa e laje nervurada de concreto.

2.4.2.3 Resistência ao esforço cortante

Para a determinação da resistência ao esforço cortante de seções mistas,


considera-se que o único elemento que contribui é a alma do perfil metálico, sendo o
cálculo feito de acordo com as equações 2.31 a 2.36.

2.4.2.4 Armaduras transversais

Os conectores de cisalhamento impõem elevadas concentrações de tensões no


concreto. Estas tensões são dispersas podendo causar fissuras de tração, figura 2.18.

Fissuras na região adjacente ao conector

2 C/2
C0,5
2 C/2
Conector

C C 1

C0,5 C/2
2
C/2
3

Figura 2.18 – Vista superior de uma laje mostrando a formação de fissuras


72

As tensões de tração, causadoras das fissuras, podem ser resistidas por


armaduras colocadas transversalmente à viga, calculadas de acordo com o modelo de
treliça de Morsh. Considere-se o esquema da figura 2.19, onde C é a força de cisalhamento
transmitida por unidade de comprimento. Esta força é resistida pelas diagonais
comprimidas 12 e 13 que formam um ângulo de aproximadamente 45º com o eixo da
viga. Por equilíbrio, as forças de compressão em 2 e 3 são contrabalaçadas pelas forças de
tração na armadura e compressão longitudinal no concreto, de mesmo valor e módulo.
Levando-se em conta a resistência do concreto ao cisalhamento e as forças de tração na
armadura e na fôrma de aço ( no caso de laje com fôrma de aço incorporada, sendo esta
contínua e disposta com as nervuras transversais ao eixo da viga), o modelo fornece, após
algumas aproximações, a seguinte equação, derivada da expressão original do
EUROCODE 4:1992 para cada plano de cisalhamento (QUEIROZ et al, 2001):

C = 0,04 Ae . f ck + As . f y + A f . f y ≤ 0,2 Ae . f ck + 0,6. A f . f y (2.53)


Onde:
Ae = área média de cisalhamento do concreto por unidade de comprimento da viga,
calculada conforme as superfícies potenciais de ruptura dadas na figura 2.19;
fck = resistência a compressão do concreto;
As = área da aramdura transversal por unidade de comprimento da viga;
Af = área da fôrma por unidae de comprimento da viga;

Ae
( Ab + At )
a-a

2 Ab
b-b

2 ( Ab + Abh)
c-c

2Abh
d-d

At
e-e

2Ab
f-f

g-g ( Ab + At )

Figura 2.19 – Superfícies típicas de falha ao cisalhamento.Fonte : EUROCODE 4-DRAFT 2001


73

A NBR 8800:1986 exige que a área mínima da armadura transversal seja 0,5%
da área da seção de concreto (Ae), porém esse valor é alevado, sendo na prática utilizado o
valor calculado pela expressão 2.53, mantendo-se um mínimo de 0,2% para laje maciças
ou lajes mistas com nervuras longitudinais ao eixo da viga e 0,1% no caso de lajes mistas
com nervuras transversais. (CISC: 1994 apud QUEIROZ et al, 2001).

2.4.3 Recomendações de normas

Neste item são descritos e comentados os procedimentos de dimensionamento


de vigas mistas, bi-apoiadas, submetidas à flexão simples segundo as normas NBR 8800:
1986, AISC-LRFD:1999, CAN/CSA-S16.1:1984 e EUROCODE 4-Draft 2001. Essas
normas não tratam de vigas mistas constituídas por perfis formados a frio, e sim perfis
laminados ou soldados.

2.4.3.1 Norma brasileira NBR 8800:1986

A norma brasileira apresenta seus procedimentos para cálculo de vigas mistas


de acordo com a classe do perfil que constitui a viga, de acordo com a forma construtiva
(obra sem ou com escoramento) e de acordo com o tipo de interação. As vigas mistas com
alma pertencentes à classe 1 e 2, onde se permite a plastificação total da seção, são
calculadas no regime plástico. As vigas mistas com alma pertencentes à classe 3, perfis que
podem sofrer flambagens inelásticas, são calculadas no regime elástico. Vigas com alma
classe 4, não podem ser calculadas como vigas mistas.
A resistência de cálculo ao momento fletor é igual a φbMn, sendo φb = 0,90 e
Mn é a resistência nominal determinada como a seguir. O coeficiente 0,66 que multiplica a
resistência à compressão característica, fck, nos itens “a”, “b” e “c” corresponde ao produto
de 0,85 (efeito Rusch) pela relação entre os coeficientes de segurança do concreto (1/1,40
≈ 0,70) e do aço para este caso (0,90).

h E
a) Vigas com alma classes 1 e 2 : ≤ 3,5.
tw fy
74

a .1) Interação completa e linha neutra da seção plastificada na laje de concreto, isto é:

Qn > (Afy)a e 0,66 f ck.b tc > (Afy)a


Então:
C = 0,66. fck.b.a (2.54)

T = (A.fy)a (2.55)

( A. f y )a
a= < tc (2.56)
0 ,66. f ck .b

Mn = T. [d1 +hF+tc – a/2] (2.57)

a .2) Interação completa e linha neutra da seção plastificada na viga de aço, isto é:

Qn > 0,85. fck.b.tc e (A.fy)a > 0,66.fck.b.tc

Cumpridas estas condições:


C = 0,66. fck.b.tc (2.58)

C’= 0,5.[(A.Fy)a – C ] (2.59)

T = C + C’ (2.60)

A posição da linha neutra plástica ( y ), medida a partir do topo da viga de aço é


dada por:
- se C’ ≤ (Afy)tf, linha neutra plástica na mesa (Figura 2.21)

C'
y= .t f (2.61)
( A. f y )tf
- se C’ > (Afy)tf, linha neutra plástica na alma (Figura 2.21)

C' −( A. f y )tf
y= h+tf (2.62)
( A. f y )w

Então Mn será:
Mn = C’.[d – yt - yc] + C. [tc / 2 +hF – yt] (2.63)
75

a .3) Interação parcial


Quando Qn < 0,85.fck.b.tc e Qn < (A.fy)a , a força resultante de compressão (C)
na laje é dada por:
 0 ,7 
C=   Qn (2.64)
 0 ,9 

Porém Qn não pode ser inferior à metade do menor valor: (Afy)a ou 0,85.fck.b.tc.
Para determinação de C’, T e y são válidas as expressões dadas anteriormente, utilizando
o novo valor de C. Então:

Mn = C’.[d – yt – yc] + C.[tc – a/2 + hF – yt] (2.65)


Sendo:
C
a=
0,66. f ck .b
b = largura efetiva da laje;
tc = espessura da laje;
a = espessura comprimida da laje ou, para interação parcial, espessura considerada efetiva;
fck = resistência característica do concreto à compressão;
Qn= Σqn = somatório das resistências nominais individuais “qn” dos conectores de
cisalhamento situados entre a seção de momento máximo e a seção adjacente de momento
nulo;
hF, d, h, tw = conforme figura 2.20;
hF = 0 quando a face inferior da laje for plana;
d1 = distância do centro de gravidade da seção da viga de aço até a face superior desta viga;
yc = distância do centro de gravidade da parte comprimida da seção da viga de aço até a
face superior desta viga;
yt = distância do centro de gravidade da parte tracionada da seção da viga de aço até a face
inferior desta viga;

y = distância da linha neutra da seção plastificada até a face superior da viga de aço;
tf = espessura da mesa superior da viga de aço;
(A.fy)a = produto da área da seção da viga de aço pela sua resistência ao escoamento;
(A.fy)tf = produto da área da mesa superior da viga de aço pela resistência ao escoamento
(A.fy)w = produto da área da alma da viga de aço pela resistência ao escoamento desta viga.
76

b (0,85 ⋅ f ck )⋅  0,7  (0,85 ⋅ f ck ) ⋅  0,7  (0,85 ⋅ f ck )⋅  0,7 


 0,9   0,9   0,9 
tc tc tc C a
C C
hF fy
y
fy yc L.N.P.
tf yc C
y C L.N.P.
d1 d1
h L.N.P.
d C.G. T
tw T
d2 T yt
yt
fy fy fy

Linha neutra Linha neutra Linha neutra


plástica plástica plástica
na alma na mesa superior na laje

Figura 2.20 – Diagrama de tensões para interação completa

E h E
b) Vigas com alma classe 3: 3,5. < ≤ 5,6
f y tw fy

Neste caso, a resistência à tração de cálculo na mesa inferior da viga de aço não
pode ultrapassar φ.fy, sendo φ = 0,90, e a resistência à compressão de cálculo no concreto
não pode ultrapassar φ’.fck, sendo φ’ = 0,70.

b.1) Interação completa, isto é, Qn é igual ou superior ao menor dos dois valores: (Afy)a ou
0,85fck .b.tc.
As tensões correspondentes ao momento de cálculo, Md, devem ser
determinadas pelo processo elástico com base nas propriedades da seção mista
transformada obtida através da homogeneização teórica da seção. Para obter-se a seção
transformada, a seção efetiva do concreto, cuja largura é igual à largura efetiva da laje,
deve ser dividida por n=E/Ec”, sendo Ec o módulo de elasticidade do concreto e E o
módulo de elasticidade do aço. Deve ser ignorada a participação do concreto na zona
tracionada. As tensões de cálculo são dadas por:

Md
f dt = (2.66)
( Wtr )i

Md
f dc = (2.67)
n( Wtr )s
77

b.2) Interação parcial

A determinação de tensões é feita como no item b.1, alterando-se apenas o


valor de (Wtr)i, para:

Wef = Wa +
Qn
[( Wtr )i − Wa ] (2.68)
Vh

Nas expressões apresentadas nos itens b.1 e b.2, tem-se:

Ec = 42.γ1c,5 . f ck

fdt = resistência a tração de cálculo na mesa inferior da viga de aço;


fdc = resistência ao compressão de cálculo no concreto;
(Wtr)i = módulo resistente inferior da seção mista;
(Wtr)s = módulo resistente superior da seção mista;
Wa = módulo resistente da seção da viga de aço;
Vh = (A.fy)a ou 0,85.fck.b.tc, o que for menor;
γc = peso específico do concreto em kN/m3 (valor mínimo previsto de 15 kN/m3).

A seção da viga de aço por si só deve ter resistência adequada para suportar
todas as cargas de cálculo aplicadas antes do concreto atingir uma resistência igual a 0,75
fck. Na mesa inferior da seção mais solicitada da viga deve-se ter:

(MG’/Wa) + (ML/Wef) ≤ 0,90fck (2.69)

MG’ e ML = momentos fletores devidos às ações aplicadas, respectivamente antes e depois


da resistência do concreto atingir a 0,75fck; utilizar ações de cálculo para vigas classe 3 e
ações nominais para vigas classes 1e 2;
Wa e Wef = já descritos.
Na determinação dos deslocamentos, o momento de inércia da seção mista
deve ser obtido através da homogeneização teórica da seção. No caso de interação parcial
deve ser usado um momento de inércia dado por.

Ief = Ia+ (∑ Q n )
Vh .( I tr − I a ) (2.70)
Sendo:
78

Ia = momento de inércia da seção da viga de aço isolada;


Itr = momento de inércia da seção mista homogeneizada;
Qn e Vh = conforme já apresentados anteriormente.

2.4.3.2 Norma americana AISC-LRFD:1999

A norma americana é baseada no método dos Estados Limites e as hipóteses de


cálculo são as mesmas da NBR 8800.
Para vigas onde a relação h / t ≤ 3,7 E / f y o momento fletor resistente é

determinado pela distribuição plástica de tensões em toda a seção mista, sendo seu valor
igual a φb.Mn, onde φb é o coeficiente de resistência, igual a 0,85 e Mn o momento

nominal resistente. No caso de seções onde a relação h / t ≥ 3,7 E / f y , determina-se Mn

admitindo-se distribuição linear de tensões (análise elástica), sendo que para este caso o
coeficiente de resistência φb é igual a 0,90. A tensão no concreto é 0,85.fck.e não 0,66.fck,
como a norma brasileira.
Para interação total ou parcial, com distribuição de tensões plásticas e elásticas,
as expressões para o dimensionamento são as mesmas apresentadas na NBR 8800, porém o
momento de inércia efetivo(Ief) para interação parcial em regime elástico, dado pela
expressão 2.78, só poderá ser utilizado se a raiz quadrada do grau de interação
( ∑ Qn V h ) for menor que 0,25. Essa restrição é para se evitar escorregamentos

excessivos e perda de rigidez.


Ainda em relação ao momento de inércia, a norma americana comenta que as
deformações de curta duração obtidas em ensaios, são entre 15 a 30% menores que as
calculadas, por isso é normal que se calcule o momento de inércia como 0,80.Ief ou 0,75.Ief
Os efeitos de deformações ao longo do tempo, devido à retração e fluência,
devem ser considerados, porém a norma não recomenda nenhuma expressão.
No caso de construção não escorada, a viga de aço deve ter resistência
suficiente para suportar os carregamentos a ela aplicados antes do concreto atingir 75% de
sua resistência característica fck.
79

2.4.3.3 Norma canadense CAN 3- S16.1:1984

A norma canadense também é baseada no método dos estados limites e utiliza


os mesmos procedimentos de cálculo das normas brasileira e americana. Essa norma é bem
sucinta em relação ao dimensionamento de vigas mistas. Não há comentários sobre a classe
da seção, ficando evidente que só poderão ser utilizadas vigas com capacidade de se
plastificarem, pois o dimensionamento é feito baseado na distribuição plástica de tensões
com interação total ou parcial. O coeficiente de resistência para o aço é φ = 0,90 e para o
concreto é φc = 0,60.
A interação será total se Qn ≥ φ .Aa . f y ou Qn ≥ φ c .0 ,85. f ck .b.t c , onde Qn é

igual a ∑ φ sc .q n , ou seja, o somatório das resistências individuais de cálculo dos


conectores (qn), situados entre a seção de momento máximo e a seção adjacente de
momento nulo, multiplicado por φsc, que é o coeficiente de resistência para conectores
de cisalhamento, igual a 0,80. Se a condição acima não for atendida a interação será
parcial.
No cálculo do momento fletor resistente, quando a interação for parcial, o valor
de Qn não deverá ser menor que metade de φ .Aa . f y e φ c .0,85. f ck .b.t c . Já no cálculo

de deslocamentos verticais, Qn não deverá ser menor que um quarto de φ .Aa . f y e

φ c .0,85. f ck .b.t c . Ainda sobre deslocamentos, a norma canadense cita que devem ser
considerados os efeitos da fluência e da retração do concreto e o aumento da flexibilidade
devido à interação parcial e do efeito de escorregamento na interface aço-concreto. O
efeito da interação parcial e do escorregamento é considerado por meio de um momento de
inércia efetivo, dado por:

Ief = Ia+ 0,85( g ) 0 ,25 .( I tr − I a ) (2.71)


Sendo:
g = grau de interação calculado por Qn/Vh,, onde Vh é o menor dos seguintes
valores: φ .Aa . f y e φ c .0,85. f ck .b.t c ,

Ia = momento de inércia da viga de aço;


Itr = momento de inércia da seção mista homogeneizada.
80

O efeito da fluência é considerado por meio de uma redução de até 15% no


valor do momento de inércia efetivo, calculado conforme a expressão 2.71.
O deslocamento vertical, ∆s, devido ao efeito da retração, considerando
uma viga simplesmente apoiada, é calculado pela expressão:

ε f .Ac .L2
∆s = .y (2.72)
8.nt .I tr
Sendo:
y = distância da linha neutra elástica até o ponto de aplicação da resultante de compressão
na laje,
εf= deformação proveniente da retração livre. Esta deformação depende das

características do concreto, tais como relação água/cimento, umidade relativa, condições


de cura, etc. O valor de 800x10-6 pode ser adotado para εf caso não se tenha informações
disponíveis;
Ac = área efetiva da laje de concreto;
L = vão da viga mista; Ect
nt = E/Ect , relação entre o módulo de elasticidade do aço e o módulo de elasticidade do
concreto à tração. O valor de Ect pode ser obtido, aproximadamente, pela expressão
proposta por SHAKER & KENNEDY (1983) para concretos com fck entre 30 e 40 MPa:

Ect = 8300 - 4800.σct (2.73)


Sendo:
0,3 ≤ σct ≤ 1,2 MPa, sendo σct a resistência de tração no concreto (MPa).

2.4.3.4 Norma européia EUROCODE 4-Draft 2001

Assim como a NBR 8800: 1986 e o AISC-LRDF: 1999, o cálculo do momento


fletor resistente, segundo o EUROCODE 4-Draft 2001, é diferenciado de acordo com a
classe a qual pertence a alma do perfil I. A distribuição de tensões plásticas é considerada
nas vigas com alma classe 1 e 2, para as seções com alma classes 3 e 4 deve-se utilizar o
cálculo elástico, com distribuição linear de tensões, levando em consideração a seqüência
de construção e os efeitos da fluência e retração.
81

Os procedimentos de cálculo são os mesmos da NBR 8800, mudando apenas


os coeficientes de resistência. Para o cálculo do momento resistente no regime plástico
com interação total, admite-se que:
- toda a seção transversal da viga de aço tenha atingido a resistência ao
escoamento de cálculo (fyd), sendo esta igual à relação entre a resistência ao escoamento
do aço e o coeficiente de resistência, γa, igual à 1,10.
- as áreas efetivas das armaduras tenham atingido a resistência ao escoamento
de cálculo (fsd), sendo esta igual à relação entre resistência ao escoamento do aço e o
coeficiente de resistência, γs, igual a 1,15. Quando a armadura da laje estiver comprimida,
ela poderá ser desprezada.
- a área efetiva de concreto na zona comprimida resiste a uma tensão de cálculo
igual a 0,85fcd, constante em toda a altura entre a linha neutra plástica e a fibra de concreto
mais comprimida, sendo fsd igual a fck/γc e γc igual a 1,5.
Em vigas mistas com aço tipo S420 (ço estrutural, fy: 420 Mpa) ou S460 (aço
estrutural, fy: 460 Mpa), quando a distância da linha neutra plástica à fibra superior da laje
(xpl) for maior que 15% da altura total da seção transversal, o momento resistente deve ser
reduzido pelo fator β dado pelo gráfico da figura 2.21. Quando a relação xpl/h for maior
que 0,4, o momento resistente deve ser calculado em regime elástico ou empregando uma
análise não-linear.

Figura 2.21 – Fator de redução do momento resistente de acordo com a relação xpl/h

Para o cálculo do momento resistente no regime plástico com interação parcial


o grau de conexão deve ser menor que um. A resistência dos conectores também deve ser
dividida por um coeficiente de resistência igual a 1,25.
Além do cálculo por equilíbrio de forças, igual ao da norma brasileira, existe
um método mais direto por interpolação linear. Este método é mais conservador, porém
bastante utilizado devido a sua simplicidade. A curva ABC mostra a variação típica da
82

relação entre o momento resistente na interação parcial e o momento resistente na


interação total com grau de conexão g, utilizando o método do equilíbrio. No método
simplificado a curva ABC é representada pela reta AC, conforme a figura 2.22.

Mrd/(Mrd)t
(Mrd)a

1,0
C B Np=g.Nt
B
Na Mrd
Ma
C
A Nt
(Mrd)a/(Mrd)t
Na
(Mrd)t
1,0 g

Figura 2.22-Método simplificado para cálculo de momento resistente com interação parcial

Qn
M rd = ( M rd )a + [( M rd )t − ( M rd )a ]. (2.74)
Vh
Sendo:
Mrd = momento resistente de cálculo para interação parcial
(Mrd)a = momento resistente de cálculo da viga de aço
(Mrd)t= momento resistente de cálculo da viga mista com interação total
Qn e Vh já definidos
A análise elástica é feita com base nas propriedades da seção mista
homogeneizada. Para a obtenção da seção homogeneizada, divide-se a largura efetiva da
laje por n = E/Ec’, onde E é o módulo de elasticidade do aço e Ec’ é o módulo de
elasticidade “efetivo” do concreto, levando-se em conta o efeito da fluência.
Para carregamentos de longa duração, Ec’ pode ser tomado igual à Ec/3 em
edifícios submetidos a grandes cargas de armazenamento e igual a Ec/2 nos demais casos.
Na análise elástica, as tensões devem ser limitadas a:
- 0,85fcd para o concreto comprimido;
- fyd para a zona tracionada e comprimida na viga de aço;
- fsd para a armadura da laje de concreto, estando ela comprimida ou tracionada.
Além da análise elástica e plástica, está norma permite uma análise não-linear,
sendo a resistência à flexão de uma viga mista calculada levando em consideração a não
83

linearidade dos materiais, a seqüência de construção, o tipo de interação e vários outros


efeitos.
O comportamento de vigas mistas está relacionado a diversos fatores que
dificultam sua análise como, por exemplo, o deslizamento relativo entre aço e o concreto, a
influência da rigidez da ligação, a mudança da inércia devido ao aparecimento de fissuras e
vários outros.
As normas fornecem expressões para o cálculo do momento resistente das
vigas mistas considerando ou não a plastificação da seção transversal. Por essas
expressões, não é possível avaliar o comportamento das vigas mistas para carregamentos
menores que aqueles que provocam a ruína da peça. Além disso, elas não levam em
consideração a rigidez da ligação entre a viga e a laje, fator este que pode influenciar a
flexibilidade da viga mista ou até mesmo sua resistência.
Com o objetivo de melhor representar o comportamento das vigas mistas
vários pesquisadores desenvolveram modelos que resultam em resistência, deslizamento na
interface, flechas e deformações mais próximas aos valores experimentais. No Anexo C
são descritos alguns modelos elaborados por FRANGI et al (2003), PORCO et al (1994),
SERACINO et al (2000).
84

CAPÍTULO 3: PROGRAMA eXPERIMENTAL

3.1 INTRODUÇÃO

Foram realizados no Laboratório de Estruturas da Escola de Engenharia Civil,


da Universidade Federal de Goiás, ensaios de cisalhamento direto (“push-out test”) em
conectores de chapas dobradas e ensaios em vigas mistas, constituídas de perfis metálicos e
laje pré-moldada treliçada. As variáveis dos ensaios de cisalhamento direto foram, altura e
espessura do conector e resistência do concreto, dos ensaios de flexão em vigas foram, tipo
de laje e altura dos conectores. As características dos modelos ensaiados estão
resumidamente descritas nos quadros 3.1 e 3.2.

Quadro 3.1 - Modelos para ensaio de cisalhamento direto.

Dimensões dos Espessura dos Resistência alvo do


Modelos
Conectores (mm) Conectores (mm) concreto da laje (MPa)*
Mod.1 2,00 20
0
10

Mod.2 3,75 20
Mod.3 2,00 30
75

Mod.3A 2,00 30
50
Mod.4 3,75 30

Mod.5 2,00 20
0
10

Mod.6 3,75 20

Mod.6A 3,75 20
100

Mod.7 2,00 30
50
Mod.8 3,75 30
* resistência alvo do concreto aos 28 dias

Como se pôde ver os modelos 3 e 6 foram repetidos, os conectores do modelo


3A foram revestidos com fita isolante e os demais conectores não, com isso foi possível
85

avaliar a influência do atrito. O modelo 6A se difere do modelo 6 em relação à posição dos


extensômetros, seu objetivo não foi apenas verificar as deformações na região central do
conector, mas, principalmente, verificar se a resistência dos dois modelos era semelhante.

Quadro 3.2 - Características das vigas.

Dimensões dos Resist. alvo


Dimensões das vigas Número de Grau de
Modelos conectores do concreto
(mm) conectores conexão
(mm) (MPa)
Viga metálica

V1 - - - -
2Ue 200x75x25x2,65
Comprimento: 3130

Viga mista
0
10

7 conectores,
2Ue 200x75x25x2,65
VM1 um a cada 0,93 20
100

Laje maciça
500 mm
Largura: 900
50
Comprimento: 3130
esp: 3,75
Viga mista
0
10

7 conectores,
2Ue 200x75x25x2,65
VM2 um a cada 0,93 20
100

Laje treliçada
500 mm
Largura: 900
50
Comprimento: 3130
esp: 3,75
Viga mista
0
10

7 conectores,
2Ue 200x75x25x2,65
VM3 um a cada 0,80 20
75

Laje treliçada
500 mm
Largura: 900 50

Comprimento: 3130
esp: 3,75

Os ensaios de caracterização dos materiais foram realizados no Laboratório de


Materiais da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás e no
Laboratório do Centro Tecnológico em Engenharia Civil do Departamento de Apoio e
Controle Técnico de Furnas Centrais Elétricas S.A
As propriedades dos materiais empregados, a execução dos elementos
86

estruturais, a aplicação do carregamento, a instrumentação e o sistema de aquisição de


dados utilizados para a realização dos ensaios são descritos a seguir. Para uma melhor
compreensão deste trabalho, os ensaios de conectores serão detalhados separadamente dos
ensaios em vigas.

3.2 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

3.2.1 Aço empregado nas vigas e nos conectores

Os perfis metálicos empregados na confecção das vigas e dos conectores foram


fabricados com o aço de qualidade comum, SAE 1020. As propriedades mecânicas do aço
foram determinadas através de ensaios de tração direta em uma máquina universal de
ensaio modelo EMIC-DL 100T. Foram retirados 6 corpos de prova de cada chapa que deu
origem aos perfis nas três espessuras empregadas. Os perfis das vigas possuiam espessura
igual a 2,65mm e os perfis dos conectores espessuras de 2,00mm e 3,75mm, resultando,
portanto, um total de 18 corpos de prova.
Esses ensaios foram realizados seguindo as prescrições da ASTM A370:1986.
O ensaio do mesmo está ilustrado na figura 3.1 e o formato do corpo de prova está
ilustrado na figura 3.2.

Figura 3.1 - Ensaio a tração do aço


87

50 10 80 10 50 T

20
12,5
13
Lo=50 Medidas em mm

Figura 3.2 – Dimensões do corpo de prova utilizado nos ensaios de tração do aço, ASTM
A370: 1986 apud MALITE, 1993.

3.2.2 Concreto

Foram empregados dois traços de concreto com resistência à compressão alvo


de 20 e 30MPa. Em cada concretagem foram moldados nove corpos de prova cilíndricos
de dimensões 15 x 30cm, sendo três para ensaio de resistência à tração por compressão
diametral, três para ensaio de módulo de elasticidade e três para ensaio a compressão.
Todos os ensaios foram realizados no dia do ensaio de cada modelo e executados em
concordância com as normas nacionais da ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas. Os ensaios de caracterização do concreto são mostrados na figura 3.3.

a) Compressão b) Módulo de elasticidade

Figura 3.3 - Ensaios de caracterização da resistência do concreto


88

c) Tração por compressão diametral

Figura 3.3 - Ensaios de caracterização da resistência do concreto (continuação)

O concreto utilizado foi misturado no Laboratório de Materiais da Escola de


Engenharia Civil – UFG, usando para isso uma betoneira de eixo inclinado com
capacidade de duzentos litros. O cimento utilizado foi CP II-Z-32 Nas tabelas 3.3 a 3.6 são
mostradas as características dos agregados usados na confecção dos traços de concreto.

a)-Concreto com resistência alvo à compressão de 20MPa

Quadro 3.3 - Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades físicas do

agregado graúdo.

Aberturas Massas Porc.Ret. Porc.Ret Cálculo do


das Peneiras Retidas (g) Simples Acumuladas M.F

25 (1”) 0 0,00 0,00 0,00


19 (3/4”) 0 0,00 0,00 0,00
12,7 (1/2”) 0 0,00 0,00
9,5 (3/8”) 345 6.9 6,9 6,9
4,8 (4) 2956 59,12 66,02 66,02
2,4 (8) 1096 21,92 87,94 87,94
Prato 603 12,06 100,00 400,00
Totais 5000 100 560,86
Módulo de Finura 5,61
Diâmetro Máximo (mm): 12,7 mm ou (1/2”)
Massa Unitária - NBR-7251 1,56 kg/dm3
Massa Específica- Método do Picnômetro 2,71 kg/dm3
89

Quadro 3.4 - Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades físicas do

agregado miúdo

Aberturas Massas Porc.Ret. Porc.Ret.


das Peneiras Retidas (g) Simples Acumuladas
9,5 (3/8”) 10 1 1
4,8 (4) 24 2,4 3,4
2,4 (8) 129 12,9 16,3
1,2 (16) 245 24,5 40,8
0,6 (30) 237 23,7 64,5
0,3 (50) 172 17,2 81,7
0,15 (100) 130 13 94,7
Prato 53 5,3 xx
Totais 5000 100 302,4
Módulo de Finura 3,02
Diâmetro Máximo (mm): 4,80 mm
Massa Unitária - NBR-7251 1,49 kg/dm3
Massa Específica - Frasco de Chapman 2,56 kg/dm3

Para alcançar uma resistência alvo à compressão de 20MPa, aos 28 dias, o


consumo de cimento foi de 433 kg/m3 o traço igual a 1: 1,511: 2,04: 0,60.

b) Concreto com resistência alvo à compressão de 30MPa

Quadro 3.5 - Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades físicas do


agregado graúdo

Aberturas Massas Porc.Ret. Porc.Ret. Cálculo do


das Peneiras Retidas (g) Simples Acumuladas M.F

25 (1”) 0 0 0 0

19 (3/4”) 0 0,00 0,00 0,00

12,7 (1/2”) 15 0,3 0,3

9,5 (3/8”) 780 15,6 15,9 15,9

4,8 (4) 3075 61,5 77,4 77,4

2,4 (8) 884 17,68 95,08 95,08

Prato 246 4,92 100,00 400,00

TOTAIS 5000 100 588


90

Quadro 3.5 - Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades físicas do


agregado graúdo (continuação)

Módulo de Finura 5,88


Diâmetro Máximo (mm): 12,7 mm ou (1/2”)
Massa Unitária - NBR-7251 1,53 kg/dm3
Massa Específica- Método do Picnômetro 2,77 kg/dm3

Quadro 3.6 - Composição granulométrica, Método NBR-7217, e propriedades físicas do


agregado miúdo

Aberturas Massas Porc.Ret. Porc.Ret.


das Peneiras Retidas (g) Simples Acumuladas
9,5 (3/8”) 8 0.8 0,8
4,8 (4) 28 2,8 3,6
2,4 (8) 48 4,8 8,4
1,2 (16) 81 8,1 16,5
0,6 (30) 182 18,2 34,7
0,3 (50) 371 37,1 71,8
0,15 (100) 259 25,9 97,7
Prato 23 2,3 -
TOTAIS 5000 100 233,5
Módulo de Finura 2,34
Diâmetro Máximo (mm): 4,80 mm
Massa Unitária - NBR-7251 1,48 kg/dm3
Massa Específica - Frasco de Chapman 2,63 kg/dm3

Para alcançar uma resistência alvo à compressão de 30MPa, aos 28 dias, o


consumo de cimento foi de 553 kg/ m3 e o traço igual a 1: 1,11: 1,49: 0,47.

3.3 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO

A determinação da resistência última e do comportamento força versus


deslocamento de conectores em chapa dobrada foi feita através de ensaios de cisalhamento
direto (“push-out test”), como ilustrado na figura 3.4. Foram empregados modelos
similares aos apresentados na norma européia EUROCODE 4-Draft 2001.
91

Força Força

140
250 150

360
Conectores
Laje
920

900

830
Laje lado A

Laje lado B

470
50

Unidade: mm

Figura 3.4 - Modelo para ensaio de cisalhamento direto

Os conectores analisados foram em chapa dobrada na forma U simples, com


espessuras e alturas diferentes. As lajes foram pré-moldadas treliçadas com preenchimento
de EPS. Foram ensaiadas oito peças conforme mostrado no quadro 3.1
Os ensaios foram realizados 28 dias após a concretagem do segundo lado. As
características das peças, instrumentação e detalhamento dos ensaios estão descritos nos
itens seguintes.

3.3.1 Detalhamento dos modelos

3.3.1.1 Dimensões das lajes

As dimensões da laje foram escolhidas tendo como referência o projeto


arquitetônico de habitação popular, USITETO, conforme é mostrado no capítulo 1. A
treliça utilizada foi do tipo TCO 08634 com armadura adicional positiva composta por uma
barra de 8,0mm, armadura de distribuição composta por barras de 5,0mm distribuídas a
cada 20cm e a altura final da laje acabada de 12cm. A armadura adicional negativa
calculada era composta por duas barras de 4,2mm, porém não foi utilizada de modo que a
resistência da ligação fosse garantida apenas pelo conector sem contribuição de uma
armadura transversal à direção de solicitação.
As dimensões das lajes eram superiores aos valores normalizados (600mm x
92

620mm segundo o EUROCODE 4) devido às disposições construtivas, pois uma das


considerações era que o conector ficasse na região de encontro de duas treliças e que a laje
fosse, aproximadamente, um quadrado como normalizado pelo Eurocode 4. Desta maneira
as dimensões finais das lajes foram 830mm x 900mm, sendo formada por seis treliças com
40cm de comprimento (2 sinusóides), quatro placas de EPS de dimensões 250x400x80mm
e mesa de compressão de 4cm.
Na figura 3.5 é mostrada a treliça TCO 08634 e o EPS e na figura 3.6, a laje
utilizada nos ensaios de cisalhamento direto.

TCO 08634

380 0 250
40
50

50

50
Φ 8mm

80
450 Unidade:mm

30
Figura 3.5 – Treliça e EPS utilizados nos ensaios de cisalhamento direto
40
120

130 220 130 220 130

830
Armadura de
distribuição
Φ 5 mm

920
830

400
25

Unidade: mm
375 150 375

900

Figura 3.6 - Dimensões da laje dos ensaios de cisalhamento direto.


93

3.3.1.2 Conectores

O conector utilizado foi do tipo U formado por chapa dobrada com espessuras
de 2,00mm e 3,75mm, sendo o aço tipo SAE 1020.
Os conectores foram formados pelo corte das chapas utilizando uma tesoura
guilhotina e posterior dobragem em prensa dobradeira. A solda dos conectores foi de filete,
utilizando uma fonte retificadora convencional e eletrodo tipo E 6013.
O perfil utilizado no qual foram soldados os conectores, era formado pela
união de dois perfis U enrijecido, 250x75x25x4,75mm com comprimento de 930mm. A
escolha deste tipo de perfil foi por ser de fácil aquisição e por ser suficientemente rígido
para transferir toda a força para os conectores, de modo que a ruptura não ocorresse no
perfil.A peça formada pelo perfil e os conectores estão apresentados na figura 3.7

0
10

0
10
100

75

50 50

Unidade: mm

a) Conectores soldados ao perfil para ensaio b) Dimensões dos conectores utilizados nos
de cisalhamento direto. ensaios de cisalhamento direto

Figura 3.7 – Perfil metálico e conectores utilizados no ensaio de cisalhamento direto

3.3.2 Montagem e concretagem

A concretagem de cada peça foi feita em duas etapas. Primeiro foi concretado o
lado A e após três dias o lado B.
94

Primeiramente, o perfil, com os conectores, foi colocado em um estrado de


madeira. Neste estrado estavam parafusadas cantoneiras que fixavam o perfil na posição
correta. O estrado permitia que o conector do lado B não encostasse no chão além de
facilitar a movimentação da peça.
Foram utilizadas fôrmas metálicas, e para apoiar as treliças, servindo como
escoramento, foram usados dois perfis U. A espessura do escoramento e das fôrmas foi de
apenas de 1,25mm, sendo enrijecidas em todas as extremidades, tornando-as mais estáveis,
o que permitiu o aparafusamento de uma lateral à outra. O esquema da fôrma está
apresentado na figura 3.8.

75

50
980

250
900
250x75x25 #2mm

Vista Frontal Vista Lateral Unidade: mm

Figura 3.8 - Dimensão das fôrmas, escoramento e estrado para concretagem da laje dos
modelos de cisalhamento direto.

Após a fôrma estar montada, a superfície do perfil central que ficaria em


contato com o concreto da capa e as laterais internas da fôrma foram engraxadas. Em
seguida foram colocadas as treliças, o EPS e a armadura da capa. Os fios provenientes dos
extensômetros, que estavam colados aos conectores, foram protegidos e fixados às treliças
com fita adesiva. Em seguida foi realizada a concretagem da laje, tendo o cuidado de
vibrar o concreto adequadamente, evitando a formação de nichos, principalmente na região
do conector. Nas fotos que formam a figura 3.9 é ilustrada a seqüência de montagem e
concretagem de um dos lados.
A cura do concreto foi feita durante três dias cobrindo a superfície com
plástico. Ao final de três dias, a peça foi virada sobre caibros, a fôrma retirada e colocada
no lado oposto. Em seguida foi realizada a concretagem da segunda laje seguindo o mesmo
procedimento.
95

Figura 3.9 - Montagem da fôrma e concretagem

3.3.3 Instrumentação

3.3.3.1 Extensômetros

Cada conector de cisalhamento foi instrumentado com quatro extensômetros


elétricos de resistência, modelo unidirecional simples, marca Excel ( PA-06-250RB-120L).
Nos conectores com altura de 75mm, os extensômetros foram colados a meia altura, sendo
dois na face tracionada e dois na face comprimida. Já nos conectores com 100mm de
altura, foram colados dois extensômetros a 32,5mm da base do conector e outros dois a
32,5mm do topo dos conectores, todos na face tracionada, exceto para o modelo 6A, onde
foram colocados dois extensômetros a meia altura na face tracionada e comprimida. Na
figura 3.10, 3.11 e 3.12 é mostrada a posição desses extensômetros em cada modelo.
96

37,5 37,5 37,5 37,5

15 70 15
15 70 15
Corte AA A3 B3
A1 B1
A2 B2 A4 B4

Extensômetros uniaxiais Extensômetros uniaxiais


Corte BB Face tracionada
Face comprimida

Corte AA Corte BB
Unidade: mm

Figura 3.10 - Posição dos extensômetros nos modelos Mod.01 a Mod. 04 e Mod.3A

32,5 35 32,5
15 70 15

Corte CC
A3 A1 B1 B3
A4 A2 B2 B4

Extensômetros uniaxiais

Corte CC

Unidade: mm

Figura 3.11 - Posição dos extensômetros nos modelos Mod.05 a Mod. 08

50 50 50 50
15 70 15
15 70 15

Corte AA A3 B3
A1 B1
A2 B2 A4 B4

Extensômetros uniaxiais Extensômetros uniaxiais


Corte BB Face comprimida
Face tracionada

Corte AA Corte BB
Unidade: mm

Figura 3.12 - Posição dos extensômetros nos modelos Mod.06A

A colagem dos extensômetros seguiu alguns passos padronizados.


Primeiramente, a superfície do conector onde seria colado o extensômetro foi lixada. Em
97

seguida a superfície do conector foi limpa com álcool isopropilico, condicionador e


finalmente solução neutralizadora. Após a limpeza, o extensômetro foi colado à superfície
com uso de cola de secagem rápida. Com o extensômetro posicionado, o fio de ligação ao
sistema de aquisição de dados foi soldado e, para finalizar, foi feita a proteção com fita
adesiva e resina epóxi somente sobre os extensômetros. Os conectores do modelo
Mod.03A foram totalmente protegidos com fita adesiva anulando assim sua aderência com
o concreto.
No dia da concretagem, os fios ligados aos extensômetros foram presos na
treliça para que não se danificassem durante a vibração do concreto. As extensões dos fios
que não ficaram embutidas no concreto foram protegidas com plástico e fita adesiva.

3.3.3.2 Defletômetros

O deslocamento relativo entre o perfil metálico e as lajes de concreto foi


medido através de seis relógios comparadores, também chamados Defletômetros digitais,
marca MYTUTOYO com sensibilidade de 0,01mm.
Quatro Defletômetros foram fixados em cantoneiras e estas no perfil na região
próxima aos conectores. Os outros dois Defletômetros foram presos ao perfil central e suas
hastes apoiavam-se na parte superior da laje, como mostrado na figura 3.13.

5 4

6 3

1 2

Vista frontal Vista superior

Figura 3.13 - Posição dos Defletômetros nos modelos de cisalhamento direto


98

3.3.3.3 Sistema de Aquisição de Dados e Célula de Carga

O controle de aplicação das cargas foi feito através de uma célula de carga,
marca Kratos, com capacidade para 500 kN, acoplada a um sistema de aquisição de dados
que tinha como função além de registrar as cargas aplicadas, registrar também as
deformações medidas pelos extensômetros Esse sistema era formado por uma caixa de
aquisição de dados, com 16 canais, interligada a um terminal da National Instruments,
modelo SCXI-1001, controlada pelo “software” LabView. Um dos canais foi destinado à
leitura da célula de carga e os outros para a medição dos valores de deformação fornecidos
pelos extensômetros unidirecionais.

3.3.4 Montagem dos ensaios e aplicação das cargas

As peças foram ensaiadas em posição normalizada, ou seja, a força sendo


aplicada no eixo do perfil de aço e as duas lajes de concreto estando apoiados na laje de
reação.
Para que as duas lajes estivessem bem niveladas foi utilizada massa plástica na

região da laje que ficaria apoiada sobre a laje de reação. A aplicação da carga se deu com a

utilização de um atuador hidráulico. A leitura dos sinais da célula e dos extensômetros foi

feita através do sistema de aquisição de dados.

A aplicação da carga foi feita lentamente com incrementos de 5 kN até a


ruptura da peça. Após a aplicação de cada incremento a carga foi mantida constante
durante o tempo suficiente para leitura dos deslocamentos.
O esquema de ensaio está mostrado nas figura 3.14 e 3.15.
99

Viga de
Viga deReação
Reação

Célula de Carga

Atuador Hidráulico

Laje de Reação

Figura 3.14 - Esquema de ensaio dos modelos de cisalhamento direto

Figura 3.15 - Foto de um modelo de cisalhamento direto sendo ensaiado


100

3.4 ENSAIOS EM VIGAS

O estudo experimental em vigas simplesmente apoiadas teve como objetivo


analisar o comportamento estrutural de vigas mistas aço-concreto. Para isso, foram
medidos e analisados os deslocamentos verticais; o deslizamento na interface; as
deformações na viga metálica, nos conectores e na laje; e a carga e modo de ruptura.
Foram ensaiadas quatro vigas, uma metálica (viga de referência) e três mistas.
Todas tiveram carregamentos centrados e apoios do primeiro e segundo gênero.

3.4.1 Detalhamento das vigas

3.4.1.1 Viga metálica

As vigas metálicas, em todos ensaios, eram formadas por 2 perfis U


enrijecidos, com dimensões de 250x75x25x2,65 mm, solidarizados por solda intermitente
de 50 mm distanciadas a cada 195 mm. Na região dos apoios e ponto de aplicação da força
foram colocados enrijecedores com a função de se evitar o enrugamento da alma, devido
ao esforço cortante e à força concentrada, respectivamente. As dimensões das vigas
metálicas são indicadas na figura 3.16. Essas mesmas dimensões foram utilizadas em todas
as vigas, sendo o comprimento total de 3130 mm.

3130

150 1340 150 1340 150

150
75 75

Enrijecedores
Enrijecedores
200

70x180 #4.75mm
70x180 #4.75mm

Seção Transversal Unidade: mm


2U 200x75x25 #2,65mm

Figura 3.16- Viga metálica (V)


101

3.4.1.2 Viga mista com laje maciça (VM1)

A viga mista com laje maciça constituiu-se de viga metálica associada à laje
maciça de concreto. Os conectores eram tipo U, com dimensões 100x50x3,75 mm e,
comprimento de 100 mm, espaçados a cada 500 mm e soldados a viga com solda de filete
empregando o eletrodo tipo E 6013.
A laje maciça foi armada com taxa mínima nas duas direções, tanto na face
inferior quanto na face superior. As barras das armaduras possuíam diâmetro de 5 mm e
estavam espaçadas a cada 200 mm. A largura final da laje foi de 900 mm, a altura de 120
mm e o comprimento igual ao da viga, ou seja, 3130 mm. Na figura 3.17 é ilustrada a viga
mista VM1.

3.4.1.3 Viga mista com laje treliçada (VM2 )

A viga mista com laje treliçada constituiu-se de viga metálica associada à laje
pré-moldada nervurada, formada por vigotas treliças preenchidas com EPS e concreto.
Os conectores utilizados também eram tipo U, com dimensões 100x50x3,75
mm, comprimento de 100 mm, espaçados a cada 500 mm e soldados a viga da mesma
maneira que em VM1. O espaçamento utilizado teve por objetivo coincidir com a região de
encontro das treliças.
A treliça utilizada na laje era do mesmo tipo da empregada nos ensaios de
conectores, (TCO 08634). Além da armadura das treliças, foi utilizada armadura de
distribuição na capa de concreto composta por barras com diâmetro de 5 mm espaçadas a
cada 200mm. A largura final da laje foi de 900 mm, a altura de 120 mm e o comprimento
igual ao da viga. Na figura 3.18 é ilustrada a viga mista VM2.

3.4.1.3 Viga mista com laje treliçada (VM3 )

A viga mista VM3 possuía as mesmas características da viga VM2, porém os


conectores tinham dimensões de 75x50x3,75 mm.
102

N2-6φ5mm a cada 17mm

N1-16φ5mm a cada 20mm


Comprimento 3090mm

Comprimento 850mm

900
3130

A
40 500 500 525 525 500 500 40

320
A
N1 N2
Unidade: mm
150
90

N3-44φ5mm a cada 17 e
Conector
20 cm nas duas direçòes

Corte AA

Figura 3.17 - Detalhamento da viga mista com laje maciça (VM1)

N1-6φ5mm a cada 17cm


Comprimento 3090mm

900

3130
A

40 500 500 525 525 500 500 40


320

A
N1-Armadura de distribuição
Unidade: mm

Conector

Corte AA

Figura 3.18 - Detalhamento da viga mista com laje pré-moldada nervurada (VM2 e VM3)
103

3.4.2 Montagem das fôrmas e concretagem

3.4.2.1 Viga Mista com laje maciça (VM1)

A fôrma da laje maciça constituí-se de laterais metálicas aparafusadas a forma


de madeira compensada. Esta apoiáva-se em perfis metálicos que serviam como escoras, e
toda a fôrma era apoiada em estrados de madeira que serviam para dar maior rigidez e
facilitar o transporte.
A mistura do concreto foi realizada no próprio laboratório, sendo sua
resistência alvo igual a 20 MPa. O adensamento foi feito com vibrador mecânico, evitando
a formação de nichos de concretagem. A fôrma e a armadura utilizadas na fabricação dessa
viga mista estão ilustradas na figura 3.19.

Figura 3.19 - Fôrma e armadura da laje maciça (VM1)

3.4.1.2 Viga Mista com laje treliçada (VM2 e VM3 )

As fôrmas das lajes pré-moldadas seguiram o mesmo modelo da maciça laje,


ou seja, laterais metálicas apoiadas em perfis metálicos, que serviam como escoras, e toda
a estrutura apoiada em estrados de madeira. Diferenciaram apenas pela ausência da fôrma
104

de madeira no fundo, pois as treliças e o EPS fizeram este serviço.


A mistura do concreto também foi realizada no próprio laboratório, sendo sua
resistência alvo igual a 20 MPa e o adensamento feito também com vibrador mecânico. O
esquema das fôrmas, juntamente com a armadura e o EPS das vigas VM2 e VM3 estão
ilustradas na figura 3.20.

a)VM2 b)VM3

Figura 3.20 - Fôrma e armadura das lajes treliçadas VM2 e VM3

3.3.5 Montagem e execução dos ensaios

Para a execução dos ensaios a viga foi apoiada nas duas extremidades, em
blocos de concreto. Entre os blocos e a viga foram colocados aparelhos de apoio, sendo um
apoio do primeiro gênero e outro do segundo gênero. A distância total entre eixos dos
apoios foi de 2980mm.
Para aplicação da carga foi colocado, entre a viga mista e a viga de reação um
atuador hidráulico marca ENERPAC-RC 1008, com capacidade máxima de 300 kN.
Acima deste foi posicionada uma célula de carga marca KRATOS, com capacidade
nominal de 500 kN. Este conjunto reagia em uma viga de reação fixada à laje de reação
através de tirantes. Todos os equipamentos foram posicionados tomando-se o cuidado de
garantir a aplicação da força no cruzamento dos eixos de simetria da viga.
A aplicação da força foi realizada através de bomba hidráulica manual marca
ENERPAC P801. O incremento do carregamento foi efetuado em passos pré-estabelecidos,
sendo a intensidade medida através da célula de carga ligada ao sistema de aquisição de
105

dados. Uma representação esquemática da aplicação da força é mostrada na figura 3.21.

Viga de Reação

2980
3130

Tirante

Laje de Reação

Vista Lateral Unidade: mm

Viga de Reação

Célula de Carga

Tirante Atuador Hidráulico Tirante

Aparelho de apoio

Bloco de apoio

Laje de Reação

Vista Frontal

Figura 3.21 - Esquema de aplicação do carregamento nas vigas


106

São apresentados nas figuras 3.22 a 3.25 os quatro ensaios realizados nas vigas.
O esquema de carregamento é o mesmo para todas as vigas, diferenciando-se apenas na
instrumentação, que está detalhada nos próximos itens.

Figura 3.22 - Esquema de ensaio da viga metálica (V1)

Figura 3.23 - Esquema de ensaio da viga mista com laje maciça (VM1)
107

Figura 3.24 - Esquema de ensaio da viga mista com laje treliçada (VM2 e VM3)

3.3.5 Instrumentação

A instrumentação utilizada em cada ensaio para medir deformação, deflexão e


deslizamento na interface foi constituída de: doze extensômetros uniaxiais nos conectores,
seis ou oito extensômetros uniaxiais na viga de aço, dois extensômetros uniaxiais na laje,
quatro rosetas na viga de aço, oito extensômetros mecânicos na laje, três Defletômetros
analógicos para medição dos deslocamentos verticais e doze Defletômetros digitais para
medição do deslizamento na interface.

3.3.5.1 Extensômetros uniaxiais

a) Meio do vão
Os extensômetros uniaxiais foram posicionados na seção transversal do meio
do vão das vigas. Em cada mesa do perfil metálico, superior e inferior, foram colados dois
extensômetros uniaxiais posicionados simetricamente em relação ao eixo vertical da seção
transversal. Na altura média do perfil metálico das vigas VM1 e VM2, na região da alma,
foram colados dois extensômetros, resultando no total de seis. No perfil metálico das vigas
108

V1 e VM3, na região da alma, foram colados quatro extensômetros, afastados 50mm das
faces superior e inferior, resultando um total de oito. Na viga V1, os extensômetros colados
na mesa superior foram afastados 150 mm do meio do vão devido a ser este o local de
aplicação da força. Nas vigas mistas, a laje de concreto também foi instrumentada no meio
do vão. Foram colados dois extensômetros uniaxiais na fase superior, cada um posicionado
a dez centímetros da lateral da mesma.
Os extensômetros colados no concreto e no aço foram todos unidirecionais
simples, marca Excel ( PA-06-201BA-120L, para o concreto e PA-06-250BA-120L, para o
aço)

b) Conectores
Os extensômetros colados nos conectores foram posicionados a meia altura a
15 mm da cada extremidade de acordo com a figura 3.25, sendo denominados:
-ED-1, ED-2, ED-3, ED-4, ED-5, ED-6, para o lado direito,
-EE-1, EE-2, EE-3, EE-4, EE-5, EE-6, para o lado esquerdo.
37,5 37,5
50 50

70 70
Unidade: mm
15 15 50 15 15 50

Figura 3.25 - Conector com altura de 100 mm utilizado nas vigas VM1 e VM2 e de 75 mm
utilizado na viga VM3.

3.3.5.2 Extensômetros mecânicos

Na seção do meio do vão, nas laterais da laje de concreto, foram coladas


pastilhas espaçadas de 100 mm na horizontal e 24 mm na vertical, resultando no total de 4
pares em cada lateral. Os pares 1, 2, 3 e 4 estão no lado direito; e no lado esquerdo 5, 6, 7 e
8. Essas pastilhas possuíam uma abertura onde era encaixado o extensômetro mecânico.
Com este aparelho pôde-se medir a deformação longitudinal da viga em vários pontos de
sua altura, podendo assim traçar o diagrama de deformação da laje a partir do qual foi
determinada a posição da linha neutra. No quadro 3.7 é apresentada a nomenclatura dos
109

extensômetros uniaxiais elétricos e mecânicos colado no meio do vão da viga.

Quadro 3.7 – Resumo dos extensômetros uniaxiais elétricos e mecânicos na seção do meio
do vão das vigas.

Extensômetro na
mesa superior e Extensômetro na face Extensômetro mecânico
Vigas Extensômetro na alma
inferior do perfil superior da laje na laje
metálico
Lado Lado Lado Lado Lado Lado Lado Lado
direito esquerdo direito esquerdo direito esquerdo direito esquerdo
V LD1 e LD2 LE1 e LE2 - - - -
VSD VSE
VM1
e e LD LE
VM2 LD LE 1,2,3,4 5,6,7,8
SID SIE
VM3 LD1 e LD2 LE1 e LE2

3.3.5.3 Rosetas

Em todas as vigas foram coladas à meia altura da alma do perfil metálico,


quatro rosetas compostas por três extensômetros, marca Excel (PA-06-250RB-120L).
Cada roseta foi posicionada a 320 mm da extremidade da viga, sendo duas na face direita e
duas na face esquerda. As rosetas tiveram como função permitir a determinação das
deformações principais próximas aos apoios e a direção em que elas ocorriam.
Na figura 3.26 é mostrado a nomenclatura e o posicionamento dos
extensômetros uniaxiais e das rosetas nas vigas ensaiadas. Nesta figura RD1 e RD2 são as
rosetas posicionadas no lado direito e RE1 e RE2 as posicionadas no lado esquerdo.

3.3.5.4 Defletômetros analógicos

Foram utilizados três defletômetros analógicos modelo Starret, com a função


de determinar as deflexões verticais das vigas. Eles foram colocados na parte inferior das
vigas nos terços médios do vão. Na figura 3.27 é mostrado o posicionamento desses
defletômetros.
110

Pastilhas para
A Extensômetro B
Roseta 100 Mecânico Roseta

1
2
ED-1 ED-2 ED-3 3 24 ED-4 ED-5 ED-6
4

VSD
100
VLD
100

100
RD1 100 RD2
VID

Extensômetros
A Lineares para aço B

320 1195 1195 320

100 700 100 100 700 100

LE LD LE LD
5 1 5 1
6 2 6 2
7 3 EE3 ED3
VSE VSD 7 VSE VSD 3
8 4 8 4
VLE1 VLD1
VLE VLD Extensômetros RE2 RD2
Lineares para concreto VLE2 VLD2

VIE VID VID


VIE Unidade: mm
Corte BB
Corte AA * VM3

a) VM1, VM2 e VM3

Roseta A B Roseta

VSD

VLD1 50
100
100

100
RD1 VLD1 RD2
50
VID
Extensômetros
A Lineares para aço B

320 1195 1195 320

VSE VSD

VLE1 VLD1
RE2 RD2
VLE2 VLD2
Unidade: mm
VIE VID
Corte BB
Corte AA

b) V1
Figura 3.26 - Posicionamento dos extensômetros

A B C

782,5 782,5 782,5 782,5


Unidade: mm

Figura 3.27 -Localização dos defletômetros em V1, VM1, VM2 e VM3.


111

3.3.5.4 Defletômetros digitais

Para determinar os deslizamentos na interface entre a laje de concreto e o perfil


metálico, foram utilizados doze defletômetros digitais, marca MITUTOYO, com
sensibilidade de 0,01 mm e comprimento da haste de 15 mm. Eles foram posicionados em
ambos os lados da viga na região do conector. Para sua fixação foram utilizadas
cantoneiras de alumínio coladas à viga e a haste do defletômetro era apoiada em
cantoneiras coladas à laje. Na figura 3.28 pode-se ver o posicionamento desses
defletômetros em uma das laterais da peça, e na figura 3.29 um detalhe da fixação do
mesmo.
A

65 500 500 1000 500 500 65

D1 D2 D3 D4 D5 D6

A
E4 D4

Unidade: mm

Corte AA

Figura 3.28 - Localização dos defletômetros digitais em VM1, VM2 e VM3

Figura 3.29-Detalhe da fixação do defletômetro para medição do deslizamento relativo na


interface
112

3.3.5.6 Sistema de Aquisição de Dados e Célula de Carga

Nos ensaios foram utilizados dois sistemas para aquisição dos valores
referentes à força aplicada e às deformações dos extensômetros. Um era formado por uma
caixa de aquisição de dados com 16 canais, interligada a um terminal da National
Instruments modelo SCXI-1001 controlada pelo “softwareLabView”.
Um dos canais foi reservado para leitura da célula de carga e os outros para a
medição dos valores de deformação dos extensômetros uniaxiais e rosetas. Como o número
de extensômetros foi superior a 15 foi utilizado um segundo sistema de aquisição de dados,
formado por uma caixa comutadora e balanceadora com 24 canais acoplada a um medidor
analógico marca KYOWA.
113

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Neste capítulo são apresentados os resultados dos ensaios de caracterização dos


materiais, a resistência dos conectores obtida dos ensaios de cisalhamento direto e os
ensaios de flexão em vigas. Esses resultados são analisados e comparados com valores
obtidos de recomendações de normas e de outros trabalhos publicados sobre o assunto.

4.2 MATERIAIS

4.2.1 Concreto

Na tabela 4.1 são indicadas as propriedades do concreto medidas na mesma


data dos ensaios de cada modelo, ou seja, resistência à compressão (fcm), resistência à
tração por compressão diametral (fctm, sp) e módulo de elasticidade (Ecm).
Os resultados de resistência à tração por compressão diametral e módulo de
elasticidade foram comparados aos valores estimados pela NBR 6118: 1980, pelo projeto
de revisão da NBR 6118: 2000, e pelo CEB: 1990. A NBR 6118: 1980, prevê, na falta de
resultados experimentais, as seguintes expressões para a resistência à tração e para o
módulo de elasticidade:

f ck
Resistência à tração fctk = MPa para fck < 18 MPa
10
fctk = 0,06fck + 0,7 MPa para fck ≥ 18 MPa
Módulo de elasticidade E = 6.600 f ck + 3,5 MPa

Onde fck é a resistência característica do concreto à compressão.


114

O projeto de revisão da NBR 6118: 2000, apresenta as seguintes expressões


para o cálculo da resistência à tração e do módulo de elasticidade:

Valor inferior da resistência à tração (MPa) fctk, inf = 0,7fctm


Valor médio da resistência à tração (MPa) fct m = 0,3fck2/3
Valor superior da resistência à tração (MPa) fctk, sup = 1,3fctm
Módulo de elasticidade inicial (MPa) Ec = 5600fck1/2
Módulo de elasticidade secante (MPa) Ecs= 0,85 Ec

O Código modelo do CEB-FIP: 1990 prevê, na falta de resultados


experimentais, para a resistência à tração e o módulo de elasticidade as expressões:

2
 f 3
Valor inferior da resistência à tração (MPa) fctk, inf =0,95  ck 
 f ck 0 
2
 f 3
Valor médio da resistência à tração (MPa) fctm =1,40  ck 
 f ck 0 
2
 f 3
Valor superior da resistência à tração (MPa) fctk, sup =1,85  ck 
 f ck 0 
1
 f + ∆f  3
Módulo de elasticidade (MPa) Ec = αe.104  ck 
 f cm 0 
Sendo:
fck = Resistência característica do concreto à compressão
fck0 = 10 MPa ;
fcm0 = 10 MPa;
∆f = 8 MPa;
αe = 2,15 MPa

Quando se realiza somente a análise elástica da estrutura de concreto, o CEB-


FIP: 1990, assim como a NBR 6118: 2000, recomenda que se faça a redução do módulo de
elasticidade para se levar em conta as deformações plásticas iniciais.
115

Ecs = 0,85.Ec
Sendo:
Ecs = Módulo de elasticidade secante do concreto
Ec = Módulo de elasticidade tangente inicial do concreto

Na tabela 4.1 estão apresentados os valores médios das propriedades do


concreto referentes ao ensaio de três corpos de prova para cada caracterização, resultando
um total de nove corpos de prova para cada laje. Os modelos para o ensaio de cisalhamento
direto eram formados por duas lajes, A e B. Como a concretagem da laje B era feita três
dias após a concretagem da laje A, as datas dos ensaios foram de 31 e 28 dias. Em relação
às vigas mistas, os ensaios de caracterização do concreto foram todos realizados aos 28
dias.

Tabela 4.1 - Propriedades do concreto empregado no ensaio.


Resistência à compressão Resistência à tração (*) Módulo de Elasticidade
Modelo ABNT NBR-5739/94 ABNT NBR-7222/94 ABNT 8522/84
fcm (MPa) fctm, sp (MPa) Ec (GPa)
A B A B A B
Mod.01 25,01 ± 0,45 25,63 ± 0,33 2,28 ± 0,13 2,99 ± 0,29 26,43 ± 1,51 23,38 ± 0,96
Mod.02 24,48 ± 1,29 25,05 ± 0,80 2,27 ± 0,10 2,68 ± 0,17 23,85 ± 1,19 22,18 ± 1,77
Mod.03 39,12 ± 2,82 36,63 ± 0,24 3,42 ± 0,05 3,26 ± 0,04 22,16 ± 3,40 22,49 ± 0,21
Mod.03A 32,57 ± 0,32 29,19 ± 1,12 3,03 ± 0,20 3,28 ± 0,46 28,43 ± 0,48 28,58 ± 0,36
Mod.04 35,46 ± 2,25 33,92 ± 1,42 3,17 ± 0,21 3,14 ± 0,09 24,71 ± 2,18 25,04 ± 0,37
Mod.05 20,79 ± 0,33 20,98 ± 0,73 2,25 ± 0,24 2,32 ± 0,18 21,34 ± 0,95 24,91 ± 0,72
Mod.06 21,99 ± 1,25 21,09 ± 1,09 2,32 ± 0,14 2,00 ± 0,18 22,13 ± 1,68 20,32 ± 0,77
Mod.06A 23,99 ± 0,11 24,37 ± 1,36 2,78 ± 0,29 2,65 ± 0,37 23,66 ± 3,76 20,29 ± 0,77
Mod.07 29,02 ± 1,12 27,41 ± 0,32 3,42 ± 0,10 3,26 ± 0,12 22,13 ± 0,93 18,51 ± 0,96
Mod.08 28,26 ± 0,69 27,12 ± 0,57 2,96 ± 0,11 2,84 ± 0,21 21,18 ± 0,40 19,11 ± 0,10
VM 01 26,90 ± 0,17 2,97 ± 0,18 27,64 ± 0,50
VM02 29,69 ± 0,36 3,12 ± 0,12 24,98 ± 0,70
VM03 24,14 ± 0,35 2,66 ± 0,04 19,21 ± 0,57
(*) Resistência à tração por compressão diametral – fctm, sp

Na tabela 4.2 são apresentados os resultados obtidos utilizando-se as


expressões para estimativa da resistência à tração do concreto dada pela NBR 6118: 1980,
pelo projeto de revisão da NBR 6118: 2000, e pelo CEB-FIP: 1990.
116
Tabela 4.2 - Resistência à tração direta de acordo com NBR 6118: 1980, NBR 6118: 2000 e CEB-FIP: 1990.

Resultados Estimativas das resistências à tração - MPa


Modelos Experimentais - fctm
(MPa) * NBR-6118: 1980 – fctm NBR-6118:2000 - fctm CEB: 1990 - fctm
A B A B A B A B A B A B A B
1 2 1/2 3 1/3 4 1/4
A B A B A B A B A B A B A B
Mod.01 2,05 2,69 2,20 2,24 0,93 1,20 2,57 2,61 0,80 1,03 2,58 2,62 0,80 1,03
Mod.02 2,04 2,41 2,17 2,20 0,94 1,09 2,53 2,57 0,81 0,94 2,54 2,58 0,80 0,93
Mod.03 3,08 2,93 3,05 2,90 1,01 1,01 3,46 3,31 0,89 0,89 3,48 3,33 0,89 0,88
Mod.03A 2,73 2,95 2,65 2,45 1,03 1,20 3,06 2,84 0,89 1,04 3,08 2,86 0,89 1,03
Mod.04 2,85 2,83 2,83 2,74 1,01 1,03 3,24 3,14 0,88 0,90 3,26 3,16 0,88 0,89
Mod.05 2,03 2,09 1,95 1,96 1,04 1,07 2,27 2,28 0,89 0,91 2,28 2,29 0,89 0,91
Mod.06 2,09 1,80 2,02 1,97 1,03 0,92 2,35 2,29 0,89 0,79 2,37 2,30 0,88 0,78
Mod.06A 2,50 2,39 2,14 2,16 1,17 1,10 2,50 2,52 1,00 0,95 2,51 2,54 1,00 0,94
Mod.07 3,08 2,93 2,44 2,34 1,26 1,25 2,83 2,73 1,09 1,08 2,85 2,74 1,08 1,07
Mod.08 2,66 2,56 2,40 2,33 1,11 1,10 2,78 2,71 0,96 0,94 2,80 2,72 0,95 0,94
Média 1,05 ± 0,11 1,10 ±0,11 0,90 ± 0,09 0,95 ± 0,09 0,90 ± 0,09 0,94 ± 0,09
VM 01 2,67 2,31 1,16 2,69 0,99 2,71 0,99
VM02 2,81 2,48 1,13 2,88 0,98 2,89 0,97
VM03 2,39 2,15 1,11 2,51 0,95 2,52 0,95
Média 1,12 ± 0,01 0,97 ± 0,02 0,97 ± 0,02
* fctm = 0,9.fctm, sp segundo a NBR 6118: 2000
117

O valor médio da relação entre o valor experimental da resistência à tração e o


valor de norma de acordo com a NBR 6118: 1980 foi de 1,08 ± 0,10. De acordo com a
NBR 6118: 2000, e o CEB-FIP: 1990, a média foi a mesma e igual a 0,93 ± 0,08. Isso
mostra que as três normas apresentaram resultados próximos aos experimentais sendo a
NBR 6118: 1980, a mais conservadora e as outras duas normas um pouco contra a
segurança. Pelos resultados observou-se que a nova expressão da norma brasileira resulta
em valores bem semelhantes à norma européia.
Na figura 4.1 são apresentados os valores experimentais e os valores médios da
resistência à tração segundo a NBR 6118: 2000, e o CEB-FIP: 1990.

3,75

3,50

3,25

3,00
Valores teóricos (kN)

2,75

2,50

2,25

2,00
NBR 6118 (2000)
1,75
CEB (1990)

1,50

1,25
1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50 3,75

Valores experimentais (kN)

Figura 4.1 – Valores experimentais e teóricos da resistência à tração

Pelo gráfico anterior observa-se que os resultados previstos pelas expressões


das normas estão bem próximos aos experimentais, sendo que a maioria dos resultados se
encontra dentro do limite de ± 20% (linhas tracejadas).
Na tabela 4.3 é apresentada a comparação entre os resultados obtidos
utilizando-se as expressões para estimativa do módulo de elasticidade do concreto dada
pela NBR 6118: 1980, pelo projeto de revisão da NBR 6118: 2000, e na tabela 4.4 é
apresentada a comparação entre os resultados obtidos utilizando-se as expressões para
estimativa do módulo de elasticidade do concreto dada e pelo CEB-FIP: 1990.
118
Tabela 4.3 - Módulo de elasticidade estimado pela NBR 6118: 1980, NBR 6118: 2000.

Estimativas dos módulos de elasticidade - GPa


Módulo de
Modelo elasticidade tangente
inicial (GPa) NBR-6118: 1980 – Ec NBR-6118: 2000 - Ec NBR-6118: 2000 - Ecs

A B A B A B A B A B A B A B
1 2 1/2 3 1/3 4 1/4
Mod. 01 26,43 23,38 35,24 35,62 0,75 0,66 28,01 28,35 0,94 0,82 23,80 24,10 1,11 0,97
Mod.02 23,85 22,18 34,91 35,27 0,68 0,63 27,71 28,03 0,86 0,79 23,55 23,82 1,01 0,93
Mod. 03 22,16 22,49 43,09 41,81 0,51 0,54 35,03 33,89 0,63 0,66 29,77 28,81 0,74 0,78
Mod.03A 28,43 28,58 39,64 37,74 0,72 0,76 31,96 30,26 0,89 0,94 27,17 25,72 1,05 1,11
Mod.04 24,71 25,04 41,20 40,37 0,60 0,62 33,35 32,61 0,74 0,77 28,34 27,72 0,87 0,90
Mod. 05 21,34 24,91 32,53 32,65 0,66 0,76 25,53 25,65 0,84 0,97 21,70 21,80 0,98 1,14
Mod.06 22,13 20,32 33,32 32,73 0,66 0,62 26,26 25,72 0,84 0,79 22,32 21,86 0,99 0,93
Mod.06A 23,66 20,29 34,60 34,84 0,68 0,58 27,43 27,64 0,86 0,73 23,31 23,50 1,01 0,86
Mod. 07 22,13 18,51 37,64 36,69 0,59 0,50 30,17 29,32 0,73 0,63 25,64 24,92 0,86 0,74
Mod.08 21,18 19,11 37,19 36,52 0,57 0,52 29,77 29,16 0,71 0,66 25,30 24,79 0,84 0,77
Média 0,63 ± 0,07 0,60 ± 0,08 0,79 ± 0,09 0,76 ± 0,09 0,93 ± 0,11 0,89 ± 0,12

VM 01 27,64 36,39 0,76 27,72 1,00 24,69 1,12


VM02 24,98 38,02 0,66 28,44 0,88 25,94 0,96
VM03 19,21 34,70 0,55 26,96 0,71 23,38 0,82
Média 0,66 ± 0,10 0,86 ± 0,15 0,97 ± 0,15
119

Tabela 4.4 - Módulo de elasticidade estimado pelo CEB-FIP: 1990.

Módulo de elastic. Estimativas dos módulos de elasticidade - GPa

Modelo tangente inicial


CEB (1990) - Ec CEB (1990) - Ecs
(GPa)

A B A B A B
1 2 1/2 3 1/3
Mod. 01 26,43 23,38 32,01 32,21 0,83 0,73 27,21 27,38 0,97 0,85
Mod.02 23,85 22,18 31,84 32,02 0,75 0,69 27,06 27,22 0,88 0,81
Mod. 03 22,16 22,49 36,04 35,40 0,61 0,64 30,64 30,09 0,72 0,75
Mod.03A 28,43 28,58 34,29 33,31 0,83 0,86 29,15 28,31 0,98 1,01
Mod.04 24,71 25,04 35,09 34,67 0,70 0,72 29,82 29,47 0,83 0,85
Mod. 05 21,34 24,91 30,59 30,65 0,70 0,81 26,00 26,05 0,82 0,96
Mod.06 22,13 20,32 31,00 30,69 0,71 0,66 26,35 26,09 0,84 0,78
Mod.06A 23,66 20,29 31,68 31,80 0,75 0,64 26,93 27,03 0,88 0,75
Mod. 07 22,13 18,51 33,25 32,77 0,67 0,56 28,26 27,85 0,78 0,66
Mod.08 21,18 19,11 33,03 32,68 0,64 0,58 28,07 27,78 0,75 0,69
Média 0,72±0,07 0,69±0,09 0,85±0,09 0,81±0,11
VM 01 27,64 29,04 0,95 27,72 1,00
VM02 24,98 30,51 0,82 28,44 0,88
VM03 19,21 27,51 0,70 26,96 0,71
Média 0,82±0,13 0,86±0,15

O valor do módulo de elasticidade foi determinado para o carregamento igual a


30% da resistência a compressão média do concreto. Os módulos de elasticidade
calculados de acordo com a NBR 6118: 1980 encontram-se bem superiores aos
experimentais. O valor médio da relação entre o valor experimental e o valor calculado, de
acordo com a NBR 6118: 1980 foi de 0,63 ± 0,08. Em relação aos valores calculados pelo
projeto de revisão da NBR 6118: 2000, e pelo CEB, o módulo de elasticidade secante se
mostrou mais adequado, sendo o valor médio da relação entre o valor experimental e o
valor teórico igual a 0,94 ± 0,12 e 0,83 ± 0,10, respectivamente. Os valores calculados por
estas duas últimas normas se aproximam. Contudo, os resultados mais próximos aos
experimentais foram os calculados pelo projeto de revisão da NBR 6118: 2000, mostrando
a melhoria desta norma em relação a NBR 6118: 1980.
120

4.2.2 AÇO

Na tabela 4.5 são apresentadas as tensões médias de escoamento (fym) e de


ruptura (fum), o módulo de elasticidade médio (Em) e a deformação média correspondente
ao início do escoamento para os aços utilizados na confecção das vigas e conectores. As
propriedades, referentes a cada espessura, correspondem ao valor médio de seis corpos de
prova ensaiados.

Tabela 4.5 - Propriedades do aço empregado nos ensaios


Tensão Tensão de Módulo de Deformação de
Epessura
de Escoamento Ruptura Elasticidade Escoamento
(mm)
fym (MPa) fum (MPa) Em (GPa) εy m (x10-6)
2,00 285 ± 7,57 398 ± 12,82 200 ± 10,46 1425 ± 52,97
2,65 235 ± 4,42 350 ± 5,28 190 ± 9,16 1250 ± 48,17
3,75 268 ± 4,32 403 ± 3,08 196 ± 5,03 1365 ± 42,42

Todos os corpos de prova ensaiados apresentaram um patamar de escoamento


bem definido. São apresentadas na figura 4.2 as curvas tensão versus deformação para cada
espessura de chapa ensaiada, ressaltando, apenas, que não se trata da curva média e sim
uma curva típica de cada espessura.

450

400

350 2,00mm

300
Tensão (MPa)

3,75mm
250
*
200 2,65mm

150

100
* Neste ensaio o extensômetro foi retirado antes
50
do início do encruamento do aço
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Deformação específica ( )

Figura 4.2 – Gráfico tensão versus deformação típico dos aços utilizados nos ensaios
121

4.3 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO

Os resultados dos dez ensaios de cisalhamento direto estão apresentados em


forma de gráficos e tabelas, sendo divididos em deslizamento relativo, deformações nos
conectores, força última e modo de ruptura. Em todos os gráficos a força se refere a um
conector, ou seja, a força aplicada foi dividida por dois. Isso pôde ser feito porque os
resultados obtidos da instrumentação do conector em cada laje foram bem próximos,
apresentando baixas dispersões. No apêndice D são apresentadas mais algumas
informações sobre os resultados obtidos em cada um dos ensaios realizados.

4.3.1 Força e modo de ruptura

Na tabela 4.6 estão apresentados a resistência à compressão média do concreto


(média das duas lajes), o modo de ruptura e a resistência da ligação obtidos dos ensaios.
Também estão apresentadas as resistências avaliadas pela NBR 8800 (1986), pelo AISC-
LRFD (1999) e pela AASTHO (1973). Apesar de já existir versões mais atuais da
AASTHO e sabendo também que se trata de uma norma para pontes, sua expressão para
cálculo da resistência de conectores U laminado foi utilizada apenas como comparação
outras expressões existentes.
Da análise dos resultados experimentais da tabela 4.6, pode-se observar que
aumentando a espessura dos conectores de 2,00 mm para 3,75 mm, ou seja, em 87,5%,
houve um aumento médio de 69% na resistência da ligação, independentemente de sua
altura e da resistência do concreto. Observou-se, também, que a influência da espessura foi
maior nos conectores de 75 mm de altura e com concreto de resistência à compressão mais
elevada.
O aumento da altura do conector de 75 mm para 100 mm aumentou a
resistência da ligação em 16%, em média, independentemente da espessura e da resistência
à compressão do concreto. Notou-se que o aumento da altura influenciou mais na ligação
com conectores menos espessos, 2,00 mm, e com concreto de menor resistência à
compressão.
O aumento da resistência à compressão do concreto em aproximadamente 45%
122

Tabela 4.6 - Modo de ruptura e resistência experimental e teórica dos ensaios de cisalhamento direto

fcm das 2
Experimental NBR8800:1986 AISC-LRFD: 1999 AASHTO:1973 Modo de
Modelos lajes MPa 1/2 1/3 1/4
KN - (1) kN - (2) kN - (3) kN - (4) ruptura
Mod. 01 25,32 77,00 55,10 1,40 70,29 1,10 68,94 1,12 1
Mod. 02 24,76 126,50 102,16 1,24 127,37 0,99 127,82 0,99 1
Mod. 03 37,87 79,00 67,38 1,17 82,74 0,95 84,31 0,94 1
Mod. 04 34,69 131,22 120,93 1,09 156,74 0,84 151,29 0,87 1
Média 1,22 0,97 0,98
Desv.Pad. 0,13 0,11 0,11

Mod. 05 20,88 87,50 50,04 1,75 62,53 1,40 62,60 1,40 2


Mod. 06 21,54 137,00 95,29 1,44 114,09 1,20 119,22 1,15 1
Mod. 06A 24,18 141,00 100,96 1,40 122,99 1,15 126,31 1,12 1
Mod. 07 28,21 94,00 58,16 1,62 68,14 1,38 72,76 1,29 2
Mod. 08 27,69 155,50 108,04 1,44 126,02 1,23 135,17 1,15 1
Média 1,53 1,27 1,22
Desv.Pad. 0,15 0,11 0,12

Mod. 03A 30,88 21,00 60,85 0,35 84,43 0,25 76,13 0,28 1
Mod.01, Mod.03, Mod03A = altura de 75 mm e espessura de 2,00 mm Mod.02, Mod.04 = altura de 75 mm e espessura de 3,75 mm
Mod.05, Mod.07 = altura de 100 mm e espessura de 2,00 mm Mod.06, Mod.06A, Mod.08 = altura de 100 mm e espessura de 3,75mm

Mod03A = sem aderência entre o conector e o concreto


1 = escoamento do conector 2 = ruptura por corte do conector
123

resultou em um aumento médio de 3,15% na resistência da ligação com conectores de 75


mm. Já o aumento de 32% na resistência do concreto nos modelos com conectores de 100
mm de altura aumentou em aproximadamente 9% a resistência da ligação. Percebe-se que
a resistência do concreto, nestes ensaios, pouco influenciou na resistência última da
ligação.
Observou-se que a espessura do conector foi a variável que mais influenciou a
resistência da ligação. Em seguida vem a altura do conector e finalmente a resistência do
concreto.
As resistências obtidas dos ensaios dos modelos Mod.06 e Mod.06A foram
bem similares, mostrando que os cuidados tomados durante a preparação dos modelos
foram importantes no sentido de reduzir a dispersão de resultados. Isto sugere que os
resultados obtidos dos demais modelos são confiáveis.
O modelo Mod.03A, foi o piloto dessa série de ensaios, sendo ensaiado antes
da concretagem dos demais modelos. Sua resistência foi aproximadamente quatro vezes
menor que a do modelo Mod.03 e que aos resultados teóricos. As causas que levaram a
essa baixa resistência foram duas: falta de aderência entre o conector e o concreto da laje,
pois com a intenção de preservar os extensômetros todo o conector foi protegido com fita
isolante, e nichos de concretagem na região próxima ao conector. Esses nichos foram
observados após o corte da laje ao final do ensaio. Devido a essas observações, os
extensômetros dos outros modelos foram protegidos com uma camada de resina epóxi
apenas sobre o extensômetro, deixando o conector quase que completamente aderido ao
concreto. Procurou-se, também, vibrar melhor o concreto, principalmente na região
próxima ao conector. Com este modelo, pôde-se observar que a aderência do conector ao
concreto e o adensamento do concreto na região dos conectores são fatores importantes
para a resistência última da ligação.
Comparando os resultados experimentais com os valores teóricos percebe-se
que a expressão da norma brasileira é a mais conservadora, fornecendo valores
aproximadamente, 17% menores que os valores experimentais para o conector de 75 mm
de altura e, aproximadamente, 34% menores para os conectores de 100 mm de altura. A
norma americana AISC-LRDF, 1999, apresentou valores próximos aos experimentais na
ligação com os conectores de 75 mm de altura, sendo em média apenas 6% maiores que o
experimental. Já na ligação com conectores de 100 mm altura os valores foram menores
em aproximadamente, 22%. Os valores obtidos pela expressão da AASHTO, 1973, foram
124

em média 3% superiores aos valores experimentais na ligação com conectores de 75mm,


em relação aos conectores de 100mm os valores teóricos foram em média 17,5% menores.
Nas ligações com conectores de 100 mm de altura, a expressão da AASHTO
mostrou-se mais adequada para avaliação de sua resistência.
Apesar de nenhuma expressão para cálculo da resistência de conectores tipo U
considerar a altura do conector, diferentemente das expressões para pino com cabeça que
levam em consideração sua altura, por esses resultados experimentais é clara a sua
importância.
O modo de ruptura da ligação nos modelos com conectores de 75 mm de altura
foi semelhante, independentemente da espessura. Os modelos com conector de altura igual
a 100 mm romperam de duas maneiras diferentes. Todos os modelos romperam pelo
escoamento do aço dos conectores. A laje não apresentou fissuras e nos últimos
carregamentos observou-se uma rotação da laje, como se pode ver na figura 4.3.

Abertura da
junta devido à
rotação da laje

Figura 4.3 - Rotação da laje observada nos modelos com conectores de altura de 75 mm

Na ligação com conectores de 100 mm de altura o modo de ruptura foi alterado


devido ao aumento da espessura do conector. Os conectores com espessura de 2,00 mm
atingiram o escoamento do aço e ao final do ensaio romperam na região da dobra, fazendo
com que a laje se separasse completamente do perfil, como se pode ver na figura 4.4.
Os conectores com espessura de 3,75 mm e altura de 100 mm atingiram o
escoamento do aço e em seguida a laje começou a fissurar na região dos conectores. Nos
carregamentos finais, a mesa do conector se deformou de maneira a expulsar o cobrimento
de concreto que existia sobre o conector. Isso ocorreu devido ao cobrimento ser de apenas
20 mm, provocando uma menor rigidez da extremidade do conector e permitindo, assim,
125

uma maior rotação. A situação final desses modelos pode ser vista na figura 4.5.

Figura 4.4 – Forma de ruptura dos modelos com conector de 100 mm de altura e espessura
de 2,00 mm.

Figura 4.5 – Forma de ruptura dos modelos com conector de 100 mm de altura e espessura
de 3,75 mm.

4.3.2 Deslizamento relativo

Fazendo o gráfico do deslizamento relativo médio entre o perfil e a laje pré-


moldada e a respectiva força aplicada, para vários incrementos de carga, pôde-se construir
a curva força versus deslizamento da ligação. A principal característica observada nessa
126

curva foi a rigidez dos conectores, definida pela relação entre a força e o deslizamento
relativo.
Nas figuras 4.6 e 4.7 são apresentas as curvas força versus deslizamento
relativo para conectores com altura de 75 mm e 100mm, respectivamente.

160

140

120
Força por conector (kN)

100

80

60

Mod.01-25,3MPa-2,00mm
40 Mod.02-24,76MPa-3,75mm
Mod.03-37,85MPa-2,00mm
20 Mod.04-34,69MPa-3,75mm
Mod.03A-30,88MPa-2,00mm

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Deslizamento relativo (mm)

Figura 4.6 - Gráfico força versus deslizamento médio para conectores de 75 mm de altura

Pela figura 4.6 percebe-se que a rigidez inicial de todos os conectores foram
semelhantes. Após a fase elástica, a rigidez começou a se diferenciar, sendo que o aumento
da resistência à compressão do concreto e o aumento da espessura do conector, de modo
geral, tornou a ligação mais rígida.
O modelo Mod.03 apresentou certa divergência em relação aos outros modelos,
pois no final do ensaio, mesmo a espessura do conector sendo de apenas 2,00 mm, ele
deslizou menos que o modelo Mod.04 que possuía espessura de 3,75 mm e resistência do
concreto similar.
A falta de aderência entre o conector e o concreto e a presença dos nichos de
concretagem no Mod03A não só diminuíram a resistência do conector como também
tornou a ligação menos rígida.
127

160

140

120
Força por conector (kN)

100

80

60

Mod.05-20,88MPa-2,00mm
40 Mod.06-21,55MPa-3,75mm
Mod.07-28,22MPa-2,00mm
20 Mod.08-27,69MPa-3,75mm
Mod.06A-24,18MPa-3,75mm
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Figura 4.7 - Gráfico força versus deslizamento médio para conectores de 100 mm de altura

Pela figura 4.7 percebe-se que a resistência do concreto praticamente não


influenciou a rigidez inicial, porém a espessura sim. Quanto mais espesso, maior foi a
rigidez inicial. Após a fase elástica percebe-se que o conector mais espesso e com um
concreto de resistência mais elevada teve maior rigidez. Os resultados que, de forma geral,
quanto maior era a espessura maior foi a rigidez do conector. Em relação à resistência do
concreto, porém, para os conectores com espessura de 3,75 mm, seu aumento fez com que
a rigidez fosse menor.
O comportamento do modelo Mod.06A apresentou-se semelhante ao Mod.06
na fase elástica, porém após esta fase se mostrou menos rígido, apesar da resistência do
concreto ser um pouco superior.
Como foram realizados poucos ensaios não se pode afirmar que as
divergências observadas são consistentes. De maneira geral, porém, nota-se que o aumento
da espessura aumentou a rigidez, principalmente para os conectores com 100 mm de altura.
Além disto observou-se que o aumento da resistência à compressão do concreto também
aumentou a rigidez da ligação, principalmente para os conectores com 75 mm de altura.
Para avaliar a influência da altura do conector, são apresentadas nas figuras 4.8
e 4.9 a curva força versus deslizamento para conectores com espessura de 2,00 mm e 3,75
mm, respectivamente.
128

160

140

120
Força por conector (kN)

100

80

60
Mod.01-25,3MPa-2,00mm-75x50

40 Mod.03-37,85MPa-2,00mm-75x50

Mod.05-20,88MPa-2,00mm-100x50
20
Mod.07-28,22MPa-2,00mm-100x50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Deslizamento relativo (mm)

Figura 4.8 – Gráfico força versus deslizamento da ligação com conectores de 2,00mm de
espessura

160

140

120
Força por conector (kN)

100

80

60

Mod.02-24,76MPa-3,75mm-75x50
40
Mod.04-34,69MPa-3,75mm-75x50

Mod.06-21,55MPa-3,75mm-100x50
20
Mod.08-27,69MPa-3,75mm-100x50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)
Figura 4.9 – Gráfico força versus deslizamento da ligação com conectores de 3,75 mm de
espessura

De acordo com a figura 4.8 observa-se que a rigidez da ligação foi


aproximadamente igual em todos os modelos, com exceção do modelo Mod.03. Pelas
129

curvas observa-se que para os conectores com espessura de 2,00 mm a resistência do


concreto tem mais influência sobre a rigidez que a altura.
Como pode ser observada pela figura 4.9, a rigidez inicial da ligação com os
conectores de 100mm de altura foi praticamente igual a dos conectores de 75 mm de altura.
Após a fase elástica, quanto maior a altura e resistência do concreto, maior foi a rigidez.
Os resultados obtidos por MALITE (1993) juntamente com os resultados
obtidos nos ensaios deste trabalho, para os modelos com características semelhantes, estão
ilustrados em forma de gráfico na figura 4.10.

180
Fu = 201 kN

160

140

Fu = 126,50 kN
Força por conector (kN)

120

100 Fu = 124 kN

80 Fu = 77 kN

60 Mod.01-25,3MPa-2,00mm-75x50

Mod.02-24,76MPa-3,75mm-75x50
40

MALITE (1993)-25,90MPa-2,66mm-
75x40
20
MALITE (1993)-26,7MPa-4,66mm-75x40

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Deslizamento relativo (mm)


Figura 4.10 - Resultados de ensaios de cisalhamento direto deste trabalho e de MALITE
(1993)

Apesar dos deslizamentos não terem sido medidos até o final do ensaio, pode-
se ver que o aumento da espessura contribui significativamente para o aumento da
resistência e da rigidez.
O valor médio dos resultados obtidos por OLIVEIRA (2001) em ensaios de
cisalhamento direto com laje maciça, com armadura e sem armadura, e conectores U
formados a frio estão apresentados na tabela 4.7.
130

Tabela 4.7 - Resistência média da ligação com conectores U, OLIVEIRA (2001)


Resistência Deslizamento
Dimensões dos Espessura dos Res. do concreto (kN) último - Sult (mm)
Conectores (mm) Conectores (mm) (MPa)

50x25 – sem armadura 3,00 28,40 92,50 10,5

50x25 – com armadura 3,00 27,70 103,73 9,7

Apesar das diferenças entre as características do conector ensaiado por


OLIVEIRA (2001) e os conectores deste trabalho, observa-se que a espessura e altura são
dois fatores que influenciam a resistência da ligação e que a altura parece influenciar
também a rigidez, pois o deslocamento deste conector foi superior aos demais já
analisados.
Os conectores tipo pino com cabeça são largamente utilizados e seu
comportamento já é bem conhecido. Com a intenção de comparar a rigidez final desses
conectores com os conectores tipo U formado a frio, a tabela 4.8 apresenta os valores dos
deslocamentos últimos dos conectores ensaiados neste trabalho e os deslocamentos últimos
de conectores tipo pino com cabeça com suas respectivas rigidezes finais (Resistência/Sult).

Tabela 4.8 – Deslocamentos últimos de conectores U formado a frio e pino com cabeça
Conectores

Dimensões dos Resistência do Rigidez


Sult Resistência
Modelos conectores concreto última
(mm)* (kN) *
(mm) (MPa) (kN/mm)

Mod. 01 75x50-2,00 25,32 6,55 77,00 11,56


Mod. 02 75x50-3,75 24,76 7,03 126,50 18,00
U formado a frio

Mod.03 75x50-2,00 37,87 2,3 79,00 34,34


Mod. 04 75x50-3,75 34,69 3,35 131,22 39,17
Mod. 05 100x50-2,00 20,88 9,60 87,50 9,11
Mod. 06 100x50-3,75 21,54 4,39 141,00 32,12
Mod. 07 100x50-2,00 28,21 9,10 94,00 10,33
Mod. 08 100x50-3,75 27,69 6,70 155,50 23,21
Diâmetro = 15,90mm 25 5,96 73,63 12,35
fu = 415MP e E=22GPa

Diâmetro = 15,90mm 30 5,63 80,65 14,32


Pino com cabeça

Diâmetro = 19,10mm 25 7,16 106,24 14,84


Diâmetro = 19,10mm 30 6,76 116,40 16,25
Diâmetro = 22,20mm 25 8,32 143,53 17,25

Diâmetro = 22,20mm 30 7,86 157,23 20,02

* A resistência dos conectores pino com cabeça foram calculados de acordo com a expressão da NBR 8800/86
Pu = 0 ,5.Acs f ck .E c e o deslizamento último pela expressão Sult = (0,48-0,0042*fcm).dc
131

De acordo com a tabela 4.7 os modelos 03, 04 e 06 apresentaram diferenças


maiores em relação aos conectores pino com cabeça, tanto para o deslizamento último
quanto para a rigidez. De forma geral, porém, os deslocamentos finais e as rigidezes dos
demais conectores, com resistências semelhantes, são bem similares.
Na figura 4.11 são apresentadas algumas curvas típicas desses conectores bem
como as curvas para os conectores U formados a frio ensaiados e que foram utilizados nos
ensaios das vigas mistas. As curvas típicas dos conectores tipo pino com cabeça foram
traçadas de acordo com a expressão 2.52, apresentada na revisão bibliográfica, de acordo
com alguns valores usuais de α e β : 0,558 e 1mm-1 (curva A); 0,989 e 1,535 mm-1 (curva
B) e 0,8 e 0,7 mm-1(curva C).
1

0,9
A
0,8
B
C
0,7
Força / Força última

Mod 02
0,6 Mod 08

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslizamento relativo (mm)

Figura 4.11 – Curvas típicas de conectores pino com cabeça e U formado a frio

Em relação à figura 4.11, percebe-se que a curva do conector U formado a frio


com altura de 100mm e espessura de 3,75 mm, modelo Mod 08, situa-se próxima às curvas
dos conectores tipo pino com cabeça, mostrando um comportamento similar. O conector
do modelo Mod.02 com 75 mm de altura e 3,75 mm de espessura, apresentou, na fase
elástica, comportamento similar aos outros conectores, porém após esta fase mostrou-se
menos rígido. Isto novamente mostra a influência da altura do conector no comportamento
da ligação. Como em vigas mistas a rigidez da ligação interfere no comportamento à flexão
da viga, é de se esperar que a alteração na altura do conector influencie sua resistência e
sua deformabilidade.
132

4.3.3 Deformação específica

Os gráficos força versus deformação específica dos conectores com altura de


75mm e 100mm estão apresentados nas figuras 4.12 e 4.13, respectivamente.
Nos modelos com conectores de altura igual a 75 mm foram colados quatro
extensômetros na face tracionada (+) e quatro na face comprimida (-). No gráfico são
apresentados os valores médios de deformação para cada face.
Nos modelos com altura de 100 mm foram colados extensômetros apenas na
face tracionada, sendo que o gráfico apresenta a média das quatro deformações referentes
aos extensômetors situados próximo à extremidade soldada ao perfil e a média dos outros
quatro extensômetros colados na outra extremidade. O monitoramento das deformações
dos conectores foi útil para analisar se a ruptura da ligação ocorreu após a deformação de
escoamento dos conectores ou não.
As deformações específicas dos conectores do modelo Mod.03 não foram
obtidas por problemas no sistema de aquisição de dados.

160
Mod.01+
Mod.01- 140
Mod.02+
Mod.02-
Mod.04+ 120
Força por conector (kN)

Mod.04-
Mod.03A+ 100
Mod.03A-

80

60

40

20

0
-5000 -4000 -3000 -2000 y -1000 0 1000 y 2000 3000 4000 5000
Deformação específica (

Figura 4.12 – Gráfico força versus deformação média dos conectores com altura de 75 mm

De acordo com a figura 4.12 todos os extensômetros colados na face tracionada


indicaram deformações específicas maiores que as deformações de escoamento do aço no
momento da ruptura da ligação. Já na face comprimida, devido à curvatura e às mudanças
133

de geometria, alguns extensômetros não indicaram deformação de escoamento, tendo,


inclusive, apresentado mudanças de sinal, passando de comprimido para tracionado.

160

140

120
Força por conector (kN)

100

80

Mod 05-1,2
60
Mod 05-3,4
mod 06-1,2
40 Mod 06-3,4
Mod 07-1,2
Mod 07-3,4
20 Mod 08-1,2
Mod 08-3,4

0
y
-1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
Deformação específica ( )

Figura 4.13 – Gráfico força versus deformação média dos conectores de altura de 100 mm.

Pode-se perceber pela figura 4.13 que os extensômetros nas posições 1 e 2,


próximo à solda, atingiram a deformação de escoamento do aço, enquanto os
extensômetros colados nas posições 3 e 4 não atingiram a deformação de escoamento. De
acordo com esta variação de deformações, percebe-se que a região próxima à fixação do
conector ao perfil é mais solicitada que a região próxima à face superior da laje.
De acordo com TRISTÃO (2002), as tensões são maiores na região mais
próxima à solda e diminuem até a extremidade do conector, sendo que na metade da altura
o valor da deformação é praticamente igual ao valor médio das deformações das
extremidades. Como os extensômetros dos modelos com altura de 100 mm foram colados
nas extremidades, a deformação específica no centro dos conectores foi estimada como a
média das deformações extremas. Esses valores são apresentados na figura 4.14,
juntamente com o valor da deformação central do conector do Mod.06A.
Como a deformação de escoamento para o aço dos conectores era de
aproximadamente 1400µε, a região central de todos os conectores atigiram a deformação
de escoamento. Após a fase elástica, as deformações se diferem bastante, principalmente,
devido as não linearidades geométricas que surgem no conector, como pode ser visto nos
134

conectores dos modelos Mod.06 e Mod.06A.

160

140

120
Força por conector (kN)

100

80
Mod 05 - 2,00mm

60 Mod 06 - 3,75mm

Mod 07 - 2,00mm
40
Mod 08 - 3,75mm

20
Mod.06A - 3,75mm

0
0 1000 y 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
Deformação específica ( )

Figura 4.14 – Gráfico força versus deformação média a meia altura dos conectores com
altura de 100 mm

A deformação na região central desses conectores será importante para se


analisar o comportamento dos conectores das vigas, já que neles foram colados
extensômetros apenas na região central.

4.4 ENSAIOS DE FLEXÃO EM VIGAS

Os resultados das quatro vigas ensaiadas estão apresentados em forma de


gráficos e tabelas, sendo divididos em deslocamento vertical, deslizamento relativo na
interface, deformações nos conectores, deformações na seção transversal, deformações nas
rosetas, carga e modo de ruptura.
As comparações teóricas referem-se apenas ao regime linear. Alguns gráficos
apresentam todos os resultados, enquanto outros apenas os valores médios. No Apêndice D
encontram-se todos os resultados obtidos nos ensaios.
135

4.4.1 Força e modo de falha

De acordo com os valores obtidos pela instrumentação e as observações


visuais, a força máxima resistida pela viga metálica, V1, foi de 48 kN. O estado limite
último ocorreu por flambagem local da região comprimida da alma e da mesa após, nessa
região, as tensões superarem a tensão de escoamento do aço, ou seja, o estado limite último
se deu por plastificação parcial da seção transversal situada no meio do vão. O aspecto
final da viga está apresentado na figura 4.15.

a) Vista da alma e mesa superior b) Vista da mesa superior


Figura 4.15 - Aspecto final da viga metálica, V1, na região de momento máximo, após o
estado limite último

Em relação às vigas mistas, o estado limite último se deu quase


simultaneamente pela deformação excessiva da viga metálica e dos conectores, seguida de
elevado aumento das deflexões e consequente ruptura da laje.
A viga mista VM1 começou a fissurar na face inferior da laje, na região
tracionada próxima aos conectores centrais, com uma força de 70 kN. Com a continuidade
do carregamento, foram surgindo novas fissuras partindo da região de momento máximo
para as extremidades. A partir da força de 110 kN essas fissuras alcançaram as laterais da
laje, sendo a força máxima resistida de 178 kN. As fissuras na face inferior e em uma das
laterais estão apresentadas na figura 4.16.
A viga mista VM2 rompeu com uma força de 177 kN, valor praticamente igual
à força última da viga mista VM1. De acordo com os resultados obtidos, houve muitas
semelhanças entre as vigasVM1 e VM2. Isso ocorreu, principalmente, porque em ambos os
136

casos a linha neutra, na ruptura, encontrava-se a uma altura menor que 40 mm medida a
partir da face superior da laje, ou seja, acima do EPS.
Não foram observadas fissuras na laje durante o ensaio. Apenas no final houve
a formação de uma fissura longitudinal na face superior da laje devido à ausência de
armadura transversal posicionada na face inferior da laje como recomenda, por exemplo, a
NBR 8800: 1986. O aspecto final dessa viga está apresentado na figura 4.17.

a) Face inferior da laje b) Uma das laterais da laje


Figura 4.16 – Aspecto final das fissuras na laje da viga mista VM1

Figura 4.17 – Aspecto final da viga mista VM2

A viga mista VM3 rompeu com uma força de 133 kN, mostrando, assim, uma
redução na resistência da viga devido a menor altura do conector. Com um carregamento
de100kN foi observada a presença de algumas fissuras na lateral da laje, mas estas não
iniciavam a partir da face inferior, e sim a partir da sapata de concreto da treliça. No final
do ensaio formou-se uma fissura longitudinal na face superior da laje, semelhante à viga
137

VM2. O aspecto final da viga VM3 foi muito semelhante ao da viga VM2 e está
apresentado na figura 4.18.

Figura 4.18 – Aspecto final da viga mista VM3

A força última das quatro vigas está apresentada na tabela 4.9.

Tabela 4.9 - Força última das vigas ensaiadas


Viga Características principais Força última
V Viga metálica 48 kN
VM1 Laje maciça e conector 100x50, #3,75mm - fcm =26,90 MPa 178 kN
VM2 Laje treliçada e conector 100x50, #3,75mm - fcm = 29,69 MPa 176 kN
VM3 Laje treliçada e conector 75x50, #3,75mm - fcm = 24,14 MPa 133 kN

Pela tabela 4.9 pode-se ver que o ganho de resistência de uma viga mista para
uma viga metálica é considerável, da ordem de 300%, mostrando um melhor
aproveitamento dos materiais e, conseqüentemente, uma maior economia.
A resistência das vigas VM1 e VM2 foram praticamente iguais, mostrando que
a substituição da laje maciça pela laje treliçada, neste caso, não influenciou a resistência da
viga mista.
Comparando as vigas VM2 e VM3 percebe-se que a primeira viga, com
conector de 100 mm de altura, apresentou uma força última cerca de 32% superior à da
viga com conector de 75 mm de altura. Este valor é superior ao aumento da resistência da
ligação observado nos ensaios de cisalhamento direto. Naqueles ensaios, a substituição do
conector de 75 mm de altura pelo de 100 mm de altura proporcionou um aumento de 16%
na resistência da ligação. Isto mostra que, possivelmente, a resistência da viga também seja
138

influenciada pela rigidez da ligação. A ligação com conector de 100 mm era mais rígida
que a com conector de 75 mm, o que pode ter resultado em menores deslizamentos da
interface e em um conseqüente aumento na resistência da viga mista.

4.4.2 Deslizamento relativo na interface

Na figura 4.19 são apresentados os deslizamentos médios (em linha cheia) e os


deslizamentos medidos nas faces opostas da viga (em pontilhado) medidas nos ensaios.
Pelos gráficos percebe-se que os valores medidos do lado direito das vigas
foram bem similares ao do lado esquerdo. Percebe-se, também, que os deslizamentos
medidos pelos deflectômetros situados a 1040 mm do meio do vão foram maiores que os
deslizamentos medidos pelos outros deflectômetros. Isso talvez tenha ocorrido devido ao
desvio de parte do fluxo de cisalhamento da interface diretamente aos apoios. No caso de
interação total, ARAÚJO (1997) observou que em vigas mistas formadas por viga pré-
moldada de concreto e laje de concreto moldado no local e carregamento aplicado no meio
do vão, os deslizamentos na região anterior aos apoios são bem maiores, e nas
extremidades são praticamente nulos. Já para interação parcial, os deslizamentos são
semelhantes ao longo de todo o vão da viga.
As curvas força versus deslizamento relativo médio, medido pelos
deflectômetros situados a 1040 mm do meio do vão, para as três vigas, estão apresentadas
na figura 4.20.
De acordo com a figura 4.20, o deslizamento na interface das vigas mistas com
conectores de altura igual a 100 mm foram semelhantes, tanto na viga com laje maciça
quanto na viga com laje treliçada. Já na viga mista com laje treliçada e conectores de altura
igual a 75 mm, os deslizamentos foram semelhantes ao das outras vigas somente até o
carregamento de 40 kN. Após este valor, seu deslizamento foi superior ao observado nas
outras vigas, sendo sua força última inferior à das vigas VM1 e VM2.
139

4 4
158kN 170kN
3,5 140kN 3,5 160kN
120kN 140kN

Deslizamento relativo (mm)


3 100kN 3 120kN
Deslizamento relativo (kN)

80kN 100kN
2,5 60kN 2,5
80kN
40kN
2 60kN
2 20kN
40kN

1,5 1,5 20kN

1
1

0,5
0,5

0
0
-1560 -1040 -520 0 520 1040 1560
-1560 -1040 -520 0 520 1040 1560
Posição dos deflectômetros (mm)
Posição dos deflectômetros (mm)

a) Viga VM1 b) Viga VM2


4
125kN
3,5
120kN
100kN
Deslizamento relativo (mm)

3
80kN
2,5 60kN
40kN
2
20kN
1,5

0,5

0
-1560 -1040 -520 0 520 1040 1560
Posição dos deflectômetros (mm)

c) Viga VM3

Figura 4.19 – Deslizamento relativo nas vigas mistas

180

160

140
Força (kN)

120

100
VM1
80
VM2
60 VM3

40

20

0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00

Deslizamento relativo (mm)

Figura 4.20 – Deslizamento relativo médio para as vigas VM1, VM2 e VM3

O deslizamento maior e a resistência menor da viga VM3 já eram de se


140

esperar, pois nos ensaios de cisalhamento direto os conectores com altura de 75 mm


mostraram-se menos rígidos e menos resistentes que os conectores com altura de 100 mm.

4.4.3 Deformação dos conectores

Cada conector nas vigas mistas, foi instrumentado com dois extensômetros
colados na altura média do conector. Na figura 4.21 são apresentados os valores médios de
deformações dos conectores medidos por estes extensômetros.

180 180

160 160

140 140

120 120
1 1
Força (kN)

Força (kN)

2 2
100 100
3 3
80 4 80 4
5 5
60 60
6 6

40 40
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6
20 20

0 0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500

Deformação específica (me) Deformação específica (µε)

a) Viga VM1 b) Viga VM2


180

160

140

120
1
Força (kN)

100 2
3
80
4
5
60
6
40

20 1 2 3 4 5 6

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500
Deformação específica (µε)

c) Viga VM3
Figura 4.21 - Deformação específica média dos conectores das vigas mistas

As deformações específicas dos conectores das vigas VM1 e VM2 foram bem
semelhantes, e no local onde os extensômetros foram colados as deformações no instante
da ruptura das vigas foram inferiores à deformação de escoamento do aço, (εy = 1300
141

µε). Mas de acordo com os ensaios de cisalhamento direto, notou-se que a concentração de
tensões nos conectores era maior na região de fixação do conector, sendo
aproximadamente o dobro da tensão no centro do conector. Desta forma, pode-se concluir
que mesmo com os extensômetros colados na região central de alguns conectores não
tendo registrado deformações superiores à de escoamento, na região de maior concentração
de tensões, junto à solda, provavelmente houve o escoamento do aço.
Em relação às deformações dos conectores da viga VM3, todos atingiram a
deformação de escoamento do aço antes da viga mista atingir sua força última. Isto
aconteceu porque os conectores tinham 75mm de altura e os extensômetros estavam
colados a 32,5mm da extremidade do conector, ou seja, mais próximo à região de maiores
concentrações de tensões, diferentemente das vigas mistas VM1 e VM2, onde os
conectores tinham 100mm de altura e os extensômetros estavam colados a 50mm da
extremidade.
Nas vigas mistas VM1 e VM2 as deformações dos conectores aumentaram a
partir daqueles situados mais próximos à extremidade, sendo maiores nos conectores
situados próximos à região central da viga. Já na viga mista VM3, os conectores do lado
direito e próximos a extremidade se deformaram mais, provavelmente devido a um mal
posicionamnto do atuador hidráulico aliado ao emprego de aparelhos de apoio diferentes
nas extremidades.

4.4.4 Deformações da seção transversal

Os extensômetros elétricos e mecânicos, colados na viga e na laje, tiveram


como objetivo obter as deformações e, conseqüentemente, avaliar a interação das vigas
mistas, VM1, VM2 e VM3, através das descontinuidades das deformações da seção
transversal. Na viga metálica, V1, os extensômetros foram colados com o objetivo
principal de verificar se as deformações alcançariam ou não a deformação de escoamento
do aço.
Na figura 4.22 são apresentadas as deformações específicas médias obtidas dos
extensômetros posicionados na viga metálica das vigas V1, VM1, VM2 e VM3,
respectivamente, e também as deformações teóricas da mesa inferior e superior de cada
viga. Os valores teóricos foram calculados admitindo comportamento elástico e linear de
142

acordo com a seguinte expressão:


M
ε= .y (4.01)
E .I h
Sendo:
ε = deformação na fibra de ordenada y,
M = momento fletor na seção analisada, neste caso no meio do vão,
E = módulo de elasticidade do aço, para a viga metálica, ou do material para qual a seção
foi homogeneizada, para as vigas mistas,
Ih = momento de inércia da seção metálica, para a viga V1, ou da seção mista
homogeneizada, para as vigas mistas, desconsiderando a parte tracionada e levando em
consideração a interação parcial,
y = ordenada da fibra correspondente, com origem na linha neutra da seção.

Na figura 4.22, VS-médio e VS-teórico são as deformações médias


experimentais e teóricas na mesa superior, respectivamente, e VI-média e VI-teórico as
deformações médias e teóricas na mesa inferior, respectivamente. VL1-média é a
deformação média da alma medida a 50 mm da mesa superior e VL2-média é a
deformação média da alma medida a 50 mm da mesa inferior. Nas vigas VM1 e VM2, VL
é a deformação média da alma medida a meia altura da viga metálica.

50

45

40
VS-média
35 VL1-média
VL2-média
Força (kN)

30
VI-média
25
VS-teórico
20 VI-teórico

15

10

0
-7500 -5000 -2500 0 2500 5000 7500 10000 12500

Deformação específica (µε)

a) Viga V1

Figura 4.22 – Deformações longitudinais no meio do vão das vigas


143

180

160

140 VSE Os extensômetros


do ldo direito foram
VLE perdidos
120
VIE
Força (kN) 100 VSE-teórico
VI-teórico
80

60

40

20

0
-2500 0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500

Deformação específica (µε)

b) Viga VM1
180

160

140

VS-média
120
VL-média
Força (kN)

100 VI-média
VS-teórica
80 VI-teórica

60

40

20

0
-2500 0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500

Deformação específica (µε)

c) Viga VM2
180

160

140

120
Força (kN)

100

80

VS-média
60
VL1-média
VL2-média
40
VI-média
VS-teórica
20
VI-teórica
0
-2500 0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500

Deformação específica (µε)

d) VigaVM3

Figura 4.22 – Deformações longitudinais no meio do vão das vigas (continuação)


144

De acordo com a figura 4.22, as deformações na região comprimida e


tracionada da viga de aço, V1, foram semelhantes até a deformação de escoamento do aço,
sendo as deformações na mesa superior da viga menores que as deformações na mesa
inferior devido à posição do extensômetro. Como foi explicado no capítulo 3, os
extensômetros superiores estavam afastados 150 mm do centro da viga para não coincidir
com o ponto de aplicação da força. Na mesa superior as deformações teóricas coincidiram
com as experimentais durante todo o ensaio.
Em relação às vigas mistas, percebe-se que não existe simetria entre as
deformações da mesa superior e inferior. Sendo assim, a linha neutra não se encontra na
altura média da viga, ficando evidente que parte da resistência à compressão é resistida
pela laje. Pelos gráficos nota-se que as deformações teóricas e experimentais são similares,
principalmente na mesa superior onde as deformações foram menores e a viga permaneceu
no regime linear por mais tempo.
Na tabela 4.10 são apresentadas a força elástica, referente ao carregamento no
qual iniciou o escoamento da fibra mais tracionada, e a força última das vigas

Tabela 4.10 - Força elástica e força última das vigas ensaiadas


Força elástica Força última
Viga
kN kN
(1) (2) (2/1)
V 39 48 1,23
VM1 68 178 2,61
VM2 70 176 2,51
VM3 60 133 2,21

Pela relação entre as forças última e elástica percebe-se que a força última da
viga metálica foi 23% superior à força elástica. Para as vigas mistas, esse aumento foi
superior a 200%, mostrando o grande ganho de resistência inelástica das vigas mistas.
Na figura 4.23 são apresentas as deformações específicas obtidas pelas médias
das deformações do lado direito e esquerdo da laje, em cinco posições diferentes, medidas
através dos extensômetros mecânicos.
Por esses gráficos, nota-se que parte da laje está comprimida e parte tracionada,
o que mostra a existência de uma segunda linha neutra. Como existem duas linhas neutras,
uma na viga metálica e outra na laje, pode-se afirmar que a interação foi parcial.
145

180

160

140

Força (kN) 120

100

80
L-média
1 e 5-média 60
2 e 6-média
40
3 e 7-média
4 e 8-média 20

0
-3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Deformação específica (µε)

a)Viga VM1

180

160

140
L-média
120 1 e 5-média
Força (kN)

2 e 6-média
100
3 e 7-média
80 4 e 8-média

60

40

20

0
-3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Deformação específica (µε)

b) Viga VM2
180

160

140
L-médio
120 1 e 5-média
Força (kN)

2 e 6-média
100
3 e 7-média
80 4 e 8-média

60

40

20

0
-3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Deformação específica (µε)

c) Viga VM3

Figura 4.23- Deformações na laje das vigas mistas


146

A leitura dos extensômetros mecânicos nesses ensaios foi prejudicada, pois a


fôrma da laje abriu um pouco durante a concretagem, fazendo com que as faces laterais
ficassem inclinadas, o que causou distorções nas leituras. A viga VM1 apresentou muitas
fissuras fora da região entre as pastilhas que afetaram a leitura das deformações. Nas vigas
VM2 e VM3 as pastilhas de número 4 e 8 foram coladas na sapata da laje treliçada, sendo
o concreto desta região diferente do concreto da laje.
Foram construídos diagramas de deformação da seção transversal para algumas
etapas de carregamento admitindo uma distribuição linear ao longo da altura da laje e
levando em consideração apenas duas medidas de deformação, ou seja, a média das
deformações obtidas pelos dois extensômetros elétricos posicionados na face superior da
laje e a média das deformações medidas em cada lateral da laje referente às pastilhas
coladas mais próximas à face superior da laje (pastilhas número 1 e 5). Desta maneira,
traçando uma reta ligando esses dois valores e estendendo-a até a face inferior da laje, foi
obtido o diagrama de deformações da laje. O diagrama de deformações do perfil metálico
foi traçado com as deformações médias obtidas da leitura dos extensômetros .
Na figura 4.24 estão apresentados os diagramas de deformação da seção
transversal para vários níveis de carregamentos e o diagrama de tensões para a força de 44
kN referente à viga V1, e na figura 4.25 estão apresentados os diagramas de deformações
para vários níveis de carregamentos referentes às vigas mistas.

10 kN 200
20 kN 150 Altura (mm)
30 kN V1
Viga

40 kN 100
44 kN 50
47 kN 0
-4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Deformação específica (µε)

a) Deformações na seção transversal no meio do vão da viga V1

235MPa
200
Altura (mm)

Região elástica
150
Região plastificada
100

50

0
235MPa

b) Diagrama de tensões na seção transversal no meio do vão de V1 ( 44kN)


Figura 4.24 – Deformações e tensões na seção transversal no meio do vão da viga V1
147

Pelos diagramas da viga V1 nota-se que a posição da linha neutra foi


praticamente constante durante todo o carregamento e se encontra um pouco acima da
meia altura da seção, o que pode ser devido ao posicionamento dos extensômetros da mesa
superior. Pelo fato de estarem afastados do meio do vão, podem ter apresentados
deformações menores, fazendo com que a linha neutra ficasse um pouco acima do local
esperado. Além disso, os extensômetros da mesa superior estavam próximos ao ponto de
aplicação do carregamento, podendo assim terem sido influenciados pela concentração de
tensões. Ainda em relação às deformações da viga V1, para uma força de 47 kN foi
registrada uma elevada deformação no extensômetro colado na parte superior da alma na
região comprimida. Observou-se que logo após este carregamento a viga sofreu uma
flambagem localizada no meio do vão na região comprimida.
Baseado no diagrama de deformação referente à força de 44 kN da viga V1, foi
possível traçar o diagrama de tensões apresentado na figura 4.24. Através dele, percebe-se
que não somente as fibras mais extremas atingiram deformações superiores às de
escoamento, mas também parte da alma, mostrando, assim, uma plastificação parcial da
seção.
Sobre as vigas mistas, percebe-se que nas vigas VM1 e VM2 as deformações
do perfil metálico nas primeiras etapas de carregamento, até aproximadamente 50 kN,
foram todas positivas, ou seja, toda a viga estava tracionada. Existe, porém, uma
descontinuidade no diagrama de deformação entre a laje e o perfil, mostrando que desde o
início do carregamento houve um deslizamento relativo entre os dois materiais.
Comparando as deformações das vigas VM1, VM2 e VM3, percebe-se que
para um mesmo nível de carregamento elas foram maiores em VM3. Nesta viga a rigidez
da ligação era menor, o que resultou em um maior deslizamento na interface. O aumento
do deslizamento provocou uma maior curvatura para a viga mista resultando em maiores
deformações. Este comportamento também foi observado por SERACINO (2000).
Pelos diagramas apresentados na figura 4.25 fica evidente a presença de duas
linhas neutras e a descontinuidade do diagrama, mostrando que a interação realmente foi
parcial.
De acordo com as deformações finais das vigas mistas nota-se que a fibra
inferior do perfil metálico, na região tracionada, apresentou deformações superiores às de
escoamento do aço, tendo sido atingido deformações referentes à região de encruamento
do aço.
148

350
30 kN
50 kN 300
VM1

Laje

Altura (mm)
70 kN 250
90 kN
110 kN 200
130 kN 150
150 kN
Viga
155 kN 100
50
0
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000 14000 15000 16000 17000 18000 19000 20000 21000 22000
Deformação específica (µε)

350
30 kN
50 kN 300
VM2
Laje

Altura (mm)
70 kN 250
90 kN
110 kN 200
130 kN 150
150 kN
Viga

170 kN 100
50
0
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000 14000 15000 16000 17000 18000 19000 20000 21000 22000 20000 21000 22000 23000
Deformação específica (µε)

350
30 kN
50 kN 300
VM3
Laje

Altura (mm)
70 kN 250
90 kN
110 kN 200
120 kN 150
Viga

100
50
0
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000 14000 15000 16000 17000 18000 19000 20000 21000
Deformação específica (µε)

Figura 4.25 – Deformações na seção transversal no meio do vão das vigas mistas
149

Com as deformações referentes ao último carregamento, juntamente com os


dados de caracterização do aço utilizado na fabricação dos perfis, foi possível determinar
as regiões elástica, plástica e encruada, e as respectivas tensões ao longo da altura da seção
transversal do meio do vão das vigas.
Na figura 4.26 são apresentados os diagramas de tensões, referentes ao último
carregamento medido, da seção transversal no meio do vão das vigas mistas.

26,90 MPa 29,69 MPa


35,00 34,10
Laje

Laje
85,00 85,90

Altura (mm)
156 MPa

Altura (mm)
235MPa
7,05 8,27
10,57 6,79

235MPa 235 MPa 123,84


Viga

Viga
166,38

61,10
16,00
300 MPa 300 MPa

Diagrama de tensões (MPa) - VM1 - 155kN Diagrama de tensões (MPa) - VM2 - 170kN

24,14MPa
28,52
Concreto ainda não plastificado
Laje

91,48 Região elástica


Altura (mm)

235MPa
Região plastificada
17,67
17,24 Região encruada

235 MPa
Viga

154,08

11
300MPa

Diagrama de tensões (MPa) - VM3 - 120kN

Figura 4.26 - Tensões referentes ao carregamento final, na seção transversal do meio do


vão das vigas VM1, VM2 e VM3.

4.4.5 Deformações das rosetas

Pelas deformações obtidas através das rosetas foram calculadas as tensões e


direções principais e a tensão máxima de cisalhamento. As leituras obtidas das rosetas, em
todos os ensaios, estão apresentadas no apêndice D.
A tensão de cisalhamento vertical, na fase elástica e em cada perfil, foi
150

comparada ao valor teórico calculado pela expressão:


V ×Q
τ = (4.02)
I ×t
Sendo:
τ = tensão de cisalhamento vertical na alma,
V = força cortante,
Q =momento estático em relação a posição da roseta,
I = momento de inércia da viga metálica,
t = espessura da alma.

Na figura 4.27 são apresentados os gráficos de força versus tensão de


cisalhamento experimental e teórica. Nem todos os gráficos apresentam o resultado das 4
rosetas coladas em cada viga devido a problemas na colagem das rosetas ou no sistema de
aquisição de dados durante o ensaio.

180 180

160 160

140 txy-RD1 140

120 txy-RD2 120


Força (kN)
Força (kN)

100 Teórico 100

80 80
txy-RD1
60 60
Teórico
40 40

20 20

0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Tensão de cisalhamento (MPa) Tensão de cisalhamento (MPa)

a) Viga V1 b) VigaVM1

180 180

160 160

140 140
120 120
Força (kN)

Força (kN)

100 100
80 txy-RD1 80 txy-RD1
60 txy-RD2 txy-RD2
60
txy-RE1 txy-DE1
40
txy-RE2 40
txy-RE2
20
teórico 20 teórico
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Tensão de cisalhamento(MPa)
Tensão de cisalhamentoa (MPa)

c) Viga VM2 d) Viga VM3

Figura 4.27 – Gráfico força versus tensão de cisalhamento em V1, VM1, VM2 e VM3

Como na viga V1 foram obtidas as deformações de apenas duas rosetas


151

situadas no perfil do lado direito, foi impossível avaliar se as tensões de cisalhamento no


perfil do lado esquerdo foram semelhantes. Percebe-se que as deformações teóricas são
ligeiramente superiores aos valores experimentais, mostrando que um perfil talvez esteja
mais solicitado que outro.
Na viga VM1 só uma roseta funcionou completamente. Entretanto, nota-se que
em todas as vigas mistas as deformações teóricas foram maiores que as experimentais,
mostrando que parte do esforço cisalhante deve ter sido resistido pela laje. Na viga VM3,
porém, as deformações cisalhantes teóricas e experimentais foram mais próximas,
mostrando que o grau de interação deve ter influência sobre a resistência da laje aos
esforços de cisalhamento vertical.
Na prática de dimensionamento a laje participa apenas da resistência aos
esforços de flexão, ficando os de cisalhamento resistidos somente pela viga metálica. Esse
cálculo pode ser a favor da segurança quando o grau de conexão for próximo de um e
quando a rigidez da ligação for elevada. Quanto maior forem os deslizamentos na interface
menor será a interação entre a laje e a viga e, conseqüentemente, menor será a contribuição
da laje na resistência ao esforço cortante.
As direções principais da viga metálica foram, em média, 40º e das vigas
mistas, em média, 31º. Essa mudança de inclinação é causada pela interação da viga
metálica com a laje através dos conectores. Por meio deles parte do fluxo de cisalhamento
na interface é transferido diretamente para o apoio, neste caso, o ângulo é função da
posição do conector em relação à extremidade da viga. Traçando uma reta partindo do
apoio até a interface, de acordo com a direção principal média das vigas, percebe-se que
nas vigas mistas está reta fica próxima ao penúltimo conector (Figura 2.8). Isso pode
justificar o fato do deslizamento do último conector ter sido ligeiramente menor que o dos
conectores intermediários.
500 65
40°

31°

Figura 4.28 – Direções principais médias


152

4.4.6 Deslocamentos verticais

Os resultados dos deslocamentos verticais obtidos nos ensaios das vigas estão
apresentados na figura 4.29. O deslocamento no meio do vão foi comparado ao valor
teórico calculado de acordo com a expressão da Resistência dos Materiais:
PL3
δ = (4.03)
48 EI ef
Sendo:
P = força aplicada;
L = vão da viga;
E = módulo de elasticidade do aço, para a viga metálica, ou do material para qual a seção
foi homogeneizada, para as vigas mistas;
Ief = momento de inércia da seção metálica, para a viga V1, ou da seção mista
homogeneizada, para as vigas mistas, desconsiderando a parte tracionada e levando em
consideração a interação parcial.

50 180
45
160
40
140
35 A
120
Força (kN)

30
Força (kN)

B A
25 100
C B
20 80
B - teórico C
15 60
B - teórico
10 40
5 20
0
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Deslocamentos Verticais (mm) Deslocamento vertical (mm)

a) Viga V1 b) Viga VM1


180 180
160 160
140 140
A
Força (kN)
Força (kN)

120 120
B
100
C 100 A
80
B - teórico 80 B
60
60 C
40 B - teórico
40
20
0 20
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 0
Deslocamento vertical (mm) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Deslocamento vertical (mm)

c) Viga VM2 d) Viga VM3

Figura 4.29 – Deslocamento vertical das vigas ensaiadas


153

De acordo com a figura 4.29 percebe-se que os deslocamentos verticais


experimentais foram maiores que os teóricos. Analisando os resultados chegou-se a
conclusão que pode ter havido erro nas leituras agravado pela ausência de deflectômetros
nos apoios para medir o deslocamento de corpo rígido.
Para comparação das flechas entre as vigas, é apresentado na figura 4.30 um
gráfico com as curvas força versus deslocamento vertical correspondentes aos valores
medidos pelo deflectômetro central.
Comparando o deslocamento vertical da viga de aço com o deslocamento das
vigas mistas, é notória a redução da flecha devido ao aumento da inércia da viga. Em
relação aos deslocamentos das vigas VM1 e VM2, estes não apresentaram grandes
variações, mantendo-se bem próximos durante todo o carregamento. Já os deslocamentos
verticais da viga VM3 foram bem similares às outras vigas mistas até o carregamento de
60kN. Após esta força, os deslocamentos foram aumentando e se distanciando cada vez
mais dos deslocamentos das outras duas vigas mistas.

180

160

140
V-B
120
VM1 - B
Força (kN)

100
VM2 - B

80 VM3 - B

60

40

20

0
8,27
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Deslocamento Vertical (mm)

Figura 4.30 – Deslocamentos verticais mo meio do vão das vigas V1, VM1, VM2 e VM3

De acordo com a NBR 8800: 1986, o estado limite de utilização relacionado ao


deslocamento vertical de vigas de edifícios residenciais é atingido quando a flecha é
superior ao vão dividido por 360, o que para as vigas ensaiadas corresponde ao valor de
8,27 mm. Na tabela 4.11 é apresentada a resistência de cada viga correspondente ao
deslocamento de 8,27 mm no meio do vão e quanto isso representa da resistência última.
154

Tabela 4.11 - Resistência correspondente ao deslocamento de 8,27 mm no meio do vão.


Força com 8,27mm de Força última
Viga deslocamento kN
kN
(1) (2) (1/2)
V 27,50 48,00 0,56
VM1 87,50 178,00 0,49
VM2 95,00 176,00 0,54
VM3 75,00 133,00 0,56

Como era de se esperar, este carregamento corresponde a aproximadamente


50% da resistência da viga, sendo que as vigas mistas continuam mais resistentes que a
viga metálica e a resistência da viga VM3 cerca de 15% inferior à resistência das vigas
VM1 e VM2.

4.4.7 Avaliação teórica da resistência

Com a força correspondente ao início do escoamento da mesa tracionada do


perfil, calculou-se, para cada viga, o momento fletor elástico experimental, sendo este
valor comparado com valores teóricos. A força correspondente ao início do escoamento do
perfil e os momentos fletores elásticos experimentais e teóricos estão apresentados na
tabela 4.12.

Tabela 4.12 - Valores teóricos e experimentais dos momentos fletores elásticos das vigas
ensaiadas
Mom. Fletor
Força Mom. Fletor Mom. Fletor com
Peso Mom. Método
última kN.m efeito do trabalho a
Vigas próprio Fletor exp. elástio kN.m
elástica NBR 14762: frio kN.m
kN/m kN.m NBR 8800:
kN 2001 NBR 14762: 2001
1986
V1 39 0,16 29,24 28,60 30,45 -
VM1 68 2,86 54,16 - - 64,06
VM2 70 1,69 54,22 - - 63,42
VM3 60 1,69 46,77 - - 57,35

Em relação à viga metálica, V1, o momento fletor experimental foi


155

praticamente igual aos teóricos, sendo apenas 2,3% maior que o momento fletor com a
tensão de escoamento do aço virgem e 4% menor que o momento fletor com a tensão de
escoamento do aço considerando o efeito do trabalho a frio. A expressão utilizada pela
norma para o cálculo do momento fletor resistente, quando não há problemas de
flambagem, é a mesma expressão para cálculo da resistência ao momento fletor definida
pela Resistência dos Materiais. Como o perfil dessa viga não é esbelto e possui um
comportamento linear bem definido as semelhanças dos resultados realmente deveriam
existir.
Em relação às vigas mistas os momentos fletores experimentais também foram
semelhantes, sendo cerca de 16% inferiores aos teóricos.
A força última de cada viga e os momentos fletores últimos experimentais e
teóricos estão apresentados na tabela 4.13.

Tabela 4.13 - Valores teóricos e experimentais dos momentos fletores últimos das vigas
ensaiadas

Mom. Fletor Mom. fletor


Força Peso Mom. Fletor último
com plastificação Método Plástico
Vigas última próprio experimental
parcial - kN.m kN.m
kN kN/m kN.m
ALVES, 2001 NBR 8800: 1986
V1 47 0,16 35,20 35,00
VM1 178 2,86 136,11 - 99,98
VM2 177 1,69 133,93 - 100,40
VM3 133 1,69 101,15 - 90,65

O momento fletor último teórico da viga metálica, considerando plastificação


parcial da seção transversal, foi praticamente igual ao momento experimental mostrando
que existe uma reserva de resistência inelástica.
De acordo com as expressões da NBR 8800:1986, as vigas estudadas possuíam
interação parcial, pois a soma da resistência dos conectores era menor que a resistência
oferecida pela laje e pelo perfil metálico. O grau de conexão, porém, era próximo de 1,
estando a viga, portando, muito próxima da conexão total.
Para as vigas VM1 e VM2, os valores experimentais foram aproximadamente
35% maiores que os valores teóricos. Para a viga VM3 essa diferença foi menor, de apenas
11,6%.
156

Um dos motivos que pode ter elevado a resistência das vigas mistas foi o
encruamento de parte da seção tracionada do perfil, aumentando consideravelmente a
tensão na seção transversal, principalmente nas duas primeiras vigas mistas. Como o
cálculo segundo a NBR 8800: 1986 é feito considerando plastificação total da seção, caso
as deformações alcancem a região de encruamento do aço, esse dimensionamento estará a
favor da segurança.
157

CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

5.1 CONECTORES

A avaliação do comportamento mecânico da ligação com conectores U em


perfil formado a frio deu-se por ensaios de cisalhamento direto, feitos com base em ensaios
padronizados pelo EUROCODE 4, porém com algumas adaptações. Nestes ensaios foram
empregadas apenas lajes treliçadas de concreto.
O comportamento e a resistência da ligação foram avaliados variando a
espessura e a altura do conector e a resistência à compressão do concreto. Para isso, foram
utilizados conectores com 100 e 75mm de altura, 2,00 e 3,75mm de espessura e resistência
à compressão do concreto de, aproximadamente, 20 e 30MPa.
As grandezas obtidas nos resultados analisados foram: força e modo de ruptura,
deslizamento relativo e deformações.

• Resistência dos conectores:

- A resistência dos conectores foi influenciada pelas três variáveis


analisadas, ou seja, aumentando a espessura e a altura do conector e a
resistência do concreto, resultou no aumento da resistência da ligação, porém
não de maneira diretamente proporcional. A espessura do conector mostrou ser
a variável mais importante. Aumentando-a em 85%, a resistência da ligação
aumentou, aproximadamente,em 69%. Já o aumento de 40% da resistência à
compressão do concreto resultou em um aumento de, aproximadamente, 6%, e
aumentando a altura do conector em 33%, a resistência da ligação aumentou
em 16%. Em ordem crescente de importância, as variáveis principais foram a
espessura, a altura e a resistência do concreto.
158

- Pelo ensaio do modelo piloto observou-se que a aderência entre o


conector e o concreto e sua compactação, ou seja, cuidados de execução como
limpeza do conector e boa vibração do concreto, são também itens de extrema
importância para o aproveitamento total da resistência do conector. Dos
ensaios foi observado uma redução de 376% na resistência da ligação devido à
ausência de aderência entre o conector e o concreto.
- Comparando a força última dos conectores ensaiados com outros
resultados obtidos por OLIVEIRA (2001) e MALITE (1993), constatou-se que
a substituição da laje maciça pela laje nervurada treliçada não influenciou a
resistência da ligação, mesmo porque as nervuras não atravessavam a viga
metálica, ficando toda a região sobre a viga preenchida com concreto.
- As resistências obtidas dos ensaios foram comparadas com valores
teóricos obtidos por expressões normativas para conector U laminado.
Verificou-se que a expressão da norma brasileira é conservadora, seus valores
foram, aproximadamente, 17% menores que os valores experimentais para o
conector de 75 mm de altura e, aproximadamente, 34% menores para os
conectores de 100 mm de altura. A norma americana apresentou valores
próximos aos experimentais na ligação com os conectores de 75 mm de altura,
sendo em média apenas 6% maiores, já na ligação com conectores de 100 mm
altura os valores foram menores em aproximadamente, 22%. Os valores
obtidos pela expressão da AASHTO (1973) foram em média 3% superiores aos
valores experimentais na ligação com conectores de 75mm, em relação aos
conectores de 100mm os valores teóricos foram em média 17,5% menores.
- Em projeto, por questão de segurança, pode-se usar a expressão da
norma brasileira para o cálculo da resistência dos conectores ou as demais
expressões. Pelos resultados obtidos, seria interessante incorporar a essas
expressões uma variável que leve em consideração a relação entre a espessura
da laje e a altura do conector.

• Deslizamento relativo:

- As curvas típicas de cada conector, obtidas do gráfico força versus


deslizamento relativo, mostraram que esses conectores são flexíveis,
159

apresentando grandes deslizamentos antes da ruptura. As rigidezes iniciais de


todos os conectores foram bem semelhantes, sendo que nos de 100 mm de
altura elas foram um pouco superior. Saindo da fase linear, percebeu-se que, de
maneira geral, a ordem crescente de importância das variáveis em relação ao
deslizamento foi a espessura, a resistência à compressão do concreto e a altura
do conector.
- Pela comparação da resistência e da curva força versus deslizamento
experimental dos conectores U formados a frio com a resistência e a curva
força versus deslizamento teórica dos conectores tipo pino com cabeça,
percebeu-se grandes semelhanças. Isto mostra a eficiência do conector U
formado a frio como conector de cisalhamento.

• Deformaçãoes específicas:

- Pelas deformações medidas pelos extensômetros, constatou-se que


força última da ligação foi atingida após a plastificação de parte do conector e
que a concentração de tensões é maior na região próxima à solda, decrescendo
até a extremidade.

• Modo de falha:

- Todos os conectores tiveram um comportamento do tipo dúctil, com


grandes deformações e deslizamentos. Entretanto, a ruptura dos conectores
com 100mm de altura, resistência média do concreto de 30MPa e espessura de
2,00 mm deu-se pelo corte do conector na região próxima à solta. Apesar disso,
a ligação apresentou grande deslizamento antes da ruptura, caracterizando-a
também com uma ligação dúctil.

5.2 VIGAS

O comportamento conjunto de vigas metálicas em perfil formado a frio e laje


160

treliçada de concreto foi analisado através de ensaios a flexão simples em vigas mistas e
uma viga metálica. As vigas mistas possuíam grau de conexão parcial, sendo menor na
viga VM3 e igual nas vigas VM1 e VM2.
Os objetivos do ensaio da viga de aço foram avaliar o comportamento geral de
viga com seção caixa, formada pela união de dois perfis U enrijecidos formados a frio, e
verificar as diferenças dessa viga em relação às vigas mistas. Já o objetivo dos ensaios das
vigas mistas foi avaliar a influência do tipo de laje e da altura dos conectores. Dessa forma,
os conectores da viga VM3 eram menos rígidos que os conectores das vigas VM2 e VM1.
As grandezas obtidas nos resultados analisados foram: resistência das vigas e
modo de falha, deformações da seção transversal no meio do vão, deformações nas rosetas,
deslizamento na interface e deslocamentos verticais.

• Resistência das vigas e modo de falha:

- Os resultados mostraram um grande aumento na resistência final da


viga quando à mesma é associada a uma laje de concreto.
- A resistência das vigas VM1 e VM2 foram praticamente iguais,
mostrando que a substituição da laje maciça de concreto por outra nervurada,
para este caso, não influenciou a resistência da viga mista, uma vez que a linha
neutra está situada na capa de concreto.
- Comparando as vigas VM2 e VM3 percebeu-se que a viga VM2 teve
um aumento de resistência superior ao aumento de resistência do conector
quando sua altura foi aumentada de 75mm para 100mm. Isso mostra que a
resistência da viga deve estar relacionada também ao deslizamento relativo na
interface, ou seja, à rigidez da ligação.
- O modo de falha das vigas VM1 e VM2 não ficou muito nítido, pois a
resistência dos conectores e das vigas era praticamente igual. Já na viga VM3,
a ruptura ocorreu nos conectores, ficando claro pelas deformações medidas nos
mesmos.

• Deformações da seção transversal no meio do vão:

- Em relação às deformações da seção do meio do vão, a viga VM3


161

apresentou valores superiores ao das demais vigas. Neste caso, a rigidez da


ligação era menor, resultando em uma curvatura maior e, conseqüentemente,
em maiores deformações.
- Pelos diagramas de deformação ficou evidente a presença de duas
linhas neutras, mostrando que a interação realmente foi parcial, mesmo com
conexão praticamente total. De acordo com as deformações finais nas vigas
mistas percebeu-se que a fibra inferior do perfil metálico, na região tracionada,
apresentou deformações superiores às de escoamento do aço, chegando até
mesmo à região de encruamento do aço. Este pode ter sido o motivo do
aumento da resistência das vigas mistas em relação ao momento calculado
admitindo plastificação total da seção transversal.

• Deformações nas rosetas:

- Pela análise das deformações das rosetas, percebeu-se que parte dos
esforços de cisalhamento vertical foi resistida pela laje. Percebeu-se, porém,
que a resistência oferecida pela laje era função do grau de interação, ou seja,
quanto maior o deslizamento menor a resistência ao cisalhamento oferecida
pela laje. As direções principais mostraram que a interação da viga metálica
com a laje através dos conectores altera o ângulo de inclinação, para a viga
metálica a média da direção principal foi 40º e para as vigas mistas a média foi
32º.

• Deslizamento na interface:

- Os deslizamentos na interface das vigas VM1 e VM2 foram bem


similares. Já na viga mista VM3, os deslizamentos foram similares às outras
vigas somente até o carregamento de 60kN. Após este valor, seus
deslizamentos aumentaram consideravelmente, o que era de se esperar, pois
nos ensaios de cisalhamento direto os conectores com altura de 75mm se
mostraram menos rígidos e menos resistentes que os conectores com altura de
100mm.
162

• Deslocamentos verticais:

- Comparando os deslocamentos verticais da viga de aço com as vigas


mistas, é notória a redução dos deslocamentos verticais das vigas mistas devido
ao aumento da inércia proporcionado pela laje. Em relação aos deslocamentos
das vigas VM1 e VM2, estes não apresentaram grandes variações, mantendo-se
bem próximos durante todo o carregamento. Já os deslocamentos verticais da
viga VM3 foram bem similares às outras vigas mistas até o carregamento de
60kN. Após esta força, os deslocamentos foram aumentando e se distanciando
cada vez mais dos deslocamentos das outras duas vigas mistas.

De maneira geral, observou-se que devido à ausência de interação total sempre


haverá certo deslizamento relativo na interface, provocando aumento da curvatura e das
flechas e resultando em uma compressão maior no perfil.
Como os perfis formados a frio são mais esbeltos que os laminados ou
soldados, pode ocorrer a redução da resistência devido as flambagens localizadas na viga
metálica. Isso mostra que o cálculo da viga mista no regime plástico pode estar contra a
segurança, sendo mais seguro o dimensionamento no regime elástico.
Cabe ressaltar também que o método de dimensionamento utilizado pela NBR
8800: 1986, e várias outras normas, leva em consideração apenas a resistência da conexão
e não sua rigidez. Isso faz com que alguns resultados obtidos por essas normas não
coincidam com os experimentais. Entretanto, ainda não há modelos analíticos
simplificados para análise da influência da rigidez da ligação que levem em consideração o
comportamento não linear do aço e do concreto. Nestes casos, ainda é necessário lançar
mão de ferramentas mais sofisticadas, como programas de elementos finitos.

5.3. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Devido ao baixo número de modelos ensaiados existe uma série de


combinações com outras variáveis que podem ser analisadas. Algumas interessantes
seriam:
163

- Ensaiar conectores com outras alturas com a intenção de verificar se


ela realmente é importante e, caso positivo, desenvolver uma expressão que
leve em consideração a altura do conector ou a relação entre sua altura e a
espessura da laje.
- Analisar melhor a largura efetiva da laje treliçada e a altura da linha
neutra na laje instrumentando-a de maneira mais eficiente.
- Comparar estes resultados com outros métodos numéricos existentes.
- Elaborar um modelo analítico para análise de vigas mistas que leve em
consideração o encruamento do aço e a rigidez variável dos conectores.
- Elaborar um modelo analítico que descreva o mecanismo de ruptura
de conectores U formado a frio.
164

CAPÍTULO 6: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Concreto – Determinação do Módulo de Deformação Estática e Diagrama – Tensão-
Deformação. Rio de Janeiro.
165

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Determinação das Propriedades Mecânicas a Tração. Rio de Janeiro.

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631 p.
170

LISTA DE SÍMBOLOS DOS APÊNDICES

• Letras romanas minúsculas

a: espessura comprimida da laje ou, para interação parcial, espessura considerada efetiva;
b: largura efetiva da laje de concreto;
bf: largura da mesa superior do perfil;
b0: espaçamento entre o material de enchimento, sobre a viga;
d: altura total do perfil
dCG : distância entre os centróides da laje e do perfil;
d1: posição do centro de gravidade da seção de aço em relação à fibra superior e inferior;
e: = altura do enrijecedor desconsiderando a espessura da mesa;
fck: resistência à compressão do concreto;
fy: resistência ao escoamento do aço,
h: altura livre entre mesas da seção de aço;
hF: altura do material de enchimento da laje;
k: rigidez do conector;
l1: comprimento do vão sendo do apoio à esquerda até a força concentrada;
l2: comprimento do vão sendo do apoio à direita até a força concentrada;
m: número de conectores;
mtotal: número de conectores necessário para que a interação seja total;
n: fator de homogeneização.
nr: número de linhas de conectores;
p: espaçamento entre conectores;
pmax: espaçamento máximo
pmin: espaçamento mínimo
q(x): fluxo de cisalhamento longitudinal entre a viga e a laje;
s: deslizamento na interface aço-concreto,
171

s1: deslizamento na interface aço-concreto à esquerda do ponto de aplicação da força;


s2: deslizamento na interface aço-concreto à direita do ponto de aplicação da força;
t: espessura do perfil;
tc: altura do capeamento da laje;
tf: espessura da mesa superior do perfil;
tfi: espessura da mesa inferior do perfil;
tw: espessura da alma do perfil;
x: distância do apoio a seção analisada;
x1: posição da linha neutra no estado I, para flexão pura;
x2: posição da linha neutra no estado II, para flexão pura.
zu: distância da fibra inferior do perfil à linha neutra;
yc: posição da resultante de compressão (C’) em relação à face superior da seção de aço;
ycc: posição da resultante de compressão (C) em relação à face superior da laje;
yt: posição da resultante de tração (T) em relação à face inferior da seção de aço;
y0: primeira posição do centro de gravidade da seção transformada em relação à fibra
superior da seção mista;
y1: segunda posição do centro de gravidade da seção transformada em relação à fibra

y : posição da linha neutra plástica em relação à face superior da seção de aço;
superior da seção mista, para o caso de linha neutra na laje de concreto;
1/r1: curvatura na fase I devido ao momento fletor;
1/r2: curvatura na fase II devido ao momento fletor;
1/r2,N : curvatura na fase II devido ao esforço normal;

• Letras romanas maiúsculas

A: área da seção transversal do perfil metálico;


Ac: área da seção transversal da laje;
(Afy )a: produto da área da seção de aço pela tensão de escoamento;
(Afy )tf : produto da área da mesa superior da seção de aço pela tensão de escoamento;
(Afy)w: produto da área da alma da seção de aço pela tensão de escoamento;
(A)tf : área da mesa superior do perfil;
172

(A)tfi : área da mesa inferior do perfil;


A0: área transformada da seção transversal da viga mista.
C: resultante de compressão na seção de concreto;
C’: resultante de compressão na seção de aço;
E: módulo de elasticidade do aço;
Ec: módulo de elasticidade do concreto;
EIef : a rigidez à flexão efetiva;
EI2: rigidez a flexão na fase 2
F: força aplicada no conector no ensaio de cisalhamento direto;
L: comprimento do vão;
I: momento de inércia do perfil metálico;
Ic: momento de inércia da laje;
Itr: momento de inércia da seção homogeneizada;
I1: inércia na fase 1;
I2: inércia na fase 2.
M: momento fletor;
Ma: momento atuante no aço;
Mc: momento fletor no concreto;
Mn: momento fletor nominal resistente da seção mista;
MR,aço: momento fletor resistente do aço;
MR, parcial : capacidade a flexão da viga mista com interação parcial no regime elástico;
M0: momento no qual termina o estado I e inicia o II é:
N: esforço normal;
Mr: momento de fissuração;
Q: força resultante em um conector;
Qn: somatório das resistências nominais individuais dos conectores situados entre a seção
P: força concentrada;
Pu: resistência de cada conector;
T: resultante de tração na seção de aço;
V: esforço cortante;
V1: força de cisalhamento à esquerda do ponto de aplicação da força;
V2: força de cisalhamento à direita do ponto de aplicação da força;
173

• Letras gregas minúsculas

α: parâmetros são função da rigidez dos conectores e da geometria da viga;


β: parâmetros são função da rigidez dos conectores e da geometria da viga;
(εa)ip: deformação em qualquer altura do perfil, sendo a interação parcial;
(εa)sup: deformação na fibra superior do perfil,;
(εc)ip: deformação em qualquer altura da laje, sendo a interação parcial;
φ: curvatura em uma determinada seção;
φip: para se ter a curvatura da interação parcial;
φit: curvatura devido a interação total;
σa,M: tensões no aço devido ao momento fletor;
σa,N: tensões no aço devido ao esforço normal;
σa,R: tensão de compressão na fibra mais extrema do perfil;
σc,M: tensões no concreto devido ao momento fletor;
σc,N: tensões no concreto devido ao esforço normal;
σc,R: tensão de compressão na fibra mais extrema do concreto;
(ya)pf : pontos focais no aço;
(yc)pf : pontos focais no concreto;

• Letras gregas maiúsculas

∏ : energia potencial total


174

APÊNDICE A: EXPRESSÕES PARA O CÁLCULO DA INÉRCIA


HOMOGÊNEA DE VIGAS MISTAS CONSTITUÍDAS DE PERFIL
CAIXA E LAJE TRELIÇADA

A1- CÁLCULO DA SEÇÃO HOMOGENEIZADA QUANDO A LINHA NEUTRA SE


ENCONTRA NA LAJE DE CONCRETO

O primeiro cálculo da linha neutra, y0, leva em consideração toda a seção de


concreto. Como a parte de concreto tracionada é desprezada calcula-se uma nova posição
da linha neutra, y1 , sendo então a altura da laje contribuinte apenas a parte acima da linha
neutra. As possíveis posições da linha neutra, na laje, estão apresentadas na figura 1.
y0

y0
y1

y1
b b
hF t c

hF t c

b0 b0
t

t
d1

d1
d

d
d1

d1
t

bf bf

(a) Linha neutra na capa de concreto (b) Linha neutra abaixo da capa de concreto
Figura 1 - Posições da linha neutra

Posição da primeira linha neutra, y0:


b.t c2 b0 .hF  hF 
+ . + t c  + A.( d1 + hF + t c )
2.n n  2  (1)
y0 =
(b.t c + b0 .hF )
A+
n

Posição da segunda linha neutra com y1 < tc :


175

b.(t c − y 0 )
2
+ A.(d1 + hF + t c )
y1 = 2 .n (2)
A+
[b.(t c − y 0 )]
n
Inércia da seção homogeneizada, Itr:

2
b. y 0 3 b. y 0  y 
 y1 − 0  + I + A.(d1 + hF + t c − y1 )
2
I tr = + (3)
12.n n  2 

Posição da segunda linha neutra com y1 > tc:

y 
b0 .( y 0 − t c ). 0 + t c 
b.t c2  2  + A.(d + h + t )
+ 1 F c (4)
y1 = 2.n n
A+
[b.t c + b0 ( y0 − t c )]
n

Inércia da seção homogeneizada, Itr:

b .( y − t )3
2
b.t c3 b.t c  t 
I tr = + . y 0 − c  + 0 0 c + ...
12.n n  2 12n
(5)

b0 .( y 0 − t c )  (y − t ) 2
2
. y1 − 0 c  + I a + A.(d1 + hF + t c − y1 )
n  2 

A2 - CÁLCULO DA SEÇÃO TRANSFORMADA QUANDO A LINHA NEUTRA SE


ENCONTRA NA VIGA DE AÇO

Quando a linha neutra encontra-se na viga de aço, figura 2, todo o concreto é


colaborante, e aposição da linha neutra, y0, é dada pela expressão 6.

b
hF t c

y1

b0
t

d1
d

d1
t

bf
Figura 2 - Posições da linha neutra na viga
176

Posição da linha neutra , y0:

b.t c 2 b0 .hF  h 
+ . t c + F  + A.( t c + hF + d1 )
2.n n  2 
y0 = (6)
 (b.t ) + (b0 .hF )
A+  c 
 n 

Inércia da seção homogeneizada, Itr:

2 2
b.t 3 b.t  t  b .h 3 b .h  hf 
I tr = c + c . y 0 − c  + 0 F + 0 F . y 0 − t c −  + ...

12.n n  2 12.n n  2  (7)

I + A.( t c + hF + d1 − y 0 )2

Sendo:
b = largura efetiva da laje de concreto;
b0 = espaçamento entre o material de enchimento, sobre a viga;
tc = altura do capeamento da laje;
hF = altura do material de enchimento da laje;
d1 = posição do centro de gravidade da seção de aço em relação à fibra superior e inferior;
y0 = primeira posição do centro de gravidade da seção transformada em relação à fibra
superior da seção mista;
y1 = segunda posição do centro de gravidade da seção transformada em relação à fibra
superior da seção mista, para o caso de linha neutra na laje de concreto;
A = área da seção de aço;
I = momento de inércia da seção de aço;
Itr= momento de inércia da seção homogeneizada;
n = fator de homogeneização.
177

APÊNDICE B: EXPRESSÕES PARA O CÁLCULO DA


RESISTÊNCIA ÚLTIMA DE VIGAS MISTAS CONSTITUÍDAS DE
PERFIL CAIXA E LAJE TRELIÇADA

B.1 - INTERAÇÃO COMPLETA E LINHA NEUTRA PLÁSTICA NA LAJE:

Para que a interação seja completa e a linha neutra plástica esteja na laje
(Figura 1), devem ser obedecidas as seguintes condições:

Qn > (Afy)a e 0,85 fck.(b tc+b0.hF) > (Afy)a

b
0,85 fck
hF t c

C
b0
t

d1

T
d

d1
t

bf fy
Figura 1- Interação completa e linha neutra plástica na laje

Caso a seja menor que tc:


( Af y )a
a= (1)
0 ,85 f ck b c

C = 0,85 fck b a (2)

T = (Afy)a (3)

Mn = T [d1 + tc +hF – a/2] (4)


178

Caso a seja maior que tc, porém, menor ou igual a tc+hF:


( A. f y )a
a= (5)
0 ,85. f ck .b

C = 0,85. fck .[b. tc+b0.(a-tc)] (6)

T = (A.fy)a (7)

  t c2 .b ( a − t c )2 
  + b0 . + tc 
  2
 2  
M n = T d 1 + t c + h f −  (8)
 t c .b + ( a − t c ).b0 
 
 

B.2 - INTERAÇÃO COMPLETA E LINHA NEUTRA PLÁSTICA NA VIGA DE AÇO:

Para que a ocorra interação completa com linha neutra plástica na viga de aço,
devem ser obedecidas as seguintes condições :

Qn > 0,85 fck.(b.tc+b0.hF) e (A.fy)a > 0,85 fck.(b. tc+b0.hF)

Cumpridas estas condições:


C = 0,85 fck.(b tc+b0.hF) (9)

C’= 0,5 [(AFy)a – C ] (10)

T = C + C’ (11)

A posição da linha neutra plástica ( y ), medida a partir do topo da viga de aço é


dada por:


- se C’ ≤ (Afy)tf, linha neutra plástica na mesa, y , (Figura 2),

C'
y= tf (12)
( Af y )tf
179

b
0,85 f ck
y cc
hF t c
C
b0 yc
y
fy

t
C'

d1
e
h
d

d1
yt

fy
t
bf

Figura 2 – Interação total e linha neutra plástica na mesa

b.t c2 h 
= + b0 .hF . F + t c 
2  2  (13)
y cc
b.t c + b0 .hF


y (14)
yc =
2

 − 
− 
−  − y   e h 
( t − y ).b f .d − y − 
t
 + 2.e.t . d − t −  + 2.h.t . + t  + ...
  2    2 2 
  
yt = −
Aa − y .b f

(15)
2
 e  b f .t
2.e.t . + t  +
2  2

Aa − y .b f


- se C’ > (Afy)tf, linha neutra plástica na alma, y , (Figura 3),

C' −( Af y )tf
y =tf + h (16)
( Af y )w + ( A. f y )e
180

b
0,85 f ck
y cc

hF t c
C
b0
y yc
C'

d1
e
fy

h
d

d1
yt
fy
t
bf

Figura 3 – Interação total e linha neutra plástica na alma


Para y ≤ t + e

b.t c2 h 
= + b0 .hF . F + t c 
2  2 
y cc (17)
b.t c + b0 .hF

b f .t 2 − 
 −   y− t 
+ 4.t . y − t . +t
2   2 
yc =  
(18)
 − 
b f .t + 4.t . y − t 
 

 − e+t − y
−   −  

    −   d − y − t  
( e + t − y ).2.t . d − y −   +  d − y − t .2.t .  + t  + ...
  2     2 

   
  
yt =
  − 
Aa − b f .t + 4.t . y − t 
  
(19)
2
 e  b f .t
2.e.t . + t  +
2  2
  − 
Aa − b f .t + 4.t . y − t 
  

Para y > t + e

b.t c2 h 
+ b0 .hF . F + t c 
2  2  (20)
y cc =
b.t c + b0 .hF
181

b f .t 2 − 
 −   y− t  e 
+ 2.t  y − t . + t  + 2.e.t  + t 
2   2  2 
yc =  
(21)
− 
b f .t + 2.e.t + 2.t . y − t 
 

 −  2

d −t − y   e  b f .t
2.t .( d − t − y ).d . + t  + 2.e.t . + t  +
 2  2  2
yt =   (22)
  − 
Aa − b f .t + 2.e..t + 2.t . y − t 
  

Então:

Mn = C’. [d - yt - yc] + C.[tc+ hF + d – yt - ycc] (23)

c) Interação parcial
Quando ocorre uma das seguintes condições, Qn < 0,85 fck b dc e Qn < (Afy)a ,
a força resultante de compressão (C) na laje é dada por:

C = Qn (24)
Para determinação de C’, T e y são válidas as expressões dadas anteriormente,
utilizando o novo valor de C.

Sendo:
a = espessura comprimida da laje ou, para interação parcial, espessura considerada efetiva;
b = largura efetiva da laje de concreto;
b0 = espaçamento entre o material de enchimento, sobre a viga;
bf = largura da mesa superior do perfil;
e = altura do enrijecedor desconsiderando a espessura da mesa;
d = altura total do perfil
d1 = posição do centro de gravidade da seção de aço em relação à fibra superior e inferior;
h = altura livre entre mesas da seção de aço;
t = espessura do perfil;
182

tc = altura do capeamento da laje;


hF = altura do material de enchimento da laje;
yc = posição da resultante de compressão (C’) em relação à face superior da seção de aço;
ycc = posição da resultante de compressão (C) em relação à face superior da laje;
yt =, posição da resultante de tração (T) em relação à face inferior da seção de aço;

y = posição da linha neutra plástica em relação à face superior da seção de aço;
Aa = área da seção de aço;
(Afy )a = produto da área da seção de aço pela tensão de escoamento;
(Afy )tf = produto da área da mesa superior da seção de aço pela tensão de escoamento;
(Afy)w = produto da área da alma da seção de aço pela tensão de escoamento;
C = resultante de compressão na seção de concreto;
C’ = resultante de compressão na seção de aço;
Mn = momento fletor nominal resistente da seção mista;
Qn= somatório das resistências nominais individuais dos conectores situados entre a seção
de momento máximo e a seção adjacente de momento nulo.
183

APÊNDICE C: MODELOS DE DIMENSIONAMENTO

C.1) FRANGI, A. FONTANA, M.(2003).

Estruturas mistas podem ser de vários materiais, e não apenas de concreto e


aço. Vigas mistas formadas por madeira e concreto têm um comportamento semelhante às
vigas mistas em aço e concreto. Quando ambas as vigas estão submetidas a momento fletor
positivo, a viga metálica ou de madeira estará submetida a uma combinação de flexão e
tração e o concreto a uma combinação de flexão e compressão. A função dos conectores é
transferir as tensões de cisalhamento entre estes dois materiais, devendo estar em equilíbrio
com a força normal interna de cada material.
O comportamento estrutural, admitindo os materiais elásticos e lineares, de
vigas mistas com interação parcial pode ser descrito pela seguinte equação diferencial, que
leva em consideração o escorregamento entre os dois materiais.

∂2N − k .d CG .M ( x )
− κ 2 .k .N ( x ) = (1)
∂x 2
Ec .I c + E .I
Sendo:
2
1 1 d CG
κ2 = + + ;
Ec .Ac E .A E c .I c + E .I
E = módulo de elasticidade do aço;
Ec = módulo de elasticidade do concreto;
I = momento de inércia do perfil metálico;
Ic = momento de inércia da laje;
A = área do perfil metálico;
Ac = área da laje;
dCG = distância entre o centro de gravidade da laje e da viga;
k = rigidez do conector;
184

M = momento fletor;
N = força normal interna;
x = distância do apoio a seção analisada.

FRANGI (2003) apresenta um método simplificado de análise elástica de vigas


mistas madeira-concreto, denominado γ-método e descrito no Anexo B do Eurocode 5, e
um modelo elásto-plástico. Neste modelo, o comportamento do conector é considerado
rígido-plástico perfeito. Dependendo do número de conectores, pode-se ter conexão
parcial, total ou ausência de conexão.
Mudando as propriedades da madeira para aço, os métodos apresentados por
Frangi são os seguintes:

a) Método elástico simplificado ( γ - método)

Este método é exposto no anexo B do Eurocode 5 e é baseado na equação


diferencial para interação parcial. Para uma viga mista simplesmente apoiada, com
comprimento l e seção transversal como mostrada na figura 1, a rigidez à flexão efetiva
(EIef) é calculada pela expressão 2.

Concreto
Ac, Ic, Ec

b
q(x) σi(Mi) σi(Ni) σi(Mi+Ni)
σc, M σc, N σc, r
C
tc Mc
Vc
dCG u
t
T = M
d Ma
Va
V + =

Aço
bf C=T=N σa, M σa, N σa, r
x
A, I, E

Figura 1 – Distribuição de tensões

EI ef = E c .I c + E .I + γ .S
(2)

Ec .Ac .E .A.d CG 2 (3)


S=
Ec .Ac + E .A
185

1
γ=
π 2 .S
1+ (4)
k .l 2 .d CG 2

F
k= (5)
p .s

Caso o espaçamento entre conectores não seja uniforme, pode-se utilizar um


valor efetivo de espaçamento:
p ef = 0 ,75. p min + 0 ,25. p max
(6)
p max ≤ 4. p min
Sendo:
F = força aplicada no conector no ensaio de cisalhamento direto;
p = espaçamento entre conectores;
s = deslizamento do conector;
pmax = espaçamento máximo
pmin= espaçamento mínimo

De acordo com esse método, as tensões devido ao momento fletor (σι,M(x)) e


esforço normal (σι,N(x)) em cada material e em qualquer posição do vão são as seguintes:

M c ( x ) tc E t
σ c ,M (x ) = ± . = ± M ( x ). c . c (7)
I 2 EI ef 2

N ( x ) tc γ .S 1
σ c ,N (x ) = ± . = ± M ( x ). . (8)
Ac 2 d CG .EI ef Ac

Ma( x ) d
σ a ,M (x ) = ±
E d
. = ± M ( x ). . (9)
I 2 EI ef 2

γ .S 1
σ a ,N (x ) = ±
N( x ) d
. = ± M ( x ). . (10)
A 2 d CG .EI ef A
Sendo:
Mc = momento atuante no concreto;
Ma = momento atuante no aço;
tc = altura da laje;
186

d = altura do perfil;
smin= espaçamento mínimo

Como esse método é aplicado no regime elástico, a tensão na fibra mais


tracionada do perfil não deve ser superior à tensão de escoamento do aço (fy). Logo:
σ a ,N σ a ,M
+ ≤1 (11)
fy fy

O fluxo de cisalhamento longitudinal, q(x), entre a viga e a laje e a força


resultante em um conector, Q(x), valem:

γ .S
q( x ) = V ( x ). (12)
d CG .EI ef

γ .S
Q( x ) = V ( x ). . p( x ) (13)
d CG .EI ef

A força resultante no conector Q(x) deve ser inferior ou igual a sua resistência
PU.

b) Modelo de análise elasto- plástico

-Conexão Parcial
A capacidade da viga mista será calculada de acordo com a distribuição de
tensões apresentadas na figura 2, desconsiderando a resistência à tração do concreto.

Concreto
Ac, Ic, Ec

σc, r σc, r
a C

z
σa, N
+ = zu
T

Aço
bf σa, N σ a, M σ a, r
A I E

Figura 2 – Distribuição de tensões máximas na seção transversal de uma viga mista com
interação parcial
187

O comportamento do conector é considerado perfeitamente plástico, e a força


normal máxima atuante na laje (C) será igual a resistência oferecida pelos conectores.

C = m.Pu (14)
Onde:
m = número de conectores
Pu = resistência de cada conector

A tensão normal (σa,N) no perfil é obtida pela condição de equilíbrio, C = T =


N, sendo igual a:
m.Pu
σ a ,N = (15)
A

A resultante da tensão devido ao momento fletor (σa,M) no perfil vale :

 σ 
σ a ,M = 1 − a ,N . f y =  f y − m.Pu  (16)
 fy   A 
 

A distância zu da fibra inferior do perfil à linha neutra é calculada pela


expressão 17.
( σ a ,M + σ a ,N ).d
zu = (17)
2.σ a ,M

A tensão de compressão na fibra mais extrema do concreto (σc,R), e a altura de


compressão da laje (a) são calculadas pelas seguintes expressões:

C = m.Pu = ( σ c ,r .a .b ).2
(18)

σ c ,r σ a ,M + σ a ,N σ a ,M
= =
n.a zu d (19)

Ec
n=
E (20)

m.Pu .d
a= ≤ tc (21)
n.σ a ,M .b
188

2.σ a ,M .n.a
σ c ,r = ≤ f ck
d (22)

A capacidade a flexão da viga mista com interação parcial no regime elástico é


finalmente calculada pela expressão 23.

d a 2.I
M R , parcial = m.Pu . + t c −  + σ a ,M . (23)
2 3 d

- Conexão Total
A capacidade da viga mista será calculada de acordo com a distribuição de
tensões apresentadas na figura 3. Para que a interação seja total, não há deslizamento na
interface aço-concreto. A resistência à tração do concreto é desconsiderada e assumi-se,
inicialmente, que a linha neutra está na laje.
Concreto
Ac, Ic, Ec

b
σc, r σc, r
a C

z
σa, N
T
+ = zu

Aço σa, N σa, M σa, r


bf
A, I, E

Figura 3 – Distribuição de tensões máximas na seção transversal de uma viga mista com
interação total.

A altura de compressão no concreto, ou seja, a posição da linha neutra, é


calculada usando as seguintes expressões:

n.b.a 2 d 
= A. + t c − a  (24)
2 2 

2
 A  A  A (25)
a=   + .( d + 2.t c ) −  
 n.b   n.b   n.b 

Se a posição da linha neutra anterior não estiver na laje, a nova posição será:

 t  d 
n.Ac . a − c  = A. + t c − a  (26)
 2 2 
189

tc d 
n.Ac . + A. + t c 
2 2  (27)
a=
n.Ac + A

Como neste caso a viga mista é considerada como uma estrutura monolítica, as
razões σa,r/zu e σa,M/(d/2) são iguais. Dessa forma a relação entre a tensão normal,
σ a ,N ,total , e de flexão, σ a ,M ,total , na seção de aço é calculada por:

σ a ,M ,total d
α= = (28)
σ a ,N ,total d + 2.t c − 2.a

Sendo as tensões anteriores iguais a:

fy
σ a ,N ,total =
1+ α (29)

α. f y
σ a ,M ,total = (30)
1+ α

A capacidade à flexão da viga mista com interação total no regime elástico é


então calculada pela expressão 31.

d a 2.I
M R ,total = A.σ a ,N ,total . + t c −  + σ a ,M . (31)
2 3 d

O número de conectores necessário para que a interação seja total é:


A.σ a ,N ,total
mtotal = (32)
Pu

- Ausência de conexão
2.I
M R ,aço = M ( σ a ,M ) = f y . (33)
d

O momento fletor resistente para uma viga mista com interação parcial pode
ser calculado por aproximação linear para segundo a expressão:

m
M R , parcial = M R ,aço + ( M R ,total − M R ,aço ). (34)
mtotal
190

C.2) PORCO, G., SPADEA & ZINNO, R. (1994).

PORCO et al (1994) analisaram o comportamento de vigas mistas com


interação parcial através do método dos elementos finitos, considerando o comportamento
elástico da conexão. A relação momento-curvatura da laje em concreto armado foi
modelada de acordo com o CEB model code e o Eurocode 2, levando em consideração a
fissuração do concreto tracionado e sua rigidez a tração.
Para análise da viga mista algumas considerações foram feitas tais, como: os
materiais são elásticos, as deformações devidas ao cisalhamento são desprezadas, o
módulo de deslizamento da ligação é elástico, o atrito entre a laje e a viga metálica é
desprezado, o raio de curvatura é o mesmo nos dois materiais assim como o deslocamento
vertical. Na figura 4 é mostrada a seção transversal de uma viga mista com os esforços
apropriados para o equilíbrio, incluindo o fluxo de cisalhamento q(x), que deve ser
resistido pelos conectores.

Mc+dMc dx
Mc Tc dx
T+dT dx Nc+dNc dx
dx Nc
Mc T Mc+dMc dx dx
dx Tc+dTc dx
tc Nc q(x)dx
Nc+dNc dx dx
dx
Ta Ta+dTa dx
d
Na Na+dNa dx dx
dx Na
Ma Na+dNa dx
Ma+dMa dx Ma dx
dx dx Ma+dMa dx
dx dx

Figura 4 - Seção transversal com equilíbrio de esforços


Na figura 5 são mostrados a deformação e os deslocamentos axiais das duas
partes adjacentes. Através desta figura é fácil obter o valor do deslizamento ∆s.

 dw 
∆s = ( u0( 1 ) − u0( 2 ) ) + [ φ( zG 2 + zG1 )] = ( u0( 1 ) − u0( 2 ) ) −  ( zG 2 + zG1 ) (35)
 dz 

q( x ). p
∆s = (36)
nr .k
Sendo:
p = espaçamento entre conectores;
k = rigidez do conector;
nr = número de linhas de conectores;
191

q(x) = fluxo de cisalhamento.

ZG1 tc
ZG2
d

(2)

concreto: elemento1 u0 ZG2dw/dx


(2)
u0 + ZG2dw/dx
aço: elemento2 (1) ∆s
u0 - ZG1dw/dx ZG1dw/dx
(1)
u0

Figura 5 - Deslizamento na interface

O grau de conexão de uma viga mista é definido pela rigidez do conector.


Quanto maior for este valor maior será a interação entre a laje e a viga.
A partir de resultados experimentais de outros pesquisadores observou-se que a
partir de 2/3 da resistência do conector os deslizamentos aumentavam significativamente.
O comportamento do conector foi então, modelado como elásto-plástico perfeito
substituindo a curva experimental por uma curva bilinear, sendo a força última elástica
igual a 65% da resistência final do conector.
A relação momento curvatura tem importância significativa na rigidez da viga
mista. Em vigas submetidas à flexão, para valores de momento fletor baixos, a curvatura é
linear e a componente normal pode ser desprezada. Este estágio é denominado estado I, e a
curvatura vale:
1 1
( M , N )I = (37)
r r1

No estado II, para momentos fletores elevados, a força normal causa uma
variação na área de compreensão do concreto. A curvatura vale:

1 1 1
( M , N )II = + (38)
r r2 r2 ,N

A força normal que agia no centro de gravidade da seção transversal total no


estado I, agora passa a agir no centro de gravidade da seção transversal da viga mista
192

desconsiderando a parte tracionada do concreto. O valor da curvatura devido a força


normal do estado II é:
1 N
= ( x1 − x2 ) (39)
r2 ,N EI 2

Sendo:
x1 = posição da linha neutra no estado I, para flexão pura;
x2 = posição da linha neutra no estado II, para flexão pura.

O momento no qual termina o estado I e inicia o II é:

N ( x1 − x2 )
M0 = (40)
( I 2 / I1 − 1 )
Sendo:
N = esforço normal;
M = momento fletor;
I1 = inércia na fase 1;
I2 = inércia na fase 2.

A equação 37 é utilizada quando M<Mo e a equação 38 quando M ≥ Mo.


A média das curvaturas pode ser obtida utilizando o CEB model code, que
introduz o coeficiente ξ 0 para definir a contribuição de cada estado. Seu valor é tomado
igual a 0 ou 1 dependendo do momento atuante e do momento de fissuração do concreto.
2
 β .β M − M 0 
Para β1 .β 2 .M r ≥ M 0 e M ≥ M r , ξ 0 = 1 −  1 2 r 
 M − M 
 0 

Para β1 .β 2 .M r ≥ M 0 e M < M r , ξ 0 = 0

Para β1 .β 2 .M r < M 0 e M ≥ M r , ξ 0 = 1

Para β1 .β 2 .M r < M 0 e M < M r , ξ 0 = 0


Sendo:
Mr = momento de fissuração;
β1 = 1 e β2 = 0, para este caso.
A rigidez à flexão efetiva (EIef) vale:
193

EI 2
EI ef = (41)
[ I 2 / I1 + ξ 0 .( N / M ).( x1 − x2 ) − I 2 / I1 )]

A energia potencial total ( ∏ ) da viga mista constitui-se de quatro


componentes: flexão pura, escrita em função do deslocamento vertical, deformação axial,
deslizamento na interface e trabalho das forças externas.

2 2
1 2 l  d 2w  1 2 l  du ( i ) 
∏ = ∑ ∫ E ( i ) I ( i )  2  dx + ∑ ∫ E ( i ) A( i )   dx +

2 i =1 0  dx  2 i =1 0  dx 
(42)
1 l nr k 2 1
∫ ∆s ( x )dx − ∫ qwdx − ∑ Fi wi
2 0 p 0
i

A utilização do principio do trabalho virtual requer que a energia potencial


encontre uma posição de equilíbrio, então:

2 l  d 2w   d 2w  2 l  du ( i )   du ( i ) 
δ ∏ = ∑ ∫ E ( i ) I ( i )  2 δ 2 dx + ∑ ∫ E ( i ) A( i )  δ
  dx dx +

0 0
i =1  dx   dx  i =1  dx   
(43)
nr k 1
∆sδ∆s( x )dx − ∫ qδwdx − ∑ Fi δwi = 0
l
∫0 p 0
i

Utilizando funções de interpolação adequadas para expressar os deslocamentos


é possível escrever a equação de equilíbrio da estrutura discretizada (K.U=F). Neste caso,
U é o vetor de deslocamento nodal, F é o vetor de força e K è a matriz de rigidez que
depende da evolução das fissuras na estrutura.
Os resultados teóricos de deslocamento vertical e deformação das flanges das
vigas mostraram grandes semelhanças aos resultados experimentais referentes a uma viga
mista biapoiada.
Foi realizado um estudo paramétrico em uma viga contínua com carregamento
concentrado e outra com carregamento distribuído, sendo adotados diferente valores para a
rigidez (k) do conector. Os resultados demonstraram que quanto maior k, mais rígida era a
viga mista e menores eram as deformações nos flanges do perfil metálico. Em relação ao
tipo de carregamento, foi observado comportamento semelhante.
O gráfico de deslocamento vertical, para uma determinada força que provocava
194

fissuração, versus o módulo de deslizamento para alguns valores de espaçamento de


conectores mostrou que quanto menor o espaçamento mais rígido era a viga mista. Quando
o módulo de deslizamento era zero, a laje estava desconectada do perfil metálico,
evidenciando zonas de fissuração para carregamentos baixos. Quando k era elevado, as
curvas, referentes a diferentes valores de p se aproximavam bastante, mostrando que a
interação era praticamente total.

C.3) SERACINO, R., OEHLERS D. J., YEO, M. F. (2000)

SERACINO et al (2000) desenvolveu um conceito de ponto focal de interação


parcial e estendeu a teoria clássica linear elástica de interação parcial desenvolvido por
Neulmarketal, deduzindo um modelo matemático simples que pode ser usado para obter as
deformações no aço e no concreto quando houver interação parcial. O modelo foi deduzido
para uma viga mista com conectores uniformemente distribuídos e uma carga concentrada,
considerando o aço e o concreto elástico linear.
A distribuição de deformações na seção transversal possui dois pontos
extremos. O primeiro é quando a rigidez da ligação é infinita e a interação é total e o
segundo quando não há interação. As considerações que não há separação vertical do aço e
do concreto e que a curvatura em uma determinada seção é a mesma para os dois materiais
são válidas tanto para interação total quanto nula. No caso da interação parcial, a
distribuição de tensões deve estar entre estes dois pontos extremos.
A curvatura de uma seção transversal com interação total:
Mi
φi =
EI (44)

Onde i se refere à posição da seção ao longo da viga. Para interação total EI


=EcIhc onde I é a inércia homogênea e E o módulo de elasticidade do concreto, caso a
seção homogeneizada tenha sido transformada em concreto. Quando não houver interação,
EI=(EI)c+(EI)a
Conhecendo a curvatura e o centro de gravidade da seção homogeneizada e de
cada material separadamente, é possível esquematizar a distribuição de tenções ao longo da
seção, como mostrado na figura 6.
195

PFIPc

Concreto
yc
ds/dx
Interação φit yna
ya parcial
φip
PFIP a

Aço
φsi
Sem interação
Interação
total

Compressão Tração

Figura 6 – Esquema de distribuição de tensões ao longo da altura da seção transversal

Os dois pontos onde as deformações externas se cruzam são denominados


pontos focais de interação parcial, ou seja, na interação parcial o diagrama de deformações
do concreto deve passar por PFIPc e no aço por PFIPa. Para se obter a curvatura em
qualquer ponto ao longo de uma viga com interação parcial, as seguintes expressões foram
deduzidas:
dφ ( k .s / p ).d CG − V
=
dx E .I 0 (45)
Sendo:
k = rigidez do conector;
p = espaçamento entre conectores;
dCG = distância entre os centróides da laje e do perfil;
V = força de cisalhamento, V1 a esquerda do ponto de aplicação da força e V2 a direita;
E = módulo de elasticidade do aço;
I0 = inércia igual a:
Ic
I0 = I +
n
I = inércia do aço;
Ic = inércia da laje;
s = deslizamento na interface aço-concreto, s1 a esquerda do ponto de aplicação da força e
s2 a direita;
s1 = β P [cosh( αl1 ) − coth( αL ) senh( αl1 )] cosh( αx ) − βV1
(46)

s 2 = β P [senh( αx ) − coth( αL ) cosh( αx )] senh( αl1 ) + βV2


(47)
196

sendo:
P = força concentrada, com sinal positivo assim como os esforço cortante (Figura 7);
l = comprimento do vão, l1 do apoio a esquerda até a força concentrada e l2 da força
concentrada até o apoio a direita.

Os parâmetros α e β são função da rigidez dos conectores e da geometria da


viga mista, eles são dados pelas expressões:

k
α2 =
pE a I 0 A'
(48)

d CG pA'
β=
k (49)
Sendo:
1 I
= d CG + 0
A' A0
(50)

1 n 1
= +
A0 A c A
(51)
A = área da seção transversal do perfil metálico;
Ac = área da seção transversal da laje;
A0 = área transformada da seção transversal da viga mista.

Substituindo V por V1 na expressão 43 e integrando em relação à x, tem-se a


curvatura em qualquer ponto ao longo de l1.
2
A'  P  V1 x
 − [cosh(αl1 ) − coth(αL ) senh(αl1 )]senh(αx ) − V1 x  +
d CG
φ1 = + C1
E .I 0  α  E .I 0 (52)

C1 = 0, devido às condições de contorno iguais a φ1 = 0 em x = 0


De modo semelhante, substituindo V por V2 na expressão 43 e integrando em
relação à x, tem-se a curvatura em qualquer ponto ao longo de l2.

2
A'  P  V2 x
 − [cosh(αx ) − coth(αL ) senh(αx )]senh(αl1 ) − V2 x  +
d CG
φ2 = + C2
E .I 0  α  E .I 0 (53)
2
− d CG A'  P  V2 L
C2 =  − [cosh(αL ) − coth(αL ) senh(αx )]senh(αl1 ) − V2 L  + (54)
E .I 0  α  E .I 0
197

P
l1 l2

x
L

Sem interação

Curvatura
Interação parcial

Interação total

Distância ao longo da viga

Figura 7 – Variação da curvatura

A máxima curvatura de uma viga bi-apoiada submetida a uma força


concentrada situa-se na seção onde a força é aplicada. Para interação total essa curvatura é
calculada pela expressão 44. Nessa seção desenvolve-se um fator MFφ que pode ser
aplicado à curvatura devido a interação total, φit, para se ter a curvatura da interação parcial
φip.
φip
MFφ =
φit (55)

O numerador da expressão 55 representa a curvatura da interação parcial que


pode ser obtida pelas expressões 52 e 53. O denominador é obtido por:

φit =
V1 x
E .I 0
( 2
− d CG A' +1 ) (56)

Se a máxima curvatura ocorrer em l1= x, a força de cisalhamento é:

P(L − x )
V1 =
L (57)

Substituindo as equações 52, 56 e 57 em 55, o fator MFφ será:

( 2
MFφ = − d CG
−1  2
A' +1 d CG ) 
A' 
α (
L
− )
(cosh(αx )...
  x L x
(58)
− coth(αL ) senh(αx ) senh(αx ) − 1] + 1}
198

Com a curvatura calculada, é necessário que se tenha a posição dos pontos


focais para se ter a distribuição de tensões. Esses pontos não dependem da rigidez dos
conectores, mas sim das características geométricas do perfil e da curvatura. A figura 8
apresenta a seção transversal analisada e a distribuição de tensões.

b +ds/dx-t cφip
−(εa)sup.

Concreto
tc
−(εa)sup. −(εa)sup.
+ds/dx

mesa
sup.
tf
+tf φip
−(εa)sup.
bf

alma
d h tw Aço φip

−(εa)+d ip - tf φip
mesa
inf.
tfi
bfi Compressão Tração −(εa)sup.+ d φip

Figura 8 – Seção transversal analisada e distribuição de tensões

A distribuição de tensões é definida pela deformação na fibra superior do perfil


(εa)sup, a curvatura de interação parcial φparcial e a deformação devida ao deslizamento.

= αβ P[cosh(αl1 ) − senh(αl1 )coth(αL )]senh(αx )


ds
dx (59)

A força axial do concreto (C) e a força axial do perfil são:

 ds t c φ ip  
C = Ec Ac  −  − (ε a )sup 
2  (60)
 dx  

[ ( )
T = E .(ε a )sup − ( A )tf + t f + t fi − d .t w − ( A )tfi ... ]

+
1
2
[ ( ) (
E .φ ip t f .( A )tf + − t 2f + d 2 − 2d .t fi + t 2fi .t w + 2d − t fi .( A )tfi ) ] (61)

Igualando as expressões 60 e 61 a deformação da fibra superior do perfil é:

Ac  ds t c φ ip  φ ip
 2 (A.d )n / a
−  − −
 dx 2
(ε a )sup =
n  
− Ac (62)
−A
n
199

Sendo:

(A.d )n / a ( ) ( )
= t f + t 2f + d 2 − 2d .t fi + t fi .t w + 2d − t fi .( A )tfi
(63)

Para se calcular as deformações em qualquer altura da seção têm-se as


seguintes expressões:
(ε a )ip = φip ya − (ε a )sup
(64)

(εc )ip = φip yc − (εa )sup + ds (65)


dx

Os pontos focais no aço (ya)pf e no concreto (yc)pf, medidos a partir da interface,


podem ser encontrados por:
Ac  −1 t  A.d
 + c  −
( y a ) pf =
n  d CG A' 2  2
− Ac
+A (66)
n

Ac t c  −1 d
+ A − 
2n  d CG A' 2 
( yc ) pf = (67)
Ac
+A
n

Desta maneira pode-se traçar o diagrama de deformações de uma seção


transversal com interação parcial. A partir das deformações podem ser obtidas as tensões
na seção transversal e, portanto, o momento resistente da viga mista. A resistência da viga,
neste caso, é diretamente influenciada pela rigidez da ligação e pelo deslizamento na
interface.
200

APÊNDICE D: COMPLEMENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO


PROGRAMA EXPERIMENTAL

D.1 – CONECTORES

D.1.1 - Deslizamento relativo das lajes A e B dos modelos 01, 02, 03, 04, 03A, 05, 06,
07, 08, 06A.

6 3

Vista frontal Vista superior

150
fck = 25,30MPa
#2,00mm
125
1
2
Força por conector (kN)

100 3
4
5
75 6

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 01
201

150
fck = 34,69MPa
# 3,75mm
125
1
2
3
100
Força por conector (kN)
4
5
6
75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 02
150
fck med = 37,87MPa
#2,00mm
125
1
2
Força por conector (kN)

3
100
4
5
6
75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 03
150
fcm = 30,88MPa
#2,00mm
125
1
2
Força por conector (kN)

100 3
4
5
75 6

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 03A
202

150
fck = 34,69MPa
# 3,75mm
125
1
2
3
100

Força por conector (kN)


4
5
6
75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 04
150
fck méd= 20,88MPa
#2,00mm
125 1
2
3
Força por conector (kN)

4
100
5
6

75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 05

150
fck méd = 21,55MPa
#3,75mm

125 1
2
Força por conector (kN)

3
100 4
5
6
75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 06
203

150

125

fck méd= 24,18MPa


#3,75mm

Força por conector (kN)


100
1
2
3
75 4
5
6
50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 06A
150
fck méd= 24,18MPa
#2,00mm
125 1
2
3
Força por conector (kN)

100 4
5
6

75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 07
175
fck méd= 24,18MPa
#3,75mm
150
1
2
3
Força por conector (kN)

125
4
5
100 6

75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Deslizamento relativo (mm)

Modelo 08
204

D.1.2 - Deformação dos conectores dos modelos 01, 02, 03, 03A, 04, 05, 06, 07, 08, 06A.

37,5 37,5 37,5 37,5

15 70 15
15 70 15
Corte AA A3 B3
A1 B1
A2 B2 A4 B4

Extensômetros uniaxiais Extensômetros uniaxiais


Corte BB Face comprimida
Face tracionada

Corte AA Corte BB

Posição dos extensômetros nos modelos Mod.01 a Mod. 04 incluindo o Mod.3A

32,5 35 32,5
Corte CC
15 70 15

A3 A1 B1 B3
A4 A2 B2 B4

Extensômetros uniaxiais

Corte CC

Posição dos extensômetros nos modelos Mod.05 a Mod. 08

50 50 50 50
15 70 15
15 70 15

Corte AA A3 B3
A1 B1
A2 B2 A4 B4

Extensômetros uniaxiais Extensômetros uniaxiais


Corte BB Face tracionada
Face comprimida

Corte AA Corte BB

Posição dos extensômetros nos modelos Mod.06A


205

150

fcm = 25,32MPa
# 2,00mm
125
A1

Força por conector (kN)


A2
A3 100

A4

B1 75
B2
B3
50
B4

25

0
-5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000

Deformação específica (µε)

Modelo 01

150

fcm = 24,76MPa
# 3,75mm 125

A1
Força por conector (kN)

A2
100
A3
A4
75
B1

B2
B3 50

B4

25

0
-5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000

Deformação específica (µε)

Modelo 02

150

fcm = 34,69MPa
# 3,75mm 125
A1
Força por conector (kN)

A2
100
A3
A4
B1 75
B2
B3
50
B4

25

0
-5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000

Deformação específica (µε)

Modelo 04
206

150
fcm = 30,88MPa
# 2,00mm
A1 125

A2

Força por conector (kN)


A3 100
A4

B1
75
B2
B3
50
B4

25

0
-5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000

Deformação específica (µε)

Modelo 03A
150

fcm = 34,69MPa
# 3,75mm 125

A1
Força por conector (kN)

A2 100

A3
75

50

25

0
-5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
Deformação específica (µε)

Modelo 06A

160

140

120
fcm = 20,88MPa
Força por conector (kN)

# 2,00mm
100
A1

80 A2
A3
60 A4
B1
40
B2
B3
20
B4
0
-500 500 1500 2500 3500 4500 5500 6500
Deformação específica (µε)

Modelo 05
207

160

140

120

Força por conector (kN)


100 fcm = 21,54MPa
# 3,75mm

80 A1

A2

60 A3

A4
40 B1

B2
20
B4

0
-500 500 1500 2500 3500 4500 5500 6500
Deformação específica (µε)

Modelo 06
160
fcm = 28,21MPa
140 # 2,00mm

B1
120
B3
Força por conector (kN)

B4
100
A1

80 A2
A3
60 A4
B2
40

20

0
-500 500 1500 2500 3500 4500 5500 6500
Deformação específica (µε)

Modelo 07

160

140

120
Força por conector (kN)

fcm= 29,80MPa
# 3,75mm
100

80 A1
A2
60 A3
A4
B1
40
B2
B3
20
B4

0
-500 500 1500 2500 3500 4500 5500 6500
Deformação específica (µε)

Modelo 08
208

D.2 – VIGAS

D.2.1 Deformações longitudinais nas vigas V, VM1, VM2, VM3

VSE VSD VSE VSD VSE VSD

VLE1 VLE1 VLD1


VLD1
VLE VLD
VLE2 VLE2 VLD2
VLD2

VID VIE VID VIE VID


VIE

V1 VM1 E VM2 VM3

50

45

40

35
SE
Força (kN)

30
SD
25 LD1

20 LE2
LD2
15
IE
10
ID
5

0
-7500 -5000 -2500 0 2500 5000 7500 10000 12500

Deformação específica (µε)

V1
180

160

140

120
Força (kN)

VSE
100

VLE
80

VIE
60

40

20

0
-5000 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Deformação específica (µε)

VM 1
209

180

160

140

120

Força (kN)
VSE
100
VLE
VLD
80
VIE
60 VID

40

20

0
-5000 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Deformação específica (µε)

VM 2
180

160

140

120
Força (kN)

100 VSE
VSD
80 VLE1
VLD1
60
VLE2
VLD2
40
VIE
20 VID

0
-5000 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Deformação específica (µε)

VM 3

D.2.2 Deformações na laje das vigas VM1, VM2, VM3

LE LD
5 1
6 2
7 3
8 4
210

180

160

140

120

Força (kN)
LE
100 LD
E1
80 E5
E2
60 E6
E7
40 E8

20

0
-3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Deformação específica (µε)

VM 1

180

160

140

120
Força (kN)

LE
100 LD
E1
80 E5
E2
60 E6
E3
40 E7
E8
20

0
-3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Deformação específica (µε)

VM 2
180

160

140

120
Força (kN)

100 LE
LD
80 E1
E5
60 E2
E6
40
E3
E7
20
E4
0
-3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Deformação específica (µε)

VM 3
211

D.2.3 Deformações nos conectores das vigas VM1, VM2, VM3.

ED-1 ED-2 ED-3 ED-4 ED-5 ED-6

A
EE3 ED3

Corte AA
180

160

140

120 EE1
Força(kN)

100 EE2

80 EE3

60 EE4

40
EE5

20
EE6

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

Deformação específica (µε)

VM 1
180

160

140
EE1
120 ED1
Força(kN)

EE2
100 ED2
EE3
80
ED3
EE4
60
ED4
40 EE5
ED5
20 EE6
ED6
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

Deformação específica (µε)

VM2
212

180

160

140

120 EE1
ED1
Força(kN) EE2
100
ED2
80 EE3
ED3
60 EE4
ED4
40 EE5
ED5
20
EE6
ED6
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000

Deformação específica (µε)

VM 3

D.2.4 Deslizamento relativo dos conectores das vigas VM1, VM2, VM3

D1 D2 D3 D4 D5 D6

E4 D4

Corte AA
180

160

D1
140
D2
120 D3
D4
Força (kN)

100 D5
D6
80
E6

60 E5
E4
40 E3
E2
20 E1

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4

Deslocamento (mm)

VM 1
213

180

160

140 D1
D2
120
D3
D4

Força (kN)
100
D5
80 D6
E6
60 E5
E4
40
E3
E2
20
E1

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Deslocamento (mm)

VM 2
180

160

140

120
D1
D2
Força (kN)

100
D3
D4
80
D5
D6
60
E6
E5
40
E4
E3
20
E2
E1
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Deslocamento (mm)

VM 3

D.2.5 Deslocamento vertical das vigas V1, VM1, VM2, VM3

A B C

180

160

140

120
A
Força (kN)

100
B
80
C
60

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Deslocamento Vertical (mm)

V1
214

180

A
160
B
140
C
120

Força (kN)
100

80

60

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Deslocamento Vertical (mm)

VM 1
180

160
A
140
B
120
C
Força (kN)

100

80

60

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Deslocamento Vertical (mm)

VM 2
180

160 A

B
140
C
120
Força (kN)

100

80

60

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Deslocamento Vertical (mm)

VM 3
215

D.2.6 Rosetas

Roseta Roseta
RD1 RD2

RE2 RD2

Corte AA

V1

Tensões de Direções
Tensões Principais
Carga Cisalhamento Máximas Principais
RD1 RD2 RD1 RD2 RD1 RD2
kN σ1 σ2 σ1 σ2 τ1 τ2 α1 α2
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2,57 0,02 -2,21 -0,81 -3,11 1,12 1,15 37,15 44,04
5,02 0,28 -4,29 -0,62 -4,45 2,29 1,91 -39,22 -33,72
7,46 1,99 -5,14 -0,87 -7,13 3,57 3,13 38,65 -33,00
9,99 1,82 -7,70 -0,86 -7,52 4,76 3,33 -42,29 -39,54
12,45 1,93 -9,36 -0,52 -9,48 5,64 4,48 -40,41 -31,70
15,03 3,66 -10,61 -0,46 -10,96 7,13 5,25 -43,24 -36,43
17,47 3,86 -12,91 0,33 -12,53 8,38 6,43 -38,90 -33,29
20,07 5,35 -13,44 1,00 -13,89 9,40 7,45 -40,06 -34,60
22,49 6,83 -14,10 2,15 -14,14 10,47 8,14 -40,82 -37,07
25,03 6,33 -17,07 1,96 -16,52 11,70 9,24 -38,62 -36,89
27,35 8,25 -16,93 3,21 -17,12 12,59 10,16 -39,66 -34,71
30,12 9,02 -18,83 4,31 -17,49 13,93 10,90 -39,06 -37,81
32,35 9,79 -19,92 4,17 -19,31 14,85 11,74 -40,07 -37,59
34,77 10,35 -21,86 4,42 -21,18 16,10 12,80 -39,19 -36,18
37,51 10,78 -23,86 4,83 -23,51 17,32 14,17 -38,12 -34,57
39,66 12,25 -24,21 5,77 -23,79 18,23 14,78 -39,25 -36,14
42,19 13,70 -26,11 6,62 -24,32 19,91 15,47 -38,81 -38,16
44,41 13,56 -28,83 6,33 -26,80 21,19 16,56 -38,17 -36,44
47,39 14,93 -30,87 6,66 -28,84 22,90 17,75 -38,32 -35,92
216

VM1

Tensões Ten. de Direção


Carga Principais Cis. Máx. Principal
RE1 RE1 RE1
Força σ1 σ2 τ1 α1
0 0,00 0,00 0,00 0,00
10 8,21 0,36 3,92 -39,34
20 14,00 -2,57 8,28 -34,10
30 20,29 -3,15 11,72 -33,40
40 26,58 -3,72 15,15 -33,02
50 34,93 -6,35 20,64 -31,72
60 43,02 -5,88 24,45 -32,93
70 49,31 -6,46 27,88 -32,78
75 54,22 -5,65 29,93 -32,05
80 58,06 -6,63 32,34 -32,33
85 62,31 -5,17 33,74 -32,89
90 67,21 -4,36 35,78 -32,27
95 72,87 -4,30 38,58 -33,25
100 75,31 -3,88 39,60 -32,96
105 80,21 -3,07 41,64 -32,43
110 84,05 -4,05 44,05 -32,61
115 88,31 -2,60 45,46 -33,02
120 93,21 -1,78 47,49 -32,55
125 97,46 -0,32 48,89 -32,93
130 101,31 -1,31 51,31 -33,06
135 105,58 0,13 52,72 -33,40
140 109,43 -0,86 55,15 -33,51
145 113,71 0,57 56,57 -33,81
150 116,15 1,00 57,57 -33,60
155 122,44 0,42 61,01 -33,50
217
VM 2
Tensões de
Tensões Principais Direções Principais
Carga Cisalhamento Máximas
RD1 RD2 RE1 RE2 RD1 RD2 RE1 RE2 RD1 RD2 RE1 RE2
kN σ1 σ2 σ1 σ2 σ1 σ2 σ1 σ2 τ1 τ2 τ3 τ4 α1 α2 α3 α4
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
10 3,40 -2,60 -1,83 -6,68 3,44 -3,44 5,35 -2,49 3,00 2,42 3,44 3,92 -41,60 -36,70 -31,72 -39,34
20 8,13 -2,76 1,37 -8,13 7,29 -4,43 9,74 -4,02 5,44 4,75 5,86 6,88 -41,23 -32,92 -33,40 -31,72
30 12,02 -3,39 3,32 -12,14 10,72 -7,87 15,44 -4,02 7,71 7,73 9,29 9,73 -43,27 -31,22 -32,78 -35,78
40 17,77 -2,85 6,90 -16,00 15,26 -9,55 21,28 -7,00 10,31 11,45 12,40 14,14 -44,97 -29,70 -30,13 -33,81
50 22,58 -2,90 10,91 -16,90 18,70 -12,98 26,17 -6,17 12,74 13,91 15,84 16,17 -44,38 -30,80 -30,47 -32,33
60 27,63 -3,52 15,64 -18,13 22,92 -17,20 32,47 -6,75 15,58 16,88 20,06 19,61 -44,78 -30,32 -28,76 -32,22
70 33,85 -2,59 18,91 -22,48 26,34 -20,63 38,37 -9,80 18,22 20,70 23,48 24,08 44,35 -28,87 -29,20 -31,72
75 35,78 -3,53 21,15 -24,03 30,52 -19,09 42,61 -8,32 19,66 22,59 24,81 25,47 44,59 -29,17 -30,13 -32,49
80 38,75 -3,60 23,11 -25,89 32,25 -23,68 46,46 -9,31 21,17 24,50 27,97 27,88 44,91 -29,03 -29,25 -32,78
85 42,06 -2,57 25,10 -27,70 34,74 -23,31 48,50 -11,36 22,31 26,40 29,03 29,93 44,35 -28,98 -29,00 -32,05
90 44,40 -3,61 28,05 -28,64 38,54 -24,25 53,42 -10,57 24,01 28,34 31,40 31,99 -44,37 -29,82 -29,52 -31,41
95 47,73 -3,58 29,82 -31,18 40,66 -26,37 57,26 -11,54 25,65 30,50 33,51 34,40 -44,87 -28,87 -29,07 -31,72
100 50,06 -3,86 32,99 -32,76 41,97 -27,69 61,10 -12,53 26,96 32,87 34,83 36,81 44,84 -28,80 -29,74 -31,99
105 54,39 -2,39 35,08 -35,02 45,78 -28,64 63,56 -12,13 28,39 35,05 37,21 37,84 44,66 -28,28 -30,13 -31,72
110 57,06 -3,01 37,31 -34,57 47,89 -30,74 67,39 -13,11 30,04 35,94 39,31 40,25 44,31 -28,25 -29,71 -31,96
115 59,95 -3,03 40,93 -35,35 52,07 -29,22 71,64 -11,64 31,49 38,14 40,65 41,64 44,65 -28,90 -30,26 -32,43
120 62,44 -3,75 42,58 -37,60 56,66 -30,94 76,15 -13,29 33,09 40,09 43,80 44,72 44,74 -28,53 -29,69 -31,72
125 59,62 -9,76 37,68 -40,45 58,77 -33,05 80,39 -11,82 34,69 39,06 45,91 46,10 44,79 -28,96 -29,35 -32,14
130 63,06 -9,26 41,37 -39,52 60,88 -35,17 82,45 -13,88 36,16 40,45 48,03 48,16 44,99 -29,06 -29,05 -31,72
135 65,93 -8,72 42,92 -41,53 64,68 -36,11 84,52 -15,94 37,32 42,22 50,39 50,23 44,57 -28,94 -29,37 -31,32
140 68,52 -8,78 45,57 -43,08 66,80 -38,23 88,35 -16,92 38,65 44,32 52,51 52,63 -44,67 -29,01 -29,09 -31,53
145 72,06 -8,44 47,47 -45,08 70,59 -39,17 92,18 -17,90 40,25 46,28 54,88 55,04 44,98 -28,84 -29,38 -31,72
150 76,63 -6,44 49,60 -45,35 71,92 -40,49 96,42 -16,42 41,54 47,48 56,20 56,42 44,29 -28,27 -29,79 -32,07
155 77,27 -9,05 51,27 -48,74 75,73 -41,44 100,26 -17,41 43,16 50,00 58,58 58,83 -44,55 -28,80 -30,03 -32,22
160 81,04 -8,54 53,68 -50,23 79,54 -42,40 104,11 -18,39 44,79 51,95 60,97 61,25 -44,82 -28,95 -30,26 -32,36
165 85,09 -7,63 54,91 -52,51 82,24 -45,09 109,35 -20,78 46,36 53,71 63,67 65,06 44,23 -28,71 -30,94 -32,78
170 86,00 -9,39 56,18 -54,19 85,36 -45,36 111,39 -22,82 47,69 55,19 65,36 67,10 44,86 -28,89 -31,72 -32,45
175 89,14 -9,10 58,02 -56,70 49,12 57,36 44,55 -28,44
218
VM 3

Tensões de
Tensões Principais Direções Principais
Carga Cisalhamento Máximas
RD1 RD2 RE1 RD1 RD2 RE1 RD1 RD2 RE1
kN σ1 σ2 σ1 σ2 σ1 σ2 τ1 τ2 τ3 α1 α2 α3
0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
10 7,55 1,02 3,44 -3,44 8,10 -2,20 3,26 3,44 5,15 -22,50 -31,72 -39,87
20 14,58 2,56 9,54 -5,26 11,43 -4,96 6,01 7,40 8,19 -25,10 -24,29 -36,55
30 23,79 1,92 15,64 -7,07 16,57 -7,64 10,93 11,36 12,11 -25,36 -22,50 -33,81
40 32,70 3,01 21,55 -10,13 23,44 -7,03 14,85 15,84 15,24 -26,71 -22,50 -35,27
50 41,64 4,08 27,85 -10,71 29,50 -9,22 18,78 19,28 19,36 -27,50 -21,26 -34,13
60 52,90 4,25 34,14 -14,14 37,18 -7,86 24,33 24,14 22,52 -27,65 -20,99 -36,55
70 62,48 4,66 42,34 -15,20 44,20 -9,86 28,91 28,77 27,03 -28,47 -20,46 -34,39
75 73,10 5,47 49,23 -17,80 52,13 -9,84 33,82 33,51 30,99 -28,06 -19,71 -34,92
80 84,54 6,89 57,81 -19,24 60,14 -11,49 38,83 38,53 35,81 -28,15 -19,23 -33,82
85 95,57 8,72 63,91 -21,05 67,79 -12,26 43,42 42,48 40,02 -28,65 -19,27 -33,22
90 99,66 4,62 73,05 -18,77 75,53 -11,36 47,52 45,91 43,45 -25,13 -18,23 -32,72
95 114,07 11,65 76,41 -20,70 89,55 -3,82 51,21 48,56 46,69 -28,63 -18,21 -32,28
100 122,00 15,14 80,99 -20,99 93,65 -3,51 53,43 50,99 48,58 -29,87 -17,42 -32,01
105 128,68 14,17 85,73 -18,59 105,99 3,97 57,25 52,16 51,01 -29,65 -16,88 -32,25

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