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REVISTA DA ADMINISTRAÇÃO LOCAL | TRIMESTRAL | Nº 1 | MAIO/JUNHO/JULHO 2015 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

CFB

chega
ao Luau
nossaterra#01

RENASCE
DAS CINZAS
o comboio
O FERVILHAR DA VIDA NOS MUNICÍPIOS
A
criação da revista institucional Nos- certamente envolverão os múltiplos sectores
sa Terra, cuja primeira edição o caro da actividade económica, traduzindo-se em
leitor tem em mãos, enquadra-se empregos e outras mais-valias.
num princípio magistralmente resu- Busca-se, com a implementação deste e
mido numa única frase: pense global, demais projectos, o desenvolvimento eco-
actue local. É este, pois, o espírito condutor da nómico e com ele o bem-estar social. E esta

É, POIS, DE

vestíbulo
projecção e implementação desta iniciativa incessante procura pelo progresso tem na
de comunicação, assumidamente o primeiro satisfação das necessidades humanas a sua
dentre outros passos a serem dados na senda VIDA QUE meta. Estamos conscientes de que, no estágio
de uma melhoria da comunicação entre os or-
ganismos locais e centrais e entre os organis- AQUI SE actual da vida socioeconómica de Angola, a
aposta no homem é um imperativo de desen-
mos locais e a população. TRATA. DA VIDA volvimento, sendo ele o objecto principal de

COMPLEXO ADMINISTRATIVO CLÁSSICOS DE TALATONA Os textos integrantes desta primeira edi-


ção procuram seguir à risca esse mesmo
princípio. Buscam, e assim se estabelece na
DAS GENTES
HUMILDES DA
qualquer acção governativa.
Retratar as boas iniciativas localmente
desenvolvidas é, também, um outro objecti-

UM NOVO CICLO DA GOVERNAÇÃO NACIONAL BORNITO


linha editorial traçada, mostrar o evoluir
da vida nas localidades. Ao reportarem os
acontecimentos que dão dinamismo ao quo-
NOSSA TERRA,
DAQUELES QUE,
vo da revista Nossa Terra. E, por agora, essa
meta foi alcançada com a publicação de uma
extensa reportagem sobre a criação da Or-

DE SOUSA LOGO PELA


tidiano local, estão, no fundo, a traduzir um questra Sinfónica Kaposoka e os efeitos posi-
pensamento expresso pelo Presidente da tivos da sua actuação sobre um grupo de jo-
MINISTRO DA
ADMINISTRAÇÃO
República, José Eduardo dos Santos, quan- MANHÃ, RU- vens habitantes de comunidades carentes. A

MAM PARA OS
do disse em certo tempo e em determinado implementação de tal empreitada comprova
DO TERRITÓRIO
espaço aquilo que, hoje por hoje, se assume que é possível fazer-se obras de qualidade
como uma realidade incontornável: a vida SEUS LOCAIS mesmo em cenários de escassez de recursos
faz-se nos municípios. financeiros. Esses, quando bem aplicados,
É, pois, de vida que aqui se trata. Da vida DE SERVIÇO, produzem resultados excepcionais como os
das gentes humildes da Nossa Terra, daqueles
que, logo pela manhã, rumam para os seus lo-
SEJAM EM que nos são dados a ver, ao fim de sete anos
de existência da Orquestra. É preciso propor-
cais de serviço, sejam em plantações, gabine- PLANTAÇÕES, cionar, hoje, as oportunidades necessárias
tes ou fábricas, procurando pôr em prática os
planos e projectos traçados, muitas vezes, ao
GABINETES OU aos mais jovens. É fundamental fazer brotar
as sementes para que, amanhã, todos pos-
nível central. Falamos de quem, de facto, faz FÁBRICAS” samos colher os frutos de um investimento
todos os dias essa Angola acontecer e crescer, responsável e sustentável.
de quem empurra para frente o comboio de Há, nesta primeira edição, um prato cheio
desenvolvimento no qual embarcamos todos, de opções de leitura e muitas mais haverão

N
o município de Belas, na Cidade de Talatona, o Presidente da República inaugurou, enquanto cidadãos de boa-fé. nos números subsequentes. Todavia, longe de
a 22 de Agosto de 2014, um Complexo de cinco edifícios que albergam vários De comboio, a propósito, trazemos o teste- um amontoado de textos espera-se que esta
munho dos efeitos multiplicadores decorren- publicação trimestral consiga transmitir o di-
organismos públicos, entre os quais o Ministério da Administração do Território. As tes do seu retorno ao Luau, na fronteira com a namismo das vidas nos municípios e mostrar
nossaterra#01

novas instalações proporcionam melhores condições de trabalho e dignidade às República Democrática do Congo, com o que o que de melhor acontece ali onde estão aque-
se viabiliza novamente o Corredor do Lobito. les com os quais partilhamos laços afectivos,
entidades e órgãos que o ocupam. Capaz de acolher mais de 12 mil funcionários, a estrutura Os retornos de tamanho investimento, claro, consanguíneos, históricos ou culturais, afir-
prevê equipamentos de apoio como bibliotecas, restaurantes, auditórios ou ginásios. não são imediatos. Não tarda, porém, a econo- mando a revista Nossa Terra como um órgão
03 mia há de sentir os seus efeitos positivos, que de promoção da angolanidade.

nt
ındex 03 VESTÍBULO 28 REPORTAGEM 58 ENTREVISTA FAS 78 LOCAIS 88 LUANDA EM FOCO 96 MUNICÍPIOS
MAIO / JUNHO / JULHO 2015

Ministro Bornito de Sousa dá às boas- É a Geração da Paz. Adolescentes hoje, Gordon Kricke, embaixador da União Cuito veste-se de novo. Prestes a Mais de mil funcionários do GPL A Orquestra Sinfónica Kaposoka vai
vindas aos leitores de Nossa Terra. homens e mulheres amanhã. Eles Europeia, garante que a parceria com o completar 90 anos, a antiga cidade de recebem “guia de marcha” para as ganhando projecção internacional, tal
vislumbram o futuro radioso de um país FAS está no rumo certo. Silva Porto vive momentos de acelerada administrações municipais e novas é o seu impacto na vida de crianças
06 DESTAQUE que deixou definitivamente a guerra transformação até na estrutura centralidades. A medida responde a e adolescentes de municipalidades
para trás. 61 SÍMBOLOS NACIONAIS arquitectónica. uma orientação do Chefe do Executivo:
a vida faz-se nos municípios!
carentes.
16 IFAL POR DENTRO O que sabemos acerca deles?
84 LOCAIS 102 NOSSA TERRA
32 ANTEVISÃO O comboio do
CFB chegou, 90 OLHAR DO REPÓRTER
22 DINÂMICA MAT O MAT realizará em Agosto o Fórum e
a Feira dos Municípios e Cidades de
64 LOCAIS finalmente,
A Fazenda Vinevala, no Bié, maior
produtora de batata-rena do país, terá O jornalista Jaime Azulay viu o
Retrato das nossas belezas naturais.
Nesta edição a Fenda do Bimbe.
Autoridades Tradicionais: o quadro Cuando Cubango: o progresso vem a
Angola, novamente sob o lema geral ao Luau, na este ano uma safra na ordem das 10 mil Presidente angolano virar uma página
REVISTA nossa terra | EDIÇÃO Nº 1

geral da sua articulação com os órgãos passos largos naquelas que já foram fronteira com
locais. comum “A vida faz-se nos municípios”. pejorativamente chamadas de “Terras a RDC.
toneladas. de ouro na história de Angola, ao
descerrar a placa da nova estação da
104 NOSSO PITÉU
Particularidades regionais e étnicas da

90
do Fim do Mundo”.
24 DINÂMICA MAT 41 CADERNO FAS 86 LUANDA EM FOCO antiga Vila Teixeira de Sousa. O comboio
do CFB chegou, finalmente, ao Luau, na
gastronomia angolana.
Sob a égide do Ministério da
Administração do Território, começou
A Nossa Terra faz o levantamento, por
inteiro, das actividades da primeira
73 LOCAIS A capital angolana tem novo paradigma
administrativo que é, no fundo, a fronteira com a RDC.
Paraíso turístico do Okavango/Zambeze antecâmara do futuro Plano Director
a discussão pública da proposta de instituição angolana envolvida no começa a atrair investimentos.
Lei Orgânica sobre a Comissão de combate à fome e à pobreza: o Fundo de Geral Metropolitano.
Moradores. Apoio Social.

06 16 20

nossaterra#01
Propriedade
Ministério da Administração
do Território
Edição
Gabinete de Efemérides
e Eventos Institucionais
IFAL promete Director
consolidar-se MAT actualiza Severino Carlos
como instituição forais das (severinocarlos4@gmail.com)

de referência cidades. Um Redacção


A população
em matéria de processo Erineu de Jesus, Euclides Tandala,
angolana disparou Mirene Cruz, Rui Kandove, Severino
conhecimento e que deverá
para 24 milhões. Carlos e Valdemiro da Conceição
boas práticas na conduzir a
Luís Filipe Colaço,
África Austral. mais ajustes Colaboradores
credenciado Guilherme Silva, Lourenço Manuel
na divisão
especialista e Sérgio Dias (nesta edição)
político

41
em demografia
administrativa Colunistas
angolana, avalia Ismael Mateus e Jaime Azulay
do país
até onde pode
Fotografia
os resultados
Joel Benjamin, Inok Cristina,
preliminares do Pinto Zembula e Carlos Roque
Censo 2014
Revisão
Em Caderno Felisbela Ceita
Especial, o Projecto gráfico
Nossa Terra faz e direcção de Arte
o levantamento, Carlos Roque
por inteiro, Periodicidade
das actividades Trimestral/Maio 2015
da primeira Impressão
instituição Damer Gráficas, SA – Luanda,
angolana Talatona
envolvida no Tiragem
combate a fome 5 mil exemplares
e a pobreza: o
Distribuição
Fundo de Apoio Centro de Documentação
Social. e Informação
Endereço
Rua do MAT, Complexo
Administrativo “Clássicos
de Talatona”, Luanda

Depósito legal: MCS-746/B/2015


nossaterra#23
destaque

SOMOS
24 MILHÕES
Luís Filipe Colaço, credenciado
especialista em demografia
angolana, tira as meças ao dado que
pode ajudar a empurrar a locomotiva
do desenvolvimento no país 27
O

nossaterra#01
destaque
Censo 2014 trouxe à tona o que já se aos resultados desses Inquéritos, estender a
suspeitava: o crescimento disparado população registada eleitoralmente em 2008
Quadro1 Diferencial da População. Censo 2014
da população angolana, agora fixa- e 2012, de 18 anos e mais, para o total da po- Projecção 2014 = 2 195 161
da, segundo os dados preliminares pulação da nascença à sua extinção, obten- POPULAÇÃO
PROVÍNCIAS POP TOTAL 2012 P0PULAÇÃO 2014 POPULAÇÃO
já avançados, em mais de 24 milhões. do os resultados que a seguir apresento (ver R.E.-MAT/CNE
O que isso tem de revigorante ou de pernicio- Quadro 1): 18 anos e + (2012) Estimativa Estimativa CENSO 2014
so para Angola ainda não pode ser integral- BENGO 140 987 352 468 378 024 351 579
mente avaliado. Contudo, um dos maiores Nos próximos anos vamos continuar a ob-
BENGUELA 898 301 1 871 460 1 987 185 2 036 662
especialistas em demografia no país, Luís Fi- servar o crescimento da população?
BIÉ 560 298 1 218 039 1 295 948 1 338 923
lipe Colaço dá-nos algumas pistas enquanto Vamos com certeza. Para responder con-
Va l d e m i r o D i a s

aguardamos pela divulgação dos resultados cretamente a esta pergunta, veja-se o Quadro CABINDA 205 691 447 154 479 577 688 285
definitivos pelo Instituto Nacional de Esta- sobre a Evolução da População de Angola e CUANDO CUBANGO 195 277 424 515 451 668 510 369
tística (INE). Antigo director do próprio INE, Luanda que mostra claramente que a evolu- CUANZA NORTE 163 953 356 420 379 217 427 971
professor universitário reformado, actual ção da população de Angola e em maior es- CUANZA SUL 595 192 1 239 983 1 319 296 1 793 787
director da Prosensus-Angola, físico e demó- cala a de Luanda, crescem exponencialmente
CUNENE 325 657 740 130 793 795 965 288
grafo, eis as credenciais de Luís Colaço. há seis décadas, e que esse crescimento expo-
HUAMBO 747 253 1 624 463 1 728 368 1 896 147
nencial levará no mínimo mais uma década
Em termos de expectativas do crescimen- para abrandar, para atingirmos aquilo que HUÍLA 976 826 2 123 535 2 277 508 2 354 398
to demográfico esperava este resultado do em demografia chamamos a “Transição De- LUANDA 2 845 543 5 928 215 6 358 059 6 542 944
Censo de 2014? mográfica”, dado que os fenómenos demográ- LUNDA NORTE 399 707 726 740 764 001 799 950
Para ser franco, eram os resultados espe- ficos ligados à dinâmica populacional (nas- LUNDA SUL 180 025 391 359 416 391 516 077
rados globalmente por mim, tanto a nível Tive a oportunidade de dirigir, enquanto Di- cimentos, óbitos e migrações) revelam uma MALANJE 348 097 740 632 788 004 968 135
nacional como das províncias. Os resultados rector do INE e Coordenador do Gabinete Cen- grande inércia, ou seja, acções de políticas de
MOXICO 282 337 613 776 653 035 727 594
preliminares do CENSO 2014 de que disponho tral do Censo, em 1983/84, em pleno período população tomadas hoje só surtirão efeito no
NAMIBE 170 174 369 943 393 606 471 613
são globais e por isso não me permitem ainda de guerra em várias províncias o que impedia mínimo 10 anos depois!
avaliar e analisar exaustivamente os dados a realização dum Censo Geral da População, Desde os anos 60 que Angola quase duplica UÍGE 533 598 1 159 996 1 234 192 1 426 354
da população por idade e sexo (ano a ano) e os Censos Gerais da População das províncias a sua população todos os 20 anos, enquanto ZAIRE 221 181 460 794 490 267 567 225

LUANDA
por grupos etários. Espero ansiosamente pe- de Cabinda, Zaire, Uíge, Luanda e Namibe e para Luanda a sua população quase duplica TOTAL 9 790 097 20 789 621 22 188 140 24 383 301
los resultados definitivos, até para saber se dos Municípios de Malanje, Benguela, Lobito, todos os 10 anos. Ou seja, Luanda cresce há
as hipóteses que concebi para as inúmeras CRESCE Baía Farta, Huambo, Cuíto e Lubango. cinco décadas quase duas vezes mais depres-
Obs: As estimativas da População em 2012 e 2014 foram calculadas com base nos dados do Registo
Eleitoral actualizado de 2012, e traduzem portanto apenas os cidadãos nacionais. Os estrangeiros não
HÁ CINCO
projecções da população do país que elaborei Essa minha experiência profissional permi- sa que Angola no seu conjunto (ver Quadro 2).
constavam do Registo Eleitoral. Para além de possíveis desvios consequentes das hipóteses aplicadas para a
ao longo destes 40 anos, 13 dos quais como te-me compreender as enormes dificuldades Quando o INE publicar os dados definitivos elaboração das estimativas, o diferencial pode significar, eventualmente, a população estrangeira presente
Director do Instituto Nacional de Estatística e DÉCADAS técnicas e logísticas, os sacrifícios pessoais, a do CENSO de 2014 ficaremos a conhecer com e que foi recenseada no CENSO 2014.

QUASE DUAS
os restantes como pesquisador e docente uni- paciência e o elevado espírito de equipa que
versitário, foram ou não corroboradas pelos deve ter envolvido todos os órgãos e agentes
Quadro2 Pólos de Atracção das Migrações
resultados do CENSO 2014.
Quero aproveitar esta oportunidade para
VEZES MAIS que realizaram este Censo de 2014 para pode-
Província População
rem levar a bom termo o seu trabalho.
felicitar o INE, sua Direcção, quadros técni- DEPRESSA Os resultados preliminares globais do CEN- Luanda 6 542 944
cos, trabalhadores, agentes recenseadores e
supervisores pelo grandioso trabalho desen-
QUE ANGOLA SO 2014, a nível do país e das províncias não
foram muito diferentes daqueles que eu pre-
Huíla 2 354 398

volvido, tanto a nível dos Gabinetes Central, NO SEU via, porque na ausência, antes de 2014, dum
Benguela
Huambo
2 036 662
1 896 147
provinciais e comunais, como no terreno, sem
o qual não teria sido possível realizar com
CONJUNTO” CENSO GERAL DA POPULAÇÃO, elaborei
várias Projecções da População, sobretudo
C. Sul 1 793 787
tanto sucesso o CENSO 2014. Saúdo igual- para 2010, 2012 e 2014, com base nos Dados do Uíge 1 426 354
mente, com muito apreço, a colaboração da Registo Eleitoral do Ministério da Administra- Bié 1 338 923
população residente no país, que manifestou ção do Território/Comissão Nacional Eleitoral Malanje 968 135
enorme sentido de cidadania atendendo com e nos diferentes inquéritos socio-demográfi- TOTAL 18 357 350
respeito e simpatia os agentes recenseadores cos e eleitorais, nacionais e provinciais que re- % Angola 75%
e respondendo a todas as questões colocadas alizei em 2008, 2010, 2011, 2012 e 2014, que me
08 nos questionários. permitiram, sob várias hipóteses subjacentes Fonte: INE, CENSO 2014 09
nossaterra#01
Quadro3 Evolução da População (1940-2014)
destaque
fes, como por exemplo o Congo Democrático. e que por vergonha escondem a sua desgra-
Se os factores exógenos podem ser anali- ça inventando uma vida de sucesso.
sados e posteriormente ajustados por via de O que pode fazer o Estado? Ano Luanda Angola %
instrumentos jurídicos, por exemplo uma ¥ Diminuir paulatinamente os níveis de re- 1940 61 028 3 738 010 1,63%
revisão da Divisão Político-Administrativa, pulsa dos Polos de Repulsão criando nas 1950 141 647 4 145 266 3,42%
já os factores endógenos dependem exclusi- áreas de origem postos de trabalho, melho-
vamente do conhecimento, comportamento rar as condições de vida através do abas- 1960 224 540 4 830 449 4,65%
e atitude das famílias e dos indivíduos, que tecimento de água potável e de energia, a 1970 475 328 5 620 001 8,46%
são livres nas suas decisões de migrar, de pro- construção de habitações populares con- 1983 923 842 7 632 455 12,10%
criar, de educar os seus filhos e de lhes facul- dignas, promover a abertura e desenvol-
2000 3 100 000 13 134 000 23,60%
tar os cuidados primários de saúde quando vimento de postos de saúde e de escolas,
eles estão disponíveis, e de procurar melhores apoiar a agricultura, pecuária, o pequeno 2005 4 110 000 15 300 000 26,90%
condições de segurança para a família. comércio, a indústria artesanal ou a peque- 2010 5 348 000 17 950 000 29,80%
Em minha opinião e de acordo com a mi- na indústria familiar, facilitar o acesso aos
2012 5 928 215 20 789 621 28,50%
nha experiência de estudos demográficos principais serviços públicos e aos serviços
tanto em Angola como noutros países africa- bancários, desenvolver e facilitar o uso das 2014 6 543 000 24 383 000 26,80%
nos, as migrações são um factor determinante telecomunicações móveis, da Rádio, da TV,
dos desequilíbrios existentes na distribuição etc. Procurar o apoio das instituições da so- Obs: Os dados de Angola e Luanda de 1940, 1950, 1960, 1970 e 2014 são dos Censos da População. Os de 1983,
2000, 2005, 2010 e 2015 são projecções do Prof.Dr. Luís Filipe Colaço. Os dados de Luanda de 1983 são do Censo da
espacial das populações num território. ciedade civil e das igrejas nestas acções.
População de Luanda.
As migrações resultam da existência no ¥ Diminuir gradualmente os níveis de atrac-
exactidão, para todas as províncias, municí- espaço territorial de dois pólos e de variáveis ção dos Polos de Atracção não facilitando
pios e comunas, com clareza e fiabilidade, as que interagem com eles: alojamento e emprego aos novos migrantes
variáveis que compõem o fenómeno do cres- em detrimento dos mais antigos, informan-
cimento da população e que são a natalidade, ¥ Um pólo de Atracção, que será o local ou do convenientemente e massivamente das
a mortalidade e as migrações (internas e in- área de destino da migração; dificuldades de vida nos grandes centros
ternacionais) para então podermos estimar ¥ Um Polo de Repulsão que é o local ou espa- urbanos e nas zonas urbanas do litoral e de
as taxas anuais de crescimento populacional
para o território e, sob várias hipóteses, elabo- TANTO EM
ço de vida da família ou do indivíduo onde
faltam condições de vida, de trabalho, de
fácil comércio, informar sobre o aumento
da criminalidade e delinquência entre os
EM ANGOLA,
rarmos as Projecções para o futuro. ANGOLA COMO saúde, de educação, de segurança, entre ou- jovens imigrados que não se integraram na AS CRIANÇAS
Apesar do aumento da população con- NOUTROS
tros;
¥ A distância entre os dois pólos;
sociedade por falta de instrução e de qualifi-
cação, combater o uso excessivo de bebidas
SÃO POR VEZES
tinuamos a ter contraste em termos da PAÍSES AFRI- ¥ Existência ou escassez de vias e meios de alcoólicas e de drogas com que são aliciados OBRIGADAS
distribuição espacial da população. Como
se pode ajustar este para buscar um certo CANOS, AS MI-
acesso entre os dois pólos, como estradas,
pontes, meios de transporte, etc.
os jovens migrantes e procurar integrar atra-
vés da formação profissional e da educação
A PARTICIPAR
equilíbrio? GRAÇÕES SÃO ¥ Informação sobre as condições de vida exis- os que insistem em permanecer no destino COM O SEU
Os contrastes da distribuição espacial da
população em Angola são fruto de factores UM FACTOR
tentes no destino pretendido obtida através
de familiares ou amigos que já migraram,
desejado. Procurar o apoio das instituições
da sociedade civil e das Igrejas nestas acções.
TRABALHO NO
exógenos, resultantes da própria concepção DETERMINANTE de notícias e informações obtidas pela Rá- De acordo com os resultados preliminares EQUILÍBRIO
e estabelecimento da Divisão Político-Admi-
nistrativa do país e de factores endógenos, DOS DESE-
dio, Jornais, Revistas ou TV.
¥ Existência da Utopia da Migração, a ideia
do CENSO 2014 das 18 províncias do país pos-
so definir as 7 principais províncias de destino
DO DÉBIL
que no aspecto demográfico dizem respeito
QUILÍBRIOS de que vai de certeza encontrar na área de das migrações, por ordem decrescente, onde ORÇAMENTO
a diferenciais de natalidade e mortalidade
(sobretudo infantil e infanto-juvenil) no ter- EXISTENTES NA
destino o que sonhou ou imaginou e que
vale a pena correr os riscos de emigrar. Mui-
residem 75% da população de Angola, sendo
os respectivos municípios sede os Pólos de
FAMILIAR
ritório e sobretudo migrações internas e in-
ternacionais que ocorrem devido à procura
DISTRIBUIÇÃO tas vezes, a Utopia da Migração resulta da
manipulação da informação recebida, que
Atracção, conforme mostra o mapa (ver Qua-
dro 3):
de melhores condições de vida das famílias, ESPACIAL DAS pode ir da “oferta” de bom emprego que O que acabei de expôr pode explicar a razão
acrescidas nos últimos 30 anos da instabi-
lidade político-militar derivada da guerra e
POPULAÇÕES posteriormente se revela exploratório ou de
proxenetismo, à informação deturpada dos
da “urbanização galopante” do país, com as
consequências negativas que daí podem advir
falta de segurança das pessoas e bens, não só familiares ou amigos que emigraram, falha- para a autos-suficiência alimentar. Segundo
10 em Angola como também nos países limítro- ram na aventura, não realizaram os sonhos o INE, os resultados preliminares do CENSO 11
final que se aproxima dos 7 filhos por mulher por um habitat defeituoso e insalubre, que es-
no termo da sua vida genésica. Tal facto é uma capava até muito recentemente ao controlo
consequência do chamado “Valor Económico público e à planificação urbana. Do ponto de
da Criança”. Enquanto que nas sociedades vista cultural este sector é caracterizado pela
economicamente desenvolvidas a criança é existência de grupos sociais heterogéneos,
um “bem de consumo social”, com elevados em diferentes estados de aculturação urba-
custos para a família em educação, saúde e na, cuja interacção cria diferentes modelos de
bem-estar, implicando taxas de natalidade comportamentos e atitudes: sincretismo reli-
reduzidas, nos países pobres ou em vias de gioso, diferentes formas de poligamia, passa-
desenvolvimento como Angola, ela represen- gem da família alargada à família nuclear, no-
ta um “investimento produtivo”, sendo obriga- vas representações de normas e valores, etc.
das a participar com o seu trabalho no equilí- Isto leva-nos a supor que o comportamen-
brio do débil orçamento familiar (vendedores to das diferentes variáveis demográficas, tais
ambulantes/similares), na protecção e ajuda como a fecundidade, a mortalidade, a nup-
aos irmãos mais novos e garantindo mais cialidade e as migrações, será igualmente
tarde uma assistência social digna na velhice diferenciado no espaço urbano e periurbano
dos pais. Daí as altas taxas de natalidade ob- de Luanda e segundo o tempo de residência
destaque

2014, indicam que 62,3% da população do País Comissão Económica para África das Nações servadas em Luanda em 1983 e que o CENSO na província. Esperemos pelos resultados do
é urbana contra apenas 37,7% rural. Unidas, com sede em Addis Abeba. de 2014 seguramente confirmará, que impli- CENSO 2014 para melhor apreender, com-
Por não ter conhecimento da definição do Angola tem 24 milhões e 600 mil habitan- cam um crescimento natural exponencial da preender e avaliar o estado e a dinâmica da
conceito “POPULAÇÃO RURAL” que o INE es- tes, dos quais mais de seis milhões apenas sua população que acrescida da chegada dos população de Luanda e as disparidades e de-

nossaterra#01
tipulou para a classificação das vilas e aldeias em Luanda. Comente o caso da Província migrantes nacionais e internacionais levam a sigualdades culturais, económicas e sociais O crescimento
segundo o tipo de habitat do universo recen- de Luanda. que Luanda tenha atingido a cifra de mais de encontradas no seu espaço geográfico. demográfico de
Luanda, foi fruto
seado, não posso fazer uma avaliação mais
completa sobre este tema, comparando estes MEDIDAS Como atrás foi referido, a julgar pelos re-
sultados dos diferentes Censos Populacionais
6 milhões e quatrocentos mil habitantes em
Maio de 2014. O Bengo com 351.579 habitantes é a região até aos nossos
resultados com os de outros Censos ou Inqué- URGENTES realizados desde 1940, pelo Censo Populacio- O restabelecimento das vias de comunica- onde reside menos pessoas do país, contra- dias dum sector
marginal em
DEVERÃO SER
ritos e dados de outros países africanos. nal de Luanda de 1983, pelo recente CENSO ção rodoviárias fruto dos Acordos de Paz de riamente à capital do país – Luanda. Que
expansão galopante,
Por ter participado em vários Censos da Po- de 2014, e pelos Inquéritos demográficos de 2002, a desminagem das estradas e caminhos, análise faz deste facto?
fisicamente
pulação em África e América Latina posso no IMPLEMEN- Luanda dirigidos por mim no intervalo in- o surgimento de novos bairros sociais nos no- A província do Bengo foi criada por Lei na 1ª
definido por um
TADAS PARA
entanto adiantar que os Conceitos de Urbano tercensitário (1983-2014) pode-se estimar que vos municípios e centralidades da província Revisão da Divisão Político-Administrativa do habitat defeituoso
e Rural variam significativamente segundo os Luanda quase duplica a sua população todos de Luanda e o próprio reagrupamento fami- País (DPA), logo após a independência, creio e insalubre, que
países. Cito a título de exemplo este pequeno QUE ESTA os 10 anos. liar aceleraram os fluxos migratórios para a que em 1976, que criou igualmente as pro- escapava até muito

MEGALÓPOLE
extracto do Artigo REFLEXÕES SOBRE OS Esse crescimento deriva de dois factores: o capital, cuja taxa de crescimento prevejo ser víncias da Lunda Norte e da Lunda Sul e fez recentemente ao
CONCEITOS DE RURAL E URBANO: IMPAC- crescimento natural, traduzido pelo saldo en- elevada, enquanto que para algumas Provín- alterações na província de Malanje, designa- controlo público
TOS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEI- (LUANDA) NÃO tre nascimentos e óbitos e as migrações inter- cias do interior que não são importantes Po- damente no que se refere ao município de Xá e à planificação
urbana.
AGRAVE AINDA
RAS, dos especialistas e académicos brasilei- nas e internacionais para Luanda. Só quando los de Atracção ela se prevê ser residual ou Muteba, entre outras disposições de carácter
ros Cláudia Chies, Sandra Yokoo e Pollyana o INE publicar os dados definitivos do CENSO mesmo nula. técnico.
Iranzo, “…também se considera que a concei-
tuação de rural e urbano no Brasil, dada pelo
MAIS O JÁ 2014 contendo todos os dados sobre essas
variáveis cruciais demográficas, estaremos
Luanda é hoje o grande desafio demográfi-
co para os planificadores e gestores urbanos,
Fiz parte, com muito orgulho, em repre-
sentação da Comissão Nacional do Plano
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística GRANDE PESA- em condições de calcular de maneira cienti- bem como para os decisores políticos. Medi- (posteriormente Ministério do Planeamento
(IBGE), apresenta grandes limitações, e que
apesar de os pesquisadores da temática reco-
DELO DE QUEM ficamente válida qual a proporção do cresci-
mento de Luanda derivada do crescimento
das de carácter técnico, institucional, político
e social de gestão do espaço nacional no seu
e Coordenação Económica), da Comissão in-
terministerial criada para propor a nova DPA
nhecerem este facto, os mesmos não apresen- AQUI VIVE E natural e a percentagem que é consequência geral e do espaço urbano da província de Lu- e recordo-me que pesados factores de ordem
tam consenso em seus entendimentos quanto
à relação rural/urbano”.
TRABALHA” dos movimentos migratórios internos e inter-
nacionais e suas origens.
anda foram promulgadas, mas terão que ser
urgentemente implementadas para que esta
político-militar, muito importantes e decisi-
vos na altura, pesaram nas decisões então to-
Nos Censos Regionais que dirigi em Ango- No entanto, convém ressaltar que as ele- megalópole não agrave ainda mais o já grande madas. Recordo-me igualmente que se previa
la enquanto fui Director do INE (1976-1987) e vadas taxas de mortalidade infantil (0-1 ano) pesadelo de quem aqui vive e trabalha. na altura repor na província do Bengo, na cha-
nos Inquéritos demográficos que posterior- e infanto-juvenil (0-4 anos) observadas em O crescimento demográfico de Luanda, foi mada área da Tentativa, a produção da cana-
mente realizei, optei por utilizar os conceitos Luanda, implicam altas taxas de fecundidade fruto até aos nossos dias dum sector marginal -de-açúcar, com apoio da assessoria cubana,
12 recomendados pela Divisão de Estatística da que estimo conduzirem a uma descendência em expansão galopante, fisicamente definido e implementarem-se importantes projectos 13
agro-pecuários na bacia do Kwanza-Bengo. do meio de habitat, etc. terão que ser calcula- ou país de origem da migração, segundo a
No entanto, a situação de segurança de pesso- dos para posteriormente serem tidos em con- nacionalidade, o ano de migração e tempo
as e bens agravou-se com o passar do tempo, ta pelos decisores políticos, governamentais, de residência na província actual.
a população com mais qualificação imigrou empresariais, investigadores e académicos, ¥ Características Económicas: distribuição
para Luanda, os projectos agrícolas não se entre outros. do rendimento das famílias (AKZ) e apre-
concretizaram e na província ficou essencial- Cito a título de exemplo: sentação das respectivas média e mediana;
mente a população camponesa e a mais enve- distribuição da população de 10 anos e mais
lhecida. ¥ Fecundidade: segundo o sexo e tipo de ocupação (activa,
A província dispõe de muitos recursos na- não activa, aposentados, outros); estrutura
turais, mas que para serem explorados ne- ISF = Índice Sintético de Fecundidade, que por sexo e idade da população de 10 anos e
cessitam de estudos de viabilidade, investi- representa a descendência final (ambos os mais não-produtiva – estudantes, desem-
mentos públicos e privados, quadros técnicos, sexos) das mulheres em idade de procriar, pregados, domésticos, militares, outros; es-
gestores capacitados, etc. que não são fáceis no momento. trutura por sexo da população produtiva –
de atrair, mobilizar e fixar, como os seguintes: empresário/profissão liberal, trabalhador por reflectidos no Plano Nacional de Desenvolvi-

nossaterra#01
Paridez média = Nº médio de filhos por conta própria, camponês/pescador, vendedor mento (PND) para 2013-2017, que iniciou um
¥ Agricultura: algodão, ananás, mandioca, mulher no termo da sua vida genésica. É ambulante/similar, funcionário público e em- novo ciclo da história e experiência do sistema
banana, rícino, feijão, goiaba, mamão, cana- um indicador retroactivo de fecundidade. pregado; cálculo das principais Taxas das Ca- de planeamento de Angola e que é o primeiro
-de-açúcar, sisal, goiaba, café, massambala, racterísticas Económicas da População: plano de médio prazo elaborado no quadro da
palmeira de dendém, hortícolas e citrinos. TBR = Taxa Bruta de Reprodução, indica- nova Constituição do País e após a aprovação
¥ Pecuária: carne bovina
¥ Pesca
-nos a descendência final feminina por
mulher, no momento.
¥ Taxa Real de Dependência (TDR): É a rela-
ção entre a população de 0-14 anos mais a
LUANDA É da Lei de Bases Gerais do Sistema Nacional de
Planeamento, situando-se no meio-percurso
¥ Minérios: urânio, quartzo, feldspato, gesso, população de 65 anos e +, e os efectivos real- HOJE O da Estratégia Nacional de Desenvolvimento
enxofre, caulino, asfalto, calcário-dolomite,
ferro e mica.
TBN = Taxa Bruta de Natalidade é a razão
entre o número de filhos nascidos vivos nos
mente activos dos 15- 64 anos;
¥ Taxa Demográfica de Dependência (TDD):
GRANDE de Longo Prazo “Angola 2025”.
Os Dados Finais do CENSO 2014, o respec-
¥ Indústria: materiais de construção e uma últimos 12 meses e a população total média É a relação entre a população de 0-14 anos DESAFIO tivo estudo e análises, quando estiverem con-

DEMOGRÁFICO
fábrica de refrigerantes. em idêntico período. mais a população de 65 anos e +, e a popula- cluídos e publicados, o que levará o seu tempo,
ção dos 15- 64 anos; irão com certeza contribuir para o ajustamen-
Em minha opinião a província do Bengo é ¥ Mortalidade: Taxa Bruta de Mortalidade; ¥ Taxa de Actividade (TA): É a relação entre o PARA OS to de algumas variáveis e indicadores, com a
destaque

Indicadores muito
PLANIFI-
fruto das condições exógenas de sua criação Quociente de mortalidade por sexo e idade número de indivíduos que trabalham (acti- possível revisão de metas, que serviram de
importantes, atrás referidas e o seu ajuste demográfico em (probabilidade de sobrevivência); vos) dos 15-64 anos e o número total de efec- base à elaboração do PND 2013-2017 e ao do-
agrupados segundo
o sexo e os escalões
relação ao todo nacional terá que provir de ¥ Características do Agregado familiar: com- tivos da população dos 15-64 anos; CADORES E cumento da Estratégia Nacional de Desenvol-

GESTORES
factores igualmente exógenos. Caberá aos de- posição do agregado por sexo e idade, sua ¥ Taxa de Dependência dos Jovens (TDJ): É a vimento de Longo Prazo “Angola 2025”.
etários, referentes cisores políticos avaliar a melhor solução. estrutura e dimensão e respectivos parâ- relação entre a população de 0-14 anos e a
à fecundidade,
mortalidade
metros de tendência central: média, media- população dos 15- 64 anos; URBANOS, Como poderão estar reflectidos os resulta-

BEM COMO
Estão criadas as condições para elaborar na e moda. ¥ Taxa de Dependência dos Idosos (TDI): É dos do CENSO 2014 no presente OGE 2015?
infantil, infanto-
melhor as políticas públicas? ¥ Grau de parentesco com o chefe de família a relação entre a população de mais de 65 Como se sabe, o INE ainda só publicou os
juvenil e adulta,
migrações internas
O CENSO 2014 da População e Habitação segundo o sexo. anos e a população dos 15- 64 anos; PARA OS Dados Preliminares do Censo, muito globais

DECISORES
foi realizado em Maio de 2014, apenas foram ¥ Características da Educação e Cultura: índi- ¥ Proporção de Cidadãos Produtivos: É a re- e genéricos, enquanto o Orçamento Geral do
e internacionais,
características publicados os Dados Preliminares, muito glo- ce de literacia (capacidade de ler e escrever lação entre o efectivo da população entre os Estado (OGE) de 2015 foi preparado com mui-
económicas e bais, e teremos de esperar pela publicação dos
dados definitivos e respectivas análises deta-
da população de mais de 5 anos), sua distri-
buição por sexo e idade; distribuição da po-
15-64 anos que trabalha e a população total
dessa mesma faixa etária.
POLÍTICOS. ta antecedência, aprovado na generalidade no
dia 25 de Fevereiro, esteve em discussão nas co-
da educação, da
saúde, da cultura, lhadas, para tirar as importantes e necessá- pulação matriculada num estabelecimento ¥ Proporção de Cidadãos Não-Produtivos: É a missões de especialidade do Parlamento com
da habitação, do rias ilações. Esse trabalho deverá levar ainda de ensino por sexo e idade; distribuição da relação entre o efectivo da população entre os membros do Executivo, tendo o Orçamento
meio de habitat, algum tempo a ser produzido. população pelo nível de ensino que frequen- os 15-64 anos que não trabalha e a popula- Geral do Estado Revisto 2015, ido a votação fi-
etc. terão que ser Indicadores muito importantes, agrupados ta ou o mais alto que completou, por sexo e ção total dessa mesma faixa etária. nal nos finais de Março de 2015. Não teria nun-
calculados para segundo o sexo e os escalões etários, referen- idade; proporção da população de mais de 5 ca sido possível os dados recolhidos no CENSO
posteriormente tes a fecundidade, mortalidade infantil, infan- anos que fala português e as principais lín- Que desafios económicos e sociais se im- 2014, que não estão ainda processados, analisa-
serem tidos em to-juvenil e adulta, migrações internas e in- guas nacionais, por sexo e idade; põem agora para o Executivo Angolano dos e publicados, terem sido considerados na
conta
ternacionais, características económicas e da ¥ Migrações: Estrutura da população migran- face ao resultado do Censo 2014? elaboração do OGE de 2015. Talvez isso venha a
14 educação, da saúde, da cultura, da habitação, te por sexo e grupos de idade, por Província Os desafios são os mesmos, já conhecidos e ser possível para o OGE de 2016. 15

nt
Projectado Plano
M
ais de 300 altos dirigentes e fun-
pordentroIFAL
cionários da Administração Local
do Estado serão formados ao lon-

Estratégico Geral go do ano lectivo em curso pelo


Instituto de Formação da Admi-

para 2015-2019
nistração Local (IFAL), em matérias ligadas
às suas áreas de actuação, para o melhora-
mento da suas performances – anunciou  em

Mais academia
Luanda o Director Geral Adjunto desta insti-
tuição para a área de formação, Albano Car-
los.
Este número consta de um total de mais de

de liderança
quatro mil funcionários que beneficiarão de
acções formativas inseridas no Plano Estra-
tégico Geral 2015-2019 do IFAL, com o qual
Ireneu de Jesus

o instituto pretende assumir-se, definitiva-


mente, como instituição de referência em
IFAL promete levar mais governadores provinciais matéria de conhecimento e boas práticas na
aos “bancos da escola” e consolidar-se como região austral de África.
Uma vez mais, tais cursos serão dirigidos
instituição de referência em matéria de a governadores provinciais, vice-governa-
conhecimento e boas práticas na África Austral dores, secretários provinciais, directores

Formação diversificada

nossaterra#01
provinciais, administradores municipais e
inspectores provinciais. Foram definidas 17 Entre os cursos programados constam os
acções de formação direccionadas à capaci- das categorias transversal, formação inicial,
tação de 360 quadros, dirigentes e responsá- profissionalizante e outros. No que tange à
veis da Administração Local. Para o ano em formação transversal, serão ministradas ma-
curso, as referidas acções formativas terão térias ligadas aos cursos de Atendimento ao
QUATRO MIL início a 4 de Maio e terminarão a 27 de No-
vembro, perfazendo uma carga entre 90 a 150
Público, Actividades e Procedimentos Admi-
nistrativos, Expediente e Circulação de Infor-
FUNCIONÁRIOS horas, num período de três a cinco semanas. mação, Ética e Deontologia e Arquivo destina-
BENEFICIARÃO Durante a abertura do ano lectivo, feita
pelo Secretário de Estado da Administração
do aos funcionários da Administração Local.
Relativamente à formação inicial, destina-
DE ACÇÕES do Território (MAT), Fernando Pontes Perei- da igualmente a funcionários da Administra-

FORMATIVAS ra, Albano Pedro explicou que, tal como nos


anos anteriores, os governadores e os vice-
ção Local, prevêem-se cursos de Introdução
ao Serviço Público para governadores provin-
INSERIDAS NO -governadores frequentarão a Academia de ciais, administradores municipais, técnicos

PLANO ESTRA- Liderança (AL), ao passo que os secretários


provinciais participarão no curso de Apoio
médios e superiores.

TÉGICO GERAL Técnico à Alta Direcção.   Plano estratégico 2015-2019


2015-2019 DO Já os directores provinciais beneficiarão de
programas ligados à Direcção da Administra-
Esse é o programa que consta da agenda do
IFAL, para o quinquénio em referência. Mas,
IFAL ção Local, ao passo que os gestores  munici- afinal, o que é o Plano estratégico? O IFAL
pais e de unidades urbanas I e II, bem como define-o como sendo a sistematização das
os inspectores beneficiarão de programas de actividades do Instituto de Formação da Ad-
Fiscalização e Inspecção. O Director Geral Ad- ministração Local, com vista ao alcance dos
junto do IFAL deu a conhecer também que se- objectivos desse período.
rão desenvolvidos cursos para administrado- O aludido Plano tem a missão de assegurar
res municipais, técnicos médios e superiores o processo de aperfeiçoamento e moderniza-
admitidos recentemente na função pública. ção da Administração Local, através da for- 17
nossaterra#01
Observatório de Boas Práticas dos Santos, aos 3 de Maio de 2002. Tem como
Durante o quinquénio 2015-2019, o IFAL vai missão específica a organização, realização e 
constituir um observatório de boas práticas formação de seminários de aperfeiçoamen-
na Administração Local para identificar po- to técnico e estágios destinados a dirigentes,
líticas inovadoras desenvolvidas por institui- responsáveis, técnicos e funcionários da Ad-
ções em diferentes campos da Administração ministração Local do Estado e Autárquica.
Local, tanto angolanas como internacionais. Ministra cursos de formação técnica e pro-
Com ele, o IFAL pretende assumir uma po- fissional dirigidos ao público em geral em
sição de referência, disponibilizando à Admi- diferentes áreas. Promove igualmente cursos
nistração Local os instrumentos que lhe per- de formação e capacitação para ingresso e
mitam conhecer as entidades que se tornam ascensão na carreira administrativa local, as-
“Centros Líderes” devido ao seu empenho sim como cursos de formação média de Ad-
excelente na adopção e gestão de políticas pú- ministração Local e Autárquica
blicas com impacto local. O seus valores assentam na “competência,
Numa vertente mais abrangente, trata-se responsabilidade e excelência”, tendo tam-
de criar uma Comunidade de Conhecimento bém a incumbência de promover a  melhoria
em Administração Pública na África Austral dos serviços prestados pelos órgãos da Admi-
como espaço de aprendizagem e de inter- nistração Local do Estado e das Autarquias
pordentroIFAL

mação, investigação e assessoria técnica, em tema de conhecimento e o desenvolvimento câmbio de experiências e investigação. O seu Locais aos cidadãos, às comunidades e outras
parceria com organizações congéneres, para de redes de pesquisa em políticas públicas, propósito específico é o reforço da cooperação pessoas colectivas, incluindo os serviços mu-
melhor responder aos desafios da Adminis- em colaboração com escolas, instituições, institucional através da investigação. nicipalizados.
tração Local e Autárquica e melhorar a quali- universidades e académicos versados em Na base de confiança mútua, a comunidade
dade de vida das populações locais. tais domínios. partilhará o conhecimento gerado em maté- Estrutura orgânica
No que concerne à visão para o futuro, o Em termos mais concretos, objectiva-se ria de administração pública e as boa práticas O IFAL é dirigido por um director geral, coad-

NO QUE
IFAL pretende ser uma instituição de refe- construir um banco de inovação e conhe- existentes no estabelecimento de projectos juvado por dois directores gerais-adjuntos,
rência nacional e regional na formação e qua- cimento – no fundo, uma infra-estrutura multilaterais. A ideia é fazer com que a partir que constituem o Conselho Directivo. Além
CONCERNE À lificação de funcionários da Administração onde se englobe uma rede de conexões en- de lideranças inovadoras e transformadoras do Conselho Directivo, há um Conselho Peda-

VISÃO PARA
Pública, liderando os processos de moderni- tre pessoas, facilitando  a sua interacção e de redes de peritos e investigadores se possa gógico e Serviços Centrais de Apoio Técnico e
zação e formação da Administração Local, colaboração. consolidar uma comunidade de conhecimen- Administração.
O FUTURO, O com rigor e excelência nos serviços prestados, Segundo os responsáveis do IFAL, será um to e investigação na África Austral.    Integram-no ainda os departamentos Ad-

IFAL PRETENDE
em parceria com organizações congéneres. sistema de transferência de conhecimentos O IFAL é dirigido por ministrativo e Serviços Gerais, Gabinete de
Sobre os valores a serem adoptados, desta- da instituição. Um repositório on-line que um director geral O IFAL como é Consultoria, Divisão Administrativa e de Ex-
SER UMA cam-se, em primeiro lugar, a aprendizagem permitirá a “geração, captura, acesso e difu- (Ismael Mateus, na Única instituição do género no país, o IFAL é pediente Geral, Secção de Gestão de Recursos
foto), coadjuvado
INSTITUIÇÃO DE
permanente, com responsabilidade, compe- são” de conhecimentos úteis e valiosos para geralmente percepcionado pelo público em Humanos, de Finanças e Orçamento, Patri-
tência, excelência, ética, inovação, abertura e a instituição. Permitirá ligar as pessoas com por dois directores geral como um dos principais “pulmões” do mónio e Transportes, Departamentos para os
REFERÊNCIA profissionalismo. “Responsabilidade, Compe- a informação e conhecimentos, contribuin- gerais-adjuntos,
que constituem o
MAT em matéria de formação. Não é por aca- Assuntos Académicos e Pedagógicos e Divi-
tência e Excelência” continua a ser o lema e do assim para a melhoria da organização. Os so que no ano passado foi distinguido com um são de Formação, Capacitação e Ensino.
NACIONAL E divisa do IFAL. seus usuários serão  trabalhadores e alunos Conselho Directivo. prémio de excelência no domínio das institui- Para o seu melhor funcionamento,  esse
REGIONAL NA Banco de inovação e conhecimento
da instituição.
Além da criação deste banco, o IFAL pers-
Além do Conselho
Directivo, há
ções públicas.
Criado à luz do Decreto-Lei nº 24/02, de 30
instituto conta ainda com áreas de Formação
Académica, Gabinete de Estudos e de Apoio
FORMAÇÃO E Dentro da máxima segundo a qual “a infor- pectiva também  fundar um centro de pes-
um Conselho
Pedagógico e
de Abril, do Conselho de Ministros, este insti- ao Director-Geral, Divisão de Estudos e Assis-
QUALIFICAÇÃO mação e o conhecimento são os principais
activos das organizações”, o IFAL elegeu
quisas cuja missão específica será fomentar
a produção de conhecimentos e actividade
Serviços Centrais
tuto adstrito ao Ministério da Administração
do Território (MAT) está vocacionado para a
tência Jurídica, Secção de Documentação, Co-
operação e Intercâmbios, Secção de Relações
DE FUNCIO- como objectivos gerais do seu Plano Estra- de investigação aplicada à Administração e
de Apoio Técnico e
Administração. formação de quadros para a carreira públi- Públicas, Comunicação e Imagem.
NÁRIOS DA AD- tégico proporcionar conhecimento de alta
qualidade para a tomada de decisões de ges-
Autárquica.
O Plano Estratégico ambiciona também
ca,  execução da política de aperfeiçoamento
e modernização da Administração Local do
O IFAL está representado em Benguela, Hu-
ambo e Lunda-Sul. Prevê criar, para breve, outro
MINISTRAÇÃO tão e para a elaboração de políticas públicas colocar o IFAL como centro de referência em Estado e da Administração Autárquica.   centros regionais no Cuanza-Norte, Uíge e Huíla,
PÚBLICA” relacionadas com o poder local.
Com base nesta estratégia, será promovido
inovação pedagógica, isto é, incorporando as
inovações que facilitam a aprendizagem on-
O IFAL localiza-se em Talatona, município
de Belas (Luanda), tendo sido inaugurado
que agregarão três províncias circunvizinhas,
segundo anunciou  em Ndalatando, o director
18 e impulsionado o estabelecimento de um sis- -line e presencial. pelo Presidente da República, José Eduardo geral-adjunto do IFAL, Samuel Pinocas. 19

nt
dinâmicaMAT

MAT actualiza forais das cidades


SEVERINO CARLOS

nossaterra#01
dicações dadas pelo demógrafo angolano 1.002 habitantes  por quilómetro quadrado.
Um processo que deverá conduzir à melhoria da organização das unidades urbanas Luís Colaço. Em importante entrevista que Indica igualmente os casos da Coreia do
se pode ler nesta edição de arranque da re- Sul que tem 491; a China que tinha 137 habi-

O
O Ministério da Administração do reforma da Administração Local do Estado, vista NOSSA TERRA, ele também se refere à tantes por quilómetro quadrado em 2007 e
Território (MAT) está a proceder a promovendo a sua optimização e autono- necessidade de um ajustamento da divisão Portugal que tem hoje 115, enquanto o Bra-
um estrito inventário e actualização mização de modo a elevar o desempenho político administrativa do país, cuja justifi- sil tem 23,8.
dos Forais das Cidades, documento dos órgãos provinciais e municipais. cação, entre muitos factores, começa pelos Ainda assim, Paulo de Carvalho assinala
que indica os limites de um terri- O aumento da população angolana, san- contrastes de densidade demográfica que que de um modo geral Angola está no bom
tório. Esse trabalho permitirá estabelecer cionado pelos dados preliminares do Cen- se verificam no território nacional. caminho em termos de crescimento popula-
uma classificação mais rigorosa das cida-
des, vilas e povoações existentes no territó-
NO TERRITÓRIO so da População e Habitação realizado em
2014, tornou mais imperiosa a necessidade Baixa densidade populacional
cional, e que isso é à partida benigno para o
país. “Penso estarmos no bom caminho em
rio nacional. Além de servir, por outro lado, ANGOLANO de se completar a actualização dos forais No território angolano há espaços pequenos termos demográficos – um caminho rumo
para melhor definição da estrutura organi-
zativa das sedes capitais.
HÁ ESPAÇOS das cidades para que se possa projectar o
futuro de maneira mais eficiente.
sobrepovoados, de um lado, e vastos espa-
ços despovoados de outro. Mas globalmente
a estabilidade e ao crescimento regular da
população, depois de décadas de guerras e
Está envolvida nessa operação a Direc- PEQUENOS SO- Este é , entretanto, um processo que deve- Angola possui actualmente uma densidade após muitos anos de exportação de mão-de-
ção Nacional de Organização do Território
BREPOVOADOS, rá conduzir, seguramente, a um ajustamen- populacional de somente 19 habitantes por -obra para outras paragens do globo terres-
(DNOT), adstrita ao MAT, que trabalha em
articulação com o Ministério do Urbanismo DE UM LADO,
to da divisão político-administrativa, algo,
de resto, que já anda a ser devidamente
quilómetro quadrado.
E sobre este assunto pronuncia-se tam-
“A DENSIDADE tre”, sentenciou o sociólogo.
Quanto aos efeitos desse crescimento
e Habitação.
E VASTOS amadurecido pelo Ministério da Adminis- bém o sociólogo Paulo de Carvalho que, POPULACIONAL para a estrutura económica e social de An-

EM ANGOLA É
Para delimitação rigorosa de cada unida- tração do Território. A DNOT está a con- referindo-se à densidade populacional em gola, ele assegura que serão benéficos “se
de territorial, estão a ser usados sofistica- ESPAÇOS frontar a base cartográfica já existente com Angola, diz ser “tão baixa que dá dó consta- soubermos fundamentalmente investir na
dos meios tecnológicos de geração recente
DESPOVOADOS
a descrição dos limites geográficos contidos tarmos haver países com com mais de 500 TÃO BAIXA QUE formação dessas pessoas”.

DÁ DÓ”
envolvendo, inclusivamente, cálculo e ob- num documento que data da era colonial, a pessoas por quilómetro quadrado”. “Só a difusão do conhecimento poderá fazer
servação por satélite. DE OUTRO” Portaria nº 18.137-A, de 13 de Dezembro de O sociólogo traz à liça e compara reali- com que aumente o índice de bem-estar e de fe-
Este trabalho também se enquadra num 1971. dades de países como o Bangladesh, por licidade nas famílias angolanas, tanto do meio
20 desígnio mais geral perseguido pelo MAT de Nesse mesmo sentido vão também as in- exemplo, cuja densidade está cifrada em urbano, quanto do meio rural”, rematou. 21

nt
AUTORIDADES TRADICIONAIS
dinâmicaMAT

nossaterra#01
e das comunidades. Outro projecto já deline- xão profunda durante o terceiro encontro na-
ado prende-se com o estudo em torno das co- cional das autoridades tradicionais, incluindo

Quadro geral da sua articulação


munidades étnicas minoritárias em Angola. a emissão de uma legislação das autoridades
Por razões de vária ordem, as comunidades tradicionais para melhor delimitar a sua actu-
étnicas, em Angola, sejam elas ditas “bantu” ação e revisão da política de continuidade ou
ou “não bantu”, carecem ainda de estudos; ou não da actual modalidade de pagamento de

com os órgãos locais ATÉ AO MO-


seja, requer-se um olhar especializado e sé- subsídios às autoridades tradicionais. Uma
rio que, partindo, do “interior”, reflicta sobre reflexão idêntica deve ser feita à volta da uti-
questões várias, entre as quais, aquelas que se lização do uniforme comum para todas as au- MENTO FORAM
prendem com o poder (seja este identitário, de
género ou, ainda, de origem de pertença).
toridades tradicionais.
Recorde-se que, no desígnio de conferir
CADASTRADAS
O assunto ganha interesse numa altura em que o MAT esboça medidas que irão Um dos objectivos desse estudo é o de ma- maior dignidade às autoridades tradicionais NO PAÍS 8.306
melhorar o relacionamento com estes entes locais e conferir-lhes maior dignidade pear os grupos étnicos, particularmente os
minoritários, e fornecer dados que permitam
foi criada, no novo edifício que alberga o MAT,
nos “Clássicos de Talatona”, em Luanda, uma AUTORIDADES
ainda, existe o Chefe de Zona ao nível das al- ao Estado responder, eficazmente, em prol do área de trabalho que lhes está exclusivamente TRADICIONAIS,
DESIGNAÇÃO
deias. Basicamente, os chefes de zona mais desenvolvimento das comunidades. Perceber reservada , equipada, inclusivamente, com as
os coordenadores funcionam como adjuntos os modelos de participação das Autoridades novas tecnologias de informação.
dos sobas e articulam-se directamente com Tradicionais, de acordo com a diversidade Só este aspecto diz bem sobre o quão longe QUE NO SISTE-
MA DE PODER
os regedores. É a este conjunto de chefaturas cultural, na mitigação e resolução de confli- o Executivo pretende ir para melhorar a vida
tradicionais a quem o Executivo atribui sub- tos, dentro e fora das comunidades que repre- e dignificar as autoridades tradicionais. No
sídios mensais. Inicialmente só os regedores sentam, constitui, também, uma preocupação mesmo âmbito, de resto, é que o MAT também TRADICIONAL
EM ANGOLA
é que recebiam tais subsídios e isso criou em torno de um projecto a desenvolver, em está a verificar outros mecanismos de incen-
tensões e ressentimentos, o que levou a que o parceria com áreas departamentais de insti- tivo que poderão passar por eventuais trocas
Executivo revisse rapidamente esta situação, tuições congéneres. de experiência entre os reinos nacionais e in- ABRANGE OS
REIS, SOBAS E
passando a atribuir subsídios a todos. A cons- Os subsídios atribuídos às Autoridades ternacionais.
tatação actual do MAT é de que continuam a Tradicionais, bem como o modo como, nal-
existir conflitos à volta dos subsídios e fardas. guns lugares, são distribuídos constituem Mais de 8 mil no cadastro SEKULOS”

A
questão das Autoridades Tradicio- A atribuição de subsídios mensais tem estado uma preocupação do Executivo. O MAT Até ao momento foram cadastradas no país
nais e Comunidades Tradicionais na origem do surgimento exponencial de “no- pretende que os Governos Provinciais pro- 8.306 autoridades tradicionais, designação
em Angola tem vindo, nos últimos vas” autoridades tradicionais com elevadas cedam, com urgência, à abertura de contas que no sistema de poder tradicional em An-
tempos, a preencher uma parte sig- expectativas de ganharem mais subsídios do bancárias para todas as Autoridades Tradi- gola abrange os Reis, Sobas e Sekulos. A cifra
nificativa da agenda política, a nível Executivo sem no entanto estar claro qual o cionais. Um exemplo concreto desta medida tenderá a subir porquanto o cadastramento é
das instituições do Estado, como das organi- seu real papel. é o estudo conjunto com o Governo do Cuan- um processo que continua a fazer-se. Alguns
zações da sociedade civil, no quadro de um OS CHEFES DE Na sua agenda para este ano, o Ministério za-Norte com vista à abertura de um banco, dados disponíveis no Ministério da Adminis-

ZONA MAIS OS
debate que procura equacionar o problema da Administração do Território (MAT) elen- no Município da Banga. tração do Território, referentes às províncias
do enquadramento e/ou adequação destas cou, particularmente, actividades que tende- Sobre este e outros assuntos, os próprios re- de Benguela, Bengo e Bié, podem ser vistos
Autoridades e Comunidades Tradicionais COORDENADO- rão a dar maior dignidade social e bem-estar presentantes do poder tradicional no país, te- no quadro em baixo. Curiosamente, afinal,

RES FUNCIO-
no ordenamento jurídico e níveis de gover- económico a este importante segmento da rão uma palavra a dizer num fórum que lhes temos também mulheres entre as autorida-
nação. Este assunto está a ganhar grande Administração Local. A Direcção Nacional de diz particularmente respeito: o 3º Encontro des tradicionais, principalmente na província
interesse no contexto da discussão actual so- NAM COMO Administração Local (DNAL) propôs-se efec- Nacional das Autoridades Tradicionais, cuja do Bengo. Outro dado curioso, embora não

ADJUNTOS
bre o Poder Local e Descentralização Admi- tuar um estudo empírico sobre a caracteriza- realização se prevê ainda para o ano em curso. venha expresso na tabela, é a subida do nível
nistrativa em Angola, principalmente com o ção das diferentes Autoridades Tradicionais e O MAT considera que a questão das auto- académico. Tanto quanto se sabe, o actual ti-
advento da implantação das futuras Autar- DOS SOBAS E sua interação com as respectivas comunida- ridades tradicionais afigura-se como sendo tular do reino do Bailundo está a licenciar-se

ARTICULAM-SE
quias Locais. des, com os seus confrades e com a Adminis- complexa, e como tal, sugere que uma refle- em Direito.

nt
Consideram-se três níveis de chefia das Au- tração local do Estado.
toridades Tradicionais para a sua articulação:
Soba Grande (que corresponde ao Regedor);
DIRECTAMEN- A ideia é a de obter dados que permitam
aferir a real situação do poder tradicional
Províncias Locais do levantamento Autoridades
cadastradas
Autoridades do sexo
feminino
Autoridades do sexo
masculino
Soba e Coordenadores de bairro. Em algumas TE COM OS para, deste modo, desenvolverem-se os meios Benguela 9 Municípios e 36 Comunas 905 12 893
regiões existem Reis e Rainhas (Uíge, Huam-
REGEDORES” e implementar serviços visando conferir me- Bengo 6 Municípios e 23 Comunas 430 46 384
22 bo, Lundas). Noutras provinciais (Cabinda) lhorias no bem-estar económico das famílias Bié 9 Municípios e 39 Comunas 1975 6 1969 23
 
o jurista Carlos Feijó notou que a Constituição
angolana de 2010 prevê a participação dos
cidadãos nas diferentes tarefas do Estado como
um elemento fundamental da concretização do
princípio democrático. Ao lado, Adão de Almeida

governadores provinciais, deputados, entre dos órgãos sociais das Comissões de Morado-

nossaterra#01
Comissão de Moradores a debate
dinâmicaMAT

outras individualidades. res.


Segundo o responsável, as comissões de Entretanto, convidado no encontro para fa-

Onde começa a cidadania


moradores têm como objectivos a resolução lar da “Natureza e enquadramento da Comis-
de problemas comuns, a participação activa são de Moradores no âmbito do Poder Local, o
na vida da comunidade, a promoção da soli- jurista Carlos Feijó notou que a Constituição

INTRODUZIR O COMISSÕES DE
dariedade e da cooperação na comunidade, angolana de 2010 prevê a participação dos ci-
bem como a defesa dos interesses comuns dadãos nas diferentes tarefas do Estado como
DEBATE SOBRE dos moradores. MORADORES: um elemento fundamental da concretização

TODAS ESSAS RESOLUÇÃO DE


Sublinhou que o exercício das atribuições do princípio democrático.
Sob a égide do MAT começou a discussão pública da lei que promete dar ao e competências obedece ao princípio da sub- Segundo o jurista, a densificação do concei-
cidadão maior participação nos assuntos da sua comunidade SITUAÇÕES sidiariedade em relação aos órgãos da Admi- PROBLEMAS to constitucional de Poder Local, previsto no

RELACIONA- COMUNS, A
nistração Local do Estado e das Autarquias número 2 do artigo 213 da Constituição, com-

O
Ministério da Administração do Ter- modo de participação e intervenção dos cida- Locais em matérias como a limpeza e ma- preende, para além das Autarquias Locais e
ritório (MAT) deu início, em Luanda, dãos na resolução dos problemas da comuni- DAS COM A nutenção de espaços verdes e ruas, controlo PARTICIPA- das instituições do Poder Tradicional, “outras
à discussão pública da Proposta de dade. Nestes escalões, segundo o governante, da construção ilegal e da ocupação ilícita de modalidades específicas de participação dos
Lei Orgânica sobre a Comissão de colocam-se os problemas do dia-a-dia de inte- INTERVENÇÃO prédios rústicos, vigilância sanitária, entre ÇÃO ACTIVA cidadãos”.
Moradores, com vista a criar uma
maior participação dos cidadãos na gestão
resse imediato dos cidadãos e das empresas,
tais como o abastecimento de água, energia
DOS CIDADÃOS outros. Disse que não é permitida a criação de
uma comissão de moradores na mesma cir-
NA VIDA DA Notou que essa disposição constitucional
impõe a definição de um regime jurídico de
dos assuntos das respectivas comunidades. eléctrica, recolha de resíduos sólidos, sanea- AO NÍVEL DOS cunscrição territorial, em obediência ao prin- COMUNIDADE, base e quadro capaz de criar as condições
Bornito de Sousa fez a apresentação dos
objectivos da discussão pública da referida
mento básico, entre outros.
“Daí que a proposta visa introduzir o debate
SEUS LOCAIS cípio da unicidade.
Adão de Almeida revelou ainda que a pro-
A PROMOÇÃO para uma maior e efectiva participação dos
cidadãos na gestão dos assuntos das respec-
proposta de lei, tendo referido na ocasião que, sobre todas essas situações relacionadas com DE RESIDÊN- posta de lei prevê a tutela administrativa so- DA SOLIDA- tivas comunidades.
no futuro, ao nível dos municípios serão cria-
das autarquias locais, órgãos que abarcam as
a intervenção dos cidadãos ao nível dos seus
locais de residência”, explicou Bornito de Sousa.
CIA” bre as comissões de moradores, que consiste
na verificação do cumprimento das regras e
RIEDADE E DA O jurista lembrou que, até agora, as comis-
sões de moradores não passam de associa-
autoridades tradicionais e outras formas de Por seu turno, ao Secretário de Estado para procedimentos para a sua criação e na veri- COOPERAÇÃO ções de direito privado e com a aprovação da
organização dos cidadãos que constituem o os Assuntos Institucionais do MAT, Adão de ficação do cumprimento da lei. Adiantou que lei passam a ter personalidade jurídica públi-
poder local. Almeida, coube a apresentação da proposta o Poder Executivo pode, em caso de violação ca. Mas para tal haverá atribuição de compe-
O Ministro disse tratar-se da organização de Lei Orgânica sobre a Comissão de Morado- grave da Constituição, das leis em vigor e da tências e uma delimitação rigorosa territorial
24 e estruturação dos bairros e povoações e o res”, perante uma assistência composta por democracia interna, determinar a destituição e funcional. 25

nt
dinâmicaMAT
promoção de empreendimentos habitacio-
nais, industriais e de outros fins. Em Icolo e Bengo pede-se
“ É preciso em todo esse processo haver
uma demonstração do exercício de autorida- mais fiscalização
de, pois democracia sem autoridade é anar-
quia”, sublinhou.
No caso de Luanda, disse estarem em cur-
so algumas medidas, como a organização da JÁ SABEMOS
administração e gestão dos municípios e das QUE NÃO SE
PODE FAZER
cidades, nomeadamente através da integra-
ção e capacitação de quadros de direcção e
de responsabilidade e os quadros técnicos UMA BOA A saída para o problema das ocupações ilegais de terrenos não
GESTÃO SEM
para servirem e cumprirem cabalmente as
necessidades dos cidadãos, das empresas e passa somente pelas Demolições de casebres
das comunidades. Bornito de Sousa avançou RECURSOS,
QUE VIRÃO

O
igualmente que algumas diligências estão a s participantes no seminário sobre a

nossaterra#01
ser feitas no sentido de se encontrar recursos ocupação ilegal de terras, realizado

Problemática da ocupação ilegal de terrenos financeiros para gestão desses municípios, ci-
dades e centralidades.
NALGUNS
CASOS DIREC-
no município de Icolo e Bengo, em
Luanda, concluíram haver necessi-

É urgente melhorar o
O seminário sobre a problemática da ocu- dade de reforçar a fiscalização para
pação de terrenos resulta das orientações TAMENTE DO inibir os oportunistas que se dedicam à ocupa-
saídas do Encontro Nacional que analisou ção ilegal de terrenos.
esta situação, decorrido em Luanda nos dias ORÇAMENTO Os 400   participantes reconheceram que a
1 e 2 de Dezembro de 2014, que perspectivou
GERAL DO ES- terra é propriedade do Estado, devendo por

planeamento urbanístico
a continuidade dos debates em todo o país, isso ser usada pelo Governo para execução
envolvendo além dos vários órgãos do Estado, TADO, NOUTROS de projectos sociais que sirvam para o desen-
autoridades tradicionais e demais interve-
nientes.
CASOS VIRÃO volvimento das comunidades. A necessidade
do reordenamento das terras, estruturadas e
O município de Viana, dos mais populosos DA COMPARTI- colocadas ao serviço das políticas do Estado
do país, é também dos mais problemáticos em
termos de ocupação ilegal de terrenos, o que
CIPAÇÃO DOS para o desenvolvimento sustentável das popu-
lações, foram também defendidas pelos parti-
O ministro da Administração do Território declarou que o atraso no planeamento urbanístico tem provocado sérios constrangimentos na CIDADÃOS, DAS cipantes.
das cidades tem provocado dificuldades na regularização do problema dos terrenos no país actuação da Administração Local.
COMUNIDA- Durante o encontro, o Administrador Muni-

nt
cipal, Adriano Mendes de Carvalho, recordou

S
egundo o governante, que falava no DES E DAS que ninguém deve intitular-se detentor de ter-
O seminário
encerramento do seminário munici-
pal sobre ocupação de terrenos, em sobre ocupação EMPRESAS, ras sem prévia autorização das autoridades
locais, devendo, sim, procurar a administra-
Viana, o referido atraso leva os cida- de terrenos viu
ilustrada a sua
NA PRESTAÇÃO ção para os procedimentos legais de direito de
dãos a anteciparem-se buscando so-
luções por si próprios, nem sempre as mais cor-
importância DOS SERVIÇOS superfície.
Segundo o responsável, é um contra-senso
BÁSICOS DE
e urgência na
rectas. Deste modo, frisou, estão a ser tomadas quantidade e possuir-se grandes hectares de terras e não
medidas no sentido de organizar toda a cadeia
de planeamento, desde o Plano Director Geral
qualidade dos
presentes
QUE ELES aproveitá-las de acordo com a solicitação feita
na implementação de vários projectos, colocan-
Metropolitano da cidade de Luanda ao Plano SERÃO OS do em seguida outras estruturas que não têm

PRÓPRIOS
Estratégico de Desenvolvimento da província nada a ver com o projecto inicial.
de Luanda e Planos Directores Municipais. Por outro lado, disse que quem tiver terras em
Bornito de Sousa referiu ser também im- DESTINATÁ- Icolo e Bengo deverá pagar os respectivos emo-

RIOS”
portante que a nível da administração se lumentos, que de alguma forma contribuem
avancem programas de loteamento de terre- para o crescimento socioeconómico da munici-
26 nos, quer para auto-construção, como para palidade e dos cofres do Estado Angolano. 27

nt
 
ONDE TUDO
reportagem

ACONTECEU
HÁ 13 ANOS
Festa
da Paz foi
no Moxico
Já se passaram 13 anos desde que
em Angola calaram-se as armas
Junto com o Vice-presidente angolano, esti-
veram no Luena não somente diversos mem-
bros do Executivo, entre os quais o Secretário
imperando, desde então, a paz que os de Estado do Ministério da Administração
angolanos tanto ansiaram. do Território, Adão de Almeida, como várias
individualidades políticas, entre deputados e

A
efeméride foi assinalada na provín- TODOS OS representantes de vários dos principais par- FOI DEPOSI-
CAMINHOS TADA UMA
cia onde “tudo” aconteceu: a morte tidos da Oposição. Várias denominações reli-
de Jonas Savimbi, com o consequen- giosas juntaram-se à festa para mostrar a sua
te colapso da UNITA militarista, FORAM DAR gratidão a Deus por tamanha bênção propor- COROA DE
A LUENA, JÁ FLORES NO
abrindo caminho para a assinatura cionada ao Povo Angolano.
dos Acordos de Paz a 4 de Abril de 2002. Foi depositada uma coroa de flores no mo-
E, assim, todos os caminhos foram dar à COGNOMINA- numento erigido para assinalar a paz, tendo MONUMENTO
DA COMO A ERIGIDO PARA
capital do Moxico, Luena, já cognominada a ocasião se prestado igualmente a inaugu-
como a “Cidade da Paz”, que teve a primazia rações diversas. Foram os casos de vinte resi-
de acolher a festa central do armistício ango- “CIDADE DA dências para professores universitários, uma ASSINALAR A
PAZ” PAZ
lano. Coube ao Vice-presidente da República, escola do II ciclo do ensino secundário e um
Manuel Domingos Vicente, presidir tão nobre centro de formação profissional básica. Luena
acto que simbolizou igualmente a consolida- efusiva e festiva foi também palco de várias
ção da reconciliação nacional e o aprofunda- manifestações culturais. Os seus habitantes
28 mento da democracia no país. folgaram e dançaram. nt
Geração
reportagem
viver os melhores momentos das
suas vidas. Apesar da idade tenra, o
seu discurso foi amadurecido pela
paz. Eles acreditam numa Angola

da Paz
desenvolvida, onde os cidadãos
vivam felizes.
E não obstante muita gente COM A PAZ,
graúda pensar o contrário, eles não
são tão omissos quanto aparentam
AVANÇOU
às questões mais vitais e cruciais TERESA, O EXE-
para o desenvolvimento do país em
CUTIVO ESTÁ A
IRENEU DE JESUS

que vivem hoje. Podem, na verdade,


Adolescentes hoje, homens e não ter a seiva revolucionária que Um médico em miniatura O futuro promissor de Delfina Angola vai muito longe Cantinho de obras RECUPERAR E
mulheres amanhã. Eles vislumbram o A CONSTRUIR
caracterizou a gesta dos mais- Victor Rangel Geovetty, 15 anos, nascido em A felicidade transborda no rosto de Delfina O discurso da simpática e sorridente Teresa Margarida Francisco, colega de escola de
velhos, quando estes se bateram Malanje mas residente em Luanda, estudante da Magalhães, jovem estudante também de 15 Correia, aluna da 8ª classe da Escola Primária Teresa Correia, também aluna da 8ª classe, ins-
futuro radioso de um país que deixou de armas na mão pela liberdade e 8ª classe da Escola Óscar Ribas, município do anos, que tem o seu cordão umbilical enterrado do Iº Ciclo da Samba, localizada no Morro Ben- tada sobre os ganhos da paz não tem dúvidas TUDO O QUE
definitivamente para trás o rastilho e o
FOI DESTRUÍDO
independência do país, ou quando Cazenga, enalteceu os esforços que o Executivo na província do Cuanza Sul, de onde saiu muito to, não diverge do de outros jovens. Aliás, ela que são incomensuráveis e correspondem às
cheiro a pólvora mais tarde, também de armas tem vindo a desenvolver, ao colocar à disposi- cedo com os país para Luanda em busca de reconhece os investimentos e os avanços que expectativas dos cidadãos. Parafraseando o Pre-
em punho, tiveram de conter, por ção das populações vários bens e serviços com melhores oportunidades de vida. Frequenta a 9ª o país está a registar nos sectores da saúde, sidente da República, José Eduardo dos Santos, DURANTE A

N GUERRA, DES-
o seio da juventude exemplo, a horda do exército do os quais não ousavam sonhar durante o tempo classe no Colégio da Igreja Evangélica Congrega- educação, construção, economia e agricultura. Margarida disse que “Angola é um cantinho de
nascida em 2000, dois apartheid a fim de preservar a da guerra: escolas, hospitais, água, electricidade cional de Angola (IECA), no Morro Bento. A adolescente, outra que também obras ”, na medida em que com o fim do conflito
anos antes da morte integridade do território nacional. e outros indispensáveis à vida humana. À semelhança do nosso primeiro interlocutor, deseja ser profissional da comunicação social, armado a actividade governativa está virada DE “PONTES,
ESTRADAS
em combate do antigo Pode ser assim, mas eles estão Geovetty pretende formar-se em Medicina. E Delfina também vê o futuro com entusiasmo e especializando-se em jornalismo radiofónico, para a reconstrução do país, com uma miríade
líder da UNITA, Jonas bastante atentos ao que se vai por isso tem-se dedicado seriamente a estudar grande esperança, a avaliar pelos progressos considera que com o advento da paz a vida de obras de construção civil um pouco por
Savimbi, a 22 de Fevereiro de 2002, passando.
Geovetty, Delfina, Teresa e
as disciplinas nucleares que dão saída para este que se vão registando no país. Afinal, com o dos angolanos está a mudar radicalmente. todos os lados. NACIONAIS,
nas matas de Lucusse (Moxico), curso – biologia e química. Tem plena confiança advento da paz em 2002, o país ganhou mais “Hoje já não há muita miséria no seio de muitas Mas não é tudo. Ela acredita que o Executivo
ter dado lugar à assinatura dos Margarida têm plena consciência de que só depende dele transformar o sonho infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias que famílias”, afirma. poderá proporcionar mais e melhor condições SECUNDÁRIAS
Acordos de Paz de Luena, há um
forte sentimento de optimismo e
de que no futuro serão eles a
segurar as rédeas da Nação para
em realidade, pois o Executivo está a fazer o
que lhe compete através de uma política de
têm permitido a circulação de pessoas e merca-
dorias sem os constrangimentos de outrora.
Segundo ela, com o fim da guerra, os ango-
lanos passaram a encarar a vida de maneira
de vida às populações, Faz fé nos vários vários
projectos em carteira, sobretudo os de impacto
E TERCIÁ-
esperança no futuro de Angola. preservar o impulso que os mais- escolarização que tem permitido a abertura de Além destas infra-estruturas, Delfina diferente, olhando o futuro com mais optimismo social e direccionados às comunidades mais RIAS”. AS
Conhecida genericamente como a
“Geração da Paz”, ela vive um período
velhos lhe imprimem hoje. Mas
para tanto, conforme asseguraram,
mais escolas e a oferta crescente de bolsas de
estudo internas e externas.
aponta também os avanços dados em matéria
habitacional e que têm permitido a construção,
do que no passado, quando a destruição das
infra-estruturas e a paralisação da economia
carenciadas. A jovem destaca também os
grandes investimentos levados a cabo no
OBRAS SÃO
de graça e bonança que a anterior um-a-um, à reportagem de Mas o entusiasmo de Geovetty não se em números já bastante significativos, de nacional truncavam as expectativas dos sector energético, casos da construção de mais VISÍVEIS
geração, testemunha dos eventos NOSSA TERRA, eles terão de resume à ambição, feita certeza, de um dia ser residências para os cidadãos. Realça, nesse angolanos. Mas com a paz, avançou Teresa, o barragens hidroeléctricas em curso no país, que
mais dramáticos da recente História fazer a sua parte das tarefas de médico. É também por viver já num país sem âmbito, o programa de construção de 200 fogos Executivo está a recuperar e a construir tudo permitirão gerar mais energia. E refere, por últi-
de Angola que foram a agressão casa: estudar para que um dia os tropeços da guerra, onde, segundo afirmou, habitacionais em curso na generalidade dos o que foi destruído durante a guerra, desde mo, as mudanças operadas no ensino superior
externa pela África do Sul durante possam ser médicos, jornalistas ou as pessoas, sobretudo jovens, têm agora a municípios do país, bem como a edificação “pontes, estradas nacionais, secundárias público com a abertura de mais universidades,
o regime do apartheid e o conflito economistas. Em suma, deixamos possibilidade de transformar os seus desejos de novas centralidades em Luanda (Kilamba e terciárias”. As obras são visíveis e têm agora subdivididas em sete zonas académicas
armado interno, não teve o privilégio um vislumbre do que pensa a em realidade diante da abertura que está a e Cacuaco) e outros ainda em construção na atraído o empresariado nacional e estrangeiro no país.
de gozar. actual geração de adolescentes dos acontecer de mais universidades e centros Lunda-Norte, Cuanza-Sul, Huambo e Bié. a investir no campo, agora que a circulação de Tal como as outras raparigas, Margarida
São pequenos homens e 13 anos transcorridos desde que de formação técnico-profissional que vão Delfina tenciona ser jornalista. “Quero ser pessoas e bens faz-se sem sobressaltos. também tem um sonho: ser economista. Elege
mulheres que hoje encaram e as armas se calaram em Angola, formando milhares de quadros para servir o país. jornalista da Televisão”, revelou. Sonha com a Teresa junta ao rol de benefícios da paz os a banca como a sua futura área de especializa-
desfrutam a vida com todo o deixando para trás um cortejo de Finalmente, uma chamada de atenção deste profissão desde os seus primeiros sete anos, vários programas gizados pelo Executivo de ção. Sonhar não é proibido a qualquer humano,
entusiasmo, dispostos a tirar mortes, viúvas, órfãos, estropiados adolescente. Embora o país caminhe a passos altura em que passou a admirar “heróis” do concessão de crédito financeiro aos cidadãos, mas ela está consciente de que para atingir o
dela o melhor, sem aquele nó e um exército industrial de reserva largos rumo ao desenvolvimento, há no entanto pequeno ecrã em Angola como a apresentadora por intermédio dos quais inúmeros beneficiários que ambiciona precisa de firmar os pés na terra.
na garganta quase perene que – entenda-se desempregados. Mas, muita coisa ainda por fazer. “Sei que o Executivo Ana Lemos e a repórter Joana Tomás, ambas da têm conseguido resolver problemas antes Numa palavra, estudar afincadamente.
marcou os mais velhos e o escritor fundamentalmente, é um olhar está a fazer coisas muito importantes, mas Televisão Pública de Angola (TPA). impensáveis como aquisição de bens imóveis e
Pepetela glosou como a “utopia”. maduro que eles deitam ao futuro ainda faltam outras para acelerar o desenvolvi- móveis, promover negócios que estão a impul-
Em “prosa“ com NOSSA TERRA, do país, já sem o rastilho e o cheiro mento do país. É preciso, por exemplo, criar mais sionar a indústria no país e realizar pagamentos
30 alguns destes jovens dizem estar a a pólvora no ar. postos de trabalho”, indicou o jovem. de serviços diversos.
nt
I
antevisão

Fórum e Feira dos Municípios e Cidades de Angola

nossaterra#01
nstitucionalizados pelo Decreto Presi- nalar a importância dos governos locais para
o Fórum tem
dencial nº 142/13, de 27 de Setembro, am- a prestação dos serviços essenciais e criação
sido um ponto de

Compromisso com o
bos os certames enquadram-se, este ano, das condições para melhorar os índices de de-
convergência de
nas comemorações do 40º aniversário da senvolvimento humano, bem como as condi- ideias e políticas
Independência Nacional. O Fórum entra ções de vida dos cidadãos e das comunidades formuladas
na sua 3ª edição, ao passo que a Feira realiza- locais. em prol da
-se pela segunda vez, uma vez que a sua perio- Tal como definido pelos seus mentores, o descentralização e
dicidade é bienal. Fórum tem sido um ponto de convergência do desenvolvimento

desenvolvimento local
Também decorrem de uma deliberação de idéias e políticas formuladas em prol da local. E este ano a
da 2ª Conferência Ordinária dos Ministros descentralização e do desenvolvimento local. expectativa é que se
responsáveis pela Descentralização e Desen- E este ano a expectativa é que se possa ir mais possa ir mais longe
volvimento Local (CADDEL) que, em sede da longe e, ao cabo dos debates, sintetizar-se de
União Africana, instituiu o 10 de Agosto como forma mais prática o conjunto de informa-
Dia Africano da Descentralização e do De- ções e experiências trazidos das edições ante-
senvolvimento Local – uma maneira de assi- riores, em busca da sua exequibilidade.

AS FEIRAS DOS
MINICÍPIOS,
REALIZADAS
A PAR DO
FORUM, TÊM
CUMPRIDO
O SEU PAPEL
DE MOSTRA
DINÂMICA
DA VIDA DOS
MUNICÍPIOS
E DE UMA
FORMA EFICAZ
ILUSTRAM OS
OS DEBATES DO
FORUM
O Ministério da Administração do Território realizará, em Agosto próximo, em Luanda, o
Fórum e a Feira dos Municípios e Cidades de Angola, novamente sob o lema geral comum
32 “A vida faz-se nos municípios”, como sucedeu na estreia destes eventos em 2013.
antevisão
Conforme percepção generalizada, uma das
principais valias dos certames anteriores foi o
facto de se ter logrado congregar os principais
intervenientes da Administração Local para
debater os temas inerentes, nomeadamente
os governadores provinciais e administrado-
res municipais de todo o país, que tiveram a
oportunidade de auscultar prelecções com “A VIDA
FAZ-SE NOS
variadíssimas propostas de políticas públicas
para as localidades.
Pela natureza das prelecções, assim como MUNICÍPIOS”,
INSPIRA-
pela profundidade dos debates ocorridos, as
edições têm constituído, de facto, ocasiões so-
beranas e oportunas para uma radiografia de DO NUMA
EXPRESSÃO
tudo quanto, em Angola, é executado a nível
local. Por exemplo, temas como a relevância
da governação local em Angola, ou questões DO PRÓPRIO
PRESIDENTE
ligadas ao orçamento local ou ainda à divisão
político-administrativa e a organização terri-
torial, foram debatidos em eventos passados.
Em suma, são eventos que, de uma manei-
JOSÉ EDUARDO
ra geral, têm trazido à tona a preocupação e DOS SANTOS.
o comprometimento das autoridades angola-
nas com o desenvolvimento local, reafirman-
ELE VOLTA A
do-se as responsabilidades atribuídas a vários SER O “PORTA-
níveis para a sustentabilidade dos Planos de
Desenvolvimento Municipais. Exemplo con-
-ESTANDARTE”
cludente é mesmo o lema “A vida faz-se nos ESTE ANO,
municípios”, inspirado numa expressão do
próprio Presidente José Eduardo dos Santos.
DEPOIS DE JÁ
Ele volta a ser o “porta-estandarte” este ano, O TER SIDO
depois de já o ter sido na edição de arranque
dos certames em 2013.
NA EDIÇÃO DE
ARRANQUE
Sofisticação e utilidade
O debate no Fórum dos Municípios e Cidades
DOS CERTAMES
tem subido de nível a cada edição, permitin- EM 2013.
do a projecção de saberes e conhecimentos
diversos no domínio do desenvolvimento
local. Técnicos e especialistas nacionais têm
interagido entre si, mas também têm trocado
experiência com profissionais provenientes
de outros países.
O debate no ano passado foi de tal forma so-
fisticado que colocou a fasquia num grau que
gera uma grande e legítima expectativa em
relação à edição a ter lugar em Agosto próxi-
mo. A problemática da gestão dos municípios,
tendo como desafio a sua sustentabilidade de
modo a preservá-los para as gerações futuras,
34 foi a tónica dominante em 2014.
antevisão

DURANTE OS
DIAS DE FEIRA
E FORUM,
LUANDA
TORNA-SE NÃO
APENAS A CA-
PITAL DO PAÍS,
MAS TAMBÉM
FICOU MAIS
SUBLINHADA A
SUA CONDIÇÃO
Sob o chapéu-de-chuva do lema geral pos- DE CENTRO
POLÍTICO E

Cidadãos de municípios
to à mesa das discussões – “Cidades e Muni-

ADMINISTRATI-
cípios Sustentáveis, Vida Melhor” – o debate

nossaterra#01
avançou para terrenos mais específicos como
o Planeamento Territorial e Urbano e Política VO. CONTUDO,
EM DIAS DE
de Gestão Fundiária. Outros painéis temáti-
cos foram a Requalificação Urbana e Fomen-
to Habitacional, bem como o Saneamento FEIRA, É NÍTIDA
A SENSAÇÃO

A
Básico e Gestão de Resíduos Sólidos; e ainda pertinência e abrangência do lema cuidando de descomprimir, com alguma pita-
a Mobilidade Urbana e a Fluidez do Trânsito “A vida faz-se nos municípios” tem da de bom humor, sempre que necessário.
Automóvel – este aqui um “problemão” que
tem axadrezado as cabeças dos habitantes da
QUE TODA A sido devidamente realçada pelo Foi assim durante o acto de encerramento
Ministro da Administração do Ter- em 2013 na FILDA. Bornito de Sousa rendeu-
megalópole que é Luanda. ANGOLA SE ritório. Em 2013, Bornito de Sousa -se ao som dos batuques e cânticos caracte-
De fora veio a expertise trazida por especia-
ENCONTRA EM referiu-se ao lema considerando que “cada rísticos de cada região representada naque-

MINISTRO
listas do Brasil, Cabo Verde e até do Programa um de nós é cidadão de um município”. Jus- le evento. Tão alto era o som da percussão
das Nações Unidas para o Desenvolvimento LUANDA tificou que é uma realidade que pode ser e dos cantares populares que chegava aos
(PNUD). Nesse capítulo foi possível realizar facilmente constatada ao “olharmos para BORNITO DE ouvidos dos participantes, mesmo na sala

SOUSA: “CADA
um exercício comparado e de troca de expe- cada um de nós, por mais alta que a entida- em que decorria o Fórum. O Ministro fez,
riências, sobressaindo a visão brasileira sobre de seja”. pois, questão de mencionar esse detalhe
Cooperação Descentralizada, sobre Sociolo- “E é, efectivamente, no centro disso que se UM DE NÓS É nos seguintes termos: “Estamos aqui inco-

CIDADÃO DE
gia Urbana e o conceito de Cidade-Rede. Uma faz a nossa vida”, havia acrescentado na oca- modados por algum barulho à volta, baru-
espreitadela à Carta Africana sobre Valores e sião o titular do MAT, fazendo questão de no- lho positivo, actividades culturais. Eu creio
Princípios da Descentralização, Governação e tar que é nos municípios onde se realiza toda UM MUNICÍ- que este lugar tem sido sempre escolhido
Desenvolvimento Local; e outra para ver o que a actividade cultural, económica e as demais. para parte de conferências, porque as ou-
os cabo-verdianos, preocupados com os rigo- O titular do MAT tem sido, de resto, um ver- PIO” tras feiras, creio que têm sido muito suaves,
res da insularidade, andam a fazer na baía de dadeiro “maître” destes eventos, dando-lhes quietas e calmas. Estamos a ver que a FMCA
36 Mindelo. o tom sério e responsável que é requerido, ou é muito entusiástica”. 37
nt

nt
C
antevisão
alcula-se que, na Feira de 2013, te- Empresários, desejosos de investir em locais

nossaterra#01
nham participado os 161 municípios promissores, e administradores locais, em
que perfazem a divisão político-ad- busca de investidores, reuniram-se trocando
ministrativa de Angola, cujos repre- idéias capazes de se repercutir em projectos
sentantes se reuniram, durante os susceptíveis de fomentar o desenvolvimento
quatros dias do evento, para exibir as poten- da economia local.
cialidades, bem como aspectos marcantes dos Nos stands, criativamente engalanados
usos e costumes locais. Os municípios tive- com os aspectos particulares de cada provín-
ram uma oportunidade para mostrar ao resto cia, encontravam-se técnicos da administra-
do mundo as suas potencialidades económi- ção local, manifestando alegria por poderem
cas, sociais, turísticas e culturais, partilhando mostrar aquilo que está a ser feito ou, quando
o mesmo palco de exibições com ministérios não, o que pode ser feito, muito além do que
e empresas fortemente implantadas nas dis- já é público. Um exemplo de exibição diversi-
tintas localidades angolanas. Os serviços dis- ficada esteve bem patente nos espaços ocupa-
ponibilizados para os cidadãos, as políticas dos pelas províncias do leste, concretamente
definidas para o seu benefício, assim como pelas Lundas Norte e Sul. Conhecidas pelo
projectos empresariais com substanciais im- seu potencial diamantífero, essas províncias
pactos sociais estiveram em evidência ao lon- levaram, para a Feira, muito mais do que pe-
go dos dias de exposição. dras preciosas. Ambas apresentaram, aos vi-
Durante tais dias, Luanda tornou-se não sitantes, outras preciosidades ali disponíveis,
apenas a capital do país, mas também ficou como foi a agricultura.
mais sublinhada a sua condição de centro Este importante sector, na verdade, foi dos
político e administrativo já que, por ocasião mais representativos ao longo da Feira. A
da feira, para ela confluiu aquilo que geral- agricultura, pode dizer-se, esteve em alta, já
mente está apenas disponível no sossego das que ela se fez presente praticamente em todos
aldeias, comunas e municípios de Angola. os stands, evidenciando a fertilidade do solo

Flashback da FMCA 2013


A feira que encurtou A FEIRA É UMA
OPORTUNIDA-

as distâncias entre os DE PARA OS


VISITANTES
TOMAREM

municípios de Angola
Na sua primeira edição em Outubro de 2013, a Feira dos Municípios e Cidades
CONTACTO COM
AS CIDADES E
MUNICÍPIOS DE
ANGOLA NUM
de Angola constituiu-se num certame congregador. Aproximou e reuniu MESMO LOCAL
representantes do país inteiro, fazendo com que o angolaníssimo slogan “de
38 Cabinda ao Cunene e do mar ao Leste” reganhasse significado. 39
FAS
nossa terra#01
O que é essencial saber
antevisão

Cartilha da Feira e do Fórum


Que diploma institucionalizou a realização da Feira e do
Fórum de Municípios e Cidades de Angola?
A Feira de Municípios e Cidades de Angola e o Fórum Nacional de
Municípios e Cidades de Angola foram institucionalizados pelo
Decreto Presidencial Número 142/13 de 27 de Setembro.
Quem organiza ambos os eventos?
A Feira de Municípios e Cidades de Angola e o Fórum Nacional dos
Municípios e Cidades de Angola são organizados pelo Executivo
Fundo de Apoio Social
angolano, através do Ministério da Administração do Território.
Quem pode participar do Fórum?
São participantes do Fórum, representantes dos Governos Provin-
ciais e Administrações Municipais, das Cidades e dos Conselhos

Gordon Kricke,
Municipais de Auscultação e Concertação Social, representantes
de Departamentos Ministeriais; Deputados à Assembleia Nacional;
Representantes de empresas públicas e institutos públicos; Repre-
sentantes de empresas privadas; Representantes de organiza-
ções da sociedade civil; Académicos e demais Convidados.
Qual é a periodicidade e período de realização? embaixador
O Fórum deverá ter uma periodicidade anual, devendo ser realiza-
do no quadro das actividades comemorativas do dia 10 de Agosto,
dia africano da descentralização e do desenvolvimento local. Já
da União Europeia
a Feira, que se realiza no mesmo âmbito, tem entretanto uma
periodicidade bienal, ou seja, realiza-se de dois em dois anos. em Angola
Parceria
Quais os objectivos da realização do Fórum?
angolano. Essa condição arável dos solos este- A realização do “Fórum Nacional dos Municípios e Cidades de Ango-
Mantém-se um
ve em evidência, assim como se procurou des- la” visa, entre outros, a prossecução dos seguintes objectivos:
contacto mais
tacar a importância do sector agrícola para š 9h_Whkc[ifW‚ef[hcWd[dj[Z[Z_|be]e[Z[XWj[Yecei
próximo com
a vida das populações, sobretudo do interior as cidades e
órgãos da Administração Local do Estado;
do país, seja desenvolvida em larga escala, š Fhecel[he_dj[hY~cX_e[djh[eickd_Y‡f_ei[Y_ZWZ[iZ[

com o FAS
municípios, o que
seja ao nível da agricultura de subsistência. muitas vezes é Angola;
Diversificar a economia foi, de resto, uma es- impossibilitado š H[Wb‚WhWiXeWifh|j_YWidWY_edW_i[_dj[hdWY_edW_i[n_ij[dj[i
pécie de palavra de ordem, na medida em que pela distância. ao nível da Administração Local;
a exposição permitiu a apresentação de novas A feira encurta š Fhecel[hkc[ifW‚efWhWWlWb_W‚€eh[]kbWhZW_cfb[c[djW‚€e
perspectivas para regiões quase “anónimas”, essa distância, das diferentes medidas tomadas no âmbito da Reforma da

no rumo
cujos recursos minerais e económicos estão disponibilizando Administração Local.
por explorar. desde produtos de Quais os objectivos da realização da Feira?
Durante o evento, os visitantes puderam campo, cultivados š 9h_Whkc[ifW‚efWhWWWfh[i[djW‚€e[[nfei_‚€eZejhWXWb^e
manter contacto mais próximo com as cida- em todas as regiões desenvolvido pelos órgãos da Administração Local;
do território
des e municípios, o que muitas vezes era im- š Fhecel[hWWjhWY‚€eZ[[cfh[i|h_eifWhW_dl[ij_h[cdei
angolano, a

certo
possibilitado pela distância. A feira encurtou, diferentes municípios e cidades de Angola;
serviços sanitários,
pois, essa distância, disponibilizando desde de construção
š :_lkb]WhWifej[dY_Wb_ZWZ[ifWhWeZ[i[dlebl_c[dje[YedŒc_Ye
produtos de campo, cultivados em todas as civil, educação e social dos municípios e cidades;
regiões do território angolano, a serviços sa- e, até mesmo, de š Fhecel[he_dj[hY~cX_e[djh[eickd_Y‡f_ei[Y_ZWZ[i1
nitários, de construção civil, educação e, até comunicação social. š :WhWYed^[Y[heifh_dY_fW_iWif[YjeiYkbjkhW_iZeickd_Y‡f_ei
40 mesmo, de comunicação social. e cidades.
nt
FAS
Os novos

DO DIRECTOR
do país que já vai na III República. de atenção à formação dos seus
Felizmente, longe vão os anos de quadros. O lema hoje é o combate à
emergência que o país conheceu fome e à pobreza.

desafios
quando o FAS foi criado pelo É importante frisar que desde a
Governo de Angola, através do sua criação em Outubro de 1994 até
Decreto do Conselho de Ministros aos dias de hoje, o Fundo de Apoio

do FAS
nº 44/94 de 28 de Outubro. De lá Social sempre contou com finan-
para cá, o FAS adaptou-se a cada ciamentos do Banco Mundial, para

SANTINHO FIGUEIRA
contexto do país, pois o seu objecti- além de fundos de contrapartida

melhorar vidas
vo sempre foi o de complementar do Governo através do ROT, que
as acções do Executivo com o suportaram as três fases anteriores
provimento de serviços sociais do FAS, e que nesta quarta (fase)

“N
ossa Terra” é a básicos às comunidades mais está a implementar o Projecto de
revista que, a partir desfavorecidas do país. Desenvolvimento Local, PDL.
desta data, vos Porém, o contexto em que foi O PDL comporta três compo-

é o nosso desafio
chegará às mãos criado não permitiu, contrariamen- nentes a saber: a de construção e
trimestralmente te ao que era desejado, a sua rápida ou reabilitação de infraestruturas, a
com os mais diversificados temas e completa implantação em todo de economia local e a de reforço de

“O OBJECTIVO
e retratos do país chamado Ango- território nacional. Estrategica- capacidades das instituições. São
la. É uma revista que o Ministério mente optou-se por uma implanta- estes os três pilares da actividade
da Administração do Território DO FAS SEM- ção gradual e segura, levando a que do FAS-PDL.

PRE FOI O DE
põe à disposição do público leitor somente em 2014 tivesse comple- Mais recentemente entrou em
com o propósito de dar a conhe- tado a cobertura nacional com a vigor o acordo de financiamento
cer um pouco mais sobre as suas COMPLEMEN- abertura de direcções nas provín- da União Europeia, de cerca de 30

TAR AS ACÇÕES
realizações e dos órgãos sob sua cias do Cuando Cubango, Lundas milhões de euros, que o FAS vai
superintendência (IFAL e FAS). A Norte e Sul, Moxico e Uíge. Isso só gerir através do FIIAP a fim de
par disso, a revista abordará tam-
bém assuntos de outras “latitudes”,
DO EXECUTIVO foi possível com as transformações
políticas, sociais e económicas
reforçar as componentes acima
enumeradas.
pois este é um espaço que, embora COM O PROVI- operadas no país nos últimos 13 Neste ano do 40º aniversário
institucional, abarcará todos os
géneros jornalísticos.
MENTO DE SER- anos com o advento da paz.
Uma das mudanças mais
da Independência Nacional,
o FAS junta-se ao trabalho e
Mas é sobre o Fundo de Apoio VIÇOS SOCIAIS marcantes na vida do FAS foi a sua esforço de todos os angolanos
Social (FAS), o mais novo ente do
MAT (passou do MPDT para o
BÁSICOS ÀS passagem do Ministério do Plane-
amento e Desenvolvimento Terri-
para que tenhamos um país
cada vez melhor. São, pois,
MAT através do Decreto Presiden- COMUNIDADES torial (MPDT) para o Ministério da muitos e diversificados os
cial nº.130/13 de 29 de Agosto), que
me vou debruçar em traços gerais,
MAIS DESFA- Administração do Território (MAT).
É uma mudança que impôs ao FAS
assuntos que preenchem o
primeiro número desta revista.
já que tem um caderno especial VORECIDAS DO novos desafios e responsabilida- Convido os estimados leitores a
neste 1º número da “Nossa Terra”,
que retrata os principais momen-
PAÍS.” des que tem procurado cumprir,
com rigor e parcimónia, sempre
folharem-na e deleitarem-se com
as diversas matérias, da primeira
tos da instituição. com espírito de missão. Para tal, à última página. Este é um singelo
A caminho de 21 anos de exis- paralelamente ao financiamento contributo a este desiderato em
tência, o FAS tem novos desafios de infra-estruturas um pouco por homenagem a todos heróis da
O Primeiro no Combate à Pobreza em Angola decorrentes do contexto actual todo país, o FAS tem prestado gran- “Nossa Terra”.

nt

nossaterra#01
43
FAS POR DENTRO Severino Carlos e Mirene da Cruz

Tudo começou com um furo de água… O FAS Criado a 28 de Outubro de 1994 no Quadro do Programa Económico
e Social PES/95, pelo Decreto Nº44/94 do Conselho de Ministros
outros entes como a educação,
saúde, energia e águas, agricul-

Etapas e acções mais significativas


tura, administrações municipais,
autoridades tradicionais e igrejas,
FAS I (1994-2000) FAS II (2000-2003) FAS III (2004-2009) para só citar estas”.
Incidência no Capital Físico Incidência nos Capitais Incidência nos Capitais
Físico e Humano Físico e Humano Outro foco do FAS, por sinal já

Um simples furo de água foi o primeiro projecto do Fundo de Apoio Social Cabinda Cabinda Cabinda
em andamento, é o de completar
o seu quadro de recursos huma-
(FAS). Mas a bola de neve rolou e transformou-se, vinte anos depois, em algo Zaire
Uíge
Zaire
Uíge
Zaire
Uíge
nos e prover com meios técnicos e

de gigantesco, que nem a guerra que assolou o país logrou travar. Luanda Luanda Luanda tecnológicos as direcções provin-

e
Nort

Nort

Nort
Lunda Norte Lunda Norte Lunda Norte

nza

nza

nza
Bengo
Mal Mal Mal
ciais. Não menos importante para

Qua

Qua

Qua
anj anj anj
e Lunda Sul e Lunda Sul e Lunda Sul
o balanço destes anos, atraídas exactamente por causa municípios e comunas. o FAS será, finalmente, o reforço e

Sul

Sul

Sul
nza

nza

nza
Qua

Qua

Qua
o Director-Geral do da escola”, acrescentou. No cômputo geral, até ao mo- Bié Bié Bié o aprimoramento das relações de

o
mb

mb

mb
Moxico Moxico Moxico

la

la

la
Hua

Hua

Hua
gue

gue

gue
FAS, Santinho Felipe Regra geral, explicou Santinho mento, mais de três mil projectos cooperação com outros parceiros

Ben

Ben

Ben
Figueira, revela que a Figueira, o balanço dos financia- foram implementados em todo Huíla Huíla Huíla sociais nacionais e estrangeiros.
educação é o sector que mentos e a conclusão de projectos o país, beneficiando um univer- Cuando-Cubango Cuando-Cubango Cuando-Cubango
Como diz o director Santinho

ibe

ibe

ibe
Nam

Nam

Nam
Cunene Cunene Cunene
conheceu as acções mais signi- envolvem etapas com um prazo so de mais de seis milhões de Figueira: “Queremos uma insti-
ficativas. E ele explica por quê. É de vida de quatro anos. Já a fase pessoas, além de várias dezenas tuição moderna, actuante, eficaz e
que o FAS começou a implemen- seguinte depende muito da dis- de milhares de postos de trabalho Abordagem Emergencial Reconstrução e desenvolvimento Abordagem multi-sectorial eficiente.”

nt
tar projectos ainda numa fase de ponibilidade do financiador e dos directos e indirectos criados.
guerra, em que as balas silvavam resultados obtidos. Tendo-se tornado numa verda-

ADECOS. O desafio que se segue


por todo o lado e, mesmo assim, Assim, desde que o Executivo deira marca nacional de solida-
muitos dos técnicos enfrentaram criou o Fundo de Apoio Social, em riedade social, o FAS continua
tais desafios. 1994, naquela altura com o claro a ser uma peça incontornável
Nessa fase, o Governo não tinha objectivo de combater a pobreza na concretização das metas

E
condições para financiar outros no seio das comunidades mais definidas pelo Estado angolano ntre todos os grandes desafios que com as comunidades. “Estamos a trabalhar o papel específico de expandir os serviços
projectos sociais, uma vez que desfavorecidas fornecendo-lhes nesse âmbito, mas depara-se o FAS tem em carteira ainda no ano no sentido de, a partir já do mês de Maio, sociais no seio das comunidades e estimu-
os recursos disponíveis eram serviços sociais básicos nas suas agora também com o desafio da em curso, o maior deles tem a ver começarmos com as formações”, deu a lar o seu desenvolvimento, com enfoque no
essencialmente canalizados para localidades, já foram implemen- sua própria adequação estru- O ADECOS sem dúvidas com a implementação do conhecer Santinho Figueira, acrescentando sector da saúde. O programa inspira-se na
a defesa e segurança. Assim, o
FAS viu-se a trabalhar com co-
tadas três fases (FAS1, FAS2 e
FAS3).
tural. Como declarou o Director
da instituição por altura das
PROMETE Agente de Desenvolvimento Comunitário
e Sanitário (ADECOS) – uma figura que
que a iniciativa conta com o apoio finan-
ceiro da União Europeia e do Banco Mundial
experiência de vários países, em especial o
Brasil que adoptou na sua realidade a figura
munidades onde as crianças não Actualmente está a ser imple- comemorações dos seus 20 anos, DESENCA- promete desencadear uma “revolução” que disponibilizaram, respectivamente, 1,5 do Agente Comunitário de Saúde (ACS).
sabiam ler nem escrever. Porém,
três anos depois, a avaliação do
mentado o FAS-PDL – agora em
conformidade com um novo pa-
o FAS “precisa de obter o apoio
e a solidariedade institucional
DEAR UMA na forma de actuação oficial no seio das
comunidades, contribuindo para minimizar
milhões de euros e 5 milhões de dólares.
A medida surge de uma necessidade
Entre nós, o Agente de Desenvolvimento
Comunitário e Sanitário será uma pessoa
projecto mostrou que algumas radigma definido pelo Executivo a todos os níveis do aparelho de “REVOLUÇÃO” alguns problemas típicos da pobreza, a constatada pelo Governo imediatamente comum, selecionada entre os habitantes
crianças já sabiam ler.
“Como ainda não tínhamos
angolano: mantém-se a priorida-
de de combate a fome e a pobreza,
Estado, mormente a nível provin-
cial”. Santinho Figueira não diz
NA FORMA começar pela saúde.
Segundo revelou o director Santinho Fi-
após o fim do conflito militar, no sentido
de se conscientizar e capacitar as famílias
de uma comunidade, que se destaque pelas
suas qualidades humanas. Será contratado
internet nem telefones, as crian- mas junta-se-lhe o objectivo de isso ao acaso. Ele acha imprescin- DE ACTUAÇÃO gueira, a iniciativa decorre de uma parceria angolanas a adoptarem hábitos e práticas pela Administração Municipal e capacitado
ças já liam cartas aos seus pais”,
contou o mais alto responsável do
reduzir as assimetrias regionais
e a modernização do funciona-
dível que “a acção do FAS mereça
a mesma atenção que é dada OFICIAL NO entre dois ministérios principais, Ministério
da Saúde (MINSA) e o Ministério da Adminis-
que salvaguardem a sua saúde e bem-estar,
tendo-se, para tanto, estabelecido a Política
pelo IFAL, mas trabalhará sob supervisão do
Fundo de Apoio Social (FAS), sendo alvo de
FAS. “Curiosamente, as localida- lismo público. Esta tem sido uma aos demais órgãos e organismos SEIO DAS tração do Território (MAT), metendo pelo Nacional de Agentes de Desenvolvimento uma supervisão e avaliação mensal. Terá

COMUNIDADES
des onde passamos a levar esco- fase de apoio concreto à econo- estatais e privados, pois o seu meio o FAS como entidade por via do qual se Comunitário e Sanitário (PNADECOS). a missão de fomentar o desenvolvimento
las trouxeram de volta crianças mia local e ao desenvolvimento trabalho deve ser entendido tratará de implementar e operacionalizar Em termos mais concretos, o ADECOS comunitário e das famílias residentes na
que já viviam noutras localidades, e capacitação das instituições de como complementar ao dos a medida, dada a experiência que já tem será a figura que o Estado introduzirá com sua micro-área de intervenção.

nt
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44 45
FAS POR DENTRO Mirene da Cruz

Vinte anos a fomentar


o desenvolvimento local
O FAS implementou ao longo dos anos 13.470.810 projectos que beneficiaram três
milhões de pessoas e geraram 250 mil empregos directos e indirectos. Educação e saúde
absorveram os projectos de maior impacto

O
s anos passam e a que culminaria em 2008. entre elas está Vitória Kuvandja,
obra fica registada João Dias dos Santos Júnior, de 25 anos. Ela está em estado
para a posteridade. chefe deste posto, considera que de gestação pela segunda vez,
Entre os milhares de a unidade já devia ter ascendido mas já desde a primeira gravidez
projectos até agora de categoria, tal a demanda de que faz as consultas pré-natal
implementados pelo Fundo de pacientes que recorrem a ela. no Porto Quipiri. Vive no bairro
Apoio Social (FAS) na província “Já devia ser um centro médico Kabungo onde não existe uma
do Bengo destacam-se obras para acudir melhor a população”, unidade sanitária que possa
como a do posto de saúde do reivindica. proporcionar os cuidados
Porto Quipiri, de inegável mais- Segundo o técnico, médicos que a sua situação
valia para a população local. As diariamente cerca de 30 pessoas exige.
suas paredes foram erguidas por procuram pelos serviços “Venho aqui porque é o único
volta de 2004, num investimento médicos naquela instituição. E local mais próximo”, diz Vitória.

João Dias dos Mas de um modo geral ela


Santos Júnior, gosta do atendimento do corpo
chefe deste posto, profissional, e só não fará ali o
considera que a parto porque sabe que o posto
unidade já devia não tem condições para tal.
ter ascendido de Quem também busca a cura
categoria “Já devia
ser um centro
PÔR UM POSTO para os seus males no posto de

DE SAÚDE NES-
saúde de Porto Quipiri é Severino
médico para Estêvão, de 29 anos. Apesar de
acudir melhor
a população”, TA ZONA FOI viver distante, é lá que busca os

UMA BÊNÇÃO
cuidados médicos, porque na sua
reivindica.
zona só existe uma instituição
DOS CÉUS” sanitária privada. E ainda por
cima, “o tratamento lá é muito
caro”, reclama Severino que
recorreu ao posto porque a filha
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nossaterra#01
46 47
FAS POR DENTRO
a escola mais nova da região,
também ela uma doação do
FAS, tão recente que ainda não
tem número de identificação.
Segundo o seu director-geral,
Artur dos Santos, a repartição
comunal da educação ainda
está a analisar que número
lhe caberá. Com identificação
ou não, o facto é que as aulas
arrancaram na data oficial, 02
de Fevereiro. Nas proximidades
só existia uma igreja onde as
crianças tinham aulas. Hoje a
realidade é totalmente diferente
e a satisfação é visível.
Evaristo Nunes de 11 anos, por
exemplo, estuda na 6ª classe. Ele
detestava ter de percorrer uma
longa distância de casa para a
escola, cerca de três quilómetros. A nova escola, em baixo: Com identificação ou não, o facto é que as aulas arrancaram na data oficial, 02
“Não andava à vontade porque de Fevereiro. Nas proximidades só existia uma igreja onde as crianças tinham aulas. Hoje a realidade é
João dos Santos Júnior: hoje tem mais áreas de trabalho e de serviços prestados, caso do laboratório básico. Juntam-se serviços como o totalmente diferente e a satisfação é visível. Graças ao FAS.
tinha que atravessar a estrada.”
Programa Alargado de Vacinação, puericultura, medicina, pediatria, pré-natal, planeamento familiar, pequena cirurgia, laboratório. “Só nos falta a
sala de partos”. Em baixo, Evaristo Nunes: Hoje vai à escola e regressa sem qualquer constrangimento porque é mesmo ao pé de casa Hoje vai à escola e regressa sem
qualquer constrangimento
porque é mesmo ao pé de casa.
tinha queimaduras ligeiras. entregue à Administração Quem também não gostava
Pôr um posto de saúde nesta Municipal, já sofreu muitas nada do percurso para a escola
zona “foi uma bênção dos céus”, alterações positivas. João dos era Maria Adão de 9 anos. A
segundo João dos Santos Júnior. Santos Júnior assegura que a pequena disse que não sentia
“As pessoas buscam em nós os unidade hoje tem mais áreas vontade de aprender porque
primeiros socorros e às vezes de trabalho e de serviços tinha de andar muito até à
recebemos pessoas muito graves, prestados, caso do laboratório escola, mas agora vai num abrir-
casos que já não deviam ser da básico. Juntam-se serviços e-fechar de olhos. Até já sabe o
nossa competência”, contou. como o Programa Alargado que vai ser no futuro. “Quero ser
Entre as patologias mais de Vacinação, puericultura, professora para educar as outras
frequentes que o posto medicina, pediatria, pré-natal, crianças.”
atende figuram as diarreias, planeamento familiar, pequena A escola funciona nos três
o paludismo, a febre tifóide e cirurgia, laboratório. “Só nos períodos e acolhe cerca de 854
a bronquite. O maior número falta a sala de partos”, salientou. alunos, da 1a a 6a classe. “O
de pacientes são crianças cujo período nocturno é sobretudo
atendimento é assegurado por Escola nova para os encarregados que
nove técnicos de saúde. No bairro Boa Esperança, ainda decidiram voltar aos estudos”,
Desde que o posto foi no Porto Quipiri, está situada esclareceu o Director.

nt
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48 49
FAS POR DENTRO

A Voz dos Directores Provinciais H


ANA MACHADO administrações municipais.

FAS Luanda “Realizamos acções de


capacitação, dotamos as
á dez anos como Directora administrações de meios
Provincial do Fundo de informáticos e técnicos,
Apoio Social em Luanda, assim como financiamos
para Ana Machado tem sido projectos sociais no âmbito da
bastante complexo trabalhar saúde, educação e mercados,
em Luanda, pois na capital com vista a satisfazer as
do país fluem diversos níveis necessidades básicas das
de poder. Por isso, como é populações”, enumerou.
natural, o FAS-Luanda tam- Os últimos projectos
bém tem sido compelido a financiados pelo FAS-Luanda
enfrentar os desafios difíceis foram escolas de seis salas de
e típicos das fases de implan- aulas e área administrativa
tação estrutural que ocorrem nas comunidades do Paraíso
com frequência em Luanda, e da Pedreira, em Cacuaco,
para dar respostas às solici- entregues em 2014. Quanto ao
O Dande ganhou este centro de fisioterapia novinho em folha.JPGAmélia Bahrari, que comanda uma empreitada do FAS. O centro de Fisioterapia, completamente equipado, pronto a usar. tações das administrações sector da saúde, a localidade
municipais. de Mazozo ganhou um posto
“Sempre tivemos uma de saúde, mas o município de
ligação directa com as Ana Machado: o Icolo e Bengo deverá ganhar
JOSÉ MANUEL NICOLAU de ver a obra rapidamente de
Centro de fisioterapia administrações locais”, FAS-Luanda também outro em breve.
tem sido compelido
FAS Bengo pé, tendo escolhido para tanto a
mesma empreiteira que edificou
O sector da saúde vai, entretanto,
ganhar mais uma infra-estrutura
contou Ana Machado,
informando que, inicialmente,
a enfrentar os
desafios difíceis e
Para 2015, na senda do
reforço institucional, o FAS

O
mais recente projecto finan- a Escola da Boa Esperança II (ver das mãos do FAS. Trata-se de um a instituição tinha uma espera concluir o ciclo de
típicos das fases
ciado pelo FAS na província peça “Vinte anos a fomentar o centro de fisioterapia, solicitado intervenção muito mais planeamento estratégico em
de implantação
do Bengo é uma escola de desenvolvimento local”), a Gli pela Administração Municipal directa para as comunidades estrutural que cada um dos municípios,
sete salas a ser edificada na co- Construção. Amélia Barhari, PÔR UM POSTO do Dande, no âmbito do desen- quer no que toca à ocorrem com para activar o Plano de

DE SAÚDE NES-
muna das Mabubas. É o próprio sócia-gerente da Gli Construção, volvimento comunitário e para mobilização como na escolha frequência em Desenvolvimento Municipal.
director local da instituição, José diz estar satisfeita com a reforçar a luta contra a fome e a de projectos. Luanda, para dar Entre os municípios, Cacuaco
Manuel Nicolau, que confirma as escolha e promete entregar a TA ZONA FOI pobreza. Porém, a partir de 2005, respostas às é neste aspecto o que está
solicitações das
UMA BÊNÇÃO
impressões digitais do FAS nesse obra na data acordada – “o mais Segundo o Director Provincial ajustes efectuados por mais avançado, porquanto já
empreendimento orçado em 32 tardar até Maio” – apesar dos do FAS, José Nicolau, a obra Decreto Presidencial na administrações possui um esboço do plano.
milhões e 500 mil kwanzas. Este constrangimentos provocados DOS CÉUS” já foi concluída e entregue, gestão das municipalidades municipais “Também orientamos as
será o montante que o FAS vai in- pelas fortes chuvadas que têm faltando apenas equipar-se de Luanda visando já naquela administrações a privilegiar a
vestir só na execução física. Fica assolado a localidade. toda a unidade sanitária. O altura a desconcentração, contratação de mão-de-obra
de fora o apetrechamento no qual financiamento 4 do FAS (quarta As duas escolas irão ajudar orçamento para a construção e remeteu o FAS aos bastidores nacional; e sempre que existe
se vai consumir mais 6 milhões tranche do financiamento) da a colmatar uma enorme apetrechamento básico foi de das acções. Por isso, um projecto lançamos um
de kwanzas, perfazendo um total carteira de projectos de 2013, carência que se verifica nessa cerca de 28 milhões de kwanzas. segundo Ana Machado, neste concurso público”, salientou
de 38 milhões de kwanzas. mas que em função de alguns matéria naquela localidade, “O que for complementar é da momento a actuação do FAS Ana Machado, indicando que
A obra, enquadrada no constrangimentos só arrancou daí a Administração Municipal responsabilidade da Direcção na capital tem-se focado o FAS também tem na sua
Projecto de Desenvolvimento no ano lectivo de 2015. do Dande não ter hesitado em Provincial ou a Municipal”, sobretudo no reforço da actuação preocupações de
Local (PDL), faz parte do José Nicolau faz questão agora recorrer ao FAS. esclareceu. capacidade institucional das equidade e justiça social.
nt

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50 51
FAS FREDERICO SANUMBUTUE
POR DENTRO
o Director Provincial do FAS na

FAS Huíla Huíla disse que que o projecto


está a ser implementado, por

A
pós cinco anos de activida- enquanto, em dois municípios
de como Director Provin- pilotos, Chibia e Lubango, com
cial do FAS na Huila, Frede- actividades viradas ao estudo de
rico Sanumbutue conclui que “só linha de base dos municípios.
no princípio foi difícil”. Quando Também foram realizados
assumiu o cargo estava-se a de- estudos de cadeia produtiva,
senhar o Projecto de Desenvolvi- prestação de serviço, tratamento
mento Local (PDL), que começou de carne seca, moagens, sendo
a ser implementado em 2011 e vai que o FAS já financiou cerca
até à data. Para 2015, os elevado), três residências para de 20 projectos de negócios
Na Huíla, tal como noutras desafios estão apoiar professores e enfermeiros. e outros tantos aguardam
províncias, o PDL obedece lançados, mas 25 “Desde 2011 temos vindo a financiamentos.
aos mesmos parâmetros de projectos aguardam trabalhar com um orçamento de Quanto a componente três,
actuação nas três componentes a aprovação da 600 milhões de kwanzas, numa mais relacionada aos trabalhos
primárias. A primeira assenta na direcção-geral do carteira que abarca 29 projectos”, nas/e para as administrações,
construção de infraestruturas FAS indicou Frederico Sanumbutue. Frederico Sanumbutue ANTÓNIO MELGAÇO são obviamente a educação e a
– equipamentos sociais como
escolas, postos de saúde e todos
Já em relação à segunda
componente, mais ligada ao
disse que começaram em
quatro municípios, mas já se FAS Cunene saúde.
“Apesar de não ter aqui os
outros serviços decorrentes da apoio directo à economia local, expandiram para nove. números, os projectos destes

D
demanda de necessidades de No que diz respeito ao reforço evido à complexidade cli- sectores se equiparam”, afirmou,
uma determinada comunidade institucional, o FAS conseguiu mática do Cunene, o Direc- adiantando que presentemente
– e tudo o que for solicitação das dotar as administrações dos tor Provincial do Fundo de o FAS financia projectos nas
administrações municipais. municípios intervencionados Apoio Social, António Melgaço áreas de saúde e de educação
Nesta componente, o FAS com ferramentas importantes Caetano, no cargo há 16 anos, em quatro municípios onde
envolveu 430 milhões de de gestão, além da realização considera que as chuvas têm sido também já se está a implementar
kwanzas para financiar cerca de permanente de acções o pior inimigo para todo e qual- a componente de capacitação
oito projectos de educação num formativas. “Neste momento quer projecto que a instituição dos quadros, a saber: Cahama,
total de 48 salas de aulas, vários conseguimos fazer o queira financiar, em resposta à Curoca, Cuvelai e Namacunde.
postos de saúde, seis projectos planeamento do terceiro estágio solicitação de determinada ad- António Melgaço projectos, um dos quais a Para 2015, o principal desafio
de água e saneamento e 24 estratégico que tem como ministração. Caetano, no cargo tardia disponibilização dos é expandir a componente de
residências para professores e objectivo a elaboração do plano “Nestes 16 anos, o maior há 16 anos: “Nestes financiamentos. capacitação a outros municípios
enfermeiros. de desenvolvimento municipal”, constrangimento, que não 16 anos, os maiores Ao fazer o inventário das fases de modo a evitar assimetrias. O
Neste momento, perfazendo salientou. depende de nós, tem sido a constrangimentos, do FAS no Cunene, António ideal perseguido é que todos os
173 milhões de kwanzas, existem Para 2015, os desafios estão chuva. As cheias impediram- que não dependem Melgaço disse que ao longo municípios tenham o mesmo
nove projectos de 2014 que só lançados, mas 25 projectos nos de chegar a certas de nós, têm sido a destes anos a instituição evoluiu tipo de formação.
serão entregues agora. São três aguardam a aprovação da localidades”, salientou o chuva. As cheias em função das necessidades das Outro grande desafio é atingir
escolas de seis salas de aulas direcção-geral do FAS. “Já Director do FAS Cunene. Mas impediram-nos de localidades de implementação o último estágio (a componente
cada, dois postos de saúde, um enviamos uma planificação para há outros factores, segundo chegar a certas dos projectos. Nas fases 1 e 5) visando a uniformização
localidades”
projecto de água e saneamento a direcção-geral e ainda não referiu, que também têm 2, por exemplo, trabalhou-se dos conhecimentos para que
(combinando chafariz, sabemos quais dos 25 projectos ocasionado constrangimentos muito em função da demanda o processo de planeamento
lavandaria, poço e um tanque foram aprovados.” no andamento dos e das maiores necessidades que estratégico esteja completo.
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52 53
FAS ENTREVISTA Mirene da Cruz

Santinho Figueira, Director-Geral


“FAS é o primeiro
projecto de combate
à pobreza no país”
A instituição pública que, há quase uma vintena de anos e apesar das dificuldades, reclama o lugar primeiro no
esforço de melhoria de qualidade de vida das comunidades em Angola, na óptica de quem a gere com empenho.

S
ucinto, o Director-Geral no combate à pobreza. É o Qual é a estrutura e
do Fundo de Apoio primeiro projecto, a nível do país, funcionamento do FAS?
Social, Santinho Felipe que tem a ver com o combate a O FAS tem um director-geral
Figueira, faz o ponto de pobreza. Foi criado pelo Decreto e um adjunto. A nível central
situação dos programas 98/94 do Conselho de Ministros. temos departamentos como a
já implementados e fala do Isto aconteceu numa época área financeira, de aquisição –

O PRIMEIRO
porvir de uma instituição que se em que a situação do país era ligada aos projectos – e temos
distinguiu há muito como o maior crítica devido à guerra. Então, também uma área intermédia de
braço do Estado na luta contra PROJECTO A o governo, através do Banco desenvolvimento local. Existem

SER IMPLE-
a fome e a pobreza em Angola, Mundial decidiu criar este ainda a área administrativa, a
embora muitos ainda a confundam projecto, que actua já lá se vão de monitorização e avaliação –
com uma simples ONG. MENTADO PELO 20 anos. Independentemente que avalia as actividades do FAS

FAS FOI UM UM
O que é o Fundo de Apoio do Banco Mundial já tivemos assim como as comunidades.
Social? financiamentos de outras A nível das províncias temos
O Fundo de Apoio Social (FAS) FURO DE ÁGUA parcerias como é o caso da as direcções provinciais, cada

QUE AINDA
é um projecto do Executivo União Europeia, Embaixada uma com as mesmas secções
angolano com autonomia da Noruega, PNUD, USAID, de acompanhamento que a
administrativa e financeira. O EXISTE.” Embaixada da Itália, Cooperação direcção central.
seu objectivo é ajudar o Governo Espanhola. Em que províncias é que o FAS
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54 55
FAS está implantado?
ENTREVISTA
seguiu-se a construção de uma com 80 por cento, e os 20
Estamos nas 18 províncias. escola. servem para reinvestimento da
Até 2014 estávamos apenas O FAS tem alguma cidade conta do camponês. Solicitamos
em 15 províncias. Já nos satélite ou modelo? três facturas pró-forma para
últimos meses tivemos de abrir É a Huíla, porque há uma analisarmos a melhor oferta
escritórios em todas províncias grande inovação nos projectos com a qual vamos trabalhar.
do país, justamente porque que lá se implementam, assim Na Huíla existem camponeses
o acordo de crédito entre o como o engajamento da própria associados que já conseguiram
Governo e o Banco Mundial direcção da província que é um espaço maior de cultivo,
tem cláusulas, e uma delas é bastante proactiva. Quase na colhendo assim mais de 20
atender as situações difíceis em maior parte dos projectos que toneladas de batata rena.
todo o território nacional. Uíge, o FAS implementa noutras Depois de quantos anos
Cuando Cubango, as Lundas províncias, vai-se sempre buscar é que o FAS deixou de ser
Norte e Sul e o Moxico foram um exemplo à Huíla. tutelado pelo Ministério do
as últimas contempladas. Em E fora do país existirá um do Planeamento e passou para o
qualquer província onde se vá qual o FAS retirou um modelo Ministério da Administração
existe um escritório do FAS. de acção e adaptou à realidade do Território e porquê?
Qual das províncias recebeu o angolana? Depois de 19 anos, pois só
maior número de projectos? Anualmente a instituição aconteceu no ano passado,
Trata-se da província do realiza visitas ao estrangeiro. Daí 2014. Mas foi uma transição que
Cuanza-Sul, onde, por sinal, que a realidade que procuramos satisfez os funcionários do FAS
o FAS nasceu em 1994. As trazer para a nossa é a brasileira, porque, como o nosso objectivo
províncias que têm mais por ser muito próxima da nossa. é trabalhar no território, facilita-
projectos, em ordem sequencial, Globalmente, nestes 20 anos nos a comunicação com as
são: Cuanza-Sul, Namibe, quantos projectos é que foram administrações. Antes, quando
Benguela, Huila, Huambo, implementados? estávamos no Ministério do
Cabinda, Bengo e Luanda. Temos 13. 470.810 projectos, administração deve indicar de 60 a 120 dias. O mais tardar de economia local? Planeamento, para chegarmos à
Durante o período 1994-2015, com cerca de três milhões de as necessidades que quer ver estaremos a entregar a obra Neste campo estamos a administração tinha de existir uma
a média em cada uma destas beneficiários e 250 mil empregos resolvidas. O FAS, por sua em 180 dias. Mas estamos a actuar em quatro províncias, ponte: Ministério do planeamento-
províncias é de 700 a 800 directos e indirectos gerados vez, interage com o governo falar de projectos como uma Huambo, Benguela, Huíla e MAT. Só depois é que a orientação
projectos. neste período, porque primamos provincial para analisar se, escola de seis salas de aulas. E Namibe. São as províncias baixava às administrações e a
Sendo o Cuanza-Sul o berço sempre pela mão de obra local de facto, estes projectos estão quando temos a disponibilidade que estão a beneficiar do resposta chegava até nós. Hoje, a
do FAS, qual é o sector que na construção de determinado AINDA EXISTEM de acordo com aquele que é financeira e o fiscalizador tudo projecto de economia local. TEMOS situação está muito mais facilitada,

ADMINIS- 13.470.810
beneficiou de mais projectos projecto. o Plano Provincial, isto para acontece de forma rápida. É um projecto-piloto, ainda é porque basta uma comunicação ao
financiados? Olhando para a particularida- não haver sobreposições de Depois que o empreiteiro uma experiência. Pretendemos Senhor Ministro da Administração
Foi o sector da educação de de cada província, qual é o TRAÇÕES QUE projectos. Os projectos são entrega a obra ao FAS, alargar para Cabinda, PROJECTOS, do Território e a administração

ACHAM QUE CERCA DE TRÊS


seguido da saúde, isto em todas período médio que o FAS leva encaminhados ao Ministério do chamamos a administração Cuanza-Sul e Bié porque já está logo em prontidão. Mas ainda
províncias. De uma forma geral, desde a concepção de um pro- Planeamento para os aprovar. local e entregamos. existem alguns resultados. existem administrações que
a necessidade da educação é jecto à entrega? O FAS É UMA Isto pode levar até cinco meses. A agricultura é a chave para Em termos de beneficiários MILHÕES DE acham que o FAS é uma simples

SIMPLES BENEFICIÁ-
sempre superior aos outros Solicitamos e ajudamos as Depois de aprovados, e porque o processo de diversificação nestas províncias, em média, ONG; então temos tentando
sectores. Porém, o primeiro administrações a identificar nós só fazemos isso quando já da economia que está a temos cerca de 350. O grande divulgar mais a nossa imagem
projecto a ser implementado foi as necessidades, facto que ONG.” temos o dinheiro disponível. ser levada a cabo. Quantas objectivo é ajudar as famílias RIOS” para quebrar esta que se tem do
um projecto de água, um furo pode acontecer num período Depois deste processo, o período pessoas é que já foram carentes, mas que já têm FAS. Contudo, parece que estamos
que ainda existe. Depois deste, de 30 dias. Neste tempo, a para a entrega do projecto é beneficiadas com o projecto iniciativa própria. O FAS entra no lugar certo.

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FAS ENTREVISTA Severino Carlos

Gordon Kricke, embaixador água, saneamento e reforço das


capacidades institucionais.
reabilitação de escolas, centros
de saúde e mercados; 6 muni-

da União Europeia em Angola


Dada a importância do FAS cípios no apoio ao empreende-
para o desenvolvimento do país, dorismo e iniciativas de criação
a União Europeia decidiu conti- de empresas e 30 municípios na

Parceria com o FAS


nuar a apoiar o novo programa elaboração de Planos de Desen-
FAS IV, que foi intitulado Progra- volvimento local participativos.
ma de Desenvolvimento Local Estas ações estão localizadas em
(PDL), no valor de 30 milhões de 14 das 18 províncias da República
Euros, provenientes do 10º Fun- de Angola. É de salientar que

no rumo certo
do Europeu de Desenvolvimento. uma grande parte dos municí-
Com este financiamento a fundo pios apoiados pelo novo progra-
perdido a União Europeia vai ma, terão pela primeira vez uma
continuar a apoiar o FAS na intervenção por parte do FAS.
prossecução dos seus objectivos Em quanto orça o valor total
durante os próximos 3 anos, das doações já feitas até ao mo-
sendo que o objectivo do projecto mento pela União Europeia em
A União Europeia é o principal dador do FAS desde Setembro de 2004, na altura continuará a ser a melhoria da projectos sociais implementa-
qualidade de vida da população e dos em Angola?
com uma ajuda no valor de 45 milhões de Euros. Objectivo? Erradicação da a prestação mais eficaz e eficien- O valor total do apoio da UE
pobreza. É uma ajuda de peso que se reflete em millhares de projectos do Fundo de te de serviços descentralizados. ao FAS desde Setembro de 2004
Apoio Social por todo o território nacional. Fomos ouvir o seu representante. As componentes do PDL que a é de 60 milhões de Euros. Como
UE está a apoiar são: - a constru- já indicado, este apoio é a fundo

A
União Europeia (UE) bro de 2004, com uma ajuda no ção e/ou reabilitação de infra- perdido e foi instrumentalizado
é o principal parceiro valor de 45 milhões de Euros, -estruturas económicas e sociais, através de 2 programas: - o FAS
do Executivo angolano dos quais foram utilizados uns que vão providenciar e aumentar III, cuja implementação termi-
para o desenvolvimen- 30 milhões de Euros. Este apoio o acesso de famílias a infra- nou em Dezembro de 2009 e
to sustentável do país a fundo perdido foi concedido -estruturas sociais e económicas teve uma contribuição da UE de
e a erradicação da pobreza. É no ao abrigo do 9º Fundo Europeu melhoradas; - a promoção do 45 milhões de Euros, e o novo
quadro dessa cooperação com o O FAS É UM de Desenvolvimento e imple- desenvolvimento local que irá programa de apoio ao PDL (FAS

PROGRAMA
Estado angolano que se inclui a mentado através de um acordo permitir a capacitação de empre- IV) que começou em Janeiro de
cooperação com o FAS, que está de Administração com o Banco endedores e de produtores para 2015 e para o qual a UE está a
no rumo certo, de acordo com o ALTAMENTE Mundial, iniciando-se as activi- a criação e desenvolvimento de disponibilizar um financiamento

RELEVANTE NO
embaixador da UE em Angola, dades em 18 de Maio de 2005 e novos negócios; - e a formação a fundo perdido de 30 milhões
Gordon Kricke, em entrevista à finalizando em 31 de Dezembro e capacitação de entidades de Euros.
NOSSA TERRA. DESENVOL- de 2009. Durante a duração deste públicas e da sociedade civil em E como avaliam globalmente a

VIMENTO E
Sabemos que a União Euro- programa, que foi chamado planeamento, gestão financei- parceria com o FAS?
peia é o principal doador do FAS III, os fundos da UE ao FAS ra e técnica e monitorização O FAS é um programa
Fundo de Apoio Social. Quais NA RECONS- contribuíram para a implemen- de serviços públicos que irá altamente relevante no desen-

TRUÇÃO DE
são os projectos concretos tação de 727 sub-projetos, em permitir o reforço e melhoria volvimento e na reconstrução
financiados ao longo da coope- 65 municípios localizados em 17 das capacidades institucionais. de Angola e a UE quer apoiar
ração mantida com o FAS?
O apoio da União Europeia
ANGOLA” províncias, de um total de 1575
sub-projetos, principalmente
Este novo programa, financiado
pela União Europeia, irá apoiar
os esforços do Governo para
reforçar a boa governação local
(UE) ao FAS começou em Setem- nas áreas de educação, saúde, 28 Municípios na construção ou e apoiar as populações mais
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FAS ENTREVISTA
remotas através de prestação de matéria, estão satisfeitos com as pessoas reais no terreno. Angola. Durante esse tempo, a
melhores serviços para alcançar o desempenho do FAS? A vossa interacção com o FAS Comissão Europeia tem sido um
melhores perspectivas de vida. É certo que não esperamos é feita através da espanhola importante parceiro do Governo
O programa está em linha tanto retornos financeiros, mas através FIIAPP. Porquê o FIIAPP e não de Angola em domínios como
com as metas de desenvolvi- do nosso apoio temos que ofe- outra entidade? a reconstrução, a desminagem,
mento do governo como com os recer soluções para o desenvol- Durante a fase de definição e a saúde, a educação, a água e o
acordos bilaterais entre a União
O FAS III TREI-
vimento relevantes e de elevado formulação do novo programa A UE É O saneamento, a agricultura e a

PRINCIPAL
Europeia e o Governo de Angola. impacto e a nossa ajuda tem que foram avaliadas outras moda- segurança alimentar, a protecção
No FAS III, apesar de que NOU MAIS DE se dirigir para onde ela é mais ne- lidades de implementação com social de grupos vulneráveis,
uma parte dos fundos não foi
3.100 PESSOAS
cessária e pode causar mudanças outras organizações. A proposta PARCEIRO a boa governação e os direitos

DO GOVERNO
executada (15 milhões de Euros), duradouras e catalisadoras. Neste apresentada pelo FIIAPP, que humanos.
o programa teve um bom de- E TAMBÉM sentido, a avaliação que se fez do incluía a actual estrutura do FAS Que outros passos estão
sempenho e o facto de que o Go-
CRIOU MAIS DE
FAS III estimou que 2,3 milhões como o ente implementador foi PARA O DESEN- perspectivados em Angola em

VOLVIMENTO
verno de Angola reforçou a sua de angolanos ganharam acesso considerada pela Delegação da matéria de cooperação para o
contribuição, quadruplicando 19.000 POSTOS a serviços básicos fornecidos União Europeia como a mais desenvolvimento?
o que tinha sido originalmente
DE TRABALHO,
pelo FAS III. Por exemplo na área adequada. Não devemos esque- SUSTENTÁVEL Ao abrigo do 10º Fundo Eu-

DO PAÍS E A
orçado, é um testemunho do seu de educação, a qual recebeu a cer que o FAS já tem uma grande ropeu para o Desenvolvimento
compromisso com o programa.
11.215 DELES maior parcela do apoio, o FAS experiência na implementação (10º FED), no qual se enquadra o
As lições aprendidas no FAS
III foram tidas em conta na PERMANENTE-
III treinou mais de 3.100 pessoas
e também criou mais de 19.000
dos fundos tanto da UE como
do Banco Mundial e isto já é em
ERRADICAÇÃO novo apoio ao FAS, mais de 250
milhões de euros foram destina-
definição e formulação do nosso
MENTE postos de trabalho, 11.215 deles si uma garantia de sucesso na DA POBREZA. dos a um programa de coope-
novo apoio ao FAS. A Delegação
da União Europeia está a seguir
permanentemente. Vários inqué-
ritos realizados em 2005 e 2007
utilização dos fundos da União
europeia para atingir os objecti-
DESDE QUE ração plurianual (2008-2013)
com Angola. No âmbito deste
de perto a realização das acti- mostram que as populações que vos do FAS IV, nomeadamente a ABRIU O SEU programa, estão a ser desenvol-
vidades e está muito motivada
para trabalhar em estreita cola-
beneficiaram dos subprojectos
de infraestrutura viram as suas
promoção do desenvolvimento
local, o aperfeiçoamento dos
ESCRITÓRIO vidos projectos nas áreas da boa
governação, justiça e apoio insti-
boração com as equipas do FAS vidas melhoradas em termos processos descentralizados e a EM LUANDA, tucional, saúde e educação, água
e do FIIAPP para garantir que
o novo programa, FAS IV, seja
de acesso a serviços sociais,
como saúde, educação e água e
participação activa das popula-
ções locais, a melhoria do acesso
EM 1986, A e saneamento, desenvolvimento
rural, desminagem, direitos
bem implementado em benefí- saneamento. Isto foi conseguido aos serviços básicos de saúde e COMISSÃO humanos e apoio a actores não-
cio do país no processo actual
de crescimento económico, de
através de distâncias mais curtas
necessárias para atingir esses
de educação das famílias mais
carenciadas e mais pobres em
EUROPEIA -estatais.
O novo programa de coopera-
descentralização, e em prol do serviços. Angola. ATRIBUIU ção com Angola ao abrigo do 11º
fortalecimento da democracia e
da qualidade de vida de todos os
O novo programa, FAS IV, que
está a começar as suas activi-
Fora do FAS a União Euro-
peia tem outros parceiros em
DIRECTAMENTE FED (2014—2020) está em fase
de aprovação e irá ter como prin-
Angolanos. Estamos certos de dades, continuará a oferecer Angola? MAIS DE 600 cipais sectores de intervenção:
que o impacto destes projectos
nas províncias será fundamen-
soluções para o desenvolvimento
relevante e de elevado impacto
A UE é o principal parceiro
do Governo para o desenvolvi-
MILHÕES formação profissional e ensino
superior; agricultura sustentá-
tal para o desenvolvimento dos e vai dirigir a nossa ajuda para mento sustentável do país e a DE EUROS A vel; e água e saneamento. O 11º
municípios abrangidos.
Quem doa não espera, obvia-
onde ela é mais necessária e
pode causar mudanças dura-
erradicação da pobreza. Desde
que abriu o seu escritório em ANGOLA” FED terá um orçamento de 210
milhões de Euros.
mente, retornos financeiros. douras. A cooperação da UE para Luanda, em 1986, a Comissão Esta interacção com Ango-
Mas quer ver boas repercus- o desenvolvimento está a fazer Europeia atribuiu directamente la tem a ver com o que está
sões da sua aplicação. Nesta uma verdadeira diferença para mais de 600 milhões de euros a definido, de modo geral, em
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FAS ENTREVISTA

termos de cooperação com E de uma maneira geral como volvimento, o diálogo político e
os países ACP – África, Caraí- é que a União Europeia pers- a sua coordenação com as em-
bas e Pacífico – ou o âmbito é pectiva o futuro das relações baixadas dos Estados-Membros
diferente? Norte-Sul? presentes em Angola, a Delega-
Sim, tem muito que ver. No dia O mundo, e, em particular, o ção da União Europeia continua
1 de Março deste ano o 11º Fundo mundo em desenvolvimento, a ser um importante parceiro
Europeu de Desenvolvimento está a evoluir a um ritmo acele- político, económico e de desen-
(11º FED, entrou em vigor depois rado. O PIB mundial aumentou volvimento de Angola e centra-
de todos os Estados-Membros um terço desde 2000, mas esse -se, em especial, na contribuição
da União Europeia concluírem aumento foi conduzido pelos para o progresso social e o
o processo de ratificação. Será países em desenvolvimento, que crescimento económico inclusi-
disponibilizado um montante são responsáveis por 70% do vo para os seus cidadãos, porque
total de 30,5 mil milhões de EUR crescimento mundial nos últi- este é fundamental para a paz e a
para a cooperação com os Esta- mos dez anos. O PIB da África estabilidade a longo prazo.
dos da África, das Caraíbas e do Subsaariana aumentou 84% des- Será alguma utopia perspecti-
Pacífico (países ACP), através do de 2000. A África é actualmente o var-se um mundo em que não
11º FED para o financiamento de continente com a taxa de cresci- haja Estados necessitados até
projectos até ao ano 2020. mento mais rápida e a população um ponto extremo?
O financiamento da UE é mais jovem, e a Angola é um claro Não acho que seja uma
sempre concordado em estreita exemplo desta tendência. Um as- utopia. Os importantes avan-
parceria com cada um dos países pecto crítico é que o crescimento ços feitos por muitos estados
ACP para se certificar de que económico na África Subsaariana nos últimos anos são uma
estão alinhados com as suas tem trazido menos benefícios aos prova clara de que é possível a
A ÁFRICA É
prioridades nacionais e Planos pobres do que em outros países erradicação da pobreza. E neste
de Desenvolvimento. Isto fica bem sucedidos, uma situação sentido a UE tem vindo a fazer
reflectido nos chamados Progra- ACTUALMENTE que parece deteriorar-se com o uma contribuição decisiva para
O CONTINENTE
mas Indicativos Nacionais (PIN), tempo. Estes dados positivos e a o nosso objectivo primordial
os quais estabelecem as estraté- necessidade de desenvolver polí- de erradicar a pobreza extrema
gias e prioridades da cooperação COM A TAXA DE ticas para o crescimento inclusivo de uma vez por todas. Assim,
CRESCIMENTO
entre a UE e cada um dos países demonstram que a cooperação colectivamente, a UE e os seus
ACP. No caso de Angola já foi con- para o desenvolvimento é mais do 28 Estados Membros continuam
cordado com o Governo este PIN, MAIS RÁPIDA E que uma questão de solidarieda- a ser o maior doador de ajuda
do mundo. Reconhecemos que
que se encontra neste momento de: consiste também em investir
em fase de aprovação pelas duas A POPULAÇÃO num futuro mais vantajoso para a cooperação para o desenvolvi-
partes. O PIN de Angola para
o período até 2020 terá uma
MAIS JOVEM, todos.
É por isso que a UE também
mento é mais do que uma ques-
tão de dinheiro e que a ajuda
aportação da UE de 210 milhões E A ANGOLA colabora estreitamente com aos países em desenvolvimento
de Euros e foi concordado entre
a UE e o Governo de Angola tal
É UM CLARO Angola sobre questões globais,
sejam elas sobre paz regional, as
tem que incidir especialmente
na pobreza. Mas isso implica
como já indiquei, concentrar o EXEMPLO DES- alterações climáticas, a biodiver- também um compromisso
nossa cooperação em 3 sectores
focais: formação profissional e
TA TENDÊNCIA” sidade, a saúde, a migração e o
asilo, Transportes e Comunica-
de dar um papel de liderança
aos países parceiros e tornar a
ensino superior; agricultura sus- ções e o comércio internacional. prestação da ajuda o mais eficaz
tentável; e água e saneamento. Através de projectos de desen- possível.

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62
Cuando Cubango
locais

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NA ROTA DO
LOURENÇO MANUEL E CARLOS PAULINO (FOTOS) EM MENONGUE

PROGRESSO
Fruto de investimentos massivos o desenvolvimento vem
a passos largos naquelas que já foram pejorativamente
conhecidas como “Terras do Fim do Mundo”

J
Cuando Cubango: á nada será como dantes na provín-
Jamais a província cia do Cuando Cubango, que vive
conheceu tamanha momentos áureos da sua história.
azáfama socio- Os investimentos que o executivo
económica como a angolano vem realizando, nos mais
que acontece nos variados sectores da vida económica, social e
dias de hoje. cultural do sudeste de Angola, têm contribu-
ído gradualmente para o progresso da região
outrora pejorativamente conhecida como
“Terras do Fim do Mundo”, melhorando sig-
nificativamente a qualidade de vida das suas
populações e comunidades. 
Jamais a província conheceu tamanha azá-
64 fama socio-económica como a que acontece 65
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na província do Cuando Cubango, a um de-
susado movimento de recuperação de vias
rodoviárias para melhorar as acessibilidades
e minorar o esforço de percorrer grandes dis-
tâncias entre as localidades num território
maior, por exemplo, que Portugal. Desde 2005  
que o governo central, através do Instituto
Nacional de Estradas de Angola (INEA), está
envolvido num vasto programa de melhora-
mento das vias rodoviárias, tendo mobilizado
para o efeito um montante em torno de 800
milhões de dólares para asfaltar cerca de 796
quilómetros de estradas.
nos dias de hoje. Está a ficar para trás o ciclo As empreitadas foram adjudicadas às em-
locais

de forte atraso estrutural e económico, agu- presas Edifer-Angola, Zagope do grupo An-
dizado por décadas de violenta guerra civil drade Gutierrez, ADMC, a Teichmann-Angola
– cujo clímax nesta província foi a histórica e o consórcio Decar, que assumiram o com-
batalha de Cuito Cuanavale –, um ciclo que promisso de asfaltar as ruas estruturantes da

Transportes e comunicações
se arrastou praticamente até à realização das cidade de Menongue e diversas vias de ligação

A META,
primeiras eleições multipartidárias no país entre a capital e o interior da província. Passa-

Encurtar distâncias é crucial


em Setembro de 1992. dos nove anos, o balanço é satisfatório. Foram
ATÉ 2017, É A partir daí foram realizados alguns inves- asfaltados 105 kms, de um total de 155 kms, do

ASFALTAR
timentos, no entanto sempre em escala muito via Menongue/Cuchi até Cutato, orçado em
diminuta devido à tensão militar que persis- cerca de USD 161.614.328. Está completamente
MAIS DE 4 MIL tiu na região. Só com a paz definitiva obtida coberto de asfalto o troço Menongue/Caiun-

QUILÓMETROS
em 2002, o Cuando Cubango passou a viver do, empreitada orçada em USD 155.614.000.

A
períodos de tranquilidade e bonança. O exe- Os 16 quilómetros de vias estruturantes atenção que está a ser prestada aos dos nas margens dos rios Cubango e Cuíto.
DE ESTRADAS, cutivo angolano, com o apoio do Governo da da cidade de Menongue, um projecto orçado transportes e comunicações no Para esta empreitada, o governo angola- Para enfrentar o
desafio de levar
ESTANDO NESTE
Província, arregaçou as mangas e deu início a em USD 46. 667. 719, estão totalmente asfal- Cuando Cubango chega a ser uma no adquiriu cerca de 40 embarcações de pe-
uma gigantesca operação de recuperação das tados, assim como um percurso de 86 kms espécie de corrida contra-relógio. queno e médio-portes, algumas das quais já o comboio de
volta à capital do
MOMENTO suas principais infra-estruturas, que permitiu no trajecto Menongue/Longa, orçamentado Tudo para facilitar as comunicações estão a servir a população dos municípios do
Cuando Cubango,
que a província ganhasse o estatuto de “Ter- em USD 41.181.588. Está fechado o troço Me- e a circulação de pessoas e mercadorias em Cuito Cuanavale, Cuangar, Calai e Dirico nas
EM CURSO O ras do Progresso” – agora sim, merecidamen- nongue/Kueley de 75 kms, orçado em USD todo o território, com realce para as zonas de suas movimentações de um ponto para outro,
o Executivo gastou
vários biliões
PROCESSO DE te e sem qualquer malícia semântica.
Os resultados do progresso estão à vista
81.562.000. Da estrada Longa/Cuito Cuanava-
le, que custou aos cofres do estado a quantia
difícil acesso, numa província com uma su-
perfície gigantesca de 199.335 km2.
incluindo para a Namíbia, país vizinho para
onde a maioria das pessoas se deslocam com o
de kwanzas

ADJUDICAÇÃO de todos. Apesar de existir ainda um árduo de USD 75. 024.066, foram já asfaltados 86 dos Um bom exemplo desse esforço está na fito de adquirir bens de primeira necessidade.
em tarefas de
remoção de minas,
DAS EMPREI- caminho para trilhar, vários quilómetros de
estradas foram asfaltados, a desminagem
101 quilómetros da via; e 158 kms da estrada
Caiundo-Savate, orçado em USD 107.869.000.
construção de um canal fluvial entre a sede
municipal do Rivungo e a localidade de
As parcerias públicas e privadas também
encontram um espaço neste domínio, sendo
construção da
nova linha férrea,
TADAS” caminha célere, bem como a construção de Apenas a estrada entre Savate e Catuitui, Shangombo (Zâmbia), numa zona pantano- responsáveis pela instalação de serviços que recuperação de
pontes, habitação social, centenas de escolas, na fronteira com a Namíbia, orçamentada em sa do rio Cuando, com dez quilómetros de também estão a encurtar distâncias, desta- várias pontes
postos de saúde, furos de água, sistemas de USD 78. 442. 355, ainda não recebeu um único extensão, afigura-se de capital importância cando-se as operadoras de telefonia móvel e edificação
fornecimento de energia eléctrica – enfim, um centímetro de asfalto. Contudo, o Governa- para a população daquele município que Movicel e Unitel. Esta última, por sinal, já lo- de 56 estações
sem-número de projectos que estão a mudar, dor do Cuando Cubango, Higino Carneiro, fez vive quase que isolada do resto da província grou estender o seu sinal a todas as sedes dos ferroviárias ao
longo de quase 922
radicalmente para melhor, a vida de milhares saber que o seu executivo continuará a asfal- por falta de vias de acesso. nove municípios que compõem a província,
kms que partem do
de angolanos que habitam numa das provín- tagem das estradas que considera vital para Os trabalhos do canal estão neste momen- incluindo algumas comunas.
Porto do Namibe
cias mais extensas do país, onde o progresso, sustentar os projectos de desenvolvimento to na recta final, aguardando-se pela cons-
pelos vistos, galga a passo de corrida. da zona leste e sul da província. A meta, até trução das estruturas de apoio ao embarque Festa do comboio em Menongue
2017, é asfaltar mais de 4 mil quilómetros de e desembarque de passageiros e mercado- Retomada no ano passado, a circulação do
Estradas a fundo estradas, estando neste momento em curso o rias. Estão igualmente em curso as obras comboio entre o porto do Namibe e a cidade
66 O fim do conflito armado em 2002 deu lugar, processo de adjudicação das empreitadas. de 11 portos fluviais que estão a ser ergui- de Menongue, passando por Lubango, está 67
nt
Reinaugurado

nossaterra#01
passageiros. A modernização do aeroporto
Comandante Kuenha resulta da firme
Aeroporto determinação do executivo angolano, no
Comandante Kwenha quadro da visão estratégica do Presidente

Tempos de
da República, José Eduardo dos Santos, de
combater as assimetrias entre uma e outra
região, jogando assim um papel fundamen-

modernidade tal na firme integração dos países da SADC.


“Transformar as diferentes províncias do
país mais próximas das outras, através da

e de voar criação de infra-estruturas de transporte e


logística, é a prioridade do Executivo para que

a contribuir para uma maior celeridade do


em grande a circulação de pessoas e de mercadorias
se processe a toda a dimensão do país sem
locais

desenvolvimento da província do Cuando constrangimentos”, lê-se num documento a


Cubango, com o transporte facilitado dos ma- que NOSSA TERRA teve acesso. A inauguração do novo aeroporto pelo Ministro dos Transportes, Augusto Tomás.

nt
teriais de construção e de outros bens de uso

A
e consumo da população. reinauguração do Aeroporto
Com duas frequências semanais, o com- Comandante Kuenha na cidade de

RETOMADA NO
boio dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes Menongue, em finais do ano passado,
(CFM) – ou do Namibe, como é vulgarmente pelo Ministro dos Transportes Augusto To-
ANO PASSADO, chamado pela população – transporta para o más, marcou o início de uma nova era, o da

A CIRCULAÇÃO
Cuando Cubango de tudo um pouco. Quando modernidade de voar em grande, conferindo
o apito soa à entrada da cidade de Menongue, uma nova dimensão económica à província
DO COMBOIO a estação local fica apinhada de gente. Alguns do Cuando Cubango em particular e ao país

ENTRE O PORTO
para receber um ente querido e outros por em geral. O moderno aeroporto tem uma
razões de negócios, pois muitas mercadorias pista de 3.750 metros de comprimento, de-
DO NAMIBE E são despachadas no momento da chegada. vidamente sinalizada e iluminada de acordo

A CIDADE DE
Materiais de construção, galinhas, porcos, com os padrões internacionais, 45 metros
cabritos, horto-frutícolas, feijão, batata rena de largura com bermas de 7,5 metros – pode
MENONGUE, e doce, cana-de-açúcar, peixe fresco e seco, receber qualquer tipo de aviões, incluindo o
roupas usadas, utensílios de cozinha, entre Boeing 777-300 ER.
PASSANDO outros produtos de uso e consumo da popu- A aerogare de estrutura metálica conta
POR LUBANGO, lação, são comercializados logo à chegada do
comboio e a um custo ao alcance dos bolsos
com uma área de 4. 200 metros quadrados,
com uma sala de embarque e outra de
ESTÁ A CON- da maioria dos cidadãos. Ninguém quer es- desembarque para receber 200 passagei-
TRIBUIR PARA perar. Deixar para depois é arriscar-se a «cair
nas mãos” das conhecidas “zungueiras” que
ros cada, uma área reservada com cerca de
sete balcões para o check-in, restaurantes
UMA MAIOR despacham mercadorias a preços nada mó- e lojas, unidade para os bombeiros e postos
CELERIDADE dicos.
Para enfrentar o desafio de levar o comboio
para os Serviços de Migração e Estrangeiros
(SME) e das Alfândegas.
DO DESENVOL- de volta à capital do Cuando Cubango, o Exe- O aeroporto conta ainda com uma área
VIMENTO DA cutivo gastou vários biliões de kwanzas em
tarefas de remoção de minas, construção da
comercial, duas máquinas de raio x para
bagagem de mão, um detector de metais
PROVÍNCIA nova linha férrea, recuperação de várias pon- e armas, sistemas de abastecimento de
DO CUANDO tes e edificação de 56 estações ferroviárias ao
longo de quase 922 kms que partem do Porto
aeronaves e de extinção de incêndios,
um parque de estacionamento para 350
CUBANGO” do Namibe, onde o novo desafio das autorida- viaturas ligeiras e 18 pesadas, iluminação
des agora é construir um ramal do CFM até à nocturna, entre outros serviços que vão
68 vizinha República da Namíbia. garantir maior dignidade e conforto aos 69
nt
Turbinando os projectos
locais

nossaterra#01
em curso. Foram igualmente executadas 44
outras acções que, tendo transitado de 2012,
acabaram por condicionar o orçamento 2013.
O relatório realça também que, numa óp-
tica de eficiência de utilização dos recursos
públicos, os novos projectos inscritos privile-
giaram a concentração de verbas em investi-
Parceria público-privada e crescimento das receitas fiscais locais também mentos com maior impacto sócio-económico,

são motores por detrás do bom rumo que os empreendimentos conhecem designadamente a construção de 96 escolas
do Iº ciclo do ensino primário e secundário,
incluindo cinco institutos médios, a saber:
Formação de Professores, Instituto Médio
Agrário, Escola de Técnicos de Saúde; Escola
de Professores do Futuro (ADPP) e a Escola
dos 1º e 2º Ciclos do Cuchi.
No domínio da saúde foram concluídos, e uma extensão de rede de 59,9 quilómetros, o
no município sede do Cuando Cubango, cin- que permitiu a construção de 100 chafarizes
co centros de saúde, um oftalmológico, outro ao redor da cidade.
ortopédico e um depósito de Medicamentos,  O Ministério da Energia e Águas remodelou
uma escola de formação de técnicos de Saúde, igualmente o sistema de ampliação e melho-
um centro de especialidades clínicas e outro ramento da rede de média tensão e ilumina-

EM JUNHO
ortopédico, tendo o governo da província co- ção pública da cidade de Menongue, orçado
locado à disposição seis ambulâncias e duas em mais de 53 milhões de dólares e que vai
viaturas. VAI-SE abranger 12 mil ligações domiciliares até à

REALIZAR NO
Actualmente, decorrem trabalhos de con- comuna do Missombo, a 18 kms da sede da
clusão do hospital geral do Cuando Cubango província.
e do hospital municipal de Menongue, duas BONDO-CAÍLA  As obras que estiveram igualmente a cargo

(CUANGAR),
obras de subordinação central, bem como dos da Sinohydro num período de 20 meses in-
hospitais municipais de Mavinga, Rivungo, cluiram também a instalação de 59 Postos de
Dirico, Calai e do hospital sanatório, igual- NA FRONTEIRA Transformação de energia de 630 e 250 KVA,

ENTRE O CUAN-
mente de Menongue. e 15 quilómetros de iluminação pública nas
principais artérias da cidade de Menongue,
Mais água potável DO CUBANGO E tendo sido inaugurados também em Janeiro
Entre outros projectos de subordinação cen- do corrente ano.
tral e que estão a encher de orgulho a popula- A NAMÍBIA, A

O
engajamento do empresariado pri-
vado e dinâmicas novas em matéria
A nova central, orçamentais alocadas à província, levando a
que certas empreitadas não sejam cabalmen-
ção da cidade de Menongue, destaca-se a nova
estação de captação e distribuição de água
3ª EDIÇÃO DA Agronegócio para diversificar
a economia
FEIRA DO GADO
orçada em 45
de arrecadação fiscal a nível local milhões de dólares, te concretizadas por escassez de fundos. potável, inaugurada em Janeiro último pelo O governo da província do Cuando Cubango
têm jogado um papel positivo para tem capacidade No que diz respeito à contribuição fiscal da Ministro da Energia e Águas, João Baptista apresentou ao longo dos dois últimos anos
o bom rumo dado aos diversos pro- para bombear 11 mil província para o Tesouro Nacional, o relató- Borges. um Plano Director Agro-industrial e Agro-pe-
jectos e empreendimentos em curso na pro- metros cúbicos de rio indica uma considerável evolução. Fruto   A nova central, orçada em 45 milhões de cuário a entidades nacionais e estrangeiras,
víncia do Cuando Cubango. Isto mesmo vem água potável por dia de uma atenção redobrada à arrecadação dólares, tem capacidade para bombear 11 mil com o propósito de atrair mais investimentos
referido num relatório balanço da actividade e beneficiar mais de local, no último exercício as receitas fiscais metros cúbicos de água potável por dia e be- para a região, cujo enorme potencial agrícola
governativa local. O documento, a que NOSSA 150 mil habitantes e aduaneiras na província saltaram para 3,6 neficiar mais de 150 mil habitantes das zonas se encontra adormecido por escassez de ver-
TERRA teve acesso, enaltece a solidariedade das zonas urbana mil milhões de kwanzas, representando um urbana e periurbana da cidade de Menongue bas.
e periurbana de
do Executivo Central em relação à província, crescimento na ordem 78%. Nos últimos dois e da sede comunal do Missombo. Em declarações à NOSSA TERRA, o Vice
Menongue e da
com a sua inequívoca aposta na eliminação anos, correspondentes ao consulado de Higi-  O empreendimento, cujas obras tiveram a Governador do Cuando Cubango para o sec-
sede comunal do
das assimetrias regionais, mas nota que as Missombo
no Carneiro como Governador da província, duração de 20 meses a cargo da empreiteira tor económico, Ernesto Kiteculo, disse que
condicionantes nacionais e internacionais foram programados 154 projectos sociais, chinesa Sinohydro, conta ainda com um re- este exercício permitiu a parceiros nacionais
70 têm imposto limites financeiros às verbas 148 dos quais concluídos e os restantes ainda servatório de seis mil metros cúbicos de água e estrangeiros terem uma idéia do potencial 71
Okavango/Zambeze

nossaterra#01
Cuando Cubango a melhorar as suas mana-
das e o modo de vida das comunidades, cul-
tivando-lhes o hábito de participarem em lei-

Paraíso turístico atrai investimentos


lões de gado, como forma de renovar as suas
manadas e como meio de combater a fome e
a pobreza que os apoquenta, são entre outros
objectivos o que o governo da província per-
segue com a realização deste tipo de eventos.

Carlos Paulino
Segundo o Vice-Governador, o Cuando
Cubango tem um número significativo de Projecto KAZA reúne potencial para situar-se entre as
criadores que já podem instituir um núcleo
para dar resposta ao grande potencial que a
maiores referências no roteiro turístico do mundo inteiro
província tem, para o desenvolvimento de um enorme atraso que denota em termos de in-
sector pecuário empresarial. Trata-se de uma fraestruturas, se comparado com os restantes
iniciativa que pode ajudar na mudança gené- países membros, é à partida o pulmão deste
locais

agrícola e dos outros recursos mineirais que a tica do gado da província. projecto, visto que 90 por cento do seu territó-
província tem, alguns dos quais já começaram   rio é caracterizado por zonas turísticas, com
a investir no sector pecuário, produção de ovos Arroz no Longa uma fauna e flora e uma bacia hidrográfica in-
e de arroz, processamento de mandioca e de A fazenda agro-industrial do Longa situada vejáveis, com realce para os rios Cuito, Cuando
madeira.   na comuna com o mesmo nome, destinada à e Cubango que o tornam um verdadeiro oásis.
Ernesto Kiteculo adiantou que o governo produção e processamento de arroz, constitui Apesar da guerra que assolou a região, o

O GOVERNO
local está seriamente determinado em diver- um projecto promissor no qual o executivo sistema ecológico, que é um dos principais
sificar a economia e uma aposta certa é a rea- angolano investiu mais de 76,6 milhões dóla- objectivos do projecto, contínua intacto e
lização períodica de eventos de promoção dos LOCAL ESTÁ res. A fábrica, montada pela chinesa CAMCE, precisa apenas ser melhorado para propor-

SERIAMENTE
recursos locais. No próximo mês de Junho vai está equipada com tecnologia moderna e in- cionar, às comunidades locais, os benefícios
realizar no Bondo-Caíla (Cuangar), na frontei- clui moradias para os técnicos e administra- provenientes dos recursos da biodiversidade,
ra entre o Cuando Cubango e a Namíbia, a 3ª DETERMI- dores da empresa. através de práticas de gestão, conservação, tu-

NADO EM
edição da Feira do Gado, um evento aberto a No local foi ainda construído um centro de   rismo e de oportunidades alargadas de meios

O
expositores de todo o país e que contará tam- formação para aperfeiçoar as técnicas dos Projecto Transfronteiriço Okavan- de subsistência. Para melhor funcionalidade
bém com presenças confirmadas de criadores DIVERSIFICAR camponeses locais no domínio agro-pecuá- go/Zambeze (KAZA), com uma ex- e organização, foi lançada no dia 6 de Agosto

A ECONOMIA E
do Botswana e da Namíbia. rio, uma biblioteca, laboratórios, uma estação tensão territorial de 444 mil kms de 2013 a primeira pedra para a construção
No local, o governo da província do Cuando meteorológica, serviços de fornecimento de quadrados repartidos por Angola, da sede do escritório KAZA na componente
Cubango colocou à disposição dos expositores UMA APOSTA mecanização agrícola, um posto-médico e Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zim- angolana, no município do Cuito Cuanavale,
uma área de 800 metros quadrados com de- uma escola primária para atender as comuni- babwe, vai ser nos próximos tempos uma em cerimónia testemunhada pelos Ministros
zenas de currais, mangas de vacinação e um CERTA É A dades locais. referência obrigatória no roteiro turístico da CUANDO- da Hotelaria e Turismo de Angola, Namíbia,
vasto campo para pasto do gado em leilão, res-
taurantes, zonas de lazer, um espaço reservado
REALIZAÇÃO Foram igualmente erguidos seis dormitó-
rios de 25 camas cada, sistemas de captação
região Austral, de África e do mundo, a julgar
pelas suas potencialidades e pelo empenho
-CUBANGO: Zâmbia e Zimbabwe, e do Governador do
Cuando Cubango, Higino Carneiro.  Um dia
a emergências médicas e uma zona sobre o rio PERÍODICA DE de água potável, parque de estacionamento pessoal dos chefes de Estado dos cinco países 90 POR depois, a cidade de Menongue acolheu a reu-
Cubango, para a prática de pesca desportiva.  
Ernesto Kiteculo disse que nas duas pri-
EVENTOS DE de viaturas e máquinas agrícolas, uma esta-
ção de serviço, uma zona de armazenamen-
membros.
Este imponente projecto começa, na parte
CENTO DO SEU nião ministerial dos cinco países membros do
projecto com o propósito de avaliar o grau de
meiras edições, realizadas em Março e Julho PROMOÇÃO to, oficinas, refeitório, um canal de irrigação, angolana, no município do Cuito Cuanavale, TERRITÓRIO É execução das tarefas agendadas no encontro
de 2014, o governo da província arrecadou
rerceitas acima dos 100 milhões de kwanzas
DOS RECURSOS entre outros serviços indispensáveis à cultu-
ra do arroz.
passando pelas localidades de Mavinga, Ri-
vungo, Dirico até ao Bico de Angola, numa
CARACTERIZA- anterior, com realce para a parte angolana, em
que mais atrasos se verificam como resultado
em cada um dos eventos, que contaram com a LOCAIS O campo de produção do arroz foi ampliado extensão de 87 mil quilómetros quadrados, DO POR ZONAS do conflito armado.
presença do Ministro da Agricultura, da Cons-
trução, Hotelaria e Turismo, Governadores das
de 600 para 1.500 hectares para uma colheita
anual de 15 mil toneladas deste cereal, quan-
nos quais o executivo angolano procura atrair
investimentos para, através de parcerias pú-
TURÍSTICAS O encontro teve como principal abordagem
a criação de um fundo para as contribuições
províncias do Zaire, Huíla, criadores da região tidades que poderão ser triplicadas à medi- blico-privadas, imprimir maior dinamismo dos respectivos países, para que algumas ac-
sul de Angola e de centenas de turistas nacio- da que forem abertas novas áreas de cultivo na execução de infra-estruturas hoteleiras, tividades relacionadas com o projecto turísti-
nais, da Namíbia, Botswana e da África do Sul. no  Longa  e Masseca, no município  do  Cuíto safaris, conservação da fauna e da flora. co internacional possam ser executadas sem
72 Incentivar os criadores tradicionais do Cuanavale. A província do Cuando Cubango, apesar do qualquer sobressalto, particularmente o pro- 73
nt
cesso de desminagem das áreas de Angola, Desminagem qual o Ministério do Ambiente tem envidado
locais

metas alcançadas até agora, e o Plano de De- Neste momento, mais de 70 por cento, dos 87 esforços na protecção destes locais, para que
senvolvimento Integrado (PDI), sobretudo mil kms quadrados da área afecta ao projecto no futuro não comprometam os verdadeiros
em matérias de construção de infra-estru- Okavango/Zambeze na componente angola- objectivos para os quais foram criados.
turas hoteleiras, vias de acesso e instalações na, já foram desminados, garantindo a se- A protecção dos animais nestes parques
administrativas dos funcionários do KAZA a gurança e condições para a implementação não é eficiente; os 167 fiscais ambientais que
nível regional. de vários projectos sociais que possam dar asseguram estes locais ainda são insuficien-
Nos dias que correm o Cuando Cubango maior sustentabilidade ao KAZA. tes para fazer face aos caçadores furtivos
tem despertado o interesse de muitos empre- Actualmente estão livres de minas os tro- zambianos e namibianos que diariamente
sários nacionais e estrangeiros, para a imple- ços rodoviários que ligam a comuna do Luia- entram ilegalmente no território nacional.
mentação de projectos que visam dar maior na/sede municipal do Rivungo, Buabuata/ Além do acto criminoso que começa pela
sustentabilidade ao KAZA. Neste momento, Jamba/Luiana. Decorre o processo de des- violação das nossas fronteiras, eles abatem
a província conta com mais de 50 unidades minagem do percurso Mucusso/Mavinga/Ri- os animais e servem-se da carne, do marfim
hoteleiras, entre hotéis, hospedarias e lodges vungo e nos parques nacionais do Luengue e de outros bens para se enriquecerem.
que já permitiram gerar cerca de 400 postos e Luiana. O Cuando Cubango divide 685 kms de
de trabalho, além de conferir maior conforto Nestas empreitadas estão engajadas ope- fronteira terrestre e fluvial com a República
e comodidade a centenas de turistas e ho- radoras afectas ao Instituto Nacional de da Namíbia e 226 kms com a Zâmbia, sendo
mens de negócios que diariamente visitam Pedro Mutindi. Desminagem (INAD), da Polícia de Guarda este último país que mais tem preocupado as
a região. Neste momento, a Fronteira e da Engenharia Militar, que estão autoridades locais devido à ausência de um
O Grupo RITZ, uma das empresas angola- província conta com a desminar os principais pontos para a im- controlo rigoroso para impedir a entrada de
nas mais referenciadas a apostarem no sector mais de 50 unidades plementação do KAZA. A desminagem das caçadores furtivos.   
hoteleiras, entre
do turismo, aceitou o desafio e instalou no pe- principais vias de acesso ao perímetro do Por esta razão, o trabalho ainda é grande e calidades que cobrem 87 mil kms quadrados

nossaterra#01
hotéis, hospedarias
rímetro do Pólo de Desenvolvimento Turísti- KAZA permitiu ao Governo local construir os muito aturado. Urge a necessidade de se mo- do território do Cuando Cubango, onde ava-
e lodges que já
co da Bacia do Okavango, no município do Di- permitiram gerar
postos fronteiriços de Buabuata e do Sissué bilizar e desdobrar os efectivos no terreno, liou o processo de desminagem, construção
rico, o primeiro aldeamento a base de tendas cerca de 400 no Bico de Angola, para garantir a inviolabi- assim como exige dos responsáveis do Minis- de infra-estruturas hoteleiras, vias de acesso
denominada “Dirico Lodge”, de 30 quartos. postos de trabalho, lidade das nossas fronteiras com a Zâmbia e tério do Ambiente e de outras individualida- e a conservação sustentável da fauna e da
O pólo turístico da bacia do Okavango, além de conferir a Namíbia. des políticas dos países membros, que se em- flora.
aprovado pelo decreto presidencial número maior conforto penhem mais na sensibilização das pessoas ABUNDAM A Niles Meyer explicou, à margem de um en-
e comodidade Protecção dos parques
PALANCA REAL,
56/11 abrange uma extensão de 12 quilóme- da importância ou da necessidade imperiosa contro de cortesia com as autoridades locais,
tros, localizado na confluência dos rios Cui- a centenas de O parque nacional do Luiana, com uma ex- de se proteger este bem público a qualquer que todos os anos o banco KFW tem disponi-
to e Cubango e na fronteira entre Angola e a turistas e homens
de negócios que
tensão de 45.772 kms quadrados, o do Luen- custo, para que o KAZA seja realmente um ELEFANTE, bilizado mais de 300 milhões de euros de cré-

RINOCERONTE,
Namíbia. Tem como objectivo fundamental gue, com 46 mil kms quadrados, a par dos dos maiores destinos turísticos do mundo. dito para projectos de conservação da biodi-
promover o desenvolvimento sustentável diariamente visitam rios Cubango, Cuito e Cuando, constituem Angola precisa ainda do intercâmbio e expe- versidade e construção de infra-estruturas
do sector da hotelaria e turismo na região, a região. o principal pulmão do Okavango/Zambeze, riência de outros países membros e não só, HIPOPÓTA- privadas. Assim, Meyer está disposto a não

MO, HIENA,
valorizando o património histórico e arqui- um mega-projecto turístico e de conserva- para que se possa transformar estes recur- regatear financiamento em Angola para que
tectónico, os recursos naturais, culturais e ção que tem vindo a despertar o interesse da sos naturais em favor da diversificação da o projecto KAZA seja uma realidade e possa
contribuindo para a geração de rendimentos comunidade internacional. economia e do melhoramento das condições LEOPARDO, contribuir sobretudo para o melhoramento

BÚFALO, JA-
e empregos. Também é um dos pilares que Hoje, passados 12 anos desde a conquista de vida dos angolanos. das condições de vida das comunidades que
deverão dar sustentabilidade, no período da paz efectiva, é notório o regresso ao ha- vivem no seu perímetro.
2012/2017, ao Plano Nacional do Turismo, em
particular, e de um modo geral à governação
bitat natural de numerosas manadas de ele-
fantes, rinocerontes, búfalos, girafas, palan-
Financiamento
O Banco Alemão KFW é o principal finan-
VALI, JACARÉ, Fauna e flora riquíssimas
do Executivo angolano no desígnio de diver- ca real, onças, leões, guelengues, leopardos, ciador do projecto. Uma delegação desta ins- ONÇA, CABRA O território do Okavango-Zambeze alberga
sificação da economia nacional.
Não é por acaso que, em linha com o KAZA,
avestruzes, javalis, hienas, cabras do mato,
entre outras espécies.
tituição bancaria chefiada por um alto fun-
cionário, Niles Meyer, visitou recentemente a
DO MATO, uma vasta espécie animal. Para gáudio dos
turistas, abundam palancas reais, elefantes,
o Programa Angola Investe tem já disponí- Quer o parque nacional do Luiana como província para junto das autoridades locais ENTRE OUTROS rinocerontes, hipopótamos, hienas, leopar-
veis um pacote de crédito de cinco milhões
de dólares americanos destinados a empre-
o de Luengue, ambos possuem uma fauna e
flora que infelizmente ainda continuam a ser
estudar mecanismos para financiar as ac-
ções prioritárias do executivo angolano.
MAMÍFEROS E dos, búfalos, javalis, jacarés, onças, cabras do
mato, entre outros mamíferos e aves. A flora
sários nacionais ou estrangeiros que reúnam alvos de acções negativas do homem, sobre- Durante cinco dias a comitiva trabalhou AVES riquíssima não fica atrás, graças aos dois ti-
condições para investir neste importante tudo dos caçadores furtivos que exploram nos municípios do Cuito Cuanavale, Mavin- pos de clima de que goza, sendo o tropical na
74 projecto. estes recursos para fins pessoais. Razão pela ga, Rivungo, Dirico e no Bico de Angola, lo- zona norte e semi-árido no sul. 75

nt
 
Província do Bié
locais

Adeus aos
S É R G I O V. D I A S n o C u i t o |

escombros
da guerra
Região do planalto central conhece uma progressiva traem-se as tristezas provocadas pelo flagelo melhorias e aumento da oferta dos serviços no Cuito, outra mola impulsora do progresso

nossaterra#01
da guerra, somam-se as alegrias pela esperan- sociais básicos às populações, traçado des- Consumado o da antiga cidade de Silva Porto.
recuperação graças a obras de reabilitação e de ça da sua gente, multiplicam-se as acções do de o biénio 2006/2007, o Governo construiu, regresso do  
ampliação das principais infra-estruturas destruídas Executivo em prol do progresso e dividem-se reabilitou e ampliou a maior parte das infra- comboio há Regresso do comboio
sensivelmente três
durante o conflito armado essas benesses para usufruto e bem-estar de -estruturas da região.
anos. A principal
Trinta e três anos depois, a província ouviu
todos os seus habitantes. É nesse sentido que O Caminho-de-Ferro de Benguela, que atra- soar novamente o silvo do comboio do Cami-
estação de
o Bié está convertido hoje num verdadeiro vessa toda a província do Bié e atinge hoje a
caminho-de-ferro
nho-de-Ferro de Benguela (CFB), que permite
“canteiro de obras”. zona do Luau, Moxico, na fronteira com a Re- no Bié, localiza-se ligar esta província do Litoral Sul à zona Les-
Tendo sido uma das províncias que mais pública Democrática do Congo (RDC) e Zâm- no Cunje, tendo te, mais concretamente o Luau, no Moxico, na
sofreram os efeitos devastadores do conflito bia, constitui só por si um factor importante sido totalmente fronteira com o Congo e a Zâmbia. Consuma-
armado, nem por isso jogou a toalha ao tape- para o desenvolvimento. A esta imponente in- remodelada. do o regresso do comboio há sensivelmente
te. Antes pelo contrário, esta região do centro fra-estrutura, junta-se a reabilitação e amplia- três anos, em 2012, hoje é possível atravessar
de Angola soergueu-se e conhece agora uma ção da pista do aeroporto Joaquim Kapango, esse Corredor, do Litoral até ao Leste e vice-
progressiva recuperação, graças às obras de -versa, através dos serviços da locomotiva
reabilitação e de ampliação das principais duas vezes por semana.
infra-estruturas destruídas. No Bié, as paragens vão do Chinguar, tran-
No universo dos mais de 24 milhões e 300 sitando pelo Cunje – no Cuito e onde está
mil habitantes em Angola, segundo os dados localizada a estação principal –, Cunhinga,

N
uma altura em que Angola assinala preliminares do primeiro Recenseamento Catabola, Camacupa, Cuemba até atingir a
13 anos de paz efectiva após tempos Subtraem-se Geral da População e Habitação, o Bié alber- fronteira na estação do Luau. O comboio nor-
de dura provação devido à prolonga- as tristezas ga nesse momento cerca de 6% desta cifra, mal de passageiros havia parado de circular
da guerra que o país viveu, no Bié, a provocadas pelo a par do Uíje. Com esta população espalha- no Bié a 25 de Novembro de 1978, ao passo que
flagelo da guerra,
martirizada província do planalto da por nove municípios, o desenvolvimento o de mercadoria foi interrompido em 1985. A
somam-se as
central do país, desenvolvimento e reconstru- da província é justificado pelo empenho do principal estação de caminho-de-ferro no Bié,
alegrias pela
ção são dois temas em voga. A região compa- Executivo central e do local para melhorar as localiza-se no Cunje, tendo sido totalmente
esperança
76 ra-se, hoje, a um exercício matemático: sub- condições de vida. No âmbito do programa de remodelada. 77

nt
 
Nova

nossaterra#01
AS RESI-
ex-libris
DÊNCIAS Com 3 mil apartamentos já concluídos,
CONCLUÍDAS a nova centralidade da capital biena
está quase pronta
AGUARDAM
APENAS PELA
ARREMATAÇÃO
DE CERTAS
COMPONEN-
capital biena enfrenta desafios próprios de Nestes 13 anos de paz efectiva, o Governo TES COMO A

Cuito
locais

Antes os edifícios
ILUMINAÇÃO
uma nova era da sua história, procurando Provincial desenvolveu projectos no domínio
do Cuito eram sobretudo a reabilitação das suas estruturas da Educação e Saúde, construindo hospitais
a imagem da
desolação e
e prosperidade em vários domínios. Hoje já e escolas de todos os níveis de ensino, o que PÚBLICA, POS-

veste-se TOS MÉDICOS E


são visíveis os sinais de mudança na belís- permitiu a melhoria da qualidade do ensino e
destruição, mas
sima cidade do Cuito, que, altaneira e triun- da assistência médica.

A
hoje, depois de
reabilitados, eles
fante, vai renascendo dos escombros da A cidade começa a reaver o ar florido que a OUTRAS nova centralidade do Cuito, capital

de novo
estão bonitos e guerra e resgatando aos poucos a mística de caracterizou em épocas áureas com a cons- do Bié, já conta com mais de 3.000
vistosos. À beirinha outros tempos. trução de parques infantis e reabilitação de apartamentos do tipo T3 em condi-
dos seus 90 anos Mas esse percurso tem história. Com o al- espaços verdes e jardins em todas as rotun- ções de habitabilidade dos 6.000 pre-
de existência, cance da paz, em 2002, e dada a dimensão das, que são alguns dos serviços executados vistos no Projecto Horizonte Kora
pois ascendeu à ciclópica da destruição do Cuito, o Governo no âmbito da requalificação em curso na ca- Angola para a região. As residências conclu-
Prestes a completar 90 anos, a antiga categoria de cidade traçou três importantes programas: a exu- pital do Bié. ídas aguardam apenas pela arrematação de
a 31 de Agosto do mação dos corpos enterrados em quintais Segundo Avis Agostinho, em paralelo com certas componentes como a iluminação pú-
cidade de Silva Porto vive momentos longínquo ano de e jardins, a reconstrução da cidade e a me- a recuperação das zonas verdes projectam-se blica, postos médicos e outras, para que haja
de acelerada transformação até na 1925, a capital biena lhoria da oferta dos serviços sociais básicos formas de preservação ambiental da cidade, autorização para o início do processo de ven-
estrutura arquitectónica enfrenta desafios à população. Estas acções contribuíram, estando também em perspectiva uma grande da, de acordo com o Vice-Governador do Bié
próprios de uma
grandemente, para a recuperação das infra- intervenção para aumentar a capacidade de para os Serviços Técnicos e Infraestruturas.

E
nova era da sua
m 2008, durante uma visita à capital -estruturas socio-económicas e melhoria produção e de distribuição de água a partir do José Fernando Tchatuvela esclarece que
história
do Bié, quando ela ainda apresen- das condições de vida da população local. actual centro de captação. a rapidez imprimida na construção dos edi-
tava profusamente as marcas ter- O Administrador Municipal do Cuito,   fícios deve-se em grande medida ao método
ríveis da guerra, o Presidente da Avis Agostinho Vieira, lembra que duran- Distribuição superficial de construção usado, baseado em moldes de
República, José Eduardo dos San- te a guerra os corpos das pessoas falecidas  Nos seus 4.814 km2 quadrados de superfície, parede de betão pré-fabricadas. “Estão ajus-
tos, lançou um desafio aos seus habitantes foram sepultados em lugares impróprios. a capital biena alberga uma população esti- tadas por construção colante, o que permite,
para voltarem a fazer dela a bonita cidade “Os enterros foram feitos nas ruas, quintais, mada em mais de 500 mil habitantes. É limi- em pouco tempo, erguer números altos de
que foi a antiga Silva Porto. Volvidos seis jardins e daí houve um programa especial tada a Norte pelos municípios do Cunhinga e moradias”, explicou.
anos justifica-se saber como está, afinal, liderado por Sua Excelência, Presidente da de Catabola, a Este por Camacupa, a Sul pelo De um modo global, este projecto, que
aquela que alguns repórteres de guerra República José Eduardo do Santos, que per- Chitembo e a Oeste pelo Chinguar. Além da abrange também o município do Andulo,
consideraram a “Stalinegrado” de Angola. mitiu fazer a exumação e inumação dos cor- sede municipal, a cidade do Cuito conta com basea-se em edifícios de até três pisos, com
Agora, à beirinha dos seus 90 anos de exis- pos nos três anos seguintes. Foi neste contex- as comunas do Cunje, Trumba, Cambândua e apartamentos T3 e duplex, todos construídos
tência, pois ascendeu à categoria de cidade to que surgiu o cemitério-monumento, onde Chicala. A agricultura é a principal actividade numa área de 100 m2. Quanto às vendas, José
78 a 31 de Agosto do longínquo ano de 1925, a jazem cerca de sete mil corpos”, disse. dos habitantes da região. Tchatuvela tranquilizou a população do Bié, 79
nt
Reabilitação Finanças

nossaterra#01
informando que não existe ainda qualquer diversas estruturas e equipamentos sociais
processo de comercialização de residências como hospitais, escolas, creches, postos poli-
na centralidade. ciais e outras.

de estradas do Bié
“O Governo da Província está a procurar O Governo do Bié prevê, ainda, a construção
organizar-se para melhor acomodar os qua- de várias centenas de salas de aulas em todos
dros locais e funcionários públicos”, lembrou. os municípios, para fazer face à explosão de-

Nada de
Explicou ainda que o governo propôs inicial- mográfica que se tem registado nos últimos
mente uma reserva cifrada em 4 mil casas, tempos na província. Para tanto, estão a ser Cerca de 220 km de vias serão
locais

tendo acrescentado duas mil destinadas à erguidas em todas as sedes municipais esco- Boavida Neto:
livre adesão, um processo cujos trâmites de las com 12 salas de aulas, para o II Ciclo de en-
reabilitados na zona Leste do Bié “Não deve haver

D
negociaçao com as entidades competentes sino secundário. e obras públicas no Bié não é tudo. lugar para pânico

pânico
desnecessário.
decorrem. Os organismos públicos e privados . Cerca de 220 km de estradas serão
Temos de estar
interessados no projecto devem endereçar Ravinas atrapalham reabilitados ainda no decurso deste
serenos e
uma circular à Direcção Provincial do Bié das No município do Cunhinga, cerca de 30 kms a ano no percurso que liga a comuna conscientes que
CAMINHA Obras Públicas e Urbanismo. A comercializa- Norte do Cuito, capital do Bié, as cem casas já do Cunje, no Cuito, aos municípios os recursos
TAMBÉM A
ção, a cargo da Imogestim, será no método de habitadas, das duzentas previstas no projecto de Catabola, Camacupa, Cuemba até à região disponíveis chegam
renda resolúvel. habitacional da região, correm o risco de ser do Munhango. para executar os
BOM RITMO   destruídas por ravinas que se alastram em di- O responsável das Obras Públicas e Urba- nossos objectivos. Em tempos de austeridade financeira
200 fogos habitacionais Se houvesse mais,
O PROGRAMA
versas direcções. As fortes chuvas que caiem nismo, André Kaquarta, disse estar ainda
 Não é tudo em matéria de novas habitações. ultimamente no Planalto Central fazem com prevista a reabilitação de cerca de 208 km de melhor. Mas estes
no país, o governador do Bié apela à
LOCAL DE Caminha também a bom ritmo o programa que as ravinas progridam para a zona das ca- estradas secundárias e terciárias, também são os recursos tranquilidade e recomenda apenas
disponíveis que que os administradores sejam mais
CONSTRUÇÃO
local de construção de 200 fogos por muni- sas sociais. adjudicadas nesse programa do Executivo. O
temos para
cípio, igualmente sob a chancela da Kora- Uma equipa técnica designada pelo Gover- troço que liga o Cuito ao município do Andulo, contidos nos gastos
DE 200 FOGOS -Angola que, recorde-se, está a executar um nador do Bié já fez um levantamento prelimi- passando pelo do Cunhinga, beneficiou já de trabalhar”. O

“N
governador referiu
POR MUNICÍ-
pouco por todo o país o Programa Nacional nar para avaliar a magnitude das ravinas.e, obras de restauro até ao rio Mbui. A execução ada de entrarmos em pânico
que o orçamento da
de Habitação “Meu Sonho, Minha Casa” tute- consequentemente, procurar conter o seu física dessa empreitada está na ordem dos orçamental. O orçamento está
província para 2015,
PIO lado pelo Executivo angolano.
Em sete dos nove municípios que com-
alastramento. As ravinas ameaçam destruir
várias habitações, erguidas no âmbito dos
85%, com cerca de 94 km já concluídos.
A maior preocupação do Governo do Bié está
comparativamente muito bom. Por isso não há
que lamentarmos, mas mo-
aos disponibilizados
põem a província do Bié, a construção das re- 200 fogos por município, e cortar a circulação nas vias do corredor leste da província, concre- nos períodos bilizar sinergias para vencer-
sidências encontra-se praticamente em fase na estrada nacional 250. Essa estrada permite tamente nos troços Cunje-Catabola, Camacu- anteriores, permite mos as dificuldades. Portanto, o desafio está
conclusiva. Os 200 fogos habitacionais estão ligar o município do Cunhinga ao de Andulo, pa-Cuemba-Munhango, numa extensão de 220 alimentar óptimas lançado.” Foi com estas palavras que o Go-
a ser erguidos nos municípios do Chinguar, ambos no Bié, assim como ao do Mussende, km, cujas obras ainda não iniciaram. expectativas vernador do Bié, Álvaro Boavida Neto, abriu
Chitembo, Cunhinga, Catabola, Camacupa, no Cuanza Sul, que dá acesso à vizinha pro- André Kaquarta assegura, contudo, que as a reunião de concertação do Governo do Bié
Cuemba e Nharea, estando nesse momento víncia de Malanje, através de Cangandala, ha- obras terão início ainda no ano em curso, so- com os administradores municipais, em Ja-
mais de 90% da sua execução física realizada. bitat da Palanca Negra Gigante. bretudo em relação à EN 140 com empreitada neiro último no Cuito.
Nos municípios em referência as residên- O Vice-Goverandor José Tchatuvela disse já adjudicada. Quanto à recuperação da malha Boavida Neto lembrou a orientação dada
cias estão orçadas em cerca de 4 milhões de que para evitar o desabamento das habita- rodoviária secundária e terciária da província, pelo Chefe do Executivo, o Presidente José
kwanzas para os candidatos elegíveis, sendo ções, numa primeira fase, o Governo procede- o Director das Obras Públicas no Bié informou Eduardo dos Santos, para maior racionalida-
que há uma prioridade de 30% para a juven- rá à abertura de três valas para o escoamento que foram já adjudicados mais de 200 km para de na utilização dos recursos. “Não deve ha-
tude da província ligada à função pública. das águas pluviométricas, fazer a reposição serem executados ainda este ano. ver lugar para pânico desnecessário. Temos

nt
dos solos, bem como a sua compactação. de estar serenos e conscientes que os recur-
Centralidade do Andulo Quanto a ravina que se alastra para a EN 250, sos disponíveis chegam para executar os nos-
Por seu turno, no município do Andulo, a cer- o governante disse que a empresa contratada sos objectivos. Se houvesse mais, melhor. Mas
ca de 130 kms a Norte da capital do Bié, mais para a reabilitação da mesma vai construir VIAS SOB estes são os recursos disponíveis que temos
de 200 apartamentos dos 1.000 do tipo t2, t3 uma ponte hidráulica para o escoamento das INTERVENÇÃO para trabalhar”, declarou.
e t4 previstos para a centralidade da região águas de um lado para outro da via. José Tcha- O governador referiu que o orçamento da
estão concluídos. À semelhança do que acon- tuvela informou, por outro lado, que pela di- Cuito-Cambândua: 52 km província para 2015, comparativamente aos
tece em relação aos 200 fogos habitacionais mensão das ravinas o governo já informou as Nharea-Lúbia: 67 km disponibilizados nos períodos anteriores,
por município, na centralidade do Andulo, estruturas centrais para que se efectue um tra- Cuemba-Sachinemuna: 52 km permite alimentar óptimas expectativas. “O
tal como na do Cuito, estão a ser construídas balho de fundo e de carácter definitivo. Zonas suburbanas: 27 km orçamento disponível para este ano chega a 81
nt

 
“Água para Todos”, frisou que estiveram tam- Abençoada pela mãe-natureza
bém num nível aceitável. O primeiro teve uma Potencial turístico da região planáltica do Bié
execução física de 78,03% e financeira de 77 %, apenas aguarda por investimentos
ao passo que o Programa “Água para Todos” Tal como outras províncias, o Bié, na região
teve uma execução física de 70% e financeira planáltica do centro do país, conta igualmen-
de 80,5 %. te com muitos atractivos turísticos. É todo um
Das várias acções executadas em 2014, Boa- potencial que apenas aguarda pelos neces-
vida Neto realçou que foram construídas 462 sários e adequados investimentos públicos e
salas de aulas que permitiram maior ingresso privados para descolar.
de alunos. Destacou, igualmente, a constru- Por isso mesmo, responsáveis locais do sec-
ção de 17 postos e seis centros de saúde, assim tor e empresários do ramo já traçam políticas
como 191 furos de água em várias localidades. para atrair investidores e desenvolver o turis-
A extensão da rede eléctrica da cidade do mo na província. Vários operadores turísticos
Cuito, com mais de 3500 ligações domicilia- do Bié participaram, em Outubro de 2014, na
ser superior aos dos exercícios passados na res em 13 bairros periféricos, foi outro aspecto cidade do Cuito, num encontro provincial re- lidado de “Pouca Vergonha”, nome que se
locais

nossaterra#01
ordem dos 12%. Isso significa que os gestores que o governante destacou na sua alocução. alizado sob a égide do Governo do Bié, através deve à estátua que representa uma mulher
vão acautelar dentro da estratégia uma pla- Todas essas acções, segundo ele, traduzem da Direcção Provincial do Comércio, Hotela- nua; as Grutas Paleolíticas e da Rainha de
nificação prudente de modo a obedecer a lei “o sentimento bom de se viver em harmonia ria e Turismo. O evento visou definir a estraté- Chiconde, no Morro Tchimbango, um local
quadro do orçamento para 2015” e evitarem- e com fraternidade, fazendo florescer a es- gia e funcionamento do sector nessa zona cir- onde se comemora todos os anos, a 13 de
-se passivos desnecessários, alertou. perança de construir um futuro melhor que cunscrita ao Planalto Central do país. Foram Maio, a lenda da aparição da Virgem aos
Apelou também aos gestores públicos da
NÃO DEVE
é desejo exponencial do bom angolano de debatidos, igualmente, o pacote legislativo do O BIÉ, NA três pastorinhos.
província para prestarem mais atenção à apli-
cação das verbas cabimentadas para os dife- HAVER LUGAR
gema”.
Boavida Neto anunciou a execução em 2015
sector, o licenciamento da actividade, entre
outros aspectos.
REGIÃO Destaque ainda para as ruínas do Forte, em
Nharea, que foi destruído durante a guerra
rentes programas. Apontou, como exemplo,
PARA PÂNICO
de quatro grandes projectos na província do O chefe local do Departamento de Hote- PLANÁLTICA civil, bem como a Lagoa do Cambâdua, com
a aplicação de valores nos programas liga-
dos à merenda escolar na província. “Não se DESNECESSÁ-
Bié, designadamente a construção do hospi-
tal provincial, da aerogare, assim como dos
laria e Turismo da referida direcção, Isaías
Lucondo, diz ser fundamental a reabilitação
DO CENTRO DO cerca de três km de cumprimento formada
por um afluente do rio Kakuito, as quedas
compreende que um determinado valor ser-
RIO. TEMOS
sistema de água do Cuquema e da centrali- das diferentes áreas turísticas, assim como PAÍS, CONTA de Mutumbo, no Chitembo, assim como
ve para cobrir ou distribuir merenda escolar
para 20 mil alunos numa certa localidade e na DE ESTAR
dade do Tchissindo, todos eles localizados na
capital biena.
das vias de acesso a esses locais. “A província
precisa divulgar o seu potencial turístico para COM MUITOS as do Lau-Lau, na margem do rio Luando.
A Reservas Florestais de Umpulo, com uma
outra o mesmo valor sirva apenas para distri-
SERENOS E
despertar interesse aos turistas e investidores, ATRACTIVOS área de mais de 4.000 quilómetros e rica
Quatro bilhões para combater a pobreza
TURÍSTICOS
buir merenda a 10 mil alunos”, criticou. competindo assim com as demais do país”, em espécies exóticas e a Natural Integral do

Digno de registo
CONSCIEN- O Programa Municipal Integrado de Desen- afirmou. Luango, que é partilhada com a província de
volvimento Rural e Combate a Pobreza (PMI-  Além do Centro Geodésico de Angola, em Malanje, conhecida como um paraíso de aves,
  Na mesma ocasião, o governador do Bié TES QUE OS DRCP) tem disponível no Bié para 2015 um Camacupa, e a nascente do rio Cuanza, na devido à enorme variedade que aí existe, são,
apontou o ano de 2014 como digno de registo
devido à aprovação, pelo Conselho de Minis-
RECURSOS valor de 4 bilhões e 144 milhões de kwanzas.
Satisfeita, a Vice-Governadora do Bié para a
localidade de Mumbué, no município do Chi-
tembo, o Bié conta com muitos outros atrac-
também, outras referências incontornáveis
do turismo na província.
tros, do Plano de Desenvolvimento Provincial DISPONÍVEIS Esfera Económica, Deolinda Belvina Gonçal- tivos turísticos. Mas o maior rio inteiramente
do período 2013-2017. Destacou que o refe-
rido plano foi aprovado num valor global de
CHEGAM PARA ves, deu a conhecer que do valor aprovado 3
bilhões e 4.621 milhões de Kwanzas hão-de
angolano e o centro geodésico constituem os
maiores cartões postais turísticos da provín-
767.023.563.558 kwanzas. O número “um” do OS NOSSOS cobrir os principais eixos do referido progra- cia.
Governo do Bié lembrou que a partir da apro-
vação desse plano ficaram definidas as bali-
OBJECTIVOS.” ma, nomeadamente os ligados aos cuidados
primários de saúde, “Água para todos” e me-
Mas não é tudo quanto a referências tu-
rísticas no Bié. Destacam-se, ainda, as la-
zas “para uma governação que poderá contar BOAVIDA NETO renda escolar. O Programa de Aquisição de goas, cascatas, florestas e algumas ruínas
com a participação sublime de toda socieda- Produtos Agropecuários (Papagro) e o da mo- de interesse histórico como o Cristo-Rei,
de”. bilização social também fazem parte do pa- construído pelos portugueses e que se en-
Em relação ao Programa de Investimento cote inserido no exercício económico de 2015. contra junto ao marco do centro geográfi-
Público (PIP) em 2014, o Governador lembrou A governante fez saber, ainda, que os indica- co do país, assim como os Fortes de Silva
que conheceu uma execução física na ordem dores de redução da pobreza são positivos na Porto e do Munhango, ambos monumentos
dos 77,20% e financeira de 62%. Quanto aos província do Bié, reflectindo uma execução seculares, que aguardam por restauração.
82 programas de Impacto Económico e Social e satisfatória de 77% em 2014. O Jardim Espelho d’Água, vulgarmente ape-
nt
Sector cal para diminuir a pobreza a nível do país. O
ano passado tivemos uma colheita de 5 mil
toneladas de batata rena e de vários cereais. A

agrícola
perspectiva que temos para este ano é atingir
as 10 mil toneladas de batata rena, 500 de mi-
lho e igual cifra de  repolho”, disse.

Batata rena
Esses produtos foram escoados para as
províncias de Luanda, Lunda Norte, Huambo,
Benguela, Malanje, Cuando Cubango, Lunda
Sul e Moxico no ano transacto.
No pretérito mês de Janeiro, um grupo de

em alta
empresários do ramo agrícola visitou a fazen-
da e manifestou a intenção de uma parceria
Aqui nasce o Cuanza
locais

A nascente do com este gigante da produção da batata na


Como as imagens atestam, a nascente do rio rio Cuanza é região do Planalto Central e no país.
Cuanza é essa coisinha minúscula. Nada que essa coisinha A fazenda “Vinevala” arrancou com a

na Fazenda
faça adivinhar a imponência que ele assume minúscula. Nada produção agrícola em meados de 2002 e
no seu curso lá mais à frente até ao seu estu- que faça adivinhar presentemente conta com mais de cem tra-
ário a sul de Luanda. Sendo o maior dos rios a imponência que balhadores efectivos e de 200 eventuais.
que nascem em Angola, o gigante tem mais ele assume no seu Alfeu Vinevala apontou a pecuária como Além do arroz, no Cuemba salta igualmente

nossaterra#01
Alfeu Vinevala:

Vinevala
de mil quilómetros de extensão e uma bacia curso lá mais à próximo passo a dar. Nesse momento o em- à vista as culturas da mandioca, batata rena,
“O ano passado
hidrográfica que ocupa uma área de 140 mil frente até ao seu preendimento dispõe de mais duas centenas feijão, milho e outras. Na região estão licencia-
tivemos uma
estuário a sul de
km2. de cabeças de gado bovino e fruto disso, em colheita de 5 mil das 40 associações de camponeses e quatro
Luanda. Sendo o
A sua nascente está situada na localidade breve, será lançada uma linha de produção e toneladas de cooperativas que são apoiadas pela Adminis-
maior dos rios que
do Mumbué, Chitembo, um município a Sul comercialização de carne e leite. batata rena e de tração Local.
nascem em Angola,
do Bié e que liga esta província à vizinha Segundo informação avançada por Alfeu vários cereais. A Em relação ao escoamentos dos produtos,
o gigante tem mais
Cuando Cubango. Desagua no oceano Atlân- Vinevala, o Programa de Aquisição de Produ- perspectiva que a responsável municipal disse que se abrem
de mil quilómetros
temos para este
tico, numa área a sul de Luanda, capital do de extensão e uma Maior produtora de batata rena do país tos Agro-pecuários (PAPAGRO), no município
ano é atingir as 10
boas expectativas com a previsão este ano da
país. Ao longo do seu curso, de mais de 960 bacia hidrográfica terá este ano uma safra na ordem de do Chinguar, tem adquirido hortofrutícolas reabilitação das vias de acesso ao Cuemba,
mil toneladas de
kms, existem zonas navegáveis, cerca de que ocupa uma área como repolho, couve, cenoura, batata rena, que se apresentam bastante degradadas.
258 kms, formando na Barra do Cuanza, um de 140 mil km2. 10 mil toneladas cebola, milho, feijão, mel, laranja, tangerina,
batata rena, 500 de
“O Executivo angolano está a fazer tudo

A
milho e igual cifra
aprazível recorte natural que atrai milhares fazenda agrícola “Vinevala”, loca- fuba de bombó, mandioca, entre outros. Os de repolho”
para melhorar os acessos ao nosso município.
de turistas. As barragens de Cambambe e de lizada no município do Chinguar, produtos são adquiridos por intermédio do Por isso convidamos os empresários a fazer o
Capanda produzem grande parte da energia a cerca de 75 quilómetros do Cuito, Centro de Logística e Distribuição (CLOD). seu investimento, já que o Cuemba é rico em
eléctrica consumida em Luanda. Também capital do Bié, tem prevista para este Enquanto isso, é também notícia que diver- recursos hídricos, turísticos e arável para a
fornecem água para irrigação de plantações ano uma colheita na ordem de 10 mil sos empresários, originários de Portugal, Ho- prática de várias culturas”, lembrou.

nt
de cana-de-açúcar e outras culturas no vale toneladas de batata rena, 500 mil de repolho e landa e Índia, que visitaram recentemente a  
do Cuanza. mais de 1000 de cebola. fazenda “Vinevala” deslocaram-se, também, à Produção agrícola por regiões  
É no seu maior afluente, o rio Lucala, que se O empreendimento que beneficiou de um zona de produção de arroz, no município do  
Municípios Principais culturas
encontram as grandes Quedas de Kalandula. financiamento de 147, 3 milhões de kwanzas Cuemba, localizado no corredor Leste do Bié
Junto da foz do rio fica o Parque Nacional da (1,5 milhões de dólares norte-americanos), e que dá acesso à província do Moxico. Nes- Cuito Milho, feijão, batata rena, batata-doce, hortícolas, trigo e arroz
Quiçama. do Programa “Angola Investe”, tornou-se no sa região está em construção uma fábrica de Cunhinga Batata-doce, mandioca, frutícolas e café arábica
O rio Cuanza foi o berço do antigo Reino do maior produtor e fornecedor de batata rena descasque de arroz. Chinguar Batata rena, batata-doce, hortícolas, frutícolas, oleaginosas e café
Ndongo, tendo também sido uma das vias de no país. Alfeu Vinevala, seu proprietário, ga- A administradora municipal do Cuemba, Andulo Batata rena, batata-doce, feijão, mandioca, trigo, arroz e café arábica
penetração dos portugueses em Angola no sé- rante existirem contactos com empresários Laurinda Capocola, refere, nesse particular, Nharea Milho, feijão, batata rena e doce, mandioca, trigo, a rroz e café
culo XVI. O rio dá o seu nome a duas provín- europeus que podem promover a assinatura que o cereal reveste-se como das principais
Camacupa Milho, feijão, batata rena, batata-doce, frutícolas, ·trigo, arroz, mandiocas e café
cias de Angola, o Cuanza-Norte e o Cuanza- de contratos de exportação e importação de culturas da localidade.  “O ano passado rece-
Cuemba Mandioca, feijão, batata-doce, oleaginosas
-Sul, bem assim como à unidade monetária produtos dessa fazenda. bemos a máquina de descasque do arroz e um
nacional (Kwanza), desde o seu surgimento “Como agricultores, estamos a empreender gerador. Já temos a estrutura onde vai funcio- Catabola Milho, feijão, trigo, arroz, batata rena e doce, mandioca, hortícolas e frutícolas
84 em 1977. esforços para alavancar a nossa produção lo- nar a fábrica que vai arrancar este ano”, disse. Chitembo Milho, mandioca, batata-doce. 85
nt
C

nossaterra#01
olocar em pleno funcionamento o de serviços básicos de saúde e educação, abas-
aparelho da administração provin- tecimento de água potável e energia eléctrica,
cial e das administrações municipais esgotos, limpeza e recolha de lixo regulares.
de modo a superar o atraso e ajustar De acordo com o Chefe de Estado angola-
o passo da governação ao crescimen- no, o pacote de medidas já em curso visa, tão
to da procura de serviços constam entre os somente, optimizar a organização e o funcio-
principais desafios do novo figurino adminis- namento do Governo Provincial de Luanda,
trativo da província de Luanda, apresentado justamente por ser a província mais povoada,
em Setembro último, aquando da visita de mais urbanizada e a que alberga a cidade ca-
trabalho do Presidente da República e Titular pital do país. Mais: no futuro até se justificará
do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos, que Luanda tenha um estatuto diferenciado, à
à sede do Governo Provincial. semelhança de importantes cidades do mun-
Ao mostrarem, de forma concludente, que do, casos de Brasília, no Brasil, ou Washing-
Luanda possui 6,5 milhões de habitantes, os re- ton DC, nos EUA.
sultados preliminares do Censo Populacional e Está preconizado que dentro de dois anos
de Habitação funcionaram como autêntico es- arranque a implementação do Plano Di-
topim para a rápida adopção do modelo. Com rector Geral Metropolitano de Luanda, um
esta cifra já não se podia perder tempo; a capi- documento que deve abarcar as vertentes
tal angolana tinha (e tem) de levar um safanão do desenvolvimento económico e social, do
no modo como tem vindo a ser administrada, ordenamento do território e da mobilidade,
passando a exigir uma dinâmica mais actu- estendendo-se até 2030.
ante na organização e gestão administrativa, Até atingir-se à fase de implementação, a
para que possa atender as necessidades de tão locomotiva da modernização da capital an-
elevado número de habitantes. golana passará por várias estações – enten-
De facto, o boom populacional teve um efei- da-se etapas – que envolverão antecipada-
to multiplicador negativo para os problemas mente uma consulta pública e concertação
em Luanda, refletindo-se no aumento de bair- entre os organismos públicos, privados e a
ros sem infra-estruturas mínimas, carentes sociedade civil.

Antecâmara do Plano
locais

Director Geral Metropolitano


Capital do país com novo
DENTRO DE
Va l d e m i r o D i a s

DOIS ANOS
ARRANCA A
IMPLEMENTA-

paradigma administrativo
O boom populacional fez soar o estopim, apressando as autoridades a virarem o jogo. O novo modelo
ÇÃO DO PLANO
DIRECTOR
GERAL METRO-
POLITANO DE
deverá inverter défices actuais, transformando Luanda numa metrópole mais moderna que assegure a LUANDA
86 prestação de serviços essenciais e adequados aos seus habitantes
PIP de Luanda investe 48 mil milhões de Akz

nossaterra#01
Nesta perspectiva, Luanda vive já um mo- directores dos serviços municipais equiva- tinção de todas as direcções provinciais que
locais

mento de reforma administrativa caracteri- lentes a directores provinciais. doravante passam a adoptar nova nomen-

O
zada, em parte, pela adopção de medidas de Sublinhe-se, de igual modo, que todos os clatura de gabinetes provinciais, sendo que Governo Provincial de Luanda deverá que à medida que cada administração mu-
carácter normativo, como são aquelas que municípios da província de Luanda agora o novo modelo contempla apenas os gabine- investir este ano cerca de 48 mil nicipal tiver maior autonomia financeira e
estabelecem uma maior desconcentração ad- são unidades orçamentais, dispondo de au- tes provinciais para os Serviços Integrados, milhões de kwanzas repartidos por 311 orçamental para gerir as verbas atribuídas,
ministrativa dos poderes do Governo Provin- tonomia financeira e patrimonial. Passam a Infraestruturas e Serviços Técnicos, Educa- projectos a serem desenvolvidos no âmbito maior capacidade terão de responder às

LUANDA cial para a Administração Municipal.


A desconcentração, fundamentada no ar-
dispor de poderes para elaborar e aprovar
os respectivos orçamentos municipais, os
ção e Saúde, Comunicação e Imagem, en-
quanto as delegações de Finanças, Interior
do Programa de Investimentos Públicos
(PIP). O sector social arrecada a parte
reais necessidades da população.
Em função do novo estatuto orgânico de
VIVE JÁ UM tigo 102 da Lei. 17/ 10 de Julho, permite ao balanços de contas municipais, dispor de e Justiça não sofreram nenhuma alteração. leonina com realce para a educação, saúde, Luanda que constitui os municípios da pro-

MOMENTO DE
Titular do poder Executivo fixar um regime receitas próprias, ordenar, processar e arre- No entanto, estas medidas não alteram transportes e vias, bem como construção e víncia em unidades orçamentais próprias,
organizativo específico para uma unidade cadar receitas que por lei forem destinadas o estatuto do governador provincial como urbanismo. Note-se que há um aumento no o PIP define um tecto orçamental para cada
REFORMA AD- territorial, visando assegurar a prestação de aos municípios, além de gerir o património representante da Administração Central investimento por habitantes, cifrando-se o um deles. Desta feita, 23% do investimento

MINISTRATIVA
serviços essenciais e garantir uma adequada de cada município. em obediência à estrutura definida na valor em 7.059 Akz. Nos últimos dois anos alocado ao GPL para execução de projectos
gestão da correspondente circunscrição ad- No âmbito desta revisão, ficou determi- Constituição da República, conforme es- (2013-2014), o investimento na província transversais a toda província. Refira-se
CARACTERIZA- ministrativa. nado que para efeitos de contratação pú- clareceu o Presidente da República. José não acompanhou o aumento da população, que Luanda é o município que apresenta

DA, EM PARTE,
Enfim, são medidas que antecedem o fu- blica os limites das despesas dos adminis- Eduardo dos Santos, contudo, augura que tendo inclusive se verificado uma redução um dos menores rácios de investimento
turo Plano Director Geral Metropolitano de tradores municipais é fixado até ao limite as medidas adoptadas fortaleçam a capaci- do investimento por habitantes de 6.528 AKZ por habitantes, apesar de ser o município
PELA ADOPÇÃO Luanda. estabelecido para o governador provincial. dade das Administrações Municipais para para 3.594 AKZ. Para adequar-se ao novo com maior verba alocada. Face ao atraso no

DE MEDIDAS
Em suma, as administrações municipais da planificar e gerir melhor as zonas urbanas, quadro marcado pelo resultado do Censo Ge- desenvolvimento em relação aos demais, os
O modelo por dentro província de Luanda assumem, em grande promover o desenvolvimento social e eco- ral da População em 2014, que sanciona para municípios de Quiçama e Icolo e Bengo são
DE CARÁCTER Esmiuçando sucintamente o novo paradig- parte, as funções que eram desempenha- nómico local e contribuir para a melhoria a capital do país 6,5 milhões de habitantes, os que apresentam os maiores investimen-
ma administrativo de Luanda, destaca-se das pelo Governo da Província de Luanda a da prestação de serviços públicos nos do- o orçamento de investimento público para tos por habitantes. Perspectiva-se que no
NORMATIVO que, para efeito protocolar, os administrado- quem agora é remetido ao papel de coorde- mínios da saúde, da educação, fornecimen- Luanda atingirá os 48 mil milhões, repre- futuro a distribuição do investimento deverá
res municipais gozam agora de um estatuto nar, fiscalizar e controlar. to de água e energia eléctrica, saneamento sentando um aumento de mais de 100% em estar alinhada com a densidade populacio-
equiparado a Secretários de Estado, sendo os Não menos importante foi também a ex- básico e gestão do lixo. relação ao ano anterior. O relatório destaca nal dos municípios da província.

nt

nt
Dar vida aos municípios
Mais de mil funcionários do GPL recebem “guias de marcha”
para as administrações municipais e novas centralidades

A
s mudanças impostas pelo novo guias em função das suas categorias e
modelo administrativo da provín- áreas de residência. Ao que consta, alguns
cia de Luanda já se fazem sentir, destes técnicos vão reforçar as secretarias
pese embora ainda não serem muito
visíveis. Desta feita, para dotar as ad-
de algumas escolas, libertando assim
professores que antes desempenhavam Kilamba Kiaxi: o oitavo município
O
ministrações municipais com quadros funções administrativas em detrimento da distrito urbano do Kilamba do município de Luanda e do
técnicos capazes provenientes das actividade lectiva. Kiaxi pertencente ao muni- próprio distrito urbano, explicou o
mais diversas áreas, aproximadamente Recentemente, o administrador do cípio de Luanda volta a ter director do gabinete provincial de
1227 funcionários que serviam as município da Quiçama conferiu posse a oito estatuto de município. A decisão documentação e imagem do GPL,
direcções extintas afectas ao Governo directores municipais, entre os quais o res- saiu da última reunião extraordiná- Sebastião José.
de Luanda estão a ser transferidos para ponsável da cultura, director do gabine- ria do Conselho Provincial de Aus- Com esta alteração, a divisão
os oito municípios e administrações te do administrador e outros quadros cultação e Concertação, presidida administrativa de Luanda passa
das centralidades de Cacuaco, Kilamba que transitam do Governo Provincial pelo Governador da Província de de sete para oito municípios,
e Talatona. de Luanda onde acumularam bastante Luanda, Graciano Domingos. nomeadamente Cazenga, Cacu-
Até final de Janeiro aproximadamen- experiência na gestão administrativa e A alteração foi ditada em aco, Icolo e Bengo, Viana, Belas,
88 te 706 funcionários já dispunham de funcionalismo público. parte pelo factor extensão, Quiçama e Kilamba Kiaxi. 89
nt

nt
CFB renasce das cinzas
Comboio apitou na NO DIA 14 DE
FEVEREIRO, O
LUAU ATRAIU

fronteira com a RDC


AS ATENÇÕES
DO PAÍS
INTEIRO
E NÃO SÓ

N
o dia 14 de Fevereiro de 2015, o mu- tem de independência. Ao longo desse tempo,

nossaterra#01
nicípio do Luau, outrora um aglome- inúmeras tentativas para reactivar a circula-
rado longínquo, na zona fronteiriça ção revelaram-se infrutíferas, redundando
da província do Moxico, no Leste de em volumosos prejuízos humanos e mate-
Angola, testemunhou o virar de uma riais, devido à escalada dos ataques armados
página de ouro na história do país. Perante contra as composições e infra-estruturas da
dois Chefes de Estado vizinhos, os Presiden- companhia. O primeiro ataque aconteceu na
oolhardorepórter

tes Laurent Kabila, da República Democrática pequena estação do Cueli, na zona do Moxico,
do Congo, e Edgar Lungu, da Zâmbia, o líder no início de 1976. A partir dali iniciou uma es-
angolano, José Eduardo dos Santos, descer- piral de destruição que se estenderia por mais
rou a placa da nova estacão da antiga vila de de três décadas.
Teixeira de Sousa, marcando assim a reinau- As acções de sabotagem tinham consegui-
guração do Caminho de Ferro de Benguela do estrangular uma das maiores empresas a
(CFB). operar em Angola durante o período colonial.
Cumprindo o protocolo, os três Chefes de Es- Desprovido de regularidade de horário e ca-
tado viajaram no comboio que transportou os lendário e sem garantias de segurança, o CFB
primeiros passageiros até a nova ponte sobre o perderia a sua viabilidade económica e social,
rio Luau que delimita Angola e a RDC, perante factores imprescindíveis para a sua explora-
o júbilo de milhares de pessoas concentradas ção. A circulação viria a ser completamente
dos dois lados da fronteira para os saudar. O interrompida na década de 1980 e ali começou
apito do comboio marcou o ponto alto dos es- a fase de espectacular declínio, maugrado os
forços do executivo angolano no relançamento esforços do governo angolano na sua recupe-
do ambicioso projecto do “Corredor do Lobito” ração.
com um investimento de capital que ronda os 2 A transportação ferroviária através do CFB
biliões de dólares americanos. constituiu uma actividade florescente duran-
No dia 14 de Fevereiro, o Luau atraiu as aten- te os largos anos em que a companhia operou.
ções do país inteiro e não só. O acto, transfor- A construção iniciou logo após a outorga do

JAIME
mado num colorido festival humano, simboli- Diploma de Concessão a Robert Williams,
zou o fim de  um ciclo de letargia de quase 40 nos primórdios do século XX. As operações
AZULAY anos, os mesmos que, praticamente, Angola de transporte internacionais iniciaram em 10 91
oolhardorepórter
de Junho de 1931, com a chegada ao Lobito do da média, muito conhecido nestas lides: Car-
primeiro carregamento de cobre oriundo do los Gomes, o Presidente do Conselho de Ad-
Katanga. ministração do Caminho de Ferro de Bengue-
O lema do CFB foi de sempre continuar la, personagem de forte carisma, dono de um
crescendo. Com uma margem de progressão pragmatismo e sentido de missão, que lhe va-
de vulto, através de novos investimentos, tan- leu, entre os seus, a alcunha de “Pancadaria”.

O APITO DO to na melhoria do traçado da via, como em no-


vas infra-estruturas de apoio, que culminan-
Quem conhece esta pessoa, como nós, sabe
que o Senhor “Pancadaria” não deixa nunca
COMBOIO do com uma capacidade de transportação de os seus créditos por mãos alheias.

MARCOU O 10 milhões de toneladas/ano, em 1974, índice


que, entretanto,  não chegaria a atingir devido
“Assumi o compromisso junto do Senhor
Presidente da República, de que levaríamos
PONTO ALTO a eclosão da guerra. o comboio até ao Luau e vou fazê-lo”, disse o

DOS ESFORÇOS O conflito armado que iniciou no período da


proclamação da independência nacional, em
atarefado PCA que, mesmo assim, arranja-
ria tempo para nos fazer companhia durante
DO EXECUTIVO 1975, marcaria o desabrochar de um drama hu- o trajecto do Luongo, a saída da Catumbela,

ANGOLANO mano que superaria de longe os prejuízos que até ao município de Caimbambo. Neste troço
actualmente as estatísticas apresentam com a viajamos ao lado de Carlos Gomes, sentados
NO RELAN- frieza dos números e condensaria toda a amar- num dos dois vagões-restaurantes atrelados à

ÇAMENTO DO
gura vivida pela família ferroviária de Benguela. composição que realizou a viagem inaugural
            do Lobito ao Luau.
AMBICIOSO Viagem do Lobito ao Luau: Cerca de 300 passageiros estavam a bordo.
o sonho tornado realidade
PROJECTO DO
Havia gente a acomodar-se nos vagões-dor-
Decidiu, o insondável destino, que fôssemos mitórios, enquanto os curiosos ficavam pelos
“CORREDOR testemunhas de mais um momento marcante corredores das carruagens, espreitando a be-

DO LOBITO”
da vida do nosso país. Tudo começou no início leza da paisagem através das janelas. Nos res-
da tarde do dia 10 de Fevereiro, uma quarta- taurantes, as pessoas comiam e bebiam com
COM UM -feira, quando inúmeras pessoas começaram a maior tranquilidade e as conversas seguiam populações nativas que eram forçadas a tra- nas para a fibra, como no passado, mas tam-

nossaterra#01
INVESTIMENTO
a concentrar-se na nova estacão ferroviária animadas conforme a composição progredia balhar em condições sub-humanas e com mí- bém o aproveitamento da própria polpa, que,
do Compão, na cidade portuária   do Lobito. em direcção ao interior. A província do Moxi- sera remuneração. A cultura do sisal, nos mol- segundo se diz, pode ser utilizada no fabrico
DE CAPITAL Encontramos  ali uma obra nova, digna de
registo. Num espaço amplo, foram lançados
co ainda estava longe e para lá chegar tería-
mos primeiro de atravessar o Huambo e o Bié,
des em que na época  se efectuava, era penosa
e exigia pesado trabalho braçal. Nas próprias
de cosméticos e na ração para animais.
Em plena noite o comboio fez a travessia
QUE RONDA inúmeros ramais destinados às manobras ou seja, toda a região do planalto central an- fazendas estavam instalados engenhos de dos primeiros municípios da província do Hu-
OS 2 BILIÕES das diversas composições de passageiros e
de mercadorias, tanto para as partidas como
golano. Quanto ao nosso destino, o Luau, este
estava a mais de mil quilómetros de distância.
desfibra e de enfardamento. Posteriormente o
produto era canalizado para as fábricas “Co-
“ASSUMI O ambo. Quinjenje, depois Ucuma e Longonjo
passaram com a maior parte dos passageiros
DE DÓLARES para as chegadas.  Existe  uma plataforma em Após a breve paragem em Caimbambo, o fiang” e “Cordango” na cidade de Benguela, COMPRO- aconchegados nas suas camas, com lençóis
AMERICANOS betão sobre a qual as pessoas se movimentam
ao saírem do interior da gare para ingressa-
PCA do CFB despediu-se indo levar a sua sim-
patia de anfitrião aos demais passageiros.  O
que o transformavam em cordoaria de diver-
so tipo e calibre e em artigos de tapeçaria que
MISSO JUNTO e almofadas devidamente providenciados.
Havia igualmente sacolas com toalhas novas,
rem nas locomotivas e vice-versa. O edifício comboio voltou a deter-se por algum tempo estavam em voga naquele tempo. DO SENHOR escovas de dentes e sabonetes. A temperatu-
principal, em si, emana um ar de modernida-
de que caracteriza o renascimento do Cami-
na estacão do Cubal, onde desceu o Governa-
dor Isaac dos Anjos para cumprir uma missão
O grosso do sisal desfibrado era exportado,
conhecendo bastante procura no fabrico de PRESIDENTE ra, inicialmente alta nos contra-fortes do Ca-
pelongo, começou a amenizar ao atingirmos
nho de Ferro de Benguela. de trabalho naquele município. cordas para embarcações, incluindo navios de DA REPÚBLI- a região do planalto. Nos primeiros 350 qui-

CA DE QUE
Descortinamos, entre os presentes, inú- Antigamente, a região do Cubal, que o nosso grande porte. Quem já esteve num porto viu, lómetros, o traçado ferroviário sobe do nível
meras personalidades que se dividiam em comboio rasgou entre o final da tarde e prin- com certeza, os navios amarrados ao cais por  do mar, no Lobito, até aos mil 854 metros de
convidados, jornalistas, altos funcionários do cípio da noite, enquadrava o actual município grossas cordas de sisal entrelaçado. LEVARÍAMOS O altitude. Começa igualmente na região do Al-

COMBOIO ATÉ
Ministério dos Transportes e elementos do de Caimbambo. Eram as famosas terras do Mais tarde, nos finais dos anos 70, o apa- to-Catumbela aquilo que já foi a maior plan-
serviço protocolar. Estavam também presen- chamado “ouro-verde” de Angola, as vastas recimento das fibras sintéticas no mercado tação privada de eucaliptos do mundo, numa
tes o Ministro Augusto Tomás e o Governador plantações de sisal, a perder de vista, circun- mundial viria a representar um rude golpe AO LUAU E VOU área de 37 mil hectares com mais de 90 mi-

FAZÊ-LO”
de Benguela Isaac dos Anjos. dando velhos imbondeiros. para a cultura do sisal por estas bandas. Ouvi- lhões de eucaliptos. Eram consumidos 570
Contudo, os olhos de todos estavam direc- O sisal foi a riqueza de grandes senhores mos, contudo, que empreendedores ousados mil toneladas de madeira por ano, para ge-
92 cionados para um homem de estatura acima colonos. Mas foi também  a desgraça para as estão a descobrir novas aplicações, não ape- rar vapor para as locomotivas que puxavam 93
oolhardorepórter
as composições do Lobito até ao Congo. Cubal que permitiu encurtar a distância e me-
Chegamos assim  à grande estação do Hu- lhorar o traçado.
ambo, que era tida como a segunda sede da Noite adentro, o comboio prosseguiu em
companhia, pelo facto de albergar aqui as co- direcção ao Leste e nada mais poderia fazê-lo
nhecidas Oficinas Gerais do CFB. Carlos Go- parar. Pela janela ouvíamos os gritos de alegria
mes sabia que estava a lutar contra o tempo e de populares eufóricos a saudarem a serpente

NOITE o seu sentido de missão o obrigava dar a voz


firme de comando a que o maquinista fazia
metálica a rolar pelos carris. Foi momento para
cada um reflectir sobre o sacrifício que custou
ADENTRO, O soltar um apito prolongado com o qual todos fazer o comboio apitar nestas paragens. Os da-

COMBOIO
os passageiros se familiarizaram – “hora da dos oficiais dão uma ideia do esforço gigantes-
partida”. E nos embrenhámos pela madru- co empreendido. Foram necessários seis anos
PROSSEGUIU gada rumo ao Bié, depois de atravessarmos para a desminagem do troço entre o Lobito e o

EM DIRECÇÃO
Cicala-Choloanga e Caciungo, e a emblemá- Luau, qualquer coisa como 2 mil e 190 dias de

Independência, Paz,
tica vila do Chinguar que marcou a entrada trabalho em condições de extrema dureza, en-
AO LESTE E em terras bienas. Entre o Lobito e o Luau, ao tre Fevereiro de 2003 e Dezembro de 2009. As

NADA MAIS
longo da via férrea, existem 90 localidades. equipas de desminagem não foram totalmen-
Muitos passageiros ficaram desapontados te desengajadas. Até hoje algumas equipas
PODERIA FAZÊ- com a notícia de que contornaríamos a cida- de especialistas continuam no terreno, após

-LO PARAR.
Unidade Nacional
de capital do Bié, pois tinham nos seus planos conseguirem instalar uma faixa de segurança
dar uma olhada pela mártir cidade. Surgiu de 30 metros em cada lado da linha e garantir
PELA JANELA um facto que muitos desconheciam. Por for- acessos para as empresas empreiteiras explo-
ça do traçado, a estação que serve o Cuito não rarem inertes usados na construção de pontes
OUVÍAMOS se encontra propriamente na cidade, mas sim e assentamento da via.
OS GRITOS DE
e Desenvolvimento.
na vila-satélite do Cunje, a antiga estação de A festa no Luau foi vivida por todos, princi-
Porto-Gare, a cerca de 15 quilómetros. Sobre palmente pelas populações das vilas e aldeias
ALEGRIA DE isso, não havia nada a fazer. Cuito ficaria para localizadas ao longo do trajecto. Comunida-
POPULARES a próxima oportunidade. Muitos ironizaram
dizendo que, mesmo sendo Caminho de Fer-
des inteiras ficaram durante décadas isoladas
do resto do país. Mais do que ninguém elas
EUFÓRICOS A ro de Benguela, o comboio agora também não começam a sentir os benefícios do comboio,
SAUDAREM passa mais pela cidade capital da província,
a cidade de Benguela, devido à variante do
que proporcionam condições de mobilidade
há tanto tempo ansiadas. 
A SERPENTE
nt

           

METÁLICA A  

ROLAR PELOS
CARRIS”

94 95
Orquestra Sinfónica Kaposoka
A
municípios
palavra Samba transmite uma em 2008, a Orquestra Sinfónica Kaposoka
idéia de ritmo. Está associada era um projecto virado, apenas, para o mu-

As cordas do futuro
a um estilo musical acelerado, nicípio da Samba. O princípio, segundo o
dançante e com adeptos em todo seu mentor, Pedro Fançony, à data da cria-
o mundo desde o seu ponto de ção Administrador do então município da
partida, o Brasil. Em Angola ela tem um Samba, era mudar a vida de um grupo de
outro significado. Noves-fora os estudio- jovens tendencialmente virados para abra-
sos, segundo os quais, o ritmo brasileiro çar a delinquência. Ao verificar o estado
deriva do Semba angolano, Samba, neste algo degradante das escolas primárias, fa-
país africano, é também o nome de um dis- cilmente constatou um elevado grau de de-
trito urbano da província capital, Luanda. pressão ou mesmo de frustração entre os
Euclides Francisco

Um projecto com implantação local, criado há sete anos no actual Distrito Urbano da Uma zona habitacional antiga, onde as
residências herdadas do colono misturam-
alunos. Assim nasceu o projecto de criação
de uma Orquestra, consciente, como esta-
Samba, vai ganhando projecção internacional tal é o seu impacto sobre as vidas de -se com casas de construção precária, viu va Pedro Fançony, do poder terapêutico da
crianças e adolescentes de municipalidades carentes. Além de uma escola de música, nascer um projecto educacional apostado
em transformar profundamente a vida de
música sobre a alma humana.
“Achei que a música clássica era a me-
a Orquestra Sinfónica Kaposoka revela-se, também, uma escola para a vida. adolescentes locais e de outros bairros su- lhor maneira de recuperá-las” conta hoje
burbanos de Luanda. o mentor do projecto, feliz pelos animado-
Essa transformação não abrange, na res resultados alcançados ao cabo de sete
verdade, apenas adolescentes. Crianças anos de existência da Orquestra.
também. Fernandinha, como é chamada Para as crianças, refere, o ideal não era
pelos mais próximos, é disso um exemplo. apenas pô-las a ouvir a música, mas elas
Há oito meses optou, com o consentimen- próprias a executá-la”. A idéia surgiu como
to dos seus pais, por alterar a sua rotina de uma semente lançada à terra. Rapidamen-
casa para a escola e da escola para casa. te germinou e dos 67 alunos matriculados
Acrescentou, a meio do caminho, umas au- em 2008, hoje a Orquestra conta 260 crian-
las de música. Mas nada de kuduro, bastan- ças, enquadradas nas duas escolas dispo-
te popular entre a juventude angolana, tão níveis, a da Samba, no actual município de
pouco de Kizomba, de Semba ou de um ou- Belas e a do Zango, no município de Viana.

nossaterra#01
tro ritmo mais dançante e contagiante. Por Esses números são sugestivos de um
isso, mais susceptível de atrair a simpatia crescimento da empreitada além do ini-
de pessoas com a idade de Fernandinha. cialmente projectado. E tal tem sido possí-
Fernanda Ferrão, com apenas 8 anos, é vel dado o facto de a sociedade ter alinha-
integrante da Orquestra Sinfónica Kapo- do no mesmo diapasão e decidido apoiar
soka, da qual, em tão curto tempo, tornou-
-se uma das principais referências. “Sin-
a materialização do sonho de Fançony.
Agora, diz ele, o projecto não é meu. É do
FERNANDA
to-me muito bem”, diz-nos a pequena, a Senhor Presidente da República. A escola FERRÃO, COM
envergar uma camisola azul como parte do
uniforme da escola onde aprende a tocar
criada com os fundos antes atribuídos às
administrações municipais, é hoje massi-
APENAS 8
música clássica. De violino em punho, ela vamente apoiada por departamentos do ANOS:
toca, a solo, uma versão mais suave da mú-
sica Ngongo, dos Irmãos Kafalas, numa es-
Governo angolano, “sobretudo pela própria
Presidência da República”. Esta entidade “SINTO-ME
pécie de testemunho a favor da sua rápida mostra-se em perfeita harmonia com a in- MUITO BEM”
ascensão à categoria A, a mais alta dentre tenção de fazer com que escolas do género
as três classes de aprendizado estabeleci- se multipliquem como cogumelos pelo país.
das na escola da Orquestra. Mais do que uma escola de música, o
Isso implica, necessariamente, que ela Kaposoka é uma Orquestra Sinfónica, a
seja uma das melhoras alunas, entre as primeira da história de Angola, com a par-
duas centenas de estudantes hoje matri- ticularidade de ser composta por músicos
96 culadas na instituição. Quando foi criada mirins, com idades entre os 6 e 19 anos. Se 97
Formar hoje
no extremo mais jovem a Orquestra exibe o ao país é patrocinada por algumas em-
talento vibrante de Fernandinha, de 8 anos baixadas.
de idade, com dez anos de diferença etá- Ferreira Manuel, aos 18 anos, é estu-
os homens
ria está Ferreira Manuel, matriculado há dante da 10ª classe do Curso Pre-Uni-
cinco anos, outro menino prodígio aqui versitário, em especialidade de Ciências
descoberto. Económicas e Jurídicas. Um pouco a
Ambos fazem parte da classe A, aquela comprovar a teoria de Pedro Fançony,
do amanhã
que é responsável pelas variadas actu- que o levou a criar a Orquestra, o jovem
ações da Orquestra pelo país adentro e, revela ter deixado, há muito, um estilo de
também, pelo estrangeiro. São momen- vida perturbado. “Depois de entrar na
tos sempre emocionantes, dignos de ar- escola eu mudei mesmo”, revela o adoles-
rancar algumas lágrimas de alegria aos cente, detalhando, seguidamente, como
N
presentes. E tal acontece um pouco de- era antes o seu comportamento: “não uma sala fresca, devidamente acon-
vido ao carácter algo tropical dedicado cumpria as tarefas domésticas, faltava à dicionada, um grupo de jovens entra
pelos jovens às suas actuações. Se, num escola, não respeitava os mais velhos”. A ordeiramente transportando, uns,
momento, se interpreta magistralmente sua família, hoje, mostra-se grata, de tal violinos, outros violoncelos e outros
a música Piratas do Caribe, do composi- maneira que a hipótese de sair da escola ainda instrumentos de percussão.
tor alemão Hans Zimmer, no outro mo- de Orquestra é reprovada por todos. “Os Trajam camisolas azuis, decoradas, no lado
mento se executam temas angolanos em meus pais dizem que não posso sair da esquerdo mesmo na direcção do coração, com
ritmo mais clássico: A Renúncia Impos- escola da música, para não voltar ao que o logótipo da Orquestra Sinfónica Kaposoka.
sível e Ngongo, dos Irmãos Kafala, Filhos era”. Mas Ferreira também não pretende Sentam-se nas cadeiras brancas plásticas dis- lemóvel em locais indevidos, para que se mas-

nossaterra#01
de África, das Jingas do Maculusso e ou- sair. “Apanhei o gosto pelo violino”, ago- postas justamente para as aulas. E antes de tigue os alimentos de boca fechada”.
tros tantos clássicos são adaptados pelos ra, segundo acrescenta, o seu projecto de começarem a tocar têm de ouvir as palavras E os resultados são positivos? Fançony diz,
jovens músicos sob a batuta de maestros vida é único: “esforço-me para concluir o de ordem de sempre. “Disciplina, disciplina com orgulho, que são e mostra um exemplo:
angolanos, treinados mesmo em Angola, Pré-Universitário e fazer o curso superior e disciplina”, comanda o Director Pedro Fan- “temos crianças de seis anos e veja as paredes
e de uns tantos estrangeiros cuja vinda de música”. çony ao que o grupo repete em uníssono: “ho- todas limpas, elas entram e não se apoiam nas

nt
nestidade, honestidade e honestidade”, volta a
comandar o Director antes do coro dos alunos
PEDRO paredes, porque as orientamos nesse sentido”.
E quando há incumprimentos? “Há castigos
FANÇONY: “SE
municípios

da escola. Segue-se uma palestra de cinco mi- a serem aplicados, mas nunca corporais”, en-
nutos sobre as virtudes da honestidade e so-
bre como é errado alguém retirar sorrateira-
DERMOS UMA fatiza. “Temos apenas suspensões, quando
maior a idade, maior a suspensão. Registamos
mente algo que não lhe pertença, mesmo que OPORTUNIDADE um caso de seis meses de suspensão”.
seja tão pequeno como um lápis.
“É assim sempre antes das aulas e das actu-
ÀS CRIANÇAS, E quando se é bem comportado, os benefí-
cios se multiplicam. Há cinco anos na Orques-
FERREIRA MA- ações”. Ele indica que procura fazer isso para REGRA GERAL tra, Ferreira Manuel já tem os seus melhores
NUEL: “DEPOIS
retirar, das crianças, alguns hábitos negativos
capazes de minar a sã convivência no grupo. O RESULTADO É momentos bem guardados na memória: um
concerto realizado, em 2014, no Reino da Es-
DE ENTRAR Para explicar-se melhor, Pedro Fançony re- POSITIVO” panha. “A sala estava abarrotada, tinha mui-
NA ESCOLA
corre a Jean Jacques Roussau, segundo o qual tos maestros e nós ficamos cheios de medo”,
“todos nascemos bons”. Entende, por isso, diz, sobre o calafrio sentido pelo grupo ao
EU MUDEI que a sociedade é determinante para traçar o deparar-se com uma plateia cheia de espe-
MESMO”
destino dos seus membros. “Se dermos uma cialistas em música clássica. “Mas depois da
oportunidade às crianças, regra geral o resul- primeira músicas aplaudiram-nos, fomos nos
tado é positivo”. Daí a escola não se preocupar libertando e nos soltamos”.
apenas com as aulas de música, acrescendo, No seu portfólio, a Orquestra conta já várias
no seu currículo, outras lições de extrema actuações no exterior do país. Prepara-se, nes-
importância: ética, civismo, cidadania e pa- te momento, para um tournée de 20 dias pela
triotismo. “Ética para aprenderem a comer à Itália, onde deverá exibir-se nas cidades de Mi-
mesa, a não andar a mascar pastilha elástica lão, Turim, Génova, Floreza e Roma. Segundo
98 em qualquer local, para que não se fale ao te- explica Pedro Fançony, este será um encontro 99
de músicos jovens, mas enquandra-se, perfei- Ao som de um ritmo de Rebita, uma dança

Sete anos, sete


municípios

tamente, no histórico de exibições internacio- tradicional angolana ora tocada com pianos e
nais desse grupo de artistas mirins angolanos violinos, uma classe de jovens dançava a Mas-
em países como Venezuela, além da já referida semba. O público, satisfeito, aplaudiu em pé.
Espanha e, claro, da vizinha Zâmbia “onde o A Rebita, a música, e a Massemba, a dança,

perguntas
grupo actuou por duas vezes”. Na Argentina, são também ensinados aos jovens da orques-
a memória regista um prémio, repartido com tra como forma de não se perder a tradição.
outras sete orquestras juvenis. Assim, são ministradas aulas de dança, lado
a lado com as de violino. “Temos várias dis-
Um show
Unir o tradicional ao clássico
Em Espanha, concretamente no principado
ciplinas”, explica Françony. “Música clássica
universal, música clássica angolana, música
real
O
das Astúrias, a Orquestra teve uma actuação moderna angolana, música popular angola- Royal Plaza Hotel,
memorável. Um dirigente local disse, inclu- na”. palco habitual do
sive, que em 30 anos de exibição no princi- Sorridente, ele descreve aquele que, afi- Show do Mês, evento Porquê o nome Kaposoka? Mais meninas ou meninos?
pal Tetro local, jamais tinha logrado assistir nal, é o seu principal desígnio. “A escola tem reservado para a actuação A professora Rosa Roque foi a primeira pes- Temos mais meninos na escola. O número
tamanho espetáculo. E não era para menos. também uma componente forte: formar o de músicos angolanos, soa com quem falei sobre o projecto. Daí ela de meninas cresceu, mas mesmo assim temos
Os jovens angolanos vestiram-se a rigor para homem, não apenas na componente musical abriu as suas portas para apresentou-me vários nomes. Dentre eles, mais meninos. Nas periferias as meninas são
honrar os convidados com os temas aprendi- mas temos também aulas de ética, educação a exibição dos jovens estava o Kaposoka, que é uma corruptela da mais persuadidas a ficarem em casa, nas lides
dos, introduzindo uma certa pitada angolana. moral e cívica”. da Orquestra Sinfónica língua nacional umbundo que quer dizer domésticas.
nt

Kaposoka. O show ficou “está bonitinho”. Corruptela porque a palavra Quantas turmas e como está constituída a
Em Espanha, a na memória de quem lá correcta seria Waposoka, que quer dizer “está escola?
Orquestra teve esteve e, sobretudo, de bonito”. O “Ka” na nossa língua banto é um di- Temos várias turmas. Turma A, dos mais
uma actuação quem o tenha organizado minutivo. avançados. Temos uma turma para os mais ou

nossaterra#01
memorável Um sob indicação do Ministério Quem frequenta a escola? menos avançados e temos a turma C dos mais Pedro Fançony:
dirigente local da Administração do Desde sempre foi-me dito directamente que novinhos. No que tange a constituição da esco- temos várias
disse, inclusive, Território. Em saudação o país pretendia fazer algo que melhorasse as la, temos as salas de aulas, a sala de refeições, a disciplinas. Temos
que em 30 anos ao 39º Aniversário da condições de vida da população. Comecei logo sala As Gingas do Maculusso, a biblioteca Ary e música clássica
de exibição no Independência Nacional, a a pensar nos mais vulneráveis. Até ao ano pas- sala de concerto Elias Dya Kimueso. Optamos universal, música
principal Tetro Nova Energia, empresa res- sado, só podiam frequentar a escola meninos por ter nomes dos nossos músicos que apoiam clássica angolana,
local, jamais tinha ponsável pela organização de família de baixa renda, principalmente o projecto. A partir do próximo ano teremos música moderna
logrado assistir angolana, música
do Show do Mês, aceitou o aqueles que estudavam nas escolas primárias aulas de piano. Mas é obrigatório na escola que
tamanho espetáculo popular angolana. A
desafio e juntou, no mesmo públicas. Hoje entram para a escola quaisquer cada criança saiba pelo menos tocar dois ins-
palco, os Líricos, um duo crianças. trumentos. As crianças têm consultas grátis na escola tem também
uma componente
angolano, José Kafala e os O que se aprende na escola? clínica Multiperfil.
forte: formar o
integrantes da Orquestra. Temos várias disciplinas. Temos música Actuações e apoios?
homem, não apenas
“Foi um momento mágico, clássica universal, música clássica angolana, O projecto é privado, mas temos apoios pú- na componente
muito bonito”, lembra música moderna angolana, música popular blicos. Geralmente, a Presidência da República musical mas temos
Yuri Simão, Director da angolana. A escola tem também uma compo- todos os anos nos convida para um ou outro também aulas de
empresa. Tão gratificante nente forte: formar o homem, não apenas na evento. Os Ministérios também. No que tange ética, educação
foi a experiência que a Nova componente musical mas temos também au- à expansão, o Presidente orientou que fossem moral e cívica, etc.
Energia decidiu organizar las de ética, educação moral e cívica, etc. abrangidas as demais províncias do país. No pró-
um Show em que os jovens Com que professores trabalha? ximo ano estamos já a partir para o Cuanza Sul.
da Orquestra serão a cabe- Regra-geral trabalhamos com professores Gostaríamos de actuar algum dia com a Ary e As
ça de cartaz, consciente filipinos, mas neste momento temos um pro- Gingas do Maculusso, que muito apoiam a escola.
de que a reação do público fessor de contrabaixo que é cubano. Em Junho Mas, por enquanto, as crianças ainda não estão
será boa. “A orquestra teremos um professor britânico para percus- preparadas para acompanhar músicos. Temos
cresceu e evoluiu muito são. De tempos em tempos, segundo um acor- uma orientação de estudo por enquanto. En-
e todo esse trabalho com do com a Venezuela, uma vez por ano virá um tretanto, actuámos já num festival de orquestra
maestros internacionais professor venezuelano e nós também iremos infanto-juvenil de 20 países na Argentina, onde
100 dá-lhe traquejo”. para lá. ganhámos um prémio. 101

nt
Fenda do Bimbe
nossaterra

O acesso difícil e demorado pelas duras estradas


de pedra na Serra da Leba, ao mesmo tempo que
protege esta maravilha natural da poluição e
AS NOSSAS de alguma incivilidade humana, vai negando o
BELEZAS conhecimento da sua beleza ímpar que, pela sua
NATURAIS espectacularidade, rivaliza com a Tundavala.

Só pastores
mucubais chegam
perto da Fenda.
O isolamento e
a distância vão
preservando
a beleza das
Formações
rochosas e
vegetação.
AF_MOV_VoxPop_4G_MTerrit_210x270.pdf 1 22/04/15 18:52

nossaterra

AS NOSSAS
BELEZAS
NATURAIS

CM

MY

CY

CMY

O percurso até
à Fenda é lento
não só devido às
dificuldades do piso
mas porque se é
obrigatório parar
de meia em meia
centena de metros
para admirar as
maravilhas naturais
PARTICULARIDADES
REGIONAIS E ÉTNICAS No passado a culinária tradicional angola-
nossopitéu

na estava votada ao desprezo, principalmen-


te entre as famílias urbanas, devido ao longo
processo de aculturação associado ao colo-
nialismo. Todas as informações confirmam a
existência de um sistema alimentar europeu
em todas as províncias do país levado pelos
portugueses. Tal sistema assentava na base
da rejeição de qualquer forma de reciproci-
dade, fazendo do sistema alimentar angolano
uma simples manifestação de selvajaria.
EDIÇÃO A Nos tempos que correm, os pratos tradi-
EDIÇÃO VAMOS cionais marcam presença em restaurantes e
NESTE ESPAÇO hotéis de primeira classe do país, ainda que
VIAJAR PELOS maioritariamente em dias especiais, em ban-
SABORES quetes, cocktails e recepções oficiais. Até no
ANGOLANOS, serviço de bordo de algumas carreiras e li-
U
APRESENTANDO m teorizador contemporâneo dos gações da companhia aérea Angolana TAAG.
EMENTAS E Nos tempos que
nossos manjares, Jones Zamba ga- Presença mais assídua regista-se fundamen-
SINTETIZANDO correm, os pratos
rante que o cardápio da cozinha tí- talmente em restaurantes populares dos mer-
VÁRIAS IDÉIAS tradicionais já
REFINADAS pica angolana é diversificado. Um cados paralelos, com o funji e o mufete nas
marcam presença
PELOS mesmo prato pode ser confecciona- preferências.
em restaurantes e
GASTRÓNOMOS do de modo diverso, tendo muito a ver com
hotéis de primeira
Jones Zamba conclui que a nossa gastrono-
CÁ DO BURGO. as particularidades regionais ou étnicas. Os classe do país.
mia pode funcionar como um instrumento de
ISTO PORQUE hábitos alimentares das populações do Norte reforço identitário e cultural do país, inclusive
“BAZAR” UM do país diferem do Sul e Leste e dependem do de fomento turístico.

nt
BOM PITÉU extracto social, do meio em que se vive e, so-
É CIÊNCIA E bretudo, da tradição de cada etnia.
ENVOLVE, POR Diz Zamba, no ensaio “Gastronomia Ango-
ISSO, TEORIA lana”, que é uma realidade que abrange cada
E PRÁTICA.
um dos grupos étnicos de origem bantu que
ÓSCAR RIBAS
constituem maioritariamente o povo angola-
QUE O DIGA!
no, tais como os Ovimbundu, os Ambundu, os
Bakongos, os Lunda-Chokwe, os Cuanhamas,
os Nganguelas, os Nhaneca-Humbe, etc. Nos
centros urbanos, particularmente, nos mus-
seques de Luanda, as diferenças são poucas.
As dificuldades provocadas pela guerra que
dilacerou o país fizeram com que as popula-
ções desses grupos se adaptassem à situação
de subsistência, comendo de tudo um pouco,
106 consoante as possibilidades das famílias.
rev NOSSA TERRA_ROAMING UNITEL_TAAG.pdf 1 4/29/15 2:51 PM
O FAS Criado a 28 de Outubro de 1994 no Quadro do Programa Económico
e Social PES/95, pelo Decreto Nº44/94 do Conselho de Ministros
FAS I (1994-2000) FAS II (2000-2003) FAS III (2004-2009)
Incidência no Capital Físico Incidência nos Capitais Incidência nos Capitais
Físico e Humano Físico e Humano
Cabinda Cabinda Cabinda

Zaire Zaire Zaire


Uíge Uíge Uíge

Luanda Luanda Luanda

te

te

te
Nor

Nor

Nor
Lunda Norte Lunda Norte Lunda Norte

nza

nza

nza
Bengo
Mal Mal Mal

Qua

Qua

Qua
anj anj anj
e Lunda Sul e Lunda Sul e Lunda Sul

Sul

Sul

Sul
nza

nza

nza
Qua

Qua

Qua
Bié Bié Bié

o
mb

mb

mb
Moxico Moxico Moxico

la

la

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Hua

Hua

Hua
gue

gue

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Ben

Ben

Ben
Huíla Huíla Huíla

Cuando-Cubango Cuando-Cubango Cuando-Cubango

ibe

ibe

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Nam

Nam

Nam
Cunene Cunene Cunene

Abordagem Emergencial Reconstrução e desenvolvimento Abordagem multi-sectorial


nossaterra#01
ADIGENTUS CONSE EXPLIT ENIS ESTIBUS AUT LABOR AS ILLANDAM VOLUPTA ELLESTIANDIS NIHIT, ALIT QUIDEST MOLUPTAS VELLUPTA
do futuro
Acordes
Kaposoka
Orquestra

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