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Para ser MEI, é preciso desempenhar uma das mais de 500 atividades previstas para
essa forma jurídica (a lista completa está no Portal do Empreendedor). O MEI pode
faturar até R$ 81 mil durante o ano, pagando mensalmente um valor fixo relativo
ao Simples Nacional, que já inclui o INSS.
Começar a empreender durante uma crise econômica não é a situação ideal, mas pode
dar certo se forem tomados vários cuidados. “O primeiro deles é cruzar o que eu sei
fazer e amo com aquilo que o consumidor necessita”, aconselha Pedro Superti,
consultor de marketing de diferenciação.
“Qualquer setor tem oportunidades, desde que se ofereça algo a mais do que os
concorrentes já estão fazendo”, afirma Edgard Barki, coordenador do Centro de
Empreendedorismo e Novos Negócios da Eaesp-FGV (Escola de Administração de
Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas).
Para usar um jargão do empreendedorismo, em geral se sai bem quem entende a dor do
cliente, quem percebe o problema que ele tem e não está conseguindo resolver, como
diz Edgard. “Por exemplo, pode haver um monte de salões de cabeleireiro em um
bairro, mas nenhum focado em cabelos crespos. Se houver uma grande população negra
na região, ela pode sentir falta desse serviço especializado.”
Muitas vezes, o algo a mais a ser oferecido é o toque pessoal do dono, aquilo que leva o
consumidor a escolher um fornecedor entre tantos outros. Outra estratégia é envolver o
cliente, trazê-lo para o dia a dia do negócio, compartilhar decisões.
Pedro Superti exemplifica com a história de uma doceria que, para o último Dia das
Mães, convidou o público a escrever frases para as mães e usou essas mesmas frases em
um kit a ser presenteado pelos filhos. “Foi o melhor Dia das Mães em todos os tempos
para essa empresa.”
“É preciso surpreender o consumidor, dar algo que ele não espera, considerando sempre
que a qualidade do produto e do serviço é o mínimo esperado, não é nada a mais”, fala
Edgard. Mas faz um alerta: “O custo do mimo tem de estar embutido no preço; do
contrário, o empresário quebra”.
Preparar-se para gerir o negócio é outro aspecto fundamental, tão importante quanto
decidir o ramo de atuação. Por isso, ambos precisam acontecer ao mesmo tempo ou, se
possível, a capacitação deve vir antes, a fim de que o empreendedor tenha um plano de
negócios redondo, acompanhado de um planejamento financeiro eficiente.
Quem está começando deve procurar ajuda para saber mais sobre vendas e gestão
financeira. Há muito conteúdo online sobre isso”, diz Poit, lembrando que o próprio
Sebrae disponibiliza vários cursos gratuitos em sua página na internet, além de
consultorias.
“O grande problema de misturar os caixas está em não ter controle sobre as saídas e
entradas. Aí, definir o preço, que já é uma tarefa difícil, torna-se impossível, e o
empreendedor pode acabar não tendo lucro nenhum e quebrar”, explica Edgard, da
Eaesp-FGV.
A pandemia causada pelo novo coronavírus mudou os hábitos da população e fez surgir,
ou reforçou, novas tendências de consumo. Observar esse movimento é a melhor forma
de escolher uma área para atuar. As dicas são dos especialistas ouvidos para esta
reportagem.
Minirreforma doméstica
Poit acredita que o home office veio para ficar, o que levará as pessoas a fazerem
pequenas adaptações em suas casas a fim de melhorar as condições de trabalho. “É uma
bancada mais adequada, a instalação de mais tomadas, conexões melhores para a
internet”, diz.
Vendas a distância
A pandemia serviu para muitos brasileiros que nunca tinham comprado pela internet
experimentarem esse serviço e gostarem. Não é preciso nem investir em um ecommerce
próprio, podendo-se aderir a um marketplace. Sem contar que o WhatsApp se tornou
uma das melhores ferramentas de venda para os pequenos negócios.
Espera-se que, passada a fase de isolamento social, muita gente vai preferir ficar mais
em casa e precisará de coisas que tornem a vida mais prática, como receber refeições
prontas, pães artesanais, cestas de frutas e verduras etc.
Tudo o que sugere uma vida mais saudável tende a ter mais procura. Por isso, além de
serviços médicos, entram aqui os alimentos orgânicos, exercícios físicos e tratamentos
como fisioterapia e limpeza de pele. Aparecem, ainda, os seguros de saúde.
Quando adquire algo pela internet, o consumidor está se valendo de uma tecnologia low
touch, ou seja, a automação permite a transação sem que comprador e vendedor
interajam fisicamente.
Neste momento, em que apertos de mão e outros toques representam risco para a saúde,
os brasileiros descobriram outros benefícios trazidos pelo low touch, como o pagamento
por aproximação do telefone celular e os assistentes virtuais acionados por voz, que
configuram alarmes, ligam para um determinado número, executam músicas, entre
outras tarefas simples.