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Itajaí/SC, 2018
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
CURSO DE DIREITO – ITAJAÍ
NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA - NPJ
Itajaí/SC, 2018
AGRADECIMENTO
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Itajaí/SC, 2018
RESUMO..............................................................................................8
INTRODUÇÃO......................................................................................9
Capítulo 1............................................................................................12
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA...................................................12
1.2. DISPOSIÇÕES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
...............................................................................................................................15
1.5. SANÇÕES.......................................................................34
PRESCRIÇÃO....................................................................................45
2.1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS......................................47
2.6 IMPRESCRITIBILIDADES.....................................................62
1
“[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente
estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed.
Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83.
2
“[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma
percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica:
teoria e prática. p. 86.
3
Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE,
Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-
26.
4
“[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o
alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.”
PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54.
5
“[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD,
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25.
6
“[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita
para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa
jurídica: teoria e prática. p. 37.
7
“Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD,
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209.
12
Capítulo 1
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
8
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 19.
cabedal cada vez maior de leis. Mais que isso, é também necessário o acatamento a
uma “[...] legalidade em sentido amplo, para abranger não só à obediência à lei, mas
também a observância dos princípios e valores que estão na base do ordenamento
jurídico [...]”9.
12
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 881.
13
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 10. ed. revista, ampliada e atualizada.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014, p. 1083.
14
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p.19.
15
Certo é, pois, que há uma natural convergência entre as
disposições relativas à moralidade administrativa e à probidade administrativa na
Constituição Federal e na legislação esparsa, cabendo apreciar, portanto, o
regramento normativo a elas atinente, principiando pelas normas constitucionais que
versam sobre o assunto.
15
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 140.
16
lei, mas que também se preocupe com princípios éticos, em busca do bem comum
da sociedade.
19
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 886.
20
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo, p. 936.
21
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 886.
22
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 887.
19
Aferida a natureza civil da improbidade administrativa, impende
passar ao exame das disposições da Lei n 8.429/92, norma legal que, repise-se,
regulamenta o comando constitucional atinente à matéria.
26
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 10.
21
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos
na forma desta lei.
27
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 21.
28
FAZZIO JUNIOR, Waldo. Atos de Improbidade Administrativa, p. 64.
22
Não havendo que se falar, portanto, em inaplicabilidade da Lei
de Improbidade Administrativa aos demais entes federados, impende observar que
seu art. 1º elencou expressamente uma miríade de entes e entidades que podem ser
alvo de atos de improbidade administrativa, inclusive pessoas jurídicas de direito
privado ou entidades não-estatais que recebem dinheiro público.
29
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 890.
30
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 287.
23
incidência, independentemente da entidade exercer atividade de natureza privada ou
pública […]31.
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior.
31
BEZERRA FILHO, Aluizio. Atos de Improbidade Administrativa: Lei 8.429/92 anotada e
comentada. Curitiba: Juruá, 2012, p. 10.
32
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 314.
24
detém poderes em relação a valores oriundos do Erário, que de algum modo
administra ou influi na administração de dinheiro proveniente dos cofres estatais.
35
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo, p. 942.
36
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, págs. 896/897 (grifos no original).
37
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 899.
26
previstas na Lei nº 8.429/92 com outras de natureza criminal ou administrativa, certo
é que um único ato não pode ser punido como caracterizador de mais de uma
espécie de improbidade administrativa, sendo imperiosa, em caso de antinomia, a
aplicação tão somente das sanções incidentes à modalidade mais gravosa em que
se enquadre a conduta analisada.
38
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 10.
27
por ela protegidos, de forma a haver uma relação de razoabilidade entre o ato
praticado e as sanções eventualmente impostas.
39
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, págs. 166/167.
40
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 60.
28
atuação contrária à lei, não se caracterizando pela prática de condutas que, mesmo
que possivelmente criticáveis, estão respaldadas pelo ordenamento jurídico.
44
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 56.
30
toda e qualquer conduta enquadrável no elenco do art. 10 configuraria ato de
improbidade [...]”.45
45
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1096.
46
FAZZIO JUNIOR, Waldo. Atos de Improbidade Administrativa, p. 122.
47
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 78.
31
Para a doutrina, contudo, “[...] o legislador cometeu
impropriedade na redação do art. 21, II, da LIA, [...] ao não excepcionar desse
regramento os atos de improbidade que causam prejuízo ao Erário [...]” 48. Nesse
vértice, há quem simplesmente exclua os atos previstos no art. 10 da Lei nº 8.429/92
do campo de incidência do referido dispositivo, meramente consignando que este
“[...] alcança os atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento
ilícito e os que atentam contra os princípios norteadores da administração pública
[...]”49
48
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 79.
49
BEZERRA FILHO, Aluizio. Atos de Improbidade Administrativa: Lei 8.429/92 anotada e
comentada, p. 518.
50
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1666307/MA, Processo 2017/0062747-7.
Relator: Min. Herman Benjamin, julgamento em 28 nov. 2017. Disponível em
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=78442935&num_registro=201700627477&data=20171219&tipo=5&for
mato=PDF. Acesso em 30 set. 2018.
32
Ou seja, em sendo a Lei de Improbidade Administrativa
instrumento concebido no contexto do combate a desonestidades que permeiam a
Administração Pública, de forma a subsidiar a punição de agentes públicos e
terceiros que com suas condutas ímprobas mancham o nome do Estado em cujo
nome atuam, incoerente que se queira punir também, a partir das mesmas severas
sanções incidentes aos atos dolosos, situações em que se vislumbra tão-somente
culpa.
51
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina, legislação e jurisprudência, p. 70.
52
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, págs. 70/71.
53
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1097
33
ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições.
54
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 110
55
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1099.
56
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, págs. 112/113.
34
análise das espécies de improbidade administrativa, cumprindo passar, desde logo,
ao exame das sanções a tais atos aplicáveis.
1.5. Sanções
57
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 900.
35
contratação com o Poder Público e de vedação ao recebimento de incentivos fiscais
ou creditícios.
58
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, págs. 110/111.
36
a aquisição de bens e valores, a fim de que fique evidenciado que o enriquecimento
ocorreu em função do cargo ou emprego exercido. 59
Até por isso, essa sanção não pode ser confundida com o
ressarcimento integral do dano, eis que seu norte é a expropriação dos valores
ilicitamente recebidos, estes que não necessariamente se confundem com o prejuízo
causado ao Erário. Nesse sentido, há mesmo quem defenda que o agente ímprobo
a quem é aplicada a penalidade em questão “[…] não sofre sanção patrimonial, mas
apenas restitui (indeniza) o que auferiu indevidamente, punindo-se, assim, seu
enriquecimento ilícito [...]”.61
63
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 148.
64
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 111.
38
1.5.4. Suspensão dos direitos políticos
65
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, págs. 113/114.
66
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 147.
67
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 150.
39
1.5.6. Ressarcimento integral do dano
68
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 611.
40
como medida punitiva, sendo sustentado que, “[…] em verdade, não tem natureza
de sanção, mas sim de indenização [...]” 69
69
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 151.
70
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 611.
71
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1089.
72
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 900.
41
Conquanto tal constatação seja verdadeiramente óbvia,
podendo-se mesmo arguir a desnecessidade de sua indicação pela doutrina ou
mesmo no presente trabalho, certo é que, em determinadas situações, a aferição do
dano pode não ser de todo precisa, dando margem a interpretações dúbias acerca
da aplicabilidade ou não da sanção em enfoque.
78
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1086.
79
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 162.
44
CAPÍTULO 2
PRESCRIÇÃO
80
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 13
81
SOUZA, José Pedro Galvão de. Prefácio. In: VOEGELIN, Eric. A Nova Ciência da Política. Trad.
de José Viegas Filho. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982, p. 06.
82
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1. São Paulo: Atlas, 2015, p. 615.
46
vida em sociedade, uma vez que tem grandes repercussões no nascimento, no
exercício e na extinção de direitos.83
83
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: parte geral,
volume 1. 15. ed. revista e atualizada de acordo com o novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 495.
84
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1 – parte geral. 7. ed. revisada e
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2009, fl. 471.
85
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 1: parte
geral, p. 496.
86
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 1: parte
geral, págs. 496/497.
47
Imperioso, pois, que se analise com maior grau de
detalhamento o conceito e as principais características da prescrição, delineando
com mais precisão o interesse social que justifica sua existência e dissociando-a do
instituto correlato da decadência, cuja natureza análoga por vezes leva ao
surgimento de dificuldades para o discernimento da ocorrência de uma ou de outra
situação.
87
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1 – parte geral, págs. 471/472.
88
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 1: parte
geral, p. 497 (grifos no original).
48
seu cumprimento. Em resumo, a prescrição fulmina a possibilidade de que venha o
direito a ser coercitivamente exigido de outrem. Aliás, a doutrina bem ressalta essa
diferenciação:
89
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 619.
90
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 1: teoria geral do direito civil. 30. ed. São
Paulo: Saraiva, 2013, p. 434.
91
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil 1: parte geral. 13. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2013, p. 575.
49
2002 e no primado constitucional da inafastabilidade da jurisdição, dissociar o
conceito de pretensão previsto no art. 189 do Código Civil do direito de ação,
sustentando, pois, que a prescrição não alcança este último direito, cuja condição
material é mesmo posta em dúvida, mas apenas aquele primeiro instituto jurídico.
92
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 619.
93
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 1: parte
geral, págs. 498/499.
94
TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral – 13. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2017, fl. 486.
50
Nesse contexto, se há opção legislativa fundamentando a
dissociação doutrinária entre a prescrição e o direito de ação, de forma que a
ocorrência daquela não leva à extinção desta, mas sim à fulminação da pretensão,
forçoso que se defina com mais clareza o que se entende, então, por pretensão,
instituto jurídico que, como antes visto, detém natureza material e não processual.
95
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 1: parte
geral, p. 499.
96
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 619.
97
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Vol. 1 – teoria geral do direito civil, p. 448.
51
continuidade visível na própria existência de um prazo prescricional único, sem que
o falecimento obste seu curso.
98
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 622.
99
BRASIL. Conselho da Justiça Federal. I JORNADA DE DIREITO CIVIL. Enunciado 14. Disponível
em: http://www.cjf.jus.br/cjf/CEJ-Coedi/jornadas-cej/Jornada%20de%20Direito%20Civil%201.pdf/view,
p. 36. Acesso em 30 set. 2018.
100
TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral, p. 488.
52
A teoria da actio nata, originada dos estudos de Direito
Romano do célebre jurista alemão Savigny, tinha inicialmente um viés objetivo, eis
que concluiu seu criador que a subordinação do começo da prescrição ao fato da
violação que é chamada a combater levaria à consideração de que esse começo
tem natureza puramente objetiva, pouco importando que o titular do direito dela
tenha ou não conhecimento.101
103
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 635.
104
TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral, p. 492.
105
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Vol. 1 – teoria geral do direito civil, p. 436.
106
TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral, p. 493.
54
Com efeito, não se contesta que possa ela ser arguida por
qualquer interessado a quem aproveitar e em qualquer grau de jurisdição, o que é
inclusive previsto pelo art. 193 do Código Civil. A celeuma reside, contudo, na
possibilidade de sua decretação ex officio, ou seja, na existência ou não de
autorização para que o magistrado, sem qualquer provocação das partes, promova
por si só a extinção do feito, com resolução de mérito, em face da materialização da
prescrição.
108
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 631.
109
TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral, p. 498.
56
2.4 Prescrição e decadência
110
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1 – parte geral, p. 477.
111
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 618.
112
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 618.
57
Noutro vértice, assim ressalta a doutrina o entendimento
prevalente quanto à decadência:
113
TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral, p. 484.
114
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 1: teoria geral do direito civil. Págs.
458/459.
115
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil 1: parte geral, p. 581.
58
legalismo em enfoque demande maior grau detalhamento na análise do tema
principal da presente monografia, como será feito no terceiro capítulo, cumpre já
assinalar que, também por essa razão, tem-se por impossível a consideração de que
a reparação de dano em casos de improbidade administrativa está sujeita a prazo
decadencial, eis que incabível que possa haver discricionariedade na estipulação do
período pelo qual pode o Estado intentar reaver o dano causado pelo agente público
ou terceiro a ele associado.
116
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 623 (grifos no original).
59
Ou seja, assim como os prazos, as causas impeditivas,
suspensivas e interruptivas devem ser expressamente previstas em lei, afigurando-
se contrária ao ordenamento jurídico vigente a possibilidade de livre estipulação de
causas outras que não as estabelecidas pelo legislador.
117
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 1: parte
geral, p. 512.
118
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 626.
60
Aliás, “[...] convém registrar que as causas interruptivas, grosso
modo, concernem a atos praticados judicialmente [...]” 120, dependendo, “[...] em
regra, de um comportamento ativo do credor [...]” 121.
119
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil 1: parte
geral, p. 512.
120
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 626.
121
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: volume 1 – parte geral, p. 485.
122
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 1: teoria geral do direito civil, p. 467.
61
todos os demais prazos mencionados no Código Civil terão, de ordinário, natureza
decadencial [...]”123.
123
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 637.
124
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 1: teoria geral do direito civil, p. 467.
62
2.6 Imprescritibilidades
125
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 1: teoria geral do direito civil, p. 455.
126
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil 1: parte geral, p. 576.
63
porque a nulidade absoluta envolve ordem pública, não convalescendo pelo decurso
do tempo, como exposto no art. 169 do Código Civil. 127
127
TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral, p. 484.
128
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil 1: parte geral, p. 577.
129
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. 30 ed. revista e
atualizada até a Emenda Constitucional 71, de 29.12.2012. São Paulo: Malheiros, 2013, p. 1076.
64
havendo igualmente diferenciações associadas ao modo de exigência e do locus de
discussão. Senão veja-se:
133
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo, p. 385.
134
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 640.
135
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo, p. 385.
66
Ressalte-se, aliás, que a aplicabilidade de tal norma, publicada
ainda sob a vigência do Código Civil de 1916, foi contestada por parte da doutrina e
da jurisprudência após a edição do Código Civil de 2002, este que, como antes visto,
fixou em três anos o prazo prescricional para pretensões de reparação civil. Nesse
ponto, havia quem defendesse o seguinte entendimento:
136
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 641.
67
REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de
17.11.2008; EREspsim 1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese do prazo prescricional trienal
também é defendida no âmbito doutrinário, dentre outros renomados
doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de Direito
Administrativo", 24ª Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011,
págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A Fazenda
Pública em Juízo", 8ª ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90).
3. Entretanto, não obstante os judiciosos entendimentos apontados,
o atual e consolidado entendimento deste Tribunal Superior sobre o
tema é no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal -
previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações indenizatórias ajuizadas
contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do
Código Civil de 2002.
4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da
natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula a prescrição,
seja qual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a
Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista no Código Civil,
norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não
altera o caráter especial da legislação, muito menos é capaz de
determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de
Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. - São
Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de
Direito Administrativo". Editora Fórum, 2ª Ed. - Belo Horizonte, 2010;
pág.1042).
5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só, não
autoriza a afirmação de que o prazo prescricional nas ações
indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo Código
Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos critérios histórico e
hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen Filho ("Curso de Direito
Administrativo". Editora Saraiva, 5ª Ed. - São Paulo, 2010; págs.
1.296/1.299).
6. (…).137
137
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1251993/PR, Processo
2011/0100887-0. Rel: Min. Mauro Campbell Marques, julgamento em 12 dez. 2012. Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=26376309&num_registro=201101008870&data=20121219&tipo=5&for
mato=PDF. Acesso em 30 set. 2018.
68
Com efeito, por um lado há quem sustente que, na ausência de
dispositivo legal, incidiria para o Estado a regra geral de prescrição prevista no art.
205 do Código Civil, esta que, repise-se, assinala que o prazo prescricional será de
dez anos.138
138
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1388.
139
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. págs. 1079/1080.
140
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1388.
141
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo. p. 1080.
69
Esse entendimento, pois, evidentemente deve ser considerado
quando da análise específica da imprescritibilidade ou não das ações de reparação
de dano em casos de improbidade administrativa. Essa análise, contudo, é assunto
para o terceiro e derradeiro capítulo deste estudo.
70
CAPÍTULO 3
71
tutela do interesse difuso da probidade administrativa é regida pela Lei nº 8.429/92,
que apresenta procedimento especial e objeto diverso. 142
142
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 193.
143
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, págs. 134/135.
144
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, págs. 842/843.
72
jurídica maior, pois o direito de ação independe da titulação para sua existência e
formulação [...]”145
145
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 194.
146
NEIVA, José Antônio Lisboa, fls. 136 NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa:
legislação comentada artigo por artigo doutrina,legislação e jurisprudência, p.136.
147
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo, p. 945.
148
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 204.
73
Para outros autores, contudo, a interpretação da previsão legal
em enfoque deve ser feita de maneira mais restrita, de forma a afastar a legitimação
ativa das pessoas jurídicas descritas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº
8.429/92, ainda que, evidentemente, sem impedir que condutas ímprobas
materializadas no contexto de tais entidades sejam levadas ao conhecimento do
Poder Judiciário para imposição das penalidades cabíveis.
149
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 860.
150
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1104.
74
simplesmente propor a ação específica discutida neste subitem, em meio a qual já
se encontra a viabilidade de ressarcimento ao patrimônio lesado. 151
151
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p.136.
75
que sujeita a prescrição aos prazos previstos na lei penal (§ 2º do art. 142 da Lei nº
8.112/90)152.
152
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 216.
153
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Recurso Especial nª 1196629/RJ,
Processo 2010/0102976-6. Rel: Min. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, julgamento em 14 mai.
2013. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=28602480&num_registro=201001029766&data=20130522&tipo=5&for
mato=PDF. Acesso em 30 set. 2018.
76
prescricional regido pelas disposições específicas do Código Penal e outras normas
de natureza criminal.
componente=ATC&sequencial=53606376&num_registro=201500078516&data=20151111&tipo=5&for
mato=PDF. Acesso em 30 set. 2018.
156
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 726.
78
contudo, imperioso que seja feita remissão ao texto constitucional, origem de
relevante controvérsia acerca de sua prescritibilidade ou imprescritibilidade.
157
BRAGUE, Rémi. The impossibility of secular society (tradução livre). First Things, out. 2013.
Disponível em: https://www.firstthings.com/article/2013/10/the-impossibility-of-secular-society. Acesso
em 30 set. 2018.
79
Veja-se, pois, que a ressalva expressamente lançada no tramo
final de tal dispositivo legal está no âmago das discussões havidas na doutrina e na
jurisprudência acerca da prescritibilidade ou imprescritibilidade do ressarcimento
integral do dano em atos de improbidade administrativa.
158
BEZERRA FILHO, Aluizio. Atos de Improbidade Administrativa: Lei 8.429/92 anotada e
comentada, p. 533.
159
ALEXANDRE, Ricardo e DE DEUS, João. Direito Administrativo Esquematizado. São Paulo:
Editora Método, 2015, fl. 828.
160
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 906.
80
comando impositivo da imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário,
notadamente em face de atos sujeitos à incidência da Lei nº 8.429/92.
161
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo, págs. 1080/1081.
81
3.4 O RECURSO EXTRAORDINÁRIO 852.475
162
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo em Recurso Extraordinário nº 648.661. Rel: Min.
Ellen Gracie, julgamento em 03 ago. 2011. Disponível em:
http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ARE%24%2ESCLA
%2E+E+648661%2ENUME%2E%29+NAO+S%2EPRES
%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/yccs4hfj =. Acesso em 30 set. 2018
163
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1687349/AL, Processo
2017/0181645-6. Rel: Min. Herman Benjamin, julgamento em 03 out. 2017. Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=76535027&num_registro=201701816456&data=20171011&tipo=5&for
mato=PDF. Acesso em 30 set. 2018.
82
geral a controvérsia relativa à prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao
erário, em face de agentes públicos, em decorrência de suposto ato de improbidade
administrativa [...]”164
164
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Decisão de
reconhecimento da repercussão geral proferida pelo Plenário em 19 mai. 2016. Rel: Min.Teori
Zavascki. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?
id=309570386&ext=.pdf. Acesso em 30 set. 2018.
165
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Julgamento pelo
Plenário em 08 ago. 2018. Rel: Min. Alexandre de Moraes. Rel. para acórdão Ministro Edson Fachin.
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4670950. Acesso em 30 set
2018.
83
3.5 ARGUMENTOS FAVORÁVEIS À IMPRESCRITIBILIDADE
171
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 669.069. Acórdão proferido em
03 fev. 2016. Voto do Ministro Luis Roberto Barroso, p. 18. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=309316367&ext=.pdf. Acesso em 30 set.
2018.
172
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Voto do Ministro
relator Alexandre de Moraes proferido em 02 ago. 2018, págs. 14/15. Disponível em:
https://www.jota.info/wp-content/uploads/2018/08/bfd5155328d382b5f940e40419cea998.pdf. Acesso
em 30 set. 2018.
86
Como explicar, então, o alcance do art. 37, § 5º? Pensamos que o
que há de se extrair dele é a intenção manifesta, ainda que mal-
expressada, de separar os prazos de prescrição do ilícito
propriamente, isto é, penal ou administrativo, dos prazos das ações
de responsabilidade, que não terão porque obrigatoriamente
coincidir. Assim, a ressalva para as ações de ressarcimento significa
que terão prazos autônomos em relação aos que a lei estabelecer
para as responsabilidades administrativa e penal.173
173
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo, p. 1081.
174
JUSTEN FILHO, Marçal e GODOY, Miguel Gualano de. Prescritibilidade das ações de
ressarcimento ao erário por improbidade: o art. 37, § 5º, da Constituição: o tema 897 da repercussão
geral. Jota, 23 abr. 2018. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-
analise/artigos/prescritibilidade-das-acoes-de-ressarcimento-ao-erario-por-improbidade-23042018.
Acesso em 30 set. 2018.
87
A preocupação do legislador constituinte foi legítima, pois, em virtude
da exigência do § 4º de edição de lei específica para a definição dos
“atos de improbidade administrativa”, bem como da forma e gradação
da aplicação das sanções de suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, poderiam surgir dúvidas sobre a recepção
do ordenamento jurídico que, desde a década de 1940, permitia
ações de ressarcimento no caso de improbidade administrativa,
apesar da inexistência de conceituação e de tipificação específica
dos denominados “atos de improbidade administrativa”.
Em outras palavras, com a promulgação da Constituição Federal de
1988, que ampliou a possibilidade de sanções por atos de
improbidade administrativa, e em respeito aos princípios da reserva
legal e da anterioridade, passou-se a exigir a edição de lei específica
para tipificar as condutas correspondentes a atos de improbidade
administrativa. Nesse momento, houve o justo receio do legislador
constituinte quanto à ocorrência de interpretações que passassem a
impossibilitar ações de ressarcimento ao erário pela prática de atos
ilícitos tradicionalmente entendidos como improbidade administrativa,
desde a década de 1940, mas ainda não tipificados pela nova
legislação, que somente foi editada em 1992.175
175
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Voto do Ministro
relator Alexandre de Moraes proferido em 02 ago. 2018, p. 16. Disponível em:
https://www.jota.info/wp-content/uploads/2018/08/bfd5155328d382b5f940e40419cea998.pdf. Acesso
em 30 set. 2018.
176
GARCIA, Emerson e ALVES, Rogerio Pacheco. Improbidade Administrativa, p. 714.
88
Também a Procuradoria-Geral da República, no antes
mencionado parecer juntado aos autos do Recurso Extraordinário nº 852.475,
adentrou essa senda:
177
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Parecer da
Procuradoria-Geral da República juntada em 26 set. 2016, p. 17. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=310376150&ext=.pdf. Acesso em 30 set. 2018.
178
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Improbidade Administrativa: doutrina, legislação e jurisprudência. São
Paulo: Atlas, 2015, fl. 480.
89
Forçoso ressaltar, nesse ponto, que parece ter sido esse
argumento a chave para explicar a mudança no posicionamento originalmente
sustentado pelos ministros Luis Roberto Barroso e Luiz Fux no curso do julgamento
do Recurso Extraordinário nº 852.475. Veja-se, nesse sentido, o que destacou a
imprensa especializada que acompanhou as discussões pretorianas:
181
Em reviravolta, STF diz que não há prazo para cobrar ressarcimento em improbidade. JOTA, 08
ago. 2018. Disponível em: https://www.jota.info/stf/do-supremo/em-reviravolta-stf-diz-que-nao-ha-
prazo-para-cobrar-ressarcimento-em-improbidade-08082018. Acesso em 30 set. 2018.
91
crível seria entender que a Constituição Federal abonasse resultados tão
radicalmente adversos aos princípios que adote no que concerne ao direito de
defesa.182
92
direito de defesa em face da pretensão estatal de reparação do dano. Aliás, em se
materializado tal hipótese, por seu genitor ter pretensamente comido um ganso do
Rei-Estado, seus sucessores teriam que devolver um século depois, em se
considerando a incidência de juros, correção monetária e demais consectários
legais, não mais uma simples pena, mas sim todo um aviário! E tudo isso sem
contarem com meios adequados para se defender da reivindicação promovida pelo
Estado. Diante de tal cenário, cabível aventar que a imprescritibilidade das
pretensões de ressarcimento ao erário poderia mesmo vir a ser fonte de situações
flagrantemente iníquas.
Por tudo isso, parece razoável concluir que “[…] não é crível
que a Constituição possa abonar resultados tão radicalmente adversos aos
princípios que adota no que concerne ao direito de defesa [...]” 184
184
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo, p. 1081.
185
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Voto do Ministro
relator do acórdão Edson Fachin proferido em 02 ago. 2018, p. 09 01/02. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/RE852475VotoMFachin.pdf. Acesso em 30
set. 2018.
93
razoável, e hoje, até por lei não se exige isso, a documentação necessária para uma
eventual defesa [...]”186
186
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 669.069. Acórdão proferido em
03 fev. 2016. Voto da Ministra Carmen Lúcia, págs. 74/75. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=309316367&ext=.pdf. Acesso em 30 set 2018.
94
que “[…] Este Tribunal consolidou entendimento no sentido de que são
imprescritíveis as ações de ressarcimento por dano ao erário [...]” 187. Ou seja, em se
considerando que o comando constitucional em testilha não faz qualquer referência
expressa a atos de improbidade administrativa, mas sim genericamente a ações de
ressarcimento, tem-se que a interpretação então consolidada pelo Pretório Excelso
dava conta da imprescritibilidade de toda e qualquer ação de ressarcimento por
dano ao erário.
189
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Embargos de Declaração ao Recurso Extraordinário nº
669.069. Acórdão proferido em 16 jun. 2016. Relator Ministro Teori Zavascki. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=309826252&ext=.pdf. Acesso em 30 set. 2018.
96
destacar o seguinte excerto do voto do ministro Edson Fachin no julgamento do
Recurso Extraordinário nº 669.099:
190
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 669.069. Acórdão proferido em
03 fev. 2016. Voto do Ministro Edson Fachin, p. 69. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=309316367&ext=.pdf. Acesso em 30 set. 2018.
191
NEIVA, José Antônio Lisbôa. Improbidade Administrativa: legislação comentada artigo por artigo
doutrina,legislação e jurisprudência, p. 162.
97
Alexandre de Moraes, cabendo aqui ressaltar o seguinte trecho do voto por ele
proferido:
192
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Voto do Ministro
relator Alexandre de Moraes proferido em 02 ago. 2018, p. 10. Disponível em:
https://www.jota.info/wp-content/uploads/2018/08/bfd5155328d382b5f940e40419cea998.pdf. Acesso
em 30 set. 2018.
193
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo, p. 1079.
194
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB,
volume 1, p. 640.
98
Por fim, remanescendo na análise ontológica da prescrição, um
último argumento a apontar pela prescritibilidade das pretensões estatais de
ressarcimento ao erário em casos de improbidade administrativa é o necessário
legalismo na fixação de prazos prescricionais. Com efeito, como ressaltado no item
2.4. do presente estudo, os lapsos prescricionais devem ser discriminados
expressamente por lei, descabendo determinação convencional pelas partes da
relação jurídica, tal qual pode ocorrer com a decadência. Ademais, como destacado
no item 2.6., a imprescritibilidade é a exceção, e não a regra. Logo, se, como
exposto no item anterior, inclusive por meio de interpretação histórica do § 5º do art.
37 da Constituição Federal, não há comando expresso de imprescritibilidade da
pretensão estatal em testilha, deve ela ser considerada como prescritível,
sujeitando-se, ainda que por analogia, a prazo fixado em lei.
99
3.7 PRAZO PRESCRICIONAL DA PRETENSÃO DE
RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO
195
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal; legislação e
jurisprudência atualizadas, p. 227.
100
Fazenda Pública é de cinco anos […] não se afigura viável adotar tratamento distinto
para a prescrição das ações de titularidade da própria Fazenda Pública [...]” 196
196
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 1388.
197
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo, p. 1080.
198
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Administrativo, p. 1080.
101
Nesse contexto, em um exercício de interpretação sistemática
do ordenamento jurídico e da própria Lei nº 8.429/92, cabe cogitar, por fim, a
seguinte hipótese: se o § 5º do art. 37 da Constituição Federal não impõe a
imprescritibilidade das pretensões estatais de ressarcimento integral do dano
causado ao erário por ato de improbidade administrativa, por que razão não seriam
a tais pretensões aplicáveis as regras específicas de prescrição assinaladas no art.
23 da Lei nº 8.429/92?
200
MEZZOMO, Marcelo Colombelli. A imprescritibilidade das ações ressarcitórias decorrentes de atos
de improbidade administrativa: um equívoco hermenêutico. Âmbito Jurídico, Rio Grande, III, n. 10,
ago 2002. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4699 . Acesso em 30 set. 2018.
201
MEZZOMO, Marcelo Colombelli. A imprescritibilidade das ações ressarcitórias decorrentes de atos
de improbidade administrativa: um equívoco hermenêutico. Âmbito Jurídico, Rio Grande, III, n. 10,
ago 2002. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4699. Acesso em 30 set. 2018.
103
CONSIDERAÇÕES FINAIS
104
Aliás, o desenvolvimento do estudo revelou ainda um terceiro
aspecto controverso que poderia ser também explorado como hipótese, qual seja a
correta interpretação da ressalva assinalada no trecho final do § 5º do art. 37 da
Constituição Federal, caso não prevalecesse a tese de imprescritibilidade finalmente
adotada pelo Supremo Tribunal Federal. Como visto especialmente no tópico 3.6.,
três hipóteses diferentes foram localizadas, duas na doutrina e outra no próprio voto
do ministro Alexandre de Moraes, sem que se tenha conseguido elucidar com
precisão qual delas seria a mais adequada.
105
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS
BRAGUE, Rémi. The impossibility of secular society (tradução livre). First Things,
out. 2013. Disponível em: https://www.firstthings.com/article/2013/10/the-
impossibility-of-secular-society. Acesso em 30 set. 2018.
107
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 852.475. Parecer
da Procuradoria-Geral da República juntada em 26 set. 2016. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=310376150&ext=.pdf. Acesso
em 30 set. 2018.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas,
2012
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro 1: teoria geral do direito
civil. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2013
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte
geral e LINDB, volume 1. São Paulo: Atlas, 2015
108
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito
Civil: parte geral, volume 1. 15. ed. revista e atualizada de acordo com o novo CPC.
São Paulo: Saraiva, 2013
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 10. ed. revista, ampliada
e atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014
JUSTEN FILHO, Marçal e GODOY, Miguel Gualano de. Prescritibilidade das ações
de ressarcimento ao erário por improbidade: o art. 37, § 5º, da Constituição: o tema
897 da repercussão geral. Jota, 23 abr. 2018. Disponível em:
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/prescritibilidade-das-acoes-de-
ressarcimento-ao-erario-por-improbidade-23042018 - Acesso em 30 set. 2018.
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2001
SOUZA, José Pedro Galvão de. Prefácio. In: VOEGELIN, Eric. A Nova Ciência da
Política. Trad. de José Viegas Filho. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de
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TARTUCE, Flavio. Direito Civil, v. 1: Lei de Introdução e Parte Geral – 13. ed. Rio
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