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2 Revista ABES-SP
Participe da
ABES
e das ações do saneamento ambiental
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental – ABES é uma organização
não governamental de caráter nacional, sem fins
lucrativos, que tem como principal objetivo
difundir, produzir e contribuir por meio do
conhecimento técnico para melhorar o
saneamento ambiental e a qualidade de vida.
Associe-se!
Ser sócio é muito simples. Para você que está no
Estado de São Paulo, basta ligar para 11 3814-1872.
Para os demais estados, entrar em contato com a
ABES Nacional pelo telefone 21 2210-3221.
Informações gerais
abessp@uol.com.br
ao leitor
A
ABES-SP criou a Câmara Técnica de Saúde Pública –
CTSP para estudar, propor, promover e discutir políticas,
legislações, normas, procedimentos, instruções e atos
que afetem direta ou indiretamente o segmento de saúde pública,
no Estado de São Paulo. A Câmara Técnica de Saúde Pública –
Câmara Técnica de Saúde Pública
CTSP conta, atualmente, com 112 participantes e 53 instituições.
ctsaudepublica@abes-sp.org.br Como ação prioritária para os anos 2009 a 2011, elegeu a
ctspabessp@gmail.com
Coordenador: Pedro Caetano Sanches Man-
água para consumo humano, por diversos motivos e, dentre eles
cuso; vice-coordenadora: Roseane Maria a colaboração para a revisão da Portaria 518/04.
Garcia Lopes de Souza; secretário-executi-
vo: José Eduardo Gobbi; coordenadores do Apresentamos aqui o detalhamento da proposta do Estado de
GT Microbiológico: Romeu Cantusio Neto e São Paulo para a legislação de água para consumo humano, re-
Elayse Maria Hachich; coordenadores do GT
Químico: Gisela de A. Umbuzeiro e Patrícia ferente aos padrões microbiológicos e químicos e também con-
Ferreira Silvério; coordenadores do GT Res- tribuições da ABES/RS referente às disposições preliminares e
ponsabilidade: Marco A. Silva de Oliveira;
Tânia R. G. Ferraretto; apoio e logística: Elis deveres e responsabilidades. Vale ressaltar que o principal obje-
Regina de Oliveira.
tivo das orientações para a água potável de qualidade tem de ser
a proteção à saúde pública.
ABES – Associação Brasileira de Engenha-
ria Sanitária e Ambiental – Seção São Pau-
A água é essencial para sustentar a vida. Não haveria vida
lo Rua Eugênio de Medeiros, 242 – 6º andar neste planeta sem água. Portanto, um abastecimento seguro e
– Pinheiros/São Paulo – CEP: 05.425-900
Tel.: (11)3814-1872 Fax - (11) 3814-1872 saudável tem que estar ao alcance de todos.
www.abes-sp.org.br Melhorar o acesso seguro à água potável resulta em bene-
abes@abes-sp.org.br, abessp@uol.com.br
Diretoria da Seção: fícios tangíveis para a saúde da população, e todos os esforços
Presidente: Dante Ragazzi Pauli; vice-presi-
dente: Alceu Guérios Bittencourt; diretores:
devem ser feitos para alcançar uma água potável de qualidade
Milton de Oliveira; Pedro Luis Ibraim Hallack; tão segura como praticável.
Pierre Ribeiro de Siqueira; Vasti Ribeiro Facin-
cani; 1º Secretário: Reynaldo Eduardo Young
É com satisfação que, como presidente da ABES-SP, apre-
Ribeiro; 2º Secretária: Tânia Mara Tavares sento a publicação da Câmara Técnica de Saúde Pública, que
Gasi; 1ª Tesoureira: Roseane Maria Garcia
Lopes de Souza; 2ª Tesoureira: Ana Lúcia sistematiza o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 18
Brasil; Conselho Fiscal: Efetivos: Roque meses pelos grupos técnicos de trabalho representando diversas
Passos Piveli; José Luiz Salvadori Lorenzi;
Ivan Sobral de Oliveira; Suplentes: Augusto entidades do setor de saúde e saneamento ambiental.
Tetsuji Matsushita; Nestor Esteves Lima Con-
selho Consultivo: Natos: Presidente: Dante
Essas propostas, aqui apresentadas, elaboradas nos grupos
Ragazzi Pauli; Secretário: Reynaldo Eduardo de trabalhos específicos, ocorreram em um processo da partici-
Young Ribeiro; Efetivos: Neuza Maria Simões
Parreira; Sidney Seckler Ferreira Filho; Carlos
pação efetiva dos representantes, do compromisso das institui-
José Teixeira Berenhauser Tobias Jerozoli- ções que liberaram seus funcionários para o objetivo maior que
mski; Luiz Roberto Gravina Pladeval e Yves
Besse. Representação junto ao Conselho é a construção técnica de uma proposta coletiva de reconheci-
Diretor: Natos: Dante Ragazzi Pauli; Efeti- mento dos problemas de saúde pública que hoje enfrentamos,
vos: Eliana Kazue Irie Kitahara; Nercy Donini
Bonato; Wanderley da Silva Paganini; Hélio para prover um abastecimento seguro de água para consumo hu-
Nazareno Padula Filho; Antônio Carlos da mano, representando desta forma um marco para a comunidade
Costa Lino; Francisco José Toledo de Piza;
Dione Mari Morita; Mario Alba Braghiroli; Es- técnico-científica no campo da saúde ambiental.
ter Feche Guimarães de Arruda Juliano; Elis
Regina Jesus; Luciomar dos Santos Werneck;
Por fim, esperamos que este material sirva para subsidiar
Meunim Rodrigues de Oliveira Júnior; Agosti- técnicos, sociedade civil e órgãos públicos ligados a saúde, meio
nho de Jesus G. Geraldes; Renato Hochgreb
Frazão; Suplentes: Silvana Corsaro Candido
ambiente, recursos hídricos e agricultura, na construção de legis-
Silva Franco; Carlos Alberto de Carvalho; Tar- lações modernas, que considerem os diversos cenários ambien-
cio Paulo Dias Papa; Roberto Ferreira; Láza-
ro Miguel Rodrigues; Luiz Paulo Madureira; tais e de saúde, os avanços tecnológicos e a qualidade de vida da
Jorge Luiz Silva Rocco; Paulo Cesar Lemes população.
da Rocha; Josué Fraga da Silva; Aparecido
Vanderlei Festi. Dante Ragazzi Pauli
Presidente da ABES – Seção São Paulo
4 Revista ABES-SP
Editorial 3
Eventos realizados 5
Sumário
Entrevista Danta Ragazzi Pauli 7
Anexo1
Estratégias para definição de
critérios para proteção da saúde
humana e do ecossistema:
substâncias químicas 48
Anexo 2
Informações toxicológicas de
alguns dos praguicidas
considerados prioritários 57
Expediente
Revista da Câmara Técnica de Saúde Pública da ABES/SP - Rua Eugênio de Medeiros,
242 – 6º andar – cep: 05425-900 – Pinheiros – São Paulo – ctsaudepublica@abes-sp.org.
br – Telefone/Fax: (11) 3814-1872.. Publicação da Câmara Técnica de Saúde Pública da
ABES/SP/ tiragem de 3.000 exemplares. Equipe Responsável pela Revista ABES/SP: Elis
Regina de Oliveira e Kleber Adriano de Lima. Coordenação: Roseane Maria Garcia Lopes
de Souza. Produção e Edição: Editora Limiar (11-3813-0309 – www.editoralimiar.com.br)
Editor: Norian Segatto MTb 21465 Realização: Associação Brasileira de Engenharia Sani-
tária e Ambiental – ABES/SP
Patrocínio: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES/SP e Co-
missão Setorial de Saneamento e Tratamento de Água da Associação Brasileira da Indústria
Química – ABIQUIM
Revista ABES-SP 5
Eventos realizados
Nos dias 27 e 28 de
novembro de 2008, a CTSP
promoveu este curso para
disseminar conhecimento e
entendimento sobre os fun-
damentos básicos teóricos
a análise e gestão de riscos
em sistema de abastecimen-
Realizado nos dias 25 e 26 enviadas ao Ministério da to de água. Sua carga horá-
de novembro de 2008, este Saúde. ria foi de 16 horas.
evento gerou a “Carta de A leitura, na íntegra,
São Paulo para Abastecimen- pode ser feita a partir do
to Seguro de Água Potável”, site da ABES/SP (www.abes- 2ª reunião ordinária
com propostas e monções, sp.org.br). Realizada no dia 4 de
maio de 2009, no auditório
do CRQ. Neste dia os coorde-
nadores dos GTs apresenta-
1ª reunião ordinária ram suas propostas referente
a revisão da Portaria 518/04
Foi realizada na sede da
e a coordenadora do VIGIA-
ABES/SP, no dia 9 de março
GUA/CGVAM/MS, Adriana
de 2009. Os assuntos tratados
Cabral, apresentou a propos-
foram:
ta do Ministério da Saúde.
Carta São Paulo e ABES
Nacional; Criação dos grupos de
trabalho para apresentação de
proposta para revisão da Por-
taria 518/04; Aprovação do ca-
lendário de eventos e reuniões
para o ano de 2009; Aprovação
do Regimento Interno da Câma-
ra Técnica de Saúde Pública.
6 Revista ABES-SP
Eventos realizados
Palestras
oficinas
Workshop Internacional - Microrganismos Workshop Internacional
indicadores e patogênicos, cianobactérias e Critérios de Qualidade
cianotoxinas: legislação de água de Água para a proteção
para consumo humano da saúde humana e dos
O Grupo de Microbiologia da CTSP realizou o workshop nos organismos aquáticos
dias 15 e 16 de outubro 2009, na CETESB. O evento contou
com a presença do especialista da Agência de Proteção Am-
biental dos Estados Unidos (US-EPA).
Pedro Calado
Subsídios para o
Padrão
Microbiológico
Romeu Cantusio Neto e
Elayse Maria Hachich
Coordenadores do Grupo de Trabalho
Microbiológico
Dolores Ursula Mehnert - Instituto de Ciências Mark Rodgers - United States Environmental Pro-
Biomédicas da Universidade de São Paulo –ICB-USP tection Agency – USEPA
Elayse Maria Hachich - Companhia Ambiental do Regina Maura B. Franco - Universidade Estadual
Estado de São Paulo – CETESB de Campinas – UNICAMP
José Luiz Negrão Mucci - Faculdade de Saúde Pú- Romeu Cantusio Neto - Sociedade de Abasteci-
blica da Universidade de São Paulo – FSP-USP mento de Água e Saneamento S/A – SANASA
Revista ABES-SP 11
O
GT microbiológico integra quatro subgrupos (indicadores de qualidade microbiológica, protozo-
ários, vírus e cianobactérias/cianotoxinas), sendo constituído por profissionais de Universidades,
Empresas de Saneamento, Institutos das Secretarias de Saúde e Meio Ambiente, entidades de classe
e da Agência Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).
No Brasil, é real a preocupação com a qualidade microbiológica das águas para consumo humano e,
ainda poucas são as empresas de saneamento e laboratórios de pesquisa que realizam estudos com relação à
presença de vírus e protozoários na água captada e tratada para abastecimento público. Será, portanto, pro-
posta a realização de um monitoramento temporário desses agentes patogênicos em amostras de água bruta
superficial destas captações.
Cabe ressaltar que foi feita uma revisão conceitual sobre indicadores (grupo coliformes e bactérias hete-
rotróficas) e o significado quando da ocorrência e abrangência destes nos sistemas de abastecimento de água
tratada, com várias propostas de modificações sugeridas. Também foram propostas alterações para artigos
referentes a cianobactérias e cianotoxinas, e incluídos critérios quantitativos para outras cianotoxinas, além
das microcistinas já existentes na versão atual da lei.
É igualmente uma sugestão do GT Microbiológico elaborar um Manual de Análises Microbiológicas,
com o objetivo de tornar disponível, a todos os laboratórios responsáveis por essas análises, metodologias
recomendadas e padronizadas, mencionadas por instituições de renome internacional, incluindo procedi-
mentos de Controle de Qualidade Analítica, necessários à obtenção de resultados confiáveis e reprodutíveis.
Esse Manual seria emitido juntamente com a nova versão da Portaria.
Um dos desafios, em termos
Pedro Calado
PARTICIPANTES
Maria Inês Z. Sato // Maria Helena Matté // Elayse Hachich // Romeu Cantusio Neto
Celina M. Muller Fuchs // Mark Rodgers
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Strauss, B., W. King, A. Ley, and J.R. Hoey. 2001. A Prospective Study of Rural Drinking Water Quality and Acute
Gastrointestinal Ilness BMC Public Health 1:8.
Brenner, K.P., C.C. Rankin, Y.R. Roybal, G. N. Stelma, Jr, P. V. Scarpino, and A.P. Dufor. 1993. New Medium for the
Simultaneous Detection of Total Coliforms and Escherichia coli in Applied & Environmental Microbiology 59(11):3534-3544
Cabelli, V. J. 1977, Indicators of Recreational Water Qulaity. P.222-238. In A. W. Hoaley, and B. J. Dutka, (Eds), Bacterial
Indicators/Health Hazards Associated with Water. American Society for Testing and Materials, ASTM STP 635.
Noble, R. T., I. M. Lee, and K. C. Schiff. 2004. Inactivation of Indicator Micro-organisms from Various Sources of Faecal
Contamination in Seawater and Freshwater. Journal of Applied Microbiology 96(3):464-72.
Item 4: Elaborar nota sobre caldos turvos sem ácido ou gás; membranas com confluên-
cias sem brilho metálico: deve-se fazer RECOLETA.
Justificativa 1972). Estudos experimentais também demonstraram
Altas densidades de bactérias heterotróficas podem que altos níveis de bactérias heterotróficas podem com-
interferir nas análises de coliformes totais em meios de petir com organismos coliformes totais por baixos ní-
cultura a base de lactose (Geldreich e colaboradores, veis de nutrientes (Lechevallier e McFeters, 1985).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Geldreich, E. E., H. D. Nash, D. J. Reasoner, and R. H. Taylor. 1972. The Necessity of Controlling Bacterial
Populations in Portable Waters: Community Water Supply. Journal of American Water Works Association 64:596-602.
Lechevallier, M. W., and G. A. McFeters. 1985. Interactions between Heterotrophic Plate Count Bacteria and
Coliform Organisms. Application in Environment Microbiology 49:1338-1341.
II – GRUPO PROTOZOÁRIOS
PARTICIPANTES
Maria Inês Z. Sato // Maria Helena Matté // Elayse Hachich // Romeu Cantusio Neto
Celina M. Muller Fuchs // Mark Rodgers // Regina M. Bueno Franco
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCO, R.M.B. Protozoários de veiculação hídrica: relevância em Saúde Pública. Rev Panam Infectol, 9(4): 36-43. 2007.
HELLER, L. et al. Oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia: circulação no ambiente e riscos à saúde humana.
Epidemiologia & Serviços de Saúde. 2004; 13:79-92.
United States Environmental Protection Agency (USEPA) 1996. National Primary Drinking Water Regulations: Monitoring
Requirements for Public Drinking Water Supplies; Final Rule. 40 CFR Part 141. May 14, 1996.
Justificativa
A elaboração do Manual tem por objetivo tor- por instituições de renome internacional, incluindo
nar disponível a todos os laboratórios responsáveis procedimentos de Controle de Qualidade Analítica,
por essas análises, em língua portuguesa, metodo- necessários à obtenção de resultados confiáveis e
logias recomendadas e padronizadas mencionadas reprodutíveis.
Revista ABES-SP 15
PARTICIPANTES
Luciana Retz de Carvalho // Elayse Maria Hachich // Romeu Cantusio Neto // Celina M. Muller
Fuchs // José Luiz Negrão Nucci // Mark Rodgers // Beatriz Brito Viana // Denise Amazonas Pires
Ligia Marino // Maria Inês Zanoli Sato // Maria do Carmo Carvalho // Maria Tereza de P. Azevedo
Item 11: Métodos de contagem: apesar de ter sido consensual anteriormente que o mé-
todo seria contagem por uthermol (norma CETESB), também foi inserido novamente o bio-
volume no Standard Methods-SM.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Domingos et al. 1999. First report of microcystin production by pikoplanctonic cyanobacteria isolated from a Northeast
Brazilian drinking water supply. Environmental Toxicology 14: 31-35.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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terium. Mar. Drugs. 5: 180-196.
Cox, P.A., Banack, S.A., Murch, S.J., Rasmussen, u., Tien, g., Bidigare, R.R., Metcalf, J.S., Morrison, l.F., codd, G.A. &
Bergman, B. 2005. Diverse taxa of cyanobacteria produce β-N-methylamino-L-aminoalanine, a neurotoxic amino
acid.
PNAS 102(140): 5074-5078.
Esterhuizen, M. 7 Downing, T.G. 2008. Β-N-methylamino-L-alanine (BMAA) in novel South African Cyanobacte
rial isolates. Ecotoxicology and Environmental Safety 71 309-313.
Ince, P.G. & Codd, G.A. 2005. Return of the cycad hypothesis – does the amyotrophic lateral sclerosis/parkinsonism
Revista ABES-SP 17
dementia complex (ALS/PDC) of Guam have new implications for global health? Neuropathology and applied
Neurobiology 31: 345-353.
Lobner, D., Piana, P.M.T., Salous, A.K. & Peoples, R.W. 2007. Β-N-methylamino-L-alanine enhances neurotoxicity
through multiple mechanism. Neurobiology of Disease 25: 360-366;
Metcalf, J.S., Banack, S.A., Lindsay, J., Morrison, L.F., Cox, p.A. & Codd, G.c. 2008. Co-occurrence of
β-N-methylamino-L-alanine, a neurotoxic amino acid with other cyanobacterial toxins in British waterbodies, 1990-
2004. Environmental Microbiology 10(3): 702-708).
Pablo, J., Banack, S.A., Cox, P.A., Johnson, T.E., Papapetropoulos, S., Bradley, W.G., Buck, A. & Mash, D.C. 2009.
Cyanobacterial neurotoxin BMAA in ALS and Alzheimer’s disease. Acta Neurologica Scandinavica 1-7.
Papapetropoulos, S. 2007. Is there a role for naturally occurring cyanobacterial toxins in neurodegeneration? The
beta- N-methylamino-l-alanine (BMAA) paradigm. Neurochemistry international 50: 998-1003.
Rao, S.D., Banack, S.A., Cox, P.A. & Weiss, J.H. 2006. BMAA selectively injures motor neurons via AMPA/kainite
receptor activation. Experimental neurology 201: 244-252.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Chorus I, Bartram J (1999). Toxic Cyanobacteria in water. A guide to their public health consequences, monitoring
and management. E & FN SPON, New York, 416p.
Shaw G, Seawright A, Shahin M, Senogles P, Mueller J, Moore M (2000). The cyanobacterial toxin cylindrospermop
sin: Human health risk assessment. Pp 56. In: 9th Internacional Conference on Harmful Algal Blooms, Hobart, Australia. 518p.
Humpage AR; Falconer Ir (2003). Oral toxicity of the cyanobacterial toxin cylindrospermopsin in male Swiss Albino
mice: determination of No Observed Adverse Effect Level for deriving a drinking water guideline value.
Environmental Toxicology, 18:94-103.
Justificativa
Ver item 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Furtado, A.L.F.F.; Calijuri, M.C.; Lorenzi, A.S.; Honda, R.Y.; Genuário, D.B.; Fiore, M.F. (2009) Morphological and
molecular characterization of cyanobacteria from a Brazilian facultative wastewater stabilization pond and evaluation
of microcystin production. Hydrobiologia 627:195–209.
Silva-Stenico ME, Cantúsio Neto R, Alves IR, Moraes LAB, Shishido TK, Fiore MF. (2009) Hepatotoxin microcystin-
LR extraction optimizing. J Braz Chem Soc, 20:535-542.
Fiore MF, Genuário DB, da Silva CSP, Shishido TK, Moraes LAB, Cantúsio Neto R, Silva-Stenico ME (2009)
Microcystin production by a freshwater spring cyanobacterium of the genus Fischerella. Toxicon, 53:754-761.
IV – GRUPO VÍRUS
PARTICIPANTES
Maria Inês Z. Sato // Dolores Ursula Mehnert // Elayse Maria Hachich // Romeu Cantusio Neto //
Celina M. Muller Fuchs // Mark Rodgers // Maria do Carmo S. Timenetsky // Beatriz Brito Viana //
Andre Gois
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2004 Guidelines for drinking water quality.Volume 1. Recommendations. 3rd
ed. World Health Organization. Genebra..[http//www.who.int/water_sanitation_health/dwq/guidelines/en/index.html].
Acesso em 13 de julho de 2009.
Wyn Jones AP, Selwood J. 2001. Enteric viruses in the environment. J. Appl. Microbiol. 91:945-62.
United States Environmental Protection Agency (USEPA) 1996. National Primary Drinking Water Regulations:
Monitoring Requirements for Public Drinking Water Supplies; Final Rule. 40 CFR Part 141. May 14, 1996.
20 Revista ABES-SP
Subsídios para o
Padrão Químico
Gisela de Aragão Umbuzeiro e
Patrícia Ferreira Silvério
Coordenadoras do Grupo de Trabalho
Químico
A
Considerações iniciais
s substâncias químicas para as quais se estabelecem critérios de qualidade de água são aquelas que
têm probabilidade de ocorrência no país ou região e são capazes de causar efeitos adversos ou des-
conforto aos seres vivos. Estas substâncias podem estar presentes na água devido a características
geológicas (naturais) ou por fontes de contaminação. A derivação desses critérios depende da informação
obtida em ensaios toxicológicos adotada pelo país chamado de Ingresso Diário Tolerável (TDI) ou Dose de
Referência (RfD) e do cenário de exposição, como peso corpóreo, consumo de água, porcentagem de ingres-
so via água. Também é necessário considerar a viabilidade técnica e econômica de se quantificar quimica-
mente a substância na água bem como de removê-la aos níveis desejados. Os critérios são transformados em
padrões legais após análise dos gestores públicos.
A TDI ou RfD, que nada mais é do que a quantidade que pode ingressar no organismo na qual não se
espera a ocorrência de efeito adverso, expressa em mg de substância por Kg de peso por dia (mg/Kg/dia). Ela
é calculada utilizando a informação existente sobre a toxicidade da substância – expressa normalmente em
Nível de efeito adverso não observado (NOAEL). O NOAEL é obtido através de experimentos com animais
e dados epidemiológicos, quando disponíveis.
Esse valor é dividido por fatores de incerteza os quais são escolhidos em função da qualidade dos dados
disponíveis e variabilidade da resposta inter e intra-espécie, entre outras incertezas. Esses fatores variam
usualmente de 10 a 1000, são definidos caso a caso e requerem o julgamento científico de um grupo de es-
pecialistas.
Os critérios de qualidade de água são geralmente calculados multiplicando-se então a TDI pelo peso cor-
póreo considerado e pela fração ou porcentagem da TDI associada ao uso da água, divididos pelo consumo
de água diário adotado.
e interferentes endócrinos prioritários e dados to- plano de segurança da água, de forma que se hou-
xicológicos suficientes na literatura será possível ver incidência na bacia de determinados grupos de
incluir valores máximos permitidos na água. Sa- compostos ainda não contemplados na legislação
bendo-se que os níveis desses compostos são ele- federal, os planos de bacia, tomadores de água e o
vados quando comparados com o resto do mundo, órgão ambiental responsável pelo monitoramento
o grupo entende que seja necessário trabalhar com devem incluí-los no seu rol de análises. Se necessá-
ações preventivas. O grupo também sugere que ou- rio, valores máximos podem ser derivados, usando
tros contaminantes sejam sempre contemplados no a metodologia a ser indicada pelo MS.
N
os mananciais brasileiros, os níveis de realizados trabalhos de mobilização entre diferentes
inúmeros compostos de interesse recente setores da sociedade para a promoção de debates
são, em geral, mais elevados que àqueles envolvendo o cenário atual dos sistemas de água e
determinados em países mais desenvolvidos. Nes- esgoto como forma de estabelecer políticas públicas
tes países, efluentes de estações de tratamento de sobre valores máximos permitidos para compostos
esgoto (ETE) são as principais fontes de aporte, ainda não legislados. Ações em longo prazo devem
uma vez que a remoção destes compostos em es- envolver, necessariamente, a criação de diretrizes de
tações de lodo ativado sob condições normais de prevenção e controle da poluição causada pelo lan-
operação é baixa. No Brasil, pouca atenção é dada çamento de esgoto bruto em sistemas aquáticos su-
ao tratamento de esgotos e grande parte do esgo- perficiais e, igualmente, a ampliação/modernização
to bruto retorna aos corpos aquáticos superficiais dos sistemas de tratamento de água e esgoto.
(IBGE, 2002); muitos deles são utilizados como Finalmente, recomenda-se o monitoramento
mananciais para a produção de água potável. Des- de algumas substâncias químicas que são, reconhe-
ta maneira, a possibilidade da transferência destes cidamente, traçadoras da atividade antrópica (Fer-
compostos para as estações de tratamento de água reira 2005; Siegener and Chen 2002; Seiler et al.,
(ETA) e, conseqüentemente, para a água destinada 1999) e, igualmente, indicadoras da presença de
ao consumo humano deve ser levada em conside- outras substâncias químicas em água para consu-
ração. A remoção de fármacos, drogas ilícitas e/ou mo humano (Glassmayer et al., 2005). Dentro desta
interferentes endócrinos em ETA depende tanto perspectiva, algumas substâncias destacam-se, não
das características intrínsecas de cada composto, apenas por sua origem associada à contaminação de
quanto dos métodos de tratamento empregados. mananciais de água por esgotos, mas também pela
Westerhoff e colaboradores (2005) demonstraram sua facilidade de determinação analítica. É o caso
que métodos convencionais, ou seja, contendo da cafeína e do bisfenol A. A cafeína é um fármaco
apenas etapas de coagulação, sedimentação e fil- não-prescrito que age como estimulante em inúme-
tração, promovem a remoção de menos de 25% da ras formulações farmacêuticas. É também encontra-
concentração da maioria dos interferentes endó- do no café, em inúmeras bebidas e, igualmente, em
crinos. A taxa de remoção de fármacos também é manancias de água bruta e na água para consumo
baixa, uma vez que os métodos de tratamento em humano de inúmeros países (Huerta-Fontela et al.,
ETA não são adequados para remoção de compos- 2008; Rabiet et al., 2006; Stackelberg et al., 2004).
tos que apresentam elevada solubilidade em água. O bisfenol A é originalmente utilizado como inter-
Dentro desta perspectiva, em que o aporte de mediário na produção de resinas epóxi e policarbo-
esgoto bruto em águas superficiais exerce papel es- natos, mas devido ao seu uso em inúmeros produtos
sencial na presença de compostos contaminantes na e bens de consumo, está presente em nosso meio de
água para consumo humano (Sodré et al., 2010), vida e, conseqüentemente, também é encontrado na
algumas ações tornam-se necessárias. Ações em água para consumo humano do Brasil (Sodré et al.,
curto prazo devem envolver estudos relacionados, 2010) e de outros países (Stackelberg et al., 2004,
o emprego de tecnologias mais efetivas para o aba- Inoue et al., 2002). Além disso, o bisfenol A tam-
timento destes compostos nas ETA, uma vez que os bém tem sido considerado um importante interfe-
níveis destes compostos na água potável já são pre- rente endócrino (Oehlmann et al., 2008; Oehlmann
ocupantes. Em médio prazo, é importante que sejam et al., 2006; Lindholst et al., 2000).
Revista ABES-SP 23
A proposta foi de reduzir a atual frequência de análise dos parâmetros contemplados na Tabela 3 da
Portaria para 3 anos, para a empresa prestadora de serviços que tenha histórico de ensaios comprovando
a não detecção do parâmetro no respectivo sistema de abastecimento por dois anos consecutivos. Foram
enviadas duas tabelas com dados das análises das substâncias constantes da tabela 3 referentes a dois
anos de monitoramento (2007 e 2008) obtidas por produtores de água do estado de São Paulo, tanto de
águas brutas (Quadro 1) como de água tratada (Quadro 2).
24 Revista ABES-SP
Quantidade de
Número de Ensaios Número de % de amostras Valor máximo
Mananciais Realizados amostras acima acima do limite de encontrado
Parâmetros
Amostrados (informar os do limite de quantificação (mg/L)
períodos dos quantificação*
ensaios
Inorgânicos
Orgânicos
Acrilamida 7 20 0 0% 0
Benzeno 295 624 3 0% 0
Enzo[a]pinen 294 581 0 0% 0
Cloreto de Vinila 11 95 0 0% 0
1.1- Dicloroeteno 295 619 0 0% 0
1.2- Diclorotetano 295 619 0 0% 0
Diclorometano 295 624 2 0,38% 143
Estireno 295 624 4 0,76% 18
Tetracloreto de carbono 295 624 0 0% 0
Tetracloroeteno 295 624 0 0% 0
Triclorobenzenos 295 624 0 0% 0
Tricloroeteno 295 624 0 0% 0
Agrotóxicos
Nº de Quantidade de
Limite Número de % de amostras Nº de % de Valor
sistemas Ensaios
amostras acima acima do amostras amostras
Unidade
Portaria de Realizados máximo
Parâmetros 518 do limite de limite de acima acima do encontrado
tratamento (informar os
quantificação quantificação do VMP VMP
amostrados períodos dos
ensaios
Inorgânicos
Orgânicos
Acrilamida µg/l 0,5 12 30 0 0% 0 0,0% 0
Benzeno µg/l 5 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Benzo[a]pireno µg/l 0,7 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Cloreto de Vinila µg/l 5 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
1.1- Dicloroeteno µg/l 10 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
1.2- Diclorotetano µg/l 30 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Diclorometano µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Estireno µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Tetracloreto de
carbono µg/l 2 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Tetracloroeteno µg/l 40 698 1697 2 0,12% 0 0,0% 1,2
Triclorobenzenos µg/l 20 698 1697 0 0% 0 0,0% 0
Tricloroeteno µg/l 70 698 1697 1 0,06% 0 0,0% 0,58
Agrotóxicos
O grupo da CETESB defende que a quantidade de dados gerados com base em apenas dois anos de
amostragem - 2007 e 2008 (4 amostragens por ponto de coleta)não é suficiente para subsidiar a proposta
de redução da frequência de amostragem atualmente preconizada pela Portaria. Os técnicos da CETESB
recomendam o levantamento de dados referentes a, pelo menos, 5 anos e com emprego de tratamento es-
tatístico e que seja efetuada uma interpretação criteriosa da série histórica, com a publicação de trabalhos
científicos para que uma redução da frequência possa ser proposta. Exemplo: em 2006 foi realizado um
estudo estatístico do comportamento de substâncias inorgânicas na rede de monitoramento da qualidade
das águas subterrâneas, conduzido pela CETESB (ABAS, 2006). Os dados são apresentados no Quadro 3
(abaixo). Os valores foram estabelecidos a partir da descrição estatística
de resultados de análises químicas das substâncias naturalmente presentes em amostras coletadas nos
diferentes aquíferos, em locais com pouca influência antrópica. Utilizando esses dados, a CETESB propôs
valores de referência de qualidade (VRQ) para águas subterrâneas, para os sistemas aquiferos do Estado
de São Paulo (ABAS, 2006), apresentado no Quadro 4.
A CETESB é, portanto, contra a diminuição da frequência de análise das Tabelas 3 e 5 da Portaria.
Considera-se que frequência atualmente praticada já é pequena, visto que a variabilidade do Uso e Ocu-
pação do Solo, no Estado de São Paulo (ao menos) é grande e é difícil prever alteração da qualidade da
água distribuída para consumo, em um estado industrializado e de agricultura e pecuária intensiva. Dife-
rentemente da água subterrânea, os mananciais superficiais são suscetíveis a maior influência antrópica e,
de curto prazo, ou seja, indicando necessidade de uma frequência maior de análises.
Substância Aquífero Mínimo Máximo Média Desvio Mediana Quartil 75% Amostras
padrão Amostras <LQ
mg/l n.° %
Bauru <0,002 0,002 <0,002 0,0001 <0,002 <0,002 178 99
Emb. Cristalino <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 53 100
Guarani <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 106 100
Antimônio Serra Geral <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 32 100
Tubarão <0,002 <0,002 <0,002 0,0000 <0,002 <0,002 37 100
TOTAL <0,002 0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 406 100
Bauru <0,002 0,003 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 576 99,7
Emb. Cristalino <0,002 0,007 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 181 93
Guarani <0,002 0,003 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 191 98
Arsênio Serra Geral <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 104 100
Taubaté <0,002 0,005 0,002 0,001 <0,002 0,003 34 85
Tubarão <0,002 <0,002 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 135 100
TOTAL <0,002 0,007 <0,002 0,000 <0,002 <0,002 1221 98
Bauru <0,03 0,09 <0,03 0,005 <0,03 <0,03 332 99
Emb. Cristalino <0,03 0,14 <0,03 0,021 <0,03 <0,03 119 89
Guarani <0,03 <0,03 <0,03 0,000 <0,03 <0,03 214 100
Boro Sedimentar <0,03 0,030 <0,03 0,002 <0,03 <0,03 62 98
Serra Geral <0,03 0,03 <0,03 0,0019 <0,03 <0,03 62 98
Tubarão <0,03 0,15 <0,03 0,03067 <0,03 <0,03 70 83
TOTAL <0,03 0,15 <0,03 0,01309 <0,03 <0,03 859 96
Bauru <0,0001 0,004 <0,0001 0,0002 <0,0001 <0,0001 748 95
Emb. Cristalino <0,0001 0,009 0,00025 0,0008 <0,0001 <0,0001 212 92
Guarani <0,0001 0,003 <0,0001 0,0002 <0,0001 <0,0001 461 97
Cádmio Serra Geral <0,0001 0,002 <0,0001 0,0002 <0,0001 <0,0001 136 96
Tubarão <0,0001 0,001 <0,0001 0,000 <0,0001 <0,0001 170 86
TOTAL <0,0001 0,009 0,00012 0,000 <0,0001 <0,0001 1764 94
Bauru <0,002 0,007 <0,002 0,001 <0,002 <0,002 698 92
Emb. Cristalino <0,002 0,007 0,0014 0,0011 <0,002 <0,002 196 96
Chumbo Guarani <0,002 0,007 0,0013 0,0009 <0,002 <0,002 428 91
Serra Geral <0,002 0,007 <0,002 0,0012 <0,002 <0,002 129 90
Tubarão <0,002 0,007 <0,002 0,0012 <0,002 <0,002 151 89
TOTAL <0,002 0,007 <0,002 0,001 <0,002 <0,002 1602 92
Revista ABES-SP 27
Substância Aquífero Mínimo Máximo Média Desvio Mediana Quartil 75% Amostras
padrão Amostras <LQ
mg/l n.° %
Antimônio <0,002
Arsênio <0,002
Boro <0,03
Cádmio <0,0001
Chumbo <0,002
Cobalto <0,01
Cobre <0,02
Mercúrio 0,00015
Níquel <0,02
Selênio <0,002
Cianeto <0,006
Vanádio Bauru 0,02
Demais <0,02
28 Revista ABES-SP
5) Interfaces da portaria com outras de ocorrência nesse recurso hídrico. Foram escolhi-
normas legais dos padrões de potabilidade, quando existentes, da
Outras normas legais usam os padrões da OMS. O grupo sugere que essas substâncias sejam
portaria, como exemplo podemos citar a Resolu- consideradas quando da revisão da portaria. Caso
ção CONAMA 357, de 2005, a CONAMA 396, os padrões adotados não sejam adequados para o
de 2008 e as normas vigentes que regulamentam MS, e outros valores sejam escolhidos, deve-se
a águas minerais e envasadas. Especificamen- proceder a revisão imediata da Resolução CONA-
te no caso da resolução de águas subterrâneas, a MA 396/08. As substâncias em questão e os valores
396/2008, foram incluídas algumas substâncias adotados pelo CONAMA referentes ao consumo
que não eram contempladas na Portaria 518 devido humano são apresentadas no Quadro 5. O grupo de
às características hidrogeológicas e da existência trabalho sugere que as mesmas sejam incluídas na
de contaminantes que tinham alta probabilidade tabela 3 da Portaria.
BERÍLIO 4
BORO 500
MOLIBDÊNIO 70
NÍQUEL 20
PRATA 100
URÂNIO 15
VANÁDIO 50
1,2 – DICLOROBENZENO 1.000
1,4 – DICLOROBENZENO 300
PCB (SOMATÓRIA DE 7)1 0,5
ALDICARB + ALD.SULFONA+ALD.SULFÓXIDO 10
CARBOFURAN 7
CLOROTALONIL 30
CLORPIRIFÓS 30
MALATIONA 4002
1) PCBs = somatório de PCB 28 (2,4,4’-triclorobifenila - nºCAS 7012-37-5), PCB 52 (2,2’,5,5’-tetraclorobifenila - nº CAS 35693-99-3), PCB
101(2,2’,4,5,5’-Pentaclorobifenila - nºCAS 37680-73-2), PCB 118 (2,3’,4,4’,5-pentaclorobifenila - nºCAS 31508-00-6), PCB 138 (2,2’,3,4,4’,5’-hexacloro-
bifenila - nº CAS 35056-28-2), PCB 153 (2,2’4,4’,5,5’- hexaclorobifenila - nºCAS 3505-12 27-1) e PCB 180 (2,2’,3,4,4’,5,5’- heptaclorobifenila - nºCAS
35065-29-3).
2) O valor para malationa estabelecido no Conama 396/08 é de 190 µg/L. No entanto, o grupo propõe adoção de 400 µg/L, conforme justificativa
apresentada no item 12.
6) Compostos secundários gerados pela a legislação poderia ser feito com base na média
desinfecção da água com cloro móvel dos últimos 12 meses.
Trialometanos (THM) e Ácidos Haloacéti-
cos (AHA5) Clorito e Clorato
A Portaria 518, de 2004, atualmente limita ape- O dióxido de cloro é usado eficientemente em
nas a concentração de trialometanos – THM (cloro- muitas estações de tratamento de água para oxidar
fórmio, bromodiclorometano, dibromoclorometa- ferro e manganês, para desinfecção, visando reduzir
no, bromofórmio) (Brasil, 2004). A EPA, além dos a formação de THM, AHA etc. A principal desvan-
THM, regulamenta os AHA5 (ácido monocloroacé- tagem do uso do dióxido de cloro como oxidante
tico, ácido dicloroacético, ácido tricloroacético, áci- é a formação do íon clorito, regulamentado pela
do bromoacético, ácido dibromoacético) em 60µg/L. USEPA (2008) em 0,8mg/L e em 0,2mg/L pela Por-
O grupo sugere adotar o mesmo valor máximo per- taria 518 (Brasil, 2004). A concentração máxima
mitido da USEPA para os AHA5, ou seja, 60µg/L. de clorato é fixada em 0,7mg/L (OMS Guidelines
É conhecido que tanto os THM como os AHA5 for Drinking Water Quality e Padrão de Potabili-
são parâmetros sazonais e a média móvel viabiliza- dade Alemão). Sugere-se como VMP para Clorito,
ria melhor análise da tendência deste parâmetro, e 0,8mg/L e Clorato, 0,7mg/L.
não somente o resultado de um mês. A USEPA tam-
bém calcula desta forma. Sugere-se usar média mó- Monocloroamina
vel para THM e AHA5 na portaria. O atendimento O grupo de técnicos da SANASA propôs alte-
Revista ABES-SP 29
Quadro 6
UNIDADE
PARÂMETRO CAS VMP Limite de Técnica Comentários
Quantificação Analítica
Praticável
LQP
INORGÂNICAS
Antimônio 7440-36-0 µg/L 5 5 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA, HG AAS
Arsênio 7440-38-2 µg/L 10 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA, HG AAS
Bário 7440-39-3 µg/L 700 20 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Berílio (**) 7440-41-7 µg/L 4 4 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Boro (**) 7440-42-8 µg/L 500 200 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Cádmio 7440-43-9 µg/L 5 1 GFAA O parque analítico é liderado massivamente por ICP-OES, o qual não permite
alcançar o valor da OMS, de 3ppb. O LQP atingível por ICP-OES é de 5 ppb.
Este valor é alcançável por GFAA ou ICP-MS. De todos os laboratórios que
participaram do grupo, apenas 1 laboratório comercial trabalha com GFAA,
além da CETESB.
Cianeto 57-12-5 µg/L 70 50 UV-VIS
Chumbo 7439-92-1 µg/L 10 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Cobre 7440-50-8 µg/L 2000 50 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Cromo 7440-47-3 µg/L 50 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Fluoreto 7782-41-4 mg/L 1,5 0,5 UV-VIS Outras técnicas empregadas: cromatografia iônica, potenciometria
Mercúrio 7439-97-6 µg/L 1 1 CV AAS Outras técnicas empregadas: fluorescência atômica
Molibdênio(**) 7439-98-7 µg/L 70 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Nitrato (como N)(***) 14797-55-8 mg/L 10 0,3 UV-VIS Outras técnicas empregadas: cromatografia iônica
Nitrito (como N) (***) 14797-65-0 mg/L 1 0,02 UV-VIS Outras técnicas empregadas: cromatografia iônica
Níquel (**) 7440-02-0 µg/L 20 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Prata(**) 7440-22-4 µg/L 100 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
Selênio 7782-49-2 µg/L 10 10 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA, HG AAS
Urânio (**) 7440-61-1 µg/L 15 50 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS
Vanádio (**) 7440-62-2 µg/L 50 20 ICP-OES Outras técnicas empregadas: ICP-MS, GFAA
SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS
Acrilamida 79-06-1 µg/L 0,5 0,15 HPLC Outras técnicas empregadas: GC ECD – ver nota 3
Benzeno 71-43-2 µg/L 5 2 GC-MS Ver nota 1
Benzo[a]antraceno(**) 56-55-3 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
Benzo[a]pireno 50-32-8 µg/L 0,7 0,15 GC-MS Ver nota 2
Benzo[b]fluoranteno(**) 205-99-2 µg/L 0,5 0,15 GC-MS Ver nota 2
Benzo[k]fluoranteno(**) 207-08-9 µg/L 0,5 0,15 GC-MS Ver nota 2
BisfenolA 80-05-7 µg/L -- 0,02 LC-MS-MS Ver nota 6. Outras técnicas: HPLC (1ppb), GC-MS, GC-NPD (Ver nota 5)
Cafeína 95789-13-2 µg/L -- 0,05 LC-MS-MS Ver nota 7. Outras técnicas: HPLC (5 ppb), GC-MS, GC-NPD (Ver nota 5)
Cloreto de Vinila 75-01-4 µg/L 5 2 GC-MS Ver nota 1
Criseno (**) 218-01-9 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
Dibenzo[a,h]antraceno (**) 53-70-3 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
1,2 Diclorobenzeno (**) 95-50-1 µg/L 1.000 5 GC-MS Ver nota 1
1,4 Diclorobenzeno (**) 106-46-7 µg/L 300 5 GC-MS Ver nota 1
1,2 Dicloroetano 107-06-2 µg/L 10 5 GC-MS Ver nota 1
1,1 Dicloroeteno 75-35-4 µg/L 30 5 GC-MS Ver nota 1
1,2 Dicloroeteno(cis e trans)(**) cis (156-59-2)
trans(156-60-5) µg/L 50 5 GC-MS Ver nota 1
Diclorometano 75-09-2 µg/L 20 10 GC-MS Ver nota 1
Estireno 100-42-5 µg/L 20 5 GC-MS Ver nota 1
Fenóis (**) -- µg/L 3 10 UV-VIS Fenóis que reagem com aminoantipirina. Os VMP para fenóis previnem a
formação de gosto e odor indesejável na água quando da sua cloração. Para
o caso deLQP maior que VMP, análises de perfil de sabor deverão ser realiza
das. Resultado não objetável indicará atendimento ao padrão de qualidade
requerido
Indeno[1,2,3cd]pireno(**) 193-39-005 µg/L 0,05 0,15 GC-MS Ver nota 2
Tetracloreto de Carbono 56-23-5 µg/L 2 2 GC-MS Ver nota 1
Tetracloroeteno 127-18-4 µg/L 40 5 GC-MS Ver nota 1
ORGÂNICAS
Triclorobenzenos 1,2,4-TCB
(120-82-1);
1,3,5-TCB
(108-70-3;
1,2,3- TCB
(87-61-6) µg/L 20 5 p/cada GC-MS Ver nota 1
1,1,2-Tricloroeteno 127-18-4 µg/L 70 5 GC-MS Ver nota 1
PRAGUICIDAS
Alaclor 15972-60-8 µg/L 20 0,1 GC-ECD Ver nota 4
Aldicarbe (**) Aldicarbe
(116-06-3) µg/L 10 3 HPLC
Aldrin e Dieldrin Aldrin(309-00-2)
Dieldrin (60-57-1) µg/L 0,03 0,005 p/cada GC-ECD Ver nota 4
Ametrina (**) 834-12-8 µg/L 50 0,2 GC-MS Ver nota 5
Atrazina 1912-24-9 µg/L 2 0,5 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-NPD, GC-MS (notas 4 e 5)
Azinfos metílico (**) 86-50-0 µg/L 9 2 HPLC Outras técnicas empregadas: GC-NPD, GC-FPD (ver nota 5)
Bentazona 25057-89-0 µg/L 300 30 GC-ECD Outras técnicas empregadas: HPLC, GC-MS (nota 4)
Revista ABES-SP 33
Paraquate(**) 1910-42-5 µg/L 30 2 HPLC Outras técnicas empregadas: GC-MS (menor detectabilidade),
GC-NPD, GC-FPD (ver nota 5)
Pendimetalina 40487-42-1 µg/L 20 0,1 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-MS, GC-NPD (ver nota 5)
Pentaclorofenol 87-86-5 µg/L 9 2 GC-MS Ver nota 2
Propanil 709-98-8 µg/L 20 10 GC-MS Outras técnicas empregadas: GC-ECD, GC-NPD (ver nota 5)
Simazina 122-34-9 µg/L 2 1 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-NPD (ver nota 5)
Tebutiuron (**) 34014-18-1 µg/L 400 20 GC-MS HPLC, GC-NPD (ver nota 5)
Trifluralina 1582-09-8 µg/L 20 0,1
Permetrina 52645-57-1 µg/L 20 10 GC-ECD Outras técnicas empregadas: GC-MS
Picloram (**) 1918-02-1 µg/L 400 5 GC-ECD Outras técnicas empregadas: HPLC
(*) – Valor proposto (alteração do valor vigente) (**) – Composto proposto para inclusão; (***) Somatória de nitrato e nitrito (como N) não deve exceder
10 mg/L
Notas:
1- Composto volátil geralmente determinado pelo método SW 846 US EPA 8260B ou equivalente
2- Composto semivolátil geralmente determinado pelo método SW 846 US EPA 8270D ou equivalente
3- Ao se utilizar como técnica analítica um cromatógrafo com detector seletivo, como ECD (detector de captura de elétrons), é fundamental que este
comporte dois detectores com colunas cromatográficas dissimilares (uma para quantificação e outra para confirmação), evitando assim falsos positivos
de compostos químicos com comportamento similar aos do analito-alvo.
4- Embora o LQP pela técnica de GC-MS atenda ao VMP, tomou-se como base a cromatografia com GC-ECD, dada a excelente detectabilidade desta
para compostos clorados, propiciando limites até 100 vezes mais baixos que GC-MS. No entanto, ao aplicar a técnica de GC-ECD, deve-se levar em
consideração a nota 3 acima.
5- GC-NPD (detector de nitrogênio e fósforo) tem excelente detectabilidade para compostos orgânicos nitrogenados e fosforados e GC-FPD (detector
fotométrico por chama) para compostos organofosforados; no entanto, o seu uso é muito restrito dentro do mercado analítico, visto que sua aplicabilida-
de é limitada.
6- Extraído de ASTM D7574 - 09 Standard Test Method for Determination of Bisphenol A in Environmental Waters by Liquid Chromatography/Tandem
Mass Spectrometry.
7- Extraído de US EPA, 2007. Method 1694: Pharmaceuticals and Personal Care Products in Water, Soil, Sediment, and Biosolids by HPLC/MS/MS.
Abreviações:
recomendável que mais laboratórios sejam consul- Valor máximo permitido (VMP): é o nível
tados e se possível essa escolha deve ser feita em máximo de um contaminante presente na água de
conjunto com o CFQ e o INMETRO. abastecimento público destinada a consumo huma-
O Quadro 6, apresentado nas páginas anterio- no. Seu valor deve ser definido para os compostos
res, inclui os parâmetros vigentes ou que foram químicos que podem causar efeitos adversos após
sugeridos a serem incluídos pelo grupo, número longos períodos de exposição ou aqueles que pos-
CAS, unidade padronizada, valor máximo permi- sam causar, sob determinadas condições, seus efei-
tido vigente ou a ser sugerido, técnicas analíticas tos após uma única exposição. Deve ser determi-
padrão empregadas e seus respectivos limites de nado também para substâncias que podem tornar a
quantificação praticáveis e outras técnicas apli- água não potável por alterar o seu gosto, odor (sa-
cadas pelos laboratórios consultados. Essa tabela bor) ou cor. O VMP normalmente representa a con-
poderá auxiliar na tomada de decisão quanto aos centração de um componente que não resultará em
VMPs a serem adotados, tendo em vista a capaci- um risco significativo para a saúde, considerando o
dade analítica instalada no país. consumo ao longo da vida. Esses valores também
podem ser estabelecidos em função da capacidade
8) Compostos organolépticos prática de tratamento ou na capacidade analítica.
Sugere-se dar mais clareza ao título da Tabela Nestes casos, o VMP pode ser superior ao valor
5, pois o atual é muito geral e induz a interpretação calculado com base no critério saúde humana.
errônea da portaria. Deixar claro que esses parâme- Valor máximo permitido para emergências:
tros são secundários e se referem a questões esté- é o nível máximo de um contaminante presente na
ticas da água. Aceitabilidade é uma palavra pouco água de abastecimento público destinada ao con-
técnica e que confunde o usuário. Sugere-se que sumo humano para exposição em curto prazo de
sejam incluídas mais informações técnicas sobre substâncias químicas usadas em grande quantidade
como realizar as análises de sabor (odor e gosto). e frequentemente envolvidas em emergência como
De acordo com o Standard Methods, os resultados derramamentos, geralmente em água superficial.
das análises de sabor e cor geram valores, portanto
deveria ser incluído qual o limite máximo aceitável 10) Alteração de VMP, inclusão ou retira-
e não somente não objetável como está na portaria da de parâmetro
atualmente. Neste item, os praguicidas não foram conside-
rados, pois serão tratados separadamente (ver item
9) Definições a serem incluídas 12).
O grupo sugere que sejam incluídas duas defi- Com relação aos metais, o grupo sugere que
nições na portaria, a de valor máximo permitido e sejam incluídos: Berílio, Boro, Molibdênio, Ní-
valor máximo permitido para emergências. Segue quel, Prata, Urânio e Vanádio. Esses metais têm
sugestão do grupo: reconhecida toxicidade e não estão contemplados
Revista ABES-SP 35
na portaria. O Boro, foi detectado em águas sub- da ABES. O grupo, reconhecendo a necessidade
terrâneas, mananciais de serra, água bruta e tratada de critérios claros para derivação desses valores,
com concentrações variando até 0,003 (LQ da téc- propõe que sejam seguidas as orientações sugeridas
nica utilizada ) a 0,017 mg L-1 ou 0,017 mg/L por neste documento que se encontra no Anexo I.
Cotrim, M.E.B. (Avaliação da qualidade da água na
bacia hidrográfica do Ribeira de Iguape com vistas • Para substâncias químicas com dose segu-
ao abastecimento público. Orientador: Maria Apa- ra, ou com “threshold”.
recida F Pires. Tese IPEN - USP, 2006). Para as substâncias químicas que apresentam
Quanto ao Cádmio sugere-se manter o VMP uma dose abaixo da qual não ocorrem efeitos adver-
em 5 µg/L, embora a OMS adote 3 µg/L, devido ao sos, valores máximos ou valores orientadores são
fato de que a maioria dos laboratórios comerciais baseados na ingestão diária tolerável (IDT), e são
dispõe de ICP-OES para análise de metais, o qual derivados por meio da equação (WHO, 2008):
não permite alcançar 3 µg/L como LQP. O LQP
atingível por ICP-OES é de 5 µg/L. Atualmente,
para atendimento de 3 µg/L, seria necessário que os (IDT x Peso corpóreo x P)
laboratórios com ICP-OES reportassem resultados VO =
C
com base no Limite de Detecção, ou seja, com um
erro de até 100% para o Cd. Portanto, sugere-se que
seja mantido o VMP de 5 µg/L para Cádmio na Por- onde,
taria 518 e que seja incluída uma recomendação de P = fração da IDT alocada para a água potável
que os laboratórios invistam em técnicas analíticas C = consumo diário de água potável
que propiciem LQP para cádmio compatíveis com
3 µg/L. A Ingestão Diária Tolerável (IDT) é uma es-
O grupo sugere regulamentar o somatório de timativa da quantidade de uma substância no ali-
nitrato e nitrito, conforme já é feito pela OMS e pe- mento ou água potável, expressa por peso corpóreo
los Estados Unidos. O somatório não deve exceder (mg/kg, ou μg/kg de peso corpóreo), que pode ser
10 mg/L como nitrogênio, porém não substitui os ingerida por toda a vida sem risco apreciável à saú-
VMP individuais já definidos anteriormente, ou seja de. A IDT deve ser derivada baseada no efeito crí-
10 e 1 mg/L para nitrato e nitrito respectivamente. tico mais sensível do estudo mais relevante, prefe-
O grupo também sugere retirar o segundo pará- rencialmente envolvendo administração pela água
grafo do artigo 14 da atual Portaria, que trata sobre potável, usando-se a equação (WHO, 2008):
avaliação de carbamatos e organofosforados pela
inibição da acetilcolinesterase. Esse método não é
(NOAEL ou LOAEL)
aplicável em rotinas de monitoramento e porque a IDT =
maioria dos praguicidas importantes dessa classe já FI
está incluída ou está sendo proposta na revisão da
Portaria. Onde,
NOAEL = No Observed Adverse Effect Level
11) Proposta para normalização do cál- (Primeira dose testada onde não são observados
culo dos padrões de potabilidade a se- efeitos adversos); LOAEL = Lowest Observed Ad-
rem adotados pelo MS verse Effect Level (Menor dose testada onde são ob-
O grupo propõe que em vez de se copiar va- servados efeitos adversos); FI = Fator de Incerteza.
lores de outras legislações, estes sejam derivados A IDT também pode ser derivada pela dose de
caso a caso, tendo como base o método da Organi- benchmark (DBM), que é o limite inferior do inter-
zação Mundial da Saúde. Existem três tipos de me- valo de confiança da dose que causa um pequeno
todologias para esse fim, uma para substâncias quí- aumento no nível de efeito adverso (exemplo 5%
micas não carcinogênicas genotóxicas, outra para ou 10%) e aplicando-se fatores de incerteza espe-
as carcinogênicas genotóxicas e por fim, um valor cíficos para cada substância química (WHO, 2008).
para ser usado em situações de emergência em que A alocação da ingestão deve ser aplicada, pois
se considera a exposição aguda e 100% de aloca- a água potável geralmente não é a única fonte de
ção. No Anexo I está um relatório do evento que foi exposição humana a substâncias químicas, em
realizado pela Sociedade Brasileira de Mutagênese, muitos casos, a ingestão das substâncias químicas
Carcinogênese e Teratogênese Ambiental, o qual pela água potável é menor do que por outras fontes
contou com o suporte financeiro e apoio técnico como alimento, ar e produtos de consumo. Sempre
36 Revista ABES-SP
que possível dados da proporção da ingestão diária computam uma estimativa do risco em um nível
total normalmente ingerida na água potável (base- determinado de exposição, no limite superior ou
ada nos níveis médios no alimento, água potável e inferior do intervalo de confiança, que pode incluir
ar) ou ingestão estimada baseada nas propriedades o zero no limite inferior. Os valores orientadores
físico-químicas das substâncias de interesse deve são conservativamente apresentados como as con-
ser usada na derivação dos valores orientadores. centrações na água potável associadas a uma es-
Essas aproximações asseguram que a ingestão diá- timativa do aumento de risco de câncer no limite
ria total por todas as fontes (incluindo água potável superior de 10-5 (ou um caso de câncer adicional
contendo concentrações de substâncias próximas em 100000 indivíduos que ingerem água potável
ou igual o valor orientador) não excedam a IDT. contendo concentrações da substância no valor
Quando informações adequadas de exposição pelo orientador durante 70 anos). Os modelos matemá-
alimento e água não estão disponíveis, são aplica- ticos usados para derivar os valores orientadores
dos fatores de alocação que representam a contri- para substâncias carcinogênicas genotóxicas não
buição provável da água para ingestão diária total podem ser verificados experimentalmente e geral-
para várias substâncias químicas. Na falta de dados mente não levam em conta considerações biológi-
de exposição adequados, a alocação normal da in- cas importantes como farmacocinética, reparo de
gestão diária total para a água potável é 20%, que DNA ou proteção ao sistema imune. Eles também
reflete um nível razoável de exposição baseado na assumem a validade de uma extrapolação linear de
ampla experiência e ainda é protetor. Este valor re- exposições a doses muito altas em animais a expo-
presenta mudança do valor de alocação prévio de sições a doses muito baixas em humanos. Assim,
10% considerado excessivamente conservativo. Em os modelos usados são conservativos (erros na par-
circunstâncias em que a exposição pelo alimento é te de precaução). Os valores orientadores deriva-
muito baixa, como os produtos secundários de de- dos usando estes modelos devem ser interpretados
sinfecção, a alocação pode chegar a 80%, que ainda diferentemente dos valores derivados com base na
permite a exposição por outras fontes. No caso de IDT devido a falta de precisão dos modelos. Expo-
alguns praguicidas, cujos resíduos provavelmente sição moderada em curto prazo a níveis que exce-
são encontrados em alimentos aos quais a exposi- dem o valor orientador para substâncias químicas
ção será significativa, a alocação para água pode ser sem limiar (“non threshold”) não afeta significati-
1% (WHO, 2008). vamente o risco (WHO, 2008).
Quanto ao peso corpóreo e consumo de água
potável, a Organização Mundial da Saúde (OMS) • Valores máximos permitidos para uso em
assume que um adulto consome diariamente 2 L de emergências
água e seu peso corpóreo é de 60 kg. Nos casos em
que o valor orientador é baseado em crianças consi- A Organização Mundial da Saúde também pro-
deradas particularmente vulneráveis a determinada põe a derivação de valores orientadores para expo-
substância, assume-se o peso corpóreo de 10 kg e sição por um período curto às substâncias químicas
ingestão de 1 L de água. Nas circunstâncias em que usadas em grande quantidade e frequentemente en-
o grupo mais vulnerável é de bebês (tomam mama- volvidas em uma emergência como derramamen-
deira), assume-se peso corpóreo de 5kg e ingestão tos, geralmente em água superficial. Ela é baseada
de 0,75 L (WHO, 2008). na dose de referência aguda (DRfA) e considera-
se alocação 100% da DRfA para a água potável. A
• Para substâncias químicas carcinogênicas DRfA é a quantidade de substância química, nor-
genotóxicas, na qual se assume que não há dose malmente expressa por peso corpóreo, que pode
considerada segura (“non-threshold”). ser ingerida em um período de 24 horas ou menos
sem apreciável risco à saúde do consumidor. Para
Para substâncias químicas carcinogênicas ge- exposições superiores a 24 horas, mas de duração
notóxicas, geralmente, considera-se que o evento inferior a poucos dias, recomenda-se o uso de dados
de início do processo de carcinogenicidade é a in- de estudos de toxicidade de doses repetidas. Na fal-
dução da mutação no material genético (DNA) de ta de dados para derivação da DRfA, a alternativa
células somáticas e há um risco teórico a qualquer seria alocar uma proporção maior da IDT para água
nível de exposição. Nestes casos, os valores orien- potável. Ainda que a IDT seja destinada a proteção
tadores são normalmente determinados usando-se da exposição por toda vida, pequenos excedentes
modelos matemáticos. A OMS adota geralmente da IDT por período curto não será de interesse sig-
modelos multiestágios linearizados. Estes modelos nificativo à saúde. É possível atribuir 100% da IDT
Revista ABES-SP 37
para a água potável por um curto período (WHO, rios de exposição segura”. Esse nível é calculado
2008). de tal forma que uma avaliação completa posterior
de toxicidade humana de uma substância não-geno-
• Critérios provisórios para substâncias que tóxica (com limiar de efeito) ou de uma substância
ainda não foram avaliadas toxicologicamente ou fo- genotóxica (sem limiar de efeito) vai com certeza
ram somente parcialmente avaliadas. produzir um valor guia equivalente ou superior de
consumo por toda a vida que é tolerável ou aceitá-
Sugere-se adotar um valor provisório (pragmá- vel em termos de saúde. No caso das substâncias
tico) denominado VPS (valor paramétrico baseado eventualmente presentes na água de beber que apre-
em saúde), do inglês “health-based parametric va- sentem alguma informação sobre sua toxicidade, os
lue – HPV” de 0,1 µg/L, seguindo a recomendação seguintes valores máximos (seguros) baseados na
da Agência Ambiental Federal da Alemanha (Fede- proteção à saúde, para o consumo por toda a vida
ral Environmental Agency, 2003) nos casos que: podem ser preconizados:
(I) Os dados que permitiriam uma avaliação ≤ 0,3 μg/L: para substâncias cujos dados toxi-
da toxicidade para humanos são inexistentes ou in- cológicos disponíveis são incompletos ou divergen-
completos, e tes, porém, estas substâncias são comprovadamente
(II) A sua eventual presença não é regulamen- não genotóxicas;
tada por um valor limite;
≤ 1 μg/L: para substâncias comprovadamente
O VPS é um valor de precaução para as subs- não genotóxicas e que apresentem dados in vitro e
tâncias que são facilmente disseminadas em água in vivo significativos sobre a neurotoxicidade do
potável, para as quais uma avaliação com base na contaminante considerando a via oral como via de
toxicidade para humanos não é possível, ou apenas exposição. No entanto, esses dados não produzem
parcialmente possível. Esta recomendação é ba- um valor inferior a 0,3 μg/L;
seada no conceito chamado de limite de interesse
toxicológico (Threshold of Toxicological Concern ≤ 3 μg/L: a substância não é genotóxica nem
– TTC – concept), avaliada por diferentes organi- neurotóxica (veja acima). Além disso, há, pelo me-
zações sob a ótica de sua adequação como “crité- nos, um estudo in vivo de toxicidade subcrônica por
38 Revista ABES-SP
Atrazina: CAS 1912-24-9 Alfa endosulfan: CAS 1031-07-8 Propanil: CAS 709-98-8
Simazina: CAS 12-34-9 Endosulfan sulfato: CAS 1031-07-8 2,4-D acido: CAS 94-75-7
Ametrina: CAS 834-12-8 Malationa –CAS 121-75-5** Halosulfuron metil: CAS 100784-20-1***
Tebutiurom: CAS 34014-18-1 Azinfós metílico – CAS 86-50-0 Sufentrazona: CAS 122836-35-5***
13) Valores máximos permitidos calcu- para água potável (P) de 0,2 (WHO, 2008). Para o
lados para alguns praguicidas identifi- valor orientador de emergência o valor sugerido é
cados como prioritários no item 12. de 0,09 mg/L para o azinfós-metílico foi derivado
Independemente dos valores máximos permiti- conforme as recomendações da Organização Mun-
dos a serem adotados na portaria, o que o grupo de dial da Saúde (WHO, 2008), assumindo-se IDT de
trabalho considera mais importante é que o proces- 0,003 mg/kg/dia, dose de referência aguda (DRfA)
so de escolha seja transparente e seja apresentado derivada pela USEPA-OPP. A dose de referência
na portaria, pelo menos em um anexo. Todos os paí- aguda de 0,003 mg/kg/dia é baseada no LOAEL de
ses desenvolvidos deixam muito claro como o valor 1 mg/kg/dia de um estudo de neurotoxicidade agu-
foi escolhido e quais foram as bases técnicas para da em ratos (MRID 43360301 apud USEPA OPP,
essa escolha. Isso dá muito mais credibilidade ao 2006). Este LOAEL foi selecionado com base na
órgão regulador e confiança ao usuário. Abaixo es- inibição da colinesterase plasmática, de células ver-
tão propostas de valores máximos permitidos para melhas do sangue e cerebral observada após uma
alguns praguicidas, apresentadas da forma que o única dose. Não foi observado NOAEL neste estu-
grupo entende como ideal. Mais informações sobre do. Foi aplicado um fator de 300 (3 devido ao uso
características toxicológicas de cada substância se de LOAEL e não NOAEL; 10 para variação inte-
encontram no Anexo II. respécie e 10 para variação intra-espécies (USEPA
OPP, 2006). O peso corpóreo de um adulto 60 kg
e o consumo diário de água potável de 2 L (WHO,
2008) e a fração da dose de referência que é alo-
cada para água potável (P) de 1 (WHO, 2008) foi
considerada.
AMETRINA
valor sugerido: 0,05 mg/L
é alocada para água potável (P) de 1 (WHO, 2008). (Hemoglobina Corpuscular Média), formas eritro-
citárias anormais, contagem de reticulócitos e de
leucócitos) observada em estudo combinado de car-
cinogenicidade/toxicidade crônica em ratos (MRID
40886501, 43871901, 43804501, 44302003 apud
DIQUATE USEPA OPP, 2003); peso corpóreo de um adulto 60
valor sugerido 0,03 mg/L kg consumo diário de água potável de 2 L (WHO,
2008) e fração da dose de referência que é alocada
Este valor foi derivado conforme as recomen- para água potável (P) de 0,2 (WHO, 2008). Como
dações da Organização Mundial da Saúde (WHO, valor de emergência sugere-se 0,09 mg/L, derivado
2008), assumindo-se IDT de 0,005 mg/kg/dia, dose conforme as recomendações da Organização Mun-
de referência (DRf) derivada pela USEPA OPP. O dial da Saúde (WHO, 2008), assumindo-se, IDT de
RfD/Peer Review Committee derivou a dose de re- 0,003 mg/kg/dia, dose de referência (DRf) deriva-
ferência de 0,005 mg/kg/dia, expresso como cátion da pela USEPA OPP (2003); peso corpóreo de um
diquate, baseado no estudo de toxicidade crônica adulto 60 kg; o consumo diário de água potável de 2
em cães com um NOEL de 0,5 mg/kg/dia e um L (WHO, 2008) e fração da dose de referência que
fator de incerteza (FI)/fator de segurança (FS) de é alocada para água potável (P) de 1 (WHO, 2008).
100 (5/12/94) em que foram observados cataratas
unilaterais em fêmeas e diminuição do peso do epi-
dídimo e adrenais em machos a dose de 2,5 mg/kg/
dia. O estudo de toxicidade crônica em ratos, com
um NOEL de 0,58 mg/kg/dia, foi identificado como HEXAZINONA
estudo suporte ou co-crítico. O fator de incerteza valor sugerido: 0,2 mg/L
de 100 foi aplicado devido a variações inter e in-
tra-espécies (USEPA OPP, 1995). Utilizou-se peso Este valor foi derivado conforme as recomen-
corpóreo de um adulto 60kg e o consumo diário de dações da Organização Mundial da Saúde (WHO,
água potável de 2 L (WHO, 2008). A fração da dose 2008), assumindo-se, IDT de 0,033 mg/kg/dia, dose
de referência que é alocada para água potável (P) de de referência (DRf) derivada pela USEPA (1987),
0,2 (WHO, 2008). Para diquate foi também propos- peso corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo diá-
to um valor orientador de emergência, 0,15 mg/L rio de água potável de 2 L (WHO, 2008) e a fração
derivado conforme as recomendações da Organiza- da dose de referência que é alocada para água potá-
ção Mundial da Saúde (WHO, 2008), assumindo-se vel (P) de 0,2 (WHO, 2008).
IDT de 0,005 mg/kg/dia, dose de referência (DRf)
derivada pela USEPA OPP (1995). Foi considerado
peso corpóreo de um adulto 60 kg e o consumo diá-
rio de água potável de 2 L (WHO, 2008) e fração da
dose de referência que é alocada para água potável MALATIONA
(P) de 1 (WHO, 2008). valor sugerido de 0,4 mg/L
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44 Revista ABES-SP
Subsídios para as
Disposições Preliminares e
Deveres e Responsabilidades
AUTORES
A
s discussões foram focadas nos aspectos da Portaria 518/04, não dispersando as mesmas
em outros aspectos do saneamento como a lei das licitações, gestão de recursos hídricos,
recursos financeiros. A adoção do PSA – Plano de Segurança da Água foi considerada na
revisão da Portaria 518, principalmente na avaliação dos riscos. As sugestões resultantes das dis-
cussões foram encaminhadas ao MS e muitas delas levadas em consideração como: mudanças nos
conceitos de SAA, SAC e SAI, no conceito de água potável e nas atribuições.
Capítulo II
DAS DEFINIÇÕES
Água Envasada
Justificativa
Deve ficar claro que se aplica para todo tipo de água para consumo, envasada, inclusive àquelas distri-
buídas promocionalmente (como as distribuídas em eventos pelos diversos serviços de abastecimento
de água).
Justificativa
Com relação ao Conceito de Solução Alternativa Individual que atenda a uma “habitação unifamiliar”,
esclarecer os casos em que em um terreno tem um poço ou fonte e abastece varias habitações do tipo
unifamiliar.
Capítulo III
DOS DEVERES E DAS OBRIGAÇÕES
Varias definições
Justificativa
Padronizar a utilização do termo Norma e não Portaria, utilizar a expressão vigilância da qualidade da
água para consumo humano, substituir o termo nível municipal por esfera municipal ou outro.
Revista ABES-SP 47
Capítulo VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Para coleta e análise de cianobactérias e cianotoxinas e comprovação de
toxicidade (por ensaios toxicológicos),... com o Tema II) ISO referente as
normas atualizadas...
Justificativa
No que pese o GT ter apenas tangenciado a Seção V – Dos Laboratórios de Controle e Vigilância, foi
significativa a manifestação em relação a revisar todas as referências de “vigilância de qualidade” alte-
rando para “vigilância da qualidade”. No caso da seção V, no primeiro artigo, item I, aparece “... opera-
cionalização das análises de qualidade da água”. Desta forma, o texto indica que são boas análises que
estão sendo realizadas. Por isso, o correto é “análises da qualidade da água”, que é o que se quer saber.
Em relação aos “ensaios toxicológicos”, sempre que tivermos que fazer comprovação de toxicidade,
organismos vivos deverão ser submetidos a diferentes doses de toxinas. Esta análise é onerosa, requer
estrutura especial com manutenção de ratos de laboratório que devem ter um número definido de dias
de vida, gera resíduo dos animais mortos, demora para obtenção dos resultados, necessita pessoal
técnico especializado para lidar com os animais, dentre outros problemas. Cremos que hoje nenhuma
Companhia Estadual tenha estrutura para a realização destes ensaios ou pretenda realizá-los se não fo-
rem exigidos. O pessoal ligado ao saneamento entendeu que para ser solicitado o ensaio toxicológico,
deveriam existir por parte da Vigilância pré-requisitos, a fim de que os laboratórios dos prestadores
se preparem para adotar como rotina e não de pesquisa, ou realizadas por terceiros, se for necessário.
Justificativa
Uma vez que no texto do artigo há a referência às normas ISO, neste parágrafo não deveria haver a
restrição de procedimentos de adoção de metodologias definidas pelo Ministério da Saúde. A ISO/IEC
17025 – Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração – admite e
define critérios para validação de metodologias baseadas em diversas análises estatísticas.
48 Revista ABES-SP
ANEXO I
Promoção
SOCIEDADE BRASILEIRA DE MUTAGÊNESE, CARCINOGÊNESE E
TERATOGÊNESE AMBIENTAL – SBMCTA
Apoio
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECOTOXICOLOGIA – SETAC BRASIL
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TOXICOLOGIA – SBTOX
LEAL – Laboratório de Ecotoxicologia Aquática e Limnologia –
Faculdade de Tecnologia da UNICAMP
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MMA – Ministério do Meio Ambiente
Patrocínio
OPCW – ORGANISATION OF PROHIBITION OF CHEMICAL WEAPONS
ABES-SP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA SP
CPEA – CONSULTORIA PAULISTA DE ESTUDOS AMBIENTAIS
LABORATÓRIO CEIMIC
LABORATÓRIO CORPLAB
LABORATÓRIO ANALYTICAL TECHNOLOGY
LABORATÓRIO ECOLABOR
ACQUA CONSULTING
EKA CHEMICALS DO BRASIL
Revista ABES-SP 49
Participantes
Ana Paula Leal Pinho,Ministério do Meio Ambiente
Adriana Castilho Costa Ribeiro de Deus, CETESB
Alice Itani, Centro Universitário SENAC
Clarice Umbelino Freitas, CVE, SP
Danielle Palma de Oliveira, USP/RP
Elaine Contiero Ribeiro, SEMAE Piracicaba
Errol Zeiger, North Carolina, USA
Fabio Kummrow, UFPe
Gisela de Aragão Umbuzeiro, FT UNICAMP
Helena Müller Queiroz, LANAGRO SP
Leticia Altafin, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Leticia Falcão Veiga, PETROBRAS
Maria de Fátima Guadalupe Meniconi, PETROBRAS
Maria de Fátima Pedrozo, Polícia Técnica de SP
Maria de Fátima Martins Pinhel, LANAGRO SP
Maria Luiza M. P. Castro, CESIS
Marta Condé Lamparelli, CETESB
Marina Jakomin, Ministério do Planejamento, Argentina
Paolo Di Mascio, IQ USP
Paula de Novaes Sarcinelli, FIOCRUZ
Peter Von der Ohe, Helmotz Institute, Alemanha
Rita Schoeny, Office of Water US EPA, Estados Unidos
Robert Baan, IARC, Lyon, França
Rosalina Pereira de Almeida Araujo, CETESB
Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, CVE SP e ABES
Rubia Kuno, CETESB
Sergia Oliveira, Ministério do Meio Ambiente
Silvia Berlanga Barros, FCF – USP e SBtox
Silvia De Simone, Ministério do Planejamento, Argentina
Tamara Grummt, UBA, Alemanha
Tomaz Langenbach, UFRJ
Vera Maria Ferrão Vargas, FEPAM – RS e SETAC Br
Lidiane Nobre Alves, UNICAMP
Maria Alice P.F. Santos, UNICAMP
50 Revista ABES-SP
O
evento “Estratégias para definição de cri- A adoção de uma lista de substâncias e seus
térios ambientais para proteção da saúde critérios provenientes de outras regiões do mundo
humana e do ecossistema” é uma atividade pode, ainda, ter contradições em sua aplicação dian-
satélite do IX Congresso Brasileiro de Mutagênese, te de outras normas legais do país. Por exemplo,
Carcinogênese e Teratogênese Ambiental. Trata-se uma substância pode ser considerada carcinogênica
de evento pioneiro no país, que tem por objetivo para o meio água e não carcinogênica para o meio
debater metodologias para definir critérios ou va- solo ou alimento, dependendo de onde o critério foi
lores de referência que protejam a saúde humana e importado.
do ecossistema diante de riscos ambientais. O foco A Argentina, atenta a esse problema, definiu de
serão as substâncias químicas que podem estar pre- forma pioneira na América Latina sua própria lis-
sentes no ambiente e causar efeitos adversos aos ta de substâncias prioritárias e seus algoritmos de
organismos. Estão convidados pesquisadores de cálculo para águas naturais. Os principais usos da
instituições nacionais e internacionais envolvidos água foram considerados e foram levadas em con-
com o desenvolvimento de estudos e pesquisas na sideração as características e necessidades daquele
área. O evento possui alta relevância para o Bra- país. Ainda mais importante é a existência de um
sil pois há uma lacuna no que se refere a métodos grupo permanente, que acompanha a literatura e re-
para definição dos padrões utilizados nas normas visa constantemente os valores adotados. Todas as
legais brasileiras. Na maioria dos casos os critérios informações são apresentadas de forma transparen-
existentes foram apropriados de padrões adotados te e podem ser acessadas on line.
em outros países, com diferenças de tipo de solo, Parece, então, evidente que o Brasil desenvol-
clima, temperatura, além das diferenças na capaci- va suas próprias regras para a derivação de critérios
dade tecnológica e nas políticas de gestão pública. ambientais e ocupacionais. Portanto, uma discus-
Participaram do evento aproximadamente 40 pes- são científica sobre o assunto com os stakeholders
quisadores nacionais e internacionais. desse processo pode ser de suma importância para
No Brasil é comum o uso de critérios ou padrões se criar regras tanto para aceitação de critérios
definidos pelos países desenvolvidos, sobretudo da de outros países como para o estabelecimento de
América do Norte e Europa, e de agências interna- métodos para o seu desenvolvimento. A vinda de
cionais. E para que uma norma legal seja editada especialistas, especialmente do eixo europeu, en-
ou revisada, um novo grupo é formado, composto volvidos na padronização de métodos por força da
usualmente por diferentes pessoas e novas substân- unificação dos países, pode contribuir de forma de-
cias e os valores são propostos. Este método tem se cisiva no repensar dos paradigmas atuais que vêm
tornado insustentável dado o aumento do número sendo utilizados no Brasil para o estabelecimento
de compostos que devem ser considerados, tanto e revisão das normas legais para proteção da saúde
quanto a especificidade de padrões para as carac- ocupacional e ambiental.
terísticas de exposição de cada país. A importação A ideia do evento ocorreu em 2007, durante o
de um número regulatório inclui a avaliação e o ge- VIII Congresso Brasileiro de Mutagênese, Carcino-
renciamento do risco de uma dada substância, rea- gênese e Teratogênese Ambiental durante a mesa
lizados especificamente pelo país ou instituição que redonda que ocorreu sobre legislação. Dessa forma,
o adotou. Estes valores podem não ser apropriados a Sociedade Brasileira de Mutagênese, Carcinogê-
para outros países, por diferentes motivos inclusive nese e Teratogênese Ambiental – SBMCTA promo-
devido a peculiaridades do meio físico. veu este evento, contando com o apoio da Socieda-
Entre as agências que definem seus próprios de Brasileira de Ecotoxicologia.
critérios há diferenças, algumas delas em escalas de O objetivo do evento foi discutir e propor uma
100 ordens de magnitude. Dentre os parâmetros uti- estratégia para derivação de critérios ambientais
lizados para definição desses critérios, há variações para a América Latina, para substâncias químicas
entre: o próprio algoritmo de cálculo, substâncias visando à proteção da saúde humana e da biota
consideradas prioritárias, as estimativas de risco aquática.
quantitativo, critério utilizado para sua classificação Uma proposta de sistema de derivação de cri-
carcinogênica, incertezas consideradas, cenários de térios, incluindo método para priorização das subs-
exposição; níveis de risco aceitáveis entre outras. tâncias a serem regulamentadas, foi desenvolvida
O uso de diferentes variáveis e formas de cálculo durante a realização do seminário com duração de
pode gerar, consequentemente, números diferentes cinco dias. Os pesquisadores internacionais apresen-
com o mesmo objetivo inicial de proteção da saúde taram e debateram as metodologias adotadas pelas
humana via exposição ocupacional ou ambiental. suas instituições de origem. Já os pesquisadores e
Revista ABES-SP 51
representantes das agências brasileiras apresentaram PO 1), o segundo grupo propôs uma metodologia
como os critérios nacionais vêm sendo derivados. para o estabelecimento de critérios para água de con-
Após as apresentações foi feito um debate entre os sumo humano, outro para proteção da biota aquática
participantes. Foram formados três grupos de tra- (GRUPO 3). O documento completo estará disponí-
balho que pelos diferentes participantes. Um dos vel na página eletrônica da SBMCTA (WWW.sbmc-
grupos elaborou uma proposta sobre como priorizar ta.org.br) ou poderá ser obtido diretamente por email
substâncias a serem regulamentadas na água (GRU- (giselau@ft.unicamp.br).
Grupo 2
Metodologia para derivação de critérios de qualidade
para água de consumo humano
AUTORES
Para a maioria das substâncias tóxicas, acredi- tos agrotóxicos registrados para o uso nos Estados
ta-se que há uma dose abaixo da qual nenhum efeito Unidos. Essas avaliações são extensivamente revi-
adverso ocorrerá. Para as substâncias químicas que sadas e são baseadas, geralmente, em dados atuais e
causam tais efeitos tóxicos, uma dose diária tole- muito relevantes. Os valores da ATSDR são exten-
rável (IDT) ou a dose de referência oral (DRf) é sivamente revisados, mas essas avaliações de risco
estabelecida por diferentes agências reguladoras no foram propostas somente para avaliar riscos para
mundo. a saúde humana em áreas contaminadas (National
O valor orientador (VO) é então derivado a Priorities List – sítios da NPL, ou sítios do “Super-
partir da IDT/DRf, de acordo com o seguinte algo- fundo”). A ATSDR publica os Níveis Mínimos de
ritmo de cálculo: Risco - MRLs (Minimum Risk Levels), similares
às DRfs, para tempos de exposição mais curtos,
VO= (IDT/DRf x PC x P) menores que a vida toda e exposição crônica. Usam
C os modelos mais atualizados para a avaliação quan-
onde: titativa.
• PC: Peso corpóreo (kg)
• P = fração da IDT alocada para água de beber Peso corpóreo e consumo diário de água
• C = consumo diário de água de beber (L/dia) l 60 Kg e 2L/dia para adultos como recomen-
Para estabelecer os padrões, os seguintes parâ- dado pela Organização Mundial de Saúde (WHO),
metros são considerados: pois este parâmetro já está aplicado na Portaria MS
518/2004 ou até que o Brasil tenha seus próprios
RfD/TDI parâmetros.
Até que o Brasil tenha seus próprios valores, Em alguns casos, o valor orientador é estimado
sugere-se usar doses de referência e avaliações do para crianças ou para indivíduos em outro estágio
risco carcinogênico das seguintes bases de dados: da vida, que são considerados particularmente vul-
1. Sistema de Informação Integrada de Risco neráveis a uma substância específica. Neste caso,
(Integrated Risk Information System - IRIS), pri- um consumo de 1L é assumido, para um peso cor-
meiro. Para praguicidas, escolha o EPA Office of póreo de 10 Kg. Quando o grupo mais vulnerável
Pesticide Programs (OPP). for o de bebês alimentados com mamadeiras, um
2. Se não forem disponíveis, use valores da valor de 0.75 L é assumido, para um peso corpóreo
Agência para Substâncias Tóxicas e Registro de de 5 Kg.
Doenças, (Agency for Toxic Substances and Disea-
se Registry - ATSDR). Fração da IDT alocada para consumo
3. Se nem 1 nem 2 têm uma avaliação dispo- Em geral, a água potável não é a única fonte
nível, escolha entre as seguintes fontes: Instituto de exposição humana aos produtos químicos para
Nacional de Saúde Pública e Ambiente da Holanda os quais os valores orientadores são derivados. Em
(The National Institute for Public Health and the muitos casos, a ingestão de contaminantes quími-
Environment - RIVM), União Europeia, Europe- cos pela água potável é mais baixa do que por ou-
an Union (EU); U.S. EPA Region 9, Health Effects tras fontes, tais como o alimento e o ar. Assim, é
Summary Table (HEAST); Health Canada. Os da- necessário considerar a proporção da IDA/TDI que
dos devem ser: pode ser atribuída às diferentes fontes no desenvol-
l Revisados vimento de valores orientadores e estratégias de
l Atualizados gerenciamento de riscos. Esta abordagem assegura
l Procedentes de estudos que sigam as Boas que a ingestão diária total por todas as fontes (in-
Práticas de Laboratório (BPL) cluindo a água de beber que contenha concentra-
l Disponíveis publicamente ções da substância química próximas ou correspon-
l Modelados de acordo com estado de arte dentes aos valores orientadores) não exceda a IDA
atual. ou IDT.
Na medida do possível, são usados os dados da
Os valores do IRIS são extensivamente re- proporção da ingestão diária total do contaminante
visados e têm amplo uso. As avaliações do risco normalmente ingerido pela água potável (baseado
carcinogênico e DRfs são propostas com base em em níveis médios no alimento, na água potável e no
avaliações de risco das substâncias químicas para ar), ou a ingestão estimada com base nas proprieda-
exposição por toda vida, e em todos os comparti- des físico-químicas das substâncias de interesse, na
mentos ambientais. O OPP da USEPA avaliou mui- derivação de valores orientadores. Como as fontes
Revista ABES-SP 53
toxicidade para humanos não é possível, ou apenas podem ser tolerados na água potável para consu-
parcialmente possível. Esta recomendação é ba- mo ao longo da vida, sem revisão adicional, se pelo
seada no conceito chamado de limite de interesse menos um estudo de toxicidade crônica por via oral
toxicológico (Threshold of Toxicological Concern estiver disponível, que propicie a avaliação toxico-
– TTC– concept), avaliada por diferentes organiza- lógica (quase) completa do contaminante demons-
ções sob a ótica de sua adequação como “critérios trando limiar de efeito acima de 3 μg/L.
de exposição segura”.
Esse nível é calculado de tal forma que uma 3 Outras recomendações e necessidades
avaliação completa posterior de toxicidade humana futuras
de uma substância não-genotóxica (com limiar de l Os padrões derivados usando esta metodo-
efeito) ou de uma substância genotóxica (sem limiar logia devem ser revisados a cada seis anos, confor-
de efeito) vai, com certeza, produzir um valor guia me estabelecido pela Portaria MS 518/2004 (Brasil,
equivalente ou superior de consumo por toda a vida 2004) usando conhecimentos toxicológicos mais
que é tolerável ou aceitável em termos de saúde. atuais;
No caso das substâncias eventualmente presen- l Desenvolvimento futuro de conceito de
tes na água de beber que apresentem alguma infor- avaliação de risco que integre química analítica, to-
mação sobre sua toxicidade, os seguintes valores xicologia e ecotoxicologia;
máximos (seguros) baseados na proteção à saúde l Considerar a possibilidade de que gran-
para o consumo por toda a vida podem ser preco- des sistemas de água no Brasil monitorem alguns
nizados: contaminantes não regulados. Isso seria similar à
l ≤ 0,3 μg/L: para substâncias cujos dados to- Norma de Monitoramento de Contaminantes Não
xicológicos disponíveis são incompletos ou diver- Regulados dos EUA (USEPA, 2007);
gentes, porém, estas substâncias são comprovada- l Devem ser implementados programas de
mente não genotóxicas; proteção das fontes, processos de tratamento utili-
l ≤ 1 μg/L: para substâncias comprovadamen- zados e de monitoramento;
te não genotóxicas e que apresentem dados in vitro l Avaliação das tecnologias de tratamento de
e in vivo significativos sobre a neurotoxicidade do água de consumo em relação aos efeitos à saúde dos
contaminante considerando a via oral como via de subprodutos e produtos de transformação;
exposição. No entanto, esses dados não produzem l Elaborar uma lista de substâncias usadas no
um valor inferior a 0,3 μg/L; tratamento de água que são de importância à saúde
l ≤ 3 μg/L: a substância não é genotóxica nem humana e ao ecossistema;
neurotóxica (veja acima). Além disso, há, pelo me- l Participação proativa de todos os atores so-
nos, um estudo in vivo de toxicidade subcrônica por ciais e governamentais por meio da construção de
via oral significativo do contaminante. No entanto, diálogo aberto; e
esses dados não produzem um valor inferior a 1 μg/L. l Realização de seminários voltados para a
Do ponto de vista de saúde, valores> 3 μg/L educação.
Referências bibliográficas
Brasil. Portaria MS nº 518/2004. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria_518_2004.pdf.
Gomes, MAF et al. Ocorrência do herbicida tebuthiurom na água subterrânea da microbacia do Córrego Espraiado, Ribeirão
Preto-SP. Pesticidas: Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente, v. 11, 2001.
Monteiro, RTR et al. Lixiviação e contaminação das águas do rio Corumbataí por herbicidas. Ouro Preto: Congresso Brasileiro
da Ciência das Plantas Daninhas, 26. 2008.
USEPA. 2007. Unregulated Contaminant Monitoring Program. Disponível em: http://www.epa.gov/ogwdw000/ucmr/index.html.
Acesso em dezembro de 2009.
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WHO. Guidelines for drinking-water quality. 3th Edition. 2008. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/
GDWAN4rev1and2.pdf
Federal Environmental Agency – Germany. Evaluation from the point of view of health of the presence in drinking water of
substances that are not (yet) possible or only partially possible to evaluate. Recommendation of the Federal Environmental
Agency after consultation with the Drinking Water Commission at the Federal Environmental Agency. 2003. 5 p. Disponível em:
<http://www.umweltdaten.de/wasser-e/empfnichtbewertbstoffe-english.pdf>. Acesso em: 01 dez. 2009.
Revista ABES-SP 55
Exemplo: Tebutiuron
Distribuição no ambiente (US NLM, 2006):
O tebutiuron é liberado no ambiente durante o seu uso como herbicida de amplo espectro para o controle
de plantas herbáceas e lenhosas. Também pode atingir o meio ambiente durante sua produção, formulação,
transporte e armazenamento. Quando aplicado ao solo, o tebutiuron persiste por muitos anos. Ele é degrada-
do pela atividade microbiana e a degradação parece ser mais rápida em solo saturado. Perdas podem ocorrer
por escoamento (“runoff”), especialmente quando chove em período próximo à aplicação. O tebutiuron é
relativamente imóvel no solo, principalmente naquele com alto conteúdo de carbono orgânico e argila. En-
tretanto, em alguns tipos de solo, com alta taxa de fluxo, ele pode ser bastante móvel. Há evidências de que
uma parte do tebutiuron pode se ligar quimicamente ao solo por um ou dois meses e ficar indisponível para a
degradação. Se liberado na água, o tebutiuron é adsorvido ao sedimento sendo biodegradado lentamente. No
entanto, não há estudos aquáticos do tebutiuron. Parece que o tebutiuron não se volatiliza e nem é biocon-
centrado nos organismos aquáticos. Se liberado na atmosfera, o tebutiuron é removido por sedimentação gra-
vitacional. A fase de vapor do tebutiuron pode reagir com radicais hidroxilas produzidos fotoquimicamente
resultando em meia vida de 14,7h. A principal exposição humana ao tebutiuron é ocupacional, especialmente
durante a aplicação. A exposição dérmica pode ocorrer pelo contato com plantas e solo tratados. (SRC).
No Brasil, Gomes et al. (2001) analisando água de poço semi-artesiano da Fazenda São José, localizada
na microbacia do Córrego Espraiado (Ribeirão Preto/SP), no período 1995-1999, encontraram tebutiurom
em concentrações menores (valor máximo 0,09 µg/L) que o valor estabelecido pela Comunidade Europeia
para praguicidas na água potável. Monteiro et al. (2008) obtiveram concentrações entre 0,01-0,32 µg/L de
tebutiurom em amostras de água do rio Corumbataí, no período de 2004-2005.
Referências bibliográficas
US NLM. United States National Library of Medicine. Hazardous Substances Data Bank . Tebuthiuron (CARN 34014-18-1). Be
thesda, 2006. Disponível em: <http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search/f?./temp/~2kie0k:1> Acesso em: 04 dez. 2009.
EXTOXNET. Pesticide Information Profile. Tebuthiuron. 1996. Disponível em:<http://extoxnet.orst.edu/pips/tebuthiu.htm> Acesso
em: 04 dez. 2009
Revista ABES-SP 57
ANEXO II
Informações toxicológicas de
alguns dos praguicidas
considerados prioritários
58 Revista ABES-SP
1 AMETRINA
CAS: 834-12-8
A ametrina é um herbicida que inibe a fotossíntese e outros processos enzimáticos. No Brasil, o
herbicida pode ser usado em pré e pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de abacaxi,
algodão, banana, café, cana-de-açúcar, citros, mandioca, uva e milho.
Parâmetro USEPA
Distribuição no ambiente Índice de toxicidade DRf
A meia-vida da ametrina em solos é de 70 a Valor (mg/kg.d) 0,009
250 dias, dependendo do tipo de solo e condições Ano 1987
do tempo. A perda pelo solo ocorre principalmente Base experimental (mg/kg.d) NOEL 10 (convertido
para 8,6 mg/kg.d)
por degradação microbiana. A ametrina apresenta Fator de incerteza 1000
alta solubilidade na água e devido a isso se move Fator modificador 1
verticalmente e lateralmente no solo. Devido a Efeito ou órgão crítico Fígado
sua persistência, o composto pode lixiviar em ra- Espécie Rato
Estudo Ciba-Geigy, 1961
zão de chuvas, inundações e escoamento da irriga-
ção. Também devido à persistência e mobilidade,
o transporte da ametrina para a água superficial e Legislação
subterrânea é esperado por uso agrícola normal. O Brasil não estabelece um valor máximo de
Nos Estados Unidos, a concentração máxima ametrina na água potável ou subterrânea (BRASIL,
encontrada na água superficial foi de 0,1 µg/L e na 2004, 2008). A WHO (2008) não recomenda um va-
água subterrânea de 450 µg/L. No Brasil, Monteiro lor do herbicida na água potável.
et al. (2008) obtiveram concentrações entre 0,7 e A USEPA (2006, 2009) não estabelece valor
22,15 µg/L de ametrina em amostras de água super- para ametrina na água potável, mas adota 60 µg/L
ficial do rio Corumbataí (SP). como Lifetime HA (Lifetime Health Advisories),
que não tem poder legal, mas serve como um guia
Efeitos nos seres humanos técnico para auxiliar os reguladores. O Lifetime
A ametrina tem mostrado baixa toxicidade HA é a concentração de uma substância química na
aguda dérmica, oral e inalatória para os seres hu- água potável para a qual não é esperado que cause
manos (USEPA, 2005). Os sintomas na exposição qualquer efeito adverso não carcinogênico na expo-
aguda a altas doses incluem náusea, vômito, diar- sição durante toda a vida, e é baseado na exposição
reia, fraqueza muscular e salivação. A ametrina não de um adulto que pesa 70 kg e ingere 2 litros de
é irritante aos olhos e pele. Com base nos dados dis- água por dia.
poníveis, a USEPA (2005) considera que a ametrina A Austrália (AG, 2004) recomenda um valor
apresenta baixa toxicidade crônica e aguda. orientador de 5 µg/L de ametrina na água potável,
A USEPA estimou a DRf em 0,009 mg/kg.d baseado no limite de detecção analítica ou na con-
com base em estudo com ratos que receberam ame- centração máxima da substância que poderia ocor-
trina por gavagem, em doses de 0, 10 e 100 mg/ rer adotando-se boas práticas e, um valor de 50
kg.dia, durante 6 dias/semana por 13 semanas. Os µg/L para a proteção da saúde.
animais apresentaram degeneração gordurosa do A Comunidade Europeia (EU, 1998) não esta-
fígado na dose de LEL 100 mg/kg.dia. Não foram belece um valor orientador de ametrina para a água
observados efeitos em 10 mg/kg.dia. Parece que o potável, mas adota 0,1 µg/L para um agrotóxico in-
estudo foi bem conduzido, com 12 machos e 12 fê- dividual e 0,5 µg/L para a soma dos agrotóxicos.
meas em cada grupo de dose. Um fator de incerteza Em 2008 a Austrália propôs um valor gatilho,
de 1000 foi aplicado por diferenças inter e intraespé- sem resposta subletal, de 0,5 µg/L, 1,0 µg/L e 1,6
cies, e para a duração subcrônica do estudo crítico. µg/L de ametrina para a proteção de 99, 95 e 90%
dos organismos que vivem no Parque Marinho da
Grande Barreira de Corais (GBRMPA, 2008).
Referências bibliográficas
AG, Australian Government. Australian drinking water guidelines. 2004. Disponível em: http://www.nhmrc.gov.au/publications/
synopses/_files/adwg_11_06.pdf
BRASIl. Portaria MS nº 518/2004. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria_518_2004.pdf
BRASIL. Resolução CONAMA nº 396/2008. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=562
CORNELL UNIVERSITY. Ametryn. Disponível em: http://pmep.cce.cornell.edu/profiles/extoxnet/24d-captan/ametryn-ext.html
Revista ABES-SP 59
EU, European Community. Diario Oficial de las Comunidades Europeas. DIRECTIVA 98/83/CE DEL CONSEJO de 3 de noviem
bre de 1998 relativa a la calidad de las aguas destinadas al consumo humano. Disponível em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ
/LexUriServ.do?uri=OJ:L:1998:330:0032:0054:ES:PDF
MONTEIRO, RTR et al. Lixiviação e contaminação das águas do rio Corumbataí por herbicidas. Ouro Preto: Congresso Brasileiro
da Ciência das Plantas Daninhas, 26. 2008.
GBRMPA, Great Barrier Reef Marine Park Autorithy. Water Qaulity Guideline for the Great Barrier Reef Marine Park. 2008. Dispo
nível em: http://www.gbrmpa.gov.au/__data/assets/pdf_file/0016/33802/WaterQualityGuidelinefortheGBR.pdf
USEPA. Registration Eligibility Decision (RED) for Ametryn. 2005. Disponível em: http://www.epa.gov/oppsrrd1/REDs/ametryn_
red.pdf
USEPA. Ametryn (CASRN 834-12-8). Disponível em: http://www.epa.gov/ncea/iris/subst/0208.htm
USEPA. 2006 Edition of the drinking water standards and health advisories. Disponível em: http://www.epa.gov/waterscience/crite
ria/drinking/dwstandards.pdf
USEPA. National Primary Drinking Water Regulations. 2009. Disponível em: http://www.epa.gov/safewater/consumer/pdf/mcl.pdf
WHO. Guidelines for drinking-water quality. 3th Edition. 2008. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/
GDWAN4rev1and2.pdf
2 ATRAZINA
CAS: 1912-24-9
A atrazina é um herbicida utilizado no controle de plantas daninhas na agricultura e em rodovias e linhas
férreas (ATSDR, 2003). No Brasil, o herbicida é empregado em pré ou pós-emergência das plantas infestan-
tes nas culturas de abacaxi, cana-de-açúcar, milho, pinus, seringueira, sisal e sorgo.
em razões toxicológicas específicas, mas devido à que a concentração do ingrediente ativo e de seus
preocupação que os resíduos de atrazina na água produtos de degradação em grandes áreas não exce-
subterrânea poderiam exceder o limite de 0,1 µg/L derá 0,1 µg/L na água subterrânea. Além disso, não
estabelecido para todas as substâncias químicas. se pode garantir que o uso contínuo em outras áreas
Segundo o Comitê Científico para Plantas, da Co- permitirá uma recuperação satisfatória da qualidade
missão Européia (EC, 2004), os dados de monitora- da água subterrânea quando as concentrações já ex-
mento da atrazina são insuficientes para demonstrar cederam 0,1 µg/L na água subterrânea.
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62 Revista ABES-SP
3 CLOMAZONA
CAS: 81777-89-1 (sinonímia dimetazona)
No Brasil, o herbicida clomazona é empregado em pré-emergência das plantas infestantes nas culturas
de algodão, arroz, batata, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, milho, pimentão e soja.
Referências bibliográficas
4 HEXAZINONA
CAS: 51235-04-2
Hexazinona é um herbicida não seletivo usado no controle de plantas infestantes em áreas agrícolas e
não-agrícolas (Health Canada, 2009). No Brasil, o herbicida é empregado na pré e pós-emergência de plan-
tas infestantes da cultura de cana-de-açúcar.
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5 PICLORAM
CAS: 1918-02-1
O picloram é um herbicida de amplo espectro para o controle de plantas lenhosas e pastagens. É usado
também em áreas não agrícolas como margens de rodovias, linhas férreas, instalações militares, aeroportos,
terrenos sob torres de energia e ao longo de gasodutos (FAO, 2004). No Brasil, o herbicida pode ser usado
em pós-emergência das plantas infestantes nas culturas de arroz, cana-de-açúcar, pastagens e trigo, e em
pré-emergência das plantas infestantes na cultura da cana-de-açúcar.
picloram na água potável ou subterrânea (BRASIL, valor é provisório - 29 µg/L. Para a água de des-
2004, 2008). A WHO (2008) não recomenda um va- sedentação de animais é 190 µg/L.
lor do herbicida na água potável. A Austrália (AG, 2004) recomenda um valor
A Comunidade Europeia (EC, 1998) não es- de 300 µg/L de picloram na água potável para a
tabelece um valor orientador de picloram na água proteção da saúde. O valor saúde (health value)
para consumo humano, mas adota 0,1 µg/L para um é baseado em 10% da IDA. Para propostas recre-
agrotóxico individual e 0,5 µg/L para a soma dos acionais, o valor do herbicida na água é 30 µg/L
agrotóxicos. (Austrália, 2000).
Os Estados Unidos (USEPA, 2006) estabele- Na Nova Zelândia (2008) o valor máximo
cem um limite máximo de 500 µg/L de picloram na aceitável de picloram na água potável é 200 µg/L.
água potável. No Canadá (CCME, 2008) a concen- A Argentina recomenda um valor orientador
tração máxima aceitável provisória é 190 µg/L para de picloram de ≤ 140 µg/L para a proteção da
a água potável. Para a proteção da vida aquática o biota aquática.
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6 SULFENTRAZONA
CAS: 122836-35-5
No Brasil, o herbicida sulfentrazona é empregado em pré-emergência das plantas infestantes nas culturas
de abacaxi, café, cana-de-açúcar, citros, eucalipto, fumo e soja. Aplicação em pós-emergência das plantas in-
festantes na cultura da soja. Para uso não agrícola aplicação em áreas industriais, aceiros, rodovias e ferrovias.
Referências bibliográficas
7 TEBUTIUROM
CAS: 34014-18-1
O herbicida tebutiurom é usado em áreas não agrícolas como pastagens, linhas férreas, rodovias etc.
(CCME, 1999). No Brasil o composto é empregado em pré-emergência das plantas infestantes na cultura de
cana-de-açúcar e pastagens.
8 PROPANIL
CAS: 709-98-8
No Brasil o propanil é empregado em pós-emergência das plantas infestantes na cultura de arroz.
Referências bibliográficas
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htm
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70 Revista ABES-SP
9 ALDICARBE
CAS: 116-06-3
Aldicarbe é um inseticida, acaricida e nematicida, extremamente tóxico, da classe dos carbamatos. Utiliza-
do no Brasil em culturas de batata, café, cana de açúcar e citrus, por aplicação direta no solo.
10 CARBOFURANO
CAS: 1563-66-2
Carbofurano é um inseticida, acaricida, nematicida e cupinicida, extremamente tóxico (classe toxico-
lógica I), da classe dos carbamatos. Utilizado no Brasil em culturas de algodão, amendoim, arroz, banana,
batata, café, cana-de-açúcar, cenoura, feijão, fumo, milho, repolho, tomate e trigo, por aplicação direta no
solo. Aplicação em sementes de algodão, arroz, feijão, milho e trigo (ANVISA, SIA, 2009).
11 CLORPIRIFÓS
CAS: 2921-88-2
O clorpirifós é usado como acaricida, formicida, inseticida, de classe toxicológica II, altamente tóxico.
No Brasil, é usado nas culturas de algodão, batata, café, cevada, citros, feijão, maçã, milho, pastagens, soja,
sorgo, tomate e trigo. Aplicação localizada na cultura da banana (saco para proteção do cacho), aplicação
no solo nas culturas de batata e milho. Pode ser também usado como preservante de madeira e no controle
de formigas, apenas na forma de isca granulada, para uso não agrícola (SIA, ANVISA, 2009).
confusão, dor de cabeça, dificuldades de fala, retar- na água potável, mas adotam 2 µg/L de clorpirifós
do no tempo de reação, enjôos, tonteira e insônia. como Lifetime HA (Lifetime Health Advisories), que
Clorpirifos não é considerado uma substância tera- não tem poder legal mas serve como um guia técnico
togênica, mutagênica ou carcinogênica. para auxiliar os legisladores. O Lifetime HA é a con-
A USEPA estimou a DRf em 0,003 mg/kg.d centração de uma substância química na água potável
com base em estudo em humanos que receberam para a qual não é esperado que cause qualquer efeito
clorpirifós por via oral. Dezesseis voluntários (4/ adverso não carcinogênico na exposição durante toda
dose) receberam clorpirifos por 20 dias, nas doses de a vida, e é baseado na exposição de um adulto que
0, 0.014, 0.03 e 0.10 mg/kg/dia. O efeito crítico ob- pesa 70 kg e ingere 2 litros de água por dia. No Esta-
servado foi a inibição da enzima acetilcolinesterase. do de Wisconsin, o Lifetime HA de 2 µg /L também
O estudo foi considerado limitado pelo número de é recomendado para a água subterrânea e serve para
apenas 4 voluntários por dose, e foi incluído na cate- decisões de remedição. Adotam o DWEL (Drinking
goria “médio para baixo” num ranking de confiança. Water Equivalent Level) de 10 µg/L, uma concentra-
A ATSDR propõe um MRL (Minimum Risk ção protetora de efeitos adverso, não carcinogênicos,
Level) de 0,001 mg/kg/dia, derivado de um estudo de exposição por toda a vida, que assume que toda
crônico em ratos. O MRL é estimado da mesma for- exposição ao contaminante é através da água.
ma que a Dose de Referência. A OMS recomenda um valor orientador pro-
visório para o clorpirifós de 30 µg/L, considerando
Parâmetro USEPA ATSDR
que existem evidências de perigo, mas as informa-
Índice de toxicidade DRf MRL
Valor (mg/kg.d) 0,003 0,001 ções disponíveis sobre efeitos a saúde são limitadas
Ano 1988 1997 (WHO, 2008).
Duração do estudo Subcrônico Crônico/ A Austrália recomenda um valor orientador
/Via /Oral Oral para saúde humana de 10 µg/L de clorpirifós, ba-
Base experimental
(mg/kg.d) NOAEL NOAEL
seado na Ingesta Diária Aceitável (IDA). Em 2008
Fator de incerteza 10 100 a Austrália propôs um valor gatilho, sem resposta
Fator modificador 1 1 subletal, de 0,005 µg/L, 0,009 µg/L e 0,04 µg/L de
Efeito ou órgão crítico Inibição da Acetilcolinesterse clorpirifós para a proteção de 99, 95 e 90% dos or-
Espécie humanos rato
ganismos que vivem no Parque Marinho da Grande
Estudo Dow McCollister (1974)
Chemical Barreira de Corais (Austrália, 2008).
(1972) A Nova Zelândia (2005) recomenda um valor
máximo aceitável – MAC de 40 µg/L, baseado nos
Legislação valores guias da OMS, mas considerando o peso
No Brasil o valor máximo permitido (VMP) para corpóreo de 70 kg para adultos.
consumo humano é de 30 µg/L, de 24µg/L para água A Comunidade Europeia adota o valor limite
de dessedentação de animais. (CONAMA, 2008). de 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
Os EUA não estabelecem valor para clorpirifós µg/L para a soma dos agrotóxicos.
12 DIQUATE
CAS: 85-00-7
Diquate é um agente de ação rápida, não seletiva e regulador do crescimento da planta. É herbicida de
classificação toxicológica II (EPA), moderadamente tóxico, utilizado nas culturas de batata e cana de açúcar.
Utilizado como herbicida aquático.
13 AZINFOS-METÍLICO
CAS: 86-50-0
Azinfos-metílico é um inseticida de amplo espectro, da classe dos organofosforados, altamente persis-
tente, e é considerado um produto de uso restrito (RUP - Restricted Use Pesticide) nos Estados Unidos, só
pode ser comprado por aplicadores certificados. É não sistêmico, o que significa que não é transportado de
uma parte da planta para outra. É usado para aplicação foliar em ampla variedade de frutas, vegetais, taba-
co, rizicultura (EXTOXNET, 2008).
orgânicos que o estado da Flórida determinou que azynfos-metílico em 0,0015 mg/kg.d com base em
fossem monitorados. Biodegradação e evaporação estudo crônico em cães. O efeito crítico observado
são as rotas primárias de eliminação do solo (EX- foi a inibição da enzima Acetilcolinesterase.
TOXNET, 2009). Em geral, organofosforados são
Parâmetro USEPA
dissipados rapidamente da água. Em poços, ele está
Índice de toxicidade DRf
sujeito à degradação pela luz do sol e por micro- Valor (mg/kg.d) 0,0015
organismos, com uma meia-vida de 2 dias. Volati- Ano 1986
lização a partir da água é improvável e a hidrólise Duração do estudo/Via Crônico/Oral
química é importante em pH alcalino, e tem uma Base experimental (mg/kg.d) NOAEL
(0,15 mg/kg/dia)
tendência de baixa a média de adsorver ao sedimen- Fator de incerteza 100
to ( EXTOXNET, 2009). Fator modificador 1
Efeito ou órgão crítico Inibição da Acetilcolinesterase
Efeitos nos seres humanos Espécie cães
Estudo 1986
Azinfos-metílico é um dos organofosforados
mais tóxicos, altamente tóxico por via inalatória,
dérmica, oral e ocular. Como outros organofosfo- Legislação
rados é inibidor da enzima acetilcolinesterase, es- A Austrália recomenda um valor orientador de 2
sencial ao funcionamento do sistema nervoso. Indi- µg/L de azynfos-metílico, baseado no limite de de-
víduos com histórico de função pulmonar reduzida, tecção analítica ou na concentração máxima da subs-
desordens convulsivas, ou ou exposição recente a tância que poderia ocorrer adotando-se boas práti-
outros inibidores da colinesterase estão sob um alto cas e, um valor de 3 µg/L para a proteção da saúde,
risco se expostos a azynfos-metílico. Em humanos, considerando uma fração de 10% da IDA atribuível
exposições por ingestão acima de 1.5 mg/dia po- somente ao consumo de água (Austrália, 2008).
dem causar envenenamento severo com sintomas No Canadá, a concentração máxima aceitável
como salivação, perda de visão, suor excessivo, dor (MAC) para o azynfos-metílico é de 20 µg/L, valor
estomacal, vômito, diarreia, inconsciência e morte. aprovado em 1989 e reafirmado em 2005 (Canadian
Não há evidências de efeitos, reprodutivos, terato- Drinking WaterGuidelines, 2008).
gênicos e mutagênicos. Os dados de efeitos carci- A Comunidade Europeia adota o valor limite
nogênicos são inconclusivos. de 0,1 µg/L para um agrotóxico individual e 0,5
A USEPA, OPP-RfD estimou a DRf para o µg/L para a soma dos agrotóxicos.
14 PARAQUATE
CAS: 1910-42-5
Paraquate é um composto altamente tóxico, de classe toxicológica I (EPA). Paraquate é considerado
um produto de uso restrito (RUP - Restricted Use Pesticide) nos Estados Unidos e só pode ser comprado por
aplicadores certificados (EXTOXNET, 2008).
É um composto quaternário de amônio amplamente usado como herbicida de contato, não seletivo,
usado no controle de ervas daninhas anuais e perenes em uma grande variedade de cultivos. Age para inibir
a fotossíntese quando aplicado em folhagens sendo usados como agente dessecantes e desfoliantes.
Referências bibliográficas
Anotações
Revista ABES-SP 79
80 Revista ABES-SP