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“O passado, aquele passado colonial ainda está ai, e bem saliente; em parte
modificado é certo, mas presente em traços que não se deixam iludir. Observando o
Brasil de hoje o que salta à vista é um organismo em franca atividade e
transformação e que não se sedimentou ainda em linhas definidas, que não ‘tomou
forma’. No terreno econômico tem-se que o caráter fundamental da nossa economia
é a produção extensiva para mercados do exterior, e da correlata falta de um largo
mercado interno solidamente alicerçado e organizado. Numa palavra, não
completamos ainda hoje a nossa evolução da economia colonial para a nacional”
(PRADO JR, 2000:3).
RESUMO
Mesmo sendo a metrópole do Brasil, Portugal não detinha recursos próprios para
o desenvolvimento da cultura. Nesse sentido, a Holanda serviria de financiadora
no refino, comercialização e transporte do açúcar (e também no tráfico negreiro).
Ou seja, o comércio pertencia muito mais à Holanda do que a Portugal.
1
A ocupação holandesa, durante 25 anos, em Pernambuco situava-se em grande
parte da região produtora de açúcar no nordeste e permitiu que os forasteiros
aprendessem as técnicas e a estrutura organizacional da indústria açucareira.
Posteriormente, quando foram expulsos já possuíam a base para o
desenvolvimento dessa cultura no Caribe (Antilhas). Com essa forte concorrência
ocorreu a quebra do monopólio e a queda dos preços (conforme a lei da oferta e
preocura). Tendo em vista que a região das Antilhas encontrava-se mais próxima
da Europa, o volume de exportações brasileiras caiu significativamente.
2
Quadro Resumo – Tipos de Colonização
Bibliografia Consultada
3
como Tratado de Methuen. Nesse acordo, Portugal renuncia seu desenvolvimento
manufatureiro; o que implicou em transferir para a Inglaterra o impulso dinâmico
gerado pela extração do ouro brasileiro. A contrapartida desse acordo referia-se à
garantia oferecida pela Inglaterra no que tange à estabilidade territorial da
América Portuguesa.
O tipo de técnica utilizada na extração desse ouro era a de aluvião. Isso significa
que o ouro era facilmente encontrado nos leitos dos rios, o que dispensava a
mobilização de grande capital ampliando, dessa forma, as chances de acesso ao
metal precioso. Assim, o que se contatou foi a menor concentração de renda na
1
Vale destacar que se tratando de produtos (vinhos e tecidos) com valores agregados diferenciados,
Portugal observou persistentes déficits na balança comercial. Isso causou a desvalorização da
moeda portuguesa que passou a utilizar o ouro brasileiro como forma de honrar os compromissos
com a Inglaterra.
4
região (em relação ao que se verificava nos engenhos do Nordeste) e o surgimento
de uma população livre maior.
Vale lembrar que Portugal era dependente das manufaturas inglesas. Dessa
forma, as sucessivas tentativas de equacionamento de seus desequilíbrios
comerciais serviram para transferir aos ingleses grande parte do ouro extraído do
Brasil, já que as exportações (vendas) inglesas eram saudadas com o ouro
brasileiro. É com base nessa perspectiva que se costuma afirmar que Brasil
financiou a I Revolução Industrial precedida pela Inglaterra. Como? Com o
acúmulo de metais, esse país passou a concentrar seus investimentos no setor
manufatureiro.
O declínio do Ciclo do Ouro ocorre no final do século XVII como esgotamento das
minas. Grande parte da população residente desloca-se, então, para o Planalto
Central e para o Sul do país.
5
Ciclo do Café - Século XIX
O café, que já era produzido no Brasil, passa a ganhar destaque com a melhora
do pode aquisitivo na Europa e pela alta no preço do produto causada pela
desorganização da produção no Haiti (colônia francesa). Inicialmente, a produção
localiza-se no Rio de Janeiro (até 1880) e chegou a ser considerado o principal
produto da pauta de exportação brasileira no século XIX. A proximidade do porto
e uma mão-de-obra disponível, deslocada da economia mineira, incentivam a
produção.
O café é uma cultura permanente, dessa forma, possui uma menor aplicação de
capital, comparativamente à cultura da cana de açúcar. Adicionalmente, a
utilização de equipamentos mais simples e de produção local potencializa o seu
plantio.
Por sua vez, os fazendeiros dependiam dos comerciantes locais para realizar os
lucros através da venda do produto e para obter financiamentos para a realização
da produção. Ou seja, o comerciante era, antes de tudo, o financiador da
atividade e emprestavam seus recursos para o plantio, a colheita e a manutenção
dos cafezais2.
2
A remuneração desses comerciantes provinha da comissão de 3% obtida pela venda dos grãos e
por juros, da ordem de 9 a 12% ao ano, nos empréstimos concedidos aos fazendeiros.
6
amparado nas grandes oligarquias agrárias. Era também um produto
eminentemente voltado para o mercado externo. O ciclo foi bastante rentável e
com o preço internacional favorável, o Brasil tornou-se um grande exportador.
Bibliografia Consultada
BRUM, A. Desenvolvimento Econômica Brasileiro. Ed: Unijuí, 2002. Págs: 130
a 139.
RESUMO
7
- o governo compraria o excedente produzido como forma de regular a oferta e a
demanda;
- os juros seriam pagos com um novo imposto, cobrado em ouro, sobre cada saca
exportada;
- haveria tentativa de desestimulo de novas plantações por parte do governo.
A política deu certo porém, como os altos lucros foram mantidos, vislumbrava-se
novas crises de superoferta no futuro, principalmente, tendo em vista que o
governo não obteve êxito ao tentar reduzir a capacidade produtiva das plantações.
A crise chega ao seu ápice quando em outubro de 1929 ocorre a quebra da Bolsa
de Nova York promovendo verdadeira derrocada dos paises desenvolvidos e
afugentando do Brasil qualquer possibilidade de financiamento externo para
manter a política de valorização.
8
O aumento da rentabilidade das atividades voltadas para o mercado interno
(industrial e agrícola) se fazia concomitantemente a quedas nos lucros dos setores
voltados para o mercado externo. O setor interno recebia ainda mais recursos dos
grupos econômicos que se desinteressavam do mercado externo. A ampliação da
capacidade interna necessitava, certamente, da importação de máquinas e
equipamentos – que estavam mais caros em função da desvalorização cambial. A
maneira de contornar esse entrave deu-se com a melhor utilização da capacidade
instalada criando fundos necessários a sua subseqüente expansão. Obtiveram
ainda produtos de segunda mão a preços mais baratos.
A economia não só encontrou estímulos dentro dela mesma para anular os efeitos
depressivos vindos de fora e continuar crescendo, mas também conseguiu
fabricar parte dos materiais necessários a manutenção e expansão da capacidade
produtiva. Procurou-se então desenvolver industrias destinadas a substituir
importações de acordo com o nível relativo de preços entre o mercado interno e
externo.
ESQUEMA DE AULA
- Crise do Café
- Super-oferta;
- Demanda crescendo apenas a taxas de manutenção;
- Pressões para baixa do preço internacional;
- Política de Valorização
- Compra dos excedentes por parte do governo;
- Financiamento externo para estocagem;
- Tentativa de desestimular novas plantações;
9
- Conseqüências da política de Valorização
- Evitou quedas muito acentuadas no preço internacional do café;
- Ajuste artificial da demanda e da oferta do café;
- Realização de lucros obtidos pela política de estocagem;
- Novos fluxos de investimento;
- Crise de 1929
- Crise de superoferta: queda do preço do café no mercado externo;
- Quebra da Bolsa de Nova York;
- Política anticíclica
- Desvalorização cambial Garantia de vendas externas Lucros
Investimentos Manutenção do nível de emprego Capacidade de
consumir produtos manufaturados
- Desenvolvimento Interno
- Necessidades de insumos e bens de capital para o desenvolvimento das
manufaturas de bens de consumo;
- Insumos e bens de capital importados mais caros devido à desvalorização
cambial;
- Compra de equipamentos de segunda mão;
- Melhor utilização da capacidade instalada;
10
- Fatores que retardaram a industrialização no Brasil
- Mentalidade agrarista (República Velha 1889-1930);
- Falta de cultura tecno-cientifica;
- Ausência de um mercado interno significativo;
- Proibições da metrópole;
- Escravidão;
- Rede de transporte precária;
- Deficiência energética pelo uso do carvão mineral.
- Primeiras Industrias:
- têxtil;
- moageira;
- cerveja;
- fósforos;
- calçados
RESUMO
11
dinâmico da economia ainda estava ancorado no setor agro-exportador. Esse
período ficou marcado, nesse âmbito, como de crescimento industrial já que não
se tratava da formação de um sistema industrial diversificado e sim, da adição de
unidades similares em certos setores da atividade industrial.
Bens de Capital são aqueles que servem para produzir outros bens e, portanto,
não atendem diretamente às necessidades das pessoas como máquinas e
equipamentos, material de transporte e instalações industriais, etc..
Bens Intermediários são aqueles bens que vão passar por transformações
tornando-se, no futuro, bens de consumo ou bens de capital. São bens
manufaturados ou matérias-primas processadas que serão utilizadas na produção
de outros bens. São insumos utilizados no processo produtivo como cimento, lingote
de aço, fero gusa, etc.
12
intensivas em capital.
3
Vale lembrar que o poder das oligarquias do café foram minimizados, mas não suprimidos. Segundo
Mendonça e Pires (2002, p.235) “sem dúvida é correta a conclusão de que a Revolução de 30 não atingiu
certas preorragativas básicas das elites tradicionais.”
13
Deve-se ter em mente que a industrialização do Brasil gerou mudanças
estruturais pronunciadas que influenciaram o dinamismo da economia. Surge
então a classe média e maiores benefícios foram concedidos às classes
trabalhadoras. Ainda nesse sentido, a arrecadação do governo passou a ser
menor no que se refere aos Impostos de Importações (II) e cresceu, por outro lado,
as arrecadações do Imposto de Renda (que incide sobre salários e rendimentos).
Quadro Resumo
14
Consumo
ESQUEMA DE AULA
15
- Crescimento Industrial (1880-1930)
- Setores que surgiram inicialmente;
- Características da industria incipiente;
- Substituição de Importação
- Características principais
Bibliografia Consultada
FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. Ed: Nacional, 1999. Caps: 33 e
34.
16
incentivo governamental, por intermédio da Instrução 113, à implantação de
empresas multinacionais no Brasil que, a partir de então, passaram a controlar os
setores mais dinâmicos da economia. A construção da nova capital – Brasília –
que mobilizou expressiva parte do Produto Interno Bruto, além de criar demanda
para a indústria local, contribuiu para a ampliação do espaço econômico nacional,
devido à construção de mais de 7000 Km de rodovias com que pese o grande surto
de desenvolvimento, as políticas de JK legaram ao Brasil o descontrole das contas
públicas e a aceleração do processo inflacionário, além de provocar graves
denúncias de corrupção administrativa”. (MENDONÇA e PIRES, 2002, p.271).
RESUMO
17
Segundo tipologia estabelecida por Karl Marx existem dois departamentos na
economia: o Departamento I produtor de bens de capital e bens intermediários e
o Departamento II produtor de bens de consumo (duráveis e não duráveis).
Historicamente, o crescimento das economias capitalistas industrializadas foi
impulsionado pelo maior crescimento no departamento I. No Brasil, por sua vez, a
industrialização deu-se com ênfase no departamento II o que resultou em pontos
de estrangulamentos que limitaram e diminuíram o ritmo de crescimento da
economia além de uma maior dependência desses insumos ofertados pelo
mercado externo. (LACERDA ett alli, 1996, p.80-81).
18
diversificação do setor secundário e produtor de equipamentos e insumos com
funções de produções de alta intensidade de capital.
19
essencialidade da importação.
5. Educação;
20
As indústrias que mais se desenvolveram (exceto a mecânica) eram frutos da
Segunda Revolução Industrial e no Brasil foram fortemente amparadas pelo
capital estrangeiro e pela presença de grandes empresas multinacionais. Essas
empresas compunham o departamento I, produtor de bens de capital, e do
departamento II, no setor de bens de consumo duráveis.
Bibliografia Consultada
LACERDA, A. C. et alli. Economia Brasileira. Ed: Saraiva, 2000. Caps.6 e 7.
21
BAER, W. Economia Brasileira. Ed: Nobel, 1996. Págs: 62 à 84.
RESUMO
Estes setores encontravam-se bastante oligopolizados, enquanto as empresas estatais brasileiras vendiam seus produtos à preços
subsidiados: como o aço, a energia elétrica e derivados do petróleo. Por outro lado, os setores privados nacionais eram sócios
minoritários nessa estrutura produtiva.
22
do governo em favor de outra; 3) despesas do governo visando à cobertura de
prejuízos das empresas (públicas ou privadas) ou ainda para o financiamento de
investimentos; 4) benefícios a consumidores na forma de preços inferiores que, na
ausência de tal mecanismo, seriam fixados pelo mercado; 5) benefícios a
produtores e vendedores mediante preços mais elevados, como acontece com a
tarifa aduaneira protecionista; 6) concessão de benefícios pela via do orçamento
público e outros canais. (Sandroni, 2002: p.581)
Este período foi marcado por uma crescente instabilidade social pelo “luto”
sofrido com a perda de um projeto de desenvolvimento nacional para o país. A
campanha “O Petróleo é Nosso!” foi um marco - ainda que a parte mais rentável
do processo produtivo estivesse saído das mãos do monopólio estatal (a
distribuição do petróleo refinado).
23
No combate a inflação adotou medidas econômicas ortodoxas como: diminuição
do déficit público, corte de subsídios, reduções nos gastos governamentais e
desvalorização cambial. De acordo com a Instrução 204 da SUMOC (1961)
eliminaram as múltiplas taxas de câmbio que procuravam favorecer os setores
agrícolas exportadores. Aumentou o custo de vida da população ao conceder
aumentos nos derivados de petróleo e do trigo.
24
- reatou relações com a URSS (União Soviética):
ESQUEMA DE AULA
* Crise Política
- Governo de Jânio Quadros (Jan/Ago 1961)
* Crise Econômica
- Modelo de desenvolvimento Associado e Dependente
- Desequilíbrios no Balanço de Pagamentos (nas contas Balança Comercial e
Conta Capital)
- Agravamento da divida externa
* Crise Mundial
- Guerra fria
- EUA rompe relações diplomáticas com Cuba
- Alemanha comunista ergue o Muro de Berlim
Bibliografia Consultada
25
“O que se convencionou chamar de milagre econômico brasileiro foi um período de
intenso crescimento do PIB e da produção industrial entre 1968 e 1973. A
economia internacional brasileira beneficiou-se do grande crescimento do comércio
mundial e dos fluxos financeiros internacionais para aumentar sua abertura
comercial e financeira em relação ao exterior. Novamente, neste ciclo expansivo,
observou-se a predominância dos setores produtores de bens duráveis e bens de
capital, a partir da estrutura industrial implantada ainda no Plano de Metas. Uma
das características marcantes desse processo, como já foi enfatizado, foi a
presença de capital estrangeiro, na forma de investimentos diretos, especialmente
através de empréstimos. Ao mesmo tempo que ocorreu um intenso crescimento
econômico, agravaram-se as questões sociais, com aumento da concentração de
renda e deterioração de importantes indicadores sociais”. (LACERDA ett alli: 2000,
p.109)
RESUMO
26
origem na expansão do crédito, nos aumentos salariais superiores ao incremento
da produtividade e pela monetização dos déficits públicos. O único aspecto que
poderia não se enquadrar nesse diagnóstico ortodoxo foi a proposta de uma
estabilização alcançada de forma gradual.
Pode se considerar positiva a ação do PAEG, mesmo diante dos custos para uma
parcela da população. O plano reduziu a inflação para até 20 % ao ano e
estabeleceu uma gama de modificações institucionais importantes para o avanço
da economia brasileira.
27
As criticas ao plano estavam assentadas no diagnóstico da inflação, nesse sentido
considerado equivocadamente como inflação de demanda, que culminou em uma
política recessiva e com elevados custos sociais. Na visão dos críticos a inflação
brasileira devia-se a elevação dos preços agrícolas decorrentes da quebra de
safras. Outras críticas destinavam-se ao autoritarismo na adoção de mudanças
institucionais que ratificavam o fortalecimento dos oligopólios e da
desnacionalização da economia brasileira.
O MILAGRE BRASILEIRO
Em 1967, durante o governo do general Costa e Silva, Antônio Delfim Netto que
estava responsável pela condução da política econômica brasileira realizou novo
diagnóstico para a origem da inflação: esta passou a ter um forte componente de
custos, decorrente de alta capacidade ociosa e altos custos financeiros. Deve-se
mencionar que o PAEG já havia realizado o ajuste das contas públicas e os
salários estavam controlados, ou seja, comprimidos. Diante de tal diagnóstico as
medidas adotadas para o controle inflacionário estavam associados à tentativa de
retomar o crescimento econômico.
Quadro 1
28
Evolução Anual da Inflação, PIB e do Saldo na Balança Comercial (X-M)
Brasil, 1968-1973
Saldo (em
Crescimento
Ano Inflação % US$
do PIB %
correntes)
1968 25,4 11,2 26
1969 19,3 10,0 318
1970 19,3 8,8 232
1971 19,5 11,3 -343
1972 15,7 11,9 -241
1973 15,6 14,0 7
Fontes: Banco Central e FGV apud BAUM (200, p.323).
29
consideravelmente deixando o patamar de US$ 3,2 bilhões em 1965 para atingir
o patamar de US$ 6,2 bilhões em 1973.
Bibliografia Consultada
BAER, W. Economia Brasileira. Ed: Nobel, 1996. Págs: 87 à 100.
RESUMO
Desaceleração Econômica
30
preços do petróleo decretados a partir de outubro de 1973 pelos Estados
integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Seu
elemento detonador foi o conflito árabe-israelense de 1973, mas o seu alcance era
muito mais amplo: a crise expressava o projeto dos países produtores de petróleo
no sentido de controlar a produção e distribuição da matéria-prima e de defender
seu preço no mercado internacional (SANDRONI, 2002: 457).
31
analogamente remete à dependência brasileira de empréstimos estrangeiros para
financiar seus investimentos).
II PND – Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-1979)
Os objetivos eram:
- agir com uma forte política anticíclica para enfrentar a crise do petróleo e
manter uma razoável taxa de crescimento, nível de emprego e consumo;
32
- descentralização do crescimento econômico com a implantação de grandes
projetos nas regiões sul, norte e nordeste (para o desequilíbrio regional) e reduzir
desequilíbrios salariais e oferecer condições de cidadania à população em geral (o
que tange os desequilíbrios pessoais);
Taxa de
Anos Crescimento
do PIB
1970 10,4
1971 11,3
1972 12,1
1973 14,0
1974 9,0
1975 5,2
1976 9,8
1977 4,6
1978 4,8
1979 7,2
1980 9,2
Fonte: BAER, 1996:
394.
33
de ferro, etc.); setor energético (construção de grandes hidrelétricas), aumento da
produção nacional de petróleo, criação de fontes energéticas alternativas
(Proálcool) e o ingresso na era nuclear;
- Por outro lado, a opção pelo crescimento culminou numa crescente elevação da
dívida externa do país; sem os empréstimos não teria sido possível pagar a conta
petróleo e continuar a importar os insumos necessários à produção de bens
industriais, principalmente, os relacionados aos planos do II PND. A idéia era que
as amortizações e juros seriam pagos com os superávits comerciais advindos da
nova capacidade exportadora do país;
- elevação da inflação;
ESQUEMA DE AULA
PANORAMA INTERNACIONAL:
34
- Guerra fria: polaridade mundial entre as duas grandes nações, EUA e
URSS: o Brasil já havia declarado o seu alinhamento aos Estados Unidos;
- Crise do Petróleo: elevação do preço do barril causando desequilíbrios nas
contas nacionais (déficits na BC e pressão inflacionária);
- Liquidez internacional: mercados financeiros internacionais apresentavam
extrema liquidez; os bancos internacionais estavam altamente providos de
petrodoláres e as taxas de juros eram relativamente baixas;
PANORAMA NACIONAL:
- Pré 74: crescimento continuado com taxas médias de 11% ao ano;
- Governo Geisel (1974-1979): tentativa de inserção do Brasil no estreito
círculo de países do 1° mundo (Projeto “Avança Brasil”)
II PND (1975-1979)
- Principais metas:
- Objetivos:
- Entraves: indústria com pouca capacidade ociosa (o que iria exigir vultosos
investimentos); deterioração nas relações de troca com o câmbio apreciado;
inflação em alta e uma matriz energética profundamente dependente do
petróleo.
- Instrumentos de ação:
- Resultados obtidos:
- Questionamentos: essa foi, seguramente a melhor opção? Isto é, promover
o crescimento econômico diante de uma conjuntura mundial desfavorável?
Bibliografia Consultada
BAER, W. Economia Brasileira. Ed: Nobel, 1996. Págs: 104 à 134.
35
RESUMO
Diversos acontecimentos se somaram para determinar a crise econômica no
Brasil, durante os anos 80:
36
elemento primordial para a crise da década de 80 o esgotamento do padrão de
desenvolvimento estipulado para o país, com base no processo de Substituição de
Importações (PSI). Buam (2000: 421) identifica como sintomas da crise os
seguintes aspectos:
Tabela 1
37
Brasil, 1979 a 1989
em milhões de dólares
Amortizações
Pagamento Divida
Anos Empréstimos de Médio e Reservas
de Juros Liquida
Longo prazo
1979 11.991 6.385 5.347 9.689 40.215
1980 13.315 5.010 7.457 5.853 47.995
1981 16.782 6.242 10.305 6.693 54.718
1982 12.451 6.952 12.550 3.994 65.720
1983 7.778 6.863 10.263 3.972 76.756
1984 8.768 6.468 11.449 11.995 79.096
1985 5.673 8.491 11.238 11.608 84.249
1986 4.233 11.546 10.245 6.760 94.999
1987 11.935 13.503 9.319 7.458 100.056
1988 14.857 15.226 10.591 9.140 93.415
1989 29.612 33.985 9.633 9.679 89.606
Fonte: Baum, 2000: 429.
Bibliografia Consultada
38
de mecanismos para proteger-se contra o desgaste do poder aquisitivo da moeda.
É um fenômeno extremamente complexo. Simplificadamente, pode-se dizer que a
estabilidade da moeda depende principalmente da solidez e pujança da economia,
da confiança da sociedade no seu país, da cultura econômico-financeira da
população, da capacidade e eficiência das autoridades no gerenciamento das
políticas macroeconômicas, do comportamento dos agentes econômicos e, ainda,
do grau maior ou menor de normalidade das relações econômico-financeiras
internacionais ”(Baum, 2000: 334)
RESUMO
39
Durante o período de 1968 até 1973 conseguiu-se compatibilizar um alto
crescimento econômico com taxas de inflação declinantes 4. A conjuntura mundial
favorável influenciou positivamente esse quadro: os países do primeiro mundo
também expandiam as suas economias servindo como um amplo mercado
consumidor dos produtos brasileiros. A elevada acumulação de capital contribuiu
para a entrada de divisas no país na forma de investimentos diretos (IDE) 5 e
indiretos.
4
Essas reduções foram obtidas por meio da estabilização fiscal e monetária, de uma política salarial
restritiva, do realinhamento dos preços controlados, de um sistema cambial ajustado lentamente e
do uso de mecanismos de indexação financeira (Baer, 1996: 135).
5
O Investimento Estrangeiro Direto (IDE) verifica-se quando aplicado na criação de novas empresas
ou na participação acionária de empresas já existentes (fusões, aquisições e privatizações). Já os
investimentos indiretos assumem a forma de empréstimos e financiamentos de longo prazo.
40
Recomendou-se o uso do choque heterodoxo, que ao congelar preços e
salários repentinamente, quebraria esse mecanismo de retro-alimentação da
inflação. Adicionalmente, seriam realizadas políticas monetárias e fiscais
passivas. É com base nessa concepção que surge o Plano Cruzado, em fevereiro
de 1986.
Tabela 1
Taxa Anual de Inflação Brasileira – 1951-1990
Bibliografia Consultada
BAER, W. Economia Brasileira. Ed: Nobel, 1996. Págs: 135 à 162.
RESUMO
41
Em meio a tantos entraves alguns pontos positivos também puderam ser
identificados como a retomada do crescimento econômico a partir de 1984; o
balanço de pagamentos apresentou uma situação saudável em razão da expansão
das exportações e houve uma certa folga das reservas cambiais, que atingiram
quase US$ 12 bilhões. Ainda assim essas melhoras não foram suficientes para
detonar uma estabilização dos indicadores macroeconômicos brasileiros. Dessa
forma, em 28 de fevereiro de 1986 o governo Sarney instituiu Plano Cruzado.
iv) reajustes reais dos salários procurando recompor perdas advindas da alta
inflação;
42
justamente, cortar as expectativas inflacionárias dos agentes econômicos, e
ainda, aliviava as pressões sobre o déficit público e a dívida interna.
Conseqüentemente, desestimula a especulação financeira tornando mais atraente
os investimentos produtivos. Esperava-se, com isso, que a economia retomasse
uma situação de “normalidade”.
43
- a abrangência do Plano ao tentar compatibilizar, simultaneamente, estabilização
inflacionária, crescimento econômico e distribuição de renda;
- o governo imaginou, equivocadamente, que no curto prazo o capital especulativo
se converteria em investimento produtivo, expandindo rapidamente a produção
para atender o crescimento da demanda;
- mais uma vez o governo equivocou-se ao imaginar que as pessoas ampliariam
seus depósitos em cadernetas de poupança quando o que se verificou, na
realidade, foi a ampliação das retiradas;
Segundo alguns analistas ortodoxos, os problemas identificados no plano foram:
- a realização de congelamentos sem a devida “austeridade” salarial, tendo em
vista que aumentos reais de salários foram concedidos contribuindo para ampliar
as pressões por consumo por parte da população;
- o estabelecimento de taxas de juros baixas quando era importante estimular a
poupança;
- tributação moderada da renda em um momento de crescimento acelerado do
consumo;
- rigidez cambial incompatível com a necessidade de manutenção de elevados
saldos na balança comercial;
- monetização acelerada da economia;
- inexistência de qualquer plano para sair do congelamento.
Bibliografia Consultada
BAER, W. Economia Brasileira. Ed: Nobel, 1996. Págs: 163 à 190.
RESUMO
44
crescimento econômico e a distribuição de renda. “Sua imagem foi construída pela
mídia e sua base de apoio eleitoral assentava-se principalmente no grande capital;
nos setores mais atrasados do capitalismo brasileiro; amplos contingentes das
camadas médias, motivados pelo medo do avanço político das esquerdas; e nas
massas urbanas e rurais menos organizadas, motivadas pelo discursos moralista
e anticomunista, por promessas de mudanças e rápida melhoria das condições de
vida dos pobres (“os descamisados”).” (Baum, 2000: p.474).
Nessa perspectiva adotou-se o Plano Brasil Novo, mais conhecido como o Plano
Collor, em 16 de março de 1990, e o Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991.
Além da tentativa de controle da inflação, o Plano Collor tinha objetivos mais
amplos que se relacionam com a perspectiva de modernização da economia
brasileira em geral. Destacam-se como objetivos primordiais:
45
- promover o equilíbrio das contas públicas por meio de uma reforma tributária e
do reajuste fiscal.
Tabela 1
46
- Medidas para promover a abertura da economia brasileira em relação à
concorrência externa6;
Plano Collor II
6
Como medidas para a abertura unilateral: i) aboliu a lista com cerca de mil produtos até
então proibidos para para importação; ii) eliminou obstáculos não-tarifários às
importações; iii) substituiu a proibição de importação por tarifas alfandegárias e adotou
uma estratégia relativamente veloz de sua redução progressiva.
47
A busca pela austeridade (contenção dos gastos) consistiu em administrar melhor
os fluxos de caixa e a reduzir os gastos das empresas estatais. Houve o bloqueio
do orçamento dos Ministérios da Educação, Saúde, Trabalho e Bem Estar Social
deixando-os subordinados ao Ministério da Fazenda (os fundos seriam liberados
segundo critério do Ministério da Fazenda e da disponibilidade de recursos).
Bibliografia Consultada
BAER, W. Economia Brasileira. Ed: Nobel, 1996. Págs: 197 até 204.
“Uma das metas políticas mais importantes da administração Collor foi abrir a economia do
país. As tarifas foram gradualmente abolidas, a reserva de mercado de certos produtos
(especialmente computadores) foi eliminada e vários estímulos artificiais às exportações
também foram removidos. Essas políticas continuaram a ser adotadas quando Itamar
Franco assumiu a presidência no final de 1992, além de terem sido progressivamente
instituídas várias medidas para facilitar os investimentos estrangeiros. A intenção de todos
esses projetos foi aumentar a eficiência da economia através da concorrência estrangeira e
aumentar o aporte de investimentos estrangeiros diretos (IDE)” (BAER, 1996: 223).
RESUMO
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Estado) foi responsável pela perda de dinamismo da economia nacional devido,
principalmente, à incapacidade de manter o ritmo de incorporação do progresso
técnico e do aumento da produtividade. Isto, tendo em vista a falta de
concorrência decorrente da elevada proteção tarifária e o excesso de regulação ou
presença estatal (Carneiro, 2002: 310-311). Ou seja, a proteção gerou uma
estrutura produtiva ineficiente com excessiva diversificação e pouca
competitividade internacional; ainda que garantindo elevados lucros internos.
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dinamismo maior do que o padrão alternativo fundado no mercado externo”
(Carneiro, 2002: 312). A participação do Estado foi fundamental para esses
resultados, uma vez que este assumiu determinadas atividades na indústria de
base e infra-estrutura (empresas estatais) as quais não interessavam a iniciativa
privada.
Com a abertura comercial propriamente dita a partir dos anos 90, as barreiras
não tarifárias foram totalmente eliminadas. Foi abolido o Anexo C, uma lista com
cerca de 1.300 produtos com importação proibida em razão da Lei do Similar
Nacional. No que tange as tarifas, adotou-se um rápido processo de redução.
Entre 1990 e 1994, a proteção à industria foi drasticamente reduzida, em todos
os setores, para uma faixa de 0% a 40%.
Bibliografia Consultada
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BAUM, A. Desenvolvimento Econômico Brasileiro. Ed: UNIJUÍ, 2000.
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