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Notas 1 – técnica, cultura e........

(w drummond)

1.

Para Marx, os homens são oprimidos pela tradição das “gerações mortas” e ao tentarem criar
algo novo, sucumbem aos “espíritos do passado”, dando-lhe “os nomes, os gritos de guerra e
as roupagens” de outrora. No exposé de 1939, Paris, capitale Du XIX° siècle, redigido em
francês, Benjamin segue o raciocínio marxiano, pois “as formas de vida nova e as novas
criações com base na economia e técnica que devemos ao último século entram no universo
de/como uma fantasmagoria ” (BENJAMIN, 1991, p.375). Assim como Napoleão, não entendeu
a natureza funcional do novo estado burguês, os arquitetos também não compreenderam a
natureza funcional do ferro, senão retomando velhos usos e significações, em ambos os casos
criando fantasmagorias (BENJAMIN, 1985, p.377). Uma historiografia crítica do urbanismo
estaria alerta para esse perigo. (DRUMMOND, W. Teoria historiográfica e Cronologias do
Urbanismo em http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/leituras.php?id_leitura=2)

Assim, os homens das primeiras décadas do século passado imaginavam a guerra vindoura
como uma guerra conhecida e já experimentada: o heroísmo aristocrata, a cavalaria e os
sabres, o corpo a corpo. Ao desejarem a guerra do século XIX, - que não era mais possível -
citaram Marx, sem saber, ao custo das próprias vidas. Não perceberam que o processo de
industrialização e de mecanização capitalista havia chegado ao enfrentamento bélico: a nova
guerra seria definida não mais pela bravura heroica dos homens, mas a frieza racional da
técnica. As novas armas tornaram o campo de batalha num matadouro mecanizado. A cada
saída das trincheiras os soldados de ambos os lados se davam ao abate: a invenção da
metralhadora e seu poder de fogo tornava a morte banal e estatística. Adorno cita o católico
radical Charles Peguy que escreveu em 1909 que “o mundo moderno conseguiu envilecer
aquilo que talvez seja a coisa mais difícil de envilecer no mundo (...) ele envilece a morte”.
Dessa maneira, para Adorno “Quando o indivíduo que a morte aniquila é nulo, desprovido de
autocontrole e do próprio ser, então se torna nula também a potência aniquiladora” (ADORNO
– Mínima Moralia, 148). O pensamento do filosofo se desenvolve no sentido de flagrar a total
submissão do indivíduo ao ritmo maquinal da guerra e sobretudo a impessoalidade do ato de
matar. Antes a guerra exigia o corpo a corpo, o reconhecimento do outro como indivíduo,
como força que reaje, em que a dimensão interpessoal se impunha. Com a metralhadora
(ceifadora de vidas) e as trincheiras o assassinato torna-se um ato mecânico de apertar o
gatilho indistintamente, quando os homens se tornam apenas alvos móveis e distantes que
devem ser atingidos. A guerra de trincheiras que caracterizou esse primeiro grande conflito
bélico, desde outubro de 1914, apostava no desgaste das forças inimigas e será o primeiro
revés na idealização de um confronto rápido, com poucas baixas. Daí, a guerra se arrasta pelas
enormes trincheiras, verdadeiros buracos cavados por homens exaustos, que se estende por
quilômetros – fronteiras de lama e morte – e separam os exércitos inimigos que para
avançarem devem atravessar um campo formado de redes de arame farpado e corpos mortos
– a chamada no man´s land. Ao tédio da espera imersos na lama, entre doentes e ratos, com a
fome continuada, se seguia o terror de sair das trincheiras se expondo as rajadas inclementes
dos franco atiradores. Rapidamente essa guerra de trincheiras se deslocou, em 1916, para a
“tempestade de aço” o bombardeamento sistemático e intermitente do exército inimigo
efetuado pelos novos canhões que alcançavam alvos mais distantes com um poder de
destruição nunca vistos. A técnica proporcionaria terríveis surpresas para esses homens que
parecem saídos do século XIX. Os ataques aéreos e marítimos, o bombardeio de populações
civis, o “front” indiscriminado, a nuvem estranha e mortífera de gás que se abateu sobre as
trincheiras (lançada pelos alemães em 1915 e seguido pelos aliados). Todas essas invenções
implicavam numa reviravolta da técnica de matar e num custo alto para manter essa nova
“guerra total”. Esse novo conceito não se caracterizava pelo extensão da guerra – embora
tenha sido uma novidade tantos países envolvidos - mas fundamentalmente pela indistinção
entre front e retaguarda e, sobretudo, a exigência do trabalho incessante de todos os
indivíduos envolvidos provocando o redirecionamento da produção de bens. Ora se todos
estão participando da guerra então todos podem ser bombardeados. A “guerra total” iguala
soldados e operários, engaja mulheres e crianças, inventa uma gestão da guerra que mobilize a
indústria e a propaganda. O tempo de guerra é incisivo, invasivo, ininterrupto. Vive-se a
guerra, ela já não está no front, distante, mas em todos os lugares, em lugar nenhum.

2.

Em 1933, Benjamin escreve que, entre 1914 e 1918, viveu-se “uma das mais terríveis
experiências da história” pois “nunca houve experiências mais radicalmente desmoralizadas
que a experiência estratégica pela guerra das trincheiras, a experiência econômica pela
inflação, a experiência do corpo pela fome, a experiência moral pelos governantes. Uma
geração que ainda fora à escola num bonde puxado por cavalos viu-se abandonada, sem teto,
numa paisagem diferente em tudo, exceto nas nuvens, e em cujo centro, num campo de forças
de correntes e explosões destruidoras, estava o frágil e minúsculo corpo humano” (BENJAMIN,
Experiência e Pobreza – 115p). Para o trágico pensador alemão surge uma nova miséria
derivada do “ monstruoso desenvolvimento da técnica sobrepondo se ao homem”. Evocando
os quadros de Ensor que retratam um carnaval perverso, Benjamin, os aproxima do ambiente
hostil da primeira guerra: não seria também um carnaval invertido e assustador? Os homens
que retornaram mudos constatam que algo no campo da experiência foi invertido, agora se
abate sobre todos um assustador empobrecimento da experiência. O choque da submissão
humana pela técnica à serviço da mortandade calara esses homens como se os tivesse feito
chegar a um grau zero da experiência histórica. Esse era o novo homem do desenvolvimento
do capitalismo no século que se iniciava tão drasticamente. Embora, essa passagem seja
evocada como um lamento, em parte pela interpretação muito famosa do filosofo italiano
Giorgio Agamben, o que se segue no texto desautoriza esse caminho, pois, surpreendente
Benjamin procura avançar, nas possibilidades abertas por um “conceito novo e positivo de
barbárie”. A fórmula é paradoxal, ousaria dizer dadaísta, pois parte de uma “desilusão radical a
esse século e ao mesmo tempo uma total fidelidade a esse século”. O intricado pensamento de
Benjamin nos adverte que não haverá voltas ou posições nostálgicas, não podemos nos
apartar do mundo que se afirma, mas ao contrário, como escritores, poetas, dramaturgos,
arquitetos indicam estamos todos imersos nessa nova “sensibilidade moderna” que é inóspita
ao “homem tradicional”. O pensamento revolucionário colocado em prática na revolução de
outubro na Rússia parece se locomover no mesmo espaço aberto pelos artistas modernistas.
Para Benjamin, o homem novo, nu de experiências – bárbaro - pode fazer disso uma potência
e que daí surja algo como um sonho do homem contemporâneo pois já se avizinha “uma
sombra” atrás da porta, “a próxima guerra”.

4.

Entre 1935 e 1936, Benjamin parece procurar esse lugar bárbaro (que chamo de o aberto)
proporcionado pelas técnicas reprodutíveis. A sua perspectiva é de que ao imaginarmos a
história tanto cultural quanto material sempre recortada, nunca a mesma, sempre re-
apropriada pelo acaso e pelos homens, deveríamos evitar de avaliar as novas formas culturais
e técnicas com os valores, conceitos, metodologias que corresponderiam a um outro ambiente
(material/técnico). Existe uma teoria da história aí : primeiro, da indissociabilidade da cultura e
de sua expressão técnica (material); segundo, da impossibilidade de repetição. (daí a citação
do 18 do Brumario de Marx, tão ao gosto do Benjamin : se é primeiro como tragédia e depois
como farsa...então não há repetição..mas mudança de qualidade! Além disso, ao enfrentar o
fascismo ele nos alerta para ao jogo político da elaboração e uso dos conceitos. Não qualquer
um, mas aqueles que são como artefatos que miram o fora, categorias que já são uma
intervenção na realidade da trama política, uma incisão nos corpos e nas formas com que nos
lançamos uns aos outros em meio aos aparelhos, aos imperativos da técnica (esta seria o
campo comum de entre a contemporaneidade de Benjamin e a nossa). Aqui o menos
importante são os efeitos na estética. Seja o que acontece com a pintura ou com o teatro sob o
impacto do cinema e da fotografia, mas sobretudo quais os efeitos dessa nova investida da
técnica na maneira como (re) inventamos o mundo. Como os novos meios de reprodução e
publicização instauram o abandono do original, o transe do autentico e da tradição, a explosão
do espaço social da arte (com a entrada de milhões de homens que jamais ambicionaram ai
estar) e o violento caráter de exponibilidade (valor de culto/exposição) do estético. Por último,
talvez o mais dramático: a aproximação - para ele assustadora - entre o estético e o político.
Esse grau zero da experiência que fora mencionado pelo efeito da primeira guerra de novo se
colocava como um furo aberto num mundo que cada vez mais seria estruturado pela sua
relação com a técnica. Como no texto de 1933, Benjamin narra não uma história da técnica,
nem mesmo um inventário pacificado das invenções humanas, mas o confronto incerto entre
aparelhos e homens. Sem esquecer que, se esses aparelhos são forjados pelo capitalismo – o
que os circunscrevem em zonas de opressão onde trabalho, exploração e lazer se confundem –
em nenhum momento os considera fora de um jogo de forças em que os homens são lançados
e respondem também no sentido de profundas transformações até mesmo revolucionárias.
Para Benjamin, que pensava no humano como uma “construção” – daí meu uso do conceito de
aberto ou rasura – os aparelhos (cinematográficos, fotográficos) exigiam uma outra
humanidade, bárbara que apagasse os rastros do humano, como definido até agora,
recolocando um novo caminho, mesmo que incerto. Nos dois textos esse novo homem (agora
reunido nas massas urbanas proletárias) é uma esperança que se insurge contra o fascismo em
meio ao desafio do uso das técnicas midiáticas e reprodutíveis pelas forças conservadoras que
explorariam aí as possibilidades de controle social e exploração econômica. A estetização da
política aponta para algo mais terrível ainda..para a estetização da vida como guerra: a
manutenção do regime de produção de mercadorias assentado na mobilização incessante das
massas. A mobilização total (guerra total) torna-se, pelo novo ambiente técnico, o modus
operandi da nascente sociedade contemporânea. A todas as formas de reversão desse projeto
fascista Benjamin nomeará de “politização da estética”. Esse é o nome do enfrentamento, não
de uma guerra perdida. De uma aposta, não de uma capitulação. Ainda que a todo momento
Benjamim evoque a morte como categoria, desde o sexy appeal do inorgânico, ao fim dos
modos perceptivos ou estéticos, numa dimensão dramática, seja contornos elípticos (e
barrocos!) ou de grandes e desconcertantes descontinuidades.

5.

Daí pensamos o destino do negativo na sociedade contemporânea.... Como bem disse o


escritor Wiliam Bourroughs "O que quero fazer é aprender a ver mais o que está lá fora, olhar
para fora, atingir tanto quanto possível uma completa percepção do que nos cerca. (...) Eu
aponto na outra direção: para fora.” Eu aponto para o furo, para o resto, o rasgo. Seriam o
fora e o furo, o resto, o abjeto, o aberto, imagens do negativo? Ainda é possível o negativo
numa sociedade que se quer plenamente “positiva”...sem limites, sem morte, sem parte
maldita?

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