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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 1º VARA

CÍVEL DA COMARCA DE CAMBORIÚ/SC

Autos nº 0001604-12.2017.8.24.0113
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Representado: Jeferson Mateus Rosa dos Santos

JEFERSON MATEUS ROSA DOS SANTOS, já qualificado nos autos do processo


em epígrafe, através do seu defensor dativo devidamente nomeado, vem
respeitosamente e tempestivamente, perante este juízo, com fulcro no art. 193, §1º da
Lei 8069/1990, oferecer

ALEGAÇÕES FINAIS em forma de MEMORIAIS

pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

MM. Juíza,

O adolescente responde a Procedimento de Apuração de Ato Infracional, em


razão da suposta prática de conduta similar ao crime descrito no art. 33, da Lei nº
11.343/06, sendo que ao final o douto representante do “Parquet” requereu o
reconhecimento da prescrição da pretensão educativa do Estado.
Entretanto, nos autos há provas suficientes para que o Representado seja
absolvido por negativa de fato e de autoria.
Levando em consideração que é um direito fundamental do Representado
postular sua absolvição com base nos fundamentos legais presentes no art. 386 do CPP,
não poderá o desinteresse do Estado em ver o Representado processado, por motivos
prescricionais, impedir o mesmo de ver reconhecido pelo Judiciário a sua posição de
ser, de fato, inocente.
Primeiramente, cabe ressaltar, que não existem quaisquer comprovações da
materialidade do delito. Isto porque inexistem nos autos quaisquer laudo
comprovando que o material, supostamente apreendido, tratava-se de substâncias
aptas a causar dependência física e psíquica. Ressalta-se: não existe, sequer, o exame
prévio de entorpecente, e muito menos o laudo definitivo.
Os §1º e 2º do art. 50 da Lei 11.343/06 dispõe:
“§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em
flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é
suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da
droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1.º
deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração
do laudo definitivo.”
Pois bem, como não se encontram acostado nos autos nem o laudo de
constatação, que indicaria se de fato o material apreendido, efetivamente, é uma droga
incluída na lista da Anvisa, a disposição do art. 158 do CPP não resta cumprida.
“Art. 158.   Quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado”.
É pacifico na jurisprudência a necessidade de comprovação, por meio de laudo
toxicólogo, da materialidade do crime de tráfico para a condenação. Vejamos:
HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSO PENAL.
TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. LAUDO
TOXICOLÓGICO DEFINITIVO. AUSÊNCIA.
IMPRESCINDIBILIDADE PARA A COMPROVAÇÃO DA
MATERIALIDADE DO DELITO DE TRÁFICO.
RESSALVA DO ENTENDIMENTO DA RELATORA.
ABSOLVIÇÃO QUANTO AO DELITO DE TRÁFICO.
PEDIDO DE EXTENSÃO. SIMILITUDE DE SITUAÇÃO
PROCESSUAL. INEXISTÊNCIA DE EMPECILHO
INERENTE A CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER
EXCLUSIVAMENTE PESSOAL. APLICAÇÃO DO
ARTIGO 580 DO CPP. POSSIBILIDADE. PLEITO
DEFERIDO.
1. A Terceira Seção desta Corte, nos autos do Eresp n.º
1.544.057/RJ, em sessão realizada 26.10.2016, pacificou
o
entendimento no sentido de que o laudo toxicológico
definitivo é imprescindível para a condenação pelo crime de
tráfico ilícito de entorpecentes, sob pena de se ter por incerta
a materialidade do delito e, por conseguinte, ensejar a
absolvição do acusado. Ressalva do entendimento da Relatora.
2. Na espécie, não consta dos autos laudo toxicológico
definitivo, não tendo as instâncias de origem logrado
comprovar a materialidade do crime de tráfico de drogas, sendo
de rigor a absolvição quanto ao referido delito. (...) (PExt no HC
399.159/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe
16/05/2018)

Sendo assim, pela inexistência de provas da materialidade delitiva, o


Representado deverá ser absolvido nos termos do art. 386, II ou III.

Continuando: se não existem provas concretas a respeito da materialidade,


também não existem provas quanto a autoria.
Isto porque, diante das provas acostadas nos autos, fica óbvio o uso do menor
apreendido para, exclusivamente, “estourar” a boca de fumo do conhecido traficante da
região André Luiz Damaceno. Percebe-se uma série de desencontros nas alegações dos
policiais, primeiro porque é bem difícil acreditar que realmente um intermediário para
venda de drogas, deduraria, por livre e espontânea vontade, a casa do seu chefe de
tráfico. É de conhecimento público as consequências de quem faz isso, caso esteja de
fato inserido neste tipo de prática criminosa.
Em segundo, percebe-se na inquirição do próprio Representado, às fls. 18, que o
mesmo não conhecia as pessoas da casa, nem seus nomes, e que não presenciou a
apreensão das drogas visto que permaneceu no camburão durante a vistoria do interior
na residência.
É perceptível, inclusive, que na audiência de interrogatório do representado em
sede judicial o mesmo passou a ter uma atitude completamente diversa da anteriormente
registrada em sede policial.
Veja bem, ele foi o “motivo” de terem “estourado” a casa de André Luiz
Dameceno, depois foi entregue a sua família conforme termo de entrega de adolescente
(às fls. 8). Ressalta-se que tanto ele, bem como sua família, são moradores do Bairro
Monte Alegre.
Pois bem, em sede policial ele fala que não mora na residência, que não sabe
direito quem é o dono da casa que entraram, que sabe que lá ficam os “piás do morro”, e
que provavelmente o “dono” é o André. Realizou todo o interrogatório de modo
consistente, calmo, fluído, sem se contradizer a qualquer momento.
Entretanto, no depoimento em sede judicial, podemos perceber que o mesmo se
contradiz a todo momento, sempre objetivando livrar o André da culpabilidade da
denúncia. Afirma neste interrogatório que a casa que fora realizada a busca e apreensão
tratava-se da sua residência, não a de André, que André não é traficante, e que era
apenas seu vizinho, morador da casa ao lado. Que André é inocente, e ele culpado.
PORÉM no começo do mesmo interrogatório ele afirma morar na rua Monte
Meru, 534 (4:54 minutos, do interrogatório das fls. 97), o que é exatamente o que consta
no termo de declaração acostado às fls. 9, sendo que o local do fato, onde a droga foi
apreendida, é na Rua Rosa Branca, 361 (fls 1, e depoimentos dos policiais). Vejamos no
Google Maps:

Fica claro que o Representado mentiu em seu interrogatório em sede judicial


para livrar André da acusação, pois apesar de morar relativamente perto, não existe
maneira dos policiais terem confundido uma residência com a outra. Sendo assim, por
morarem no mesmo bairro, podemos imaginar a que tipo de pressão o Representado
passou por ter sido o “bode expiatório” da ação da polícia militar.
Para piorar, os Policiais afirmam que a residência era bem característica,
tipicamente local de boca de fumo, quase sem móveis, somente com sofá, sem cama.
Porém, os policiais afirmam ter encontrado, exatamente num ambiente como o descrito,
um item TÃO PESSOAL quanto uma fotografia, o que comprovaria tratar-se, portanto,
da boca de fumo do André.
Pois bem Vossa Excelência, nos autos contam supostamente apreendidas drogas
que não foram periciadas (nem fotos existem), uma estranha fotografia, uma faca de 21
cm, e uma balança. Não foi apreendido dinheiro, o Representado foi abordado perto da
sua real residência, e os policiais afirmam que André é conhecido por todos como
traficante. Afirmam também que o Representado, apesar de NUNCA ter sido abordado
por esse motivo, também seria conhecido por ser traficante, afinal já tinham o visto
fazendo “corres” na região (fica a indagação do porque então não o prenderam
anteriormente em flagrante, com provas mais concretas do que as desse processo).
Por estes fatos, fica em dúvida se não ocorreu, por acaso, um flagrante forjado,
com o intuito de adentrar na residência da Rua Rosa Branca, 361, para verificar se era
de fato uma boca de fumo do conhecido traficante André. Ressalta-se que o
Representado, infelizmente, pode ter sido sim usado somente para esse fim, visto, que
por morar relativamente perto do local, poderia ser apenas um transeunte passando pela
rua. Ressalta-se que foi exatamente essa versão que o Representado falou em seu
interrogatório em sede policial.
Nesse norte já decidiu o Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
"A condenação pela prática do crime de tráfico ilícito de
entorpecentes somente poderá ocorrer quando cabalmente
comprovada a subsunção dos fatos concretos a uma das
hipóteses do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, cujo tipo é
multifacetado. Todavia, no processo penal, a dúvida não pode
militar em desfavor do réu, haja vista que a condenação, como
medida rigorosa e privativa de uma liberdade pública
constitucionalmente assegurada (CF/88, art. 5º, XV, LIV, LV,
LVII e LXI), requer a demonstração cabal da autoria e
materialidade, pressupostos autorizadores da condenação, e em
sendo a prova nebulosa e contraditória quanto à autoria do
delito, a absolvição é medida que se impõe, em observância ao
princípio do in dubio pro reo" (ACrim n. 2010.002335-3, Desa.
Salete Silva Sommariva, j. 22.06.2010).
Então, se não for pela inexistência de provas da materialidade delitiva, o
Representado deverá ser absolvido por insuficiência probatória diante da ausência de
demonstração efetiva da autoria delitiva, nos termos do art. 386, VII do CPP.
De qualquer forma, V. Excelência, conforme pontuado pelo MP, a pretensão
educativa do Estado encontra-se prescrito, nos termos do art. 109, V c/c o art. 115,
ambos do Código Penal, e portanto, mesmo não sendo as teses previstas aqui abarcadas
pelo Excelentíssimo magistrado, não deverá ser aplicado quaisquer medidas
socioeducativas no presente caso.

Diante de todo exposto requer:

1) A absolvição ante a inexistência de provas da materialidade delitiva, nos


termos do art. 386, II ou III do CPP, visto que nem o laudo de constatação
foram juntados ao autos;
2) Subsidiariamente, requer-se a absolvição por insuficiência probatória acerca
da autoria delitiva, nos termos do art. 386, VII do CPP;
3) Seja declarado a prescrição da pretensão educativa do Estado, com
fundamento no art. 109, inciso V c/c o art. 107, IV, bem como art. 115 todos
do CP, além dos artigos 103 e 104, §único, da Lei nº 8.069/90.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Camboriú, 06 de dezembro de 2019.

NAKITA LAURA ZANGALLI


OAB/SC 55.178

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