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Revista ABES-SP 1

2 Revista ABES-SP

Participe da

ABES
e das ações do saneamento ambiental
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental – ABES é uma organização
não governamental de caráter nacional, sem fins
lucrativos, que tem como principal objetivo
difundir, produzir e contribuir por meio do
conhecimento técnico para melhorar o
saneamento ambiental e a qualidade de vida.

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Ser sócio é muito simples. Para você que está no
Estado de São Paulo, basta ligar para 11 3814-1872.
Para os demais estados, entrar em contato com a
ABES Nacional pelo telefone 21 2210-3221.

Informações gerais
abessp@uol.com.br

Câmara Técnica de Saúde Pública


ctsaudepublica@abes-sp.org.br

Câmara Técnica de Resíduos Sólidos


ctrsolidos@abes-sp.org.br

Câmara Técnica de Saneamento e


Saúde em Comunidades Isoladas
ctcisoladas@abes-sp.org.br

www.abes-sp.org.br – São Paulo


www.abes-dn.org.br – Nacional
Revista ABES-SP 3

ao leitor

Água: a nossa prioridade

A
ABES-SP criou a Câmara Técnica de Saúde Pública –
CTSP para estudar, propor, promover e discutir políticas,
legislações, normas, procedimentos, instruções e atos
que afetem direta ou indiretamente o segmento de saúde pública,
no Estado de São Paulo. A Câmara Técnica de Saúde Pública –
Câmara Técnica de Saúde Pública
CTSP conta, atualmente, com 112 participantes e 53 instituições.
ctsaudepublica@abes-sp.org.br Como ação prioritária para os anos 2009 a 2011, elegeu a
ctspabessp@gmail.com
Coordenador: Pedro Caetano Sanches Man-
água para consumo humano, por diversos motivos e, dentre eles
cuso; vice-coordenadora: Roseane Maria a colaboração para a revisão da Portaria 518/04.
Garcia Lopes de Souza; secretário-executi-
vo: José Eduardo Gobbi; coordenadores do Apresentamos aqui o detalhamento da proposta do Estado de
GT Microbiológico: Romeu Cantusio Neto e São Paulo para a legislação de água para consumo humano, re-
Elayse Maria Hachich; coordenadores do GT
Químico: Gisela de A. Umbuzeiro e Patrícia ferente aos padrões microbiológicos e químicos e também con-
Ferreira Silvério; coordenadores do GT Res- tribuições da ABES/RS referente às disposições preliminares e
ponsabilidade: Marco A. Silva de Oliveira;
Tânia R. G. Ferraretto; apoio e logística: Elis deveres e responsabilidades. Vale ressaltar que o principal obje-
Regina de Oliveira.
tivo das orientações para a água potável de qualidade tem de ser
a proteção à saúde pública.
ABES – Associação Brasileira de Engenha-
ria Sanitária e Ambiental – Seção São Pau-
A água é essencial para sustentar a vida. Não haveria vida
lo Rua Eugênio de Medeiros, 242 – 6º andar neste planeta sem água. Portanto, um abastecimento seguro e
– Pinheiros/São Paulo – CEP: 05.425-900
Tel.: (11)3814-1872 Fax - (11) 3814-1872 saudável tem que estar ao alcance de todos.
www.abes-sp.org.br Melhorar o acesso seguro à água potável resulta em bene-
abes@abes-sp.org.br, abessp@uol.com.br
Diretoria da Seção: fícios tangíveis para a saúde da população, e todos os esforços
Presidente: Dante Ragazzi Pauli; vice-presi-
dente: Alceu Guérios Bittencourt; diretores:
devem ser feitos para alcançar uma água potável de qualidade
Milton de Oliveira; Pedro Luis Ibraim Hallack; tão segura como praticável.
Pierre Ribeiro de Siqueira; Vasti Ribeiro Facin-
cani; 1º Secretário: Reynaldo Eduardo Young
É com satisfação que, como presidente da ABES-SP, apre-
Ribeiro; 2º Secretária: Tânia Mara Tavares sento a publicação da Câmara Técnica de Saúde Pública, que
Gasi; 1ª Tesoureira: Roseane Maria Garcia
Lopes de Souza; 2ª Tesoureira: Ana Lúcia sistematiza o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 18
Brasil; Conselho Fiscal: Efetivos: Roque meses pelos grupos técnicos de trabalho representando diversas
Passos Piveli; José Luiz Salvadori Lorenzi;
Ivan Sobral de Oliveira; Suplentes: Augusto entidades do setor de saúde e saneamento ambiental.
Tetsuji Matsushita; Nestor Esteves Lima Con-
selho Consultivo: Natos: Presidente: Dante
Essas propostas, aqui apresentadas, elaboradas nos grupos
Ragazzi Pauli; Secretário: Reynaldo Eduardo de trabalhos específicos, ocorreram em um processo da partici-
Young Ribeiro; Efetivos: Neuza Maria Simões
Parreira; Sidney Seckler Ferreira Filho; Carlos
pação efetiva dos representantes, do compromisso das institui-
José Teixeira Berenhauser Tobias Jerozoli- ções que liberaram seus funcionários para o objetivo maior que
mski; Luiz Roberto Gravina Pladeval e Yves
Besse. Representação junto ao Conselho é a construção técnica de uma proposta coletiva de reconheci-
Diretor: Natos: Dante Ragazzi Pauli; Efeti- mento dos problemas de saúde pública que hoje enfrentamos,
vos: Eliana Kazue Irie Kitahara; Nercy Donini
Bonato; Wanderley da Silva Paganini; Hélio para prover um abastecimento seguro de água para consumo hu-
Nazareno Padula Filho; Antônio Carlos da mano, representando desta forma um marco para a comunidade
Costa Lino; Francisco José Toledo de Piza;
Dione Mari Morita; Mario Alba Braghiroli; Es- técnico-científica no campo da saúde ambiental.
ter Feche Guimarães de Arruda Juliano; Elis
Regina Jesus; Luciomar dos Santos Werneck;
Por fim, esperamos que este material sirva para subsidiar
Meunim Rodrigues de Oliveira Júnior; Agosti- técnicos, sociedade civil e órgãos públicos ligados a saúde, meio
nho de Jesus G. Geraldes; Renato Hochgreb
Frazão; Suplentes: Silvana Corsaro Candido
ambiente, recursos hídricos e agricultura, na construção de legis-
Silva Franco; Carlos Alberto de Carvalho; Tar- lações modernas, que considerem os diversos cenários ambien-
cio Paulo Dias Papa; Roberto Ferreira; Láza-
ro Miguel Rodrigues; Luiz Paulo Madureira; tais e de saúde, os avanços tecnológicos e a qualidade de vida da
Jorge Luiz Silva Rocco; Paulo Cesar Lemes população.
da Rocha; Josué Fraga da Silva; Aparecido
Vanderlei Festi. Dante Ragazzi Pauli
Presidente da ABES – Seção São Paulo
4 Revista ABES-SP

Editorial 3

Eventos realizados 5
Sumário
Entrevista Danta Ragazzi Pauli 7

Subsídios para o Padrão Microbiológico 10

Subsídios para o Padrão Químico 20

Subsídios para as Disposições Preliminares


e Deveres e Responsabilidades 44

Anexo1
Estratégias para definição de
critérios para proteção da saúde
humana e do ecossistema:
substâncias químicas 48

Anexo 2
Informações toxicológicas de
alguns dos praguicidas
considerados prioritários 57

Expediente
Revista da Câmara Técnica de Saúde Pública da ABES/SP - Rua Eugênio de Medeiros,
242 – 6º andar – cep: 05425-900 – Pinheiros – São Paulo – ctsaudepublica@abes-sp.org.
br – Telefone/Fax: (11) 3814-1872.. Publicação da Câmara Técnica de Saúde Pública da
ABES/SP/ tiragem de 3.000 exemplares. Equipe Responsável pela Revista ABES/SP: Elis
Regina de Oliveira e Kleber Adriano de Lima. Coordenação: Roseane Maria Garcia Lopes
de Souza. Produção e Edição: Editora Limiar (11-3813-0309 – www.editoralimiar.com.br)
Editor: Norian Segatto MTb 21465 Realização: Associação Brasileira de Engenharia Sani-
tária e Ambiental – ABES/SP
Patrocínio: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES/SP e Co-
missão Setorial de Saneamento e Tratamento de Água da Associação Brasileira da Indústria
Química – ABIQUIM
Revista ABES-SP 5

Eventos realizados

Para difundir, ampliar e dar conhecimento em temas


relacionados à água para consumo humano, a Câmara criou três grupos de
trabalhos: GT Microbiológico, Químico e Responsabilidade
e realizou eventos e reuniões ordinárias

1º Fórum de Discussão – Portaria 518/04 Curso Plano de


Sugestões e Apontamentos para a Revisão Segurança da Água

Nos dias 27 e 28 de
novembro de 2008, a CTSP
promoveu este curso para
disseminar conhecimento e
entendimento sobre os fun-
damentos básicos teóricos
a análise e gestão de riscos
em sistema de abastecimen-
Realizado nos dias 25 e 26 enviadas ao Ministério da to de água. Sua carga horá-
de novembro de 2008, este Saúde. ria foi de 16 horas.
evento gerou a “Carta de A leitura, na íntegra,
São Paulo para Abastecimen- pode ser feita a partir do
to Seguro de Água Potável”, site da ABES/SP (www.abes- 2ª reunião ordinária
com propostas e monções, sp.org.br). Realizada no dia 4 de
maio de 2009, no auditório
do CRQ. Neste dia os coorde-
nadores dos GTs apresenta-
1ª reunião ordinária ram suas propostas referente
a revisão da Portaria 518/04
Foi realizada na sede da
e a coordenadora do VIGIA-
ABES/SP, no dia 9 de março
GUA/CGVAM/MS, Adriana
de 2009. Os assuntos tratados
Cabral, apresentou a propos-
foram:
ta do Ministério da Saúde.
Carta São Paulo e ABES
Nacional; Criação dos grupos de
trabalho para apresentação de
proposta para revisão da Por-
taria 518/04; Aprovação do ca-
lendário de eventos e reuniões
para o ano de 2009; Aprovação
do Regimento Interno da Câma-
ra Técnica de Saúde Pública.
6 Revista ABES-SP
Eventos realizados

Palestras

Plano de Amostragem Responsabilidades no Abastecimento de Água


de Águas Subterrâneas para Consumo Humano – Poder Público, Operador
para Consumo Humano de Sistema e Usuário

A palestra foi rea-


lizada pelo Grupo de
Trabalho Responsabili-
dade, no dia 10 de no-
vembro, na ABIQUIM,
e foi ministrada pelo
Promotor de Justiça
do Meio Ambiente da
Realizada no dia 1º se- Capital - Estado de São
tembro de 2009, ministrada Paulo, Dr. José Eduar-
pelo Professor Dr. Ricardo do Ismael Lutti.
Hirata.

oficinas
Workshop Internacional - Microrganismos Workshop Internacional
indicadores e patogênicos, cianobactérias e Critérios de Qualidade
cianotoxinas: legislação de água de Água para a proteção
para consumo humano da saúde humana e dos
O Grupo de Microbiologia da CTSP realizou o workshop nos organismos aquáticos
dias 15 e 16 de outubro 2009, na CETESB. O evento contou
com a presença do especialista da Agência de Proteção Am-
biental dos Estados Unidos (US-EPA).
Pedro Calado

Evento realizado pela SB-


MCTA – Sociedade Brasileira
de Mutagenese, Carcinogê-
Proposta de Novos Padrões de Potabilidade com nese e Teratogênese Am-
Abordagem nas Responsabilidades, Padrões biental, em conjunto com
Microbiológicos e Padrões Químicos as Sociedades Brasileiras
de Toxicologia (SBTox) e de
Ecotoxicologia (SETAC Br),
o Laboratório de Ecotoxi-
Realizada no cologia e Limnologia (LEAL)
SANASA, no dia 17 da Faculdade de Tecnologia
de dezembro de da UNICAMP entre outras
2009. instituições. Ocorreu de 16 a
20 de novembro de 2009. Os
assuntos tratados subsidia-
ram o GT Químico.
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Entrevista Dante Ragazzi Pauli

A ABES continuará participando


ativamente da revisão das
portarias de consumo de água
8 Revista ABES-SP

Entrevista Dante Ragazzi Pauli

Nesta entrevista, formulada por e-mail, o


presidente da ABES-São Paulo, Dante Ragazzi
Pauli, explica as condições da qualidade de água no
estado, o que é preciso fazer para melhorar as
condições de saneamento e enfatiza a necessidade
de se investir na formação de técnicos, analistas
para as áreas de tratamento e controle da
qualidade da água, aperfeiçoando os mecanismos
de fiscalização já existentes.

Revista ABES – Como está a rios, o excesso de chuva drão de potabilidade?


qualidade da água para con- implica no aumento do Um dos grandes desafios
sumo humano no Estado de consumo de produtos quí- é a formação dos técni-
São Paulo. micos utilizados, devido cos e analistas, tanto para
Dante Ragazzi Pauli – ao aumento das concen- a área de tratamento de
São Paulo, devido ao deu trações de matérias orgâ- água quanto para a área
desenvolvimento tecno- nicas na água. As estações de controle de qualidade.
lógico nas áreas de tra- de tratamento de gran-
tamento e controle da de porte, que em geral Quais os maiores problemas
qualidade da água, é um captam água de grandes enfrentados pelo setor para
mananciais, não cumprir esse padrão?
O momento é de investir na sofrem impactos Para empresas de sane-
formação de técnicos com o aumento amento de grande por-
das chuvas. te não existem muitos
e analistas problemas, porém para
O problema das as empresas de peque-
dos Estados que tem os represas com excesso de no porte um dos maiores
melhores índices de aten- água, por conta das chuvas problemas é a viabilidade
dimento aos padrões de fortes, prejudica o tratamen- econômica na aquisição
potabilidade. to da água para consumo? de materiais e equipa-
Mesmo levando-se em mentos.
Com o excesso de chuvas conta a poluição difusa,
neste verão, como isso com- o excesso de chuvas cola- Já não é hora de endurecer
promete o setor de sanea- bora para a diluição dos a punição contra os maiores
mento e de tratamento de poluentes das águas dos poluidores de água do Brasil
água para consumo? mananciais. e do Estado de São Paulo?
Para as estações de tra- O momento é de inves-
tamento de água de pe- Qual o desafio do setor de tir na formação de técni-
queno porte, que captam saneamento para o cumpri- cos fiscalizadores, “a hora
água bruta de córregos e mento da legislação de pa- de endurecer a punição”
Revista ABES-SP 9

Dante Ragazzi Pauli Entrevista

deve ficar para um segun- dos grandes contribuintes to a perfuração e utilização


do momento. para os sistemas de trata- de poços os quais, depen-
mento de água. dendo de sua utilização,
Como a ABES está partici- acabam se tornando gran-
pando das discussões da Re- A agricultura e pecuária con- des vetores de contamina-
visão da Portaria 518/04? somem quanto de água po- ção das águas do aquífero.
A ABES tem participado tável?
ativamente, tanto na for- A agricultura e pecuária se Qual a situação das represas
mação de fóruns de dis- utilizam de águas de fon- em São Paulo em relação ao
cussões como nas câmaras tes naturais (minas, poços, saneamento e ao abasteci-
técnicas. A Câmara Técnica rios ou represas), não con- mento?
de Saúde Pública tem feito sumindo água potável. Devido às ações ambien-
um trabalho extremamen- tais e educativas, as repre-
te positivo, fomentando a Porque ainda se usa água sas em São Paulo deixaram
discussão entre os diver- potável para
sos setores envolvidos. descargas de A ABES tem participado ativamente
sanitários?
na formação de fóruns de discussão
Qual a resposta da ABES para Um dos
colaborar com o saneamen- motivos é e nas câmaras técnicas
to no quesito atendimento a reade-
ao padrão potabilidade (ou quação dos sistemas hi- de estar na fase de degra-
qualidade da água)? dráulicos das edificações dação e partiram para a
Continuar participando existentes, outro motivo é fase de recuperação.
ativamente das revisões a falta de um padrão legal
das portarias. para a água de reuso. E no Brasil?
Seguem o mesmo cami-
Como está a coleta de esgo- Não seria a hora de pensar- nho.
tos no Brasil e no Estado de mos em utilizar água de reu-
São Paulo? so, talvez em reservatórios à A água que temos é suficien-
Assim como na qualidade parte, para esse fim? te para quantos anos?
da água, o Estado de São Primeiramente, deve-se Vai depender da utilização
Paulo é um dos que está estabelecer uma legisla- que fizermos e do respeito
mais avançado na coleta ção para a água de reuso. ao meio ambiente.
e tratamento de esgotos. De qualquer forma a água
Temos, ainda, grandes de- de reuso será uma impor- Não é hora de punir com mais
safios quando pensamos tante fonte para usos me- rigor pessoas e empresas que
no Brasil como um todo. nos nobres. gastam água em demasia,
como os que lavam calçadas
Essa coleta interfere no pa- O aquífero Guarani, tido em vez de varrer etc.?
drão de potabilidade da como o maior do mundo, Sim, já existem grandes
água para consumo? ainda tem reservas suficien- campanhas neste sentido,
Não interfere no padrão tes ou já está desgastado? agora o que deve ser feito
de potabilidade, mas o O aquífero Guarani ainda é a normalização das le-
afastamento dos esgo- possui grandes reservas. gislações e adequação dos
tos dos mananciais é um Uma preocupação é quan- órgãos fiscalizadores.
10 Revista ABES-SP

Fotos: Pedro Calado

Subsídios para o
Padrão
Microbiológico
Romeu Cantusio Neto e
Elayse Maria Hachich
Coordenadores do Grupo de Trabalho
Microbiológico

Ligia Marino – Companhia de Saneamento do Esta-


do de São Paulo – Sabesp

Luciana Retz de Carvalho – Instituto Botânico de


São Paulo

AUTORES Maria do Carmo Carvalho – Companhia Ambiental


do Estado de São Paulo – CETESB
André Luis Góis Rodrigues – Companhia de Sanea-
mento do Estado de São Paulo – Sabesp Maria do Carmo ST Timenetsky – Instituto Adolfo
Lutz – IAL
Beatriz Brito Viana - Companhia de Saneamento
do Estado de São Paulo – Sabesp Maria Helena Matté – Faculdade de Saúde Pública
da Universidade de São Paulo – FSP-USP
Celina M. Fuchs Muller - Companhia de Sanea-
mento do Estado de São Paulo – Sabesp Maria Inês Z. Sato – Companhia Ambiental do Esta-
do de São Paulo – CETESB
Denise Amazonas Pires - Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo – CETESB Maria Teresa de Paiva Azevedo – BIOALGAS

Dolores Ursula Mehnert - Instituto de Ciências Mark Rodgers - United States Environmental Pro-
Biomédicas da Universidade de São Paulo –ICB-USP tection Agency – USEPA

Elayse Maria Hachich - Companhia Ambiental do Regina Maura B. Franco - Universidade Estadual
Estado de São Paulo – CETESB de Campinas – UNICAMP

José Luiz Negrão Mucci - Faculdade de Saúde Pú- Romeu Cantusio Neto - Sociedade de Abasteci-
blica da Universidade de São Paulo – FSP-USP mento de Água e Saneamento S/A – SANASA
Revista ABES-SP 11

Critérios de qualidade de água para microrganismos

O
GT microbiológico integra quatro subgrupos (indicadores de qualidade microbiológica, protozo-
ários, vírus e cianobactérias/cianotoxinas), sendo constituído por profissionais de Universidades,
Empresas de Saneamento, Institutos das Secretarias de Saúde e Meio Ambiente, entidades de classe
e da Agência Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).
No Brasil, é real a preocupação com a qualidade microbiológica das águas para consumo humano e,
ainda poucas são as empresas de saneamento e laboratórios de pesquisa que realizam estudos com relação à
presença de vírus e protozoários na água captada e tratada para abastecimento público. Será, portanto, pro-
posta a realização de um monitoramento temporário desses agentes patogênicos em amostras de água bruta
superficial destas captações.
Cabe ressaltar que foi feita uma revisão conceitual sobre indicadores (grupo coliformes e bactérias hete-
rotróficas) e o significado quando da ocorrência e abrangência destes nos sistemas de abastecimento de água
tratada, com várias propostas de modificações sugeridas. Também foram propostas alterações para artigos
referentes a cianobactérias e cianotoxinas, e incluídos critérios quantitativos para outras cianotoxinas, além
das microcistinas já existentes na versão atual da lei.
É igualmente uma sugestão do GT Microbiológico elaborar um Manual de Análises Microbiológicas,
com o objetivo de tornar disponível, a todos os laboratórios responsáveis por essas análises, metodologias
recomendadas e padronizadas, mencionadas por instituições de renome internacional, incluindo procedi-
mentos de Controle de Qualidade Analítica, necessários à obtenção de resultados confiáveis e reprodutíveis.
Esse Manual seria emitido juntamente com a nova versão da Portaria.
Um dos desafios, em termos
Pedro Calado

de água para consumo humano, é


relacionar dados ambientais com
os de saúde. Isso permite ter um
uma informação mais completa
sobre a água e avaliar o risco de
algumas enfermidades. Assim,
é preciso que haja uma atuação
conjunta das áreas de meio am-
biente e saúde
Método de trabalho:
O grupo de trabalho micro-
biológico realizou três reuniões
para promover os debates e dis-
cutir os temas relacionados.
12 Revista ABES-SP

Propostas e justificativas dos quatro subgrupos

I – GRUPO: INDICADORES BACTERIOLÓGICOS

PARTICIPANTES
Maria Inês Z. Sato // Maria Helena Matté // Elayse Hachich // Romeu Cantusio Neto
Celina M. Muller Fuchs // Mark Rodgers

Item 1: Eliminar na nova portaria de padrão de potabilidade a contagem de bactérias heterotróficas.


Justificativa Além disso, ela está citada na Edição das Nor-
Bactérias heterotróficas constituem uma ampla mas de Água para Consumo Humano e Alertas em
classe de organismos que utiliza nutrientes orgânicos Saúde (2009) – EPA 822 – R – 09 – 011.
para se desenvolver. A população desta bactéria é Porém, cabe ressaltar que:
medida pela técnica HPC (Standard Methods, 2005). Como indicadores de contaminação no Siste-
Nenhuma evidencia epidemiológica válida re- ma de Distribuição, a EPA (Agencia de proteção
laciona o consumo de altos níveis de bactérias hete- Ambiental Americana – USEPA - United States
rotróficas em águas destinadas ao consumo huma- Environmental Protection Agency) concluiu que
no com aumento de riscos para a saúde (Leclerc, aumentos nos níveis dessas HPC não estão direta-
2002). mente relacionados com o aumento da contamina-
Porém, a contagem de bactérias heterotróficas ção fecal (EPA, 2006).
pode ser útil para o controle de qualidade do sis- Para efeito de saúde pública, pesquisas suge-
tema de distribuição de água, a fim de (Reasoner, rem que bactérias heterotróficas não são indicadores
1990): apropriados para surtos de doenças disseminadas
l Monitoramento da eficiência do processo de pela água ou riscos de doenças endêmicas (WHO,
tratamento. 2002, 2003a; Allen et al., 2004; EPA, 2006).
l Avaliar alterações na qualidade da água tra- Desta forma, como o objetivo é avaliar a quali-
tada e condições higiênico-sanitárias nos sistemas dade da água para consumo humano através de in-
de distribuição. dicadores bacteriológicos de contaminação fecal, à
l Monitoramento na água tratada final contagem de HPC não é adequada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APHA. 2005. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 21th Edition. Washingtong, DC.
Leclerc, H. April 22-24, 2002. Relationships Between Bactéria and Pathogens inDrinking Water. NSF International/
WHO Symposium on HPC Bacteria in Drinking Water: Public Health Implications? Geneva, Switzerland.
Reasoner, D. 1990. Monitoring Heterotrophic Bacteria in Portable Water. Drinking Water Microbiology-Progress and
Recent Developments. G.A. McFeters, Springer-Verlag, Inc. New York, NY. Chapter 22. p. 452-477.
USEPA. 2006. Total Coliform Rule and Potential Revisions and Distribution System Requirements.
http://www.epa.gov/safewater/tcr/tcr.html. Accessed: 10/20/2006
World Health Organization. 2003a. Heterotrophic Plate Counts and Drinking Water Safety: The Significance oh HPCs
for Water Quality and Hunan Health. Geneva, Switzerland.
World Health Organization. April 24-25, 2002. Heterotrophic Plate Count Measurement in Drinking Water Safety
Management. Report an Expert Meeting. WHO/SDE/WSH/02.10 Geneva, Switzerland.
Allen, M. S. C. Edberg, and D. J. Reasoner. 2004. Heterotrophic Plate Count (HPC) Bacteria – What is Their
Significance in Drinking Water? International Journal of Food Microbiology 92(3):265-74.

Item 2: Tirar da tabela de critérios microbiológicos os 5% positivos para Coliformes Totais


(sistemas que analisam mais de 40 amostras) e 1 amostra positiva para Coliformes Totais para
sistemas que analisam pelo menos 40 amostras. Desta forma esses sistemas deverão realizar uma
investigação de nível 1 e de nível 2, respectivamente, quando esses valores forem ultrapassados.

Justificativa: Trata-se de medida efetiva para Investigação Nível 1 (auto-avaliação): Realiza-


solucionar uma falha operacional ou de outra natu- da pelos próprios funcionários da ETA objetivando
reza causadora da ocorrência de coliformes na água encontrar falhas que possam ter causado a ocorrên-
tratada. cia dos coliformes na água tratada.
Revista ABES-SP 13

Investigação de Nível 2: Se o problema de se caso ela é realizada por profissionais externos


ocorrência dos coliformes na água tratada persis- à ETA (operadores certificados com mais de dois
tir, a investigação nível 2 deve ser realizada. Nes- anos de experiência).

Item 3: Substituir o critério de qualidade da água de consumo humano “coliformes ter-


motolerantes” pelo critério Escherichia coli.
Justificativa Vantagens
E. coli, única bactéria do grupo coliforme que Métodos analíticos são simples, confiáveis, ba-
teria origem fecal exclusiva, é considerada um dos ratos e geram resultados dentro de 24 a 48 horas
indicadores mais seguros para o risco de doença (Brenner et al., 1993).
gastrointestinal, em comparação com coliformes l E. coli está estreitamente associada com
termotolerantes ou estreptococos fecais. Strauss e contaminação fecal recente e é encontrada em altas
colaboradores (2001) sugerem que E.coli é um indi- concentrações em esgotos (Cabelli, 1977).
cador mais seguro do que coliformes termotoleran- l E. coli é extremamente sensível à desinfec-
tes, pois é mais específica para contaminação fecal ção e sua presença indica a principal deficiência no
do que a categoria geral dos coliformes termotole- sistema de distribuição (Noble et al., 2004).
rantes, que compreende múltiplas espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Strauss, B., W. King, A. Ley, and J.R. Hoey. 2001. A Prospective Study of Rural Drinking Water Quality and Acute
Gastrointestinal Ilness BMC Public Health 1:8.
Brenner, K.P., C.C. Rankin, Y.R. Roybal, G. N. Stelma, Jr, P. V. Scarpino, and A.P. Dufor. 1993. New Medium for the
Simultaneous Detection of Total Coliforms and Escherichia coli in Applied & Environmental Microbiology 59(11):3534-3544
Cabelli, V. J. 1977, Indicators of Recreational Water Qulaity. P.222-238. In A. W. Hoaley, and B. J. Dutka, (Eds), Bacterial
Indicators/Health Hazards Associated with Water. American Society for Testing and Materials, ASTM STP 635.
Noble, R. T., I. M. Lee, and K. C. Schiff. 2004. Inactivation of Indicator Micro-organisms from Various Sources of Faecal
Contamination in Seawater and Freshwater. Journal of Applied Microbiology 96(3):464-72.

Item 4: Elaborar nota sobre caldos turvos sem ácido ou gás; membranas com confluên-
cias sem brilho metálico: deve-se fazer RECOLETA.
Justificativa 1972). Estudos experimentais também demonstraram
Altas densidades de bactérias heterotróficas podem que altos níveis de bactérias heterotróficas podem com-
interferir nas análises de coliformes totais em meios de petir com organismos coliformes totais por baixos ní-
cultura a base de lactose (Geldreich e colaboradores, veis de nutrientes (Lechevallier e McFeters, 1985).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Geldreich, E. E., H. D. Nash, D. J. Reasoner, and R. H. Taylor. 1972. The Necessity of Controlling Bacterial
Populations in Portable Waters: Community Water Supply. Journal of American Water Works Association 64:596-602.
Lechevallier, M. W., and G. A. McFeters. 1985. Interactions between Heterotrophic Plate Count Bacteria and
Coliform Organisms. Application in Environment Microbiology 49:1338-1341.

Item 5: Para amostras individuais o resultado para fins de potabilidade é ausência de


Coliformes Totais.

Justificativa o que indica sério problema higiênico. Além disso,


Uma vez que o critério adotado para essas não é possível garantir que “a origem da ocorrência
amostras individuais refere-se unicamente à pre- será investigada, que providências imediatas de ca-
sença de coliformes totais (que pode ser tolerada) ráter corretivo e preventivo serão tomadas e novas
poderá ser considerada potável uma amostra que análises serão realizadas”, conforme menciona o
contenha elevados níveis desses microrganismos, parágrafo 9 do artigo 11 na versão atual da Portaria.
14 Revista ABES-SP

Item 6: Manual de instruções/qualidade


Justificativa mendadas e padronizadas mencionadas por instituições
A elaboração do Manual tem por objetivo tornar de renome internacional, incluindo procedimentos de
disponível a todos os laboratórios responsáveis por es- Controle de Qualidade Analítica, necessários à obten-
sas análises, em língua portuguesa, metodologias reco- ção de resultados confiáveis e reprodutíveis.

II – GRUPO PROTOZOÁRIOS

PARTICIPANTES
Maria Inês Z. Sato // Maria Helena Matté // Elayse Hachich // Romeu Cantusio Neto
Celina M. Muller Fuchs // Mark Rodgers // Regina M. Bueno Franco

Item 7: Grandes sistemas devem realizar e custear o monitoramento temporário de


Cryptosporidium spp. e Giardia spp. por 24 meses com 1 amostra ao mês, em mananciais. O
Ministério da Saúde deverá assumir essa atividade para pequenos sistemas (Laboratórios de
Referência). O prazo de dois anos é o proposto para o início desse monitoramento.

Justificativa escasso (HELLER, 2004).


As doenças de veiculação hídrica, sobretu- Além disso, na versão atual da Portaria 518
do aquelas causadas por protozoários intestinais, a análise desses protozoários já aparece como re-
emergiram como um dos principais problemas de comendação, sendo assim oportuna para a nova
Saúde Pública nos últimos 25 anos. Após 1980, versão a realização obrigatória do monitoramento
os protozoários parasitas Cryptosporidium spp. e temporário, objetivando um conhecimento da ocor-
Giardia spp. tem se destacado como os principais rência desses parasitas em águas brutas destinadas a
contaminantes associados à veiculação hídrica: captação para consumo humano de forma a permi-
no mínimo, 325 surtos epidêmicos associados aos tir a escolha mais criteriosa do ponto de captação,
protozoários parasitas e transmitidos pela água fo- otimização dos processos de tratamento e estabe-
ram reportados, globalmente (FRANCO, 2007). lecimento da Análise Quantitativa de Risco Micro-
Embora a presença de protozoários em águas para biológico.
consumo humano revele-se como um importante Deve-se acrescentar que regulamentação tem-
problema de Saúde Pública em diversos países, o porária semelhante foi instituída nos Estados Uni-
conhecimento sobre esses riscos, no Brasil, ainda é dos com objetivos semelhantes (USEPA 1996).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCO, R.M.B. Protozoários de veiculação hídrica: relevância em Saúde Pública. Rev Panam Infectol, 9(4): 36-43. 2007.
HELLER, L. et al. Oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia: circulação no ambiente e riscos à saúde humana.
Epidemiologia & Serviços de Saúde. 2004; 13:79-92.
United States Environmental Protection Agency (USEPA) 1996. National Primary Drinking Water Regulations: Monitoring
Requirements for Public Drinking Water Supplies; Final Rule. 40 CFR Part 141. May 14, 1996.

Item 8: Elaborar um Manual de Análises Microbiológicas incluindo coletas e análises


de indicadores de contaminação fecal, Giardia e Cryptosporidium enterovírus, cianobactérias
e cianotoxinas.

Justificativa
A elaboração do Manual tem por objetivo tor- por instituições de renome internacional, incluindo
nar disponível a todos os laboratórios responsáveis procedimentos de Controle de Qualidade Analítica,
por essas análises, em língua portuguesa, metodo- necessários à obtenção de resultados confiáveis e
logias recomendadas e padronizadas mencionadas reprodutíveis.
Revista ABES-SP 15

III – GRUPO CIANOBACTÉRIAS/CIANOTOXINAS

PARTICIPANTES
Luciana Retz de Carvalho // Elayse Maria Hachich // Romeu Cantusio Neto // Celina M. Muller
Fuchs // José Luiz Negrão Nucci // Mark Rodgers // Beatriz Brito Viana // Denise Amazonas Pires
Ligia Marino // Maria Inês Zanoli Sato // Maria do Carmo Carvalho // Maria Tereza de P. Azevedo

Item 9: Excluir bioensaios em camundongo e colocar “ensaios toxicológicos”.

Justificativa em água tratada (água na saída do tratamento e nas


Considerando que para obtenção dos resulta- entradas (hidrômetros) das clínicas de hemodiálise
dos de bioensaios em camundongos são necessários e indústrias de injetáveis sempre que o número de
em média até 10 dias, não tem significado associar cianobactérias na água do manancial, no ponto de
a exigência do monitoramento semanal da água tra- captação, exceder 20.000 células/mL ou 2mm3/L.
tada aos resultados desses bioensaios em água bru- l Exigência de análise de cianotoxinas em água
ta. O grupo sugere a aplicação de ensaios químicos bruta (para orientar processo de tratamento) sempre
e imunológicos que além de não requerer o uso de que o número de cianobactérias na água do manancial,
animais são mais rápidos e sensíveis. no ponto de captação, exceder 20.000 células/mL ou
Dessa forma o grupo propôs duas alternativas 2mm3/L de biovolume, e se o resultado for positivo
de mudança para o parágrafo 5 do Artigo 18 a ser será exigida também a análise de cianotoxinas na água
levada para discussão em nível federal: na saída do tratamento e nas entradas (hidrômetros)
l Exigência de análise de cianotoxinas apenas das clínicas de hemodiálise e indústrias de injetáveis.

Item 10: Não necessidade de rastrear/contagem em amostras de água tratada.

Justificativa água tratada e essa situação é rara e deve ser


Excluído esse item da discussão. A Portaria tratada como investigação e não critério de
já não solicita a pesquisa de cianobactérias em qualidade.

Item 11: Métodos de contagem: apesar de ter sido consensual anteriormente que o mé-
todo seria contagem por uthermol (norma CETESB), também foi inserido novamente o bio-
volume no Standard Methods-SM.

Justificativa no Brasil (Domingos et. al 1999).


A Portaria atual não menciona o método a ser Com relação ao Artigo 17 o grupo sugere a
empregado. Há um entendimento no grupo que o mudança da redação para:
Uthermöl é o método de escolha, mas que os de- As metodologias analíticas para determinação
mais não podem ser excluídos conforme conside- dos parâmetros físicos, químicos microbiológicos,
rações abaixo. parasitológicos e radiológicos devem atender às es-
Existem vários métodos de contagem descritos pecificações das edições mais recentes de publica-
na literatura (Chorus & Bartram, 1999). Entretan- ções das seguintes instituições: APHA (American
to, o método de sedimentação é amplamente aceito Public Health Association, ISO (International Stan-
e considerado como um dos mais confiáveis, po- dardization Organization), USEPA (United States
rém este método é mais demorado. Outros méto- Environmental Protection Agency ) WHO (World
dos mais rápidos são também citados na literatura Health Organization) ou de outras Instituições re-
como, por exemplo, os de centrifugação e filtração. conhecidas internacionalmente.
Entretanto, estes métodos não são precisos e células Parágrafo 1º – Os ensaios microbiológicos,
de menores dimensões (como, por exemplo, o Pico- parasitológicos e de cianobactérias e cianotoxinas
plâncton: <3µm) podem ser desprezadas durante a devem seguir as metodologias estabelecidas no
análise. Ressalta-se que já existem relatos de produ- Manual Técnico a ser elaborado pelo Ministério da
ção de toxinas por cianobactérias picoplanctônicas Saúde para atendimento dessa Portaria.
16 Revista ABES-SP

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Domingos et al. 1999. First report of microcystin production by pikoplanctonic cyanobacteria isolated from a Northeast
Brazilian drinking water supply. Environmental Toxicology 14: 31-35.

Item 12: Manter microcistinas na mesma concentração e exigir: saxitoxinas (3µg/L).


Justificativa água do manancial, no ponto de captação exceder
Considerando que as análises de cianotoxinas 20.000 células/mL ou 2mm3/L de biovolume, du-
só devem ser realizadas nas amostras de água tra- rante o monitoramento que trata o parágrafo 1º do
tada quando a contagem de células exceder 20.000 artigo 19, será exigida a análise de cianotoxinas na
células/mL ou 2mm3/L sugere-se que o padrão seja água bruta e se o resultado for positivo será exigida
colocado em um artigo separado logo após o Artigo também a análise de cianotoxinas na água na saí-
14, trazendo o conteúdo do Parágrafo 5º do Artigo da do tratamento e nas entradas (hidrômetros) das
18 para esse novo parágrafo (ver ítem10). clínicas de hemodiálise e indústrias de injetáveis.”
Redação do novo parágrafo (lembrar que exis- 1º Parágrafo do Novo Artigo:
tem duas propostas para esse item): O valor máximo permitido de microcistinas na
“Sempre que o número de cianobactérias na água tratada é de 1,0 µg/L. São aceitáveis concen-
água do manancial, no ponto de captação exceder trações máximas de 10 µg/L de microcistinas em
20.000 células/mL ou 2mm3/L de biovolume, du- até 3 amostras, consecutivas ou não, nas análises
rante o monitoramento que trata o parágrafo 1º do realizadas nos últimos 12 (doze) meses.
artigo 19, deverá ser realizada análise semanal de 2º parágrafo do Novo Artigo:
cianotoxinas na saída do tratamento e nas entradas Recomenda-se que as análises para cianotoxinas
(hidrômetros) das clínicas de.hemodiálise e indús- incluam a determinação de cilindrospermopsina e sa-
trias de injetáveis”; ou xitoxinas, observando, respectivamente, os valores li-
“Sempre que o número de cianobactérias na mites de 15,0 µg/L e 3,0 µg/L de equivalentes STX/L.

Item 13: Recomendar 1 µg/L para βMetil Alanina.

Justificativa Em caso de ocorrência de floração de, por exemplo,


Sugere-se a inserção de mais um parágrafo no Microcystis aeruginosa, que pode sintetizar micro-
novo artigo de Cianobactérias e Cianotoxinas reco- cistinas e também esse aminoácido, porque é neces-
mendando o monitoramento da β metilamino- ala- sário analisar microcistinas mas não β metilamino
nina sem estabelecer limites. alanina?
Os efeitos crônicos da β-metilamino- alanina já Já existem, em alguns documentos, a sugestão
estão amplamente documentados na literatura (Rao para que se analise o β-metilamino alanina (Papape-
et al., 2006; Lobner et al., 2007; Pablo et al., 2009; tropoulos, 2007: Lobner, 2007; Ince, 2005) . A aná-
Papapetropoulos, et al., 2007); também já está bem lise dessa substância pode ser feita por métodos eco-
documentada sua presença em uma quantidade nômicos e o seu padrão é bastante acessível (barato
apreciável de espécies (Cox et al., 2005; Banach et e vendido por inúmeras empresas, pois não é con-
al., 2007; Esterhuizen et al., 2008) trolado). Exemplo - Item B107- 10mG Catálogo da
Como acontece com qualquer outra cianotoxi- Sigma) (Kubo et al., 2008; Cox et al., 2005; Vega
na, esse aminoácido é liberado para a água, quan- & Bell, 1967). Portanto, recomenda-se a análise da
do ocorre a lise das células (Metcalf et al., 2008). β-metilamino alanina, porém sem estabelecer limites.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Banach, S.A., Johnson, H.E., Cheng, R. & Cox, P.A. 2007. Production of the neurotoxin BMAA by a marine cyanobac
terium. Mar. Drugs. 5: 180-196.
Cox, P.A., Banack, S.A., Murch, S.J., Rasmussen, u., Tien, g., Bidigare, R.R., Metcalf, J.S., Morrison, l.F., codd, G.A. &
Bergman, B. 2005. Diverse taxa of cyanobacteria produce β-N-methylamino-L-aminoalanine, a neurotoxic amino
acid.
PNAS 102(140): 5074-5078.
Esterhuizen, M. 7 Downing, T.G. 2008. Β-N-methylamino-L-alanine (BMAA) in novel South African Cyanobacte
rial isolates. Ecotoxicology and Environmental Safety 71 309-313.
Ince, P.G. & Codd, G.A. 2005. Return of the cycad hypothesis – does the amyotrophic lateral sclerosis/parkinsonism
Revista ABES-SP 17

dementia complex (ALS/PDC) of Guam have new implications for global health? Neuropathology and applied
Neurobiology 31: 345-353.
Lobner, D., Piana, P.M.T., Salous, A.K. & Peoples, R.W. 2007. Β-N-methylamino-L-alanine enhances neurotoxicity
through multiple mechanism. Neurobiology of Disease 25: 360-366;
Metcalf, J.S., Banack, S.A., Lindsay, J., Morrison, L.F., Cox, p.A. & Codd, G.c. 2008. Co-occurrence of
β-N-methylamino-L-alanine, a neurotoxic amino acid with other cyanobacterial toxins in British waterbodies, 1990-
2004. Environmental Microbiology 10(3): 702-708).
Pablo, J., Banack, S.A., Cox, P.A., Johnson, T.E., Papapetropoulos, S., Bradley, W.G., Buck, A. & Mash, D.C. 2009.
Cyanobacterial neurotoxin BMAA in ALS and Alzheimer’s disease. Acta Neurologica Scandinavica 1-7.
Papapetropoulos, S. 2007. Is there a role for naturally occurring cyanobacterial toxins in neurodegeneration? The
beta- N-methylamino-l-alanine (BMAA) paradigm. Neurochemistry international 50: 998-1003.
Rao, S.D., Banack, S.A., Cox, P.A. & Weiss, J.H. 2006. BMAA selectively injures motor neurons via AMPA/kainite
receptor activation. Experimental neurology 201: 244-252.

Item 14: Recomendar 10 µg/L para Anatoxina a(s).


Justificativa
O grupo decidiu retirar essa proposta de reco- degradáveis pela luz solar e a também por bactérias
mendação considerando que essas substâncias são presentes nos sistemas de tratamento.

Item 15: Recomendar 1 µg/L para Cilindrospermopsina.


Justificativa amostra de carvão ativado do sistema de tratamento
O grupo decidiu retirar a proposta de reduzir o de água da clínica de hemodiálise da cidade de Ca-
limite recomendado para cilindrospermopsina, con- ruaru, PE.
siderando que essa toxina não tem sido isolada no Segundo o Guia da OMS (Chorus; Bartram,
Brasil. Entretanto entendemos que devemos estar 1999), não existem dados suficientes para se es-
alertas a esse valor uma vez que a Austrália já pos- tabelecer um limite máximo admissível (LMA)
sui dados de avaliação de risco sugerindo critérios para cilindrospermopsina em água para consumo
mais baixos. humano. O valor utilizado na Portaria 518/04 de
A produção de cilindrospermopsina já foi 15,0 μg.L-1 foi sugerido por Shaw et al (2000).
documentada para espécies dos gêneros Cylin- Um estudo mais recente, baseado em toxicidade
drospermopsis, Aphanizomenon, Raphidiopsis, por via oral em doses subcrônicas para camundon-
Microcystis, Anabaena (atualmente chamada de gos, levou Humpage & Falconer (2003) a proporem
Dolychospermum) e Lyngbya, cianobactérias co- 1,0 μg.L-1 como LMA de cilindrospermopsina em
mumente encontradas no Brasil. água potável. Esse valor já foi adotado no Guide-
De acordo com Molica (2009), a cilindrosper- lines for Drinking-water Quality Management da
mopsina foi registrada no Brasil apenas em uma Nova Zelândia, revisto em 2008.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Molica R; Azevedo S (2009). Ecofisiologia de cianobactérias produtoras de cianotoxinas. Oecol. Bras. 13(2):229-246.
Chorus I, Bartram J (1999). Toxic Cyanobacteria in water. A guide to their public health consequences, monitoring
and management. E & FN SPON, New York, 416p.
Shaw G, Seawright A, Shahin M, Senogles P, Mueller J, Moore M (2000). The cyanobacterial toxin cylindrospermop
sin: Human health risk assessment. Pp 56. In: 9th Internacional Conference on Harmful Algal Blooms, Hobart, Australia. 518p.
Humpage AR; Falconer Ir (2003). Oral toxicity of the cyanobacterial toxin cylindrospermopsin in male Swiss Albino
mice: determination of No Observed Adverse Effect Level for deriving a drinking water guideline value.
Environmental Toxicology, 18:94-103.

Item 16: Retirar microcistinas da Tabela 3 e acrescentar um parágrafo solicitando a


necessidade de análise quando o número de células de cianobactérias atingir o limite determi-
nado na água bruta para a captação.
Justificativa bilidade, mas somente quando o número de células de
As microcistinas não devem ser incluídas na cianobactérias atingir o limite determinado. O padrão
Tabela 3, pois não são substâncias químicas a serem 1,0µg/L mencionado na Tabela 3 será transferido para
analisadas sempre para atender a um Padrão de Pota- o artigo (ou parágrafo) que tratar desse assunto.
18 Revista ABES-SP

Item 17: Considerar o picoplancton.

Justificativa
Ver item 12

Item 18: Fazer padronização do métodos de coleta.


Justificativa características ambientais nas diferentes épocas do ano;
O procedimento de coleta para análises micro- - Horário da coleta e direção do vento (várias
biológicas, parasitológicas, de cianobactérias e de espécies de cianobactérias apresentam aerótopos (ve-
cianotoxinas deve também fazer parte do Manual sículas de gás) que fazem com que elas flutuem e se
Técnico a ser elaborado pelo Ministério da Saúde posicionem em diferentes profundidades na coluna
para atender a presente Legislação. d´água). É fundamental a obtenção de amostras re-
No que diz respeito às coletas para análise de presentativas da comunidade, seja utilizando apare-
cianobactérias e cianotoxinas serão considerados lhos sofisticados ou adaptando recursos mais simples.
os seguintes aspectos: Para amostragem visando análise quantitativa,
A adoção de técnicas apropriadas de coleta cons- geralmente utilizam-se equipamentos como garrafas
titui um dos requisitos básicos em estudos quantita- (também podem ser utilizar baldes ou frascos de vidro).
tivos e qualitativos das cianobactérias, não havendo É importante ressaltar também que a contagem
regras gerais para a escolha e, portanto, o planeja- de cianobactérias e suas células devem ser feitas com
mento e a metodologia de coleta irão depender dos a amostra preservada, preferencialmente até 24 horas
objetivos a serem alcançados, do esforço requerido após a coleta, e as amostras vivas devem ser mantidas
e das condições espaciais locais. Entretanto, alguns no escuro e refrigeradas (Furtado et al., 2009).
aspectos deverão ser sempre levados em conta: CIANOTOXINAS:
- A partir de amostras com altas densidades de
CIANOBACTÉRIAS: cianobactérias, filtra-se a amostra, e procede-se a
- As condições dos corpos hídricos não são extração das toxinas conforme Silva-Stenico et al.
normalmente estáveis e resultam em variações na (2009), utilizando tanto o material filtrado, quanto o
distribuição vertical e horizontal dos organismos; retido no filtro. Para amostras ambientais utiliza-se
- A frequência e aspectos temporais relacionados às o procedimento descrito em Fiore et al. (2009).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Furtado, A.L.F.F.; Calijuri, M.C.; Lorenzi, A.S.; Honda, R.Y.; Genuário, D.B.; Fiore, M.F. (2009) Morphological and
molecular characterization of cyanobacteria from a Brazilian facultative wastewater stabilization pond and evaluation
of microcystin production. Hydrobiologia 627:195–209.
Silva-Stenico ME, Cantúsio Neto R, Alves IR, Moraes LAB, Shishido TK, Fiore MF. (2009) Hepatotoxin microcystin-
LR extraction optimizing. J Braz Chem Soc, 20:535-542.
Fiore MF, Genuário DB, da Silva CSP, Shishido TK, Moraes LAB, Cantúsio Neto R, Silva-Stenico ME (2009)
Microcystin production by a freshwater spring cyanobacterium of the genus Fischerella. Toxicon, 53:754-761.

Item 19: Acrescentar kits rápidos validados


Justificativa: deve trazer informação para seleção de kits comer-
O Manual Técnico do Ministério da Saúde já ciais para os ensaios imunológicos.
Revista ABES-SP 19

IV – GRUPO VÍRUS

PARTICIPANTES
Maria Inês Z. Sato // Dolores Ursula Mehnert // Elayse Maria Hachich // Romeu Cantusio Neto //
Celina M. Muller Fuchs // Mark Rodgers // Maria do Carmo S. Timenetsky // Beatriz Brito Viana //
Andre Gois

Item 20: Analisar vírus entéricos (por questões metodológicas, há necessidade de se


definir os gêneros) e os grandes sistemas devem realizar e custear o monitoramento tempo-
rário por 24 meses com 1 amostra ao mês, em mananciais. Prazo de 2 anos para início do
monitoramento.

Justificativa dium, a versão atual da Portaria 518 recomenda sua


A contaminação das águas superficiais e sub- análise , sendo assim oportuna para a nova versão
terrâneas por vírus entéricos tem sido uma preo- a realização obrigatória do monitoramento tempo-
cupação constante das autoridades sanitárias e de rário, objetivando um conhecimento da ocorrência
proteção ambiental, e tem recebido atenção espe- desses vírus em águas brutas destinadas a captação
cial devido ao risco que estes microrganismos re- para consumo humano de forma a permitir a esco-
presentam para a saúde pública. Existem cerca de lha mais criteriosa do ponto de captação, otimiza-
100 tipos diferentes de vírus entéricos, todos con- ção dos processos de tratamento e estabelecimento
siderados patogênicos para o homem. Sua concen- da Análise Quantitativa de Risco Microbiológico.
tração nas águas residuárias pode atingir 10.000 – Deve-se acrescentar que regulamentação tem-
100.000/L e eles podem sobreviver por meses na porária semelhante foi instituída nos Estados Uni-
água e solo, contaminando as águas captadas para dos com objetivos semelhantes (USEPA 1996).
consumo humano. O Ministério da Saúde deverá assumir essa ati-
Os vírus entéricos incluem importantes gêne- vidade para pequenos sistemas, uma vez que se trata
ros de vírus de relevância em Saúde Pública, como de análises complexas e dispendiosas. Além disso,
os enterovírus, rotavírus, norovírus, adenovírus e um laboratório de referência do Ministério atuaria
vírus da hepatite A e E, de transmissão fecal-oral. dando capacitação e suporte para os laboratórios de
Para alguns desses gêneros está bem estabelecida referência e instituições para essas análises.
a importância da água de consumo humano, bem Uma das alternativas propostas é que a con-
como alimentos contaminados em surtos (WHO centração da amostra ambiental seja realizada pela
2004). Uma das principais dificuldades de estabele- própria empresa de saneamento. Após essa concen-
cer-se essa relação é a insuficiência de dados sobre tração, as amostras seriam encaminhadas para insti-
ocorrência desses agentes em amostras ambientais tuições capacitadas para a detecção (requer o uso de
(Wyn-Jones & Sellwood 2001). Similarmente aos culturas) – USP, UNICAMP, CETESB, IAL ETC.
protozoários patogênicos Giardia e Cryptospori-

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2004 Guidelines for drinking water quality.Volume 1. Recommendations. 3rd
ed. World Health Organization. Genebra..[http//www.who.int/water_sanitation_health/dwq/guidelines/en/index.html].
Acesso em 13 de julho de 2009.
Wyn Jones AP, Selwood J. 2001. Enteric viruses in the environment. J. Appl. Microbiol. 91:945-62.
United States Environmental Protection Agency (USEPA) 1996. National Primary Drinking Water Regulations:
Monitoring Requirements for Public Drinking Water Supplies; Final Rule. 40 CFR Part 141. May 14, 1996.
20 Revista ABES-SP

Subsídios para o
Padrão Químico
Gisela de Aragão Umbuzeiro e
Patrícia Ferreira Silvério
Coordenadoras do Grupo de Trabalho
Químico

Química – IV Região – CRQ-IV


Luiz Di Bernardo - Hidrosan Engenharia SS Ltda.
Márcia Moribe - Companhia de Saneamento do Es-
AUTORES
tado de São Paulo – Sabesp
Amanda Clemente Naldi - Conselho Regional de
Maria Aparecida Faustino Pires - Instituto de Pes-
Química – IV Região – CRQ-IV
quisas Energéticas e Nucleares – IPEN
Bernardo Arantes Nascimento Teixeira - Universi-
Maria Inês Zanoli Sato - Companhia Ambiental do
dade Federal de São Carlos – UFSCAR
Estado de São Paulo – CETESB
José Roberto Coppini Blum - Faculdade de Saúde
Marycel Cotrim - Instituto de Pesquisas Energéti-
Pública da Universidade de São Paulo – FSP-USP
cas e Nucleares – IPEN
Ruben Bresaola Junior - Faculdade de Engenharia
Murilo Damato - Faculdade de Saúde Pública da
Civil, Arquitetura e Urbanismo – FEC-UNICAMP
Universidade de São Paulo – FSP-USP
Marcia Ohba - Companhia Ambiental do Estado de
Patrícia Ferreira Silvério - Consultoria Paulista de
São Paulo – CETESB
Estudos Ambientais – CPEA
Cleber Elieser Ribeiro Salvi - Associação Brasilei-
Paula de Novaes Sarcinelli - Fundação Oswaldo
ra das Concessiónarias Privadas dos Serviços Públi-
Cruz – FIOCRUZ
cos de Água e Esgoto – ABCON
Paulo Fernando Fonseca Castagnari - Associação
Cristina Gonçalves - Consultoria Paulista de Estu-
Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados
dos Ambientais – CPEA
– ABICLOR
Daniella Palma de Oliveira - Faculdade de Ciên-
Pedro Antonio Zagatto - Conselho Regional de
cias Farmacêuticas de Ribeirão Preto – FCFRP-USP
Química – IV Região – CRQ-IV
Fabiana Aparecida Silva Lima - Companhia de Sa-
Regina Monteiro - Centro de Energia Nuclear na
neamento do Estado de São Paulo – Sabesp
Agricultura – USP
Fabio Kummrow - Universidade Federal de Alfe-
Roseane Maria Garcia Lopes de Souza - Associa-
nas – UNIFAL-MG
ção Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
Ivânio Rodrigues Alves - Sociedade de Abasteci-
– ABES, Seção São Paulo
mento de Água e Saneamento S/A – SANASA
Rubia Kuno - Companhia Ambiental do Estado de
Gabriela Sá Leitão de Mello - Companhia Ambien-
São Paulo – CETESB
tal do Estado de São Paulo – CETESB
Silvia Berlanga de Barros - Faculdade de Ciências
Gilson Spranemberg - Associação Brasileira da In-
Farmacêuticas – USP
dústria Química – ABIQUIM
Tânia Rita Gritti Ferraretto - Departamento de
Gisela de Aragão Umbuzeiro - Faculdade de Tec-
Água e Esgoto de Jundiaí – DAE – Jundiaí
nologia – FT/UNICAMP
Maria Tominaga - Companhia Ambiental do Estado
Humberto Crivelaro - Departamento de Água e Es-
de São Paulo – CETESB
goto – DAE Sumaré
André Luis Gois Rodrigues - Companhia de Sanea-
José Eduardo Gobbi - Associação Brasileira da In-
mento do Estado de São Paulo – Sabesp
dústria Química – ABIQUIM
Khalil Ferna - Associação Brasileira da Indústria
Kleber Vasconcelos Amedi - Conselho Regional de
Química – ABIQUIM
Revista ABES-SP 21

Critérios de qualidade de água


para substâncias químicas

A
Considerações iniciais
s substâncias químicas para as quais se estabelecem critérios de qualidade de água são aquelas que
têm probabilidade de ocorrência no país ou região e são capazes de causar efeitos adversos ou des-
conforto aos seres vivos. Estas substâncias podem estar presentes na água devido a características
geológicas (naturais) ou por fontes de contaminação. A derivação desses critérios depende da informação
obtida em ensaios toxicológicos adotada pelo país chamado de Ingresso Diário Tolerável (TDI) ou Dose de
Referência (RfD) e do cenário de exposição, como peso corpóreo, consumo de água, porcentagem de ingres-
so via água. Também é necessário considerar a viabilidade técnica e econômica de se quantificar quimica-
mente a substância na água bem como de removê-la aos níveis desejados. Os critérios são transformados em
padrões legais após análise dos gestores públicos.
A TDI ou RfD, que nada mais é do que a quantidade que pode ingressar no organismo na qual não se
espera a ocorrência de efeito adverso, expressa em mg de substância por Kg de peso por dia (mg/Kg/dia). Ela
é calculada utilizando a informação existente sobre a toxicidade da substância – expressa normalmente em
Nível de efeito adverso não observado (NOAEL). O NOAEL é obtido através de experimentos com animais
e dados epidemiológicos, quando disponíveis.
Esse valor é dividido por fatores de incerteza os quais são escolhidos em função da qualidade dos dados
disponíveis e variabilidade da resposta inter e intra-espécie, entre outras incertezas. Esses fatores variam
usualmente de 10 a 1000, são definidos caso a caso e requerem o julgamento científico de um grupo de es-
pecialistas.
Os critérios de qualidade de água são geralmente calculados multiplicando-se então a TDI pelo peso cor-
póreo considerado e pela fração ou porcentagem da TDI associada ao uso da água, divididos pelo consumo
de água diário adotado.

Método de trabalho países, incluindo consultas a especialistas estran-


Foram formados três subgrupos, que tiveram geiros, de forma a apresentar um documento técni-
objetivos específicos e enviaram suas contribuições co completo que auxilie a equipe do Ministério da
de forma independente discutindo e pesquisando a Saúde na revisão da Portaria 518/2004.
literatura pertinente:
1) Toxicológico, sob coordenação da Dra. Ru- Resultados
bia Kuno da CETESB, cujo objetivo foi verificar os Os resultados foram apresentados de acordo
padrões de qualidade das substâncias propostas de com as discussões feitas no grupo. Foram apresen-
forma crítica e propor um critério a ser adotado pelo tados dados, discussões e justificativas das propos-
Brasil com base no cenário de exposição da OMS. tas de inclusão de novos parâmetros e de melhorias.
2) Químico, sob coordenação de. Cristina 1) Contaminantes emergentes e/ou não legis-
Gonçalves da CPEA, com objetivo de levantar da- lados
dos sobre métodos analíticos dos compostos con- Existe hoje uma grande preocupação com os
siderados prioritários e fornecer propostas para fármacos, drogas ilícitas e interferentes endócrinos
melhoria da qualidade analítica referente ao atendi- presentes na água potável. Como ainda não existe,
mento da portaria. na literatura científica, dados toxicológicos sufi-
3) Empresas fornecedoras de água, sob coor- cientes para derivação de padrões de potabilidade,
denação de André Gois da SABESP, com objetivo sugere-se que sejam intensificadas ações no sentido
de buscar dados sobre frequência de incidência de de prevenção da contaminação por esses compos-
substâncias para subsidiar a retirada eventual de tos e campanhas a nível nacional para fomentar o
substâncias ou diminuição da sua freqüência. retorno de remédios vencidos e não utilizados. O
Após o envio das informações dos subgrupos grupo sugeriu que sejam incluídas análises desses
este relatório foi elaborado pela coordenadora e compostos como exigência no Plano de Seguran-
sub-coordenadora do grupo, levando em conta to- ça de Água, especialmente em regiões populosas.
das as sugestões recebidas e literatura de outros Somente com dados sobre os principais fármacos
22 Revista ABES-SP

e interferentes endócrinos prioritários e dados to- plano de segurança da água, de forma que se hou-
xicológicos suficientes na literatura será possível ver incidência na bacia de determinados grupos de
incluir valores máximos permitidos na água. Sa- compostos ainda não contemplados na legislação
bendo-se que os níveis desses compostos são ele- federal, os planos de bacia, tomadores de água e o
vados quando comparados com o resto do mundo, órgão ambiental responsável pelo monitoramento
o grupo entende que seja necessário trabalhar com devem incluí-los no seu rol de análises. Se necessá-
ações preventivas. O grupo também sugere que ou- rio, valores máximos podem ser derivados, usando
tros contaminantes sejam sempre contemplados no a metodologia a ser indicada pelo MS.

Contribuição recebida do grupo do projeto temático financiado


pela FAPESP coordenado pelo prof. Dr. Wilson Jardim e
profa. dra. Gisela Umbuzeiro da UNICAMP

N
os mananciais brasileiros, os níveis de realizados trabalhos de mobilização entre diferentes
inúmeros compostos de interesse recente setores da sociedade para a promoção de debates
são, em geral, mais elevados que àqueles envolvendo o cenário atual dos sistemas de água e
determinados em países mais desenvolvidos. Nes- esgoto como forma de estabelecer políticas públicas
tes países, efluentes de estações de tratamento de sobre valores máximos permitidos para compostos
esgoto (ETE) são as principais fontes de aporte, ainda não legislados. Ações em longo prazo devem
uma vez que a remoção destes compostos em es- envolver, necessariamente, a criação de diretrizes de
tações de lodo ativado sob condições normais de prevenção e controle da poluição causada pelo lan-
operação é baixa. No Brasil, pouca atenção é dada çamento de esgoto bruto em sistemas aquáticos su-
ao tratamento de esgotos e grande parte do esgo- perficiais e, igualmente, a ampliação/modernização
to bruto retorna aos corpos aquáticos superficiais dos sistemas de tratamento de água e esgoto.
(IBGE, 2002); muitos deles são utilizados como Finalmente, recomenda-se o monitoramento
mananciais para a produção de água potável. Des- de algumas substâncias químicas que são, reconhe-
ta maneira, a possibilidade da transferência destes cidamente, traçadoras da atividade antrópica (Fer-
compostos para as estações de tratamento de água reira 2005; Siegener and Chen 2002; Seiler et al.,
(ETA) e, conseqüentemente, para a água destinada 1999) e, igualmente, indicadoras da presença de
ao consumo humano deve ser levada em conside- outras substâncias químicas em água para consu-
ração. A remoção de fármacos, drogas ilícitas e/ou mo humano (Glassmayer et al., 2005). Dentro desta
interferentes endócrinos em ETA depende tanto perspectiva, algumas substâncias destacam-se, não
das características intrínsecas de cada composto, apenas por sua origem associada à contaminação de
quanto dos métodos de tratamento empregados. mananciais de água por esgotos, mas também pela
Westerhoff e colaboradores (2005) demonstraram sua facilidade de determinação analítica. É o caso
que métodos convencionais, ou seja, contendo da cafeína e do bisfenol A. A cafeína é um fármaco
apenas etapas de coagulação, sedimentação e fil- não-prescrito que age como estimulante em inúme-
tração, promovem a remoção de menos de 25% da ras formulações farmacêuticas. É também encontra-
concentração da maioria dos interferentes endó- do no café, em inúmeras bebidas e, igualmente, em
crinos. A taxa de remoção de fármacos também é manancias de água bruta e na água para consumo
baixa, uma vez que os métodos de tratamento em humano de inúmeros países (Huerta-Fontela et al.,
ETA não são adequados para remoção de compos- 2008; Rabiet et al., 2006; Stackelberg et al., 2004).
tos que apresentam elevada solubilidade em água. O bisfenol A é originalmente utilizado como inter-
Dentro desta perspectiva, em que o aporte de mediário na produção de resinas epóxi e policarbo-
esgoto bruto em águas superficiais exerce papel es- natos, mas devido ao seu uso em inúmeros produtos
sencial na presença de compostos contaminantes na e bens de consumo, está presente em nosso meio de
água para consumo humano (Sodré et al., 2010), vida e, conseqüentemente, também é encontrado na
algumas ações tornam-se necessárias. Ações em água para consumo humano do Brasil (Sodré et al.,
curto prazo devem envolver estudos relacionados, 2010) e de outros países (Stackelberg et al., 2004,
o emprego de tecnologias mais efetivas para o aba- Inoue et al., 2002). Além disso, o bisfenol A tam-
timento destes compostos nas ETA, uma vez que os bém tem sido considerado um importante interfe-
níveis destes compostos na água potável já são pre- rente endócrino (Oehlmann et al., 2008; Oehlmann
ocupantes. Em médio prazo, é importante que sejam et al., 2006; Lindholst et al., 2000).
Revista ABES-SP 23

Assim sendo o presente grupo de trabalho,


após discussão técnica propõe a inclusão de cafeí-
na e bisfenol A no monitoramento das águas brutas
a ser efetuado pelos responsáveis pela operação de
sistema de abastecimento para se conhecer o nível
de contaminação em níveis de ppt a ppb. Esse mo-
nitoramento deverá ser realizado bimestralmente
pelo período de dois anos de forma obrigatória em
mananciais sob influência de despejos domésticos e
ou industriais. Os dados serão remetidos aos órgãos que a portaria deveria ter duas listas de compostos,
ambientais responsáveis (Saúde e Meio Ambiente) uma contendo as análises obrigatórias que todos de-
para discussão de ações de prevenção cabíveis para vem fazer sem exceção e outra complementar. A
a intensificação das ações de controle e proteção do obrigatoriedade de realização dessas análises com-
manancial de abastecimento e de sua bacia contri- plementares seria definida regionalmente no plano
buinte. Propõe-se o prazo 2 anos a partir da data de amostral de cada tratador de água com base nas
publicação da resolução para que os produtores de características e ocupação do solo da bacia. Essa
água promovam as adequações necessárias o moni- idéia já foi adotada na resolução Conama 396/2008.
toramento de cafeína e bisfenol A nas águas brutas. Isso levaria a uma melhor gestão dos recursos e per-
mitiria mais investimentos em análises específicas
2) Número CAS e forma de apresenta- dentro do Plano de Segurança da Água.
ção da portaria Nesse contexto o grupo propõe que as tabelas 3
Sugere-se que a portaria inclua o número CAS e 5 atuais sejam mantidas como obrigatórias e uma
de todas as substâncias para evitar problemas de in- nova tabela seria gerada com as substâncias escolhi-
terpretação dos usuários (ver tabela no item 7). Su- das com alguma probabilidade de ocorrência em nos-
gere-se também agrupar as substâncias por grupos sos mananciais. Essa escolha seria feita com base em
separando os INORGÂNICOS e ORGÂNICOS, e dados de literatura ou monitoramento. A cada cinco
dentre os orgânicos criar subgrupos, por exemplo, anos, com base nos resultados de monitoramento ge-
de Hidrocarbonetos AROMÁTICOS VOLÁTEIS rados tanto pelos órgãos ambientais como produtores
e POLICÍCLICOS AROMÁTICOS; BENZENOS de água essas tabelas deveriam ser revistas com fins
CLORADOS; METANOS, ETANOS E ETENOS de redução ou incremento de parâmetros.
CLORADOS; FENÓIS CLORADOS; FENÓIS
NÃO-CLORADOS; PRAGUICIDAS e PCB, por 4) Redução da frequência de análises
exemplo, para facilitar o usuário da norma. que fornecem sistematicamente resul-
tados abaixo dos níveis de detecção
3) Verificação da potabilidade da água Para melhor gestão dos recursos financeiros a
do ponto de vista químico serem aplicados em análises, quando substâncias
Hoje é consenso de que para que uma água seja fornecerem sistematicamente resultados abaixo do
potável ela deve atender na íntegra a portaria vi- limite de quantificação, que a freqüência das mes-
gente. Isso pressupõe a necessidade de analisar a mas seja reduzida para que os recursos financeiros
água para verificação da presença de compostos, possam ser aplicados na análise de outros compos-
que muitas vezes não fazem sentido dependendo tos mais relevantes para a bacia.
da bacia que o manancial se encontra. Isso causa Essa questão foi bastante discutida no grupo e
desperdício de recursos tanto financeiros como ana- não houve um consenso assim sendo serão apresen-
líticos, que já são escassos no país. O grupo entende tadas duas propostas, I e II.

Proposta I — PRODUTORES DE ÁGUA

A proposta foi de reduzir a atual frequência de análise dos parâmetros contemplados na Tabela 3 da
Portaria para 3 anos, para a empresa prestadora de serviços que tenha histórico de ensaios comprovando
a não detecção do parâmetro no respectivo sistema de abastecimento por dois anos consecutivos. Foram
enviadas duas tabelas com dados das análises das substâncias constantes da tabela 3 referentes a dois
anos de monitoramento (2007 e 2008) obtidas por produtores de água do estado de São Paulo, tanto de
águas brutas (Quadro 1) como de água tratada (Quadro 2).
24 Revista ABES-SP

Quadro 1 Resultados das Análises de Mananciais 2007 – 2008

Quantidade de
Número de Ensaios Número de % de amostras Valor máximo
Mananciais Realizados amostras acima acima do limite de encontrado
Parâmetros
Amostrados (informar os do limite de quantificação (mg/L)
períodos dos quantificação*
ensaios

Inorgânicos

Antimônio 703 1064 27 2,54% 0,00336


Arsênio 703 1144 6 0,52% 0,031
Bário 703 1126 56 13,85% 0,512
Cádmio 703 1153 683 59,24% 0,055
Cianeto 703 879 33 3,75% 0,025
Chumbo 703 1193 530 44,43% 0,27
Cobre 703 1022 167 16,34% 0,71
Cromo 703 1129 111 9,83% 0,0547
Fluoreto 703 202 173 85,64% 60,5
Mercúrio 703 1161 112 9,65% 0,0272
Nitrato (como N) 703 2133 2063 96,72% 8,854
Nitrito (como N) 703 2141 1766 82,48% 0,7105
Selénio 703 1088 5 0,46% 0,006

Orgânicos
Acrilamida 7 20 0 0% 0
Benzeno 295 624 3 0% 0
Enzo[a]pinen 294 581 0 0% 0
Cloreto de Vinila 11 95 0 0% 0
1.1- Dicloroeteno 295 619 0 0% 0
1.2- Diclorotetano 295 619 0 0% 0
Diclorometano 295 624 2 0,38% 143
Estireno 295 624 4 0,76% 18
Tetracloreto de carbono 295 624 0 0% 0
Tetracloroeteno 295 624 0 0% 0
Triclorobenzenos 295 624 0 0% 0
Tricloroeteno 295 624 0 0% 0
Agrotóxicos

Alacloro 291 543 0 0% 0


Aldrin e Dieldrin 294 581 1 0,19% 0,006
Atrazina 291 543 0 0% 0
Bentazona 0 0 0% 0
Clordano (isômeros) 294 582 0 0% 0
2,4 D 294 575 0 0% 0
DDT (isômeros) 294 581 0 0% 0
Endossulfan 294 581 0 0% 0
Endrin 294 575 0 0% 0
Gilfosato 7 20 0 0% 0
Heptacloro e Heptacoro Epc 294 581 0 0% 0
Hexaclorobenzeno 294 581 0 0% 0
Lindano 294 581 0 0% 0
Metolacloro 291 543 0 0% 0
Metoxicloro 294 576 0 0% 0
Molinato 0 0 0% 0
Pendimentalina 3 0 0% 0
Pentaclorofenol 294 582 0 0% 0
Permetrina 0 0 0% 0
Propanil 0 0 0% 0
Simázina 291 543 0 0% 0
Trifuralina 294 556 0 0% 0
Revista ABES-SP 25

Quadro 2 Resultados das Análises de Águas Distribuídas 2007 – 2008

Nº de Quantidade de
Limite Número de % de amostras Nº de % de Valor
sistemas Ensaios
amostras acima acima do amostras amostras

Unidade
Portaria de Realizados máximo
Parâmetros 518 do limite de limite de acima acima do encontrado
tratamento (informar os
quantificação quantificação do VMP VMP
amostrados períodos dos
ensaios

Inorgânicos

Antimônio mg/l 0,005 698 830 7 0,84% 0 0,0% 0,002


Arsênio mg/l 0,01 698 843 54 6,41% 4 0,5% 0,0168
Bário mg/l 0,7 698 818 373 45,60% 3 0,4% 0,75
Cádmio mg/l 0,005 698 1213 767 63,23% 2 0,2% 0,006
Cianeto mg/l 0,07 698 1034 37 3,58% 0 0,0% 0,02
Chumbo mg/l 0,01 698 1338 524 39,16% 5 0,4% 0,014
Cobre mg/l 2 698 818 22 2,69% 0 0,0% 0,14
Cromo mg/l 0,05 698 1190 301 25,29% 3 0,3% 0,063
Fluoreto mg/l 1,5 698 28312 28398 100,30% 4 0,0% 2,04
Mercúrio mg/l 0,001 698 839 71 8,46% 6 0,7% 0,0018
Nitrato (como N) mg/l 10 698 3072 3111 101,27% 8 0,3% 12,0898
Nitrito (como N) mg/l 1 698 2849 2501 87,79% 0 0,0% 0,0761
Selénio mg/l 0,01 698 831 3 0,36% 0 0,0% 0,001

Orgânicos
Acrilamida µg/l 0,5 12 30 0 0% 0 0,0% 0
Benzeno µg/l 5 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Benzo[a]pireno µg/l 0,7 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Cloreto de Vinila µg/l 5 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
1.1- Dicloroeteno µg/l 10 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
1.2- Diclorotetano µg/l 30 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Diclorometano µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Estireno µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Tetracloreto de
carbono µg/l 2 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Tetracloroeteno µg/l 40 698 1697 2 0,12% 0 0,0% 1,2
Triclorobenzenos µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Tricloroeteno µg/l 70 698 1697 1 0,06% 0 0,0% 0,58

Agrotóxicos

Alacloro µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0


Aldrin e Dieldrin µg/l 0,03 698 1697 2 0,12% 0 0,0% 0,0058
Atrazina µg/l 2 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Bentazona µg/l 300 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Clordano (isômeros) µg/l 0,2 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
2,4 D µg/l 30 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
DDT (isômeros) µg/l 2 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Endossulfan µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Endrin µg/l 0,6 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Gilfosato µg/l 500 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Heptacloro e
Heptacloro Epóxido µg/l 0,03 698 1697 2 0,12% 0 0,0% 0,0065
Hexaclorobenzeno µg/l 1 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Lindano µg/l 2 698 1697 3 0,18% 0 0,0% 0,032
Metolacloro µg/l 10 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Metoxicloro µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Molinato µg/l 6 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Pendimentalina µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Pentaclorofenol µg/l 9 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Permetrina µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Propanil µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Simázina µg/l 2 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Trifuralina µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
26 Revista ABES-SP

Proposta II – Grupo de técnicos da CETESB

O grupo da CETESB defende que a quantidade de dados gerados com base em apenas dois anos de
amostragem - 2007 e 2008 (4 amostragens por ponto de coleta)não é suficiente para subsidiar a proposta
de redução da frequência de amostragem atualmente preconizada pela Portaria. Os técnicos da CETESB
recomendam o levantamento de dados referentes a, pelo menos, 5 anos e com emprego de tratamento es-
tatístico e que seja efetuada uma interpretação criteriosa da série histórica, com a publicação de trabalhos
científicos para que uma redução da frequência possa ser proposta. Exemplo: em 2006 foi realizado um
estudo estatístico do comportamento de substâncias inorgânicas na rede de monitoramento da qualidade
das águas subterrâneas, conduzido pela CETESB (ABAS, 2006). Os dados são apresentados no Quadro 3
(abaixo). Os valores foram estabelecidos a partir da descrição estatística
de resultados de análises químicas das substâncias naturalmente presentes em amostras coletadas nos
diferentes aquíferos, em locais com pouca influência antrópica. Utilizando esses dados, a CETESB propôs
valores de referência de qualidade (VRQ) para águas subterrâneas, para os sistemas aquiferos do Estado
de São Paulo (ABAS, 2006), apresentado no Quadro 4.
A CETESB é, portanto, contra a diminuição da frequência de análise das Tabelas 3 e 5 da Portaria.
Considera-se que frequência atualmente praticada já é pequena, visto que a variabilidade do Uso e Ocu-
pação do Solo, no Estado de São Paulo (ao menos) é grande e é difícil prever alteração da qualidade da
água distribuída para consumo, em um estado industrializado e de agricultura e pecuária intensiva. Dife-
rentemente da água subterrânea, os mananciais superficiais são suscetíveis a maior influência antrópica e,
de curto prazo, ou seja, indicando necessidade de uma frequência maior de análises.

Quadro 3 Resultados do tratamento estatístico da matriz de dados obtidos no


monitoramento de águas subterrâneas do Estado de São Paulo (ABAS, 2006)

Substância Aquífero Mínimo Máximo Média Desvio Mediana Quartil 75% Amostras
padrão Amostras <LQ
mg/l n.° %

Bauru <0,002 0,002 <0,002 0,0001 <0,002 <0,002 178 99
Emb. Cristalino <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 53 100
Guarani <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 106 100
Antimônio Serra Geral <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 32 100
Tubarão <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 37 100
TOTAL <0,002 0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 406 100
Bauru <0,002 0,003 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 576 99,7
Emb. Cristalino <0,002 0,007 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 181 93
Guarani <0,002 0,003 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 191 98
Arsênio Serra Geral <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 104 100
Taubaté <0,002 0,005 0,002 0,001 <0,002 0,003 34 85
Tubarão <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 135 100
TOTAL <0,002 0,007 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 1221 98
Bauru <0,03 0,09 <0,03 0,005 <0,03 <0,03 332 99
Emb. Cristalino <0,03 0,14 <0,03 0,021 <0,03 <0,03 119 89
Guarani <0,03 <0,03 <0,03 0,000 <0,03 <0,03 214 100
Boro Sedimentar <0,03 0,030 <0,03 0,002 <0,03 <0,03 62 98
Serra Geral <0,03 0,03 <0,03 0,0019 <0,03 <0,03 62 98
Tubarão <0,03 0,15 <0,03 0,03067 <0,03 <0,03 70 83
TOTAL <0,03 0,15 <0,03 0,01309 <0,03 <0,03 859 96
Bauru <0,0001 0,004 <0,0001 0,0002 <0,0001 <0,0001 748 95
Emb. Cristalino <0,0001 0,009 0,00025 0,0008 <0,0001 <0,0001 212 92
Guarani <0,0001 0,003 <0,0001 0,0002 <0,0001 <0,0001 461 97
Cádmio Serra Geral <0,0001 0,002 <0,0001 0,0002 <0,0001 <0,0001 136 96
Tubarão <0,0001 0,001 <0,0001 0,000 <0,0001 <0,0001 170 86
TOTAL <0,0001 0,009 0,00012 0,000 <0,0001 <0,0001 1764 94
Bauru <0,002 0,007 <0,002 0,001 <0,002 <0,002 698 92
Emb. Cristalino <0,002 0,007 0,0014 0,0011 <0,002 <0,002 196 96
Chumbo Guarani <0,002 0,007 0,0013 0,0009 <0,002 <0,002 428 91
Serra Geral <0,002 0,007 <0,002 0,0012 <0,002 <0,002 129 90
Tubarão <0,002 0,007 <0,002 0,0012 <0,002 <0,002 151 89
TOTAL <0,002 0,007 <0,002 0,001 <0,002 <0,002 1602 92
Revista ABES-SP 27

Substância Aquífero Mínimo Máximo Média Desvio Mediana Quartil 75% Amostras
padrão Amostras <LQ
mg/l n.° %

Bauru <0,01 <0,01 <0,01 0,0000 <0,01 <0,01 71 100


Emb. Cristalino <0,01 <0,01 <0,01 0,0000 <0,01 <0,01 104 100
Cobalto Guarani <0,01 <0,01 <0,01 0,0000 <0,01 <0,01 82 100
Serra Geral <0,01 <0,01 <0,01 0,0000 <0,01 <0,01 18 100
Tubarão <0,01 <0,01 <0,01 0,0000 <0,01 <0,01 43 100
TOTAL <0,01 <0,01 <0,01 0,0000 <0,01 <0,01 318
Bauru <0,02 0,09 <0,02 0,00847 <0,02 <0,02 334 91
Emb. Cristalino <0,02 0,32 <0,02 0,02735 <0,02 <0,02 132 96
Cobre Guarani <0,02 0,25 <0,2 0,0231 <0,02 <0,2 219 94
Serra Geral <0,02 0,05 <0,02 0,00658 <0,02 <0,02 64 94
Tubarão <0,02 0,09 <0,02 0,01021 <0,02 <0,02 81 90
TOTAL <0,02 0,32 <0,02 0,01738 <0,02 <0,02 830 93
Bauru <0,0001 0,00070 <0,0001 0,00006 <0,0001 0,00015 517 97
Emb. Cristalino <0,0001 0,00030 <0,0001 0,00005 <0,0001 0,00015 176 98
Guarani <0,0001 0,00060 <0,0001 0,00006 <0,0001 0,00015 319 98
Mercúrio Serra Geral <0,0001 0,00030 <0,0001 0,00006 <0,0001 0,00015 94 96
Tubarão <0,0001 0,00015 <0,0001 0,00005 <0,0001 0,00015 115 100
TOTAL <0,0001 0,00080 0,0001 0,00006 <0,0001 0,00015 1247 97
Bauru <0,02 <0,02 <0,02 0,00 <0,02 <0,02 155 100
Emb. Cristalino <0,02 <0,02 <0,02 0,00 <0,02 <0,02 106 100
Níquel Guarani <0,02 <0,02 <0,02 0,00 <0,02 <0,02 108 100
Serra Geral <0,02 <0,02 <0,02 0,00 <0,02 <0,02 32 100
Tubarão <0,02 <0,02 <0,02 0,00 <0,02 <0,02 45 100
TOTAL <0,02 <0,02 <0,02 0,00 <0,02 <0,02 460 100
Bauru <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 155 100
Emb. Cristalino <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 106 100
Selênio Guarani <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 113 100
Serra Geral <0,002 0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 32 97
Tubarão <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 44 100
TOTAL <0,002 0,005 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 450 99,8
Bauru <0,006 <0,006 <0,006 0,000 <0,006 <0,006 65 100
Emb. Cristalino <0,006 <0,006 <0,006 0,000 <0,006 <0,006 103 100
Cianeto Guarani <0,006 <0,006 <0,006 0,000 <0,006 <0,006 84 100
Serra Geral <0,006 <0,006 <0,006 0,000 <0,006 <0,006 21 100
Tubarão <0,006 <0,006 <0,006 0,000 <0,006 <0,006 43 100
TOTAL <0,006 <0,006 <0,006 0,000 <0,006 <0,006 316 100
Bauru <0,02 0,110 0,020 0,021 <0,02 <0,02 155 73
Emb. Cristalino <0,02 <0,02 <0,02 0,000 <0,02 <0,02 106 100
Vanádio Guarani <0,02 0,030 0,011 0,003 <0,02 <0,02 108 96
Serra Geral <0,02 0,110 <0,02 0,021 <0,02 <0,02 32 78
Tubarão <0,02 0,020 <0,02 0,002 <0,02 <0,02 44 95
TOTAL <0,02 0,110 <0,02 0,014 <0,02 <0,02 459 88

Quadro 4 Valores de Referência de Qualidade para os Sistemas Aquíferos do


Estado de São Paulo (ABAS, 2006)

SUBSTÂNCIA VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE


PARA ÁGUA SUBTERRÂNEA
mg/L

Antimônio <0,002
Arsênio <0,002
Boro <0,03
Cádmio <0,0001
Chumbo <0,002
Cobalto <0,01
Cobre <0,02
Mercúrio 0,00015
Níquel <0,02
Selênio <0,002
Cianeto <0,006
Vanádio Bauru 0,02
Demais <0,02
28 Revista ABES-SP

5) Interfaces da portaria com outras de ocorrência nesse recurso hídrico. Foram escolhi-
normas legais dos padrões de potabilidade, quando existentes, da
Outras normas legais usam os padrões da OMS. O grupo sugere que essas substâncias sejam
portaria, como exemplo podemos citar a Resolu- consideradas quando da revisão da portaria. Caso
ção CONAMA 357, de 2005, a CONAMA 396, os padrões adotados não sejam adequados para o
de 2008 e as normas vigentes que regulamentam MS, e outros valores sejam escolhidos, deve-se
a águas minerais e envasadas. Especificamen- proceder a revisão imediata da Resolução CONA-
te no caso da resolução de águas subterrâneas, a MA 396/08. As substâncias em questão e os valores
396/2008, foram incluídas algumas substâncias adotados pelo CONAMA referentes ao consumo
que não eram contempladas na Portaria 518 devido humano são apresentadas no Quadro 5. O grupo de
às características hidrogeológicas e da existência trabalho sugere que as mesmas sejam incluídas na
de contaminantes que tinham alta probabilidade tabela 3 da Portaria.

Quadro 5 Substâncias e padrões para consumo humano adotados pela


Resolução CONAMA 396/2008, que não constam da Portaria 518/2004

SUBSTÂNCIA PADRÃO µg/L

BERÍLIO 4
BORO 500
MOLIBDÊNIO 70
NÍQUEL 20
PRATA 100
URÂNIO 15
VANÁDIO 50
1,2 – DICLOROBENZENO 1.000
1,4 – DICLOROBENZENO 300
PCB (SOMATÓRIA DE 7)1 0,5
ALDICARB + ALD.SULFONA+ALD.SULFÓXIDO 10
CARBOFURAN 7
CLOROTALONIL 30
CLORPIRIFÓS 30
MALATIONA 4002

1) PCBs = somatório de PCB 28 (2,4,4’-triclorobifenila - nºCAS 7012-37-5), PCB 52 (2,2’,5,5’-tetraclorobifenila - nº CAS 35693-99-3), PCB
101(2,2’,4,5,5’-Pentaclorobifenila - nºCAS 37680-73-2), PCB 118 (2,3’,4,4’,5-pentaclorobifenila - nºCAS 31508-00-6), PCB 138 (2,2’,3,4,4’,5’-hexacloro-
bifenila - nº CAS 35056-28-2), PCB 153 (2,2’4,4’,5,5’- hexaclorobifenila - nºCAS 3505-12 27-1) e PCB 180 (2,2’,3,4,4’,5,5’- heptaclorobifenila - nºCAS
35065-29-3).
2) O valor para malationa estabelecido no Conama 396/08 é de 190 µg/L. No entanto, o grupo propõe adoção de 400 µg/L, conforme justificativa
apresentada no item 12.

6) Compostos secundários gerados pela a legislação poderia ser feito com base na média
desinfecção da água com cloro móvel dos últimos 12 meses.
Trialometanos (THM) e Ácidos Haloacéti-
cos (AHA5) Clorito e Clorato
A Portaria 518, de 2004, atualmente limita ape- O dióxido de cloro é usado eficientemente em
nas a concentração de trialometanos – THM (cloro- muitas estações de tratamento de água para oxidar
fórmio, bromodiclorometano, dibromoclorometa- ferro e manganês, para desinfecção, visando reduzir
no, bromofórmio) (Brasil, 2004). A EPA, além dos a formação de THM, AHA etc. A principal desvan-
THM, regulamenta os AHA5 (ácido monocloroacé- tagem do uso do dióxido de cloro como oxidante
tico, ácido dicloroacético, ácido tricloroacético, áci- é a formação do íon clorito, regulamentado pela
do bromoacético, ácido dibromoacético) em 60µg/L. USEPA (2008) em 0,8mg/L e em 0,2mg/L pela Por-
O grupo sugere adotar o mesmo valor máximo per- taria 518 (Brasil, 2004). A concentração máxima
mitido da USEPA para os AHA5, ou seja, 60µg/L. de clorato é fixada em 0,7mg/L (OMS Guidelines
É conhecido que tanto os THM como os AHA5 for Drinking Water Quality e Padrão de Potabili-
são parâmetros sazonais e a média móvel viabiliza- dade Alemão). Sugere-se como VMP para Clorito,
ria melhor análise da tendência deste parâmetro, e 0,8mg/L e Clorato, 0,7mg/L.
não somente o resultado de um mês. A USEPA tam-
bém calcula desta forma. Sugere-se usar média mó- Monocloroamina
vel para THM e AHA5 na portaria. O atendimento O grupo de técnicos da SANASA propôs alte-
Revista ABES-SP 29

ração do valor máximo permitido de monocloroa- segurança microbiológica da água.


mina de 3,0 para 4,0 mg/L com base em dificulda- Esta proposta está sendo avaliada pelo grupo
des técnicas para o atendimento do padrão atual de de Toxicologia para verificação se o risco para a
forma a não conflitar com os valores exigidos para saúde associado a essa mudança é aceitável.

Proposta da SANASA na íntegra


A empresa SANASA CAMPINAS S/A, represen- buição da cidade de Campinas é complexo e de longa
tando a ASSEMAE, vem, através desta, apresentar in- extensão, sendo necessário que suas estações de trata-
formações técnicas sobre “Parâmetros de Qualidade de mento de água utilizem o processo de cloroamoniação
Água para consumo Humano” para serem consideradas com um teor mínimo de 4 mg/L na água tratada final an-
por este órgão, a fim de sugerir alterações na Portaria N. tes da distribuição. Desta maneira, tem-se dificuldade em
518/GM de 25/03/2004. atender o valor máximo de 3 mg/L de monocloroamina
A SANASA, assim como outras empresas de abas- estipulado pela Portaria N. 518/GM, gerando resultados
tecimento público, utiliza o processo de cloroamoniação de qualidade acima deste padrão de qualidade para água
para realizar a desinfecção da água tratada e a inativação tratada na saída das estações. Porém, este valor máximo
microbiológica durante o sistema de distribuição. Este permitido é atendido no sistema de distribuição, onde há
processo de desinfecção foi adotado pela SANASA há consumo de cloro residual total no momento da reserva-
mais de 50 anos, sendo uma das primeiras empresas de ção e da distribuição desta água tratada.
saneamento básico e abastecimento público a utilizar Cabe ressaltar que os limites estabelecidos nas nos-
este tipo de tratamento para garantir a maior permanên- sas legislações, Portaria N.518/GM e Resolução Estadual
cia do agente desinfectante na água tratada e a redução SS-50, diferem daqueles recomendados pela EPA – Envi-
da possibilidade de formação Thihalometanos (THM). ronmental Protection Agency, dos Estados Unidos (2009),
No Estado de São Paulo, a Secretária da Saúde, den- para regulamentação nacional no consumo de água. A
tre suas atribuições legais, emitiu a Resolução Estadual USEPA recomenda o nível máximo residual do agente
SS-50 de 26/04/1995, a qual dispõe considerações sobre desinfectante Cloroamina (como monocloroamina) de 4
a utilização do processo de cloroamoniação para desinfec- mg/L e, também, com um teor mínimo de 0,5 mg/L de
ção da água para consumo humano. Estas considerações Cloro Residual Total no sistema de distribuição, quando
concentram-se na necessidade de estabelecer parâmetros se utiliza o processo de cloroamoniação. Analisando es-
mínimos para aplicação deste processo, tendo um teor mí- tes limites, a margem da faixa operacional deste processo
nimo de Cloro Residual Total (Cloro Combinado Livre) de é maior, tornando mais facilmente de ser atendida pelos
2 mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição do siste- serviços de água. Observando a recomendação feita pela
ma de abastecimento de água, desde que o pH da água a ser USEPA sobre a aplicação do desinfetante cloro livre, veri-
clorada não seja superior a 9 e que este agente desinfetante fica-se que o valor máximo é de 4 mg/L e um teor mínimo
tenha um tempo mínimo de contato de 60 minutos. Esta de 0,2 mg/L de cloro livre residual no sistema de distribui-
resolução foi de grande importância para o estado, pois a ção. Na portaria N. 518/GM, determina um teor máximo
Portaria N. 36/GM de 19/01/1990 estabelecia somente o de cloro livre de 5 mg/L e também o mesmo teor mínimo
teor mínimo de Cloro Residual Livre a ser mantido na rede de cloro residual livre na rede de distribuição. Comparan-
de distribuição quando se aplica o processo de cloração. do-se estes limites entre estas recomendações, na portaria
No ano de 2000 foi elaborada a Portaria 1469/GM N. 518/GM há uma maior margem de trabalho entre os
de 29/12/2000 para Controle e Vigilância da Qualidade da valores máximos e mínimos para o processo de cloração,
Água para Consumo Humano, substituindo a Portaria No facilitando a aplicação do agente desinfetante cloro livre.
36/GM. Nesta portaria fica clara a possibilidade de se utili- Tal fato não é observado para o processo de cloroamo-
zar outro agente desinfetante ou outra condição de operação niação diante das nossas legislações vigentes (Portaria N.
do processo de desinfecção, estabelecendo valores máximos 518/GM e Resolução Estadual SS-50), pois temos uma
permitidos para desinfetantes e para produtos secundários margem de trabalho mais restrito e de difícil atendimento
da desinfecção. Em 25/03/2004 esta portaria foi republicada pelas empresas de abastecimento público. Na recomen-
como Portaria N. 518/GM, estipulando o valor máximo per- dação da USEPA, a margem de trabalho entre os dois
mitido de 3 mg/L para o parâmetro monocloramina, como processos (cloração e cloroamoniação) é similar e mais
agente desinfetante principal do processo cloroamoniação. coerente entre os valores máximos e mínimos estipulados.
A SANASA, assim como outras empresas de abas- Considerando estas informações técnicas, solicitamos
tecimento de água do Estado de São Paulo, tem encon- uma reavaliação dos limites máximos estabelecidos para
trado dificuldade em atender este limite máximo de mo- os parâmetros Monocloroamina e Cloro Livre e, também,
nocloroamina, na saída de suas estações de tratamento. a introdução de um novo valor mínimo de Cloro Residual
Estas estações operam com teores próximos de 4,5 mg/L Total na rede de distribuição para o processo de Cloroa-
de cloro residual total para garantir o teor mínimo de 2 moniação. Estas adequações de valores devem considerar
mg/L em qualquer ponto do sistema de distribuição, con- os limites recomendados pela USEPA, que foram baseados
forme a Resolução Estadual SS-50. O sistema de distri- nos estudos toxicológicos destas espécies químicas citadas.
30 Revista ABES-SP

7) Exigências quanto à qualidade das sumo humano.


análises laboratoriais e forma de ex- Para atendimento desta Portaria, as amostra-
pressão de resultados gens e análises deverão adotar os seguintes proce-
O grupo sugere retirar a exigência da portaria dimentos mínimos:
que os ensaios sejam realizados somente Standard I – as amostras deverão ser coletadas utilizan-
Methods, pois já existem outros métodos validados, do métodos padronizados;
reconhecidos internacionalmente, padronizados,
disponíveis no mercado e inclusive acreditados II – as análises deverão ser realizadas em
pelo INMETRO, que propiciam limites de quantifi- amostras íntegras, sem filtração ou qualquer ou-
cação compatíveis com os VMPs da Portaria. tra alteração, a não ser o uso de preservantes que,
É comum existir uma confusão no entendi- quando necessários, deverão seguir as normas téc-
mento dos conceitos analíticos Limite de detecção nicas vigentes;
do método (LDM), e limite de quantificação prati-
cável (LQP) e limite de quantificação da amostra III – as análises deverão ser realizadas utili-
(LQA) e, consequentemente, na sua aplicabilidade. zando-se métodos padronizados, em laboratórios
É fundamental que os laboratórios adotem métodos que adotem métodos analíticos que atendam aos li-
analíticos cuja medição propicie alto grau de pre- mites de quantificação praticáveis, listados na tabe-
cisão e exatidão dentro faixa exigida pela portaria, la específica para esse fim, constante desta Portaria;
ou seja, os resultados devem ser baseados no LQP,
ou eventualmente o LQA, caso haja interferências IV – no caso de uma substância estar presente
analíticas devido à matriz analisada. Apesar dessa em concentrações abaixo dos limites de quantifica-
situação não ser tão comum em águas tratadas, isso ção praticável – LQP, aceitar-se-á o resultado como
pode ocorrer. ausente para fins de atendimento desta Portaria;
Para que isso fique claro na portaria sugere-se
incluir no CAPÍTULO I – DAS DEFINIÇÕES as V – no caso de a substância ser identificada na
seguintes definições: amostra entre o LDM e o LQP, o fato deverá ser
I – Limite de Detecção do Método (LDM): me- reportado no laudo analítico (relatório de ensaio)
nor concentração de uma substância que pode ser com a nota de que a concentração não pode ser de-
detectada, mas não necessariamente quantificada, terminada com confiabilidade, não se configurando,
pelo método utilizado; neste caso, não conformidade em relação ao atendi-
mento dos padrões desta portaria.
II – Limite de Quantificação Praticável (LQP):
menor concentração de uma substância que pode Os laudos analíticos (relatórios de ensaio) de-
ser determinada quantitativamente com precisão e verão conter minimamente as seguintes informa-
exatidão, pelo método utilizado. ções:
I – identificação do ponto de amostragem, data
III – Limite de Quantificação da Amostra e horário de coleta e de entrada da amostra no labo-
(LQA): LQP ajustado para as características espe- ratório, anexando a cadeia de custódia;
cíficas da amostra analisada.
O adequado atendimento à portaria está direta- II – indicação do método analítico utilizado
mente relacionado com o método de amostragem, para cada parâmetro analisado;
preparação da amostra e análise propriamente dita.
Desta forma, é importante se dispor de meios que III – limites de quantificação da amostra para
assegurem a qualidade de todo o processo analíti- cada parâmetro analisado;
co. A garantia da qualidade deve estar incluída na
portaria. Por isso o grupo sugere incluir no CAPÍ- IV – resultados dos brancos do método;
TULO II – DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE
QUALIDADE DAS ÁGUAS os seguintes artigos: V – resultados de recuperação de “surrogates”
(traçadores) para compostos orgânicos;
As amostragens e as análises de água deverão
ser realizadas somente por laboratórios ou insti- VI – ensaios de adição e recuperação dos ana-
tuições que possuam critérios e procedimentos de litos na matriz (spike).
qualidade aceitos pelos órgãos responsáveis pelo Parágrafo único. Outros documentos, tais
controle e vigilância da qualidade da água para con- como, cartas controle, cromatogramas, incerteza de
Revista ABES-SP 31

medição e resultados obtidos em ensaios de profi- do os limites de quantificação praticáveis (LQP),


ciência, poderão ser solicitados a qualquer tempo tomando-se como base a melhor metodologia
pelo órgão competente. analítica aplicada atualmente pelos laboratórios
O grupo também sugere que as unidades de brasileiros bem como a técnica mais adequada e
concentração sejam expressas em µg/L para os pa- opções existentes. Isso ajudaria muito o usuário e
râmetros pertinentes e que os valores sejam arre- o tratador de água quando da contratação de ser-
dondados para 2 números significativos, ou seja, se viços e aceitação dos laudos analíticos (relatórios
o valor medido foi 11,34 µg/L apresentar 11 µg/L, de ensaio). Esses limites e técnicas devem ser revi-
se o valor foi 0,334 µg/L, apresentar 0,33 µg/L e sados quando avanços tecnológicos significativos
assim por diante. ocorrerem, ou juntamente com a revisão da porta-
Sugere-se que a avaliação das não conformida- ria. A Tabela a seguir utilizou os padrões atualmen-
des seja feita com base na avaliação conjunta dos te listados na portaria e também os sugeridos para
dados de monitoramento e não com base em dados inclusão pelo grupo de trabalho. Para elaboração
isolados, especialmente para os parâmetros organo- da Tabela 2 foram consultados os seguintes labo-
lépticos (Tabela 5 da Portaria 518/2004). De acor- ratórios: Analytical Technology; Ceimic Análises
do com consulta feita a especialistas da USEPA, os Ambientais; Corplab Serviços Analíticos Ambien-
resultados são comparados com as médias anuais e tais; Ecolabor; CETESB – Companhia Ambiental
não com o valor individual e a incerteza do método do Estado de São Paulo. Eka Chemicals do Bra-
não vem sendo empregada para verificação de aten- sil contribuiu com métodos analíticos empregados
dimento a norma legal. para determinação de clorito e o Laboratório de
Sugere-se incluir um anexo na portaria conten- Química Ambiental da UNICAMP, para cafeína. É
32 Revista ABES-SP

Quadro 6

UNIDADE
PARÂMETRO CAS VMP Limite de Técnica Comentários
Quantificação Analítica
Praticável
LQP
INORGÂNICAS
Antimônio 7440-36-0 µg/L 5 5 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA, HG AAS
Arsênio 7440-38-2 µg/L 10 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA, HG AAS
Bário 7440-39-3 µg/L 700 20 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Berílio (**) 7440-41-7 µg/L 4 4 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Boro (**) 7440-42-8 µg/L 500 200 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Cádmio 7440-43-9 µg/L 5 1 GFAA O parque analítico é liderado massivamente por ICP-OES, o qual não permite
alcançar o valor da OMS, de 3ppb. O LQP atingível por ICP-OES é de 5 ppb.
Este valor é alcançável por GFAA ou ICP-MS. De todos os laboratórios que
participaram do grupo, apenas 1 laboratório comercial trabalha com GFAA,
além da CETESB.
Cianeto 57-12-5 µg/L 70 50 UV-VIS
Chumbo 7439-92-1 µg/L 10 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Cobre 7440-50-8 µg/L 2000 50 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Cromo 7440-47-3 µg/L 50 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Fluoreto 7782-41-4 mg/L 1,5 0,5 UV-VIS Outras técnicas empregadas: cromatografia iônica, potenciometria
Mercúrio 7439-97-6 µg/L 1 1 CV AAS Outras técnicas empregadas: fluorescência atômica
Molibdênio(**) 7439-98-7 µg/L 70 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Nitrato (como N)(***) 14797-55-8 mg/L 10 0,3 UV-VIS Outras técnicas empregadas: cromatografia iônica
Nitrito (como N) (***) 14797-65-0 mg/L 1 0,02 UV-VIS Outras técnicas empregadas: cromatografia iônica
Níquel (**) 7440-02-0 µg/L 20 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Prata(**) 7440-22-4 µg/L 100 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Selênio 7782-49-2 µg/L 10 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA, HG AAS
Urânio (**) 7440-61-1 µg/L 15 50 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS
Vanádio (**) 7440-62-2 µg/L 50 20 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA

SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS
Acrilamida 79-06-1 µg/L 0,5 0,15 HPLC Outras técnicas empregadas: GC ECD – ver nota 3
Benzeno 71-43-2 µg/L 5 2 GC-MS Ver nota 1
Benzo[a]antraceno(**) 56-55-3 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
Benzo[a]pireno 50-32-8 µg/L 0,7 0,15 GC-MS Ver nota 2
Benzo[b]fluoranteno(**) 205-99-2 µg/L 0,5 0,15 GC-MS Ver nota 2
Benzo[k]fluoranteno(**) 207-08-9 µg/L 0,5 0,15 GC-MS Ver nota 2
BisfenolA 80-05-7 µg/L -- 0,02 LC-MS-MS Ver nota 6. Outras técnicas: HPLC (1ppb), GC-MS, GC-NPD (Ver nota 5)
Cafeína 95789-13-2 µg/L -- 0,05 LC-MS-MS Ver nota 7. Outras técnicas: HPLC (5 ppb), GC-MS, GC-NPD (Ver nota 5)
Cloreto de Vinila 75-01-4 µg/L 5 2 GC-MS Ver nota 1
Criseno (**) 218-01-9 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
Dibenzo[a,h]antraceno (**) 53-70-3 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
1,2 Diclorobenzeno (**) 95-50-1 µg/L 1.000 5 GC-MS Ver nota 1
1,4 Diclorobenzeno (**) 106-46-7 µg/L 300 5 GC-MS Ver nota 1
1,2 Dicloroetano 107-06-2 µg/L 10 5 GC-MS Ver nota 1
1,1 Dicloroeteno 75-35-4 µg/L 30 5 GC-MS Ver nota 1
1,2 Dicloroeteno(cis e trans)(**) cis (156-59-2)
trans(156-60-5) µg/L 50 5 GC-MS Ver nota 1
Diclorometano 75-09-2 µg/L 20 10 GC-MS Ver nota 1
Estireno 100-42-5 µg/L 20 5 GC-MS Ver nota 1
Fenóis (**) -- µg/L 3 10 UV-VIS Fenóis que reagem com aminoantipirina. Os VMP para fenóis previnem a
formação de gosto e odor indesejável na água quando da sua cloração. Para
o caso deLQP maior que VMP, análises de perfil de sabor deverão ser realiza
das. Resultado não objetável indicará atendimento ao padrão de qualidade
requerido
Indeno[1,2,3cd]pireno(**) 193-39-005 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
Tetracloreto de Carbono 56-23-5 µg/L 2 2 GC-MS Ver nota 1
Tetracloroeteno 127-18-4 µg/L 40 5 GC-MS Ver nota 1
ORGÂNICAS
Triclorobenzenos 1,2,4-TCB
(120-82-1);
1,3,5-TCB
(108-70-3;
1,2,3- TCB
(87-61-6) µg/L 20 5 p/cada GC-MS Ver nota 1
1,1,2-Tricloroeteno 127-18-4 µg/L 70 5 GC-MS Ver nota 1
PRAGUICIDAS
Alaclor 15972-60-8 µg/L 20 0,1 GC-ECD Ver nota 4
Aldicarbe (**) Aldicarbe
(116-06-3) µg/L 10 3 HPLC
Aldrin e Dieldrin Aldrin(309-00-2)
Dieldrin (60-57-1) µg/L 0,03 0,005 p/cada GC-ECD Ver nota 4
Ametrina (**) 834-12-8 µg/L 50 0,2 GC-MS Ver nota 5
Atrazina 1912-24-9 µg/L 2 0,5 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-NPD, GC-MS (notas 4 e 5)
Azinfos metílico (**) 86-50-0 µg/L 9 2 HPLC Outras técnicas empregadas: GC-NPD, GC-FPD (ver nota 5)
Bentazona 25057-89-0 µg/L 300 30 GC-ECD Outras técnicas empregadas: HPLC, GC-MS (nota 4)
Revista ABES-SP 33

Carbofurano (**) 1563-66-2 µg/L 7 5 HPLC


Clomazona (**) 81777-89-1 µg/L 800 20 GC-MS Outras técnicas empregadas: HPLC, GC-NPD (ver nota 5)
Clordano (isômeros) cis(5103-71-9)
trans (5103-74-2) µg/L 0,2 0,01 p/cada GC-ECD Ver nota 4
Clorotalonil (**) 1897-45-6 µg/L 30 0,1 GC-MS
Clorpirifós (**) 2921-88-2 µg/L 30 2 GC-MS
2,4 D 94-75-7 µg/L 30 2 GC-ECD Ver nota 4
DDT (isômeros) p,p’-DDT (50-29-3)
p,p’-DDE (72-55-9)
p,p’-DDD (72-54-8) µg/L 2 0,01 p/cada
Ver nota 4 GC-ECD
Diquate (**) 85-00-7 µg/L 300 2 HPLC
Outras técnicas empregadas: GC-MS (menor detectabilidade),
GC-NPD, GC-FPD (ver nota 5)
Diuron (**) 330-54-1 µg/L 20 15 HPLC Outras técnicas empregadas: GC-MS (menor detectabilidade),
GC-NPD, GC-FPD (ver nota 5)
Endossulfan 115-29-7; I
(959-98-8); II
(33213-65-9); µg/L 20 0,02 p/cada GC-ECD Ver nota 4
sulfato (1031-07-8)
Endrin 72-20-8 µg/L 0,6 0,01 GC-ECD Ver nota 4
Glifosato 1071-83-6 µg/L 500 30 HPLC
Heptacloro e
Heptacloro epóxido Heptacloro
(76-44-8); µg/L 0,03 0,01 p/cada GC-ECD Ver nota 4
Heptacloro
epóxido (1024-57-3)
Hexaclorobenzeno 118-74-1 µg/L 1 0,01 GC-ECD Ver nota 4
Hexazinona (**) 51235-04-2 µg/L 200 5 GC-MS Outras técnicas empregadas: GC-NPD (ver nota 5)
Lindano (g-BHC) 58-89-9 µg/L 2 0,01 GC-ECD Ver nota 4
Malationa (**) 121-75-5 µg/L 400 2 HPLC Outras técnicas empregadas: GC-NPD, GC-FPD (ver nota 5)
Metolacloro 51218-45-2 µg/L 10 0,1 GC-ECD Ver nota 4
Metoxicloro 72-43-5 µg/L 20 0,1 GC-ECD Ver nota 4
Molinato 2212-67-1 µg/L 6 5 GC-MS Outras técnicas empregadas: GC-NPD (ver nota 5)

Paraquate(**) 1910-42-5 µg/L 30 2 HPLC Outras técnicas empregadas: GC-MS (menor detectabilidade),
GC-NPD, GC-FPD (ver nota 5)
Pendimetalina 40487-42-1 µg/L 20 0,1 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-MS, GC-NPD (ver nota 5)
Pentaclorofenol 87-86-5 µg/L 9 2 GC-MS Ver nota 2
Propanil 709-98-8 µg/L 20 10 GC-MS Outras técnicas empregadas: GC-ECD, GC-NPD (ver nota 5)
Simazina 122-34-9 µg/L 2 1 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-NPD (ver nota 5)
Tebutiuron (**) 34014-18-1 µg/L 400 20 GC-MS HPLC, GC-NPD (ver nota 5)
Trifluralina 1582-09-8 µg/L 20 0,1
Permetrina 52645-57-1 µg/L 20 10 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-MS
Picloram (**) 1918-02-1 µg/L 400 5 GC-ECD Outras técnicas empregadas: HPLC

DESINFETANTES E PRODUTOS SECUNDÁRIOS DA DESINFECÇÃO


Ácidos haloacéticos (**) - µg/L 60 5 GC-ECD Somatória dos ácidos mono, di e tricloroacético e mono, di
e tribromoacético
Bromato 15541-45-4 mg/L 0,025 0,005 IC
Clorato (**) 7790-93-4 mg/L 0,7 0,01 IC
Clorito 7758-19-2 mg/L 1,0 (*) 0,02 IC
Cloro livre 7782-50-5 mg/L 5 0,3 UV VIS
Monocloramina 10599-90-3 mg/L 3 0,3 UV VIS
2,4,6 Triclorofenol 88-06-2 µg/L 200 2 GC-MS Ver nota 2
Trihalometanos Total (THM) - µg/L 100 5 p/cada GC-MS Somatória de clorofórmio, bromofórmio, diclorobromometano
e dibromoclorometano. Ver nota 1
ORGANOLÉPTICOS
Alumínio 7429-90-5 µg/L 200 150 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Amônia (como NH3) 7664-41-7 mg/L 1,5 0,1 (N amoniacal) UV VIS
Cloreto 16887-00-6 mg/L 250 2 Titulometria Outras técnicas empregadas: IC, UV-VIS
Cor Aparente - uH 15 5 Espectrofotometria
Dureza - mg/L 500 1,6 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, titulometria
Etilbenzeno 100-41-4 µg/L 200 5 GC-MS Ver nota 1
Ferro 7439-89-6 µg/L 300 100 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Manganês 7439-96-5 µg/L 100 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Monoclorobenzeno 108-90-7 µg/L 120 5 GC-MS Ver nota 1
Sódio 7440-23-5 mg/L 200 0,5 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
FAAS propicia limites mais altos, porém abaixo de VMP
Sólidos dissolvidos totais - mg/L 1.000 100 gravimetria
Sulfato 14808-79-8 mg/L 250 10 IC Outras técnicas empregadas: turbidimetria
Sulfeto de Hidrogênio 7783-06-4 mg/L 0,05 0,03 UV VIS
Surfactantes - mg/L 0,5 0,1 UV VIS
Tolueno 108-88-3 µg/L 170 5 GC-MS Ver nota 1
Turbidez - UT 5 1 neflometria
Zinco 7440-66-6 µg/L 5.000 100 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Xileno 1330-20-7 µg/L 300 5 p/cada GC-MS Ver nota 1
34 Revista ABES-SP

(*) – Valor proposto (alteração do valor vigente) (**) – Composto proposto para inclusão; (***) Somatória de nitrato e nitrito (como N) não deve exceder
10 mg/L
Notas:
1- Composto volátil geralmente determinado pelo método SW 846 US EPA 8260B ou equivalente
2- Composto semivolátil geralmente determinado pelo método SW 846 US EPA 8270D ou equivalente
3- Ao se utilizar como técnica analítica um cromatógrafo com detector seletivo, como ECD (detector de captura de elétrons), é fundamental que este
comporte dois detectores com colunas cromatográficas dissimilares (uma para quantificação e outra para confirmação), evitando assim falsos positivos
de compostos químicos com comportamento similar aos do analito-alvo.
4- Embora o LQP pela técnica de GC-MS atenda ao VMP, tomou-se como base a cromatografia com GC-ECD, dada a excelente detectabilidade desta
para compostos clorados, propiciando limites até 100 vezes mais baixos que GC-MS. No entanto, ao aplicar a técnica de GC-ECD, deve-se levar em
consideração a nota 3 acima.
5- GC-NPD (detector de nitrogênio e fósforo) tem excelente detectabilidade para compostos orgânicos nitrogenados e fosforados e GC-FPD (detector
fotométrico por chama) para compostos organofosforados; no entanto, o seu uso é muito restrito dentro do mercado analítico, visto que sua aplicabilida-
de é limitada.
6- Extraído de ASTM D7574 - 09 Standard Test Method for Determination of Bisphenol A in Environmental Waters by Liquid Chromatography/Tandem
Mass Spectrometry.
7- Extraído de US EPA, 2007. Method 1694: Pharmaceuticals and Personal Care Products in Water, Soil, Sediment, and Biosolids by HPLC/MS/MS.

Abreviações:

ICP-OES – Espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado


ICP-MS - Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado
GFAA – Absorção atômica com forno de grafite (eletrotérmico)
HG AAS - Absorção atômica com geração de hidretos
UV VIS – Espectrofotometria ultravioleta – visível
IC – Cromatografia iônica
GC ECD – Cromatografia a gás com detector de captura de elétrons GC NPD - Cromatografia a gás com detector de nitrogênio e fósforo
GC FPD - Cromatografia a gás com detector fotométrico de chama HPLC – Cromatografia líquida de alta eficiência

recomendável que mais laboratórios sejam consul- Valor máximo permitido (VMP): é o nível
tados e se possível essa escolha deve ser feita em máximo de um contaminante presente na água de
conjunto com o CFQ e o INMETRO. abastecimento público destinada a consumo huma-
O Quadro 6, apresentado nas páginas anterio- no. Seu valor deve ser definido para os compostos
res, inclui os parâmetros vigentes ou que foram químicos que podem causar efeitos adversos após
sugeridos a serem incluídos pelo grupo, número longos períodos de exposição ou aqueles que pos-
CAS, unidade padronizada, valor máximo permi- sam causar, sob determinadas condições, seus efei-
tido vigente ou a ser sugerido, técnicas analíticas tos após uma única exposição. Deve ser determi-
padrão empregadas e seus respectivos limites de nado também para substâncias que podem tornar a
quantificação praticáveis e outras técnicas apli- água não potável por alterar o seu gosto, odor (sa-
cadas pelos laboratórios consultados. Essa tabela bor) ou cor. O VMP normalmente representa a con-
poderá auxiliar na tomada de decisão quanto aos centração de um componente que não resultará em
VMPs a serem adotados, tendo em vista a capaci- um risco significativo para a saúde, considerando o
dade analítica instalada no país. consumo ao longo da vida. Esses valores também
podem ser estabelecidos em função da capacidade
8) Compostos organolépticos prática de tratamento ou na capacidade analítica.
Sugere-se dar mais clareza ao título da Tabela Nestes casos, o VMP pode ser superior ao valor
5, pois o atual é muito geral e induz a interpretação calculado com base no critério saúde humana.
errônea da portaria. Deixar claro que esses parâme- Valor máximo permitido para emergências:
tros são secundários e se referem a questões esté- é o nível máximo de um contaminante presente na
ticas da água. Aceitabilidade é uma palavra pouco água de abastecimento público destinada ao con-
técnica e que confunde o usuário. Sugere-se que sumo humano para exposição em curto prazo de
sejam incluídas mais informações técnicas sobre substâncias químicas usadas em grande quantidade
como realizar as análises de sabor (odor e gosto). e frequentemente envolvidas em emergência como
De acordo com o Standard Methods, os resultados derramamentos, geralmente em água superficial.
das análises de sabor e cor geram valores, portanto
deveria ser incluído qual o limite máximo aceitável 10) Alteração de VMP, inclusão ou retira-
e não somente não objetável como está na portaria da de parâmetro
atualmente. Neste item, os praguicidas não foram conside-
rados, pois serão tratados separadamente (ver item
9) Definições a serem incluídas 12).
O grupo sugere que sejam incluídas duas defi- Com relação aos metais, o grupo sugere que
nições na portaria, a de valor máximo permitido e sejam incluídos: Berílio, Boro, Molibdênio, Ní-
valor máximo permitido para emergências. Segue quel, Prata, Urânio e Vanádio. Esses metais têm
sugestão do grupo: reconhecida toxicidade e não estão contemplados
Revista ABES-SP 35

na portaria. O Boro, foi detectado em águas sub- da ABES. O grupo, reconhecendo a necessidade
terrâneas, mananciais de serra, água bruta e tratada de critérios claros para derivação desses valores,
com concentrações variando até 0,003 (LQ da téc- propõe que sejam seguidas as orientações sugeridas
nica utilizada ) a 0,017 mg L-1 ou 0,017 mg/L por neste documento que se encontra no Anexo I.
Cotrim, M.E.B. (Avaliação da qualidade da água na
bacia hidrográfica do Ribeira de Iguape com vistas • Para substâncias químicas com dose segu-
ao abastecimento público. Orientador: Maria Apa- ra, ou com “threshold”.
recida F Pires. Tese IPEN - USP, 2006). Para as substâncias químicas que apresentam
Quanto ao Cádmio sugere-se manter o VMP uma dose abaixo da qual não ocorrem efeitos adver-
em 5 µg/L, embora a OMS adote 3 µg/L, devido ao sos, valores máximos ou valores orientadores são
fato de que a maioria dos laboratórios comerciais baseados na ingestão diária tolerável (IDT), e são
dispõe de ICP-OES para análise de metais, o qual derivados por meio da equação (WHO, 2008):
não permite alcançar 3 µg/L como LQP. O LQP
atingível por ICP-OES é de 5 µg/L. Atualmente,
para atendimento de 3 µg/L, seria necessário que os (IDT x Peso corpóreo x P)
laboratórios com ICP-OES reportassem resultados VO =
C
com base no Limite de Detecção, ou seja, com um
erro de até 100% para o Cd. Portanto, sugere-se que
seja mantido o VMP de 5 µg/L para Cádmio na Por- onde,
taria 518 e que seja incluída uma recomendação de P = fração da IDT alocada para a água potável
que os laboratórios invistam em técnicas analíticas C = consumo diário de água potável
que propiciem LQP para cádmio compatíveis com
3 µg/L. A Ingestão Diária Tolerável (IDT) é uma es-
O grupo sugere regulamentar o somatório de timativa da quantidade de uma substância no ali-
nitrato e nitrito, conforme já é feito pela OMS e pe- mento ou água potável, expressa por peso corpóreo
los Estados Unidos. O somatório não deve exceder (mg/kg, ou μg/kg de peso corpóreo), que pode ser
10 mg/L como nitrogênio, porém não substitui os ingerida por toda a vida sem risco apreciável à saú-
VMP individuais já definidos anteriormente, ou seja de. A IDT deve ser derivada baseada no efeito crí-
10 e 1 mg/L para nitrato e nitrito respectivamente. tico mais sensível do estudo mais relevante, prefe-
O grupo também sugere retirar o segundo pará- rencialmente envolvendo administração pela água
grafo do artigo 14 da atual Portaria, que trata sobre potável, usando-se a equação (WHO, 2008):
avaliação de carbamatos e organofosforados pela
inibição da acetilcolinesterase. Esse método não é
(NOAEL ou LOAEL)
aplicável em rotinas de monitoramento e porque a IDT =
maioria dos praguicidas importantes dessa classe já FI
está incluída ou está sendo proposta na revisão da
Portaria. Onde,
NOAEL = No Observed Adverse Effect Level
11) Proposta para normalização do cál- (Primeira dose testada onde não são observados
culo dos padrões de potabilidade a se- efeitos adversos); LOAEL = Lowest Observed Ad-
rem adotados pelo MS verse Effect Level (Menor dose testada onde são ob-
O grupo propõe que em vez de se copiar va- servados efeitos adversos); FI = Fator de Incerteza.
lores de outras legislações, estes sejam derivados A IDT também pode ser derivada pela dose de
caso a caso, tendo como base o método da Organi- benchmark (DBM), que é o limite inferior do inter-
zação Mundial da Saúde. Existem três tipos de me- valo de confiança da dose que causa um pequeno
todologias para esse fim, uma para substâncias quí- aumento no nível de efeito adverso (exemplo 5%
micas não carcinogênicas genotóxicas, outra para ou 10%) e aplicando-se fatores de incerteza espe-
as carcinogênicas genotóxicas e por fim, um valor cíficos para cada substância química (WHO, 2008).
para ser usado em situações de emergência em que A alocação da ingestão deve ser aplicada, pois
se considera a exposição aguda e 100% de aloca- a água potável geralmente não é a única fonte de
ção. No Anexo I está um relatório do evento que foi exposição humana a substâncias químicas, em
realizado pela Sociedade Brasileira de Mutagênese, muitos casos, a ingestão das substâncias químicas
Carcinogênese e Teratogênese Ambiental, o qual pela água potável é menor do que por outras fontes
contou com o suporte financeiro e apoio técnico como alimento, ar e produtos de consumo. Sempre
36 Revista ABES-SP

que possível dados da proporção da ingestão diária computam uma estimativa do risco em um nível
total normalmente ingerida na água potável (base- determinado de exposição, no limite superior ou
ada nos níveis médios no alimento, água potável e inferior do intervalo de confiança, que pode incluir
ar) ou ingestão estimada baseada nas propriedades o zero no limite inferior. Os valores orientadores
físico-químicas das substâncias de interesse deve são conservativamente apresentados como as con-
ser usada na derivação dos valores orientadores. centrações na água potável associadas a uma es-
Essas aproximações asseguram que a ingestão diá- timativa do aumento de risco de câncer no limite
ria total por todas as fontes (incluindo água potável superior de 10-5 (ou um caso de câncer adicional
contendo concentrações de substâncias próximas em 100000 indivíduos que ingerem água potável
ou igual o valor orientador) não excedam a IDT. contendo concentrações da substância no valor
Quando informações adequadas de exposição pelo orientador durante 70 anos). Os modelos matemá-
alimento e água não estão disponíveis, são aplica- ticos usados para derivar os valores orientadores
dos fatores de alocação que representam a contri- para substâncias carcinogênicas genotóxicas não
buição provável da água para ingestão diária total podem ser verificados experimentalmente e geral-
para várias substâncias químicas. Na falta de dados mente não levam em conta considerações biológi-
de exposição adequados, a alocação normal da in- cas importantes como farmacocinética, reparo de
gestão diária total para a água potável é 20%, que DNA ou proteção ao sistema imune. Eles também
reflete um nível razoável de exposição baseado na assumem a validade de uma extrapolação linear de
ampla experiência e ainda é protetor. Este valor re- exposições a doses muito altas em animais a expo-
presenta mudança do valor de alocação prévio de sições a doses muito baixas em humanos. Assim,
10% considerado excessivamente conservativo. Em os modelos usados são conservativos (erros na par-
circunstâncias em que a exposição pelo alimento é te de precaução). Os valores orientadores deriva-
muito baixa, como os produtos secundários de de- dos usando estes modelos devem ser interpretados
sinfecção, a alocação pode chegar a 80%, que ainda diferentemente dos valores derivados com base na
permite a exposição por outras fontes. No caso de IDT devido a falta de precisão dos modelos. Expo-
alguns praguicidas, cujos resíduos provavelmente sição moderada em curto prazo a níveis que exce-
são encontrados em alimentos aos quais a exposi- dem o valor orientador para substâncias químicas
ção será significativa, a alocação para água pode ser sem limiar (“non threshold”) não afeta significati-
1% (WHO, 2008). vamente o risco (WHO, 2008).
Quanto ao peso corpóreo e consumo de água
potável, a Organização Mundial da Saúde (OMS) • Valores máximos permitidos para uso em
assume que um adulto consome diariamente 2 L de emergências
água e seu peso corpóreo é de 60 kg. Nos casos em
que o valor orientador é baseado em crianças consi- A Organização Mundial da Saúde também pro-
deradas particularmente vulneráveis a determinada põe a derivação de valores orientadores para expo-
substância, assume-se o peso corpóreo de 10 kg e sição por um período curto às substâncias químicas
ingestão de 1 L de água. Nas circunstâncias em que usadas em grande quantidade e frequentemente en-
o grupo mais vulnerável é de bebês (tomam mama- volvidas em uma emergência como derramamen-
deira), assume-se peso corpóreo de 5kg e ingestão tos, geralmente em água superficial. Ela é baseada
de 0,75 L (WHO, 2008). na dose de referência aguda (DRfA) e considera-
se alocação 100% da DRfA para a água potável. A
• Para substâncias químicas carcinogênicas DRfA é a quantidade de substância química, nor-
genotóxicas, na qual se assume que não há dose malmente expressa por peso corpóreo, que pode
considerada segura (“non-threshold”). ser ingerida em um período de 24 horas ou menos
sem apreciável risco à saúde do consumidor. Para
Para substâncias químicas carcinogênicas ge- exposições superiores a 24 horas, mas de duração
notóxicas, geralmente, considera-se que o evento inferior a poucos dias, recomenda-se o uso de dados
de início do processo de carcinogenicidade é a in- de estudos de toxicidade de doses repetidas. Na fal-
dução da mutação no material genético (DNA) de ta de dados para derivação da DRfA, a alternativa
células somáticas e há um risco teórico a qualquer seria alocar uma proporção maior da IDT para água
nível de exposição. Nestes casos, os valores orien- potável. Ainda que a IDT seja destinada a proteção
tadores são normalmente determinados usando-se da exposição por toda vida, pequenos excedentes
modelos matemáticos. A OMS adota geralmente da IDT por período curto não será de interesse sig-
modelos multiestágios linearizados. Estes modelos nificativo à saúde. É possível atribuir 100% da IDT
Revista ABES-SP 37

para a água potável por um curto período (WHO, rios de exposição segura”. Esse nível é calculado
2008). de tal forma que uma avaliação completa posterior
de toxicidade humana de uma substância não-geno-
• Critérios provisórios para substâncias que tóxica (com limiar de efeito) ou de uma substância
ainda não foram avaliadas toxicologicamente ou fo- genotóxica (sem limiar de efeito) vai com certeza
ram somente parcialmente avaliadas. produzir um valor guia equivalente ou superior de
consumo por toda a vida que é tolerável ou aceitá-
Sugere-se adotar um valor provisório (pragmá- vel em termos de saúde. No caso das substâncias
tico) denominado VPS (valor paramétrico baseado eventualmente presentes na água de beber que apre-
em saúde), do inglês “health-based parametric va- sentem alguma informação sobre sua toxicidade, os
lue – HPV” de 0,1 µg/L, seguindo a recomendação seguintes valores máximos (seguros) baseados na
da Agência Ambiental Federal da Alemanha (Fede- proteção à saúde, para o consumo por toda a vida
ral Environmental Agency, 2003) nos casos que: podem ser preconizados:

(I) Os dados que permitiriam uma avaliação ≤ 0,3 μg/L: para substâncias cujos dados toxi-
da toxicidade para humanos são inexistentes ou in- cológicos disponíveis são incompletos ou divergen-
completos, e tes, porém, estas substâncias são comprovadamente
(II) A sua eventual presença não é regulamen- não genotóxicas;
tada por um valor limite;
≤ 1 μg/L: para substâncias comprovadamente
O VPS é um valor de precaução para as subs- não genotóxicas e que apresentem dados in vitro e
tâncias que são facilmente disseminadas em água in vivo significativos sobre a neurotoxicidade do
potável, para as quais uma avaliação com base na contaminante considerando a via oral como via de
toxicidade para humanos não é possível, ou apenas exposição. No entanto, esses dados não produzem
parcialmente possível. Esta recomendação é ba- um valor inferior a 0,3 μg/L;
seada no conceito chamado de limite de interesse
toxicológico (Threshold of Toxicological Concern ≤ 3 μg/L: a substância não é genotóxica nem
– TTC – concept), avaliada por diferentes organi- neurotóxica (veja acima). Além disso, há, pelo me-
zações sob a ótica de sua adequação como “crité- nos, um estudo in vivo de toxicidade subcrônica por
38 Revista ABES-SP

via oral significativo do contaminante. No entanto, e valores máximos permitidos


esses dados não produzem um valor inferior a 1 μg/L. Os pesquisadores Regina Monteiro e Luiz
Di Bernardo propuseram que a Portaria considere
Do ponto de vista de saúde, valores > 3 μg/L como prioritários os compostos listados nos Qua-
podem ser tolerados na água potável para consu- dros 7 e 8. Esses praguicidas vêm sendo encontra-
mo ao longo da vida, sem revisão adicional, se pelo dos em mananciais de água brasileiros ou tem alto
menos um estudo de toxicidade crônica por via oral potencial de ocorrência nas águas brutas. Há litera-
estiver disponível, que propicie a avaliação toxico- tura nacional a respeito, tanto trabalhos científicos
lógica (quase) completa do contaminante demons- publicados como teses de mestrado e doutorado que
trando limiar de efeito acima de 3 μg/L. subsidiam essa proposta. Alguns já estão inclusive
contemplados na portaria, portanto devem ser man-
12) Proposta de inclusão de praguicidas tidos e outros devem ser incluídos.

Quadro 7 Compostos já contemplados na Portaria 518/04

Atrazina: CAS 1912-24-9 Alfa endosulfan: CAS 1031-07-8 Propanil: CAS 709-98-8

Simazina: CAS 12-34-9 Endosulfan sulfato: CAS 1031-07-8 2,4-D acido: CAS 94-75-7

Endosulfan: CAS 115-29-7 Alaclor: CAS 15972-60-8

Beta endosulfan: CAS 33213-65-9 Metalaclor: CAS 51218 -45-2

Quadro 8 Compostos sugeridos para inclusão na Portaria 518/04

Aldicarbe – CAS 116-06-3* Diuron: CAS 330-54-1 Monocrotofós: CAS 6923-22-4***

Carbofurano – CAS 1563-66-2 Diquate – CAS 85-00-7 Profenofós: CAS 41198-08-7***

Ametrina: CAS 834-12-8 Malationa –CAS 121-75-5** Halosulfuron metil: CAS 100784-20-1***

Hexazinona: CAS 51235-04-2 Paraquate – CAS 1910-42-5 Imazapir: CAS 81334-34-1***

Tebutiurom: CAS 34014-18-1 Azinfós metílico – CAS 86-50-0 Sufentrazona: CAS 122836-35-5***

Clomazona- CAS 81777-89-1 Imazaquim: CAS 81335-37-7***

Clorpirifós – CAS 2921-88-2* Imazapic: CAS 104098-48-8***

Picloram: CAS 1918-02-1 2,4-D amina: CAS 2008-39-1***

*Compostos com VMPs baseados no CONAMA 396/2008


**Sugestão de VMP diferente do CONAMA 396/2008, ver item 13
***Não foram calculados critérios para estes compostos
Revista ABES-SP 39

O grupo de trabalho elaborou uma proposta de valores máximos permitidos


e valores máximos permitidos em emergência para alguns dos compostos
listados nos quadros 7 e 8, utilizando o método de derivação proposto no
item 11. Esses valores foram apresentados no item 13.

13) Valores máximos permitidos calcu- para água potável (P) de 0,2 (WHO, 2008). Para o
lados para alguns praguicidas identifi- valor orientador de emergência o valor sugerido é
cados como prioritários no item 12. de 0,09 mg/L para o azinfós-metílico foi derivado
Independemente dos valores máximos permiti- conforme as recomendações da Organização Mun-
dos a serem adotados na portaria, o que o grupo de dial da Saúde (WHO, 2008), assumindo-se IDT de
trabalho considera mais importante é que o proces- 0,003 mg/kg/dia, dose de referência aguda (DRfA)
so de escolha seja transparente e seja apresentado derivada pela USEPA-OPP. A dose de referência
na portaria, pelo menos em um anexo. Todos os paí- aguda de 0,003 mg/kg/dia é baseada no LOAEL de
ses desenvolvidos deixam muito claro como o valor 1 mg/kg/dia de um estudo de neurotoxicidade agu-
foi escolhido e quais foram as bases técnicas para da em ratos (MRID 43360301 apud USEPA OPP,
essa escolha. Isso dá muito mais credibilidade ao 2006). Este LOAEL foi selecionado com base na
órgão regulador e confiança ao usuário. Abaixo es- inibição da colinesterase plasmática, de células ver-
tão propostas de valores máximos permitidos para melhas do sangue e cerebral observada após uma
alguns praguicidas, apresentadas da forma que o única dose. Não foi observado NOAEL neste estu-
grupo entende como ideal. Mais informações sobre do. Foi aplicado um fator de 300 (3 devido ao uso
características toxicológicas de cada substância se de LOAEL e não NOAEL; 10 para variação inte-
encontram no Anexo II. respécie e 10 para variação intra-espécies (USEPA
OPP, 2006). O peso corpóreo de um adulto 60 kg
e o consumo diário de água potável de 2 L (WHO,
2008) e a fração da dose de referência que é alo-
cada para água potável (P) de 1 (WHO, 2008) foi
considerada.
AMETRINA
valor sugerido: 0,05 mg/L

Este valor foi derivado conforme as recomen- CLOMAZONA


dações da Organização Mundial da Saúde (WHO, valor sugerido 0,8 mg/L
2008), assumindo-se, IDT de 0,009 mg/kg/dia, dose
de referência (DRf) derivada pela USEPA (1987); Este valor foi derivado conforme as recomen-
peso corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo diá- dações da Organização Mundial da Saúde (WHO,
rio de água potável de 2 L (WHO, 2008) e fração da 2008), assumindo-se IDT de 0,133 mg/kg/dia, in-
dose de referência que é alocada para água potável gestão diária aceitável (IDA) derivada pela Comu-
(P) de 0,2 (WHO, 2008). nidade Europeia (EC, 2007), peso corpóreo de um
adulto 60 kg e o consumo diário de água potável de
2 L (WHO, 2008) e a fração da dose de referência
que é alocada para água potável (P) de 0,2 (WHO,
AZINFÓS-METÍLICO 2008). Neste caso foi também derivado um valor
valor sugerido 0,009 mg/L orientador para emergência foi possível de ser cal-
culado, sendo este de 4 mg/L. O mesmo foi deri-
Este valor foi derivado conforme as recomen- vado conforme as recomendações da Organização
dações da Organização Mundial da Saúde (WHO, Mundial da Saúde (WHO, 2008) para caso de emer-
2008), assumindo-se, IDT de 0,0015 mg/kg/dia, gência, assumindo-se, IDT de 0,133 mg/kg/dia, in-
dose de referência (DRf) derivada pela USEPA gestão diária aceitável (IDA) derivada pela Comu-
OPP (2006), peso corpóreo de um adulto 60 kg e nidade Europeia (EC, 2007), peso corpóreo de um
o consumo diário de água potável de 2 L (WHO, adulto 60 kg e o consumo diário de água potável de
2008) e fração da dose de referência que é alocada 2 L (WHO, 2008) a fração da dose de referência que
40 Revista ABES-SP

é alocada para água potável (P) de 1 (WHO, 2008). (Hemoglobina Corpuscular Média), formas eritro-
citárias anormais, contagem de reticulócitos e de
leucócitos) observada em estudo combinado de car-
cinogenicidade/toxicidade crônica em ratos (MRID
40886501, 43871901, 43804501, 44302003 apud
DIQUATE USEPA OPP, 2003); peso corpóreo de um adulto 60
valor sugerido 0,03 mg/L kg consumo diário de água potável de 2 L (WHO,
2008) e fração da dose de referência que é alocada
Este valor foi derivado conforme as recomen- para água potável (P) de 0,2 (WHO, 2008). Como
dações da Organização Mundial da Saúde (WHO, valor de emergência sugere-se 0,09 mg/L, derivado
2008), assumindo-se IDT de 0,005 mg/kg/dia, dose conforme as recomendações da Organização Mun-
de referência (DRf) derivada pela USEPA OPP. O dial da Saúde (WHO, 2008), assumindo-se, IDT de
RfD/Peer Review Committee derivou a dose de re- 0,003 mg/kg/dia, dose de referência (DRf) deriva-
ferência de 0,005 mg/kg/dia, expresso como cátion da pela USEPA OPP (2003); peso corpóreo de um
diquate, baseado no estudo de toxicidade crônica adulto 60 kg; o consumo diário de água potável de 2
em cães com um NOEL de 0,5 mg/kg/dia e um L (WHO, 2008) e fração da dose de referência que
fator de incerteza (FI)/fator de segurança (FS) de é alocada para água potável (P) de 1 (WHO, 2008).
100 (5/12/94) em que foram observados cataratas
unilaterais em fêmeas e diminuição do peso do epi-
dídimo e adrenais em machos a dose de 2,5 mg/kg/
dia. O estudo de toxicidade crônica em ratos, com
um NOEL de 0,58 mg/kg/dia, foi identificado como HEXAZINONA
estudo suporte ou co-crítico. O fator de incerteza valor sugerido: 0,2 mg/L
de 100 foi aplicado devido a variações inter e in-
tra-espécies (USEPA OPP, 1995). Utilizou-se peso Este valor foi derivado conforme as recomen-
corpóreo de um adulto 60kg e o consumo diário de dações da Organização Mundial da Saúde (WHO,
água potável de 2 L (WHO, 2008). A fração da dose 2008), assumindo-se, IDT de 0,033 mg/kg/dia, dose
de referência que é alocada para água potável (P) de de referência (DRf) derivada pela USEPA (1987),
0,2 (WHO, 2008). Para diquate foi também propos- peso corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo diá-
to um valor orientador de emergência, 0,15 mg/L rio de água potável de 2 L (WHO, 2008) e a fração
derivado conforme as recomendações da Organiza- da dose de referência que é alocada para água potá-
ção Mundial da Saúde (WHO, 2008), assumindo-se vel (P) de 0,2 (WHO, 2008).
IDT de 0,005 mg/kg/dia, dose de referência (DRf)
derivada pela USEPA OPP (1995). Foi considerado
peso corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo diá-
rio de água potável de 2 L (WHO, 2008) e fração da
dose de referência que é alocada para água potável MALATIONA
(P) de 1 (WHO, 2008). valor sugerido de 0,4 mg/L

Este valor foi derivado conforme as recomen-


dações da Organização Mundial da Saúde (WHO,
2008), assumindo-se IDT de 0,07 mg/kg/dia, dose
DIURON de referência (DRf) derivada pela USEPA OPP, ba-
valor sugerido de 0,02 mg/L seada no BMDL10 (limite inferior da dose de ben-
chmark – limite inferior do intervalo de confiança
Este valor foi derivado conforme as recomen- 95% para 10% de inibição da colinesterase de célu-
dações da Organização Mundial da Saúde (WHO, las vermelhas do sangue) de 7,1 mg/kg/dia para ini-
2008), assumindo-se IDT de 0,003 mg/kg/dia, dose bição da colinesterase em células vermelhas do san-
de referência (DRf) derivada pela USEPA OPP gue dos filhotes de ratos em um estudo comparativo
(2003), baseada no LOAEL de 1,0 mg/kg/dia para de colinesterase a várias doses orais. Um fator de
anemia hemolítica e hematopoiese compensatória incerteza de 100 foi aplicado para variações interes-
(diminuição significativa na contagem de eritróci- pécies e intra-espécies (USEPA OPP, 2009). Peso
tos, níveis de hemoglobina e hematócrito e aumen- corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo diário de
to do VCM (Volume Corpuscular Médio), HCM água potável de 2 L (WHO, 2008) e fração da dose
Revista ABES-SP 41

de referência que é alocada para água potável (P) de PICLORAM


0,2 (WHO, 2008). O valor de emergência propos- valor sugerido 0,4 mg/L
to é de 4,2 mg/L, derivado conforme as recomen-
dações da Organização Mundial da Saúde (WHO, Este valor foi derivado conforme as recomen-
2008), assumindo-se IDT de 0,14 mg/kg/dia, dose dações da Organização Mundial da Saúde (WHO,
de referência aguda (ARfD) derivada pela USEPA 2008), assumindo-se IDT de 0,07 mg/kg/dia, dose
OPP, baseada no BMDL10 (limite inferior da dose de referência (DRf) derivada pela USEPA (1988),
de benchmark – limite inferior do intervalo de con- peso corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo diá-
fiança 95% para 10% de inibição da colinesterase rio de água potável de 2 L (WHO, 2008) e a fração
de células vermelhas do sangue) de 13,6 mg/kg/dia da dose de referência que é alocada para água potá-
para inibição da colinesterase em células vermelhas vel (P) de 0,2 (WHO, 2008).
do sangue dos filhotes machos de ratos em um es-
tudo comparativo de colinesterase oral agudo. Um
fator de incerteza de 100 foi aplicado para variações
interespécies e intra-espécies (USEPA OPP, 2009). TEBUTIUROM
O peso considerado foi de um adulto 60 kg, o con- valor sugerido: 0,4 mg/L
sumo diário de água potável de 2 L (WHO, 2008)
e a fração da dose de referência que é alocada para Este valor foi derivado conforme as recomen-
água potável (P) de 1 (WHO, 2008). dações da Organização Mundial da Saúde (WHO,
2008), assumindo-se IDT de 0,07 mg/kg/dia, dose
de referência (DRf) derivada pela USEPA (1988),
peso corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo
diário de água potável de 2 L (WHO, 2008) e fração
da dose de referência que é alocada para água po-
PARAQUATE tável (P) de 0,2 (WHO, 2008). Neste caso foi tam-
valor sugerido 0,03 mg/L bém derivado um valor orientador para emergência
2,1 mg/L, derivado conforme as recomendações da
Este valor foi derivado conforme as recomen- Organização Mundial da Saúde (WHO, 2008) para
dações da Organização Mundial da Saúde (WHO, caso de emergência, assumindo-se IDT de 0,07
2008), assumindo-se IDT de 0,0045 mg/kg/dia, mg/kg/dia, dose de referência (DRf) derivada pela
dose de referência (DRf) derivada pela USEPA USEPA (1988), peso corpóreo de um adulto 60 kg
(1991), peso corpóreo de um adulto 60 kg e o con- e o consumo diário de água potável de 2 L (WHO,
sumo diário de água potável de 2 L (WHO, 2008) 2008) e a fração da dose de referência que é alocada
e fração da dose de referência que é alocada para para água potável (P) de 1 (WHO, 2008).
água potável (P) de 0,2 (WHO, 2008).
O valor orientador para emergência propos-
to foi de 0,18 mg/L foi derivado conforme as re-
comendações da Organização Mundial da Saúde
(WHO, 2008), assumindo-se IDT de 0,006 mg/kg/
dia, dose de referência aguda (ARfD) derivada pela
JMPR (2003), baseada no NOAEL de 0,55 mg de
íon paraquate/kg de peso corpóreo observado em
um estudo em cães por 13 semanas e um fator de
segurança de 100 foi aplicado. Alterações histopa-
tológicas nos pulmões foram observadas nas doses
mais altas (JMPR, 2003). Foi considerado peso cor-
póreo de um adulto 60 kg e o consumo diário de
água potável de 2 L (WHO, 2008) e fração da dose
de referência que é alocada para água potável (P) de
1 (WHO, 2008).
42 Revista ABES-SP

Referências Bibliográficas

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44 Revista ABES-SP

Subsídios para as
Disposições Preliminares e
Deveres e Responsabilidades

AUTORES

Salzano Barreto de Oliveira CEVS – Secretaria Estadual da


Saúde – Rio Grande do Sul

Julce Clara da Silva CEVS - Secretaria Estadual da


Saúde – Rio Grande do Sul

Laura Cruz CEVS - Secretaria Estadual da


Saúde – Rio Grande do Sul

Cizino Rocha CEVS - Secretaria Estadual da


Saúde – Rio Grande do Sul

Andrea Vidal dos Anjos Companhia Riograndense de


Saneamento CORSAN

Geraldo Portanova Leal ABES/RS


Revista ABES-SP 45

Colaboração da Abes/RS à revisão da Portaria


518/04 referente aos capítulos:
II – Das Disposições Preliminares,
e III – Dos Deveres e das Responsabilidades

A
s discussões foram focadas nos aspectos da Portaria 518/04, não dispersando as mesmas
em outros aspectos do saneamento como a lei das licitações, gestão de recursos hídricos,
recursos financeiros. A adoção do PSA – Plano de Segurança da Água foi considerada na
revisão da Portaria 518, principalmente na avaliação dos riscos. As sugestões resultantes das dis-
cussões foram encaminhadas ao MS e muitas delas levadas em consideração como: mudanças nos
conceitos de SAA, SAC e SAI, no conceito de água potável e nas atribuições.

Dada as características do Grupo de Trabalho a ênfase de discussão foram o Capítulos: II – Das


Disposições Preliminares, e III – Dos Deveres e das Responsabilidades.

As principais considerações discutidas estão apresentadas a seguir:

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Vigilância da qualidade da água para consumo humano


Justificativa
Com relação ao conceito de vigilância da qualidade da água para consumo humano, sugerimos que se
busque uma definição e que nunca fique restrito a realidade local, porque independentemente da realidade
local, todas as pessoas devem consumir água dentro do padrão evitando doenças de veiculação hídrica.

Todas as pessoas têm direito a consumir água potável


Justificativa
Todas as pessoas têm direito a consumir água potável, portanto mesmo as soluções alternativas de-
vem atender plenamente aos padrões de potabilidade.

Toda a água destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de


potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água
Justificativa
Toda a água destinada ao consumo humano sempre estará sujeita à vigilância, não apenas quando
forem identificados riscos à saúde.
46 Revista ABES-SP

Capítulo II
DAS DEFINIÇÕES

Água Envasada
Justificativa
Deve ficar claro que se aplica para todo tipo de água para consumo, envasada, inclusive àquelas distri-
buídas promocionalmente (como as distribuídas em eventos pelos diversos serviços de abastecimento
de água).

Solução Alternativa Coletiva de Abastecimento de Água


para Consumo Humano
Justificativa
Não devem ser toleradas soluções alternativas quando existir rede de distribuição próxima.

Solução Alternativa Individual de Abastecimento de Água


para Consumo Humano
Justificativa
Considerando os conceitos de sistema e soluções alternativas coletivas, onde enquadraríamos os ho-
téis, hospitais, escolas e condomínios verticais?

Habitação unifamiliar – conceito IBGE

Justificativa
Com relação ao Conceito de Solução Alternativa Individual que atenda a uma “habitação unifamiliar”,
esclarecer os casos em que em um terreno tem um poço ou fonte e abastece varias habitações do tipo
unifamiliar.

Capítulo III
DOS DEVERES E DAS OBRIGAÇÕES

Varias definições

Justificativa
Padronizar a utilização do termo Norma e não Portaria, utilizar a expressão vigilância da qualidade da
água para consumo humano, substituir o termo nível municipal por esfera municipal ou outro.
Revista ABES-SP 47

São deveres e obrigações do Ministério da Saúde, por intermédio de seus


órgãos competentes: realizar análise de situação em saúde
Justificativa
Imprescindível que seja conceituada “situação em saúde”.

São deveres e obrigações do Ministério da Saúde, por intermédio de seus


órgãos competentes: garantir à população informações sobre a qualidade da
água...
Justificativa
Enfocar nesta portaria os princípios básicos desejados.

Capítulo VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Para coleta e análise de cianobactérias e cianotoxinas e comprovação de
toxicidade (por ensaios toxicológicos),... com o Tema II) ISO referente as
normas atualizadas...
Justificativa
No que pese o GT ter apenas tangenciado a Seção V – Dos Laboratórios de Controle e Vigilância, foi
significativa a manifestação em relação a revisar todas as referências de “vigilância de qualidade” alte-
rando para “vigilância da qualidade”. No caso da seção V, no primeiro artigo, item I, aparece “... opera-
cionalização das análises de qualidade da água”. Desta forma, o texto indica que são boas análises que
estão sendo realizadas. Por isso, o correto é “análises da qualidade da água”, que é o que se quer saber.
Em relação aos “ensaios toxicológicos”, sempre que tivermos que fazer comprovação de toxicidade,
organismos vivos deverão ser submetidos a diferentes doses de toxinas. Esta análise é onerosa, requer
estrutura especial com manutenção de ratos de laboratório que devem ter um número definido de dias
de vida, gera resíduo dos animais mortos, demora para obtenção dos resultados, necessita pessoal
técnico especializado para lidar com os animais, dentre outros problemas. Cremos que hoje nenhuma
Companhia Estadual tenha estrutura para a realização destes ensaios ou pretenda realizá-los se não fo-
rem exigidos. O pessoal ligado ao saneamento entendeu que para ser solicitado o ensaio toxicológico,
deveriam existir por parte da Vigilância pré-requisitos, a fim de que os laboratórios dos prestadores
se preparem para adotar como rotina e não de pesquisa, ou realizadas por terceiros, se for necessário.

Metodologias modificadas ... adoção de metodologias definidas pelo


Ministério da Saúde.

Justificativa
Uma vez que no texto do artigo há a referência às normas ISO, neste parágrafo não deveria haver a
restrição de procedimentos de adoção de metodologias definidas pelo Ministério da Saúde. A ISO/IEC
17025 – Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração – admite e
define critérios para validação de metodologias baseadas em diversas análises estatísticas.
48 Revista ABES-SP

ANEXO I

ESTRATÉGIAS PARA DEFINIÇÃO DE


CRITÉRIOS AMBIENTAIS PARA PROTEÇÃO
DA SAÚDE HUMANA E DO
ECOSSISTEMA: SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

Promoção
SOCIEDADE BRASILEIRA DE MUTAGÊNESE, CARCINOGÊNESE E
TERATOGÊNESE AMBIENTAL – SBMCTA

Coordenação: Profa Dra. Gisela de Aragão Umbuzeiro


(giselau@ft.unicamp.br ou giselau@usp.br)

Apoio
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECOTOXICOLOGIA – SETAC BRASIL
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TOXICOLOGIA – SBTOX
LEAL – Laboratório de Ecotoxicologia Aquática e Limnologia –
Faculdade de Tecnologia da UNICAMP
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MMA – Ministério do Meio Ambiente

Patrocínio
OPCW – ORGANISATION OF PROHIBITION OF CHEMICAL WEAPONS
ABES-SP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA SP
CPEA – CONSULTORIA PAULISTA DE ESTUDOS AMBIENTAIS
LABORATÓRIO CEIMIC
LABORATÓRIO CORPLAB
LABORATÓRIO ANALYTICAL TECHNOLOGY
LABORATÓRIO ECOLABOR
ACQUA CONSULTING
EKA CHEMICALS DO BRASIL
Revista ABES-SP 49

Comitê científico e organizador

Gisela de Aragão Umbuzeiro – FT UNICAMP e representante da Sociedade Brasi-


leira de Mutagênese, Carcinogênese e Teratogênese Ambiental – SBMCTA, Brasil
Alice Itani – Centro Universitário Senac, Brasil
Silvia Berlanga de Barros – Universidade de São Paulo e representate da Socieda-
de Brasileira de Toxicologia, SBTox, Brasil
Rubia Kuno – CETESB, Agência Ambiental do Estado de São Paulo, Brasil
Paolo DiMascio – Instituto de Química da Universidade de São Paulo, Brasil
Vera Maria Ferrão Vargas – FEPAM Fundação Estadual de Proteção do Meio Am-
biente do Rio Grande do Sul e representando a Sociedade Brasileira de Ecotoxico-
logia – SETAC Brasil
Marina Jakomin – Ministério do Planejamento, Argentina

Participantes
Ana Paula Leal Pinho,Ministério do Meio Ambiente
Adriana Castilho Costa Ribeiro de Deus, CETESB
Alice Itani, Centro Universitário SENAC
Clarice Umbelino Freitas, CVE, SP
Danielle Palma de Oliveira, USP/RP
Elaine Contiero Ribeiro, SEMAE Piracicaba
Errol Zeiger, North Carolina, USA
Fabio Kummrow, UFPe
Gisela de Aragão Umbuzeiro, FT UNICAMP
Helena Müller Queiroz, LANAGRO SP
Leticia Altafin, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Leticia Falcão Veiga, PETROBRAS
Maria de Fátima Guadalupe Meniconi, PETROBRAS
Maria de Fátima Pedrozo, Polícia Técnica de SP
Maria de Fátima Martins Pinhel, LANAGRO SP
Maria Luiza M. P. Castro, CESIS
Marta Condé Lamparelli, CETESB
Marina Jakomin, Ministério do Planejamento, Argentina
Paolo Di Mascio, IQ USP
Paula de Novaes Sarcinelli, FIOCRUZ
Peter Von der Ohe, Helmotz Institute, Alemanha
Rita Schoeny, Office of Water US EPA, Estados Unidos
Robert Baan, IARC, Lyon, França
Rosalina Pereira de Almeida Araujo, CETESB
Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, CVE SP e ABES
Rubia Kuno, CETESB
Sergia Oliveira, Ministério do Meio Ambiente
Silvia Berlanga Barros, FCF – USP e SBtox
Silvia De Simone, Ministério do Planejamento, Argentina
Tamara Grummt, UBA, Alemanha
Tomaz Langenbach, UFRJ
Vera Maria Ferrão Vargas, FEPAM – RS e SETAC Br
Lidiane Nobre Alves, UNICAMP
Maria Alice P.F. Santos, UNICAMP
50 Revista ABES-SP

O
evento “Estratégias para definição de cri- A adoção de uma lista de substâncias e seus
térios ambientais para proteção da saúde critérios provenientes de outras regiões do mundo
humana e do ecossistema” é uma atividade pode, ainda, ter contradições em sua aplicação dian-
satélite do IX Congresso Brasileiro de Mutagênese, te de outras normas legais do país. Por exemplo,
Carcinogênese e Teratogênese Ambiental. Trata-se uma substância pode ser considerada carcinogênica
de evento pioneiro no país, que tem por objetivo para o meio água e não carcinogênica para o meio
debater metodologias para definir critérios ou va- solo ou alimento, dependendo de onde o critério foi
lores de referência que protejam a saúde humana e importado.
do ecossistema diante de riscos ambientais. O foco A Argentina, atenta a esse problema, definiu de
serão as substâncias químicas que podem estar pre- forma pioneira na América Latina sua própria lis-
sentes no ambiente e causar efeitos adversos aos ta de substâncias prioritárias e seus algoritmos de
organismos. Estão convidados pesquisadores de cálculo para águas naturais. Os principais usos da
instituições nacionais e internacionais envolvidos água foram considerados e foram levadas em con-
com o desenvolvimento de estudos e pesquisas na sideração as características e necessidades daquele
área. O evento possui alta relevância para o Bra- país. Ainda mais importante é a existência de um
sil pois há uma lacuna no que se refere a métodos grupo permanente, que acompanha a literatura e re-
para definição dos padrões utilizados nas normas visa constantemente os valores adotados. Todas as
legais brasileiras. Na maioria dos casos os critérios informações são apresentadas de forma transparen-
existentes foram apropriados de padrões adotados te e podem ser acessadas on line.
em outros países, com diferenças de tipo de solo, Parece, então, evidente que o Brasil desenvol-
clima, temperatura, além das diferenças na capaci- va suas próprias regras para a derivação de critérios
dade tecnológica e nas políticas de gestão pública. ambientais e ocupacionais. Portanto, uma discus-
Participaram do evento aproximadamente 40 pes- são científica sobre o assunto com os stakeholders
quisadores nacionais e internacionais. desse processo pode ser de suma importância para
No Brasil é comum o uso de critérios ou padrões se criar regras tanto para aceitação de critérios
definidos pelos países desenvolvidos, sobretudo da de outros países como para o estabelecimento de
América do Norte e Europa, e de agências interna- métodos para o seu desenvolvimento. A vinda de
cionais. E para que uma norma legal seja editada especialistas, especialmente do eixo europeu, en-
ou revisada, um novo grupo é formado, composto volvidos na padronização de métodos por força da
usualmente por diferentes pessoas e novas substân- unificação dos países, pode contribuir de forma de-
cias e os valores são propostos. Este método tem se cisiva no repensar dos paradigmas atuais que vêm
tornado insustentável dado o aumento do número sendo utilizados no Brasil para o estabelecimento
de compostos que devem ser considerados, tanto e revisão das normas legais para proteção da saúde
quanto a especificidade de padrões para as carac- ocupacional e ambiental.
terísticas de exposição de cada país. A importação A ideia do evento ocorreu em 2007, durante o
de um número regulatório inclui a avaliação e o ge- VIII Congresso Brasileiro de Mutagênese, Carcino-
renciamento do risco de uma dada substância, rea- gênese e Teratogênese Ambiental durante a mesa
lizados especificamente pelo país ou instituição que redonda que ocorreu sobre legislação. Dessa forma,
o adotou. Estes valores podem não ser apropriados a Sociedade Brasileira de Mutagênese, Carcinogê-
para outros países, por diferentes motivos inclusive nese e Teratogênese Ambiental – SBMCTA promo-
devido a peculiaridades do meio físico. veu este evento, contando com o apoio da Socieda-
Entre as agências que definem seus próprios de Brasileira de Ecotoxicologia.
critérios há diferenças, algumas delas em escalas de O objetivo do evento foi discutir e propor uma
100 ordens de magnitude. Dentre os parâmetros uti- estratégia para derivação de critérios ambientais
lizados para definição desses critérios, há variações para a América Latina, para substâncias químicas
entre: o próprio algoritmo de cálculo, substâncias visando à proteção da saúde humana e da biota
consideradas prioritárias, as estimativas de risco aquática.
quantitativo, critério utilizado para sua classificação Uma proposta de sistema de derivação de cri-
carcinogênica, incertezas consideradas, cenários de térios, incluindo método para priorização das subs-
exposição; níveis de risco aceitáveis entre outras. tâncias a serem regulamentadas, foi desenvolvida
O uso de diferentes variáveis e formas de cálculo durante a realização do seminário com duração de
pode gerar, consequentemente, números diferentes cinco dias. Os pesquisadores internacionais apresen-
com o mesmo objetivo inicial de proteção da saúde taram e debateram as metodologias adotadas pelas
humana via exposição ocupacional ou ambiental. suas instituições de origem. Já os pesquisadores e
Revista ABES-SP 51

representantes das agências brasileiras apresentaram PO 1), o segundo grupo propôs uma metodologia
como os critérios nacionais vêm sendo derivados. para o estabelecimento de critérios para água de con-
Após as apresentações foi feito um debate entre os sumo humano, outro para proteção da biota aquática
participantes. Foram formados três grupos de tra- (GRUPO 3). O documento completo estará disponí-
balho que pelos diferentes participantes. Um dos vel na página eletrônica da SBMCTA (WWW.sbmc-
grupos elaborou uma proposta sobre como priorizar ta.org.br) ou poderá ser obtido diretamente por email
substâncias a serem regulamentadas na água (GRU- (giselau@ft.unicamp.br).

Grupo 2
Metodologia para derivação de critérios de qualidade
para água de consumo humano
AUTORES

Rubia Kuno, coordenadora


Danielle Palma Oliveira
Elaine Contiero Ribeiro
Maria de Fátima Pedrozo
Paula Sarcinelli
Rita Schoeny
Roseane Maria Garcia de Souza
Tamara Grummt

1. Introdução 2. Definição dos critérios


O objetivo da proposta deve ser proteger a saú- As áreas regulatórias relevantes neste contex-
de humana dos efeitos adversos de qualquer con- to são:
taminação de água destinada ao consumo humano, l Substâncias reguladas (ver Portaria MS
garantindo que a água de consumo é segura. 518/2004; Resolução Conama 396/2008 e outras);
Água para consumo humano é qualquer água l Substâncias não reguladas (lista de substân-
que possa ser utilizada para beber, cozinhar, pre- cias prioritárias);
parar alimentos e bebidas ou, particularmente, para l Substâncias que não são (ainda) possíveis ou
outros usos domésticos. somente parcialmente possíveis avaliar.
As concentrações de substâncias químicas que O seguinte conceito teórico é fundamentado
podem contaminar a água de consumo, ou inter- em duas ideias básicas: a existência de critérios
ferir na sua qualidade, devem ser mantidas no ní- confiáveis que propiciem uma avaliação de risco
vel mais baixo possível, de acordo com os padrões eficaz e a possibilidade de priorizar de acordo com
técnicos reconhecidos, considerando o mais baixo a avaliação de risco a fim de poder distinguir entre
limiar individual (o assim chamado princípio da problemas urgentes e triviais.
minimização). 2.1 Metodologias de derivação para subs-
Por esta razão o presente documento tem o ob- tâncias reguladas sob revisão e substâncias não
jetivo de harmonizar critérios de derivação para a reguladas.
água de consumo humano, de modo consistente, Duas abordagens para a derivação de valores
transparente e científico, assegurando que diferen- orientadores são usadas: uma para substâncias com
tes legislações possam usar a mesma metodologia limiar de dose e outra para substâncias que não
para estabelecer padrões, permitindo a comparação. apresentam limiar (a maioria dos carcinogênicos
Consequentemente, a metodologia sugerida é genotóxicos).
recomendada para ser aplicada por diferentes agên- 2.1.1 Substâncias com limiar de dose para
cias regulatórias sempre que um padrão for exigido. efeito adverso.
52 Revista ABES-SP

Para a maioria das substâncias tóxicas, acredi- tos agrotóxicos registrados para o uso nos Estados
ta-se que há uma dose abaixo da qual nenhum efeito Unidos. Essas avaliações são extensivamente revi-
adverso ocorrerá. Para as substâncias químicas que sadas e são baseadas, geralmente, em dados atuais e
causam tais efeitos tóxicos, uma dose diária tole- muito relevantes. Os valores da ATSDR são exten-
rável (IDT) ou a dose de referência oral (DRf) é sivamente revisados, mas essas avaliações de risco
estabelecida por diferentes agências reguladoras no foram propostas somente para avaliar riscos para
mundo. a saúde humana em áreas contaminadas (National
O valor orientador (VO) é então derivado a Priorities List – sítios da NPL, ou sítios do “Super-
partir da IDT/DRf, de acordo com o seguinte algo- fundo”). A ATSDR publica os Níveis Mínimos de
ritmo de cálculo: Risco - MRLs (Minimum Risk Levels), similares
às DRfs, para tempos de exposição mais curtos,
VO= (IDT/DRf x PC x P) menores que a vida toda e exposição crônica. Usam
C os modelos mais atualizados para a avaliação quan-
onde: titativa.
• PC: Peso corpóreo (kg)
• P = fração da IDT alocada para água de beber Peso corpóreo e consumo diário de água
• C = consumo diário de água de beber (L/dia) l 60 Kg e 2L/dia para adultos como recomen-
Para estabelecer os padrões, os seguintes parâ- dado pela Organização Mundial de Saúde (WHO),
metros são considerados: pois este parâmetro já está aplicado na Portaria MS
518/2004 ou até que o Brasil tenha seus próprios
RfD/TDI parâmetros.
Até que o Brasil tenha seus próprios valores, Em alguns casos, o valor orientador é estimado
sugere-se usar doses de referência e avaliações do para crianças ou para indivíduos em outro estágio
risco carcinogênico das seguintes bases de dados: da vida, que são considerados particularmente vul-
1. Sistema de Informação Integrada de Risco neráveis a uma substância específica. Neste caso,
(Integrated Risk Information System - IRIS), pri- um consumo de 1L é assumido, para um peso cor-
meiro. Para praguicidas, escolha o EPA Office of póreo de 10 Kg. Quando o grupo mais vulnerável
Pesticide Programs (OPP). for o de bebês alimentados com mamadeiras, um
2. Se não forem disponíveis, use valores da valor de 0.75 L é assumido, para um peso corpóreo
Agência para Substâncias Tóxicas e Registro de de 5 Kg.
Doenças, (Agency for Toxic Substances and Disea-
se Registry - ATSDR). Fração da IDT alocada para consumo
3. Se nem 1 nem 2 têm uma avaliação dispo- Em geral, a água potável não é a única fonte
nível, escolha entre as seguintes fontes: Instituto de exposição humana aos produtos químicos para
Nacional de Saúde Pública e Ambiente da Holanda os quais os valores orientadores são derivados. Em
(The National Institute for Public Health and the muitos casos, a ingestão de contaminantes quími-
Environment - RIVM), União Europeia, Europe- cos pela água potável é mais baixa do que por ou-
an Union (EU); U.S. EPA Region 9, Health Effects tras fontes, tais como o alimento e o ar. Assim, é
Summary Table (HEAST); Health Canada. Os da- necessário considerar a proporção da IDA/TDI que
dos devem ser: pode ser atribuída às diferentes fontes no desenvol-
l Revisados vimento de valores orientadores e estratégias de
l Atualizados gerenciamento de riscos. Esta abordagem assegura
l Procedentes de estudos que sigam as Boas que a ingestão diária total por todas as fontes (in-
Práticas de Laboratório (BPL) cluindo a água de beber que contenha concentra-
l Disponíveis publicamente ções da substância química próximas ou correspon-
l Modelados de acordo com estado de arte dentes aos valores orientadores) não exceda a IDA
atual. ou IDT.
Na medida do possível, são usados os dados da
Os valores do IRIS são extensivamente re- proporção da ingestão diária total do contaminante
visados e têm amplo uso. As avaliações do risco normalmente ingerido pela água potável (baseado
carcinogênico e DRfs são propostas com base em em níveis médios no alimento, na água potável e no
avaliações de risco das substâncias químicas para ar), ou a ingestão estimada com base nas proprieda-
exposição por toda vida, e em todos os comparti- des físico-químicas das substâncias de interesse, na
mentos ambientais. O OPP da USEPA avaliou mui- derivação de valores orientadores. Como as fontes
Revista ABES-SP 53

primárias de exposição às substâncias químicas de de água para consumo humano é estabelecido de


são geralmente alimento (por exemplo, resíduos acordo com o seguinte algoritmo de cálculo:
de agrotóxicos) e água, é importante determinar
as exposições por ambas as fontes. Para este pro- VO= R x PC
cesso, recomenda-se coletar o maior número pos- q1 x C
sível de dados de boa qualidade sobre a ingestão
de alimentos, de diferentes partes do mundo. Os Onde:
dados coletados podem então ser usados para esti- VO: Valor orientador
mar a fração da ingestão que vem do consumo de R: Risco individual
alimento e de água. PC: Peso corpóreo (kg)
Quando não há informação apropriada sobre a q1: fator de potência carcinogênica (kg.dia/ug)
exposição por alimento e pela água, são aplicados ou fator de inclinação
valores para a fração alocada, que reflitam a con- C: Consumo diário de água por pessoa (L/dia)
tribuição provável da água para a ingestão diária
total de várias substâncias químicas. Na ausência 2.1.3 Números significativos
de dados adequados de exposição, a fração da TDI O valor orientador deverá ser arredondado para
alocada da ingestão diária total pela água potável um número significativo devido à incerteza do dado
é 20%, que reflete um nível de exposição razoável de toxicidade obtido em estudos com animais e aos
baseado na larga experiência, sendo ainda protetor. parâmetros de exposição assumidos.
Em algumas circunstâncias, há uma clara evidên-
cia de que a exposição proveniente do alimento é 2.1.4 Valores orientadores provisórios
muito baixa, como para alguns dos subprodutos da Os valores orientadores deverão ser designa-
desinfecção; a fração de alocação nesses casos pode dos como Valores Provisórios quando:
chegar a 80%, que ainda permite alguma exposição – O valor orientador calculado for menor do
por outras fontes. No caso de alguns agrotóxicos, que o limite de quantificação praticável (LQ). Nes-
que são prováveis de serem encontrados como re- se caso, o Valor Orientador deverá ser estabelecido
síduos em alimentos, e a partir dos quais haverá em concentração possível de ser quantificada;
uma exposição significativa, a fração alocada para – O valor orientador calculado for menor do
a água pode ser tão baixa quanto 1%. que o nível que pode ser atingido pelos métodos de
Para as exposições agudas, isto é, situações de tratamento de água praticados. Nesse caso, o Valor
emergência em consequência de derramamentos – Orientador deverá ser estabelecido no limite do tra-
geralmente à água de superfície, o valor orientador tamento praticado; e
pode ser derivado alocando-se 100% da dose de re- – O valor orientador calculado pode ser ultra-
ferência aguda (ARfD - EPA) para a água potável. passado em decorrência do processo de desinfec-
ção. Nesse caso, o valor orientador deve ser definido
2.1.2 Substâncias sem limiar de dose para com base nos efeitos à saúde, mas os procedimen-
efeito adverso - carcinogênicas genotóxicas tos de desinfecção devem ser garantidos.
No caso de compostos considerados carcino-
gênicos genotóxicos, os valores orientadores são 2.1.5 Substâncias que ainda não foram ava-
normalmente determinados usando modelamento liadas ou foram somente parcialmente avaliadas
matemático. Os valores orientadores são conser- Seguindo a recomendação da Agência Am-
vadoramente representados como as concentrações biental Federal da Alemanha (Federal Environmen-
na água de beber associadas a um risco de câncer tal Agency, 2003) para avaliar a presença de subs-
estimado de 10-5 (um caso adicional de cancer por tâncias na água de consumo nos casos em que:
100.000 pessoas da população que ingere água con- (iii) Os dados que permitiriam uma avaliação
tendo a substância na concentração do valor orien- da toxicidade para humanos são inexistentes ou in-
tador durante 70 anos). completos, e
Para saber a classificação quanto ao efeito (iv) A sua eventual presença não é regulada por
carcinogênico da substância, recomenda-se usar a um valor limite; recomenda-se um valor pragmáti-
classificação da Agência Internacional de Pesquisa co, valor paramétrico baseado em saúde – VPS (he-
sobre Câncer (IARC). Outras fontes de informação alth-based parametric value - HPV) de 0,1 mg/L.
podem ser consultadas, como IRIS, Health Canada, O VPS é um valor de precaução para as subs-
RIVM. tâncias que são facilmente disseminadas em água
Neste caso, o VO para o parâmetro de qualida- potável, para as quais uma avaliação com base na
54 Revista ABES-SP

toxicidade para humanos não é possível, ou apenas podem ser tolerados na água potável para consu-
parcialmente possível. Esta recomendação é ba- mo ao longo da vida, sem revisão adicional, se pelo
seada no conceito chamado de limite de interesse menos um estudo de toxicidade crônica por via oral
toxicológico (Threshold of Toxicological Concern estiver disponível, que propicie a avaliação toxico-
– TTC– concept), avaliada por diferentes organiza- lógica (quase) completa do contaminante demons-
ções sob a ótica de sua adequação como “critérios trando limiar de efeito acima de 3 μg/L.
de exposição segura”.
Esse nível é calculado de tal forma que uma 3 Outras recomendações e necessidades
avaliação completa posterior de toxicidade humana futuras
de uma substância não-genotóxica (com limiar de l Os padrões derivados usando esta metodo-
efeito) ou de uma substância genotóxica (sem limiar logia devem ser revisados a cada seis anos, confor-
de efeito) vai, com certeza, produzir um valor guia me estabelecido pela Portaria MS 518/2004 (Brasil,
equivalente ou superior de consumo por toda a vida 2004) usando conhecimentos toxicológicos mais
que é tolerável ou aceitável em termos de saúde. atuais;
No caso das substâncias eventualmente presen- l Desenvolvimento futuro de conceito de
tes na água de beber que apresentem alguma infor- avaliação de risco que integre química analítica, to-
mação sobre sua toxicidade, os seguintes valores xicologia e ecotoxicologia;
máximos (seguros) baseados na proteção à saúde l Considerar a possibilidade de que gran-
para o consumo por toda a vida podem ser preco- des sistemas de água no Brasil monitorem alguns
nizados: contaminantes não regulados. Isso seria similar à
l ≤ 0,3 μg/L: para substâncias cujos dados to- Norma de Monitoramento de Contaminantes Não
xicológicos disponíveis são incompletos ou diver- Regulados dos EUA (USEPA, 2007);
gentes, porém, estas substâncias são comprovada- l Devem ser implementados programas de
mente não genotóxicas; proteção das fontes, processos de tratamento utili-
l ≤ 1 μg/L: para substâncias comprovadamen- zados e de monitoramento;
te não genotóxicas e que apresentem dados in vitro l Avaliação das tecnologias de tratamento de
e in vivo significativos sobre a neurotoxicidade do água de consumo em relação aos efeitos à saúde dos
contaminante considerando a via oral como via de subprodutos e produtos de transformação;
exposição. No entanto, esses dados não produzem l Elaborar uma lista de substâncias usadas no
um valor inferior a 0,3 μg/L; tratamento de água que são de importância à saúde
l ≤ 3 μg/L: a substância não é genotóxica nem humana e ao ecossistema;
neurotóxica (veja acima). Além disso, há, pelo me- l Participação proativa de todos os atores so-
nos, um estudo in vivo de toxicidade subcrônica por ciais e governamentais por meio da construção de
via oral significativo do contaminante. No entanto, diálogo aberto; e
esses dados não produzem um valor inferior a 1 μg/L. l Realização de seminários voltados para a
Do ponto de vista de saúde, valores> 3 μg/L educação.

Referências bibliográficas
Brasil. Portaria MS nº 518/2004. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria_518_2004.pdf.
Gomes, MAF et al. Ocorrência do herbicida tebuthiurom na água subterrânea da microbacia do Córrego Espraiado, Ribeirão
Preto-SP. Pesticidas: Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente, v. 11, 2001.
Monteiro, RTR et al. Lixiviação e contaminação das águas do rio Corumbataí por herbicidas. Ouro Preto: Congresso Brasileiro
da Ciência das Plantas Daninhas, 26. 2008.
USEPA. 2007. Unregulated Contaminant Monitoring Program. Disponível em: http://www.epa.gov/ogwdw000/ucmr/index.html.
Acesso em dezembro de 2009.
USEPA. 2009 Tebuthiuron (CASRN 34014-18-1). Disponível em: http://www.epa.gov/ncea/iris/subst/0264.htm
WHO. Guidelines for drinking-water quality. 3th Edition. 2008. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/
GDWAN4rev1and2.pdf
Federal Environmental Agency – Germany. Evaluation from the point of view of health of the presence in drinking water of
substances that are not (yet) possible or only partially possible to evaluate. Recommendation of the Federal Environmental
Agency after consultation with the Drinking Water Commission at the Federal Environmental Agency. 2003. 5 p. Disponível em:
<http://www.umweltdaten.de/wasser-e/empfnichtbewertbstoffe-english.pdf>. Acesso em: 01 dez. 2009.
Revista ABES-SP 55

Exemplo: Tebutiuron
Distribuição no ambiente (US NLM, 2006):
O tebutiuron é liberado no ambiente durante o seu uso como herbicida de amplo espectro para o controle
de plantas herbáceas e lenhosas. Também pode atingir o meio ambiente durante sua produção, formulação,
transporte e armazenamento. Quando aplicado ao solo, o tebutiuron persiste por muitos anos. Ele é degrada-
do pela atividade microbiana e a degradação parece ser mais rápida em solo saturado. Perdas podem ocorrer
por escoamento (“runoff”), especialmente quando chove em período próximo à aplicação. O tebutiuron é
relativamente imóvel no solo, principalmente naquele com alto conteúdo de carbono orgânico e argila. En-
tretanto, em alguns tipos de solo, com alta taxa de fluxo, ele pode ser bastante móvel. Há evidências de que
uma parte do tebutiuron pode se ligar quimicamente ao solo por um ou dois meses e ficar indisponível para a
degradação. Se liberado na água, o tebutiuron é adsorvido ao sedimento sendo biodegradado lentamente. No
entanto, não há estudos aquáticos do tebutiuron. Parece que o tebutiuron não se volatiliza e nem é biocon-
centrado nos organismos aquáticos. Se liberado na atmosfera, o tebutiuron é removido por sedimentação gra-
vitacional. A fase de vapor do tebutiuron pode reagir com radicais hidroxilas produzidos fotoquimicamente
resultando em meia vida de 14,7h. A principal exposição humana ao tebutiuron é ocupacional, especialmente
durante a aplicação. A exposição dérmica pode ocorrer pelo contato com plantas e solo tratados. (SRC).
No Brasil, Gomes et al. (2001) analisando água de poço semi-artesiano da Fazenda São José, localizada
na microbacia do Córrego Espraiado (Ribeirão Preto/SP), no período 1995-1999, encontraram tebutiurom
em concentrações menores (valor máximo 0,09 µg/L) que o valor estabelecido pela Comunidade Europeia
para praguicidas na água potável. Monteiro et al. (2008) obtiveram concentrações entre 0,01-0,32 µg/L de
tebutiurom em amostras de água do rio Corumbataí, no período de 2004-2005.

Efeitos Toxicológicos (EXTOXNET, 1996): ses administradas de 25 mg/kg/dia por 1 ano.


l Toxicidade aguda: o tebutiuron quando in- l Efeitos reprodutivos: A capacidade repro-
gerido apresenta moderada a baixa toxicidade para dutiva de ratos alimentados pela dieta com doses
animais de experimentação. Os valores de DL50 de tebutiuron tão altas quanto 56 mg/kg/dia foi per-
oral reportados para o tebutiuron são 644 mg/kg em feita, através de três gerações sucessivas, e nenhu-
ratos, 579 mg/kg em camundongos, 286 mg/kg em ma anormalidade foi detectada em pais ou filhos.
coelhos, maior do que 200 mg/kg em gatos, e maior Tebutiuron administrado a coelhas grávidas em do-
do que 500 mg/kg em cães. O tebutiuron apresenta ses tão elevadas quanto 25 mg/kg/dia, e a ratas em
de leve a baixa toxicidade na exposição pela pele. doses tão altas como 180 mg/kg/dia, não produziu
A DL50 dérmica do tebutiuron em coelhos é supe- efeitos adversos em mães ou filhos. Com base nes-
rior a 200 mg/kg. Não foram produzidas irritação na ses dados, é improvável que o tebutiuron provoque
pele nem outra manifestação de intoxicação quando efeitos reprodutivos.
da aplicação de 200 mg/kg de material na pele de l Efeitos teratogênicos: Nenhum efeito te-
coelhos. O tebutiuron não induziu sensibilização ou ratogênico foi observado em ratos alimentados com
reação alérgica quando testado na pele de cobaias. A 180 mg/kg/dia de tebutiuron. Um estudo para ve-
aplicação de 67 mg do herbicida nos olhos de coelhos rificar efeito teratológico em coelhos também teve
produziu conjuntivite aguda, inflamação do revesti- resultado negativo na maior dose testada de 25 mg/
mento do olho, mas sem irritação para outras partes kg/dia. Com base nesses dados, é improvável que o
do olho, a córnea, ou a íris. A inalação de tebutiuron tebutiuron cause defeitos de nascimento.
técnico na concentração de 3.7 mg/L, durante 4 horas l Efeitos mutagênicos: O teste de mutageni-
pelos animais, não causou toxicidade. cidade de Ames para tebutiuron foi negativo, como
l Toxicidade crônica: Diminuições no ga- foram também os ensaios de aberração cromossô-
nho de peso e na contagem de células vermelhas mica estrutural usando micronúcleo em camundon-
do sangue, juntamente com efeitos menores sobre gos. Com base nesses dados, parece que o tebutiu-
o pâncreas foram observados em ratos alimentados ron não é mutagênico.
com 125 mg/kg/dia por 3 meses. A exposição de l Efeitos carcinogênicos: Nenhum efeito re-
ratos a doses de tebutiuron na dieta tão altas quanto lacionado a tumor foi observado em um estudo que
80 mg/kg/dia por 2 anos foi bem tolerada, sem in- alimentou ratos por 2 anos a doses de até 80 mg/kg/
dicação de toxicidade cumulativa ou efeitos graves. dia, a maior dose testada. Um estudo oncogênico
Da mesma forma, nenhum efeito tóxico foi obser- de 2 anos em camundongos foi negativo na dose de
vado em ratos expostos a doses tão altas quanto 200 200 mg/kg/dia, a maior dose testada. Esses dados
mg/kg/dia por quase toda vida, ou em cães com do- indicam que o tebutiuron não é carcinogênico.
56 Revista ABES-SP

l Toxicidade nos órgãos: Dano ao pâncreas • PC = peso corpóreo


foi observado em estudos com animais como resul- • P = fração da IDT alocada para água de beber
tado da exposição ao tebutiuron. • C = consumo diário de água de beber
l Comportamento no organismo humano
e animais: Em ratos, coelhos, cães, patos e peixes, IDT do Tebutiuron= 0,07 mg/kg/dia (USEPA,
o tebutiuron é prontamente absorvido do trato gas- 2009)
trintestinal para a corrente sanguínea, é rapidamen- PC = 60 kg (WHO, 2008)
te metabolizado, e depois excretado na urina. Testes P = 0,2 (20% - WHO, 2008)
indicam que o herbicida é decomposto e excretado C = 2L (WHO, 2008)
dentro de 72 horas, em grande parte na forma de Valor derivado= 0,42 mg/L
metabólitos urinários.
2– Valor orientador para uso em caso de emer-
Derivação dos valores orientadores ou gência
critérios IDT do Tebutiuron= 0,07 mg/kg/dia (USEPA,
1 – O valor orientador é derivado a partir da 2009)
IDT/DRf, como descrito a seguir: PC = 60 kg (WHO, 2008)
P = 1 (100% - WHO, 2008)
VO= (IDT/DRf x PC x P/ C C = 2L (WHO, 2008)
onde: Valor derivado de emergência = 2,1 mg/L

Referências bibliográficas

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em: 04 dez. 2009
Revista ABES-SP 57

ANEXO II

Informações toxicológicas de
alguns dos praguicidas
considerados prioritários
58 Revista ABES-SP

1 AMETRINA
CAS: 834-12-8
A ametrina é um herbicida que inibe a fotossíntese e outros processos enzimáticos. No Brasil, o
herbicida pode ser usado em pré e pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de abacaxi,
algodão, banana, café, cana-de-açúcar, citros, mandioca, uva e milho.

Parâmetro USEPA
Distribuição no ambiente Índice de toxicidade DRf
A meia-vida da ametrina em solos é de 70 a Valor (mg/kg.d) 0,009
250 dias, dependendo do tipo de solo e condições Ano 1987
do tempo. A perda pelo solo ocorre principalmente Base experimental (mg/kg.d) NOEL 10 (convertido
para 8,6 mg/kg.d)
por degradação microbiana. A ametrina apresenta Fator de incerteza 1000
alta solubilidade na água e devido a isso se move Fator modificador 1
verticalmente e lateralmente no solo. Devido a Efeito ou órgão crítico Fígado
sua persistência, o composto pode lixiviar em ra- Espécie Rato
Estudo Ciba-Geigy, 1961
zão de chuvas, inundações e escoamento da irriga-
ção. Também devido à persistência e mobilidade,
o transporte da ametrina para a água superficial e Legislação
subterrânea é esperado por uso agrícola normal. O Brasil não estabelece um valor máximo de
Nos Estados Unidos, a concentração máxima ametrina na água potável ou subterrânea (BRASIL,
encontrada na água superficial foi de 0,1 µg/L e na 2004, 2008). A WHO (2008) não recomenda um va-
água subterrânea de 450 µg/L. No Brasil, Monteiro lor do herbicida na água potável.
et al. (2008) obtiveram concentrações entre 0,7 e A USEPA (2006, 2009) não estabelece valor
22,15 µg/L de ametrina em amostras de água super- para ametrina na água potável, mas adota 60 µg/L
ficial do rio Corumbataí (SP). como Lifetime HA (Lifetime Health Advisories),
que não tem poder legal, mas serve como um guia
Efeitos nos seres humanos técnico para auxiliar os reguladores. O Lifetime
A ametrina tem mostrado baixa toxicidade HA é a concentração de uma substância química na
aguda dérmica, oral e inalatória para os seres hu- água potável para a qual não é esperado que cause
manos (USEPA, 2005). Os sintomas na exposição qualquer efeito adverso não carcinogênico na expo-
aguda a altas doses incluem náusea, vômito, diar- sição durante toda a vida, e é baseado na exposição
reia, fraqueza muscular e salivação. A ametrina não de um adulto que pesa 70 kg e ingere 2 litros de
é irritante aos olhos e pele. Com base nos dados dis- água por dia.
poníveis, a USEPA (2005) considera que a ametrina A Austrália (AG, 2004) recomenda um valor
apresenta baixa toxicidade crônica e aguda. orientador de 5 µg/L de ametrina na água potável,
A USEPA estimou a DRf em 0,009 mg/kg.d baseado no limite de detecção analítica ou na con-
com base em estudo com ratos que receberam ame- centração máxima da substância que poderia ocor-
trina por gavagem, em doses de 0, 10 e 100 mg/ rer adotando-se boas práticas e, um valor de 50
kg.dia, durante 6 dias/semana por 13 semanas. Os µg/L para a proteção da saúde.
animais apresentaram degeneração gordurosa do A Comunidade Europeia (EU, 1998) não esta-
fígado na dose de LEL 100 mg/kg.dia. Não foram belece um valor orientador de ametrina para a água
observados efeitos em 10 mg/kg.dia. Parece que o potável, mas adota 0,1 µg/L para um agrotóxico in-
estudo foi bem conduzido, com 12 machos e 12 fê- dividual e 0,5 µg/L para a soma dos agrotóxicos.
meas em cada grupo de dose. Um fator de incerteza Em 2008 a Austrália propôs um valor gatilho,
de 1000 foi aplicado por diferenças inter e intraespé- sem resposta subletal, de 0,5 µg/L, 1,0 µg/L e 1,6
cies, e para a duração subcrônica do estudo crítico. µg/L de ametrina para a proteção de 99, 95 e 90%
dos organismos que vivem no Parque Marinho da
Grande Barreira de Corais (GBRMPA, 2008).

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2 ATRAZINA
CAS: 1912-24-9
A atrazina é um herbicida utilizado no controle de plantas daninhas na agricultura e em rodovias e linhas
férreas (ATSDR, 2003). No Brasil, o herbicida é empregado em pré ou pós-emergência das plantas infestan-
tes nas culturas de abacaxi, cana-de-açúcar, milho, pinus, seringueira, sisal e sorgo.

Distribuição e transporte no ambiente ralmente a atrazina é encontrada em concentrações


A atrazina é degradada lentamente na maioria mais baixas na água subterrânea do que na água
dos ambientes por processos biológicos ou quími- superficial. Nos Estados Unidos, as concentrações
cos. O herbicida tende a persistir na água superficial de atrazina raramente excedem 20 µg/L na água su-
e subterrânea, com tendência moderada para ligar- perficial. Os produtos de degradação DEA e DIA
se ao sedimento. Quando degradada nos sistemas podem ser encontrados na água superficial e sub-
aquáticos, os principais produtos de degradação são: terrânea e são também produtos da degradação da
desetilatrazina (DEA), deisopropilatrazina (DIA) e simazina, propazina e cianazina (IARC, 1991).
hidroxiatrazina (HAT). Dependendo da disponibili- Estudos de campo e em nove rios americanos
dade de luz solar, oxigênio, microrganismos e plan- mostraram que DEA e DIA ocorrem frequente-
tas, a meia-vida da atrazina na água pode ser maior mente na água superficial que recebe escoamento
que seis meses; em alguns casos, não se observa de campos tratados com atrazina e cianazina. A
degradação do composto em sistemas aquáticos. concentração desses produtos varia com as condi-
Esta falta de degradabilidade é uma das razões da ções hidrológicas e o tempo de escoamento, com
atrazina ser comumente observada em água super- concentrações máximas de 5 µg/L. A atrazina foi a
ficial e água de poço utilizado para abastecimento. fonte de 98% de DEA e 75% de DIA (IARC, 1991).
O longo tempo de permanência na água superficial Devido a relativa solubilidade da atrazina em
indica que pode haver oportunidade para entrar na água, o composto pode ser transportado por esco-
cadeia alimentar (ATSDR, 2003). amento superficial após aplicação e chegar à água
No solo, a atrazina é degradada por processos subterrânea e poços. No estado de Iowa (EUA), as
microbiológicos e degradação abiótica a DEA, DIA concentrações máximas de atrazina e DEA em água
e HAT. Estudos de campo no Kansas River Valley subterrânea foram 2,1 µg/L e 0,59 µg/L, respectiva-
(EUA) mostraram que DEA foi o principal produto mente (limite de detecção de 0,05 µg/L). Em outro
de degradação em solos argilosos. A concentração estudo com poços urbanos, a concentração máxima
de DIA foi significativamente menor que a do DEA de atrazina foi de 2,3 µg/L (limite de detecção de
(IARC, 1991). 0,002 µg/L). Na água potável, os níveis de atrazina
A concentração de atrazina em águas que rece- raramente excedem 1 µg/L (IARC, 1991).
bem o escoamento de terras agrícolas é sazonal. A No Brasil, Monteiro et al. (2008) encontraram
concentração mais elevada é encontrada entre seis concentrações entre 0,6-3,88 µg/L de atrazina no
semanas a dois meses após a aplicação, e concen- rio Corumbataí (SP), entre 2004-2005.
trações baixas até níveis não detectáveis são obser- A análise de atrazina em amostras de água su-
vadas durante o resto do ano. Em rios e riachos, as perficial do Córrego do Espraiado, em 9 pontos, e
concentrações são maiores durante o escoamento de água subterrânea em 5 poços da Prefeitura de
após tempestades em períodos pós-aplicação. Ge- Ribeirão Preto, no período de 2000 a 2002, mos-
60 Revista ABES-SP

trou que de todas as amostras de água superficial Legislação


coletadas mensalmente apenas quatro apresentaram No Brasil, o valor máximo permitido de atra-
resíduos de atrazina, com concentrações entre 0,04 zina na água potável ou na subterrânea é de 2 µg/L;
μg/L e 0,09 μg/L. Para as amostras de água subter- 10 µg/L para a água de irrigação e 5 µg/L para a
rânea apenas uma apresentou concentração de 0,03 água de dessedentação de animais (BRASIL, 2004,
μg/L de atrazina (limite de quantificação de 0,02 2008). A WHO (2008) recomenda 2 µg/L na água
μg/L) (Cerdeira et al., 2005). para consumo humano.
Bortoluzzi et al. (2007) detectaram atrazina A USEPA (2006) estabelece um limite máximo
em água de poço (0,24 μg/L) da Bacia Agudo (RS), de 3 µg/L de atrazina na água potável, valor esse
durante o cultivo de tabaco. Na Bacia Arvorezinha também adotado pela FDA para a água engarrafada
foram encontradas concentrações de 0,69 μg/L em (ATSDR, 2007).
poço e 0,82 μg/L na água superficial. Na Bacia A Comunidade Europeia (EU, 1998) não esta-
Cristal, 0,42 μg/L e 0,19 μg/L na água de poço e belece um valor orientador de atrazina para a água
0,13 μg/L na água superficial. de consumo humano, mas adota 0,1 µg/L para um
agrotóxico individual e 0,5 µg/L para a soma dos
Efeitos nos seres humanos agrotóxicos.
A principal via de exposição humana a atrazina Na Argentina, o valor orientador para atrazina
é a ingestão de água potável. A exposição por alimen- é ≤ 2,7 µg/L para a água filtrada, superficial ou sub-
to não é significativa (ATSDR, 2007). Na exposição terrânea com tratamento especial. No caso de água
aguda podem ocorrer efeitos no coração, pulmões e filtrada, com tratamento convencional, o valor é ≤
rins, baixa pressão sanguínea, espasmos musculares, 1,5 µg/L. Para a proteção da biota aquática o valor
perda de peso e dano às glândulas adrenais quando é ≤ 3 µg/L e irrigação entre ≤ 0,04 e 0, 13 µg/L,
indivíduos são expostos a concentrações acima de dependendo da taxa de irrigação.
3 µg/L de atrazina na água potável (USEPA, 2006). No Canadá (CCME, 2008) a concentração má-
Estudos mostraram alguma evidência para uma as- xima aceitável provisória de atrazina e seus produ-
sociação entre atrazina e aumento no risco de câncer tos de degradação na água potável é de 5 µg/L. Para
ovariano ou linfomas. Entretanto esta informação a proteção da vida aquática o valor é 1,8 µg/L, 10
é considerada inadequada para conclusão de que a µg/L para a água de irrigação e 5 µg/L para a água
atrazina causa esses efeitos (CCME, 2009). de dessedentação de animais.
A exposição ao composto tem sido associada A Austrália (AG, 2004) recomenda um valor
com aumento do parto prematuro espontâneo e vá- orientador de 0,1 µg/L de atrazina na água potá-
rios defeitos de nascença em casais que viviam em vel, baseado no limite de detecção analítica ou na
fazendas que utilizavam o herbicida. No entanto, a concentração máxima da substância que poderia
falta de informação sobre os níveis de exposição e ocorrer adotando-se boas práticas e, um valor de 40
a exposição simultânea a outros praguicidas torna- µg/L para a proteção da saúde.
ram o estudo inadequado para avaliar esses efeitos Na Nova Zelândia (2008) o valor máximo acei-
(ATSDR, 2003). tável de atrazina na água potável é 2 µg/L.
O principal efeito da atrazina em ratos é a Em 2008 a Austrália propôs um valor gatilho
desregulação do ciclo estral, a qual é mediada por de 0,4 µg/L, 2,4 µg/L e 5,9 µg/L de atrazina para
alteração no eixo pituitário-hipotálamo-gonadal. a proteção de 99, 95 e 90% dos organismos que
Diferenças na fisiologia reprodutiva entre ratos e o vivem no Parque Marinho da Grande Barreira de
homem faz com que esse mecanismo provavelmen- Corais (GBRMPA, 2008).
te não ocorra no ser humano. Entretanto, efeitos Devido a alta mobilidade no solo e seu poten-
similares foram observados em suínos e o mecanis- cial para contaminar a água, a atrazina é banida
mo não está elucidado. Além disso, se desconhece em vários países europeus, como Itália, Noruega
se a atrazina ou seus metabólitos são responsáveis e Suécia. A Alemanha baniu todos os produtos
por esses efeitos (ATSDR, 2003). contendo atrazina. O Reino Unido baniu o uso do
A IARC classifica a atrazina no Grupo 3 – a herbicida em situações de uso não-agrícola, man-
evidência de carcinogenicidade da atrazina para hu- tendo o uso agrícola para grãos (ATSDR, 2003).
manos é inadequada e para animais de experimen- Para a Australian Pesticides and Veterinary Medi-
tação é inadequada ou limitada. Segundo a IARC, cines Authority (AVPMA, 2008a), a atrazina não
os tumores mamários associados com exposição a foi banida na Europa e sim não incluída na relação
atrazina envolvem um DNA não reativo mediado de ingredientes ativos para produtos fitossanitários.
por mecanismo hormonal (IARC, 1999). A decisão da Comissão Europeia não foi baseada
Revista ABES-SP 61

em razões toxicológicas específicas, mas devido à que a concentração do ingrediente ativo e de seus
preocupação que os resíduos de atrazina na água produtos de degradação em grandes áreas não exce-
subterrânea poderiam exceder o limite de 0,1 µg/L derá 0,1 µg/L na água subterrânea. Além disso, não
estabelecido para todas as substâncias químicas. se pode garantir que o uso contínuo em outras áreas
Segundo o Comitê Científico para Plantas, da Co- permitirá uma recuperação satisfatória da qualidade
missão Européia (EC, 2004), os dados de monitora- da água subterrânea quando as concentrações já ex-
mento da atrazina são insuficientes para demonstrar cederam 0,1 µg/L na água subterrânea.

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62 Revista ABES-SP

3 CLOMAZONA
CAS: 81777-89-1 (sinonímia dimetazona)
No Brasil, o herbicida clomazona é empregado em pré-emergência das plantas infestantes nas culturas
de algodão, arroz, batata, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, milho, pimentão e soja.

Distribuição no ambiente à saúde da clomazona na pesquisa realizada. Não


No solo, a clomazona é metabolizada sob con- consta informação sobre o herbicida no IRIS ou
dições aeróbicas com meia-vida variando de 28 a TERA. Segundo um Draft da Dinarmarca (2005),
173 dias, dependendo do tipo de solo. Sob condi- o herbicida apresenta toxicidades aguda oral e ina-
ções anaeróbias, o composto rapidamente se de- latória moderadas e baixa toxicidade dérmica. Não
grada (meia-vida de 13 dias) a (N-[(2-clorofenol) é irritante para a pele e olhos. Em estudos de curto
metil]-3-hidroxi-2,2-dimetil propanamida) (USE- prazo o órgão-alvo foi o fígado com alterações no
PA, 2007). O herbicida é moderadamente persisten- peso, elevação do colesterol sérico e alterações he-
te no solo (TOXNET, 2006). páticas. Foi observada breve anemia em cães. Não
Na água superficial, o composto pode existir na foram observados problemas de saúde clinicamente
fase dissolvida e aderido a partículas em suspensão relevantes associados com a exposição de trabalha-
e sedimento, com meia-vida de 1,5 a 2,5 meses. O dores de acordo com estudo da companhia produto-
subproduto de degradação N-[(2-clorofenol)metil]- ra do herbicida. O Draft cita os NOAEL:
3-hidroxi-2,2-dimetil propanamida pode ser encon-
trado na água superficial e persistir, especialmente Rato: NOAEL 200 mg/kg.d
sob condições anaeróbias (USEPA, 2007). Camundongo: NOAEL foi de 300 mg/kg.d
Com base em dados de laboratório e de campo, Cão: ADI = 12,5 mg/kg bw/day / 100 = 0,125
a clomazona provavelmente não contamina a água mg/kg bw/day.
subterrânea, entretanto é possível que a água super-
ficial seja contaminada por escoamento, pulveriza- Legislação
ção e volatilização (USEPA, 2007). O Brasil não estabelece um valor máximo de
No Brasil, Monteiro et al. (2008) encontraram clomazona na água potável ou subterrânea (BRA-
concentrações entre 0,14-0,73 µg/L de clomazona SIL, 2004, 2008). A WHO (2008) não recomenda
em amostras de água do rio Corumbataí, no período um valor do herbicida na água potável.
de 2004-2005. A USEPA (2006) não estabelece valor de clo-
No Rio Grande do Sul, Zanella et al. (2007) mazona na água para consumo humano. No Estado
obtiveram concentrações entre 0,31-1,72 µg/L nas de Wiscosin (2008), o nível para a proteção da saú-
águas dos rios Ibicuí, Ibicuí-Mirim, Vacacaí, Jacuí de (HAL – Lifetime Health Advisory Level) é de
e Vacacaí-Mirim, durante o cultivo de arroz de de- 430 µg/L para a água potável e subterrânea. O HAL
zembro/1999 a março/2000 e de 0,60 a 1,15 µg/L serve como um valor guia para auxiliar consultores
na safra de dezembro/2000 a março/2001. sobre regulação da água e decisões para remedição
Bortoluzzi et al. (2007) encontraram concentrações de água subterrânea.
de 2,68 µg/L e 10,84 µg/L em água de poço, e 15,69 A Comunidade Europeia (EU, 1998) não es-
µg/L na água superficial da Bacia Arvorezinha (RS), tabelece um valor orientador para clomazona, mas
durante o cultivo de fumo. O herbicida não foi detecta- adota 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
do nas águas de poço e superficial das Bacias Agudo e µg/L para a soma dos agrotóxicos.
Cristal (limite de detecção na água superficial 0,2 µg/L). A Comissão Europeia (EC, 2007) estabeleceu
Marchesan et al. (2007) avaliaram a concentra- uma IDA de 0,133 mg/kg/dia para a clomazona, não
ção dos herbicidas clomazona, propanil e quinclorac, alocando ARfD (acute reference dose) devido a bai-
de 2000 a 2003, durante o cultivo de arroz no Rio xa toxicidade do herbicida. O Ingresso Diário Má-
Grande do Sul. A clomazona foi detectada em concen- ximo Teórico (TMDI; excluindo água e produtos de
tração mínima de 1,32 µg/L e máxima de 8,85 µg/L origem animal) para um adulto de 60 kg é <0,5% da
no rio Vacacaí, e mínima de 0,41 µg/L e máxima de IDA. A revisão da Comissão estabeleceu que os re-
5,62 µg/L no rio Vacacaí-Mirim (limites de detecção síduos resultantes dos usos do herbicida, de acordo
e quantificação de 0,1 e 0, 3 µg/L, respectivamente). com as boas práticas de proteção, não apresentam
efeitos prejudiciais à saúde humana ou animal.
Efeitos nos seres humanos A USEPA (2009) está reavaliando o risco eco-
Não foram encontrados estudos sobre efeitos lógico do herbicida.
Revista ABES-SP 63

Referências bibliográficas

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4 HEXAZINONA
CAS: 51235-04-2
Hexazinona é um herbicida não seletivo usado no controle de plantas infestantes em áreas agrícolas e
não-agrícolas (Health Canada, 2009). No Brasil, o herbicida é empregado na pré e pós-emergência de plan-
tas infestantes da cultura de cana-de-açúcar.

Distribuição no ambiente nas águas do rio Corumbataí (SP), entre 2004-2005.


No solo a hexazinona apresenta persistência O monitoramento da hexazinona em 7 poços
alta a moderada, com meia-vida variando de 30 a da microbacia do córrego Espraiado (Ribeirão
180 dias (média de 90 dias). É degradada por mi- Preto/SP) não indicou a presença do herbicida. Os
crorganismos, mas também pode ser decomposta valores encontrados estiveram abaixo do limite de
pela luz solar. O composto é pouco adsorvido às detecção de 0,02 µg/L (limite de quantificação 0,07
partículas do solo, muito solúvel em água e lenta- µg/L) (Queiroz et al., 2005).
mente degradado. Provavelmente apresenta mobi- Queiroz et al. (2009) determinaram experi-
lidade na maioria dos solos e tem potencial para mentalmente o coeficiente de adsorção ao carbo-
contaminar a água subterrânea (OSU, 1996). no orgânico e a meia-vida da hexazinona em solo
Na água, a fotodecomposição, biodegradação representativo da região de Ribeirão Preto (SP),
e diluição são os principais mecanismos da perda produtora de cana-de-açúcar, e verificaram que o
da atividade da hexazinona em sistemas aquáticos herbicida possui potencial para contaminar a água
(OSU, 1996). subterrânea. Os autores encontraram meia-vida de
No Brasil, Monteiro et al. (2008) encontraram 125 dias para profundidade de 0-10 cm e 145 dias
concentrações entre 0,02 e 0,5 µg/L do herbicida para 10-20 cm em latossolo vermelho distrófico
64 Revista ABES-SP

psamítico, representativo da região. Legislação


O Brasil não estabelece um valor máximo de
Efeitos nos seres humanos hexazinona na água potável ou subterrânea (BRA-
A hexazinona apresenta baixa toxicidade por via SIL, 2004, 2008). A WHO (2008) não recomenda
oral, dérmica e inalatória. É um irritante leve para a um valor do herbicida na água potável.
pele e grave para os olhos. O composto não é classi- Nos EUA (USEPA, 2006) o nível para a prote-
ficado como carcinógeno humano e não é mutagêni- ção da saúde é de 400 µg/L (HAL – Lifetime Health
co (FAO, 2006). A USEPA estimou a DRf do com- Advisory Level) na água potável. O Estado de Mai-
posto em 0,033 mg/kg.d com base em estudo com ne (2008) estabelece o valor máximo de exposição
ratos que receberam hexazinona na dieta, em doses (MEG) de 230 µg/L do herbicida na água potável.
de 0, 200, 1000 e 2500 ppm por 2 anos. O ganho de A Austrália (AG, 2004) estabelece um valor
peso de machos e fêmeas que receberam 2500 ppm orientador de 2 µg/L de hexazinona na água potá-
do herbicida e fêmeas que receberam 1000 ppm foi vel, baseado no limite de detecção analítica, e um
menor que o do grupo controle e de outros grupos valor (health value), baseado em 10% da IDA, de
testados. Não houve evidência clínica, hematológica 300 µg/L para a proteção da saúde. Para propostas
ou urinária de toxicidade. Um fator de incerteza de recreacionais, a concentração máxima do herbicida
100 foi aplicado por diferenças inter e intraespécies, é de 600 µg/L (Austrália, 2000).
e outro adicional de 3 devido a falta de um estudo Na Nova Zelândia (2008) o valor máximo acei-
crônico com espécies mais sensíveis (cães). tável provisório é de 400 µg/L para a água potável.
A Comunidade Europeia (EC, 1998) não esta-
Parâmetro USEPA belece um valor orientador para hexazinona, mas
Índice de toxicidade DRf
adota 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
Valor (mg/kg.d) 0,033
Ano 1987 µg/L para a soma dos agrotóxicos.
Base experimental NOEL 200 ppm Em 2008 a Austrália propôs um valor gatilho
(mg/kg.d) (convertido para 10 de 75 µg/L de hexazinona para a proteção dos or-
mg.kg.d) ganismos que vivem no Parque Marinho da Grande
Fator de incerteza 300
Fator modificador 1
Barreira de Corais (GBRMPA, 2008).
Efeito ou órgão Diminuição do peso
crítico
Espécie rato
Estudo Du Pont, 1977

Referências bibliográficas

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5 PICLORAM
CAS: 1918-02-1
O picloram é um herbicida de amplo espectro para o controle de plantas lenhosas e pastagens. É usado
também em áreas não agrícolas como margens de rodovias, linhas férreas, instalações militares, aeroportos,
terrenos sob torres de energia e ao longo de gasodutos (FAO, 2004). No Brasil, o herbicida pode ser usado
em pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de arroz, cana-de-açúcar, pastagens e trigo, e em
pré-emergência das plantas infestantes na cultura da cana-de-açúcar.

Distribuição no ambiente existe preocupação quanto ao risco potencial das


No solo, o picloram é degradado principalmen- misturas de picloram (CEPA, 1997).
te por ação microbiológica e a degradação é inver- A exposição humana por curtos períodos a
samente relacionada à concentração do herbicida, níveis acima de 5 µg/L de picloram na água potá-
conforme aumenta a concentração do composto, vel pode causar dano no sistema nervoso central,
diminui a degradação (CCME, 1999). O herbicida fraqueza, diarreia e perda de peso. Na exposição
apresenta persistência alta a moderada no solo; nor- crônica, o picloram tem potencial para causar dano
malmente não se adere fortemente às partículas do hepático (USEPA, 2006).
solo e a volatilização é praticamente nula. A meia- Segundo IARC (1997), a evidência de carcino-
vida em solos varia de 20 a 300 dias, com uma es- genicidade do picloram para humanos é inadequada
timativa média de 90 dias, mas pode ser maior em e para animais de experimentação é inadequada ou
regiões secas (OSU, 1996). Condições alcalinas, limitada, sendo o composto classificado no Grupo 3.
textura dos solos argilosos e baixa densidade de ra- A USEPA estimou a DRf em 0,07 mg/kg.d com
ízes nas plantas podem aumentar a persistência do base em estudo com cães que receberam 0, 7, 35 e
picloram (USDA, 2000). 175 mg/kg/dia de picloram na dieta. Os efeitos ob-
O principal subproduto do picloram no solo servados incluem redução no consumo de alimento
é dióxido de carbono, porém a pequena quantida- e peso em cães de ambos os sexos que receberam
de produzida provavelmente não é prejudicial ao 175 mg/kg.d. Também foram observados efeitos
ambiente. Um estudo sobre a decomposição do pi- no fígado em machos que receberam 35 mg/kg.d e
cloram no solo identificou 2 compostos em baixas em ambos os sexos em receberam 175 mg/kg.d (au-
quantidades: ácido 4-amino-3,5-dicloro-6-hidroxi- mento absoluto e peso relativo do fígado e elevada
picolinico e 4-amino-2,3,5-tricloro-piridina. Esses fosfatase alcalina sérica). Um fator de incerteza de
metabólitos também são encontrados em plantas 100 foi aplicado por diferenças inter e intraespécies.
expostas ao herbicida (USDA, 2000).
Na água, estudos de laboratório indicam que Parâmetro USEPA
Índice de toxicidade DRf
a fotólise é o principal mecanismo para a degra-
Valor (mg/kg.d) 0,07
dação do picloram. A hidrólise do composto não é Ano 1988
significativa (CCME, 1999). A meia-vida na água Base experimental NOEL 7
superficial varia de 2,3 - 41,3 dias (OSU, 2002). É (mg/kg.d)
um dos herbicidas com maior mobilidade no solo e Fator de incerteza 100
Fator modificador 1
é improvável que se degrade na água subterrânea, Efeito ou órgão A umento no peso do
tem alto potencial para contaminar a água superfi- crítico fígado
cial (FAO, 2004). Espécie Cão
Estudo Dow Chemical, 1982
Efeitos nos seres humanos
Dados indicam que o picloram puro tem pouco Legislação
efeito na reprodução e não é teratogênico, porém O Brasil não estabelece um valor máximo de
66 Revista ABES-SP

picloram na água potável ou subterrânea (BRASIL, valor é provisório - 29 µg/L. Para a água de des-
2004, 2008). A WHO (2008) não recomenda um va- sedentação de animais é 190 µg/L.
lor do herbicida na água potável. A Austrália (AG, 2004) recomenda um valor
A Comunidade Europeia (EC, 1998) não es- de 300 µg/L de picloram na água potável para a
tabelece um valor orientador de picloram na água proteção da saúde. O valor saúde (health value)
para consumo humano, mas adota 0,1 µg/L para um é baseado em 10% da IDA. Para propostas recre-
agrotóxico individual e 0,5 µg/L para a soma dos acionais, o valor do herbicida na água é 30 µg/L
agrotóxicos. (Austrália, 2000).
Os Estados Unidos (USEPA, 2006) estabele- Na Nova Zelândia (2008) o valor máximo
cem um limite máximo de 500 µg/L de picloram na aceitável de picloram na água potável é 200 µg/L.
água potável. No Canadá (CCME, 2008) a concen- A Argentina recomenda um valor orientador
tração máxima aceitável provisória é 190 µg/L para de picloram de ≤ 140 µg/L para a proteção da
a água potável. Para a proteção da vida aquática o biota aquática.

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6 SULFENTRAZONA
CAS: 122836-35-5
No Brasil, o herbicida sulfentrazona é empregado em pré-emergência das plantas infestantes nas culturas
de abacaxi, café, cana-de-açúcar, citros, eucalipto, fumo e soja. Aplicação em pós-emergência das plantas in-
festantes na cultura da soja. Para uso não agrícola aplicação em áreas industriais, aceiros, rodovias e ferrovias.

Distribuição no ambiente propriedades, parece que o herbicida tem alta mobi-


A sulfentrazona tem as seguintes característi- lidade e persistência, e tem forte potencial para lixi-
cas: 1) moderada solubilidade, 2) não susceptível viar da água subterrânea e mover para a água super-
para hidrólise, 3) extremamente susceptível para a ficial. Sob determinadas condições, a sulfentrazona
fotólise direta na água, 4) muito estável para fotóli- pode ter alto potencial para escoar para a água su-
se no solo, 5) meia-vida aeróbia de 1,5 ano, 6) meia- perficial (principalmente via dissolução) por vários
vida anaeróbia de 9 anos, 7) alta mobilidade no solo ou muitos meses após a aplicação (USEPA, 1997).
e, 8) baixa volatilidade de solos e água. Com essas No Brasil, Monteiro et al. (2008) encontraram
Revista ABES-SP 67

concentração de 0,10 µg/L de sulfentrazona em Legislação


amostra de água do rio Corumbataí. O Brasil não estabelece um valor máximo
de sulfentrazona na água potável ou subterrânea
Efeitos nos seres humanos (BRASIL, 2004, 2008). Não foi encontrada legisla-
Não foram encontrados estudos sobre efeitos à ção internacional sobre o herbicida.
saúde da sulfentrazona na pesquisa realizada. Não A Comunidade Europeia (EC, 1998) não esta-
consta informação sobre o herbicida no IRIS ou TERA. belece um valor orientador para sulfentrazona, mas
O Federal Register, dos EUA, cita vários NOAEL de adota 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
acordo com os estudos. O Escritório de Segurança Quí- µg/L para a soma dos agrotóxicos.
mica da Austrália (2008) cita os dados abaixo: Nos Estados Unidos, o nível de preocupação
ADI: 0,05 mg/kg peso corporal para a água potável foi estimado em 298 ppb para
NOEL: 12 mg/kg peso corporal todos os adultos e 250 ppb para mulheres adultas.
Estudo: 2 gerações de ratos, com base na dimi- Segundo a fonte, esses valores excedem o valor
nuição do peso do filhote e viabilidade da dose mais máximo monitorado de 42 ppb na água (estudo da
alta 31 mg/kg/d Carolina do Norte), mas indicam um baixo risco
NOEL para rato: 36 mg/kg.d potencial por exposição agregada (alimento, água e
NOEL para cão: 30 mg/kg.d uso residencial) aos resíduos de sulfentrazona (Fe-
deral Register, 2003).

Referências bibliográficas

BRASIl. Portaria MS nº 518/2004. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria_518_2004.pdf


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March/Day-07/p5319.htm

7 TEBUTIUROM
CAS: 34014-18-1
O herbicida tebutiurom é usado em áreas não agrícolas como pastagens, linhas férreas, rodovias etc.
(CCME, 1999). No Brasil o composto é empregado em pré-emergência das plantas infestantes na cultura de
cana-de-açúcar e pastagens.

Distribuição no ambiente Preto/SP), no período 1995-1999, encontraram te-


No solo, o tebutiurom apresenta baixa persis- butiurom em concentrações menores (valor máxi-
tência, com meia-vida variando de 12 a 15 meses, mo 0,09 µg/L) que o valor estabelecido pela Comu-
e é degradado lentamente por atividade microbiana. nidade Europeia para praguicidas na água potável.
A fotodegradação não é significativa. O composto Monteiro et al. (2008) obtiveram concentrações
adere fracamente ao solo, sugerindo alta mobilida- entre 0,01-0,32 µg/L de tebutiurom em amostras de
de. Em estudos de campo não se observou movi- água do rio Corumbataí, no período de 2004-2005.
mento no solo, mesmo em solos argilosos ou com
conteúdo de matéria orgânica. O herbicida foi en- Efeitos nos seres humanos
contrado na água subterrânea de alguns estados A USEPA estimou a DRf em 0,07 mg/kg.d com
americanos em concentrações acima de 3,8 µg/L base em estudo com ratos que receberam tebutiu-
(OSU, 1996). rom técnico na dieta, em doses de 0, 100, 200 e 400
No Brasil, Gomes et al. (2001) analisando água ppm, por 101 dias ou 121 dias e então por um perí-
de poço semi-artesiano da Fazenda São José, locali- odo suficiente para acasalar. Não foram observados
zada na microbacia do Córrego Espraiado (Ribeirão efeitos adversos no estudo exceto pouco ganho de
68 Revista ABES-SP

peso durante o período de pré-acasalamento das fê- Legislação


meas F1 que receberam 200 ppm e 400 ppm (14 O Brasil não estabelece um valor máximo de
e 28 mg/kg.d) do herbicida na dieta. Um fator de tebutiurom na água potável ou subterrânea (BRA-
incerteza de 1000 foi aplicado por diferenças inter SIL, 2004, 2008). A WHO (2008) não recomenda
e intraespécies. um valor do herbicida na água potável.
Nos EUA (USEPA, 2006) o nível para a prote-
Parâmetro USEPA
ção da saúde é de 500 µg/L (HAL – Lifetime Health
Índice de toxicidade DRf
Valor (mg/kg.d) 0,07 Advisory Level) para a água potável.
Ano 1988 No Canadá (CCME, 2008) os valores provisó-
Base experimental NOEL 100 (convertido rios para a proteção de organismos aquáticos de água
(mg/kg.d) para 7 mg/kg.d) doce é 1,6 µg/L, água de irrigação 0,27 µg/L (cereais)
Fator de incerteza 100
Fator modificador 1
e água para dessedentação de animais 130 µg/L.
Efeito ou órgão Em 2008 a Austrália propôs um valor gatilho
crítico Fígado de 0,02 µg/L, 2 µg/L e 20 µg/L de tebutiurom para
Espécie rato a proteção de 99, 95 e 90% dos organismos que vi-
Estudo Elanco Products, 1981
vem no Parque Marinho da Grande Barreira de Co-
rais (GBRMPA, 2008).
Referências bibliográficas
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GDWAN4rev1and2.pdf

8 PROPANIL
CAS: 709-98-8
No Brasil o propanil é empregado em pós-emergência das plantas infestantes na cultura de arroz.

Distribuição no ambiente aeróbias e de 2 a 3 dias sob condições anaeróbias


O propanil apresenta baixa persistência no (OSU, 1996). Na água, o propanil e 3,4-dicloroani-
solo. A meia-vida é menor que 5 dias. O composto é lina são rapidamente degradados pela luz solar para
solúvel em água e adsorve fracamente às partículas compostos fenólicos, os quais depois polimerizam
do solo. O herbicida é rapidamente biodegradado (WHO, 2004).
no solo em vários metabólitos, incluindo 3,4-diclo- Nos Estados Unidos foram encontrados resí-
roanilina, ácido propiônico e 3,3’,4,4’-tetracloroa- duos de propanil abaixo de 30 µg/L em amostras
zoxibenzeno, e 2 formas isoméricas de tetracloro- de água coletadas em campos de cultivo de arroz.
azobenzeno (OSU, 1996, WHO, 2004). Sua rápida O herbicida ocasionalmente pode ser detectado na
decomposição no solo praticamente elimina o po- água subterrânea (WHO, 2004).
tencial para contaminar a água subterrânea (OSU, No Brasil, Costa et al. (2008) avaliando a pre-
1996). sença de herbicidas nos rios que abastecem os mu-
Na água, o composto rapidamente irá se degra- nicípios de Turvo e Meleiro, localizados na região
dar por atividade microbiana e não é persistente. sul de Santa Catarina, os quais são utilizados para o
Sua meia-vida na água é de 2 dias sob condições cultivo de arroz irrigado, encontraram valores entre
Revista ABES-SP 69

0,02 e 0,05 µg/L de propanil. Legislação


Marchesan et al. (2007) avaliaram a concen- No Brasil, o valor máximo permitido de propa-
tração dos herbicidas clomazona, propanil e quin- nil na água potável ou na subterrânea é de 20 µg/L
clorac, de 2000 a 2003, durante o cultivo de arroz e de 1000 µg/L para a água de recreação (BRASIL,
no Rio Grande do Sul. O propanil foi detectado em 2004, 2008).
concentração mínima de 0,72 µg/L e máxima de A WHO (2008) não recomenda valor do her-
11,0 µg/L no rio Vacacaí, e mínima de 0,58 µg/L e bicida na água potável. Segundo a WHO (2004),
máxima de 12,9 µg/L no rio Vacacaí-Mirim (limites embora um valor orientador baseado na saúde pos-
de detecção e quantificação de 0,1 e 0, 3 µg/L, res- sa ser derivado para a água potável, isso não é feito
pectivamente). devido ao fato de o propanil ser rapidamente trans-
Monteiro et al. (2008) encontraram concentra- formado em metabólitos que são mais tóxicos. Por-
ções entre 0,04-0,72 µg/L de propanil no rio Co- tanto, um valor orientador para o composto original
rumbataí (SP), entre 2004-2005. é inapropriado e os dados sobre os metabólitos são
inadequados não permitindo a derivação do valor.
Efeitos nos seres humanos As autoridades devem considerar a possível presen-
A provável dose letal oral está entre 0,5-5 g/ ça de metabólitos mais tóxicos na água.
kg de peso corporal. A exposição ao composto pro- A Comunidade Europeia (EC, 1998) não esta-
duz irritação local e depressão do sistema nervoso. belece um valor orientador de propanil para a água
A ingestão causa irritação local com sensação de de consumo humano, mas adota 0,1 µg/L para um
queimação na boca, esôfago e estômago, engasgo, agrotóxico individual e 0,5 µg/L para a soma dos
tosse, náusea e vômito, seguido por cefaléia, tontu- agrotóxicos.
ra, sonolência e confusão (WHO, 2004). A USEPA (2006) não estabelece valor de pro-
A USEPA estimou a DRf do composto em panil na água para consumo humano. O Estado do
0,005 mg/kg.d com base em estudo com ratos que Maine (2008) recomenda um valor máximo de ex-
receberam propanil na dieta, em doses de 0, 100, posição (MEG) de 35 µg/L.
400 e 1600 ppm por 2 anos. Observou-se aumento A Austrália (AG, 2004) recomenda um valor
relativo no peso do baço das fêmeas que receberam orientador de 0,1 µg/L de propanil na água potável,
400 ppm do composto. Um fator de incerteza de baseado no limite de detecção analítica ou na con-
100 foi aplicado por diferenças inter e intraespé- centração máxima da substância que poderia ocorrer
cies, e outro adicional de 10 pela falta de dados de adotando-se boas práticas e, um valor de 500 µg/L
toxicidade adequados. para a proteção da saúde. A concentração máxima
para uso recreacional é 1000 µg/L (Austrália, 2000).
Parâmetro USEPA
Na Nova Zelândia (2008) o valor máximo acei-
Índice de toxicidade DRf
Valor (mg/kg.d) 0,005 tável é 20 µg/L na água potável.
Ano 1988 Em 2008, a Comunidade Europeia (EC, 2008)
Base experimental NOEL 100 ppm (convertido decidiu que a substância não deveria ser incluída no
(mg/kg.d) para 5 mg/kg.d) anexo I da Diretiva 91/414/EEC e retirada das auto-
Fator de incerteza 1000
Fator modificador 1
rizações para produtos de proteção de plantas con-
Efeito ou órgão Aumento do peso do baço tendo a substância, com base na falta substancial
crítico de dados para avaliar o risco na exposição aguda
Espécie rato e crônica de pássaros, o risco para artrópodes não-
Estudo Rohm and Haas Co, 1964 alvo e risco para abelhas, em particular com relação
ao metábolito 3,4-DCA.

Referências bibliográficas
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GDWAN4rev1and2.pdf

9 ALDICARBE
CAS: 116-06-3
Aldicarbe é um inseticida, acaricida e nematicida, extremamente tóxico, da classe dos carbamatos. Utiliza-
do no Brasil em culturas de batata, café, cana de açúcar e citrus, por aplicação direta no solo.

Distribuição no ambiente posta entre a população humana e o efeito crítico


Aldicarbe é moderadamente persistente no solo. foi suor, por inibição da enzima acetilcolinesterase.
Umidade e pH tem um impacto importante na velo-
cidade de degradação do aldicarbe, que é muito solú- Parâmetro USEPA
vel em água e apresenta grande mobilidade no solo. Índice de toxicidade DRf
Valor (mg/kg.d) 0,001
Sua mobilidade é maior em solos arenosos e areno Ano 1993
argilosos. Tem sido encontrado em águas de consu- Base experimental NOAEL
mo em mais de 25 países e em 12 estados em con- (mg/kg.d)
centrações que excederam o Nível de Contaminação Fator de incerteza 10
Fator modificador 1
Máximo Aceitável. A meia-vida do aldicarbe na
Efeito ou órgão suor
água varia de 1 dia alguns meses. Em água de poço crítico
se degrada rapidamente e sua meia-vida é de 5 a 10 Espécie humanos
dias. Devido à sua rápida velocidade de degradação, Estudo Rhone-Poulenc (1992)
os níveis na água superficial são bem menores dos
que nas águas subterrâneas (EXTOXNET, 2008). Legislação
No Brasi, o valor máximo permitido (VMP)
Efeitos nos seres humanos para consumo humano é de 10 µg/L, de 11 µg/L
Aldicarbe é um inibidor da acetilcolinesterase para água de dessedentação de animais e de 54,9
e pode produzir uma variedade de sintomas que vão para água de irrigação (CONAMA, 2008).
de fraqueza, visão turva, dor de cabeça, náuseas, Os EUA, USEPA, estabelecem um valor para
lacrimejamento, suor e tremores. Doses elevadas aldicarbe na água potável, o MCL (Maximum Con-
podem resultar em morte por paralisia do sistema taminant Level) que é considerado o nível mais
respiratório. Existem muito poucas evidências de alto do contaminante em água para consumo, de 3
ocorrência de efeitos crônicos. É uma substância µg/L. E estabelecem também o MCLG ( Maximum
suspeita de agir sobre os sistemas endócrino, re- Contaminant Level Goal – non enforceable health
produtor e nervoso. Não há evidências de efeitos goal), um valor não obrigatório, de 1 µg/L, nível no
teratogênicos, mutagênicos e carcinogênicos (EX- qual nenhum efeito adverso para as pessoas poderá
TOXNET, 2009). ocorrer. Adotam o DWEL (Drinking Water Equiva-
A USEPA estimou a DRf em 0,001 mg/kg.d lent Level) de 35 µg/L, uma concentração protetora
com base em estudo agudo em humanos (38 ho- de efeitos adverso, não carcinogênicos, de exposi-
mens e 9 mulheres) que receberam aldicarbe por via ção por toda a vida, que assume que toda exposição
oral, em doses para os homens de 0, 0.01, 0.025, ao contaminante é através da água.
0.05, 0.06, e 0.075 mg/kg, enquanto as mulheres Adotam 7 µg/L como Lifetime HA (Lifetime
receberam 0, 0.025, e 0.05 mg/kg. Um fator de in- Health Advisories), que não tem poder legal mas
certeza de 10 foi aplicado pela variabilidade de res- serve como um guia técnico para auxiliar os legis-
Revista ABES-SP 71

ladores. O Lifetime HA é a concentração de uma A Austrália recomenda um valor orientador de


substância química na água potável para a qual não 1 µg/L de aldicarbe, baseado no limite de detecção
é esperada a ocorrência de qualquer efeito adverso analítica ou na concentração máxima da substância
não carcinogênico, considerando-se uma exposição que poderia ocorrer adotando-se boas práticas e, um
durante toda a vida, para um adulto de 70 kg que in- valor de 1 µg/L para a proteção da saúde, consi-
gere 2 litros de água por dia. Adotam ainda o One- derando uma proporção de 10% da IDA atribuível
Day HÁ (10 µg/L) e o Ten-Day HÁ (10 µg/L), a somente ao consumo de água.
concentração de um químico na água de consumo A Nova Zelândia recomenda um valor máximo
a qual não se espera que venha produzir nenhum aceitável – MAV de 10 µg/L, baseado nos valores
efeito adverso não carcinogênico após 1 dia de ex- guias da OMS, mas considerando o peso corpóreo
posição e 10 dias, respectivamente. Estes valores de 70 kg para adultos.
são designados para proteger uma criança de 10 kg A Comunidade Europeia não estabelece um
que consome 1 litro de água por dia. valor orientador para aldicarbe, mas adota 0,1 µg/L
No Estado de Wisconsin, adota-se o NR140 Pu- para um agrotóxico individual e 0,5 µg/L para a
blic Health Standard, padrão obrigatório, de 10 µg/L. soma dos agrotóxicos.
A OMS recomenda um valor orientador para o No Canadá, a concentração máxima aceitável
aldicarbe de 10 µg/L, o mesmo para aldicarbe sul- (MAC) para o aldicarbe é de 9 µg/L, valor aprovado
foxido e aldicarbe sulfona (WHO, 2008). em 1994 (Canadian Drinking WaterGuidelines, 2008).

10 CARBOFURANO
CAS: 1563-66-2
Carbofurano é um inseticida, acaricida, nematicida e cupinicida, extremamente tóxico (classe toxico-
lógica I), da classe dos carbamatos. Utilizado no Brasil em culturas de algodão, amendoim, arroz, banana,
batata, café, cana-de-açúcar, cenoura, feijão, fumo, milho, repolho, tomate e trigo, por aplicação direta no
solo. Aplicação em sementes de algodão, arroz, feijão, milho e trigo (ANVISA, SIA, 2009).

Distribuição no ambiente cães. A LC50 por inalação em cobaias é de 0.043 a


Carbofurano é solúvel na água e é moderada- 0.053 mg/L (EXTOXNET, 2009).
mente persistente no solo. Sua meia-vida é de 30 a Toxicidade Crônica: Doses elevadas em ratos,
120 dias. No solo é degradado por hidrólise quími- por dois anos, produziram diminuição do peso cor-
ca e processos microbiológicos e a hidrólise é mais póreo. Efeitos das exposições prolongadas podem
rápida em solos alcalinos. Carbofurano se degrada ser semelhantes aos da exposição aguda.
com a luz e apresenta um potencial elevado de con- Efeitos reprodutivos e teratogênicos: Impro-
taminação de águas subterrâneas. Na água é sujeito vável de ser um tóxico do sistema reprodutivo huma-
a degradação por hidrólise química e sob condi- no. Não é teratogênico. Não é uma substância muta-
ções alcalinas. Carbofurano não é volátil a partir da gênica nem carcinogênica (EXTOXNET, 2009).
água, e não adsorve em sedimento. A USEPA estimou a DRf em 0,005 mg/kg.d
com base em estudo crônico em cães que receberam
Efeitos nos seres humanos carbofurano por via oral, nas doses 0.25, 0.50, e
Toxicidade Aguda: Carbofurano é altamente 12.5 mg/kg/dia, por um ano. Um fator de incerteza
tóxico por inalação e ingestão, e moderadamente de 100 foi aplicado pela variabilidade de resposta
tóxico por absorção dérmica. A inibição da enzima entre a população humana e a extrapolação de ani-
acetilcolinesterase é de curta duração e reversível. mais para o homem, e o efeito crítico foi inibição da
Sintomas de contaminação por carbofuranos in- enzima acetilcolinesterase. Observou-se, também,
cluem: náuseas, vômito, cólicas abdominais, sali- efeitos sobre o aparelho reprodutor (testiculares)
vação intensa, suor, fraqueza, desequilíbrio, visão nos machos e (uterinos), nas fêmeas, na dose de
turva, dificuldade de respirar, aumento da pressão 12,5 mg/kg/dia.
arterial e incontinência urinária. Morte em decor- A OMS adotou a DRf estimada pela JMPR
rência de elevada exposição ocorre por falência do (JOINT MEETING ON PESTICIDES RESI-
sistema respiratório. A LD50 oral em ratos é de 5 a DUES), em 1996, para derivar o valor orientador
13 mg/kg, 2 mg/kg em camundongos,19 mg/kg em de 7 µg/L.
72 Revista ABES-SP

no qual nenhum efeito adverso poderá ocorrer.


Parâmetro USEPA WHO No Estado de Wisconsin, adota-se o NR140
Índice de toxicidade DRf IDT
Public Health Standard, padrão obrigatório, de 40
Valor (mg/kg.d) 0,005 0,0022
Ano 1987 1998 µg/L, e o MCL de 40 µg/L .
Duração do estudo/Via crônico crônico A Austrália recomenda um valor orientador
orall oral de 5 µg/L de carbofurano, baseado no limite de
Base experimental detecção analítica ou na concentração máxima da
(mg/kg.d) NOAEL NOAEL
Fator de incerteza 100 100
substância que poderia ocorrer adotando-se boas
Fator modificador 1 1 práticas e, um valor de 10 µg/L para a proteção da
Efeito ou órgão crítico Inibição saúde, considerando uma proporção de 10% da IDA
da Acetilcolinesterase atribuível somente ao consumo de água.
Espécie cães cães
A Nova Zelândia recomenda um valor máximo
Estudo FMC CORP., JMPR,
1983 1996 aceitável – MAC de 8 µg/L, baseado nos valores
guias da OMS, mas considerando o peso corpóreo
Legislação de 70 kg para adultos.
No Brasil, o valor máximo permitido (VMP) A OMS recomenda um valor orientador provisório
para consumo humano é de 7 µg/L, de 45 µg/L para para o carbofurano de 7µg/L, considerando que existem
água de dessedentação de animais e de 30 para água evidências de perigo, mas as informações disponíveis
de recreação (CONAMA, 2008). sobre efeitos a saúde são limitadas (WHO, 2008).
Os EUA (USEPA) estabelecem um valor para A Comunidade Europeia adota 0,1 µg/L para
carbofurano na água potável, o MCL (Maximum um agrotóxico individual e 0,5 µg/L para a soma
Contaminant Level) que é considerado o nível mais dos agrotóxicos.
alto do contaminante em água para consumo, de 40 No Canadá, a concentração máxima aceitá-
µg/L. E estabelecem também o MCLG (Maximum vel (MAC) para o carbofurano é de 90 µg/L, valor
Contaminant Level Goal – non enforceable health aprovado em 1991 e reafirmado em 2005 (Canadian
goal), um valor não obrigatório, de 40 µg/L, nível Drinking WaterGuidelines, 2008).

11 CLORPIRIFÓS
CAS: 2921-88-2
O clorpirifós é usado como acaricida, formicida, inseticida, de classe toxicológica II, altamente tóxico.
No Brasil, é usado nas culturas de algodão, batata, café, cevada, citros, feijão, maçã, milho, pastagens, soja,
sorgo, tomate e trigo. Aplicação localizada na cultura da banana (saco para proteção do cacho), aplicação
no solo nas culturas de batata e milho. Pode ser também usado como preservante de madeira e no controle
de formigas, apenas na forma de isca granulada, para uso não agrícola (SIA, ANVISA, 2009).

Distribuição no ambiente água e a velocidade na qual é hidrolizado aumenta


Clorpirifós é moderadamente persistente no com a temperatura, diminuindo de 2,5 a 3,0 vezes
solo, com uma meia-vida entre 60 e 120 dias, po- para cada 10ºC de queda da temperatura. A veloci-
dendo variar entre duas semanas e 1 ano. Adsorve dade de hidrólise é constante em pH ácido a neutro,
fortemente nas partículas do solo e não é rapida- mas aumenta em águas alcalinas. Em águas a um
mente solúvel na água, sendo considerado, portanto, ph de 7.0 e 25ºC observa-se uma meia-vida de 35
imóvel no solo e a contaminação do lençol freático é a 78 dias.
improvável. TCP, seu principal metabólito, adsorve
fracamente às partículas do solo e tem mobilidade e Efeitos nos seres humanos
persistência moderadas ( EXTOXNET, 2009). Clorpirifós afeta o sistema nervoso através da
A concentração e persistência na água varia inibição da enzima acetilcolinesterase, necessária
em função do tipo de formulação. Por exemplo, um na condução e propagação do impulso nervoso. É
grande aumento das concentrações ocorre quando suspeito de agir sobre os sistemas endócrino, repro-
concentrações emulsificávies ou em pós úmidos são dutor e nervoso. Exposição prolongada ou crônica
liberadas na água. Como o agrotóxico adere ao se- pode resultar em efeitos semelhantes aos da exposi-
dimento e matéria orgânica suspensa, a concentra- ção aguda, como déficits de memória e concentra-
ção diminui rapidamente. Clorpirifós é instável na ção, desorientação, depressão severa, irritabilidade,
Revista ABES-SP 73

confusão, dor de cabeça, dificuldades de fala, retar- na água potável, mas adotam 2 µg/L de clorpirifós
do no tempo de reação, enjôos, tonteira e insônia. como Lifetime HA (Lifetime Health Advisories), que
Clorpirifos não é considerado uma substância tera- não tem poder legal mas serve como um guia técnico
togênica, mutagênica ou carcinogênica. para auxiliar os legisladores. O Lifetime HA é a con-
A USEPA estimou a DRf em 0,003 mg/kg.d centração de uma substância química na água potável
com base em estudo em humanos que receberam para a qual não é esperado que cause qualquer efeito
clorpirifós por via oral. Dezesseis voluntários (4/ adverso não carcinogênico na exposição durante toda
dose) receberam clorpirifos por 20 dias, nas doses de a vida, e é baseado na exposição de um adulto que
0, 0.014, 0.03 e 0.10 mg/kg/dia. O efeito crítico ob- pesa 70 kg e ingere 2 litros de água por dia. No Esta-
servado foi a inibição da enzima acetilcolinesterase. do de Wisconsin, o Lifetime HA de 2 µg /L também
O estudo foi considerado limitado pelo número de é recomendado para a água subterrânea e serve para
apenas 4 voluntários por dose, e foi incluído na cate- decisões de remedição. Adotam o DWEL (Drinking
goria “médio para baixo” num ranking de confiança. Water Equivalent Level) de 10 µg/L, uma concentra-
A ATSDR propõe um MRL (Minimum Risk ção protetora de efeitos adverso, não carcinogênicos,
Level) de 0,001 mg/kg/dia, derivado de um estudo de exposição por toda a vida, que assume que toda
crônico em ratos. O MRL é estimado da mesma for- exposição ao contaminante é através da água.
ma que a Dose de Referência. A OMS recomenda um valor orientador pro-
visório para o clorpirifós de 30 µg/L, considerando
Parâmetro USEPA ATSDR
que existem evidências de perigo, mas as informa-
Índice de toxicidade DRf MRL
Valor (mg/kg.d) 0,003 0,001 ções disponíveis sobre efeitos a saúde são limitadas
Ano 1988 1997 (WHO, 2008).
Duração do estudo Subcrônico Crônico/ A Austrália recomenda um valor orientador
/Via /Oral Oral para saúde humana de 10 µg/L de clorpirifós, ba-
Base experimental
(mg/kg.d) NOAEL NOAEL
seado na Ingesta Diária Aceitável (IDA). Em 2008
Fator de incerteza 10 100 a Austrália propôs um valor gatilho, sem resposta
Fator modificador 1 1 subletal, de 0,005 µg/L, 0,009 µg/L e 0,04 µg/L de
Efeito ou órgão crítico Inibição da Acetilcolinesterse clorpirifós para a proteção de 99, 95 e 90% dos or-
Espécie humanos rato
ganismos que vivem no Parque Marinho da Grande
Estudo Dow McCollister (1974)
Chemical Barreira de Corais (Austrália, 2008).
(1972) A Nova Zelândia (2005) recomenda um valor
máximo aceitável – MAC de 40 µg/L, baseado nos
Legislação valores guias da OMS, mas considerando o peso
No Brasil o valor máximo permitido (VMP) para corpóreo de 70 kg para adultos.
consumo humano é de 30 µg/L, de 24µg/L para água A Comunidade Europeia adota o valor limite
de dessedentação de animais. (CONAMA, 2008). de 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
Os EUA não estabelecem valor para clorpirifós µg/L para a soma dos agrotóxicos.

12 DIQUATE
CAS: 85-00-7
Diquate é um agente de ação rápida, não seletiva e regulador do crescimento da planta. É herbicida de
classificação toxicológica II (EPA), moderadamente tóxico, utilizado nas culturas de batata e cana de açúcar.
Utilizado como herbicida aquático.

Distribuição no ambiente (EXTOXNET, 2009). Diquate se liga a partículas


Diquate é altamente persistente com meia-vi- do solo, permanecendo biologicamente inativo na
da superior a 1000 dias. Apresenta um percentual superfície da água. Uma vez aplicado na superfície
elevado de adsorção em matéria orgânica do solo da água, rapidamente desaparece por se ligar a par-
e argila. Embora seja solúvel em água, sua elevada tículas em suspensão na água.
capacidade de adsorção no solo sugere que ele não
seja lixiviado através do solo. Trabalhos de campo Efeitos nos seres humanos
e testes laboratoriais mostram que diquate geral- Toxicidade aguda: Diquate é moderadamente
mente permanece nas camadas superiores do solo tóxico por ingestão, com DL50 de 120 mg/kg em ra-
por longos períodos de tempo após sua aplicação tos, 233 mg/kg camundongos, 188 mg/kg coelhos,
74 Revista ABES-SP

e 187 mg/kg cobaias e cães. As vacas parecem ser Legislação


particularmente sensíveis com DL50 de 30 a 56 mg/ Os EUA estabelecem um valor para diquate
kg. Ingestão de doses suficientemente altas podem na água potável, o MCL (Maximum Contaminant
causar irritação severa da boca, garganta, esôfago Level) que é considerado o nível mais alto do con-
e estômago, seguida de náusea, vômitos e diarreia, taminante em água para consumo, de 20 µg/L. E
desidratação severa, alteração do equilíbrio dos estabelecem também o MCLG ( Maximum Conta-
fluidos corporais, desconforto gastrointestinal, do- minant Level Goal – non enforceable health goal),
res no peito, falência renal e hepatotoxicidade. Do- um valor não obrigatório, de 20 µg/L, nível no qual
ses muito elevadas causam convulsões e tremores. nenhum efeito adverso para as pessoas poderá ocor-
Toxicidade crônica: Doses repetidas ou prolon- rer. Adotam o DWEL (Drinking Water Equivalent
gado contato dérmico podem resultar em inflamação Level) de 20 µg/L, uma concentração protetora de
da pele. Nas doses elevadas efeitos sistêmicos po- efeitos adverso, não carcinogênicos, de exposição
dem aparecer em outras partes do corpo, incluindo por toda a vida, que assume que toda exposição ao
dano renal. A exposição crônica pode danificar a contaminante é através da água.
pele aumentando a permeabilidade para a introdução No Estado de Wisconsin, adota-se o NR809/
de outras substâncias. Diquate não é uma substância MCL Public Health Standard, padrão obrigatório,
com ação sobre o sistema reprodutor, não é teratogê- de 20 µg/L.
nica e não há evidências de ação mutagênica e carci- A Austrália recomenda um valor orientador de
nogênica em humanos (EXTOXNET, 2009). 0,5 µg/L de diquate, baseado no limite de detecção
A USEPA estimou a DRf em 0,0022 mg/kg.d analítica ou na concentração máxima da substância
com base em estudo crônico ratos que receberam que poderia ocorrer adotando-se boas práticas e, um
diquate por via oral, em doses de 0, 5, l5, 75, or 375 valor de 0,5 µg/L para a proteção da saúde, consi-
ppm de diquate por 2 anos. Um fator de incerteza derando uma proporção de 10% da IDA atribuível
de 100 foi aplicado pela variabilidade de resposta somente ao consumo de água.
entre a população humana e para a extrapolação de A Comunidade Europeia não estabelece um
dados de animais para humanos, e o efeito crítico valor orientador para diquate, mas adota 0,1 µg/L
foi opacidade das lentes/catarata. para um agrotóxico individual e 0,5 µg/L para a
soma dos agrotóxicos.
Parâmetro USEPA No Canadá, a concentração máxima aceitável
Índice de toxicidade DRf
(MAC) para o diquate é de 70 µg/L, valor aprovado
Valor (mg/kg.d) 0,0022
Ano 1995 em 1985 e reafirmado em 2005 (Canadian Drinking
Duração do estudo/Via Crônico/Oral WaterGuidelines, 2008).
Base experimental (mg/kg.d) NOAEL A OMS não tem valor estabelecido para o di-
Fator de incerteza 100 quate, considerando que é raramente encontrado
Fator modificador 1
Efeito ou órgão crítico Opacidade das lentes/
em água de consumo humano, apesar de ser utiliza-
catarata do como herbicida aquático (WHO, 2008).
Espécie ratos
Estudo Chevron
Chemical, 1985

13 AZINFOS-METÍLICO
CAS: 86-50-0
Azinfos-metílico é um inseticida de amplo espectro, da classe dos organofosforados, altamente persis-
tente, e é considerado um produto de uso restrito (RUP - Restricted Use Pesticide) nos Estados Unidos, só
pode ser comprado por aplicadores certificados. É não sistêmico, o que significa que não é transportado de
uma parte da planta para outra. É usado para aplicação foliar em ampla variedade de frutas, vegetais, taba-
co, rizicultura (EXTOXNET, 2008).

Distribuição no ambiente 68 dias. Azinfos-metílico é altamente imóvel no


A persistência no solo é bastante variável, mas solo pela sua forte adsorção à partículas do solo e
geralmente baixa. A meia-vida num solo argiloso baixa solubilidade em águas. Apresenta baixo po-
é de 5 dias, num solo não estéril em presença de tencial de lixiviação e de contaminação do lençol
oxigênio de 21 dias, e na ausência de oxigênio, de freático. Azinfos-metílico é um dos 118 compostos
Revista ABES-SP 75

orgânicos que o estado da Flórida determinou que azynfos-metílico em 0,0015 mg/kg.d com base em
fossem monitorados. Biodegradação e evaporação estudo crônico em cães. O efeito crítico observado
são as rotas primárias de eliminação do solo (EX- foi a inibição da enzima Acetilcolinesterase.
TOXNET, 2009). Em geral, organofosforados são
Parâmetro USEPA
dissipados rapidamente da água. Em poços, ele está
Índice de toxicidade DRf
sujeito à degradação pela luz do sol e por micro- Valor (mg/kg.d) 0,0015
organismos, com uma meia-vida de 2 dias. Volati- Ano 1986
lização a partir da água é improvável e a hidrólise Duração do estudo/Via Crônico/Oral
química é importante em pH alcalino, e tem uma Base experimental (mg/kg.d) NOAEL
(0,15 mg/kg/dia)
tendência de baixa a média de adsorver ao sedimen- Fator de incerteza 100
to ( EXTOXNET, 2009). Fator modificador 1
Efeito ou órgão crítico Inibição da Acetilcolinesterase
Efeitos nos seres humanos Espécie cães
Estudo 1986
Azinfos-metílico é um dos organofosforados
mais tóxicos, altamente tóxico por via inalatória,
dérmica, oral e ocular. Como outros organofosfo- Legislação
rados é inibidor da enzima acetilcolinesterase, es- A Austrália recomenda um valor orientador de 2
sencial ao funcionamento do sistema nervoso. Indi- µg/L de azynfos-metílico, baseado no limite de de-
víduos com histórico de função pulmonar reduzida, tecção analítica ou na concentração máxima da subs-
desordens convulsivas, ou ou exposição recente a tância que poderia ocorrer adotando-se boas práti-
outros inibidores da colinesterase estão sob um alto cas e, um valor de 3 µg/L para a proteção da saúde,
risco se expostos a azynfos-metílico. Em humanos, considerando uma fração de 10% da IDA atribuível
exposições por ingestão acima de 1.5 mg/dia po- somente ao consumo de água (Austrália, 2008).
dem causar envenenamento severo com sintomas No Canadá, a concentração máxima aceitável
como salivação, perda de visão, suor excessivo, dor (MAC) para o azynfos-metílico é de 20 µg/L, valor
estomacal, vômito, diarreia, inconsciência e morte. aprovado em 1989 e reafirmado em 2005 (Canadian
Não há evidências de efeitos, reprodutivos, terato- Drinking WaterGuidelines, 2008).
gênicos e mutagênicos. Os dados de efeitos carci- A Comunidade Europeia adota o valor limite
nogênicos são inconclusivos. de 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
A USEPA, OPP-RfD estimou a DRf para o µg/L para a soma dos agrotóxicos.

14 PARAQUATE
CAS: 1910-42-5
Paraquate é um composto altamente tóxico, de classe toxicológica I (EPA). Paraquate é considerado
um produto de uso restrito (RUP - Restricted Use Pesticide) nos Estados Unidos e só pode ser comprado por
aplicadores certificados (EXTOXNET, 2008).
É um composto quaternário de amônio amplamente usado como herbicida de contato, não seletivo,
usado no controle de ervas daninhas anuais e perenes em uma grande variedade de cultivos. Age para inibir
a fotossíntese quando aplicado em folhagens sendo usados como agente dessecantes e desfoliantes.

Distribuição no ambiente ligado ao sedimento suspenso ou precipitado em


Paraquate é altamente persistente no solo, com ambiente aquático, e pode ser mais altamente persis-
meia-vida de superiores a 1000 dias. Luz ultravio- tente nesta situação, que no solo, devido à limitada
leta, luz do sol e microorganismos podem degradar disponibilidade de oxigênio (EXTOXNET, 2009).
paraquate em produtos menos tóxicos. A forte afi-
nidade do paraquate por partículas do solo limita Efeitos nos seres humanos
a sua disponibilidade para plantas, minhocas e mi- Toxicidade aguda: Paraquate é altamente tóxi-
croorganismos. Os resíduos ligados podem perma- co pela via oral, com DL50 de 110 a150 mg/kg em
necer indefinidamente e podem ser transportados ratos, 50 mg/kg em macacos, 48 mg/kg em gatos, e
por escoamento para o sedimento. Paraquate não 50 a 70 mg/kg em vacas. Os efeitos tóxicos são de-
tem mobilidade significativa na maioria dos solos, vidos à ação do cátion. The dermal LD50 in rabbits
e portanto não apresenta um risco alto para as águas is 236 to 325 mg/kg, indicating moderate toxicity
subterrâneas. (EXTOXNET, 2009). Paraquate fica by this route [58,87]. Efeitos de exposições altas
76 Revista ABES-SP

incluem excitabilidade e congestão pulmonar, que


em alguns casos podem levar a convulsões, desco- Parâmetro USEPA
Índice de toxicidade DRf
ordenação e morte por falência respiratória. Quan- Valor (mg/kg.d) 0,0045
do ingerido, podem ocorrer queimadura da boca e Ano 1991
garganta, irritação gastro intestinal, dor abdominal, Duração do estudo/Via Crônico/Oral
perda de apetite, náusea, vômito e diarreia. Outros Base experimental (mg/kg.d) NOEL
efeitos são: sede, respiração curta, taquicardia, fa- (0,45 mg/kg/dia)
Fator de incerteza 100
lência renal, dano hepático. Alguns efeitos podem Fator modificador 1
aparecer somente dias após a exposição e pessoas Efeito ou órgão crítico pneumonite
com problemas respiratórios estão sob maior risco. Espécie cães
Some symptoms may not occur until days after ex- Estudo Chevron Chemical
posure. Muitos casos de morte foram relatados em Company (1983)
humanos e a DL50 em humanos é de 35 mg/kg.
Legislação
Toxicidade crônica Os EUA não estabelecem valor para paraquate
Exposições repetidas podem causar irritação na água potável, mas adotam 30 µg/L de paraquate
da pele, sensibilização e ulceração de contato. Em como Lifetime HA (Lifetime Health Advisories),
estudos em animais não foram observados efeitos que não tem poder legal, mas serve como um guia
após um ano de exposição a doses de 1.25 mg/kg/ técnico para auxiliar os legisladores. O Lifetime
dia. Em cães, entretanto, problemas pulmonares HA é a concentração de uma substância química na
se manifestaram dois anos depois, em altas doses água potável para a qual não é esperado que cause
(acima de 34 mg/kg/dia). Em um estudo com 30 qualquer efeito adverso não carcinogênico na ex-
trabalhadores pulverizadores, por períodos de 12 posição durante toda a vida, e é baseado na expo-
semanas, aproximadamente metade deles teve irri- sição de um adulto que pesa 70 kg e ingere 2 litros
tação dos olhos e garganta. De 296 aplicadores com de água por dia. Adotam o DWEL (Drinking Water
exposição dérmica alta e prolongada, 55 apresenta- Equivalent Level) de 200 µg/L, uma concentração
ram danos nas unhas (descoloração, deformidades e protetora de efeitos adverso, não carcinogênicos, de
perda das unhas) (EXTOXNET, 2008). exposição por toda a vida, que assume que toda ex-
É improvável que paraquate cause efeitos re- posição ao contaminante é através da água. Adotam
produtivos e teratogênico nas doses em que é en- ainda o One-Day HA (100 µg/L) e o Ten-Day HA
contrado. Tem mostrado ação mutagênica em mi- (100 µg/L), a concentração de um químico na água
croorganismos e em cultura de células, mas não de consumo a qual não se espera que venha produzir
está claro em que nível de exposição são produzi- nenhum efeito adverso não carcinogênico após 01
dos estes efeitos. As evidências quanto à carcino- dia de exposição e 10 dias, respectivamente. Estes
genicidade são inconclusivas (EXTOXNET, 2008). valores são designados para proteger uma criança de
10 kg que consome 1 litro de água por dia.
Toxicidade em órgão alvo: Paraquate afeta A Austrália recomenda um valor orientador de
os pulmões, coração, fígado, rins, córneas, glându- 1 µg/L de paraquate, baseado no limite de detecção
la adrenal, pele e sistema digestivo (EXTOXNET, analítica ou na concentração máxima da substância
2008). que poderia ocorrer adotando-se boas práticas e, um
A USEPA estimou a DRf em 0,0045 mg/kg.d valor de 30 µg/L para a proteção da saúde, consi-
com base em estudo cães (beagles) que receberam derando uma proporção de 10% da IDA atribuível
paraquate, por via oral, durante 52 semanas, pa- somente ao consumo de água.
raquate nas doses 0, 0.45, 0.93, e 1.51 mg/kg/dia. No Canadá, a concentração máxima aceitável
O efeito crítico observado foi pneumonite crônica (MAC) para o paraquate é de 10 µg/L, valor apro-
(alveolite) nas doses intermediária e alta. Houve vado em 1986 e reafirmado em 2005 (Canadian
aumento significativo no peso dos pulmões. There Drinking Water Guidelines, 2008).
were significant increases in the group mean lung A Comunidade Europeia adota o valor limite
weights. Portanto, os NOEL e LEL para toxicidade de 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
sistêmica foram de 0.45 e 0.93 mg/kg/dia. µg/L para a soma dos agrotóxicos.
Revista ABES-SP 77

Referências bibliográficas

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78 Revista ABES-SP

Anotações
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80 Revista ABES-SP

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