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POR
LITTERA-LU
1.a EDIÇÃO
PREFACIADA POR
ANTÓNIO CORREIA
JORNALISTA E LINGUISTA
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Ficha Técnica
Revisão do prefácio
Littera-Lu
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Índice
(0s números referem-se às páginas)
Prefácio……………………………………………..
Os diferentes textos de imprensa………………..
Sobre a notícia………………………………………
O erro crasso no ―BOM DIA ANGOLA‖………….
Capítulo 1 Media e «meios de comunicação»……...
Capítulo 2 O aportuguesamento da palavra ―media‖
Capítulo 3 Erros de Português……………………...
Nota final…………………………………………..
Referências bibliográficas…………………………
Referências electrónicas…………………………...
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É condição sine qua non¹ o respeito pela língua
portuguesa quando se fala na televisão e na rádio
públicas.
_________
¹ A locução latina «sine qua non» significa «sem a qual não». Está subentendido
o vocábulo 'conditio' (condição). Emprega-se para caracterizar uma circunstância indispen-
sável para a validade ou realização disto ou daquilo.
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Prefácio
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próximos dias, a afirmação é do governador daquela pro-
víncia, referindo-se à de Malanje, já que se disser ―esta‖
estará a referir-se à do Uíge.
Petro de Luanda e Primeiro de Agosto protagoni-
zam o jogo grande da jornada – quando deveria ser ―o
grande jogo da jornada‖, pois a anteposição do adjectivo
dá a ideia de qualificação, ao passo que a posposição dá a
ideia dimensional ou físico-real, neste caso particular e
noutros semelhantes.
O jogo disputa-se este fim-de-semana, quando
deveria ser ―neste fim-de-semana‖, implicando a interpo-
sição que é transmitida pela contracção preposicional
―em‖ + pronome demonstrativo ―este‖. Porque, também,
nalguns casos, o verbo se for de transição directa criará
equívocos.
Sem pretender corrigir todos os erros no prefácio,
digo:
A presente obra pretende ser um elemento ―sine
qua non‖ para os utentes da língua portuguesa, bem
como, e principalmente, para os profissionais da comuni-
cação social.
António Correia - jornalista e classicologista
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Os diferentes textos de imprensa
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1
José Mário Costa, jornalista e coordenador editorial do Ciberdúvidas.
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Sobre a notícia
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linguagem audiovisual. Por exemplo, a redundância
informativa é um defeito na notícia impressa, mas pode
ser obrigatória numa notícia radiofónica, se a duração da
informação assim o exigir.
_________
2
José Mário Costa/João Alferes Gonçalves.
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O erro crasso no “Bom Dia Ango-
la(*)
A TPA 1 saúda diariamente os seus telespectado-
res com um Bom Dia Angola‖, através de um programa
informativo que ocupa as manhãs da televisão pública.
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Assim, para que a saudação da TPA faça sorrir os
angolanos, dia após dia, o nome do programa deverá
incluir este nobre sinal de pontuação, passando assim a
ser: «Bom Dia, Angola!».
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PRIMEIRA PARTE
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Media e «meios de comunicação»
Os termos mídia (Brasil) ou media (Portugal) são
sinónimos de «meios de comunicação». No entanto, se por
«meios de comunicação» se entende «meios de comunica-
ção social», então deve reconhecer-se que media tem
umsignificadomais vasto, como se verifica por uma das
definições da palavra do Dicionário Houaiss:
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SEGUNDA PARTE
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O aportuguesamento da palavra "media"
A língua portuguesa provém da língua latina, que mar-
cava três géneros: masculino, feminino e neutro. A língua
portuguesa foi integrando as palavras do género neutro no
masculino e no feminino.
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TERCEIRA PARTE
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Erros de Português
PREÇO
_________
5
Os advérbios ("caro" e "barato") são invariáveis.
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Na Idade da Pedra, poderia até estar. Hoje, não: as
formas mais correctas da sequência em causa poderão
ser:
«vai tornar "o preço dos livros mais baixo"»
ou
«vai tornar "os livros mais baratos"».
OBSERVAÇÕES:
1.ª Consideramos "caro" aquilo que tem preço alto e "barato" aquilo
que tem preço baixo. Sendo assim, são inadequadas, embora relativamente
comuns, construções como "preço caro" ou "preço barato".
2.ª O mesmo vale para a palavra "custo" quando sinónimo de "pre-
ço": «As suas atitudes impensadas tiveram um custo alto».
Está errado falar «As suas atitudes impensadas tiveram um custo
caro»
3.ªCom os verbos, entretanto, empregam-se os advérbios "caro" e
"barato: «Custaram-lhe caro suas atitudes impensadas», «Cobraram caro pelo
serviço».
É correcto falar «Usava roupas caras, mas os meus sapatos eram
baratos.»
ASSASSINATO
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Vejam, agora, como escreveu um jornalista do
―Jornal Z‖, 18.503, pág. 5-3:
Assassinato brutal
na Fronteira
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Polícia prende outro suspeito de assassinato de
Bárbara Menezes de Sá Nogueira
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Mas, não os jornais, que usam "assassinato" por
assassínio. Esta frase, por exemplo, é de um político:
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vez que assassinato é um italianismo (provém da forma
assassinato – particípio passado do verbo assassinare).
Cândido de Figueiredo
ASSISTIR
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Reparem, agora, nesta manchete veiculada pelo
sítio na internet Club-K Angola:
OBS. –
Assisti, transitivo, sem a preposição a, p. ex.
assistir alguém, quer dizer ajudar, acompanhar, socorrer;
seguido de a (sempre fechado na pronúncia europeia) tem
o sentido de «presenciar».
F. V. Peixoto da Fonseca
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«(…)Sábado, na abertura da jornada, Interclube e
1º de Agosto empataram (1-1), num dos principais jogos
da jornada.(…)» «(…)O campeão angolano no ano pas-
sado à entrada da 15ª jornada do Girabola somava 37
pontos no comando(…)». «(…) Com os portões fechados
e sem apoio do público, o Porcelana FC derrotou o 1º de
Maio de Benguela, 2-1, no campo dos Dinizes, em N'da-
latando. Com esta vitória, a equipa de Joaquim Finda
―Mozer‖ trocou a 14ª posição pela décima, totalizando 17
pontos».
__________
- 25-
COMENTAR "SOBRE"
Líder da JURA comenta sobreos raptos de Comentário [AA5]: Pode ser utilizado.
Exemplo: “O jornalista fez um comentário
Cassule e Kamolingue infeliz sobre os escritores”.
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"HÍFEN - COM NÃO"
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Obs.: No Brasil, com o advento da última
Reforma Ortográfica, esse emprego do hífen antes
do vocábulo NÃO deixou de existir.
EVACUAR
Evacuam-se lugares e não pessoas. Jorna-
lista angolano deveria saber disso? Naturalmente.
Vamos ver se sabe? Leiam esta notícia retirada de
uma matéria jornalística que trata do caso Presi-
dente Mauritano:
- 28-
É um erro frequente, comum, demasiada-
mente comum, queconvém relembrá-lo. Não é
admissível é que venha de um jornal de referên-
cia...
- 29-
«É raro um jornalista empregar bem esta
palavra, que já em latim significava «esvaziar».
Quando se diz: «Foram evacuados mil portugue-
ses da Guiné-Bissau», o que se afirma, na nossa
língua, é que mil portugueses foram esvaziados.
Ou seja: cada um desses portugueses ficou sem
entranhas.
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sultar um dicionário sério. Vai ver que evacuar
significa apenas «esvaziar», «expelir», «defecar».
Por extensão, «abandonar uma frente de comba-
te».
Perguntam-me vocês...
Déficit?
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sem amparo em vogal). Assim, deveríamos fazer
como os consultores do Ciberdúvidas: aportugue-
sar realmente a palavra e escrever défice. Isso
seria o lógico. Mas… o Dicionário Mini da Lín-
gua Portuguesa da …é lógico?
«DÉFICE
...aportug. do latim "deficit" (e nunca o
barbarismo "deficite")».
RAIOS X
…e não raio X. A forma mais consagrada
é raios X, pois é impossível emitir um raio só.
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Como é que os jornalistas angolanos dese-
jam ser formadores de opinião confiáveis, reve-
lando, todos os dias, tamanha pobreza de conhe-
cimento da própria língua? Jornalista que escreve
"RAIO X" é o equivalente a um médico que diz
que o coração fica no umbigo…
São confiáveis?
ALGARISMOS
Não se inicia o período (o início de uma
frase) com algarismos7. Portanto, em vez de:
"15" anos de existência completou o
Ciberdúvidas em 15 de Janeiro de 2012,
devemos escrever:
Quinze anos de existência completou o
Ciberdúvidas em 15 de Janeiro de 2012.
_______
7
Na indicação dos meses, só se usa o zero antes de 1 (corresponden-
te a janeiro) e de 2 (correspondente a fevereiro), para se evitarem possíveis adul-
terações: 12/01/2009, 15/02/1999. Se não procedermos assim, fica fácil, num
escrito, mudar o mês de 1 para 11 e de 2 para 12, de acordo com a conveniência
do falsificador. Como não existem os meses 13, 14, 15, etc., não há nenhuma
necessidade de usar umzero antes dos números 3 (março), 4 (abril), 5 (maio), 6
(junho), 7 (julho), 8 (agosto) e 9 (setembro). Portanto: 12/3/1949, 18/12/1977 e
assim por diante, ou seja, sem o 0 antes do algarismo indicativo do mês.
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nais semanais de informação, que tem mais anos
de jornal que eu tenho de língua:
Vejam, agora, esta manchete do jornal ―O Comentário [AA7]: Num título é possí-
vel utilizar “100 anos” em vez da forma
País‖ (online): “Cem anos”.
NECROTÉRIO
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Será que os nossos jornalistas sabem disso? A
ver-se por esta notícia colhida no sítio na Internet Maka
Angola, ainda não:
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Ante isso, numa só notícia, não há como deixar de
perguntar: Está bem o jornalismo angolano em se tratan-
do de conhecimento da língua?
ENQUANTO
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«A conjunção enquanto une orações que
expressam: a) fatos simultâneos: Malha-se o ferro
enquanto está quente. b) fatos opostos: Uns traba-
lham enquanto outros se divertem.
«No segundo caso, para que o contraste
entre os dois fatos fique bem nítido, pode-se usar,
em vez de enquanto, a locução enquanto que,
equivalente a ao passo que: Uns trabalham
enquanto que outros se divertem. / Somente
alguns criminosos foram presos, enquanto que a
maioria deles continua em liberdade. / Para as
grandes empresas, o custo do dinheiro ficou em
20% ao mês, enquanto que para as pequenas a
taxa atingiu 26%.»
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cês "pendantque"; 3.ª -- imitação do francês "tan-
disque".
EX
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Prefixo sujeito ao emprego do hífen [ex-
mulher, ex-combatente, ex-amigo, ex-militar, ex-
professor, ex-jogador, etc.].
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A gente abre um jornal e vê uma notícia
bomba:
Igreja Teosófica comemora 56ºaniversário de exis-
tência.
OBSERVAÇÕES:
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O Dicionário Aurélio, no verbete corres-
pondente, omite o masculino. O Michaelis acom-
panha o Aurélio. O Houaiss também não diz nada
sobre o masculino.
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ção de superfície («Pneus com boa aderência à
estrada»).
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Perto de 5.000 professores em serviço na
província de Lunda-Norte, estão em greve desde
Maio. O Sindicato Nacional dos Professores
(SIN-PROF) considerou haver uma aderência de
cerca de 90 porcento do total dos docentes do
ensino primário do Iº Ciclo. A paralisão afecta
mais de 156, 00 estudantes.
ENTRE
A preposição que se correlaciona com a
preposição entre é e, e não "a": ["Entre Abril e
Junho", "Entre 2004 e 2019", "Entre1e 3 anos
de idade", "Entre20 e 30 de Abril."].
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DIAS DA SEMANA
ACENTO GRAVE
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O acento grave existe justamente para evi-
tar o uso de dois aa. Mas jornalista angolano ainda
não sabe disso…
É…
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NOTA FINAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
___ A. Céu Coutinho. Dicionário Enciclopédico de
Medicina, 3.ª edição, 1980, verbete ―Evacuar‖.
___ ALBUQUERQUE, Carlos Manuel. Bom Portu-
guês, 1.ª Edição, Porto: Porto Editora, 2009.
___ BORREGANA, António Afonso. Gramática Uni-
versal/Língua Portuguesa. Luanda: Texto Editores,
2003.
___ CUNHA, C. e Cintra, L. Breve Gramática do
Português Contemporâneo (versão da Nova Gramáti-
ca do Português Contemporâneo). Luanda: Edições
João Sá da Costa/Livraria Mensagem Editora, s.d.
___FIGUEIREDO, Candidode. Falar e escrever –
Novos estudos práticos da língua portuguesa ou con-
sultório popular de enfermidades da linguagem. 3.ª
ed., v. II, Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1926.
___Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Porto
Editora.
___ MATOS, João Carlos. Gramática Moderna da
Língua Portuguesa, 1.ª edição, Escolar Editora, Lis-
boa, 2010.
___ RELVAS, José Maria. Gramática Portuguesa –
2.ª edição revista, actualizada e aumentada, Europress,
2001.
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REFERÊNCIAS ELECTRÓNICAS
A. Tavares Louro, "O aportuguesamento da palavra
―media‖", Ciberdúvidas,<http://ciberduvidas.pt>
[página consultada em 14.11.2010]
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D'Silvas Filho, "Graus celsius, graus centigrados,
novamente",Ciberdúvidas,< http://ciberduvidas.pt >
[página consultada em 20.5.2009]
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Manual de Redação e Estilo, jornal OESP /Eduardo
Martins, 1997. Acessado in *Kaleidoscópio Literário*
(site de Kathleen Lessa) a 20 de Abril de 2010 e 12 de
Setembro de 2012.
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