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*Cristina Balerini
Considerado um dos executivos mais cobiçados do país, Carlos Alberto Júlio traz no
currículo o comando de grandes corporações e é considerado um dos melhores palestrantes
do país, segundo a Revista Veja. Atualmente preside a HSM do Brasil, referência mundial
na área de seminários internacionais. Júlio também é professor, com mais de 20 anos
dedicados à docência, e escritor. Como arruma tempo para tantas tarefas? Nem ele sabe.
Júlio, dono de uma simpatia e simplicidade imensas, recebeu a reportagem do newsletter
Carreira & Sucesso para um bate-papo descontraído na sede da empresa, em Alphaville,
Barueri (SP).
C&S: Você começou a trabalhar cedo, aos 13 anos. Como foi esse começo?
Carlos Alberto Júlio: Bem, vou começar contando um pouco da minha história, que não é
diferente da média dos paulistanos filhos de imigrantes. Meus pais eram portugueses, e
assim como todo imigrante português, veio para o Brasil com o sonho de ter uma padaria.
Foi trabalhar de empregado em uma, formou o primeiro bar e trouxe minha mãe depois.
Alguns anos depois eu nasci, e costumo dizer que fui criado atrás de um balcão, talvez daí
esse meu prazer com o atendimento, com os negócios, com o cliente. Quando você está no
balcão, ou você gosta de servir ou não fideliza ninguém. Aprendi muito com meu pai, que
era uma pessoa muito intuitiva, meu pai se antecipava ao que o cliente queria. Naquela
época chamava cliente de freguês.
C&S: Como foi essa experiência de sair de casa aos 13 anos para trabalhar e estudar?
Júlio: Sempre achei e continuo achando que o trabalho não mata. Eu só saí de casa para
trabalhar porque era a única maneira de manter meus estudos. E foi interessante porque
geralmente uma criança que sai de casa nesta idade normalmente abandona a escola.
Talvez por isso eu não tenha conseguido parar de estudar até hoje. Quando comecei,
estudava de manhã, trabalhava à tarde e à noite ainda arrumava tempo para estudar
outras coisas. Nesta época fiz inglês e um curso de Fotografia na Escola Panamericana de
Artes. Tudo o que eu conseguia pagar eu fazia. E era uma loucura, chegava em casa à
meia-noite, acordava às 6 da manhã...
C&S: E as aulas?
Júlio: Quando comecei a negociar no exterior, o Idalberto Chiavenato ligou me
convidando para dar aula de sistemática de exportação e importação na Faculdade São
Judas. Quando dei aula o primeiro ano, adorei! Vi que meu negócio era esse, mas como eu
queria crescer na carreira, e sabia que como professor isso seria difícil, criei uma vida
paralela. Tenho 24 anos de docência.
C&S: E aí?
Júlio: Aí que eu voltei pra casa e não sabia como fazer aquilo. Esse foi meu desafio.
Peguei meu final de semana - sou virginiano, e temos o grande defeito de sermos muito
disciplinados, só que sofremos com a mania da perfeição. Voltei lá e mostrei para ele um
plano no qual adaptei o conceito de marketing de vendas do mercado interno para o
mercado externo. Fui montando um mix de marketing e ele ficou alucinado quando viu
aquilo. E aí minha carreira deslanchou, porque eu era jovem, tinha experiência de campo
e um programa inédito, embora não fosse um acadêmico.
Júlio também é autor de Reinventando Você, pela Editora Campus, que está em sua 6ª
edição)
C&S: Isso sem falar que era uma empresa voltada à educação, o seu grande sonho.
Júlio: Exatamente. Eu consigo conciliar minha vida de professor, palestrante, autor e
presidente de empresa. Se eu estivesse em uma empresa que não fosse de educação, teria
que fazer uma escolha. Consigo equilibrar minhas tarefas; 70% do meu tempo é dedicado
à HSM. Optei pela área educacional porque busco o prazer no trabalho na mesma medida
em que posso ser útil à sociedade a atender minhas aspirações financeiras.
C&S: Sonhos...
Júlio: Sempre foram de ascensão profissional. Minha mulher diz que eu não tive
adolescência, porque sempre priorizei o trabalho: era mais o trabalho do que as
namoradas, do que as baladas... não tive muita opção. Por um lado me desenvolvi
profissionalmente, sempre vivi bem, nunca me preocupei muito com dinheiro, mas espero
me divertir mais e recuperar o tempo perdido. Tivemos uma palestra no Fórum de Alta
Performance, realizado em abril, com o Ricardo Semler, da Semco, e ele disse uma coisa
que eu gostei muito porque eu tenho essa sensação - ele diz que nós já aprendemos a
responder e-mails de domingo à noite mas não aprendemos a ir ao cinema segunda-feira à
tarde. E eu estou tentando fazer isso com alguma freqüência. Eu produzo mais e trabalho
mais, porque um virginiano que controla seu próprio tempo é pior. E com tecnologia não
tem porque não ser assim. Aqui na HSM instituímos o horário flexível, o banco de horas.
Antes dos eventos temos horários malucos, com pessoas que dormem três horas por dia,
então é justo que essas pessoas folguem dois dias da semana. Temos que achar uma
equação mais perfeita para as relações de trabalho.