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Diário de Edgar Metzegerstein

Por Rigonato

Dia 1: Pêlos, Garras e Suspeitas.

Meu nome é Edgar Metzegerstein. É um nome diferente sim, mas não me perguntem o motivo pois não
sei se é pelo fato de meu pai ser de descendência Húngara ou por alguma paixão que ele tinha por Allan Poe.
Minha mãe morreu no parto e fui criado pela minha avó materna, pois antes que pudesse perguntar o porquê do
meu nome meu pai desapareceu.
Minha profissão? Não sei. Pode me chamar de pesquisador do desconhecido, afinal é assim que ganho a
vida. Escrevo algumas teorias sobre coisas que ninguém acredita, que um mecenas, mais louco que eu, paga para
ler.
Acho que isso é tudo que é relevante para alguém que vier a ler este diário saber sobre mim. Ignoro nos
meus escritos as datas dos acontecimentos para que não sejam feitos certos tipos de ligações entre os fatos (ou
boatos) aqui relatados, com o sensacionalismo da mídia com suas explicações pífias sobre fatos aparentemente
comuns ou cotidianos que são envoltos em mistério.
Começo este diário com o intuito de manter uma certa ordem entre os acontecimentos e para tornar
estes relatórios mais interessantes aos meus olhos e aos de quem for lê-los. O desconhecido me persegue e não
encontro outra opção a não ser escrever tudo o que v ejo ou ouço.
Hoje, como sempre gosto de fazer nas noites de lua cheia, saí, sem destino certo pelas ruas da cidade. A
lua deixa as ruas mais iluminadas mas não mais seguras, o que torna tudo ainda mais interessante.
Quando a noite já estava alta recebi uma ligação muito estranha no meu celular. Um rapaz que havia
conhecido há alguns anos em uma feira de livros e que conversava de tempos em tempos, pediu
desesperadamente que fosse ao seu encontro em seu apartamento. Ele disse que precisava do meu conhecimento
do arcano e que só isso poderia ajudá-lo.
Pensei em não ir, que poderia ser apenas um trote ou algum pedido de receita de simpatia para
conseguir uma namorada. Muitas vezes já tive que aturar esse tipo de coisa, apesar da minha aparência afastar
pessoas ignorantes nesse assunto. Minha falta de cabelos, meu nariz pontudo, meus olhos acinzentados e minhas
fortes marcas de expressão no rosto fazem a maioria das pessoas ter receio de mim e do que posso fazer, mesmo
assim acontece algum pedido estranho ou uma tentativa de consulta ridícula.
O pavor na sua voz e o pedido de urgência me fizeram ficar com muita curiosidade e acabei indo até o
endereço que ele me deu. Era um prédio alto na região Oeste da cidade, num bairro de classe média, sem muito
luxo mas bem bonito. O porteiro pediu que subisse até o oitavo andar pois ele já tinha recebido um aviso de que
uma pessoa com as minhas feições estava à caminho.
Subi pelo elevador observando o silêncio do local, era uma vizinhança muito calma, que por esse
motivo destoava do resto dessa cidade que não pára nem um segundo. Bati na porta do apartamento indicado e
percebi que estava aberta. Entrei e vi que a escuridão só não era total porquê a grande lua cheia estava alta no
céu e a janela aberta iluminava a sala. Percebi o rapaz estava sentado na sala pela sua silueta no sofá, com as
duas mãos sobre uma mesa de centro feita de vidro.
Acendi a luz e me assustei muito com a cena que vi pois, de maneira nenhuma, esperava que uma coisa
daquelas podia aparecer bem na minha frente. Olavo, este era o nome do rapaz, estava sem a camiseta, com
muito sangue nos braços e no peito e sua mão direta estava apoiada num revolver trinta e oito. Sua face parecia
já ter sido lavada pelas lágrimas e pelo suor. Sua respiração era ofegante, como se tivesse corrido de um
fantasma, receio que por um bom tempo, devido à sua boa forma física.
-Você está ferido, Olavo? Quer que eu chame um médico?- Tentei me comunicar com ele medindo as
palavras, sem ofendê-lo pois não sabia quais os fatos que levaram aquela cena e qual era a intenção dele com
aquela arma nas mãos.
-Este sangue... não é meu. Preciso da sua ajuda.- Estava completamente sem fôlego, nem para dizer uma
frase completa sem fazer uma pausa para respirar.
-Me diga o que posso fazer pra te ajudar.
-Me salve deles... eles querem me matar... eles vão vir aqui me pegar... você precisa me levar pra longe
deles...
-Acalme-se e diga de quem está fugindo e qual o motivo. Melhor conte a história desde o início.
Primeiro vou pegar alguma coisa na cozinha para você se acalmar.- Saí com muita calma da sala para não
assustá-lo ainda mais na pequena cozinha procurei por água e açúcar e depois levei para ele pudesse tomar.
-Caramba meu! Água com açúcar? O que você é? Um padre?- Me apavorei com aqueles bravejos pois
achei que iam acordar todo o prédio. Me aliviei um pouco quando ele colocou a arma na cintura e foi até a
geladeira, pegou duas latas de cerveja e bebeu as duas praticamente num gole só, depois pegou com mais calma
uma terceira que bebeu até a metade para depois voltar e sentar no sofá, exatamente como estava antes.
-Desculpa é que eu estou muito nervoso.
-E a arma? O que você pretende fazer com ela?
-Proteção para o caso deles vierem me pegar. Você precisa me tirar do alcance deles. Me salvar...-
Precisava antes de fazer qualquer coisa acalmá-lo e saber o que estava acontecendo. Até lá tudo o que eu podia
fazer é ouvir a sua história e tentar entendê-la.
-Para poder ajudá-lo preciso saber o que está acontecendo. Preciso que você me conte tudo desde o
começo.
-Esse pesadelo começou há dois dias, foi quando eu conheci a garota num shopping. Era de tarde, eu
tinha acabado de sair da faculdade e ela me atraiu muito. Ela era ruiva, olhos verdes, estatura média, parecia ser
uma modelo. Depois de uma troca de olhares eu me aproximei e começamos a conversar. Falamos sobre todo o
tipo de coisa, faculdade, música, filmes. Ela falava com naturalidade sobre qualquer assunto, com um
conhecimento muito grande de filosofia e dos assuntos que eu falo com você.
-Livros de magia...
-É ela sabia bastante sobre isso e acabamos conversando a tarde inteira. A única coisa que estranhei era
que não permitia uma aproximação muito grande. Quando falava de relacionamentos ou à elogiava ela mudava
rapidamente de assunto, falando sempre de assuntos impessoais, como se quisesse que eu não à conhecesse.
-No começo da noite o assunto festas veio à tona e acabei sendo convidado para uma que iria começar
em poucas horas. Sem desconfiar de nada peguei o meu carro e levei a ruiva até um lugar muito estranho do
outro lado da cidade. Era um armazém enorme caindo aos pedaços, mas com alguma decoração e algumas
pessoas estranhas entrando e saindo o tempo todo. Parei o carro e examinei o local até a garota me chamar para
entrar.
-Qual era o nome da garota?
-Não me lembro. É como se tivesse sido apagado da minha mente, o nome dela e dos amigos dela.- Ele
estava decepcionado com essa descoberta mas muito mais calmo suas mãos não tremiam, nem tentavam a todo
momento alcançar a arma. Estava falando quase normalmente e se deu ao luxo de ir até a cozinha para pegar
mais uma cerveja.
-Você entrou no lugar estranho?- Estava curioso e não podia deixá -lo perder a continuidade da história.
-É entrei, não tinha nenhum segurança na porta. Só dava pra saber que era uma festa por causa da
música alta que saía de lá. Ela me puxou pra dentro do armazém antes que eu pudesse fazer alguma pergunta e o
barulho alto me fez desistir de qualquer dúvida. Dancei bastante com ela. Quando me cansava ela me trazia
alguma bebida gelada e ficava sentada comigo, não conseguia formar nenhum diálogo com a ruiva e ela
continuava repudiando qualquer demonstração de afeto da minha parte.
-Depois da meia-noite ela começou a mudar. Seu jeito de dançar, de falar, de ficar comigo. Tudo foi
mudando aos poucos, sua dança parecia mais vigorosa, sua voz ficou mais forte e em um determinado momento
tomou uma iniciativa que não esperava e começou a me beijar.- Aos poucos ele voltava a ser o estudante de
teologia culto e educado e deixava de lado a sua aparência de adolescente desesperado.
-Achei que era por causa da bebida, mas como não a vi bebendo nada, achei que pudesse ter tomado
alguma droga que estava deixando-a mais solta. Não dei muita importância para isto. Pouco depois do beijo ela
me chamou para conhecer um lugar especial, nos fundos do armazém. Achei que ela queria ficar a sós comigo,
então a segui até os fundos do bar onde um alçapão levava ao subsolo do lugar. Estava bêbado demais para
desconfiar de alguma coisa.
-Dentro daquele porão estavam também mais dois casais. A ruiva chamou os dois homens pelo nome
mas ignorou a presença das mulheres. O lugar era silencioso. Deveria ter um isolamento acústico pois quase não
se ouvia a música do andar de cima. A garota me ofereceu mais um copo de bebida e num determinado momento
os três conhecidos começaram a se transformar em algo grotesco e disforme, cheio de pêlos. Foi aí que desmaiei.
A cena e a bebida me levaram a um sono profundo que durou até o dia seguinte.
-Acordei acorrentado com os braços presos nas costas sem a camiseta e com um pouco de sangue, que
percebi não ser meu, no braço esquerdo. Gritei por socorro mas nada adiantou. Muito tempo depois desceu as
escadas um dos homens que a ruiva cumprimentou. Ele me xingou, chamou de covarde e me amarrou com as
mãos para cima presas no teto com correntes e colocou um pano na minha boca. Pouco tempo depois voltei a
ouvir a música e soube que outra festa havia começado.- Conforme ia chegando ao final da história ele voltou a
ficar nervoso e preocupado com a sua segurança.
-Esperei algumas horas, num canto daquele porão, em meio à uma penumbra que não permitia a
ninguém que entrasse lá me ver. Não podia ser ouvido também, a mordaça e as correntes mal permitiam que eu
me movesse e assim eu não poderia avisar ninguém que entrasse naquele matadouro.
-Outra vez os três monstros entraram com mais três vítimas no porão. Eu os vi se transformando mais
uma vez naquelas criaturas grotescas, peludas, verdadeiros lobisomens. Dois deles atacaram as mulheres que
gritavam muito e o último atacou o rapaz quando ele tentou fugir. Eu vi os monstros se alimentando da carne
humana e me horrorizei. O pavor me fez ficar com uma força sobre-humana que me ajudou a escapar.
-Puxei com toda a minha força o meu braço esquerdo e meu dedão quebrou, com isso a corrente saiu do
braço e correndo mais do que nunca antes na minha vida, passei pelos lobisomens abri o alçapão e me libertei
daquele pesadelo. O carro estava parado no mesmo lugar que eu tinha deixado ontem e a chave reserva que
tenho dentro do próprio veículo ajudou na minha fuga. Pensei em todas as alternativas, em qualquer pessoa que
pudesse me ajudar e logo veio você à minha mente. Espero que você possa me salvar.
-Pelo que você me contou, pude entender que os monstros que você viu só agem quando a lua está alta o
que não acontece agora, pois só faltam duas horas para o amanhecer. Tome um banho e se arrume que eu vou ver
se consigo uma passagem de avião para você em uma casa de um amigo, pode ficar lá até se acalmar.
-Fique aquicomigo, ainda tenho medo que as criaturas possam vir a me perseguir.
-Acho difícil que elas venham a caçar você. Creio que só permanece vivo pois as criaturas só enxergam
o movimento e quando desmaiou e ficou inconsciente elas não puderam ferí-lo. Além disso é quase impossível
um monstro desse porte correr pelas ruas dessa cidade sem ninguém perceber. A força parece não ser mística
também já que não conseguiram pegá-lo quando começou a fugir. O oitavo andar do prédio é mais proteção que
a minha casa.
-Creio que tem razão.
-Se o que me contou for verdade isso parece ser o mais lógico. Preciso voltar para casa se pretende sair
da cidade antes do amanhecer e não posso ir com você a nenhum lugar desta maneira.
Depois de dizer estas palavras saí do apartamento e entrei no elevador, enquanto ele descia eu pensava
na história que tinha ouvido e em como já tinha ouvido tantas versões desta, quase lenda urbana, comecei a ligar
as peças do quebra -cabeça e cada vez mais achava que tudo ela loucura dele. Um tipo de delírio. O dedo ele
podia ter quebrado facilmente em qualquer lugar, o sangue poderia ser dele se tivesse machucado o pulso com
uma algema ou coisa assim. A escapada parecia muito fácil muito óbvia também.
Essas idéias preenchiam a minha cabeça quando me despedi do porteiro e ouvi o som de um tiro.
Suicídio pensei enquanto o porteiro corria na direção da porta que se fechava. Um grito de horror e mais três
tiros rápidos me fizeram ficar apavorado e desistir desta idéia e ir ao encontro do homem que subia apavorado ao
apartamento de Olavo.
Subimos juntos em silêncio e encontramos uma pequena multidão na frente da porta do apartamento.
Gritavam para que se chamasse a polícia para abrir a porta do local mas a impaciência me venceu e me fez dar
um chute na porta que a colocou no chão. Acendi a luz e vi mais uma cena inesperada nessa noite. Olavo estava
com um profundo corte na garganta que ainda sangrava e que quase decepou a sua cabeça, sua mão direita, a que
segurava o trinta e oito não estava mais lá. Os sinais no braço mostravam que ela não tinha sido cortada mas sim
arrancada, pela impressão que tive por uma mandíbula muito forte.
Saí do lugar com um certo sentimento de culpa, com um alívio por não estar presente durante a sua
morte e com um pequeno sentimento de dever cumprido, pois acredito que não estou aqui para intervir nestes
acontecimentos, mas apenas não deixar que eles sejam desconhecidos.
Fiz um julgamento errado sobre as criaturas. Elas eram muito mais fortes e ágeis do que eu imaginava e
inteligentes também, pois só deixaram o rapaz vivo o suficiente para falar da sua existência. Falta a mim
descobrir se era um aviso ou um pedido de ajuda. Espero fazer isso antes que tenha o mesmo destino de Olavo.

Contato: lerigonato@ig.com.br

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