Recensão crítica

Mestrado em Gestão do Território Joana da Cruz

Ordenamento do Território 2019118411

Muñiz San Martín, Sigrid (2012). “Conflictividad ambiental y territorial: un área de investigación
en construcción. Aproximaciones al caso catalán.” - Documents d’Anàlisi Geogràfica, vol. 58/3,
pp. 481-496.

A base de estudo para a realização da segunda análise, é um artigo publicado no ano

2012 pelo “Institut de Ciència i Tecnologia Ambientals, Universitat Autònoma de Barcelona” com
autoria de Sigrid Muñiz San Martín e de título “Conflictividad ambiental y territorial: un área de
investigación en construcción. Aproximaciones al caso catalán.”.

A autora do presente artigo, possui um Doutoramento em Ciências Ambientais, pelo

Instituto de Ciência e Tecnologia Ambientais, da Universidade Autónoma de Barcelona. Este
artigo é apresentado pela autora, como sendo uma síntese dos processos que têm sido
estudados e postos em funcionamento de modo a que se consiga o tão desejado entendimento,
ou seja a solução deste tão conhecido conflito territorial entre a Catalunha e o restante território
espanhol.

A autora reconhece que à data da publicação do artigo existiam uma série de outros
conflitos territoriais, dando o exemplo da América Latina, no entanto apenas se focou na
Catalunha. É de conhecimento geral que pouco se evoluiu na tentativa de resolução deste
conflito em especial e a autora procurou fazer uma investigação do que estava a ser estudado e
publicado sobre a temática, para que pudesse chegar a uma conclusão. Rapidamente foi
assumido que para um melhor entendimento e resolução do problema apresentado, seria
importante que fosse abordado em diferentes perspetivas académicas, pois uma corrente de
pensamento não seria suficiente para conseguir alcançar os melhores objetivos e refere ainda a
importância de definir bem a temática e quais os seus limites, pois só assim se conseguiria
abordar o problema mais eficazmente. A autora chega à conclusão que se trata não só de um
conflito territorial, mas também de um conflito ambiental e que será neste âmbito que deve
focar o seu estudo, no entanto não deixa de ser de uma enorme quantidade de informação a
ter em conta e, como revela a própria torna o processo moroso e complicado, sendo que a sua
intenção é de considerar a informação que dispõe de uma forma transversal e não exaustiva,
assim sendo e na tentativa de reduzir a informação a estudar apesar da mesma ser importante,
considerou apenas a que se referia diretamente ao caso da Catalunha.

Para a análise do problema e como foi referido, usualmente são abordados os elementos
descritivos e as variáveis explicativas. Para uma melhor definição estes aspetos, Sigrid, recorreu
a uma vasta bibliografia, onde compilou a informação e formou um quadro explicativo dos
diferentes elementos descritivos, já no caso das variáveis explicativas, chega à conclusão que
umas têm mais importância que outras pois encontra-as repetidas várias vezes durante a sua
pesquisa bibliográfica. Por outro lado, recorreu a métodos mais práticos para recolha de
informação, desta vez centrou-se na recolha de dados para elaborar a chamada “Ferramenta de
análise”. Para essa análise, usou dados que foram acima de tudo recolhidos através de uma
pesquisa clássica social, esta focou-se em documentos quer de caráter formal, quer de caráter
informal. Realizaram-se entrevistas a pessoas detentoras de diferentes graus académicos e, com
uma maior ou menor ligação aos atores principais, outras formas de pesquisa de informação
também foram usadas apesar da sua menor importância. É referido que, apesar de considerar
os atores de maior relevância no caso uma fonte de informação importante, os mesmos não são
os mais indicados para o estudo, pois a sua intenção é contribuir para a sua resolução e não para
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a sua análise, não dando assim o contributo que a autora espera obter, isto é, um contributo
não tão direcionado aos seus próprios interesses mas sim informativo. É salientado que certos
autores da bibliografia que foi pesquisada, deram o seu contributo de forma mais ou menos
extensa e com maior ou menor envolvimento no caso.

Como já tinha sido referido anteriormente, a autora considerou que o caso se tratava
não só de um conflito territorial bem como de um conflito ambiental, salientando que há
diversas soluções que se podem aplicar e que as mesmas dependem de vários fatores, no que
respeita à Catalunha, a mesma denota que usualmente os conflitos são resolvidos judicialmente
ou através de negociações, no entanto alguns dos casos que geram mais atritos, acabam por dar
origem a manifestações populares deixando a pacificidade de estar na ordem do dia. Por outro
lado, há casos em que a oposição acaba por ter um papel determinante na não resolução dos
conflitos. Segundo defendido por outros autores, em países industrializados a resolução dos
conflitos ambientais via judicial é um dos meios ao qual se recorre mais frequentemente, no
entanto salientam que esta via se tem notado cada vez menos eficiente e surge a necessidade
de conseguir outros meios. Para esses outros meios podem ser considerados a negociação e a
mediação, em que estes visam que a obtenção de resolução seja feita em função das diferentes
linhas de pensamento e através do diálogo entre as partes interessadas.

Uma das conclusões a que chega a autora, é o facto que a negociação no âmbito dos
conflitos ambientais é uma mais valia, apesar de que no caso Catalão não seja uma solução tão
clara. Muitas vezes o interesse das partes sobrepõe-se uns aos outros e como consequência, os
diferentes atores podem não ter o acesso necessário e devido ao plano de negociação.
No que respeita a mediação e para a quantidade de conflitos que ainda se encontravam
em fase de resolução, foi uma ferramenta muito útil, no entanto carecia de um desenvolvimento
mais cuidado para poder fazer face às suas possíveis consequências negativas. Este meio não foi
tido em conta uma vez que não sendo aplicável de modo geral a todos os conflitos ambientais,
o caso da Catalunha era um dos quais não se enquadrava. Outra forma de lidar com esta
temática é o uso da palavra da população, a autora faz referência a que muitas das vezes que a
população interveio, foi uma mais valia no sentido em que se evitariam mais conflitos e seria
possível, pelo menos apresentar algumas soluções ou conseguir que elas fossem mais facilmente
aceites o que também gerou mais desagrado por outras partes, levando a que acabassem por
se manifestar de forma negativa.

Para a autora os diferentes métodos de resolução encontrados, dependem

essencialmente de quem está envolvido, a sua opinião, intervenção e também o desenrolar do
processo. Os envolvidos devem manter a neutralidade, não tomando partido de outros e não
devem usar formas distintas de diálogo para não provocar mal-entendidos entre as diversas
frentes, de forma que no final se consigam obter bons resultados. Assim sendo, todos os
conflitos ambientais que surgem têm que ter uma especial atenção, pois todos têm contornos
e intervenientes diferentes, fazendo deles algo especiais.

Por fim, a autora mostra nas suas conclusões que as bibliografias consultadas de
diferentes autores têm diferentes conceitos para uma mesma temática, ainda assim estes são
extremamente úteis na tentativa de resolução dos conflitos, por exemplo no caso do conflito da
Catalunha, apesar de todos os conceitos e todos os estudos existentes, considera que não deve
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existir uma separação tão grande entre o que se quer por em prática do que se supõe que
funciona efetivamente. Uma questão muito sensível referida, é o facto de a componente política
do país não ter vontade de assumir os conflitos existentes. Outra ideia que a autora considera
um problema ainda por solucionar é o facto dos diferentes mecanismos de negociação,
mediação e participação nos conflitos não estarem bem definidos havendo ainda muito a fazer
e que muitos outros autores avaliam o conflito de forma diferente, basicamente cada um com
os seus ideais. (…)“Como el interés por los movimientos ambientalista y territoriales”…”Como la
preocupación por el daño ambiental”…”Como la sociedad del riesgo y el síndrome NIMBY”(…)
(Martín, 2012), estes são os destaques apontados pela autora como sendo os orientadores da
investigação dos conflitos na Catalunha.

Em suma, a investigação levada a cabo pela autora revela ainda que, apesar de todos os
estudos até então realizados não são o suficiente para ajudar a findar todo o conflito existente
nem que um mesmo método seja aplicável a todos os casos.

Para findar, gostaria de referir que a autora ao longo do artigo, demonstra que apesar
de todos os ideais que são defendidos terem um contributo muito importante na temática, estes
não são ainda suficientes para por em prática a resolução do conflito e que enquanto as partes
interessadas não conseguirem estabelecer uma boa comunicação entre elas e manter a
integridade quer da região da Catalunha quer do país, este problema tende a arrastar-se e
continuar a tomar proporções desmesuradas.

Bibliografia:

Muñiz San Martín, Sigrid (2012). “Conflictividad ambiental y territorial: un área de investigación
en construcción. Aproximaciones al caso catalán.” - Documents d’Anàlisi Geogràfica, vol. 58/3,
pp. 481-496.

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